The Brazilian Post | Edição 87

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Anistia Internacional sugere depoimento público da presidente Dilma na Comissão da Verdade

Sem Ronaldinho Gaúcho, Brasil tenta recuperar prestígio na Copa das Confederações

May 21st – June 03rd 2013 LONDON EDITION

www.brazilianpost.co.uk • Issue n. 87

‘BAHIA, MEU REI!’ Bass Culture Clash: Salvador VS London, festival que rolou no mês de maio nas duas cidades, trouxe para Londres duas bandas que até mesmo nós brasileiros poderíamos não conhecer em outra situação. Os Nelsons (foto) e OQuadro representaram muito bem o que a Bahia e o Brasil têm de melhor: uma miscigenação que, traduzida em música, encanta aqueles que buscam um olhar para além dos estereótipos de cada país ou região. Photo by Rômulo Seitenfus

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Capa EMBATE CULTURAL

De Salvador a Londres, efervescência musical única OQuadro e Os Nelsons trazem para o Reino Unido o que a Bahia tem de melhor: miscigenação traduzida em música

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Por Guilherme Reis que Salvador e Londres têm em comum? À primeira vista, não muito. Mas olhe com mais atenção: as duas cidades são polos efervescentes de música, há tempos. Foi em solo baiano que nasceu o samba, a bossa nova, a tropicália e vários outros movimentos influenciados em maior ou menor escala pelas raízes africanas. Por aqui também não foi diferente; várias referências se misturaram para dar base ao rock, ao punk e ao pop, com especial destaque à Bass Music – o som grave do baixo e da bateria que tem origem no reggae jamaicano e que hoje se manifesta no dubstep, no hip hop, no dancehall e

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que é que a Bahia tem? Muitos poderiam responder axé, reagge e acarajé. Bom, claro que isso não é completamente errado, mas não podemos nos equivocar em restringir o estado com esteriótipos e cliches. A Bahia, realmente, é muito mais. Um lugar em que a efervescência cultural é gigante, com a mistura de fortes influências que compõem o especial “xamego” baiano. Aliando essas raízes e as conectados com o mundo, isso pode ser muito mais, e é. Foi o que o festival Bass Culture Clash: Salvador VS London provou em suas três apresentações no Reino Unido e na edição que aconteceu no Brasil no

difícil encontrar músicos que pudessem se conectar com a vibração da Bass Culture. Foi aí que surgiu a ideia de fazer essa turnê, sob a logo da Bass Culture Clash, adicionando a realidade brasileira à celebração das influências globais da Bass Music”.

Da Bahia para o Reino Unido

OQuadro em show no Notting Hill Arts Club

outras vertentes. Todas essas referências entraram em ebulição com o Bass Culture Clash: Salvador VS London, festival que rolou no mês de maio nas duas cidades e que, não ficando restrito à capital baiana, trouxe para Londres duas bandas que até mesmo nós brasileiros poderíamos não conhecer em outra situação. Trata-se de Os Nelsons e OQuadro, que em três apresentações no Reino Unido representaram muito bem o que a Bahia e o Brasil têm de melhor: uma miscigenação que, traduzida em música, encanta aqueles que buscam um olhar para além dos estereótipos de cada país ou região. Curadora das ações brasileiras e responsável pela conexão entre parceiros do Brasil e Reino Unido, Jody

Foto de Rômulo Seitenfus

Gillett contou ao The Brazilian Post que o Bass Culture Clash: Salvador VS London foi o mais recente trabalho de um projeto criado e produzido pelo British Underground (que apoia artistas independentes do Reino Unido a levarem suas músicas mundo afora) para celebrar a influência jamaicana na Bass Music britânica. “A edição brasileira do Bass Culture Clash foi a primeira a reunir artistas internacionais e britânicos. Em uma viagem comercial para Salvador em julho de 2012, o diretor do British Underground, Crispin Parry, se encontrou com representantes da Secretaria de Cultura da Bahia e diversos artistas. Logo ficou claro que, diante da impressionante diversidade musical da Bahia, não seria

Os primeiros shows do festival aconteceram em território brasileiro, nos dias 10 e 11 de maio, primeiro em Ilhéus e depois no icônico Pelourinho, em Salvador. Lá, além de Os Nelsons e OQuadro, se apresentaram The Heatwave, Natty e Lady Chann, todos de Londres. Em território britânico, todos eles voltaram a se apresentar, com destaque para as bandas brasileiras que, pela primeira vez, embarcaram para uma turnê internacional; e, como dito antes, mostraram com muita propriedade e energia o que é que a Bahia tem. Quando a equipe do TBP entrou na Rondhouse, em Camden Town, na quinta-feira dia 16 de maio, deu logo de cara com Os Nelsons, que já se apresentavam no palco. Todos da banda usavam um tradicional chapéu de cangaceiro, mas com luzes vermelhas que indicavam algo instigante: as tradições do sertão brasileiro misturadas com influências internacionais trazidas pela globalização. Musicalmente, uma mistura de música eletrônica com samba, axé, arrocha, tecnobrega, cumbia latina, kuduro e carimbo, entre outras referências que formam o que a banda chama de Música Periférica Brasileira. Continua na página 8 >>

EDITORIAL início do mês de maio. Os Nelsons e OQuadro mostraram ao público gringo o que a Bahia tem em grande estilo com shows no Roundhouse (Camden), Notting Hill Arts Club (Londres) e Brigthon. Unir o velho e o novo em um só som. Batidas que passavam pelo mangue beach, maracatu, axé, funk, misturadas com dubstep, música eletronica e punk. Com poucas explicações, a conexão já é estabelecida, ritmos que são referências no Brasil, mixados com um som londrino contagiaram o público. Duas bandas que, principiantes no que diz respeito a shows fora do Brasil, tiveram a oportunidade de

mostrar o trabalho na cidade em que a cena musical dispensa comentários. E, indispensável enfatizar que a iniciativa é gringa, realizada pelo British Underground, em parceria com o governo do estado da Bahia. A instituição inglesa apoia artistas independentes do Reino Unido a levarem suas músicas mundo afora e, especificamente, neste projeto para celebrar a influência jamaicana na Bass Music britânica. Desta forma, afirmando esta conexão que tanto falamos, não apenas a Bahia esteve em Londres, como os londrinos The Heatwave, Natty e Lady Chann, passaram pela capital baiana e Ilhéus. Estabelecendo uma troca cultural

perfeita no sentido de estar aqui com as energias de lá, e estar lá com as energias daqui. E dentro desta vibe positiva, surgindo novos projetos. Para nós, brasileiros no Reino Unido, uma oportunidade de ir além do usual, através de uma iniciativa que extrapola o sentimento de apenas conhecer um novo som e nos faz orgulhosos de comprovar a riqueza cultural que existe em nosso Brasil em solo londrino! Divirtam-se com a leitura. Ana Toledo ana@brazilianpost.co.uk Editora Chefe


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NA SOMERSET HOUSE

Arte brasileira revisada

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Por Kate Rintoul uma noite agitada no centro de Londres, ouvindo ao fundo o som da água das fontes da Somerset House, lembrei-me da alegria e otimismo trazidos ao local no verão passado, quando um dos museus nacionais mais preciosos do Reino Unido se transformou na Casa Brasil. Para muitos brasileiros que vivem em Londres, foi motivo de imenso orgulho ver a bandeira verde e amarela sob a construção neoclássica, apontando para o Rio Thames logo atrás. Durante as Olimpíadas e as Paraolimpíadas, o museu se tornou um ponto de cultura brasileira, voltado a divulgar os jogos do Rio 2016, recebendo muitos visitantes que buscavam sentir a atmosfera carioca das exibições. Rafael Cardoso, escritor e historiador de arte brasileira, esteve em Londres no começo deste mês para falar sobre esta experiência de intercâmbio cultural Brasil-UK; ele foi curador de um dos eventos da Casa Brasil no ano passado – a exibição brasileira de arte e design intitulada “From the Margin to the Edge” (das margens à fronteira).

Quase um ano depois de exposição sobre o Brasil na Somerset House, curador debate intercâmbio cultural entre o país e o Reino Unido O evento foi organizado pelo Courtauld Institute, também localizado na Somerset House e onde Cardoso completou seu PhD nos anos 1990. Em sua apresentação e visita virtual à exibição, Cardoso mostrou sua visão, bastante honesta e crítica, de alguém “de dentro” da organização, mostrando tanto os sucessos quanto os problemas que a exibição enfrentou. O mais notável para mim a se considerar é que a exibição estava alocada nas salas da galeria de Embankment, e que para adentrar nela as pessoas precisavam primeiro passar por um corredor com vários stands das Havaianas e de operadoras de pacotes turísticos, que tinham um foco muito comercial. “Muitas pessoas simplesmente vieram e foram embora

From the Margin to the Edge na Somerset House - 2012

sem nem mesmo chegar a ver a exibição”, disse Cardoso. Ainda assim, a mesma foi um grande sucesso em termos de número de público, e tornou-se um recorde de visitantes para exibições na Somerset House – com 3.000 pessoas visitando a exibição em apenas um dia. Desde o início Cardoso estava bem ciente das possíveis armadilhas e problemas na criação de uma exposição como essa. Estes incluíram a questão de como dar uma visão abrangente da cultura brasileira em um espaço e tempo relativamente pequenos, para não mencionar a possível intromissão do Estado brasileiro, que estava financiando o evento, e, claro, como alcançar uma audiência que provavelmente estava “vagando” entre os outros eventos da Casa Brasil. Em vez de focar a escolha em proporções iguais entre homens e mulheres, negros e brancos, jovens e velhos e ainda ter que lidar com a dispersão geográfica da produção cultural brasileira, Cardoso primeiramente decidiu se concentrar em trabalhos feitos

a partir de 2000, com exceção de duas peças que foram recriadas com alterações específicas para esta exposição. Ao selecionar obras interessantes, trabalhos de multicamadas e que representavam uma gama de disciplinas, além de tomar o passo corajoso de colocar arte e design lado a lado uma da outra, Cardoso conseguiu mostrar uma variedade de 33 artistas e designers de diferentes origens e perspectivas. Desde artistas muito jovens e recém-formados, até nomes altamente reconhecidos, como Emannuel Nassar e Adriana Varejão, o conjunto das obras incluídas ofereceu uma perspectiva bastante interessante sobre a vida e a cultura do Brasil. Em relação às interferências e inputs do governo brasileiro, os medos iniciais de Cardoso felizmente se mostraram incorretos, e ele foi capaz de incluir obras bastante desafiantes e até trabalhos bastantes críticos. Esta é mais uma prova de como o Brasil está se tornando um líder no poder brando. Ao mesmo tempo em que o país está em ascensão, tanto econômica quanto cultural, a memória da ditadura

militar e da censura ainda permanece no inconsciente coletivo e espera-se que, através do apoio às artes e à liberdade de expressão, o Brasil possa ganhar respeito global, não através de poderio militar, mas da iluminação cultural. Cardoso também estava ciente disto ao longo de cada nível da exposição, desde a escolha do título “Da Margem para a Fronteira”, um jeito sutil de expressar o movimento do seu país que passa de algo negativo para algo positivo, até uma aceitação de que ainda há muito caminho a percorrer. Dentro da exposição, altamente visual e envolvente, as obras exploraram os problemas demográficos do Brasil com uma das três seções principais: “Preservar e Transformar”, dedicada às questões e percepções que envolvem o meio ambiente no Brasil. Cardoso sentiu que, apesar das discussões sobre a floresta amazônica do Brasil terem se tornado uma “obsessão” da mídia global, ele não poderia fazer uma exposição em Londres durante os Jogos Olímpicos sem envolver este tema de alguma forma. As peças incluídas, bem como a forma como foram apresentadas em conjunto, fizeram da exposição uma poderosa declaração. Certamente um dos momentos mais interessantes era uma peça de vídeo de Rodrigo Braga, no qual ele é visto cortando e enterrando uma árvore; os espectadores eram convidados a assistir sentados em bancos individuais feitos de madeiras raras e criadas pelo designer de mobiliário Rodrigo Calixto. Sugestões sutis e ideias como esta tornaram a exposição bastante interessante, mostrando o papel social que a arte pode ter nos dias de hoje. Cardoso incluiu a seção sobre o meio ambiente não por ter “sedido” à pressão da fixação atual sobre as questões ambientais no Brasil, mas para lembrar o público que de alguma forma estão envolvidos no intercâmbio cultural Brasil-UK de que o meio ambiente não é uma “questão dos brasileiros, mas uma questão mundial”. Essa exibição, exclusivamente composta de arte brasileira, curada e apresentada por um curador brasileiro e seu time de designers, pode ter sido o exemplo menos claro de intercâmbio cultural UK-Brasil, se comparada a outros eventos da olimpíada cultural. Mas o que este historiador de arte brasileira, educado em Londres e habitante de Berlim fez muito bem foi mostrar a vida brasileira e seus produtos culturais com tamanha inteligência e consciência num contexto cultural muito mais alargado, tornando a arte e as ideias brasileiras temas universais de preocupação e interesse. Embora tenha sido apresentada somente durante os dias de glória de Londres 2012, o impacto e a influência desta exposição convincente será sentida pelo menos até Rio 2016 e provavelmente além.


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COMISSÃO DA VERDADE

Anistia Internacional sugere depoimento público de Dilma

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Da Redação o fazer o balanço de um ano de atividades da Comissão Nacional da Verdade (CNV), completado 16 de maio, a Anistia Internacional sugeriu um depoimento público da presidenta Dilma Roussef. A entidade considera que a comissão peca por não fazer mais audiências públicas, como a que ouviu o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, o vereador de São Paulo Gilberto Natalini (PV-SP) e o exsargento do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna do 2º Exército em São Paulo (DOI-Codi-SP) Marival Chaves . Para a Anistia, as audiências fechadas só deveriam ocorrer em situações extremas. “Qual seria o impacto de audiência pública em que a presidenta Dilma Rousseff contasse sua história como sobrevivente de tortura e se comprometesse a banir esse crime do país?”, questiona trecho da análise sobre o trabalho da CNV e publicado pela Anistia Internacional, reconhecida internacionalmente por sua atuação na defesa dos direitos humanos. Para a instituição, o Brasil poderia repetir a experiência da África do Sul, onde os testemunhos eram transmitidos em programas de rádio e TV. O documento considera que o Brasil demorou a criar a sua comissão da verdade em comparação aos vizinhos latino-americanos. “Nos últimos 30 anos foram criadas mais de 40 comissões da

Verdade, a maioria em países da América Latina e da África, para investigar crimes contra a humanidade cometidos em regimes autoritários ou guerras civis”, diz a análise que cita a Guatemala como um grande exemplo por ter condenado seu ex-ditador, general Efrain Rios Montt, por genocídio e outros crimes contra a humanidade. Apesar da demora, a Anistia considera que o Brasil pode se beneficiar da experiência dos países que tiveram suas comissões da verdade.

O documento considera que o Brasil demorou a criar a sua comissão da verdade em comparação aos vizinhos latinoamericanos O documento cita como avanços descobertas relativas ao caso do ex-deputado Rubens Paiva (mais informações sobre este caso em www. brazilianpost.co.uk), e a correção do atestado de óbito do jornalista Vladimir

Dilma sendo interrogada pelos minitares em 1970

Herzog, estabelecendo seu assassinato em dependências do Estado e refutando a farsa do suicídio. “De importância histórica, também, é o levantamento das violências cometidas contra povos indígenas pela ditadura, iniciado pela comissão. São passos essenciais na luta por verdade, memória e justiça no Brasil”, diz outro trecho.

Para a Anistia Internacional, o Brasil tem uma “oportunidade única de romper com padrões de violações de direitos humanos que ainda persistem em muitas instâncias do Estado no país”. A entidade considera que o relatório final deve ter contribuições para as políticas públicas e que possa servir de base para processos judiciais nos questionamentos à Lei de Anistia.

EDUCAÇÃO

Sisu tem adesão de 80% das universidades federais

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Da redação m três anos, o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) - plataforma digital criada em 2010 para preencher vagas em instituições públicas de ensino superior - já tem adesão de 80% das 59 universidades federais do País. Em quase metade delas, 100% das vagas para novos calouros estão sendo preenchidas pelo Sisu. Só no 1º semestre, 1,9 milhão de estudantes se inscreveram. Foram oferecidas aproximadamente 100 mil vagas nas federais. A próxima oferta de vagas está prevista para junho. Criado pelo Ministério da Educação (MEC), o Sisu usa como critério de seleção o desempenho do estudante na prova do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). No início de cada semestre, o site do “vestibular nacional” pode ser consultado pelo estudante interessado

Só no 1º semestre, 1,9 milhão de estudantes se inscreveram no sistema de seleção unificado

em mais de 3 mil cursos. A candidatura é feita de forma online em duas opções de curso em qualquer instituição. Segundo dados do MEC, a adesão está mais concentrada nas federais da região Sudeste: mais de 84% de participação. As três universidades localizadas no Estado de São Paulo - Unifesp, Federal do ABC e

São Carlos - participam do Sisu. A Universidade de Brasília, a de Minas e a do Triângulo Mineiro estão entre as instituições que aderiram recentemente à plataforma. Elas pretendem oferecer quase 10 mil vagas no vestibular do ano que vem. A Federal do Espírito Santo vai ofertar pelo Sisu

todas as vagas de campus do interior já partir do próximo semestre. Se o ingresso de novos estudantes em instituições tradicionais como a Federal do Rio de Janeiro e a do Ceará já é feito integralmente pelo Sisu - usando apenas a nota do Enem -, outras unidades tradicionais como a do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Bahia (UFBA) ainda resistem em entrar no sistema de seleção nacional. “A rejeição na comunidade acadêmica existe, mas ela é muito menor que há três anos. Esperamos ter uma posição mais definida até junho”, afirma Ricardo Miranda, pró-reitor de graduação da UFBA. Algumas instituições que ainda não aderiram à plataforma - 12 ao todo - estão preocupadas com o aumento do ingresso de estudantes de outros Estados. Elas alegam que seria preciso mais verba para assistência e moradia estudantil como contrapartida à participação no Sisu.


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Comunidade LITERATURA

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o contrário do que muitos podem pensar, nem só de Paulo Coelho vive a literatura brasileira no exterior. Ainda que, de fato, o escritor tenha entrado para o Livro dos Recordes, o Guinness Book, com sua obra O Alquimista – o livro mais traduzido do mundo (69 idiomas) – outros autores também conquistaram os leitores estrangeiros e vêm alcançando reconhecimento também em outros países. Mas conseguir que um livro seja publicado em outra língua está longe de ser um processo simples e exige muito mais do que talento na escrita. Segundo o escritor Milton Hatoum, em entrevista ao Portal Literal, apenas 3% dos livros lançados todos os anos nos Estados Unidos são traduções de obras estrangeiras. Além das dificuldades com a tradução, as diferenças culturais também costumam fazer com que o enredo de um livro torne-se desinteressante para o público leitor de outro país. Agnes Krup, diretora da agência literária Sanford J. Greenburger Associates, concorda com a afirmação em entrevista à revista Vejae afirma que “mesmo que um editor americano esteja interessado e por dentro de determinada cultura estrangeira, outras pessoas participarão da escolha dos livros, como o diretor de vendas, o de marketing e o de publicidade, gente que provavelmente não fala uma palavra de outro idioma. Eles não vão apoiar um projeto que torne o trabalho deles mais difícil”. Talvez seja por esse motivo, a proximidade da língua, que alguns países europeus, sobretudo a França, são mais receptivos a traduções de obras brasileiras que os norte-americanos. No entanto, nomes recentes no mercado literário brasileiro têm

Os 12 autores brasileiros mais lidos no exterior

Os 12 autores nacionais mais lidos no mundo

Machado de Assis

Clarice Lispector

Guimarães Rosa

Jorge Amado

Graciliano Ramos

Milton Hatoum

Chico Buarque

Carlos Drummond

Rubem Fonseca

Oswald de Andrade

Mário de Andrade

Moacyr Scliar

desafiado essa tendência e mostrado um avanço significativo na valorização de nossos livros no exterior. Dentre eles, podemos citar o escritor Bernardo Carvalho, que lançou o livro Nove Noites em 11 países e a escritora Patrícia Melo que com o livro Elogio da Mentira já está presente em pelo menos 20 países. Eduardo Spohr, escritor do livro A Batalha do Apocalipse, e Daniel Galera, autor de Mãos de Cavalo, também são apostas de sucesso, assim como o jornalista e estreante no universo literário Edney Silvestre. Seu primeiro romance, Se Eu Fechar os Olhos Agora, será publicado em pelo menos seis países. Mais veterano, Milton Hatoum já teve obras traduzidas para 17 idiomas e exibe na página

principal de seu site, as capas de seus livros publicados no exterior. Outra grande oportunidade para a literatura brasileira no exterior é a Feira de Frankfurt, na Alemanha, o maior evento internacional de livros do mundo que, em 2013, terá o Brasil como o grande destaque. Provavelmente, diversas editoras estarão à procura de autores brasileiros, repetindo a façanha de 1994, quando nosso país também foi destaque na feira e, depois do evento, o número de traduções de livros nacionais aumentou substancialmente, levando a literatura brasileira ao patamar de livros mais traduzidos na Alemanha (sede do evento). No entanto, no final dos anos 90, a falta de continuidade nos

incentivos governamentais fez com que o ritmo da presença brasileira no exterior diminuísse consideravelmente. (Ver matéria abaixo) Mas esse ano, diante da importância do evento de 2013, o presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Galeno Amorim, apresentou o programa federal de estímulo à internacionalização da literatura brasileira. O Programa de Apoio à Tradução e Publicação de Autores Brasileiros no Exterior prevê o investimento de pelo menos R$ 12 milhões ao longo dos próximos dez anos. Entre as várias iniciativas do programa, destaca-se um substancial aumento nos valores das bolsas de tradução e no apoio à reedição de obras de autores nacionais no exterior. Para o escritor e jornalista norteamericano Benjamin Moser é preciso que o país divulgue mais sua cultura literária no exterior se quiser reconhecimento internacional. “Acho que o Brasil poderia fazer muito mais para promover a literatura brasileira internacionalmente. As pessoas fora do Brasil têm uma ideia muito vaga do país. Acho que desde Carmen Miranda não tem mudado muito”, afirma Moser que, em 2009, publicou Clarice, biografia de Clarice Lispector. Mas, afinal, quem são os autores nacionais mais lidos no exterior? Em 2009, o projeto Conexões Itaú Cultural organizou o Mapeamento da Literatura Brasileira no Exterior. Já são mais de 192 autores mapeados e dentre eles, vários gêneros literários. Mas os clássicos parecem continuar sendo preferência internacional. Veja a galeria dos 12 escritores mais lidos no exterior. *Texto publicado no site www. estantevirtual.com.br

INCENTIVO

Programa aproxima autores brasileiros de leitores internacionais

A

Fundação Biblioteca Nacional do Brasil e o Ministério da Cultura, criaram o Programa de Apoio para as traduções e publicações de autores brasileiros no exterior. O objetivo do programa é promover uma maior presença de obras da literatura local, nos catálogos da editora estrangeira e em prateleiras de livrarias e virtuais estantes de livros em todo o mundo. O programa oferece uma variedade de incentivos de patrocínio para as editoras. Esses incentivos incluem apoio financeiro para a tradução de obras literárias brasileiras de todos os gêneros, bem como apoio para o lançamento de reedições de livros já

publicados no exterior. E a boa notícia é que os aplicativos para o programa serão aceitos continuamente até o ano de 2020. É o maior investimento já feito pelo governo brasileiro para incentivar a presença de obras de literatura do Brasil no mercado editorial internacional. O Programa de Apoio às Traduções e Publicações de Autores Brasileiros no Exterior vai distribuir um total de EUA 7,6 milhões em bolsas de tradução e apoio financeiro para relançar projetos para editoras interessadas em autores brasileiros. Para o período entre 2011 e apenas 2013, o montante total investido no programa estará R$ 12 milhões. A

Fundação Biblioteca Nacional vai oferecer subsídios no valor de até R$ 16.000,00 por trabalho. As reedições receberão apoio financeiro de até R$ 8.000,00 por trabalho selecionado. Uma comissão da Fundação Biblioteca Nacional se reunirá em uma base regular para avaliar os projetos. Trabalhos selecionados através da oferta 2011/2012 deverá ser publicado até agosto, 2013. Os trabalhos selecionado através da oferta 2011/2012 deverão ser publicado até agosto de 2013. De acordo com as normas do edital, as empresas que tenham adquirido direitos de publicação de autores brasileiros não podem fazer parte do programa.

Frankfurt 2013

Brasil será o convidado de honra da Feira do Livro de Frankfurt 2013, na Alemanha, o maior evento do gênero no mundo. Esta será uma oportunidade única para os autores e editoras brasileiras para mostrar seu trabalho no exterior. O País espalha sua literatura e cultura em todo o mundo. Livros crescem como um negócio, aumentam o seu prestígio e se fortalecem como produtos de exportação e com a venda dos direitos de publicação. + Info Tel: +55 21 2220-2057 e-mail: translation@bn.br http://goo.gl/zDf4Z


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Ricardo Coimbra http://vidaeobrademimmesmo.blogspot.co.uk/

Comunidade | 06 |

Arbusto pequeno, de Romance frutos avermelhados de Bram Período retratado Stoker pela ficção científica Afago

(?) Ketu, grupo baiano

Aquele que não crê em Deus

Ícone do Teatro carioca de protesto e resisSanta tência nos (abrev.) anos 60

Especialidade profissional

Bebida típica da Rússia

Bolo de massa de tapioca (bras.)

Movimento próprio das aves

Movido de um lado para outro Prefixo de "epicarpo" (?) Newton, físico

Carla Camuratti, cineasta brasileira

Aceita como verdadeiro Bofetada

Fundamentalista mais radical do Irã

A maior nota de real Despenca; vem ao chão Escassa

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C U R A A R C I J U C I L I A A C C R TA A P A R A M A

- Rafael Wowk, Brasília - DF

Pioneiro (fig.)

S P A C I A L

A reportagem mostra o que eu considero a maior diferença entre os dois períodos: a forte presença de brasileiros nos novos institutos, que é relevante por duas questões, ambas apresentadas na reportagem. Primeiramente, a oportunidade dada a um brasileiro de estudar em uma das melhores universidades do mundo, de conhecer um outro ambiente acadêmico é excelente e outra questão relevante na inserção de pesquisadores brasileiros é o conhecimento aprofundado do Brasil, não apenas do material bibliográfico disponível ou de permanências curtas, mas da cultura como um todo. Essa questão do conhecimento sobre o Brasil se alia à distância metodológica de estudar no exterior, permitindo um foco diferente de um mesmo problema se analisado de uma Universidade brasileira.

© Revistas COQUETEL 2013

F P R A O M B O E I S E X I R S A

Esta é a seção em que o Brazilian Post ouve a opinião do leitor sobre a matéria de capa da edição anterior. Você pode enviar a sua opinião também, participe! Envie um e-mail para contato@ brazilianpost.co.uk

www.coquetel.com.br

5/beiju — xiita. 7/carícia — drácula. 9/sal amargo. 12/grupo opinião.

OMBUDSMAN

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS


Comunidade| 07

PERFIL

Orlando Castaño: ‘minha alma é cheia de curvas e cavernas escondidas’

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Texto e Fotos: Rômulo Seitenfus hego à cobertura onde reside e trabalha o artista plástico brasileiro Orlando Castaño, localizada próxima à London Bridge, em Londres. O ateliê, cheio de obras de arte abstrata e objetos antigos, expressa a alma do artista brasileiro que desbravou fronteiras no universo artístico. Seus quadros – com relevos, pinturas e texturas que vão além da linha das molduras – impressionam pela representação na amplitude da alma do artista, além dos contrastes entre claro e escuro, representando a dramaticidade do criador. Castaño me mostra o livro de 191 páginas que retrata as suas obras, intitulado “Castaño Situação da Pintura”. Ao atender seu pedido de abrir em qualquer página e expressar em palavras o que enxergariam os meus olhos, lembro-me de uma passagem da obra O Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry, em que o personagem pede aos adultos que adivinhem o retrato do desenho. Ao arriscar uma interpretação, meus olhos enxergam a natureza indígena, algo como um cocar (foto). Ao questioná-lo se a minha interpretação fazia real sentido à obra, o artista responde: “O seu olhar sobre a arte lhe possibilita uma viagem interior ao que quiser. Essa riqueza sem limites e a criatividade na capacidade de interpretação, fará enxergá-la com toda a sua cultura e sua maneira de pensar. Isso depende da vivência do observador, associações, desejos, seduções e fantasias”, argumenta. Em minha curiosidade jornalística também quero saber o que ele, o artista, imaginara ao produzir aquela obra de arte. “Eu estava vivendo uma relação muito boa. Não foi algo direto, mas existem alusões à sexualidade e à afetividade”, explica. Questionado sobre como autodescreveria seu estilo, o artista impressiona. “Penso que o meu trabalho é abstrato, mas não gosto de me definir a um único estilo. Isso me limitaria como artista e procuro não impor limites à minha arte. Gosto de fazer as coisas de acordo com o momento em que estou vivendo; não quero ter o comprometimento com uma linha imutável”, revela. Ao percorrer o ateliê, percebo uma influência barroca acentuada nas obras de Orlando. Nesse momento, arrisco perguntar se a minha percepção confere aos olhos do criador.

“Tenho sim uma alma barroca. A minha alma é cheia de curvas e cavernas escondidas. Sou mineiro e cresci prestigiando as obras de Aleijadinho; sinto-me barroco e gosto de coisas rebuscadas, cheia de labirintos. Venho de uma família ligada à arte e desde a infância escuto música clássica, com quadros pelas paredes da casa. Recebi essa influência dos meus pais que almejavam um filho médico, mas me proporcionaram a convivência com a arte”, relembra. O artista também foi inspirado pelo impressionismo, logo no início da carreira no Brasil. Em 1973 desenvolveu trabalhos de desenho, mas foi em 1975, residindo na Alemanha, que sua arte foi reconhecida internacionalmente. Inspirado por artistas como Caspar Friedrich, Castaño cita alguns grandes nomes que marcaram a sua formação, como Pieter Brueghel, François Boucher, Corot, Fragonard, Frank Stela, Andy Warhol, entre outros. Orlando diz gostar, sem exceção, de todas as fases de sua carreira. Mas é nítido o brilho dos seus olhos quando relembra o especial período que passou na Alemanha. “Quando vivi no território germânico fiz coisas que saiam da parede, eram espécies de quadrosobjetos, com grandes espaços pretos dobráveis. Gosto dessa fase por que expus em galerias com grande número de visitações e crítica favorável”, sorri. Há um ano residindo em Londres, Orlando Castaño desenvolve um projeto que traduz sua nova perspectiva em solo inglês. Ele ainda não revela detalhes, mas promete que algo incrível está surgindo em sua carreira, nessa nova fase. Sobre a visão da arte no Brasil e no mundo, o brasileiro compara as diferenças. “A arte no mundo está passando por uma espécie de crise de identidade, sobretudo aos pintores. É difícil elaborar depois da decadência do movimento da pintura; mas existem grandes tentativas para reacendermos esse interesse. Na Europa a arte é muito viva, nos Estados Unidos há uma nova forma artística, muito rica financeiramente. No Brasil ainda temos poucas galerias, com pequeno prestígio aos movimentos artísticos. O governo não oferece muita atenção a isso, ao contrário de outros países. Temos artistas muito bons, mas não tão prestigiados quanto aqui na Europa. Precisamos valorizar mais os nossos artistas”.


08 | May 21st – June 03rd 2013 >> Continuação da Página 2 Em seguida foi a vez de OQuadro subir ao palco. Representando a linguagem universal do hip hop, o grupo surpreendeu com sua originalidade ao tocar rap ao vivo como uma banda, com baixo, guitarra e bateria. São nítidos os toques de candomblé, ijexá e afrobeat na música de OQuadro, assim como são marcantes as letras que expressam a realidade vivida por seus integrantes no Brasil. Naquela noite, vimos ainda as apresentações de Natty, Lady Chan e The Heatwave. Estes dois últimos, aliás, incendiaram a casa com uma energia que parecia ter sido trazida direto de Salvador. The Heatwave arriscou algumas batidas de funk brasileiro e até improvisou uma coreografia com a plateia, que ia para a direita e para a esquerda conforme o vocalista cantava, com a ajuda da muito animada e performática Lady Chann. Na volta para casa, ainda dentro do metrô, conversamos com alguns brasileiros que estiveram no show, além de duas inglesas que já haviam morado no Brasil e falavam um português surpreendente, o que nos levou a ter ainda mais certeza de que a conexão Brasil-UK está com tudo.

da noite, pergunto ao Rans, também vocalista de OQuadro, quem saiu ganhando no embate entre Salvador e Londres. “Todos foram agraciados com um ótimo projeto, boas iniciativas musicais, boas pessoas, artistas excelentes. Quem ganha é a gente, a música e o público. Não tem perdedor”, ele respondeu. Mais tarde, foi a vez de conversarmos com Rafael, DJ da banda Os Nelsons, da cidade baiana de Paulo Afonso. “Pra gente que mora no interior da Bahia é uma coisa louca. A gente sai de um pico em que ninguém acredita em você, porque o

PARA OUVIR E CURTIR

OQuadro https://soundcloud.com/oquadro

Bendito sejam os que evoluem

Dois dias depois, no sábado dia 18 de maio, a equipe do TBP foi conferir os shows que as duas bandas baianas fariam no Notting Hill Arts Club. Antes de entrar na casa, encontramos os integrantes de OQuadro conversando na calçada. Foi a oportunidade perfeita para conhecer melhor o grupo, cujos músicos são de Ilhéus e estão juntos há 16 anos. “Quando imaginamos montar um grupo de rap, não tínhamos os elementos eletrônicos. Não tínhamos um mixer, por exemplo, nem computador. Então começamos a tocar rap com instrumentos orgânicos. Tudo que fazíamos era com a intenção de simular nos instrumentos orgânicos, como baixo e guitarra, o que o rap fazia com os equipamentos eletrônicos”, explicou Jef, um dos três vocalistas de OQuadro. “Naturalmente percebemos pela pesquisa que o rap é feito de pedaços de outras músicas. E esses pedaços podem ser qualquer coisa. O Racionais usou pedaços de música do Tim Maia, por exemplo. Há uma disparidade de referências. Quando você se aproxima do rap, você descobre que o rap é infinito. A música do rap é infinita”, completou. Em uma de sua músicas mais marcantes, Evolui, OQuadro canta “Bem aventurados os que não morrem estagnados, benditos sejam os que evoluem...”. Pergunto, então, para onde eles estão evoluindo. “O cume da montanha é espiritual. Acho que tem que buscar o melhor de você mesmo, fazer a melhor letra sempre, botar minha melhor voz sempre; eu tenho que estar cada dia mais saudável, de bem com minha família e meus irmãos. Evolução é isso”, disse Jef. Antes de encerrarmos a conversa e entrar na casa para ouvir Os Nelsons na primeira apresentação

Os Nelsons https://soundcloud.com/os-nelsons

The Heatwave https://soundcloud.com/theheatwave

Lady Chann https://soundcloud.com/ladychannofficial

Natty https://soundcloud.com/nattymusic

tipo de música que a gente toca não é convencional na Bahia, não é pra massa. Então é uma honra pra gente tocar aqui”, revelou Rafa, como é chamado por todos. Ele disse que vê a banda agindo como se fosse uma antena colocada no chão, captando a música do gueto de todo o mundo, e que isso levou o grupo a mostrar a Bahia de um jeito bastante original. Rafa contou ainda como foi a interação com os músicos britânicos lá na Bahia. “Nós já conhecíamos muitas coisas daqui, mas eles não conheciam nada de lá. Então fomos traduzindo as coisas. Estávamos na estrada e, desde o primeiro dia que a gente se encontrou, no ônibus mesmo, ficamos cantando e ensinando português pra eles e eles, inglês pra gente. Então era muito engraçado, por exemplo, a Lady Chann dizendo ‘mamãe tá quente’, uma expressão bem típica na Bahia”, lembrou. Tal sintonia ficou nítida na última apresentação daquela noite. OQuadro tocava quando Lady Chann foi chamada, dando um ar mais gracioso ao palco repleto de marmanjos. Raoni, vocalista de Os Nelsons, também subiu ao palco para arriscar algumas rimas de improviso, enquanto a plateia se deliciava com tamanha espontaneidade e energia. “Eu me senti mais em casa no Brasil do que eu me sinto aqui. A sintonia foi muito espontânea e a plateia brasileira é muito quente”, disse Lady Chann ao TBP após a participação no show de OQuadro. Ela contou que pretende passar suas próximas férias no Brasil e que já está trabalhando em uma música em português. Lady Chann, aliás, participou no dia seguinte de uma sessão de gravação com as duas bandas brasileiras, além de Natty. Foi o último encontro entre os grupos, pelo menos por hora, o que deve render um EP de quatro músicas. Mais informações em nosso site: www.brazilianpost.co.uk. Como foi bem mencionado por Freeza, o terceiro vocalista de OQuadro, é bom que as pessoas vejam que na Bahia não tem só axé; que lá as pessoas também estão conectadas com o que rola no mundo e, trazendo na bagagem referências diversas, produzem música de qualidade e com levadas bem originais. Tanto aqui no Reino Unido quanto no Brasil, é na cena independente que se encontram as músicas mais interessantes. Em um cenário pós-gravadora, cada vez mais influenciado pelos mecanismos da internet, os artistas estão tomando controle sobre seu próprio trabalho. São tempos difíceis, é verdade, mas ao mesmo tempo estimulantes. Esperamos que a Bass Culture Clash: Salvador VS London tenha sido apenas o começo desta conexão. *Mais fotos no London By Night, página 20.

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ADVERTORIAL

Alunos de doutorado ganham um ano extra de trabalho no Reino Unido

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ara quem faz doutorado no Reino Unido, uma notícia boa: de acordo com as novas regras do Home Office, publicadas no mês passado, doutorandos estrangeiros podem permanecer legalmente no país por mais um ano depois que concluírem o curso. A extensão do visto, no entanto, não é dada automaticamente. Quem quiser permanecer no Reino Unido por este “ano extra” deve aplicar para a obtenção de um novo visto.

Doutorandos estrangeiros devem fazer a aplicação no mínimo 60 dias antes do final do curso

Durante o “ano extra”, quem estiver no Reino Unido poderá trabalhar legalmente sem nenhuma restrição, exceto se quiser atuar como médico, dentista ou profissional do esporte em treinamento. Já para o período em que o aluno estiver cursando o doutorado, as mesmas restrições de trabalho

seguem valendo. Ou seja, doutorandos estrangeiros só podem trabalhar 20 horas semanais. Segundo as novas regras do Home Office, doutorandos estrangeiros devem fazer a aplicação no mínimo 60 dias antes do final do curso. A data de término a ser observada é a que

sai impressa na CAS Letter emitida ao estudante pela universidade. Para quem não conhece o documento, CAS Letter nada mais é do que a prova de que o estudante estrangeiro está matriculado em uma instituição educacional reconhecida pelo Home Office.


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Tecnologia INVESTIMENTOS E PESQUISA

Inovação tecnológica:

o caminho para uma liderança diferenciada São empresas inovadoras”. Em 2007, eram 70 empresas.

O

Da Redação diretor das Áreas Industrial e de Mercado de Capitais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Julio Ramundo, disse que 49,2% dos recursos aplicados em tecnologia no país vão para difusão e não para a inovação tecnológica, como arma de competição, liderança e diferenciação. “Normalmente, a gente está falando de incorporação de base técnica e tecnológica por meio de máquinas e equipamentos”, disse o diretor, ao participar do 25º Fórum Nacional, promovido pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), na sede do banco. Em relação aos investimentos em pesquisa e desenvolvimento por parte das empresas privadas, dados da Pesquisa de Inovação, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2008, apontam nível de 0,53% no Brasil, contra

Biotecnologia

Biotecnologia no Brasil tem grande potencial inovador

1,08% na China e 0,76%, em Portugal, por exemplo. “O Brasil está no escanteio do seu campo de defesa”, comparou Ramundo. Recentemente, o governo federal lançou o Programa Inova Empresa, que

tem por meta induzir o investimento empresarial em inovação tecnológica. A ideia é contribuir para aumentar da produtividade e da competitividade da economia. O Inova Empresa vai priorizar projetos com maior risco tecnológico e buscar uma coordenação entre todos os agentes de financiamento e os instrumentos de apoio. O BNDES integra a iniciativa.

‘Investir em pesquisa e desenvolvimento e em inovação é o desafio das empresas brasileiras no momento’ – Julio Ramundo De acordo com Ramundo, os financiamentos concedidos pelo BNDES para projetos de inovação passaram de R$ 33 milhões, em 2003, para cerca de R$ 2,23 bilhões, no ano passado. Um levantamento do banco mostra que para cada R$ 1 do banco, outros R$ 4 são aplicados por coinvestidores. Desde 2007, a instituição ampliou a participação nos projetos inovadores de empresas nacionais por meio da criação de fundos de capital de risco. “Hoje, o BNDES tem participação indireta em cerca de 200 empresas, sendo que a maioria inova em seu modelo de negócio.

No mundo atual, em que o conhecimento é o elemento alavancador de riqueza e demanda uma lógica de produção diferente, com foco no capital humano e na inovação, o Brasil necessita, em primeiro lugar, identificar as áreas em que pode ser mais competitivo, e a biotecnologia é a que apresenta maior potencial inovador, de acordo com a avaliação de Marcos Cavalcanti, professor de engenharia de produção da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Cavalcanti destacou a necessidade de o país ter uma estratégia de inovação que contemple esses setores com potencial competitivo. “Hoje, a gente pulveriza os poucos recursos que tem em inovação. E a gente tem uma visão totalmente academicista do processo”, disse. Ele criticou o fato de os critérios para avaliar como será feita a distribuição dos recursos em inovação se basear em artigos acadêmicos. “É o único critério que o governo adota para distribuir o dinheiro, que é um critério totalmente equivocado e está desestimulando a inovação”. A biotecnologia é, segundo Cavalcanti, a principal área em que o Brasil tem de investir em inovação. “O país tem uma Floresta [Amazônica] com a maior biodiversidade do planeta, totalmente inexplorada”, disse. Não há, reiterou, uma estratégia que seja voltada para a Amazônia e focada no desenvolvimento sustentável e na exploração dos recursos genéticos existentes na região. Além de biotecnologia, outra área para ser explorada, de acordo com o professor, é a da tecnologia da informação e da comunicação (TIC), em que o Brasil tem reconhecida competência internacional, e que aumenta a produtividade no conjunto da economia. “O Brasil podia ser um player [ator] importante no mercado mundial”. Outras áreas de forte potencial inovador são: aeroespacial, “estratégica para o desenvolvimento do país”, energia e de entretenimento e indústrias criativas. “Acho que nessas cinco áreas o Brasil pode ser o número um no mundo”. Marcos Cavalcanti participou hoje (14) do 25º Fórum Nacional, promovido pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio.


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Economia DIPLOMACIA

Maior desafio é diminuir barreiras comerciais, diz novo diretor-geral da OMC

O

Da Redação embaixador brasileiro Roberto Azevêdo, primeiro latinoamericano eleito para o cargo de diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), disse que seu maior desafio será destravar a Rodada Doha, negociação entre os países-membros do órgão para diminuir as barreiras comerciais. Desde a crise econômica de 2008, Azevêdo classifica que o ambiente global está mais protecionista e, portanto, pouco favorável à queda de restrições. “A expectativa no final do ano passado era que poderíamos estar começando uma curva declinante. Aproximadamente 20% das medidas protecionistas introduzidas a partir de 2008 já foram retiradas. Mas isso significa que 80% ainda estão lá”, disse o diretor-geral eleito, em entrevista à imprensa no Palácio do Itamaraty.

Azevêdo, que a partir de 1° de setembro irá substituir o francês Pascal Lamy - atual presidente, disse que a primeira etapa para retomada das discussões de Doha será a 9° Conferência Ministerial da OMC, que ocorrerá em Bali, na Indonésia, em dezembro. “As negociações [para a conferência] não estão avançando da maneira que esperávamos. Há certo pessimismo em Genebra. Espero que a gente consiga reverter para ter resultados consensuados em dezembro. Ainda não desisti de Bali”, declarou. Segundo ele, na mesa de negociação, estarão temas como facilitação do comércio, da agricultura, das cotas tarifárias, da segurança alimentar e até subsídios à exportação. De acordo com o embaixador, uma vez retomada a Rodada Doha, o tema dos subsídios agrícolas da União Europeia será um dos centrais. “É politicamente impossível contemplar outras áreas

e a agricultura ficar de lado. Bens industriais, serviços e agricultura estavam no âmago da Rodada Doha em 2008 e continuarão no momento em que for retomada”, argumentou Azevêdo.

A União Europeia continua sendo o maior investidor no Brasil A embaixadora Ana Paula Zacarias, chefe da delegação da UE no Brasil, acredita que as relações econômicas e comerciais entre a União Europeia (UE) e o Brasil têm evoluído de forma “muito positiva” e deverão ganhar reforço com a

eleição do brasileiro. A União Europeia continua sendo o maior investidor no Brasil, é o maior bloco que faz comércio com o país e apresenta elevado número de empresas instaladas há muitos anos no território brasileiro e inseridas, inclusive, no seu âmbito social, que introduzem inovações, conhecimento e tecnologias, destacou Ana Paula. “Do ponto de vista econômico, o relacionamento é bastante positivo”, disse. A embaixadora externou, porém, a preocupação dos países europeus em relação a aspectos da política que o governo brasileiro vem implementando para proteger a indústria nacional. “É uma preocupação de princípio em relação às regras do livre comércio. Essas questões vêm sendo discutidas e resolvidas em mais de 30 diálogos setoriais da UE com o Brasil, sempre com grande abertura e transparência”, declarou.


Esporte | 12 |

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Esporte COPA DAS CONFEDERAÇÕES

Neymar é o craque do time, mas muitas vezes tem que carregá-lo sozinho; ainda faltam grandes atuações contra seleções de ponta

Sem Ronaldinho, Brasil tenta recuperar prestígio

A

Por Renato Brandão s bases da “segunda família Scolari” estão dadas. Em sua lista de 23 convocados para a Copa das Confederações no próximo mês, divulgada no último dia 13, o técnico Luiz Felipe Scolari convocou essencialmente atletas que já vinham defendendo o Brasil nos últimos cinco amistosos desde que retornou ao comando da Seleção Brasileira. As maiores surpresas na lista foram as presenças de Jadson e Bernard, e as ausências de Ronaldinho Gaúcho e Ramires. Antes do início do torneio, o Brasil fará amistosos contra a Inglaterra (2 de junho, no Maracanã, Rio de Janeiro) e a França (9 de junho, na Arena do Grêmio, em Porto Alegre). O Brasil de Scolari contará com atletas mais experientes nos setores defensivos e mais jovens nos setores ofensivos. Com essa base, Felipão espera formar um grupo forte, unido e que possa lutar pelo título da Copa de 2014. Entretanto, o veterano treinador terá muito trabalho pela frente. Com pouco mais de seis meses de seu retorno à seleção, Scolari não conseguiu montar uma equipe capaz de recuperar o prestígio da Seleção Brasileira, que tem amargado o pior momento de sua gloriosa história. Desde 2009, o Brasil não vence uma grande seleção do futebol mundial. Ausente das Eliminatórias sul-americanas e atuando mal mesmo diante de seleções nacionais de segundo escalão, a seleção cinco vezes campeã mundial tem figurado, nos últimos meses, entre vexatórios 18º e 19º lugares no ranking da FIFA. Reconhecida como a seleção mais bem-sucedida na história do futebol mundial, o Brasil tem se distanciado nos últimos 20 anos cada vez mais daquele futebol que o fez mundialmente celebrado, do futebol-arte que mesclava toque de bola, habilidade e fantasia. Desde o fiasco no Mundial da Alemanha, em 2006, a seleção canarinha tem tido dificuldades para se renovar, e seu futebol tem ficado cada vez mais próximo do burocratismo e pragmatismo típicos de selecionados europeus. Além de o futebol brasileiro ter desaprendido a jogar coletivamente, a seleção sente falta de um grande jogador no meio-campo, o maestro que organize e controle o setor intermediário, o jogador com capacidade de decidir uma partida, como fizeram lendários craques do passado. Ainda que não vença a Copa das Confederações, o Brasil

deve chegar à Copa do Mundo entre os favoritos. Primeiramente pela possibilidade de contar com novos talentos como Oscar, Lucas e Neymar, mas também e principalmente por disputar o torneio em casa. Naturalmente, Espanha, Alemanha e Argentina, que possuem atualmente conjuntos superiores ao Brasil, devem chegar ao Mundial do próximo ano como os maiores candidatos ao título.

Ronaldinho

Com boas atuações desde que se transferiu para o Atlético Mineiro, de Belo Horizonte, o meio-campista Ronaldinho Gaúcho era comumente citado pela imprensa brasileira como um dos possíveis convocados por Luiz Felipe Scolari para a Copa das Confederações. No entanto, Felipão excluiu o antigo melhor jogador do mundo pela FIFA (2004 e 2005) de seus planos. Não apenas por critérios técnicos - já que Ronaldinho, como tem sido nos últimos oito anos, não consiga realizar na seleção o mesmo futebol que apresenta, em seus melhores momentos, nos clubes aos quais defendeu – mas também por questões extracampo. Conhecido por seu perfil linha-dura, Felipão não tolerou informações (que obteve junto a fontes dentro do Atlético Mineiro) sobre a vida pessoal de Ronaldinho, afamado amante da vida noturna. A gota d’água, porém, foi um atraso de 25 minutos do jogador na apresentação à delegação brasileira, dois dias antes do amistoso contra o Chile, em abril passado. Como ainda fez uma partida muito abaixo das expectativas, Ronaldinho parece ter sido descartado dos planos de Scolari. A depender do histórico de rigidez de Felipão, que barrou o astro Romário no Mundial de 2002, à época sendo alvo de diversas críticas na imprensa esportiva brasileira, Ronaldinho corre sérios riscos de ficar fora da Copa do Mundo de 2014. Para recuperar a confiança de Scolari, o jogador de 33 anos terá a difícil missão de seguir atuando em bom nível e tentar se comportar fora dos gramados, como exige o conservador e coerente técnico do Brasil.

CONVOCADOS Goleiros

Meias

Júlio César (QPR) - 33 anos Diego Cavalieri (Fluminense) - 30 anos Jefferson (Botafogo) - 30 anos

Fernando (Grêmio) - 21 anos Luiz Gustavo (Bayern Munique) - 25 anos Hernanes (Lazio) - 27 anos Paulinho (Corinthians) - 24 anos Oscar (Chelsea) - 21 anos Lucas (Paris Saint-Germain) - 20 anos Jadson (São Paulo) - 29 anos

Zagueiros Thiago Silva (Paris Saint-Germain) - 28 anos Réver (Atlético Mineiro) - 28 anos David Luiz (Chelsea) - 26 anos Dante (Bayern Munique) - 29 anos

Laterais Oscar é a maior esperança de criação no meio de campo, e tem o papel de auxiliar Neymar e dividir a responsabilidade do jogo

Daniel Alves (Barcelona) - 30 anos Jean (Fluminense) - 26 anos Marcelo (Real Madrid) - 24 anos Filipe Luís (Atlético Madrid) - 27 anos

Atacantes Neymar (Santos) - 21 anos Fred (Fluminense) - 29 anos Hulk (Zenit) - 26 anos Bernard (Atlético Mineiro) - 20 anos Leandro Damião (Internacional) - 23 anos


Esporte | 13

HISTÓRIA

O Uruguai no Brasil: opostos que se atraem

Brasil e Uruguai na Copa do Mundo de 1970

S

Da Redação e você lê os livros de história, pode perfeitamente imaginar que brasileiros e uruguaios tenham lá suas razões para viver uma rixa. Em 1828, afinal, quando aquele pequeno território de 176 mil km2 no Cone Sul finalizou seu processo de independência, foi depois de escapar da ocupação do Brasil – que pouco antes, em 1822, se independizara de Portugal. Entre 1817 e 1825, aquilo que hoje é o Uruguai era, formalmente, território brasileiro; era a “Província Cisplatina”. Para além da relação geopolítica conturbada, passando-se especificamente à história do futebol, os motivos para discórdia ficam até mais claros. O que esperar, afinal, que os brasileiros sintam a respeito do país que lhes impingiu a maior dor de sua história; uma derrota que ganhou até apelido famoso, o Maracanazo? Porém, por muito que a história entre Brasil e Uruguai seja cheia de passagens de rivalidade e tensão, ela insiste em pender para a amizade e a admiração. Os dois países teriam tudo para se detestar dentro dos campos, mas parece que simplesmente não conseguem.

Tradição tricolor

Para isso, então, não existe exemplo melhor do que o São Paulo Futebol Clube, cuja história está tão ligada a ídolos uruguaios – sobretudo a quatro

deles – que em 2012 o clube até lançou uma camisa comemorativa, mesclando o vermelho, branco e preto do Tricolor Paulista com o azul-celeste da seleção uruguaia. Existe, aliás, um livro todo dedicado só a esse fenômeno: “Tricolor Celeste”, de Luís Augusto Símon. A relação começa com duas contratações junto ao timaço que tinha o Peñarol no início da década de 1970 – e do qual o goleiro Ladislao Mazurkiewicz também sairia para se juntar ao Atlético Mineiro: Pedro Rocha e Pablo Forlán. Rocha era um armador inteligente, de passe preciso, desses que controla o ritmo do jogo. Segundo ninguém menos do que Pelé, um dos cinco maiores jogadores que jamais havia visto. El Verdugo encontrava no Brasil – e na condição de sucessor do Canhotinha de Ouro Gérson quando esse deixou o São Paulo, em 1972 - um palco ideal para jogar a sua bola. Como ele próprio disse no dia de sua apresentação. “O Brasil é o país onde se joga o melhor futebol, e espero provar que o clube fez um grande negócio com a minha contratação”. E como fez. Após anos de penúria dentro de campo, enquanto concentrava seus gastos em construir o estádio do Morumbi, o São Paulo de Pedro Rocha e de Pablo Forlán voltou a ser grande. Logo antes da chegada de Rocha, acabou com um jejum de 13 anos sem título, em 1970. E, com os dois, foi campeão paulista em 1971 e 75 e embalou sequências como uma de 47 jogos de invencibilidade, em 74.

Se Pedro Rocha era o cérebro que fazia aquela equipe funcionar, as funções de coração, pulmão, fígado, rim e o que mais fosse preciso eram de seu compatriota Forlán. O lateral direito era bom de bola, mas nem precisava encostar nela para ganhar devoção da torcida: bastava ver o apetite com que se prestava a correr de um lado para o outro, entrar em divididas e até dar uma botinada ou outra se preciso.

As gerações seguintes

Depois disso, entende-se bem por que o São Paulo nunca mais desistiu de tentar trazer uruguaios para lhe encher o time de personalidade. O seguinte foi Darío Pereyra, que chegou em 1977, supostamente como substituto de Pedro Rocha – embora na verdade sempre tenha sido um volante defensivo; só que um com mais técnica que a média. Era mais um que vinha de um timaço montado pelo Nacional de Montevidéu e, como Rocha e Forlán, nascido como vencedor. Num país pequeno como o Uruguai, é assim: quem está entre os melhores, vive em decisões. E vai a outro lugar, então, com a mentalidade que tinha Darío quando chegou e logo participou da conquista do primeiro Campeonato Brasileiro da história do clube. “Só depois que eu entendi como era difícil ganhar um título no Brasil. O título de 1977 era o primeiro Campeonato Brasileiro do São Paulo e o segundo

iria demorar quase dez anos. Naquele momento eu ainda pensava que teria finais todo ano para disputar”, conta ele, que, já deslocado para a função de zagueiro em que se consagraria, permaneceu no clube um total de 11 anos, conquistando também o Brasileiro de 1986 e mantendo intacto o respeito sãopaulino pelos uruguaios, que logo teria seu capítulo mais recente com Diego Lugano. Contratado quando ainda não tinha renome e vítima de uma tremenda desconfiança por parte da torcida e da mídia durante os primeiros meses desde sua chegada, em 2003, o zagueiro aos poucos conquistou o carinho dos torcedores ao mesmo modo de Forlán: mostrando o quanto jogar pelo clube lhe era importante. “O Uruguai teve muitos grandes jogadores em sua história. Muitos craques, como Scarone, Rocha e Schiaffino. Mas sempre gostei mais daqueles que mostravam caráter e temperamento. Como Obdulio Varela”, admite Lugano, um dos ídolos maiores do incrível ano de 2005, em que os sãopaulinos venceram a Libertadores e a Copa do Mundo de Clubes da FIFA. Não será nada estranho, portanto, perceber como os uruguaios – e não só Diego Forlán, do Inter, ou Nicolás Lodeiro, do Botafogo - se sentirão em casa na Copa das Confederacões da FIFA 2013. Uma parte importante da história do futebol charrúa, afinal, passa inevitavelmente pelo Brasil.


Esporte | 14 |

May 21st – June 03rd 2013

TÊNIS

Nadal é campeão do Masters de Roma pela 7ª vez

Nadal chegou à final em todos os torneios que disputou este ano

O

Da Redação s tenistas Rafael Nadal e Serena Williams venceram Roger Federer e Victoria Azarenka para conquistar o aberto de Roma, no domingo 19 de maio. O espanhol, quinto melhor tenista do ranking da ATP, venceu por dois sets a zero e ganhou a competição italiana pela sétima vez. A norte-americana venceu pelo mesmo placar e não perdeu um set sequer durante todo o campeonato. No masculino, Nadal não deu chances a Roger Federer. Com uma vitória de 6/1 e 6/3, o espanhol acumulou o sexto troféu em 2013. Após ficar afastado por nove meses, ele chegou à final em todos os torneios que disputou este ano.

Nadal obteve seu maior triunfo sobre Federer em torneios disputados em melhor de três sets No saldo geral, ampliou para 24 o recorde de títulos em torneios de nível Masters 1000. No confronto direto contra

Federer, aumentou a considerável vantagem. Em 30 jogos, ele soma o dobro de vitórias do rival: 20 a 10. A 20ª vitória sobre o suíço, recordista de títulos de Grand Slam, foi conquistada com inesperada superioridade. Nadal obteve seu maior triunfo sobre Federer em torneios disputados em melhor de três sets. O suíço nunca havia sido derrotado pelo rival com placar tão folgado. O resultado se explica pela grande atuação do espanhol e pela apatia do suíço em quadra. Sem foco, Federer cometeu nada menos que 32 erros não forçados. Nadal falhou apenas oito vezes. Na partida entre Serena e Azarenka, a norte-americana venceu a bielo-russa com os mesmos 6/1 e 6/3 aplicados por Federer. Serena não perdeu um set sequer e ainda emplacou três “pneus” - sets que terminaram com parciais em 6/0 - em sua trajetória. Ao todo, cedeu apenas 14 games às rivais em cinco partidas. Tal desempenho lhe valeu o segundo título na capital italiana - o primeiro havia sido conquistado em 2002, sobre a belga Justine Henin. O triunfo em Roma também confirma o excelente momento da norteamericana de 31 anos. Às vésperas de Roland Garros, Serena acumula quatro títulos consecutivos na temporada e uma série de 24 vitórias seguidas, um recorde pessoal. Com a vitória, Williams ampliou ainda mais sua vantagem no retrospecto contra a rival. Agora são 12 vitórias, contra apenas duas de Azarenka no circuito profissional.


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CREATING NEW NARRATIVES

Notations, by Valeska Soares, invites the viewer on a journey through their own references and associations. The exhibition includes book covers arranged in geometric compositions and the pages of narrative fiction disjointed and collated to alter perceptions of time and subjective interpretations. Exhibited at the Max Wigram Gallery until mid June. Turn the page and let your mind start discovering the story… >> Read more on page 16

Livros arranjados em composições geométricas, páginas alinhadas em uma narrativa subjetiva que envolve a percepção do tempo, as memórias e uma interpretação livre. Notations, de Valeska Soares, leva o espectador a uma viagem por suas próprias referências e associações. Em exibição na Max Wigram Gallery. Vire a página e saiba mais. >> Leia mais na página 16


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May 21st – June 03rd 2013

Notations: Time, subjective memories and literature

F

eaturing works by the Brazilianborn, New York-based artist Valeska Soares, the exhibition, Notations has been presented at Max Wigram Gallery since mid May. The show, which runs until 13 June, will act as an introduction to the practice and ideas of Valeska Soares, a prelude to a solo exhibition set to open in November 2013. The core themes recurrent in Soares’ work: time, subjective memories, and literature are referenced throughout the two groups of works are shown here. On the walls, hang 2-dimensional works from the ongoing series Bindings, in which antique book covers are arranged in geometric compositions onto unprimed canvas. Across the room, Timeline I connects two facing walls with thirty-one book

pages strung on copper wire. Each page has been selected as within its prose the passage of time is explored or denoted. Using text both as material and artistic arrangement, these works deconstruct the structure of the novel, inviting each viewer to reconfigure new subjective narratives. Subjectivity is a key element in Bindings. Each arrangement seems to contain an arbitrary collection. The book dust jackets and covers are arranged in a manner reminiscent of a modernist grid. Appearing as an exercise in chromatic and compositional balance, the works have poetic qualities and are indicative of Soares’ desire to make art that is not selfreferential. The covers are not only chosen for their formal qualities, but also for the possible associations they can develop

when grouped together. The viewer’s gaze scans this visual labyrinth of colours, shapes, and texts, arranged in multiple directions, each time developing new and subjective connections. Given that Brazil remains a country not known for its literature or readingculture it would be interesting to know what Soares thinks of this and how many Brazilian Londoners are drawn to this show. Both of these works refute the possibility of a single meaning, the artist invites the viewer/reader to perform a creative act and compose new narratives, not to decipher them. Over the last decade or so, audience interaction and intervention have become an integral part of contemporary art. Art is no longer something that we passively

look upon, we are encouraged to have a place within it. This movement has seen audiences asked to do some rather strange things and can sometimes result in awkward encounters and is not always successful, just recall renowned artist Ai Wei’s great disaster when his sunflower seed installation at Tate Modern had to be closed due to safety concerns after just two days. What the quiet ‘bookishness’ of Soares’ work does so well is engage the viewer in an incredibly subtle way and in doing something we all enjoy from young age- telling stories. As a result you leave this show not only having looked at some aesthetically pleasing work but also with a sense of personal fulfilment and it is that lies at the heart of all good participatory art.

Notations: Tempo, memórias subjetivas e literatura

A

presentando o trabalho da brasileira Valeska Soares, que nasceu em Belo Horizonte, mas vive e trabalha em Nova York, a série Notations está em exposição na Max Wigram Gallery desde 17 de maio. A exibição, que segue até dia 1 de junho, é uma introdução ao trabalho de Valeska, uma prévia da apresentação solo programa para novembro deste ano. Notations está rodeada de referências recorrentes no trabalho da artista: tempo, memórias subjetivas e literatura. Dois trabalhos são apresentados. Nas paredes,

pinturas da série Bindings, que mostram capas de livros antigos organizadas em composições geométricas na tela. Pela galeria, Timeline I conecta duas paredes adjacentes com 31 páginas de livros amarradas em fios de cobre. Em cada página, uma alusão à passagem do tempo. Usando o texto como um modelo material e artístico, esses trabalhos desconstroem a estrutura dos romances, convidando o expectador a reconfigurar as peças em novas narrativas subjetivas. Subjetividade é um elemento chave em Bindings. Cada quadro tem seu

capricho. Os livros são organizados em uma espécie de grade modernista, com expressões poéticas e balanceadas. As capas não são escolhidas apenas pelo formato, mas também pelas possíveis associações que elas podem despertar dentro da pintura. Os livros também constituem o material de Timeline I. A composição linear das páginas revela uma narrativa não sequencial, poética e aberta para reconfigurações, um lembrete de que tudo está em estado de fluxo. Refutando a possibilidade de um

significado único, Valeska Soares convida o expectador/leitor a criar uma própria narrativa. É precisamente neste ato que reside o foco e unidade deste trabalho.

Notations by Valeska Soares 17th May – 13th June Max Wigram Gallery 106 New Bond Street, London W1S 1DN +Info: www.maxwigram.com


Showbiz | 17

CELEBRIDADES

David Beckham e Angelina Jolie dizem adeus... cada um de seu jeito de Janeiro, no dia 28 de Abril. Só que o boca aberta do Latino resolveu publicar a foto no Instagram e Facebook. Nela, ele aparecia sentado na poltrona do piloto, com fones, fingindo mexer nos equipamentos da aeronave e com a frase: “Foi assim minha primeira experiência como co-piloto ontem”. Apesar de ter apagado a foto, obviamente, ela vazou pela internet. Como a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) proíbe o acesso de passageiros em cabines de comando durante voos, tanto a TAM como os comandantes estão sendo investigados. Agora me diz: o que leva o piloto e co-piloto deixarem o Latino “pilotar” o avião? A única explicação que eu tenho é que o cara era o único fã vivo de Latino! Coitado, duplamente.

MÍDIAS SOCIAIS •

David Beckham é foda, sem falar que é lindo, eu viro gay por ele! (@ThizaoPalmer, sobre aposentadoria de Beckham)

é hetero só ate ver uma foto do david beckham de cueca (@ jayzschrist, idem)

David Beckham... um bom espelho de um jogador disciplinado (@mvbill, sobre Beckham)

emocionante a despedida do Beckham.. sem sacanagem, o cara é bonito pacaralho até chorando! (@gkudsi) •

N

Por Carolina Beal unca fui muito fã do casal Jolie e Pitt, mas até acho que os dois têm bom senso, apesar de serem daqueles ativistas chatos. Achei bacana que a atriz trouxe a público o seu caso como forma de incentivar mulheres com condições parecidas. Só não entendi o rebuliço: afinal, se todo mundo pode colocar peito, pode tirar, né? Já dentre as notícias tristes, a aposentadoria de Beckham traz o desalento às namoradas dos fãs de futebol. Ao menos, antes os gramados tinham seu encanto...

Os peitos da Jolie

Famosa, bem-sucedida, rica e com Brad Pitt do lado, o que pode atrapalhar a vida de Angelina Jolie? Seus peitos! A moça, portanto, foi mais que rápida e se livrou das glândulas mamárias que tinham grande possibilidade de desenvolverem câncer. Segundo ela, a decisão foi tomada porque, como sua mãe havia morrido de câncer aos 56 anos de idade, depois de uma luta de 10 anos contra doença, ela fez um teste que lhe indicou que supostamente desenvolveria a doença. A intenção de Jolie parece realmente genuína; ela chegou a publicar um artigo para servir de exemplo às mulheres: “Eu me sinto segura de que fiz uma escolha dura, mas que de maneira nenhuma diminui minha feminilidade. Para qualquer mulher que esteja lendo isso, espero que isso te ajude a saber que tem opções”, afirmou. O chato mesmo foi ter que agüentar a repercussão da mídia e algumas pessoas dizendo que ela é uma heroína... Só porque ela tirou os peitos? Outras famosas já tinham feito isto antes dela

e, vamos combinar, com aquela boca, aquele rosto, corpão e um marido como o Brad Pitt, quem precisa de peitos?

Beckham só para Victoria

Para a tristeza das mulheres obrigadas a assistir futebol com maridos e namorados, David Beckham está se aposentando. O ex-capitão da seleção inglesa anunciou na quinta-feira, 16, que para de jogar agora no final desta temporada. “Estou agradecido ao PSG por ter me dado a oportunidade de continuar, mas sinto que esse é o momento certo para encerrar minha carreira, jogando em alto nível”, disse Beckham, de 38 anos. Beckham é o tipo “bonitinho e inteligente” (embora tenha casado com Victoria, o que ninguém entende!), genro que toda mãe queria e, apesar de ser metrossexual, deixa uma lição para os jogadores de futebol: ser um grande atleta e moralmente correto. Beckham é um bom pai de família, ótimo jogador (que não se envolve em polêmicas) e não há uma marca que não o queira patrocinar. Não é a toa que hoje ganha cerca de 200 milhões de libras por ano, na maior parte devido a contratos publicitários. Segundo rumores, ele pode se tornar técnico de futebol. Eu espero que sim, pra animar os olhos da mulherada carente no meio de tanto jogador bagaceiro desta Inglaterra!

Alguém é fã de Latino!

Latino deu uma baita mancada e provocou a demissão de um piloto e de um copiloto de avião da TAM. Os dois deixaram o “cantor” entrar na cabine de comando para tirar uma foto, mas detalhe: em pleno vôo entre Recife e Rio

Sera que o peitos da Angelina Jolie cai nos vestibulares? Pq acho que é a única atualidade que eu sei... (@ mickaelapiccoli) • imagino o quanto o cirurgião chorou enquanto retirava os peitos da Angelina Jolie (@mathfdp)


A Gringo’s View | 18 |

May 21st – June 03rd 2013

INCOMERS

Would you like ‘Dhakinho’ as a new São Paulo suburb? By Shaun Cumming

B

razil is a country built on its immigrants, which arrived throughout the centuries. Various governments have welcomed the incomers and most integrated and adapted to the local way and, despite their origins, are now part of the modern day, multicultural Brazil. Even President Dilma traces her routes back to Europe, (Bulgarian father). These different groups have left an undeniable mark on Brazil’s culinary offerings. Italians, Portuguese, Germans, Japanese and even the Africans have all left marks on the food you will find on the streets of Brazil. One type of food, however, is rare at best and, in most places, non-existent. Curry and other spiced food variants from SouthWest Asia – India, Pakistan and Bangladesh

– are simply not part of the menu in Brazil. True, most Brazilians do not have a taste for this type of food, but the simple fact of the matter is that immigration from this part of the world to Brazil has never been a big theme. Compare this to, for example London, where curry is as commonplace as fish and chips. Last week, the news broke that 80 smuggled and illegal immigrants had been caught working close to Brasilia – all of whom were from Bangladesh. They had paid as much as $1,500 to be smuggled into Brazil, where they had been promised high paying jobs. Instead, what they found were atrocious conditions and little or no pay, in what was clearly a case of modern day slavery. This is similar to the story from last month when hundreds of people from Haiti were caught working without any documentation in cities in Amazonas state.

Brazil’s response to the Haitian arrivals was to issue them all with working visas. The good news for the Bangladeshis is that Brazilian law provides that victims of human trafficking and people working in degrading conditions can get resident visa on humanitarian grounds. I am not right wing, but I would advise some caution to the Brazilian authorities. True, Bangladesh is a country with much poverty, but so is Brazil. If these immigrants, and potentially the many others who made the same journey, are allowed to stay and become Brazilian nationals eventually, this number will just increase. One of the trafficked immigrants, 35-year-old Melad Ahmed, spoke to the Estadão newspaper, from São Paulo. He had come to Brazil illegally to work in

poultry industry in Parana state, but he was taken to Brasilia. “I cannot go back. In Dhaka (Bangladeshi’s capital city, hence the ‘Dhakinho’ headline), I have no job and money. Here, I can work in construction, slaughterhouse and Indian restaurants. I will do any service.” But wait a minute, why can’t he go back? Is it because he has no job in Bangladesh and has better prospects in Brazil, or would his life actually be in any danger if he were repatriated? If it’s the first, well I’m afraid there are a great many people in Brazil who are living in poverty who should be helped before people from Bangladesh. Some friendly advice to Brazil would be to review immigration policies immediately to avoid ending up in the unaccountable and chaotic state of immigration found in the UK.

Liberdade, japanese neighborhood in São Paulo

O

Traduzido por Marielle Machado Brasil é um país construído de imigrantes que chegaram ao longo dos séculos. Vários governos os receberam de braços abertos, e muitos se integraram e se adaptaram ao jeito de vida local e, apesar de suas origens, agora fazem parte do diaa-dia de um Brasil multicultural. Mesmo a presidente Dilma traça suas rotas pela Europa (ela é filha de pai búlgaro). Estes diferentes grupos deixaram uma marca inegável na culinária brasileira. Italianos, portugueses, alemães, japoneses e até mesmo os africanos, todos tiveram influência nas iguarias que você vai encontrar nas ruas do Brasil. Um tipo de comida, no entanto, é raro na melhor das hipóteses, e, na maioria dos lugares, inexistente. “Curry” e outros tipos de alimentos com temperos do sudoeste da Ásia - Índia, Paquistão e Bangladesh - simplesmente não são

parte do menu no Brasil. Na verdade, a maioria dos brasileiros parecem não gostar muito desse tipo de comida, e o fato é que a imigração a partir desta parte do mundo para o Brasil nunca foi de grande importância. Compare com Londres, por exemplo, onde o “curry” é tão comum quanto o “fish and chips”. Na semana passada, oitenta imigrantes ilegais foram descobertos trabalhando perto da cidade de Brasília – e todos eram de Bangladesh. Eles pagaram cerca de 1.500 dólares para entrar ilegalmente no Brasil, em troca da promessa de ótimos empregos. Em vez disso, o que eles encontraram foram péssimas condições de trabalho e pouca ou nenhuma remuneração, no que era claramente um caso de escravidão moderna. Esse caso é semelhante ao do mês passado, quando centenas de pessoas do Haiti foram pegos trabalhando sem qualquer documentação em cidades no estado da Amazonas.

A resposta do Brasil para os recémchegados do Haiti foi emiti-los todos com vistos de trabalho. E a boa notícia para os imigrantes de Bangladesh é que a legislação brasileira prevê que vítimas de tráfico de seres humanos e pessoas que trabalham em condições degradantes podem obter visto de residência por razões humanitárias. Eu não sou da ala dos conservadores, mas aconselho que as autoridades brasileiras tenham cuidado. É verdade, Bangladesh é um país com muita pobreza, mas o Brasil também é. Se esses imigrantes e, potencialmente, os muitos outros que fizeram a mesma viagem fiquem autorizados a permanecer e a eventualmente se tornarem cidadãos brasileiros, esse número de pessoas só deverá aumentar. Um dos imigrantes traficados, Melad Ahmed de 35 anos de idade, falou ao jornal Estadão, de São Paulo que veio ao Brasil ilegalmente para trabalhar

na indústria avícola no Paraná, mas foi levado para Brasília. “Eu não posso voltar. Em Dhaka (capital de Bangladesh, daí o título “Dhakinho”), eu não tenho trabalho e nem dinheiro. Aqui, eu posso trabalhar na construção civil, matadouro e restaurantes indianos. Eu faço qualquer serviço”. Mas peraí, por que ele não pode voltar? Será que é porque ele não tem trabalho em Bangladesh e tem melhores perspectivas no Brasil, ou se sua vida realmente estará em perigo se ele voltar ao seu país de origem? Se for o primeiro caso, bem, eu acredito que há um grande número de brasileiros que vivem em situação de pobreza e que precisam ser ajudados muito antes do que imigrantes ilegais de Bangladesh. Um conselho de amigo para o Brasil seria rever imediatamente as políticas de imigração para evitar que o país acabe no estado inexplicável e caótico que é a imigração no Reino Unido.


Travel | 19

Around the World in 8 Cocktails: USA to France By Kate Rintoul

O

ver the next two editions, TBP will take you on a journey around the world, well maybe more of a bar crawl. The cocktail has never been more popular, thank goodness the days of Cosmopolitans are behind us and while I am the biggest of Caiprinhas out there, it’s always fun to experiment with new flavours and tasting other cultures… Bon Voyage!! USA: Mint Julep With Baz Luhrmann’s luxurious portrayal of decadent North American culture, The Great Gatsby out this week, there really is no better time to try your hand at making one of the country’s most iconic drinks. • 2 tablespoons simple syrup (see below) • 4 fresh mint sprigs

• • • •

Shaved ice 2/3 cup bourbon Powdered sugar Mint leaves

Pour 1 tablespoon Simple Syrup into tall glass. Add 2 sprigs mint, crushed slightly. Add ice. Stir in 1/3 cup bourbon. Add more ice to fill glass. Sprinkle with powdered sugar and garnish with mint. Repeat with remaining ingredients. Makes 2 servings.

Simple Syrup

• 1 cup boiling water • 1 cup sugar Stir boiling water into sugar until sugar dissolves. Simple syrup will keep almost indefinitely refrigerated in covered container.

Peru: Pisco Sour

Peruvian food and drink is gaining a

real following in London these days but the Pisco Sour is still seen as a little too adventurous for most. Don’t be scared, the mix of sour and sweetness in this drinks is great during a night out as it is not as sweet as some other drinks and really puts some fire in your belly! • • • • • • •

50ml/1¾fl oz pisco (grape brandy) 50ml/1¾fl oz lime juice 25ml/1fl oz sugar syrup 1 dash bitters ½ free-range egg white 1 cherry, stem attached to garnish 1 lemon slice to garnish

Place all of the ingredients except the cherry and lemon slice into a cocktail shaker and shake. Strain into a rocks glass and garnish with a fresh cherry on the stem and a lemon slice.

France: French 75

Champagne might be expensive but nothing says ‘party time’ more than a bottle of fizz. Make it go further by adding it to other sprits to create cocktails. If you are feeling ultra glam try using some English sparkling wine and craft gins. • 25ml Dry gin (try something different like Sipsmith or Hendricks to make this really special to really lift this) • 15ml Fresh lemon juice • 10ml simple syrup (same as before) • 40ml champagne Crush half a lemon into a shaker with the gin and sugar syrup, throw in some rocks and top with a splash of champagne. See you next time when we travel from the UK to East Asia… Tweet us your favourite cocktail of the world: @BrazilianPost_ #worldcocktails

Pisco Sour

Mint Julep

D

French 75

urante as duas próximas edições, o TBP levará você a uma viagem ao redor do mundo, bem, talvez seja mais um ‘bar crawl’. Os cocktais nunca foram tão populares, graças ao cosmopolitismo atrás de nós e mesmo que eu seja uma das maiores apreciadoras das Caipirinhas, é sempre divertido experimentar novos sabores e degustar outras culturas. Bon Voyage!!

Coloque 1 colher de xarope simples num copo. Adicione 2 raminhos de hortelã ligeiramente esmagados. Adicione o gelo. Misture em 1/3 copo de bourbon. Adicione mais gelo, completando o copo. Salpique um pouco do açúcar e decore com as folhas de hortelã. Repita com os outros ingredientes, servindo 2 copos.

USA: Julep de Menta

Xarope Simples

Com o luxuoso retrato de Baz Luhrmann mostrando a decadente cultura Norte Americana, e o lançamento do filme The Great Gatsby esta semana, não haveria um dia melhor para tentar sua mão e fazer um dos drinks icônicos deste país. • 2 colheres de xarope simples (veja abaixo) • 4 raminhos de hortelã fresca • Raspas de Gelo • 2/3 copo de bourbon (wishy)

• •

Açúcar Folhas de Hortelã

como ‘uma aventura’ para muitos. Não fique com medo, a mistura de doce e azedo neste drink é ótimo durante uma festa, já que ele não chega a ser tão doce quanto outros drinks, e realmente te coloca um fogo na barriga! • 50ml de pisco (aguardente de uva) • 50ml suco de limão • 25ml xarope de açúcar • 1 fio de bitters • ½ ovo branco • 1 cereja e 1 rodela de limão para enfeitar

– 1 copo de água fervente e um de açúcar Misture água fervente ao açúcar até que o mesmo dissolva. O xarope simples pode ser guardado por tempo indeterminado no refrigerador, em um recipiente fechado.

Coloque todos os ingredientes, menos a cereja e o limão que serão para enfeitar, numa coqueteleira e mexa. Coloque em um copo com pedras de gelo e decore com a cereja fresca e uma rodela de limão.

Peru: Pisco Sour

França: French 75

Comidas e bebidas peruanas estão ganhando cada vez mais atenção em Londres, mas o Pisco Sour ainda é visto

O Champagne pode ser um pouco caro, mas nada diz melhor ‘hora de festa’ do que uma garrafa de frizante. Faça a

garrafa render adicionando ingredientes que a transformam em cocktails. E se você está sentindo-se ultra-glamoroso pode usar Vinho Espumante Inglês ou mesmo Gin. • 25ml Gin (tente algo diferente, como o Sipsmith ou Hendricks para fazer este drink verdadeiramente especial) • 15ml Suco de Limões Frescos • 10ml Xarope simples (o mesmo que fizemos antes) • 40ml champagne Esprema metade de um limão numa cocketeleira com Gin e xarope de açúcar, jogue num copo com cubos de gelo e complete o copo com a champagne. Te vejo na próxima edição, quando viajaremos do UK para o Leste da Asia! Envie pelo Twitter qual é o seu cocktail favorito em @BrazilianPost_ #worldcocktails


London by Night | 20 |

May 21st – June 03rd 2013

Katie Weatherall

Danka de Mello

Diogo Sales e Adam Jodoin

Bass Culture Clash: Salvador vs London @ Notting Hill Arts Club by Rômulo Seitenfus

Roberta Maldonado e Fernanda Rabelo

Rajiv e Ben

RV e Jef

Rogério Burigo Ambroso

OQuadro and Lady Chann

Jef, OQuadro

NêgoFreez, OQuadro


What's On | 21

Maths and Art: two unlikely partners By Cibele Porto

Clube do Choro UK presents Clube do Samba

Friday Summer Nights at London Zoo After months hunkering down avoiding the cold, as expected, summer nights out in London are “animal”, especially the ones held on Friday evenings at London Zoo. During June and July, the Zoo brings comedy shows, cabaret, silent disco and plenty of food and drink as well as various activities such as face painting, animal costumes and the opportunity to learn more about the animals through talks. Remember that the event is for adults only. The tickets are on sale now and are priced from £ 15.

For the first time ever, Clube do Choro UK collaborates wit De rhythms of samba. The group, whose leader is the Brazilian Gaio de Lima, promotes one of the greatest Brazil-inspired parties in London. The band is made up of both Brazilians and other nationalities musicians, including British ones, which makes a brilliant hybrid of Brazil and UK energy. When: 25 May Where: St Mary’s Church, London, W1H 1PQ Transport: Baker Street station + INFO: www.clubedochoro.co.uk

Pela primeira vez, o Clube do Choro UK celebra os ritmos do samba. O grupo, liderado pelo brasileiro Gaio de Lima, promove uma das melhores festas com inspiração brasileira em Londres. Músicos brasileiros e de outras nacionalidades, inclusive britânicos, tocam juntos, fazendo desta festa uma rara combinação entre Brasil e Reino Unido. Quando: 25 de maio Onde: St Mary’s Church, London, W1H 1PQ Transporte: Estação de Baker Street + INFO: www.clubedochoro.co.uk

Maria Gadú in London

The Brazilian singer Maria Gadú is coming to Europe for a series of concerts, in July. He will be playing in London as well – the date will be confirmed soon. Keep in touch with The Brazilian Post for more information. A cantora Maria Gadú está com turnê marcada para a Europa, em julho. Ela virá cantar em Londres, em data ainda a ser confirmada. Fique de olho no The Brazilian Post para mais informações.

A Séance for Geometry is a group exhibition bringing together new works by four young artists: Ana Cvorovi, Rodrigo Matheus, Gabriel Lima and Daniel Steegmann Mangrané. These works are set alongside a short film by Roberto Evangelista, from Acre, north of Brazil. The exhibition takes Evangelista’s film as the starting point to start considering the possibilities of applying geometry in the visual arts. Each artist has an interest or works in Brazil and the exhibition also includes different views of the Amazon forest and its indigenous communities. When: Until 29 June Where: Maddox Arts - 52 Brook’s Mews, London, W1K 4ED Transport: Bond Street station + INFO: www.maddoxarts.com

A Séance for Geometry é uma exposição que traz novos trabalhos de quatro jovens artistas: Gabriel Lima, Daniel Steegmann Mangrané, Ana Cvorovic e Rodrigo Matheus. Os trabalhos serão apresentados junto com um curta-metragem dirigido por Roberto Evangelista, artista brasileiro que nasceu na cidade de Cruzeiro do Sul, no Acre. O filme serve de ponto de partida para uma reflexão sobre as possibilidades de localizar a geometria em trabalhos artísticos visuais. A exposição traz diferentes visões sobre a floresta amazônica e suas comunidades indígenas. Quando: Até 29 de junho Onde: Maddox Arts - 52 Brook’s Mews, London, W1K 4ED Transporte: Estação de Bond Street + INFO: www.maddoxarts.com

When: From 1 June to 27 July Where: London Zoo, Regent’s Park Outer Circle, London, NW1 4RY Transport: Camden Town and Chalk Farm stations As noites de verão em Londres são “animais”. Principalmente as festas que são realizadas nas noites de sextafeira no London Zoo. Durante os meses de junho e julho o Zoo trás shows de comedia, cabaret, discoteca silenciosa e muita comida e bebida em meio a varias atividades como pintura facial, fantasias de animais e a oportunidade de conhecer mais sobre os animais através de palestras. Vale lembrar que o evento é para adultos. Os tickets já estão à venda e custam a partir de £ 15. Quando: De 1º de junho a 27 de julho Onde: London Zoo, Regent’s Park Outer Circle, London, NW1 4RY Transporte: Estações de Camden Town e Chalk Farm

Udderbelly Festival 2013 The big topsy-turvy cow returns to Southbank Centre for the fifth year for a summer festival with lota of comedy, and circus shows for the family. This year the main attractions are the Irish legend Ardal O’Hanlon, the circus troupes Pirates of the Carabina and NoFit State Circus plus comedy shows for children.

A grande vaca roxa de cabeça para baixo está de volta ao Southbank Centre pelo quinto ano. O festival de verão traz muita comédia, circo e shows para a família. Neste ano as principais atrações são a lenda irlandesa Ardal O’Hanlon, as trupes circenses Pirates of the Carabin e NoFit State Circus, além de shows de comedia para crianças.

When: Until 14 July Where: Southbank Centre, Belvedere Road, London, SE1 8XX Transport: Waterloo, Embankment and Charing Cross stations + INFO: www.underbelly.co.uk

Quando: Até 14 de julho Onde: Southbank Centre, Belvedere Road, London, SE1 8XX Transporte: Estações Waterloo, Embankment e Charing Cross + INFO: www.underbelly.co.uk


Entertainment | 22 |

May 21st – June 03rd 2013

WEB SERIES

Nerd of the Dead: Brazilian way of zumbi

T

The web series, created by Cris Tex and partially funded via crowdfunding, has a few thousand followers in social networks and has reached over 100,000 views with its debut episode, released in late April on YouTube. The war between nerds and zombies is full of humour and action-packed. The story is about two nerds who have prepared for the ‘zombie apocalypse’. When it does happen, the dream becomes

reality, and they depart on the adventure of their lives. The series is less focused on the drama of survival, and more on the freedom to live in a world without laws, unlike most of the works on the genre. Inspired by the writer-director Edgar Wright, the web series will have four episodes in the first season, which will also be released on DVD. With the dream of launching further series, Tex knows that the way to make it happen

will be long, as even with the initial success the series has not yet received new proposals and sponsorship to continue the project. The second episode is now available and, like the first, also has English subtitles. So enjoy the zombie invasion Brazilian style and hope that this is one series that continues to entertain. For more information visit http://goo. gl/dPkIW.

A

parcialmente via crowndfunding, conta com alguns milhares de seguidores nas redes sociais e alcançou mais de 100 mil visualizações com seu episodio de estreia, lançado no final de abril no YouTube. A guerra entre nerds e zumbis é contada de maneira bem humorada e com muita ação. A história é sobre dois nerds que se preparam há muito tempo para o apocalipse zumbi. Quando ele de fato acontece, o sonho se torna realidade, e eles partem na aventura de suas vidas.

A série é menos voltada para o drama da sobrevivência, e mais para a liberdade de viver em um mundo sem leis, ao contrário de grande parte das obras sobre o gênero. Inspirado pelo diretor e roteirista inglês Edgar Wright, a websérie terá quatro episódios na primeira temporada, que também será lançada em DVD. Com o sonho de lançar outras temporadas, Tex sabe que o caminho para que isso aconteça será longo, já que mesmo

com o sucesso ainda não recebeu novas propostas e patrocínio para a continuidade do projeto. O segundo episódio já está disponível e, assim como o primeiro, também conta com legendas em inglês. Curtam a invasão zumbi ao estilo brasileiro com influência britânica e torçam por novas temporadas originais e ainda mais divertidas. Para mais informações acesse http:// goo.gl/dPkIW.

By Ricardo Somera

he answer is obvious when I ask: what is the number one zombie TV series nowadays? If you are part of the group that is not down with the happenings on the Brazilian Internet, the answer is The Walking Dead. But if you are part of another group, you would know that the new favourite for fans of the genre is Nerd of the Dead.

Por Ricardo Somera resposta é óbvia quando pergunto: qual é a série de zumbi do momento? Se você é do grupo que não está ligado no que acontece na internet brasileira, a resposta será The Walking Dead. Mas, se faz parte do outro grupo, sabe que a nova sensação para os fãs do gênero é Nerd of the Dead. A websérie, criada por Cris Tex e financiada


Fashion | 23

Hello everyone, Here it go another cool hunter edition around the coolest London area! Hope you like it ;-) To see more go to www.zazaoliva.com

Olá a todos, Aí está mais um cool hunter pelos bairros mais descolados de Londres! Espero que gostem ;-) Para ver mais acesse www.zazaoliva.com instangram: @zazaoliva

| facebook: facebook.com/zazaoliva

Elinor, 20

Necklace: Vintage Top: American Apparel Cardigan : Vintage Coat: Vintage Jeans: Mango Bag: Vintage Boots: Topshop Music: Electro, rock, classical music Best thing of London: “ the fact that everyone get’s ambitious to get something “

Becky, 21

Necklace: H&M Shirt: Urban Outfitters Faux Fur: Asos Shorts: Topshop Jacket: Barbour Bag: Vintage Shoes: Clarks Music: Dub, reggae, house, garage Best thing of London: “ when is sunny “

Lindsay, 31

Necklace: Vintage Top: Urban Outfitters Jacket: Vintage Trousers: Naf Naf Bag: Vivienne westwood Sandals: from Paris Music: electronic Best thing of London: everything

Kate, 23

Shirt: Vintage Jacket: Zara Shorts: Zara Bag: Miu Miu Creepers: Underground Music: Indie, pop, punk, alternative Best thing of London: Brick Lane

Deborah, 23

Dress: Vintage Belt: from France Bag: Vintage Tights: American Apparel Boots: Pull & Bear Music: Rock Best thing of London: Multicultural, “ we can find everything in London “


Feel Good | 24 |

May 21st – June 03rd 2013

SACRED CHAT

Start fulfilling your potential

P

otential is about possibility. It is about creating a vision of the person we would like to be, and then focusing on making that vision a reality. It is about becoming the best possible version of our self. It has as much to do, if not more, with how we feel inside, as with what we are doing. If you had to, how would you describe the ‘fulfilled you’? How do you envision yourself being or feeling? Happy? Contented? Creative? Joyful? Purposeful? Empowered to achieve your goals? At ease? How would your relationships be? Loving? Supportive? Enriching? And lastly, what might you be doing? What would you be expressing? What would your unique

contribution to the world be? What would you be sharing? Once you have your aim as clear as possible in your mind, break the journey down into actionable and achievable sections. In much the same way as you would if you were setting off on a round the world trip, you wouldn’t expect to complete it in one go. So being realistic is important too, otherwise we are setting ourselves up to fail and give-up before we have gone anywhere. You don’t have to map out the whole journey in detail either, just begin with mapping out the first few steps. You may, for instance, like to become someone who keeps their cool no matter what, instead of always reacting

angrily. What are your first steps? Once you achieve these then move onto the next one. Is there something you have always wanted to do? If you are not sure, maybe try out different things? Say ‘yes’ to giving a go to something you would normally say ‘no’ to. This journey will also require determination, faith and enthusiasm as in order to grow into our full potential, we are going to have to step out of our comfort zones and self-imposed limits. Determination comes from having a clear head. It isn’t trying to control what’s happening around you, but adjusting your mind-set. This of it like sailing, it’s not about controlling the wind, but adjusting the sails.

Faith is an inherent belief that what you doing is possible. You never ask the question, ‘Will I be able to?’, rather you know: ‘when I’m able to...’. Enthusiasm is all about loving and being interested in your life. Hold it close to your heart, really love it and then just keep looking for opportunities to share it. Would you be happy to find yourself in the same space as you are now, in five years time? If not, why not start exploring your potential today? Be bold and daring. The added bonus for everyone is, the more we move into our full potential, the more we make a positive contribution to the world. Inner Space (www.innerspace.org.uk)

Alcance o máximo de seu potencial

P

otencial é uma questão de possibilidade. É uma questão de criarmos e visualizarmos a pessoa que gostaríamos de ser. Trata-se, afinal, de ser tornar a melhor versão de si mesmo. Tem muito a ver com a maneira como nos sentimos e como agimos em relação a isso. Como você descreveria sua versão perfeita? Como você se visualiza na maneira de agir e sentir? Feliz? Satisfeito? Criativo? Alegre? Importante? Com força de sobra para alcançar objetivos? Como seriam seus relacionamentos? Como você seria? O que você estaria fazendo de bom para o mundo? Com o que você estaria contribuindo e o que você estaria compartilhando? Uma vez que você tenha visualizado

claramente as possibilidades, é hora de partir para as ações práticas. Da mesma maneira que se você estivesse em uma viagem pelo mundo, não espere completar tudo de uma vez só. Ser realista é muito importante também, caso contrário estaremos perto do fracasso e da desistência mesmo sem ter chegado a lugar nenhum. Você também não precisa mapear toda a jornada em detalhes, apenas planeje os primeiros passos. Você pode, por exemplo, tentar ser uma pessoa mais relaxada independentemente dos acontecimentos, em vez de reagir a tudo com raiva. Quais são seus primeiros passos? Uma vez que você tenha atingido os primeiros objetivos, passe para os próximos. Tem alguma coisa que você

sempre quis fazer? Se você não tem certeza, então tente algo diferente do comum. Diga “sim” para situações que normalmente você diria “não”. Agora, pense em suas ações com determinação, fé e entusiasmo. Para atingirmos nosso máximo potencial precisamos sair da nossa zona de conforto, dos nossos limites, e é aqui que entram determinação, fé e entusiasmo. Determinação é furto de uma mente clara. Não se trata de controlar o que acontece a sua volta, mas manejar o pensamento para sempre alcançar os objetivos. Pergunte a um velejador e ele te dirá que não se trata de controlar o vento, e sim de ajustar as velas. Já a fé é uma questão de acreditar que o que estamos fazendo é possível.

Não se questione se você é capaz ou não de fazer algo, e sim quando você será capaz. Entusiasmo, por sua vez, é algo que precisa ser abraçado. Mantenha o entusiasmo perto de seu coração, ame isso e então fique atento às oportunidades para compartilhar esse sentimento. Você se sentiria feliz se encontrasse consigo mesmo daqui cinco anos na mesma situação? Se a resposta é não, então que tal começar a explorar todo o seu potencial a partir de hoje? Quanto mais perto chegamos de atingir nosso máximo potencial, mais positiva é nossa contribuição para o mundo. Inner Space (www.innerspace.org.uk)


Food | 25

Mayonnaise, the sacred sauce!

I

By Saulo Calliari

’m a big fan of mayonnaise, so much so that my friends sometimes say it should be renamed ‘Saulonaise’ as I have come up with so many variations of this amazing sauce over the years. For me, a well-made mayonnaise has an incomparable flavour and an incredible versatility, whether served on the side of a casual snack or for refined meals. Unfortunately, it gained notoriety

as a cause of food borne illness from salmonella bacteria that in severe cases can lead to gastroenteritis, enteric fever and septicaemia. To counter these fears, strict regulatory laws were created which meant that many restaurants and cafés only serve bland industrial mayonnaise. But there is a way! Mayonnaise is an emulsion (a mixture of two liquids that normally cannot be combined) made from egg yolk, vegetable oil, lemon juice or vinegar and seasonings.

Maionese, a emulsão sagrada!

S

Por Saulo Calliari ou um grande consumidor de maionese; meus amigos falam que faço Saulonese devido a tantas variações que já fiz deste sensacional molho. Acho o seu sabor incomparável, tem uma versatilidade incrível, serve para coisas simples e também para pratos refinados. Ganhou notoriedade como grande causadora de infecções alimentares, devido à salmonela, bactéria maldita que leva o indivíduo a patologias como gastroenterite, septicemia e febre

entérica. Com as mortes causadas por alimentos mal cozidos ou até crus, surgiram leis que proíbem e condicionam os estabelecimentos a utilizar as insossas maioneses industriais. Mas existe uma saída! A maionese é uma emulsão (mistura de dois líquidos que normalmente não podem ser combinados) obtida com gema de ovos, óleos vegetais, suco de limão ou vinagre e temperos. Na maionese, o emulsificante é a gema de ovo, que contém lecitina, um emulsificante de gordura.

Ingredients: •

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2 free-range fresh egg – yolks only (if you are nervous about using raw ingredients, cook these at 67 degrees for 30 minutes) 1 teaspoon of salt 1 pinch of ground cloves and cayenne pepper 1 tablespoon of dijon mustard (even better if this is also home-made) 1 tablespoon of lemon juice or white wine vinegar 300ml Soybean, groundnut or vegetable oil

professionals, cooking sous vide). Place the egg yolks all ingredients in a blender, but with only enough of the oil so the blades are just covered. Start beating slowly, gradually adding the remaining oil until you get the desired texture. If you go wrong, just put a few drops of cold water and start again. Try experimenting adding chipotle peppers, olives, garlic... Create your Saulonaise!

Preparation:

If you cook the eggs, allow to cool (for

Ingredientes: • • • • • •

2 ovos cozidos a 67 graus por 30 minutos 1 colher de chá de sal 1 pitada de cravo moído, pimenta caiena e do reino 1 colher de sopa de mostarda dijon ou feita em casa 1 colher de sopa de suco de limão ou vinagre Óleo de soja até dar o ponto

Modo de preparo:

Se cozinhar os ovos, espere esfriar (para os profissionais, cozinhar em sous vide). Coloque todos os ingredientes no liquidificador, mas coloque óleo somente

até cobrir as laminas. Comece a bater e vá adicionando lentamente o óleo restante até obter a textura desejada. Se desandar, coloque algumas gotas de água bem gelada e volte a bater. Experimente colocar salsa, pimentas chipotle, azeitonas, alho... Enfim, crie a sua Fulanonese!


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