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SHE ALONE KNOWS www.parfumsgivenchy.com
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Editores executivos / Publishers Regina Filippov e Teresa Botelho Editora / Editor Fátima Mesquita Colaboradores / Contributors Ana Paula Moratori Benny Hakak Cláudia da Silva Monica Nogueira Roberta Wiseman Tradução / Translation Vania Dantas Pinto Revisão / Copy Editor Claudia Pina (Português) Roberta Wiseman (English) Direção de Arte / Art Director Teresa Botelho Design Gráfico / Graphic Design Soraia Prevides Publicidade / Sales Edmonton Tieta Crerar Montreal Gisele Guedes Toronto Carol Zara Vancouver Marco Castro Publicação e Distribuição: BRZ Group|828-C Bloor Street W. Toronto, ON M6G 1M2 Canadá Brazilian Wave Magazine is published four times a year: Spring, Summer, Fall, Winter. Endereço / Mailing Address P.O. Box 451, Station ”E” Toronto, ON M6H 4E3 Canadá Tel.: (416) 533-1376 | Fax: (416) 533-8658 Toll Free: 1.866.488.6739 info@brazilianwave.ca www.brazilianwave.ca Print / Impressão 13,000 cópias / copies Circulação / Circulation Canadá / Brazil ISSN: 1708-2159 Copyrigth©2007 Brz Group Inc. *** Brazilian Wave Magazine is the new name of Sotaque Brasileiro Magazine starting from edition N°16 - Summer 2007.
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We acknowledge the financial support of the Government of Canada through the Canada Magazine Fund toward our editorial cost.
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OUTONO 2007
7 Entrevista: Kátia Addler 12 Especial: A poesia concreta de Niemeyer 16 20 25 41 45 50 55 60 62
Comunidade Esportes Guia de Serviços Portfólio Transporte Newsflash Negócios Playground Receita
FALL 2007 10 Interview: Kátia Adler 14 Special: Niemeyer’s concrete poetry 18 22 25 43 45 53 58 60 62
Community Sports Business Directory Portfolio Transportation Newsflash Business Playground Recipe
BEM-VINDO / WELCOME
Brazilian WAVE Por/By Fátima Mesquita, Editora/Editor
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gora que o sol está menos bravo e que a temporada de festivais e mil e duas atividades já passou, é hora de caprichar na pimenta e fazer a nossa receita fácil e rápida de moqueca de camarão. Para completar, coloque no aparelho de som o pop do CSS, a banda brasileira que só canta em inglês e vem fazendo sucesso nos palcos mais moderninhos do mundo. E assim, fique no ponto para curtir nossa entrevista exclusiva com Kátia Adler, a carioca que vem direto de Paris implementar a 1ª Mostra de Cinema Brasileiro do Canadá. Com o pique renovado após seguir nossas aventuras gastronômicas e culturais, é hora, então, de passar os olhos em nosso sempre útil guia de serviços e produtos brasileiros. Depois, deixe a criançada se divertir com nossa seção de passatempos bilíngües. E aí leia com calma as nossas dicas de como ajudar seu filhote no aprendizado do português. Para quem está com os dias contados por aqui, temos também um artigo que disseca o beabá da remessa de mudanças do Canadá para o Brasil. Já para os amantes do futebol, temos um artigo que explica o sucesso do Toronto Football Club e que até arrisca a apostar no futuro do esporte no país. E, para encerrar, trazemos ainda uma pequena homenagem aos 100 anos do arquiteto Oscar Niemeyer e a chegada dos vinhos brasileiros ao Canadá. E tudo isso aqui: na sua Brazilian Wave!
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ow that the sun is milder and the season of festivals and a thousand and two activities has gone, it is time to grab some hot pepper and prepare our very delicious, easy and quick recipe of Shrimp Moqueca. For background music, why not turn on the stereo to CSS, a new Brazilian pop band who sing only in English and have been quite successful on the world’s modern stages. In this way, get ready for our exclusive interview with Kátia Adler, who is coming straight from Paris to put on the 1st. Brazilian Film Showcase in Canada. Renewed by our gastronomic and cultural adventures, it is time to take a look at our always useful Brazilian service and products guide. After that, let the kids have fun with our bilingual pastime section, while you go through our tips on how to help your kid learn Portuguese. For those preparing to say goodbye to Canada, we also have an article that unveils the secrets of how to send your belongings to Brazil. For the soccer lovers, we’ve got a piece highlighting the Toronto Football Club’s success and the chances of the sport taking off in the country. And for closing, we have a short homage to the architect Oscar Niemeyer’s 100th birthday and the arrival of Brazilian wine in Canada. It’s all here, in your Brazilian Wave.
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ENTREVISTA
PIPOCA COM GUARANÁ
CINEMA BRASILEIRO QUER CAIR NO GOSTO DO CANADENSE Por Fátima Mesquita
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fotos/photos: Arquivo pessoal
ano de 2007 deve ficar marcado para sempre na história da comunidade brasileira no Canadá porque vai ser o ano de lançamento da 1ª Mostra do Cinema Brasileiro no país. Em dezembro, quando o frio já estiver batendo às nossas portas, Toronto e Montreal vão ver a temperatura subir com a promessa de exibição de mais de dez títulos de peso do nosso cinema, além de muita badalação em torno de convidados especiais da mostra, como diretores, produtores, atores e técnicos brasileiros que devem vir participar do evento. A iniciativa pioneira partiu do Ministério das Relações Exteriores e do Consulado do Brasil em Toronto, e está sendo organizada pela ONG Jangada, que há dez anos marca o circuito cultural de Paris anualmente com um festival de cinema brasileiro. A Brazilian Wave conversou Kátia Adler with Fernando Torres and Fernanda Montenegro. sobre os eventos de Paris, Montreal e Toronto Kátia Adler: O Festival em Paris começou com a cineasta, agitadora cultural e fundadora da pequeno, mas a evolução dele é nítida, tanto em Jangada, Kátia Adler. termos de público quanto em termos do número Wave: Como você foi parar na França e como e do peso dos profissionais que vêm do Brasil. se envolveu com a criação do hoje tradicional Nessa última edição, mais de 20 pessoas vieram do Brasil defender seus filmes. Porque o nosso Festival de Cinema Brasileiro de Paris? Kátia Adler: Eu sou do Rio de Janeiro e cheguei objetivo é promover o cinema brasileiro e tamà França em 1984. E fiz, na Universidade Paris bém colocá-lo no mercado francês. E, todos os 8, o curso de cinema. Quando acabei o curso, anos, o festival consegue vender filmes nossos comecei a fazer curtas. Meu primeiro curta se para distribuidores franceses. Nós trabalhamos chama “Sem Cor” e foi uma co-produção entre sempre com uma seleção de filmes recentes, do Brasil e França. Mas depois acabei trabalhando que há de mais novo no cinema brasileiro. São muito para a televisão francesa. O festival surgiu mais ou menos dez filmes em competição com quando eu estava muito afastada do meu país. um júri profissional francês escolhendo o “melSenti, então, a necessidade de defender o cinema hor filme”. Além disso, o público de Paris tambrasileiro. Era talvez a minha maneira de voltar bém elege seu “melhor filme”. E o prêmio é um troféu em forma de jangada, em bronze. um pouco às minhas raízes. Wave: Hoje o Festival em Paris já está em sua Wave: A organização do evento parisiense, asdécima edição. Como foi esse processo de cresci- sim como a do evento canadense, está a cargo mento? Quais foram as conquistas do festival? da ONG Jangada, que é uma entidade sem fins 77
lucrativos, que você dirige. Mas como surgiu a Jangada e quais são as atividades que ela vem desenvolvendo? Kátia Adler: A Jangada foi criada por mim e alguns amigos para mostrar aos franceses um outro Brasil, para mostrar um país diferente daquele que era visto na televisão. A Jangada começou pequena, organizando eventos nas prefeituras. Nós também já trabalhamos para empresas francesas e hoje o nosso maior evento é o festival de Paris. Mas a Jangada organiza também outros eventos culturais. Nós organizamos, durante cinco anos, a Festa da Música Brasileira, junto com a Prefeitura do 3° Arrondissement em Paris. Ou, por exemplo, uma exposição com obras da artista plástica Fayga Ostrower. Além disso, eu organizei durante dois anos uma Mostra de Cinema Brasileiro na Tunísia, que foi um grande sucesso. Também organizamos uma mostra do mesmo estilo na Guiana Francesa. E, agora mesmo, durante o Festival de Inverno de Ouro Preto (MG), fui convidada para ser curadora da Mostra de Documentários Brasileiros e fazer uma mesa redonda sobre a situação do documentário no Brasil. Wave: Agora, a experiência de sucesso do festival parisiense vem agitar o Canadá. Como surgiu a idéia? Kátia Adler: No ano passado, durante o Festival Internacional de Filme de Toronto, Sabrina Nudeliman, da distribuidora de filmes brasileira Elo Audiovisual, propôs ao Aldemo Garcia, Cônsul-Geral Adjunto do Brasil em Toronto, fazer uma primeira edição de uma mostra de cinema brasileiro. O Aldemo achou uma excelente idéia e começou a trabalhar nesse sentido. A Sabrina me indicou para ser a produtora do evento pela experiência que tenho. O Aldemo me convidou para trabalhar com ele e, desde então, estamos nesta parceria junto com outras empresas brasileiras e o governo do nosso país. Nosso objetivo nessa primeira edição é mostrar os grandes filmes brasileiros. Mas também faremos rodadas de negócios entre brasileiros e canadenses, tentando assim abrir novas portas para co-produções. 8
Wave: Ainda estamos a alguns meses do evento, mas já é possível falar em datas, locais e lista de filmes a serem apresentados? Kátia Adler: Já temos fechadas as datas e locais. A mostra acontecerá em Toronto, na sala Rotunda do Royal Ontario Museum (ROM), de 7 a 10 de dezembro e, em Montreal, de 14 a 20 de dezembro, no Cinéma Du Parc. É difícil anunciar títulos agora porque ainda estamos no processo de convidar filmes, mas talvez já possamos falar de Encontro com Milton Santos, documentário de Sílvio Tendler, e Antônia, de Tata Amaral. Também não temos ainda os atores, diretores e técnicos que virão, mas devemos contar com algo entre cinco e dez convidados do Brasil. Wave: O Festival de Paris tem ajudado a quebrar o isolamento do cinema brasileiro. Que filmes foram negociados na Europa por causa do festival? Kátia Adler: Por causa do festival de Paris vários títulos já foram vendidos e entraram no circuito de salas de cinema na França, ou foram vendidos
para a televisão francesa. Alguns exemplos são Dona Flor e Seus Dois Maridos, Janela da Alma, Desmundo e, nessa última edição do festival, o documentário Vinicius. E eu tenho certeza que podemos repetir essa experiência de sucesso no Canadá. Wave: Você esteve, alguns meses atrás, visitando Toronto e Montreal. O que achou do país, destas cidades e da comunidade brasileira residente nestas localidades? Kátia Adler: Adorei o Canadá; adorei as pessoas, é uma mistura boa... Os canadenses são supersimpáticos. Tive pouco contato com a comunidade brasileira, mas espero encontrála durante o evento. Tenho certeza de que os brasileiros que moram no Canadá ficarão felizes com esse tipo de mostra. Vai ser uma boa ocasião de encontro da comunidade, exatamente como é em Paris, e também vai ser um lugar onde os canadenses poderão descobrir nossos filmes e nossa cultura. O cinema brasileiro é multicor. Nós temos várias tendências e o cine-
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ma traduz o nosso cotidiano, nossas inquietudes, nossas buscas, nossa história. E como temos vários “Brasis”, fazemos filmes diferentes, em diferentes regiões de todo o Brasil. A produção hoje é de 50 longas por ano e esse número cresce a cada ano. Veja o exemplo do filme O Ano Que Meus Pais Saíram de Férias. Ele estava em competição no Festival de Berlin. Desde o Central do Brasil, o último filme brasileiro a ser premiado no Festival de Berlin, não havia nenhum representante do cinema brasileiro neste evento importante. No festival de Cannes, Mutum, que é o
primeiro longa da carioca Sandra Kogut, fechou a Quinzaine dês Réalizateurs. E isso quer dizer que estamos, aos poucos, ganhando o mercado internacional.
MARQUE NO SEU CALENDÁRIO: 1ª Mostra de Cinema Brasileiro Toronto Teatro Rotunda do ROM - 7 a 10 de dezembro 2007 Montreal Cinema Du Parc - 14 a 20 de dezembro 2007
POPCORN AND GUARANÁ
BRAZILIAN FILM SHOWCASE SET TO CHARM CANADIAN TASTE By Fátima Mesquita
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he year of 2007 is likely to make history in the Brazilian community in of Canada because it is going to be the year that the first Brazilian Film Showcase will be launched in this country. In December, when the cold is just knocking on our doors, Toronto and Montreal are to experience a rise in temperatures from the promising exhibition of over ten good titles from our movie industry, together with a lot of buzz with the special guests of the event, as some Brazilian directors, producers, actors and technicians are expected to participate. This pioneering initiative comes from the Brazilian Foreign Affairs Ministry and the Brazilian Consulate in Toronto, and is being organized by the non-profit organization Jangada, who has been making history in Paris by means of a yearly Brazilian Film Festival. Brazilian Wave discussed the events of Paris, Montreal and Toronto with the filmmaker, cultural activist and founder of Jangada, Kátia Adler. Wave: How did you happen to settle in France, and how did you get involved with the creation of the now traditional Brazilian Film Festival of Paris? Kátia Adler: I am from Rio de Janeiro and arrived in France in 1984, where I took the film course at Paris 8 University. When I finished it, I directed short films. My first one was Sem Cor, a Brazil-France co-production. Then I ended up working a lot on French television. The festival came up when I felt too apart from my own country. I felt, then, the need to stand up for Brazilian 10
films. Maybe it was a way to come back to my roots slightly. Wave: Today the Festival of Paris is already in its tenth year. How was the growing up process? What were the festival achievements? Kátia Adler: The Festival in Paris started very small, but its evolution is remarkable, both in terms of audience and number and importance of the professionals who come from Brazil for it. Last year, more than 20 people came from Brazil to support their movies. Because our aim is to promote Brazilian films and, in the process, also get them into the French market. And every year the festival succeeds in selling our films to French distributors. We always work with a recent film selection, whatever is the newest in the Brazilian movie industry. There are about ten competing films, having a French professional jury to choose the “best film”. In addition, the Parisian audience also elects their “best film”. The award is a bronze jangada-shaped trophy. Wave: The NGO Jangada is the organization that runs the Parisian event, and will be in charge of the Canadian one. It’s a non-profit organization, which is under your direction. How was Jangada born and what are the activities it has been developing? Kátia Adler: Jangada was created by me and some friends to show to French people another Brazil, to show them a different country from what was seen on TV. Jangada started very small, organizing events at
INTERVIEW city halls. We have also worked for French companies, and today our biggest event is the Paris Festival. But Jangada organizes other cultural events as well. For five years, we organized the Brazillian Music Festival together with the 3rd arrondissement in Paris. Or, for instance, an exhibition of works by the artist Fayga Ostrower. I also organized, for two years, the Brazilian Film Festival in Tunis, which was a great success. We organized the same kind of festival in French Guyana. Recently, during the Ouro Preto Winter Festival (Minas Gerais, Brazil), I was asked to be the curator of their Brazilian Documentaries Exhibition and to participate in a panel about the situation of the industry in Brazil.
rectors and technicians yet, but we expect to count on something between five and ten guests from Brazil. Wave: The Paris Festival has been helping to break the isolation of Brazilian movies. Which films have been negotiated in Europe as a result of the event? Kátia Adler: As a result of the Festival in Paris, many films have already been sold and either gone into the circuit of movie theatres in France or to the French television. Some examples are Dona Flor e Seus Dois Maridos, Janela da Alma, Desmundo and, at the last festival, the documentary Vinicius. And I am positive that this successful experience can be repeated in Canada.
Wave: Now, based on the successful experience Wave: Some months ago, you visited Toronto and of the Parisian festival, you are here to shake Montreal. What do you think of the country, of those up Canada. How did the idea come up? cities and of the Brazilian community living in those Kátia Adler: Last year, during the Toronto locations? International Film Festival, Sabrina NudelKátia Adler: I loved Canada, I loved the people, man, from the Brazilian film distributor Elo it is a good mix... The Canadians are exAudiovisual, suggested the creation of a tremely friendly. I’ve had little contact Brazilian Film Showcase in Canada to Alwith the Brazilian commudemo Garcia, Deputy Consul General of nity, but hope to meet them Brazil in Toronto. Aldemo thought it an excelat the event. I am sure that lent idea and started to work on it. Sabrina the Brazilians living in Canasuggested that I could be the event producer da will be happy with this kind of because of the experience I’ve gathered in event. It is going to be a good octhis field. Aldemo invited me to work with casion for a community gatherhim and, since then, we have this parting, exactly as it is in Paris, and nership together with some Brazilian it is also going to be a place companies and our country’s governwhere Canadians will be able ment. Our purpose, in this first year is to discover our films and our to showcase the great Brazilian films. culture. Brazilian films are But we are also going to have business multicoloured. We have meetings between Brazilians and Canadians, in an attempt to open new doors for The festival’s trophy is shaped like many trends, and the movies translate our everyday co-productions. a jangada -- a traditional Brazilian sailing boat. life, our restlessness, our searches, our history. And Wave: Although there are still some weeks until the event, is it possible yet to talk about dates, since we have many “Brazils”, we make films that are different, in different regions of the country. Produclocations and what films will be shown? Kátia Adler: We have already chosen dates and loca- tion today is of 50 full length films a year, and this tions. The Showcase is to happen in Toronto, at the number is growing year by year. See the example of O Rotunda room in the Royal Ontario Museum (ROM), Ano Que Meus Pais Saíram de Férias. It was in compefrom the 7th to the 10th of December, and, in Mon- tition at the Berlin Festival. Since Central do Brasil, the treal, from the 14th to the 20th of December at the Ci- last Brazilian movie to receive an award at the Berlin néma Du Parc. It is difficult to announce the titles now Festival, there have been no other representatives of because we are still in the process of invitations, but the Brazilian film industry at such an important event. maybe we can talk about Encontro com Milton Santos, At Cannes Festival, Mutum, which is the first full length a documentary directed by Sílvio Tender and Antônia, feature directed Sandra Kogut, closed the Quinzaine a feature directed by Tata Amaral. For the same rea- dês Réalizateurs. That means that we are, little by son, we don’t have the names of the coming actors, di- little, gaining the international market. 11
ESPECIAL
A POESIA CONCRETA DE NIEMEYER
À beira de completar 100 anos de idade, Oscar Niemeyer, amante das curvas talhadas no concreto e dos livros de filosofia, vai todo dia trabalhar no seu escritório em Copacabana, e muitas vezes até no final de semana. Ele é o arquiteto carioca pioneiro que injetou lirismo onde antes só havia função e ciência e que, assim, fez brotar obras simplesmente inesquecíveis. Por Fátima Mesquita
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Alê Gomes
m 1940, o prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek, ligou para Niemeyer pedindo que ele desenhasse o complexo da Pampulha, com prédios ao redor da lagoa artificial a ser construída. Assim surgia a Igreja de São Francisco de Assis, hoje símbolo da capital mineira. Nascia também a ligação entre o político e o arquiteto e que, cerca de dez anos depois, ia mudar o rosto do país, com a construção de Brasília, a nova capital erguida no coração do Brasil.
Marcílio Gazzinelli
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Museu de Arte de Niterói foi inaugurado em 1996 e virou fundo de editoriais de moda de grandes revistas do mundo, além de cenário futurista de comercial da Colgate e ponto de peregrinação de arquitetos famosos de todo o planeta. O prédio, uma espécie de disco voador branco plantado em ponto privilegiado, com o Pão de Açúcar ao fundo, parece se misturar com a água do mar abaixo, enquanto os visitantes atravessam uma rampa em espiral para checar de perto o acervo.
www.museuoscarniemeyer.org.br
O mote de Niemeyer sempre foi “surpresa e encantamento” e é isso que se vê no Museu de arte que leva seu nome e que está localizado em Curitiba. O MON (Museu Oscar Niemeyer) é também conhecido como “Museu do Olho”, por conta do anexo que fica em frente ao prédio maior e que, mais uma vez, traz a idéia de uma construção que flutua – um grande olho de concreto e vidro com quadro andares dedicados à arte.
Outras obras Niemeyer também assinou o projeto dos CIEPS, as escolas públicas do Rio de Janeiro, além de vários prédios na Argélia, inclusive uma universidade. Comunista convicto, assustado com os rumos do Golpe de 1964 que militarizou o país e instituiu a ditadura, o arquiteto partiu em auto-exílio em 1967, só retornando para o Brasil na década de 1980. Nesse período, construiu a sede da Editora Mondadori na Itália e do Partido Comunista Francês em Paris. Em Nova York, no começo da carreira, colaborou com Le Corbusier na criação do prédio das Nações Unidas. Também tem prédios em Portugal, Malásia e Venezuela.
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SPECIAL
NIEMEYER’S CONCRETE POETRY
On the verge of being 100 years old, Oscar Niemeyer, the lover of curved concrete and philosophy books, still works everyday in his office at Copacabana beach, sometimes even during the weekend. He’s the pioneering Brazilian architect responsible for injecting lyricism where before there was only science and function, making it possible to bloom simply unforgettable works. Por Fátima Mesquita
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www.dreamstime.com
n 1940, the mayor of Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek (JK), commissioned Niemeyer his first job: to design the Pampulha complex, a set of buildings around an artificial lake in the suburbs of the city. Today, the São Francicso de Assis Church at Pampulha is considered a true icon of the capital of Minas Gerais state. It also marks the starting point of Niemeyer and JK’s relationship. A link culminating ten years later, after JK became president, with the construction of Brasilia, the new capital city created in the heart of Brazil.
The National Congress in Brazil.
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he Niterói Art Museum was opened in 1996 and since then its striking structure has repeatedly been used as a background for fashion editorials of important magazines from all over the world. It has also been used as the setting of a futuristic TV advertisement for Colgate and is a pilgrimage point for some of the best architects on the planet. The building, a sort of white flying saucer planted on a fantastic cliff spot with the Sugar Loaf mountain rising up behind it, seems to merge with the sea water below, while visitors cross a spiral ramp to view the art inside.
N www.ericgaraut.com
iemeyer’s motto has always been “surprise and enchantment” and this is very true of the museum that carries his name. Located in Curitiba, the capital of the southern state of Paraná, MON (Museu Oscar Niemeyer) is also known locally as the “Eye Museum”, because of the annex to the main gallery building. It once more presents people with a floating construction – a huge eyelike shape made of concrete and glass with four floors dedicated to art.
Other work Niemeyer is also the architect behind CIEPS, a series of schools for poor children in Rio de Janeiro, plus a couple of buildings in Algeria, including a university. A passionate communist, who was appalled by the 1964 military coup and subsequent dictatorship in Brazil, Niemeyer went away in a self-exile in 1967, only returning to his homeland in the 1980s. During this time, he designed the Mondadori publishing company headquarters in Italy, as well as the French Communist Party building in Paris. In New York, at the beginning of his career, he collaborated with Le Corbusier in the creation of the UN headquarters. He has also designed buildings in Portugal, Malasia and Venezuela.
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COMUNIDADE
ESTÁ “CHUVING”!
Ensinar português aos seus filhos fortalece a ligação das crianças com você, ajuda a desenvolver a capacidade analítica dos pequenos e ainda os prepara para os desafios do mundo globalizado Por Monica Nogueira*
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o mudar para um novo país, muitas pessoas se deparam com dificuldades de se adaptar à nova cultura, aos novos valores e, em especial, a uma nova língua. Algumas delas, com a intenção de poupar seus filhos deste sofrimento, privilegiam o aprendizado da língua estrangeira, não levando em conta, porém, o fato de que a melhor época para se aprender uma, duas ou até mais línguas é a fase escolar. Os pais têm um importante papel no desenvolvimento da auto-estima e da confiança da criança em si mesma. Incentivar o uso da língua materna tanto do pai quanto da mãe reafirma a valorização das raízes da criança. Muitos desses pais possuem família e amigos no Brasil e, ao estimularem o aprendizado do português, quebram a barreira de comunicação que naturalmente existiria entre eles. Ao mesmo tempo, a fluência em mais de um idioma dá a essas crianças a oportunidade de se tornarem adultos mais preparados para a vida em nosso mundo globalizado. Pesquisas da neurolingüística e da psicologia revelam que pessoas que aprenderam duas
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ou mais línguas simultaneamente têm mais habilidade de resolver problemas que exigem análise e resposta rápidas. É como se o cérebro estivesse acostumado a fazer escolhas em outra velocidade, porque foi treinado a escolher a melhor maneira de se expressar a todo momento, definindo rapidamente que língua utilizar em situações diferentes, e se adaptando a todas as variações gramaticais, fonéticas e de sentido que os diferentes idiomas possuem.
NA PONTA DA LÍNGUA É importante que se estimule o aprendizado do português de forma prazerosa, aproveitando o fato de que a criança é, por essência, curiosa e tem alto grau de percepção de tudo que a rodeia. E a melhor maneira de se fazer isto é falando apenas português em casa, mesmo que a criança misture palavras das duas línguas em uma mesma sentença. Com essa escolha, os pais dão
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aos seus filhos a oportunidade de aquisição e ampliação de vocabulário em português e vão, aos poucos, ajudando as crianças a deixar de misturar termos dos dois idiomas. Para isso, é importante que, ao perguntar “Você sabe onde estão os meus shoes?” (ou “Você sabe onde estão os meus souliers?”), os pais respondam inteiramente em português: “Os seus sapatos estão ali”. Na verdade, muitos pais tendem a repetir a palavra em inglês ou francês, o que apenas reforça o aprendizado de um português “quebrado” e de vocabulário limitado. E isso vale também para os casos em que a criança compõe termos não existentes em nenhuma das línguas, por exemplo, usando a lógica da conjugação de um verbo em um idioma com a raiz do termo na outra língua, como no caso verídico da menininha que disparou: “Está chuving”. Outra situação corriqueira do mesmo gênero é a substituição de termos pouco ou nada usados no cotidiano da terra natal por palavras em inglês ou francês, como acontece, por
exemplo, com o termo basement/soul-sol, que suprime por completo a palavra “porão”. Mas aqui, mais uma vez, cabe aos pais a tarefa de insistir no uso do português, para que a criança adquira fluência na língua portuguesa e não limite seu vocabulário. Em algumas cidades do Canadá onde a comunidade brasileira já tem uma certa presença, existe ainda a facilidade de se achar livros, vídeos infantis e material em áudio em português nas bibliotecas. Há também centros comunitários que oferecem programas e estimulam o convívio entre crianças e pais de língua portuguesa, além de escolas que ensinam a língua em horários alternativos. E com todos esses recursos, a ligação entre pais e filhos é que sai ganhando, com a nova geração aprendendo e se integrando aos valores, cultura e costumes do país de seus pais. Ouvir estórias, músicas e assistir a desenhos em português, em DVD ou vídeo, são estratégias para estimular o aprendizado do português. Histórias em quadrinhos também são ótima ferramenta, já que as gravuras facilitam o entendimento do contexto e do significado dos termos. Cantar para as crianças desde sua tenra idade também estimula a familiaridade e o gosto pelo ritmo da língua portuguesa, seus fonemas e estrutura. Para as crianças já alfabetizadas, o jogo da forca pode ser uma maneira de se introduzir a grafia correta de termos em português e ainda estreitar a ligação entre pais e filhos. E você pode ainda usar à vontade o Playground da Brazilian Wave.
SERVIÇO Aulas de português para a garotada na BCA em Vancouver:www.braziliansinbc.ca Bibliotecas com material em português em Toronto: Brookbanks, Fairview, Bloor/Gladstone, College/ Shaw, Dufferin/St. Clair, Perth/Dupont, Sanderson, St. Clair/Silverthorn , Evelyn Gregory , Maria A. Shchuka, Mount Dennis, Oakwood Village * Monica Nogueira é psicóloga formada pela Universidade Federal Fluminense com pós-graduação pela Universidade de Toronto. 17
COMMUNITY
IT’S “RAINANDO”
Teaching Portuguese to your kids strengthens their relationship with you, helps to develop their analytical ability and prepares them for the challenges of life in a globalized world. By Monica Nogueira*
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hen moving to a new country, many people have to face difficulties in adapting to the new culture, new values and especially to a new language. Some of these people, intending to spare their children, emphasize learning the foreign language, not taking into account, however, that the best time for learning one, two or even more languages is at school age. Parents play an important role in the child’s development of self-esteem and self-confidence. Implementing the use of both the father’s and the mother’s language highlights the child’s roots. Many parents have family and friends in Brazil and, by stimulating the learning of Portuguese, they break the communica-
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tion barrier that would otherwise exist between them. At the same time, fluency in more than one language gives these children the opportunity of becoming better prepared adults for life in our globalized world. Researches in neurolinguistics and psychology show that people who learn two or more languages simultaneously have more capacity to solve problems that require quick analysis and responses. It is as if the brain were used to make choices in another speed, because it has been trained to choose the best mode of expression at every moment, quickly defining which language should be used in different situations, and adapting to all the grammatical, phonetical and meaning variations that the different languages have.
ON THE TIP OF THE TONGUE It is important that the learning of Portuguese happens in a pleasant way, taking advantage of the fact that children are essentially curious, owning a high degree of perception of everything surrounding them. And the best way to do this is speaking only Portuguese at home, even if the child mixes words from both languages in the same sentence. By choosing this behaviour, parents give their kids the opportunity of acquiring and improving vocabulary in Portuguese and may, little by little, help their children to stop mixing words from both idioms. To achieve this, when asked “Você sabe onde estão meus shoes?” (or “Você sabe onde estão meus souliers”) meaning “Do you know where my shoes are?”, parents should answer fully in Portuguese: “Seus sapatos estão ali”, (“Your shoes are over there”). What sometimes tends to happen is that parents repeat the odd word in English or French, which only reinforces the learning of a “broken” Portuguese, with a limited vocabulary. This is also true for cases in which the child creates terms that do not exist in either languages, for example, using the logic of the conjugation of a verb from a language with its root taken from the other language, as in the real case of the little girl who observed during a rain storm: “Está chuving”. Another daily situation of the same kind is the substitution of words in English or French for terms little or never used in everyday life in their homelands, as happens, for instance, with the term basement/sous-sol which eliminates entirely the word “porão”. But here, once more, it falls to the parents to insist on the use of the Portuguese word so that the child acquires fluency, not limiting their vocabulary in the Portuguese language. In some Canadian cities, where the Brazilian community already has some presence, one can find books, children’s videos and audio material in Portuguese at the libraries. There are also community centres that
offer some programs and stimulate the interaction among Portuguese speaking children and parents, as well as schools that teach the language at alternative times. With all these resources, the relationship between parents and children is the winner, while the new generation learns and gets integrated to the values, culture and customs of their parents’ country.
Listening to stories or music, watching cartoons on DVD or video in Portuguese are strategies to stimulate learning the language. Comics are also an excellent tool since the pictures make the understanding of the context and the meaning of the terms easier. Singing to children from an early age also stimulates the familiarity and the taste for the Portuguese language rhythm, as well its phoneme and structure. For children already reading, the game “Hangman” may be a means of introducing the correct spelling of terms in Portuguese and also reinforce the relationship between parents and children. And you can make full use of the Brazilian Wave Playground.
Resources:
Portuguese classes for the young at BCA in Vancouver: www.braziliansinbc.ca Libraries offering Portuguese language material in Toronto: Brookbanks, Fairview, Bloor/Gladstone, College/Shaw, Dufferin/St. Clair, Perth/Dupont, Sanderson, St. Clair/Silverthorn, Evelyn Gregory, Maria A. Shchuka, Mount Dennis, Oakwood Village. * Monica Nogueira is a Psychologist who graduated from Universidade Federal Fluminense and achieved her postgraduate degree from the University of Toronto.
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ESPORTES
O FUTEBOL VEIO PARA FICAR Veja porque 2007 está sendo um ano-chave para o desenvolvimento da modalidade no Canadá Por Benny Hakak
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ogos com casa cheia. Torcedores vibrando na arquibancada. Bandeiras tremulantes entre a multidão. Não, não estamos falando de uma partida no Maracanã em tarde de domingo. Tudo isso tem acontecido bem perto de nós, no recém-inaugurado BMO Field, casa do Toronto FC, o único representante do Canadá na Major League Soccer. A nova equipe, para muitos imigrantes, é a grande esperança de ver o futebol finalmente emplacar por aqui. Mas será que isso é possível na terra do hóquei? É possível sim. O esporte tem crescido a olhos vistos no país, e não somente em termos profissionais. No nível de base, o número de participantes cresce ano após ano. Segundo dados da Canadian Soccer Association (CSA), já existem mais de 800 mil jogadores registrados no país. Durante a temporada outdoor, é fácil notar isso. Por exemplo, na região de Peel-Halton, na Grande Toronto (GTA), existem centenas de campos de futebol, sempre lotados por jovens jogadores. Não por acaso, dois grandes clubes do futebol mundial abriram este ano escolas de futebol para os aspirantes a craque da região: o Manchester United, da Inglaterra, e o Santos, do Brasil. Numa prova inequívoca do crescente interesse pela modalidade, a primeira edição do curso do Manchester United Soccer Schools, em sua sede provisória no Oakville Sports Centre, teve acima de 95% das vagas preenchidas.
MAPLE LEAF X TORONTO FC Mas o grande boom para o futebol no Canadá veio, por ironia, através de uma empresa cujo carro-chefe é o esporte mais popular no país. A Maple Leaf Sports & Entertainment (MLSE), dona do Toronto Maple Leafs (NHL) e do To20
ronto Raptors (NBA), anunciou no ano passado a criação da primeira equipe canadense na Major League Soccer (MLS), a principal liga de futebol profissional na América do Norte (veja quadro complementar). O time, que estreou em abril, teve casa cheia em todos os jogos já disputados, e assim deverá ser até o final da temporada, pois já não é tarefa fácil conseguir ingressos para as partidas do TFC no BMO Field. O novo estádio para 20.000 torcedores, específico para a prática de futebol, está localizado em Exhibition Place, e foi construído através de uma parceria entre a MLSE e os três níveis de governo. A decisão da MLSE em formar o Toronto FC levou em conta diversos elementos, mas um fator primordial foi, sem dúvida, o crescente fluxo de imigrantes para a GTA. De acordo com uma pesquisa nas regiões metropolitanas de Toronto, Vancouver e Montreal com diversos grupos étnicos e publicada pelo jornal Toronto Star em 2006, o futebol já rivaliza com o hóquei e o basquete na preferência esportiva dos canadenses. O hóquei, claro, lidera com folga entre os nascidos no Canadá, mas segundo o último censo, a imigração aumentou a população do país em 5,4 por cento entre 2001 e 2006, alterando cada vez mais o perfil do torcedor no país. E como muitos imigrantes (como nós, brasileiros) trazem na bagagem sua paixão pelo esporte mais popular do planeta, dá para perceber o futuro da modalidade no país. A cereja na torta do futebol no Canadá este ano foi a realização do Mundial Sub-20 da FIFA. Com bons números de audiência na transmissão pela TV e público acima do esperado nos estádios, o evento foi considerado um sucesso pela FIFA. Exatos 1.156.187 torcedores estiveram presentes nas 52 partidas disputadas por 24 países durante
Torcida do Toronto FC. (Foto cortesia Dave Hook) a competição realizada em seis cidades, de leste a oeste do país, e que marcou um recorde de público para a história do torneio. Mesmo com o fraco desempenho da seleção canadense, o país está sendo considerado para sediar total ou parcialmente a Copa Ouro (Gold Cup) em 2009, o torneio entre as nações das Américas Central e do Norte e Caribe. E, desde já, é forte candidato para sediar a Copa do Mundo FIFA de Futebol Feminino em 2011. Mais um sinal de que desta vez o futebol veio para ficar.
Serviço:
Toronto FC: www.torontofc.ca - Ingressos: 416-360-GOAL(4625) Santos FC Ontário: www. santosfcontario.ca Manchester United Soccer Schools: www.muss.ca Canadian Soccer Association: www.canadasoccer.com
Tabela de Jogos – Toronto FC September 09/08 - Saturday 09/15 - Saturday 09/22 - Saturday 09/29 - Saturday
@ FC Dallas Real Salt Lake Columbus Crew @ D.C. United
8:30 p.m. 3:30 p.m. 3:30 p.m. 7:30 p.m.
CBC, DK, MLSLIVE.tv CBC, DK, MLSLIVE.tv CBC, DK, MLSLIVE.tv RSO, HDNet
O Futebol na América do Norte A Major League Soccer (MLS) é a principal liga de futebol nos Estados Unidos. Fundada em 1996 como parte de um acordo com a FIFA para que os EUA fossem escolhidos como país-sede da Copa do Mundo, a MLS tem como desafio viabilizar o soccer em um continente com forte tradição em outras modalidades, como o beisebol e o basquete, e com ligas multimilionárias já estabelecidas, como a NFL (de futebol americano) e a NBA (de beisebol). Mas esta não é a primeira vez que o futebol profissional tenta entrar em campo na América do Norte. A North American Soccer League (NASL) operou entre 1967 e 1984, gozando de certo prestígio e popularidade principalmente no final da década de 70, em grande parte por conta das atuações do lendário NY Cosmos, cuja maior estrela foi o brasileiro Édson Arantes do Nascimento, o Pelé. A NASL, que inclusive chegou a contar com equipes canadenses, foi extinta em 1985 por problemas financeiros.
October 10/04 - Thursday New York Red Bulls 7:00 p.m. ESPN2, The Score 10/07 - Sunday @ Colorado Rapids 8:00 p.m. The Score, DK, MLSLIVE.tv 10/13 - Saturday @ Los Angeles Galaxy 10:30 p.m. CBC, FSC, FSE 10/20 - Saturday NewEnglandRevolution 12:30 p.m. CBC, DK, HDNet, MLSLIVE.tv Dates and times are subject to change. All times Eastern (ET).
TV Key RSN - Rogers SportsNet RSO - Rogers SportsNet Ontario CBC - Canadian Broadcasting Company DK - MLS Direct Kick FSC - Fox Soccer Channel
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SPORTS
SOCCER IS HERE TO STAY
See why 2007 is set to be a key year for the development of this sport in Canada By Benny Hakak
Sold-out games. Supporters going bananas in the audience. Streamers waving in the crowd. No, we are not talking about a match at Maracanã on a Sunday afternoon. All of this has been happening quite near us, at the newly inaugurated BMO Field, home to Toronto FC, the only Canadian representative in Major League Soccer. The new team, for many immigrants, is the great hope of finally seeing soccer notching up its visibility around here. But will that be possible in the land of hockey? Possibly yes. The sport has been clearly growing in the country, and not only in terms of professionals. At grassroots level, the number of participants grows year after year. According to data from the Canadian Soccer Association (CSA), there are already over 800,000 registered players in the country. During the outdoor season, you can easily confirm this. For example, in the Peel-Halton region, of Greater Toronto (GTA), there are hundreds of soccer fields, always full of young players. Not by chance, two great world soccer clubs have opened soccer schools in the area, for those aspiring to become stars: Manchester United, from England, and Santos, from Brazil. In unmistakeable evidence of the growing interest in the sport, in its first year at its temporary site at Oakville Sports Centre, the Manchester United course had 95 per cent of its vacancies filled up.
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MAPLE LEAF vs. TORONTO FC Nevertheless, the great boom for soccer in Canada came, ironically, from the hands of a company whose front engine is the most popular sport in the country. Maple Leaf Sports & Entertainment (MLSE), owner of Toronto Maple Leaf (NHL) and of Toronto Raptors (NBA), announced, last year, the creation of the first Canadian team in Major League Soccer (MLS), the main professional soccer league in North America (see table below). The team, which had its start up last April, has been sold-out for all the matches already played, and this looks set to continue right up to the end of the season, since it is already a hard task to find tickets for the TFC and BMO Field matches. The new stadium, specially built for soccer playing, and capable of holding up to 20,000 supporters, is located at Exhibition Place and was built in a partnership between the MLSE and the three Government levels. MLSE’s decision to create the Toronto FC took into consideration several issues, but the prime one was, undoubtly, the growing flow of immigrants to GTA. According to a research study in Toronto, Vancouver and Montreal’s metropolitan areas among a number of ethnic groups and published in the Toronto Star in 2006, soccer is already a Canadian sport preference
rival to hockey and basketball. Hockey, of course, is clearly the leader among the native Canadians, but, according to the last census, immigration increased the country’s population by 5.4 per cent between 2001 and 2006, thus changing the profile of the country’s average sports supporter. And since many immigrants, like Brazilians, bring in their luggage the passion for the most popular sport on the planet, one can easily forecast its future in the country. The cherry on the cake for soccer in Canada this year was FIFA’s World Sub-20. With good audience numbers on TV, and a live audience above the expected in every stadium, the event was considered a success by FIFA. Exactly 1,156,187 supporters attended the 52 matches involving 24 countries during the competition taking place in six cities, from east to west, achieving a record audience in the history of the championship. Even with the weak performance of the Canadian team, the country is expected to host, totally or partially, the Gold Cup in 2009, a competition between nations from Central and North America and the Caribbean Islands. And it is also a strong candidate to host FIFA’s Women’s Soccer World Cup in 2011. An additional signpost that this time soccer is here to
Service:
Toronto FC: www.torontofc.ca / Ticktes: 416-360-GOAL(4625) Santos FC Ontário: www. santosfcontario.ca Manchester United Soccer Schools: www.muss.ca Canadian Soccer Association: www.canadasoccer.com
Soccer in North America Major League Soccer (MLS) is the main soccer league in the United States. Founded in 1996, as part of an agreement with FIFA so that the country could host the World Cup, MLS faces the challenge of making soccer feasible in a continent with a strong tradition in other sports, such as baseball and basketball, and having steady multimillion leagues, such as NFL (American football), and NBA (baseball). But this is not the first time that professional soccer has tried to enter the North American field. The North American Soccer League (NASL) was run between 1967 and 1984, and enjoyed some prestige and popularity, mainly in the late 1970’s, mostly due to the legendary performances of NY Cosmos, whose biggest star was the Brazilian Édson Arantes do Nascimento, Pelé. The NASL, which also sheltered some Canadian teams, became extinct in 1985 due to its financial problems. 2323
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PORTFÓLIO
O SOM SEXY DE SÃO PAULO
Seis amigos brasileiros se juntaram com o compromisso exclusivo de se divertirem e o resultado foi um sucesso internacional jamais visto no mundo da música pop brasileira. Por Roberta Wiseman
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m uma época em que as novas bandas parecem não ser mais que meros produtos de marketing e em que elas surgem aos montes apenas com a intenção explícita de fazer dinheiro, um grupo brasileiro prova que o espírito irreverente, criativo e independente do movimento punk ainda pode ser encontrado na música pop. O CSS – que é sigla para a sentença-título “Cansei de Ser Sexy” -é composto por cinco meninas e um rapaz que se reuniram pura e simplesmente pelo prazer de fazer música. O CSS canta só em inglês. E, em termos musicais, eles soam como uma mistura de grunge com o rock independente britânico, com uma saravaida de referências da cultura popular contemporânea pipocando aqui e ali (o nome da banda, por exemplo, vem de uma frase que teria sido dita pela cantora Beyoncé). Além disso, eles trabalham com melodias animadas e pegajosas que, aliás, parecem vir da confessa paixão do grupo por velhos hits pop de qualidade duvidosa. Já em termos de história, a turma se reuniu em 2003, quando Iracema Trevisan, agora baixista do CSS, decidiu deixar a banda em que tocava porque andava cansada daquele esforço que seus companheiros faziam para serem “músicos
sérios”. Iracema – ou simplesmente, Ira – queria apenas curtir sem maiores pressões. Por isso, abandonou o antigo grupo e reuniu cinco amigos para que, juntos, eles caíssem na gandaia e fizessem música. Foi assim que Adriano Cintra virou baterista, e também vocalista e compositor. Ana Rezende passou a tocar teclado, guitarra e gaita. Luiza Sá começou a se dividir entre guitarra e teclado, enquanto Carolina Parra enveredou pelos vocais, bateria e também guitarra. Ah, e, por último, temos Lovefoxxx, que não só é a cantora oficial como também manda ver na composição do repertório do sexteto. Os seis amigos e estudantes da USP se conheciam do mundinho artístico alternativo de São Paulo, onde eram mais famosos pelo pique da farra do que pelo empenho em construir uma carreira sólida. Aliás, só mesmo Ira e Adriano têm formação musical. O rapaz, inclusive, tocava antes era guitarra, mas dentro do espírito antiprofissional do grupo, ele não pensou duas vezes e foi se virar na bateria. E há quem aposte que esta falta de conhecimento musical tenha, na verdade, contribuído na criação do som do CSS, que é mesmo inovador e único. 41
DO ANTIPROFISSIONAL PARA O INTERNACIONAL No comecinho da vida do grupo, a falta de profissionalismo significava que havia menos pressão no sentido de ser uma grande banda. Assim, os seis amigos puderam relaxar e aproveitar bastante. E para se ter uma idéia de como eram as coisas, basta saber que os primeiros “shows” do CSS eram compostos de uma única música, de um minuto de duração, e que era tocada duas vezes. Fora isso, eles também tinham uma noite só deles em um clube paulistano, onde escolhiam a dedo as piores e mais tolas músicas que eles conheciam para, assim, entreter a platéia crescente. Pois parece que esse pique divertido e quase irresponsável deles era mesmo contagioso, e por isso não demorou muito e eles foram convidados a tocar para mais de 5.000 pessoas no mesmo palco que o consagrado grupo alemão Kraftwerk, durante o Festival TIM. A experiência mudou a postura deles. O grupo decidiu levar o negócio todo mais a sério, aprimorar o domínio dos instrumentos e também a qualidade das composições. Mas a popularidade do CSS deve-se mesmo é à Internet, com o blog e a página deles no MySpace fazendo a ponte entre o som da banda e os fãs. No começo, o nome da banda se espalhou com o download em peso das músicas deles rolando direto e reto no website da Trama Virtual. Mas chegou uma hora em que a imprensa mais tradicional começou a prestar atenção a esses seis brasileiros. O respeitado jornal londrino The
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Guardian, por exemplo, publicou matéria assinada por Peter Culshaw que, depois de vê-los em ação, disse que o CSS “pode ser a maior banda de todos os tempos já surgida na América do Sul”. Em 2005, o CSS finalmente assinou contrato com a gravadora brasileira Trama Virtual e lançou seu primeiro álbum, que incluía um CD extra em branco para que as pessoas pudessem pirateá-lo à vontade. No ano seguinte, eles deram um passo ainda maior: assinaram com a gravadora Sub Pop (a mesma do Nirvana), e assim chegaram de uma vez por todas ao mercado internacional. Já neste ano de 2007, o CSS fez turnê pelos EUA e Canadá, depois seguiu para a Europa, onde participou, dentre outras coisas, do famoso Festival de Glastonbury na Inglaterra, tocando para milhares de fãs, e com direito à transmissão pela TV.
UMA PITADA DE CANADÁ Uma importante característica do CSS é seu amor e ligação à cultura pop. No Brasil, eles entraram na trilha sonora de Big Brother, assim como na versão sul-americana de The Simple Life (com a música “Meeting Paris Hilton”). Eles também estão presentes na versão britânica de Beth, a Feia. Já o single internacional da banda, “Let’s Make Love and Listen to Death From Above”, faz referência à já extinta banda canadense Death From Above 1979. O grupo era o predileto da cantora Lovefoxxx que, aliás, escreveu essa música na esperança de que os canadenses pesquisassem o nome deles no Google e, assim, descobrissem a existência do CSS. Esta música ficou em sexto lugar entre as melhores músicas de 2006 segundo um ranking da importante revista britânica de música, a NME.
Para ouvir o som do CSS: http://www.myspace.com/canseidesersexy
PORTFOLIO
THE SEXY SOUND OF SÃO PAULO
Six friends got together with the exclusive commitment of having fun while playing music. The result is an international recognition never seen before for a Brazilian pop band. By Roberta Wiseman
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n an age when new bands are manufactured every week by marketing people intent on making money, a Brazilian band has proved that the irreverent, creative, independent spirit of the punk movement can still be found in pop music. CSS – an acronym for their Portuguese name “Cansei de Ser Sexy” (meaning “ I’m Tired of Being Sexy”), are a group of five girls and one boy, who got together for the sole purpose of simply having fun and making music. CSS sings only in English. Musically, their sounds stem from grunge and British indie rock, put in a mixer with a heavy dose of contemporary popular culture (the group’s name comes from an alleged quote of Beyoncé) and bright and catchy melodies, that owe a great deal to the group’s love of “cheesy” old pop hits. They were formed in 2003 when Iracema Trevisan, now CSS’s bassist, decided to leave the band she was in because they were trying to be serious musicians, she just wanted to enjoy herself without this pressure. Instead she gathered five of her friends together to hang out and make music - Adriano Cintra (who became the band’s drummer, is also on vocals, and writes songs), Ana Rezende (keyboardist, guitarist, harmonica player), Luiza Sa (guitarist, keyboards), Carolina Parra (guitar, drums, vocals) and Lovefoxxx, (lead singer, songwriter). The friends knew each other from the São Paulo arts scene, where they appear to have been more in-
Group “Cansei de Ser Sexy” terested in having a good time than in forging careers, and had been students at the University of São Paulo. Only Ira herself and Adriano had a musical background. In fact Adriano was more skilled with the guitar, but in a resolutely anti-professional move, he took on the drums. This lack of musical background probably contributes to their fresh and unique sound. The lack of professionalism meant that there was no pressure to be a great band, so the six friends could relax and enjoy themselves. Their early shows consisted of one minute songs played twice, and they had their own club night, in which they would play the silliest and worse songs they could find. Their sense of fun was infectious, however, and after being invited to play at Brazil’s TIM festival on the same stage as
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Kraftwerk, in front of 5,000 people, they decided to make more of a conscious effort on song creation and musical skills. But CSS’s popularity really grew through the medium of the internet, the band’s blog and MySpace page remains an important link between CSS and people who enjoy their music. In the early days their name was made among music lovers, as MP3s of their songs were downloaded hugely from Trama Virtual (a musicians’ website). Eventually the mainstream press caught up. Including The Guardian newspaper from the UK, whose writer, Peter Culshaw, after seeing them perform, gushed that CSS “could be the biggest band ever to come out of South America”. The group was finally signed to the Trama Virtual record label in Brazil, and in 2005 their first album was released, which included an extra blank CD so that purchasers could burn a copy for a friend. In 2006 they signed with Sub Pop (Nivana’s record label) and their international debut was released. In 2007 CSS toured the United States and Canada, and then Europe where they played at the notorious Glastonbury Festival in Britain, in front of thousands of fans and TV viewers.
To listen to CSS:
http://www.myspace.com/canseidesersexy
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An important feature of the band is their love of, and connections to, popular culture. Their music has been used on the Brazilian version of Big Brother, the South American broadcasting of The Simple Life (with the song “Meeting Paris Hilton”) and the British broadcasting of Ugly Betty. Their first international single, “Let’s Make Love and Listen to Death From Above”, references the now defunct Canadian band, Death From Above 1979 – a favourite band of Lovefoxxx’s, who apparently wrote the song so that if Death From Above googled themselves they might stumble across CSS. The song was rated sixth best song of 2006 by British magazine NME.
TRANSPORTE
DE MUDANÇA PARA O BRASIL? DE MALAS PRONTAS? SAIBA COMO E QUANDO USAR NAVIO OU AVIÃO Há sempre alguém - brasileiro ou não - prestes a empacotar sua vida canadense para ir de mala e cuia para o Brasil. E, nessa hora, surgem várias dúvidas com relação aos custos e as regras alfandegárias deste processo de “exportação”. Por Ana Paula Moratori
Arquivo pessoal
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uem estiver pensando em encaixotar tudo o que tem aqui para enviar para o Brasil deve prestar atenção tanto aos custos do transporte quanto às regras que qualificam a isenção de impostos desses produtos. Do lado canadense, a saída dos seus pertences não traz nenhum tipo de taxação. O problema reside mesmo é na outra ponta, com impostos sobre importação podendo chegar até 80% do valor do produto, como é o caso, por exemplo, dos aparelhos eletrônicos, caso a alfândega brasileira não os considere como itens legítimos de uma mudança. A MelloHawk Logistics é uma empresa canadense que tem muita experiência no despacho de mudanças para o Brasil. Segundo Arnon Melo, sócio-proprietário da MelloHawk, o primeiro passo é avaliar quanto será gasto no processo de transporte para ver se a remessa de fato compensa. De navio, é possível enviar um ou mais contêineres de 20 ou 40 pés com a sua casa toda lá dentro. E, se você quiser, a transportadora pode até deixar os contêineres na sua porta. Você coloca suas caixas dentro dos contêineres e depois aguarda a chegada dos caminhões que transportarão os volumes direto para o porto mais próximo. Da porta da sua casa, a carga levará cerca de 30 dias para chegar ao Brasil, onde a liberação do volume consome, no mínimo, outros 15 dias de espera. O valor dessa operação, no caso de um contêiner de 20 pés (que é o bastante para despachar tudo que você tenha em uma casa de três quartos), fica em torno de US$ 2.600,00. Mas aqui é importante ressaltar que o
Arnon Melo, sócio-proprietário da MelloHawk.
valor pago à transportadora contratada no Canadá não cobre as tarifas portuárias brasileiras nem o transporte do porto de lá até o seu novo endereço. Em outras palavras, prepare-se para desembolsar algo entre US$ 800 e US$ 1.600 só de taxas portuárias no Brasil e ainda mais um bom dinheiro com os custos do transporte terrestre por lá. Por tudo isso, talvez seja bom você ser mais seletivo e decidir enviar apenas parte dos seus pertences. Nesse caso, você pode mandar de navio o que os especialistas chamam de “carga solta”. Você encaixota tudo como se fizesse uma mudança qualquer e depois entrega as caixas no armazém da transportadora canadense que empilha tudo em um pallet, para que suas coisas possam viajar com segurança para o Brasil. Neste tipo de remessa, nem o tempo da viagem nem o tempo de liberação da carga mudam. 45
Mas como as taxas portuárias são cobradas de acordo com o volume, peso e valor da carga, o seu bolso pode sair ganhando. Além disso, o valor total do transporte também é proporcional ao tamanho, peso e volume dos itens a serem remetidos. O preço do frete é, em geral, calculado com o que eles chamam de “volume cubado”, ou seja, eles multiplicam a largura, o comprimento e a altura do volume em centímetros e dividem o total por 6.000. O resultado é, então, dividido novamente por 167, para se obter o volume cúbico da caixa ou pallet. E para você ter uma idéia mais concreta, basta imaginar algo como uma geladeira que, já empacotada, tenha medidas equivalentes a 101 cm x 101 cm x 177 cm e que terá volume cúbico igual a 1,80 m3. Daí, como o preço por metro cúbico fica, em geral, em torno dos US$ 410,00, o custo da remessa desta geladeira seria da ordem de US$ 738,00. Se você quer levar pouca coisa ou tem pressa em receber parte da sua mudança, pode ainda enviar suas caixas como bagagem desa-
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companhada por via aérea. O método não é barato, mas pelo menos é rápido. Em geral, não consome mais do que três ou quatro dias, tendo apenas o inconveniente de só poder ser entregue em aeroportos brasileiros que tenham serviços alfandegários.
REGRAS E BUROCRACIA Além dos custos, para despachar uma mudança do Canadá para o Brasil há certas regras básicas estabelecidas pela alfândega brasileira que precisam ser cumpridas. “A pessoa interessada em transferir seus bens para o Brasil deve ter residido no Canadá por, no mínimo, 13 meses e precisa estar presente quando o contêiner for entregue lá. Esse comprovante de residência pode ser emitido pelo consulado, ou você usa os últimos 13 extratos bancários, contas de luz ou telefone que tenham seu nome e endereço”, explica Arnon Melo.
Já Patrizia Salvalaggio, gerente de contas de uma empresa de transporte internacional, com larga experiência com mudanças e logística, ressalta que não é possível enviar como mudança apenas aparelhos eletrônicos, em uma tentativa de se escapar das taxas de importação. “Muitas pessoas se iludem com falsas promessas feitas por empresas ou pessoas de má fé. Se a transação é realizada de acordo com os protocolos legais, não há como fazer o envio apenas de um ou dois eletrônicos e ser isento de imposto. É preciso ter cuidado”. Os especialistas destacam também a necessidade de o remetente/destinatário estar com o CPF ativo. Caso contrário, não é possível liberar os volumes na alfândega. “Trabalhei no Rio de Janeiro com uma das maiores empresas da área, por isso conheço pessoalmente como isso funciona no Brasil. Enviar bens para o Brasil não é fácil. O processo deve ser muito bem acompanhado desde o início aqui no Canadá para se ter a certeza de que tudo correrá bem ate o final” recomenda Patrizia Salvalaggio.
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TRANSPORTATION
MOVING TO BRAZIL?
LEARN HOW AND WHEN TO SEND THINGS BY AIR OR SEA
There is always someone – Brazilian or not – on the brink of packing their Canadian life to go to Brazil. That’s when many doubts arise about costs as well as Customs rules for this process. By Ana Paula Moratori
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hoever is planning to pack everything they own here to send to Brazil should pay close attention to both transportation costs and to tax rules. On the Canadian border, getting your baggage out merits no kind of taxation. The problem is actually on the other end, with import taxes likely to come up to 80 per cent of the value of the product, as is the case, for example, with electronic apparatus, if Brazilian Customs do not take them as actual pieces of a whole moving baggage. MelloHawk Logistics is a Canadian company with a lot of experience in dispatching home contents to Brazil. According to Arnon Melo, partner-owner of MelloHawk, the first step is to evaluate how much will be spent on the transportation process to check if the shipping is worth it. By ship, it is possible to send one or more 20 or 40 ft containers with all your house inside them. And, if you wish, the transportation company can even deliver the containers to your door. You just need to put your boxes in the containers and wait for the arrival of a truck that will take them straight to the port. From your front door, the load will take about 30 days to arrive in Brazil, where its release takes, at least, another 15 days. The price of
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this operation, in the case of a 20 ft container (which is enough to fit everything you have in a 3-bedroom house), is about $2,600.00. But here it is important to highlight that what you have paid to the contracted company in Canada does not cover the Brazilian port fees and the transportation from there to your new address. So you should be prepared to pay something between $800 and $1,600 in port fees in Brazil alone, plus a good amount with land transportation in the country.
IT MIGHT BE A GOOD IDEA FOR YOU TO BE MORE SELECTIVE AND SEND ONLY PART OF YOUR BELONGINGS All that stated, it might be a good idea for you to be more selective and send only part of your belongings. You can use then what experts call “free load”. You box everything as if you were about to undertake a regular move, and deliver those boxes to the storehouse of the Canadian transportation company. They will pile everything on a pallet to keep your stuff safe on its trip to Brazil. The time it takes to arrive there doesn’t change.
But, because port fees will be charged according to the load volume, weight and value, your wallet may feel some relief. Furthermore, the total cost of transportation is also proportional to the size, weight and volume of the items traveling. Freight price is calculated by “cubed volume”. They multiply the width, the length and the height of the volume in centimeters and divide the total by 6,000. The result is then divided again by 167 to get the cubic volume of the box or pallet. Imagine something like a refrigerator that, once boxed, measures 101 cm x 101 cm x 177 cm, resulting in a cubic volume equal to 1.80 m³, Thus, as a cubic meter costs, in general, around $410.00, the cost of shipping that refrigerator would be $738.00. If you want to take just a few things, or are in a hurry to receive at least part of your belongings, you can still send your boxes by plane. This might not be cheap, but it is fast. It doesn’t take more than three or four days, though it can only be sent to Brazilian airports with Customs services.
RULES AND BUREAUCRACY
Besides costs, shipping a move from Canada to Brazil involves some basic rules settled by the Brazilian Customs which need to be followed. “The person interested in transferring their belongings to Brazil has to have lived in Canada for, at least, 13 months, and has to be present when the container is delivered. A certificate of residence may be issued by the consulate, or you may use your last 13 bank statements, or utility bills, which have your name and address on them”, explains Arnon Melo. Patrizia Salvalaggio, account manager with an international freight forwarding company who has had a lengthy experience with moving and logistics, explains that it is not possible to send electronic apparatus alone and escape from import duties. “Many people are fooled by false promises made in bad faith by companies or persons. If the deal is made according to the legal protocols, there is no way to send only one or two electronics and be exempted from taxes. Care is much needed here.” Experts also stress the need for the Brazilian sender/receiver to have their CPF up to date, or it will be impossible to release their volumes at Customs. “I’ve worked in Rio Janeiro for one of the biggest companies in the field. I personally know how this works in Brazil. Sending goods to Brazil is not an easy task. The process must have a very good follow-up from the beginning, here in Canada, so you can be sure that everything will run smoothly up to the end”, summarizes Patrizia Salvalaggio. 49
NEWSFLASHNEWS Caetano Veloso em Toronto
Prepare-se: Caetano Veloso está com apresentação única marcada para as 20 horas do dia 11 de novembro no Massey Hall em Toronto. Se o show repetir a base da badalada turnê brasileira e latina do CD lançado no ano passado e intitulado Cê, é de se esperar que o cantor/compositor de 65 anos interprete 22 músicas – 11 do último trabalho e mais 11 escolhidas dentre o imenso repertório de sucessos do baiano. Mas seria uma bela sacada se o mestre da MPB resolvesse incluir no show a versão de Dreamland, que ele
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gravou recentemente no CD em homenagem à canadense Joni Mitchel e que traz outros grandes nomes internacionais como Björk, Prince, Annie Lennox, k.d. lang, Elvis Costello, James Taylor e Sarah McLachlan dando nova roupagem ao trabalho da grande dama da folk music. Mas com os acordes de Dreamland soando por lá ou não, a imperdível e única apresentação do mestre da MPB em Toronto tem ingressos a CAD$49.50 e CAD$69.50 já à venda no próprio site do Massey Hall.
Estreitando laços com Québec Em documento lançado em maio do ano passado, Québec elegia como prioridades em seu projeto de diversificação de mercados o Brasil, a Índia, a China, o Japão e o México. Agora, como parte da concretização desta estratégia, uma missão encabeçada pela ministra Monique Gagnon-Tremblay foi para o Brasil fazer contatos e estudar possibilidades. E até o final do ano, a província abre em São
Paulo um escritório. O novo “bureau” quer buscar novas parcerias e negócios, mas vai também mudar a vida dos interessados em imigração para o Québec. Os candidatos deixarão de lidar com a representação de Buenos Aires, na Argentina, para tratar do processo direto em São Paulo. A nova facilidade deve ampliar ainda mais o número de pretendentes que, aliás, cresce a todo vapor. Só no ano passado, sete mil brasileiros compareceram às palestras ministradas em quase todas as capitais. Além disso, de 2004 para 2006, o número de brasileiros desembarcando prontos para uma vida nova na província triplicou, e
deve continuar crescendo. Já em termos de comércio as relações são sólidas, mas com espaço para expansão das duas partes. Os principais produtos a saírem do Brasil para o Québec nos últimos anos foram aviões da EMBRAER, enquanto no caminho inverso nós importamos principalmente papel usado para a impressão de jornal.
Vai e vem As indas e vindas de brasileiros e canadenses parecem estar em
franca expansão. O Consulado Geral do Brasil no Canadá, por exemplo, viu crescer em 35 por cento o número de vistos expedidos, enquanto o número de pedidos de serviços consulares por parte dos brasileiros – renovação
de passaportes, diferentes tipos de certidões, etc – aumentou em 40 por cento entre 2005 e 2006.
A nova tacada do “verdadeiro aprendiz” de Donald Trump Aos 21 anos, sem dinheiro algum no bolso e sem falar nada de inglês, Ricardo Bellino (foto) conseguiu um trabalho como courier da DHL para assim viajar para Nova York dez vezes até finalmente conseguir se encontrar com John Casablancas, dono da poderosa agência Elite (a empresa que lançou Gisele Bündchen) e convencê-lo a ser seu sócio em um escritório da agência no Brasil. Anos depois, mesmo sem ter experiência alguma no ramo imobiliário, Bellino conseguiu uma entrevista de três minutos com Donald Trump. E aqueles 180 segundos lhe renderam montanhas: Ricardo Bellino é agora sócio do milionário norte-americano na construção de um complexo de golfe a uma hora da cidade de São Paulo chamado Villa Trump, e com entrega prevista para o ano que vem. Bellino também usou seus famosos três minutos para escrever um livro,
Três Minutos para o Sucesso, à venda também em inglês. Agora, o empresário apelidado pelo The New York Times de “o verdadeiro aprendiz”, tem um novo projeto em suas mãos. Ele está se juntando à rede Ponto Frio e à construtora Tenda para abrir, em novembro, em Newark, Nova Jersey, a primeira de uma série de lojas voltadas para o imigrante brasileiro dos EUA, Japão e Portugal, enquanto investe US$ 15 milhões na expectativa de faturar US$ 1 bilhão nos primeiros cinco anos de operação. Com o nome de “Casas Brasileiras”, eles planejam seguir a trilha de sucessos já
percorrida pela Construmex, uma rede mexicana estabelecida nos Estados Unidos. A idéia é fazer com que o consumidor venha à loja, escolha o que deseja comprar para a família no Brasil conferindo um catálogo e pagando tudo em reais, lançando mão de um escritório de remessa de dinheiro instalado ali mesmo. Depois, os parentes do comprador vão às lojas da Tenda e Ponto Frio para a “retirada” dos produtos, que vai desde apartamentos a eletroeletrônicos ou até mesmo carros – se a Volkswagen confirmar seu interesse na parceria. E tudo isso para morder um quinhão dos US$ 7,4 bilhões que os imigrantes mandaram dos Estados Unidos para o Brasil apenas em 2006.
De encher os olhos Da pena de um Prêmio Nobel de Literatura português para os cinemas do mundo todo através do olhar de um diretor brasileiro e de produção canadense. É assim que o filme Blindness, baseado no livro Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago e dirigido por Fernando Meirelles (de Cidade de Deus e O Jardineiro Fiel, foto) está sendo criado. As filmagens começam no dia 15 de
Muito barulho por nada?
outubro em Guelph e Toronto, em Ontário, com locações também em São Paulo e Uruguai. O roteiro é de Don McKellar (que escreveu o musical The Drowsy Chaperone,o filme O Violino Vermelho e A Última Noite) e o elenco inclui algumas estrelas, como Julianne Moore, Danny Glover e Gael Garcia Bernal. Com lançamento previsto para maio de 2008, Blindless tem ainda fotografia assinada por César Charlone, de Cidade de Deus e O JardineiroFiel , e será editado por Daniel Rezende, que fez também Cidade de Deus e Diários de Motocicleta. Blindness conta a história de uma epidemia repentina e instantânea de cegueira que assola uma cidade. Sem saber bem o que fazer diante do problema, as autoridades isolam as pessoas afetadas em um hospital abandonado, onde não demora muito e os abusos começam, enquanto uma mulher lidera um grupo de sete pessoas em uma fuga daquele inferno.
Uma nova lei dos Estados Unidos abre a possibilidade de alguns países tidos como “amigos dos EUA” adentrarem o seleto grupo dos que não precisam de visto para visitar a América. Hoje em dia, apenas 27 países têm este privilégio, inclusive o Canadá, mas agora o Brasil pode tentar o mesmo. Mas vai precisar, antes de tudo, liberar também a entrada sem visto de cidadãos dos EUA no país. Além disso, há uma lista de pré-requisitos a serem preenchidos e um problema ainda maior a ser resolvido. Apenas países com recusa de visto inferior a dez por cento podem se candidatar às novas regras e, em 2006, o índice de recusa de brasileiros chegou a 13,2 por cento. De todo modo, mesmo que o Brasil decida se candidatar e consiga este novo status, não haverá muito que comemorar. O brasileiro que quiser ficar livre do visto terá que se registrar em um sistema eletrônico que analisa vários dados do viajante antes de aprovar a dispensa do documento. E todo este trabalho valeria apenas para estadas menores que 90 dias.
NEWSFLASHNEWS Caetano Veloso in Toronto
Strengthening ties with Québec
Get ready: Caetano Veloso is set to play at 8:00 PM on November 11th at the Massey Hall, in Toronto. If the concert repeats the acclaimed Brazilian and Latin tour of his latest work, an album called Cê, we will probably see this 65-years old singer and composer performing 22 songs – 11 from Cê and 11 others picked from among the great number of hits from his repertoire. But it could get even more interesting if the master of Brazilian music decides to include his version of Dreamland. The track is part of a recently recorded CD in homage to Joni Mitchel with stars like Björk, Prince, Annie Lennox, k.d. lang, Elvis Costello, James Taylor and Sarah McLachlan. With or without the Dreamland notes resonating at the theatre, the only and imperative performance of Caetano in Toronto has its tickets at CND$ 49.50 and CND$ 69.50 already on sale on Massey Hall’s website.
In a document published in May last year, Québec elected Brazil, India, China, Japan and Mexico as priorities in its market diversification plan. As part of this project, a mission led by the minister Monique Gagnon-Tremblay travelled to Brazil to establish contacts and study possibilities, and by the end of this year the Province will be opening an office in São Paulo. The new bureau will be looking for partnerships and business, but will also change the life of those interested in moving to Québec. Potential immigrants will no longer have to deal with the office in Buenos Aires, Argentina. Instead their application will be processed through São Paulo. The Brazilian bureau is likely to amplify the volume of applicants even more. Indeed this number is growing steadily. Last year alone, 7,000 Brazilians attended lectures held by Québec officials in almost all state capitals. Between 2004 and 2006, the total of Brazilian landed immigrants grew more than three
times, with potential for even bigger growth over the next few years. Meanwhile, commercial relations are solid, with room for expansion for both parties. The main product leaving Brazil for Québec in the last few years was EMBRAER aircraft, while Brazil mainly imported paper for newspapers.
Coming and going The number of Brazilians and Canadians flying forth and back between the countries appears to be growing. The Consulate General of Brazil in Toronto, for example, saw a 35 per cent increase on the number of visas given out, while the number of requests for services from Brazilian citizens – passport renewals and different types of documents – increased by 40 per cent between 2005 and 2006.
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At the age of just 21 years, and without any money in his pocket and no command of the English language, Ricardo Bellino got a job as courier for DHL, with the sole purpose of meeting John Casablancas from Elite model agency. The job led him ten times to New York before he finally managed to set up a meeting with Casablancas and leave there as a partner of the man who discovered Gisele Bündchen. Years later, though he hadn’t any experience in the real estate business, Bellino scored a three minute interview with Donald Trump. Those 180 seconds of conversation proved decisive: Ricardo Bellino and Trump are now building an exclusive golf complex on the outskirts of São Paulo called Villa Trump, due to be finished next year. But there’s more: Ricardo Bellino put his famous 3-minute pitch in a book called You Have Three Minutes! Now the entrepreneur, described by The New York Times as “the original apprentice”, has a new project on his hands. He is partnering with the Rio de Janeiro chain of stores Ponto Frio and Tenda, a development company, to open the first of a series of shops for Brazilian immigrants in the USA, Japan and Portugal. The first stores will be opened in Newark, New Jersey in November. They are investing $15 million in an enterprise that they expect will make $1 billon in its first five years of operation. Under the name “Casas Brasileiras” (“Brazilian Houses”) the business is to follow the successful steps of Construmex, a Mexican chain booming in America. The idea behind the stores is that the customer chooses items 54
for relatives and friends in Brazil using a catalogue in the store. They pay for their goods using Reais by means of a remittance office installed on the premises. The purchaser’s friend or relative visits one of the stores’ partners in Brazil, Tenda and Ponto Frio, to “pick up” the goods. This can be anything, from apartments to electronic equipment or even cars, if Volkswagen confirms its interest in thwe business. All of this is to try to cash in on the $ 7.4 billon, immigrants sent from USA to Brazil in 2006 alone.
Eyes wide open From the mind of a Nobel Prize for Literature winner to theatres around the world, through the eyes of a Brazilian director and Canadian producers, comes the movie Blindness, based on the book of the same name by José Saramago and directed by Fernando Meirelles (City of God and The Constant Gardner). Shooting for the film will start on October 15th in Guelph and Toronto, Ontario, with locations also in São Paulo and Uruguay. Don McKellar (the musical The Drowsy Chaperone, and the movies The Red Violin and Last Night) wrote the script, and the cast includes some big names, like Julianne Moore, Danny Glover and Gael Garcia Bernal. With its release date some time in the spring of 2008, Blindless has César Charlone, de City of God and The Constant Gardner, as its Director of Photography and will be edited by Daniel Rezende, who has credits in Cidade de Deus e Diários da Motocicleta. Blindness is the story of a sudden epidemic of instantaneous blindness plaguing a whole city. The authorities, not knowing what to do with all these people,
quarantine them in an abandoned hospital. It isn’t long before the stronger patients start taking advantage of the weaker ones, and a woman, in the midst of all the chaos, takes a leading role in the escape of seven of the inmates.
Is it much ado about nothing? A new United States’ law raises the possibility for countries labelled “the USA’s friends” to get into a select group of nationalities who don’t require a visa to get into America. Currently, only 27 countries have this privilege, including Canada, but now Brazil can apply to be in the new scheme, and this would also entail that we do the same for US citizens, ie, they would no longer need a visa to get into Brazil. But there are drawbacks. The list of pre-requisites is long and there is another big problem to be solved before even trying: only countries with an index of less than 10 per cent of visa refusals can be a candidate for the new rules - in 2006, the Brazilian number reached 13.2 per cent. Even if Brazil is awarded this new status, there won’t be much cause for celebration. Brazilian travellers may not need a visa any more, but instead they will have to register in a new electronic system, which will analyse all data on the Brazilian citizen before accepting the person for a visa-free visit; and all this trouble to guarantee a stay in the USA not longer than 90 days.
fotos/photos: www.miolo.com.br
Trump’s “original apprentice”
Novas latitudes, novas atitudes
O vinho brasileiro está cada dia mais popular entre especialistas do mundo todo, dando mostras de que, enfim, o preconceito contra os vinhos das chamadas “novas latitudes” pode estar mesmo com os dias contados. Por Fatima Mesquita
A
os poucos, o mundo vem descobrindo o vinho brasileiro. E gostando muito da descoberta. O primeiro destaque das safras do país é a originalidade, por conta das condições climáticas e de solo únicas. Além disso, há uma interessante mistura entre a tradição - trazida pelos imigrantes portugueses, italianos, espanhóis e alemães que serviram de ingrediente para a formação da identidade do país com um certo ar de frescor e juventude, marcado pela presença de vinícolas jovens - e as novas técnicas e atitudes em relação às uvas e à fabricação do vinho. Isso sem contar o fato de as parreiras receberem 12 horas de sol durante todos os dias do ano, o que as faz crescer felizes
e, de quebra, ainda abaixar os custos da garrafa que vai à mesa, à medida que permite ao produtor colher durante todas as estações do ano. Claro que a produção total ainda é tímida em relação às grandes e tradicionais regiões de viticultura. Mais da metade do que se produz no mundo todo continua a sair das três maiores potências européias do vinho: França, Itália e Espanha. Mas se o volume das exportações brasileiras pode parecer modesto dentro do contexto global, o mesmo não se pode dizer do ritmo e da constância do seu crescimento. E é isso que tem deixado os produtores locais bastante animados, enquanto engarrafam e despacham suas marcas principalmente para os EUA, a Alema-
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nha, a Suíça e a Rússia, e ainda tratam de abrir novos mercados. O Canadá faz parte da lista de importadores do vinho made in Brazil, mas a parceria está ainda em fase inicial. Aliás, os dois países enfrentam o mesmo tipo de preconceito e ignorância quando o assunto é vinhos. Na cabeça do público em geral, o Canadá vive coberto de neve 365 dias por ano e por isso não teria condições de produzir vinho algum. Do mesmo modo, muitas pessoas pensam que o Brasil é um lugar tropical de norte a sul, sem clima adequado ao crescimento das parreiras.
Descobrindo o Brasil Mas, de repente, parece que as barreiras criadas pelo desconhecimento estão começando a ser quebradas. Só neste ano, artigos elogiosos foram publicados em vários jornais e revistas respeitados, como Il Sommelier na Itália, Wine Enthusiast nos Estados Unidos, Wein + Markt na Alemanha, Eurowine e La Revue du Vin da França, além do jornal francês Le Figaro e ainda o The New York Times. Aqui mesmo no Canadá, especialistas como Rod Phillips, colunista de vinhos no jornal Ottawa Citizen e autor do livro A Short History of Wine, não se cansam de falar bem do produto brasileiro. E isso apenas corrobora a coleção de prêmios que as vinícolas de lá têm amealhado em concursos internacionais: já foram mais de mil prêmios de 1991 para cá. Talvez, na verdade, o maior preconceito que o vinho do Brasil hoje enfrenta venha de dentro de casa. O brasileiro tende a acreditar que todo vinho importado é melhor que o feito no país e parece demorar mais do que o resto do mundo para entender que a qualidade mudou, que os tempos são outros, e que a oferta de bons vinhos nacionais simplesmente cresceu junto com um movimento geral que hoje já começa a levar a sério o que os especialistas chamam de vinhos das “novas latitudes” – um título dado por especialistas internacionais a tudo que é produzido fora do eixo tradicional, em áreas até pouco tempo consideradas impróprias para o cultivo da uva, como o vale do Rio São Francisco, na divisa da Bahia com Pernambuco. 56
Do vale São Francisco para o Canadá No Brasil, é difícil achar quem não conheça os espumantes da Georges Aubert, mas poucas pessoas sabem que a vinícola foi, na verdade, fundada no sul da França, em 1875, estabelecendo-se no país apenas em 1950, depois de ter suas instalações e vinhedos destruídos durante a Segunda Guerra Mundial. A escolha de fixar o negócio na cidade de Garibaldi, nas serras do Rio Grande do Sul, foi natural, já que a região tem forte concentração de cultivo de uvas brancas. Mas em tempos de expansão, a empresa fez o que muitas outras vinícolas nacionais e estrangeiras estão fazendo: comprou terras às margens do Rio São Francisco para poder fabricar mais e mais vinho. E é de lá que vem o Espumante Moscatel que a empresa está agora exportando para o Canadá. O primeiro lote chegou às lojas LCBO de Ontário em julho e, só na semana de lançamento, vendeu 30 caixas. Mas isso não quer dizer ainda que a Georges Aubert veio para ficar. Seu
Vinho Ítalo-brasileiro
espumante veio para ser distribuído dentro da linha Vintages da LCBO, uma segmentação que atende à faixa mais exigente do mercado e que oferece novidades por tempo limitado. No website da loja, eles descrevem o Moscatel Espumante brasileiro como “agradavelmente doce com bolhas intensas e baixo teor de álcool” e completam indicando-o como acompanhamento para “pratos picantes de frutos do mar ou sobremesas à base de frutas frescas”. Sempre gelado .
A história da Miolo no Brasil começa em 1897, com a chegada de Giuseppe Miolo, um jovem italiano de Veneto, apaixonado por uvas e vinho. Agora, 110 anos depois, a empresa é uma gigante capaz de produzir cinco milhões de litros de vinho por ano e com planos de expandir este total para 12 milhões até 2012. Os principais importadores da Miolo são os EUA, Holanda, Suíça, Reino Unido, Alemanha e República Checa, mas o Canadá também já tem provado da qualidade dos produtos Miolo. Três anos atrás, eles começaram a vender Terranova Cabernet/Shiraz, Reserva Merlot, Quinta do Seival e Castas Portuguesas para a LCBO in Ontário e a SAQ em Québec. Por enquanto, são apenas 1.000 garrafas por ano – o que já é, com certeza, um começo e tanto.
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BUSINESS
New Latitudes, New Attitudes
Brazilian wines are becoming popular among international experts, giving us hope that the prejudice surrounding wines from “new latitudes” will soon fade. By Fatima Mesquita
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lowly, the world is discovering Brazilian wine, and enjoying what they find. First because of its original taste, owing much to its emergence from a unique soil and climate. But also because of the effects of an interesting mix of traditions -- brought by the Portuguese, Italian, Spanish and German immigrants, who contributed much to Brazil’s rich identity -- with the freshness of new techniques and attitudes towards grapes and the wine making process. One mustn’t forget too that the grapevines get 12 hours of sun year round, growing happily, while the cost of the bottle at the consumer’s table goes down, since the wine producer is able to harvest during all seasons. More than half of the world’s wine production is still in the hands of the three European superpowers: France, Italy and Spain – and of course the volume of production of Brazilian wine can seem a little shy in comparison with these. But the same can’t be said about its rhythm and pace of growth, which is exciting both the international experts and the Brazilian producers. The main brands are bottled and dispatched to the USA, Germany, Switzerland and Russia, and more new markets keep opening. Canada is already among the Brazilian wine importers, though this partnership is in its first steps. Indeed, the two countries share the same kind of misunderstanding and prejudice when people think about their wine. In the average person’s
mind, Canada is covered with snow 365 days per year, and therefore has no chance of making wine. In a similar way, many people believe in a plainly tropical Brazil, without any areas suited for wineries.
Discovering Brazil But these obstacles created by a lack of knowledge are showing signs of coming down. Articles praising the quality of Brazilian wines were written this year in many respected publications, among them Il Sommelier in Italy, Wine Enthusiast in the USA, Wein + Markt in Germany, Eurowine and La Revue du Vin from France, as well as Le Figaro, the French newspaper, and The New York Times. Here in Canada, specialists like Rod Phillips, the Ottawa Citizen’s wine columnist and author of A Short History of Wine, is always saying good things about the Brazilian wines. All of this just reinforces the collection of more than a thousand international prizes and awards notched up by Brazilian wine makers since 1991. Maybe the worst reaction towards Brazilian wine comes from within the country itself. Brazilians tend to assume that imported wine is always better than what their own nation produces. Somehow they seem slower than the rest of the world to catch on that the quality has undergone a seismic shift. This occurred as part of a global movement of improvements in wines from “new latitudes” - the title used by experts for everything produced outside the traditional locations, such as the São Francisco river valley, in the arid northeast portion of Brazil, a region seemed unsuitable for grapes until not many years ago.
From the São Francisco Valley to Canada In Brazil, is quite rare to find someone who never heard of Georges Aubert sparkling wines, but just a few would know that the company’s history goes back to France, where it was founded in 1875. They moved to Brazil only in 1950, after the Second World War had destroyed their premises and fields. The decision of establishing themselves in the outskirts of the city of 58
Garibaldi, in the state of Rio Grande do Sul, was natural, since the area was already known as a white grape region. But when they needed to expand, the company did what many other national and foreign vineyards are doing now: they bought land at the edge of the São Francisco River to produce more and more wine. It’s from there that their wine is exported to Canada. The first batch arrived on the shelves of Ontario’s LCBO last July and, during the first week, sold 30 boxes of the product. But this doesn’t mean that Georges Aubert is here to stay yet. The sparkling wine was brought to be distributed by the LCBO Vintages line, a segment of their business aimed at the most sophisticated consumer, offering new products for a limited time. On the store website, they describe this sparkling wine as “pleasantly sweet with intense bubbles and a host-friendly low alcohol” and finish by recommending it to be served with “spicy seafood dishes or with dessert based around fresh fruits.” Always cold.
The Italian-Brazilian style of wine The history of the Miolo Winery in Brazil began in 1897 with the arrival of Giuseppe Miolo, a young Italian immigrant from Venetia, passionate about grapes and good wine. Now, 110 years later, the company is able to produce five million litres of wine, and has plans to expand its total production up to 12 million litres by 2012. They mainly export their products to the USA, the Netherlands, Switzerland, UK, Germany and the Czech Republic, but Canada is already sipping the quality of Miolo wines. Three years ago, they began selling Terranova Cabernet/Shiraz, Reserva Merlot, Quinta do Seival and Castas Portuguesas at LCBO and SAQ (Société des alcools du Québec). Right now, just 1,000 bottles per year are coming from their vineyards, but this is, for sure, a very good start.
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RECEITA / RECIPE
MOQUECA DE CAMARÃO Tanto a palavra “moqueca” quanto seu sabor delicioso são herança dos escravos kimbundos levados de Angola para o Brasil pelos portugueses. O termo quer dizer “uma caldeirada de peixe”, mas com o passar do tempo o prato na verdade ganhou versões diferentes, como esta aqui, que não leva peixe -- só camarão – além, é claro, de outra maravilha africana: o óleo de dendê.
Ingredientes 1 colher de sopa de azeite de dendê 1 colher de sopa de azeite de oliva 1 cebola picada 1 dente de alho socado 2 tomates picados 2 colheres de chá de coentro ¼ de colher de chá de molho de pimenta 3 xícaras de camarão 2 xícaras de leite de coco
Modo de Preparo Cozinhe a cebola e o alho nos azeites até ficarem translúcidos. Junte os tomates, o coentro, o molho de pimenta e o camarão. Ferva os ingredientes em fogo médio até o camarão ficar rosado. Despeje o leite de coco. Sirva com arroz.
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SHRIMP MOQUECA Both the word “moqueca” and its delicious flavour are
a heritage from the kimbundos slaves brought from Angola to Brazil by the Portuguese. The word means “fish stew in a big pot”, but as time went by the dish gathered many different versions, such as this one, using shrimp, and another African wonder: palm oil.
Ingredients 1 tbs palm oil 1 tbs olive oil 1 onion, chopped 1 garlic clove, crushed 2 tomatoes, chopped 2 tbs coriander ¼ tbs red pepper sauce 3 cups uncooked, shelled shrimp 2 cups coconut milk
How to make it Cook onion and garlic in both oils until translucent. Add tomatoes, coriander, hot pepper sauce and shrimp. Simmer ingredients until shrimp turns pink. Pour in coconut milk. Serve with rice.
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