01 The Bombshell Effect (Washington Wolves, #1) by Karla Sorensen

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Para meu pai, que foi a pessoa que me ensinou a gostar de futebol, e Peyton Manning, que sempre será meu jogador favorito, e é por isso que ainda não consigo assistir ao seu discurso de aposentadoria sem chorar.


—EU não posso acreditar que você é o babaca que perdeu o funeral do dono do time. O suspiro que veio do meu peito foi profundo e lento, uma técnica que eu dominei no começo da minha carreira quando estava tentando segurar minha língua. Meu agente, Randall, era bom em seu trabalho. Muito bom. Nos doze anos em que eu fui o quarterback1 dos Washington Wolves2, ele me fez garantias suficientes para que eu mal precisasse tocar meu salário. O que Randall não era bom era em ser compreensivo quando achava que eu errava. Mesmo que eu não tivesse estragado tudo. —Faith quebrou o braço, Randall. — Esfreguei minha testa porque, é claro, eu me senti como um completo e absoluto merda por perder o funeral do meu chefe. Eu não precisava dele para me lembrar da gravidade deles enterrando Robert Sutton Terceiro na minha ausência. Ele soltou um pequeno sopro de ar, sua exasperação clara. — Alguém poderia tê-la levado para a sala de emergência.

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Quarterback (QB) é uma posição do futebol americano. Jogadores de tal posição são membros da equipe ofensiva do time (do qual são líderes) e alinham-se logo atrás da linha central, no meio da linha ofensiva. É ele que dá a bola para o corredor iniciar uma jogada de corrida. 2

Em tradução, o nome do time seria: Lobos de Washington.


Outra coisa que Randall não era bom era em entender como era ser pai. Um pai solteiro, na verdade. A extensão do seu instinto paternal era despejar água morna no cacto ressecado que sempre ficava no parapeito da janela em seu escritório. Eu balancei a cabeça, embora ele não pudesse me ver. — Alguém poderia ter. Quando ele começou a falar, eu o interrompi. —Exceto que não é assim que eu faço as coisas. É a primeira vez que ela quebra um osso e minha mãe está fora da cidade. Não me empurre sobre isso. Acabou, a mídia não se importou, meus acordos de patrocínio não vão sofrer. O vácuo do silêncio depois que eu falei me disse duas coisas. 1- Eu estava mais irritado do que necessário por ele estar questionando minha decisão. 2- Eu estava mais irritado do que o necessário porque estava exausto. Essas duas coisas tinham muito mais peso do que deveriam nos meus ombros já pesados. À minha direita, Faith se sentou no longo sofá cinza e, em silêncio, tocou em seu Kindle. Um braço com o gesso em um tom rosa brilhante com apenas a minha assinatura no tecido, o outro habilmente passando na tela sobre qualquer jogo que ela estava jogando ou livro que ela estava lendo. O sol que entrava pelas grandes portas de vidro, que davam para o lago Washington, a fez parecer muito mais velha que seus seis anos.


Eu esfreguei um ponto sob meu peito, na área geral, onde o nome dela estava permanentemente coberto pela minha pele, porque às vezes o pensamento dela se transformando em uma mocinha era o suficiente para me fazer pensar que eu estava tendo um ataque cardíaco. Randall finalmente falou, ciente pelo meu tom de que eu não estava no melhor dos humores. —É a baixa temporada, Luke. A mídia fará uma história de qualquer coisa que eles acham que vai ter sucesso. Incluindo você, por não ter comparecido no funeral de Robert. —Eu não estou fazendo uma declaração sobre isso, — retruquei. —Os caras sabem que eu respeitava o Robert pra caramba. A diretoria sabe disso. Não há razão para explicar essa merda para mais ninguém. Eu não deveria ter que fazer isso. —Concordo. — Seu tom era apaziguador, o que me irritou ainda mais. —Você não deveria ter que fazer isso. Mas você tem trinta e poucos anos e não tem Twitter, não tem Instagram, sua presença na mídia social é pior do que a da minha avó de oitenta anos, o que significa que não tem janela para dar aos seus fãs a atenção que eles têm direitos. — Havia uma razão para isso. Quando chegava em casa depois de um longo dia de treino, queria me concentrar em Faith. Eu não queria tirar fotos e criar hashtags ou tentar encaixar um pensamento inteligente em cento e quarenta caracteres. Ou, pior ainda, filtrar a merda que costumava receber nas minhas mensagens diretas. No dia em que Faith pegou meu telefone e tocou seu polegar no lugar errado, abrindo uma mensagem com uma foto


de uma mulher nua perguntando se eu gostaria de encontrá-la, apaguei todas as minhas contas. Eu não queria ver, então, certamente não queria que Faith visse isso. Não tinha nada a ver com futebol. Nenhuma dessas coisas foi necessária para ganhar jogos. —Peitos! — uma Faith de dois anos exclamou. Foi o suficiente para levar um homem que não bebe a beber. Randall limpou a garganta e eu me forcei a voltar à conversa. —Randall, — suspirei, —Eu não preciso dessas coisas para jogar futebol. Peyton Manning nunca fez mídia social e sua carreira não sofreu por causa disso. —Você está se comparando a Peyton Manning? — Ele perguntou inocentemente. Eu queria dar um soco no saco dele. Faith estremeceu quando se mexeu no sofá, então afastei o telefone para longe da minha orelha. —Você está bem, Turbo? É seu apelido, o que eu tinha dado a ela quando tinha apenas dois anos, ela me deu um rápido sorriso. —Estou bem, papai. Apenas doeu quando o pressionei muito forte. Concordei com a resposta dela e respirei fundo antes de me virar para o balcão da cozinha, apoiando os punhos na superfície branca brilhante depois de colocar meu telefone entre o rosto e o ombro. —Ouça, — eu disse a ele, —a menos que um repórter apareça na minha porta perguntando por que eu não estava lá, não vou fazer uma declaração.


—Por que não? O som da minha boca era puro divertimento cético. Ele queria uma lista? Oh, Mídia, como eu te odeio? Deixe-me enumerar os motivos. —Porque não importa o que eu diga, Randall. Eles farão sua própria versão da verdade, distorcerão minhas palavras e farão com que ela se encaixe em sua história com um pequeno arco. —Senhor, você é cínico. —Você pode me culpar? — Eu perguntei. Ele ficou em silêncio. —Eu acho que não. — Ele limpou a garganta. —Mas vamos lá. Uma frase. —Não. A última conversa que tive com Robert antes do seu súbito ataque cardíaco foi boa. Ele me disse que estava orgulhoso de tudo o que conquistamos, mas tínhamos um longo futuro à nossa frente para continuar alcançando mais. Eu disse a ele que ele era um ótimo dono, um bom homem, e ele me deu um tapinha nas costas. Eu não precisava compartilhar essa história com ninguém. Era a minha história com ele, não para servir de bocada para consumação pública.


Através do telefone, houve um som de ligeira exasperação. — Você é um idiota tão teimoso, Pierson. Nunca ouviu falar em ser proativo? Eu quase ri. Quase. Meus lábios se curvaram ligeiramente nas bordas, porque o que passou pelo meu cérebro foi exercícios de madrugada, trabalho muscular para combater a deterioração normal que os jogadores de futebol profissional lutavam contra no segundo que a temporada começava e as horas de filme que eu assisti do escritório situado no canto noroeste do nível mais baixo da minha casa. —Não. —Whoa, — disse Faith em uma pequena explosão de energia. Eu me virei para vê-la do sofá, seu nariz estava pressionado contra a porta de vidro deslizante. —Ela parece com a Barbie. —Quem? — Eu perguntei a ela. —Quem o quê? — Randall disse no meu ouvido. —Eu não estava falando com você. —O homem assinou seus contracheques, Piers, — disse Randall, usando o apelido que era comum entre os meus companheiros de equipe. —Você precisa dizer algo sobre o fato de que ele morreu com sua testa na mesa da sala de jantar. Você sabia disso? Bem no seu prato de jantar. —Puta merda, Randall, — eu murmurei, apertando a ponte do meu nariz. Faith não notou meu deslize, ou então eu teria que


colocar um dinheirinho no pote de palavrão. —Tenha um pouco de respeito. Ele teve um ataque cardíaco. —Pelo menos ele teve a graça de fazer isso antes da temporada começar. Talvez isso não atrapalhe muito o equilíbrio de qualquer coisa. Você sabe quem vai substituí-lo? —Depois de doze anos, ainda não estou totalmente convencido de que você tem uma alma real. — —Claro que eu tenho. O queixo de Faith caiu e eu olhei através das portas, mas não consegui ver nada. Ela estava tão perto do vidro que eu podia ver quando ela falou. —Olhe para o maiô dela. Eu gostaria de poder usar um assim. O alarme paternal soou ruidosamente na minha cabeça. —Hum, Randall, eu tenho que ir. —Você tem que fazer uma declaração. Robert Sutton Terceiro, era um dono excepcional, um grande líder, blá, blá, blá, alguma coisa. Qualquer coisa. Porque eu aposto com você cem dólares, eles vão fazer um grande negócio com isso. —Papai, — ela praticamente choramingou, —podemos por favor ir dizer oi? Ela está olhando prá cá. Eu acho que ela consegue me ver! O cabelo na parte de trás do meu pescoço levantou, porque a casa ao lado da nossa estava vazia por tanto tempo, desde quando moramos aqui. Não era inédito para os fãs descobrir onde os jogadores moravam, mas conseguimos ficar fora do radar nos


últimos dezoito meses desde que nos mudamos para a modesta casa no Lago Washington, nos arredores de Seattle. Bem, pensei enquanto olhava ao redor do imaculado espaço aberto, a vista esparramada na parte de trás da casa, o sol refletindo na água como se um espelho tivesse sido colocado sobre a superfície, modesta para um quarterback da NFL. Mas qualquer pessoa com conhecimento prático do Google poderia pesquisar com profundidade suficiente, se quisesse. Como a mulher que apareceu no hotel onde o time se hospedou há alguns anos, descobriu em qual quarto eu estava hospedado e abriu o casaco para mim quando pensei que ela era do serviço de quarto. Não havia nada por baixo daquele casaco. Se Faith não estivesse dormindo no quarto, eu teria batido a porta na cara dela. Em vez disso, eu fiquei congelei: —Obrigado, mas não, obrigado. —Randall, eu tenho que ir. —Não, — ele disse com urgência, —você não vai. Pressionei meu polegar na tela e joguei o telefone no balcão. Faith ficou na ponta dos pés para ver melhor, balançou a trança marrom que eu tinha conseguido fazer pela manhã em suas costas. —Quem você está olhando, turbo? Quando ela olhou por cima do ombro para mim, seu sorriso era tão grande quanto seus olhos. —Talvez ela seja nossa nova vizinha. Ela é tão linda, pai. Você deveria ir dizer oi. Você deve dar as boasvindas ao bairro. Talvez ela esteja sozinha.


Se suas palavras apressadas, carregadas de emoção e admiração, não tivessem tocado em um assunto tão dolorido, eu poderia ter sorrido. Em vez disso, fechei meus olhos porque tudo que eu podia ouvir nas entrelinhas, as palavras agrupadas tão inocentemente em sua voz doce, era uma garota que sentia falta de uma mãe que nunca conheceu. Presa com um pai que tinha uma carreira tão exigente que dava a impressão que não fazia nada para ela. Mesmo que tudo que fizesse, fosse para ela. Quando eu pisei atrás de Faith, mantive meus olhos sobre ela enquanto apoiei minhas mãos em seus pequenos ombros. Ela está muito frágil agora, depois do seu braço quebrado. Eu tive minha parte de hematomas, algumas concussões, distensão dos meus músculos que acabaram interferindo em meia dúzia de jogos e uma torção no tornozelo há duas temporadas que nos custou uma chance nas finais. Mas nada parecia tão aterrorizante quanto ver Faith cair do playground parquinho, ouvir seu grito de dor e ver seu medo quando ela estava deitada naquela cama de hospital. Agora, quando minhas mãos pousaram em sua pele, tudo que eu podia sentir era o delicado comprimento do osso, tudo que eu podia imaginar era o quão longe eu iria, para ter certeza de que nada acontecesse para machucá-la. Era absurdo, completamente irracional, mas eu poderia fazer isso tão facilmente quanto eu poderia tentar parar meu coração por pura força de vontade. —Papai. — Ela suspirou, inclinando a cabeça para trás querendo olhar para mim. —O que, turbo? —Você não está nem olhando para a nossa nova vizinha.


Eu levantei uma sobrancelha. —Você não sabe que ela é nossa nova vizinha. Talvez ela esteja perdida. — Faith revirou os olhos e riu. Finalmente, olhei para cima. Definitivamente desejei que não tivesse. Porque se essa era a nossa nova vizinha, eu estava no inferno. Como a nossa casa, a casa vizinha era de três andares voltados para o lago Washington. O deck no piso principal, semelhante ao meu, era grande e estendia-se por toda a extensão da casa, mas normalmente estava vazio. Enquanto vivíamos aqui, eu ainda não tinha visto uma única pessoa em nenhum lugar da propriedade, exceto a equipe de paisagistas que veio durante os meses de inverno para mantê-la organizada. Não estava vazio agora. Tão perto quanto Faith estava em dizer que ela parecia com a Barbie, a primeira coisa que me veio à mente foi por que há uma coelhinha da playboy andando pelo deck ao lado? Nos poucos segundos que passei, lamentavelmente catalogando o que estava vendo, senti como se alguém tivesse empurrado uma banana de dinamite sob meus pés, firmemente plantado e acendido um pavio de dois centímetros. Era impossível escapar e inconcebível ignorar o efeito que causou em mim. Suas pernas eram longas, bronzeadas e tonificadas; seu estômago achatado; seu cabelo longo, loiro e cheio. O biquíni preto que ela usava mal cobria seu peito grande e claramente natural, foi quando eu tive que desviar o olhar para a minha própria sanidade. Minha filha estava em pé na minha frente, não havia nenhum lugar


bom que meus pensamentos pudessem ir quando olhava para um corpo como aquele atualmente em exposição na casa ao lado. —Por favor, por favor, por favor, podemos ir dizer oi? — Faith perguntou novamente, virando para mim e me dando seu arsenal completo. Olhos? Largos e implorantes, exatamente o mesmo tom de marrom que o meu. As mãos dela? Entrelaçadas da melhor maneira que seu gesso permitia e centralizada em seu coração como se eu fosse quebrá-la se dissesse não. —Nós não sabemos quem é, querida, — eu expliquei gentilmente. —Talvez ela seja uma nova vizinha, ou talvez ela esteja apenas alugando para o fim de semana. O que eu sempre digo sobre estranhos? Seus ombros caíram e me senti como o Grinch. —Ela não seria uma estranha se nos apresentássemos. —É verdade, — admiti, —mas ainda não vamos dizer oi. Olhando para o rosto desapontado dela, vi traços de mim mesmo. Mas também vi muito da mãe dela, algo que Faith só seria capaz de reconhecer das poucas fotos que eu tinha de Cassandra. Nossa aventura foi breve, os efeitos agora permanentes, ela morreu em um acidente de carro antes de Faith completar seis meses de idade. Naqueles seis meses, eu vi a natureza doce e sexy de Cassandra lentamente ficar verde de ganância; suas exigências financeiras para os gastos com a criança aumentaram, enquanto o tempo que ela queria me dar com Faith diminuiu quase na mesma proporção. A não ser que eu pagasse.


Sua solução para a minha firme negação de ser seu interminável caixa eletrônico foi vender uma história de merda para as revistas de fofoca sobre o nosso —romance. — Uma que eu não poderia contestar quando ela morreu uma semana depois. Correndo o risco de soar como um idiota, eu não queria marcá-la como uma mentirosa quando Faith seria facilmente capaz de encontrar no próprio Google algum dia. O fato de já termos feito um teste de paternidade por insistência de Randall era a única razão pela qual minha reivindicação sobre ela após a morte de Cassandra foi incontestável. A imprensa teve uma ótima reação com isso. O quarterback estrela era agora um pai solteiro, e depois da história que ela vendeu, meu relacionamento com Cassandra tinha sido romantizado ao ponto de ser nauseante. Não demorou muito para que o frenesi da minha história diminuísse, mas foi o suficiente para deixar um gosto amargo na minha boca quando chegou à mídia. Foram esses aspectos do jogo que eu odiei. As fãs pensando que, porque eu não era casado, eu iria para a cama com qualquer uma que abrisse as pernas o suficiente. A mídia procurava detalhes da minha vida, juntando-os até que se parecessem com uma história que eles achavam que venderia revistas e aumentaria suas classificações. Faith empurrou o lábio inferior em um beicinho quando percebeu que eu não iria me mover, mas ela não discutiu. Uma vez que se acomodou no sofá novamente com seu Kindle, ela me deu um olhar triste. —Estou entediada. Não há ninguém para brincar aqui e sinto falta da Vovó.


Cansado, fiz meu caminho até o sofá e me sentei ao lado dela, jogando meu braço em volta de seus ombros até que ela ficasse enrolada no meu lado. —Eu sei. Ela e o vovô voltarão em alguns dias, ok? Você sabe que ela precisa tirar suas férias agora, porque precisamos da ajuda dela quando eu voltar ao trabalho. —Você já está trabalhando, — ela apontou. O olhar em seu rosto, doce e um pouco triste, fez meu coração virar. Ela não estava errada. Eu estava nas instalações da nossa equipe todos os dias para treinar e fazíamos reuniões de equipe toda semana. Sem mencionar os treinos que ocupam meus dias. Não era a programação rigorosa e exaustiva da temporada regular, mas ainda era trabalho. —Quando você ficou tão inteligente? Ela sorriu e se aconchegou mais profundamente. —Na primeira série. Eu serei ainda mais inteligente na segunda. A franqueza de sua resposta, tão literal, me fez sorrir e fechar os olhos. Em momentos como este, eu podia fingir que era um pai normal que fazia estas porcarias de sanduíches de manteiga de amendoim e geleia, que faziam tranças tortas porque meus dedos eram grandes demais para serem ágeis quando se deparavam com todos os seus cabelos. Eu poderia fingir que não me preocupava se a mídia iria sensacionalizar minha ausência no funeral de Robert, ou se o mulherão no deck era uma fã aleatória tentando dar uma olhada mais de perto. Meu telefone tocou no balcão onde tinha deixado, dei um beijo na cabeça de Faith antes de ir pegá-lo.


RANDALL: Ligue a ESPN, seu idiota. Você me deve $ 100. Deixe-me saber quando você quiser fazer sua declaração.

INSTANTANEAMENTE, foi como se alguém tivesse derrubado uma viga de aço sobre minhas omoplatas. Eu podia sentir o peso disso tão claramente que fez minhas costas doerem. Apontando o controle remoto para a TV montada na parede em frente ao sofá, me virei para a ESPN. A mesa familiar e o fundo do estúdio do SportsCenter apareceram. Quando vi minha foto no gráfico no canto superior esquerdo da tela, fiz uma careta. —Ontem, amigos, familiares e membros se reuniram para homenagear a vida de Robert Sutton Terceiro, proprietário de longa data dos Washington Wolves, que faleceu repentinamente na semana passada devido a um ataque cardíaco fulminante. Notoriamente ausente, no entanto, foi o quarterback de longa data da equipe, Luke Pierson. Uma fonte próxima da organização Wolves disse à ESPN que havia tensão entre Sutton e Pierson no ano passado, decorrente da incapacidade de Pierson de chegar ao Super Bowl, pela segunda vez em sua carreira. Seu tempo com os Wolves foi atormentado por ferimentos e esperanças frustradas de uma pós-temporada para o próximo ano. Sua co-âncora olhou para o lado com um sorriso malicioso. — Você ficaria ausente no funeral do seu chefe? Ela assumiu um rosto chocado e eu queria socar alguém. De preferência, Randall. —Claro que não. Eu amo meus chefes.


Fora da tela, você podia ouvir o riso abafado da equipe de filmagem. Sua co-âncora levantou as mãos com um gesto de 'o que você vai fazer?' —Talvez não seja nada, mas quando o líder no campo não pode aparecer para prestar seus respeitos ao cara que está saindo do campo, acho que há algo errado com isso. Ela assentiu. —Concordo. Definitivamente há uma história aqui, isso não é bom para os Wolves na disputa do título para a próxima temporada. — Seu sorriso era brilhante e ensaiado quando ela enfrentou outra câmera. —Nós já voltamos, então fique atento. Eu soquei o botão de desligar no controle remoto mais do que o necessário e apoiei minhas mãos nos meus quadris. —Filho da puta. —Papai. — Faith riu. Depois de coçar a nuca, peguei uma nota de dólar da carteira e a deixei em seu colo enquanto passava. —Desculpe, turbo. — A frustração fez minha pele ficar quente, minhas mãos inquietas e formigando. —Eu vou descer e me exercitar um pouco, ok? Grite se precisar de alguma coisa. No caminho para a minha academia em casa, peguei minhas luvas pretas de boxe e fita de mão. Mantive meus olhos longe da porta de correr quando vi movimento no deck novamente. Não havia absolutamente nada lá que eu precisasse ver.


Honestamente, não tenho certeza do que estava pensando. Cozinhar não era minha praia. Na verdade, enquanto olhava para a bagunça na minha frente, não conseguia pensar em uma vez que eu já tentara fazer cupcakes antes. Mas algo sobre o que estava acontecendo atualmente em minha vida estava me fazendo querer experimentar coisas novas. Tentar fazer coisas que eu costumava pensar que não podia fazer. Uma gota de glacê rosa brilhante deslizou para fora do cupcake e para os balcões de granito. Como colocar glacê em biscoitos caseiros, corretamente. Eu sabia que o bolo em si não tinha gosto ruim, mas quando você comprava uma caixa com apenas quatro instruções, era difícil estragar tudo. Até para mim. Enquanto a cobertura derretia lentamente em cada cupcake, peguei meu telefone e apertei o botão casa. —Siri, por que a cobertura está derretendo nos meus bolinhos? Ah, dizer em voz alta de alguma forma piorou. Quem com vinte e seis anos não sabe colocar glacê em cupcakes? Depois de percorrer alguns links, estremeci ao perceber que você deveria deixar os cupcakes esfriar antes de adicionar a cobertura. Com muito cuidado, eu retirei as gotas rosas de cada bolo e coloquei na geladeira vazia para esfriar um pouco.


Uma vez que eles estavam lá, me virei e olhei ao redor da casa, que estava tão vazia quanto a geladeira. Já fazia anos desde que alguém da minha família esteve neste lugar. Isso fez-me pestanejar por um segundo, o peso sufocante da dor reprimida bloqueando meus pulmões, até que eu pudesse respirar através dele. Minha família. Minha família era só eu agora. Ok, não. Eu não tinha chorado ainda e não ia começar agora. Não vou percorrer esse caminho agora quando tenho cupcakes para me preocupar. Da maneira mais saudável possível, eu negaria ativamente que eu enterrei meu pai no dia anterior, a quem não via há três anos, e que estou na casa onde minha mãe morreu há mais de vinte anos e que está vazia desde os últimos cinco anos. Da última vez que estive aqui, algumas coisas foram atualizadas, talvez porque meu pai tivesse uma esperança que quando eu voltasse de Milão voltasse para morar aqui. Novos balcões de cozinha e eletrodomésticos. Pisos no banheiro que eu nunca tinha visto antes. Mas ainda assim, quase não havia móveis. Uma única cadeira voltada para o lago Washington. Uma cama com uma enorme cabeceira cinza na suíte principal coberta com uma colcha rosa claro. Alguns bancos encostados contra a ilha da cozinha. Era uma tela em branco para começar uma nova vida. Branco era apenas uma palavra legal para vazio, não era? O silêncio ao meu redor era ensurdecedor e, em vez de mergulhar nele


como eu deveria ter feito, virei-me e encontrei minha caixa de som Bluetooth, liguei um pouco de Kesha e comecei um novo lote de glacê. Certamente era mais preferível do que entrar em minhas emoções. Bem no momento em que tive aquele pensamento mentalmente saudável, meu telefone começou a tocar, usei o lado do meu mindinho, a única parte dos meus dedos não coberta com glacê, para atender a chamada. —'Lo? — Eu disse, ofegante por dançar ao redor da cozinha. —Senhorita Sutton? É Miles Kuyper dos escritórios de DeHaan, Kuyper e Marston. Suspirei. Advogados do meu pai. Eu já tive o prazer de conhecêlos, quando um deles se sentou em uma mesa estéril e me disse que eu era a única beneficiária da propriedade de meu pai, fora as instituições de caridade, que ele mencionou que eu receberia cheques robustos. —Olá, o que posso fazer por você? Ele limpou a garganta. —É possível você vir até ao escritório novamente esta tarde? Temos um pequeno adendo ao testamento do seu pai de que precisamos informá-la. Minhas sobrancelhas se curvaram enquanto eu rodava um pouco de glacê sobre o cupcake seguinte. —Umm, claro. Está tudo bem? —Oh, tudo bem. Tudo está bem. Apenas uma herança adicional de que não sabíamos na semana passada. —


Eu olhei para o relógio na parede. —Certo. Eu posso estar no centro em cerca de uma hora, se isso funcionar para você. —Excelente. Te vejo em breve. Ele desligou primeiro, então deixei meu telefone no balcão e voltei para a cobertura. Vinte minutos depois, dei um passo para trás e assenti em satisfação. Eles não estavam bonitos, mas pelo menos não apareceriam em um artigo do Buzzfeed sobre as piores falhas do Pinterest como meu desastre anterior. Mas agora eu tinha duas dúzias de bolinhos rosados e ninguém para compartilhá-los. Minha boca torceu em uma careta enquanto olhava para o lago banhado pelo sol. À minha direita, vi um flash de movimento. A casa azul ao lado da minha tinha uma enorme porta de correr com vista para o lago e emoldurada por uma garotinha me encarando com as mãos pressionadas contra o vidro. Quando ela notou que eu estava olhando, seu rosto se abriu em um enorme sorriso, ela acenou freneticamente. Sem perceber, meus lábios puxaram as laterais em um sorriso. Eu acenei meus dedos em sua direção e, surpreendentemente, seu sorriso cresceu como se eu tivesse acabado de jogar para ela um pônei coberto de glitter. Como a casa em que eu estava, a dela era grande e imaculadamente mantida. Eu não podia ver muito além dela, mas ela


tinha o nariz contra a janela como se eu fosse seu único entretenimento. Ela se moveu para a direita, eu vi um flash de rosa, a cor exata dos cupcakes no balcão. Um casaco cobriu o braço dela, o tecido era tão brilhante que quase tirei meus óculos de sol. A ideia surgiu na minha cabeça como um flash, decidi não considerar a estranheza completa do que eu estava prestes a fazer. As pessoas levavam assados para os novos vizinhos, certo? Não era isso que as pessoas normais faziam? Quando coloquei alguns em um prato de papel, um círculo perfeito de cupcakes malfeitos, tive um momento em que me perguntei se eles me reconheceriam. A mãe dela atenderia a porta e saberia que eu era Alexandra Sutton, filha de um homem rico, famoso apenas por causa do seu dinheiro e minha capacidade de posar bem em roupas legais e postar merda no Instagram? Tudo bem, eu fiz algumas aparições em revistas menos conhecidas, mas foi o suficiente para ganhar dinheiro sozinha. Mas talvez ela não me reconhecesse. Talvez ela fosse amigável e abrisse a porta com um sorriso, me convidasse para tomar um café ou, melhor ainda, um copo de vinho. Eu me senti melhor com isso. Talvez pudéssemos ser amigas. Antes de sair pela porta para encontrar o pequeno trecho de estrada que ligava nossas casas, ambas no fim da rua, coloquei meus chinelos nos meus pés e uma túnica branca sobre o biquíni. No espelho pendurado na parede ao meu lado, me dei uma rápida olhada. Meu cabelo estava louco por ficar sentada no convés, mas meu rosto tinha cor suficiente do sol que eu não precisava de


maquiagem. Por um segundo, a mulher de rosto fresco, olhando de volta para mim, parecia tanto com a minha mãe que parei e encarei. Tudo sobre mim, desde o rosto em forma de coração até meus lábios rosados, era completamente dela. Bem, não meus olhos. Eu tenho meus olhos azuis do oceano do meu pai. Conseguir bons genes era como ganhar na loteria porque eu aprendi em vinte e seis anos que, mesmo que você nascesse com dinheiro, algumas pessoas não tinham problemas em ser idiotas para você. Mas se você sorrisse lindamente para eles, era um triste fato da vida que, se eles gostassem do que viam, ficariam mais dispostos a lhe dar uma chance. Então, com meus cupcakes agarrados com cuidado em ambas as mãos, fui até a casa do meu vizinho com um sorriso no rosto. As portas da garagem estavam fechadas e a porta da frente estava sombreada, uma vez que estava afastada do sol. Se eu não tivesse visto a garota na janela, teria pensado que a casa estava vazia. Por causa da maneira como a rua se curvava ao redor com grandes árvores e sebes, nossas casas estavam razoavelmente protegidas do tráfego da estrada. Fazer amizade com eles seria bom. Não que eu estivesse sofrendo por estar sozinha. Não. Definitivamente não. Meu sorriso vacilou um pouco quando subi os degraus de concreto até a grande varanda da frente. Dois vasos altos de plantas ladeavam a porta branca brilhante, as janelas estendidas ao longo de cada lado estavam cobertas para privacidade. Eu estava prestes


a bater quando minha mão congelou. Equilibrando os cupcakes cuidadosamente em uma mão, penteei meu cabelo com a outra. —Allie, — eu sussurrei, —ela não vai se importar se seu cabelo é perfeito. Seja você mesma. Com o meu sorriso esticado, tomei uma respiração fortificante e bati firmemente na porta, recuando um pouco para que eu não estivesse perto dela de forma assustadora quando abrisse. Não houve resposta, então engoli a sensação de que eu estava cometendo um erro e bati de novo, um pouco mais alto desta vez. Pelo fosco da janela, vi um clarão rosa e depois desapareceu. —Espere um segundo, — uma pequena voz gritou pela porta, e então ouvi os sons inconfundíveis de seus pés correndo na direção oposta. Eu soltei um sopro de ar e mexi meus pés. —Não desanime, não seja covarde, não seja covarde, — eu entoei. Conhecer estranhos era o pior. Porque não dá para saber qual vai ser a reação no momento, geralmente seus olhares e sorrisos não esboçam nada. Enquanto respirava através nervosismo e antecipação, eu podia ouvir sua pequena voz novamente, juntamente com passos mais pesados. Meu sorriso se espalhou novamente, tão genuíno quanto foi praticado. A porta se abriu e meu coração desceu para meu estômago. Talvez fosse porque ele era tão alto, facilmente dez centímetros após 1,80m, com ombros largos e braços fortes cobertos de tatuagem. Talvez fosse porque seus olhos escuros estavam desprovidos de qualquer sinal de boas-vindas, sua boca dura estava


em linha reta, emoldurada por uma mandíbula que faria Annie Leibovitz chorar se tivesse a chance de capturá-la em um filme. Definitivamente, definitivamente não era a mãe sorridente que eu esperava, aquela que me convidaria para tomar um vinho e conversar sobre o lago. —Posso ajudar? — Ele perguntou calmamente, mas havia zero calor no tom de voz. Engoli e mantive meu sorriso largo e amigável. —Eu, hum, eu vim para trazer-lhe estes. — Eu estendi o prato de cupcakes, ele olhou para eles por um segundo convincente. Se fosse possível, seus olhos ficaram ainda mais gelados. Seu peito estava arfando e a camiseta branca que ele usava estava encharcada de suor como se estivesse malhando. Suas mãos estavam envoltas em fita de boxe, isso fez meu estômago se enrolar, mas não da maneira boa que você quer que seu estômago se enrole ao ficar de pé diante de um homem lindo e suado. —Eu só queria me apresentar. —Por quê? Meu sorriso caiu uma fração. —Por que eu trouxe cupcakes? — Seus olhos encontraram os meus e uma sobrancelha escura se levantou devagar. O frio e gelado rubor de vergonha deslizou pela minha espinha, mas afastei isso teimosamente. —Por que você quer se apresentar?


—Porque eu pensei que seria uma coisa boa a fazer, — eu disse a ele, forçando um ânimo em minha voz, me recusando deixar meu sorriso ainda mais. Idiota. Essa era a adição implícita ao final da minha sentença. —Eu não como açúcar. — Ele cruzou os braços sobre o peito. —OK, tudo bem. — Eu puxei o prato para mais perto de mim como se fosse meu açucarado escudo de cupcake. Racional, eu sei. —Desculpe, eu estava tentando ser uma boa vizinha. —Boa vizinha? — Ele repetiu, sua boca torceu como se tivesse acabado de chupar um limão. Levantei meu queixo e sorri novamente, determinada a salvar isso. —Sim, uma boa vizinha. Sua... filha acenou para mim, eu pensei que seria legal eu vir dizer oi. Se eu achava que ele parecia frio antes, não foi nada comparado ao modo como seu rosto se transformou com a menção da menininha. Seus olhos se estreitaram, me prenderam com gelo suficiente para que eu realmente recuasse. —Então você é tão inteligente quanto é original? É bom saber disso. — Minha boca caiu aberta. —Desculpe? —Eu tenho uma lista de justificativas usadas por mulheres mais bonitas do que você, loirinha, com as suas justificativas superficiais para estarem diante da minha porta. O maldito atrevimento dele fez meu queixo se abrir. —Quem diabos você pensa que é?


Um lado de seus lábios se curvou, mas estava frio. —Uh-huh. Já chega não? —Você está brincando comigo agora? — Suspirei. Era incrível como o corpo podia mudar de frio para quente sem mudar a forma de sua pele e ossos porque agora eu estava em chamas. —Eu pareço que estou brincando? — Ele sacudiu os olhos para cima e para baixo do meu corpo, meu escudo açucarado não era páreo para o escárnio que eu vi em seu rosto. —Você pode voltar para a porta ao lado agora. Estamos muito bem com assados de padaria por um bom tempo. Você sabe, houve momentos em que me orgulhei do meu temperamento. Minha capacidade de preencher minha reação imediata e manter uma expressão agradável no meu rosto, aperfeiçoada por anos de prática de ser marginalmente conhecida e julgada por cada pedaço da minha vida, do meu rosto ao meu corpo, à minha criação e ao dinheiro dos meus pais. Este não foi um deles. Tudo o que eu estava empurrando na última semana desde que recebi o telefonema sobre o ataque cardíaco do meu pai, todo o silêncio que eu ignorei porque estava me escondendo demais, a casa vazia, minha árvore genealógica vazia, os bolinhos de merda, o fato de que foi difícil o suficiente para eu levantar a mão e bater na porta em primeiro lugar, oh, tudo veio rugindo pelo meu corpo em uma onda de raiva feia e confusa. Essa era a única razão que eu tive que explicar por que eu empurrei o prato de bolinhos em seu peito.


A cobertura rosa ficou presa na sua camisa por um momento horrível e lento enquanto ele me olhava boquiaberto, eu fiquei boquiaberta com o prato como se não tivesse vindo de minhas mãos. Mas fechei a boca e dei um passo calmo para trás. O prato caiu, assim como os bolinhos quando ele passou a mão pelo peito. A pilha desleixada a seus pés me fez engolir seco com um misto totalmente diferente de emoções. Mas levantei meu queixo e lhe dei um sorriso tão doce quanto uma limonada fresca, do tipo que geralmente me dava centenas de milhares de curtidas. —Aproveite os cupcakes, idiota. Eu me virei e caminhei de volta para minha casa vazia com a cabeça erguida, meu rosto quente e minhas mãos tremendo. Atrás de mim, uma porta bateu, mas não hesitei. Não até que eu estava de volta na segurança da minha casa vazia, caída contra a porta da frente firmemente fechada. Se este fosse meu novo começo, passou longe de um começo fabuloso, pensei com tristeza. Então olhei para o relógio e gemi quando vi as horas. Eu tinha menos de trinta minutos para me refrescar e ir ao centro para me encontrar com os advogados. O que quer que tenha sido que meu pai me deixou, além de milhões e milhões de dólares, é melhor que seja bom, porque tudo o que eu queria era me enroscar no sofá com uma garrafa gigante de chardonnay.


—SINTO MUITO , — eu sussurrei. —Você pode por favor repetir isso? Debaixo das minhas mãos, a superfície da mesa estava gelada, ou talvez fossem as minhas mãos. Miles Kuyper tinha graça suficiente para parecer envergonhado, limpou a garganta antes de empurrar uma pilha de papéis para mim sobre a superfície brilhante de sua mesa. —Qual parte? —Toda ela, — exclamei irritada. Eu não poupei um segundo olhar aos papéis, mas mantive meus olhos fixos em seu rosto de rato. —Ontem encontramos este adendo à última vontade e testamento do seu pai. Não foi arquivado imediatamente, é por isso que perdemos quando nos encontramos com você para discutir sua herança sobre a morte prematura do seu pai. Asseguro que tivemos uma discussão firme com o funcionário que fez o erro no escritório. Eu pisquei rapidamente, me perguntando loucamente se talvez eu estivesse ouvido errado, ou que foi o LSD dos cupcakes que eu tinha enfiado na boca quando saí pela porta. —Eu não me importo com o erro administrativo, — eu disse em uma voz de aviso. —Você está seriamente me dizendo o que eu acho que você está me dizendo? Ele respirou fundo e balançou a cabeça cuidadosamente. —Sim. Duas semanas antes do seu ataque cardíaco, seu pai atualizou seu testamento, transferindo sua propriedade do time, em uma medida


irrevogável, para que você se tornasse a única dona da organização Washington Wolves no caso de sua morte. — Meu estômago escorregou e caiu em algum lugar nas proximidades dos meus saltos Louboutins. O couro vermelho brilhava sob as luzes espalhafatosas do teto no escritório. Eu quase comecei a rir quando percebi que era quase o vermelho exato das cores do time. Aquele time de futebol idiota. O grande amor da vida do meu pai. Ele definitivamente o amava mais do que a mim. Depois da morte da minha mãe, ele se jogou no esporte com um fervor que eu agora só podia reconhecer como distração. Mas sua distração se transformou em obsessão, a coisa pela qual ele vivia e respirava. —Posso te chamar de Miles? — Eu perguntei baixinho, ainda olhando para os meus sapatos. —Claro, senhorita Sutton. — Sua resposta foi respeitosa. Isso era algo que eu estava acostumada, com pessoas como ele. Ele sabia que eu segurava o dinheiro, aparentemente, uma boa dose de poder agora que meu pai tinha ido embora. Eu dobrei minhas mãos no meu colo para que ele não pudesse ver o quanto elas estavam tremendo e tentei encarar seu olhar preocupado da melhor maneira possível. Na realidade, eu estava apenas tentando manter a compostura. Cada centímetro de mim parecia estar vibrando, tremendo incontrolavelmente com a imensa sensação de estar fora do controle sobre minha própria vida. —O que diabos eu devo fazer com um time de futebol, Miles? Ele parecia confuso. —Esta é uma pergunta retórica?


Minha cabeça caiu e comecei a rir. Eu esfreguei minhas têmporas. —Eu nem sei. —Posso te chamar de Alexandra? — Ele perguntou cuidadosamente. Eu levantei meu queixo e assenti. Eu estava tão cansada. Talvez Miles não se importasse se eu caísse no chão e tirasse uma soneca. Talvez Miles tivesse um Xanax que pudesse compartilhar comigo. Talvez Miles tivesse vodka em sua mesa que eu pudesse misturar com aquele Xanax. —Allie está bem. —Sugiro que ligue para a assistente do seu pai, Joy, amanhã de manhã. Eu tenho o telefone dele, talvez ele possa explicar um pouco disso. — Ele sorriu simpaticamente. —Infelizmente, seu pai não deixou uma carta ou nota com este adendo. Eu gostaria de poder lhe dar mais clareza, mas ele não explicou suas ações para nós, não era nosso trabalho perguntar. Contei até dez, respirando profundamente o tempo todo. — Então... isso, herdar uma coisa de time, isso acontece com frequência? Ele pensou cuidadosamente antes de responder. —Enquanto seu pai é o único dono da equipe que representamos, sei que a partir de 2015, isso foi votado como algo que poderia ser legalmente feito. Os impostos sobre a compra de uma equipe são incrivelmente altos. Ele ter colocado a equipe em um fundo de família foi uma escolha prudente, que era o objetivo da medida irrevogável, permitindo que os proprietários atuais garantissem que a equipe permanecesse dentro da família sem causar um encargo financeiro para a pessoa que assumisse o controle. —


—Oh, bom, — eu disse fracamente. Meu coração parecia um balde de lata enferrujado atrás do meu peito, desajeitado e inútil. O último empreendimento que tentei falhou no primeiro ano, uma linha de joias na qual eu investira uma quantia substancial de dinheiro, a conversa que tive com meu pai depois consistiu nele lamentando o fato de que eu não consegui encontrar algo que me destacasse, algo que valesse a pena e fazer a diferença. E agora eu possuía um grupo de homens que jogavam uma bola de couro por milhões e milhões de dólares. Eu comecei a rir, e minha cabeça inclinou para trás com a força disso, o som brotando da boca da minha barriga, alto e cheio. Eu limpei meus olhos quando a risada começou a vazar pelo meu rosto. Pobre Miles, ele olhou horrorizado quando a risada se transformou em soluços profundos e ensurdecedores. Eu consegui passar pelo telefonema sobre meu pai, o vôo para casa e o funeral sem derramar uma única lágrima. Agora, eu não pude detê-las. Quando eu pressionei minhas mãos no meu rosto e me inclinei para frente, tentando conter o jeito que meus ombros tremiam e como minhas bochechas inevitavelmente ficaram vermelhas devido às emoções, ele limpou a garganta. Eu olhei através dos meus dedos e vi ele inclinado para a frente para me entregar um lenço. Com uma fungada lamentável, estendi a mão e peguei-o dele, enxugando sob meus olhos e tentando acalmar minha respiração. Tudo dentro de mim sacudia em uma bagunça confusa. Raiva, confusão e tristeza. Além de fotos, eu não via o rosto do meu pai há


anos, agora não conseguia lembrar se a pele dele se enrugava ao redor dos olhos quando ele sorria. O pânico varreu como uma onda confusa. O que ele estava pensando? Eu não poderia ter um time de futebol. —Você está bem? Eu soltei um longo suspiro, mas não senti como se pudesse falar sem outro balanço selvagem de emoções, então assenti. Quando tentei devolver o pequeno pedaço de tecido branco com costura azul nas bordas, ele balançou a cabeça. —Por favor, guarde. Eu insisto. Nas minhas mãos ainda agitadas, enrolei o tecido e agarrei-o com força. —Obrigada. —Você precisa de mais alguma coisa? Outra gargalhada saiu da minha boca, mas eu tossi por cima. — Só o número do telefone que você me contou. Eu... eu acho que vou precisar disso.


—Aquilo foi horrível. Faça de novo. Mantenha seu cotovelo fechado e vire bem esses quadris. Meu peito arfava quando olhei para o meu treinador de arremesso, Billy. Em sua boca estava o sempre presente palito de dente, a ponta de madeira saltando ao redor de sua boca e bigode cinzento enquanto mastigava freneticamente. —Eu virei bem meus quadris. — Minhas mãos estavam apoiadas nos quadris. Meu cotovelo latejava, eu sabia que precisaria de uma massagem infernal depois do treino. Ele ergueu uma sobrancelha quando Jack Coleman, um dos nossos maiores receptores, sufocou uma risada. Jake usava almofadas de proteção, como eu, e nós estávamos praticando exercícios de repetições no campo gramado nas instalações de treinamento fora de Bellevue. Normalmente, a música bombeava pelos alto-falantes enquanto jogávamos a bola repetindo várias e várias vezes até que tanto Jack quanto eu ficávamos encharcados de suor e prontos para matar uns aos outros por cada jogada perdida ou lançamento vacilante. Hoje, era apenas o som da equipe trabalhando. —Agarre-os mais rápido, — disse Billy, parecendo completamente entediado. Foi quando eu soube que precisava ficar de boca fechada porque quando ele parecia entediado, isso


significava que eu provavelmente tinha uma merda de trabalho a mais para fazê-lo feliz. Balancei a cabeça para Jack, que deslocou de seu posto. Com os pés leves, corri de volta alguns passos e puxei meu braço para trás, os dedos agarrados entre os cordões brancos. Quando Jack girou para a direita, eu joguei meu braço para frente, virando meus quadris em linha reta, mantendo meu outro cotovelo próximo as minhas costelas. A bola fez uma espiral perfeita enquanto foi lançada em direção a Jack, aterrissando com destreza nas mãos que a aguardava. Ele gritou enquanto corria para a zona final desprotegida e eu soltei um suspiro. Billy correu atrás de mim. —Melhor. Foi melhor. O que significava que eu precisaria fazer mil vezes mais para parecer perfeitamente naturais. —Eu ainda não gosto de como meu cotovelo fica quando eu o coloco assim. —Porque você quer ficar no ar como um maldito frango, — ele resmungou. —Como diabos você acha que o machucou em primeiro lugar? Não poderia discutir com isso. As coisas que eu poderia fazer na faculdade, junto com uma centena de outras coisas, não funcionavam mais com quase trinta e seis. Eu tive que trabalhar mais, mais, estudar mais e prestar atenção em cada músculo na minha rotina de treino, fazia mais do que os meus companheiros de equipe mais jovens.


Eles ainda festejavam a cada semana enquanto eu estava em casa trançando o cabelo da minha filha e assistindo filme durante o período de baixa temporada enquanto ela dormia. Eu acordava às quatro para trabalhar em casa enquanto eles ainda estavam desmaiados, então quando eles finalmente chegavam às instalações de treinamento, poderíamos nos concentrar em passar as jogadas, fazer repetições em mudar a maneira como eu jogava a bola para que ela chegasse onde precisava com mais rapidez e facilidade, com menos pressão no cotovelo. Jack correu até nós e me jogou a bola, um sorriso estúpido no rosto. —Melhor, meu velho. Eu nem precisei fazer muito para alcançá-la. — Ele segurou as mãos, sem dúvida as únicas outras mãos da equipe tão valiosas quanto as minhas. —Caiu como um perfeito bebê no colo. Eu balancei a cabeça. —A ideia de você com uma criança é aterrorizante. Billy me deu um tapinha no ombro e foi embora. Jack riu e correu para trás, segurando a bola. Arremessei com facilidade e mesmo assim ele não percebeu. Idiota. —Faith me ama. Não ama, turbo? — Ele gritou. Do lado do campo de treinamento onde ela estava sentada contra a parede, lendo um livro, ela riu. Todos os caras chamavam ela pelo apelido que eu dei assim que ela aprendeu a correr, mais rápida do que qualquer criança tinha o direito de ser. —A Faith é uma péssima juíza de caráter, — eu disse secamente.


Ele piscou para minha filha. A Faith o amava. Ele costumava ir jantar quando minha mãe cozinhava ou se estava de férias e não conseguia voltar para Michigan. Ele era um jogador do segundo ano fora do estado de Michigan, desde que me formei em Michigan, tínhamos nos unidos muito rapidamente. Ele era um receptor sensacional, e estávamos perdendo há alguns anos. Para esta temporada, já estávamos alinhados para fazer melhor do que fizemos em anos, simplesmente por causa de sua presença em nossa equipe. Ele terminou de secar o rosto enquanto caminhávamos na direção de Faith. —Por que ela está aqui de novo? —Meus pais estão visitando minha irmã. Normalmente, eles esperam para ir logo após o término da temporada ou na semana de intervalo, mas Kaylie acabou de ter outro bebê. Quando a escola da Faith recomeçar, não será preciso minha mãe estar aqui. —Por que você não gosta de contratar uma babá ou algo assim? —Porque isso é mais barato, — eu disse com uma sobrancelha levantada. Pouco depois da morte de Cassandra, meus pais se mudaram para Seattle. Sem pensar duas vezes, eles venderam o modesto rancho em Brighton em que viveram por toda a minha vida e gentilmente me permitiram comprar algo igualmente modesto perto de Faith e de mim. Não foi algo que eu perguntei a eles, mas eles sabiam que eu precisaria de ajuda. Ninguém queria que um estranho criasse minha filha, não em nossa família.


Jack revirou os olhos. —Você ganha vinte e dois milhões de dólares por ano, Piers. —E a maior parte disso está em contas de investimento, rendendo ainda mais sem eu ter que levantar um dedo. Você deveria tomar notas. Ele esticou os braços sobre a cabeça. —Você soa como Robert. Nós dois ficamos quietos com a menção do nosso falecido dono. Jack estava certo, Robert tinha sido financeiramente brilhante, e o melhor conselho que recebi desde que comecei a jogar para os Wolves não tinha sido de consultores financeiros pagos, mas de Robert. —Sim, — eu disse baixinho. —Eu acho que sim. —O que você acha que acontecerá? — Jack perguntou, parecendo tão jovem quanto seus vinte e dois anos sugeriam. Às vezes eu esquecia que ele ainda era um maldito garoto, mal tinha idade para beber legalmente. Não que isso o parasse. —Eles não fizeram nenhum anúncio de quem vai ficar à frente da diretoria. Dei de ombros. Toda a situação me dava uma sensação doentia na boca do estômago, porque a equipe sendo vendida a um novo proprietário poderia ter resultados incalculáveis e imprevisíveis. Por muito menos as equipes mudavam de cidade, sem mencionar como isso poderia afetar as vagas de treinadores, como o dinheiro era gasto e quem administrava a diretoria. —Robert era inteligente, — eu disse a ele. —Ele passou vinte anos construindo uma máquina que funcionava perfeitamente sem muita interferência, então talvez Cameron assuma.


Cameron Mikaelson foi nosso presidente e CEO, e esteve nisso nos últimos dez anos. Ele faria um bom trabalho e continuaríamos exatamente como estávamos agora. —Talvez, — disse Jack em dúvida. —Em todo caso, já não deveríamos estar sabendo disso? À nossa volta, companheiros de equipe continuavam a fazer exercícios na relva verde-clara forrada de branco. Alguns estavam pulando, alguns atacando, alguns correndo. Risos, xingamentos e vozes graves gritando uns com os outros para fazer melhor, ser mais rápido, ser mais forte ecoavam ao nosso redor. O logotipo vermelho e preto nas paredes de metal do campo de treinamento parecia recém-pintado sob as luzes brilhantes. Eu amava aquele logotipo, o lobo com a cabeça jogada para trás em um uivo triunfante. Isso representava doze anos de suor, sangue e dedicação que eu me lembrava como passou em um piscar de olhos. Cada lesão, cada estalo, cada vitória e derrota nos trouxe até aqui. Eu era o líder deles. Talvez eu não fosse o treinador ou o executivo do conselho, mas no campo, eu era o cara que gritava em seus rostos quando precisavam, batendo em seus capacetes quando eles faziam uma captura incontornável ou uma esticada para um ataque impossível, fui demitido por ficar de molho por muito tempo, depois me levantei e assumi o comando de levá-los ao campeonato. Eu era o cara que tinha um brilhante troféu de prata ao longo da minha carreira e queria desesperadamente conseguir isso de novo. Se eu não tivesse me esforçado e aproveitado o momento, não seria merecedor da posição de capitão da equipe.


Coloquei uma mão pesada no ombro de Jack. No campo, ele executava suas entradas atracadas e fazia os pontos mais loucos que irritavam os defensores que estavam defendendo-o. Mas então, olhando para mim, aquele o menino do meio-oeste, parecia tão jovem quanto seus vinte e dois anos. —O que importa é o que estamos fazendo aqui. Praticamos e melhoramos, em três semanas começaremos outra temporada e venceremos, não importa quem esteja naquele escritório. Isso não afeta o trabalho que fazemos ou as horas que passamos nos tornando melhores, ok? Eles não podem nos fazer ganhar ou perder. Isso é sobre nós. Jack assentiu e me deu uma cotovelada no estômago. —Sim você está certo. —Estou sempre certo, — eu disse a ele. Faith estava nos observando com um pequeno sorriso no rosto. Ela adorava estar nas instalações. Amava sair com a equipe, amava ficar com seus filhos e esposas ou namoradas. Era uma característica que ela, sem dúvida, tinha conseguido de Cassandra porque eu não sou muito extrovertido. Mas Faith, amava estar perto das pessoas. —Eu não estou, turbo? Ela riu. —Nem sempre. Jack se agachou e inclinou para ela em conspiração. —Ok, querida, você terá que me dar uma lista de quando ele está errado, então eu posso usá-la contra ele. Faith torceu os lábios e olhou para mim. Assim como fazia todos os dias, meu coração se revirava dolorosamente. Talvez eu não


saísse e festejasse, mas ela valia cada segundo disso. Então ela abriu a boca. —Bem, ele não foi muito gentil com nossa nova vizinha. Droga, droga, droga. Eu usei cada pedacinho de controle para não repetir aquela interação estranha em um loop desde que ela jogou o prato inteiro de cupcakes em mim e caminhou para longe como uma rainha. Jack fingiu tomar notas no celular. —Me diga mais. —Faith, nós precisamos ir. —Não, vocês não precisam, — disse Jack. —Prossiga, bela dama. Faith se inclinou. —Ela se parece com a Barbie, trouxe bolinhos depois que eu acenei para ela. E papai não me deixou ir até a porta com ele, então, ele foi mesquinho e deixou cair os cupcakes em todos os lugares. —Foi mesmo assim? — Jack disse com uma fala mansa. Eu olhei para ele, chutando seu sapato, no qual ele se afastou facilmente. — Barbie? Minha filha assentiu. —Mas, mais bonita. O rosto estúpido de Jack ficou muito sério. —Mais bonita, você diz? Os olhos de Faith se arregalaram dramaticamente. —Muito mais bonita.


—O que ela estava vestindo? —Ok, — eu interrompi, inclinando-me para pegar a mochila de Faith. —É o bastante. Jack fez beicinho tanto quanto minha filha de seis anos que estava ao meu lado. —Mas a história dela estava ficando boa, meu velho. Faith saiu correndo e eu dei um soco no peito dele. —Ai, idiota. — Ele esfregou o local onde eu bati nele. —É sério, o que aconteceu? — Eu encolhi os ombros. —Uma galinha, apareceu na porta vestindo um maiô e segurando um prato de cupcakes, que jogou em mim quando eu disse a ela que não era muito original. Seu rosto congelou, então balançou a cabeça em desgosto. — Você é um desperdício de um jogador de futebol profissional. Você sabe quantos caras querem que essa merda aconteça? Eu bati no ombro dele. —Apenas espere. Isso vai acontecer com você também. No segundo que você decidir que não quer dormir com groupies aleatórias de futebol, elas podem sentir o cheiro de uma garrafa recém-aberta de champanhe grátis e começarão a aparecer em todos os lugares. Geralmente com pouca roupa. —Promete? — Ele perguntou secamente. —É divertido apenas nas primeiras vezes. — Eu dei uma olhada nele. —Confie em mim. Uma vez que você percebe que elas trocam de amantes como trocam de camisa, meu garoto, fica muito menos emocionante.


—Eu só, eu só não acho que seja o caso. —O que, que isso fica velho? — —Vamos lá, — ele praticamente choramingou. —Você está me dizendo que ela estava na sua porta da frente e nada aconteceu? Eu estreitei meus olhos para ele com um olhar cheio de tanta irritação que ele realmente recuou. O que foi incrível porque Jack tinha o autocontrole de um filhote sempre que não estava no campo. É por isso que ele dormia com qualquer mulher com um pulso (ligeiro exagero). Desde que ele regularmente me importunava sobre a minha falta de vida sexual, isso era exatamente o que ele não precisava ouvir. Ele não precisava ouvir que a Playboy Barbie tinha, de fato, aparecido na nossa porta da frente, ainda mais deslumbrante de perto do que ela estava a uma dúzia de metros de distância em seu deck. Parada lá na sombra da minha varanda, eu podia ver o verde azulado de seus olhos e a pequena marca de beleza acima de seus perfeitos lábios rosados. Não importava que ela tivesse coberto o biquíni preto. O tecido solto que cobria o corpo não escondia o fato de que ela era uma nota 10. Talvez até 11. —Nada aconteceu. Embora estivesse escrito em todo o seu rosto que ele não acreditou em mim, não iria me pressionar também. Ele sabia melhor. E por isso, fiquei feliz porque a última coisa que eu queria fazer era discutir o tipo de mulher que agora morava ao lado da porta de Faith e eu.


Houve um momento, um momento insano e fugaz, em que eu me perguntei se eu a entendi mal quando ela empurrou os cupcakes no meu peito. Seus olhos brilharam furiosamente, mas não por rejeição. Eu tinha visto esse olhar muitas vezes ao longo dos anos desde que Faith apareceu. A rejeição tinha uma frieza distinta, uma descrença que tornava as feições rígidas e inflexíveis. Não foi o que vi da Playboy Barbie. Mas meu problema não era o que brilhava em seus olhos, porque se eu tivesse sorte, eu nunca teria que falar com ela novamente.


Houve uma batida de silêncio. Então um riso. Depois gargalhadas. Na verdade, se eu estivesse sentada na pequena mesa da cozinha em nosso apartamento em Milão, acho que Paige teria cuspido em meu rosto. —Ok, — eu disse, sentada no sofá entregue mais cedo naquela manhã. Enfrentei o lago, o que geralmente ajudava a baixar minha pressão instantaneamente, mas o riso da minha melhor amiga no meu ouvido ao ouvir a notícia de que eu era agora o tipo de proprietária não muito orgulhosa de um time de futebol profissional estava tendo o efeito oposto. —Entendi. Haha, muito engraçado. — Ela fez esse estranho som de sucção e eu brevemente me perguntei se ela estava sufocando, mas eu apenas revirei os olhos. —Sinto muito, Allie, — ela ofegou. —É só... você... um time de futebol. — E os risos histéricos começaram de novo. Espalhados na minha frente estavam muitas pastas e pastas. Pilhas de papelada que exigiam minha assinatura. Artigos ridículos que eu pesquisei sobre —como possuir um time de futebol profissional— e —o que os donos de equipe fazem na liga nacional de futebol. Surpreendentemente, eles não foram muito úteis na minha situação atual. Meu cérebro estava sobrecarregado com fatos e números, estruturas de equipe de toda a liga e por que eles foram


ou não foram bem-sucedidos, bios sobre as pessoas que aparentemente agora trabalhavam para mim. Homens incrivelmente bem-sucedidos que agora trabalhavam para a mulher conhecida pelas fotos que tirou e a linha de joias que agora estava extinta, o que deixou minha conta de poupança menos cheia do que tinha sido dois anos antes. Porém, uma vez que todo o dinheiro do meu pai fosse transferido para mim, a papelada assinada e finalizada, isso mudaria. Bananas sagradas, isso ia mudar. Eu sempre tive um fluxo constante de dinheiro por causa do que eu herdei da minha mãe, mas isso... isso era em um nível completamente diferente. Meu pai tinha sido rico pra caralho. Quando eu não respondi imediatamente com oh, eu sei, isso não é engraçado? Paige limpou a garganta e respirou fundo. —Fale comigo. A parte de trás da minha cabeça encontrou o sofá, e eu olhei para o teto branco brilhante. —Eu nem sei o que dizer, Paige. —Você vai ficar com isso? Quero dizer, você poderia vender, certo? Fazer uma tonelada de dinheiro? —Acredite em mim quando digo que não falo isso para soar pomposo, mas desde a semana passada, já tenho uma tonelada de dinheiro. A maioria das pessoas não teria soado tão melancólica quando dissesse algo assim. Oh, ei, eu herdei muitos, muitos milhões, e aqui eu sento em um sofá relativamente acessível em uma casa relativamente modesta (comparativamente, é claro) sentindo como


se alguém tivesse me jogado no meio do Pacífico sem nada para segurar. —Então você não precisa vender por causa da grana, — respondeu Paige. —Mas sem ofensa, lindinha, o que exatamente você sabe sobre dirigir um time de futebol? Agora essa resposta era fácil. —Nada. Não sei nada sobre dirigir um time de futebol. — Eu levantei minha cabeça e me inclinei para frente para pegar o fichário no topo da pilha. Um mensageiro deixara uma grande caixa enviada pela assistente de meu pai, Joy. Ela arrulhou e deu uma risadinha no telefone, dizendo que eu não tinha nada com que me preocupar. Que todos me ajudariam. Que tudo ficaria bem. Disse-me para tirar um dia e ler toda a papelada, ligar para ela com alguma pergunta e reservar um tempo para entender o que isso poderia significar. Joy era minha nova melhor amiga. Não que eu diga isso a Paige. Paige era minha melhor amiga e uma modelo de moda, ao contrário de mim. Eu conhecia meus ângulos. Eu tinha seiscentos mil likes na minha página do Instagram, principalmente por homens pervertidos que gostavam de fotos minhas em roupas de banho de grife. Paige, por outro lado, tinha agraciado várias capas de revistas e andou em Nova York, Paris e Milão na semana de moda mais de uma vez. Ela era uma das poucas pessoas que se sentiam reais em uma indústria que era muito, muito falsa. —Em todo caso, você é inteligente, — ela advertiu. —Não se subestime. Você sempre me disse como seu pai era um bom homem


de negócios, mesmo que ele ignorasse a sua existência a maior parte da sua vida. Ele entregaria a equipe para você sem pensar nisso? —Não, — eu admiti. Foi uma admissão fácil de fazer também, porque eu revirei esse pensamento na minha cabeça a noite toda, quando o sono não me encontrava. Meu pai não era bobo. Havia coisas sobre ele que eu não suportava, claro. Essa lista provavelmente era mais longa do que as coisas sobre ele que eu amava. Mas eu nunca poderia chamá-lo de estúpido ou impulsivo. Paige continuou quando eu não disse mais nada. —Aí está. Você se curva e faz sua lição de casa. Talvez não seja tão ruim quanto você pensa. Não é como se você tivesse que treinar o time, certo? Talvez você possa apenas ficar lá, parecer quente e usar um puta terno do poder como uma cadela de patroa. A mídia vai comer isso. Eu gemi. —Eles vão rir de mim. —Talvez, — disse ela em voz baixa. —Só não lhes dê nada para rir. Mostre a eles que você pode fazer isso. Há provavelmente um prédio inteiro de pessoas que estarão dispostas a ajudá-la a descobrir isso. Não tenha medo de pedir ajuda, sabe? — Colocando nossa ligação no viva-voz, deixei meu telefone no peito e me inclinei para trás. —Sim, você provavelmente está certa. Eu só queria poder descobrir por que ele pensou que eu iria querer isso. Quando eu falava com meu pai, geralmente, não mais do que algumas vezes por ano, nós seguimos tópicos seguros e definitivamente nada muito profundo. O que eu estava fazendo,


onde eu estava vivendo, comentários velados sobre eu encontrar um emprego real. Essas eram todas as coisas que Paige conhecia desde que eu geralmente comecei a despejar grandes quantidades de vinho antes mesmo que as ligações terminassem. —Bem, — disse Paige lentamente, —talvez ele achasse que você gostaria. —Eu? Quantos eventos esportivos assisto em um ano? —Zero, — ela disse instantaneamente. —Exatamente. Não tem como ele achar isso. — Eu balancei a cabeça e exalei fortemente. —Meu histórico de não ter sucesso na vida foi bem documentado por meu pai. Todos os investimentos empresariais fracassados e todos os namorados que se revelaram mais um idiota maluco foram adicionados a alguma lista em algum lugar, tenho certeza. Esse time era o que ele mais amava, ele sabia que essa é uma grande razão pela qual eu nunca voltei. Por que ele nunca empurrou para eu voltar? Porque eu nunca poderia estar perto dele sem ser um lembrete constante de que eu era seu fracasso. A coisa que ele ignorou, porque foi mais fácil. Paige suspirou pesadamente. —Senhor, isso é uma merda pesada. E eu que pensei que quando eu te levasse para o aeroporto você estaria indo para casa e pegaria um cheque enorme, depois você estaria de volta em algumas semanas. —Eu também. — Agora, eu não sabia o que iria acontecer ou quanto tempo eu ficaria aqui. A casa vazia no lago tinha sido atraente porque eu queria um pouco de solidão enquanto passava


pelo processo de enterrar meu pai. E agora a quietude estava quase fazendo meus ouvidos sangrarem pelo que estava fazendo ao meu cérebro. De repente, eu não queria mais discutir isso. Eu não queria mais pensar nisso. —Paige, é muito tarde aí. Por que você não dorme e conversamos em alguns dias quando eu souber mais, ok? —Amo você, boo. —Eu também te amo, — eu disse de volta. Ela desligou a ligação e eu não saí do meu lugar. O sol começava a se pôr sobre o Lago Washington, do meu sofá muito firme, parecia que o céu estava sangrando em um laranja rosado vívido, começando na linha do horizonte e subindo em linhas suaves e embaçadas. Eu olhei para o sol até meus olhos doerem e tive que piscar e desviar o olhar. Da varanda em nosso apartamento, com vista para o bairro da moda em Milão, tínhamos estado na direção errada para assistir ao pôr do sol. De vez em quando, víamos o reflexo dele nos prédios amarelos, marrons e vermelhos ao longe, eu desejava desesperadamente poder ver as cores conforme elas mudavam. Tudo o que eu tinha que fazer era andar um quarteirão e ficar na esquina da rua oposta para ter uma visão perfeita contra o horizonte italiano. Um pequeno esforço da minha parte teria gerado uma enorme mudança de percepção. Foi o suficiente para me motivar a sair do sofá, que esperançosamente iria relaxar com o tempo. Da geladeira, ainda pateticamente vazia, peguei uma garrafa de pinot grigio. Os


cupcakes restantes me encararam de volta, bufei antes de fechar a porta com eles. Eu não tinha visto o idiota do lado ou sua filha com gesso corde-rosa, mas oh cara, eu tinha devorado muitos desses bolinhos. A quantidade de malhação que eu fiz foi para que eu pudesse comer merda assim, não para que eu tivesse que me abster. O armário ao lado da geladeira continha todos os copos e peguei uma copo de uísque com dois dedos cuidadosos. Com minha caixa de som Bose debaixo do braço, desci as escadas e fiz meu caminho para o longo e estreito pátio que terminava no lago. Uma pequena mesa de pátio estava ao lado da banheira de hidromassagem que eu ainda tinha que testar, afundei na cadeira que me proporcionaria a melhor vista. Cuidadosamente, abaixei o vinho, meu copo e liguei o telefone ao alto-falante do Bluetooth. Enquanto eu bebia meu vinho gelado, senti a tensão escorrer do meu corpo. Finalmente, eu me estabeleci em Imagine Dragons e soltei outro profundo suspiro quando a música começou, pude sentar e assistir as cores sangrarem lentamente em um azul profundo. Quando os pensamentos sobre o time encheram minha cabeça, todas as perguntas não respondidas entraram em circuito e circularam em uma batida irritante que eu não conseguia parar. Virei o volume mais alto e fechei os olhos, esperando que isso ajudasse, esperando que isso afogasse o que quer que estivesse na minha cabeça. Eu precisava tomar uma decisão e ficar com ela. Fazer a escolha para o meu futuro.


Eu poderia pegar a pilha de papéis na minha mesa de café e encontrar alguém que ficaria feliz em tirá-los das minhas mãos. Ou eu poderia contratá-los, aceitar esse presente estranho que meu pai havia inexplicavelmente me dado e tentar fazer algo com isso. Qualquer que seja a escolha que eu fizesse, eu daria o fora disso. Eu só precisava de um pouco mais de tempo. Alguns momentos como este para peneirar todo o barulho extra na minha cabeça. Entre as batidas da música e as pausas entre as notas, ouvi outra música. Olhei para o lago e não vi nenhum barco por perto. Ninguém estava na minha doca ou na doca do meu vizinho. Quem quer que estivesse ouvindo a música aumentou ela ainda mais, o que não ajudou a cacofonia no meu cérebro, então eu tentei alguns exercícios de respiração para tentar me concentrar na minha própria música. Então, como se uma corda estivesse enganchada à minha direita, minha cabeça apontava de onde o som estava vindo. Havia uma fileira de cercas vivas bem aparadas entre sua casa e a minha. Inclinei-me para frente, entre a breve abertura do verde brilhante e vi alguém sentado do outro lado. Desde o tempo que passei no meu próprio deck de andar superior, eu sabia que ele também tinha um pátio, incluindo uma pequena piscina olímpica, banheira de hidromassagem adjacente e mobília de pátio ao redor de uma grande fogueira que me dera um tamanho igualmente grande de pontada de inveja. Mas agora, estreitei meus olhos quando percebi que podia ver tatuagens cobrindo o braço que eu espiara. —Idiota, — eu murmurei sob a minha respiração.


Mas que idiota pomposo que achava que uma mulher aleatória apareceria em sua porta com cupcakes como uma fina desculpa para fazer sexo com ele? Tudo bem, ele era gostoso, provavelmente teve alguns elogios quando estava em um bar, mas não era como Chris Hemsworth, recém solteiro e carregando uma tira de camisinhas ou qualquer outra coisa. Quero dizer, tudo bem. Seus olhos pareciam escuros e sombrios, aquele queixo tinha o tipo de barba que você provavelmente poderia se cortar, mas que seja. Que arrogância. Eu sabia que eu não era de se jogar fora, mas eu certamente não andava por aí supondo que todo homem que falasse comigo quisesse entrar em minhas calças. Os que costumavam se dar ao trabalho de me conhecer muito rapidamente, eu dava o fora, não fazia nada, nada, para fazê-los colocar essa suposição sobre meus ombros. O pensamento de como ele tinha me dispensado tão friamente, deixou minha pele toda espinhosa e quente, eu peguei meu telefone e apertei o botão para aumentar o volume. Só para ser desafiadora, fui para a minha fila no Spotify e adicionei uma música da Britney Spears. Eu gargalhei baixinho quando ele, por sua vez, aumentou o volume de qualquer música clássica de rock que estava ouvindo, apenas em antecipação de como ele ficaria zangado quando escutasse minha próxima escolha de música? Taaaalvez.


Se eu virei o volume mais alto, em seguida, segurei meu altofalante enquanto apontava em sua direção, bem quando ela começou a cantar —Hit Me Baby (One More Time)—? Inferno sim, eu fiz. —Oh, vamos lá, — ele gritou do outro lado da sebe. —Você está falando sério agora? Em vez de responder, afundei-me mais em minha cadeira e aproveitei a sensação de irritá-lo de uma maneira que não poderia chegar perto do que ele fizera comigo no dia anterior. De repente, ele estava de pé ao lado da sebe, olhando para mim, apenas o peito e a cabeça visíveis sobre o verde vibrante. Eu tinha esquecido a cor de seu cabelo loiro escuro, arenoso e como estava um pouco mais no topo do que deveria ter sido. Pelo volume de seus músculos, eu sabia que seus braços estavam cruzados sobre o peito como se de algum modo me intimidassem. Eu segurei o olhar e tomei um lento gole do meu vinho. —Desligue isso. Uma das minhas sobrancelhas se ergueu devagar, quando me inclinei para frente, seus ombros relaxaram devagar. Até que ele percebeu que eu estava deixando mais alto o volume. Nuvens com trovoadas. Foi a primeira coisa que me veio à mente quando o rosto dele ficou tempestuoso. Ele parecia uma nuvem de tempestade personificada. Mas da minha pequena distância segura, bloqueada por aquelas sebes frágeis, eu me sentia mais corajosa do que provavelmente deveria ser. Porque ele


atravessou os arbustos e correu em minha direção, o que provocou uma chama brilhante de emoções que eu não estava esperando. Ele se elevou sobre o meu assento, eu casualmente cruzei minhas pernas, permitindo que meu pé saltasse para a ridícula batida sintetizada. —Abaixe, por favor, — ele disse. —Oh, olhe para isso, — eu disse com um sorriso ridiculamente doce no meu rosto. —Ele tem boas maneiras. Mesmo que seus lábios estivessem pressionados juntos, eu poderia dizer que ele passou a língua sobre a frente de seus dentes. —Eu estou tentando aproveitar a minha noite, essa música de merda está arruinando isso. Eu balancei a cabeça como se estivesse interessada no que ele tinha a dizer. —Sinto muito por ouvir isso. Você tirou a mancha da sua camisa? Era muito branca, e a cobertura, muito rosa. —Não, eu não fiz. Quando meu sorriso se transformou em algo mais genuíno, ele murmurou uma sequência particularmente suja de palavrões em voz baixa. Quando eu ainda não desliguei a música, ele estendeu a mão e pegou o alto-falante. —Ei! — Eu gritei, pulando para pegá-lo de volta. Ele apertou o botão de energia com seu polegar estúpido e colocou-o de volta na mesa com um ruído alto. —Você tem sorte de eu não jogar isso no lago.


Ooooh, esse homem teve sorte de eu não dar um tapa nele. — Qual é o seu problema? Em vez de uma resposta, ele me deu as costas largas enquanto se dirigia novamente para a direção dos arbustos. Ah não. Eu marchei atrás dele, tanto quanto alguém poderia marchar vestindo chinelos de dedo. —Eu estava tentando ser uma boa vizinha, seu imbecil arrogante. Eles eram apenas cupcakes. Ele se virou e eu congelei com o fogo em seu rosto. —Eu não quero cupcakes. Eu não quero que você seja da vizinhança. Eu quero paz e tranquilidade. Eu levantei minhas mãos. —Você conseguiu. Eu vou ouvir música dentro de casa esta noite. Mas da próxima vez que eu estiver aqui primeiro, coloque alguns fones de ouvido e declare a noite por encerrada porque não vou me mexer. O sopro de ar que deixou sua boca foi tão forte que ele parecia um maldito cavalo de corrida. Sem outra palavra, ele fez um pivô perfeito e empurrou os arbustos novamente, então ouvi sua porta deslizante fechar bem alto. —Os homens são tão inacreditavelmente estúpidos, — eu assobiei. É por isso que Deus criou vibradores. Depois que me sentei de volta à mesa, coloquei outro copo de vinho e afundei novamente na cadeira. Nenhum otário musculoso arruinaria a minha noite. Eu planejei ficar bem longe dele, não era preciso ser um gênio para adivinhar que ele faria o mesmo. Com alguma sorte, eu nunca teria que lidar com ele novamente.


Uma coisa eu aprendi cedo na minha carreira é confie no seu instinto. Se um lado defensivo se movimentava de um jeito que eu não gostava, nunca questionaria o arrepio na parte de trás do meu pescoço que me dizia que uma blitz3 estava chegando. Se eu começasse a sentir isso, eu seguraria a bola por um segundo a mais, um único segundo teria a capacidade de mudar o resultado de um jogo. Atualmente em pé no corredor das salas de conferências no escritório da frente dos Wolves, eu não conseguia apagar a sensação de meu intestino gritando. O treinador Klein puxou a gola da camisa, claramente tão desconfortável quanto eu me sentia por dentro. —Por que estamos fazendo isso antes da reunião da equipe amanhã? — Perguntei a ele em voz baixa, pouco antes de entrarmos na sala que continha nosso Gerente Geral William, nosso CEO Cameron e os outros dois capitães de equipe, além de mim. Esta manhã, quando eu acordei com o nascer do sol, tinha uma mensagem no meu telefone dizendo que éramos necessários para uma reunião sobre o novo proprietário. Em vez da equipe como um todo, eles só pediram o pequeno grupo de pessoas que liderava a equipe. Reunir-se com toda a equipe seria durante o horário regular, cerca de vinte e quatro horas depois.

3

Quando os jogadores que jogam atrás da linha atacam o Quarterback para derruba-lo ou impedir que ele efetue um passe.


O treinador Klein voltou a mexer-se e eu dei-lhe um olhar estranho. —Você está bem, treinador? —É a filha. Levei um segundo para entender seu comentário estranho, as engrenagens lentas na minha cabeça clicando no lugar com um barulho alto e desajeitado. —O novo proprietário? — Eu assobiei, com os olhos arregalados. Ele assentiu. —Eu não deveria estar te dizendo isso, mas eu te conheço bem o suficiente para saber que você não consegue filtrar sua reação por alguma merda que te pega desprevenido. — Seu dedo apontou para mim, seus olhos cinzentos pareciam gelados e duros sob as luzes. —E você precisa ser o único a dar o exemplo para a equipe. —Sua filha, — repeti lentamente, optando por ignorar sua afirmação inteiramente precisa de que nem sempre reagia bem em situações surpreendentes nesse nível de importância. —Sua filha é nossa nova proprietária. O treinador passou a mão pelo rosto enrugado. —Sim. Nenhum de nós jamais a conheceu. Eu não acho que ela esteve por perto nos últimos anos. —Ela não estava por perto em tudo, treinador. — —Você está prestando atenção? — Ele perguntou rabugento. Minha boca se achatou antes que eu pudesse responder. —Não, mas ele e eu conversamos sobre ela em um total de uma vez nos últimos doze anos. Ele queria saber quais eram os meus planos para


a nossa semana de despedida, o que eu ia fazer para a Ação de Graças naquele ano. Eu disse a ele, então perguntei a mesma coisa. E você sabe o que ele me disse? Que ele passava o Dia de Ação de Graças na casa da sua assistente durante a última década porque sua filha nunca voltou para casa. — O treinador fez uma careta. O pensamento de Faith me abandonando daquele jeito parecia que alguém estava sufocando o ar dos meus pulmões com os punhos apertados. Sim, o homem era rico como o inferno, mas sua filha era a única família que ele tinha. Quem faz isso? —Ela estava morando em algum lugar da Europa, — eu disse quando o treinador não disse nada. —Estava fora brincando de se vestir. Alguns negócios que ela tentou abrir falharam horrivelmente pelo que ele me disse. Agora estamos dando a ela as rédeas de tudo isso? — Eu gesticulei pelos corredores. Raiva rasgou através de mim, frustração como um vento quente vindo em pelos calcanhares. Porque quem quer quem ela fosse, não tinha feito nada para ganhar o direito. O treinador esfregou a testa e suspirou pesadamente. —Ela sabe alguma coisa sobre futebol? — Eu perguntei furiosamente. —Eu não sei, Pierson, mas é melhor você não perguntar isso nessa reunião. Apoiei minhas mãos nos meus quadris e trabalhei para respirar uniformemente. —Eu não gosto disso. Eu realmente não gosto disso.


—Você não precisa gostar, — ele me lembrou com as sobrancelhas levantadas. —Você precisa jogar futebol e jogar bem. Esse é o seu trabalho. —Entendi, — eu disse através dos lábios apertados. Uma gargalhada veio da sala de conferências, eu coloquei minha cara de jogo, hipoteticamente falando. O técnico viu a transformação e acenou com satisfação. —Ela está aí? —Acho que não. Cameron queria explicar isso aos capitães antes dela entrar para as apresentações. — Ele apontou para mim novamente. —Agora, não importa o que você pense sobre esta situação, lembre-se que ela perdeu o pai na semana passada e esta situação não pode ser mais fácil para ela do que para nós. Eu mal segurei meu suspiro de descrença. Sim, deve ter sido terrível ser a única filha de Robert Sutton Terceiro. A mulher provavelmente se tornou bilionária no momento em que seu coração parou de bater. Crescer com esse tipo de riqueza na ponta dos dedos era incompreensível para mim. O filho de uma secretária da escola e de um mecânico significava que nunca passávamos fome, sempre tínhamos um teto sobre nossas cabeças e roupas que nos serviam, mesmo que fossem de segunda mão. Mas minhas raízes eram humildes e de colarinho azul como o uniforme manchado de graxa que meu pai usava todos os dias de sua vida. Ele ensinou a mim e a minha irmã que a riqueza era fugaz, o dinheiro não curaria a infelicidade, se você fosse inteligente, manteria a cabeça baixa, pagaria suas contas e viveria uma vida que


não quebrasse sua conta bancária. Economizar e guardar o resto para que sua família tivesse um bom futuro. Crescer em mansões, em um mundo de aviões particulares e internatos era tão estranho para mim como se alguém tivesse me deixado em um país diferente sem falar a língua. A riqueza que eu tinha agora, ainda parecia frágil, e é por isso que vivo de maneira modesta. Eu nunca quis que Faith pensasse que sua vida privilegiada era algo que ela tinha direito, que era normal. Porque eu sabia muito bem que não era. —Você vem? — O treinador perguntou quando eu não tinha me mexido. Seguindo-o, cumprimentei os outros dois capitães. Dayvon, nosso atacante esquerdo, era enorme, desajeitado e aterrorizante quando você não o conhecia, ele era o único homem em quem eu confiava para proteger meu lado cego, o que ele fazia incrivelmente bem. Ele segurou o punho quando passei e bati o meu contra dele. —Ei, cara, você agradeceu a Monique pelos biscoitos que ela deu para Faith? — Eu perguntei a ele. À menção de sua esposa, levantou um sorriso amplo, seus dentes brancos e brilhantes contra a pele escura do rosto. —Ela quer levar aquela garota para casa, toda vez que você a traz para cá. Diz que depois de ter quatro garotos, precisa tentar mais uma vez para conseguir uma garotinha como Faith. Eu ri, um pequeno nó de tensão se desenrolando no meu peito enquanto conversávamos. Eu poderia fazer isso. Isso seria bom.


Logan, nosso defensor veterano e o capitão representando a defesa, levantou o queixo em saudação. Eu fiz o mesmo. Sem punhos para nós ou conversa fiada desde que Logan era um cara quieto quando você não fazia parte do seu círculo íntimo. Não é algo que eu iria segurar contra ele. Ele liderou a defesa da mesma forma que conduzia a ofensa, sendo um exemplo e com uma preparação completa. Cameron, o presidente e CEO da equipe, sentou-se no extremo oposto da longa mesa retangular, folheando alguns papéis à sua frente. Quando cheguei às cadeiras vazias do outro lado de Dayvon, ele estendeu a mão. Seu rosto parecia mais enrugado do que o normal, então talvez todo mundo estivesse tendo algum problema para se ajustar à mudança. —Pierson, — disse ele quando apertei sua mão. —Obrigado por ter vindo. —Claro. — Como se eu tivesse uma escolha, era o que eu queria dizer. Assim que me sentei, Cameron respirou fundo e olhou ao redor da mesa brevemente. —Recebi uma ligação dos advogados de Robert no dia anterior, informando-me de uma cláusula de confiança que ele criara apenas algumas semanas antes do ataque cardíaco. Dado que Robert e eu desfrutamos de uma relação de trabalho franca por muitos anos, tenho que assumir que ele achava que teria tempo para explicar suas ações para mim, o que, infelizmente, não aconteceu. Ele e sua falecida esposa tiveram apenas uma filha, entendi que o relacionamento dela com Robert não era íntimo. Tenho a impressão de que a Srta. Sutton recebeu tão


pouco esclarecimento quanto precisamos explicar por que ele tomou essas medidas. Enquanto essa informação se instalou na sala tensa e silenciosa, eu levei alguns minutos para desacelerar meus pensamentos. Perfeito. Não só ela não merecia isso, mas também não esperava e não tinha preparo para o que fazer. Levou tudo em mim para não bater a cabeça contra a mesa. —A razão pela qual estou explicando isso para vocês agora, antes que ela e William se juntem a nós, — Cameron continuou referindo-se ao nosso gerente geral, —é para que não a sujeitemos ao anúncio estranho de que ela não tinha nenhuma ideia, de que iria possuir um time de futebol profissional. É por esse motivo, — sua voz ficou firme, eu sabia que quatro de nós estávamos recebendo instruções claras sobre como deveríamos prosseguir com esta reunião, e também com a reunião de equipe que teríamos no dia seguinte, —que estamos nos certificando que vocês — líderes deste time de futebol americano — estejam a bordo para serem cordiais a ela enquanto ela assume esta enorme responsabilidade e garantir que o restante da equipe também o faça. —É claro, — disse o treinador Klein com suas mãos cuidadosamente dobradas na frente dele. —Certo, pessoal? Dayvon assentiu. —Pode ser bom, termos algum sangue fresco por aqui. Logan olhou para mim brevemente como se estivesse checando minha reação antes de falar. Ou talvez fosse porque minhas mãos estavam cerradas em punhos brancos e minha perna estava


saltando furiosamente debaixo da mesa. Ele desviou o olhar. —Sem oposição da minha parte. Não respondi imediatamente porque sentia que qualquer palavra que saísse da minha boca seria preenchida com a variedade de quatro letras. Depois de outra respiração profunda, percebi que todos os olhos na mesa estavam apontados em minha direção, levantei minhas mãos, sabendo que eles precisavam de mim para dizer, mesmo que parecesse como vidro mastigado subindo pela minha garganta. —Ela vai ter todo o respeito que nós demos a Robert. Cameron soltou um pequeno som de alívio, os ombros do terno caindo um pouco. —Excelente. Eles devem estar aqui a qualquer segundo. Do final do corredor, houve o murmúrio indistinto da voz baixa e grave de William, junto com uma risada em resposta. Eles estavam muito longe para que soasse como algo diferente de genericamente feminino. Eu não tinha nada contra uma dona, mas ainda assim, meu instinto estava gritando para correr, que algo estava errado, que a merda estava prestes a ir muito, muito mal. Apesar das minhas interações menos que estelares com minha vizinha, eu não era sexista. Eu queria que Faith crescesse para ser qualquer coisa que ela quisesse, foi por isso que eu trabalhei com a minha pele para garantir essas oportunidades. Então, por que minha coluna estava se arrepiando como se estivesse na mira de uma arma carregada?


Pouco antes de entrarem na sala, algo ecoou nos meus ouvidos ao som da sua voz, mas não havia nada que eu pudesse relacionar, nada que eu pudesse definir com certeza. Todos nos levantamos para cumprimentá-la, assim que consegui o primeiro vislumbre do seu vestido, tudo ao meu redor diminuiu para um lento e pesado arrepio. Era quase como se meu cérebro não pudesse processar o que estava vendo, então a visão dela foi reduzida a blocos de cor. Sapatos vistosos. Pernas bronzeadas. Vestido vermelho. Cabelo loiro. Lábios vermelhos. Dentes brancos. Olhos verde azulados. Quando tudo se encaixou, perdi o fôlego com um sopro de dor. Isso não poderia estar acontecendo. Quando ela sorriu para Dayvon, dando-lhe toda a atenção, percebi que ela não tinha me visto ainda. Minha vizinha do lado, aquela que me chamara de idiota arrogante menos de vinte e quatro horas antes, era a nova dona dos Washington Wolves. E ela não tinha me visto ainda.


De repente, entendi o puxão desenfreado de nervos e a sensação inabalável de que algo estava prestes a dar muito errado. Eu passei a mão sobre a minha boca e soltei um suspiro lento, endireitando os ombros e segurando minha cabeça bem alto. Eu poderia fazer isso. Se eu encarava os linebackers4 de cento e cinquenta quilos que queriam arrancar o capacete da minha cabeça enquanto eles me jogavam no chão. Eu poderia fazer isso. Ela se virou na minha direção e vi o momento em que ela registrou a situação. O engate em seu passo, o estreitamento dos seus olhos, o ligeiro pulsar em seus lábios vermelhos escarlates. —Você, — ela sussurrou. Tudo parou. Todos os olhos se voltaram na minha direção. A temperatura na sala com aquela palavra sussurrada passou de cordial para totalmente glacial. —Oh, merda, — murmurei sob a minha respiração. Ela cruzou os braços firmemente sobre o peito. O peito que eu olhei enquanto ela empurrava cupcakes para mim. Não havia absolutamente nenhuma parte disso que pudesse terminar bem. —Bem, — disse Dayvon, injetando calor obviamente falso em sua voz. —Vocês já se conhecem?

4

Linebackers (LB): Jogam logo atrás da linha defensiva e tem diversas funções dependendo da situação, atacam o Quarterback, “marcam” os receivers e param corridas “tackleando” os Running Backs.


Em todo o trabalho preparatório mental que eu fiz antes dessa reunião, não tinha planejado essa possibilidade. Quando decidi usar meu vestido, saltos e penteado, para não parecer bonita, mas, parecer excêntrica e levemente ameaçadora, não questionei se estava pronta para conhecer os homens que lideravam o time. Mas o homem na minha frente, que perdeu toda a cor em seu rosto bonito, por minha presença, era algo que eu não poderia ter esperado. E Deus abençoe minhas longas habilidades de atuação e os anjinhos pairando em volta de mim naquele momento, porque minha voz era suave e leve quando falei. —Sinto muito, eu não guardei seu nome. Ok, talvez minhas habilidades de atuação estivessem um pouco enferrujadas, porque as palavras soavam como picadas de gelo saindo da minha boca, todas apontadas na direção dele. Sua garganta grossa trabalhou em um gole pesado enquanto me observava estender minha mão, minhas unhas com o meu esmalte favorito OPI vermelho, Vodka e Caviar, e meu pulso tilintando com as finas correntes de ouro que eu usava como meu único acessório. Não havia um único barulho na sala enquanto todos nos observavam. A atenção era pesada o suficiente para que eu sentisse os cabelos na parte de trás do meu pescoço.


Como se alguém estivesse tentando empurrar o braço para baixo, ele levantou-o lentamente, envolvendo minha mão na sua. Seus grandes dedos positivamente superaram os meus, e os calos em sua pele estavam quentes e secas, ásperas de um jeito que eu não estava acostumada. Quando a sensação de sua mão sobre a minha ondulou pelo meu braço, todos os cabelos de lá também se levantaram em uma onda lenta e ondulante até que pararam no meu ombro. Eu queria arrancar minha mão da dele, aquela onda era tão forte. Mas não nenhuma chance na vida que eu fosse recuar primeiro. —Luke, — foi tudo o que ele disse. Havia uma tensão em sua voz que fez meus lábios se curvarem deliciosamente. William adotou um sorriso tão falso que quase me fez rir quando ele se aproximou de Luke. Ninguém era burro nesta sala. Ficou claro que nos conhecemos antes, eu quase podia ouvir suas perguntas como se estivessem gritando. Como vocês se conheciam? O que diabos ele fez com ela? Eles dormiram juntos? —Senhorita Sutton, este é Luke Pierson, nosso quarterback. Ele está com os Wolves há doze anos, por isso, se há alguém no campo em que você pode confiar, é ele. — William deu um tapinha nas costas de Luke e ele pulou, se afastando enquanto a mão dele deslizou para fora da minha. Meus dedos se enrolaram na palma da minha mão como se tivessem sido atacados. —Luke, é...


—Alexandra Sutton, — eu interrompi, prendendo Luke com um olhar tão frio que até mesmo eu fiquei impressionada, mesmo que meu estômago estivesse como uma bola apertada e vibrante de emoções inesperadas. —Eu acho que sou sua nova chefe. Sua mandíbula apertou, seus olhos escuros e vívidos se estreitaram ligeiramente na minha frente. Houve uma onda alegre de energia que perfurou meu corpo quando sorri para ele. Mesquinha na elevada potência, eu poderia admitir isso. Mas quando nos encaramos, eu sabia que ele estava pensando em como tinha falado comigo quando eu apareci na porta dele e nossa conversa na noite anterior no meu quintal. Ao contrário das outras vezes que eu o vi, ele não estava vestindo uma camiseta e jeans. Hoje, seus braços musculosos estavam cobertos por uma simples camisa azul que se ajustava como se fosse feita sob encomenda, o que provavelmente era, mas ficava muito bem nele, intimidante só por causa do seu tamanho, mas bom de se olhar, no entanto. O treinador pigarreou e me virei levemente para pegar sua mão. Ele era um homem de aparência severa na casa dos cinquenta, se eu tivesse que apostar um palpite. Mas seus olhos estavam quentes quando ele me deu as boas-vindas aos Wolves, então soltei um suspiro rápido. A última pessoa na mesa que eu não conhecia era um homem alto e magro, com um rosto severamente bonito e olhos sérios. —Logan Ward, — disse ele com um aperto de mão firme. Ele não sorriu, mas ainda havia algo sobre ele que não parecia rude. Não exatamente.


Quando todos nós nos sentamos, eles esperaram até que eu tomasse o meu assento primeiro, então todos os olhos estavam em mim. Até mesmo Cameron, o educado, embora um pouco gelado, CEO, estava esperando minha fala neste pequeno encontro, que havia sido convocado a seu pedido. O primeiro homem que eu conheci, Dayvon, deu a Luke um olhar rápido e confuso, mas balançou a cabeça em um movimento minúsculo, quase indetectável. Sua cor estava começando a voltar para sua pele, mas cada centímetro dele parecia fortemente tensa. —Senhores, obrigada por terem vindo, — comecei certificando-me de que meus dedos estavam bem unidos antes de colocá-los na minha frente na mesa. Quando entrei no prédio, uma coisa intimidante de vidro e aço aparada em preto e vermelho brilhante, eu fiz uma promessa para mim mesma de que eu não mostraria a eles um punhado de nervosismo. Prometi a mim mesma que eles não seriam capazes de encontrar nenhuma falha em como eu me apresentaria como dona da equipe. Na noite anterior, enquanto me preparava para dormir, sabia o que queria fazer. Depois de lavar o rosto, deixei cair a toalha no balcão e vi meus pais olhando para mim. No nariz e na boca, na cor do meu cabelo e na forma de coração do meu rosto, vi minha mãe. E no conjunto do meu queixo e no verde dos meus olhos, vi meu pai. Olhos que mudavam de cor dependendo do que eu usava eram uma coisa visível que eu tinha conseguido dele. Ao crescer, parecia que seu DNA era apenas um pequeno fragmento de quem eu era, pois não conseguia identificar nada inato como sendo filha de Robert Sutton. Mas olhando em meus olhos, eu tive que me convencer de que ele não teria me dado essa coisa enorme se não acreditasse que eu


era capaz de lidar com isso. Forçando-me a acreditar que era a única maneira que eu poderia permanecer de pé, metaforicamente, onde eu estava de pé. Os seis homens ao redor da mesa me observaram com uma mistura curiosa de cautela, curiosidade e antecipação, mas ficaram em silêncio até que eu falasse de novo. —Meu pai amava esse time, embora possa ter me surpreendido ao saber que ele estava deixando para mim, prometo que farei tudo que estiver ao meu alcance para continuar o legado de sucesso que ele construiu nos últimos vinte anos. — Eu sorri para cada um deles, minha boca só vacilou quando parei em Luke. Ele se curvou, apertando a ponte do nariz como se estivesse com dor. O treinador Klein lhe deu uma cotovelada e se endireitou, olhando para qualquer lugar menos para mim. Cameron deu a Luke um olhar rápido e sujo que me surpreendeu, e William continuou sorrindo sozinho, como se isso pudesse de alguma forma quebrar o cordão de tensão entre Luke e eu. Limpando a garganta, Cameron me deu um pequeno sorriso. — É claro que todos nesta sala estão comprometidos com esse mesmo legado, faremos o que pudermos para tornar essa transição o mais fácil possível. Obviamente, há apenas algumas semanas antes do início da temporada, mas se você quiser um curso intensivo de gerenciamento de um time de futebol, nós lhe daremos o melhor possível com base no que todos nós aprendemos com seu pai. —


Eu estava prestes a agradecê-lo quando a cadeira de Luke guinchou com desagrado do movimento dele inclinado para trás. Ele congelou quando todos olharam em sua direção. O treinador Klein fechou os olhos brevemente, parecendo muito com alguém que estava cavando uma faca em suas costelas. William apenas continuou sorrindo. —Obrigada, — eu disse a Cameron. —Joy teve a gentileza de repassar as informações de contato de dois outros proprietários que ela imagina que estariam dispostos a falar comigo. Ela pensou que isso poderia ser útil também. O sorriso de William se ampliou enquanto ele ouvia. —Sim, Joy será uma notável assistente para você. Ela trabalhou com seu pai por mais tempo do que qualquer outra pessoa nessa sala. Boa ideia. Muito boa. — Ele tamborilou os dedos na mesa. —Excelente. Luke esfregou a mão sobre o rosto e fez um som profundo em seu peito que soou como se estivesse com dor. As reações a isso foram variadas. Cameron parecia que iria estrangular Luke com as próprias mãos. O treinador estava esfregando a nuca e olhando para um ponto fixo na parede. Dayvon dava a Luke um olhar incrédulo como se tivesse brotado uma segunda cabeça. Eu? Eu sorria. Pensei em arrastar isso um pouco mais quando ele estava claramente infeliz. Mas não ajudaria nossa situação atual deixando o resto da sala sem saber o que fazer. Eu limpei minha garganta da maneira mais elegante que pude.


—Luke é meu vizinho, — eu disse. —Caso vocês estejam se perguntando por que ele está agindo como uma pessoa insana agora. A boca de Cameron caiu aberta. O sorriso de William caiu e o treinador enterrou a cabeça nas mãos. Pela primeira vez desde que nos sentamos, os olhos de Luke estavam diretamente em mim, eu podia ver claramente as manchas quentes de ouro no marrom de seus olhos. Ele estava tão confuso quanto o resto deles, mas ainda assim, ele não disse nada. —Por mais que me doa dizer isso, porque minha primeira impressão dele não foi boa, não sejam muito duros com ele agora. Ele não tinha ideia de quem eu era e vice-versa. — Casualmente, descansei minhas mãos cruzadas no meu colo e segurei seu olhar. Ele soltou um suspiro lento e olhou para o treinador Klein. Isso me contou tudo o que eu precisava saber sobre Luke Pierson naquele momento. Ele era um jogador, a pessoa que ele preferiria ser era um homem que lidera a equipe no campo, não através de uma sala luxuosa ou de um escritório com vista para o horizonte de Seattle. Finalmente ele falou. —Se vocês não se importarem, eu gostaria de alguns minutos a sós com a senhorita Sutton. — Seus olhos me encontraram novamente. —Para pedir desculpas pelo meu comportamento anterior. — O que eu mais odiava era não ter pedido privacidade primeiro. Mas segundo, eu odiava que sua voz fosse baixa e dominante, sem ser arrogante. Ele carregou sua liderança tão facilmente quanto


usava aquela camisa azul. Tipo, eu quase me vi saindo do meu lugar e da sala, simplesmente porque ele perguntou. Cameron me deu uma olhada para questionar se estava tudo bem, eu assenti. Depois que eles saíram, William fechou a porta atrás dele com um clique silencioso. E então nós estávamos sozinhos. Diante de uma mesa de conferência estéril com o logotipo de um lobo preto e vermelho uivando nos encarando por trás da cabeça grande e idiota de Luke. Ele me observou. Eu assisti. E nenhum de nós falou. Finalmente, dei uma olhada no relógio na parede. —Você está perdendo seu tempo de pedido de desculpas. Oh olhe, o homem sem humor não achou graça. Ele cruzou as mãos sobre a mesa à sua frente, ocupando muito mais espaço na cadeira do que eu, seus bíceps parecendo muito com pedras se esticando sob o tecido da camisa. —Por que não vender? Você não pode querer esse time. — Oh, essa observação irritou, mas eu me recusei a deixá-lo ver. Eu inclinei minha cabeça. —Versão estranha de 'me desculpe', mas posso trabalhar com isso. — Uma das minhas sobrancelhas se ergueu devagar. —Se eu pensar por um segundo, você realmente se arrependeu por ser um idiota completo comigo. Luke passou a língua sobre os dentes e me olhou com firmeza. Além daqueles primeiros minutos em que eu o pegara de surpresa, agora eu podia ver o lado imperturbável dele emergindo. O lado dele que administraria um jogo com uma mão firme e calma.


—Sinto muito que foi impossível para mim ter alguma ideia de quem você era quando apareceu na minha porta da frente. — Ele levantou a mão e gesticulou na minha direção. —Igualmente, como você poderia não ter ideia de quem eu era quando você empurrou um prato de cupcakes em mim. Minhas bochechas ficaram quentes, seus lábios finalmente se curvaram em um sorriso satisfeito. —Ainda assim, — eu disse com uma fungada, —você não estava exatamente me dando o benefício da dúvida, não é? —Não, — ele admitiu. —Eu tive anos de experiência, para apoiar o fato de que quando uma mulher com a sua aparência, aparece na minha casa em uma roupa de banho, ostentando... assados, isso geralmente significa apenas uma coisa. Uma mulher com a sua aparência. Eu balancei a cabeça lentamente, deixando a queimadura lenta de raiva varrer através de mim. Ele continuou, alheio ao que tinha acabado de alimentar dentro do meu corpo e quão altas aquelas chamas poderiam disparar. — Então peço desculpas por ser rude naquele dia. Peço desculpas por desligar sua música terrível de um jeito que poderia ter sido um pouco rude. —Sua sinceridade não está me convencendo, — eu disse secamente. —Você pode não acreditar nisso, mas isso é incrivelmente sincero para mim, — ele respondeu com os dentes cerrados. —Eu


sou sincero quando digo que se soubesse quem você era, eu teria sido educado. Eu teria pegado os malditos cupcakes de você e teria seguido com o meu dia. Eu teria ignorado você ontem à noite. Eu teria apertado sua mão sem querer soltar várias palavras de maldição cerca de vinte minutos atrás. — Ele se inclinou para frente, achei difícil respirar uniformemente com a força total dos seus olhos, sua personalidade, seu tudo naquele momento. —E eu sou sincero quando digo que espero que Robert saiba o que diabos estava fazendo, porque não precisamos de nada nos atrapalhando em ganhar outro Super Bowl, que é a única coisa que me interessa agora além da minha filha. — Eu sabia que suas palavras não eram para me fazer sentir pequena ou me fazer lutar contra o desejo de curvar meus ombros de forma protetora, mas é o que eu sentia mesmo assim. Levou cada grama de paciência, cada grama de audácia de Sutton para enfrentálo sem vacilar. Quando ele terminou seu discurso, eu me levantei da minha cadeira e olhei abaixo para ele. Ele se inclinou para trás, claramente surpreso. —Eu não vou estragar tudo por você, Pierson. Você não precisa se preocupar com sua grande e carnuda cabeça sobre isso. Seus olhos escureceram ameaçadoramente, mas eu levantei minha mão. —Você não sabe nada sobre mim. Você não sabe nada sobre o tipo de pessoa que sou. Vou tratá-lo com o respeito que você merece como o quarterback da equipe, mas com certeza me fará a mesma cortesia como dona da equipe. Eu ainda posso estar me acostumando, mas aposto que poderia causar todo tipo de problema para você se você sentisse necessidade de me lembrar o que as


mulheres que se parecem comigo costumam fazer ou dizer na insuportável presença do menino de ouro. — A mandíbula de Luke era de granito, os ombros dele ondulando com a tensão, mas a boca estava fechada, isso era tudo com o que eu me importava. Mais do que provavelmente, gostaria de desmaiar de adrenalina quando eu não estivesse na mesma sala que ele, mas eu seria amaldiçoada se ele visse isso. —Depois de sairmos desta sala, — avisei, —começaremos de novo. Eu não vou segurar o que você disse para mim contra você, a maneira como você tratou um perfeito estranho que estava tentando ser gentil, você não vai segurar contra mim que eu te chamei de um idiota arrogante, pretensioso e narcisista. — Eu respirei fundo e coloquei minhas mãos na minha cintura. — Combinado? Da cadeira, ele desdobrou seu corpo em toda a sua altura, o jeito que ele se elevou sobre mim me fez levantar o queixo teimosamente. Eu não conseguia ler uma única coisa em seus olhos ou no conjunto do seu corpo musculoso. —Tenho certeza que você não me chamou de todas essas coisas antes, — ele disse casualmente. —Não? — Dei de ombros. —Deve ter sido apenas na minha cabeça. Eu penso em todos os tipos de coisas interessantes quando não estou preocupada com nada, quando vou fazer minha manicure. — As narinas de Luke se abriram, mas ele era esperto o suficiente para saber que não tinha motivo para continuar me empurrando.


Toda a minha vida, eu usei charme e um sorriso doce para suavizar situações como a que eu atualmente me encontrava. Essa foi a primeira vez que experimentei o meu traje de cadela fodona e mesmo que não se encaixasse perfeitamente, pelo menos eu sabia que foi aceitável. —Nós temos um acordo, Sr. Pierson? — Eu estendi minha mão novamente. Por um segundo eterno, ele olhou para minha mão estendida como se fosse feita de veneno, mas depois pegou minha mão de maneira firme e com energia, algo rápido, quente e irritante. No momento em que nossas mãos se separaram, ele parou, eu senti o efeito forte o suficiente para que eu quisesse esfregar a pele da minha mão. —Temos um acordo, senhorita Sutton, — disse ele em voz baixa e saiu da sala. Assim que a porta se fechou atrás dele, meus joelhos cederam e afundei na cadeira. —Impressionante, — eu disse para mim mesma. —Um excelente primeiro dia de trabalho, eu acho.


Desde o momento em que eu acordei, já sabia que seria um dia de merda. Eu tinha esquecido de fechar as cortinas do meu quarto, enquanto meu quarto ficava para o leste, abri meus olhos para um sol dolorosamente brilhante, diretamente nos meus olhos. Como se o dia amanhecesse com a intenção de tornar o meu despertar tão duro e ruim quanto possível. Eu fiz minha vitamina sem um único olhar em direção a casa dela. Enquanto estava ativamente não olhando nessa direção, meu liquidificador quebrou. Quatro dólares chegaram ao jarro do juramento de Faith. Os ovos de Faith acabaram no chão da cozinha quando ela derrubou o prato por acidente, depois colocou seu próprio dólar no pote. Meu humor já estava tão ruim naquele ponto, em antecipação ao encontro da equipe, que eu não conseguia nem mesmo puni-la por seu uso criativo de palavrões. Quase fiquei sem gasolina levando a Faith para a casa de Monique e Dayvon. Durante o meu treino, meu cotovelo estava dolorido e tenso. Depois, no banho, meu pote de xampu estava vazio. Cada coisa sucessiva reduzia qualquer bom humor que eu tivesse em um emaranhado de energia.


A reunião da equipe durou apenas dez minutos, quando encontrei um assento acolchoado na sala principal, senti-me muito como um leão amarrado. Se alguém ousasse chegar perto demais, eu golpearia com uma pesada patada e rezaria para ter causado algum dano. O que o treinador Klein disse no dia anterior? Eu nem sempre reagia bem quando sou pego de surpresa. Enquanto isso era verdade, isso era algo diferente. Isso não era eu. Eu não era o cara que permanecia firme, propositadamente mudo ao redor dos meus companheiros de time rindo e conversando. O que quer que vissem no conjunto da minha boca, meus olhos e minha linguagem corporal foram suficientes para que me dessem um amplo espaço. Na minha frente na mesa estava meu fichário para reuniões de equipe. Rabisquei anotações nas margens, apenas legível para mim. Diagramas com Xs e O e linhas e flechas, jogadas que se desdobraram na minha cabeça quando eu sentava e ouvia o treinador falar ou nosso coordenador ofensivo discutir a defesa que estaríamos enfrentando em seguida. Todas as pequenas coisas que eu fiz diariamente que somaram vitórias durante a temporada regular. Eu era disciplinado, em todas as reuniões, todos os exercícios e todas as manhãs em que fiz minha vitamina e bebi. Sentado naquela cadeira com meus olhos fechados e minha mandíbula rígida, não me senti muito disciplinado. Eu senti vontade de gritar. A minha cabeça estava uma confusão em um emaranhado do passado e presente. Minha conversa com Robert sobre os


fracassos comerciais dela, sua ausência em sua vida, como ela ficava postando fotos enquanto percorria a Europa enquanto seu pai ficava em casa sozinho em cada feriado. Seu rosto na minha porta, cupcakes na mão. Seu sorriso na reunião de ontem. Era uma bagunça dissonante e cacofônica no meu cérebro; nada que eu pudesse dar algum sentido, mesmo que quisesse. Claro que eu queria. Foi o que eu fiz todos os dias no campo. Para qualquer outra pessoa, uma fila de jogadores se movimentando parecia um caos. Mas eu sabia o que significava quando alguém ia para a esquerda e outro para a direita. Quando seus olhos se voltavam para a beira do campo. Meus dedos formigavam com a necessidade de penetrar em meus pensamentos e encontrar o único fio que eu poderia puxar para fazer tudo isso fazer sentido. Qualquer tipo de sentido. Mas eu tinha a sensação de que, se eu puxasse o fio errado, ele apenas puxaria os nós ainda mais. Então eu me sentei, esperei e mantive minha boca fechada. Fiz uma oração aos Deuses do Futebol para que ela não tivesse demitido todo mundo do escritório e substituído por modelos da Victoria's Secret, mesmo que isso fosse deixar Jack extremamente feliz. Eu soltei uma respiração lenta enquanto o volume na sala aumentava com cada novo companheiro de equipe aparecendo pela porta. Não Alexandra, ainda. Apenas o pensamento de como eles reagiriam, como eles a veriam, fazia eu me inclinar para frente e apertar a ponte do meu nariz. Isso era um desastre. Era tudo que eu não queria para nós.


Alguém se sentou pesadamente no assento vazio à minha direita e cutucou meu cotovelo. Gomez, meu centro, riu da expressão sombria no meu rosto. —Quem mijou nos seus cereais, Piers? Tudo o que fiz foi suspirar e recostar-me na minha cadeira. — Eu só quero acabar com isso. Nós jogamos juntos por seis anos desde que o New England o trocou por dois de nossos defensores. Ele era um bom equilíbrio para mim, todos seus sorrisos e piadas, dando a linha O do jogo sua energia positiva. Sua testa enrugou pelo meu tom, mas ele me conhecia bem o suficiente para não empurrar. Então ele se inclinou. —Eu ouvi sobre ela. Claro que ele ouviu. Eu cerrei meus olhos e inclinei meu queixo para cima. —Ouvi dizer que ela é gostosa. Tipo, muito gostosa. — Alguém se sentou à minha esquerda. —Cara, você nunca a viu antes? — Era Jack. Como se eu não estivesse sentado entre eles, ele se inclinou para mais perto, para que Gomez pudesse ouvi-lo acima do ruído constante que se formava na sala. —Não. Quer dizer, eu sei que ela deve ter estado no funeral, mas eu não estava exatamente olhando, você sabe o que eu quero dizer? Jack assentiu. —O mesmo comigo. Eu olhei o Instagram dela na noite passada.


—Alguma merda? — Gomez perguntou. Eu empurrei minha língua contra o interior da minha bochecha e olhei para Jack, que estava completamente inconsciente. —Ela tem essa foto em uma praia ou alguma merda do tipo. Deixe-me te mostrar. — Ele assobiou baixinho. —Sem camisa. Eu estou dizendo a você, cara. Sob minha respiração, fiz um barulho estranho que quase soou como um grunhido. Ele me ignorou quando Gomez riu. Seus polegares voaram através da tela do seu celular, eu cerrei minhas mãos debaixo da mesa para me impedir de sufocá-lo. Assim que ele assobiou baixinho e se virou para entregar o telefone para Gomez, alguém parou na nossa frente e bloqueou a luz. Logan tirou o telefone de Jack da mão e jogou-o de volta no peito. Não gentilmente também. —Pare com isso, Coleman. Minhas sobrancelhas levantaram levemente quando Gomez se sentou em seu assento. Jack murmurou algo que não soou muito gentil e enfiou o celular de volta no bolso. —Qual é o seu problema? — Jack murmurou. —Você tem uma irmã? — Logan perguntou. Jack desviou o olhar. Isso foi um não. —Eu tenho quatro. Todos mais jovens. — Minhas sobrancelhas ficaram ainda mais altas.


Logan me deu um longo olhar. —Você esteve nessa reunião ontem ou não? — Ele perguntou. A corrente da sua voz baixa era aço puro, as implicações, o fato de outro capitão estar me castigando, ladeado por dois membros da minha ofensa, fizeram meu rosto ficar quente. —Você sabe que estive, — eu respondi uniformemente. Logan se aproximou o suficiente para que ninguém fora de nós dois pudesse ouvi-lo. —Então, aja assim, — ele disse. Ele se sentou na fileira à nossa frente, indiferente ao fato de que eu estava jogando um olhar com punhais, facas, espadas e todo tipo de armamento na parte de trás da sua cabeça. Mais tarde, quando eu não estivesse sentindo como se estivesse no limite da vontade de socar alguém, teria uma conversa com ele sobre verbalmente repreender-me. É claro que, quando você está atravessando a lama espessa de mau humor, não é possível considerar a noção de que eles estão certos naquilo que fizeram. Eu empurrei essa linha de pensamento quando o treinador Klein e William entraram na sala. O volume ao meu redor se alargou rapidamente, brevemente, até que ela entrou. Então houve um silêncio, um vácuo de som tão intenso que foi como se todos tivessem parado de respirar ao mesmo tempo. Inexplicavelmente, isso me fez querer quebrar algo com minhas mãos. Seu cabelo estava puxado para trás dessa vez, sem ondas ou cachos naquele cabelo ensolarado e brilhante. Sem lábios vermelhos. Calças pretas justas, um camisa branca solta e uma


jaqueta vermelha sob medida cobriam seu corpo. Ela parecia elegante, brilhante e polida. Rica. Poderosa. Confiante. E a odiei naquele momento porque ela estava tão bonita que doía até de olhar. Como acordar de manhã para encontrar o sol apontado diretamente para mim quando eu não estava preparado para isso. Todos os caras se sentaram em seus lugares enquanto William a apresentava e dava uma breve visão geral de onde nos encontramos atualmente como uma organização. A tensão percorreu a sala com o conjunto de ombros virados em sua direção e nos olhos colados nela, incapazes de acreditar no que estavam vendo. William fez um gesto para Alexandra e ela sorriu para ele, agradecida. Jack na verdade tinha a mão cobrindo a boca, dei uma cotovelada nele até que a soltasse. Seus olhos estavam arregalados e incrédulos, mas ele sorria como se tivesse acabado de ganhar na loteria. Ela limpou a garganta e cruzou as mãos firmemente na frente dela, uma pequena demonstração de nervosismo que me fez desviar o olhar dela brevemente. Eu não queria ver seus nervosismo. Eu não queria vê-la em tudo. Meus olhos se fecharam com força, vi o pequeno sorriso envergonhado de Robert, quando ele me disse que estava passando a Ação de Graças na casa de Joy. Novamente. Sua voz cutucou meus pensamentos e eu abri meus olhos.


—Obrigada a todos por estarem aqui. Como William disse, sou Alexandra Sutton. Nos próximos dias, é meu objetivo encontrar cada um de vocês, quando eu tiver essa chance, adoraria que vocês me chamassem de Allie. Eu sei que a pré-temporada começa em algumas semanas, então, embora eu não possa prometer a vocês que vou ter toda a tabela de jogo decorada, eu sei o que significa primeiro e décimo, então gostaria de pensar que não sou completamente um caso perdido. — Houve uma pequena onda de riso através da sala, eu vagamente ouvi um dos meus molares quebrar ao meio sob a pressão do meu queixo. Seu corpo relaxou um pouco, me encontrei pressionando minha mandíbula ainda mais forte. Seu sorriso se endireitou quando a sala ficou em silêncio novamente. —Passei os últimos dias imersos em fatos e números, gráficos e orçamentos. Mas esses documentos não transmitem adequadamente a quantidade de amor e respeito que meu pai tinha pela organização Wolves. É humilhante saber que ele confiou em mim para tentar calçar seus sapatos5. — Ela olhou para os saltos pretos e exalou uma risada. —Metaforicamente falando, é claro. Esse era o meu pesadelo. Olhando para ela, tudo que eu podia ver na minha cabeça era ela na minha varanda com aquele prato de cupcakes rosa. Ela sentada na mesa do pátio e segurando o altofalante em minha direção. Ela segurando meu olhar sem medo no dia anterior em nossa reunião enquanto ela expunha seus termos de como isso iria caminhar. E agora estávamos brincando sobre seus sapatos na reunião da equipe.

5

Calçar seus sapatos: Seria ocupar seu lugar.


Eu manteria minha parte no trato. Quando apertei sua mão, magra e fria na minha, eu quis dizer isso. Eu não faria nem diria nada para desrespeitá-la na frente de ninguém. Mas eu também não podia me forçar a sentar aqui, rir, brincar e pensar que era engraçado que a pessoa que é dona do nosso time nos prometesse que sabia o que significava primeiro e décimo. Não foi engraçado para mim. Ela postou fotos de topless que meu melhor receptor já tinha babado, Deus sabe o que mais estava lá fora. Eu queria ganhar outro troféu Lombardi antes de me aposentar enquanto ela estava saltitando pela Europa com o dinheiro de seu pai. Eu queria provar que eu poderia chegar ao topo mais de uma vez na minha carreira, e que isso não seria um golpe de sorte. Criar uma presença de mídia social perfeitamente construída era como ela vivia sua vida, eu faria qualquer coisa para evitar esse tipo de exposição de merda. Eu queria jogar futebol. Eu queria ganhar. Eu queria fazer isso sem distrações, jogos e circos em volta do time. Deixar nosso desempenho fazer o discurso. O olhar brilhante de Allie se emaranhou brevemente no meu, me recusei a piscar ou desviar o olhar. Seu sorriso ficou tenso por um momento, mas depois ela visivelmente se iluminou. Como se recusasse a me deixar arruinar isso para ela. —Quando eu estava olhando através de alguns dos arquivos do meu pai, encontrei um pedaço de papel com a sua caligrafia. — Ela ergueu a mão, mesmo do meu lugar algumas fileiras atrás, pude ver as bordas desgastadas e rasgadas. Allie olhou para ele por um


segundo, e não havia um único som na sala enquanto esperávamos para ouvir o que dizia. —Em tempos de dificuldade, os corajosos os suficientes para permanecer no curso serão vencedores no final, — ela leu com a voz firme e clara. Olhou para cima. —Alguém sabe quem disse isso? Eu sabia. Claro que eu sabia. Jack olhou para mim, claramente surpreso por eu não estar respondendo. —Bo Schembechler, — alguém disse da primeira fila, fazendo referência ao famoso técnico do Michigan. Uma verdadeira instituição para qualquer um como eu que jogou no The Big House6, que entendia o peso de seu nome entre as fileiras consagradas dos treinadores de futebol da faculdade. Allie sorriu para ele. —Está certo. — Mais uma vez, ela olhou para o papel antes de cuidadosamente dobrá-lo e enrolá-lo na palma da mão. —Antes de encontrar este papel, não tinha certeza se aceitaria essa posição, se manteria a equipe. E eu não estou lhes dizendo isso, para que vocês duvidem do meu compromisso; estou lhes dizendo para que vocês possam confiar que serei honesta com vocês, quando for importante. — Sua voz ficou mais alta, seu queixo se elevou quando a energia na sala fez uma mudança palpável. Algo que subiu em um crescente afiado e se dividiu pela sala como uma carga. Eu pude ver isso tomar forma em como eles estavam assentindo, ouvindo atentamente o que ela estava dizendo. Ela sorriu, vendo claramente quem eu era. —Estou escolhendo ser corajosa o suficiente para confiar nas decisões do meu pai, confiar que todos nós podemos trabalhar juntos para manter o 6

The Big House é um estádio de futebol americano pertencente a Universidade de Michigan.


rumo e sermos vencedores no final. Se vocês se acham corajosos o suficiente para confiar em alguém que tem muito a aprender, que não terá medo de pedir ajuda, então acredito que podemos fazer coisas incríveis. —Claro que sim, nós podemos, — disse Dayvon atrás de mim. Allie riu junto com todos os outros. Exceto eu. Uma onda irritante de algo me atravessou. Não era admiração, não exatamente. Mas em menos de quinze minutos, ela teve todas as pessoas comendo na sua mão. Quando olhei ao redor, meus companheiros de equipe estavam balançando a cabeça, sorrindo, alguns até batendo palmas. Não, admiração não era a palavra certa. Uma admissão relutante de que eu a tinha subestimado certamente fazia parte disso. Um choque silencioso que parecia que eu era o único que se sentia desconfortável em como isso estava acontecendo. Talvez nenhum deles tivesse falado com Robert sobre ela. Talvez nenhum deles visse aquela conversa com a mesma gravidade que afundava o estômago que eu próprio tivera como pai solteiro. Eu não seria o único a dizer-lhes, mas com certeza manteria meus olhos nela, por qualquer bem que pudesse fazer. Enquanto Allie trocava alguns sorrisos e uma risada com alguns dos linebackers na primeira fila, uma das mulheres do departamento de relações públicas foi até a frente da sala. —Ok, pessoal, apenas algumas coisas e depois deixaremos o treinador assumir. Vamos esperar mais um ou dois dias antes de publicar um comunicado de imprensa sobre a transferência de propriedade porque gostaríamos que Allie se sentisse um pouco mais à vontade antes que a mídia se apossasse dessa história. — Ela


sorriu, e isso me lembrou de um tubarão mostrando seus dentes afiados como facas. —E acredite em mim, esta é uma história que estará em todo lugar. Estamos trabalhando com Allie e Cameron para garantir que isso nos dê o máximo de atenção possível, então, se algum repórter se aproximar de vocês, te pegarem depois do treino, seja o que for, estamos incrivelmente empolgados com a nova direção que Allie estará trazendo para os Wolves, mantendo as fortes relações de trabalho que Robert forjou nos últimos vinte anos. — Ela olhou em volta. —Alguma pergunta? Oh, eu tinha perguntas. Mas como a maioria delas envolvia alguma variação de coisas sobre como estávamos acabados agora, eu mantive minha boca fechada e esperei que Allie, William e a garota da RP saíssem. Assim que Allie abriu a porta, finalmente senti como se pudesse respirar fundo em meus pulmões. Deveria ter sido um aviso de que eu não conseguia respirar direito quando ela estava por perto. Mas eu ignorei isso. Me focaria no futebol. Essa era a única coisa que eu precisava me preocupar. Tudo o mais iria acabar eventualmente.


Paige: Conte-me todas as coisas! Você sobreviveu? Tem alguns jogadores quentes? PAIGE: Claro, com certeza tem jogadores quentes. Não que você possa fazer algo sobre isso. Você será processada por assédio sexual e abuso de poder por ser a proprietária ou algo assim. PAIGE: OH! E o que você vestiu? Eu espero que tenha sido o terno vermelho. Seu corpo parece insano naquele traje vermelho.

PAIGE: Eu gostaria de ter seus peitos. Eu nunca tive tanta inveja de um DD na minha vida quanto sou de você. PAIGE: POR QUE VOCÊ ESTÁ IGNORANDO-ME? EU: OH MEU SANTO. Eu estava fazendo xixi. Acalme-se. PAIGE:... PAIGE: Você não leva seu telefone para o banheiro com você? O que fazer xixi tem a ver com alguma coisa?


REVIREI os olhos e me acomodei na espreguiçadeira listrada, ajustando a parte superior da minha peça azul antes de responder a ela. Paige estava... por falta de um termo melhor, em um relacionamento sério com a tecnologia. O telefone dela era o namorado dela. E um relacionamento saudável, não era. Fiquei surpresa que seus polegares não tivessem caído até agora.

EU: Não, eu usava calças pretas retas, a blusa branca de Michael Kors e a jaqueta vermelha da loja que encontramos logo antes de voltar. PAIGE: Hmm. Satisfatório. Eu ainda acho que você deveria ter usado o terno traje vermelho. EU: Provavelmente não seria uma escolha apropriada, considerando a quantidade de decote aparente. Eu estava encontrando os jogadores pela primeira vez. PAIGE: Eu não consigo ver o problema. Eu mudaria de time por você quando você veste ele.

MINHA RISADA PARECIA estranha em meus lábios porque era genuína e não forçada, fora de quaisquer reuniões que eu estivesse participando, eu estava sozinha em casa com todos os meus fichários de futebol. Ninguém, fora Joy, os advogados e Luke sabiam que eu morava na casa do lago, desde que o comunicado de imprensa sobre eu assumir a equipe foi publicado o mundo dos esportes explodiu com a ideia de uma mulher de 26 anos possuindo um time de futebol que herdou do seu pai.


Foi mais fácil me esconder do que tentar chegar a uma declaração sucinta sobre como estava indo, ou como eu me sentia a respeito disso. A verdade é que eu ainda não sabia exatamente. Falar com a equipe foi o mais confortável que eu senti desde que toda essa loucura começou, porque eu tinha recebido sorrisos, boas-vindas e calor, vários deles saíram do seu caminho para se apresentar uma vez que a reunião terminou. Todo mundo que eu conheci tinha sido educado, respeitoso e apoiador. Exceto, pensei com um leve olhar para a casa azul ao lado, Luke posudo Pierson. Durante todo o encontro, ele me observou como se eu fosse uma bomba-relógio. Nem uma vez sorriu. Nem uma vez olhou para mim com alguma sugestão de calor em seu rosto esculpido. E o que absolutamente me irritou foi a rapidez com que o procurei na sala com homens grandes, imponentes e bonitos. Ele certamente não era o único com ombros largos e musculosos. E certamente não era o único homem alto e bonito na sala. Havia muitos deles lá. Mas os seus olhos eram os únicos que eu sentia queimando através das roupas cobrindo meu corpo. —Tire-o da sua cabeça agora, — eu disse em voz alta. Soltei um suspiro e ajustei meus óculos de sol. Era um lindo dia com céu de safira sem nuvens e bastante brisa no ar, de modo que ficar deitada ao sol não era sufocante, essa brisa saía do lago e atravessava meu quintal, trazendo consigo sons de barcos, risadas e alguma música vindo em algum lugar distante à distância. O que eu precisava era de uma distração.


Empilhadas no chão ao lado da minha cadeira havia mais pastas que Joy me dera. Eu as tinha lido no dia anterior até que meus olhos começaram a cruzar, mas foi tudo muito útil. Esmagador, mas útil. Felizmente, não teria que me preocupar com a maioria dos detalhes. Havia um CFO que se preocupava com o dinheiro. Um gerente que se preocupava com o talento. Um presidente que se preocupava com... tudo mais. A verdade é que meu pai passou os últimos vinte anos contratando pessoas que conheciam suas merdas. Ele era a imagem do topo, mas eles administravam o time e o administravam bem. Minha principal preocupação era garantir que os Wolves não sofressem por causa da minha presença surpresa. Eu sabia tão bem quanto qualquer um que a mídia poderia criar muitas histórias, desde que eles tivessem audiência do público, e eu queria impedir que os jogadores se ressentissem de mim. Eu me inclinei e peguei o fichário que continha a lista da equipe. Joy tinha cada jogador, cada treinador e cada coordenador seccionado com guias coloridas para fácil referência. Folheei página por página, olhando para a foto deles e dizendo o nome e a posição deles em voz alta. Alguns dos rostos reconheci da reunião, mas a maioria não. Claro, todos estavam no funeral, mas a maior parte daquele dia foi um borrão de apertos de mão e beijos no ar, condolências e trajes negros e a entorpecida percepção de que eu não tinha pais vivos. Terminei de olhar na página sobre Jack Coleman, um cara sorridente que reconheci como o que estava sentado ao lado de Luke na reunião. O grande receptor do Michigan State e estava com a equipe há dois anos. Seus números poderiam ter sido impressionantes, ou eles poderiam ter sido uma merda, eu


realmente não fazia ideia. Seu sorriso era amplo e despreocupado em sua foto, me vi sorrindo de volta. À toa, eu virei para a próxima página e congelei. A imagem de Luke sorriu para mim. Sorriu. Aquele sorriso fez coisas estranhas para mim. Era um pequeno sorriso, nenhum dente aparecendo, mas era tão estranho que eu olhei boquiaberta. Honestamente, isso fez coisas tão espetaculares em seu rosto que não era justo. O homem poderia ter sido um modelo. Mas como um daqueles modelos de garotos robustos e não bonitos. Fingindo o mesmo interesse casual que eu tinha lido os outros arquivos, patinei meu dedo pela linha. Luke Michael Pierson, da Universidade de Michigan. Escolha da terceira rodada a doze anos atrás. Ele foi o quarterback da reserva no seu primeiro ano com a equipe. Durante o segundo jogo da sua segunda temporada, o quarterback inicial rompeu seu tendão de Aquiles, e Luke assumiu com a facilidade de um QB veterano. Eles venceram o Super Bowl naquele ano e não conseguiram mais desde então. Um barulho das sebes me fez fechar o fichário porque eu seria amaldiçoada se ele me pegasse olhando para sua foto como uma adolescente de olhos arregalados. Quando olhei, porém, não era Luke quem vi, foi um flash de rosa brilhante e uma camiseta roxa entre as folhas.


A menininha não se mexeu de novo até que desviei o olhar e ouvi outro farfalhar de folhas. Dessa vez, pude ver seu rosto, grandes olhos castanhos e longas tranças marrons penduradas em ambos os lados do rosto. Batendo meu polegar contra o fichário no meu colo, pensei em minhas opções. Luke me disse para ficar longe da sua filha, mas foi quando ele pensou que eu era uma fã de futebol ou algo assim, vindo me oferecer como um sacrifício corporal. Há. Me dá um tempo. Agora, éramos colegas de trabalho, para melhor ou para pior. Eu deslizei meus óculos de sol para o topo da minha cabeça e olhei para ela. —Ei. Você está fazendo um pequeno paisagismo aí? Ela riu e empurrou seu caminho para o meu quintal, com o rosto corado e sorriso largo. —Não, eu não tenho permissão para ajudar com o jardim ainda. Meu pai corta a grama. Eu olhei para baixo em sua direção. —Seu pai faz? Vocês não pagariam alguém para fazer isso? Seu rosto ficou sério. —Ele disse que, desde que tenha pernas e duas mãos em funcionamento, não há razão para pagar alguém por algo que ele possa fazer sozinho. Hã. Isso foi... não o que eu estava acostumada. —Oh, tudo bem. Bem... bom para ele. — Eu sorri para ela, pelo jeito que me olhava como se eu fosse um unicórnio que tinha acabado de se empinar na frente dela. As crianças eram como uma estranha espécie alienígena para mim. Nenhum dos meus amigos


tinha filhos, não tinha sobrinhas ou sobrinhos para sair. Então imaginei que poderia tratá-la da maneira que queria ser tratada quando tivesse a idade dela. Como se eu importasse. —Qual é o seu nome, querida? —Faith Pierson. — Ela estufou o peito. —Eu tenho seis anos e meio. Eu assenti sabiamente. —Essa é uma boa idade. —Qual o seu nome? —Eu sou Allie. — Quando estendi a mão para ela sacudir, achei que ela poderia explodir pela força do sorriso dela. —É um prazer conhecer você. —Você também, senhorita Allie. —Como você quebrou seu braço? Ela soltou um suspiro pesado e se aproximou da minha cadeira. —Eu caí das barras do macaco. —Ouch— fiz um gesto para ela me mostrar seu gesso e segurei. Quando vi a assinatura de Luke e alguns outros jogadores também, sorri. Agarrada nos dedos magros de sua outra mão, observei um pequeno marcador preto. Ela me viu olhando e abriu a boca, mas não perguntou. —Posso assinar? Eu sufoquei meu sorriso quando Faith assentiu animadamente e enfiou o marcador em minhas mãos esperando. Com muita gentileza, segurei-a com uma das mãos e encontrei uma mancha vazia no pulso dela para rabiscar minha assinatura.


—Uau, — ela suspirou. —Essa é a escrita mais bonita que já vi. —Você sabe, — eu comecei, muito consciente de que Luke ficaria furioso por eu cavar. Escavação. Perguntas. Tanto faz. Ele poderia se ferrar. —Eu vi você acenar para mim através da porta deslizante. Eu queria ir e dizer oi. Talvez encontrar seu papai e sua mamãe. Eu segurei a respiração quando ela olhou para mim. Ok, tudo bem, foi uma escavação vergonhosa. Mas vamos lá, qual cara se parecia como ele, ganhava tanto dinheiro como ele, tinha uma garotinha adorável e não estava compromissado? Se ele não fosse tão idiota, seria praticamente um crime contra a natureza. —Você conheceu meu pai, — disse ela, claramente confusa. —Eu conheci. Eu, humm, eu na verdade trabalho com o seu pai também. Nós só não sabíamos ainda quando eu fui dizer oi. —Oh sim! Eu mal posso esperar para contar a vovó. Ela e o vovô estão visitando minha tia Kaylie e minha prima nova, mas eles estarão de volta em casa para cuidar de mim amanhã porque papai tem que começar a jogar logo. — Eu olhei para o sol. —Sua avó cuida de você? —Quando eu não estou na escola, mas eu vou estar na segunda série este ano. As perguntas faziam cócegas na ponta da minha língua, então prendi minha vontade entre os dentes para não pressionar essa criancinha pequenina e fofa que não fazia ideia do motivo de eu


estar perguntando. Inferno, eu não sabia porque estava perguntando. Mentirosa, mentirosa, nariz de Pinóquio, cantei na minha cabeça. Eu totalmente sabia porque estava perguntando. Eu odiava como ele me riscou fora, como ele me tratava sem saber uma única coisa sobre mim, odiava que ele fosse gostoso e que isso me incomodasse tanto. Naturalmente, isso significava que eu precisava obter o máximo de informações possíveis sobre ele. —Bem, mal posso esperar para conhecer sua avó quando ela voltar. Ela é a mãe do seu pai? Faith assentiu, arrastando um dedo sobre o local que eu havia assinado. —Eu não conheço a mãe da minha mãe. Ela morreu quando eu era bebê. Na minha cadeira, congelei, sem saber como proceder. Bom trabalho com as perguntas, Allie. —Sinto muito por ouvir isso. A mãe da sua mãe morreu? Ela balançou a cabeça. —Minha mamãe. Não me lembro dela, mas papai disse que eu tenho o sorriso dela e a risada dela. E assim, pessoal, meu coração ficou zonzo no peito. Eu era a maior idiota do mundo inteiro, pensando em fazer algumas perguntas inocentes a essa fofinha. Sem saber o que dizer em seguida, fechei os olhos e tentei lembrar como me sentia quando as pessoas me perguntavam sobre minha mãe quando não tinha muito mais que sua idade.


—Eu tenho o sorriso da minha mãe também, — eu disse a ela gentilmente. Os meus olhos estavam molhados? Eu não tinha chorado uma vez sobre o meu pai, mas os grandes olhos castanhos de Faith estavam me destruindo completamente. —Você tem? — Ela perguntou. —Sua mamãe está no céu como a minha? Eu balancei a cabeça lentamente. —Ela está. —Faith? — Luke explodiu do outro lado da sebe, com claro pânico em sua voz profunda. —Bem aqui, papai! Estou falando com a senhorita Allie. — Bem, merda. Eu deslizei meus óculos de volta para baixo como se eles me protegessem da ira vindoura de Luke Pierson. Como na outra noite, ele atravessou a cerca com um olhar furioso no rosto. Quando seus olhos se moveram de mim para Faith, ele visivelmente se suavizou. Coração zonzo parte dois, senhoras e senhores. —Você me assustou, turbo. Eu não sabia onde você estava. — Ele se agachou ao lado dela e segurou seu ombro com sua mão enorme. —Se você quiser sair do quintal, você tem que vir e perguntar. —Ok, papai. — Ela sorriu para ele. Por um momento, tentei lembrar se já havia sorrido para o meu pai daquele jeito. Não, eu não tive porque eu não achei que eu já tinha ouvido o tipo de preocupação em sua voz que Luke estava mostrando Faith. Sob o sol brilhante, eu podia ver a tatuagem cobrindo seus braços


mais claramente. Datas e algarismos romanos e alguns nomes, todos ligeiramente desbotados como se estivessem ali há anos. Nada parecia novo na maneira como foi impresso em sua pele bronzeada e lisa. Pare de olhar para a pele dele! —Você pode voltar para casa enquanto eu tenho uma conversa rápida com a senhorita Allie? — Ele perguntou a ela com uma voz enganosamente gentil. Meu estômago afundou como uma pedra, imaginando-o virando-se para mim e perguntando sobre o que exatamente eu estava falando com sua filha. Lentamente, eu balancei minhas pernas me sentei de lado em uma cadeira, usando a toalha listrada no chão para cobrir meus ombros. Antes que ele ficasse de pé, os olhos de Luke piscaram em minhas pernas nuas, e eu desejei muito não ter visto ele fazer isso porque agora eu me sentia nua. Faith acenou para mim enquanto corria de volta para a cerca. —Tchau, senhorita Allie! Obrigada por assinar meu gesso. —Você é bem-vinda, querida. Foi bom conhecê-la. Luke e eu ficamos em silêncio enquanto ela escorregou pelo espaço amplo na cerca, aparentemente o ponto oficial que os Pierson atravessavam para entrar no meu quintal. Depois que ela se foi, a porta de correr para a casa deles abriu e fechou, o silêncio entre Luke e eu floresceu em algo grande e desconfortável, mas puta merda, eu não ia falar primeiro. Porque o que eu diria?


Desculpe, eu estava apenas importunando sua filha sobre sua esposa aparentemente morta? Amiga? Ugh, não importa como eu expressei isso na minha cabeça, eu soei como um idiota. —Então, — ele disse lentamente, todo perigoso, baixo e quieto, levantou arrepios em meus braços. —Se importa em me dizer, que diabos foi aquela pequena conversa?


—Apenas sendo uma boa vizinha. — Allie respondeu instantaneamente. Ela disse isso seguido de um sorriso doce que me fez ranger os dentes. Os óculos de aviador estavam no rosto dela, não gostava que não pudesse vê-la totalmente, pois eles bloqueavam os olhos de vista. Mas eu não tive que vê-los para saber que eles eram da mesma cor que o lago hoje. Agora, se eu fosse um homem menos teimoso, alguém menos determinado uma vez que eu tivesse escolhido um curso de ação, poderia estar preocupado porque eu estava pensando no fato de que os olhos de Allie combinavam com o lago quando o sol batia nele exatamente como agora. Mas eu não estava preocupado. Isso era uma reação natural quando você fica celibatário e começa a perceber coisas assim. Era natural, droga. —O que você falou com ela? Allie bateu no queixo e inclinou-se para a frente, mas eu mantive meus olhos fixos em meu próprio reflexo em seus óculos de sol, não no v profundo da simples roupa de banho azul-marinho. Não deveria estar parecendo tão sexy desta forma. Mas aposto que, para ela, qualquer coisa pareceria sexy.


—Bem, primeiro perguntei se ela sabe qual é o seu tipo. — Ela fez uma pausa, inclinando a cabeça para o lado quando eu revirei os olhos. —Oh espere, não eu não fiz. Isso não está certo, porque o meu mundo não gira em torno de você. — Quando eu apoiei minhas mãos em meus quadris, ela se levantou da cadeira e imitou minha pose. Exceto nela, parecia algo que você veria em uma revista de moda. Com o cabelo loiro bagunçado, o corte alto de seu traje naquelas pernas impossivelmente longas e tonificadas, a curva dos seus quadris em sua cintura e de volta a seus seios, Allie Sutton era uma porra de atordoamento. Eu odiei isso. E porque eu odiava isso, me encontrei irritado e raivoso apenas por estar em sua presença sem nenhum intermediário, ninguém esperando em um corredor por nós quando terminássemos a conversa. —Minha filha está fora dos limites. — Eu endureci meu rosto, me tornando maior no espaço entre nós. Exceto que ela fez o mesmo. —Sua filha veio até aqui, muito obrigada. Você quer que eu a ignore? Fazê-la sentir como se ela fosse um incômodo? — Allie zombou, balançando a cabeça para mim em... nojo? Desapontamento? —Supere você mesmo, Pierson. —É claro que eu não quero que você faça ela se sentir como um incômodo, — eu rebati. —Bom. Porque eu sei como isso é, se ela falar comigo, eu vou falar de volta.


Meu cérebro captou isso, tentei não dar a ela um olhar de suspeita de olhos estreitos. O que isso deveria significar? Alguma coisa sobre estar em pé na frente dela me fez sentir como uma fraude. O pensamento veio da parte do meu cérebro que tinha o mais frágil dos filtros. Ela foi criada com todas as oportunidades apresentadas a ela. Ela poderia ter feito qualquer coisa com sua vida, escolhas dispostas na frente dela como um arco suave de cartas das mãos de um negociante, provavelmente em uma bandeja de prata. Apenas por nascer das pessoas certas, agora exercia uma imensa quantidade de poder. Ela poderia demitir qualquer um no escritório principal se quisesse, qualquer um dos homens e mulheres que faziam os Wolves correrem bem todos os dias. Foi por isso que eu não fui estúpido suficiente para responder de volta, embora as palavras estivessem prontas para sair da minha boca com facilidade. —Não se preocupe, eu vou dizer a Faith para te deixar em paz, — eu disse antes de virar e voltar para casa. Ouvi aquele som de novo, o bufo irritado que arranhou minha pele como a língua de um gato, áspera e desconfortável. Quando voltei para minha casa, subi as escadas de dois em dois degraus e encontrei Faith sentada no sofá, meu telefone na mão e ela sorria para a tela. —Eu estou falando com a vovó, papai. — Faith virou o telefone e o rosto da minha mãe me cumprimentou.


Eu dei a Faith um olhar bravo. —Quem te ensinou a usar o FaceTime? —Você. — Ela riu. Com uma mão, baguncei o cabelo dela. —Que ideia terrível foi essa. — —Faith estava apenas me contando sobre sua nova vizinha, senhorita Allie, — minha mãe disse com uma voz pesada de significado. —Como Allie Sutton? Ela ouviu a notícia então. Eu mantive o mesmo rosto, desde que minha mãe tinha essa habilidade horrível de ver através de mim. Especialmente quando eu não queria que ela fizesse. —Ei, turbo, — eu disse a Faith, —por que você não vai brincar no seu quarto um pouquinho, ok? Eu quero falar com a vovó. — Por um segundo, ela abriu a boca como se fosse argumentar, mas assentiu com tristeza em vez disso. —Eu te vejo amanhã, vovó. Amo você! Minha mãe sorriu. —Também te amo, querida. Eu te vejo no aeroporto. Eu serei aquela com a mala. Faith deu um beijo na tela e correu pelo corredor até seu quarto. —Sua vizinha é Alexandra Sutton? — Minha mãe perguntou imediatamente. Esfreguei minha testa e centrei a tela para que ela pudesse me ver melhor. —Sim.


—Não parece tão animado com isso. — Seu rosto estava cheio de preocupação. —Eu não estou. —O que há de errado com ela? Ela existe. Isso foi o que eu queria dizer. O que havia de errado com Allie era que ela existia na casa ao meu lado e no trabalho, eu não conseguia escapar dela. —Luke, — minha mãe disse lentamente quando eu não respondi imediatamente. —O que você fez? Suspirei pesadamente. —Podemos apenas falar sobre isso amanhã? —Não. Estou me escondendo da sua irmã. — —A bebê está deixando ela louca, né? Aposto que sim. — Ela levantou uma sobrancelha. —Não mude de assunto. Eu me mexi no sofá e olhei brevemente para a grande porta deslizante de vidro em direção ao lago. Eu não podia ver Allie onde estava sentada em seu gramado, mas eu sabia que ela ainda estava lá embaixo. Eu tinha visto os fichários estampados com o logotipo dos Wolves ao lado da cadeira dela. Finalmente, eu encontrei os olhos azuis da minha mãe. —Eu não fui exatamente gentil na primeira vez que a conheci. —E a segunda vez que você a conheceu?


Em vez de uma resposta, eu esfreguei a lateral do meu rosto. —Oh, Luke. —Eu não sabia quem ela era, — eu retruquei. —E isso é uma boa desculpa? Seu pai e eu te criamos melhor que isso. Esse era o problema. Mesmo que as minhas próprias razões por ter continuado sendo um idiota com Allie estivessem enraizadas em meus próprios problemas. Meu próprio passado. Coisas que, se eu fosse honesto, não tinham absolutamente nada a ver com ela, apesar do que Robert me dissera. As garras insidiosas do meu próprio preconceito em relação ao tipo de mulher que queria dormir comigo simplesmente por causa do tamanho do meu salário, porque coloquei minhas joelheiras e um capacete para ganhar a vida. Elas não se importavam com qualquer outra parte de mim. Na verdade, eu era intercambiável. Se eu tivesse trocado com qualquer um dos meus companheiros de equipe, elas não se importariam. Cassandra tinha sido esse tipo de mulher. E não foi a primeira assim com quem eu dormi, mas porque as consequências do meu flerte com ela foram de longo alcance e tão alteradoras de vida, que me deixavam com areia e poeira na boca a qualquer momento que eu pensava em me aventurar naquela estrada novamente. Era a parte mais barata desta vida rica que eu agora levava. Allie parecia o protótipo daquele pesadelo. Isso não era culpa dela, e eu sabia disso. Eu só não queria dizer isso em voz alta.


Eu não queria dizer que ela representava todas as coisas que eu procurava ativamente manter fora da minha vida, fora da vida de Faith. Que eu tinha um preconceito contra ela antes mesmo de conhecê-la, o que também não era culpa dela. —Eu sei que você me criou melhor do que isso, — eu disse à minha mãe. —Mas você também não me criou para ser um idiota. É para o benefício da Faith que sou apenas um pouco desconfiado. —Mas você não tem o motivo agora. — Ela balançou a cabeça e desviou o olhar da tela, sua decepção como um pedaço de vidro preso sob a minha pele. —Pense sobre o que essa pobre mulher passou. Ela perdeu o último parente que tinha neste mundo. —Ela não via exatamente Robert como era. Ela estalou a língua. —Tão julgador. Quem ela tem agora? Ninguém. —Ela tem um time de futebol inteiro, — eu disse secamente. Como só uma mãe pode, ela ignorou minha maravilhosa tentativa de sarcasmo. —Você pediu desculpas a ela? Eu coloquei minha língua sobre meus dentes. Apenas no sentido mais técnico. Mas eu quis dizer isso naquele momento? Com vergonha, tive que admitir para mim mesmo que não, eu não tinha. Ela ficou ao lado da mesa, segura no conhecimento da posição que ela agora ocupava, enquanto eu me sentia fraco e frágil. Desviei muito longe em uma direção, senti como se eu tivesse caído do meu posto com a equipe. Então, eu disse as palavras, mas foi isso. —Mais ou menos, — eu disse à minha mãe.


Mesmo a mil quilômetros de distância, quando minha mãe estreitava os olhos para mim, eu queria me afastar. —Luke Michael Pierson, você vai até lá agora e pede de novo. Traga Faith ao telefone e vou mantê-la ocupada. Você vai pedir desculpas para aquela mulher legal. —Como você sabe que ela é legal? — Eu murmurei irritado. —Se ela não deu um chute na sua bunda, então provavelmente é legal. Eu tive que levantar uma sobrancelha em concessão. —Bom ponto. Quero dizer, tem aquela coisinha chata chamada contrato, mas... —Vá. —Estou indo. — Eu me levantei do sofá e trouxe Faith ao telefone. Ela pegou e começou a mostrar a minha mãe todas as bonecas que ela montou em uma festa do chá. Sozinha em seu quarto com brinquedos de olhos vazios para companhia. Não é de admirar que ela tenha ido falar com Allie. —Eu já volto, turbo. Você fica aqui e fala com a vovó. —'Tá, papai. Eu beijei o topo de sua cabeça e lentamente desci as escadas como se uma guilhotina com bordas enferrujadas esperasse por mim e não Alexandra Sutton. Quando abri a porta, soube o porquê. Porque elas poderiam infligir danos massivos se usadas corretamente.


Com cuidado para fechar a porta silenciosamente, atravessei meu próprio gramado verde esmeralda com passos lentos e constantes, certificando-me de que minha cabeça e meu intestino estivessem alinhados. Ela era apenas uma pessoa. Uma pessoa que tinha sido submetida ao lado ingrato de mim que eu nem sempre me orgulhava, mas ainda usava como armadura. Uma pessoa que só tinha mordido a isca quando eu praticamente a forcei a fazer isso. Uma pessoa que me estendeu mais graça do que eu a estendi. E ela fez minha filha sorrir com força suficiente para iluminar todo o estado de Washington. Por mais que me doesse, porque parecia que estava traindo sua memória, tive que deixar de lado o que Robert me dissera como se fosse prova de algum crime que ela cometeu. Talvez suas maneiras fossem superiores porque foi assim que ela foi criada. Talvez fosse porque ela era uma pessoa mais legal do que eu. De qualquer forma, eu era um homem grande o suficiente para admitir que eu poderia fazer melhor quando dizia respeito de como eu tratava Allie. Do outro lado da cerca, agora visivelmente danificada em um ponto do tráfego recém-introduzido entre nossos pátios, ouvi um profundo suspiro. Belisquei a ponte do meu nariz e senti uma profunda sensação de vergonha. Assim que atravessei a cerca, a cabeça dela ergueu em um estalo agudo de surpresa.


—Tudo bem se eu interromper por alguns minutos? — Eu perguntei. Allie lambeu os lábios e depois assentiu, os óculos escuros ainda cobrindo os olhos. Em vez de ficar de pé na frente dela enquanto ela estava deitada na cadeira, gesticulei para o conjunto do pátio. —Posso? —Claro. Puxando uma das cadeiras para fora da mesa, inclinei-a em direção a ela e sentei-me, esfregando as mãos ao longo do topo das minhas coxas. Seus dedos, longos e graciosos, bateram na superfície do fichário em seu colo quando eu não falei imediatamente. —Meu pedido de desculpas no outro dia, — eu comecei fechando os olhos brevemente antes de falar de novo. —Foi uma merda. Allie soltou uma risada surpresa. A mão no fichário se levantou para que ela pudesse empurrar os óculos de sol em seu cabelo. Seu rosto estava livre de maquiagem, mas ainda não tinha menos impacto do que quando ela estava totalmente maquiada. Com ou sem, eu sabia que estava olhando para uma das mulheres mais bonitas que já vi. O pensamento me fez engolir em seco. Porque como ela parecia não importava, mas sim como eu a tratei. —Todos nós temos nossas razões pelas quais fazemos o que fazemos, — eu disse a ela, uma explicação vaga, mas era tudo que eu queria dar. —Mas minhas razões não importam neste caso. Elas realmente não têm nada a ver com você, então elas não devem afetar


como eu te trato. Então peço desculpas por como falei com você e espero que possamos começar de novo. — Por um momento, seus olhos se estreitaram como se duvidasse da minha sinceridade, então me recusei a desviar o olhar. Não foi fácil porque aqueles grandes olhos brilhantes e vívidos em seu rosto impecável, eram surpreendentemente astutos. —Desculpas aceitas, — ela respondeu calmamente. —E, por sua vez, peço desculpas por te chamar de idiota pretensioso depois da reunião. — Meus lábios se esticaram de um lado, em um relutante sorriso. —Bem, não é um rótulo injusto, dadas as circunstâncias. —Verdade. Eu apontei para o fichário. —Em que você está trabalhando? —A escalação, — disse ela, abrindo em uma página. —Eu quero conhecer todo mundo pelo nome no momento em que a prétemporada começar. A página em que ela estava era de Logan, eu fiz uma careta pensando em como ele tinha feito o que eu deveria estar fazendo naquela reunião de equipe. —Ward está bem. —Sim? Dei de ombros. —Para um graduado do estado de Ohio. Allie sorriu educadamente, mas eu poderia dizer que ela não entendeu a referência.


—Nossas faculdades são rivais, — expliquei. —Ahh. — Ela olhou para o lago. —Isso realmente importa quando você está nos profissionais? Eu balancei a cabeça. —Não, isso não importa. Nós todos queremos a mesma coisa agora. Todos trabalhamos para o mesmo objetivo. Isso torna fácil esquecer todas as coisas que pareciam tão grandes quando você estava jogando futebol universitário. — Seu polegar bateu levemente, eu poderia dizer que ela estava pensando, especialmente quando seus olhos se lançaram para mim brevemente. —Me desculpe se eu cruzei uma linha falando com Faith. Eu levantei minhas mãos. —Não, você não fez. Tenho uma tendência a reagir excessivamente quando se trata dela. Ela olhou para o fichário por um minuto, não se concentrando na página. —Eu apenas lembro de ver meu pai trabalhar e desejando que ele... Eu não sei, falasse comigo. Me deixasse sentar ao lado dele. Qualquer coisa. Ela parecia tão curiosa, me observando daquela cerca. Eu estava me vendo há vinte anos atrás. Eu balancei a cabeça porque a vergonha que eu senti mais cedo me deixou completamente constrangido. Minha mãe me chamava de juiz e ela não estava errada. Vinte anos atrás. Foi quando Robert comprou a equipe e ela era apenas uma garotinha sem mãe.


Depois de um longo suspiro, passei a mão pela minha boca. Havia tantas coisas com as quais ela podia se relacionar com Faith. Um pai que trabalhou um número absurdo de horas para ter sucesso. O vazio deixado para trás por não ter uma mãe por perto, embora eu tenha tentado arduamente viver bem abaixo dos nossos meios, tendo uma vida de riqueza e facilidade, livre das lutas cotidianas com as quais a maioria das famílias tinha que lidar. Em que tipo de pessoa isso moldaria Faith? Ela viajaria pelo mundo, seria conhecida simplesmente como a filha de um jogador de futebol? Era uma perspectiva que me permitiu observar Allie através da lente da curiosidade em vez do julgamento. Como se eu finalmente tivesse me dado permissão para vê-la com mais clareza e não pelas lentes embaçadas do meu próprio preconceito. —Posso te perguntar uma coisa? Ela sorriu. —No espírito desta trégua relacionada ao futebol, com certeza. Eu apertei minhas mãos juntas, elas ficaram penduradas entre minhas pernas abertas, cotovelos apoiados nas minhas coxas. — Outro dia na reunião, eu perguntei por que você não vendeu, mas você nunca respondeu. — Havia uma faísca de humor em seus olhos enquanto ela me observava. Fez algo luminoso nela, como se alguém acendesse um fósforo atrás de um pedaço de vidro azul-esverdeado ondulado. Você podia ver o brilho, talvez até sentir o calor, mesmo que não conseguisse identificar a origem de onde essas coisas estavam vindo. —Talvez eu não tenha respondido porque você cuspiu as palavras para mim como se fossem armas.


—Touché. Allie sentou-se, trazendo os joelhos até o peito e envolvendo os braços ao redor da frente de suas pernas. Olhando para o lago, ela descansou o queixo nos joelhos e parecia muito mais jovem do que no dia anterior em frente à equipe. Em comparação, eu me sentia velho e cansado com pele e músculos marcados por batalhas, onde ela era toda flexível e firme com curvas suaves e cheias exatamente onde deveriam estar. —Todos nós temos nossas razões para fazermos o que fazemos, — disse ela, usando minhas palavras de antes. Eu abaixei meu queixo no meu peito e sorri. Ela virou a cabeça para o lado, a bochecha apoiada no joelho e os olhos apontados para mim. Algo novo e desconfortável passou por mim com aquele olhar, absolutamente me recusei a dar o nome ou descompactar o que poderia significar. —Talvez um dia eu esteja pronta para explicar isso. Ficamos em silêncio por um tempo com o som das ondas e o farfalhar das folhas, motores de barcos subindo e recuando sendo as únicas coisas que rompiam o silêncio. —Eu só estou pronto para me concentrar no futebol de novo, — disse a ela, surpreso com a minha honestidade. —É todo o material extra que me deixa irritado. —Você? — Havia um sorriso em sua voz. Não olhei para a boca dela para ver como era. Foi uma frágil trégua, apenas algumas perguntas cautelosas e respostas vagas serviram de base. Mas foi um início.


—EU odeio isso. — A senhora do RP (eu tinha certeza que seu nome era Ava) me deu um olhar firme que me disse tudo o que eu precisava saber. Antes dela abordar esse assunto comigo, ela sabia muito bem qual seria a minha reação. Era bem sabido para a equipe que lidar com a mídia era minha parte menos favorita desse trabalho. —Não importa se você odeia ou não. É uma grande oportunidade. — Seus olhos eram do mesmo verde que o gramado, fechei os olhos da teimosia de aço que vi lá. —Quando foi a última vez que a Sports Illustrated, quis nos apresentar em seu artigo sobre o início da temporada? Nunca. Mas eu engoli a palavra como se tivesse uma arma na minha cabeça. Atrás de mim, Jack estava praticamente vibrando de excitação. —Vamos, Piers, isso é enorme. Lentamente, rolei meu pescoço. —Eu não quero fazer isso. Vai transformar este time em um circo com picadeiro. — —Ou, — disse Ava, —isso deixará nossos fãs animados. A liga vai engolir isso.


Eu dei a ela um olhar seco. —Claro que eles vão. Se puder aumentar os preços dos ingressos ou ganhar mais patrocinadores, eles adoram qualquer tipo de controvérsia. —Não é uma controvérsia, — Jack, o idiota, intrometeu-se. — Acontece que ela é quente. Pessoas quentes vendem capas de revistas. Não é ciência de foguetes, cara. Ava fechou os olhos com a completa falta de tato. —Frases desajeitadas à parte, ele não está errado. De trás de mim veio a voz dela. —Claro, ele não está errado. Foi a minha vez de fechar os olhos, mas contra o meu braço senti uma brisa de ar quando ela parou ao meu lado. Mesmo que ela não tenha me tocado, senti-a como uma carga estática. Como se ela tivesse seu próprio campo de energia, eu teria que plantar meus pés ou ser empurrado para trás pela força. —Senhorita Sutton, — disse Ava calorosamente, dando a Allie uma saudação respeitosa, apesar de terem praticamente a mesma idade. —Allie, por favor. — Quando me atrevi a olhar para ela, ela sorria para Jack. —E você é Jack Coleman, certo? O garoto inchou como um pavão, estendendo a pata carnuda como se estivesse dando um presente a ela. —É isso mesmo, minha senhora. É um prazer finalmente conhecê-la. — Enquanto eles apertavam as mãos, seu sorriso se espalhou ainda mais. —Ou posso te chamar de chefe? Eu gosto disso.


O fato de que ele a chamara de senhora era ridículo. Vestindo jeans finos escuros e uma simples camiseta branca com algumas joias finas de ouro em volta do pescoço e dos pulsos, não parecia mais velha do que ele. Eu aprendi por muito tempo que as mulheres mais perigosas eram aquelas que podiam usar algo simples e parecer que tinham saído de uma revista. Sem frescuras, sem enfeites, apenas elas. Era assim que você sabia que eram bonitas e sabia que elas também sabiam. Ela levantou uma sobrancelha. —Allie está bem. — Brevemente, ela olhou para mim e enviou um sorriso discreto, embora educado. —Luke Eu balancei meu queixo. Allie se voltou para Ava. —O que eles estão pedindo exatamente? —Eles querem mostrar você, Luke e Jack na capa para dar início à temporada regular da NFL. O artigo será sobre você, como a nova proprietária e como você está entrando em um sistema que está em vigor há anos. — Ava rolou através de algo em seu telefone, com cada palavra de sua boca, minha pele se arrepiava ainda mais. Eles queriam a mim e a Jack sem camisa, sem dúvida, Deus sabe como Allie estaria vestida, envolvida em nós dois. —Por que apenas nós três? — Jack perguntou. Ava deu-lhe um casual exame rápido. —Bem, vocês são um colírio para os olhos, vocês dois são os jogadores facilmente reconhecíveis dos Wolves. Até os fãs de futebol casuais conhecem as estrelas ofensivas de relance.


—Quem é o fotógrafo? — Allie perguntou, dei a ela um rápido olhar. Mesmo na reunião da equipe, isso era tão profissional quanto eu a ouvira. Ava cantarolou e rolou mais abaixo em seu telefone. Enquanto esperávamos, Jack girou a bola de futebol nas mãos e me lançou um olhar de descrença. Eu tinha estado na capa do SI antes, mas era uma foto tirada no campo quando levantei o troféu Lombardi sobre a minha cabeça. Não sessões de fotos, adereços, maquiagem, luzes brilhantes ou repórteres nos fazendo perguntas com o único propósito de cavar para algum detalhe suculento. Eu não tinha dito que esse era meu pesadelo? Porque esse era meu pesadelo. Quando encontrou o que procurava, Ava disse o nome e Allie ergueu as sobrancelhas apreciando. —Isso é bom? — Jack perguntou. —É, — respondeu Allie. —Ele também faz muita fotografia de moda. Minha amiga Paige tirou fotos com ele antes. Disse que ele é ótimo para trabalhar. Contra a coxa coberta de jeans, as unhas perfeitamente cuidadas batiam num ritmo furioso. Ava notou, assim como eu. —O que você está pensando? — Perguntou a Allie porque eu com certeza não faria. Antes de falar, Allie olhou para mim e depois para Jack. Havia uma pontada determinada em seu queixo que eu nunca tinha visto antes, mesmo quando ela estava me mastigando depois da primeira


reunião. Ao nosso redor, os caras estavam praticamente a olhando de lado como se ela fosse um animal exótico solto entre as nossas fileiras. O que tornava ainda mais estranho, a atenta curiosidade, a impressão de que todos estavam circulando com cautela e porque, cada um deles, estava acostumado a ver mulheres bonitas. Mulheres bonitas eram um dado, uma expectativa quando você alcançava o nível em que estávamos. Os colegas de equipe eram casados com ex-coelhinhas da Playboy, modelos, socialites e atrizes. Mas ela era mais do que isso por causa da sua posição. Basta ter esta conversa pequena e privada como um exemplo de como Allie era diferente quando se tratava do que estávamos acostumados dentro das paredes, no trabalho. No momento em que ela apareceu, a dinâmica mudou. No momento em que ela apareceu, todos nós nos curvamos a ela. Isso me deixou tão cauteloso quanto meus colegas de equipe, porque geralmente era uma posição que eu mantinha. —Chame-os de volta e deixe que eles saibam que concordamos. — Quando eu fiz um pequeno som de dissidência, ela levantou a mão, seus olhos segurando os meus. —Com a condição de que eles só me fotografem. Os caras podem estar lá para algumas perguntas, certifique-se de que eu não me engane se surgirem muitas perguntas específicas sobre futebol, faremos um trabalho de bastidores para o site deles, que inclui três de nós. Algo leve, algo engraçado. Algo muito compartilhável para despertar interesse pelo artigo. — Jack estava olhando para ela de um jeito que só poderia ser descrito como assombrado, eu queria bater o olhar de adoração em seu rosto. Mesmo se eu sentisse um pouco de apreciação pela


maneira como ela leu nas entrelinhas do que eu queria. Ou não queria. —Se eles voltarem atrás? — Ava perguntou. Seus dedos estavam voando pela tela do celular. Allie estava confiante quando respondeu. —Eles não vão. Vamos enfrentá-lo, esta é a maior história que a liga tem por agora, na última temporada, as classificações caíram quase dez por cento em todas as redes que transmitiram jogos. Isso é um enorme sucesso para os anunciantes ao custo de milhões de dólares, incluindo lojas como a Sports Illustrated. Se as pessoas não se importam com as histórias, elas não estão comprando revistas e certamente não estão sintonizadas nos jogos. Se eles são espertos, eles vão se agarrar a qualquer coisa que deixe os fãs animados para assistir. O fato de que eles se aproximaram de nós significa que eles são muito espertos. Foi a minha vez de abrir meu queixo, Jack riu quando aconteceu. Eu fechei, grato que Allie não pareceu notar. Parecia que ela estava estudando mais do que a escalação do time. As mãos de Ava congelaram sobre o telefone, ela estava estudando Allie da mesma maneira que todo mundo estava. Quem diabos era essa mulher? Quando ela entrava em modo trabalho, seus movimentos eram rápidos e eficientes, crepitando com energia. —Você está certa como o inferno sobre isso. Eu vou deixar você saber o que eles dizem. — Ela olhou para nós três, dando-me apenas o menor aviso com os olhos. Não estrague isso, foi o que eu li alto e claro.


No campo, todos confiavam em mim com total confiança. Quando estava fora do campo, eu costumava causar alguns... problemas de participação. Eu odiava conferências de imprensa pós-jogo, especialmente quando perdíamos. Eu respondia algumas perguntas, mas não era o cara que brincava com repórteres ou fazia de tudo para fazê-los sentir que me conheciam. Se alguém colocasse uma pedra nesse acordo, Ava sabia muito bem que seria eu. Quando eu não disse nada imediatamente, Allie se virou um pouco, dando-me um olhar paciente que parecia não verbalmente me lembrar da nossa tentativa de trégua. Mesmo que meus ossos doessem com o desejo de focar apenas no futebol, focar em jogadas, jogos, esquemas ofensivos e fita dos meus oponentes, prometi que iria tentar. Odiava que aquele olhar paciente fosse tão distante de mim quanto qualquer outra coisa. Então ela levantou uma sobrancelha fina como se estivesse me desafiando a discutir. —Tudo bem comigo, — disse a Ava, mas mantive meus olhos em Allie. Seus lábios nus e rosados se curvaram ligeiramente nas bordas. —Claro que sim, — disse Jack. —E um, se eles só me quiserem na capa com você, Allie, estaria no jogo, mesmo que o velho rabugento não esteja. Ela quebrou a conexão quando se virou para Jack, rindo com ele. —Eu vou manter isso em mente. Talvez eles nos deixem tirar algumas fotos só por diversão.


—Nós terminamos aqui? — Eu interrompi com a voz rouca e claramente irritada. Ava me deu um olhar surpreso. Jack revirou os olhos e Allie apenas me estudou como se eu fosse o animal selvagem, não ela. Ela não estava completamente errada porque eu sentia coceira sob a minha pele, a antecipação de sentar atrás de algumas luzes brilhantes e vê-la posar com Jack, pareceu como insetos que eu não poderia tirar da minha pele. O que era idiota. Completamente, completamente idiota. Então, por que isso me irritou tanto? —Nós terminamos, — disse Ava. —Allie, se você pudesse vir comigo, queremos obter algumas coisas para o site e nossas mídias sociais. As duas mulheres se afastaram, as observei até saírem do campo de treino. Assim que a porta se fechou, o volume aumentou de volta ao normal. Como se os caras estivessem moderando o nível em que falavam em sua presença. Nada parecia normal. —Jogue-me a bola, — eu disse a Jack, e ele fez. —Rota inclinada, cerca de vinte e cinco metros. Não precisando de mais explicações, ele decolou e eu recuei. A bola entre meus dedos acomodou minha pele, meu cérebro clicando no ritmo natural. Eu dancei para a esquerda e levantei a bola para onde Jack estava atravessando o campo.


Passou por seus dedos, caindo com um salto desajeitado no gramado. Como se nunca tivesse acontecido, ele pegou a bola e colocou-a contra a barriga, correndo em direção à zona final onde alguns atacantes defensivos estavam treinando. —Merda, — eu sussurrei. Depois de algumas temporadas medíocres, decepções nos playoffs quando chegamos à pós-temporada, fazia um tempo que os Wolves eram o centro da atenção da mídia da NFL. Eu não gostava disso. Não desse jeito. Queria que fôssemos o foco porque estávamos vencendo. Porque Jack e eu tínhamos desenvolvido uma cadência ofensiva incontrolável, porque nossa defesa fazia nossos oponentes serem submissos. Não porque a coisa mais interessante sobre nós é que tínhamos uma cara bonita no comando do navio. —Eu vou dar uma chuveirada, — disse a Jack, de repente exausto. O treinador me observou do lado de fora, mas não me impediu quando saí do prédio. O corredor que levava aos vestiários estava vazio, mas quando virei a esquina, ouvi o zumbido da conversa. Um punhado de repórteres estava parado em sua área designada, crachás de mídia em volta do pescoço e câmeras em suas mãos, se necessário. —Pierson, — um chamado. Continuei andando como se não o tivesse ouvido, principalmente porque não suportava o cara. Ele parecia um rato e sempre conseguia fazer perguntas que me irritavam. A maioria dos repórteres não era como ele. A maioria era


justa e respeitosa, mas acho que ele tinha uma história de paparazzi em algum lugar dentro dele. O lodo cobria-o como um casaco que ele nunca conseguia ver. —Vamos lá, Piers, — disse em sua voz nasal. —Uma pergunta e eu vou te deixar em paz. Com um suspiro, parei. —O quê? Suas sobrancelhas finas se levantaram ligeiramente. —Não somos amigáveis hoje? —Se você tem uma pergunta sobre futebol, apenas pergunte. Caso contrário, não estou falando. Temos distrações suficientes por aqui para pensar em qualquer outra coisa, inclusive no meu humor. Quando sorriu, eu deveria estar nervoso porque ele levantou as mãos. —Não. Estou bem, obrigado. Mas eu estava muito frustrado e muito envolvido em desembaraçar os nós na minha cabeça para dar alguma aparência de normalidade, então continuei o meu caminho com essa deixa, indo para o vestiário para a chuveirada mais fria e mais rápida da minha vida para que eu pudesse ir para casa. Se eu soubesse o que estaria esperando quando eu finalmente chegasse lá, eu teria ficado no chuveiro a noite toda.


POR TODOS OS dez minutos depois que cheguei em casa, me senti muito bem sobre o meu dia. A capa da Sports Illustrated, minhas interações com Ava, Jack e Luke, as coisas de mídia social nas quais trabalhávamos depois. Depois de entrar em casa, larguei minha bolsa no balcão da cozinha e fui direto para o meu quarto, onde tirei sem a menor cerimônia meu jeans, meu top e me vesti com um shorts de dormir macios, um sutiã de renda azul e uma camisa surrada com a estampa de que minha cor favorita era pizza. O vinho que eu coloquei no meu copo de sempre, era abundante e o suspiro que escapou quando afundei no sofá veio das profundezas da minha alma. Eu estava exausta, mas alegre. Era uma sensação de que não tive em muito, muito tempo. Foi como... quando você puxa um vestido de alta costura pelo seu corpo e percebe que ele se encaixa perfeitamente. Como a seda foi feita para ajustá-lo com precisão, e as costuras foram medidas para todas as suas curvas e bordas. Foi quando meu telefone tocou com um alerta de notícias do Google. Contra a sugestão de Ava, eu criara um alerta de notícias com o meu nome e o nome da equipe. Agora eu entendi porque ela achava que era uma ideia de merda.


O veterano QB dos Wolves está exausto com a —distração— do novo proprietário, e quer se concentrar no futebol. A agência de notícias era legítima o suficiente para que eu não pudesse descartá-la. Mas como eu queria. Eu não era alguém que ficava com raiva. Chateada, sim. Irritada, frequentemente. Mas a raiva não era uma emoção que eu pudesse facilmente rotular quando senti um calor estranho e quente no meu sangue. Do topo da minha cabeça até as pontas dos meus dedos, senti uma sensação indistinta, passar por mim. Talvez fosse por isso que eu não conseguia entender o que me compelia a descer meus degraus até o nível mais baixo da minha casa, através da porta deslizante, através do pátio descalço, e através daquela maldita sebe no quintal de Luke. Tinha sido cerca de três horas depois de eu tê-lo visto pela última vez e bem além do ponto em que o sol havia desaparecido do céu. Tantos pensamentos passaram pela minha cabeça, muitas combinações de palavras de quatro letras que eu nunca amarrei em uma frase em todos os meus vinte e seis anos. Tudo porque eu tinha a sensação complicada e bagunçada que tinha sido enganada. Quando um ramo coçou meu braço, eu assobiei sob a minha respiração. —Trégua de futebol, minha bunda. O nível mais baixo estava escuro, então foi o suficiente para me fazer hesitar antes de subir os degraus para o convés. Minha raiva, ou o que quer que fosse, diminuiu com a minha indecisão. Quando levantei meu telefone, o artigo estava me encarando, tudo ridículo e enfurecedor. Meus olhos se estreitaram enquanto


minha emoção definitivamente sem nome chicoteava de volta como um vento gelado. Assim que eu comecei a atravessar o pátio em direção a porta deslizante, uma luz se acendeu além do vidro, Luke desceu as escadas com seu próprio telefone na mão e uma carranca sobre o rosto esculpido. Havia luz suficiente na varanda que reduzi a velocidade, abri minhas pernas, cruzei os braços sobre o peito e esperei que sua bunda traidora me visse. Ele olhou para cima, em seguida, olhou duas vezes, mas não houve um momento de surpresa em qualquer lugar em seus olhos ou no conjunto de sua boca larga e séria. Eu vi seu peito largo expandir em um suspiro, quase como se ele estivesse me esperando. Do outro lado do pátio no quintal, passando pela porta de correr dupla, até onde ele estava no pé da escada, nos encaramos. Um estranho e estrondoso impasse que eu pude sentir através de todas aquelas barreiras entre nós. Então ele estava se movendo, rápido e silencioso até abrir a porta. —Eu não disse que você era uma distração, — disse ele apressadamente. Eu levantei meu telefone como se isso sozinho pudesse provar que ele estava errado, sendo todas as provas que eu poderia precisar. A maneira como ele olhou com cautela para isso não fez nada para acalmar meus pelos levantados. Foi um olhar de culpa. — Bem, você disse alguma coisa, Luke. Para minha surpresa, ele rosnou, jogou os braços para cima, os músculos estalando em seus bíceps quando ele fez. —É por isso que


eu odeio lidar com a mídia. Eles torcem tudo. É por isso que não quero fazer esse artigo estúpido da Sports Illustrated. —Estúpido porque eles querem falar de mim? — Eu rebati. — Eles são jornalistas. Os jornalistas cobrem as grandes histórias, gostando ou não, esta é uma grande história. Seus olhos escureceram, sua mandíbula se apertou, um estalo de músculo acentuou em sua pele. —Oh, confie em mim, estou ciente. Aquele tom. A maneira como seus lábios se curvaram em torno das palavras como se tivessem gosto ruim, azedo em sua língua, fez tudo dentro de mim entrar em erupção, tendo um nome ou não. —Eu não escolhi isso, — gritei. Ele piscou surpreso, o calor no meu tom derrubando-o de volta um passo. —Eu não sabia que nada disso aconteceria, ok? Eu vim para casa para enterrar meu pai, de repente, estou neste lugar onde... onde pessoas como você me odeiam instantaneamente, eu tenho que me preocupar se meu traje mostra muito decote antes de falar com o time porque alguém pode pensar que eu sou uma prostituta se eu fizer, tudo o que é preciso é uma coisa assim, e eu... — Minha respiração estava vindo mais rápido, pequenas baforadas de ar que não inflaram meus pulmões para a capacidade que eles deveriam ter, isso fez minha visão se estreitar perigosamente com linhas pretas ao redor das bordas. Eu coloquei uma mão trêmula sobre a minha boca quando a risada histérica escapou dos meus lábios sem vontade, que estavam frios e desconectados do resto do meu corpo, ou era assim que se parecia. Todos os pedaços de mim estavam separados, separados do pânico que empurrava meus limites.


—Allie, pare, — ordenou Luke, agarrando meus ombros com as mãos duras e quentes. Minha cabeça estalou de surpresa, tudo que pude ver foram os olhos dele, um castanho mais claro do que eu achava que eram tão perto dele. —Respire fundo. Inexplicavelmente, eu cumpri. Só uma vez. Ele assentiu. —Outra vez. O doce ar com cheiro de lago encheu meus pulmões até o fim, seu rosto relaxou quando soprei através dos meus lábios. —Bom. — Suas mãos soltaram mais, mas ficaram em meus braços. —Mais um para mim. Meus olhos queimavam na maneira como os dedos dele se curvavam sobre a minha pele. Nas duas últimas semanas, eu apertei diversas mãos, mas ninguém me abraçou desde Paige, desde o dia em que saí de Milão, depois de receber a notícia do ataque cardíaco do meu pai. Eu estava mais perto de Luke agora, apenas um único passo, e minhas mãos fechadas em punhos entre nós, mas o algodão macio de sua camisa roçou a pele dos meus dedos. Através daquela camada frágil, eu podia sentir o calor dele, o calor projetando-se para fora do seu corpo como se ele fosse seu próprio forno. E ele era alto. Luke era muito mais alto do que eu, quando não estava usando sapatos. Inclinando meu queixo para cima, olhei em seu rosto enquanto ele me observava respirar novamente. Lentamente, meus membros voltaram ao lugar, entremeados por cada atração profunda de oxigênio. Cada bloco de sanidade empilhada de volta onde deveria estar.


—Não há problema em ficar chateada, — disse ele em voz baixa e suave. —Estou chateado com ele também. Eu odeio esse cara, torceu o que eu disse em algo que eu não quis dizer. Desviar o olhar dele era impossível, então fiquei lá no escuro, com as mãos dele nos meus braços e seus olhos nos meus, com uma intensidade inabalável. O que no inferno estava acontecendo agora? Ele falou novamente quando eu não fiz. Era tudo que eu podia fazer para continuar respirando. —Sinto muito, Allie. Tudo o que eu disse a ele foi que, a menos que ele me perguntasse sobre futebol, eu não estava interessado em nenhuma outra distração. — Ele fechou os olhos com força. —Ou alguma coisa assim. Eu não consigo nem lembrar. Mas era mais sobre ele do que você. Na sequência do seu pedido de desculpas, que me pareceu honesto e direto, sem palavras desperdiçadas ou desculpas floreadas, senti a energia frenética drenar de mim completamente, como se alguém tivesse me esvaziado. —Eu não posso ter você fazendo isso ser mais difícil do que já é, — eu disse a ele cansadamente. —E acredite em mim quando digo que esta é a coisa mais difícil que já fiz na minha vida. Sua estrutura inteira se aproximou, pequenas frações com cada movimento de seus pés, mas o espaço quase desapareceu. Debaixo das suas enormes mãos e longos dedos, minha pele estava quente e seca. Quando suas mãos se moveram uma polegada para cima, e depois para baixo, esse calor se espalhou por toda parte.


Eu queria que ele me dobrasse em seus braços, o que não fazia sentido. Mas suas instruções constantes, a maneira como ele retirou o meu descontrole de pânico com apenas algumas palavras, o cheiro dele ao meu redor me fez querer me enrolar nele como um filhote de gatinho e dormir contra o calor da sua boca em minha pele. —Eu não estava pensando, — ele admitiu, ainda mais perto. Se eu inclinasse minha testa uma ou duas polegadas, estaria descansando em seu peito. Eu sentiria o batimento cardíaco dele. — O que é muito diferente de mim, posso te prometer isso. Eu movi meus ombros, apenas o menor meneio, e seus dedos estavam mais completamente nas minhas costas. —Luke, — eu sussurrei, sem saber o que queria, o que estava perguntando, o que estava sentindo. Levantei meus olhos e encontrei os dele, deve ter lido o borrão dos meus pensamentos enquanto oscilava entre confusão e ansiedade, frustração e desejo. Porque mesmo no escuro, eu podia ver todas essas coisas refletidas na maneira como seus olhos se fixavam nos meus lábios. Eles abriram um pouco como se tivesse usado a ponta do dedo para afastá-los. Instantaneamente, ele baixou as mãos e recuou. Meus ombros ficaram frios, apesar do calor ainda agarrado ao ar nos rodeando. Como se estivesse envergonhado, Luke esfregou a nuca. —Eu sei que isso não ajuda agora, mas mesmo se eu estivesse furioso com você, mesmo que pensasse isso, eu nunca diria algo assim sobre você para um repórter. Sobre ninguém que faça parte da equipe.


Parte da equipe. Eu pisquei furiosamente contra o incômodo pedaço de lágrimas na parte de trás dos meus olhos, porque foi um pequeno caminho de calor onde ele me segurou. Com a decisão de ficar, certamente fiz parte de algo muito maior que eu. Estava apenas entendendo as ramificações emocionais do que isso significava. O que isso poderia significar? —Isso ajuda, — eu admiti baixinho. —Vou ser mais cuidadoso da próxima vez. — Sua boca se curvou em um sorriso irônico. —Ou vou calar a boca completamente. Balancei a cabeça, apreciando sua tentativa de humor, mesmo que não estivesse pronta para sorrir de volta. —Eu sei que você está ciente do tamanho desta história, mas estou ciente de quantas pessoas gostariam de me ver falhar, Luke. Ele ficou sério. —Eu não gostaria. —Não? Com uma mandíbula bem apertada, ele olhou para o lago antes de falar novamente. —Não. Porque se você falhar, significa que fizemos algo errado também. E esse não é o tipo de equipe que somos. Nós nos apoiamos. A gratidão era um cobertor calmante em volta dos meus ombros, aquecendo a minha alma em vez de apenas a superfície da minha pele.


Eu arrisquei um pequeno sorriso, só para ver como se sentiria no meu rosto. —Mesmo se isso significa que você tem que fazer a coisa Sports Illustrated? A mão em seu pescoço caiu e ele encolheu os ombros. Um pequeno movimento feito por ombros enormes e musculosos fez meu sorriso crescer. —Possuir os Wolves pode ser a coisa mais difícil que você já fez, mas uma entrevista é isso para mim. Eu irei odiar cada minuto disso. —O ódio é uma palavra forte, — eu disse, estudando e pesando a honestidade do que ele acabara de dizer. Sua boca relaxou, mas ele não sorriu. —É a palavra certa. Infelizmente, tenho uma certa reputação quando se trata de lidar com a mídia. —Sim? —Sim. Porque, eu não sei. — Quando eu não disse nada, ele suspirou. —Lide com a mídia. Eu simplesmente não sei. —Por quê? — Eu arrisquei perguntar. A probabilidade de que Luke me respondesse parecia tão pequena quanto eu me encaixando em um tamanho zero. Mas esse homem, tão grande e forte, doce com a filha e frio quando achava que alguém estava infringindo em sua vida com ela, era uma das pessoas mais fascinantes que já conheci. Depois de alguns momentos, Luke me deu um olhar cauteloso. —Eu já fui queimado antes, vamos apenas dizer isso. Não importava


se eu respondia ou deixava de responder não teria feito a diferença, só teria piorado as coisas. Eu inclinei minha cabeça. —Você não queria se defender? —Você chega a um ponto nesta indústria, — ele respondeu cuidadosamente, —quando percebe que atacar de volta as pessoas que disseram merda sobre você é realmente um jeito muito fácil de desperdiçar seu tempo. Eu prefiro usar meu tempo para ser um jogador melhor. Um pai melhor. Todo o resto é apenas barulho. Meu coração revirou, o fascínio crescendo em pulsos erráticos que se estendiam ao longo da minha pele. Claro, eu mantive isso fora do meu rosto quando falei de novo, tudo legal e casual. —Mesmo com tudo isso, você ainda está disposto a fazer a entrevista? Seus olhos traçaram meu rosto. Apenas uma rápida olhada, mas tocou cada parte duas vezes. Demorou mais tempo na minha boca e lutei para respirar corretamente. —Espero que isso não me mate, — ele disse baixinho. Recuando, mas ainda de frente para ele, franzi meus lábios e abracei a frágil sensação de brincadeira entre nós. Como se eu tivesse pegado a ponta de uma borboleta com as pontas dos dedos e estivesse tentando desesperadamente voar para longe. —Bem, então você apenas deixa comigo. Eu vou fazer isso suportável. Sem esperar por sua reação, girei em direção à cerca, mas não antes de ouvir sua resposta silenciosa. —Eu acho que vamos ver sobre isso.


HÁ momentos na vida de um homem que seu orgulho deve ser engolido como uma brasa de carvão. Um desses momentos é quando sua filha de seis anos e meio de alguma forma manipula-o para ir em uma festa na piscina com sua chefe/vizinha/estrela principal de um sonho que teve na noite anterior, mas estava ativamente tentando esquecer porque ela estava de biquíni. O dia havia começado inofensivamente. O tempo estava lindo, brilhante e quente. Minha mãe não se sentia bem, então eu fiz meus exercícios de casa, tive uma reunião por telefone com meu coordenador ofensivo e prometi a Faith que poderíamos nadar. Seguindo estritamente a regra da casa de que ela não estava autorizada a entrar na piscina sem a presença de um adulto, esperou pacientemente em uma cadeira do pátio enquanto eu corria para dentro para vestir meu short e pegar o protetor solar. Foi aí que tudo saiu dos trilhos. Porque a gênia do mal da minha filha viu Allie tomando banho de sol em seu quintal, atravessou a cerca e deve ter implorado para que ela se sentasse em nossa piscina e para que ela pudesse entrar, contornando assim a minha ausência, ganhando algum tempo de qualidade com a vizinha claramente idolatrada. Essa foi a cena que vi quando fui para fora. Allie sentada no último degrau da minha piscina, vestindo um terno vermelho fino


nada parecido com o biquíni que ela usava em meu sonho, minha filha jogando uma bola de praia enquanto ambas riam. Eu tive que fazer uma pausa e me certificar de que estava acordado porque meu sonho tinha começado de uma maneira quase idêntica. —Papai! — Faith gritou da água. —A senhorita Allie veio nadar comigo! —Eu estou vendo, — eu disse suavemente. O cabelo de Allie estava enrolado em um nó molhado no topo de sua cabeça enquanto olhava entre Faith e eu. —Sinto muito, ela perguntou se eu poderia sentar aqui porque deveria haver um adulto por perto enquanto estivesse nadando. — Eu estreitei os olhos para Faith, que sorria para Allie como se tivesse acabado de lhe dar as chaves para a Disneylândia ou algo assim. —Ela está certa sobre isso, — respondi. —Mas eu estava apenas entrando para me trocar. Allie não estava usando óculos escuros, seus olhos tropeçaram no meu peito nu antes de rapidamente se afastarem. Ela começou a ficar de pé. —Eu posso ir agora. —Nãoooo! — Faith implorou. Oh, ótimo, ela fez olhar de cachorrinho. Eles eram praticamente uma arma de destruição em massa quando os soltava em alguém que não estava acostumado com o poder deles. —Você pode ficar por uns 20 minutos? Ou talvez apenas uma hora?


Allie riu do claro incremento de tempo, e esfreguei a nuca. Eu gostaria de ter colocado meus óculos de sol para que meus olhos tivessem algum tipo de barreira, algum jeito de bloquear Allie de ver onde eu estava olhando. Eu não queria estar olhando para ela. Verdadeiramente. Mas por mais que eu tenha sido capaz de ignorar os restos nebulosos do meu sonho a manhã toda, era quase impossível agora. No sonho, nós não nos tocamos. Nem uma vez. Acordei antes que isso acontecesse, mas isso não diminuiu o impacto. Tudo que eu conseguia lembrar agora era como os dedos delgados dela tinham pegado o nó do biquíni, atado atrás de suas costas lisas e macias. O jeito que ela olhou por cima do ombro para mim e começou a puxar a corda. —Vinte minutos, — Allie disse a Faith e minha filha sorriu feliz. —Se está tudo bem com o seu pai, — disse ela, olhando para mim novamente. Como se eu fosse capaz de expulsá-la e não ter uma filha chorosa para lidar pelo resto do dia. Mas eu estava grato por Allie estar pedindo minha permissão de qualquer maneira. Limpei minha garganta e coloquei o tubo de protetor solar na mesa do pátio. —Tudo bem por mim. Faith afundou a cabeça debaixo d'água e com olhar de cachorrinho remou para os degraus de Allie. Seu gesso rosa impermeável parecia ondulado e distorcido sob a água, mas


dificultava os movimentos. Não seria legal se os adultos fossem tão adaptáveis? Por exemplo, eu deveria ser capaz de me adaptar à presença de Allie, certo? Até agora, sabia que ela era linda, entendi e aceitei que estava em minha vida, apesar de que a função dela nisso ainda era um pouco obscura. Então eu deveria ser capaz de... lidar com isso. —Eu vou para segunda série, — Faith anunciou assim que limpou a água do rosto. Allie sorriu para minha filha. —Sim? Você está ficando muito velha, hein? —Você gostou da segunda série? — Faith perguntou. E assim o tom desta pequena festa de improviso foi definido. Faith encheu Allie com pergunta após pergunta, cada uma ela foi respondendo com paciência e honestidade, nenhuma vez parecia desconfortável ou aborrecida. Não, esse papel foi deixado para mim. Eu estava mais do que desconfortável, porque eu era completamente supérfluo em tudo o que estava acontecendo. Tudo o que consegui fazer foi sentar-me à beira da piscina e ficar observando minha filha entrevistar Allie com a habilidade de Barbara Walters e tentar não encarar o modo como as pernas nuas de Allie balançavam para a frente e para trás. —Qual é a sua flor favorita?


Allie inclinou a cabeça e franziu os lábios. —Tulipas rosa. —Mesmo? As minhas são margaridas. Iguais como as tulipas. — Sufoquei meu sorriso antes que Allie ou Faith pudessem vê-lo, porque a clara insistência de minha filha em estabelecer uma conexão com essa mulher estava presente em todas as respostas, independentemente do que Allie dissesse. A estação favorita de Allie era outono, Faith era primavera, ambas tinham folhas. A cor favorita de Allie era azul, e Faith era rosa e elas eram muito, muito próximas porque as usavam em Bela Adormecida para o vestido de Aurora. O nome do meio de Allie era Leanne, Faith era Kathryn, ambos tinham a letra n. Etcetera, etc, e continuamos fazendo isso por mais dezoito minutos. Isso era algo que eu poderia me adaptar. As perguntas de nível superficiais que eram respondidas rápida e facilmente, nada mudou minha percepção de quem Allie era como pessoa. Então, com cerca de dois minutos, Faith entrou para o tiro de matar. —Você foi para a mesma escola que eu vou, senhorita Allie? Aquela perna comprida e bronzeada parou de se mover sob a água, Allie olhou pensativamente para minha filha.


Era o tipo de pergunta que deveria ter sido respondida com a mesma facilidade que as outras, mas ela respirou fundo, fazendo seus ombros magros se erguerem e depois descerem. Forcei meus olhos para longe porque não queria dissecar sua linguagem corporal. —Eu não fui. — Ela limpou a garganta e colocou um cabelo inexistente atrás da orelha. —Na verdade, eu fui para uma escola onde você dorme nela. Os olhos de Faith se arregalaram. —Você dormia na escola? Eu me inclinei para trás e observei com interesse revelador, em algum lugar do meu cérebro, observando que isso era uma peça do quebra-cabeça de Allie que eu talvez não quisesse saber. Allie assentiu. —Eu era alguns anos mais velha que você, quando meu pai achou que seria bom eu frequentar esse tipo de escola. É chamado de colégio interno. — —Whoa, — Faith disse com um suspiro, não mais se movendo na piscina. —Posso ir a um colégio interno, papai? —De jeito nenhum, — eu disse imediatamente, em seguida, gentilmente maneirei meu tom quando ambas me olharam com surpresa. —Eu sentiria muito a sua falta, turbo. Allie engoliu em seco, desviou o olhar para o lago, quando me dei conta de como aquilo poderia ter soado. Eu sentiria muita falta de Faith se a mandasse para um lugar deste. O que pode ter parecido que Robert não sentiu falta da própria filha, porque ele fez essa escolha.


Merda, pensei na minha cabeça. Esses vinte minutos perturbariam completamente o equilíbrio do que quer que eu tivesse imaginado na noite anterior. No segundo em que coloquei minhas mãos sobre ela, começou uma nova trajetória, algo que eu não mais controlava. Assim como agora. —Eu também sentiria sua falta, papai, — Faith disse alegremente. —Mas dormir na escola seria muito divertido. Ela afundou a cabeça debaixo d'água novamente, foi por isso que ela provavelmente não percebeu que Allie não concordava com ela. Mas eu notei. E eu odiei isso. Allie deslizou as mãos pelas coxas beijadas pelo sol e me deu um pequeno sorriso. —Bem, eu acho que meus vinte minutos acabaram. Eu balancei a cabeça. —Tenho certeza que ela vai tentar obter outra rodada com você, se ainda estiver aqui quando ela sair para respirar. Ela riu. —Ela é uma ótima criança, Luke. Faith veio e espirrou água de seus lábios, o que me fez sorrir. —Ela é uma ótima filha, — respondi com facilidade. Não foi difícil dizer em voz alta, em parte porque eu seria injusto, mas se eu tirasse meus próprios problemas com Allie fora da equação, eu


estava realmente muito orgulhoso de que minha filha estivesse sendo gentil, curiosa e doce com um novo vizinho. —Você tem que ir, senhorita Allie? — Faith perguntou. Allie olhou para mim e beliscou os lábios entre os dentes para não rir. Ela assentiu. —Eu amei estar aqui querida. Obrigada por me convidar. Eu me diverti muito. —Eu também. — Ela suspirou. Quando Allie se levantou, eu praticamente podia ouvir a trilha sonora em minha cabeça até o lento desdobramento do corpo vestido de maiô, que eu veria em apenas algumas horas na sessão de fotos. O que ela estaria vestindo lá? Ela respirou fundo e olhou para mim por um longo segundo. — Vejo você mais tarde. Sem esperar por uma resposta, ela piscou para minha filha e voltou para seu próprio quintal. Eu não a assisti ir embora. Recuso-me a admitir que eu queria. A verdade é que eu ainda não tinha certeza do que fazer com Allie Sutton.


—EU odeio a pré-temporada. — Jack murmurou. —Ficar sentado no banco me deixa nervoso. Meu sorriso veio facilmente, embora tivéssemos perdido nosso primeiro jogo, porque eu não gostei. Nós não deveríamos dizer isso em voz alta, dizer aos nossos fãs e à mídia que a prática era essencial, que ver os jogadores mais jovens e mais inexperientes em campo nos dava a chance de ver como eles se apresentavam. Mas como quarterback titular, fui forçado a ficar inutilmente andando nas linhas laterais do campo, passando meus reforços através de um fone de ouvido enquanto os observava com uma queimação debaixo da minha pele para ser aquele que estava no campo. Estava claro o suficiente por que eu não poderia estar, o risco de lesão em um jogo que não importava era muito grande, mas isso não impediu que eu corresse para lá de qualquer maneira. Em vez de inflar o discurso de Jack, que durou todo o nosso caminho até a maldita sessão de fotos e entrevistas, eu lhe dei um soco no ombro. —Mal necessário, você sabe disso. Eles nunca se livrarão disso. Nós decidimos dirigir juntos, já que eles realmente só precisavam de nós para uma parte da entrevista. Ava me mandou uma mensagem mais cedo que nós faríamos as filmagens e a entrevista juntos por causa da ideia de Allie para cenas dos


bastidores, o que significava que teríamos que parecer que não éramos completos imbecis. —Eu odeio entrevistas, — eu disse a ele. —Já que estamos compartilhando o mesmo humor. Jack riu. —Você diz isso como se ninguém soubesse que você odeia entrevistas. — Ele começou a marcar seus pontos em seus dedos, que eu não tinha permissão para quebrar, infelizmente. — Todo mundo na equipe sabe que você odeia elas. O escritório principal definitivamente sabe que você odeia também. E eu não sei? Você acha que a mídia sabe que você a odeia? Sim, nem me fale. Eu me mexi desconfortavelmente no meu lugar. —Você não pode me culpar. Considerando o quanto Jack era mais jovem do que eu, ele pode não ter estado no time quando fui forçado a lidar com as consequências da história de Cassandra, seguido por seu acidente e a glorificação do —pai solteiro QB, — mas tinha idade suficiente para lembrar-se disso acontecendo. —Não, eu acho que não posso. — Do banco do passageiro, ele olhou para mim rapidamente. —Você ouviu muita merda do RP por causa do artigo sobre Allie ser uma distração? —Um pouco, — eu disse a ele. Isso era tudo que eu planejava dizer a ele também. A essa altura, a coisa toda havia acabado, o feliz subproduto de uma mídia com um tempo de atenção previsivelmente curto. Mas a noite em que vi o artigo, recebi um telefonema de Ava que queimou meus ouvidos e provoquei um ataque de pânico de Allie no meu


quintal, era algo que eu não me importava em repetir. Por inúmeras razões. Ao vê-la olhando para mim do jeito que ela estava, quando não conseguia respirar, aqueles grandes olhos azuis do oceano cheios de pânico, medo e a forma como ela ficou arrasada, eu não conseguia me lembrar da última vez que eu realmente senti vergonha de algo que eu tinha feito. Não apenas o que eu disse para o jornalista idiota, que torceu minhas palavras exatamente do jeito que eu temia que ele fosse, mas também tudo que levou àquele momento. Allie não tinha motivos para confiar em mim. De fato, me mostrando que o ponto fraco do que ela estava passando deveria ter acendido todos os sinais de aviso em sua cabeça. Se eu fosse um homem menor, um homem mais fraco, seria tão fácil usá-lo contra ela. Manipula-la a desistir, vender o time, voltar à vida sem dúvida fácil que tinha antes de Robert morrer. A vergonha foi tangível o suficiente para que eu aparecesse cedo no endereço que Ava havia me mandado, pronto para fazer o que eu precisava fazer por toda a ladainha com o SI7. Foi a percepção de que a liderança assumia formas humilhantes de tempos em tempos. Fazer coisas com as quais eu não me sentia confortável, que não podia controlar, era apenas mais uma oportunidade para mostrar aos meus companheiros de equipe que eu merecia que eles simplesmente me respeitassem todas as semanas no campo, durante a semana dos treinos. —É aqui? — Indagou Jack, aproximando de um discreto edifício cinza coberto de tijolos cinzentos. Havia alguns carros e uma grande 7

SI: Sports Illustrated


van branca no estacionamento, uma pequena planta em um vaso quadrado preto ao lado da porta, que estava pintada de vermelho vivo. —Eu acho. Jack fez uma pausa antes de sair do meu carro. —Escute, estou pronto para fazer algumas fotos com ela para a capa, porque acho que seria muito ruim ter uma capa da Sports Illustrated só de cintura para baixo, mas sei que eles querem os dois. Eu levantei uma sobrancelha. —Qual é seu ponto? —Apenas tenha uma mente aberta sobre isso. Talvez não seja tão ruim. Exceto que era pior. Deve ser muito, muito pior. Realmente quero dizer isso, considerando que depois do ataque de pânico, eu tive um sonho sobre uma Allie seminua e depois tive que vê-la ao vivo sentada ao lado piscina com minha querida filha. Nós fomos levados por um corredor longo e bem iluminado, com um assistente sorridente, conduzido a uma enorme sala cheia de luzes sob dosséis brancos, cenários de cores sólidas drapejados estrategicamente do teto de estilo industrial. O pano de fundo preto estava vazio, ignorado, mas havia uma cadeira dourada ornamentada no meio dela. Através de corpos dos assistentes do fotógrafo, pessoas com pranchetas, Ava no seu telefone ao lado de


uma prateleira de roupas, uma instalação de cabelo e maquiagem que estava puxando a gola da minha camisa, lá estava Allie. Jack e eu congelamos quando ela apareceu. —Santo inferno na terra, — eu disse em voz baixa. Apontado para ela tinha um ventilador, fazendo ela ficar provocante com seu cabelo ondulado soprando em seu rosto. Cabelo sexy. Era assim que parecia. Ela nunca parava de se mover, não importava como a câmera clicava ou os flashes explodiram em sucessão rápida e brilhante. Algumas das pessoas na sala a observavam, mas a maioria estava cuidando dos seus negócios, completamente acostumados a uma mulher bonita se movendo do jeito que Allie estava posando para a câmera. Mas eu não estava acostumado com isso. Ela usava leggings de couro preto, apertadas em suas longas pernas. Nos pés dela estavam saltos vermelhos de matar que combinavam com a cor dos seus lábios. Movendo-se lentamente sobre a pele, empurrando o cabelo para fora do rosto e deslizando contra seu estômago nu estavam as mãos. Seus quadris giraram para frente e para trás em pequenos movimentos incrementais. Registrei em algum lugar no fundo da minha mente que havia música tocando, algo com notas agudas, uma batida lenta e pulsante com uma guitarra e uma vocal áspero. Allie não tinha nos visto, tão imersa no que estava fazendo, eu não conseguia desviar o olhar. Acompanhando cada movimento que ela fazia, os olhos abertos e depois fechados, a boca curvada em um sorriso, em seguida, definida em uma linha feroz, ela parecia uma


dançarina. Havia tanta graça em cada linha dos seus braços erguidos, acima da cabeça, empurrando o cabelo para trás, que eu estava completamente em transe. Com os punhos apertados, ela agarrou os lados da sua jaqueta de couro preta, que estava cobrindo uma camiseta branca e vermelha que eu reconheci de algumas das mercadorias licenciadas da equipe, a abriu, com a cabeça inclinada para o lado e os lábios. Abriu em uma inspiração visível. Sim, eu reconheci a camiseta, tudo bem. Em bloco de letras vermelhas em seu peito estava escrito Wolves. Mas ao contrário da versão em nossas lojas e site, a dela foi cortada em uma linha irregular logo abaixo dos seus seios, como se tivesse sido serrada com tesouras enferrujadas. Tudo o que restava abaixo era a pele firme e tonificada do seu estômago e o círculo perfeito do seu umbigo. Com a jaqueta aberta como estava, ela parecia o sonho molhado de todo homem hétero. Quem diabos achou que era uma boa ideia? Quem a vestiu? Ela não deveria estar usando um terno? Talvez uma gola alta? Uma camisa de gola e manga. Isso seria melhor. Não temos uma em preto e vermelho, pelo amor de todas as coisas sagradas? Jack estalou os dedos na frente do meu rosto e eu pulei. O idiota estava sorrindo para mim, então empurrei seu peito e caminhei até Ava. —O que você está olhando, Piers?


—Vá se ferrar, novato, — eu murmurei. Ótimo. Agora eu soava como uma criança petulante que foi pega com a mão no jarro de biscoito. Ontem, tinha sido Faith. Hoje foi Jack. Havia poucas coisas que eu gostava menos do que ser pego realmente inconsciente, parecia estar acontecendo mais e mais em torno de Allie. Momentos em que eu não questionava quem podia me ver, porque tudo que eu conseguia ver era ela. —Ótimo, Allie, — gritou o fotógrafo por trás do clique constante da sua câmera. Um grupo de pessoas se reuniu em torno de uma tela de computador, comentando sobre o que estava aparecendo na tela. —Fique de frente, abra as pernas. Por que você não apoia as mãos nos quadris para segurar as bordas da jaqueta? Sim, perfeito. Perfeito. Clique. Clique. Clique. —Sorria um pouco mais. Sim, exatamente. Mas eu não olhei. Uma vez que ele disse a ela para abrir as pernas, meus olhos fixaram no chão de concreto. —Ei, pessoal, — Ava disse com um pequeno sorriso, os olhos nunca oscilando do seu telefone. —Se vocês quiserem se sentar lá, eles vão consertar o cabelo de vocês e se certificar de que vocês não se pareçam como merda para os bastidores. Vamos filmar primeiro


e depois responder a algumas perguntas com vocês três. Allie já fez a maior parte da sua entrevista. —Como foi? As palavras saíram da minha boca antes que eu pudesse detêlas. Jack tossiu em sua mão, uma tentativa fraca de cobrir o riso. Ava me deu um olhar curioso antes de responder. —Ótimo. Ela o fez comer em sua mão em cinco minutos. Ela deveria lhe dar lições sobre como lidar com jornalistas. —Eles não... — Eu engoli e puxei a gola da camisa do meu pescoço. —Eles não perguntaram sobre aquela porcaria comigo? Os olhos de Ava suavizaram ligeiramente em compreensão. — Não. Eles querem destacá-la, destacar o burburinho em torno dela, não vão rebaixá-la. Eu balancei a cabeça, ainda não convencido de que isso não era uma armadilha elaborada. Especialmente com o jeito que ela estava vestida e como ela parecia sexy. —Ouça, eu não sei como perguntar isso sem soar como um idiota completo. Jack soltou uma gargalhada. —Desde quando isso tem preocupado você? Ava escondeu seu sorriso como a profissional que ela era. — Sim, Luke? Eu cocei a lateral do meu rosto e gesticulei para onde ela ainda estava posando para fotos, agora sem a jaqueta de couro. Filho da puta, por que ela está sem a jaqueta?


Poderia estar fazendo oito milhões de graus nesta sala, mas não havia razão para ela tirar a jaqueta. —Não é uma má ideia? Eu pensei... Eu pensei que ela estaria mais... hum... coberta. — Ava procurou meu rosto e olhou para Allie, remoendo as palavras antes de falar. —Nós fomos bem estratégicos no que escolhemos. Não é problema seu. Mesmo achando que meu rosto me trairia, deixando evidente o quanto essa coisa toda me deixava desconfortável, eu me virei e observei Allie novamente. Agora ela estava sentada em um banquinho preto, um salto preso no último degrau com as mãos apoiadas nos joelhos cobertos de couro. A jaqueta de couro estava de volta e fechava agora, então apenas algumas letras em sua camiseta eram visíveis. Pela primeira vez desde que eu entrei, ela olhou em nossa direção, encarou meus olhos, senti isso em cada centímetro do meu corpo. Engoli em seco e ela notou. Seus lábios vermelhos sangue se curvaram. Clique. Instantâneo. —Quente! Isso foi quente, Allie. — Mais uma vez, veio do fotógrafo, um cavalheiro grisalho, um pouco mais velho, cujos cabelos grisalhos estavam amarrados debaixo de um boné de beisebol surrado. —Mais algumas aqui e nós vamos acabar, eu acho. Abra as pernas um pouco, como se estivesse empurrando os joelhos com as mãos. Sim.


—Você não acha que eles estão... Usando ela como objeto? — Eu me ouvi perguntar. Sem um som, Ava estava ao meu lado, vendo Allie se mover como uma profissional experiente. Depois de mais alguns cliques e mais alguns movimentos do rosto de Allie, ombros, pernas, Ava finalmente falou. —Você diz, a questão do corpo? Claro, eu sabia como era. Atletas posavam nus para SI todos os anos - mãos, pernas e braços estrategicamente colocados para cobrir somente as coisas que precisavam ser cobertas. Em vez de responder, fiquei observando Allie. Depois de alguns cliques, ela me procurava. Como se ela estivesse checando. Eu mantive meu rosto impassível, mas uma inclinação especial de sua cabeça me fez lembrar dela sentada no último degrau da minha piscina enquanto ouvia Faith falar. Contra as lembranças incongruentes, tive que piscar porque elas se chocavam violentamente na minha cabeça. Raramente eu já tive que me esforçar tanto para descobrir alguma coisa, nunca desta forma. Garota rica. Determinada. Flexível. Sexy. Inteligente.


Filha imprudente. Simpática. Centrada. Pensativa. Eu não conseguia descobrir se ela era todas aquelas coisas ou nenhuma delas, ou quais combinavam com facilidade e quais pareciam contradições. Tudo o que eu sabia, de pé onde eu estava com dezenas de estranhos ao meu redor, era que eu não conseguia tirar meus olhos dela. —Você acha que esses atletas estão sendo usados? Isso me deu uma pausa porque não, eu nunca pensei nisso. As fotos eram de bom gosto, poderosas até. —Não, — eu disse sem olhar para ela. Era como se uma vez que meus olhos tomavam a decisão de se voltarem para Allie, eu não tinha nenhum poder de desviar o olhar. Ela era sua própria força de gravidade. —Allie é uma mulher linda. Não importa o que ela use, não há como esconder isso. Ela não tem desejo de esconder o fato de que sua beleza é, pelos padrões da sociedade, considerada uma beleza sexy. Está em suas curvas, seus cabelos e lábios. — Enquanto ela falava, meus olhos seguiram para cada característica física que Ava apontou. —Tentar ignorar isso, seria tolice. Então, enquanto fizemos algumas fotos usando roupas mais ponderadas, ela está confortável com essas também. — Ava mediu minha reação antes de continuar falando. —E há algo poderoso no fato de que ela pode possuir esse lado. Não tira o


poder que ela tem em sua posição, não tira o respeito que ela ganhou daqueles que a conheceram, porque ela sabe exatamente o que está fazendo. E se ela quisesse posar para a capa usando jeans folgados e uma camisa, nós teríamos feito isso também. — Ava encolheu os ombros. —Mas ela não fez. Essa é ela. Eu nunca pensei nisso dessa maneira. Mas, novamente, eu nunca estive nesta posição. Eu nunca tive que pensar em como me apresentar ao mundo assim. Tudo o que eu tinha que fazer era aparecer e jogar a bola, e não ser demitido. Talvez fosse Allie, mas também me lembrava do que ela dissera quando o pânico arrebatou deixando-a em milhões pedaços. Lembro o que ela disse a Faith sobre ser mandada para a escola. Allie parecia estar sozinha a muito tempo. Não importa o que ela fizesse, estava sozinha nessa posição. Sozinha em pensar como se apresentou para mim, para a equipe, para a diretoria. E o que eu disse a ela, foi que nós apoiamos. Apoiamos nossa equipe. A fotógrafa havia se afastado para olhar a tela do computador, e Allie esperou no banquinho, sua postura mais relaxada agora que ele não estava filmando. Seu rosto impecável estava virado para baixo, suas maçãs do rosto captaram a luz de uma forma que a fez parecer que não poderia ser real. Como se tivesse sido esculpida por um artista ou tirada da imaginação de algum mestre pintor. Quando olhou para cima, foi direto para mim como se soubesse que eu ainda estava olhando para ela. Porque eu não estava constrangido, não desviei o olhar. Não fingi que não estava prestando atenção a cada mudança de músculo em seu rosto. Eu não


fingi que não estava pensando em todas as palavras que eu disse para ela no meu quintal enquanto minhas mãos se curvavam sobre seus ombros. Eu quis dizer aquelas palavras ou não? Claro, que eu quis dizer elas. No entanto, eu não queria tocá-la como eu fiz. Era um movimento inconsciente, meus músculos agindo em algum instinto que eu recusei nomear. Memorizar a maneira como a pele dela havia reagido sob minhas mãos tinha sido pura intuição. Aproximar-me quando deveria ter recuado parecia fazer parte da natureza. Um reflexo que eu não sabia que tinha amadurecido, depois de ter passado tanto tempo sem uma mulher para acalmar, para consolar, para tocar como a toquei. Não com paixão, mas com intimidade. Então sim, eu quis dizer o que eu disse a ela. Havia muitas coisas que Allie tinha que fazer sozinha, tomar decisões era uma delas. Ela só precisava de apoio, era isso. Em vez de perguntar a Ava ou ao fotógrafo, inclinei meu queixo e me dirigi a Allie. —Você ainda quer algumas fotos com a gente? A sala inteira ficou quieta. O fotógrafo levantou a mão. —Eu quero. Allie sorriu para ele, depois se levantou do banquinho. Andou até Ava, eu e Jack, que agora estava apoiado no meu outro ombro. —Por que você mudou de ideia? — Ela me perguntou.


Eu cruzei meus braços sobre o peito, fingindo não ver dezenas de pares de olhos fixos em nós. —Apenas tentando dar significado para as coisas que eu digo. Seus lábios não se mexeram, mas eu vi o sorriso em seus olhos. Ela assentiu. —Vamos fazer isso. —Com certeza!, — Jack exclamou, batendo nas minhas costas. —Espere, eu não trouxe mais nada para vestir. Ava levantou um dedo. —Há camisas para vocês dois no rack, ou camisas para combinar com as dela, se quisermos ir nesse ângulo. — Ela olhou para o fotógrafo. —Alguma preferência? Ele nos olhou, com sobrancelhas grisalhas embaixo da testa. — Camisetas, faça com que ela use uma camisa que combine. — Então bateu palmas. —Vamos lá, vamos fazer acontecer, pessoal. A sala entrou em ação. Jack foi puxado em uma direção, eu em outra e alguém pegou Allie pelo cotovelo e a dirigiu para trás em um provador provisório. O provador cobria apenas até o queixo dela por causa dos saltos que ela usava, então ela se virou e puxou a camiseta esfarrapada por cima da cabeça, a bagunça loira de cabelo caindo pelas costas. Antes disso, eu vi dois nós da sua espinha óssea no topo da sua pele dourada. Um assistente entregou-lhe duas camisas, uma preta e outra vermelha.


Ava se aproximou de Jack e eu, jogando-nos camisetas brancas com lobos estampados em vermelho no peito, uma imagem espelhada do que Allie estava usando. —Só tinha estes por aqui, hein? — Eu perguntei ironicamente. —Eu não falho no meu trabalho, — disse ela com um pequeno encolher de ombros. —Mas se eu não tivesse preparada para a contingência de você ter decidido fazer algumas fotos, então eu iria falhar no meu trabalho. — Com uma mão, puxei minha camisa sobre a cabeça, pegando o perfil de Allie enquanto ela desviava o olhar rapidamente. Eu não era o cara mais musculoso da equipe, minha posição exigia que eu fosse alto e bastante magro. Mas se eles nos pedissem para posar sem camisa, eu definitivamente não teria me envergonhado. Um lampejo de como os olhos de Allie tinham corrido pelo meu peito junto à piscina me fez respirar profundamente. Eu deslizei a camisa dos Wolves, não surpreso em como ficou apertada no meu peito e bíceps. Jack sorria como um idiota quando uma mulher de bochechas coradas com um fone de ouvido passava um pouco de pó na testa e nas bochechas dele. Ela veio até mim com um pincel para brush, seu sorriso caindo quando ela olhou para o conjunto sombrio do meu rosto. Mas fechei meus olhos e deixei ela passar o pó sobre minha pele. —Ele só... corta o brilho das luzes, — ela disse como se estivesse se desculpando por fazer seu trabalho.


—Está tudo bem, — eu disse a ela rispidamente. Abri os olhos quando ela terminou, dando-lhe um pequeno aceno de cabeça. Aquelas bochechas coraram novamente. Não querendo ser um idiota para uma jovem garota, cujo único trabalho era colocar pó no nariz. Ava estava atrás da tela de privacidade com Allie, usando as mãos para girá-la, então olhou para Jack e eu. —O vermelho, eu acho, — ela disse baixinho. Allie assentiu, dando-me um rápido olhar antes de tirar a camiseta preta e jogá-la para longe. Como se ela estivesse checando para ver se eu estava assistindo. Ela queria que eu assistisse? Meu estômago apertou em cada flash de pele que eu vi, cada linha do seu pescoço ou ombros quando ela se virou e permitiu que alguém puxasse a camisa pelo seu corpo, cobrindo a magnificência que eu sabia que estava por baixo. Eu fiz meu caminho até Jack, então não fiquei tentado a olhar mais. Alguém ligou a música novamente enquanto Jack e eu estávamos na frente do pano de fundo branco para que pudessem testar as luzes. O fotógrafo nos deu um breve aperto de mão quando veio para mover o banquinho entre nós. Então, ele balançou a sua cabeça. — Posso pegar outro banquinho? Acho que os quero sentados e de pé. Eu respirei fundo. Talvez eu tenha tido um breve surto psicótico por sugerir isso. Era a única explicação plausível. Meus olhos pegaram Allie quando veio de trás da tela, e eu sabia que tinha perdido a cabeça. Quando ela me disse que tentaria torná-


lo agradável, eu tinha certeza de que nenhum de nós tinha previsto isso. Eles cortaram a camisa vermelha atrás dela, de modo que estava justa ao redor dos seus quadris, mostrando a curva da cintura. Era uma camisa falsa, um número branco brilhante na frente. Talvez algo que eles tinham feito especialmente para ela. Onde quer que tivessem conseguido, funcionou. Uma maquiadora retocou seus lábios e passou mais blush em suas bochechas, enquanto alguém passava uma escova pelo cabelo para parecer mais elegante do que quando chegamos. Com habilidade nas mãos, o estilista fez o cabelo de Allie se enrolar sobre os ombros, olhando para cada centímetro do mulherão que ela era. Quando a vi pela primeira vez, apostaria um monte de dinheiro que ela desejava isso. O batom, o rosto cheio de maquiagem, um time de pessoas arrumando ela. Mas ela parecia tão diferente para mim agora, porque toda vez que a via em casa ela estava sem maquiagem e casual. Impressionante em sua simplicidade, porque ela tinha uma beleza natural tão profunda. Era como se alguém tomasse um pote de tudo o que eu pensava ser verdade e jogasse em um agitador de tinta até que tudo girasse tão rápido que eu não conseguia lembrar como era antes. Eu quebraria a tampa e veria algo completamente diferente. Esta continuava a ser a Allie que esmagou os cupcakes contra a minha camisa. Mas ela não era. Ela diria o mesmo sobre mim?


O fotógrafo olhou para Jack e eu. —Vocês dois precisam se soltar. Agite os braços, faça alguns saltos, alguma coisa. Jack realmente fez isso enquanto eu soltei uma respiração profunda, fiquei com os braços cruzados sobre o peito. Allie andou entre dois assistentes e parou quando estava de frente para mim. Seus olhos traçaram as letras da minha camisa, que estavam logo abaixo do nível dos olhos dela. Imitou minha postura e sorriu para mim. Clique. Flash. Eu recuei, olhando para as luzes fortes. O fotógrafo não era visível por trás das lentes da sua câmera preta, mas eu podia sentir sua excitação instantânea. —Faça isso mais uma vez, — ele ordenou. —Allie, estique seu quadril um pouco mais. Sim. Com um pequeno movimento de cabelo, ela fez o que ele pediu, de frente para mim novamente. Desta vez, foi mais difícil sentir que éramos inimigos porque ela sorria. Seus movimentos eram pequenos, não como antes. Pequenas voltas da cabeça em direção à luz, inclinando o queixo para mim, os lábios curvados e depois retos, o olhar sempre travado no meu. Eu fiquei perfeitamente imóvel como se eu a assustasse se começasse a tentar espelhar o que ela estava fazendo. Eles fizeram algo para seus olhos, marcaram eles com muito preto, faziam com que seus cílios ficassem muito longos. Era demais por causa de como isso fazia seu rosto parecer diferente. Eu senti


como se estivesse tentando olhar para o sol novamente, o brilho do seu rosto quase de outro mundo, como uma lâmpada atrás de um vidro azul ondulado. —Então, uhh, você precisa de mim aqui ou o quê? — Jack perguntou. Allie riu por cima do ombro para ele. Clique. Flash. —Rapazes, — disse o fotógrafo, —você senta no banco. Cruze seus braços assim, Luke. O mesmo para você, Jack. Os dois olhem diretamente para a câmera, sem sorrisos. Bom, Bom. Allie, você fica entre eles e apenas trabalha suas mãos e braços um pouco para o que quer que pareça natural. Jack e eu fizemos como indicado, mas o nó de tensão se torceu e virou sob a minha pele quando ela ficou entre nós. Ela começou com os braços cruzados como os nossos, depois a música ficou mais alta, o baixo mais pesado e seu corpo se moveu novamente. Ela nunca parou seus movimentos lentos e suaves. Ao primeiro toque de sua mão no meu ombro, consegui não pular para fora da minha pele. Na parte de trás do meu pescoço, eu podia sentir as pontas das unhas dela. Seus quadris inclinaram em um ângulo, e a pressão dos seus dedos contra a minha pele aumentou como se estivéssemos sustentando-a. Clique. Flash.


Os dedos dela deslizaram pelo meu ombro, suaves e lentos sobre o algodão da camisa, mantive meus olhos para frente, meu rosto severo. Sem sorrisos? Não é um problema. O que poderia ser um problema era que, se eu ficasse de pé, a sala inteira veria que nossa chefe bombástica tinha acabado de me dar uma ereção inconveniente. Respire, eu disse a mim mesmo. Inspire e expire. Ela estava tocando Jack assim? Eu arrisquei um rápido olhar para o lado, e não, o pulso dela estava descansando casualmente por cima do ombro, mas permanecendo firmemente no lugar, mesmo quando seus dedos percorreram a linha do meu pescoço. Respire. Expire. Minhas mãos formigaram e meu sangue rugiu. Essa atração era sem limites e sem amarras. Esqueci como era incrivelmente poderoso. —Ótimo. Isso está ótimo, pessoal. — Seu dedo apontou para longe. Quantas imagens você poderia tirar de uma pose idiota? — Agora levante-se um pouco atrás dela. Alguém pegue uma bola de futebol, ok? Jack ficou em pé primeiro. Eu recitei o nome da minha avó morta em minha cabeça, repetidamente, até que eu senti que poderia ficar em pé sem me envergonhar.


Quando finalmente consegui, Allie estava me encarando com uma sobrancelha arqueada. Eu balancei a cabeça e fui para trás dela. Quando rolei meu pescoço, ocorreu-me que havíamos trocado duas frases desde que entrei pela porta. Foi isso. E por alguma razão, eu senti que ela era a única na sala que sabia exatamente o que eu estava sentindo. Com esse pensamento desconcertante, esperei pacientemente enquanto eles providenciavam que ela segurasse uma bola de futebol contra o quadril com uma das mãos enquanto encarava a câmera. Apoiei minhas mãos nos meus quadris, assim como Jack. Quando inalei muito profundamente, a frente do meu peito roçou suas costas e vi Allie respirar fundo. —Bom. Jack, vá para a esquerda um pouco. — Ele olhou ao redor da câmera e cerrou os olhos. Enquanto se situava, eu limpei minha garganta. Allie olhou para mim por cima do ombro e eu mantive meu rosto sem expressão, mas por dentro, eu estava queimando. Aqui, onde eu podia sentir o cheiro dela, onde eu podia sentir seu calor bem na frente do meu peito, onde eu sabia, sem checar se eu poderia cobrir suas costelas com uma mão, eu queimei com um calor violento que nunca senti na minha vida inteira. Ela piscou e olhou para a câmera. Eu também. Clique. Flash. —E isso, — disse o fotógrafo em tom satisfeito, —é a nossa foto da capa.


H AVIA MÚSICA e pessoas aplaudindo. Homens que se alongando no campo em calças realmente apertadas. Eu estava congelada no túnel que levava ao campo. —Você pode fazer isso, Allie. Eu fechei meus olhos e segurei a mão de Joy. Seus dedos eram grandes por causa de alguma artrite, ela disse que não a incomodava muito. —Por que isso parece tão importante? Com sua risada suave, finalmente abri meus olhos. Será que ela acharia estranho se eu segurasse sua mão até o meio-campo? Provavelmente. Isso era ridículo, eu sabia. Quando Joy e eu conversamos sobre a temporada regular, ela me contou tudo sobre os rituais do meu pai no dia do jogo. Ele caminhava pelo campo enquanto a equipe se aquecia, falando com cada um deles. Depois de ter feito isso, ele se retirava para seu camarote, onde assistia ao jogo inteiro antes de ir para casa e comer um sorvete de cereja, ganhando ou perdendo. Antes de sua partida para os laticínios congelados, ele visitaria o vestiário para incentivar se o time perdesse ou para participar da celebração se vencesse. Eu consegui passar da pré-temporada, duas derrotas e uma vitória, mas fiquei no camarote designado a mim, apenas tentando passar por cada jogo sem fazer perguntas estúpidas.


Mas esse... tudo era maior e mais alto. Houve um estalo no ar que levantou o cabelo em meus braços, uma energia rápida e agitada dos torcedores nas arquibancadas, já em seus assentos mais cedo só para ter um vislumbre dos jogadores enquanto eles se aqueciam. —É importante porque conta agora, querida, — ela disse, apertando meus dedos. —Você vai lá e fala com seus caras. Já aprendeu todos os seus nomes. Eu aposto que você sabe os nomes das suas esposas e namoradas também. Eu com certeza sabia. Aquele fichário foi usado por mim durante a pré-temporada. Eu me virei para ela, pegando sua outra pequena mão na minha. —Como estou? Ela sorriu, então me deu um aceno decisivo. —Como uma chefe do caralho. Minha risada foi alta e decididamente não feminina. — Obrigada. Por mais que eu adorasse o visual que escolhemos para a sessão de fotos, eu estava muito mais formal para esse primeiro jogo. Ele era fora, então saímos como um time dois dias antes, e eu queria sumir ao fundo o máximo possível esta noite. Esta noite, era sobre a equipe. Tudo estava em seus ombros largos. Meu cabelo estava penteado para trás em um rabo de cavalo baixo, meus lábios nus, meus pés em rasteiras baixas. Meus jeans eram escuros e justos, a camisa que escolhi na loja profissional, era branca brilhante com um pequeno logotipo dos Wolves em um pequeno bolso sobre o meu seio direito. Era simples e adorei.


Meu pai talvez tivesse usado um terno, mas essa era eu. Eu precisava descobrir como eu faria as coisas. Foi por isso que larguei as mãos enrugadas de Joy e saí para o campo com o queixo erguido. Por trás de alguns passos estavam dois seguranças indefinidos, sem pescoço e braços enormes, uma precaução que Cameron insistiu em nosso primeiro jogo da temporada regular, especialmente porque não estávamos em casa. Até agora, eles me sombreavam de um jeito que eu não os notava. Mas no campo, fiquei grata pela presença deles. Telefones se levantaram imediatamente quando comecei a andar pela linha do nosso atacante defensivo esticando as pernas que pareciam troncos de uma árvore. Alguns fãs gritaram meu nome e eu sorri para eles, apesar de estarem vestindo as camisas da equipe da casa e não as nossas. Dayvon, um dos capitães que conheci no primeiro dia, ficou de pé e esticou o punho carnudo. Eu bati com o meu próprio. —Como você está hoje à noite, senhorita Allie? Eu segurei a mão sobre o meu estômago. —Nervosa. Isso é normal? Ele riu e o som era tão quente que me senti relaxada. —Se você não estivesse um pouco nervosa, eu me preocuparia com você. Com os olhos arregalados, fiquei ao lado dele e examinei o campo maciço. Os jogadores faziam corridas simuladas, alongamentos, riam, conversavam com jogadores e treinadores adversários. No meio do campo, de pé na relva verde brilhante como um deus grego, estava Luke. Ele recuou e lançou a bola pelo campo


nos braços que a aguardam de um dos jogadores na linha ofensiva. Foi sem esforço nenhum. Tão bonito. Ele assentiu e fez outro sinal. Eu não o via desde a sessão de fotos. Observando-o nesta arena, o lugar em que ele começou e se tornou o líder, eu tive que lutar contra o desejo de colocar minha mão no estômago novamente. Ele parecia maior que a vida. Forte e rápido. Claro em suas ações. Era humilhante saber quão fora do lugar eu estava entre eles, mas eles estavam me dando as boas vindas de qualquer maneira. Talvez tenha sido assim que Luke se sentiu entrando na sessão de fotos. Ah, o rosto dele. Muito pouco poderia ter me preparado para o exato momento em que trancamos os olhos do outro lado do vasto espaço. Qualquer semente que tivesse sido plantada na noite em que enlouqueci na varanda dos fundos, tinha se desdobrado em algo... algo que me fazia me sentir fora de mim quando ele estava por perto. Era a tensão quebrando e vibrando entre nós, erguida pelo ar, pelos olhos dele em mim. Com duas mãos fortes, tirei isso da cabeça, porque não era esse o lugar para pensar em coisas quentes e tensas em relação a Luke Pierson. Depois de forçar um sorriso no rosto, fiz o meu caminho através das filas de jogadores, todos os quais pareciam soltos, felizes e relaxados, apesar da enorme temporada que estavam prestes a realizar. Dezesseis semanas de trabalho fisicamente cansativo, ainda mais preparação mental e possivelmente mais se nós fizéssemos os playoffs. Era uma coisa pequena para mim em garantir que eles vissem meu rosto a cada semana e soubessem que


eu estava prestando atenção em como eles estavam trabalhando duro. Talvez por isso meu pai tivesse feito isso. Para lembrá-los de que ele estava prestando atenção. Foi o suficiente para me fazer parar em algum lugar ao redor da linha de quarenta jardas. Ele fez isso comigo? Será que eu sequer notei? Alguém disse meu nome de novo, olhei as arquibancadas para ver três menininhas segurando uma placa, as camisas dos Wolves cobrindo seus corpos. A placa dizia: Somos o Time Sutton. Com uma mão sobre o meu coração, fiz o meu caminho para onde elas estavam debruçadas sobre o corrimão. Os guardas de segurança mantiveram uma distância respeitosa quando as meninas me entregaram um marcador rosa brilhante para que eu pudesse assinar seus programas. —Oh, obrigada, — disse uma em um sussurro chocado. —Você é tão bonita, — disse outra. —Aproveitem o jogo, meninas. — Eu acenei para elas depois que assinei todas as suas coisas, as risadas doces que me seguiram enquanto me afastava eram o suficiente para fazer qualquer besteira que eu tivesse passado valer a pena. A distração foi o suficiente para que eu percebesse que tinha perdido a última jogada complicada do nosso time antes que eles corressem para voltar no vestiário, incluindo Luke. Talvez eu fosse uma frangote, mas soltei um suspiro profundo de alívio e fiz meu caminho até o Camarote.


Q UANDO ENTREI no vestiário, os sons comemorativos eram ensurdecedores. Dayvon me pegou em seus braços, gritando e gritando. Eu mal conseguia tomar um fôlego de tanto rir, meu rosto doía de sorrir. Jogar com um rival da divisão em sua casa era um jogo horrível de se assistir. Horrível para mim porque estava tão perto. De um lado para outro, o jogo inteiro, as duas equipes ficaram dentro de um touchdown um do outro. Com 32 segundos para a descida por três pontos, Luke jogou uma bomba pelo campo nas mãos de Jack, que escapou de quatro defensores para dar um touchdown. Todo o meu espaço tinha entrado em erupção, assim como os fãs dos Wolves, que tínhamos nas arquibancadas, vendo os caras se enfrentando no campo, eu pensei que meu rosto poderia se abrir por causa do sorriso. Durante toda a caminhada até o vestiário, me senti muito como uma garrafa de champanhe que tinha sido violentamente agitada e só tinha uma frágil cortiça segurando todas as bolhas na borda. Joy estava ao meu lado, tagarelando alegremente sobre equipamentos, telas e ação, tudo que eu podia fazer era transmitir essa alegria a todas as pessoas por quem passávamos. Mas esse sentimento não era nada comparado à explosão do vestiário. Era viciante. A felicidade deles, a força efervescente e poderosa era tão alta como eu nunca tinha visto antes.


—Senhorita Sutton, — Jack gritou de onde estava em um banco no nosso vestiário. —Nós fizemos isso, porra! Dayvon me colocou no chão, jogando um braço pesado em volta do meu ombro. Foi então que percebi o quão suado e fedorento era o vestiário. Como suado e fedorento cada indivíduo estava naquele único espaço. Eu dei-lhe um sorriso e abaixei-me debaixo do braço dele quando o treinador Klein ficou no meio do vestiário e fez sinal para silêncio. Ele segurava uma bola em suas mãos. —Tudo bem, — ele gritou quando alguns jogadores nos fundos ainda estavam gritando. —Ótimo jogo, pessoal. Vocês pareciam afiados, pareciam rápidos, pareciam famintos. — Mais aplausos e palavrões de felicidade, se houvesse tal coisa. —Mas eu tenho muito orgulho de vocês, parecendo uma unidade. Um time. Nenhum homem é mais importante que os outros, certo? Do meu canto contra uma viga de aço, cruzei os braços e observei os rostos suados e sorridentes ao meu redor. Este era o momento deles, pensei. Para eles, esta era uma experiência espiritual. Tomando todas as coisas que eles praticaram e executando-os com tanta eficiência que emergiram como vitoriosos. Rolei pelo espaço como um espírito e respirei, independentemente do cheiro que veio. Seria possível que eu encontrasse o meu lugar entre homens como estes? Um jogo provavelmente não era o suficiente para ser capaz de dizer, mas um conforto se infiltrou através de mim naquele momento, algo que nunca tinha experimentado antes e queria agarrá-lo com as duas mãos, segurar firme com todas as minhas forças.


O treinador levantou a bola e todos ficaram quietos novamente. —A primeira bola do jogo é importante, não é? Houve murmúrios de concordância, todos mudando de posição como se estivessem se levantando demais para parar de se mexer. Era algo que eu podia entender quando meus dedos batiam no braço por sua própria vontade. Klein levantou a mão novamente, sorrindo agora como se eu não o tivesse visto sorrir alguma vez nas linhas laterais. —Pierson, sente-se aqui em cima. Cheers subiu quando fez o seu caminho da parte de trás. Eu inclinei a cabeça para observá-lo, minha pele pinicando por causa da bagunça do seu cabelo, a camisa branca apertada colada ao seu corpo com suor, os sulcos e curvas dos seus músculos contra o seu fisico. Ele parou ao lado do treinador, com as mãos apoiadas nos quadris e um pequeno sorriso em seu rosto bonito. Debaixo dos seus olhos estava aquela coisa preta que eu ainda não entendia. Ele parecia ter lutado em uma batalha, sujo, exausto e feliz. E quente. Ok, ele parecia quente. E suado. E quente. Com músculos. Músculos suados e tatuados. Droga, Allie, assobiei na minha cabeça. Batida mental completada, respirei fundo e me concentrei novamente no Treinador. —Este trabalho nunca é fácil, mas hoje, você fez isso parecer muito fácil.


Luke sorriu e minha respiração parou na garganta. O Treinador entregou-lhe a bola, ele segurou-a para o rugido de aplausos dos seus companheiros de equipe. Então seus olhos encontraram os meus. Desesperadamente, lutei pelo mesmo sorriso feliz que dei a Dayvon e a Jack. Para o resto dos homens na sala. Mas eu não conseguia mexer meus lábios. Era tudo que eu podia fazer para lutar contra a dor que desabrochava no meu peito quando ele olhava para mim daquele jeito. Era da mesma maneira que olhou para mim durante a sessão de fotos. Exceto que agora estávamos cercados por dezenas de pessoas que liam isso... tensão diferente. Com mais força de vontade do que pensei que tinha à minha disposição, afastei os olhos e falei brevemente com Joy. —É melhor irmos embora, querida, — ela falou em voz alta no meu ouvido. —Eles estão prestes a ficar nus e acho que meu velho coração iria parar de bater, se eu testemunhasse isso. Eu ri, colocando um braço em volta do ombro dela. Joy e eu, seguidas por meus bons seguranças que esperaram do lado de fora do vestiário, nos ajudaram a passar por alguns jornalistas que gritavam perguntas. Porque eu queria que o foco fosse o time, acenei e sorri, mas não respondi nada. Por enquanto. —Então o que acontece depois do jogo? Perguntei a Joy enquanto caminhávamos para onde um motorista estava esperando para nos levar de volta ao hotel, que ficava a cerca de dez minutos de carro pelo centro de Houston.


—Alguns rapazes saem para jantar com suas famílias, outros recebem seus tratamentos, massagem, hidro ou acupuntura e relaxam até que possam ir para a cama. Mas no final de uma tarde de jogos como este, geralmente você encontra alguns no bar do hotel, se suas famílias não estiverem por aqui. Os assentos de couro do carro deram a meus dedos um novo lugar para tocar, Joy notou com um sorriso irônico. —Desculpe, — eu disse. —geralmente eu não sou tão inquieta. Ela deu um tapinha na minha mão e fechou os olhos enquanto recostava a cabeça no banco. —Está bem. É emocionante. O carro parou debaixo da grande entrada do hotel, o motorista saiu para abrir a porta para nós com um toque diferente em seu chapéu preto. Eu sorri para ele e esperei por Joy antes de caminhar pelo saguão de mármore e vidro. Ninguém olhou duas vezes para nós, antes que ela saísse do elevador em seu andar, me deu um tapinha suave na minha bochecha. —Estou orgulhosa de você, querida. Você se saiu muito bem hoje. —Oh, eu não fiz nada, mas obrigada. Joy sacudiu a cabeça. —Você vai como está enganada até o final da temporada. Eu acho que vai ser bom. No silencioso elevador que subia para os dois andares seguintes, pensei em suas palavras, revirando o pescoço contra o zumbido constante de energia espesso em minhas veias.


O único som no meu quarto era do ar-condicionado, quando me sentei na beira da cama King size, com o edredom branco cuidadosamente dobrado e as almofadas brancas perfeitamente colocadas, eu sabia que não ia conseguir ficar no meu quarto a noite toda. Cinco minutos depois, encontrei-me na academia vazia do hotel, meus fones de ouvido explodindo com G-Eazy e Halsey enquanto corria na esteira. Fiz isso por alguns quilômetros antes de um ponto no meu lado me forçar a desacelerar, meu telefone começou a chamar, deixando-me sem música. Usei minha toalha para tirar o suor do pescoço. Na parede de espelhos, estudei meu reflexo, imaginando o que as pessoas pensariam quando me vissem agora. A percepção de mim, com um título, me mudou inevitavelmente. Embora eu não tenha feito nada, agora eu estava mais poderosa do que há um mês. Também não era sobre o dinheiro, porque eu tinha dinheiro antes que meu pai falecesse. As pessoas tratam você de maneira diferente quando você é rica, é claro. Mas isso era outra coisa. Eu parecia a mesma. Mas não me sentia a mesma. Virando-me levemente, estudei minhas pernas cobertas por leggings pretas, elas permaneciam as mesmas. Minha barriga branca definida e sutiã esportivo rosa, meu rabo de cavalo alto no topo da minha cabeça. Então, por que eu pareço diferente aos meus próprios olhos? As percepções dos outros eram tão poderosas que poderiam mudar minha percepção de mim mesma? —Você precisa de uma bebida, — eu disse em voz alta.


Mas como a academia ainda estava abençoadamente vazia, deixei as esteiras e fiz algumas abdominais, agachamentos, e um pouco de peso para os meus braços. Uma hora e meia depois de ter atravessado as portas de vidro, voltei para o elevador e tomei um longo gole da garrafa de água. Soquei o botão do vigésimo andar e afundei contra a parede. Assim que as portas estavam prestes a fechar, uma mão disparou e as deteve. A mão presa ao braço tatuado de Luke Pierson. Sua cabeça voltou para trás quando me viu no canto. —Oh, ei. Sorri. —Ei. Ótimo jogo hoje. Seus olhos começaram na minha boca e se moveram lentamente, como se não importasse que eu estivesse a dois metros de distância dele e pudesse ver claramente todos os lugares que ele estava olhando. E ele olhou. Luke Pierson estava fazendo algum olhar intencional. Abaixo da linha do meu pescoço, o V do meu sutiã esportivo, passando pela minhas leggings pretas simples e depois levantando o olhar. Suas sobrancelhas escuras se curvaram em confusão. Ou sofrimento. Eu escolhi confusão. —Senti como se fosse enlouquecer se não liberasse alguma energia, — eu expliquei. —Sim, — disse ele, com os olhos fixos na minha boca. —Eu tenho essa sensação depois de um jogo também.


Assim que as portas quase se fecharam, uma jovem gritou para segurar a porta. Eu me inclinei para frente para apertar o botão, Luke se moveu para trás quando uma, duas, três, depois quatro, cinco e seis adolescentes se amontoaram. Elas estavam rindo e gargalhando, conversando alegremente, completamente inconscientes de que Luke Pierson estava compartilhando um elevador com elas Ele estava ao meu lado, seu braço roçando o meu com cada inspiração profunda que expandia do seu peito largo. Eu me mexi ao lado dele, levantando a mão para enxugar o suor ainda reunido ao longo da minha clavícula. Seu queixo caiu para o peito, e notei ele fechar os olhos. Soltei uma lufada de ar pelo nariz e ele olhou para mim. Uma das garotas riu tanto que ela se inclinou para o lado, fazendo Luke pular em mim. Para se equilibrar, agarrou o corrimão ao longo da parte de trás do elevador. Seus dedos, apertados contra o metal, pressionaram contra a parte inferior das minhas costas quando encontrei o meu ponto inicial em que estava. Através da minha camisa, podia sentir os nós de seus dedos e não recuei. Ele não moveu a mão. Exceto que depois ele moveu. Empurrou-o por alguns centímetros, de modo que o comprimento do seu braço estava nas minhas costas. Se eu virasse para o lado, ele teria o braço em volta de mim. No décimo quinto andar, elas saíram em uma onda de risadas, algumas olhando para nós com as bochechas coradas e excitadas.


Assim que saíram, Luke afastou o braço, deixando alguns centímetros entre nós. Virei a cabeça para o lado, olhando para ele e seus olhos estavam no meu rosto. Ok, se isso acontecesse por muito mais tempo - esse olhar contido, mas cheio de significado implícito, os pequenos toques que claramente não eram acidentais, o contato visual quente como fogueira - eu iria incendiar. Meu coração saía do peito porque seus estúpidos olhos de laser sexy estavam transformando meus ossos em gelatina. —Qual andar? — Eu perguntei quando ele ainda não tinha se movido. Luke piscou e eu juro, meu coração combinou com os movimentos rápidos. O ar parecia pesado e arrastado, lambi meus lábios para ver se podia sentir o gosto. Ele estava olhando para os botões circulares, o número vinte aceso como um farol de emergência. —Você não apertou nenhum botão, — perguntei esperando uma resposta. —O mesmo que você. —Oh, — eu sussurrei. Por que eu estava sussurrando? —Bom. As portas se fecharam, nos trancando juntos. Bom. Excelente.


EU nunca tinha experimentado um silêncio como aquele que enchia um minúsculo elevador. Allie estava ao alcance do meu braço, suando fazendo seu peito brilhar sob as luzes fortes. Eu queria lambê-la. Meus olhos se fecharam enquanto os números apitavam com cada andar pelo qual passamos. Era quase como se algo tivesse sido suspenso entre nós desde a sessão de fotos, colocado no lugar quando coloquei minhas mãos sobre ela na minha varanda. Eu não sabia o que parecia, essa coisa pairando no ar. Mas, lentamente, inexoravelmente, me puxava em sua direção, fazendo o espaço entre nós cada vez menor, mesmo que não tivesse me movido ainda. Algo dentro de mim estava terrivelmente desequilibrado, exceto por momentos como esse, quando não parecia horrível. Parecia certo. Sua boca se abriu como se fosse falar quando o telefone tocou. A decepção que senti foi pegajosa e desconfortável, queria lavar isso de cima de mim. Com uma respiração profunda, ela leu algo em seu telefone e me deu um olhar inescrutável.


—O que foi? O elevador parou. No nosso andar. Com uma mão, eu segurei as portas abertas para ela, mas não se mexeu. —A Sports Illustrated me enviou uma prévia da sessão de fotos, caso eu quisesse ver, antes de chegar às bancas de jornal. Balancei a cabeça lentamente, empurrando contra as portas quando elas tentaram fechar. —OK. Ficaram boas? Claro, que elas estariam boas. Eu tinha olhos. Eles poderiam ter feito as filmagens com ela parecendo exatamente como estava agora. Cara limpa sem maquiagem, cabelo empilhado em cima da sua cabeça e suor fazendo-a brilhar, ela seria uma fantasia para todos os homens com olhos do caralho. Ela certamente era para mim. —Eu não consigo fazer download delas. — Seu celular ficou escuro em sua mão. —Sinal de baixa qualidade no elevador. Vou usar meu laptop. — Ela engoliu em seco e levantou os olhos para os meus. —No meu quarto. A porta tentou se fechar e bati minha mão com mais força do que o necessário. Ela lambeu os lábios e observou meu rosto com cuidado enquanto saía, seu ombro quase roçando meu peito ao sair. Soltei um longo suspiro dos meus lábios. Aquela coisa, o cordão, o agente aglutinador, a atração química entre nós me puxou ainda mais.


Fora do elevador, havia duas direções que ela poderia ter ido. Dado que eu não tinha ideia de onde era o quarto dela, observei com cuidado quando parou ao lado de uma mesa lateral ornamentada e espelho de moldura dourada. —Você quer vê-las? — Ela perguntou, seus olhos brilhando em seu rosto. Lembra quando eu disse que me sentia desequilibrado? Essa era uma subestimação grosseira. Com essas palavras, a intenção por trás delas, o corredor vazio e silencioso atrás, a tensão vibrando entre nós como se alguém tivesse batido em um diapasão com uma marreta, eu sabia que estava na ponta dos pés ao longo de um penhasco. Sem nenhum freio, sem nenhuma rede de proteção. Se eu saísse da linha fina, nós dois cairíamos no desconhecido. Mas no rosto de Allie, dado o que ela deve estar vendo na minha, ela sabia disso tão bem quanto eu. Eu engoli, meus olhos nunca deixando sua boca. Era uma boca perfeita. —Não, — eu disse, mas saiu como uma pergunta, cheia de incerteza. Seus lábios se curvaram ligeiramente. —Você tem certeza? —Não. — Nenhuma incerteza aqui.


A leve curva se transformou em um sorriso completo, seus dentes brancos aparecendo agora, junto com um lampejo de língua rosa. Seria suave e úmida, a língua dela. —Bem, isso soa como um problema pessoal, Luke. Por que eu gostei tanto do som do meu nome nos lábios dela? Quando não falei, Allie virou-se e deu um lento passo à direita; na mesma direção que eu precisava ir para o meu quarto. O que eu estava fazendo? Isso era complicado em um nível totalmente diferente do que eu estava acostumado. Minhas mãos agarraram os lados da minha cabeça e forcei uma respiração difícil pelo nariz. Mas complicado ou não, eu queria ela. Isso não era complicado. Era bem simples. Allie me queria e eu a queria. Normalmente, esse era o momento em que me lembrava de todas as razões pelas quais não me permitia uma noite de soltura, de energia gasta e pele escorregadia de suor. As consequências nunca valeram a pena para mim. Isso era diferente. Ela era diferente. Em alguns segundos esticados, percebi que Allie poderia ser a única mulher que entenderia nossa posição precária. Ela não me queria pelo meu dinheiro ou posição, eu não a queria simplesmente porque ela estava disposta e disponível. Apesar das complicações,


ela me puxou para dentro disso, puxando através do que quer que tivesse me puxando sob a minha pele, e sob as dela também. Eu não queria mais lutar contra a atração. Andei a passos largos, tomando a direita como ela, estava em frente à sua porta aberta, a chave mal saindo da fechadura, os olhos no exato local onde eu virei a esquina. —Mudou de ideia? Eu não falei. —Bom, — ela disse como se eu tivesse. Então entrou em seu quarto de hotel. Antes de entrar, segurei o batente da porta com as duas mãos e deixei a respiração entrar e sair do meu peito. Talvez eu não a tocasse. Talvez ela me mostrasse as fotos, então eu voltaria ao meu escuro e silencioso quarto de hotel com nada além de uma cama estéril esperando por mim. Talvez. Allie parou perto da mesa e olhou por cima do ombro para mim. Questionando, olhos brilhantes, lábios suaves e sorridentes. Ou talvez não. Eu recuei para trás e a segui, decisão tomada. Com o movimento da minha mão, a porta se fechou atrás de mim. Ela estava de frente para a mesa novamente, quando apoiou a mão na superfície limpa e brilhante, vi o tremor em seus dedos enquanto clicava em alguns botões na tela do laptop. —Whoa, — ela sussurrou quando a página carregou.


Vim atrás dela, perto o suficiente para que pudesse sentir seu calor, mas não a tocando. O topo da cabeça dela estava bem debaixo do meu queixo, então eu podia facilmente ver por cima do ombro o que ela estava olhando. A capa era a foto exata prevista pelo fotógrafo. A última que ele havia tirado, mesmo que eu estivesse lá, embora eu sentisse o calor explosivo daquele momento capturado na foto, era como um soco no estômago vê-la. —O Novo Alfa dos Wolves, — leu o título. Cativante. Mas o que poderia ter sido clichê e bobo não era. Isso só tornou a imagem ainda mais poderosa. Allie parecia pequena na frente de Jack e eu com aquela bola equilibrada no quadril. Jack estava sorrindo para a câmera, seus braços cruzados como os meus. Os lábios vermelhos de Allie estavam abertos em uma leve inspiração, os olhos brilhando azuis em seu rosto impecável. Ela parecia feroz, forte e feminina. Mas era eu, atrás dela, o mais chocante. Eu parecia selvagem. Territorial. Meus olhos queimaram na câmera com aviso. Com desejo. Seu dedo trêmulo surgiu e tocou a tela exatamente onde eu estava olhando. —Você parece... — ela disse baixinho, sua voz crua e suave, — como se você fosse capaz de rasgar a garganta de alguém. —Sério? — Minha cabeça mergulhou para que eu pudesse sentir o cheiro do cabelo dela. —Não é disso que me lembro de pensar quando eles capturaram isso.


Seu queixo levantou e meu nariz estava em seu rabo de cavalo. Tomei um puxão ganancioso de ar, e seu telefone bateu na mesa enquanto apoiava as duas mãos na superfície. —O que você estava pensando? Por um momento, fechei meus olhos e simplesmente a respirei. A necessidade crescente e avassaladora fez minhas mãos se fecharem em punhos para que eu não as deslizasse em torno de seus quadris e sob sua camisa. —Você, — admiti em uma voz áspera. Ela emitiu um suave gemido, suas costas arquearam levemente, trazendo seu traseiro contra mim. Eu deixei cair minha testa contra a parte de trás do seu pescoço e toquei meus lábios em um delicado nó em sua espinha. Eu estava pensando em como ela cheiraria, agora sabia. Algo doce e cítrico. Estava pensando em como sua pele nua se sentiria sob minhas mãos. Algo que eu precisava de mais experiência. O que eu senti até agora não era o suficiente. Muito, muito longe do suficiente. —Luke, — ela implorou. Meus punhos se abriram, meus dedos envolvendo seus quadris estreitos com facilidade. Puxei-a contra mim, arrastando minha língua até a linha suave do seu pescoço, quando ela inclinou seu rosto para mim. Lentamente, Allie se virou no círculo dos meus braços, suas mãos deslizando pelo meu estômago e peito, ao redor do meu pescoço e no meu cabelo.


Com uma leve pressão, ela puxou minha cabeça para baixo até meus lábios pairarem sobre os dela, nenhum de nós disposto a ceder a última polegada. Meus lábios se curvaram em um sorriso divertido, e seus olhos se estreitaram. —Beije-me, — eu disse a ela, minha língua correndo para lamber meus lábios. —Você me beija, — ela retrocedeu. Ela não era contra jogar sujo, porque arqueou as costas novamente, pressionando os seios contra o meu peito. Tive que cerrar meus dentes para não rasgar sua camisa com minhas próprias mãos, o desejo de ver, sentir e provar tão forte que ela deve ter injetado algo em minha corrente sanguínea com esse simples movimento. Minhas mãos se curvaram e seguraram seu traseiro com dedos ásperos, isso fez sua testa enrugar em agonia. —Por que você é tão teimoso? — Ela choramingou. —Só eu que sou? Allie exalou uma risada suave, e chupei o som como se fosse a única maneira que eu poderia devorar nela. Eu tomei isso. A vibração do meu coração era tão violenta que eu sabia que pegaria qualquer coisa que ela me desse naquele momento, mesmo que fosse apenas esse impasse insano, sem concessão de nenhum de nós. —Droga, — ela gemeu, subindo na ponta dos pés. Seus lábios eram suaves e doces, inclinei minha cabeça para poder ir mais fundo, mais profundo, mais intenso. Sua língua enrolou em volta da minha e eu lambi a ponta dela. Suas unhas


cravaram no meu couro cabeludo quando chupei sua língua na minha boca. Meus braços envolveram firmemente sua cintura, impulsionando-a para a superfície da mesa. Allie serpenteou as pernas em volta de mim, prendendo-me contra ela, seus quadris se contorcendo em um círculo lento. O beijo foi exigente, mas não foi nada comparado com a batida do desejo vicioso e mordaz que fazia com que minhas mãos se movessem por toda parte. Em seus cabelos, ao longo da suave curva felina das suas costas, sob sua camisa, onde ela era elegante e suave. Ela se afastou em um suspiro, segui beijos mordidos ao longo da sua mandíbula enquanto suas mãos se mexiam para ficar debaixo da minha camisa. As pontas dos dedos dela arrastaram para baixo da linha do meu abdômen, balancei para ela, sem pensar e impulsivo para fazer meu caminho para reivindicar cada parte dela. Eu queria estar dentro, sobre e atrás. Minhas mãos se encheram com sua pele, minha língua deslizou sobre as partes dela que deveriam estar pálidas por serem escondidas do sol. Eu me afastei o suficiente para arrancar minha camisa sobre a minha cabeça, Allie mordeu o lábio enquanto observava. —Olhe para você, — ela sussurrou, arrastando um dedo pela linha que cortava meu estômago, ao longo do rastro de cabelo que desaparecia no meu jeans. Meus músculos saltaram quando ela fez isso de novo, com uma leve pressão torturante. Eu apontei com meu queixo. —Sua vez. Ela inclinou a cabeça e recostou-se na mesa. —Diga por favor.


Apoiei minhas mãos em punhos na mesa e balancei para ela lentamente enquanto meus lábios pairavam sobre os dela. Com satisfação, observei os olhos de Allie se fecharem quando encostei no ponto certo. —Você é tão idiota, — ela gemeu. Curvando-me, arrastei meu nariz da base de sua garganta até o V do seu sutiã esportivo e depois mordi suavemente a curva superior de seu seio. Allie se arqueou para mim. —Eu quero ver você, — falei sob sua pele. —Sim, — ela sussurrou. Foi quando meu telefone tocou, um tom áspero e violento entre nossas respirações pesadas e ofegantes. Era o toque de Faith. Deixei cair minha cabeça contra sua garganta e trabalhei para controlar meu batimento cardíaco acelerado. —Merda, — sussurrei e me endireitei. Allie caiu contra a parede com uma expressão dolorida e frustrada no rosto. Tirei o telefone e tomei mais uma inspiração lenta antes de atender a ligação. —Oi, turbo. Posso ligar de volta em cinco minutos quando eu estiver no meu quarto? — —Claro, papai! Você jogou tão bem!


Belisquei a ponte do meu nariz e recuei um passo quando as pernas de Allie se desdobraram ao meu redor. —Obrigado. Eu te ligo em alguns minutos, ok? — —Ok, — ela disse brilhantemente e desligou. Depois que coloquei o telefone de volta na minha calça, o som de alguém andando pelo corredor, rindo alto, fez Allie suspirar pesadamente. Eu entendi o sentimento. —Era a Faith, — expliquei sem jeito. Ela sentou-se e alisou a mão por cima do rabo de cavalo. —Sim. — Allie olhou para a porta quando mais vozes profundas passaram. —Talvez seja melhor que ela tenha ligado. Engoli isso como uma pílula amarga e calcária. Ela não estava errada. Mas quando puxei minha camisa de volta sobre a cabeça, desejei muito que ela estivesse errada. Nós realmente não tínhamos pensado nisso. Quem dividia o quarto do outro lado daquela mesa? Se eu pudesse identificar as vozes no salão, alguém teria sido capaz de identificar as nossas. Droga. Meu rosto deve ter traído minha linha de pensamento porque ela deu um tapinha no meu peito em solidariedade. Com um sorriso pequeno e divertido, Allie saiu da mesa e gesticulou para a porta. —Eu vou... uhh, apenas ter certeza de que o corredor esteja vazio.


Estava, e eu saí sem alarde, sem sequer um adeus, porque acho que nós dois sabíamos exatamente o quão ruim ficaria para nós se eu fosse visto saindo do quarto de hotel da dona do time. Afundei pesadamente na cama uma vez que estava de volta à minha própria privacidade e coloquei minha cabeça em minhas mãos. Agora eu sabia. Sabia como ela cheirava, provava e sentia. —Você é tão idiota, — eu disse em voz alta e cai para trás na cama. Porque agora, não havia como esquecer isso.


Quando eu estava fazendo minha entrevista para a Sports Illustrated, o repórter me fez uma pergunta que eu gostaria de poder responder de forma diferente. Não era porque eu disse algo errado ou falso. Mas eu queria ter dito algo que sabia agora que era mais correto, mais verdadeiro. —Qual é a maior experiência que você aprendeu durante todo esse processo? — Foi o que ele perguntou. —Além do que um teto salarial? — Nós dois sorrimos, sabendo que esta não era a minha resposta real. Antes de falar de novo, dei uma pausa dando à questão o peso significativo, pensando no último mês. —Eu aprendi que sou capaz de muito mais do que eu me dei crédito. Eu poderia dizer que minha resposta o agradou com a torção dos seus lábios e o lento aceno de cabeça. Ainda me sentia assim. Nós ganhamos nosso segundo jogo, desta vez em casa, o artigo explodiu totalmente, foi compartilhado por milhões nas mídias sociais e era extremamente positivo. Dois meses antes, se alguém tivesse me dito que eu estaria nessa posição, com esse tipo de alcance, esse tipo de impacto, eu teria rido como uma idiota. Então minha resposta ainda segurava firmemente a verdade. Mas o que era mais verdadeiro agora era isto: o ganho de conhecimento era transformador e irreversível. Eu nunca poderia


desconhecer as coisas que eu aprendi nas últimas oito semanas. Sobre mim, sobre a equipe, como eu via incorretamente seu impacto na vida de meu pai. Sobre Luke. Luke acima de tudo. Talvez fosse tolice que, no meio de todas essas coisas e do fato que agora carregavam na minha vida, ele fosse o que eu não conseguia tirar da cabeça. Porque eu sabia das coisas agora, mesmo que não pudesse explicá-las. Por exemplo, eu sabia que Luke era um bom beijador, eu quase deixei ele me foder na minha mesa do hotel. Eu sabia que suas mãos eram enormes e cobriam minhas costelas com facilidade. Eu sabia que quando ele chupou minha língua, isso causou um aperto involuntário das minhas coxas. Eu soube que quando ele balançou seus quadris contra mim, ele estava escondendo um tubo de aço em seu jeans ou era muito, muito abençoado. E eu sabia que queria revisitar todas essas coisas novamente. Com regularidade. Talvez fosse porque não fazia sexo há meses. Uma sequência muito longa de meses sucessivos que provavelmente me deprimiria se eu pensasse sobre isso, mas isso era principalmente porque a maioria dos homens que tinham coragem suficiente para vir falar comigo e saber de mim, eram geralmente idiotas egoístas.


Investidores e modelos que passavam mais tempo se olhando no espelho do que conversando com humanos de verdade, ou homens com idade suficiente para serem meu pai e de alguma forma achavam apropriado propor a uma mulher de vinte e seis anos. Mas Luke era diferente. Eu nunca conheci um homem como ele antes. Ok, tudo bem, eu tinha que levar em conta que ele me detestava desde a primeira que me viu e me escrevia como uma prostituta de futebol de merda antes mesmo que eu abrisse a boca, mas mesmo isso era completamente novo para mim. Ele tem um elemento a favor, a refrescante honestidade ao nosso relacionamento, seja ela qual for. Se Luke tirasse a camisa para mim, se lambesse meu pescoço, mordesse a carne sobre minha espinha, cheirasse meu cabelo e dissesse que queria me ver nua, era verdade. Foi apesar do que ele pensou de mim quando nos conhecemos. Apesar do fato de que eu fosse dona do time que ele joga. Apesar de todos os possíveis bloqueios colocados à nossa frente. Luke me queria. E, oh queridos Wolves na linha de cinquenta jardas, eu também o queria. Conhecimento. Ele rearranjava seu cérebro, permitindo espaço, mudando sua percepção da realidade e fazendo sentido do que o efeito dominó poderia ser. O meu erro nesta pequena bomba, era tentar explicar isso a Paige no FaceTime.


—Eu acho, — ela disse lentamente, com a preocupação gravada em seu rosto bonito, —que você perdeu a cabeça. Eu ri. —Oh, vamos lá, você sabe o que estou dizendo. Eu sei das coisas agora, Paige. Eu não posso desapontá-los. —Mm-hmm. Você mencionou isso. É fofo. Você deveria fazer um adesivo para o carro. Eu levantei minha mão para que ela pudesse ver claramente meu dedo do meio na tela. Foi a vez dela de rir. Além de onde ela estava sentada no sofá preto e lustroso, eu podia ver nosso pequeno pátio na varanda, as fileiras irregulares de edifícios altos e estreitos de Milão ao fundo. —Então… você sabe que quer sair com seu vizinho. Não é o fim do mundo. —Não, — eu concordei, —não é. Eu mal o vi desde que voltamos desse jogo. A programação dos jogadores durante a temporada regular é insana. Não sei como ele equilibra isso, especialmente como pai solteiro. Paige apoiou o queixo na mão e sorriu para a tela. —É tão quente que ele é um pai solteiro. Eu o pesquisei na semana passada quando você me enviou suas mensagens de surto pós-beijo. — Ela balançou a cabeça. —Allie, esse homem é fogo. Absolutamente. Ele poderia ser o irmão de Hemsworth há muito perdido, e eu não ficaria chocada nem um pouco. E ele quer você. — —Eu sei, — gemi. —Eu não consigo parar de pensar nisso. Sobre ele. E eu tenho mil outras coisas que precisam ser mais


importantes na minha cabeça do que uma sessão de estudo sobre o que aconteceu, que pode não ser repetida tão cedo. Através da tela, Paige sorriu para mim. —Mas você quer. —Eu não vou nem fingir que não, Paige. — Coloquei meus joelhos no meu peito e olhei para fora da porta de correr. De onde eu estava sentada, podia ver o convés dele, que estava vazio. Nesta hora do dia em uma quarta-feira, ele estaria no treino ou revendo o filme em algum lugar com seu coordenador ofensivo e o treinador do quarterback. O nível de dedicação dele, de todos os jogadores, treinadores e coordenadores, era uma das coisas mais impressionantes que já vi. —O que você está fazendo esta semana? — Eu perguntei a ela. —Alguma sessão de fotos? Ela encolheu os ombros, estreitando os olhos cinzentos em algum lugar além da tela. —Não, não esta semana. —Paige. —Allie. —Qual é a linguagem corporal que estou vendo aqui? É estranho. Você está agindo de uma forma diferente. — Minha amiga não se mexeu. Ela se movia como uma dançarina de balé em filmagens, podia deslizar por uma pista como se seus pés fossem feitos de nuvens ou algo assim, mas ela fez um estranho movimento nervoso com os ombros e começou a morder o lábio. —Eu não sei. Eu acho que estou ficando entediada com Milão. —


Eu estalei minha língua. —Bem, eu saí. Claro que está. Nós duas sorrimos. Paige passou a mão pelo cabelo vermelho escuro, uma de suas marcas registradas e suspirou. —Talvez seja isso. Eu sou muito extrovertida, você me deixou sozinha aqui, estou apenas... ugh, eu acho que estou ficando entediada sendo modelo. Pose e clique, pose, incline seus ombros, chupe sua barriga... — —Você não tem uma barriga, — interrompi duramente. —Você é como um tamanho um. —Eu sei disso. Mas os fotógrafos são idiotas. —Nem todos eles, — indiquei. Ela revirou os olhos. —Você sabe que estou certa. Mas o que é que tem se você está ficando entediada com a modelagem? Ninguém disse que você tem que fazer isso para sempre. —Sim, eu acho. Talvez eu vá a Seattle e fique na sua grande mansão, você pode ser minha suggar momma8. Agora era a minha vez de revirar os olhos. —Eu não estou na mansão e você sabe disso. —Eu sei. Por que você não está? Eu olhei ao redor do quarto da família, totalmente mobiliado e me sentindo como eu. O grande sofá, agora com cadeiras iguais, era macio e branco. Os pisos de madeira tinham tapetes de área azul escuro e branco cobrindo-os. Ao longo da parede com a lareira coberta de rocha, eu encontrei alguns vasos brancos altos que eu amava, cada um segurando folhas verdes pontiagudas. As estantes 8

Referência a “suggar daddy” que seria velho rico que paga as contas da jovem namorada.


de livros que ladeavam os dois lados estavam sendo lentamente preenchidas com fotos que eu encontrara em caixas no andar de baixo. Mamãe e eu quando era pequena. Ela e meu pai no dia do casamento. O convés superior não estava mais vazio. Eu tinha uma longa mesa de jantar retangular em madeira escura e cadeiras para combinar, que era onde eu comia a maior parte das minhas refeições, olhando por cima do lago. Algum dia, eu teria pessoas suficientes para encher as cadeiras, então poderia acender as velas no meio e não sentir como se estivesse desperdiçando apenas comigo. —Parece ser a minha casa, — eu disse a Paige. Era a melhor resposta que eu poderia dar. —A casa do meu pai é muito grande para mim. Eu realmente preciso chamar um corretor de imóveis e mandar vendê-la para mim, com as mobílias e tudo mais. —Não há nada lá que você quer manter? — Ela perguntou ceticamente. —Qualquer coisa sentimental que estivesse ligada à minha mãe foi trazida para cá. Qualquer coisa da minha infância está guardada desde quando ele renovou há alguns anos atrás e qualquer outra coisa que eu possa achar importante está em seu escritório. — Dei de ombros. —Aquela era apenas... uma casa. E é uma casa que não preciso. —Basta adicionar o dinheiro da venda à sua pilha crescente de dinheiro, — brincou ela.


Eu me estiquei. —Você não sabe? Eu disse a eles que imprimissem tudo para que eu pudesse nadar nele. Toda noite, eu coloco na minha cama como um cobertor. Ela bufou. —Eu te socaria se você fosse tão desagradável. Houve movimento no convés de Luke, sorri para Faith pulando ao redor da borda vestindo uma camisa branca e preta dos Wolves sobre algumas leggings brilhantes. Seu pai era obscenamente rico, assim como o meu era. Ou como eu estava agora. Ela estava feliz em ficar pulando no deck em um dia ensolarado depois da escola. —Não parece mesmo real, Paige. —O que não? —O dinheiro. Qualquer coisa disso. Eu posso ler demonstrações financeiras até que meus olhos sangrem, mas a riqueza do meu pai, minha riqueza, é uma coisa estranha e abstrata que não tenho realmente um aperto firme na minha cabeça. Eu tenho estado tão focada em me familiarizar com a equipe, é como se finalmente tivesse que tentar entender exatamente o quanto ele me deixou, e o que eu vou fazer com isso. — Faith deu uma volta no convés como uma bailarina desajeitada, isso me fez sorrir. Eu não tinha notado antes, mas ela estava vestindo o número um na camisa. A camisa que eu usei na sessão de fotos. Ava insistiu que a loja profissional começasse a vendê-las. E a filha de Luke tinha uma. Meu coração dificilmente poderia aguentar. —Como investir em imóveis ou algo assim?


Outro giro com os braços acima da cabeça e Faith fez meu cérebro zumbir. Pensei nas garotinhas do primeiro jogo, que queriam meu autógrafo no cartaz que estava escrito 'Time Sutton'. —Como talvez uma fundação. — Eu bati meu dedo contra a boca, enquanto minha cabeça girava com ideias. —Você sabe como eu disse ao repórter que fiquei surpresa com o quanto eu era capaz? Não era porque alguém me disse que eu não podia fazer coisas quando estava crescendo. Mas não me disseram que eu também poderia. A expressão de Paige se aguçou como quando ela ficava interessada. —Então, como desenvolvimento de liderança? Eu senti um sorriso se espalhar pelo meu rosto. —Sim, talvez. Eu sei que seria muito trabalhoso colocar tudo em prática, mas isso não seria incrível? Fazer um acampamento todos os anos, falar nas escolas, há tantas coisas que você pode fazer para ajudar as meninas a reconhecer seu potencial. — —Bem, merda santa, Alexandra Sutton. Você é a chefe por uns três segundos e de repente, você é uma magnata. — Ela assentiu. — Eu gosto disso. Eu gostei também. Apenas a semente disso na minha cabeça era boa. Me senti importante. Menos como se eu tivesse sido arrastada na onda de algo e mais como se eu fosse a única a fazer a onda. Paige e eu nos despedimos, caminhei até a porta deslizante para ver Faith dançar ao redor. Eu já havia agido assim como uma garotinha? Provavelmente. Eu simplesmente não conseguia me lembrar. Muito dos meus anos


mais jovens eram partes nebulosas que eu não conseguia lembrar; talvez porque passei mais tempo com babás e funcionários da casa do que com meu pai. Eu tinha fragmentos de memórias claras, mas nenhuma delas era eu dançando sozinha em uma casa cheia de amor e apoio, onde as decisões eram tomadas para o meu bem-estar exclusivo. Talvez isso soasse terrivelmente como se eu fosse uma pobre menina rica, mas a verdade era que Faith era rica em algo que eu nunca tive. Luke a amava mais do que tudo e ele não se importava com quem visse seu amor. Homens de verdade amavam seus filhos assim. Era apenas mais uma peça do quebra-cabeça de Luke Pierson que não fazia absolutamente nada para conter a ascensão do desejo dentro de mim. E isso provavelmente significa que eu estava ferrada.


Três jogos. Três vitórias. Minha linha ofensiva me impediu de ter minha bunda derrubada a noite toda, o que era bom porque a linha de defesa de Pittsburg parecia querer que eu pegasse grama entre os dentes pela próxima semana. Normalmente, uma vitória significava júbilo, uma sensação de alívio, o conhecimento de que eu cairia na cama na noite de domingo e dormiria como um morto. Em vez disso, eu me vi em pé na minha cozinha escura, as mãos apoiadas no balcão da cozinha, o corpo zumbindo como se alguém tivesse enfiado um fio elétrico sob a minha pele. Sem nenhuma luz ao meu redor, podia ver perfeitamente a noite escura. Havia luzes distantes da estrada que passava sobre o lago, barcos flutuando na água escura. E, no nível mais baixo da casa da minha vizinha, pude ver um longo e delicado cordão de luzes do pátio acesas e penduradas em grandes ondas do fundo do convés, convergindo para um poste alto que ficava no canto mais distante dela. Elas davam a tudo um brilho quente e suave e do meu convés, podia ver apenas o topo da sua cabeça enquanto ela se reclinava na hidromassagem.


Seus ombros estavam nus, os braços estendidos ao longo da borda da hidro. Não era um fio vivo debaixo da minha pele. Era Allie. E ela gerou um tipo completamente diferente de energia. Ela rolou para fora como uma força incontrolável e indomável. Eu queria mais. Respirei fundo e rolei meu pescoço em meus ombros, testando como meus músculos se sentiam. Eles estavam quentes e soltos após um vigoroso tratamento pós-jogo por nosso massagista pessoal. Desde o nosso interlúdio no hotel em Houston, pensei muito em Allie. Mais do que eu deveria estar pensando em algo que não era relacionado ao futebol, mas porque não se tornou uma distração ainda, eu permiti. Ela estava me dando espaço, me tratando com respeito educado quando outras pessoas estavam por perto. Antes do jogo, ela sempre caminhava pelo campo e desejava aos jogadores um bom jogo durante o nosso aquecimento. Quando ela chegava a mim, eu não conseguia nenhum abraço lateral, nenhum soco no punho, nenhum sorriso largo ou conversa fácil. Mas os olhos dela, eles faziam a minha pele zumbir de forma imprudente, porque eu via o fogo dentro deles que eu senti queimando através dos meus ossos. Era esse respeito educado que me fez verificar Faith. Ela estava roncando suavemente em sua cama, o rosto enterrado em seu travesseiro listrado roxo. Em seu criado-mudo branco, seu abajur em forma de estrela lançava seu rosto em manchas de branco, rosa


e roxo. Sentei-me na beirada da cama e coloquei a mão nas costas minúsculas para sentir a suave subida e descida de sua respiração. Era algo que eu costumava fazer por meses depois que Cassandra morreu, quando era apenas um bebê. Porque ela era um constante borrão de movimento durante o dia, os momentos de silêncio quando eu podia apenas vê-la respirar eram como bolsos preciosos de tempo que eu queria desesperadamente congelar. Nunca a acordei porque, a menos que estivesse doente, Faith dormia como uma rocha. Inclinei-me para pressionar um beijo em sua têmpora e saí do seu quarto, deixando a porta entreaberta. Enquanto descia as escadas, chequei o aplicativo no celular que costumava monitorar quando ela dormia. Normalmente, eu só usava quando estava no andar de baixo trabalhando, talvez dando voltas na piscina depois de um jogo e queria a paz de espírito que ela estava bem. Agora eu estava me certificando de que estivesse funcionando para que eu pudesse propor algo para minha nova chefe. O completo absurdo me fez respirar suavemente. Mas isso me impediu? De jeito nenhum. No máximo felicitei-me com minha genialidade porque era uma ideia perfeita. A ideia de Allie provavelmente se tornaria cada vez maior em minha mente até que eu me perguntasse se eu estava recuperando o calor feroz que havia queimado naquele momento perfeito. Sua capacidade de se tornar uma distração se expandiu


rapidamente dentro do espaço do desconhecido. Explorar o que está acontecendo entre nós, era a maneira mais lógica de controlá-la. O mais silenciosamente possível, abri a porta de correr no meu pátio, deixando as luzes apagadas. As luzes que ela tinha sobre o seu próprio espaço de baixo nível me davam o suficiente para andar pelo meu quintal. Que atencioso da parte dela. Quando cheguei à cerca que separava nossas propriedades, dei um momento reconhecidamente assustador em olhar para ela, antes que soubesse que eu estava lá. Seus olhos estavam fechados, a cabeça ainda descansando na beira da banheira de hidromassagem como antes. Penteado para trás e molhado, seu cabelo loiro parecia escuro. Seu rosto estava nu da maquiagem que ela usou antes. Com o turbilhão de água ao redor do seu peito, nenhum traje de banho visível, ela parecia nua. Energia. Eletricidade. Fosse o que fosse, Allie controlava isso apenas respirando. Talvez devesse me fazer voltar para a minha casa, mas limpei a garganta calmamente e a observei sentar-se rapidamente na água, os olhos se voltando para mim instantaneamente. Não nua. Seu maiô sem alças era azul, da mesma cor dos seus olhos. Lentamente, afundou de volta na água enquanto eu empurrava através da sebe.


—Bom jogo hoje à noite, — ela disse calmamente, espelhando o que tinha dito no elevador uma semana antes. Eu sorri e cruzei os braços sobre o peito. Seus olhos de joia permaneciam em minhas tatuagens. Eu nunca conheci uma mulher que pudesse carregar o silêncio com tanta força visceral e pulsante. —Obrigado. — Levantei meu queixo e esperei que ela encontrasse meu olhar novamente. Para não ser apressada, Allie levou seu maldito tempo. —Eu tive uma ideia agora. —Espero que você não tenha se machucado no processo. Lambi meus lábios para não rir, sufocando o sorriso instantaneamente. Era por isso que eu estava aqui. Exatamente isso. Ela não tinha medo de mim. Não elevou a ideia de mim para algum lugar divino que era tão comum para atletas profissionais. A maioria dos caras adoravam isso, procuravam isso. Era por isso que eles faziam coisas estúpidas como trair suas esposas em lugares públicos e não pensar nas consequências de serem pegos. Porque eles achavam que estavam acima de tudo. Aquela sensação era tão viciante quanto qualquer droga. Mas eu não queria isso. Eu nunca tive. Allie olhou para mim e viu Luke. Não Luke Pierson, quarterback profissional. E talvez isso fosse uma droga para mim, porque eu estava na frente dela, disposto a correr esse risco. Com uma respiração profunda, andei para frente até que eu pudesse apoiar meu quadril contra a borda da banheira quente. — Eu tenho uma proposta para você.


Seu rosto não mudou, exceto pelo lento levantar de uma sobrancelha perfeitamente cuidada. —Sim? —Eu não sei sobre você, mas o que aconteceu naquele quarto de hotel pareceu bom demais para ignorar. — Esfreguei a parte de trás do meu pescoço. —E acredite em mim, eu tentei. —Eu também. —E se fizermos outra trégua? — Inclinei a cabeça para o lado e pensei. —Talvez trégua não seja a palavra certa. Uma suspensão dos nossos limites profissionais dentro de um determinado período de tempo acordado. Seus lábios se contraíram em um sorriso. —E essa suspensão nos daria, o quê, exatamente? Eu me virei para que pudesse apoiar minhas mãos na borda, molhada da água em torno dela, o ar espesso e quente por causa temperatura que estava a água. —Atividades de variedade não profissional. Isso fez ela ficar pensativa. Aqueceu os olhos dela para combinar com o que quer que estivesse sentada. Não parecia possível que ela não estivesse aumentando a temperatura da água apenas do que estava passando pela cabeça. —Estou ouvindo, — disse ela. —Minhas semanas são insanas durante a temporada, então estou pensando uma noite por semana. A única noite em que posso relaxar. Seu sorriso foi instantâneo.


—Que seriam as noites de domingo, então? — Ela perguntou, cruzando os braços sob a água. Eu franzi meus lábios. —A menos que tenhamos um jogo de segunda à noite. Então você está por conta própria. —Eu posso controlar isso muito bem, — ela ronronou. Agora eu ri. —Você é perigosa, Alexandra Sutton. Seu rosto ficou estranhamente sério. —Não para você. Para mim, acima de tudo, pensei. Mas mantive isso escondido em minha cabeça. —Noites de jogos, — ela repetiu. —A menos que eu esteja com uma concussão ou com um membro quebrado, — emendei. Seus lábios se curvaram. —Eu poderia ser gentil. Levantei meu dedo. —Você acabou de me dizer que não era perigosa. Mentirosa. —E tudo fica no andar de baixo, — ela acrescentou uma alteração própria. —Me esclareça por favor? — Eu perguntei com cuidado, certo de que ela tinha uma boa razão para pedir isso. —Eu gosto da sua filha, — ela disse rapidamente. —Mas não quero que ela acidentalmente nos pegue em seu quarto.


—Nem eu. — Levantei uma sobrancelha. —Mas ela também pode descer as escadas. Allie lambeu os lábios e olhou fixamente para o meu rosto. — Eu não quero que isso saia do jeito errado, mas sinto que trazê-lo para cima, para os espaços em que vivemos a maior parte de nossas vidas, muda as coisas. Torna-as mais sérias. Balancei a cabeça. Não estava saindo do caminho errado para mim. Eu entendi exatamente o que ela queria dizer. Meu quarto era meu espaço pessoal e privado que não compartilhava com ninguém. Eu nunca pensei em compartilhar isso com alguém. E a parte mais assustadora, a parte que me recusei a desmembrar em meus pensamentos, é que eu poderia imaginá-la em minha cama com uma clareza impressionante. No meu silêncio, ela mordiscou o lábio inferior brevemente antes de falar novamente. —Talvez seja uma linha arbitrária. Eu não sei. Apenas parece... como um limite importante. Talvez tenha sido arbitrário. Talvez não tenha sido. Mas eu entendi o que ela estava dizendo. Os quartos e sofás do hotel eram diferentes das camas onde dormíamos todas as noites. Era por isso que concordei. —Você é uma boa negociadora, — eu disse em voz baixa. Eu não queria assustá-la depois de algo assim, mas o fato de ela estar pensando em minha filha falou muito sobre o tipo de mulher que ela era. Allie se levantou, com água escorrendo pelo corpo absolutamente insano. Era perfeitamente possível que eu estivesse


babando, então cerrei os dentes para não manter meu queixo aberto. A parte de baixo de seu biquíni era pequeno, cortada no alto de suas longas pernas e amarrada por apenas uma corda fina em cada lado dos seus quadris. A parte superior dificilmente poderia conter seus seios, que, eu sabia do meu limitado encontro com eles, seriam um punhado generoso e transbordante, mesmo para mim. Ela estava iluminada por suas luzes, dando à sua pele um brilho dourado impecável. Em momentos como esse, não parecia possível que ela fosse real. Ela deve ser uma invenção da minha imaginação, criada pela parte do meu cérebro que queria olhar para alguém bonito, alguém sexy e confiante. Minhas mãos tremiam com a necessidade de estender e tocá-la. —Nós temos um acordo? Eu me endireitei e estendi minha mão. —Nós temos. Ela olhou para a minha mão e sorriu. —Acho que podemos fazer melhor do que um aperto de mão para selar o acordo. Allie saiu graciosamente da banheira de hidromassagem, pegando uma toalha branca fofa que estava pendurada no topo de uma cadeira do pátio. Parada ali esperando por mim, onde eu estava congelado no lugar, ela pacientemente enxugou o cabelo, em seguida, seus braços. Quando se inclinou para secar as pernas, quase engoli minha língua. Allie levantou-se e enrolou a toalha em volta dela, dando um forte nó antes de inclinar a cabeça. —Vamos entrar?


Eu caminhei para frente, não querendo uma repetição do hotel, onde senti como se estivesse correndo atrás dela. Uma vez que eu estava em pé na frente dela, elevando-me sobre ela, fechei minha mão no nó da toalha, então meus dedos estavam debaixo da borda de seu top do maiô. Seu coração estava martelando enquanto eu caminhava para trás, minha mão se recusando a deixar o material, a pele macia e úmida sob a minha. —Eu me sinto como um cordeiro sendo levado ao abate, — ela brincou quando chegou por trás de mim e abriu a porta em seu andar mais baixo. —Bom, — eu disse uma vez que ela abriu a porta. Eu a puxei para frente e coloquei minha boca ao lado da sua orelha, lambendo a borda com a ponta da minha língua antes de sussurrar, —porque eu absolutamente vou devorar você, pequeno cordeiro. Com as duas mãos, tirei a toalha e a joguei em algum lugar. A porta deslizante se fechou com um ruído desajeitado e eu a apoiei contra a porta. Minha boca encontrou a dela com fome e calor, a língua úmida e fria, eu comi em seus lábios com um impulso feroz e lupino para tomar e tomar e tomar. O zumbido que eu senti mais cedo não era nada comparado a isso, em tê-la sob minhas mãos e boca, a ser capaz de afundar meus dedos nas curvas exuberantes da sua bunda. Isso era cru e descontrolado, eu queria deixar minha cabeça cair para trás em um uivo quando ela agarrou minhas costas e cavou suas unhas. Respiração curta e dura de ar saindo do meu nariz, eram a única razão pela qual eu não tinha desmaiado, mas o pensamento


de tirar minha boca da dela me fez sentir como se eu fosse incinerar de dentro para fora. A ponta afiada dos dentes de Allie beliscou a ponta da minha língua, o puxão brilhante e visceral de dor que me deu me fez pressioná-la com tanta força que me preocupei que pudesse machucá-la. Puxando para mim, apertando, querendo mais, porém, ela me correspondeu. Contra a minha frente, seus quadris se moviam inquietos, buscando a mesma coisa que eu. Prazer ofuscante, liberação feroz, um desencadear do que nós dois éramos capazes. A frente da minha camiseta estava molhada do seu maiô, então rasguei a parte de trás dela, onde ficava o laço, incapaz de encontrar um jeito de tirar isso dela. Finalmente, afastei minha boca e olhei para ela como se tivesse me ferido. E estava. Qualquer coisa que me afastasse do peito de Allie Sutton estava oficialmente estragando minha vida. —Como diabos você tira essa coisa? Allie riu. Mordeu o lábio e olhou para mim através dos seus longos cílios negros. —Vamos lá, me disseram que você é bom com as mãos. Você pode descobrir. Eu rosnei, colocando meus dedos na frente. O peito de Allie se arqueou com respirações profundas, seus olhos me desafiando. Com um puxão forte, puxei para baixo, gemendo quando foi rasgado em torno da sua cintura e ela foi finalmente descoberta para os meus olhos.


Eu me abaixei e beijei, lambi, então quando ela agarrou os lados da minha cabeça com as duas mãos, chupei. Meus dedos seguraram suas costas enquanto se arqueava para longe do vidro. —Estou começando a amar as noites de domingo, — ela engasgou e eu ri contra sua carne macia e quente. Me inclinei para trás e fui desatar uma corda do lado do maiô sobre seus quadris quando a campainha tocou violentamente. —Não, — ela gemeu. —Não, não, não. Minha testa caiu na curva do seu pescoço enquanto minha respiração saía com a força de um trem desgovernado. Isso não poderia estar acontecendo novamente. Eu queria uivar de novo. O tipo de uivo desesperado e enlutado de um homem que acabara de provar o paraíso e depois o arrancara com uma campainha estúpida. A campainha disparou novamente e Allie choramingou. Ou talvez fosse eu. Mesmo com a distração, minhas mãos não pararam de se mexer. As pontas dos meus dedos arrastaram a linha da sua coluna e ao redor do seu lado para seu quente e grande seio, que eu testei com a palma da mão inteira. —Você é um homem muito mal, — ela sussurrou. Ding, dong! Eu rosnei em sua pele. —Eu odeio quem quer que seja. Com as mãos gentis, Allie empurrou meu peito e eu recuei devagar. Muito devagar. Com os olhos cerrados, observei-a puxar o top do maiô de volta para o lugar.


—Deixe-me ver quem é. — Ela olhou para as escadas. —Não é como se eu recebesse muitos visitantes, especialmente em uma noite de domingo. — —Eu vou com você, — eu disse instantaneamente. Ela olhou para mim com curiosidade. —Por quê? Eu me encontrei encolhendo os ombros desconfortavelmente. —Apenas por precaução. — Seu lento e doce sorriso me fez revirar os olhos. —Não é grande coisa. Eu vou ficar fora de vista. Allie assentiu e pegou a toalha do chão de onde eu a joguei. Silenciosamente, a segui até as escadas e esperei apenas fora de vista enquanto ela olhava cuidadosamente pela janela. —Puta merda, — ela exclamou, abrindo a porta para revelar uma jovem alta e magra com cabelo vermelho bagunçado no alto da cabeça e malas em ambos os lados dela. —Paige, o que diabos você está fazendo aqui? —Eu lhe disse para arrumar o meu quarto de hóspedes, — disse Paige com uma risada, abraçando Allie com força. Allie se virou no meio do abraço, me dando um olhar de desculpas. Eu levantei minhas mãos e desci as escadas o mais silenciosamente possível. —Eu senti sua falta, — ouvi sua amiga dizer, assim que eu saí do caminho. —Você chegou no pior momento conhecido pelo homem, Paige, — Allie disse e eu sorri enquanto saía para fora.


Era isso ou chorar. E eu tinha que ser sincero, chorar provavelmente viria em cinco minutos quando eu deitasse na cama. Sozinho.


Uma novidade sobre Paige desde que me mudei de Milão era sua atual obsessão com o SportsCenter. Ela disse que era para ser tão conhecedora de futebol quanto eu, mas acho que ela estava entediada. Na semana seguinte, cheguei em casa com ela enrolada no canto do sofá, assistindo ao SportsCenter como se fosse reprises do The OC. Foi por isso que eu não deveria ter ficado surpresa ao entrar pela porta depois do nosso próximo jogo, uma perda em casa particularmente cansativa, para descobrir que ela já tinha um copo gigante de Merlot esperando por mim. —Isso foi difícil de assistir, — disse ela em tom de saudação. —Nem me fale. — Eu tirei meus saltos e afundei no sofá. Nós tínhamos sido batidos em todos os níveis. Mesmo que a TV estivesse sem áudio, o replay atualmente em tela, era Luke sendo expulso. Difícil. A bola havia sido retirada de sua mão quando ele foi jogado no chão, e alguém da Nova Inglaterra pegou agilmente a bola perdida e correu para um touchdown incontestável. Em vez de assistir o cara


que marcou, meus olhos ficaram em Luke, o jeito que ele se virou para assistir o jogador tomar o que era dele. Eu observei o jeito que o capacete dele caiu no chão, e ele socou o chão duas vezes antes de se levantar. Lentamente. Ele tinha sido massacrado esta noite. E não da maneira divertida, do jeito que eu estava pensando em massacrar Luke a semana toda. —Então, — Paige demorou quando percebeu o que eu estava olhando. —Você vai lá? É domingo à noite. Seu primeiro domingo à noite, — ela esclareceu como se eu não tivesse pensado sobre isso toda a maldita semana. Eu mastiguei meu lábio depois de outro gole de vinho. —Eu quero. Mas não sei qual é o protocolo quando ele está chutado, literalmente, no campo. Ele deve estar realmente dolorido. O rosto de Paige se iluminou. —Massagem sexy? Eu sorri. —Talvez. Ela ergueu um dedo. —Eu peguei esse óleo uma vez em Veneza. Leve com você. Esfregue todos esses músculos para baixo e então... você sabe, esfregue outra coisa. Sua piscadela foi desagradável, mas me fez rir. Por mais que eu quisesse matá-la violentamente por aparecer como fez na semana anterior, tinha sido bom tê-la em casa. Ela gastou muito bem meu dinheiro, ajudando-me a decorar os cômodos restantes em apenas alguns dias. Os últimos móveis tinham sido entregues no dia anterior, incluindo um novo colchão e


uma cama de dossel de mogno para o quarto de hóspedes que ela alegara ser dela. Nada sobre a casa parecia igual como quando eu me mudei. Não cheirava a mofo com desuso. Estava brilhante, limpo e confortável. Nada abafado ou ornamentado. Provavelmente não era adequado para uma dona de equipe com mais dinheiro do que ela gastaria em toda a vida, mas eu ainda adorava. Eu gostava de pensar que minha mãe estava em algum lugar no céu, muito satisfeita por eu estar morando na casa que outrora fora sua. Estranho como aquela casa foi o que inicialmente ligou Luke e eu. Qual seria o nosso relacionamento se eu tivesse três casas abaixo? Eu nunca o encontraria antes daquela primeira reunião. Nunca o teria odiado. Ele nunca teria me odiado. A força de nossas emoções foi o que fez a nossa situação atual ficar ainda mais quente, na minha cabeça. Sem essas trocas iniciais, não pude deixar de me perguntar se Luke e eu teríamos tido as mesmas interações educadas e amigáveis que eu tive com todos os outros jogadores, e isso me deixou inexplicavelmente triste. —Estou louca? Paige, muito acostumada com meus pensamentos aleatórios com nenhuma explicação, apenas deu de ombros. —Eu não sei. O que você acha? Eu dei a ela um longo olhar. —Não está ajudando.


Ela tomou um lento gole de vinho e olhou para fora da porta de correr. —Eu acho que há muito potencial para alguma complicação. Paige não estava errada, mas eu odiava ouvir as palavras saindo da sua boca. Mesmo se eu estivesse circulando ao redor da mesma coisa. —Eu sei. —Você é dona do time que ele joga, — ela disse, levantando os dedos e checando cada item. —Vocês são figuras públicas agora; você de uma forma que é muito mais amplificada do que era antes. A filha dele te idolatra. E vocês moram ao lado um do outro. —Ok, — eu interrompi. —Você pode parar agora. —Você perguntou, — ela apontou. —Eu sei, — gemi, deixando cair a cabeça no sofá. —Então, por que eu estou ignorando todos esses pontos incrivelmente válidos e ainda pensando no quanto eu quero ir lá e ver se ele está esperando por mim? Paige soprou uma framboesa com os lábios. —Bem, isso é fácil. Ele não é como qualquer homem com quem você já esteve. Ele não é um bichinha, um novato, um narcisista ou um canalha. Ele é um homem. E ele não está intimidado com você ou tentando fazer de você um animal de estimação. Eu balancei a cabeça lentamente. —E, Paige, as coisas que ele pode fazer com a sua língua, eu não fui capaz de testar adequadamente essa coisa... — Fiz uma pausa e coloquei uma mão no meu peito. —É uma experiência realmente nova para mim.


Ela sorriu. —Não me diga coisas assim, ou vou chorar com meu vinho cheia de ciúmes. —Eu sei que é parte disso, — concedi. —A atração é... potente. Mas eu só preciso saber que é o suficiente para arriscar todo o resto. Paige pensou sobre isso. —Arriscar o quê? Tomei outro gole e deixei o vinho rolar na minha boca. —E se o universo está tentando, não sei, me dizer algo pelo fato de continuarmos sendo interrompidos? Isso não é uma coincidência. E se eu estiver fadada a falhar com essa coisa de dona, me envolver com Luke só vai piorar muito se isso acontecer? — —Oh, meu Deus, — disse Paige, estendendo a mão para bater no meu braço. —Isso é fácil, apenas não falhe. Luke está completamente separado disso. —Só não falhe, ela disse, — repeti com uma risada. —Estou falando sério! Quantas pessoas ricas, estou falando de pessoas incrivelmente ricas, possuem dezenas de negócios e não têm absolutamente nenhuma interação com essas empresas? Muitas. Você é inteligente o suficiente em confiar nas pessoas para fazer o trabalho delas, então você aparece e deixa os fãs e os jogadores felizes, mantendo as pessoas interessadas e permitindo que façam seus trabalhos. Você não irá falhar. Você é a dona, não é como se eles pudessem te demitir. — Ela revirou os olhos. —Você está usando isso como uma desculpa porque acha que Luke e sua língua mágica vêm com muito risco. Sem ofensa, mas você não teve que assumir uma tonelada de risco em sua vida. —


O rosto de Paige me desafiou a discutir com ela. Seu rosto teimoso e pequeno em forma de coração me desafiava, completo com a pele orvalhada, lábios carnudos e olhos largos e fortemente marcados que fizeram sua carreira. Eu olhei para ela, mas não podia ficar brava. Algo era intrinsecamente irritante com uma amiga que contava a verdade, mesmo que fosse uma verdade que pudesse irritá-la. Isso significava que eles estavam seguros o suficiente em sua amizade e conheciam você bem o suficiente para dar o salto para uma conversa difícil. —Eu assumi alguns riscos, — murmurei. Ela riu. —Na verdade, não. Sim, você experimentou alguns negócios, mas nunca se apaixonou por eles. Essa coisa toda é muito maior, muito mais importante do que isso. Tudo bem que você se preocupa, mas não é por isso que você está hesitando com Luke agora. — Senti a parte de trás do meu pescoço arrepiada com a necessidade de me defender, então respirei fundo. —Eu não estou hesitando com Luke. — Em seu olhar incrédulo, emendei. —Não exatamente. Só estou certificando-me de não entrar em algo que seja insanamente louco. —Foi uma loucura quando ele veio e perguntou sobre isso? Minhas bochechas ficaram quentes com a lembrança, me lembrava muito na última semana. —Não do jeito que eu estou falando, mas sim, quando eu estava na banheira de hidromassagem e ele estava lá... — Eu tremi. —Eu senti como se tivesse perdido a


cabeça se não estivesse com as mãos em mim novamente. Era como se... eu estivesse possuída, Paige. —Então o que há com essa insegurança agora? Eu mexi meus dedos que estavam apoiados na mesa de café. Não mexendo por insegurança, eles estavam se mexendo por causa da cautela. Algo que eu não estava acostumada quando se tratava dos meus dedos, se eu estivesse sendo honesta. —É sempre diferente quando ele não está na minha frente com suas mãos grandes, músculos tonificados e olhos sensuais me dizendo que vai me devorar. Paige deu um tapa no meu braço e esfreguei nele. —Oh, sua cadela! Eu realmente te odeio agora. Ugh. E um bom falador de sacanagem. Eu vou te dizer porque você é louca. Você é louca por duvidar disso. Eu me vi sorrindo. —Você provavelmente está certa. —Devorar você, hein? — Ela disse com um largo sorriso. —Sim. —Allie menina, — ela se inclinou para frente e levantou o copo de vinho, —eu tenho camisinhas na minha bolsa. Traga sua bunda lá embaixo. Tomei um último copo de vinho e coloquei na mesa com um barulho alto. Quando me levantei, olhei para fora da porta deslizante e vi o brilho aquático das luzes na piscina refletindo para mim. No final de sua piscina estava Luke, seus braços espalhados em ambos os lados dele como um rei descansando em seu trono.


Ele não estava olhando para mim; seus olhos estavam fechados e sua cabeça estava descansando na borda. Mesmo com a distância entre nós, eu podia ver as pilhas de músculos em seu peito através da água ondulada, a tinta preta rabiscada sobre ele. Datas, nomes e imagens que provavelmente todas tinham algum nível de significância. Enquanto eu olhava, pensei em como aquelas partes dele haviam se sentido sob meus dedos e como elas se sentiriam agora que estavam molhadas e frescas da água da piscina. Ele abriu os olhos e virou a cabeça, olhando diretamente para mim. —Onde estavam aqueles preservativos de novo? — Eu perguntei por cima do meu ombro.


Assisto Allie caminhar até mim, suas feições obscuras pela escuridão, seu corpo coberto por alguma coisa branca e transparente que flutuava ao redor dela como uma nuvem, eu senti como se estivesse em um sonho. Alguma sequência de videoclipes em que você se vê prendendo a respiração por causa da antecipação cuidadosamente planejada do que faria em seguida. Eu pensei que talvez ela não viesse. Sentado na minha piscina, me perguntei se ela iria ou não servir como uma distração surpreendentemente eficaz do quão miseravelmente nós tínhamos jogado e quão completamente nós fomos batidos. Só isso já foi o suficiente para me deixar nervoso, porque nada me distraiu durante a temporada. Nada. —Eu geralmente não sou uma companhia muito boa depois de perdemos, — disse a ela quando chegou à beira da água. A piscina combinava com seus olhos, o que tornava sua presença muito mais potente, muito mais poderosa, como se ela fosse uma extensão da água. —Tudo bem por mim. —Eu não quero falar sobre o que deu errado. — Minha voz ficou mais dura em sua resposta suave. Seus lábios se contraíram. —OK.


—Eu não quero uma conversa estimulante sobre como isso vai melhorar e a temporada ainda tem dezesseis jogos. —Eu não sonharia com isso. Na água quente da piscina, me mantive muito quieto, minhas mãos se curvando em punhos no topo da borda de concreto. A maneira como Allie me observava era parte fascinante, parte temerosa e uma diversão que curvava as bordas dos seus lábios deliciosamente. —Desde quando você é tão complacente? — Quase grunhi. —Eu sou sempre complacente, — ela respondeu com sua voz uma baixa, como uma lambida de fogo em todo o meu corpo. —Você só não viu isso até agora. O sopro de ar que escorregou da minha boca não era bem uma risada, mas estava perto o suficiente para que ela olhasse em meus lábios com uma intensidade que ondulou através de mim com toda a sutileza de uma tempestade tropical. Furacão Allie. —Então, — ela sussurrou, —o que você precisa para se sentir melhor, hein? Eu inclinei meu queixo para cima e olhei para ela por um momento. Não havia sons em torno de nós para cobrir nossas palavras, nada que pudéssemos usar como uma distração, como uma razão para não ouvir todas as respostas, ver cada resposta. —Você, — eu disse.


Em uma forte corrente de água, virei e apoiei as mãos no concreto para sair da piscina. Isso fez eu usar mais força, exercer mais do que estava zumbindo sob a superfície da minha pele do que qualquer bando de maricas. Allie recuou para que não a molhasse na minha saída da piscina. Seus olhos rastrearam meu peito arfando, alargando ligeiramente quando viu exatamente o quanto essa conversa estava me afetando. Eu não podia esconder muito debaixo de calções de banho molhados. Então eles se arregalaram por um motivo não muito sexy. —Caramba, Luke, — disse ela, estendendo a mão para deslizar os dedos ao longo dos estágios iniciais de uma contusão do meu lado. Irritado com o que aquele leve toque de seus dedos fez com a minha psique, o quanto eu queria sentir isso em cada centímetro de mim, agarrei sua mão e a puxei para a minha boca. —Não é nada. — Chupei a ponta do dedo na minha boca, cavando meus dentes no bloco de carne. Allie enfiou os lábios entre os dentes e as pálpebras se fecharam. —Mas se você está preocupada, não há necessidade. Quando chupei outro dedo, ela se aproximou, esfregando o dedo ao longo da borda da minha língua. —Que tal levarmos isso para dentro? Eu acho... puta merda, Luke. — Ela parou em um suspiro. —É apenas um dedo estúpido, como isso é tão bom?


Eu parei, quando ela percebeu o que disse, sorri ao redor do dedo enquanto ela se inclinou para mim e riu. Deslizei meu braço ao redor da sua cintura, reunindo o material transparente que cobria seu corpo em meu punho. Ele iria rasgar facilmente. —Sim, — eu disse em seu cabelo. —Vamos levar isso para dentro. Quando me virei na entrada do andar inferior da minha casa, tive que estabilizar a respiração quando Allie enfiou os dedos quentes na cintura do meu calção de banho, como se eu, de alguma forma, a perdesse no caminho para dentro. Como se ela não pudesse parar de me tocar. Considerando minha profissão, tinha sido um longo tempo para mim. Ninguém que eu conheci valera a pena o risco. Para mim, para Faith e para a vida que trabalhei para construir. A porta de correr abriu sem um único som, Allie me seguiu com a mesma calma. As luzes estavam apagadas, exceto onde meu escritório estava no canto mais distante. Eu puxei uma toalha branca da borda da minha mesa. Os dedos de Allie se apertaram com mais força, enquanto eu estava secando meu rosto e peito, senti sua respiração quente ao longo da minha espinha. Sua testa caiu na minha pele primeiro, eu fechei meus olhos quando suas mãos levemente deslizaram sobre a minha pele ao redor da minha cintura, encontrando-me com as pontas dos dedos espalhadas sobre o meu abdômen.


Com os dedos cuidadosos, ela traçou cada conjunto de músculos cuidadosamente malhados. Músculos que trabalhei muito duro para manter aos trinta e cinco anos de idade. Ela falou contra minhas costas, seus lábios raspando em minha pele com cada palavra. —Quando você tirou sua camisa na sessão de fotos, — ela fez uma pausa, uma mão subindo para roçar meu peito, a outra brincando perigosamente com o nó do meu calção de banho, —a primeira coisa que pensei foi que eu queria morder você. Eu soltei uma risada áspera, apenas mais do que uma expiração, porque eu estava tentando muito não a empurrar para baixo, rasgar suas roupas e fodê-la como um animal selvagem que tinha sido deixado sozinho por muito tempo. —Sim? Onde? Ela beijou minha omoplata. —Bem aqui. — Então seus dedos traçaram ao longo do V do músculo sob o meu osso do quadril. — Definitivamente aqui. Allie, como a sedutora, não era como eu imaginara essa noite. Minhas mãos estavam tremendo por causa da minha necessidade, instável em quão forte, muito, muito forte, eu queria colocá-las em seu corpo da mesma forma que ela estava tocando a minha. O traçar em minha pele ficou mais forte, mais firme quando elas patinaram sobre meus bíceps. —Aqui, — ela disse novamente. —Eu queria saber o quão forte você era. O que você poderia fazer comigo com todos esses lugares que eu pensei em colocar minha boca. — Se eu fosse o animal selvagem sendo mantido à distância, ela acabara de arrancar minhas correntes enferrujadas com suas


palavras. Eu me virei e segurei seu rosto com as duas mãos, deslizando minha língua em sua boca gemendo, esperando com uma espécie de impulso violento para prová-la. Provar e provar e tomar e tomar. Ela estava doce e molhada, encontrando cada beijo com um dos seus próprios, profundo, profundo e profundo até que nós estávamos enrolados um ao outro com braços muito apertados e mãos enterradas. —Eu poderia arruinar você, — eu disse a ela entre beijos. —Eu poderia fazer qualquer coisa. Allie se afastou, seus olhos brilhando pecaminosamente. Não havia nenhuma parte dela que não fosse impressionante. — Promessas, promessas. Minhas mãos não estavam tremendo quando abaixei e lentamente puxei a bainha de seu vestido para que a ponta ficasse entre meus dedos. —Espero que este não seja seu vestido favorito. Ela levantou uma sobrancelha. —Pode ser. Descanse em paz. Eu a arranquei entre meus dedos, rasgando-a no meio, dentes cerrados e pele em chamas. Por baixo, ela usava uma calcinha branca simples, um sutiã de renda branco e a pele que era a personificação de cada sereia mortal que ganhava vida em um pacote perigoso. Dourado, curvado, infinitas polegadas que eu planejei explorar completamente.


Enfiada no sutiã dela estava uma camisinha. Inclinei-me e lambi a parte de cima da renda que a cobria, depois puxei o pacote embrulhado em papel alumínio com os dentes. Quando me inclinei para trás, suas bochechas estavam rosadas, seus olhos brilhantes, sua respiração rápida e irregular. —Eu não prometo nada que eu não possa entregar, querida, — eu disse a ela depois de jogar o preservativo no sofá contra a parede. Inclinei-me e segurei-a por baixo da sua bunda, erguendo-a em meus braços. Ela passou os braços em volta dos meus ombros e moveu-se sinuosamente contra o meu estômago enquanto eu caminhava para o sofá. Meus dentes encontraram a renda do sutiã e mordi, com força. Allie ofegou meu nome quando a inclinei de costas, mas me certifiquei de que ela mantivesse as pernas fechadas em volta da minha cintura enquanto me ajoelhava no sofá. Isso forçou a parte inferior do corpo para um ângulo ascendente e ela arqueou as costas mais agudamente, mostrando-se como uma oferenda. Era um movimento felino, curvas graciosas e sensualidade flexível, alguém que se sentia totalmente à vontade em sua própria pele. Eu estendi minha mão sobre seu estômago, de mindinho a polegar, e atravessei toda sua caixa torácica. Minha pele em cima da dela era mais escura, mais áspera do uso indevido. Sua pele sob minhas mãos calejadas era imaculada e sem marcas, sem hematomas ou rupturas ou violência para ser vista em qualquer parte do seu corpo. Não como o meu.


Comparado a ela, com minha pele tatuada, as contusões surgindo ao meu lado e as cicatrizes de cirurgias e ferimentos, eu me sentia grosseiro e não refinado. Ela olhou para mim, seus dedos pendurados sobre a cabeça, atados no braço do sofá, respiração impaciente e quadris rolando contra mim quando eu não me mexi. Seu cabelo loiro estava desgrenhado e emaranhado em volta do rosto. Seus lábios estavam corados, rosa do tratamento áspero que minha boca tinha dado a dela. De morder e chupar. Você é perfeita, eu queria dizer. Em vez disso, deixei cair as pernas para poder arrancar sua calcinha. Em um raro sinal de timidez, ela fechou os joelhos enquanto me levantava e desamarrava rapidamente meus calções. Minhas mãos estavam ásperas quando os empurrei pelas minhas pernas. Por dois, talvez três segundos pesados e pulsantes, nos encaramos. —Você é perfeito, — ela sussurrou, e eu tive que piscar por um momento em ouvir as palavras que eu estava pensando em dar de volta para ela. Era desorientador na maneira doce que ela os entregava, o que desmentia a luz pecaminosa em seus olhos. Isso machuca. Doía olhar para ela. Com essas duas palavras, não sabia como proceder. Eu queria ela em cima de mim para que eu pudesse vê-la se mexer. Eu a queria debaixo de mim para que eu pudesse liberar tudo que estava quente dentro de mim. Eu queria .... Eu queria...


Eu só queria ela. Eu estendi minha mão para ela, ajudando-a a se levantar do sofá. Ela usou os dedos e a palma da mão para me incitar ainda mais quando tirei o vestido de seus ombros, depois tirei o sutiã e arranquei-o de lá. Allie mordeu a pele sobre o meu coração enquanto eu nos levava para trás. Outro machucado que eu teria na minha pele. Minhas mãos agarraram sua cintura enquanto me sentava e a levantei facilmente para montar meu colo. Uma de suas mãos agarrou o encosto do sofá e ela se moveu sobre mim. Eu deslizei minhas mãos até a linha das suas costas enquanto ela fazia, nossos lábios emaranhados e sugando beijos que nunca pararam, nunca diminuíram. Minhas mãos ficaram mais ásperas, seus movimentos pareciam mais uma dança; meus dentes encontraram sua pele, sua língua encontrou a borda do meu pescoço e sua respiração ficou agitada e selvagem. No momento em que eu bati meus quadris, nós dois nos aquietamos em uma suspensão perfeita de respiração, dos batimentos cardíacos, do tempo. Estou tão ferrado, pensei. Era uma percepção que chegou tarde demais. Porque eu nunca poderia esquecer como era a sensação dela assim. Que assim, ela era minha contraparte perfeita. Allie apertou sua bochecha contra a minha enquanto nós dois começamos a nos mover, sua respiração, suas palavras sussurradas e pedidos quentes em meu ouvido. Por minutos, horas, eu não pude


dizer, nós nos movemos um contra o outro, seus joelhos apertados contra meus quadris, nossos peitos suados e escorregadios. Senti a onda, senti-a acumular entre as minhas pernas, quente e prateada e se expandindo como um relâmpago no meu sangue, apenas para me transformar em uma explosão quando Allie agarrou meu pescoço e depois caiu contra mim. Uma mão acalmou minhas costas enquanto respirávamos pesadamente. Seu cabelo era uma bagunça emaranhada, suas roupas estavam em uma pilha no chão. E mesmo com ela ainda suada e saciada em meus braços, eu sabia que estaria contando as horas até que eu pudesse tocá-la novamente assim. De que outra forma eu poderia vê-la e senti-la, que coisa nova poderíamos explorar. Eu sempre soube que os domingos eram o meu dia favorito da semana, não apenas porque era o dia que eu tinha que ferrar meu chefe. —Santo inferno, — eu disse em voz alta. Se houve um momento de pânico acompanhado por esse pensamento, Allie afugentou imediatamente quando se inclinou para trás e sorriu para mim. —Eu amo os domingos, — ela sussurrou. —Sim? — Eu perguntei com satisfação presunçosa ao vê-la. Amassada, suada e de bochechas rosadas. Ela bateu no meu peito e eu ri. Suspirei e corri minhas mãos pelas costas dela. Quem tinha a pele tão perfeita? Ninguém que eu conheci.


—Eu também amo os domingos, — eu disse a ela. —Mesmo depois de um jogo como desta noite? Minha cabeça caiu para trás quando Allie saiu cuidadosamente do meu colo e se moveu para o lado do sofá. Era difícil pensar direito quando ela parecia como uma mulher que foi bem fudida, então fechei meus olhos. Demorei um minuto para responder. —Sim, mesmo depois de um jogo como desta noite. — Eu virei minha cabeça para ela e a encontrei me observando com curiosidade. Como eu colocaria em palavras que, mesmo após as perdas, as que machucam mentalmente tanto quanto fisicamente, eu nunca quis fazer mais nada diferente disso? Seus olhos mergulharam para a contusão do meu lado, mas ela não me tocou. —Isso te surpreende? — Eu perguntei. Inclinando-se para frente, me plantando um beijo quente e rápido em meus lábios, Allie sorriu contra a minha boca. Eu me encontrei sorrindo de volta. —Não, — ela respondeu. Então, estava fora do sofá e envolvendo seu vestido arruinado em torno dos seus ombros enquanto eu ri sob a minha respiração. Era estranho como ela parecia estar lendo minha mente esta noite. —Obrigada, — ela disse calmamente. —Seja bem-vinda?


Allie riu, olhando para baixo em toda a minha extensão, meu corpo ainda esparramado no sofá. Eu não tinha certeza se conseguiria me mexer. —Vejo você na próxima semana? Talvez ela fosse minha ruína. Talvez isso explodisse em nossos rostos. Talvez houvesse um dia que eu me arrependesse de ter tido essa ideia idiota. Mas não nesta noite. —Próxima semana, — eu disse a ela. E ela foi embora.


De alguma forma e sem ação consciente, meus dias passaram de desconhecido e esmagador para esperado e rotineiro. Paige gostava de me questionar aleatoriamente sobre o que a equipe poderia estar fazendo em um determinado dia. Mesmo que não fosse obrigada, gostava de passar a semana apenas observando o funcionamento interno dos Washington Wolves. Era uma máquina bem lubrificada, com rodas e engrenagens, tudo bem alinhados. Raymond, um zelador que trabalhou lá por vinte anos, falou comigo sobre as melhorias no estádio que ajudaram a aumentar as vendas de ingressos para a temporada no início dos anos 2000. Marie, uma contadora que havia começado há alguns anos, contoume que uma das coisas que ela admirava no meu pai era a capacidade de lembrar o nome de todos. Não importa a descrição do trabalho, não importa quanto tempo eles estivessem lá. Quando ele andou pelos corredores, se ele te via, ele sorria. Ele cumprimentava você pelo nome ou perguntava seu nome se não soubesse dele. Os funcionários que se sentiam respeitados mostravam mais respeito ao seu trabalho. Foi isso que Ignacio, que adorava pulverizar as linhas no campo como parte do seu trabalho de manutenção, me contou quando falamos em uma tarde de quarta-


feira. O campo de treino vazio, exceto por nós dois, porque a equipe estava na sala de cinema revendo seu plano de jogo para um jogo fora de casa em Cincinnati. Aparentemente, meu pai deu a Ignacio um encaminhamento para um advogado de imigração quando sua mãe e sua irmã queriam vir para os Estados Unidos. Aquela pepita me atingiu como um taco de metal no coração, porque eu ainda estava tentando equilibrar o homem que eu lembrava como distante e em um estado de trabalho constante como alguém que arranjava um advogado para um zelador. Terças-feiras eram o meu dia favorito para estar na instalação porque mesmo que fosse o 'dia de folga' dos jogadores, eles estavam em toda parte. Levantando pesos e compartilhando música, rindo juntos e xingando um ao outro. Eles estavam amontoados em salas de cinema, assistindo o mesmo trecho de trinta segundos de filme em um loop dissonante, indo e voltando indo e voltando indo e voltando, vendo algo em uma formação defensiva que provavelmente me iludiria para sempre. Eles estavam lá, empurrando um ao outro para ser melhor quando eles poderiam estar fazendo qualquer outra coisa. Eu aprendi que todas as noites pré-jogo, os jogadores ficavam em quartos de hotel, quer estivéssemos em casa ou fora. Seus dias de treino durante a semana do jogo eram contínuos. Um dia ficavam praticando a primeira e a segunda queda como o plano de jogo elaborado pelos treinadores. Bem, treinadores e capitães. Muitas vezes, eu via Logan, Dayvon, Luke e alguns outros


amontoados em volta de pranchetas, folheando páginas impressas e discutindo rotas com seus coordenadores. Meus olhos se voltaram para Luke mais que para os outros? Eu não confirmaria nem negaria. Exceto que ele era a única bunda que eu assisti religiosamente enquanto flexionava por baixo do seu short preto e atlético. E o que a bunda daquele homem podia fazer era nada menos do que um milagre. Eu praticamente tinha hematomas na parte interna das coxas para provar isso da nossa noite no sofá cinco dias antes. Se ele me notasse observando os treinos à distância, vagando pelos corredores com um empregado ou outro, ele nem sequer olhava. Nem uma vez. Disciplina estúpida. Então balancei a cabeça e me virei para deixar os campos onde eles estavam praticando seus exercícios de dois minutos. Enquanto me afastava, senti um rápido estalo de consciência, algo quente que escorria pela minha espinha, mas não me virei para olhar. Se ele pudesse mostrar disciplina em público, então droga, eu também poderia. Mas me certifiquei de colocar apenas um pequeno gole extra em meus quadris, só por precaução. Domingo à noite, estaríamos no mesmo hotel em Cincinnati, para que ele pudesse ver bem o que estaria esperando por ele.


O UTRA coisa que aprendi sobre futebol, na esteira desse relacionamento que se desenrolava lentamente com Luke Pierson, era o quanto um homem suado com um uniforme estranho poderia me excitar, mesmo com meio estádio entre nós. Ciente de câmeras apontadas na minha direção, na primeira fila das cadeiras, me certifiquei de não ficar boquiaberta e babar, lamber meus lábios como se ele fosse um filé de 90 gramas perfeitamente depois de uma semana de desintoxicação com suco. Mas na minha cabeça, quando aquele homem saltava, acabou! Passando a defesa e a corrida de dez jardas para a zona final, eu não queria nada mais do que arrancar minha blusa e gritar como se estivesse na primeira fila de um show de Justin Timberlake e ele apenas apontou diretamente para mim. Seus braços se elevando acima de sua cabeça, as manchas de grama em suas calças brancas, a protuberância em seus bíceps e o suor cobrindo seu rosto me faziam ficar terrivelmente, arruinadamente faminta. Algum dia, eu o queria assim. Então, enquanto eu estava aplaudindo e cumprimentando as pessoas ao meu lado, sorrindo alegremente como se meu investimento estivesse fazendo exatamente o que eu precisava, estava imaginando todas as maneiras que nós poderíamos utilizar a cama king-size esperando no meu quarto. Ou a banheira. Ela era grande. E tinha jatos.


Eu andei até o vestiário em uma verdadeira nuvem, o tipo de nuvem que só pode preceder um orgasmo realmente bom e fiz o meu dever antes das suas roupas começarem a sair. Luke estava em seu armário, cercado por colegas de equipe que o faziam rir, eu só pude ver o lado do seu perfil forte. Verdadeiramente, não era justo. Seu sorriso, com dentes brancos brilhantes e pequenas covinhas à esquerda de sua boca, faziam ele ser tão bonito que era doloroso de se olhar. Seu cabelo estava molhado e bagunçado, a camiseta branca encharcada de suor. Quando ele levantou o braço para dar um soco em alguém, a fita branca em volta do pulso estava manchada do verde da grama. E eu tive que pressionar minhas coxas juntas. Por queeee pelo amor de Deus aquilo era tão quente? Era uma fita manchada de grama! Eu estava perdendo a cabeça. Mas o incrível, era o músculo amarrado do seu antebraço marcado com tinta preta. Eu tinha uma memória brilhante e ardente de sua mão apoiada em meu estômago enquanto ele se ajoelhava entre as minhas pernas, seus quadris se movendo com precisão infalível, rápido o suficiente para fazer minha pele tremer, lento o suficiente para me incinerar com prazer cego. Minha garganta apertou em antecipação, parecia que eu estava engolindo um pedaço de concreto por pura vontade, mas a necessidade de oxigênio era tão grande com o quanto meu cérebro estava girando. Quero.


Quero. Quero. Era o meu canto pessoal de vitória, eu repetia até o momento em que ele bateria na minha porta. Então isso mudaria. Meu. Meu. Meu. —Garota, você está com aquele olhar, — disse Dayvon, aproximando-se de mim e jogando um braço pesado em volta dos meus ombros, o que estava se tornando sua tradição pós-jogo. —Q-Qual olhar? — Eu sufoquei, arrancando meus olhos do suado Luke Pierson e seus feromônios de magia negra. —Aquele fogo. — Ele assentiu como se eu tivesse feito algo certo. —É como nós ficamos antes de um grande jogo, sabemos que estamos prestes a jogar merda para baixo e ninguém vai nos impedir. Eu ri, um tom histérico, mas ele estava tão empolgado com a vitória que não pareceu notar. —É uma boa olhada em você, Sutton. — Ele se afastou, apontando um dedo para mim enquanto o fazia. —Não perca esse fogo. Nós tomamos nossos estímulos de você, chefe dama. Foi o suficiente para me fazer piscar.


Eu era a chefe. Mesmo que muito disso fosse apenas no nome. Eu não criei seus planos de jogo, eu não fazia o treino ou chamava para as jogadas. Mas este vestiário não era o lugar para eu praticar meus olhos sexuais em Luke. Embora eu acreditasse firmemente que não havia nada de errado com o que estávamos fazendo porque ambos éramos adultos responsáveis, eu absolutamente não queria que isso afetasse a equipe. Afetar como eles me viam, especialmente quando eu era tão nova nessa família unida. Com uma respiração profunda, cheia de suor e cheiro de homem, sorri para o treinador Klein e levantei meu queixo. Então, sem alarde, deixei o vestiário sozinha para encontrar meu motorista.

A MENSAGEM DE TEXTO VEIO PRIMEIRO quando me virei para ver meu reflexo por cima do meu ombro. Minha camisa de dormir era branca e não usava nada por baixo. Meus shorts eram pretos, tão sem adornos quanto a camisa, e mal cobriam muito mais do que as roupas íntimas. Meu cabelo estava selvagem ao redor dos meus ombros. Sem maquiagem.

LP: número do quarto? MEUS LÁBIOS SE TORCERAM EM UM SORRISO .


EU: tão exigente. Você não pode pedir gentilmente? LP:... por favor EU: 1625

O S PONTOS SALTARAM na tela, mas depois desapareceram, eu me perguntei se ele notou que eu estava em um andar diferente do resto da equipe. Isso não foi um acidente, porque eu não sou idiota. Além disso, eu já tinha dormido com Luke, então a probabilidade de qualquer coisa silenciosa acontecer dentro das paredes de qualquer quarto de hotel era quase nula. Passei a mão pelo meu estômago e achei que já estava tremendo. Meus dedos estavam um pouco dormentes e eu os sacudi para fora. —Ele é apenas um homem, — sussurrei para o meu reflexo. — Ele é apenas um homem normal. Mesmo quando a mentira passou pelos meus lábios, me forcei a acreditar. Porque até o jeito que eu me despi, tirei a maquiagem e desfiz o cabelo com os dedos foi um testemunho de como isso era falso. Parecia que Luke preferia a versão mais despojada de Alexandra Sutton. Não só ele, mas eu também. Ele não tomava a minha versão que o resto do mundo fazia. Ele adquiriu realidade, não fantasia. E o fato de que ele parecia preferir isso me fez querer ele ainda mais.


A batida na minha porta veio apenas um minuto depois de eu ter enviado o número do meu quarto. Uma batida na porta fez minhas bochechas ficarem vermelhas, por pensar alto. Lambi meus lábios e me endireitei, depois joguei meu cabelo como se estivesse canalizando Kate Upton. Suas mãos estavam apertadas atrás das costas quando abri a porta, usando-a para cobrir o meu corpo. O suor havia sumido. A fita manchada de grama e a camiseta úmida tinham sumido. Em seu lugar estava o cabelo limpo e molhado. Um rosto que precisava de um barbear, mas graças ao Senhor não tinha conseguido um, porque fazia o ângulo de sua mandíbula parecer perigosamente afiado, como se eu pudesse cortar minha língua se eu lambesse com muita pressão. Eu acho que queria testar essa teoria. Cobrindo o peito largo estava uma camisa de botão tão azul que fazia seus olhos normalmente castanhos brilharem quase de bronze dourado. E aqueles olhos seguravam todo o calor que eu sentia falta durante os dias vagando pelas instalações, as horas que eu estava deitada na cama pensando sobre como ele fez meu corpo ficar na semana anterior. Meus dedos se enrolaram na superfície da porta enquanto nos encarávamos. Em seguida, ele apontou seu queixo e atravessou a abertura com um passo largo e forte que engoliu o chão pela impossibilidade de ignorar o comprimento de suas pernas.


Com a ponta do meu dedo, fechei a porta e então virei a tranca. Ele assistiu com uma sobrancelha erguida. —Você acha que eu vou tentar escapar? Movendo-me lentamente em sua direção, tirei a blusa. —Não. — Eu deixei cair a camisa no chão ao meu lado. Se eu pensasse que seus olhos estavam aquecidos antes, eu estava tão, tão errada. —Eu ia fazer isso. Eu balancei a cabeça. —Minha vez esta noite. —Você acha? — Ele perguntou rispidamente quando as pontas dos meus dedos traçaram a borda do meu short, que não tinha nada debaixo dele e comecei a abaixá-lo pelos meus quadris. Luke começou a desabotoar a camisa e eu balancei a cabeça, instantaneamente acalmando o movimento das minhas mãos. Ele congelou, estreitando os olhos. —Minha vez esta noite, — repeti. —Eu tenho um quarto em um andar diferente de propósito, Sr. Pierson, pretendo aproveitar ao máximo isso. Então, mantenha suas mãos ao seu lado e eu lhe direi quando você pode tocar. —O quê? — Ele disse em voz baixa e alerta. —Com qualquer outra coisa além de sua boca, — esclareci. Ele estendeu as mãos em um gesto conciliatório, mesmo quando seu olhar chamuscou minha pele. Isso fez meus seios parecerem pesados e macios, embora ele ainda tivesse que tocá-los,


arrepios se espalharam pelos meus braços enquanto eu deslizava a última peça de roupa que me cobria. —Puta merda, Allie, — ele respirou. —Você está me matando. —Oh, apenas espere, — eu disse com uma promessa sombria. Fiquei na frente dele e pude ver a coluna grossa da sua garganta se mover em um longo gole. As pontas do meu peito roçaram a camisa dele, me inclinei na ponta dos pés para poder falar contra o canto da boca dele. —Antes de terminar com você, — fiz uma pausa e lambi meus lábios, olhando para ele no processo, —você vai implorar. Luke virou a cabeça, sua respiração ficando rápida e furiosa. Como se sua reação violenta ao meu pequeno teste de quão longe eu poderia empurrá-lo estivesse sendo contida por um fio fino e sussurrante. Isso foi tudo o que me separou do civilizado, disciplinado Luke, aquele que manteve os olhos longe de mim em público, aquele que nunca me enviou um único olhar carregado quando estávamos fora no campo, aquele que concordava com os parâmetros das noites de domingo, e o outro Luke O outro Luke foi quem rasgou as roupas do meu corpo com nada mais do que a força em seus dedos. Aquele que curvou meu corpo em curvas e ângulos com sua força desencadeada, impulsionado pelo instinto e algo primitivo que provavelmente só foi canalizado no campo.


Mas comigo, era mais escuro, mais elementar, porque não havia olhos em nós. Ninguém para impor regras ou limites ou níveis do que era aceitável. Era só nós e o que queríamos. A coisa que o fez estalar foi quando arqueei minhas costas e mordi seu queixo com as bordas dos meus dentes. Eu praticamente ronronei quando ele lambeu a minha língua e mergulhou as mãos no meu cabelo com força no couro cabeludo, puxando o cabelo enquanto seus dentes puxavam meus lábios. Meus dedos rasgaram sua camisa, arranhando a pele do seu peito enquanto ele inclinava minha cabeça para um beijo mais profundo e espalmava meu traseiro com força. Sua camisa se juntou a minha no chão, as calças dele em seguida, então meu corpo foi jogado na cama apenas um suspiro depois. Suas palavras contra a minha pele eram parte de comando e parte de súplica. —Mais, — disse ele. —Sim. Seus olhos se aqueceram de novo brevemente quando viu dois preservativos no criado-mudo ao invés de um como na outra noite. Com mãos exigentes, ele me virou do meu lado, mas ficou de joelhos na cama. Minhas costas arquearam, apoiei minhas mãos na cabeceira enquanto sua mão livre traçava a linha e solavancos da minha espinha, ao longo do comprimento da minha perna dobrada.


Uma vez que ele estava coberto, levantou minha perna para cima e depois parou. Meus olhos se abriram, disparando para ele. —O que você está esperando? — Eu tentei me virar, tentei abrir minhas pernas em torno dos seus quadris estreitos, com seus músculos formando um V. —Você implorar, — disse ele com um sorriso arrogante. Eu gemi uma risada, o que fez seu sorriso suavizar em algo mais real do que já tinha me dado antes. Na minha cabeça, ouvi o estalo de uma peça de quebra-cabeça se encaixando enquanto seus quadris deslizavam para frente, lentos, lentos, lentos. Não foi até horas mais tarde, quando eu adormeci, dolorida, sozinha na minha cama grande do hotel, que eu poderia nomeá-lo. Felicidade. E isso era mais aterrorizante do que qualquer nível de prazer que ele pudesse me trazer por causa do quanto nós dois íamos perder.


EU deveria saber que algo daria errado. Que eu começaria a escorregar. Tudo começou na manhã de terça-feira quando bebi meu shake no balcão da cozinha e me vi olhando para os vidros da porta de correr que levava à casa de Allie. Atrás do vidro, não vi nenhum movimento, nenhum sinal de que ela estivesse acordada e começando o dia. Em vez de pensar em quais filmes eu estudaria naquele dia, ou o quanto eu precisava trabalhar nos meus quadris, que pareciam contraídos depois do jogo de domingo, eu estava imaginando como seria o quarto dela e como ela parecia nele. Enquanto eu fazia isso, perdi um telefonema de Randall sobre um novo contrato de endosso de uma empresa de calçados que adorou minha capa da SI. Quando liguei para ele, ele estava em outra reunião. Distração. Era compreensível, eu disse a mim mesmo, que alguém como Allie me distraísse. Pelo menos, era isso que eu repetia para mim mesmo na quarta-feira, quando eu a vislumbrei com o canto do olho enquanto eu gritava uma jogada que havíamos praticado de sequências iniciais em campo.


Mas eu gritei a jogada errada, então quando puxei a bola para o meu marcador, a bola passou dez jardas por cima dele, pulando inutilmente no chão. Ele me deu um olhar curioso, mas quando eu fiquei quieto, ele sabia que a culpa era minha. —Mantenha seu foco, Piers, — gritou o treinador do lado de fora. Meus olhos ardiam com o esforço de ficar concentrado em qualquer coisa menos ela, mesmo quando eu caminhava para a mesa de bebida eu poderia ter dado uma olhada rápida. Era a versão mais fina de controle que eu era capaz de dominar quando se tratava dela, algo que eu aperfeiçoei em minha carreira. Disciplina. Isso era o que eu precisava. Para neutralizar a distração de Allie, eu precisava manter um controle rígido sobre a disciplina pela qual eu era conhecido. Exigente. Quinta à noite, eu levantei pesos no meu porão e fiz exigências do meu corpo que normalmente não faria durante uma semana de jogo. Eu empurrei meus músculos ao ponto de tremer e me perguntei se eu tinha perdido a cabeça por fazer apenas mais um conjunto de repetições. Já que estávamos nos aproximando do meio da temporada, minhas dores estavam demorando mais para desaparecer, estava me movendo mais devagar nas segundas e terças, rezando para que eu conseguisse passar mais uma semana sem nada mais sério do que


isso e algumas contusões no meu corpo vinda de atacantes implacáveis. E então, desejo. Sexta-feira foi quando eu deveria ter ouvido as sirenes estridentes na minha cabeça, me avisando em níveis que Allie estava se tornando um problema. Porque depois que eu me despedi da minha mãe e a agradeci por fazer o jantar para Faith, depois que eu li quatro livros para minha filha que tão desesperadamente precisava da minha atenção, me vi sentado no sofá, olhando para o meu telefone. Eu poderia mandar uma mensagem para ela. Ver o que ela estava fazendo. Sexta-feira estava perto o suficiente para o domingo, certo? A noite de domingo teria um jogo noturno de qualquer maneira, o primeiro da temporada, o que significava alta pressão, mais pessoas assistindo, uma madrugada antes de precisar voltar ao trabalho na segunda de manhã. Mas o desejo de ver Allie, para tentar capturar os momentos que nós tínhamos tido nas últimas duas semanas, estava crescendo mais do que qualquer preocupação que eu pudesse ter sobre o que essa distração estava fazendo comigo. Era apenas uma distração, mas eu era incapaz de controlá-lo pela disciplina, tornou-se impossível exigir da minha cabeça, eu estava completamente impulsionado pelo desejo. Desejo que eu nunca, nunca experimentei. Eu tive um bom sexo antes. Eu tive muito sexo antes.


Mas havia algo com ela, algo indefinível, algo que tinha cavado seu punho dentro de mim e estava crescendo além do meu controle. Foi por isso que cerrei os dentes, desliguei o telefone e me forcei a ir para a cama na sexta à noite. Sozinho. Sábado foi um pouco melhor. A orientação do jogo foi perfeita, mesmo que Jack tenha comentado o quão tenso eu estava, a equipe chegou ao nosso hotel habitual com pouca fanfarra. Alguns caras saíram, geralmente os mais jovens, mas os veteranos sabiam manter a cabeça baixa, dormir bem e acordar descansados. Eu mal notei o quarto ao meu redor quando acordei no domingo porque todos começaram a ficar parecidos depois de um tempo. Lâmpadas indescritíveis e obras de arte que não conseguiam se destacar além de alguns toques de cores. Folhas estéreis dobradas em bordas estreitas e travesseiros sempre muito macios. Chuveiros que nunca poderiam acomodar a minha altura, e pias que eram muito curtas para mim. Mas todos aqueles sinais de alerta, um para cada dia da semana, que eu teimosamente ignorei, que eu recusei a nomear corretamente, não eram nada comparados ao desastre do que aconteceu no campo. Repórteres após o jogo especularam que talvez houvesse uma falha de comunicação entre meus receptores e eu, o que era parcialmente verdade. Jack correu uma rota de dez jardas, quando ele deveria ir quinze em um fade9, resultando em uma interceptação 9

Fade é um das rotas dos jogadores no futebol americano.


que só foi salva de se tornar um pick-seis idiota sozinho.

10quando

eu abordei o

Meu centro bloqueou a esquerda quando ele deveria bloquear a direita, eu fui derrubado com tanta força que vi estrelas por um minuto, a respiração voltando lentamente para os meus pulmões. A linha de fundo, nós fomos um desastre. Nós estávamos fora do ritmo. Distraído. Tornou-se uma palavra tão feia na minha cabeça, um sussurro durante a semana que ficou mais alto no silêncio ensurdecedor do vestiário depois. Feio porque era culpa minha. Ficar desapontado com seus companheiros de equipe por não agarrar uma bola perfeitamente arremessada não era uma sensação fácil de engolir, mas o pior era entrar na coletiva de imprensa pósjogo, sabendo que eu não poderia passar isso para os ombros de outra pessoa. Não que eu nunca faria. Dar desculpas era para os fracos e despreparados. E isso não era eu. Foi por isso que fiquei de pé atrás do pódio e apontei para um repórter na fila da frente. —O que aconteceu lá fora, Luke? — Ela disse, olhando para cima do seu bloco de anotações. Eu levantei meu queixo. —Perdemos porque não jogamos bem e nossos adversários sim. Simples assim. 10

Interceptação que é retornada até a endzone adversária para um touchdown.


—Luke, — alguém do outro lado da sala chamou, e eu assenti. —Não estamos acostumados a ver muita falta de comunicação no ataque. Os novatos ainda estão tendo dificuldades para aprender o manual? Sabemos que o seu é extenso. Eu cerrei meus dentes, sua insinuação clara. Culpe os novos cara por não fazerem o dever de casa porque isso é um melhor título. Jack não era novato. Ele era um dos melhores recebedores da NFL por dois anos seguidos, não havia nenhuma maneira no inferno que eu estaria jogando ele debaixo do ônibus. —Não é sobre os novatos, — eu disse a ele. —Se há uma falta de comunicação, é sobre mim como o quarterback. Eu sou o único que leva o plano de jogo e coloca em ação no campo, e se eles ouviram algo diferente do que eu pretendia, então vamos voltar na próxima semana e praticar mais para ter certeza de que estamos todos na página certa como uma equipe. Mãos levantadas, pessoas gritaram meu nome, eu suspirei, olhando para as luzes brilhantes apontadas para mim, apontando para algum lugar no meio. —Última, pessoal. Eu estou bem quebrado, como vocês podem imaginar. Houve uma onda de risadas, como pretendia, quando alguém falou. Eu ouvi sua voz e minhas costas ficaram tensas. —Como está a nova dona, Luke? Ela, uhh, ainda provando ser um pouco de distração para você? Repórteres murmuraram desconfortavelmente, eu o prendi com um olhar duro. A Ava do PR começou a subir no palco e eu levantei a mão.


—Estamos aqui para falar sobre o jogo, — respondi com força, tentando desesperadamente suavizar meu rosto em algo menos homicida. —Se você tiver alguma dúvida sobre isso, ficarei feliz em responder. Ele sorriu. Era oleoso e escorregadio como óleo se espalhando por seu rosto. —Eu vi uma capa de revista na mercearia ontem, disse que ela já estava grávida do bebê de um jogador, mas não há como dizer de quem. —Idiota, — alguém murmurou na primeira fila. Eu mantive meus olhos presos nele como se eu pudesse infligir danos corporais. —A menos que você tenha uma pergunta, eu sugiro que você se abstenha de reportar sobre capas de tabloide falsos, — eu disse com firmeza. Ele encolheu os ombros. —Não posso dizer que te culpo por tirar os holofotes dela, apesar de que parece ser sua maior contribuição para a equipe. Agora a briga vai rolar solta. Eu me endireitei para a minha altura total quando um silêncio caiu sobre a sala. Repórteres foram demitidos por muito menos do que isso, se eu desse uma resposta faria sua mordida estúpida e sexista se tornar viral, então que assim seja. —Eu gostaria de ver você lidando com essa situação com um pingo de integridade que Al... — eu tropecei em Allie, apesar de que foi isso que ela pediu para todos nós chamá-la, —A Srta. Sutton disse. Ela foi jogada em um grande papel inesperadamente, uma que é vital para qualquer time de sucesso nesta liga, ela provou a si


mesma dia após dia por ser comprometida e inteligente, não há uma pessoa em toda a organização Wolves que diria de outra forma. Em apenas alguns meses, ela conquistou nosso respeito e conquistou esse título, conversando com um zelador sobre seu trabalho e sobre como poderia ser melhor, assim como conversaria com Jack, eu ou o CEO. Se você está insinuando que uma mulher que por acaso é jovem e por acaso é atraente não pode fazer um bom trabalho, então você está vivendo no século errado. Eu saí para alguns assobios e palmas. Ava sorriu na área escura ao lado do palco, as sobrancelhas erguidas em surpresa. Meus nervos estremeceram desconfortavelmente com o que eu me permiti dizer. Para a imprensa. Para as pessoas que amariam nada mais do que torcer e enredar minhas palavras em mais. Mas tudo era verdade. Enquanto eu dirigia para casa, os faróis do meu carro cortando brilhantes fatias de luz pelas ruas escuras, eu sabia com dolorosa clareza que se Faith fosse empurrada para a mesma situação que Allie, eu estaria tão orgulhoso dela, se ela se ajustasse sozinha, do jeito que Allie fez. Mas isso não significava que devíamos continuar fazendo o que estávamos fazendo. Quando estacionei meu carro na garagem e esperei a porta se fechar, lembrei-me de algo que Allie havia me dito. Não me faça parecer idiota.


E isso era o que aconteceria se alguém descobrisse. Se alguém soubesse. Eles a julgariam no exato momento em que me dariam um tapinha nas costas em parabéns. Parecia como uma vida atrás que nós ficamos no meu quintal e eu a consolava e a acalmava sem nenhuma pista do quanto ela acabaria significando para mim. Eu não tinha certeza se poderia nomear isso agora. Demorei o suficiente para admitir que estava simplesmente atraído por ela. Qualquer coisa mais do que isso parecia com a escalada do Monte Everest sem preparação. Eu não poderia ir lá agora. Não ajudaria em nada. Não ela. Nem a mim. Mais e mais na minha cabeça, eu repeti isso quando entrei na minha casa escura. Havia uma nota para mim no balcão da minha mãe, que geralmente tinha Faith em sua casa em jogos noturnos. Orgulhosa de você, filho. Não importa o quê. Eu rolei minha cabeça no meu pescoço, alguns pops satisfatórios perfurando o silêncio da cozinha. Ela ficaria orgulhosa de mim se soubesse o que eu estava fazendo com Allie? Ela não se importaria se eu estivesse dormindo com alguém, mas ela se importaria com o que poderia acontecer como resultado de dormir com essa pessoa em particular. —Isso tem que parar, — eu disse em voz alta, testando as palavras na minha língua, sentindo o insuportável peso delas


quando elas atingiram o ar. Imediatamente, eu queria pegá-las de volta, deixá-las não serem ouvidas no universo, varrê-las porque o pensamento disso tinha o mesmo efeito em meus pulmões, que ser saqueado por um atacante de trezentos quilos. Eu apoiei minhas mãos no balcão e abaixei minha cabeça, tomando alguns momentos firmes. Firmando o que eu estava prestes a fazer, eu sabia que respeitava Allie o suficiente para dizer a ela que não podíamos mais fazer isso. Que eu não poderia mais fazer isso com ela. Por que meu coração estava acelerado assim? Por que eu não conseguia respirar bem? Meus pulmões estavam apertados como se alguém tivesse enrolado um elástico muitas vezes e eles não pudessem se expandir até sua capacidade normal. Belisquei meus olhos e a vi no quarto do hotel na semana passada, nua, de pé na minha frente e fazendo exigências que nenhuma mulher teria feito de mim porque ela me via como um igual. Então eu estava me movendo, descendo os degraus, em direção a porta, sabendo com certeza infalível que ela estava lá embaixo esperando por mim. Minha pele estava gelada de pânico, quente com a expectativa de vê-la, tudo inclinado e instável, balançando ao meu redor como se eu estivesse flutuando e sem âncora. As luzes estavam acesas sobre o seu pátio, mas ela não estava lá quando eu olhei para a sebe, e a respiração saiu da minha boca desconfortavelmente.


Bem quando eu estava indo empurrar através da abertura cada vez maior na sebe, ouvi a voz dela atrás de mim. —Ei, — ela disse suavemente. Virei-me devagar e, quando a vi sentada à beira da piscina, um produto feliz de um dia anormalmente quente de outubro, com as pernas nuas penduradas na água, os cabelos arrancados do rosto, algo estranho aconteceu. O pânico frio transformou-se em algo quente e suave. O mundo ao meu redor se estabeleceu instantaneamente, o horizonte reto, plano e exatamente onde deveria estar. Allie virou lentamente, e foi quando eu vi o que estava cobrindo seu corpo. Minha camisa. Nada sob a camisa pelo jeito que estava. Mesmo com as luzes do seu quintal, seu rosto mal era visível nas sombras uma vez que ela estava de costas para a piscina. Mas seus olhos em mim me seguraram rápido no lugar, a âncora que eu não consegui encontrar apenas alguns instantes antes. —Ei, — eu disse de volta, totalmente inadequado para o que estava se agitando violentamente dentro de mim. Eu não posso fazer isso, era uma onda enorme de pensamento me batendo de lado.


Eu tenho que tocar em você novamente, era outro. Eu me recuso a ser o que pode arruinar você, era o último. Allie diminuiu a distância entre nós, sem medo de fechar a distância, mostrando o quanto ela era mais corajosa do que eu a cada passo sobre a grama macia. —Sinto muito sobre o jogo, — disse ela, olhos iluminados e perversos em seu rosto. Não, não era mau. Essa não era a palavra mais certa. Não parecia certo rotular isso como algo errado, mesmo que fosse perigoso para nós dois. Aqueles olhos eram quase invasivos em quanta intimidade eu vi lá. Não é mau de nenhuma forma. Quando isto aconteceu? Eu estava tão perdido no prazer ardente que perdi a mudança assustadora debaixo dela? Certa vez, aprendi sobre as placas tectônicas, bem abaixo da superfície do oceano. Apenas uma fração de uma polegada poderia provocar terremotos, tsunamis, destruição e caos inimagináveis. Era assim que Allie parecia. Uma mudança inimaginável, que alterava a vida que eu não tinha visto vir. Lentamente, levantei minha mão e deslizei meus dedos ao longo da sua mandíbula, saboreando a seda da sua pele sobre o osso. Eu era muito mais forte, não levaria nada para quebrá-la, se é isso que eu queria.


Quando minha outra mão veio e traçou a linha do seu nariz, espalhei meus dedos ao longo da sua bochecha para que eu pudesse sentir o bater dos seus cílios ao longo dos meus dedos quando ela piscou, suas delicadas sobrancelhas se curvaram ligeiramente em confusão. —Você está bem? —Você é perfeita, — eu disse a ela, a coisa que eu mantinha engolida da nossa primeira noite juntos, de repente precisando que ela ouvisse as palavras. Ela sorriu, mas era um sorriso confuso. —Luke, — disse ela, enquanto se aninhava no calor da minha mão. Eu não pude suportar. Não suportava dizer as palavras. Minhas mãos deslizaram por seus ombros e eu a juntei a mim, apertado, apertado, nem perto o suficiente, mesmo quando ela colocou os braços em volta das minhas costas. Cegamente, eu procurei sua boca, ela soltou um suspiro ofegante, aliviado quando nossos lábios se encontraram, repetidamente. Doce e devagar, nos beijamos, suas mãos agarrando minhas costas, meu cabelo e meus dedos cavando o material da minha camisa. Só mais uma vez, prometi a mim mesmo. Apenas mais uma noite.


Meus beijos se tornaram mais duros, puxando um gemido da sua boca quando minhas mãos se agarraram por baixo da camisa, não encontrei nada além de pele lisa e interminável. —Você me esperando assim, é como toda minha fantasia ganhando vida, Allie, — sussurrei em seu ouvido, puxando o lóbulo com os dentes. Isso a fez se arquear na ponta dos pés, ofegando alto. Falei em seu pescoço depois que lambi o comprimento dele. — Parece que nunca poderia ser melhor que isso, mas sempre é, não é? —Sim, — ela gemeu. —Luke, por favor. Eu me afastei e toquei minha testa na dela. —Diga-me, — eu disse ferozmente, precisando de algo em troca, mesmo que ela não pudesse saber, não poderia entender o que suas palavras significariam para mim mais tarde. —Vamos para dentro, — ela disse, seus braços apertados em volta do meu pescoço. —Diga-me, — eu disse novamente, trabalhando minha mão lentamente em sua cintura, sob a camisa até que minha mão estava cheia da carne macia e quente, seu batimento cardíaco selvagem sob a palma da minha mão. —Diga-me e eu vou levá-la para minha cama. Eu farei qualquer coisa. Qualquer coisa que você quiser. Allie soltou um suspiro, seu corpo se apertou mais e mais contra o meu, contra meus dedos em busca de pressão entre as pernas dela enquanto eu pensava em tomá-la ali mesmo na grama. —Eu-eu, oh puta merda. — Ela baixou a cabeça para trás. —Eu não sabia, Luke. Eu não sabia que poderia me sentir assim. Isso é


bom, isso... por favor, pare se você espera que eu seja capaz de pensar. Eu ri contra sua pele e diminuí a minha mão. —Eu posso aceitar isso por agora. Ela levantou a cabeça, piscando lentamente, enquanto puxei minhas mãos para fora da camisa, enrolei meus dedos entre os dela e a levei para a minha casa. Quando subimos as escadas, senti seu olhar interrogativo, mas ignorei. Meu quarto estava escuro quando entramos e fechei a porta atrás de nós. Mais do que tudo, eu queria essa lembrança de Allie na minha cama, entre meus lençóis, apenas uma noite em que talvez ela pudesse dormir ao meu lado. —E Faith? — Ela perguntou. Extraindo meus dedos dos dela, enfiei seu cabelo macio e sedoso atrás de uma orelha, então arrastei a ponta do meu polegar ao longo do arco da sua bochecha. —Ela está na casa dos meus pais. —Luke, — disse ela, balançando a cabeça lentamente enquanto olhava ao redor do meu quarto. —Você tem certeza? Em resposta, a beijei suavemente, apenas me afastando para tirar a camisa do seu corpo. Ela pegou minha sugestão, lentamente me despindo até que eu estava apenas na minha cueca boxer. Cada toque dos seus dedos, cada lugar que ela beijou quando descobria a pele, fez minhas mãos tremerem com a necessidade de fazer o mesmo.


Ela ficou na beira da minha cama e estendeu a mão, mas fiquei por um momento e simplesmente olhei. Então peguei seus quadris com as duas mãos, virando-nos para que eu pudesse me esticar completamente na cama. Allie sorriu e me empurrou de volta levemente. Havia apenas uma fonte de luz na sala, mas ela cortava a cama como uma lâmina, quando Allie se arrastou sobre mim, o luar iluminou cada centímetro dela. Tudo o que eu tinha dela era momentos roubados como este no escuro, ela merecia muito mais do que isso. Se inclinando sobre mim, nos beijamos novamente, o clima tão suave e doce como se o tempo tivesse diminuído para algo elástico e maleável. Minhas mãos nas costas dela, as dela segurando meu rosto enquanto se movia em pequenos círculos sobre mim como se eu já estivesse dentro dela. —Allie, Allie, — eu sussurrei. Ela se endireitou, apoiando as mãos no meu peito, de repente, parecendo errado. Ela estava muito longe e eu nos rolei. Em uma inspiração aguda, ela puxou a perna para cima, enfiando o joelho apertado contra o meu lado. Eu agarrei sua coxa firmemente e segurei seus olhos enquanto eu empurrava para frente nela. Seu queixo se ergueu e eu percebi que ela estava segurando seus sons. Mas eu queria eles. Eu queria levá-los para mim como se estivesse nela.


Juntos nos movemos, suaves e lentos, tão lentos, que quando o suor começou a se acumular nas minhas costas, os quadris dela começaram a se erguer contra os meus incansavelmente, eu sabia que a hora da lentidão estava acabada. Mais rápido e mais rápido, mais e mais. Não foi o suficiente. Parecia que nada poderia ser o suficiente. Eu me envolvi com ela o mais forte que pude, pouco antes de machucá-la, ela engasgou no meu ouvido quando nos juntamos em um espiral. Eu caí de lado, para não a esmagá-la, Allie tirou o cabelo do rosto com as mãos visivelmente agitadas. Eu peguei por ela, enfiando um emaranhado loiro atrás da orelha novamente. Sua boca se abriu para falar, mas eu me inclinei para frente e a silenciei com um beijo. Sem língua. Sem dentes. Apenas meus lábios contra os dela. Então eu deslizei um braço sob seus ombros e a coloquei de lado, alcançando cegamente com a mão para poder arrastar o lençol sobre nossos corpos. —Durma, — eu sussurrei contra sua testa. Não queria mais questionar por que estava fazendo as coisas que estava fazendo. Parecia certo falar a palavra para ela com todo o subtexto por baixo. Parecia certo para ela enrolar em meus braços e deixar seu corpo relaxado suavizar ainda mais. Depois de um momento de silêncio carregado, suas perguntas quase tangíveis entre nós, senti-a relaxar. Seu braço deslizou pelo


meu estômago, deitou a cabeça no meu peito, sua respiração finalmente saiu depois de alguns minutos. O sono veio muito mais tarde para mim enquanto observava a luz se mover lentamente da cama, deixando-nos na escuridão. Uma analogia apropriada para o que eu sabia que tinha que fazer.


A primeira indicação que eu estava acordando sob circunstâncias não-normais, era que tudo cheirava a homem. Homem viril. Como o tipo de cheiro de homem que faz você fechar os olhos, cravar o nariz no tecido mais próximo e inalar como um viciado em cocaína que acabou de ter uma nota de dólar enrolada embaixo do seu nariz. Então, naturalmente, foi o que eu fiz. Desde que acordei com um travesseiro desconhecido em meus braços, me enrolei nele e tomei a mais feliz e longa inspiração da minha vida induzida por sexo. Luke. Cheirava como o Luke. E desde que eu estava sozinha em sua mega cama king size, eu sabia que era só por estar em sua cama, em seu quarto, em sua casa. Pelo brilho do céu, eu sabia que ele já estaria nas instalações, provavelmente recebendo uma massagem ou colocando seus ossos quebrados no lugar, o que... ooh, eu me estiquei e estremeci. Eu poderia usar um pouco disso também.


Um sorriso feliz espalhou-se pelo meu rosto porque o inferno sagrado naquela noite tinha sido um para os livros de registro. Eu sabia que isso me tornava uma dona muito, muito ruim assim por dizer, mas se perder um jogo fazia isso com um homem, eu ficaria muito tentada a dizer a eles para perderem mais vezes. Virando-me de costas, passei a mão pela testa para limpar o rosto do meu cabelo emaranhado e tentei fazer o mesmo com os pensamentos emaranhados do ninho de pássaro. Algumas coisas eu sabia com certeza. Um, algo estava diferente na noite passada. Quando vi a conferência de imprensa pós-jogo no conforto da minha sala de estar, vi em seus olhos o momento em que ele percebeu o que havia dito sobre mim. Nada era impróprio, nada que pudesse ser distorcido em uma história feia ou sórdida, mas eu estava observando-o através das lentes do nosso pequeno... acordo. Dois, esse acordo foi mandado para o inferno agora. No segundo que Luke me trouxe até as escadas, nós entramos em uma nova categoria. Qual? Nenhuma ideia maldita. Mas isso me levou ao ponto três. Três, eu queria mais que as noites de domingo. Eu tinha certeza que Luke também. Ele me segurou como se eu fosse preciosa. Feita de vidro. Algo para ser estimado e cuidado. Mas me fodeu sem sentido enquanto também estava sendo acarinhada. Em público, para os repórteres, ele falou de mim com respeito. Com uma proteção que fez meus olhos lacrimejarem.


—O que está acontecendo aqui? — Eu perguntei ao quarto vazio. Sem resposta. Me virei de novo, estudando seu espaço privado. Os tetos, muito parecidos com os meus, eram pontiagudos e brancos, com vigas abertas estendendo-se pelo comprimento e terminando em uma parede maciça das janelas. As janelas davam para o lago, como as minhas e felizmente, cobertas por cortinas brancas. A cama estava em uma estrutura de ferro simples e vestida com uma colcha cinza claro. Uma lareira vazia ficava na parede oposta, e em ambos os lados do tijolo de tons quentes estavam prateleiras abertas cheias de livros, alguns troféus antigos, algumas fotos emolduradas de Faith e um casal mais velho que devia ser seus pais. Ao lado da lareira havia uma poltrona de couro marrom com uma luminária curta e gorda logo atrás, perfeita para a leitura. De cada lado da cama havia mesas de mogno escuro, as minhas vazias e um pouco empoeiradas, na dele havia uma garrafa de água, um cabo de carregamento de telefone e algumas moedas soltas. As portas na outra parede levavam a um banheiro e talvez a seu closet. Era limpo e simples, mas não chato. Quero dizer, eu poderia enfeitá-lo rapidamente se ele estivesse interessado nesse tipo de coisa. Assim que o pensamento cresceu asas, bati na minha testa. Acontece que era completamente desnecessário como uma técnica de distração, porque do lado de fora da porta fechada e


esperançosamente trancada, eu ouvi Faith rindo, então uma mulher respondeu. Minha boca se abriu. Minhas bochechas ficaram quentes. Meu coração ameaçou sair do meu peito. Sua mãe e filha estavam fora do quarto. E eu estava a cinco minutos de fazer a caminhada da vergonha na frente delas, porque eu não tinha ideia de que horas eram, e eu deveria me encontrar com Joy esta manhã. Muito bom. Eu sentei e soltei um suspiro rápido. Minhas escolhas eram limitadas. Quando eu saí ontem à noite, deixei meu telefone no meu próprio quarto porque achei que ficaria fora por trinta minutos, então mandar uma mensagem para Luke para ver quanto tempo elas poderiam ficar em casa estava fora de questão. Eu podia vestir a camisa que eu usava por aqui, deslizar pela borda do convés e rezar para que ninguém me visse, ou eu poderia pegar algumas roupas em seu armário, levantar meu queixo e aceitar a situação pelo que era. Merda. Embaraçoso. Absolutamente, esmagadoramente mortificante.

completamente,

Além disso, eu tive que tirar um segundo e deixar cair a cabeça em minhas mãos e respirar através das fortes ondas de pânico. Eu nunca conheci sua mãe antes. Eu estava prestes a sair do quarto, e ser pega em uma série de verdades que até mesmo Faith capturaria.


Eu choraminguei um pouco porque a última coisa que eu queria fazer era torcê-la no meio disso antes de Luke estar pronto. Era por isso que as pessoas, normalmente, acordavam a outra pessoa e gentilmente diziam a elas que voltassem para sua própria casa antes que sua filha impressionável de seis anos e meio as visse. Levantando a cabeça, respirei fundo e olhei para a porta. Joguei as cobertas fora de mim e espiei ao redor da borda do armário, só para ter certeza, se secretamente se conectava à cozinha ou qualquer coisa. E.. não! Sem gastar muito tempo cavando através do seu closet, encontrei um par de shorts pretos esportivos que rolei duas vezes ao redor dos meus quadris para que eles não caíssem. Mesmo que fosse dolorosamente óbvio e horrivelmente clichê, coloquei uma camisa de volta sobre a minha cabeça porque eu não conseguia pensar em uma alternativa melhor em seu armário quando se tratava de roupas sem sutiã. No espelho de chão, fiz o que pude, penteando meu cabelo com os dedos, puxando-o em uma rápida trança que veio na frente do meu ombro. Não está a pior aparência que eu já tive, pensei ironicamente. Apenas não como imaginava conhecer sua mãe. Com isso, choraminguei novamente e marchei para o meu destino.


Quando silenciosamente abri a porta do seu quarto e espiei para fora, sua mãe fez um duplo, quase cômico, virar de panquecas em uma grande grelha elétrica. Seu cabelo era curto e salpicado de cinza, não tinha nada dela em Luke, por causa de quão pequena ela era. Exceto por seus olhos. Ela tinha exatamente os mesmos olhos que ele. Faith estava no meio da mastigação quando notou sua avó olhando para alguma coisa. Quando me viu, ela engasgou, voando do banquinho com panqueca sobre sua bochecha. Seu braço com gesso envolveu minha cintura. —Senhorita Allie! Oi! O que você está fazendo aqui? Você acabou de chegar para dar um oi? Seu rosto estava pegajoso com xarope, alisei a mão pelo cabelo cuidadosamente trançado, tentando não rir histericamente pelo fato de que sim, eu definitivamente vim para dar um oi. Eu disse oi três vezes na noite passada. A mãe de Luke se recuperou notavelmente bem, muito melhor do que eu, enquanto eu ainda estava tentando forçar as palavras da minha boca inútil. —Faith, traga seu traseiro para cá e termine essas panquecas. Nós iremos sair para a escola em quinze minutos. Quando ela fez o que lhe pediram, eu estabilizei minha respiração e estendi minha mão para a mãe de Luke, como se eu não


estivesse atualmente sem roupa íntima e vestindo bermuda de ginástica do seu filho. —Eu sou Allie Sutton. É um prazer conhecer você. Ela pegou minha mão firme, os olhos brilhando, os lábios curvados maliciosamente. —Roxanne Pierson. Eu ouvi tantas coisas boas sobre você. — Seus olhos dispararam para Faith, que estava feliz mastigando suas panquecas. —Do meu filho e minha neta. Minhas bochechas podem ter combinado com o vermelho da camisa, mas Roxanne não pareceu se importar. —Oh, — gaguejei, —isso é... legal. Mesmo que fosse totalmente falso. Eu poderia imaginar algumas das coisas que Luke poderia ter dito sobre mim há poucas semanas atrás. —Eu disse a ela que você se parecia com a Barbie, — disse Faith. Roxanne e eu rimos. Ao contrário de mim, eu duvidava que sua risada fosse de nervosismo e pânico crescente sobre minha pele, porque eu era a única presa em uma cozinha que não era minha, com a mãe e uma filha do homem que eu estava saindo casualmente, talvez não, melhor casualmente dormindo. Mas isso não era culpa de Faith, e que Deus a ame, ela pensou que eu parecia com a Barbie. —Bem, eu não sei sobre isso, — eu disse a Faith com um sorriso. —Mas você é doce por dizer isso.


—Panqueca? — Roxanne perguntou com um giro especialista da panqueca em seu pulso. Outro círculo marrom-dourado apareceu na chapa quente e fumegante. O cheiro doce de massa encheu meu nariz, um substituto estranho e inesperado do cheiro de Luke, quando eu acordei. Fora de um restaurante, quando foi a última vez que alguém me preparou o café da manhã? Paige me deu algumas geleias de frutas na semana passada, mas não importava o que ela dissesse, isso não contava. Quando eu tinha a idade de Faith, eu tinha uma empregada que cozinhava para mim, que servia um grande copo de suco de laranja para meu pai antes de endireitar sua gravata, dizer oi para mim e me desejar um bom dia na escola antes de ele ir trabalhar. Eu pisquei para afastar a memória e me focar na muito mais quente e brilhante na minha frente. —Oh, não obrigada. Eu vou comer em casa. Eu tenho uma reunião que eu preciso me preparar. Roxanne abriu a boca para dizer alguma coisa quando Faith se virou e me imobilizou com um olhar desconcertantemente direto para uma criança de seis, quase sete anos de idade. —Você trabalha tanto quanto o meu pai? Minhas sobrancelhas se levantaram de surpresa. Roxanne fez o mesmo. —Não, — eu respondi depois de uma pausa. —Seu pai trabalha muito mais horas do que eu. Ser bom no que faz leva muito mais tempo do que o meu trabalho. —


Foi uma resposta cuidadosa, mas sincera mesmo assim. Faith não reagiu como eu esperava que ela fizesse. Ela abaixou as sobrancelhas e girou os dentes do garfo em uma mancha de xarope no prato branco. Assim que ela parou, a calda lentamente encheu de volta. —Você sabe quanto tempo o papai vai jogar futebol? Quando imaginei como essa caminhada da vergonha se desenrolaria, não seria isso. Roxanne enviou a neta um sorriso suave, mas não afastou a pergunta. Ela também não se apressou em responder e evitou os holofotes de mim. Eu não podia culpá-la desde que me meti nessa situação. A situação de Faith, bem no meio de tudo o que Luke e eu estávamos fazendo e o pensamento de afastá-la e dizer-lhe para conversar com seu pai fez meu estômago se curvar desagradavelmente. Seus doces grandes olhos castanhos faziam coisas estranhas no meu peito, então eu mordi os dentes entre os lábios por um segundo enquanto pensava sobre o que dizer. —Eu não sei, Faith. Eu nunca falei com seu pai sobre isso. Ou muito, na verdade, o que tornou essa conversa ainda mais bizarra. Mais uma vez, me perguntei por que ele me levou para a cama dele, para o quarto dele. Por que ele me deixou dormindo sozinha quando poderia ter me acordado cedo e me pedido para sair antes que Faith e sua mãe acordassem.


Acima de tudo, eu me perguntava por que ele havia me acordado repetidas vezes enquanto a lua trocava de lugar com o sol. Talvez eu estivesse lendo demais isso. Talvez ele tenha pensado que eu dormiria bem até depois que elas estariam fora na porta da escola. Tantas questões, que apenas um homem poderia responder se assim o desejasse. —Você poderia, — a garotinha perguntou timidamente, lambendo os lábios antes de dar a sua avó um rápido olhar, —você poderia talvez o demitir, então ele estaria sempre em casa comigo? Oof. Eu fiz um som quando me sentei lentamente ao lado dela em uma das banquetas vazias. Roxanne me deu um pequeno sorriso encorajador. Não era uma pergunta para a avó responder? Eu não estava nem perto de ser qualificada como a pessoa certa para responder a essa coisinha adorável por que eu não podia demitir o pai dela. Honestamente, eu provavelmente nem estava qualificada para ter qualquer conversa com ela, eu preferiria cortar meu cabelo com uma lâmina enferrujada antes de dar a impressão errada sobre o que eu era na vida de Luke. Eu sabia o tipo de dano que poderia causar a uma criança como ela. Então, ao invés de esfregar suas costas como minha mão coçava para fazer, enrolei meus dedos sobre os seus e os coloquei cuidadosamente no meu colo.


—Você deve sentir muita falta dele, hein? — Perguntei. Ela assentiu. Respire profundamente, Allie e merda sagrada, não estrague tudo. —Eu não posso demitir seu pai porque você sente falta dele, querida. — O rosto dela caiu e eu levantei a mão, colocando-a suavemente em seu pequeno ombro parecido com um pássaro. — Mas você sabe o que é incrível? Ela olhou para mim. —O quê? —Homens como seu pai só trabalham duro por alguns motivos. E um deles é porque eles amam tanto algo que vale a pena todas aquelas horas, todas as coisas que ele tem que fazer para ser bom em seu trabalho. Eu o ouvi falar sobre você, querida, ele te ama muito mais do que qualquer outra coisa neste mundo. Se ele não o fizesse, ele não estaria fazendo tudo isso para garantir que você tenha a vida mais incrível possível. É por isso que ele trabalha tão duro. Para você. — Deixei escapar um suspiro lento, surpreso com o nó preso na garganta, largo como uma pedra e tão imóvel quanto um. —Meu pai trabalhou muito também, — eu me vi dizendo, minha voz grossa e melosa. —E foi muito difícil para mim entender na época porque ele não poderia estar comigo em vez disso. E senti muito a sua falta quando ele não estava por perto. Roxanne deixou escapar um pequeno haaa, mas eu não desviei o olhar de Faith, que estava me olhando, eu, como se eu tivesse todas as respostas do mundo.


—Agora vejo o que todo o seu trabalho fez pela minha vida. — De onde vinham essas palavras? Elas não poderiam estar vindo de mim porque aquela voz estava toda calorosa e cheia de lágrimas. — Sem todo o trabalho que ele fez, eu não poderia ter viajado pelo mundo ou visto tantos lugares bonitos. — Eu apertei seu ombro e puxei a ponta da sua trança quando senti uma lágrima escorrer pela minha bochecha. —Eu não conheceria pessoas como você e seu pai, se o meu pai não tivesse trabalhado tão duro. E eu gostaria de poder agradecê-lo por isso. Pela oportunidade que tenho por tudo o que ele fez. O lábio de Faith tremeu, uma onda gelada de pânico me atingiu arrancando qualquer nó na garganta. Por favor, por favor, não deixe ela chorar. —Me desculpe, eu fiz você ficar triste, senhorita Allie, — ela sussurrou. —Oh, querida, eu não estou triste. — Eu a juntei em um abraço quando ela se atirou em mim. Eu mal podia olhar para Roxanne por medo do que veria. Então sua pequena mão subiu e pressionou contra a minha bochecha. —Olha, você está chorando. Bem, se eu não estivesse antes, eu certamente estaria depois disso. Minha visão borrou perigosamente, e eu usei minha mão livre para sentir o meu rosto. —Oh, isso, tudo bem. Somente... Eu acho que tenho fumaça de panqueca em meus olhos. Eu comecei a ficar de pé porque isso tinha ficado muito profundo, rápido demais.


Quando você começa como eu, nua na cama de Luke, e termina com três mulheres chorando na cozinha, é hora de dar o fora logo. Roxanne limpou a garganta, dando-me um tapinha discreto no ombro. Oh inferno, não, se ela me abraçasse, eu perderia minha cabeça, cairia em seus braços e descarregaria vinte anos de dor reprimida ou algo assim. Aquela única lágrima que caiu foi mais do que eu poderia processar agora. —Faith, querida, precisamos levá-la para a escola. Faith assentiu, me dando um sorriso enquanto eu caminhava em direção a porta de correr. —Tchau, senhorita Allie. A caminhada do seu convés, descendo as escadas para a minha era curta. No entanto, parecia um quilômetro. O que diabos acabara de acontecer? E por que meu primeiro instinto foi pegar meu telefone e ligar para ele, ter certeza de que estava tudo bem, que eu tinha me saído bem com Faith. Eu só queria ouvir a voz dele. Ah, isso era ruim. Este era um momento muito, muito inconveniente, para sentir esse tipo de sentimento estúpido, hesitante, inconveniente e apaixonado. In-con-ve-ni-en-te. Então bufei quando me deixei entrar no andar mais baixo da minha casa. No momento em que ele se virou para mim na noite


passada e me viu esperando por ele, eu deveria saber que estava me apaixonando por ele. Porque naquele momento Luke Pierson olhou para mim de uma maneira que ninguém nunca tinha feito antes. Antes que ele colocasse uma mão em mim, me beijasse, me dissesse que eu era perfeita, eu vi o alívio esmagador, a necessidade impressionante em seu rosto por me encontrar lá. E me senti verdadeiramente linda. Mesmo antes disso, eu deveria saber. Mas isso não importava, porque quando comecei a sentir isso era irrelevante. Isso não mudou o fato de que Luke e eu tínhamos uma lista de complicações de cem metros de comprimento, literalmente, que estava entre nós. Se isso fosse algo que ele gostaria de explorar. O que eu faria com esses incômodos e efervescentes sentimentos, eu não precisava decidir ainda. Eles ficariam bem por mais um dia. Ou outra semana, se mantivéssemos o mesmo horário. Subi as escadas com um sorriso estúpido no rosto porque, depois do meu encontro com Joy, eu seria capaz de me arrastar para minha própria cama e reviver cada segundo de indução de dor na noite anterior. Talvez depois de um banho quente e um par de Advil, isso sim. Paige estava em pé atrás do sofá, telefone na mão, quando me viu. —Puta merda, Allie, se você for para a casa ao lado para uma festa do pijama, leve seu telefone com você.


Levantei minhas sobrancelhas no tom agudo de sua voz, então tentei rir disso. —Não tem realmente bolsos nesta roupa, se você sabe o que quero dizer. O rosto de Paige ficou branco e eu estreitei os olhos. —O quê? Ela engoliu em seco nervosamente, depois sacudiu o queixo para a TV. —Você tem um problema. Ava tem te ligado sem parar pela última hora. O som foi silenciado, mas em uma foto escura e granulado atrás da cabeça do repórter havia uma foto minha, a língua enfiada na boca de Luke e a mão dele embaixo da camiseta que eu estava usando na noite passada. Meu corpo inteiro começou a tremer enquanto eu lia o título ao longo do topo. O QB dos Wolves experimenta uma nova posição com a sexy dona da equipe. Isso foi bem quando desmaiei, a voz de Paige foi a última coisa que ouvi quando minha visão ficou preta.


Meu massagista, um cara com uma compleição atarracada chamado Ivan e que estava na casa dos cinquenta com os punhos do tamanho de pedras, disse-me que ele tinha que trabalhar mais em meus ombros do que o habitual. Não brinca. Acordar com um corpo quente e macio enrolado ao redor do meu, sabendo que eu precisaria conversar com ela esta noite e explicar por que não podíamos mais fazer isso, definitivamente estava me dando alguns nós por cima das omoplatas já pesadas. Saí da sala de tratamento sentindo-me solto e aquecido depois de quase duas horas da expertise de Ivan. Essa era a única razão pela qual não me sentia mais quebrado do que naquele momento da temporada. O corredor estava vazio, mas passos pesados correndo em minha direção me fizeram virar. O rosto de Jack estava vermelho e suado. —Pierson, bolas sagradas, cara, eu estive procurando por você em todos os lugares. Eu apontei meu polegar por cima do meu ombro para a sala que eu acabara de sair. —Eu tive uma sessão com Ivan. Seu rosto normalmente despreocupado parecia sombrio. — Ava não está muito distante daqui, mas eu não acho que você gostaria de ouvir isso dela.


Eu endireitei meus ombros, deslizando para o papel de líder que veio naturalmente. —O que aconteceu? —Você tem o seu telefone com você? — Ele perguntou cautelosamente. Eu balancei a cabeça. —Está no meu armário. Jack, o que aconteceu? — Suas bochechas estufaram quando expeliu um lento silvo de ar, ele me entregou seu telefone. Meu coração bateu uma batida pesada e desajeitada enquanto meus olhos se esforçavam para compreender o que eu estava vendo na minha frente. Quer dizer, eu sabia o que estava vendo. Eu estive lá. Meu polegar rolou e eu afundei contra a parede. O artigo ficou embaçado, minha língua se transformou em areia e não consegui descobrir como eu ainda estava de pé, porque meu coração estava congelado no meu peito, enchendo minhas veias com gelo até as pontas dos meus dedos. —Que diabos? — Sussurrei. Oh Deus, Allie. Meu estômago revirou perigosamente. —Cara, eu nunca previ que isso fosse acontecer, — Jack disse calmamente.


Meus olhos se fecharam. Nem me fale, era o que eu queria dizer. Eu deveria saber. Eu deveria ter ouvido minha intuição. No momento em que percebi que não poderia continuar, eu sabia que era por causa de merdas assim. O momento egoísta e fraco que eu me permiti, tocá-la antes de estarmos dentro porque eu não podia não a tocar, me permitindo apenas mais uma noite com ela, acabou sendo eu carregando a arma que eu nunca iria querer ser destinado a nós. Em mim. Para ela. —Pierson, — a voz de Ava gritou do corredor. O clique dos seus saltos no linóleo soou como balas sendo disparadas. —Uma palavra, por favor. Jack me deu um sorriso sombrio, que eu queria retornar, mas meu rosto estava dormente. O terror me fez mover-se lentamente, mesmo quando minha mente corria com intensidade febril, uma porta giratória que eu não conseguia sair. Eu. Allie. O que eu sabia que deveria ter feito. Fazendo o que eu queria fazer ao invés disso. Levando ela para minha cama. Acordando com sua cabeça no meu peito, sua mão sobre o meu coração. Não querendo deixá-la lá porque eu não queria sair.


Faith. Como eu explicaria isso para ela porque, a menos que eu escondesse isso dela por algumas semanas, ela ouviria de algum garoto idiota da escola. Fazendo exatamente o que eu prometi a mim mesmo que eu a protegeria desde que ela era um bebê, colocando-a no meio de uma tempestade na mídia. Meu estômago torceu e se agitou, vazio, exceto por uma pilha crescente de decepção que estava se acumulando como pedras. Eu falhei. Falhei. Falhei. Engraçado como apenas algumas horas antes, eu só imaginava o fracasso como não ganhar mais jogos. Não ganhar outro troféu Lombardi. Agora, eu só queria chegar em casa para ter certeza de que não tinha um bando de abutres com câmeras e microfones acampados na minha garagem, gritando perguntas em minha casa. Ava empoleirou as mãos nos quadris e me observou com cuidado enquanto eu entrava na sala de conferências vazia. —Importa-se de explicar como isso aconteceu? — Ela perguntou assim que fechou a porta. Em vez de responder, olhei para a mesa indefinida, tentando decidir se machucaria meu braço se a pegasse e a arremessasse do outro lado da sala.


Não valeria a pena o risco, então sentei em vez disso, pendurando minhas mãos entre as minhas pernas abertas e olhando para ela por um instante. —Não realmente, — eu disse a ela. Ava rosnou baixinho. —De todos os homens teimosos deste time, você é sem dúvida a maior dor na minha bunda. Você e Logan. Eu teria uma conversa melhor com tocos de árvores do que vocês dois. — Levantei minhas sobrancelhas, mas não respondi. Ela não estava errada. Eu tinha tanto a ver com RP quanto com a mídia, então nunca saí do meu caminho para facilitar o trabalho dela. Eu não sabia qual era o problema de Logan, nem me importei particularmente. Eu estava apenas tentando não quebrar móveis ou ter um ataque cardíaco. Meus molares rangeram juntos, imaginando todas as pessoas vendo Allie e eu assim. A manchete tinha sido algo ridículo, claramente um site de fofocas. —O que você quer que eu diga, Ava? — Eu falei devagar, segurando o olhar dela, desafiando-a a ficar irritada comigo agora. —Somos adultos dando um amasso e algum idiota em um barco teve sorte com seu tempo. Ela estreitou os olhos. —Então foi uma coisa única? Só o fato de que ela ousou me perguntar sobre isso, me colocaria em uma posição onde ela seria obrigada a fazer o trabalho


dela, me fez andar em uma ponta fina para manter o meu temperamento sob controle. Minha voz era silenciosa e perigosa quando respondi. —Isso não é da sua conta. —É meu trabalho, Pierson, — ela explicou pacientemente. — Você quer se dar bem cinco vezes todos os dias, eu não dou a mínima, mas no momento em que acaba em todo site de fofocas, em todos os canais de entretenimento, então eu tenho permissão para fazer perguntas sobre isso. Há uma foto de você apalpando a nova dona e ela está no seu quintal, vestindo sua camisa e não muito mais do que isso. — Com cada palavra, seu volume aumentou, sua postura ficou mais alta e eu estava respirando como um touro pronto para atacar. —Então me ajude, Pierson, você vai consertar isso de alguma forma. Você me entendeu? Como um cachorro preso em um canto, senti o cabelo da minha nuca se eriçar. Um aviso visível para quem quer que se aproximasse, mas se Ava o viu, ela o ignorou. Eu me inclinei para frente e prendi-a com um olhar nivelado. — Vou fazer isso direito com as pessoas que estão diretamente envolvidas, e eu não preciso que você me diga como fazer isso. Ava jogou as mãos para o ar. —Pierson, eu não estou pedindo muito por aqui. Parte do seu trabalho é lidar com a mídia, que você conhece desde que estava na faculdade e teve que lidar com eles. Eles não vão embora simplesmente porque você vai resolver as coisas assim. Essa história não irá embora calmamente, a menos que você a encare de frente e conte a eles o que aconteceu e por que eles precisam seguir em frente. Você é esperto o suficiente para saber disso, não é?


Com um estalo limpo e quase audível, senti minha paciência restante sumir. —E fazer o quê? — Eu gritei. —Ficar na frente de um pódio e dizer a eles que todo domingo à noite eu estava fodendo a nova chefe porque esse foi o acordo que fizemos? Você acha que ajudaria alguma coisa? Ela não estava achando graça. —Bem, não se você falar desse jeito. Mas como você fala é o meu trabalho. Tudo o que precisa fazer é ler o papel e sair do palco. Não haverá perguntas da mídia, e eles saberão disso de antemão. — Eu ri sob a minha respiração. Não havia como eu estar fazendo isso. Claramente lutando com seu temperamento, Ava levou um minuto e andou pela frente da sala. O silêncio fez meus ombros caírem. Que cacete gigante. E eu poderia ter evitado tudo isso se tivesse prestado atenção ao meu instinto. Eu estaria a caminho de uma reunião de equipe como de costume. Allie estaria de fora fazendo o que normalmente fazia em uma tarde de segunda-feira. O que ela fazia nas tardes de segunda-feira? Eu nunca perguntei a ela. Com vergonha, eu tive que engolir a terrível verdade de como eu a tinha tratado. Que eu não poderia me incomodar em perguntar a ela algo tão simples como ela passava o tempo durante a semana porque eu tinha medo de saber muito além de como seu corpo se encaixava no meu.


Esse conhecimento era perigoso o suficiente, qualquer coisa além disso parecia que eu estava tentando o destino. Entrando muito fundo em Allie, tentando imaginar como a presença dela na minha vida iria abalar a essência, era a coisa mais aterrorizante que eu poderia ter imaginado. Antes disso. Agora eu a expus ao mundo inteiro. Ava falou até que eu ouvi suas palavras e fiquei aliviado com a interrupção dos meus pensamentos. —Podemos dizer de uma forma respeitosa, ok? Porque não é só sobre você. Ela é a dona. Estamos em um momento tênue agora, Pierson, onde indiscrições no local de trabalho estão sendo empurradas sob um microscópio de consentimento, poder e manipulação. — Ela alisou a mão pelo cabelo enquanto eu mastigava o que ela havia dito. Era amargo como só a verdade poderia ser. Ela ficou mais calma quando falou de novo. —Você e Allie começaram um relacionamento amoroso no começo da temporada, vocês eram vizinhos antes de começar, antes que você soubesse quem ela era. Deixe dessa forma. Deixe-os deduzir o resto. — Ela parou e inclinou a cabeça para a frente. —Poderia funcionar. No mínimo, a imprensa vai engolir um romance entre vocês dois. —Absolutamente não. Sua cabeça se levantou. —Você está falando sério? Ava não estava por perto quando a mídia alimentou o frenesi da morte de Cassandra sobre mim, suas barbatanas cinza afiadas em


todos os lugares que eu olhava. Ela não tinha ideia de quão absolutamente, cem por cento sério eu estava sobre não jogar pedaços sangrentos da história apenas para saciar seu apetite. —Não há como romantizar isso, — eu disse em voz baixa. —Eu não vou ficar de pé e dizer que Allie é minha namorada porque ela não é. —Ele está certo, — uma voz calma veio da porta. Minha cabeça se virou, assim como a de Ava. Allie estava parada na entrada da sala, o cabelo preso em um coque bagunçado, o rosto coberto por óculos de sol espelhados, as roupas simples e escuras. Como se ela tivesse acabado de vir de um funeral. Eu fiquei de pé. —Allie... Ela tirou os óculos escuros e eu senti como se tivesse sido expulso. Seus olhos estavam avermelhados, o rosto pálido e marcado. Por minha causa. Eu queria ir até ela mesmo sabendo que não deveria. E definitivamente não na frente de Ava. Por um longo e horrível momento congelado, apenas nos encaramos. Eu sinto muito, eu tentei dizer a ela com meus olhos, não querendo dar nada enquanto tínhamos uma audiência. Havia pessoas suficientes nos observando. Allie piscou, depois se virou e fechou a porta atrás dela.


—E agora o quê? — ela perguntou com uma voz rouca e crua. Ao som da sua voz, deixei cair minha cabeça em minhas mãos. Agora o que realmente?


EU queria estar com raiva dele. Eu queria olhar para ele através daquela sala de conferências vazia e sentir o fogo bravo e hipócrita em minhas veias simplesmente pela visão dele. Mas eu não senti. O que senti foi um constrangimento que enlouquecia a alma, porque agora eu estava sendo dissecada, minhas fotos antigas sendo lançadas em novas histórias como uma espécie de prova de que o modo como eu vivi antes deveria dar uma pista de que isso aconteceria. Uma foto minha nas rochas em Aruba foi uma das favoritas desta manhã nos sites de entretenimento, talvez porque minhas costas arqueadas e biquíni vermelho me fizeram parecer mais com o tipo de pessoa que dormia com alguém que trabalhava para ela. Como se reforçasse qualquer narrativa que eles escolhessem para o suculento boato que Luke e eu tínhamos acabado de entregar a eles. Não havia arrependimento pelo que eu fiz meses atrás, anos atrás, porque eu parecia muito bem naquele maiô, mas era que em questão de semanas, eu me transformara em uma piada. Ração para algum âncora de TV que chegasse à noite e quisesse uma lista de dez melhores.


Luke não seria uma piada. Quem poderia culpá-lo? Foi algo que eu li no Twitter antes de Paige arrancar meu celular das minhas mãos E em seus olhos, eu pude ver a devastação. Ele rasgaria cada palavra, cada foto, cada comentário com suas próprias mãos, se pudesse. Mas isso era impossível. Isso era algo que ele não tinha controle. O que as pessoas disseram? Sobre ele, ou eu, ou nós juntos. O que parecia para o mundo exterior não tinha absolutamente qualquer relação com o que parecia entre nós. E até isso era subjetivo, porque em nenhum momento Luke me deu pistas verbais sobre o que estava acontecendo em sua cabeça. Agora tudo que eu sabia era que ele sentia muito. Que ele queria que isso acabasse, mas ele não tinha como fazer isso acontecer. Eu sabia disso porque era o que eu via no rosto dele quando olhou para mim com um pedido de desculpas gritando das profundezas dos seus olhos escuros. Eu tive que fechar meus próprios olhos contra isso porque, tanto quanto eu queria estar com raiva dele por causa disso, meu coração estava rasgado em tiras no meu peito por causa de como eu me sentia naquela mesma manhã em sua cama. Ava me deu um olhar simpático, mas seu tom era todo de negócios. —Você está de acordo, Allie?


Com as costas ainda contra a porta, assenti. Meus dedos se apertaram firmemente no pulso de silêncio que veio com a minha decisão. Mesmo que doesse ouvir Luke dizer que eu não era namorada dele, era a verdade. Algo com o qual eu não poderia discutir. Ficar na frente da mídia e tentar fazer algo doce e inocente pareceria arrancar cacos de vidro da minha pele. Eu não era capaz disso no momento. Apenas convencendo Paige a me contrabandear para dentro da instalação, passando por uma horda de furgões de notícias, levou bastante da minha energia. Mas ficar em casa não estava ajudando. Incrível como se esconder debaixo do cobertor e chorar, na verdade não faziam seus problemas irem embora. —Ok, — disse Ava em uma voz concisa. —Vamos emitir um comunicado de imprensa da diretoria, dizendo que você e Luke tem uma vida privada fora dos Washington Wolves, e elas permanecerão privadas, considerando que vocês dois são adultos e não há nada no contrato de Luke que proíba um relacionamento entre vocês dois. Era uma versão limpa da verdade. Os fatos nus resumiam-se a uma versão higienizada que forneceria pouco para a mídia trabalhar. Eu odiei isso. Nem Luke nem eu falamos, Ava olhou para nós brevemente antes de direcionar sua atenção de volta para seu telefone. —Vamos conversar com a equipe na reunião que começa em — ela olhou para o relógio na parede — vinte minutos. Deixe-os saber que fora destas paredes, eles estão estritamente em uma base de


'sem comentários', se alguém proferir uma palavra para a mídia diferente disso, eles vão ter a ponta do meu salto no buraco de onde sai o mijo deles. — Sua tentativa de piada me fez sorrir levemente, mas Luke apenas abaixou a cabeça para que eu não pudesse ver seu rosto. O sorriso caiu quando imaginei encarar o time novamente. Assim, era como se alguém acendesse um fósforo atrás dos meus olhos, acendendo o fusível curto e fino na minha estabilidade emocional. O que eles pensariam de mim? Limpei a garganta, só para ter certeza de que não choraria se falasse. —Você precisa de mim nessa reunião? Mesmo que o vômito parecesse uma resposta apropriada ao pensamento de comparecer, eu o faria. Eu os enfrentaria e olharia nos olhos deles, aceitaria qualquer julgamento que eles tivessem para mim. Me arriscando em me colocar em um momento tangível para a perda de respeito que eu poderia ver voltado para mim. Mas Ava sacudiu a cabeça. —Não, a menos que fosse algo que você normalmente compareceria, acho melhor não. Mas depois de emitirmos este comunicado de imprensa, acho que é melhor voltarmos aos negócios como de costume. No dia do jogo, você faz o que normalmente faria. — Ela fez uma pausa e segurou meus olhos quando minha respiração aumentou audivelmente. —Se você estiver confortável com isso. Eu mastiguei meu lábio inferior e arrisquei um olhar para Luke. Ele levantou a cabeça e estava me observando com cuidado. Um


músculo no lado de sua mandíbula estalou quando ele apertou sua mandíbula. Eu queria que você pudesse me beijar a céu aberto. O pensamento veio do nada, e então foi a minha vez de abaixar a cabeça para poder prender minhas emoções com correntes de ferro. Quando eu prendi as lágrimas de volta com os punhos cerrados, olhei para cima novamente. —Eu vou ver como me sinto no domingo. — Era tudo o que eu estava disposta a prometer naquele momento. Ela assentiu. —Justo. Quem sabe, talvez tudo isso tenha acabado. Outro bebê Kardashian pode entrar no mundo, acredite, isso vai distraí-los de qualquer coisa. — —Ava, — disse Luke, ainda olhando diretamente para mim, — posso ficar um minuto com Allie? Eu estarei na reunião antes de começar. Se ela ficou surpresa, ela fez um excelente trabalho em escondêlo. —Claro. — Ela tocou meu braço enquanto eu saía do seu caminho. —Deixe-me saber se você precisar de alguma coisa, ok? Sou uma excelente companheira de bebida. Eu dei a ela um sorriso fraco. —Obrigada, eu vou. Com o clique da porta sendo fechada, ficamos sozinhos. Luke se endireitou, passando a mão pela boca. —Allie, me desculpe por tudo isso. —Não é sua culpa, — respondi.


Ele soltou uma risada seca. —Não é? Nossos olhos ficaram até que minha visão ficou turva. —Allie, por favor, não chore, — ele implorou baixinho. Uma única lágrima correu pela minha bochecha, a limpei, mas eu sabia pelo jeito que seus braços estalaram quando ele apertou as mãos que ele a viu. Suas sobrancelhas franziram sobre os olhos torturados, mas ele não desviou o olhar. Como se fosse sua penitência, sua punição. Eu sabia o que ele estava lembrando. Eu pedi a ele para entrar. Mas ele me tocou primeiro como se não pudesse não me tocar. Mas isso não importava. Mesmo que a única coisa que eles tivessem visto fosse nós entrando em sua casa, era condenatório o suficiente para ainda fazer as manchetes. Dizer isso para Luke faria pouca diferença, no entanto. —Eu tinha planos, — eu me ouvi dizendo. Ele respirou fundo e soltou através dos lábios franzidos. —O que você quer dizer? —Eu queria começar uma fundação. — Eu não limpei as lágrimas que caíam agora. Era inútil. Meu coração doía tanto, ficando a uns cinco ou dois metros dele, dizendo-lhe a coisa mais pessoal e secreta desde o dia em que nos conhecemos. Agora, quando não importava e não podia melhorar, eu estava mostrando a ele o meu lado mais terno. A coisa que poderia me machucar mais. —Ajudar as jovens a aprenderem a ser líderes, a causar impacto na vida das pessoas ao seu redor quando não lhes são oferecidas as mesmas oportunidades que outras. Como não desperdiçar o que


são. — Minha garganta ficou espessa e eu tive que parar, só para não soltar um soluço feio e cheio de ranhos. —Faith me deu a ideia, na verdade. —Deus, Allie, — ele disse, inclinando-se para frente como se fosse ficar em pé. —Isso era algo que eu nunca soube que queria, — eu disse a ele, de repente, insegura se eu estava falando sobre a fundação, sobre ele, ou sobre nós. —Mas isso não importa, sabe? Tudo o que importa é que um dia você acorda e quer fazer algo. E agora eu sinto que foi tirado de mim, — eu disse com raiva. —Por causa de algum babaca com uma lente com zoom. Eu nem tive a chance de transformá-lo em algo incrível. Algo especial. —Você ainda pode, — ele respondeu ferozmente. Soltei uma risada fraca com minhas bochechas molhadas de lágrimas. —Você enviaria sua filha para mim agora? Se você não me conhecesse, soubesse o que aconteceu, você confiaria em mim para orientá-la? — Sua respiração acelerou. Ele se levantou e andou na frente da mesa, as mãos em punhos ao seu lado. —Porra, — ele gritou, então chutou a cadeira ao lado da mesa. Ela caiu para o lado. Ele olhou para mim. —Desculpe. Eu realmente quero dar um soco na parede ou algo assim, mas... — Ele ergueu suas mãos, que valiam milhões, e encolheu os ombros, impotente. —Está tudo bem, — eu respondi porque, apesar de não estar bem, eu realmente não queria que ele quebrasse nenhum osso.


—Eu soube naquela noite que não poderíamos continuar fazendo isso, — ele murmurou, andando de novo. Eu congelei. —Você o quê? Suas narinas se alargaram quando parou e olhou para mim, sem realmente me ver. —Saí da coletiva de imprensa e soube que precisávamos parar. Eu falei demais, aquele idiota me seduziu com muita facilidade, se alguém descobrisse, merda, então foi exatamente isso o que aconteceu. — Isso. Era essa a parte que eu estava perdendo em tudo isso. O olhar em seus olhos quando se virou e me viu sentada em sua piscina. Ele estava se preparando para acabar com isso. Eu desviei o olhar e olhei para a parede branca até que meus olhos queimaram com a necessidade de piscar, mas eu não deixaria outra lágrima cair até que eu estivesse sozinha. Foi por isso que ele me levou para a cama. Por que ele me tocou daquela maneira, por que ele disse as coisas que disse, porque ele sabia que era a última vez. E eu tinha acordado, cheirando seus travesseiros como uma menininha boba. Como uma armadura desdobrando, eu escorei todos os lados do meu dolorido e perfurado coração. Lentamente, assenti. Com os dedos tremendo, estendi a mão e deslizei meus óculos de volta para cobrir meus olhos arenosos e molhados.


Isso nunca teria funcionado. Quaisquer visões dançaram em minha cabeça naquela manhã nunca teriam funcionado porque ele estava com muito medo de algo dar errado em seu relógio. A ideia de que estranhos podiam espiar facilmente sua vida pessoal era a pior coisa que Luke podia imaginar, especialmente quando ele não conseguia controlar o resultado para as pessoas ao seu redor. E brevemente, eu fui uma dessas pessoas. Por um segundo, foi como se alguém tocasse meu peito e apertasse, torcendo cada gota de dor pela percepção de que ele ainda residia ali para mim. Mas ele não precisava saber disso. Agora não. Eu superaria isso. Eu me faria superar isso. —Você está certo, — eu disse a ele. Ele piscou pelo meu tom uniforme. —Eu estou? Eu varri meus dedos sob meus olhos e belisquei minhas bochechas. —Bem, não sobre isso ser sua culpa. — Eu olhei para o relógio no meu pulso. —Eu também fiz parte disso e sabia as consequências tão bem quanto você. Mas eu ainda escolhi ignorálas. —Allie, — disse ele lentamente, claramente confuso com a súbita mudança no meu humor. Eu levantei a mão. —Não, eu não estou brava com você, Luke. É o que é. Seus olhos se estreitaram. —Tudo bem, mas...


—Realmente, não há necessidade de autoflagelação. Foi minha escolha esperar por você do lado de fora nua. — Eu forcei um sorriso no meu rosto, mas deve ter parecido uma careta porque ele fez uma expressão facial combinando. —As notícias irão passar. Elas sempre passam, eventualmente. — Luke abriu a boca, mas eu acenei para ele. —Você não tem uma reunião para ir? Em vez de sair, concordar ou até parecer aliviado, Luke me encarou como se eu fosse um quebra-cabeça que ele não conseguia descobrir. No meu peito, meu coração martelava descontroladamente porque eu estava pendurada pelos fios mais frágeis. Encarando-o completamente no rosto, mesmo que ele não pudesse ver meus olhos, eu sabia que ele provavelmente me seguraria se eu fosse para ele, fazendo com que cada borda desgastada estivesse mais perto de se desfazer. Eventualmente, ele assentiu. —Sim. —Boa sorte. Não deixe que eles lhe deem muita merda sobre isso. —Você tem certeza de que está bem? — Ele perguntou, claramente não comprando o meu pequeno ato, o que foi uma pena, porque eu tinha certeza que acabei de fazer uma apresentação que deveria fazer a Academia se sentar e prestar atenção. —Estou bem, — eu disse a ele. Com um último olhar analisador com lentes de alto alcance, ele saiu e eu soltei um suspiro trêmulo. Então afundei no chão, joguei


meus óculos no chão e passei meus braços em volta dos meus joelhos, deixando as lágrimas caírem. Porque parecia que ele estava puxando meu coração para trás a cada passo, e nunca conseguiria de volta. Quando Joy me encontrou no chão quinze minutos depois, ela me ajudou a levantar, secou meu rosto com um lenço branco e me levou de volta para onde Paige estava esperando ansiosamente. Ela pegou meu rosto em suas mãos antes de eu sair. —Querida, você é uma Sutton. E isso não é uma raça fraca. Você pega hoje e chora, mas amanhã, amanhã, você endireita a coluna e continua fazendo o seu trabalho. — —Ok, — eu prometi a ela. Joy me deu um abraço apertado antes de Paige me enfiar no carro. Amanhã. Amanhã eu endireitaria minha coluna e continuaria fazendo meu trabalho.


—Você não quer que eu saia com você? — Paige perguntou em voz baixa com a mão nas minhas costas. O túnel para o campo parecia ter dezoito quilômetros de extensão. Eu ajustei meus ombros e respirei fundo. —Não, será como sempre. Eu sobrevivi aos últimos cinco dias, então posso sobreviver com uma caminhada nesse campo. — Seu rosto espelhava a apreensão que atualmente distorcia meu estômago em laços de torção. Você sabe, aquelas coisas flexíveis que mantêm juntos os sacos de pão? E se eles forem muito enrolados, você não conseguirá encontrar o começo, não conseguirá descobrir em qual direção precisa seguir para desamarrar tudo corretamente. Era assim que todo o meu corpo se sentia. Eu recebi três massagens esta semana, todas em casa, porque sair daquele lugar era altamente superestimado. Entrega de mantimentos nos manteve vivas, assim como enormes quantidades de vinho, sorvete e comida chinesa. Não nessa ordem. Embora o vinho tenha precedido todas as decisões importantes que Paige e eu tomamos desde 'O Incidente', como nós tínhamos começado a chamá-lo.


O vinho nos ajudou a decidir que eu deveria pagar uma quantia exorbitante de dinheiro para fazer meu estilista vir cortar meu cabelo acima dos meus ombros, no conforto (e privacidade) do meu próprio banheiro. Algo novo e fresco. O vinho nos ajudou a decidir que herdar um time de futebol de seu pai era estúpido, mesmo que eu não achasse realmente estúpido. O vinho nos ajudou a decidir que Luke provavelmente estava mais propenso a ter medo de como era incrível entre nós, então ele estava escolhendo a rota segura para ele e sua filha mantendo a distância. Nem uma vez eu tive um vislumbre dele em casa. Faith também. Nem um único vislumbre. Isso quase tornou tudo pior. Era como se ele não tivesse existido. Na sexta-feira, eu tive que dizer ao vinho que estávamos nos separando por alguns dias, porque eu precisava não estar de ressaca para o jogo no domingo. Primeiro jogo desde 'O Incidente', em casa, contra o nosso maior rival na divisão, a equipe estava atualmente à frente de nós por um jogo na classificação da divisão. Mesmo sem 'O Incidente', seria um jogo tenso. Joy me disse que eles eram conhecidos por muitas coisas, além de ganhar jogos este ano. Conversa suja. Algumas jogadas questionáveis. Fãs tão violentamente apaixonados por sua equipe que pareciam guerreiros de uma época passada, todos levemente aterrorizantes se você não soubesse o que esperar.


Eu fiquei fora do escritório a semana toda, tinha acordado no domingo sabendo que eu precisava estar no jogo. Negócios, como sempre. Eu iria caminhar no campo durante os aquecimentos, porque era o que eu normalmente fazia. Eu iria cumprimentar a equipe, alguns dos quais tinham entrado em contato via mensagem ou e-mail para me avisar que eles me protegeriam e eu observaria através da segurança da minha cabine de luxo. Paige, que esteve ao meu lado a semana toda, fazendo tudo o que eu precisava que fosse feito, não queria que eu fosse lá. Joy achou que seria bom para mim. Bom para a equipe. Ela jogou essa última cartada, provavelmente sabendo que iria dar um tapa na minha covardia e me forçar de volta para a terra dos vivos. Negócios, como sempre. Eu poderia fazer isso. Porque era um jogo em casa, eu tinha um guarda de segurança comigo, um homem ameaçador com olhos que nunca paravam de escanear e um pescoço do tamanho do meu corpo inteiro. Eu acho que o nome dele era Rico, mas eu também não tinha certeza de que ele pudesse falar, então eu não perguntei. Com um último olhar preocupado no campo, onde pudemos ouvir o barulho da música, o riso dos jogadores e os fãs se arrastando para disputar autógrafos, Paige apertou minha mão. — Bem, eu não estarei longe se você precisar de mim para machucar alguém.


Rico pigarreou e tentei não rir. Eu dei a minha amiga um breve abraço. —Está bem. Eu não me sinto insegura, apenas sinto.... — Eu procurei pela palavra certa. —Exposta. E eu odeio isso. Seus olhos estavam tristes. —Isso vai acabar eventualmente. Apenas vá lá, não olhe para ninguém além dos seus jogadores, faça sua coisa, e nós vamos pedir um Bloody Mary fantástico em seu camarote, ok? Eu balancei a cabeça. —OK. Enquanto caminhava pelo túnel, alisei a mão na frente da minha blusa branca dos Wolves. Eu cobri com um blazer preto sob medida e mantive meu cabelo preso no meu rosto. Em vez de saltos, que eram uma dor gigantesca no cu no campo, eu fui com sapatilhas brancas simples. Negócios, como sempre. Ninguém estaria dissecando minha roupa. Ninguém se importaria que eu estivesse lá fora. Repeti isso repetidamente como uma oração. Negócios, como sempre. O teto retrátil estava aberto, permitindo que o sol entrasse junto com uma brisa suave de outubro. Eu mantive meu queixo para cima e meus olhos para frente enquanto saía do túnel e como se ele estivesse esperando por mim, Dayvon deslizou na minha frente, dançando através do seu aquecimento. Eu não pude deixar de sorrir quando ele estendeu o cotovelo para mim e continuou cantando com qualquer música pop que


estivesse tocando. Eu não reconheci, mas isso não foi surpreendente. —Obrigada, — eu disse a ele sob minha respiração, dobrando minha mão em torno do seu braço maciço. —Garota, não é necessário nenhum obrigado. — Ele olhou para mim pelo canto do olho. —Você é provavelmente a razão pela qual ele estava de tão bom humor naquelas poucas semanas. O garoto precisava relaxar um pouco. Parecia errado rir, mas também tão bom. Um alívio tão doce, junto com o sol, o ar fresco, sabendo que a parte mais difícil, a de caminhar aqui fora, acabara. Ele caminhou comigo enquanto os rapazes se levantavam dos seus alongamentos, um por um sorrindo para mim, dando-me cumprimentos, alguns abraços, cada um me cumprimentando com respeito, com propósito, e me avisando que eu tinha o apoio deles. Jack piscou para mim antes de sair correndo para pegar uma bola jogada, sim, de Luke. Quando olhei em sua direção, sua cabeça estava baixa, ouvindo o que seu treinador estava lhe dizendo. Agora isso era uma coisa que eu não tinha considerado. Todos os olhares com certeza estariam nos observando por isso. Por mais que eu não quisesse, permiti que meus olhos percorressem as laterais, onde todas as câmeras se alinhavam e todos os repórteres ficavam em pé durante o jogo. Metade dessas câmeras já estavam apontadas diretamente em mim. Meu coração bateu desconfortavelmente, o que me fez apertar minha mão no braço de Dayvon.


De trás de mim, Jack correu para cima, jogando a bola para alguém na equipe de campo antes que ele me cutucasse com o ombro. —Senhorita Sutton, — disse ele com um largo sorriso. —Como você está hoje? Dei de ombros, sentindo-me completamente sobrecarregada com o amplo balanço das minhas emoções. Como era possível sentir tanto em tão pouco tempo? —Oh, — eu disse a ele alegremente, —apenas um dia de cada vez. Nós sorrimos um para o outro quando alguém assobiou bruscamente para chamar nossa atenção do outro lado do campo. O sorriso de Jack caiu instantaneamente, e Dayvon me virou de modo que fiquei atrás dele quando ouvi um dos jogadores adversários gritar. —Vocês têm alguma abertura para um cara como eu? Olhei em volta do ombro de Dayvon e vi o cara esticando os braços grossos sobre a cabeça. Ele tinha seus olhos presos em mim e um sorriso perverso no rosto. —Por que você não se preocupa com o seu próprio maldito time, — Dayvon disse a ele com firmeza. Quem quer que ele fosse, o número vinte e dois em preto desbotado em sua camiseta, ignorou Dayvon e manteve os olhos na minha direção, deslizando-os pelo meu corpo. —Você tem certeza,


baby? Você é a chefe, certo? Você poderia me ter para uma diversão. — Rico agarrou meu braço e me puxou de Dayvon assim que Jack começou a marchar para frente. —O que você disse, Marks? Ele enfiou a língua para fora e balançou-a. —Você me ouviu muito bem, novato. Ela também. —Você quer repetir isso, idiota? — Ele gritou, com os braços bem abertos. —Venha, você fica na minha cara e diz isso de novo. Minha pele ficou tensa e fria, meus dedos úmidos e escorregadios, enquanto eu caminhava de volta ao túnel. Dayvon usou as duas mãos para segurar Jack, falando baixo o suficiente para que eu não pudesse ouvi-lo sobre o sangue rugindo em meus ouvidos. Luke se aproximou, me prendendo com um olhar breve e carregado antes de olhar para Rico com um aceno de cabeça. Então ele deu um passo ao lado de Jack, dizendo-lhe para se acalmar. O outro jogador foi puxado para trás por seus próprios companheiros de equipe, o que provavelmente foi sensato, já que metade da equipe dos Wolves estava indo até Jack, que ainda respirava como um touro. Meu coração doeu. Foi a única maneira que eu poderia descrevê-lo. Eu me senti espancada. Cansada. Exausta até a medula dos meus ossos. Paige correu em minha direção. —Oh meu Deus, Allie, o que aquele babaca disse?


—Nada que valha a pena repetir. — Eu esfreguei minhas mãos para cima e para baixo nos meus braços, subitamente fria. — Podemos apenas subir? Eu acho que preciso desse Bloody Mary. —

LUKE

SE ALGUÉM NÃO atacasse Marks, alguém acabaria sangrando no campo. E não seria ninguém dos Wolves. Faltando apenas dois minutos para o jogo, ouvimos quase tudo sair de sua boca gigante, idiota e nunca silenciosa e, por algum milagre, todos os membros de nossa equipe mantiveram as mãos longe de sua garganta. A atmosfera fragmentada no campo me fez ficar nervoso, incapaz de me segurar. Eu gritei mais alto do que o habitual, as palavras saindo da minha boca como se minha mandíbula mal pudesse segurá-las. Na minha frente, Gomez estava atirando a bola mais rápido e mais forte, direto nas minhas mãos em espera. Meus lançamentos foram instantâneos, cortando o ar para que sua linha defensiva não tivesse a menor chance de me tocar. Minha linha ofensiva estava bloqueando como se fossem feitas de cimento, nada estava vindo através delas. Os ataques foram mais duros.


Capturas feitas ainda no ar com precisão furiosa. Se havia alguma coisa boa em toda a conversa de merda vinda dele, não controlada por seus colegas de time ou treinadores, era que ele nos fazia jogar com raiva, quase com violência. A única coisa que nos impedia de jogar, cinquenta caras contra um, era o fato de que estávamos vencendo. Que estávamos chutando a bunda deles. Mas isso o calou? Nem uma maldita chance. —Eu quero quebrar os braços desse cara, — rosnou Jack ao meu lado no amontoado. Isso veio logo depois que ele correu para trás depois que Jack correu uma rota de dez jardas na sua primeira descida, provocando-o com uma voz cantada depois que ele derrubou Jack no gramado. Eu também, pra caralho. Isso era o que eu queria dizer. Mas ninguém precisava ser incitado agora. —Vamos, — lati. —Primeira descida, segunda descida, primeira descida. Nós não estamos dando a esses idiotas a chance de nos parar na terceira, ok? Nós o calamos ganhando. — Todos concordaram com a cabeça, apertando e abrindo os punhos, socando os protetores de ombros apenas para liberar um pouco da testosterona explosiva que nos fazia praticamente tremer. E eu nunca quis tanto ganhar um jogo. Estava tomando toda a minha disciplina mental e física para não marchar até ele, arrancar o capacete e arrancar os protetores de dente com ele, o que era mais difícil do que eu esperava. Meus


nervos estavam em seu último aperto de dedos brancos na beira de um penhasco molhado. Durante toda a semana eu desliguei o barulho. No momento em que eu saí da sala de conferências, no momento em que vi a determinação dela em diminuir o que tivemos, dei um tapa nos meus protetores com as mãos esticadas, e encontrei os olhos de meus colegas de equipe e disse a eles que aquela era a hora de provar que nós éramos uma equipe. Se eles tivessem algo a dizer sobre isso, poderiam fazê-lo naquele momento ou manter a boca fechada. Eu fui recebido com silêncio. Cada dia sobrevivi com uma intensidade única que eu não sentia há muito tempo. Eu treinava cada dia com uma teimosia inflexível, envolta em ferro, trabalhando meus músculos até que estivesse encharcado de suor e bem além do ponto de exaustão. Eu assisti filmes até tarde depois de ter colocado Faith para dormir, que serviu como uma distração perfeita para o que tinha acontecido, como eu me sentia como o maior babaca do planeta. E agora esse palhaço estava cutucando a ferida, e se ele continuasse, eu arrancaria o dedo dele e enfiaria na sua garganta. —Oooooh, eu a vejo lá em cima, Pierson. Você a deixou toda aquecida e suave para mim? — Marks gritou. Eu apertei meu queixo e me recusei a olhar para ele. Mesmo que na minha cabeça, eu estava imaginando quantas maneiras eu poderia quebrar o braço de um homem.


—Boca grande filho da puta, — Gomez resmungou baixinho, estalando os nós dos dedos. Eu bati na lateral do capacete dele. —Vamos lá. Nós nos alinhamos, o público da casa se acalmou, meus receptores se dividiram para a esquerda e para a direita, mas Marks não seguiu Jack como normalmente faria com o canto. Acima do topo, minha linha ofensiva, sua linha defensiva, ele andava de um lado para o outro enquanto eu gritava a minha jogada, como uma cobra desenrolando-se de uma cesta. Eles estavam se alinhando, para correr direto para mim com tudo o que tinham. Seus olhos azuis, frios e fixos em mim, nunca piscaram. Nem uma vez. Meus dedos se flexionaram. —Posição simples noventa e quatro, — eu gritei, apontando para Marks para que Ryan, meu atacante esquerdo, o visse e protegesse meu lado cego. —Posição noventa e quatro. Cobertura! Apito. Bola na mão. A multidão rugiu. Eu corri de volta alguns passos, puxei meu braço para trás, e o ergui vinte jardas onde meu linha de fundo Rateliff estaria correndo sua rota fade. Do canto do meu olho, quando a bola navegou perfeitamente em uma espiral preciso no ar, vi Marks abaixar o capacete, girar em torno de Ryan e lançar-se para mim. Eu tentei recuar, mas o topo do capacete dele bateu na minha frente, nivelando-me em um instante.


—Aí sim, — ele rugiu na minha cara, cuspindo na minha pele. Antes de se levantar, ele agarrou a frente do meu capacete e puxou minha cabeça para mais perto. Eu empurrei ele, mas ele estava segurando com muita força. —Ela gosta de estar no topo também, Pierson? Aposto que ela gosta. — Eu estava prestes a socá-lo nos rins quando fui arrancado por Gomez, que empurrou Marks um pouco mais forte do que deveria. Gomez estendeu a mão para me ajudar. Marks dançava na minha frente enquanto eu lutava para controlar a batida furiosa do meu coração gritando para eu machucar, machucar, machucar. —Você gosta de ficar por baixo? — Ele provocou, despreocupado com a bandeira apenas jogada por causa golpe completamente ilegal ou o oficial correndo para acalmá-lo. —Eu aposto que ela gostava de estar por embaixo também. Vou fazer essa cadela engasgar com isso quando eu a segurar. Meu corpo inteiro congelou, minha visão foi cortada em um ponto em toda a arena, nada mais. Ninguém mais. Nenhum técnico ou companheiro de equipe, nenhum repórter, nenhuma câmera, nenhum fã, nada além de mim, dele e do rugido que saiu da minha boca. Eu me lancei para ele, ambas as mãos na base do seu capacete, que eu arranquei quando o levei para a grama. Ele socou minha lateral enquanto meus companheiros de equipe e da dele caiam sobre nós como um enxame de abelhas zangadas.


Não havia assobios, nem bandeiras, nem punições na minha cabeça. Apenas raiva pura e quente. Uma besta desencadeada, eu não queria nada mais do que pegar cada palavra que ele jogou no ar e empurrá-las de volta onde ninguém poderia vê-las, ninguém poderia ouvi-las, apenas no caso de elas chegarem até onde ela estava sentada, escondendo dos olhares que estiveram nela toda a semana. Meu braço se inclinou para trás, meu punho estalou contra seu nariz uma vez, duas vezes, um estalo repugnante e gratificante de osso e sangue correndo contra a minha mão, rolamos uma vez, ele pegou o lado do meu capacete com o punho um pouco antes que alguém nos separasse. —Ei, controle-se, Pierson, — o Treinador gritou na minha cara, ambas as mãos em punho na minha camisa enquanto os árbitros tentavam desvendar a bagunça de empurrar, gritar e xingar na massa de uniformes ao nosso redor. —Você acabou de quebrar o nariz dele, seu idiota. Meu peito estava arfando, meu punho latejando, quando minha visão vermelha de sangue clareou, ouvi o árbitro dizer que Marks e eu fomos expulsos do jogo. A multidão não gostou, no entanto. Nas telas gigantes, eles mostraram uma repetição de sua boca se movendo, depois eu rasgando seu capacete, seguido por uma foto ao vivo dele com uma toalha enrolada e encharcada de sangue contra o nariz. Os fãs rugiram.


Com um sorriso sombrio, aceitei os tapas nas costas dos meus companheiros de equipe enquanto descia o túnel e saía do campo para que meu apoio pudesse se ajoelhar na última série, finalizando a vitória. Eu pagaria por isso. Financeiramente, com certeza, quando a liga me multasse. Quando eu tivesse que explicar a Faith porque seu pai entrou em uma briga com outro jogador. Mas quando tomei banho, ignorei os repórteres, ouvi o treinador dar seu discurso pósjogo, não consegui sentir o menor arrependimento sobre o que fizera. Naquele momento, depois de horas ouvindo ele falar sobre ela, falar sobre nós, transformar o que tivemos em algo feio, e considerar ela como algum tipo de recipiente vazio, tive que reconhecer a verdade de que defender a honra de Allie era mais importante do que quaisquer consequências em meu caminho. Talvez ela não tivesse visto. Talvez ela só visse uma notícia e pensasse que eu estava reagindo tardiamente como um golpe final. Mas quando meu carro virou a esquina para casa, horas depois que eu quebrei o nariz de Marks, vi uma van de mudança na frente da casa de Allie. Ela viu. Ela definitivamente viu. E agora ela estava fugindo.


—Aqui está o que eu não consigo descobrir, — disse Paige com sua boca ao redor de um gole de sorvete. Eu girei minha colher no fundo da minha tigela branca, os olhos encarando a vista, o que era fácil porque a casa do meu pai em Edmonds tinha sido construída com vistas panorâmicas de água, árvores e picos de montanhas cobertas de branco. —E o que seria? — Eu perguntei. —Por que ele ficou aqui? — Ela olhou ao redor. —Esta casa é enorme. Era só ele, certo? Ele nunca se casou novamente? Aconchegando-me nas almofadas profundas do sofá, suspirei. —Não. Só ele. Não era a verdade que me fazia me sentir mais culpada. Esta casa grande, a que eu fui trazida do hospital para casa, era de fato enorme. Mais de cinco mil metros quadrados de espaço perfeitamente decorado e perfeitamente impessoal que eu poderia agora usar como meu próprio esconderijo. Eu gostaria de pensar que meu pai estaria bem com isso, não importava o que me levou até ela no meio da noite. Não foi até que acordamos tarde naquela manhã, tropeçando pelo corredor até encontrarmos uma máquina de café enterrada em


um armário, que Paige tinha preparado, com as vistas multimilionárias da minha casa de infância. O que a propriedade carecia de área plantada compensava em trechos intermináveis de água azul safira, pontos de diamante sobre a superfície do sol refletindo-a. As lanças altas das árvores eram a única coisa que interrompia a visão entre nós e as montanhas à distância. Era incrivelmente bonito. E eu mal podia prestar atenção a isso. Como uma contração que eu não conseguia parar, uma coceira sob a minha pele que nunca foi embora, eu deslizei meu telefone e toquei no aplicativo do YouTube. Como desde ontem, o vídeo da luta no campo estava bem no topo. Eu mantive o som desligado porque se Paige tinha alguma ideia de quantas vezes eu assisti nas últimas 27 horas, ela apunhalaria a tela com sua colher de sorvete. Cada ação se desenrolou na minha cabeça antes que uma única imagem se movesse na tela. Eu assisti tantas vezes, para confirmar minha decisão, me lembrei do que estava em jogo, talvez, mais ou menos, porque me deu uma sensação doentia de satisfação ao ver Marks sangrar para fora do campo, cortesia de Luke. Os jogadores se alinharam. Marks balançou no lugar, quase como se ele estivesse dançando, diretamente em frente a Luke. Os outros estavam em movimento, mas uma vez que a bola foi interceptada, aqueles dois foram os únicos que eu assisti. Marks ficou onde estava até a bola estar no ar, então ele abaixou a cabeça como um touro e atacou.


Um giro em torno do equipamento, Luke tentou sair de seu caminho e boom. Eles estavam em baixo. Foi quando meu estômago se contorceu desconfortavelmente porque ele estava claramente falando enquanto segurava Luke no campo. Mesmo quando eles estavam separados, Luke de pé, Marks nunca saiu da frente de seu rosto. Os apitos estavam soprando, uma bandeira amarela brilhante voou para o chão e tudo parou. Ou apenas Luke. A maneira como ele segurava seu corpo me lembrou de como o ar fazia uma pausa estranha e elétrica antes de um tornado, com nuvens amarelas e uma espécie de formigamento artificial no ar. Um aviso. Foi um aviso. Mesmo que eu quisesse desviar o olhar, eu não fiz. Ele se lançou em Marks, arrancando o capacete quando caíram no chão. Seu punho bateu no rosto de Marks uma vez, duas vezes, antes de rolarem e se separarem. Eles se perderam na confusão, na bagunça do empurra-empurra e gritos que irrompeu no campo de ambos os lados. —Eu gosto mais da casa do lago, — Paige disse baixinho, interrompendo minha centésima olhada do vídeo. Como se eu fosse uma criança culpada apanhada com a mão no pote de biscoitos, bloqueei a tela do telefone e virei-o para baixo. —Eu também, — concordei. Olhando em volta, não vi nenhuma marca do meu pai, em nada daquelas coisas. O quarto principal, grande e um pouco obsoleto, com vista para um rei, ainda estava


vazio. Eu escolhi um quarto de hóspedes no final do corredor, assim como Paige. —Por que não pudemos ficar lá de novo? Eu cortei-lhe com um olhar seco. —Sério? — Paige bateu os cílios. Eu odiei por quanto tempo eles fizeram isso. —É sério. Se você tem que ir tão longe para evitá-lo... — Ela bateu um dedo contra o queixo. —Quero dizer, não é como se você o tivesse visto na semana passada. Eu acho que você está fugindo por medo. — Meus dedos pareciam ansiosos para retomar o replay novamente. Ver o sorriso sombrio e satisfeito de Luke quando ele saiu do campo. Eu queria beijar aquele sorriso do seu rosto, proválo com a minha língua, ver se ele transferia a mesma satisfação sanguinária para o meu corpo como eu imaginava que seria. —Aquele cara, Marks, — eu expliquei. —É como se o único propósito dele fosse mostrar exatamente quanto de distração eu realmente sou. Eu dei a ele todas as munições. — Eu balancei a cabeça. —Ou Luke e eu fizemos. Eu sei que não é só minha culpa. —Com certeza não é, — Paige murmurou em torno de sua colher. —Eu só preciso deixá-los terminar a temporada sem ficar no caminho. —Você não estava no caminho antes, — ela insistiu. Eu levantei uma sobrancelha.


—Tanto faz. Eu ainda acho que a luta foi uma coisa boa. — —Como vê dessa forma? — Eu levantei a mão. —Olhe com que facilidade esse cara ficou sob a pele de Luke. Ele é conhecido por ser sensato. Aquele que mantém os caras com a mente centrada no campo quando as coisas saem do controle. Ele não pode começar a quebrar os narizes quando alguém fala sobre nossas fugas de domingo à noite comigo, — eu disse apenas um toque amargo demais. Paige assobiou baixinho. —Sim, ok, podemos seguir esse caminho se você quiser. Quando ela estalou os nós dos dedos, revirei os olhos. Paige me encarou do canto do enorme sofá em forma de L. — Se Luke é conhecido por ser sensato, então obviamente você está sob a pele dele também. Ele não iria começar brigas no campo por uma— ela fez uma cara de nojo, —fuga de domingo à noite. — Se eu assisti aquele vídeo cem vezes no último dia, então eu revivi nossa conversa na sala de conferência mil vezes. Se eu pudesse dissecar cada centímetro do seu belo rosto, decifrar o que cada curva de sua testa significava, por que seus ombros largos e fortes pareciam tão pesados, talvez eu pudesse... Não. Eu não precisava dissecar nada. Luke era um líder mesmo se eu fosse a chefe. E ele falhou comigo. Ou pelo menos em sua mente, ele falhou comigo. Não importava o que estivesse escrito em seu rosto, em seus ombros, na


sombria expressão de sua boca, ou em que brigas ele se metia, isso estava enraizado como fracasso. —Ok, tudo bem, — eu concedi. —Talvez ele me viu como algo a mais do que uma fugidinha. Mas isso não importa. Paige bateu suas palmas juntas. —Você está certa. Não importa. Eu estreitei meus olhos pela sua alegre resposta. Ela encolheu os ombros. —O quê? Você deu zero indicação de que queria mais do que isso dele, então por que isso? Você ficará aqui até o final da temporada, ganhará muito espaço de todo aquele caos, na próxima temporada, vocês dois poderão sorrir quando passarem um pelo outro no corredor, serão profissionais, simpáticos e educados. Vocês coexistirão. — Ela ergueu uma sobrancelha ruiva imperiosa e perfeitamente arqueada. —Certo? Eu devo ter parecido tão mal-humorada quanto me sentia. — Eu te odeio, — murmurei. Paige riu. Havia um grande travesseiro preso debaixo do meu cotovelo, puxei fora para que eu pudesse envolver meus braços em torno dele. Em vez de um cão ou um homem para abraçar, teria que servir. —Quero dizer, — Paige continuou, —a razão pela qual não é nem porque você está aqui e nem por que ele começou a luta, é porque você não quer seguir um relacionamento com ele, certo? —Você, seriamente vai me fazer dizer isso?


—Sim, — ela chorou. —Vamos. Eu nunca te vi assim por causa de um cara. Já não era sem tempo. —Para quê? Tem outro homem na minha vida disposto a me deixar de lado porque sou uma complicação demais? — Uma lágrima deslizou pela minha bochecha, e o rosto de Paige caiu instantaneamente. —Meu pai me enviou para o internato porque ele não tinha ideia do que fazer comigo quando éramos apenas nós dois. Ela correu através do sofá, então estava mais perto de mim. — Querida, me desculpe, eu não queria trazer um assunto dolorido. Eu funguei e esfreguei o local dolorido atrás do meu peito. — Está bem. Acho que nem tinha feito essa conexão até agora. — Eu olhei em volta. —Eu acho que é por estar nesta casa. —Isso faz sentido. — Sua mão esfregou meu joelho. —Eu sei que meu pai me amou, mas ele simplesmente não sabia como fazer uma vida para mim que não interrompesse completamente o processo dele. — Belisquei a ponte do meu nariz para conter mais lágrimas, depois falei baixinho. —Eu quero alguém que esteja disposto a lutar por mim. —Só não... como... literalmente lutar porque, Allie garota, Luke definitivamente já fez isso. Eu sorri. —Não, eu não estou falando literalmente, mas estou feliz que ele tenha feito isso também. —Eu não acho que é isso que você quis dizer. —Eu quero, — sussurrei, olhando para o teto, —eu quero alguém que não se sente e olhe como a paisagem de sua vida vai


mudar, adicionando-me a ela e ponderando se eu valho a mudança. Eu quero que ele me puxe para dentro com as duas mãos e faça algo novo sem pensar duas vezes. Paige colocou a cabeça no meu ombro. —Você merece isso. Cem vezes mais. Parei de lutar contra as lágrimas porque, mais do que tudo, queria dizer isso a Luke. Eu queria que ele ouvisse as palavras rabiscadas no meu coração ferido, o pedaço de mim que mais sentia falta dele. —Eu quero alguém que me ame tanto que não possa suportar a ideia de nos escondermos nas sombras. Eu quero que ele me ame tanto que todo o feio e áspero que pode vir com a luz não o incomoda, porque estaríamos enfrentando isso juntos. — Eu exalei um pequeno soluço. —Eu não quero implorar por isso. —Você se sente como se tivesse implorado com ele? Mais uma lágrima deslizou pelo lado do meu rosto sem controle até que desapareceu na minha linha do cabelo. —Não. Parecia...bom. Parecia certo. Eu senti falta dele. Com Luke, não parecia tanto como se eu fosse uma pessoa diferente. Eu apenas me senti como uma versão mais forte e mais poderosa de quem eu já era. Agora, eu estava apenas disposta a admitir meu próprio valor, sei que eu valia mais do que uma noite por semana. Ele também valia, por falar nisso. Ele simplesmente não estava em um lugar onde queria o risco. E eu não seria a rede de segurança de ninguém, convenientemente colocada e segura para cair.


Eu queria ser a parte selvagem, a queda livre, o salto de um penhasco em algo estimulante. Eventualmente, eu seria capaz de estar no mesmo cômodo que ele e não ver como ele foi para mim, mesmo que fosse por um breve período. —Então você está tipo, apaixonada por ele, hein? — Paige perguntou baixinho. Eu mastiguei o interior da minha bochecha. Eu não queria mais chorar. Apaixonar-se deveria ser bom, não era? Não é algo que faz você chorar, mas acho que era o que acontecia quando você se apaixona no mesmo dia em que alguém coloca uma bomba em sua vida pessoal. Mas eu estava apaixonada por Luke Pierson? Sim. Era praticamente a única razão pela qual tudo isso me deixava tão infeliz, porque sentada em um sofá estranho na casa em que cresci, eu não estava mais pensando sobre o constrangimento. Eu não estava pensando em quem tinha visto o que, ou se os fãs perderam o respeito por mim. Eu estava pensando nele. —Isso importa? — Eu perguntei a Paige, ao universo, ou a quem quer que esteja ouvindo. Ela não respondeu. Ninguém respondeu. Com certeza teria sido bom se uma voz estrondosa me dissesse o que fazer. Mas não havia ninguém. Apenas eu, tentando descobrir o que diabos viria a seguir. —O que você vai fazer?


—Além de ir dormir por dois dias? —Sim. Minha cabeça encostou-se na dela, como ela fez durante toda a semana, ela me sustentou. Me manteve sã. —Eu farei o meu trabalho. Deixarei ele fazer o dele. Eventualmente, não vai doer tanto. Eu quase acreditei nisso.


Quando você constrói toda a sua carreira pela sua capacidade de captar a menor mudança no ambiente ao seu redor, algo um pouco chato acontecia. Você não podia desligar isso. Mesmo quando eu não estava no campo com o relógio correndo, notava as pessoas ao meu redor. Como eles ficavam em pé. Se eles estavam carregando seu peso de forma diferente depois de um jogo particularmente brutal. Depois que Jack machucou o joelho em sua temporada de estreia, me vi observando a maneira como ele andou por dois meses seguidos. Isso me deixou louco, mas há muito tempo eu aceitei isso como uma parte de mim. Parte do que me fazia ser bom no meu trabalho. Foi também por isso que não pensei que estava louco por ter estudado Allie como fiz nas três semanas seguintes. Na minha cabeça, eu disse a mim mesmo que era porque eu mal a via. A casa ao lado da minha estava vazia e silenciosa, sem luzes nas janelas ou música terrível vinda do seu pequeno alto-falante azul que sempre a acompanhava do lado de fora. Na primeira semana depois da minha luta com Marks, eu a vi duas vezes, vislumbres breves pelos corredores e pelas portas abertas.


Nós vencemos na estrada na primeira semana, consolidando nossa liderança por dois jogos. Ela não se juntou ao time pela primeira vez durante toda a temporada. Na segunda semana, notei que o cabelo dela estava mais curto. As maçãs do rosto estavam um pouco mais pronunciadas, como se talvez ela não estivesse comendo o suficiente. Se ela me visse, se ela me notasse, ela não me dava absolutamente nenhuma indicação disso. Não no ar de sua respiração, uma pausa em qualquer conversa que ela estava tendo, nenhum movimento de seus olhos em minha direção. Na terceira semana, vencemos em casa por um ponto. As câmeras foram para sua cabine, eu vi seus fãs gritando na fileira na frente dela. Foi só a hora em que a vi no dia do jogo. Ela tinha feito uma pausa em fazer sua caminhada antes do jogo no campo e nenhum de nós podia culpá-la. Eu teria parado também. Eles afastaram as câmeras antes que eu pudesse ver seu rosto completamente, avaliar se ela parecia bem. Se ela parecia feliz. Nem uma vez em três semanas vi seus olhos a menos que seu rosto estivesse de perfil. Isso fez coisas estranhas na minha cabeça quando eu me peguei me perguntando coisas como se eles ainda fossem da mesma cor ou se eu tivesse imaginado isso? Eu vi a ligeira subida em seu nariz reto e perfeito. Eu vi o ângulo teimoso de sua delicada mandíbula. A curva do seu sorriso, em graus variados, dependendo de quem ela estava falando. Essas foram as


coisas que vi. Mas não os olhos dela. E eu odiava não poder vê-los para saber o que ela estava pensando. Como ela estava se sentindo. —Tem certeza de que não sabe onde ela está morando, papai? — Faith me perguntou na terceira semana. De pé na cerca, que era mais alta que ela, ela parecia tão triste que quase menti, quase lhe dizendo que Allie voltaria logo, só para vê-la sorrir. —Acho que ela está morando na casa em que cresceu, turbo. — Faith suspirou e se virou para mim. Era terça-feira, nosso dia de folga durante a semana do jogo. Eu já tinha levantado para o dia, então passaria o resto da tarde com ela antes de assistir ao filme, uma vez que ela fosse para a cama. —Foi muito divertido tê-la aqui uma manhã, — disse ela entre as propagandas. Eu ouvi isso vinte e duas vezes nas últimas três semanas. —Ela é legal. E não me trata como um bebê. Ser tratado como um bebê era um grande problema para uma criança de seis anos. Meu pânico inicial ao saber que Allie tinha saído do meu quarto durante as panquecas matinais foi de curta duração porque, aparentemente, ela lidou com isso como uma campeã. Além disso, eu não poderia ficar realmente zangado. No meu cérebro obscurecido pelo sexo, eu tinha esquecido completamente de checar com a minha mãe que elas estariam parando na casa antes da escola naquele dia. —E, — Faith continuou como se estivesse tentando me convencer de algo, —vovó realmente gostou dela.


Eu também ouvi isso algumas vezes, da direção da mulher que me deu à luz. Meu pai, como sempre, ficara estoicamente em silêncio, contente em deixar mamãe expressar sua opinião conjunta. Talvez se eu estivesse casado há quarenta e dois anos, faria o mesmo. Melhor cabeça sobre os ombros do que a maioria dos homens que eu conheço, foram as palavras precisas que minha mãe usou, incluindo o meu filho idiota que não consegue descobrir o que está bem na frente dele. Isso foi o que ela não entendeu. O que nenhum deles conseguia entender, mesmo que eu fosse capaz de explicar isso a eles. Minha vida foi controlada pelo caos, em todos os momentos. Eu tive uma filha que caiu de playgrounds e no instante seguinte, tinha um braço quebrado, embora eu estivesse a três metros de distância dela, observando cada movimento dela. Eu tinha um time de futebol que me procurava para liderá-los, ver coisas que eles não viam no campo e prever resultados como se tivéssemos um jogo de xadrez na nossa frente, peças cuidadosamente esculpidas que poderiam ser movidas à vontade. Um treinador que me ameaçou tirar a minha vida, se eu começasse outra luta no campo novamente. Meu trabalho teria consumido minha vida se não fosse por Faith, que me fez prestar atenção em algumas das coisas que eu normalmente sinto falta. As minúsculas flores roxas que cresciam ao longo do lado leste de nossa casa que alguém havia plantado. As fadas as plantaram, de acordo com ela. Ela conseguia ter o que


restava de mim depois de reuniões, pesos, anotações, planos de jogo, horas de filme, e ainda não parecia que eu estava dando a ela o suficiente. Como eu poderia colocar mais peças de lado para outra pessoa? Eu tive que cerrar os dentes enquanto olhava para a piscina. Onde ela esperou por mim. Pela primeira vez na minha vida, eu tinha experimentado aquela estranha dicotomia que eu tinha ouvido falar. Dois lados da mesma moeda. Paz e fogo. Calor e calma. Ela me deu ambos, o que parecia impossível. Eu esfreguei minha testa quando senti meus pensamentos se afastando de Faith. Por isso não pude nem pensar nisso. Como eu poderia tentar fazer um relacionamento regular funcionar? Mantêla em uma pequena caixa de tempo não parecia estar funcionando. Mesmo depois de apenas algumas semanas disso, ela abriu as bordas até eu me sentir impotente contra o que eu queria dela, o que eu queria do meu tempo com ela. Impotente contra querer mais tempo com ela. Meu telefone tocou ao meu lado e vi uma mensagem na minha tela de bloqueio.

DAYVON: Abra. Eu estou na porta da frente com sobras.


EU BALANCEI A CABEÇA. —Faith, corra para a porta da frente e atenda o Sr. Dayvon. Ele está aqui com comida. Ela gritou e saiu, uma agitação de babados cor-de-rosa e longos cabelos castanhos. Quando ele entrou dentro de casa, ela estava em cima de seus ombros, conversando alegremente em seu ouvido. Algo o fez soltar uma gargalhada e me vi sorrindo. —O que você me trouxe? Com a mão que não estava apoiando a pequena forma da minha filha, ele segurava um grande saco de papel. —Tamales. Monique disse que você parecia magro na semana passada. Quando ele se aproximou mais, jogou o saco de papel e eu o peguei. Dayvon usou suas mãos maciças para levantar Faith em seus ombros de cimento, onde ela gritou alegremente e o agarrou pelo rosto para se segurar. Abri a bolsa e respirei com gratidão. Eles seriam meu jantar. Provavelmente amanhã à noite também. Enquanto eu desamarrava o saco de papel, assisti Dayvon fazer minha filha rir. Ele tinha quatro filhos, o mais novo apenas alguns anos mais velho que Faith. Ele e Monique se casaram logo depois da faculdade, uma cerimônia que eu participei como um de seus colegas do time de novatos desde que entramos na equipe ao mesmo tempo. Ele tinha ido na primeira rodada, eu estava um par de rodadas depois, precisando crescer um pouco mais no meu talento.


O anel em seu dedo brilhava intensamente ao sol, e me vi olhando para ele. —Ela fica estressada durante a temporada? — Eu me ouvi perguntar a ele. Sem mais esclarecimentos sobre quem eu estava perguntando, Dayvon sacudiu a cabeça. —Não. Nós namoramos durante toda a faculdade também, cara. Quando cheguei aos profissionais, ela sabia no que estava se metendo. — Com um rugido, ele mergulhou para frente para depositar Faith com segurança na grama. —Por que você não desenha uma imagem bonita para a senhorita Monique, menina? Ela adoraria isso. —OK! — Faith correu pela casa. Sentado pesadamente na cadeira ao meu lado, Dayvon inclinou a cabeça para trás e suspirou contente. —Cara, eu preciso de um lugar na água assim. —Sim, — eu disse, —apenas fique atento com idiotas em barcos com câmeras. Ele coçou a lateral do rosto e riu. —Nem brinca. — Então me olhou de lado. —Não tenho visto muito dela ultimamente. Muito teimosamente, recusei-me a olhar para a casa dela. —O mesmo aqui. Acho que ela se mudou para a casa de Robert por um tempo. —Você a assustou, não foi? Eu revirei meus olhos. —Eu não tenho tempo para uma mulher. Você sabe disso.


Dayvon inclinou a cabeça para trás, gargalhando alto. Seu peito inteiro tremeu com a força de sua risada. Quando cruzei os braços sobre o meio do meu peito e não disse nada, ele riu ainda mais. Ele usou a ponta do polegar para limpar a pele debaixo dos olhos. —Oh, cara, — ele gritou. —Isso é uma merda engraçada. —Eu não estou tentando ser engraçado. —Não, eu não acho que você está. — Ele olhou para o lago, sacudindo a cabeça. —Você acha que ela é estúpida, é isso? —O quê? — Eu me sentei. —Eu nunca disse isso. Nunca, — insisti. —Claro que eu não acho que ela é estúpida. —Então não culpe a merda que não tem nada a ver com o porquê você está sentado aqui sozinho e porque ela está naquela casa quando provavelmente quer estar aqui. — Ele estalou a língua como uma galinha. Então eu disse a ele que era exatamente o que ele parecia. —Você precisa de uma mãezona, filho, disse ele. —Se Monique estivesse aqui, ela iria bater em você com tanta força. Eu permaneci teimosamente em silêncio. —Diga-me isso, — disse ele. —E eu não vou pedir detalhes porque Deus sabe que eu gosto muito de Allie para saber essa merda sobre ela, mas quando você estava com ela, como você se sentia? — Quando eu dei a ele um olhar cético, ele ergueu as mãos. —O quê? Eu estou casado há doze anos. Eu sei falar sobre sentimentos, cara. Não é meu problema se você não sabe. Apenas não responda se você não quiser. Mas sem todo o barulho extra, só você e ela, como foi?


Sem esforço. Impossível descrever. Instintivo. Nada do que fizemos me fez duvidar de mim mesmo, não até o momento em que tudo deu errado na coletiva da imprensa. —Sua mãe não te pergunta sobre coisas assim? — Ele perguntou. Eu balancei a cabeça. —Nós não somos a família que compartilha nossas emoções. É mais como... — eu pensei por um minuto sobre minha infância, faculdade, quando Cassandra morreu, meus pais se mudando para cá para ajudar Faith, então eu não tive que pagar para estranhos para ajudar a criá-la. —Mostramos nosso amor ao aparecer. Nós não precisamos colocar as palavras como etiquetas bonitas. Você apenas está lá. Dayvon assentiu devagar. —Eu entendo você. No meu lugar, mudei ligeiramente de posição. —O que isso tem a ver com alguma coisa? —Inteligência emocional de uma rocha, cara, — ele murmurou para o céu. —Eu acho que não importa se você acordar com pequenos corações flutuando em torno de sua grande cabeça, você ainda não iria admitir o que você sente. —Isso não é verdade. — Eu zombei. —Só parece... impossível, eu acho. Todo mundo estaria nos observando. — —E daí?


Dayvon se inclinou para frente. —Vamos jogar um jogo bem rápido. Não pense muito, apenas diga a primeira coisa que vem à sua cabeça. Sua vida foi melhor com ela nela? Sim. Minha boca ficou fechada. —Você sente falta dela? Claro que sim. —Quantas vezes você a viu nas últimas semanas? Doze. Um gosto, apenas um gosto, quando eu queria ter visto infinitas vezes. No silêncio, eu podia sentir meu coração batendo desconfortavelmente, o que era provavelmente exatamente o que o idiota queria. Ele deve ter visto algo no meu rosto porque riu baixinho. —Você confia nela? Ela colocou restrições no seu tempo? Reclamou sobre o que você faz? Meu palpite é que eu sei a resposta para cada uma dessas perguntas. — Ele suspirou quando eu finalmente olhei para ele. —Cara, fazendo o que fazemos? Você sabe o quanto é difícil encontrar uma mulher que tenha força para suportar o trabalho e o compromisso? Eu não me importo com o que alguém diz, o que eles têm que fazer é mais difícil. Muito mais difícil. Monique é a pessoa mais forte que já conheci em toda a minha vida, mas não se atreva a dizer isso à minha mãe se você a conhecer. Eu ri.


Ele não tinha acabado, no entanto. —Você quer saber por que eu nunca fui tentado a trair minha esposa quando a maioria dos caras não pensaria duas vezes? Porque eu não quero. Não há nada lá fora que seja melhor do que o que tenho em casa. Ninguém que pudesse comparar. Talvez a sua família defina o amor em estar por perto, mas acho que sei que não há nada melhor. Ninguém melhor que ela para mim. Eu podia ver mil mulheres. Eu não me importo como elas se parecem, ou o que elas me prometem, não há nada melhor para mim do que Monique. E confio nisso como não confio em mais nada neste mundo. Eu abaixei minha cabeça, meus braços balançando entre as minhas pernas enquanto eu lutava para respirar. —Então eu não sei porque você está lutando contra isso tão duro porque do jeito que eu vejo, você tem sido uma dor malhumorada na bunda nas últimas semanas por uma razão. Você está trabalhando demais porque não consegue tirá-la da cabeça, certo? Eu empurrei minha língua para o lado da minha bochecha. —Não pode ser assim tão fácil, pode? — Eu perguntei com uma voz áspera e enferrujada, vindo de algum lugar no fundo do meu peito. Uma parte do meu corpo que eu normalmente não falava. Ele cresceu em algo maior, mais amplo, muito para ser contido dentro da minha pele. Eu poderia imaginar alguém melhor para mim do que Allie? De jeito nenhum.


Eu nunca fui tentado por ninguém até ela. Eu nunca chegaria perto de aceitar o menor risco de perturbar minha vida até ela. E ela não a aborreceu. Ela se encaixava nisso. Em mim. —Puta merda, — eu respirei desconfortavelmente. Minhas costelas apertaram até que eu tive que sugar uma respiração profunda e limpa através do meu nariz. Tudo se reorganizou dentro de mim para abrir espaço. Mas meu cérebro, sempre lógico, sempre reagindo ao que era apresentado diante de mim, sacudia-se e agitava-se lentamente à medida que me dava conta da verdade absolutamente estúpida e transparente do que me recusei a admitir. —É tão fácil, não é? Ele se inclinou para trás, esticando as longas pernas na frente dele, as mãos cruzadas sobre o estômago. A imagem de satisfação presunçosa. —Sim. Eu olhei para ele. —O que você vai conseguir por esse pequeno sermão? —Minha esposa apostou que eu não conseguiria que você admitisse isso. Eu tenho a satisfação de estar certo, meu amigo. Faith saiu correndo da casa e enfiou um papel cheio de adesivos e rabiscos rosa e roxos em todas as cores do arco-íris. —Você acha que ela vai gostar? —Aww, sim, eu acho. Aposto que ela vai colocá-lo na frente da nossa geladeira, baby.


Eu dei um tapinha no meu colo e Faith pulou para cima, aconchegando-se ao meu lado. —Isso é muito bonito, turbo. Bom trabalho. —O que você vai fazer sobre isso? — Dayvon perguntou. Eu respirei o cheiro suave do cabelo de Faith. —Não tenho certeza ainda. Ele sorriu. —Faça isso grande. Mulheres gostam disso. —Sobre o quê? — Faith perguntou, dando um beijo na minha bochecha. Acima da sua cabeça, Dayvon e eu compartilhamos um olhar. — Bem, eu não tenho um plano ainda, mas você acha que eu deveria descobrir uma maneira que nós pudéssemos ver Allie mais? Eu sei que você sente falta dela. —Sim, — ela gritou em meu ouvido e eu estremeci. —Ela pode vir aqui de novo? Por favor por favor por favor? —Vamos ver, — eu disse a ela, não querendo prometer mais nada. Porque primeiro, eu tinha que ver se ela me ouviria. Isso era o que eu sabia que tinha que fazer e apenas rezar para que ela não me matasse por isso.


—Explique para mim porque estamos aqui tão cedo de novo? — Eu perguntei a Paige, que nos empurrou para o meu camarote bem mais de uma hora antes do pontapé inicial. Quero dizer, sim, eu entendi o significado de jogar na segunda à noite. As classificações eram mais altas, os jogos geralmente eram mais importantes e era o nosso primeiro do ano todo. Por causa de tudo o que havia acontecido, e sendo um jogo de divisão na segunda metade da temporada, havia muita coisa acontecendo nele. —Eu, hum, só queria ficar confortável. — Ela não me olhou nos olhos. Contra uma parede, havia um enorme centro de entretenimento do chão ao teto, com uma grande TV de tela plana montada na parede e cercada por estantes embutidas. —Se você fosse um controle remoto, onde você estaria se escondendo? Da mesa de centro de mogno, entreguei-lhe o controle remoto de que ela precisava. —Você estava bebendo de novo? —Era tocar e levar por algumas horas, — ela murmurou. —Mas não. —O que está acontecendo? Fora do camarote e da relativa privacidade das portas de vidro que levavam às nossas duas fileiras de assentos almofadados, eu podia ouvir música abafada. Os jogadores estavam se alongando e


tentei não olhar para eles, tão pequenos na relva verde brilhante. Tentei não saber onde Luke estava jogando a bola para outra pessoa de calças apertadas e uma camiseta. Paige não respondeu, atrapalhando-se com os controles remotos e olhando para a TV quando o guia apareceu. —Finalmente, Santo Deus. —Paige, — eu bufei, cruzando os braços sobre a minha camiseta preta de manga comprida. Joy escolheu o estilo de decote em V da loja de artigos esportivos, algo novo que tínhamos recebido na semana passada porque ela disse que ficava bem em mim. Escrito numa manga, Washington e ao longo da outra Wolves. Acima do meu coração estava o logo vermelho, preto e branco do lobo uivando. Resumidamente, eu coloquei minha mão sobre ele, o pequeno desenho do lobo que se tornou tão ridiculamente querido para mim em tão pouco tempo. —Aqui— ela soltou um suspiro quando encontrou a contagem regressiva do Monday Night Football que estava sendo filmada no mesmo campo que nós estávamos menosprezando. —Sério? — Eu perguntei a ela. —Estamos no jogo, então por que precisamos assistir isso? Pela primeira vez desde que entramos no carro, ela me lançou um olhar apreensivo. —Eu só... realmente quero assistir a entrevista de Jon Gruden. Eu amo suas entrevistas na segunda à noite. —Desde quando? —Desde agora.


Eu balancei a cabeça e peguei o menu de bufê, mas joguei de novo, porque nada parecia bom. Pela primeira vez em toda a temporada, nós seríamos as únicas no camarote. Geralmente, eu convidava diferentes membros da família dos jogadores ou dava passes para os funcionários usarem para amigos e familiares, mas Paige realmente queria que nós relaxássemos hoje à noite e não sentíssemos que tínhamos que entreter demais pessoas. Afundei-me no sofá e apoiei os pés cobertos de tênis na mesa de café enquanto os locutores me davam notícias de toda a liga. —É importante para os Wolves ganharem esta noite, — disse um deles, dando um aceno de volta para o campo atrás deles. —Eles têm uma vantagem de dois jogos em sua divisão, mas terminam a temporada com um dos trechos mais difíceis do ano. Dois jogos consecutivos contra duas das melhores defesas de pontuação do campeonato. Eles se mantiveram saudáveis, o que é uma grande coisa, mas eles também foram atormentados com a distração dentro e fora do campo. — Paige olhou para mim e eu cruzei os braços sobre o estômago, determinada a não mostrar o quão desconfortável isso me deixava. Essa era a coisa que Luke odiava. A retórica. A narrativa que você não conseguia controlar. Pessoas que não conheciam você dissecando sua vida, seu modo de viver, em cores ao seus próprios gostos. Gruden assentiu. —De fato, eles têm. Uma coisa que sabemos sobre Luke Pierson, além de seu enorme braço e capacidade de gerenciar o jogo, é que ele não é propenso a esses tipos de distrações. Ele normalmente evita caras como eu, então quando ele


ligou e perguntou se poderia se sentar comigo, eu fiquei mais do que um pouco surpreso. — Sentei-me devagar, meus lábios se abrindo. Os outros dois na mesa curvada riram. —Nós também, — disse o terceiro locutor. —Nós pensamos que você estava brincando. Gruden ergueu as mãos, com um sorriso afável no rosto. —Eu nunca mentiria sobre o indescritível Luke Pierson pedindo um uma-um. — Ele olhou diretamente para a câmera. —Então aqui vai para vocês. Minha entrevista mais surpreendente e reveladora da temporada. Meu coração disparou na minha garganta quando me sentei totalmente para a frente, meus joelhos saltando no lugar. A câmera cortou para uma sala escura, apenas duas cadeiras de frente uma para a outra com luzes atrás de cada uma. Gruden sentou-se em uma. Luke na outra. Eu tive que cobrir minha boca com uma mão trêmula em quão bom ele parecia. Seu cabelo tinha sido recentemente cortado perto do couro cabeludo. Deveria ser suave contra a minha mão. Ele estava vestindo uma simples camisa branca com um padrão xadrez azul claro que fazia sua pele parecer dourada e saudável. Seus ombros estendiam as costuras quando ele se mexeu em seu assento. —Obrigado por me receber, — disse ele a Jon. —Eu fiquei um pouco surpreso, cara. Você não costuma me ligar para conversar. —


Luke deu um olhar que era meio careta, meio sorriso. —Sim, desculpe por isso. Eu nem sempre tive a melhor sorte com a mídia. — —Como assim? Ele respirou fundo, preparando-se visivelmente antes de falar. No conjunto de sua mandíbula, pude ver como ele estava desconfortável. Minhas mãos queriam quebrar através do vidro para chegar até ele, embora eu só estivesse vendo uma imagem dele, uma repetição de algo que provavelmente tinha sido filmado no dia anterior. Talvez até mais cedo. —Eu sempre lutei com a sensação de que quando falava com a mídia, eu estava me defendendo. Defendendo como jogamos, como não jogamos, defendendo as coisas que aconteceram fora do campo e que poderiam ter afetado nosso jogo. — Ele engoliu em seco e olhou para baixo. —Quando a mãe da minha filha morreu, isso apenas ampliou esse sentimento porque eu não queria explicar nada disso. Era privado para mim e era difícil ver meu silêncio tomado como um acordo tácito para uma história inventada sobre como minha vida tinha sido com ela. —E com isso, você quer dizer que seu relacionamento foi mais sério do que era na realidade. —Sim. Luke olhou por cima do ombro de Gruden por um minuto. —Cassandra, a mãe de Faith, não era alguém que eu conhecia muito bem. Na verdade, não. E eu me arrependo disso, especialmente pela minha filha. Eu gostaria de poder contar mais sobre como era sua mãe, mas não posso. E quando de repente eu fiquei preso nas trincheiras de ser pai solteiro, não estava pronto


para me abrir para essa conversa, e isso realmente afetou como comecei a lidar com a mídia. — Gruden recostou-se, cruzando os braços e balançando a cabeça. Eu não pude acreditar no que estava vendo. —Cara, e eu aqui pensando que nós poderíamos conversar e como você lê uma blitz11 tão bem. Luke riu e meu coração deu uma cambalhota, lento e apaixonado. —Podemos fazer isso também. —Mas não é por isso que você queria se sentar comigo? Outro suspiro pesado que senti na ponta dos meus dedos, uma corrente de sangue com uma antecipação quente. —Não. Não é. —Você quer falar sobre Alexandra Sutton. — Não foi uma pergunta. Nenhuma surpresa em seus olhos. —Eu acho que estou tendo um ataque de pânico, — eu sussurrei. Paige esfregou minhas costas. Além do vidro, percebi que ouvi um eco das palavras de Gruden. Meus olhos dispararam, com uma sensação de horror, percebi que estavam projetando a entrevista nas principais telas do campo. Durante o aquecimento. Para todo mundo ver. —Santo Deussssss, — eu respirei. Ambas as mãos cobriram minha boca agora, lutei contra o desejo de me trancar no banheiro. O sorriso de Luke foi suave. Lento! Foi doce. E ele parecia que poderia vomitar.

11

Quando os jogadores que jogam atrás da linha de Scrimmage atacam o Quarterback para derruba-lo ou impedir que ele efetue um passe.


OMG, junte-se ao clube. —Eu quero, — disse Luke. Lambeu os lábios. —Eu não sou alguém que acredita que o arrependimento é esse grande mal a ser evitado. É assim que aprendemos. Se vencêssemos todos os jogos, nunca seríamos forçados a nos sentar e repensar nossa estratégia, repetir nossas escolhas, ver onde poderíamos estar melhor, sermos mais rápidos. Lamentar a capacidade de conhecer Cassandra é algo que não posso mudar, mas posso mudar o arrependimento que tenho por não ter falado com a mídia há algumas semanas, quando a privacidade de Allie e a minha foram claramente invadidas. Não importa que não haja ramificações legais para a pessoa que tirou a foto durante um momento privado, porque me arrependo de não proteger alguém que eu respeito e cuido muito. —Então é por isso que estamos aqui? Você quer se desculpar com ela? —Sim e não, — respondeu Luke. —Eu já pedi desculpas a Allie pelas fotos, apesar de não ser eu quem as levou ou as vendeu para a mídia. E pedi desculpas aos meus companheiros de equipe pela distração que isso causou como consequência. — —A luta com Marks, — disse Gruden. Luke sacudiu a cabeça, sorrindo um pouco. Uma covinha apareceu ao lado dos seus lábios e eu lutei contra o desejo de desmaiar. Eu não sabia que poderia querer desmaiar em pânico, mas lá estava eu. Com os olhos ao redor, estava impotente contra eles. —A briga com Marks foi imprudente, — ele disse cuidadosamente. —Mas isso não é algo que eu me arrependa.


Gruden levantou as sobrancelhas. —Não? Foi uma boa multa que você recebeu. — Luke se inclinou para frente. —Nem por um segundo eu teria feito outra escolha. Eu pagaria o dobro e ainda faria de novo. — —Por quê? —Porque ninguém nunca falará sobre ela do jeito que Marks fez e escapará com isso. Não na minha frente, — ele disse com uma certeza incrível e aterrorizante. Meu coração. Poof. Ele foi embora para algum lugar em uma nuvem rosa e brilhante. Paige suspirou e senti meus lábios tremerem num sorriso indefeso. Do lado de fora do vidro, ouvi aplausos da torcida. Gruden sorriu. —Porque ela é sua chefe? Luke esfregou a parte de trás do pescoço, um lado da boca em um sorriso tão sexy, tão comovente, que senti minha respiração prender antes que ele dissesse uma única palavra. —Porque eu me apaixonei por ela. Eu suspirei. —Ele fez? Ele apenas... Paige fungou. —Ele totalmente fez. Oh, meu Deus, Allie. — —Você a ama, — esclareceu Gruden. —Ela sabe disso? Seu sorriso de merda era de um repórter esportivo que sabia que ele tinha acabado de colher a temporada. Uma que seria repetida um milhão de vezes. E isso foi só por mim. Fiquei parada,


meus ouvidos zumbindo, meu coração acelerado, meu sangue gritando para encontrá-lo. Por mim. Ele fez isso por mim. Luke sacudiu a cabeça. —Ela não sabe. Gruden inclinou a cabeça. —Por que fazer isso desse jeito? Você não me parece o cara que coloca isso em exibição. — Luke riu. —Eu não sou. Mas estou fazendo isso por ela. Ela deu todo o espaço para a equipe nas últimas semanas para que pudéssemos nos concentrar em vencer, eu queria que ela soubesse, na frente de quantas pessoas estão assistindo isso, que ganhar ou perder, ela é o que eu quero. Se ela ainda for me querer. —Isso não é ao vivo, — disse Gruden. —Como você vai ter a sua resposta? Ele ergueu as mãos e encolheu os ombros. —Eu acho que se vocês forem gentis o suficiente para mostrar isso enquanto eu ainda estiver no campo me aquecendo amanhã à noite, então ela será capaz de me encontrar facilmente. Eu fiquei de pé antes mesmo de meu coração dar mais uma batida, e eu não podia sentir minhas mãos quando abri a porta. Os fãs que estavam espalhados pelas arquibancadas rugiram quando eu apareci. Meus olhos percorreram o campo até que eu o vi, no meio do campo, segurando um buquê de tulipas cor-de-rosa brilhantes em uma mão, uma camisa na outra, com um sorriso esperançoso no rosto.


Descendo os degraus de cimento eu voei, as pessoas aplaudindo e batendo palmas, saindo do meu caminho enquanto eu caminhava para o campo. Quando cheguei à barreira, dois seguranças sorridentes me cumprimentaram. As pessoas me deram tapinhas nas costas enquanto esperava que abrissem o portão para o campo, tirei lágrimas felizes do meu rosto. Quando meu pé tocou o campo, Luke começou a correr meu caminho, soltando as flores e a camisa quando nos aproximamos. Eu não consegui correr rápido o suficiente. Meu corpo ansiava por voar, para apagar o espaço entre nós, para ser envolvido em seus braços na frente do mundo com as luzes brilhantes em cima. Até mesmo os jogadores da equipe adversária pularam e gritaram enquanto corríamos em direção um ao outro. Mas nada, nada combinava com a explosão de som na arena quando me lancei em seus braços que me esperavam. Aquele som se uniu em volta de mim como ferro, e ele exalou pesadamente no meu cabelo enquanto eu envolvia minhas pernas ao redor de sua cintura e meus braços ao redor do seu pescoço. Eu estava tão segura, tão cercada. Amada. Era grande demais para as minhas costelas, pura demais para ser real. Mas era real. —Eu também te amo, — eu sussurrei em seu ouvido. Ele se inclinou para trás para ver meu rosto, por um momento, sorrimos um para o outro. Sua boca tomou a minha em um beijo doce, e tudo se foi, exceto nós. Tudo que eu podia ver, sentir, cheirar e provar era Luke.


O mundo inteiro poderia estar assistindo e isso não teria importância.


Quinze meses depois

—EU REALMENTE, realmente gostaria de não ter que ir, — eu disse contra os lábios sorridentes de Allie. Sua risada era gutural e silenciosa, então toquei minha boca no lado do seu pescoço para sentir as vibrações daquele som sob sua pele. —Você não tem escolha, — ela respondeu. Do lado de fora da porta do nosso quarto, eu podia ouvir Faith batendo na cozinha, me fazendo uma espécie de biscoitos de boa sorte que eu provavelmente passaria para alguns dos caras mais jovens que ainda poderiam comer merda açucarada assim antes de um grande jogo. Este, claro, era o maior jogo. Quão feliz que Seattle tenha sido escolhido há alguns anos como anfitrião do Super Bowl este ano. Tornou o nosso trajeto muito conveniente. Mas eu não queria ir a um hotel, mesmo que fosse assim que fazíamos as coisas. Eu queria ficar em minha casa, com minha noiva e minha filha. Eu queria acordar com Allie enfiada no meu lado como


sempre fazia. Eu queria levantar e ajudar Faith a fazer suas panquecas, já que essa era a única coisa que Allie não vomitaria imediatamente ultimamente. E com sete semanas de gravidez, ela vomitava muito. De acordo com ela, Rico carregava um saco de vômito no bolso agora, quando ela fazia a sua caminhada do pré-jogo no campo. Graças a Deus ela não teve que usá-lo ainda, porque então a mídia definitivamente ouviria as boas novas antes que nós estivéssemos prontos para eles. Eu passei meus braços em torno de Allie e rosnei infeliz, o que a fez rir de novo. —Você sabe, para um cara prestes a jogar no Super Bowl, você deve estar muito mais focado no jogo do que você está atualmente. — Suas palavras eram leves e provocantes, ela esfregou o nariz contra o meu enquanto as dizia. Eu corri minha mão pelas costas dela e a beijei novamente. — Eu vou estar focado amanhã. Na verdade, assim que eu sair pela porta, esquecerei que você existe. — Ela beliscou meu lado e eu me contorci para longe rindo. —Mentiroso. Cantarolando, me inclinei e puxei seu lábio inferior entre os meus dentes. Allie suspirou satisfeita e encontrou meu beijo, serpenteando a língua na minha boca e agarrando meu cabelo com força.


Algo caiu do lado de fora da porta e ela se afastou com uma risada. —Eu provavelmente deveria ir ver o que ela está fazendo. —Você vai ajudá-la a cozinhar? — Minhas sobrancelhas levantaram com ceticismo. —Eu acho que vou sair agora antes que fique muito bagunçado. Allie se aconchegou mais perto e pressionou a testa no lado da minha garganta. —Provavelmente para o melhor. Você sabe o que acontece quando me envolvo em suas pequenas experiências. Eu ri, mas com ou sem bagunça, mesmo que eu não comesse o que Faith estava assando, os momentos em que minhas duas garotas favoritas estavam na cozinha e derramavam farinha, açúcar, canela e qualquer outra coisa que elas gostassem de compartilhar eram alguns dos meus momentos favoritos no mundo. Allie e eu talvez não fôssemos casados ainda, nós programamos o evento para duas semanas depois do Super Bowl, caso precisássemos ir tão longe, mas no momento em que fizemos o nosso relacionamento bem público, ela pisou na vida de Faith como se ela tivesse nascido para ser mãe dela. Na verdade, a exibição em campo foi o que nos colocou na Sports Illustrated pela segunda vez naquela temporada. Todos os fotógrafos no local captaram de um ângulo diferente, mas o melhor fez a capa, que atualmente estava emoldurada no meu escritório no andar de baixo. Allie em meus braços, nós sorrindo um para o outro, pouco antes de ela me beijar. Pode ter quebrado a internet por alguns dias,


nossa história e minha declaração pública, mas ela morreu rapidamente. Ficamos noivos discretamente seis meses depois, quando ela se mudou e, no início da temporada seguinte, marcamos a data do nosso casamento. Seria um casamento discreto, amigos íntimos e familiares, um punhado de colegas de equipe e funcionários do escritório, no Orcas Island, com vista para a água. —Eu sei que isso é uma coisa ruim para uma proprietária dizer, — Allie sussurrou, —mas eu ficarei muito feliz em não ter que dividir você por alguns meses. Apenas nós três, vivendo a vida, parece perfeito agora. Isto. Por isso não queria sair. Eu queria ganhar. Eu queria tanto que fazia meu corpo tremer. Nós perdemos o Super Bowl no ano anterior, depois de uma derrota cansativa de última hora no Campeonato da AFC, tudo sobre essa temporada passada pareceu uma justificativa. Para mim, certamente. Mas Allie também. Ela desafiou as chances também, tanto quanto eu queria estar em uma queda de confete vermelho e preto, vinte e quatro horas depois para mim, para os meus companheiros de equipe, eu queria para ela também. Ela seria capaz de segurar o troféu e fazê-lo usando meu anel no dedo, com o nosso filho dentro dela. O pensamento fez meu homem das cavernas interior rosnar de novo, meus braços envolvendo sua forma esbelta ainda mais forte.


—Você acha que nós vamos ganhar? — Ela perguntou como se lesse meus pensamentos. Eu respirei devagar. Antes de um jogo como este, eu era rigoroso em evitar todas as falações. Nenhum SportsCenter. Nenhum ‘perdoem a interrupção'. Nenhum Mike e Mike na manhã12. Eu não queria saber o que eles tinham a dizer. Se vencêssemos, seria porque estávamos mais preparados. Porque nós iríamos jogar melhor. A preparação foi algo em que eu estava confiante. E o nosso jogo seria decidido amanhã à noite. Não havia nada que eu pudesse fazer sobre isso até o momento em que a bola fosse chutada no ar. Mas eu sabia o que sentia no meu instinto. Eu senti a semana toda. Aquela sensação de antecipação borbulhante que vem antes de uma grande vitória. Quando tudo encaixava perfeitamente no lugar. —Sim, acho que vamos, — eu disse a ela. Se alguém mais me perguntasse, eu nunca diria isso em voz alta. —Eu posso sentir isso, Allie. Parece ser a nossa hora. Ela sorriu. Sua mão subiu para o lado do meu rosto, me virei para beijar sua palma. —Estou tão orgulhosa de você. Eu já te disse isso hoje? —Ainda não. — Eu a beijei. —Você está relaxando, Sutton. Seus olhos verde azulados ficaram sérios quando me afastei. Eles procuraram meu rosto intensamente, do jeito que faziam 12

Programa de esportes na rádio ESPN.


quando parecia que ela era capaz de ler minha mente. Ela era a única que podia. —Eu não me importo se você nunca jogasse ou ganhasse outro jogo, não há ninguém neste mundo de quem eu tenha mais orgulho. Por melhor que você esteja lá fora, não é nada comparado ao homem que você é bem aqui. Allie se moveu contra mim, não para incitar ou atrair, mas para se envolver ao meu redor tão completamente, tão carinhosamente que a senti em todos os lugares. O que eu fiz antes do amor dela? Era impossível tentar lembrar como era cada dia antes de tê-la nela. Graças a Deus eu não precisei. —Eu te amo, — eu disse contra a pele macia e sedosa de sua testa, então eu a beijei lá. —Eu também te amo, — ela sussurrou de volta. Outro estrondo na cozinha fez Allie soltar uma gargalhada, soltando-se cuidadosamente dos meus braços. —É melhor eu ir ajudá-la. —Eu deveria ir de qualquer maneira. — Minha mão a puxou de volta para mais um beijo gostoso e profundo. Allie sorriu quando se levantou da cama e eu dei uma carícia rápida contra sua barriga ainda lisa. —É melhor você fingir que vai comer esses biscoitos, Pierson. — Ela me deu um olhar de advertência e saiu do quarto. Eu ouvi Faith rir assim que Allie se juntou a ela, e sorri instantaneamente para o som.


Talvez eu segurasse o trofĂŠu mais uma vez e talvez nĂŁo o fizesse. Mas para o resto da minha vida, eu jĂĄ venci.


É hora de divulgar tudo, este livro foi DIFÍCIL para eu escrever no início do processo. E também no meio do processo. Em algum lugar no final, começou a ficar mais fácil, e é completamente graças às pessoas que me permitiram falar (leia 'raiva obsessivamente') sobre por que ser escritor era estúpido, e escrever livros era idiota, e eu nunca faria isso para mim mesma novamente. Meu marido (além de suas terríveis sugestões de título) era definitivamente uma dessas pessoas. Ele levou os meninos para fora de casa mais de uma vez, porque essas duas pessoas fictícias, e o novo mundo fictício em que eu estava entrando, estavam quase me causando um colapso mental. Se isso não é amor, não sei o que é. Fiona Cole defendeu Luke e Allie desde o começo, e nunca me fez sentir louca pelo quanto eu estava duvidando de mim mesma e duvidando da história. Você tem a paciência de uma santa, minha amiga, e eu sou uma escritora melhor por causa de sua habilidade de ver o que minha história está faltando, o que meus personagens precisam, e o que eu não consegui descobrir. #time dos sonhos. Kandi Steiner e Kathryn Andrews, minhas amigas apaixonadas por futebol, e Amy Daws, que faziam uma pausa em suas programações malucas para ler para mim, acariciavam meu cabelo quando eu precisava, chutavam minha bunda quando eu precisava disso também. Seus feedbacks e amizades são inestimáveis para mim!


Também deve ser dito que Amy é quem inventou o título do livro, então ela ganha uma estrela de ouro extra por isso também. De acordo com o tema —quantas vezes Karla pode duvidar de si mesma durante esse processo? , — eu também preciso agradecer a Brittainy Cherry, por uma conversa particularmente oportuna, e me fazer as perguntas exatas que eu precisava para saber o porquê. Eu não consegui descobrir o Luke. Você é uma maldita JOIA RARA nesta comunidade, BCherry. Caitlin Terpstra, por ser sempre tão rápida quanto uma leitora beta! Najla Qamber por ser incrivelmente paciente comigo e tão incrivelmente talentoso, como eu mudei cerca de mil coisas na capa da Bombshell. Você é o melhor. Jenny Sims com Editing4Indies para a revisão, Enticing Journey pela ajuda com minha promo, junto com Book Ends Tours. Todos os blogueiros e leitores que se juntaram a mim nessa jornada louca nos últimos 3 anos, vocês são, literalmente, a razão pela qual eu sou capaz de continuar fazendo isso. OBRIGADA. Devo notar também que, embora eu seja uma ASSÍDUA observadora de futebol, e eu certamente fiz minha pesquisa sobre o que Allie poderia passar como nova proprietária, eu peguei um pouco de licença criativa para criar o mundo dos Washington Wolves, então qualquer erro é só meu. Por último, e nunca, nunca menos, meu Senhor e Salvador, Jesus Cristo.


Karla Sorensen tem sido uma ávida leitora durante toda a sua vida, preferindo histórias do tipo felizes para sempre. E considerando que ela tem um item de linha inteiro em seu orçamento para livros, ela percebeu que talvez fosse mais barato escrever suas próprias histórias. Ela ainda mantém os dedos no mundo do marketing de saúde, onde ela fez a vida pré-bebês. Agora ela fica em casa, escrevendo e sendo mamãe em tempo integral (isso se traduz em quase todos os dias sendo um 'dia do pijama' na casa dos Sorensen... não julgue). Ela mora em West Michigan com o marido, dois filhos excepcionalmente adoráveis e um cachorro grande e desgrenhado.

Crédito da foto: Perrywinkle Photography


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