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Pontifícia Universidade Católica de Campinas Centro de Ciências Exatas e Tecnologia Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação Campinas | 2018
Projeto Vila Bela
Breno P. Pilot Camila M. de Godoi Diogo Xavier Felipe dos Santos Higor H. Sousa dos Santos José Camilo C. Júnior Luisa P. Vaccari Marco Aurélio de A. Barros Naomi D. Farinazzo Rodrigo de Azevedo Samira B. da Silva Thais de Freitas Orientadores: Prof. Antonio Fabiano Júnior Profa. Dra. Vera Santana Luz Banca Examinadora: Guilherme Moreira Petrella Magaly Marques Pulhez Maria Beatriz de Camargo Aranha Maria Elisa de Castro Pita
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Agradecimentos
Aos nossos orientadores dedicados, Antonio e Vera, que com muito entusiasmo conduziram nosso caminho ao longo do ano e fizeram de nós pessoas mais atentas e sensíveis. A Edilene Silva, Adriano Diogo e Juliana Cardoso, que com muita atenção nos receberam e nos fizeram parte da Vila Bela. Somos gratos pelas histórias contadas, pelos espaços caminhados, por nos mostrar que lutar por uma vida melhor vale a pena. Aos amigos, professores e funcionários da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Puc-Campinas, que de alguma forma contribuíram para nossa formação. A todos os integrantes desse grupo, sem o esforço de cada um este trabalho não se concretizaria.
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Índice 1. Introdução 2. Localização 3. Abordagens análise 4. Contextualização 5. Caracterização 5.1 Histórico 5.1.1 Vila Bela 5.2 Legislação 5.3 Dados da População 5.4 Geomorfologia 5.5. Transportes 5.5.1 Escala Metropolitana: São Paulo Sistema Rodoviário
Sistema Ferroviário e Metroviário
5.5.2 Escala Local: Vila Bela 5.6. Infraestrutura 5.6.1 Água 5.6.2 Esgoto 5.6.3 Lixo 5.6.4 Iluminação Pública na Vila Bela 5.7 Equipamentos 5.8 Sistema de espaços livres: tecido urbano
plano urbano 6. 7. 8. 8.1 8.2 8.3
Diretrizes + conceito Eixo jacú-pêssego Entre o ambiental, o rural e o urbano Instituto do Campo Sistema de Espaços Livres VLT - Av. Sapopemba
projeto urbano 9. A casa pública 10. A vila bela 10.1 Lugares de afeto 10.2 Deslocamentos e transporte 10.3 Resíduos 10.4 Equipamentos 11. Desenho urbano 11.1 Pisos, Caminhos e Permanências 11.2 Saneamento 11.2.1 Jardins de chuva 11.2.2 Jardins filtrantes Projetos de arquitetura Referências Bibliográficas
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Vila Bela: Brasil, São Paulo, Zona Leste 2. Região de forte histórico industrial; proletariado. Abundante infraestrutura para a indústria, carros e caminhões. Faltante para pessoas. Estado ausente em educação, saúde, habitação, lazer; na celebração da vida. Vila Bela: Ali está, mas àquele lugar não pertence. Área desconectada da cidade; desconexa. Ocupação em propriedade privada; assentamento informal. Infraestruturas são barreiras; bens são fuga. Água vira esgoto; morre. Mata vira lixo; morre. Pessoas viram números. Morrem. 20 anos de muita luta e pouca conquista. Água, luz; hábitos. Muita conquista. O projeto é sobre o caminho do estar ao ser. Não só estar ali, mas ali existir; resistir. Práticas comuns são coletivas. Lugares se juntam; pessoas também. Espaços abraçam talentos, fazem viver, celebrar; a rua e as pessoas. A vida; a Vila. A casa se torna pública, a cidade se torna casa. A cidade sonhada de todos, lutada para todos. Como instrumento da constituição de cidadania. A cidade é de todos, para todos. A vida também. A Vila também é Bela.
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Introdução
O trabalho coloca o campo da arquitetura como prática capaz de dar subsídios às necessidades da comunidade, suprindo a falta de direitos mínimos de vivência urbana como ferramenta para barrar a barbárie social na busca por um lugar de construção coletiva, enxergando o projeto como estratégia de luta, que tem como base moradores locais. Nesta lógica, se estrutura pela compreensão do ensino associado à pesquisa projetual permanente e como ponte inexorável de atividades de extensão voluntária com ações reais no local, cujo compromisso se baseia no campo de estudo e projeto como sujeito e não objeto. A discussão primeira da arquitetura - a construção do abrigo - está em prol do serviço social da Universidade como centro motor da sua razão de existir. Para tanto, estabelecem-se laços de colaboração a partir do contato e interface constante com lideranças comunitárias locais. No caso em questão, esse contato se iniciou na figura pública do geógrafo Adriano Diogo, importante líder político - cujo trabalho de vida ganhou forma em atuações constantes nas franjas frágeis da Zona Leste -, e da líder comunitária Edilene Silva, ponto e chave central das melhorias conquistadas no bairro.
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análise
O presente trabalho tem como tratativa pensar a dimensão do projeto - urbano e de arquitetura - a partir de seu entendimento como instrumento de vislumbre da constituição de cidadania. Isto, a partir da emancipação popular para os moradores do bairro Vila Bela, Zona Leste do município de São Paulo, e para a formação profissional dos estudantes, onde, primeiramente se elabora o projeto urbano em escalas sucessivas - metropolitana, regional e em recorte exemplar na configuração de desenho urbano pormenorizado - e, em fase seguinte, no desenvolvimento de projetos individuais de arquitetura compromissados com o território do projeto urbano proposto.
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A escolha de um território frágil, bruto e apartado de infraestrutura e direitos mínimos de vivência urbana propiciou novos enfoques e novas representações e registros, não só de práticas sociais, mas de memórias coletivas, no apontamento para posicionamentos de resistência capazes de costurar, também, novas relações com o espaço construído e natural. Entre o bom senso, o senso comum e o consenso reconhecido pela história, os estudos a seguir flertam com o estado da problemática da origem do homem e sua relação intrínseca de sociabilidade na luta incansável da constituição de uma cidadania.
O TFG 2018 se realiza mediante orientação aos alunos Breno P. Pilot, Camila Mariana de Godoi, Diogo Xavier, Felipe dos Santos, Higor H. Sousa dos Santos, José Camilo Carlos Júnior, Luisa Vaccari, Marco Aurélio de A. Barros, Naomi D. Farinazzo, Rodrigo de Azevedo, Samira Batista da Silva e Thais de Freitas sendo todos, junto com os orientadores, co-autores do trabalho.
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análise
Depois do urbanismo moderno e das intervenções do pósmodernismo, um conjunto de discussões sobre novas formas de urbanidade têm emergido, mesmo que provavelmente haja apenas um único denominador comum compartilhado por elas: o urbano, objeto de pensamento e sítio de uma intervenção, sendo agora colocado como tentativa de se revelar, compreender, e transformar os vários estados de realidade que as limitações políticas, estilísticas, e tecnológicas foram incapazes de, se não propor, resolver. Se tais discussões gerarão melhores padrões de organização urbana, é ainda um fato a ser discutido, mas cabe alertar que há a necessidade, ao menos, de se procurar novas possibilidades para a resolução do predicamento das relações socioespaciais. A questão estruturadora se apresenta na construção do significado como busca de um horizonte de transformação para todos, olhando para cada um.
2. Localização O presente trabalho tem como estudo de caso o bairro Vila Bela: assentamento informal em propriedade única privada, situado próximo ao encontro das avenidas Sapopemba - estruturadora da urbanização de bairros próximos ao limite sudeste do município de São Paulo - e Jacu-Pêssego - importante conectora da periférica leste da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) -, dentro da área administrativa da subprefeitura de São Mateus, na divisa dos distritos de São Rafael e Iguatemi: Zona Leste.
Estados e Municípios de São Paulo Região Metropolitana de São Paulo Município de São Paulo
Estado de São Paulo Brasil América do Sul
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Município de São Paulo Zona Leste Sub Prefeitura de São Rafael, São Mateus e Iguatemi Rodo Anel Marginal Tietê e Marginal Pinheiros Rod. Jacu-Pêssego, Av. Aricanduva, Via Peramirim Av. dos Estados
Vila Bela Rod. Jacu Pêssego e Av. Peramirim Sub Prefeitura de São Rafael, São Mateus e Iguatemi Rios e Nascentes
localização
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3. Abordagens As leituras territoriais e propostas desenvolvidas no trabalho são idealizadas a partir de análise territorial sistêmica, na qual é necessário ver simultaneamente metrópole e lugar. O processo de urbanização da cidade de São Paulo e de sua região metropolitana comprova um tipo de planejamento que foi estruturado ao longo do tempo, unicamente sob o olhar da metrópole, onde as grandes infraestruturas metropolitanas de escala regional são orientadas, prioritariamente, pelos interesses políticos e econômicos das forças dominantes, demasiadamente distante da discussão e das necessidades do lugar, onde de fato as pessoas estão. Nesse sentido, como sistematização de uma linha de raciocínio que pretende justificar a necessidade da análise territorial sistêmica, são levantadas evidências em relação às escalas (aqui nomeadas metrópole e lugar) — por mais genérico que seja limitar o fenômeno da urbanização à esse ponto de vista —, pelo entendimento entre causa e consequência. São elas: 1. causa [metrópole/metropolização] — pensada como o conjunto de ações de ordem dominante na sistematização e integração por meio das grandes infraestruturas (predominantemente rodoviárias), articulando e viabilizando os deslocamentos e transferências (de pessoas, bens e informações) intra urbano e de ligação entre as partes;
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análise
2. consequência [território] — pensada como forma urbana em função das dinâmicas socioespaciais, os lugares da cidade, inseridos dentro das áreas dos sistemas e das infraestruturas urbanas, estão próximos aos pontos de influência e das centralidades, mas que, paradoxalmente, estão/são isolados. Estão dentro mas estão fora. Fazem parte do todo mas não são partes do todo.
Os mecanismos históricos, sociais, econômicos e espaciais de urbanização de grandes metrópoles dentro de um sistema de desenvolvimento desigual, geram territórios com diagnósticos, em grande medida, semelhantes. A violência urbana tem sido elemento que norteia a lógica do desenho urbano regido pelo capital. Simultaneamente, os lugares também são únicos, sendo assim possível cogitar a formulação de uma metodologia de leitura destes territórios e de estudos para uma busca consequente de intervenção em seus espaços a partir do entendimento de sua totalidade e suas existentes particularidades. O Estado apresenta-se como estrutura de grande relevância aparecendo como um possível agente regulador de interesses para que uma maior equalização de direitos possa se efetivar e, por mais que existam políticas do poder público acerca da inclusão socioespacial de áreas periféricas para seus habitantes, a violência urbana como política pública, é ação de articulação da própria configuração da cidade. Grandes infraestruturas de escala macro metropolitana rasgam grandes áreas no meio, porém não costumam apresentar quaisquer relações diretas com o território. O que ocorre nas áreas urbanas da Zona Leste é exemplaridade deste processo, uma vez que grandes avenidas, linhas de transporte público coletivo e até ciclovias, são pensadas enquanto elemento isolado, sem concretizar a ideia de um sistema integrado de mobilidade para a cidade. A ocupação desenfreada de áreas periféricas, marcadas por uma política do Estado, tem na urgência e na necessidade pelo morar seu grande norte. Este processo se inicia pela Lei de Terras, de 1850, que transforma a propriedade em mercadoria, e é agravado pela conjuntura histórica posterior. A luta por moradia gera conflitos territoriais de caráter
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legal que envolvem a problemática da propriedade privada, agravada pela especulação imobiliária. O Estatuto das Cidades, elaborado em 2001 para o combate destes distúrbios nas dinâmicas socioespaciais da cidade, introduz o instrumento que garante a função social da propriedade, na tentativa de produzir uma cidade mais democrática. São esforços que pretendem neutralizar a tensão, também, entre o urbano, o rural, e o ambiental. A ocupação desenfreada de áreas periféricas, não mede esforços e a necessidade pelo morar sobrepõe às questões ambientais. Logo aparecem construções às margens de rios e corpos d’água, assim como ocupações em áreas de preservação e conservação da natureza.
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4. Contextualização Os mecanismos históricos, sociais, econômicos e espaciais de urbanização de grandes metrópoles dentro de um sistema de desenvolvimento desigual, geram territórios com diagnósticos, em grande medida, semelhantes. A violência urbana tem sido elemento que norteia a lógica do desenho urbano regido pelo capital. Simultaneamente, os lugares também são únicos, sendo assim possível cogitar a formulação de uma metodologia de leitura destes territórios e de estudos para uma busca consequente de intervenção em seus espaços a partir do entendimento de sua totalidade e suas existentes particularidades. O Estado apresenta-se como estrutura de grande relevância aparecendo como um possível agente regulador de interesses para que uma maior equalização de direitos possa se efetivar e, por mais que existam políticas do poder público acerca da inclusão socioespacial de áreas periféricas para seus habitantes, a violência urbana como política pública, é ação de articulação da própria configuração da cidade. Grandes infraestruturas de escala macro metropolitana rasgam grandes áreas no meio, porém não costumam apresentar quaisquer relações diretas com o território. O que ocorre nas áreas urbanas da Zona Leste é exemplaridade deste processo, uma vez que grandes avenidas, linhas de transporte pú-
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blico coletivo e até ciclovias, são pensadas enquanto elemento isolado, sem concretizar a ideia de um sistema integrado de mobilidade para a cidade. A ocupação desenfreada de áreas periféricas, marcadas por uma política do Estado, tem na urgência e na necessidade pelo morar seu grande norte. Este processo se inicia pela Lei de Terras, de 1850, que transforma a propriedade em mercadoria, e é agravado pela conjuntura histórica posterior. A luta por moradia gera conflitos territoriais de caráter legal que envolvem a problemática da propriedade privada, agravada pela especulação imobiliária. O Estatuto das Cidades, elaborado em 2001 para o combate destes distúrbios nas dinâmicas socioespaciais da cidade, introduz o instrumento que garante a função social da propriedade, na tentativa de produzir uma cidade mais democrática. São esforços que pretendem neutralizar a tensão, também, entre o urbano, o rural, e o ambiental. A ocupação desenfreada de áreas periféricas, não mede esforços e a necessidade pelo morar sobrepõe às questões ambientais. Logo aparecem construções às margens de rios e corpos d’água, assim como ocupações em áreas de preservação e conservação da natureza.
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O trabalho busca reflexão crítica e propositiva de elaboração de conteúdos de pesquisa projetual sobre a ideia de centro-periferia, propriedade-posse e políticas públicas e violência do Estado, via possível articulação de parceria academia-comunidade, como espaço de reflexão e suporte ao desenvolvimento do projeto em área impactada por infraestrutura de escala metropolitana — no caso, o antigo trecho Rodoanel — cuja configuração se dá em bordas metropolitanas em contiguidade com o início de áreas rurais, mesmo que esparsas, e de proteção ambiental. Procura-se, dessa forma, ir de encontro à superação da simulação do exercício para o aprendizado de arquitetura como maneira de circunscrever uma realidade factível para o projeto acadêmico. É um projeto como produção do conhecimento para sociedade e baliza o debate social visando a ação efetiva de seu entendimento como ferramenta de discussão, produção e atuação do cidadão.
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5. Caracterização Como metodologia, foi instaurado sistema de assuntos para a constituição de produção de diagnósticos e prognósticos. Eis os itens: 01. histórico e contextualização regional e local; 02. legislação; 03. população; 04. geomorfologia; 05. sistemas de transportes; 06. infraestrutura; 07. equipamentos; 08. tecido e vazios urbano.
análise
Desde o início do processo, foi entendido como um discurso rico o trabalho em um lugar onde os conflitos são realidade. Para tanto, fundamenta o trabalho o ensaio de novos paradigmas nas relações homem x homem e homem x natureza, assumindo como urgência a flagrante situação de desigualdade social a partir do entendimento de que todas as etapas são consideradas projeto, sejam elas a aproximação, levantamento e investigação de dados, análise, criação de teoria ou proposição projetual, via desenhos arquitetônicos e urbanísticos categorizados aqui como planos e desenho urbano.
5.1. Histórico A história da ocupação e urbanização da Zona Leste de São Paulo é entendida pelo arco do tempo, desde o processo de industrialização da cidade ao longo do século XIX até esvaziamento dos seus grandes espaços fabris e sua mudança do espaço industrial para eixos rodoviários dando lugar ao crescimento do setor terciário. Os primeiros registros de ocupação na região Leste paulistana acontecem a partir de núcleos dispersos ao longo do antigo caminho que ligava São Paulo ao Rio de Janeiro, eixo que é reforçado pela implantação da Ferrovia Central do Brasil em 1877, cujo destino era o mesmo do trajeto supracitado. (ROLNIK, FRÚGOLI JR., 2001, p.44).
“De um lado a “sala de visitas”, com a convivência urbana, os jardins públicos, os bairros elegantes. De outro, “o quintal”, com tudo o que era considerado indesejável ou perigoso, inclusive a população operária.” (ROLNIK, 2000, p.4).
análise
Associados às estruturas de transporte estavam as fábricas, que se apropriaram do entorno das ferrovias como forma de facilitar o escoamento de produtos. Logo, as linhas férreas e o cinturão industrial se configuraram como grandes barreiras, devido à dificuldade de realizar transposições. Há, portanto, desde a origem, uma segregação entre a cidade rica e as porções pobres e insalubres da cidade. A proposição de espaços construídos da população de baixa renda se resumiu em ações funcionais e não urbanísticas, que se concretizaram muito depois da ocupação local (ROLNIK, 2000, p.4-6).
Pode-se dizer que tais investimentos funcionais foram, quase exclusivamente, no sistema de transportes, com o objetivo de levar os trabalhadores da periferia para o centro consolidado, onde a mão de obra era empregada. A Zona Leste se constituiu por moradias operárias, loteamentos irregulares ou clandestinos, casas autoconstruídas e alguns conjuntos habitacionais edificados pelo poder público, concentrados principalmente na área de transição entre o centro e aquela região. O processo de inserção de novas formas de transporte ali contempla a construção da Radial Leste, em 1960, e a implantação da linha Leste do Metrô, em 1970, ambas situadas no fundo de vale anteriormente ocupado pela malha ferroviária. É a partir destes elementos que se consolida o eixo Leste-Oeste da cidade de São Paulo. A partir de 1980 há um processo de desindustrialização, que estruturava o espaço urbano da Zona Leste, assim como sustentava uma série de empregos na região. É neste processo que se iniciam as altas no desemprego, visto que o antigo modelo industrial era gerador de trabalho, enquanto o atual, mais tecnológico, depende consideravelmente menos de mão de obra. Ao mesmo tempo, cresce o setor terciário no centro expandido, com a criação de shoppings, edifícios de escritório, hotéis temáticos, centros de convenção e salas de espetáculo, onde a população mais pobre é contratada (ROLNIK, FRÚGOLI JR., 2001, p.43-44). Com o tempo, o desenvolvimento espacial
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ando no micro empreendimento informal como forma de complementar a renda. As alterações na configuração espacial do Vila Bela, causadas principalmente pelas mesmas dinâmicas socioespaciais que agiam nas periferias da cidade de São Paulo como um todo, gerou grande demanda por infraestrutura urbana: abastecimento de água potável, iluminação pública, energia elétrica, calçamento de vias, etc. Estas e outras foram conquistas oriundas de organização, luta e resistência comunitária, que resultou na autoconstrução de centenas de casas, assim como a instalação de alguns elementos de infraestrutura.
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análise
de São Paulo é marcado pela construção de anéis viários e pela consolidação do transporte rodoviário como prioritário. A escolha por este modal gerou problemas como o excesso de veículos nas ruas na RMSP, solucionado a médio prazo pela introdução de um anel rodoviário intermunicipal: o Rodoanel, implantada prioritariamente para a circulação de mercadorias. A porção Oeste desta via foi finalizada em 2002, a Sul em 2010 e a Leste em 2014. Em 1996 é construído o Complexo viário Jacu-Pêssego, importante limitador para expansão urbana à Leste, além de estabelecer a comunicação entre os bairros da região, no sentido NorteSul. Como foi concluído antes do Rodoanel Leste, foi utilizado como trecho provisório deste anel por muitos anos. Entretanto, a implantação dessa cicatriz no extremo leste da cidade rasgou algumas destas áreas pela metade, acabando com as casas e a renda de diversas famílias que ali viviam. É neste contexto de exclusão que se encontra o bairro Vila Bela, que surge em meados da década de 90 configurando-se como área rural. As ocupações, inicialmente, se davam através de chácaras dispersas em uma extensa gleba, que pertencia a uma família tradicional paulistana, fato que até hoje gera conflitos no que diz respeito à posse e à propriedade da terra, já que desde os primórdios de sua ocupação, nenhum dos 16 mil habitantes possui legalmente a propriedade do solo. Trata-se de uma questão fundiária delicada e complexa. Em alguns anos a necessidade por moradia se tornou ainda mais urgente, gerando um crescimento acelerado da malha urbana em direção às extremidades. Dessa forma, o grande perímetro de terras é intensamente ocupado, transitando de uma economia rural para pequenos produtores de artigos manufaturados, bem como comércio e serviço locais. Entretanto, o desaparecimento do emprego na Zona Leste após o período de auge industrial, gerou a mudança do local de trabalho de muitos desses moradores para o centro, muitas vezes atu-
5.1.1 Vila Bela
O processo formal para se estabelecer um loteamento tem praticamente todos os gastos recaindo sobre o proprietário da gleba. Assim, somente após a execução de um projeto de parcelamento, com o calçamento de vias e instalação de todas as infraestruturas necessárias, é que se permite a ocupação dos lotes. O que se tem na Vila Bela é um processo inverso proposital, no qual se permite a apropriação das terras por terceiros, que, além de pagarem por anos um
“aluguel” ao proprietário, também arcam com todos os custos de arruamento e infraestruturas, por exemplo, com a compra de medidores de água e energia. Diante dessa conjuntura, em 2008 entra novo agente: a empresa Terra Nova, contratada pelo proprietário da gleba, para a mediar o processo de regularização fundiária e reurbanização entre Estado, proprietários do terreno e população. O que se vê é uma metodologia perversa de tratamento das questões socioespaciais, que contribui para a reconfiguração da relação entre os agentes sociais, Estado e mercado, na qual os moradores deverão comprar novamente seus lotes, onde a lógica da propriedade da terra (no caso o terreno da área da Vila Bela), condiciona a produção e o uso do espaço na medida em que seu acesso é monopolizado por seu proprietário, mediado por uma dimensão exclusivamente econômica.
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O embate entre a propriedade privada, posse da terra, e políticas públicas de habitação e legislação está intrínseco ao desenvolvimento da Vila Bela. A gleba em questão é de único proprietário e não foi loteada legalmente, o que inviabilizou a chegada de equipamentos e infraestrutura pública ao bairro e configurou a produção doméstica tanto as moradias quanto as infraestruturas coletivas pelo conjunto de moradores. No decorrer dos anos 90, os primeiros moradores da Vila Bela adquiriram suas terras de falsos proprietários, em processo conhecido como grilagem. Hoje, as casas e os moradores são configurados como ocupação-ocupantes ilegais por não possuírem a posse do terreno, seja de forma individual ou coletiva. O que ocorreu, ao longo de duas décadas, foi o pagamento de um determinado valor ao proprietário da gleba e agentes intermediários, em uma espécie de “aluguel da terra”, para o asseguramento da permanência no local.
O Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo (PDE), Lei nº 16.050 de 31 de Julho de 2014, caracteriza a cidade e suas vocações em algumas escalas diferentes de planejamento (Macrozonas, Macroáreas e o Zoneamento propriamente dito) e, para a análise do território, esses parâmetros foram fundamentais. Primeiramente, analisando as zonas rural e urbana, ou seja, distinguindo a área da cidade e a área do campo, é possível perceber que a Zona Leste não abriga vasta área rural. Tal fato permitiu, historicamente, o crescimento longitudinal da região metropolitana, uma vez que não existem barreiras geológicas (como a Serra da Cantareira ao norte, a Serra do Mar e os grandes mananciais ao sul) ou mesmo parâmetros de zoneamento efetivos para a determinação dos limites da cidade. A área rural, dessa forma, seria o elemento mais provável a estabelecer uma linha de tensão sobre a mancha urbana, controlando assim o espraiamento longitudinal da mesma.
Mapa de Macrozonas Município de São Paulo Zona Urbana Zona Rural
Quando analisadas as Macrozonas percebe-se que o que tenta conter a expansão da mancha urbana é, na verdade, a chamada Macrozona de Proteção e Recuperação Ambiental. Essa nomenclatura refere-se às áreas rurais e ambientais somadas as áreas urbanas próximas às mesmas, formando assim uma espécie de envoltória de proteção e recuperação sustentável para a cidade. Esta é a macrozona onde se encontra a Vila Bela. Chegando no zoneamento há uma subdivisão da Macroárea de Estruturação Metropolitana em zonas: a Zona Eixo de Estruturação e Transformação Urbana como uma linha secundário que liga e constitui grandes centralidades e polos de trabalho. Sobre os últimos, é possível observar duas grandes áreas industriais (intituladas no zoneamento como Zonas Predominantemente Industriais), onde pretende-se criar o Pólo Industrial Tecnológico São Paulo Leste, por conta do crescimento no número de univer-
Mapa de Macroáreas Legenda Município de São Paulo Macroáreas de São Paulo <todos os outros valores>
sg_macro_d Macroárea de Controle e Qualificação Urbana e Ambiental Macroárea de Contenção Urbana e Uso Sustentável Legenda
Macroárea de Estruturação Metropolitana
Macroáreas de São Paulo
Macroárea de Preservação dos Ecossistemas Naturais
<todos os outros valores>
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Macroárea de Qualificação da Urbanização
Macroárea de Controle e Qualificação Urbana e Ambiental Macroárea de Contenção Urbana e Uso Sustentável
Macroárea de Redução da Vulnerabulidade Urbana
Macroárea de Estruturação Metropolitana
Macroárea de Preservação dos Ecossistemas Naturais
Macroárea de Redução da Vulnerabilidade Urbana e Recuperação Ambiental
Macroárea de Qualificação da Urbanização
Macroárea de Redução da Vulnerabulidade Urbana
Macroárea de Urbanização Consolidada
Macroárea de Redução da Vulnerabilidade Urbana e Recuperação Ambiental Macroárea de Urbanização Consolidada
fonte: PDE-SP
sidades com formação em tecnologia nesta região. Chama a atenção também a quantidade de Zeis (Zona Especial de Interesse Social) presentes na Zona Leste como um todo, a própria Vila Bela é zoneada como Zeis 1, ou seja, conjuntos ou bairros que já apresentam uso habitacional e tem prioridade para a regularização fundiária. Isso acontece principalmente devido ao crescimento da demanda por habitação nas periferias de São Paulo, fator que pretende-se reverter através do plano diretor, levando urbanidade e infraestrutura para esta porção da cidade.
análise
Mapa de Zoneamento Subprefeitura de São Mateus
5.3. Dados da população “Com diferença de grau e de intensidade, todas as cidades brasileiras exibem problemáticas parecidas [...] Em todas elas problemas como os do emprego, da habitação, dos transportes, do lazer, da água, dos esgotos, da educação e da saúde são genéricos e revelam enormes carências. Quanto maior a cidade, mais visíveis se tornam essas mazelas.” (SANTOS, 1993, p. 95).
Vila Bela Rod. Jacu Pêssego e Av. Peramirim Sub Prefeitura de São Rafael, São Mateus e Iguatemi Rios e Nascentes
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volvimento os distritos que atingem menos de 0,499 pontos, de médio desenvolvimento os de 0,500 até 0,799, e de alto desenvolvimento os distritos que atingem pontuação superior a 0,800. São Rafael tem índice 0,767, e é considerado de médio desenvolvimento humano, enquanto São Mateus apresenta índice 0,804, Cidade Dutra 0,815 e República 0,860, todos estes considerados de alto IDH. O Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS) permite identificar áreas em que predominam famílias expostas a diferentes níveis de vulnerabilidade social. Para essa análise, foram usados indicadores divididos nas dimensões socioeconômica e demográfica. Em relação à primeira, os componentes levantados foram: renda domiciliar per capita, rendimento médio da mulher responsável pelo domicílio, porcentagem de domicílios com renda domiciliar até meio salário mínimo, porcentagem de domicílios com renda até um quarto de salário mínimo e a porcentagem de pessoas responsáveis pelo domicílio alfabetizadas. Em relação à última, foram usados: porcentagem de pessoas responsáveis pelo domicílio de 10 a 29 anos, porcentagem de mulheres responsáveis de 10 a 29
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análise
A Zona Leste é a região mais populosa da cidade de São Paulo. Segundo o censo do IBGE(2010), o distrito de São Rafael apresenta uma área de 13,2 km² e uma população total de 156.616 habitantes. Sua densidade média é de 11.864,85 hab.\km² e seu IDH de 0,767 ocupa o 86° lugar em uma lista de 96 distritos, considerado como desenvolvimento humano médio. Com 90 mil pessoas em situação de desemprego; 74% dos locais de cultura e arte são de cunho particular. Há precariedade do transporte público e problema com drogas na região. Para entender a perceptível diferença na qualidade de vida das diferentes regiões de São Paulo, foram estudados os distritos de São Mateus, também na Zona Leste, a uma distância de 19 km do centro, a Cidade Dutra - distrito planejado da Zona Sul -, a 22 km do centro, e República, distrito do centro de São Paulo. O primeiro dado observado é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que toma como base os indicadores renda, educação e saúde, e varia de 0 a 1, sendo considerados de baixo desen-
anos, idade média da pessoa responsável e porcentagem de crianças de 0 a 5 anos de idade. Com o levantamento desses dados criaram-se as seguintes classificações: grupo 1 (baixíssima vulnerabilidade), grupo 2 (muito baixa vulnerabilidade), grupo 3 (baixa), grupo 4 (média), grupo 5 (alta), grupo 6 (muito alta).
Outros componentes importantes são a renda domiciliar per capita e o rendimento médio da mulher responsável pelo domicílio no bairro, dado que as principais áreas de atuação no mercado de trabalho são em comércio, serviços domésticos, indústria, construção civil, limpeza urbana e autônomos (donos de mercados locais, bares, caminhões para transporte de carga, entre outros).
São Rafael, por exemplo, contém 28% de sua população em condição de muito baixa vulnerabilidade, 8% em baixa, 20% em média, 34% em alta, e 10% em muito alta, totalizando 68.992 pessoas em uma faixa de alta e muito alta vulnerabilidade social no distrito.
A partir de uma leitura aplicada ao território, um componente que se sobressai na análise é a quantidade de famílias jovens, tendo a mulher como responsável pelo domicílio. Um exemplo disso é que toda as lideranças do bairro são femininas, o que indica esse cenário de predominância das mulheres.
A comunidade Vila Bela fica a 20km do centro de São Paulo, contemplando uma área de aproximadamente 180ha, com 4.467 domicílios e 16.170 habitantes, resultando em uma média de 4 moradores por habitação segundo o censo do IBGE(2010). O IPVS na Vila Bela apresenta predominância de alta vulnerabilidade (grupo 5), com alguns trechos de habitações recentes próximas às margens dos rios em muito alta vulnerabilidade (grupo 6).
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5.4 Geomorfologia Gosto de imaginar que o território possui uma estrutura própria que constitui o sistema inicial de suporte da vida do homem neste planeta. E que sobre esse território — que também teve outras formas de natureza, como a sua própria natureza selvagem — fomos construindo, pouco a pouco. (TORRECILLAS, GRAÇA, 2014, p.22)
«La poesía de lo pragmático. Una conversación con João Luís Carrilho da Graça», entrevista de Antonio Jiménez Torrecillas, in El Croquis, n.º 170, 2014, p. 22
Localizada na bacia hidrográfica do Rio Aricanduva, afluente do Rio Tietê e uma das principais bacias urbanas da cidade de São Paulo, a Vila Bela tem seu território marcado por três linhas geomorfológicas estruturadoras: duas linhas de vale e uma linha de cumeada. É a partir dessas duas linhas que o espaço é ocupado. A linha de cumeada, região mais alta do Vila Bela, que chega a 770 metros em relação ao nível do mar, é onde estrutura-se a principal via de circulação. É possível entender, através des-
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sa leitura, que a população ocupou por princípio a linha de cume, devido não apenas a facilidade de locomoção pela regularidade das cotas de nível, mas também por evitar barreiras como os cursos d’água. Conforme a densidade da ocupação se estende por essa região, a mancha urbana se expande de cima para baixo, chegando a meia encosta até se aproximar das regiões de vale. Localizadas 25 metros abaixo da linha de cume, estão as duas linhas de vale, a 745 metros em relação ao nível do mar. Nelas, são marcantes os
dois cursos d’água principais: o Córrego dos Machados, localizado à nordeste, e o Córrego Caguaçú, à sudoeste, ambos afluente do Rio Aricanduva. O primeiro, caracteriza-se por uma calha de aproximadamente 4 metros de largura, e margens que variam entre 5 a 7 metros de largura, até os inícios das primeiras ocupações ao longo de seu percurso. O segundo Córrego apresenta calha mais larga, chegando a 12 metros de largura, com uma profundidade de 2 metros entre a superfície da água e das margens. Em um território onde já se apresenta poucos vazios, as construções ocupam áreas vulneráveis como beira de córregos, nascentes e encostas extremamente inclinadas. Os índices de declividade são bastante acentuados próximo à linha de cumeada, apresentando áreas ocupadas que variam entre 50-70%. Conforme o território se aproxima dos cursos d’água, a declividade diminui a uma média de 20-30%, chegando ao valor mais baixo de 8%. Como consequência, a área sofre grandes impactos, com possibilidades de riscos geomorfológicos como deslizamento. As ameaças de deslizamento ocorrem principalmente nas áreas de maior declividade, pois além do solo possuir baixa resistência ao cisalhamento, a cobertura vegetal original foi retirada para dar lugar às ocupações, diminuindo a consistência do solo e impedindo a drenagem das águas pluviais. Como resultado, a drenagem acontece com maior velocidade, podendo causar o deslizamento das encostas.
linha de festo linha de vale
recorte vila bela
mapa de altimetria
mapa de declividade
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5.5. Transportes 5.5.1 Escala Metropolitana: São Paulo
Sistema Rodoviário O Estado de São Paulo possui uma das maiores redes rodoviárias do Brasil, as quais conectam, direta e indiretamente, as cidades do interior à Região Metropolitana. Tendo como centro a cidade de São Paulo, as principais rodovias que irradiam são: . Rodovias Anchieta e Imigrantes, as quais fazem ligação com o Porto de Santos, o Pólo Petroquímico de Cubatão, as indústrias e fábricas do ABCD (Santo André, São Bernardo, São Caetano do Sul e Diadema) e também as praias da Baixada Santista;
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. Rodovias Ayrton Senna e Presidente Dutra que ligam ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, ao litoral norte do Estado de São Paulo e também ao Rio de Janeiro; Rodovia Fernão Dias conecta-se ao sul de Minas, Belo Horizonte, passando pelas cidades paulistas de Mairiporã e Atibaia; . Rodovia Anhanguera faz conexão às cidades mineiras de Uberlândia e Uberaba e também ao Distrito Federal, passando por Jundiaí, Campinas, Americana e outras cidades; a Rodovia dos Bandeirantes é a principal ligação com a cidade de Campi-
. Rodovia Castello Branco, principal ligação com o Centro Oeste Paulista (Rio Pardo, Araçatuba, Bauru e Presidente Prudente); a Rodovia Raposo Tavares conecta São Paulo à Cotia, Votorantim, Sorocaba, entre outras cidades do interior paulista; .Rodovia Régis Bittencourt, responsável pela ligação entre São Paulo e o sul do Brasil, sendo o principal acesso para Curitiba; . Por fim, mas não menos importante, a principal obra rodoviária proposta para a Região
Metropolitana de São Paulo, ainda não totalmente concluída, é o Rodoanel Mário Covas. Tem como principal objetivo aliviar o intenso tráfego de caminhões (carga) oriundos do interior do estado e das diversas regiões do país que cruzam a Marginal Tietê e a Marginal do Rio Pinheiros, provocando uma situação crônica de congestionamento nas marginais. A obra interliga os principais corredores de acesso, compostos pelas rodovias: Bandeirantes, Anhanguera, Castelo Branco, Raposo Tavares, Régis Bittencourt, Imigrantes, Anchieta, Ayrton Senna, Dutra e Fernão Dias.
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análise
nas e ao Aeroporto Internacional de Viracopos;
Sistema Ferroviário e Metroviário O advento da era rodoviarista no Brasil foi implantado segundo um contraponto muito precoce à ferrovia. A rodovia foi dada, portanto, como uma situação imposta no momento em que o fordismo e montadoras automobilísticas migravam para o país. Toda a linha férrea até então implantada e todos aqueles caminhos que abriram frentes pioneiras, no passado, passaram por um momento de desvalorização, subutilização e, em muitos casos, paralisação. Todo este contexto reflete no frágil e precário cenário atual de mobilidade da metrópole de São Paulo.
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Hoje, o tecido urbano da cidade possui trechos de linhas férreas desativadas e em operação, sendo majoritariamente as ativas para o transporte de cargas sentido porto de Santos, as quais convivem simultaneamente com uma necessidade urgente de transporte de pessoas/passageiros. A existente, porém restrita rede ferroviária presente na cidade de São Paulo hoje trabalha com baldeações entre a CPTM (Companhia Paulista de Transporte Metropolitano) e o metrô, complementando-se. No entanto esses modais ainda
No âmbito metroviário, destaca-se a presença da linha vermelha, sentido Itaquera que corta a Zona Leste, mas que, para a Vila Bela, hoje estabelece conexão apenas através do sistema rodoviário.
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análise
não atingem todas as regiões da metrópole, concentrando-se apenas nas áreas centrais estratégicas da cidade, do ponto de vista econômico. O centro, portanto, trata-se da área com maior oferecimento de transporte coletivo, num sistema radial; as demais linhas formam tangenciais, as quais têm como critério de traçado a maior conectividade da rede.
“A geografia é desenhada pelas águas dos rios que esculpiam o padrão básico de colinas e vales. A água é um elemento simbólico - referencial na paisagem urbana. A água do rio é fundamental para a existência da cidade, do agrupamento humano: abastecimento, irrigação, força hidráulica, comunicação, etc. O rio é naturalmente uma via de comunicação entre cidades.” (DELIJAICOV, 1998, p.11)
5.5.1 Escala Local: Vila Bela O sistema de transportes é reflexo de um processo histórico e apresenta relações não somente com as conformações naturais do território, como as lógicas econômicas vigentes em um processo maior do que somente a área. O processo de periferização junto ao sistema de transportes nos apresenta elemento estruturante também de segregação socioespacial. O entendimento do ir e vir nas cidades se dá a partir da percepção do movimento do capital, e também nos faz compreender um pouco do trajeto feito pelas pessoas diariamente em suas vidas. Este pensamento gera territórios desconexos e desconectados da cidade, fazendo com que a maioria da população trabalhadora que ali reside ainda tenha que passar cerca de duas horas por dia nestes meios de transporte ineficazes. A Vila Bela é um exemplo disso, sendo ro-
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deada pela Avenida Jacu-Pêssego e pela Avenida Sapopemba, sem apresentar reais ligações com as mesmas e seus potenciais benefícios. O sistema rodoviarista procedeu de forma predatória no espaço e se proliferou desenfreadamente e, não coincidentemente, o desenho das grandes vias seguiram o curso dos rios. Localizada na bacia do Tietê e bacia do Pinheiros, a metrópole equipa-se de duas de suas principais vias com os mesmos nomes, que por consequência se apresentam com essa conformação. São Paulo está fundamentalmente localizado no ponto estratégico econômico, equipando-se de dois Aeroportos internacionais, Cumbica e Viracopos, e um nacional, Congonhas, e o porto de Santos, funcionando como transporte de grande capacidade de pessoas e de cargas.
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Apenas acessar a metrópole não se faz suficiente dada a complexidade em que se conforma a RMSP. Tendo em vista a proposta de dois projetos de mobilidade urbana, o ferroanel e o hidroanel, o trabalho em questão os considera como pré-existências para o entendimento das infraestruturas que influenciam na vida no território estudado. Além de buscar a subversão da lógica rodoviarista consolidada na cidade, a proposta do ferroanel tem a premissa de desafogar São Paulo e conectar as malhas ferroviárias entre si e levá-las a grandes polos econômicos e de transporte, migrando o transporte de carga que hoje cruza São Paulo para o entorno da grande metrópole; enquanto a proposta do Hidroanel, do grupo Metrópole Fluvial (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo), dialoga com o traçado hidrográfico a medida em que projeta nas margens da metrópole um grande caminho hídrico, utilizado inicialmente e impreterivelmente para o transporte de lixo, com projeto de portos e pontos para descarte, triagem e manutenção de todo tipo de resíduos. Reflexo do mesmo pensamento rodoviarista, as Marginais Tietê e Pinheiros são pilares do montante viário da cidade, servindo como ponto de partida de uma série de estruturas que conectam os polos norte, sul, leste e oeste. Um exemplar desta questão é a Av. dos Estados que, junto ao rio Tamanduateí, cruza a cidade de São Paulo de norte a sul, partindo da marginal tietê, passando pelo centro, os municípios do grande ABC e o sistema Anchieta-Imigrantes. Na Zona Leste, a Av. Jacu Pêssego, antigo braço do rodoanel, é imprescindível na ligação entre a região de Itaquera com Mauá, e posteriormente o Rodoanel Mário Covas, perpassando pelos distritos de São Mateus, Iguatemi e São Marcos. Seguindo o fundo de vale de um dos principais afluentes do Rio Tietê, o Rio Aricanduva, a avenida de mesmo nome é importante na estru-
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timentos em mobilidade urbana. O principal modal utilizado pelos moradores é o ônibus, mesmo existindo apenas uma única linha que atravessa o bairro, por consequência principal da geomorfologia da ocupação do território. Nas bordas, contudo, existem cinco linhas que possuem dois principais destinos: a estação Carrão do metrô e o Terminal Intermodal de Itaquera, ambas da linha 5-Vermelha do metrô e 11-Coral da CPTM. Outro destino recorrente é o Terminal de Ônibus São Mateus, que aguarda a inauguração da estação de mesmo nome para o monotrilho. Esta dificuldade de locomover-se diariamente se apresenta na escala da cidade e também do bairro, com ruas estreitas e de alta declividade, que não comportam os ônibus em tipologias convencionais. Portanto, como não são pensadas outras formas de circulação, aos moradores resta apenas o automóvel e o próprio caminhar.
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análise
turação e formação da Zona Leste, assim como as avenidas Luis Inácio e Sapopemba, que colocam-se como principais eixos de circulação nas regiões de São Mateus, chegando até a VIla Bela fazendo conexão com a Jacu-Pêssego. O transporte público estrutural da RMSP está vinculado às antigas linhas férreas da época cafeeira. O advento do carro e a valorização do modelo rodoviarista fez com que as ferrovias perdessem sua relevância no transporte de cargas, e então, algumas delas começam a transportar pessoas em larga escala. Junto ao Metrô, que funciona em conjunto com as linhas férreas geridas pela CPTM (Companhia Paulista de Transportes Metropolitanos) é visível a carência da região metropolitana em relação a um sistema de transporte público eficiente, visto que a disponibilidade é inferior à demanda da população. Essas malhas ferroviárias e metroviárias estão distribuídas desigualmente pela RMSP, tendo áreas que não são abrangidas por este sistema, uma vez que suas tramas estão concentradas nas regiões centrais da cidade, e estratégicas em relação ao capital. A zona leste está servida pelas linhas 3 e 11 do metrô e CPTM, respectivamente. Esta última, configura o principal vetor de mobilidade leste-oeste, enquanto na porção superior tem-se a linha 12-Safira, que segue a direção da Marginal Tietê, e a linha 10-Turquesa, em direção ao ABC. Estão nessa região as subprefeituras de Aricanduva, Sapopemba e São Mateus, cujas abrangências não possuem, até o momento, nenhum modal de transporte de massa. O projeto da linha 15-Prata do Metrô, já em execução, pode modificar um pouco este cenário, mas ainda sem previsões concretas de inauguração. Estas são exemplaridades das deficiências relativas à mobilidade urbana que demonstra como a segregação territorial afeta as periferias e as populações mais pobres. A Vila Bela, assim como todo seu entorno, sente diariamente o impacto da ausência de inves-
5.6 Infraestrutura 5.6.1 Água
O abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo envolve um grande e complexo sistema de distribuição de água, que inclui diversos reservatórios e rios de dentro e fora da RMSP. Um dos oito sistemas de abastecimento, o Rio Claro, atende parte da zona leste da capital e também municípios vizinhos, como Santo André, Mauá e Ribeirão Pires. Rio Claro é o sistema com melhor qualidade de água da grande São Paulo, e alcança cerca de 1,5 milhões de pessoas, ou 7% da população abastecida pela SABESP (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) na região metropolitana.
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Os principais reservatórios do sistema, a Represa Ponte Nova e a Barragem Ribeirão do Campo, se encontram no município de Salesópolis, cerca de 70 km a leste da capital. Ambos os reservatórios são conectados à estação de tratamento água (ETA) que, posteriormente, direcionam a água aos locais de abastecimento através da adutora Rio Claro. Essa grande infraestrutura passa por cerca de 18,5 km da malha urbana até seu principal reservatório da Zona Leste, na Mooca. Em um dos trechos da adutora, onde se intersecciona com a Vila Bela, essa infraestrutura se apresenta
ciativa comprometia a qualidade da água, já que as mangueiras constantemente rasgavam e ficavam suscetíveis à contaminação. Fato importante, já que, através de relatos, sabe-se que anteriormente a falta dos serviços de saneamento básico no bairro resultou no falecimento de uma liderança local por leptospirose: Maria Soledad, morta pela contaminação da água.
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análise
em um tipo morfológico único, aflorada do solo, o que condiciona o uma barreira física ao território. Embora essa grande infraestrutura passe pelo bairro, o sistema local de abastecimento de água só foi implantado em 2010, uma conquista importantíssima, resultante das pressões e reivindicações de associações locais. Antes da água encanada, a solução encontrada se baseava em adaptações, com mangueiras ligadas às redes de distribuição existentes nos bairros vizinhos e esticadas até os lugares desejados. Contudo, tal ini-
5.6.2 Esgoto A Zona Leste de São Paulo, atualmente, conta com duas Estações de Tratamento de Esgoto (ETE), das 5 ETEs que atendem toda a cidade. São elas: ETE Pq. Novo Mundo e ETE São Miguel, ambas localizadas próximas às margens do Rio Tietê. Juntas, são responsáveis pelo tratamento de aproximadamente ??% do esgoto de toda porção Leste (IBGE 2010). No caso da Vila Bela, segundo dados da SABESP (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), 90% do esgoto do bairro é recolhido, sendo apenas ⅓ deste, tratado na ETE Pq. Novo Mundo. Os 10% restantes, sem serviço de coleta, são despejados nos córregos dos Machados, Caguaçu e afluentes próximos às casas, fazendo dos corpos d’água verdadeiros esgotos a céu aberto. A ausência de coleta e, consequentemente, a poluição dos córregos, comprometem, além do próprio ambiente, as atividades cotidianas, seja pela possível transmissão de doenças, ou pela inutilização do rio como recurso natural a favor das pessoas, que poderia ser associado a atividades domésticas, lazer, etc. Desde então, estritamente como medida preventiva alternativa e paliativa aos problemas de insalubridade, pequenas obras de canalização de trechos dos córregos foram realizadas, sendo estas reconhecidas pela comunidade do Vila Bela como um valor.
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5.6.3 Lixo A questão do lixo no Bairro Vila Bela, assim como em outras regiões periféricas da cidade de São Paulo, compartilham situação semelhante e colaboram para a afirmação da ideia de uma tipologia de território configurado em áreas vulneráveis: a paisagem é configurada pela ausência áreas de infraestruturas mínimas - coleta de esgoto, água encanada e coleta seletiva de lixo -, mesmo quando estas áreas estão implantadas ao lado de grandes equipamentos estruturantes, como é o caso de lixões e aterros sanitários. Entre os quatro aterros da Cidade de São Paulo, dois fazem parte da Zona Leste e estão próximos à Vila Bela: o Aterro Sapopemba, desativado desde 1986; e o Aterro CTL, ativo e sob gestão da empresa privada EcoUrbis. O primeiro encontra-se inativo (sem emissão de gases), segundo registros da prefeitura de São Paulo, e desde 2001 é utilizado pela população para práticas esportivas. Em 2014, o Plano Diretor Estratégico da São Paulo definiu a área do aterro com diretrizes para implantação de um parque urbano: o Parque Sapopemba. Em relação ao recorte do bairro, o esquema abaixo exemplifica o serviço de coleta de lixo no Vila Bela. Desde 2014, a coleta é realizado pela empresa consorciada EcoUrbis, que opera no bairro da seguinte
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maneira: em três dias alternados (terça, quinta e sábado) o caminhão da coleta percorre o bairro somente pelas duas principais ruas parcialmente pavimentadas. São elas: Peramirim e Pedro Medeiros. No caso das demais ruas e travessas, em função de situações de declividade acentuada e/ou de ausência de pavimentação, solo acidentado e presença de entulhos, a coleta do lixo só é possível pela atuação dos garis da empresa, que sobem e descem as ruas puxando os contenedores cheios até o ponto onde o caminhão fica estacionado.
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5.6.4 Iluminação Pública na Vila Bela Apesar da chegada de energia elétrica como primeira infraestrutura (ainda como gato), um sistema planejado pelo poder público chegou ao bairro, mesmo que tardiamente. A recente implantação dos postes de iluminação no Vila Bela, ocorrido no ano de 2009, representa uma das inúmeras conquistas comunitárias provenientes da pressão social por serviços de infraestrutura. O mapa de pontos de iluminação, realizado segundo os dados levantados pela PMSP (2014), ilustra as áreas contempladas pelo serviço de iluminação e, ao mesmo tempo, torna evidente as áreas ausentes, seja pela omissão do poder público, seja por ordens de organizações e grupos informais de gestão territorial.
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Mapa de Iluminação Pública - Vila Bela
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5.7 Equipamentos O levantamento de equipamentos públicos tem o foco em cinco grandes setores: saúde, educação, cultura, esporte e lazer. Em cada uma dessas áreas ainda há uma subdivisão que considera as características de cada equipamento e também o raio de abrangência do mesmo. Compreender essas relações de abrangência populacional e espacial dos diversos tipos de equipamentos é extremamente importante quando se fala das condições socioespaciais em qualquer território de vulnerabilidade. Esta é uma região onde a maioria da população é jovem, de baixa escolaridade, baixa renda e que necessita exclusivamente dos serviços públicos oferecidos em todas os cinco setores citados acima. Na Vila Bela, especificamente, além desse cenário geral de desassistência dos serviços públicos, há também um outro ponto, antecedente à situação dos equipamentos: a questão fundiária que envolve o bairro desde seu surgimento. O processo de regularização da terra ainda perdura, o que impede que qualquer tipo de equipamento público seja instalado dentro do perímetro do bairro. Esse cenário jurídico fez com que escolas, creches e postos de saúde fossem instalados nas bordas da Vila Bela, em bairros vizinhos que já tiveram as questões fundiárias resolvidas, criando uma “murada de eq-
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uipamentos” ao redor do bairro. No entanto, essa distorção na implantação dos equipamentos acaba acarretando em uma sobrecarga das estruturas existentes, já que os territórios vizinhos são populacionalmente muito densos e possuem características socioespaciais semelhantes, ou seja, também necessitam exclusivamente dos serviços públicos. Quando se avalia separadamente cada setor é possível tirar algumas conclusões: no caso da saúde por exemplo, o equipamento de uma escala mais próxima como as Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou o Ambulatório Médico de Especialidades (AME) são insuficientes para a densidade populacional dessa região. Mesmo os equipamentos de maior escala, como o Pronto Atendimento (PA) de São Mateus e o Hospital São Mateus, apesar de estar associado a uma estrutura de transporte, não é suficiente para atender a população de aproximadamente 427 mil pessoas que mora na região administrativa da Prefeitura Regional de São Mateus, onde a Vila Bela está inserida (Censo 2010). O caso da educação não é muito diferente, os Centros de Educação Infantil (CEI), as Escolas Municipais de Ensino Infantil e Fundamental (EMEI e EMEF) e as escolas de ensino médio não dão conta
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anรกlise
CEI Existente
da demanda do bairro, já que as principais faixas etárias do bairro são de crianças e adolescentes. A situação é ainda pior quando se analisa os ensinos profissionalizantes, técnico e superior: só há uma escola técnica pública na Prefeitura Regional de São Mateus e a única instituição de ensino superior é particular: a Faculdade Sumaré. A universidade pública mais próxima atualmente não é a Universidade de São Paulo (USP-LESTE), que teoricamente atenderia a região, mas sim a Universidade Federal do ABC (UFABC) localizada no município de Santo André. Recentemente a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) inaugurou o campus Zona Leste, próximo à Vila Bela, voltado aos estudos referentes às cidades, o Instituto das Cidades. Mesmo em fase de implantação, tendo neste momento somente cursos de especialização e extensão, o campus foi mapeado. Na cultura e no esporte, os únicos grandes equipamentos que abrangem as duas áreas são os Centros Educacionais Unificados (CEUs) de São Mateus, Iguatemi e São Rafael, sendo este último, o mais próximo da Vila Bela. Além dos CEUs, há também os Clubes da Cidade, Centros Esportivos e Casas de Cultura, sendo todos dispersos e longe da Vila Bela. O espaço cultural de referência mais próximo é o Sesc Itaquera, cerca de 8 km de distância do bairro. Nem mesmo as áreas verdes, que eventualmente poderiam ser consideradas espaços de cultura e lazer, têm qualidade para receber esses programas. Os dois grandes parques da região, o Parque Jardim Conquista e o Parque do Aterro Sapopemba, caracterizam-se mais como grandes vazios urbanos do que como um equipamento público.
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EMEF Existente
UBS Existente
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5.8 Sistema de espaços livres: tecido urbano No processo de consolidação espacial da Vila Bela, a necessidade por habitação foi tão presente que resultou em morfologia inerente ao território. Podemos citar vias extremamente estreitas, ladeiras acidentadas, ocupação de Áreas de Proteção Permanente (APPs) e praticamente nenhum espaço coletivo como função principal - se comparado a cidade formal e infra-estruturada -. O cenário é de casas amontoadas e muita gente com raras oportunidades.
No âmbito espacial, a caracterização das tipos morfológicos de quadra existentes (Figura 2), como subcategoria de análise dos espaços livres, ilustra as diferentes formas de ocupação do espaço e consequentes configurações de vazios. Fruto deste retrato hostil, a coletividade se resume ao urgente e, muitas vezes, ao que está da porta para dentro.
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análise
Logo, estes espaços foram categorizados por suas dimensões, ações e atividades existentes, bem como aspectos físicos, como a geomorfologia do terreno e o arruamento existente, aspectos sociais e espaciais. A exemplo dos espaços sociais, ressalta-se a relevância do mapeamento cronológico, assim como a densidade habitacional, favorável ao entendimento e reconhecimento de como o lugar é ordenado, podendo também ser interpretado como “momentos” da ocupação.
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tipo I tipo II tipo III tipo IV tipo V tipo VI tipo VII tipo VIII tipo IX tipo X
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anรกlise
Mapa de tipologia de tecido urbano - Vila Bela
Tipo 1 Área majoritariamente comercial associada a Av. Sapopemba, possuindo média densidade construtiva, com edificações de grande porte (galpões) intercaladas a grandes vazios intra lote, arruamento não definido, conformação de vielas e poucas ruas de acesso;
Tipo 2 Área lindeira a cursos d’água, eventualmente também próxima à adutora Rio Claro, possui alta densidade construtiva, com edificações de pequeno porte e sem áreas livres, seu arruamento não é definido, existindo assim a conformação de vielas e poucas ruas de estruturação;
Tipo 3 Área sobre o traçado da Adutora Rio Claro em seu trecho aterrado, possuindo média densidade construtiva, com edificações de pequeno porte e vazios entre lotes (arborizados e de alta declividade), apresentando um arruamento bem definido;
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Tipo 4 Área a sudoeste da Rua Peramirim, onde há alta densidade construtiva com edificações de pequeno porte e sem áreas livres, seu arruamento é bem definido com eventuais interrupções do viário, devido à alta declividade da área. A conformação urbana vai em desencontro a geomorfologia, com vias sobrepostas aos espigões e linhas de drenagem, conformando uma tipologia côncava de urbanização;
Tipo 5 Área a leste da Rua Peramirim, próxima a Av. Jacu Pêssego, configura alta densidade construtiva, com edificações de pequeno porte e sem áreas livres. Como a maior parte dos vazios são passíveis de ocupação, percebe-se o movimento espontâneo de novas construções. O arruamento é bem definido, contínuo e orgânico em conformidade a geomorfologia local;
Tipo 6
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análise
Área a nordeste da Rua Peramirim, com um dos limites voltados ao Parque Jd. Conceição, obtém alta densidade construtiva, com edificações de pequeno porte e sem áreas livres. Possui arruamento bem definido, contínuo e reticulado, porém sem conformidade com a geomorfologia.
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2
2
plano
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6. Diretrizes O trabalho se pauta, inicialmente, em proposições sobre como fazer aquele lugar se conectar à cidade. Não só estar ali fisicamente, mas pertencer ali, ser dali. Assim, parte-se para um processo de reconhecimento de potenciais existentes, assim como a ressignificação de atores presentes neste cenário, cujo protagonista é o próprio território. Tais ações acontecem nas diferentes escalas ao mesmo tempo. O sistema de espaços livres, como um todo, tem enorme potencial para conexão de pontos importantes, o que gera ações de reaproveitamento da estrutura existente, assim como de releitura de espaços subestimados ou subaproveitados, em um processo sistêmico de ressignificação de lugares e hábitos. Os ambientes naturais que sobreviveram ao processo de urbanização agressivo e descontrolado, aqui
Jardins comunitários
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são valorizados, com a intenção de enxergá-los como bem, e não mais como barreira ou quaisquer aspectos negativos. Isso se dá tecnicamente a partir da proposição de meios alternativos de manejo de resíduos sólidos, por exemplo, mas também culturalmente uma vez que se fomente a apropriação dos bens naturais enquanto melhora da qualidade de vida, através do equilíbrio na relação do ser humano com os mesmos. Da mesma forma, busca-se explorar novas formas de encarar as dinâmicas socioespaciais do território, através de meios alternativos de mobilidade urbana, adequando-os ao tecido urbano, além de iniciativas que fortaleçam o senso de coletividade e de pertencimento, como as oficinas e mapas de talento, hortas comunitárias e programas para a economia solidária no bairro a ser explicados mais à
Acesso ao trabalho
Composteiras comunitárias
Economia solidária
por um lugar de construção coletiva, enxergando o projeto como estratégia de luta. Por fim, acredita-se que os potenciais de mudança estão no próprio território, que é personagem principal em todas as ações. As pessoas que nele têm seu chão, a partir do momento em que se encontram inseridas em redes urbanas eficientes seja de mobilidade, infraestrutura ou mesmo ambientais -, fortalecem o senso de comunidade. Enxergando-se como parte da cidade, os moradores locais são capazes de compartilhar suas existências coletivamente, gerando hábitos e afetos praticados na própria cidade. Esta, que as proposições da arquitetura e do urbanismo fundamentadas no território e seus agentes participativos transformaram em um palco apropriado para a constituição e prática da cidadania.
Cooperativas de reciclagens
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plano urbano
frente. No sentido que a propriedade da terra esbarra em direitos sociais condicionando a reprodução da vida à legitimação e reprodução da propriedade o trabalho aplica a hipótese do que intitulamos “posse coletiva”. A posse coletiva dar-se-á por acordo no qual todos os moradores do bairro serão os responsáveis legais por esse lugar e, portanto, os mantenedores da vida, dos espaços públicos e da comunidade. A arquitetura e o urbanismo aqui investigados, então, são práticas capazes de constituir subsídios às necessidades da comunidade, como resistência perante à falta de direitos mínimos de qualidade urbana, como ferramenta colaborativa no combate à desigualdade socioespacial e na busca
7. Eixo Jacú-Pêssego Baseado nessas premissas do projeto, o eixo Jacu-Pêssego é entendido como ponte de ligação da Vila Bela com a infraestrutura existente que a cerca na Zona Leste. Para tanto, o eixo recebe a proposta de um novo fluxo ferroviário, aproveitando o leito existente para otimizar o transporte em massa de pessoas e cargas na Zona Leste e da RMSP. O percurso, de aproximadamente 25km de extensão, conecta, ao extremo norte, o Rio Tietê e a Rodovia Ayrton Senna, junto ao projeto do Hidroanel da Metrópole Fluvial, e ao extremo sul, a atual linha férrea de Mauá (antiga Santos-Jundiaí), que, em seguida, se liga também ao Rodoanel Mário Covas e à proposta do Ferroanel.
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EIXO EIXO JACU JACU PÊSSEGO PÊSSEGO PARA PARA TRANSPORTE TRANSPORTE DE CARGAS DE CARGAS
itaqueraitaquera
linha 12linha cptm12 cptm
linha 3 metrô linha 3 metrô linha 11linha cptm11 cptm
são miguel são miguel
itaqueraitaquera
cidade tiradentes cidade tiradentes
cidade tiradentes cidade tiradentes linha 15linha metrô 15 metrô
são mateus são mateus
mauá mauá
linha 10linha cptm10 cptm
são mateus são mateus
mauá mauá
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plano urbano
são miguel são miguel
rio tietêrio tietê
JACU PÊSSEGO
JACU PÊSSEGO
rio tietêrio tietê
JACU PÊSSEGO
JACU PÊSSEGO
EIXO EIXO JACU JACU PÊSSEGO PÊSSEGO PARA PARA TRANSPORTE TRANSPORTE DE PESSOAS DE PESSOAS
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da conclusão das obras da linha 15-Prata e também da expansão da linha 3-Vermelha até a Avenida Jacu-Pêssego, que já fazem parte do plano de expansão do governo estadual de São Paulo, mas que estão atrasadas. Quanto ao transporte de cargas, o projeto pontua cinco estações estratégicas para Zona Leste, levando em consideração a forte presença de indústrias, o mercado consumidor que essa região representa e também os equipamentos infraestruturais ali instalados. No extremo norte do eixo, a estação próxima ao Rio Tietê, tem papel importante na conexão com o projeto da Metrópole Fluvial - Hidroanel, com o polo petroquímico e a estação tratamento de esgoto (ETE) de São Miguel. Outras três estações fazem conexões respectivamente, de norte a sul, com o Polo Tecnológico São Paulo Leste, o aterro sanitário CTL e o polo petroquímico de Mauá. A última
estação se posiciona no entroncamento da linha férrea de Mauá, com o Rodoanel Mário Covas e o projeto do Ferroanel. Esta proposta pretende atender a demanda de transporte generalizado de pessoas, cargas, e resíduos sólidos. O eixo está associado a uma malha ferroviária que interliga o aeroporto de Guarulhos, o porto de Santos e também outros pontos do Hidroanel, trabalhando assim com conexões metropolitana, estadual, nacional e internacional. Do ponto de vista operacional, todo o trajeto do eixo Jacu-Pêssego se implantará pela subtração de faixas de rolamento da via expressa para construção do novo eixo ferroviário. Assim, foram levantados todos os tipos morfológicos da via em questão, para que fossem elaboradas propostas de implantação do leito férreo. O mapa a seguir mostra a extensão de cada um dos três trechos e como eles serão implantados:
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plano urbano
Em relação ao transporte de passageiros, o eixo possui dezoito estações pontuadas junto às centralidades e aos principais equipamentos da Zona Leste e de outros municípios em seu entorno, como os distritos de São Miguel Paulista, Itaquera, o Parque do Carmo, o Instituto da Cidade e Mauá. Entre as estações, quatro fazem conexões com outros importantes vetores de transporte da metrópole, como a linha 12-Safira (CPTM), a linha 3-Vermelha do Metrô, a linha 11-Coral (CPTM), a linha 15-Prata (Metrô-Monotrilho) e a linha 10-Turquesa (CPTM). As demais estações foram instaladas de acordo com a densidade populacional, os limites técnicos de distância entre paradas e também as próprias dinâmicas de cada região, considerando as vias existentes como possíveis vetores de transporte coletivo, como rotas de ônibus, BRTs (Bus Rapid Transit) e VLTs (Veículo Leve sobre Trilhos). É importante ressaltar que o projeto parte da premissa
Cortes propostos
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Mapa trechos
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8. Entre o ambiental, o rural e o urbano
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8.1 Instituto do campo
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Margeando a Avenida Jacu Pêssego há a proposta de um novo campus da Unifesp, o Instituto da Cidade, que será voltado a tratar sobre os assuntos referentes às urbanidades da contemporaneidade. Cria-se, então, uma díade para tratar do território, este que é tão plural, a partir da proposição do Instituto do Campo: uma iniciativa que pretende investigar os temas relacionados à presença de atividades agrícolas nas cidades, assim como agir em direção ao equilíbrio das esferas ambiental, rural e urbana. Essas áreas têm uso institucional, com ensino técnico e superior e uso habitacional, que se desenvolve em dois momentos: nas tipologias de moradia estudantil, onde a posse da terra e da edificação são do Instituto e
as vilas agrícolas, em que a posse da terra é do Instituto e a da edificação é do morador. Além disso, o uso para produção agrícola coletiva é desenvolvido na forma de agroflorestas e agricultura orgânica familiar, em que os beneficiados são tanto os moradores, quanto os alunos e o Instituto, sendo os produtos usados para comercialização, uso próprio e estudos e pesquisas, além de pecuária sustentável para subsistência. Nesta área é proposto que a terra seja de propriedade do Instituto e tenha diferentes usos. Parte dessas terras são voltadas especificamente para preservação da fauna e flora, sendo alocado nas pré-existências de grande massa de vegetação de grande porte, ou seja, remanescentes de
Os aterros sanitários que estão dentro desta área são utilizados como apoio para o Instituto: o Aterro Sapopemba, usado como berçário de mudas por conta do tempo de desativação já permitir atividades nesta área, além proximidade com o tecido urbano consolidado; o Aterro CTL, ainda ativado, terá os gases liberados transformados em energia, para uso interno da instituição, sendo este o uso mais apropriado para essa matriz energética.
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Mata Atlântica e mata ciliar dos rios e córregos existentes. As áreas classificadas como rurais são voltadas para o desenvolvimento e produção agrícola sustentável com construções e usos de baixo impacto ambiental.
8.2 Sistema de espaços livres O projeto, se desenvolve a partir da ressignificação de remanescentes da infraestrutura existente, assim como de bens naturais subvalorizados. A avenida Sapopemba, por exemplo, é uma via arterial que estrutura a Zona Leste de São Paulo, conectando pontos importantes da região. Porém, se configura cada vez mais como uma via pensada para o automóvel, priorizando-o ao invés dos pedestres e das relações interpessoais do cotidiano. Assim, propõe-se a construção de uma linha terrestre de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), cujo traçado é naturalizado
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com vegetação, integrando os espaços de circulação de pedestres e dos veículos, além de priorizar o transporte coletivo. Este novo implemento evoca a mobilidade urbana por meios coletivos, conectando outros equipamentos à cidade, como o Terminal São Mateus - que por sua vez, se liga à Linha 15-Prata (Monotrilho) -, o CEU São Rafael, a avenida e o novo eixo férreo Jacu-Pêssego e a proposta do Instituto do Campo. Além disso, intersecciona outros elementos do Sistema de Espaços Livres, como a adutora que passa pela
Vila Bela, do Sistema Rio Claro, e o córrego Caguaçu. Este integra o sistema de corpos d’água do bairro junto às propostas de renaturalização dos córregos, que requalificam suas margens, integrando-as ao convívio humano. Nas margens dos corpos d’água, os acontecimentos do cotidiano são abrigados através de passeios, ciclovia, espaços para brincadeiras, jogos e estabelecimentos para trocas comerciais e vendas, assim como a recuperação de áreas ambientais. A proposta para a adutora se dá da mesma forma: integrando-a à cidade
por meio da proposição de espaços que permitam o desenvolvimento das relações de cidadania. A abordagem para o Sistema de Espaços Livres, como um todo, é um modelo de releitura de áreas de vulnerabilidade social, que, regidas pela urgência de morar, ocupam e adensam espaços que, aos poucos, perdem a capacidade de abrigar cidadãos. Dessa forma, busca-se aplicações que potencializam espaços subutilizados e desprezados, se aproximando do formato de cidade que se busca.
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A avenida Sapopemba é uma via de grande porte, atualmente voltada para a circulação de veículos motorizados, com menores possibilidades para o fluxo de pedestres. Apesar de importante na ligação da porção mais central do município à Zona Leste, ainda se encontra bastante desconectada dos moradores de bairros como o Vila Bela. Assim, a proposta da implementação de um VLT conecta a Estação São Mateus (linha 15-Prata do Monotrilho) ao Instituto do Campo, margeando
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também o CEU São Rafael e uma das estações ferroviárias localizadas no eixo da Jacu-Pêssego. Trata-se de uma articulação entre bairros da Zona Leste, seu sistema de espaços livres e outras linhas de transporte público, de forma a facilitar a mobilidade, bem como melhorar a qualidade de vida das pessoas que utilizam os meios de transporte oferecidos agora. A escolha pelo VLT se dá por sua eficiência e melhor integração com o entorno, áreas livres de
lazer e área rural (localizada no Instituto do Campo). Os contornos atuais da Avenida Sapopemba (mantidos na proposta do novo modal) encontram em três pontos com o eixo da Adutora e cursos d’água da Vila Bela, os quais contam com passeios, ciclovias e espaços coletivos de permanência. As paradas do modal se aproveitam destes espaços, assim como permitem uma cobertura vegetada ao longo de todo seu trajeto, fato que auxilia no aumento da permeabilidade do solo.
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8.3 VLT: Av. Sapopemba
Proposta - VLT Sapopemba + adutora
Proposta - Desenho para adutora rio claro
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projeto
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9. Casa Pública
A categorização dos espaços, então, não se dá por uma única perspectiva. Os lugares constituídos nas favelas são consequência de uma sobreposição de camadas onde deve-se “(...) atentar para as práticas espaciais atuais permitirá identificar possibilidades de planejamento e gestão do território, superando o dilema entre a visão saudosista das qualidades da cidade tradicional e uma posição liberal afirmativa das benesses da eficaz gestão privada dos espaços urbanos.” (QUEIROGA, 2006, p.132). As questões norteadoras do trabalho estão entre o social e o ambiental, ou seja, espaço público como capacidade de infraestrutura e de vivência coletiva, aproveitando as oportunidades não edificadas junto a córregos e vegetação remanescente, por exemplo. Desta forma, ele se coloca como uma plataforma para as necessidades, desejos e melhoria da qualidade urbana-ambiental. A partir desta metodologia entre totalidade e lugar, o projeto repara, no sentido do olhar atento para os espaços de maneira não impositiva e redutora frente às ações dos lugares.
O teor não programático do trabalho é desejado e importante, por procurar se inserir em um processo participativo, mesmo que incipiente, partindo da aproximação com lideranças políticas atuantes na Vila Bela desde seu início. A evidência da contraposição entre público e privado parte da premissa da Casa Pública, entendendo alguns programas domésticos como infraestruturas públicas: banheiros, chuveiros, cozinhas, lavanderias e varais coletivos. Pontuando-os ao longo do trajeto e, posteriormente, enxergando-os como infraestrutura sistêmica, o projeto reforça o caráter híbrido desses espaços por meio da implantação de tais programas em vazios remanescentes, assim como em lajes e coberturas das habitações. A rua é elegida como culminância da interação social e da noção de público, dentro de um contexto de relações híbridas. Ela passa a ser não só caminho, e não é apenas a casa, o abrigo. É preciso, então, reencontrar o sentido desses espaços, que são, na sua medida, lugares de coletividade e sociabilidade com interfaces ambientais, uma vez que a compreensão de abrigo e de público se expandem e se interconectam, ao mesmo tempo que a noção de casa também o faz. Assim, a cidade se transforma em uma grande casa pública, de fato, como Aldo van Eyck propõe (1962): “faça de cada coisa um lugar, faça de cada casa e de cada cidade uma porção de lugares, pois uma casa é uma cidade minúscula e uma cidade é uma casa enorme.”
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O espaço das favelas, em sua maioria, é configurado pela urgência da moradia, e é na sobreposição das construções no território que surge o que seria o espaço público. Contudo, as dinâmicas socioespaciais destes lugares fazem com que o limite entre o que é espaço público e privado se coloque de forma tênue, podendo ser subvertido a qualquer momento. A favela se apropria dos espaços disponíveis enquanto estes se fazem necessários, seja para moradia ou atividades do cotidiano.
10. A Vila Bela 94
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10.1 Lugares de afeto Os vazios ainda existentes agora são palco da continuidade de relações da Vila Bela, sendo possível criar novas e potencializar as existentes, propondo novos lugares de afeto. O afeto é transversal ao pertencimento do lugar e às transformações que ele comporta, portanto, sabendo-se que o afeto em si já existe e permeia os espaços, ele é determinante. O estímulo para o estabelecimento de relações afetivas entre as pessoas propicia o surgimento da confiança e do cuidado mútuo, elementos que alimentam e fortalecem o trabalho coletivo, garantindo o espaço e a relação adequada para a expressão das melhores e mais profundas aspirações que todos temos. O projeto entende o afeto deve estar ligado a todas as ações, sejam elas relacionadas à pessoas, lugares ou memórias. Dessa forma, esses novos lugares partem de uma premissa não programática, em que a comunidade será parte estrutural de um processo participativo de elaboração e produção dos mesmos, a fim de criar recordações e que elas sejam firmes e consolidadas por meio da participação. A pontuação destes novos palcos para o afeto estão ligados a proximidade física com a população, a abrangência e o tamanho do espaço. Eles estão colocados dispersos em toda Vila Bela, formando uma rede de afeto, uma colcha de retalhos, onde cada um é parte do todo. Acontecem em pequenos lotes ainda vagos e espaços remanescentes, possíveis para espaços públicos com a intersecção infraestrutural, ambiental e social, onde se entende a cidade a serviço das pessoas.
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Mapeamento de espaรงos livres
10.2 Deslocamentos e transportes Aproximando a análise de proposta modal relacionada à hierarquia viária para a escala local do bairro, foram identificadas três tipos de calhas viárias, com características geomorfológicas específicas, as quais induzem e identificam os padrões e propostas de mobilidade. São elas: bolsões de ônibus, tuc-tucs e plataformas elevatórias. O primeiro tipo de calha viária localiza-se nos dois fundos de vale do bairro, próximas ao Córrego Caguaçú e o Córrego dos Machados. Essas duas vias têm como proposta a ampliação das calçadas ou construção onde a mesma encontra-se inexistente. São as únicas vias compartilhadas com veículos, como ônibus, carros individuais e caminhões para a coleta de resíduos. Além disso, as linhas de vale dadas pelos dois córregos presentes no bairro recebem também o uso cicloviário associado às linhas d’água da cidade, associadas aos sistemas de espaços livres. O segundo tipo de calha percorre a linha de festo do bairro, a rua Paramirim; caracteriza-se por ser uma via compartilhada, com pavimento único, entre pedestres, ciclistas e tuc-tucs, ele garante o transporte público eficiente dentro do bairro, favorecendo os moradores à optarem por meios alternativos de mobilidade urbana, desestimulando o uso de veículos individuais. No caso dessa via, por se tratar de uma rua compartilhada não há o transporte individual de veículos. O terceiro tipo de calha faz a ligação perpendicular de fundo de vale à linha de festo. Devido à declividade acentuada, as vias apresentam plataformas elevatórias que garantem a acessibilidade e a coleta do lixo, fazendo a conexão direta com os tuc tucs, sistema de coleta de lixo e também as ciclovias já citadas acima.
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Corte viário esquemático - Rua Pedro Medeiros
Corte viário esquemático - Rua Peramirim
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Corte viário esquemático - Rua Frutos de Maio
10.3 Resíduos A coleta do lixo está alinhada às redefinições viárias do transporte coletivo. Essas vias contam com lixeiras recicláveis e de rejeitos enquanto as vias locais recebem lixeiras adaptadas para compostagem de lixo orgânico. Para o recolhimento, são propostos veículos do tipo tuc-tucs nas ruas mais estreitas do bairro, onde não é possível o acesso com caminhões. Quando percurso é prejudicado devido à declividade, são propostas as plataformas elevatórias já citadas que, além de viabilizar a coleta de resíduos em casos extremos, transformam a dificuldade de caminhar num percurso agradável e acessível a todos. Além da nova rota e mecanismos de transporte dos resíduos, a proposta visa também o gerenciamento desses resíduos, com a criação de uma cooperativa do Vila Bela de forma que exista desde o trabalho de coleta e triagem até futuros trabalhos de reutilização, oficinas, parcerias com o instituto do campo e venda desses materiais, podendo até mesmo financiar a implantação das plataformas elevatórias.
10.4 Equipamentos A leitura dos deslocamentos e adequação de instrumentos de mobilidade orienta diretrizes para sistemas integrados que, articulados aos espaços livres locais e às demandas da Vila Bela, implicam na proposição de equipamentos que partem dos aspectos sociais, físicos e espaciais. Desta forma, são propostas duas escolas com escalas diferentes. Uma se mistura ao tecido urbano no cruzamento das ruas Pedro de Medeiros e Frei Damião, tendo como intenção estar mais próxima as relações cotidianas e as pessoas da comunidade, enquanto a outra, na Travessa Airton Senna, abriga mais pessoas, não só da Vila Bela, mas suprindo a carência de toda aquela região. É proposto também a implantação de um posto de saúde na Rua João Gilmar, cujo raio de influência atende toda a área de interesse. Por último, o campo de futebol, reivindicado pela comunidade, agora é potencializado como um equipamento de lazer acolhedor e lúdico.
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Proposta - trajeto da coleta de resĂduos
O córrego Caguaçu e a adutora também apresentam vocação e possibilidade de proposição de espaços públicos qualificados em um processo de ressignificação de elementos vistos como barreiras. Para tanto, neles são propostos passeios, ciclovias, espaços de permanência, lugares para feiras e trocas comerciais, assim como micro equipamentos esportivos e de lazer alocados como forma de instalações, áreas de piscina, varais e banheiros públicos. Estes revelam, ainda, grande potencial para integrar o sistema de conexões proposto, recebendo ciclovias e caminhos associados ao fluxo. Como os grandes equipamentos, o projeto olha e repara - reparar na perspectiva do olhar atento -, para os vazios e para as pessoas. Assim, a hipótese de redefinição de vazios residuais intra-quadras como espaços públicos de uso coletivo, da escala da vizinhança, reconhece e garante os vazios como espaços livres, públicos e que, ao serem qualificados, podem configurar microssistemas de infraestrutura - cisternas coletivas, tratamentos alternativos de esgoto, bebedouros públicos, banheiros, cozinhas e lavanderias também coletivas e outros, consolidando-os como instrumento de garantia e legitimidade dos espaços públicos (casa pública). Considerando a escala de cada caso, a diretriz dada a esses espaços é a apropriação deles como espaço público coletivo associado às questões ambientais que os envolvem, conectando-os às propostas de mobilidade em diversas escalas - de passeios públicos qualificados a eixos de transporte coletivo.
Proposta equipamentos de saúde
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Proposta equipamentos de educação
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Mapeamento das propostas - Vila Bela
11. Desenho urbano As leituras territoriais e a hipótese de análise sistêmica (entre território e metrópole) desenhada ao longo do trabalho confluem na definição de um recorte projetual exemplar como possibilidade urbanística e arquitetônica de configuração espacial. Trata-se da transição das hipóteses teóricas na ação concreta, definida pelo projeto: Instrumentalizar o projeto para que então a relevância sobre a abordagem do lugar no planejamento urbano se torne evidente. Nesse contexto, o desenho urbano é o ensaio de projeto, na iniciativa de articular os aspectos necessários para as atividades cotidianas e as questões ambientais pela garantia do espaço público e o reconhecimento do lugar na cidade. A escolha do recorte recorre à afirmação dos espaços públicos como meio fundamental da vida coletiva: A travessa (Travessa Roberto Dinamite) onde o processo de ocupação se deu ao longo do curso do córrego e configurou uma relação intrínseca entre os aspectos ambientais e sociais, ou seja, um espaço livre e público, resultante da preexistência do rio e da ação da necessidade do morar.
11.1 Pisos, caminhos e permanências Ao tratar o desenho urbano de forma exemplar, muito se pensou sobre a criação de fluxos pedonais e caminhos alternativos ao longo das travessas e vielas. O recorte escolhido é uma amostra de possibilidades para a sistematização desta metodologia ao longo do bairro. A potência da travessa escolhida, e de todas as outras presentes no bairro, é a presença dos alargamentos dessas estreitas passagens nos cruzamentos com as demais ruas, algo que o grupo chamou de “Nós”. Nesses nós chegam os tuc-tucs e as plataformas elevatórias, e o que gera movimento, encontros e uma ligação dessas estruturas de transporte e das próprias pessoas. Para conformar tal espaço foram definidos diferentes tipos de pisos que criam diversas situações de uso e necessidades públicas. São eles o de pas-
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sagem, o de permanência e o de drenagem.
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Sendo assim, o primeiro tem como intuito favorecer o ideal de mobilidade tratado durante o todo o plano urbano e também fortalecer as relações intra bairro. Já o segundo, procura estabelecer pequenos espaços de vivência comunitária (lugares de afeto) além de buscar uma aproximação e evidenciar o rio como uma força natural preeminente. A drenagem é composta, além de um piso completamente permeável, de tanques alternativos de tratamento e saneamento das águas.
Implantação - Recorte de desenho urbano - Proposta
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Corte esquemรกtico - Drenagem em rua inclinada
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11.2 Saneamento O saneamento é resolvido do modo convencional, integrado a formas alternativas de tratamento, através de jardins filtrantes e tanques de evapotranspiração, enquanto a drenagem é trabalhada por meio de jardins de chuva. Tais alternativas garantem a autonomia e se apresentam, também, como formas de resistência atuantes na fragmentação de grandes infraestruturas, visto que estas são constantes problemáticas territoriais das cidades.
11.2.1 Jardins de chuva Ao tratar o desenho urbano de forma exemplar, muito se pensou sobre a criação de fluxos pedonais e caminhos alternativos ao longo das travessas e vielas. O recorte escolhido é uma amostra de possibilidades para a sistematização desta metodologia ao longo do bairro. A potência da travessa escolhida, e de todas as outras presentes no bairro, é a presença dos alargamentos dessas estreitas passagens nos cruzamentos com as demais ruas, algo que o grupo chamou de “Nós”. Nesses nós chegam os tuc-tucs e as plataformas elevatórias, e o que gera movimento, encontros e uma ligação dessas estruturas de transporte e das próprias pessoas. Para conformar tal espaço foram definidos diferentes tipos de pisos que criam diversas situações de uso e necessidades públicas. São eles o de passagem, o de permanência e o de drenagem.
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Sendo assim, o primeiro tem como intuito favorecer o ideal de mobilidade tratado durante o todo o plano urbano e também fortalecer as relações intra bairro. Já o segundo, procura estabelecer pequenos espaços de vivência comunitária (lugares de afeto) além de buscar uma aproximação e evidenciar o rio como uma força natural preeminente. A drenagem é composta, além de um piso completamente permeável, de tanques alternativos de tratamento e saneamento das águas.
RESPIRO DE GASES
CAMADA VEGETAL
SUBSTRATO CAMADA POROSA TIJOLOS PERFURADOS
Corte esquemático - Situação 1 Det.1- Tanque de Evapotranspiração
CAMADA VEGETAL
CAIXAS DE RETENÇÃO DE GORDURA SAÍDA DE ÁGUA
AREIA
Corte esquemático - Situação 2
CAMADA POROSA
Det. 2 - Jardim filtrante Corte esquemático - Situação 3
MATERIAL VEGETAL
COBERTURA DE CASCALHO SOLO FÉRTIL CANO PERFURADO
AREIA
CANAL DE DRENAGEM
Det. 3 - Jardim de chuva
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Corte esquemático - Situação 4
11.2.2 Jardins filtrantes Essa alternativa para o tratamento de águas cinzas (pias, tanques e chuveiros) foi implantada ao longo do recorte trabalhado no projeto. É, portanto, uma alternativa de tratamento de esgoto para as residências localizadas ao longo da margem do córrego, que anteriormente utilizavam o leito d’água como esgoto. O jardim filtrante é composto basicamente por areia, pedras e plantas aquáticas. A água cinza da residência direcionada para esse jardim forma um pequeno lago. As plantas realizam, assim, o tratamento dessa água. Sua manutenção é muito simples, uma vez que este elemento contribui com a sustentabilidade do meio ambiente e ainda traz harmonia paisagística.
11.2.3 Jardins de evapotranspiração Trata-se de um sistema fechado, onde a água tratada não escorre ou segue para nenhum outro tipo de tratamento. Os resíduos sólidos são absorvidos pela terra e transformados em nutrientes para as plantas. A água que é utilizada no sistema evapora da terra ou através da transpiração das plantas, voltando limpa ao ambiente.
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Para que isso aconteça, as águas do esgoto sanitário escorrem para uma espécie de cápsula de tijolos de barro perfurados que são responsáveis pela retenção do resíduo sólido até sua sedimentação. Através desses furos, a água sobe (de acordo com o a capacidade e evaporação) e é filtrada por uma camada porosa que pode ser composta por pedriscos, cascalhos ou outros materiais que impeçam a passagem de resquícios sólidos. O líquido chega então a uma camada de substrato que irá nutrir as bananeiras e voltar essa água para a natureza a partir da transpiração.
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1 - espaรงo de trocas
3 - encontro das รกguas
5 - entrelajes
2 - memorial maria soledade
4 - morada do ser
6 - abrigo expressar
7 - praça dos varais
9 - bosque da conquis
8 - casas da saúde
10 - chão de giz
11 - casa do pouso
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1. Espaço de trocas
Rodrigo de Azevedo
Espaço Trocas visa reafirmar o caráter de comunidade, reverenciando e buscando potencializar as relações de convivência e afeto, atento em respeito às esferas ambientais e sociais condicionadas ao território. A Casa Pública faz parte disso, de uma perspectiva diferente do morar, sob o espectro da coletividade, do compartilhamento como algo indissociável à cidade, em especial às favelas, que nascem coletivas pela necessidade da moradia e pela escassez.
2. Memorial Maria Soledade
José Camilo C. Júnior
O trabalho fala sobre memória e luta, perda e sonhos. Sobre uma periferia que nasce na carência, na luta. Tudo o que se conseguiu foi pela resistência a cada dia. De todas as conquistas a da água é mais marcante. É a morte de uma liderança. Uma perda pela contaminação da água. A água, algo tão singelo na sua grandeza nos mostra a relação do ser humano e natureza, relação violenta, onde um matou o outro. O projeto é uma homenagem a essa liderança e as essas lutas eternizadas na figura de Soledade. Utiliza da memória para a solidificação dessas lutas e conquistas e se transforma em possibilidades, quaisquer elas forem.
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3. Encontro das águas
Luiza P. Vaccari
O trabalho fala sobre memória e luta, perda e sonhos. Sobre uma periferia que nasce na carência, na luta. Tudo o que se conseguiu foi pela resistência a cada dia. De todas as conquistas a da água é mais marcante. É a morte de uma liderança. Uma perda pela contaminação da água. A água, algo tão singelo na sua grandeza nos mostra a relação do ser humano e natureza, relação violenta, onde um matou o outro. O projeto é uma homenagem a essa liderança e as essas lutas eternizadas na figura de Soledade. Utiliza da memória para a solidificação dessas lutas e conquistas e se transforma em possibilidades,
4. Morada do ser
Naomi D. Farinazzo
A partir do conceito da Casa Pública como hipótese do lugar da unidade na diversidade, abrigo de uma pluralidade de identidades só possível de ser imaginado através da superação da diversidade dos seus habitantes em favor desta unidade, onde a cidade é entendida como abrigo da humanidade, vinculado à ideia de habitar a cidade, já que o termo habitar está a ela fortemente ligado. O ensaio projetual Ser Morada, tem como eixo norteador o dormir dessa grande casa como símbolo do abrigo, da proteção, formada a
partir dos desejos do habitante, onde a cidade se transforma em uma grande casa para todos.
5. Entre Lajes
Marco Aurélio A. Barros
O projeto entre lajes é um espaço público localizado na Vila Bela, periferia da zona Leste de São Paulo, que busca de forma exemplar atuar em nós e conectar pessoas. A lógica arquitetônica busca valorizar os espaços criados, e orquestra-los em harmonia com o mundo e o ser, efetivando as conexões entre lajes. As lajes da favela já estão lá, os fluxos desejados já estão lá, o partido de projeto já estava lá, perceber que existe a possibilidade de formar laços em espaços que já possuem muito valor é riqueza do projeto, unir fixos e os fluxos quando os caminhos estão dados foi o desafio encarado no partido projetual, a Vila Bela é bela.
6. Abrigo expressar
Samira B. da Silva
O
que
somos
no
mundo?
“A casa é o corpo, a terra é o corpo” Lygia Clark
O trabalho busca o nosso entendimento da relação do indivíduo com a cidade e sua comunidade e como o que cada ser é, exala na construção de ambos. Compreende a importância de o único estar em plena manifestação para
7. Praça dos varais
Felipe dos Santos
A Praça é um dos espaços públicos indicados na proposta de desenho urbano (Projeto Urbano) no eixo da travessa Roberto Dinamite, e que tem como princípio ser exemplaridade concreta da Casa Pública, ou seja, de lugares públicos (reconhecidos e qualificados), resultantes da convergência entre ambiente, infraestrutura e práticas sociais atuantes e evidentes no
território, definindo unidades de paisagem local.
10. Chão do giz
8. Casas da Saúde
Trocar saberes se faz essencial na vida. Dessa forma, o programa educacional associado à rua como manifesto do pátio escolar urbano, pretende-se reconhecer vazios urbanos que darão uso aos espaços de aprendizagem e Casa Pública. Pautado no sistema da Escola da Ponte em Portugal, o projeto tem como premissa estabelecer novas relações entre espaço projetado e reconhecimento social mediante pedagogias alternativas, acreditando assim, que escolas são pessoas.
Thais de Freitas
O projeto configura-se como ato de ressignificação: da água, elemento que cura e não mais ameaça, das mulheres, símbolo de força, sinônimo de resistência do bairro e do “espaço-entre” que não mais separa, mas junta - junta os pontos, junta planos e junta gente. É olhar de dentro para fora em um diálogo entre o existente imperfeito, a água que resiste e a mulher que luta. Para tanto, se estrutura no tripé Curar - Cuidar – Capacitar: A Saúde, o Córrego e as Mulheres.
9. Bosque da conquista
Breno P. Pilot
A proposta se resume, conceitualmente, na proposição de novas abordagens em relação a valores consolidados na nossa sociedade, sobre meio ambiente, sobre vida e morte, e sobre os buracos da cidade. Na prática, se dá na ocupação de um espaço em conflito e na sua retomada para atividades coletivas e de fortalecimento da comunidade. A madeira e a terra, no fragmento de um parque, representam a transformação de conceitos e matérias, assim como o estreitamento da relação entre paisagem natural e construída.
Camila M. de Godoi
11. Casa do pouso
Higor H. Souza dos Santos
O projeto procura colaborar com as problemáticas ambientais da fauna. Um ato de respeito perante a agressividade do processo de urbanização com o habitat animal. O território reconhece sua interface urbana-rural-ambiental, produz e dissemina conhecimento, visando a recuperação de aves e animais feridos por influências humanas.
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projetos
uma boa construção social, cada indivíduo é uma luz á comunidade e sem estar bem, ninguém é possível de construir algo coletivo. A relação interior e exterior é intrínseca, só somos capazes de dar o que somos. Assim a construção indivíduo, comunidade e cidade são atadas, uma reflete a outra. A nossa formação como indivíduo e como isso é construído dentro de uma comunidade é o tema desse trabalho. É o buscar entender o que está envolvido no nosso processo de formação e existir como indivíduo no mundo. E uma das coisas importante para essa formação é nossa expressão corporal, que é com o que este trabalho irá dialogar diretamente. Assim o projeto busca dar amparo para que essa expressão corporal seja incentivada e possibilitada de acontecer, discutindo a questão do indivíduo que habita a cidade e sua comunidade, como é o exercício da vivência corporal, sensorial nosso na nossa comunidade e espaço a que pertencemos.
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