No ápice da glória

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O passado destes homens, cujas vidas se relatam neste Volume, vem credenciá-los à nossa admiração no presente e ao reconhecimento no futuro. São heróis que forjaram, com seu heroísmo e bravura, a legendária história da Brigada Militar. Heróis que mostraram sua têmpera em renhidas pugnas, arriscando suas vidas em defesa da honra e da liberdade. Os tempos mudaram. Hoje não mais os bravos arriscam suas vidas em combates fraticidas. A missão é outra, mas nem por isso menos arriscada. Os heróis da Brigada Militar continuam a dar exemplos de bravura a cada dia que passa. E são tão heróis aqueles do passado que tombaram em combate, como estes do presente que arriscam suas vidas diuturnamente, na manutenção da ordem pública e combate ao fogo. Talvez mais heróis estes, pouque são heróis anônimos, sem glpria, sem monumento, sem nomes gravados em placas de logradouros públicos, enfim, sem outro reconhecimento que o de dever cumprido. E para que estes homens da Brigada Militar de hoje tenham tranqüilidade para o desempenho de suas missões é necessária a garantia do futuro daqueles que deles dependem. E para dar essa

garantia, essa tranqüilidade, que foi criado o MONTEPIO MBM, há três décadas dando amparo à toda a família brigadiana e hoje, estendendo seu manto protetor a todos os civis, militares e, principalmente, policiais militares de todo o Brasil.


ISMAEL O. BRILHANTE

NO ÁPICE DA GLÓRIA Heróis da Brigada Militar Prefácio de Dante Laytano

Porto Alegre / 1979


??? De Ismail > Brilante, 1979

Capa João Paulo D. Carvalho

Presidiu o lançamento deste livro o Ex-governador Walter Perachi Barcellos

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ÍNDICE Interpretação da capa/ 5 Apresentação/ 7 Prefácio/ 9 Invocação/ 21 Dedicatória/ 23 Homenagem/ 25 Homenagem especial/ 27 Agradecimentos/ 29 Biografias Cl Affonso Emílio Massot/ 45 Cel Agenor Barcellos Feio/ 57 Cel Amadeu Massot/ 63 Cel Aldo Ladeira Ribeiro/ 67 Cel Anníbal Garcia Barão/ 73 Cel Aparício Gonçalves Borges/ 79 Cap Antônio Lucas de Oliveira/ 89 Cel Aristides Krauzer do Canto / 93 Tem Cel Francisco Gonçalves Varela/ 97 Cel Aristides da Câmara e Sá/ 103 Cel Augusto Januário Correia/107 Cel David José do Amaral/ 115 Ten Cel Emerenciano Luiz Braga/ 121 Ten Cel Francelino Rodrigues Cordeiro/ 129 Cel Fabrício Batista de Oliveira Pilar/ 133 Tem Cel Gregório Português/ 139 Cel Juvêncio Maximiliano de Lemos/ 145 Ten Cel Jerônimo Fernandes de Oliveira/ 151 Cel Leopoldo Ayres de Vasconcellos/ 157 Cel Manoel Gonçalves Cardoso/ 165 Cap Manoel Cristóvão Gomes/ 169 Cel Mirandolino Machado/ 175 Cel João de Deus Canabarro Cunha/ 183 Maj Jordão Alves de Oliveira/ 189 Ten Cel Utalis Lupi/ 195 Cel Orestes Carneiro da Fontoura/ 199 Cel José Rodrigues Sobral/ 205 Cel Claudino Nunes Pereira/ 207 Última Página/ 215 Esclarecimentos / 217 Agradecimentos/ 219



INTERPRETAÇÃO DA CAPA - Os raios que partem do Ápice para a terra vão iluminar os homens como uma Mensagem dos Heróis. - O marrom carregado é a base dos Heróis. - As chamas votivas que partem da Base são os Heróis que sobem ao Infinito para o Ápice. - Os raios azuis penetrando nas chamas votivas são as barreiras que os Heróis transpõem. - A escada em caracol que desliza da direita para a esquerda é o caminho percorrido pelos Heróis para chegarem ao Ápice da Glória - Embaixo, à esquerda, os desenhos em formas são as virtudes dos Heróis.

Para que não morram perdidos no tempo e no espaço, os Manes gloriosos e valentes,



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cheios de civismo e ternura de uma brava gente, é o motivo que nos levou a fazer esse trabalho, para que fiquem registrados na História e na memória da Brigada Militar, de todos os tempos, os nomes aureolados dos biografados e, para que eles, na sua grandeza, repousem eternamente no Ápice da Glória. -



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PREFÁCIO

I “1ª. Diretoria – n. 357 – Acto de 15 de outubro de 1892. Creando a Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul. O Dr. Fernando Abott, Secretário do Estado dos Negócios do Interior e Exterior, no exercício do cargo de Presidente do Estado do Rio Grande do Sul, resolve crear a Brigada Militar do mesmo Estado. A referida Brigada terá um Estado Maior, que se comporá de um Comandante, com graduação de coronel, um capitão assistente, servindo de secretário, um dito quartel-mestre geral, dois adjuntos (Alferes ou tenentes tirados dos corpos). Estes oficiais perceberão os vencimentos constantes da tabela n. 2. Formar-se-á a Brigada Militar de três corpos, sendo dois batalhões de infantaria e um regimento de cavalaria, tendo cada um o pessoal constante da tabela n. 1 e os vencimentos marcados na tabela n. 2. A referida Brigada compor-se-á também de três corpos de reserva nas mesmas condições da Força Ativa, os quais serão desde já organizados para entrarem em serviço, quando as circunstâncias o reclamarem. Até a expedição do regulamento para a mesma Brigada, reger-se-á esta pelas práticas seguidas nos regulamentos militares. Fica extinta a atual Guarda Cívica. Palácio do Governo em Porto Alegre, 15 de outubro de 1892.

Dr. Fernando Abott – Conforme. O Diretor Geral,


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Aurélio

Veríssimo de Bittencourt.

Ismael º Brilhante vem de escrever este seu livro - Ni Ápice da Glória – Heróis da Brigada Militar – com grande amor, interesse, dose imensa de verdade e um levantamento biográfico magnífico feito todo ele à luz de documentação preciosa, séria e de inestimável prestação de serviço para o estudioso e em particular para o historiador, pois é investigação única na bibliografia rio-grandense. Embora se possa falar de especialista em assuntos da Brigada Militar que evidente realizaram abordagens ótimas. Mas que são muito antigas, além de abranger um histórico propriamente dito da corporação. Ou então ficaram inéditas e de acesso dificultoso e de leitura remota. Mas, especificamente, de biografias de brigadianos ilustres é uma bela novidade que temos agora. A biografia é um gênero explorado bastante espaçadamente entre nós, não existe uma literatura senão pequena e os nomes de escritores que se dedicaram a retratar personalidades ilustres naturalmente não são tantos assim. Múcio Teixeira (1858-1928) – “Os Gaúchos – Estudo do meio Físico, do Meio Histórico, da Vida Pampeana, do Cancioneiro Popular e Síntese Biográfica dos Rio-Grandenses Ilustres” – publicado no Rio de Janeiro pela Editora Leite Ribeiro e Maurílio, em dois volumes, 1920-1921. Um clássico. Outro biógrafo – Aquiles José Gomes Porto Alegre (1848-1926), também autor de uma vasta obra em prosa e verso, além de uma intensa vida jornalística, deixou neste tema de retratos alguns livros que serviram anos e anos de subsídios aos precisados de apreciar as grandes vidas da Província – Homens Ilustres do Rio Grande do Sul (1916), Vultos e Fatos do Rio Grande do Sul (1919), Homens do Passado (1922), etc. Alfredo Ferreira Rodrigues (1865-1942), Mário Teixeira de Carvalho (1906-1945) e Otelo Rosa (1889-1956), legaram-nos encantadoras biografias, coleções utilíssimas. O primeiro viajando pelo Rio Grande inteiro colheu um material notável, o segundo visitou os melhores arquivos públicos e particulares e religiosos e escreveu a única obra que temos sobre a biografia da figuras com títulos nobiliárquicos. O terceiro deles escreveu para a Editora Globo um vigoroso livro sobre vultos da epopéia farroupilha. A atualidade literária, entre nós, aparece com alguns bons biógrafos. Claro que Aurélio Porto (1879-1945), historiador que renovou o estoque interpretativo dos documentos, encontrando os melhores acervos completamente desconhecidos para dois dos temas prediletos dos gaúchos: farrapos e missões. No primeiro caso ele desvendou o processo judiciário, e inédito por completo, que responderam os revolucionários como subversivos em 1835 e anotou em quatro admiráveis volumes contendo eruditas biografias e o mesmo com as missões dos padres jesuítas através da Coleção De Angelis que contém uma quantidade incrível de


documentos. O historiador somente pode escrever se provar o que diz, e o documento é o aval. Não copiando documentos publicados. Recriando-os com novas leituras. Mas divulgando os papéis comprobatórios da história que ainda estejam estes papéis guardados nas repartições e demais lugares incertos e não sabidos. - Antônio da Rocha Almeida (1902-1971), nos quatro volumes dos Vultos da Pátria, mais dezenas de artigos publicados no Correio do Povo, produziu uma série enorme de biografias primorosas. E Walter Spalding (19011976), com sua habitual operosidade, imensa disposição para as lides de pesquisa de documentos e uma bibliografia de acordo com seus méritos, também participa, e bem, da seara dos biógrafos, e ficaram seus três alentados volumes sobre os Construtores do Rio Grande do Sul, que é uma análise sólida dos chefes das diversas classes de trabalho e pensamento. - Ismael º Brilhante ingressa em grande forma, bem aparado com material informativo de conteúdo exato, no rol dos biógrafos. A história partindo do biógrafo, a história carlyleana que faz da figura humana o fabricante da própria história e que a personalidade são os heróis a permanecerem nas páginas do passado, distante da história quantitativa, história amorfa, história das massas, etc. e tal. Quem orienta e conduz a história são os grandes homens feitos para se sobressaírem no tempo consumido pelas estruturas alertadas, sacudidas e movimentadas. A biografia é uma auxiliar dileta da história. Não se pode dispensá-la. Nunca. Pelo contrário, a biografia é o entendimento com o agente da história, aquele que comparece para chefiar, dirigir e mandar. A biografia explica a criatura, permite colocá-la na história no seu devido lugar e é segundo a biografia que se pode reler o passado por que o fez e criou. Uma teoria defensável sem dificuldade alguma. - O autor de No Ápice da Glória – Heróis da Brigada Militar, não só traçou a biografia de figuras eminentes de nossa Brigada Militar, corporação que tem um significado dos mais notáveis na vida do Rio Grande do Sul, desempenhando não apenas uma função digna de viver sua própria glória, mas reabasteceu as raízes dos fatos que montaram a história inteira da Brigada Militar. - A linguagem correta e amena, um estilo legível e os capítulos distribuídos de maneira equilibrada e firmando-se numa linha abundante de achegas tiradas do próprio Arquivo da corporação, que permite, desta maneira, uma autenticação legitimada pelo documento. Independentemente, o autor deu-se ao imenso trabalho honesto de ouvir famílias, testemunhas e coligir e juntar material sempre no caudal das relações e clans dos retratados. O autor de No Ápice da Glória – Heróis da Brigada Militar, contou com os dois anteriores historiadores da Brigada Militar. Um antigo, que é Miguel


Pereira. E outro da nossa época que se chama Aldo Ladeira Ribeiro. Um completou o trabalho do outro. Longas pesquisas, exame cuidadoso dos acontecimentos e a soma de uma volumosa quantidade de referências, dados e notícias dos biografados. O primeiro dos autores citados foi Miguel Pereira, com seu Esboço Heróico da Brigada Militar, foi autor de importante coleta de esclarecimentos. Trata-se de um livro pioneiro. Indispensável para quem necessite de uma história real e precisa da corporação. Deve Ter lutado com dificuldade com seu livro, por razões que naturalmente são comuns em empreendimentos deste tipo, tais como deficiência de fontes, documentação perdida, outros papéis guardados tão bem que não se acham mais e daí por diante. A verdade é que Miguel Pereira assim mesmo ficou na História da Literatura do Rio Grande do Sul como historiador oficial da Brigada Militar. Sua obra é uma raridade bibliográfica e apenas encontrada numa que outra biblioteca. Uma importante obra que contribuiu para o conhecimento dos primórdios, início e começo da corporação que teve um papel destacado na vida política e militar de nosso Rio Grande do Sul. Pois é uma força auxiliar com foros de tropa regular. Sem dúvida sua formação militar vem destacada até pelas Forças Armadas do Exército Brasileiro. Durante quase um século a Brigada Militar nascida com este nome desempenhou uma atuação reguladora da vida sociológica e da vida histórica de nosso Rio Grande do Sul. Com uma posição acentuada nas revoluções de 1893 a 1964, e todas elas partindo para a defesa do poder como expressão de seu próprio sentido fiscalizador e mantenedor da ordem e da vontade dos conceitos estruturais defendidos arduamente. Aldo Ladeira Ribeiro, destacou-se, por sua vez, como o historiador que retomou o trabalho de Miguel Pereira que é o seu apreciado Esboço Histórico da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, em dois volumes, o primeiro, na primeira edição, é de 1917 e tem 636 páginas (1890-1895), e o segundo volume é de 1919, com 455 páginas. Este foi o ponto de partida de Aldo Ladeira Ribeiro. Ainda mais: tomou a obra de Miguel Pereira e reeditou em 1950 no Estabelecimento Gráfico da Brigada Militar, e num livro de 650 páginas a recheou de notas, novos estudos, atualizando-a e emprestando uma validade modernizada. Ismael º Brilhante ocupa a terceira etapa do ciclo da História da Brigada Militar, e o faz da uma maneira extraordinária. Traça com precisão o retrato mais do que perfeito da vida e da obra de cada uma da grandes figuras da Brigada. Quando Aldo Ladeira Ribeiro já as escreveu mas estavam inéditas, ele as divulga e inclui nesta sua obra, prestando desta maneira, além de um serviço enorme para que se conheçam tais textos ainda os completou com acréscimos e considerações várias. Justo que se destaque nesta passagem o que são ou foram os dois historiadores da Brigada Militar do Estado. Figuras esquecidas. Como convém aos nomes


que cuidam de tais problemas. A vida intelectual se reduz a um pequeno grupo, isto não resiste ao tempo e nomes e livros desaparecem. E muitas vezes mesmo grandes sucessos de crítica e leitores não se falam mais noutra geração que os ignora solenemente. A rapidez da vida moderna ou a calmaria da vida antiga não puderam se opor ao fenômeno do desprezo de uma época pela outra época passada. Às vezes não se trata mesmo senão de falta de conhecimento. A vida intelectual é cultivada por poucos, uma minoria, e isto some com o andar do século mergulhando no desinteresse geral. Não é uma filosofia de lamúrias. Esquecidos ou lembrados, nosso papel de pesquisar, estudar e historiador deve ser exercido. É bom procurar os que vieram antes. Ismael º Brilhante não deixou esquecer o nome de Aldo Ladeira Ribeiro. Trouxe-o de volta. E ele mesmo Brilhante levantou uma enormidade de rendosos informativos de vidas também esquecidas, mas que ao seu tempo exerceram tranqüilas o exercício merecido da glória. Que foge veloz esta glória é verdade. Aí que entra novamente o historiador, para restaurar outra vez a figura que a lei do esquecimento alcançou. Trazê-lo de retorno é uma missão que não tem nada de fácil. É o que Ismael º Brilhante está fazendo com elegância e sutilezas de espírito revisionista. O que realizaram Miguel Pereira e Aldo Ladeira Ribeiro, cada um em sua época. Ari Martins (Escritores do Rio Grande do Sul, 640 páginas, DAC/SECRS. Instituto Estadual do Livro. Co-Edições URGS, 1978) num paciente levantamento que levou uma vida para juntar informes quase impossíveis de conseguir-se, preparou um Dicionário que é um pequeno monumento de inteligência, pois neste esmerado livro finalmente impresso pelo entusiasmo filial de Ivan Antunes Martins, existem dois verbetes que resumem a infatigável atividade de Miguel Pereira e Aldo Ladeira Ribeiro. Pereira, Miguel (José) – S. Amaro, 29 set. 1873; Taquari, RS, 31 ago. 1927. F.: Tomás José Pereira e Maria da Silva Pereira. - Oficial da Brigada Militar do RS, reformando-se em 1911 no posto de major. Professor de Português e Francês no Instituto Ginasial Júlio de Castilhos e no Ginásio Sevigné, ambos de P. Alegre. Membro da Academia de Letras do RS, 1ª fase e do IHGRS. Historiador. Bibl.: Esboço Histórico da Brigada Militar do Rio Grande do Sul. P. Alegre, Liv. Americana, 1917, vol. 1, id., ibid., 2 ed.; 1920; Esboço Histórico da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, ibid., 1919, vol. 2; O 14 de Julho, discurso, P. Alegre, 1921; A Evolução Histórica, conferência. Inéditas: Funções do Pronome “que” e da Partícula “se”; Emprego do Infinitivo em Português. Ribeiro, Aldo Ladeira – Rio Grande do Sul, 1892; P. Alegre, RS, 4 jan.


1969. F.: Luiz Gonzaga Ribeiro e Maria Joaquina Ladeira Ribeiro. Oficial da Brigada Militar do RS, desde 1923. Diretor da ver. Pindorama. P. Alegre (1926-1927). Foi Comandante de Batalhões da Brigada Militar em Montenegro e Pelotas. Chefe do Estado Maior da força a que pertencia. 1937. Professor do Curso de Preparação de Oficiais da Brigada Militar, P. Alegre. Membro da Justiça Militar da BM, aposentando-se. Reformado no posto de coronel. Bibl.: A Brigada Militar: Um Monumento de Tradição, conferência proferida no Centro de Instrução Militar de P. Alegre a 22 de nov. de 1946 In: “Conferências”, P. Alegre, Brigada Militar; Esboço Histórico da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul: Agosto de 1918 a Setembro de 1930, P. Alegre, Brigada Militar, 1953, vol. 2. Inédita: História da Brigada Militar, continuação da obra homônima de Miguel Pereira, até 1962. Penso até que se prestará a homenagem que tem direito Ismael º Brilhante incursionando pela região dos brigadianos escritores mais próximos de nós. Carlos Jonatas Borges Fortes Spalding, filho de Walter Spalding, homem novo, herdeiro de dois ramos de historiadores, pois Borges Fortes traz à memória a figura do General João Borges Fortes e agora do General Amir Borges Fortes, por sinal cunhado de Walter. Foi uma carreira rápida, morreu jovem sem chegar aos trinta anos (1934-1961) e deixou os X Mandamentos Para os Brigadianos (1960), redator secretário da revista Alvorada e tinha uma carreira bonita pela frente, mas o destino não o quis. Nesta linha de raciocínio, citaria outro brigadiano, Alfredo Jacques (Santa Vitória do Palmar, 1904), reformou-se no posto de coronel e escreveu dois livros que são únicos na literatura gaúcha - Os Provisórios (1938), contos regionais, e Brigadianos (1939), contos gauchescos . Criações literárias que entretanto se condicionam em particular no comportamento do brigadiano. Alfredo Gomes Jacques escreve história sociológica e freqüenta as páginas dos grandes jornais. Sua obra mereceria de fato um bom estudo científico para que se compreendesse a presença do brigadiano na literatura do Rio Grande do Sul. Ismael º Brilhante ficará com seu ótimo livro No Ápice da Glória – Heróis da Brigada Militar, entre os historiadores de categoria. Pode-se já tentar um capítulo dos estudos da Brigada Militar e o Rio Grande do Sul. O autor deste livro – No Ápice da Glória – Heróis da Brigada Militar – cujo elogio se faz aqui com justiça devida já é uma das expressões do grupo de intelectuais que se interessa pela Brigada Militar, seu passado, sua tradição e sua significação militar e histórica. “Ao lado da Guarda Nacional combateram, na Guerra do Paraguai, os Voluntários da Pátria e os Corpos Provisórios


de Cavalaria, constituindo, estes últimos, quase todos oriundos do Rio Grande do Sul, - a mais numerosa tropa de Cavalaria que operou naquela campanha. A importância dos Corpos Provisórios foi tão grande, na luta contra Solano Lópes que, das treze unidades de cavalaria do Exército do General Osório, doze eram daquele tipo. Toda a 2ª Divisão de Andrade Neves constituía-se de Corpos Provisórios. Alguns desses corpos obedeciam ao comando de oficiais do Exército, enquanto outros eram comandados por oficiais da Guarda Nacional. Na Revolução de 93 apareceram as Brigadas Civis e os Corpos de Patriotas, organizados pelo governo de Júlio de Castilhos para a defesa da ordem legal. O nome dado a essas corporações foi certamente inspirado nos batalhões de patriotas da Revolução Francesa. Agrupadas algumas dessas formas e associadas a unidades do Exército e da Brigada Militar, recém criada, formaram Divisões de pequeno efetivo...” Arthur Ferreira Filho – Revoluções e Caudilhos, 146 páginas, Edição Querência, 1962). Arthur Ferreira Filho, nosso historiador maior, ele mesmo um Coronel das Forças Provisórias da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul, traçou o quadro da projeção nitidamente definida na evolução do sistema histórico, quando debulha a participação realística e efetiva dos contingentes brigadianos e auxiliares deles, seu insubstituível lugar na própria paisagem sociológica dos acontecimentos. Ismael º Brilhante já toma uma posição. Pede que se mande erguer um Panteon da Brigada Militar. Grande idéia. Reuni-los depois da morte no culto cívico de suas virtudes morais e guerreiras. Que interessante proposta faz o autor que evidente, conduzido pelos múltiplos aspectos na presença da Brigada na História, ocorreu-lhe então a sugestão de reverenciar os grandes, suas figuras de chefe, comandantes e líderes. Arthur Ferreira Filho, com sua sapiência de investigar o fato na sua prova definitiva, escreveu um dos livros mais importantes de nossa literatura, do qual faço a citação acima. E, por sinal, que precisava ser reeditado com urgência. Embora, claro, que sua Revolução de 1923, prefácio de J. P. Coelho de Sousa, aliás grande prefácio, edição de


1973, quando vamos Ter uma face republicana finalmente estudada com isenção, segurança a decência para com os vencedores. Não sei por que sempre se atacam e insultam os republicanos? Merecem? Nem oposição sistemática, nem apoio incondicional. A verdade, a virtude está no meio, como exigiria Borges de Medeiros, varão da República. Ismael º Brilhante traçou quatorze retratos de brigadianos celebrados, figuras necessárias no exame do passado histórico e que permanecem não apenas nos anais da corporação. Mas que ultrapassaram o círculo da privacidade militar profissional e estão atuantes nas páginas das crônicas vivas de nossa existência como região de guerras e revoluções a transcorrer na evolução natural dos fatos e personalidades. 1 - Ângelo de Melo, 2 - Agenor Barcelos Feio, 3 - Aldo Ladeira Ribeiro, 4 - Aníbal Garcia Barão, 9 - Gregório Português, 10 - Leopoldo de Vasconcellos, 11 - Mirandolino Machado, 12 – Orestes Carneiro da Fontoura, 13 José Rodrigues Sobral, 14 – Claudino Nunes Pereira e 15 – João de Deus Canabarro Cunha. O segundo agrupamento de biografias de brigadianos eminentes são averbações de Aldo Ladeira Ribeiro. Retocadas, arrumadas, transcritas revisadas por Ismael º Brilhante. Bastaria o serviço de divulgar estes retratos já feitos, mas não conhecidos para que a participação de Ismael º Brilhante ficasse justificada. Sem nenhum exagero. A verdade é que Brilhante recompôs estas biografias, trazendo-as para um livro geral. 1 - Afonso Emílio Massot , 2 - Amadeu Massot , 3 – Antônio Lucas de Oliveira, 4 – Francisco Gonçalves Varela, 5 – Aristides da Câmara e Sá, 6 – David José do Amaral, 7 – Francisco Rodrigues Cordeiro, 8 – Fabrício Pilar, 9 – Juvêncio de Lemos, 10 – Jerônimo de Oliveira, 11 – Manoel Cardoso, 12 – Manoel Gomes e 13 – Jordão de Oliveira. Trata-se de um restauro completo na biografia dos grandes da Brigada, os que precisam ser lembrados e relembrados e os nomes em evidência obrigatória pela posição que ocuparam, passaram aos desígnios da história e a validade de suas figuras como personalidades que o historiador tem o compromisso de registrar. O historiador deve assim se colocar como um preparador da história, preparador ou manipulador, ou que com ela, história, saiba lidar para fixá-los, os registros nas perspectivas do futuro. As novas gerações ficam assim na dependência dos cronistas, historiadores e pesquisadores do passado em todas as categorias para recolher os ensinamentos dos antigos, das magnificências que passaram e devem regressar e sejam vistas com nomes respeitados que fizeram a própria história. Este livro de Ismael º Brilhante No Ápice da Glória – Heróis da Brigada Militar – não precisa de prefácio algum. Entretanto é agradável para


o autor deste gênero no qual se estabelecem apresentações muitas vezes desnecessárias podem escrever a respeito de uma individualidade de cultura, simpatia e espírito devotado em termos de profundidade pelo nosso Rio Grande do Sul. A paixão pelas coisas gaúchas do autor desta edificante obra de historiador voltado para um dos bons capítulos da vida da Província ultrapassa a agitada fronteira das delimitações impossíveis do pensamento. De fato, Brilhante põe em tudo que faz seu coração generoso de defensor firme das tradições nossas. E sua alma, cérebro e conhecimento estão sempre juntos quando se cuidar ou tratar de explicar ou estudar o Rio Grande. Assim esta obra não tem precisão de palavras, as ganhou sim, estas mesmas linhas de introdução, para homenagear um idealista. Atitude incomum em qualquer instante que se examinar. Ismael º Brilhante, um idealista. Este é o elogio que acho mais adequado ao Autor, além de reconhecer em seu livro uma obra repleta de consagradores conceitos bem equilibrados no todo da expressiva visão do tempo histórico no qual uma instituição do sentido do papel imenso que lhe coube no processo do desenvolvimento, que é a Brigada Militar, veio preencher o espaço destinado à ordem. Como filosofia política da força do poder exercido. º Brilhante deixa-nos ler um livro de conteúdo e, tanto quanto o que se propõe, ainda, provoca uma salutar reação no cerne do problema, levando suas páginas à viável meditação do passado da terra natal e à compreensão dos motivos e condicionamento da lideranças obtidas no próprio campo de luta. No Ápice da Glória – Heróis da Brigada Militar - de autoria de Ismael º Brilhante é um compêndio de civismo, partindo-se do princípio do culto da figura da história que representou o papel explicativo nos acontecimentos do Rio Grande do Sul. E a Brigada Militar sempre significou uma manifestação de ação político-militar. Encarnou desde seu aparecimento, vindo de outras forças auxiliares, e depois da criação aos nossos dias, uma função sociológica firme, vigorosa e de imensa repercussão. No Ápice da Glória – Heróis da Brigada Militar – define-se pelo próprio título esclarecedor da verdade exata da história sem subterfúgios, rodeios ou mistérios para não dizer embustes e mistificações. Ismael º Brilhante escreve, portanto, um livro de história que lhe dá o direito de figurar entre os pesquisadores honestos, documentados e informativos. Outros nomes, devem ainda, ser destacados. Um de historiador da Brigada Militar que não tem figurado na bibliografia em geral, mas que se dispôs a incursionar no vasto zoneamento pouco conhecido do passado da corporação. É Mozart Ferreira, que entra na lista de especialistas de um tema de história militar. Transcreve-se abaixo o verbete que Ari Martins fez dele, em seu dicionário – Escritores do Rio Grande do Sul.


Hélio Moro Mariante, o presidente que foi, e fundador, do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, onde realizou uma atividade de executivo compenetrado, impulso rentável e deixou uma enorme soma de provas de trabalho que vão da publicação de monografias, instalação de biblioteca especializada e cursos regulares de folclore. Tudo, numa notável tomada de consciência decorrente de seu sólido espírito público. Figura realmente representativa de sua corporação, nome estimado entre os intelectuais como pessoa séria, ganhador de prêmios literários e investigador decidido a investir em problemas sem bibliografia.. Também, de Ari Martins, os verbetes que se transcrevem em seguida. “Ferreira, Mozart – Faleceu em P. Alegre, RS. – Oficial da Brigada Militar do RS. Subchefe do Estado Maior da Brigada Militar, 1943. Orador. Bibl.: Discursos Proferidos em Nome da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, P. Alegre, Gráf. Da Brigada Militar, 1940; Brigada Militar, Rio Grande do Sul (cinqüentenário 1892-1942), sínteses históricas, ibid., 1943. Mariante, Hélio Moro – Caxias do Sul, RS, 21 dez. 1915. F.: Teotônio Mariante Filho e Cristina Moro Mariante – Curso de Formação de Oficiais da Brigada Militar, P. Alegre. Curso de História do Rio Grande do Sul na Faculdade de Filosofia da UFRGS, id., Curso de Técnica Policial Para Oficiais, id. Curso da ADESG. Oficial da Brigada Militar do RS, reformado no posto de coronel Redator-secretário da Revista Brigada Gaúcha, P. Alegre. Co-diretor da Revista Querência, id. Assistente do Governador Walter Peracchi de Barcelos, P. Alegre. Titular da Ordem do Mérito Militar da Brigada Militar e do Mérito Santos Dumont da Aeronáutica. Poeta, folclorista, pesquisador e regionalista. Membro do CIPEL e da Estância da Poesia Crioula, P. Alegre. Prêmio Ilha de Laytano. Bibl.: De Prontidão, flagrantes brigadianos, P. Alegre, Brigada Militar, 1968; Fronteira do Vaivém, poemas históricos, id., Imprensa Oficial, 1969; A Vida Humana e Animal nos Contos Gauchescos, ensaio, separata da Ver. Organon, nº 13, 1968, P. Alegre, 1969; Rodeio dos Rodeios, poema gauchesco, P. Alegre, 1970; Inéditas: O Continentino, poemeto; A Idade do Couro no Continente de DEl Rei, ensaio; Rio Grande, Continente Castrense, id., O Vento Minuano na Temática da Poesia Gauchesca, id.; Toponomástica Sul-Riograndense, pesquisa; Estórias do Dantes, contos gauchescos; A Poesia Popular nas Revoluções Gaúchas, pesquisa; Obras de Fortificação no Rio Grande do Sul, id.; Contos e Contistas na Revista do Partenon Literário, id. Crônica da Brigada Militar de Hélio Moro Mariante são mais de 400 páginas, todas de melhor história, conteúdo e avalanche de informes.


Fonte bibliográfica ótima. O livro decorre numa exposição de fatos em 40 capítulos e uma variedade de subcapítulos, tais como da Justiça Militar à Enfermidades e Comandos e de Dominação de Unidades e Patronos etc., que figuram no Arquivo Brigadiano um dos capítulos da obra. Uma palavra absolutamente devida, necessária e inadiável constará, de elogio à Brigada Militar pela iniciativa de editar - No Ápice da Glória – Heróis da Brigada Militar – agora aparecendo o Primeiro Volume. Ismael º Brilhante é o historiador que coletou um material jamais divulgado, percorreu arquivos, leu documentos e consultou famílias, depois com os escritos deixados pelo Coronel Aldo Ladeira Ribeiro os publicou, revisando, acertando, arrumando e dando ordem. Sempre citando que o Coronel Aldo tinha deixado. Em tempo algum deixou de mencionar o trabalho dele. Atitude nada comum. Pois, o que se tem visto é o aproveitamento sem mais nem menos de pesquisa de outros escritores, sendo incorporadas sem ao menos citar de onde vieram tais informes. Ficando-se com tudo, sem mais esclarecimento ou comentários. Apenas se assenhorando daquilo que não lhe pertence. A nobreza de Ismael º Brilhante está intacta neste particular. E noutros, evidente. O Coronel Aldo Ladeira Ribeiro aparece quantas vezes for necessário. Assim Ismael º Brilhante realizou dois trabalhos. O seu de um grande valor, uma contribuição de respeitável acervo histórico e participação numa área de poucos estudos que está precisando de alguém com sua capacidade. E o segundo trabalho foi publicar as notas do Coronel Aldo Ladeira Ribeiro, que estavam guardadas e ninguém as conhecia, mas a primeira coisa que Brilhante achou de seu compromisso foi tomar uma atitude e dizer a quem pertencia o material que estava usando numa parte especial desta obra. O historiador é justamente o que respeita a autoria da fonte. Não a nega, não a esconde e não a subtrai. O Senhor Comandante da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul, Cel Milton Weyrich, merece os cumprimentos não somente os cumprimentos que já seriam dignificadores e elogiáveis mas o apreço, a consideração e os aplausos gerais na divulgação da obra que propôs escrever com inteligência, acerto e veracidade, Ismael O. Brilhante, que em boa hora é publicada. Dante de Laytano


Para invocar este trabalho, invocamos o nume espĂ­rito e a invulgar personalidade do Tutelar da Brigada Militar.


DEDICATORIA A todos os inativos, oficiais e praças da Brigada Militar, na pessoa do honrado Coronel ÂNGELO DE MELLO, heróico e abnegado, justo e precioso, orgulho vivo da Força de Affonso Emílio Massot. Á Brigada Militar jovem, para que seus oficiais e praças, de hoje, conheçam os seus antepassados ilustres e denodados homens, que escreveram a história, com honra, honestidade e sacrifício e, que os seus feitos sirvam de exemplo a serem seguidos pelo sangue novo da Gloriosa Corporação.



HOMENAGEM Aos oficiais e praças da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul que heroicamente tombaram no cumprimento do dever, do fundo do coração, é dedicado este trabalho. A todos aqueles que passaram pelas fileiras da Força de Massot e que já caminharam pela estrada de regresso, a minha homenagem. Aos heróicos de todos os combates e, principalmente, ao valoroso 1º Regimento de Cavalaria da Reserva, de tantos feitos e de tantas vitórias, o meu respeito. Aos Manes do Rio Grande épico, a minha admiração.

Paz às almas grandiosas.



HOMENAGEM ESPECIAL

Ao Exército Brasileiro, nas marcantes personalidades de Gen Joaquim Pantaleão Telles de Queiroz, Cel José Carlos Pinto Júnior, Gen Cypriano da Costa Ferreira, Gen Emílio Lúcio Esteves, Gen Armando Nestor Cavalcanti, Gen Alcindo Nunes Pereira, Cel Raymundo Austregésilo de Lima Bastos, Cel Ruy França, Cel Adalberto Pompílio da Rocha Moreira, Cel Jayme da Costa Pereira, Cel Augusto Soares dos Santos, Gen Estêvão Taurino de Rezende Neto, Gen Amir Borges Fortes, Cel Heitor de Almeida Herrera, Cel Arthur Otaviano Travassos Alves, Tem Cel Agnelo de Souza, Gen João Alves Corrêa Netto, Gen Osório Tuyuty de Oliveira Freitas, Tem Cel Heraclydes Fontela de Oliveira, Ten Cel Plínio Luiz Lehmann de Figueiredo, Ten Cel Francisco Lorenzi, Gen Hélio Peres Braga, Tem Cel Milton Batista Pereira, Maj Inocêncio Travassos Souto, Maj José Galvão Saldanha de Menezes, Maj. Henrique Beckmann Filho, Maj Leopoldo Barros de Bittencourt, Cap Paulo Luiz Fernandes Bidan, Cap Alcides Alves da Silva, 1º Tem Antônio Dias Teixeira de Mesquita, 1º Ten Antólio Baeckel e Asp Cycero Perfeito Ferreira, que ao passarem pela Brigada Militar, deixaram até nossos dias a saudade e os ensinamentos de amor à Pátria.



AGRADECIMENTOS -Ao Nume espírito do Coronel ALDO LADEIRA RIBEIRO por pesquisas deixadas e destacadas no decorrer deste livro. Rogamos que Deus o tenha na sua glória. - Ao Coronel Cândido Ribas da Silva que nos inspirou para a realização deste trabalho. - Coronel Milton Weyrich pelo seu interesse e boa vontade, numa demonstração de alto espírito de amor para com os antepassados de sua heróica Corporação. - Coronel Itaboraí Pedro Barcellos, pela sua sensibilidade, alto amor aos homens que já passaram pela Força de Massot e ainda pelo entusiasmo evidenciado para a realização deste livro. - Coronel Caetano Mótola, Presidente do Montepio da Brigada Militar pelo decidido apoio dado a esta edição, possibilitando a publicação deste trabalho. - As raízes de uma Corporação que ao aflorar para a vida encontram guarida na alma cívica de muitos, destacamos com justiça os Coronéis José Lannes Velasques, Heraclides Tarragô e Luduvicus Ferreira Filho, membros do Conselho do Montepio da Brigada Militar que com elevado espírito brigadiano, demonstraram interesse ao darem apoio a este modesto livro, num acrisolado amor aos Líderes e Chefes do passado. - Professor Tem Cel Adão Elizeu de Carvalho, pela cooperação que nos prestou e pelo seu apoio pela divulgação de homens nobres e valorosos que já passaram pela Força Gaúcha. - Agradecimento especial ao Major Ubirajara Duarte e ao Sargento Flávio Alta Miranda, ambos P.M.5. - Cabo Vicente Brilhante, do Arquivo da Brigada Militar, pela sua boa vontade, trabalho e interesse nos auxiliando de maneira decisiva. A seu bondoso coração os nossos agradecimentos.



O LEÃO DE BURI

CORONEL ÂNGELO DE MELLO Bravo Comandante de Heróis, nobre e valoroso, exemplo de amor à Pátria, abnegado, orgulho de uma gente.


Tentar falar de Ângelo de Mello é uma temeridade. O espírito sentese pequeno diante de tanta grandeza. O coração pulsa acelerado e incerto pela emoção que é tamanha. A inteligência falha por não ser capaz de contar um pedacinho de uma vida coberta de louros, personificando um vulto tão marcante, de um coração cheio de civismo e de uma alma perene de bravura ímpar. É necessária muita coragem. Essa coragem é invocada aos Manes valentes de uma brava gente. Nasceu no dia 22 de agosto de 1887, na cidade de Livramento e, com apenas 20 anos de idade, era incluído no 2º Regimento de Cavalaria da Brigada Militar. Transcorria o ano de 1913, quando foi promovido a Alferes e classificado no 2º R. C. Em 1923, em março, foi promovido ao posto de Tenente e classificado na Assistência do Material. O seu trabalho era imenso, dia e noite, lá estava o Tenente Mello, controlando o armamento e a munição. A Revolução corria por todo o Estado do Rio Grande do Sul e havia necessidade do abastecimento às tropas em operações. O ano de 1924, o esperava para mais serviços prestar ao Estado e a sua Corporação. Em virtude de sua promoção ao posto de Capitão, em março de 1924, foi desligado da Assistência ao Material, ocasião em que foi exaltado “pelos inestimáveis serviços que prestou com a maior postura, lealdade e interesse no período de maior movimento, tornando-se merecedor de especial agradecimento pelo eficaz auxílio prestado”. O destino mais uma vez o levava ao 2º Regimento de Cavalaria, onde assumiu o comando do 4º Esquadrão. O Estado Gaúcho fervilha... as tropas se movimentavam em todas as direções. Estava deflagrada a Revolução de 1924. O Capitão Ângelo de Mello, nela estava; lá estava ele com seu esquadrão, em operações de guerra e por certo iria ser testado em duros combates que o futuro ainda lhe reservava. Em novembro, quando marchava ao enfrentar o Cerro da Conceição, no Caverá, a coluna, sob o comando do Gen Honório Lemes, atacou, subitamente, o 2º Regimento e o 15º Corpo Auxiliar, comandados, respectivamente, pelo Tenente-Coronel Augusto Januário Correia e TenenteCoronel Garibaldi Tomazzi. Entrando em ação direta, combateu até a tarde. Ângelo de Mello mereceu esta brilhante referência elogiosa: “destacou-se pela bravura e ação brilhante, o bravo Capitão Ângelo de Mello que, embora com efetivo de seu esquadrão disseminado pelos outros, com poucos homens que dispunha opôs resistência no centro da linha de combate, fortemente atacada a arma branca”.


O filho de José de Mello, saíra muito bem no seu primeiro contacto de guerra. Portou-se com valentia, sem medo e com entusiasmo, mas mal sabia que no mês de janeiro do ano seguinte, Ramada lhe esperava. Aqui neste combate, mais uma vez demonstrou o seu valor e a sua tenacidade, sendo louvado: “pela maneira pronta e decisiva com que empenhou seu esquadrão durante o combate, demonstrando muita calma, valor e capacidade de comando”. As exaltações nunca parariam para o destemido Soldado. O Tem Cel do Exército Emílio Lúcio Esteves, Comandante do Destacamento em operações: “pela inteligência, dedicação, lealdade, disciplina, valor comprovado, espírito de sacrifício e amor ao trabalho”. O Capitão Ângelo de Mello estava com o seu destino traçado e os seus feitos seriam perenes através dos tempos. Somente em troca da sua bravura, destemor e valor pessoal, recebia mercês. Assim se expressou o Comandante Geral da Brigada: “pela dedicação, zelo, capacidade de trabalho e de comando, demonstrado durante a campanha, tornou-se digno do alto conceito formulado pelo comando. Cumpriu seu dever e mostrou-se digno depositário das tradições de honra e de heroísmo da Brigada Militar”. Uma tarefa que muitos dariam tudo para fazê-la, foi atribuída ao Capitão Mello: no mês de outubro de 1925, seu esquadrão participou da condução para Porto Alegre, preso, do Leão do Caverá, o aguerrido e valente, General Honório Lemes. Novamente em operações. Cumprindo ordens do Comandante da 3ª Região Militar, seguiu, em janeiro para a cidade de Cachoeira. No desempenho dessa missão, palmilhou por Cacequi, São Gabriel, D. Pedrito e Rosário. O Comandante da Brigada de Cavalaria do Exército, teceu louvor ao Cmt do 4º Esquadrão do 2º R.C.: “pelos bons serviços prestados durante o comando do Cel Vasco da Silva Varela, na 2ª Divisão de Cavalaria”. O Comandante da 4ª Brigada de Cavalaria, o distinguiu:


“pelos bons serviços que, com lealdade e dedicação prestou ao Governo Federal, pela conduta sempre mantida nas ocasiões em que seus serviços foram reclamados e onde sempre se conduziu como soldado disciplinado e cumpridor de seu dever, contribuindo assim para elevar cada vez mais o conceito em que é tida a Corporação a que pertence”. O General-Comandante da 3ª Região Militar, cheio de entusiasmo e amor à Pátria, assim fala: “pela abnegação no cumprimento do dever, dedicação ao serviço e observância no cumprimento das ordens emanadas de seu comando. Por Ter sempre muita disciplina e devotamento à causa pública, vindo mais uma vez confirmar o conceito em que é tida toda a Brigada Militar do Estado, desde os primórdios do nosso atual regime, pelos bons serviços prestados à Região e à República na manutenção da ordem”. Ao eclodir a Revolução de 1930, na noite de 3 de outubro, uma missão perigosas foi conferida ao valoroso Capitão Mello: deveria estabelecer o cerco do quartel do 7º RCI. A brava guarnição não queria aderir ao movimento revolucionário. Dando cumprimento às ordens, o Capitão Ângelo de Mello as executou. Depois de uma resistência, os valentes do 7º, caminharam juntos para a Revolução. Em plena movimentação, com sua Unidade, no dia 10, foi promovido ao posto de Major. A marcha continuava longa, sem fim, transpondo cidades, vilas, estações, estradas, campos e banhados, seguia lenta e penosa rumo a São Paulo. Lá entrou em vários choques com os rebeldes e combateu com desprendimento e bravura, merecendo um justo pronunciamento de seu comandante, em ação de guerra: “Louvo com a mais justa satisfação pelo elevado espírito de sacrifício e acendrado amor ao dever mais uma vez exuberantemente demonstrados a despeito de todas as dificuldades encontradas, concorrendo assim para tornar mais merecida a admiração e confiança de que goza sua Unidade”. Em 1932, no dia 12 de julho, ao embarcar com o seu 2º de Cavalaria com destino ao Estado Bandeirante, não sabia o filho de |José de Mello que estaria palmilhando a estrada da glória e que se cobriria com o manto de


muitas vitórias e que seus pés o levariam para o Grande Monumento dos Bravos e perpetuariam seu nome entre os Heróis e Patriotas da Grande Nação Brasileira. No seu primeiro contato com o adversário, já era bombardeado por avião. Enfrentou a terrível fuzilaria inimiga. Uma localidade após outra, lá vinham Itararé, Faxina e Bury. Pela sua bravura e tenacidade, mereceu do Comandante da Vanguarda, esta bela exaltação: “por ter dirigido o combate do flanco direito do inimigo, com tal acerto que a todos surpreendeu, portando-se com inexcedível bravura e a par de um sangue frio que soube levar seus camaradas à vitória”. Dia 13 de agosto de 1932. Neste dia 13, iria o Major Ângelo de Mello, realmente ficar frente à frente com o perigo. Deveria decidir: continuaria a caminhada nos degraus das vitórias para atingir o alto da glória? Optou por continuar. Seguiria os ditames da bravura ímpar de seu espírito. Mal sabia o intrépido que seu nome seria escrito com sangue e dor e daria evidência às suas virtudes de homem e de soldado valente. Mereceu Ângelo de Mello, o enaltecedor conceito do Comandante da Vanguarda. Como é lindo... como é belo..., poucos homens talvez o tenham recebido. Ei-lo: “É um verdadeiro cavalheiro sem par, abnegado, competente, ativo, valente, dotado de um organismo de aço, inteligência, astúcia e coragem, impulsionando uma energia que nunca se acaba”. Que referência!, poucos soldados no mundo mereceram ou receberam tal louvor: É um cavalheiro sem par... Abnegado.. Competente... ativo... valente... Astúcia e coragem... Como aconteceu em 1930, e, 1932, em atividade bélica, na frente de combate, dia 18 de agosto, foi promovido a posto de Tenente-Coronel e já nos primeiros dias de setembro, recebia ordens de estacionar em Vitório Camilo, ocupando imediatamente a Fazenda Rodrigues Alves.


Dia 15 de setembro, foi desligado do Destacamento “Coronel Sayão”, obtendo o seguinte louvor: “pela boa disposição e inteligência com que sempre desempenhou as missões atribuídas ao Regimento”. Na mesma data, por determinação do General – Comandante das Forças em Operação no Exército Sul, assumiu o comando do Destacamento composto pelo 2º Regimento de Cavalaria, 1º e 5º Batalhões de Infantaria e do II/8º Regimento de Infantaria do Exército Brasileiro. Dia 1º de outubro com seu destacamento – Destacamento Cel Mello – iniciou o ataque às posições inimigas, na margem direita do Rio Paranapanema. Em parte de combate de 31 de julho, o Comandante da Vanguarda, Cel do Exército Argemiro Dornelles, assim retrata Buri e a ação do 2º Regimento de Cavalaria e do Tenente-Coronel Ângelo de Mello: Ao 2º R.C., sob o comando de Mello: “A direita avança ainda. E a noite vem, ela sempre avançando”. “Havia um homem que não conhece outro caminho – Sempre para a frente – Era o Major Mello”. “Ele e seus heróis, sempre confortados com a presença dos companheiros que não perdiam a ligação, ali estavam”. “Como sabe lutar o 2º Regimento”. “Sempre avançando foi às portas da cidade, mas eram poucos e estavam sós”. “A noite era profunda e eles lutaram mais de 15 horas, sem alimento”. “A sua atuação tem sido tão brilhante que em pouco tempo, eu lhe tenho, não uma simples admiração, mas sim, um verdadeiro amor”. “Acredito que pelo Brasil afora não existe uma força que trabalhe e que combata como este Regimento”. “Ele sabe combater, porque no mais emaranhado do terreno, não


perde as ligações, não vacila e não recua”. “Sempre avançando, é o seu lema”. “E combate com elegância medieval”. “Nobre e valoroso, sabe poupar o inimigo, que se entrega confiante à sua guarda”. “Forte e incisivo acomete o adversário que resiste e vence-o galhardamente”. “Não descansa um momento sequer”. “De todo êxito obtido pela vanguarda ele tem uma parcela bem distinta”. “É o maior fator das nossas vitórias”. “São os centauros da nossa tropa”. Ao Coronel Ângelo de Mello: “O Major Mello é um abnegado”. É um dos mais completos espécimes de soldado que eu tenho comandado”. “Competente, ativo e valente, em tido rasgos fantásticos de dedicação e de combatividade”. “Comanda pessoalmente os nobres e valorosos soldados do 2º Regimento de Cavalaria, sem nunca esmorecer”. “Passam muitas e muitas horas debaixo de infernal fuzilaria adversária, sem se alimentar, orientando os seus homens”. “Salta de um obstáculo e sempre animoso investe contra outros e mais outros obstáculos, cada vez mais fortes”.


“É valente como um Leão e tem um ânimo de ferro”. “Seria o orgulho do Brasil, se todo o Brasil pudesse apreciar a sua atuação”. “Sinto-me muito pequeno para dizer o que ele é”. “Anima a sua tropa e leva-a satisfeita até o sacrifício, quase sempre, porém leva-a à glória”. Depois do acima narrado, depois de tanto valor e de alta bravura, de imenso sacrifício e de acendrado amor à Pátria, depois de Ter Ângelo de Mello cumprido o mais sagrado dever de obediência aos ditames da alma do Brigadiano, é ele, o Coronel Ângelo de Mello, o orgulho vivo da Brigada Militar. É o Leão do Buri, um manancial de onde corre a água sagrada que vai saciar a sede dos temerários, dos bravos, dos honrados e dos honestos. Aqueles que amam sua terra, sua Pátria e sua gente, deverão ir buscar o alimento para a vida, nos fluidos irradiados pelo homem abnegado, pelo homem de ferro que emana o exemplo vivo de acendrado amor ao Brasil e acrisolado devotamento a sua Gloriosa Corporação. Este homem abnegado, este homem de ferro, é o Coronel Ângelo de Mello. O seu heróico Regimento, o 2º de Cavalaria, através dos tempos e pelos tempos afora, há de relembrar seus feitos e há de amá-lo, porque o filho de José de Mello que num dia de 1907, chegou ao seu quartel, veio somente honrar a Força de Affonso Emílio Massot e cobrir de vitórias e glória a Brigada Militar de todos os tempos. Para encerrar, não mais continuarei a narrar o que passou depois de 1932. Não mais falarei no Leão que é valente e tem ânimo de ferro. Afirmarei no entanto, a expressão de seu General: “Como seria bom se todo o Brasil pudesse apreciar a sua atuação”. “Anima sua tropa e leva-a satisfeita até o sacrifício. Quase sempre, porém, leva-a à glória”.


Homens como ele não morrem nunca, porque ao atingirem o Ápice da Glória, caminharam na terra pela estrada do heroísmo e acima de tudo amaram sua Pátria e engrandeceram a sua Corporação.



Ornadas no quadro do amor, foram almas pintadas com lĂĄgrimas de ternura e ficaram emolduradas no retrato da vida, coberto com o manto da saudade.



“Eu liberto da terra estarei sempre presente na ausência, como o pássaro a rasgar a imensidão do espaço”. Affonso Emílio Massot



O PATRONO *

CORONEL AFFONSO EMÍLIO MASSOT “É uma legenda histórica para a Brigada Militar, que ele amou com orgulho; a ela dedicou sua vida, esse Brigadiano filho de si mesmo; obra de sua própria força; criação de seu próprio caráter. Autêntico defensor dos direitos humanos, via com elevação de espírito as imagens traiçoeiras no horizonte dos anseios”.


T alvez dentre todos os cidadãos que, como oficiais, têm passado pelas fileiras da Brigada Militar, nenhum outro conseguiu conquistar uma auréola de justo prestígio e merecida admiração, como AFFONSO EMÍLIO MASSOT, cuja conduta uniforme marcou seu caráter desde a mocidade. Dedicou quase toda a existência à Milícia Estadual, dando-lhe o máximo de suas energias, notadamente quando, como Comandante Geral, imprimiu-lhe um novo surto de atividades, cujos reflexos se fazem sentir até nossos dias. Possuía um Dom inato de dominador e todos os que o rodeavam, conhecendo-lhe mais de perto as brilhantes qualidades, tornavam-se-lhe fiéis e dedicados amigos. Teve, entretanto, desafetos, principalmente dentro da Corporação, mas estes eram os que ele, na sua rigidez de princípios, não atendeu em desejos impossíveis e, sobretudo, prejudiciais aos interesses da Corporação. Se a sua ascendência no meio militar estadual, era notável, não menos era no meio civil, onde contava sólidas amizades. Como turfman, suas qualidades eram assaz admiráveis e muito concorreu para o desenvolvimento e prosperidade da Associação Protetora do Turfe, que lhe manifestou sua gratidão, instituindo, após sua morte o GRANDE PÁREO CORONEL MASSOT, corrido anualmente e considerado um dos clássicos da prestigiosa Associação. O Coronel Antero Marcelino da Silva Júnior, escreveu a seu respeito, as seguintes palavras que lhe refletem a energia indomável de caráter, a firmeza de atitudes e, sobretudo, a coragem e o valor nunca desmentidos: “De integridade moral inatacável, tinha o Dom de Pinheiro Machado: Dominava com o olhar aqueles que se lhe aproximavam. E disso houve prova frisante por ocasião dos sucessos de 1º de novembro de 1923, nesta capital, em plena época revolucionária, quando, ao descer as escadarias do Grande Hotel, no meio da turba-multa desvairada pela paixão política e sanguissedente de ódio, viu-se ameaçado por muitíssimos indivíduos de armas em punho, um dos quais avançando para ele, de adaga alçada, recuou acovardado ante a energia e a severidade de olhar com que enfrentou o celerado”. Também, no Exército Nacional e, principalmente, entre os antigos oficiais, que conheciam a sua valorosa e patriótica atuação durante a Revolução Federalista em 1893 a 1895, gozava de grande prestígio. Contase que, após o sítio de Bagé, o comandante da guarnição local, o valoroso e bravo Coronel Carlos Maia da Silva Teles, declara que, de bom grado, desistiria dos bordados de general, quando o Governo quisesse promovê-


lo, se o Governo nomeasse o Major Massot para fiscal do 30º Batalhão de Infantaria do Exército, de seu comando. Embora fosse isso uma utopia, exprimia bem a admiração e justo conceito em que o tinha aquele ilustre militar. AFFONSO EMÍLIO MASSOT era filho de Affonso Emílio Massot de Missimy e de Dona Cezária Amélia Laquintinie Massot, tendo nascido na cidade de Pelotas, em 16 de outubro de 1865. Moço, ainda, já era um dos diretores do Colégio Evolução, em sua cidade natal. Ao agravar-se a situação política do Estado, após a Proclamação da República, de que era ardoroso paladino, ocorreu a enfileirar-se entre aqueles que se arregimentavam para defender a sua integridade e segurança e, assim, em novembro de 1892, era nomeado Capitão do 1º Batalhão de Reserva, em organização na cidade de Pelotas. Piorando cada vez mais a situação política e dando-se a invasão do Estado, por elementos revolucionários, organizados no Uruguai, em fevereiro de 1893, dia 11, participou do Combate do Salsinho, início do doloroso período por que passou o Rio Grande, durante o qual todos os ódios e ressentimentos explodiram, cometendo-se os mais hediondos crimes e os mais bárbaros massacres. Pouco depois em maio, novo encontro em Upamaroti, sendo louvado “pela energia com que avançou para a frente do inimigo, conduzindo uma linha de atiradores de seu batalhão, até que recebeu ordem para retirar-se”. Menos de um mês se passara no combate do Piraí, além de sua ação saliente, dirigindo impetuosa carga de baionetas, que decidiu a ação, subiu em uma árvore, a fim de observar o rumo que tomava o inimigo, sendo, nessa ocasião, alvejado por Aparício Saraiva; o projétil quebrou o galho onde apoiava a perna direita, furou-lhe o cano da bota e as vestes e fê-lo cair ao chão sem nada sofrer na queda.. Outro encontro, poucos dias depois, na Serrilhada, deu-lhe ensejo de demonstrar, mais uma vez, a sua bravura e sangue frio. Em agosto, o Governo do Estado, ciente de seus incontestáveis méritos, o nomeou Major-Fiscal do 2º Batalhão da Reserva, cujo comando assumiu em novembro. Nos últimos dias de outubro, marchou, com a sua unidade, da cidade de Bagé, indo estacionar no Quebracho, onde se conservou até 27 de novembro; na noite desse dia, enquanto as forças legais, numericamente inferiores às adversárias que se aproximavam, retiravam-se para aquela cidade. Affonso Massot permaneceu no acampamento do Rio Negro, com


a fanfarra e a banda de corneteiros, fazendo-as executar marchas festivas a fim de iludir o inimigo, dando-lhe a impressão de que as tropas legais ali permaneciam, somente retirando-se quando julgou a salvo as forças amigas Sitiada a cidade de Bagé, por forças revolucionárias, integrou a heróica guarnição, que a defendia. Durou o sítio cerca de quarenta dias (112-1893 a 8-1-1894), em constantes escaramuças e combates, em um dos quais foi ferido, não abandonando, porém, o seu posto. Em princípios de abril de 1894, seguiu com todas as forças que se achavam em Bagé, comandadas pelo Coronel Carlos Teles, para a cidade do Rio Grande, defendendo-as dos ataques a elas feitos por navios de esquadra, revoltados, sob o comando do Almirante Custódio José de Melo, tomando parte no combate travado, a 11, na estação da Quinta, contra as forças da terra, que procuravam apoderar-se da cidade. Vagando o comando de seu heróico 2º Batalhão da Reserva, o Governo do Estado, por título de 20 de abril, o nomeou Tenente-Coronel Comandante do mesmo, premiando-lhe destarte, a dedicação, lealdade e bravura. Ainda em 1894, outro prêmio recebeu Affonso Emílio Massot: por decreto de 8 de agosto, o Governo Federal concedeu-lhe a patente de Tenente-Coronel honorário do Exército, pela distinção com que se conduzira em vários combates, travados neste Estado e, especialmente, no memorável sítio de Bagé. A 6 de novembro, reuniu-se com seu Batalhão, à Brigada Militar, que passara a operar incorporado, sob a direção de seu Comandante Geral, Coronel Joaquim Pantaleão Teles de Queiroz, e, depois de marchar pelos municípios de Bagé, D. Pedrito, Livramento e Rosário e de penosa marcha através da Serra do Caverá, retornou a Bagé, tomando parte em uma perseguição aos revolucionários, levada a efeito dia 17, entre o Piraí e a serra do Aceguá. Em 1895, a 23 de janeiro, participou do combate junto à Vila Cacimbinhas (hoje cidade de Pinheiro Machado), contra as forças de Guerreiro Vitório; a 19 de fevereiro, marchou, do Rio Negro, rumo à fronteira de São Luiz (município de Bagé), comandando uma coluna expedicionária, composta de três corpos, a fim de receber cavalos para as forças legais. A 21 de março, incorporado a uma coluna, sob o comando do Tenente-Coronel Jerônimo Fernandes de Oliveira, deixou a cidade de Bagé, em perseguição às forças de Aparício Saraiva, expedicionando pelos municípios de Camaquã e D. Pedrito. Sempre no encalço daquelas forças e das de Guerreiro Vitório, andou pela fronteira de São Luiz e tomou parte no combate da Estiva; a 13 de abril, combateu-as, novamente, em D. Pedrito.


Dez dias depois, a 23 no acampamento dos Olhos D’Água foi mandado assumir o comando interino do 2º Batalhão do serviço ativo, do qual passaram a servir adidos todos os oficiais e praças do 2º da Reserva, que ficava, assim, virtualmente extinto. Ainda outros serviços prestou o abnegado e valoroso Affonso Massot, até que, feita a pacificação do Estado, recolheu-se para esta capital, aqui acantonando em novembro. Terminada a revolução e julgando cumprida sua missão, solicitou dispensa do serviço ativo da Brigada Militar, com o intuito de retornar à sua função de educador. O destino, porém, reservava-lhe outra missão de maior realce e o seu requerimento teve este despacho assinado pelo eminente vulto que foi JÚLIO DE CASTILHOS: “Merecendo o suplicante a confiança do Governo do Estado e do comando da Brigada Militar e sendo ainda necessários os seus serviços, indefiro a presente petição”. A 17 de janeiro de 1896, foi nomeado Tenente-Coronel Comandante do 2º Batalhão de Infantaria da Brigada Militar, cargo que já exercia interinamente. Era o merecido galardão, a quem tanto se dedicara ao serviço de sua terra natal. Este ato do Governo, porém, desagradou a alguns majores, que, se julgando preteridos, solicitaram demissão, que lhes foi imediatamente concedida. A 4 de março de 1903, seguiu para a cidade de Santa Maria, presidindo a comissão de oficiais encarregada de assistir à dissolução e receber o material do 1º Corpo Provisório, que ali aquartelava, sendo elogiado pelo cabal desempenho que deu a esse cargo. No período em que comandou o 2º Batalhão, recebeu os seguintes louvores: “Pelo auxílio eficaz que prestou ao comando da Brigada, na apresentação de seu relatório anual a Governo do Estado, dando minuciosa informação de fatos ocorridos na sua unidade, demonstrando dedicado interesse no cumprimento dos deveres inerentes às suas funções” (19-061906); “Pela dedicação e boa vontade manifestada no desempenho de suas funções, para receber a visita do Presidente eleito da República, Dr. Affonso Augusto Moreira Pena, o qual, em rápida visita que fez à Brigada Militar, pode observar o asseio, a ordem e as lisonjeiras condições das diversas dependências percorridas, manifestando a sua satisfação em palavras gentis e estimuladoras, pela boa impressão que lhe causaram as instalações,


uniformidade, garbo marcial e precisão dos movimentos executados pelo pessoal, nas formaturas que teve ocasião de assistir (27-08-1906).

Em novembro de 1912: “Pela disciplina e ordem que manteve no comando do batalhão e pelo zelo, interesse e galhardia, no desenvolvimento dos vários temas de combate, confiados a sua execução, durante as manobras da Brigada Militar, realizadas em Caldre Fião (S. Leopoldo).

Tendo deflagrado, em meados de 1914, a chamada “Revolução do Contestado”, que teve por teatro o território então disputado pelos Estados de Santa Catarina e Paraná, o qual muito se aproximava a divisa do Rio Grande com aquele, o Governo rio-grandense resolveu mandar estacionar, no lugar denominado Capela de São João (5º Distrito de Vacaria), uma coluna expedicionária, constituída do 2º Batalhão de Infantaria e do 1º Regimento de Cavalaria, cujo comando lhe confiou, a fim de evitar uma provável incursão no nosso território por parte dos bandoleiros que cometiam depredações naquela região. No desempenho dessa incumbência, deslocouse desta capital, dia 6 de outubro de 1914, com destino a Caxias do Sul, donde marchou para o local designado para estacionamento da tropa. Ali permaneceu até princípios de fevereiro do ano seguinte, quanto retornou a Porto Alegre. Como resultado de uma visita feita às forças expedicionárias feita pelo Coronel Cipriano da Costa Ferreira, em janeiro, foi Massot louvado: “Cumpro grato dever, louvando o Senhor Tenente-Coronel Affonso Emílio Massot, comandante do 2º Batalhão, pela maneira com que se houve no desempenho da missão que lhe fora confiada no município de Vacaria, agindo com inteligência e muita atividade na direção dos serviços de vigilância daquela região, sem descurar da instrução do pessoal sob seu comando, o que tudo observei pessoalmente, quando em janeiro p. findo, fui àquele município inspecionar os dois corpos ali destacados. Dessa visita, trouxe a mais agradável impressão, não só pela boa determinação do serviço, como também pela ordem, asseio e disciplina que notei no acampamento dos corpos expedicionários”.


Exonerando-se o Coronel Cipriano da Costa Ferreira do comando da Brigada Militar, a fim de retornar ao serviço do Exército Nacional, no seio do qual era figura de real destaque e prestígio, mercê de suas brilhantes virtudes militares e inestimáveis serviços prestados à Pátria, foi o TenenteCoronel Affonso Emílio Massot designado para substituí-lo, em caráter interino, o que fez a 31 de marco de 1915, tendo sido, em 18 de maio de 1917, promovido ao posto de Coronel e efetivado no cargo. Em janeiro de 1918, ao terminar o período qüinqüenal do governo do Dr. Antônio Augusto Borges de Medeiros, na Presidência do Estado, o Coronel Massot, solicitou exoneração do cargo de confiança. O Dr. Borges de Medeiros, entretanto, que fora reeleito, declarou-lhe em carta de 28, que: “Não podendo dispensar os bons serviços que vindes prestando no comando geral da Força Militar do Estado, em cujo exercício continuais a merecer-me inteira confiança, deixo de atender ao pedido de exoneração que formulastes em carta de hoje”. O Coronel Massot sempre dispensou o maior acatamento à missão de oficiais do Exército, instrutora da Brigada Militar, tendo em cada um de seus membros um amigo. Àqueles oficiais nunca regateava o seu auxílio para o bom desempenho de seus encargos, certo de que, dessa linha de conduta, só a sua querida Corporação é que tiraria vantagens. Prova de seu interesse e dedicação é o telegrama, em julho de 1919, dirigido pelo General Bento Ribeiro, Chefe do Grande Estado Maior do Exército, ao Presidente do Estado: “Conseqüência parecer Estado Maior, exarado relatório chefe instrutores Brigada Militar querido Rio Grande, peço V. Exª. elogiar Coronel Affonso Emílio Massot, pela maneira inteligente tem sabido aproveitar colaboração instrutores do Exército”. No período revolucionário de 1923, o Coronel Emílio Massot dirigiu a Brigada Militar com rara tenacidade, grande solicitude e inigualável dedicação, tornando-se, pode-se dizer, o fator preponderante da vitória das armas legais. A sua atividade se fazia sentir em todos os setores, providenciando sem descanso para que fossem satisfeitas todas as necessidades da tropa, tanto que permaneceu em guarnição na capital, como, e principalmente, da que se achava em operações no interior do Estado.


Por várias vezes, durante aquela luta fraticida solicitou ao Governo o mandasse comandar forças em operações no interior do Estado, o que lhe era negado, por serem reputados mais necessários os seus serviços na capital. Não obstante tanta dedicação e tanto amor às instituições, o Coronel Massot não escapou às críticas e censuras de elementos que se diziam governistas, mas que, disfarçadamente, procuravam solapar as atividades legalistas. A mesma norma de conduta, vertical e firme, continuou mantendo durante o movimento subversivo iniciado em São Paulo, em julho de 1924, e que, mais tarde, propagou-se ao nosso Estado. Na organização do Grupo de Batalhões de Caçadores, que ali operou, e na preparação de outras forças que perseguiram os rebeldes, no interior do Rio Grande e Estados vizinhos, pôs toda a sua atividade e suas energias, dando, aos seus comandados, raros e brilhantes exemplos de ardor patriótico, tenacidade, espírito de sacrifício dedicação e lealdade. Em 22 de maio de 1925, o General Eurico de Andrade Neves, Comandante da 3ª Região Militar, transmitiu ao Presidente do Estado, cópia do telegrama que recebera do Marechal Setembrino de Carvalho, Ministro da Guerra, fazendo-o seu intermediário para salientar os serviços prestados pela tropa da mesma Região, na campanha pelejada nos Estados de Santa Catarina e Paraná, dizia: “Cometeria flagrante injustiça, se, nesta hora mais calma em que o poder público começa a destacar o mérito dos seus bons auxiliares, esquecesse a colaboração do Comandante Geral da Brigada Militar do Rio Grande do Sul. É por isso que peço a V. Exma. Tornar público o meu reconhecimento pelo grande auxílio que me tem prestado o Coronel Affonso Emílio Massot e os louvores que soube conquistar, como chefe disciplinado e incansável, como devotado servidor da ordem e da República, e como legítima e incontestável personificação das brilhantes tradições da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, sem favor a primeira dentre as forças auxiliares do Exército Brasileiro”. Além dos elogios já citados, constam, ainda, do assentamento de tão ilustre militar, mais dezessete louvores, quando Comandante do 2º Batalhão, por motivos diversos, todos honrosos à sua pessoa e pondo em destaque as suas brilhantes qualidades de chefe militar de rara envergadura.


A parca inclemente não quis, porém, que essa figura máscula levasse a termo a sua ingente tarefa, truncando-lhe a existência. Assaltado por rápida, mas gravíssima enfermidade, seu organismo depauperado pelas enormes somas de energia que vinha dispendendo, desde 1923, não reagiu e, aos 30 minutos de 21 de novembro de 19251, deixava de existir o grande batalhador. Seu nome constitui o nume tutelar da Brigada Militar, que lhe tributou, tributa e tributará sempre as mais imorredouras homenagens. O novo Comandante Geral da Brigada Militar, Coronel Claudino Nunes Pereira, em seu boletim assim se despediu de Affonso Emílio Massot: “O destino implacável não podia reservar à Brigada Militar golpe mais cruel que esse, quando a força ainda esperava a continuação dos relevantes serviços e da eficiente administração do seu inolvidável chefe, de quem muito se orgulhava pela sua destacada competência e brilhantes qualidades que ornavam o seu caráter impoluto de soldado, de cidadão e de chefe honrado e justiceiro. Assim como a Corporação, o Rio Grande e a República perdem no Coronel Massot o servidor íntegro, dedicado e leal. Procedendo com invariável correção, com sacrifício da vida e da saúde, por vezes sem número, impôs-se à admiração, estima e respeito dos seus chefes, concidadãos e comandados... . E onde havia perigo aí estava ele, dando exemplos de alta compreensão de deveres e do elevado espírito de sacrifício... . Comandando o 2º Batalhão da Reserva, tomou parte de notável relevância na memorável defesa de Bagé... . O Coronel do Exército Carlos Maia da Silva Teles, recomendou ao Governo da República, que lhe deu as honras de Tenente-Coronel do Exército...” “No comprimento do seu dever, não media sacrifícios nem pesava conseqüências. Oficial inteligente, devotado ao serviço público, como os que mais o eram, disciplinado e disciplinador , enérgico e ao mesmo tempo bondoso e sempre caritativo, dotado de insuperável capacidade de 1 Aldo Ladeira diz Ter falecido no dia 21-11, aos 30 minutos; engano, o óbito foi no dia 21-10, à zero hora .


trabalho, modelar chefe de família, amigo leal e cidadão culto, de pureza moral e aprimorada educação civil e militar, deixa o Coronel Massot, de sua passagem pelas fileiras da Brigada, um sulco indelével de saudade, pela sua ação consciente, ponderada e útil, que jamais será esquecida. Sem preocupar-se com o agradar ou desagradar a ninguém, pautava sempre a diretriz do seu proceder pela mais severa justiça e pela conveniência do serviço”. Faleceu no dia 21-10-1925, à zero hora, na Avenida Treze de Maio nº 51, de miocardite azotêmica. Firmou o atestado de óbito o Dr. Antenor Graja de Abreu e compareceu em Cartório para a declaração do óbito, o senhor Pregentino Scalzilli (Termo nº. 3.001, livro 124, fls. 66, do Cartório da 4ª Zona do Registro Civil de Porto Alegre).2 Os restos mortais do saudoso chefe repousam no Cemitério da Santa Casa de Misericórdia, nesta capital, em mausoléu mandado erigir pela Brigada Militar. O Governo do Estado, por Decreto n. 72.164, de 11 de março de 1938, criou o Grupo Escolar Coronel Massot, no Menino Deus, homenageando ao militar ilustre e o ex-professor, com largo crédito de serviços prestados à causa da educação. Mediante proposta do Comandante Geral da Brigada Militar, Cel Venâncio Batista, Governo do Estado pelo Decreto 4.221 de 20-10-1953, institui como PATRONO DA BRIGADA MILITAR, o Coronel Affonso Emílio Massot: “O Governo do Estado do Rio Grande do Sul, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 87, inciso II, da Constituição do Estado, de 8 de julho de 1947, considerando que o Coronel Affonso Emílio Massot, falecido em 21 de outubro de 1925, como Comandante Geral da Brigada Militar, dedicou a maior parte de sua existência ao serviço do Estado e da Corporação a que pertenceu; considerando que, no posto de Capitão, e depois no de Major-Comandante do 2º Batalhão de Infantaria da Reserva, prestou ele assinalados serviços de 2

Anotação e transcrição de I. º Brilhante.


guerra, durante a Revolução Federalista de 1893-1895, em virtude dos quais o Governo Federal concedeu-lhe as honras de Tenente-Coronel honorário do Exército; considerando que, posteriormente, quer no comando do 2º Batalhão de Infantaria do serviço ativo, quer no Comando Geral da Brigada Militar, sua atuação serena e enérgica contribuiu decisivamente para elevar o conceito de que goza a Corporação entre a população ordeira do Rio Grande; considerando que, durante a Revolução de 1923, nesse Estado, a de julho de 1924, em São Paulo, e os movimentos sediciosos que lhe sucederam, seus assinalados serviços e seu dinâmico esforço, muito contribuíram para a sua jugulação e restabelecimento da ordem, pois, embora não tivesse tomado parte ativa nas lutas, foi preponderante a sua atuação nos trabalhos de mobilização das tropas; considerando que, em face do excessivo desgaste de energias físicas, seu organismo combalido não resistiu aos embates da enfermidade que o vitimou; considerando que o Coronel Affonso Emílio Massot, pelos seus atos, exemplos e conselhos, até hoje seguidos na Brigada Militar, tem seu nome ligado indelevelmente à Corporação; considerando, finalmente, que é das mais justas a homenagem que a Brigada Militar deseja prestar ao seu inesquecível Comandante Geral e atendendo ao que solicitou a Força Estadual, pelo seu atual Comandante DECRETA Art. 1º - Fica instituído PATRONO DA BRIGADA MILITAR o seu ExComandante Geral – Coronel AFFONSO EMÍLIO MASSOT – falecido em 21 de outubro de 1925. Art. 2º - Revogam-se as disposições em contrário. PALÁCIO DO GOVERNO, em Porto Alegre, 20 de outubro de 1953. ERNESTO DORNELES Governador do Estado


TEOBALDO NEUMANN Secretário do Interior e Justiça”3. Com o objetivo de homenagear o Coronel Massot, em 17 de outubro de 1925, o então Comandante da Brigada Militar Cel Claudino Nunes Pereira, criou a Instituição Beneficente Coronel Massot (IBCM), que tem por finalidade prestar assistência médico-hospitalar a seus sócios. Por ocasião de sua fundação era constituída por diretorias regimentais diretamente subordinadas ao Conselho Administrativo da Força. Em 1947, ao assumir o comando, o Coronel Walter Peracchi de Barcellos procedeu a reestruturação da IBCM ampliando seus benefícios e obedecendo a uma diretoria única e independente. Conta ainda com delegacias nas sedes das unidades no interior do Estado, onde mantém serviços sanitários. A instituição, conta, atualmente, com 21.329 sócios e 46.030 dependentes, totalizando um atendimento de 67.359 pessoas. Seu patrimônio é de mais de 50 milhões de cruzeiros e tem uma arrecadação mensal de 3 milhões de cruzeiros.4 3 4

Anotação e transcrição de I. O. Brilhante. Anotações e transcrições de I. O. Brilhante.


CULTO E ACOLHEDOR

CORONEL AGENOR BARCELLOS FEIO Ajudante de Ordens de Massot; caráter, inteligência e amigo.


O Coronel Agenor Barcellos Feio era um homem dotado de uma fina educação, atencioso, comunicativo e recebia qualquer pessoa que o fosse procurar, com carinho e a seus subordinados dispensava uma atenção especial, acolhedora e fidalga. Seu vulto nobre ficou gravado em minha mente e a sua bondade encontrou morada dentro de meu coração. No ano de 1913, em novembro, foi incluído na Brigada Militar, e já em janeiro de 1914, era promovido a 2º Sargento e, a 16 de junho, a 1º Sargento amanuense. Quatro anos depois, em 1917, em dezembro, era novamente promovido, agora ao posto de Alferes, quando em abril de 1919, foi nomeado Ajudante de Ordens do Cel Affonso Emílio Massot , Comandante Geral da Brigada Militar. Em novembro do mesmo ano, tomou parte nas grandes manobras do Exército Brasileiro, em Saicã, ficando adido ao Estado Maior, no Quartel General. Terminadas as manobras, por ordem do General-Comandante, ficou na cidade de Livramento, a fim de auxiliar no serviço de concentração das tropas da 3ª Brigada de Cavalaria do Exército Nacional. Em janeiro de 1924, seguiu para Vacaria, em objeto de serviço, junto a 4ª Brigada Provisória do Nordeste. A 14, foi louvado pelo Presidente do Estado “pela atividade, abnegação, lealdade e valor com que se conduziu durante o período revolucionário, revelando reta compreensão de seus deveres militares”. Em 14 de março, foi promovido ao posto de 1º Tenente, por merecimento. Com a finalidade de operar com o Grupo de Batalhões de Caçadores à disposição do Governo Federal, dia 9 de junho, foi nomeado para servir no Estado Maior, como oficial de informações, ocasião em que passou a fazer parte de um Destacamento de tropas da 3ª Região Militar e da 3ª Divisão de Infantaria, sob o comando do Cel do Exército Atalíbio Taurino de Rezende. Embarcou a 13, com destino ao Norte do País, chegando ao Porto de Santos a 18 e, posteriormente, com tropas federais marchou para o Rio de Janeiro, onde chegou a 19, depois desfilou em passeata pela Avenida Rio Branco e acantonou no Quartel do 2º Regimento de Infantaria do Exército. No dia seguinte, com o Batalhão, seguiu para o teatro de operações, em São Paulo, por ordem do Ministro da Guerra.


Em terras bandeirantes, foi incorporado à Divisão de Infantaria, em operações, sob o comando do General Eduardo Sócrates, ocasião em que foi louvado pelo mesmo General “pelos relevantes e inestimáveis serviços que prestou durante as operações contra os rebeldes, que ocupavam a capital paulista, cumpriu com notável solicitude, dedicação e admirável inteligência, todas as missões que lhe foram confiadas, pondo em destaque a sua aprimorada educação e cultura e as suas belas qualidades de caráter, em primeiro escalão, esteve em zonas perigosas e batidas pelo fogo, realçou as suas brilhantes qualidades de oficial brioso e valoroso”. Em perseguição ao inimigo, embarcou para o interior paulista, agora sob o comando do Coronel do Exército Pantaleão Telles Ferreira, tendo atingido Sorocaba, Boituva, Faxina e Itapetininga. Em agosto, passado à disposição do General João Álvares de Azevedo Costa, Comandante de Operações do Sul, seguiu para o Estado do Paraná, chegando em Jaguaryahiva, Afonso Camargo e Wenceslau Braz, quando no dia 18, passou a integrar a Brigada Abreu Lima, oportunidade em que foi louvado pelos Generais Azevedo Costa e Eduardo Sócrates, Comandante do Destacamento e da 2ª Região Militar, em nome do Presidente da República “pela fé demonstrada, a qual servida por inquebrantável bravura, salvou a República, para orgulho da nossa raça, da ignomínia dos traidores do dever militar e da honra nacional”. Tomou parte no combate de Santo Anastácio, no qual mais uma vez colocou em brilhante relevo as suas qualidades de oficial de robusta inteligência, prestando inestimáveis serviços durante a ação. Deixando São Paulo, retornou ao Rio Grande do Sul, por ordem do General Azevedo Costa, tendo sido louvado por essa autoridade “pelo valor, lealdade, inteligência e capacidade com que se houve no desempenho das missões que lhe foram confiadas, quer no combate de Santo Anastácio, quer na fase de perseguição aos rebeldes. Dia 28 de setembro, chegando a Porto Alegre, desfilou pelas principais ruas da cidade. Em outubro, foi desligado do Grupo de Batalhões, sendo louvado pelo dedicado auxílio que prestou, desempenhando com a máxima lealdade, zelo, solicitude, inteligência e admirável senso militar, os árduos serviços e missões, revelando-se um oficial valoroso, decidido e dotado de grande capacidade de trabalho, que muito honra a Brigada Militar”. Transcorria o ano de 1924, quando a 30 de outubro, era mobilizado para


operações, em conseqüência do movimento revolucionário que eclodiu no Rio Grande do Sul, desempenhou várias missões e em abril de 1925, foi promovido a Capitão. Desempenhou, nos anos de 1926 até princípios de 1927, as funções de Diretor da Escola para Oficiais e Sargentos da Brigada Militar, demonstrando o seu interesse em prol do levantamento intelectual dos elementos da mesma Corporação, confirmando a sua grande capacidade de trabalho, inteligência e devotamento ao ensino. Exerceu o cargo de Comandante da Guarda Civil de Porto Alegre, em janeiro de 1929. Em outubro de 1930, foi promovido ao posto de Major e comissionado no posto de Tenente-Coronel para comandar o 1º Batalhão de Infantaria da Reserva, nesta capital, ocasião em que deixou a Guarda Civil, merecendo referência elogiosa do Chefe de Polícia do Estado pelos “notáveis serviços que prestou àquela Corporação”. Já no dia 18, embarcava com seu Batalhão com destino à margem do Taquari e, posteriormente, dirigindo-se para Ponta Grossa, no Estado do Paraná, atingindo aquela localidade dia 28. Recebendo determinações superiores, no mesmo dia, seguiu para o Estado de São Paulo, local em que chegou em 2 de novembro e já no dia 6, retornava ao Rio Grande do Sul, chegando a Porto Alegre a 12. Em 1º de janeiro de 1931, foi louvado pelo General José Antônio Flores da Cunha “embora afastado temporariamente do serviço da Brigada, por estar no comando da Guarda Civil, muito se esforçou para o triunfo da revolução, pela atuação valorosa, eficiente e inteligente que desenvolveu, quer no preparo do ataque ao Quartel General da 3ª Região Militar, na tarde de 3 de outubro, quer no decorrer da violenta ação que teve, como conseqüência a prisão do General Comandante da Região e oficiais do respectivo Estado Maior e ainda pela correção com que conduziu, posteriormente, o 1º Batalhão da Reserva, de seu comando, quando em viagem para São Paulo, visando a incorporar-se às tropas que ali combatiam, sendo ainda notável o esforço que fez na organização de sua Unidade”. Em 20 do mesmo mês, foi considerado graduado no posto de Tenente-Coronel e a 30 de julho, foi promovido ao mesmo posto. A fim de representar a Brigada Militar nos festejos comemorativos do Centenário da Força Pública de São Paulo, em dezembro embarcou para aquele Estado. Regressando de São Paulo, em janeiro, foi louvado “pela


maneira distinta com que se conduziu quando fez parte da missão de oficiais que foi a São Paulo, colocando em grande destaque o nome glorioso da Força Gaúcha”. Em julho do mesmo ano, foi nomeado para exercer, interinamente, o cargo de Chefe de Polícia do Estado, função que desempenhou até janeiro de 1933, quando solicitou exoneração. Em 3 do mesmo mês de janeiro, foi promovido ao posto de Coronel, em consideração aos relevantes serviços prestados, quer como Comandante da Guarda Civil, quer como Chefe de Polícia. Já em outubro, assumia o cargo de Prefeito da cidade de Livramento, quando em março de 1934, foi dispensado. Em fins de 1936, foi transferido para a reserva e em novembro de 1937, requereu reversão ao serviço ativo da Brigada Militar, sendo a 18, nomeado Comandante Geral. No dia 12 de dezembro de 1938, foi exonerado, a pedido, do Comando da Força Estadual, passando à disposição da Secretaria do Interior e Justiça. Transcorria o ano de 1940, em junho, no dia 19, foi reformado. Na oportunidade, o Comandante da Brigada Militar, assim se manifestou: “Na sua brilhante carreira militar atingiu os demais postos da hierarquia até o que foi reformado, tendo comandado a força de 17-11-1937 a 17-121938. Prestou o Cel Agenor Barcellos Feio relevantes serviços à Brigada Militar. Trabalhador infatigável, ardoroso batalhador da disciplina, instrução e engrandecimento da Força, a par de sua reconhecida capacidade de organizador e administrador. Os seus esforços sempre foram coroados de êxito, em benefício da Corporação a que pertenceu e cujo nível intelectual, moral e material procurou sempre melhorar, zeloso, dedicado, dotado de um espírito de sacrifício, abnegação e de belas qualidades apreciáveis de caráter...” O seu comando foi repleto de realizações que muito contribuíram para o engrandecimento da Brigada Militar. No Estado de Niterói, desempenhou, depois de reformado, o cargo de Secretário de Segurança.


O Coronel Agenor Barcellos Feio deixou atrĂĄs de sua marcante personalidade, uma estrada cheia de altos predicados morais intelectuais e de devotamento Ă Brigada Militar. Faleceu no Rio de Janeiro.


O JOVEM ALFERES *

CORONEL AMADEU MASSOT Irmão do Patrono da Brigada Militar; Honradez, honestidade; espírito de sacrifício; amor ao próximo.


Irmão do Coronel Affonso Emílio Massot, Patrono da Brigada Militar. Amadeu Massot, nasceu na cidade de Pelotas, no dia 7 de janeiro de 1877. Ao terem início os acontecimentos políticos, que antecederam a Revolução Federalista de 1893/1895, contava Amadeu mais de quinze anos de idade, quando a 14 de novembro de 1892, ao ser organizado o 1º Batalhão de Infantaria da Reserva, foi nele incluído, com a graduação de Segundo Sargento, ocasião em que deixou as aulas do Colégio Evolução, de que era aluno, na cidade de Pelotas. Fazendo parte, com seu Batalhão da Brigada, sob o comando do Coronel Antônio Adolfo da Fontoura Mena Barreto, interviu no combate do Salsinho, em 11 de fevereiro de 1893, local onde foi o encontro inicial do triste período de luta. Marchou, em seguida, até Livramento, e quando regressava para Bagé, com a Divisão do General João Batista da Silva Teles, participou, a 12 de maio, do combate do Upamaroti. Após foi transferido para o 2º B.I.R. e destacado para Aceguá. Com pouco mais de dezesseis anos de idade, em 12 de outubro de 1893, foi nomeado Alferes. Em virtude dos movimentos de forças revolucionárias no município de Bagé, em 31 de outubro, marchou para o Quebracho, quando em novembro retornou para Bagé, de cuja guarnição ficou fazendo parte, durante o sítio da mesma cidade, pelas forças federalistas, sob o comando do Gen Joca Tavares. Após uma série de ligeiras operações na região sul do Estado, em abril de 1894, tomou parte no combate da Quinta, perto de Rio Grande. Tendo a Brigada Militar passando a operar em conjunto, sob as ordens de seu Comandante Geral, Coronel Joaquim Pantaleão Teles de Queiroz, o 2º B.I.R. a ela foi incorporado, em novembro de 1894, e, após marchar pelos municípios de Bagé, D. Pedrito, Livramento e Rosário, além da penosa caminhada pelo interior da Serra do Caverá, regressou a Bagé. Em 1895, no mês de março palmilhou pelos municípios de Lavras e D. Pedrito, guerrilhando com forças de Aparício Saraiva e a 23, combateu na


Estiva. Depois de outros choques com os rebeldes, o 2º B.I.R. passou a servir adido ao 1º B.I.E., ficando aquele virtualmente dissolvido. Promovido a Tenente em 12 de dezembro de 1896 e em 8 de abril de 1901, foi elevado ao posto de Capitão, quando em 14 de março de 1913, foi promovido a Major, para o 1º B.I. A 14 de dezembro de 1917, foi novamente promovido, agora ao posto de Tenente-Coronel para o comando de Infantaria, sendo posteriormente, transferido para o 2º Batalhão de Infantaria. No ano de 1923, tendo se levantado em armas as forças oposicionistas ao governo do Estado, em conseqüência da reeleição do Dr. Borges de Medeiros, foi o Tenente-Coronel Amadeu Massot incumbido de seguir com sua unidade para São João do Camaquã, onde Zeca Neto estava à frente de uma força revolucionária. Chegando no dia 31 de janeiro daquele ano, àquela localidade, teve vários entendimentos com o Chefe Libertador Coronel José Antônio Neto (Zeca Neto), resultando a dissolução dos homens que esse procer tinha reunido. Em 23 de fevereiro, com o batalhão, incorporou-se, por ordem superior, à 3ª Brigada Provisória do Sul, partindo logo após com a missão de bater a Coluna de Zeca Neto que se apoderara de Canguçu. A 16 de maio, achava-se em Bagé, com a 3ª Brigada do Sul, quando recebeu ordem de marchar a fim de, em ação combinada com a 2ª Brigada do Oeste, combater as forças maragatas de Estácio Azambuja, Zeca Neto, Honório Lemes e outros chefes revolucionários. Estava o Batalhão acantonado na cidade de Rosário, em 1º de outubro, quando recebeu ordens para deslocar-se, com urgência, para Jacaquá, onde o 1º Batalhão de Infantaria, sob o comando do Tenente-Coronel Leopoldo Ayres de Vasconcellos estava empenhado em luta com o inimigo, que transpunha o Passo do Catarino, onde combateu as forças revolucionárias. Depois, dia 21, entrou em choque, novamente na Parada Chagas. Terminado o movimento sedicioso de 1923, com a pacificação do Estado, regressou a Porto Alegre. Transcorria o ano de 1924, quando deu-se o levante militar de parte da Guarnição de São Paulo, irradiando-se ao Rio Grande do Sul. O 2º Batalhão


de Infantaria, em conseqüência, marchou de 18 de novembro para o interior do Estado, incorporando-se a 23, em Cacequi, ao Grupo de Batalhões da Brigada Militar, sob o comando de Carlos Canabarro Cunha. Por motivo de doença, em 19 de fevereiro de 1925, o Coronel Amadeu Massot foi reformado. Durante a sua longa vida militar, recebeu muitos e muitos louvores pela dedicação, capacidade militar, lealdade, espírito de disciplina e alto senso de responsabilidade sempre demonstrada. O Comandante-Geral da Brigada Militar, Coronel Affonso Emílio Massot, ao despedir-se, assim escreveu: “Cumpro o imperioso dever de justiça de agradecer-lhe vivamente, aos relevantes e abnegados serviços que prestou ao Estado e à República, sempre com a maior lealdade e dedicação, no período de mais de 35 anos, que foi o de sua atividade na Brigada Militar. O Cel Amadeu, iniciou a sua carreira na Força do Estado já nos campos de luta, em 93, tomando parte ativa em vários combates, sendo um dos bravos do sítio de Bagé, feito memorável que constitui uma das páginas mais brilhantes daquela campanha. Ultimamente, a testa de seu batalhão fez toda a campanha de 1923 e a que teve início em fins do ano passado, prestando assinalados serviços na defesa da ordem e das leis ...”. Com a eclosão do movimento revolucionário de 3 de outubro de 1930, embora reformado, o Coronel Amadeu Massot, recebeu a missão do Governo do Estado, de organizar o 3º Batalhão de Infantaria de Reserva. Feita a sua organização foi nomeado seu Comandante. Marchando, com seu Batalhão, para o Estado de Santa Catarina, com destino a Florianópolis. Em 26 de novembro, o General Assis Brasil, Governador Civil e Militar daquele Estado, nomeou o Coronel Amadeu Massot para Comandante Geral interino da Força Pública Catarinense, cujo comando desempenhou até o dia 20. Ao dispensá-lo do comando: “Ao Coronel Amadeu Massot que acaba de deixar o comando interino da Força Pública do Estado, agradeço os serviços que prestou ao meu Governo, na fase delicada que atravessamos, cooperando para a normalização, em pouco tempo, dos serviços da citada Corporação,


com aquela inteligente solicitude, honrada atividade e firme lealdade que o caracterizam, de há muito, como um dos mais salientes vultos de seu Estado”. Depois de permanecer alguns meses em Florianópolis, o 3º B.I.R., em fins de janeiro de 1931, regressou a Porto Alegre, sendo dissolvido. Finalmente, durante a revolução de 1932, o Coronel Amadeu Massot ofereceu seus serviços, sendo designado para comandar um destacamento constituído de três batalhões da reserva, organizado na cidade de Cachoeira e que se manteve em serviço de vigilância, durante todo o período anormal. E aqui ficam registrados, para exemplo à atual geração e, para as posteriores, o amor de um homem à causa pública, salientando a honra e a bravura, aliadas à honestidade e sacrifício, que é, e deverá ser sempre, a divisa de todo o homem que passe pelas fileiras da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul.


O EMÉRITO NARRADOR

CORONEL ALDO LADEIRA TEIXEIRA Na alegoria da capa Ao deixar a base dos heróis e dos sábios, aqui na terra, sua ascensão para o Ápice da Glória foi divina, e de onde ele espargiu a luz de sua brilhante inteligência, que vem cintilar nos corações dos amigos e colegas, como num fulgir de almas fraternas.


Na sua brilhante passagem pela Brigada Militar, muito a dignificou pela sua inteligência, espírito de organização, acendrado amor e devotamento as suas atribuições que foram as várias funções que desempenhou, sempre com acerto, boa vontade, energia e bondade, devotadas ao bem comum. Em período bélico participou ativamente somente no do ano de 1923. Fazendo parte do 2º Regimento de Cavalaria. Foi um dos bravos da Brigada de Oeste, na ponte do Alegrete, sobre o rio Ibirapuitã. Foi Aldo Ladeira Ribeiro testemunha do arrojo de Augusto Januário Correia, nas investidas terríveis dos Legalistas e da heróica resistência dos Maragatos, sob o comando do Coronel Teco Timbaúva, naquela tarde triste de 19 de junho. Como Chefe do Estado Maior da Brigada Militar, foi um dos mais dinâmicos, sabendo imprimir uma disciplina rígida, mas consciente, a par de uma tolerância que se fazia notar, para com os seus subordinados. Era dotado de uma fina educação que a todos encantava, sabia receber com fidalguia e atendia a todos com atenção, porque acima de tudo era um cavalheiro. Nasceu em 18 de dezembro de 1894, sendo filho de Luiz Gonzaga Ribeiro. No ano de 1916, dia 28 de janeiro, foi incluído na Brigada Militar e no 3º Batalhão de Infantaria. Ainda praça de pret, em 1918, já desempenhava as funções de escrivão da Auditoria da Brigada Militar, quando em 1919, foi nomeado Alferes para o 1º B.I. Foi um dos oficiais escolhidos para participar das Grandes Manobras em 6 de novembro de 1919, em campos de Saicã, integrando a 2ª Brigada de Cavalaria do Exército Brasileiro e, ao ser dissolvida esta Brigada, foi louvado pelo General-Comandante “pela inteligência e solicitude com que desempenhou as funções que lhe foram confiadas como auxiliar do comando”. Exerceu o cargo de subdelegado de polícia do 5º distrito de Livramento, em 1922, sendo dispensado em março de 1923, em face do movimento revolucionário. Recolhido ao seu Regimento, com este deslocou-se para Montenegro, posteriormente para Bento Gonçalves, Alfredo Chaves e Lagoa Vermelha, participando de um reconhecimento à mesma localidade que se achava em poder de revolucionários, sob o comando de Felipe Portinho. Palmilhou por Capão Bonito, Cacique Doble, Forquilha, Sananduva e depois seguiu com destino a Santa Maria e em seguida para Livramento.


Dia 6 de maio de 1923, participou no combate contra a coluna do General Honório Lemes, no Passo do Guedes. Passados nove dias, a 15, combateu contra os homens de Estácio Azambuja e Zeca Neto, na Fazenda dos Pires. Na Picada do Aipo, em 5 de junho, tomou parte no encontro travado com forças de Chiquinote Pereira. No violento combate travado, em 19 de junho, na ponte do Alegrete, sob o rio Ibirapuitã, entre as forças da 2ª Brigada do Oeste e a Coluna do General Honório Lemes, lá estava o Tenente Aldo que foi uma das testemunhas do valor gaúcho, da sua temeridade e do seu heroísmo. A valentia era de parte a parte. Depois de várias missões bélicas, em 29 de outubro seguiu com seu Esquadrão para Porteirinhas, com a finalidade de incorporar-se à 2ª Brigada do Oeste, sob o comando do Coronel Flores da Cunha. Regressou para Livramento em 3 de novembro, sendo dispensado da 2ª Brigada do Oeste. Mereceu louvores do comando “pela perseverança, dedicação e lealdade com que se houve nos dias consagrados à defesa da legalidade”. O Presidente do Estado, em 14 de janeiro de 1924, teceu este louvor a Aldo Ladeira Ribeiro: “pela atividade, abnegação, lealdade e valor com que se conduziu durante o período revolucionário”. Exerceu, em agosto, interinamente, as funções de Secretário da Brigada Militar e, ao ser dispensado, em outubro, foi elogiado: “pelos serviços que prestou com zelo, inteligência e capacidade no desempenho do cargo”. Promovido ao posto de 1º Tenente, em 25 de outubro de 1924 e já a 30 do mesmo mês, foi mobilizado para operações de guerra, passando à disposição da 3ª Região Militar. A 27 de junho de 1925, embarcou para Passo Fundo, a fim de ficar à disposição do Tenente-Coronel do Exército Emílio Lúcio Esteves, para auxiliá-lo em trabalhos de inquérito. Foi ajudante de Ordens do Coronel Affonso Emílio Massot, em setembro de 1925.


Em 1926, exerceu as funções de Secretário do Curso de Preparação Militar, cumulativamente, com as de Secretário do Conselho de Apelação. No decorrer do ano seguinte, foi professor de Geografia Geral e Corografia do Brasil, no 1º ano do Curso de Preparação Militar. Promovido ao posto de Capitão, em janeiro de 1930. A fim de representar o Estado, nas festas comemorativas do centenário da Independência do Uruguai, embarcou para aquele país. Foi professor de História Universal e do Rio Grande do Sul, nos 1º e 2º ano do Curso de Preparação Militar, respectivamente, durante o ano de 1930. Mais uma promoção mereceu em novembro deste ano, sendo elevado ao posto de Major. O Interventor Federal do Rio Grande, em janeiro de 1931, agraciou Aldo Ladeira Ribeiro com este louvor: “pela solicitude com que se houve, não só no dia 3 de outubro do ano findo, quando irrompeu o movimento revolucionário em Porto Alegre, auxiliando eficazmente nos preparativos da missão que coube à Brigada Militar, como depois, nos afanosos serviços de mobilização e desmobilização, por vezes, dia e noite, sem o indispensável descanso, evidenciou insuperável capacidade de trabalho, inteligência e lealdade, muito facilitando a missão confiada ao comando”. Na Revolução de 1932, permaneceu em Porto Alegre, auxiliando o comando geral em vários setores onde se faziam necessários os seus prestimosos serviços, como um oficial de alta capacidade, em todos os setores. Como Major desempenhou as funções de Assistente do Pessoal (hoje chefe do Estado Maior) e, ao ser dispensado, foi louvado: “Fazendo justiça ao mérito, o comando agradece-lhe os inestimáveis serviços que prestou, pela lealdade, esforço persistente na contração ao trabalho, espírito de organização, amor à ordem, qualidades essas que o tornam um brilhante oficial da Corporação”. No mês de fevereiro daquele ano (1932), foi comissionado no posto de TenenteCoronel para o comando do 2º Batalhão de Infantaria. Ao ser dispensado das funções de professor, o Diretor de Ensino assim se expressou: “retirando-se do nosso convívio escolar, por imperiosa necessidade de serviço, expresso o sentimento que nos causa o seu afastamento. Irão todos ficar privados do


aconchego do seu coração amigo, bom e nobre”. Em junho de 1934, foi promovido ao Posto de Tenente-Coronel e a 16 de agosto, foi nomeado Assistente do Material (hoje Serviço de Intendência). Voltava ao ensino, em junho de 1935, sendo nomeado professor de História da Civilização, no 2º ano do Curso de Preparação Militar e de Matemática, no Curso de Sargento. De 19 de setembro a 1º de outubro, esteve à disposição do Presidente da República. Deixando a Assistência do Material, foi nomeado para a Assistência do Pessoal, em outubro de 1935, ocasião em que o comando o louvou “pela inteligência, interesse, solicitude e lealdade com que se houve na direção da Assistência do Material. É um dos mais distintos e cultos oficiais da Brigada Militar”. Com a reorganização da Brigada Militar em abril, foi nomeado para Chefe do Estado Maior, interino, sendo na ocasião louvado “pela lealdade, dedicação, inteligência e capacidade de trabalho com que desempenhou o cargo de Assistente do Pessoal, onde organizou o projeto de reorganização da Brigada, trabalho incessante, com sacrifício mesmo de sua saúde. Tal fato jamais foi surpresa para o comando, demonstrando competência, interesse e solicitude no desempenho de tal missão”. Durante o ano de 1937, de 3 de março a 3 de abril, assumiu o comando geral da Brigada Militar. Em 18 de novembro, a pedido, foi dispensado das funções de Chefe do Estado Maior. Na oportunidade, o comando agradeceu-lhe os relevantes serviços prestados, como Chefe do Estado Maior, onde mais uma vez, evidenciou-se um valioso auxiliar. Deve a Brigada ao Tem Cel Ladeira, além de outros serviços de grande vulto, o da reorganização da força em 1936, na qual ficou plenamente demonstrada a sua grande capacidade de reorganização. Comandou o 5º Batalhão de Caçadores, de janeiro de 1939 a novembro de 1940. Em novembro deste ano, esteve à disposição do Presidente da República, durante a sua permanência no Estado.


Transferido para a reserva, em dezembro de 1940, visto ter sido nomeado Juiz da Corte de Apelação da Justiça Militar do Estado. Em 9 de janeiro de 1941, foi agraciado e louvado “pelos relevantes serviços que prestou ao País, ao Estado e à Corporação. Senhor de brilhante fé de ofício é esse camarada digno dos louvores do comando, pela abnegação e lealdade e pelo devotamento, amor ao trabalho e espírito de sacrifício com que a serviu em todas as circunstâncias, durante 30 anos, contribuindo com o melhor de suas energias em prol do engrandecimento da Força, a qual soube honrar e dignificar”. O Coronel Aldo Ladeira Ribeiro era um amante da história da sua Corporação. Se a Brigada Militar tem a sua história registrada, é obra do Major Miguel José Pereira, autor do 1º Volume do Esboço Histórico, com anotações de Aldo Ladeira Ribeiro. Se a Brigada Militar tem a sua vida registrada de agosto de 1918 a setembro de 1930, é devido ao esforço e inteligência do Coronel Aldo Ladeira Ribeiro, no 3º Volume do seu Esboço Histórico, que deixou, antes de partir para o Ápice da Glória, em condições de ser publicado. O 3º Volume, obra primorosa e histórica, que nunca ninguém terá a capacidade de fazer, em face da ausência de documentos, está em poder deste modesto narrador que tem sofrido e encontrado dificuldades para a sua publicação, mas que um dia, não muito longe, o Rio Grande, e particularmente, a Brigada Militar, conhecerá 3º Volume do seu Esboço Histórico , da autoria do saudoso homem que é o Coronel Aldo Ladeira Ribeiro. Foi um dos homens que mais amou a sua Corporação. Ele era presente e já amava o passado, porque no futuro sabia que um dia seria passado.


O HOMEM DO CATY PATRONO DO 7º B.P.M.

CORONEL ANNÍBAL GARCIA BARÃO Defensor de Santa Maria, em 1926.


Foi um homem impressionante, calmo e imperturbável. Dotado de um grande coração. Conquistava a afeição e estima de todos que se lhe aproximavam. Ao explodir a Revolução Federalista em 1893, com 15 anos de idade, em 19 de junho, foi incluído no Corpo de Exploradores, sob o comando do Tenente-Coronel João Francisco Pereira de Souza. Cessado o movimento revolucionário, houve necessidade de conservar em armas na região da fronteira do Estado, uma unidade militar, a fim de garantir a ordem e a propriedade. O Corpo dos Exploradores aquartelado no Caty (município de Livramento), tomou a denominação de 2º Corpo Provisório, adido à Brigada Militar. Finda a necessidade da existência do 2º C.P., o Governo decidiu dissolvêlo. Os oficiais e praças que desejassem, seriam incluídos nos efetivos da Brigada Militar do Estado. Foi nestas condições, em 5 de janeiro de 1909, que o Tenente Anníbal Barão passou a fazer parte da Força Pública do Rio Grande, incluído no 1º Regimento de Cavalaria em Santa Maria. No mês de agosto, foi nomeado Delegado de Polícia de Quaraí. Foi nomeado Capitão, em 17 de março de 1913, quando em fevereiro de 1920 foi nomeado subintendente de Livramento, sem prejuízo de suas funções militares. No decorrer do ano de 1923, ao eclodir o movimento revolucionário, por ordem superior, Barão permaneceu em Livramento com a finalidade de auxiliar e orientar a organização de corpos provisórios e, principalmente, na defesa da cidade. Posteriormente, participou de encontros rápidos e locomoções várias em perseguição às tropas Margatas, na fronteira Oeste do Estado. Novamente em armas o Estado Gaúcho, no ano de 1924. A 21 de novembro, foi declarado estar a serviço do Governo Federal, à disposição do General Comandante da 3ª Região Militar, para as operações de guerra. Fazendo parte do 2º Regimento de Cavalaria, andava em perseguição


à Coluna do General Honório Lemes, quando no dia 22 de novembro, às 8:30h foi atacado por poderosos efetivos revolucionários, sob o comando do Leão do Caverá , no Cerro da Conceição, travando ali o 2º Regimento e o 15º Corpo Auxiliar, um cruento combate que durou até a tarde. Houve no decorrer do mesmo, choque de arma branca. Em virtude do ferimento recebido pelo Cel. Augusto Januário Correia, Comandante do Regimento e o Major Sub-Comandante estar auxiliando o 15º C. A, o Capitão Anníbal Barão assumiu o comando do Regimento. No mencionado combate as forças legais venceram a poderosa Coluna Libertadora. Em 2 de dezembro, foi Barão graduado a Major, continuando sua marcha de perseguição, passando por várias localidades da fronteira. Por ocasião da dissolução do Destacamento, foi louvado pelo Cel do Exército Lúcio Esteves. “pela dedicação, zelo e disciplina que sempre se houve como fiscal do Regimento”. Já estamos no ano de 1925, janeiro, às 8 horas do dia 3, quando foi travado o violento combate com Forças Revolucionárias em Ramada. O choque se prolongou até a tarde. O Cel do Exército Lúcio Esteves agraciou Barão nesses termos: “pelo inestimável auxílio que prestou na ligação com o primeiro escalão, demonstrando valor e calma”. Promovido a Major, em 16 de abril. Era desfeito, novamente, o Destacamento, ocasião em que mereceu louvores do Cel do Exército Lúcio Esteves: “pela inteligência, dedicação, lealdade, disciplina, valor comprovado, espírito de sacrifício e amor ao trabalho com que se houve durante o período de quase quatro meses de campanha em que esteve o Regimento fazendo parte do destacamento”. O General Comandante da 3ª R.M., Eurico de Andrade Neves, assim falou de Barão: “pelo valor, dedicação e zelo no desempenho das suas funções. Cumpriu


o seu dever e mostrou-se digno depositário das tradições de honra e de heroísmo da Brigada Militar, é louvado”. Elementos da guarnição em Santa Maria, no dia 16 de novembro se sublevaram na madrugada do mesmo dia e atacaram a cidade. O combate terminou na manhã seguinte e Barão era o comandante do 1º Regimento que enfrentou os revoltosos e os venceu. No dia 20, era Anníbal Garcia Barão promovido a Tenente-Coronel, por ato de bravura praticado na defesa da cidade de Santa Maria. Em conseqüência de sua ação calma e brava naquele combate, dia 22, o General Comandante do Setor Norte do Estado, assim o louvou: pela bravura, valor distinto que deu provas no combate que travou com sua unidade contra os sediciosos, onde revelou mais uma vez ser um oficial de raras qualidades que, pela sua ação decisiva, cooperou eficazmente para o restabelecimento da ordem”. O Coronel do Exército Enéas Pompílio Pires, Cmt da 5ª Brigada de Cavalaria e da Guarnição de Santa Maria assim falou: “é louvado pela habilidade com que se houve para resistir aos amotinados, salvando a cidade do saque e talvez a família santamariense da desonra, pelos instintos bestiais de quem desprezando os mais elementares preconceitos de humanidade, não trepidou em bombardear uma população inerme. Pela distinta bravura com que se conduziu em tão grave emergência e pela ação decisiva refletida, inteligente e enérgica que imprimiu à direção da tropa na defesa da cidade de Santa Maria, reafirmando brilhantemente as suas já conhecidas qualidades de oficial pundonoroso e bravo”. Participou do combate do Salsinho dia 25, sob o comando do Cel do Exército Lúcio Esteves. No ano de 1930, no mês de outubro, dia 10, embarcou com seu Regimento com destino ao Estado de São Paulo, em operação bélica, às ordens do General Chefe do Grande Estado Maior das Forças Nacionais. Dia 24, foi promovido ao posto de Coronel. Depois de Ter percorrido várias localidades de Santa Catarina, Paraná e São Paulo, em missão especial, com seu Regimento, a 23 de novembro regressou ao Rio Grande do Sul. O General José Antônio Flores da Cunha, ao dissolver a Brigada sob seu


comando, fez a seguinte referência a Barão: “Agradeço a valiosa cooperação dos meus camaradas para o feliz desempenho da missão que nos foi confiada. Cumpriram todos dignamente os árduos deveres de bem servir a causa da revolução vitoriosa. Só tenho louvores a tecer a quem com abnegação e intrepidez tão alto elevou o nome das armas rio-grandenses. Destaco, especialmente, o Coronel Anníbal Garcia Barão”. Em face da orientação adotada pelo Governo do Estado e da marcha dos acontecimentos políticos, em 22 de agosto de 1932, Anníbal Garcia Barão solicitou sua transferência para a reserva. Anníbal Barão veterano do Caty e o Comandante da Resistência Legal em Santa Maria quando salvou a cidade de um massacre, é um homem digno de todo o respeito, consideração e apreço e muitos serviços prestou ao Estado e ao Brasil, quando operando com forças do Glorioso Exército Brasileiro.


SUBLIME SACRIFÍCIO PATRONO DO 1º B.P.M.

CORONEL APARÍCIO GONÇALVES BORGES Excelso


Há instantes na vida que, para traduzir os sentimentos ou relatar alguma passagem da existência, o coração é deixado de lado, porque é humano,. Sofre ... e chora ... No âmago da alma, que é Divina e Imortal, é procurado o argumento e o objetivo para o fim. Procurei no cantinho mais recôndito da alma as palavras para contar a vida desse Homem. Não foi uma tarefa fácil. Não existem palavras belas, sonoras, ornadas de nobreza para dizer o que ele é ... o que ele foi. Somente na palavra dos Anjos do Céu, alguém poderia buscar as frase amoldadas e o linguajar angelical no vocabulário Divino. A história desse vulto impoluto e nobre, no passado, fez vibrar a sua geração, que chorou com lágrimas sentidas a sua falta. Nesta geração, é lembrado com imensa saudade, admiração e respeito. Foi um cavalheiro ... foi um condutor de homens bravos ... porque era um Herói. Seu nome: APARÍCIO GONÇALVES BORGES, filho de Horácio Gonçalves Borges, nascido em Restinga Seca, no dia 26 de agosto de 1893. Ainda jovem, com 18 anos de idade, foi incluído na Brigada Militar do Rio Grande do Sul, no 1º Batalhão de Infantaria, no dia 30 de maio de 1911. Galgou todos os postos. Em 1913, já era 1º Sargento, quando no mesmo ano, em novembro, era nomeado Alferes NO período de 1911/1913, recebeu vários louvores. Com o advento da Revolução de 1923, seguiu para o interior do Estado, no 1º B.I., sob o comando do Ten Cel Leopoldo Ayres de Vasconcellos e passou a fazer parte do Destacamento do comando do Cel Claudino Nunes Pereira. Depois de ter percorrido várias localidades, em 7 de abril passou a fazer parte da 2ª Brigada de Oeste. Desligado seu Batalhão daquela Brigada, passou a receber ordens diretas do Coronel Affonso Emílio Massot. Dia 7 de setembro, participou na operação bélica contra a Coluna do General Honório Lemes, em Palomas. Novamente em 1º de outubro, entrou em choque com a mesma Coluna, em Jacaquá. No decorrer deste ano foi várias vezes louvado pelo seu sacrifício, bravura e devotamento ao dever.


Destacarei este: “pela exata compreensão de seus deveres militares, pelo denodo, dedicação e bravura com que enfrentou os inimigos da ordem e da lei, não vacilando um só momento na execução das ordens emanadas do Comando”. Em julho de 1924, foi incorporado com seu Batalhão a um Destacamento de tropas da 3ª Região Militar, sob o comando do Cel do Exército Ataliba Taurino de Resende, embarcando com destino ao norte do País. No dia 19, aquartelou o 2º Regimento de Infantaria do Exército, no Rio de Janeiro; posteriormente seguiu para o Estado de São Paulo, onde desembarcou e foi integrado na Divisão de Operações à disposição da Brigada Florindo, substituindo em primeiro escalão, 0 12º R.I. do Exército. O Comandante da Brigada, General do Exército Brasileiro, externou a Aparício este louvor: “pela eficaz e inteligente cooperação no desempenho de suas funções, demonstrando sempre muito valor, dedicação, bravura e ação refletida em todas as ordens e missões que lhe foram confiadas”. Passando para o Destacamento Sul, no comando do General Azevedo Costa, continuava dentro do Estado de São Paulo, tendo tomado parte em diversas missões O Presidente da República, em 21 de agosto, assim se manifestou: “É louvado pela fé demonstrada, a qual pela inquebrantável bravura salvou a República, para orgulho da nossa gente, da ignomínia dos traidores do dever militar e da honra nacional”. O Coronel do Exército Américo de Abreu Lima, referindo-se a Aparício: “pelo modo leal e dedicado com que se houve no desempenho de suas funções durante o tempo em que serviu no meu comando. É louvado”. Em virtude de ter sido dissolvida a Coluna de Operações do Sul, regressou ao Rio Grande, ocasião em que o Cel. Do Exército Pantaleão Teles Ferreira assim se expressou:


“é louvado pela noção nítida do cumprimento do dever, pela inteligência, capacidade profissional e espírito de disciplina que demonstrou no exercício de suas funções”. Já em 26 de dezembro. Passava à disposição do Destacamento em organização, sob o comando do Tem Cel do Exército Emílio Lúcio Esteves, sendo nomeado Assistente do Comando, seguindo para o interior do Estado, em operações. Combateu em Ramada, merecendo este louvor do Cmt do Destacamento: “pelos inestimáveis serviços que prestou durante o combate, reafirmando o seu valor aliado a uma calma que muito o recomenda”. Depois de cumprida a missão no Destacamento, na sua dissolução o Ten Cel Esteves agradeceu a Aparício Borges assim: “É louvado pelas suas conhecidas virtudes militares, que o colocam em brilhante destaque pela robusta inteligência, dedicação, capacidade de trabalho e pelo cabal desempenho das funções do seu cargo”. Ao apresentar-se ao Comando da Brigada Militar, foi agraciado com esta referência: “pela lealdade e boa vontade com que vem desempenhando o comando de sua companhia, aliadas aos bons serviços prestados na última campanha revolucionária, como Assistente do Destacamento Tem Cel Esteves, tendo cumprido o seu dever e se mostrado digno depositário das tradições de honra e de heroísmo da Brigada Militar”. Mais uma vez a República chamava os patriotas e os soldados valentes para novas operações bélicas, tendo em 14 de dezembro de 1925, Aparício Borges embarcado com destino ao Norte, chegando ao Rio de Janeiro a 28, e no dia seguinte caminhou para o Porto de São Luiz do Maranhão, onde chegou em 6 de janeiro de 1926. Nessa ocasião passou com sua Companhia à disposição direta do General-Comandante das Forças em Operações. Esteve no Ceará, Paraíba e Pernambuco. Finalmente, em 24 de fevereiro, retornava ao Rio Grande do Sul. Ao ser desligado do Destacamento foi louvado pelo GeneralComandante assim: “pelas virtudes que contestam o valor militar, revelados pela abnegação,


tenacidade e resignação admiráveis com que cumpriu seu dever, com honra e patriotismo nos inóspitos sertões do norte brasileiro, tornando-se digno da admiração e consideração do Senhor Presidente da República e do Comandante do Destacamento, por conduta tão nobre quão elevada, no período difícil e penoso por que vinha atravessando o País”. Outro do Gen do Exército Costa Neto: “É com muito prazer que destaco os serviços prestados pela companhia do Capitão Aparício Gonçalves Borges, oficial disciplinado, portador de fina educação civil e militar, sempre pronto para executar todas as ordens que lhe foram transmitidas. Enfrentou ele todas as dificuldades encontradas em nossa penosa marcha, com abnegação própria de quem comanda com proficiência”. Mais outro do Cmt da 3ª Região Militar: Pelos relevantes serviços prestados em defesa da ordem e das leis, contribuindo com resignação e bem pronunciado espírito de sacrifício para o bom desempenho da árdua missão confiada, agindo de modo a elevar bem alto e já glorioso nome da Brigada Militar, sendo também louvado pelos bons e relevantes serviços prestados ao Destacamento, tendo sempre agido isoladamente com sua Companhia, demonstrando muito critério”. Depois da Revolução de 1930. Em janeiro de 1931, foi louvado pelo Gen. Flores da Cunha: “pelo modo solícito como se conduziu na jornada de 3 de outubro último, quando estalou o movimento revolucionário nesta Capital; embora não tomando parte direta na ação combativa, no afanoso serviço de mobilização no qual prestou valioso concurso ao Comando da Brigada, no desempenho de suas funções de Adjunto da Assistência do Material, e mais tarde na organização e mobilização do 3º B.I.R. de seu comando que, a 24 de outubro, data em que terminou a revolução e a queda do Governo Central, já estava em situação de marchar para o campo da luta no Estado de São Paulo, revelando sua capacidade de trabalho, valor, tino administrativo e exata noção do cumprimento do dever, já comprovados em campanhas anteriores”. Agora, daqui para a frente é que fica difícil escrever, em todos os lances desta narrativa, as lágrimas correm pela face e o coração chora ... a alma num


enlevo, procura as alturas para, em contato com outras almas, adquirir um pouco de coragem para continuar. 1932 – JULHO – 11, embarcou com o seu valente 1º Batalhão de Infantaria para o Estado de São Paulo em virtude da eclosão de um movimento armado. Dia 19, estava na cidade de Itararé, passando a fazer parte do Destacamento Coronel Dorneles. A marcha continuava, quando na Estação de Itanguá, teve o primeiro contato com o inimigo, onde manteve rápido e violento choque . Prosseguia o deslocamento e o destemido Primeiro caminhava ... Faxina ... Engenheiro Bacelar ... km 298 entre Rondinha e Buri ... sim. BURI Dia 26 – que data inglória para as forças gaúchas ... ali o destino tinha marcado um encontro com vários valentes e também com Aparício Borges. Aparício, na linha de combate dava suas ordens, avançava ... descoberto... com destemor ... combatia com elegância medieval ... com bravura ímpar e com heroísmo ... quando, quando ... uma rajada de metralhadora o feriu, não gemeu .. não se queixou ...tombou como um valente cavalheiro. Fora de combate o gigante, enfim, caía o Gaúcho dos Pampas ... o soldado de mil batalhas. Transportado para Itararé, veio a falecer no dia 27. Retrocederei ao triste dia 26: Quando os fanáticos de bravura do 1º Batalhão de Infantaria souberam que seu Comandante fora vítima e já estava a caminho de Itararé ... todos eles possuídos de uma força poderosa ... avançaram bravamente ... “pareciam uma torrente a despenhar-se pela montanha ... arrastando na sua impetuosidade os obstáculos encontrados ... acometeram contra o inimigo que recuava ...” . O heroísmo deste Batalhão ultrapassou a qualquer imaginação. Só uma frase diz o que foi a sua gente: “Um punhado de loucos que só tinha uma mania: lutar ... avançar ... e ... morrer”.


O Comandante da Vanguarda, fazendo referências a Aparício Borges diz: “No fragor da refrega, onde o combate assumia proporções fantásticas, lá estava ele sereno, calmo, dando as ordens, estimulando seus homens, sem ouvir o sibilar da fuzilaria que, crepitante, formava um círculo de raio curto. Nunca houve chefe mais valente. De repente uma rajada intensa, partida de cerca de 50 metros feriu-o mortalmente e ele caiu sem uma exclamação de dor ...Cumprindo determinação do Comandante da Vanguarda Cel do Exército Argemiro Dornelles, o comandante interino daqueles loucos1979bravos... sublimes-loucos... lutadores valorosos... loucos que ainda choravam e sentiam a saudade de seu querido comandante, no boletim do dia 27, em pleno campo de luta, com o coração partido, o destemido, abnegado e também louco de amor à Pátria MAJOR CAMILO DIOGO DUARTE, figura de imensa saudade... coração grande, que soube amar e alma perene de dignidade e heroísmo, assim falou: “É com verdadeiro e profundo pesar que vejo desaparecer da efetividade da Brigada Militar e deste Batalhão, por mais um golpe prematuro do insondável destino, este bravo que soube morrer com a mais expressiva dignidade, valor e abnegação às velhas e incomparáveis tradições do Soldado Gaúcho... O bravo Ten Cel. Aparício, acaba de morrer no campo da luta, na suprema direção desta Unidade, que soube comandar e conduzir com serenidade de ânimo e extraordinário tino administrativo de maneira invejável”. A leitura da despedida acima narrada, foi deveras comovente... a tropa reunida, assistia com os olhos baixos, palavra por palavra. Lágrimas corriam pelas faces enrugadas e tensas daqueles homens sublimes. Os constantes soluços eram ouvidos... e... aqueles homens loucos-bravos que nas arrancadas perigosas, firmes e valorosas, não respeitando qualquer obstáculo... estavam chorando. A alma dos grandes lutadores, num despreendimento, naquele momento, caminharam para o Infinito ao lado da alma grandiosa de Aparício Borges e conduziram para o Paraíso dos Bravos... dos heróis... dos Sublimes. O Presidente da República – Dr. Getúlio Vargas- remeteu o seguinte despacho ao General Waldomiro Lima: “Receba com seus bravos companheiros armas minhas sinceras condolências pela perda Coronel Aparício Borges, morto heroicamente na defesa do Brasil, ameaçado por injustificável rebeldia e no cumprimento do patriótico dever”. Em campos paulistas, os homens do 1.º Batalhão de Infantaria choraram a perda do sublime Comandante. Lá no chão da terra bandeirante as lágrimas


dos gaúchos regaram os campos cobertos de sangue generoso. E aqui... sim, aqui no Rio Grande, foi uma emoção coletiva. Semblantes graves-fechados... homens que choravam... homens que tinham a voz embargada e não conseguiam articular uma palavra... era a tristeza em todos os rostos... em todos os corações. A madrugada daquele 2 de agosto era fria... o vento soprava cortante... a noite estava negra... a movimentação era geral. Foi nessa madrugada gelada... foi nesta noites escura daquele 2 de agosto, que o corpo do desventurado Aparício Borges, chegava a Porto Alegre. Transportado para o Quartel General da Brigada Militar, ali na rua dos Andradas, no Salão de Honra, foi velado o Bravo Comandante do 1.º de Infantaria. Desfilou diante o corpo inanimado do Brioso Coronel, uma grande multidão, do Interventor... do General ao homem do povo. A manhã estava fria... estava muito triste... estava chorosa... estava cheia de dor, quando às 10 horas, formou-se um grande cortejo e o glorioso morto foi levado ao Cemitério. O povo de Porto Alegre, tributou ao ilustre desaparecido uma verdadeira consagração. A cerimônia do sepultamento foi comovente, foi deveras emocional. Em cada rosto via-se uma lágrima... cada coração pulsava incerto... cada alma vibrava e chorava. Antero Marcelino, entre outras referências disse: “A terra amada do Rio Grande vai receber em seu seio o filho querido que tanto soube honrá-la. Mal sabias o que te reservava o destino cruel e implacável. Mas dorme em paz, Aparício; aqui neste mundo branco dos mármores, sob o siciar dolente das casuarinas e dos ciprestes. Deixas para a tua Brigada Militar, o mais brilhante exemplo de virtudes militares”. Para comandar eternamente o 1.º Batalhão de Infantaria que é um ninho de heróis e, para nume de bravos, somente um Herói, por isso é Aparício Borges o Patrono desta Unidade da Brigada Militar. O Coronel Aparício era um homem calmo, sereno, educado, manso na voz, de um coração palpitante de ternura e de uma alma repleta de amor às pessoas. Garburoso na paz... heróico na guerra; Era um cavalheiro... enfim era um Homem. Moço ainda, quando tinha uma vida pela frente, existência que seria coberta de altos predicados e de acrisolado amor, eis que a metralha impiedosa... fria... assassina..., no seu roncar trágico e na sua violência selvagem, rouba do Rio Grande e da Brigada Militar, a preciosa existência, a fulgurante


inteligência. Sua alma, ao subir para o Paraíso acompanhada de todos os seus bravos, ostentava a Marca da Glória, no Sublime Sacrifício. “Não detenhas, porque o tempo é exíguo; continua convicto a tua jornada e leva n’alma a fé nos destinos da tua Pátria”. Ao Sr. Comandante da B. Militar Sugiro a V. S. erigir o Pantaleão da Brigada Militar, para onde seriam transladados os restos mortais de todos os seus bravos. Para a concretização do sugerido, estou certo de que o Governo do Estado, Prefeitura de P. Alegre e a Corporação de seu comando contribuirão, patrioticamente, para a realização do proposto. Povo que vive e participa dos feitos de seus antepassados, cultuando os seus maiores, é um povo que guarda no coração a chama cívica de amor à Pátria. I.O. Brilhante


NETO DO MINISTRO FARROUPILHA *

CAPITテグ ANTテ年IO LUCAS DE OLIVEIRA O Sangue guerreiro dos antepassados.


Nasceu em Candiota, município de Bagé, em 9 de agosto de 1864, sendo filho do Capitão José Lucas de Oliveira Júnior e de Dona Joana Lucas Garcia. Descendente de uma família de militares ilustres. Por linha paterna, era neto de Vicente Lucas D’Oliveira, Ministro que foi da República Farroupilha e proclamador desta em Piratini e bisneto do Alferes Manuel Lucas D’Oliveira, um dos primeiros povoadores do Rio Grande de São Pedro e da Colônia do Sacramento. Tinha ainda dois trisavós militares: o Sargento-mor José Lucas D’Oliveira que serviu nas guerras da Colônia do Sacramento e Província Cisplatina e o Coronel Manuel Lucas de Oliveira, que fez toda a Revolução Farroupilha e a guerra contra Rozas. Pela linha materna, um de seus antepassados, Garcia de Vasconcelos, vem de Minas Gerais para a Província do Rio Grande e fixou residência, antes do ano de 1800, à margem direita do Rio Piratini. Diante, pois, do sangue guerreiro de seus antepassados, não podia o jovem Antônio Lucas de Oliveira, ficar indiferente à luta armada que, nitidamente, já se esboçava na terra gaúcha e, assim, ao organizar-se o 2.º Batalhão de Infantaria da Reserva da Brigada Militar, na cidade de Pelotas, nele foi incluído em novembro de 1892, sendo nomeado Alferes Secretário. Integrando aquele batalhão, com ele combateu durante a Revolução Federalista de 1893/1895, no Salsinho em fevereiro, o primeiro encontro que se deu entre Republicanos e Federalistas; no Piraí, Upamaroti, D. Pedrito, Estiva, Quinta, perto de Rio Grande e Cacimbinhas. No combate da Quinta, em 11 de abril de 1894em que ficaram desbaratadas as forças de terra que procuravam dar apoio ao ataque à cidade de Rio Grande, levado a efeito por navios da esquadra revoltados, sob comando do Almirante Custódio José de Melo, foi Lucas de Oliveira ferido por bala, continuando na luta até o fim. Em todos os encontros de que participou, portou-se com valor, merecendo referências elogiosas. A 23 de abril de 1895, tendo o 2.º B. I. R., passar a servir adido ao 2.º B. I. E., ficando aquele virtualmente extinto, o Tenente Antônio Lucas de Oliveira, em dezembro de 1896, foi promovido ao posto de Capitão e classificado no 3.º Batalhão de Infantaria da Brigada. No ano de 1902, o Intendente da cidade de Rio Grande, Capitão Conrado Miler de Campos, desentendeu-se com o Governo do Estado e era apoiado por uns 200 homens em armas, ocasião em que o Capitão Lucas recebeu ordens especiais do Presidente Dr. Júlio de Castilhos e, para aquela cidade, seguiu comandando um contingente se 50 homens com a incumbência de manter o prestígio do Governo. Graças ao seu tino, ação calma e ponderada,


a situação ficou resolvida, sem haver necessidade do emprego da violência. Continua o Capitão Lucas prestando apreciáveis serviços à Corporação, quando, sentindo-se doente, solicitou sua reforma em outubro de 1909. Recolhido à vida civil, foi em Piratini, onde exerceu a profissão de advogado de 1914 a 1923. Em 1923, em face do levante armado do Partido Libertador contra o governo do Dr. Borges de Medeiros, o Capitão Antônio Lucas de Oliveira foi servir como capitão comandante de esquadrão do 1º Corpo Provisório de Pelotas, sob o comando do Tenente-Coronel José Lucas Martins. Com esta unidade, a princípio isolada e depois integrando a 3ª Brigada Provisória do Sul, ao comando do Coronel Juvêncio Maximiliano de Lemos, tomou parte em longas marchas de perseguição à Coluna de Zeca Neto, pelos municípios de São Lourenço, Pelotas, Canguçu, Encruzilhada e São Jerônimo. Separando-se da Brigada do Sul, foi para São Lourenço e após para o rio Camaquã, com a missão de interceptar a marcha da Coluna de Zeca Neto que sempre preocupava, para seu centro de operações, a região de Camaquã. Ocupando o Passo do Mendonça, ao clarear de um dia de abril, a pequena força legalista viu surgir-lhe pela retaguarda, a poderosa coluna de Zeca Neto, com um efetivo de 600/700 homens. Estava travado o combate do Passo do Mendonça. Neste combate, mais uma vez, foram reveladas a bravura gaúcha e a temeridade de seus homens. O valor de ambas as partes atingiram proporções incríveis: oitenta e dois homens dos legalistas, resistindo galhardamente, durante seis horas, ao embate de tão numeroso adversário. A luta era valente de parte a parte. Os homens do 3º Batalhão da Reserva resistiam com valor e bravura. Os gaúchos de Zeca Neto atacavam com vigor. A batalha estava no seu auge quando, felizmente, depois de marcha forçada, o restante da 3ª Brigada do Sul, que vadeando o Passo, fazia retirar a formidável Coluna de Zeca Neto. Terminada a luta, voltou o Capitão Lucas a exercer diversas funções públicas, entre as quais a de Delegado de Polícia de Erechim (1927-1929); Delegado de Polícia e Intendente Provisório de Viamão (1929), e mais tarde eleito Intendente (renunciou em 1931) e Delegado de Polícia de Piratini (19311933). Ao eclodir o levante de 3 de outubro de 1930, o Capitão Antônio Lucas de Oliveira foi encarregado do serviço de mobilização, no qual cooperou muito para a boa marcha do alistamento de grande quantidade de voluntários. Seus filhos Eudoro, Viriato e Juvenal serviram na Brigada Militar, no movimento de 1923. Somente o primeiro, Eudoro Lucas de Oliveira continuou a Força Pública atingindo o posto de Coronel, e que pelo seu alto


mérito e grande capacidade, foi um dos vultos que muita saudade deixou pela bondade, cavalheirismo e devotamento à sua Gloriosa Corporação. O Capitão Antônio Lucas de Oliveira, depois de reformado e do exercício de vários cargos, transferiu residência para a cidade de Pelotas, onde faleceu em 28 de setembro de 1944. Pelo seu elevado espírito de amor ao seu Estado, ao seu País, e a sua Corporação, é Antônio Lucas de Oliveira, digno de caminhar pela estrada dos bravos e subir com eles a escalada do Céu, e repousar no Ápice da Glória.


O ASSISTENTE MILITAR DE GETÚLIO

CORONEL ARISTIDES KRAUZER DO CANTO Leal e valoroso. Calmo e bom.


Nos preparativos da Revolução de 1930, quando todo o Rio Grande se mobilizava e a organização de Corpos Provisórios era feita em todo o Estado, o Coronel Aristides Krauzer do Canto desempenhava as funções de assistente militar do Presidente do Estado Dr. Getúlio Vargas. O seu trabalho era intenso, a sua atividade era grande. Em 18 de outubro, o Dr. Getúlio Vargas renunciava ao Governo para assumir o Governo Provisório da República, o Coronel Krauzer o acompanhou até o Rio de Janeiro, como Ajudante de Ordens. Empossado o Presidente, por vários dias permaneceu Aristides Krauzer do Canto ao lado de Getúlio Vargas, retornando ao Rio Grande do Sul. Transcorria o ano de 1906, dezembro a 3, era incluído na Brigada Militar e no 3º Batalhão de Infantaria. Em 1909, o Coronel José Carlos Pinto Júnior, ao deixar o comando da Brigada elogiava Aristides: “pela sua conduta correta e espírito de invejável disciplina com que se impôs ao respeito e admiração pública”. Passados quatro anos, foi promovido a 1º Sargento e a 17 de novembro ao posto de Alferes, quando em 27 de junho de ‘1922, a Tenente. Por ocasião das festas comemorativas ao 1º Centenário da República, o Tenente Aristides foi posto à disposição do representante do Presidente da República do Uruguai. O ano de 1923 foi agitado neste Estado e as locomoções de tropas eram constantes em território do Rio Grande do Sul. Lagoa Vermelha estava ocupada por forças sob o comando de Felipe Portinho, e para combatê-las, em março, o 2º Regimento de Cavalaria se deslocava de Livramento para aquela cidade. Depois de choques em Bento Gonçalves, Alfredo Chaves e Lagoa Vermelha, o 2º Regimento retorna à fronteira. Em maio, estava em operações com seu esquadrão, tomando parte no combate de Passo das Pedras enfrentando a poderosa Coluna Revolucionária do General Honório Lemes. Posteriormente, a 15, contra as forças de Estácio Azambuja, combateu na Fazenda Pires. Estando em 1º de junho acampado na Estância da Serra (no Caverá), seguiu para Catacumbas e Passo do Espinilho, onde combateu os revolucionários Chiquenote Pereira, ocasião em que recebeu o louvor “pelo judicioso emprego das armas automáticas que lhe foram confiadas por ocasião do combate do Passo do Guedes”.


O Tenente Aristides Krauzer do Canto, com seu esquadrão, esteve à disposição de Nepomuceno Saraiva, para fins de operação bélica. Em Setembro estava operando isoladamente, auxiliando o reconhecimento na região e informando os comandos das unidades sobre o movimento dos Revolucionários. Em outubro recebia ordens para seguir para Porteirinhas, com o fim de ser incorporado à 2ª Brigada de Oeste, sob o comando do Cel Flores da Cunha. Esteve poucos dias à disposição daquela Brigada Provisória, pois em 4 de novembro retornou a Livramento, visto Ter o Cel Flores da Cunha Ter recebido informações da assinatura do armistício que entraria em vigor ao meio-dia de 7. Cessadas as hostilidades, o Tenente Aristides com seu esquadrão, era recolhido ao 2º Regimento em Livramento, quando foi louvado “pela perseverança, dedicação e lealdade com que se houve nos dias consagrados à defesa da legalidade”. O ano de 1924, seria outro ano agitado as forças legais. Em 28 de março foi promovido a Capitão, e em julho, foi designado para comandar a 1ª Companhia do 1º Batalhão do Grupo de Batalhões postos à disposição do Governo Federal, para operações militares, sendo incorporado ao Destacamento “Cel Taurino Resende”, e a 13, embarcou com destino ao norte do País. Chegando ao Rio de Janeiro, deslocou-se com destino a São Paulo, atingindo Vila Jardim na Capital do Estado bandeirante e foi incorporado à Divisão de Operações na Brigada Florindo. Foi enaltecido pelo Comando “pelo valor e bravura com que conduziu sua companhia nas jornadas de 24 a 27. Passando a 29, para o Destacamento “Coronel Telles Ferreira”, marchou em perseguição. Depois de várias ações bélicas, em agosto passava à disposição do General Azevedo Costa, Comandante do Destacamento Sul e dias após era deslocado para o Destacamento “Coronel Abreu Lima”. Foi exaltado pelo Presidente da República “pela fé demonstrada, a qual servida por inquebrantável bravura, salvou a República para orgulho de nossa raça, da ignomínia dos traidores do dever militar e da honra nacional. No mês de setembro, dia 4, tomou parte no combate em Santo Anastácio, quando a 18, em face da dissolvição do Destacamento, iniciou marcha de regresso ao Rio Grande do Sul, sendo louvado pelo Comandante do Destacamento “pela noção nítida do cumprimento do dever, inteligência e


capacidade profissional demonstrados durante o tempo em que serviu no Destacamento”. Dia 28 de setembro, chegou a Porto Alegre e a 19 de outubro retornava para Livramento, onde chegou a 20. Poucos dias de descanso, pois a 22 de novembro já estava em campanha, quando nesse dia, travou com o seu Regimento e o 15º Corpo Provisório de Rosário, combate com a Coluna do General Honório Lemes, no Cerro da Conceição, onde teve ação destacada, demonstrando calma e valor pessoal, arregimentando o maior número de homens, tomando a parte mais rude de encontro, avançando com denodada galhardia contra as linhas adversárias, levando-as de vencida. Foi louvado pelo Comandante Lúcio Esteves “por ter cumprido com o seu dever e se mostrado digno depositário das tradições de honra e de heroísmo da Brigada Militar”. No mês de outubro do mesmo ano de 1925, o Major Artur Mariante, comandou um destacamento composto por dois esquadrões do 2º Regimento, com a missão de conduzir para Porto Alegre, preso, o General Honório Lemes. Os esquadrões eram comandados pelos capitães Aristides Krauzer do Canto e Ângelo de Mello. Na Estação de Santa Rita, entre Livramento e Rosário, houve um incidente: membros da família Pacheco de Campos, tentaram linchar o General Honório como revide à morte do Capitão Antônio Pacheco de Campos. O General Flores da Cunha que viajava junto, com energia conseguiu deter os vingativos, garantindo dessa forma a vida do bravo Leão do Caverá. Promovido a Major em novembro de 1926 e em fevereiro de 1929, foi nomeado Assistente Militar do Presidente do Estado, Dr. Getúlio Vargas. No ano seguinte, em outubro, foi promovido a Tenente-Coronel. Foi transferido para a reserva, a pedido, em junho de 1938, ocasião em que o Comando da Brigada Militar agradeceu os relevantes serviços prestados à República e ao Estado durante uma longa vida. Em 1940, no dia 24 de dezembro, foi nomeado Juiz da Corte de Apelação da Justiça Militar do Estado e promovido a Coronel. O Coronel Aristides Krauzer do Canto era um homem calmo, ponderado, muito educado e de um grande coração. Foi um bravo que soube enfrentar com denodo as situações mais difíceis porque passou nas revoluções. No ano


de 1923, palmilhou toda a fronteira do Rio Grande do Sul nas mais variadas missões e as desempenhou com critério, lealdade e demonstrou sempre um acrisolado amor à Brigada Militar. É digno para figurar, entre outros, no Ápice da Glória.


UM DOS HERÓIS DO SÍTIO DE BAGÉ*

TEN CEL FRANCISCO GONÇALVES VARELA Velho servidor. Abnegado soldado. Não foi possível conseguir uma foto sua. Em reverência, numa homenagem, aqui aparecem todos os oficiais do 3º B.I., unidade em que servia em julho de 1914.


Qual será o capitão? Já em plena Revolução Federalista, com pouco mais de 18 anos de idade, começou a prestar serviços militares como Alferes do 3º Batalhão de Infantaria da Reserva da Brigada Militar. Combateu no Upamaroti, em 12 de maio; no Piraí, a 20 e na Serrilhada, em 23 de junho de 1893. Destacado em outubro de 1893 para o Quebracho, onde permaneceu por mais ou menos 30 dias, sustentando as guerrilhas diariamente. Francisco Gonçalves Varela, fez parte da guarnição de Bagé, sob o comando do Coronel Carlos Teles, sitiada de dezembro de 1893 a janeiro de 1894. Foi designado para com um pelotão, assaltar o Mercado Público, onde se alojara elementos da Coluna Revolucionária. Voltando, momentos depois, gravemente ferido. Recolhido ao hospital, quando ainda não refeito do ferimento, em 6 de janeiro de 1894, seguia para Rio Grande que estava sendo atacada por navios rebelados. Agravando-se a sua saúde, retornou a Bagé e posteriormente seguiu para Pelotas, para tratamento, reunindo-se ao batalhão somente em maio. Em novembro de 1894, incorporado à Brigada Militar, sob o comando do / coronel Joaquim Pantaleão Teles de Queiroz, o Alferes Varela marchou para os municípios de Bagé, D. Pedrito, Livramento e Rosário, regressando, depois de Ter cumprido as missões que lhe foram atribuídas, à cidade de Bagé. Combateu, em 23 de janeiro de 1895, em cacimbinhas, contra forças de Guerreiro Vitória; a 21 de março, na Estiva, enfrentando aquele chefe e mais Aparício Saraiva e, após tenaz perseguição de mais de 10 dias, a 13 de abril, ainda contra os mesmos revolucionários, próximo a D. Pedrito. A 23 de abril de 1895, passou com todos os elementos do seu batalhão (2º B.I.R.) adido ao 2º Batalhão de Infantaria da Brigada Militar. Dia 30 de maio de 1901, foi nomeado Alferes, para o 3º B. I. e a 15 de novembro de 1907, foi promovido ao posto de Tenente. Foi Ajudante de Ordens do General Cipriano da Costa Ferreira, Comandante


da Brigada Militar de 1909 a 1911, quando em 12 de agosto de 1912, foi promovido ao posto de Capitão. Tendo-se levantado as armas e começado a praticar depredações e assaltos à população do território disputado entre os Estados de Santa Catarina e Paraná, denominado Contestado, o Governo do Rio Grande determinou que a fronteira com aquele Estado fosse guarnecida, para evitar qualquer incursão ao Rio Grande. Foi então constituída uma expedição de duas unidades da Brigada Militar, tendo o Capitão Varela seguido para aquele destino, onde permaneceu de outubro de 1914 a fevereiro de 1915. Em junho de1922, foi promovido ao posto de Major para o 2º Batalhão de Infantaria. Em face das ameaças de perturbação da ordem, em janeiro de 1923 estacionou com seu batalhão em Porto Alegre. O chefe revolucionário José Antônio Neto, tendo iniciado reunião de homens, em Camaquã, a fim de constituir uma Coluna,, determinou o Governo, que para aquela localidade se deslocasse um contingente do 2º B.I., sob o comando do Major Varela, e mais tarde, para o mesmo destino, seguiu o Tenente-Coronel Amadeu Massot que, auxiliado por autoridades locais, obtido a formal promessa de Zeca Neto de que dissolveria as tropas. Regressou o Major Varela a Porto Alegre. O Chefe Maragato faltou ao prometido, o que determinou novo embarque do batalhão para a mesma cidade, isto em março de 1923. De Camaquã seguiu para Pelotas, onde a 23 de março foi incorporado à 3ª Brigada Provisória do Sul, marchando em perseguição às forças daquele conhecido chefe revolucionário. Depois de 6 dias (a 29), foi desligado da Brigada do Sul, regressando a Porto Alegre. Dias após, seguia o 2º B.I., com destino à região sul, mantendo-se em constante movimento, ora guarnecendo cidades, ora protegendo a linha férrea. O major Varela estava com sua unidade em Rosário, quando recebeu ordem para deslocar-se, com urgência, para auxiliar o 1º B.I., que se achava empenhado com a coluna revolucionária do General Honório Lemes, no Passo do Catarino, sobre o rio Ibicuí. Marchando o mais depressa possível,


chegou ao final do encontro, isto no dia 2 de outubro de 1923. Dias depois, combateu a mesma coluna, na Parada Chagas. Consertado o armistício entre o governo e os chefes revolucionários, recolheu-se a Porto Alegre. Em junho de 1924, rebentou um movimento revolucionário na capital paulista que, mais tarde se alastrou a outros Estados. A Brigada Militar foi posta à disposição do Governo Federal, para auxiliar a debelação do levante, ocasião em que foi organizado um Grupo de Batalhões de Caçadores, constituído de elementos de todos os corpos da Força Estadual. O Major Varela, foi designado para o 2º Batalhão. Em São Paulo, o Major Varela, com sua unidade, tomou parte em encarniçados combates que travaram no Alto da Moca e no Hipódromo, em 26 de junho. Três dias depois, foi lançado para o interior paulista, em perseguição aos rebeldes, quando nos primeiros dias de setembro, participou no combate da Estação de Santo Anastácio. Cessada a luta, o Grupo de Batalhões regressou a Porto Alegre, sendo dissolvido dia 10 de outubro de 1924, ocasião em que o Tenente-Coronel do Exército Artur Otaviano Travassos Alves, Comandante do 2º Batalhão, louvo-o “pelo seu caráter infatigável, pela sua contração ao trabalho, como fiscal do batalhão, pelo auxilio eficaz prestado ao seu comando, com muita inteligência, lealdade, solicitude, honestidade, espírito de sacrifício e, o que é mais, pela harmonia que sempre promoveu no quadro de oficiais”. Alastrando-se ao Rio Grande do Sul a onda da rebelião, novamente a Brigada Militar foi chamada a cooperar na manutenção da ordem. Partiu o Major Varela, com o 2.º de Infantaria, para o interior do Estado, em novembro de 1924, indo integrar um Grupo de Batalhões, sob o comando do Ten Cel. Do Exército João de Deus Canabarro Cunha, operando na região de Santiago do Boqueirão e São Luiz Gonzaga. No mês de janeiro de 1925, assumiu o comando do seu batalhão. Ao ser dissolvido o Grupo de Batalhões, o Ten Cel. Canabarro Cunha louvou-o “por ser um velho servidor da Pátria, e a abnegado soldado”. Na mesma oportunidade, o Cel do Exército Taurino de Rezende, escreveu: “cumpro o grato dever de consignar os meus leais agradecimentos, pela sua cooperação eficaz no destacamento, como oficial ativo, trabalhador e digno


da milícia a que pertence”. Visto ter sido julgado incapaz para o serviço militar, em inspeção de saúde, no dia 22 de agosto de1925, foi o Major Varela reformado na graduação de Tenente-Coronel. O Comandante Geral da Brigada Militar, Coronel João de Deus Canabarro Cunha, ao dar publicidade do ato da reforma do Major Varela: “Tenho especial prazer de agradecer os relevantes serviços que prestou ao Estado e à República, num longo período de mais de 35 anos, durante o qual se impôs a Brigada Militar, como um oficial digno, leal, valoroso e afeito ao trabalho. O Major Varela iniciou sua carreira militar na Força, já nos campos da luta, em 1893, campanha que fez toda, tendo sido um dos bravos defensores da cidade de Bagé, quando sitiada pelos revolucionários. Tomou parte, também, nas campanhas de 1923 e na que teve início no ano findo, revelando-se, quer numa quer noutra, o mesmo oficial”. O Tenente-Coronel Francisco Gonçalves Varela, nasceu na cidade de Bagé, em 1.º de setembro de 1873, e faleceu em Porto Alegre, a 8 de outubro de 1929, em estado de solteiro. Ten Cel. Varela:5 O senhor que amou tanto a sua Pátria; O senhor que soube defender a República Brasileira, nos seus primórdios; O senhor que engrandeceu a sua gloriosa Brigada Militar; O senhor que foi honrado e foi honesto, é digno de figurar no Ápice da Glória.

5 Seu óbito foi declarado, por seu afilhado Paulo Carlos de Oliveira, ocorrido às 18 horas no Hospital de Beneficência Portuguesa. Tinha 54 anos de idade, sendo solteiro e residia na rua Gen. Vitorino 195.. Era filho de José Benito Varela e de Emiliana Gonçalves Varela. Firmou o atestado de óbito o Dr. Lisboa de Azevedo que deu como causa mortis endocardite lenta. Foi sepultado no Cemitério da Santa Casa de Porto Alegre (Pesquisa de: º Brilhante).


O VELHO SERVIDOR*

CORONEL ARISTIDES DA CÂMARA E SÁ Dedicação e honra. Valente na guerra, amigo na paz.


Extinto o Corpo Policial da Província, como conseqüência da queda da Monarquia e criada pelo Governo do Estado, a Guarda Cívica, foi Aristides da Câmara e Sá, por título de dezembro de 1889, nomeado segundo adjunto, com o posto de Alferes e, em 17 de dezembro de 1891, foi nomeado Tenente. Tendo se dado o golpe de fevereiro de 1892, em virtude do qual o Dr. Júlio de Castilhos deixou o Governo, para evitar derramamento de sangue, foi extinta a Guarda Cívica e criado o Corpo Policial. O Tenente Aristides foi nomeado Capitão-Comandante da 2ª Companhia do Batalhão de Infantaria. Restaurado o Governo legal, em junho, a Força Pública do Estado retomou a sua antiga denominação. Extinta a Guarda Cívica e criada a Brigada Militar, em 15 de outubro de 1892, o Capitão Aristides recebeu a missão de organizar o 1º Batalhão de Infantaria da nova Força, o que se deu no dia 21 do mesmo mês, sendo nomeado Capitão Comandante da 4ª Companhia. Com a deflagração do movimento revolucionário que conturbou o Rio Grande do Sul, estendendo-se por Santa Catarina e ao Paraná, o 1º Batalhão de Infantaria embarcou em junho de 1893, para a cidade de Pelotas entrando em operações. No dia 11 de julho daquele ano, o batalhão tomou parte na defesa da cidade de Rio Grande, atacada e bombardeada pela esquadra rebelde ao comando do Almirante Wanderkolk, ocasião em que Câmara e Sá se portou à altura pelo seu desprendimento. O Coronel João Cézar Sampaio, Comandante da guarnição, agradeceu-lhe pela bravura, moralidade, ordem e disciplina que demonstrou. Deixando Rio Grande, dirigiu-se para a Estação Umbu, onde o 1º Batalhão foi incorporado à 2ª Brigada da Divisão do Norte, daí marchando, em 6 de setembro, em perseguição às forças de Gumercindo Saraiva, tendo tomado parte nos combates do Passo Mariano Pinto, do rio Ibicuí e, em outubro, do Mato Castelhano e Mato Português. Continuando no encalço das forças de Gumercindo, a 7 de novembro, depois de Ter transposto Pelotas, entrando assim, no Estado de Santa Catarina, empenhou-se em choque com os revolucionários no rio Canoas. Caminhando pelos sertões catarinenses, sofrendo toda sorte de provações e sacrifícios, chegou nas imediações de Itajaí, onde participou das ações levadas a efeito pela Divisão do Norte. Retrocedendo a famosa e aguerrida Divisão, enfrentando novamente toda espécie de sofrimentos, em fevereiro de 1894, atingia o rio Pelotas voltando para o Rio Grande do Sul. Passado algum tempo, o 1º Batalhão de Infantaria foi desligado da Divisão


Norte recolhendo-se a Porto Alegre. Havendo o Governo deliberado que a Brigada Militar, sob o comando do Coronel Joaquim Pantaleão Teles de Queiroz passasse a operar em conjunto, o 1º Batalhão seguiu para Tupanciretã, onde foi feita uma concentração de tropas legais. Partindo de Tupanciretã em 6 de agosto de 1894, no encalço de forças revolucionárias, a 10 do mesmo mês, assistiu ao combate do Capão do Carovi, no qual foi morto o chefe rebelde Gumercindo Saraiva. A Coluna de Saraiva, em conseqüência da morte de seu líder máximo, dividiu-se em diversos grupos que tomaram rumos diferentes. A 6 de setembro do referido ano, a vanguarda da Brigada Militar chocouse com um daqueles grupos, no Capão das Laranjeiras, ocasião em que combateram somente os regimentos de cavalaria, efetivo e da reserva (1º R.C. e R.C.R.). Tendo se afastado o Comandante do Batalhão, Câmara e Sá assumiu o comando do 1º de Infantaria. Em 7 de janeiro de 1895, o Capitão Aristides foi louvado “por haver seguido de Rosário, comandando o Batalhão em direção à Serra do Caverá, para atacar o inimigo e impedir, em combinação com a coluna do General Mena Barreto, a retirada da força revolucionária Marcelino Pina. Em virtude de sua ação, foi agraciado pelo Ministro da Guerra, General Francisco Antônio de Moura, “pelos importantes serviços que prestou contra os inimigos da República”. Em face da fuga para a República Oriental do Uruguai da coluna de Pina, a Brigada Militar voltou-se para a perseguição de Aparício Saraiva, irmão de Gumercindo, combatendo a coluna desse chefe rebelde na Estiva, perto de D. Pedrito e no rio Santa Maria-Chico. As hostilidades foram suspensas tendo em vista as negociações de paz e o Capitão Aristides com o 1º B.I., é recolhido a Porto Alegre no dia 6 de junho. Em 12 de dezembro de 1896, foi o Capitão Aristides da Câmara e Sá promovido ao posto de Major, quando em 6 de janeiro de 1908, foi promovido a Tenente-Coronel e designado para o comando do 3º Batalhão de Infantaria, cargo que exerceu durante o movimento revolucionário de 1923. Atingiu o posto de Coronel, em 12 de junho de 1923, a contar de 31 de janeiro de 1922, data em que completou 35 anos de serviço. Finalmente, em 19 de fevereiro de 1925, visto Ter sido julgado incapaz para o serviço, em inspeção de saúde a que foi submetido, foi reformado. Ao desligar o Coronel Aristides da Câmara e Sá do serviço ativo da Brigada Militar, o Comandante Geral, Coronel Affonso Emílio Massot assim se


expressou: “não posso deixar de levar a este ilustre, destemido e velho camarada, que ora se afasta do serviço ativo, os meus mais significativos agradecimentos e as expressões do meu maior afeto, estima e reconhecimento pelos relevantes e abnegados serviços que prestou ao Estado e à República num longo período de mais de 38 anos, durante o qual foi sempre o mesmo soldado honrado e valoroso, leal e dedicado, que nunca mediu sacrifícios para o integral e exato cumprimento de seus deveres...”. O Coronel Aristides faleceu nesta capital, em 26 de março de 1935. Pela sua dedicação, pelo seu acendrado amor ao Estado e à República, pelos seus atos de bravura, pela sua vida devotada ao serviço da Pátria, é o Coronel Aristides da Câmara e Sá, digno de estar, entre outros, no Ápice da Glória.


HOLOCAUSTO PATRONO DO 5.º B.P.M.

CORONEL AUGUSTO JANUÁRIO CORREIA Intrépido e audaz de Ibirapuitã. Herói imolado da Conceição. Dedicação e amor, abnegação e valor.


A vida deste intrépido e valoroso homem, é uma das mais belas e brilhantes páginas da História Cívica do Rio Grande. A sua existência foi cheia de atos de bravura e heroísmo, mas também foi, coberta de lágrimas e dor. Em homenagem a sua alma que sofreu ...e como soube sofrer, que peço licença para aqui gravar um pedacinho da sua passagem na Terra, que foi repleta de sacrifícios ..., mas também fulgurante de amor. No dia 15 de agosto de 1891, no destacamento da Guarda Cívica, em Santa Izabel, município de Jaguarão, chegava um moço cheio de vida e com grandes esperanças no coração e que desejava servir à Pátria. Foi então alistado o jovem Januário Correia, seu primeiro contato com a futura Brigada Militar. Não passava pela cabeça de Januário o que lhe reservava o futuro, mas no peito ufano tinha somente o desejo de servir sua Pátria, até o sacrifício da própria vida, se necessário fosse. Ao ingressar no 1.º Batalhão de Infantaria (que abrigou tantos heróis) em operações, em 1893, já no dia 11 de junho participava na defesa da cidade de Rio Grande, quando atacada e bombardeada pela esquadra rebelde sob o comando do Almirante Wandekolk. Deixando Rio Grande, no dia 6 de setembro, passou a fazer parte da 2.a Brigada da Divisão Norte, concentrada na Estação Umbu. Combateu no passo Mariano Pinto (Rio Ibicuí), no Mato Castelhano e Mato Português, seguindo em perseguição às forças de Gumercindo Saraiva, entrou no Estado de Santa Catarina. Caminhou em direção ao litoral, lutando no Rio Canoas. Januário Correia integrava a valente Divisão que durante a sua cruzada, passou por mil sacrifícios e a sua jornada “foi uma epopéia de abnegação, de valor e, sobretudo de constância e fé inabalável. Maltrapilhos e com fome marchavam impávidos os gloriosos da destemida Divisão”. O lema desta heróica Divisão era: “Morrer, talvez, que é contingência humana, mas morrer pela Pátria é consolo e glorificação”. Em junho de 1894, foi promovido a 2.º Sargento, tendo antes, deixado a Divisão e, posteriormente, à ela retornado. Combateu em Carovi, em 10 de agosto e, no Capão da Laranjeira, dia 6 de setembro. Em conseqüência, o Coronel Joaquim Pantaleão Teles de Queiroz, o louvou: “pelo brio, energia e honra com que se houve neste último combate”. Na perseguição e combate às forças de Marcelino Pina, em 3 de novembro, penetrou na Serra do Caverá. Já no ano de 1895, combateu em Cacimbinhas contra as forças de Guerreiros de Vitória. Passado 1 mês novamente, agora em Estiva, próximo a D. Pedrito, onde foi ferido por bala. Terminada a revolução, recolheu-se para Porto Alegre e a 15 de novembro de 1897, foi promovido a Alferes. A 24 de junho de 1912, foi promovido a


Tenente. Na mesma data foi louvado: “pela inteligência, dedicação comprovada e competência”. Promovido a Capitão, em 14 de março de 1913, foi servir o 1.º Batalhão de Infantaria. Dois anos depois, em 19 de novembro de 1915, foi elevado ao posto de Major. Afim de exercer as funções de Assistente do Material, em 10 de maio de 1918, foi transferido para o Estado Maior. Em 30 de janeiro de 1919, retorna ao 1.º B.I., assumindo o comando. No dia 28 de março de 1919, foi nomeado Tenente-Coronel, assumindo o comando do 2.º Regimento de Cavalaria, em Livramento. Neste 28 de março começavam os seus momentos de glórias e o instante do seu sacrifício. Desta partida iria Januário Correia atingir o cume da glória com suas vitórias valentes (Ibirapuitã) como ia chegar ao cruciante momento da dor (Conceição). No comando deste Heróico Regimento participou das Grandes Manobras de Cavalaria, realizadas em Saicã, sendo agraciado pelo General Comandante da 3.º Brigada de Cavalaria do Exército Brasileiro, pela sua brilhante atuação. Em conseqüência do surto revolucionário que irrompeu no Estado, no ano de 1923, deslocou-se com seu Regimento, a fim de operar na região colonial e nordeste do Estado, no municípios de Bento Gonçalves, Alfredo Chaves e Lagoa Vermelha. Regressando à fronteira operou com o seu Regimento, que fazia parte da Brigada de Oeste, nos combates do Passo do Guedes, contra o General Honório Lemes; do Passo da Ferraria, no Rio Santa Maria-Chico, contra Estácio Azambuja e Zeca Neto; da Picado do Aipo, contra Chiquinote Pereira e finalmente, no da Ponte Borges de Medeiros sobre o Rio Ibirapuitã, na cidade de Alegrete, contra a Coluna de Leão do Caverá. Este encontro foi no dia 19 de junho e é o mais discutido daquela Revolução. A partir de 5 de junho, é muito importante que narremos todos os movimentos de Januário, que fazia parte da 2.a Brigada de Oeste, sob o comando do Coronel Flores da Cunha, para que se possa aquilatar os antecedentes do combate. Estes foram os passos da 2.a Brigada: Dia 5, acampou nas proximidades do Passo do Espinilho, na Estância de Pereira Machado, tendo tomado parte no combate da Picada do Aipo, pela manhã; Dia 6, estava acampada no Cerro da Trindade; Dia 7, continuou marcha e acampou na margem direita do Rio Ibirapuitãchico;


Dia 10, retrocedeu e acampou na Coxilha de Santana, em campos de João de Pelana Simões; Dia 11, na Estância da Alegria; Dia 12, na Fazenda São Manoel (Quaraí); Dia 13, na Estância do Cerro; Dia 14, na margem do rio Quaraí-Mirim; Dia 17, na margem direita do Inhanduí; Dia 19, bivacou, ao escurecer de 18, margem direita do Rio Ibirapuitã. Assim caminhou a 2.a Brigada de Oeste antes do formidável combate desse dia, travado à tarde, quando enfrentou a Coluna do General Honório Lemes, fortemente postada na cabeceira da Ponte (lado do Caverá). Em virtude de ferimento recebido pelo bravo Coronel José Antônio Flores da Cunha, coube a Januário assumir o comando da Brigada. No auge da luta, quando a Resistência Maragata, heróica e valente, sob o comando do titã Coronel Teco Timbaúva, na cabeceira da Ponte, procurava conter as tenebrosas cargas da Cavalaria da Oeste, Januário, no comando do combate, lembra-se do lema da famosa Divisão do Norte: “Morrer... talvez que é contingência humana... mas morrer pela Pátria... é consolo e... glorificação”. Rapidamente percorre as linhas de fogo e convida os valentes companheiros a uma carga... chama o clarim Anselmo e determina-lhe tocar BRIGADA AVANÇAR! ... e teve início a investida homérica... e... silencia a resistência dos temerários, heróicos e bravos comandados de Teco. O destemido Coronel Teco Timbaúva foi morto dentro das cercas de pedra, onde estava postada a sua valorosa Resistência que era composta de mais ou menos 60 homens. A Coluna de Honório que estava mal de armas e munições, tinha concentrado todo o seu poderio bélico naquela Resistência. O grosso da Coluna estava acampada no Capão do Angico. Honório que observava o desenrolar da luta, nessa ocasião, teve o seu cavalo ferido e, quando retirou do teatro de operações, o fez no cavalo do cabo Gavino. No dia seguinte (20), a Brigada continuou sua marcha acampando na margem direita do Arroio Jararaca. É oportuno aqui transcrever a parte daquele combate: “Cumpre-me levar ao vosso conhecimento, para os devidos fins, que durante o combate do dia 19 de junho findo, cujo objetivo da nossa força era a tomada da Ponte Borges de Medeiros, ocupada e defendida por forças rebeldes, tornaram-se dignos de louvor os seguintes oficiais: Capitão Luiz Xavier, Capitão Isidoro Fernandes da Cunha, Tenente Luiz Rolim, Alferes


Luiz Aranha, Clarim-mor José Anselmo de Jesus, civil Antônio Pacheco de Campos. Nesse pugilo de bravos, encontrei mão forte, quando TOMEI a RESOLUÇÃO DE AVANÇAR e TOMAR a referida ponte. Para melhor fazer justiça, devo-vos informar mais o seguinte: após o toque de avança a Brigada, ORDENADO POR MIM ao Clarim-mor Anselmo, surgiram logo junto de mim os senhores Coronel Nepomuceno Saraiva, que me disse: “Vou flanquear o inimigo – e o Tenente-Coronel Miguel Luiz da Cunha, que me seguiu pelo corredor que dava escápula ao inimigo. (ass.) Augusto Januário Correia, Tenente-Coronel Comandante”. “É baseado neste documento oficial, jamais contestado, que sempre temos afirmado que a travessia da ponte Borges de Medeiros, na memorável tarde de 19 de junho de 1923, foi obra da arremetida de Januário Correia, seguido de um pugilo de bravos e denodados republicanos”. (Esboço Histórico da Brigada Militar, II Volume, p. 99). A 6 de julho de 1923, assumiu, por poucos dias, o comando da 2.a Brigada de Oeste. Agora estamos em junho de 1924, recebeu ordens para transportar seu Regimento para Porto Alegre, aqui permanecendo até meados de outubro, quando retornou a Livramento, em operações bélicas. O Tenente-Coronel Januário Correia, por ordem superior, organizou um destacamento constituído do 2.º Regimento de Cavalaria e do 15.º Corpo Auxiliar de Rosário, este sob o comando do Tenente-Coronel Garibaldi Tomazzi. Quando seu Destacamento no dia 22 de novembro de 1924, chegava nas imediações do Cerro da Conceição, no Caverá, a forte Coluna do General Honório Lemes, surpreendeu a vanguarda que, era feita por um esquadrão do 15.º, sob o comando do Capitão Juvenal Soares. A confusão foi total, pois o 2.º Regimento que marcha à testa do Destacamento, foi que recebeu fogo intenso. Prontamente se reorganizou e entrou em cruento combate, recebendo uma carga de arma branca, que foi repelida. O Ten-Cel. Januário, a cavalo, percorria a linha de fogo, dando suas ordens, ocasião em que quis a fatalidade fosse gravemente ferido, na perna direita. Embora ferido, o valoroso homem, o Co mandante de Ibirapuitã, continuava no comando de seu Destacamento, ordenando aos seus esquadrões o ataque, apesar da intensa fuzilaria adversária e as repetidas cargas a arma branca lançadas pelos Maragatos. Finalmente, a tropa legal derrotou os intrépidos Libertadores e ficou dona do local da luta, enterrando os mortos e socorrendo os feridos. Retirado do campo de luta o Ten Cel. Januário, assumiu o comando do Destacamento o Capitão Aníbal Barão, já que o Major Artur Mariante


estava auxiliando os elementos do 15.º a reorganizar-se. Após este combate, foi que o destino falava ao valoroso Comandante Januário e lhe disse: Serás o glorioso mutilado e através dos tempos ostentarás no teu peito cheio de amor cívico a tua Pátria, o Brasão do Heroísmo e do Sacrifício. O Governo do Estado considerando os relevantes serviços prestados ao Estado e a República, pelos atos de bravura praticados em defesa da ordem e da lei, o promoveu ao posto de Coronel. Em conseqüência do ferimento recebido no Combate da Conceição, o bravo Coronel Januário amputou o membro ferido, ocasião em que foi reformado. A Brigada Militar, por seu Comandante Geral ao despedir-se do glorioso mutilado, assim se expressou: “Ao desligar do serviço ativo o Coronel Augusto Januário Correia que ora se reforma, deixando para trás um passado digno de apreço e consideração, pela sua brilhante atuação na Força Estadual a que se dedicou e, lealmente venho apresentar-lhe, com efusão, os melhores agradecimentos pelos relevantes serviços que prestou ao Estado e à República no longo do período de mais de 38 anos que foi a sua atividade. Na Revolução de 1893 já o encontrou nas fileiras da Brigada Militar com a qual tomou parte em toda a campanha, tendo feito, com a heróica Divisão do Norte, a marcha memorável ao território catarinense, em perseguição tenaz ao inimigo da ordem e da República, demonstrando sempre valor, grande espírito de sacrifício e abnegação. Na passagem do Ibirapuitã, feito memorável das armas republicanas, o Coronel Correia foi um dos heróis do dia, passando a ponte entre os primeiros que a transpuseram”. 19 de fevereiro de 1942: Neste dia, na localidade de Sapucaia, Augusto Januário Correia, deixava a vida e caminhava pela eterna estrada do regresso. Aqui seus amigos e familiares choravam a sentida partida. Mas lá... lá no Paraíso dos Imortais, era dia de júbilo... de sorrisos... de abraços fraternos, estava retornando um herói... glorioso temerário de Ibirapuitã... o imolado triste da Conceição... o homem que ficou mutilado no cumprimento do dever e que sofreu, sabendo sofrer, com elevada moral, os instantes solitários da vida. Ao entrar no País Celestial em alas formaram seus amigos e companheiros... e, num tapete de flores multicoloridas, frescas e belas, caminhava Januário, ostentando no peito o brasão do Sacrifício, ouvindo as harpas Divinas que executavam as mais bonitas melodias. Paz à sua alma grandiosa!


DESCENDENTE DO SOLDADO FARRAPO *

CORONEL DAVID JOSÉ DO AMARAL Herdeiro do patriotismo de seus antepassados.


Quem era Amaral Ferrador? No Almanaque do Rio Pardo, Dante de Laitano, diz: “José Amaral Ferrador, filho de José do Amaral que, no Rio Pardo, tinha o ofício de ferrador, terminando, seus filhos por acrescentar este nome ao seu próprio. José Amaral Ferrador, foi soldado de linha ordinária do Marechal Sebastião Barreto Pereira Pinto e atingiu, no 2.º Corpo de Cavalaria, o posto de Sargento. Irrompendo a Revolução de 1835, passou para os republicanos e serviu nas forças do Tenente-Coronel Francisco de Paula Sarmento Mena, cujo batalhão se formou, no Rio Pardo, para engrossar as forças de Corte Real. José Amaral Ferrador, como soldado, distinguiu-se pela valentia”. “Wenceslau Venâncio do Amaral Ferrador – irmão de José Amaral Ferrador Filho, era 2.º Tenente do 1.º Corpo de Cavalaria de 1.a Linha da República Rio-grandense”. David José do Amaral, nasceu no dia 7 de janeiro de 1862, em São Luiz de Gonzaga e era filho de João Cândido de Amaral. Foi um descendente do bravo Amaral Ferrador. Descendendo de republicanos históricos e bravos, era natural que David do Amaral herdasse de seus antepassados os mesmos predicados. Quando a incipiente República Brasileira foi ameaçada em seus fundamentos, David José do Amaral reuniu-se àqueles que se congregavam para defendêla. No posto de Alferes, sob as ordens do Senador Salvador Aires Pinheiro Machado, prestou serviço de outubro a outubro de 1891/1892 e nos corpos organizados em São Luiz de Gonzaga, nos comandos dos Tenentes-Coronéis David José Pereira e Júlio Brum, 1893. Pertencia David do Amaral a um corpo provisório, quando foi organizado, na Estação Umbu, o 3.º Batalhão de Infantaria da Brigada Militar, no qual foi incluído no mesmo posto que tinha no Corpo de São Luiz. Incorporado à Divisão do Norte, participou nos combates de Inhanduí; do Passo Mariano Pinto, em fins de setembro; do Mato Português, em outubro; do Rio Canoas, em novembro e na cidade de Itajaí, em 9/10 de dezembro. Nos primeiros dias de fevereiro de 1894, depois de Ter palmilhado pelo Estado de Santa Catarina, retornou ao Rio Grande, para um mês depois, voltar àquele Estado, em perseguição ao adversário, combatendo-o no Ribeirão Silveira e na Picada do Oratório. Após esses encontros mereceu louvores “pela bravura com que se portou ao ser recebido pelo inimigo, emboscado a margem da Picada, com cerrada descarga de fuzilaria, não tendo perdido a calma e avançando sempre sob mortífera ação das balas”.


Esse combate que passou à história com o nome de Combate da Serra do Oratório, ocorrido em e de março de 1894, em Santa Catarina foi travado com as forças rebeldes chefiadas pelo Coronel do Exército Luiz Alves Leite de Oliveira Salgado, a serviço da revolução, David José do Amaral teve uma ação saliente e temerária. Em 31 de março de 1894, entrou em choque com a 4.a Brigada Revolucionária, no Rio Pelotas, ocasião em que demonstrou o seu alto valor e sangue frio. Em fins de junho de 1894, em Tupanciretã, em conseqüência do seu desligamento da Divisão do Norte, reuniu-se à Brigada Militar que passou a operar com todos os seus corpos reunidos. Em 6 de agosto tomou parte no choque ocorrido em Porteirinha e a 6 de setembro de 1894, no combate do Capão das Laranjeiras, iniciando uma perseguição às diversas colunas revolucionárias, após a morte do chefe Gumercindo Saraiva. Teve ação destacada no combate do Cavori, combatendo, posteriormente, as forças de Marcelino Pina, no interior da Serra do Caverá, em Branquinho e em Aninha Mendes; em Cunhataí; no Passo da Estiva e, finalmente, a 13 de abril de 1895, nas margens do Rio Santa Maria-chico. Terminada a sangrenta luta, recolheu-se para Porto Alegre, quando em dezembro de 1896, foi promovido a Tenente e em novembro de 1911, a Capitão. Passados oito anos foi elevado a Major para o 2.º Regimento de Cavalaria. Pouco depois de explodir a sedição de 1923, o 2.º Regimento de Cavalaria, entrando em operações, no mês de março se deslocava para a região colonial. Regressando a Livramento, dias após, estava empregado em novas operações, tendo combatido: a 6 de maio, no Passo do Guedes, contra a Coluna de Honório Lemes; a 15, no Passo da Ferraria, no Rio Santa Maria-chico, contra as forças reunidas de Estácio Azambuja, Zeca Neto, Ernesto Labarte; a 5 de junho, na Picada do Aipo, contra Chiquinote Pereira e, a 19, na Ponte Borges de Medeiros, sobre o Rio Ibirapuitã, em Alegrete, tendo como adversário o General Honório Lemes. Em conseqüência da organização do Grupo de Batalhões de Caçadores, que, em julho de 1924, seguiram para o Estado de São Paulo, a fim de auxiliar a debelação do levantamento ali irrompido, tendo a guarnição de Porto Alegre ficado muito reduzida e para auxiliar nos serviços, o Governo do Estado determinou que o 2.º Regimento de Cavalaria de deslocasse para a mesma cidade onde permaneceu de fins de junho a meados de outubro de 1924. Em face do afastamento do Tenente-Coronel Januário Correia, ferido gravemente no combate do Cerro da Conceição, o Major David do Amaral


assumiu o comando do 2.º Regimento, em novembro de 1924. Antes de Ter assumido o comando daquele Regimento, no dia 22, quando a mesma Unidade e o 15.º Corpo Provisório, de Rosário, constituindo um destacamento sob o comando do Tenente-Coronel Januário se deslocava em perseguição a Coluna do General Honório Lemes, no Cerro da Conceição, no Caverá, o destacamento foi apanhado de surpresa e em face da confusão, o Tenente-Coronel Januário determinou ao Major David que fosse auxiliar o comandante do 15, Ten Cel. Garibaldi Tomazzi, a reorganizar aquele Corpo. Ao ser ferido aquele comandante, foi então que assumiu o comando do 2.º, o Capitão Aníbal, sob a orientação do comandante efetivo que, ferido dava as duas ordens. O Tenente-Coronel do Exército Emílio Esteves, teceu o seguinte louvor à David: “pelos bons serviços que prestou, com especial interesse, demonstrando sempre dedicação e zelo”. Fazendo parte de um destacamento sob o comando do Tenente-Coronel Emílio, participou em operações na região missioneira, tomando parte no combate da Ramada, dia 3 de janeiro de 1925. Foi nesse encontro que recebeu um elogio “pela serenidade de ânimo com que dirigiu a ala direita do Regimento, que protegia uma seção de artilharia”. Depois de outras missões, em fins de maio, com a dissolvição do Destacamento, foi recolhido a Livramento. O General Eurico Andrade Neves, Comandante da 3.º Região Militar, determina que seja lavrado na fé de ofício do Major David do Amaral, o seguinte louvor: “pela bravura e dedicação com que dirigira o bravo e abnegado 2.º Regimento de Cavalaria, tendo tomado parte em todos os brilhantes feitos d’armas dessa unidade, reafirmando sempre, de modo inequívoco, o seu valor já demonstrado em 93, e ainda pelos relevantes serviços que vem prestando, com a sua tradicional lealdade ao Estado e a República, tornando-se digno depositário das tradições da Brigada Militar”. No ano de 1926, em janeiro, foi promovido ao posto de Tenente-Coronel para comandante do 2.º Regimento de Cavalaria. Tendo surgido novos grupos revolucionários, perturbando a ordem no Estado, saiu com o seu Regimento, em operações de campanha e tomou parte, em janeiro de 1927, na perseguição às forças rebeldes de Júlio Barrios. Tendo cessado os pronunciamentos armados, periódicos, que vinham perturbando a ordem no Estado, o Comandante da 3.º Região Militar, em dezembro de 1927, dispensou o 2.º Regimento do serviço que vinha prestando ao Governo Federal, ocasião em que o Tenente-Coronel David Amaral, mereceu os seguintes louvores: do CMT. Da 2.a Brigada da Cavalaria do


Exército: “pela abnegação no cumprimento de seus deveres, dedicação ao serviço e irrepreensível observância das ordens emanadas do mesmo comando”. DO CMT. DA 4.a BRIGADA DE CAVALARIA: “pela conduta sempre mantida nas ocasiões em que seus serviços foram reclamados e onde sempre se conduziu como soldado disciplinado e cumpridor de seus deveres, contribuindo, assim, para elevar cada vez mais, o conceito em que é tida a Corporação a que pertence”. Com a idade de 66 anos e quase 42 de serviço, foi reformado, em 13 de março de 1928, como Coronel. O Coronel Claudino Nunes Pereira, Comandante-Geral da Brigada Militar, ao despedir-se de David José do Amaral, assim escreveu: “É com pesar que vejo afastar-se da atividade, este distinto camarada, de um passado cheio de serviços à causa pública e cuja fé de ofício é um monumento moral de lealdade, calor e dedicação, não regateando nunca sacrifícios no cumprimento de seus deveres militares, cumprindo com interesse e firmeza de ânimo extraordinário, não só nos tempos de paz, como na cruenta jornada de 93 a 95, aos últimos movimentos sediciosos neste Estado, em que se encontrou sempre batendo-se com abnegação pela manutenção da ordem pública, das leis e dos poderes legalmente constituídos”. O Coronel David José do Amaral, faleceu na cidade de Livramento, com a idade de 77 anos. Que mais dizer do descendente do valente Amaral Ferrador? Nada mais será narrado, apenas que David José do Amaral é digno, entre os dignos, de figurar no Ápice da Glória, pelo seu acrisolado amor à Pátria Brasileira.


O HERÓI DE TRAÍRAS

TEN CEL EMERENCIANO LUIZ BRAGA Valente entre os valentes. Seu destino na vida: ser herói. Seu caminho ao deixar a vida: escrever seu nome na página da história, pela bravura ímpar. Seu fim: repousar na Galeria Imortal dos Bravos.


Foi um dos mais ousados e bravos dos que passaram pelas fileiras da Brigada Militar. Dotado de uma valentia extraordinária, disso deu sobejas provas, notadamente durante a revolução de 1893/1895. Quando a República brasileira ainda se debatia pela sua consolidação, Emerenciano Luiz Braga acorreu ao chamamento da Pátria. No município de São Luiz Gonzaga surgiu as forças civis reunidas pelo Capitão João Correa e sob as ordens do Coronel Salvador Aires Pinheiro Machado, no período de 1891/1893. Serviu como Alferes do 3º Corpo da 4ª Brigada da Divisão Norte. Esta Brigada tinha como lema: “Morrer, talvez, que é contingência humana, mas morrer pela Pátria e consolo e glorificação”. Nomeado Alferes para o 1º Regimento de Cavalaria da Reserva, em 15 de junho de 1893, assumiu o comando do 4º Esquadrão, operando durante toda a Revolução na famosa Divisão. O arquivo do 3º Corpo desta Divisão, sob o comando do Coronel José Bento Porto foi extraviado. O esquadrão de Emerenciano era parte desta força, daí deduzir-se que o 4º Esquadrão do 1º RCR tenha participado nos encontros do Mato Português (18-9); rio Pelotas (9-11); Passo M. Pinto (25-9); rio Canoas (19-11); Itajaí (10-11-1893)ç Curitibanos (27-2); Oratório (3-3); rio do Peixe (25-3); Carovi (8-8-94). Participou na perseguição aos rebeldes, através da Serra do Caverá. Em novembro de 1894, aparece Emerenciano com seu esquadrão, operando junto ao 2º Batalhão de Infantaria da Brigada Militar, sob o comando do Cel do Exército Cipriano da Costa Ferreira, no combate de Traíras, onde o 2º B.I. escreveu em sua história uma das mais belas páginas. Continua Emerenciano em perseguição à Coluna de Marcílio Pinha, no interior da mesma serra, desde o Piraí até a fronteira com o Uruguai. Em conseqüência do Combate de Traíras, no dia 6 de novembro de 1894, Emerenciano foi agraciado com este louvor: “pela bravura e sangue frio com que se portou no combate contra o inimigo quatro vezes superior em número”. Pode-se dizer com segurança que a Emerenciano Luiz Braga deveram os bravos do 2º Batalhão e os seus companheiros de esquadrão não terem sido totalmente aniquilados após aquela ação. A conduta nobre e digna, temerária e audaz, valente e ousada de Emerenciano Luiz Braga, na grave situação das suas forças, na angústia dos seus companheiros, nô-lo diz o Major Miguel Pereira, no 1º Volume do Esboço Histórico da Brigada Militar:


“Terminado o sangrento combate, o inimigo, de longe, estabeleceu sítio a casa a que se recolhera o invencível batalhão. Reúne o Comandante Cipriano os oficiais para combinarem providências que eram urgente tomar, em face da tremenda situação em que todos se achavam, sujeitos a morrer de fome e de sede se não acudissem recursos imediatos. O grande número de feridos reclamava insistentes cuidados profissionais, indispensáveis a livrá-los da morte, e o batalhão carecia de médico e de ambulância Resolveram a ida de um oficial a Bagé, embora nenhuma das probabilidades de ele chegar até esta cidade, ocupado todo o campo e arredores de inimigos implacáveis, sedentos de vingança. O Capitão José Natalício Martins abeira-se do Alferes Emerenciano Luiz Braga e lhe comunica que o comandante precisava próprio de confiança para ir a Bagé, ouvindo em resposta do jovem oficial que seria muito fácil encontrar um que fizesse a perigosa diligência. Martins dá conta a seu chefe de que Emerenciano estava às ordens para o arriscado lance. Chamado, este reafirma sua decisão com estas palavras: ‘soldado não recusava serviços, nem se esquivava ao cumprimento do que lhe fosse determinado’. Assentada definitivamente essa medida inadiável, surge a dificuldade de um bom cavalo que pudesse suportar as onze léguas, quando tinham sido mortos ou abandonados talvez todos, na refrega tristemente inesquecíveis. Afinal, trazem um cavalo tubiano, linda estampa, da montaria do revolucionário Capitão Sagaz, derrubado sem vida na ocasião em que, temerariamente, procurou lancear os soldados através da janela da casa. Emerenciano, acautelado, lembrou que o animal trabalhara um dia todo e não resistiria à viagem, mas que se outro não houvesse, até nesse se aventuraria à jornada imprescindível. Entrementes, o Major Adão Carvalho de Barcelos declara que seu cavalo havia escapado ao morticínio e o cederia de bom grado. Vencera-se o primeiro embaraço. Cipriano dá orientações a Emerenciano para que, se lhe não fosse possível alcançar Bagé, dirigisse os passos a Lavras, onde encontraria força amiga. Os piquetes de Zeca Tavares cruzavam ao longe, altaneiros, vistosos, mas fora do alcance das balas, no alto das colinas, com o propósito de massacrar o pugilo de bravos, entrincheirados na casa, se tentassem abandoná-la. Emerenciano, compreendendo que era mister usar da astúcia capaz de lhes burlar a vigilância aos Maragatos, despe a blusa, ata fita encarnada no chapéu – distintivo dos revolucionários – despede-se dos camaradas e monta


a cavalo. Escaramuça o pingo, esperta-o, e depois, fitando a estrada sai a trote, coxilha abaixo, tranqüilamente, como se realizasse agradável passeio habitual. Após dois quilômetros, piquete inimigo que o vira sair, procura se lhe aproximar. Evita-o, desviando-se do perigoso encontro. Galopa o piquete para alcançá-lo; ele, a seu turno, toca a disparada campo a fora, ouvindo atrás de si a perseguição e alguns disparos. Em tal ocasião se lhe depara largo fosso profundo, cavado pelos grandes enxurros. Não se detém, ferra as esporas nas ilhargas do animal e, com felicidade, fá-lo saltar o obstáculo. Os perseguidores, menos ousados, não se atrevem a investir o fosso; procuram contorná-lo e pesquisam passagem menos difícil, dando tempo a que nosso alferes se distancie fique-lhe longe da vista e vá Ter ao passo do Tigre. Logo adiante, uma sentinela Federalista o intima a fazer alto; obedece sem vacilação. Chegando a fala, explica-lhe que era amigo e se extraviara dos companheiros de combate. A sentinela, desconfiada, convida-o para irem ao acampamento que ficava perto. Acompanha-a aparentemente satisfeito. Mas assim que se vê livre de acidentados terrenos, fustiga o cavalo e parte célere, a bom correr. Indecisa, desapontada, a sentinela não sabe se o deve perseguir ou comunicar ao comandante a estranha ocorrência. Salva Emerenciano, desta vez, a hesitação do soldado rebelde, que lhe dá tempo de se distanciar e chegar daí a meia légua da fazenda de Alves Branco. Neste lugar, quando se informava da estrada que o devia guiar a Bagé, percebe à distância, cortando campo, uma força a persegui-lo e, simultaneamente, outra, ocupando a estrada, também na sua direção. Afasta-se, imediatamente, ganha as terras da fazenda, a fim de escapar.. a patrulha que palmilhava a estrada limpa, vendo-o retirar apressado, dá volta para entrar numa porteira e impedir-lhe a fugida. Não o conseguindo, rastreia-lhe as pegadas, ávida de capturá-lo e dar-lhe o destino que habitualmente tinham os infelizes prisioneiros. Emerenciano, sempre alerta, vai campo fora, mas vê-se diante de uma sanga de altos barrancos assustadores. Não podendo transpor, montado, socorreuse deste estratagema: apeia-se, aproxima o cavalo da margem, empurra-o rigidamente e atira-o para baixo. Nesse esconderijo providencial, que parecera antes um estorvo formidável, considerou-se então a salvo, livre da fúria inimiga. Sai daí e entra na invernada, passa cercas de pedras, aramados e vai dar em campos da viúva Martins, mãe do Coronel José Lucas Martins.


Ao escurecer, perdido em lugares que lhe eram inteiramente ignorados, não sabendo o rumo de Bagé, avista um homem tocando vacas. A ele se dirige e pede o favor de lhe ensinar o caminho da cidade que demanda. Amedrontado, reluta o indivíduo em atendê-lo. Mas é obrigado, a vista de séria ameaça, a conduzi-lo à estrada real procurada, pela qual o viajante sem mais acidente, desembaraçado e venturoso, chegando a Bagé às 9 horas da noite. Estava cumprida à risca a perigosíssima incumbência, com firmeza inquebrantável, tranqüilidade de ânimo e coragem desmedida. O Alferes Emerenciano, pouco antes de se aventurar à arriscadíssima missão, fazendo parte da vanguarda, vira-se envolvido em sangrento entrevero, no qual caíram sem vida, empenhados na luta, corpo a corpo, os seus camaradas, escapando ele da morte milagrosamente. Mas lhe sobrou alento e robustez física de atravessar o sítio das tropas que ainda há pouco lhe faziam ulular sobre a cabeça os engenhos da morte, que ele afrontou impávido, sobranceiro. Agora ao passar para o seu destino perigoso, revendo o avermelhado chão de combate, contemplou os cadáveres irmãos, quase certo de que também em breve rolaria ferido pelas balas e lanças dos cavaleiros Maragatos. Quis Deus, porém, poupar-lhes a existência, que fosse ele à guarnição de Bagé pedir auxílio para os companheiros cercados, à míngua de auxílio humano. Transcorria o ano de 1894, quando no dia 22 de outubro, o Governo Federal concedeu a Emerenciano Luiz Braga o posto de Tenente honorário do Exército Brasileiro, em atenção aos relevantes serviços que prestou ao Rio Grande do Sul e a República do Brasil. O valoroso e destemido Alferes Emerenciano, no dia 29 de março de 1895, foi promovido a Tenente e classificado no 1º Regimento de Cavalaria da Brigada Militar. Em 26 de outubro, foi promovido a Capitão e foi servir no 1º Batalhão de Infantaria (o Batalhão dos Heróis). Em conseqüência da sedição que irrompeu no Estado no ano de 1923, esteve em serviço de campanha com seu Batalhão (1º B.I.) na região Nordeste e Fronteira do Estado. Palmilhou quase todo o Rio Grande com os bravos do 1º de Infantaria. No dia 7 de setembro, tomou parte da operações do Batalhão, a fim de evitar que a Coluna do General Honório Lemes transpusesse o Passo do Salso em Palomas. O Coronel Leopoldo Ayres de Vasconcellos louvou a Emerenciano, “pelo zelo e muita dedicação com que auxiliou o comando para a boa marcha e desempenho da missão confiada ao Batalhão, suportando com estoicismo as inclemências e privações da jornada longa e penosa”. O ano de 1924 continuava agitado...rebelião...homens em armas... mais uma


vez, em outubro, Emerenciano partiu para o interior do Estado em operação bélica. Em maio de 1925, foi agraciado pelo General Eurico Andrade Neves com o seguinte louvor: “pelo apreciável critério com que comandou o batalhão durante o tempo em que fez parte do Destacamento Móvel da Circunscrição do Sul, as suas ordens e o tem fiscalizado e, pela presteza e lealdade inexcedíveis com que cumpriu sempre as determinações”. Tendo adoecido gravemente em Uruguaiana em dezembro de 1925, foi transportado para Porto Alegre. Não recuperando a saúde, foi reformado em 15 de maio de 1926, no posto de Tenente-Coronel. O Ten Cel Emerenciano, nasceu em 9 de dezembro de 1873 e faleceu no dia 3 de outubro de 1936, nesta capital, às 14:30h, no Hospital São Francisco. Firmou o atestado de óbito do valente das Traíras, o Dr. Pedro Borba, que deu como causa da morte síncope cardíaca. Foi sepultado no Cemitério da Santa Casa (Livro C-24, fls. 34 v, termo 19.490, 4ª Zona Capital). Alguém que tenha uma pena brilhante que procure na essência do mais Divino dos Divinos a tinta para escrever os lances dramáticos e temerários deste Homem que foi um Herói. Brigada Militar de tantos feitos na vida brasileira, de tanto despreendimento, de tanta bravura, de tantas glórias e da tanta ternura Brigada Militar de Massot... Aparício e Cristalino... de Arizoli... Claudino e Leopoldo Ayres... Tourinho... Juvêncio e Alzimiro Welausen... Barão... Camilo Diogo e Miguel Pereira... Aristides e Ladeira... Camilo Dias e Falceta... de Pilar e Armando Cavalcanti... de Timóteo e... de todos os que deram a vida em holocausto à Nação Brasileira: Emerenciano é o teu Herói... ou está entre os teus maiores heróis. Brigada Militar, onde está a tua homenagem ao Herói de Traíras c·­¡» Nada mais justo, mais nobre e mais eloqüente, que dês ao teu Salão Nobre, no teu Quartel General, o nome do Ten Cel Emerenciano – O Herói de Traíras.


TUDO JUSTO E PERFEITO *

TEN CEL FRANCELINO RODRIGUES CORDEIRO Descendente do 3ยบ Regimento de Cavalaria Ligeira. 93ยบ de Cavalaria da Guarda Nacional. Major do valoroso 1ยบ Regimento de Cavalaria da Reserva.


Nasceu em Vila Rica, hoje Júlio de Castilhos, no dia 20 de janeiro de 1859. Em 1875, assentou praça no 3º Regimento de Cavalaria Ligeira, dando baixa em 1881. Mais tarde, foi nomeado para a Guarda Nacional, sendo incluído no 93º Corpo de Cavalaria no posto de Tenente. Em novembro de 1892, passou a fazer parte do 13º Corpo Provisório de Cavalaria, organizado em Santiago do Boqueirão, sob o comando do Tenente Coronel Manoel Augusto do Carmo, sendo em janeiro de 1893, nomeado Capitão. Em agosto do mesmo ano (1892), o 13º Corpo, fazendo parte da Brigada ao Comando do Coronel Hermenegildo Laureano da Silva e Incorporado à Divisão do Norte, marchou de São Gabriel para Santa Maria, e depois para a Estação Umbu, de onde expedicionou pelos municípios de Rosário e Livramento, tendo depois de atravessar a Serra do Caverá, tomando parte, a 25 de setembro, no combate do Passo Mariano Pinto. Após esse combate, continuou em perseguição ao adversário, passando por Santiago, Cruz Alta, Passo Fundo, Lagoa Vermelha, Vacaria e Bom Jesus e, a 9 de novembro, transpôs o rio Pelotas, entrando no Estado de Santa Catarina. Combateu no Passo do Rio Canoas, de 15 a 16 de novembro de 1893, sendo a 26 desse mês, nomeado Major do 1º Regimento de Cavalaria da Reserva (1º RCR). Depois daquele combate, caminhou pelo sertão catarinense através da Picada de Curitibanos e atingido Itajaí, onde combateu dias 8/10 de dezembro, obrigando Gumercindo Saraiva a abandonar aquela cidade. A 12 de fevereiro de 1894, reincorporado à Divisão do Norte, tomou parte no combate da Serra do Oratório (13-2), no Estado de Santa Catarina. Tendo regressado ao Rio Grande do Sul, novamente retornou àquele Estado. Cumprida a missão, voltou ao solo gaúcho. Tomou parte no combate de Passo Fundo, a 5 de abril de 1894 e, marchando para a região do Alto Uruguai, chocou-se com os rebeldes próximo a Nonoai. A 30 de abril de 1894, desligou-se da Divisão do Norte, seguindo para as Palmas de Baixo rumo a Guarapuava, e a 3 de maio, ao transpor o Passo do Severo no arroio Cervo, ocasião em que topou com a vanguarda da coluna revolucionária sob o comando de Juca Tigre. Reincorporado ao seu Regimento (1º RCR), participou no encontro contra a retaguarda adversária no rio do Peixe. Francelino tendo transposto o referido rio, com pequena força, surpreendeu as sentinelas inimigas que dormiam. Depois de Ter participado de outras missões de menor importância, recolheuse com seu Regimento a Porto Alegre.


Após alguns dias de descanso, partia em 1º de junho e, a 5 de agosto de 1894, incorporou-se à Brigada Militar em Tupanciretã, com a finalidade de operar em conjunto com as demais unidades sob o comando do Coronel Joaquim Pantaleão Teles de Queiroz. Fazendo a vanguarda de um destacamento constituído do 1º R.C.R. e do 1º R.C.E. (1º Regimento de Cavalaria Efetivo), sustentou guerrilhas com o adversário e a 10, participou ativamente no Capão do Carovi. Neste vigoroso encontro, o 1º R.C.E., que marchava um tanto adiantado, foi atacado por violenta carga de lanceiros, ficando o R.C.E. na iminência de ser dizimado. Francelino Cordeiro, que marchava com sua Unidade (1º R.C.R), vagarosamente, cavalos cansados, percebendo a situação angustiosa de seus camaradas (1º R.C.E.), reuniu rapidamente seus oficiais. Expôs-lhes a situação e declarou-lhes: “que só tinham dois caminhos a seguir: morrer procurando defender os companheiros, ou salvarem-se fugindo covardemente e, portanto, opinava pelo primeiro”. Homens de honra e de brio, não podiam deixar de seguir seu comandante, e assim, num supremo esforço, marcharam ao encontro dos atacantes, que foram derrotados. Com o ataque dos lanceiros adversários, ficara em sério perigo de vida, o Tenente-Coronel Fabrício Pilar, Comandante do 1º R.C.E. Depois do combate no Carovi (10-8-94), o 1º Regimento de Cavalaria da Reserva afastouse dos demais Corpos da Brigada Militar. O Major Francelino, com seus valorosos companheiros do destemido 1º R.C.R., tomou parte em operações contra grupos isolados. Perseguindo os revolucionários de Marcelino Pina, Combateu na Serra do Caverá, pelo que foi elogiado “pelos bons serviços prestados com dedicação à República, no combate travado contra o inimigo na Serra do Caverá, onde se conduziu com todo o valor”. Assumindo interinamente, em 23 de dezembro, o comando do 1º R.C. R., combateu em princípios de 1895, na Serrinha. Quando marchava, em 15 de agosto de 1895, para o Passo de São Luiz, na Fronteira com o Uruguai em Bagé, travou combate contra forças revolucionárias, ocasião em que as tropas legalistas foram derrotadas pelo adversário, superior em número e favorecido pelo descuido do Comandante da Coluna Coronel Zeca Pinto. Foi a única vez em que o heróico 1º R.C.R., foi derrotado pelas forças inimigas. Antes do término da sangrenta luta, o Major Francelino combateu contra Aparício Saraiva junto ao rio Santa Maria-Chico e na Estiva, nas proximidades


de D. Pedrito. Cessada a revolução, em junho de 1895, passou a servir adido ao 1º R.C.E. Promovido a Tenente-Coronel, para comandante do 1º Batalhão de Infantaria, em abril de 1901, unidade que foi comandada pelo Tenente-Coronel Francelino por mais de 16 anos, conquistando a amizade de todos os seus comandados pela maneira carinhosa e afável com que os tratava. Faleceu em 24 de novembro de 1917, nesta cidade de Porto Alegre, ocasião em que o Comandante-Geral da Brigada Militar, Coronel Affonso Emílio Massot, assim se referiu à vida de tão valoroso homem: “Repentinamente, finou-se hoje à meia hora, em sua residência, nesta capital, o leal e dedicado comandante do 1º Batalhão, o bravo TenenteCoronel Francelino Rodrigues Cordeiro. Valoroso e honrado, justo e bom, o Tenente-Coronel Francelino era a personificação da disciplina, o perfeito soldado sempre alerta em seu posto. Sua morte deixa enorme vácuo no seio da Brigada Militar, e indelével saudade entre seus camaradas pela pura e sincera amizade que lhe dedicavam. Republicano ardoroso e convicto, o Tenente-Coronel Francelino foi figura saliente no período revolucionário de 1893 a 1895, em que tomou parte ao lado das forças legais. Nessa cruenta luta deu belos exemplos do maior patriotismo e do mais acrisolado valor, deixando brilhante fé de ofício que o recomendará à veneração eterna de seus companheiros e à gratidão do Rio Grande do Sul...”. O Tenente-Coronel Francelino era dotado de espírito cavalheiresco e folgazão, conseguia granjear largo círculo de sólidas amizades no meio civil. O Tenente-Coronel Francelino foi Presidente do Grêmio Gaúcho, do Tiro de Guerra n.º 4, e foi venerável da Loja Maçônica Fidelidade e Firmeza. Para caminhar pela estrada da Glória e atingir o seu Ápice é necessário: que o homem tenha sido realmente um homem; que tenha amado a sua Pátria, como Francelino amou a República Brasileira que tenha dado tudo de si pela sua Corporação; que tivesse lances de bravura e heroísmo, mas também, tivesse gestos de ternura e amor. Por essas virtudes é que Francelino Rodrigues Cordeiro é conduzido ao Ápice da Glória, porque foi Justo e Perfeito.


O CREPE DA SAUDADE * PATRONO DO 1º RP.R.Mont.

CORONEL FABRÍCIO BATISTA DE OLIVEIRA PILAR Major do glorioso Exército Brasileiro. Coronel da heróica Brigada Militar. “O vôo arrojado da alma que adeja envolta com a de tantos mártires da Liberdade”.


Capitão do Glorioso Exército Brasileiro, posto à disposição do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Foi o primeiro comandante do 1º Regimento de Cavalaria que, ao assumir seu comando, assim falou: “Cada soldado e cada oficial da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul deve ser um homem honesto, devotado ao amor exclusivo da causa pública...”. Nasceu em 24 de agosto de 1856, em São Vicente. Aos 18 anos de idade, em fevereiro de 1874, alistou-se voluntariamente e jurou estandarte no 4º Regimento de Cavalaria Ligeira, na cidade de Livramento. Deslocou-se de Livramento, com seu Regimento para São Gabriel. Tendo prestado exame, em 24 de maio de 1879, foi promovido a Alferes. Tendo obtido permissão, foi matriculado no Curso de Infantaria e Cavalaria da Escola Militar. Neste posto serviu nos Regimentos de Cavalaria 2º e 3º, em Jaguarão e São Borja, respectivamente. A 3 de novembro de 1877, foi promovido Tenente, por estudos e retornou para o 2º Regimento de Cavalaria, quando em fevereiro de 1890, por estudos, foi promovido ao posto de Capitão e classificado no 11º Regimento de Cavalaria do Exército, em Bagé. No dia 31 de janeiro de 1891, o Marechal Manoel Deodoro da Fonseca, assinou um diploma que conferia ao Capitão Pilar, o grau de Cavaleiro da Ordem Militar e Aviz. No decorrer do ano de 1892, a 21 de novembro, passava o Capitão Pilar à disposição do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Comissionado no posto de Tenente-Coronel, em 26 do mesmo mês, na Estação de Cacequi, assumiu o Ten Cel Pilar, o comando do 1º Regimento de Cavalaria da Brigada Militar, ocasião em que declarou: “Ao assumir tão honroso, quão espinhoso cargo, que me confere o Governo do Estado, devo declarar ao Regimento que me acho possuído das mais lisonjeiras esperanças pela simpática impressão que recebi de seus tão distintos oficiais e pela reputação de exemplar conduta que goza o pessoal do Regimento. Em minha pessoa terão sempre os meus comandados uma amigo sincero e na minha autoridade um apoio seguro da mais alta e severa justiça. Devemos todos pesar com a maior circunspecção a gravidade da situação de nosso Estado e de que a responsabilidade da ordem pesa sobre nós, cada oficial da Brigada Militar do Estado. Cada soldado da Brigada Militar deve ser um homem honesto, devotado ao amor exclusivo da causa pública; e para chegarmos a esse desideratum, espero que vos devotareis inteiramente ao cumprimento dos deveres militares, cumprindo as minhas ordens, que serão


sempre inspiradas pelo bem comum”. No ano de 1893, operou contra um grupo de revolucionários chefiado por Vasco Saraiva, nas imediações do Camaquã-Chico, perto de Upamaroti; no marco da divisória, às pontas do Jaguari-oriental; novamente próximo às pontas do Upamaroti, ocasião em que todo o 1º Regimento esteve empenhado no combate. Após aquela série de feitos dirigidos pelo bravo comandante do 1º Regimento, esta Unidade passou a fazer parte da Divisão do Norte, na 2ª Brigada Militar. Nos primeiros dias de setembro de 1893, com seu Regimento, na Estação Umbu, combateu em Mariano Pinto. Em outubro, em Mato Português, e a 30 na Capela de Bom Jesus. Fugindo, os revolucionários para o Estado de Santa Catarina, a Divisão Norte, a 11 de fevereiro, transpôs o rio Pelotas, atingindo a 18 o rio Canoas. No dia seguinte, foi o Tenente-Coronel Pilar designado para explorar o referido rio e suas imediações. Continuando sua marcha heróica, depois da penosa travessia da picada de Curitibanos, combateu perto de Itajaí. Iniciada a marcha de regresso ao Rio Grande do Sul, ao atingir o Passo de Santa Vitória em 29 de janeiro de 1894, o 1º Regimento recebeu ordens de seguir com destino a Vacaria. Próximo ao arroio Prata, na Picada do Corrêa e no Capão Bonito, participou do choque com os revolucionários. Assumiu, interiormente, em abril, o comando da 2º Brigada. Novamente a valente Divisão retornava ao Rio Grande do Sul, mas antes, em junho, combateu nas proximidades de Passo da Forquilha e, posteriormente, em São Bernardo, Capão do Carovi, onde foi morto o chefe revolucionário Gumercindo Saraiva. Foi neste combate, o de Carovi, que Pilar foi levado pelo seu destemor e bravura; avançou com o 1º Regimento que ficou em situação perigosíssima, sendo salvo da morte pela intervenção do 1º Regimento de Cavalaria da Reserva, sob o comando do Major Francelino Cordeiro. Aqui estamos retratando o valoroso Tenente-Coronel Fabrício Pilar, mas desejamos em capítulo à parte, gravar a ação destemida do 1º Regimento de Cavalaria da Reserva, composto de homens que, pelo seu heroísmo, ajudaram a construir o Monumento de Glórias do Gaúcho. Depois de tantas ações de relevo em que fizera prova de seu arrojo e temeridade, atingido por certeiro tiro, o Coronel Fabrício Batista de Oliveira Pilar morreu a 6 de setembro de 1894, no combate do Capão da Laranjeira, em Santiago do Boqueirão, quando com seu Regimento, resistia heroicamente a uma carga da cavalaria inimiga. O Comandante da Brigada Militar, Coronel do Exército Pantaleão Teles de


Queiroz, assim traduziu o último adeus ao abnegado Pilar: “É com o mais profundo desgosto que determino seja excluído do 1º Regimento de Cavalaria, o malogrado Tenente-Coronel Fabrício Batista de Oliveira Pilar, que tão dignamente comandava aquele Corpo. O crepe que envolve o estandarte do 1º Regimento, tantas vezes guiado valorosamente na conquista da liberdade da Pátria, pelo intimorato comandante morto quando ainda, heroicamente, resistia à carga da cavalaria inimiga todas estas demonstrações de pesar que se tributam ao ilustre chefe morto, tudo isto diz muito menos o que foi o conquistador do invejável renome que hoje possui este Corpo, o comandante de um punhado de bravos que só sabem vencer. Pilar é uma glória viva da Brigada Militar, seu corpo guarda o seio sagrado da Pátria, que tão decididamente defendeu sempre, sem um dia de descanso, porém a alma do chefe distinto, do guerreiro destemido, vive conosco, com as nossas glórias”. Fabrício Pilar, que era Capitão do Exército Nacional, foi promovido a Major post-mortem. O Comandante do 11º Regimento de Cavalaria, ao qual Pilar estava adido, em expressiva ordem do dia, ao excluí-lo: “11º Regimento de Cavalaria do Exército Brasileiro. Este herói, que desde o início desta negregada luta fratricida, sempre soube excedendo a expectativa do Governo, que lhe confiou o comando de um regimento da Brigada Militar, conduzi-lo à vitória e sair incólume do mais renhido da pugna, é forçoso dizê-lo, já não existe. Que nome soube, com aquele valor espartano, que lhe era peculiar, inscrever na página de honra de nossa Histórica Pátria. E este célebre rio-grandense, ao tocar quase o termo de sua gloriosa jornada, onde viu sempre o seu nome cercado do mais justo e merecido prestígio, tombou par nunca mais se erguer, regando com o sangue generoso de seu nobre coração, o solo da Pátria que conosco hoje se debruça consternada à beira do seu túmulo para chorar a irreparável perda de seu querido e extremoso filho. E agora que num arrojado vôo, como arrojados foram sempre os seus feitos, nesta ingrata luta de irmãos que alastra a esta e a outras ignotas plagas, onde sua alma adeja de envolta com as de tantos outros beneméritos mártires da liberdade, consenti que como fraca homenagem tributada a sua memória o 11º Regimento de Cavalaria deposite respeitoso no seu túmulo uma coroa de saudades e perpétuas, visto como perpétuas serão as saudades que o seu prematuro passamento lhe deixou”. Em 1938,

o Governo do Estado do Rio Grande do Sul prestou uma


imorredoura homenagem ao bravo Rio-grandense pelo Decreto n.º 7489, de setembro, deu a denominação de Regimento “Coronel Pilar” ao 1º Regimento de Cavalaria, do qual fora seu primeiro comandante, tombado heroicamente à frente do mesmo, no combate de Laranjeiras, em 6 de setembro de 1894. O 1º Regimento deve-lhe todo um acervo de glórias. Foi Pilar um padrão de honra militar, sacrificado no cumprimento do dever, em defesa da ordem e das instituições. Sua imagem sobranceira e inatacável projeta aos nossos dias um vibrante exemplo de sacrifício, renúncia, abnegação, honra e amor à Pátria. Este impoluto homem, caminhou pela estrada da vitória, subindo pela escada que leva ao céu e está no Ápice da Glória.


O VALENTE QUE TROCOU DE NOME

TEN CEL GREGÓRIO PORTUGUÊS Pagando uma promessa trocou de nome. Destemido, valente e arrojado.


Às ordens de Pinheiro Machado, operou no interior do Estado do Rio Grande do Sul, de outubro de 1891 a 1893, no posto de Tenente, nas Forças Civis, sob o comando do Senador. Como todos os outros cidadãos nomeados para postos de oficial no 3º Batalhão de Infantaria da Brigada Militar, Gregório da Silva Nunes, vem de um dos corpos provisórios da Divisão Norte, com a qual tomou parte na Batalha do Inhanduí, em 3 de maio de 1893. Ao ser organizado o 3º B.I., foi nomeado Tenente, e com ele marchou da Estação Umbu em direção a Rosário, dia 9 de setembro, ocasião em que se deu nessa localidade, a penosa e triste queima dos arreios que foi assim: “na hora de encetar a marcha, quando em forma toda a Divisão, foi ordenado às Companhias que amontoassem os arreios para serem queimados. Cruel sacrifício se impunha aos legendários desta cruzada sublime... Nessa memorável ocasião, usaram da palavra, à frente do 3º de Infantaria, o Senador Pinheiro Machado e o Coronel Tomas Tompson Flores, exortando os soldados a abandonarem os arreios e a continuar a marcha a pé, com a mesma energia e patriotismo de que até ali haviam dado sobejas provas. Terminadas as alocuções e levantando estrepitosos vivas à República e ao batalhão, os soldados, sem uma palavra de reprovação a tais ordens, traziam os arreios companheiros de tantas proezas e os lançaram à fogueira, tristes, mas resolutos, entrando logo depois em forma, como infantes”. Dali partiu em perseguição às forças revolucionárias a mando de Gomercindo Saraiva, indo combater a retaguarda, dia 25 de setembro, no Passo do Mariano Pinto, depois de haver atravessado a Serra do Caverá. Transposto o Ibicuí, percorreu os municípios de Itaqui, Santiago, Cruz Alta e Passo Fundo, sempre no encalço do adversário. A 18 de outubro, quando transpunha o Mato Português, o 3º Batalhão de Infantaria combateu contra o inimigo, tomando o Tenente Gregório, parte saliente na ação. No decorrer da qual, com um piquete que comandava, recebeu à queima-roupa, cerrada descarga de fuzilaria de uma força oculta no mato, ocasião em que se portou com muita bravura, escapando da morte por verdadeiro milagre. Por motivo de saúde, não participou da caminhada da Divisão do Norte pelo Estado de Santa Catarina. Reincorporado à Divisão, em 26 de abril de 1894, depois de Ter com o 3º de Infantaria expedicionado a Nonoai, transpôs o rio Uruguai, no Passo Gayo, em demanda do Estado do Paraná, atingindo no mesmo dia a Colônia Xanxerê. Fazendo parte de uma coluna, ao mando do Coronel Manoel Nascimento


Vargas, em maio, o Tenente Gregório, com 0 3º Batalhão, invadiu o sertão que margeia o rio do Peixe e passou a Campos Novos, no Estado Catarinense. Regressando ao Rio Grande do Sul dia 31, manteve um encontro com o inimigo. Fazia a vanguarda do Destacamento e conseguiu atacá-lo nas imediações do Barracão. Foi este, entre outros encontros, o mais renhido de que participou o 3º. Foi rápido e sangrento, tomando parte de destaque o Tenente Gregório da Silva Nunes. Lutando em situação desfavorável, pois o inimigo achava-se em local alto e o batalhão embaixo, este fez cargas sucessivas, conseguindo desalojar o adversário e pô-lo em fuga. O comando da Força Expedicionária da Divisão do Norte, em 4 de junho, assim descreveu o encontro: “Tomou então vulto a peleja. Entrou em linha, no centro, o 30º Batalhão; o 13º Corpo avançou pela esquerda o 3º apoiando o 30º, seguiu pela direita. Generalizou-se então o combate. Foi rápido, decisivo, destruidor como um raio. Uma hora bastou para a marche-marche através dos emaranhados da floresta, levando-as de rojo até as barrancas do Pelotas. O Tenente Gregório Nunes, saltando sobre o cadáver do seu amigo e chefe, a punhal, vingou a morte do valente. O combate travou-se corpo a corpo, a rifle e coronha de arma. O estampido de fuzilaria, cujo eco repercutia pelas quebradas do deserto, e o atrito das armas que se chocavam, o respirar ofegante dos combatentes, tudo isso cessou de repente. A pugna estava acabada. Não havia mais inimigos a combater. Fora extinta a 4ª Brigada de Gumercindo. O Tenente Gregório assinalou-se no combate, sendo já assaz conhecido pelo denodo não vulgar, revelado em mais de um combate (...)”. A Divisão regressou ao Rio Grande do Sul, quando pouco depois o 3º Batalhão de Infantaria, com outras unidades, percorreu os municípios de Lagoa Vermelha, Alfredo Chaves, Bento Gonçalves, Montenegro e São Sebastião do Caí. Em junho, ao ser o 3º de Infantaria desligado da Divisão, o Coronel Salvador Aires Pinheiro Machado, Comandante da 4ª Brigada, qualificou os oficiais e praças do 3º de “leais, bravos e abnegados servidores da Pátria. Promovido ao posto de Capitão em julho. Nesse mesmo mês o Governo do Estado concedeu a Gregório permissão para, daí em diante, assinar-se Gregório Português. Por que a mudança de nome Porque, como já relatado, em outubro de 1893, quando transpunha o Mato


Português, 0 3º Batalhão de Infantaria combateu contra um forte adversário, ocasião em que Gregório tomou parte saliente na ação e no decorrer da mesma, o piquete comandado pelo Tenente Silva Nunes, recebeu à queimaroupa, cerrada descarga, salvando-se assim milagrosamente. Em homenagem ao fato, prometeu a si mesmo que chamar-se-ia GREGÓRIO PORTUGUÊS, adotado como seu sobrenome o nome do Mato Português. Cumpriu, assim, a sua promessa e tinha orgulho de seu novo nome. Tendo o Governo deliberado que a Brigada Militar, a partir de agosto passasse a operar com todos os seus corpos reunidos, sob o comando do ComandanteGeral, o 3º Batalhão de Infantaria deixou Porto Alegre, seguindo para Tupanciretã, local da concentração. A 6 de agosto, a Brigada Militar marchou na direção de Santa Tecla, e a 10, o 3º Batalhão assistiu ao combate do Capão do Carovi, no qual foi gravemente ferido o chefe revolucionário Gumercindo Saraiva, que veio a falecer pouco depois. Com a morte do homem que mantinha reunidos os diversos contingentes que formavam a Coluna de seu comando, dispersaram-se os vários grupos que obedeciam as ordens de Gumercindo, o que obrigou a Divisão Norte a dividir-se. Deixando o Carovi, a Brigada Militar marchou e o 3º, tiroteou o adversário na Porteirinha, iniciando depois a caminhada para São Luiz de Gonzaga. Cumpridas outras missões, assistiu ao final do combate do Capão das Laranjeiras, em 6 de setembro e iniciou a perseguição aos remanescentes dos revolucionários de Inácio Cortes. Chegando a Bagé, Gregório Português assumiu o comando de um destacamento. Com essa força, cooperou decisivamente na defesa da cidade, em maio de 1895, quando atacada por Gumercindo, ocasião em que lutou valorosamente. Promovido a Major em agosto de 1912, quando em 1914, foi deflagrada a chamada Revolução do Contestado, marchou com elementos da Brigada Militar para a divisa com o Estado de Santa Catarina. Em 1922, em inspeção de saúde, foi julgado incapaz para o serviço, em conseqüência foi reformado no posto de Tenente-Coronel. Por ocasião do movimento revolucionário a 3 de outubro de 1930, foi nomeado em comissão, Tenente-Coronel Comandante do 4º Corpo Provisório em São Luiz Gonzaga. Nascido em São Luiz Gonzaga, no dia 14 de janeiro de 1859. Faleceu em Porto Alegre, em 15 de dezembro de 1936, às 12 horas, no Hospital São


Francisco. Seu óbito foi declarado pelo Senhor João Morosini e firmou o atestado o Dr. Alfeu Bica de Medeiros que deu como causa mortis. Choque operatório. (Termo 20.066, do livro C 25, pág. 43v, do Cartório do Registro Civil da 4ª Zona). E assim termina a história de Gregório da Silva Nunes, o valoroso e valente Gregório Português que de tantas glórias um dia, no passado, cobriu a Brigada Militar. É digno entre os mais dignos de ser colocado , como o é, no Ápice da Glória.


O COMANDANTE DA 3ª BRIGADA DO SUL * PATRONO DO 2º RP. Mont.

CORONEL JUVÊNCIO MAXIMILIANO DE LEMOS Como soldado: Defensor das Leis. Honrado e valente. Como civil: Tutelar de enfermos. Amor e Ternura


É o patrono do 2º Regimento de Cavalaria. Foi o Coronel Juvêncio um dos homens mais cultos que passaram pela Brigada Militar, no passado, dotado de uma bondade para com todos, procurava ser útil e os seus sentimentos eram voltados para o bem. Falava francês, castelhano, italiano e inglês. De origem modesta, ele mesmo o afirmava, conseguiu com seu esforço atingir todos os postos da Corporação. Era cercado da amizade e do respeito de seus camaradas e da estima de seus subordinados. Nasceu em Canguçu, no dia 29 de outubro de 1873. Com apenas 19 anos de idade, em 1892, era nomeado Inspetor de Seção do 3º Distrito de sua cidade, função que desempenhou até março do ano seguinte. No início de 1893, em 4 de março, foi incluído no 2º Batalhão de Infantaria da Reserva da Brigada Militar, no posto de Alferes. Partindo de Bagé, palmilhou por D. Pedrito e Livramento em operações no ano de 1893. Quando estava acampado em Quebracho, sustentou guerrilhas quase que diariamente com os elementos rebeldes. Tomou parte na defesa da cidade de Bagé por ocasião do sítio da mesma cidade pelas forças revolucionárias, no período de 1º de dezembro de 1893 a 8 de janeiro de 1894 sendo, na oportunidade, gravemente ferido. Levantado o sítio, o comandante da Guarnição histórica assim expressou-se a Juvêncio: “pela maneira com que se houve durante o sítio e pela bravura com que comandou a 1ª companhia, tomou uma trincheira do inimigo, em 24 de dezembro, em cuja ação foi gravemente ferido”. A fim de auxiliar na defesa da cidade de Rio Grande, atacada por navios da Esquadra revoltada, seguiu para aquela cidade em 6 de junho de 1894, ali tomando parte nas operações bélicas. Em atenção aos relevantes serviços prestados à República, o Governo Federal, por Decreto de 22 de outubro de 1894, concedeu-lhe as honras de Tenente do Exército Brasileiro. Juvêncio Maximiliano incorporado às forças sob o comando do Coronel Carlos Maria da Silva Telles, tomou parte no combate de Cacimbinhas, em 23 de janeiro de 1895 e, a 13 de abril, nas imediações de D. Pedrito contra as forças de Aparício Saraiva, pelo que foi elogiado: “pela maneira com que se portou, pela abnegação e valor com que conduziu seus elementos no sítio de Bagé”. Estando a Brigada Militar concentrada no acampamento de Olhos D’Água, sob o comando do Coronel Joaquim Pantaleão Teles de Queiroz, em 23 de abril, com os componentes de seu batalhão passou a servir adido ao 2º Batalhão


de Infantaria. Desta feita, participou das operações contra os revolucionários no sul, percorrendo Bagé, D. Pedrito, Livramento, Cacimbinhas, Lavras, Camaquã e São Gabriel. Promovido a Capitão, em 12 de dezembro de 1896 e classificado ajudante do 2º Batalhão de Infantaria, quando em 1º de abril de 1901, foi promovido a Major, ficando em seu Batalhão como fiscal. O Coronel Juvêncio foi Intendente provisório de Bagé, função que exerceu de abril de 1909 a abril de 1910. Tinha passado quase um ano, quando em 1911, era Juvêncio Maximiliano chamado para o Exercício da subchefia de Polícia da Região, com sede em Livramento. Por título de 7 de fevereiro de 1913, foi promovido ao posto de TenenteCoronel, para comandante do 2º Regimento de Cavalaria em Livramento. Em 21 do mesmo mês, ele organizou aquele Regimento sendo o seu primeiro Comandante. Novamente o Governo necessitava de seus serviços e o nomeou intendente de Livramento e 24 de agosto de 1916, quando deixou o comando do Regimento. Em conseqüência do movimento revolucionário de 1923, foram os seus serviços reclamados no setor militar, quando deixou a Intendência de Livramento. Maximiliano, ao apresentar-se, foi nomeado, dia 9 de março para o comando da 2ª Brigada de Oeste, comissionado no posto de Coronel. Um mês depois, foi transferido para o comando da 3ª Brigada do Sul, por ele organizada. Com a sua 3ª Brigada, palmilhou toda a Zona Sul, nas pegadas da Coluna Revolucionária ao comando do General Zeca Neto. Comandou pessoalmente, em 17 de abril, as forças que socorreram o esquadrão do 1º Corpo da sua Brigada, em guarnição no Passo do Mendonça, atacado por poderosa Coluna Revolucionária. Nessa ocasião, Juvêncio dá ordens para que seu corneteiro fosse dando, continuamente, o sinal de 1º Corpo, sentido. Ao ouvir o sinal de que lhes estava chegando socorro, os defensores do Passo redobraram o vigor dos contra-ataques, e em pouco inimigo fugia. A 3ª Brigada do Sul não dava tréguas à Coluna de Zeca Neto, movia-lhe tenaz perseguição e de uma delas foi alcançá-la no Cerro do Marcelino, na Serra das Asperezas. Juvêncio dirigiu o combate travado dia 14 de outubro. Criado o 4º Batalhão de Infantaria na cidade de Pelotas, em janeiro de 1924, foi o Coronel Maximiliano nomeado seu primeiro comandante, com as atribuições de organizá-lo, o que fez em 21 de fevereiro. Transcorria o ano de 1924, quando o seu Batalhão se deslocou para o interior


do Estado, operando em Pelotas, Canguçu, Piratini, Pinheiro Machado, Alegrete e Livramento. Juvêncio Maximiliano de Lemos foi agraciado com estes louvores: Pela inexcedível lealdade, valor e capacidade com que comandou um destacamento e, posteriormente, sua Unidade, desempenhando com seu habitual zelo e solicitude todas as missões que lhe foram confiadas em vários pontos do Estado. Cumpriu com seu dever, mostrando-se digno depositário das tradições de honra e de heroísmo da Brigada Militar Cmt da 3ª Região Militar). “pelos relevantíssimos serviços que prestou no serviço de vigilância das fronteiras Uruguai e Argentina, onde com extrema dedicação, muito critério e alto sentimento de patriotismo, manteve quebrando todas as tentativas dos rebeldes, os inimigos do progresso e grandeza da nossa querida Pátria” (Gen do Exército Cmt 2ª Brigada de Cavalaria). Tendo adoecido, deixou o comando do Destacamento, em março de 1926, ocasião em que o Gen do Exército Cmt da 2ª Brigada de Cavalaria assim se expressou: “Ao se afastar desta Divisão, o Coronel Juvêncio, distinto camarada, soldado de estirpe, velho mantenedor da ordem, da disciplina e da lei, que, por motivo de saúde seguiu para o Hospital da Brigada Militar, faço esta publicação com dor d’alma, por me ver privado da coadjuvação profícua de tão brilhante chefe”. Não recuperando a saúde, foi reformado em 23 de junho de 1924. O Comandante da Brigada Militar ao despedir-se de Juvêncio Maximiliano Lemos: “Ao dar conhecimento à Força, da reforma do Coronel Juvêncio Maximiliano Lemos, não posso deixar de levar a esse ilustre e distinto camarada, que ora se afasta do serviço ativo, os meus mais significativos agradecimentos e as expressões do meu maior reconhecimento pelos relevantes e abnegados serviços que prestou ao Estado e à República, nesse longo período de mais de 35 anos, durante o qual foi sempre o mesmo soldado honrado e valoroso, leal e dedicado, que nunca mediu sacrifícios para o integral e exato cumprimento de seus deveres. O Coronel Juvêncio iniciou a sua carreira na Força Estadual já nos campos de luta, em 1893, tomando parte ativa em vários combates, sendo dos bravos do sítio de Bagé. Durante a revolução de 1923, comandou a 3ª Brigada provisória do Sul, prestando relevantes serviços na defesa da ordem e das leis. Por ocasião do último movimento sedicioso no Estado, comandou um destacamento em operações militares à disposição do Governo Federal e, posteriormente, o 4º Batalhão de Infantaria Montada,


que organizou, dirigindo essa tropa com a mesma abnegação e lealdade de sempre. Comandante do Corpo desde 1913, época em que também organizou o 2º Regimento de Cavalaria, o Coronel Juvêncio correspondeu à confiança do Governo, nesse ponto, onde evidenciou competência profissional, pautando sempre seus atos pelas normas de boa justiça...”. Depois de reformado foi diretor do Ginásio Pelotense até 1930, quando em janeiro desse ano, foi eleito Intendente Municipal de Bagé, até novembro de 1932, quando deixava a Intendência, a pedido. Retornando à cidade de Pelotas, exerceu a administração de vários asilos. Foi provedor da Santa Casa por várias vezes. O Coronel Juvêncio Maximiliano de Lemos foi um dos elementos que raramente aparecem na Brigada Militar. Amou a sua Corporação. Foi um dedicado ao Estado. Prestou assinalados serviços à República, quando operando à disposição do Gen do Exército, Cmt da 3ª Região Militar. Foi um grande soldado. Foi um abnegado cidadão. Nossa homenagem ao vulto impoluto e ao homem heróico, testado e provado por várias vezes. Juvêncio Maximiliano Lemos está à altura de um Massot, Januário, Aparício e outros bravos da Brigada Militar que, como ele soube honrar a Força Estadual.


UM VOLUNTÁRIO DA PÁTRIA NA BRIGADA MILITAR *

TEN CEL JERÔNIMO FERNANDES DE OLIVEIRA Ferido glorioso na defesa da Pátria. Veterano do Paraguai. O homem que sabia fazer amigos. O homem que era querido por todos.


Com 17 anos de idade, em Santo Ângelo, alistou-se como Voluntário da Pátria, seguindo para a Guerra do Paraguai, fazendo a campanha até 1869, no posto de Alferes. Regressou ao Rio Grande do Sul em conseqüência de graves ferimentos recebidos em combate, sendo, posteriormente, considerado Imolado da Pátria. Restabelecido de saúde, em janeiro de 1881, foi nomeado Capitão Comandante da Seção da Força Policial Provisória em Passo Fundo. Ao ser proclamada a República não mais fazia parte da Força Policial da Província. Republicano convicto e ardoroso, quando a novel Instituição política implantada no Brasil em 15 de novembro de 1889, começou a periclitar, correu Jerônimo Fernandes de Oliveira a enfileirar-se entre aqueles que, obedientes à direção do Senador Pinheiro Machado, tomavam armas para defendê-la. Integrando um dos corpos provisórios da 4ª Brigada da Divisão do Norte, participou, em maio de 1893, na batalha do Inhanduí. Ao ser organizado o 3º Batalhão de Infantaria da Brigada Militar, em 31 de dezembro de 1892, foi Jerônimo Fernandes de Oliveira, nomeado Major Fiscal. Partindo da Estação Umbu, onde fora organizado o 3º de Infantaria, marchou com a Divisão do Norte para Cacequi e depois para Rosário. Vindo todos os elementos que constituíam o 3º Batalhão de Infantaria dos corpos provisórios de cavalaria, havia necessidade de adaptá-los à sua nova situação de infantes. Quando em Rosário foi determinada a queima dos arreios, episódio que assim conta Miguel Pereira, em O Esboço Histórico: “as forças da Brigada Militar que faziam parte da Divisão do Norte, 1º Regimento de Serviço Ativo, 1º de Reserva e 3º Batalhão de Infantaria, seguiram com a Coluna de Cacequi com destino a Rosário, a fim de bater o inimigo que ali devia estar. Chegaram a esta vila a 9 de setembro, na vanguarda o 3º que ainda estava a cavalo, como saíram para a revolução, patrioticamente, os seus soldados. Era crença geral, felizmente dissipada, de que o 3º Batalhão se rebelaria, logo que o obrigassem a abandonar o cavalo, seu companheiro inseparável de todas as lides, e os arreios objetos tão caros ao habitante da campanha. Assim, porém não aconteceu. O patriotismo, a dedicação, o despreendimento, o amor à República falaram mais alto do que os interesses e comodidades individuais. A 10, na hora de encetar a marcha, quando em forma toda a Divisão, foi ordenada às Companhias que amontoassem os arreios para serem queimados. Cruel sacrifício se impunha aos legendários desta Cruzada


Sublime, mas outros maiores lhes seriam exigidos, e a todos se submeteriam sem queixumes, grandemente resignados, prontos a suportar todas as peias decorrentes da campanha. Nessa memorável ocasião usaram da palavra, à frente do 3º, o Senador Pinheiro Machado e o Coronel Tompson Flores, exortando os soldados a abandonarem os arreios e a continuar a marcha a pé, com a mesma energia e patriotismo de que até ali haviam dado sobejas provas. Pareciam, pois, justificados os boatos de revolta, insistentemente propalados. Terminadas as patrióticas alocuções e levantados estrepitosos vivas à República e ao Batalhão, os soldados, sem uma palavra de reprovação a tais ordens, traziam os arreios, companheiros de tantas proezas e os lançavam a fogueira, tristes, mas resolutos, entrando logo depois em forma, como infantes. Cena verdadeiramente emocionante para quem conhece a afeição que o Rio-grandense tem aos aperos, e que revela o acendrado desinteresse e abnegação dos filhos deste Estado. À voz ordinário-marche, o Batalhão moveu-se garbosamente, com a mesma firmeza dos veteranos da arma de Infantaria, dos quais nunca desmereceu, quer em resistência, valor ou velocidade”. Feito este sacrifício em holocausto às necessidades da guerra, continuaram as forças legais a perseguição de Gumercindo Saraiva, e sua numerosa Coluna que, atravessando a Serra do Caverá, buscavam refúgio dirigindo-se para a Zona Norte do Estado. Alcançada a 25 de setembro, quando transpunha o rio Ibicuí, no Passo Mariano Pinto, aí travando o falado combate. Marchando no encalço dos revolucionários, o 3º Batalhão de Infantaria com a Brigada de que fazia parte, sempre na vanguarda da Divisão do Norte, palmilhou os municípios de Itaqui, São Francisco de Assis, Santiago, Santo Ângelo, Cruz Alta e Passo Fundo, indo combater a 18 de outubro no Mato Português. Quando em movimentação para as margens do rio Pelotas, o Major Jerônimo assumiu o comando do 3º Batalhão, por ter adoecido o respectivo comandante. O Major Jerônimo mereceu louvores pelo modo “que conduziu com muita segurança o 3º B.I., confirmando excelentes qualidades de homem de valor”. Gumercindo Saraiva, buscando fugir à pressão das armas republicanas, invadiu o Estado de Santa Catarina. A Divisão do Norte continuava nas suas pegadas, transpondo o rio Pelotas, no Passo da Cadeia, a 8 de novembro. A Divisão do Norte, já muito famosa pela sua valentia, enfrentando toda espécie de sacrifício com resignação, continuava na sua caminhada heróica, quando às margens do rio Canoas, alcançou a numerosa Coluna de Gumercindo que teve de aceitar o combate, o que foi feito. Depois de vários pequenos encontros e outras missões, o Major Jerônimo


com seu 3º de Infantaria, na Divisão do Norte, regressou ao Rio Grande do Sul. O retorno foi cheio de mil sacrifícios, privações de toda ordem, fome, mas com ânimo forte caminharam com denodo em direção à querência. Dirigindose para Vacaria onde chegou, mas pouco depois retornava ao Estado de Santa Catarina, tendo como objetivo a cidade de Lages que constava estar em poder dos revolucionários. Nada encontraram de anormal e regressou a 25 de fevereiro. Novamente retornavam a Santa Catarina, combatendo na Serra do Oratório, em 2 de março. Depois de outras missões, o Major Jerônimo seguiu para Passo Fundo, Nonoai, Estado do Paraná, ao encalço de Gumercindo. A 15 de maio combateu nas proximidades do rio do Peixe, e a 31 entrou em choque nas barrancas do rio Pelotas. Desligado da Divisão do Norte, expedicionou pelos municípios de Lagoa Vermelha, Alfredo Chaves, Bento Gonçalves, Montenegro, São Sebastião do Caí, chegando em Porto Alegre no dia 2 de julho, quando em 5 do mesmo mês de 1894, foi promovido ao posto de Tenente-Coronel para Comandante do 3º Batalhão de Infantaria. A fim de fazer junção com as demais unidades da Brigada Militar, seguiu com destino a Tupanciretã e a 6 de agosto de 1894, já deixava esta localidade rumando para Santa Tecla, e a 10 tomou parte no combate do Capão do Carovi, onde foi ferido Gumercindo Saraiva, chefe revolucionário. Com as demais unidades da Brigada Militar, em 2 de setembro, marchou em perseguição a Inácio Cortes, combatendo-o no Capão das Laranjeiras, dia 6. O Tenente-Coronel Jerônimo, com seu Batalhão marchou para Rosário e penetrou na Serra do Caverá, onde a 31 de outubro combateu os revolucionários de Marcelino Pina. Depois de várias diligências no interior do município de Rosário, em 7 de dezembro, combateu na estância de Aninha Mendes. Deixando Rosário, em janeiro de 1895, esteve em Bagé, Pedras Altas, combatendo em Cacimbinhas. O Tenente-Coronel Jerônimo, em março, assumiu o Comando Geral da Brigada Militar, em face do respectivo comandante ter vindo a Porto Alegre. No mês de abril, a 13, combateu na Estiva, no encontro do Santa MariaChico, próximo a D. Pedrito, ocasião em que recebeu grave ferimento, afastando-se, em conseqüência, do comando do Batalhão, reassumindo-o em 1º de outubro, quando a Unidade já se encontrava em Porto Alegre. Em 14 de janeiro de 1897, assumiu o Comando Geral da Brigada Militar, em virtude da exoneração, a pedido, do General Salvador Aires Pinheiro Machado, cargo que em 11 de fevereiro passou ao novo Comandante Coronel do Exército José Carlos Pinto Júnior.


Em 3 de junho de 1903, foi reformado, visto haver ficado inutilizado, em conseqüência de ferimentos recebidos em combate. Ao ser excluído, o Comandante Geral, José Carlos Pinto Júnior, ao despedirse “do valente patrício, em nome da Brigada Militar, agradece os patrióticos serviços prestados sempre com lealdade e dedicação, que o tornaram um dos mais distinguidos e queridos oficiais da milícia Rio-grandense que perde, com o seu afastamento da atividade militar, um auxiliar inteligente e um camarada de firmada reputação”. O Tenente-Coronel Jerônimo “extremamente tolerante, era mais um pai dos subordinados do que o comandante de uma unidade”. Jerônimo Fernandes de Oliveira nasceu em Santo Ângelo, no dia 28 de maio de 1847, e faleceu em Santiago do Boqueirão em março de 1923. Foi Prefeito da mesma cidade e chefe político de incontestável prestígio. Pelo seu despreendimento e amor à Pátria e devotamento à Brigada Militar, onde conquistou muitas vitórias para suas armas, soube também conquistar amigos. É digno, entre outros, de figurar, como figura, no Ápice da Glória.


BONDOSO E JUSTICEIRO

CORONEL LEOPOLDO AYRES DE VASCONCELLOS Bom e severo.


Nasceu em 11 de julho de 1873, na cidade de Santo Ângelo. Nos anos de 1891 a 1893, serviu em forças civis reunidas e comandadas pelo Coronel Salvador Aires Pinheiro Machado, no município de São Luiz Gonzaga. Nesse período, foi Tenente do 1º Corpo Provisório da 4ª Brigada da Divisão do Norte. Organizado o 3º Batalhão de Infantaria da Brigada Militar, foi nomeado Alferes em 1893. Antes, porém, em 3 de maio de 1893, participou da batalha do Inhanduí, em Alegrete, onde as forças republicanas, com um efetivo de 4.000 homens, sob o comando dos generais Francisco Rodrigues de Lima e Hipólito Ribeiro, enfrentaram uma coluna federalista ao comando de Gumercindo Saraiva, com aproximadamente 6.500 combatentes. Em 25 de setembro de 1893, combateu no Passo Mariano Pinto em 18 de outubro, em Mato Português, e em 9 de dezembro no encontro de Itajaí, então ocupada por poderosa força revolucionária. Após brilhantes feitos, foi desligado da Divisão Norte, tendo o comandante da Divisão declarado de “leais, bravos e abnegados servidores da Pátria”. As Unidades da Brigada Militar, embora prestando os mais assinalados serviços à causa republicana, vinham operando de forma esparsa, enquadradas em forças diversas. A fim de dar-lhe maior eficiência e ao mesmo tempo em que estreitaria os elos da camaradagem entre todas, o Governo deliberou que todos os corpos passassem a operar em conjunto, sob a direção do Comandante-Geral, Coronel do Exército Joaquim Pantaleão Teles de Queiroz. Leopoldo Aires participou no combate no Capão do Carovi, em 10 de agosto, onde foi mortal o ferimento recebido pelo Coronel Fabrício Pilar, Comandante do 1º Regimento de Cavalaria, que fazia a vanguarda da Coluna Legalista. As forças de Marcelino Pina, depois de encontros na serra do Caverá, foram vencidas e agora lançaram um ataque ao bivaque, na Boca da Serra, sendo logo repelidas pela 3ª Companhia, sob o Comando de Leopoldo. O 3º Batalhão de Infantaria, do qual fazia parte o Tenente Leopoldo, combateu dia 7 de dezembro na Estância Mendes e, em 1895, contra Aparício Saraiva, a 19 de março, no Passo da Estiva, e a 13 de abril, no Passo da Viúva Flora, no rio Santa Maria-Chico. O Tenente Leopoldo Ayres de Vasconcellos assumiu o comando do batalhão, por Ter sido gravemente ferido o TenenteCoronel Jerônimo Fernandes de Oliveira, não obstante ter sido também ferido levemente. Iniciadas as negociações para pacificação do Estado, suspensas as operações em 6 de junho de 1895, regressou com sua unidade para Porto Alegre.


Em junho de 1896, tendo o Comandante-Geral Coronel Joaquim Pantaleão Teles de Queiroz, em conseqüência de uma decisão judicial contra sua família, procurado sublevar os corpos militares contra o governo, compareceu ao 3º Batalhão com aquela finalidade. Reunidos os oficiais Leopoldo Ayres de Vasconcellos bradou entusiasticamente: “Com o governo até morrer!”, brado que foi correspondido por todos. Teve o Tenente Leopoldo acesso ao posto de Capitão, em 12 de dezembro de 1896 e, em dezembro de 1907, por carta patente de 22 de outubro de 1894, o Governo da República concedeu-lhe as honras do posto de Tenente do Exército Brasileiro, por relevantes serviços prestados à República. Em fevereiro de 1910, mereceu louvores “por ser honrado, disciplinado e bondoso para com seus subordinados, predicados necessários ao exercício de qualquer comando e dos quais sempre deu sobejas provas, aliadas às de justiceiro”. Promovido a Major em outubro de 1911, no exercício de Assistente do Material, com muito tino e lisura, quando o Governo, em novembro de 1916, o comissionou Tenente-Coronel para comandar o 2º Regimento de Cavalaria, em Livramento, onde permaneceu por um ano. Quando o Brasil foi forçado a declarar guerra ao Império Alemão por causa do torpedeamento do navio mercante Paraná, o ministro alemão, acreditado junto ao Governo do Brasil, retirou-se para as Repúblicas do Prata. Por ocasião de seu desembarque em Livramento por via férrea, o 2º R.C. tomou parte na segurança da representação alemã, tendo o General Carlos Frederico de Mesquita e Coronel do Exército Jorge Cavalcanti de Albuquerque agradecido o auxílio prestado pelo Ten Cel Vasconcellos, pela digna correção que manteve, boa vontade, solicitude, salientando a sua educação militar e de escol e ao seu patriotismo. Transferido para o 2º Batalhão de Infantaria e, posteriormente, em junho de 1921, para o 1º. Transcorria o ano de 1923, quando eclodiu o movimento revolucionário. O Ten Cel Leopoldo, com o 1º Batalhão de Infantaria, sob seu comando, deslocou-se para a serra quando, em Passo Fundo, foi incorporado à 1ª Brigada Provisória do Norte, no comando do General Firmino de Paula; dias depois já fazia parte de uma Coluna sob o comando do Cel Cláudio Nunes Pereira. Tendo regressado a Porto Alegre, poucos dias após, foi novamente para operações bélicas na região colonial e depois para a da fronteira, agora incorporado à 2ª Brigada de Oeste, com a qual não chegou a atuar. Em viagem para Alegrete, dirigiu elementos do batalhão que mantiveram


tiroteio no arroio Jararaca com piquetes maragatos. Dia 7 de setembro comandou as operações levadas a efeito pelo batalhão, com o fim de evitar que a Coluna Revolucionária, sob o comando do General Honório Lemes transpusesse o Passo do Salso, em Palomas. Quando o General Flores da Cunha publicou seu livro de memórias A Campanha de 1923, amigos lhe solicitaram, por motivos políticos, que retirasse do livro dois capítulos polêmicos – “Ponte de Ibirapuitã” e “Ponche Verde”. Passados muitos anos, no Jornal Zero Hora, de 3 de setembro de 1978, os filhos do valoroso General deram a público aqueles capítulos. Em resposta o livro de Flores, na edição de 24 do mesmo mês, respondemos nos seguintes termos: “UM ENCONTRO QUE NÃO PODIA SER CORDIAL”. “Fora esperar-nos, a uma distância de mais de légua, na direção do Cerro das Palomas, o Ten Cel Leopoldo Ayres de Vasconcellos, Comandante do 1º Batalhão da Brigada Militar que, a cavalo, se fazia acompanhar de um ou dois oficiais da ordenança. O Batalhão permanecera embarcado na citada estação”. O nosso encontro não foi, não podia ser cordial. Osvaldo Aranha, que me seguia, não pode dissimular e manifestou o mau efeito que lhe causara saber que o inimigo, sem ser hostilizado, desfilara pelo flanco daquela Unidade, escalonada entre Palomas e Passo do Florentino; desobedecendo ordens e agindo de própria iniciativa, o Capitão Emerenciano Braga, herói e veterano de 93, de Traíras, à frente de um pelotão que não se conteve e espingardeou a coluna adversária que desfilava à sua vista, como se estivesse em parada. Ao Ten Cel Leopoldo Ayres não sentaram bem as observações de Osvaldo Aranha, porquanto agastado, retrucou: “Se o chá é para mim, eu repito (SIC)”. O valoroso Comandante da Brigada Oeste, é pena, não designa dia e mês, mas o fato deve ter ocorrido no dia 7 de setembro de 1923. A tropa sob o comando do Ten Cel Leopoldo Ayres de Vasconcellos, dia 3 de setembro, deixando Rosário, bivacou em Palomas, às 10:30h do mesmo dia. O 1º B.I. não fazia parte da Brigada Oeste e nem recebia ordens de seu Comandante Flores da Cunha. A missão do Batalhão era a de impedir que o os revolucionários transpusessem o Passo do Salso, e estava sob o comando do Cel Massot, Cmt da Brigada Militar. Um piquete do 2º Regimento de Cavalaria, no comando do Tenente Aristides Krauzer do Canto, dia 6, descobriu patrulhas avançadas inimigas que observavam as posições do 1º Batalhão. Passadas as informações ao Comandante Ayres de Vasconcellos de que forçariam a passagem (objetivo definido pela Unidade), determinou ao Capitão Emerenciano Luiz Braga e Ten


Aparício Borges, que fizessem um reconhecimento. Dando cumprimento às ordens, aqueles oficiais comunicaram que piquetes Maragatos franqueavam o grosso da Coluna Revolucionária que se deslocava na parte SO de Palomas. Incontinente, um pelotão ao comando do Alferes Dario Anastácio da Silveira marchou em direção ao ponto indicado, mantendo tiroteio com os elementos avançados. Rapidamente o 1º Batalhão tomava disposições de combate, avançando sua 1ª Companhia que toma posição à direita. Evitando combater com o 1º de Infantaria, a Coluna de Honório se movimentava, mas seus piquetes permaneceram engajados em fogo com os elementos do Batalhão. A Coluna Revolucionária, constituída de, aproximadamente, 1.200 homens, passou a três léguas da Estação de Palomas e rumou para o Passo do Guedes ou Serra do Caverá. O Capitão Emerenciano “não desobedeceu ordens nem agiu por própria iniciativa”. Ele cumpriu, sim, a determinação do Ten Cel Vasconcellos, seu Comandante. A Coluna de Honório Lemes “não desfilava à sua frente, como se estivesse em parada”. Ela passou três léguas longe do Batalhão e foram os seus piquetes hostilizados pelos homens do 1º de Infantaria. “O Batalhão permanecera embarcado na citada estação”. Se o Batalhão tivesse permanecido embarcado, não poderia como não o fez, combater com elementos da Coluna Revolucionária (documento existente) e o chefe do Estado Maior dos Maragatos não teria afirmado: “Depois de Palomas, onde enfrentamos forças brigadianas sob o comando do Major Ayres de Vasconcellos a coluna...” (p. 183, Lusardo – O Último Caudilho). Aqui teve um erro Eu o repito, quando deveria ser Eu o repito ou Eu o repico. “Aliás, apresentaram-se-me vários inferiores e praças para reclamar contra o comandante, com o qual não queriam mais servir...” Esta afirmação do autor da campanha de 1923, não é verdadeira (SIC). Além do mais, elementos disciplinados e responsáveis não iriam à presença de um Comandante de Provisórios reclamar contra seu Comandante Regular. Não tem sentido e não será aceita a afirmação como verdadeira. O Ten Cel Leopoldo Ayres de Vasconcellos, pelas suas altas virtudes e qualidades de chefe, de um homem de brio, de uma bravura testada em todo o seu passado e de um comandante regular, no comando das locomoções rápidas e várias, somente recebia ordens diretas do Coronel Affonso Massot,


e não poderia, de forma alguma, aceitar, como não aceitou, a manifestação do ilustre Tenente-Coronel Osvaldo Aranha, como não aceitaria, também, de bom grado, o apoio dado pelo Coronel Flores da Cunha. O que realmente aconteceu entre o Coronel Flores da Cunha e o TenenteCoronel Leopoldo Ayres de Vasconcellos, foi o ter aquele tentado dar ordens ao segundo e este, não aceitando-as, retrucou: “Não aceito ordens de caudilho e sim do meu comandante Cel. Massot” (SIC). “De fato, nenhuma excusa poderia justificar a conduta que, na conjuntura tivera aquele oficial”. É plenamente justificada a conduta do Cel Ayres de Vasconcellos. Ele com o seu Batalhão estava guarnecendo um local por determinação expressa do seu comandante, e não tinha a dar, como não deu, satisfações ao Comandante da Brigada de Oeste e nem aceitou suas ordens. O acima narrado foi o que passou. “A pedido de amigos não foram publicados os capítulos...” Se Flores da Cunha achou por bem de não publicar aqueles capítulos da sua campanha de 1923, tinha lá os seus motivos. É de lamentar que, agora, anos depois seja dada ao povo gaúcho, uma versão que não é a verdade do “encontro que não podia ser cordial”, envolvendo um valente homem do passado, fazendo referências duvidosas a um brioso Comandante como foi o Ten Cel Leopoldo Ayres de Vasconcellos. Por que não publicaram os polêmicos capítulos, quando estava vivo o Coronel Augusto Januário Correia que por certo iria responder como realmente foi em 19 de junho, o combate de Ibirapuitã. Diria que na verdade transpôs histórica ponte. Esclareceria os fatos reais e o Ten Cel Ayres de Vasconcellos diria porque “o encontro não poderia ser cordial”. Talvez fosse mudada parte da história. Os valentes homens do 1º Batalhão de Infantaria, eles... aqueles bravos que trilharam os caminhos mais ásperos e variados da terra gaúcha, sentindo cada um deles no corpo e na alma o castigo do inverno... das chuvas e dos ventos. Nas noites intermináveis em que o Minuano soprava cortante e até a alma gelava... Eles... todos eles... cada um deles, souberam suportar com resignação e temeridade os perigos das explorações piquetinas... nos contatos leves e perigosos e nos combates cruentos de parte a parte.. quando a bala sibilava longe ou zunia perto. A eles... a todos eles... do Tenente-Coronel Leopoldo Ayres de Vasconcellos ao mais modesto dos soldados do 1º B.I., e até mesmo ao grande herói das


Traíras, o imortal Emerenciano Luiz Braga, dotado de valor pessoal e de bravura ímpar, o Rio Grande agora... aqui, neste momento e por todos os instantes das vidas, há de render a sua homenagem, porque eles... todos eles... cada um deles foram bravos e patriotas. A alma cívica do Rio Grande, transformada num altar somente... somente há de pedir a Deus. PAZ A SEUS MANES. Com a resposta acima procuramos, dentro de nossas possibilidades e à luz de documentos, desagravar o valoroso Cel Leopoldo Ayres de Vasconcellos e o bravo 1º Batalhão de Infantaria. Continuaremos: Depois de Palomas, o 1º Batalhão se deslocava para Alegrete, onde recebeu ordens de atacar a Coluna Maragata de Honório que procurava transpor o Passo da Catarina, no rio Ibicuí. Iniciando a marcha,, atingiu o local determinado, a 2 de outubro, chegando a ponto de bater a retaguarda da Coluna Libertadora, com a qual manteve intenso tiroteio apreendendo, na ocasião, material bélico e animais. Pacificado o Estado, o 1º Batalhão retornou a Porto Alegre, antes fazendo um grande alto de vários dias na cidade de Santa Maria. Visto ter sido julgado incapaz para o serviço ativo, por ato de 9 de julho de 1924, foi o Tenente-Coronel Leopoldo Ayres de Vasconcellos reformado no posto de Coronel. Na sua despedida, o Comandante-Geral da Brigada Militar assim disse: “Agradeço com efusão os bons serviços que prestou à Brigada Militar a quem serviu efetivamente desde 20 de junho de 1893, data da organização do 3º B.I., tendo tomado parte na Revolução de 93, onde se distinguiu como um oficial valente, valoroso e leal. Ainda, recentemente, na sedição do ano findo (23), esse distinto camarada se houve com muita lealdade e presteza à testa do 1º B.I., em operações militares...”. O Coronel Leopoldo Ayres de Vasconcellos faleceu nesta capital no dia 15 de outubro de 1931. Um homem da severidade, da bondade, do valor e do despreendimento de Leopoldo Ayres de Vasconcellos, é digno de se imitado por todos aqueles que realmente amam a sua Pátria e que desejam que a sua Corporação, a Brigada Militar, cresça cada vez mais no conceito do povo do Rio Grande do Sul e na admiração do Brasil. Povo que não cultua os seus maiores e que não ama os seus gloriosos antepassados, não tem razão de viver.


O elemento da Brigada Militar que deixar de cumprir com o seu dever para com a sociedade; qualquer um da Força de Massot que deixar de amar os seus maiores, não viveu... passou pela vida... Os exemplos de amor à Força Pública e acima dela a Pátria Brasileira, estão aí... Ama o teu passado, tu que és o presente, quando fores futuro, serás o passado do presente e outros te respeitarão e te amarão.


O FILHO DE PIRATINI *

CORONEL MANOEL GONÇALVES CARDOSO Amor à legalidade. Honra e honestidade.


Antes de ingressar na Brigada Militar, prestou serviço à República no ano de 1892, quando a 16 de dezembro, serviu no 2º Batalhão de Infantaria da Reserva no posto de Alferes. Em fins de janeiro de 1893, marchou com o batalhão integrando uma brigada, sob o comando do Coronel Antônio Adolfo da Fontoura Mena Barreto, percorrendo os municípios de Bagé, D. Pedrito e Cacimbinhas, tendo tomado parte, a 11 de fevereiro, no combate do Salsinho, o primeiro travado na revolução que por mais de dois anos iria ensangüentar o solo do Rio Grande. O inimigo, neste encontro, tinha um efetivo de 500/600 homens, sob o comando de Gumercindo Saraiva, que reunia sua força na República do Uruguai. Passou, depois, com o seu batalhão e aquela brigada a pertencer à Divisão do Sul, no comando do General João Batista da Silva Teles, expedicionando pelos municípios de Livramento, onde em maio, tomou parte no combate de Upamaroti, no do Piraí e no da Serrinha. Depois de outras operações, foi estacionar no Quebracho, onde permaneceu de fins de outubro até fins de novembro, quando a 27 deste mês, recolheu-se à cidade de Bagé, já ameaçada por forças revolucionárias, tomando parte na defesa da mesma cidade, durante o sítio em que a mantiveram aquelas forças revolucionárias. Sob o comando do Coronel Carlos Maria da Silva Teles, seguiu para a cidade de Rio Grande que estava sendo atacada por navios da esquadra. Combateu, em 10 de abril na Estação da Quinta, depois retornou a Bagé. Passando a Brigada Militar a operar com todas as suas unidades em conjunto, em agosto de 1894, sob o comando de seu Comandante Geral, Coronel Joaquim Pantaleão Teles de Queiroz, o 2º Batalhão de Infantaria da Reserva, em novembro, com ela se reuniu e expedicionou pelos municípios de Bagé, D. Pedrito, Rosário e Livramento. Dia 22 de janeiro de 1895, estando com seu batalhão guarnecendo a estação do Rio Negro, marchou para a de Pedras Altas, e daí seguiu para Cacimbinhas, onde, no dia imediato, combateu com as forças revolucionárias, ao mando de Carlos Chagas. Nesta ocasião, Manoel Gonçalves Cardoso foi louvado “pelo sangue frio que nunca o abandonou, já pelo sacrifício que fez, marchando a pé de Pedras Altas a Cacimbinhas”. Numa força expedicionária, sob o comando do Tenente-Coronel Affonso Emílio Massot, esteve na fronteira com o Uruguai, em missão especial. Em março, o 2º Batalhão de Infantaria da Reserva ao comando do Tenente-


Coronel Jerônimo Fernandes de Oliveira, partiu em expedição, percorrendo os municípios de Bagé, D. Pedrito e Lavras, em perseguição às forças de Aparício Saraiva, combatendo-as a 23, na Estiva. Em 23 de abril, estando acampado em Olhos D’água, o 2º B.I.R., passou a adido do 2º B.I.E., ficando assim virtualmente extinto. Promovido ao posto de Tenente, em dezembro de 1896, foi incluído no 2º B.I. Nessa época exerceu o cargo de Delegado de Polícia de São Lourenço. Ao deixar o comando da Brigada Militar em 1909, o Coronel José Carlos Pinto Jr. Louvou Manoel Cardoso pelo espírito de disciplina e exato cumprimento do dever. No dia 8 de outubro de 1910, foi promovido a Capitão. Em 1923, elementos oposicionistas à política do Governo do Estado, no que dizia respeito à reeleição do Dr. Borges de Medeiros, tomaram armas contra o Executivo, gerando-se a sedição. Todos os homens da Brigada Militar foram mobilizados. Ao 3º B.I., coube a árdua tarefa de manter a vigilância na capital do Estado, de momento a momento, alarmada pelos mais desencontrados boatos. Por esse motivo, o Capitão Manoel Cardoso não participou diretamente da Revolução de 1923, isto é, não seguiu para o teatro das operações. Em fins de setembro, um contingente do 1º C. ª (Corpo Auxiliar), que tinha no comando o Capitão Pedro Vaz Ferreira Filho, no interior de Santo Antônio da Patrulha, foi emboscado por um grupo de rebeldes ao mando de Luiz Saraiva, que praticava toda sorte de atentados. Foi então enviada para o local, uma força do 3º B.I., sob o comando do Major Cardoso. Assinada a paz, o Presidente do Estado agradeceu a Manoel Cardoso os serviços prestados “pela atividade, abnegação, lealdade e valor com que se conduziu durante o período revolucionário”. Em maio de 1925, o General-Comandante da Região Militar, Eurico de Andrade Neves agraciou o Major Manoel Cardoso com este louvor: “pela lealdade, dedicação e acendrada boa vontade com que atendeu sua unidade, o serviço de guarnição nesta capital, conservando-se sempre vigilante e pronto para qualquer necessidade, tendo cumprido o seu dever e se mostrando digno das tradições de honra da Brigada Militar”. Os revolucionários rio-grandenses que obedeciam à direção do Capitão Luiz Carlos Prestes, corridos do Estado do Rio Grande do Sul e perseguidos por toda a parte, atravessaram o Brasil de sul a norte, cometendo toda a sorte de tropelias por onde passavam. Para dar-lhes combate, na região do nordeste, foi organizado um destacamento


de tropas da Brigada Militar, sob o comando do Cel do Exército Artur Otaviano Travassos Alves e constituído pelo 3º Batalhão de Infantaria e 2º Corpo Auxiliar. Comissionado o Major Cardoso, no posto de Tenente-Coronel em dezembro de 1925, embarcou com o Batalhão rumo ao norte do País, desembarcando no Porto de São Luiz do Maranhão, em janeiro de 1926. Depois de Ter palmilhado este Estado, Piauí, Pernambuco e Bahia, em meados de maio regressava ao Rio Grande do Sul. Ainda em Barro Branco, no Piauí, foi louvado “pelo valor militar revelado, pela abnegação, tenacidade e resignação admiráveis com que cumpriu o seu dever – com honra e patriotismo nos inóspitos sertões do norte brasileiro”. Em conseqüência da inesperada morte do Coronel Comandante do Destacamento, o bravo e abnegado Coronel Travessos Alves, em Petrolina – Pernambuco, dia 3 de maio, assumiu o comando do destacamento, o TenenteCoronel Cardoso. O Comandante da 3ª Região Militar, ao ser dissolvido o destacamento, louvou o Tenente-Coronel Cardoso “pela calma, disciplina, amor à ordem e pelos relevantes serviços prestados à República”. Promovido a Tenente-Coronel em junho de 1926, a 22 de fevereiro, foi graduado ao posto de Coronel. Submetido à inspeção de saúde, foi reformado, em 29 de dezembro do ano acima. O Comadante-Geral da Brigada Militar, Coronel Claudino Nunes Pereira ao excluí-lo: “É com verdadeiro pesar que desligo da atividade militar, este distinto camarada que, em mais de quarenta e quatro anos de excelentes serviços prestados ao Estado e à República, nunca regateou sacrifícios no cumprimento de seus deveres. Veterano da campanha de 1893/1895, em que teve ocasião de pôr à prova o seu valor, atividade e amor à legalidade, o Coronel Cardoso, nos movimentos subversivos de 1923 até 1927, prestou assinalados serviços, quer neste Estado, que no Norte da República para onde expedicionou com a sua unidade, assumindo ali o comando do destacamento a que estava incorporado, quando faleceu o saudoso Coronel Travassos Alves.


MORREU PARA SALVAR SEUS HOMENS *

CORONEL MANOEL CRISTテ天テグ GOMES Simplesmente herテウico.


Manoel Cristóvão Gomes, nasceu na cidade de Itaqui no dia 26 de julho de 1876. Ainda bem moço desempenhava a profissão de tipógrafo do Jornal O Imparcial que se editava naquela cidade. Agravando-se a situação política do Estado, extremados os ânimos, aquele Jornal começou a criticar os atos do Governo. A represália não se fez esperar: empastelamento e prisão de todo o pessoal que ali trabalhava. Depois de posto em liberdade, Manoel Gomes resolveu ingressar na Guarda Cívica, o que fez a 8 de outubro de 1892, alistando-se na Seção de Itaqui, passando dias após, a servir em São Gabriel. Em conseqüência da extinção daquela Corporação e imediata organização da Brigada Militar, foi ele incluído no 1º Regimento de Cavalaria, no dia 19 de novembro de 1892. Com um contingente de 50 homens, sob o comando do Tenente Eleutério Gonçalves, seguiu para Santa Maria, daí deslocou-se para Júlio de Castilhos (antiga Vila Rica) e foi aquartelar em Cruz Alta, marchando depois de ter palmilhado a Serra do Cadeado em perseguição aos assassinos do Coronel Evaristo do Amaral, miseravelmente morto e barbaramente trucidado por adversários políticos. Desligado do contingente do Tenente Eleutério em princípios de 1893, reuniu-se Manoel Cristóvão Gomes ao seu Regimento em Cacequi, com o qual fez toda a campanha contra os federalistas de 1893 a 1895. Participou com sua Unidade dos combates no Upamaroti, por duas vezes próximo ao Marco da Linha Divisória na ponta do Jaguari; no Passo da Maria Castelhana, no Jaguari-Chico, na Serrinha. Em vista do 1º Regimento ter passado a fazer parte da Divisão do Norte, em Umbu, a ela incorporou-se. Iniciando sua marcha, combateu no Passo Mariano Pinto; em Bom Jesus, na Capela de Bom Jesus e em novembro, transpôs o rio Pelotas, penetrando em território catarinense, sempre em perseguição às forças de Gumercindo Saraiva. Naquele Estado, entrou em diversos tiroteios e tomou parte nos combates que se travaram em Itajaí, em 9 e 10 de dezembro. Retornando ao Rio Grande, em fevereiro de 1894, combateu mais, no Capão Bonito, na Picada do Carneiro, no Arroio Prata, no Rincão do Canela, no Barracão, no Carovi e no Capão das Laranjeiras, em setembro do mesmo ano. Depois do combate de Laranjeiras operou, ainda, Manoel Gomes, com o seu regimento em outros pontos da fronteira, entrando em choques no interior da Serra do Caverá contra a Coluna de Marcelino Pina e em D. Pedrito, contra


Aparício Saraiva. Em novembro de 1897, foi promovido a Alferes, em março de 1913, a Tenente e em novembro a Capitão. Tendo o Governo do Rio Grande mandado guarnecer a divisa do Estado com Santa Catarina, a fim de evitar possíveis incursões ao território gaúcho, de elementos residentes na chamada região do Contestado, Manoel Cristóvão seguiu, em outubro de 1914, para o município de Vacaria, permanecendo nessa missão até abril de 1915. Em meados de 1915, seguiu com destino a Rosário, em missão na fronteira com o Uruguai, ocasião em que percorreu a Serra do Caverá. Exerceu as funções de Delegado de Polícia e de subintendente de Santa Maria. Havendo necessidade de aumentar o efetivo da Brigada Militar, foi organizado um contingente auxiliar com sede em São Sepé, e para cujo comando foi designado o Capitão Gomes, em 7 de dezembro de 1926. Logo após, deu-se o levante da guarnição de Santa Maria, onde os rebeldes foram enfrentados pelo 1º Regimento de Cavalaria. Derrotados, os rebeldes abandonaram a cidade e saíram pelo interior do Estado, divididos em grupos que cometiam toda a sorte de crimes. Os rebeldes matavam bestialmente, indefesos homens que lhes caíam nas garras sedentas de sangue. Um dos grupos, composto de mais de 400 homens dirigidos por João Dias, conhecido com João Castelhano e Julião Barcelos atacou, na manhã de 24 de dezembro de 1925, a localidade de São Sepé, defendida por um pequeno contingente mal armado e parcamente municiado. Dispunha a reduzida força destacada em lugar de difícil acesso, longe de qualquer socorro imediato de apenas 21 fuzis descalibrados e quase imprestáveis e pouco mais de 1.000 tiros. Na impossibilidade, portanto, de oferecer resistência, dada a grande superioridade dos atacantes, determinou o Capitão Gomes que seu subalterno 2º Tenente Aristides Canabarro Falceta, procurasse salvar, de qualquer modo, os homens que estavam desarmados e a cavalhada, enquanto que ele estava montado, procuraria proteger a retirada, juntamente com algumas praças. O Capitão Manoel Gomes, talvez pouco conhecedor do terreno, deixou-se guiar por informações erradas, indo ficar apertado contra uma cerca de arame, onde foi feito prisioneiro por um piquete ao mando de João Castelhano. Conhecida por todos a sanha sanguinária e os sentimentos desumanos do caudilho-assassino, autoridades, familiares e até o próprio intendente eleito pela oposição e outros proceres de São Sepé, empenharam-se para que fosse


poupada a vida do Capitão Gomes, obtendo formal promessa nesse sentido. Logo que se afastou légua e meia da cidade, faltando os mais comezinhos princípios de dignidade humana e faltando a palavra que dera, João Castelhano praticou ato cabalesco, bárbaro e degradante de degolar, friamente, após vexames inenarráveis a que o fez se submeter. O execrando crime ecoou, dolorosamente no Rio Grande do Sul e, principalmente em São Sepé, que foi o teatro de tão revoltante cena e de onde a vítima era apreciada por todos os elementos, sem distinção de credos políticos, levantando entre os próprios adversários, a mais formal condenação. Ao fazer a exclusão do Capitão Gomes, o Comandante Geral da Brigada Militar, em 18 de janeiro de 1927, narrou: “Determinando a exclusão do quadro de oficiais reformados desta Brigada, a contar de 1º do corrente, do malogrado e saudoso Capitão Manoel Cristóvão Gomes, que comandava o contingente auxiliar de São Sepé, o faço com intenso pesar, lamentando profundamente o desaparecimento desse bravo, abnegado e velho servidor do Estado, a quem prestou bons e leais serviços no longo período de sua atividade militar e, ainda agora não obstante reformado, continuava a prestálos nas funções para que recentemente fora designado pelo Governo. O sacrifício a que impôs o Capitão Gomes, pela sua inexcedível dedicação e lealdade à causa da ordem e das leis, recomenda a sua memória à afetuosa veneração e respeito de seus camaradas, pelo exemplo de despreendimento e de bravura que deu no cumprimento de seu dever”. Cometido o nefando crime, João Castelhano e seus bandidos sanguinários reuniram-se a outros grupos para continuarem seus crimes. A Justiça Divina que, “às vezes tarda, mas não falha”, desta vez não se fez esperar. No dia imediato ao da prática do tão hediondo crime, a 25 de dezembro, o Destacamento de tropas da Brigada Militar, sob o comando do Coronel Emílio Lúcio Esteves, batia ruidosamente os rebeldes e celerados nas cercanias da serra de Santa Bárbara e região do Passo do Salsinho. João Castelhano, o executor do covarde assassinato, foi atingido por tiros da tropa da Força. Ia assim, prestar contas ao Céu, pela sua monstruosa ação”. Prestar contas ao Céu é força de expressão, sim, porque João Castelhano ou João Dias, não teria o direito de subir ao Céu nunca. A sua caminhada seria, como certamente foi, para o Inferno, a fim de com o Diabo acertar contas. Esse monstro do tal João Castelhano, talvez nem o Diabo o quisesse receber. Capitão Manoel Cristóvão Gomes: - O senhor foi um dos mais dignos dos homens, um dos mais sacrificados no cumprimento do dever; - O senhor é um dos brigadianos que aquilatou, como outros bravos, os


ensinamentos de amor à Pátria, o que a Brigada Militar lhe ensinou sempre. - O senhor é um dos muitos que serenamente sobe ao Ápice da Glória, por Justiça, por direito, por amor.


O VANGUARDEIRO

CORONEL MIRANDOLINO MACHADO Homenagem ao 1ยบ Regimento de Cavalaria da Reserva (1893).


Mirandolino Machado foi incluído no famoso e destemido 1º Regimento de Cavalaria da Reserva, no dia 22 de novembro de 1899. Este Regimento de Cavalaria, na revolução de 1893, fez verdadeiros sucessos. Suas arrancadas, todas elas, foram de uma bravura ímpar. A este Regimento pertenceu Emerenciano Luiz Braga, o herói de Traíras, quando no comando do 4º Esquadrão, fez grandes proezas. Transcorria o ano de 1903, no mês de março, esta valorosa Unidade da reserva, foi dissolvida, ocasião em que Mirandolino Machado veio para o 1º Batalhão de Infantaria da Brigada Militar. Mirandolino, dia 1º de novembro de 1910, foi nomeado Alferes.; em março de 1913, Tenente e em novembro de 1915, Capitão. No ano de 1923, o Capitão Mirandolino, no daí 8 de março, embarcou com o 2º Regimento de Cavalaria para o interior do Estado, com destino a Montenegro. A 18, às 18:00h, tomou parte num reconhecimento feito na cidade de Lagoa Vermelha que se achava ocupada por elementos revolucionários, sob o comando de Felipe Portinho. Dia 3 de maio tomou parte efetiva no combate travado, à tarde, com a poderosa coluna do General Honório Lemes, no Passo da Cruz. Novamente, agora em 14, participou do combate no rio Santa Maria-Chico, contra forças ao comando de Estácio Azambuja, Zeca Neto, Demétrio Xavier e Ernesto Labarthe. Depois de várias marchas, acampamentos e de Ter palmilhado muitos lugares, em 5 de junho, combateu Chiquenote Pereira, na falada Picada do Aipo. O Esquadrão do comando de Mirandolino Machado, estava integrado na famosa e valente 2º Brigada de Oeste, sob o comando do Coronel José Antônio Flores da Cunha, quando no dia 19, tomou parte no discutido combate na ponte Borges de Medeiros, no rio Ibirapuitã, em Alegrete. As tropas maragatas embora com deficiência de material bélico, resolveram enfrentar, naquele local, a 2ª Brigada. Na oportunidade, o General Honório Lemes, procurando retardar a marcha de Flores, estabeleceu na cabeceira da ponte (lado do Caverá), uma resistência sob o comando do heróico Coronel Revolucionário Teco Timbaúva. O Coronel Augusto Januário Corrêa, Comandante do 2º Regimento da Brigada Militar, assumiu o comando do combate (Flores estava ferido) e transpôs a histórica ponte. Mirandolino foi um dos primeiros a passar, depois de Ter sido quebrada a resistência libertadora, que foi apanhada com tiro de flanco, o que eles, Maragatos, achavam impossível, visto


que a Zona Neutra não podia ser invadida, mas que os elementos da 2ª Brigada o fizeram. Em conseqüência do combate de Santa Rosa, na Serra do Caverá, dia 1º de maio e, ainda, por Ter cumprido valorosamente seu dever por ocasião do combate do Ibirapuitã, foi louvado pelo seu comando. Em outubro, com seu 4º Esquadrão/2º RC, esteve nos encontros no Passo das Pedras e no Ibicuí da Armada. Em 25 de setembro, por ordem do Comandante do 2º Regimento Cel Januário, continuou à disposição da 2º Brigada de Oeste e com ela participou de todos os encontros realizados contra elementos revolucionários, principalmente com a poderosa e destemida Coluna do General Honório Lemes. O Capitão Mirandolino Machado era um homem de alto valor, dedicado e leal, não tinha medo de nada, do que deu provas no campo de luta. De certa feita, foi o esquadrão de Mirandolino que salvou a poderosa 2ª Brigada de Oeste de uma total derrota. Aliás, noutra ocasião, foi o Tenente do 2º Regimento, de nome Pacheco, que teve igual procedimento. É uma pena que a História que o Coronel Flores da Cunha não tenha um serviço organizado de ordens (boletins, diários ou memória histórica de sua Brigada), o que estaria hoje ajudando a falar com documentos, na Revolução de 1923. Somente por informações e alguns documentos, é que se poderá falar, principalmente em Ibirapuitã e Poncho Verde. O Capitão Mirandolino não parava nunca, agora, em janeiro de 1924, recebia em louvor nestes termos: “pela atividade, abnegação, lealdade e valor com que se conduziu durante o período revolucionário”. Para quem tanto fez e tantos sacrifícios enfrentou numa campanha das mais árduas no passado, foi muito pequeno este louvor. Mas... Novamente em ação, quando em junho chegava a Porto Alegre, fazendo parte de um contingente do 2º RC., a fim de seguir, com outros elementos da Brigada Militar, para o Estado de São Paulo à disposição do Governo Federal. Organizado os Batalhões, Mirandolino foi designado para o comando da 2ª Companhia do 1º Batalhão do Grupo e no dia 12, foi incorporado a um destacamento de tropas da 3ª Região Militar, sob o comando do Cel do Exército Atalíbio Taurino de Rezende. No dia seguinte seguiu para o norte do País, chegando ao Porto de Santos, a 18. Atingindo do Rio de Janeiro, acantonou no quartel do 2º Regimento de


Infantaria do Exército. Cumprindo determinação do Ministério da Guerra, marchou para o teatro de operações à disposição da Brigada Florindo. Recebeu a missão de substituir, em 1º escalão, o 12º R.I. do Exército. Dias após, foi desligado daquela Brigada e passou a fazer parte de um Destacamento Misto, sob o comando do Coronel do Exército Pantaleão Telles Ferreira. Nesse Destacamento caminhou pelo interior do Estado bandeirante em perseguição aos rebeldes. Deixando o Destacamento Misto, passou à disposição do General Azevedo Costa, Comandante da Coluna de Operações do Sul. Dia 2 de agosto, mereceu um louvor do Sr. Presidente da República, assim: “pela fé demonstrada a qual servida por inquebrantável bravura, salvou a República, para orgulho da nossa raça, da ignomínia dos traidores do dever militar e da honra nacional”. Em conseqüência de sua atuação no combate travado dia 4 de setembro em Santo Anastácio, o General Abreu Lima assim se referiu a Mirandolino: “pelo modo leal e dedicado com que se houve no desempenho de suas funções durante o tempo em que serviu na 2ª Brigada de Infantaria da Coluna de Operações do Sul”. Dia 18 de setembro, iniciou com o Grupo de Batalhões a viagem de regresso ao Rio Grande do Sul. Na oportunidade, o Coronel do Exército, Pantaleão Telles Ferreira, teceu o seguinte louvor a Mirandolino: “pela cooperação que prestou durante o tempo em que esteve incorporado ao Destacamento Misto de Operações”; “pela bravura, eficiência de comando, calma e abnegação de que deu exuberantes provas durante a campanha”. Apenas dois dias de seu regresso ao Estado, já em 30 do mesmo mês, era considerado mobilizado para operações de guerra, em virtude do movimento revolucionário que explodiu neste Estado, embarcando com o Regimento para Alegrete que estava sendo atacada por elementos revolucionários da guarnição de Uruguaiana. Operando na fronteira à disposição da 3ª Região Militar, dia 9, travou combate na Fazenda Angustine, em frente a Estação de Guassu-Boi, onde foi derrotada a coluna maragata, sob o comando do General Honório Lemes. Na ocasião, foi louvado: “pelo excelente serviço prestado com perícia, valor, atividade e abnegação, não só no combate em que tomou parte do início ao fim, como antes, avançando em proteção à vanguarda, e depois em perseguição ao inimigo”.


No ano de 1925, dia 28 de fevereiro, por determinação do General Comandante da 3ª R.M., seguiu com o Regimento para o Estado de Santa Catarina e Paraná, com a missão de atingir Barracão. Cumprindo as ordens passou por várias localidades de Santa Catarina, quando em março, Dia 18, chocou-se com tropas adversárias em Burro Morto, desalojando-as de suas posições. Continuando, percorreu os sertões de Santa Catarina, passando por mil dificuldades e sacrifícios. Transcorria o mês de abril, quando foi louvado pelo Cel do Exército Travassos Alves. “pelo seu reconhecimento, valor e competência militar, na importante missão de descoberta do que foi incumbido em Santo Antônio, bem como em reconhecimentos na direção da Foz do Iguaçu”. A 23, foi promovido ao posto de Major, continuando no Destacamento “Coronel Travassos”, quando em 15 de maio, por determinação superior, fez o escoamento com o regimento, com destino ao Rio Grande do Sul. Er junho, dia 1º, embarcou com o regimento com destino ao Estado e, a 4, aquartelou na cidade de Santa Maria. O coronel do Exército Travassos Alves, ao dissolver o Destacamento, assim falou a Mirandolino: “pelo denodo e tenacidade, bravura e espírito de sacrifício, inteligência e capacidade militar que demonstrou nos combates de Burro Morto e Maria Preta e no reconhecimento de Santo Antônio, durante operações nos Estados de Santa Catarina e Paraná, é louvado o Major Mirandolino”. Em todos os combates, o então Capitão Mirandolino, sempre comandou à testa da vanguarda do destacamento, onde demonstrou muita competência, sangue frio e capacidade de comando. O fim do ano de 1925 e os anos de 1925-1927 foram de relativa calma, mas no decorrer de 1928, esteve Mirandolino em vigilância na costa do rio Uruguai, a serviço nacional. Com o advento de 1929 que foi calmo, vinha um outro de grande agitação. Seria o ano de 1930, quando em 3 de outubro, Mirandolino tomou parte nas operações que o 2º Regimento de Cavalaria, em Livramento, por ordem superior levou a efeito contra estabelecimentos federais e na orientação para o cerco do 7º R.C.I. O Major Mirandolino, dia 12 de outubro de 1930, assumiu o comando do 4º Batalhão de Infantaria da Reserva, em face de sua promoção a Tenente-Coronel, ocorrida a 10. A Revolução de 1930, participou ativamente das operações militares. Tendo seguido para o teatro bélico, a 18, atingia a cidade de Palhoça. A 3ª Cia do 1º B.I., sob o comando do Capitão Camilo Diogo Duarte, em


marcha no litoral com destino ao Estado de Santa Catarina, recebeu ordens para constituir-se no 4º Batalhão de Infantaria da Reserva, ocasião em que o Capitão Camilo foi comissionado ao posto de Major para fiscalizá-lo. Assumiu o comando do Batalhão o Tenente-Coronel Mirandolino. A sua unidade teve papel saliente e de alta envergadura na Revolução de 1930. Ingressando naquele Estado, a 17 de outubro. A vanguarda do batalhão no comando do Major Camilo Diogo Duarte, depois de violento combate que durou duas horas, tomou as trincheiras adversárias na Serra Anitápolis, na localidade denominada Garganta, fazendo vários prisioneiros, além de grande quantidade de material bélico e viaturas. Nessa operação, tiveram ação valorosa os Tenentes Antônio Romualdo Lago, Manoel Rodrigues Cordeiro e Gomercindo Silva que, de assalto, tomaram as fortificações resistentes, assaltando-as pela retaguarda, depois de penosa marcha através da mata virgem, completando assim o envolvimento do inimigo que era atacado de frente pelo 1º Tenente Adonis Ventura Homem. A ação do 4º B.I.R., no comando da vanguarda de Camilo Diogo Duarte, foi o ponto principal para que as forças revolucionárias continuassem a marcha em direção a São Paulo. O 4º Batalhão de Mirandolino Machado, foi a força de choque que já em Santa Catarina era batizada com a hostilidade adversária que, fortemente posicionada, resistia ao ataque das hostes revolucionárias do sul. A 21 de outubro, os valentes do Tenente-Coronel Mirandolino e do Major Camilo Diogo no estreito de Florianópolis onde manobravam, os destroiers da Armada que defendia a capital do Estado. O 4º da Reserva participou do cerco de Florianópolis que durou seis dias. Ao Tenente-Coronel Mirandolino e seus bravos homens, coube a missão de com o 4º da Reserva, concorrer ao lado do Exército Nacional para garantir o Governo Provisório da República, no Rio de Janeiro, então Capital Federal. A 19 de novembro regressou ao Rio Grande. Em março de 1931, foi nomeado Comandante do 4º Batalhão de Infantaria, em Pelotas. Durante este ano e meses de 1932, foi empregado nos serviços de rotina, quando em 15 de julho, embarcou com seu Batalhão para a Capital da República (Rio), lá chegando dia 20 e, a 22, deslocava-se para


o local de operações. A 24, passou a fazer parte do Exército Leste, sob o comando do General Góes Monteiro. O Coronel do Exército Nacional, Colantino Marques teceu louvores a Mirandolino “pela coragem, valor e espírito de sacrifício demonstrados no seu posto de honra, durante os dias que se sucederam de 26 a 30, em que à frente de seu Batalhão (4º), combateu as hostes rebeldes de São Paulo, de cuja ação dependeu a tomada do Morro do Carrapato, forte posição adversária”. Em 28 de agosto, o Senhor Presidente da República fez uma visita à encosta do Morro Frio, no Vale da Paraíba, ocasião em que louvou o Tenente-Coronel Mirandolino “pela sua viva e inteligente manifestação de disciplina e de alta compreensão dos deveres de patriotismo, fatores determinantes da grande fé que o anima na luta pela vitória da causa que defendeu”. No decorrer do mês de agosto até fins de setembro, esteve empregado em várias missões. Em outubro, a 16, deixando o Estado de São Paulo, embarcou com o 4º para o Rio de Janeiro onde chegou a 17 e, a 19, deslocou-se para o Rio Grande do Sul. O Cel do Exército Colantino Marques agradeceu e louvou Mirandolino “pelo valor inexcedível, bravura e sangue frio com que se houve durante doze dias consecutivos de luta”. O General Góes Monteiro Comandante do Exército de Leste, agradeceu também, “os bons serviços prestados com lealdade e entusiasmo à causa nacional durante o movimento revolucionário paulista. De retorno, dia 27, chegava a Pelotas, sede de seu Batalhão. Em 5 de agosto foi declarado Ter sido comissionado a Coronel a 27 de outubro, foi louvado pelo Comandante da Brigada Militar “pela brilhante atuação enérgica e decisiva que teve nas operações contra os rebeldes de São Paulo, suportando com estoicismo, galhardia e inexcedível espírito de sacrifício, as agruras de tão rude campanha, na qual foi digno representante do Rio Grande e soube honrar com brilhantismo, as tradições do seu povo”. No ano de 1933, abril a 25, o Coronel Mirandolino Machado foi transferido para a reserva, a pedido. E assim, chegamos ao fim da história de Mirandolino Machado que foi coberta de louros... de amor à Pátria... de dedicação à Brigada Militar...e... de acrisolado devotamento ao Rio Grande do Sul. O nome deste vulto tão marcante é digno de figurar na Galeria Imortal dos Bravos.


Como outros, Mirandolino Machado é conduzido ao Ápice da Glória porque foi um Homem...foi um Soldado de valor.


O GRANDE COMANDANTE

CORONEL JOテグ DE DEUS CANABARRO CUNHA

Altivo e nobre. Coronel do Exテゥrcito. Coronel da Brigada Militar.


Para escrever a biografia de João de Deus Canabarro Cunha, na sua passagem pela Brigada Militar, foi uma das tarefas mais difíceis pela ausência total de documentos. Nasceu em Taquari, em 8 de junho de 1882, sendo filho de João Fernandes Cunha e Dona Deolinda Canabarro Cunha. Ingressou no Exército Nacional no dia 2 de junho de 1900 e, depois de Ter cursado o Colégio Militar de Porto Alegre, em 2 de janeiro de 1909, foi declarado aspirante a oficial, quando a 9 de agosto de 1911, foi promovido ao posto de 2º Tenente e ao de 1º Tenente em 8 de fevereiro de 1918. Na sua passagem pelas fileiras da Brigada Militar, foi possível pesquisar a partir de 1920, quando em setembro fazia parte de uma comissão de julgamento num concurso geral de instrução. Integrando a Missão Instrutora na Brigada Militar, em 7 de setembro de 1922, foi promovido ao posto de Capitão do Exército. O Governo do Estado o comissionou ao posto de Tenente-Coronel, em 10 de julho de 1924, para integrar um Grupo de Batalhões para operações bélicas, ocasião em que foi designado para o comando do 1º Batalhão. Naquele ano (1924), alterada a ordem no Estado de São Paulo, o G.B.C. partiu para aquele Estado no dia 13 de julho, a bordo do vapor Itaúba, desembarcando no Porto do Rio de Janeiro, a 19. Depois de uma passeata pela Avenida Rio Branco, foi acantonar no quartel do 2º Regimento de Infantaria do Exército. Dois dias depois (21), partiu em composições da Estrada de Ferro Central do Brasil com destino ao estado bandeirante, atingindo na manhã seguinte (22) a Estação de Guaiaúna. Apresentado ao General Eduardo Sócrates, Comandante da 2ª Região Militar, ficou como força reserva da Divisão de Operações , deslocando-se para a Vila Gomes Jardim. Passando às ordens da Brigada Florindo, substituiu com o seu Batalhão, na região do Hipódromo, o 12º R.I. do Exército, ficando em primeiro escalão. Na noite de 23 para 24 de julho, entrou em intensa fuzilaria em todas as frentes, especialmente na da Moca. Ante a bravura de seu Batalhão, num avanço brilhante e num ataque vigoroso, tomou as posições adversárias em seus pontos principais. O General Comandante da Divisão, salientou a inteligência do TenenteCoronel Canabarro por “ter-se portado à altura das tradições de honra da Gloriosa Brigada Militar”.


Desempenhadas várias missões no Estado de São Paulo, em 28 de setembro (1924), regressou a Porto Alegre, o bravo Tenente-Coronel Canabarro e seu destemido 1º Batalhão, que com os demais (2º e 3º) desfilou pelas ruas principais da Capital do Estado. Saudando o valoroso Grupo de Batalhões de Caçadores, o jornal A Federação, em primeira página assim se expressou: “Chegam amanhã, de regresso da árdua jornada em defesa da República e da Lei, os valorosos oficiais e os abnegados soldados da gloriosa Brigada Militar do Rio Grande do Sul. ... Ela foi Pillar, morrendo heroicamente em defesa da República e do Rio Grande; foi Cipriano Ferreira, no heróico feito de Traíras; foi Utalis Lupi no martírio do Rio Negro; foi Affonso Massot, no sítio de Bagé; indômita força ao serviço da ordem e da lei, quando Floriano precisou de valentes soldados para consolidar a República. ... Honra sobremodo o Rio Grande possuir uma força deste quilate. ... Ela não é uma guarda pretoriana, nem janizaros são os seus soldados. ... Cada oficial e cada soldado representa uma convicção, porque a Brigada Militar sabe cumprir sempre galhardamente com o seu dever. Na carga de baionetas, no campo raso, ela assombrou em toda a parte pelo valor com que combateu, pela serenidade com que agiu e pelo preparo militar que revelou, merecendo dos generais do Exército Brasileiro os mais expressivos elogios. ... Fiel e nobre nas suas atitudes, cumprindo sempre a lei, de que é escrava, a força pública do Rio Grande não recua diante de qualquer sacrifício. ... Para consolidar a República ela deu seu sangue em 1893, e escreveu verdadeiras epopéias”. Esta foi a recepção que mereceu do povo gaúcho, o Tenente-Coronel Canabarro Cunha e seu Batalhão em 1924. Ao ser dissolvido o G.b.C., em 10 de outubro (1924), seu Comandante Tenente-Coronel do Exército Emílio Lúcio Esteves agradeceu a Canabarro Cunha “os relevantíssimos serviços prestados durante toda a campanha, onde revelou refletida bravura, valor e heroísmo, a par de grande competência militar, como distinto profissional que é e que faz


honra ao Exército Nacional, como deu brilhantes provas na direção de sua unidade”. O Comandante da 3ª Região Militar, General Eurico Andrades Neves, fez as mais gratas referências ao Tenente-Coronel Canabarro Cunha “pela lealdade e valor com que comandou um Grupo de Batalhões de Forças Auxiliares, dando cabal desempenho às missões que foram cometidas à sua tropa, confirmando a sua capacidade de comando, já revelada com vantagem nas operações de guerra no Estado de São Paulo. A citação do Cmt da 3ª R. M., refere-se ao ano de 1927, quando surgiram grupos revolucionários nas regiões norte e missioneira do Estado, ocasião em que assumiu o comando do sub-setor de Erechim, criado por determinação daquele General, a fim de dar combate aos revoltosos. O Destacamento sob o comando do Tenente-Coronel Canabarro era constituído por Corpos Auxiliares (3º, 6º, 18º, 26º e ala do 30º), comandados, respectivamente, pelos tenentes-coronéis Vazulmiro Dutra, Edmundo de Oliveira, Victor Dumoncel Filho, Joaquim Antônio Rodrigues e Major Marcos de Oliveira Fortes. O Destacamento manteve vários choques com os revolucionários, alguns de envergadura, encerrando sua ação naquelas regiões. Em 9 de novembro de 1927, o Tenente-Coronel Canabarro Cunha, como delegado do Governo do Estado, assinou um acordo com a Prefeitura de Pelotas, em que esta doava ao Estado, o terreno onde é hoje construído o quartel do 4º Batalhão. No decorrer do ano de 1927 ao de 1930, o Tenente-Coronel Canabarro desempenhava suas funções como Instrutor da Brigada Militar. Na Revolução de 1930, teve o Tenente-Coronel Canabarro Cunha uma ação saliente ao desenrolar dos acontecimentos em Porto Alegre. Dia 3 de outubro (1930) assumiu, por determinação superior, o comando do 3º Batalhão de Infantaria da Brigada Militar, pouco antes de explodir o movimento armado. Conforme instruções recebidas, tinha por objetivo para a jornada do dia 3, na Zona designada de R, com sua unidade, impedir, a partir da hora H, a saída do 7º Batalhão de Caçadores, da Companhia de Estabelecimento e do Contingente da Carta Geral, procurando a adesão dessas forças; em último caso, isolá-las até a rendição.


Às 18 horas, as primeiras rajadas de metralhadoras pesadas e fuzis metralhadores partiram do 7º Batalhão, ocasião em que elementos de seu Batalhão (3º) responderam ao fogo, concentrando-o sobre as janelas e portões do quartel atacado. Em vista da intensidade da luta, Canabarro Cunha determinou a entrada em ação de uma bateria de lança-minas. Apesar da providência, continuava a resistência do heróico 7º B.C. Depois de um entendimento com o Comandante do 7º, às 7:00h do dia 4, capitulou a brava guarnição, em face de negociações feitas pelo Major Elpídio Martins e do Dr. Leonardo Truda. Do ataque, entre mortos e feridos, o Batalhão Canabarro Cunha teve 13 baixas e consumiu 7.500 tiros. Dia 20 de outubro daquele ano (1930), o Tenente-Coronel Canabarro Cunha passou o comando do Batalhão ao Tenente-Coronel Arlindo Franklin Barbosa. Promovido ao posto de Major do Exército, em 7 de maio de 1931, por merecimento. A 11 de junho de 1932, assumiu interinamente, o Comando da Brigada Militar, em substituição ao Coronel Claudino Nunes Pereira. Promovido, em 29 de setembro de 1932, por merecimento, ao posto de Tenente-Coronel do Exército. Foi efetivado no Comando Geral da Brigada Militar em 6 de outubro de 1932, comissionado no posto de Coronel da Força Estadual. Oficial dos mais brilhantes do Exército Brasileiro, Canabarro Cunha desde Tenente vinha servindo na Brigada Militar como instrutor e dedicava à Força Estadual uma profunda amizade. Seu comando foi exercido numa fase difícil, tanto na segurança pública como na parte financeira, não podendo no seu comando desenvolver todas as atividades que eram de seu desejo, mas assim mesmo, deixou seu nome ligado a grandes empreendimentos. O seu desvelo, o seu interesse e o seu amor cada vez mais ligados à Brigada Militar. Em 3 de maio de 1936, foi promovido ao posto de Coronel do Exército por antigüidade. A 11 de outubro de 1937, deixava o comando da Brigada Militar, cargo que desempenhou exatamente durante cinco anos, demonstrando sempre interesse pelos problemas da Corporação, aos quais dedicou muito carinho, conseguindo solucionar alguns, tanto quanto lhe permitiram as possibilidades orçamentárias construção do quartel do 1º Regimento de Cavalaria; construção de casas para moradia de oficiais fundos do Q.g.


e do 3º B.C.); criação da Farmácia Central (mais tarde incorporada pelo IBCM) e o Laboratório de Pesquisas Clínicas. A exoneração do Coronel Canabarro Cunha, foi de caráter político, em face da implantação do Estado Novo. Mandado recolher-se ao Exército, não tinha um único uniforme para apresentar-se ao Quartel General, pois que usava os fardamentos da Brigada Militar há vários anos. O Coronel João de Deus Canabarro Cunha possuía Curso de Infantaria e Cavalaria Reg. 1905 e o de Aperfeiçoamento, 1929. Era engenheiro civil e pertencia à arma de Infantaria do Exército Brasileiro. Em 7 de junho de 1954, às 16:00h, no Hospital Moinhos de Vento, faleceu o Coronel Canabarro Cunha (residia na época à rua Félix da Cunha, 1080), com 62 anos de idade. Firmou o seu atestado de óbito o Dr. Pereira Lima, que deu como causa da morte: colapso periférico, choque operatório, ressecção intestinal. Foi declarante de seu óbito o Dr. Jorge Naaman Filho, seu genro, e seu sepultamento foi no Cemitério da Santa Casa de Porto Alegre (livro C-93, fls. 150-v, termo 71.242, do Cartório da 4ª Zona do Registro Civil de Porto Alegre). CORONEL JOÃO DE DEUS CANABARRO CUNHA O senhor não atingiu o posto de General, foi Coronel ao quadrado. Numa só vida, o senhor viveu duas vidas. Uma como brilhante oficial do Exército do Brasil, outra como destemido e operoso Coronel da gloriosa Brigada Militar. Seu nome respeitado, sua personalidade ímpar e seu acrisolado amor à Corporação gaúcha ficarão através dos tempos gravados na Memória Histórica da Brigada Militar. Como Pillar ou como Cipriano, seu nome nunca morrerá para os corações brigadianos. O senhor é colocado no Ápice da Glória como um vulto nobre, como nobre foi sua vida e, que amou, como amou e dedicou sua existência ao serviço da grande Nação Brasileira.


1º ADJUNTO DA GUARDA CÍVICA

MAJOR JORDÃO ALVES DE OLIVEIRA Arrojado. Na ausência de sua fotografia, este Coração é o símbolo da saudade e a lágrima perene do agradecimento ao 1º Adjunto da Guarda Cívica.


Coloca-se o papel na máquina. Livros, anotações e outros documentos preciosos passam pela mão. Papéis amarelos pelo tempo de existência, que são manuseados com carinho. Parece que é impossível pô-los em ordem de seqüência para começar uma narração. Pensa-se: é impossível, será que sairá alguma história, será que os dados colhidos para a biografia são certos? Uma força estranha apossa-se do narrador, parece que uma luz ilumina a sua mente. E então, é o início de uma narração. É como tirar do fundo do sepulcro uma história para a vida. É o contar parte da vida do glorioso desaparecido É como se fosse ele que está a falar. Um entusiasmo toma conta do narrador, e então terá o leitor a oportunidade de julgar os feitos de um homem, de uma gente brava e temerária. Esta narração, que contará lances, parte deles é verdade, da existência de Jordão Alves de Oliveira. No dia 31 de dezembro de 1889, Jordão Alves de Oliveira foi nomeado primeiro adjunto, com o posto de Tenente da Guarda Cívica. Tendo a oposição assumido em fins de 1891, a direção dos negócios do Estado Rio Grande do Sul, em conseqüência do abandono do poder pelo Dr. Júlio de Castilhos, foi decretada em 28 de março de 1892, a reorganização da Guarda Cívica, que passou a denominar-se Corpo Policial, constituído de um Regimento de Cavalaria e um Batalhão de Infantaria, passando, então, o Tenente Jordão Alves de Oliveira a fazer parte daquele Corpo. Com a restauração do governo de Júlio de Castilhos a 17 de junho, foi tornada sem efeito aquela reorganização. Tomou a Força Estadual a denominação anterior, isto é, Guarda Cívica. Com a extinção da Guarda Cívica e a criação da Brigada Militar, por ato de 15 de outubro de 1892, foi logo depois, a 10 de novembro, nomeado Capitão para o 1º Regimento de Cavalaria. Com o advento da Revolução Federalista, que por dois anos iria cobrir de luto o Rio Grande, foi o Capitão Jordão Alves com o 1º Regimento para o campo de luta, entrando em operações bélicas a 27 de fevereiro de 1893, operando contra um grupo chefiado por Vasco Saraiva, nas imediações do Camaquã-Chico. Nas proximidades de Upamaroti em 16 de março, quando fazia a vanguarda da Coluna, sob o comando do Coronel Antônio Adolfo da Fontoura Mena Barreto, com o seu regimento travou tiroteio com uma força revolucionária. Continuando a marcha do dia 23, novamente fazendo a vanguarda, entrou em choque com os Federalistas, próximo


às pontas do Jaguari oriental. Em 3 de maio, travou-se, às margens do Inhanduí, afluente do Ibirapuitã, em Alegrete, violenta batalha entre Republicanos e Federalistas, os primeiros com o efetivo de 4.000 e os segundos com 6.500 homens. Dirigiu a ação, a princípio, o General Francisco Rodrigues de Lima, e, depois o General Hipólito Ribeiro que, mais antigo do que seu colega, assumiu o comando de todas as forças. Dessa batalha, participou o 1º Regimento de Cavalaria. O Capitão Jordão Alves de Oliveira estava doente em Livramento, motivo pelo qual não tomou parte na terrível luta. Abandonando o campo da luta, as Forças Federalistas foram perseguidas pelos Republicanos, indo o 1º Regimento, novamente a 11, combatê-las nas proximidades das pontas do Upamaroti, ocasião em que chegaram à carga de cavalaria. As Forças Republicanas tomaram o caminho de Bagé, onde chegaram sem qualquer alteração. A 23 de junho, quando o 1º Regimento fazia a vanguarda da Coluna no local denominado Serrilhada, defrontou-se com os adversários que, por marchar muito afastado da Coluna, não pode fazer frente a uma carga de lanceiros levada a efeito pelos Federalistas. Após uma série de outras operações de menor importância, nos primeiros dias de setembro, na Estação Umbu, o Regimento passou a fazer parte da Divisão do Norte. Deixando Umbu, marchou em perseguição às forças sob o comando de Gumercindo Saraiva, dando-lhes combate no Passo Mariano Pinto, sobre o rio Ibicuí. Transpondo este rio, assistiu a 18 de outubro, ao combate do Mato Português e, a 30, tiroteio dos Federalistas, entre a Capela de Bom Jesus e a Fazenda dos Ausentes. Gumercindo Saraiva, tendo tomado o rumo do Estado de Santa Catarina com a valorosa Divisão do Norte nas suas pegadas, transpôs o rio Pelotas, cabendo ao 1º Regimento fazê-lo em 11 de novembro, participando do combate do rio Canoas. O Capitão Jordão Alves de Oliveira, além de ter participado dos encontros acima narrados, esteve na cidade de Itajaí onde combateu nos dias 10 e 11 de dezembro. Agora entraremos no ano de 1894 quando, a 30 de janeiro, o 1º R.C. afastou-se da Divisão do Norte e rumou para Vacaria ao encontro da coluna sob o comando do Major Chacha Pereira. O Capitão Jordão saindo dessa localidade no comando de um piquete de 40 homens, levando por missão fazer um reconhecimento. No cumprimento da missão defrontou com forças revolucionárias poderosas. Não vacilou. Com os seus 40 homens, foi ao ataque. Em virtude do poder dos adversários, não teve


outra alternativa senão recuar, o que fez, na mais perfeita ordem, sem qualquer prejuízo. No dia seguinte, em 12 de fevereiro de 1894, com seus 40 homens, marchou em procura do adversário, descobrindo-o próximo ao Capão Bonito. Mais uma vez demonstrou a sua temeralidade e não teve dúvidas, travou violento combate apesar de serem os Federalistas em superior número. Recebendo reforço, intensificou o ataque, mas os revolucionários retiraram e o Capitão Jordão Alves de Oliveira com seus homens saiu em perseguição, o que depois suspendeu, em face do mau estado dos cavalos. Passados 8 dias, enfrentava, novamente, o inimigo, dia 20, na Picada do Carreiro, perto das pontas do arroio Prata. A 1º de março, o Coronel Antônio Adolfo da Fontoura Mena Barreto, Comandante de uma das Brigadas da Divisão do Norte, discordando de ordem recebida, afastou-se da Divisão e, então, os 1º Regimento e 1º Batalhão o acompanharam. Depois de várias missões de menor envergadura, participou, em 10 de junho, do forte combate levado a efeito nas margens do rio Forquilha, merecendo nesta ocasião, o Capitão Jordão, louvores de seu comando “pela bravura indiscutível que revelou”. O Ten Cel Pilar, em seu diário escreveu: “...mas o Capitão Jordão Alves de Oliveira... é bárbaro! Vai além de qualquer expectativa. Tomou conta da boca da picada, debaixo de verdadeira chuva de balas”. Poucos dias tinham passado, quando a 16, no comando de uma pequena força em exploração, estabeleceu tiroteio no Passo do Inferno, no Rincão do Canela, com uma força inimiga. Estando em Lagoa Vermelha, em junho, participou de várias missões, sempre de reconhecimento, quando recebeu ordem de recolher para Porto Alegre, onde chegou com o 1º Regimento, dia 25 de julho de 1894. A permanência nesta cidade foi de poucos dias, porque a 1º de agosto partia, novamente, para operações bélicas no interior, dirigindo-se para Tupanciretã onde estavam as forças da Brigada Militar que, reunidas, passariam a operar em conjunto sob o comando do Coronel Teles de Queiroz, Comandante-Geral da Força. Feita a junção e ultimados os preparativos, marchou a Brigada Militar, a 6 de agosto, na direção de Santa Tecla, cabendo à unidade do Capitão Jordão Alves e ao 1º Regimento de Cavalaria da Reserva, a missão de fazer a vanguarda da Coluna. A coluna marchava. Tudo permanecia calmo, nada de anormal fora notado pela vanguarda quando, no dia 10 de agosto, as Forças Republicanas


se encontraram com as Federalistas, sob o comando de Gumercindo Saraiva, no Capão do Carovi. O Capitão Jordão Alves de Oliveira, que marchava à testa juntamente com o 1º Regimento de Cavalaria, sofreu o primeiro embate de um inimigo poderoso. Os homens do 1º de Cavalaria resistiam ao ataque com bravura e valentia até a chegada de auxílio. Depois de muita luta, os Federalistas retiraram-se levando ferido seu chefe Gumercindo Saraiva, que morreu horas depois. O Coronel Manoel do Nascimento Vargas, declarou que “toda a força combateu valorosamente, tendo se salientado, entre outros, o Capitão Jordão Alves de Oliveira”. O Comandante do 1º Regimento de Cavalaria determinou fosse lançado nos assentamentos militares do Capitão Jordão um merecido louvor com seus agradecimentos, em nome da República, por ter revelado muito valor, muita constância e abnegação e ardor cívico desde o início da campanha até o referido combate no Capão do Carovi. Em narração anterior a este trabalho, já aludimos que, em conseqüência do ferimento recebido, Gumercindo veio a morrer horas depois, tendo as forças de seu comando tomado diferentes rumos, divididas em vários grupos, circunstância que, também, obrigou as Forças Republicanas a igual medida. A Brigada Militar e a Brigada do Coronel Vargas marcharam para Porteirinhas e daí para diversos pontos, em perseguição às forças de Inácio Cortes. Obtidas informações de que Cortes se achava no interior de Santiago, no lugar denominado Capão das Laranjeiras, as duas Brigadas caminharam para o objetivo, onde travaram violento encontro, ocasionando a morte do Ten Cel Fabrício Pilar, Comandante do 1º Regimento de Cavalaria. No decorrer desta verdadeira batalha, batalha de gigantes, com a morte do Tenente Coronel Pilar, o Capitão Jordão Alves de Oliveira assumiu o comando do 1º Regimento de Cavalaria, conduzindo-se na ação com bravura, despreendimento e valor pessoal. Deixando dia 8 o Capão das Laranjeiras, com seu Regimento, marchou em busca do inimigo quando, no dia 30, atingia Tupanciretã, de onde transportou-se para Santa Maria. Deslocou-se com a Brigada Militar, a 18 de outubro de 1894, de Santa Maria para Cacequi, marchando para o Vacaquá com a sua unidade. Cumprida a missão, reuniu-se às forças da Brigada Militar, a 31, quando toda a Corporação penetrou na Serra do Caverá, em perseguição à Coluna


de Marcelino Pina, tendo-a combatido em Branquinho. Continuando as operações contra grupos rebeldes, passou por D. Pedrito e, a 17, expedicionou até Jaguarão-Chico, ao encalço de Joca Tavares. A 7 de dezembro, participou de ligeiro tiroteio na fazenda de Aninha Mendes, chegando a 21 de janeiro de 1895 na estação do Quebracho que passou a guarnecer. Com a presença de forças de Aparício Saraiva na região sul, movimentouse a Brigada Militar em sua perseguição, tiroteando-as, a 9 de março, no Santa Maria-Chico e, posteriormente no Cunhataí. Dia 15 de março de 1895, novamente, a mesma força foi hostilizada sobre o arroio Piraí. Retirando-se Aparício para a Serrilhada, onde aguardava o aparecimento dos Republicanos que marcham descautelosamente, com o 1º Regimento de Cavalaria na vanguarda. No momento exato, os Federalistas saltaram sobre este Regimento, levando-o de vencida, infringindo-lhe sérias perdas. O Capitão Jordão Alves de Oliveira combateu ainda contra a mesma coluna de Aparício, na Estiva, a 19 de março, sobre o rio Santa MariaChico, perto de D. Pedrito, a 13 de abril, e tiroteou dia 30 uma força rebelde na Estância do Barão de São Luiz. Cessadas as operações, O Capitão Jordão Alves de Oliveira com seu regimento, guarneceu a estação do Rio Negro de onde, a 16 de junho de 1895, embarcou para Porto Alegre. Finalmente, depois de tantos combates, de tanta luta, de várias missões perigosas, depois de Ter amado muito a República Brasileira e por ela arriscado a vida em lances de bravura ímpar, em 1º de abril de 1901, era o Capitão Jordão promovido a Major. Passados os anos, em 13 de junho de 1912, a pedido, foi reformado o nosso formidável e bravo Major Jordão Alves de Oliveira, um dos orgulhos do passado que muito contribuiu com seu heroísmo para a consolidação da República. Faleceu em 5 de abril de 1934, na rua Moinhos de Vento, n.º 1260, às 18:00h. O atestado de óbito foi firmado pelo Dr. Pedro Borba, que deu como causa mortis, uremia. Declarou seu óbito, seu sobrinho Deoclécio Magalhães Ferreira. Foi casado com Dona Alice Ferreira de Oliveira e era filho de João Jordão de Oliveira e Maria Delfina Oliveira. Foi sepultado no Cemitério da Santa Casa (Termo 13.252, fls. 145 v, do Livro C, no Cartório da 4ª Zona do Registo Civil de Porto Alegre). Homens como ele são dignos de figurar no Ápice da Glória, porque cobriram de glórias a Brigada Militar.


UMA SAUDADE A MAIS...*

TEN CEL UTALIS LUPI Homenagem aos bravos gaúchos que em todos os tempos fizeram parte de Corpos Provisórios. Em sua homenagem e na ausência de sua foto, a Escolta Presidencial em desfile na frente do Palácio do Governo, em Porto Alegre.


Ao incluir neste modesto trabalho o nome do Tenente Coronel Utalis Lupi, o valoroso comandante do 1º Batalhão de Infantaria da Reserva (1º B.I.R.), tombado heroicamente à frente de sua brava Unidade no combate do Rio Negro, é uma homenagem a todos os homens que fizeram parte dos Corpos Provisórios e deram a vida em holocausto à Pátria Brasileira. Utalis Lupi, nasceu em Livramento e era filho de José Lupi, italiano, e de dona Rosa Cassameva Lupi, argentina. Republicano ardoroso e exaltado, colocou-se desde a mocidade ao serviço dos ideais republicanos. Por este motivo, ao periclitar a República nos seus primórdios, o Governo do Estado foi buscá-lo na cidade de Pelotas para entregar-lhe o comando de uma unidade militar, constituída para defesa do sistema republicano. Criado o 1º B.I.R., em 15 de outubro de 1892, foi Utalis Lupi nomeado Tenente Coronel Comandante. Com sede na cidade de Pelotas, imediatamente partiu para as operações bélicas, fazendo parte da Coluna sob o comando do Coronel Antônio Adolfo da Fontoura Mena Barreto. Coluna esta que pertencia às forças em operação no sul do Estado, ao comando do General João Batista da Silva Teles, isto em fevereiro de 1893. Em 12 de maio, participou do combate na Restinga, perto do Upamaroti, ocasião em que foi louvado pelo General Teles “pela presteza da marcha que fez com grande sacrifício, por ter sido ela por demais forçada, o que muito recomenda a disciplina e patriótica abnegação de seus camaradas”. Após aquele combate marchou, com a Coluna, em perseguição aos revolucionários que fugiam apressadamente no rumo de Aceguá. Posteriormente, retrocedeu a Bagé onde ficou algum tempo. Deixando esta cidade, tomou parte, no dia 20 de junho, no combate às margens do Piraí, onde Gumercindo e sua Coluna poderosa tomara posição nos matos a fim de aguardar o ataque, de onde foi desalojado à cargas de baioneta e obrigado a fugir. Passaram três dias, combateu na Serrilhada contra a mesma Coluna, agora reforçada com o auxílio que recebera dos chefes Oliveira Salgado e Marcelino Pina. A cavalaria que fazia a vanguarda atacou o adversário, mas diante da superioridade deste, rebateu-se a infantaria na qual estava o 1º B.I.R., travando então o combate geral em que o adversário sofreu forte derrota. No mês de junho, tomou parte nas operações da defesa da cidade de Rio Grande, quando bombardeada pela Esquadra rebelada. O Tenente-Coronel Utalis esteve em operações de menor envergadura quando, dia 21 de novembro de 1893, com seu batalhão fazia parte da


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guarnição da estação do Rio Negro. O Comando-Geral da Guarnição estava sob o comando do Marechal Izidoro Fernandes de Oliveira, veterano da Guerra do Paraguai, onde criara fama pelos seus feitos de bravura pessoal. O Marechal deu pouca importância aos avisos que recebia relativamente ao inimigo, pois acreditava que só a sua presença era o bastante para intimidar o adversário. Não tomou nenhuma providência, quando ao alvorecer do dia 26 de novembro de 1893, o acampamento de suas tropas estava cercado pelo inimigo que, surgindo de todos os lados, o puseram em sítio e fugiram à luta constante, visto ser seu intento, obrigar os sitiados a renderem-se pela fome e pela sede. O Exército Libertador, sob o comando do General Joca Tavares era repelido heroicamente pelas forças legalistas, mas quando totalmente esgotada a munição, tinham de render-se ao inimigo, ocasião em que o Tenente-Coronel Donaciano de Araújo Pantoja levanta a bandeira branca. Parlamentada a rendição, os legalistas o fizeram com garantia de vidas. Faltando a palavra empenhada, os vencedores fizeram degolar, miseravelmente, a quase totalidade dos vencidos. O heróico comandante do 1º B.I.R., Tenente-Coronel Utalis Lupi, teve mais sorte que seus inditosos camaradas. No decorrer da luta titânica e feroz, quando temerariamente combatia, suportando o sufocante calor e os raios abrasadores do sol confundiam-se com o suor que banhava seu rosto, a garganta seca e a sede aumentada, no embate gigantesco, o Tenente-Coronel Utalis Lupi recebeu no peito uma bala, dando-lhe morte instantânea. Em novembro de 1893, tinha o Tenente-Coronel Utalis Lupi, a idade de 33 anos. “De trato delicado e familiar na convivência dos amigos, generoso com todos quantos a ele particularmente recorriam, era uma retidão inquebrantável quando se tratava de disciplina, era de uma coragem indomável quando se tratava de avançar contra o inimigo. Infelizmente, para ele, para os amigos, para a República e, sobretudo, para sua digníssima esposa, este último predicado custou-lhe a vida”. Jovem Brigada Militar: Que tal o exemplo de amor e bravura do Ten Cel Utalis Lupi? Será que poderás com teu sangue novo, aquilatar a temeridade de um Ten Cel Lupi? Serás capaz de amar os teus antepassados valentes, ardorosos, cheios de patriotismo? Conhecias ao menos, o Ten Cel Lupi e outros Lupi que se sacrificaram em holocausto ao Brasil?


- A Brigada Militar velha, aqueles seus dignos componentes que hoje, alguns deles, estĂŁo com os cabelos brancos, a pele enrugada, a voz mansa e vagarosa, jĂĄ falhando a visĂŁo, conheciam sim, os Lupi, os valentes Lupi. -


- O PERFEITO CAVALHEIRO

CORONEL ORESTES CARNEIRO DA FONTOURA Severo e bondoso.


Sua passagem pela Brigada Militar foi brilhante. Era dotado de uma severidade que, dosada com sua bondade, tornava-o um perfeito cavalheiro. Foi um digno depositário das tradições de honra de uma Corporação que ele muito amou. Certamente, ele há de espargir em raios luminosos lá do alto, o incentivo e o amor no cumprimento do dever sacrossanto, aos componentes de sua Força que ainda estão aqui na terra. Já no fim do ano de 1914, no mês de outubro, dia 21, foi incluído Orestes Carneiro da Fontoura, no 2º Regimento de Cavalaria, em Livramento. Foi nomeado Alferes, em 8 de janeiro de 1923, para a Escolta Presidencial (atual RBG), onde permaneceu até 9 de dezembro de 1923, data em que foi incorporado à 2ª Brigada Provisória de Oeste, sob o comando do Coronel José Antônio Flores da Cunha. Durante o movimento revolucionário de 1923, a sua participação foi quase no fim, pois estava em Porto Alegre, na Escolta Presidencial. Em janeiro de 1924, mereceu do Presidente do Estado, este louvor: “pela atividade, abnegação, lealdade e valor com que se conduziu durante o período revolucionário de 1923”. Promovido ao posto de Tenente, em 25 de outubro de 1924, quando dia 30, foi considerado mobilizado para operações de guerra, em conseqüência do movimento revolucionário que explodiu neste Estado. À disposição do General-Comandante da 3ª Região Militar, partiu para o interior do Estado, fazendo parte do 2º Regimento de Cavalaria, quando no dia 22 de novembro participou do combate do Cerro da Conceição contra a Coluna Revolucionária, sob o comando do General Honório Lemes, Durante este combate recebeu um ferimento por bala. No mesmo dia foi louvado “pela bravura e ação brilhante, cooperando eficazmente, apesar de ferido, para o bom desempenho de seu esquadrão durante o combate”. Em 30 de novembro, foi nomeado assistente do Destacamento Ten Cel Esteves, em operações. A partir de 30 de novembro até 10 de dezembro palmilhou toda a fronteira oeste em missão das mais variadas, quando em 11, travou combate no Passo do Cerrito, contra forças de Júlio Barrios. Dispensado de Assistente do Destacamento em 15, foi louvado “pela dedicação, zelo e inteligência com que exerceu as funções de assistente”. E, ainda no dia 20, era louvado pelo Comando “pelos bons serviços que prestou com lealdade, pondo em destaque as suas belas qualidades, que como assistente demonstrou, apesar de ainda não estar completamente curado do


ferimento recebido no Cerro da Conceição”. A 29, era refeito o destacamento, quando a 3 de janeiro de 1925, tomou parte no combate da Ramada, contra a Coluna do Capitão Prestes, ocasião em que o Tenente Orestes demonstrou valor admirável e dirigiu brilhantemente o seu pelotão. Dia 10 de outubro de 1925, de Livramento embarcou para Porto Alegre, fazendo parte da ala do 2º Regimento que conduzia preso o General Honório Lemes e vários de seus oficiais. A 3 de dezembro de 1926, passou à disposição da 3ª Região Militar, seguindo para Cachoeira. Dia 15, foi comissionado no posto de Capitão. No Passo do Salsinho, dia 24 de dezembro, combateu com a Coluna de Zeca Neto. Dispensado do serviço Exército Nacional, em 21 de janeiro de 1927, foi a 18 de dezembro louvado pelo Ten Cel Lúcio Esteves “pelos bons serviços prestados durante o período revolucionário, em que serviu como Assistente do Destacamento de tropas do Exército e Brigada, pelo valor, intrepidez, abnegação, inteligência, zelo, dedicação e espírito de sacrifício”. Foi promovido ao posto de Capitão em 25 de abril de 1928. Em fins de 1928 e princípios de 1929, exerceu as funções de Delegado de Polícia de Pelotas, quando em junho, foi nomeado para o exercício das funções de subchefe de polícia, cargo em que esteve por poucos dias, já em 12 de julho, era nomeado Delegado de Polícia de Santo Ângelo. A 11 de agosto de 1930, foi exonerado, a pedido, de Delegado de Santo Ângelo, sendo nomeado para o mesmo cargo em Vacaria, onde permaneceu até 16 de setembro. A 5 de outubro, no comando de um destacamento, entrou em território de Santa Catarina em operações bélicas, com a finalidade de ocupar a cidade de Lages, em poder dos revolucionários. A 9, foi comissionado no posto de Tenente-Coronel a 11, foi promovido a Major. A 28 de outubro, seguiu para o Estado de São Paulo, atingindo a 30, terra bandeirante. Dia 4 de novembro marchava com destino ao Rio de Janeiro. Dezembro, a 9, embarcou par o Estado do Rio Grande do Sul, chegando em Porto Alegre, dia 15. Foi graduado no posto imediato ao efetivo, a 20. O General José Antônio Flores da Cunha, Interventor Federal no Estado, em 1º de janeiro de 1931, teceu louvores ao Tenente-Coronel Orestes “pela presteza, com que, em Vacaria onde se achava em missão especial do Governo, quando irrompeu o movimento revolucionário de 3 de outubro de 1930, marchando imediatamente com o reduzido pessoal da Brigada destacado naquela localidade, para a fronteira de Santa Catarina, incorporando elementos civis e, posteriormente, organizado um corpo com


esses e outros homens, enquadrado na Divisão Waldomiro Lima, cooperando nas operações por este desenvolvidas, vencendo inúmeras dificuldades até Curitiba, estando pronto a tomar parte na grande batalha de Itararé, que se ferira no dia 25 daquele mês, finalmente por ter revelado valor e alto espírito de sacrifício, comprovados em campanhas anteriores”. Desempenhou as funções de Assistente do Pessoal (hoje Chefe do Estado Maior). A 7 de agosto de 1931, foi promovido ao Posto de Tenente-Coronel para comandar o 2º Batalhão de Infantaria. Em conseqüência do movimento revolucionário de 1932, a 13 de julho, deslocou-se com seu batalhão com destino ao Rio de Janeiro, onde chegou a 19, acantonando no quartel do 1º Regimento de Cavalaria Divisionária do Exército. Marchando dia 29, tendo como destino o Estado de São Paulo, e enfrentando o adversário nas imediações do Clube dos Duzentos, choque que durou até a noite. Na manhã, seguinte avançou contra as posições inimigas e a 4 de agosto entrou, novamente, em contato com o inimigo na ponte do rio Santana. Posteriormente, substituiu o 2º Regimento de Infantaria do Exército em primeiro escalão. A 5 de outubro, assaltou as posições adversárias na frente de combate, conquistando-as. A 9, participou com seu batalhão de um outro assalto. Depois de várias missões, regressou ao Rio de Janeiro, onde chegou a 16 de outubro, e a 18 retornou ao Rio Grande do Sul, chegando em Porto Alegre dia 23. O Tenente-Coronel Orestes, a 26 de dezembro, foi comissionado no posto de Coronel. No ano de 1933, em março, foi nomeado Assistente do Pessoal, quando em 18 de junho foi condecorado de Oficial da Ordem da Coroa de Itália, que lhe foi conferida por S.M. Victório Emmanuel III, Rei da Itália. Em outubro de 1934, deixava a Assistência do Pessoal para ser nomeado Prefeito de Alegrete, função que foi exonerado, a pedido, em dezembro. Novamente em funções civis, pois em 20 de fevereiro de 1936, foi nomeado Delegado de Polícia de Tupanciretã, sendo exonerado, a pedido, em 3 de março. Nesta data, passou a responder pelo comandante geral da Brigada Militar. A 17 de abril, deixando o comando da Brigada, assumiu o 2º Batalhão de Caçadores. No ano de 1937, de 18 de fevereiro a 30 de abril, esteve em serviço especial na região colonial a Noroeste do Estado, reassumindo em 1º de maio, o comando do seu Batalhão. Transcorria o mês de agosto, passou a responder pelo comando da Brigada


até 20 de dezembro, quando foi exonerado pelo Gen Daltro Filho, Interventor Federal, quando no dia 31 passou à disposição da 3ª Região Militar. Em 1938, dia 12 de maio, foi denunciado pelo Ministério Público do Conselho de Justiça Militar Especial. Foi transferido para a reserva em 31 de maio, a pedido. Ao ser desligado da Brigada Militar, o Coronel Agenor Barcellos Feio teceulhe este louvor: “Cumpro o grato dever de agradecer-lhe em nome da Brigada Militar os inúmeros e irrelevantes serviços prestados à República e ao Estado, durante sua longa vida de atividade militar. É, pois, relembrando uma vida toda dedicada ao cumprimento do dever que faço votos pela felicidade deste oficial, que retorna ao recesso do lar”. Absolvido da acusação em fevereiro de 1939, no dia 23 foi posto em liberdade. O Cel Orestes esteve preso durante o processo no quartel do 3º Batalhão de Caçadores. Apesar dos esforços, não foi possível a este narrador conseguir os autos do processo a que respondeu, para maiores esclarecimentos. Apuramos que a causa de sua prisão e conseqüente processo, foi o de Ter permanecido ao lado do Governo do General Flores da Cunha, por ocasião do chamado Golpe de 1937, quando o Sr. Getúlio Vargas implantou o Estado Novo. Coronel Orestes Carneiro da Fontoura: - Pelos seus serviços prestados à República e ao Rio Grande, com lealdade, honestidade e amor; - Pelos seus elevados dotes pessoais e pelo amor e devotamento à causa pública e em particular à Brigada Militar que só foi engrandecida com a sua passagem pelas suas fileiras, é o senhor colocado no Ápice da Glória.


PATRONO DO 6ยบ B.P.M.

CORONEL JOSร RODRIGUES SOBRAL Cavalheiro e Diplomata.


Na sua bondade retratava a grandeza de sua alma sublime. No seu coração guardava todas as pessoas com afeição. Na sua sabedoria espargia os sentimentos de amor e fraternidade. O Coronel José Rodrigues Sobral foi um homem que na terra, pregava e seguia os imortais ensinamentos de Hiram. Sabia difundir a liberdade, a praticava, e por ela arriscaria tudo, em benefício da humanidade, porque conhecia a Acácia. Na sua esbeltez e no seu porte amado e venerado, quando paramentado com as dignidades e o colar milenares, a todos encantava e entusiasmava. Sabia ensinar virtudes porque conhecia profundamente as leis do Templo Sagrado. Quando sentado na Cadeira Salomônica da Sabedoria, seus olhos brilhantes, fitadores, profundos e amigos procuravam, na abóbada celeste do infinito, as estrelas cintilantes, na procura das mensagens eternas e então, de súbito, as irradiações da secular Sabedoria, eram por ele captadas e sua palavra repercutia na Câmara dos Homens Justos e Perfeitos, num doce eflúvio fraterno. Por ocasião em que pronunciava as palavras, quase letra por letra, os assistentes ficavam felizes e procuravam guardar os belos ensinamentos recebidos de nume alma. Escrevia e conhecia a expressão certa, empregando na sua linguagem de sábio, os nobres sentimentos de amor Universal. Ele foi o mais alto grau na escola da Confraria Mundial. “Meu filho, benemérito, se escreve assim: (dizendo sílaba após sílaba) bene-mé-ri-to (acentuando o é)”. Nunca este narrador o esquecerá: em seus ouvidos ainda está viva, apesar dos anos, a ternura daquela voz e jamais cairá no olvido a bondade daquele coração e a grandeza daquele Espírito Sublime. Pela afeição, pela sabedoria, pela bondade, pela honestidade e pelo valor, pela honra ímpar e pelo amor, pelos ensinamentos que deixou na terra, é o Coronel José Rodrigues Sobral colocado no Ápice da Glória, como o GRANDE BENEMÉRITO.


AJUDANTE DE ORDENS DE PINHEIRO MACHADO PATRONO DO 6ยบ B.P.M.

CORONEL CLAUDINO NUNES PEREIRA Realizador, valente. Comandante de muitas Brigadas.


É igual uma a outra, a vida dos bravos, dos heróis, dos abnegados, dos homens que também acalentavam n’alma, os sentimentos de ternura e amor. Eles na sua grandeza patriótica, nos elevados deveres de amor à Pátria... nos combates cruentos e no aconchego do lar... na vida enfim, também sentiram a dor no coração ao verem a Pátria partida pelo derramamento do sangue generoso de seus filhos. Eles, no seu íntimo, nunca desejaram que o exaltado ânimo político de uns e a paixão doente de outros, levassem ao campo da luta os irmãos de uma mesma Pátria. Eles, como todos no seu lar, também sentiram mãos inocentes, acariciantes e mornas. A eles, muitas e muitas vezes braços de pequeninos, abertos, vieram ao seu encontro, com olhos brilhantes de respeito, depositar na sua face um beijo que é perene e terno quando osculado com amor. Eles, os amigos e os inimigos, os que lutaram de um lado ou de outro, federalistas ou legais, maragatos ou chimangos, paulistas ou gaúchos, tinham na alma o ardor cívico e por seus ideais, no campo do combate, mediam forças bélicas e aguerridas. Eles, os brancos ou os vermelhos, estavam certos? Ninguém poderá dizer. Respeitamos os seus pensamentos. Esqueçamos o entrechocar das armas, o tiro dos mosquetões e as rajadas das metralhadoras. Aqueles homens de coração manso e de alma grande, nos entreveros viravam a um bravo soldado, a um lutador dos campos, a um demolidor de vidas. Estavam certos? Lamento, lamento do âmago da alma, a perda de vidas gloriosas e cheias de valor. Os homens de qualquer lado, amaram à Pátria ao seu modo de amar. As lutas foram mais por amor à Nacionalidade Brasileira do que por interesses pessoais. Homens que na guerra, eram lutadores arrojados e na paz foram abnegados cultores da caridade. Homens que irradiavam mensagens de luta e que oravam pela paz nos corações. Homens, como eles e entre eles, como Claudino Nunes Pereira, que combatiam com maestria na guerra e que na paz era devotado inteiramente à assistência às pessoas. Como entendê-los, como compreendê-los? Não sei. Apenas penso que nas lágrimas vertidas da dor dos ferimentos ou nas lágrimas derramadas de saudade, choravam a ausência dos seus amores inocentes. Descrever parte da vida de Claudino Nunes Pereira não é tarefa fácil. Não sei


por onde começar: se na vida do homem dos combates, ou na vida do homem que amava, que era fraterno e que respeitava as pessoas. Federalistas e Legais de 93; Chimangos e Maragatos de 23; Ornadas no quadro do amor, foram almas pintadas com lágrimas de ternura e ficaram emolduradas no retrato da vida, coberto com o manto da saudade. Claudino Nunes Pereira, nasceu em São Luiz Gonzaga no dia 6 de janeiro de 1872, sendo filho de Zeferino Jacinto Pereira e de Dona Alexandrina Nunes Pereira. Serviu as forças civis, no seu município de nascimento, sob o comando do Coronel Salvador Aires Pinheiro Machado, no período de outubro de 1891 a junho de 1892. Cessada a existência daquelas forças, retornou as suas atividades normais. Para a defesa da República que estava ameaçada, de fevereiro a junho de 1893, serviu na Divisão do Norte, na 4ª Brigada, como Ajudante de Ordens do Coronel Salvador Aires Pinheiro Machado. Em 20 de junho de 1893, ingressou na Brigada Militar como Alferes do 3º Batalhão de Infantaria, continuando como Ajudante de Ordens do Comandante da 4ª Brigada. Depois de Ter caminhado o interior do Estado, em vários pontos da fronteira, em setembro de 1893, estando próximo ao rio Ibicuí, rumou para o Passo Mariano Pinto, combateu as forças de Gumercindo Saraiva, choque que se prolongou de 25 a 30 de setembro daquele ano. Palmilhou a região da fronteira até o norte do Rio Grande do Sul, passando por Cruz Alta. Carazinho, Passo Fundo, Mato Castelhano e Campo do Meio, combatendo no Mato Português, dia 18 de outubro. Com a 4ª Brigada da Divisão do Norte, a 9 de novembro, passando o rio Pelotas, entrando no Estado de Santa Catarina, a 18 enfrentou as forças daquele chefe nas margens do rio Canoas. Depois de muito sacrifício e privações de toda ordem, rumando em direção a Curitibanos, tendo como objetivo a cidade de Itajaí, quando em 8 de dezembro participou do combate na pote do rio Canchanduva. Nos dias seguintes, 9 e 10, no encontro naquela cidade. Neste combate, as forças legais, por pressão do inimigo, auxiliado pela esquadra e a perseguição levada a efeito por poderosas tropas adversárias, a Divisão do Norte retornou para Curitibanos e, após muita necessidade, as mais rudimentares, regressou ao Rio Grande do Sul, transpondo, a 2 de fevereiro de 1894, o rio Uruguai, no Passo de Santa Vitória. Em de março, com a 4ª Brigada, tomou parte no tiroteio em Ribeirão Silveira


no interior de Vacaria. Imediatamente, transpôs o rio das Contas com destino ao estado catarinense. Em perseguição, combateu em Tijucas e na Picada da Serra do Oratório. Retornando ao Estado do Rio Grande, dia 1º de maio, partiu para Júlio de Castilhos, a fim de guarnecer com um piquete esta localidade, seguindo no mesmo dia para o Rincão do Padilha, coadjuvando uma força civil para bater grupos rebeldes. Acompanhando o Comandante da 4ª Brigada, Senador Pinheiro Machado, se deslocou para São Luiz Gonzaga. Posteriormente, reuniu-se à Divisão do Norte, perto de Passo Fundo, quando em 27 de junho tomou parte na batalha dos Calinhos ou de Passo Fundo, ação que foi muito violenta, na qual foram feridos o General Francisco Rodrigues de Lima, Comandante da Divisão e o Coronel Firmino de Paula, Comandante de uma das Brigadas que a integravam. A 1º de julho, com a vanguarda da Divisão do Norte, seguiu de Passo Fundo para Cruz Alta, em marcha forçada, auxiliando no transporte dos feridos naquele combate. Dia 23 daquele mês, foi desligado da referida Divisão, reunindo-se a 25, à 4ª Brigada das Forças Expedicionárias em Tupanciretã. Foi exonerado, a pedido, em 25 de agosto de 1894, das funções de Ajudante de Ordens do Comando da 4ª Brigada da Divisão do Norte, recolhendo-se ao 3º Batalhão de Infantaria da Brigada Militar. Fazendo parte de uma coluna expedicionária constituída do 3º B.I. e do 1º Regimento de Cavalarias da Reserva, marchou para a Serra do Caverá, tomando parte na escaramuça de 21 de outubro, próximo ao Vacaquá, e no combate de 22, no Passo da Picada. Participou, em 13 de abril de 1895, no combate do rio Santa Maria-Chico. Promovido ao posto de Tenente, em 12 de dezembro de 1896, a 13 de novembro de 1897, ao de Capitão. Pouco tempo depois, em abril de 1901, foi promovido a Major para fiscal do 3º B.I. Desempenhou as funções de Quartel Mestre Geral da Brigada Militar, em janeiro de 1908. Em virtude de sua promoção ao posto de Tenente-Coronel, em 23 de agosto de 1913 e nomeado par ao comando do 1º Regimento de Cavalaria em Santa Maria, ao desligá-lo do Estado-Maior, foi louvado pelo comando “pela inteligência, zelo e solicitude com que se conduziu no cumprimento de seus deveres, revelando competência não vulgar e dando irregistráveis provas de seu devotamento ao serviço”. Em conseqüência do movimento sedicioso que irrompera na região do


Contestado (disputa de território pelos Estados de Santa Catarina e Paraná), por determinação do Governo do Estado, em outubro de 1914, com o 1º Regimento de Cavalaria, foi incorporado à Coluna Expedicionária, sob o comando do Coronel Affonso Emílio Massot que para a divisa do Rio Grande com Santa Catarina, marchou. Cessada a necessidade de permanência da Coluna, naquela missão, regressou a Porto Alegre, aqui chegando em 21 de abril de 1915. Pela sua atuação mereceu louvores do Comando Geral “pelos bons serviços que, com inteligência, solicitude e atividade, prestou”. Ainda quando era Alferes, o Governo da República, concedeu-lhe as honras de Tenente do Exército Brasileiro, pelos relevantes serviços prestados à República, conforme Decreto de 22 de outubro de 1894. Exerceu o cargo de Intendente (Prefeito) provisório da cidade de Santa Maria em 1918. Deixando este cargo a 9 de agosto de 1920, passou a exercer idêntica função, no município de Uruguaiana e a 26 de novembro do mesmo ano deixou a Intendência de Uruguaiana, assumindo a de Jaguarão até janeiro de 1923. Reassumindo o comando do 1º Regimento, esteve em operações de campanha, na região serrana, de janeiro a março de 1923, regressando a Santa Maria. No mês de abril, foi comissionado no posto de Coronel e nomeado Comandante da 2ª Brigada Provisória do Oeste, seguindo com sua Brigada para a fronteira do Estado em operações de guerra. No dia 29 de abril de 1923, estando acampado na Fazenda da Serra, também conhecida como Estância da Serra, no Caverá, foi a 2ª Brigada atacada por poderosa força revolucionária superior ao dobro do efetivo da Brigada. As forças atacantes estavam sob o comando do General Honório Lemes. Travado o combate, se prolongou até a noite de 30, prosseguindo no dia seguinte até a tarde, quando cessou, com a retirada dos rebeldes que foram repelidos. Com referência a esse combate, Antero Marques, em seu livro Mensagem a Poucos (p. 103 a 121), retrata com brilhantismo, do lado Maragato, os lances dos valentes. Afirma ele, que foi um dos participantes da coluna do Leão do Caverá, que o Coronel Claudino com a 2ª Brigada do Oeste, foram cercados pelas tropas Libertadoras. Em certa altura (p. 117, final), afirma que “o cerco foi mantido. Disseram, depois, que à noite do 3º dia, Honório mandara abrir uma porteira para deixá-los escapar”. Anos depois, esclarece Antero Marques (p. 118), em 1932, palestrando com o Cel Claudino que, perguntado, respondeu: “vocês me trouxeram mal aquela


vez...”, referindo-se ao choque na Estância da Serra. Por esse desencontro, não poderá o narrador esclarecer, se foram vencedores os Libertadores ou a 2ª Brigada do Oeste, no encontro da Estância da Serra. No Passo do Ferreira, no Santa Maria-Chico, a 15 de maio, mais ou menos às 14:00h, a vanguarda da 2ª Brigada atacou e travou combate contra a Coluna Revolucionária de Estácio Azambuja, Zeca Neto, Honório Lemes e outros, podendo afirmar-se ter sido o mais forte combate que teve lugar na Revolução de 1923. Dias após aquele combate, o Coronel Claudino ficou enfermo, deixando o comando da 2ª Brigada, seguindo para Bagé, a fim de submeter-se a tratamento médico. A 20 de junho foi exonerado, a pedido, do Comando da 2ª Brigada do Oeste, sendo nomeado para substituí-lo, o Tenente-Coronel José Antônio Flores da Cunha, comissionado no posto de Coronel. O Presidente do Estado, Dr. Borges de Medeiros, ao dispensar o Cel Claudino do comando da 2ª Brigada, teceu as seguintes referências: “é louvado pelos bons serviços prestados na repressão do movimento subversivo, quer no comando do 1º Regimento, quer depois, no da aludida Brigada, merecendo especial referência a elevada correção militar, competência e valor sempre demonstrados em todas as operações que dirigiu ou que tomou parte”. Em 7 de junho de 1923, foi comissionado no posto de Coronel da Brigada Militar, e a 8 de agosto era nomeado para o comando da 5ª Brigada Provisória do Centro, função que assumiu na cidade de Cachoeira. A 18 do mesmo mês, deslocou-se com a sua Brigada com destino aos municípios de São Sepé, Caçapava e Lavras, onde se achavam os revolucionários, sob o comando de Estácio Azambuja que foram atacados na manhã de 27, e em posterior perseguição, os combateu nas proximidades da Fazenda Boa Vista, no dia 2 de setembro. Em tenaz perseguição às Hostes Maragatas, a 6, as combateu no Passo da Juliana, no arroio São Sepé; a 13, no passo de São Domingos; a 2 de outubro. Nas Guaritas (Caçapava); a 4, nas proximidades do Seival; a 16, atacou um grupo de revolucionários perto da Serra do Aceguá, quando a 18, atacou novamente, nos potreiros de Ana Corrêa, forçando-os a internarem na República do Uruguai. Feia a pacificação no Estado, recolheu-se com seu Estado-Maior para a cidade de Cachoeira, viajando depois para Santa Maria, São Gabriel, Lavras da Caçapava, dissolvendo os corpos que constituíam a 5ª Brigada. Executada a missão, retornou para Santa Maria, em 12 de janeiro de 1924, assumindo o comando do 1º Regimento de Cavalaria.


Com a rebelião de 5 de junho de 1924, em São Paulo e depois do embarque do Grupo de Batalhões da Brigada Militar, o governo do Estado desejando estar em condições de atender a qualquer pedido de mais tropas, determinou ao 1º Regimento, sob o comando do Cel Claudino que estivesse em condições para marchar. Posteriormente, determinou o deslocamento daquele Regimento para a cidade de Rio Grande, o que foi feito a 27 do mês de junho, regressando poucos dias depois para Santa Maria. Com a irradiação para o Estado do Rio Grande do Sul, do levante paulista, a 30 de outubro de 1924, seguiu o Cel Claudino com o seu Regimento para a fronteira, recebendo a missão de organizar uma Brigada de Cavalaria de forças estaduais, assumindo o seu comando. Partindo das imediações de Alegrete, em busca dos revolucionários, foi encontrá-los sob o comando do General Honório Lemes, dia 5 de novembro de 1924, perto da Estação de Guaçu-Boi. Fazia parte da força de Honório, o 5º Regimento de Cavalaria Independente que se revoltara em Uruguaiana. Conduziam abundante material de guerra, viaturas e medicamentos. A impetuosidade do ataque foi tão violento e rápido que, em pouco tempo, a força rebelde abandonava o local, deixando o seu trem no campo da ação. Dissolvida a Brigada de Cavalaria, reassumiu o comando do 1º Regimento em Santa Maria. Incorporado com seu Regimento ao Destacamento do Coronel Francelino César de Vasconcelos, a 21 de dezembro de 1924, depois de várias missões, foi desligado dia 3 de janeiro de 1925, merecendo referências elogiosas pela brilhante ação e o bom desempenho as missões realizadas. Tendo passado a servir no Destacamento do Coronel Atalíbio de Rezende, foi desligado em 28 de fevereiro do mesmo ano merecendo novamente os maiores louvores. No dia 3 de janeiro de 1925, eram os revolucionários batidos no combate da Ramada (Palmeira), e em posteriores encontros e sob a pressão das tropas legais, na região serrana, os homens que obedeciam ao comando de Luiz Carlos Prestes, internaram-se no Estado de Santa Catarina, procurando atingir a fronteira. Para persegui-los, o comando da 3ª Região Militar determina que se constituísse um destacamento integrado pelo 1º Regimento de Cavalaria e vários corpos auxiliares, sob o comando do Coronel Claudino. Constituído o destacamento, a 3 de março daquele ano, atravessou o rio Uruguai e entrou em território de Santa Catarina, rumo ao Barracão, seguindo nas pegadas dos rebeldes, indo alcançá-los, dia 23, em Burro Morto, e a 24 em Maria Preta, dando-lhes combate. O General Eurico de Andrade Neves, Comandante da 3ª Região Militar,


agradecendo ao Cel Claudino os relevantes serviços prestados, assim se manifesta: “por ter sido saliente, como verdadeiro servidor da Pátria, que se distinguiu pelo seu devotamento e bravura, virtudes de que deu sobejas provas... sendo credor de seus compatriotas pelos sacrifícios que fez e pelos inestimáveis serviços que prestou à República”. Com a morte do Coronel Affonso Emílio Massot, o Governo do Estado, por ato de 22 de outubro de 1925, promoveu o posto de Coronel e nomeou Comandante-Geral da Brigada Militar, o Coronel Claudino. Poucos dias após ter assumido o comando da Brigada Militar, já em 29 do mesmo mês, em comissão especial do Governo do Estado, partiu para as Repúblicas do Uruguai e Argentina, com o fim de promover o regresso ao Rio Grande de elevado número de patrícios que, se tendo envolvido no fracassado movimento revolucionário, haviam buscado refúgio naqueles países. O seu Comando Geral foi repleto de realizações que ainda hoje se fazem sentir. Foi um homem devotado ao bem comum. Gostava de servir e era de uma educação que a todos cativava. Sabia fazer amigos. Com o advento da revolução de 1932, na capital de São Paulo, o Coronel Claudino divergiu, desde logo, da orientação política adotada pelo Interventor Federal – Dr. José Antônio Flores da Cunha. Decidiu, então afastar-se do comando da Brigada Militar. Dia 9 de setembro de 1932, era transferido para a reserva, a pedido, ocasião em que o General Flores da Cunha agradeceu-lhe os relevantes serviços prestados ao Estado e ao Brasil. O Coronel Claudino faleceu em Porto Alegre, no dia 17 de julho de 1945, às 10:00h, no Hospital São Francisco. Seu óbito foi declarado pelo sr. João Alberto Dahne. Forneceu o atestado de seu óbito o Dr. Elyseu Paglioli que deu como causa mortis Caquexia – Câncer da Próstata. Por ocasião de seu falecimento contava com 73 anos, 6 meses e 11 dias de idade e residia na Rua 24 de outubro, n.º 642. Foi sepultado no Cemitério da Santa Casa (Termo 45.113, Livro C 59, fls. 167v, do Cartório da 4ª desta Capital). O Coronel Claudino é colocado no Ápice da Glória pelos seus elevados dotes pessoais, porque foi arrojado e dotado de um espírito de sacrifício aliado ao coração que também sabia amar como amou.


ÚLTIMA PÁGINA SOLDADO DA BRIGADA MILITAR Serás capaz de tomar uma posição de sentido, em reverência, em respeito ao teu velho quando por ti passar já com os cabelos brancos e o rosto enrugado e te lançar um olhar de saudade? Serás capaz de amar o teu passado, o teu glorioso passado? Sabes muito bem, que o teu passado são os velhos servidores e serás capaz de levantar da tua cadeira, quando de ti aproximar-se o teu velho? Se não amares ao teu pai e a tua mãe, não existe razão para viveres. Se não amares a tua Corporação, os seus feitos, as suas glórias, os seus homens, os Lupi, os Aparício, os Emerenciano, os Ângelo de Mello, os Januário Correia, os Massot e os soldados desconhecidos das fileiras heróicas da Brigada Militar, não terás razão de viver, passarás apenas pela vida. Se fores um homem honesto que é o dever de todos os componentes da Brigada Militar, e se cultuares os teus antepassados, serás sim, um digno representante da Brigada Militar de todos os tempos. Se cumprires o teu dever que é a honestidade, a honra, a lealdade, o sacrifício e o amor à Pátria, serás um dia lembrado e alguém colocará teu nome no Ápice da Glória. Olha o passado daqueles homens e, nos momentos da incerteza e da dor, encontrarás naqueles personagens, o ânimo para a luta, o incentivo para a vida e a coragem para a morte e, num dia lindo ou numa noite escura, caminharás ao encontro deles e quem sabe, poderás com eles morar eternamente no Ápice da Glória.


BIBLIOGRAFIA PEREIRA, Miguel. Esboço Histórico da Brigada Militar. V I. RIBEIRO, Aldo Ladeira. Esboço Histórico da Brigada Militar. V II. MARQUES, Antero. Mensagem a Poucos. ARQUIVO DA BRIGADA MILITAR, Documentos dos biografados.

ESCLARECIMENTOS Apesar do esforço, buscas e pedidos, não nos foi possível conseguir elementos para a biografia de muitos que, por justiça, direito e saudade, deveriam figurar neste volume. Citaremos, entre outros, os Coronéis Venâncio Batista, Camilo Diogo Duarte, Camilo de Moraes Dias. As biografias assinaladas com asterisco (*) foram pesquisadas pelo Cel Aldo Ladeira Ribeiro, e que fariam parte do seu livro Os Velhos Brigadianos que não chegou a ser escrito. O nosso trabalho foi o de encimá-las com título, dando-lhes uma introdução, um encerramento, acrescendo ou omitindo fatos ou palavras e incluí-las no Ápice da Glória, com permissão de Dona Cantalice Torres Ribeiro.


AGRADECIMENTO Ao autor de NO ÀPICE DA GLÓRIA – HERÓIS DA BRIGADA MILITAR, a minha gratidão por trazer presente à luz, o nome de meu pai – Coronel Affonso Emílio Massot – Patrono da Brigada Militar – e outros que figuram neste livro e que foram os alicerces da Corporação. Brigada que meu pai amou com orgulho! Espero que o autor deste livro, no futuro, traga à vida a existência de outros bravos e denodados homens da Legendária Corporação. No turbilhão da vida, o canto mais lindo é o da voz distante que se ouve ao longe. E os heróis que, aparentemente distantes, estão presentes diante daqueles que lerão as passagens de sua vida gloriosa e, por emanação perene da ausência, revivem nas páginas de NO ÁPICE DA GLÓRIA. Eleonora Alencastro Massot

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