Atoleiros Nº 30

Page 1



EDITORIAL

divisam os olhos azuis no meio de uma exuberante mescla de tonalidades castanhas, verdes e negras, totalmente acachapada no terreno, vigia, incansável e resolutamente, por entre a vegetação, com a sua espingarda automática apontada na direção do obstáculo que barra o eixo de progressão das supostas forças agressoras…

Enquanto realinho as ideias e tento debitar no papel umas linhas que hão-de concertar-se num texto conexo e coerente, merecedor de figurar no editorial deste número de “Atoleiros”, aflora-me à memória um instantâneo, muito sugestivo, captado por um dos fotógrafos inseridos no exercício de Alta Visibilidade da NATO, TRIDENT JUNCTURE 15, ocorrido aqui em Santa Margarida, em outubro e novembro passados. Mostra um Soldado da Infantaria Mecanizada, de rosto seco e fatigado sob o capacete, os tons da camuflagem facial já algo esbatidos e barba de alguns dias, acentuando a aparência de sujidade e desalinho, apontando algures à sua frente e a olhar para trás com os olhos arregalados e a boca entreaberta, parecendo alertar energicamente os restantes camaradas da aproximação de algo, ou alguém, por quem estão há vários dias aguardando, justamente ali, naquelas posições preparadas: “Aí vêm eles!!!” Numa outra foto, uma Sapadora de Engenharia, de que apenas se

Sendo apenas mais um exercício, estes recortes ilustram, todavia, o singular espírito que é cultivado, moldado e temperado no seio desta Grande Unidade o qual nos deixa impressionados e obviamente orgulhosos por fazermos parte deste escol. Os militares do agrupamento mecanizado que participava como força opositora, naquela ocasião e naquele exercício, por forma a conferir maior vivacidade e realismo e a exercitar a audiência primária de treino, a Brigada Multinacional canadiana, nem por sombras soçobraram perante a fadiga, a incomodidade e os caprichos da meteorologia, nem por um momento descuraram as suas técnicas, táticas e procedimentos e nem sequer diminuíram o seu grau de exigência e abrandaram o seu ritmo de batalha, de tal forma decididos estavam, a não facilitar a vida às forças azuis!!! O TRIDENT JUNCTURE 15, o maior exercício levado a efeito pela Aliança Atlântica na última década, atestou, inequivocamente, a aptidão da Brigada Mecanizada para acolher e apoiar a realização de exercícios LIVEX multinacionais de dimensão apreciável e potenciou

1

as capacidades ímpares do Campo Militar de Santa Margarida, reafirmando-o como uma das áreas privilegiadas de treino conjunto e combinado e de execução de fogos reais do Exército. Além desse evento, a Brigada protagonizou, no último ano, uma atividade verdadeiramente notável, que se saldou pelo cumprimento escrupuloso e integral de todos os objetivos estabelecidos, de antemão, pelo escalão superior. Relevo as seguintes:  A certificação do Comando e EM do QG BrigMec e a declaração de capacidade operacional plena do GCC, no exercício ORION 2015;  O aprontamento, projeção e sustentação do 2.º BIMec/KFOR no teatro de operações (TO) do Kosovo;  A manutenção de assessores (02 Oficiais e 01 Sargento), no quadro do Projeto N.º 4 de Cooperação Técnico-Militar (CTM) com Timor-Leste;  O apoio e participação nos exercícios da Força Aérea, REAL THAW 15 e EATT 15;  O planeamento e condução do exercício tático e de fogos reais de Artilharia EFICÁCIA 15 e a participação da BtrAAA nos fogos reais RELÂMPAGO 15;  Os vários exercícios setoriais e sessões de tiro realizados pelas Unidades da BrigMec;  Os apoios à Academia Militar, Escola das Armas e Escola de Sargentos do Exército, assim como os estágios em contexto operacional ministrados aos Tirocínios Para Oficial e aos


Cursos de Formação de Sargentos, do QP;  As várias ações de formação de especialidades, promovidas pelos Polos de Formação da BrigMec;  A execução de trabalhos de Engenharia em apoio do ICNF, no domínio do plano FAUNOS 15, bem como a realização de tarefas decorrentes da ativação dos planos LIRA 15 e CHAMA 15, em apoio da ANPC; e, por fim,  O destacamento sucessivo de 01 Pelotão do 1.º BIMec, do GAC e do ERec para o RI 1, em Tavira, durante 03 meses, para treino e execução de missões de vigilância e prevenção de incêndios, nas serras algarvias. Com efeito, apraz-me registar e enaltecer a excecional conduta dos militares e civis da Brigada Mecanizada que, não obstante as atuais circunstâncias de exiguidade de recursos e encarando a missão e tarefas com pertinaz determinação, inexcedível generosidade e inquebrantável sentido do dever, profundamente emulados do espírito e da vontade dos respetivos Comandantes, ousaram ajuntar mais uma honrosa página ao já considerável e valioso acervo em que se funda a gloriosa história, a essência e o ethos desta Grande Unidade! Para o ano em curso, outros relevantes desafios se perfilam no horizonte:  O aprontamento e certificação de 01 Agrupamento Mecanizado, no exercício ORION 2016, com vista à sua atribuição, no 2.º semestre, às European Union Land Rapid Response Forces (EU LRR);

 A organização e aprontamento de um contingente de formadores, atenta a sua ulterior projeção para o TO do Iraque;  A organização e aprontamento de 01 unidade de escalão batalhão, prevendo-se a sua projeção para o TO do Kosovo, no 1.º trimestre de 2017;  O planeamento, organização, coordenação e realização de 03 Cursos de Promoção a Cabo do Contingente Normal, com um efetivo da ordem de 500 militares cada; e  A continuação do apoio e a provisão dos recursos humanos ao projeto de CTM com TimorLeste. De facto, os tempos não estão fáceis e as missões e tarefas cometidas à Brigada não diminuem, antes pelo contrário! Mas, em vez de nos lamentarmos, tal deverá, sobretudo, ser entendido como um revigorante para as nossas almas, um claro sinal de que o escalão superior e o Comando do Exército continuam a depositar confiança em nós e nas nossas capacidades e que a Brigada Mecanizada permanece como uma Unidade relevante no seio da Componente Operacional Terrestre do Sistema de Forças Nacional, pronta para “o que der e vier”, constituindo a ferramenta essencial e decisiva, acondicionada no “saco das ferramentas”, disponível quando a sua utilização for tida por mais conveniente. Na parte que me toca e pelo que tenho experimentado, reafirmo a minha tranquilidade, convicto de que a Brigada prossegue firme e inexoravelmente o seu caminho, imune à adversidade e ao mau traçado de alguns troços com que se vai deparando, ao longo da sua

2

jornada… Se bem que em contextos distintos, posso seguramente afirmar que o formidável desempenho do Soldado da Brigada Mecanizada, como o presenciado no TRIDENT JUNCTURE 15 e nos diversos TO em que têm participado ao longo dos anos, em nada deslustra a postura dos heróicos Portugueses que, a 06 de abril, há 632 anos, em Atoleiros, sob o comando do carismático e genial Fronteiro-Mor do Alentejo, D. Nuno Álvares Pereira, humilharam e puseram em debandada a fina flor da hoste castelhana! FEITOS FARÃO TÃO DIGNOS DE MEMÓRIA! Comandante da Brigada Mecanizada Luís Nunes da Fonseca Major-General


FIGURAS & FACTOS 16 CAPACIDADE BLINDADA LEOPARD 2 A6 Full Operational Capability. O princípio do Futuro

38 APOIO À MOBILIDADE DA BRIGADA MECANIZADA NOVAS CAPACIDADES Pelo Major Cordeiro Comandante da CEngCombPes

44 O TREINO OPERACIONAL DE UM PELOTÃO DE CARROS DE COMBATE LEOPARD 2 A6 Da sua edificação ao exercício “Trident Juncture” 2015

Destacável TRIDENT JUNCTURE 2015 “…O Trident Juncture 15” foi o maior exercício da Aliança Atlântica da última década


Conteúdos

6

Missão Kosovo

Testemunho do Comandante do 2BIMec durante a preparação da Unidade no ano de 2013 e 2014, bem como os exercícios efetuados no Teatro de Operações do Kosovo

8

Jornadas de Comando e Liderança na Componente Terrestre das F-FDTL

16

Capacidade Blindada Leopard 2 A6 A II Parte de um artigo que retrata a preparação do Grupo de Carros de Combate para a Full Operational Capability atingida aquando do exercício ORION15

23

Certificação de um EstadoMaior. Um possível Caminho Artigo sobre o caminho do Comando da Brigada Mecanizada para a certificação como Comando de Brigada FrameWork

“…No entanto ser um líder é mais do que simplesmente dar indicações de tarefas para executar, é saber também como dar essas indicações…”

6 | Brigada Mecanizada

Apoio à mobilidade da Brigada Mecanizada O projeto “Engenharia de Combate das Forças Pesadas”, visando dotar a Companhia de Engenharia de Combate Pesada com equipamentos que permitam incrementar a proteção e sobrevivência da Brigada Mecanizada

41

Exercício “Relâmpago 15” Experiência na primeira pessoa “…Um excelente exercício, tanto para praticar como para aplicar todos os ensinamentos adquiridos…”

11

Conceito de Treino Operacional na BrigMec Incide na explanação do conceito de Treino Operacional vigente na Brigada Mecanizada (BrigMec). A escolha do tema recai na vontade de partilhar o como e o porquê da abordagem seguida nesta Grande Unidade, bem como analisar algumas das variações à doutrina da Aliança Atlântica para o Planeamento de Exercícios.

38

32

Aplicação da Doutrina no Treino Operacional experiencia na primeira pessoa “…A Artilharia de Campanha tem como Missão Geral assegurar apoio de fogos contínuo e oportuno ao Comandante da força e integrar todo o apoio de fogos nas operações da força…”

44

O treino operacional de um Pelotão de Carros de Combate Leopard 2 A6 “…O Grupo de Carros de Combate, sendo uma unidade operacional da Brigada Mecanizada, pauta por manter permanentemente a sua prontidão para o combate…”

Página 4 de 96


52 52 As Unidades de

Diretor MGen Luís Diretor Nunes da Fonseca Cmdt Brigada Mecanizada MGen Luís Nunes da Fonseca Cmdt Brigada Mecanizada Editor Chefe Cor TirEditor Inf Mendes ChefeFerrão 2Cmdt Brigada Mecanizada Cor Tir Inf Mendes Ferrão

reconhecimento As Unidades de de lagartas. O Esquadrão reconhecimento de de Reconhecimento da de lagartas. O Esquadrão Brigada Mecanizada Reconhecimento da Identificar a pertinência do Brigada Mecanizada Esquadrão Identificar adepertinência do Reconhecimento da Brigada Esquadrão de Mecanizada no sistema de Reconhecimento da Brigada forças Mecanizada no sistema de nacional. forças nacional.

2Cmdt Brigada Mecanizada Edição TCor InfEdição Luís Calmeiro CEM Brigada TCor Inf LuísMecanizada Calmeiro

CEM Brigada Mecanizada Design e Execução Gráfica Maj AdMil Silva Tavares Design e Execução Gráfica Chefe G9 Brigada Maj AdMil SilvaMecanizada Tavares Chefe G9 Brigada Mecanizada Impressão e Acabamento TPM – Tipografia Papelaria Impressão e Acabamento Marques, Lda TPM – Tipografia Papelaria Rua Direita nº Marques, Lda23 2140-665 Carregueira Rua Direita nº 23 2140-665 Carregueira Propriedade Brigada Mecanizada Propriedade Campo Militar de Santa Brigada Mecanizada CampoMargarida Militar de Santa 2250-350 Constância Margarida Tiragem 300 exemplares 2250-350 Constância Depósito 135479/99 TiragemLegal 300 nº exemplares Preço nº 5,00€ Depósito Legal nº 135479/99

Preço nº 5,00€ Capa: Campo Militar com a sua Carreira de Militar Tiro durante Capa: Campo com a o Exercício ORION15 sua Carreira de Tiro durante o Execução SAj Mat José Matos Exercício ORION15

Para mais informações visite a página da Brigada Mecanizada Para mais informações visite a no Portal do Exército página da Brigada Mecanizada Português em: no Portal do Exército www.exercito.pt Português em: www.exercito.pt

71 71 Atividades da Brigada

Mecanizadada Brigada Atividades O ano de 2015 foi um ano Mecanizada repleto atividade O ano dede2015 foi um ano operacional na Brigada repleto de atividade Mecanizada.na Contudo operacional Brigada outras atividades marcaram Mecanizada. Contudo presença nesta Unidade. outras atividades marcaram Resumo das atividades presença nesta Unidade. desportivas, Resumo das atividades missões de desportivas, apoio á de missões comunidade apoio á civil e outras. comunidade civil e outras.

Destacável Destacável Exercício Trident Juncture

2015 Exercício Trident Juncture “…O Trident Juncture 15” 2015 foi maior exercício “…Oo Trident Junctureda 15” Aliança Atlântica da última foi o maior exercício da década.Atlântica Mais de 36.000 Aliança da última soldados provenientes década. Mais de 36.000de 37 países provenientes concentraram-se soldados de sobretudo em Portugal…” 37 países concentraram-se sobretudo em Portugal…”

61 61 Implicações do Conceito de

Modularidade Forma de Implicações dona Conceito Conduzir a Sustentação Modularidade na Forma de Implicações do Conceito de Conduzir a Sustentação Modularidade Forma de Implicações dona Conceito Conduzir a Sustentação Modularidade na Forma de Logística do Exército – O Conduzir a Sustentação Caso do Batalhão de Apoio Logística do Exército –O de Serviços Caso do Batalhão de Apoio Com este artigo pretendede Serviços se analisar a forma como o Com este artigo pretendeExército incorporou o se analisar a forma como o conceitoincorporou da modularidade Exército o na construção das suas conceito da modularidade forças, com especial na construção das suas enfoquecom nasespecial afetas ao apoio forças, logístico. enfoque nas afetas ao apoio logístico.

86 86 Valores e Virtudes Militares

Valores e Virtudes Militares “…O intento desta missiva tem em primeira instância “…O intento desta missiva falar-vos de virtudes e tem em primeira instância valores militares, o tale falar-vos de virtudes cimento, que não osendo valores militares, tal um exclusivo que da instituição cimento, não sendo um militar, são nós exclusivo dapor instituição sublimados na fórmula de militar, são por nós um juramento honra,dee sublimados na de fórmula constituem a nossa razãoede um juramento de honra, existir e de ser…” constituem a nossa razão de existir e de ser…”

Página 5 de 96 Página 5 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 7


individual em detrimento do coletivo.

Parte ParteI  –  I –Missões Missõesno noExterior Exterior

Parte I – Missões no Exterior

Respeito, pelo camarada do lado e pela unidade a que pertencem. Esse valor fundamental de qualquer sociedade foi por vós manifestado em todas as situações, fossem estas de caráter operacional, de âmbito humanitário ou simplesmente de lazer.

Missão – Kosovo Missã o – Kosovo Testemúnho do Comãndãnte Testemúnho do Comãndãnte Missão – Kosovo Testemúnho do Comãndãnte Parte I – Missões no Exterior

Terminámos a nossa missão no Kosovo. Este foi o culminar de um processo iniciado em finais Terminámos a nossa missão Este de 2013 com um ciclo de treino de no altaKosovo. intensidade foi culminarque de um processo por iniciado finais do o Batalhão, se estendeu 2014,em ano em de com um ciclo de treino de altacabeça intensidade que2013nos constituímos como de Terminámos a nossa missão no Kosovo. Este do Batalhão, que estendeuMecanizada. por 2014, ano em Agrupamento da seBrigada Neste foi dedesenvolvidas um processo iniciado em finais queo culminar nosforam constituímos como cabeça dee período competências de 2013 com um ciclo de treino de alta intensidade Agrupamento da Brigada Mecanizada. Neste adquirida maturidade que foram o alicerce para o do Batalhão, quedesenvolvidas sedurante estendeuo por 2014, ano em período foram competências e bom desempenho aprontamento que nos constituímos como cabeça de adquirida maturidade que foram o alicerce para o posteriormente na missão que desempenhámos Agrupamento Brigada Mecanizada. Nestee bom desempenho durante todo o aprontamento neste Teatro. daDurante este tempo período foram desenvolvidas competências posteriormente na missão quevalores desempenhámos mantivemos sempre presente intrínsecose adquirida maturidade que foram o alicerce para o neste Durante todo fundamentais este tempo ao nossoTeatro. Batalhão, que considero bom ovalores aprontamento mantivemos sempredurante presente intrínsecos para odesempenho cumprimento com sucesso da nossa missãoe posteriormente na missão que desempenhámos ao nosso neste país.Batalhão, que considero fundamentais neste Teatro. Durante todo da este tempo para o cumprimento com sucesso nossa missão Serenidade, em todos os escalões, desde o mantivemos sempre presente valores intrínsecos neste país. planeamento até que à execução das tarefas ao nosso Batalhão, considero fundamentais Serenidade, em com todos os escalões, oe atribuídas. Sempre constatei tranquilidade para o cumprimento sucesso da nossadesde missão planeamento execução em das qualquer tarefas sobriedade vossoàdesempenho neste país. no até atribuídas. Sempre constatei sinal tranquilidade e missão que vos fosse atribuída, claro de que Serenidade, em todos os escalões, desde o sobriedade no vosso desempenho em qualquer ereis uma tropa bem preparada e conhecedora do planeamento execução missão que vos até fosse àatribuída, sinal das claro tarefas de que vosso ofício. atribuídas. Sempre constatei etranquilidade ereis uma tropa bem preparada conhecedora doe Trabalho de equipa, na forma como sobriedade no vosso desempenho em qualquer vosso ofício. executaram as fosse vossasatribuída, tarefas, sinal fazendo missão que vos clarosempre de que na forma como de parteTrabalho de um parte integrante da nossa ereis uma tropagrupo, bem equipa, preparada e conhecedora do executaram as vossas tarefas,defazendo sempre unidade, resistindo à tentação sobrevalorizar o vosso ofício. parte de um grupo, parte individual em detrimento do integrante coletivo. da nossa Trabalho de à equipa, na sobrevalorizar forma como unidade, resistindo tentação de o Respeito, pelo camarada do e pela executaram as vossas tarefas, fazendo individual em detrimento do coletivo.lado sempre unidade que pertencem. valor fundamental parte dea um grupo, parteEsse integrante da nossa Respeito, peloà tentação camarada lado e pela de qualquer sociedade foi por vós manifestado em unidade, resistindo dedo sobrevalorizar o unidade que pertencem. Esse valor todas asa em situações, fossem estas fundamental de caráter individual detrimento do coletivo. de qualquer sociedade foi por vós manifestado em operacional, de âmbito humanitário ou Respeito, pelo camarada do lado e pela todas as situações, simplesmente de lazer.fossem estas de caráter unidade a que pertencem. Esse valor fundamental operacional, de âmbito humanitário ou Espírito de Sacrifício de cada um de vós, em de qualquer sociedade foi por vós manifestado simplesmente de lazer. que inúmeras vezes puseram bem dadeunidade todas as situações, fossemo estas caráterà Espírito de de Sacrifício de cada umsem de vós, frente do vosso próprio benefício, estarem operacional, âmbito humanitário ouà que inúmeras vezes puseram o bem da unidade espera de recompensas ou do reconhecimento deà simplesmente de lazer. frente vossoestes, próprio benefício, sem estar outrem.doForam entre outros valores, queà Espírito Sacrifícioou de cada um de vós,quer em espera de recompensas dovosso reconhecimento de garantiram ade excelência do trabalho, que inúmeras vezes puseram o bem da unidade outrem. Foram estes, quer entrenooutros valores, queà em território nacional, Kosovo. frente do vosso próprio do benefício, sem estar garantiram a excelência vosso trabalho, querà espera de recompensas ou do reconhecimento de em território nacional, quer no Kosovo. Foram estes, entre outros valores, que 8 |outrem. Brigada Mecanizada garantiram a excelência do vosso trabalho, quer em território nacional, quer no Kosovo.

Espírito de Sacrifício de cada um de vós, em que inúmeras vezes puseram o bem da unidade à Inf Carlos frente do vosso próprio TCor benefício, semMacieira estar à Cmdt 2BIMec Chegados ao final e ou sobdo a forma de reflexãode e espera de recompensas reconhecimento balanço, gostariaestes, de relembrar apenas alguns que dos outrem. Foram entre outros valores, Chegados ao final sob forma de reflexão muitos momentos queemarcaram indelevelmente garantiram a excelência do avosso trabalho, quere balanço, gostaria de relembrar apenas alguns dos aem nossa presença neste Teatro Operações. território nacional, quer node Kosovo. muitos momentos que marcaram indelevelmente Começo pelo nosso exercício dedecertificação Chegados ao neste final eTeatro sob a forma reflexão e a nossa presença de Operações. “FOX IV”, que realizámos noapenas início alguns da nossa balanço, gostaria de relembrar dos Começo pelo nosso exercíciocom de certificação missão, em meados de marcaram Outubro, a presença muitos momentos que indelevelmente “FOX IV”, que realizámos node início da nossa Comando da KFOR de diversos comandantes adonossa presença nesteeTeatro Operações. missão, em unidades. meados de Considero Outubro, com de outras estea presença exercício Começo nosso exercício decomandantes certificação do Comando daDecisivo KFOR e para de diversos como o Pontopelo a nossa participação “FOX IV”, neste que realizámos início da nossao de unidades. Considero estepara exercício comoutras relevo Teatro. Por no um lado, vós, missão, em meados de Outubro, com a presença como o Ponto a nossa capitalizar participaçãoe sucesso deste Decisivo exercíciopara permitiu do Comando da KFOR e de diversos comandantes com relevo Teatro. um lado, para elevar os neste níveis de Por confiança que vós, voso de outras unidades. Considero este sucesso deste exercício permitiu capitalizar acompanharam ao longo da missão. Por exercício outro, oe como o Ponto Decisivo a nossa participação elevar osda KFOR níveis confiança que vos Comando e asdepara outras unidades sentiram com relevo neste Teatro. Por um lado, para vós, oo acompanharam ao longo missão.bem Por outro, que tinham no KTM uma da unidade treinada, sucesso deste exercício permitiu e Comando da KFOR e as outras unidades sentiram disciplinada, com elevado espírito ecapitalizar com quem elevar os níveis de confiança que vos que tinham no KTM unidade bem poderiam contar parauma o cumprimento datreinada, missão. acompanharam ao longo da missão. Por outro, o disciplinada, com elevado espírito e com quem O exercício da KFOR, “SILVER SABER 2-15”, Comando da KFOR e as outras unidades sentiram poderiam contar para o cumprimento da missão. em tinham novembro, emuma queunidade o vosso que no KTM bem treino treinada,e O exercício daelevado KFOR, 2-15”, conhecimentos na área de“SILVER “Crowd SABER Control” disciplinada, com espírito eRiot com quem em em eoque o vosso e (CRC)novembro, foi reconhecido elogiado por todos, sendo poderiam contar para cumprimento datreino missão. conhecimentos áreaéde “Crowd de Riotreferência Control” consensual que na o KTM a unidade Ofoi exercício KFOR, “SILVER (CRC) reconhecido e elogiado porSABER todos, 2-15”, sendo no Teatro para asda operações de CRC. em novembro, em que o vosso treino e consensual que o KTM é a unidade de referência O exercício “BOAR conhecimentos na área II”, de inicialmente “Crowd Control” no Teatro para as operações de CRC. Riot pensado para foi serreconhecido de escalão Batalhão, mas sendo que (CRC) e elogiado por todos, O exercício inicialmente pensado rapidamente cresceu, 700 da consensual que o“BOAR KTMenvolvendo éII”, a unidade demilitares referência para ser para de aspaíses escalão Batalhão, mase onde que maior parte dos presentes na KFOR, no Teatro operações de CRC. rapidamente envolvendo 700 militares da pela primeiracresceu, vez o “Joint Operacional Center” do O parte exercício “BOAR II”, inicialmente maior dos países presentes na KFOR,pensado e onde Quartel-General da KFOR atuou, representando o para ser de escalão Batalhão, mas que pela primeira Center” foi do alto escalão vezdao “Joint KFOR.Operacional Este exercício rapidamente elogiado, cresceu, envolvendo 700 militaresmas da Quartel-General da KFOR representando o amplamente nãoatuou, só pela execução, maior parte dos países presentes na KFOR, e onde alto escalão da pelo KFOR.planeamento Este exercício foi fundamentalmente assertivo, pela primeira vez o “Joint Center” do amplamente nãoOperacional só pelafoi execução, mas cuidado e elogiado, rigoroso que efetuado, Quartel-General da KFOR atuou, representando o fundamentalmente pelo planeamento inclusivamente com o envolvimento doassertivo, Batalhão alto escalão da KFOR. Este exercício foi cuidado e rigoroso que foi efetuado, amplamente elogiado, não só pela execução, mas inclusivamente com o envolvimento do Batalhão fundamentalmente pelo planeamento assertivo, cuidado e rigoroso que foi efetuado, inclusivamente com o envolvimento do Batalhão

Página 6 de 96 Página 6 de 96

para ser de rapidamente cre maior parte dos pela primeira ve Quartel-General alto escalão d amplamente elo fundamentalmen cuidado e r inclusivamente c


Parte I – Missões no Exterior

num planeamento bem mais elevado do que aquele que constituía a sua responsabilidade. Os reconhecimentos a todo o Teatro, de acordo com a FRAGO “GOLDEN EYE”, “mapeando” todo o território em termos dos quesitos concretos solicitados pela KFOR. Esta atualização, pertinente e oportuna das diversas regiões em que as unidades operam, muito reconhecida pela KFOR, permitiu que o seu Estado-Maior pudesse planear com dados mais atualizados e de forma adequada e assertiva. O exercício logístico “BALKAN EXPRESS” em coordenação com “Joint Logistic Support Group”, visou exercitar o conceito de apoio logístico no caso de emprego da KTM na Bósnia-Herzegovina (BiH). Este exercício, permitiu que as lições identificadas no reconhecimento à BiH contribuíssem para a revisão de outros CONPLAN da KFOR na perspetiva do apoio logístico. As ações de formação realizadas no âmbito do novo conceito de treino integrado de CRC. Esta atividade é executada a todas as forças multinacionais recém-chegadas ao Teatro. Conceito que integra a certificação de Fire Phobia, da qual somos a entidade primariamente responsável por certificar outras unidades no seio na KFOR, permitiu uniformizar Técnicas, Táticas e Procedimentos, com claros benefícios nos exercícios que eram conduzidos entre os vários países.

Missões no Exterior  –  Parte I “Charity Run” em Slim Lines por incumbência do COMKFOR, com a participação de centenas de atletas. Recordo a recolha de sangue que o Batalhão levou a efeito em coordenação com o Centro do Sangue do Kosovo. Este evento, com um enorme significado para a população local, mereceu alargada cobertura mediática a nível dos OCS locais e acredito que servirá de inspiração para que outras ações deste género se repitam. Relembro a organização da “Charity Party” com a finalidade de angariar fundos para adquirir bens essenciais para crianças à responsabilidade de famílias de acolhimento, no seio da Organização Não Governamental, SOS Children's Villages International. A entrega de roupas e brinquedos com o apoio do município de Vila de Rei às Missionárias da Caridade, situadas na região Oeste do Kosovo. As inúmeras palestras que o módulo sanitário realizou à comunidade feminina, especialmente na zona Norte do Kosovo, no âmbito de cuidados de saúde feminina. A promoção da videoconferência entre a Escola Básica Integrada do Centro de Portugal, sedeada em Vila de Rei e o International Learning Group, sediado em Pristina. Enfim, um sem número de atividades em que o espírito de solidariedade, tão importante neste teatro, esteve sempre presente nas vossas ações. Foi para mim uma enorme honra e privilégio ter comandado tão Nobres Soldados. O 2BIMec/KTM/KFOR fez um percurso de excelência, reconhecido por todos os que connosco privaram, granjeando a estima e consideração dos nossos camaradas de armas de todas as nações e do Comando da KFOR. É consentâneo em toda a KFOR que o 2BIMec contribuiu significativamente para a “Shaping The Change” do Teatro de Operações. EFICÁCIA E PRONTIDAO SEMPRE PARA SEMPRE

Também na área do apoio social, humanitário e de CIMIC, em prol das instituições mais necessitadas, o nosso trabalho foi incansável. Destaco, entre outros eventos, a organização da

Página 7 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 9


Parte ParteI  –  I –Missões Missõesno noExterior Exterior

Jornãdãs de Comãndo e Liderãnçã nã Componente Terrestre dãs F-FDTL

Maj Inf Fausto Campos / CTM 4 – Timor-Leste

Decorreu, entre os dias 24 a 27 de Agosto, com o apoio do Projeto 4 da Assessoria Militar Portuguesa, as jornadas de comando e liderança na Componente Terrestre, solicitadas pelo comando das F-FDTL. Estas jornadas contaram com a presença de quarenta e três formandos, sendo eles, catorze oficiais, vinte e seis sargentos e três praças, todos eles com funções de comando na componente, desde o comandante de esquadra até ao comandante de pelotão. Estas jornadas incidiram principalmente sobre graduados, isto porque são estes que têm Homens sobre o seu comando. Durante estas jornadas os formandos tiveram inicialmente aulas teóricas ministradas pelos assessores portugueses, culminando no dia 27 com a realização de provas de situação e um teste teórico sobre toda a formação. Durante as aulas teóricas os formandos obtiveram

alguns conhecimentos necessários no sentido de melhorar a sua postura como líderes, nomeadamente sobre os requisitos, traços, princípios, competências, estilos e qualidades de liderança, primeiramente através de conceitos e de seguida com exemplos práticos sempre que possível, por forma também a quebrar a constante barreira linguística que ainda se faz sentir na Componente Terrestre, e nas F-FDTL. Estas jornadas mostraram-se relevantes, pois permitiram aos formandos adquirir

10 | Brigada Mecanizada

conhecimentos sobre como devem liderar os seus homens e ainda desenvolver as suas capacidades intelectuais e colocarem em prática aquilo que foi ministrado nos primeiros dias das jornadas. Ao terem de resolver provas de situacão, praticando assim o acto de liderar e decidir, algo de extrema importância nas suas funções, pois todos eles aos vários escalões têm no dia-a-dia que tomar decisões, decisões que afetam os seus homens,

muitas vezes com perigos associados inerentes à profissão militar. Durante a realização da parte prática os formandos foram divididos em três grupos, executando três provas de situação. Enquanto um grupo executava a prova, os restantes aguardavam numa zona de espera sem visibilidade para o local de prova, por forma a não facilitar a mesma, o que se acontecesse inviabilizava uma correta avaliação de todos os formandos. Foi clara a diferença entre alguns formandos, onde uns se destacaram mais que outros, no âmbito de liderar e deu claramente para ver quais os que tinham mais apetência na altura para levar o seu grupo ao final da prova. As jornadas terminaram com a entrega dos Certificados aos respetivos formandos que participaram. No entanto ser um líder é mais do que simplesmente dar indicações de tarefas para executar, é saber também como dar essas indicações, qual a melhor maneira para os seus

Página 8 de 96


Parte I – Missões no Exterior homens as compreenderem e aceitarem. O líder deve ser também um gestor de stress, pois também está diretamente responsável pelo bemestar dos seus subordinados. Este ponto é extremamente importante, visto que o bem-estar dos homens é um fator crucial de motivação, e homens motivados naturalmente desempenham melhor as suas funções, contribuindo bastante para o sucesso de todas as missões que lhes forem atribuídas. Há que acrescentar ainda que este bem-estar aumenta a probabilidade de criar e manter um bom ambiente de trabalho de equipa, evitando desde logo à partida possíveis discussões e desentendimentos entre os subordinados, discussões que poderiam evoluir depois para problemas mais graves. Outro ponto fundamental destas jornadas foi o facto de se puderem determinar quem e quais os principais aspectos a melhorar e corrigir a este nível, por forma a tornar mais sólida toda a cadeia

de comando, transmitindo também mais confiança aos homens, o que irá facilitar por sua vez, o treino, evolução e atuação da força em qualquer âmbito no curto prazo. A longo prazo

Missões no Exterior  –  Parte I através deste tipo de atividades é possível também encontrar possíveis lacunas que possam existir na formação base dos graduados, nomeadamente nos Cursos de Formação de Sargentos e Cursos de Formação de Oficiais. Com isto é possível assim, verificar se é conveniente alterar ou até introduzir algo mais no âmbito desta matéria, reforçando por exemplo as disciplinas com aumento de horas ou criando mesmo novas cadeiras, preparando melhor assim os militares para as suas funções após o término do curso. Esta preparação serve não só para melhorar a sua relação de cadeia de comando como também para levar a que outros graduados sem esta formação base possam também evoluir nesta área. Apesar das discrepâncias observadas na aptidão natural para liderar, fator perfeitamente normal e que está intrínseco a cada individuo, notou-se a motivação de todos os formandos, pois quer nas aulas teóricas quer durante as provas de situação, é de referir o empenho de cada um deles, o que demonstrou claramente um enorme interesse e grande vontade de aprender e evoluir nesta matéria. Por todos estes aspetos, é preciso salientar então a importância que estas jornadas tiveram, contribuindo positivamente para a constante evolução das FALINTIL - Forças de Defesa de Timor Leste (F-FDTL) e pelas razões que já foram enumeradas nos pontos anteriores é de reforçar que nunca é demais investir neste tipo de formação

.

Página 9 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 11



Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II

O Conceito de Treino Operãcionãl nã BrigMec

Maj Inf João Barros EM/QG BrigMec

Introdução

Escrever sobre Treino Operacional, o desafio deste artigo, corre o risco de cair em pelo menos uma das armadilhas típicas que se apresentam a quem se aventura neste tópico. A primeira, e talvez a mais comum, é chegar ao fim e o resultado ser um conjunto de lugares comuns, verdades aceites, normalmente com base nos Princípios do Treino, mas que sem a devida explicação da sua operacionalização empírica, pouco acrescentam a quem investe tempo na sua leitura. A segunda armadilha diz respeito ao tipo de texto de cariz descritivo de experiências vividas. Estas podem ser muito válidas, mas para que se tornem úteis a terceiros, é necessário que passem da descrição para a análise, levando ao reconhecimento de boas práticas e lições identificadas. O presente texto, procurando fugir a estas armadilhas, mas reconhecendo estar aquém de uma análise profunda de experiências de Treino Operacional, até porque se pretende que aborde um assunto mais geral do que específico, incide na explanação do conceito de Treino Operacional vigente na Brigada Mecanizada (BrigMec). A escolha do tema recai na vontade de partilhar o como e o porquê da abordagem seguida nesta Grande Unidade, bem como analisar algumas das variações à doutrina da Aliança Atlântica para o Planeamento de Exercícios 1 , variações que se justificam com o escalão da força e com as suas especificidades. Se por falta de tempo, ou simplesmente por enfado com o texto, um leitor terminasse nestas linhas, que no mínimo ficasse com as duas ideias chave que orientam o Treino Operacional na BrigMec. A primeira assenta no conceito de que o

NATO, BI-SC Collective Training and Exercise Directive (CT&ED) 075-003, de 2013.

Processo Operacional 2 , introduzido na Doutrina do Exército em 2012, com a Publicação Doutrinária do Exército 3-00 Operações, é o processo utilizado, não só para operações, mas também para todas as atividades de Treino Operacional. Ou seja, não existe nenhuma ferramenta particular para que uma unidade conduza o seu treino. O processo para Operações é o mesmo que para planear, preparar, executar e avaliar o Treino Operacional, com todas as vantagens inerentes. Aprender e utilizar os conceitos e terminologia do Processo Operacional no Treino Operacional facilitará a transição para Operações, seja em situação de treino seja em situação real de campanha. A segunda funciona como verdadeira orientação para todas as atividades – é através do Treino Operacional, de unidades, de comandantes e individual, que se atinge a competência técnica e tática necessária para formar uma equipa confiante e adaptável à volatilidade e complexidade do Ambiente Operacional. O texto divide-se em duas partes. A primeira aborda e detalha o conceito de Treino Operacional em vigor na BrigMec. A segunda procura explicitar a operacionalização desse conceito, percorrendo os aspetos mais relevantes de todas as etapas do Processo Operacional.

Conceito de Treino Operacional Quando se pensa em Treino Operacional em qualquer força, três pilares são essenciais para a construção do respetivo plano – as diretivas do escalão superior, uma análise dos recursos disponíveis e uma avaliação do estado de treino da unidade. Com base nestes alicerces o Comandante da BrigMec difundiu a sua Intenção para o Treino Operacional. Desta, além das tarefas chave, muito

1

2 Planear,

preparar, executar e avaliar continuamente.

Página 11 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 13


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada dependentes da situação particular da força, importa referir aquilo que constitui a base conceptual e cuja aplicação tem um carácter mais perene. O primeiro aspeto que se destaca da Intenção do Comandante, traduzindo alguns dos princípios do Treino Operacional, é a indicação para a progressividade do mesmo. Esta progressividade visa garantir que todos os escalões têm oportunidade de atingir a sua proficiência e que esta é validada antes da passagem a nova tarefa ou escalão, evitando desperdiçar oportunidades de treino por falta de preparação. Este ponto não impede, continuando a citar a Intenção do Comandante, que o treino seja conduzido com grande exigência, realismo e vivacidade, propiciando uma contínua melhoria das aptidões técnicas e táticas dos militares, bem como conferindo-lhes as capacidades físicas e anímicas necessárias3. Uma força treinada pressupõe a eficiência na aplicação dos elementos do potencial de combate. No entanto, a liderança como fator multiplicador não pode ser desprezada. Neste sentido, a Intenção do Comandante inclui uma diretiva muito concreta para a vertente de desenvolvimento individual a ocorrer paralelamente com o treino coletivo, referindo que o esforço do Treino Operacional deve ser também realizado no desenvolvimento das capacidades de liderança e iniciativa a todos os escalões. Para operacionalizar este desígnio, é necessário que as atividades de treino obriguem à aplicação de um pensamento criativo focado no sucesso da aplicação da força e não apenas na procura da aplicação de procedimentos técnicotáticos padronizados. Esta pode ser a diferença entre uma força que se adapta ao Ambiente Operacional e outra que rapidamente é

Importa referir que neste ponto a intenção expressa está complementada com a indicação de que o treino tem de ser sempre conduzido em rigorosa observância dos preceitos de segurança instituídos, cumprindo estritamente as normas de operação dos sistemas de armas, viaturas e equipamentos, sem necessidade de os sujeitar ao seu limiar de resistência e acautelando devidamente a sua manutenção preventiva e a sua preservação nas melhores condições de serviço.

3

14 | Brigada Mecanizada

ultrapassada no seu ciclo de decisão – aplicação do potencial de combate. Partindo da Intenção do Comandante para o Treino Operacional da BrigMec, foi elaborado o respetivo Conceito, o equivalente ao Conceito da Operação de um Plano ou Ordem. Dado que o planeamento do Treino Operacional tem um horizonte temporal de um ano, um período considerável, e existe a necessidade de sincronizar diversas atividades no tempo, em domínios distintos, para elaboração do Conceito utilizou-se o conceito de linha de esforço da Conceção Operacional, ligando múltiplas tarefas através da finalidade. O resultado desta metodologia foi a definição de três linhas de esforço para o Treino Operacional da Brigada - Treino Interno, Exercícios e Desenvolvimento Individual. Na linha de esforço Treino Interno, as unidades elaboram o seu programa de treino interno de modo a garantir uma ligação entre objetivos de treino atribuídos e as Tarefas Essenciais ao Cumprimento da Missão (TECM) 4 a treinar a cada escalão. Este programa de treino interno deve ser executado progressivamente do mais baixo escalão para o mais elevado. Na linha de esforço Exercícios são conduzidos os exercícios sectoriais de cada unidade. Estes Exercícios são orientados para a participação no exercício “ORION”. Nesta linha de esforço é ainda explorada a participação em exercícios combinados, conjuntos e de nível Exército. Na linha de esforço Desenvolvimento Individual é conduzido simultaneamente treino individual em técnicas e procedimentos e atividades que desenvolvem a liderança e capacidade de resolução de problemas através de pensamento criativo. Esta linha de esforço aplicase a todos os escalões, tendo como finalidade

Uma TECM representa uma tarefa (primária, complementar, etc.) que uma unidade pode executar com base na sua organização, equipamento e estrutura de pessoal.

4

Página 12 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II

Treino Individual

Conceito

Treino de Estado-Maior

do

Treino Operacional Treino Interno

Domínios

Treino de Pequenas Unidades

Treino de Comandantes

Técnica / Tática / Tiro / Treino Físico

Hierarquia de TECM

Exercícios

Técnica / Tática / Tiro / Treino Físico

ORION 16

Desenvolvimento Individual

Técnica / Tática / Tiro / Treino Físico

Sustentar Treino Coletivo

sustentar a capacidade de cada unidade para a interdependentes – a técnica, a tática, o tiro e o Figura 1.1 – Conceito de Treino Operacional treino físico. A figura 1.1 representa graficamente execução de atividades de treino coletivo. o Conceito de Treino Operacional até agora Independentemente da divisão por linhas de explicado. esforço, tal como em operações, dada a sua interdependência, é necessário sincronizar as Operacionalização do Conceito de ações nas distintas linhas de modo a garantir que Treino Operacional os domínios do treino individual, do treino de Para por em prática este Conceito de Treino pequenas unidades, do treino de Comandantes e Operacional, como já referido na Introdução, é do treino do Estado-Maior estão no nível desejado utilizado, para todas as ações ao longo das linhas para cada atividade. Esta sincronização impede de esforço, o Processo Operacional – planear, desperdícios de tempo e de recursos humanos, materiais e financeiros. preparar, executar e avaliar. Até ao momento apresentámos o Conceito com três linhas de esforço – treino interno, exercícios e desenvolvimento individual. Além das linhas de esforço definiram-se quatro domínios do treino – individual, pequenas unidades, treino de Comandantes e treino do Estado-Maior – que necessitam estar alinhados de modo a que nenhum prejudique os restantes. Por último o Conceito da Brigada define que, em qualquer uma das linhas de esforço, quer a nível individual quer a nível coletivo, ou seja em qualquer um dos domínios, são interligadas quatro áreas de treino completamente

Para o Planeamento, o Conceito define como essencial a articulação entre áreas de treino. Porque na prática uma TECM de determinado

Página 13 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 15


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada escalão, na área da tática, depende do treino prévio de TECM dos escalões subordinados 5 , conjugado com atividades de treino nas restantes áreas – técnica, tiro e treino físico. Sobre TECM é importante referir alguns aspetos que orientam a sua seleção pelas unidades da Brigada. A escolha das TECM a treinar tem como primeira prioridade a ligação direta aos objetivos de treino definidos pela Brigada. Como complemento, influencia a escolha de TECM a lista daquelas que garantam flexibilidade de emprego em qualquer cenário 6 . Porque o tempo e restantes recursos são sempre limitados, as unidades que não conseguem treinar, simultaneamente, a lista de TECM até ao nível pretendido, as Tarefas que contribuem para mais TECM, ou objetivo de treino, do escalão superior, devem obter prioridade para treino. Selecionadas as TECM e programadas no tempo, as unidades elaboram o seu Programa de Treino Operacional. Para visibilidade do estado do Treino Operacional foi criada uma plataforma informática onde cada unidade coloca as suas TECM7. Mensalmente é atualizada a avaliação do respetivo Comandante sobre cada uma das TECM – treinada, a necessitar de treino, não treinada. As Unidades de Escalão Batalhão de combate relatam as TECM de Batalhão, Companhia e Pelotão para o Apoio de Combate. As Unidades de Escalão Batalhão de Apoio de Combate e Apoio de Serviços comunicam a avaliação das TECM para Batalhão e Companhia. As Companhias independentes relatam as suas TECM e respetivos Pelotões. Por último resta descrever como foi adaptada ao escalão Brigada, para os seus exercícios sectoriais, a doutrina de planeamento de exercícios em vigor na Aliança Atlântica. Adaptação e não aplicação direta por uma questão As TECM dos escalões subordinados devem contribuir para uma TECM, ou mais do que uma, do escalão superior.

de dimensão, mas sobretudo por exiguidade de recursos para formar os grupos de trabalho para cada etapa do exercício.

Sendo o Comandante da BrigMec o Officer Scheduling the Exercise (OSE), para o desenvolvimento das Exercise Specifications (EXSPEC), deveria ser constituído um Exercise Planning Group (EPG). Este EPG deveria incluir elementos do Estado-Maior do OSE e elementos da Audiência de Treino. Na BrigMec esta interação entre o OSE e Audiência de Treino é conseguida, mesmo sem a constituição formal de um EPG, da seguinte forma:  Com 60 dias de antecedência, em relação ao início do exercício, a Brigada envia à respetiva unidade um Draft das EXSPEC;  Até 45 dias de antecedência, a unidade submete a versão definitiva das EXSPEC à aprovação do Comandante da BrigMec;  Até 30 dias de antecedência, as EXSPEC são aprovadas. Este processo, apesar de menos formal que o doutrinário, continua a garantir que os Objetivos do Exercício definidos nas EXSPEC são simultaneamente coerentes com a intenção do OSE e as expectativas de treino das unidades.

5

Um exemplo destas TECM são aquelas relacionadas com o combate em áreas urbanas para os baixos escalões.

6

16 | Brigada Mecanizada

Sem prejuízo de outras referências para áreas técnicas, na BrigMec está a utilizar-se como referência a U.S. Army Reference Doctrinal Publication (ADRP) 103, The Army Universal Task List, de outubro de 2015.

7

Página 14 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II O desenvolvimento do Exercise Plan (EXPLAN) 8 é finalizado até 15 dias antes do exercício pela unidade que o realizará, substituindo normalmente o documento formal do EXPLAN por uma Diretiva interna.

Conclusão Com o intuito de partilhar o conceito de Treino Operacional vigente na BrigMec, analisando o como e o porquê da abordagem seguida nesta Grande Unidade, o presente texto foi dividido em duas partes. A primeira detalhou o conceito de Treino Operacional, enquanto a segunda procurou explicitar a operacionalização desse mesmo conceito, demonstrando como a doutrina da Aliança Atlântica para o Planeamento de Exercícios sofre adaptações devido ao escalão e especificidades da Brigada.

Duas ideias principais são postas em prática com a adoção do atual conceito. Na BrigMec, em relação ao Treino Operacional, tudo gira à volta de uma ideia central. Esta ideia não é mais do que a aplicação no Treino, da metodologia utilizada pela Unidades em operações – o Processo Operacional. Para cada atividade de treino, seja pontual ou um programa de treino a longo prazo, o ciclo planeamento, preparação, execução e avaliação é aplicado. Por último, é a articulação entre áreas e domínios do treino no Treino Operacional, seja no treino de unidades, de comandantes ou individual, que se atinge a competência técnica e tática necessária para formar uma equipa confiante e adaptável à volatilidade e complexidade do Ambiente Operacional.

8

Para os exercícios de nível Brigada o EXPLAN é elaborado formalmente.

Página 15 de 96

8

Para os exercícios de nível Brigada o EXPLAN é elaborado formalmente.

Página 15 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 17


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada

Cãpãcidãde Blindãdã LEOPARD 2 A6 Cãpãcidãde Blindãdã LEOPARD 2 A6 – Pãrte II – FULL Pãrte II OPERATIONAL CAPABILITY … O PRINCÍPIO DE UM FUTURO FULL OPERATIONAL CAPABILITY … O PRINCÍPIO DE UM FUTURO

Grupo de Carros de Combate

Introdução Durante o 1º semestre de 2015, o Grupo de Introdução

Carros de Combate (GCC) desenvolveu intenso Durante o 1º semestre de 2015, oum Grupo de conjunto atividades natureza operacional, Carros de de Combate (GCC)de desenvolveu um intenso tendo em de vista o objetivo de implementação conjunto atividades definal natureza operacional, 9 (FOC) da efetivaem davista Full oOperational Capability tendo objetivo final de implementação capacidade blindada LeopardCapability 2 A6, a 9atingir (FOC) na da efetiva da Full Operational sequência do desempenho capacidade blindada Leopard 2doA6,Agrupamento a atingir na Mecanizado 151 desempenho (AgrMec 151) no ORION sequência do doExercício Agrupamento 2015. Mecanizado 151 (AgrMec 151) no Exercício ORION 2015. Depois de um 1º Ciclo de Treino Operacional (TOp), fundamentalmente dedicado à formação Depois de um 1º Ciclo de Treino Operacional de operadores de carro de combate (CC) Leopard (TOp), fundamentalmente dedicado à formação 2 operadores A6, de forma a de garantir as(CC) guarnições de de carro combate Leopard necessárias para o objetivo definido, e ao treino 2 A6, de forma a garantir as guarnições de Guarniçãopara e deo Pelotão, GCC entrou 2º necessárias objetivo odefinido, e aonum treino Ciclo mais direcionado para os escalões de Guarnição e de Pelotão, o GCC entrou num 2º Subagrupamento e Agrupamento, Ciclo mais direcionado para materializado os escalões na responsabilidade atribuída de comando do Subagrupamento e Agrupamento, materializado AgrMec 151. na responsabilidade atribuída de comando do AgrMec 151. Este novo ciclo teve início com a realização de umasEsteJornadas noa realização Quartel de da novo cicloAcadémicas, teve início com Cavalaria, e de Académicas, um exercício node Quartel Postos de umas Jornadas da Comando (CPX – Command Post Exercise), já Cavalaria, e de um exercício de Postos de detalhadamente na Parte I deste Comando (CPX –evidenciados Command Post Exercise), já artigo, publicado na Revista Atoleiros de 2015. detalhadamente evidenciados na Parte I deste artigo, publicado na Revista Atoleiros de 2015. Na sequência, o GCC percorreu um exigente caminho de aprontamento dos seus Esquadrões Na sequência, o GCC percorreu um exigentee do seu Estado-Maior (EM), enquanto parte caminho de aprontamento dos seus Esquadrões e integrante do AgrMec 151, que enquanto culminou com do seu Estado-Maior (EM), partea participação exercício ORION sendo estea integrante donoAgrMec 151, que 2015, culminou com trajeto agorano revivido na ORION perspetiva do participação exercício 2015,funcional sendo este referido EM. trajeto agora revivido na perspetiva funcional do referido EM.

Concretização do 2º Ciclo de TOp – Concretização Emprego do 2º Ciclo de TOp –

Emprego OPERAÇÕES – O fio condutor Durante o 2º –ciclo de condutor Treino Operacional, OPERAÇÕES O fio

focalizado naso Operações o Agr Mec Durante 2º ciclo deOfensivas, Treino Operacional, 151 participou no exercício conjunto Real Thaw 15 focalizado nas Operações Ofensivas, o Agr Mec e nosparticipou exercíciosnosetoriais RINO 151 e Real 152.Thaw 15 151 exercício conjunto e nos exercícios setoriais RINO 151 e 152. No Real Thaw 15, em apoio à realização de missões da Força foiapoio solicitado ao AgrMec No Real ThawAérea, 15, em à realização de 151 que desenvolvesse ações táticas que missões da Força Aérea, foi solicitado ao AgrMec permitissem o emprego das ações aeronaves por parte 151 que desenvolvesse táticas que dos Forward oAir Controller Este por exercício permitissem emprego das (FAC). aeronaves parte traduziu-se experiência bastante positiva, dos Forwardnuma Air Controller (FAC). Este exercício pela interação de experiência capacidades,bastante com benefícios traduziu-se numa positiva, evidentes para todos os intervenientes. Neste pela interação de capacidades, com benefícios campo, revelou-se especialmente útil para evidentes para todos os intervenientes. Nestea certificação no ORION 15, a capacidade campo, revelou-se especialmente útil para dea observação que as forças terrestres conseguem certificação no ORION 15, a capacidade de colocar nosqueobjetivos, intermédio das observação as forças por terrestres conseguem potencialidades dos meios aéreos, antevendo com colocar nos objetivos, por intermédio das muito mais clareza condições que se com vão potencialidades dos as meios aéreos,com antevendo confrontar combate próximo. com que se vão muito maisno clareza as condições

confrontar no combate próximo. O Rino 151 decorreu entre os dias 18Mar15 e 27Mar15 visou exercitar O Rinoe151 decorreu entre aos capacidade dias 18Mar15de e planeamento e condução operacional do AgrMec 27Mar15 e visou exercitar a capacidade de 151, em CPX e condução Field Training Exercisedo (FTX), por planeamento operacional AgrMec forma a praticar, testar e avaliar a proficiência das 151, em CPX e Field Training Exercise (FTX), por Unidades escalãotestar companhia (UEC) do AgrMec,das no forma a praticar, e avaliar a proficiência cumprimento das tarefas críticas ao escalão Unidades escalão companhia (UEC) do AgrMec, no SubAgr/Esq, nodas âmbito táticocríticas de todaao a tipologia cumprimento tarefas escalão de operações militares. SubAgr/Esq, no âmbito tático de toda a tipologia de operações militares. Genericamente, as principais finalidades das duasGenericamente, fases interligaram-se e foram finalidades as seguintes: as principais das duas fases interligaram-se e foram as seguintes:

9

"In general, attained when all units and/or

organizations in the force structure scheduled to receive 9

"In general, attained when all units and/or organizations in the force structure scheduled to receive

18 | Brigada Mecanizada

a system have received it and have the ability to employ and maintain it.” (DAU, 2012: p. B-90). a system have received it and have the ability to employ and maintain it.” (DAU, 2012: p. B-90).

Página 16 de 96 Página 16 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II Fase 1

tornando esta atividade profícua para preparação dos exercícios que se seguiram.

a

Estabelecer um cenário no quadro de uma Operação de Imposição de Paz, próximo do cenário preparado para o exercício ORION 15, cumprindo os passos do Processo de Decisão Militar e elaborando de forma transversal os produtos que se constituíssem como base para os objetivos da fase seguinte.

Fase 2 A partir do cenário criado e das condições iniciais estabelecidas na Fase 1, fazer evoluir a situação tática através de Ordens Parcelares (FRAGO) que empregassem os SubAgr/Esq no cumprimento de toda a tipologia de operações militares, com foco nas operações ofensivas. Para iniciar a fase do FTX o Polígono Militar foi repartido por áreas de responsabilidade, cabendo aos SubAgr a condução dos reconhecimentos necessários para recolha de informação de valor sobre áreas de interesse que lhes tinham sido confiadas. Após os reconhecimentos, foram difundidas três FRAGO, respeitando a evolução da intensidade no conflito:  A FRAGO nº 01 pretendeu confiar uma missão de escolta a um SubAgr que incluísse coordenações complexas e um ambiente de ameaça difuso;  A FRAGO nº 02 visou cometer aos SubAgr ataques de finalidade específica. Para o efeito foram planeados dois Cercos e Busca independentes, devidamente “apoiados” por uma reserva preparada para anular ameaças convencionais que interferissem nessas manobras;  A FRAGO nº 03 pretendeu exercitar o ataque convencional ao nível dos SubAgr.

O RINO 152 teve como objetivo finalizar o aprontamento do AgrMec 151 para a certificação da capacidade Leopard no exercício ORION 15. Pretendeu-se praticar e avaliar a proficiência do AgrMec como um todo, na condução, controlo e cumprimento de tarefas ao escalão SubAgr/Esq e AgrMec, com um foco principal nas operações ofensivas, e garantir que o AgrMec detinha flexibilidade para assegurar o cumprimento de missões específicas na restante tipologia de operações.

O exercício permitiu identificar diversas lições, desde os mais elementares ajustes à melhor forma de operar os Postos de Comando até às observações mais delicadas que necessitavam de reflexão e/ou correção tática,

Página 17 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 19


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada Para alcançar este objetivo geral, o exercício foi igualmente faseado em duas partes, com as seguintes finalidades e objetivos específicos:

 Exercitar procedimentos administrativologísticos no apoio à manobra ofensiva;  Integrar o apoio de fogos e de combate na condução de uma operação ofensiva;  Treinar TTP relativas à execução de uma operação ofensiva;  Conduzir uma sessão de fogos reais de cariz ofensivo.

Testar o AgrMec 151 na prática do PDM e dos Procedimentos de Comando, em FTX, no âmbito de uma Operação Ofensiva de escalão AgrMec:

Ainda que neste exercício não tenha sido possível treinar com a totalidade dos meios pretendidos, no final do RINO 152 sentia-se uma reconfortante confiança de que o grupo de trabalho conseguiria levar esta capacidade a níveis de qualidade e resposta elevados. Para atestar essa confiança, por exemplo, a execução da sessão de fogos com uma taxa de eficácia a rondar os 100% servia como forte indício de que o caminho estaria bem traçado.

 Reconhecer, preparar e ocupar uma Zona de Reunião;  Montar e operar os Postos de Comando de AgrMec;  Conduzir o Planeamento Operacional;  Preparar e executar operações/tarefas táticas no âmbito do PDM e/ou Procedimentos de Comando;  Exercitar as Normas de Execução Permanente (NEP e TACSOP) do GCC, com aplicabilidade no AgrMec 151;  Integrar o Apoio de Fogos: Targeting, coordenação do espaço aéreo e o emprego de diferentes meios de apoio de fogos;  Integrar o Apoio de Serviços no apoio à manobra.

O exercício ORION 15 visou uma operação ofensiva coordenada superiormente pela Brigada Mecanizada. O GCC teve como finalidade treinar, validar e certificar o treino do AgrMec 15, baseando-se nos objetivos específicos dos exercícios da série RINO.

Fase 1

Fase 2 Testar o Comando e Controlo no AgrMec 15, em FTX e Live Fire Exercise (LFX), no âmbito de uma Operação Ofensiva de escalão AgrMec:  Comandar e Controlar uma operação tática ofensiva de escalão AgrMec;

20 | Brigada Mecanizada

Este «marco» iniciou-se com uma formatura operacional na Pista de Aviação do Campo Militar de Santa Margarida, perfilando as 69 viaturas que constituíram os meios orgânicos do AgrMec durante o exercício e a respetiva Prontidão para o Combate. Seguiu-se o FTX onde, numa última fase, foram empregues os 22 CC na execução de um ataque deliberado por parte do AgrMec. Embora

Página 18 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II antes do lançamento deste ataque tenham sido cometidas missões ao AgrMec que não testaram a tipologia de meios que o equipam, o ataque deliberado foi de tal forma abrangente, motivado por incidentes planeados e inopinados, que permitiu avaliar com alguma certeza a capacidade geral do AgrMec e em concreto do CC Leopard 2 A6.

preencher convenientemente todas as funções desse QOP. O QOP contemplou um Comando e EstadoMaior, um Esquadrão de Comando e Serviços (ECS), dois Esquadrões de Carros de Combate (ECC) Leopard 2 A6, a dois Pelotões, uma Companhia de Atiradores Mecanizada, a dois Pelotões, e uma Companhia de Apoio de Combate,

Por outro lado, o planeamento paralelo com o Comando da BrigMec permitiu ao AgrMec comprovar detalhadamente o treino efetuado anteriormente pelas subunidades, quer sob a forma de briefings de confirmação, quer em vários ROC Drill efetuados. Desde a montagem da Zona de Reunião, com as inúmeras reações a incidentes (play e real life) que tiveram lugar, passando pela visita de S.Exª o Gen CEME, até ao LFX que marcou o encerramento do ORION 15, é convicção do GCC que cada passo foi consolidado no êxito do anterior, que cada teste foi preparado até à exaustão e superado com valor e que a capacidade Leopard 2 A6 demonstrou ser credível e profissional.

PESSOAL – Gerir a ausência … potenciar a presença

Para atingir a FOC durante o exercício ORION 15, à Secção de Pessoal do GCC foi cometida a constituição de um Quadro Orgânico de Pessoal (QOP) do AgrMec, com base no Quadro Orgânico (QO) número 24.0.03 (GCC), aprovado em 29JUN09, e que gerisse da melhor maneira os recursos humanos disponíveis de forma a

a um Pelotão de Reconhecimento e um Pelotão de Morteiros Pesados. Em termos de CC Leopard 2 A6 foi estabelecido como nível de ambição um mínimo de 22 guarnições, para guarnecer dois CC no Cmd do GCC e mais vinte nos dois ECC (dois CC no Comando do ECC e mais 8 CC nos dois pelotões). De uma forma genérica, as dificuldades centraram-se ao nível da classe de Praças, uma classe cada vez mais sujeita a uma elevada taxa de atrição que, para além das habituais saídas por motivo de rescisão ou fim de contrato, tem sido inflacionada por um elevado número de candidaturas ao ingresso em vários concursos (GNR; PSP; Guarda Prisional; Polícia Marítima, entre outros) que vão surgindo com relativa frequência. Atualmente, o pedido de autorização para candidatura a concursos públicos representa quase como que um primeiro passo no ingresso em RV/RC. Para além da criticidade inerente à qualificação Leopard, pela sua complexa e dispendiosa formação e pela preocupação constante em manter sempre disponível as 22 guarnições definidas como objetivo a atingir para a FOC, revelaram-se ainda deficitárias as

Página 19 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 21


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada especialidades de comunicações, condutores de rodas e socorristas. Quanto à dificuldade inerente ao preenchimento das funções de condutores, acresce referir que, por diversas vezes, os escassos recursos humanos disponíveis com esta habilitação tiveram de ser primariamente direcionados para a formação Leopard, uma vez que para ser condutor desta plataforma o militar terá obrigatoriamente que estar habilitado com licença de condução, o que também não é tão frequente quanto desejado no universo dos recém-chegados à Instituição Militar. Relativamente aos socorristas e aos especialistas em comunicações, as dificuldades evidenciaram-se sobretudo pela não colocação destes militares no GCC, em virtude do seu número reduzido e das implicações que este facto acarreta, nomeadamente com a sua colocação prioritária em unidades de Saúde e Transmissões, também elas com dificuldades de efetivos disponíveis. A solução passou pelo recurso a especialistas do 1º Batalhão de Infantaria Mecanizado (1BIMec), que também integrava o AgrMec, e em segunda instância pela solicitação junto de outras unidades exteriores ao Agrupamento e até à própria BrigMec. Em suma, e no sentido de acautelar a saída de elementos de guarnições proficientes, evitando a constante degradação da coesão e dos automatismos criados, fundamentais para um nível elevado de proficiência operacional, importa garantir um certo período de inamovibilidade e uma adequada regeneração de efetivos, destinados à capacidade Leopard, preferencialmente com a AGPSP de Santa Margarida.

INFORMAÇÕES – No apoio à decisão A Secção de Informações (SecInf) do GCC era, em meados de 2014, uma secção muito vocacionada para as atividades territoriais,

22 | Brigada Mecanizada

nomeadamente para as tarefas diárias inerentes à segurança do aquartelamento e dos seus militares, contendo na sua estrutura poucos mecanismos táticos de apoio à decisão.

Face a esta realidade foi necessário iniciar a edificação de uma capacidade de Informações com o objetivo final de, com os recursos humanos e materiais disponíveis, poder constituir-se como célula do Estado-Maior do AgrMec de apoio à decisão do comandante. Tendo como principal orientador doutrinário para as informações o PDE 2-00 Informações, Contra-Informação e Segurança, de março de 2009, a estrutura da SecInf/AgrMec15 foi refinada com base em três pilares: pesquisa de Informações sobre o Inimigo e estudo das suas capacidades, estudo do espaço de batalha pelas informações e segurança das operações. Segundo esta publicação, as “informações fornecem ao comandante uma avaliação das modalidades de ação, capacidades, potencial de combate, dispositivo e organização do inimigo...”. Tendo em conta o número de atividades táticas previstas até ao exercício ORION15, e a coerência que era necessário garantir à continuidade do treino, foi desenvolvido um esforço de pesquisa de informações sobre o inimigo assente num cenário de sustentação, em vigor até ao ORION15. Esta opção permitiu aos militares participantes interiorizar as nomenclaturas associadas ao cenário e o enquadramento da sua força e das forças opositoras, logo desde as primeiras atividades táticas. Além disso, também permitiu explorar o cenário, adaptando-o aos objetivos a atingir em cada exercício, através da geração de

Página 20 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II diversas modalidades de ação e capacidades do inimigo. Em termos de apoio à atividade da SecInf, e do próprio AgrMec como um todo, revelou-se importante a forma célere como foi satisfeita a necessidade de cartografia atualizada da região do CMSM, garantindo-se assim que, desde o Chefe de CC ao Posto de Comando do Agrupamento, todos trabalhassem com as mesmas versões de cartas topográficas. Também para o cumprimento do estudo da influência das características da área de operações, o AgrMec recebeu importantes ferramentas cartográficas de elaboração do IPB. Estas ferramentas foram fornecidas pela Unidade de Apoio Geográfico/Centro de Informação Geoespacial do Exército que esteve em apoio ao escalão superior durante o exercício Hakea 152. A capacidade de interpretação do terreno daquela unidade revelou-se uma importante mais-valia e permitiu uma pormenorizada interpretação do terreno. Relativamente à segurança das operações, sublinha-se o trabalho desenvolvido em termos de atualização de procedimentos e NEP’s, tendo como referência as TACSOPS da BrigMec e como destinatários de aplicação os diversos exercícios de Agrupamento desenvolvidos. Por fim, refira-se que também coube à SecInf a tarefa de operar o sistema de informações de comando e controlo do Exército (SICCE), que inclusive constituía um item de avaliação durante o ORION 15. Para o efeito, foi atempadamente garantida a reciclagem de formação a um operador qualificado já existente na secção, para que, durante as diversas ações de treino e a execução das missões, se conseguisse rentabilizar todas as potencialidades da plataforma e fornecer ao escalão superior o máximo de informação sobre o AgrMec.

LOGÍSTICA – Um apoio determinante Garantir o apoio logístico às ações de treino e à conduta das operações, durante todo o período de atividade que conduziu à FOC do AgrMec, revelou-se um desafio complexo, que só teve sucesso devido à criação de dinâmicas internas que, seguindo as normas em vigor, muito facilitaram o cumprimento da missão. Após diversas coordenações com o Comando da BrigMec, foi elaborado o Quadro Orgânico de Material (QOM) do AgrMec que, para além de outras viaturas de rodas e de lagartas orgânicas da BrigMec, previa a inclusão de 22 CC Leopard 2 A6, destinados ao Comando do Agrupamento e aos seus dois ECC. A preparação dos CC, durante o ciclo de treino definido, constituiu um grande desafio face aos objetivos que estavam definidos superiormente. Se por um lado era fundamental manter as suas condições de operacionalidade até ao final, por outro era crucial ter o AgrMec treinado, o que acarretou uma intensa atividade operacional e uma não menos intensa atividade de manutenção, de modo a garantir uma rápida reposição do estado de plena operacionalidade do conjunto de CC utilizados, após cada exercício. Sendo o CC Leopard 2 A6 considerado, pelo Exército Português, um Sistema de Armas Complexo 10 (SAC), o mesmo obedece a um criterioso programa de manutenção. Neste sentido, durante o 1º semestre de 2015 foi necessário concretizar as manutenções programadas quadrienais, a cargo da NATO Support Agency (NSPA) e executadas por técnicos especializados alemães, que não estavam propriamente enquadrados com os objetivos da FOC, mas sim interessados em executar o seu trabalho, consoante as orientações que traziam. Para salvaguardar que estes trabalhos de manutenção eram efetuados em paralelo com a atividade operacional em curso, foi necessário estabelecer prioridades e definir uma calendarização ajustada aos propósitos prédefinidos, sabendo que, no fundo, ambas as

in PDE 4-46-00, Sistema Logístico do Exército, outubro de 2014.

10

Página 21 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 23


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada atividades concorriam, de forma convergente, para o atingir da FOC. Nunca é de mais realçar o esforço de manutenção que foi exercido, durante todo o ciclo de treino operacional, essencialmente pela Companhia de Manutenção (CMan) do Batalhão de Apoio de Serviços (BApSvc) da BrigMec. No entanto, como se pode depreender não foi uma tarefa fácil, desde logo porque o CC não era o único meio envolvido no AgrMec a necessitar do referido esforço de manutenção. As viaturas de rodas, desde as ligeiras às pesadas, e as viaturas de lagartas da família M113 também necessitaram de ser mantidas em condições de operacionalidade, acarretando um significativo acréscimo de trabalho de manutenção e coordenação entre o BApSvc e o GCC. A outro nível, saliente-se igualmente o empenho do Exército, nomeadamente através da Direção de Comunicações e Sistemas de Informação, no sentido de serem fornecidos ao GCC os equipamentos rádio GRC 525 que ainda faltavam para se conseguir ter os CC totalmente equipados, em conformidade com o despacho do Exmo. TGen VCEME, de 08Ago13. Não obstante este esforço, com resultados bastante positivos, surgiu ainda a necessidade de se proceder à reparação de alguns componentes do atual sistema de intercomunicação do CC, muito vulnerável às variações de intensidade de corrente que a operação do CC por vezes provoca. Mas, mais uma vez, agora através do Centro Militar de Eletrónica (CME), foi possível agir em tempo. Para o efeito, o GCC disponibilizou ao CME um conjunto completo de intercomunicação de CC Leopard que permitiu averiguar a causa das avarias dos componentes inoperacionais e efetuar os testes necessários à sua completa reparação. No entanto persistiram algumas limitações, nomeadamente de interoperabilidade, pois se nos CC existiam os PRC-525 PT, as viaturas de rodas e as viaturas da família M113 estavam e continuam equipadas com os RT-524 USA. Nada que um redobrar do esforço de Comando e Controlo não conseguisse ultrapassar momentaneamente, mas que urge colmatar para o futuro que se avizinha.

24 | Brigada Mecanizada

Considerações Finais: O futuro logo ali Em resultado do trabalho desenvolvido durante os últimos anos, que culminou com a participação no exercício ORION 2015, e das sinergias que foram criadas entre as diversas entidades intervenientes no desenvolvimento da capacidade blindada CC Leopard 2 A6, a FOC do GCC foi, entretanto, formalmente reconhecida. No entanto, este reconhecimento não foi interpretado, nem poderia ser, como um fim em si, antes o princípio de um percurso de consolidação e afirmação. E assim foi, ou melhor assim tem sido. Logo em setembro de 2015, o GCC conseguiu finalmente concretizar a ambição de desenvolver ações de treino na vizinha e aliada Espanha, com reais dividendos para o treino das suas guarnições, através da utilização dos sistemas de simulação para CC Leopard que o Exército Espanhol dispõe nas instalações da Brigada de Infantería Mecanizada “Extremadura” XI (BRIMZ XI) – Base General Menacho, em Badajoz; e no princípio de outubro, representantes do GCC participaram ativamente na XVII Conferência Internacional de Master Gunners, que decorreu no Campo Militar de Lulworth, no Reino Unido. Pouco tempo passou e um ECC executava tarefas e cumpria missões no âmbito do exercício internacional TRIDENT JUNCTURE 2015, trabalhando mais diretamente com forças do “Lagunari” Amphibious Battalion, ao qual foi cedido em Controlo Tático (TACON), integrando a Ordem de Batalha da Brigada Multinacional Canadiana, depois de o seu Comandante já ter participado no Exercício Unified Reflection 2015, que teve lugar no Canadá. A «internacionalização» da capacidade blindada CC Leopard 2 A6 não parece ficar por aqui, pois, entretanto, o Exército Português é convidado a participar na competição Strong Europe Tank Challenge, a ocorrer na Alemanha, e no Nordic Tank Challenge 2016, a ter lugar na Dinamarca; é avaliada a possibilidade de certificação de guarnições do GCC nas instalações do

Página 22 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II Centro National de Adiestramento y Doutrina, em San Gregório – Espanha; e a candidatura portuguesa à realização da próxima Conferência Internacional de Master Gunners é aceite, tendo esta lugar no próximo mês de outubro, nas instalações do Quartel da Cavalaria, da Brigada Mecanizada.

Mas o futuro constrói-se todos os dias, e o presente é a participação empenhada no treino operacional do AgrMec, através de um ECC a três pelotões, e a formação de novos operadores de CC Leopard 2 A6, instrutores de condução e master gunners, com os quais o GCC continuará a enfrentar os desafiantes projetos que se aproximam e os que se avizinham.

Certificãção de úm Estãdo-Mãior. Um possível cãminho

Coronel Henrique Mateus Chefe de Estado-Maior da BrigMec (2013-2015)

O ano de 2015 ficará nos registos da Brigada Mecanizada, doravante designada por Brigada como um dos mais desafiantes dos últimos tempos. Foi-o igualmente para o autor, que à data desempenhava as funções de Chefe do EstadoMaior (CEM) e que por esse motivo se propõe partilhar alguns aspetos da experiência vivida, centrada no processo de certificação nacional do Comando e Estado-Maior (EM) da Brigada. No plano interno e no âmbito do treino operacional, o Exército implementou um novo modelo de Treino Operacional e a Brigada foi a Grande Unidade escolhida para testar e validar este novo modelo. No âmbito dos programas estruturantes e edificação de capacidades do Exército, destaca-se a aferição da capacidade operacional plena (FOC) do Grupo de Carros de Combate, concluindo um processo iniciado dois anos antes. No quadro do emprego de forças, assumiu relevo o aprontamento de uma UEB com vista à sua projeção para o Teatro de Operações do Kosovo, no âmbito da operação JOINT ENTERPRISE. No plano estrutural, impunha-se a adequação da estrutura da Brigada, consequência da extinção

de um BIMec e da transição da Unidade de Apoio para o Campo Militar de Santa Margarida. De permeio é cometida a responsabilidade de construir uma pista de aviação não preparada, para uso da Força Aérea durante o exercício conjunto e combinado EATT 11 , tarefa que exigiu um elevado esforço por parte da Companhia de Engenharia, já empenhada na satisfação de compromissos assumidos no âmbito do acordo celebrado com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e na construção da nova pista individual de Combate dos Comandos. No quadro dos contributos para a Organização do Tratado do Atlântico Norte, a atenção centrou-se no "TRIDENT JUNCTURE 15" (TRJE15). Este foi o primeiro grande exercício da Aliança com forças no terreno da era “pós International Security Assistance Force (ISAF)”, conduzido simultaneamente em Espanha, Itália e Portugal. Para além da preparação das Forças e elementos para participar na fase LIVEX, foi cometida à Brigada a tarefa de assegurar o apoio de nação hospedeira aos cerca de 4.000 efetivos nacionais e internacionais estacionados em Stª Margarida e Tancos. É neste quadro de missões e tarefas que o Comando e EM da Brigada teve de se preparar

11

Exercício Conjunto e Combinado de Aeronaves de Transporte Aéreo Tático, pertencente à Agência Europeia de Defesa.

Página 23 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 25


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada para, na qualidade de Audiência Primária de Treino (APT), ser sujeito a uma CREVAL no decorrer do exercício “ORION 15” para obtenção da certificação nacional como Comando de Brigada Framework. Não obstante os comentários e observações que apontam para o sucesso do exercício “ORION 15”, no final de um jejum de 5 anos12, ao nível da Brigada, foi possível identificar lacunas e áreas de treino que exigem uma maior atenção, ou até novas aproximações e onde se deve exercer o esforço. O presente texto colhe também os contributos que resultam das observações dos vários elementos do Estado-Maior ao longo do ciclo de treino e durante a execução do exercício "ORION 15". Pretende constituir um contributo para melhorar o ambiente de treino e a proficiência dos quadros e tropas, limitando-se o seu âmbito ao EM da Brigada. As observações efetuadas sustentam-se nos vetores de desenvolvimento de capacidades 13 , tendo sido agregadas por fases, respeitando o desenvolvimento do ciclo de treino. Inicialmente serão abordados os aspetos relacionados com a preparação e planeamento do ciclo de treino do EM. Posteriormente, examinaremos em exclusivo a atividade de planeamento da operação atribuída à Brigada, seguindo-se a fase de conduta. Noutro momento congregam-se as observações transversais. E a encerrar serão tecidas umas considerações finais.

Preparação A matriz organizacional ímpar da Brigada distingue-se das suas congéneres pela inexistência de estruturas regimentais que absorvam o planeamento e a execução das tarefas do quotidiano. Desde a reorganização de 2006 que o EM da Brigada tem uma estrutura semelhante às das restantes Brigadas do Sistema de Forças. Esta realidade acarreta preocupações adicionais e traduz-se na grande dificuldade em atribuir

12

O último exercício “ORION” desenvolvido com forças no terreno, ocorreu em 2010.

26 | Brigada Mecanizada

períodos dedicados exclusivamente ao Treino Operacional. O EM consome grande parte da sua carga horária na resolução da miríade e diversidade de tarefas e missões que, não obstante terem frequentemente um elevado grau de prioridade e um reduzido prazo de execução, nem sempre se relacionam com a atividade central de uma Brigada, o Treino Operacional. Esta observação, que se tornou recorrente, aponta para a contínua interferência das tarefas quotidianas nas atividades de treino operacional, o que, de forma inexorável, desvia a atenção do EM do estudo e treino da Doutrina e das Táticas Técnicas e Procedimentos (TTP). O Processo de Planeamento Militar é a

ferramenta nuclear para desenvolver o planeamento das operações, sendo essencial que todo o EM a domine. Porém, há que dominar, também, os princípios orientadores da aplicação das forças militares na prossecução dos objetivos (NATO, 2015). Ou seja, a doutrina e ser proficiente na execução das TTP. Nesta medida, a preparação do EM envolve duas vertentes complementares entre si: a preparação individual e o treino coletivo. Para a preparação individual dos Oficiais e Sargentos do EM, aproveitaram-se todas as oportunidades com o intuito de rentabilizar o tempo disponível. Nestas, incluíram-se as atividades académicas desenvolvidas pelas unidades da Brigada durante as evocações dos seus dias comemorativos. Salientam-se, a título de exemplo, as palestras efetuadas por elementos do

13 Doutrina, Organização, Treino, Material, Liderança, Pessoal e Infraestruturas e que o Exército adotou como os vetores para o desenvolvimento de uma capacidade.

Página 24 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II Instituto de Estudos Superiores Militares (IESM) no âmbito do emprego da Artilharia de Campanha, nas transposições de cursos de água e no quadro das atividades da Logística de Campanha, a recuperação da aplicação da doutrina e TTP relacionadas com o reabastecimento da Classe III, tarefa executada com grande proficiência pelo BApSvc. O esforço, porém, foi orientado para o auto desenvolvimento de competências no âmbito do conhecimento técnico profissional e de atributos considerados essenciais aos elementos que integram um EM, em linha com as tarefas identificadas como essenciais para o cumprimento da missão. Esta opção não foi a mais conseguida, devido a dois fatores fundamentais: as diferentes motivações e perceções sobre o conhecimento adquirido conduziram à existência de diferentes graus do conhecimento e a posturas dogmáticas; em segundo lugar o interesse em aprofundar conhecimentos e a Iniciativa Disciplinada, que não pode ser dissociado do sentido de missão e espírito de sacrifício, porquanto exige o sacrifício de tempos de descanso em prol da preparação. Nesta medida, sentiu-se a necessidade de arranjar momentos orientados para a discussão dos conceitos doutrinários e explicação da terminologia, a fim de se falar a uma só voz. Nesta fase, a Doutrina revelou-se a grande empresa. No quadro do cenário criado, identificou-se como tarefa essencial para o cumprimento da missão a transposição do rio Tejo. Apesar de no repositório nacional existirem referências a esta atividade caracterizando-a como uma tarefa complementar (EME, 2014), a mesma não foi ainda desenvolvida14. Este aparente vazio doutrinário foi colmatado com recurso ao manual escolar do antigo Instituto

14 A PDE 3-01-00, Tática das Operações de Combate, Vol I descreve a Transposição de Cursos de Água como uma tarefa complementar, mas o assunto não é desenvolvido, tendo sido remetido para o Volume II, que ainda se encontra em fase de elaboração.

de Altos Estudos Militares (IAEM), ao Regulamento de Campanha 130 - Vol II e ao STANAG 2395 da NATO, Deliberate Crossing Water Procedures, datado de 2007 e revisto em 2010.

No âmbito da preparação coletiva foram planeados três exercícios a conduzir sequencialmente. Um Battle Staff Training (BST), um Command Post Exercise (CPX) e um Command Field Exercise (CFX). Com a criação destes momentos, reuniam-se as condições para focar o Estado-Maior no estudo da doutrina e exercitar a aplicação do Processo de Decisão Militar e de TTP. O primeiro exercício, o “HAKEA 142” decorreu ainda em 2014. Consistiu num BST com o intuito de exercitar o EM na resolução de um problema tático criado a partir do cenário genérico do "ORION 15", através da aplicação do Processo de Decisão Militar 15 . Sem deslocar equipamentos e materiais, e contando apenas com os efetivos disponíveis na Brigada, montou-se o Posto de Comando a partir de onde se conduziu o processo de decisão militar. Atendendo à finalidade de recordar doutrina e procedimentos com vista a agilizar o EM, não foram colocados constrangimentos temporais e o foco do treino centrou-se no processo e não os produtos finais. No âmbito da organização e no quadro da função de combate Comando Missão, pretendeuse identificar a melhor organização do Posto de Comando (PC). Atendendo à complexidade da 15Conforme descrito na doutrina nacional, PDE 5-00, Planeamento Tático e Tomada de Decisão e a doutrina NATO em vigor (quando aplicável),

Página 25 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 27


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada missão prevista, articular o PC em duas estruturas complementares com o propósito de assegurar uma adequada e permanente capacidade de Comando e Controlo ao longo de toda a missão, é um imperativo. A necessidade de manter a mobilidade do PC e reduzir o seu volume com vista a aumentar o grau de sobrevivência atendendo ao escalão trabalhado, levou à divisão do PC, em PC Princ e PC Táct. A arquitetura de funcionamento escorou-se na tradicional organização do EstadoMaior por áreas funcionais, identificando-se os elementos que, em caso de necessidade, constituem células integradoras com o intuito de facilitar o planeamento no quadro temporal definido. Apesar da finalidade última do BST ter sido o recentrar a atenção do EM na aplicação do Processo de Decisão Militar (PDM) relevando-se o processo e não o produto, produziu-se, no final, o esboço do enunciado da missão restabelecida e do conceito de operação16. Em finais de Fevereiro conduziu-se o segundo exercício. Num excelente exemplo de geração de sinergias, o "HAKEA 151" foi executado conjuntamente com o exercício da Força Aérea "REAL THAW 15". Já com um esboço do cenário do "ORION 15" como pano de fundo, manteve-se o escopo do exercício no Treino no EM da Brigada, mas alargou-se o leque dos objetivos de treino, uma vez que se envolveram os Comandos e EM das Unidades da Brigada e as suas subunidades. Enquanto o EM da Brigada se centrava no planeamento da Transposição do rio, os EM das unidades da Brigada conduziam um CPX, executando o conceito de operação delineado no exercício anterior e realizavam um LOGEX para trabalhar assuntos no âmbito da Logística de Campanha. Simultaneamente, as subunidades de escalão companhia/esquadrão/bateria/subagrupamento executavam exercícios situacionais conjuntamente com a Força Aérea, treinando TTP,

incluindo a coordenação/sincronização do apoio de fogos. Em matéria de Pessoal, o EM cresceu em função da inclusão de augmentees17 e da Célula de Informação Geoespacial, ativando-se os EM Coordenador e Técnico18. A ausência da Célula de Planeamento do Apoio Sanitário, apesar do Agrupamento Sanitário estar atribuído à Brigada, foi a maior lacuna e teve um impacto significativo no estudo e prática desta importante função logística. A situação ganha maior pertinência, na medida em que constituiria uma oportunidade para manter o conhecimento sobre uma área do saber militar, a saúde operacional, que tem vindo a ser pouco trabalhada, resumindo-se ao apoio real. O PC foi deslocado para a área de treino, o que implicou o envolvimento da CCS e da Companhia de Transmissões 19 a fim de validar o dispositivo e testar a arquitetura de Comunicações e Sistemas de Informação (CSI). A participação destas unidades, revelou-se essencial na identificação de lacunas, nomeadamente em termos de capacidade de transporte e fornecimento de energia elétrica. No que toca à documentação elaborada, para além de se ter aperfeiçoado o enunciado da missão restabelecida e o Conceito Geral da Operação, elaborou-se o Plano de Transposição e os seus anexos, dos quais se destaca o Plano de Movimentos e o Plano e Regulação de Circulação. Note-se, como curiosidade, que estes dois últimos documentos constituíram a base dos planos congéneres executados pelas forças participantes durante o TRJE15”. Por fim, chegámos ao HAKEA 152 que decorreu em finais de Abril, princípio de Maio, integrado na fase de planeamento da operação do "ORION 15" e a cerca de duas semanas da sua fase FTX. Não obstante o exercício ter sido concebido para treino do EM, teve a particularidade de constituir simultaneamente o primeiro momento de avaliação a que foi submetido o Cmd e EM da Brigada no quadro das atividades de inspeção

A inexistência, à data, do Plano Superior, não permitia um produto final definitivo. 17 No novo modelo de treino do Exército, a Brigada que se constitui como APT durante o ORION, completa o seu EM recorrendo a augmentees provenientes das outras Brigadas.

Assim, para além das tradicionais secções G1 a 9, constitui-se a célula de Apoio à Manobra, incluindo o Preboste, a Célula de Apoio de Fogos e a célula de Defesa Aérea e Gestão do Espaço Aéreo 19 Módulos de SIC-T

16

28 | Brigada Mecanizada

18

Página 26 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II atinentes à certificação nacional por parte da Inspeção Geral do Exército (IGE). Para realizar a certificação, a IGE optou por aplicar a parte correspondente aos Quartéisgenerais do ACO FORCES STANDARDS. A decisão representou um desafio para a Audiência de Treino e para a própria equipa de avaliação, uma vez que o ACO FORCES STANDARTS, neste âmbito, está mais orientado para quartéis-generais de escalão Corpo de Exército. Assim, ao conjunto de tarefas do quotidiano, acresceram as reuniões com a IGE, no sentido de consolidar a lista de critérios de avaliação aplicáveis. Conforme programado, o planeamento da operação seria feito durante este Exercício. Por essa razão, era esperado que o Plano de Operações do escalão superior estivesse finalizado e disseminado, o que veio a acontecer na véspera de se iniciar o deslocamento para a área de treino, constituindo por isso mais um teste à capacidade de adaptação e flexibilidade do EM. Neste contexto o EM iria planear a operação no seu todo. Como produtos, esperava-se a Ordem de Operações, que incluía um Plano de Apoio para a Passagem de Linha e um Plano de Apoio para a Transposição. Iniciado o PDM, logo na fase da análise da missão foi possível constatar que o Plano do Escalão Superior, não era suficientemente claro em alguns aspetos essenciais aos estudos em curso, quer da passagem de linha, quer da travessia, pelo que de imediato se deu início à normal interação e planeamento concorrente, materializado através da emissão de vários Request For Information (RFI) por parte da Brigada e a iniciar o PDM num elevado clima de incerteza. O constrangimento foi facilmente ultrapassado pelo EM, que começava a dar mostras de maior agilidade, consequência do treino a montante. No que se refere à organização, a integração do Legal Adviser (LEGAD), da Célula de Gestão de Informação e da Célula de Informação Geoespacial comprovaram ser uma mais-valia para aumentar a proficiência do EM. De salientar a preponderância desta última na produção de informação geográfica relacionada com o intelligence preparation of the battlefield (IPB). Todavia, verificou-se que o papel e as capacidades da Célula de Informação Geoespacial ainda não estavam

totalmente entendidos, apesar da palestra que antecedeu a sua participação. Infelizmente, a ausência da Célula de Planeamento do Apoio Sanitário persistiu, o que representou uma deficiência no treino do EstadoMaior e a perda de oportunidade, por parte do Exército, para a atualização de TTP e de doutrina.

O Planeamento da Operação O planeamento da operação realizou-se durante o exercício “HAKEA 152”, porquanto apenas neste exercício foi possível ter acesso ao Plano do Escalão Superior. De uma forma sintética podemos caraterizar a operação como um ataque. O desafio residia no facto deste ataque incluir a deslocação da Brigada de uma Staging Area para uma Zona de Reunião; uma passagem de linha; a transposição do rio Tejo; e o ataque na verdadeira aceção do termo. Segundo o MGen Calçada (1998, p. 87), planear consiste na “atividade através da qual se procura encontrar resposta para a pergunta – como cumprir? – determinada missão”. O planeamento tático constitui uma abordagem sistematizada e metódica a um problema tático, devendo ser conduzido em duas fases. Numa primeira fase tenta-se compreender o efeito que se pretende produzir (missão) e que nos foi imposto pelo escalão superior, e analisar as circunstâncias em que teremos de cumprir a missão. Compreendido e analisado o problema, passa-se à segunda fase, conceção das possíveis soluções para o problema tático (Calçada, 1998). Essa abordagem é hoje conhecida como PDM. A análise das circunstâncias em que teremos de cumprir a missão faz-se pelo estudo do cenário e dos Planos do Escalão Superior. Mas raramente se dispõe de toda informação necessária, principalmente a que se relaciona com as forças oponentes e outros atores que não controlamos, constrangimento que é ultrapassado pela identificação de pressupostos. Todavia, sobre os meios que temos à nossa disposição não deverá haver necessidade de identificar tais pressupostos. Neste contexto, a análise da missão foi um dos desafios que o EM teve de superar, na medida em que o cenário, por ser demasiado completo, possuía informação a mais face aos objetivos traçados e o plano superior era

Página 27 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 29


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada demasiado genérico nomeadamente no que concerne aos princípios doutrinários relativos à Travessia de Cursos de Água. Doutrinariamente, a travessia deliberada de um curso de água é uma manobra adequada para planeamento por parte do CE (IAEM, 1995) ou pelo menos da Divisão. Tal não aconteceu. Os documentos do Escalão Superior não incluíam o plano de transposição, pelo que, para prosseguir o treino e o estudo da doutrina, sentiu-se a necessidade de um plano genérico que fornecesse, no mínimo, orientações sobre as missões e tarefas das unidades apoiantes da Brigada. O desafio foi vencido recorrendo aos extratos do Plano do escalão superior, utilizados durante o “HAKEA 151”. Tal situação implicou sacrificar o tempo atribuído para a conceção das possíveis soluções. Esta consequência foi minorada pelo trabalhado realizado durante o “HAKEA 15” e pela constituição de uma célula multifuncional para desenvolver as modalidades de ação. Reduzir a quantidade de documentação a montante, centrando-a no fundamental para o treino da unidade e em linha com os objetivos superiormente definidos, pode ser uma solução para rentabilizar o tempo e focar o EM no essencial para a prossecução dos objetivos. Na aplicação do PDM, merece destaque a execução do Jogo da Guerra durante a análise das modalidades de ação, que incluiu a participação dos Comandantes das Unidades subordinadas, o que facilitou a compreensão mais célere do conceito da operação, e contribuiu para a aplicação do conceito de Comando Missão. Porém, esta prática não está traduzida numa standard operating procedure (SOP), pelo que importa sistematizar todo processo, por forma a constituir uma referência futura, cada vez mais essencial, em face da elevada rotatividade que se sente nos quadros. Além da observação dos briefings da Análise da Missão e da Decisão, o jogo da guerra foi examinado com grande acuidade por parte da IGE sendo um dos momentos mais importantes em termos de avaliação, pois permitiu aferir o grau de

30 | Brigada Mecanizada

proficiência do EM, uma vez que obriga a sustentar as posições tomadas. Ainda no quadro das atividades de certificação, procedeu-se nesta fase à análise documental ou seja, analisar todos os Planos e Normas de Execução Permanentes (NEP) da Brigada, o que representou um esforço adicional para o EM, dado que esta atividade foi realizada em períodos de descanso a fim de não prejudicar o trabalho de planeamento. Considera-se que esta atividade poderia ser executada noutro momento que não durante um exercício pelo que se recomenda que a mesma seja revisitada.

Conduta Durante a Fase LIVEX do “ORION 15”, mais do que planear, a atividade principal do EM centrouse na ciência do Controlo. Alinhar os incidentes gerados com as forças e elementos constantes da Composição e Articulação das Forças que se encontravam materializadas e posicionadas no terreno de acordo com o plano da Brigada, foi o grande desafio. Porque nem todas as forças constantes do Plano estavam materializadas no terreno, situações houve, em que o incidente foi lançado na zona de ação de uma dessas unidades. Nestas circunstâncias, a Brigada difundiu ordens parcelares para as mesmas, pois estavam constituídas as respetivas células de resposta, determinando ações a tomar. A solução não foi aceite pelo Controlo do Exercício que exigiu a resolução do incidente com forças no terreno, mesmo que fossem de unidades adjacentes à que

Página 28 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II se encontraria naquele local, o que foi executado. Numa outra ocasião, tendo as unidades da Brigada concluído a travessia do Tejo e estando posicionadas na margem sul ao longo da Linha de Fase que materializava a Linha de Partida para o Ataque, foram recebidas ordens para resolver incidentes localizados na margem norte do Tejo, na área onde se encontrava a Brigada através da qual se havia efetuado uma passagem de linha. Estas situações geraram alguma turbulência inicial a qual viria a ser ultrapassada, demonstrando aqui o EM da Brigada e as suas subunidades, face ao imprevisto, grande iniciativa, flexibilidade e capacidade de adaptação, agindo sempre de acordo com a missão e intenção do escalão superior, revelando uma assinalável competência para interiorizar e aplicar o princípio do Comando Missão a todos os escalões. No final, ficou a perceção que existe caminho para melhorar a integração entre o planeamento da operação e a elaboração do guião de Eventos/Incidentes. A maioria dos incidentes era materializada através de ordens parcelares provenientes do escalão superior. Porém, para alguns deles o tempo disponível para a sua execução era muito curto, não permitindo a análise da situação com a profundidade desejada, nem tão pouco aplicar o PDM ainda que de forma abreviada. Tal obrigou o chefe do EM a adotar procedimentos de contingência, organizando um grupo de planeamento ad-hoc, recorrendo à célula de apoio à manobra, reforçada por outros elementos, de acordo com a missão, chefiada pelo 2º comandante da Brigada. Esta modalidade, que revelou, mais uma vez a proficiência do EM, acarretou contudo um esforço humano acrescido, pois impossibilitou a normal organização do trabalho por turnos. Organizacionalmente, cumpre relevar a articulação entre o PC Princ e o PC Tact, que funcionou na perfeição, e a arquitetura de comunicações desenhada que fez face à miríade de equipamentos de CSI em funcionamento e permitiu a comunicação de dados em modo seguro. Note-se que o Comando e Estado-Maior da Brigada não estava equipado com os modernos rádios 525, o que colocou acrescidos desafios ao

seu EM, nomeadamente ao seu G6 no sentido de conseguir, através de um planeamento muito rigoroso cuidado e eficiente, com os meios disponíveis complementados pelos módulos SIC-T disponíveis, garantir em permanência o comando

e controlo, quer em situação estacionária, quer em movimento, ou ainda quando dividiu o seu PC. Em matéria de treino na área das comunicações, foi notória, a excessiva utilização das redes rádio. Todavia, à medida que, tanto a proficiência dos operadores como a confiança aumentavam, constatou-se uma diminuição na quantidade de emissões e um aumento na qualidade. Urge pois, aumentar o treino dos comandantes, aos diferentes escalões, na disseminação de ordens e relatórios via rádio e na utilização das várias aplicações que lhes são disponibilizadas.

Outras lições identificadas Se existe fator que influencie o desempenho de um Estado-Maior é o seu manning, sobretudo no que concerne à sua estabilidade. Resultado das dificuldades de efetivos das unidades dos Elementos da Componente Operacional do Sistema de Forças (ECOSF), alguns augmentees foram substituídos no decurso do ciclo de preparação, o que se traduziu num esforço adicional para conseguir a sua plena integração, por forma a garantir a continuidade do treino. Neste quadro, importa identificar com clareza durante a fase de planeamento, nomeadamente aquando da definição dos objetivos de treino, e da conceção das MEL/MIL, se existem áreas de Estado-Maior que não venham a ser trabalhadas, de modo a incidir o esforço do manning nas áreas verdadeiramente necessárias. À medida que o

Página 29 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 31


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada treino foi evoluindo, começou a instalar-se a perceção de que a função Finanças não iria ser trabalhada durante a fase FTX, ou teria um empenhamento reduzido, o que veio a confirmarse. Para além de constituir uma situação desconfortável para os militares nomeados, caso esta área tivesse sido trabalhada poderia ter constituído uma mais-valia para a preparação para o exercício TRJE15. Mas o EM, de per si, não funciona. A sua atividade depende do funcionamento de áreas como as Transmissões e os módulos SIC-T e a sustentação. Não obstante a colaboração dos elementos que compõem estas unidades/módulos seja muito técnica, são elementos que, de facto, fazem parte do Comando e o Estado-Maior, pelo que a sua ação, mesmo a individual, tem reflexos na avaliação. Assim, houve que identificar momentos de integração para que tomassem conhecimento dos planos e das SOP em vigor, situação de muito difícil execução quando toda a unidade só é junta durante o exercício. Constatou-se também a necessidade de nivelar o treino individual básico nomeadamente no que concerne às tarefas relacionadas com a sobrevivência no campo de batalha, a par da interiorização de um quadro mental orientado para a situação de treino. No âmbito do vetor organização, destaca-se a necessidade de fazer face ao volume e fluxo de informação e de conferir maior importância ao Direito Internacional e à Lei dos Conflitos Armados no planeamento das operações. Para esta última necessidade incluiu-se na célula de planeamento o LEGAD que passou, com resultados muito positivos, a participar no levantamento e análise das modalidades de ação. O facto de estes militares serem, em norma, oriundos do regime de contrato, suscita desafios decorrentes da falta de conhecimentos doutrinários e da terminologia militar. O problema da gestão da informação foi solucionado pela criação de uma célula na direta dependência do CEM, responsável pela triagem e disseminação de informação através da

localizada no COT e em coordenação com os militares que ali desempenham funções assegurou a existência, em permanência, de uma Common Operational Picture (COP). O resultado foi muito positivo, sendo uma mais-valia para garantir a continuidade da ação de comando. Examinar se o Cmd e EM está dotado com o material e equipamento adequado e em quantidade, implica aquilatar o impacto do mesmo na aplicação da doutrina, na organização desenhada, leia-se quadro orgânico, no treino, no desenvolvimento dos comandantes e lideres, no pessoal e nas infraestruturas. Para o propósito do nosso texto centrámo-nos apenas na organização e nas infraestruturas. A área que mais evolução tem sofrido do ponto de vista da tecnologia, são os sistemas informação e comunicação. Do Comando e Controlo evoluiu-se para o Comando, Controlo, Comunicações e Computadores (C4I), por exemplo. Apesar da arquitetura de Comunicações e Sistema de Informações ter correspondido quer nas comunicações de voz quer na transmissão de dados, torna-se difícil manter a COP através dos dados, se as unidades não estiverem dotadas com equipamentos rádio que permitam utilizar os trackings systems. Apenas o GCC e o 2BIMec (R)/BrigInt estão dotados com o equipamentos rádio com esta capacidade, o que levanta desafios adicionais ao comando e controlo e não permite, por outro lado, utilizar todas as potencialidades dos equipamentos. Noutra vertente, verifica-se a necessidade de adequar os meios de fornecimento de energia em face do crescimento exponencial de equipamentos no seio do PC, bem como assegurar o seu transporte. Esta situação não encontra tradução nos atuais quadros orgânicos. Nesta medida, urge adequar o QOM à realidade de um PCmd de Brigada, aumentando a capacidade de transporte, incluindo os computadores e monitores de situação, e prever meios de fornecimento de energia que satisfaçam as necessidades energéticas em função da nova realidade.

manutenção do portal colaborativo 20. Esta célula

Considerações Finais

20

unidades da Brigada bem como os relatórios, o que permitiu sempre aferir a situação da unidade.

O Portal Operacional disponibilizava para além da COP, as ordens de Operações e Parcelares de todas as

32 | Brigada Mecanizada

Página 30 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II Se houve um fator determinante na proficiência e resolução do problema dos táticos colocados ao EM foi o conhecimento da doutrina e o domínio das TTP. Por essa razão, é recomendável o maior envolvimento dos estabelecimentos dedicados ao ensino em iniciativas que disseminem a doutrina, promovendo mais atividades orientadas para a atualização do saber militar ao nível dos EstadosMaiores das GU. Paralelamente, devem os comandantes promover iniciativas que instilem o auto desenvolvimento e a valorização pessoal. No âmbito do pessoal, salienta-se a importância de garantir a estabilidade dos quadros incluindo os augmentees, como garante da continuidade do treino de forma sequencial e gradual. Há, porém, que atentar à necessidade de identificar áreas onde, eventualmente não se prevê realizar o esforço, a fim de evitar situações indesejáveis de não envolvimento. O facto da Brigada ter mantido nos últimos anos o foco do treino operacional nas operações de grande envergadura, enquanto no panorama internacional o paradigma do treino se centrava na Counter Insurgency (COIN), foi fundamental para a preparação do Estado-Maior. Apenas se sentiu a necessidade de rever os conceitos doutrinários e o léxico relativo à travessia de cursos de água, operação que desde 2008 não se exercitava. Neste âmbito e relacionada com a doutrina, impõe a revisão do conceito de apoio sanitário de campanha, área onde começa a ser preocupante o desconhecimento. A criação de cenários e a produção dos Planos enquadrantes, não deve constituir uma tarefa consumidora do tempo. Antes pelo contrário devem ser centrados nos efeitos a induzir nos Estados-maiores com vista à prossecução dos objetivos. Para ganhar tempo, sugere-se, à semelhança do que acontece na OTAN, o desenvolvimento de um ou dois cenários a vigorar durante um certo período, como base de todos os exercícios a planear. Atendendo ao aumento da atuação conjunta, tais cenários poderiam fazer parte da EXPROGEN.

O envolvimento da totalidade das unidades da Brigada e das suas subunidades, permitiu a aplicação do conceito do treino multi escalão, com a atividade de planeamento a decorrer nos EM concorrentemente com o treino de TTP nos mais baixos escalões. Constatou-se um evidente ganho em tempo e a possibilidade de repetir a prática das TTP. No âmbito do material, importa estudar as necessidades decorrentes do aumento do volume de equipamentos de CSI e das consequências do mesmo em termos de necessidades de energia e de transporte. Por fim, e com o intuito de aumentar a eficiência do treino e facilitar a atividade de avaliação, recomenda-se considerar a possibilidade dos elementos responsáveis pela elaboração dos guiões de incidentes, acompanharem de perto o planeamento da Operação a fim de melhorar a sincronização dos mesmos e assim contribuir para a plena consecução dos objetivos fixados. Como em todas as atividades militares, o treino adequado e eficiente marca a diferença. Assim, os planos de treino dos Estados-Maiores devem evoluir no sentido de refletir áreas de auto desenvolvimento e as valências fundamentais para o cumprimento proficiente das tarefas essenciais para o cumprimento da missão. Depender apenas de exercícios revela-se desadequado. Bibliografia Calçada, J. F. (1998). Elementos de Táctica. IAEM. CID. (2007). PDE 5-00 Planeamento Táctico e Tomada de Decisão. DA. (2002). FM 7-2 Training the Force. Washington. DA. (2010). FM 5-0 The Operational Planning Process. EME. (2005). Regulamento de Campanha - Operações. EME. (2010). PDE 2-09-00 Estudo do Espaço de Batalha pelas Informações. EME. (2012). PDE 3-00 Operações. EME. (2014). PDE 3-01-00 Táctica das Operações Militares, Vol I. IAEM. (1995). NC 20-35-01, Transposição de Cursos de Água. NATO. (2015). AAP-6 NATO Glossary of Terms and Definitions, ed 2105, ver 1.

Página 31 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 33


ENQUADRAMENTO CONCETUAL

Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada

A Artilharia de Campanha tem como Missão

Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada Geral assegurar apoio de fogos contínuo e oportuno ao Comandante da força e integrar todo o apoio de fogos nas operações da força. Para assegurar este apoio a Artilharia de Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada campanha tem como unidade principal o Grupo de Artilharia de Campanha (GAC) que por sua vez tem como subunidades três (3) Baterias de Bocas Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada de Fogo (Btrbf) e uma Bateria de Comando e Serviços (MC 20-15 1988: 2-1). Ten Art Leite Ten Art Loureiro “O Exército pode passar cem anos sem ser Segundo usado, omas não pode nº passar Quadro Orgânico 24.0.14um do Grupo de Artilharia de Campanha 15,5 AP Grupo de Artilharia de Campanha (GAC) “O GAC minuto sem estar preparado.” é orgânico da [Brigada Mecanizada] (BrigMec) Rui Barbosa) estando-lhe atribuída a Missão (Tática Apoio Direto (A/D). Isto permite respeitar o princípio do A Unidade básica de tiro da Artilharia de “O Exército pode passar cem anos sem ser masàsnão pode passar um ENQUADRAMENTO CONCETUAL apoiousado, adequado unidades de manobra Campanha é a Bateria de Bocas de fogo existindo empenhadas. O A/D determina o fornecimento minuto sem estar preparado.” assim uma base doutrinaria que a carateriza o A Artilharia Campanha tem como Missão Parte II – TreinodeOperacional da Brigada Mecanizada de apoio de fogos próximo e contínuo aos Manual da Bateria de Bocas de fogo que tem ( Rui Barbosa) Geral assegurar pode apoio passar de fogoscem contínuo “O Exército anosesem ser usado,demas não pode um elementos manobra que passar lhe forem como “finalidade definir responsabilidades e oportuno ao Comandante da força e integrar designados. A disponibilidade seus fogos em A Unidade básica de tirodos da minuto semdeestar preparado.” funções dos graduados da Btrbf da Artilharia Artilharia de de todo o apoio fogos nas operações da força. ENQUADRAMENTO CONCETUAL favor da BrigMec é direta e permanente” Campanha é a Bateria de Bocas de fogo existindo Campanha na instrução, em Exercícios e em ( Rui Barbosa) Para assegurar este apoio a Artilharia de (2009:5). assim uma base doutrinaria que a carateriza o A Artilharia de Campanha tem como Missão situações de combate” (MC 20-15 1988:1-1). A campanha tem como unidade principal o Grupo Manual da Bateria de Bocas de fogo que tem A Unidade básica de tiro da Artilharia de Geral assegurar apoio de(GAC) fogos Bateria dispõe de meios Humanos Materiais de Artilharia de Campanha quecontínuo por sua veze ENQUADRAMENTO CONCETUAL “O Grupo de Artilharia insere-se nas eFunções de como “finalidade definir responsabilidades Campanha é a Bateria de Bocas de fogo existindoe oportuno ao Comandante da força e integrar para executar o tiro, para estabelecer tem como subunidades três (3) Baterias de Bocas Combate como unidade de apoio de fogos funçõesuma dosbase graduados Btrbf de assim doutrinaria quedaPode a Artilharia carateriza o todoFogo apoio dede nas operações daMissão força.e comunicações e para seda deslocar. atuar éde AoArtilharia Campanha tem de (Btrbf) efogos uma Bateria decomo Comando (Função do Apoio de Fogos). O apoio de fogos a Campanha na instrução, em de Exercícios em Manual da Bateria de Bocas fogo queetática tem Para assegurar a Artilharia forma isolada como uma unidade Geral assegurar apoio de contínuo de e Serviços (MC 20-15este 1988:apoio 2-1).fogos integração de fogos e efeitos, para retardar, situações de combate” (MC 20-15 1988:1-1). Ae como “finalidade definir responsabilidades campanha ao temComandante como unidade Grupo independenteoupor um período limitadofunções se for oportuno da principal força e ointegrar desorganizar destruir forças inimigas, Bateria dispõe de meios e Materiais Segundo odeCampanha Quadro Orgânico nº por 24.0.14 do funções dos graduados daHumanos Btrbfe daequipamento Artilharia de de Artilharia (GAC) que vez reforçada com pessoal todo o apoiode fogos nas operações dasua força. de combate emas instalações, para passar se atingirem “O Exército pode passar cem anos sem ser usado, não pode um para executar o tiro, para estabelecer Grupo de Artilharia de Campanha (GAC) “O GAC Campanha na instrução, em Exercícios e em tem como subunidades (3) Baterias de Bocas necessário táticos às exigências da missão (MC (RC0020-15 Para assegurar este três apoio a Artilharia de objetivos ou operacionais” comunicações e para se deslocar. Pode atuar de écampanha da [Brigada Mecanizada] (BrigMec) situações de combate” (MC 20-15 1988:1-1). A deorgânico Fogo (Btrbf) e uma Bateria de Comando e minuto sem estar preparado.” 1988:2-1). apud Quadro Orgânico nº 24.0.14 do tem como unidade principal o Grupo Operações, forma isolada como uma unidade tática estando-lhe atribuída a 2-1). Missão Tática Apoio Bateria dispõe de meios Humanos e Materiais Serviços (MCde 20-15 1988: de Artilharia Campanha (GAC) que por sua vez ( Rui Barbosa) GAC 2009:5 ). independente período limitado se for Direto (A/D). Isto permite respeitar o princípio do para executarpor oumtiro, para estabelecer tem como subunidades três (3) Baterias de Bocas Segundo o Quadro Orgânico nº 24.0.14 do reforçada com pessoal e equipamento apoio às unidades manobrae comunicações para sede deslocar. atuar de de de Fogoadequado (Btrbf) e uma Bateria dedeComando A Unidadee básica tiro daPode Artilharia ENQUADRAMENTO CONCETUAL Grupo de Artilharia de Campanhao (GAC) “O GAC necessário às exigências da missão (MC 20-15 empenhadas. O A/D determina fornecimento forma isolada como uma unidade tática Serviços (MC 20-15 1988: 2-1). Campanha é a Bateria de Bocas de fogo existindo é orgânico da fogos [Brigada Mecanizada] (BrigMec) 1988:2-1). de apoio de próximo e contínuo aos independente pordoutrinaria um período se for assim uma base quelimitado a carateriza o A Artilharia de Campanha tem como Missão estando-lhe atribuída a Missão Tática Apoio Segundo de o Quadro Orgânico nºlhe 24.0.14 do elementos manobra que forem reforçada com pessoal e equipamento Manual da Bateria de Bocas de fogo que tem Geral assegurar apoio de fogos contínuo e Direto (A/D). Isto permite respeitar o princípio do Grupo de Artilharia de Campanha (GAC) “O GAC designados. A disponibilidade dos seus fogos em necessário às exigências missão (MC 20-15e como “finalidade definirdaresponsabilidades oportuno ao Comandante da força e integrar adequado àsé unidades de manobra éapoio orgânico da [Brigada Mecanizada] (BrigMec) favor da BrigMec direta e permanente” 1988:2-1). funções dos graduados da Btrbf da Artilharia de todo o apoio de fogos nas operações da força. empenhadas.atribuída O A/D determina fornecimento estando-lhe a Missãoo Tática Apoio (2009:5). Campanha na instrução, em Exercícios e em Para assegurar este apoio a Artilharia de de apoio deIsto fogos próximo e contínuo Direto (A/D). permite respeitar o princípioaos do situações de combate” (MC 20-15 1988:1-1). A campanha tem como unidade principal o Grupo “O Grupo de de Artilharia Funções de elementos manobra quenas forem apoio adequado às insere-se unidades delhe manobra Bateria dispõe de meios Humanos e Materiais de Artilharia de Campanha (GAC) que por sua vez Combate unidade de dos apoio de fogos designados.como AO disponibilidade fogos em empenhadas. A/D determina oseus fornecimento para executar o tiro, para estabelecer tem como subunidades três (3) Baterias de Bocas (Função Apoio de Fogos). O apoio de fogosaos éa favorapoio dado de BrigMec épróximo direta permanente” de fogos ee contínuo comunicações e para se deslocar. Pode atuar de de Fogo (Btrbf) e uma Bateria de Comando e integração e efeitos, (2009:5). elementos de de fogos manobra quepara lheretardar, forem forma isolada como uma unidade tática Serviços (MC 20-15 1988: 2-1). desorganizar destruir forçasdos inimigas, funções designados. Aou disponibilidade seus fogos em independente por um período limitado se for “O Grupo de Artilharia insere-se nasseFunções de de combate eo Quadro instalações, atingirem favor da BrigMec é Orgânico diretapara e nº permanente” Segundo 24.0.14 do reforçada com pessoal e equipamento Combate como de apoio de (RC00fogos objetivos táticosunidade ouCampanha operacionais” (2009:5). Grupo de Artilharia de (GAC) “O GAC necessário às exigências da missão (MC 20-15 (Função do Apoio de Fogos). O apoionºde24.0.14 fogos édo a Quadro Orgânico éOperações, orgânico apud da [Brigada Mecanizada] (BrigMec) 1988:2-1). integração fogos einsere-se efeitos, nas paraFunções retardar, “O dede Artilharia de GACGrupo 2009:5 ).atribuída estando-lhe a Missão Tática Apoio desorganizar ou destruir Combate como unidadeforças de inimigas, apoio defunções fogos Direto (A/D). Isto permite respeitar o princípio do de combate e instalações, (Função do Apoio de Fogos). Opara apoiosedeatingirem fogos é a apoio adequado às unidades de manobra objetivos operacionais” (RC00integração táticos de fogosoue efeitos, para retardar, empenhadas. O A/D determina o fornecimento Operações, apud Quadroforças Orgânico nº 24.0.14 do desorganizar ou destruir inimigas, funções de apoio de fogos próximo e contínuo aos Página 32 de 96 GACcombate 2009:5 ). e instalações, para se atingirem de 34 |elementos Brigada Mecanizada de manobra que lhe forem objetivos táticos ou operacionais” (RC00designados. A disponibilidade dos seus fogos em Operações, apud Quadro Orgânico nº 24.0.14 do favor da BrigMec é direta e permanente” GAC 2009:5 ). (2009:5).

Aplicãção dã Doútrinã no Treino Operãcionãl experienciã nã primeirã pessoã Aplicãção dã Doútrinã no Treino Operãcionãl primeirã Aplicãção dãexperienciã Doútrinã nonã Treino pessoã Operãcionãl experienciã nã primeirã pessoã

Aplicãção dã Doútrinã no Treino Operãcionãl experienciã nã primeirã pessoã

A Unidad Campanha é a assim uma ba Manual da Ba como “finalid funções dos gr Campanha na situações de c Bateria dispõe para executa comunicações forma isolad independente reforçada co necessário às 1988:2-1).


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II É de igual forma importante salientar as enormes diferenças da antiga Bateria de Bocas de Fogo (BAC) que se encontra caraterizada no Manual MC 20-15 da atual Btrbf. A antiga BAC era independente e não estava dependente de um Grupo o seu Comandante era o Coordenador de Apoio de Fogos da Brigada e tinha o posto de Major, disponha de Oficiais de Apoio de Fogos. Contudo é na Bateria de tiro que reside a maior diferença, organizada a dois pelotões com um total de 8 secções, em que cada um destes pelotões tinha capacidade de comando e de cálculo de tiro através do Posto Central de Tiro (PCT). Atualmente a Bateria dispõe de 6 secções, um PCT e o comandante de Bateria que está dedicado na sua função e tem o posto de Capitão. Porém existem ainda aspetos comuns sendo de salientar o principal, as Secções de Observadores Avançados que continuam na orgânica da Bateria, a três (3) secções, com o objetivo de ser cada uma destas atribuídas a um Batalhão. Para executar tiro é necessário o seu cálculo, métodos e técnicas de tiro, com esta finalidade existe o PDE 3-38-13,Tiro Artilharia Campanha recentemente atualizado no ano 2012. Estabelece procedimentos relativos à Artilharia de Campanha quer no PCT do escalão bateria quer no escalão de grupo, e ainda identifica os procedimentos do observador avançado (Oav) (PDE 3-38-13,Tiro Artilharia Campanha 2012:1-1). A capacidade de executar todos os tipos de fogos requer o domínio das técnicas de processamento dos elementos de tiro e do cálculo manual bem como o conhecimento dos materiais e das munições. É importante de igual modo referir que a Doutrina Portuguesa é diretamente influenciável pela Doutrina Americana. O ATP 3-09-50 THE FIELD ARTILLERY CANNON BATTERY de 2015 é a mais recente publicação Norte Americana sobre a bateria de bocas de fogo. “Contém diretrizes doutrinárias para quem tem cargos de chefia na bateria. Serve como referência para o desenvolvimento de doutrina (princípios fundamentais, táticas, técnicas e procedimentos) material e estrutura da força; para a instituição e treino das unidades; e procedimentos operacionais

21

padronizados” (Tradução do Autor). Em grande parte este manual vem de encontro com os procedimentos atuais na bateria exceto na parte da computorização do tiro e da forma de proceder com ou sem esta automatização do tiro mas também com outro aspeto os procedimentos ao nível de pelotão (organização, procedimentos e a utilização destes de forma isolada) que de certo modo mostra semelhanças e vão de encontro aos mesmos utilizados pela BAC. 21 No decorrer de vários exercícios sobretudo aqueles que tinham uma dimensão multinacional existiu a necessidade de comunicar e praticar os mesmos procedimentos, o tiro e em especial a sua transmissão reveste-se de especial importância. Assim sendo é na Doutrina NATO que pode se encontrar uma base comum de trabalho com a mesma língua, com o mesmo conteúdo. Assim o AArtyP-1(B) ARTILLERY PROCEDURES que neste momento se encontra em fase de análise e de ratificação em Portugal surge de forma a suprimir essa lacuna. Este manual contém todo o conteúdo que pode ser normalizável por todos os países, ao nível dos procedimentos, comunicação e planeamento, padroniza ainda com códigos, características e categorias a serem usados na direção tática e técnica do tiro (AArtyP-1 (B) 2015:1-1). DESENVOLVIMENTO a. Experiência Na Primeira Pessoa (1) A Bateria de Bocas de fogo A Bateria de bocas de fogo, de acordo com os Quadros Orgânicos (Q.O.) possui um grupo de comando, secção de manutenção, secção de transmissões, secção de munições, 3 secções de observadores avançados e a Bateria de Tiro. A Bateria de Tiro é constituída pelo Posto Central de Tiro e pelas seis (06) secções de bocas de fogo. (Q.O 24.0.04/2009)

Fig nº1 Obus M109 A5 155mm (fonte GAC 15,5 AP)

Página 33 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 35


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada A secção, devido às constantes mudanças no que concerne à área do pessoal e a dificuldades estruturais conta com sete (07) elementos na secção, desde o Comandante de secção até ao condutor da viatura de munições. Desta premissa anterior emerge a grande dificuldade em termos de pessoal de um total de 7 elementos atuais do novo (Quadro Orgânico nº 24.0.14 do GAC 2009:13) para com 10 elementos definidos no antigo Quadro Orgânico. Aliando-se a esta dificuldade existe o problema das rotações excessivas, de trocas de pessoal quer por contratos não renovados quer por rescisão em que em 99% dos casos é por iniciativa do militar. Esta realidade tem como consequência a perda da experiência acumulada o que origina a uma não continuidade dos conhecimentos e a uma constante formação a militares recém ingressados no Exército na área de campanha. É também importante refletir o dano deste problema na manutenção das viaturas, o efeito que anteriormente era conseguido graças à manutenção dos praças no mesmo sítio e das suas responsabilidades bem definidas relativamente a uma viatura produzia um sentimento de pertença, uma preocupação constante e uma manutenção constante, este conceito assume particular importância num contexto de viaturas mecanizadas em que a manutenção é trabalhosa e crucial. (2) Aplicação do treino Operacional na Btrbf Para o Reconhecimento, Escolha e Ocupação de Posições (REOP) o MC - 20 - 100 é a principal referência e aloca em si, o reconhecimento prévio da nova zona a ocupar, passando pela escolha mais acertada do itinerário até à parte do Briefing do Comandante de Bateria. Este manual não só é importante para padronizar os procedimentos em todas as Baterias mas também contém doutrina para os restantes escalões superiores. Neste manual, também se encontra outros procedimentos, desde a referenciação das Bocas de Fogo até aos procedimentos de apontar a Bateria, estão lá explicados de forma simples e percetível. Para quem se sente desconfortável na sua função é uma referência a seguir e para quem se sente à vontade com a sua função é um

36 | Brigada Mecanizada

manual que permite reforçar procedimentos e para colmatar qualquer falha que surja. Embora sejam utilizados vários manuais

portugueses para solidificar procedimentos e reforçar conhecimentos, quando se fala de validação de procedimentos, os Army Training and Evaluation Programs (ARTEP) dos Estados Unidos da América (EUA) são a matriz principal de avaliação das nossas secções e das nossas Baterias. Os EUA criaram um sistema de avaliação baseado em premissas de GO ou NO GO que permitem simplificar a matriz de avaliação e padronizar, para os diferentes materiais, o mesmo procedimento na execução das tarefas da Btrbf. Os ARTEP permitem avaliar o Briefing do Comandante de Bateria, passando por ataques à posição de Artilharia, emboscadas no deslocamento, ataques aéreos e até mesmo uma Posição de emergência para responder a pedidos de tiro inopinados durante o deslocamento da força. No treino operacional todos esses fatores são tidos em conta. Nunca baseamos o treino num único manual ou numa única forma de fazer as coisas. Fruto da experiência que vai passando de militar para militar e de boas praticas, são criadas Normas de Execução Permanente (NEP) que permitem adaptar a doutrina aos procedimentos mais práticos ou normalizar procedimentos como exemplo disso a questão dos fumos imediatos, supressões imediatas, Boca de fogo diretriz, entre outras sem descuidar a segurança e a prontidão. Essas NEP estão presentes nos treinos operacionais e são do conhecimento de todos os militares da Bateria o que permite uma maior rapidez na execução de tarefas. Outros exemplos disso são o código de bandeiras entre viaturas, os sinais sonoros e luminosos terminando nos meios de transmissões que facilitam o trabalho de todos os militares e que

Página 34 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II toda a gente tem conhecimento. Por vezes os rádios falham e usam-se as bandeiras; outras vezes a visibilidade é reduzida e usam-se as luzes e os sinais sonoros, ou seja, existem vários procedimentos que a doutrina consegue padronizar para passar a mesma informação para todos mas a experiência das subunidades também permitem que os procedimentos sejam executados da maneira mais eficaz no terreno. Por esses motivos é que o treino, pelo menos na 2ªBateria de bocas de fogo consiste na aplicação da Doutrina, avaliação e validação de procedimentos, averiguação de pontos positivos/negativos (Lições aprendidas, boas praticas ou aspetos a melhorar) vertendo estes conhecimentos em NEP complementadas pela doutrina e experiência profissional mais conhecida por boots on the ground [Saber pela experiência]. (3) Testemunho Na 2ªBtrbf, mais propriamente na Bateria de Tiro, a Doutrina é sempre tida como referência para treino individual desde os serventes das secções, passando pelo PCT até ao Comando da Bateria de Tiro.

a missão e a melhorar pequenas ações. O que é evidente é que grande parte da Doutrina é essencial para o Treino Operacional mas em alguns aspetos está ultrapassada pelo que é necessário modificar procedimentos não ao nível da subunidade mas sim ao nível da Artilharia. b.O ELEMENTO DE APOIO DE FOGOS (1) Constituição Ao nível do Elemento de Apoio de Fogos (EAF) na Artilharia de Campanha está organizado por: 3 equipas de Secção de Oav por Btrbf e por quatro (4) Secções de Apoio de fogos ao nível do GAC (3 de nível Batalhão e uma (1) de nível Brigada) (Quadro Orgânico nº 24.0.14 do GAC 2009:8). Estas secções são colocadas junto ao comando da unidade de manobra com as funções de observarem, integrarem e planearem o apoio de fogos.

Não obstante da Doutrina, a experiência adquirida pelo pessoal ao longo dos exercícios também contribui para o nosso treino. O objetivo sempre foi aplicar todos os conceitos existentes nos manuais e adaptar alguns procedimentos que no terreno fazem com que as tarefas e missões atribuídas sejam feitas com maior celeridade possível e com a maior eficiência tanto ao nível do material como ao nível do pessoal. Nos treinos parcelares de secção e de Bateria o objetivo de validação/avaliação está materializado em matrizes com base nos ARTEP e também nos procedimentos que os militares executam em cada exercício. Os incidentes de maior relevo onde se pode observar a simbiose entre a Doutrina e experiência adquirida são os de ataque à coluna militar e à posição onde nos encontramos. A cada treino que fazemos, evoluímos constantemente para melhor cumprir

(2) Imposição tecnológica (a) De acordo com a Lei de Programação militar no final de 2015 foi adquirido pelo exército a Estação de Observação Digital CoralCR. Este equipamento serve para a Observação e Aquisição de Objetivos sendo constituído por dois subsistemas o CORAL e o THOR. 22 O Coral é uma camara térmica, com distanciómetro e com Global Positioning System

Fig nº2 Sistema de Observação Coral CR (fonte internet);

22

Página 35 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 37


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada (GPS) integrado por outro lado o THOR é um equipamento que permite referenciar através de principalmente os astros mas não só e permite sobretudo fazer correções no tiro (FALL OF SHOT), aumenta também a precisão azimutal para 0,5 milésimos de erro; 23 (b) Tendo em conta a secção Oav e sua inerente necessidade de movimento ponderase o uso do CORAL CR sem o THOR: 1. O uso do CORAL sem o THOR coloca alguns problemas ao nível do cálculo do tiro; 2. O seguimento do tiro será feito por coordenadas, a correção em vez de ser envia com direita/esquerda, alongar/encurtar terá que ser feita por coordenadas (Ignorando a grade de objetivos24 no PCT); 3. Atualmente e segundo a nossa doutrina o tiro pode ser pedido, por coordenados mas depois o seguimento deverá ser feito por desvios em relação ao objetivo (PDE 3-38-13,Tiro Artilharia Campanha);

todo o Apoio de Fogos. Analisam as possibilidades de bater o Objetivo, a forma de o bater ou de apoiar de forma eficaz e permanente de acordo com a Doutrina, fazem parte do Processo de Tomada de Decisão. Qualquer destes elementos pode observar o tiro mas é ao Oav que devido à sua localização lhe cabe essa tarefa. A Figura nº 5 mostra os 4 grandes grupos de planeamento do SACC. 26

4. Para este efeito é necessário ajustar o cálculo do tiro ajustando-se à doutrina. Target List

(c) O subsistema THOR deverá ser usado em situações de tiro real mas em treino. Neste subsistema também a nível doutrinário existe algumas premissas a ter em conta tais como o seguimento do tiro deste sistema que corrige o ponto médios de impacto para o Objetivo e não como segundo o PDE 3-38-13,Tiro Artilharia Campanha que corrige-se o último impacto para o Objetivo.

Guidances

Current Mission

Geometries

Overlays

(3) O sistema automático e o planeamento (a)

O Planeamento:25

Os EAF são uma parte integrante do planeamento na manobra e do GAC. Aconselham o Comandante da manobra desde o escalão companhia até ao escalão Brigada sobre as possibilidades da Artilharia de Campanha e de 23

24

Fig nº3 Coral (fonte GAC 15,5 AP); Grade de Objetivos permite ao PCT através das quadrículas e da correção em desvios do Observador definir o ultimo tiro.

38 | Brigada Mecanizada

Fig nº4-Estrutura no SACC (fonte Slide 14, PP Apresentação do SACC 18-02-2016) 26 Fig nº5-Planeamento no SACC (fonte Slide 15, PP Apresentação do SACC 18-02-2016) 25

Página 36 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II 1. Lista de Objetivos, o PCT de Grupo define a quantidade de Objetivos que se podem planear de acordo com as orientações do seu Cmdt de Grupo e de acordo com o material, munições e tipos de espoleta disponíveis. O Oficial de Apoio de fogos da Brigada ao saber este número guarda alguns para si (Objetivos de Brigada) e depois dá aos Oficiais de Apoio de fogos dos Batalhões o número de objetivos que podem planear tendo em conta sempre o esforço da manobra (Dando mais objetivos para planear) por sua vez o mesmo é feito para os Oav. O Sistema Automático de Comando Controlo é uma peça chave nesta coordenação mais rápido onde a informação se sabe em tempo real (funcionalmente na vertical e horizontalmente). O sistema elemina duplicações e beneficia do facto de possuir tabuas gráficas de efeitos escolhendo a melhor munição e a sua quantidade para atingir o Objetivo. 2. As geometrias colocadas no SACC são uma das maiores ferramentas na coordenação de apoio de fogos. Estas geometrias servem para diversos fins e são: desde a Linha de Segurança da Artilharia (LSA) ou outras Medidas de Coordenação de Apoio de Fogos (MCAF) e ainda outras Geometrias desde Linhas de Contacto, Limites de forças. Ao colocar uma medida o Sistema aloca a sua responsabilidade a quem a colocou, quando um pedido de tiro é feito para a zona daquela medida de coordenação necessariamente carece da sua aprovação ou conhecimento dependendo se é restritiva ou não.

desatualizado sendo o caso mais grave o da Btrbf o Manual de Bocas de fogos datando este de 1988. Na realização do novo possível manual devera-se ter em conta a semelhança no cálculo do tiro das BAC e o uso de alguma forma dos pelotões como no novo Manual de Btrbf dos EUA o The Field Artillery Cannon Battery que é recente e que data de 2015. Ao nível do que é feito na Btrbf constata-se que a grande dificuldade prende-se com a falta de pessoal bastando para isso ter em conta a constituição real das Secções de bocas de fogo em comparação com o que estava definido no anterior quadro orgânico de 7 elementos reais para o anterior de 10 elementos. A secção está definida neste momento em Quadro Orgânico como uma Secção Reduzida não obstante esta situação e mesmo reduzida existe grandes dificuldades em preencher todos os lugares devido à falta de pessoal. Outra grande questão e que de alguma forma está relacionada com esta é a da manutenção de equipamentos. Pelo que foi dito anteriormente a falta de pessoal têm consequências diretas na manutenção mas também não menos verdade que existe grandes dificuldades em sobressalentes. Ao nível dos elementos de apoio de fogos (EAF) a grande questão que aqui reside é a imposição tecnológica. Foi adquirido o Sistema CORAL-CR para os Oav e é necessário adaptar os procedimentos e alguns deles profundos à doutrina. Muito embora tenha sido adquirido um Sistema, muito à fazer nesta área que se impõe cada vez mais balanceada para a tecnologia.

SINTESE/CONCLUSÃO Ao nível de Doutrina na Artilharia de Campanha é robusta e abundante contudo denotase que ao nível de alguns manuais está Bibliografia United States Marine Corps . Army Training and Evaluation Programs. EUA. Exercito Português. (Março 1988). MC 20-15 Bateria de Bocas de fogo. Potrugal. Exercito Português. (Abril 2012). PDE 3-38-13 Tiro de Artilharia Campanha. Portugal. Exercito Português. (29Junho09). QO nº24.0.14 GAC. Portugal. Exercito Português. (2005). RC00-Operações. Portugal. GAC 15,5 AP. (18 de 02 de 2016). Power Point- Apresentação do SACC. Santa Margarida. NATO. (April 2009). AArtyP-1(B) Artillery Procedures. NSA. United States Marine Corps. (July 2015). ATP 3-09.50 The Field Artillery Cannon Battery. United States.

Página 37 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 39


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada

Apoio ã mobilidãde dã Brigãdã Mecãnizãdã – novãs cãpãcidãdes

Maj Eng Paulo Cordeiro Cmdt CEngCombPes

Enquadramento No âmbito da Lei de Programação Militar, decorre entre 2018 e 2022 o projeto “Engenharia de Combate das Forças Pesadas”, visando dotar a Companhia de Engenharia de Combate Pesada (CEngCombPes) com equipamentos que permitam incrementar a proteção e sobrevivência da Brigada Mecanizada (BrigMec), incluindo o âmbito das missões de Route Clearance27. Para tal, está prevista a aquisição de viaturas e equipamentos de deteção, manipulação e redução de obstáculos e engenhos explosivos, para que até final de 2019 a unidade esteja apta a cumprir adequadamente as suas missões e a aumentar as suas capacidades, em particular no apoio à BrigMec.

Âmbito Este projeto, muito para além de tratar de uma nova capacidade, alberga em si as necessidades prementes de modernização e reequipamento da Engenharia das Forças Pesadas, face à necessidade de garantia de capacidades dessas forças. O racional é simples: a CEngCombPes, para que possa efetivamente apoiar a Brigada e fazer face a novas ameaças, deve ser equipada com os recursos materiais aprovados pelo Quadro Orgânico (QO nº24.0.06 CEng - 29JUN09) ainda em falta, reforçar as capacidades nas áreas específicas a desenvolver e quantificar em proposta de alteração ao QO (já em fase de análise, fruto deste Plano de Implementação), e qualificar os recursos humanos

27

Efetivamente, a capacidade Route Clearance (limpeza de itinerários) é uma capacidade existente no Exército, mas apenas pode ser garantida com tropa apeada, o

40 | Brigada Mecanizada

com as ferramentas e conhecimentos adequados ao cumprimento da missão, reunindo-se assim as condições desejáveis ao incremento e desenvolvimento de capacidades e possibilidades do Exército, e em particular das Forças Pesadas. A CEngCombPes, deve estar preparada para garantir o apoio de combate em alta intensidade e em ambiente Counter – Improvised Explosive Device (C-IED) à BrigMec, em todo o espetro de operações militares, através de trabalhos de apoio à mobilidade, contramobilidade, proteção e, se reforçada, de apoio geral de engenharia. Atualmente, o cumprimento da missão apresenta limitações resultantes dos escassos recursos materiais e humanos. A capacidade operacional desta UEC, e consequentemente da BrigMec, poderá ser notoriamente incrementada pela aquisição de novos materiais e equipamentos, permitindo assim a modernização e a adequação do QO em vigor. Assim, e no âmbito do apoio à mobilidade, pretende-se garantir as capacidades de redução de obstáculos, pela execução de tarefas de abertura de brechas em campos de minas, transposição de vãos com recurso a Viaturas Blindadas Lança-Pontes CL70 (VBLP) e Viaturas Blindadas de Movimento de Terras (VBMT), construção de Forward Ammo and Refueling Point (FARP), abertura de trilhos de combate, Route Clearance e Combat Clearance.

que limita a mobilidade da força no atual contexto operacional, que exige maior flexibilidade e rapidez na condução das operações militares.

Página 38 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II No domínio da contra-mobilidade, pretendese garantir a capacidade técnica de lançamento de obstáculos, incluindo sistemas de lançamento de campos de minas dispersáveis, execução de fossos ACar e destruições. No âmbito da proteção, pretende-se garantir o adequado apoio à construção e reforço de posições de combate e de proteção, assim como desenvolver as medidas de proteção da força relativas a ameaças explosivas (e.g. Remote Controlled Improvised Explosive Devices), Battle Area Clearance e apoio na Busca Militar, nas suas diversas modalidades. Considerando ainda a necessidade de apoio em caso de emergência e Apoio ao Desenvolvimento e Bem-estar (ADBE), a capacidade de apoio geral de engenharia deverá ainda ser reforçada, nomeadamente na sua vertente de construções horizontais.

Apoio à mobilidade – o Route

Clearance

incrementando a capacidade de limpeza de itinerários e de áreas (Route & Area Clearance). Para o cumprimento desta capacidade, será necessário adquirir um sistema com capacidade de limpeza de itinerários para equipar a Companhia constituído por: 

Dois (2) veículos dotados de sistema de deteção de minas (Tipo VMMD - Vehicle Mounted Mine Detector - Husky)

O VMMD é um equipamento blindado e à prova de rebentamento, com capacidade de deteção de engenhos explosivos sobre o solo e/ou a baixas profundidades, com componentes metálicos ou não-metálicos, podendo as características de deteção serem programadas pelo utilizador. Trata-se de um equipamento indispensável às operações de limpeza de itinerários, permitindo cada um, o rastreio de uma faixa de 3m a uma velocidade de referência de 15km/h. 

Uma (1) viatura blindada de limpeza de

Centremo-nos agora no sub-projeto já com fonte de financiamento atribuída, e que se prevê vir a efetivar-se já a partir de 2018 – RouteClearance. O Route Clearance é uma tarefa integrada na função de combate movimento e manobra, levada a cabo com o intuito de reduzir o risco proveniente de engenhos explosivos e de outros obstáculos num determinado itinerário, de forma a que este possa ser usado em operações futuras. Pretende portanto detetar e neutralizar engenhos explosivos e remover todos os obstáculos,

Fig. 2 – Viatura Buffalo em uso nas RCT

itinerário (Tipo MPCV - Mine-Protected Clearance Vehicle - Buffalo) Viatura blindada à prova de rebentamento, destinado à manipulação e redução de obstáculos e engenhos explosivos, dotado de braço mecânico com sensor óptico acoplado, para apoio às operações de remoção/inativação à distância. Trata-se de um equipamento indispensável às

operações de limpeza de itinerários. Fig. 1 – Viatura Husky em uso nas Route Clearance Teams (RCT, Afeganistão)

Página 39 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 41


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada 

Uma (1) viatura blindada de transporte de pessoal (Tipo MPV - Mine-Protected Vehicle - RG-31 mk5)

Viatura blindada à prova de rebentamento, destinado ao transporte da secção de sapadores, especialmente concebida para resistir ao rebentamento de minas e engenhos explosivos improvisados. Trata-se de um equipamento indispensável às operações de limpeza de itinerários.

Este equipamento permite a deteção de massas metálicas existentes sobre o solo e/ou a baixas profundidades, incluindo as de baixo teor metálico. Trata-se de um equipamento indispensável às operações de limpeza de itinerários e de abertura de brechas em campos de minas.

Considerações finais Com a aquisição deste tipo de equipamento, a CEngCombPes, passará a ter, de acordo com os NATO Capability Standards, a capacidade efetiva para conduzir tarefas de Route Clearance, incluindo: 

Fig. 3 – Viatura RG-31 em uso nas RCT A viatura RG-31 é usada para a segurança, como primeira plataforma de apoio às operações de RC, podendo transportar até 8 Homens (no Afeganistão estão configuradas para transportar seis). É utilizada também para Comando e Controlo, proteção da Força e transporte de pessoal nas missões de RC. 

Kit de Destruição (Iniciador de destruição explosiva)

Este equipamento visa dotar os sapadores de engenharia com meios ligeiros, para iniciação remota de cargas explosivas. 

Kit de Busca

Com vista a equipar os sapadores com meios ligeiros (incluindo meios remotos), que permitam levar a cabo uma variedade de tarefas de Busca em diferentes cenários e condições de operação, capacitando assim a companhia com meios que permitam recolher meios de prova, por forma a integrar o sistema JISR (Joint Intelligence Surveilance and Reconnaisance). 

Dois (2) equipamentos Detetor de Metais

42 | Brigada Mecanizada

 

A remoção de obstáculos feitos pelo Homem [e.g. Improvised Explosive Device Disposal (IEDD) etc,]; Detetar e destruir engenhos explosivos localizados em/ou próximo de itinerários; Conduzir até duas missões por dia, até 40 km de distância; Detetar e reconhecer engenhos explosivos através do uso combinado de tecnologia ótica e não ótica; Prevenir a ativação de Radio Controlled Improvised Explosive Device (RCIED) através do uso de contramedidas eletrónicas; Neutralizar ou destruir IED recorrendo a técnicas de uso de munições convencionais; Verificar e efetuar a prova de itinerários; Integrar equipas adicionais se necessário [e.g. Explosive Ordnance Disposal (EOD), IEDD, Médicas, Policia Militar, etc].

Para que seja exequível a implementação desta nova capacidade no Exército, no âmbito do projeto em causa algumas preocupações se levantam, devendo ser tidas em consideração aquando da definição dos requisitos operacionais e elaboração de cadernos de encargos. Desde logo no que concerne ao apoio logístico, e considerando que estes meios a adquirir serão específicos e singulares, este deverá garantir uma continuidade e um acompanhamento próximo. Assim, no processo de aquisição de materiais/equipamentos deverá ser

Página 40 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada salvaguardada a necessidade de manutenção e, se aplicável, de reabastecimento de sobressalentes, salvaguardada a necessidade de manutenção e, se e enquadrá-la nos critérios levados a concurso. aplicável, de reabastecimento de sobressalentes, No que respeita à aquisição de acompetências e enquadrá-la nos critérios levados concurso. necessárias, deverá ser efetuada em três No que respeitanomeadamente: à aquisição de competências vertentes distintas, aquando da necessárias, deverá ser efetuada em novos três aquisição/receção de vertentes distintas, nomeadamente: aquando na da materiais/equipamentos; aquisição/receção novos qualificação/requalificação dede pessoal existente; e materiais/equipamentos; na com o assumir de novas funções cuja qualificação/requalificação existente;de e especificidade implique deapessoal aquisição com o assumir de novas funções cuja especificidade implique a aquisição de

conhecimentos caraterísticos. Como medida de rentabilização de recursos financeiros e de conhecimentos Como de maximização docaraterísticos. investimento, as medida formações rentabilização de recursos financeiros e de deverão ser orientadas para pessoal que cumpra maximização do investimento, as formaçõesa condições de admissão que não comprometam deverão ser orientadasda para pessoal que normal continuidade operação dos cumpra meios, condições de admissão não comprometam como por exemplo:quetempo mínimo dea normal continuidade dadeoperação meios, permanência de 02 anos prestaçãodos de serviço como por após exemplo: tempo de para cumprir a formação, ou ter mínimo guarnição ou permanência 02 anosa desua prestação de serviço AGPSP que de garanta permanência na para cumprir após CEngComPes, etc. a formação, ou ter guarnição ou AGPSP que garanta a sua permanência na CEngComPes, etc.

Exercício “Relâmpago 15” – Exercí cio “Relâmpago 15”pessoã – Experie nciã nã primeirã e Experie nciã nã primeirã pessoã e úso dã doútrinã. úso dã doútrinã.

Ten Art Luís Martins Bateria de Artilharia Antiaérea

Ten Art Luís Martins A Bateria de Artilharia Antiaérea da Brigada Mecanizada (BtrAAA/BrigMec), participou no A Bateria de Artilharia Antiaérea Brigada exercício “Relâmpago 15”, de 27 a 30 da de abril de Mecanizada no 2015, visando(BtrAAA/BrigMec), o treino de nívelparticipou técnico dos exercício “Relâmpago de 27 a 30dode Pelotão abril de apontadores e das 15”, guarnições 2015, visando o treinoteve de onível técnico dos Chaparral. Este exercício seu ponto alto nos apontadores e das guarnições do Pelotão dias 29 e 30 de abril com a concretização de uma 28 Chaparral. teve ponto alto nos ),o seu diurna e noturna, sessão de Este fogosexercício reais (LFX dias 30 de abril comLigeiro a concretização de uma com 29 o eSistema Míssil Auto Propulsado sessão deM48A3. fogos reais (LFX 28 ), diurna e noturna, (SML AP) com o Sistema Míssil Ligeiro Auto Propulsado O cenário utilizado para este exercício foi o (SML AP) M48A3. mesmo que viria a ser adotado para o “ORION para este foi o 15”,O cenário e comoutilizado preparação paraexercício o exercício mesmo que viria para o TRIDENT “ORION internacional dea ser altaadotado visibilidade 15”, e como preparação para o exercício 28 Live Fire Exercice; internacional de alta visibilidade TRIDENT 28

Live Fire Exercice;

Ten Art Luís Martins

Página 41 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 43

Página 41 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada

JUNCTURE 15 (TRJE 15). Participaram neste exercício cerca de 250 militares do Ramo e 45 viaturas bem como o Curso de Formação de Sargentos de Artilharia, o NRP29 Schultz Xavier da Armada e elementos da Polícia Marítima. Para a execução dos fogos reais foram atribuídos quatro misseis SAM 30 MIM-72G e quatro alvos dos tipos MTR-15 BATS 31 e MQM170A Outlaw. Participei neste exercício como Comandante de Pelotão Chaparral da BtrAAA/BrigMec e no decorrer do LFX exerci as funções de Oficial do Tiro, responsável pelo SML AP M48A3 Chaparral. A participação neste exercício foi o corolário de um treino rigoroso que, planeei e conduzi com muita segurança, responsabilizando cada executante, e em que a verificação e controlo eram constantes e sucessivos. A progressividade do treino, partindo Navio da República Portuguesa; Surface-to-Air Missile; 31 Ballistic Aerial Target System. 32 Militar que executa o disparo do míssil; 33 Sistema usado para treino de apontadores usando uma cabeça real de um míssil permitindo executar seguimentos; 29 30

44 | Brigada Mecanizada

do simples para o complexo envolveu os apontadores 32 , Comandantes de Secção e Sargento de Pelotão. À data da realização deste exercício, conseguimos constituir e formar três secções Chaparral completas e confiantes, capazes de, com segurança, desembaraço e determinação cumprir as missões de tiro que lhes iriam ser cometidas. Merece aqui particular destaque o papel que o Sargento de Pelotão desempenhou, orientando e corrigindo os militares do pelotão, em atitudes, postura e técnica, de uma forma sóbria que só a experiência confere. Já na carreira de tiro temporária pudemos aproveitar o treino e coordenação da equipa que estava a trabalhar com alvo aéreo MQM-170A Outlaw. Já com todos os meios montados (bunker, secção de guiamento 33 , transmissões e Range safety cable 34 ) efetuámos treinos completos de toda a sessão, sendo uma oportunidade única para todos os militares participantes no LFX poderem limar as arestas que ainda pudessem persistir. Concluída a preparação, após todas as verificações aos sistemas de armas e aos mísseis disponíveis, iniciámos o carregamento das rampas de lançamento. Todo este processo é verificado desde o comandante de secção até ao Oficial do Tiro, processo este que já havíamos interiorizado 34 Sistema de segurança usado pelo Oficial do Tiro para garantir que o lançamento do míssil é efetuado dentro da segurança e dos parâmetros favoráveis para ser eficaz;

Página 42 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II durante o treino e que é garantia de segurança para a execução do tiro real. Todos os procedimentos terminados e chegada a hora dos disparos, efetuámos três impactos diretos (um sobre o BATS e dois sobre o MQM-170A Outlaw)

uma cultura de segurança, exigência e responsabilidade, a par da formação recebida pelos quadros e tropas, a qual tem por base uma base doutrinária sólida 35 , vieram a revelar-se os fatores chave para o sucesso.

De realçar que foi o primeiro desempenho destas funções para todos os militares que participaram como apontadores, comandantes de secção, sargento de pelotão e comandante de pelotão. De facto, o treino conduzido, que permitiu a todos os níveis o desenvolvimento de

Termino o exercício mais seguro das minhas capacidades e competências, técnicas e de liderança, mas sobretudo, muito mais confiante no desempenho técnico e tático dos militares que comando

.

35 ATP-3.2 (2003) – Land Operations, o RC 18-100 (1997) – Regulamento de Tática de AAA e MC 18-2 (2002) –

Regulamento da Bateria de AAA e as várias aulas do curso SML AP M48A3.

Página 43 de 96

ATP-3.2 (2003) – Land Operations, o RC 18-100 (1997) – Regulamento de Tática de AAA e MC 18-2 (2002) – 35

Regulamento da Bateria de AAA e as várias aulas do curso SML AP M48A3.

Página 43 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 45


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada

O Treino Operãcionãl de úm Pelotão de Cãrros de Combãte Leopard 2 A6: dã súã edificãção ão exercício Trident Juncture 2015

Ten Cav Nuno Oliveira da Silva Cmdt 2º Pel/1ECC

Introdução O Exército Português, face às solicitações das novas realidades e às missões a que se propõe ou que lhe são cometidas, sentiu a necessidade de adquirir um novo Sistema de Armas, mais propriamente o Carro de Combate (CC) Leopard 2

Fig. Nº1: CC Leopard 2 A6

A6. Assim sendo, no período compreendido entre 15 de outubro de 2008 e 10 de abril de 2010, foram adquiridos ao Exército Holandês 37 exemplares deste poderoso sistema de armas. O Grupo de Carros de Combate (GCC), sendo uma unidade operacional da Brigada Mecanizada (BrigMec), pauta por manter permanentemente a sua prontidão para o combate. De acordo com a diretiva 01/2011-12 do GCC, “a prontidão para o combate de qualquer unidade, independentemente do escalão, assenta em três grandes componentes, todas elas importantes: a componente física, a componente conceptual e a

46 | Brigada Mecanizada

componente moral”. Como tal, de forma a respeitar este preceito, torna-se necessário que o treino operacional de um Pelotão de CC Leopard 2 A6 seja eficiente, eficaz e adequado. Com o presente artigo pretende-se explanar o treino operacional de um Pelotão de CC Leopard 2 A6, comportou dois ciclos: um 1º ciclo de preparação/levantamento da capacidade blindada Leopard 2 A6 e um 2º ciclo de emprego e certificação desta mesma capacidade. Deste modo, a primeira fase deste artigo, cingese ao processo de edificação, certificação e emprego da capacidade blindada Leopard 2 A6. Posteriormente, no âmbito do emprego desta capacidade, torna-se ainda pertinente destacar a participação de um Esquadrão de CC Leopard 2 A6 no exercício da North Atlantic Treaty Organization (NATO), Trident Juncture 2015 (TRJE 15). Por último, serão resumidamente elencadas as conclusões mais relevantes para a temática em causa.

Edificação

e

certificação

da

capacidade blindada Leopard 2 A6 Página 44 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II De acordo com o Ministério da Defesa Nacional (MDN), entende-se por capacidade militar “o conjunto de elementos que se articulam de forma harmoniosa e complementar e que contribuem para realização de um conjunto de tarefas operacionais ou efeito que é necessário atingir, englobando componentes de doutrina, organização, treino, material, liderança, pessoal, infraestruturas e interoperabilidade”. Nesta linha de pensamento, a edificação da capacidade Leopard 2 A6 apenas foi possível pela agregação de todos os seus elementos funcionais, os quais asseguraram o seu emprego e sustentação, e permitiram o cumprimento das missões atribuídas (MDN, 2011). Inserida na edificação da capacidade blindada do Exército, a 16 maio de 2013 foi expressa a Initial Operational Capabiliy (IOC). É de salientar que a IOC estabeleceu um marco expressivo no desenvolvimento do projeto dos CC Leopard 2 A6, na medida em que o GCC entrou numa nova fase de treino operacional que ficou vincada pela abrangência e ambição demonstradas. Como tal, o treino operacional foi faseado em dois ciclos, nomeadamente: um 1º ciclo de preparação/levantamento (do treino individual e de guarnição ao de escalão Pelotão e Esquadrão); um 2º ciclo de emprego (até ao escalão Brigada), que culminou com a Full Operational Capability (FOC) durante o exercício ORION 2015 (Silva, 2015b). De acordo com o GCC (2015, p. 1) “a BrigMec tem orientado o treino para operações convencionais de grande envergadura, pelo que, dada a sua natureza, o GCC continuará a orientar o treino para alta intensidade e emprego de armas combinadas”. Assim, o treino operacional do GCC foi estruturado pelo método das armas combinadas, no qual o GCC assumiu a responsabilidade de encabeçar o Agrupamento Mecanizado da Força Mecanizada da BrigMec (Agr 151) com dois Esquadrões Leopard 2 A6, durante o 2º semestre de 2014 e o ano de 2015.

Instrução Individual Formação técnica Ao analisar-se o primeiro ciclo de treino operacional Leopard 2 A6 depreende-se que numa fase inicial sejam ministradas todas as atividades que visam a proficiência técnica, tática e física de cada “carrista”. Nesta linha de pensamento, a formação de um Pelotão Leopard 2 A6 tem na sua gênese a instrução individual de cada elemento, até que este se torne proficiente e capaz de se integrar numa guarnição e posteriormente num Pelotão. Inicialmente, e com base no manual MC 11010, foram ministradas todas as instruções individuais que concorrem para o desempenho da missão de um “carrista”. A título de exemplo, foram ministradas instruções de Armamento e Tiro, Topografia, Informação e Contra-Informação, Transmissões, entre outras. No domínio do Armamento e Tiro foram realizadas, com alguma regularidade, sessões de tiro de armas ligeiras, o que concorreu diretamente para a prontidão do combatente. Como frisado anteriormente, a prontidão para o combate assenta em três grandes componentes. Deste modo, a par das restantes, a componente física assume-se como uma componente de extrema importância para o combatente. Relativamente ao treino físico do GCC, este “tem como objetivos melhorar a condição física de cada um, criar condições para que os militares se conheçam, em esforço, uns aos outros e ao seu Comandante” (Freire, 2012a, p. 36). Neste âmbito, foram ministradas mensalmente várias instruções de treino físico militar, nomeadamente: Ginástica de Aplicação Militar (GAM), Marcha Forçada (MARFOR), Marcha Corrida (MARCOR) e ainda, no âmbito do treino físico geral, o Treino em Circuito, a Corrida Continua, o Cross Promenade, entre outras. Foram ainda desenvolvidas inúmeras atividades físicas ao longo do primeiro ciclo de treino operacional, entre as quais se destacam a corrida Diamantino Pires Garção e a MARFOR de Grupo, cuja realização mensal incentivou o espírito e aptidão física de cada militar do GCC (Freire, 2012a). No que concerne à formação técnica do sistema de armas Leopard 2 A6, existem quatro

Página 45 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 47


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada cursos de formação para os seus operadores, sendo eles: o curso de Chefe de CC, o curso de Apontador, o curso de Municiador e o curso de Condutor. Relativamente ao curso de Chefe de CC, este apenas é frequentado por graduados que sejam colocados no GCC ou no Esquadrão de Reconhecimento (ERec) da BrigMec. O ciclo de formação das Praças destinadas aos cargos da guarnição de um CC Leopard 2 A6 inicia-se com o curso de Municiadores. Imediatamente após o término deste, os elementos que obtiverem as melhores classificações poderão vir a frequentar o curso de Apontador ou de Condutor. Quanto ao curso de Condutor, este apenas é frequentado pelas Praças que possuam a carta de condução de viaturas ligeiras, categoria B (Coelho, 2010). É de salientar, que para o desenrolar deste curso o GCC dispõe de um CC cabine de instrução Leopard 2 A6, popularmente denominado por Buggy. Este CC de instrução permite que todos os instruendos do curso de condutores apliquem e desenvolvam todas as técnicas e procedimentos ministrados ao longo do curso. Não obstante, a utilização do Buggy evita o desgaste e a sobrecarga de todos os CC Leopard 2 A6 que se encontram operacionais e que equipam o GCC. Para que toda a formação neste Sistema de Armas fosse executada de forma eficaz e correta,

Fig. Nº2: Buggy

surgiu a necessidade de habilitar militares com os cursos de instrutor de CC Leopard 2 A6. Deste modo, salienta-se o facto de terem sido formados no GCC quatro Master Gunners e três instrutores de condução. Estes recursos humanos garantem que todos os formandos tenham uma instrução de elevada qualidade, e não obstante que a formação capacidade Leopard 2 A6 seja autossustentável e contínua.

48 | Brigada Mecanizada

Desta forma, ao longo deste ciclo de treino operacional, e de forma a dar continuidade a todo este projeto e capacidade, foram ministrados diversos cursos referentes ao sistema de armas Leopard 2 A6, nos quais os formandos qualificados ingressaram diretamente no percurso conducente à FOC da capacidade blindada Leopard 2 A6.

Instrução Coletiva Define-se instrução coletiva como o conjunto de atividades que visam a proficiência técnica, tática e física das guarnições, unidades e formações, para que estas funcionem como unidades coesas e possam, assim, maximizar a capacidade operacional (Santos, 2012, p.24). Deste modo, o GCC desenvolveu inúmeras atividades, ao longo de todo o ciclo operacional, que concorreram para o treino coletivo dos seus Pelotões. Ministrada a instrução individual, segue-se a proficiência técnica e o desembaraço tático visando que cada “carrista” logre o cumprimento da missão de um Pelotão de CC (Correia, 2012). Com base nas Normas de Execução Permanente (NEP) do Pelotão Leopard 2 A6 e no Manual de Instrução Coletiva (ICol) de unidades de CC foram ministradas as instruções coletivas que concorrem para a formação de um Pelotão Leopard 2 A6. Nesta linha de pensamento, a título de exemplo, foram ministradas as seguintes instruções coletivas: 02-01 Preparar para Operações de Aquartelamento; 02-02 Preparar Operações em Zona de Reunião (ZRn); 02-03 Sobreviver; 02-02 Progredir; 04-20 Atacar. No âmbito da proficiência técnica Leopard 2 A6, o GCC possui uma Torre de Instrução que possibilita o treino, a monotorização e a avaliação de todos os procedimentos referentes aos elementos do compartimento de combate, desde o nível individual até ao de guarnição. Por outras palavras, este simulador carateriza-se por ser uma réplica exata da torre do CC e de todos os seus componentes, o que permite representar dinamicamente as condições de operação deste

Página 46 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II sistema de armas (CEME, 2009). Este sistema reveste-se de extrema importância para o decorrer do treino operacional, visto que “deixa

Fig. nº3: Torre de Instrução

de lado a necessidade de utilização do carro real, com toda a poupança que daí advém, em material e combustível” (Branco, 2012a, p.50). Não obstante, e com o intuito de monitorizar e treinar todos os procedimentos associados ao seguimento de alvos, foram utilizados os alvos de seguimento existentes na parede do hangar do ERec. Este recurso de treino concorre para a proficiência técnica do Apontador e do Chefe de CC, na medida em que estes, através dos seus aparelhos de pontaria, executam a aquisição e o seguimento de alvos o que possibilitou que este tipo de treino tenha sido executado de forma económica, dinâmica e eficaz. Concorrentemente, ao longo de todo o ciclo de treino operacional, as subunidades do GCC realizaram vários exercícios de treino sem

Neste âmbito, o GCC possui um equipamento que permite implementar um treino consolidado e associá-lo a objetivos mensuráveis (Freire, 2012b). O Vídeo Training Equipment (VTE) constitui-se como “uma poderosa ferramenta de treino que facilita uma eficiente monitorização e avaliação dos exercícios de fogo real ou treino sem munições, em veículos blindados até ao escalão Pelotão” (Branco, 2012b, p.44). O VTE foi concebido segundo os requisitos do instrutor, na medida em lhe permite obter uma panorâmica geral do exercício e uma visão completa do processo de tiro da guarnição (Branco, 2012b). Desta forma, todo o sistema VTE “proporciona uma alta eficiência, flexibilidade e um treino intuitivo que se traduzem numa melhoria significativa das capacidades individuais e coletivas da guarnição” (Branco, 2012b, p.45).

Fig. nº5: Exercício CAVALO 142

Exercício CAVALO 142 Após a interiorização e automatização de todos os procedimentos e técnicas, ou seja o denominado “saber saber”, surgiu a necessidade de pôr em prática estes mesmos procedimentos e técnicas. Por outras palavras, tornou-se imperativo que um “carrista” materializasse o seu “saber fazer” e o seu “saber ser”.

Fig. nº4: Vídeo Training Equipment

munições, com o sistema de armas Leopard 2 A6.

O exercício CAVALO 142 teve como objetivo a aplicação prática do conhecimento, formação e treino ministrado em quartel. Esta saída tática, cujo início se deu a 13 de outubro de 2014,

Página 47 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 49


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada desenrolou-se por duas semanas, onde, com o empenhamento de um Pelotão de CC Leopard 2 A6 do 1º Esquadrão de Carros de Combate (1ECC) em cada uma delas. Com o treino a incidir ao nível das guarnições e secções, foram treinadas diversas técnicas e procedimentos de tipologia geral, nomeadamente técnicas de movimento, formações de combate, reações ao contacto, ocupação de uma ZRn. Este exercício viabilizou a evolução para uma segunda fase de treino de unidades escalão Pelotão (UEP), que teve lugar no mês de dezembro (Silva, 2015b).

Pelotões envolvidos. Transversalmente a cada UEP, na execução da missão, foram avaliadas várias tarefas táticas e procedimentos que concorrem para o desembaraço técnico e tático, em particular: pedido de fogos indiretos; apoiar pelo fogo; contornar um obstáculo; abertura de brecha deliberada; ataque deliberado; estabelecer e ocupar um posto de controlo. Foi tomada como doutrina de referência para esta certificação o manual de ICOL, a NEP Pelotão CC Leopard 2 A6, o Army Techniques Publication 320.15 e o Training Circular 3-30.25.

Certificação das Unidades de Escalão Pelotão

Sendo o treino operacional do Agr 151 estruturado no método das armas combinadas, esta avaliação englobou a participação de elementos do Grupo de Artilharia de Campanha da BrigMec e de duas Secções de Sapadores da Companhia de Engenharia da BrigMec. Estes primeiros elementos auxiliaram na avaliação e correção dos pedidos de fogos indiretos, enquanto os segundos reforçaram os Pelotões de CC na prossecução de tarefas de mobilidade e contra mobilidade.

Após o término do treino operacional que estava destinado às guarnições e secções Leopard 2 A6, desenrolou-se uma segunda fase que teve como objetivo primário a certificação das UEP. Compreendida entre 9 e 11 de dezembro de 2014, esta certificação procurou avaliar o comando do Pelotão na prossecução das tarefas que lhe são inerentes, nomeadamente na condução dos procedimentos de comando e na concretização da missão. Este “exercício” foi conduzido em pleno pelo GCC, com elementos exteriores às unidades de manobra a avaliarem o desempenho dos quatro

Computer Assisted Exercise (CAX) no Laboratório de Simulação Tática da Academia Militar Na senda da FOC, no período compreendido entre 02 e 05 de fevereiro de 2015, o AgrMec 151 deslocou dois SubAgrupamentos (SubAgr) à Academia Militar, de forma a poder utilizar o CAX no Laboratório de Simulação Tática (LabSimTat) da Academia Militar (AM). Este LabSimTat,

Fig. nº6: Certificação das UEP

50 | Brigada Mecanizada

Fig. nº7: CAX no LabSimTat da AM

Página 48 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II através do recurso a um jogo comercial (TacOps 4.0), permite a realização virtual de exercícios que materializam a execução de operações planeadas no âmbito do Processo de Decisão Militar (PDM). Para a condução deste treino, os SubAgr fizeram-se representar pelos seus grupos de ordens, nos quais estiveram naturalmente incluídos os comandantes das Equipas de Observadores Avançados e os comandantes das Secções de Sapadores. Cada SubAgr teve uma janela temporal de dois dias, onde pôde por em prática alguns aspetos técnicos inerentes ao comando e controlo das operações, nomeadamente no que se refere a procedimentos radiotelefónicos, ordens parcelares, relatórios táticos e pedidos de apoio de fogos. Esta oportunidade de treino operacional que foi concedida ao AgrMec151 constituiu-se como uma experiência muito enriquecedora para os grupos de ordens dos SubAgr, na medida em que se mitigaram lacunas e se automatizaram procedimentos no âmbito do comando e controlo.

Exercícios RINO 151 e RINO 152

Com a certificação da capacidade Leopard 2 A6 como o grande farol do AgrMec151 decorreu,

pôde exercitar a condução de operações militares, particularmente a supervisão da execução por parte dos SubAgr. Entre 04 e 07 de maio de 2015 decorreu o exercício RINO 152, último “teste” a caminho da FOC que visou o aperfeiçoamento da proficiência técnica e tática do AgrMec 151. Mantendo o foco nas operações ofensivas, o Estado-Maior e os SubAgr colocaram em prática todos os conhecimentos e procedimentos adquiridos ao longo de todo o ciclo de treino.

Exercício ORION 2015 O exercício Orion é um exercício nacional, de periodicidade anual, no qual o Exército Português avalia e certifica as capacidades terrestres da Componente Operacional do Sistemas de Forças na resposta a um espectro abrangente de operações terrestres, nomeadamente em operações de intervenção limitada, de resposta a crises e de alta intensidade (Silva, 2015a). Com um interregno de realização de quatro anos, o exercício Orion ressurgiu novamente no período compreendido entre 17 de maio e 05 de junho de 2015. Foram empregues cerca de 3000 militares no terreno, incluindo a colaboração de elementos da Marinha e da Força Aérea, os quais concorreram para o cumprimento das operações planeadas. Foi utilizado um cenário desenvolvido pela NATO, que se caraterizou por empenhar uma parte muito significativa das ECOSF do Exército, o que possibilitou o desenvolvimento de situações diversas

Fig. Nº 8: RINO 151 entre os dias 18 e 27 de março de 2015, o exercício RINO 151. Este exercício de âmbito setorial teve como objetivo exercitar a capacidade de planeamento e condução operacional do AgrMec151. Este exercício dividiu-se em duas fases distintas. a primeira decorreu o Command Post Exercise (CPX), no qual o Estado-Maior do AgrMec151 executou o PDM completo. Posteriormente, na segunda fase, o Estado-Maior

Fig. Nº 9: RINO 151 como a evacuação de cidadãos nacionais, a criação de condições para a existência de um ambiente

Página 49 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 51


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada seguro para a intervenção de ajuda humanitária e a reposição das fronteiras de um país fictício.

de mais de 30 países de Aliança e parceiros (EMGFA, 2015).

No que concerne à participação do AgrMec 151 neste exercício de grande envergadura, destacou-se o alcançar da FOC e a consequente certificação da capacidade Leopard 2 A6. O AgrMec 151 foi empregue como Follow On Forces (FOF) na reposição das fronteiras de um país fictício, tendo desenvolvido, como um todo, uma marcha para o contacto e um ataque deliberado.

O objetivo primário do TRJE 15 consistiu em garantir a capacidade da NATO para planear, gerar, preparar, projetar e sustentar forças e meios atribuídos. Deste modo, o exercício foi dirigido pelo Supreme Allied Command Transformation e desenrolou-se em duas fases: numa primeira fase, de 28 de setembro 2015 a 16 de outubro 2015, desenvolveu-se um CPX, com o objetivo centrado na certificação da NATO Response Force 16 e do Joint Force Command Brussum; a segunda fase, de Live Exercise, de 21 de outubro 2015 a 08 de novembro 2015, “pretendeu demonstrar a capacidade da Aliança para treinar, projetar e operar em ambiente complexo, conjunto e combinado e teve por finalidade primária o treino, ao nível tático, da NRF 16” (BrigMec, 2015, p. 1).

Este exercício marcou o culminar de um longo percurso de edificação da capacidade Leopard 2 A6, onde o Agr151, e em especial o GCC, foram “postos à prova” nas demais atividades operacionais em que participaram. Foi ainda realizado um Live Fire Exercise (LFX), a 4 de junho, onde forças da FOF demonstraram a sua proficiência na execução de técnicas, táticas e procedimentos.

Exercício Multinacional

Trident Juncture 2015

A participação (operacional) do GCC neste exercício de grande envergadura materializou-se com a integração do 1ECC no Batalhão Lagunari “Serenissima” (ITA), em controlo tático, que por sua vez pertencia à (Multinational Canadian Brigade (MN Bde (CAN)). Assim sendo, no âmbito da manutenção da capacidade Leopard 2 A6 e da participação no TRJE 15, o 1ECC desenvolveu várias atividades operacionais que concorreram para a proficiência técnica e tática dos seus militares, nomeadamente: treino de simulação na BRIMZ “Extremadura” XI; exercício Unified Reflection 2015; exercício RINO 153.

Fig. Nº10:TRJE 15 O TRJE 15 constituiu-se no maior exercício planeado e realizado pela NATO, desde o término da Guerra Fria, e o evento de maior visibilidade realizado em 2015. Esta demonstração de meios desenrolou-se no espaço aéreo, marítimo e terrestre de três nações hospedeiras, nomeadamente Portugal, Espanha e Itália. A título de exemplo refira-se que Portugal albergou cerca de 4.000 militares, os quais estiveram concentrados em Beja, Santa Margarida e Tancos envolvendo toda a estrutura de comando da Aliança, perfazendo um total de 36.000 militares

52 | Brigada Mecanizada

Página 50 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II

Treino de Simulação na Brigada de

Exercício Unified Reflection 2015

Infantería Mecanizada “Extremadura” XI Na senda do TRJE 15, no período compreendido entre 14 e 18 de setembro de 2015, o GCC deslocou parte do 1ECC (Chefes de CC e Apontadores) à Brigada de Infantería Mecanizada “Extremadura” XI (BRIMZ XI).

Fig. Nº12: Exercício Unified Reflection 2015

Fig. Nº11: Treino de Simulação na BRIMZ XI A BRIMZ XI, sedeada na Base General Menacho, em Badajoz, encontra-se equipada com vários sistemas de simulação que são direcionados para o CC Leopard 2 A6. O foco de treino centralizou-se no programa de simulação Steel Beasts, onde os vários binómios Chefe/Apontador de CC tiveram a oportunidade de treinar vários procedimentos de tiro, como a delimitação de setores, aquisição, seguimento e passagem de alvos, avaliação de distâncias e tiro em modo degradado (Exército Português, 2015). Enquanto Comandante de Pelotão CC Leopard 2 A6, o simulador Steel Beasts evidenciou-se como um instrumento de treino de excelência, na medida em que potencia exponencialmente a proficiência técnica de um Pelotão de CC. Por último, é de salientar a plenitude e “realidade” que o simulador nos apresenta, permitindo-nos treinar as demais capacidades do Leopard 2 A6.

No período compreendido entre 28 de setembro e 02 de outubro de 2015, o Comandante do 1ECC, deslocou-se ao Quebec, Canadá, a fim de participar no Exercício Unified Reflection 2015. Este exercício de cariz doutrinário teve como objetivo a padronização de técnicas, táticas e procedimentos (TTP’s) dos países que integraram a MN Bde (CAN). Desta forma foram uniformizadas as várias TTP’s, com incidência para o Deliberate Attacke e a River Crossing Operation, onde cada representante explanou a sua forma de operar.

Exercício RINO 153

Com o exercício TRJE 15 a caraterizar-se no grande propósito do 1ECC, decorreu no período compreendido entre 05 e 08 de outubro de 2015

Fig. Nº13: Exercício RINO 153 o exercício setorial RINO 153. Esta última oportunidade de treino que antecedeu o TRJE 15 teve como objetivo a execução de tarefas críticas, no âmbito das Full Spectrum Operations com predominância para as operações ofensivas. Deste modo, o ensejo de treino centrou-se nas tarefas

Página 51 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 53


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada que predominantemente iriam ser realizadas no TRJE 15. Não obstante, o RINO 153 possibilitou ainda que todo o 1ECC, e em particular os seus pelotões, treinassem todas as TTP’s inerentes ao cumprimento da missão de uma unidade de CC.

genérica, e de acordo com a manobra do Live Exercise, o 1ECC recebeu a missão de executar operações em todo o espectro das operações militares, no âmbito nacional ou internacional, de acordo com a sua natureza, com especial foco nas Operações Ofensivas.

Live Exercise TRJE 15 Como frisado anteriormente, a segunda fase do TRJE 15 materializou-se no Live Exercise. Por sua vez, dividiu-se em dois períodos distintos, mais propriamente, o Serialized Field Training Program (SFTP) de 21 de outubro 2015 a 30 de outubro 2015 e o Combined Joint Offensive Operation (CJOO) de 31 de outubro 2015 a 08 de novembro 2015.

Fig. Nº14: Manobra de fogos reais Focalizando apenas a participação do 1ECC ao longo destas três semanas, destaca-se a realização de inúmeras atividades de cariz operacional, quer individualmente, quer de forma combinada e conjunta com as demais forças. De forma

Na primeira fase do Live Exercise, durante o SFTP, o 1ECC e as demais forças envolvidas no exercício experienciaram a sua interação e comunicação num ambiente complexo, conjunto e combinado. A título de exemplo, o 1ECC participou numa manobra de fogos reais com o Batalhão Lagunari “Serenissima” (ITA), o que permitiu testar a interoperabilidade técnica e tática entre estas duas forças. Não obstante, é de salientar que ao longo do SFTP, foram ainda realizadas ações de treino direcionadas para a operação a realizar durante a segunda fase (CJOO), em particular a travessia de um curso de água e um ataque deliberado. Após este “degelo” inicial, e de acordo com o CJOO, o 1ECC projetou-se para a margem Norte do rio Tejo, designadamente para Tancos. A travessia do rio Tejo apresentou-se como a primeira tarefa crítica a ser executada no CJOO. Para tal, o 1ECC constituiu-se como force in place (apoio pelo fogo), com a finalidade de garantir segurança á montagem das pontes e apoiar as manobras na travessia do rio TEJO. Na sequência os “carristas” do 1ECC vivenciaram um momento raro nas suas

Fig. Nº15: Travessia do rio Tejo

54 | Brigada Mecanizada

Página 52 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II vidas militares, a travessia do rio Tejo, com dez CC Leopard 2 A6. Após todas estas novas experiências de cariz operacional, e já a jogar “em casa”, o 1ECC colocou em prática todas as TTP’s que outrora treinara ao longo de todo o SFTP. É de destacar a execução de uma marcha para o contacto e a ocupação de uma posição de apoiar pelo fogo. Enquanto comandante do 2º Pelotão do 1ECC, o TRJE 15 constituiu-se num exercício ímpar e único, quer pela interoperabilidade com outras forças, quer pelas atividades operacionais que proporcionou. É de salientar a preponderância do CC Leopard 2 A6 neste exercício, visto que este se apresentou como o Sistema de Armas principal do Multinational Brigade (MNBde)

Conclusões Com a aquisição do Sistema de Armas Leopard 2 A6, o Exército Português implementou uma grande inovação tecnológica que, além de permitir fazer face às solicitações das novas realidades, também lhe permite estar ao nível dos demais aliados. Assim, o GCC viu as suas capacidades de mobilidade, poder de fogo e proteção e sobrevivência substancialmente melhoradas. Os ciclos de treino operacionais do GCC visam a prontidão para o combate de toda a unidade. Deste modo, ao longo dos diversos ciclos de treino, o GCC desenvolveu inúmeras atividades que visaram a proficiência técnica, tática e física dos seus militares, quer a nível individual, quer a

nível coletivo. No que concerne à formação em Leopard 2 A6, o GCC constitui-se como autossustentado, na medida em que possui militares com as habilitações necessárias para ministrar formação exigida. O percurso de edificação da capacidade Leopard 2 A6 foi vincado por uma intensa atividade operacional, na qual foram validados os diversos escalões táticos em toda a tipologia de operações militares, com especial ênfase nas operações ofensivas. É de frisar que este longo caminho foi assente e delineado em conformidade com as três componentes (física, conceptual e moral) que pautam as atividades e vivência do Quartel da Cavalaria. Com a participação do 1ECC no exercício TRJE 15 ficou demonstrado que a capacidade Leopard 2 A6 se encontra bem estruturada e solidificada. Tal facto deveu-se à irrepreensível proficiência técnica e tática que os seus militares demostraram, o que levou a que o Leopard 2 A6 fosse o foco de todas as atenções no TRJE 15. Por último, é de realçar o intenso trabalho que o GCC tem efetuado em termos de manutenção e projeção da capacidade Leopard 2 A6, na medida em que esta se constitui como uma prioridade para o Exército Português. Depreendese ainda que estes resultados obtidos derivam, em grande medida, da sólida e relevante capacidade técnica e tática que todos os militares desta unidade de excelência têm vindo a demonstrar. Decisão no Combate!

Página 53 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 55


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada

As Unidãdes de Reconhecimento de lãgãrtãs. O Esqúãdrão de Reconhecimento dã Brigãdã Mecãnizãdã.

Maj Cav Paulo Serrano Ten Cav Sandra Amaro

Introdução

As operações de reconhecimento desempenham um papel fundamental nas operações militares. A necessidade de obter informações para apoiar a decisão do comandante é um aspeto comum nas operações militares ao longo da História. A sua importância na determinação do sucesso em operações levou a que fossem criadas unidades militares específicas para o desempenho destas tarefas. O artigo tem como objeto de estudo o Esquadrão de Reconhecimento da Brigada Mecanizada ERec/BrigMec. Inicialmente o foco do artigo estava centrado nas Unidades de Reconhecimento equipadas com viaturas blindadas de lagartas, com o intuito de analisar a temática com uma visão mais alargada. Contudo, considerou-se que cingindo o objeto de estudo a um “campo mais estreito” seria mais proveitoso em termos de análise, quer pelo tema apenas das Unidades de Reconhecimento (análise a um caso de estudo) mas também porque desta forma se analisa uma unidade operacional do atual sistema de forças do Exército. O objetivo é identificar se o ERec/BrigMec continua a ter pertinência no sistema de forças nacional (por ser uma Unidade de Reconhecimento com viaturas blindadas de lagartas) e perspetivar a sua evolução, em termos de missões e de equipamento. O artigo está organizado em quatro tópicos, não contabilizando a introdução e as conclusões,

56 | Brigada Mecanizada

cada um defendendo um determinado argumento. O artigo é necessariamente pequeno em termos de dimensão, logo coloca maior desafio na argumentação de cada ideia-chave. No primeiro tópico “A cavalaria e o reconhecimento” pretende-se demonstrar com base numa análise histórica (sucinta!), que a cavalaria não se cinge apenas ao reconhecimento mas que cumpriu mais missões operacionais para além desta com destaque para as operações de segurança e ofensivas. O segundo tópico “A doutrina e as operações de reconhecimento” pretende-se enquadrar o ERec/BrigMec nas funções de combate, assunto recorrente nos meios académicos, mas de utilidade duvidosa quando mal contextualizada. O terceiro tópico “ O ERec/BrigMec” pretende mostrar a realidade da unidade de acordo com o Quadro Orgânico de 2009, realçando as suas missões, a organização e tipo de equipamentos. É feita uma abordagem às unidades de reconhecimento do Exército dos Estados Unidos da América (EUA) para contextualizar outros aspetos que serão abordados no artigo. O quarto tópico “Perspetivas de evolução do ERec/BrigMec” pretende analisar a importância, em termos de missões, da unidade em prol da BrigMec e qual a perspetiva futura de emprego. Por último, são apresentadas as conclusões onde se salientam os aspetos principais referidos ao longo do texto. O ERec/BrigMec não é uma unidade que tenha apenas a missão de reconhecimento, deve manter a capacidade de executar as missões tradicionalmente associadas à cavalaria, e para isso deve manter a mesma organização, e se

Página 54 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II possível, ser dotada de meios capazes de aumentar a sua eficácia operacional.

A cavalaria e o reconhecimento A Cavalaria não se cinge apenas às operações de reconhecimento. A cavalaria representa ao longo da história o combate montado, cumprindo diversas missões, desde o reconhecimento, a segurança, a ofensiva ou a defensiva. Na obra “Apontamentos de História Militar para Militares” é feita uma comparação pertinente acerca desta temática, tendo como referência o Exército Mongol. Naquele exército, refere o autor, cerca de 40% de cavalaria pesada tinha como emprego tático a ação de choque, enquanto a cavalaria ligeira, cerca de 60%, estava orientada para a ação de fogo. O autor chega mesmo a efetuar comparação entre as missões daquele exército com as dos nossos dias, considerando que “… a cavalaria ligeira tinha as missões que, em tempos modernos, competem à cavalaria de reconhecimento; reconhecimento, proteção, operações de deceção e perseguição, e apoio de fogo à cavalaria pesada. A cavalaria pesada tinha as missões que hoje em dia estão a cargo dos blindados” (Santos, 1979, p. 82). A realidade do exército mongol é comum à forma de organização da Cavalaria de muitos exércitos ao longo da História. A cavalaria pesada representando sobretudo a ação de choque e é por isso predominantemente empregue em situações ofensivas para, em muitos casos, desferir o golpe decisivo no adversário. A cavalaria ligeira fruto da sua mobilidade no campo de batalha estava orientada para o emprego em missões de reconhecimento e segurança e, em muitos casos, para a exploração do sucesso e perseguição. É sobretudo a partir do século XVII, que os exércitos Europeus passam a dispor de vários tipos de forças de cavalaria, cada uma com um conjunto de missões específicas. A denominada cavalaria ligeira tinha como principal missão o reconhecimento, a cavalaria pesada estava vocacionada para as operações ofensivas. Em alguns casos, existia uma tropa montada, em que em determinados contextos era considerada

infantaria montada, noutros denominada cavalaria média, em que a sua principal caraterística era que tanto podia combater a pé como montada, (V. Vuksic, 1993, p. 27). A cavalaria passa a desempenhar um conjunto de missões que iam desde o reconhecimento, vigilância à perseguição do inimigo. Estas missões, por serem diferentes umas das outras, necessitavam de diferentes requisitos, especialmente ao nível dos meios, razão pela qual tinham diferentes classificações. O choque no campo de batalha não era a única função a desempenhar pela cavalaria. As missões de reconhecimento vão adquirindo cada vez maior importância face à necessidade dos comandantes de saberem a localização dos pontos fracos do inimigo, do posicionamento das forças, da organização e dispositivo, nomeadamente das reservas.

A

doutrina

e

as

operações

de

reconhecimento Em 2012 foi difundida a Publicação Doutrinária do Exército (PDE 3-00) que constitui a publicação base doutrinária do Exército Português, no domínio das operações terrestres (Exército, 2012, p. XIII). A nova doutrina coloca ênfase no conceito das funções de combate, o que não sendo novidade doutrinária (constava nos manuais de 2005), operacionaliza-o de uma forma mais clara. É neste contexto que é desenvolvido o conceito da função de combate Informações, incluindo neste âmbito as tarefas associadas à vigilância e ao reconhecimento (Exército, 2012, pp. 2-29). Considera-se que existe alguma confusão ao associar as unidades de reconhecimento às operações de reconhecimento. Uma das hipóteses é precisamente pela associação que existe entre o termo “reconhecimento”. Uma unidade de reconhecimento cumpre missões de reconhecimento, é uma realidade. Mas no contexto do nosso Exército, não só! Na nossa doutrina, espelhado também nos Quadros Orgânicos das Unidades, não são atribuídas missões primárias, ou seja as operações de reconhecimento não são mais importantes que as

Página 55 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 57


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada operações de segurança. A Unidade está preparada para desempenhar qualquer uma dessas missões, mas fruto talvez da designação das Unidades (Unidade de Reconhecimento) se orienta o raciocínio para que cumpram primariamente missões de reconhecimento. E daí poder originar alguma confusão (MDN, 2009). É recorrente uma comparação entre a nossa doutrina e a do Exército dos EUA, contudo em algumas temáticas é descontextualizada sem espelhar a nossa realidade, resultante de filosofia de emprego de meios distintos. Quando se pretende enquadrar as unidades de reconhecimento nas funções de combate, é preciso distinguir quais as unidades que são consideradas, tendo em conta as suas missões. As unidades de reconhecimento do exército dos EUA, na generalidade só cumprem missões de reconhecimento (e de segurança apenas a vigilância, tendo sido atribuída a operação de segurança de guarda aos agrupamentos de armas combinadas, e deixando essas unidades de terem capacidade para operações ofensivas ou defensivas). Neste caso, é normal enquadrarem-se estas unidades na função de combate informações.

combate, mas também, para a função de combate movimento e manobra e proteção, na execução de operações de segurança ou ofensivas ou defensivas, porque está organizada precisamente para o cumprimento dessas missões. Portanto as

unidades de reconhecimento contribuem para determinada função de combate conforme a missão que for cumprir e até pode contribuir em diferentes fases de uma operação para mais do que uma função de combate.

O Reconhecimento de Lagartas. O

caso

do

Reconhecimento

Esquadrão da

de

Brigada

Mecanizada Se não existem grandes dúvidas acerca da importância da informação no ambiente operacional, importa identificar as formas de tornar esta tarefa mais fácil e se possível com o

No entanto, a realidade no nosso exército é diferente, em concreto o ERec/BrigMec, cumpre missões de reconhecimento, segurança e ofensivas ou defensivas, no âmbito do princípio de economia de forças. Não se deve considerar que uma unidade de Figura 1 - Organização do Reconnaissance and Cavalry Troop reconhecimento do Referência: (US Army, 2009, pp. 1-9) nosso Exército menor risco possível. Uma das soluções passa pela pertença apenas à função de combate adoção de meios tecnológicos para concretizar informações. Contribui para essa função de estas tarefas, através da utilização de sensores,

58 | Brigada Mecanizada

Página 56 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II tipo Unmanned Aerial Vehicles (UAV) ou outras plataformas semelhantes, que pressupõe menor risco ao militar, que desta forma não necessita combater para obter informações. A vantagem é clara, menor risco para as forças militares. Outra das soluções é com o emprego de unidades militares capazes de combater pela informação, mas nesta colocando maior risco às tropas, pois necessitam de estreitar contato com o inimigo para adquirir informações. As operações de reconhecimento são importantes, a forma de operacionalizar a obtenção de informações é que altera, com recursos a novas tecnologias. Uma ou outra forma marcam diferentes filosofias de emprego. O exército dos EUA tem na sua organização cinco tipos de esquadrões de reconhecimento, pertencentes a cada uma das Brigadas de manobra (Heavy, Infantry e Stryker), à Battlefield Surveillance Brigade (BFSB) 36 e ao Armored Cavalry Regiment (ACR)37. Considera que a missão primária é o reconhecimento e para tal estão equipados com meios ligeiros para otimização da missão de reconhecimento. A excepção (e é assim que é descrito) é o esquadrão de reconhecimento do Armored Cavalry Regiment que tem na sua organização pelotões de carros de Combate que garantem proteção e sobrevivência nas operações de segurança e nas operações ofensivas e defensivas (Army, 2009, pp. 1-8) O Exército português possuiu até recentemente, três ERec que trabalham individualmente em prol de três Brigadas distintas. O ERec/BrigMec no Campo Militar de Santa Margarida, o ERec da Brigada de Intervenção (ERec/BrigInt) no Regimento de Cavalaria nº6 em Braga e o ERec da Brigada de Reação Rápida (ERec/BrigRR) no Regimento de Cavalaria nº3 em Estremoz. As missões, possibilidades, capacidades, conceito de emprego e limitações de cada um dos ERec são aspectos que estão associados, obviamente à missão do escalão em proveito do qual operam (Exército Português, 2010, pp. 2-1).

36

Tradução livre do autor de Brigada de Vigilância.

Entretanto, foi criado o Grupo de Reconhecimento da Brigada de Intervenção (GRec/ BrigInt), tendo sido aprovado o seu QO 09.03.03 de 06 de Novembro de 2015. A missão da unidade, conforme expressa no seu QO é de “…prepara-se para executar operações em todo o espetro das operações militares, no âmbito nacional ou internacional, de acordo com a sua missão”. Como possibilidades, mantém do anterior a condução de operações de reconhecimento, de segurança, operações ofensivas e defensivas, em economia de forças. O ERec/BrigMec é a única unidade de Reconhecimento com viaturas blindadas de lagartas do sistema de forças nacional. A unidade tem exatamente a mesma missão do que a expressa no QO do GRec e mantém as mesmas possibilidades de conduzir as operações de reconhecimento e de segurança, operações ofensivas e defensivas, em economia de forças. Uma das particularidades é a organização dos pelotões em unidades de armas combinadas, constituído a três secções: atiradores, exploração e carros de combate. Esta organização pode ser equiparada ao Armoured Cavalry Troop, com uma organização interna diferente (pelotões de armas combinadas, no caso nacional) mas com uma filosofia geral de emprego idêntica, nomeadamente a capacidade de estreitar combate para obtenção de informações. Perspetivas de evolução Será que este tipo de Unidade continua a ser pertinente, ou deveria passar a ter outro tipo de organização? Numa altura em que se assiste à introdução de viaturas mais ligeiras nas unidades de reconhecimento, continua a fazer sentido a manutenção de carros de combate neste tipo de unidades? E relativamente às viaturas blindadas de transporte de pessoal (VBTP) M113 continuam a ser adequadas ou poderia adotar-se outro tipo de viaturas semelhantes às viaturas de combate de infantaria (VCI). Estas são questões que julgamos pertinentes e que concorrem para o objetivo definido, para a qual tentámos

Tradução livre do autor de Regimento Blindado de Cavalaria. 37

Página 57 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 59


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada limitados de forma a garantir a concentração de potencial de combate (através de dois Agrupamentos de Armas Combinadas, de acordo com nova orgânica da BrigMec) noutro local. Se em termos de organização, considera-se que a atual é adequada (tendo em conta a organização da Brigada Mecanizada), em termos de equipamentos poderá haver evolução. A secção de carros de Combate está equipada com CC Leopard 2A6 que permite o cumprimento sobretudo de operações de segurança e ofensivas e defensivas com outras possibilidades. Já a VBTP M113 é um equipamento que apresenta algumas limitações Figura 2 - Organização do ERec/ BrigMec tendo em conta o seu emprego Referência: (MDN, 2009) tático, não sendo considerado para este caso os aspetos de apresentar um conjunto de argumentos e que sustentação dos mesmos. A única vantagem da neste tópico apresentamos a resposta. manutenção desta viatura no ERec/BrigMec é a Considera-se que a organização está correta, capacidade de transporte de militares para assente no pressuposto de que a unidade não operações de reconhecimento, o que permite deve restringir a sua atividade apenas a operações maiores possibilidades na técnica do de reconhecimento. O ERec/BrigMec deve reconhecimento apeado. Contudo, e tendo em continuar a ter capacidade de cumprir missões de referência a panóplia das missões, apresenta reconhecimento, segurança e outro tipo de lacunas face ao emprego do armamento operações (ofensiva ou defensiva) no princípio de (capacidade de execução de tiro ajustado) e de economia de forças. Para cumprir estas missões sistemas que contribuam para aumentar a deve ter meios capazes de estabelecer o contacto capacidade da vigilância do campo de batalha com o inimigo, empenhar-se decisivamente ou (câmaras térmicas, etc). não, de acordo com a sua missão, e esclarecer a situação garantindo assim tempo de reação e Conclusões segurança ao comandante. A cavalaria apresenta ao longo do seu percurso histórico o cumprimento de várias Estes aspetos são o que garantem maior missões, estando vocacionada para operações de flexibilidade de emprego em prol da Brigada reconhecimento, segurança, ofensivas e Mecanizada, podendo ser empregue em defensivas, no âmbito do princípio de economia operações de reconhecimento, em operações de de forças. Inicialmente a distinção de emprego segurança (e se deixar de ter esta unidade, esta consistia no combate montado, onde o cavalo tarefa terá de ser atribuída a um Agrupamento), assumia o papel de destaque. segurança de área da retaguarda, ou em operações ofensivas ou defensivas por períodos

60 | Brigada Mecanizada

Página 58 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II No exército português esta realidade é ainda mais vincada. A cavalaria nunca esteve de forma vincada associada a um tipo de operação, mantendo a possibilidade de cumprir as designadas missões tradicionais da cavalaria. Associar as unidades de reconhecimento, no contexto do nosso exército, apenas às missões de reconhecimento é, na nossa opinião, desajustado. É certo que atualmente, face à importância das informações no ambiente operacional, estão a ser criadas unidades militares específicas para o desempenho destas tarefas, o que não constitui um fator novo. As denominadas unidades Intelligence, Surveillance, Target Acquisition and Reconnaissance (ISTAR) enquadram-se dentro desta realidade, unidades “especializadas” com foco na vigilância e no reconhecimento para obtenção de informações. A realidade do ERec/BrigMec, expressa no seu QO é a possibilidade de cumprirem missões de reconhecimento, segurança, operações ofensivas e defensivas no contexto do princípio da economia de forças. Tendo em consideração esta diversidade de missões, a sua associação a uma função de combate pode tornar-se uma tarefa confusa. Considera-se que as unidades não devem estar associadas a uma função de combate mas sim, contribuir para as funções de combate conforme as missões que forem desempenhar. Assim, de uma forma generalista, considera-se que contribui para as funções de combate movimento e manobra (operações de segurança, ofensiva, defensiva), informações (reconhecimento), proteção (âmbito da segurança de área, por exemplo).

O ERec/ BrigMec deve continuar a manter a sua organização, pois permite garantir flexibilidade em prol da BrigMec. A especialização da unidade em operações de reconhecimento teria como consequência a atribuição das operações de segurança a um dos Agrupamentos Mecanizados. Para além disso permite atuar com o ERec em economia de forças, para garantir a concentração de potencial de combate no momento e local oportunos. É certo que a unidade não pode executar várias missões no mesmo momento, se cumpre uma operação ofensiva ou defensiva, não pode executar nesse momento uma operação de reconhecimento noutro local, mas cabe à Brigada atribuir a missão mais adequada de acordo com as exigências operacionais. As viaturas que equipam o ERec/BrigMec (binómio M113 e CC L2A6) garantem o cumprimento das missões. Contudo, numa lógica de reequipamento da BrigMec com outro tipo de viaturas, deve a unidade de reconhecimento merecer prioridade em termos de reequipamento. Existem atualmente outro tipo de viaturas que possibilitam a adoção de outras modalidades em termos de manobra tática, pois permitem estreitar o contacto com mais sucesso do que as VBTP, para além dos meios tecnológicos em termos de aparelhos de visão e sistemas de pontaria que permitem atuar, juntamente com os CC, com maior eficácia na condução das operações militares. Salienta-se, mais uma vez, que este racional, só faz sentido se o ERec continuar a ser entendido como uma unidade capaz de cumprir as denominadas missões tradicionais da cavalaria e não apenas as operações de reconhecimento. 38

. 38

Referências Bibliográficas: US ARMY (2009). FM 3.20.971 Reconnaissance and Cavalry Troop. Washington DC: Department of the Amy. EXÉRCITO (2012). PDE 3-00 Operações. MCGRATH, John. Scouts Out. The development of recon units in modern armies.Kansas: Combat Studies Institute Press.

MDN, M. d. (2009). Quadro Orgnico do Esquadrão de Reconhecimento da BrigMec, Número 20.0.05 SANTOS, José (1979). Apontamentos de História para militares. Lisboa: Instituto de Altos Estudos Militares. VUKSIC; GRBASIC. (1993). Cavalry. The History of a fighting elite.London: Cassell Group

Página 59 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 61


Imóveis Grupo Caixa Imóveis Grupo Caixa

CAIXAIMOBILIARIO.PT CAIXAIMOBILIARIO.PT É ÉA A MORADA MORADA DA DA SUA SUA FUTURA FUTURA CASA CASA OU OU NEGÓCIO. NEGÓCIO. Descubra o imóvel que procura em caixaimobiliario.pt, com a certeza de encontrar boas oportunidades para os seus projetos. Descubra o imóvel que procura em caixaimobiliario.pt, com a certeza de encontrar boas oportunidades para os seus projetos.

HÁ UM BANCO QUE AJUDA A DAR CERTEZAS AO FUTURO. HÁ UM BANCO QUE AJUDA A DAR CERTEZAS AO FUTURO. A CAIXA. COM CERTEZA. A CAIXA. COM CERTEZA.

Ligue (+351) 707 24 24 30 | 24h todos os dias do ano | Informe-se na Caixa. Ligue (+351) 707 24 24 30 | 24h todos os dias do ano | Informe-se na Caixa.


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II

Implicações do Conceito de Modularidade na Forma de Conduzir a Sustentação Logística do Exército – O Caso do Batalhão de Apoio de Serviços TCor Inf. Mário Jorge Batista Duarte Pereira Cmdt BApSvc/Cmd BrigMec PREÂMBULO Com este artigo pretende-se analisar a forma como o Exército incorporou o conceito da modularidade na construção das suas forças, com especial enfoque nas afetas ao apoio logístico. Iremos debruçar-nos essencialmente nos aspetos relacionados com a organização do BApSvc e com a articulação das funções logísticas Reabastecimentos e Transportes, uma vez que na última edição da Revista Atoleiros39 publicamos um artigo sobre a forma como é conduzida a Manutenção Intermédia de Apoio Direto na Brigada Mecanizada.

predominância de Teatros de Operações (TO) onde as forças de combate, se apresentam distribuídas por áreas de considerável dimensão, em muitos casos descontínuas, e onde o apoio logístico só se torna possível através do recurso a novas ideias, a novas tecnologias e a novas formas de operar.

O AMBIENTE OPERACIONAL DOS NOSSOS DIAS Se olharmos para a tipologia de operações militares dos nossos dias, constatamos que o atual Ambiente Operacional (AO) teve um impacto significativo na mudança profunda que se verificou na forma de conduzir o apoio logístico das forças terrestres. Analisando a tipologia de operações que marcaram o AO dos últimos anos, verifica-se a

No AO contemporâneo, o apoio às forças de combate não decorre num fluxo contínuo através de toda a zona de comunicações, mas sim por impulsos, utilizando diferentes conjuntos de abastecimentos em diferentes momentos e com

Manutenção Operacional - Revista Militar da Brigada Mecanizada, Ano XVII – Nº29 – Abril de 2015

39

Página 61 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 63


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada diferentes objetivos. Esta nova forma de apoiar as operações em curso, constitui um desafio para os comandantes logísticos que vêm o sucesso da sua missão, depender em grande parte da capacidade de desenharem corretamente os módulos e conjuntos de abastecimentos necessários para a sustentação de uma determinada operação. Fruto do acentuado cariz expedicionário que caracteriza as novas forças militares, a logística por impulsos apresenta como principal objetivo, o assegurar da capacidade de se dispor de um elevado potencial de combate num determinado momento de uma operação e, ao mesmo tempo, diminuir a assinatura logística, reduzindo as linhas de comunicação e a necessidade de assegurar a sua segurança de forma permanente e ininterrupta por todo o TO, possibilitando dessa forma a libertação de recursos para outras tarefas operacionais. As operações ligadas ao apoio logístico das forças de manobra, não podem continuar a ser planeadas como decorrendo num ambiente seguro, com poucas restrições de movimento e de contato com forças adversárias. Com efeito, em grande parte da tipologia atual de operações, o apoio logístico encerra tanto risco como aquele que as forças de manobra enfrentam, sendo que estas últimas – mais pequenas, mais leves e consequentemente, com menor assinatura logística – apresentam uma capacidade de atuar mais limitada que as suas precedentes, em caso de corte das linhas de apoio. Na mesma medida, as unidades logísticas não podem continuar a contar que a sua segurança dependa das unidades de manobra que apoiam neste novo AO, todos os soldados são responsáveis pela sua segurança pessoal, todos estão na linha da frente, e todos devem, portanto, treinar para esta realidade.

64 | Brigada Mecanizada

A ORIGEM DO CONCEITO DE MODULARIDADE Em 2003, o exército dos Estados Unidos da América (EUA) iniciou a implementação de uma série de mudanças na sua Estrutura de Forças (EF), com o objetivo de fazer face aos desafios colocados pelas guerras que estava a travar e às longas operações de estabilização que provavelmente se seguiriam. Uma das principais alterações, envolveu a transformação do exército

de uma organização baseada em divisões, para uma outra baseada em brigadas. Esta mudança acabou por passar a ser conhecida como “modularidade”. A nova força terrestre americana passou assim a ser composta por conjuntos constituídos por brigadas e “Brigade Combat Teams” (BCT). Estas últimas, foram reconstruídas em módulos proporcionais de combate, apoio de combate e apoio de serviços, que do antecedente eram fornecidos pela divisão de que a brigada fazia parte. Neste processo, o exército americano reduziu o tipo de brigadas de combate existentes na sua estrutura de forças, de 17 para apenas 03 – Infantry BCT, Heavy BCT (HBCT) e Stryker BCT (SBCT). A mudança para um sistema modular dotou o exército com um número alargado de conjuntos de forças mais pequenos e equilibrados que os antecessores, tornando mais fácil a sustentação das operações que decorriam no Iraque e Afeganistão. Com o intuito de tornar a estrutura de forças mais modular, o apoio de combate e o apoio de serviços foram também

Página 62 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II precisa e atempada, as necessidades reais das forças em combate. O novo sistema logístico do exército passa a assentar na distribuição ao invés do reabastecimento, combinando a LCOP 40 e as capacidades logísticas disponíveis, Figura 3, BSB e FSC nas HBCT construindo um redesenhados. Tendo em conta a finalidade do sistema de distribuição efetivo e eficiente, que presente artigo, é nas alterações aplicadas à forma pretende ser um “armazém em movimento” que de conduzir o apoio logístico às forças terrestres, reduz (não elimina) as necessidades de que nos iremos focar. armazenamento nas áreas mais avançadas do TO. Para apoio da mudança, o sistema logístico do exército dos EUA foi transformado de forma a permitir a redução dos abastecimentos armazenados ao nível dos diversos escalões da força, característicos do antigo sistema, que se baseava numa robusta e alargada cadeia de abastecimentos, armazenados aos diversos níveis. Esta redução de armazéns e de stocks, apoia-se numa melhoria da precisão do sistema de relatórios logísticos que refletem, de forma mais

A chave para o sucesso das estruturas de apoio modulares, reside na capacidade efetiva de se constituírem de acordo com a missão que irão apoiar. A construção modular permite o desenho funcional, de forma a garantir a autossustentação logística, por curtos períodos de tempo, das unidades de manobra das BCT, minimizando dessa forma as necessidades de apoio externo. Para habilitar a autossustentação, as unidades de manobra das BCT dispõem na sua orgânica de uma Companhia de Reabastecimentos Avançada

Figura 4, Estrutura Geral de uma Sustainment Brigade Multifuncional

40

LCOP: Logistic Common Operational Picture

Página 63 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 65


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada (FSC)41 e as HBCT de um Batalhão de Apoio de Serviços (BSB)42. Acima do escalão brigada, o apoio logístico às HBCT é efetuado através das “Sustainment Brigades” (SB) que têm a missão de, se necessário, disponibilizar unidades modulares para aumentar a capacidade operacional das HBCT. As SB são unidades logísticas modulares, escaláveis, tailorable43, que abrangem todo o espectro das operações de apoio logístico. São um comando operacional constituído por unidades logísticas de apoio multifuncional e com um estado-maior preparado para apoiar operações multifuncionais. A TRANSFORMAÇÃO PORTUGUÊS

DO

EXÉRCITO

No Exército português, os desafios colocados pelo novo AO e pelas novas e emergentes ameaças traduziram-se no abandono de uma estrutura pesada, baseada numa defesa territorial e a sua substituição por outra mais ligeira, com o objetivo de construir um Exército moderno, sustentado, capaz de atuar em todo o espectro da conflitualidade atual, de forma conjunta e combinada, procurando desta forma, criar as condições necessárias à implementação dos conceitos estabelecidos pela doutrina de referência. Nesta linha, o Sistema de Forças (SF) 2014, estabelece que o Exército apresenta como principais estruturas a Componente Operacional (COp), onde se integram os Comandos, as Forças, os Meios e as Unidades Operacionais; e a Componente Fixa (CF) que engloba o conjunto dos Comandos, Unidades, Estabelecimentos, Órgãos e Serviços essenciais à organização e apoio geral do Exército.

41 42

FSC: Forward Support Company BSB: Brigade Support Battalion

66 | Brigada Mecanizada

A COp é composta pelos Elementos da Componente Operacional do Sistema de Forças (ECOSF), que apresentam três características principais: capacidade de resposta em todo o espectro de conflitualidade, para permitir fazer face os desafios colocados pelas ameaças emergentes; flexibilidade para, através de enablers e modularidade permitir uma construção adequada de forças capazes de satisfazer as necessidades operacionais; e necessidade de assegurar a sua credibilidade, através da correta articulação dos meios ao seu dispor, da qualidade da formação, de ações de treino individual e coletivo que permitam empregar com sucesso as forças, em qualquer Área de Operações (AOp). Na mesma linha do exército americano, estabelece-se que o dispositivo operacional do Exército assenta em três Comandos de Grande

Unidade (GU), que são escalões de força do tipo brigada onde se integram unidades operacionais, e que dispõem de uma organização equilibrada de elementos de comando, de manobra e de apoio, que lhes permitem efetuar o treino operacional e conduzir operações independentes. Os Comandos das GU possibilitam o exercício do Comando e Controlo (C2) das unidades operacionais colocadas na sua dependência hierárquica. Os comandos de GU estabelecidos 43

Tailorable: em tradução livre - ajustáveis

Página 64 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II são o comando da Brigada Mecanizada (BrigMec), o comando da Brigada de Intervenção (BrigInt) e o comando da Brigada de Reação Rápida (BRR). São ainda parte integrante dos ECOSF, os comandos de Zona Militar (ZM) e as Forças de Apoio Geral (FApGeral) que são constituídas por unidades de apoio de combate e de apoio de serviços, cuja missão consiste em assegurar capacidades adicionais aos comandos da GU, às ZM e às Unidades Operacionais, assim como conferem ao Exército flexibilidade para responder a compromissos internacionais específicos. ORGANIZAÇÃO MODULAR DO BATALHÃO DE APOIO DE SERVIÇOS

Em linha com os conceitos apresentados, a construção do Batalhão de Apoio de Serviços (BApSvc), segundo o estabelecido no QO 08.01.19, aprovado por despacho de 7 de novembro de 2011, de SExª o General Chefe do Estado-Maior do Exército, obedece à indispensabilidade de utilização da metodologia da modularidade e de módulos para organizar as suas unidades. No mesmo documento, é estabelecido que a modularidade consiste na metodologia de articulação de uma força, de forma a poder definir-se as formas de atribuição de elementos que, por sua vez, são intermutáveis, expansíveis e ajustáveis, para satisfazer as necessidades em constante mudança do Exército.

situação e alterá-las a qualquer momento, conforme o requerido. Com base nestes pressupostos, a organização do BApSvc prevê que este receba das FApGeral, de acordo com a missão e para completar a sua estrutura orgânica, 01 oficial, 25 sargentos, 106 praças e 70 viaturas, vindos das Unidades que abaixo se identificam: Pode ainda receber em reforço da CReabSvc das FApGeral, 01 Pelotão de Serviços de Campanha, com organização variável, em função da natureza, missão ou teatro de operações atribuído. Infere-se assim, que a nível logístico, a organização modular no Exército se centra ao nível dos baixos escalões (companhia, pelotão, secção e até equipa) e, ao contrário da doutrina de referência, que estabelece que os Batalhões de Apoio de Serviços (e restantes unidades das HBCT e SBCT) se apresentam com uma orgânica completa, dimensionada para a unidade de que fazem parte integrante e de forma a garantirem uma determinada autossuficiência às brigadas e batalhões, podendo, em função da missão, ser reforçados com elementos adicionais vindos das SBs, no BApSvc, a organização modular, da forma que está pensada, não permite dispor em permanência de todas as valências necessárias (em termos de pessoal, material e equipamentos) para o cumprimento da missão, o que levanta sérios problemas ao comando da unidade no que diz respeito quer ao treino operacional (TOp), quer ao apoio real diário à BrigMec (uma brigada pesada com elevadas necessidades de abastecimento das diversas classes, decorrentes da missão e da tipologia de viaturas e equipamentos que a constituem).

A organização modular, significa assim para o Exército, a possibilidade de, sem qualquer perturbação, poder combinar a partir de uma estrutura-padrão, forças (módulos) à medida da

Página 65 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 67


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada Procurando ilustrar esta realidade, refere-se o organização do BApSvc, com a finalidade de exemplo da Companhia de Reabastecimentos e conduzir ações de treino operacional planeadas, Transportes (CRT) que tem como efetivo total em QO, 05 oficiais, 33 sargentos e 151 praças mas, no entanto, presentes no BApSvc, apenas conta com 04 oficiais, 10 sargentos e 29 praças, sendo que o Pelotão de Reabastecimentos da CRT dispõe apenas de 01 oficial, 02 sargentos e 03 praças em permanência para efetuar o apoio das classes I, II, IV, VI, e VII a toda a brigada, o Pelotão de Combustíveis e Lubrificantes da CRT conta com apenas 03 praças em permanência para o apoio em combustíveis (embalados e a operações, ou ações de apoio real mas, o que na granel) e lubrificantes, e o Pelotão de Transportes maior parte das vezes se verifica, é que os meios da CRT conta com menos de metade do efetivo não estão disponíveis, pois são empenhados, de previsto em QO. Se a isto se acrescentar o facto de acordo com as prioridades do Exército, no apoio a que o BApSvc também não dispõe das viaturas e outras unidades ficando o BApSvc com uma equipamentos destas componentes, e que o nível capacidade operacional muito reduzida. No atual de levantamento estabelecido para unidade pelo sistema, mesmo quando se torna possível receber comando do Exército, é de 84% do efetivo total estes meios há que ter em conta que o constante em QO, fica-se com uma Companhia de Transportes (CTransp) do Regimento de Transportes (RTransp) Oficiais Sargentos Praças Viaturas perspetiva da 01 Equipa de manutenção de viaturas dificuldade que a 1 1 1 de rodas atual organização 01 Equipa de empilhadores (25/5 ton) 2 2 representa para a 01 Equipa de transportes médios (5 ton) 2 14 12 operacionalidade 01 Secção de transportes pesados (40 da Unidade. 2 14 7 O Comando da BApSvc, pode solicitar através do Comando da BrigMec ao Comando das Forças Terrestres (CFT), a apresentação dos meios humanos e materiais das FApGeral que fazem parte da

68 | Brigada Mecanizada

ton) TOTAL CTransp 5 31 22 Companhia de Reabastecimento e Serviços (CReabSvc) das FApGeral Oficiais Sargentos Praças Viaturas 01 Equipa de manutenção de 1 2 2 refrigeração e climatização 01 Secção de reabastecimentos Cl I, II, IV 5 13 11 e VII 01 Secção de reabastecimentos Cl IW 6 29 16 01 Secção de reabastecimentos Cl VI 2 6 4 01 Pelotão de combustíveis e 1 6 25 15 lubrificantes TOTAL CReabSvc 1 20 75 48 TOTAL 1 25 106 70 Tabela 1 – Componentes das FApGeral e do RTransp que completam o BApSvc

Página 66 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II levantamento de novas estruturas (mesmo as que constam em ordem de batalha), implica que os subsistemas em utilização, tanto humanos como materiais, têm de ser redirecionados e rearticulados para enfrentar uma nova realidade que não é a quotidiana, com maiores implicações no fator humano, pois normalmente foram adotados procedimentos que serão porventura inadequados para a nova estrutura. A falta de treino e a aquisição de novas competências demora o seu tempo e tem implicações no tempo de resposta da unidade, e também na qualidade dessa resposta. Para fazer face a esta realidade, o comando do BApSvc tem vindo a concentrar esforços no estabelecimento de formas de atuação onde ambas as linhas de atividade, operacional e apoio real, assentem e se orientem por procedimentos padronizados e similares aplicando na máxima expressão possível o conceito “vive como combates”, procurando desta forma atenuar as implicações relacionadas com as contingências e restrições identificadas, aplicando na execução diária das atividades relacionadas com o apoio real, procedimentos técnicos e administrativos de reabastecimento similares aos que seriam usados em operações. No entanto, sublinha-se, que o treino das tarefas operacionais é essencial, e a dificuldade em realizá-lo devido escassez de meios humanos e materiais, compromete a proficiência operacional da unidade e a sua capacidade de sobrevivência, que como já referimos neste artigo, constitui uma capacidade vital para as unidades logísticas nos TOs contemporâneos. O PAPEL DA SECRETARIA DE REABASTECIMENTOS E TRANSPORTES, DA SECRETARIA DE MANUTENÇÃO E DA SECÇÃO DE MUNIÇÕES DA BRIGADA NA ORGANIZAÇÃO MODULAR A Secretaria de Reabastecimento e Transportes (SecrReabTransp), a Secretaria de Manutenção (SecrMan) e a Secção de Munições (SecMun) pertencem à estrutura orgânica do BApSvc. Os respetivos chefes de secção, além de oficiais do estado-maior do BApSvc, fazem parte do estado-maior técnico do Comandante da Brigada, assumido por essa razão a denominação

de Oficial de Reabastecimentos, Oficial de Manutenção e Oficial de Munições, respetivamente, da Brigada. A missão destes órgãos consiste, de forma resumida, em determinar as necessidades de reabastecimentos da Brigada, controlar os seus níveis de abastecimentos, supervisar a execução dos planos de reabastecimento e manutenção e aconselhar o comandante do BApSvc e o comandante da Brigada em assuntos da sua área de intervenção. As Secretarias e a SecMun, trabalham com dados tabelados que definem as taxas de consumo para as várias classes e tipos de abastecimentos para cada uma das Unidades orgânicas da Brigada, de acordo com o tipo de operação e com as Normas de Execução Permanente (NEP) em vigor. Para permitir o controlo dos consumos, o sistema de relatórios logísticos era direcionado para as Secretarias e para a SecMun com conhecimento ao G4 da Brigada. Atualmente, o Exército utiliza o sistema de relatórios da OTAN, que não contempla as Secretarias ou a SecMun como destinatários de informação, esvaziando a sua capacidade de controlar os níveis, transferindo essa responsabilidade para a célula do G4 da Brigada (apoiada pelo BApSvc). Ao adotar a organização modular, o Exército assumiu que a base do seu sistema de forças passou a assentar em 03 Comandos de Brigada ao invés das 03 Brigadas anteriores (BrigMec, BrigInt e BrigRR). Os 03 Comandos de Brigada podem receber qualquer uma das Unidades que fazem parte da COp ou combinações destas (conjuntos ou módulos). O BApSvc é uma das Unidades que pode apoiar qualquer um dos três Comandos de Brigada o que implica que, a manterem-se as responsabilidades que estavam atribuídas às Secretarias e à SecMun, para cumprirem a missão de estarem preparadas para prover qualquer tipo de unidade ou combinação de unidade em qualquer tipo de operação, estas teriam de se transformar em órgãos de planeamento logístico em vez de órgãos de controlo de execução. Ao mesmo tempo, e conforme analisado no início deste artigo, as alterações provocadas pelo AO contemporâneo na forma de conduzir as

Página 67 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 69


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada operações e consequentemente, na forma de conduzir o apoio a essas operações, obriga a um aumento da flexibilidade das organizações militares e a um planeamento cada vez mais integrado e concorrente ao nível das diferentes funções de combate. A existência da SecrReabTransp, da SecrMan e da SecMun deixa, no nosso ponto de vista, de fazer sentido, devendo o planeamento e controlo de execução das operações logísticas ser concentrado ao nível dos Comandos de Brigada, nomeadamente na célula do G4 (que terá de ser reforçada em termos de efetivos), garantindo-se dessa forma a indispensável transversalidade e concorrência do planeamento logístico com as outras funções de combate, e dando-se um forte contributo para o aumento da flexibilidade e integração da logística com a manobra que a “logística por impulsos” exige. SUSTENTAÇÃO LOGÍSTICA MODULAR DO EXÉRCITO - ASPETOS A MELHORAR Conforme descrito neste artigo a estrutura do BApSvc é completada com componentes da CReabSvc/ES e da CTransp/RTransp. A primeira pertence às FApGeral fazendo parte da COp e dependendo do CFT mas, no entanto, está localizada na ES que depende de outro comando, o do Pessoal, e é uma Unidade vocacionada essencialmente para a formação. Por sua vez a CTransp está localizada no RTransp que é uma unidade da CF. Embora ambas sejam unidades cuja missão está intrinsecamente ligada ao apoio de serviços, a maioria das tarefas que lhes são cometidas não são de cariz operacional, e quando empregues em apoio das diferentes unidades e atividades do Exército, raramente o fazem como unidades constituídas, mas antes destacando pequenos módulos de escalão equipa,

secção ou pelotão, não constituindo audiência de treino nas unidades/exercícios que vão integrar, sendo quase sempre direcionadas para o apoio logístico real. Quando empregues como fazendo parte do BApSvc verifica-se que o nível de treino (individual e coletivo) não está sincronizado com o dos restantes elementos do Batalhão, o que levanta dificuldades de integração na vivência operacional da unidade e causa problemas de integração organizacional. Como os períodos de permanência sob comando do BApSvc são, em regra, de curta duração devido às muitas solicitações a que estes componentes são sujeitos, torna-se difícil treinar com efetividade e atingir a proficiência operacional desejada. CAMINHO A SEGUIR Na nossa perspetiva, o único BApSvc do Exército 44 deveria dispor de uma estrutura organizacional completa ao invés de apresentar componentes decisivas para o cumprimento da sua missão apenas em ordem de batalha. Uma estrutura completa e corretamente delineada tornaria possível o apoio efetivo à BrigMec, realizar TOp sequencial, efetivo e orientado para a missão e, fruto da organização modular do Batalhão, destacar ou receber módulos para apoio dos outros Comandos de GU e das atividades do

O SF 14, recentemente aprovado configura a existência de apenas um BApSvc no Exército - o BApSvc/Cmd BrigMec

44

70 | Brigada Mecanizada

Página 68 de 96


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Treino Operacional da Brigada Mecanizada  –  Parte II Exército. Com uma composição permanente mais equilibrada, garantia-se o correto enquadramento do pessoal e dos materiais, equipamentos e viaturas em termos de C2, a sua correta manutenção, e também, o balanceamento adequado entre as tarefas ligadas ao TOp e as decorrentes das necessidades de apoio real, além de que permitiria o estabelecimento, experimentação e validação de padrões e normas de execução e conduta, para aplicação em operações. Desta forma, o BApSvc poderia constituir-se como unidade mobilizadora de outras estruturas de apoio de serviços de menor dimensão, como por exemplo as estruturas de apoio que são destacadas para apoiar FNDs, sendo ou não, reforçado, de forma a manter as necessárias valências para garantir o apoio de serviços territorial. Faz-se notar, que muitos dos materiais e equipamentos logísticos, estão dispersos pelas diversas Unidades do Exército, ou estão “em armazém” na UAGME, a unidade de reabastecimento do Exército, que não está vocacionada para a manutenção dos equipamentos completos principais, que muitas vezes ficam à sua guarda durante períodos de tempo alargados, sendo difícil aplicar os adequados planos de manutenção para a preservação dos equipamentos. Ainda recentemente, no decorrer do exercício de alta visibilidade da OTAN, TRIDENT JUNCTURE 2015, no qual o BApSvc participou com a missão de efetuar o apoio logístico real a cerca de 4000 militares pertencentes às forças acantonadas em Santa Margarida, tendo para o efeito recebido pessoal, equipamentos, materiais e viaturas em reforço, verificou-se que alguns desses equipamentos, ainda que com um número de horas de serviço muito baixo, sofreram avarias logo no início da operação, não tendo sido possível acionar garantias junto dos fornecedores, por as mesmas já terem expirado, em virtude de os equipamentos estarem ao serviço do Exército há vários anos, embora com pouca ou nenhuma utilização. Colocar este tipo de materiais e equipamentos sob responsabilidade do BApSvc, resultaria em ganhos operacionais significativos,

tornando possível cumprir planos de manutenção preventiva (que englobassem entre outras ações, aquecimentos, verificações regulares, etc.), e permitindo a existência de uma maior disponibilidade para o apoio e treino das tarefas logísticas fruto de um, certamente, maior grau de operacionalidade dos materiais, equipamentos, viaturas e estruturas. A SecrReabTransp, SecrMan e a SecMun devem deixar de fazer parte do BApSvc, sendo que as responsabilidades que lhes estão atribuídas, devem ser redirecionadas para os Comandos das Brigadas (no que diz respeito ao planeamento dos níveis de abastecimentos devendo para tal existir um reforço da célula do G4) e para o BApSvc (através do estabelecimento de uma célula de controlo de níveis na CRT) garantindo-se desta forma a necessária transversalidade e concorrência do planeamento ao nível das diferentes funções de combate, e a flexibilidade que o conceito de modularidade, e a logística por impulsos, exigem. Conclui-se, referindo que uma das vantagens apontadas ao conceito da modularidade, è o forte contributo que empresta ao aumento de coesão entre as forças das diferentes funções de combate, derivado da associação frequente que provoca e incentiva, entre unidades de combate, de apoio de combate e de apoio de serviços, contribuindo para a criação de relações de confiança e lealdade mútuas, decorrentes de um maior conhecimento da missão, das capacidades e das competências de cada um, dando origem, em última instância, a unidades mais confiantes, mais capazes e aptas para enfrentar a tipologia de operações dos nossos dias, predominantemente de caráter conjunto e combinado. O facto de a BrigMec se constituir, reconhecidamente, na grande escola de armas combinadas do Exército, fruto da proximidade geográfica e da tipologia das unidades que a constituem (unidades de manobra, apoio de combate e apoio de serviços), faz com que apresente uma cultura de integração, assente em décadas de planeamento concorrente de emprego dos diversos sistemas de armas que a compõem e

Página 69 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 71


Parte II – Treino Operacional da Brigada Mecanizada Parte II  –  Treino Operacional da Brigada Mecanizada de associação de capacidades, ao nível das diversas funções de combate.

organização modular, se constitua “na” unidade de apoio de serviços do Exército.

Esta forma de atuar, que é parte integrante do “ADN” das suas subunidades, facilita a aplicação do conceito de modularidade e constitui um forte argumento para que o BApSvc, com uma nova

BIBLIOGRAFIA ADAMS, James. The next World War: the Warriors and Weapons of the New Battlefields in Cyberspace. London: Hutchinson. (1993) ATP 4-33. Maintenance Operations. Headquarters. Department of the Army, USA. (2014) FMI 4-90.1. Heavy Brigade Combat Team Logistics, Headquarters, Department of the Army, USA. (2005) FM 4-90.7. Stryker Brigade Combat Team Logistics, Headquarters, Department of the Army, USA. (2007) FMI 3-0.1. The Modular Force, Headquarters, Department of the Army, USA. (2008) FM 4-0. Sustainment, Headquarters, Department of the Army, USA. (2009) LOPES, Rui M. Rodrigues. A Sustentação Logística no US ARMY em 2020 – Uma síntese da estratégia formulada, Escola Prática dos Serviços, Boletim nº 3 (2015) MARTIN, Aaron. JORDAN R. Fischbach. STUART E. Johnson. JOHN E. Peters. KARIN E. Kitchens. A Review of the Army’s Modular Force Structure, RAND Corporation, (N.A) ME – 3100. Logística das Pequenas Unidades. Lisboa: CEGRAF/Ex. IAEM. (1982) PDE 4-00 LOGÍSTICA. Lisboa. EME. (2013) PEREIRA, Mário J. B. Duarte. FARIA, Isabel Madeira de. Manutenção Operacional, Revista Militar da Brigada Mecanizada, Ano XVII – Nº29 – Abril. (2015) QUADRO ORGÂNICO nº 08.01.19 (BApSvc). EME. (2011) REGULAMENTO DE CAMPANHA, Batalhão de Apoio de Serviços. Lisboa: CEGRAF/Ex. (1982)

72 | Brigada Mecanizada

Página 70 de 96


Parte IV – Atividades na Brigada Mecanizada

Atividades na Brigada Mecanizada  –  Parte IV

As Atividãdes dã Brigãdã Mecãnizãdã

NOVA PISTA DE ATERRAGEM EM SANTA MARGARIDA O CAMPO MILITAR PARA ONDE CONVERGEM OS GRANDES EXERCÍCIOS CONJUNTOS COMBINADOS No âmbito dos compromissos assumidos pelas Forças Armadas Portuguesas (FFAA), nomeadamente na organização e condução do exercício European Air Transport Training (EATT), exercício da European Defense Agency (EDA) que decorreu entre 15 e 26 de junho de 2015, e ainda na realização do exercício de alta visibilidade da NATO, Trident Juncture 2015, ambos a ter lugar em território nacional, a Companhia de Engenharia da Brigada Mecanizada executou entre 19 de Janeiro e 29 de Maio de 2015 a construção de uma pista de aterragem não preparada, no Campo Militar de Santa Margarida.

TOMADA DE POSSE DO COMANDANTE DA COMPANHIA DE ENGENHARIA DA BRIGADA MECANIZADA A Companhia de Engenharia da Brigada Mecanizada recebeu o seu novo Comandante. O Major de Engenharia Rui Miguel Paulo Cordeiro, que tomou posse em 19 de fevereiro de 2015 como Comandante da Companhia de Engenharia da Brigada Mecanizada. À chegada à Unidade, recebeu as Honras Regulamentares e presidiu à Formatura em Parada. A Cerimónia de Tomada de Posse realizou-se na Parada Militar da Companhia de Engenharia e contou com a presença de todos os militares e funcionária civil da CEng/ BrigMec.

Página 71 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 73


Parte IV – Atividades na Brigada Mecanizada Parte IV  –  Atividades na Brigada Mecanizada

BRIGADA MECANIZADA TREINA PARA ATINGIR A CERTIFICAÇÃO OPERACIONAL Entre 23 de fevereiro e 12 de março de 2015 a Brigada Mecanizada desenvolveu uma intensa atividade de treino operacional, envolvendo todas as suas subunidades, num ambiente conjunto e combinado, potenciado pela realização simultânea do exercício “REAL THAW 15” (RT15) da Força Aérea Portuguesa (FAP). Neste período através da concretização do exercício Hakea 151, foi possível conduzir treino multiescalão, em que a audiência primária de treino foi o Comando e estado-Maior da Brigada Mecanizada e as audiências de treino secundárias as suas subunidades. Neste exercício, foram montados os Postos de Comando Principal e Tático da Brigada, e os das suas subunidades, que foram solicitados a realizar em simultâneo o planeamento de uma operação de transposição de curso de água e a condução de uma operação ofensiva, esta última com o recurso à utilização do Sistema de Informações e Comunicações – Tático (SICT), incluindo a utilização do Sistema de Informações, Comando e Controlo do Exército (SICCE) na área das operações e das informações.

BATALHÃO DE APOIO DE SERVIÇOS DA BRIGADA MECANIZADA CELEBRA 36 ANOS DE EXISTÊNCIA Em 11 de Março de 2015, o BApSvc/BrigMec evocou o aniversário da assinatura da 1ª Ordem de Serviço do Batalhão de Apoio de Serviços da Brigada Mecanizada. A cerimónia, presidida pelo Exmo. Comandante da Brigada Mecanizada, Major-General Luís Nunes da Fonseca, contou com a participação do Diretor de Material e Transportes do Comando da Logística, Major-General Morgado da Silva, numa reafirmação inequívoca do interesse, atenção e apoio que tem dispensado a esta unidade. Também vários antigos Comandantes e Adjuntos do Comando emprestaram, com a sua presença, uma acrescida distinção à efeméride

.

74 | Brigada Mecanizada

Página 72 de 96


Parte IV – Atividades na Brigada Mecanizada

Atividades na Brigada Mecanizada  –  Parte IV

BRIGADA MECANIZADA FESTEJA O SEU 37º ANIVERSÁRIO O dia festivo da Brigada Mecanizada é comemorado a 06 de abril, em evocação da Batalha de Atoleiros, travada em 1384, na qual, D. Nuno Álvares Pereira, à frente de uma pequena hoste, derrotou uma força oponente numericamente superior. Todavia, este ano, o ponto alto das comemorações do Dia da BrigMec teve lugar em 9 de Abril, numa cerimónia militar presidida por S.Exª o General Chefe de Estado-Maior do Exército (CEME), General Carlos António Corbal Hernandez Jerónimo e que contou com a presença de vários autarcas das Edilidades locais, representantes das Autoridades Militares, Policiais e Eclesiásticas, e ainda com o Comandante da Brigada de Infantaria Mecanizada “Extremadura” XI, do Exército de Espanha .

DIA DO QUARTEL DA CAVALARIA Em 13 de março tiveram lugar as cerimónias comemorativas do Dia do Quartel da Cavalaria (QCav) e das Unidades de Cavalaria da Brigada Mecanizada, herdeiras das tradições do ex-Regimento de Cavalaria Nº4, evocando o longínquo dia 13 de março de 1814, data em que militares do Regimento se bateram valorosamente no Combate de Viella, em França, em plena Guerra Peninsular.

Página 73 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 75


Parte IV – Atividades na Brigada Mecanizada Parte IV  –  Atividades na Brigada Mecanizada

COMEMORAÇÃO DO 38.º ANIVERSÁRIO DA CENG BRIGMEC A Companhia de Engenharia Brigada Mecanizada celebrou no dia de abril o seu 38º aniversário, data nomeação do seu 1º comandante, a de abril de 1977.

da 15 da 15

A cerimónia militar, presidida pelo Exmo. Diretor Honorário da Arma de Engenharia e Comandante da Academia Militar, Tenente-General José António Carneiro Rodrigues da Costa, contou com a participação do Diretor de Infraestruturas do Exército, MajorGeneral Marques Tavares, para além do Comandante da Brigada Mecanizada, Major-General Nunes da Fonseca, dos ilustres antigos Comandantes da unidade, dos Comandantes das Unidades de Engenharia do Exército, Estado-Maior, Comandantes de Unidade e respetivos Adjuntos da Brigada Mecanizada.

MAIS UM PASSO DADO A CAMINHO DA CERTIFICAÇÃO Inserido no Plano Integrado de Treino Operacional 2015, desenrolou-se, entre 27 de abril a 06 de maio de 2015, no Campo Militar de Santa Margarida, o exercício “HAKEA152”, de escalão Brigada, com vista à certificação de um Comando de Brigada Framework a ter lugar no exercício “ORION15”. Com a presença da equipa de avaliação da Inspeção Geral do Exército (IGE) deu-se início a uma longa jornada de avaliação de planos, ordens, NEP’s e outros documentos de acordo com os critérios definidos pela Organização do Tratado do Atlântico Norte, para a realização de uma avaliação de

prontidão para o combate (CREVAL), sendo marcada pela observação do trabalho de Estado-Maior realizado no âmbito do Processo de Decisão Militar, nomeadamente do jogo da guerra de uma das modalidades de ação.

76 | Brigada Mecanizada

Página 74 de 96


Parte IV – Atividades na Brigada Mecanizada

Atividades na Brigada Mecanizada  –  Parte IV

EXERCÍCIO ORION 15 Sob a égide de um cenário criado pela NATO para o exercício de grande visibilidade desta Organização, que decorreu em outubro de 2015, denominado de Trident Junture 15, o exercício ORION 15 teve 3 fases: a evacuação de cidadãos nacionais; a criação de condições para a existência de um ambiente seguro para a intervenção da ajuda humanitária e a reposição das fronteiras de um país fictício O exercício decorreu entre os dia 17 de maio a 4 de junho e a Brigada Mecanizada participou na sua 3.º fase, como Força decisiva para repor as fronteiras do país invadido.

MISSÃO - TRIDENT JUNCTURE 2015 Em 06 de setembro a Brigada Mecanizada, iniciou as atividades de In Processing de militares estrangeiros e nacionais que irão participar no exercício militar "TRIDENT JUNCTURE 2015" (TRJE15). Este evento de grande envergadura e visibilidade, organizado pela NATO realiza-se, na fase FTX, em Portugal, Espanha e Itália entre 3 de outubro e 6 de novembro. Trata-se do 1º grande exercício da Aliança com forças no terreno da era “pós International Security Assistance Force (ISAF)”. O seu objetivo principal consiste na avaliação e a certificação do Joint Forces Command Brunssum45 e das componentes da NATO Response Force 2016. Antevê-se a participação de cerca de 24.000 militares oriundos de cerca de trinta países, dos quais, mais de 5000 estarão em Portugal, nas regiões de Tancos Santa Margarida e Beja.

Página 75 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 77


Parte IV – Atividades na Brigada Mecanizada Parte IV  –  Atividades na Brigada Mecanizada

IX TROFÉU ATOLEIROS JOGA-SE EM ÓBIDOS O Campo do Royal Óbidos, desenhado por Severiano Ballesteros e inaugurado em 2012 recebeu pela primeira vez, no dia 12 de setembro, o Troféu Atoleiros. O Troféu que vai na 9ª edição e teve início em 2007 impulsionado pelo então Chefe do Estado-Maior da Brigada Mecanizada, Coronel de Infantaria Medina de Sousa, foi disputado por 31 jogadores, tendo-se sagrado vencedores em Gross, o Tenente-Coronel de Cavalaria, Lourenço Azevedo, do Regimento de Cavalaria de Braga e em Net, o Coronel de Cavalaria, Henrique Mateus, da Brigada Mecanizada

VISITA DO EXMO. TGEN CFT À BRIGMEC Realizou-se no dia 23 de setembro de 2015, uma visita de trabalho à Brigada Mecanizada pelo Exmo. TGEN Comandante das Forças Terrestres. Esta visita decorreu no âmbito do Exercício Trident Juncture 2015 e teve como finalidade avaliar o ponto de situação das várias obras que se encontram a decorrer na Brigada Mecanizada.

IX CONCURSO NACIONAL COMBINADO DO QUARTEL DA CAVALARIA E DA BRIGADA MECANIZADA 2015 Decorreu nos dias 24, 25 e 26 de setembro de 2015, o IX Concurso Nacional Combinado (CNC) do QCav/BrigMec, destinado a cavaleiros militares do Exército e da GNR e a cavaleiros civis convidados. No dia 24Set15 os Cavaleiros participantes apresentaram cumprimentos ao Exmo Comandante da BrigMec, MGen Luís Nunes da Fonseca, e ao Exmo Comandante do Quartel da Cavalaria, TCor Paulo Jorge Lopes da Silva, a que se seguiu uma apresentação e o reconhecimento ao local das Provas de Fundo.

78 | Brigada Mecanizada

Página 76 de 96


Parte IV – Atividades na Brigada Mecanizada

Atividades na Brigada Mecanizada  –  Parte IV

VISITA DO USAREUR No dia 29 de setembro a Brigada Mecanizada recebeu a visita do representante do United States Army Europe (USAREUR) Portugal Desk Office tendo este sido acompanhado pelo Adido de Defesa e Aeronáutico na Embaixada dos EUA em Lisboa, Coronel Glenn LeMasters .

A visita focou-se na obtenção de elementos relacionados com a atividade operacional (real e exercícios/treinos), Lições Aprendidas em operações, Equipamentos e interoperabilidade e com o propósito de explorar possibilidades e oportunidades de treino entre as Forças Armadas dos dois países, em particular na área de Sta. Margarida.

VISITA EXMO QUARTEL-MESTRE - GENERAL À BRIGADA MECANIZADA No dia 30 de setembro, o Exmo TenenteGeneral, Comandante da Logística, TGEN Fernando Celso Vicente Serafino, acompanhado pelo MajorGeneral Diretor das Infraestruturas, MajorGeneral Tavares e pelo Major-General Diretor do Material e Transportes, MGen Morgado da Silva, efetuou uma visita de trabalho à Brigada Mecanizada com o propósito de percecionar, in loco, a realidade após o período de planeamento e preparação do apoio logístico real a prestar pelo Exército no âmbito do exercício TJE 15.

Página 77 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 79


Parte IV – Atividades na Brigada Mecanizada Parte IV  –  Atividades na Brigada Mecanizada

BANDEIRAS NACIONAIS DESFRALDADAS EM SANTA MARGARIDA A cerimónia de hastear da bandeira nacional, da bandeira da NATO e das bandeiras nacionais dos países que pertencem à NATO, ocorreu no dia 19Out15 no quartel-general da Brigada Mecanizada. O desfraldar da Bandeira de Portugal decorreu ao som da Portuguesa, sendo que o hastear das restantes bandeiras, decorreu ao som o Hino da Nato, tocado pela Banda do Exercito. Num evento simples mas de grande significado, como não podia deixar de ser nesta Instituição Castrense, a guarda de honra, constituída por um pelotão do 1BIMec e um pelotão do ERec, comandada pelo Capitão de Infantaria Martins, prestou as devidas Honras Militares como é de direito nestas cerimónias.

VISITAS DE ALTAS ENTIDADES MILITARES ESTRANGEIRAS À BRIGADA MECANIZADA O dia 25 de Outubro foi um dia que ficará na memória dos militares da Brigada Mecanizada. A visita do Chefe do Comandante do Exercito Canadiano, LtGen Marquis Hainse e do Chefe de Estado-Maior do Land Command, Izmir, MGen Salih Sevil, diretor do exercício para a componente terrestre do Trident Juncture 15, iniciou o primeiro dia do Joint Combined Arms Live Fire Exercice (JCALFX). Com a habitual guarda de honra, simples, mas com a distinção e sobriedade do cerimonial castrense, o Exmº LtGen Marquis Hainse, presenteou a BrigMec com a sua presença e assinatura do Livro de honra onde agradeceu ao Exercito a amável hospitalidade bem como manifestou os desejos de novas oportunidades de cooperação no futuro.

80 | Brigada Mecanizada

Página 78 de 96


Parte IV – Atividades na Brigada Mecanizada

Atividades na Brigada Mecanizada  –  Parte IV

TOMADA DE POSSE DO CHEFE DO ESTADO-MAIOR DA BRIGADA MECANIZADA Em 18 de novembro de 2015, o Tenente-Coronel de Infantaria Luís Miguel Afonso Calmeiro, tomou posse como Chefe do Estado-Maior da Brigada Mecanizada (CEM/BrigMec), por ter sido nomeado “por escolha”, por Despacho de 31 de Julho de 2015, de S. Exª o General Chefe do Estado-Maior do Exército.

GRANDE PRÉMIO DE NATAL “AVENIDA NUN’ÁLVARES” DA BRIGMEC Realizou-se no dia 16 de Dezembro de 2015, a 88ª edição do Grande Prémio “Avenida Nun’Álvares” da Brigada Mecanizada (BrigMec) com a particularidade de ser alusiva à época natalícia, pelo que a maioria dos participantes encarnaram a figura do “Santa Claus” e vestiram o barrete vermelho. Esta prova, que consiste numa corrida ao longo de 2.392m da Avenida central da área urbana do Campo Militar de Santa Margarida constitui um momento de alargado e salutar convívio, realiza-se 4 vezes por ano e é aberta a todos os militares e civis que servem na BrigMec, com o objetivo de fortalecer os laços de amizade e camaradagem nesta Grande Unidade.

FESTA DE NATAL NA BRIGADA MECANIZADA No dia 18 de dezembro realizou-se na Brigada Mecanizada a tradicional liturgia natalícia proferida pelo senhor Capelão Dias, à qual se seguiu uma Peça Teatral criada e apresentada por militares das Unidades da BrigMec e abrilhantada pela participação de familiares dos militares. Para encerrar as festividades realizou-se um almoço oferecido a todas as crianças da família militar, ao qual não faltou o Pai Natal para distribuição de pequenas lembranças.

Página 79 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 81


Parte IV – Atividades na Brigada Mecanizada Parte IV  –  Atividades na Brigada Mecanizada

Brigada Mecanizada Solidária A solidariedade e a fraternidade são valores que estando presentes no nosso dia-a-dia, ganham especial brilho e relevância na quadra natalícia, razão pela qual a Brigada Mecanizada entendeu promover uma ampla campanha de solidariedade, envolvendo todos os seus militares, funcionários civis e respetivas famílias que, com generosidade, entusiasmo e muita alegria, se disponibilizaram voluntariamente para contribuir para um Natal mais feliz de crianças e jovens que se encontram em instituições de carácter social que acolhem crianças e jovens, através de donativos de roupas, brinquedos e géneros alimentares. Esta ação teve como finalidade colocar um sorriso nos lábios e um olhar esperançoso nas crianças dessas instituições de cariz social do distrito de Santarém A Brigada Mecanizada, fez no dia 22 de dezembro a entrega desses bens, aos utentes da Casa de S. Miguel – Centro de Acolhimento Temporário para Crianças, situado em Alferrarede, entidade que pertence ao Centro Interparoquial de Abrantes, à Fundação Luiza Andaluz, em Santarém, e à P’ra Amar, na Praia do Ribatejo, Vila Nova da Barquinha. Desta forma os militares da Brigada Mecanizada pretenderam marcar uma presença efetiva junto da sociedade civil, contribuindo para a manutenção e desenvolvimento do seu bem-estar dando assim o sinal da sua permanente postura de grande abertura e proximidade à população civil.

82 | Brigada Mecanizada

Página 80 de 96


Parte IV – Atividades na Brigada Mecanizada

Atividades na Brigada Mecanizada  –  Parte IV

Atividãdes em Prol dã Sociedãde Civil A BRIGADA MECANIZADA PREPARA-SE PARA O PLANO LIRA

O Exército Português, através do Plano Lira, garante o apoio à Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) durante a época de incêndios dos meios humanos e materiais em ações de vigilância, prevenção e rescaldo. No Período de 10 a 12 de março 2015 a BrigMec apoiou o desenvolvimento de uma ação de formação da ANPC, aos militares da Brigada e a militares de Unidades vizinhas, nomeadamente aos Oficiais Superiores representantes das Forças Armadas nos Centros de Coordenação Operacional Distrital (CCOD) de Santarém, Castelo Branco, Leiria e do Grupo de Comando do Comando da Logística, bem como a Oficiais e Sargentos a empenhar no âmbito do Dispositivo Especial de Combate a incêndios (DECIF) 2015.

A COMPANHIA DE ENGENHARIA DA BRIGMEC NO APOIO AO INSTITUTO DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA E DAS FLORESTAS No âmbito do Protocolo realizado entre o Exército e o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, a Companhia de Engenharia da Brigada Mecanizada realizou, nos períodos compreendidos entre 27 de abril a 03 de julho e 09 de novembro a 07 de dezembro, trabalhos de abertura e beneficiação de aceiros e de apropriação da rede viária nos perímetros florestais de Penela, Góis, Arganil e matas nacionais de Quiaios, no distrito de Coimbra, e no perímetro florestal de Castanheira de Pêra, no distrito de Leiria, estimando-se uma extensão total de 57 km a ser intervencionada ao longo de 120 dias.

Página 81 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 83


Parte IV – Atividades na Brigada Mecanizada Parte IV  –  Atividades na Brigada Mecanizada

BRIGADA MECANIZADA APOIA A JUNTA DE FREGUESIA DE SANTA MARGARIDA DA COUTADA Enquadrado com as Orientações do Exercito para o cumprimento de Outras Missões de Interesse Público, a Brigada Mecanizada através da sua Companhia de Engenharia realizou nos dias 16 e 23 de Junho um apoio à Junta de Freguesia de Santa Margarida da Coutada com a realização de trabalhos de modelação do terreno junto às instalações da Sociedade Recreativa Portelense, Os trabalhos consistiram na modelação do terreno envolvente à coletividade da freguesia de Santa Margarida da Coutada e na execução de uma camada superficial em toutvenant, com vista à preparação de uma zona de estacionamento/recinto multiusos.

BRIGADA MECANIZADA APOIA A ANPC NO ÂMBITO DO PLANO LIRA 15 No âmbito do Plano Lira, o Exército, através da Brigada Mecanizada, apoiou a Autoridade Nacional de Proteção Civil no período de 07 a 09 de julho no combate ao incêndio de grandes dimensões que se desenvolveu na região entre TOMAR e CONSTÂNCIA. Foram projetados dois pelotões e uma secção de engenharia, num total de 51 militares e 12 viaturas, com a missão de efetuar rescaldo e vigilância ativa pós-rescaldo.

84 | Brigada Mecanizada

Página 82 de 96


Parte IV – Atividades na Brigada Mecanizada

Atividades na Brigada Mecanizada  –  Parte IV

BRIGADA MECANIZADA APOIA A ANJE EM CURSO DE LIDERANÇA PARA A CRITICAL SOFTWARE O quartel-general da Critical Software foi deslocado para a Brigada Mecanizada mais concretamente para o Quartel Mestre de Avis, entre os dias 23 e 25 de julho. Tratou-se do Advanced Team Leadership Master, levado a cabo pela ANJE – Associação Nacional de Jovens Empresários, em estreita parceria com a Brigada Mecanizada. Neste master de três dias, que reuniu colaboradores da Critical Software com responsabilidades de liderança, ocorreram sessões teóricas e provas de situação, ou seja, missões práticas que visavam o treino de competências. Gestão de stress, conflitos e equipas, inteligência emocional, auto-controlo, motivação, influência, capacidade de persuasão e comunicação assertiva foram as dimensões trabalhadas no decorrer dos três dias

APOIO À AUTORIDADE NACIONAL DE PROTEÇÃO CIVIL NO ÂMBITO DO PLANO LIRA 15 No âmbito do Plano Lira 15, o Exército, através da Companhia de Engenharia da Brigada Mecanizada, prestou apoio à Autoridade Nacional de Proteção Civil projetando uma equipa de engenharia constituída por 1 Sargento e 3 Praças, empenhando um trator de lagartas, com a missão de efetuar defesa de aglomerados populacionais, apoio ao rescaldo, linhas de corte de fogo e combate indireto a incêndios. O apoio ocorreu nas localidades de Penacova e Penhas Douradas entre os dias 11, 12 e 13 de agosto do corrente ano, num total de 1084km percorridos com viaturas e 4 horas/máquina.

Página 83 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 85


Parte IV – Atividades na Brigada Mecanizada Parte IV  –  Atividades na Brigada Mecanizada

ELISABETE JACINTO ESCOLHA A BRIGADA MECANIZADA COMO ÁREA DE TESTES Após cinco meses sem andar no seu camião MAN TGS, a piloto Elisabete Jacinto, escolheu mais uma vez os duros solos do Campo Militar de Santa Margarida, para testar os novos amortecedores. A preparar a participação no Rally de Marrocos 2015 e no rali Africa Eco Race 2016 a piloto Elisabete Jacinto e sua equipa deslocaram-se no dia 29 de Agosto à Brigada Mecanizada, para testar e conhecer as afinações dos novos amortecedores que equipam o seu MAN TGS, bem como uma nova cabine e coluna de direção. Segundo a piloto, os terrenos do Campo Militar são os mais apropriados para efetuar este tipo de testes, porque “depois de passar dezenas de vezes pelo mesmo sitio o buraco continua lá”.

O 2ºBIMEC APOIA A POPULAÇÃO DO MUNICÍPIO DE VILA DE REI NO ÂMBITO DAS AÇÕES DE COOPERAÇÃO CIVIL E MILITAR (CIMIC) Integrado no seu exercício final de aprontamento, o 2BIMec/TACRES/KFOR da Brigada Mecanizada em cooperação com a Câmara de Vila de Rei realizou segundo três linhas de ação distintas, nomeadamente, Apoio Sanitário, Apoio de Engenharia e Apoio a Atividades Escolares, atividades que causaram grande impacto na população Vilarregense no período compreendido entre 01 e 07 de setembro de 2015.

86 | Brigada Mecanizada

Página 84 de 96


Parte IV – Atividades na Brigada Mecanizada

Atividades na Brigada Mecanizada  –  Parte IV

A Importãnciã dã Proteção Ambientãl nã Brigãdã Mecãnizãdã

TCor Inf Jorge Manuel Pinheiro Dias Freixo Chefe do Núcleo de Proteção Ambiental da BrigMec

RECOLHA DE RESÍDUOS CONTAMINANTES, ÓLEO E LIMPEZA DOS SEPARADORES DE HIDROCARBONETOS Decorreu na Brigada Mecanizada na Semana de 14 de Dezembro de 2015 a 18 de Dezembro de 2015 a recolha de resíduos contaminantes, óleo e limpeza dos sistemas de hidrocarbonetos. Foi efetuada a limpeza do sistema de hidrocarbonetos do 1º Batalhão de Infantaria Mecanizado, 2.º Batalhão ed infantaria Mecanizado e Quartel da Cavalaria, tendo sido evacuado cerca de 78.000 litros de misturas de resíduos provenientes de desarenadores e de separadores. Foram também evacuados 164 bidons e 10 cubas de resíduos num total de cerca de 62.600 Kg, entre absorventes contaminados, filtros de óleo, solos e rochas, lamas oleosas e embalagens contaminadas. Estas elevadas quantidades teve a ver não só com os resíduos que habitualmente a Brigada produz ao longo de um ano, mas também com a realização do Exercício Tridente Juncture 2015. Estes cuidados ambientais permitem à Brigada Mecanizada ostentar o galardão da Certificação do Sistema de Gestão Ambiental implementado bem como o Certificado Internacional, em conformidade com a norma NP EN ISO 14001:2004, com validade até 19 de Junho de 2016. Esta Certificação assegura que a Brigada Mecanizada garante a otimização na utilização dos recursos naturais, a proteção do meio ambiente e a redução da poluição, pela gestão do impacte das suas atividades. Estas práticas permitem também transmitir aos militares que servem na Brigada Mecanizada a importância da preservação do meio ambiente, como elemento da natureza que é necessário preservar para as gerações presentes e futuras. Por forma a realçar a importância da temática “O Ambiente” a Brigada Mecanizada durante a semana de 09 a 13 de Novembro, numa parceria que envolve também a empresa RESITEJO, organizaram o evento “Semana do Ambiente”.

Página 85 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 87


Parte IV – Atividades na Brigada Mecanizada Parte IV  –  Atividades na Brigada Mecanizada Nessa edição da “Semana do Ambiente” da Brigada Mecanizada, pretendeu-se incentivar a participação do maior número possível de militares e civis nas atividades ambientais, promovendo um estreito contacto com a natureza e com os problemas que decorrem da defesa dos valores ambientais. Neste contexto foram organizadas um conjunto de atividades de âmbito ambiental, que permitiram aos militares e civis das Unidades e Órgãos da Brigada Mecanizada ter uma participação ativa e colaborativa, das quais resumidamente se destacam:  Plantação simbólica de cinco Sobreiros  Trail Ecológico, organizado pelo Quartel da Cavalaria, onde foram recolhidos 1125 Kg de resíduos.  Um conjunto de palestras no auditório do Quartel da Artilharia, sobre temas ligados à conservação do Meio Ambiente: Riscos Associados aos Solos e Sistemas Aquíferos do CMSM ministrado pela Professora Orquídia Neves e Professora Sandra Cabo Verde; Energia Geotérmica ministrada pelo Professor Doutor Martins de Carvalho; A Cidadania e o Sistema de Gestão Ambiental ministrada pela Engenheira Ana Oliveira Preto.  Uma visita à RESITEJO, onde foi apresentado pelo Engenheiro Filipe Melo todo o processo de reciclagem e tratamento dos Resíduos Sólidos Urbanos.  Um Simulacro de incêndio numa Caserna do Quartel da Artilharia, tendo estado presentes os bombeiros da Unidade de Apoio, onde foram explicados todos os procedimentos de segurança e modos de agir naquele tipo de incêndio.

 Um Peddy Paper Ambiental, com a participação alargada a cerca de cinquenta (50) crianças por cada um dos dez (10) Municípios servidos pela RESITEJO, bem como a participação dos Sapadores da Câmara de Constância. A realização da Semana do Ambiente, nos modos como decorreu, só foi possível devido à entrega e dedicação de todos os militares e civis da Brigada Mecanizada. Uma palavra de apreço e agradecimento também às empresas civis, Correia & Correia e à RESITEJO, que com a Brigada Mecanizada operam diariamente nas boas práticas ambientais, tornando a Semana do Ambiente mais viva e alegre

88 | Brigada Mecanizada

Página 86 de 96



Parte V – Valores e Virtudes Militares – Reflexões para os Jovens Quadros Parte Valores Reflexões para osos Jovens ParteVV– –  Valorese eVirtudes VirtudesMilitares Militares–  –  Reflexões para JovensQuadros Quadros Parte V – Valores e Virtudes Militares – Reflexões para os Jovens Quadros

Vãlores e Virtúdes Militãres, Vãlores e Virtúdes Militãres, Vãlores e Virtúdes Militãres, Reflexoes pãrã os jovens qúãdros Reflexoes pãrã os jovens qúãdros Reflexoes pãrã os jovens qúãdros

Cor Inf Eduardo Mendes Ferrão 2Cmdt BrigMec

“Para o Exército, o Soldado constitui o fator de sucesso, o valor central e permanente das forças militares. Neste sentido requerem-se adequada qualificação formação humana, motivados, “Para o Exército, o Soldadomilitares constituicom o fator de sucesso, o valorecentral e permanente das forçasdisponíveis militares. 46 .” e“Para imbuídos de espírito de bem-servir Neste sentido requerem-se militares com adequada qualificação e formação humana, motivados, disponíveis o Exército, o Soldado constitui o fator de sucesso, o valor central e permanente das forças militares. 46 .” adequada qualificação e formação humana, motivados, disponíveis e imbuídos de requerem-se espírito de bem-servir Neste sentido militares com e imbuídos de espírito de bem-servir46.” O texto que abaixo se publica foi escrito em Dezembro de 2011, quando desempenhava as honrosas funções detexto Comandante do se Corpo de Alunos da Academia Militar. Naquela data,desempenhava entre as várias as reflexões que tive o O que abaixo publica foi escrito em Dezembro de 2011, quando honrosas funções privilégio de fazer com o então Tenente-General Comandante, uma delas versou sobre a necessidade detexto Comandante do se Corpo de Alunos da Academia Militar. Naquela data,desempenhava entre as várias as reflexões que tivede o O que abaixo publica foi escrito em Dezembro de 2011, quando honrosas funções reforçar o pilar da formação ética e comportamental dos jovens cadetes, futuros oficiais do Exército e da privilégio de fazer com o então Tenente-General Comandante, uma delas versou sobre a necessidade de de Comandante do Corpo de Alunos da Academia Militar. Naquela data, entre as várias reflexões que tive o Guarda Falámos de valores edos virtudes militares elementos basilares, reforçar Nacional ode pilar daRepublicana. formação ética e comportamental jovensuma cadetes, futuros oficiais Exército emas da privilégio fazer com o então Tenente-General Comandante, delascomo versou sobre ado necessidade de sobretudo como algo que tinha de ser interiorizado, cultivado e aplicado pelos cadetes, no presente e ao Guarda Nacional Republicana. Falámos de valores e virtudes militares como elementos basilares, mas reforçar o pilar da formação ética e comportamental dos jovens cadetes, futuros oficiais do Exército e da longo daNacional sua carreira. Oque texto que pretender ter qualquer carater traduz o ponto de sobretudo como algo tinha deresultou, ser interiorizado, emilitares aplicado peloscientífico, cadetes, no basilares, presente emas ao Guarda Republicana. Falámos desem valores ecultivado virtudes como elementos vista do consolidado através da sua carreira, privilegiadamente ricapelos de aconselhamento e ponto exemplo longo da autor, sua carreira. texto quederesultou, sem pretender ter qualquer carater científico, o de sobretudo como algo Oque tinha ser interiorizado, cultivado e aplicado cadetes, traduz no presente e ao dos camaradas mais antigos, que sempre o marcaram por uma postura didática e formativa. vista do consolidado da sua sem carreira, privilegiadamente rica de aconselhamento e ponto exemplo longo da autor, sua carreira. O textoatravés que resultou, pretender ter qualquer carater científico, traduz o de dos camaradas mais antigos, que sempre o marcaram por uma postura didática e formativa. vista do autor, consolidado através da sua carreira, privilegiadamente rica de aconselhamento e exemplo Hoje, passados mais de quatro anos, e no desempenho de outras funções, reencontro com muita frequência dos camaradas mais antigos, que sempre o marcaram por uma postura didática e formativa. os mais de 1300 cadetes que tive o eprivilégio de comandar, agora jovensreencontro oficiais do com Exército e frequência da Guarda Hoje, passados mais de quatro anos, no desempenho de outras funções, muita Nacional Republicana, investidos, na sua maioria, da nobilíssima função de comando. Observo com muito os mais de 1300 cadetes que tive o eprivilégio de comandar, agora jovensreencontro oficiais do com Exército e frequência da Guarda Hoje, passados mais de quatro anos, no desempenho de outras funções, muita agrado qualidade dainvestidos, sua formação, mas sobretudo os Comandantes próximos dosExército seus militares, que Nacional Republicana, sua maioria, da nobilíssima função comando. Observo muito os mais ade 1300 cadetes que tive na o privilégio de comandar, agora jovensde oficiais do e com da Guarda pautam a sua ação pelo exemplo e se constituem já como fonte inspiradora para a sua geração e para as agrado a Republicana, qualidade dainvestidos, sua formação, mas sobretudo os Comandantes próximos dos Observo seus militares, que Nacional na sua maioria, da nobilíssima função de comando. com muito vindouras. pautam sua ação pelo exemplo e se constituem já como fonte inspiradora para ados suaseus geração e paraque as agrado aa qualidade da sua formação, mas sobretudo os Comandantes próximos militares, vindouras. pautam a sua ação pelo exemplo e se constituem já como fonte inspiradora para a sua geração e para as A publicação do texto visa sobretudo prestar uma homenagem a estes jovens quadros que são o garante do vindouras. futuro das instituições quesobretudo abnegadamente e com os quais muito aprendi e sempre A publicação do texto visa prestarservem uma homenagem a estes jovens quadros que sãocontinuarei o garante doa aprender. futuro das instituições que abnegadamente servem e com os quais muito aprendi e sempre continuarei A publicação do texto visa sobretudo prestar uma homenagem a estes jovens quadros que são o garante doa aprender. futuro das instituições que abnegadamente servem e com os quais muito aprendi e sempre continuarei a aprender.

46 46 46

In Diretiva de Planeamento do Exército para o biénio 2015-2016 In Diretiva de Planeamento do Exército para o biénio 2015-2016 In Diretiva de Planeamento do Exército para o biénio 2015-2016

90 | Brigada Mecanizada

Página 88 de 96 Página 88 de 96 Página 88 de 96


Parte V – Valores e Virtudes Reflexões os Jovens Valores eMilitares Virtudes–Militares  – para Reflexões para Quadros os Jovens Quadros  –  Parte V

Aos cãdetes dã Acãdemiã Militãr O exemplo dos mais velhos

Recentemente alguns de vós tiveram o privilégio de presenciar a visita de camaradas oficiais, que comemoravam os 60 anos de entrada na Escola do Exército. Provavelmente nem se aperceberam do que são 60 anos, do significado que tem para uma Instituição como a Academia Militar voltar a receber na sua casa aqueles que, passada uma vida, ainda encontram forças para se reunir e recordar o tempo em que, jovens cadetes, se apresentaram na extinta Escola do Exército de que a Academia é sucessora e herdeira das tradições e história. Como Comandante do Corpo de Alunos dei por mim a pensar, como é possível passados 60 anos, ver estes distintos oficiais reunidos de novo e, mais importante, ter o privilégio e o prazer de os ouvir a reviver episódios passados no primeiro ano das suas vidas como cadetes da Academia Militar, como se estes se tivessem dado no dia anterior. Como é possível esta vontade una de, passada que foi uma vida dedicada ao Exército e ao País, conseguirem voltar a reencontrar-se com esta simplicidade, sem máscaras nem mágoas, apesar de muitos já estarem afastados da vida ativa.

O que consegui notar foi o ressurgir do sentimento de cadete, de iguais entre iguais e de, ao mesmo tempo, observar em todos eles o sentimento do dever cumprido. Então perguntei-me, como é possível tanta cumplicidade, que cimento é este que os liga? É um pouco sobre este cimento que vos quero falar, porque este advém de um sentimento de partilha de uma causa comum - o amor à pátria, o amor a Portugal.

O intento desta missiva tem em primeira instância falar-vos de virtudes e valores militares, o tal cimento, que não sendo um exclusivo da instituição militar, são por nós sublimados na fórmula de um juramento de honra, e constituem a nossa razão de existir e de ser.

obrigados a crescer, a atuar e agir, em vez de reagir, a comandar sem instrutor a corrigir-vos e a indicar-vos o caminho correto.

Aí sim, vão perceber a importância da formação recebida durante a Academia Militar. Mas tenham sempre presente, tudo o que fizerem assenta num pressuposto estruturante da Instituição Militar, a CONFIANÇA, que tereis que manter na estrutura de comando e que tereis que saber merecer da parte dos vossos subordinados. Note-se que não é por acaso que se releva a palavra confiança, e também não o é, o facto de nos referirmos aos cadetes como futuros oficiais.

É tempo de refletirmos sobre alguns dos valores e virtudes, que devem constituir a base da vossa formação, entendida como um passo fundamental da preparação para a vida profissional. Sim, é esse o nosso objetivo, preparar- vos para esse futuro, sabendo nós que tudo o resto será da vossa inteira responsabilidade e risco. Este processo de amadurecimento será enriquecido pela experiência diária que ides adquirir nas vossas colocações após a Academia Militar, onde sereis

Página 89 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 91


Parte Valores Reflexões para osos Jovens ParteVV– –  Valorese eVirtudes VirtudesMilitares Militares–  –  Reflexões para JovensQuadros Quadros

“Mal vão os Povos que não lembram os seus heróis, porque estando a caminho de perder a sua História, estarão a caminho de perder a sua identidade.”

General António Eduardo Queiroz Martins Barrento Antigo Chefe do Estado-Maior do Exército (1998—2001)

A importância da confiança Comecemos pela confiança. Aquela que o país, e o nosso povo, têm nas nossas instituições - Exército e Guarda Nacional Republicana. Ela tem por fundamento a ética do nosso comportamento, a integridade de carácter intrínseca ao ser militar e o profissionalismo de todos os que servem nas duas instituições. O país confia no Exército e na Guarda Nacional Republicana para garantir a sua segurança e contribuir para o bem-estar do seu povo, seja em Território Nacional, seja noutro qualquer lugar do mundo, onde o país e o seu povo necessitem, de acordo com a lei. O POVO confia a vida dos seus filhos aos Chefes Militares, certo de que eles estão tecnicamente preparados, que não desperdiçarão as suas vidas em vão e agirão, sempre, de acordo com os mais elevados padrões éticos e humanos, no respeito pelo primado da lei. A manutenção deste laço de confiança é um objetivo vital para as duas instituições, cabendo a cada um de nós, a qualquer momento, tudo fazer para a garantir a sua perenidade.

92 | Brigada Mecanizada

Ao nível interno, a confiança entre militares, seja entre comandantes e subordinados, seja entre pares, é fundamental. Eu diria mesmo, é condição indispensável para o funcionamento da instituição militar, e permitam-me que daqui em diante não faça distinção entre Exército e Guarda, pois dirijo-me à essência da condição militar que nos une e diferencia dos demais. Esta confiança constrói-se diaa-dia, através do exemplo, do sentido de justiça que guia os nossos atos mais banais, da entreajuda que damos e recebemos para a consecução de objetivos comuns, pautando a nossa conduta alicerçada nos mais sólidos princípios éticos e morais. É este o sentimento que me norteia e que quero transmitir a vós, futuros oficiais. Adquirir e manter a confiança dos vossos subordinados é uma das condições indispensáveis ao exercício do comando. Este sentimento não pode ser forçado, mas sim alicerçado em convicções profundas e no amor a uma profissão que se abraça para uma vida. Assim, a sinceridade da vossa conduta

diária, conduzirá a que os vossos subordinados sintam, em permanência, que o seu comandante zela pela sua segurança e sobrevivência, e pelo cumprimento das missões e tarefas atribuídas. No entanto, só a sinceridade será insuficiente, se as mulheres e homens não sentirem a tranquilidade que advém das vossas capacidades e de uma reconhecida competência, sendo estas diretamente resultantes da formação militar adquirida na Academia, mesclada com as características pessoais de cada um, com a noção de que todos os dias podemos (e devemos) ser melhores naquilo que fazemos. Basta para isso, saber reconhecer os erros diários e as insuficiências próprias de cada ser humano (a auto-avaliação é extremamente importante) e o sentimento pleno de que todos os dias ensinamos e, mais importante, todos os dias aprendemos com aqueles que nos rodeiam. Só dessa forma humilde e consciente poderemos conseguir o apoio e confiança incondicionais dos nossos subordinados, quaisquer que sejam as circunstâncias.

Página 90 de 96


Valores eMilitares Virtudes–Militares  – para Reflexões para Quadros os Jovens Quadros  –  Parte V Parte V – Valores e Virtudes Reflexões os Jovens Outro aspeto que reputo de importante tem a ver com a capacidade de conseguirmos desenvolver nos militares que comandamos, um espírito de autoconfiança e autodesenvolvimento, que permita que cada um de nós se ultrapasse, melhorando diariamente. Não se esqueçam que os vossos

subordinados não são números, não são máquinas, são seres humanos com valor, que devem merecer a vossa total atenção e disponibilidade. Esta autoconfiança carece de ser aprofundada todos os dias. Certificarse da sua competência técnica, do seu profissionalismo, do que vai

bem, ou menos bem, sabendo que podem contar convosco para se aperfeiçoarem todos os dias. Estas ações assumem especial relevância para a vossa ação de comando, transmitindo rigor e exigência, permitindovos aferir o modo como aquilo que ensinam é, ou não, assimilado e aplicado.

Atributos/Virtudes do Comandante Militar Estou a falar para futuros oficiais, direi melhor, para futuros comandantes, pelo que se exige também uma pequena reflexão sobre aquilo que vos espera, e que vos será exigido. Comandar é dar, é transmitir algo de si mesmo. É partilhar uma vontade comum de cumprir a missão. Para falarmos um pouco sobre um Comandante Militar importa percebermos quais os valores morais que enformam a personalidade desse Comandante, valores morais que designamos por virtudes militares. São essas virtudes militares que

materializam a solidez moral dos efetivos do Exército e da GNR e constituem o seu património imaterial. São essas virtudes militares que nos impulsionam a vencer as adversidades e a cumprir as

exigentes tarefas da carreira do Oficial do Exército e da Guarda.

Em suma, as características e virtudes que devereis desenvolver com o intuito de vos afirmardes como bons comandantes. Como principais atributos, julgo que devereis pautar os vossos atos pelo exemplo, como a base do vosso comportamento e postura, suportados por outros atributos como sendo, a competência técnico-profissional e física, a disciplina, a disponibilidade, o bom senso e a proximidade, que se pode traduzir por um interesse permanente pelos vossos subordinados.

Página 91 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 93


Parte Valores Reflexões para osos Jovens ParteVV– –  Valorese eVirtudes VirtudesMilitares Militares–  –  Reflexões para JovensQuadros Quadros

O Exemplo A vossa vida militar deve pautar-se pelo exemplo. O mesmo é dizer, os vossos atos devem ser um complemento das vossas palavras. Sem exemplo não conseguireis ter credibilidade. O exemplo deve ser uma constante do vosso comportamento, colocando em prática as restantes virtudes militares. Permitam-me uma pequena inflexão. Já se questionaram porque é que em todas as unidades militares existem os monumentos aos mortos em combate? É seguramente para os homenagear pelos seus feitos mas, sobretudo, para que constituam exemplo de sacrifício e de amor pela pátria para os vindouros, dando cumprimento ao juramento solene - que nos distingue dos demais - da defesa da pátria mesmo com o sacrifício da própria vida se isso nos for exigido.

A Competência Técnico-Profissional e Física Se antes vos disse que sem exemplo não conseguireis ter credibilidade, esta advém proporcionalmente da vossa competência e preparação. O subordinado estará atento ao

94 | Brigada Mecanizada

seu comandante, nele distinguindo tal atributo, em especial nos momentos de provação e dificuldade onde, através da vossa competência e preparação conseguireis inspirar-lhes uma confiança inabalável, exortando-os a estar sempre ao vosso lado, mesmo nos momentos de maior perigo.

A Disciplina e a Legalidade No exercício de funções de comando, tereis que dar muitas ordens, sempre no cumprimento das leis e regulamentos. Seja para fazer aplicar a segurança numa sessão de tiro ou para fazer respeitar o código da estrada, por exemplo.

postura laxista, que não zela para que as coisas sejam bemfeitas, que confiança poderá merecer quando for necessário planear e executar ações de combate ou policiais? Por outro lado gostava que tomassem consciência de um dos paradoxos das funções de comando – a solidão – pois quando um comandante exerce uma das mais nobres características da sua função, a tomada de decisão, guindao a uma posição isolada e de extrema solidão, e esse é um preço que deveis estar preparado para assumir e a pagar no sentido em que o poder de decisão é a suprema missão do comandante militar, acarretando a responsabilidade das consequências desse ato, que não pode nunca ser delegada ou alvo de negação, pois comandante que não decide não é comandante na verdadeira aceção da palavra. E vós, sois formados para decidir

Dar uma ordem consiste, na prática, em definir as regras e o modo como as coisas são executadas. Deste modo se evita a cultura do mais ou menos e se aplica o princípio da exigência e do rigor, alicerçados na disciplina e no cumprimento das leis e regulamentos. A vós, competirá assegurar o rigor das ações e implementar as necessárias correções. Um comandante que, na rotina diária adota uma

Página 92 de 96


Parte V – Valores e Virtudes Militares – Reflexões para os Jovens Quadros Valores e Virtudes Militares  –  Reflexões para os Jovens Quadros  –  Parte V

O Bom Senso e Humanidade Um Comandante tem que ser rigoroso na sua ação, mas tal não deve ser confundido com severidade excessiva, dureza e distância no seu relacionamento. Um Comandante não precisa de afirmar permanentemente que o é, nem tão pouco puxar dos galões. Os grandes líderes não necessitam de se impor pela coação para que as suas ordens sejam cumpridas. Eles possuem o carisma capaz de motivar e galvanizar os seus subordinados, às vezes apenas e simplesmente pela sua presença forte e constante. Conforme as funções que vierem a desempenhar e a vossa personalidade, cada um apresentará mais ou menos carisma. Um conselho relativamente a este assunto, embora saibamos que esta aptidão para o comando surge como uma conjugação entre características inatas e outras resultantes da formação recebida, importa perceber que as capacidades de comando podem ser constantemente melhoradas, fruto da experiência adquirida e de uma preocupação de evolução e de desenvolvimento pessoal. Mas há algo que será inerente à vossa condição, a autoridade que vos será conferida pelo posto que detiverem, que não podem renegar e devem exercer de forma isenta e sem

qualquer abuso de poder ou de autoridade.

A Disponibilidade O acompanhamento permanente traduzirá, também, a vossa total disponibilidade, a vontade de conhecer melhor os homens e mulheres, as suas alegrias e os seus problemas, contribuirá para a sua motivação e vontade de fazer melhor. A importância de um sorriso aprovador, de uma palmada amiga nos ombros, o olhar agradecido, o estímulo verbal, que todos nós gostamos de receber e nos predispõe a procurar fazer ainda melhor.

A Proximidade ou interesse permanente pelos subordinados Da disponibilidade advirá garantidamente a preocupação com os vossos subordinados, inerente e ligada à intrinsecamente função de comandar e estará sempre em oposição a uma postura de indiferença, que impedirá de vos sentirdes verdadeiramente Comandantes. Conhecer os vossos subordinados, saberem de onde vêm, do que gostam, demonstra uma preocupação genuína pelo homem, enquanto ser humano e indivíduo. De certeza que, quando for necessário, vos responderão com maior generosidade e dedicação de que aquela que lhes demos.

O que é que isto exige de vós? Esforço genuíno para ouvir, rigor, exigência e generosidade na formação dos vossos subordinados, coragem para não perdoar faltas de atitude ou de carácter que não tolerariam a vós mesmos.

Comportamentos e Posturas que se esperam dos Alunos Olhemos agora para o presente. A vossa formação na Academia Militar. Vimos um pouco daquilo que vai ser o vosso futuro, e daquilo que vos vai ser exigido, enquanto Comandantes de Homens. Com certeza que se aperceberam que muito daquilo que ides ser é responsabilidade de cada um. Os valores e as virtudes não se inculcam, compreendemse, aceitam-se e aplicam-se. Este é um desafio partilhado entre formadores e alunos. Aos formadores, compete a transmissão de conhecimentos de forma clara, recorrendo à sua experiência pessoal, sem falsear ou pintar de cor-derosa aquilo que o não é, só desta forma a mensagem pode ser passada e prepararvos para a vossa vida profissional, devendo cada formador sentir o peso da responsabilidade da educação militar do cadete, demonstrando pelo exemplo, em todos os atos de serviço e fora dele, a imagem correta do

Página 93 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 95


Parte V – Valores e Virtudes Militares – Reflexões para os Jovens Quadros Parte V  –  Valores e Virtudes Militares  –  Reflexões para os Jovens Quadros que é ser oficial do Exército e da Guarda Nacional Republicana. Dos alunos, espera-se que apliquem em todos os atos da sua vida os valores e virtudes militares e que os saibam transmitir aos mais novos, sempre através do exemplo. Que a disciplina seja entendida como a aceitação das regras estabelecidas, e não como algo que é imposto. Não se trata apenas de punir ou louvar. Trata-se, sim, de obedecer, voluntariamente, sem servilismos, a um conjunto de regras e normas que asseguram a harmonia de esforços e o bom funcionamento da instituição militar. Outro dos valores que não deve ser esquecido, e que por vezes tende a desaparecer do léxico dos tempos modernos é o da solidariedade. Este é um valor que deve estar presente no vosso quotidiano, que o espírito de entreajuda se sobreponha a atitudes individuais e egoístas. Que as alegrias e tristezas dos camaradas sejam também nossas. Que saibam ser camaradas, com espírito franco e aberto, bondosos, prestáveis, disponíveis para ajudar, capazes de apoiar e suportar os contratempos daqueles que partilham ideais comuns, sublimando o fator amizade de forma a que perdure ao longo de toda a vossa vida. Que saibam construir, e cimentar, um sentimento de comunhão entre todos vós e

96 | Brigada Mecanizada

que este sentimento se materialize num verdadeiro Espírito de Corpo, construído em torno de uma disciplina consentida, moldada por valores e sãs tradições que tem perdurado ao longo dos tempos sob as paredes desta casa de formação e que a tornam distinta das demais. Que tenham orgulho de pertencer ao Corpo de Alunos da Academia Militar e sejam capazes de o transmitir à sociedade. Cada um de vós dará provas de espírito de corpo:

 Pela aplicação posta em todas as sessões de formação, procurando distinguir-se pelos melhores resultados, através do trabalho árduo, da dedicação, de estudo e treino;

 Pelo ap ru mo exemp lar e u ma atitud e irrepreensível, dentro e fora das paredes do quartel;

 Pelo vigor, alegria e entusiasmo que põem em todos os vossos atos, e que diferenciam o cadete da Academia Militar;

 Pela disciplina que impõem a vós próprios em todos os atos;

 Pela cultura humanista, e genuína preocupação pelos vossos camaradas;

 Pelo respeito intransigente

A Academia Militar é um estabelecimento de ensino superior universitário. Mas será uma Universidade? Na minha opinião tem que ser muito mais do que isso. Claro que tem a sua componente de ensino que a equipara às demais universidades. Mas tem algo que nos torna únicos, uma formação integral que abrange também os domínios, militar, de educação física e, principalmente, de formação ética e comportamental. De facto, como o vimos até agora, esta componente ética e comportamental é a base da formação dos futuros oficiais do Exército e da Guarda Nacional Republicana. Constitui responsabilidade de todos, formadores e cadetes alunos. Os homens e as mulheres formados na Academia Militar respeitam um quadro de valores que são o garante do normal funcionamento das instituições Exército e Guarda Nacional Republicana e da confiança que o país e o seu povo nelas têm. Jovens oficiais com conhecimentos militares, policiais, técnicos e científicos, de alto nível, com excelente condição física, que se regem por valores, são hoje imagem de marca da Academia Militar. Isto resulta de, em tempo, o Exército ter sido capaz de compreender o mundo que a rodeava e agir proactivamente para antecipar a mudança.

das normas e leis em vigor.

Página 94 de 96


Parte V – Valores e Virtudes Militares – Reflexões para os Jovens Quadros Valores e Virtudes Militares  –  Reflexões para os Jovens Quadros  –  Parte V Hoje, não é novidade, estamos em plena crise financeira e económica, que exige, estou certo, novas aproximações, novas atitudes, quem sabe, novos caminhos, para todos nós. Temos que ser capazes de compreender o mundo à nossa volta, antecipar soluções, sem nos descaracterizarmos. Como poderemos, então, ser agentes de mudança neste quadro? Duas palavras - vontade e tenacidade. Virtudes militares que sustentam todas as outras e poderão fazer de cada um de vós um Homem e um oficial mais perfeito e capaz, para servir o Exército e a Guarda Nacional Republicana. A vontade traduz o propósito firme e consciente de cumprir com as obrigações. Está ligada à convicção demonstrada na defesa de causas e à esperança por objetivos. A tenacidade significa a predisposição entusiástica e vibrante de cumprir com a missão atribuída. Está ligada ao idealismo traduzido em causas e à perseverança na concretização dos objetivos.

A vontade é o oposto da passividade, da inércia ou da inação no cumprimento das obrigações. Como é que ela se revela na prática: pela determinação na execução das tarefas que vos são cometidas, no esforço efetuado para saber mais, nos contributos apresentados para introduzir melhorias, na afirmação da verdade, quando a mentira é mais cómoda, no empreendedorismo, que rejeita uma acomodação de cariz facilitista da vida.

cumprimento das obrigações. Revela-se no dinamismo que anula o marasmo; na abnegação colocada no cumprimento das tarefas mais exigentes; no entusiasmo manifestado na sua conduta militar; no cuidado colocado no serviço; na vivência ativa e intensa ligada às grandes realizações; na cultura do detalhe e do rigor, na defesa convicta de ideais, sem ser arrastado pelos acontecimentos.

A vontade é crucial para manter o ânimo daqueles que defendem, com convicção, causas e prosseguem objetivos, sobretudo quando as condições são adversas

A formação que recebem na Academia Militar permitevos, com confiança, abraçar a carreira militar que livremente escolhestes. É vossa responsabilidade não a desperdiçarem. Aquilo que aqui aprendem, será aplicado desde o primeiro dia em que ingressarem nos quadros permanentes do Exército e da Guarda Nacional Republicana. É por isso que a vossa atitude é determinante para o sucesso de cada um de vós, e das instituições que ides servir.

Esta vontade exige de vós, ânimo, moral, energia, dinamismo e determinação, que vos permitirá superar a fraqueza, o desalento, as indecisões, o medo, o cansaço e o pessimismo, que afetam invariavelmente o moral de cada um de nós nessas circunstâncias. A tenacidade é o oposto da apatia, da insensibilidade, da indiferença e da indolência, no

Caros Cadetes,

Um desafio para a vida. Onde quer estejam, em tudo o que fizerem, adotem esta máxima:

“Deixar as coisas melhor do que as encontrei.” Academia Militar, Dezembro de 2011 O Comandante do Corpo de Alunos Eduardo Manuel Braga da Cruz Mendes Ferrão Coronel de Infantaria

Página 95 de 96

Atoleiros no 30 • Abril 2016 | 97


Parte V – Valores e Virtudes Militares – Reflexões para os Jovens Quadros Parte V  –  Valores e Virtudes Militares  –  Reflexões para os Jovens Quadros

“Todo o começo é involuntário, Deus é o agente, O herói a si assiste, vário E inconsciente. À espada em tuas mãos achada Teu olhar desce. «Que farei eu com esta espada?» Ergueste-a e fez-se.”

Fernando Pessoa (Séc. XX)

98 | Brigada Mecanizada

Página 96 de 96


Parte V – Valores e Virtudes Militares – Reflexões para os Jovens Quadros

Relãção de Militãres qúe terminãrãm fúnçoes nã Brigãdã Mecãnizãdã POSTO

A/S

NIM

NOME

FUNÇÃO

DATA FIM FUNÇÃO

COR

CAV

1585486

HENRIQUE JOSÉ CABRITA GONÇALVES MATEUS

CEM/BrigMec

09nov15

TCOR

INF

17914486

JOÃO MANUEL MENDONÇA ROQUE

Chefe G3/BrigMec

09set15

TCOR

INF

15608689

PAULO JOSÉ TIAGO LOUREIRO

Chefe G7/BrigMec

09nov15

TCOR

SGE

11543079

CARLOS FERNANDO DE OLIVEIRA CARRISOSA

Chefe do GabJust/BrigMec

23dec15

MAJ

ART

17158895

JOSÉ MIGUEL SEQUEIRA MALDONADO

Cmdt BtrAAA/BrigMec

23fev15

MAJ

ENG

11632695

FERNANDO JORGE DIAS MALTA

Cmdt CEng/BrigMec

18fev15

CAP

ART

8875600

HUGO JOSÉ BAÇÃO SERRUDO

Cmdt CCS/BrigMec

09nov15

SCH

INF

01323482

CARLOS ÂNGELO LOURENÇO JUSTINO

Adj Cmdt UnAp/BrigMec

30set15

SCH

INF

09936485

CARLOS MANUEL MARTINS DOS SANTOS

Sarg Treino G7/BrigMec

10dec15

SCH

INF

17032786

JOÃO PAULO DA ROCHA CHAMBEL

Adj Cmdt 1BIMec/BrigMec

30nov15

SCH

TM

02295787

EMÍLIO GOUVEIA MIRANDA

Adj Cmdt CTM

08dec15

SAJ

INF

13283188

JOSÉ JOAQUIM MARTINS ANTÓNIO

Sarg Finanças G8/BrigMec

15jan15

SAJ

INF

06842188

JOSÉ AUGUSTO RODRIGUES CORREIA

Adj Cmdt CCS/BrigMec

16dec15

SAJ

CAV

3654087

JOSÉ MANUEL PIRES GONÇALVES

Adj Cmdt ERec/BrigMec

09dec15

Relãção de Militãres qúe iniciãrãm fúnçoes nã Brigãdã Mecãnizãdã POSTO

A/S

NIM

NOME

FUNÇÃO

DATA INICIO FUNÇÃO

TCOR

INF

15059788

LUÍS MIGUEL AFONSO CALMEIRO

CEM/BrigMec

18nov15

TCOR

INF

14557792

HELDER MANUEL HOMEM FÉLIX

Chefe G3/BrigMec

14set15

MAJ

INF

24846991

JOÃO VASCO GAMA DE BARROS

Chefe G7/BrigMec

01out15

MAJ

AdMil

6820195

JOAO MIGUEL CORREIA DA SILVA TAVARES

Chefe G8/G9/BrigMec

14jan15

TEM

CAV

5282406

JOÃO MIGUEL MARTINS FERREIRA DOS SANTOS

Cmdt CCS/BrigMec

09nov15

SCH

INF

09936485

CARLOS MANUEL MARTINS DOS SANTOS

Adj do GabPrevAcd

10dec15

SCH

CAV

04700886

ANTÓNIO LUÍS MARTINS BERNARDINO

Sarg Op G3/BrigMec

15jan15

SCH

CAV

04990685

FERNANDO JORGE CARDINHO RAMOS

Adj do GabInformPubl/BrigMec

23nov15

SAJ

INF

03229084

ANTÓNIO FERREIRA DINIS

Sarg Log G4/BrigMec

03nov15

SAJ

INF

13283188

JOSÉ JOAQUIM MARTINS ANTÓNIO

Sarg Pess G1/BrigMec

14jan15

SAJ

TM

04194987

JOÃO JOSÉ MOREIRA FERNANDES

Adj Cmdt CTM

09dec15

SAJ

TM

07677988

BOAVENTURA JOSÉ TAVARES GRINCHO PINELA

Sarg Redes G6/BrigMec

10dec15

SAJ

CAV

11419289

MANUEL MACHADO VILAS-BOAS DA CALÇADA

Sarg treino G7/BrigMec

10dec15

SAJ

AM

01551191

ANTÓNIO CARLOS GOMES RAMOS

Sarg Finanças G8/BrigMec

15jan15

SAJ

ENG

01884192

ADÉRITO BEIRÃO MINGACHO

Adj Cmdt CCS/BrigMec

16dec15

SAJ

CAV

7932588

Adj Cmdt ERec/BrigMec

10dec15

LUÍS FILIPE CATROGA DUARTE

Página 97 de 96



O Leão sainte de ouro, empunhando na garra dianteira dextra um chicote de armas de prata, encabado a azul alude ao símbolo heráldico do Exército Português e simboliza a Grande Unidade de Armas Combinadas de que o Exército dispõe para a satisfação de compromissos assumidos por Portugal no seio da Organização do Tratado do Atlântico Norte. Duplo V invertido simboliza a capacidade da Brigada em missões de reconhecimento, choque, velocidade e perfuração. Escudo de prata, cinco escudetes antigos de azul, postos em cruz, os dos flancos apontados ao centro, carregados, cada um, de onze besantes de prata, 3, 2, 3, 2, 1; bordadura diminuída e ameiada de azul. Os Escudetes antigos, armas de Portugal anteriores a El-Rei D. Afonso III, aludem ao contributo da Brigada na sua missão de defesa do território nacional.



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.