Edi t or i al BGen Mendes Ferrão - Cmdt da BrigMec
É com sentido de responsabilidade, mas sobretudo com um enorme orgulho, que escrevo o Editorial de mais uma Revista Atoleiros, que constituiu um importante instrumento para dar a conhecer o enorme labor desenvolvido pelos soldados de Santa Margarida durante o último ano. Os artigos que poderão ler resultam, na sua maioria, da experiência prática que os nossos jovens quadros vivenciaram, e que deste modo pretendem partilhar saberes e contribuir para o desenvolvimento de conhecimento, em prol do Exército. Merecem os diversos autores uma palavra de muito apreço, porque tiveram a coragem de escrever na primeira pessoa do plural, dando a conhecer o muito que fizeram, e o muito que aprenderam com os seus soldados, relevando a força do colectivo que comandaram nas mais diversas situações.
receberam novo ânimo e novas abordagens, tornando-as mais atractivas e apelativas. Criámos a “Caravana da Brigada”, que irá ser implementada durante o corrente ano, constituindo-se como uma mostra itinerante de capacidades, mas sobretudo de apresentação do nosso soldado. A esta Caravana, associar-se-á, sempre que possível, a realização de um Juramento de Bandeira “descentralizado”. Em paralelo, exercemos esforço na implementação de medidas que tiveram os objectivos de melhorar a identificação dos militares com a instituição Exército e as suas qualificações, bem como as condições de vida e de trabalho. Foi, assim, modernizada a comunicação recorrendo às redes sociais, Facebook e Instagram, através das quais divulgamos e promovemos as actividades desenvolvidas. Apoiámos a instalação de um Centro Qualifica e também de um centro de explicações em Santa Margarida, aumentámos as quotas de formação interna, que se consubstanciaram em 15% do nosso efetivo permanentemente em formação. Renovámos diversas instalações, bares, piscinas, e alojamentos, que melhoraram as nossas condições de vida. Foi um enorme esforço que requer a manutenção do nosso ímpeto, pois estamos seguros da sua importância para que todos se sintam cada vez melhor em Santa Margarida, e assim aumentarmos os nossos níveis de atractividade e retenção.
A conjuntura em que se desenvolveu o último ano ficou marcada por dificuldades no que concerne à escassez de recursos humanos, em especial na categoria de praças. Esta realidade, que naturalmente nos afectou significativamente, ao contrário de nos desmoralizar, aguçou em todos a arte e o engenho, e as palavras desafio e compromisso entraram no nosso léxico com uma enorme frequência. Neste quadro, melhorámos e intensificámos as nossas ações em apoio ao recrutamento e retenção de militares. As visitas a Santa Margarida é sobretudo escolas, contactos com instituições, visitas a Santa Margarida significado de Prontidão, Cone a celebração de protocolos. fiança e Modernidade, assente
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na Força de elevada qualidade que aqui é produzida, a Brigada Mecanizada. Foi esta feliz trilogia que conseguimos, mais uma vez, materializar nos domínios do aprontamento de Forças Nacionais Destacadas (FND) e de Certificação de Forças, no quadro nacional, ou para a satisfação de compromissos internacionais, e ainda para as acções de Apoio Militar de Emergência, não esquecendo todo um elevado número de actividades e apoios das mais diversas tipologias. A missão de aprontar e projetar FND regressou a Santa Margarida com uma dimensão coerente com os recursos humanos disponíveis, com efeitos visíveis na motivação dos quadros e tropas e também na retenção de efetivos. Aprontámos três FND, duas das quais já se encontram projectadas para o Afeganistão: a Quick Reaction Force (QRF) da segurança do Aeroporto de Kabul, e o National Support Element (NSE); e a terceira, em aprontamento, também para aquele país, que será responsável pelo apoio ao levantamento da Escola de Ar1
Cabe igualmente uma referência muito especial ao Campo Militar de Santa Margarida, esta realidade complexa e única, que tem vindo, com competência, pragmatismo, objetividade e realismo, a melhorar as condições para todos os que aqui vivem, trabalham ou se deslocam. Uma Unidade, um Campo Militar, mais eficaz e eficiente, com infra-estruturas recuperadas; uma área agro-florestal com dinamismo acrescido e melhores índices de produtividade; serviços de apoio de melhor qualidade; uma nova e melhor realidade de segurança. Um trabalho de que muito nos orgulhamos e que tem merecido generalizado apreço. No domínio da protecção ambiental, saúda-se a
No plano desportivo, participámos em todas as modalidades dos Campeonatos Desportivos Militares, com bons resultados, e organizámos provas desportivas de várias naturezas, de que se destacam a Corrida Solidária São Silvestre (que contou com mais de mil atletas) e o Trail Rota da Hakea (que contou com quase quatrocentos atletas). Estas duas provas atingiram um patamar de projeção nacional, são reconhecidas pela qualidade da sua organização e, sobretudo, pelo seu espírito solidário que, verificamos com alegria, tem sido seguido por muitos outros. Um ano pleno de empenhamento, esforço e determinação, contabilizado entre cada mês de Abril, aniversário da Brigada. Um ano em que os desafios enfrentados foram grandes e que estimulou a criatividade e engenho de todos; em que os bons resultados obtidos e prémios revelam claramente a oportunidade do suor de todos nós que, em Santa Margarida, arregaçámos mangas e respondemos com prontidão, confiantes que o nosso empenhamento seria sempre fonte de diferença.
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As missões e tarefas que se inserem no Apoio Militar de Emergência continuaram a estar nas prioridades da Brigada, mantendo em prontidão os diversos módulos que são da sua responsabilidade. Durante mais de 6 meses estivemos presentes onde e quando foi necessário, fomos próximos de pessoas e instituições, agimos com competência que a formação recebida nos garante e demonstrámos solidariedade. Foi assim nos grandes incêndios rurais de Monchique, ou nas numerosas patrulhas de vigilância que realizámos por todo país.
renovação da Certificação Ambiental, e a conquista do prémio Defesa Nacional e Ambiente, que resultam do enorme trabalho de todos e do especial empenho da reduzida equipa do Núcleo de Proteção Ambiental. Estamos muito orgulhosos pelos resultados obtidos, e sabemos que deles resulta prestígio acrescido para o Exército.
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O Treino Operacional continua a ser a principal actividade desenvolvida pela Brigada, que é materializada através da realização de numerosos exercícios, na sua maioria potenciando o emprego de armas combinadas. Estes exercícios são o principal meio de experimentação e aprendizagem de que dispomos, para podermos evoluir táctica e tecnicamente, e também para desenvolvermos as competências de liderança dos nossos Comandantes, a todos os escalões. O ano de 2018 foi pleno de atividade para as nossas Unidades, que executaram o seu treino Operacional de forma consistente, realista e evolutiva, tendo todas elas atingido o patamar mais elevado de exigência, participando em exercícios de armas combinadas com fogos reais, a que assistiram altas individualidades nacionais e estrangeiras, de que destacamos S.Exa. O Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas. Mas foi também um ano par-
ticularmente exigente para o Comando e Estado-Maior da Brigada, porquanto foi sujeita a uma avaliação operacional durante o exercício ORION 18, que nos certificou de acordo com os mais exigentes padrões NATO. Merece igualmente realce a certificação do Esquadrão de Reconhecimento para integrar a European Union Land Rapid Response (EULRR).
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tilharia do Exército Afegão. Todas estas forças se enquadram na Resolute Support Mission da NATO. Esta responsabilidade manter-se-á num futuro próximo, tendo a Brigada recebido a missão de aprontar, durante o segundo semestre de 2019, mais uma QRF, um NSE e também o contingente para apoiar a formação das Forças Armadas e de Segurança do Iraque, no âmbito da Operação Inherent Resolve, que ira ser projetado ainda este ano. É com muita satisfação que constatamos a acrescida confiança do Exército na nossa Brigada, que temos de continuar a fazer por merecer, treinando muito bem, e tendo desempenhos operacionais de excelência.
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Conteúdos: 7 Santa Margarida e a NATO O artigo apresenta, de forma resumida, o papel do Campo Militar enquanto infraestrutura e a Grande Unidade nele sediada, na relação de Portugal com a Aliança Atlântica.
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F i ch a T é c n i c a Diretor BGen Eduardo Mendes Ferrão Cmdt BrigMec Editor Chefe Cor Tir Cav Neves de Abreu 2Cmdt BrigMec Coordenação Editorial TCor Inf Falcão Escorrega CEM BrigMec Edição Maj Inf Fausto Campos Chefe do G9 BrigMec Design e Execução Gráfica SAj SGE Sousa Amaral Adjunto do G9 BrigMec Impressão e Acabamento SerSilito - Empresa Gráfica, Lda Travessa Sá e Melo, 209 Apartado 1208, Gueifães 4471 Maia
Capa SAj Mat ‘CMD’ José Matos
Sistema de Gestão de Energia na Brigada Mecanizada Uma Realidade com Futuro Neste artigo pretende-se descrever o que já foi feito para a implementação de um Sistema de Gestão de Energia na BrigMec, com base na Norma ISO 50001.
16 25 Anos de Preocupação Ambiental Candidaturas ao Prémio Defesa Nacional e Ambiente Candidato regular ao Prémio Defesa Nacional e Ambiente desde 1994 o Campo Militar de Santa Margarida teve, até à presente data, quatro candidaturas vencedoras. Descrevem-se, de forma resumida, as candidaturas apresentadas por data de efetivação.
19 A Capacidade Cinotécnica na Brigada Mecanizada Integrada nas medidas de melhoria das condições de segurança do Paiol do Campo Militar de Santa Margarida foi criada em 2018 a Secção Cinotécnica, que faz parte do Pelotão de Guarnição e Segurança, passando a Brigada Mecanizada a ter Capacidade Cinotécnica.
22 Cuidar da Floresta, Cuidar do Ambiente
Propriedade Brigada Mecanizada
Cuidar do património natural à responsabilidade do Comando da Brigada Mecanizada é uma tarefa de grande dimensão e complexidade.
Campo Militar de Santa Margarida 2250-350 Constância Tiragem: 500 exemplares Depósito Legal nº 135479/99 Para mais informações visite a página da Brigada Mecanizada no Portal do Exército Português em: www.exercito.pt
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29 1ª Instrução de Atualização de Quadros para o Treino de Tiro O artigo organiza-se em cinco partes distintas: A introdução, a conceptualização do treino de tiro, o “mindset” para o combate, o detalhe da instrução de tiro, o equipamento individual, a preparação de infraestruturas e equipamentos de apoio ao tiro e apresentam-se conclusões.
35 O Pelotão Quick Reaction Force do Internacional Hamid Karzai, Cabul O Pelotão QRF português está pronto para reagir e responder a qualquer ameaça que ocorra em North HKIA (NHKIA), a fim de garantir a segurança de todos os seus residentes e a eficiência de todas as operações em NHKIA.
39 A Participação de um Pelotão do GCC no Exercício CELULEX 18 No Âmbito do Pelotão de Apoio do Elemento de Defesa BQR O CELULEX corresponde a um exercício setorial de nível Exército, realizado anualmente e contemplado no Plano Integrado de Treino Operacional, destinando-se a treinar a Força do Exército - Elemento de Defesa Biológico, Químico e Radiológico, que apoia as Autoridades Competentes (militares e civis) na resposta a incidentes BQR que ocorram em território Nacional.
42 A Simulação, o Treino Operacional e o [Novo] Modelo de Certificação das Guarnições de Carros de Combate Leopard 2 A6 Este artigo aborda o modelo de certificação das guarnições de CC Leopard 2 A6, edificado recentemente, assim como o início da sua implementação, a integração da simulação com recurso aos sistemas disponíveis, o seu reflexo desta no TOp e a forma como é planeado. 47 Aprontamento do Esquadrão de Reconhecimento para a força EU LRR 18-2 A Experiência e Atividades pela Visão do Comandante Neste artigo é explanada a experiência vivida pelo Comandante do Esquadrão de Reconhecimento da European Union Land Rapid Response 18, no que diz respeito ao aprontamento, avaliação e periodo de Stand By da força, no âmbito dos compromissos de Portugal com a União Europeia. 51 Princípios do Reconhecimento Da Doutrina à Prática A capacidade de decisão é baseada na experiência e treino que incutem os Princípios do Reconhecimento e Segurança e que garantem intuitivamente uma base racional para a Decisão.
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Este artigo aborda as tendências de evolução da função de combate Fogos, no que concerne à Artilharia de Campanha e à única Unidade de AC da BrigMec.
101 Tomada de Posse do Comandante da Brigada Mecanizada
O presente artigo aborda os conceitos relevantes das comunicações em HF, apresenta a situação da Companhia de Transmissões da Brigada Mecanizada relativamente a equipamentos HF e termina enunciando dificuldades e novos desafios.
102 Cadetes do Exército Francês Visitam a Brigada Mecanizada
61 A European Union Training Mission no MALI No quadro dos compromissos internacionais assumidos por Portugal, as suas Forças Armadas (FA) integram a European Union Training Mission in Mali, ao nível do treino e assessoria à formação das FA do Mali.
81 Utilização do LTE-A MCC Entre os Militares em Ambiente Operacional
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Este artigo apresenta a análise do desempenho e utilização do sistema LTE-A MCC entre os militares em ambientes de contexto operacional. A análise do estudo centra-se na forma de transmitir voz e dados, em tempo real, num pelotão de infantaria.
Apoio Logístico ao Exercício KABUL 182
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O Batalhão de Apoio de Serviços Monta Base Logística Avançada em Ponte-de-Sor A finalidade do presente artigo é analisar, identificar e descrever alguns aspetos associados ao exercício KABUL 182, que decorreu de 10 a 19 de outubro de 2018 no concelho de Ponte de Sor.
68 Equipamentos Pesados de Engenharia Treino de Técnicas e Procedimentos em Duplo Uso Os fatores de decisão e o planeamento do emprego da engenharia em apoio às operações, tornam a administração criteriosa e o rendimento dos equipamentos de engenharia, em geral, um aspeto crítico de qualquer comandante.
73 Limpeza de Itinerários (Route Clearance) Edificação de uma Capacidade A condução de operações de limpeza de itinerários é considerada, à semelhança da abertura de brecha em obstáculos, como uma operação de armas combinadas.
77 Atualização Técnica na Capacidade Lança-Mísseis na BrigMec Militares da Companhia de Manutenção do Batalhão de Apoio de Serviços fizeram a adaptação da primeira viatura para o SLM TOW2.
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S. Silvestre Solidária
103 Visita do Curso de Especialização de Oficiais em Artilharia da Marinha de Guerra Portuguesa 104 Exercício HAKEA 181.2 - A Caminho do Certificação 105 BrigMec Abre as Portas a Entusiastas da Fotografia na Última Sessão de Tiro do CC M60 106 Visita à BrigMec do Bispo das Forças Armadas 107 Dia da Brigada Mecanizada 108 Concerto do 40º Aniversário da Brigada Mecanizada 109 Curso de Defesa Nacional Visita a Brigada Mecanizada 110 Distinguished Visitors Day do ORION18 - Ministro da Defesa Nacional na Brigada Mecanizada
Mais um Ano no Trilho da Solidariedade
111 Brigada Mecanizada Recebe Visita do Curso de Promoção a Oficial General
A Corrida São Silvestre Solidária é mais do que uma normal corrida São Silvestre, por ter uma vertente solidária.
112 1º Curso de Condutor de Matérias Perigosas por Estrada 113 FND para o Afeganistão Executa Exercício na Escola das Armas
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114 Militares da Brigada Mecanizada Visitam a ‘Origem do Café’
Segurança e Saúde no Trabalho nas Forças Armadas
115 Brigada Mecanizada Recebe Mais de 1000 jovens
Sim ou Não? Com o aparecimento da Comunidade Económica Europeia, houve a necessidade de uniformizar a regulamentação dos países membros.
91 Prestação de Serviço Militar em Santa Margarida Melhorar a Atratividade, Aumentar a Retenção
116 BrigMec Prossegue Preparação da Força de Reação Rápida no Afeganistão 117 Tomada de Posse do 2º Comandante da BrigMec 118 GAC 15,5 AP Apoia Formação do 45º CFS de Artilharia 119 Visita do Exmo. Comandante da Brigada “Extremadura XI” 120 Entrega do Estandarte Nacional à 2ª FND para o Afeganistão - Exercício KABUL 182
Atrair e reter as pessoas inserem-se hoje entre as principais preocupações das organizações, que se vêm confrontadas com escassez de recursos humanos por um lado, e por outro desafiadas pela volatilidade dos mesmos.
121 Primeiro Curso de Língua Portuguesa em Baucau
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124 Primeiros Binómios Cinotécnicos da Brigada Mecanizada
Cooperação no Domínio da Defesa com a República Democrática de Timor-Leste Apoiar a Componente Terrestre Na sequência da independência, Portugal e Timor-Leste assinaram um Acordo de Cooperação Técnico-Militar, com a finalidade de contribuir para o apoio ao desenvolvimento das F-FDTL.
122 BrigMec Recupera 40 Km de Caminhos Florestais na Serra da Estrela 123 Transferência de Autoridade na Missão do Afeganistão
125 Tomada de Posse do Chefe de Estado-Maior da BrigMec 126 3ª São Silvestre Solidária da Brigada Mecanizada - Quase 6 toneladas de bens angariados 127 Iniciaram Funções na BrigMec 128 Cessaram Funções na BrigMec
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Prospetivas de Futuro
Factos e Figuras
Comunicação e Transmissão de Dados na Banda HF
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A Evolução do Apoio de Fogos da Brigada Mecanizada
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S a n t a Mar gari da e a NATO TCor Inf Dias Afonso - Chefe G3/BrigMec
O atual Campo Militar de Santa Margarida, antes de 1994 designado Campo de Instrução Militar, é uma infraestrutura ímpar no panorama militar português, com repercussões internacionais a dois níveis. Em primeiro lugar, na génese do Campo está a determinação nacional de satisfazer o compromisso assumido com a Orga-
o papel do Campo Militar enquanto infraestrutura e a Grande Unidade nele sediada, na relação de Portugal com a Aliança Atlântica, organização internacional a que o país pertence, desde a sua fundação, em 4 de abril de 1949, em Washington, como um dos doze Estados fundadores. Nessa altura, o meio militar português enca-
ção real de que as forças portuguesas estavam mal treinadas e equipadas com material obsoleto, representando muito pouco potencial de combate1. O plano nacional previa que estas divisões não seriam todas iguais em qualidade, tendo-se estabelecido um critério de distinção entre divisões
Fig. 1 - Vista aérea do Campo Militar em meados da década de 1980. (Arquivo BrigMec)
nização do Tratado do Atlântico Norte e, por conseguinte, pode afirmar-se que é ao facto de Portugal ser membro da Aliança que se deve a implantação do Campo. Em segundo lugar, as condições adequadas ao treino militar de grandes escalões, com possibilidade de efetuar tiro com praticamente todos os sistemas de armas, tornaram Santa Margarida atrativa para outras nações, das quais se destacam, na década de 1980, o Reino Unido e depois da década de 1990, Espanha. O presente texto tem como finalidade apresentar, de forma resumida,
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rou a adesão à Organização, bastante ambiciosamente, como via para aumentar o dispositivo para a dimensão do plano aprovado em 1935, assentando num exército de massas com 16 divisões. Foi nesta linha que, em 1951, Portugal declarou à NATO e aos EUA que tinha como objetivo formar, de imediato, 10 divisões de infantaria e uma divisão blindada, completadas por outras forças, entre as quais tropas africanas. Era, por isso, pedido equipamento aos EUA e a Inglaterra. Estes Estados, por seu turno, tinham a no-
territoriais e divisões expedicionárias. As divisões territoriais, adquiriam a designação de “Tipo Português” (TP). As divisões de campanha, seriam designadas por “Tipo Americano” (TA)2. Foi, precisamente, para formar a primeira divisão “TA” que, em 1951, foram adquiridos terrenos a sul de Santa Margarida da Coutada para a Telo, 2004, pp. 444-445. A opção pelo distanciamento ao modelo britânico prendia-se com a distância às forças britânicas a operar no continente europeu. Estas encontravam-se no Norte da Alemanha e, em caso de retirada, atravessariam a Mancha para as ilhas britânicas. A Portugal interessava integrar-se numa força que pudesse recuar até aos Pirenéus e entrar na Península Ibérica. Por conseguinte, as forças portuguesas seriam desenhadas para se integrarem num Exército dos EUA que, naquela altura, estava estacionado na região de Bordéus, a controlar os portos atlânticos de desembarque (Telo, 2004, p. 445) 1 2
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Exército, pela necessidade de fazer chegar os carros de combate M47 ao Campo Militar. O projeto foi elaborado pelo Exército em colaboração com a CP, garantindo à estrutura caraterísticas militares específicas, tendo a obra sido executada pelo Batalhão de Caminhos de Ferro.
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Telo, 2004, p. 446. Borges, 2002, p. 51.
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Mais tarde foram projetados campos de desporto, piscinas e um cinema, bem como hangares para alojar os carros de combate M47. A construção da estação ferroviária de Santa Margarida, sobre o apeadeiro pré-existente, deve-se igualmente ao 5
Idem, pp. 51-53.
Na construção do campo trabalharam cerca de 3000 operários e custou cerca de 120 000 contos. Uma vez que estava projetado para 20 000 homens, o custo da infraestrutura rondava os 6 contos por homem, o que era manifestamente baixo, mesmo para os padrões de 1954. Este valor é significativo se o compararmos com as dezenas de contos por homem que os aquartelamentos da Comissão Administrativa das Novas Instalações para as Forças Armadas (CANIFA), contemporâneos, comportavam7. Inicialmente, a Divisão era constituída por unidades de todas as regiões militares que, anualmente, concentrariam para exercícios. O Military Assistance Advisory Group (MAAG)8 promoveu a criação de um comando e estado-maior permanentes, aconselhando a que para ele fossem direcionados os oficiais mais promissores. Muito rapidamente, Santa MargariIdem, pp. 61-65. Idem, 2002, p. 70. 8 Entre as décadas de 1940 e 1970, os EUA criaram o Military Assistance Program (MAP), na dependência do Secretário de Estado da Defesa. Para cada país apoiado, a organização enviava assessores apoiar e aconselhar na geração e treino de forças convencionais, constituindo-se um órgão de coordenação local designado por Military Assistance Advisory Group (MAAG). 6 7
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Tratava-se de uma área militar com uma extensão nunca antes experimentada em Portugal. Foi deliberadamente implantado na tradicional “zona de expectativa estratégica” e tinha a dimensão suficiente para permitir a concentração de volumosas forças blindadas e mecanizadas3. Coube ao general Abranches Pinto, então ministro do Exército, a responsabilidade da escolha do local, cujos critérios eram cinco: i) proximidade de vias de comunicação rodoviárias e ferroviárias; ii) terreno pobre, para não onerar o preço total com grandes custos de aquisição e pouco acidentado para reduzir tanto quanto possível os movimentos de terras, sempre dispendiosos; iii) região afastada de povoações e em cujas proximidades se possam realizar à vontade exercícios de todas as armas de uma Grande Unidade; iv) se possível, na proximidade de zona já servida pela rede elétrica nacional; v) ficar próximo de um campo de aviação4.
O campo foi pensado para receber, uma vez por ano, uma divisão com todos os seus meios de apoio de combate e de serviços para manobras. Foram, por isso, reduzidos a três os tipos principais de edifícios a construir. Um primeiro modelo deveria servir para casernas, depósitos de material, comandos de unidades, alojamentos de oficiais e sargentos e refeitórios de praças, cujas diferenças residiam em alterações na compartimentação interior. Um segundo modelo para balneários e um terceiro para instalações sanitárias5. Tratava-se, portanto, de uma infraestrutura pensada para ocupação temporária, sem grandes luxos, e essa decisão inicial comprometeu o Campo de Instrução Militar de Santa Margarida (CIMSM) até aos dias de hoje.
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construção do Campo de Instrução Divisionário.
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Fig. 2 - O General Bernard Law Montgomery, na qualidade de Deputy Supreme Allied Powers in Europe Commander (DSACEUR) em visita à Divisão Nun’Álvares, 1956. (Arquivo BrigMec)
O abastecimento de água foi calculado para uma população de 20 000 pessoas e um gasto de água homem/ dia, incluindo o equipamento, de 150 a 200 litros. Este cálculo implicava uma capacidade de abastecimento de 3000 m3 por dia, o que obrigou a uma captação junto ao Tejo e a um elaborado projeto de bombeamento de água, que incluía um depósito intermédio, no Carvalhal, de modo a vencer os 172 metros de diferença de cota entre o ponto de captação e o Campo Militar. O abastecimento elétrico foi, desde o início, subterrâneo6.
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da converteu-se na escola de Armas Combinadas do Exército e foi aqui que se desenvolveu uma nova mentalidade no corpo de oficiais9. A abordagem do MAAG, ao concentrar a modernização numa só unidade, demonstrou claramente que todas as restantes estavam obsoletas. Tudo isto conduziu a que a reforma do Exército de 1955 admitisse que só era possível formar uma divisão TA e essa Divisão NATO, por estar ligada à 3ª Região Militar, se devia designar por 3ª Divisão. O Quartel-General da Divisão ficou definitivamente instalado no CIMSM dois anos mais tarde e até 1959, ano em que as prioridades do Estado passaram para as Províncias Ultramarinas, a Divisão nunca chegaria a estar completa10. Por influência da NATO, em 1960 a estrutura regimental foi eliminada, optando-se por organizar a divisão em brigadas do tipo LANDCENT11. O governo compreendia que não podia voltar as costas aos parceiros euro-atlânticos, mas determinou que não se assumissem novos compromissos e que os existentes passavam a secundários relativamente a África12. Apesar disto, em 1962 foi ainda possível realizar dois exercícios (um de Infantaria com carros de combate e outro de Infantaria com Artilharia) e em 1963 foram efetuados quatro exercícios de fogos reais de Artilharia Antiaérea e de Campanha.13 O Campo Militar de Santa Margarida continuou a ser palco da instrução que privilegiava o treino das tropas, mas agora com novos cenários, os teatros africanos. O Exército desenvolveu doutrina, procedimentos e treino adaptados à realidade operacional experimentada no Ultramar, tendo daqui resultado o natural abrandamento de preparação das tropas da Divisão para o ambiente operacional convencional. Em compensaTelo, 2004, p. 446. Telo, 2004, p. 450. 11 EME, 1983, p. 29. 12 Telo, 1994, p. 363. 13 EME, 1983, pp. 33-34 9
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Fig. 3 - Cerimónia de inauguração da capela do Campo Militar, 1959. (Arquivo BrigMec)
ção, a preparação para a atividade da contrassubversão e contraguerrilha atingiu índices elevados. O esforço de mobilização para a Guerra de África não atingiu inicialmente as unidades do Campo Militar, para além do apoio ao treino de tropas. Só a partir de 1968 o CIMSM começou a mobilizar forças para o conflito, através do Regimento de Cavalaria nº4 (RC4). No total, aprontaram-se e enviaram-se para África, entre 1968 e 1974, 13 batalhões a 4 companhias e ainda 18 companhias independentes, que atuaram em Angola, Guiné e Moçambique. Após 1974 e a reorientação das prioridades de Defesa para a NATO, Santa Margarida consolidou-se como
escola de Quadros. A filosofia da 3ª Divisão, com meios dispersos na 3ª Região Militar, alterou-se para uma unidade, de escalão brigada, com os meios concentrados no CIMSM. Fizeram-se intervenções de melhoria nas instalações14 e, posteriormente, a designação de Campo de Instrução Militar foi alterada para Campo Militar15. A 1ª Brigada Mista Independente (1ªBMI) era o único compromisso do Exército com a NATO, ficando atribuída ao Supreme Allied Command in Europe (SACEUR), com a missão de reforço regional do Comando Aliado do Sul da Europa (AFSOUTH), tendo como Teatro de Operações planeado o Nordeste de Itália, em conjugação 14 15
Maio, 1999, p. 117. Determinação do General CEME de março de 1994.
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com forças italianas, gregas, turcas e norte-americanas16.
Maio, 1999, p. 118. Em 1994, surge a publicação de doutrina militar conjunta, o “Allied Joint Doctrine” (AJP-01) (Ribeiro, 2015). 18 Teixeira, 2004, p. 101. 16 17
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Em 1999, a NATO aprovou novo Conceito Estratégico, que considerava o mundo em processo de mudança e globalização, resultado do exponencial crescimento dos estados democráticos21. A BMI continuou o seu percurso de exercícios internacionais, Por despacho de 17 de março de 1994, a 1ª Brigada Mista Independente passou a designar-se por Brigada Mecanizada Independente. 20 Rocha, 2000. 21 “Part II - Strategic Perspectives The Evolving Strategic Environment 12. The Alliance operates in an environment of continuing change.” (Moreira, 2016, p. 176). 19
uma vez mais em Itália, com a participação no exercício “Dynamic Mix 2000”. Em articulação com Espanha, o ano de 2000 também assistiu ao surgimento da série “Primera Batalla”, exercício de postos de comando com recurso a jogos de guerra. O “Primera Batalla 00” decorreu no CMSM e o “Primera Batalla 01” em Saragoça. A última participação de forças da BMI num exercício em Itália teve lugar em 2000, com um pelotão de atiradores projetado durante pouco mais de uma semana. Seguiu-se, a receção de um pelotão italiano, que efetuou Cross Training no CMSM durante um período semelhante. Os ataques de 11 de setembro de 2001 vieram alertar para a vulnerabilidade dos Estados-membros relativamente a ameaças irregulares. A estrutura militar da NATO adaptou-se rapidamente à nova ameaça identificada, passando, entre outras medidas, pela criação do conceito de NATO Response Force (NRF), uma força militar com elevados padrões de prontidão, compreendendo unidades das componentes aéreas, marítimas e terrestres e de operações especiais. Foi neste contexto que, no caso português, as planícies do nordeste de Itália, palco das intervenções das décadas anteriores, foram trocadas por
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Apesar deste clima de alguma incerteza aos níveis político e estratégico, a 1.ªBMI e as suas tropas continuam a participar em exercícios militares em território nacional ou estrangeiro. A NATO vivia uma agenda de reformas internas, em que se erguiam duas questões essenciais: a primeira eram as alterações ao nível da doutrina e de missões e que, consequentemente, iriam alterar a tipologia dos exercícios17. A segunda era a reestruturação dos comandos militares, que conduziria a novas áreas regionais para a execução dos exercícios militares dos seus membros18.
A partir de 1995, e tendo por base a alteração das missões da NATO, o foco do treino conjunto e combinado sofreu algumas modificações. Efetuaram-se exercícios especificamente direcionados para o treino de tarefas inerentes a operações militares de apoio à paz, surgindo a série “Cooperative”, aludindo à colaboração e cooperação entre as forças participantes. A doutrina procurou acompanhar as novas missões, e os membros da Aliança, entre os quais Portugal, treinaram as suas tropas de acordo com os novos paradigmas. Foi desta forma que, no verão de 1995 foi criado o Centro de Instrução e Treino para as Operações de Apoio à Paz (CITOAP) na Brigada Mecanizada Independente (BMI)19, essencial para a preparação e treino dos seus militares tendo em vista as missões que seriam cumpridas muito em breve20.
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O derrube do Muro de Berlim, em 1989, foi o marco mais significativo do final da Guerra Fria. Do ponto de vista militar, nesse e nos anos seguintes, assistiu-se à redução da preocupação da NATO com a geração e preparação de forças convencionais, ao mesmo tempo que uma nuvem de interrogações levaram a organização a procurar identificar a tipologia de exercícios que, a partir dali, melhor se adequavam às ameaças vigentes.
Fig. 4 - Cross Training entre militares do BIMec e do Duke of Wellington’s Regiment, março de 1981. (Arquivo BrigMec)
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O processo de reintegração do Exército na NATO foi materializado pela participação em exercícios internacionais, tendo a 1ªBMI, entre 1979 e 1990, participado em mais de três dezenas, dos quais se destacam os anuais da série Display Determination, em Itália. Todo este período ficou também marcado pela intensidade de intercâmbios militares com os exércitos britânico, norte-americano, italiano e espanhol. Aqui, o Campo Militar desempenhou um papel de relevo, ao receber, anualmente, para exercícios, forças do Exército Britânico, que permaneciam várias semanas instaladas no Quartel da Pucariça que, por essa altura, recebeu também de designação sugestiva de “Quartel dos Ingleses”.
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Fig. 5 - As infraestruturas de treino foram sempre melhoradas ao longo do tempo. Duas imagens de execução de projetos da primeira década do século XXI: à esquerda, a montagem do novo carril para alvo móvel, na carreira de tiro Alfa 7; à direita, construção da tribuna de D. Pedro, que substituiu o telheiro inicial, que além de pouco propício à observação dos fogos apresentava já fragilidades estruturais. (Arquivo BrigMec) 22 23
locais como Saragoça , Badajoz ou Valência, já que a BMI estava, agora, afiliada ao NATO Rapid Deployable Corps Spain (NRDC-SP).
Entre 2001 e 2010, o principal foco da Brigada Mecanizada (BrigMec)24 foi o aprontamento e projeção de unidades constituídas como Forças Nacionais Destacadas (FND) e a participação em exercícios internacionais no âmbito da NATO manteve-se, essencialmente, na modalidade de exercício de postos de comando, com o envio de células de resposta. A partir de 2014, a Aliança viu-se forçada, uma vez mais, a alterar o seu conceito estratégico e, consequentemente, o conceito de emprego de forças militares. O primeiro exercício desta nova fase foi o “Trident Jaguar 14”, comandado a partir do navio USS Mount Whitney25, desenrolando-se, no terreno, em Espanha, Itália e Noruega. No ano seguinte, realizou-se um exercício de maior dimensão e visibilidade, o “Trident Juncture 15” (TRJE15), no período de 28 de setembro a 06 de novembro, envolvendo toda a estrutura de comando da AlianBase Militar de San Gregorio. Em Badajoz, na Brigada “Extremadura XI”, decorreram exercícios da série “Frontera”. 24 Por despacho de 23 de agosto de 2005, assume a sua designação atual de Brigada Mecanizada. 25 É um navio de comando da 6.ª frota da Marinha dos Estados Unidos da América e ainda o vaso de comando do STRIKFORNATO. 22 23
ça. Um dos locais que acolheu as duas fases do exercício foi a área militar do CMSM, ao mesmo tempo que a BrigMec participou em força com as suas subunidades e com o seu Comando e Estado-Maior. O CMSM foi novamente local de relevo na condução do
inicialmente a 3ª Divisão do CEP, seja hoje a Brigada Mecanizada, constituíram a ponta de lança do Exército como contributo cimeiro para a Aliança Atlântica. Santa Margarida foi polo de modernidade e de dinamismo, tendo-se convertido, muito rapidamente,
Fig. 6 - O Campo Militar no cumprimento da sua função principal – espaço privilegiado de treino das Forças Armadas Portuguesas. O comandante do NATO LandCom, tenente-general John Nicholson Jr. cumprimenta elementos do 2ºBIMec de Rodas, da Brigada de Intervenção, no Campo Militar de Santa Margarida, no âmbito do exercício Trident Juncture 2015. (Arquivo BrigMec)
exercício ORION 18, acolhendo forças internacionais, tendo o comando da BrigMec sido Audiência Primária de Treino, com vista à sua certificação nacional. Ao longo de quase sete décadas, o Campo Militar de Santa Margarida e a Grande Unidade nele sediada, fosse
na “escola de armas combinadas” do Exército Português. Independentemente da idade e condições de serviço de alguns equipamentos ainda em atividade, o Campo Militar continua a ser um espaço de treino sem par em Portugal.
BIBLIOGRAFIA Borges, A. A. (2002). 50 Anos: Campo Militar de Santa Margarida, 1952-2002. Santa Margarida. EME. (1983). Trinta anos de contribuição do Exército Portugês para a OTAN. Grandes Unidades 1953-1983. Lisboa: Estado Maior do Exército. Maio, T. (1999). Portugal e a sua integração na Aliança. Em G. Leandro, Portugal e os 50 anos da Aliança Atlântica, 1949-1999 (pp. 107-144). Lisboa: Ministério da Defesa. Moreira, T. D. (2016). A reação portuguesa à guerra no Kosovo. Dissertação de mestrado. Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Ribeiro, J. P. (2015). As Forças Armadas Portuguesas - da Guerra do Ultramar à Atualidade; Evolução e Impactos. Lisboa: Instituto de Estudos Superiores Militares. Rocha, O. d. (2000). Portugal e as Operações de Paz na Bósnia: a preparação das forças. Em Nação e Defesa Nº92 (pp. 71-92). Lisboa: Instituto de Defesa Nacional. Teixeira, N. S. (2004). Portugal e as Operações de Paz. Em M. T. Barata, & N. S. Teixeira, Nova História Militar de Portugal, Vol IV (pp. 93-113). Rio de Mouro: Círculo de Leitores. Telo, A. J. (2004). Inovação tecnológica e Defesa. Em M. T. Barata, & N. S. Teixeira, Nova História Militar de Portugal, Vol 4 (pp. 347-509). Rio de Mouro: Círculo de Leitores.
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Pa r te I - Campo M i l i t ar
Sist e m a d e G e s t ã o d e E ner gi a na Bri gada Mecani z ada “Uma Re a li dade Com Fut ur o”
TCor Cav Santos Faria - Cmdt BCS/CMSM
Como pontos fortes destaca-se a disponibilidade e a motivação da equipa do SGE e representante da gestão de topo (RGT) e a estrutura física da Brigada centralizada como um todo para o caso de estudo. Foram identificados como principais pontos fracos neste processo a elevada rotatividade de militares com responsabilidade ao nível do SGE nas unidades, a acumulação de funções conduzindo à falta de fluidez do projeto, bem como à carência de aparelhos de medida, leia-se contadores de água e de eletricidade, nos locais de maior consumo, por forma a ter um acompanhamento permanente dos consumos. Contudo, a implementação do SGE na BrigMec permitiu melhorar o desempenho energético das instalações, e por consequência levou a um conjunto alargado de mais-valias, tanto a nível financeiro como ambiental, cumprindo-se assim um dos
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A Implementação Desde 2018 que a BrigMec se encontra a implementar um Sistema de Gestão de Energia, em conformidade com a norma ISO 50001.
A norma ISO 50001 – Sistemas de Gestão de Energia, publicada em junho de 2011, estabelece os requisitos que deve ter um sistema de gestão de energia de uma organização para ajudá-la a melhorar o seu desempenho energético, aumentar a sua eficiência energética e diminuir os impactos ambientais, sem com isso afetar o seu desempenho operacional. A implementação de um SGE, de acordo com esta norma, requer uma abordagem sistemática das questões relacionadas com a eficiência e gestão energéticas por parte das organizações. Numa perspetiva de médio-longo prazo, os principais benefícios resultantes da implementação de um SGE são a redução do consumo de energia e a melhoria na eficiência e produtividade dos processos, promovendo-se, por conseguinte, a racionalização dos custos com a energia.
A European Defence Agency (EDA), através do grupo de trabalho de Energia e Ambiente e em pareceria com um consórcio de três entidades1, tomou a iniciativa de desenvolver uma ação de formação de gestores de Para a redução do consumo de energia da defesa, designada Defence Energy Manager’s Course (DEMC). energia contribuem diversos fatores, Este curso tem como objetivo a im- que podem ser sistematizados da seplementação, na organização, de um guinte forma: Sistema de Gestão de Energia (SGE), de acordo com a norma ISO 50001. O Exército, apresentou a sua candidatura, nomeando como unidade piloto para implementação do SGE a Brigada Mecanizada, tendo a mesFig. 1 - Fatores influenciadores Sistema de Gestão de Energia. ma sido aceite pela Direção Geral de Recursos da Defesa A cor verde, encontram-se os fatoNacional (DGRDN), entidade promo- res que não estão associados a grantora deste projeto a nível nacional. des custos ou investimento, mas que ENMS Ltd, da Irlanda; Centre for Renewable Energy Sources and Saving (CRES), da Grécia e GEN Europe Soluciones Energéticas SL, de Espanha. 1
representam a parte mais relevante
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Por forma a cumprir todos os pontos da norma, desenvolveram-se as ações que se devem realizar, assim como os documentos que deverão existir, tendo por base a realidade energética existente na BrigMec. Foram identificados os pontos fortes e fracos, as oportunidades e as ameaças que decorreram deste processo.
Participam nesta ação de formação os seguintes países membros da EDA: Alemanha, Bélgica, Grécia, Holanda, Itália, Reino Unido, Roménia e Suécia.
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Neste artigo pretende-se retomar a temática da gestão de energia, já abordada na edição anterior da Revista Atoleiros. Se numa primeira abordagem falámos dos primeiros passos dados sobre a implementação do Sistema de Gestão de Energia (SGE), na Brigada Mecanizada (BrigMec), este segundo artigo descreve de forma mais precisa o que já foi feito para a implementação de um SGE na BrigMec, com base na Norma ISO 50001.
principais objetivos deste processo. Pretendeu-se ainda desenvolver uma metodologia que permita a outras unidades equacionarem avançar para um processo de implementação de um SGE, baseado nos requisitos da Norma ISO 50001. Nesta tendência o Exército através da iniciativa do Ministério da Defesa Nacional promoveu a candidatura e disponibilidade para iniciar a implementação do SGE na organização. Desta candidatura a Brigada Mecanizada foi identificada como a unidade do Exército que estaria em melhores condições para receber este desafio
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Introdução
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da aplicação do SGE. É sobre estes fatores que o SGE, que se encontra em implementação na Brigada permitindo, numa primeira fase após a sua implementação, uma redução considerável no consumo, que se estima entre 5% a 10%. De forma concorrente, mediante a poupança perspetivada e procurando parcerias com outras entidades, o SGE evoluirá fazendo alguns investimentos, quer em equipamentos mais eficientes, que permitiram aumentar as metas e objetivos de redução do consumo (Ex: Lâmpadas LED; Bombas de Calor; Caldeiras mais eficientes); quer em energias renováveis, que permitem reduzir os custos associados ao consumo de energia, apesar de não reduzir o consumo, propriamente dito; e também através de algumas mudanças estruturais, na configuração dos edifícios (Ex: substituição de janelas, coberturas), ou até mesmo na organização interna dos quartéis (desocupando edifícios com baixas taxas de ocupação e concentrando serviços). A cor vermelha, estão representados os fatores que não controlamos (Ex: clima, nível de atividade) mas que poderão ter um impacto significativo no consumo. A implementação de um SGE exige mudança, fundamentalmente ao nível dos comportamentos e dos hábitos de consumo, mas essencialmente de mentalidades. Essa mudança opera-se de acordo com um determinado ciclo de atividades, sempre com o objetivo primário da redução do consumo:
A cada uma das fases deste ciclo corresponde um conjunto de ações e tarefas a executar. A BrigMec começou por desen-
Fig. 3 - Planos desenvolvidos.
volver a sua Política Energética, que fez publicar e que mantém atualizada, envolvendo toda a sua Gestão de Topo na implementação do SGE. Foram estabelecidos o âmbito de aplicação e os limites do sistema, bem como a definição de responsabilidades dos diversos intervenientes no processo. Seguidamente, apoiando-se no Sistema de Gestão Ambiental já implementado, decorreu a fase de análise do padrão de consumo da Brigada, tendo em vista a monitorização da sua performance energética. O estabelecimento de uma baseline, torna-se assim fundamental, uma vez que só se consegue medir o que conhecemos. Procedeu-se, então, ao desenvolvimento de Planos de Ação que visam a implementação de medidas concretas que contribuam para a redução do consumo de energia e aumento do desempenho energético. Todas estas atividades foram desenvolvidas tendo por base uma aplicação informática (base de dados), que permite desenvolver e monitorizar a evolução do sistema.
Fig. 2 - Sistema de Gestão de Energia - ciclo.
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Foram desenvolvidos planos nas seguintes áreas: Comunicação; Formação; Controlo Operacional; Infraestruturas e Aquisições.
Atualmente, a BrigMec encontra-se na terceira fase de implementação, na qual, através dos planos elaborados, as unidades da Brigada desenvolvem as atividades necessárias ao cumprimento dos mesmos e à consequente e desejável redução do consumo, contribuindo para a melhoria do desempenho energético. Para além das várias sessões de formação e sensibilização realizadas, tendo como audiência alvo a Equipa de Gestão de Energia (Core Team) e os representantes e Gestores Locais de Energia das Unidades da BrigMec, são muitas as iniciativas que têm vindo a ser realizadas, no âmbito do SGE. Desde logo, o empenhamento das unidades na identificação dos principais usos significativos de energia (SEU), durante a fase de planeamento e as várias iniciativas dos comandantes, no âmbito estrutural, com a concentração dos seus militares em edifícios, tendo em vista a otimização dos espaços e das taxas de ocupação. No que respeita ao controlo operacional, têm sido desenvolvidas folhas de controlo dos parâmetros críticos de operação, colocadas junto aos equipamentos principais, que permitem garantir a operação dos mesmos dentro dos limites adequados à época do ano e às necessidades dos utiliza-
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Relevância do SGE no Ambiente A grande aposta da BrigMec para o Prémio Defesa Nacional e Ambiente de 2018 foi a integração dos três subsistemas (pilares da gestão ambiental), e que representam uma nova forma de abordagem às questões ambientais nas unidades do Exército. A procura de uma abordagem sistémica à questão ambiental, que está na base das normas internacionais sobre a matéria (ISO 14001 e ISO 50001), é
Fig. 5 - Análise de dados e identificação dos SEU.
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Fig. 6 - Sistema integrado gestão ambiental.
O Sistema de Gestão de Energia da Brigada Mecanizada é o primeiro a ser implementado no Exército, requerendo toda uma adaptação à missão militar e assegurando que todas as
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Para além de todas estas atividades, estão em curso diversos projetos estruturais, dos quais se destacam: intervenção ao nível dos edifícios de alojamentos, tendo em vista a melho-
a única forma de assegurar o desenvolvimento de processos que permitam a continuidade dos sistemas e os tornem independentes de determinados recursos humanos, que como sabemos são marcados por uma grande rotatividade funcional, no seio da organização.
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De forma a garantir a continuidade do sistema, a produção de Normas de Execução Permanentes (NEP) tem sido outra das atividades que a Core Team tem vindo a desenvolver, garantindo assim que o SGE assente, fundamentalmente, em processos e não em pessoas. Exemplo disso é a área das aquisições, na qual, dando cumprimento ao estipulado na Política Energética da BrigMec, tem sido feito um esforço de comunicação com os fornecedores, no sentido de garantir que os materiais, equipamentos e sobressalentes que sejam adquiridos, tenham em atenção as questões relacionadas com a eficiência energética.
Fig. 4 - Sessões de sensibilização e formação.
ria da qualidade de vida dos militares e a otimização do consumo de energia; substituição da iluminação atual por tecnologia LED, com um grande projeto de iluminação da avenida que atravessa o CMSM (já realizado), a construção de uma cozinha única que confecionará a alimentação para todas as unidades do campo (substituindo os atuais três centros de confeção existentes) e a instalação de aparelhos de medida de água e eletricidade nos locais de maior consumo.
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dores (Ex: caldeiras, sistemas de ar condicionado, equipamentos de refrigeração).
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medidas implementadas se adequam às tarefas diárias militares. Este projeto piloto, que se espera que venha a conduzir à certificação da gestão de energia na Brigada, servirá de base ao desenvolvimento de um modelo, ajustado à realidade das unidades do Exército, que será então replicado nas mesmas. Importa referir que esta abordagem e os estudos desenvolvidos na área da energia foi uma mais-valia significativa para a atribuição do Prémio Defesa Nacional e Ambiente do ano 2018. Conclusões A implementação do SGE na BrigMec é um processo de gestão de energia que permite melhorar o desempenho dos consumos e o bem-estar dos militares, uma vez que obriga a que sejam implementados planos de ação e que se esteja sempre em constante melhoria, mas também permite que seja mais fácil o cumprimento dos requisitos legais. Além disso, o SGE implementado na BrigMec permite que os militares adotem boas práticas energéticas no dia a dia, ficando consciencializados para a importância da gestão de energia. Também se conclui que a Norma ISO 50001 pode ser integrada com outras normas como é o caso da ISO 14001. A implementação do SGE na BrigMec refletiu-se, em primeiro lugar, na identificação das principais fontes de consumo de energia e a evolução do consumo nos últimos dois anos. Verificou-se, assim, que os indicadores de energia apresentam uma boa evolução. Ainda assim, o último ano analisado registou períodos com aumentos, que se constatou ser devido às condições climáticas desse ano. Em segundo lugar verificou-se que o funcionamento do SGE só é possível se forem envolvidos todos os militares e civis, aos diversos níveis, uma vez que existem muitas medidas que podem ser implementadas sem qual-
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Fig. 7 - Candidatura ao Prémio Defesa Nacional e Ambiente.
quer tipo de investimento. Por último referir que no decorrer da implementação dos sistemas de gestão surgiram alguns obstáculos, sendo de salientar os seguintes: resistência à mudança de hábitos; dificuldade em transmitir os benefícios e mais-valias inerentes aos sistemas de gestão; pouca determinação de alguns gestores locais; pouca visibilidade sobre o retorno financeiro imediato; restrições orçamentais; formação dos militares e civis. Tendo em conta o que foi exposto anteriormente, é possível afirmar que a implementação de um SGE, com base nos requisitos da norma ISO 50001, demonstrou ser um processo viável e favorável, proporcionando a melhoria do desempenho energético
das instalações e um conjunto alargado de mais-valias a nível financeiro e ambiental. No entanto, sem o apoio e o envolvimento contínuo por parte da gestão de topo, este processo não terá o sucesso almejado, visto ser o requisito principal para o seu êxito. Em geral, conclui-se que o sucesso da implementação da norma ISO 50001, depende fundamentalmente do apoio e compromisso contínuo da gestão de topo e se possível com uma equipa exclusiva com formação e competências na área da energia, por forma a potenciar o desenvolvimento de métodos de gestão, que promovam a melhoria contínua do desempenho energético. “Small Changes, Involving Everyone”
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2 5 A n o s d e P r eocupação Ambi ental
C an d i d atu r a s a o P ré mio Defesa N aci onal e Ambi ent e Alf RC Angela Maximo - Chefe NPA/CMSM
“Plantação de 84ha de sementeira, bebedouros para alimentação, defesa e reprodução de espécies cinegéticas” Em 1994 apresentou duas candidaturas que refletem as primeiras preocupações ambientais – proteção da fauna e da flora. Integrado na campanha nacional “Um lar para a cegonha branca”, que
Para possibilitar o crescimento das populações de várias espécies cinegéticas autóctones tradicionais (perdiz, lebre e coelho), o CMSM incrementou a sementeira de cereais contribuindo também desta forma para a sua alimentação. Procedeu-se igualmente ao repovoamento com coelhos vacinados, faisões, patos lebres e perdizes. Estas medidas trouxeram em paralelo outras espécies indígenas como o pombo bravo, o torquaz e a galinhola.
1998 – “Atividade desenvolvida pelo CMSM”
1996 – “O Campo Militar de Santa Margarida” A primeira candidatura vencedora foi logo em 1996, na qual se demonstrou o trabalho realizado para se atingir o definido pela Política Ambiental nacional. Foi então criada a estrutura ambiental atualmente existente – um núcleo de proteção ambiental por unidade, orientado por um núcleo de proteção ambiental coordenador.
Fig. 1 - Recolha seletiva de resíduos sólidos urbanos.
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A segunda candidatura vencedora foi conseguida volvidos apenas dois anos. Nesta candidatura foi mostrado todo o trabalho na área de conservação ambiental - prevenção de incêndios florestais, sensibilização, consciencialização e formação dos militares. Na área de recuperação ambiental foi mostrado o tratamento, reordenamento e alargamento da arborização, bem como a proteção e fixação de espécies animais, tratamento de águas residuais e recolha seletiva de resíduos sólidos urbanos. 1999 – “Atividades desenvolvidas pelo CMSM” Esta candidatura mostrou, entre outras medidas, os trabalhos de proteção e fixação de espécies animais, durante a época de incêndios, foram executadas ações diárias de vigilância
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1994 – “Proteção e fixação da cegonha branca nas áreas do CMSM”
Estes órgãos garantem a criação de condições para uma perfeita consciência, formação e treino ambiental, ao mesmo tempo que propõem medidas e ações no âmbito da proteção ambiental.
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Candidato regular ao PDNA desde 1994 o Campo Militar de Santa Margarida (CMSM) teve, até à presente data, quatro (04) candidaturas vencedoras. Apresentam-se de seguida, e de forma resumida, as candidaturas apresentadas por data de efetivação:
teve lugar no nosso país em 1993, foram colocados ninhos artificiais junto das lagoas e barragens existentes, ninhos esses que na sua maioria foram ocupados e aos quais, em 1994, os casais de cegonhas regressaram.
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O Prémio Defesa Nacional e Ambiente (PDNA) foi instituído conjuntamente pelos Ministérios da Defesa Nacional e do Ambiente para galardoar Instituições das Forças Armadas que em cada ano tenham dado um melhor contributo para a defesa ambiental e pretende ser um incentivo para a preservação dos recursos naturais.
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de Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), para o qual foi estabelecido o conteúdo programático, certificado pelo Instituto Superior de Línguas e Administração de Santarém (ISLA). Salienta-se que o Comando da Brigada Mecanizada se empenhou no projeto pioneiro em formar quadros com formação específica no tratamento de águas residuais, uma vez que não existe nos Quadros Orgânicos de Pessoal a especialidade Operador de ETAR. 2010 – “ETAR: Passado, Presente e Futuro”
Fig. 2 - Cerimónia de entrega do Prémio Defesa Nacional e Ambiente.
e procedeu-se à limpeza de matas e abertura de aceiros. A recolha seletiva de resíduos sólidos urbanos foi também alvo de especial atenção, tendo sido adquiridos diversos ecopontos que se distribuíram pelas unidades do campo. 2000 – “Atividades desenvolvidas em 2000” No âmbito da preservação e reconstituição da flora existente, foi feito um trabalho de campo para determinação das principais áreas de infestantes existentes no CMSM. Foi ainda produzida documentação diversa relativa ao levantamento e técnicas aplicadas pela componente Agroflorestal para erradicação da principal infestante a (Hakea Sericea). 2001 – “Atividade desenvolvida em 2001, pelo CMSM”
Este processo foi o corolário de três anos de intensos trabalhos e diligências para que as questões ambientais tivessem o acompanhamento apropriado, e o claro compromisso do Campo Militar em respeitar e cumprir o legalmente estabelecido para a preservação ambiental, assegurando o máximo respeito pelo ambiente, complementando com medidas de proteção da fauna e flora existentes no espaço físico do Campo Militar. 2009 – Manual de Operação - Estação de Tratamento de Águas Residuais A candidatura consistiu na criação deste complexo manual. Na sequência da execução deste manual, e face à necessidade de formar técnicos que pudessem vir a operar esta estação, foi criado o Curso de Operador
A existência de uma ETAR própria da unidade exige um grande esforço de recursos humanos, financeiros e conhecimento técnico. Com esta candidatura pretendeu-se dar a conhecer toda a problemática da gestão e operações associadas a esta Estação, desde as operações de rotina diárias, que são rigorosamente registadas para que haja um controlo ambiental, até à Formação de Operadores de ETAR. 2017 – “360 Waste” Nesta candidatura abordou-se com maior incidência um projeto na introdução de sensores 360 waste para uma monitorização precisa e em tempo real dos consumos de águas e do nível de resíduos existentes nos diversos contentores espalhados por toda a área urbana do campo. A sua
Neste ano apresentou-se a continuidade dos trabalhos já iniciados no ano anterior. 2003 – “Aplicação do SGA no CMSM em 2003” Esta candidatura teve como base o processo de implementação de um Sistema de Gestão Ambiental e o desenvolvimento de outras atividades em prol do ambiente, das quais sobressai o reordenamento da sua área florestal e a erradicação de uma infestante (Hakea Sericea). O CMSM obteve pela terceira vez o PDNA.
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Fig. 3 - Estação de Tratamento de Águas Residuais.
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Fig. 4 - Área urbana do Campo Militar de Santa Margarida.
monitorização permanente iria fornecer um leque de dados constantes e trabalháveis, a partir dos quais se poderia com facilidade verificar qualquer pico de consumo, ou o momento exato em que os contentores deviam ser descarregados, bem como programar todas as atividades e intervenções. 2018 – “BrigMec 3G Sistema Integrado de Gestão Ambiental” Em 2018 o Campo Militar de Santa Margarida foi pela quarta vez vencedor do PDNA. De 2017 para 2018
o CMSM teve de se preparar para a transição da norma 14001 (na qual está certificado desde 2004), o que exigiu um empenho adicional no ambiente em diversas áreas. Na área dos resíduos houve um aumento das fileiras para ir ao encontro das novas soluções existentes. A monitorização da contaminação das águas e solos tiveram uma atenção académica no desenvolvimento de diversos estudos científicos, em parceria com a Academia Militar e o Instituto Superior Técnico; também a ETAR, dada a sua idade avançada, necessitou de
muitas reparações nas suas infraestruturas. As áreas da biodiversidade a erradicação de espécies invasoras e a prevenção de incêndios foram também muito trabalhadas. Foi iniciada a implementação de um Sistema de Gestão de Energia (SGE), almejando-se também num futuro próximo a sua certificação. Pretende-se que a implementação deste sistema “piloto no Exército” constitua exemplo prático a replicar em todas as Unidades do Ramo. Com o Sistema de Gestão de Energia e o de Gestão Agroflorestal integrados no Sistema de Gestão Ambiental contribui-se de uma forma eficiente e articulada para uma Brigada Mecanizada “mais verde”. Todas estas ações resultam de um esforço acrescido, mas dedicado e empenhado, dos recursos humanos que, não obstante a sua diminuição, têm feito um trabalho notável e conseguido atingir todas as metas ambientais estabelecidas.
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Fig. 5 - Monitorização da contaminação das águas e solos.
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A C a p a c i d a d e C i n o técni ca na Bri gada Mecani z ad a Maj Cav Graça Lima - Chefe SOIS/CMSM
Enquadramento Integrada nas medidas de melhoria das condições de segurança do Paiol do Campo Militar de Santa Margarida (PCMSM) foi criada em 2018 a Secção Cinotécnica, que faz parte do Pelotão de Guarnição e Segurança (PGS), a Brigada Mecanizada passou a ter Capacidade Cinotécnica. A força é orgânica do Campo Militar de Santa Margarida (CMSM) e tem por principal missão efetuar a segurança dos paióis de Santa Margarida, instalações que, pela sua especificidade, constituem uma área sensível, no que à concerne segurança e defesa, pelo que, para além de outras medidas adicionais de segurança, foram dotados de capacidade cinotécnica, no formato de Binómio (equipa constituída por um tratado/condutor), destinados a operar em equipa, que visa complementar o dispositivo de segurança existente. Os militares frequentaram o curso de condutores e tratadores de cães militares no Regimento de Paraquedistas (RPara) por forma a adquirirem as competências essenciais para o desempenho da atividade, tendo sido acompanhados nessa formação pelos canídeos que receberam o treino necessário para a execução das tarefas. Deve ser realçada a colaboração prestada pelo RPara e pelo Regimento de Lanceiros Nº 2 (RL2), Unidades do Exército com Capacidade Cinotécnica e vasta experiência, que apoiaram a implementação inicial da capacidade cinotécnica na BrigMec não só através de ações de formação, assessoria técnica e cedência de alguns materiais e equipamentos, mas também pelo reforço da segurança dos paióis executado através dos seus binómios até a capacidade da BrigMec ser considerada pronta. Essa colaboração
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revelou-se fundamental para a criação da Secção Cinotécnica no Campo Militar de Santa Margarida, devendo ser mantida a ponte e desenvolvida a cooperação entre as partes também através da realização de treinos e exercícios conjuntos. Organização A Secção Cinotécnica é composta por quatro militares (01 Sargento, 01 Cabo e 02 Soldados), todos tratadores/condutores dos quatro cães militares existentes. Conceito de Emprego Os binómios executam tarefas essencialmente no âmbito da segurança e proteção de pessoas, materiais e instalações sendo preferencialmente empregues em missões de guarda, no caso específico, executando patrulhamentos para garantir a segurança das infraestruturas críticas, o controlo dos acessos e do perímetro dos paióis. As equipas estão preparadas para operar de dia e de noite, constituindo um efeito dissuasor e contribuindo para a ausência de atos ilícitos, de sabotagem, de intrusão indevida, ou alteração da ordem pública. Características do Cão Militar Tendo em consideração que os cães não são todos iguais, mesmo dentro da mesma raça e da mesma ninhada, apresentando características distintas, o seu aproveitamento é definido pelo fim a que se destina e de acordo com a predominância de instintos revelados. Atendendo ao porte e instintos revelados, os cães podem ser divididos da seguinte forma: Cão de Ataque Criado e trabalhado internamente desde muito jovem, entre a idade
de 1 e 2 anos, deve possuir um comportamento sociável e ativo, instinto de presa muito desenvolvido, desejo recuperador, robustez física, forte intensidade de busca, facilidade de adaptação a ambientes distintos e constrangedores, equilíbrio psíquico, bom instinto de defesa, porte médio/ grande com estalão acima dos 65 cm. Como exemplos de raças a utilizar nesta especialidade podem referir-se o Pastor Alemão, Pastor Belga, Pastor Holandês, Rottweiler e/ou outros com características físicas e temperamentais semelhantes. Cão de Deteção Criado e trabalhado internamente desde pequeno, numa fase precoce do desenvolvimento, entre os 4 e 12 meses, pode ter qualquer porte desde que demonstre capacidades olfativas e interesse pelo trabalho e deve possuir comportamento sociável e ativo, instinto de presa muito desenvolvido, desejo recuperador, robustez física e forte intensidade de busca, facilidade de adaptação a ambientes distintos e constrangedores e equilíbrio psíquico. Neste cão o instinto de defesa não é fundamental. Como exemplos de raças a utilizar nesta especialidade podem referir-se o Pastor Alemão, Pastor Belga, Retriever do Labrador, Pastor Holandês, Cocker Spaniel, ou outros com características idênticas. Especialização do Cão Militar Quanto à finalidade de emprego os cães militares podem ser divididos da seguinte forma: Cão de Exploração É o cão treinado que, acompanhando uma força militar em qualquer ambiente, com ou sem contacto visual ou eletrónico, é utilizado
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Cão de Guarda É o cão treinado para operar de dia ou de noite, acompanhado pelo seu tratador. A presença visível do binómio, através do impacto psicológico causado, permite dissuadir a execução de atos ilícitos, tentativas de intrusão, sabotagem, ou alteração da ordem pública. No caso de ocorrência de atos desta natureza, o cão pode ser solto da trela e lançado para deter os prevaricadores até à chegada do tratador e/ou outros responsáveis pela segurança.
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É treinado para deteção de odor humano com a finalidade de localizar elementos desaparecidos em operações militares ou na sequência de catástrofes, acidentes ou atos de terrorismo.
Os cães, três machos e uma fêmea, com idades compreendidas entre os 13 e os 24 meses, são da raça Pastor Alemão com pelagem negra (WOLF, NIKITA e NERO) e da raça Pastor Belga com pelagem castanha (NICO).
Cão de Demonstração de Capacidades
Para integrar esta capacidade, foram ainda nomeados quatro militares da BrigMec, um Sargento e três Praças, que como já referido frequentaram o Curso de condutores e tratadores de cães Militares, que decorreu de 03set18 a 14dec18 no RPara. Durante este período, decorreu a preparação e treino dos cães militares com vista à integração e emprego do binómio.
É o cão treinado para detetar um ou vários odores de diferentes proveniências e trabalha em conjunto com o seu tratador.
Treinado para operar em qualquer das anteriores especializações, deixou de estar apto para o seu cabal desempenho, mas ainda mantém capacidade para executar ações de divulgação e angariação de voluntários. Cão de Cinoterapia Embora treinado para missões do âmbito militar, demonstra comportamento social amigável, podendo ser utilizado para ações de estimulação cognitiva de pessoas com deficiência ou interação com pessoas com receio excessivo de cães. Implementação da Capacidade Cinotécnica
A 21dec18 os canídeos chegaram a Santa Margarida tendo iniciado a sua atividade diária e operacional a 23dec18, data a partir da qual foi considerada implementada a Capacidade Cinotécnica na BrigMec. Para que tal fosse possível, para além da aquisição dos cães, nomeação dos militares e formação dos bi-
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É o cão treinado para operar de dia ou de noite, sozinho, destinado a dar o alerta da presença de elementos estranhos ou hostis. É capaz de deter o eventual intruso até à chegada das forças amigas.
Cão de Busca e Salvamento
Como resposta à necessidade de reforço da segurança no PCMSM, com a criação da capacidade cinotécnica, o Exército adquiriu quatro cães apoiando-se na avaliação técnica efetuada pela Clínica Veterinária Militar de Canídeos (CVMC).
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Cão de Sentinela
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para deteção antecipada de possíveis ameaças tal como forças hostis, minas e armadilhas. É capaz de distinguir forças amigas de forças hostis, podendo também ser utilizado para deteção e localização de forças ou perseguição de elementos hostis. Este cão é treinado para atuar silenciosamente, podendo ser portador de equipamentos de visão noturna e/ou georreferenciação.
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nómios, existiu um conjunto de outras necessidades que tiveram que ser previstas e satisfeitas. O atual alojamento dos cães militares, é o canil já existente no CMSM, local que teve de ser sujeito a alguns trabalhos de adaptação e melhoramento. Estando, contudo, a concurso, por parte da Direção de Infraestruturas do Exército (DIE), o projeto de construção do novo canil com todas as condições necessárias ao alojamento e apoio sanitário dos cães. Sendo a qualidade de vida dos Canídeos uma preocupação constante, a sua construção decerto conduzirá a uma melhoria das condições e capacidades da Secção Cinotécnica. De acordo com a missão a realizar e o conceito de emprego, a capacidade cinotécnica requerida para o CMSM, e para qual os canídeos estão aptos, é a de Guarda. A capacidade de emprego do Binómio está orientada para tarefas de Guarda em apoio à força de segurança e defesa de pontos sensíveis, sempre empregue como um reforço e não em substituição de meios humanos e/ou materiais. Foram elaboradas e implementadas normas com a finalidade de regular os procedimentos a executar no serviço diário da Secção Cinotécnica bem como no seu emprego operacional. Foi ainda organizado um programa de treino com base na aplicação prática das técnicas e táticas individuais e coletivas e conhecimentos adquiridos na formação e cuja finalidade é a manutenção e aperfeiçoamento das capacidades obtidas. O treino específico determina o emprego operacional, dotando o cão das competências técnicas e níveis de desempenho aceitáveis, para o emprego no âmbito da
sua especialização. A prioridade de intervenção como referido é a segurança dos paióis, mas a Capacidade Cinotécnica presente no CMSM, de acordo com a sua especialização e treino permite o seu emprego no quadro de outras tarefas, tais como: • Demonstração de força; • Proteção da força; • Patrulhamentos apeados ou montados; • Segurança de áreas urbanas, de edifícios e de infraestruturas críticas; • Segurança em postos de controlo de acesso; • Controlo de ordem pública; • Proteção de altas entidades ou alvos de elevado valor (HVT); • Deteção e detenção de elementos hostis; • Escolta a prisioneiros, transporte de armamento e munições; • Vigilância móvel e vigilância fixa. O emprego do Binómio nestas outras tarefas, não lhe retira qualquer capacidade, pelo contrário, alarga o seu espetro de trabalho, varia e melhora o treino e motiva o binómio para um emprego operacional mais difuso. O programa de treino e preparação do Binómio é orientado para a missão prioritária à qual se destina, incluindo ainda o exercício físico e o treino conjunto para integração com a força apoiada, neste caso o Pelotão de Guarnição e Segurança, subunidade ao qual pertencem. Um desafio a alcançar, é a realização de treinos de cariz operacional e cross-training com o Regimento de Paraquedistas e Regimento de Lanceiros Nº2. Estes treinos conjuntos, pela troca de experiências, permitirão adquirir novas competências, treinar técnicas e procedimentos e melhorar a capacidade dos Binómios.
Esta valência, indubitavelmente dotou a BrigMec e o CMSM de capacidades ímpares, que com a preocupação constante de atualização de conhecimentos, com a formação de mais militares e com a realização de treino orientado para a missão, cimentará esta capacidade e permitirá a sua aplicação num espetro mais amplo e variado, na valência de Cão de Guarda. A manutenção diária dos Canídeos é encarada como uma preocupação prioritária e constante, visto que estes novos elementos da “família militar”, são decerto um incremento à segurança deste Campo Militar. Os cães nunca deverão ser vistos como um equipamento, mas sim como camarada e um elemento da equipa, a quem todo o tratador deverá dedicar o máximo da sua atenção, estabelecer uma relação de trabalho, de respeito e de cumplicidade, assegurando o seu bem-estar, zelando pela sua higiene e saúde. A capacidade cinotécnica baseia-se no emprego operacional do binómio e a proficiência na realização das sua tarefas só se atinge existindo um treino orientado para a missão e executado de forma rigorosa, tem ainda como fatores determinantes para o cumprimento da missão a coesão da equipa, o grau de confiança e obediência existente entre tratador e cão, bem como a condição física e a saúde do animal. Que as vidas do NICO, do NERO, da NIKITA e do WOLF sejam coroadas de sucessos, de muito trabalho, de saúde e que resultem na melhoria das condições de segurança do CMSM e da BrigMec.
REFERÊNCIAS PDE 0-20-18 Emprego de Cães de Guerra de 05jun15; Manual de Cuidados do Treinador/Tratador de Cães Militares do Regimento de Paraquedista; NEP I.26.05 do CMSM – Serviço Cinotécnico, de 21dec18; Plano de Implementação da Capacidade Cinotécnica do CMSM de 21dec18; NEP DS 70.600/26 da Direção de Saúde/CmdPess – Plano de Apoio Sanitário de 26jan17.
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Pa r te I - Campo M i l i t ar
C u i d a r d a F l o r e s t a, Cui dar do Ambi ente Cor Inf Vinhas Nunes - Cmdt CMSM
Cuidar do património natural à responsabilidade do Comando da Brigada Mecanizada (BrigMec) é uma tarefa de grande dimensão e complexidade, conduzida com o objetivo criar valor acrescentado do setor agroflorestal, promover uma gestão eficiente e proteção dos recursos, e criar condições para a dinamização económica e social do espaço rural, em linha com os objetivos definidos para o Plano de Desenvolvimento Rural 2014-2020 (PDR 2020). Neste quadro, especiais relações de cooperação e aconselhamento são estabelecidas com o Instituto da Conservação da Natureza e com a Direção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo (DRAPLVT). No caso particular de Santa Margarida, o principal desafio com que nos vemos confrontados consiste na imperiosa necessidade de conciliar o ordenamento e exploração da floresta e a proteção ambiental com a manutenção dos requisitos para a condução da instrução, Treino Operacional, bem como à execução, em segurança, de fogos reais com armamento de diversa tipologia e calibres, algo que temos conseguido com grande sucesso, confirmado pela manutenção da certificação ambiental, alicerçada nos resultados de estudos científicos dedicados à temática da avaliação da contaminação de solos e aquíferos.
trito cumprimento das normas legais, acordos aplicáveis e observação das linhas orientadoras (LO) de gestão florestal sustentável, baseia-se em princípios que norteiam toda a nossa atividade, a saber: transparência e rigor, conservação/preservação dos recursos naturais, melhoria/otimização das condições de utilização do campo de manobras e de tiro, dos resultados operacionais e do bem-estar de todos os usuários deste campo, assim como a valorização da marca “Santa Margarida”. No âmbito da sua Política Agroflorestal, a Brigada mecanizada compromete-se a: 1. Efetuar uma gestão que seja um exemplo de exploração sustentável dos recursos, no imperativo respeito pelo património natural, que encontra vertida no seu Plano de Ordenamento Florestal; 2. Promover a melhoria do estado geral do montado de sobro através, essencialmente, da conservação e melhoria do solo, da proteção da
regeneração natural e do controlo do estado sanitário; 3. Manter o pinheiro bravo como essência produtora de lenho, através de um controlo rigoroso do nemátodo do pinheiro, aposta na regeneração natural e melhoria progressiva na lotação dos povoamentos e conformação das árvores; 4. Melhorar o aproveitamento do pinheiro manso, quer ocorrendo em povoamentos instalados que necessitam urgente intervenção, quer resultado de regeneração natural ou novas lotações; 5. Manter a dimensão da área destinada ao eucalipto, mas sempre que possível, com a maximização da sua produtividade através do emprego de material genético mais adaptado à região e às estações; 6. Exponenciar o aproveitamento de todos os recursos associados à floresta sempre que compatíveis com o conjunto das atividades da BrigMec;
Para a concretização destas atividades, foi elaborado o Plano de Gestão Florestal Campo Militar de Santa Margarida, que foi aprovado pelas entidades competentes, e constitui guia de carater plurianual. É igualmente documento indispensável para que se possam elaborar candidaturas a projetos no âmbito do PDR2020.
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Fig.1 - Intervenção em povoamentos intalados de pinheiros.
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A Política Agroflorestal da Brigada Mecanizada por via do CMSM, no es-
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Fig. 2 - Divulgação junto da sociedade civil, durante a Semana do Ambiente.
7. Manter e, porventura, aumentar a diversidade dos habitats existentes; 8. Desenvolver uma postura de abertura ao exterior através de três vertentes: • Divulgar junto da sociedade dos recursos naturais do Campo Militar de Santa Margarida e sua importância para o ordenamento na região; • Promover e divulgar as boas práticas florestais no sector florestal; • Colaborar e apoiar de projetos de investigação que possam melhorar o conhecimento sobre as principais essências florestais e demais recursos naturais, bem como a avaliação do impacto da atividade militar na fauna, flora, solos e aquíferos do Campo Militar de Santa Margarida. Para a sua concretização são consideradas as seguintes linhas de ação: 1. Obediência às leis e aos princípios da gestão florestal sustentável A gestão florestal deve respeitar toda a legislação aplicável a nível
nacional, os tratados e acordos internacionais dos quais o País é signatário para o que é apoiada pelas associações de que é sócia, nomeadamente a Associação de Agricultores de Charneca (ACHAR) e Associação dos Agricultores dos Concelhos de Abrantes, Constância, Sardoal e Mação. 2. Benefícios da floresta As operações de gestão florestal devem incentivar o uso eficiente dos múltiplos produtos e serviços da floresta, de forma a assegurar a disponibilidade do Campo de Manobras e de Tiro, a sua otimização económica e ainda uma ampla gama de benefícios ambientais e sociais. 3. Impacte ambiental Sendo este o único Campo Militar do Exército certificado ambientalmente, a gestão florestal deve conservar a diversidade biológica e valores a ela associados, os recursos hídricos, os solos, os ecossistemas e paisagens frágeis e singulares, mantendo assim as funções ecológicas e a integridade das florestas.
Fig. 3 - Produção de mel.
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4. Benefícios da atividade cinegética A prática da caça está ligada à natureza humana desde os tempos pré-históricos, evoluindo de uma atividade indispensável à sobrevivência humana ou de complementaridade alimentar, para uma prática de recreio e lazer, associada ao gosto pelo contacto com a natureza e à gestão das espécies animais. A importância da caça no CMSM remonta quase à sua criação, devido às potencialidades cinegéticas deste espaço. Hoje Zona de Caça Nacional, esta prática desportiva é realizada em total harmonia com a natureza, aliando a componente de lazer com a necessária manutenção do equilíbrio dos ecossistemas, indispensável para a vitalidade das espécies cinegéticas. Sendo este um espaço controlado e sem predadores naturais, a atividade cinegética permite manter o equilíbrio das diferentes populações animais que vivem no CMSM e, simultaneamente, limitar a pressão dos animais sobre a vegetação. 5. Plano de gestão Um plano de gestão – apropriado à escala e à intensidade das operações – deve ser documentado, implementado e mantido permanentemente atualizado. Os objetivos de gestão florestal a longo prazo, assim como os meios para os atingir, devem ser claramente especificados.
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Fig. 4 - Vacinação de rebanhos.
plementação do plano. 6. Monitorização e avaliação A monitorização deve ser realizada – tendo em conta a escala e intensidade da gestão florestal – para avaliar o estado da floresta, as produções de cada produto florestal, as atividades de gestão e os impactes sociais e ambientais. A frequência e intensidade da monitorização devem ser determinadas pela escala e intensidade das operações de gestão florestal, bem como pela relativa complexidade e fragilidade do ambiente afetado. Os procedimentos de monitorização devem ser consistentes e replicáveis no tempo para permitir a comparação de resultados e a análise das mudanças.
O plano de gestão deverá ser revisto periodicamente de forma a incorporar os resultados da monitorização ou novas informações científicas e técnicas; bem como para se adaptar a mudanças nas circunstâncias ambientais, sociais e económicas.
As plantações devem ser planeadas e geridas de acordo com as linhas acima apresentadas. Apesar das plantações poderem proporcionar um leque de benefícios sociais e económicos e contribuir para satisfazer as necessidades globais de produtos florestais, devem complementar a gestão das florestas naturais, reduzir as pressões sobre estas e promover o seu restauro e conservação das florestas naturais. O delineamento e o ordenamento das plantações devem promover a proteção, o restauro e a conservação das florestas naturais, e não aumentar as pressões sobre as mesmas. No esboço das plantações devem ser considerados corredores ecológicos, zonas ribeirinhas e um mosaico de povoamentos com diferentes idades e períodos de rotação, de forma adequada à escala da operação. A diversidade na composição das plantações é preferível para melhorar a estabilidade económica, ecológica e social.
Fig. 5 - Plantação de girassóis.
A seleção das espécies a utilizar na instalação de povoamentos deve assentar na sua adequabilidade geral ao local e na adaptação aos obje-
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7. Plantações
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Os trabalhadores florestais devem ter formação e supervisão adequadas para assegurar uma correta im-
Os resultados da monitorização devem ser incorporados na implementação e revisão do plano de gestão.
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O plano de gestão e a documentação associada devem fornecer: • Os objetivos de gestão; • Uma descrição dos recursos florestais a ser geridos, as condicionantes e salvaguardas ambientais; • Uma descrição dos sistemas silvícolas e/ou outros sistemas de gestão, com base na ecologia da floresta em causa e na informação obtida através de inventários dos recursos presentes; • A justificação para as taxas anuais de exploração e para as espécies escolhidas; • Os mecanismos de monitorização do crescimento e da dinâmica da floresta; • Os planos para a identificação e proteção de espécies raras, ameaçadas ou em perigo de extinção; • Mapas descrevendo os recursos florestais, incluindo áreas protegidas e as atividades de gestão planeadas; • Uma descrição e justificação das técnicas de exploração e dos equipamentos a usar.
A gestão florestal deve incluir a pesquisa e recolha de dados necessários para monitorizar, no mínimo, os seguintes indicadores: • Produção de todos os recursos florestais explorados; • Taxas de crescimento, regeneração e estado da floresta; • Composição e mudanças observadas na flora e na fauna; • Impactes ambientais e sociais da exploração florestal e outras operações; e • Custos, produtividade e eficiência da gestão florestal.
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Fig. 6 - Plantação de árvores durante a Semana do Ambiente.
tivos de gestão. A fim de favorecer a conservação da diversidade biológica, na instalação de plantações e recuperação de ecossistemas degradados, as espécies autóctones são preferíveis às exóticas. Uma parte da área total sob gestão florestal, adequada à dimensão da plantação e a ser determinada em normas regionais, deverá ser gerida com o objetivo de restaurar a cobertura florestal natural do local. Devem ser tomadas medidas para manter ou melhorar a estrutura, fertilidade e atividade biológica do solo. As técnicas e taxas de exploração florestal, de construção e manutenção de estradas e caminhos, bem como a seleção de espécies, não podem resultar na degradação do solo a longo prazo, em impactes adversos na qualidade e/ou quantidade de água no solo ou em alterações significativas dos padrões de drenagem. Devem ser tomadas medidas para prevenir e minimizar os surtos de pragas e doenças, a ocorrência de incêndios florestais e a introdução de plantas invasoras. A gestão integrada de pragas deve constituir uma parte essencial do Plano de Gestão, promovendo a prevenção
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e os métodos de controlo biológico em alternativa ao uso de pesticidas químicos e/ou fertilizantes. A gestão das plantações deve evitar o uso de pesticidas químicos e/ou fertilizantes. De forma adequada à escala e diversidade da operação, a monitorização das plantações deve incluir a avaliação periódica dos impactes sociais e ecológicos ‘in-situ’ e ‘ex-situ’ potenciais (p.e. regeneração natural, efeitos nos recursos hídricos e fertilidade do solo, e impactes no desenvolvimento e bem-estar social local), para além dos elementos abordados. Nenhuma espécie deve ser plantada em larga escala até que ensaios e/ou experiência a nível local tenham demonstrado que esta se encontra ecologicamente adaptada ao local, não tem um comportamento invasor e não causa impactes ecológicos negativos significativos sobre outros ecossistemas. Ao longo das ultimas duas décadas a Brigada Mecanizada tem vindo a melhorar e profissionalizar o modo como cuida do património agroflorestal à sua guarda, implementando novas praticas, investindo na melhoria
dos seus montados de sobro, olivais e pinhais, em que as medidas relacionadas com a Defesa Contra Incêndios e aumento da produtividade assumem especial relevância. Neste capítulo, podem destacar-se as podas de formação, em especial nos sobreiros mais novos e nos pinhais, gradagens para eliminação de espécies invasoras, abertura de faixas de gestão de combustão, sementeiras para produção de pastagens e forragem para o gado bovino e ovino. Em simultâneo, com os meios da Engenharia Militar são mantidos caminhos e estradões, e recuperadas barragens e charcas. Estamos a cuidar do nosso Campo Militar, com uma visão de futuro, assente no respeito pelo ambiente, assegurando a sustentabilidade da floresta, e criando condições para o aumento da produtividade no médio e longo prazo. Somos exemplo de boas práticas, e queremos ser e dinamizadores das mesmas no seio do Exército. Somos ator relevante de desenvolvimento do território, em especial no quadro regional, contribuímos para o desenvolvimento económico e somos agente ativo na fixação de populações.
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1 ª In s t r u ç ã o d e Atual i z ação de Q uadr os par a o Tr ei no de Ti r o Cap Inf Ferreira Calado - Cmdt CCS/BIMecLag
Introdução
Fig. 1 - Pista de tiro dinâmico. (Acervo fotográfico G9 – Maj Fausto Campos)
“The only easy day was yesterday” US Navy Seals Lançado o desafio da construção de uma semana de Instrução de Atualização de Quadros (IAQ) para o treino de tiro na Brigada Mecanizada, surgiram-nos no imediato algumas questões pertinentes: O que treinar? Que armamento utilizar? Que infraestruturas utilizar? Que apoios construir? Por onde começar? Como criar um “mindset” de combate num conjunto de militares das mais diversas unidades da Brigada? Com tão distintas funções, tarefas e “backgrounds”; mas com uma particularidade em comum: a vontade de treinar e de transformar o treino de tiro das suas subunidades exponenciando o saber-fazer. Este tipo de questões não são mais do que as questões que a grande maioria dos Comandantes das mais diversas unidades fazem quando iniciam o comando de uma subunidade, e que de uma forma profissional, sabem que o tiro é parte do “core” de qualquer militar, sendo imperativo para o sucesso do seu treino, dominarem a técnica e saberem utilizá-la, quer no serviço
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de sentinela na porta de armas, quer na execução de tarefas táticas numa reação a uma emboscada no Teatro de Operações (TO) do Iraque ou do Afeganistão. Ou tão simplesmente na reação a uma ameaça inopinada aquando da execução de uma vigilância de um incêndio no âmbito do cumprimento de uma tarefa de apoio civil. Este artigo, que de forma alguma deve ter uma conotação académica, é uma partilha de experiências, de um modelo utilizado num espaço e tempo bem definido para um determinado publico alvo. O artigo organiza-se em cinco partes distintas: A introdução, a conceptualização do treino de tiro, o “mindset” para o combate, o detalhe da instrução de tiro, o equipamento individual, a preparação de infraestruturas e equipamentos de apoio ao tiro e umas breves conclusões. Ao longo do artigo procuramos responder de forma sintomática às diversas questões suprarreferidas. Conceptualização do Treino de Tiro A IAQ iniciou-se com uma fase teórica e conceptual, que teve como objetivo nivelar conhecimentos e despoletar nos nossos militares o in-
teresse pelo tema. Numa primeira apresentação abordámos: o espetro das operações e a complexidade do ambiente operacional, discutimos a forma como devemos integrar o treino de tiro no nosso treino operacional1, classificámos as diferentes armas individuais disponíveis, falámos de proteção ocular, proteção balística2 e auditiva, equipamento, acessórios, munições, balística, treino a seco, carreiras de tiro, alvos e escalpelizamos as características essenciais para uma espingarda e uma pistola de combate. Uma arma deve ser fiável, ergonómica, portátil, polivalente e versátil, ser simples e de fácil manejo, ter uma boa cadência de tiro, recuo e precisão consideráveis. O dogma de que a pistola é a arma do Oficial e a Espingarda a arma da Praça e do Sargento é algo que pertence ao passado. Hoje, através de toda a atividade operacional desenvolvida apercebemo-nos de que todo o militar deve estar equipado em permanência com uma arma principal Consideramos fundamental no nosso treino operacional a integração do treino sistemático e cíclico de vetores essenciais como: O tiro; as Táticas, Técnicas e Procedimentos (TTP) especificas da unidade, o treino de primeiros socorros na vertente de Tactical Combat Casualty Care (TC3), o Treino Físico; e a permanente disposição mental, física e de valores para fomentar o “mindset” para o combate – Soldado. 2 STANAG 4569 e STANAG 2920. 1
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Fig. 2 - O treino de tiro como um sistema integrado.
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Fará sentido que treinemos a toda a hora tiro de uma posição estática para um alvo estático apenas com pistola? Fará sentido que andemos armados apenas de pistola? Logicamente que não. Fará sim, muito mais sentido que treinemos em primeira instância o tiro a partir da escotilha do carro, que nos equipemos rapidamente com o colete tático e a arma, e que tenhamos a destreza técnica de utilizar o armamento disponível para nos desempenharmos. Um excelente exercício para criar novas situações de treino, é discutir a situação tática e colocar um conjunto de militares como OPFOR (Oposing Forces), efetuando o levantamento do que de pior pode acontecer e se a nossa força terá capacidade e treino para reagir à situação. Detalhe da Instrução de Tiro Tornou-se essencial criar um horário de treino que fosse também um exemplo para os militares aplicarem
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As principais referências utilizadas nesta semana foram a PDE 07-70-00 Instrução de tiro de armas ligeiras, o Manual de tiro das unidades Comando e o FM 7-0 Train to win in a complex world. Esta primeira abordagem é essencial para nivelar conhecimentos, pois compreendendo a ameaça, a definição clara das tarefas que temos que cumprir e de acordo com o nível de treino da nossa unidade, podemos perfeitamente compreender o ponto de partida e traçar um plano de treino credível.
É muito importante que todas as oportunidades de treino tenham um objetivo específico e que os nossos militares compreendam em que contexto podem utilizar as técnicas. Se algo que treinamos não tem enquadramento tático é pura e simplesmente uma perda de tempo e de recursos. Por outro lado, numa época em que os recursos são escassos, todas as atividades acessórias devem ser diminuídas, e todo o esforço e recursos devem servir para treinar os nossos militares para combate, aumentando significativamente o produto operacional das nossas unidades, aumentando a sua coesão, a camaradagem e o respeito pela missão do Exército, que invariavelmente é preparar forças para combate. Configurar a nossa mentalidade para o combate é um grande desafio que tem que ser incutido desde a formação. Este aspeto só se consegue criando no atirador a rusticidade, o stress e a permanente disponibilidade mental para lidar com a incerteza e os imprevistos do combate. Treinar como combatemos exige pensar de que forma podemos adaptar o nosso treino à realidade da nossa unidade. Se pertencemos a uma guarnição de um carro de combate e
somos emboscados por um grupo de insurgentes perdendo a mobilidade e a capacidade de fazer tiro com a torre temos que saber utilizar o armamento individual e o nosso carro de combate para nos protegermos e efetuarmos uma rotura de combate.
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Na conceptualização doutrinária abordámos as diferentes fases do treino de tiro desenvolvendo a instrução preliminar, a instrução básica e a instrução avançada, assim como o momento em que estas devem ser oportunamente treinadas (treino inicial, treino de manutenção ou treino de refrescamento). Concluímos que este treino deve ser cíclico e repetitivo, interdependente e deve ser eficaz para atingir a proficiência no treino operacional de tiro com a finalidade de validar as tarefas táticas exigidas a uma determinada força.
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(espingarda) e uma arma de recurso (pistola), sendo a sua transição efetuada de forma rápida e natural mediante a situação tática.
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nas suas unidades, pelo que abordámos o tiro do simples para o complexo, construímos meios de apoio ao tiro, e privilegiámos o treino que pode ser ministrado a seco antes de ir para a carreira de tiro. Podemos dizer que 70% do nosso treino foi vocacionado para o treino a seco, rentabilizando recursos e mecanizando a manipulação com a arma e a técnica de tiro, fundamental para tornar o nosso equipamento e armamento não como um apêndice ao nosso corpo, mas sim como uma extensão do mesmo. A perceção de como equipar, como colocar os carregadores no colete tático, como colocar e ajustar a bandoleira de um, dois ou três pontos, como ajustar o capacete, e adaptar todo o equipamento à versatilidade da execução tornou-se essencial para criar conforto e bem-estar na execução das tarefas. Considera-se que o nosso equipamento não está totalmente adaptado à realidade operacional atual, pelo que é fundamental efetuar ajustes e adaptações para que se torne seguro, rápido, versátil de manipular o armamento individual. Tiro de Precisão No primeiro dia demos especial ênfase à Instrução Preliminar de Tiro, recriando de forma expedita e com poucos recursos amovíveis uma área didática de tiro vulgarmente conhecida por Sala Didática de Tiro (SDT). Nela, abordámos os princípios do tiro. Mais uma vez percecionamos que alguns conceitos abordados foram novidade e fazem toda a diferença na melhoria da técnica de tiro (linha de mira, focagem do ponto de mira, controlo do gatilho, seguimento, etc.) Após validada esta estação, o segundo dia iniciou-se com tiro de precisão para aferir a consistência do tiro com bons agrupamentos. Vulgarmente achamos que a SDT está associada apenas à formação, no entanto mesmo as unidades operacionais, devem com frequência voltar à SDT para se consciencializarem dos princípios do tiro de precisão. Realizámos o azera-
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Fig. 3 - Atirador na posição de atirador deitado. (Acervo fotográfico do BIMec)
mento da arma de forma didática e efetuamos tiro de precisão aos 100 metros com condicionamento físico, por forma a recriar cansaço, movimento e necessidade de efetuar tiro de precisão nas mais variadas máscaras e proteções possíveis. Ao invés de utilizarmos os habituais bastidores, utilizámos bases de alvo amovíveis em madeira, placas de roofmate, e folhas com alvos homotéticos de várias cores, rentabilizando o tempo que habitualmente se “perde” a interromper a sessão para mudar de um bastidor para o outro. No azeramento3, construímos uma tabela prática de correção adaptada ao azeramento de combate – 30 metros. Esta situação é necessária quando não temos uma carreira de tiro nem espaço suficiente para aplicar o padronizado. Tornou-se vantajoso e rentável que o atirador levasse a arma até ao alvo para efetuar as correções no imediato, apontando no alvo a 1ª, 2ª e 3ª correção a diferentes cores. Por norma o atirador regista mentalmente a correção, mas quando volta à linha de combate para a efetuar a correção, por vezes esquece-se, obrigando a voltar ao alvo para Torna-se essencial não decorar os movimentos horizontais e verticais dos aparelhos de pontaria, mas sim, compreender de que forma é que a linha de mira do aparelho de pontaria se movimenta nas diferentes armas. 3
verificar a correção. Para conseguir uma triangulação por norma utilizamos três disparos, no entanto, tem o inconveniente de que se um deles for gatilhada4 já não conseguimos determinar o Ponto Médio dos Impactos (PMI). Tiro Reativo Iniciamos o tiro reativo com Esp Aut G3 e posteriormente com a arma de recurso, Walther P38, mecanizando os movimentos a partir da posição de pé, insistindo ciclicamente na necessidade inicial de adquirir miras com os dois olhos abertos. Para aqueles que a aquisição da linha de miras se tornou num desafio por lhes terem ensinado que jamais o deveriam fazer, aplicámos a técnica expedita “cara de limão” que não é mais do que fechar ligeiramente os dois olhos. Com o decorrer do treino e com maior confiança, fomos abandonando esta técnica passando a ser a aquisição de miras uma técnica mais natural. Outra preocupação abordada na técnica de tiro e que normalmente desconhecemos é a perceção do Uma gatilhada é um impacto que enquadrado com uma série de outros, sai fora do agrupamento apresentando um padrão completamente distinto. Quer isto dizer que o atirador não teve a atenção aos princípios do tiro, descorando um ou mais princípios por desatenção. Para efeitos de azeramento podemos desprezar este impacto. 4
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Este conceito exige que o atirador se empenhe com a ameaça, verifique após a destruição da ameaça a área envolvente à mesma, procurando outras ameaças ou não combatentes. Posteriormente o atirador deve ter uma preocupação com a área que o rodeia incluindo o estado da sua parelha ou da sua equipa, e por fim e de forma mecanizada a troca de carregador por um completamente cheio “ fresh mag” para se preparar para a próxima ameaça, movimento ou tarefa. 5
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Tiro Dinâmico Com o domínio das modalidades de tiro a manipulação da arma principal e de recurso de forma natural exigiu muito treino. Tornou-se também necessário mecanizar a manipulação das armas na resolução das falhas de disparo e troca de carregadores, sendo que tudo é valido se for também aplicado em condições de visibilidade reduzida. Não é valido efetuar-se uma técnica durante o dia que exija alteração da mesma durante a noite. É possível recriar falhas de disparo com a introdução de munições de salva nos carregadores da G3. Para a pistola podemos inibir o completo recuo da corrediça efetuando pressão
Tiro em Condições de Visibilidade Reduzida Torna-se fundamental treinar o tiro em condições de visibilidade reduzida, pois quer em ambiente operacional quer no dia-à-dia de serviço nas unidades, jamais dispararemos uma arma se não tivermos noção clara da localização de uma determinada ameaça. É de extrema importância dominar as técnicas de tiro quer de pistola quer de espingarda com a utilização da lanterna. Como em tudo, existem técnicas e procedimentos próprios que treinados e assimilados nos dão uma nítida vantagem, ou pelo menos não nos colocam em desvantagem. Para podermos manipular a Espingarda e a pistola torna-se essencial acoplar na mesma uma lanterna, seguindo o princípio que as técnicas que aplicamos durante o dia, também as continuamos a aplicar durante a noite, ou aplicamos com o mínimo de alRI
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nizamos ainda as técnicas de FIGHTASSESS-SCAN-TOP-OFF,5 nos nossos atiradores.
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Fig. 4 - Execução de tarefa com condicionamento físico. (Acervo fotográfico do BIMec)
“reset” do gatilho. Esta técnica pode ser treinada colocando um involucro numa superfície lisa na arma, efetuando um disparo em seco, puxando o manobrador ou a corrediça à retaguarda e esperando o “click” do cão a armar. A partir deste momento a arma está pronta a efetuar fogo, encurtando o tempo e correção para os restantes disparos. Chegámos também à conclusão que a mão de apoio ao agarrar o mais à frente possível no guarda mão, controla mais facilmente o salto e recuo da arma, em detrimento da habitual colocação da mão de apoio no cano e na parte anterior do carregador. Para dar alguma realidade ao treino introduzimos na linha de alvos os alvos “Pop-Up” intercalados com silhuetas em branco a materializar não combatentes, exigindo capacidade discricionária no momento do disparo. A preocupação com o ambiente e com o pessoal em redor tornou-se fator progressivo. Introduzimos e meca-
na parte posterior da mesma com uma vara ou um pau, inviabilizando a ejeção do involucro. No tiro dinâmico introduzimos o movimento, a noção de espaço, a troca de carregadores e resolução de falhas de disparo, o tiro de precisão, o tiro reativo e o tiro em movimento com diferentes cenários e ameaças. Introduzimos também um elemento essencial no tiro – a comunicação. Optámos por adotar termos em inglês devido à possibilidade de sermos empenhados em ambiente multinacional, no entanto será sempre uma Norma de Execução Permanente (NEP) da própria unidade. Na IAQ de tiro utilizámos o COVER para um eventual apoio na troca de carregador ou resolução de uma falha de disparo, o READY para estar pronto e o MOVE para dar a ordem de movimento a outra equipa ou a outro elemento. Sempre que for necessário efetuar tiro a vários níveis (um elemento deitado, outro de joelhos e outro em pé) o elemento que se encontra em nível inferior só se levanta ou movimenta ao toque ou à ordem do elemento à retaguarda.
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Fig. 5 - Treino da técnica de tiro com lanterna. (Acervo fotográfico do BIMec)
teração. É também desejável ter sempre uma outra lanterna de mão de reserva, para que numa situação de detenção ou revista da ameaça não estejamos involuntariamente a apontar a arma à ameaça ou a um camarada nosso. Para o caso da manipulação da pistola, a lanterna de mão deve ter um cordão, para que quando tenha necessidade de trocar de carregador ou resolver uma falha de disparo solte a lanterna e esta fique presa para quando tiver necessidade de voltar a utilizá-la. O botão de acionamento deve ser na base e não no corpo para não ter dúvidas onde carregar, bem como, não deve ficar permanentemente ligada após acionamento. A lanterna deve ter uma forma retangular ou hexagonal, pois numa situação de combate corpo a corpo, se esta cair numa superfície inclinada não deve rolar, ficando próxima da nossa mão. A lanterna serve para iluminar e pode e deve encandear a ameaça. Devemos seguir a sequência de ILUMINAR-IDENTIFICAR-DECIDIR-DESTRUIR a ameaça. Habitualmente, treinamos o tiro noturno iluminando os alvos, tornando-se um pouco irreal. O treino noturno deve ser recriado com iluminação residual em diferentes locais da carreira de tiro. Colocar fogueiras em diversos pontos da carreira de tiro, quer do lado da ameaça quer do nosso lado permite experimentar diversas necessidades na reação ao contacto.
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Treino Físico de Preparação para o Combate Na semana de treino efetuámos uma sessão exemplo de educação física de Treino em Circuito Modificado (TCM) com equipamento e armamento individual, notando a dificuldade de coordenação motora dos militares, por habitualmente não o fazerem com equipamento e armamento. Numa fase de treino operacional orientada para uma missão especifica, a regra deve ser efetuar o treino físico equipado, pois são estas as condições mais próximas da realidade. O treino físico que prepara para o combate deve ter carregamento e elevação de peso, transporte de feridos, transporte de equipamento, exigir resistência
Fig. 6 - Treino em circuito modificado, equipado e armado. (Acervo fotográfico do BIMec)
e força ao militar e um permanente discernimento para observar, pensar e decidir. Hoje denotamos alguma falta de criatividade nas sessões de treino, exagerando na corrida contínua e nos desportos coletivos, devendo estes ser a exceção e não a regra. No nosso entendimento por forma a rentabilizar os recursos financeiros e de tempo, cada vez mais escassos, devemos dar primazia a competições vocacionadas para uma preparação para combate sendo exemplo disso: os percursos de competição de Marcor, Marchas, crossfit militar, provas de decisão e de liderança, “challengers” e patrulhas com estações de validação técnica, desportos de combate (Boxe, MMA, BJJ, Krav Maga), percursos de orientação com carta militar, fotografia aérea e utilização de “apps” de navegação e reorientar as competições de tiro para a sua vertente técnica e tática em detrimento do tiro desportivo. Equipamento Individual Todo o equipamento individual deve ser ajustado para que se torne funcional e numa posição que seja intuitiva. Atualmente o “kydex” bem trabalhado permite criar melhores condições para efetuar um saque rápido da pistola Walther p38, bem como dos carregadores. As abas dos porta carregadores da G3 podem ser retiradas do colete tático, no entanto, para que não caiam com movimentos bruscos deve ser colocado um sistema de retenção expedito (elásticos, cordões, etc). A simples colocação dos carregadores deve ter o princípio de fácil acesso, devendo estar mais disponíveis aqueles que estão na sua capacidade máxima. Para o “drop mag” devem ir os carregadores vazios ou que exijam uma troca rápida ainda que com algumas munições, para que em momento oportuno sejam recolocados em local correto. O deixar os carregadores ou não no solo após a troca divide as opiniões, no entanto, e para a realidade do nosso Exército
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de borracha e duas roldanas laterais e uma corda também facilmente se constrói um alvo móvel, treinando o atirador para aquilo que habitualmente ele não está treinado – proteger-se, movimentar-se, comunicar e fazer tiro para algo em movimento e de reduzida silhueta.
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Comprovámos claramente nesta semana de treino intenso, que com alguma vontade e empenho de todos facilmente conseguimos recriar condições mais próximas daquilo que antevemos que possa ser o combate. Face às condicionantes do nosso Exército que todos experienciamos diariamente, exige-se adaptarmos as carreiras de tiro não perdendo o quesito fundamental da segurança. Durante a semana e com o apoio incondicional do Campo Militar de Santa Margarida (CMSM) construímos bases de alvos em madeira que permitem colocar ameaças na linha de alvos, mas também ao longo da carreira de tiro de uma forma rápida e segura, sem estarmos cingidos aquilo que são os habituais bastidores, e que bem sabemos necessitam de adaptação. Com a ajuda preciosa do BApSvc voltamos a utilizar os alvos Pop-Up e com algumas adaptações elétricas foi-nos possível construir novas situações de treino. Com um carrinho de rodas
“O conhecimento só vale se for partilhado…”
Depois de uma semana dedicada à prática e ao treino de tiro, todos percebemos que o treino de tiro deve ser a regra e não a exceção. O treino é garante de motivação, continuidade e disciplina técnica e tática. Quanto mais lemos e treinamos mais temos a noção das nossas fragilidades, pelo que é essencial continuar, e motivar os mais novos a treinar para lidar com a imprevisibilidade do combate. Esta iniciativa foi apenas um pequeno contributo, sendo que a continuidade se fará por todos os militares, adaptando agora o que aprenderam às especificidades da missão da sua unidade. Em suma, afirmamos que é imperativo dominar a técnica de tiro, experimentar a tática nas suas mais variadas vertentes, ler, observar, adaptar e experimentar, ser critico, ser construtivo e treinar incessantemente…errar, ousar e testar a criatividade, pois é nosso dever melhorar a capacidade de combate das nossas unidades e dos nossos militares preparando-os para a incerteza do futuro. O futuro de nós dirá!
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Somos da opinião que cada militar quando ingressa nas fileiras deve receber o seu conjunto de equipamento, material e armamento escrupulosamente adaptado à sua estatura e envergadura acompanhando-o até ao términus do serviço militar. Esta medida fomentaria o cuidado e zelo que o equipamento exige e ao mesmo tempo permitiria tê-lo perfeitamente ajustado e melhorado consoante a sua missão. 6
Preparação de Infraestruturas e Equipamentos de Apoio ao Tiro
Conclusões
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Todo o militar deve estar equipado com um bom capacete, leve, confortável, com proteção adequada e ajustável à medida que cumpre a missão, pelo que se considera que será adequado a sua substituição para que possamos acoplar neste diversos equipamentos auditivos e optrónicos. Está hoje provado que os convencionais supressores de ruido que não protejam toda a área auricular a longo prazo são prejudiciais à saúde auditiva dos nossos militares. O capacete deve ser almofadado e confortável para que o militar se sinta bem ao usá-lo. Cada militar deve ter na sua posse uma faca disponível, um estojo de primeiros socorros e um ou dois 6
torniquetes disponíveis quer à distância da mão esquerda, quer à distância da mão direita. Os óculos de proteção balística devem permitir uma proteção certificada para garantir fiabilidade e devem facilmente trocar as lentes para os períodos noturnos. Luvas táticas, joelheiras, cotoveleiras e caneleiras devem ser utilizadas e ajustadas para que não causem desgaste ou lesões.
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Fig. 7 - Alvos de roofmate com folhas de cor. (Acervo fotográfico do BIMec)
preferimos treinar guardando os carregadores no “drop mag”, levantando aqui algumas questões pertinentes: Podemos deixar os carregadores no solo porque a situação tática o exige? Guardá-los compromete a minha segurança momentânea? Se os deixar, facilmente tenho acesso a novos carregadores, ou a minha missão pode estar comprometida? Posso treinar por excesso, guardá-los e numa situação real, se assim o exigir, deixá-los no solo? Posso deixá-los no solo e quando a situação estiver mais esclarecida e/ou em segurança, posso guardá-los? A minha organização assume a perda de material e a sua rápida reposição logística?
Todos os equipamentos da Instrução Preliminar de Tiro (IPT), e das sessões de tiro foram improvisados, pelo que com alguma imaginação, recurso a vídeos interativos e ilustrações é possível recriar novas situações. Para recriarmos áreas edificadas na carreira de tiro podemos utilizar painéis e rede sombra, assim como paletes para construir diversos compartimentos.
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O Pe l o t ã o Q ui ck Reacti on For ce do I n t e r n a c i o nal H ami d K arz ai , Ca bul Ten Inf Oliveira Amador - Cmdt Pel QRF PRT
O Afeganistão é já um país conhecido por Portugal e pelos Militares Portugueses. Desde 2002, que as Forças Armadas Portuguesas aprontam e mobilizam tropas para este país. Os nossos contingentes estiveram integrados durante doze anos na Força Internacional de Apoio à Segurança no Afeganistão (ISAF) que, desde 2015, e com vista à transferência de autoridade e responsabilidade para as Forças de Defesa e Segurança Nacionais Afegãs (ANDSF), deu lugar à Resolute Support (RS). Nesta nova missão, as forças da NATO participam ativamente com ênfase nas tarefas de Train, Advise and Assist às forças Afegãs. No Aeroporto Internacional Hamid Karzai (HKIA), em Cabul, localiza-se o Quartel-General do Train Advise and Assist Command – Capital (TAAC-C),
a estrutura da RS responsável pelas atividades de TAAA na área de Cabul. Desde meados de 2018 que a força responsável por deter qualquer ameaça que ocorra dentro dos limites de North HKIA (NHKIA) é uma Unidade de Escalão Companhia (UEC) Portuguesa constituída por 148 militares, tendo na sua estrutura a valência QRF de HKIA. O Pelotão QRF português está pronto para reagir e responder a qualquer ameaça que ocorra em NHKIA, a fim de garantir a segurança de todos os seus residentes e a eficiência de todas as operações em NHKIA. O Pelotão QRF é constituído por 47 militares, provenientes de várias unidades da Brigada Mecanizada (BrigMec). Em termos de ritmo da opera-
ção, o Pelotão QRF opera 24 horas, 7 dias por semana. Está equipado com viaturas MaxxPro Dash da série MRAP (Mine-Resistant Ambush Protected). Para além das situações inopinadas, na realização das suas tarefas diárias o Pelotão é responsável por executar patrulhas com a finalidade de dissuadir ações hostis que comprometam a segurança dos residentes e a eficiência das operações em NHKIA, sempre com o objetivo de reagir e responder a qualquer incidente o mais rapidamente possível. Para o cumprimento da sua missão, e durante todo o aprontamento realizado entre junho e outubro de 2018 no Batalhão de Infantaria Mecanizado (BIMec), o Pelotão QRF deu grande ênfase à situação operacional do Teatro de Operações (TO) do Afe-
Fig. 1 - Equipa Quick Reaction Force no desembarque de viatura MRAP durante Exercício de Ataque de Fogos Indiretos.
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Fig. 2 - Militar do Pelotão QRF executa tiro reativo em carreira de tiro subterrânea de HKIA, essencial à manutenção do potencial de combate.
Desde o aprontamento da força, que foi dada a responsabilidade a cada um dos militares que constituem o Pelotão, na manutenção e o melho-
Fig. 3 - Carregamento de um ferido na viatura MRAP para posterior evacuação, durante um Exercício em ambiente de visibilidade reduzida.
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Tendo em conta a máxima “While you are not fighting, you must be training”, o Pelotão QRF tem mantido o seu mindset através da execução de treinos regulares ao nível das suas Secções. Com uma média de um treino por semana, são treinadas diversas tarefas, passando por manutenção dos estados de prontidão e eficiência na resposta, onde são postas em prática as inúmeras possibilidades de incidentes que podem vir a ocorrer
em NHKIA. Após três meses de participação no TO de Afeganistão, o Pelotão QRF executou cinco exercícios em conjunto com as restantes forças que operam em NHKIA, que variaram desde a resposta a ataques de fogos indiretos, ataques nos portões de acesso ao exterior de HKIA, tratamento, triagem e evacuação médica e resposta em situação de queda de aeronave (Mass Casuality – Mascal).
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Após a Transferência de Comando que se realizou no dia 09 de novembro, o Pelotão QRF imediatamente assumiu as suas funções, tendo desde esta altura sido empenhado em tarefas de reforço de segurança em diversos eventos ocorridos em HKIA, reforço de segurança na transferência de feridos aerotransportados e/ou por
meio terrestre, reforço de segurança em Emergency Control Points (ECP) e em diversos exercícios.
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ganistão, da sua história, geografia e características étnicas e sociais, ao Treino Físico, ao Treino de Tiro e treino de Táticas, Técnicas e Procedimentos (TTP) a executar em caso de resposta a incidentes.
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ponder (no âmbito do socorrismo de combate), Firefighting Training, Guardian Angel e Guardian Angel Train the Trainer, e também formações de deteção e inativação de Unmmaned Aerial Systems (UAS).
Fig. 4 - Como força de resposta de HKIA, a Triagem, Tratamento e Evacuação de feridos é da responsabilidade do Pelotão QRF, em áreas que não sejam seguras para as equipas médicas.
ramento da sua condição física, pelo que todos os militares treinam diariamente e sem exceções, por conta própria ou enquadrados em programas específicos de treino. Com excelentes instalações, que conferem todas as condições necessárias para treino indoor e outdoor, a única dificuldade prende-se no treino de corrida, uma vez que as condições climatéricas adversas inerentes ao TO constituem uma clara limitação ao treino cardio-respiratório. Para além do treino físico, os militares têm vindo a executar formações no horário de descanso, que permitem a cada indivíduo, mas também ao pelotão como um todo, aumentar a proeficiência na execução
das suas tarefas. Foram ministrados aos militares do Pelotão QRF, durante
O Pelotão QRF português constitui-se como uma das forças de reação rápida no Aeroporto Internacional Hamid Karzai, Quartel-General do TAAC-C, e base para incontáveis operações aéreas e terrestres executadas no TO do Afeganistão, pelo que a segurança dos seus residentes e eficiência das operações em NHKIA é da sua responsabilidade. O orgulho de representar Portugal e os Portugueses no Afega-
Fig. 6 - Equipados com metralhadoras médias M240 7,62mm, os Apontadores de Metralhadora são os responsáveis por guarnecer e operar a arma principal do Pelotão nas torres da MRAP que conferem proteção balística aos mesmos.
estes três meses, formações de MaxxPro Driver, Basic Tactical First Res-
nistão tem sido e será sempre o maior dos desafios para o Pelotão QRF Português. O objetivo de corresponder às expetativas que todas as nações depositam nas Forças Portuguesas, pela cordialidade, responsabilidade e brio com que operam diariamente, é o agente que mantém o Pelotão de cabeça erguida sempre consciente na assimetria e imprevisibilidade das ameaças que se registam neste país. Sendo aqueles que lá por casa ficaram a maior de todas motivações, os olhos estão e ficarão sempre colocados no regresso a casa, no regresso a Portugal e no sentimento de Missão Cumprida, continuando a cimentar no presente que “o futuro de nós dirá”!
Fig. 5 - Comandante e respetiva Equipa QRF no bloqueio de um itinerário durante estabelecimento de Cordão de Segurança em operação de resposta a pacote suspeito.
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A p a r t i c i p a ç ã o d e u m Pel otão do G CC no CELU LEX 18 n o  mb ito d o Pe lo tã o de A poi o do El ement o de Defesa B Q R
Alf Cav Viana Lopes - Cmdt 1PelCC/1ECC/GCC
Introdução O CELULEX corresponde a um exercício setorial de nível Exército, realizado anualmente e contemplado no Plano Integrado de Treino Operacional, destinando-se a treinar a Força do Exército - Elemento de Defesa Biológico, Químico e Radiológico (ElDefBQR), que apoia as Autoridades Competentes (militares e civis) na resposta a incidentes BQR que ocorram em território Nacional. No ano de 2018 o exercício CELULEX decorreu entre os dias 15 e 19 do mês de outubro, tendo como palco a região de Almada-Lisboa e epicentro nos antigos estaleiros navais da Lisnave, em Cacilhas. A finalidade deste exercício consiste em desenvolver e integrar a capacidade operacional de defesa BQR do ElDefBQR, não só ao nível interno do Exército, treinando e interoperabilizando procedimentos entre as várias subunidades que constituem esta Força, como também a nível externo, coordenando e desenvolvendo a atuação conjunta com outras entidades nacionais que detêm responsabilidade ao nível da defesa BQR. No ano de 2018, a consecução deste exercício contou com a participação operacional das seguintes entidades: Autoridade Nacional de Proteção Civil; Agência Portuguesa do Ambiente; Instituto Superior Técnico; Direção-Geral da Saúde; Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa; Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge; Instituto Nacional de Emergência Médica; Polícia Judiciária; Polícia de Segurança Pública; Guarda Nacional Republicana; Marinha; e Força Aérea. De referir também a participação de Organizações não Governamentais bem como militares do exército Ro-
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Fig. 1 - Militares em PPOM4-R, durante a execução de um Posto de Controlo Fixo.
meno que acompanharam o exercício na qualidade de observadores. Execução Do Exercício O ElDefBQR é constituído por uma série de subunidades provenientes de diferentes U/E/O do Exército. Uma destas subunidades corresponde ao pelotão de apoio, cuja constituição se encontra a cargo de cada uma das três brigadas, de forma alternada. Coube então em 2018, à Brigada Mecanizada, a responsabilidade de constituir este pelotão, tendo este sido compos-
to por militares do Quartel da Cavalaria (QCav), num total de dezoito praças, três sargentos e um oficial. O referido pelotão de apoio pode ser empregue na consecução de uma série de tarefas dentro do seu espetro de responsabilidades, nomeadamente: • Colaborar na identificação e marcação da área contaminada; • Colaborar no reforço dos cordões de segurança interior (na WARM ZONE) e exterior (zona não contaminada),
Fig. 2 - Demonstração de capacidades de uma Equipa EOD.
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• Colaborar no reforço de patrulhamento; • Colaborar em trabalhos de organização do terreno ou de pontos críticos cujos objetivos sejam a proteção e a sobrevivência de estruturas fixas essenciais e/ou populações. De forma a garantir o cumprimento das missões que seriam exigidas aos militares do pelotão de apoio durante o exercício, nomeadamente a área da defesa BQR, tornou-se necessário estabelecer um plano de treino que visasse o lecionamento destas matérias. Os treinos de preparação para o exercício tiveram início em finais de julho de 2018, tendo-se prolongado até ao início do mês outubro. A estruturação do plano de treino desenvolvido teve por base a observância dos seguintes tópicos: • Sobrevier em ambiente BQR; • Reconhecimento e monitorização BQR; • Executar o alerta, aviso e relato; • Marcação de áreas contaminadas; • Descontaminação. As matérias abordadas durante o período de treino foram inicialmente ministradas a nível teórico, em ambiente de sala, e posteriormente
Fig. 3 - Instrução de socorrismo no Warm Up.
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No dia 11 de outubro de 2018 efetuou-se a projeção dos militares do QCav para Lisboa de forma a participarem no Warm Up do exercício, o qual decorreria até dia 14 nas instalações do Regimento de Transportes. Esta fase inicial teve por intuito nivelar os conhecimentos dos militares das várias subunidades do ElDefBQR, dado às suas distintas proveniências e consequentes diferentes níveis de conhecimento na área da defesa BQR. Durante este período foram então ministradas, por parte de pessoal especializado, instruções sobre diferentes matérias, tais como socorrismo de campanha, utilização dos equipamentos de proteção BQR e sapadores. Foi ainda possível treinar procedimentos e interoperabilizar a atuação das diferentes subunidades do ElDefBQR face à resolução de uma série de incidentes simulados. Este período pré-exercício permitiu ainda estabelecer um primeiro contacto entre os militares das diversas subunidades facilitando, posteriormente, a sua atuação no decorrer do exercício. Na fase de Warm Up os militares do QCav tiveram também a oportunidade de assistir a demonstrações de meios e capacidades por parte do Destacamento de Intervenção Imediata EOD (Explosive Ordenance Disposal - Inativação de Engenhos Explosivos) e da Equipa de Defesa BQR do RE1 e de uma equipa cinotécnica do Regimento de Lanceiros N.º 2. Foi ainda realizada uma visita às instalações dos laboratórios de Defesa Biológica e Defesa Química do Exército, permitindo aos militares terem conhecimento do
Fig. 4 - Demonstração de capacidade cinotécnica do RL2.
tipo de atividades aí realizadas, tais como o controlo toxicológico e a fiscalização sanitária ao nível da confeção e distribuição alimentar. Findo o período de Warm Up deu-se então início à execução do exercício propriamente dito, o qual foi realizado nos antigos estaleiros navais da Lisnave. O ambiente criado pelas infraestruturas físicas aí existentes, aliado à participação de múltiplas entidades civis e militares e ao realismo dos incidentes simulados, permitiu criar um cenário envolvente e desafiante que em tudo motivava o empenhamento dos militares participantes. Durante o decorrer do exercício a função do pelotão de apoio focou-se na constituição do cordão de segurança externo, destinado a garantir o isolamento da área contaminada. Deste modo, foi confiado ao pelotão de apoio a importante tarefa de garantir o controlo de acessos à zona onde supostamente teria ocorrido o incidente BQR, de forma a facilitar a atuação das equipas especialistas responsáveis por fazer face à ameaça e negar o acesso a elementos não autorizados. A consecução desta tarefa materializou-se pela criação de limites físicos que balizassem a zona a controlar, pela implementação de rondas a esse perímetro e estabelecimento de pontos de controlo (checkpoints) onde seriam monitorizadas todas as entradas e saídas da zona contaminada. O culminar do exercício (EndEx) foi assinalado pelo Distinguished Visitors Day (DVD) no qual foi possível apresentar, perante uma plateia de altas entidades, o fruto do trabalho desen-
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• Colaborar no transporte de materiais;
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• Colaborar no reforço do isolamento de áreas;
treinadas de forma prática. As instruções ministradas no QCav foram ainda complementadas com uma visita ao Regimento de Engenharia N.º 1 (RE1), em Tancos, onde foi possível aos militares testar a capacidade protetora dos equipamentos de proteção BQR (“teste de confiança”) durante a passagem numa câmara de gás onde tinha sido libertado gás lacrimogéneo.
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por esta ordem de prioridades;
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Fig. 5 - Secção a operar Posto de Controlo Fixo.
volvido no decorrer do exercício, demonstrando as capacidades e as tarefas da responsabilidade de cada uma das forças e entidades envolvidas. Conclusões Findo o exercício o balanço da participação do pelotão de apoio do QCav no CELULEX 18 foi bastante positivo, tendo permitido desenvolver a valência da defesa BQR, cujo treino não é muito recorrente, possibilitando aos militares o contacto com uma capacidade do Exército que muitos deles desconheciam e que desempenha um papel fulcral no atual panorama geoestratégico mundial, marcado pela presença de uma ameaça assi-
métrica materializada pela atuação de diversas organizações terroristas. A este nível, importa também referir o facto deste exercício ter proporcionado, aos militares do QCav, a possibilidade de contactarem com um conjunto de meios e capacidades que se encontram intrinsecamente relacionados com a área da defesa BQR, em concreto o socorrismo de combate, a inativação de engenhos explosivos e a cinotécnica. O contacto com estas valências constituiu-se assim como valor acrescentado à sua formação, incrementando conhecimentos e fortalecendo o seu perfil militar. Este exercício tornou-se também
frutífero na medida em que proporcionou uma realidade de treino diferente da que estes militares estão habituados. Tendo sido possível treinar a atuação num tipo de cenário urbano, inserido num ambiente civil sem um inimigo/ameaça definido, em contraposição com o seu ciclo normal de treino, assente nos ditames do combate convencional, com um inimigo bem delineado. Constituiu-se, assim, como um ampliar de horizontes sobre as possibilidades de emprego da força militar, permitindo estabelecer pontos de convergência com um futuro empenhamento de alguns destes militares em funções de âmbito nacional, intervindo no apoio militar de emergência, e internacional, como a participação em contingentes de Forças Nacionais Destacadas. Apesar da pouca experiência na área da defesa BQR, os militares do QCav demonstraram um inabalável espírito de missão, esforçando-se por cumprir cada vez mais e melhor as tarefas que lhes foram cometidas, fazendo-se valer do seu esforço e dedicação para conseguir igualar os níveis de proficiência das demais forças, especialistas nestas matérias, com as quais atuaram durante o decorrer exercício.
Fig. 6 - Militares em PPOM4-R, durante a execução de um Posto de Controlo Fixo.
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Pa r te I I - Ativida de O per aci onal
A S i m ul a ç ã o, o Tr e in o Oper aci onal e o [ novo] M odel o de
C e r t if ic a ç ã o d a s G u a r ni ções de CC Leopar d 2 A6 Cap Cav Santos Ferreira - Cmdt 1ECC/GCC | SAj Cav Sérgio Oliveira - AdjCmdt 1ECC/GCC
Nos últimos anos, tem-se tentado colmatar essa lacuna com o intercâmbio com a Brigada “Extremadura” XI (Brigada Orgânica Polivalente XI – BOP XI), localizada em Badajoz, Espanha, onde as guarnições de CC têm tido a oportunidade de um treino diferente e mais realista, virado simultaneamente para a “técnica” e para a “tática” recorrendo a simuladores que projetam o treino para um campo de batalha virtual. Neste artigo, propomo-nos abordar o modelo de certificação das guarnições de CC Leopard 2 A6, edificado
Fig. 1 - CC Leopard 2 A6 durante exercício tático.
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Modelo de Certificação das Guarnições de CC Leopard 2 A6 e Comparação com o Modelo de Certificação do Exército Espanhol O modelo em estudo e em fase de implementação para a certificação das guarnições de CC Leopard 2 A6 é composto por sete fases distintas, que se iniciam com o conhecimento teórico do Leopard 2A6 e finaliza com um Situational Training Exercise (STX), de nível pelotão. Durante todas as fases do modelo estão previstas avaliações de modo a que a cadeia de comando possa aferir o nível das suas guarnições e, de acordo com essas avaliações, possa planear futuras sessões de treino, por forma a melhorar a performance das mesmas.
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O TOp de uma unidade de CC é dispendioso, uma vez que o sistema de armas é complexo, exige uma formação específica e profissional e consome bastantes recursos das classes III, V e IX, daí que a sua prática deve ser escrupulosamente planeada, sistematizada e bem estruturada por forma a ser o mais rentabilizada possível. Outro fator importante a ter em atenção é o reconhecimento nacional e internacional da proficiência das nossas guarnições de CC, após um ciclo de TOp, e através de uma avaliação padronizada e rigorosa.
recentemente, assim como o início da sua implementação, a integração da simulação com recurso aos sistemas disponíveis, o seu reflexo desta no TOp e a forma como é planeado. Terminamos com a análise aos resultados das avaliações efetuadas no decurso do primeiro exercício de 2019, “CAVALO 191”, primeiro passo dado na implementação de um modelo que visa atingir elevados padrões de rigor e reconhecimento.
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Decorreram no Regimento de Cavalaria N.º 3 (RC3), em Estremoz, nos dias 26 e 27 de novembro de 2018, as Jornadas da Cavalaria. Entre vários assuntos tratados, ao Grupo de Trabalho liderado pelo Grupo de Carros de Combate (GCC) coube o tema “o treino e a certificação de guarnições de Carro de Combate (CC)”. Como produto final destas jornadas foi criado e implementado um modelo de certificação das guarnições de CC, encontrando-se em fase de avaliação, no quadro do Treino Operacional (TOp) do 1º semestre de 2019.
Nos exércitos modernos a simulação ganha cada vez mais destaque, pois além de incorporar condições próxima da realidade, permite poupar recursos financeiros e materiais. O GCC dispõe de alguns meios de simulação, como são exemplos o Buggy para a condução, a Turret Crew Simulator (TCS), que vulgarmente conhecemos como Torre de Instrução e o Video Training Equipment (VTE) para a técnica de tiro. No entanto, estes sistemas simulam e permitem apenas o treino da “técnica”, existindo uma lacuna nos sistemas de simulação disponíveis para o treino da “tática”.
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Introdução
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O modelo em estudo, com exceção da Fase 1 (conhecimento teórico do CC) e Fase 5 (treino tático nível pelotão), prevê certificar e avaliar as guarnições em três níveis: básico, intermédio e avançado. Estes níveis são definidos e diferenciados pela conjugação de diversos fatores, como o movimento e velocidade do CC, o modo de funcionamento e operação, o tempo para adquirir, apontar, disparar e destruir o inimigo, precisão da pontaria, determinação correta de distâncias, eficácia do disparo, uso correto da munição e condições meteorológicas, entre outros.
Fase 5. A aquisição de uma torre de simulação e de um sistema semelhante ao Steel Beasts Pro, poderia permitir a realização de todo o processo de certificação em Portugal.
O modelo geral foi estruturado da seguinte forma:
Fig. 2 - Consumo de munições para certificação por guarnição.
• Fase 1 - Conhecimento Teórico do CC (duas semanas). • Fase 2 - Execução de tarefas individuais (duas semanas). • Fase 3 - Conhecimentos e procedimentos teóricos de guarnição (quatro semanas). • Fase 4 - Procedimentos de controlo tiro nível pelotão (duas semanas). • Fase 5 - Treino tático nível pelotão (duas semanas). • Fase 6 - Conduta de tiro nível pelotão (duas semanas). • Fase 7 - Exercício tático nível pelotão (uma semana). Esta estrutura permite integrar a certificação das guarnições de CC no TOp do GCC e permitir atingir o escalão esquadrão já com os Pelotões certificados a nível básico. A duração de cada nível - básico, intermédio e avançado - será de um ano, permitindo ao fim de três anos ter guarnições certificadas a nível avançado. Para a concretização deste modelo pressupõem-se que as guarnições continuam a deslocar-se a Espanha (BOP XI, Unidade para o Centro Nacional de Treino – CENAD, Grupo de Instrução de Unidades Blindadas - GUIACO) para que, em conjugação com o VTE, a TCS e o Buggy seja possível realizar a certificação da Fase 2 e da
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Na fase 6, correspondente à Conduta de Tiro nível pelotão, serão efetuadas todas as avaliações do tiro real para o nível avaliativo que a guarnição se encontrar (figura 2).
Todo este modelo, inclusive tabelas de instrução, simulação e avaliação, serão explanadas na publicação em elaboração com o título “Manual de Certificação de Guarnições de CC”. O modelo de certificação de guarnição de CC espanhol, tem como base cinco fases, designadamente o conhecimento teórico do CC Leopard 2, a execução de tarefas individuais nos diferentes postos de combate do CC, a certificação individual em carreira de tiro (CT) dos postos de combate, a execução de tarefas como guarnição de CC, e por fim a certificação em CT da guarnição. Em qualquer uma das fases, individual ou guarnição, o nível de exigência e conhecimentos a reter divide-se em três níveis: básico, intermédio e avançado. Todo o processo de certificação tem início na própria unidade (fases
1 e 2) da guarnição a ser certificada. No entanto, à medida que esta vai passando as diferentes fases da certificação, a responsabilidade da certificação passa da própria Unidade para o Centro Nacional de Treino (CENAD) (fases 3 e 4), e de seguida para o Grupo de Instrução de Unidades Blindadas (GIUACO) (fase 5). A simulação está presente em todas as fases, iniciando sempre no Steel Beasts, passando na Torre de Simulação, no Simulador de Condução, no Sistema de Laser e por fim o CC. No final de todo este processo, ainda que moroso, aumenta-se a interoperabilidade das guarnições e comprova-se, através de um critério único, o estado de instrução das guarnições; são consumidas 47 munições 120mm para a certificação de uma guarnição de CC. A Simulação e o Reflexo no Treino Operacional Atualmente, todos os países investem em grande escala na simulação, pois esta permite o treino de todos os procedimentos a custos muito mais reduzidos e o desgaste prematuro dos meios existentes. O Exército Espanhol é um claro exemplo dessa situação pois nos últimos anos equipou as unidades blindadas com diversos meios de simulação que vão desde o simples Steel Beast Pro (Simulador informático desenvolvido pela empresa eSim Games para o sistema operativo Microsoft Windows que, entre outras valências, permite o treino técnico e
Fig. 3 - Treino de Guarnição (ChCC e Apont) com Steal Beasts. Treino na BOP XI, Espanha.
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Em 2015, o GCC deslocou pela primeira vez um esquadrão de Carros de Combate (ECC), com Comando e dois Pelotões, às instalações da BOP XI, para treinar nesses simuladores. Essa experiência revelou-se de grande importância para o treino dos procedimentos técnicos e táticos dos Pelotões. Atualmente, por semestre, uma guarnição (4 pax) desloca-se à BOP XI, permitindo-lhe efetuar “aquele procedimento”, que no decorrer do dia-a-dia não podem fazer. A título de exemplo, no decorrer de uma semana de instrução na BOP XI, são simulados aproximadamente 500 disparos na torre de instrução. Se se gastassem essas mesmas 500 munições em sessões de tiro real, teria um custo de aproximadamente 770.000€ (1.540€ por munição). Deve ainda contemplar-se o desgaste da peça por erosão (provocado pelos gases quentes), por corrosão (provocada pelos químicos presentes na pólvora das munições) e por atrito (provocado pelo movimento da munição
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A TCS é usada no treino das guarnições de CC, com exceção do condutor. Esta é em tudo semelhante a uma torre real, permitindo à guarnição operar e manusear todos os equipamentos do compartimento de combate do CC, com a limitação de não permitir efetuar disparos laser, não permitir operar os aparelhos de visão noturna e não ter um sistema de vídeo integrado nos aparelhos de pontaria, pelo que não é o sistema ideal pois não existe um controlo exterior das pontarias, da aquisição de alvos efetuadas pelo apontador e chefe de carro, nem dos procedimentos executados. Todo este sistema de simulação está pensado para uma familiarização básica do compartimento de combate. Se fosse integrado com outros sistemas de simulação existentes seria possível proceder à certificação das guarnições de CC. O VTE é usado como um sistema
Como referido anteriormente, um dos painéis propostos para as Jornadas da Cavalaria, foi a certificação das guarnições de CC. No decorrer dos trabalhos efetuados tornou-se claro a necessidade de aquisição de meios de simulação complementares para o Leopard 2 A6 que equipam o Exercito Português, pois existe a necessidade de capacitar as guarnições com todos os conhecimentos possíveis, de modo a transformar o militar dessa guarnição num soldado altamente treinado e conhecedor do equipamento que opera, de modo a atingir o estado final desejado (guarnições certificadas = soldado altamente treinado), minimizando danos nos equipamentos e reduzindo despesas que condicionam o TOp.
Fig. 5 - Master Gunners durante o exercício de técnica de tiro com recurso ao VTE.
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A torre de instrução é fisicamente semelhante à existente no GCC, mas disponibiliza uma visualização de imagem nos aparelhos de visão do CC, o que permite operá-la como se tratasse de um CC real. O Sistema Duelo em que a montagem do sistema é feita diretamente nos CC e permite o desenvolvimento de ações táticas em duelo, em terreno real através de lasers e Contentores de Simulação, que no seu interior recriam todas as posições de combate de um CC e permitem o treino técnico e tático até ao escalão Batalhão.
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Fig. 4 - Exemplo de Estações Individuais de Simulação.
tático), Torre de Instrução e Sistema Duelo.
Como já foi referido, o GCC está equipado com dois sistemas de simulação: TCS ou Torre de Instrução e o Video Training Equipment (VTE), vocacionados para a técnica de tiro. Ambos os sistemas são uma mais valia para o treino das guarnições, mas não permitem realizar a certificação de guarnições de CC, o que só é possível com a continuação dos deslocamentos à BOP XI, ou a aquisição de uma torre de simulação.
treino e controlo de tiro, com registo de vídeo para o Leopard 2 A5 / A6, possibilitando em qualquer momento bloquear o sistema de tiro do CC de modo a evitar o desperdício de munições, num disparo que não iria ser alvo . Quando utilizado em treino e combinado com alvos Pop Up, permite ao Master Gunner, controlar e treinar as guarnições em todos os procedimentos anteriores, e ainda na aquisição correta de alvos, determinação correta de distâncias, etc. Em qualquer uma das situações, LFX ou treino, todos os procedimentos, pontarias, disparos e impactos no alvo são gravados, permitindo no final efetuar o debrifing com as guarnições, com visualização das imagens do treino.
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dentro da peça).
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Treino Operacional de uma Unidade de CC O GCC, como unidade da Brigada Mecanizada (BrigMec), elabora anualmente o seu plano de treino de acordo com as orientações do seu escalão superior. Em termos de calendarização, considera-se que o treino é progressivo, na medida em que evolui de acordo com o escalão, iniciando na fase individual e guarnição até ao escalão Grupo. Tendo como referência o planeamento para o ano de 2019, cada fase tem uma duração de cerca de 6 semanas, ajustáveis ao novo modelo de certificação (figura 6).
Fig. 6 - Plano de treino operacional para 2019.
Com base nas diretrizes e calendarização emanadas pelo seu Comandante, fruto de um planeamento colaborativo entre Subunidades e EM, ao Comandante de ECC cabe efetuar o seu estudo, detalhar e propor um plano minucioso, estruturado, coerente e executável de instrução em quartel e exercícios tipo Computer-Assisted Exercise (CAX), Command Post Exercise (CPX), Situational Training Exercise (STX) e Field Training Exercise (FTX) com o objetivo, neste caso para 2019, ter os seus militares, as suas guarnições, os seus pelotões e por fim o seu ECC apto a reorganizar-se e operar como um todo ou em Subagrupamentos (SubAgr). O foco para este ano centra-se no treino de Operações Ofensivas com vista à participação no exercício Orion 19, em novembro.
O treino individual é um ato contínuo, qualquer que seja o escalão. Numa unidade de CC, após os cursos de formação Leopard 2 A6, cuja responsabilidade não depende diretamente do Comandante do ECC, dá-se início à instrução coletiva de guarnição. Estando o TOp para 2019 focado nas Operações Ofensivas, trata-se de um conjunto de instruções que ocupam um espaço temporal curto, que se cingem basicamente ao desempenho e às tarefas que cada elemento da guarnição é responsável. Uma vez que o emprego tático de uma guarnição isolada não é comummente utilizado, há a necessidade de se avançar para a instrução coletiva de secção: a unidade básica para combate quando falamos em unidades de CC e onde o conceito de “asa” está bem enraizado. Em menos de um mês dá-se início à instrução coletiva de pelotão. É aqui que para o militar, e por conseguinte para a guarnição, tudo começa a fazer sentido, compreendendo o seu papel “na manobra” e onde cada guarnição tem uma função específica e distinguível das demais. É na fase inicial do treino de pelotão que as guarnições devem ser primeiramente sujeitas a avaliação. Para o 1º semestre de 2019 estão previstos três exercícios FTX da série CAVALO (1º ECC) e um da série RINO (GCC) e calendarizados entre estes, um STX, um CAX a realizar na Academia Militar, três circuitos de avaliação e três testes teóricos, várias sessões de tiro focadas para o emprego das
armas individuais desde tiro de adaptação até pistas de combate, uma sessão de tiro de peça (integrada em LFX) e ainda a participação no exercício Strong Impact. Sendo este um ano “piloto” no que à certificação diz respeito, propomo-nos a seguir o modelo em teste, identificar lacunas e propor melhorias, estruturar tabelas de avaliação concretas e fundamentadas assentes em doutrina recente a adaptada ao CC Leopard 2 A6 para que, num futuro próximo alcancemos a certificação nível pelotão, aptos a desempenhar qualquer missão integrados numa unidade escalão companhia, seja ela enquanto ECC ou SubAgr, com níveis de proficiência que garantam a interoperabilidade com outros exércitos. O Início da Implementação do Novo Modelo de Certificação – Exercício “CAVALO 191” De 21 a 25 de janeiro de 2019 decorreu o exercício “CAVALO 191”, tendo como audiência primária de treino o 1PelCC do 1ECC. A finalidade deste exercício foi garantir oportunidade de treino de pelotão, colocando em prática os ensinamentos e a instrução ministrada em Quartel, nomeadamente ao nível da Instrução Coletiva de Guarnição e de pelotão, do planeamento, da execução e Comando e Controlo de operações ofensivas. Nos dois primeiros dias, o 1PelCC teve a oportunidade de treinar várias tarefas críticas das quais se destacam: preparar para operações, formações
Fig. 7 - CC em deslocamento durante o Exercício CAVALO 191.
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Conclusões
Contudo, este ciclo de treino operacional começou ainda no final de 2018 com os cursos específicos do CC Leopard 2 A6 e o início das instruções em Quartel, de componente mais teórica, fundamental para dotar as guarnições com os conhecimentos básicos de tática de CC.
Para este exercício foi criada e testada uma tabela de avaliação com vista à validação do treino e de onde já se conseguiram tirar algumas conclusões e identificar as principais dificuldades e erros comuns. Simultaneamente e com o mesmo objetivo, realizou-se um circuito de avaliação de guarnição onde, além de estações destinadas à guarnição, existiram também estações específicas para cada elemento da guarnição. Foram avaliados nas seguintes matérias: técnica de tiro, armamento, topografia e transmissão de relatórios. No último dia do exercício, o PelCC foi posto à prova e avaliado nas seguintes tarefas: técnicas de desloca-
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Apesar das limitações de tempo disponível para treino e instrução, as guarnições atingiram classificações de destaque nos diversos momentos: no circuito de avaliação (onde se inclui o exercício pratico de técnica de tiro com recurso ao VTE) atingiram classificações entre os 80% e os 89% (figura 8) e na avaliação das tarefas de pelotão (com foco nos procedimentos de Guarnição), atingiram classificações entre os 78% e os 88%.
Fig. 9 - Instrução de Cartas de Tiro em Quartel.
Uma das propostas decorrentes das Jornadas da Cavalaria foi a aquisição dos seguintes sistemas de simulação: Steel Beasts Pro; Estação Individual de Simulação e Torre de Instrução com projeção de imagem, sistemas estes que iriam permitir a realização da certificação das guarnições de CC sem existir a necessidade de deslocar as guarnições á BOP XI. As bases estão criadas, ainda em processo de solidificação e a certificação das guarnições é um processo que está em ação e acreditamos ser tangível. Entendemos que é essencial para o reconhecimento nacional e internacional do TOp efetuado e que permitirá uma proficiente interoperabilidade não só com outras unidades do nosso Exército, mas também com unidades estrangeiras na constituição de Subagrupamentos ou “forças mistas”, como foi o exemplo do PelCC luso-espanhol que participou no exercício Orion 18.
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No terceiro dia, realizou-se na Carreira de Tiro (CT) A7 um exercício prático com recurso ao VTE. Aqui, conseguiu-se testar, treinar e corrigir a técnica de tiro de cada guarnição. Utilizando os meios do VTE e alguma imaginação do Master Gunner do 1ECC e do Comando do GCC, conseguiu-se recriar uma situação tática em que se treinou a técnica de tiro para diferentes situações, nomeadamente: CC parado, alvo parado; CC parado, alvo em movimento; CC em movimento, alvo parado e CC em movimento, alvo em movimento.
Cremos que com poucos meios de simulação, mas com recurso ao importante sistema que é o VTE, e utilizado de forma coerente, é possível um treino eficaz. Dispomos de alguns meios, embora insuficientes, mas a nossa meta tem que ser a eficiência. Maximizar o treino, minimizando as despesas e ganhando tempo.
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mento em contato iminente, reação a ataque de arma anticarro, reação a ataque de fogos indiretos, reação a ataque aéreo (asa fixa/asa móvel) e entrada em Zona de Reunião.
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Fig. 8 - Resultados do Circuito de Avaliação.
de combate, técnicas de deslocamento, reações ao contacto, entrada/saída de zona de reunião, deslocamento em condições de visibilidade reduzida (condução noturna) e técnica de tiro.
O TOp foi planeado de forma consciente, introduzindo algumas modificações comparativamente ao antecedente, implementando o modelo de certificação das guarnições e ajustando-o conforme os problemas vão surgindo, estabelecendo padrões e níveis a atingir, através de tabelas de avaliação sustentadas e atualizadas ao CC Leopard 2 A6. Tudo isto a acontecer paralelamente à elaboração de um manual que nos permita deixar escrito e passar aos próximos o trabalho que está a ser realizado.
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A p r o n t a m e n t o d o E Rec par a a Força EU LRR 18 -2 A E x p e riê n c ia e Ativi dades pel a V i são do Comandant e
Cap Cav Correia Duarte - Cmdt ERec
Introdução
Força, especificando as responsabilidades, requisitos, datas orientadoras para a execução das várias atividades e que as Forças deviam ser alvo de certificação nacional durante o 1º Semestre de 2018, com os seguintes requisitos operacionais:
O presente artigo pretende explanar a experiência vivida pelo Comandante do Esquadrão de Reconhecimento da European Union Land Rapid Response 18 (ERec/EU LRR 18), no que diz respeito ao aprontamento, avaliação e período de Stand By da força, no âmbito dos compromissos de Portugal com a União Europeia (UE). Inicialmente será feito o enquadramento da missão atribuída; posteriormente é descrita a organização da força, as fases de aprontamento e as tarefas de maior relevo. Por fim, são tecidas algumas considerações, salientando-se as principais adversidades e pontos fundamentais para o sucesso. Enquadramento Ao nível do EMGFA, na Diretiva 30/CEMGFA/15, é estipulado qual o nível de ambição, os cenários e a tipologia das forças nacionais envolvidas no apoio à política externa externo, salientando-se a acção das Forças Armadas na preparação, aprontamento, sustentação e disponibilização de meios, para garantir capacidades para a participação nas organizações de
1. Prazo de prontidão de 20 dias (NTM); 2. Existência de 90% do pessoal e material, relativamente à sua estrutura orgânica; Fig. 1 - Badge do ERec/BrigMec na EU LRR 18
segurança e defesa em que Portugal está inserido. Ao nível do Exército Português, por despacho de SExa GenCEME, de 24Ago15, que aprovou a diretiva nº 99/CEME/15, (Empenhamento Militar do Exército no Plano Externo (2016 – 2018)), foi definido que o Exército participasse, no 1º semestre de 2018, com um Esquadrão de Reconhecimento (ERec), um Pelotão de Policia do Exército (PelPE) e uma Equipa HUMINT (EqHUMINT) na Land Rapid Response Force da união Europeia. Para dar cumprimento a essa diretiva o Comando da Forças Terrestres (CFT) determinou a preparação da
3. Dispor dos abastecimentos que garantam a sustentação da Força durante um período entre os 30 e os 120 dias; 4. Os materiais e abastecimentos deverão estar localizados junto com a Força ou armazenados em local pré-definido; 5. Ser projetável e interoperável. 6. Existência de Planos de Carregamento e Movimentos das Forças, entre a Zona de Reunião (UnMob) e os pontos de embarque APOE/ SPOE. Coube à Brigada Mecanizada ser a Unidade Mobilizadora do aprontamento e responsável pelo planeamento de um exercício final único para a
Fig. 2 - Esquadrão de Reconhecimento em aprontamento.
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Fig. 3 - Cross Training do Esquadrão de Reconhecimento durante ORION 18.
Fig. 4 - ERec no Exercício HOTBLADE 18.
tema Forças Nacional, sendo definido que na sua constituição haveria de contar apenas com o Comando e Secção de Comando, os dois Pelotões de Reconhecimento (PelRec) e um Pelotão de Morteiros (PelMortPes). Desde logo foi acautelado que o treino de-
nições de Carros de Combate (CC) do Grupo de Carros de Combate (GCC), bem como de alguns militares de outras Unidades, sobretudo para cargos em Ordem de Batalha referentes à condução de viaturas. Estando o restante pessoal focado única e exclusi-
Fig. 5 - ERec no Exercício HOTBLADE 18.
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No quadro da respetiva Diretiva de Aprontamento da Força, este dividiu-se em 3 fases (Fase I administrativo logística, fase II aprontamento orientado para a missão, fase III Preparação para a projeção, período de Stand-By ou eventual emprego) e um exercício final de Aprontamento, o Exercício COIOTE 181 onde decorreu a CREVAL. Do plano de atividades constava a realização de instrução, fogo real, Exercícios Táticos e demais tarefas. O treino decorreu conforme planeado com maior ou menor efetivo de acordo com as possibilidades. Salientam-se os seguintes Exercícios do tipo FTX: ORION 18, HOT BLADE 18, LOBO 181 e 182. Ao nível de fogos reais com as armas coletivas foram executados dois exercícios táticos de maior realce do tipo LFX em que o escalão empregue foi o de Esquadrão. Um dos maiores desafios foi motivar os militares garantindo as atividades associadas não só à componente territorial/operacional da BrigMec como também ao aprontamento para uma força do tipo Stand-By, desafio que foi sendo superado definindo as prioridades de tarefas entre essas duas componentes. A exigência era elevada e não se previa empenhamento em Teatro de Operações (TO). Foi apelado ao espírito de profissionalismo e dedicação à Unidade e à Brigada para fazer face aos desafios,
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A 26 de fevereiro de 2018 o Esquadrão de Reconhecimento iniciou o seu aprontamento, com a sua Organização baseada no Quadro Orgânico (QO) de 14 de Julho de 2017 do Sis-
vamente nas TTPs de reconhecimento e nas tarefas mais técnicas.
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O Aprontamento
veria ser concentrado principalmente no Comando e nos PelRec, sendo que as outras valências seriam garantidas com recurso às Unidades da BrigMec; foi este o caso do PelMortPes proveniente do Batalhão de Infantaria Mecanizado de Lagartas (BIMecLag), da Secção de Transmissões, da Companhia de Transmissões (CTM) e, devido à escassez de pessoal, parte das Guar-
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certificação das Forças a decorrer em Santa Margarida inicialmente previsto até final de junho.
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Validação Interna Após a términus do ORION 18, coincidente com a CREVAL da BrigMec, foi executada uma validação/ avaliação interna ao ERec de modo a aferir o estado em que a Unidade se encontrava por forma a corrigir e antecipar eventuais lacunas e facultar ferramentas para obviar as limitações. Foi simulada toda a parte da avaliação documental como se da própria CREVAL se tratasse. Foi organizada uma equipa de avaliadores com vasta experiência e foram também identificadas situações por nós ainda desconhecidas e otimizados outros procedimentos. Exercício COIOTE 181 EEra hora de ligar motores. Fig. 6 - ERec/BrigMec no Exercício COIOTE 181.
mas ao mesmo tempo mantendo acesa a esperança de que a preparação poderia abrir outras oportunidades de treino além das previstas. Foram divididas tarefas e atribuídas deadlines temporais à Secção de Comando no que concerne à produção e refinamento de documentos. Perceção Real Uma das situações consideradas importantes para a perceção do desafio, foi a nomeação do Comandante do ERec/EU LRR18, para a Avaliação do ERec da Brigada de Reacção Rápida no âmbito da preparação para a NRF18 (NATO Response Force). O Esquadrão da BrigMec encontrava-se na fase I administrativo-logística e dada a particularidade das Unidades e as características do aprontamento existiam muitas semelhanças. A oportunidade de interação com os elementos do ERec/BRR e com os restantes avaliadores permitiu detetar as principais dificuldades e sobretudo o Comandante ter feito o exercício mental “e se o Esquadrão fosse avaliado neste momento?”. Não bastava ter a força bem treinada e equipada, era necessária toda
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uma panóplia de documentação extensa. O contributo da BrigMec estava bem patente, sendo frisado que seria dado o apoio necessário e que era objetivo e prioridade da BrigMec que o ERec fosse considerado pronto para combate e obtivesse a Certificação. Ao Grupo de Comando do Esquadrão foi transmitido o que havia sido observado e definidas novas metas de acordo com os inputs adquiridos.
Na manhã do dia 26 de setembro de 2018, o Esquadrão estava pronto, o grosso da Avaliação Documental, por parte da IGE já havia sido efetuada, faltava a Avaliação Operacional. Haviam sido treinadas e revistas uma série de tarefas, sendo incutido ao Esquadrão que deveriam cumpri-las de forma pronta, com atitude e entusiasmo, e serem prestáveis e colaborativos. Não bastava fazer “mais ou menos” tinham de fazer de forma
Fig. 7 - ERec/BrigMec no Exercício COIOTE 181.
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do, , algumas questões no âmbito do treino, mas o mais difícil prendeu-se com a escassez de recursos humanos, infelizmente uma realidade transversal. Dada a especificidade e potencialidade da BrigMec em termos de concentração de forças e de treino comum entre Unidades, a junção de militares foi relativamente simples, bem como o espírito de solidariedade e entreajuda manifestado entre Unidades e o Comando da BrigMec.
Fig. 8 - ERec/BrigMec no Exercício COIOTE 181.
exemplar, pois o pormenor podia fa-
Combat Ready
zer a diferença. O objetivo principal
A Força obteve a Certificação, o relatório da avaliação operacional, espelhou os pontos fortes e vulnerabilidades, no qual foram corrigidas as recomendações, durante o período de Stand-By, mas sobretudo significou para a Força o sentimento de realização pessoal e de dever cumprido.
era cumprir as tarefas com competência e empenho. Durante o Exercício o Esquadrão executou tarefas de Segurança da Área da Retaguarda e de Cerco e Busca.
Considerações Finais As principais dificuldades e desafios foram a integração e treino de todos os militares oriundos de várias Unidades, o espaço de tempo limita-
O facto ter havido a oportunidade de interação com os camaradas do ERec/BRR, potenciou um aprontamento mais eficiente sendo uma boa prática a manter. A validação interna contribuiu para ajudar o Comandante na revisão e concretização das situações que ainda estavam por findar. Este tipo de encargo aportou sem dúvida uma mais-valia significativa, proporcionando oportunidades de treinos específicos em certas áreas (IED, NBQR). O Esquadrão de Reconhecimento da Brigada Mecanizada obteve a Certificação Nacional e foi classificado como Combat Ready, facto este que muito nos orgulhou e seguramente contribuiu para o prestígio do Exército e de Portugal.
Fig. 9 - Cerimonia Militar comemorativa da conclusão da missão do Esquadrão de Reconhecimento da Brigada Mecanizada no âmbito do mecanismo EU LRR.
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P r i n c í p i o s do Reconheci mento d a Dout r i na à Pr át i ca
Ten Cav Gonçalves Valério - ERec/BrigMec “C2Q, C2Q aqui Y2T. Informo chegada a LP [Linha de Partida] e peço autorização para iniciar missão. Escuto!” “Y2T, Y2T aqui C2Q. Autorização concedida. Inicie Missão. Escuto!” “C2Q, C2Q aqui Y2T. Recebido. Terminado!”
A estática1 regressa à rede após as transmissões que dão início a mais uma operação de reconhecimento ou segurança do Pelotão de Reconhecimento. Numa operação de reconhecimento o Pelotão de Reconhecimento [PelRec] inicia o seu deslocamento ultrapassando a Linha de Partida e, ao atingir o Ponto de Irradiação do Pelotão, desenvolve e constitui-se em três equipas; as Esquadras de Exploração [EsqExpl] dirigem-se para os flancos e a Secção de Atiradores [SecAt] e a Secção de Carros de Combate [SecCC] reconhecem o centro da Zona, normalmente apoiados ao longo de um itinerário central. Esta organização típica que denota a separação de forças reforça a necessidade de um planeamento apurado combinado com aquilo que é conhecido por “Decisão do Cavaleiro” (Center for Army Lessons Learned, 2016). Esta necessidade de “Decisão” é difícil de encontrar numa outra tipologia de forças convencional a não ser nas unidades de Reconhecimento. Esta capacidade de decisão é assim baseada na experiência e treino que incutem os Princípios do Reconhecimento e Segurança e que garantem intuitivamente uma base racional para a Decisão (Center for Army Lessons Learned, 2016). Por esta razão é necessário que os comandantes de esquadra e secção tenham presente a ordem de operações, onde lhes foi transmitida a informação que lhes permite coRuídos nos aparelhos de rádio causados por impulsos elétricos espúrios na eletricidade atmosférica. 1
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Fig. 1 - ERec/BrigMec no HOTBLADE18.
mandar de acordo com a intenção do seu Comandante de Pelotão. Mais do que as tarefas atribuídas, é essencial terem presente a “Orientação do Comandante para o Reconhecimento”2, que deve ser definida no conceito da operação, e é composta pelo Foco (Ameaça/Terreno), Ritmo3 (Rápido e Deliberado para nível de detalhe e Furtivo/Forçado para nível de furtividade) e o Critério de Empenhamento, Desempenhamento e de Mudança de Posição4. São essas as balizas para a sua ação, que é fundamentalmente executada longe do seu comandante direto e que tem implicação no sucesso da missão e na probabilidade de sobrevivência dos militares. A estes critérios definidos em ordem de operações aliam-se os já referidos princípios das operações de reconhecimento que são: • Garantir a continuidade do reconhecimento; Tradução livre do Autor de “Commander’s Reconnaissance Guidance”, esta não está definida na doutrina portuguesa, está, no entanto, presente na doutrina orientada para as operações de Reconhecimento e Segurança do Exército dos EUA. 3 Tradução livre do autor de “Tempo”. O Ritmo não surge na doutrina portuguesa. Este termo é a combinação do nível de detalhe e nível de furtividade. Rápido e Deliberado definem o nível de detalhe enquanto Furtivo e Forçado definem o nível de furtividade. O Ritmo é por exemplo Rápido e Forçado ou Rápido e Furtivo (Center For Army Lessons Learned, 2017). 4 Tradução livre de “Displacement Criteria” cuja definição é “… combinação de condições relacionadas com o Inimigo, Forças Amigas ou de Tempo que ditam quando a unidade deve quebrar todas as formas de contacto com o Objetivo do Reconhecimento e alterá-lo ou continuar a missão noutro local.” (Center For Army Lessons Learned, 2017, p. 12). 2
• Não manter meios do reconhecimento na reserva; • Orientar-se pelo objetivo do reconhecimento; • Relatar com rapidez e precisão todas as informações; • Manter a liberdade de manobra; • Estabelecer e manter o contacto com o Inimigo; • Esclarecer rapidamente a situação. Mais do que preceitos memorizados, os princípios servem para orientar a conduta em operações, quando a situação exige uma decisão perante um elemento novo não contemplado na ordem de operações e/ou na falta de contacto com o comandante direto. A distância a que os diversos elementos do pelotão trabalham pode resultar numa quebra de comunicações com o comandante de pelotão, o que deixa o ónus da decisão no comandante daquela subunidade que se encontra isolada. Tendo isto presente é importante perceber através de exemplos práticos em operações a aplicação destes princípios, garantindo a sua perceção de forma mensurável e discutível entre pares. O comandante da 1EsqExpl (que se desloca no flanco OESTE) relata
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2. Dividir a SecCC e atribuir um CC à 1EsqExpl quebrando o princípio do sobreapoio entre os CC, mas possi-
4. Dar indicações para a 1EsqExpl, procurar um itinerário alternativo e prosseguir missão, ultrapassando os elementos inimigos. Com estas possibilidades em mente, entram em equação todos os critérios definidos na OOp, o tempo de reação e execução para cada uma das modalidades levantadas e a necessidade de manter a liberdade de manobra. Decide executar uma combinação das anteriores, pedindo ao seu escalão superior fogos indiretos para bater o inimigo e enviar o seu Sargento de Pelotão com o seu CC em apoio da 1EsqExpl. O racional foi o de que se a 1EsqExpl tinha entrado em contato com elementos abrigados (denota-se a preparação do terreno) e com armas anticarro, existia uma grande
Fig. 2 - ERec/BrigMec no HOTBLADE18.
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Os fogos indiretos desorganizam o inimigo e, com a chegada do CC, rapidamente as forças inimigas são destruídas através da sua capacidade de fogo. O PelRec continua o seu movimento coordenando através de Linhas de Fase (LF) e Pontos de Referência (PR). Após alguns quilómetros de movimento, o Cmdt PelRec ouve na rede rádio uma comunicação de outro Cmdt de PelRec (no seu flanco ESTE) que a ligação num Ponto de Ligação entre as forças dele com a sua 2EsqExpl não fora efetuado e ao tentar contactar com a sua 2EsqExpl não obtém qualquer resposta. O movimento do PelRec faz um alto na LF seguinte sendo que a SecAt e EsqExpl ocupam posições abrigadas que lhes garantem observação para os eixos de aproximação mais prováveis para a sua posição, e o Cmdt PelRec informa o seu Cmd de Esquadrão que não possui contato com a 2EsqExpl.
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1. Enviar a SecCC para apoiar a 1EsqExpl naquele momento, correndo o risco da sua SecAt ficar desguarnecida no seu apoio aos CC;
3. Pedir fogos indiretos para a posição da ameaça com a finalidade da sua destruição/neutralização ou no mínimo desorganização que permita a sua destruição posterior pela 1EsqExpl em contacto;
probabilidade de que na sequência da missão, a 1EsqExpl encontrasse mais ameaças daquele tipo. Daí a importância fulcral de ter um CC junto a si, o que combinado com o sistema TOW orgânico da EsqExpl já garante capacidade de sobrevivência e de combate necessárias. É importante referir o envio do CC do SarPel para o local, já que colocou no local, que naquele momento lhe parecia dos mais críticos, o militar tendencialmente com mais experiência no Pelotão. Importa pensar na razão do próprio Cmdt PelRec não se dirigir para o local. Apesar de ser o local mais crítico naquele momento, o Cmdt PelRec não pode esquecer como as suas forças estão estendidas ao longo de uma frente que pode ir até 5 km de largura, e que deslocando-se para um dos flancos, ou centrando-se numa das suas equipas, existe a enorme probabilidade de perder o foco do conjunto. Sendo assim, auxilia-se do seu SarPel para garantir o apoio naquele local enquanto ele mantem em vista o comando do conjunto da Força.
RI
Neste momento o Cmdt PelRec sabe que é imprescindível garantir a continuidade do reconhecimento naquela zona e por isso é vital decidir qual a Modalidade de Ação a adotar. As opções que se lhe apresentam são as seguintes:
bilitando um maior poder de fogo à 1EsqExpl e garantindo algum grau de segurança e apoio à SecAt;
Ó
contacto com um número desconhecido de forças inimigas abrigadas, que exercem fogos diretos de armas ligeiras sobre as suas viaturas, propondo eliminar a ameaça manobrando as viaturas e com fogos das suas Metralhadoras Pesadas [MP]. No decurso do seu movimento é batida por fogos de arma anticarro, não sendo atingida nenhuma das suas viaturas. Informa via rádio que recuou para uma posição coberta e que mantem observação sobre o local, mas não possui capacidade para destruir a ameaça - denota-se assim a preocupação em estabelecer e manter o contacto com o inimigo.
EM
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Após ouvir o relato na rede do escalão superior, e de se aperceber de fogos diretos entre a sua posição e a da 2EsqExpl, com que não tem contato, percebe a importância de esclarecer rapidamente a situação. Importa, pois, agir perante a situação, apresentando-se ao Cmdt PelRec várias modalidades: 1. Pedir o apoio do escalão superior para que autorize o deslocamento de forças do PelRec no seu flanco para dentro da sua zona tendo em vista descortinar o local dos disparos; 2. Deslocar-se ao local sem o apoio de ninguém, correndo o risco de se empenhar de forma isolada, perdendo a sua liberdade de manobra; 3. Deslocar-se ao local com o CC que apoia a SecAt garantindo-lhe proteção e poder de fogo no caso de entrar em contato com o Inimigo. Decide deslocar-se ao local com o apoio do CC garantindo que possui uma peça de manobra vital para desempenhar a EsqExpl se tal for necessário e que está protegido ao longo do seu movimento. Esta decisão implica que a estrutura seja completamente alterada; os CC estão separados e em flancos opostos, no centro do dispositivo encontra-se apenas a SecAt que ocupa uma posição desenfiada e observa o EAprox mais provável. É importante para o Cmdt PelRec
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transmitir esta realidade ao Cmd do Esquadrão, já que provavelmente no caso de um pedido de fogos indiretos a SecAt deverá ter prioridade por ser a que neste momento possui o Potencial de Combate mais reduzido. O Cmdt PelRec deverá também passar esta informação ao restante da força, já que o seu deslocamento para um flanco da Zona poderá significar a perda de comunicações com os elementos do flanco oposto. É importante o Cmdt da SecAt perceber que terá de servir de relé e que o SarPel que comanda a outra equipa tenha a perceção do dispositivo do PelRec no caso de o Cmdt PelRec seja posto fora de combate. Iniciando deslocamento para o local da última transmissão recebida, imediatamente é percetível ao Cmdt PelRec o som de fogos diretos de armas pesadas e de CC, conseguindo também distinguir o som do disparo de um míssil TOW quando se aproxima, dando imediatamente indicações ao CC que o acompanha para tomar posição à sua frente. Ao chegar ao local dos disparos vê distintamente elementos apeados a aproveitar uma dobra do terreno apoiados por uma viatura blindada com uma MP e por dois CC, um dos quais inutilizado, a bater a 2EsqExpl. Imediatamente comunica a sua chegada à 2EsqExpl para evitar fratricídio
e dá indicações ao CC para se posicionar no flanco das forças inimigas. Envia para o seu escalão superior o relato do contato com forças inimigas e a sua posição de forma sucinta sabendo a importância de relatar com precisão e rapidez todas as informações. Perante uma situação deste tipo em que o contato é efetivo e a rapidez de ação é imperiosa, o tempo é o fator determinante. No entanto é vital a passagem da informação, de forma a possibilitar o Comando e Controlo do Escalão Superior, garantindo o conhecimento da realidade no terreno e o apoio no caso de ser necessário. Devido ao tipo de situação, não se deve, no entanto, alongar na descrição, aplicando-se aqui o tópico da rapidez, centrando-se a passagem de informação ao essencial - qual o tipo de contato, localização e ligeira descrição dos acontecimentos. Deve ser realizado no final da ação, ou caso se altere algum dos elementos, uma descrição mais elaborada de forma a que o escalão superior possa reagir à situação convenientemente e garanta-se assim uma Imagem Operacional Comum5. O Cmdt de PelRec recebe uma transmissão de que o TOW está pronto para ser lançado e é nesse momento que manda abrir fogo ao CC que elimina a viatura blindada provocando a reação imediata do CC inimigo 5
Tradução livre do autor de “Common Operational Picture”..
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de virar a torre para enfrentar a nova ameaça. Nesse momento o TOW é disparado acertando no anel da torre. Rapidamente desenvolvem com as suas VBTP para garantir a eliminação do restante elemento inimigo, que retira aproveitando o coberto das árvores. O Cmdt da 2EsqExpl propõe a perseguição dos elementos inimigos justificando que a sua captura pode providenciar informações importantes para a restante operação. O Cmdt PelRec volta a ter diversas modalidades de ação possíveis: 1. Permitir a perseguição do elemento inimigo, tendo em vista a sua eliminação e/ou eventual captura; 2. Não permitir a perseguição do elemento inimigo.
Fig. 4 - ERec/BrigMec no HOTBLADE18.
“Y2T, Y2T aqui C2Q. Autorização concedida. Prossiga Missão. Escuto!” “C2Q, C2Q aqui Y2T. Recebido. Terminado!”
A exposição aqui feita pretende enunciar possíveis situações em que os princípios do reconhecimento sejam aplicados de forma prática. Percebe-se a complexidade de comandar
BIBLIOGRAFIA Center for Army Lessons Learned. (2016). Scouts in Contact - Tactical Vignettes for Cavalry Leaders. Washington: Center for Army Lessons Learned. Center For Army Lessons Learned. (2017). Reconnaissance and Security Commander’s Handbook - Lessons and Best Practices. CALL. Exército EUA. (2013). FM 3-90-2- Reconnaissance, Security, and Tactical Enabling Tasks Volume 2. Washington: Exército EUA. Exército EUA. (2015). FM 3-98 - Reconnaissance and Security Operations. Washington: Exército EUA. Exército Português. (2016). PDE 3-01-00 - Tática de Operações de Combate Vol II. Lisboa: Exército Português.
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“C2Q, C2Q aqui Y2T. Informo chegada a LF AZUL, e peço autorização para ultrapassar LF e prosseguir missão. Escuto!”
forças isoladas no campo de batalha, tornando-se essencial a principal arma do reconhecimento, as comunicações. É através do mesmo que é possível ao Cmdt PelRec decidir a melhor modalidade de ação, mantendo a Imagem Operacional Comum. A realidade da responsabilidade de um Comando descentralizado ao nível do Oficial e do Sargento numa unidade de reconhecimento determinam a necessidade de um profundo conhecimento da doutrina, NEP’s e TTP’s em vigor possibilitando assim o cumprimento da intenção do Comandante segundo um racional comum.
RI
Relatando tudo o que aconteceu ao seu escalão superior, o Cmdt PelRec dirige-se à sua posição central em relação ao movimento com o apoio do CC. Chegando ao local transmite à rede:
Ó
Esta decisão implica a ponderação de vários fatores, já que a perseguição aos elementos inimigos, no caso de captura, poderia garantir-lhe informações importantes para o resto da operação, e no caso de apenas eliminarem a ameaça evitava-se que informem o seu escalão superior do dispositivo das suas forças. Parece assim profundamente vantajosa a perseguição. Há que considerar, no entanto, que os elementos inimigos iriam provavelmente dirigir-se para a última posição segura que eles conheciam, que poderia estar reforçada colocando as nossas forças em perigo. É importante referir também que no decurso de todo este movimento, as restantes forças do PelRec se encontram imóveis e que a probabilidade de serem detetadas e de entrarem em contato aumenta a cada momento que não alteram a sua posição. É importante ter também presente o princípio de orientar-se pelo objetivo do reconhecimento, e decide não perseguir o inimigo e continuar a missão como planeado.
EM
Par te I I - A t i vi dade O per aci onal
A Evo lu ç ã o d o A p o i o de Fogos da Bri gada Mecani zad a P r o spet i vas de Fut ur o
GAC/BrigMec Enquadramento
A Brigada Mecanizada (BrigMec) associa-se à North Atlantic Treaty Organization (NATO), desde a sua origem em 1953, como Divisão Nuno Álvares, passando pela 1ª Brigada Mista Independente1 em 1978, até à atualidade, como Unidade afiliada do NATO Rapid Deployable Corps Spain (NRDC-ESP). Por forma a poder ombrear com os seus congéneres e estar a par dos níveis de prontidão e de interoperabilidade exigidos por aquela organização, esta Grande Unidade (GU) do Exército Português deverá acompanhar em permanência, a evolução das funções de combate Comando-Missão e Informações, Movimento e Manobra, Proteção e sobretudo da função Fogos. O presente artigo pretende abordar as tendências de evolução da função de combate Fogos, no que concerne à Artilharia de Campanha (AC) e à única Unidade de AC da BrigMec, o Grupo de AC 15.5 Autopropulsionado (GAC 15.5 AP), apresentando uma prospetiva de evolução dos seus Sistemas de Aquisição de Objetivos, de Comando, Controlo e Coordenação (C3), de Armas e Munições. Tendências de evolução
Apesar dos conflitos convencionais permanecerem relevantes, a natureza da guerra tornou-se mais complexa, devido sobretudo à evolução tecnológica, ao serviço da indústria bélica e aplicada às Técnicas, Táticas e Procedimentos (TTPs) dos contendores. As modernas forças armadas devem por isso, estar preparadas para atuar em todo o espetro do conflito, sendo expectável que este possua um caráter assimétrico e com intervenção crescente de forças irregulares no seio da população, principalmente em 1
Denominada nessa altura como “a Brigada NATO”.
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áreas urbanas (Coimbra, 2011). Por forma a maximizar os meios disponíveis no campo de batalha e ao mesmo tempo minimizar danos colaterais, é importante a integração dos fogos terrestres, com os fogos aéreos e navais, aos mais baixos escalões. A atribuição de Equipas de Fire Support Team (FST) ao nível Companhia, dispondo de sistemas digitais de apoio ao Close Air Support (CAS) e de gestão e controlo do espaço aéreo, associada à utilização de novos sistemas de Aquisição de Objetivos, tanto terrestres como aéreos, com sensores ativos e passivos ou com capacidades complementares (radares, designadores laser, sistemas não tripulados) que possibilitem localizar, identificar e adquirir objetivos a grandes distâncias e com elevado poder de discriminação, permitirá aumentar a precisão dos fogos conjuntos e dos efeitos que se pretende alcançar no objetivo, reduzindo a possibilidade de ocorrência de baixas nas nossas tropas e na população civil, bem como a quantidade de munições necessárias. O emprego de sistemas não tripulados, sobretudo os aéreos, aumentou exponencialmente, sendo possível que no futuro, os conflitos físicos venham a ocorrer entre este tipo de sistemas (Mainha, 2013). Os futuros sistemas de C3 da AC
deverão ser interoperáveis com os sistemas NATO, serem automáticos e capazes de integrar as capacidades de Apoio de Fogos do Exército, num ambiente conjunto e combinado, possibilitarem a obtenção de uma Common Operational Picture (COP) georreferenciada para apoio ao Targeting, ao planeamento e conduta das operações e ao processo de tomada de decisão, poderem utilizar redes rádio com baixo débito de dados, garantindo o seu funcionamento mesmo em condições adversas e fruírem de elevada portabilidade e de um reduzido peso logístico (Exército, 2017). No caso dos Sistemas de Armas da AC, a tendência de evolução vai no sentido da melhoria da sua capacidade de manobra e flexibilidade, de forma a permitir uma maior capacidade de projeção por meios aéreos, terrestres ou navais (por essa prioridade), bem como a sua adequação ao atual espaço de batalha e a conseguir acompanhar e apoiar contínua e oportunamente, o Movimento e Manobra, com fogos de massa, precisos, profundos e versáteis, sempre que necessário. De modo a aumentar a capacidade de sobrevivência, reduzir a organização e flexibilizar a manobra de materiais e de emprego das Unidades de AC, estas deverão dispor de
Fig. 1 - Projeto Non-Line-Of-Sight Cannon (NLOS-C).
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materiais com autonomia topográfica e balística, no âmbito do seu posicionamento, orientação e cálculo de dados balísticos. O aumento da automatização, quer dos procedimentos ao nível Tático, nos Sistemas de Comando e Controlo (C2) ou na Organização para o Combate (atribuição de pelotões dedicados, por exemplo), quer ao nível técnico do Tiro (como o transporte e carregamento automático das munições – nos projetos XM2001 Crusader e XM1203 Non-Line-Of-Sight Cannon, entretanto abandonados), exponenciará a eficácia dos materiais de AC, permitindo reduzir o número de elementos da guarnição. Os recentes avanços tecnológicos no campo da balística interna, possibilitaram um aumento do alcance dos materiais de apoio de fogos indiretos, sobretudo os de calibre 120 e 155mm. Outra tendência de evolução é a generalização do calibre 155mm, face sobretudo à sua capacidade de utilização extensiva de munições de precisão, como por exemplo, da granada “Excalibur” (EME, 2004). Atualmente, a integração da função de combate Fogos com a função Movimento e Manobra, é um exemplo da necessidade de utilização de Munições com elevada precisão e alcance, pois é frequente a colocação de pequenas forças no terreno, muito próximas do objetivo. O emprego de munições guiadas através de GPS2, em detrimento das com guiamento terminal por laser ou infravermelhos, permite aumentar a precisão do tiro de AC (o erro provável circular é de apenas 2 a 5 metros), aumentar a capacidade de sobrevivência dos observadores avançados ou equipas FST, reduzir a quantidade de munições necessárias, bem como diminuir efetivamente a probabilidade de fratricídio e de danos colaterais. Em cenários e operações em que o emprego de munições letais não seja possível ou conveniente, a disponibilidade de uma Global Positioning System (GPS) – Sistema de Posicionamento Global.
Fig. 2 - Estação de Observação Digital CORAL CR.
grande variedade de munições não letais (fumos, iluminantes, gás e aerossóis, fibra de carbono e compósitos) permitirá ampliar o leque de efeitos possíveis de alcançar. O emprego destes novos standards de munições, irá conduzir por sua vez, ao aparecimento de novos Sistemas de Armas que as consigam disparar (EPA, 2010). Da evolução dos sistemas aéreos não tripulados (vulgo drones), derivou o advento das designadas como Munições Exploradoras ou “Vadias” (loitering munition), as quais circundam (vagueiam ou vadiam) em torno da área do objetivo, em busca de alvos remuneradores, atacando (têm cabeças explosivas) ou abortando a missão, caso não seja detetado ou as condições para o seu cumprimento não estejam reunidas (CSD, 2017). Prospetivas de futuro
Aquisição de Objetivos Nos “olhos” do Sistema de AC, além do emprego pelas Equipas de
Observação Avançada (OAv) das Estações de Observação Digital Coral CR, equipamentos fornecidos recentemente ao GAC 15.5 AP, bem como da substituição dos seus equipamentos analógicos de Comunicações e Sistemas de Informação (CSI), por digitais (vulgo E/R PRC-525) e da modernização das Viaturas Blindadas de Transporte de Pessoal (VBTP) M113 atribuídas como Fire Support Vehicle (FSV), importa desenvolver, dinamizar e concretizar o conceito de evolução dos OAv como elemento de uma equipa FST ou Fire Integration Support Team (FIST), equipas treinadas e certificadas que podem solicitar, ajustar e controlar fogos indiretos, fornecer informações em apoio de CAS de tipo 2 e 3 aos Tactical Air Control Party (TACP) (Joint Terminal Attack Controler (JTAC) na doutrina dos Estados Unidos da América (EUA)) e executar operações de guiamento terminal autónomas. Os FST não pretendem substituir os TACP, apenas garantir esta sua capacidade aos mais baixos escalões, até ao nível Companhia (EME, 2018). C3 O “cérebro” do Sistema de AC do GAC 15.5 AP, materializado pelo seu Sistema Automático de Comando e Controlo (SACC), devido à vetustez de grande parte dos equipamentos que o constituem, dificuldades de interoperabilidade e complexidade na formação e treino dos seus operadores, foi recentemente considerado obsoleto, nomeadamente os equipamentos que constituem o Advanced Field Artillery Tactical Data System (AFATDS). A possibilidade deste sistema ser substituí-
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Fig. 3 - Battlefield Management System (BMS).
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do por uma das versões do Battlefield Management System (BMS), designadamente o Headquarters Management System (HMS), configurado pela Critical Software, empresa portuguesa criadora desta plataforma, de acordo com os requisitos colocados pelo Exército, poderá vir a ser tornar-se uma realidade a curto, médio prazo (Exército, 2017). A NATO atribui capacidades aos GAC para apoio a Brigadas Blindadas, Pesadas e Médias sendo a adaptação dos Sistemas de Armas de AC com os requisitos NATO, baseadas nos seus Capability Codes and Capability Statements (2016), onde são definidas as capacidades que as forças de todos os países integrantes terão de possuir, para poder intervir num Teatro de Operações (TO), tendo em conta todas as Áreas de Operações (AOp) e em todo o espetro de conflito. O GAC 15.5 AP cumpre os requisitos NATO, embora com algumas lacunas, mormente o SACC e a sua interoperabilidade, bem como o alcance do seu Sistema de Armas, embora haja abertura da NATO para a resolução dessas limitações em termos temporais (NATO, 2016). Sistemas de Armas Os “Músculos” do Sistema de Armas de AC do GAC 15.5 AP são os seus 18 Obuses M109 A5 155mm Autopropulsados (AP), material fabricado nos EUA e adquirido em 2002, para substituir a versão A2 que equipava o Exér-
Fig. 5 - Obus M109A6 Paladin.
cito Português desde 1982. O M109 foi desenvolvido na década de 50, sendo o modelo M109 A5 uma versão melhorada do modelo A4, com um canhão M284 que permite um alcance de 19.300 m, sendo superior aos modelos antecedentes, com a possibilidade ainda de conseguir alcances na ordem dos 40.000 m através do emprego de munições assistidas. Este obus é guarnecido por 08 elementos, sendo que possui uma cadência de tiro de 04 tiros obus minuto (t.o.m) nos 03 primeiros minutos e uma cadência normal de 01 t.o.m. A cabine do M109 A5 opera a 360 grau, possibilitando a capacidade de fornecer apoio de fogos em qualquer direção (Martinho, 2010).
curto ou médio prazo: • Obus M109 A5+ Esta é uma atualização da versão M109 A5 com capacidade de digitalização das missões de tiro. Esta atualização prevê um Sistema de Posicionamento e Navegação, um ecrã destinado ao Comandante, novos Rádios Digitais, um Sistema de Controlo de Armas e um Sistema de Travamento Automático do Tubo operado remotamente, para além do aumento da potência do motor e de um radar cronógrafo integrado que possibilita medir a velocidade inicial (BAE Systems, 2016). A sua aquisição, é uma possibilidade a ser prevista na Lei de Programação Militar (LPM 2019-2030) tendo associado um custo total do upgrade de cerca de 27.000.000€ para os 18 obuses, ou seja, 1.500.000€ para cada Obus (EME, 2015).
Seguidamente apresentamos vários materiais de AC, que poderiam vir a substituir o M109 A5 155mm AP, a
• Obus M109A6 “Paladin” Uma versão subsequente ao M109 A5 é o M109 A6 “Paladin”, sistema operado por apenas 04 militares, chefe de viatura, condutor, apontador e municiador3, tendo as seguintes capacidades idênticas à versão A5+: receber informação através de um canal seguro de voz e dados digitais, Computador de Tiro; capacidade para desbloquear remotamente o Tubo Canhão do apoio de marcha. Fig. 4 - A atualização do Obus M109A5+.
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Commander, Driver, Gunner e Loader.
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Munições Relativamente às munições que os “Músculos” do Sistema de Armas de AC do GAC 15.5 AP poderão lançar, não obstante a atual escassez de Munições, Explosivos e Artifícios de Fogo (MEAF) para material 155mm e a diminuta possibilidade de estas poderem vir a ser adquiridas e disponibilizadas a curto ou médio prazo, apresentamos os mais recentes desenvolvimentos neste âmbito:
• Obus M109 A7 O material para equiparar a função de combate Fogos da BrigMec, com o Movimento e Manobra, liderado pelo moderno Carro de Combate (CC) Leopard 2A6, seria a última versão do Obus M109, a A7, que possui maior desempenho, capacidade de
“Shoot and Scoot” – fazer fogo e bater em retirada rapidamente.
No que cabe ao desenvolvimento e melhoria das munições de AC, a “Silver Bullet” é uma espoleta que consegue transformar uma munição de 155mm convencional, numa munição guiada de precisão, desenvolvida pela BAE Systems. As principais características desta espoleta são: funcionar de forma modular; possibilitar a correção da trajetória; ser altamente precisa com uma Circular Error Probability (CEP)5 de menos de 20 metros; e ser multifuncional de rebentamento em tempos, por impacto ou atraso. O seu emprego permite reduzir os danos colaterais em ambiente urbano, deixando de haver a necessidade de enquadramentos, reduzir o consumo de munições, permitir missões de tiro mais rápidas e aumentar consequentemente a eficiência contra alvos sensíveis ao tempo (BAE Systems, 2019a). • “Excalibur” O futuro das munições de AC passa também pela “Excalibur”, desenvolvida através de uma parceria entre a Raytheon Company e a BAE Systems Bofors. Esta munição é considerada como “a verdadeira arma
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Fig. 7 - Silver Bullet.
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• “Silver Bullet”
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Probabilidade de Erro Circular.
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resposta, letalidade e capacidade de sobrevivência da tripulação, que o M109 A5. Este Obus tem capacidade de fazer “shoot and scoot”4 facilitando as ações de contrabateria, o seu casco é idêntico ao da viatura “Bradley”, com um upgrade no motor para os 675 cavalos, possibilitando uma aceleração e um deslocamento mais rápido, podendo assim acompanhar o ritmo das forças de manobra que apoia. Pode operar de dia ou de noite, em todas as condições meteorológicas, fornecendo apoio de fogos oportunos e precisos com um alcance superior a 30.000 m. Todas estas características, associadas ao seu sistema automático de extinção de fogos fornecem uma maior capacidade de sobrevivência da tripulação. Por fim, as atualizações do seu casco, torre, suspensão e sistema de locomoção, necessitam de uma manutenção mais simples e rápida, o que permite obviar o tempo despendido na manutenção, já que possui um computador a bordo com um programa de diagnóstico, que rapidamente identifica os problemas de equipamentos (BAE Systems, 2019b).
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Estes sistemas possibilitam que o obus pare durante o seu deslocamento e dispare a primeira munição em menos de 60 segundos, retirando de seguida e protegendo assim a tripulação de fogos de contrabateria. É o principal Obus AP do Exército do EUA, teve grande visibilidade nas operações no Iraque em 2003 e na sua continuação. Possui um tubo canhão M182 com alcance de 24.000 m para munições convencionais ou 30.000 m para munições assistidas, tem uma cadência de tiro máxima de 08 t.o.m. ou então 03 tiros em quinze segundos e pode suster uma cadência de tiro de 1 tiro a cada três minutos. As grandes diferenças para o M109A5, são os aumentos da capacidade de armazenamento, da sobrevivência (blindagem) e a possibilidade de aumentar a sua potência para os 600 cavalos com um motor Cummings (Army Techology, 2019).
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Fig. 6 - Obus M109A7.
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de precisão”, com uma capacidade de precisão de 02 metros, podendo ainda ser empregue em quaisquer condições atmosféricas. Consegue ainda aumentar o alcance das armas 155m para 50.000m de alcance, tendo sido já consumidas em combate até à data, cerca de 1.400 deste tipo de munições (Raytheon, 2019). A precisão da “Excalibur” permite reduzir drasticamente o tempo que demora a executar uma missão de tiro, assim como os custos e o peso logístico associado. Resultados de testes demonstraram que por norma, são necessárias 10 munições de AC convencionais, para alcançar os mesmos efeitos que uma munição “Excalibur” (Defense Daily, 2018).
Fig. 9 - Granada VULCANO.
uma altura de rebentamento, em tempos, em percussão e em percussão com retardamento e que possui um alcance de 50.000m e na versão guiada através de GPS, Guided Long Range7 (GLR), com a opção de ser direcionada por laser no final da trajetória e que possui um alcance de 70.000m. Esta munição tem calibre 127mm, tendo sido inicialmente desenvolvida para a Artilharia Naval e por sua vez foi adaptada com uma cápsula, para ser utilizada nas plataformas de 155mm, a qual é libertada após o disparo, permitindo também a proteção das aletas que vão ajustar
• Vulcano 155 Esta é uma munição de AC desenvolvida através da cooperação entre a empresa Leonardo e a BAE Systems, na versão não guiada Ballistic Extended Range6 (BER), onde é possível regular a sua espoleta para 6
Balística de Alcance Estendido.
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Guiada de Longo Alcance.
a trajetória para alcançar o objetivo desejado (Leonardo, 2019). Conclusões
O presente artigo pretendeu, em primeiro lugar, dar a conhecer algumas das mais recentes e relevantes evoluções tecnológicas nos vários componentes do Sistema de AC (Aquisição de Objetivos, C3, Armas e Munições), modelarmente adaptados e ajustados às necessidades dos atuais conflitos. Em segundo lugar, pretendeu apresentar uma prospetiva de evolução da função de combate Fogos na BrigMec, mais concretamente da AC e do seu GAC 15.5 AP, tendo em conta a aplicabilidade dos novos materiais e equipamentos, à missão desta Unidade. Face aos atuais constrangimentos financeiros e à atribuição de prioridades, quer nas aquisições pela LPM, quer do Exército, acreditamos que alguns destes “projetos” possam vir a tornar-se uma realidade, permitindo ao GAC 15.5 AP contribuir para o aumento da capacidade e flexibilidade de resposta dos Fogos da BrigMec.
Fig. 8 - Granada 155mm EXCALIBUR. BIBLIOGRAFIA ARMY Techology, (2019). Army Techology - Projects. Disponível em: <https://www.army-technology.com/projects/paladin/> BAE Systems. (2016). BAE Systems to Provide Upgraded Self-Propelled Howitzers to Brazilian Army. 19SET16. Disponível em: <http://www.baesystems.com/en-us/article/bae-systems-to-provide-upgraded-self-propelled-howitzers-to-brazilian-army> BAE Systems, (2019a). Silver Bullet. 29JAN19. Disponível em: <https://www.baesystems.com/en/product/silver-bullet--precision-guidance-kit> BAE Systems, (2019b). M109A7 Self-Propelled Howitzer. 31JAN19. Disponível em: <https://www.baesystems.com/en/download-en/20180830172601/1434555363011.pdf> COIMBRA, A. J. P. D. (2011). O ambiente estratégico internacional e as exigências que se colocam à artilharia. Revista de Artilharia, 1034-1036, 331–338. LISBOA. CSD (Center of the Story of the Drone). (2017). Loitering Munitions in Focus. Disponível em: <https://dronecenter.bard.edu/files/2017/02/CSD-Loitering-Munitions.pdf> Defense Daily. (2018). GPS-Guided Shells: The New Excaliburs. 19JUN18. Disponível em: <https://www.defenseindustrydaily.com/us-begins-ordering-excalibur-ib-gps-guided-sheels-08943/> EME (Estado-Maior do Exército), (2004). MC 20-100 Manual de Tática de Artilharia de Campanha. Exército Português. LISBOA. EME, (2015). O futuro da artilharia, capacidades, tendências e LPM. Exército Português. LISBOA. EME, (2018). Joint Fires Observer (JFO) – Coordenação de meios OAv/JFO. 21JAUN18. Disponível em: <https://ecitydoc.com/download/observador-avanado-com-experiencia_pdf> Escola Prática de Artilharia (EPA), (2010). As inovações nos sistemas de armas de artilharia de campanha. Boletim da Escola Prática de Artilharia (XI/II), pág 31–45. EXÉRCITO (2017). Exército testa Sistema de Comando e Controlo para baixos escalões. 16NOV17. Disponível em: <https://www.exercito.pt/pt/informa%C3% A7%C3%A3o-p%C3%BAblica/not%C3%ADcias/362> LEONARDO, (2019). VULCANO 155mm. 29JAN19. Disponível em: <https://www.leonardocompany.com/en/-/vulcano-155mm> MAINHA, Ricardo J. A., (2013). Sistemas de Armas de Artilharia Antiaérea: Atualidade e Prospetiva. Academia Militar. Lisboa. MARTINHO, B. (2010). O emprego da AC em regiões montanhosas. O caso do TO do Afeganistão. Academia Militar, LISBOA. NATO, (2016). Capability Codes and Capability Statements. NATO. Disponível em: <https://doi.org/10.2307/976255> Raytheon, (2019). Excalibur Projectile. Revolutionary Extended Range Projectile. 29JAN19. Disponível em: <https://www.raytheon.com/capabilities/products/excalibur>
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A E u r o p e a n U n i on Tr ai ni ng Mi s s i on no MALI Maj Art Costa Baptista - EUTM MALI
Antecedentes Em finais do século XIX, o atual território do Mali, que foi sede de três impérios da África Ocidental (os impérios do Gana, do Mali e do Songai), ficou sob controlo da França, tornando-se parte do Sudão Francês. Em 1960, juntamente com o Senegal, tornaram-se independentes da França, como a Federação do Mali. Quando o Senegal se retirou, após apenas alguns meses, o que antes constituía a República Sudanesa foi então renomeado de Mali. Após trinta anos de ditadura imposta por um único partido político, um golpe militar, em 1991, levou o país à escritura de uma nova constituição e à implementação da democracia, com um sistema pluripartidário. As primeiras eleições presidenciais democráticas do Mali, em 1992 e 1997, foram vencidas por Alpha Oumar Konare. Em 2002, foi sucedido por Amadou Toumani Touré, que foi reeleito em 2007, para um segundo mandato. Em 2011, malianos de etnia tuaregue retornados da Líbia, elevaram o ambiente de tensão no Norte do país, rebelando-se e criando, em janeiro de 2012, o Movimento Nacional pela Libertação de Azawad (MNLA), que juntamente com o grupo Ansar Dine Islâmico, ameaçaram o poder central em Bamako, exigindo a independência da região de Azawad. Em poucos meses, todo o Norte do país (Kidal, Timbuktu e Gao) sucumbiu à ofensiva de rebeldes e jihadistas (BBC, 2012). Em março de 2012, o capitão Amadou Haya Sanogo, oficial do exército maliano, liderou um Golpe de Estado sem derramamento de sangue e assumiu a presidência do país, substituindo Touré. A 6 de abril do mesmo ano, o MNLA – sob a autoridade de Bilal Ag Acherif – declarou unilateral-
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mente a independência do Azawad. Em junho, os islamitas assumiram o controlo total da revolta tuaregue, impondo cruelmente a lei da Sharia no Norte do país; houve então deslocamentos populacionais maciços, do Norte para o Sul do Mali e outros países fronteiriços.
Nesse seguimento e no quadro dos compromissos internacionais assumidos por Portugal, as suas Forças Armadas (FA) integram a European Union Training Mission in Mali (EUTM MALI), no 4º mandato, desde maio de 2018, contribuindo com um máximo de 12 militares dos três Ramos, ao nível do treino e assessoria à formação das FA do Mali, com a finalidade de contribuir para a restauração da sua capacidade militar e tendo como objetivo, o restabelecimento da integridade territorial do país. Entre abril e outubro de 2018, Portugal contribuiu para o Grupo de Comando desta missão, tendo assumido o cargo de 2º Comandante o coronel de Cavalaria Varregoso (EMGFA, 2019). A EUTM MALI
Em resposta ao pedido de apoio do novo governo de transição de Dioncounda Traoré, a França desdobrou-se na “Operação Serval”, com o apoio das forças malianas e chadianas, impedindo o avanço dos grupos islâmicos radicais no sentido Norte-Sul, com destino a Bamako. Em poucas semanas, a reação internacional reprimiu os jihadistas, que abandonaram seus redutos no Norte, camuflaram-se entre a população e refugiaram-se nos seus antigos santuários no Saara ou fora das fronteiras do Mali (PARENTI, 2018). Em 20 de dezembro de 2012, foi adotada a Resolução 2085 do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), reafirmando-se a importância da restauração da integridade territorial e da soberania do Mali e especificando o compromisso da União Europeia (UE) em garantir o treino militar das Forças Armadas Malianas (FAM), tendo sido promovida pelo Conselho da UE, a primeira missão de 15 meses, com início em 2013.
Atividade Operacional Ao longo dos diversos mandatos, a missão de treino tem vindo a expandir-se pelo território através da projeção das Combined Mobile Advisory Training Team (CMATT) - equipas personalizadas que integram elementos de diferentes países e unidades da EUTM MALI, com o objetivo de realizar ações de treino e assessoria, de forma intensiva, em qualquer uma das sete regiões militares que compõem a área da missão. A EUTM MALI, através da Advisory Task Force (ATF), presta um enorme volume de ações de assessoria, ao nível estratégico e operacional, ao Ministério da Defesa, às autoridades das FAM, à sede das Regiões Militares e à Força Conjunta G5 Sahel, de modo a apoiar a implementação de reformas estruturais adaptadas às suas necessidades e à avaliação do desenvolvimento da reforma, em todo o território. Os assessores militares têm como missão, a partilha de conhecimentos
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técnicos com as suas contrapartes malianas, em áreas, como gestão de recursos humanos, logística, informações, operações, sistemas de informação, finanças e planeamento. O 4º Mandato A EUTM MALI constituiu-se como um pilar militar estratégico da UE no país, que inclui outros campos, como o desenvolvimento político e humanitário. A missão nasceu em 2013, para responder à necessidade de fortalecer as capacidades das FA do Mali, transferir-lhes autoridade para que poderem atuar de forma autónoma, na garantia da defesa e segurança do território e da sua população. Em maio de 2018, a EUTM MALI iniciou o 4º Mandato, mantendo-se os objetivos da missão, consolidar as melhorias alcançadas desde 2013, contribuir para a estabilização política e melhoria da situação de segurança no país, através do apoio à implementação do Acordo de Paz de Argel, bem como de apoiar a restauração do controlo estatal e o estado de direito em todo o Mali. Para atingir estes objetivos, a EUTM MALI tem baseado as suas atividades em quatro pilares: formação de unidades militares malianas, assessoria a todos os níveis para as FAM, contributo para a melhoria do Sistema de Educação Militar e das escolas ao nível ministerial e assessoria e treino à Força Conjunta G5 Sahel (EUTM, 2019).
nais, tornou-se um enorme desafio, que mais tarde se traduziu na mudança dos procedimentos operacionais de planeamento e controlo das operações realizadas pelas FAM, bem como em realização profissional e pessoal. Após nomeação para o cargo “Strategic Advisor for Operations and Plans”, neste TO do Mali e no âmbito da EUTM MALI, a frequência do Programa de Qualificação em Línguas Estrangeiras, ainda na fase pré-deslocamento, durante quatro semanas intensivas e orientado para o perfil linguístico exigido na língua estrangeira francesa, contribuiu claramente para o sucesso do desempenho das minhas funções. A capacidade de comunicar na língua francesa revelou-se uma ferramenta indispensável para estabelecer comunicação, tanto internamente na ATF, como com as autoridades locais malianas, permitindo fomentar boas relações humanas durante a missão, fortalecer a confiança no trabalho da assessoria e maximizar a credibilidade por parte da Chefia da ATF e do Comando da EUTM. A célula J35/ATF constituída por cinco militares (três assessores - nível regional e dois assessores – nível estratégico) das diversas nações representadas na EUTM, tinha como missão principal, ligar-se com as respetivas autoridades e pessoal-chave das FAM e Forças de Segurança (FS) locais, visando mudanças processuais
e estruturais, no caminho da transferência de autoridade, como fase final do mandato. Após familiarização com o TO e com a criação do novo Centro Operacional Conjunto das FAM (Centre Opérationnel Interarmées – COIA), inaugurado em janeiro de 2018, em Bamako, realizou-se a primeira ação de assessoria no COIA, tendo como estado final a implementação de uma arquitetura de Comando e Controlo (C2), para permitir o planeamento e monitorização das operações para estabilidade do território. Esta ação de assessoria, visou formar os militares malianos no âmbito do planeamento de operações ao nível operacional, tendo em vista a certificação do COIA. Seguiu-se, de imediato, a minha nomeação como assessor permanente no COIA, onde perfiz nove meses, após ter prorrogado a missão inicial por mais seis meses. Posteriormente, no âmbito do contributo das FAM para a segurança do país e durante as eleições presidenciais 2018, a ATF nomeou-me como Oficial Primariamente Responsável (OPR) pelo planeamento, preparação e execução da segunda ação de assessoria, que teve como produto final, o conceito da operação militar em apoio das FS, durante aquele período eleitoral. Ainda como representante da EUTM, junto da Comissão de Segurança das Eleições 2018, no Ministério da
Experiência pessoal
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Em 20 de novembro de 2017, aterrei no Aeroporto Internacional Modibo Keita, em Bamako, no MALI, com muita curiosidade e expetativa, mas ao mesmo tempo com alguns receios que acabaram por se diluir no tempo. Tinha consciência da volatilidade deste Teatro de Operações (TO), mas a vontade de fazer algo novo e cumprir a minha missão em representação das FA Portuguesas, no âmbito dos seus compromissos internacio-
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Conclusões
Segurança e Proteção Civil, e na qualidade de Observador no Centro de Coordenação e Gestão de Crise, tive a oportunidade de contribuir para a inserção das FAM, no planeamento e execução das eleições presidenciais, que culminou com a apresentação do documento ministerial orientador para as FAM e FS, para a segurança durante o período eleitoral. Em coordenação com a United Nations Multidimensional Integrated Stabilization Mission in MALI (MINUSMA), ministrei duas formações de formadores, em Koulikoro e Ségou, sobre a segurança do processo eleitoral, dirigidas às regiões milita-
res do sul do país. Já durante o mês de setembro de 2018 fui nomeado, uma vez mais, OPR da terceira ação de assessoria, onde foi possível contar com o reforço de uma equipa de assessores (dois belgas e dois espanhóis) solicitada pela EUTM às respetivas nações, tendo com principal objetivo a elaboração do manual de procedimentos do COIA. Em apoio da equipa de formadores em Koulikoro, ministrei ainda formação durante o Curso de Comandantes de Companhia da Força Conjunta G5 Sahel, a qual me permitiu ter uma visão mais alargada da importância desta missão para a estabilidade do país.
Desmitificados os preconceitos e os receios, no final de doze meses de missão, pude constatar a relação de confiança estabelecida entre a EUTM e as FAM, a otimização das ferramentas disponíveis, assim como dos procedimentos adotados durante a conduta das operações e do próprio quotidiano e a estreita colaboração entre as FAM e as FS. Isto para dizer, que foi impressionante constatar como todos se interessam por aumentar e melhorar os seus conhecimentos, assim que compreendem que alguém quer ajudar! Integrar esta missão foi um desafio e uma oportunidade. Um desafio por ter sido a primeira vez que me afastei da família por um longo período de tempo; e uma oportunidade porque me possibilitou, diariamente, partilhar e aprofundar os meus conhecimentos técnicos de Estado-Maior (EM), aumentar o meu perfil linguístico na língua francesa, com os militares das FAM e com a comunidade internacional da EUTM, bem como confrontar os valores entre diferentes nações e diferentes culturas.
BIBLIOGRAFIA BBC (06ABR12). Entenda a Crise no MALI, disponível online em <https://www.bbc.com/portuguese/ultimas_noticias/2012/04/120406_mali_crise_envolvidos_fn> EMGFA (2019). Página da European Union Training Mission in MALI (EUTM MALI), disponível online em <https://www.emgfa.pt/pt/operacoes/missoes/eutmmali> EUTM (2019). Site oficial da EUTM MALI, disponível online em <http://eutmmali.eu/en/> PARENTI, Maria Carolina C. (2018). O conflito no MALI, in Dossier África, UnespCiência, págs. 14 a 17.
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A p o i o L o g í s t i c o a o Exer cí ci o K ABU L 182
O BA pS vc Mo n ta B a s e L o g íst i ca Avançada em Pont e- de- Sor ” Cap Inf Vilarigues Baião - Cmdt CRT/BApSvc
Embora os exercícios para avaliação da prontidão de uma Força, se centrem no objetivo da sua certificação, a sustentação das forças participantes assume especial importância, pois garante as condições para que as mesmas conduzam o seu treino, mas nem sempre tem o destaque merecido. De facto, no caso da Brigada Mecanizada, a missão de sustentar as audiências de treino, bem como a restante estrutura do exercício, é cometida ao Batalhão de Apoio de Serviços, que deste modo também conduz treino orientado para a missão.
No início do planeamento, o Comando do Batalhão de Apoio de Serviços (BApSvc) apresentou a intenção para o apoio logístico ao exercício. Cada companhia do BApSvc planeou e treinou o movimento de meios por via terrestre, assegurando uma capacidade remanescente em Santa Margarida para o apoio contínuo às atividades em curso.
Fig. 2 - Montagem de capacidades.
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Com o foco do exercício no apoio às forças em aprontamento e atividades militares complementares, foi necessário encontrar as instalações adequadas para fornecer o apoio,
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Planeamento inicial e preparação
Ao identificar as tarefas para o apoio logístico, foram definidas a orientação e a finalidade necessárias para as ações subsequentes do Estado-Maior, em termos de planeamento, execução e tipo de apoio. Na posse da intenção que providencia o “quê” e o “porquê”, o Estado-Maior muniu-se das ferramentas necessárias para responder às questões seguintes sobre o exercício “onde”, “quando”, “quem” e “como”.
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O exercício KABUL 182 teve como finalidade testar e avaliar as forças em desempenho de tarefas similares às que ocorrem no aeroporto Interna-
Fig. 1 - Coluna Militar.
cional de Kabul. Para o apoio logístico, o exercício foi dividido em quatro grandes eventos: planeamento inicial e preparação, movimento de meios, apoio contínuo e regeneração, e avaliação.
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A finalidade do presente artigo é analisar, identificar e descrever alguns aspetos associados ao exercício final de aprontamento da 2ºFND/QRF/ RSM e do 2ºNSE/RSM – KABUL 182, que decorreu de 10 a 19 de outubro de 2018 no concelho de Ponte de Sor. Associado ao exercício, realizou-se um conjunto de atividades militares complementares de divulgação do Exército e da Brigada Mecanizada (BrigMec), visitas e cerimónias, cujo apoio foi assegurado pela mesma estrutura de apoio logístico.
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Fig. 3 - Montagem de capacidades.
não só às forças em aprontamento e envolvidas nas atividades militares complementares, mas a todas as entidades e visitas que passaram pelo local do exercício. A área tinha de ter capacidade para os meios de armazenagem, confeção e distribuição da alimentação, parque para os meios de transporte, zona oficinal, alojamento, capacidade residual de alojamento para visitantes, avaliadores e observadores, armazenagem de artigos para reabastecimento, higiene pessoal, local de reabastecimento de combustíveis e próximo de locais de abaste-
cimento de água, pelo que foram visitados vários locais até se identificar um que reunisse o maior número de condições para o apoio logístico e outro para a realização do exercício. Simultaneamente à identificação do local, as companhias iniciaram a preparação dos meios através de atividades de manutenção de operador, de parque, apoio de unidade e inspeção dos equipamentos para uso no exercício. O oficial de operações determinou as capacidades a empregar no apoio logístico, o que permitiu aos coman-
Fig. 4 - Equipa de inspeção junto da Padaria de Campanha.
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dantes de companhia fazer os ajustes necessários ao plano de carregamento. Assim, foi identificada a necessidade para apoiar os 250 militares em exercício (forças em aprontamento, forças opositoras, observadores e avaliação), 80 nas atividades militares complementares e ainda assegurar uma capacidade complementar residual para visitantes, avaliadores e observadores adicionais, utilizando os seguintes meios: 7 viaturas táticas pesadas, 11 viaturas táticas médias, 1 viatura tática ligeira, 1 empilhador, 1 arca frigorífica, 1 arca de congelação, 3 tratores e respetivos semirreboques, 2 viaturas transporte de combustível (4.500 lts), 2 atrelados latrinas, 2 atrelados chuveiros de campanha, 1 viatura transporte de água com 5.000 lts, 1 cozinha de campanha, 1 padaria de campanha, 4 geradores com diferentes capacidades, 18 tendas, 1 atrelado estação de serviço, 1 atrelado com classe IX e 1 viatura pronto-socorro. Para a preparação dos meios para emprego no exercício, foi tida como base a cultura da segurança amplamente implantada no BApSvc, onde todos os militares têm a consciência que o primeiro passo para evitar a ocorrência de acidentes ou avarias é o bom estado das viaturas e meios, associados à disciplina e rigor. Para este tipo de exercícios é ativada uma
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Pela similaridade de processos associados à projeção e retração, estes foram tratados em períodos temporais distintos, mas com os mesmos princípios orientadores. Para que as atividades militares não perturbas-
Fig. 6 - Fornecimento de combustível.
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Apoio contínuo Os militares do BApSvc, tiraram proveito do crescimento gradual de efetivos ao longo dos três dias que antecederam o início do exercício Ka-
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Movimento de meios
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das cargas foi realizada por militares com formação específica ministrada no Regimento de Transportes. Como principal dificuldade nesta fase, destaca-se a identificação das viaturas a utilizar, pois a cubicagem disponível da caixa está dependente da forma como é preparada a carga, salvaguardando sempre que as partes laterais são, na generalidade, em lona.
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Fig. 5 - Interior das tendas com camas articuladas.
Equipa de Inspeção e Manutenção Preventiva (EqInspManPrev), cuja missão é garantir que todos os equipamentos destinados ao exercício, usados por via terrestre ou em missões diárias são objeto de verificações necessárias e serviços de manutenção preventiva, que estão devidamente acondicionados, que são seguros para operar e que estão num elevado estado de prontidão operacional. Esta EqInspManPrev, além das inspeções antes do exercício realiza inspeções durante o exercício, incluídos para validação dos planos de emergência, reportando unicamente ao Comandante o resultado das inspeções. A verificação final do acondicionamento
sem o ritmo normal das populações, e diminuir o risco de acidentes, foram estabelecidas várias colunas militares com os meios agrupados por afinidades e capacidade, salvaguardando a priorização de chegada ao destino, ou retração, dos meios. Assim, na projeção, a primeira coluna constituída maioritariamente por tratores e respetivos semiatrelados permitiu transportar entre outros meios, o empilhador. Ao colocar nos meios iniciais as viaturas de maior volume facilitou a realização de manobras no local destino. Na coluna seguinte foram transportados os meios relativos à alimentação, higiene pessoal e salubridade que permitiu iniciar a confeção, garantir as condições mínimas de higiene (latrinas) e a montagem dos ecopontos para manter o local em boas condições de limpeza. Na retração as condições de higiene e salubridade foram integradas na última coluna que saiu do local 2 dias após o final do exercício. Apesar de cumprido o normativo de identificar as colunas de viaturas militares, a principal dificuldade foi o não cumprimento das regras de segurança pela população civil, colocando em risco a segurança dos militares e dos próprios condutores civis.
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bul 182, e a montagem das atividades militares complementares para implementarem os ciclos para o normal funcionamento da estrutura de apoio logístico, das quais se destacam: reabastecimento de géneros, reabastecimento de água para as latrinas e banhos, entrega de resíduos no Ecocentro de Ponte de Sor, vazamento dos depósitos das latrinas, fornecimento de alimentação confecionada, funcionamento e manutenção de geradores e estrutura elétrica, reabastecimento de combustível, manutenção de apoio de unidade e de apoio direto, transporte de pessoal (para as atividades relacionadas com as atividades militares complementares), manutenção das infraestruturas (tendas e edifícios), testes do plano de emergência, entre outras. A materialização da necessidade de flexibilidade do apoio logístico foi perfeitamente sentida ao verificar o apoio em refeições confecionadas que variou entre as 74 e no pico máximo de 635 (distribuídas sempre em dois locais com uma separação geográfica de 3 km). Como principais dificuldades destaca-se a limitação de pessoal com conhecimentos técnicos para atividades relacionadas com canalização e eletricidade de construções, assim como a identificação de locais de apoio às diversas atividades, que em grande parte foi mitigada graças ao apoio do G9 da BrigMec. Regeneração e avaliação Finalizado o movimento e com a chegada ao aquartelamento do BApSvc, foi iniciada a descarga do material dando-se início à limpeza. Esta atividade, englobada na manutenção das viaturas e material, tem por finalidade, além de garantir a armazenagem do material em perfeitas condições de limpeza para emprego futuro, identificar possíveis danos para ser dado início ao processo de reparação. No decurso desta tarefa, a capacidade de resposta do BApSvc a solicitações externas é, geralmente, mais reduzida
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Fig. 7 - Fornecimento de combustível.
ao longo de todo o processo, pois o foco está na recuperação do material, no mais curto espaço de tempo. A autoavaliação contribui para a melhoria e decorre ao longo de todo o processo, por exemplo, as lições identificadas na projeção são sempre tidas em conta na retração, ou os aspetos que carecem de ajustamentos nas rotinas diárias são corrigidas quando repetidas. No final do Exercício foram feitas reuniões que permitiram recolher dados para potenciar ou mitigar situações similares em exercícios futuros. A principal dificuldade associada à regeneração é a alocação de pessoal com conhecimento técnico sobre o funcionamento do material, como por exemplo latrinas, banhos, cozinhas, tendas, camas articuladas de campanha, para que possam realizar pequenas reparações sem comprometer futuras intervenções de pessoal da área da manutenção. A grande dificuldade da avaliação é conseguir compilar a informação de forma organizada e que fique disponível para consulta como referência para situações/exercícios similares. Em suma, no final do exercício o apoio logístico foi considerado um êxito. Tendo a intenção definida pelo Comando do Batalhão sido atingida. O BApSvc, com o pessoal das FApGeral
que integrou a Ordem de Batalha da unidade, conseguiu movimentar as capacidades, garantir um apoio contínuo, executar os planos de carregamento e salvaguardar a integridade dos meios humanos e materiais. Os exercícios realizados fora das unidades militares permitem treinar, testar e manter a capacidade de apoio logístico em campanha. Proporcionam ainda a possibilidade de identificar lacunas e limitações como são exemplo o número reduzido de militares habilitados a conduzir viaturas de transporte de matérias perigosas, ou habilitados com Categoria C+E. Ao nível dos procedimentos inspetivos, a ativação da EqInspManPrev contribuiu para a diminuição da probabilidade de ocorrência de avarias. O processo de regeneração, é moroso e nem sempre visível, mas visa manter o estado de operacionalidade dos meios. Como corolário, os 81 militares que executaram o apoio logístico no terreno, consideraram as atividades desenvolvidas como muito desafiantes, estiveram animados, gostaram da experiência e consideram-se mais preparados para novas missões, seja em apoio a exercícios, no apoio militar de emergência ou outras que sejam cometidas ao BApSvc.
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Eq u i p a m e n t o s Pes ados de Engenhari a:
Tr ei n o d e T é c n ic a s e Pr ocedi ment os em Dupl o U so Maj Eng Fernandes Basto - Cmdt CEng | SAj Eng Mendes Abreu - CEng
Equipamentos Pesados de Engenharia e Operações
Fig. 1 - Desmatação do Paiol Nacional de Santa Margarida.
(MITM+TC). Fazendo jus à velha máxima de que os meios de engenharia nunca são suficientes face às necessidades, os fatores de decisão e o planeamento do emprego da engenharia em apoio às operações, tornam a administração criteriosa e o rendimento dos equipamentos de engenharia, em geral, um aspeto crítico de qualquer comandante. Não sendo esta uma capacidade militar diferente das restantes, embora acrescida de um carácter iminentemente técnico e especializado, garantir uma administração criteriosa e o máximo rendimento dos equipamentos de engenharia requer formação, qualificação e treino, bem como
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Fig. 2 - Beneficiação e caminhos florestais e abertura de aceiros no Parque Natural da Serra da Estrela.
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Uma dessas camadas evolucionárias foi tecnológica e transferiu muito do trabalho de sapa braçal para trabalho mecânico através do que denominamos hoje de equipamentos pesados de engenharia. Focando novamente o princípio geral enunciado, a engenharia molda o terreno do campo de batalha, é evidente a importância que as capacidades destes equipamentos viriam a ter enquanto multiplicador do potencial modificador do terreno. As unidades de engenharia viriam, assim, a integrar na sua organização geral subunidades de equipamentos pesados, a fim de reforçar as subunidades orgânicas de sapadores com meios mecânicos, caso a caso, em função dos fatores de decisão militar
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Desde tempos imemoriais que a engenharia militar é indissociável da necessidade de modificar o terreno em benefício das nossas forças e em prejuízo das forças adversárias. Se partirmos deste princípio geral para as diferentes zonas do campo de batalha e sobre estas colocarmos todas as camadas evolucionárias da forma de fazer a guerra, veremos emergir todas as especialidades técnicas da Arma de Engenharia. São inúmeros os exemplos: tarefas de abertura de minas e trincheiras para o assalto a fortificações e de redução de obstáculos, executadas pelos sapadores mineiros e de engenharia em missões de apoio de combate; transposição de vãos e cursos de água, executadas por sapadores de engenharia e pontoneiros em missões de apoio de combate ou logísticas; construção de obstáculos físicos e campos minados em missões de apoio de combate; inativação de engenhos explosivos e execução de trabalhos de proteção, executadas em missões de apoio de combate ou missões logísticas; etc.
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sólidas capacidades de apoio logístico específicas, nomeadamente ao nível da manutenção e transportes. Veremos de seguida de que forma podem ser atingidos estes requisitos, exemplificado com o caso prático da Companhia de Engenharia de Combate Pesada da Brigada Mecanizada. O emprego dos meios da Companhia de Engenharia A Companhia de Engenharia da Brigada Mecanizada (CEng/BrigMec) prevê na sua estrutura orgânica um leque alargado de equipamentos pesados de engenharia, dos quais são mais visíveis os equipamentos de movimentos de terras (movimentar terras é modificar o terreno). Esta visibilidade acrescida deve-se à longa tradição da Engenharia Militar Portuguesa, à qual a CEng não é alheia, de garantir o aprontamento desta capacidade através de um uso duplo, ou seja, utilizando os meios que permitem modificar o terreno do campo de batalha para modificar o terreno em tempo de paz. Tem-no feito ao longo dos anos, quer em prol do património
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Fig. 3 - Beneficiação e caminhos florestais e abertura de aceiros no Parque Natural da Serra de São Mamede.
do Exército, quer em prol das populações e do território, quer, mais recentemente, em prol de outras entidades do estado responsáveis pela proteção civil e pela conservação das florestas.
potencial humano necessário à operação, manutenção e transporte dos equipamentos, bem como um elevado nível de operacionalidade dos equipamentos propriamente ditos.
O emprego dos equipamentos pesados de engenharia em duplo uso tem sido também uma das mais veementes linhas de ação da CEng e da própria BrigMec, envidando todos os esforços para que se desenvolva o
No caso desta unidade, implantada na BrigMec, o seu emprego maioritário decorre em apoio ao campo de manobras e às instalações e aquartelamentos das restantes unidades da Brigada, sendo nesse domínio, em-
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pregue sistematicamente, com destaque para trabalhos de abertura e beneficiação de caminhos, gestão de faixas de combustível e dos recursos hídricos. Apesar do volume esmagador de trabalho solicitado e programado na BrigMec, é considerada tarefa crítica para o cumprimento da missão da CEng manter em permanência até 01 Destacamento de Engenharia (DestEng) no exterior da BrigMec. Subjacente está o seguinte critério: se os trabalhos executados em prol da BrigMec permitem adestrar as principais competências técnicas ao nível do planeamento, operação e sustentação dos meios, a manutenção de 01 DestEng projetado permite desenvolver nos quadros da Arma de Engenharia outras competências essenciais, de que se destacam: • Ao nível do Comando-missão: no Comandante deste DestEng estão delegadas competências para planear e decidir o mais adequado encadeamento dos trabalhos e quais as soluções técnicas mais adequadas ao cumprimento das tarefas definidas dentro do nível de proficiência esperado e no prazo estipulado; • Ao nível do Apoio de Serviços: é responsável pelo planeamento detalhado da projeção, sustentação e retração dos meios e do pessoal, em
Fig. 4 - Desmatação do Paiol Nacional de Santa Margarida.
coordenação com as autoridades civis locais e balizado pelos protocolos estabelecidos pelo canal de comando. • Ao nível dos Recursos Materiais: é responsável pela correta avaliação dos materiais necessários à execução dos trabalhos, bem como dos custos que lhes estão associados, e pelo judicioso controlo do fornecimento e aplicação desses materiais. 2018 em revista O ano de 2018 foi generoso neste domínio. O investimento feito pela CEng e pela BrigMec na manutenção de equipamentos e na qualificação de pessoal permitiu, além da persecução das atividades constantes na BrigMec, projetar 02 DestEng em apoio ao Ins-
tituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) no âmbito do protocolo estabelecido entre esta entidade, o Fundo Ambiental e o Exército: no Parque Natural de São Mamede (Portalegre) e no Parque Natural da Serra de Estrela (Guarda). Estes trabalhos revestiram-se ainda de importância acrescida por contribuírem preventivamente para o esforço nacional de prevenção de incêndios florestais, colocando a CEng, no quadro das missões de apoio ao desenvolvimento e bem-estar, diretamente ao serviço de Portugal e dos Portugueses. A generosidade do ano de 2018 transbordou para 2019, estando já planeados desde Agosto do ano que findou, além de uma longa lista de trabalhos na BrigMec, a projeção de 01 DestEng para o Regimento de Comandos - Serra da Carregueira (Sintra), 01 DestEng para o Município de Constância e sendo expectável a continuação dos importantes trabalhos preventivos em apoio ao ICNF em todo o território nacional. Não se tratando de uma valência nuclear da CEng, nem a sua principal missão, é uma missão deveras merecedora de reconhecimento e que em nada fica a dever à nobre e distinta missão de apoio de combate dos sapadores de engenharia da Santa Margarida.
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Li m p e z a d e I t i n erári os (Route Cl ear ance): E d ific a ção de uma ca paci dade
Maj Eng Fernandes Basto - Cmdt CEng | Ten Eng Carvalho Gonçalves - CEng
Da Guerra em África Para os Dias de Hoje 1964. Nos manuais chamam-lhe Segurança em Deslocamentos ou Proteção de Itinerários. Na picada os nomes não se fazem pomposos. “Picam-se” os trilhos com varas longas e estreitas, de madeira e ponta em ferro, à procura de minas e “fornilhos”. Não é de joelhos em terra com sonda desmagnetizada a 30º do solo, cuidadosamente, como ensinava a instrução de Sapadores. “Não dá! Não saíamos daqui nunca mais. Mesmo assim, demoram-se horas a fazer meia dúzia de quilómetros.” Detetores de metais? Não foram distribuídos. Diz quem os recebeu que as baterias não se aguentam e o “canal” não é capaz de reabastecer em tempo. Nos flancos, por entre a vegetação densa das matas do Norte de Moçambique, Leste de Angola ou do Sul da Guiné, vão os grupos de exploração, afastados aí uns 300m, à procura de “turras” preparados para a emboscada. Atrás de nós segue uma “Berliet” rebenta-minas, preparada cuidadosamente para esse efeito, sem capot, portas, vidros ou outros objetos passíveis de formar fragmentos e forrada a sacos de terra. Segue cuidadosamente sobre os trilhos picados. Faz de prova para passar a coluna e o restante pessoal apeado.
Fig. 1 - Nas picadas da Guerra em África.
Tudo cuidadosamente sobre os estreitos trilhos picados. Picar toda a faixa não compensa, desde que se tenha juízo e não se ponha o pé ou rodado fora do trilho. 2010. Apeámos. Foi identificado um ponto crítico, propício à colocação de um engenho explosivo improvisado, um IED. Avançamos a pé distribuídos por toda faixa com detetores de metais com Ground Penetrating Radar (GPR). Permitem-nos detetar minas e IED com material metálico e não metálico. Nas bermas avançam duas parelhas também com detetores de metais com GPR e detetores de cabos filares, à caça de iniciações por fio. Nos flancos áridos do Iraque e do Afeganistão seguem, a cerca de 300m, os elementos de segurança, à procura de insurgentes preparados para a emboscada. Para trás de nós deixamos a
coluna com as viaturas do elemento de deteção, capazes de deteção de metais e GPR em toda a faixa de rodagem e onde está montado o Jammer que nos dá proteção contra as iniciações sem fios. Ainda mais atrás estão as viaturas do elemento de interrogação, capaz de remover o IED à distância com braço mecânico. Só apeamos para verificar pontos críticos ou pontos sensíveis. O resto do percurso é feito montado para dar maior velocidade à missão. Só paramos caso ocorra a deteção de algo suspeito pelos sensores das viaturas. É uma operação de limpeza de itinerários, Route Clearance. Limpeza de Itinerários: Conceito e Método A Limpeza de Itinerários é definida na doutrina de referência1 como a deteção, confirmação, identificação, marcação e neutralização (por destruição, inativação e/ou remoção) de engenhos explosivos e obstáculos não explosivos, que ameaçam um eixo de progressão, visando reduzir o risco associado ao cumprimento de determinada missão ou tarefa tática, e por forma a alcançar e manter a liberdade de movimentos de uma força. É por natureza uma tarefa de engenharia NATO ATP 3.12.1 Allied Tactical Doctrine for Military Engineering. e NATO ATP 3.12.1.3 Allied Tactical Doctrine For Route Clearance. 1
Fig. 2 - No Afeganistão e no Iraque.
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Fig. 3 - Limpeza Guerra de África.
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O método montado é aquele que garante maior ritmo de progressão e maior proteção para o soldado, embo-
Desta forma, torna-se evidente que ambos os métodos devem ser utilizados em complementaridade, em função do planeamento da operação, em particular em função da finalidade pretendida em termos de risco residual que pode ser designada de
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Devem ser considerados dois métodos de limpeza, apeada e montada, sendo que na generalidade das situações se deve conjugar ambos os métodos por forma a maximizar o ritmo
O método apeado é aquele que garante maior fiabilidade, ou seja, menor taxa de falha. Apesar dos elevados investimentos em tecnologia e sistemas integrados em viaturas, a deteção visual e física (através detetores de metais aliados a uma larga panóplia de detetores auxiliares) permanece como método de pesquisa e limpeza por excelência. Por outro lado, este método implica menor ritmo de progressão, bem como, uma maior exposição do soldado ao perigo de explosão. Neste sentido, o método apeado deve ser utilizado especificamente na pesquisa de pontos sensíveis (locais onde existe histórico de ocorrência de ataques), pontos críticos (locais onde a morfologia do terreno é propícia à ocorrência de ataques) e noutros locais onde o acesso com viaturas não seja possível. A pesquisa e limpeza de itinerários pelo método apeado contínua a constituir, desta forma, tarefa essencial de sapadores para o aprontamento de toda e qualquer capacidade de engenharia de combate.
ra o consiga à custa da fiabilidade. Os desenvolvimentos tecnológicos mais recentes permitem integrar em sistemas veiculares, a par dos tradicionais rolos, equipamentos de deteção de materiais metálicos e não metálicos (através de sistemas de radar de penetração no solo (Ground Penetrating Radar - GPR), bem como câmaras multisensor (campo do visual, infravermelhos, entre outros) e sistemas mecânicos de interrogação e manipulação. A obtenção de imagens obtidas por plataformas não tripuladas pode ainda ser integrada com os sensores veiculares terrestres. Apesar de tudo isto, a prática tem revelado que nenhum destes sensores isoladamente ou justapostos garante a mesma fiabilidade do método apeado, gerando um número muito elevado de falsos positivos. A integração de sensores e a automação ainda não permitiu desenvolver a solução ideal ao nível da deteção remota de engenhos explosivos.
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Como tal, a condução de operações de limpeza de itinerários é considerada, à semelhança da abertura de brecha em obstáculos, como uma operação de armas combinadas. O planeamento de operações de limpeza de itinerários é assim subordinado aos princípios gerais de planeamento de operações, nomeadamente através da ponderação e análise da intenção do comandante, da ameaça, da finalidade a atingir e da análise do risco. No caso particular, a combinação destes fatores irá determinar o método de limpeza a adotar, que acarreta implicações muito significativas em termos do ritmo de progressão da força.
de progressão minimizando o risco assumido.
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de combate de apoio à mobilidade de unidades de manobra de pequenos escalões (função de combate movimento e manobra), destacando-se que algumas das suas medidas contribuem também para a função de combate proteção, sendo também uma tarefa chave para apoio ao Counter-Improvised Explosive Devices (C-IED).
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fiabilidade. A condução da limpeza de um itinerário de reabastecimento que pode ser controlado e utilizado por outras forças requer em geral maior fiabilidade do que uma limpeza ou verificação de um itinerário a fim de garantir a mobilidade pontual de determinada força.2 Route Clearance Teams Projeto de Edificação de Capacidade Encontra-se presentemente em curso um projeto de edificação de capacidade do Exército para cumprir o Target NATO de duas equipas de limpeza de itinerários Route Clearance Teams (RCT), financiado em Lei de Programação Militar no biénio 20182019, num total de 5,0 M€. Coube à Companhia de Engenharia de Combate Pesada da Brigada Mecanizada ser a Unidade que receberá e edificará esta capacidade, estando os primeiros equipamentos e materiais a ser recebidos no 1º semestre de 2019, nomeadamente, aqueles destinados à execução do método de limpeza apeado. Simultaneamente, estes equipamentos permitem equipar um Pelotão de Engenharia (PelEng) com os mais modernos equipamentos de sapadores. Os estudos conducentes à edificação da capacidade tiveram início em finais de 2017, precisamente com o desenvolvimento dos requisitos operacionais da capacidade, subordinadas ao seu conceito de emprego que de seguida se apresentam.
Fig. 4 - Detetor Metais GPR.
efeito que a capacidade incide essencialmente na componente apeada, sendo que, como foi anteriormente referido, a integração judiciosa do método de limpeza montada, permite o aumento exponencial da proteção e da velocidade de execução da limpeza, conferindo-lhe desta forma uma maior proficiência e flexibilidade de emprego. As RCT são constituídas obrigatoriamente por cinco elementos funcionais que correspondem a conjuntos de equipamentos: Segurança, Comando e Controlo, Deteção, Interrogação e Neutralização. Podem ainda integrar, adicionalmente, os seguintes elementos funcionais: Exploração
Técnica, Esterilização/Reconstrução e Apoio de Serviços. A composição das RCT irá variar adotando uma lógica de task tailored, isto é, os elementos de Segurança serão garantidos pela componente de combate, cedidos ou em apoio da força que está a conduzir as tarefas de limpeza de itinerário. O Comando e Controlo será garantido pelo comando de uma unidade de escalão Pelotão ou Companhia de Engenharia de Combate, dotado de capacidade de manter situational awareness em tempo real/quase real. No que diz respeito à Neutralização, esta será garantida por unidades elementares de Engenharia de Combate e/ou unida-
Limpeza de Itinerários: Requisitos Operacionais A constituição das RCT visa a combinação dos métodos de limpeza supracitados, sendo o elemento apeado constituído por unidades elementares de engenharia de combate e o elemento montado constituído por um conjunto de plataformas/viaturas equipadas com payload e sensores específicos. Considera-se para este A doutrina de referência indica uma métrica para diferentes níveis de execução associados a diferentes níveis de risco residual, associados a parâmetros técnicos da execução da limpeza de itinerário. 2
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Fig. 5 - Detetor Metais GPR.
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O elemento de Deteção do Itinerário é responsável pela inspeção das faixas de circulação e bermas, procurando a presença de objetos suspeitos enterrados no itinerário que indiciem a presença de engenhos explosivos.
O presente artigo irá focar-se particularmente na componente apeada, por ser aquela que tem vindo a ser trabalhada durante o ciclo de treino operacional de 2018 e será tarefa crítica para o ciclo de treino operacional do PelEng da CEng/BrigMec durante o ano de 2019. No que diz respeito ao elemento de Deteção e Interrogação, deve dispor das seguintes capacidades: • Capacidade apeada de deteção eletrónica de massas metálicas e não metálicas, para deteção em pontos sensíveis, pontos críticos, bermas e flancos; • Capacidade apeada de deteção de cabos elétricos enterrados, simultaneamente por duas equipas de pesquisa de flanco afastadas; • Capacidade apeada de deteção eletrónica de massas metálicas, simul-
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O elemento de Neutralização deve dispor de capacidade de iniciação de cargas explosivas de demolição remotamente sem fios. O Pelotão de Engenharia Para executar o método de limpeza apeado, o PelEng articula-se através das suas três secções, constituindo elementos com funções de Deteção de Flanco, Deteção de Itinerário e Neutralização. O elemento de Deteção de Flanco é responsável pela inspeção dos flancos do itinerário, procurando a existência de cabos enterrados que indiciem a presença de engenhos explosivos iniciados por comando filar ou outros indícios da presença de engenhos explosivos presentes no itinerário. Devem ainda garantir a sua própria segurança, verificando que o trilho que percorrem não dispõe ele próprio de minas, armadilhas ou outros engenhos explosivos.
Qualquer secção deverá estar preparada para executar as três funções, permitindo a rotação sucessiva das secções, de forma a gerir o desgaste psicológico provocado pela exposição ao perigo de explosão, bem como a possibilidade quebra no rigor dos procedimentos de pesquisa devido à sobre repetição das mesmas tarefas por períodos de tempo muito grandes. Notas finais A edificação desta capacidade vem reforçar as possibilidades da Engenharia da Brigada Mecanizada, e, por conseguinte, as possibilidades de apoio à mobilidade, contribuindo ainda significativamente para a proteção e preservação do potencial de combate das suas unidades quando em operações. Assim, deverá, por um lado, ser encarada como um enabler essencial a qualquer Força Nacional Destacada (FND), por outro lado, como escola renovada das capacidades de engenharia de combate, na senda da edificação da capacidade de emprego de Pontes Flutuantes e Viaturas Blindadas Lança Pontes ou das Viaturas de Combate de Engenharia, projetando para o futuro a tradição e raison d’être da Companhia de Engenharia da Brigada Mecanizada: o apoio de combate.
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Requisitos Essenciais Componente Apeada
taneamente por duas equipas de pesquisa afastadas; • Capacidade apeada de deteção de circuitos eletrónicos, simultaneamente por duas equipas de pesquisa afastadas; • Capacidade apeada de manipulação do terreno e de objetos suspeitos semi-remotamente através de sistemas Hook & Line; • Capacidade apeada para realizar raio X a objetos suspeitos semi-remotamente.
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des elementares especializadas EOD. A Exploração Técnica será garantida também por unidades elementares especializadas EOD e/ou Weapons Intelligence Team. A Esterilização/Reconstrução será garantida por equipamentos de engenharia de movimentação de terras das unidades de engenharia de combate e/ou de apoio geral, cedidos ou em apoio da força a conduzir tarefas de limpeza de itinerário. A Deteção deverá integrar, sempre que possível, equipas cinotécnicas de deteção de explosivos.
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Fig. 6 - Organização e Equipamentos PelEng Método Apeado.
Ambos os elementos de deteção pesquisam, marcam e relatam a presença de objetos suspeitos, para que o elemento de Neutralização possa realizar a confirmação e redução/ neutralização do perigo colocado pelo engenho explosivo, empregando para esse efeito meios remotos ou outros meios de neutralização à distância (inativação, recuperação, remoção e destruição).
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A t u a l iz ação Técni ca na C a p a c i d a d e Lança- Mí s s ei s na Bri gMec Cap Mat Rebolo Santo - Cmdt CMan/BApSvc
A família da Viatura Blindada de Transporte de Pessoal M113 (VBTP M113) é a que tem maior expressividade na Brigada Mecanizada, quer pela sua quantidade, quer pela variedade de versões. A Viatura Porta-Sistema Lança-Míssil TOW M113 (VPSLM TOW) recentemente sofreu alterações técnicas decorrentes da atualização do Sistema Lança-Mísseis. Ao serviço do Exército Português desde o final dos anos 70, a versão inicial do Sistema Lança-Mísseis (SLM) M220 TOW foi criada para destruir viaturas blindadas e outros alvos, tais como posições fortificadas. A principal limitação do sistema era a necessidade de boas condições de visibilidade para garantir eficácia de tiro. O SLM, montado inicialmente nas viaturas ligeiras Willys M151 A2 TOW, passou a integrar a capacidade mecanizada na década de 80 sendo utilizado em três variantes – apeado, montado em viaturas de rodas e montado em viaturas mecanizadas. Com o fim das viaturas Willys no Exército, a capacidade montada em viaturas de rodas termina em 2001. O SLM TOW, devido ao seu sucesso passou a equipar os exércitos de vários países, no entanto prevalecia a limitação de utilização apenas em condições de boa visibilidade, para além
Fig. 2 - Sistema Lança-Míssil TOW.
da exposição do apontador durante o guiamento do míssil até ao alvo, bem como do intervalo de tempo entre o disparo dos dois mísseis iniciais. Em 1995, entrou ao serviço o ITV M901 que proporcionou entre outras características, uma maior proteção ao apontador e a possibilidade do disparo de dois mísseis iniciais. O sucesso mundial do míssil e o aparecimento de outros sistemas teve como consequência o desenvolvimento de uma atualização da capacidade do SLM e especificamente a criação de um míssil mais desenvolvido. O aparecimento da geração do M2201A2 obrigou a modificações em diversos componentes do sistema, nomeadamente o aparelho de pontaria MX-9155/TSQ, a unidade transversal M83 e o sistema digital de guiamento do míssil, não sendo necessário efetuar quaisquer modificações ao tripé
Fig. 1 - Variantes do SLM ao longo do tempo.
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M159A1 nem ao tubo lançador M22. Com o fim da disponibilidade da versão inicial do míssil, e com o risco da perda da capacidade anticarro na Brigada Mecanizada, o Exército, perante as hipóteses de troca ou atualização, optou pela atualização do SLM TOW existente. A atualização foi efetuada em 2005, contudo, foi identificado que os mesmos não reuniam as condições para utilização montados em viaturas ficando a capacidade da BrigMec limitada à versão apeada. Neste quadro, foram desenvolvidos esforços para que a capacidade fosse recuperada. Assim, em 2016, foi apresentada ao Exército, pela NSPA (NATO Support and Procurement Agency), a proposta de atualização da viatura. A primeira viatura foi montada no 2º semestre de 2018, no Luxemburgo, obteve a aprovação do Exército e a validação dos requisitos operacionais pela Brigada Mecanizada. Em dezembro de 2018, foram realizadas as primeiras atualizações numa viatura em território nacional pela NSPA. Participaram nesta atividade formativa um oficial, quatro sargentos e dois praças do Batalhão de Apoio de Serviços (BApSvc). Com a supervisão dos engenheiros e técnicos da NSPA, ainda no mesmo mês de dezembro, militares da Com-
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central e rampa (este com a possibilidade de opção). E foi ainda colocado um limitador de setor de tiro. Ao nível do sistema de alimentação foram colocados suportes de baterias, substituição da cablagem e introdução de um circuito adicional de alimentação com corte de segurança. O sistema de controlo tem, além do sistema de inibição, um sistema de comutação manual, para ser acionado em situações de exceção para eliminação de todos os requisitos predefinidos.
No sistema de segurança foram instalados três sensores de deteção de escotilha/rampa abertas, que inibem o disparo – condutor, escotilha
Fig. 4 - Viatura Porta-Sistema Lança-Míssil TOW M113 A2.
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De janeiro até março de 2019, os militares da CMan/BApSvc, trabalharam autonomamente para fazer as alterações técnicas nas viaturas SLM
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TOW. As alterações na viatura dividem-se em três áreas – melhoria no sistema de segurança, melhoria no sistema de alimentação elétrica e implementação de sistema de controlo.
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Fig. 3 - Esquema de segurança e controlo implementado.
panhia de Manutenção do Batalhão de Apoio de Serviços (CMan/BApSvc) fizeram a adaptação da primeira viatura para o SLM TOW2 (atualização da anterior denominação SLM TOW).
Após mais de uma década com limitações de emprego, a atualização da capacidade anticarro, recupera a utilização do SLM em viaturas de lagartas, permitindo a conjugação de emprego com a versão apeada. Esta não é apenas um aumento na possibilidade no combate anticarro, é também uma marca forte no reconhecimento das competências técnicas dos militares do BApSvc na transformação e atualização da viatura. Fica-se a aguardar que este reconhecimento na competência técnica dos militares e na importância do aumento de capacidades anticarro, seja dinamizador para a atualização do sistema ITV M901 ou outros que sejam identificados como importantes para a manutenção ou aumento de capacidades da Brigada Mecanizada.
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C o m u n i c a ç ã o e Tr a ns mi s s ão de Dados na Banda HF Ten Tm Vasco Sequeira - CTm
Introdução
Comunicações em HF
Desde o início do novo milénio que as comunicações na banda das altas frequências (HF) têm evoluído tecnologicamente, sendo esta evolução motivada pela potencial robustez desta forma de comunicação a situações de catástrofe e de emergência, e pelo custo de manutenção e implementação das comunicações via satélite. Para o Exército Português, as comunicações em HF são também muito importantes em Teatros de Operações com regiões montanhosas, como é o caso do Kosovo e do Afeganistão, sendo neste contexto, particularmente interessantes as comunicações em HF que utilizam ondas rádio com ângulos de incidência (na Ionosfera) próximos de zero graus, designadas por Near Vertical Incidence Sky waves (NVIS). Contudo, as comunicações na banda HF envolvem vários desafios, como a operação rádio com relações sinal-ruído (SNR) tipicamente muito baixas, desvanecimento (fading), variação do sinal devido a alterações na camada da Ionosfera, e capacidade limitada do canal. Para lidar com as mudanças do canal em HF, surgiram várias tecnologias adaptativas, como a análise automática da qualidade da ligação (LQA), o estabelecimento automático da ligação (ALE) e a seleção automática do débito binário (DRC). O objetivo de um algoritmo DRC é selecionar, automaticamente, o débito binário de transmissão mais alto possível com base nas condições do canal.
Nas comunicações rádio são utilizadas normalmente três tipos de sinal classificados segundo o espetro eletromagnético: sinais HF (High Frequency), sinais VHF (Very High Frequency) e sinais UHF (Ultra High Frequency). A banda HF situa-se entre os 3 MHz e os 30 MHz, com comprimentos de onda entre os 100 m e os 10 m, permitindo transmissões de dados e voz a longas distâncias utilizando as camadas da Ionosfera como refletores naturais. Esta banda é uma das mais importantes nas comunicações militares, e pode ser usada em navios, aeronaves, viaturas de combate e soldados apeados no terreno para comunicações sem linha de vista.
O presente artigo aborda os conceitos relevantes das comunicações em HF, apresenta a situação da Companhia de Transmissões da Brigada Mecanizada (CTm/BrigMec) relativamente a equipamentos HF e termina enunciando dificuldades e novos desafios.
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A Ionosfera é uma camada da atmosfera composta por um plasma frio, ionizado pela radiação ultravioleta (UV) proveniente do Sol, e situa-se entre os 50 km e os 600 km de altitude em relação à superfície terrestre. Durante períodos de grande atividade solar, os raios UV e outras radiações cósmicas afetam a composição da Ionosfera e a sua interação com as ondas eletromagnéticas, sendo por isso necessário descobrir constantemente a frequência ótima de comunicação, que pode ser alcançada através do estudo do modelo ionosférico. Este modelo é uma descrição matemática em função da localização, altitude, período do ano, fase do ciclo solar e atividade geomagnética. O estado ionosférico do plasma pode ser descrito por quatro parâmetros: densidade eletrónica, temperatura do eletrão, temperatura do ião e composição iónica, contudo, a propagação das ondas rádio depende unicamente da densidade eletrónica. Um dos modelos ionosféricos mais usados é o International Reference Ionosphere, que divide a Ionosfera em quatro camadas
(ou cinco, se a camada Es esporádica também for considerada), baseado principalmente na densidade eletrónica (Figura 1): • Camada D: começa nos 50 km de altitude e termina nos 90 km, sendo a camada mais próxima da superfície terrestre. Esta camada provoca atenuação nas ondas rádio (as baixas frequências sofrem mais atenuação que as altas), e apenas a ionização pesada resulta na absorção de ondas HF. • Camada E: situada entre os 90 km e os 140 km de distância à superfície da Terra, reflete os sinais rádio HF de volta à Terra. • Camada F: esta camada é dividida na subcamada F1, situada entre os 140 km e os 300 km, e a subcamada F2, situada entre os 300km e os 600km em relação à superfície terrestre. A maioria das formas de propagação de ondas utiliza as propriedades normais e cíclicas desta camada. Durante o dia a camada é dupla, durante a noite as subcamadas fundem-se, formando uma única camada F. As ondas NVIS são uma particularidade das comunicações HF usadas por militares e radioamadores. Este tipo de onda céu é caracterizado pelos elevados ângulos de fogo das antenas (entre os 60º e os 89º) para a Ionosfera refletir o sinal de volta para a Terra. Se a frequência for demasiado alta, a onda eletromagnética penetra a Ionosfera e o sinal propaga-se para o espaço; se a frequência for mais baixa que a frequência crítica, o sinal é refletido na Ionosfera e propaga-
Fig. 1 - Estrutura da Camada da Ionosfera.
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mestrado da Academia Militar foi desenvolvida uma aplicação denominada “Adaptador de Débito” que permite a transmissão de dados na banda HF. A aplicação além de possibilitar o envio de texto e ficheiros, adapta Fig. 2 - Propagação NVIS em forma de “guarda-chuva”. o débito binário (ve-se em todas as direções resultando locidade de transmissão) consoante numa radiação omnidirecional. Este as condições de propagação do canal tipo de propagação é muito útil para (como a relação sinal-ruido e a taxa de contornar obstáculos como demonserros binários), através de algoritmos tra a Figura 2, uma vez que a Ionosdesenvolvidos. No entanto, existem fera reflete a energia numa forma de algumas limitações derivado as ante“guarda-chuva”. nas atuais possuírem pouco ganho, e Situação da CTm/BrigMec por consequência emitirem um maior A CTm/BrigMec, neste momento, ruído na transmissão de dados, difiencontra-se equipada com rádios E/R cultando a receção das mensagens PRC-525, com modem H/V integra- com total integridade no recetor.
Fig. 4 - Antena dipolo RF-1936P da Harris Corporation.
Atualmente, não existe nenhum sistema de comunicações perfeito e sem lacunas, pelo que quaisquer dos serviços de comunicações existentes têm as suas vantagens e desvantagens. As transmissões rádio na banda HF nunca vão substituir o sistema fixo e móvel telefónico como primeira opção para o uso diário da população civil, mas para organizações envolvidas
longas, e inexistência de equipamentos NVIS para comunicações em regiões montanhosas. Os desafios futuros no âmbito das comunicações e transmissão de dados na banda HF passam por testar o envio de ficheiros e mensagens através da aplicação “Débito Binário” em exercícios, integrar a Rede Rádio de Comando do Exército em HF (Rede “DARDO”) com o Comando das Forças Terrestres (CFT) e pela aquisição de um par de antenas dipolo Harris RF-1936P (Figura 4), dado que este modelo em vigor no Exército Português tem um bom ganho (7dBi) para comunicações até 400km, e características para uso de NVIS.
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Conclusões
Fig. 3 - Adaptação de antenas veiculares e fixas para comunicações HF.
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A CTm/BrigMec tem a capacidade para a transmissão de dados e voz na banda HF, no entanto, apresenta algumas dificuldades, que se enunciam pelos reduzidos meios Rádio E/R PRC525, antenas com pouco ganho para comunicações em distâncias muito
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No âmbito de uma dissertação de
As comunicações HF têm como características: capacidade de longo alcance; necessidade de poucas infraestruturas; mobilidade total das estações; baixo custo em relação às comunicações via satélite; e segurança através do modo SECOM-H. Este modo opera em voz e dados com proteção COMSEC (Comunicação Segura), através da encriptação dos dados a ser enviados, e TRANSEC (Transmissão Segura) pela utilização de saltos de frequência.
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dos, e antenas manpack AT 525H, que estão projetados com a finalidade de militares apeados no terreno poderem operar esses meios e comunicar em modo seguro (SECOM-H). Através das antenas Whip das viaturas da Brigada Mecanizada é possível realizar adaptações veiculares ao transformar a antena num dipolo, garantindo assim uma capacidade de comunicação na banda HF a forças móveis. As antenas filares permitem a improvisação de dipolos de meia-onda no campo de batalha, fornecendo capacidade de transmissão de dados e voz a uma longa distância. A Figura 3 demonstra as adaptações de antenas para a banda HF, tanto a forças móveis como a estações fixas.
em cenários de emergência ou militares, como o caso das Forças Armadas, é um instrumento de comunicação sem fios vital.
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Par te I I I - M ei os O per aci onai s
U t i l i z ação do LTE- A MCC
E n tr e o s Milita r es em Ambi ent e O per aci onal Ten Tm Sónia Pedrinho - CTm
Introdução Atualmente, nos teatros de operações, a transmissão de dados (e-mails, imagens, vídeos) é muito útil para as forças militares. As atividades complexas e de risco que são executadas pelos militares requerem uma grande capacidade de planeamento, comando, controlo e coordenação. No ano de 2017, a partir do Regimento de Comandos foi projetada a 1ª Força Nacional Destacada (1FND) para o Teatro de Operações (TO) da República Centro-Africana (RCA), com 159 militares do Exército Português e da Força Aérea, constituindo a Força de Reação Rápida da Multidimensional Integrated Stabilization Mission in the Central African Republic (MINUSCA). No TO, o rádio Portugal/Portable Radio Communications 525 (P/PRC-525) é utilizado para transmitir voz e dados para o escalão superior. Contudo, este rádio apresenta um débito binário muito reduzido (72 kb/s), o que limita a transmissão de dados [1]. Existem situações em que o Comandante pode necessitar de transmitir uma informação ao pelotão, havendo necessidade de interromper todas as comunicações que possam estar a ocorrer no momento, prevalecendo a prioridade daquela chamada. Por outro lado, pode haver necessidade de transmitir um vídeo, captado durante uma ação, para o Comandante de Pelotão e, posteriormente, para o escalão superior e, portanto, é necessário que existam condições de cobertura e capacidade da rede de comunicações para que a informação chegue o mais rápido possível. O crescente incremento da volatilidade e velocidade das ações militares encurta o tempo para a tomada de decisão, daí a grande importância dos sistemas de informação e comunica-
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ções permitirem a transmissão da informação em tempo oportuno. Desta forma, o sistema Long Term Evolution Advanced Mission Critical Communications (LTE-A MCC) surge como uma versão do sistema LTE-A, com a mesma arquitetura de rede, mas com a introdução de novas funcionalidades que o sistema comercial não possui, como a prioridade e o estabelecimento rápido de chamadas, as chamadas de grupo, as chamadas de emergência [2]. Assim, foi feito o cálculo da cobertura e da capacidade de rede ad hoc com retransmissão, em diferentes cenários onde os militares atuam, caracterizados em vários ambientes: ambiente urbano, suburbano, rural e interior de edifícios. A estrutura deste artigo apresenta-se da seguinte forma: Secção I – Introdução; Secção II – Conceitos
básicos do LTE-A MCC; Secção III – Definição dos cenários; Secção IV – Desenvolvimento e implementação dos modelos; Secção V – Análise dos resultados; Secção VI – Conclusões. Conceitos Básicos do LTE-A MCC O sistema LTE é baseado em Orthogonal Frequency Division Multiple Access (OFDMA), para Downlink (DL), e em Single Carrier-Frequency Division Multiple Access (SC-FDMA), para Uplink (UL). O LTE, com OFDMA, procura dividir uma banda larga em múltiplas sub-portadoras com larguras de banda estreitas e ortogonais entre si, espaçadas de 15 kHz, onde cada uma terá um débito reduzido em favor de uma maior robustez face à interferência inter-simbólica. Com esta técnica de acesso múltiplo, a unidade de recursos mais pequena que pode ser atribuída a um utilizador designa-se por bloco de recursos (resource block
Fig. 1 - Representação da estrutura de um RB [5].
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Estas características são importantes no âmbito militar, porque existe uma estrutura hierárquica onde o Comandante de Pelotão necessita de transmitir ordens do escalão superior para os subordinados e, simultaneamente, fazer chegar ao escalão superior o resultado das ações realizadas. Quanto à comunicação interna no pelotão, esta é realizada por comunicação em modo direto (device-to-device – D2D) na rede ad hoc. As comunicações D2D não precisam de uma arquitetura, porque permitem aos terminais móveis (TMs) comunicarem diretamente entre si, sem necessidade de se recorrer a uma estação base (EB). Definição dos Cenários Esta secção apresenta os parâmetros dos cenários onde os militares
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Parâmetro
Designação
Unidades Valor
hm
Altura do TM
[m]
1,8
Pt
Potência de transmissão
[dBm]
1 a 23
Gt = G r
Ganho de transmissão/receção
[dBi]
3 ou -6
Lu
Perdas do utilizador
[dB]
10
Ml
Margem de interferência
[dB]
1
F
Fator de ruído no recetor
[dB]
10
rf
Largura de banda do sinal
[kHz]
180
Fig. 2 - Atenuação da propagação para f = 64 MHz.
Desenvolvimento e Implementação dos Modelos Ambientes Exteriores Existem diversos modelos de propagação, mas não existe apenas um que seja capaz de abranger todos os cenários. Os modelos de propagação utilizados dependem de parâmetros como o tipo de ambiente, a frequência, a distância entre o emissor e recetor e o número de militares que comunicam. Para a frequência de 64 MHz, nos ambientes urbano, suburbano e rural, foi usado o modelo Irregular Terrain Model (ITM) [7]. Para as frequências de 890 MHz e 1682 MHz, o modelo a usar para os ambientes urbano e suburbano, foi o modelo COST 231 Walfish-Ikegami [8], enquanto que no ambiente rural, recorreu-se ao modelo de Weissberger [8]. De seguida apresentam-se os gráficos respeitantes à evolução da atenuação da propagação ao longo da distância, para alguns cenários descritos anteriormente, para as frequências centrais de 64 MHz, 890 MHz e 1682 MHz. Todos os gráficos apresentam valores a partir de 20 m, visto que até essa distância os militares encontram-se em linha de vista (Line of Side – LoS).
Fig. 3 - Atenuação da propagação para f = 890 MHz.
Fig. 4 - Atenuação da propagação para f = 1682 MHz.
Ambientes Interiores A propagação em ambientes interiores difere da propagação no exterior. No caso do interior, a extensão da cobertura é bem definida pela geometria do edifício e os limites do mesmo afetam a propagação, causando uma atenuação adicional. Para a determinação da atenuação dentro de edifícios e respetivo cálculo da cobertura foi escolhido o modelo definido pela recomendação ITU-R P.1238-8 [9]. Antenas As antenas escolhidas para os TMs foram a antena VHF-LB Vest Antenna para VHF, a antena LTE Wearable BW700-3000 para UHF e a antena veicular de LTE UHF710VM/HG.
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O sistema LTE-A MCC agrega funcionalidades que as comunicações militares e de segurança pública e emergência necessitam, como a prioridade e o estabelecimento rápido de chamadas, as chamadas de grupo, as chamadas de emergência e os serviços de dados [6].
Tabela I - Parâmetros para os cenários de referência
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O LTE-A surge com algumas melhorias em relação ao LTE. As principais características introduzidas no Release 10 para o LTE-A apresentam-se de seguida [4]: • A agregação de portadoras (carrier aggregation – CA) até uma banda total de 40 MHz, com possibilidade de alcançar os 100 MHz; • A evolução para o Multiple Input Multiple Output (MIMO) 8x8 em DL e 4x4 em UL, com a introdução de mais antenas; • A introdução de nós de retransmissão para aumentar o alcance da rede; • Coexistência de macro, pico e fento-células (ordem decrescente de potência) e retransmissão para aumentar a eficiência espetral por área de cobertura.
podem atuar: ambiente urbano, suburbano, rural e interior de edifícios, explanados na Tabela I. Os serviços disponíveis são: voz, correio eletrónico, serviços machine-to-machine (M2M), partilha de ficheiros e streaming de vídeo.
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– RB) [3], como mostra a Fig. 1.
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Nesta secção pretende-se determinar a distância máxima entre os militares que garanta a cobertura da rede que lhes permita comunicar voz e dados. O cálculo do raio máximo de cobertura do TM obtém-se pela combinação da expressão do balanceamento de potência com a expressão do modelo adequado às perdas de percurso, de acordo com:
Nos diferentes ambientes foram analisados dois serviços críticos, no que respeita o débito binário: a voz (8 kb/s) e o streaming de vídeo (500 kb/s). Estabeleceu-se um cenário com 30 militares com o intuito dos dois serviços estarem disponíveis no pelotão e, por fim, ser possível transmitir a informação para o escalão superior com recurso a uma viatura. O objetivo, em todos os ambientes exteriores, é garantir que todo o pelotão comunica até uma distância de 400 m.
Onde:
• Pt: potência transmitida pela antena • Gt: ganho de transmissão da antena • Gr: ganho de receção da antena • Pr: potência de receção da antena • Lp: atenuação de percurso • a: decaimento médio de potência
Cálculo da capacidade A capacidade é o número de utilizadores (Nu) que são servidos pela rede. Depende da largura de banda, da modulação e do débito binário de cada serviço, de acordo com: Onde:
• Nsub,RB: número de sub-portadoras por RB • Nsym,sub: número de símbolos por sub-portadora • NRB: número total de RBs • Nbits,sym: número de bits por símbolo • NMIMO: ordem da configuração MIMO • Rb: débito binário por RB • t: duração de um RB (~500 )
Análise dos Resultados Esta secção apresenta a análise dos cenários onde os militares da 1FND presentes na República Centro Africana executaram operações militares.
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Dentro do pelotão, quando não é possível comunicar de forma direta (400 m), em NLoS (sem linha de vista), em alguma das frequências, recorre-se à comunicação com retransmissão, ou seja, os militares comunicam numa rede ad hoc através de “saltos” de 14 m, em LoS (linha de vista). Os resultados apresentados na Tabela II referem-se à comunicação com retransmissão, com a modulação de QPSK. Apesar de, em certos casos, ter sido obtida uma potência de receção muito superior à sensibilidade e, portanto, a cobertura e a capacidade superar os 400 m e os 30 militares, o objetivo é apenas garantir que são atingidos estes valores. Para o primeiro cenário, em ambiente urbano, no serviço de voz, efetuou-se o cálculo da atenuação de percurso para a distância de 400 m, sem linha de vista (No Line of Side – NloS), entre o primeiro e o último militar, em todas as frequências. Só foi
possível comunicar em 64 MHz, daí ter-se recorrido à retransmissão. Para o serviço de streaming de vídeo, já em LoS, houve problemas de capacidade em duas frequências e, por isso, apenas se alcançou uma distância máxima de 364 m, para a frequência mais baixa, e 308 m para a frequência de 890 MHz. Para a primeira situação 27 militares tinham o serviço disponível, enquanto na segunda situação, apenas 23 militares. Tabela II - Resultados de Cobertura e Capacidades, em LoS Serviço
Tipo de Ambiente
Frequência [MHz]
Urbano/Suburbano
890
Cobertura Capacidade [m]
64 420
30
420
30
20
3
1682 64 Voz
Serviço de Voz e Streaming de vídeo
Rural
890 1682 64
Interior de edifícios
890 1682
Urbano/Suburbano Streaming de vídeo
Cálculo da Cobertura
Rural
64
364
27
890
308
23
1682
420
30
64
364
27
890
308
23
1682
420
30
20
3
64 Interior de edifícios
890 1682
No segundo cenário, ambiente suburbano, em NLoS, não foi possível comunicar em 1682 MHz, onde se obteve uma potência de receção inferior à sensibilidade. Recorreu-se à comunicação com retransmissão e os resultados obtidos foram iguais aos do ambiente urbano, pois o modelo utilizado é o mesmo, estando em linha de vista.
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Fig. 5 - Militar da BrigMec a operar meios rádio no Teatro de Operações do Afeganistão.
No serviço de voz, em qualquer uma das frequências, deixou de haver problemas de comunicação quando se utilizou a comunicação com retransmissão, com a modulação de QPSK. No serviço de streaming de vídeo, pelo contrário, houve problemas de comunicação dentro do pelotão, relacionados essencialmente com a capacidade. Ainda que se usasse a comunicação com retransmissão, com uma modulação de QPSK, não foi possível que os 30 militares tivessem o serviço disponível. Em ambiente urbano, na frequência de 64 MHz, 27 militares podiam transmitir vídeo, enquanto, na frequência de 890 MHz, apenas 23 militares conseguiam. De igual forma
Com os resultados obtidos foi percetível que não são apenas as questões relacionadas com a potência que limitam as comunicações, mas também a capacidade da própria rede, a escolha da frequência e a modulação utilizada. Apesar das limitações encontradas, conseguiu-se garantir a comunicação no interior do pelotão, nos dois serviços, para as três frequências, numa cobertura de 400 m e para os 30 militares, quando foi utilizada a modulação de 16-QAM. O sistema LTE-A MCC é um bom sistema para integrar nas comunicações militares, pois além de fazer face aos débitos elevados de determinados serviços, também possui as funcionalidades inerentes ao ambiente militar necessitando, no entanto, de ser melhor explorado para tirar o máximo de rendimento desta tecnologia.
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Conclusões
aconteceu no ambiente suburbano e rural.
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No quarto cenário, analisou-se a comunicação dos dois serviços dentro de uma casa típica de um ambiente suburbano ou rural da RCA, com piso térreo. Devido às dimensões da habitação, considerou-se que estavam apenas 3 militares no interior da mesma (não se justifica a permanência de mais). O primeiro dista 20 m do mais afastado. Pretendia-se que os três militares tivessem os dois serviços dis-
poníveis para comunicar. Obtiveram-se valores de potência de receção, no serviço de voz, a variar de -74,66 dBm a -51,46 dBm e, no serviço de streaming de vídeo, a variar entre -71,66 dBm e -48,46 dBm. Como era de esperar, houve sucesso.
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Para o terceiro cenário, ambiente rural, como se trata de uma região com uma densidade de vegetação elevada, não foi possível comunicar voz, em NLoS, nas frequências mais elevadas. Utilizou-se a comunicação com retransmissão e obteve-se sempre uma potência de receção superior à sensibilidade, com valores de potência de receção a variar entre -70,15 dBm e -48,49 dBm, para uma sensibilidade de -106,39 dBm. Em relação à transmissão de vídeo, em LoS, não foi possível, mais uma vez, ter o serviço disponível para todo o pelotão (Nu < 30), por falta de capacidade.
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S . S i l ves tr e Sol i dári a
Ma is u m A n o no Tr i l ho da Sol i dar i edade Maj AdMil Silva Tavares - 2Cmdt BApSvc
Desde 2016 que o Batalhão de Apoio de Serviços da Brigada Mecanizada, em parceria com o Município de Constância, organiza a Corrida São Silvestre Solidária.
Fig. 2 - Partida da Corrida São Silvestre Solidária.
Fig. 1 - “Desafio Aceite”.
A Corrida São Silvestre Solidária, que já tem representação distrital e encontra-se no calendário da Associação de Atletismo de Santarém, é mais do que uma normal corrida São Silvestre, por ter uma vertente solidária. As inscrições dos atletas são “pagas” com bens alimentares, limpeza e higiene pessoal, que têm como destino a Loja Social da Santa Casa da Misericórdia de Constância, permitindo, numa época de solidariedade e fraternidade, levar a muitas famílias do concelho um Natal mais feliz. Para atingir o maior número de inscrições, os organizadores iniciaram o planeamento da prova com cerca de um ano de antecedência, de modo a
que os calendários escolares, de Associações de Tempos Livres e calendário de provas desportivas estivessem em sintonia para poderem albergar a prova S. Silvestre. Trata-se de uma lição que foi identificada dos anos anteriores e que permitiu duplicar o número de inscritos em 2 anos. Na 3ª edição - ano de 2018, a Brigada Mecanizada tinha o objetivo de conseguir mais de 1000 atletas inscritos e aumentar a quantidade de bens doados, que na edição de 2017 tinham alcançado as 2,7 toneladas de bens alimentares, limpeza e higiene pessoal. Por forma a maximizar o alcance desta prova, são anualmente convidadas algumas figuras publicas para apadrinhar a mesma. Na edição de 2018 ficou garantida a presença da piloto de todo o terreno Elisabete Jacinto e da jornalista da TVI, Patrícia Matos, como madrinhas desta edição, tendo demonstrado serem um contri-
Fig. 3 - Corrida dos escalões mais novos.
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buto fundamental para o sucesso da prova pois em conjunto as duas possuem mais de 68.000 seguidores na rede social facebook e instagram, as mesmas que são utilizadas para divulgação da prova. A divulgação de qualquer evento e, em particular, de um evento desportivo que decorra dentro de uma unidade militar, é sempre um desafio. Com a experiência adquirida ao longo dos 3 anos, sabemos hoje que a divulgação deve ser feita o mais cedo possível por todos os intervenientes, quer seja nas plataformas das redes sociais institucionais, @município de constância, @Brigada Mecanizada, quer nas pessoais das entidades que apadrinham. Desta forma conseguiu-se alcançar 1061 inscritos dos quais 900 compareceram na linha de partida sendo mais de 60% não militares, tendo contribuído para juntar perto de 6 toneladas de donativos. Contudo, a edição deste ano não se ficou por aqui. Foi igualmente pedido aos atletas que trouxessem tampinhas plásticas de garrafas, para além dos bens alimentares ou de higiene pessoal, de modo a poderem contribuir para o pagamento dos cuidados médicos da Beatriz Morgado, a “Pipoca”, uma menina com cinco anos a quem foi detetada uma doença rara. Foi com muito agrado que verificámos que os atletas aderiram a
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este pedido de última hora, tendo sido alcançado um volume considerável de tampinhas. Ficou demonstrado que o SER português consegue, apesar das dificuldades do dia-a-dia, ser solidário mesmo que para isso tenha que vir participar numa prova desportiva num dia de inverno. Este evento desportivo gera um misto de curiosidade e de relacionamento com os que aqui servem, tornando a São Silvestre Solidária uma prova cada vez mais rica em termos desportivos, colocando a Brigada Mecanizada no topo das instituições que movem em maior quantidade o tecido social local mostrando uma vez mais que o Exército consegue interagir com a sociedade. Uma vez mais o Batalhão de Apoio de Serviços e a Brigada Mecanizada mostraram que, todos juntos, podemos ser diferentes. Fig. 4 - Cerca de 6 toneladas de donativos.
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Se g u r a n ç a e S a ú d e no Tr a bal ho nas Forças Ar mada s Si m ou N ão?
1Sarg Eng Bernardino de Sousa - CEng
Com o aparecimento da Comunidade Económica Europeia, houve a necessidade de uniformizar a regulamentação dos países membros. Portugal como tal, ratifica essas normas, que transpõe para o direito interno, publicando em Diário da República leis, decretos-lei e portarias, entre as quais as relativas à Segurança e Saúde no Trabalho. O decreto-Lei nº 441/91 de 14 de novembro, considerado a “lei-quadro” da Segurança e Saúde no Trabalho, visa concretizar objetivos enquadrados na qualidade de vida no trabalho, favorecida pelas condições de segurança, higiene e saúde, dotando o País de referências estratégicas e de um quadro jurídico global, que garanta uma efetiva prevenção de riscos profissionais, dando obviamente o cumprimento integral às obrigações decorrentes da ratificação da convenção n.º 155 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre Segurança e Saúde no Trabalho (SST), adaptando para o normativo interno a Diretiva n.º 89/391/CEE, relativo à aplicação de medidas destinadas a promover a melhoria da segurança e da saúde dos trabalhadores no trabalho. Os princípios normativos constan-
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tes no Decreto-Lei n.º 441/91, inscritos no Decreto-Lei n.º 26/94 de 01 de fevereiro, relativo à organização e funcionamento das atividades de segurança, higiene e saúde no trabalho, exigem que sejam adotados conceitos e que se explicitem algumas das obrigações e inerentes responsabilidades dos empregadores e dos trabalhadores, no âmbito da Administração Pública. Para o efeito, foi publicado o Decreto-Lei nº 488/99 de 17 de novembro, que adapta à Administração Pública os princípios definidos na Lei-Quadro. A aplicabilidade deste diploma engloba os trabalhadores e empregadores dos serviços e organismos da administração central, local e regional, incluindo os institutos públicos nas modalidades de serviços personalizados do Estado e de fundos públicos, e ainda aos serviços e organismos que estejam na dependência orgânica e funcional da Presidência da República, da Assembleia da República e das instituições judiciárias, não sendo aplicável a atividades da função pública, quando o respetivo exercício seja condicionado por critérios de segurança ou emergência, nomeadamente as desenvolvidas pelas Forças Armadas, pelas Forças de Segurança,
bem como as atividades específicas dos serviços de Proteção Civil, sem prejuízo da adoção de medidas que visem garantir a segurança e a saúde dos respetivos trabalhadores. O Decreto-Lei nº 488/99 foi revogado pela Lei nº 59/2008 de 11 de setembro (Regime de Contrato de Trabalho em Funções Públicas), e esta lei por sua vez, também é revogada pela Lei nº 35/2014 de 20 de junho (Lei Geral de Trabalho em Funções Públicas), remetendo para o Código do Trabalho a promoção da segurança e saúde no trabalho, incluindo a prevenção. A Lei n.º 102/09 de 10 de setembro, que revoga o anterior DL n.º 441/91 (Lei-quadro) passa a regulamentar o regime jurídico da promoção e prevenção da segurança e da saúde no trabalho, que por sua vez é republicada pela lei n.º 3/2014 em que se estabelece um regime jurídico para a promoção da SHST, aplicando-se a todos os ramos de atividade, nos sectores privado, cooperativo e social, sendo as atividades de função pública, a única exceção no seu campo de aplicação. Após uma exaustiva análise das leis e decretos-lei anteriormente referidos, está descrito no 2º artigo do
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Considera-se que a Constituição da Republica, na sua VII revisão constitucional, é inclusiva relativamente à SSHT, identificando claramente que todos têm direito à proteção da saúde, mas que a legislação nacional aprovada nesta área, permite uma interpretação de exclusão devido à especificidade da missão das FFAA, remetendo para legislação especial. Esta legislação especial, atualmente já em vigor com o PDE 1-23-00, reveste-se de aplicação obrigatória em todas as Unidades, Estabelecimento e Órgãos (U/E/O) do Exército, elencando as atividades específicas no cumprimento da legislação no que respeita às condições de Segurança e Saúde no Trabalho, uma vez que o Exército
Em conclusão, as normas de Segurança e Saúde no Trabalho, são de aplicação obrigatória no Exército, quando “as suas atividades são desenvolvidas em tempo de paz, em regime de estado normal e em Território Nacional, especificamente no âmbito de: • Serviço Interno, de guarnição e de administração das Unidades/Estabelecimentos /Órgãos; • Formação; • Instrução e treino; • Apoio Logístico; • Oficinal (produção, manutenção); • Industrial. Para a atividade operacional, a gestão de risco é definida através da PDE-5-00 – Planeamento Tático e Tomada de Decisão. Podemos assim afirmar que a Segurança e Saúde no Trabalho é de aplicação nas Forças Armadas, devendo ser uma preocupação constante para todos os militares e em especial, para quem exerce funções de comando e chefia, pois todos os militares devem iniciar e terminar, a sua jornada de trabalho, gozando de plena saúde, e nunca considerando que os acidentes, quase acidentes ou incidentes, como algo normal ou natural de acontecer no seu local de trabalho.
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Dada a condição militar e com a constante exposição aos perigos a que
Este programa visa investir em políticas ativas de prevenção para proteger a saúde dos seus militares (trabalhadores) no seu local de trabalho, reduzindo custos decorrentes do absentismo, tanto na área financeira como de gestão dos seus recursos humanos, que são cada vez menores.
considera que no cumprimento da sua missão, a segurança das pessoas, das instalações e equipamentos são um objetivo estratégico.
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Tendo em consideração o parágrafo anterior, as políticas de SST legalmente não são aplicáveis às Forças Armadas (FFAA) nem às Forças de Segurança (FFSS), no entanto, não nos devemos esquecer dos direitos fundamentais dos cidadãos Portugueses inscritos na Constituição da República, em que a mesma na sua VII revisão constitucional de 2005, no artigo n.º 64, identifica claramente que todos os cidadãos têm direito à proteção da saúde, o dever de a defender e promover, e que para aceder a esse direito, incumbe sobretudo ao Estado essa principal função. As FFAA contemplam bastantes elementos civis nos seus quadros de trabalho, estando também as nossas instalações abertas ao público em geral.
estão sujeitos diariamente, a preocupação com este tipo de políticas e a definição de responsabilidades de relação laboral, leva a que se estabeleça um programa Saúde e Segurança no Exército. Surge então a Publicação Doutrinária do Exército, 1-23-00, Manual do Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho do Exército, aprovado por despacho de 3 de março de 2012, de Sua Excelência o Chefe do Estado Maior do Exército. Este manual surge na sequência da Diretiva para o Exército (2007-2009), n.90/CEME/07 de 27 de março, que determina o aperfeiçoamento das medidas de Prevenção de Acidentes que, não obstante do normativo nacional excluir dessa obrigação as Forças Armadas, na área da Segurança e Saúde no Trabalho, não pode nem deve haver prejuízo da adoção de medidas que visem garantir a Segurança e Saúde do Homem no seu local de trabalho.
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Anexo da Lei n.º 35/2014, que aprova a Lei Geral do Trabalho em Funções Publicas, que “a presente lei não é aplicável aos militares das Forças Armadas, aos militares da Guarda Nacional Republicana, ao pessoal com funções policiais da Polícia de Segurança Pública, ao pessoal da carreira de investigação criminal, da carreira de segurança e ao pessoal com funções de inspeção judiciária e de recolha de prova da Polícia Judiciária e ao pessoal da carreira de investigação e fiscalização do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, cujos regimes constam de lei especial, …”.
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Pr e s t a ç ã o d e S e r v i ço Mi l i tar em Santa Mar gari d a Me lh o r a r a A tr at i vi dade, Aument ar a Ret enção
TCor Inf Cordeiro Dias - Cmdt BApSvc “O modo como tratamos os nossos colaboradores tem impacto na nossa capacidade para competir num mercado cada vez mais volátil, incerto, complexo e ambíguo.” Nick Starritt Líder europeu de Engagement da Mercer/Sirota
Atrair e reter as pessoas inserem-se hoje entre as principais preocupações das organizações, que se vêm confrontadas com escassez de recursos humanos por um lado, e por outro desafiadas pela volatilidade dos mesmos. Neste sentido, temos vindo a assistir ao desenvolvimento de estratégias e linhas de ação que visam, em primeiro lugar recrutar em qualidade, quantidade e com oportunidade, e por outro assegurar a necessária estabilidade que garanta a continuidade da sua operação. Neste enquadramento, o Exército, e a Brigada Mecanizada têm vindo a dedicar redobrada atenção a estas questões, promovendo estudos, reflexão, e implementando medidas, visando mitigar os constrangimentos que enfrenta no que concerne à manutenção do seu efetivo, em especial nas categorias de praças em regime de contrato ou voluntariado. O presente artigo, que visa dar a conhecer o modo como a Brigada Mecanizada enfrentou as questões da retenção de efetivos, resulta da experiência vivida em Santa Margarida, porquanto, atenta a sua localização relativamente às áreas de residência de uma parte significativa do universo de cidadãos recrutados pelo Exército, é uma Área Geográfica de Prestação de Serviço Preferencial (AGPSP), que não se insere nas prioridades de colocação dos mesmos. A localização do Campo Militar de Santa Margarida (CMSM) afastada dos grandes centros populacionais, condiciona o acesso a uma vida social no seio da sociedade civil, como é característico desta jovem faixa etária.
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Este afastamento também se configura como limitador para os que pretendam continuar os estudos ou iniciar novos percursos formativos. Conhecedores desta realidade, em 2016 refinámos a caracterização dos nossos recursos humanos, o que fizemos através de entrevistas individualizadas a militares em RV/RC, recém-apresentados, assim como o preenchimento de questionários de forma aleatória aos militares que terminaram o serviço nas diferentes unidades, independentemente do motivo (número máximo de contratos, rescisão, não renovação ou colocação noutra unidade). Destas entrevistas, foi possível apurar: 1. Porque se candidataram ao serviço militar: finalizar os estudos, influência familiar, possibilidade de uma carreira, prestígio de usar uma farda, autonomia e ação. 2. Justificações de saída que foram apresentadas: oferta de trabalho (melhor remunerada ou com menos despesas associadas), inexistência de uma carreira, poucas formações, remuneração insuficiente, proximidade de casa e ter atingido o número máximo de contratos. 3. O que menos gostaram em Santa Margarida: não conseguir estudar, o serviço na cozinha, poucas formações , muitos serviços, falta de missões operacionais e despesas com deslocações entre o domicílio e Santa Margarida. 4. O que mais gostaram em Santa Margarida: camaradagem, formação para empregos futuros , condi-
ções de vida , atividade física e operacionalidade. 5. Como tiveram conhecimento do serviço militar no Exército: amigos/ conhecidos, familiares, ex-militares e ações de divulgação. 6. Porque escolheram Santa Margarida: foram colocados por imposição de serviço, ter amigos/conhecidos na Brigada, ser a AGPSP mais perto de casa nas escolhas possíveis. Tendo por base de trabalho o conhecimento do funcionamento da Brigada e a organização do Campo Militar de Santa Margarida, identificadas que estavam a principais causas de descontentamento ou agrado por parte dos militares da categoria de praças relativamente à prestação de serviço em Santa Margarida, foi decidido intervir nas seguintes áreas: melhoria das condições de vida, apoio na formação académica, atividade física, apoio social, fardamento, atividades culturais, transição de carreira e vida em contexto operacional. Para cada uma das áreas de intervenção foram implementadas as ações abaixo descritas: 1. Condições de vida (alimentação, alojamento, espaços comuns e de convívio). a. Alimentação – aposta na melhoria da formação dos militares e civis que servem nos complexos de alimentação; implementação de medidas adicionais no âmbito da Saúde, Higiene e Segurança no Trabalho, visando a melhoria qualitativa do serviço. Melhoria das condições das instalações e dos equipamentos afetos à alimen-
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tação, de que se destaca o início da construção de um complexo de alimentação centralizada, que responde a padrões mais elevados de conforto e funcionalidade. b. Alojamento – Foram iniciadas de imediato pequenas intervenções, com prioridade para o alojamento dos praças, visando a melhoria da sua habitabilidade; projetadas intervenções mais profundas em alojamentos de praças e sargentos, que se iniciaram em finais de 2018 e estarão concluídas durante o primeiro quadrimestre de 2019. Em paralelo, foi decidido potenciar a utilização dos edifícios em melhores condições, dotando-os de melhores equipamentos. De entre reparações diversas, podemos elencar as efetuadas nas águas quentes sanitárias, substituição de quadros elétricos, e colocação de iluminação led. c. Espaços comuns – foram melhoradas as salas de convívio, visando a melhoria das condições de conforto, instalando climatização, dotando-as de televisão por cabo, e de rede internet por wifi. Foram também efetuadas intervenções de grande dimensão nas piscinas descobertas, que foram utilizadas por um elevado número de militares, seus amigos, e familiares. Foi alargado o horário de funcionamento do ginásio, que já havia sido dotado de equipamentos modernos do anterior.
Fig. 1 - Áreas de intervenção para a retenção na AGPSP de Sta Margarida.
em motricidade humana, para a elaboração de programas de treino, muitas vezes individualizados e específicos para cada militar e por objetivo individual. 4. Apoio Social – Foram elaboradas propostas de necessidade de estabelecimento de novos protocolos, com entidades localizadas na região. Foram intervencionadas várias casas do Estado, o que permitiu o aumento do número de casas do estado disponíveis para concurso. 5. Fardamento - Foi estabilizado o funcionamento do ponto de venda de fardamento, e expressa a preocupação pela irregularidade do fluxo de reabastecimento de fardamento. 6. Atividades culturais – Foram planeadas e executadas visitas culturais a locais de interesse cultural e
militar, com a totalidade dos custos, assumidos pela Brigada. 7. Transição de carreiras (reintegração no mercado de trabalho) – Foi feita uma aposta na qualificação e formação dos militares, quer no seio do Exército, quer recorrendo ao apoio de um Centro Qualifica da região. 8. Vida em contexto operacional – Foi implementado um processo de acolhimento para os militares recém colocados na Brigada, com a finalidade de prestar informação rigorosa, atenuar a natural ansiedade e também de escutar as suas expetativas relativamente aos cargos e unidades preferenciais de colocação. Foi efetuado um estudo que identifica cargos que poderão a vir ser desempenhados por civis, e atividades que poderão ser desen-
2. Apoio na formação académica – Foi implementado o projeto de Ensino Secundário Recorrente à Distância (ESRaD) que permite aos militares, de forma remota, finalizar o 12º ano. Foi estabelecido um centro de explicações orientado para os militares que pretendiam concorrer aos exames do 12º ano, ou prepararem-se para os concursos às Forças de Segurança e a outros organismos.
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Fig. 2 - Entrega de Certificados de Formação.
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3. Atividade física – Foi disponibilizado o apoio de militares especializados
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volvidas com recurso a prestação de serviços, visando libertar os militares dos cargos que são do seu menor agrado. Foram reorganizados diversos serviços, introduzindo uma maior racionalização dos recursos humanos que lhe estão afetos. Conclusões A falta de atratividade para a prestação de serviço em Santa Margarida tem constituído um desafio permanente para a Brigada Mecanizada, naturalmente agravada com o fim do Serviço Militar Obrigatório. De facto, com a implementação dos regimes de voluntariado e contrato, e a consequente implementação das AGPSP, a que se pode associar a redução dos efetivos estruturais, o Exército viu-se confrontado com dificuldades acrescidas para guarnecer a Brigada com os efetivos necessários para o preenchimento dos seus Quadros Orgânicos. Esta situação foi mitigada durante um período alargado de tempo, em que
existia capacidade por parte do Exército para recrutar em quantidade para a satisfação das suas necessidades, ao mesmo tempo que existia um numero significativo de Forças Nacionais Destacadas, que constituía um fator de grande relevância para atrair e reter militares em Santa Margarida. A situação alterou-se nos dois últimos, sendo conhecidas as condicionantes ao recrutamento, pelo que se tornou imperativo agir de forma ativa sobre o efetivo existente, com o objetivo de aumentar as taxas de retenção. As ações/medidas tomadas pela Brigada Mecanizada visaram melhorar as condições físicas de alojamento, trabalho e lazer, por um lado, e por outro, estimular e apoiar a valorização dos militares, conferindo-lhes competências acrescidas para o desempenho de cargos no Exército, e também com a perspetiva de poderem ter mais facilidade no regresso ao mercado de trabalho civil.
Dois anos após o início deste “projeto” constatamos uma perceção muito positiva por parte dos militares envolvidos, que podemos confirmar pela redução da percentagem de rescisões, o aumento do efetivo que cumpre a totalidade do tempo de serviço nas unidades de Santa Margarida, e pelo incremento dos militares do Quadro Permanente que declaram a vontade de prorrogação de deslocamento. No entanto, uma vez que é um assunto relacionado com pessoas, é evolutivo e com necessidade de ser revisto com frequência, para acompanhamento das condições sociais e económicas e os interesses geracionais. Assim, estamos todos obrigados a alertar para as alterações e apresentar propostas para mitigar as condições geográficas da força decisiva, transformando-a num polo de atratividade para o Exército Português.
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Pa r te I V - Temas G er ai s
C o o p e r a ç ã o n o D omí ni o da Defes a com a Re p ú b l i c a D e m o cráti ca de Ti mor- Les te A p o ia r a Co mponent e Ter r est r e
TCor Inf Tiago Loureiro | Cap Inf Bruno Reis | Alf RHL André Esteves
Enquadramento
As F-FDTL As F-FDTL são uma força conjunta de escalão Brigada sendo constituídas, na sua macroestrutura, pelo Comando e Órgão de Apoio, pelas Componentes da Força Terrestre, Naval Ligeira, Aviação Ligeira, de Apoio de Serviços e de Formação e Treino, Unidade Polícia Militar e Unidade de Operações Especiais1. O Plano de Desenvolvimento da Força 2011 – 2017, de 2011, identifica uma estrutura orgânica para a CT orientada para uma distribuição terri1
As duas últimas, na dependência direta do CEMG.
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torial, constituída pelo Comando, Forças de Defesa Terrestre (Setores Norte e Sul), e Força Operacional de Combate Terrestre a equipar com VBR, Apoio de Combate e AAA, localizada em BAUCAU.
manifestada pelas entidades Timorenses, reuniram-se as condições para no PQ de 2011-13 fosse incorporado um novo Projeto de CTM atribuído à Brigada Mecanizada na qualidade de Entidade Tecnicamente Responsável2.
No entanto, fruto de vários condicionalismos, a estrutura atual da CT é constituída, na generalidade, pelo Comando (Cmd) e Estado-Maior (EM), Companhias de Atiradores (CAt), Companhia de Apoio de Serviços e Companhia de Veteranos, mantendo-se aquartelada em Baucau.
Atual Programa-Quadro 2017-2021
Acordo de Cooperação Na sequência da independência, Portugal e Timor-Leste assinaram um Acordo de Cooperação Técnico-Militar (CTM) a 20 de maio de 2002, com a finalidade de contribuir para o apoio ao desenvolvimento das F-FDTL. Desde o início da cooperação foram concluídos 4 Programas-Quadro (PQ) ao abrigo do Acordo supramencionado. Com a criação da Componente Terrestre e perante a necessidade
Decorrente da evolução do processo de Cooperação, o Programa-Quadro de Cooperação no Domínio da Defesa (CDD) para o período de 2017 a 2021, identifica como dimensões estratégicas para o desenvolvimento dos Projetos: “A Capacitação Institucional”;
“A Capacitação de recursos humanos”; “O Reforço do uso da língua portuguesa”, pressupondo, de entre outros, os seguintes mecanismos e necessidades identificadas: “Reforçar, numa lógica mais conjunta, o apoio à Estrutura Superior da Defesa Nacional e das F-FDTL e o funcionamento das Componentes; Reforçar a capacitação operacional de todas as Componentes; Identificar mecanismos que visem con2
Diretiva n. º323/CEME/97.
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No ano de 2011, fruto da reestruturação das F-FDTL, criou-se a Componente Terrestre (CT), sediada no mesmo aquartelamento de BAUCAU.
Fig. 2 - Criação da Componente Terrestre em 2011.
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Em 2006, decorrente da crise política e social e, da reorganização efetuada nas F-FDTL, o batalhão sediado em LOSPALOS transferiu-se para o atual aquartelamento de BAUCAU, realizando para tal uma marcha apeada que durou 06 dias.
Fig. 1 - Criação das Forças de Defesa de Timor-Leste em 2002.
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Com o referendo de 30 de agosto de 1999 deu-se início ao processo de independência da República Democrática de Timor-Leste e consequentemente ao acantonamento das forças que constituíam a Resistência – FALINTIL –, saindo das montanhas para a localidade de UAIMORI (município de VIQUEQUE) e para AILEU, dando lugar à germinação de uma força convencional. Posteriormente, a 01 de fevereiro de 2001, consumava-se a criação das FALINTIL – FORÇAS DE DEFESA DE TIMOR-LESTE (F-FDTL) com a localização de um Batalhão de Infantaria em LOSPALOS (2003) e um segundo em METINARO (2005).
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tribuir para a participação das F-FDTL em missões humanitárias ou de Paz conjuntamente com as Forças Armadas Portuguesas; Identificar projetos e atividades passíveis de desenvolvimento no âmbito da economia da defesa e nos assuntos do mar.”. De forma a operacionalizá-lo foram aprovados 5 projetos de CDD, dos quais se salienta o Projeto n.º 4 – Componente Terrestre –, designação atribuída no anterior PQ e mantendoFig. 6 - Equipa de assessores com militares da CT.
Fig. 3 - Projetos de Cooperação no Domínio da Defesa.
-se atribuído à Brigada Mecanizada. A Brigada Mecanizada na CTM /CDD A BrigMec integrou a CTM com a RDTL em 2011, tendo desde então aprontado e projetado 7 equipas de assessores permanentes e 4 equipas de assessores temporários, num total de 27 militares (22 oficiais e 5 sargentos).
tir a assessoria está materializada em três entidades nacionais com o elo de ligação da CT materializado no seu Comandante (Cmdt). Atualmente a equipa3 de assessores é chefiada por um TCor de Infantaria coadjuvado por um Capitão de Infantaria.
atuação no plano da defesa militar e de apoio à política externa, participando em operações militares conjuntas e combinadas; e uma atuação não militar centrada nas outras missões de interesse público e cooperação civil-militar...”5.
Com a finalidade de atingir os objetivos do Acordo de Cooperação são de salientar a realização de 16 ciclos de treino operacional (TOp) orientados para as Operações Ofensivas, Defensivas, de Operações de Apoio à Paz4 (OAP) e de Guerrilha, 10 Escolas Preparatórias de Quadros (EPQ), 12 exercícios de escalão Companhia,
Assim, com o pressuposto de que a capacitação operacional da CT tem evoluído ao longo dos anos com o apoio e assessoria das equipas da Brigada Mecanizada, estabeleceu-se como nível de ambição a realização de um exercício da série “MATEBIAN”, de nível Componente, onde o seu Estado-Maior planeie uma operação de escalão Batalhão, e as companhias disponíveis realizem Tarefas Essenciais ao Cumprimento da Missão no âmbito das operações ofensivas, defensivas e de estabilização.
Ao abrigo do PQ, sob o desígnio do cumprimento do Objetivo Geral – Apoiar a Componente Terrestre,
Fig. 4 - Projeto Nº 4 - Componente Terrestre.
foram estabelecidos os objetivos específicos que norteiam a assessoria a efetuar à CT: A estrutura idealizada para garan-
Fig. 7 - Diretor Técncio do Proj n.º4 , TCor Inf Tiago Loureiro, num momento durante a realização da “Marcha Forçada” da CT, 2018.
série “MATEBIAN”. De entre estes, orientado para as OAP, realizaram-se 08 ciclos de treino, 2 EPQ e 8 exercícios. Capacitação Operacional, Formação Contínua O modelo adotado para as F-FDTL caracteriza-se por “...Ao nível operacional pretende-se uma força de grande polivalência pronta para realizar 3
Fig. 5 - Composição do Projeto Nº 4.
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TCor Inf Tiago Loureiro e Cap Inf Bruno Reis Operações de Estabilização.
Para 2018-19, o foco no TOp será orientado para a realização de tarefas dos diversos tipos de operações do espetro do conflito, estabelecendo-se como Aim Point6 a prioridade no treino de Operações Ofensivas, Operações de Estabilização, Operações de Apoio civil e Operações Defensivas, por esta ordem, tendo como objetivo último, a sua participação no exercício das F-FDTL “COBRA 19”. Para tal, de forma a contribuir para a melhoria da capacitação dos militares da CT realizaram-se até ao momento um conjunto de palestras, nas quais, número acumulado, assistipp XX, FALINTIL-FDTL/PDF 11-17 (2011). Retidado do anterior FM 7-0 I. Training for Full Spectrum Operations (Dec08), fig, 1-1, p.13. 5 6
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a efetuar no decorrer do exercício da Componente, consolidando-se, previamente, pela realização de um Rock-Drill onde os Cmdts aos diferentes escalões poderão visualizar a manobra, rever planos e ordens, motivar coordenações e tirar dúvidas relativamente ao Field Training Exercise (FTX) a realizar.
Fig. 8 - Cronograma de Treino Operacional e atividades para o 2º semestre de 2018.
ram 850 militares, salientando-se: • Planeamento e procedimentos para a realização do Treino Operacional; • Planeamento, conduta e avaliação de exercícios;
Ainda, para treinar e consolidar os procedimentos a efetuar no Processo de Decisão Militar, pretende-se realizar um Battle Staff Training, cuja
Com o intuito de incrementar a capacitação operacional das subunidades da CT, sob coordenação dos Cmdts de companhia, e em estreita ligação com o S3 e os Assessores Portugueses, está em curso a realização de EPQ, nas quais, os Cmdts de pelo-
• Processo de Decisão Militar; • Procedimentos de Comando; • Procedimentos para o processo de gestão do risco; • Organização, funcionamento e responsabilidades de um Estado-Maior e dos seus elementos; • Elaboração de Relatórios; • Caracterizar a Tipologia de Operações; • Operações de Estabilização; • Operações de Apoio Civil; • O Agrupamento/Batalhão no Ataque Deliberado; • A Companhia no Ataque Deliberado; • Lições Identificadas e Aprendidas;
Fig. 9 - Sessão sobre a Organização e Funcionamento de um Estado-Maior.
finalidade será permitir aos militares a familiarização com o processo de tomada de decisão militar através do planeamento de uma operação
tão e de secção ministram sessões de nivelamento uns aos outros de diversas Técnicas Táticas e Procedimentos (TTP) individuais e coletivas. Assim, cada ciclo de treino operacional con-
• “Como treinar a tua Secção”; • Logística de Pequenas Unidades; • Combate Urbano; • Liderança.
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Fig. 10 - Treino Combate Urbano a militares da CT.
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De forma a consolidar o planeamento de exercícios efetuaram-se as conferências de planeamento IPC, MPC e FCC, consumadas na elaboração da documentação doutrinária – Diretiva Iniciadora, EXSPEC, EXPLAN, etc, para o exercício “MATEBIAN 18.2 e MATEBIAN 19.1”, além da realização de uma fase académica onde foram efetuadas palestras com a finalidade de contribuir para a formação dos militares e solidificar as tarefas a realizar por pequenas unidades.
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Fig. 11 - Realização de tiro real em carreira de tiro.
cluiu-se com a realização de circuitos de avaliação de forma a validar, analisar e reorientar esforços numa área ou outra. Participação em Operações Humanitárias ou de Apoio de Paz com as FFAA Portuguesas A Lei de Defesa da RDTL contempla como um dos desideratos a atingir “satisfazer no âmbito militar os compromissos internacionais assumidos, através da participação em missões humanitárias e de apoio à paz e em ações de cooperação técnico-militar.”. O próprio Acordo de Cooperação também o salvaguarda, pelo que, como resultado da consolidação da estrutura das F-FDTL, e no cumprimento do estipulado tem-se efetuado ao longo destes anos de assessoria ciclos 7
Lei n.º 3/2010, de 21 de abril (LDN – Lei de Defesa Nacional). 7
de treino em OAP, complementados com EPQ e consolidados nos diversos exercícios nos quais o tema a executar centra-se no tipo de operações de estabilização. Adicionalmente, em coordenação com o Projeto n.º 2 de CDD e a Componente de Formação e Treino das F-FDTL, militares da CT têm frequentado o Curso Elementar em OAP e o Curso Avançado em OAP de forma a contribuir decisivamente para a solidificação da formação dos militares e habilitá-los, no futuro, a participarem em operações conjuntas com as Forças Armadas Portuguesas numa missão ao abrigo de uma Resolução das Nações Unidas, por exemplo. Proteção Ambiental Baseada na experiência do processo de certificação ambiental da Brigada Mecanizada, embora não esteja
explícito nos objetivos do PQ 17-21, o Cmd da Brigada Mecanizada sugeriu como uma das prioridades a explorar, no vetor de ação ao complemento da capacitação da CT, a criação de um Núcleo de Proteção Ambiental. Assim, tendo decorrido o 1º Curso de Proteção Ambiental na Componente de Formação e Treino das F-FDTL, nos meses de junho e julho de 2018, incentivou-se o Cmd da CT a propor a indigitação de militares para o frequentar de forma a dar corpo e materializar aquela intenção. Neste sentido, em agosto começaram as primeiras ações de esclarecimento e de sensibilização aos militares tendo como finalidade última contribuir para a melhoria da proteção ambiental em Timor-Leste, em geral, e na Componente Terrestre, em
Fig. 12 - Sessão de sensibilização em Proteção Ambiental.
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Fig. 13 - Sala de aula do CPFE.
particular. Planeado de forma a abranger o universo dos militares da CT, as sessões de sensibilização e esclarecimento englobam as seguintes áreas: • Caraterizar o Meio ambiente e os impactos provocados pela atividade humana; • Identificar os diferentes tipos de poluição; • Identificar os diferentes tipos de resíduos e identificar os processos de acondicionamento e/ou tratamento; • Caracterizar os principais problemas ambientais; • Identificar os aspetos ambientais decorrentes da atividade militar; • A PAmb em Operações, Treino e Exercícios;
• Reconhecer o processo de Implementação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA); • Explicar as fases do processo de um SGA. Ensino da língua portuguesa na CT O Curso de Português para Fins Específicos (CPFE) A1/A2 permite que os militares adquiram conhecimentos linguísticos (vocabulário e gramática) estabelecendo um paralelismo entre a história de Timor-Leste e a de Portugal, onde as referências culturais são constantemente um tópico de conversa, tornando a sala de aula um local de partilha. Além do processo de aprendizagem da língua, há uma constante preocupação no sentido de reforçar o interesse pelas línguas
oficiais como um elemento crucial na identidade cultural de um povo. O contexto militar do curso concorre para a ação estratégica no que diz respeito à cooperação entre Portugal e Timor-Leste. Os militares das F-FDTL que concluem o Curso passam a ser também um meio de difusão da Língua Portuguesa enquanto língua oficial de Timor-Leste e, tal como foi referido, de todos os valores intrínsecos na identidade do povo maubere. Ao conseguir o primeiro CPFE na Componente Terrestre, em Baucau, atingiu-se assim o objetivo de alargar a todas as Componentes das F-FDTL no que diz respeito ao ensino do português. Espera-se que haja uma continuidade nos CPFE na Componente Terrestre, apesar de ser ministrado numa Unidade operacional. O esforço tem sido devidamente recompensado pelo constante interesse dos alunos e por uma notória evolução, tanto ao nível da escrita, como ao nível da oralidade Até ao momento já se concluiu um curso e decorre o II curso que visa militares das diferentes categorias da CT estando previsto o III curso iniciar-se a 06 de maio do corrente ano.
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Fig. 14 - Entrega de diploma de Mérito ao melhor classificado do I CPFE.
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Tom ad a d e Po s s e d o Comandant e da Br i gada M ecani za da
O Brigadeiro-General Eduardo Manuel Braga da Cruz Mendes Ferrão tomou posse como Comandante da Brigada Mecanizada (BrigMec), no dia 9 de janeiro, numa cerimónia realizada no Campo Militar de Santa Margarida. O Tenente-General Guerra Pereira, Comandante das Forças Terrestres, entregou o Estandarte Nacional ao Comandante da Brigada Mecanizada e, conjuntamente com as autoridades civis locais presentes, testemunhou a assinatura do Termo de Posse. Na sua intervenção, o Brigadeiro-General afirmou o enorme orgulho com que assume o comando da BrigMec, enaltecendo igualmente o trabalho de todos os que no passado e no presente construíram o capital de enorme prestígio nacional e internacional desta Grande Unidade do Exército, concluindo com as principais orientações para o período do seu Comando, afirmando a Brigada como uma Unidade competente, coesa, disponível e em prontidão, para servir Portugal e os portugueses.
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Ca d e t es do E x é r c ito Fr a n cês V i si t am a Br i gada M ecani zada
Na sequência do intercâmbio de Cadetes entre Academias, previsto após a 2ª Conferência Bilateral de Estados-Maiores entre Portugal e França, a Brigada Mecanizada recebeu a 29 de janeiro, a visita de 02 Cadetes-alunos provenientes da École Militaire Interarmes (EMIA) do Exército Francês. Durante oito dias, os dois militares do Exército Francês visitaram as várias Unidades da BrigMec, participaram em atividades de treino e tiro operacional e conheceram os principais sistemas de armas que equipam esta Grande Unidade.
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V is ita d o Cu r s o d e Especi al i zação de O fi ci ai s em Ar tilh a ria d a Mar i nha de G uer r a Por t uguesa
Na manhã de 16 de fevereiro, o Grupo de Artilharia de Campanha (GAC 15.5 AP) e a Bateria de Artilharia Antiaérea (BtrAAA), receberam a visita do Curso de Especialização de Oficiais em Artilharia da Marinha de Guerra Portuguesa. Chegados à Brigada Mecanizada, o curso apresentou-se no Quartel da Artilharia (QArt), onde foi recebido pelo Exmo. Comandante, TCor Art Vítor Lopes. Após uma breve apresentação foram iniciadas as visitas aos principais sistemas de armas (Obus M-109 e SLM Chaparral), aos equipamentos e sistemas de simulação de tiro (Infront 3D) em uso no quartel, proporcionando aos formandos uma visão geral da organização, missão, possibilidades, limitações, atividades e perspetivas futuras para a Artilharia desta Brigada.
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E xer c íc io HA KE A 1 8 1 .2 - A Cami nho do Cer t i fi cação
O Comando e Estado-Maior da Brigada Mecanizada iniciou no dia 24 de fevereiro, mais um exercício da série HAKEA 181, em Santa Margarida. O exercício teve como principal objetivo a validação, no terreno, da TACSOP (Tactical Standing Operating Procedure) sobre a organização de funcionamento do Posto de Comando (PC). O Comando e EM da Brigada mecanizada procuram, desta forma, dar mais um passo em frente no processo de certificação de um Comando de Brigada de acordo com os padrões NATO, preparando-se para responder da melhor maneira no maior exercício do ano – o ORION 18.
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B r i gMe c A b r e a s Po r t as a Ent usi ast as da Fot og r afi a n a Última S essão de Ti r o do CC M 60
Mais de duas dezenas de Spotters aceitaram o desafio da Brigada Mecanizada, comparecendo no Spotters Events a propósito da última utilização operacional dos Carros de Combate M60 A3TTS, que se realizou nos dias 12 e 13 de março. Estes entusiastas da fotografia e da temática militar, vieram de vários pontos do país, para assistirem à última sessão de tiro real dos CC M60 A3TTS. As fotografias por estes captadas, imortalizam o legado deste carro de combate que, ao fim de 25 anos ao serviço de Portugal e dos Portugueses, dá por concluída a sua missão.
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V i s ita à Brig Me c d o Bi spo das For ças Ar madas
A Brigada Mecanizada celebrou no dia 05 de abril, na Capela do Campo Militar de Santa Margarida, a Eucaristia Pascal, presidida por Sua Excelência Reverendíssima (S.E.R) o Bispo das Forças Armadas e de Segurança, D. Manuel da Silva Rodrigues Linda. Estiveram presentes o Exmo. Comandante da Brigada Mecanizada, Brigadeiro-General Mendes Ferrão, o Exmo. Presidente da Junta de Freguesia de Santa Margarida da Coutada, Sr. José Manuel Ricardo, além dos vários militares e funcionários civis que aqui prestam serviço. A celebração Pascal decorreu com a dignidade e elevação habituais nesta Grande Unidade e para isso muito contribuiu o brilhantismo do Grupo Coral da Brigada Mecanizada. Estes militares, através das suas vozes e instrumentos musicais, conseguiram emprestar um colorido diferente a esta celebração que muito agradou a S.E.R. o Bispo das Forças Armadas e de Segurança, naquela que foi a sua despedida formal do Exército.
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Dia d a Br i gada M ecani zada
• Celebrou-se no dia 6 de abril, o 40.º Aniversário da Brigada Mecanizada, com a realização de uma Cerimónia Militar presidida por Sua Excelência o Chefe do Estado-Maior do Exército, General José Frederico Rovisco Duarte. O dia festivo iniciou-se com o hastear da Bandeira Nacional. Seguiu-se a Cerimónia de inauguração do “Monumento aos Combatentes por Portugal” , dedicada a todos os combatentes tombados em nome da Pátria, e que contou com a presença de uma delegação de antigos combatentes, liderada pelo Exmo. Presidente da Liga dos Combatentes que muito contribuiu para enobrecer a ocasião. A Cerimónia Militar referente à efeméride, realizou-se na Pista de Aviação, onde os militares de todas as subunidades desta Brigada perfilaram em parada. Sob o olhar atento de todos os presentes, os militares mostraram um garbo exemplar, característico do Soldado desta Grande Unidade. E foi ao “Soldado” da BrigMec, em particular, que Sua Excelência o General CEME deixou a certeza de estar atento às suas necessidades e aos esforços que, dia após dia, emprestam ao Serviço de Portugal e dos Portugueses. Palavras corroboradas pelo Exmo. Comandante da Brigada Mecanizada, Brigadeiro-General Mendes Ferrão, exortando o valor dos que servem sob o seu comando no cumprimento das missões atribuídas, sem esquecer aqueles que integram com grande valia o 6º Contingente Nacional (em missão no Iraque). Terminadas as alocuções e a imposição de condecorações a militares e funcionários civis, seguiu-se o desfile apeado e montado, desta Força Mecanizada, assinalando-se o encerrar deste 40.º Aniversário da Brigada Mecanizada.
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C on c e r to d o 4 0 º An ive r sár i o da Br i gada M ecani zada
O Teatro Virgínia [em Torres Novas] foi, na noite de 11 de abril, “invadido” por mais de três centenas de militares e civis que quiseram assistir ao Concerto Comemorativo do 40.º Aniversário da Brigada Mecanizada. O espetáculo, proporcionado pela Banda Sinfónica do Exército, foi dedicado a todos os militares e funcionários civis que servem nesta Grande Unidade, tendo ainda a particularidade de mostrar a todos esta vertente mais cultural/musical do Exército Português. E neste capítulo, a BSE esteve irrepreensível! Liderados pelo Maestro, Ten Artur Cardoso, a banda presenteou o público com atuações de uma qualidade e versatilidade que vão muito além da faceta mais visível da participação musical em cerimonial militar. Entre os presentes na audiência, encontravam-se o Exmo. Comandante da Brigada Mecanizada, Bgen Mendes Ferrão, acompanhado dos Exmos. Presidentes dos Municípios de Torres Novas e de Constância.
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C ur so d e De fe s a Na ci onal V i si t a a Br i gada M ecani zada
No dia 04 de maio, a Brigada Mecanizada (BrigMec) recebeu a visita do Curso de Defesa Nacional do Instituto de Defesa Nacional (IDN), que teve por objetivo familiarizar os Auditores com a estrutura, organização, atividades e meios do Exército. Do programa constou um briefing, uma apresentação das tipologias de viaturas da família M113, uma passagem pelo Posto de Comando Tático da BrigMec, estabelecido no âmbito do exercício HAKEA, e a apresentação do sistema Advanced Field Artillery Tactical Data System.
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D is tin g u is h e d V i si t or s Day do O RIO N 18 M i n i s t r o d a De fe s a Na ci onal na Br i gada M ecani zada
Decorreu no dia 08 de maio, na Brigada Mecanizada em Santa Margarida, o Distinguished Visitors Day (DVD) do Exercício ORION8, presidido por Sua Exa. o Ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes. O Sr. Ministro, acompanhado do Chefe de Estado Maior do Exército, General Rovisco Duarte, e do Comandante da Brigada Mecanizada, Brigadeiro-General Mendes Ferrão, assistiu a um brífingue de apresentação do exercício, antes da visita a uma exposição estática dos meios empenhados e à realização de um exercício tático com fogos reais, envolvendo militares, meios e equipamentos de todas as forças empenhadas. Aquando da sua alocução, o MDN destacou “forma absolutamente exemplar” com que decorreu o exercício, agradecendo a “participação dos nossos amigos e aliados NATO” - dirigindo-se às forças dos internacionais que também se treinaram neste ORION.
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B rig a d a Me cani zada Recebe V i si t a do Cu r s o d e P r omoção a O fi ci al G ener al
O Curso de Promoção a Oficial General (CPOG) de 2017/18 visitou a Brigada Mecanizada em 16 de maio de 2018. Chegados a Santa Margarida, a comitiva de 22 militares assistiram à apresentação do Campo Militar de Santa Margarida (CMSM), num briefing decorrido no auditório do Quartel-General. Após, tiveram a oportunidade de conhecer algumas das unidades, nomeadamente o único Batalhão de Apoio de Serviços do Exército, com a visita ao seu Posto de Comando Tático e Oficinas, e depois com paragem no Quartel da Cavalaria, onde se apresentou o simulador do CC LEOPARD 2A6. A demonstração de capacidades na Carreira de Tiro A7 (D. Pedro) com recurso a fogo real assinalou o términus desta visita. Este exercício do tipo Live Fire Exercise (LFX) foi a melhor forma de mostrar todo o potencial das características ímpares do Campo Militar de Santa Margarida, que se vem afirmando, cada vez mais, como a principal área de treino e de fogos reais do Exército.
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1 º C u r s o d e Co n d u to r d e M at ér i as Per i gosas por Est r ada
A Brigada Mecanizada promoveu, entre os dias 14 e 18 de maio, o 1º Curso de Condutor de Matérias Perigosas por Estrada, com especialização em cisternas. A formação decorreu no Batalhão de Infantaria Mecanizado e contou com um total de 12 formandos, todos Praças. O objetivo é prepará-los com os conhecimentos essenciais ao transporte rodoviário de matérias perigosas, nomeadamente em ações de cargas e descargas. Entre as matérias abordadas estão os tipos de perigos das diversas matérias, os tipos de transportes existentes, tipos de armazenamento e, mais concretamente, as diferenças entre o transporte dessas matérias em carga geral ou em cisternas. Esta formação certificada teve o apoio da Direção de Formação e do Centro de Informação e Orientação para a Formação e Emprego (CIOFE) e permite aos formandos, uma mais fácil integração no mercado de trabalho no final do período de contrato através da profissão de motorista de matérias perigosas. Entre 21 e 25 de maio, foi ministrado um segundo curso, já com a presença de militares de outras unidades do Exército que quiseram agarrar esta oportunidade.
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F ND p a r a o Afe gani st ão Execut a Exer cí ci o na E scol a das Ar mas
A preparação dos militares da Brigada Mecanizada para o exigente Teatro de Operações do Afeganistão conheceu, na semana de 22 a 27 de julho, uma nova etapa, com a realização do Exercício KANDAHAR, nas instalações da Escola das Armas (EA) em Mafra. A segunda Força Nacional Destacada (FND) no âmbito da missão NATO - Ressolute Support Mission (RSM), empenhou-se neste treino operacional com um efetivo composto por 07 Oficiais, 18 Sargentos e 120 Praças. Dentro dos aspetos de treino, destacam-se a realização de tiro instintivo de Espingarda Automática G3 e Pistola Walther, na vertente diurna e noturna, de tiro de Metralhadora Ligeira FN MAG, de treino de Combate em Áreas Urbanas e Técnicas de Montanhismo. Recorde-se que a missão destes militares será garantir a segurança do Aeroporto Internacional Hamid Karzai em KABUL [Afeganistão], pelo que o treino a que são sujeitos tem por finalidade conferir-lhes os elevados padrões de competência técnica e tática, a necessária robustez física e resiliência psicológica, que lhes permitam encarar a missão com determinação confiança nas suas capacidades individuais e coletivas.
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M i l i t ar es da B rig a d a Me c a ni zada V i si t am a ‘O r i gem do Café’
A Brigada Mecanizada proporcionou no dia 05 de julho, uma visita guiada às instalações do GRUPO NABEIRO, nomeadamente ao Centro de Ciência do Café (CCC), à ADEGA MAYOR e à NOVADELTA, todas sedeadas em Campo Maior, para 23 dos seus militares (oficiais, sargentos e praças) e funcionários civis. A visita teve o seu início com a degustação de uma chávena de café DELTA, gentilmente oferecida pelo Sr. Comendador Rui Nabeiro, fundador da Delta Cafés e líder do Grupo Nabeiro, a que se seguiu uma oferta institucional evocativa do inestimável apoio do Sr. Comendador à Brigada Mecanizada e ao Exército. Feitas as honras da casa, seguiram-se as visitas ao Centro de Ciência do Café, no qual os nossos militares tiveram oportunidade de observar a forma como este fruto é extraído, transportado e torrado até chegar ao consumidor final. A visita continuou na ADEGA MAYOR do Sr. Comendador, onde foi possível acompanhar o processo de produção e, posteriormente, degustar alguns vinhos, terminando com passagem pela linha de produção e torrefação da NOVADELTA.
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B rig a d a Me c a n iz ada Recebe M ai s de 1000 j ovens
Durante os meses de junho, julho e agosto, a BrigMec recebeu a visita de mais de 1000 jovens que tiveram a oportunidade de desenvolver diversas atividades com os militares, de que se destacam: a utilização da torre multiatividades para escalda, passeio em viatura militar M113, piscina, percursos de orientação, camuflagem e até aprender a marchar. Estas visitas resultam de uma cooperação muito estreita e próxima com os Municípios de Constância, Almeirim, Tomar e Fátima e inserem-se nos programas de apoio à ocupação dos tempos livres desenvolvidos por aquelas instituições. Fazendo jus ao apoio social e abertura de portas, que vem sendo hábito nesta casa, e em sintonia com o Município de Constância, a Brigada Mecanizada estabeleceu um Protocolo com a Autarquia que permite às associações organizadoras de Atividades de Tempos Livres utilizarem as instalações desta Grande Unidade nas atividades que desenvolvem em época não escolar. E a avaliar pelos rasgados sorrisos destes combatentes de “palmo e meio”, a diversão não faltou!
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B rig Me c P r o s se gue Pr epar ação da Fo rç a d e Re a ç ã o Rápi da no Afe gani st ão
Decorrente do seu Plano de Aprontamento, a 2ª FND/QRF/RSM participou no dia 05 de setembro numa ação de formação no âmbito do Counter Improvised Explosive Device (C-IED), frequentada por 03 Oficiais e 13 Sargentos nas instalações do Regimento de Engenharia N.º 1. No dia seguinte, todos os Militares que integram a Estrutura Operacional de Pessoal (EOP) desta Força efetuaram a validação do treino no âmbito do Nuclear, Biológico, Químico e Radiológico (NBQR), tendo sido efetuada a passagem na câmara de gás, permitindo desta forma, que todos os Militares efetuassem o “teste de confiança” da máscara de proteção e validassem a técnica de verificação de funcionamento da mesma.
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To ma d a d e Po s s e do 2º Comandant e da Br i gM ec
Realizou-se no dia 4 de setembro, no Quartel-General da Brigada Mecanizada, no Campo Militar de Santa Margarida, a cerimónia de Tomada de Posse do 2º Comandante da Brigada, o Coronel de Cavalaria Tirocinado CAV Paulo Manuel Simões das Neves de Abreu. Presidida pelo Comandante da Brigada Mecanizada, Brigadeiro-General Eduardo Mendes Ferrão, a cerimónia contou com a presença dos Comandantes e Adjuntos das Unidades da Brigada.
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G AC 15 ,5 A P A p o ia Fo r m ação do 45º CFS de Ar t i l har i a
De 17 a 21 de setembro de 2018, o Grupo de Artilharia de Campanha 15.5 AP recebeu treze alunos do 45º Curso de Formação de Sargentos de Artilharia (CFSA 2017/2018) com a finalidade de ministrar formação no Equipamento de Observação Avançada – Estação de Observação Digital Coral CR. Com a presente ação de formação habilitaram-se os formandos com as qualificações Técnicas, Táticas e os Procedimentos (TTP) específicos na utilização do Equipamento Estação de Observação Digital (EOD) CORAL no desempenho das funções de observador avançado, tendo sido ministrados e alcançados os objetivos propostos. Os formandos tiveram a possibilidade de manusear o mais moderno equipamento de observação avançada de Artilharia de Campanha, tendo esta formação proporcionado o incremento das suas competências e constituído uma ótima experiência de vivência no seio de uma das Unidades da Arma.
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V i s i t a d o E x mo. Co ma ndant e da Br i gada “Ext r emadur a XI ”
A Brigada Mecanizada recebeu no dia 11 de outubro, a visita do Exmo. Comandante da Brigada Estremadura XI (de Espanha), General de Brigada Javier Romero Mari. Após as honras militares, prestadas à entrada do Quartel General, seguiu-se a apresentação de cumprimentos antes da habitual fotografia de grupo e do briefing no auditório do QG. Para melhor conhecer a Brigada Mecanizada, começaram as visitas a diversas Unidades desta Brigada, passando pelo simulador INFRONT 3D do GAC 15.5 AP, 2ª Força Nacional Destacada para o Afeganistão, aprontada nesta Brigada, Oficinas do BApSvc e do simulador do Carro de Combate Leopard 2A6 no Quartel da Cavalaria. Antes de deixar Santa Margarida, o Exmo. Comandante da Brigada “Extremadura” XI, acompanhado pela sua comitiva, ainda assinalou no Livro de Honra da Brigada Mecanizada, a simpatia e profissionalismo demonstrados pelos Soldados de Portugal, mostrando-se confiante na continuidade das boas relações entre os dois Exércitos, em particular entre a Brigada Mecanizada e a Brigada Estremadura XI.
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E nt r e g a d o E s ta n d a r te Na ci onal à 2ª FN D par a o Afe gani st ão E xe r c íci o K ABU L 182
ealizou-se no dia 19 de outubro, junto à Câmara Municipal de Ponte de Sor, a cerimónia de entrega do Estandarte R Nacional, pelo Comandante da Brigada Mecanizada, Brigadeiro-General Mendes Ferrão, à 2ª Força Nacional Destacada para o Afeganistão (2ªFND/AFG), que se constituirá como Força de Reação Rápida (Quick Reaction Force - QRF) e Elemento Nacional de Apoio (National Support Element - NSE), ambas integradas na Resolute Support Mission (RSM), da NATO. Decorrente dos compromissos internacionais assumidos por Portugal, o Exército Português, através da Brigada Mecanizada, em Santa Margarida, aprontou esta Força, constituída por 163 militares do Exército Português, dos quais 148 da QRF e 15 do NSE, oriundos das unidades do encargo operacional da Brigada Mecanizada, que vai integrar o Base Force Protection Group com a missão de contribuir para a segurança do Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Cabul, capital do Afeganistão. Entre os dias 15 e 19 de outubro, a 2ª FND/AFG realizou, no Aeródromo de Ponte de Sor, o último exercício militar da fase de aprontamento, designado “Kabul 182”, que teve como finalidade proporcionar mais um momento de treino à totalidade da força. Na condução do exercício, replicaram-se cenários da mesma tipologia que a anterior Força Nacional Destacada encontrou no Teatro de Operações do Afeganistão. A cerimónia militar de entrega do Estandarte Nacional, presidida pelo Comandante da Brigada Mecanizada, contou ainda com a presença do Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Sor, Dr. Hugo Luís Pereira Hilário, e do Presidente da Assembleia Municipal de Ponte de Sor, Dr. Fernando de Oliveira Rodrigues, entre outras entidades civis e militares, bem como dos familiares e amigos dos militares que constituem a 2ªFND/AFG, que se quiseram associar ao momento da entrega do símbolo máximo da Pátria, que acompanhará a Força durante o tempo de permanência no Afeganistão.
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Prime ir o C u r s o d e Lí ngua Por t uguesa em Baucau
Teve início a 22 de outubro, o primeiro curso de Língua Portuguesa na Componente Terrestre em Baucau, assessorada pelos militares da Brigada Mecanizada. A cerimónia de abertura do curso decorreu nas instalações da Componente Terrestre com a presença de Sua Excelência o Sr. º Embaixador de Portugal em Timor-Leste, Dr. José Pedro Machado Vieira. “Muito me apraz ter testemunhado o interesse pelo português, por parte das chefias militares, oficiais da Componente, formandos e formadores” disse o Sr. º Embaixador na mensagem que dirigiu aos presentes na cerimónia. Integrado no âmbito do Acordo de Cooperação no Domínio da Defesa - Reforço do uso da língua portuguesa, este primeiro curso de português em Baucau materializa o esforço dos dois países no desenvolvimento e reforço da língua portuguesa como língua mãe aprovada pelo povo timorense na sequência da independência. O curso de nível A1/A2, destina-se assim a habilitar os 49 formandos [15 oficiais, 15 sargentos e 19 praças] com os conhecimentos e as competências linguísticas compatíveis com o nível de iniciação e elementar, de acordo com o quadro europeu comum de referência para as línguas, adaptados ao ensino do português no estrangeiro.
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B r i gM ec Re c u p e r a 4 0 K m de Cami nhos F l or est ai s na S e r r a da Est r el a
A Brigada Mecanizada (BrigMec), através da Companhia de Engenharia de Combate Pesada (CEngCombPes) iniciou os trabalhos de recuperação de 40 Km de caminhos florestais no Parque Natural da Serra da Estrela. Os trabalhos que agora se iniciaram, nos Concelhos da Covilhã e de Manteigas, são feitos ao abrigo do Protocolo assinado entre o Exército e o Instituto da Conservação da Natureza (ICNF) e deverão estar concluídos em março de 2019. O objetivo é melhorar os acessos dos caminhos florestais destas áreas para uma rápida intervenção em caso de incêndio, bem como contribuir para uma gestão sustentável da floresta, em locais de difícil acesso. A Brigada empenha em permanência nesta frente de trabalho, 4 militares que operam no terreno, e diversos equipamentos pesados de engenharia, de que se destacam Tratores de Lagartas, Niveladora e viaturas de carga basculantes.
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Tr an s fe rê n c ia d e Au t or i dade na M i ssão do Afe gani st ão
Realizou-se no dia 09 de novembro, no Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Kabul, a cerimónia de Transferência de Comando entre a 1ª FND/QRF/RS e a 2ª FND/QRF/RS do Teatro de Operações do Afeganistão, presidida pelo Brigadeiro-General Comandante do Aeroporto Internacional Hamid Karzai. Esta cerimónia contou com a presença de todos os Militares Nacionais que se encontram em serviço no Teatro de Operações, bem como diversos convidados de variadas nacionalidades e teve como momentos mais significativos a entrega do Guião, à guarda da 1ª FND/QRF/RS, ao novo Comandante da 2ª FND/QRF/RS.
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P r i m ei r os Bin ó mio s Cin o técni cos da Br i gada M ecani zada
A segurança do Campo Militar de Santa Margarida (CMSM) foi reforçada, no dia 13 de dezembro, com uma força cinotécnica que detém o curso de Treinador e Tratador de Cães Militares. Iniciado a 03 de setembro, no Regimento de Paraquedistas, em Tancos, o curso terminou com o aproveitamento dos quatro militares oriundos da Brigada Mecanizada. Ao regressarem ao CMSM, os militares trouxeram consigo os cães com os quais treinaram durante a formação, constituindo-se assim como os primeiros binómios cinotécnicos da história desta Unidade.
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Toma d a d e Po s s e d o Chefe de Est ado- M ai or da Br i gM e c
Decorreu no dia 17 de dezembro, na biblioteca do Quartel-General da Brigada Mecanizada (BrigMec), no Campo Militar de Santa Margarida, a cerimónia de Tomada de Posse do novo Chefe de Estado-Maior da BrigMec, Tenente-Coronel de Infantaria, Luís Carlos Falcão Escorrega. Presidida pelo Comandante da BrigMec, Brigadeiro-General Mendes Ferrão, a cerimónia contemplou os atos formais, que simbolizam a assunção do comando. O Tenente-Coronel Falcão Escorrega, após receber a imposição do escudo de armas e a tradicional apresentação de cumprimentos, seguiu para a Parada, local onde recebeu as honras militares, por parte da Companhia de Comando e Serviços.
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3 ª S ã o S ilve s tr e S o lidár i a da Br i gada M ecani zada Qu a s e 6 To n e la das de Bens Angar i ados
A 3ª edição da São Silvestre Solidária da Brigada Mecanizada, em parceria com o Município de Constância, decorreu no dia 15 de dezembro, no Campo Militar de Santa Margarida, com um registo record de 1061 inscrições. A iniciativa superou as expetativas da organização, arrecadando cerca de 5780 kg de bens alimentares e produtos de higiene e outros artigos, ao qual se somaram as centenas de tampinhas de plástico entregues à Beatriz Morgado “Pipoca”. É intenção do Comandante da Brigada Mecanizada, GBen Eduardo Ferrão transformar esta prova num evento solidário com projeção nacional. Os bens doados serão entregues à Loja Social de Constância que posteriormente fará a entrega àqueles que mais precisam.
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In ic ia r a m Funções na Br i gM ec 2Cmdt BrigMec
Ch GPA e GAp Cmd
CEM BrigMec
Cmdt GCC
Cor Tir Cav Neves de Abreu
TCor Cav Santos Torcato
TCor Inf Falcão Escorrega
TCor Cav Gonçalves Serrano
Cmdt GAC
Cmdt BApSvc
Chefe do G6
Chefe do G3
TCor Art Ribeiro Valente
TCor Inf Cordeiro Dias
TCor Tm Ribeiro Lopes
TCor Inf Dias Afonso
Chefe do G7
Chefe do G2
Chefe do G4
Chefe do G1
TCor Cav Figueiredo Marques
Maj Cav Dias Lourenço
Maj Cav Sérgio Capelo
Maj Inf Mota de Albuquerque
Chefe do G8
Chefe do G9
Adjunto do G4
Of Op Cor G3
Maj AdMil Henriques Arsénio
Maj Inf Ferreira de Campos
Maj Art Bação Serrudo
Cap Inf Afonso Viana
Cmdt CCS
Cmdt BAAA em Sup
Adj Ch GPA
Adj Cmdt BIMec
Cap Inf Moniz da Cunha
Ten Art Andrade Nunes
SCh Mat Nogueira Simões
SCh Inf Martins António
Adj Cmdt BApSvc
Sarg Adj G1
Adj Cmdt CCS
Sarg Adj G7
SCh Mat Fanico Branco
Sch Inf Santos Calmeiro
SAj Mat José Matos
SAj Art Ferreira Pires
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08/10/2018
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23/01/2019
20/09/2018
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28/09/2018
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Ce s s a r a m F unções na Br i gM ec Ch GPA
CEM BrigMec
Cmdt GCC
Cmdt GAC
Cor Art Soares de Aquino
Cor Inf Afonso Calmeiro
TCor Cav Freilão Braz
TCor Art Ferreira Lopes
Cmdt BApSvc
Chefe G4
Chefe G1
Chefe G6
TCor Inf Homem Félix
TCor Art Ribeiro Valente
TCor Inf Cordeiro Dias
TCor Tm Lopes Correia
Chefe do G3
Chefe G7
Chefe G9
Cmdt BAAA
TCor Cav Gonçalves Serrano
TCor Art Claro Sardinha
Maj AdMil Silva Tavares
Maj Art Bação Serrudo
Cmdt CCS
Adj Ch GPA
Adj Cmdt BIMec
Adj Cmdt BApSvc
Cap Art Martins Castro
SCh Inf Martins dos Santos
SCh Inf Ramos Fernandes
SCh Mat Semedo Esteves
Sarg Adj G1
Sarg Adj G7
Sarg Gest Informação
Adj Cmdt CCS
SCh Inf Martins António
SAj Cav Machado Calçada
SAj Mat José Matos
SAj Eng Beirão Mingacho
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