EXERCĂ?CIO
Trident Juncture 2015
Parte III – Trident Juncture 2015 Parte III – Trident Juncture 2015
Introdução Na margem Sul do Rio Tejo, paraquedistas portugueses e canadianos conquistam a primeira linha de objetivos, impedindo os fogos diretos sobre os locais de travessia, onde, entre outras forças, o 2º Esquadrão de Carros de Combate (ECC) do Grupo de Carros de Combate (GCC) da Brigada Mecanizada (BrigMec) atravessam o obstáculo numa ponte da engenharia alemã, que opera no setor de travessia a par da Companhia de Pontes nacional. Iniciava-se a travessia das forças médias e pesadas para garantir a cabeça-de-ponte1. Uma das fases da operação ofensiva para restaurar a integridade territorial de Lakuta2 estava prestes a consumar-se. Assim, multinacional, desafiante e exigente, foi como se desenrolou o exercício da Aliança Atlântica “Trident Juncture 15” na região de Tancos – Santa Margarida. O “Trident Juncture 15” foi o maior exercício da Aliança Atlântica da última década. Mais de 36.000 soldados provenientes de 37 países concentraram-se sobretudo em Portugal, Espanha (ESP) e Itália (ITA) durante a fase Live Exercise (LIVEX)3, que decorreu entre 21 de outubro e 06 de novembro de 2015. Planeado com a intenção de afirmar a capacidade da Aliança Atlântica para responder a desafios futuros com as suas forças conjuntas, o “Trident Juncture 15” procurou traduzir a aplicação de forças terrestres, navais e aéreas modernas num cenário complexo e realista. Dada a experiência avassaladora que foi vivida pela BrigMec e respetivas Unidades, este artigo procura transmitir a vivência de uma Grande Unidade operacional, a qual deve ser alvo de estudo e reflexão, procurando potenciar as boas práticas e evitar futuramente os aspetos menos conseguidos.
1 Área do terreno a conquistar e a manter por uma força atacante, à frente de um curso de água a transpor previamente com a finalidade de permitir o espaço de manobra suficiente e a reunião do pessoal e material necessários para a continuação do ataque, com certa segurança. 2 País fictício do cenário denominado de " SOROTAN ", cenário este que reflete um ambiente de ameaça complexa numa região fictícia "Cerasia ", e que permitiu desafiar as forças da OTAN com uma vasta gama de ameaças convencionais e não convencionais, incluindo a guerra híbrida. 3 Exercício militar executado com Forças reais no terreno.
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O texto está organizado em quatro capítulos que procuram responder ao objetivo descrito nas diversas vertentes do que, para a BrigMec, foi o “Trident Juncture 15”. O capítulo I descreve sucintamente o exercício, enquadrando a participação da Brigada no mesmo, especialmente no que diz respeito às forças terrestres envolvidas no mesmo. O capítulo seguinte aborda o empenhamento da BrigMec, quer na vertente de Unidade apoiante quer na participação operacional de algumas das suas Unidades. Este capítulo introduz e orienta para as duas linhas de esforço da BrigMec, cuja descrição mais detalhada se segue. O terceiro capítulo descreve a linha de esforço do apoio real ao exercício, enquanto o quarto e último capítulo descreve a participação operacional das Unidades da Brigada no exercício. Por último são apresentadas as principais conclusões.
I – O exercício “Trident Juncture 15” Envolvendo os dois Comandos de nível estratégico da Aliança Atlântica, o Allied Command Transformation (ACT), Comando responsável pelo exercício, e o Allied Command Operations (ACO), bem como quase todos seus Comandos subordinados, o “Trident Juncture 15” teve como objetivos para o exercício testar o Comando Conjunto de Brunssum no comando da NATO4 Response Force (NRF)5, testar o conceito recente de Very High Readiness Joint Task Force (VJTF)6, bem como treinar a Joint Intelligence, Surveillance and Reconnaissance (JISR)7, as forças de Operações Especiais e as Operações Navais Complexas.
4 A NATO é uma aliança de 28 países da América do Norte e da Europa empenhada em cumprir os objetivos do Tratado do Atlântico Norte assinado em Washington em 04 de abril de 1949. (NATO Handbook 2006) 5NATO Response Force (NRF): uma força tecnologicamente avançada, flexível, projectável, interoperável e com capacidade de sustentação, podendo incluir elementos terrestres, navais e aéreos, pronta a ser empregue rapidamente e onde necessário, após decisão do North Atlantic Council (NAC). (TII CEM-C 09 Félix, IESM 2009) 6A VJTF compreende uma brigada multinacional (cerca de 5.000 soldados), até cinco batalhões de manobra, apoiada por meios aéreos, marítimos e forças especiais. Uma vez operacional, é completada por duas brigadas adicionais em caso de uma crise grave. Se for ativada, a força estará disponível para projeção imediatamente, após os primeiros sinais e indicadores de potenciais ameaças, e agir como um impedimento potencial para uma nova escalada. (https://www.shape.nato.int/page349011837) 7 O JISR é vital para todas as operações militares. Fornece dados e informações a decisores e executores, ajudando-os a tomar decisões informadas, oportunas e precisas. Enquanto vigilância e reconhecimento podem responder às perguntas "o quê", "quando" e "onde", os elementos combinados de várias fontes de Intell fornecem as respostas ao "como" e "porquê". Quando tudo isso é combinado, cria-se o Joint ISR. (http://www.nato.int/cps/en/natolive/topics_111830.htm)
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Parte III – Trident Juncture 2015 Parte III – Trident Juncture 2015 Em termos de forças terrestres, no terreno, estiveram quatro Unidades de escalão Brigada, divididas por Espanha, Itália e Portugal. Em Portugal, com o Campo Militar de Santa Margarida (CMSM) como área de treino por excelência, esteve uma Brigada Multinacional de comando canadiano. A BrigMec participou nesta parte do exercício, na fase LIVEX, executando o Host Nation Support (HNS)8 às forças estacionadas no CMSM, bem como integrando a Brigada Multinacional com o seu Grupo de Artilharia de Campanha 15,5 AP (GAC 15,5 AP), com um ECC do GCC, com parte da sua Bateria de Artilharia Antiaérea (BtrAAA) e ainda garantindo a Força Opositora (OPFOR) com uma Unidade de Escalão Batalhão que teve por base o Batalhão de Infantaria Mecanizado Lagartas (BIMecLag). Em termos gerais, o Field Training Exercise (FTX) dividiu-se em duas fases: o Serialised Field Training Program (SFTP) e a Combined Joint Offensive Operation (CJOO). Durante a primeira, as Unidades constituintes da Brigada Multinacional tiveram uma oportunidade de treino orientado para a missão, tendo em vista a formação de uma equipa coesa. Na CJOO foi executada uma operação ofensiva taticamente exigente, incluindo a transposição do Rio Tejo com oposição, uma marcha para o contacto e um ataque deliberado.
II – A Brigada Mecanizada no “Trident Juncture 15” À BrigMec foi definido como seu conceito para o “Trident Juncture 15” planear e conduzir a sua participação no exercício segundo duas linhas de ação. Uma orientada para as Unidades da Brigada que participaram como audiências de treino e tinha como estado-final garantir que estas se encontravam organizadas, treinadas e prontas para serem atribuídas à Brigada Multinacional. Outra centrada no apoio de serviços a conceder no âmbito das responsabilidades inerentes à nação hospedeira e cujo estado-final era o
8Host Nation Support (HNS) é a assistência civil e militar prestado em paz, emergência, crises e conflitos por uma nação anfitriã a forças aliadas e organizações localizados, a operar, ou em trânsito através do território dessa nação. (https://www.diils.org/system/files/05_HNS.pdf)
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de assegurar o cumprimento do estabelecido nos acordos firmados entre Portugal e as Sending Nations (SN). A par da BrigMec, existiam ainda mais três elementos chave na área de Tancos – Santa Margarida. Para a conduta operacional do “Trident Juncture 15”, a BrigMec ligou-se primordialmente com o Local Operations Control (LOPSCON), proveniente do Quartel-General da Componente Terrestre (LANDCOM HQ) de Izmir, Turquia, e o Comando canadiano da Brigada Multinacional. Para o HNS a Brigada ligou-se, e inclusive reforçou, a Multinational Host Nation Support Coordination Cell (MNHNSCC). Em resumo, a BrigMec, como expresso na sua missão restabelecida para o exercício, de 01SET15 a 04DEZ15, prestou o HNS aos contingentes estrangeiros e apoiou as forças e elementos nacionais estacionados em Santa Margarida. Na vertente operacional, cedeu forças e meios para participarem na fase LIVEX e reforçou as células de resposta de vários Quartéis Generais, do LOPSCON e da MNHNSCC. Nos capítulos seguintes descreve-se como foi atingido o estado final delineado pelo comandante da Brigada, as boas práticas identificadas e as dificuldades sentidas. “No final, o HNS proporcionado pela BrigMec aos Comandos e forças participantes, designadamente, no que concerne ao Real Life Support (RLS), foi apropriado e consentâneo com os requisitos estabelecidos para o exercício, sobressaiu o profissionalismo, a competência e o espírito de missão dos militares e Unidades da Brigada Mecanizada participantes no LIVEX do exercício, foram cumpridas todas as normas e disposições de segurança e o contributo da Brigada foi determinante para o sucesso do exercício “Trident Juncture 15”, consubstanciando a efetiva capacidade do CMSM para acolher e conduzir exercícios nacionais e internacionais de grande envergadura”.
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Parte III – Trident Juncture 2015 Parte III – Trident Juncture 2015 Parte II III – O apoio ao exercício TRJE 15
As estruturas de apoio
Figura 1 – Estrutura de HNS
O Apoio de Serviços durante o TRJE 15 foi uma responsabilidade partilhada entre as Host Nation (HN) , o Joint Logistic Support Group (JLSG), os Comandos NATO e as Troop Contribution Nations (TCN)10, que se constituíram como SN. No plano nacional, a missão de planear, preparar e executar o exercício, bem como de assegurar a coordenação de todo o apoio logístico real (RLS) inerente à sua responsabilidade de HN, foi cometida ao Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA), em articulação com os Ministérios dos Negócios Estrangeiros (MNE), do Ordenamento, do Território e Energia (MOTE), da Saúde (MS), da Administração Interna (MAI), da Economia (ME), da Justiça (MJ) e do Secretário-Geral do Sistema de Segurança Interna (SGSSI). No âmbito do planeamento, foi constituído um Grupo de Planeamento Nacional (GPN TRJE 15) com elementos dos três Ramos das Forças Armadas (FA) e integrado no Comando Conjunto para as Operações Militares do EMGFA (CCOM/EMGFA), com a missão de planear, organizar e implementar, o RLS a prestar às Unidades (UU), contingentes das SN e Quartéis-Generais (QG) a projetar para o Território Nacional (TN). No âmbito do Exército, devido à diversidade de tarefas da sua responsabilidade, foi constituído, na dependência do Estado-Maior do Exército (EME), um Grupo de Trabalho (GTEX TRJE 15) com a missão de planear, coordenar e acompanhar a sua participação neste exercício e ainda de, com o apoio da Célula de Lições Aprendidas do Exército (CLAE), recolher Observações, Lições e Boas Práticas (OLBP), passíveis de se traduzirem em Lições Aprendidas (LA). 9
9 Nações Hospedeiras - Uma Nação que por acordo recebe forças e material da NATO ou de outras nações operando a partir/transitando/no seu território; permite que material e/ou organizações NATO se localizem no seu território e/ou; providencia apoio para estas finalidades (NATO, 2008: 2-H-4). 10 Nações Contribuintes com Tropas - para uma determinada missão NATO, são responsáveis por todo o apoio logístico às suas forças e o comandante da força multinacional é responsável pela coordenação do esforço logístico global (EP, 2007: 12-1).
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Em virtude da enorme complexidade associada ao RLS do exercício, foi identificada a necessidade de criar uma estrutura responsável pelo apoio da HN em cada um dos países anfitriões, a qual ficaria na dependência do JLSG, estabelecido em Saragoça (Espanha – ESP). Assim, a liderar a estrutura nacional de HNS, ao nível operacional, foi constituído um Joint Multinational Logistic Centre (JMNLC)11, com base no GPN TRJE 15 e sedeado nas instalações do CCOM/EMGFA, do qual dependiam, ao nível tático, dois MNHNSCC, localizadas em Beja, na Base Aérea Nº11 (BA11) e Santa Margarida/Tancos, no CMSM e seis Pontos de Apoio Logístico (PAL), localizados em Tancos (Unidade da Aviação Ligeira do Exército (UALE) e Regimento de Engenharia nº1 (RE1)), Beja (Regimento de Infantaria N.º 1 (RI1)), Porto de Setúbal, Alfeite (Escola de Fuzileiros) e Troia. Como Unidades Apoiantes (UA) do Exército, foram constituídas, o RI1 (para o Command Post Exercise CPX)12 e o Regimento de Transportes (RTransp), a UALE, o RE1 e a BrigMec (para o LIVEX). Pelo JLSG foram projetadas duas Theater Logistic Bases (TLB)13 (BA11 e CMSM), para acompanhar a requisição e distribuição de artigos e serviços efetuados pelos National Support Elements (NSE)14 e um Forward Logistic Site (FLS)15 para o Montijo (BA6) (figura 1). O JMNLC, em coordenação com o JLSG, garantiu a execução das atividades de Reception, Staging and Onward Movement (RSOM)16, de transporte de material (contentores e carga geral) e de pessoal e a elaboração de contratos, Memorandum of Understanding (MOU)17 e Technical Arrangement (TA)18, entre as TCN e a HN, ou com empresas. A MNHNSCC de Santa Margarida/Tancos, liderada pelo Exército e organizada, à semelhança do JMLC, em Comando, Gabinete dos Oficiais de Ligação e seis Células 19, foi preenchida principalmente por militares da BrigMec e por militares de UU e Órgãos do Comando da Logística (CmdLog), Comando das Forças Terrestres (CFT) e Direção de Finanças (DFin). Das suas atribuições específicas, destacam-se: coordenação dos PAL do RE1 e da UALE; ligação e coordenação do RLS entre as entidades/forças participantes no exercício e as UA; ligação, coordenação e apoio aos NSE e representantes das SN/Comandos NATO; assegurar o fornecimento, controlo e gestão da alimentação fornecida; acompanhar e apoiar a execução das atividades de RSOM e Reverse-RSOM (RRSOM)20 durante a projeção e a retração; e executar os procedimentos financeiros, em coordenação com o JMNLC. O apoio logístico a garantir por Portugal às SN, compreendeu:
11Centro Logístico Multinacional Conjunto. 12Exercício de Postos de Comando - exercício onde as forças são simuladas, envolvendo o Comandante, o seu EM e as Comunicações dentro ou entre QG (NATO, 2008: 2-C10). 13Bases Logísticas de Teatro. 14Elementos de Apoio Nacional - Organização responsável por garantir o Apoio de Serviços à componente nacional (EP, 2007: 12-1). 15Sitio Logístico Avançado - Um local, com infraestruturas de apoio (aeroporto, estação, porto) que providencia apoio logístico próximo às forças dentro do Teatro de Operações (TO) (NATO, 2008: 2-N-3). 16 Receção da Força, Estacionamento, Movimentos e Integração – fase do processo de projeção de Forças, incluindo pessoal, material e abastecimentos, desde a sua chegada aos pontos de desembarque (ex., portos e aeroportos) até ao seu destino final no TO. Consiste assim, no processo de transformação da chegada de recursos em Forças Operacionais (EP, 2007: 6-3) 17 Memorando de Entendimento - Documento que estabelece as responsabilidades, o tipo e nível de apoio entre as TCN e a ONU. Detalha o valor mensal que cada nação contribuinte irá receber pela participação e o tempo de auto-sustentação para o qual as UU deverão estar preparadas relativamente aos abastecimentos que a ONU irá garantir (I, IW, III) (EP, 2007: 12-3). 18 Acordo Técnico - um acordo bilateral para uma atividade militar NATO especifica. Detalha as responsabilidades e procedimentos para o provisionamento de HNS pela HN ao Cmdt NATO e SN (NATO, 2013: B-5). 19 Logística, Finanças e Contratos, Apoio Médico-Sanitário, Movimentos e Transportes, Comunicações e Sistemas de Informação, Proteção e Segurança. 20 RSOMI Inverso.
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Sem imputação de custos: disponibilidade de áreas para realização do Exercício, encargos de instalações, recursos de Comunicações e Sistemas de Informação (CSI), Role I (24 horas), incluindo estomatologia de emergência e acesso a Aerial Port Of Debarkation (APOD)21/ Sea Port Of Debarkation (SPOD)22. Com imputação de custos: modificações temporárias de infraestruturas, consumíveis sanitários, aluguer de latrinas portáteis, contratação temporária de pessoal civil, modificações para incremento da capacidade de fornecimento de energia, água e saneamento básico e remoção de lixo, entre outros. Estes bens e serviços foram incluídos como custos incrementais, associados ao alojamento e às atividades diárias e operações, e pagos através de uma taxa (ou “fee”). A alimentação, apoio geográfico (mapas e serviços), solicitações específicas das forças dentro da capacidade sobrante (transporte, manuseamento de cargas) e os combustíveis e lubrificantes, não estavam incluídos nesta taxa.
A missão da Brigada Mecanizada A BrigMec participou no Exercício TRJE 15 com uma dupla responsabilidade. Por um lado e como UA, a de garantir o RLS às forças participantes, nacionais e estrangeiras, estacionadas em Santa Margarida, proporcionando aos seus militares as melhores condições para atingirem os objetivos que estabeleceram para este exercício; por outro lado, a de organizar, preparar e ceder parte do seu Encargo Operacional (EOp) para participar na fase LIVEX, como UU integrantes da Multinational Brigade - Canadá (MN Bde CAN). Para atingir estes objetivos a BrigMec orientou-se pela seguinte missão: “A Brigada Mecanizada, de 01SET15 a 04DEZ15, presta o apoio de nação hospedeira (HNS) aos contingentes estrangeiros e apoia as forças e elementos nacionais, estacionados em Santa Margarida. Cede forças e meios para participarem na fase LIVEX TRJE 15 e reforça as células de resposta de vários QG, do LOPSCON e da MNHNSCC.”
Necessidades e tarefas equacionadas pela Brigada Mecanizada No decorrer dos sete Site Surveys (SiSu)23, efetuados à BrigMec por diversas entidades, com preponderância para o Canadá (CAN) e o LOPSCON, a par do planeamento das Operações a executar no TRJE 15 e atendendo ao catálogo de capacidades que esta UA disponibilizou, foram identificadas necessidades em RLS, por parte das UU e Comandos NATO, que ali iriam ficar estacionados, as quais foram vertidas nos seus Statements Of Requirements (SOR)24. Como resultado destes SiSu, da análise dos SOR, das informações que o GPN TRJE 15 e o GTEX TRJE 15 foram recebendo, analisando e difundindo a esta UA e das diretivas iniciais de planeamento entretanto recebidas, foram identificadas e elencadas pelo Comando e Estado-Maior (Cmd e EM)/BrigMec as seguintes necessidades e consequentes tarefas principais:
21 Porto de Desembarque Aéreo – (EP, 2015: A-1). 22 Porto de Desembarque Marítimo – (EP, 2015: A-5). 23 Estudo do Local – reconhecimento físico ao local onde decorrerá o exercício, conduzido para avaliação das possibilidades do mesmo e clarificar as declarações de requisitos/necessidades (SOR) detalhadas (NATO, 2013: 3-4). 24Declaração de Requisitos – necessidades detalhadas apresentadas pelas forças a serem apoiadas (NATO, 2013: 3-4).
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No âmbito das Funções Logísticas (1) Reabastecimento Classe I Fornecimento de ementa tipo messe à inglesa (inicialmente apenas às SN e depois alargado a toda a UA), pela MM GP E.P.E., com géneros na 5ª e 4ª gama25, maximizando a Higiene e Segurança Alimentar (HSA): assentes nos três Núcleos de Confeção Centralizada (NCC) existentes, foram constituídos três Locais de Regeneração (LReg) (reduzidos depois a dois) com fornos convetores e monolumes e nove Locais de Distribuição (LDist) com linhas de Self-Service e ilhas de quentes e frios, sendo o serviço de copa garantido pela BrigMec; Disponibilidade de palamentas e equipamentos: atendendo à capacidade dos três NCC e à previsão de participantes, foram equacionadas as necessidades e elaboradas requisições ao canal, tendo algumas originado processos de aquisição; Controlo da sua requisição: de acordo com os prazos definidos pelo CmdLog, sob proposta da MM GP E.P.E., foi solicitado a todas as UU participantes, o preenchimento e envio atempado dos seus Meal Request Form (MRF)26; Controlo da sua distribuição: implementação do Sistema Informático de Gestão e Controlo da Alimentação (SIGCA), com o apoio do EME, do CmdLog e da Direção de CSI (DCSI), constituído pelo respetivo software, por nove computadores, nove terminais de leitura e os cartões Radio-Frequency IDentification (RFID) para os utentes; Garantir HSA: foram elaborados Planos de Higiene para os LDist, solicitadas análises da água, requisitados equipamentos para o pessoal da copa e planeadas supervisões aos LReg/LDist, pela Equipa de HSA/Célula de Proteção e Segurança/MNHNSCC.
Classe III
Combustível: de acordo com os SOR das UU, acautelou-se o fornecimento de gasolina, através de uma Unidade de Bombagem preparada para o efeito, contabilizaram-se as necessidades de reabastecimento de Gasóleo, pela GALP, face à capacidade instalada nos depósitos da BrigMec, foi elaborado um identificador (autocolante) para facilitar/acelerar o abastecimento das viaturas e outros equipamentos participantes no exercício; Locais de Distribuição de Combustível (LDComb): de acordo com a distribuição das UU participantes pela BrigMec, foram definidos três para as SN, cinco para os Elementos da Componente Operacional do Sistema de Forças (ECOSF) e preparados dois Auto Tanques, para apoio às Operações; Lubrificantes: sendo responsabilidade das UU, o Batalhão de Apoio de Serviços (BApSvc)/BrigMec contabilizou as necessidades das UU/BrigMec e elaborou as requisições respetivas.
Classe V Crédito: face à sua participação no Serialised Field Training Program (SFTP)27 e na CJOO, as UU Portuguesas (PRT) participantes (OPFOR incluída), apresentaram ao CFT as suas necessidades, tendo sido aprovado um crédito específico para o TRJE 15. A BrigMec garantiu nos seus paióis a armazenagem, bem como o controlo da sua entrega e devolução; Munições, Explosivos e Artifícios de Fogo (MEAF) das SN: em coordenação com a MNHNSCC, estas foram armazenadas nos paióis do CmdLog.
25Produtos de 4ª e 5ª Gama – 4ª gama são constituídos por legumes crus que depois de lavados e cortados são pré-embalados, ficando prontos a serem cozinhados (1º gama - estado natural, 2ª - conserva, 3º - congelados, 4ª - legumes crus pré-embalados, 5ª – refeição pré-cozinhada, com período de validade e conservação no frio obrigatória (www2.spi.pt). 26 Formulário para Requisição de Refeições. 27 Programa de treino com vista à execução da CJOO.
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Parte III – Trident Juncture 2015 Parte III – Trident Juncture 2015 Classe VI A MM GP EPE propôs-se a instalar e operar um local de venda de artigos de cantina, mas tal não se chegou a concretizar. Em alternativa, foi contactada uma empresa local, que disponibilizou a venda de artigos personalizados do TRJE 15, no 1BIMec.
Classe VII Materiais de intendência: para garantir o apoio solicitado pelas SN/Cmd NATO e para colmatar faltas de mobiliário e equipamentos nas áreas de trabalho e alojamentos, o Cmd e EM/BrigMec, com apoio do BApSvc/BrigMec, acionou a cedência temporária e/ou definitiva de materiais às UU/BrigMec (cacifos, camas, mesas, tendas e outros), pela sua requisição ao canal de reabastecimento (CmdLog); Artigos controlados: para garantir sistemas alternativos de fornecimento de energia nos LReg/LDist de alimentação e nos locais de trabalho e para reforçar a capacidade de apoio do BApSvc/BrigMec e Unidade de Apoio (UnAp)/BrigMec, foram requisitados geradores, atrelados lavandaria e banhos de campanha, empilhadores, entre outros, através do canal de Cmd (CFT). Outras situações: foi autorizada pelo EME, a cedência de 25 Viaturas, com condutor, por parte da BrigMec (12) e da Brigada de Reação Rápida (BrigRR) (13) para apoio ao LOPSCON. Foi atribuída ao BApSvc/BrigMec, a responsabilidade de as verificar e preparar para utilização em Todo-o-Terreno (TT), bem como pelo controlo dos condutores.
(2) Movimentos e Transporte Atividades de RSOM e RRSOM Transporte de pessoal e carga: os pedidos constantes dos SOR e posteriores, foram acionados via MNHNSCC e assegurados pelos meios disponíveis na UnAp/BrigMec e BApSvc/BrigMec, em complemento à “pool” de viaturas do Exército, inicialmente no RTransp; In e Out-Processing28: durante os SiSu, foi apurada a necessidade de identificar um local e uma entidade responsável por executar tais procedimentos, por forma a identificar os participantes, receber as Guias de Marcha e o pagamento das alimentações e alojamentos solicitados, fornecer informação pertinente (números de emergência, turismo) entre outros. Tarefa inicialmente atribuída ao Cmd e EM/BrigMec, após a elaboração da Norma de Execução Permanente (NEP), passou a ser executada pela UnAp/BrigMec. Durante o TRJE 15, esta UU recorreu ao Cinema para receber e processar grandes grupos. Assegurar escoltas a colunas/regular movimentos e circulação: face ao reduzido efetivo do Pelotão de Polícia do Exército (Pel PE) da Companhia de Comando e Serviços (CCS)/QG/BrigMec e para fazer face às inúmeras tarefas que lhe seriam atribuídas, a BrigMec foi reforçada com um Esquadrão de PE, do Grupo PE, do Regimento de Lanceiros nº 2 (EPE/GPE/RL2).
(3) Manutenção De acordo com os SOR de UU participantes (CAN, ITA e NRF 2016), foram disponibilizadas três rampas para lavagem de viaturas (1BIMec, 2BIMec e GCC) e quatro Oficinas para reparações pontuais (duas no BApSvc, uma no 2BIMec e uma no GCC); O Regimento de Manutenção (RMan) e o BApSvc/BrigMec, apoiaram, com meios de recuperação e equipas de contacto, os movimentos de projeção e retração das UU; A Manutenção Intermédia de Apoio Direto (A/D) e o apoio adicional/reforço de manutenção foram atribuídos ao BApSvc/BrigMec.
(4) Apoio Sanitário Agrupamento Sanitário (AgrSan): por não ter sido empregue, foi o Centro de Saúde Militar Tancos/Santa Margarida (CSMTSM) que assumiu o Apoio Sanitário de área, aos militares não participantes e o apoio adicional às forças participantes, incluindo estomatologia de emergência e a evacuação para Role II e superior;
28 Procedimento que visa o controlo: na entrada (In)/ e na saída (Out) de pessoal e material das instalações da UA; das requisições e respetivo pagamento da alimentação, alojamento e outros apoios.
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UU/BrigMec participantes: foi solicitada a ativação dos seus Pelotões/Secções Sanitárias, mas face à escassez de recursos materiais (ambulâncias TT) e humanos (médicos e enfermeiros), a prioridade da sua atribuição, incidiu sobre o CSMTSM; Evacuação de Emergência: os números de telefone de emergência foram disponibilizados a todas as UU e aos militares participantes, durante o briefing do In Processing, nas informações do welcome package29 e nos cartões de identificação do exercício.
(5) Infraestruturas Alojamento: face ao nº e tipo de apoio solicitado pelas UU participantes e à capacidade disponível nas UU/BrigMec, foi estabelecida a sua distribuição no CMSM (figura 2), através da qual foi definido pela Direção de Infraestruturas do Exército (DIE), um plano de intervenção para melhoria das instalações utilizadas (na rede de águas e esgotos, vãos e coberturas, Águas Quentes Sanitárias (AQS), instalação elétrica e conservação/pintura).
Figura 2 - Previsão de alojamentos na BrigMec Locais de trabalho: de acordo com as SOR e a distribuição das UU participantes pelo CMSM, foram disponibilizadas salas de reunião, salas de operações, gabinetes e anfiteatros; Refeitórios e Bares: de acordo com a distribuição dos alojamentos e com a sua proximidade aos NCC, foram definidos os refeitórios que cada UU iria utilizar, bem como os bares de apoio (reforçados com máquinas automáticas de vending) a estes, sendo que para as SN/Cmd NATO, face ao nº de militares de países aliados participantes (cerca de 1100) e para garantir um LDist com as melhores condições de HSA possíveis, foi decidida a recuperação e reequipamento do edifício das antigas Cozinhas e Refeitório Geral do 1BIMec (Ed. 91); Arrecadações: foram disponibilizadas Arrecadações de Material de Guerra (AMG) para algumas UU participantes, bem como locais para armazenar materiais e sobressalentes, tendo ainda sido disponibilizado, um contentor metálico de 20’ para essa finalidade; Fornecimento de eletricidade: por forma a garantir a continuidade dos trabalhos durante o exercício e cumprir com o estipulado nos acordos com as SN/Cmd NATO, além das intervenções nos anéis de circulação internos e respetivos Postos de Transformação (PT), foram requisitados meios de alternativa
29Pacote de Boas-Vindas – constituído por informações diversas (relativas a horários, serviços e outros apoios disponíveis no CMSM).
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Parte III – Trident Juncture 2015 Parte III – Trident Juncture 2015 (13 geradores de diferentes capacidades) e com o apoio da DIE, foram preparados para serem rapidamente acionados; Desporto: infraestruturas como o ginásio do Pavilhão Gimnodesportivo, cuja cobertura foi substituída em 2014 e que entretanto foi renovado e reforçado com novos equipamentos, ou como os campos de futebol e ténis, foram disponibilizados aos participantes, mediante um horário de funcionamento ou por prévia solicitação, no caso dos últimos; Treino e Tiro: as obras de beneficiação da Carreira de Tiro (CT) de 100 e 300m, previstas no Plano de Atividade Operacional Militar (PAOM) 2014, foram impulsionadas no início de 2015, por forma a esta ser utilizada durante o SFTP, mas dificuldades encontradas ao nível do solo impediram a sua conclusão, pelo que apenas pode ser utilizada aos 100 m. Para garantir o tiro planeado pelas UU, foram requisitados alvos homotéticos pela UnAp/BrigMec; Pistas de Aviação: face ao compromisso assumido por PRT, na disponibilidade de uma infraestrutura aeronáutica semi-preparada, para treino das tripulações participantes neste exercício e no European Air Transport Training 2015 (EATT 15), que decorreu em junho de 2015, a Companhia de Engenharia de Combate Pesada (CEngCombPes)/BrigMec, com o apoio de meios do RE1 e em conformidade com o projeto da Força Aérea Portuguesa (FAP), construiu uma pista semi-preparada, adjacente à pista pavimentada já existente no CMSM. Após a sua certificação, em junho de 2015, encontra-se em fase de conclusão, um projeto de protocolo entre a FAP e o Exército, para a sua utilização e manutenção; Diversos: face ao estado de conservação de determinadas infraestruturas ou mesmo à sua inexistência, foram equacionadas as seguintes tarefas: pintura da Avenida Nuno Álvares (contratada à FAP), colocação de placas de sinalização e de delimitação da área militar em português e inglês, a aquisição de mastros e bandeiras exteriores e interiores (40 de cada) e instalação dos primeiros (incluindo iluminação) no QG/BrigMec e no Quartel da Pocariça.
(6) Serviços Limpeza dos locais de trabalho e alojamento: face aos serviços prescritos no âmbito da fee, procedeu-se à contratação temporária de duas empresas civis de serviços de limpeza; Lavandaria: enquanto a tarefa de lavar a roupa das UU PRT participantes, recaiu no BApSvc/BrigMec, que para tal foi reforçado com os meios da Escola de Serviços (ES) e com atrelados lavandaria requisitados ao canal, apesar de não fazer parte dos serviços garantidos no âmbito da fee, foi contactada uma empresa civil que disponibilizou um serviço particular de lavagem de roupa, aos militares das SN/Cmd NATO; Manutenção de infraestruturas: além do controlo de danos efetuado no ato da sua entrega/receção e na presença das UU/BrigMec que as disponibilizaram, da MNHNSCC e da UU que as utilizou, foram garantidas pela BrigMec (UnAp, BApSvc e CEngCombPes) e RE1, equipas de piquete (canalizadores e eletricistas) para reparações de emergência, acionamento dos geradores em caso de necessidade e apoio em equipamentos (empilhador, retroescavadora); Proteção Ambiental: no sentido de sustentar a sua certificação ambiental, a BrigMec solicitou à empresa RESITEJO, além do acréscimo de Ecopontos, a colocação nestes de etiquetas bilingues sobre reciclagem e afins e à Câmara Municipal de Constância (CMC), o incremento nas recolhas de resíduos sólidos urbanos (RSU). Foram ainda apresentados nos briefings do In Processing e no welcome package, a Política Ambiental da BrigMec30, bem como algumas das regras ambientais a serem cumpridas por todos os militares participantes; Apoio Cartográfico: foi requisitado e montado um contentor climatizado (CORIMEC) junto à MNHNSCC, no 1BIMec, a fim de ser operado como local de venda, pelos militares do Centro de Informação Geoespacial do Exército (CIGeoE); Banhos e Latrinas: para reforçar a capacidade existente, fazer face a situações inopinadas e garantir o apoio às operações, foram solicitados banhos e latrinas de campanha pelo BApSvc/BrigMec e contratadas latrinas portáteis, pelo GTEX TRJE 15;
30 A BrigMec é certificada a nível ambiental desde 2004 pela APCER na aplicação na ISO 14001.
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Outros serviços disponíveis: duas dependências bancárias, barbeiro, costureira, serviços religiosos e serviço postal (limitado).
a. No âmbito das CSI Além de apoiar os trabalhos das empresas de telecomunicações, cujos serviços foram contratados pelas SN/Cmd NATO, foi possível, com o auxílio da DCSI, edificar toda a estrutura para acesso ao serviço de internet sem fios, nos alojamentos e bares destinados ao TRJE 15 e disponibilizar finalmente na BrigMec, uma ligação à rede segura da NATO (NATO Secure Web Area Network – NS WAN31).
b. No âmbito da Segurança do Tiro Além de atualizar e traduzir para inglês, as NEP relativas à segurança durante os Fogos Reais, foram solicitados às UU participantes no LFX, os diagramas de segurança dos sistemas de armas, que estas pretendiam utilizar no mesmo. Foi ainda nomeado pela UnAp/BrigMec, um Range Safety Officer32 para fazer parte da Célula de Proteção e Segurança/MNHNSCC, como Oficial de Gestão de Infraestruturas de Treino e Carreiras de Tiro.
c. No âmbito da Segurança Física e Proteção da Força Segurança Física: com o reforço do EPE/GPE/RL2, além de um controlo de acessos mais apertado, a par da utilização do Cartão de Identificação do TRJE 15, foi possível ampliar o número de patrulhas montadas, que conjugadas com as apeadas das Guardas de Polícia (GP) no interior das suas UU, concorreram para o aumento da segurança na BrigMec. Foi ainda proposta pelo Cmd e EM/BrigMec, a recuperação da rede de segurança do perímetro externo da área urbana da BrigMec, mas face à importância envolvida, tal ainda não foi possível materializar. Proteção da Força: além da revisão e tradução para inglês dos Planos de Segurança da BrigMec, foram verificadas e solicitadas as credenciações necessárias, para os militares que iriam lidar com matérias, documentação e áreas classificadas, durante o exercício.
1. A organização da Brigada Mecanizada para o TRJE 15 Para fazer face às necessidades e tarefas apresentadas no ponto anterior, além de organizar e preparar as suas UU e infraestruturas para receber, alojar e garantir o apoio real às UU participantes, bem como contribuir para a implementação da MNHNSCC, houve necessidade da BrigMec reforçar a sua estrutura de apoio, com recursos materiais e humanos adicionais e de procurar sistematizar a coordenação do RLS entre todos os intervenientes. Assim, o Cmd e EM/BrigMec, através do seu Centro de Operações Táticas (COT) a operar 24/7 no QG BrigMec e em estreita ligação com a MNHNSCC, assegurou a coordenação geral do apoio de serviços aos contingentes estrangeiros e forças nacionais estacionadas na BrigMec, tendo articulado o mesmo, de acordo com o seguinte conceito:
31 NATO Secure Web Area Network – Rede de dados seguros da NATO. 32 Oficial de Segurança do Tiro.
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Parte III – Trident Juncture 2015 Parte III – Trident Juncture 2015 “Com o BApSvc/BrigMec, reforçado com meios do Dest Ap/NSE/BIMec (R)/NRF2016, (um Módulo de Serviços, um Módulo de Reabastecimentos e um Módulo de Transportes e Operações de Terminal), assegurou as funções logísticas Reabastecimento, Movimentos e Transporte, Manutenção e alguns serviços; com as UU líder dos NCC (UnAp, 1BIMec e GCC), apoiou a MM GP EPE na instalação de dois LReg e nove LDist de refeições do tipo GAMA 5; com as UU/BrigMec disponibilizou espaço em aquartelamento para alojar forças nacionais e estrangeiras; com a UnAp e o BApSvc assegurou a prestação de serviços, designadamente, manutenção de infraestruturas e instalações elétricas, bem como serviço de lavandaria de roupa da cama; com o EPE/GPE/RL2 assegurou a segurança física e o controlo de acessos à Figura 3 – Participantes do TRJE15 na BrigMec área urbana da BrigMec, a regulação da circulação rodoviária no interior da mesma e as escoltas a movimentos de colunas”. Em termos de SN/Cmd NATO, ficaram instalados na BrigMec, elementos e forças da Bulgária (BGR), CAN, ESP, ITA, Noruega (NOR), Estados Unidos da América (EUA) e da NATO, como o NATO Communication and Informations Systems Group (NCISG), o JLSG Detachment, elementos do NATO Rapid Deployable Corps – Spain (NRDC-ESP) e as representações do LANDCOM HQ (IZMIR) (o LOPSCON) e do Allied Joint Force Command Brunssum (JFCBS). Ficaram igualmente estacionadas na BrigMec, todas as forças pertencentes aos ECOSF que integraram a MN Bde CAN, as UU em apoio à BrigMec e ao Exercício, bem como a MNHNSCC de Santa Margarida/Tancos (figura 3). O fluxo dos pedidos de apoio logístico das SN/Cmd NATO e dos ECOSF integrantes da MN Bde CAN, foram efetuados através da MNHNSCC, que os encaminhava diretamente para as UU/BrigMec, caso estivessem incluídos nos JIA, para o Cmd e EM/BrigMec (ou para o … - TOC) no caso de pedidos adicionais, não incluídos nos JIA respetivos, para apreciação e despacho superior (com a anuência do CFT e do CmdLog, caso aplicável).
O contributo do Batalhão de Apoio de Serviços da Brigada Mecanizada Além de todas as entidades referidas anteriormente, teve um papel preponderante ao longo de todas as fases do TRJE 15, a única UU do Exército onde se desenvolve o apoio logístico operacional de escalão Batalhão – o BApSvc/BrigMec. Esta UU, além de ter desempenhado com eficiência o papel espectável a uma UU de apoio de logístico de campanha, durante a fase de execução, participou eficazmente na fase inicial de planeamento e terminou as suas tarefas, com o cumprimento do plano de retração das forças participantes. Na fase de planeamento, além de ter cedido pessoal para a constituição dos diferentes Grupos de Trabalho (GT) do Exercício, na BrigMec, no CmdLog, no EME e no EMGFA, o BApSvc/BrigMec apoiou o Cmd e EM/BrigMec, na identificação das necessidades em materiais, propondo formas de rentabilização dos recursos existentes e tarefas a executar, e ainda na elaboração de todas as requisições e pedidos de apoio em material, bem como das capacidades do Exército. Já na fase da preparação e após o sancionamento das ordens de fornecimento, iniciou-se o plano de movimentos, ainda durante o mês de julho, efetuados maioritariamente desde a Unidade de Apoio
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Geral de Material do Exército (UAGME) e do RMan e totalizando o transporte de mais de 60 toneladas de material, sendo de destacar a volumetria de alguns artigos, como o caso dos armários metálicos e os colchões de espuma. Todos os artigos, incluindo os entregues diretamente por fornecedores, foram reunidos, identificados, etiquetados e fornecidos às UU/BrigMec, por forma a facilitar a recolha e devolução à origem, no final do exercício, dos que foram apenas cedidos. As capacidades do Exército, identificadas durante o planeamento como necessidades adicionais para o BApSvc e para a BrigMec, foram então movimentadas, o que, além de materializar o conceito de modularidade do Apoio de Serviços de combate, permitiu testar e ajustar os procedimentos entre estas. Com uma orgânica final com o Cmd e com três subunidades modulares, o BApSvc/BrigMec ficou assim organizado: Companhia de Reabastecimento e Transporte (CRT) com um Módulo de Reabastecimento (ModReab) e um Módulo de Serviços (ModSvc) onde estiveram incluídas as capacidades de latrinas, banhos e lavandaria; a Companhia de Manutenção (CMan), que após ceder pessoal para os Pelotões de Manutenção (PelMan) dedicados33 às UU/BrigMec participantes para garantir a manutenção nível I34, constituiu os módulos de Manutenção de Lagartas, Manutenção de Rodas, Serviços Gerais, Manutenção de Armamento e Manutenção Eletrónica, que destacaram Equipas de Contato para apoiar todas as UU participantes, em atividades de reparação e recuperação e, no caso das Equipas de Contato do Pelotão de Serviços Gerais, como operadores de equipamentos, para apoio à instalação dos geradores de recurso. Como terceira subunidade, o Módulo de Transportes Gerais e Operações de Terminal (ModTptGerOpTerm), cujos meios permitiram duplicar a capacidade de transporte desta Unidade. Esta organização permitiu ao BApSvc/BrigMec, durante a fase de execução, apoiar a requisição e fornecimento pela MM GP E.P.E., de cerca de 175.000 refeições, fornecer mais de 210.000 litros de combustível, garantir banhos a cerca de 600 militares devido à avaria temporária de instalações permanentes e apoiar diversos contingentes aliados, no transporte e carregamento de material e pessoal (RSOM), gerando uma receita significativa. A forma como se desenvolveram estas tarefas foi realçada pelos contingentes aliados, destacando-se o CAN e o ITA, com os quais foram realizados “cross open days”35. Na fase de retração, as diferentes capacidades atribuídas ao BApSvc iniciaram, nos casos aplicáveis, o regresso às UU de origem, sendo este efetuado, mantendo sempre um módulo com capacidade de apoio proporcional às forças presentes. Finda a retração dos Módulos que reforçaram o BApSvc/BrigMec, iniciou-se a devolução dos materiais cedidos, bem como o apoio ao Cmd e EM/BrigMec no controlo de danos e na evacuação de resíduos contaminados. Ao longo de todas as fases do Exercício, foi notório que a posição geográfica do CMSM, bem como a colocação dos meios adicionais nesta UA, assim como o fácil acesso a boas vias de comunicação, se constituíram como vantagens. Quanto ao emprego tático do BApSvc/BrigMec em ambiente operacional, constatou-se que o treino desenvolvido com outras UU e o facto de ser uma subunidade da BrigMec, onde o conceito de modularidade sempre foi empregue, contribuíram eficazmente para a integração das capacidades que recebeu em reforço e para o cumprimento da missão desta Brigada, como UA. Por outro lado, considera-se ser possível melhorar a proficiência do BApSvc/BrigMec, através do incremento das oportunidades de treino com todas as suas capacidades de reforço, tanto no apoio de serviços a nível Brigada, como na sua edificação/levantamento como NSE, entre outras das possibilidades do seu emprego, ou dotando definitivamente a BrigMec com os recursos humanos e materiais, essenciais à capitalização desta UU ímpar
33Pelotões atribuídos a cada UU/BrigMec, segundo o novo Conceito de Manutenção. 34 Nível do Operador (da UU). 35Dias de Troca de Experiências e Treino - entre UU de diferentes países.
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Lições identificadas Apesar do processo de análise aos dados recolhidos pela CLAE para o HNS do TRJE 15, através dos First Impression Reports (FIR) das estruturas do Exército, UA e UU participantes e através de entrevistas aos principais intervenientes no mesmo, ainda não estar concluído, existem algumas Lições Identificadas (LI) e OLBP, que são passíveis de se virem a traduzir, no futuro, em LA: - As orientações superiores para o exercício devem ser disponibilizadas em tempo; - As necessidades das UU a apoiar devem ser identificadas total e oportunamente nos seus SOR, devendo ser responsabilizadas, caso não cumpram com os prazos estipulados; - Face às solicitações, identificar lacunas e carências adicionais em materiais, equipamentos, infraestruturas e serviços a disponibilizar e acionar a sua requisição/aquisição/reparação; - Disponibilizar/nomear, em tempo, os recursos materiais, financeiros (obras e aquisições) e humanos (para estruturas essenciais, como a MNHNSCC e o BApSvc/BrigMec) necessários; - Garantir o apoio jurídico e financeiro (EME, CmdLog e DFin) às UA, na elaboração dos JIA; - Em exercícios desta dimensão, devem ser envolvidas todas as UU, Estabelecimentos e Órgãos do Exército, procurando obter sinergias, sincronizar atividades e evitar duplicação de tarefas e funções; - A implementação da MNHNSCC, vista como Boa Prática (BP), deverá ser efetivada atempadamente, de modo a possibilitar a sua preparação e consolidação, antes da chegada das forças; - Os diversos SiSu efetuados à BrigMec permitiram normalizar processos e identificar uma entidade responsável (UnAp/BrigMec) e estruturas, para a execução dos In & Out Processing; - A integração dos Módulos do Destacamento de Apoio (DestAp)/NSE/NRF 2016 no BApSvc/BrigMec, foi considerada uma BP, a ser implementada regular (para treino) ou definitivamente; - A instalação de um terminal NS WAN no Cmd e EM/BrigMec, potencia a possibilidade de implementação do programa Logistic Functional Area Services (LOGFAS)36 na BrigMec; - Em virtude da ocorrência de um acidente numa sessão de tiro, a utilização de óculos de proteção balística nas CT, foi identificada como uma BP, em qualquer espécie de sessão; - A alimentação foi considerada o aspeto menos conseguido, em virtude da tipologia das refeições, pré-confecionadas, não ser a mais ajustada a esta atividade, do formato não ser o adequado à distribuição em doses individuais e da pouca flexibilidade na sua requisição; - O SIGCA foi testado no exercício e demonstrou eficiência na redução de desperdícios, devendo agora ser adequado à realidade da BrigMec; - As UU participantes devem ser dotadas de meios CSI com capacidade de ligação a grandes distâncias e de interoperabilidade com os meios de forças aliadas (SN); - Os meios do Sistema de Informação e Comunicações Tático (SIC-T) do Exército devem ser certificados; - Por forma a integrar/reforçar de forma mais proficiente forças aliadas, é necessário adotar em definitivo os procedimentos e modelos de relatórios NATO; - A disseminação da informação relativa à avaliação da ameaça, com classificação de SECRETO, foi morosa e acabou por não chegar em tempo oportuno às UA e UU participantes; - Os meios PE da BrigMec, face às missões atribuídas, devem ser reforçados e a legislação que enquadra a sua atividade, atualizada, face a conflitos de atuação com outras forças policiais; - As NEP no âmbito dos procedimentos e utilização de infraestruturas de apoio, treino e de CT, bem como no âmbito da Proteção Ambiental, devem estar sempre atualizadas e em inglês; - As UU exteriores devem planear atempada e rigorosamente, a utilização das áreas de treino e das CT, de forma a cumprir procedimentos normalizados, como o aviso às populações; - As UU exteriores devem informar quais os sistemas de armas que pretendem utilizar nas CT, seus diagramas de segurança e especificações das MEAF a consumir; 36 Sistema de Informação e Gestão Logística, criado e desenvolvido pela NATO Consultation, Command and Control Agency (NCA) e composto por 03 áreas: Movimentos e Transportes, Sustentação da Classe V e produção de relatórios logísticos (tipo e quantitativos de equipamentos afetos às Forças).
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- Sempre que ocorrer o emprego de meios aéreos na área de responsabilidade da BrigMec, deverá apresentar-se nesta GU, um elemento de ligação da FAP; - A articulação do CC Leopard 2A6 com outros sistemas de armas, aplicando o princípio das armas combinadas, deve ser considerada como uma BP, a aplicar sempre que possível; - A integração de UU mistas (rodas e lagartas), como foi o caso do BIMec/OPFOR, permitiu uma maior flexibilidade de emprego àquela UU.
Ganhos para o futuro Na linha de esforço do RLS ao Exercício, o TRJE 15 permitiu a reabilitação e melhoria das infraestruturas existentes, na sua grande maioria com idade bastante avançada, potenciando quer as capacidades do CMSM como campo de treino, quer as condições de vida, habitabilidade e de treino da BrigMec. Neste âmbito, destacam-se a recuperação do Quartel da Pucariça, outrora reconhecido como “English Barracks” e da CT ALFA, a renovação parcial do Edifício do Refeitório Geral e das Cozinhas do 1BIMec, a pintura da Avenida Nuno Álvares, a construção da pista semi-preparada, a instalação de mastros de bandeiras no QG BrigMec e Quartel da Pucariça, a recuperação dos sistemas de AQS das UU/BrigMec, a colocação de um terminal NS WAN no Cmd e EM/BrigMec, a afetação do SIGCA à BrigMec e a implementação de internet sem fios, nos alojamentos, salas de convívio, bares e casas da guarda. No plano interno, o reforço das valências de manutenção, reabastecimento e transportes do BApSvc/BrigMec, revelou-se imprescindível para o sucesso do Exercício, devendo as mesmas ser solicitadas regularmente, por forma a permitir o Treino Operacional efetivo desta UU, ou ainda serem reforçadas e implementadas a título definitivo. Sendo esta uma UU única na Componente Operacional e face ao facto do CMSM ser uma infraestrutura de treino para todo o Exército, com cada vez maior utilização por forças estrangeiras, alvitra que tanto o conceito de “escola do conhecimento e treino”, bem como a disponibilidade operacional para planear, executar e apoiar forças, seja mantida no CMSM. Outro ganho neste contexto, foi a aquisição de experiência por parte da UnAp/BrigMec, na receção de UU exteriores e na consequente execução do In e Out Processing dessas forças. Na linha do treino operacional, o TRJE 15 constituiu-se como uma excelente oportunidade de treino para as UU/BrigMec que participaram no LIVEX, quer para as forças integradas na Mn Bde CAN, quer para as que se constituirão como OPFOR, donde se destaca a experiência obtida no âmbito conjunto e combinado. Já o Cmd e EM/BrigMec, Brigada Framewok certificada no Exercício "ORION 15", ao não participar no LIVEX, não teve oportunidade de praticar e testar as suas capacidades no Comando e Controlo de operações num ambiente conjunto e combinado. O sucesso obtido com apoio real ao TRJE 15, deixou espaço para se sistematizar uma proposta com a intenção de replicar o mesmo, para através do envolvimento de países da Aliança, ou através das relações bilaterais, potenciar a participação internacional nos exercícios sectoriais do Exército (ORION). Este Exercício permitiu ainda patentear no plano internacional, a capacidade de PRT em garantir o HNS a exercícios desta envergadura, bem como da disponibilidade em termos de infraestruturas para treino conjunto e combinado, com custos associados reduzidos, como é o caso da BrigMec, outrora e agora novamente reconhecida como “A Brigada NATO”.
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O TRJE 15 em números Parte III IV – A participação Operacional No maior exercício da Aliança Atlântica da última década, Portugal, foi um dos países anfitriões para a fase LIVEX, decorrida entre 21 de outubro e 06 de novembro de 2015. A participação do Exército nesta fase do exercício foi da ordem dos 2.000 militares distribuídos pela NRF, meios adicionais e OPFOR. A parte da componente terrestre do exercício em solo nacional foi composta por uma Brigada Multinacional Mecanizada (MN Bde CAN) sob comando canadiano que incluiu forças de oito países, incluindo Portugal. Foi neste contexto que a BrigMec desempenhou um papel fundamental participando no Figura 4 – Dados estatísticos do TRJE15 SFTP e na CJOO com parte das suas subunidades, nomeadamente, o GAC 15,5 AP (-), um ECC/GCC e um Pel Chaparral/BtrAAA que integraram a MN Bde CAN. O 1BIMec, reforçado com um Pelotão de Engenharia de Combate (PelEngComb)/CEngCombPes constituiu a OPFOR. Passemos então a descrever a participação operacional destas subunidades da BrigMec.
Figura 5 – Articulação do 1BIMec durante a participação no TRJE15
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O 1BIMec articulou-se em dois elementos: um destinado RLS e outro à OPFOR. Com o primeiro elemento, concretizou o apoio logístico à MNHNSCC, bem como, à estrutura de controlo/arbitragem do LANDCOM HQ IZMIR (LOPSCON), através da cedência, preparação e segurança das instalações, distribuição de artigos da classe I e operação das áreas de apoio ao moral e bem-estar, para proporcionar as condições de trabalho necessárias à condução e apoio ao LIVEX. Com o segundo constituiu a OPFOR proporcionando à MN Bde CAN as condições de treino o mais aproximado da realidade possível para que os objetivos de treino fossem plenamente atingidos. Paralelamente, foram ainda cedidos elementos de apoio à estrutura do MNHNSCC e de arbitragem e controlo do LOPSCON. O elemento RLS foi constituído com base na CCS e a OPFOR à custa de parte do Cmd e EM do 1BIMec, da 2ª Companhia de Atiradores Mecanizada (2CAtMec), da Companhia de Apoio de Combate (CAC), da Unidade Escalão Companhia/Regimento de Cavalaria n.º 6 (UEC/RC6), do Pelotão de Reconhecimento / Esquadrão de Reconhecimento (PelRec/ERec) / BrigMec e PelEngComb (-) / CEngCombPes / BrigMec. O elemento RLS atuou na dependência direta do 2º Comandante (Cmdt), garantindo o apoio permanente e oportuno aos elementos pertencentes à estrutura do exercício (MNHNSCC e LOPSCON), bem com, às forças alojadas no aquartelamento do 2BIMec. Entre outras tarefas, monitorizou a execução das obras / trabalhos nas instalações, segurança próxima e controlo de acessos às instalações do LOPSCON. Com vista à preparação da unidade como OPFOR, o 1BIMec orientou, desde cedo, todas as oportunidades de treino para o LIVEX, quer para o SFTP, com vista à adaptação e treino cruzado entre as forças participantes, como para a Figura 6 – Ligações, dependências e fluxo de informação do CJOO que consistiu numa ação 1BIMec com o Escalão Superior ofensiva conjunta para conquistar uma área de terreno na posse das OPFOR.
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Parte III – Trident Juncture 2015 Parte III – Trident Juncture 2015 Deste modo e para além dos exercícios de UEC, o 1BIMec planeou, dirigiu e executou o exercício LINCE 152, entre 12 e 16 de outubro de 2015, de modo a estar pronto a executar todas as tarefas táticas
atribuídas durante TRJE 15 tendo permitido ainda validar Figura 7 – AOp do Bat OPFOR as Unidades Escalão Pelotão (UEP) do 1BIMec através da execução de um LFX. O exercício LINCE 152 apoiou-se no cenário desenvolvido para o TRJE15 e contemplou quatro Partes: Parte I – Projeção para uma Zona de Reunião (ZRn) 37 e Ocupação de uma Posição de Combate (PComb); Parte II – Treino de Táticas, Técnicas e Procedimentos (TTP); Parte III – Treino Orientado para o Cumprimento da Missão; Parte IV – LFX. Com vista a alcançar os objetivos de treino assumidos como OPFOR para o TRJE 15, foram eleitas as seguintes tarefas chave desenvolvidas durante o Exercício LINCE 152: Deslocar-se taticamente, estabelecer linha de vigilância, retardar uma força, ocupar e defender uma PComb, sincronizar operações táticas e reconhecer a Área de Operações (AOp). Não obstante o seu escalão (Unidade Escalão Batalhão – UEB), a OPFOR desenvolveu ações com vista a representar mais do que apenas um Batalhão em operações, materializando, numa fase inicial e no exterior do CMSM, forças de um ERec pertencentes ao escalão superior da OPFOR, numa ação de vigilância ao longo da margem Sul do rio Tejo. Já no interior do CMSM atuou como elemento de uma força de cobertura, realizando importantes ações de retardamento que, por sua vez, permitiriam a preparação e ocupação de uma PComb de escalão Batalhão. Apesar das exigências que se impunham à OPFOR foi ainda possível explorar a oportunidade de participar em ações de transporte aéreo tático e planear uma ação real de reabastecimento aéreo por lançamento de cargas. Em toda a operação destaca-se a importância de uma sincronização fina a qual só foi possível com o inexcedível e permanente empenhamento de todos os envolvidos (LOPSCON e Audiências de Treino – AT). De entre as variadas experiências colhidas destacam-se: a integração de meios de rodas e lagartas, que permitiu cumprir um maior número de tarefas e garantiu ao Comandante uma maior flexibilidade; a inadequabilidade dos atuais conceitos de manutenção e de apoio sanitário. Não desvalorizando a existência de umas Main Event List/Main Incident List (MEL/MIL), o facto de as OPFOR terem tido oportunidade de alcançar os seus objetivos de treino, como qualquer outra AT, quer ao nível do planeamento quer ao nível da execução, só permitido pelo processo de validação baseada num modelo Force to Force, permitiu um treino “quase real” de todas a todas as partes envolvidas.
37 Área que uma unidade ocupa para se preparar para uma operação. (PDE 03-01-00 - Tática Vol I. Lisboa.)
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Trident Juncture 2015 – Parte III
O ECC Leopard 2 A6 do GCC/BrigMec, composto por quatro Oficiais, 18 Sargentos e 38 Praças, num total de 60 militares, teve como missão genérica executar operações em todo o espectro das operações militares de acordo com a sua natureza, com especial foco nas Operações Ofensivas. Na primeira fase do LIVEX, durante o SFTP, destaca-se a execução de tarefas vocacionadas com a interoperabilidade entre as Unidades, no caso do ECC com as forças do Batalhão Italiano (“Lagunari” (ITA) Amphibious Battalion) ao qual o ECC/GCC/BrigMec foi cedido em Controlo Tático (Tactical Control – TACON)38. Além destas tarefas, foram ainda realizadas ações de treino direcionadas para a operação a realizar durante a CJOO, em particular para uma travessia de curso de água e um ataque deliberado. Na CJOO, o ECC/GCC/BrigMec executou duas grandes missões, de acordo com as fases da manobra da Brigada. A primeira tarefa crítica foi a travessia do curso de água, onde se constituiu como force in place (apoio pelo fogo)39, com a finalidade de segurar a montagem das pontes e apoiar as manobras na travessia do rio Tejo. Na segunda tarefa crítica, o ataque deliberado, o Esquadrão conquistou e ocupou uma posição para Apoiar pelo Fogo a conquista do objetivo LION pela NRF 16. De forma a fazer face às exigências do exercício, à especificidade da unidade e ao fator multinacionalidade, que não previa um completo apoio ao nível da manutenção e do reabastecimento, por parte do escalão superior (Batalhão Italiano e/ou Brigada Multinacional Canadiana), houve a necessidade de atribuir/completar o Esquadrão com uma parte proporcional de meios mais robusta, nomeadamente nas áreas específicas das transmissões, manutenção e evacuação sanitária. Quanto à preparação saliente-se que esta teve início muito antes do TRJE 15 englobando a certificação dos Pelotões de Carros de Combate, a participação no Exercício ORION 15 e a participação em diversos exercícios táticos. Neste sentido destaca-se o treino no Laboratório de Simulação Tática (LabSimTat) da Academia Militar e a participação com todos os Chefes e Apontadores de Carro de Combate em Espanha nas instalações da Brigada de Infantería Mecanizada “Extremadura” XI (BRIMZ XI), no treino em sistemas de simulação que o Exército Espanhol dispõe para CC Leopard 2 (Steel Beasts40) onde, entre outras valências, foi executado treino técnico e tático aos operadores de CC. Para finalizar a fase de preparação o Comandante do ECC/GCC/BrigMec participou no Exercício Unified Reflection 2015, que teve lugar no
TM
MAN
SAN
Figura 8 – Organização do Esquadrão para o exercício
38Autoridade delegada num comandante para a direção e controlo de pormenor, normalmente limitados no plano local, dos movimentos ou manobras necessários para executar as missões ou tarefas cometidas. (PDE 3-00 Operações, 2012) 39 Tarefa tática na qual uma unidade se movimenta para uma posição donde possa empenhar uma força inimiga através da execução de fogos diretos, no apoio a uma unidade que manobra e de modo a suprimir ou fixar o In. Uma vez dada esta tarefa tática a unidade deve ocupar uma posição de apoio que lhe permita cobertura e desenfiamento, boa observação e campos de tiro. (PDE 03-01-00 - Tática Vol I. Lisboa.) 40 Programa informático que, entre outras valências, permite treino técnico e tático aos operadores de CC e que pode evoluir do nível individual até escalão Companhia (no caso Espanhol). Este programa replica, com uma aproximação notável, os comportamentos dos manípulos, aparelhos de visão diurna e noturna, computador balístico e procedimentos de tiro do CC Leopard. Para cumprir a finalidade deste programa são necessários, por posto de operação: dois monitores, um processador, sistema de micro auscultador para comunicação entre operadores, teclado e um dos diferentes manípulos-réplica do CC Leopard.
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Parte III – Trident Juncture 2015 Parte III – Trident Juncture 2015 Quebec, Canadá, com o objetivo de padronizar TTP entre os vários países que integrariam a Ordem de Batalha da MN Bde CAN durante o TRJE 15. Para o ECC/GCC/BrigMec o exercício TRJE 15 constituiu-se como uma excelente oportunidade para treinar TTP, observação e análise, passagem de conhecimentos e troca de experiências, destacando-se algumas lições identificadas que merecem reflexão, tendo em vista a participação num próximo exercício desta envergadura: a necessidade de qualquer viatura dispor de um sistema de comunicação que permita realizar comunicações seguras entre todos os elementos do Esquadrão; a interoperabilidade entre as forças envolvidas; a dimensão da área do exercício face à quantidade de viaturas, equipamentos e pessoal no terreno; a multinacionalidade nas TTP. O GAC 15.5 AP, na Fase II - LIVEX do exercício TRJE15, participou como força integrante da MN Bde CAN, tendo como missão assegurar o apoio direto a toda a Brigada Multinacional através da condução de fogos contínuos e oportunos. Para além disso e como tarefas adicionais, o GAC 15.5 AP teve a responsabilidade de integrar uma equipa de observação avançada (OAv) canadiana e uma equipa Joint Terminal Attack Controler41 (JTAC), proveniente do Exército Italiano. O planeamento e a coordenação dos fogos e efeitos ao nível Brigada foi efetuada através de uma Fire Support Coordination Cell42 (FSCC) portuguesa que foi integrada no Combined Joint Operations Center43 (CJOC), centro este que coordenou e controlou todas as operações correntes. O GAC 15.5 AP participou no exercício como unidade mista, tendo sido constituído pelas seguintes subunidades: Pelotão de Aquisição de Objetivos (PAO) proveniente do Regimento de Artilharia Nº 5 (RA5); Light Artillery Battery NRF 2015 proveniente do Regimento de Artilharia Nº 4 (RA4), Bateria esta equipada com o Obus M119 105 mm LG; 2ª Bateria de Bocas de Fogo, equipada com o Obus AP M109A5 155mm, Bateria de Comando e Serviços e o Comando e Estado-Maior do GAC 15.5 AP, constituídos ambos por militares do RA4 e do GAC 15.5 AP. No total, o Grupo contou com a participação de cerca de 253 militares. Ao longo do ano de 2015 e antes da participação neste exercício, o GAC 15.5 AP preparou-se através da realização de um conjunto de treinos e exercícios sob a forma de CPX, FTX e LFX. Os exemplos mais significativos desta preparação destacam-se a realização dos Exercícios da série Onça (FTX e LFX), série Hakea (CPX), série Real Thaw (FTX e LFX), série Eficácia (FTX e LFX) e da série Orion (FTX e LFX). Nestes
41 Terminologia norte-americana para o Forward Air Controller (FAC) . Esta terminologia foi implementada com o manual JP 3-09.3 Close Air Support (2003) 42 Célula de Coordenação de Apoio de Fogo. 43 Centro de Operações Conjuntas e Combinadas.
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dois últimos exercícios destaca-se que a preparação do GAC 15.5 AP já foi feito como força mista, de forma a treinar para o TRJE 15. A participação do GAC 15.5 AP na fase LIVEX do TRJE 15 teve essencialmente duas fases distintas. A primeira, o SFTP, decorreu em cerca de 10 dias e o seu objetivo principal foi o treino de TTP, bem como o estabelecimento e teste à interoperabilidade entre as unidades da MN Bde CAN. Na segunda, a CJOO, consistiu na travessia de um curso de água seguida de um ataque deliberado para conquistar uma posição defensiva inimiga. No decorrer do exercício conseguiram-se identificar e retirar algumas lições importantes: a interação e a realização de treino cruzado com forças estrangeiras foi muito importante, com especial ênfase para o treino efetuado com a PL CBRN Coy44, o qual permitiu a aquisição de conhecimento e o treino com meios Nuclear, Biológico e Químico (NBQ) de última geração; a integração do FSCC português no CJOC constituiu também uma oportunidade única para partilha e aquisição de conhecimentos, permitindo a visualização do funcionamento de um Centro de Operações Tático numa operação desta envergadura; a vivência e o acompanhamento de uma operação verdadeiramente multinacional com todos os desafios que tal acarretou. A BtrAAA/BrigMec integrou, com duas secções do seu pelotão de Sistema Míssil Ligeiro (SML) Chaparral, a BtrAAA da Brigada de Intervenção (BrigInt) organizando-se assim num só pelotão integrado na BtrAAA (PRT) para o exercício TRJE 15. A sua missão geral foi conferir a proteção Antiaérea a Baixa e Muito Baixa Altitude (SHORAD)45 na sua área de responsabilidade, sendo que as missões subsequentes foram difundidas por Fragmentary orders (FRAGO) de acordo com a atividade de cada subunidade. Inicialmente foi pedido pelo Regimento de Artilharia Antiaérea N.º 1 (RAAA1) que os elementos nomeados desta BtrAAA/BrigMec se deslocassem a Queluz para treino de TTP, de modo a nivelar todos os militares do pelotão e mesmo da própria BtrAAA PRT (que recebeu pessoal de várias unidades). Em virtude da deslocação ao CAN por parte do comandante da BtrAAA PRT, para coordenação e planeamento, a chegada de todos os militares só se efetivou no dia em que se deslocaram para o CMSM, demonstrando-se assim, este nivelamento, pouco produtivo. Esse objetivo só se viria a concretizar já no CMSM com a BtrAAA PRT constituída, sendo realizados vários treinos de nível Pelotão, assim como a sua aplicação coordenada com as unidades de manobra que viriam a apoiar. No âmbito logístico teve de haver uma coordenação estreita entre as duas unidades visto que as secções da BtrAAA/BrigInt fizeram uso do seu material, tendo cedido outros equipamentos / materiais e instalações. De realçar que a BtrAAA PRT foi constituída por 97 militares (entre Cmd e suas secções, Pelotão Radar P-Star, Pelotão SML Chaparral e Pelotão Stinger), 35 viaturas com o seu armamento e equipamentos, em que 11 destes militares foram oriundos do Pelotão SML Chaparral (com os seus dois sistemas de armas) e Secção de Manutenção desta bateria. Não constituindo a orgânica da BtrAAA PRT para o TRJE 15, as várias secções desta unidade deram todo o apoio necessário a uma unidade que, maioritariamente, vinha do exterior.
44 Companhia de Defesa NBQ Polaca. 45 Os sistemas SHORAD (sistemas de curto alcance e de baixa e muito baixa altitude), são normalmente empregues na protecção antiaérea das unidades de manobra e dos seus órgãos críticos. (Boletim da Artilharia Antiaérea N.º 6 × II Série × Julho 2006)
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Parte III – Trident Juncture 2015 Parte III – Trident Juncture 2015 O TRJE 15 foi considerado uma oportunidade única de participar num exercício NATO desta envergadura. No entanto, há que realçar a dificuldade de operar os meios de comunicação e a falta de informação e de atividade nas secções durante o exercício.
Conclusão O “Trident Juncture 15” foi o maior exercício da Aliança Atlântica da última década, planeado com a intenção de afirmar a sua capacidade em responder a desafios futuros com as suas forças conjuntas, procurou traduzir a aplicação de forças terrestres, navais e aéreas modernas num cenário complexo e realista. Das quatro Unidades de escalão Brigada das forças terrestres que estiveram no terreno, divididas por Espanha, Itália e Portugal, o Campo Militar de Santa Margarida acolheu a Brigada Multinacional de comando canadiano e provou, uma vez mais, ser uma infra-estrutura de treino única e de excelência do Exército português. A BrigMec participou na fase LIVEX do TRJE 15, executando o Host Nation Support (HNS) às forças estacionadas no CMSM, bem como integrando a Brigada Multinacional com o seu GAC 15,5 AP, com um ECC do GCC, com parte da sua BtrAAA e garantindo ainda a OPFOR com uma Unidade de Escalão Batalhão que teve por base o Batalhão de Infantaria Mecanizado Lagartas (BIMecLag). A Brigada Mecanizada conduziu a sua participação segundo duas linhas de ação: a primeira orientada para as suas Unidades que participaram como audiências de treino; A segunda, centrada no apoio de serviços a conceder no âmbito das responsabilidades inerentes à nação hospedeira. Temos a firme convicção que os objetivos em ambas as linhas de ação foram atingidos e destacamos os seguintes pontos-chave em cada uma das vertentes abordadas:
Na vertente operacional das AT A participação da BrigMec no SFTP e na CJOO com parte das suas subunidades que integraram a MN Bde CAN e a constituição da OPFOR permitiram à BrigMec planear, coordenar e executar um ambicioso plano de treino operacional durante o ano de 2015 que possibilitou a certificação do seu Comando e de algumas das suas subunidades. Este plano permitiu ainda o treino internacional a quadros e tropas com a deslocação a Espanha e ao Canadá, tornando-se num catalisador para a excelência do treino e para a motivação dos militares, colocando-os num patamar evolutivo muito significativo. A preparação realizada pelas Unidades da BrigMec facilitou a execução de tarefas vocacionadas com a interoperabilidade, treino cruzado e padronização de TTP entre as Unidades da Força Multinacional. A participação de Unidades da BrigMec na MN Bde CAN foi uma oportunidade única de treino assumindo-se como uma excelente ocasião para exercitar TTP, observação e análise, transferência de conhecimentos e troca de experiências, destacando-se algumas lições identificadas, tendo em vista a participação noutros exercícios desta envergadura, nomeadamente, a interoperabilidade dos sistemas de comunicação e a necessária harmonização de TTP, que não obstante a observância de uma doutrina conjunta, encontra por vezes, aos baixos escalões, diferenças significativas.
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Quanto à OPFOR, o facto de se possibilitar o alcançar dos seus objetivos de treino, como qualquer outra AT, quer ao nível do planeamento quer ao nível da execução, pela aplicação de um processo de validação baseada num modelo Force to Force, possibilitou um treino “quase real” de todas a todas as partes envolvidas, constituindo este facto um acontecimento inovador que terá consequências no futuro planeamento de exercícios desta natureza e dimensão. Finalmente, a participação operacional da BrigMec no exercício TRJE 15, facultou a todos os seus quadros e tropas algo inestimável – a valorização do seu capital humano – pela enriquecedora troca de expêriencias e oportunidade de treino com meios de última geração, bem como, pela visualização do planeamento, montagem e funcionamento das estruturas de Comando, Controlo e Sustentação de uma operação de grande envergadura.
Na vertente do apoio da HNS A complexidade do planeamento, coordenação e execução do TRJE 15 ficou absolutamente vincada se nos recordarmos que a organização deste Exercício envolveu os mais elevados níveis de decisão do Estado português abrangendo, além da estrutura militar, sete ministérios do governo Nacional. No que ao Exército português diz respeito, destaca-se que a diversidade de tarefas e a enorme complexidade associada ao RLS do Exercício, exigiu a criação de estruturas específicas para as fases de planeamento e execução, demonstrando uma capacidade de adaptação e de mobilização por parte de toda a sua estrutura que talvez já não julgássemos possível. Para o CMSM foram projetadas algumas dessas estruturas de apoio ao exercício. A MNHNSCC, liderada pelo Exército foi principalmente preenchida por militares da BrigMec perdurando nos RH desta Unidade um valor acrescentado de experiencia, conhecimento e Know-how. O JLSG projectou uma Theather Logistic Base e a BrigMec constituiu-se como UA para a fase LIVEX. A participação da BrigMec como UA garantindo o RLS às forças participantes, nacionais e estrangeiras, estacionadas em Santa Margarida começou muito antes da fase LIVEX do Exercício com a realização de sete Site Surveys, essenciais para identificação das necessidades em RLS das UU e Comandos NATO e que seriam vertidas nos SOR. A análise aos resultados dos Site Surveys, dos SOR, das informações difundidas dos diversos grupos de trabalho e planeamento, permitiu identificar pelo Cmd e EM da BrigMec uma extensa e ambiciosa lista de necessidades e tarefas a executar em todas as funções logísticas, CSI, segurança do tiro e segurança física e Protecção da Força. Para assegurar a coordenação de todo o apoio de serviços aos contingentes, nacionais e estrangeiros, estacionados no CMSM, foi activado no QG/BrigMec um COT a operar 24/7 e em estreita ligação com a MNHNSCC. No TRJE 15 teve um papel preponderante a única Unidade do Exército capaz de desenvolver o apoio logístico operacional de escalão Batalhão – o BApSvc/BrigMec. Reforçado com meios do Dest Ap/NSE/BIMec (R)/NRF2016, (um Módulo de Serviços, um Módulo de Reabastecimentos e um Módulo de Transportes e Operações de Terminal), assegurou as funções logísticas Reabastecimento, Movimentos e Transporte, Manutenção e alguns serviços; com as UU líder dos NCC (UnAp, 1BIMec e GCC), apoiou a MM GP EPE na instalação de dois LReg e nove LDist de refeições do tipo GAMA 5; com as UU/BrigMec disponibilizou espaço em aquartelamento para alojar forças nacionais e estrangeiras; com a UnAp e o BApSvc assegurou a prestação de serviços, designadamente, manutenção de infraestruturas e instalações elétricas, bem como serviço de lavandaria de roupa da cama; com o EPE/GPE/RL2 assegurou a segurança física e o controlo de acessos à área urbana da BrigMec, a regulação da circulação rodoviária no interior da mesma e as escoltas a movimentos de colunas. Esta estrutura reforçada constitui-se numa oportunidade de testar a movimentação de todas as valências referidas, concentra-las, testa-las e ajustar os seus procedimentos materializando na plenitude o conceito de modularidade do Apoio de Serviços de combate.
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O esforço no RLS ao Exercício permitiu a reabilitação e melhoria das infraestruturas existentes potenciando quer as capacidades do CMSM como campo de treino, quer as condições de vida, habitabilidade e de treino da BrigMec, destacando-se a recuperação do Quartel da Pucariça e da CT ALFA, a renovação parcial do Edifício do Refeitório Geral e das Cozinhas do BIMecLag, a pintura da Avenida Nuno Álvares, a construção da pista semi-preparada, a instalação de mastros de bandeiras no QG BrigMec e Quartel da Pucariça, a recuperação dos sistemas de AQS das UU/BrigMec, a colocação de um terminal NS WAN no Cmd e EM/BrigMec, a afetação do SIGCA à BrigMec e a implementação de internet sem fios, nos alojamentos, salas de convívio, bares e casas da guarda. Exercícios desta natureza, dimensão e notoriedade são também uma oportunidade na criação de sinergias que se traduzem em verbas e que aceleram investimentos. O sucesso obtido com apoio real ao TRJE 15, abriu uma janela de oportunidade para se sistematizar uma proposta com a intenção de replicar o mesmo, através do envolvimento de países da Aliança ou de relações bilaterais, em potenciar a participação internacional nos exercícios sectoriais do Exército (ORION). Op TRJE 15 permitiu ainda patentear no plano internacional, a capacidade de PRT em garantir o HNS a exercícios desta envergadura, bem como da disponibilidade em termos de infraestruturas para treino conjunto e combinado, com custos associados reduzidos, como é o caso da BrigMec.
A experiência avassaladora vivida na BrigMec durante o TRJE 15 é um acontecimento digno de registo para memória futura que tentamos transmitir neste artigo e que classificam a BrigMec, outrora e novamente agora, reconhecidamente como “A Brigada NATO”.
Referências: PLANO HNS TRJE15 AJP 4.5 (B-1), Allied Joint Doctrine for Host Nation Support (May 2013), a) Diretiva N.º 142/CEME/14, Diretiva Inicial de Planeamento para a participação do Exército no Exercício TRJE 15, de 21AGO14. b) Diretiva N.º 26/CEMGFA/15, Participação das Forças Armadas no Exercício TRJE 15, de 30JUN15. c) Diretiva N.º 30/BRIGMEC/15, Jornadas do Dia da Defesa Nacional (DDN), de 28JUL15. d) Diretiva N.º 97/CEME/15, Participação do Exército no Exercício TRJE 15, de 18AGO15. e) Technical Arrangement between the Allied Joint Force Command Brunssum and the Ministry of National Defence of the Republic of Portugal regarding the provision of Host Nation Support for the execution of the Exercise “TRIDENT JUNCTURE 15” (TRJE15), de 15JUN15; f) The Acquisition and Cross Servicing Agreement (ACSA), de 08DEC09; g) Plano de Apoio Logístico Real do Exército para o TRJE15, de 28AGO15, do CmdLog; h) Plano de Emprego dos Elementos da Componente Operacional do Sistema de Forças (ECOSF) para o TRJE15, de 31AGO15, do Comando das Forças Terrestres (CFT). i) Publicação Doutrinária do Exército (PDE) 4-46-00, Sistema Logístico do Exército, de 17OUT14. j) Diretiva técnica N.º 01/2014 - Reabastecimento de combustível rodoviário a granel às Unidades, Estabelecimentos e Órgãos (UU/EE/OO) do Exército, de 12FEV14, da DMT/CmdLog; k) Ofício N.º 5466, GabCEME/15, TRJE15 – Eventos de Alta Visibilidade, de 27MAI15; l) Despacho Nº100/CEME/15, Delegação de Competências para a assinatura dos Joint Implementation Arrangements (JIA) do Exercício TRJE 15, de 21AGO15. m) EP (2007), PDE 4-00, Logística, AGO07 n) EP (2015), PDE 0-42-00, Apoio administrativo-logístico aos elementos e às forças do Exército em missão fora do território nacional, JUN15 o) NATO (2008), AAP-6, NATO Glossary of Terms and Definitions (English and French), ABR08 p) NATO (2013), AJP 4.5 (B-1) Allied Joint Doctrine for Host Nation Support, MAI13
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