Publicação do 2ºBIMec / BMI / SFOR II - Número 2 – Março 2002 - Mensal
2 MARÇO 2002
EDITORIAL
SER FELIZ É TER AMIGOS.
Volvidos pouco mais de dois meses sobre a nossa chegada a este Teatro de Operações, vimos totalmente confirmadas todas as nossas expectativas quanto a um empenhamento intenso, sob o ponto de vista operacional acompanhado de um contacto diário com forças e elementos de outros países amigos e aliados. Em todas as circunstâncias, quer em exercícios como o JOINT RESOLVE XXV, quer em rendições em posição, quer em familiarizações com outras forças, soubemos sempre constituir-nos em dignos representantes do nosso Exército e do nosso País, mesmo em situações revestidas de elevada dureza e realismo acompanhadas com frequência de condições atmosféricas pouco favoráveis, nas quais invariavelmente foi posta à prova a rusticidade e o espírito de sacrifício de todos vós. Recebemos, ainda, inúmeras visitas de entidades nacionais e estrangeiras que muito nos honraram com a sua presença, permitindo-me aqui destacar, com especial satisfação, a visita de Sua Excelência o Presidente da República. Foi precisamente do Chefe Supremo das Forças Armadas Portuguesas, que connosco privou durante algumas horas, que ouvimos os mais rasgados elogios acerca do nosso elevado desempenho em todas as situações e reconhecidas qualidades que nos são tão gratas, como o elevado sentido do dever, grande dedicação e profissionalismo. Contudo, nada do que referi deve constituir, para nós, militares do 2BIMec/SFOR, motivo de vaidade ou sobranceria, pois quero lembrar-vos que foi precisamente para atingirmos elevados padrões de eficácia e prontidão que nos preparamos arduamente, em Portugal, durante os últimos cerca de seis meses do ano transacto. Julgo que, todos temos agora a noção clara, de que nada do que fizemos foi em vão e vemos agora reconhecido todo o esforço e dedicação que a nós mesmo impusemos, sobretudo naquele Campo Militar de Santa Margarida e que muitas vezes, nos levou a viver situações de grande incomodidade e afastamento das nossas famílias. Quero, assim e nestas circunstâncias, alertar-vos para a premente necessidade de continuarmos muito atentos, no sentido de evitar a todo o custo e numa atitude proactiva, todas as situações propiciadoras da ocorrência de deslizes. Como sempre vos fiz sentir, a “Protecção da Força“ continua a ser a minha maior preocupação e temos que saber conciliá-la com a busca incessante de mais elevados padrões de eficiência. Bem hajam.
A amizade existe entre dois ou mais indivíduos não só pela partilha mútua de interesses ou afinidades, mas também por uma inexplicável simpatia que se sente por outro ser humano, independentemente da sua condição social, sexo ou religião. A amizade é um sentimento que nos faz sentir bem. Que não tem objectivos a alcançar nem encerra contrapartidas. Onde a inveja não germina e o ciúme não se intromete. Onde não se desenvolvem mal entendidos e a traição não faz sentido. Na amizade existe uma confiança pesada e sustentada, sobretudo se tivermos a consciência de que os outros, os que gostam de nós, são o nosso capital mais precioso. É por tudo isto que normalmente os amigos são para a vida.
TCor Inf Isidro de Morais Pereira Cmdt do 2BIMec / BMI / SFOR II
Telf Internacional: 0038732735112 Telf Nacional (2BIMec/CMSM): 351249730745 Telf Militar: 460900
Sch Inf Francisco Luz Adjunto do Comandante
2BIMEC / BMI / SFOR II PUBLICAÇÃO MENSAL TIRAGEM 500 EXEMPLARES DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Director: TCOR ISIDRO PEREIRA Editor: MAJ FRANCISCO ROCHA Composição Gráfica: 1SAR JOÃO AMARAL Colaboradores: MAJ JORGE MATOS CAP LUIS ESCORREGA CAP RUI RODRIGUES CAP LUÍS COSTA CAP PIRES DA SILVA CAP JOÃO RAMOS CAP HENRIQUE OLIVEIRA TEN ANTÓNIO BASTOS SCH FRANCISCO LUZ 1SAR JOÃO SANCHES SOLD LAURINDO FORTES Endereço: 2BIMEC / BMI / SFOR II VISOKO, BÓSNIA-HERZEGOVINA BATALHÃO DE ADIDOS PRAÇA DA REPÚBLICA 2685-105 SACAVEM
3 MARÇO 2002
LA CIUDAD DE MOSTAR
A familiarização com nuestros hermanos não foi só patrulhas de presença e milhares quilómetros, proporcionou-nos também, o conhecimento da terceira maior cidade da Bósnia-Herzegovina São 110 mil habitantes e três religiões, que em MOSTAR coabitam num clima de tolerância. Os seus habitantes, têm como característica muito especial as suas diferenças, o que pode parecer estranho. Mas esta é uma cidade onde Católicos, Ortodoxos e Muçulmanos vivem, ou sobrevivem, conjuntamente num ambiente de calma aparente, mas onde as diferenças existem, desde à muitos séculos. Desde que Mostar existe como cidade, sofreu influências dos vários povos, de onde se salientam os Turcos que deixaram numa cidade católica a marca do Corão. Pelos registos que existem em fotografia, pode ver-se que foi uma cidade de excepcional beleza, e com uma distribuição urbanística inteligente. Actualmente, tem como carta de apresentação um vasto leque de praças e avenidas, de onde saltam à atenção, os impactos de munições nas paredes e a destruição maciça. É uma vista impressionante. Será muito difícil ficar indiferente, ao olhar para uma avenida onde, durante a guerra, os combates se desencadeavam a uma distância de 30 ou 40 metros. Parece impossível, mas parafraseando o guia da visita que nos foi proporcionada a Mostar, “a conquista de um edifício seria, uma grande vitória para um exército”. Chegava-se a lutar com apenas alguns compartimentos a separar as duas linhas e isso pode-se ver ao olhar para o estado em que ficou a cidade. Actualmente, a lenta recuperação da cidade é levada a cabo, mais uma vez, de forma inteligente, visto haver a intenção que todos os edifícios, sejam recuperados de forma a ficarem tal como eram, antes da guerra, o que implica grandes custos. Pode ver-se que as pessoas, já estão indiferentes à destruição e vivem normalmente, ao lado de casas onde não se atrevem a entrar.
A qualidade de vida vai aumentando a cada dia, com o investimento de vários países europeus, de onde se salientam os nossos vizinhos espanhóis, que até tiveram direito ao nome de uma praça, no centro da cidade. Esta cidade que patrulhámos, de dia e de noite, conquista todos os dias a paz que necessita, para regressar ao que os registos históricos, se encarregaram de não deixar esquecer.
Ten Inf António Bastos Cmdt do 1Pel/1CAt
CRISTO RESSUSCITOU, ALELUIA, ALELUIA.
“Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem acredita em Mim, embora venha a morrer, viverá; e todo aquele que vive e acredita em Mim, nunca mais morrerá.” São palavras com sentido de esperança, para uma fé cada vez maior na Ressurreição de Jesus Cristo. Esta palavra de Cristo, continua a ser para nós, hoje, uma afirmação inequívoca de que a nossa vida só terá sentido, na medida em que acreditar-mos na sua Ressurreição. Tem um sentido ainda mais profundo, na medida em que nos convida a prolongar a nossa vida na eternidade – viver para sempre – ainda que a morte seja apenas uma passagem deste mundo terreno para um outro, a felicidade eterna que cada um terá que conquistar e merecer. Cristo Ressuscitado abriu as portas para a Páscoa da humanidade, para uma vida mais feliz, com um sentido novo, como sinal de esperança de que também nós havemos um dia de Ressuscitar. A Páscoa, representa a libertação de toda a imperfeição, da morte ou do pecado que há no homem. Só terá sentido em nós a Páscoa de Cristo, se nos quisemos libertar de todo o mal que em nós existe. Deixarmos o homem velho para darmos lugar ao homem novo, pela graça de Deus que nos vem pelo sacramento da reconciliação. Que não seja mais uma simples festa da Páscoa, mas sim, o grande grito de libertação interior, de fé no Cristo que está vivo. Por isso cantamos Aleluias. O Capelão deseja a todos os militares do 2ºBIMec/SFORII e seus familiares, uma Santa e Feliz Páscoa. Que Cristo Ressuscitado seja para todos o grande sinal libertador e salvador.
4 MARÇO 2002
DA QUARESMA À PÁSCOA
Não há Páscoa sem Quaresma. Não há morte sem vida. As grandes festas requerem a devida preparação. Para se chegar à Páscoa, a Igreja propõe a vivência de vários momentos importantes. Vamos reflectir um pouco sobre cada um deles: 1. Quaresma – Tempo litúrgico que começa na Quarta-Feira de Cinzas. É um tempo de conversão interior, oração, jejum, renúncia e abstinência. São aspectos que nos ajudam a purificar a memória e o coração, e a incrementar maior sentido espiritual (pensamentos, palavras e atitudes). 2. Via-Sacra – Costuma ser celebrada nas Sextas-Feiras da Quaresma, recordando o dia da morte de Cristo e meditando nos mistérios da sua Paixão até à morte no Calvário. 3. Domingo de Ramos – Celebra-se a entrada triunfal de Jesus Cristo na Cidade Santa de Jerusalém, aclamado por toda a multidão. Colocaram verdura no chão e com ramos de palmeira, alecrim e oliveira saudaram Cristo como o grande Rei que entrava na cidade. Neste dia faz-se a bênção dos ramos e a leitura da Paixão. 4. Quinta-Feira Santa – É por excelência, o dia da Eucaristia e do Sacerdócio. Cristo instituiu a Eucaristia: “Isto é o Meu Corpo. Este é o Cálice do Meu Sangue. Fazei isto em Memória de mim”. O Senhor ofereceu-nos a Sua Carne e entregou-nos o Seu Sangue, para que nada faltasse aos Seus Filhos para o crescimento espiritual. Os Sacerdotes são os Ministros da Eucaristia. Neste dia há Celebração da Missa Crismal em cada Catedral Diocesana, onde o Bispo, com os seus Sacerdotes, celebra este memorial. São benzidos os Santos Óleos (Baptismo, Crisma e Unção dos Enfermos) para depois serem administrados aos fiéis durante o ano. 5. Sexta-Feira Santa – Dia Comemorativo da morte de Jesus Cristo. Dia de Jejum e abstinência. Não há Eucaristia, apenas a Celebração da Palavra com a Leitura da Paixão e
Adoração da Cruz. Via-Sacra solene, recordando a Paixão e Morte de Cristo. Que a Cruz não seja para os Cristãos um sinal de morte, mas um sinal de Vida. Foi pela Cruz que Cristo passou da morte à vida. 7. Sábado Santo – Dia de Oração e Meditação no Mistério sobre a morte. Não há Eucaristia. 8. Vigília Pascal – É celebrada no sábado à noite. Todo o tempo vivido durante a Quaresma, foi uma caminhada para chegar a uma grande meta: a Vigília Pascal. Esta é a maior noite festiva do ano litúrgico. Já os Israelitas eram convidados a fazerem Vigília, em honra do Senhor que os libertou da escravidão do Egipto. Hoje, numa atitude de quem está vigilante, nós fazemos vigília. Uma vigília nocturna, pois a noite guarda um mistério especial: a escuridão sobre todas as coisas e a luz a brilhar com intensidade. Compõe-se de quatro partes: 1) Anúncio solene da Páscoa - Bênção do Lume Novo - Círio Pascal - Leitura do Precónio Pascal 2) Liturgia da Palavra - Leituras do Antigo Testamento - Canto do Glória e Aleluia. Cristo Ressuscitou. - Leituras do Novo Testamento 3) Liturgia Baptismal - Canto das Ladainhas - Bênção da água do Baptismo. - Renovação das Promessas do Baptismo - Profissão de Fé. - Aspersão da água benta sobre os fiéis. 3) Liturgia Eucarística - Ofertório. Preparação do Pão e do Vinho - Oração Eucarística. - Comunhão. Neste dia Pascal, em que as portas do túmulo se abriram, Cristo Ressuscitou dos mortos. Não teria sentido a morte, se não houvesse vida, Ressurreição. Mas porque acreditamos, saibamos viver, pôr em prática estes ensinamentos de Cristo. Louvemos a Deus, cantando Aleluias.
Maj SAR Jorge Matos Capelão
5 MARÇO 2002
FAMILIARIZAÇÃO COM O SP BG
Decorreu, durante o período de 11Mar02 a 18Mar02, uma familiarização com o SP BG em Mostar/Espanha, em que participou a 1ªCAt, com os meios de apoio da Compª de Apoio. Esta familiarização teve como objectivo conhecer toda a AOR do SP BG, testar compatibilidades dos meios rádios e interoperabilidade entre as forças do país vizinho. A viagem para Mostar mostrou, desde logo, ser um bom tónico, para descontrair as mentes e reflectir sobre a beleza destruída deste país. Nos dias seguintes, os nossos militares andaram sempre em patrulhas, ou de Secção, ou de Pelotão, sendo a motivação ainda mais alta, quando as terminavam, cerca da 01H00 da madrugada…, perdendo assim grandes eventos, como o grande derby entre o Barcelona e o Real Madrid…; contudo, o relatório desse patrulhamento era feito, sempre com vigor e realismo, por parte daqueles que seguiam com atenção km a km nos diversos itinerários. O planeamento e execução das tarefas, foram sempre exaustivos, contudo, sempre facilitado pelo empenho dos nossos militares, bem como pelo bom relacionamento, que alguns conseguiram, com os nossos amigos peninsulares.
Na totalidade desta familiarização, foram percorridos pelas nossas viaturas 19477km, o que demonstra o rigor, com que os nossos militares conduzem as viaturas, sendo algumas, consideradas peças de museu por outros…
Esta AOR apresenta, de tudo um pouco, alguns locais típicos da Bósnia pós guerra, outros parecem fazer inveja ao nosso país… Na cidade de Mostar, um ponto de referência para esta região, ainda são as, bem visíveis, mazelas de uma guerra que decorreu entre três etnias, porta a porta…
Não faltou a confraternização final, que os “nuestros hermanos” ofereceram aos nossos militares, cozinhando uma paelha à Espanhola… Dos muitos “recuerdos” que a companhia adquiriu, o mais difícil, foi mesmo o “Bingo de Mostar” que se espera que, seja um grande sucesso entre nós… Cap Inf Rui Rodrigues Cmdt da 1CAt
6 MARÇO 2002
RELIEF IN PLACE
No período de 17Fev02 a 24Fev02, a 2ª CAt assumiu parte da AOR da 127 Bty do Batalhão Inglês, pertencente à DMN-SW. Este tipo de operação, chamada “RELIEF IN PLACE”, tem como objectivo principal assumir a missão de uma outra Unidade, permitindo a esta ser libertada para ser empregue noutras missões ou tarefas. No período da operação a 2ª CAt ficou instalada no aquartelamento da B-Coy, em MRKONJIC-GRAD. A B-Coy do Batalhão
Inglês é a reserva táctica da DMN-SW, e como participou no exercício Joint Resolve XXV, libertou as suas instalações para a nossa Companhia. Quanto à missão da 2ª CAt, pode-se dizer que foi inteiramente cumprida. A missão tinha duas vertentes principais: uma a de patrulhar a área com patrulhas de presença e outra, mais vocacionada para a área CIMIC, a de obter informação sobre infra-estruturas médico-
-sanitárias na AOR da 127 Bty. Quanto às patrulhas de presença, é de salientar a forma afável e amiga, como o nosso pessoal era recebido pela população. Também da nossa parte houve, distribuição de alguma ajuda
humanitária, facto este que, aliado ao profissionalismo do pessoal, contribuiu para a boa imagem deixada na área. No âmbito destas patrulhas foi detectada uma granada de morteiro junto a um aglomerado de casas, sendo imediatamente sinalizada e informado o Batalhão Inglês. Quanto à vertente CIMIC, o resultado foi também meritório. As informações obtidas, sobre as infra-estruturas médico-sanitárias, em praticamente toda a AOR, permitiram actualizarem as bases de dados do Batalhão Inglês. A informação obtida e a forma como foi apresentada em relatório, foi objecto de congratulação pelo Cmd do Batalhão Inglês, tendo referido que o desempenho da 2ªCAt, em todas as vertentes, profissionalismo, postura, relacionamento, e resultado final da operação, tinham sido muito positivos. Refira-se ainda a visita à 2ª CAt do 2º Cmdt da DMN-SW, Brig PEPIN. Esta visita tinha como objectivo, constatar a forma como estava a decorrer o RELIEF IN PLACE. Toda a visita correu muito bem, sendo que no final o Brig PEPIN mostrou-se muito agradado, pela forma como tinha sido recebido e como estava a decorrer a operação.
Quanto a lições aprendidas, refira-se o facto da utilização dos jipes UMM em vez das CHAIMITE só trouxe vantagens para o cumprimento da missão; Para este tipo de missões (CIMIC) e com o grau de segurança em vigor, julga-se de todo apropriado optar por viaturas ligeiras, mantendo em reserva as viaturas blindadas; Julga-se no entanto que o poder de protecção, dado pelas CHAIMITE, deverá estar sempre disponível, para qualquer eventualidade. Em jeito final, pode-se referir que tudo correu MUITO BEM, reiterando o lema da 2ª CAt: “E Tudo Quanto Vier, Torna-se Pouco”.
7 MARÇO 2002
FAMILIARIZAÇÃO COM O BAT TURCO
Entre 06 e 10 de Março decorreu uma familiarização da 2ª CAt com o Batalhão Turco (TU BG). Esta operação decorreu na AOR do TU BG, que compreende as Opstinas de Zenica, Zavidovici e Vares. Os objectivos de uma familiarização são permitir aos militares da OpResGround um contacto com os métodos de trabalho, equipamento e armamento de outras forças multinacionais e simultaneamente permitir conhecer a AOR de outra Unidade; Dada a missão da OpResGround, estas operações são deveras importantes, pois caso haja necessidade de emprego nessa AOR há já um conhecimento da mesma. Principal preocupação em conhecer em detalhe os HOT-SPOT, pois é aí que previsivelmente a OpResGround será empregue em 1º lugar. Quanto à familiarização, a 2ª CAt ficou alojada no Aquartelamento do TU BG em ZENICA, junto à fábrica de ferro e aço “RMK”, em tempos, das maiores da Europa. As actividades desenvolvidas durante o período da familiarização foram as seguintes: - Patrulhas de presença; - Patrulhas CIMIC; - Demonstração/Exposição de materiais; - Demonstração de controlo de tumultos; Relativamente às patrulhas de presença, foram efectuadas três patrulhas de presença por dia, nas três Opstinas, permitindo assim aos 3 pelotões, um conhecimento detalhado de toda a AOR. Refira-se ainda que neste tipo de
- Levantamento de necessidades (económicas, saúde, bem-estar) das populações; - Apoio aos DPRES; - Informação sobre minas nas Escolas; - Outras.
Após o levantamento das necessidades, referidas no ponto anterior, o que a Equipa CIMIC faz é orientar as necessidades para as Entidades competentes. DPRES para UNHCR; Saúde para as entidades de saúde locais; Minas encontradas para a Polícia Local, etc. Do que foi possível ver, é notório que o Contingente Turco salvaguarda sempre, os interesses do próprio País. Por exemplo, constroem escolas, jardins, estradas, mesquitas, permitindo assim estabelecer relações comerciais.
As demonstrações, de material e de controlo de tumultos, correram bastante bem e permitiram o conhecimento de novos materiais e técnicas por ambas as partes.
patrulhas deve ter-se especial atenção em reconhecer e obter informação sobre as estradas, minas, DPRES, terreno e aceitação da SFOR. As Patrulhas CIMIC foram bastante interessantes. É notório que o contingente turco aposta bastante nas acções CIMIC. Refira-se que em toda a AOR, o contingente e o País é bem visto e querido pelas populações. As patrulhas CIMIC desenvolvem entre outras as seguintes actividades:
Mais uma vez, “E TUDO QUANTO VIER, TORNASE POUCO”...
Cap Inf Luís Escorrega Cmdt da 2CAt
8 MARÇO 2002
VISITA DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Incluído no programa da visita à BósniaHerzegovina o 2º Batalhão de Infantaria Mecanizado/SFORII, teve a honra de receber no seu aquartelamento em Visoko, S. Ex.ª o Presidente da República Dr. Jorge Sampaio, no dia 05 de Março deste ano.
À chegada ao estacionamento Português, e após as honras militares regulamentares, o Sr Presidente da República, dirigiu algumas palavras aos militares portugueses, onde vincou a importância da missão em palavras como: “A vossa presença na Bósnia tem um duplo significado que advêm, por um lado, dos deveres de Portugal como membro responsável da Comunidade Internacional, que o leva a actuar ao lado dos nossos aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte. Por outro lado, sois a expressão, nesta vossa missão, da nova confiança dos Portugueses, restaurada com a democracia, que lhes permitiu assumir com empenho a construção de uma Europa unida pelos valores da justiça, da liberdade e da convivência pacífica entre culturas, condição essencial de Paz e de Progresso”.
O programa da visita incluiu também um brifingue, tendo como mote o 2ºBIMec, efectuado pelo Sr. Tenente Coronel Isidro de Morais Pereira, Comandante de Batalhão, ao qual assistiu toda a comitiva bem como os jornalistas que a acompanhavam. Após o que se seguiu uma visita às instalações e uma mostra de material orgânico da unidade. Ainda nessa manhã os visitantes tiveram a oportunidade de assistir a uma demonstração da actuação de dois pelotões em situação de alteração da ordem pública, na qual, com o apoio de dois helicópteros Black Hawks americanos, foram resgatadas personalidades de uma organização internacional, que se viram envolvidas em manifestações violentas.
Depois de tão intensa actividade chegou a hora de um merecido repasto, aproveitado também, para algumas perguntas dos órgãos de comunicação social presentes no evento, ao Sr Presidente da República, ao Comandante da unidade e a outros militares do Batalhão. O final desta cativante actividade ficou marcado pela oferta de uma obra de arte de um pintor local, de reconhecida projecção, chamado Mehmed Klepo, em apreço ao trabalho que a SFOR, em geral, e o Batalhão Português, em particular, tem desenvolvido em prol da paz e do bem estar na Região. E terminado tão especial acontecimento, o Sr Presidente da República, dirigiu-se ao gabinete do comandante da unidade onde foram trocadas algumas lembranças e assinado o livro de honra.
9 MARÇO 2002
VISITA DO MINISTRO NEGÓCIOS ESTRANGEIROS
ESTAÇÕES DA VIA-SACRA
Em 13 de Março de 2002, visitou o 2º Batalhão de Infantaria Mecanizado/SFORII, aquartelado no Campo Militar de Visoko, na Bósnia-Herzegovina, S. Ex.ª o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Dr. Jaime Gama.
No dia 08 de Março de 2002, procedeu-se à inauguração e colocação de um conjunto de estações da ViaSacra na Capela do Batalhão Português no Teatro de Operações da BiH. Vários militares colocaram os quadros representativos da Paixão e Morte de Jesus Cristo, nos respectivos locais, para serem meditados e vividos no tempo Quaresmal.
À chegada ao estacionamento Português, e após as honras militares regulamentares, o Ministro da República e dos Negócios Estrangeiros de Portugal, dirigiu algumas palavras aos militares portugueses. O programa da visita prósseguiu com uma exposição estática do material mais importante do batalhão, seguiu-se o almoço no refeitório Português do aquartelamento. O cair do pano da visita foi sobre um café servido no bar, que é comum a todos os militares, onde se procedeu à troca de lembranças durante a qual o Sr Ministro marcou a sua passagem por este
batalhão assinando o Livro de Honra, deixando uma mensagem de orgulho e respeito pelo trabalho dos nossos militares no Teatro de Operações da Bósnia-Herzegovina.
Cap Inf Luís Costa Oficial de Assuntos Civis
Estes quadros foram gentilmente oferecidos pelo Exmº General Chefe do Estado Maior do Exército, aquando da sua estadia em Visoko, em 05 de Março de 2002, acompanhando Sua Excelência o Presidente da República Portuguesa, na sua visita oficial à Bósnia-Herzegovina e ao 2BIMec/SFOR. O Capelão e todos os militares, desta Unidade reconhecidamente, agradecem a oferta para a sua Capela no Campo de Visoko.
Maj SAR Jorge Matos Capelão
10 MARÇO 2002
CONVÍVIO DESPORTIVO
Nos dias 18, 19 e 20 de Março o 2ºBIMec/SFOR participou num Convívio Desportivo organizado pelo Regimento de Artilharia do Exército da Federação, Unidade essa estacionada em Visoko e que para o qual fomos convidados. Neste campeonato participaram, além da Unidade organizadora (ArBr), o nosso Batalhão, uma Unidade de Logística (também estacionada em Visoko) e três Escolas Secundárias, nas seguintes modalidades: Futebol 5, Voleibol, Corrida de 3200m, Tiro Desportivo e Xadrez. Em todas as modalidades que faziam parte deste convívio, havia classificações individuais e colectivas, sendo de destacar a excelente prestação dos nossos atletas, na prova de Corrida em que obtivemos o 1º, 2º e 3º lugar, a nível individual e o 1º e 2º lugar por equipas. Nas
outras modalidades, destacam-se o 3º lugar da equipa de voleibol e a ida à finalíssima no torneio de Xadrez. Quanto ao futebol 5, melhores dias virão, apesar das derrotas serem sempre desculpadas pela prestação do Árbitro, da qualidade do piso e da bola saltar muito, a verdade é que devido ao emprego operacional, nem sempre podemos apresentar a melhor equipa, associando este ponto ao facto da bola ser redonda, aqui se encontra a justificação para uma classificação fora do pódio.
Como não podia deixar de ser, este convívio permitiu, mais uma vez, criar momentos de descontracção e desportivismo, apesar da barreira linguística, o bom Português não deixou de dar uma imagem da sua boa disposição.
Cap Inf Pires da Silva Adjunto de Operações
RELATOS Apesar de algumas saudades da família, a minha Quando comecei a vida militar, um dos maiores adaptação e integração à Missão, não foram difíceis. desejos era participar numa missão humanitária, em Tanto na Secção onde trabalho, como nos restantes favor da Paz. O incentivo de alguns camaradas que já ambientes, o bom relacionamento e a entreajuda, têm tinham experiência, em missões anteriores, motivou sido um factor importante, na vida do dia a dia. ainda mais a minha decisão de integrar esta missão. É muito importante que Portugal, participe nestas Vim com uma grande vontade, de conhecer o missões, contribuindo para a Paz entre todos os verdadeiro cenário de destruição, motivado pela homens, com sentido de fraternidade e de justiça. guerra e pelos conflitos étnicos.
CAdj RC Anabela Afonso Escriturária da Sec Logística
2Cab RC Ricardo Vieira Operador RATT
11 MARÇO 2002
DOENÇAS QUE NOS PODEM ABORRECER
O que adiante se escreve é uma discreta amostra daquilo que habitualmente se denomina doença e que nos pode afectar aqui na BiH. As doenças habituais do foro respiratório e otorrinolaringológico, que coincidem com as de maior incidência sazonal em Portugal, têm atingido os camaradas em grande número, principalmente nas três semanas iniciais desta Missão, de que são exemplos; síndromes gripais, faringites, laringites, amigdalites e outras banais. Esta incidência foi e é importante em virtude de estarmos juntos, daí o fácil contágio que também as caracteriza e das condições locais, isto é, poeiras fáceis, poluição evidente por existirem lixeiras em qualquer canto e variações rápidas e violentas da temperatura ambiental que nos envolve. Devo desde já transmitir num pequeno torpor o sentimento que se aloja na alma e parece querer falar. Na verdade esta maratona, que é a nossa Missão, grandiosa na medida em que nos deslocámos ao serviço do País e da Paz, alimentando assim a saudade que nos é tão característica como Povo, é real. Daí manifesta-se a vontade última de a fazer correr em segurança, para que essa força vital o seja na plenitude. Descreve-se aqui em rodapé um pequeno relato de doenças menos usuais que pretendemos que se mantenham afastadas de nós. Relevo o cuidado acrescido na higiene e nos “bons costumes”, como forma de as evitar. “Diarreias” Período de Incubação: 6 horas a 10 dias. Transmissão: Ingestão de água ou alimentos contaminados Perigo essencialmente entre a população local no âmbito das doenças infecto-contagiosas atendendo à possibilidade de contaminação fecal dos alimentos e água. Os rios estão muito contaminados e as condições higiénicas e sanitárias da população estão deterioradas. Os agentes bacterianos que assim nos podem afectar são, campylobacter spp., Escherichia coli, Salmonella spp.,Shigella spp.. Alguns destes “bichos” de nome estranho são resistentes aos antibióticos habitualmente usados. Alguns protozoários tais como Cryptosporidium spp., Entamoeba hystolitica, Giardia lamblia, podem também ocasionar Diarreias Agudas. Entre a população local em algumas regiões estes problemas são comuns, podendo chegar aos 10% dos casos a Diarreia por Giardia. Outros agentes, tais como, vírus essencialmente rotavirus, são responsáveis por Diarreias em crianças.
Febre Tifóide e Paratifóide Período de Incubação: 1 a 3 semanas. Transmissão: Ingestão de alimentos e água contaminados por fezes e urina de indivíduos contaminantes. O risco é maior nos meses quentes. Estas doenças são endémicas, isto é, podem existir regionalmente com grande importância, a maior parte dos casos é provocada por Salmonella typhi. Também aqui as condições de higiene e sanitárias são relevantes. A resistência aos antibióticos pode acontecer. Vírus de Hanta Período de Incubação: 5 a 60 dias, normalmente 14 a 28 dias. Transmissão: Na forma de aerossol contendo saliva ou excreções de ratos infectantes, ou seja, inalação de agentes transportados pelo pó. O maior risco acontece no Verão, essencialmente nos arredores de Tuzla, Sarajevo e Zenica. Pode manifestar-se como febre hemorrágica com síndrome renal. O serótipo Seoul, associado ao rato castanho ou rato doméstico, foi isolado de doentes no centro e nordeste da Bósnia no início da década de 90, particularmente em indivíduos que viviam e trabalhavam em edifícios poeirentos e infestados por ratos. Encefalite da Carraça (Tick-Borne Encephalitis) Período de Incubação: 3 a 30 dias (habitualmente, 7 a 14 dias). Transmissão: Por carraças, Ixodes spp. Também através do consumo de leite infectado não pasteurizado. O maior risco estende-se de Março a Novembro, particularmente em zonas infestadas por roedores e em áreas com florestas de carvalhos, Zénica, Tuzla, Gorazde e entre Capljina e Dubrovnic. Outras Arboviroses Período de Incubação: 3 a12 dias. Febre Hemorrágica Crimeia-Congo: Transmitida por carraça ou directamente de exposição a sangue e secreções de animais ou humanos infectados. Também associada aos roedores. Febre do Mosquito da Areia: Essencialmente na Costa Adriática. Vírus West-Nile, Vírus Tahyna: Transmitidos por mosquitos, essencialmente na Croácia e Servia. Vírus Bhanja: Transmitido por carraças. Essencialmente na Costa Adriática. Brevemente iremos abordar outras doenças, entre as quais, as transmitidas sexualmente.
Cap Med Henrique Oliveira Oficial Médico