Hellerhof Siedlung - Livreto

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hellerhof frankfurt am main mart stam



HELLERHOF

hellerho siedlung

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sobre o arquiteto, 7 recorte temporal, 13 inserção urbana, 21 arquitetura, 29 bibliografia, 54


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sobre o arquiteto Mart Stam saindo do recém construído conjunto de Hellerhof

Martinus Adrianus Stam (1899 - Holanda) foi um arquiteto, planejador urbano, designer de móveis e professor. Graduou-se em Amsterdã, onde estudou design e desenho urbano. No início de sua carreira, trabalhou nos escritórios de arquitetura Granpré Molière, Verhagen e Kok e um dos seus primeiros projetos dignos de destaque foi a Hofplein de Roterdã. Stam, além de lançar a revista Veshch Gegenstand Objet, publicou, junto a outros arquitetos da Liga das Nações, o texto “ABC: Beiträge Zum Bauen” (“Contribuições para construção”, em tradução livre), em consonância com a Nova Arquitetura. No início da carreira, Stam foi bastante influenciado pelos ideais de Berlage, no entanto, posteriormente, seu afastamento da corrente acarretou no afastamento do ABC - que se aproximava do construtivismo funcionalista - para se voltar mais para o formalismo. Entre 1928 e 1930, Stam participou, ao lado de Ernst May, da construção do



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Mart Stam em um evento sediado em um estádio

Conjunto Habitacional Hellerhof e foi professor na Bauhaus. Em 1927, Stam contribuiu no Weissenhof Estate, evento onde trabalhou com Le Corbusier, Peter Behrens, Bruno Taut, Hans Poelzig e Walter Gropius em um projeto habitacional desenvolvido e apresentado pela exposição Die Wohnung, em Stuttgart. Nesse período, tornou-se membro fundador do Congresso internacional de Arquitetura Moderna (CIAM), eventos que ambicionavam aliar novas técnicas a um programa de transformação social coletiva por meio da arquitetura e do planejamento regional. Em 1929, encabeçou, junto de Ernst May, a segunda edição do CIAM em Frankfurt, a qual tinha como temas centrais a habitação social e a cidade funcional. Nesta edição, Stam organizou uma exposição sobre moradia mínima denominada “The minimum dwelling unit”, onde foram expostos materiais gráficos de diversos tipos de habitação uni ou multifamiliar que foram desenvolvidos e projetados por ele e por outros arquitetos.


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recorte temporal Grupo de crianças sob a tutela de algumas mulheres utilizando áreas de uso comum do conjunto já construído.

Localizado em Frankfurt, o Conjunto Hellerhof foi construído entre 1929 e 1932 e, absorvendo as repercussões da Primeira Guerra Mundial, assim como o racionalismo modernista vigentes na Alemanha, é uma obra de expressividade na história da habitação social. A partir da influência do vanguardismo arquitetônico nascente, o conjunto procurou atender as demandas populares de infraestrutura e moradia intensificadas após o conflito. Essa produção está inserida em um contexto de reformulação governamental, que pretendia realizar programas habitacionais em larga escala. Nesse sentido, o taylorismo e o fordismo foram apropriados pela construção civil, conferindo a ela um caráter industrial, que produzindo edifícios característicos, práticos e com componentes pré-fabricados.


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Família com 2 mulheres e 1 criança observando os arredores do terraço do conjunto.


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inserção urbana Mapa da cidade de Frankfurt am Main por volta dos anos 1930, período de construção do conjunto em análise.

Os esforços para reduzir as regiões de submoradia somaram-se ao anseio de expandir as áreas urbanas de modo a transformar a cidade na peça fundamental para a organização da produção industrial. Tal reforma estaria ligada diretamente à concepção de desadensamento da região central e à criação das “cidades satélite”, conjunto de ideias que formaram a chamada “Nova Frankfurt”. Entre 1925 e 1930, esses conceitos foram colocados em prática por Ernst May, chamado pelo prefeito de Frankfurt, Ludwig Landmann, para dar prosseguimento ao planejamento urbano da cidade. O plano urbanístico implementado, no lugar berço das experimentações do modernismo, visava prover moradia, saúde e educação de fácil acesso aos bairros e aos novos conjuntos habitacionais. Para Tafuri (1985), no entanto, essa configuração territorial não enfrentou de fato a contradição urbana, uma vez que os conjuntos


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Mapa esquemático da inserção do conjunto e seus arredores, contendo todas as tipologias presentes.

se instalaram na área periférica de cidade, região até então pouco atendida por infraestrutura. Em contrapartida, Hellerhof representa uma exceção, dado que, além de possuir proximidade geográfica e infraestrutura de transporte que o atenda, apresenta elementos que dialogam com a região central, como lojas no pavimento térreo, por exemplo Konsumverein, espaço dedicado ao comércio especializado e a outros serviços essenciais.


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arquitetura Vista frontal da fachada de um dos tipos de edificação residencial existentes no conjunto.

As fachadas dos edifícios do conjunto apontam para a diversidade tipológica, seguindo de A a F, tais quais apresentam, entre os contrastes mais marcantes, presença ou não de varandas e de lojas no térreo, além da quantidade de pavimentos e de janelas. Adentrando as células habitacionais, observa-se também variação quanto à área da unidade, disposição dos cômodos na planta e número de quartos. Tal qual mostra o croqui da planta de tipo C, os apartamentos foram pensados para cumprir o melhor aproveitamento de espaço, de modo que as duas camas representadas no dormitório - cômodo central - estão alinhadas pela cabeceira e o único espaço livre é definido pelo corredor formado pelo armário e as camas. Algumas facilidades foram introduzidas, como sacada, banheiros internos e cozinha, sendo que essa última seguia o modelo da Cozinha de Frankfurt, introduzido por Grete Schutte, chamado de “estação de trabalho da mulher”. Essa reformulação demandava programas educacionais para que as donas de casa se


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Entrada de uma das edificações, destacando as particularidades de cada uma dessas fachadas.

habituassem aos novos equipamentos e novas formulações das cozinhas. Esse modelo, projetado a partir da concepção de adequação ao espaço mínimo, pode ser visualizado na planta e no corte da cozinha de um apartamento tipo D. Na escala do conjunto, a implantação dos blocos na quadra expressa a racionalização na distribuição e concentração das edificações, traduzindo uma preocupação com a introdução de áreas verdes na zona urbana. Dessa forma, May pretende criar conjuntos que formariam os distritos habitacionais da cidade industrial, ao invés de células autônomas, como era o objetivo de projetos de Cidades-Jardim. Por fim, embora o conjunto não tenha incorporado, de fato, os preceitos de Ebenezer Howard, durante a concepção do projeto houve uma grande preocupação acerca das condições higiênicas, de iluminação e de ventilação, influência do CIAM II, realizado em outubro de 1929. Em busca da ótima exposição das habitações ao sol, as ruas foram posicionadas na direção norte-sul, com os quartos localizados na face leste e, portanto, recebendo o sol da manhã, e a entrada, as varandas e as salas, localizadas na face oeste, recebendo o sol da tarde. Pensou-se a qualidade da vida dos habitantes de modo serem introduzidos também jardins, hortas e esquinas com espaços voltados a serviços básicos como mercados e farmácias.


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Planta Tipo A

Planta Tipo C


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Planta Tipo B

Planta Tipo D




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Programação Visual Gráfica

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