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uso dos estoques
Figura 33 (A) Produção da pesca de sardinha verdadeira entre 1964-2010. (B) Produção da pesca de bonito listrado entre 1979-2009
A
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B
Fonte Dias-Neto & Dias (2015).
A região sul do país é caracterizada pela importância das capturas de peixes demersais (ex. pescadas, abrótea, congro rosa, etc.) com redes de emalhe de fundo (Tabela 5). Enquanto a região oceânica é representada pela captura de atuns e afins com espinhel e linha de mão para pesca de cardume associado.
Tabela 5 Principais espécies capturadas por regiões do Brasil entre 1995-2010 e status de uso dos estoques
Fonte Dias-Neto & Dias (2015).
3 O CENÁRIO DA PESCA NO DELTA DO PARNAÍBA E ÁREA MARINHA ADJACENTE
Em relação ao conhecimento sobre a atividade pesqueira no Delta do Parnaíba pode-se dizer que a princípio temos um sistema de monitoramento dos desembarques pouco efetivo.
Os dados disponíveis são de séries temporais antigas produzidas pelo IBAMA durante o ESTATPESCA, com dados até 2010. Porém nada muito diferente do cenário nacional. Por outro lado, a atualização dos dados mais recentemente foi possível através de inciativas das pesquisas em universidades, ONG’s e demais instituições que trabalham no local com a atividade pesqueira.
Devido a dinâmica das pescarias ao longo do tempo (décadas), e a abundância dos estoques pesqueiros as principais pescarias variam muito. Isso também se deve a biologia das espécies presentes no ambiente e sua variação espaço-sazonal, mudanças climáticas, variações ambientais, e um efeito de susceptibilidade de diferentes grupos de espécies e seus ciclos de vida, incluindo a seletividade do aparelho de pesca.
Sendo assim o cenário da atividade pesqueira também varia ao longo do tempo em diferentes escalas devido ao interesse econômico e disponibilidade do recurso pesqueiro no ambiente.
Os peixes constituem os principais recursos pesqueiros capturados no Delta do Parnaíba (~ 60%), seguidos do camarão e do caranguejo-uçá (Figura 34).
Figura 34 Participação relativa dos diferentes grupos de pescados capturados no Delta do Parnaíba até o ano de 2008
Fonte Farias et al. (2015).
A corvina (Micropogonias furnieri) foi a espécie mais capturada em termos de produção, seguida do bagre, serra, e pescada amarela até o ano de 2008, sendo um importante recursos pesqueiro para pesca artesanal na região (Figura 35).
Figura 35 Principais espécies capturadas no Delta do Parnaíba até 2008
Fonte Farias et al. (2015).
Mais recentemente através de dados atualizados para os anos entre 2013-2014, acredita-se que devido a redução da abundância dos estoques pesqueiros, houve uma mudança também em relação aos principais recursos pesqueiros capturados no Delta do Parnaíba. O caranguejo Ucá Ucides cordatus hoje representa cerca de 80% dos volumes de desembarques na região estuarina (~ 600 toneladas/ano), seguido da ostra Crassostrea rhizophorae e do marisco Cyanociclas brasiliana (~ 100 t/ano, respectivamente) (Figura 36 - A, B e C) (FARIAS et al 2015, FERNANDES & CUNHA, 2017).
Figura 36 Produção pesqueira das principais espécies capturadas no Delta do Parnaíba entre 2013-2014
A
B
C
Entre os peixes o robalo-flecha ou camurim preto Centropomus undecimalis apresentou uma produção em torno de 20 t/ano para dados entre 2016-2017 (FERNANDES & CUNHA, 2017). Sendo este um dos principais recursos pesqueiros oriundos do interior do Delta, capturados através de uso de redes de emalhe. Observou-se também que as pescarias se intensificam e a produção aumenta no período chuvoso na região, entre janeiro e junho (Figura 37 A-B).
Figura 37 (A) Produção da pesca do camurim preto no Delta do Parnaíba entre 2016-2017 e variação do índice pluviométrico. (B) Produção da pesca do camurim preto no Delta do Parnaíba entre 2016-2017 e esforço de pesca em número de viagens
Fonte Fernandes & Cunha (2017).
A produção média por viagem da pesca do camurim preto no Delta do Parnaíba fica muito próxima aos 10 kg/canoa/dia (Figura 38). Outras espécies tais como a pescada amarela (Cynoscion acoupa) e a tainha (Mugil curema) são também recursos pesqueiros importantes no Delta, porém com menor volume de produção (Figura 39).
Figura 38 Produção média por viagem de pesca do camurim preto entre 2016-2017
Fonte Fernandes & Cunha (2017).
Figura 39 Produção espécies capturadas no Delta do Parnaíba entre 2016-2017 para a frota de rede de emalhe.
Fonte Fernandes & Cunha (2017).
Ainda para o grupo dos peixes, observou-se a importância também da produção pesqueira em Luís Correia e Pedra do Sal (Figura 40) com algo em torno de 12 toneladas por ano da pesca artesanal de pequena escala entre 2018-2019 (FERNANDES et al., 2019). A pescadinha gó (Macrodon ancylodon) e o ariacó (Lutjanus synagris) representaram o maior volume de desembarques na comunidade do Buraco em Luís Correia (~ 90%) (Figura 41).
Figura 40 Produção pesqueira por locais de desembarques no Delta do Parnaíba e área marinha adjacente entre 2018-2019 através de dados do monitoramento participativo
Fonte Fernandes et al. (2019).
Figura 41 Produção pesqueira por espécies capturadas no Delta do Parnaíba e área marinha adjacente entre 2018-2019 através de dados do monitoramento participativo
Fonte Fernandes et al. (2019).
Para área marinha adjacente, a lagosta vermelha (Panullirus argus) e lagosta cabo verde (P. laevicauda) apresentam um desembarque de aproximadamente 250 toneladas/ano (segundo armadores de pesca) através de entrevista com aplicação de questionários semiestruturados. Sendo as lagostas capturadas pela frota de Luís Correia (~ 30 embarcações) um dos principais produtos de exportação da pesca no Piauí. Porém, os únicos dados referentes ao monitoramento da pesca de lagosta apenas estão disponíveis para o volume em exportações, com o equivalente a 319 toneladas por ano (Tabela 6).