E-book #6

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Equipe Técnica Marcio Marega É educador físico / fisioterapeuta do Centro de Medicina Preventiva do Einstein - Unidade Jardins e autor do livro “Manual de Atividades Físicas para a Prevenção de Doenças” da editora Elsevier - Campus.

Ricardo Diaz Savoldelli Médico fisiatra do Ambulatório de Atividade Física no Idoso da Unidade Vila Mariana e do LEME (Laboratório do Estudo do Movimento do Einstein) na Unidade Morumbi.

Felipe Gambetta Carmona Fisioterapeuta do Centro de Medicina Preventiva do Einstein e especialista em aparelho locomotor no esporte.

Equipe Editorial Elis Forgerini, e Rubens Nogueira são jornalistas, especialistas em comunicação digital do Einstein e responsáveis pela produção, edição e revisão da série Mexa-se.



Cuidado para não se machucar!

Atividade física significa qualquer movimento

Por isso, os profissionais da área sugerem que

produzido pelos músculos esqueléticos que

as pessoas que queiram iniciar uma atividade

resulte em gasto de energia para o corpo.

física façam uma avaliação pré-participação

Já os exercícios são todas as atividades

e que sejam orientadas por um profissional,

físicas realizadas de forma organizada e que

principalmente se elas possuírem alguma

levam em consideração características como

doença crônica, como hipertensão

intensidade, tempo e frequência.

e diabetes.

Ambos trazem inúmeros benefícios à saúde,

Estas não são situações que devem impedir

devendo ser incentivados e praticados,

ninguém de se exercitar, mas é bom ter um

porém,

pouco mais de atenção nestes casos.

quando

realizados

de

forma

desorganizada, o praticante sofre o risco de sofrer complicações.

E você, está esperando o quê para começar a se exercitar? Boa leitura. E, não se esqueça, mexa-se! Marcio Marega


índice

Avaliação pré-participação é fundamental

6

Riscos comuns da prática da atividade física

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Onde ocorrem as lesões

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Lesões comuns da prática de cada esporte:

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Avaliação pré-participação é fundamental Não é difícil encontrar quem já tenha se

Queixas atuais e contínuas, antecedentes

sentido mal fazendo uma atividade física.

pessoais e familiares ou medicamentos em

Apesar de ser uma situação comum, isto é

uso são informações importantes e que

fácil de ser evitado.

contribuem para que um profissional possa fazer o diagnóstico, atestando ou proibindo

Fazer uma avaliação antes do início de um exercício pode identificar possíveis fatores

a realização dos exercícios para uma pessoa.

relacionados com doenças capazes de elevar os riscos de um problema, e tentar reduzir ou evitar sua incidência.

Além deles, o profissional ainda pode exigir exames ultrassom,

complementares

(radiografias,

eletrocardiogramas,

testes

ergométricos, análises laboratoriais etc) para confirmar o diagnóstico.

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Riscos comuns da prática da atividade física Musculoesqueléticos São as mais frequentes. Envolvem distensões, entorses e fraturas. Nestes casos, geralmente a pessoa sente dor, tem um inchaço e fica com uma incapacidade funcional do músculo ou articulação exercer sua função.

DISTENSÕES OU ESTIRAMENTOS MUSCULARES: São lesões parciais ou completas de fibras musculares. ENTORSE: É a perda momentânea da congruência das articulações ou ainda a lesão com estiramento ou rotura de um ou mais ligamentos. FRATURAS: Perda de contato ósseo, com separação deles em dois ou mais fragmentos.

Cardiológicos Apesar de não serem muito comuns, às vezes, as atividades físicas levam a riscos mais graves, como os cardiovasculares, gerando alterações no coração, artérias e veias, provocando doenças como arritmias, infartos do miocárdio e até morte súbita!

ARRITMIAS: Mudança da frequência ou ritmo cardíaco. Na maioria das vezes são inofensivas, mas podem levar a complicações. Os sintomas são palpitações, dor no peito, desmaios, fraqueza, suor excessivo, tontura e falta de ar. INFARTOS DO MIOCÁRDIO: Morte de células do coração por interrupção do sangue. Os sintomas são dor, sensação de desconforto no peito que pode ir para o pescoço, ombros, região dorsal e “boca do estômago”. MORTE SÚBITA: É a morte repentina. Pode ser causada por arritmias ou problema congênitos. | 08


Pulmonares Outros problemas que podem surgir durante a prática dos exercícios são o bronco espasmo, a rabdomiólise, a hiper ou hipotermia, a desidratação e a hiponatremia, lembrando que a incidência varia de acordo com sexo, idade, tipo de esporte praticado e intensidade.

BRONCOESPASMO INDUZIDO PELO EXERCÍCIO: Estreitamento do brônquio pulmonar produzido pela contração da musculatura dos brônquios nos pulmões. Geralmente atinge pacientes com asma e seu principal sintoma é a falta de ar. RABDOMIÓLISE: Destruição rápida e generalizada de fibras musculares. Seus sintomas são dor muscular generalizada e sensação de fadiga, podendo levar ainda à alteração da coloração da urina e da função renal. HIPER OU HIPONATREMIA: Alterações na concentração do sódio no sangue, sendo hipernatremia o aumento e hiponatremia a diminuição. Os sintomas principais são fadiga, dor de cabeça, fraqueza muscular e tonturas. DESIDRATAÇÃO: Quantidade insuficiente de água no organismo para realizar as funções básicas do corpo, o que pode levar a pessoa a ter os mesmos sintomas da hiper ou hiponatremia.

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Onde ocorrem as lesões As lesões mais comuns durante a prática de atividade física são as musculoesqueléticas, o que não significa que qualquer pessoa pode sofrer com este tipo de problema. Elas dependem da idade, do tipo de atividade que se está realizando (caminhada, esportes de contato ou com impacto) e da intensidade com que ela é praticada (lazer, competição ou alto rendimento).

As regiões que mais costumam sofrer com lesões e os principais problemas de cada uma são:

Coluna vertebral As lesões podem envolver vértebras, discos intervertebrais, estruturas ligamentares, medula espinhal, raízes nervosas, nervos periféricos, musculatura ou qualquer combinação dessas estruturas.

a) Subluxação vertebral cervical: Pode ocorrer após quedas, nas quais a coluna cervical adota uma posição comprimida, o que às vezes leva a lesões nos ligamentos. Este problema pode ainda se associar a fratura das vértebras cervicais. É comum em lutas marciais e futebol americano.

b) Fraturas cervicais: Podem ser estáveis, com as fraturas imóveis, ou instáveis, nas quais elas podem ser mover, porém ambas merecem igualmente atenção no primeiro atendimento, já que são capazes de levar a lesões irreversíveis na medula espinhal. É comum em esportes de contato e aquáticos ou automobilismo.

c) Lesões de tecidos moles da coluna torácica: Distensões, contraturas musculares e contusões por trauma direto. É comum em basquetebol e handebol.

d) Espondilólise e espondilolistese lombar: Devido a micro traumas por movimentos repetitivos (extensão, flexão ou rotação da coluna lombar), atletas geralmente jovens ou ainda adolescentes podem apresentar fratura do istmo vertebral, com uma vértebra se deslocando anteriormente em relação à outra. É comum em judô, ginástica olímpica e tênis.

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Esportes indicados Com alto percentual de gordura e menos músculos, o endomorfo se sai melhor em atividades físicas como: lutas, natação, caminhadas, corridas e spinning.

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Ombro Região de frequentes lesões, principalmente em esportes de arremesso e os que exigem movimentos repetitivos desta articulação.

a) Síndrome do impacto: Trata-se de micro traumas repetitivos em tendões e músculos do ombro responsáveis por sua estabilidade e movimentos da região. Geralmente ocorre em praticantes de esportes que necessitam de uma grande amplitude articular do ombro, principalmente acima de 90º. É comum em tênis, handebol, basebol e natação.

b) Instabilidades: São luxações e subluxações que podem ser anteriores, posteriores ou multidirecionais na região do ombro. É comum em artes marciais e esportes de arremesso.

c) “SLAP”: Lesão que acontece na região conhecida como lábio glenoidal superior anteroposterior. É comum em beisebol e tênis.

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Cotovelo São mais comuns em esportes de arremesso e com raquetes, sendo geralmente machucados por micro traumas e esforços repetitivos.

• Epicondilite medial: Também conhecida como cotovelo de golfista, é a degeneração do tendão chamado de flexor comum, além de uma sobrecarga de músculos do punho. É comum em golfe.

• Epicondilite lateral: Ou cotovelo do tenista, é caracterizada por sobrecarga e micro traumas no tendão dos extensores do punho e dedos. É comum em tênis, tiro com arco e flecha e esgrima.

• Rotura do tendão e do ligamento colateral radial: Geralmente ocorre devido a um trauma na região, gerando uma subluxação posterior do cotovelo. É comum em artes marciais.

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Punho e mão Esses locais são frequentemente acometidos por traumatismos em inúmeras modalidades.

a) Fraturas das falanges: Podem ser dos ossos dos dedos dos pés ou das mãos, por conta de traumas diretos. É comum em basquete, ginástica e handebol.

b) Lesões das polias Flexoras: Lesão do local onde passam os tendões flexores dos dedos por sobrecarga. É comum em escalada.

c) Compressão do nervo digital ulnar do polegar: Acontece por uma pressão repetitiva do polegar no buraco da bola de boliche. É comum em boliche.

Quadris são bastante comuns em nosso país, principalmente por conta do futebol, mas costumam ocorrer também com praticantes do basquete, handebol e outros esportes de contato. As contusões geralmente acontecem por conta de impactos entre os atletas ou do atleta com o material utilizado para a prática do esporte. Em geral, as pessoas com o problema podem apresentar dor local e dificuldade nos movimentos, porem os machucados costumam ser de fácil resolução e na maioria dos casos não impedem a prática de atividade física.

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a) Lesões musculotendineas: Podem ocorrer tanto nos tendões como nos músculos. Os tendões geralmente são acometidos pelas lesões por sobrecarga e os músculos por lesões agudas. É comum em futebol, vôlei e corrida. b) Bursites: Pode resultar de trauma agudo ou crônico, geralmente no quadril, por excessiva fricção, micro traumas ou como sendo secundárias a traumas diretos. É comum em futebol (no caso dos goleiros) e rugby. c) Estalidos no quadril: Geralmente é indolor, mas pode ser dolorosa quando evolui com a chamada bursite trocantérica. d) Miosite ossificante: Assificação da massa muscular que pode ser provocada por um trauma, que geralmente acontece na coxa. É uma lesão benigna e pode ser resultante também de um trauma na articulação, uma fratura ou de cirurgias que envolvem os grandes músculos do quadril. e) Osteíte púbica (pubalgia): Muito comum no futebol, esta lesão corresponde a uma síndrome inflamatória dos ossos do púbis. Na sua maioria acomete atletas de atividades vigorosas. Os principais sintomas são dor local, crepitação (estalo), dor na região de origem dos adutores e no escroto. f) Lesão do lábio do acetábulo: Apresenta-se como uma dor crônica na articulação do quadril. Pode estar relacionada a traumas da articulação do quadril, degeneração, má formação da articulação ou combinação destes fatores. g) Fraturas: São raras, porém podem ocorrer devido a traumas de alto impacto. É comum em ciclismo (quando ocorrem quedas), motociclismo e hipismo.

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Joelhos Esta região mereceria um capítulo a parte quando falamos de lesões no esporte. Por se tratar de uma articulação que absorve praticamente todo o impacto durante a realização da maioria das atividades, as lesões nesta articulação são bastante comuns.

a) Lesões Meniscais: Os meniscos são estruturas fibrocartilaginosas que ficam entre o fêmur e a tíbia. Lesões nessa região são bastante comuns, sendo que 1/3 das meniscais ocorrem na prática esportiva. Em atletas, ocorrem mais frequentemente devido a um trauma indireto (entorse) ou como resultado de uma rápida mudança de direção, como movimentos de rotação ou corte, ou ainda em atletas mais velhos devido a um processo degenerativo. b) Lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA): As lesões do LCA são as mais “famosas” na prática esportiva, geralmente porque limitam a prática da atividade física e levam o atleta a uma recuperação mais prolongada (em média seis meses). O LCA é o ligamento responsável pela estabilidade anterior da tíbia, isso é, evita que a tíbia se desloque anteriormente durante os movimentos. A lesão geralmente acontece por trauma indireto nos movimentos de mudança de direção quando a tíbia roda para dentro e o fêmur roda para fora. Em geral, no atleta, as lesões do LCA são corrigidas de forma cirúrgica e o tempo de reabilitação e de retomada ao esporte varia e deve ser feita de forma gradativa. c) Lesão dos ligamentos colaterais dos joelhos: Acontecem em sua maioria por trauma direto, principalmente no choque entre dois ou mais atletas, em que ocorre o distanciamento entre o fêmur e a tíbia, podendo ser na face lateral ou medial do joelho. O atleta evolui com dor local que pode ser acompanhada de edema ou hematoma (ou ainda ambos), além de limitação nos movimentos. d) Síndrome femoropatelar ou condromalácea: Apresenta-se como uma dor na região anterior do joelho que limita a movimentação principalmente nos movimentos de flexão e extensão dos mesmos com carga (por exemplo: ao subir e descer escadas). Ocorre principalmente pelo desequilíbrio dos músculos anteriores e posteriores da coxa, que levam a patela (rótula) a se chocar com maior intensidade com o fêmur, gerando dor. e) Tendinites: Ocorrem pela sobrecarga nos tendões que se inflamam e geram dor e limitação nos movimentos. No joelho de atletas são mais frequentes nos tendões patelares e no músculo posterior da coxa. f) Síndrome do trato iliotibial: É uma condição inflamatória aguda que ocorre quando a musculatura lateral da coxa se fricciona repetidamente contra a região lateral do fêmur. Este atrito repetitivo provoca dor e edema, que pode ser agravado nos movimentos de subir e descer escadas ou pedalar. É comum em ciclismo, corridas de longas distâncias e natação. | 16


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Tornozelo e pés Por sua localização anatômica, os tornozelos e os pés são as estruturas que mais sofrem sobrecarga durante a prática de atividade física, sendo as lesões ligamentares as mais comuns.

a) Lesão ligamentar: Geralmente acontecem por um movimento excessivo da articulação, podendo ser completas ou parciais. Geralmente a pessoa que sofre a lesão possui dor, inchaço e hematoma local. É comum em basquete, ginástica, handebol e futsal. b) Fraturas: São menos frequentes e acontecem por trauma direto ou quando a magnitude da torção do tornozelo é muito intensa. c) Lesão da cartilagem: Pode ocorrer depois de traumas repetitivos do tornozelo. Trata-se da separação ou compressão da cartilagem da região e é uma das causas de dor crônica do tornozelo. d) Lesão dos pés: Em sua maioria ocorrem por traumas diretos ou pelo uso inadequado do calçado esportivo. Fraturas das falanges, calos e tendinites são as lesões mais comuns.

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Lesões comuns da prática de cada esporte Caminhada Articulação: Pés e tornozelos Lesão: Fasceite Plantar e Canelite

Corrida Articulação: Joelhos e pés Lesão: Fasceite Plantar, Canelite e Tendinites nos membros inferiores

Futebol Articulação: Membros inferiores Lesão: Traumas e Lesões musculares

Dança Articulação: Tornozelos e pés Lesão: Lesões por sobrecarga e entorse

Lutas Articulação: Face e coluna Lesão: Traumas

Natação Articulação: Ombros e coluna Lesão: Tendinites

Tênis Articulação: Coluna lombar e cotovelos Lesão: Lombalgia e Tendinites

Musculação Articulação: Coluna, MMSS e MMII Lesão: Lesão por esforço repetitivo ou sobrecarga

Voleibol Articulação: Joelhos e ombros Lesão: Tendinites

Basquete Articulação: Tornozelos Lesão: Entorses 19 |



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