02.06 MARXISMO — POP ART
02.06 MARXISMO — POP ART
ORIGEM
TERMO
O furor dos expressionistas abstractos
O termo Pop Art deriva de “Popular Art” e
do qual Jackson Pollock era um dos
indica a raiz cultural e estética desta corrente
“ex-libris” dominou o panorama artístico
inspirada no imaginário da sociedade
mundial até meados da década de 50,
de consumo e na cultura de massas. A
altura em que se tornou, para muitos,
paternidade da abreviatura é atribuída a
demasiado intelectualizado e desligado
Lawrece Alloway, ao crítico de arte, que
da realidade. A atitude destes artistas
fazia assim alusão à utilização de objectos
valorizava a liberdade, a individualidade e
do quotidiano por parte dos artistas deste
a improvisação criativa inovando a própria
movimento.
forma de pintar. Como reação artística ao movimento, o expressionismo abstracto floresceu, em finais dos anos 50 e 60, centrado na Inglaterra e nos Estados Unidos, o movimento da Por Art,. Em vez de grandes telas cobertas raivosamente de tinta, surgem imagens retiradas do mundo “popular”, desde a banda desenhada até aos géneros alimentícios vendidos nos supermercados.
3 — MARXISMO — POP ART
PRESSUPOSTOS
Apesar das diferentes origens, ao longo
Pelo contrário, o universo da Pop Art
de toda uma década, a Pop Art foi um dos
transpõe e interpreta a iconografia da
principais movimentos da arte britânica e
cultura popular. A televisão, a banda
americana, impondo várias personalidades
desenhada, o cinema, os meios de
como artistas de 1ª categoria,
comunicação de massas fornecem os
reconfigurando o nosso entendimento da
símbolos que alimentam os artistas Pop. O
cultura do século XX.
sentido e os símbolos da Pop Art pretendiam
Este movimento artístico propunha a
ser universais e facilmente reconhecidos por
admissão da crise que assolava a arte
todos, numa tentativa de eliminar o fosso
durante o século XX e pretendia demonstrar
entre arte erudita e arte popular.
com as suas obras, a massificação da cultura popular capitalista. Procurava a estética das massas e da sociedade de consumo, tentando encontrar a definição do que seria a cultura pop, aproximando-se do que vulgarmente se denomina por kitsch. Diz-se que a Pop Art é o marco de passagem da modernidade para a pósmodernidade na cultura ocidental.
SOCIEDADE DE CONSUMO
A Pop Art reflectia a sociedade de consumo
Em algumas das imagens que exprimem
e de abundância na forma de representar.
o materialismo da sociedade pode mesmo
As garrafas de Coca-cola de Warhol ou os
perceber-se intenções de crítica e sátira
corpos estilizados das mulheres nuas de
social. Imbuídas de fundamentos estéticos
Tom Wesselman são exemplos da forma
idênticos, as manifestações artísticas da
como estes artistas interpretavam uma
Arte Pop são extremamente variadas,
sociedade dominada pelo consumismo, o
podendo distinguir-se personalidades muito
conforto material e os tempos livres.
diferentes criadas segundo diferentes
As peças dos artistas procuravam as suas referências à produção industrial, como por exemplo, a repetição de um mesmo
técnicas como a pintura, a escultura, o desenho, a fotomontagem ou a colagem. Para além dos temas, a Pop Art apropria-se
motivo nas serigrafias de Warhol ou as
de alguns meios de produção em massa, tais
telas gigantes de Lichtenstein onde, ao
como a fotografia e a serigrafia, conforme
ampliar as imagens de banda desenhada, o
atestam trabalhos de Andy Warhol, nos quais
artista revela os pontos de cor inerentes à
são reproduzidos alguns ícones da sociedade
reprodução tipográfica.
de consumo como as garrafas de Coca-Cola ou
Os artistas tentavam produzir algo capaz de exprimir o espírito do mundo usando, para tal efeito, alguns objectos de uso corrente, envolvendo a arte no contexto quotidiano. Desta forma, ao envolver a arte no contexto quotidiano o contacto entre a obra e o espectador é imediato e o seu objectivo mais formal que conceptual.
5 — MARXISMO — POP ART
a lata de sopa Campbell.
CULTURA DE MASSAS
Os artistas deste movimento procuraram inspiração na cultura de massas para criar as suas obras de arte, aproximando-se e, ao mesmo tempo, criticando de forma irónica a vida quotidiana materialista e consumista. Latas de refrigerante, embalagens de alimentos, histórias aos quadradinhos, bandeiras, panfletos de propagandas e outros objectos serviram de base para a criação artística deste período. Os artistas trabalhavam com cores vivas e modificavam o formato destes objectos. A técnica de repetir várias vezes um mesmo objecto, com cores diferentes e a colagem foram muito utilizadas.
ARTISTAS
Segundo alguns críticos, a Pop Art
A colagem “Just what is it that makes
teve diferentes expressões nos Estados
today’s homes so different, so appealing?”,
Unidos e no Reino Unido considerando,
de Richard Hamilton pretende questionar a
inclusivamente, a corrente americana mais
originalidade das casas modernas, mostra
emblemática e agressiva que a britânica.
a sala de estar de um apartamento repleto
No reino Unido a Pop Art teve um carácter
de produtos da sociedade de consumo tais
de crítica social que não se manifesta
como o gravador, a televisão, o aspirador,
nos EUA, onde pelo contrário, celebra o
e mesmo o culturista, que segura um
capitalismo, a sociedade de consumo e a
gigantesco chupa-chupa Pop.
civilização de massas. De entre os representantes mais notáveis
Por seu turno, o artista norte-ameicano Andy Warhol retrata a dispensa de qualquer
deste movimento distinguem-se, no
família americana média através da
Reino Unido, Richard Hamilton, Peter
repetição da imagem de um produto, como
Blake, David Hockney e Allen Jones.
as latas de sopas Campbell, ou as caixas
Pelos Estados Unidos, os artistas Robert
de detergente Brillo, como se estivessem
Rauschenberg, Jasper Jonhs, Roy
na prateleira de um supermercado. Desta
Lichtenstein e Andy Warhol.
forma, o autor reflecte apenas os gostos e
Enquanto os artistas pop americanos
os hábitos alimentares predominantes na
recorriam a uma linguagem mais directa,
sociedade americana do seu tempo, sem
os ingleses invocavam processos mais
revelar qualquer tipo de ironia.
subtis e provocatórios
7 — MARXISMO — POP ART
ANDY WARHOL
Andy Warhol nasceu em Pittsburg, Checoslováquia, tendo posteriormente emigrado com a sua família para os Estados Unidos após terminar os estudos em desenho gráfico. Desconhece-se a data exacta em que nasceu, especulando-se que tal terá ocorrido entre 1928 e 1931. No final da década de 60 muda-se para um armazém, na East 47th Street, que transforma num ponto de encontro de artistas e criadores que partilhavam a mesma aversão ao “establishment”. Após produzir alguns filmes, Andy Warhol afirma que nunca mais se dedicaria à pintura. No entanto, Warhol regressa à sua actividade de pintor, numa fase em que se destacam tanto os seus auto-retratos como os trabalhos sobre as personalidades mediáticas e políticas como Kafka, Mick Jagger, Mao ou Lenine. Quando morreu em 1987, na sequência de uma operação, já Warhol era um mito.
9 — MARXISMO — POP ART
MARILYN MONROE
BANANA
ICONS
TÉCNICA
As serigrafias de estrelas como Marilyn
Warhol apropriou-se de imagens de
Monroe, Liz Taylor, Jackie Kennedy, Elvis
revistas, jornais e fotos da imprensa das
Presley ou aquelas em que figuram objectos
pessoas mais populares da época.
de grande consumo tais como as garrafas
Os retratos que produzia, pretendiam
de Coca-Cola, frascos de ketchup Heinz e
mostrar o lado impessoal e vazio das
latas de sopa Campbell tornaram-se ícones
personalidades públicas. Mostrava isso
da segunda metade do século XX e povoam
através da técnica com que reproduzia
ainda hoje o imaginário colectivo.
estes retratos, numa produção mecânica
Dos artigos de luxo, que marcaram os
ao invés do trabalho manual. Da mesma
seus primeiros trabalhos publicitários passa
forma, utilizou a técnica da serigrafia para
para os artigos de grande consumo ou para
representar a impessoalidade do objecto
os retratos das estrelas que personificam a
produzido em massa para o consumo, como
história do sucesso à americana. Marilyn,
as garrafas de Coca-Cola e as latas de sopa
de criança maltratada a “sex symbol” ou
Campbell. Dá o mesmo tratamento plástico
Elvis de camionista a ídolo do Rock n’Roll,
tanto às figuras dos mass media como aos
Warhol representava na perfeição o “american way of life”, mais do que qualquer ícone. Mais do que um movimento artístico Warhol personifica a ligação entre a arte e a vida, entre a arte e a sociedade mediatizada, capitalista e industrial das grandes metrópoles.
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bens de consumo.
FICHA TÉCNICA
TÍTULO MARXISMO — POP ART PESQUISA BRUNO ALMEIDA ORIENTAÇÃO MÁRIO MOURA TRABALHO REALIZADO NO ÂMBITO DA DISCIPLINA ESTUDOS DO DESIGN, FBAUP WEBSITE WWW.BRUNOALMEIDADESIGN.PT.VU EMAIL BRUNOALMEIDADESIGN@GMAIL.COM DESIGN GRÁFICO BRUNO ALMEIDA IMPRESSÃO NORCÓPIA TIRAGEM 1 EXEMPLAR