COMUNICAÇÃO DE RISCO, GESTÃO DE CRISE E O MEGADESASTRE EM PETRÓPOLIS: AS CHUVAS DE JANEIRO DE 2011

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ FACULDADE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL E JORNALISMO

BRUNO DO NASCIMENTO PADILHA VELASCO

COMUNICAÇÃO DE RISCO, GESTÃO DE CRISE E O MEGADESASTRE EM PETRÓPOLIS: AS CHUVAS DE JANEIRO DE 2011

PETRÓPOLIS – RJ 2018


BRUNO DO NASCIMENTO PADILHA VELASCO

COMUNICAÇÃO DE RISCO, GESTÃO DE CRISE E O MEGADESASTRE EM PETRÓPOLIS: AS CHUVAS DE JANEIRO DE 2011

Monografia apresentada à Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Jornalismo. Orientadora: Profª Drª Tamara de Souza Campos

Petrópolis – RJ 2018


V433c Velasco, Bruno do Nascimento Padilha

Comunicação de risco, gestão de crise e o megadesastre em Petrópolis: as chuvas de Janeiro de 2011/ Bruno do Nascimento Padilha Velasco - Petrópolis, 2018. 81 f.: il. (color.)

Orientador: Tamara de Souza Campos. Monografia (Graduação em Jornalismo) - Universidade Estácio de Sá, Petrópolis.

1.

Plano de Comunicação. 2. Assessoria de Imprensa. 3. Megadesastre. I. Título. II. Tamara de Souza Campos.


BRUNO DO NASCIMENTO PADILHA VELASCO

COMUNICAÇÃO DE RISCO, GESTÃO DE CRISE E O MEGADESASTRE EM PETRÓPOLIS: AS CHUVAS DE JANEIRO DE 2011

Monografia apresentada à Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Jornalismo.

Aprovado em: ____/____/____. Banca examinadora:

Prof. Dra. Tamara Souza Campos Universidade Estácio de Sá

Profa. Esp. Luciana Bassous Pinheiro Universidade Estácio de Sá

Prof. Esp. Adriano Arpad Moreira Gomes Universidade Estácio de Sá


DEDICATÓRIA

À Maria José do Nascimento, minha mãe, e à Margarida Ferreira do Nascimento (in memoriam), minha avó materna. Pessoas que me acompanharam durante toda a infância e adolescência na longa jornada pelo caminho do ensino Fundamental.


AGRADECIMENTOS

À Professora Tamara de Souza Campos; À Professora Luciana Bassous Pinheiro; Ao Professor Adriano Arpad Moreira Gomes; À Professora Cyrley Leoni Martins; À Professora Yara Valverde Pagani; Ao Professor Fernando da Silva Motta; À Professora Rosina Bezerra de Mello.


“São as águas de março fechando o verão É a promessa de vida no teu coração” Tom Jobim


RESUMO A região serrana do Rio de Janeiro responde por 40% dos mortos em catástrofes entre os anos de 1988 e 2012 no Brasil, segundo os dados do Anuário brasileiro de desastres naturais – 2011 (2012). Em vista da frequência das chuvas na região o tema deste estudo é “Comunicação de risco, gestão de crise e o megadesastre em Petrópolis: as chuvas de Janeiro de 2011”. Este estudo tem como objetivo geral: investigar os danos causados à imagem da cidade de Petrópolis decorrentes da chuva de 12 de janeiro de 2011. O método de pesquisa é documental e embasado nas matérias publicadas no jornal Tribuna de Petrópolis, no mês de janeiro de 2011, incluindo o antes e o depois do megadesastre. Foram consultados, entre outros, os autores Duarte (2011), Forni (2011), Chaparro (2011), Moreira (2011), Rosa (2013), e Neves (2002), servindo como base teórica para a análise em estudo. Na investigação documental, o método de interpretação escolhido foi a técnica de análise de conteúdo de Bardin (1994). A pesquisa tem a seguinte estrutura após a introdução: em primeiro lugar, o histórico das chuvas na região de Petrópolis seguido do megadesastre ocorrido no Vale do Cuiabá; em segundo, uma breve reflexão acerca da função da assessoria de comunicação em situação de crise e da função de um plano de gestão de crise e de comunicação; após essas etapas uma análise das notícias publicadas na Tribuna de Petrópolis no mês de janeiro 2011, seguido das consequências advindas do megadesastre; por fim, as considerações finais. Palavras-chave: megadesastre; Vale do Cuiabá; Petrópolis; plano de comunicação; Assessoria de Imprensa.


ABSTRACT The mountain region of Rio de Janeiro accounts for 40% of deaths in disasters between 1988 and 2012 in Brazil, according to data from the Brazilian Yearbook of Natural Disasters - 2011 (2012). In view of the frequency of rainfall in the region, the theme of this study is " Risk communication, crisis management and the megadisaster in Petropolis: the rains of January 2011". This study has the general objective of investigating the damages caused to the image of the City Hall due to the rain of January 12, 2011. The research method is documental and based on the articles published in the newspaper Tribuna de Petrรณpolis, in the month of January 2011, including the before and after of the megadisaster. The authors were consulted, among others, Duarte (2011), Forni (2011), Chaparro (2011), Moreira (2011), Rosa (2013) and Neves (2002), serving as theoretical basis for the analysis under study. In documentary analysis, the method of interpretation chosen was the content analysis technique of Bardin (1994). The research has the following structure after the introduction: first, the history of rains in the Petropolis region followed by the megadisaster occurred in the Vale do Cuiabรก; secondly, a brief reflection on the role of crisis management and the role of a crisis management and communication plan; after these steps an analysis of the news published in the Tribuna de Petrรณpolis in the month of January 2011, followed by the consequences of the megadisaster; finally, the final considerations.

Keywords: Megadisaster; Vale do Cuiabรก; Petrรณpolis; Communication Plan; Press office.


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABIH ABRASEL ACIP CAPP CDL CFP FAB FCTP FGTS FIRJAN IBAMA ICMbio INEA INEA INMET INPE IPHAN MIN SEBRAE SEMA SMMA

Associação Brasileira da Indústria Hoteleira Associação Brasileira de Bares e Restaurantes Associação Comercial e Industrial de Petrópolis Comitê Agenda Positiva de Petrópolis Câmara dos Dirigentes Lojistas Conselho Federal de Psicologia Força Aérea Brasileira Fundação de cultura e Turismo de Petrópolis Fundo de garantia por Tempo de Serviço Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro Instituto Brasileiro do Meio Ambiente Instituto Chico Mendes Instituto Estadual do Ambiente Instituto Estadual do Ambiente Instituto Nacional de Meteorologia Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Ministério da Integração Nacional Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa Secretaria Estadual do Meio Ambiente Secretaria Municipal do Meio Ambiente


SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10 2 O VALE DO CUIABÁ ............................................................................................. 16 2.2 A CATÁSTROFE NO VALE DO CUIABÁ .......................................................................................... 22 2.3 AS AÇÕES DE COMUNICAÇÃO DA PREFEITURA .......................................................................... 25

3 ASSESSORIA DE IMPRENSA .............................................................................. 30 3.1 BREVE HISTÓRICO........................................................................................................................ 30 3.1.1Assessoria de imprensa no Brasil ..................................................................... 31 3.2 ASSESSORIA DE IMPRENSA E GESTÃO DE CRISE ......................................................................... 33 3.3 JORNALISMO E COMUNICAÇÃO DE RISCO .................................................................................. 34 3.4 CONCEITO DE PREVENÇÃO E O PAPEL DA NOTÍCIA .................................................................... 36 3.5 PLANO DE COMUNICAÇÃO ......................................................................................................... 39 3.6 O CONCEITO DE IMAGEM ........................................................................................................... 44

4 O PAPEL DA MÍDIA LOCAL NA DIVULGAÇÃO DA TRAGÉDIA ........................ 47 4.1 SINTESE DAS NOTÍCIAS – TRIBUNA DE PETRÓPOLIS – PERÍODO DE JANEIRO DE 2011 .............. 48

Considerações finais .............................................................................................. 62 Referências .............................................................................................................. 65 Anexos ..................................................................................................................... 68


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1 INTRODUÇÃO

As chuvas durante os verões, em Petrópolis (RJ), são quase sempre prenúncio de uma calamidade pública. O quadro dramático repete-se ano a ano ceifando vidas, destruindo moradias, alagando ruas, derrubando pontes, deixando um rastro de destruição que provavelmente poderia ser reduzido com o uso de tecnologias de comunicação e de previsão meteorológica. Diante da tragédia natural, a região serrana do Rio de Janeiro responde por 40% dos mortos em catástrofes entre os anos de 1988 e 2012 no Brasil, segundo os dados do Anuário brasileiro de desastres naturais – 2011 (CENAD, 2012), o tema deste estudo é “Comunicação de risco, gestão de crise e o megadesastre em Petrópolis: as chuvas de Janeiro de 2011”. A denominação aplicada ao título, o megadesastre, tem sua origem no próprio termo utilizado pelo referido anuário para descrever e classificar as chuvas de 12 de janeiro 2011, caracterizado como o maior desastre ocorrido no país. O problema que se apresenta com maior ênfase é a questão da comunicação entre os entes públicos envolvidos e os possíveis danos à imagem da cidade de Petrópolis: Houve abalo na imagem de Petrópolis como consequência das chuvas? A hipótese mais provável é que a imagem tenha sido abalada por diferentes fatores, o que se procurará analisar e compreender ao longo do trabalho. Para responder ao problema proposto e verificar se a hipótese pode ser confirmada, foi traçado o seguinte objetivo geral: investigar os danos causados à imagem da cidade de Petrópolis decorrentes das chuvas de 12 de janeiro de 2011. Por objetivos específicos elencaram-se os seguintes: traçar um histórico das chuvas na região; apresentar uma breve reflexão acerca da função da assessoria de imprensa e do plano de comunicação em situação de crise; analisar as notícias publicadas na Tribuna de Petrópolis durante o mês de janeiro de 2011. Esta investigação se justifica uma vez que os municípios brasileiros, desde os anos 30 do século XX, estão obrigados a assumir o sistema presidencialista e a divisão de poderes entre seus órgãos políticos. Após a Constituição de 1988, as obrigações municipais estão restritas ao investimento de recursos próprios em saúde e educação. Outras obrigações são delegadas da União e dos Estados


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mediante a celebração individual de convênios administrativos. Estes são o principal instrumento de colaboração entre a União, os Estados e os Municípios (KRELL, 2003).1 A esse respeito, destaca-se a Lei Orgânica do Município de Petrópolis (2012) referente à ocupação das áreas de risco, ao monitoramento das chuvas e plano de ação em situação de crise. Dele foram destacados alguns artigos de suma relevância para a compreensão da importância deste estudo. O primeiro artigo (164) a ser elencado trata da habitação popular, com a finalidade de evitar a moradia irregular, principalmente nas encostas que devem ser preservadas.2 Gabinete da Mesa da Câmara Municipal de Petrópolis, em 10 de outubro de 2012. Art. 164. O Município promoverá, em consonância com sua política urbana e respeitadas as disposições do Plano Diretor, programas de habitação popular destinados a melhorar as condições de moradia da população carente do Município. § 1º A ação do Município deverá orientar-se para: I - ampliar o acesso a lotes mínimos dotados de infraestrutura básica e serviços por transporte coletivo; II - estimular e assistir, tecnicamente projetos comunitários e associativos de construção de habitação e serviços; III - urbanizar, regularizar e titular as áreas ocupadas por população de baixa renda, passíveis de urbanização, observada a legislação vigente; § 2º Na promoção de seus programas de habitação popular, o Município deverá articular-se com os órgãos estaduais, regionais e federais competentes e quando couber, estimular a iniciativa privada a contribuir para aumentar a oferta de moradias adequadas e compatíveis com a capacidade econômica da população.

Ainda neste artigo 164, em seu parágrafo 3º, e no artigo 170 são previstas ações de cadastramento e levantamento periódico tanto dos terrenos disponíveis para construção de habitações populares quanto o acompanhamento e assistência a esse segmento populacional.

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KRELL, Andreas Joachim. O Município no Brasil e na Alemanha. Direito e Administração Pública Comparados. São Paulo: Oficina Municipal, 2003. 2 Lei Orgânica Municipal. Disponível em: http://ceaam.net/ptp/legislação/ Acesso 14 abr 2018


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§ 3º A Secretaria Municipal de Obras a partir de 90 (noventa) dias desta Lei e periodicamente, fará o levantamento dos terrenos disponíveis nos perímetros urbanos e suburbanos e selecionará os que sejam adequados à implantação de loteamentos populares, observadas, além de outras, as seguintes normas: I - a Prefeitura Municipal de Petrópolis desapropriará os terrenos selecionados, adquirindo e conservando o senhorio direto sobre os mesmos; II - nesses terrenos serão feitos os loteamentos populares cujos lotes serão vendidos à população carente de renda familiar per capta não superior a 1 (um) salário mínimo; III - as prestações mensais nunca serão superiores a 10% (dez por cento) da renda familiar; IV - a cobrança das mensalidades se fará juntamente com a do IPTU; V - os herdeiros e os possíveis compradores subsequentes ficam sujeitos à observância destas mesmas normas. § 4º O Município, por interesse social, apoiará às famílias, cuja moradia se localize em terrenos, objeto de litígio, para a posse da respectiva área de sua habitação. § 5º Os terrenos, que margeiam os rios, que cortam o Município, são "áreas não edificáveis", até o limite de 11 (onze) metros para cada lado do rio, reservando-se ao Município a prioridade para a construção de vias de acesso nessas áreas. Art. 170. O Poder Público Municipal, juntamente com o Conselho Municipal de Meio Ambiente - COMDEMA, estimulará a criação de cooperativas de moradores, destinadas a construção de casa própria e auxiliará o esforço das populações de baixa renda na edificação de suas habitações.

Buscando

compreender

as

competências

legais,

ou

melhor,

as

responsabilidades, acrescentam-se os artigos 20 e 213, da Constituição Federal de 1988, referentes aos bens da União, pois, ao longo da pesquisa, esse entendimento é de fundamental relevância. Art. 20. São bens da União: I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos; II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com 3

Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> Acesso 12 mai 2018.


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outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; Art. 21. Compete à União: XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações;

A reflexão acerca dos danos à imagem da cidade após as chuvas passa pela compreensão das competências elencadas. Em meio a tantas catástrofes naturais ocorridas em Petrópolis a opção pelo megadesastre ocorrido em 2011, em vez de um caso mais recente ou até mesmo anterior, é decorrente do fato de o autor ter acompanhado de forma muito próxima as várias fases da catástrofe, atuando desde a ajuda aos desabrigados nos primeiros instantes da tragédia, representando o Lions Clube de Petrópolis Itaipava, até como palestrante em seminários nacionais e internacionais a respeito do tema. Por exemplo, entre os dias 23 e 25 de novembro de 2011 fui palestrante no II Seminário Nacional de Psicologia em Emergências e Desastres, realizado em Brasília – DF, expondo as experiências pelas quais a cidade de Petrópolis passou em janeiro de 2011. A mesa redonda “Protagonismo e organização comunitárias como condição para a proteção social efetiva”, apresentou a atuação da presidente da Associação dos Desabrigados e Atingidos da Região do Morro do Baú (Santa Catarina), Tatiana Reichert; Maria Inês Guedes Santana, Associação de Moradores da Vila das Aeromoças de Jaboatão do Guararapes, Pernambuco (PE); Eliane Maria da Silva, Associação de Moradores da Vila das Aeromoças de Jaboatão do Guararapes (PE); e a minha, Bruno do Nascimento, como representante de entidades sociais e assessor de órgãos públicos municipais do legislativo e executivo em Petrópolis. Em outra oportunidade, em junho de 2013, fui palestrante, a convite da Associação Brasileira de Tecnologia Educacional (ABT), em parceria com o Departamento de Educação e Cultura do Exército (Decex), Centro de Estudos de Pessoal Forte Duque de Caxias (CEP/FDC), Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), instituição vinculada à Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia, e do Grupo Folha Dirigida, em uma palestra no Forte do Leme (Forte Duque de Caxias) durante o 45º Seminário Brasileiro de Tecnologia Educacional, discorrendo sobre


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Comunicação de risco, crise e prevenção de catástrofes naturais - O caso do Vale do Cuiabá. Para alcançar os objetivos propostos, bem como para determinar se a imagem da cidade de Petrópolis foi abalada por conta das chuvas de janeiro de 2011, ocorrida no Vale do Cuiabá, a metodologia de pesquisa adotada consiste em uma análise documental, a qual trata da identificação, verificação e apreciação de documentos referentes à catástrofe. Ainda pode-se classificá-la como sendo qualitativa ao observar o teor e o conteúdo do material. As fontes de consulta são de origem secundária, pois reúnem informações editadas e organizadas (MOREIRA, 2011). O estudo dos documentos da análise é embasado nas matérias publicadas no jornal Tribuna de Petrópolis, no mês de janeiro de 2011, incluindo o antes e o depois do megadesastre. Durante o período analisado, na semana anterior à catástrofe que atingiu a Região Serrana Fluminense, havia ocorrido uma chuva em Araras com vítimas fatais. Além disso, na semana seguinte, no Brejal, as chuvas deixaram mais mortes.4 Para compreender o conceito da relevância da comunicação diante da gestão de crise foram consultados, entre outros, os autores Jorge Duarte (2011), João José Forni (2011), Manuel Carlos Chaparro (2011), Sonia Virginia Moreira (2011), Mário Rosa (2013), e Roberto Castro Neves (2002), servindo como base teórica para a análise em estudo. Na análise documental do conteúdo das manchetes da Tribuna de Petrópolis, durante o mês de janeiro de 2011, o método de interpretação escolhido foi à técnica de análise de conteúdo de Bardin (1994). A pesquisa está organizada conforme a seguinte estrutura após a introdução: Em primeiro lugar, apresenta-se o histórico das chuvas na região de Petrópolis seguido do megadesastre ocorrido no vale do Cuiabá; em segundo lugar realiza-se uma breve reflexão acerca da função da assessoria de comunicação em situação de crise e da função de um plano de gestão de crise e de comunicação; realiza-se após essas etapas uma análise das notícias publicadas na Tribuna de Petrópolis

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O material está disponível para consulta na Biblioteca Central Municipal Gabriela Mistral.


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referentes aos antecedentes das chuvas de 12 de janeiro de 2011, seguidos das consequências advindas do megadesastre; por fim são apresentadas as consideraçþes finais.


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2 O VALE DO CUIABÁ

Neste capítulo são narradas as condições geológicas, climáticas e ambientais da cidade de Petrópolis, na Região Serrana do estado do Rio de Janeiro, bem como a sequência histórica de desastres naturais.

2.1 REGIÃO SERRANA – PETRÓPOLIS

As tragédias humanas decorrentes dos fenômenos naturais se repetem ao longo do tempo, por mais conhecidas que sejam as histórias anteriores. Apenas como exemplo, Plínio, o Jovem, então com 17 anos de idade, em 79 d.C., descreve em uma carta, ao historiador Tácito, a morte de seu tio, Plínio, o Velho, autor de “Naturalis História”, devido à erupção do Vulcão Vesúvio, na Itália. A carta é um documento cientificamente relevante, considerado uma das principais fontes primárias para o perfeito entendimento de cientistas e historiadores dos acontecimentos naquele fatídico 24 de agosto do ano 79 d.C. Ao redor do vulcão, em Nápoles, moram, atualmente, mais de um milhão de pessoas. Os registros históricos contabilizam milhares de mortos nas imediações do local e centenas de erupções. O caso mais emblemático, mas não único, foi o soterramento da cidade de Pompéia, em 79 d.C.: entre os 20 mil moradores, morreram mais de duas mil pessoas. Apesar dos estudos científicos comprovarem riscos, diante das atividades regulares do Vesúvio, por pelo menos 19 séculos, e as novas possibilidades de erupção, ainda assim a população napolitana permanece residindo no local (BEARD, 2012; BERRY, 2009)5,6. Em Petrópolis os riscos também são conhecidos. A cidade foi fundada em 16 de março de 1843 pelo imperador Dom Pedro II. O escritor Jorge Caldeira (1995) em seu livro, “Mauá: empresário do Império”, faz um relato das dificuldades técnicas de engenharia para a construção da primeira Estrada de Ferro do Brasil, ligando as cidades do Rio de Janeiro e Petrópolis, em razão das características do solo e do 5

BEARD, M. Pompeya: Historia y Leyenda de una Ciudad Romana. Barcelona: Editorial Planeta, 2012. 6 BERRY, J. Pompeya. Madrid: Ediciones Akal, 2009.


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clima na região. Durante período das obras, as dificuldades para a construção eram enormes, como descrito a seguir no livro de Caldeira (1995):7o engenheiro inglês Willian Bagge descobriu, logo no início da construção da estrada de ferro, que precisava ampliar seus estudos se quisesse concluir a obra. Tudo naquela estranha natureza tropical parecia ter sido criado para demolir suas boas ideias. Ele descobria a cada metro que as coisas no Brasil não funcionavam exatamente do modo como aprendera nos canteiros de obras em seu país. O corte aparentemente simples do morro do Camarão transformou-se num tormento: cada vez que os operários, seguindo suas cuidadosas instruções, terminavam de remover com carrinhos de mão centenas de metros cúbicos de terra, e a obra parecia acabada, as torrentes de verão se encarregavam de promover um deslizamento e mostrar que os cálculos sobre a estabilidade do talude estavam errados (p. 284).

Em 06 de setembro de 1853, Irineu Evangelista de Souza levou um grupo de jornalistas e embaixadores para fazerem a primeira viagem de trem a ser noticiada na história do país. Em 30 de abril de 1854, a ferrovia foi inaugurada. Passaram-se cerca de 20 meses entre o dia do assentamento do primeiro canteiro de operários até o dia da inauguração que culminou com a titulação de Irineu como Barão de Mauá. Além desse relato, existem outros documentados referentes às chuvas de verão e suas consequentes catástrofes naturais que datam do século XIX. No século seguinte, recortou-se, para este estudo, a chuva de 1966, descrita pelo então viceprefeito de Petrópolis, Rubens de Castro Bomtempo.8 O desastre natural causado pelas chuvas de verão do ano de 1966 gerou alteração na história do quadro político da cidade. A cassação do ex-prefeito Flávio Castrioto foi decorrente dos desentendimentos com o governador do Estado, Marechal Paulo Torres, pela falta de verbas e ajuda na reconstrução de Petrópolis. A crítica à situação levou o prefeito e o governador para campos opostos na política. Diante da crise o interventor do estado fluminense articulou a cassação do prefeito de Petrópolis que vivia cobrando ajuda (BOMTEMPO, 2006).

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CALDEIRA, Jorge. Mauá: empresário do império. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. BOMTEMPO, Rubens de Castro. Estação Petrópolis: memórias de um médico que não perdeu o trem da história. Rio de Janeiro: Desiderata, 2006. 8


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Em 7 de janeiro, Castrioto apresentou a conta dos estragos na Associação Comercial e Industrial de Petrópolis (ACIP), reclamando da falta de ajuda do Estado e da União e queixando-se que o governador, Marechal Paulo Torres, sequer viera à cidade. Torres e o presidente Humberto Castelo Branco foram destinatários de uma bateria de telegramas do prefeito e do então presidente da ACIP, José Soares de Sá com cobranças de socorro. Bomtempo

(2006)

continua

narrando

os

eventos

naturais

e

suas

consequências. Nova tempestade abalou a cidade em 12 de janeiro de 1966, causando mais desmoronamentos de encostas, desabamentos de moradias e inundações. A região mais atingida foi a dos bairros Floresta, Provisória, Quissamã, Itamarati e Ponte de Ferro – lugares em que as águas abriram fendas nos morros, arrastaram casas e arrasaram ruas.Espalhando dor entre os petropolitanos, a chuva levou à morte mais de 50 pessoas e fez dobrar o número de desabrigados que foram alojados em espaços públicos como os colégios estaduais Washington Luís, no Centro, e Ruy Barbosa, no Alto da Serra, o ginásio do Serrano Futebol Clube e a Maternidade de Cascatinha. O Liceu Municipal e o Fórum foram improvisados em pontos de Assistência às Vitimas das Enchentes, criada pelo prefeito. No Sindicato dos ferroviários, foram abrigadas mais de 100 pessoas, graças à solidariedade de vários trabalhadores voluntários. Além de dirigir o abrigo, foram coletadas víveres para as vítimas das chuvas. Em um domingo, acompanhado pelo radialista e amigo Paulo César Rabelo, da Difusora, Bomtempo percorreu da manhã à noite todos os abrigos do município. Nas visitas, transmitidas ao vivo por Rabelo, verificavam as necessidades mais urgentes para que não faltasse o básico aos desabrigados. Sentindo-se pressionado, Paulo Torres, governador do Estado, não conseguiu conter o desabafo ao dar entrevista aos jornalistas: “Os petropolitanos não devem esperar por nenhum milagre, mas podem contar com os recursos do governo federal, que não tardarão” (BOMTEMPO, 2006, p. 117). Na falta de dinheiro estadual ou federal, a Prefeitura ia fazendo o que podia para recuperar a cidade, enquanto serenavam os ânimos e a população buscava reorganizar a sua rotina. Mas o pior estava por vir: em 26 de março, desabou sobre Petrópolis a mais violenta tromba d’água do verão de 1966. Começou pouco depois do meio dia, fez o Rio Quitandinha transbordar para a Rua Coronel Veiga, inundou a Avenida 15 de Novembro, a principal da cidade, atual Rua do Imperador e outras


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ruas do Centro, derrubou encostas e pôs barracos e casas morro abaixo em vários bairros. Após breve calmaria, a tempestade voltou com força total à noite e deixou um rastro de devastação maior do que os dos temporais de 22 de dezembro e 12 de janeiro. Somadas as três grandes enchentes, o verão fechava com cerca de 200 mortos, quase 800 moradias destruídas e mais de cinco mil desabrigados, levando a Prefeitura a transformar em abrigo a antiga estação de trens do centro, que anos depois foi convertida em rodoviária. Tanto sofrimento tinha como cenário uma infinidade de barreiras caídas pelo município, ruas tragadas pela correnteza, pontes arrastadas, moradias em ruínas, corpos soterrados, adutoras e redes de água arrasadas. Dias depois os danos materiais das chuvas de verão foram estimados em Cr$ 3,2 bilhões (moeda corrente à época) pelo governo municipal (BOMTEMPO, 2006). Em nome do governo municipal, Bomtempo conseguiu uma audiência com o marechal Cordeiro de Farias no Ministério do Interior, em Botafogo. A expectativa era poder contornar as animosidades criadas pela relação de Paulo Torres com Castrioto e conseguir auxílio financeiro para Petrópolis. Ao aprovar essa intenção, o prefeito tinha designado para acompanhá-lo o secretário-geral da Prefeitura, Virgílio de Sá Pereira, e o líder do governo na Câmara Municipal, Antônio Martins de Souza. Muito polido, o ministro os recebeu com gentilezas e respeito. Perguntou-lhes por que Bomtempo fora em lugar do prefeito, ao qual responderam que Castrioto cumpria o dever de recepcionar o governador e que, como vice-prefeito, também era co-responsável pela cidade. Ao final da audiência, demonstrando compreensão e espírito público, Cordeiro de Farias disse que socorreria Petrópolis com Cr$ 50 milhões (moeda corrente à época)e recomendou que lhe telefonassem no dia seguinte para confirmar a liberação da verba (BOMTEMPO, 2006). Otimistas, retornaram à cidade. Flávio Castrioto foi posto a par da conversa com o marechal, relatada também ao secretário de Administração, Wilson Carneiro Malta. Diante da possibilidade de telefonar para o Ministério, o radialista Carneiro Malta propôs que a ligação fosse feita da Radio Difusora com sinal aberto, no ar (BOMTEMPO, 2006). No dia seguinte, a referida ligação foi transmitida ao vivo e também pelos altofalantes da rádio na Praça Dom Pedro, a qual foi, aos poucos, sendo tomada pelo povo. Depois dos cumprimentos, o chefe de gabinete de Cordeiro de Farias


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comunicou que estava autorizada a concessão da verba, a ser depositada no Banco do Brasil. Não se falou de outro assunto na cidade naquele dia. A liberação do dinheiro passara, na prática, à margem da intermediação do governador (BOMTEMPO, 2006). O auxílio federal de Cr$ 50 milhões (moeda corrente à época) não era fabuloso, mas foi a única ajuda governamental recebida pela Prefeitura, apesar do tamanho da tragédia vivida pelos petropolitanos (BOMTEMPO, 2006). Torres foi o grande artífice da cassação de Flávio Castrioto. Tudo teria sido tranquilo se o governo municipal tivesse baixado a cabeça diante da hecatombe que abalou a cidade. Mas tanto o prefeito quanto o vice faziam cobranças ao governador, fosse nos eventos públicos, fosse nos microfones da Difusora. Não havia outra saída, pois a cidade precisava de socorro e tudo o que encontravam era a omissão do governo do Estado. As enchentes e seus estragos foram, pouco a pouco, azeitando a máquina da cassação. Bomtempo (2006) acreditava que o estopim foi a aproximação do prefeito com os setores da Arena ligados a Raymundo Padilha. A atitude de Castrioto visava não só à obtenção de recursos para Petrópolis, mas também à garantia de sua sustentação política. Ele sabia que, por obra do governador, estava na mira do Serviço Nacional de Informações (SNI) – primeiro passo para o processo de cassação (BOMTEMPO, 2006). Passados mais de trinta anos após esse relato, sem citar as chuvas de 1987 e 1988, em dezembro de 2001, a jornalista Ana Paula Padrão, na época apresentadora do Jornal da Globo, após as fortes chuvas que soterraram várias pessoas em Petrópolis, abriu o noticiário afirmando que o fato era a constatação de uma tragédia anunciada. Na época morreram 53 pessoas e mais de 600 ficaram desabrigadas. Passados quase dez anos Luiz Fernando Sá, diretor editorial-adjunto da revista ISTOÉ, na edição de 19 de janeiro de 2011, nº 2149, Ano 35, faz o seguinte editorial: Uma avalanche Moral Nos últimos dois anos, ISTOÉ dedicou três de suas capas a tragédias provocadas por chuvas torrenciais. Outras reportagens repletas de entulhos, lama, dramas e mortes ocuparam as páginas internas da revista. As histórias de famílias desfeitas, vidas e cidades destruídas repetem-se nas causas, nas imagens, nas narrações, na indignação. Para quem tem a tarefa de contá-las ao público, choca também a sensação de que, trocados os nomes das vítimas e dos


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locais e atualizados os números (tristemente cada vez mais assoladores), seria possível republicar os mesmos textos e fotos e ninguém perceberia. A rotina de catástrofes tem o efeito de uma avalanche moral, que nos atinge com frequência cada vez maior. Três capas nos últimos dois anos (quatro com a desta edição), duas delas no espaço de pouco mais de três meses, em 2010. Sempre no verão. Podemos já pensar na de 2012? As reportagens de ISTOÉ não se resumem a relatar fatos. Cobram providências, instigam discussões, tocam em feridas abertas por décadas de descaso. Em janeiro de 2011, por exemplo, quando o Brasil ainda velava os 138 mortos em tragédias simultâneas e similares em três diferentes Estados, o texto mostrava como ocupação ilegal e desenfreada de áreas de risco potencializava o impacto dos fenômenos meteorológicos, transformando tempestade em chacinas. E apelava para a imediata adoção de medidas como a remoção das populações dessas áreas e a implantação de normas de construção e ocupação mais adequadas a uma era de clima cada vez mais inclemente. Em abril, 256 pessoas padeceram do mesmo mal. Não se foram nove meses e a contagem de corpos não para na região serrana do Rio de Janeiro. Já vimos o filme, sabemos o enredo, mas podemos mudar o seu fim. Se não há como conter a fúria da natureza, o Brasil dispõe de meios para salvar vidas através de prevenção, organização, gestão de riscos, informação. É preciso contar outras histórias, de desenvolvimento, avanço, futuro. Luiz Fernando Sá, diretor editorial-adjunto

A síntese do texto de Luiz Fernando Sá (2011) traz à tona uma série de questões. Entre elas, há uma frase que salienta uma inquietação que se traduz em um questionamento: Se não há como conter a fúria da natureza, o aparato estatal do município dispõe de meios para salvar vidas através de prevenção, organização, gestão de riscos, informação? Em reunião na Câmara de Vereadores de Petrópolis sobre a Comissão Parlamentar

de

Inquérito

Municipal

Destinada

a

Investigar

os

Riscos

Determinantes na Incidência de Catástrofes realizada no dia 29 de março de 2011, o engenheiro agrônomo Rolf Dieringer, representante do Sistema de Alertas, criticou a atuação da imprensa, que, muitas vezes, dá mais atenção às consequências trágicas das chuvas do que às formas de prevenção atualmente existentes (ATA da CÂMARA MUNICIPAL DE PETRÓPOLIS, 2011). As chuvas em Petrópolis de 1988, 1992, 1994, 1995, 2000, 2001, 2002, 2003, 2008, 2011, 2013, 2016, 2017 e 2018 contabilizaram 412 mortes nos últimos 30


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anos9, isso sem somarmos as tragédias anteriores. Dados históricos divulgados pelo relatório do Ministério de Meio Ambiente (2011) divulgaram os números das tragédias nas últimas décadas. Em 1987,em Petrópolis e Teresópolis morreram 282 pessoas. No ano seguinte, em Petrópolis registrou-se 277 mortos e 2 mil desabrigados. Em 2000, Friburgo, Petrópolis e Teresópolis foram 5 óbitos. Petrópolis registrou, em 2001, 48 mortes e 793 desabrigados. Em 2003, ocorreram 33 mortes. Em 2007, 10 morreram em Friburgo, 8 em Sumidouro, 3 em Petrópolis e 2 em Teresópolis. Petrópolis registrou mais 9 mortes em 2008.10 Apesar do histórico com ampla base de documentos, estudos, avaliações e análises desde o século XIX, o risco ainda é iminente. Por mais bem descrita tenha sido a narrativa de Plínio, o jovem, em 79 d.C, sobre a erupção do Vulcão Vesúvio, ou a descrição de Rubens de Castro Bomtempo, em 2006, sobre a chuva de 1966 e as implicações políticas que se apresentam nesse tipo de catástrofe, em Petrópolis, as narrativas parecem se repetir. Luiz Fernando Sá salienta que basta alterar os nomes e atualizar os números das vítimas e usar os mesmos textos e fotos que poucas pessoas seriam capazes de perceber a diferença.

2.2 A CATÁSTROFE NO VALE DO CUIABÁ

A tragédia na região serrana do Rio de Janeiro, em 12 de janeiro de 2011, é considerada o maior desastre climático do Brasil (CENAD, 2012). Na época, mais de 900 pessoas morreram por causa dos deslizamentos, que deixaram milhares de desabrigados. Conforme o divulgado pelo Departamento Geral de Defesa Civil do Rio de Janeiro o megadesastre de janeiro de 2011 causou 910 mortes e 662 desaparecidos até o dia 18 de fevereiro. Em Nova Friburgo foram 426 mortes,Teresópolis 382, Petrópolis 74, Sumidouro 22, e 2 mortos em cada um dos seguintes municípios da região de São José do Vale do Rio Preto, Santo Antonio de Pádua e Bom Jardim. 9

Disponível em <https://g1.globo.com/rj/regiao-serrana/noticia/chuva-deixa-mais-de-400-mortos-emtres-decadas-em-petropolis-na-serra-do-rio.ghtml> Acesso 24 mar 2018. 10 Áreas de Preservação Permanente e Unidades de Conservação & Áreas de Risco. O que uma coisa tem a ver com a outra? Relatório de Inspeção da área atingida pela tragédia das chuvas na Região Serrana do Rio de Janeiro / Wigold Bertoldo Schäffer... [et al.]. – Brasília: MMA, 2011.


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Essas chuvas desalojaram 23.315 cidadãos (momentaneamente impedidos de voltar para casa) e deixaram 12.768 desabrigados (quem perdeu suas casas) em 15 cidades.11 Petrópolis está distante da capital Rio de Janeiro 44,3 quilômetros e localizase na microrregião Serrana. Ocupa uma área de 795,798 Km2, e possui densidade demográfica de 371,85 habitantes por quilômetro quadrado. Suas principais atividades econômicas são o turismo e o setor de serviços. No último censo do IBGE, realizado em 2010, a população total do município foi de 295.917 habitantes, dos quais 281.286 (95,05%) residiam na área urbana e 14.631 (4,95%) na área rural (VALENCIO; SIENA; MARCHESINI, 2011). As chuvas da madrugada de 12 de janeiro de 2011 constam dos documentos oficiais da União como o Anuário de Desastres Naturais de 2011 que define a ocorrência de janeiro como “megadesastre”. Este “Megadesastre” causou 912 mortes e deixou mais de 45.000 desabrigados e desalojados. Foi caracterizado como o maior desastre registrado no Brasil e consolidando a Serra Fluminense como a região brasileira com o maior quantitativo de vítimas fatais provocadas por desastres naturais (40% do total nacional entre 1988 e 2012) (CENAD, 2012).12 No Diário Oficial da União, o megadesastre foi caracterizado como uma situação de emergência decorrente de enxurradas (D.O.U., seção 1, n 10, sextafeira, 14 de janeiro de 2011, p.30 apud VALENCIO; SIENA; MARCHESINI, 2011). Valverde et al. (2011, p. 2-3 apud VALENCIO; SIENA; MARCHESINI, 2011, p. 78) assim relatam os processos ambientais que culminaram no desastre: (...) poderemos resumir a cadeia de acontecimentos da seguinte forma: 1. Precipitações continuadas, entre o final de dezembro de 2010 e janeiro de 2011, em grande parte da Região Serrana Fluminense, devido à expressiva ação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), condicionando grande umidade antecedente e fluidificação (Solifluxão) dos solos das montanhas (Sic). 2. Precipitações de magna cópia, na noite de 11 para 12 de janeiro de 2011, sobre a linha de cumeada de parte da Serra do Taquaril, na divisa de municípios Petrópolis-Teresópolis.

11

Idem. CENAD. Anuário brasileiro de desastres naturais: 2011 / Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres. Brasília: CENAD, 2012. 80 p.: il. color.; 30 cm. 12


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3. Início de movimentos de massa, na alta bacia (escorregamentos), intensamente conectados entre si, sob vigência de chuvas incessantes de alta cópia. Nesse momento, também eram atingidos Teresópolis e o Brejal (Petrópolis). 4. Convergência de fluxos, com alta concentração de materiais fluidificados e grande viscosidade, provenientes dos escorregamentos e sobrecarregando linhas de vazão natural das encostas, que eram predominantemente cobertas por florestas artificiais, lavouras abandonadas e pastagens degradadas. Este fluxo altamente viscoso e de grande turbidez removeu notáveis volumes de solos, assim como a vegetação natural ou não, que não possui enraizamento profundo, nesta região. 5. A torrente/corrida de lama atingiu o Vale do Cuiabá, que representa uma caixa de sedimentação natural. Acompanhada de gigantesca quantidade de troncos, blocos de rocha e outros corpos removidos e transportados com notável facilidade, pelas suas propriedades viscosas, aduzindo-se de inúmeros fluxos, provenientes da borda da bacia ela chegou ao centro da várzea. Foi neste segmento que se concentrou a maior força destruidora, com a mais relevante velocidade, em todo o seu percurso. Decorreu disso a grande quantidade de vítimas fatais e os mais expressivos fenômenos de arrasto de construções e objetos. 6. O fluxo atingiu a média e baixa bacia do rio Santo Antônio, já mais diluído e com menor velocidade, mais com grande aporte de outros caudais, tributados por outras bacias colaterais, tais como o rio Jacó e outras linhas de drenagem locais. Neste trecho predominou a cheia lateral do rio a inundação dos bairros marginais.

Diante do histórico de chuvas precedentes ao dia 12/01/11, observa-se, claramente, o anúncio do desastre. O deslizamento ocorrido no Vale do Cuiabá foi considerado o escorregamento mais destrutivo entre os ocorridos no Megadesastre da região, descrito pelo anuário (CENAD, 2012, p. 64-65) da seguinte forma: Fluxos Torrenciais, Hiperconcentrados e Debrisflows: magníficos fluxos viscosos, compostos por variadas concentrações de sedimentos, serpentearam ao longo de vales e drenagens naturais, com raios de alcance da ordem de 10km. Em alguns casos, estiveram limitados a fluxos d´água com limitada capacidade de destruição. Em outros, como resultado da incorporação de milhares de m3 de detritos, adquiriram características de fluxo muito denso, com alta capacidade de destruição. Houve ainda casos nos quais foram mobilizados matacães e grandes blocos rochosos dispostos no leito e nos taludes laterais dos canais de drenagem principais, o que levou à ocorrência dos conhecidos debrisflows, que deixaram rastros de destruição em extensas línguas que atingiram dezenas de quilômetros de distância das cabeceiras dos vales (figura 1);


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A figura (1) ilustrativa e a descrição técnica demonstram a violência da chuva tombada sobre a região, que era considerada estável até então.

Figura 1: Esquemático e Vista do “Fluxo Hiperconcentrado” no Vale do Cuiabá, que se constituiu no tipo de escorregamento mais destrutivo no Megadesastre (CENAD, 2012, p. 65).

O histórico dos desastres em Petrópolis é marcado pela ocupação irregular em desacordo com a Legislação vigente, como por exemplo, o Código Florestal Brasileiro (Lei 4.771/65). Há também outros agravantes como a controvérsia polêmica no campo da política que, sem os recursos financeiros necessários, transfere responsabilidades de um lado para o outro. Além disso, a falta da cultura da prevenção expõe e compromete a vida das populações das áreas de risco existentes na cidade. Ressalta-se que desde a construção da estrada de ferro, no século XIX que a topografia da região exige cuidados excepcionais no corte do terreno e na ocupação urbana (CALDEIRA, 1995), evidenciando que nada deveria ser erguido sem prévio estudo e consequente adequação ao local. Isso por si só não evitaria os desastres naturais, mas, certamente, reduziria os danos.

2.3 AS AÇÕES DE COMUNICAÇÃO DA PREFEITURA

Diante da tragédia que assolou a cidade, grupos de voluntários, instituições públicas, entidades privadas e pessoas solidárias e comprometidas com a recuperação de Petrópolis, em especial a questão econômica, o COMTUR (Conselho Municipal de Turismo) constituiu o Comitê Agenda Positiva Petrópolis (CAPP). Este foi integrado pela Prefeitura de Petrópolis, a Fundação de Cultura e


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Turismo de Petrópolis, a TurisRio, o PC&VB (Petrópolis Convention e Visitors Bureau), o Sicomércio, a ARTE (Associação dos Empresários da Rua Teresa), SIDPetrópolis, Museu Imperial e as instâncias regionais do IPHAN, CDL, ABIH, ABRASEL, FIRJAN e SEBRAE realizaram iniciativas com o objetivo de recuperar a imagem da cidade e reerguer a economia local afetada (CAPP, 2011). Dentre as ações realizadas pelo CAPP (2011) além da arrecadação de alimentos, foi elaborado um Plano de Recuperação Econômica, que deu origem ao documento apresentado ao Ministério do Turismo, por meio do Consórcio Serra Carioca. Houve ainda o encaminhamento aos governos estadual e federal de pedidos de prorrogação de impostos para as empresas afetadas direta e indiretamente, além da criação de uma agenda positiva com os principais eventos públicos do calendário turístico e inaugurações de novos empreendimentos como importantes ferramentas de atração de turistas e visitantes à Petrópolis, como por exemplo: Bauernfest – Festa do Colono Alemão, Inauguração do Museu da Cerveja, Festival de Inverno, Festival de Tecnologia 2011, Petrópolis Gourmet, Natal de Luz, entre outros. Outra iniciativa do CAPP foi a abertura de um canal de comunicação, por intermédio do e-mail comiteapp@gmail.com, para recebimento de críticas, sugestões e esclarecimentos. A ideia era a união entre o poder público, a iniciativa privada e a sociedade civil, tentaram superar os efeitos danosos ocorridos na economia local, mantendo a tradição turística da PETRÓPOLIS IMPERIAL.13 A ação organizada pela prefeitura pode ser descrita pela voz da exCoordenadora de comunicação do município, Andreia Constâncio, em entrevista telefônica ao autor deste estudo, no dia 04 de dezembro de 2012, às 17h, em que ela informa quais ações foram feitas pelo poder público de Petrópolis em termos de comunicação para reduzir os efeitos da crise. Segundo a coordenadora à época, existiram duas vertentes no plano de comunicação. A primeira para atender com orientações sobre as necessidades dos 13

Este documento é uma proposta de revisão do Plano Imperial – Plano Diretor para o Turismo da cidade de Petrópolis, de 1998, à luz do novo cenário apresentado na primeira década do século XXI, integrando-se ainda às novas políticas públicas de fomento do produto turístico brasileiro. Nessa perspectiva, intenciona-se oferecer uma visão prospectiva para o período de 2010 a 2019. Fonte: Plano Diretor de Turismo 2010-2019. Disponível em: http://www.petropolis.rj.gov.br/fct/phocadownload/documentos/Plano%20Diretor%20de%20Turismo% 202010%20-%202019.pdf Acesso: 19 jul 2018.


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moradores atingidos pela chuva no Vale do Cuiabá. A segunda foi direcionada a manutenção da normalidade no setor turístico de Petrópolis. A chuva foi um problema grave, no entanto apenas em um determinado ponto do município. Um agravamento ainda maior teria sido o esvaziamento econômico da cidade em razão da tragédia. O plano de comunicação elaborado naquele momento, isto é, pós a tragédia da chuva, para informar aos moradores do Vale do Cuiabá, utilizou os recursos de carros de som, folder, panfletos e anúncios em rádios locais. Optou-se por fazer um tipo de comunicação mais localizada, atendendo ao Distrito de Itaipava. A informação era relativa a como conseguir o aluguel social, onde fazer o cadastramento, como obter o laudo da Defesa Civil sobre a situação estrutural da residência depois de ter sido atingida pela enchente. Nas palavras da coordenadora de Comunicação Social da Prefeitura de Petrópolis, na época a Intertv, emissora de televisão afiliada da Rede Globo, montou campanhas para orientar as pessoas. Não tínhamos dinheiro para gastar com a grande mídia. O setor de comunicação do governo do Estado estava muito atarefado, atendendo as emergências em Nova Friburgo, área mais afetada diretamente pela chuva. Na época senti que ficamos muito sozinhos, a deriva, isolados, sem uma ação conjunta com os demais entes da Federação. Em parte os objetivos que nos propomos a comunicar diretamente para a população atingida foram alcançados, em outra não. Ainda hoje há reclamações de pessoas que tinham direito ao aluguel social que não sabiam como proceder e ficaram de fora. Outras pessoas que não tinham direito e foram beneficiadas. Porém, o maior problema é que havia muita contrainformação14. Os interesses políticos e particulares muitas vezes atrapalharam o processo de comunicação. Além disso, muitos questionamentos feitos pela população atingida até hoje estão sem respostas. Não foi por falta de comunicação, mas uma efetiva falta de respostas das fontes que deveriam dar as soluções (CONSTÂNCIO, 2012).

Diante desse depoimento, observa-se, além da repetição da tragédia, a recorrência de uma minimização de apoio dos demais entes da federação, Estado e União, conforme descrito no relato de Bomtempo (2006) acerca da chuva de 1966. A ajuda que chegou ao município não foi suficiente para atender às demandas locais, principalmente, à população que restou desabrigada. Situação que permanece até 14

Ato ou efeito de impedir, frustrar ou dificultar o acesso do inimigo ou adversário a dados próprios (p.ex., facilitando o acesso a informações falsas, etc.) Fonte: Houaiss eletrônico v. 5.0


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2018. Também se acrescenta, com base nesse relato, a falta de integração dos planos de comunicação entre os diferentes órgãos responsáveis por dar suporte no atendimento ao desastre, confrontando a teoria das práticas a serem adotadas diante de catástrofes. Na hora de executar a gestão da crise, o poder público revelou-se ineficiente no socorro às vítimas e no trato das consequências. De acordo com Constâncio (2012), uma forma de reverter à crise foi com o lançamento no dia 24 de janeiro de 2011, do projeto “Petrópolis Tá Legal”. O objetivo da iniciativa da prefeitura foi mostrar aos turistas que as chuvas, que atingiram a cidade no dia 11 de janeiro, não destruíram os principais pontos turísticos e prédios do centro histórico do município. O deslizamento causou 76 mortes em região localizada do Vale do Cuiabá e de Itaipava. A queda na visitação à cidade motivou a criação do CAPP (2011), já comentado, visando ao restabelecimento e aquecimento do setor econômico. Segundo estimativa realizada pelo Museu Imperial e pela Fundação de Cultura e Turismo de Petrópolis (FCTP) houve uma queda na visitação dos atrativos turísticos da cidade no período de 13 a 23 de janeiro de 2011, em relação ao mesmo período de 2010. A situação em 31 de janeiro de 2011 era a seguinte: Museu Imperial, queda de 76 %; Som e Luz, queda de 78 %; Palácio de Cristal, queda de 89 %; e, Museu Casa de Santos Dumont, queda de 89% (CAPP, 2011). Em 18 de fevereiro de 2011, os números oficiais levantados pela FCTP davam contam de alguns indicadores da economia local, como número de Pousadas e Hotéis: 108; destas, 05 foram afetadas; a previsão da Ocupação Hoteleira no período do Carnaval, em 2011, chegou a apenas 65%; O impacto negativo na economia local no período de 12 de janeiro a 05 de março foi de R$ 59 milhões, sendo decorrente dos seguintes fatores: A) Estimativa de cancelamentos R$ 14 milhões em reservas distribuídas por 80 hotéis e pousadas; B) Perda estimada em R$ 34 milhões, na Rua Teresa, com cerca de 1.200 lojas e 7.200 empregos diretos; C) Cerca de R$ 11 milhões em outros serviços. Apesar do projeto de recuperação da imagem da cidade não ter sido financiado pelos órgãos públicos, demonstra a existência de uma proposta construída por meio da participação popular, reunindo representantes da Sociedade


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e de integrantes do governo numa busca por soluções na área de comunicação social.


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3 ASSESSORIA DE IMPRENSA

A intenção deste capítulo é apresentar um resumo daquilo que constitui um plano de comunicação; personagens ligados à Assessoria de Imprensa; a relevância da função e as dificuldades de promover uma gestão eficiente dos riscos; e, organizar a comunicação para atender à população vítima de desastres.

3.1 BREVE HISTÓRICO

De acordo com Chaparro (2011), Ivy Lee, em 1906, concebeu a assessoria de imprensa, voltada para a produção de conteúdo jornalístico. Os textos eram divulgados gratuitamente na imprensa sem qualquer tipo de pagamento para os veículos de comunicação. “Eram informações corretas, de interesse e importância para o público, sobre as empresas, evitando assim denúncias” (CHAPARRO, 2011, p. 3-4). Ivy Lee representa um marco na formação da assessoria de imprensa, tendo redigido um documento no qual estabeleceu os princípios reguladores da atividade, descritos a seguir: Este não é um serviço de imprensa secreto. Todo nosso trabalho é feito às claras. Pretendemos fazer a divulgação de notícias. Isto não é agenciamento de anúncios, se acharem que o nosso assunto ficaria melhor na seção comercial, não usem. Nosso assunto é exato. Maiores detalhes, sobre qualquer questão, serão dados prontamente. E qualquer diretor de jornal interessado será auxiliado com o maior prazer; na verificação direta de qualquer declaração de fato. Em resumo, nosso plano é divulgar, prontamente, para o bem das empresas e das instituições públicas, com absoluta franqueza, à imprensa e ao público dos Estados Unidos, informações relativas a assuntos de valor e interesse para o público (CHAPARRO, 2011, p. 6).

O primeiro grande trabalho de Ivy Lee foi recuperar a imagem de John Davison Rockefeller, fundador da companhia de petróleo Standard Oil Company. Na época, havia uma enorme hostilidade por parte do público em relação ao empresário e outros grandes industriais americanos. O dono da petrolífera detinha um


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monopólio que foi quebrado em 1911 pela lei antitruste americana. Entre a fundação da companhia, em 1870, e o seu desmantelamento, Rockefeller fez inúmeras aquisições acabando com as pequenas e médias empresas do setor. A forma como conduzia o negócio o tornou um homem impopular e odiado. O trabalho de assessoria de imprensa realizado por Ivy Lee, destacando os pontos positivos, tornou Rockefeller venerado pela opinião pública americana (CHAPARRO, 2011). Em decorrência dos monopólios existentes na época que sufocavam os concorrentes, houve reações cívicas organizadas, principalmente, por trabalhadores. Chaparro (2011) esclarece que esse contexto permitiu um novo tipo de jornalismo que fazia denúncias sobre os desmandos, algo muito mais realista, com expoentes como Thomas Lawson, Ida Tarbell e Upton Sinclair que acusavam os grandes empresários de exploradores. Um grupo de escritores de vanguarda, como Mark Twain, Frank Norris e Jack London criticavam a injustiça e a pobreza, explorando temas relacionados às questões sociais, denunciando uma sociedade hipócrita. Havia ainda os muckrakers que exploravam os escândalos sociais por meio de uma literatura popular, ressaltando a imoralidade dos empresários. Os magnatas utilizavam os serviços de Ivy Lee para evitar as denúncias e os escândalos, adotando uma postura de respeito à opinião pública. Tendo Rockefeller como primeiro cliente, o jornalista passou a assessorar os empresários a construírem uma imagem positiva perante o público. Enfatiza-se que, até a crise de 1929, a atividade de assessoria de imprensa não era compreendida tal como a conhecemos hoje. Era uma ação de Relações Públicas, cujas matérias, de acordo com Chaparro (2011), constituíam-se em interessadas e pagas. Após a referida crise, ocorreu grande demanda social por informações claras e corretas para compreender o contexto.

3.1.1Assessoria de imprensa no Brasil

No Brasil, a assessoria de imprensa é praticada por profissionais experientes ou com formação em jornalismo. Chaparro (2011, p.11) a conceitua “como a gestão do relacionamento e dos fluxos de informação entre fontes de informação e


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imprensa”. Destaca-se que a maioria dos países europeus copiou o modelo norteamericano, inclusive o brasileiro. A atividade alcança projeção durante o governo de Juscelino Kubitschek, pois inúmeras multinacionais investiram no país, havendo uma progressiva expansão. Em 1964, a assessoria de imprensa ganha força nas empresas privadas, contratando jornalistas; quatro anos depois, surgem cursos acadêmicos de Comunicação Social, com foco nas relações públicas, desvinculados da área de Administração. Há a conquista, com isso, de uma regulamentação própria, interagindo com outras áreas, incluindo o jornalismo. Na década de 1980, há uma ruptura entre as áreas de Relações Públicas e Assessoria de Imprensa, “consolidando uma experiência jornalística única no mundo” (CHAPARRO, 2011, p. 17). A Federação Nacional de Jornalistas Profissionais adotou, em 1986, oficialmente, o Manual de Assessoria de Imprensa15, aprovado no II Encontro Nacional de Jornalistas, realizado em Recife, em 1985, e elaborado pelo jornalista Eduardo Cesário Ribeiro, conforme destaca Chaparro (2011). O referido autor reconhece o avanço político-profissional advindo da oficialização do Manual, porém ressalta que havia uma inspiração de cunho corporativista e pouco avançava diante dos princípios anteriormente estabelecidos por Ivy Lee, conforme transcrição da redação vigente: Os profissionais de assessoria de imprensa são, antes de tudo, jornalistas. Eles vieram preencher uma lacuna atendida indevidamente por profissionais de outros setores, entre eles recursos humanos, marketing e promoções. Seu trabalho visa contribuir para o aperfeiçoamento da comunicação entre a instituição, seus funcionários e a opinião pública. Dentro de uma perspectiva social que privilegia essa última, a assessoria de imprensa agiliza e complementa o trabalho do repórter, subsidia-o e lhe oferece alternativas adequadas, garantindo o fluxo de informações para os veículos de comunicação – porta-vozes da opinião pública (CHAPARRO, 2011, p. 11).

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FENAJ. Manual de Assessoria de Comunicação/ Imprensa. 4ª ed. BRASÍLIA: FENAJ Federação Nacional dos Jornalistas, 2007.


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Observa-se que o Brasil criou um modelo próprio de Assessoria de Imprensa, rompendo, na década de 1980, com a área de Relações Públicas, diferentemente de outros países que mantiveram os dois campos unidos.

3.2 ASSESSORIA DE IMPRENSA E GESTÃO DE CRISE

Refletir acerca da gestão de crise na Assessoria de Imprensa sempre se constituiu em um grande desafio. No entender de Mitroff (2000, p. 33 apud FORNI, 2011, p. 387), uma crise é algo negativo que “não pode ser completamente contido dentro das paredes de uma organização”. Forni (2011, p. 387) acrescenta outros conceitos, como o estabelecido pelo Institute for Crisis Management, que permitem maior compreensão do que seja uma crise, a saber: “crise é uma ruptura significante nos negócios que estimula uma extensa cobertura dos meios de comunicação”. Cita também, como indicativo de crise, “qualquer situação que está ameaçando ou pode ameaçar prejudicar pessoas ou propriedades, interromper seriamente o negócio, ameaçar a reputação ou impactar negativamente o valor de mercado” (BERNSTEIN apud FORNI, 2011, p. 387). As crises das empresas podem ser caracterizadas pelos seguintes fatores: o elemento surpresa; a falta de hábito de lidar com a mídia;a carência de informações;a forma como seus impactos se propagam;a incomum curiosidade da mídia;a mobilização da opinião pública e dos governantes; a perda de controle das iniciativas (FORNI, 2011). As adversidades pertencem à dinâmica da vida e das organizações. Podem ocorrer devido a catástrofes naturais e involuntárias ou consequência de erros humanos ou falhas na administração. Forni (2011) salienta que qualquer organização sólida, admirada, moderna ou não, está sujeita a vivenciar um período de crise. O princípio básico da gestão de crise está relacionado à possibilidade de ocorrência do evento provocador da crise. Não importa a intensidade. Existem crises devastadoras, causadas pelo elemento surpresa, que só podem ser superadas mediante altos investimentos em publicidade, ações de assessoria de imprensa e


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compensação de prejuízos. Aquelas de menor intensidade são frutos de boatos, de notícias ou fatos insignificantes em sua dimensão, muitas vezes provocados pela falta de hábito de lidar com a mídia, pela carência de informações, entre outros, mas complicados em seus desdobramentos. Para gerir e modificar a situação, minimizando as consequências, dialogar com a mídia torna-se fundamental. Forni (2011) apresenta os resultados de uma pesquisa realizada pelo Institute for Crisis Management, (2010) EUA, demonstrando que 80% das crises são consequências de erros de gestão ou têm empregados envolvidos. Apenas 20% são originárias de causas diversas. No entanto, 65% das ocorrências poderiam ter sido evitadas, com base em sinais antecedentes. Destacam-se as palavras do autor supracitado para quem não se deve admitir que a surpresa seja um fator determinante na crise: “Se as organizações estivessem atentas a esses sinais, poderiam ter mecanismos de prevenção ou ações que pelo menos amenizaria a crise” (p. 390). Um modelo mínimo de administração de crise conjuga 11 situações diferentes. Estas passam desde ações de origem criminosa (sabotagem, desvios, atentados, entre outras) até as que envolvem risco de vida ou crises regulatórias. Os gestores das instituições necessitam entender as atitudes e os valores de seus públicos a fim de alcançar seus objetivos, os quais também estão vinculados ao ambiente externo. O assessor de imprensa é o mediador junto à gerência, ajudando a interpretar os discursos dos diferentes interlocutores sociais, e cuja linguagem deve organizar os entendimentos e ser isenta de competição, contribuindo para o apaziguamento da crise (FORNI, 2011).

3.3 JORNALISMO E COMUNICAÇÃO DE RISCO

A gestão do risco e sua eficácia estão intimamente relacionadas à participação cada vez maior de todos os agentes envolvidos no processo. Nesse sentido, exige-se muito do assessor de imprensa por ser ele o elemento responsável pelo gerenciamento, pela divulgação e pelo acesso às mídias, seja para investigar,


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seja para monitorar as ameaças, seja para planejar as ações, seja para avaliar os riscos (BRASIL/MIN, 2010). Destaca-se que, no entendimento de Forni (2011), o assessor de imprensa é o mediador junto ao gestor da crise, discordando do entendimento do relatório do Ministério da Integração Nacional – MIN – (BRASIL/MIN, 2010), para quem o profissional de comunicação é o próprio gerente. Os meios de comunicação e os constantes avanços das Tecnologias de Informação e Comunicação possibilitam tanto o registro quanto a divulgação, quase em tempo real, dos diferentes eventos que possam contribuir para a tomada de decisões e de medidas preventivas. Também atuam nos processos de comunicação de risco e aperfeiçoamento, os sistemas de alerta antecipados, essenciais para salvar vidas diante de um desastre natural. O conceito de comunicação de risco do National Research Council dos Estados Unidos (1989) é entendido como: um processo interativo de troca de informações e opiniões entre os indivíduos, grupos e instituições, que frequentemente envolve várias mensagens sobre a natureza do risco ou expressa preocupações e opiniões legais e institucionais sobre a gestão do risco (BRASIL/MIN, 2010, p. 62).

Conforme observado na conceituação acima, a cobertura jornalística de riscos e desastres insere-se, obrigatoriamente, numa proposta ampla de comunicação. A contribuição da mídia no processo de redução de risco de desastres é, comprovadamente, essencial. Igual valor tem a participação da imprensa durante e após a ocorrência de uma tragédia. Por outro lado, considera-se semelhante valor a emissão de alertas, recomendações e repasse de informações. De acordo com o MIN (BRASIL/MIN, 2010, p. 74) os meios de comunicação, “(...) além de informadores e formadores de opinião, devem ser divulgadores de medidas preventivas que acompanham oportunamente e, em forma estratégica, dos processos de atenção e da gestão dos eventos”. O relatório reafirma ainda que a imprensa é uma colaboradora solidária na recuperação e reabilitação da sociedade, integrando-se à gestão de riscos de desastres como instituição social. Segundo o MIN (BRASIL/MIN, 2010), existem medidas preventivas que podem ser adotadas como meios de divulgação dos riscos iminentes, entre elas constam a classificação adequada de um público e do tema de interesse deste; a


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relação de demandas pertinentes a cada público; determinar ações comuns, conforme as demandas; responder às demandas; analisar a eficácia dos resultados; verificar se as informações prestadas ao público foram compreendidas e servem aos objetivos propostos; e, ampliar a divulgação das informações. Para a adoção das medidas preventivas, como as relacionadas no parágrafo anterior, a participação dos jornalistas e dos meios de comunicação nesse processo de esclarecimento e mobilização das pessoas que podem ser atingidas por situações de emergência (riscos e desastres) e da opinião pública, em geral, é condição primordial para o sucesso das ações (BRASIL/MIN, 2010). O assessor de imprensa não é o administrador da crise, conforme já citado. Esta será gerida pelos responsáveis designados por quem tem poder de decisão na entidade, seja pública ou privada. O gerenciamento de crise para melhor alcançar os objetivos precisa essencialmente de uma comunicação transparente, efetiva, e no momento apropriado. A decisão de quando e como comunicar durante e depois de uma crise é uma ação de grande importância para a administração da crise (FORNI, 2011). É possível, então, constatar que o papel do jornalismo em relação à comunicação em período de crise é um dos mecanismos mais prioritários para a divulgação das informações, de modo transparente e confiável visando à conscientização do público alvo e posteriormente sua colaboração, quando necessário.

3.4 CONCEITO DE PREVENÇÃO E O PAPEL DA NOTÍCIA

Geralmente, o termo prevenção refere-se ao ato ou efeito de prevenir. O conceito diz respeito à preparação de algo com antecedência para um determinado fim, ou um conjunto de medidas capaz de prever danos ou de antecipar eventuais riscos de catástrofes ou outros eventos. Risco tem sua origem etimológica no vocábulo árabe “rizq”, que significa “o que depara a providência”. No francês, “risque”, significa “perigo inconveniente mais ou menos previsível” (HOUAISS, 2006,


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v.e.). O termo, conforme visto, está associado à proximidade de possíveis danos e à vulnerabilidade. Nesse sentido, existem alguns aspectos-chave no plano de prevenção de riscos que devem ser entendidos em três dimensões: 1) exigência legal a cumprir; 2) conjunto de normas para os trabalhadores realizarem suas funções nas melhores condições possíveis; 3) estratégia de redução de custos públicos ou privados. As políticas preventivas devem ser organizadas de maneira sistemática para integrar a prevenção em todos os níveis sociais.16 Assim é possível entender que o ato de se antecipar às consequências de uma ação visa à prevenção de seu resultado, corrigindo-o e redirecionando-o por segurança. Para tanto, faz-se necessário um plano de avaliação de risco inicial com um controle externo de caráter objetivo para avaliar a qualidade do sistema de prevenção e garantir sua eficácia. Na análise SWOT (tabela 1) apresentada a seguir, observa-se um registro dos pontos fortes e fracos da situação em que se encontrava a cidade de Petrópolis nos dias que antecederam a tragédia do Vale do Cuiabá. Tabela 1: Análise SWOT do período dezembro 2010 a janeiro 2011. AMBIENTE EXTERNO

AMBIENTE INTERNO

PONTOS FORTES

PONTOS FRACOS

. INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais  previsão meteorológicas;

. Ineficiência da análise do destinatário da informação;

. Instalação de pluviômetros do LNCC;

. Alguns pluviômetros estavam desligados;

. Prenúncio de chuvas fortes na região durante o período;

. Ausência de treinamentos permanentes dos líderes comunitários;

. Existência de planos e estudos sobre as áreas de risco em Petrópolis.

. Nenhuma medida preventiva.

. Mobilização anterior da população em relação às consequências das chuvas;

. Falta de utilização do conhecimento prévio;

. Estrutura organizada para eventos de crise; . Ampla divulgação pelas mídias locais.

. Falta de interpretação adequada das informações recebidas; . Legislação inadequada que permite a ocupação das áreas de risco; . Desconsideração das chuvas simultâneas e suas consequências (nº de mortes) no período; . Esvaziamento econômico da cidade; . Repercussão pública com aspectos negativos para a imagem da cidade.

Fonte: autor

Constatou-se na análise SWOT que havia meios de organizar uma ação preventiva das consequências da tromba d’água, uma vez que está foi largamente 16

Disponível em <https://conceitos.com/prevencao-riscos/> Acesso 23 mar 2018.


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divulgada pela mídia local desde as chuvas de dezembro do ano anterior. Conforme histórico já apresentado neste estudo, as recorrentes chuvas que atingem a região desde o século XIX (que se tem documentado) não serviram para que a estrutura estatal no município adotasse estratégias para a redução de efeitos nocivos à população, ou seja, não estavam devidamente preparados, capacitados para enfrentar as chuvas de verão. No entanto, a mídia vive dando sinais de problemas potenciais que empresas, governos e homens públicos poderão enfrentar. Muitas vezes, estes não dão importância aos sinais enviados pela sociedade até que a crise se instale. Forni (2011) ressalta que 80% das entrevistas de imprensa ocorridas na Casa Branca são decorrentes de manchetes de jornais. Por outro lado, sabe-se que nem todas as crises podem ser previstas. O ponto de partida desse plano pode contar com o auxílio precioso dos meios de comunicação. Notícias e ou reportagens podem servir de fontes de informações. De acordo com Monteiro (2011), a notícia é caracterizada pela divulgação, quase em tempo real, dos acontecimentos atuais, de interesse público, de modo a ser compreendido pela comunidade. Possui como principais atributos atualidade, interesse, importância, facilidade de assimilação, objetividade e clareza. Já a reportagem tem o aspecto interpretativo devido à extensão de seu conteúdo, pois busca maior profundidade sobre determinado assunto por meio de uma sequência investigativa para esgotar o fato anteriormente noticiado. Ressalta-se a existência do sistema de defesa civil nos níveis municipal, estadual e federal, do comitê municipal de ações emergenciais, da coordenadoria de comunicação social, dos órgãos de fiscalização de ocupação do solo, tais como IBAMA, ICMBio, INEA, SMMA e SEMA, entre outros, os quais deveriam dialogar entre si, porém a interlocução entre entes estatais gerenciados por governantes de diferentes espectros políticos dificultam ações práticas e imediatas de atendimento à população por falta de entendimento entre os responsáveis.


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3.5 PLANO DE COMUNICAÇÃO

A elaboração de um plano de comunicação para desastres consiste na estratégia a ser adotada diante das ações que a assessoria de imprensa irá desenvolver. Porém, o plano de comunicação nem sempre depende da assessoria de imprensa de um órgão público ou privado. Ao ser implantado deve levar em consideração as características de cada instituição, integrando todos os setores. O objetivo é reduzir os riscos para a população, antes, durante e depois do desastre, tendo uma equipe responsável pela sua consecução (BRASIL/MIN, 2010).17 Na área do Jornalismo, o processo de comunicação anterior à ocorrência de um desastre é considerado estratégico, pois permite o repasse de informações com foco na minimização dos riscos. O tratamento da informação preventiva poderá proporcionar mensagens que influenciam o comportamento das pessoas. A imprensa, neste período, terá como pauta as questões relativas à prevenção e à preparação da população para os desastres. Para o MIN (BRASIL/MIN, 2010, p. 128), “O principal desafio é criar a consciência e a promoção de uma cultura de prevenção”. Para a construção de uma cultura de prevenção é necessária a discussão do assunto nos diferentes níveis sociais e meios de comunicação, respeitando-se as características de cada um, bem como as vulnerabilidades sociais. Nesse caso, é importante ter atenção e cuidado na elaboração das informações, para que esta chegue ao público de forma apropriada, evitando ampliar a crise e gerar novos fatores de risco (BRASIL/MIN, 2010). Os aspectos importantes da imprensa escrita são diferenciados daqueles do rádio, da televisão, da internet e de outras formas de comunicação para o trabalho a ser realizado na prevenção de desastres. A Imprensa escrita tem a possibilidade de detalhar e aprofundar muito mais o tratamento do tema. A palavra escrita possui vida útil longa e um valor documental permanente; o Rádio é um meio de comunicação de massa que alcança milhares de ouvintes, com características heterogêneas. As mensagens, em geral, podem ser trabalhadas através de entrevistas, comentários, 17

Estudo realizado por LOPES, Daniela da Cunha; OLIVEIRA, Marcos de; MORAES, Áureo Mafra de; BUENO, Wilson da Costa; SOUSA, Soledad Urrutia de; ZENATTI, Ana Paula de Assis, (CEPED, UFSC, 2010) a pedido do Ministério da Integração Nacional.


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crônicas e informes especiais; a Televisão destaca-se pela simultaneidade, instantaneidade e atualidade de informações transmitidas, valorizando a imagem; a Internet possui a capacidade de oferecer a informação organizada, podendo ser, também, de forma simultânea e compartilhada com diversos grupos de interesses (BRASIL/MIN, 2010). Durante o desastre, as instituições responsáveis pelo gerenciamento do evento focam nas ações de resposta à adversidade, ou seja, no socorro, assistência às vítimas e reabilitação de cenários. Uma informação incompleta ou divulgada em um momento impróprio pode provocar pânico desnecessário para a população. Exige-se, portanto, uma análise do conteúdo a ser divulgado, para evitar novos transtornos (BRASIL/MIN, 2010). Quando ocorre a redução dos riscos e a população está em segurança, iniciase o período chamado de pós-desastre e surgem novas problemáticas. Os danos sociais e econômicos podem ter duração de semanas, meses e até anos, conforme suaabrangência. Nesse período, a comunicação terá papel fundamental para a reabilitação dos cenários e a volta à normalidade. As instituições responsáveis pela gestão da crise, assim como a imprensa, precisam estar aptas a interagir entre si. “Entender como a imprensa funciona nos desastres e saber trabalhar com ela é fundamental para o sucesso no repasse das informações para a população, minimizando riscos e facilitando os trabalhos de resposta” (BRASIL/MIN, 2010). Em relação ao despreparo na comunicação das instituições, especialmente durante o desastre, o MIN enfatiza que este “costuma provocar problemas sérios. Contratempos como desinformação, especulação de fatos e falta de credibilidade podem gerar um impacto maior à população e, inclusive, ao próprio desastre”, prejudicando a imagem da empresa ou instituição envolvida (BRASIL/MIN, 2010, p. 134). As ações de comunicação da assessoria de imprensa podem ser divididas em fases, previamente definidas, de modo organizado visando à eficácia das medidas adotadas durante a crise e potencializando o trabalho a ser desenvolvido. Esse processo chama-se plano de comunicação de riscos, sendo de responsabilidade do setor de comunicação social, e deverá incorporar-se aos programas de


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planejamento da instituição e às estruturas de comunicação das localidades que serão abrangidas; focar-se na população local; evitar desinformações; gerar conhecimento por intermédio de informes e atividades para as comunidades com o intuito de prevenir e orientar sobre os riscos e as ameaças reduzindo as vulnerabilidades (BRASIL/MIN, 2010). Na gestão dos riscos de um desastre, apesar de todos os mecanismos e esforços propostos para reduzir os danos, por parte das instituições responsáveis, não há como evitar a ocorrência. Ainda que se saiba da impossibilidade de impedir o evento, é necessário fazer investimentos em recursos humanos, recursos materiais, capacitação e treinamento para o desenvolvimento de estudos e planos. Os resultados a serem alcançados podem ampliar a capacidade de prevenir, monitorar e intervir de forma rápida e eficiente em desastres. Quanto mais apta a equipe estiver, serão cada vez menores os problemas enfrentados nos elos da cadeia de comando e controle, decorrente das diferentes instituições que possuem responsabilidades no enfrentamento de um desastre. Através da integração dos diferentes atores sociais na elaboração e execução do plano de comunicação há a possibilidade de promover uma linguagem única, estabelecendo os objetivos, procedimentos e canais de comando e comunicação comuns às organizações (BRASIL/MIN, 2010, p. 134). Isso possibilita estruturar a coordenação em seus diferentes níveis de autoridade, estabelecer uma comunicação adequada com os elementos internos e externos às operações, adequar os fluxos de informações, ampliar o controle sobre os recursos, utilizar de forma adequada os instrumentos especializados, melhorar o relacionamento com a imprensa e, o mais importante, reduzir efetivamente danos e prejuízos para pessoas, bens e meio ambiente (BRASIL/MIN, 2010). Um aspecto relevante para a redução destes problemas é a adoção de um sistema de comando para o gerenciamento do desastre previamente definido, conhecido e treinado pelas pessoas e organizações envolvidas, que seja aplicável a vários tipos de emergências e que seja capaz de ordenar o fluxo de comando e controle de informações, decisões e uso dos recursos (BRASIL/MIN, 2010, p. 146).

Um Mailing List atualizado com os contatos dos jornalistas e veículos de comunicação é imprescindível para divulgar ações de prevenção e preparação. O


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assessor de imprensa deve promover a criação de notícias auxiliando na redução dos riscos de desastres. As pautas devem sugerir mensagens de alerta para prevenir e preparar os moradores diante de possíveis emergências. A assessoria de imprensa e os técnicos devem também discutir se as informações a serem repassadas para a comunidade são pertinentes e oportunas. Devem-se observar as restrições relacionadas a determinadas informações pré-estabelecidas, pois nem tudo é conveniente ser divulgado. Entre as ferramentas de comunicação para divulgar os informes há sites institucionais, mídias sociais, informativos e palestras (BRASIL/MIN, 2010). Durante o planejamento e preparação das estratégias de comunicação é importante prever quais serão as demandas e as necessidades da imprensa. Há que ser definido um porta-voz, o qual deverá estar capacitado sobre as ações a serem tomadas, atendendo a imprensa em qualquer circunstância e horário. Para prepararse para um desastre a equipe de trabalho deve estar previamente definida, incluindo um organograma identificando as tarefas e o cronograma com os horários de atuação de cada um dos participantes. Assim como prever os canais de comunicação com a imprensa para que os jornalistas não tenham que procurar outras fontes às quais podem não estar qualificadas para o assunto, gerando informações desconexas. É conveniente definir um espaço físico para a imprensa, com uma estrutura mínima para o repasse de informações (ROSA, 2013). De acordo com o relatório do MIN (2010), identificar os assessores de imprensa de outras instituições responsáveis por fornecer respostas sobre os desastres para os jornalistas é tão importante quanto à própria montagem da equipe. Nesse contexto, a definição de ações estratégicas conjuntas para informar da melhor maneira possível ajudará a alcançar bons resultados diante do público. Na resposta ao desastre, todas as atividades são de competência do responsável pelo comando da operação, incluindo seus colaboradores mais próximos. Um desses profissionais deve ser um assessor de imprensa que irá coordenar as informações ao público, respondendo pela formulação e divulgação das atividades relacionadas ao desastre, com o socorro, assistência e a recuperação das áreas atingidas para a mídia. No desenvolvimento do plano de comunicações, é necessário especificar um organograma determinando as responsabilidades e os níveis de interação entre os


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responsáveis

pela

sua

consecução.

Portanto,

haverá

diversas

redes

de

comunicação, caracterizadas pelas diferentes necessidades em razão dos eventos a serem superados. A assessoria de imprensa será responsável por um setor específico, e reunirá informações além das relacionadas a um determinado desastre. A coleta de informações como dados meteorológicos, características geográficas, informações populacionais, dados socioeconômicos e culturais, explicações sobre fenômenos naturais específicos, após analisada pode favorecer uma administração eficiente e eficaz (BRASIL/MIN, 2010). Há diferenças entre o plano de comunicação específico para o Comando de Operações que integra os responsáveis pela resposta ao desastre e o plano de comunicação das instituições responsáveis pela gestão da crise durante o desastre, o qual trata desde a prevenção até depois do desastre. Em certos casos, quem faz a gestão das informações poderá obter com os técnicos dados sobre o desastre tanto com suas equipes, como também por meio das autoridades de defesa civil, de segurança pública, de saúde, de meio ambiente e outras. Há a recomendação que sejam emitidos boletins diários sobre as respostas e ações dadas a situação de emergência, o impacto e as necessidades da população (BRASIL/MIN, 2010). Em uma emergência ou desastre, a informação é algo que todos buscam e necessitam para poder tomar decisões, e, sobretudo, para oferecer uma resposta oportuna, ágil e adequada às pessoas afetadas por um desastre. Talvez o maior desafio durante as primeiras horas após um desastre seja garantir que a informação que circula seja clara e reflita as necessidades prioritárias das populações afetadas (BRASIL/MIN, 2010, p. 148).

Em geral, os planos de comunicações contêm diversas redes dentro de vários níveis que incluem: rede de comando; rede tática; rede administrativa; e, rede logística. As informações e inteligência gerenciadas de forma integrada nas respostas aos desastres diminuem os problemas e geram sinergia (BRASIL/MIN, 2010). A complexidade de um plano de comunicação, por envolver várias instituições que precisam atender às necessidades do público em meio a um desastre, demonstra a magnitude e a importância do seu desenvolvimento. Mais caro e mais complicado para uma instituição é não adotar medidas preventivas que auxiliem o gestor, em meio a uma calamidade pública, dispor de condições mínimas para


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realizar o seu trabalho. A preparação para o desastre, mesmo que este não seja como o previsto, contribui para o enfrentamento da situação de forma mais organizada e eficaz (BRASIL/MIN, 2010, p. 134).

3.6 O CONCEITO DE IMAGEM

Para desenvolver uma reflexão acerca do conceito de imagem faz-se necessário esclarecer alguns conceitos. O primeiro diz respeito ao conceito de cidade: 1) agrupamento de pessoas, localizado em área geográfica circunscrita e com casas, próximas entre si, destinadas à moradia e/ou a atividades culturais, mercantis, industriais, financeiras e a outras não relacionadas com a exploração direta do solo; 2) a população de determinado local; 3) o governo e a administração de uma região específica; 4) cada parte distinta de uma organização urbana; 5) o núcleo original e/ou principal de uma cidade, onde se concentram as mais importantes atividades administrativas, comerciais, financeiras etc.; 6) centro; e, 7) a vida urbana (HOUAISS, 2006). Essa conceituação sobre cidade é importante por auxiliar na compreensão do significado de organização, pois segundo Brandão (2011, 169-70), “a comunicação organizacional é um conceito que abrange as estratégias e o conjunto de ações, atividades e produtos destinados à divulgação e relacionamento de uma instituição com a sociedade e seus diversos públicos”. Inserido nesse contexto, a imagem engloba a construção de um conceito por parte dos públicos a respeito de uma organização, tal como uma cidade, dentro de um processo no qual influencia as percepções, os valores, sensações e julgamentos desse público. Os cuidados com a construção da imagem estão relacionados à sua identidade e determinam a reputação de uma organização. Bueno (2009, p. 199) avalia que “uma organização não tem apenas uma imagem, mas imagens, em função das leituras que distintos públicos de interesse fazem dela e formadas pelo contato direto ou indireto com ela”.


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Nas palavras de Rabaça e Barbosa (2002, p. 377), a imagem “pode ser avaliada mediante técnicas de pesquisa e eventualmente modificada ou reforçada por técnicas e campanhas de relações públicas, de marketing e de propaganda.” Nesse sentido, Brandão (2011) destaca que “os estudos e pesquisas têm demonstrado que atividades de comunicação e de marketing mantêm uma relação de interdependência”. Ressalta-se ainda que a responsável pela construção da imagem, para Brandão e Carvalho (2010, p. 172) “é a comunicação, seja com as ações dirigidas ao público interno, seja com a divulgação para a opinião pública, seja com a construção de relações frutíferas com os públicos estratégicos.” A criação de uma imagem positiva depende do modo como a organização desenvolve sua identidade, no caso de Petrópolis, para exemplificar, a cidade trabalha a imagem de cidade imperial. Torquato do Rego (1986, p. 100) sinaliza a distinção entre imagem e identidade: Identidade é formada por valores, princípios, conceitos, sistemas e até pode envolver questões de natureza técnica. Trata-se de agregar situações que darão à empresa uma personalidade. A imagem é o que passa para a opinião pública. A imagem é a sombra da identidade. Quando a identidade não é fixada de maneira adequada, a sombra é muito tênue. Identidade forte ajuda a passar uma imagem de fortaleza. O momento aconselha ao estabelecimento de metas, valores, objetivos clarificados, que darão transparência e vigor à imagem.

A imagem de uma organização deve ser melhorada por meio de estratégias de criação ou modificação da identidade, isto é, ações de planejamento, que é, segundo Argenti (2009, p. 86) “a única parte da reputação de uma empresa que pode ser completamente controlada pela gerência”. Os resultados positivos de um bom trabalho gerencial são destacados por Argenti (2009, p. 121), Qualquer que seja a estratégia, uma organização com uma identidade corporativa clara, que represente sua realidade subjacente e esteja alinhada com as imagens partilhadas por todos os seus públicos será beneficiada com uma sólida reputação. Uma reputação bem estabelecida, por sua vez, converte-se em orgulho e compromisso entre os funcionários, consumidores e o público em geral.


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A avaliação da imagem da cidade no período pós-tragédia fica muito representada pela evasão dos turistas e cancelamento das reservas na rede hoteleira, impactando negativamente a economia local, um dos assuntos abordados no próximo capítulo.


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4 O PAPEL DA MÍDIA LOCAL NA DIVULGAÇÃO DA TRAGÉDIA

Há dois jornais em Petrópolis que circulam todos os dias da semana, exceção às segundas-feiras. Ao se fazer uma análise minuciosa da Tribuna de Petrópolis e do Diário de Petrópolis, com reportagens muito similares entre si, optou-se por utilizar as matérias publicadas na Tribuna de Petrópolis por haver mais dados bibliográficos sobre a história do jornal. Além disso, há um editorial da primeira página do veículo, “A má informação agrava a tragédia”, objeto de matéria no programa de TV “Observatório da Imprensa”, apresentado pelo jornalista Alberto Dines, autor da introdução do livro utilizado neste estudo, “Assessoria de Imprensa e Relacionamento com a Mídia”, organizado por Jorge Duarte (2011). O presente capítulo analisa, portanto, os pontos negativos, encontrados em 553 manchetes durante o período de janeiro de 2011 (anexo 1). Entre estes, há 289 matérias com aspectos prioritariamente negativas, 151 matérias com aspectos positivos e 113 consideradas neutras. A opção por enfatizar as informações consideradas negativas deve-se ao fato de o problema do trabalho se tratar da verificação da imagem da cidade, ou da prefeitura. Outra justificativa para o enfoque escolhido é o conceito de crise que norteia este estudo, a saber: no entender de Forni (2011, p. 387) crise é algo negativo que “não pode ser completamente contido dentro das paredes de uma organização”. E o referido autor complemente dizendo que “crise é uma ruptura significante dos negócios que estimula uma extensa cobertura dos meios de comunicação”. Há, também, o depoimento do prefeito de Petrópolis, à época, Paulo Mustrangi, falando sobre o sistema de alerta, alvo de grande polêmica. Outro ponto de destaque é o relatório do Conselho Federal de Psicologia (CFP) descrevendo como foi o atendimento dado aos desabrigados após as chuvas. Sendo que no dia 28 de janeiro havia uma reportagem citando a necessidade de dar apoio psicológico aos desabrigados.


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4.1 SINTESE DAS NOTÍCIAS – TRIBUNA DE PETRÓPOLIS – PERÍODO DE JANEIRO DE 2011

Antes de realizar a sistematização e análise dos dados da pesquisa, cabe apresentar brevemente o veículo analisado. A Tribuna de Petrópolis, fundada em 1902, é um jornal de circulação dentro do município. Para Costa (2011), a existência centenária do veículo de comunicação é parte do esforço da diretoria da Tribuna para superar as crises financeiras. A história do jornal está dividida em três fases bem distintas: 1) a fundação no início do século XX, após a perda da capital do Estado para Niterói, reorganizando os grupos políticos locais; 2) entre 1950 e 1970, momento que o jornal em crise tem sua falência decretada; 3) no final do século XX, sob a direção dos herdeiros da Família Imperial Brasileira. O jornal é uma empresa que faz parte de um conglomerado de comunicação entre outras empresas. Em 2008 e 2011 a fábrica de cerveja, pertencente ao dono do jornal, sofreu sérias avarias no Vale do Cuiabá, contabilizando no último desastre mais de R$ 1,5 milhão em prejuízos. A própria Tribuna de Petrópolis foi referência para o programa Observatório da Imprensa, apresentado pelo jornalista Alberto Dines, na ocasião da tragédia que se configura objeto de caso deste estudo. O programa salientou que, uma semana após o temporal, o jornal publicou um editorial na primeira página criticando a grande imprensa: A má informação agrava a tragédia. Nesse editorial, há uma crítica à cobertura da mídia nacional sobre a cidade que, segundo a Tribuna, não teria sido correta, prejudicando o turismo e o comércio local, setores vitais para a recuperação da cidade. Sobre o ocorrido Dines18 expõe que: (...) Assim que os grandes meios de comunicação perceberam o estrago causado pela chuva na serra, invadiram os municípios de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo. Com uma infraestrutura bem menor, os jornais, TVs e rádios locais tiveram que se virar para enfrentar a concorrência e também garantir o acesso a informação. (...) A tragédia da região serrana do Rio de Janeiro nos mostrou que o sistema midiático é essencialmente pluralista, holista. A sociedade precisa tanto da agilidade e da emoção dos pequenos veículos, capazes de antecipar e prevenir, como precisa das grandes empresas, capazes de repercutir e movimentar a esfera federal. Esta

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DINES, Alberto. Programa Observatório da Imprensa (2011). Youtube. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=JKUYlS64aAA> Acesso 14 abr 2018.


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tragédia pode, se quisermos, nos levar (sic) a uma revalorização da brava pequena imprensa.

Essa informação ilustra editorialmente a realidade da Tribuna de Petrópolis que, evidentemente, tem um posicionamento diferenciado do mainstream. Após a contextualização desse ponto, pode-se entrar na análise dos dados.

4.2 ANÁLISE

Integram o corpus desta pesquisa as 553 notícias publicadas sobre a chuva do Vale do Cuiabá, na Tribuna de Petrópolis, no mês de janeiro de 2011. Categorizaram-se as notícias em neutras, positivas e negativas, de acordo com uma análise qualitativa do conteúdo, sempre levando em consideração a forma como a imagem da cidade foi trabalhada discursivamente. Desse total, 113 foram consideradas neutras, por não terem responsabilizado a prefeitura e tampouco elogiado sua ação. Os aspectos entendidos como neutros foram percebidos como ações de dimensões políticas praticadas como forma de demonstrar apoio moral à população atingida e não como ações efetivas para colaborar ativamente com as demandas dos desabrigados. Foi considerado um total de 151 notícias com um teor positivo na construção da imagem da cidade. Esses pontos contabilizam a mobilização e a solidariedade para atender aos necessitados por parte de órgãos públicos, entidades privadas e indivíduos; a liberação de recursos públicos para as operações de atendimento a população atingida e a reconstrução e de parte da infraestrutura danificada; a liberação de financiamentos de entes públicos para os atingidos; a isenção ou extensão do prazo para a cobrança de impostos e a liberação do FGTS e outros benefícios para os desabrigados; a promessa de construção de imóveis para as vitimas com metas quantitativas, mas sem datas definidas; a divulgação de postos de coleta de donativos; o atendimento aos animais domésticos por grupos de voluntários; a ação conjunta de resgate dos governos federal, estadual e municipal, por meio dos órgãos públicos de segurança, como a Defesa Civil e dos militares, em especial o Exército e a FAB; a liberação de dinheiro para pagar o aluguel social, apesar da especulação imobiliária decorrente de um valor básico; a atividade


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participação de celebridades do meio artístico e esportivo no pedido de apoio às vítimas; a ação de indivíduos que se sagraram como heróis no salvamento de vidas; a abertura de postos de trabalho remunerado com a comunidade local para recuperação em mutirão das áreas atingidas; a reafirmação da cultura local e da fé, através das missas e orações; a tentativa de minimizar o desconforto, montando centrais de telefonia fixas e móveis para as pessoas poderem conversar com parentes distantes; a criação de associações para reivindicar direitos; a agilidade na expedição de documentos no local; a mobilização do poder público e dos empresários na tentativa de reverter a imagem negativa gerada. Mesmo esses aspectos positivos que foram elencados significam uma compensação de prejuízos (FORNI, 2011). Das 553 notícias, 289 foram negativas, ou seja, 52,2% do total das publicações. Os temas abordaram primordialmente as ocupações irregulares; a falta de alinhamento da legislação com a situação vigente no município; as falhas do sistema de alerta; os números de mortos; a morosidade no atendimento às vítimas; os prejuízos causados à economia local; e situações que agravaram ainda mais a crise, como a falta de dados públicos sobre as populações atingidas, a falta de orientação às vítimas e discordância de entes governamentais sobre os números e nomes de vítimas atingidas. Ressalta-se que tanto os grandes meios de comunicação ao invadirem a cidade, conforme

abordado por Alberto Dines, quanto à imprensa local

demonstraram as falhas que o plano de comunicação poderia ter sanado, caso a Prefeitura o tivesse colocado em prática. A existência de um plano de comunicação é fundamental para as ocasiões de crise e fica sob a responsabilidade da assessoria de imprensa o gerenciamento, a divulgação, o acesso às mídias e ações de investigação, monitoramento, planejamento e avaliação dos riscos (BRASIL/MIN, 2010). As reportagens ainda demonstraram a falta de articulação entre os diferentes órgãos públicos e expuseram situações que se transformaram em casos de polícia na cidade, como o desvio de donativos e de recursos. Há de ser ressaltado que, após o tempo pretendido de análise do presente trabalho, os inquéritos abertos pelo Ministério Público, em Petrópolis, levaram a prisão diretores de entidades de ajuda


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voluntária de assistência às vítimas com repercussão em jornais internacionais, entre os quais, o Le Monde, na França19. Nas cidades vizinhas de Teresópolis e Nova Friburgo houve a cassação por desvio de dinheiro público dos mandatos dos prefeitos20. Analisando as manchetes e seus respectivos conteúdos, chegou-se a uma categorização de 8 temáticas negativas, conforme a análise de conteúdos proposta por Bardin (1994), a saber: 1) má informação; 2) sistema de alerta; 3) mortos; 4) atendimento à tragédia; 5) ocupações irregulares; 6) legislação; 7) agravantes; e, 8) economia. A primeira categoria sinalizou que a informação mal divulgada pelos órgãos competentes ou a desinformação feriu os princípios básicos tanto do papel da assessoria de imprensa quanto da função de gestão de crise. Além disso, após a tragédia constatou-se que alguns setores do poder público municipal ficaram discutindo acerca da responsabilidade da divulgação, da interpretação e do atendimento

imediato

aos atingidos pela

tragédia. Essa transferência

de

responsabilidades ocorreu também entre a grande mídia, conforme foi declarado pela coordenadora de comunicação, à época, e transcrito no capítulo anterior, deste estudo. Observou-se nessa categoria, que a cobertura da tragédia foi, de algum modo, vítima da desinformação. De acordo com MIN (2010), o processo interativo entre os entes envolvidos não deve ser incompleto, ao contrário, deve ser claro e objetivo para não ampliar os prejuízos advindos da crise, conforme ocorreu no evento em estudo, prejudicando mais ainda a visão da extensão da tragédia. Mesmo notícias ou fatos insignificantes alcançam grandes proporções pela carência de informações (FORNI, 2011). Nesse sentido, o MIN (2010) afirma que o despreparo da comunicação entre as instituições responsáveis pelo gerenciamento do desastre agrava os problemas. Desinformação, especulação dos fatos, falta de credibilidade prejudicam a imagem de qualquer órgão, gerando impacto negativo junto à população. 19

Disponível em <http://www.lemonde.fr/ameriques/article/2014/07/26/des-millions-d-euros-de-dons-ala-croix-rouge-detournes-au-bresil_4463178_3222.html?xtmc=petropolis&xtcr=4> Acesso 14 abr 2018. 20 Disponível em <http://videos.band.uol.com.br/13160141/prefeito-de-teresopolis-e-cassado-pordesvio-de-verbas.html> Acesso 14 abr 18.


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Apresentam-se as manchetes referentes a essa categoria, a título de comprovação (anexo 1): Categoria 1: MÁ INFORMAÇÃO 1. A má informação agrava a tragédia. (p. 71). 2. Pontos turísticos vazios: propaganda negativa causa grande prejuízo. (p. 71). 3. Notícias de temporal no Vale do Cuiabá afastam turistas até do centro histórico. (p. 71). 4. Sem dados para medir a extensão da tragédia. (p. 72). 5. Balanço sem dados sobre moradores. (p. 72). 6. Até nomes errados são incluídos nas relações. (p. 72). 7. Desencontro de dados sobre os desaparecidos. (p. 72).

Ao observar detalhadamente a segunda categoria foram encontradas algumas contradições. A primeira manchete destaca a “previsão de mais um temporal” para a região, após a ocorrência de vítimas fatais em temporal anterior, já comentado no histórico das chuvas (capítulo 2), detecção de tempestade por meio do radar, previsão de chuva pelo Inmet, INPE, num total de oito (8) notícias (1,4,5,6,9,11,12,14,19,20). Por outro lado, há cinco (5) manchetes afirmando a ausência ou insuficiência de alerta sobre a enxurrada (2,3,7,8,11). No entanto, há outras seis (6) comentando a desativação dos serviços de previsão meteorológicos, desde as estações até mesmo a desconsideração do conhecimento profissional dos meteorologistas (8,10,13,16,18,19). Ressalta-se que, o atendimento ao alerta de chuvas fortes ou moderadas, fora descartado pelo coordenador da Defesa Civil (17), conforme manchetes em destaque: Categoria 2: SISTEMA DE ALERTA 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16.

Previsão de mais temporal deixa Defesa Civil em alerta. (p. 68). Petrópolis não recebeu o alerta. (p. 69). Petrópolis não recebeu alerta sobre a enxurrada. (p. 69). Radar instalado no Rio detectou uma tempestade. (p. 69). Previsão do Inmet é de mais chuva até terça. (p. 69). Região terá mais chuva até está terça-feira. (p. 70). Mustrangi diz que município não foi avisado sobre temporal. (p. 70). Mustrangi admite falha em sistema de alerta. (p. 70). Meteorologista alerta para risco de mais temporal. (p. 71). Estações meteorológicas desativadas poderiam ter alertado sobre o perigo. (p. 68). Alerta emitido sobre o temporal foi insuficiente. (p. 72). Inpe previu temporal. (p. 72). A vergonha dos sistemas de alerta. (p. 72). Institutos de meteorologia alertaram sobre risco de temporal na região. (p. 72). Alarme para avisar sobre ameaças. (p. 72). MPF investiga porque estações foram desativadas. (p. 72).


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17. “Aviso de chuva forte ou moderada será descartado”, avisa coordenador da DC. (p. 72). 18. MPF quer saber quem é o responsável pela desativação de 19 estações meteorológicas. (p. 72). 19. Meteorologistas destacam a importância da profissão: tragédias poderiam ser evitadas. (p. 73). 20. Estações: MP recebe documentos do LNCC. (p. 73).

Em entrevista à Tribuna de Petrópolis, o prefeito Paulo Mustrangi reconheceu as falhas no sistema de alerta e declarou que não há um mecanismo de alerta eficiente e rápido para evacuar moradores em áreas de risco e nem aviso da intensidade da chuva. “Não havia nenhum aviso de que o município poderia ter um índice pluviométrico tão alto. Não temos também um mecanismo para alertar imediatamente os moradores sobre uma situação como essa” (TRIBUNA DE PETRÓPOLIS, 18/01/11). Realizando a contabilidade das vidas ceifadas pela tragédia, definiu-se a terceira categoria: a dos mortos. A contagem inicial foi de 3 crianças, na primeira chuva de janeiro; a segunda chuva, inicialmente, contou mais de 40; na semana seguinte, havia mais três mortos. Em Petrópolis, foram 76 mortes, além dos desaparecidos e dos desabrigados. Na região serrana, contabilizou-se mais de 912 mortes, dados oficiais questionados por entidades defensoras dos direitos humanos (CENAD, 2012). Categoria 3: MORTOS 1. Tragédia em Araras: barreira destrói casas e mata três crianças. (p. 68). 2. Chuva arrasa Região Serrana. Número de mortos pode passar de 40 em Petrópolis. (p. 68). 3. A maior tragédia no estado. (p. 69). 4. Chuva provoca novo deslizamento com três mortes. (p. 70). 5. Chuva provoca novo deslizamento e mata mais três pessoas no Brejal. (p. 70).

Relembrando a fala do prefeito à época, destaca-se que a cidade não possuía medidas de atenção e remoção de moradores em áreas de risco caso haja novos alertas de chuva forte (MUSTRANGI, 2011). O sistema de alerta existente é composto por sirenes, localizadas nessas áreas para deixar a comunidade em alerta. Muitas vezes, esse aviso não é levado em conta pelos moradores, uma vez que não é bem definido para onde devem ir e buscar abrigo. Nesse sentido,


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ressalta-se a necessidade de um plano de comunicação, bem como a precisão de medidas estratégicas para deslocamento de população em situações de crise, como alerta de chuva forte e risco de deslizamentos, de modo a evitar mortes. Antes de analisar a categoria 4 de atendimento à tragédia, destaca-se a grande comoção popular que resultou em doações de todos os gêneros vindas de diferentes lugares do país. O poder público cadastrou famílias e as alojou em abrigos. O Conselho Federal de Psicologia – CFP (2011), em estudo realizado sobre o atendimento às vítimas de tragédias no Brasil, constatou o profundo abandono a que foram submetidos os sobreviventes do Vale do Cuiabá, por meio de visita técnica, acompanhamento (in loco) e entrevistas (VALENCIO; SIENA; MARCHESINI, 2011). Além disso, o relatório citado afirma que o poder público municipal de Petrópolis preocupava-se com o cálculo racional do número de desabrigados e estimulou a saída do abrigo em que se encontravam (na Igreja do Divino), usando como argumento para convencimento da população abrigada, a possibilidade de poder guardar o valor do aluguel social ao mudarem para o Centro de Treinamento dos Correios, “no qual o ente público municipal pudesse exercer mecanismos de dissolução do grupo de desabrigados pautados na desassistência social gradual” (p.82). Entre os mecanismos de dissolução utilizados constam: “a entrada controlada de pessoas e de doações no abrigo; o oferecimento de refeições mal preparadas para os padrões das famílias; banheiros sem cuidados e a ameaça de corte do recebimento de aluguel social, caso continuassem no abrigo” (VALENCIO; SIENA; MARCHESINI, 2011, p. 82). O corte do aluguel social foi o argumento utilizado para o grupo de afetados desocuparem o Centro de Treinamento dos Correios (IBIDEM). A responsabilidade do ente público com as populações desabrigadas se restringiu ao oferecimento de aluguel social. A progressiva particularização da assistência jogou a responsabilidade de atendimento às suas necessidades sobre o próprio

indivíduo

desabrigado

(YAZBEK,

1996

apud

VALENCIO;

SIENA;

MARCHESINI, 2011, p.11). A partir de então, funcionou a seguinte lógica: “qualquer atenção deve ser reduzida ao mínimo para não desestimular o indivíduo a trabalhar” (IDEM, p. 11).


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O processo sociopolítico de abandono foi redesenhado quando a redefinição dos direitos constitucionais (direito ao abrigo, em condições dignas) subverteu-se como carência negociável, dissolvendo o drama humano (VALENCIO; SIENA; MARCHESINI, 2011). Amparados e apoiados nas primeiras horas de seu infortúnio, os desabrigados vêem seus direitos de reabilitação e recuperação serem deslegitimados com o passar do tempo, a cada demonstração de desapreço, de descaso, de falsas ilusões, na ausência de uma memória vívida da sociedade em torno daquele drama (IDEM, p. 83).

De acordo com o documento do CFP (VALENCIO; SIENA; MARCHESINI, 2011, p. 83), “há em curso, no município, um processo de negação/ocultação do desastre que, além de dissolver o grupo de afetados, reconstitui a paisagem e nega as possíveis novas áreas de risco que se formaram”. O processo de ocultação em curso diluiu as responsabilidades entre os atores da cena, ofuscando a visibilidade destes. Em junho de 2011, o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) ainda não havia definido quais áreas poderiam ser novamente ocupadas e quais deveriam ser interditadas, empurrando várias famílias de volta para suas antigas casas. Os princípios recomendados em um plano de gestão de crise sugerem que após o evento, quando a população já está em segurança, período denominado pósdesastre, a comunicação entre os entes responsáveis é de primordial importância para a volta à vida normal (BRASIL/MIN, 2010). Ressalta-se que, mesmo antes da chuva, o trabalho de rotina da defesa Civil era moroso e não atendia às solicitações das pessoas, conforme consta nas manchetes em estudo. Categoria 4: ATENDIMENTO À TRAGÉDIA 1. 2. 3. 4.

Castrioto: morador pede presença da Defesa Civil. (p. 68). Morador pede ajuda para retirar lama de sua casa. (p. 68). Duas semanas a espera de uma vistoria. (p. 68). Casas construídas em área de risco são demolidas no Distrito de Araras. (p. 68). 5. Depois de mais de 24 horas, o resgate. (p. 69). 6. População reclama de problemas com a Ampla. (p. 69). 7. Faltam vagas nos cemitérios. (p. 69). 8. Voluntários encontram vila soterrada. (p. 69). 9. Centro de Treinamento dos Correios pronto para receber os desabrigados. (p. 72). 10. MP recebeu documentos do LNCC sobre estações. (p. 73).


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11. Psicanalista diz que vítimas da chuva precisam atendimento psicológico. (p. 73). 12. Escassez de recursos para a Defesa Civil. (p. 73).

de

Uma técnica que deve ser utilizada nessas situações de desastres é o mapa de risco. Esse instrumento é uma metodologia capaz de oferecer conhecimento sobre as áreas de risco de um determinado local. Com isso, as secretarias responsáveis pelos planos estratégicos e urbanísticos do município terão condições de avaliar e planejar o uso do solo e de remoção das ocupações em áreas de risco previamente mapeadas (SCHÄFFER et al., 2011). O Ministério do Meio Ambiente utilizou imagens históricas do Google Earth referentes à região do Vale do Cuiabá antes e depois da tragédia (figuras 2 e 3), demonstrando as faixas marginais de proteção do rio Santo Antônio e as ocupações irregulares, algumas dentro do seu próprio leito, pois não respeitaram a distância de 30 metros. Ressalta-se que no município de Petrópolis a Lei Orgânica, no art. 64, § 5º, estabelece como área não edificável o limite de onze metros de cada margem do rio.

Figura 2: Vale do Cuiabá em Petrópolis. Neste trecho, podem ser observadas diversas construções junto ao encontro de dois rios e nas suas margens. (Google Earth, 2009). Fonte:http://www.mma.gov.br/estruturas/202/_publicacao/202_publicacao010820111120 29.pdf


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Figura 3: Vale do Cuiabá em Petrópolis, mesma área da figura 2. Observa-se que a área mais severamente afetada abrange a faixa de APP de 30 metros em cada lado da margem dos cursos d’água, área delimitada por linha pontilhada amarela. (Foto aérea 26.01.2011). Fonte:http://www.mma.gov.br/estruturas/202/_publicacao/202_publicacao010820111120 29.pdf

No que diz respeito ao atendimento à população, Martinez-Alier (2007 apud VALENCIO; SIENA; MARCHESINI, 2011, p. 85) ressalta que “nos conflitos socioecológicos, diversos atores esgrimem diferentes discursos de valoração. Comprovamos (...) que todos esses discursos são linguagens socialmente válidas”. É preciso, contudo, observar quais são os discursos mais valorados, para quais interesses e valores sociais têm se sobressaído aos demais na feitura do mapa de risco. Em 2011, a Prefeitura de Petrópolis destinou R$ 76 mil para o sistema de atendimento à emergência e desastres dentro do orçamento. Para prevenção e preparação para redução dos efeitos dos desastres foram disponibilizados R$ 32 mil. O Instituto Civis analisou que em 10 anos o orçamento da Fundação de Cultura e Turismo foi de R$ 59 milhões. Enquanto isso, a verba da Secretaria de Meio Ambiente no mesmo período foi de R$ 1,9 milhão (TRIBUNA DE PETRÓPOLIS, 28/01/11). Essa constatação demonstra o critério de valoração utilizado pelos governantes na disponibilização de verbas orçamentárias, discriminando suas prioridades. Com tão poucos recursos, ainda que haja um plano de comunicação para gerir a crise, cabe lembrar que o assessor de imprensa é um gerente, não é o administrador, papel que é de competência dos governantes e estes disponibilizam os recursos (BRASIL/MIN, 2010).


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Porém, no caso da feitura do mapa de risco no Vale do Cuiabá, a suspeita que paira sobre os desabrigados é que tal mapa não é divulgado pelo INEA porque nele devem constar áreas de localização de casas com padrão construtivo de razoável a elevado, já reformadas após o incidente (VALENCIO; SIENA; MARCHESINI, 2011). A indefinição em relação ao mapeamento das áreas atingidas na catástrofe também paira sobre os projetos de reconstrução das moradias definitivas para os desabrigados. Não há um projeto de reconstrução, nem áreas definidas para determinado fim. Há, sim, diferentes falas que orbitam entre as responsabilidades do Estado e os compromissos assumidos por entes privados do Vale do Cuiabá na época da tragédia (VALENCIO; SIENA; MARCHESINI, 2011, p. 86).

O relatório supracitado referente ao abandono dos desabrigados da tragédia auxilia a compreensão das manchetes selecionadas na quinta categoria temática. As ocupações irregulares não começaram ontem, são recorrentes desde a tragédia de 1966, comentada no histórico, e os planos de remoção e habitação fora das áreas de risco são sucessivamente abandonados. Enfatiza-se que os imóveis construídos pela prefeitura não seguiram um plano de ocupação com avaliação de risco na área em que foram edificados. Também não há uma fiscalização rotineira permanente com finalidade de evitar as ocupações irregulares, sejam elas em áreas de risco ou não. Assim, constata-se que não apenas o Vale do Cuiabá possui habitações em áreas comprometidas, mas toda a cidade de Petrópolis. Categoria 5: OCUPAÇÕES IRREGULARES 1. Ocupação de encostas começou há 40 anos e ameaça pelo menos 10 mil casas. (p. 68). 2. Geógrafo diz que metade dos imóveis da cidade tem irregularidades. (p. 68). 3. Área onde barreira matou crianças estava condenada. (p. 68). 4. Mortes em araras poderiam ter sido evitadas. (p. 68). 5. Oito casas ameaçadas: tragédia iminente no bairro Atílio Marotti. (p. 68). 6. Deslizamento ameaça conjunto da Prefeitura. (p. 68). 7. Parte de casa cai em ocupação de Bonsucesso. (p. 68). 8. Deslizamento leva parte de rua e já ameaça residências no Quitandinha. (p. 68). 9. Parte de casa desaba em ocupação de APP. (p. 68). 10. Mustrangi: estragos foram mais graves do que os ocorridos em 2008. (p. 68).


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11. Estado determina a retirada de mais 5 mil famílias de áreas de risco. (p. 69). 12. Governador: ocupações irregulares são a causa. (p. 69). 13. Em 23 anos, 400 mortes em consequência de temporais. (p. 70). 14. Catástrofes naturais já mataram centenas. (p. 70). 15. Remoção pode atingir mais de mil famílias. (p. 70). 16. Famílias em área de risco serão removidas. (p. 70). 17. OAB defende retirada imediata. (p. 70). 18. Prevenção é abandonada há décadas: projetos que foram esquecidos. (p. 72). 19. Alerta: planos abandonados. (p. 72). 20. É preciso rever o conceito de área de risco. (p. 72). 21. Geologia: ocupação responsável poderia evitar ocorrência de tragédias. (p. 73).

A categoria 6 trata da questão da legislação existente. A revisão permanente das leis deveria ser uma prática constante no que diz respeito às questões urbanas e ambientais. A cidade é um organismo vivo, em constante modificação. Todo o arcabouço legal deveria ser o mais restritivo possível, inclusive em relação às leis Estaduais e Federais no uso e ocupação do solo. Um dos aspectos chaves do plano de prevenção de risco diz respeito ao modo como uma exigência legal deve ser cumprida. As políticas públicas de prevenção devem ser sistematizadas para integrar a prevenção nos diferentes estratos sociais. Deve haver também um controle e fiscalização externo para avaliar a qualidade do sistema proposto.21 Conforme o Anuário de Desastres (2011), a região serrana do Rio de Janeiro contabiliza 40% dos mortos em tragédias naturais no país. Diante desse índice, fica latente o descompasso entre a legislação em vigor e as necessidades da população. Categoria 6: LEGISLAÇÃO 1. Código de Obras será revisto após 34 anos. (p. 68). 2. Depois de 34 anos, município faz reavaliação do Código de Obras. (p. 68). 3. “Plano diretor não vai resolver os problemas e nem evitar tragédias”. (p. 73).

Também não se deve esquecer o papel da população na criação de agravos ao risco de deslizamento das encostas. Entre as ações mais nocivas, há o despejo de lixo de forma irregular, um dos principais efeitos demonstrados na Categoria 7. 21

Disponível em: <https://conceitos.com/prevencao-riscos/>. Acesso 14 abr 2018


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Por outro lado, enfatiza-se a quantidade de donativos enviados para os desabrigados, embora nem tudo tenha sido distribuído como deveria, virando caso de polícia. Instituições públicas da área ambiental construíram em áreas de preservação permanente (APP), em vez de buscarem áreas próprias para edificação. Destaca-se entre os agravantes a questão do conhecimento prévio citado na análise SWOT (p. 36). A previsibilidade das chuvas e deslizamentos na região data de meados do século XIX (CALDEIRA, 1995), das ocorrências registradas no ano de 1966 (BOMTEMPO, 2006), ou ainda desde 1988, portanto, há 30 anos (O GLOBO, 2018), somando, no período, 412 mortos em Petrópolis. Categoria 7: AGRAVANTES 1. Lixo jogado nas encostas pode provocar tragédia. (p. 68). 2. Lixo na encosta ajuda a provocar tragédia. (p. 68). 3. Tragédia é usada até por bandidos, que criam nova modalidade de golpe. (p. 69). 4. Boatos criam pânico na cidade. (p. 69). 5. Transtornos causados pelas chuvas também repercutem na área esportiva. (p. 69). 6. Tragédia que atinge o esporte na serra. (p. 69). 7. Fenômeno raro provocou a enxurrada que varreu a região. (p. 70). 8. Aluguel social: vítimas sem informações. (p. 70). 9. Faltam voluntários para separar donativos. (p. 70). 10. Confusão na central de atendimento. (p. 70). 11. Agora, o drama de sempre: rua do Imperador inundada. (p. 70). 12. Dois homens são presos por furto de donativos no Rio. (p. 71). 13. Trinta minutos de chuva deixam centro da cidade debaixo d´água. (p. 71). 14. MP recebe denúncia de despejo irregular. (p. 71). 15. Centro investigado também foi destruído. (p. 71). 16. Centro Ambiental erguido na faixa marginal do Santo Antônio é demolido. (p. 71). 17. Toneladas de entulho em área preservada. (p. 71). 18. Sem controle: desvio de donativos vai parar na polícia. (p. 73). 19. Entrega de donativos vira caso de polícia. (p. 73). 20. Eles não sabiam do direito a benefícios. (p. 73).

Um aspecto que não pode passar sem nota diz respeito aos prejuízos econômicos causados pelo impacto e

pela divulgação da tragédia sem

esclarecimento detalhado da área atingida, destacados na categoria 8. A cidade tem


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sua economia baseada no turismo e no comércio, especialmente, o ramo de confecções que depende de vendas para pessoas vindas de cidades circunvizinhas. Forni (2011) ressalta que um dos indicativos de crise é a ameaça à economia do local, interrompendo negócios, ameaças à reputação e o impacto negativo no valor do mercado. A cidade perdeu 22 milhões, além de destruição da área agrícola conhecida como Brejal e o Vale do Cuiabá, entre outras. Categoria 8: ECONOMIA 1. Prejuízo: Convention Bureau confirma o cancelamento de 50% das reservas. (p. 69). 2. Preços sobem e alimentos já estão em falta. (p. 69). 3. Quase 100% de reservas canceladas nos hotéis. (p. 70). 4. Verduras e legumes mais caros na feira. (p. 70). 5. Prejuízo de R$ 10 milhões na rede hoteleira. (p. 71). 6. Após a chuva, preços dobram na feira. (p. 71). 7. Tragédia no Vale do Cuiabá afasta turistas do município. (p. 71). 8. Nem mesmo liquidações melhoram o movimento. (p. 71). 9. Chuva deixou prejuízo de R$ 22 milhões. (p. 73).

Encerra-se essa análise referenciando os aspectos negativos citados na análise SWOT com os respectivos pontos fracos e destacando a desconsideração do plano de estudo sobre as áreas de risco, o que poderia ter contribuído para reduzir os efeitos da crise caso tivesse saído do papel.


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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao findar a realização dessa pesquisa é possível responder à questão inicial, motivadora e norteadora do estudo: Houve abalo na imagem da cidade de Petrópolis como consequência das chuvas? A resposta provém da análise das notícias publicadas na Tribuna de Petrópolis durante o período de janeiro de 2011, em que foram encontradas 553 manchetes (anexo 1). Entre essas, há 289 matérias com aspectos prioritariamente negativas, 151 matérias com aspectos positivos e 113 consideradas neutras. A imagem da cidade de Petrópolis restou abalada devido às falhas de atuação de seus gestores. As consequências mais observáveis prejudicaram o comércio e a indústria local que até os dias atuais não se recuperaram plenamente. A principal evidência é marcada pelo fechamento de muitos estabelecimentos e pela mudança de cidade de algumas dessas indústrias atingidas. O turismo, que é sazonal, naquele período, apesar de o centro histórico não ter sofrido os efeitos catastróficos, foi severamente comprometido com cancelamento de reservas e ausência de visitantes à cidade, como é comum no período de férias. Os veranistas evitaram a cidade com medo de novas intempéries. É válido relembrar que a estimativa realizada pelo Museu Imperial e pela Fundação de Cultura e Turismo de Petrópolis (FCTP) afirma ter havido uma queda na visitação nos pontos turísticos em janeiro de 2011, em relação ao mesmo período de 2010, variando entre 76% no Museu Imperial e até 89% na Casa de Santos Dumont. O impacto negativo na economia local no período de 12 de janeiro a 05 de março foi de R$ 59 milhões (CAPP, 2011). Os desabrigados (aqueles que perderam suas casas) continuam à espera de nova moradia, conforme o prometido; aqueles que dependem do aluguel social ainda sofrem com a burocracia fazendo recadastramento de forma constante, com avaliações e reavaliações permanentes. Boa parte daqueles que tinham direito hoje não recebem mais devido a problemas no repasse financeiro do Estado para a Prefeitura.


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A coordenadora de Comunicação Social, à época, admitiu não haver integração entre os entes da federação, condição sine qua non para o êxito de um plano de comunicação. A área afetada do Vale do Cuiabá não foi devidamente recuperada. Um aspecto relevante foi a reconstrução das escolas municipais da região em tempo hábil, sem prejuízo do calendário escolar. Porém, o orçamento da Educação Municipal representa 25% dos recursos da Prefeitura, conforme previsto na CF/88. Desde que os trabalhos de pesquisa foram iniciados uma palavra tornou-se constante para mim, autor deste estudo: “resiliente”. Em geral usada para descrever pessoas que conseguem se restaurar após uma catástrofe. Esta associada à capacidade de resistir. Mas também inclui formas de absorver e se recuperar de forma eficiente dos efeitos de um desastre. Pessoas atingidas pelo megadesastre conseguiram, por sua conta risco, em sua maioria, seguir em frente. A Prefeitura seguiu ignorando, até certo ponto, os desabrigados, por exemplo, ainda há pessoas vítimas da chuva de 1988, portanto, há trinta anos, aguardando ajuda. Com relação aos atingidos pelas chuvas de 2011, muito pouco ou quase nada foi feito por eles. Diante das experiências vivenciadas em Petrópolis, e que de algum modo impactam a sociedade, tive a oportunidade de participar do seminário on-line sobre Redução do Risco de Desastres e Promoção de Resiliência. O evento foi promovido pelo Alumniportal Deutschland, na sexta-feira, 29 de novembro de 2013, em Bonn, Alemanha. Entre os aspectos abordados no encontro havia a parte de redução dos riscos. São quatro os fatores considerados como principais diante dos desastres: as ameaças; a vulnerabilidade; a resistência; e, a resiliência. Petrópolis sempre terá como ameaça as fortes chuvas. Por mais paradoxal que possa parecer pode-se considerar o município bastante resiliente. Em geral, após as perdas humanas e materiais a população segue a vida com certa normalidade, sem atenuar as marcas psicológicas. Os pontos fracos estão relacionados à alta vulnerabilidade e a baixa capacidade de resistir às chuvas. Ao longo desse tempo assistimos aos esforços na tentativa de apoiar à população após os temporais, porém, pouco investimento em prevenção. Os principais problemas estão relacionados à vulnerabilidade do município e pouco investimento em aumentar a capacidade de resistir. Dom Pedro II, no século XIX,


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propunha fazer o reflorestamento das encostas. Daquele momento histórico para cá houve um avanço da população sobre o território, ocupando as beiras dos rios e os morros, sem que maiores investimentos em contenção e prevenções fossem realizados. Apesar de mapearem as áreas de risco e saberem a quantidade de pessoas que residem nesses locais tão vulneráveis, as medidas de realocação em novas moradias, em terrenos mais seguros não foram providenciadas a tempo e em quantidade suficiente. Mesmo com o governo federal tendo acenado com a construção de mais de um milhão de moradias no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC); apesar de a presidente Dilma Roussef participar de uma missa na Catedral São Pedro de Alcântara para velar os mortos; até a presente data, as políticas públicas não alcançaram a ponta, beneficiando os moradores, reduzindo a vulnerabilidade. Sempre pesará sobre os ombros o fato de sabermos que na próxima chuva forte haverá a expectativa de que mais alguém poderá perder a vida, principalmente, os mais vulneráveis: as crianças, os adolescentes e idosos. A presente pesquisa e a participação em diferentes eventos sobre o tema auxiliaram-me a entender o que precisa existir em termos de comunicação em situações de risco diante de tragédias. Uma temática a ser aprofundada em um mestrado e em um doutorado. Deixo como sugestão, para as Universidades locais, a criação de cursos de especialização em prevenção de riscos naturais, ou de estratégias de comunicação em situação de desastres, ou outro que corresponda às necessidades locais e urgentes. Relembro que, conforme descrito no corpo deste estudo, 40% das mortes provocadas por desastres, nos últimos trinta anos no Brasil, ocorreram na região serrana do estado do Rio de Janeiro. Espero que o presente estudo permita entender que as políticas públicas devem privilegiar a prevenção, aquela que não espera acontecer para ver o que fazer. Avalio que o dever de casa, o mais primário possível, é reduzir as vulnerabilidades, sem que a cidade perca a capacidade de continuar sendo resiliente.


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ANEXOS TRIBUNA DE PETRÓPOLIS - JANEIRO DE 2011 ASPECTOS NEGATIVOS DATA

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TÍTULO 1 - Tragédia em Araras: barreira destrói casas e mata três crianças. (Categoria 3). Medo no São Sebastião: Pedras na Capitão Paladini preocupam. 1 - Castrioto: morador pede presença da Defesa Civil. (Categoria 4) Crianças morrem soterradas em deslizamento de terra em araras. Condições do terreno dificultam resgate dos corpos. Defesa Civil interdita casas vizinhas no Mata Cavalo. 1 - Ocupação de encostas começou há 40 anos e ameaça pelo menos 10 mil casas. (Categoria 5). Pedras soltas são caso de medo na Capitão Paladini. 2 - Geógrafo diz que metade dos imóveis da cidade tem irregularidades. (Categoria 5). 3 - Área onde barreira matou crianças estava condenada. (categoria 5). Desespero e indignação no enterro. 4 - Mortes em Araras poderiam ter sido evitadas. (Categoria 5). Emoção e sofrimento no enterro as vítimas do deslizamento em Mata Cavalo. 5 - Oito casas ameaçadas: Tragédia iminente no Bairro Atílio Marotti. (Categoria 5) Tremores no Bairro São Sebastião. 1- Código de Obras será revisto após 34 anos. (Categoria 6). 2 - Depois de 34 anos, município faz reavaliação do Código de Obras. Categoria 6). Geólogo pede nova vistoria em pedras. Tremores podem ser sentidos em outras regiões da cidade. 1 - Lixo jogado nas encostas pode provocar tragédia. (Categoria 7). 2 - Lixo na encosta ajuda a provocar tragédia. (Categoria 7). 2 - Morador pede ajuda para retirar lama de sua casa. (Categoria 4). 4 - Casas construídas em área de risco são demolidas no distrito de Araras. (Cat. 4). 3 - Duas semanas a espera de uma vistoria. (Categoria 4). 1 - Previsão de mais temporal deixa Defesa Civil em alerta. (Categoria 2) 6 - Deslizamento ameaça conjunto da Prefeitura. (Categoria 5). 7 - Parte de casa cai em ocupação de Bonsucesso. (Categoria 5). 8 - Deslizamento leva parte de rua e já ameaça residências no Quitandinha. (Categoria 5). 9 - Parte de casa desaba em ocupação de APP. (Categoria 5). 2 - Chuva arrasa região serrana. Número de mortos pode passar de 40 em Petrópolis. (Categoria 3). Coração de Itaipava debaixo d´água. Desespero diante das perdas. Rastros da destruição de toda uma região. Chuva deixa rastro de destruição na Serra. A tragédia em fotos. São pelo menos 34 os mortos em Petrópolis. População ficou sem transporte pela manhã. A tragédia em fotos. Família morre em condomínio do Cuiabá. Cervejaria atingida vai parar produção por 15 dias. Dez vítimas achadas ainda de manhã. Aposentado perde lavoura que ficou coberta de lama em Santa Mônica. 10 - Mustrangi: estragos foram mais graves do que os ocorridos em 2008. (Categoria 5) Problemas também nas estradas da região. Dor, perdas e solidariedade. Moradores relatam momentos de horror.


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3 - A maior tragédia no Estado. (Categoria 3). Pode haver mais mortos em áreas ainda isoladas. Balanço da tragédia em Petrópolis. Sepultadas as primeiras 16 vítimas das chuvas. Dois corpos ainda sem identificação. Falta de acesso dificulta resgates. Hospitais receberam 40 pessoas feridas. Petrópolis-Itaipava continua interditada pela queda de barreiras. Ligação por Sapucaia também é difícil. Curiosidade e detritos dificultam o trânsito. Imagens da devastação. 5 - Depois de mais de 24 horas, o resgate. (Categoria 4). Corpos ainda à espera de identificação no IML. Primeiras vítimas da enxurrada são enterradas. Vale do Cuiabá e Boa Esperança sem ônibus. 1- Prejuízo: Convention Bureau confirma o cancelamento de 50% das reservas. (Categoria 8). No Brejal, lama e casas destruídas. Desolação e desespero nas comunidades. 2 - Preços sobem e alimentos já estão em falta. (Categoria 8). 3 - Tragédia é usada até por bandidos, que criam nova modalidade de golpe. (Categoria 7). Após a chuva, cenário do caos. Friburgo não consegue atender a todos os feridos. Em Areal, mais de 700 famílias estão desabrigadas. Ponte foi destruída pelas águas do Rio Preto. 6 - População reclama de problemas com a AMPLA. (Categoria 4). São José e Areal também contabilizam os prejuízos. 11 - Estado determina a retirada de mais 5 mil famílias de áreas de risco. (Categoria 5). Um dia após o desastre, um rastro de destruição. Temor de que número de mortos chegue a 100. Socorro chega às vilas de casas cobertas pela lama. 2 - Petrópolis não recebeu o alerta. (Categoria 2) Condenados à morte. Cão ajuda nas buscas. 12 - Governador: ocupações irregulares são a causa. (Categoria 5). Nos abrigos, histórias de desespero e medo. 7- Faltam vagas nos cemitérios. (Categoria 4). 8 - Voluntários encontram vila soterrada. (Categoria 4). Polícia fecha a Ministro Salgado Filho. 3 - Petrópolis não recebeu alerta sobre a enxurrada. (Categoria 2) 4 - Radar instalado no Rio detectou uma tempestade. (Categoria 2). 5 - Previsão do INMET é de mais chuva até terça. (Categoria 2) Estradas interditadas em vários pontos do estado. Cenário de guerra. Cuiabá: cavalariços vivem drama em haras. Vinte vítimas do temporal já foram sepultadas. No Vale do Cuiabá, pouco restou. Já são 540 os mortos pela chuva no estado. 4 - Boatos criam pânico na cidade. (Categoria 7). Luto fecha parte das boates em Itaipava. 5 - Transtornos causados pelas chuvas também repercutem na área esportiva. Categoria 7). 6 - Tragédia que atinge o esporte na serra. (Categoria 7). TRIBUNA DE ITAIPAVA Desastre nos Distritos. Chuva que atingiu a região na quarta-feira deixou um rastro de destruição no Vale do Cuiabá, principal ponto da cidade afetado.


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Tromba D´água atinge Itaipava e deixa 41 mortos, ainda há desaparecidos. Seja rico ou seja pobre, a água levou todos. Poste e transformador no chão. Moradores de Santa Mônica sofreram com forte chuva na noite de quarta-feira. Cidades vizinhas destruídas. Áreas ainda sem acesso aumentam drama de quem ainda procura parentes. Para Estado, prejuízo será conhecido só em um ano. 13 - Em 23 anos, 400 mortes em consequência de temporais. (Categoria 5). 7 - Fenômeno raro provocou a enxurrada que varreu a região. (Categoria 7). Empresário planeja mudar de endereço após temporal. Balanço da tragédia em Petrópolis. Engarrafamento. Tragédias que se repetem. Prevenir é melhor. Com imenso respeito. Bombeiros já retiram 51 corpos, mas número de mortos deve subir. 6 - Região terá mais chuva até está terça-feira. (Categoria 2). Caminho que leva ao nada. Trânsito. Inquérito vai apurar causas da devastação. R$ 1,5 milhão de prejuízo: indústria de cerveja pode mudar de endereço. Falta de vagas em cemitérios atrasa enterros em Itaipava. Depois da chuva, o drama dos desabrigados. Estradas bloqueadas: BR 495 e RJ 134 estão fechadas. 14 - Catástrofes naturais já mataram centenas. (Categoria 5). Itaipava foi vítima de um fenômeno raro. Mais de 550 mortes em cinco cidades. Governador decreta luto oficial de uma semana. Riscos de doenças preocupa especialistas. 4 - Chuva provoca novo deslizamento com três mortes. (Categoria 3) 7 - Mustrangi diz que município não foi avisado sobre temporal. (categoria 2). Relação de mortos já tem 51 nomes. 8 - Aluguel social: vítimas sem informações. (Categoria 7). O que eles vão comer amanhã? Tragédia, descaso ou omissão? Até quando teremos tragédias. Engenheiros vão verificar risco de rompimento de represa no Cuiabá. Relação de mortos. Sete corpos ainda estão sem identificação: quatro mulheres e três homens. 5 - Chuva provoca novo deslizamento e mata mais três pessoas no Brejal. (Categoria 3). Moradores do Madame Machado também sofreram as conseqüências do temporal. 9 - Faltam voluntários para separar donativos. (Categoria 7). 10 - Confusão na central de atendimento. (Categoria 7). 8 - Mustrangi admite falha em sistema de alerta. (Categoria 2). Instituto Civis elogia abertura de inquérito civil. Delegacia vistoria preços abusivos. 15 - Remoção pode atingir mais de mil famílias. (Categoria 5). 3 - Quase 100% de reservas canceladas nos hotéis. (Categoria 8). Rua Teresa prevê queda de 60% nas vendas. Número de mortos em Petrópolis sobe para 62. MP vai acompanhar o uso de verbas de calamidade. 11 - Agora, o drama de sempre: rua do Imperador inundada. (Categoria 7). 4 - Verduras e legumes mais caros na feira. (Categoria 8). A catástrofe e o futuro do Parque Fluvial. Após a tempestade vem a conta. Catástrofe e hipocrisia. 16 - Famílias em área de risco serão removidas. (Categoria 5). 17 - OAB defende retirada imediata. (Categoria 5).


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12 - Dois homens são presos por furto de donativos no Rio. (Categoria 7). Ministério Público vai monitorar aplicação de verbas para a chuva. Equipes já encontraram 702 corpos em cidades da Região Serrana do Rio. 13 - Trinta minutos de chuva deixam centro da cidade debaixo d´água. (Categoria 7). 9 - Meteorologista alerta para risco de mais temporal. (Categoria 2). 5 - Prejuízo de R$ 10 milhões na rede hoteleira. (Categoria 8). 6 - Após a chuva, preços dobram na feira. (Categoria 8). 7 - Tragédia no Vale do Cuiabá afasta turistas do município. (Categoria 8). Prejuízos das empresas na região passam de R$ 153 milhões. FAB localiza mais 40 pessoas ilhadas, sem água e comida. 1 - A má informação agrava a tragédia. (Categoria 1). Caminhão derruba poste e mata PM em Itaipava. Confusão na entrega de donativos: PM apreende caminhão. Divulgada relação de desaparecidos na tragédia. Lágrimas, dor e lama. Equipe da FAB encontra 40 pessoas ilhadas na localidade de Santa Rita. Relação de desaparecidos. Confusão na entrega de donativos. 10 - Estações meteorológicas desativadas poderiam ter alertado sobre o perigo. (Categoria 2). Chuva causa quedas de barreira e fecha acesso a hospital no Bingen. Casas de Barra Mansa ficam três dias sem luz. Policial Militar morre ao ser atingido por poste no Cuiabá. Área do desastre em Itaipava vai virar APP. Sobreviventes da enxurrada: histórias de quem viveu noite de horror no Cuiabá. Estradas ainda estão interditadas. Construindo novas tragédias: invasão já é visível da Coronel Veiga. 2 - Pontos turísticos vazios: propaganda negativa causa grande prejuízo. (CATEGORIA 1). Prejuízos à agricultura superiores a R$ 20 milhões. Cuiabá pode virar área de preservação. Sete mil receberão o aluguel social na serra. Após a tragédia, a lembrança e o recomeço. Helicóptero do Exército cai em Friburgo. Acidente é investigado. Governo confirma: prejuízos na zona rural podem chegar a R$ 20 milhões. Temporal que caiu há dois dias alagou o Bingen. Queda de cabeceiras de pontes fecham a RJ-134. Alerta para ocupação de área no Dr Thouzet. Cinco pessoas desaparecidas são achadas em Itaipava. 3 - Notícias de temporal no Vale do Cuiabá afastam turistas até do Centro Histórico. (CATEGORIA 1). A desesperada busca por bens que a enxurrada não carregou. 14 - MP recebe denúncia de despejo irregular. (Categoria 7). 8 - Nem mesmo liquidações melhoram o movimento. (Categoria 8). 15 - Centro investigado também foi destruído. (Categoria 7). PM muda o sistema do telefone de emergência. Esperanças e dúvidas no cenário da tragédia, no Vale do Cuiabá. Lista de desaparecidos. Pouca procura por setor de registro de desaparecidos. 16 - Centro ambiental erguido na faixa marginal do Santo Antônio é demolido. (Categoria 7). 17 - Toneladas de entulho em área preservada. (Categoria 7). Vereador já havia pedido ações para conter ocupação. Comissão vai acompanha medidas. Equipes da Tribuna registraram a tragédia. TRIBUNA DE ITAIPAVA Fábrica da Cerâmica Luiz Salvador ficou alagada com chuvas. Sítio do Moinho tem prejuízo por não poder escoar mercadoria.


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Mais seis vítimas isoladas são salvas no Vale do Cuiabá. 4 - Sem dados para medir a extensão da tragédia. (Categoria 1). 18 - Prevenção é abandonada há décadas: projetos que foram esquecidos. (Categoria 5). As feridas abertas. Zona de convergência. 19 - Alerta: planos abandonados. (Categoria 5). Voluntários: uniforme e treinamento técnico. Família resgatada por helicóptero do Ibama. Desaparecidos. Tremores ainda assustam moradores do São Sebastião. 20 - É preciso rever o conceito de área de risco. (Categoria 5). 11 - Alerta emitido sobre o temporal foi insuficiente. (Categoria 2). Município já paga aluguel social para 420 famílias. Valor dificulta locação. Tragédia antecipa liquidações. Moradores dizem que ocupação na Hayasa já não crescem desde 2000. 5 - Balanço sem dados sobre moradores. (Categoria 1). 6 - Até nomes errados são incluídos nas relações. (Categoria 1). Leptospirose: um risco depois da enchente. Caxambu e Bonfim têm grandes perdas. Balanço: 67 mortos e 30 desaparecidos. 12 - INPE previu temporal. (Categoria 2). 13 - A vergonha dos sistemas de alerta. (Categoria 2). Ministério da vergonha na cara. Especialistas prevêem depreciação dos preços no mercado imobiliário. Caxambu e Bonfim tiveram prejuízos de R$ 1,8 milhão. 14 - Institutos de meteorologia alertaram sobre risco de temporal na região. (Categoria 2). 15 - Alarme para avisar sobre ameaças. (Categoria 2). Já são 67 mortos e 30 desaparecidos na cidade. BR 495 continua fechada para ônibus e caminhões. Governo veta repasse às escolas de samba. 9 - Centro de Treinamento dos Correios pronto para receber os desabrigados. (Categoria 4). 7 - Desencontro de dados sobre os desaparecidos. (Categoria 1). Desastre no Cuiabá deixou marcas em quatro escolas. Não há mais espaço para armazenar roupas. Ampla: obra provocou apagão. Temores continuam no São Sebastião. Secretaria confirma que quatro escolas foram atingidas pela chuva. Moradores do Cuiabá reclamam de ônibus. Divergências em listas de desaparecidos. Produção da Agristar muda de cidade. União tem dívidas bilionárias com municípios. 16 - MPF investiga porque estações foram desativadas. (Categoria 2). Ainda há 100 corpos não identificados. Cancelamento parcial do carnaval gera protesto. MPF divulga nova lista. 17 - “Aviso de chuva forte ou moderada será descartado”, avisa coordenador da DC. (Categoria 2). 18 - MPF quer saber quem é o responsável pela desativação de 19 estações meteorológicas. (Categoria 2). Vítimas da tragédia não conseguem nova CNH. Fauna e flora sentem os impactos negativos das chuvas de verão. Preços sobem até 30% e dificultam o aluguel social. Leptospirose: três casos confirmados em Friburgo. Petrópolis conta 5.891 pessoas desalojadas.


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19 - Meteorologistas destacam a importância da profissão: tragédias poderiam ser evitadas. (Categoria 2). Médicos de especialidade podem retomar greve na próxima semana. Especulação imobiliária dificulta a vida de quem está desabrigado. Vigilância alerta: áreas inundadas podem registrar casos de leptospirose. Nova Friburgo já registrou três casos da doença. Todos passam bem. Governo tenta mapear prioridades de cada localidade atingida pelo temporal. Entulho no leito do rio. Lixo, areia e entulho estreitam o Piabanha. Número de mortos em Petrópolis chega a 68. 20 - Estações: MP recebe documentos do LNCC. (Categoria 2). 18 - Sem controle: desvio de donativos vai parar na polícia. (Categoria 7). 19 - Entrega de donativos vira caso de Polícia. (Categoria 7). 10 - MP recebeu documentos do LNCC sobre estações. (Categoria 4). 20 - Eles não sabiam do direito a benefícios. (Categoria 7). Mestre Ivo: cancelamento dos desfiles é injusto. Em São José, ainda faltam até os serviços essenciais. Lixo, entulho e detritos nas margens do Piabanha. Governo ainda não respondeu a CPIM. CIVIS apóia decisão do legislativo municipal. 3 - “Plano Diretor não vai resolver os problemas e nem evitar tragédias”. Categoria 6). 11- Psicanalista diz que vítimas da chuva precisam de atendimento psicológico. (Categoria 4). 2,7 mil casas deveriam ser demolidas. Prejuízo. Verba: R$ 131 mil para a Defesa Civil. Inversão de prioridades R$ 1,2 milhão por ano para preservar vidas 21 - Geologia: ocupação responsável poderia evitar ocorrência de tragédias. (Categoria 5). 9 - Chuva deixou prejuízo de R$ 22 milhões. (Categoria 8). 12- Escassez de recursos para a Defesa Civil. Categoria 4).


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TÍTULO Estado anuncia ajuda para município enfrentar conseqüências dos temporais. Solidariedade da Diocese de Petrópolis. Cruz Vermelha doa água, alimentos e colchonetes. Defesa Civil mantém equipes de prontidão.

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Liberação imediata de R$ 12 milhões. Começa a chegar ajuda para recuperar a cidade. Município desapropria terrenos. Estado libera R$ 12 milhões para obras. Governo projeta construção de mais casas populares. R$ 12 milhões destinados para obras emergenciais. Dilma libera R$ 780 milhões para Rio e São Paulo. Entidades recebem doações para desabrigados da chuva. Mustrangi pede a Dilma e Cabral apoio para liberar ruas e estradas. Campanha todos pela Serra: O que doar; Onde doar. Petropolitanos dão exemplo e criam rede de solidariedade. Mais de 100 doadores em um dia. Controle do volume de chuva para evitar desastres. Documentos. Força-tarefa para atender as vítimas do temporal no Rio. União ajuda no resgate na serra fluminense. Governo Federal envia 7 toneladas de Medicamentos. Voluntários pedem doações também para os bichos. Ong´s e grupos de proteção dos animais trabalham para resgatar sobreviventes. Governador garante apoio à região serrana. União, Estado e município garantem benefícios àqueles que perderam tudo. Cadastramento das vítimas garante acesso a programas. Rede de solidariedade. Quatro abrigos já funcionam em Itaipava. Doações chegam de todo país. Exército dá apoio. Dezenas de postos para receber auxílios. Estratégia para evitar a fuga dos turistas. Prefeito faz apelo e diz que a cidade está normal. Longe dos problemas da chuva, lojas da Rua Teresa abrem no fim de semana. Vítimas e voluntários na rede. Depois do temporal, redes sociais servem de canal de comunicação Amistosos e jogos servirão de postos de arrecadação. Secretaria cria rede de solidariedade do esporte. Serrano continua sendo posto de arrecadação para os sobreviventes. TRIBUNA DE ITAIPAVA Saiba onde doar. Petropolitanos se unem em mutirão de solidariedade. Trilheiros levam sua experiência para levar ajuda para as vítimas das chuvas. Motorista salva 50 pessoas com ônibus. Governo cria central de desaparecidos. FAB instala sistema de comunicações. Voluntários criam corrente de solidariedade. Mutirão tenta organizar e distribuir o que foi doado. População se mobiliza para arrecadar donativos e ajudar vítimas das chuvas. Programa cria rede de alertas de catástrofes. Crédito para amenizar as perdas das empresas atingidas pelas enchentes. Produtores da região ganham prazo maior para pagar as taxas da Ceasa. Crédito diferenciado para auxiliar microempresários. Saúde atua em parceria com governos locais para prevenir novos acidentes.


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Hospital de campanha da FAB. Hospital de campanha já começou atendimento. Petkovic encabeça campanha em prol das vítimas da chuva. Ativistas pedem doação de ração e remédios veterinários. Petrópolis já recebeu R$ 3,5 milhões para atender as vítimas da enxurrada. Locanty abre oportunidades de trabalho em Itaipava. O socorro vem pelo ar. Decreto amplia para R$ 5,4 mil o saque do FGTS de vítimas da chuva. Serrano e Cruz Vermelha contra a catástrofe. Até Guga faz parte da campanha de arrecadação. Distrito de Pedro do Rio se une pela solidariedade. Petrô recebe também os donativos em sua sede. Mais prazo para pagar IPVA e ICMS. Aluguel social é de até R$ 500. Força aérea organiza central de comunicações. Município já recebeu R$ 7 milhões do Estado e da União para ações emergenciais. Entidades do exterior se mobilizam para ajudar. Médicos atendem vítimas das chuvas diretamente nas comunidades. Sistema vai emitir ruído para avisar sobre perigo. Prazo maior para pagamento do IPVA. Cinco dias para liberar os saques do FGTS. Empresários se unem para ajudar as famílias vítimas da chuva em Itaipava. Restaurantes doam quentinhas aos desabrigados. Estratégia para resgate econômico. Mustrangi cria linha de crédito para micro. Rodrigo Santoro atua como voluntário. Centro de treinamento dos Correios vai abrigar vítimas da enxurrada. Missa para os mortos. Produtores rurais receberão ajuda do governo municipal. Ministério Público vai cruzar dados de desaparecidos. Governo transfere central para a Defensoria Pública. Linha de crédito para empreendedores. Sistema de atendimento emergencial ganha quatro ambulâncias do Samu. Aluguel social passa a R$ 500 em Petrópolis. Município desenvolve sistema de alerta. Deputados propõem isenção de ICMS para indústrias. Oi distribui telefones em região devastada. Petropolitanos empenhados para levar ajuda a São José. Tributos e simples com prazos prorrogados. Recursos para reerguer a economia: Financiamentos de R$ 100 milhões. Solidariedade de amigos é o que faz a diferença. Sindicato pede que associados cedam caminhões e motoristas para entrega de donativos na região. Benefícios para empresários. Redes sociais para mudar a imagem de Petrópolis. Sistema será capaz de avisar perigo de temporal com 12 horas de antecedência. R$ 400 milhões para ajudar empresas atingidas pela chuva na região. Voluntários vêm de todas as partes. Igreja Metodista acolhe vitimas da enchente. Recuperação da região serrana: saiba como obter benefícios. Vítimas criam associação com orientação do MP. Mustrangi anuncia projetos para recuperação da cidade. Medidas envolvem turismo, tributos e gerenciamento da crise. FAB desmonta hospital e deixa Itaipava. Terrenos dos Correios vai receber tendas.


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Estrada para Teresópolis está liberada. Várias regiões da cidade terão pluviômetros. Aposentados começam a receber hoje. Campanha em prol do turismo mobiliza empresários e governo. Propostas para recuperação da imagem da cidade. FAB deixa o Parque Municipal. Mustrangi e Pezão discutem construção de moradias. Câmara vai fiscalizar a aplicação de recursos. Região já cadastrou 2 mil famílias no aluguel social. Dividas de agricultores da região serrana poderão ser parceladas em até 10 anos Junta comercial livra empresas de taxas. Mais de 2 mil famílias já cadastradas para receber o aluguel social de R$ 500. Câmara pode ter comissão para acompanhar a aplicação de verba. Projeto quer a adoção das empresas atingidas. Empresa paulista faz doação para vítimas. Adiamento nos prazos dos pagamentos de títulos. UFRJ amplia ações de apoio a vítimas da chuva. DER trabalha para desobstruir estradas. Solidariedade rendeu três toneladas. Recuperação da economia tem créditos a juros baixos. Bancos oficiais têm R$ 520 milhões para financiar empresas. Crédito garantido para recuperação de setores afetados pelo temporal. Escritório da Invest Rio em Itaipava. Comissão quer antecipar construção de mil casas. Ministério Público vai apurar destino de recursos. Será iniciado em fevereiro o trabalho de identificação por exame de DNA. Oito mil imóveis na região serrana. Casas serão entregues a custo zero para os desabrigados da tragédia da chuva. Estado vai pagar casas para desabrigados. OAB quer acompanhar uso de recursos. Município abre linha de crédito para funcionários. Governo negocia áreas para construção de casas. Reforço de R$ 600 mil para compra de terrenos. Turistas voltam ao Museu e aos hotéis. Banco do Brasil apresenta linhas de crédito. Recursos para recuperar empresas e empregos. Isenção de ICMS para doações de empresas. Volta às aulas.Ano letivo nas escolas do município começa dia 8. Itaipava. Detran já emitiu mais de 1 mil documentos. BB apresenta linhas de crédito para atender vítimas das chuvas. Especialistas da Firjan orientam empresários. Detran começa a entrega da 2ª via de documentos. Campanha para reaquecimento do turismo já começa a dar resultados. Famílias receberão móveis e eletrodomésticos. Número de famílias cadastradas por município. Vigilância sanitária nega surto de leptospirose. Turistas reaparecem nos pólos de compra e Museu Imperial. Após chuva, turistas voltam a subir a serra. Movimento já melhorou no Museu.


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TRIBUNA DE PETRÓPOLIS - JANEIRO DE 2011 Aspectos Neutros DATA 05

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TÍTULO Verão chuvoso aumenta movimento nas locadoras. Chuva mantém petropolitano em casa e dá lucro para as locadoras de filme.

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Ainda desconhecida a origem dos tremores em condomínio.

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Fim de semana de faxina no Bingen.

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Desfeito o mistério dos tremores que assustaram no São Sebastião.

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Assistência Social. Médicos do município suspendem greve. Secretário de Habitação visita as áreas atingidas com Bernardo e Igor. Previsão do tempo.

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Les Partisans. Dom Filippo Santoro vai às áreas mais afetadas. ALERJ terá comissão para acompanhar catástrofes naturais na Região Serrana. Dilma Roussef sobrevoa a região. A 3ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil sensibilizada com a tragédia que abateu nossa cidade, informa: Papa manda mensagem de solidariedade. Teresópolis. Areal. Les Partisans. TRIBUNA DE ITAIPAVA Moradores voltam a sentir o chão tremer no São Sebastião. Em meio à tragédia, um fio de esperança. Medo no São Sebastião: Tremores voltaram a ser sentidos em condomínio. Les Partisans. Algumas doenças que aumentam. Doações: roupas já não são prioridade. Restrição ao trânsito de curiosos em Itaipava. Roupas não são mais necessárias. Deputados eleitos Bernardo Rossi e Marcus Vinicius percorrem municípios. Ministros irão visitar as áreas atingidas pela chuva na serra. Prefeitos da região criam consórcio intermunicipal. Gestão será feita com reuniões itinerantes. Minha Casa, Minha Vida, voltado para área de risco. Corrida para retirar documentos. Les partisans. Feira de adoção de animais hoje em Itaipava. Prefeitos participam de missa na Catedral. Dom Filippo celebra missa em memória dos sobreviventes e mortos na tragédia. Comunicado NM Comércio de Alimentação e Artigos para Limpeza Ltda ME. Comunicado MN Serviços de Limpeza e Portaria Ltda ME. Agora, todo o trabalho por um recomeço. Ong fará sábado feira de adoções de animais. Direito em ação; Notas; e Reflexão. Comunicado da Áster Recursos Humanos. Prefeito e ex-ministro vêem perdas de empresa. Comunicado Imperial Premium Bier. Tráfego aéreo começa a ser monitorado. Ex-ministro e atual deputado federal vistoria cervejaria atingida pela chuva. Prazo final para declaração do IR de vítimas das chuvas não muda.


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Les Partisans.

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Entre os voluntários, uma primeira dama paulista. Comunicado Imperial Premium Bier. Solidariedade ameniza o impacto da tragédia. Temporal faz a região serrana receber ajuda internacional. Primeira-dama de Limeira oferece serviço de apoio às vítimas das chuvas. Ônibus mudam itinerário para chegar a Teresópolis. Les Partisans.

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Comunicado Imperial Premium Bier. Les Partisans. TRIBUNA DE ITAIPAVA Animais serão oferecidos para adoção, hoje. Área afetada terá revisão do mapa geológico. Comunicado Imperial Premium Bier. Desabrigados se organizam em associação. Cães e gatos de abrigos poderão ser adotados. Comunicado Unimed. ª Detran já autorizado a não cobrar 2 via. Bispos da região serrana rezam missa em Aparecida. Les Partisans. Depois da chuva, hora de recomeçar: onde encontrar os benefícios. Agricultura se prepara para superar perdas de R$ 269 milhões. Stock Car: Oficinas que ficam em Petrópolis escaparam da enchente. O coração petropolitano é do bem. Vice-governador quer empenho no plano diretor. o Debate sobre projeto deve seguir até 1 de março. Les Partisans. Estradas. Vereador quer isentar do IPTU a área atingida. Entidades decidem hoje sobre o Carnaval. Central de doações ainda tem animais. O inverno, a população e os governos. Solidariedade e memória curta. Vereador pede isenção de IPTU em áreas alagadas. Voluntários podem ajudar na prevenção de tragédias. Doações, agora, só de roupas de cama, utensílios de cozinha e eletrodomésticos. Voluntários confirmam excesso. Dos 30 cães resgatados, quatro esperam adoção. Pezão e Mustrangi vistoriam o Vale do Cuiabá. Les Partisans. Limpeza de Itaipava. Mustrangi acompanha trabalho de limpeza em Itaipava. Escola recebe brinquedos da Abrinq. Crianças dos abrigos participam de colônia de férias. Gapa recebe 300 doses de vacina. Para presidente da Lebop, não deve haver carnaval. Histórias dentro da história. Les Partisans. Donativos serão organizados em cinco galpões. São José do Vale do Rio Preto: desabrigados ficam em estádio de futebol. Nomeação do secretário de Meio Ambiente é oficializada. BR 495 deve ser liberada em um prazo de 10 dias. Galpões terão donativos separados e armazenados por tipo de produto. Paulo Igor quer retomar reuniões com Mustrangi. Prefeito nomeia advogado para Secretaria.


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Vítimas da chuva terão internet, TV, cinema e parque infantil em São José. Deputado pede apoio a Picciani para legitimar comissão na ALERJ. Les Partisans. Governo tenta mapear prioridades de cada localidade atingida pelo temporal.

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William Campos diz que não haverá mudanças no calendário escolar. Leandro Viana sai do Ministério de Minas e Energia para assumir Secretaria. Les Partisans.

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Ação solidária. Deputado trabalha na divulgação da cidade. Donativos para desabrigados. Comunicado Agristar. Les Partisans.

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