Caderno dos educadores conceitos
sugestões
Ideias
para uma educação alimentar e nutricional e uma educação para a prática de atividade física
PALAVRA DA
FUNDAÇÃO NESTLÉ BRASIL Nós, da Fundação Nestlé Brasil, acreditamos que tudo que fazemos deixa uma marca no mundo. As comidas que comemos, as atividades que realizamos, os aprendizados que adquirimos, os momentos que compartilhamos. A cada experiência vivida, temos a oportunidade de deixar o mundo melhor, mais bonito, mais saudável. O Programa Nutrir Crianças Saudáveis convida educadores a refletirem sobre seu papel no mundo. Afinal, o ato de ensinar influencia e muito, a vida de quem aprende e também a de quem ensina. E isso é similar nas questões que envolvem promoção de hábitos saudáveis.
Desde 1999, o Nutrir Crianças Saudáveis mobiliza professores, gestores, nutricionistas e cozinheiros a pensarem de que forma podem contribuir para a educação alimentar e nutricional e a prática de atividade física nas escolas. Para isso, capacita educadores de redes de ensino do Brasil e contribui, por meio de suas ações, para a promoção de hábitos mais saudáveis.
O diálogo transparente e a articulação com as redes de ensino, instituições sociais e poder público, são fundamentais para a promoção de hábitos saudáveis entre jovens e crianças. Os conteúdos e atividades do Programa Nutrir são pensadas com base no contexto local e na experiência acumulada e orientadas pelos pilares globais do Programa:
Alimentos variados e nutritivos: estimular que as crianças se relacionem positivamente com frutas, verduras, legumes e leguminosas para poderem fazer escolhas alimentares mais equilibradas e variadas.
Escolha beber água: aumentar a conscientização sobre a importância da água e seu consumo cotidiano.
Porcione: qualificar pais e educadores como modelos que possam ensinar as crianças a escolher porções mais saudáveis.
Mexa mais, sente menos: motivar as crianças para a prática de atividades físicas.
Curta refeições juntos: valorizar o ato de comer junto, compartilhar refeições e saborear alimentos.
A Fundação Nestlé Brasil acredita que é com a multiplicação das boas atitudes, dos hábitos alimentares saudáveis e da prática de atividade física entre educadores, estudantes e familiares que formaremos adultos capazes de fazer escolhas melhores.
Índice
O QUE VOCÊ VAI ENCONTRAR AQUI?
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A ESCOLA
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EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
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O ato humano de se alimentar
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Os valores numa educação alimentar e nutricional
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Hidratação
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EDUCAÇÃO PARA A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA
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Sabemos + praticamos -, por que será?
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Atividade física na escola
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Os valores numa educação para a prática de atividade física
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O papel dos diferentes atores da escola
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PROJETOS NA ESCOLA
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Um porto de partida: a ideia de problema
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Algumas entre tantas perguntas que podem lhe ser úteis
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REFERÊNCIAS
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SOBRE OS AUTORES, CONSULTORES E COLABORADORES DO PROGRAMA NUTRIR CRIANÇAS SAUDÁVEIS
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AGRADECIMENTOS
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O que você vai encontrar aqui?
Este material que você tem em mãos faz parte do Programa Nutrir Crianças Saudáveis, iniciativa da Fundação Nestlé Brasil que tem como objetivo disseminar conhecimento e contribuir para a promoção de uma educação alimentar e nutricional e da prática de atividades físicas para crianças em idade escolar.
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Por que você está recebendo este Caderno
Sobre o que vamos falar
Você já deve saber que o percurso do Nutrir começa com as formações de educadores, nas quais professores, gestores, nutricionistas, cozinheiros etc. se reúnem para discutir questões relacionadas à educação alimentar e nutricional e atividades físicas nas escolas. Os conteúdos passados nas formações servem de base para que os educadores voltem a suas escolas e realizem, com seus alunos, atividades e ações que promovam hábitos alimentares saudáveis e a prática de atividade física.
Foi para complementar e ampliar esses conhecimentos que este material foi elaborado. Seus conteúdos estão alinhados à proposta do Nutrir e às discussões das formações, mas ele também pode ser usado de forma independente – uma vez que os conceitos, sugestões e questões que ele reúne dizem respeito à atuação de qualquer um que faça parte do cotidiano escolar. Você também pode levar este Caderno para sua escola e apresentá-lo a quem não foi às formações, incluindo, assim, outros educadores no desafio de promover a educação alimentar e nutricional e a educação para a prática de atividade física na sua escola.
Neste Caderno, você tem acesso a todos os conteúdos do Nutrir, como já falamos, e pode conhecer mais sobre a filosofia do programa e seu embasamento teórico. Ele explora os dois principais temas do Programa (educação alimentar e nutricional e educação para a prática de atividade física), suas implicações e nossa participação em cada um deles. O material também traz exemplos e sugestões que você pode usar na escola, nas aulas e atividades que realizar com seus alunos e alunas. Para facilitar, este Caderno foi dividido em quatro partes. A primeira delas fala sobre a ESCOLA, essa instituição essencial nas nossas vidas, inventada para ensinar as pessoas mais novas, que chegam ao mundo, que existe a possibilidade de escolher e como se faz isso, diariamente.
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O QUE VOCÊ VAI ENCONTRAR AQUI?
Depois, falaremos sobre EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL, explorando seus valores simbólicos, as orientações do novo Guia Alimentar para a População Brasileira e a importância da hidratação. A terceira etapa aborda a educação para a PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA e seus valores, a corporeidade e a cultura corporal e a nossa responsabilidade como educadores. Por último, mostramos alguns caminhos possíveis para implementar uma ação (ou, como chamamos aqui, um PROJETO) na escola. Em resumo, falaremos sobre a forma como os conceitos de educação alimentar e nutricional e prática de atividades físicas podem ser ampliados para uma educação que trate das escolhas de cada um de nós e daqueles por cuja educação nos responsabilizamos todos os dias, uma e outra vez.
Como este Caderno pode ser útil Este material foi estruturado para que você encontre CONCEITOS que podem ajudá-lo em sua atuação cotidiana na escola, EXEMPLOS DE SITUAÇÕES em que estes conceitos podem lhe ser úteis para a análise de problemas ou a tomada de decisões e um CONJUNTO DE PERGUNTAS que todos nós podemos nos fazer sobre as situações que envolvem os temas do programa na escola. Cada uma dessas coisas tem sua importância, mas para aqueles que fizeram a escolha privilegiada e corajosa de trabalhar com educação, as perguntas são especialmente interessantes.
São as perguntas que nos levam – e que levam nossos alunos e alunas – a novas aprendizagens, descobertas, ideias, experiências. Mais óbvio, mas não menos importante: são as perguntas que podem nos levar às respostas. Este é, por isso, um material com muitas perguntas, algumas respostas, outras tantas ideias. A intenção é que você, que agora recebe este material, torne-se também coautor de respostas possíveis às muitas perguntas que você encontrará nas próximas páginas, contribuindo com sua experiência, seus conhecimentos, suas ideias.
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A ESCOLA
UM LUGAR DE ALUNOS E EDUCADORES
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A ESCOLA
UM LUGAR DE ALUNOS E EDUCADORES Uma criança, quando entra em uma escola, torna-se um aluno ou uma aluna. Esse fato simples coloca, necessariamente, os adultos da escola no lugar de educadores ou educadoras, todos eles, não importa a função para a qual efetivamente foram contratados: cozinheira, secretária, jardineiro, vigilante, professor. Seja lá qual for seu trabalho, aos olhos de uma criança em processo de escolarização você é alguém que tem algo a ensinar, e ela está ali, olhando para você e aprendendo. Isso é verdadeiro para todos os momentos da vida escolar e especialmente verdadeiro para os momentos de alimentação e atividade física. As crianças, como você, possuem experiências vinculadas a essas duas práticas. Por exemplo, vão a restaurantes, sentam-se à mesa em família, frequentam parques, brincam, sabem muito bem que aí há algo valioso socialmente.
E é em grande parte na escola que as crianças aprenderão os podes e não-podes, os deves e não-deves sobre seus corpos e sua presença no mundo.
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Aprenderão conosco que o mundo é cheio de outros corpos, ao mesmo tempo tão iguais e tão diferentes dos nossos, aprenderão sobre as capacidades e potências desses corpos e sobre como cuidar deles.
E aprenderão como aprendem tudo o mais: com aquilo que lhes falamos e ensinamos, mas fundamentalmente olhando para nós, observando. As afirmações acima nos levam a duas conclusões importantes:
Uma escola é feita de alunos e educadores. Por isso, todos os adultos que entram numa escola assim que passam pelo portão, como que assinam um contrato em que se responsabilizam pela educação das crianças que passaram pelo mesmo portão.
Uma educação alimentar e nutricional e a valorização da prática de atividades físicas se realizam, ou pelo menos podem se realizar, em todos os momentos do cotidiano escolar.
Na hora das refeições e no espaço em que as crianças comem, é claro, mas também durante as aulas, com projetos específicos para isso (para crianças ou alunos mais velhos), nos momentos de brincadeiras e de jogo. Afinal, uma das brincadeiras prediletas de crianças pequenas não é “dar comidinha” a alguém?
Nas aulas de educação física e nos intervalos, certamente, mas também durante as aulas de outras matérias, nas brincadeiras que ensinamos ou só autorizamos, em muitos momentos do cotidiano escolar que não estão necessariamente dirigidos à atividade física, mas nos quais cada pessoa envolvida leva consigo seu próprio corpo, essa parte de nós tão ativa e tão física.
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Educação alimentar e nutricional
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O ato humano de se alimentar
valores, os simbólicos, orientam e muito nossas escolhas, o modo de preparo, o rigor higiênico que aplicaremos ao preparo, os temperos e ingredientes que usaremos. Isso se deve, em parte, ao fato de que tudo o que comemos, de alguma forma, nos nutre. É claro que todos sabemos que alguns alimentos fazem isso melhor do que outros, mas também sabemos que qualquer alimento tem algum valor nutricional. Há outra parte, entretanto, muito mais decisiva: comer é um ato social e afetivo. Comer faz parte do que nós acreditamos que somos. Comer (ou não comer) pode ser confortador ou não.
A dimensão simbólica do ato de comer, para nós, é muito mais presente e poderosa do que qualquer outra dimensão envolvida no mesmo ato. Isso nem sempre foi assim, é claro, e não é assim, ainda hoje, para todo mundo. Revestir um ato do cotidiano com essa dimensão simbólica tão poderosa é algo que tem a ver com uma certa fartura. É preciso que as pessoas tenham realmente o que comer. Quem passa fome, por exemplo, faz poucas considerações simbólicas sobre tudo aquilo que dissemos anteriormente: não liga para o cheiro ou para a aparência, se a comida está quente ou fria e outras coisas que nos preocupam; também não se importa muito com o valor nutricional do que come.
Todos comemos. Todos os dias, em geral, várias vezes ao dia. Comer é uma das necessidades da espécie. É uma necessidade dos seres vivos. Todos sabemos que precisamos comer para sobreviver. Entretanto, diferentemente de outros animais, nem todos comemos as mesmas coisas, ou da mesma maneira, nos mesmos horários, com as mesmas companhias. Para além do fato de que todos nós comemos, que nos une, há o imenso fato de que tudo o mais que envolve o ato de comer é mais ou menos diferente para cada um de nós. O mais interessante disso tudo é que, embora qualquer coisa que comamos tenha, sim, um valor nutricional e isso seja fundamental para o bom funcionamento de nosso organismo e para a manutenção da vida, o ato de comer é cercado de outros valores: se o alimento é saboroso, se o prato é bonito de se olhar, se o cheirinho é bom, se essa é a receita da minha avó, aquela, dos domingos à tarde, se meu companheiro ou companheira de refeição é meu grande amor, ou meus filhos.... Todos os que cozinham para si mesmos ou para mais alguém sabem que o segundo grupo de
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A palavra VALOR, aqui, refere-se ao significado quantitativo do termo. O valor nutricional dos alimentos é um cálculo através do qual se obtém um resultado numérico, aquele que você pode encontrar nas tabelas nutricionais impressas nas embalagens
Aqui, o termo VALOR aparece em sua dimensão simbólica e, nesse caso, não se trata de algo palpável, estabelecido ou que possa ser medido. Valor, do ponto de vista simbólico, é a enunciação de um preceito, uma crença, uma proposição que se considera valiosa e, por isso, funciona como um orientador quando temos que tomar decisões sobre o que devemos ou não devemos fazer. Valor, aqui, pode ser entendido como um “guia de ação”.
Se o ponto de vista nutricional fosse o único valor a nos orientar, comer seria uma prática muito mais simples e rápida do que é hoje. É provável que, se apenas a nutrição fosse considerada, vivêssemos a fantasia tão comum entre as crianças de nos alimentarmos exclusivamente de pílulas nutritivas, que seriam ingeridas com um único gole de água, em menos de cinco segundos. Mas não é isso o que fazemos, é? Pelo contrário, para nós, comer assemelha-se mais a um ritual: é algo cheio de horários, de queros e não-queros, de lugares certos onde se sentar, de objetos especiais para usar – talheres, toalhas, pratos, copos –, de coisas que podem ser ditas à mesa e outras que só se pode mencionar em outros lugares, de sons que podem ser ouvidos e coisas que podem ser vistas pelos outros comensais e outras que não.
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Agora, depois de saber tudo isso sobre os valores simbólicos que recobrem completamente o ato cotidiano de se alimentar (e todos os outros), PENSE por um minuto nas refeições que são oferecidas aos alunos e alunas de sua escola ou qualquer outra instituição que você trabalhe.
Onde estão colocados esses valores simbólicos? Mesmo que ninguém nunca tenha pensado nisso, eles estão lá, de uma maneira ou de outra.
Em outras palavras,
quais são os valores que estão sendo ensinados às crianças?
Pensemos em algumas situações muito conhecidas por todos nós que já estivemos em escolas brasileiras. Em muitas delas há: crianças comendo em pé;
crianças sem poder escolher o que querem ou não comer, ou quanto querem comer de cada coisa;
um ambiente cheio de barulho e movimento; pratos plásticos, com aparência muito esquisita;
estão cercadas e cuidadas por adultos que mal falam com elas e, quando o fazem, é provável que seja apenas para dar uma bronca rápida e em bom-tom.
crianças sendo servidas por pessoas de quem elas não veem os rostos;
De tudo o que foi dito até agora, alguns aspectos devem nos interessar particularmente, em função do fato de sermos todos educadores e educadoras:
As práticas civilizadas são uma invenção social e, por isso, variam no tempo e no espaço, não são sempre as mesmas e nem as mesmas para todo mundo.
As práticas civilizadas se organizam em torno de valores simbólicos que tornam determinadas coisas e comportamentos aceitáveis e outros inaceitáveis, e se localizam em atos cotidianos — que fazemos todos os dias, todo o tempo — especialmente aqueles que têm a ver com o corpo humano, o que colocamos dentro, fora e sobre este corpo.
Em muitas sociedades, grande parte do que as pessoas aprendem sobre o que é ser civilizado, sobre o que se deve ou não se deve comer e como fazê-lo, acontece na escola, é ensinado pelos adultos. O parágrafo acima pode ser dito de outra forma, que talvez o torne ainda mais claro: tudo o que é feito pelos adultos na escola é entendido pelas crianças como algo que elas podem – e em alguns casos, devem – aprender. É exatamente por isso que hoje há uma preocupação justa e necessária com as práticas de educação alimentar e nutricional, uma vez que muitas crianças fazem parte das refeições diárias na escola, na companhia de educadores e educadoras. Notem, entretanto, que o nome educação alimentar e nutricional tem como núcleo, como termo-chave, a palavra EDUCAÇÃO. Os outros termos são meros adjetivos.
COMPARE essa cena aos almoços e jantares que existem em sua casa, em restaurantes que você frequenta, em qualquer outro lugar.
Pode ser muito diferente, não é?
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EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
O ato humano de se alimentar
Como são uma invenção social, as práticas civilizadas devem ser ensinadas aos que vão chegando ao mundo. Ninguém nasce civilizado, é algo que aprendemos.
Tudo o que é feito pelos adultos na escola é entendido pelas crianças como algo que elas podem – e em alguns casos, devem – aprender
Isso quer dizer que, embora as questões alimentares — o que se come e como se faz isso — e as nutricionais — qual o valor nutricional de tudo o que se come — sejam relevantes e devam ser consideradas sempre, é por meio de uma educação que aprendemos a considerar uma coisa e outra com autonomia, ou seja, é só uma educação que nos permite tomar decisões melhores por toda uma vida.
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ALGUMAS ENTRE OUTRAS TANTAS
PERGUNTAS QUE PODEM SER FEITAS SOBRE ESSE ASSUNTO NA ESCOLA
O que estamos querendo ensinar durante as refeições e por quê? As crianças estão aprendendo o que escolhemos ensinar?
A refeição dos nossos alunos é um tema presente em nossas discussões pedagógicas?
As crianças falam sobre o momento da refeição? Elas sugerem mudanças?
É possível ter uma boa conversa no refeitório?
O refeitório é um lugar gostoso de estar? Há outros lugares na escola que poderíamos usar para as crianças comerem? Um jardim? Uma sombra gostosa? O pátio?
Agora é sua vez Crie novas perguntas pensando na sua escola, no seu dia a dia
Quais são as ações que consideramos mais relevantes sobre o tema da alimentação escolar na minha escola? Que resultados estamos alcançando?
Quando olhamos o momento da refeição na escola, gostaríamos que ele fosse diferente? O que estamos fazendo para que ele seja do jeito que desejamos?
Como podemos demonstrar que somos responsáveis pela educação alimentar e nutricional dos nossos alunos? Estamos dividindo essa responsabilidade com as famílias? Vemos mudanças no comportamento das crianças e jovens?
Durante as refeições dos nossos alunos, nós os ensinamos a sentar junto para conversar? Por que fazemos (ou não) isso?
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EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
O ato humano de se alimentar
Quem define o tempo que duram os intervalos para as refeições? Estamos satisfeitos com isso? É possível ser diferente?
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os
valores numa educação
Prazer COMER DEVE SER BOM
Considerar o prazer como um dos valores presentes numa educação alimentar e nutricional implica estarmos atentos à qualidade de apresentação dos pratos que são servidos, ao cheirinho bom que exala de uma comida bem preparada, ao lugar onde estamos servindo a refeição, se podemos ou não usufruir da companhia de amigos e outras coisas que podem colaborar para que esse momento seja um momento de prazer.
alimentar e nutricional Uma educação alimentar e nutricional é, antes de tudo e como o próprio nome diz, uma educação. Isso quer dizer que, embora as questões de saúde alimentar sejam importantes, o que orienta as ações de qualquer um que queira ensinar algo às crianças sobre alimentação são valores, como acontece com qualquer educação. É assim quando se ensina matemática, geografia ou sobre o que devemos ou não comer e como. As crianças chegam ao mundo sem saber muito bem como ele funciona e confiam nos adultos e no que eles podem lhes mostrar sobre o mundo para decifrar este imenso enigma. O começo desta longa conversa entre adultos e crianças sobre o mundo e o que ele pode oferecer – e exigir – se dá, justamente, nos
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Afinal, comer tem a ver com os cinco sentidos, e não só com o paladar.
momentos de alimentação. Os alimentos que oferecemos às crianças, a forma como o fazemos, a cara que fazemos ao apresentar este ou aquele alimento, ao comermos algo, aquilo que escolhemos não oferecer, tudo isso são pistas que as crianças vão coletando para aprender como se comportar, o que comer ou não, o que é bom, o que não é.
Nossas escolhas sobre alimentação – e sobre tudo o mais – são orientadas por valores que nos dizem o que devemos ou não fazer em cada situação. A busca pela saúde é um valor, mas existem muitos outros, poderosíssimos, que nos orientam nestes momentos. Veja, a seguir, um conjunto de valores que podem nos orientar em nossas decisões quando nos dirigimos a uma criança, seja para alimentá-la, seja para apenas falar sobre isso.
Comer é um ato de prazer. Aliás, o primeiro prazer que temos em nossas vidas, o que não é pouco. Por isso, é importante lembrar que a gente come mais porque é gostoso do que porque precisamos disso para nos manter vivos. Assim, nossos argumentos para uma criança devem levar em consideração esta ideia: comer deve ser bom!
Dividir a mesa, ou mesmo sentar-se no chão ao lado de amigos para comer junto, pode ser um momento de muito prazer e que pode ser cultivado no ambiente escolar. Levar a sério esse valor significa:
ABANDONAR FRASES sobre a refeição que usaríamos também para falar sobre remédios de gosto horrível ou injeções
É bom para você
Precisa comer para crescer forte
É ruim, mas necessário
SUBSTITUÍ-LAS por aquelas que evocam esse prazer sensorial que a comida é para nós, seres humanos
Eu adoro comer isso desde que era do seu tamanho
O cheiro dessa carninha tá tão bom que dá vontade de mergulhar na panela
Olha só que coisa linda essa salada de diferentes tons de verde
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Autonomia É impossível fazer alguém comer alguma coisa se essa pessoa realmente não quiser fazê-lo. Comer é um ato da vontade. As pessoas escolhem comer ou não e, mais importante, escolhem o que comer. Assim, devemos fornecer às crianças razões convincentes para que elas escolham comer isso ou aquilo autonomamente.
COMER É UM ATO DA VONTADE
Considerar esse valor numa educação alimentar e nutricional implica compreendermos que comer é “colocar o mundo pra dentro”. Por isso, é necessário dedicar tempo para que as crianças conheçam e se familiarizem com os alimentos. Afinal, quem é que quer colocar pra dentro aquilo que não conhece direito?? Ao servir um prato para uma criança, devemos deixar à mostra todos os ingredientes. Assim, elas aprendem a distinguir cada alimento — o que é fundamental numa educação alimentar e nutricional. Saber escolher aquilo que queremos (ou não queremos) “colocar pra dentro” pode levar tempo.
A educação tem um papel decisivo para que uma criança aprenda a fazer boas escolhas.
Valorização das
tradições locais COMER É UM ATO DA CULTURA
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EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
Comer é algo que aprendemos com os adultos que nos recebem no mundo, e estes adultos, por sua vez, aprenderam com alguém mais. Nas escolhas alimentares, circulam tradições poderosíssimas, que determinam preferências, escolhas e recusas. Considerar esse valor numa educação alimentar e nutricional implica compreendermos que o que (e como) comemos é parte da história de cada um de nós, é parte do que somos. Essa é uma forma de ensinar às crianças como se alimentar melhor. Mara Salles, chef e pesquisadora da culinária brasileira, costuma dizer: “Quando comemos um acarajé, estamos comendo uma história e não simplesmente um bolinho feito de feijão e frito no dendê”. Comer também é um ato da cultura.
Os valores numa educação alimentar e nutricional
Sustentabilidade MUITAS PESSOAS COMENDO POR UM TEMPO BEM LONGO
Em geral, nós comemos durante toda a vida, o que significa que são muitas pessoas comendo por um tempo bem longo. Assim, o que quer que ensinemos às crianças sobre alimentação, deve envolver opções sustentáveis, pois será preciso fazer uso dessas opções em larga escala por um tempo enorme. Considerar esse valor numa educação alimentar e nutricional implica estar atento ao desperdício, à procedência dos alimentos, ao uso excessivo de agrotóxicos e a outras tantas coisas que podem ser nocivas à vida em nosso planeta.
Diversidade Nós somos uma espécie muito interessante, que come quase tudo o que já apareceu na superfície do planeta. Ensinar às crianças que todas essas coisas têm valor nutricional e sabores surpreendentes é uma das formas de ensinar-lhes sobre o que a alimentação significa para nossa espécie.
O MUNDO ESTÁ CHEIO DE SABORES DIFERENTES
Considerar esse valor numa educação alimentar e nutricional implica variar o cardápio, porque ninguém gosta de comer a mesma coisa todos os dias, preparada da mesma maneira. Os gestores e cozinheiros devem estar atentos a isso: oferecer às crianças ingredientes variados e com formas de preparo também variadas.
Significa também ter paciência para ensinar às crianças e aos jovens que o mundo está cheio de sabores diferentes, porque pode levar tempo para que eles aprendam a usufruir deles.
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Saúde TER SAÚDE É SER SAUDÁVEL
A saúde, por muito tempo, foi definida como a ausência de doença, uma definição em negativo. Isto é, ninguém sabia muito bem o que era ser saudável, mas as pessoas sabiam o que era estar doente. Definições desse tipo deixam de lado uma série de variações possíveis entre o estar doente e o estar saudável. Por isso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) adotou uma definição mais abrangente de saúde, que trata menos da condição clínica do corpo – presença ou ausência de doença – e mais da experiência de ser saudável.
A saúde é um valor coletivo, um bem de todos e cada um deve gozá-la individualmente, sem prejuízo de outrem e solidariamente, com todos. Essa alteração na definição nos permitiu passar da posição de combate à doença, na qual apenas o campo médico tem atuação, para uma posição de promoção da saúde. E é apenas neste caso que uma educação tem toda a importância do mundo, contribuindo para que a saúde seja, efetivamente, um valor que nos oriente acerca de decisões necessárias em vários momentos de cada dia.
Saúde
Saúde
Ausência de doença medicina
políticas públicas
Experiência de ser saudável gastronomia
sanitarismo
arquitetura e urbanismo nutrição
ecologia
psicologia
educação
arte
EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
Chamamos de comensalidade o conjunto de rituais, hábitos, comportamentos, utensílios, práticas culturais ligados ao ato humano de se alimentar. O fato de usarmos pratos, talheres e guardanapos, a forma como os usamos, servir a comida em travessas, mastigar com a boca fechada, assuntos que tratamos à mesa e outros que são proibidos ou de mau gosto, comer pequenos bocados de cada vez, tudo isso e muito, muito mais, não tem nada a ver com os aspectos biológicos da alimentação ou da nutrição. São fatos inteiramente produzidos na cultura e que valorizamos enormemente, porque falam da humanidade de cada um de nós. Como esses elementos do ato de alimentarse são produzidos na cultura, historicamente, só podem ser ensinados e aprendidos na mesma cultura. Assim, quando nos sentamos à mesa com crianças e elas podem testemunhar a forma como nos comportamos e aprender com isso, o que acontece não é só uma importante aprendizagem sobre a comensalidade em si, mas um ingresso na cultura que as recebeu no mundo.
Considerar esse valor significa realizar ações educativas que levem em conta esses princípios, ainda que apenas alguns deles de cada vez. Ensinar as crianças sobre o que comer, como comer, por que escolher isso ou aquilo também ensina que cada uma delas é extremamente valiosa para o mundo que as recebe. O que não é pouca coisa, não é mesmo? Testemunhar os comportamentos adultos é a forma mais clássica e mais simples de mostrar às crianças esse valor e tudo o que ele implica.
ciências do movimento corporal medicina
e muitas outras áreas...
Considerar esse valor na educação alimentar e nutricional significa orientar insistente e cuidadosamente para que as crianças se sirvam apenas com aqueles alimentos que vão mesmo consumir, pois colocar no prato qualquer coisa além disso significa um desperdício, o que seria, em qualquer caso, uma ameaça desnecessária à saúde de todos. Isso vale para a comida e para a água também!
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Comensalidade
COMPORTAMENTOS LIGADOS AO ATO DE SE ALIMENTAR
Os valores numa educação alimentar e nutricional
Assim, fazer refeições junto com as crianças ou apenas acompanhá-las na hora de comer e, enquanto isso, estabelecer conversas agradáveis, fazer observações simpáticas sobre o uso de utensílios, manter estes utensílios à disposição são atos adultos que podem transformar o ingresso das crianças nesse aspecto da cultura num interessante convite, numa mensagem de boas-vindas.
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Ministér io da Sa
Guia Alimentar para a População Brasileira Minist
ério da saúde
úde
2º Ediçã o
Gu para aia alimenta r popula Brasi ção leira
EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
estejamos acompanhados nas refeições.
2ª ediçã
o
brasília
— dF 2014
Alimentos in natura ou pouco processados: são alimentos que são consumidos da mesma forma que os encontramos em seu estado natural ou que passaram por processos industriais que não alteram sua forma ou conteúdo. Alimentos processados: são alimentos que passam por processos que envolvem o acréscimo ou retirada de certos elementos. Alimentos ultraprocessados: são alimentos que passam por processos industriais importantes e numerosos.
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nos envolvamos no preparo dos alimentos e das refeições que consumimos; reservemos para essas refeições um tempo e uma disposição que nos permita usufruir os alimentos que comemos;
a popu lação brasile ira
A recomendação do Guia é de que, preferencialmente, tenhamos um alto consumo ou consumo preferencial dos alimentos in natura ou pouco processados, consumo esporádico ou eventual dos alimentos processados e consumo raro ou inexistente dos alimentos ultraprocessados.
Guia al iMenta r para
Em 2014, o Ministério da Saúde lançou uma nova edição do Guia Alimentar para a População Brasileira, documento que traz as principais diretrizes e recomendações oficiais para a alimentação dos brasileiros. Diferentemente de todas as publicações anteriores, este novo guia não classifica os alimentos com base nos nutrientes que eles contêm, mas utiliza como critério os processos pelos quais passa cada alimento antes de chegar efetivamente às nossas bocas e corpos.
Além disso, o Guia trata a alimentação como um ato que vai além da ingestão de nutrientes. Por isso, ele traz outras sete orientações para as decisões alimentares da população brasileira, na sua maior parte ligadas à forma como a gente escolhe se alimentar, mais do que ao que a gente escolhe consumir quando se alimenta. E, como todos sabemos, o nome disso é educação alimentar e nutricional. O Guia recomenda que sempre que possível:
Os valores numa educação alimentar e nutricional
Assim, temos esse prazer adicional e ainda aproveitamos a oportunidade de ensinar às crianças como fazemos isso, entre outras coisas.
Não é difícil reconhecer aí os valores que estão presentes também no Nutrir, não é mesmo? Prazer, comensalidade, diversidade, saúde, sustentabilidade, respeito às diferenças e especificidades regionais e culturais são a base de nossa cultura e, portanto, da nossa educação alimentar e nutricional.
Se você quiser conhecer melhor o Novo Guia Alimentar para a População Brasileira e suas recomendações, acesse o texto completo em: portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/novembro/05/ Guia-Alimentar-para-a-pop-brasiliera-Miolo-PDF-Internet.pdf
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ALGUMAS ENTRE OUTRAS TANTAS
PERGUNTAS QUE PODEM SER FEITAS SOBRE ESSE ASSUNTO NA ESCOLA Todos estamos de acordo sobre a maneira que adotamos para servir a refeição para nossos alunos e alunas? Estamos discutindo sobre esse assunto na escola?
Nós conhecemos e concordamos com o tipo de treinamento que os cozinheiros recebem? Temos uma avaliação sobre ele? Temos sugestões possíveis para mudar essa situação, caso fosse necessário?
Estamos satisfeitos com os horários em que servimos as refeições? Como sabemos que nossos alunos estão com fome quando as refeições são servidas?
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EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
Nossos alunos e alunas sabem o que vão comer em cada dia, em cada refeição? Consideramos isso importante?
Os cozinheiros participam das discussões sobre educação alimentar e nutricional de nossos alunos?
Nós conhecemos os hábitos alimentares das famílias de nossos alunos? Nós envolvemos as famílias nas discussões sobre alimentação?
Os valores numa educação alimentar e nutricional
Nós sabemos de onde vêm os alimentos que chegam para a alimentação escolar? Estamos satisfeitos com esses insumos? Há outras alternativas?
Agora é sua vez Crie novas perguntas pensando na sua escola, no seu dia a dia
Podemos consumir algum ingrediente (temperos, chás, hortaliças, frutas, legumes) produzido por nós em uma horta na escola?
Nossos alunos acham a comida gostosa, cheirosa, quentinha e com uma aparência apetitosa? Eles gostam de comer a comida da escola?
Que tipo de controle estamos fazendo para verificar o desperdício de alimentos? Nossas ações estão surtindo efeito?
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Hidratação O consumo de água, ou o que chamamos de hidratação, é um dos aspectos mais importantes para o funcionamento biológico do nosso organismo. Isso acontece porque nosso corpo é regulado por meio de uma série de processos químicos que têm a água como solvente. Há diversas recomendações sobre a quantidade de água que deve ser ingerida diariamente, mas o fato é que essa quantidade pode variar enormemente de pessoa para pessoa e há vários critérios a serem considerados. O peso, a altura e a idade das pessoas são alguns critérios, mas o restante de sua alimentação também. Pessoas que realizam atividades físicas intensas regularmente precisam de mais água do que aquelas que são mais sedentárias. Somos pessoas diferentes, com vidas diferentes. Por isso, mais do que determinar a quantidade de água que devemos consumir por dia, o que precisamos é ensinar as crianças a reconhecerem e responderem apropriadamente aos sinais que o corpo é capaz de nos enviar. Ou seja, focar na hidratação do ponto de vista de uma educação alimentar e nutricional.
Ensinar as crianças a reconhecerem e responderem apropriadamente aos sinais que o corpo é capaz de nos enviar
Como a água é absolutamente essencial para nossos processos biológicos (podemos, por exemplo, nos manter mais tempo vivos consumindo apenas água e nenhuma comida do que conseguiríamos fazendo o contrário: comendo, mas sem ingerir água alguma), o corpo também é menos enérgico quando nossa hidratação baixa. O primeiro e mais evidente sinal, nesse caso, é a sede. Se esse sinal é ignorado ou, por qualquer motivo, o consumo de água não é possível, seguem-se as dores de cabeça, sensação de moleza, alterações na pele, na cor e no cheiro da urina. A sede em si já é um sinal de leve desidratação. Crianças, principalmente as pequenas, nem sempre conseguem identificar esses sinais e sabem menos ainda como responder a eles. Por isso, é interessante e necessário que ofereçamos água muitas vezes ao dia, porque nós sabemos interpretar esses sinais e podemos reconhecer as variáveis que importam: se o dia está quente ou frio, se elas estavam correndo ou sentadinhas, se faz muito tempo que elas tomaram o último copo d’água. Quando elas crescem um pouquinho, aprendem que os adultos acham importante beber água e usam essa percepção para outros fins, como interromper uma aula quando estão cansadas, por exemplo. Quem nunca teve aquele aluno que bebeu, em uma única aula, o equivalente ao volume do Amazonas? Assim como as ensinamos a identificar os sinais quando eram pequenas, podemos agora ensinar-lhes outras formas de conseguir esse pequeno intervalo desejado. O simples ato de manter, em sala, uma jarra com água ou instruir os alunos e alunas para que tragam suas próprias garrafinhas pode ajudar muito. Assim, as crianças vão se habituando a tomar água regularmente.
O importante mesmo é que dirijamos nossos esforços pedagógicos para convencer crianças e adolescentes a não substituírem a água por outras bebidas, mantendo hábitos saudáveis de hidratação. Como todos nós sabemos, na hora da sede, nada melhor que um bom e velho copo d’água fresquinha, não é mesmo?
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ALGUMAS ENTRE OUTRAS TANTAS
PERGUNTAS QUE PODEM SER FEITAS SOBRE ESSE ASSUNTO NA ESCOLA Nossos alunos consomem refrigerantes enquanto estão na escola? O que nós fazemos em relação a esse comportamento? Estamos obtendo algum resultado?
Crie novas perguntas pensando na sua escola, no seu dia a dia
Nós, educadores, podemos ser considerados bons exemplos de saúde para nossos alunos? O que pensamos sobre isso?
Para que outras atividades nossa escola usa água — lavar instalações, regar plantas e jardins? Será que é a mesma água que usamos para beber?
EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
A qualidade da água que nossos estudantes bebem na escola é avaliada constantemente?
Nós sabemos a quantidade de água que nossos alunos consomem enquanto estão na escola? Podemos levantar esse dado?
Além da água, que outras bebidas as crianças constumam consumir em nossa escola? Nós conversamos com elas ou fazemos alguma ação pedagógica específica para que elas entendam a diferença entre a água e essas outras bebidas?
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Agora é sua vez
Hidratação
Nossa escola disponibiliza copos descartáveis para o consumo de água? Se sim, qual é a quantidade que usamos em uma semana ou um mês? Como podemos reduzir esse consumo?
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Educação para a prática de
Atividade física
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Sabemos praticamos
por que será?
Todo mundo sabe da importância da atividade física para a nossa saúde. No rádio, na televisão, nos jornais, nas revistas, nas redes sociais – podemos encontrar uma grande variedade de informações sobre isso em qualquer lugar. Afinal, você com certeza já ouviu falar que praticar exercícios reduz o risco de desenvolver doenças do coração, diabetes, hipertensão e obesidade, entre outras doenças não transmissíveis.
1% 16, 62, 0 2 m E s sileiro a r b s do ais de com m s não 15 ano avam pratic er qualqu e ou esport de ativida física*
É claro que, nas comunicações que nós vemos por aí, a saúde não é o único apelo para a prática de atividades físicas. Os padrões de estética corporal também são um motivador importante. Acompanhamos eventos esportivos, torcemos para nosso time do coração, admiramos as habilidades e conquistas de atletas. A cultura esportiva está presente nos nossos calçados e roupas, nos jogos, na publicidade e até na nossa identidade cultural.
Então por que nossas crianças e jovens praticam cada vez menos atividades físicas?
*Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
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PENSE COMO ERA O MUNDO HÁ UNS 50 ANOS. As pessoas se deslocavam mais a pé e usavam muito mais o corpo nas atividades cotidianas (nossas avós não tinham máquina de lavar roupa ou louça) e nos espaços de lazer (não havia videogames, tablets ou smartphones). COMPARE COM SUA VIDA HOJE. As coisas são bem diferentes, não é mesmo? Vamos voltar ainda mais no tempo. A evolução da nossa espécie está intrinsecamente ligada ao desenvolvimento das nossas capacidades corporais, como a posição ereta e o polegar opositor. Essas duas características, mais o desenvolvimento da linguagem e do pensamento, permitiram que nossos ancestrais criassem ferramentas para mediar suas relações com o mundo, reduzindo o esforço físico que era necessário para vencer os mínimos desafios do dia a dia. Esse processo evolutivo nos levou a uma vida cada vez mais independente das atividades físicas. Ao mesmo tempo, continuamos ativos, dançando, jogando, praticando esportes – sem mais depender disso para sobreviver. Por isso, todas as sociedades apresentam o que hoje conhecemos como CULTURA CORPORAL: atividades que se manifestam por meio da linguagem corporal e que têm significados importantes para a socialização, o convívio, a coesão do grupo, a construção de regras, as emoções e sentimentos em relação a nós mesmos e ao nosso universo cultural. Em outras palavras, CULTURA CORPORAL é o conjunto de práticas e significações, construídos ao longo do tempo, que expressamos por meio da linguagem corporal nos jogos e brincadeiras, nas lutas, esportes, ginásticas, nas danças, enfim, em todas as atividades que realizamos com o corpo e que falam de lugares sociais, relações de poder, valores.
O que acontece é que, com as novas tecnologias e a urbanização, estamos cada vez mais inativos fisicamente. Por isso, o sedentarismo tem se tornado um problema de saúde pública em todo o mundo. Aqui no Brasil, um indicador alarmante é o crescimento dos índices de sobrepeso e obesidade na infância e adolescência, em todas as regiões e camadas sociais.
Quanto nós mesmos vamos nos tornando sedentários, em função de diversas pressões do cotidiano, e acabamos inserindo nossas crianças e jovens nesse estilo de vida?
Movimentar-se é intrínseco ao ser humano e vai além das necessidades biológicas do corpo. Envolve sentidos, emoções e pensamentos.
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ALGUMAS ENTRE OUTRAS TANTAS
Agora é sua vez
PERGUNTAS
O que sabemos sobre a importância da atividade física? Como podemos aprender mais sobre o tema?
QUE PODEM SER FEITAS SOBRE ESSE ASSUNTO NA ESCOLA Nossos alunos conhecem os benefícios da atividade física para a saúde? O que podemos fazer para que eles saibam mais sobre o assunto?
As atitudes que tomamos, as frases que falamos estimulam ou inibem o movimento das crianças? Por que fazemos isso?
Nós, educadores, praticamos atividade física em nossa vida pessoal?
EDUCAÇÃO PARA A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA
O que podemos fazer para incrementar a prática de atividade física durante o recreio e os intervalos? Organizar melhor os espaços, oferecer materiais, trabalhar outras atividades com as crianças?
Como podemos saber quais são os hábitos dos alunos e de suas famílias sobre atividade física? Podemos ampliar esses conhecimentos e práticas?
Temos algum espaço na escola onde possamos disseminar conteúdos sobre a importância da atividade física para a comunidade escolar? O que poderíamos fazer nesse espaço?
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Crie novas perguntas pensando na sua escola, no seu dia a dia
Será que nós, educadores, paramos para pensar quanto da atividade física das crianças e adolescentes nos incomoda?
Sabemos + praticamamos -, por que será?
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atividade física na escola
Além disso, na Carta Internacional da Educação Física, da Atividade Física e do Esporte, publicada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o acesso à atividade física é uma das condições para o exercício dos direitos humanos. Para a UNESCO, as práticas corporais que se manifestam no jogo, na recreação, na dança e nos esportes devem ser praticadas como forma de prover benefícios para a saúde, o desenvolvimento social e econômico, a cultura da paz, o empoderamento dos jovens e a promoção de valores como a igualdade, o respeito, o trabalho em equipe, o respeito às regras, a lealdade e a solidariedade.
Quais são nossas concepções de atividade física? A escola é um espaço democrático, no qual as crianças podem – e devem – ser incluídas em processos de desenvolvimento pleno. Por isso, os aspectos fisiológicos e metabólicos não podem ser os únicos elementos em que pensamos quando o assunto é prática de atividade física. Significações culturais, sentimentos, valores e processos mentais também entram em jogo. Muitas vezes, nós, educadores, entendemos que quanto mais um aluno se mexe durante a aula, menos ele aprende. Mas a ciência tem mostrado que a atividade física produz efeitos positivos no funcionamento cognitivo, na aprendizagem e no desempenho escolar. Ela aumenta o fluxo sanguíneo para o cérebro, elevando a captação de oxigênio e a atuação de neurotransmissores cerebrais como a serotonina, e pode melhorar funções cognitivas como a memória e a atenção.
Ou seja: crianças e adolescentes mais ativos têm melhor desempenho escolar.
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Resumindo, a ATIVIDADE FÍSICA não é apenas um modo de aumentar o gasto energético do corpo, mas sim, uma oportunidade para o pleno desenvolvimento e a realização pessoal, social e cultural.
Corpo Biológico + Cultural + Social
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que crianças de 5 a 17 anos realizem 60 minutos por dia de atividades físicas, que podem ser divididas em várias sessões (duas atividades de 30 minutos ou 4 momentos de 15 minutos, por exemplo), incluindo atividades que promovam o desenvolvimento da resistência muscular e exercícos aeróbicos que favoreçam a função cardiorrespiratória.
É por isso que a escola deve oferecer programas de incentivo à prática de atividade física alinhados ao projeto político-pedagógico. E é por isso que nós, educadores, precisamos rever a forma como entendemos nosso corpo e o seu papel no processo educacional.
Para quieto, menino! Pense por um momento nas coisas que são faladas para as crianças o tempo todo na escola:
EDUCAÇÃO PARA A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA
Você já parou para pensar em como temos dificuldade para manter a atenção quando estamos desconfortáveis, com fome, com dor, quando há ruídos que prejudicam nossa concentração? Por exemplo, se ficamos parados por muito tempo, logo ficamos inquietos e distraídos. Nossa postura, nossas sensações e sentimentos, nossa atenção e motivação são vividos corporalmente. Nas crianças isso é ainda mais visível – afinal, os processos mentais delas estão intimamente ligados ao fazer e à expressão corporal.
É isso que diz o conceito de
corporeidade: que não temos um corpo a ser controlado e disciplinado, mas sim, um corpo como totalidade, que integra funções físicas, nossa mente e tudo que produzimos nas interações com o mundo e com a cultura.
Não é responsabilidade exclusiva do professor de Educação Física trabalhar os conceitos de corporeidade e cultura corporal. Eles podem e devem ser discutidos em outros âmbitos e espaços da escola. Quando as crianças aprendem e incorporam esses conceitos, e passam a ler o mundo ao seu redor a partir deles, a prática de atividade física se torna um hábito, inserido dentro de um contexto cultural que faz sentido.
Cuidado, não corre, você pode se machucar! Fica aqui sentadinho! Hoje não vamos ao parque porque vocês não se comportaram! Não fez o dever de casa, não vai à aula de Educação Física!
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Vamos refletir um pouco sobre o que podemos fazer para promover uma educação para a prática de atividade física na nossa escola.
Atividade física na escola
NÃO TEMOS UM CORPO, SOMOS UM CORPO
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ALGUMAS ENTRE OUTRAS TANTAS
PERGUNTAS QUE PODEM SER FEITAS SOBRE ESSE ASSUNTO NA ESCOLA Nossas cadeiras são adequadas para o tamanho das crianças? Nós exigimos que os alunos mantenham uma determinada postura? Eles se sentem confortáveis dentro da sala de aula?
Nós sabemos que atividades da cultura corporal (jogos, esportes, brincadeiras, danças, lutas, ginásticas) nossos alunos praticam fora da escola?
As crianças se movimentam como parte da aula ou ficam sentadas o tempo todo? Elas levantam, visitam outros espaços da escola, dramatizam histórias?
Como é possível melhorar os espaços e rotinas da escola para que as crianças tenham mais oportunidade de se expressar corporalmente e praticar atividades físicas?
Nossos espaços são adaptados para a necessidade que as crianças e adolescentes têm de se movimentar?
Agora é sua vez Crie novas perguntas pensando na sua escola, no seu dia a dia
Com qual frequência nós, educadores, realizamos atividades pedagógicas fora da sala de aula? Isso é estimulado na nossa escola? O que os outros professores pensam sobre essas atividades?
Por que, apesar da ampla divulgação da cultura esportiva, fazemos menos atividade física? Qual o papel da escola na educação para a atividade física?
Há espaços fora da escola em que são oferecidas atividades ligadas à cultura corporal? Nós frequentamos esses espaços? Nossos alunos os conhecem?
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EDUCAÇÃO PARA A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA
Atividade física na escola
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os
Diversidade
valores
numa educação para a prática de atividade física
Prazer É fácil observar o prazer que as crianças pequenas têm em se movimentar e conhecer o próprio corpo. Cada nova descoberta é comemorada com sorrisos, brincadeiras e mais movimento. Quando aprendem a andar, caminham para lá e para cá, brincando com o espaço, o ritmo e as variações do movimento. Piaget chamou essa forma de exploração do movimento de “jogo de exercício” ou “jogo sensório-motor”. Mas, à medida que vamos crescendo, vamos esquecendo de perceber o prazer do movimento.
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Como vimos, nossas escolhas sobre praticar ou não atividade física vão muito além das questões de saúde. Veja, a seguir, um conjunto de valores que podem nos orientar a planejar e realizar ações nas escolas para estimular o movimento.
O PRAZER DE SE MOVIMENTAR E CONHECER O PRÓPRIO CORPO Considerar o prazer como um dos valores da educação para a prática de atividade física implica pensar em propostas de atividade física que sejam lúdicas, interessantes e agradáveis para todas as crianças. Significa também favorecer a descoberta de novos prazeres. Se a criança puder aprender novas habilidades, no seu próprio ritmo, de forma segura, percebendo que consegue vencer os desafios propostos, o prazer está garantido. Nós também passamos mensagens sobre o prazer do movimento quando resgatamos isso em nossa própria experiência. Nossa postura e disponibilidade corporal para interagir com os pequenos, brincar junto com eles, sentar no chão, sorrir, dançar, pular podem ser contagiantes. A mesma coisa acontece quando usamos outros espaços nas aulas e permitimos que as crianças adotem posturas diferentes para aprender (sentados em cadeiras, no chão, em almofadas, em pé, em movimento).
A diversidade é uma característica dos seres humanos. Temos corpos, modos de sentir o mundo, culturas diferentes. Por isso, cada um de nós dá um sentido diferente para a prática de atividades físicas.
TEMOS CORPOS, MODOS DE SENTIR O MUNDO, CULTURAS DIFERENTES
Considerar o valor da diversidade significa valorizar o potencial educativo que a diferença traz e formar crianças capazes de perceber, respeitar e valorizar a diversidade da cultura corporal. Ao planejar atividades físicas, considere a variedade de corpos e culturas, os diferentes conhecimentos e níveis de habilidade dos alunos, a inserção de práticas corporais de diferentes grupos. Esse valor também nos ajuda a pensar na importância de discutirmos estereótipos e preconceitos de gênero e etnia, questionando ideias de que existem práticas corporais só para meninos e outras só para meninas.
Equidade Equidade é a possibilidade de ser diferente, mas ter as mesmas oportunidades de aprendizagem e sucesso nas práticas corporais que as outras pessoas ao redor. Por esse motivo, a equidade se relaciona diretamente com a diversidade.
SER DIFERENTE, MAS TER AS MESMAS OPORTUNIDADES Considerar a equidade como um dos valores da educação para a prática de atividade física significa criar regras diferentes de pontuação para que todos tenham oportunidades equivalentes, mesmo as crianças com menos experiência ou habilidade. Por exemplo, em um jogo de boliche, as crianças podem escolher diferentes distâncias para lançar a bola, de acordo com a força e habilidade de cada um. Esse valor nos leva a pensar em práticas que permitam a participação de todos em condições de igualdade. Por isso, o planejamento do educador deve considerar mecanismos e estratégias didáticas que garantam que meninos e meninas, crianças e adolescentes com diferentes níveis de habilidade e características físicas, e crianças com deficiência tenham equidade de oportunidades. Quando adotamos esse valor nas nossas ações, a atividade física promove a cultura democrática, a participação e a autonomia de todos os alunos. 51
Valorização das
tradições locais VALORIZAR A IDENTIDADE CULTURAL DA COMUNIDADE
Cada comunidade possui formas diferentes de se expressar corporalmente. Nosso país é repleto de exemplos de tradições locais: brincadeiras típicas com variações para cada estado ou região, danças e exercícios que têm estreita relação com os ambientes e espaços, jogos e brincadeiras conhecidas por crianças que vivem em cidades grandes e outras, conhecidas por crianças que vivem na zona rural. Muitas vezes, as mesmas brincadeiras populares são conhecidas por nomes diferentes em diferentes regiões do país. Considerar o valor das tradições locais implica estimular que a escola envolva as famílias na prática de atividades para fortalecer vínculos e a identidade cultural da comunidade, mapear atividades da cultura corporal, visitar espaços da comunidade, como praças, parques, centros culturais e grupos folclóricos, e realizar ações nesses espaços junto com as crianças e suas famílias. Também significa incluir no planejamento das aulas práticas tradicionais relacionadas à cultura corporal indígena e afro-brasileira. Quando valorizamos as tradições locais, o objetivo da prática deixa de ser apenas treinar o corpo e passa a ter uma relação com a identidade cultural da comunidade.
Saúde CRIANÇAS MAIS ATIVAS E SAUDÁVEIS
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EDUCAÇÃO PARA A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA
Como vimos nos valores da educação alimentar e nutricional, a definição atual de saúde nos permite ter uma compreensão melhor do que é ser saudável. Muita gente associa o valor saúde a praticar esportes ou ir à academia, mas a própria OMS diz que atividade física não deve ser confundida com esporte. Atividade física é qualquer movimento produzido pelos músculos esqueléticos que usa energia. Se pensarmos por esse ângulo, ampliamos muito a possibilidade de convencer nossos alunos e alunas a se tornarem ativos e, consequentemente, serem mais saudáveis.
Os valores da educação para a prática de atividade física
Considerar este valor significa ficar atento aos movimentos das crianças enquanto elas fazem atividade física e orientá-las sobre os cuidados que devem ter durante a prática. Afinal, o movimento é uma das ferramentas que a criança usa para interagir com os outros e com o ambiente ao seu redor. Também implica falar sobre os benefícios do exercício, favorecendo o surgimento de uma prática que poderá acompanhar os alunos e alunas por toda a vida, e encorajá-los a se movimentar com frequência, diversas vezes ao dia, sempre que possível.
Integralidade NÃO É SÓ O FAZER QUE IMPORTA, MAS ENTENDER POR QUE ESTAMOS FAZENDO
Quando pensamos na atividade física em sua integralidade, extrapolamos a mera prática e agregamos a ela significados, conceitos e sentidos que vêm de experiências positivas, e que ajudam os alunos a entender sua importância. Considerar este valor significa dar oportunidade para que as crianças se movimentem e se expressem corporalmente em todas as aulas e momentos da rotina escolar. Também significa planejar projetos interdisciplinares sobre os diferentes conteúdos da cultura corporal. Um bom exemplo de tratamento integral da cultura corporal é o resgate de jogos e brincadeiras tradicionais que dá origem a materiais produzidos pelas próprias crianças, como livros, manuais ou oficinas com os familiares. Numa atividade dessas, as crianças não brincam apenas para mexer o corpo, mas para aprender a valorizar a cultura local, compreender suas origens, falar, desenhar, escrever.
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ALGUMAS ENTRE OUTRAS TANTAS
PERGUNTAS QUE PODEM SER FEITAS SOBRE ESSE ASSUNTO NA ESCOLA
Todas as crianças são incluídas nas aulas de Educação Física, no intervalo e em outros momentos em que há atividade física?
Como podemos resgatar as brincadeiras tradicionais da nossa comunidade? Que tipo de produtos podemos criar para tornar esse resgate ainda mais completo?
Meninos e meninas têm as mesmas oportunidades para praticar atividades físicas na escola?
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EDUCAÇÃO PARA A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA
Agora é sua vez As crianças gostam das atividades físicas que praticam na escola?
Crie novas perguntas pensando na sua escola, no seu dia a dia
Valorizamos a tradição de cultura corporal da nossa comunidade? Ensinamos nossos estudantes a respeitar atividades da cultura corporal de diferentes culturas?
Que projetos podemos realizar com as famílias para que elas pratiquem mais atividades físicas em momentos de lazer?
Que projetos interdisciplinares podemos desenvolver para ampliar os conhecimentos dos alunos sobre a cultura corporal?
Os valores da educação para a prática de atividade física
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o Papel dos
diferentes atores da escola
O papel dos professores de sala
É fundamental que a educação para a prática de atividade física esteja integrada ao projeto político-pedagógico da escola e envolva alunos e alunas, famílias e profissionais da educação. Cada um pode contribuir com sua experiência e todos, juntos, podem estabelecer um diálogo aberto e colaborativo.
O papel do professor de Educação Física Algumas ações que você pode realizar:
Frequentemente, o professor de Educação Física é visto como o único educador responsável por trabalhar a educação para a prática de atividades físicas. Ele, de fato, tem um papel fundamental por sua formação e experiência. Por isso, pode ampliar a discussão para outros ambientes da escola e apoiar colegas e gestores no redimensionamento de tempos e espaços para incluir a atividade física no projeto pedagógico da escola.
Planeje aulas inclusivas, prazerosas e que dialoguem com a cultura corporal dos alunos, ampliando suas potencialidades e conhecimentos.
Algumas ações que você pode realizar:
É interessante como, tradicionalmente, chamamos os professores de outras disciplinas de “professores de sala”. Será que é por acharmos que apenas as aulas de Educação Física podem acontecer fora da sala de aula? Se esses educadores compreenderem o papel do corpo nos processos de aprendizagem, eles podem inserir a linguagem corporal em suas práticas pedagógicas e, assim, contribuir para a educação para a prática de atividades físicas dos alunos. Podem pensar em ambientes de sala de aula que promovam o movimento como forma de interação e inserir na rotina escolar momentos em que os alunos possam se movimentar na sala, trocando de lugar, reorganizando mesas e cadeiras.
Promova o estudo do corpo humano em movimento nas aulas de Ciências. Convide seus alunos a recitar poemas combinados com deslocamentos do corpo e de gestos nas atividades de Língua Portuguesa. Leve seus alunos para observar ângulos, velocidades e medidas da bola em um jogo de futebol para aprender Matemática. Trabalhe conceitos sobre a história e a cultura de diferentes povos e como se expressam por meio de atividades da cultura corporal.
Proponha projetos interdisciplinares sobre temas da cultura corporal a serem desenvolvidos em parceria com outros professores. Organize registros das aulas de Educação Física que ajudem a comunicar aos familiares e à comunidade a importância da disciplina para a formação das crianças e adolescentes.
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O papel dos gestores
diretores, vice-diretores, assistentes de direção e coordenadores pedagógicos
Os gestores têm uma função privilegiada para apoiar o desenvolvimento de projetos de educação para a prática de atividade física. Eles centralizam a comunicação dentro da escola e são a principal ponte com a comunidade escolar. Como não atuam em sala de aula, qualquer projeto que extrapola os muros da escola precisa envolvê-los.
Algumas ações que você pode realizar:
Promova a formação continuada de suas equipes sobre o papel da atividade física no projeto pedagógico. Organize reuniões de planejamento para viabilizar projetos interdisciplinares que abordem a cultura corporal e o papel da atividade física.
O papel dos demais educadores
Algumas ações que você pode realizar:
Como você sabe, todos os adultos que trabalham na escola são educadores. Por isso, podem e devem atuar nas iniciativas voltadas à educação para a prática de atividades físicas. Cozinheiros, nutricionistas, agentes escolares, equipes de limpeza são atores fundamentais para apoiar a observação da expressão corporal dos alunos em diferentes momentos da rotina escolar, como a entrada, o recreio e a saída, e podem desenvolver atitudes positivas que estimulem e enriqueçam as atividades corporais das crianças.
Forneça materiais e oriente as crianças quanto à segurança para o uso dos espaços. Divida com os professores situações de aprendizagem sobre a cultura corporal. Fique atento às regras e dinâmicas de deslocamento das crianças nos espaços da escola.
Interaja com as famílias a fim de envolvê-las no processo de educação para a prática de atividades físicas. Apoie a criação de infraestrutura e a adoção de práticas de atividades físicas nas diferentes disciplinas. Realize parcerias com instituições do entorno para a realização de atividades fora da escola.
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EDUCAÇÃO PARA A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA
O papel dos diferentes atores da escola
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Agora é sua vez
ALGUMAS ENTRE OUTRAS TANTAS
PERGUNTAS QUE PODEM SER FEITAS SOBRE ESSE ASSUNTO NA ESCOLA
Como o professor de Educação Física pode contribuir com o trabalho de colegas de outras áreas para inserir a atividade física no projeto pedagógico da escola?
Que ações o coordenador pedagógico pode empreender para apoiar os professores a planejarem novas formas de inserir a atividade física na escola?
Como professores e gestores podem trabalhar com as famílias a importância da atividade física e envolvê-las em projetos?
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EDUCAÇÃO PARA A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA
Que discursos e práticas trabalhamos com os alunos sobre a importância da atividade física?
Crie novas perguntas pensando na sua escola, no seu dia a dia
Que parcerias e projetos os professores de outras áreas podem desenvolver com os professores de Educação Física para estimular a prática de atividades físicas?
Podemos melhorar a infraestrutura da escola? Temos o apoio da gestão da escola?
Como os demais agentes da escola podem ser envolvidos na educação para a prática de atividade física?
O papel dos diferentes atores da escola
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Projetos na escola
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Projetos na escola
Muitas escolas, professores e professoras já utilizam projetos em suas atuações pedagógicas. Há disponível uma vasta literatura física e virtual a respeito das vantagens dos projetos em educação e sobre as diversas metodologias existentes para sua elaboração. Por isso, não pretendemos aqui cometer a redundância desnecessária de apresentar mais uma metodologia de projetos, especialmente quando há tantas logo ao alcance, em livros ou no computador mais próximo. Assim, cada um de vocês pode escolher aquela que lhe parecer melhor para as suas escolhas educacionais, especificamente para aquilo que você deseja ensinar a seus alunos e alunas. Apesar da diversidade de metodologias e posições existentes acerca dos projetos em educação, todos concordam em um ponto: projetos nascem, são alimentados e geram muitas, muitas perguntas.
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Projetos nascem, são alimentados e geram muitas, muitas perguntas. E isso tem muito a ver com a maneira como este material que você tem em mãos foi elaborado.
É comum que se diga que um projeto começa com um problema, algo que identificamos e consideramos que deve ser mudado. Talvez seja mais interessante dizer que cada projeto começa, sim, com um problema, desde que tomemos o significado mais amplo desse termo, em que um problema é uma pergunta para a qual ainda não temos uma resposta satisfatória. Assim, seu problema pode ser efetivamente problemático, como responder à pergunta: como mostrar às crianças que o momento da refeição é, além da hora de comer, um momento social, em que interagimos com outros seres humanos e que, para isso, algumas regras mínimas de convivência são absolutamente necessárias? Mas seu problema pode ser também uma pergunta menos problemática, como, por exemplo: como ensinar às crianças o que é essa glicose, presente nos alimentos e tão importante para nosso organismo?
Perguntas são o momento inaugural de um ato educativo. São o reconhecimento efetivo de duas coisas essenciais para que algo mude, para que alguém aprenda: a assunção de que não se sabe algo e o reconhecimento de que é possível saber esse mesmo algo. É na confluência dessas duas coisas que alguém ensina e alguém aprende. É por isso que aqui, nos dedicamos a elas tão insistente e diligentemente: perguntas inauguram projetos, sim, mas também reinauguram, uma e outra vez, essa possibilidade tão humana de aprender e ensinar!
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ALGUMAS ENTRE OUTRAS TANTAS
Um ponto de partida
PERGUNTAS
a ideia de problema
QUE PODEM lhe ser úteis
Como dissemos, seu ponto de partida não precisa ser necessariamente um problema que se deseja eliminar por completo, seja por sua transformação ou simplesmente pela erradicação.
O começo de um projeto é, vamos dizer assim, um problema que se deseja, que é escolhido. Por isso, assemelha-se mais à descrição de um desejo pedagógico, à nomeação daquilo que se deseja ensinar. Assim, fique à vontade para escolher seu problema ou sua pergunta. Afinal, seja lá o que for que você decidir, algo do seu desejo estará lá. O que facilita muito sua próxima tarefa: reunir argumentos, descrições, dados, imagens, toda sorte de informações para explicar a seus parceiros e colegas por que esse problema em particular mereceria a atenção de vocês e um projeto inteirinho dedicado a ele. Uma vez que você tenha conseguido a adesão de seus parceiros e colegas, o projeto já está em pleno andamento e vocês começarão
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PROJETOS NA ESCOLA
a efetivamente realizar as ações que lhes permitirão ensinar o que desejam a seus alunos e alunas. Para vocês seguirem desse ponto em diante, elaboramos uma série de perguntas às quais vocês poderão recorrer e responder em diferentes momentos do projeto, para ajudá-los a elaborar o registro de sua jornada, organizar melhor as correções de rumo necessárias em qualquer projeto e avaliar amplamente os resultados obtidos. Lembrem-se, entretanto, que não se trata de uma sugestão metodológica de qualquer espécie: essas perguntas são mais parecidas com as migalhas de pão que João e Maria espalham pela floresta para encontrarem o caminho de volta quando quiserem. Lembram dessa história? Pois é, para nós, como para as personagens da história, o caminho de volta a qualquer situação anterior ao começo do projeto é mais uma ilusão do que uma possibilidade – esse é um dos poderes dos projetos: algo muda, sempre. Mas as migalhas permitem a construção de uma memória do que já foi e do que aconteceu, o que não é pouco e, no nosso caso, é mais do que o suficiente para trazer de volta à vida momentos do projeto que se deseja relatar.
1.
Qual é o título do projeto?
Um nome é necessário e importante porque organiza nossos discursos e nossas intervenções, especialmente quando coletivamente partilhadas.
3.
Quem são meus (nossos) alunos? Quantos participaram do projeto? Em que série/ano eles estão?
Um projeto, diferentemente de outras formas de organizar o trabalho pedagógico, não pode prescindir da participação democrática de seus alunos e alunas. Por isso, um pouco da história deles é igualmente importante para explicar como o projeto se configura e os rumos escolhidos por todos vocês. Lembre-se, apenas, que seus alunos e alunas devem aparecer aqui por meio da identidade que a escola lhes confere, ou seja, a identidade coletiva do grupo discente que representam.
2.
Um pouco sobre mim (ou nós). Há quanto tempo leciono? O que mais me atrai nessa profissão? Estou nessa escola e com essa turma há quanto tempo?
Cada projeto fala um pouco sobre o desejo daqueles que dele participam, lembra? Nossos desejos podem ser explicados e descritos, ainda que apenas parcialmente, por meio de nossa história pessoal e profissional. Assim, coloque as informações a seu respeito que você considera relevantes para esclarecer seu engajamento ao projeto e seus objetivos.
Qual foi nosso ponto de partida? Que problema identificamos? Por que esse problema era um problema? Como fizemos para identificá-lo? Assim como vocês, educadores e educadoras, e seus alunos e alunas, o projeto, à medida que vai ganhando forma e vida, ganha também uma história que lhe é própria. Estabelecer um começo para essa história é um ato importante para organizar nosso olhar para as funções de planejamento e avaliação. Com as perguntas desse item, vocês poderão estabelecer um começo para a história do projeto e, com isso, ajudar aqueles que ouvirão seu relato a acompanhar a história do projeto de forma mais organizada. 67
5.
O que nós escolhemos ensinar com esse projeto? De que forma isso se relaciona com o problema identificado?
6.
O problema ou pergunta inaugural é um evento que acontece dentro de alguém, ainda não partilhado, é um processo mental, uma sensação. A escolha sobre o que ensinar para responder à pergunta ou resolver o problema, entretanto, é o ato que será capaz de transformar este evento interno em um laço social, em algo que fará conexão entre educadores e alunos. É prerrogativa do educador escolher o que ensinar, entre tantas possibilidades sempre disponíveis para qualquer pergunta ou problema. Essa escolha, entretanto, deve sempre considerar a premissa inicial: um laço social entre educadores e alunos deve surgir daí!
7.
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PROJETOS NA ESCOLA
Por que consideramos importante que nossos alunos aprendessem isso que escolhemos ensinar? Uma vez que eles tenham aprendido, o que mudou no problema que identificamos?
Este é o momento de falar a respeito do tipo de laço que se formou entre vocês, educadores, e seus alunos e alunas. Quando criamos efetivamente um laço pedagógico, algo muda no comportamento dos alunos e alunas – é o que chamamos de aprendizagem. A descrição dessa mudança e da forma como ela foi se instalando no grupo de alunos e alunas é uma das formas de falar a respeito do que ensinamos – o que queríamos mesmo ensinar e o que nem sabíamos que ensinávamos, mas ensinamos assim mesmo.
Em quanto tempo o projeto foi realizado? O projeto precisou da participação de quais pessoas na escola ou fora dela? As questões pedagógicas, obviamente, são essenciais para descrever e analisar o projeto, mas as questões pragmáticas não são menos relevantes. São elas que, em grande parte, tornam o projeto exequível e comunicável. As perguntas 7, 8 e 9 se dirigem a essas instâncias mais pragmáticas que pedagógicas (embora, numa escola, tudo seja pedagógico à sua própria maneira).
9.
8.
Que materiais ou recursos precisamos para realizar o projeto? Como foi que conseguimos?
11. 13.
1
Que parcerias estabelecemos para esse projeto?
De que forma divulgamos aquilo que era ensinado e aprendido e a quem mais alcançamos com isso?
Quais foram as principais dificuldades que encontramos na realização do projeto e como elas foram superadas? Algumas dificuldades não foram superadas e, nesse caso, houve um plano B?
Se fôssemos fazer novamente este projeto mudaríamos algo? O quê?
10. 12.
Quais foram os produtos, finais e intermediários, que os alunos e alunas realizaram? Quem mais viu esses produtos além dos alunos?
Como sabemos que nossos alunos aprenderam o que escolhemos ensinar ao longo desse projeto? Que alternativas encontramos para avaliar os resultados do projeto? Quais foram os “instrumentos” de medida para verificar se tínhamos alcançado os resultados pretendidos e quais foram esses resultados? Esses instrumentos permitiram identificar a existência de outros resultados, não esperados inicialmente, mas igualmente valiosos?
Avaliar o alcance de objetivos nomeados e outros, que não nomeamos no início da ação mas que se realizaram mesmo assim, é uma das melhores formas de não perder de vista o desejo que nos moveu inicialmente, reconhecer outros que surgem durante o projeto e fazer os ajustes necessários para manter-nos na direção dos primeiros e incluir os segundos. As questões 10, 11, 12, 13 e 14 cobrem alguns aspectos que podem ser considerados nesse momento de avaliação. É claro que há muitos outros aspectos que podem igualmente levá-los a uma avaliação do projeto e que vocês podem usar se desejarem. O projeto é de vocês, certo?
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SOBRE OS AUTORES, CONSULTORES E COLABORADORES DO PROGRAMA NUTRIR CRIANÇAS SAUDÁVEIS Nutrir Crianças Saudáveis é uma realização da Fundação Nestlé Brasil Presidente: Pedro Juan Oliva Rodriguez Diretoria: Bárbara Sapunar, Tiago Buisch e Graziela Lima Gestora: Fernanda Sato Analista: Bruna Fanchini
Sobre os autores
Sobre o Nutrir A proposta e o percurso didático do Programa Nutrir Crianças Saudáveis foram elaborados por Lilian Faversani e Fabiana Marchezi. As formações e os desafios sobre educação alimentar e nutricional são ministradas por Lilian Faversani e as formações, os desafios sobre educação para a prática de atividade física são ministradas por Isabel Filgueiras e as formações sobre hortas escolares são ministradas por Maluh Barciotte. As chefs de cozinha Gláucia Simon, Zélia Salles e Shirley Salles são responsáveis pela formação de cozinheiros e pela elaboração das receitas do Programa.
Lilian Faversani, licenciada em Pedagogia pela Universidade de São Paulo, especialista em Psicanálise, Infância e Educação pela mesma universidade e em Educação para o Ensino Superior pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Isabel Filgueiras, licenciada em Educação Física, mestre e doutora em Educação pela Universidade de São Paulo, é pesquisadora do grupo “Contextos Integrados na Educação Infantil” na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Fabiana Marchezi, licenciada em Pedagogia pela Universidade de São Paulo, pós-graduada em Gestão de Processos de Comunicação pela Universidade de São Paulo e mestre em Educação, Arte e História da Cultura.
A implementação do Programa Nutrir Crianças Saudáveis é responsabilidade da La Fabbrica Comunicação e Marketing, sob coordenação de Bruna Ferreira e apoio de Filipe Thomaz, Eduardo Cordeiro, Lucas Soares, Gabriela Penha e Natália Santos. O Portal Nutrir foi desenvolvido pela Liquid Media Laab e é atualizado por Ana Cláudia Tolezano e Caroline Mazzonetto. Os materiais gráficos do programa são desenvolvidos por Bárbara Scodelario e Aline Aliste. A supervisão geral do projeto é realizada por Fabiana Marchezi.
Daniel Luzzi, licenciado em Ciências da Educação pela Universidade de
Buenos Aires, mestre em Gestão Ambiental pela Universidade Nacional de General San Martin, doutor em Educação e pós-doutor em Saúde Ambiental pela Universidade de São Paulo. O projeto gráfico e diagramação foram realizados por Bárbara Scodelario e a revisão final foi feita por Caroline Mazzonetto e Bruna Ferreira.
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Agradecimentos A Fundação Nestlé Brasil agradece a todas as pessoas envolvidas no Programa Nutrir Crianças Saudáveis. Aos professores e professoras, gestores e demais agentes escolares que dedicam seu tempo e seu trabalho para que as crianças deste país possam crescer e se tornar adultos capazes de fazer melhores escolhas. Às nutricionistas e demais servidores que fazem de tudo para garantir uma alimentação saudável e nutritiva para os alunos e alunas das escolas. Aos cozinheiros e cozinheiras, merendeiros e cantineiros que colocam tanto esforço e um bocado de magia em cada refeição que preparam, e que acrescentam também um pouco de suas próprias histórias na alimentação das nossas crianças e adolescentes. Às redes de ensino parceiras, que apoiam e apoiaram o Programa ao longo dos anos, que compartilharam essa ideia com seus colegas e gestores e zelaram pelo Nutrir, que abraçaram este sonho e ajudaram a torná-lo uma realidade. A dedicação de vocês acrescentou valor e significado a este Programa e foi fundamental para que o Nutrir fosse implementado em um número crescente de cidades, sempre com qualidade e alcançando resultados cada vez mais expressivos. Todos vocês são corresponsáveis pelo sucesso do Programa Nutrir Crianças Saudáveis e pelos resultados que viemos alcançando desde 1999. Recebam nosso mais sincero muito obrigado!
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