Nº 454 • Ano XXXVIII Dezembro/2014 www.btsinforma.com.br
Os destaques de 2014
Empresas do setor investem em grandes novidades. Conheça os equipamentos que marcaram o ano
Exclusivo
Empresas e entidades do setor avaliam reeleição de Dilma
Série Especial
Confira a reportagem final sobre os desafios da carne brasileira
Exportação
Presidente da Abiec traça um mapa da exportação bovina
3
Sumário
30 Capa
Máquinas, equipamentos e produtos que foram destaque em 2014
22 Conjuntura
Representantes do setor analisam reeleição de Dilma Rousseff
8 Vis-à-Vis
Antônio Camardelli, da Abiec, aponta perspectivas da carne bovina
38
Série especial
Análise laboratorial pode dinamizar vendas externas
4
E mais
6 Editorial
16 Empresas & Negócios
20 Inovação
36 Infográfico - Efluentes
44 Mercado - Suínos
49 Retrospectiva
57 Índice de Anunciantes
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ISSN 1413-4837
Editorial
Ano XXXVIII - no 454 - Dezembro 2014
Um ano inspirador
O
ano de 2014 termina sob um clima distinto de otimismo setorial e desconfiança conjuntural. A economia brasileira, por um lado, segue demonstrando sinais de fraqueza e não parece acenar recuperação no curto prazo. A indústria da carne, por outro, demonstra um vigor como nunca antes apresentado.
Mas essas duas linhas distintas, embora sigam caminhos distanciados, podem cruzar-se mais à frente. Ainda mais com a reeleição de Dilma Rousseff e os sinais já emitidos pela presidente. A indicação de ministros como Joaquim Levy (Fazenda) e Kátia Abreu (Agricultura) pontua claramente uma guinada política. Essas mudanças, assim, podem dinamizar a economia nacional e ampliar o potencial do setor? Ou o potencial do setor tende a ser refreado pela morosidade da economia nacional? Para entender um pouco mais a percepção política do momento, conversamos com empresas e entidades ligadas à indústria da carne. O intuito era compreender a visão setorial sobre a reeleição de Dilma. E o resultado é uma análise ampla e complexa não só sobre o segundo mandato, como uma projeção de erros e acertos que podem impactar a cadeia. Na tentativa de mapear as perspectivas da carne bovina brasileira para 2015, aliás, nossa repórter Thais Ito fez uma esclarecedora entrevista com Antônio Jorge Camardelli, presidente da Abiec. As respostas analíticas, didáticas e sempre sensatas formam um importante mural sobre o futuro. Nelas são avaliadas as expectativas com Rússia, China e Estados Unidos, entre outros países. Sempre com um olhar otimista e revelador. Boas possibilidades também estão refletidas na última reportagem da série especial sobre desafios do setor. O enfoque, agora, sobre questões técnicas, como a análise laboratorial, revela como elas podem favorecer a exportação brasileira. Por fim, para sacramentar o ano positivo à carne nacional, selecionamos lançamentos que movimentaram o mercado e ajudaram em sua dinamização. Trazemos, ainda, um balanço imperdível de diversos segmentos – que será complementado na próxima edição – assinado por importantes entidades. Que 2015 possa ser tão grandioso para a carne brasileira quanto foi 2014. E que o crescimento do setor inspire a retomada da economia nacional. Boa leitura e um excelente fim de ano a todos. José Danghesi
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Vis-à-Vis
2015, o ano da carne bovina brasileira
Thais Ito
Presidente da Abiec avalia o importante momento das exportações de carne bovina e as amplas possibilidades de negócios representadas pela China e EUA para 2015
R
divulgação/Abiec
eabertura após reabertura - de China, Irã, Egito, Arábia Saudita -, somadas à crise russa, que também favoreceu a indústria brasileira, as perspectivas de novos negócios abriram-se neste ano para os exportadores de carne bovina. E projetam, para 2015, possibilidades incalculáveis ao agronegócio nacional. Para analisar os pormenores desse cenário, a Revista Nacional da Carne realizou uma entrevista exclusiva com Antônio Jorge Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), instituição que representa empresas responsáveis por 95% da carne negociada para mercados internacionais. O otimismo atual é justificado e praticamente unânime entre especialistas, mas Camardelli não deixa de pincelar toques realistas na sua análise. O presidente da Abiec faz questão de ressaltar, por exemplo, que embora o embargo russo aos produtos norte-americanos e europeus tenha realmente guinado diversas demandas para o Brasil, ele não chegou a impactar a carne bovina. “Não houve variação quantitativa nas embarcações para o mercado russo, pois já exportávamos grandes volumes.” Aliás, nem as reaberturas dos demais mercados influenciaram as embarcações e os bolsos dos exportadores brasileiros. Ainda. “O que aumenta nossa expectativa em relação ao cenário de 2015”, diz Camardelli, sem esconder o otimismo. Por conta dos trâmites finais, a alavancada nas vendas deve ser adiada para o próximo ano. Antônio Jorge Camardelli, presidente da Abiec 8
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Posição
Faturamento US$ (jan-out/2014)
País
Volume em toneladas (jan-out/2014)
1
Hong Kong
1.384.929.814,39
326.865,66
2
Rússia
1.220.430.147,71
290.165,96
3
União Européia
758.321.597,97
104.315,48
4
Venezuela
725.564.139,32
136.421,22
5
Egito
434.744.212,23
120.115,31
6
Irã
260.312.875,16
57.965,78
7
Chile
244.380.092,26
47.015,36
8
EUA
183.570.893,35
17.012,02
9
Angola
91.275.849,33
29.750,37
10
Argélia
83.754.752,61
17.510,67
Um dos mercados reabertos e ansiosamente aguardados é a China. Pudera: sua relevância transcende o volume e deve afetar até a qualidade das vendas. “Tem um cardápio de consumo bem variado - de carne culinária a carne gourmet -, além de ser um dos únicos mercados que come miúdos brancos, como tendões”, acrescenta. No caso dos Estados Unidos, a iminente sinalização para a venda de carne bovina brasileira vislumbra boas promessas. Segundo Camardelli, o país não só representa um novo mercado consumidor, mas uma porta de entrada para outros, como México, Canadá e América Central. Ele deve auxiliar, ainda, a escoar cortes do dianteiro bovino e equilibrar a oferta de compra e venda deste item. www.nacionaldacarne.com.br
ABIEC
Os 10 maiores compradores da carne bovina brasileira
Mas, se a conjuntura internacional ainda não rendeu
frutos, como o País tem mantido o ritmo de crescimento verificado entre janeiro e outubro, quando as exportações
totalizaram 1,307 milhão de toneladas e US$ 6 bilhões de faturamento (resultados 5,13% e 9,56% superiores, respectivamente, aos do mesmo período de 2013)?
Simples: graças ao esforço brasileiro. Além de creditar
os bons resultados aos produtores, governo e indústria,
Camardelli também é enfático ao definir o maior desafio do setor para 2015: manter o status sanitário.
Confira a entrevista completa com Antônio Jorge
Camardelli, presidente da Abiec.
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Vis-à-Vis
Posição
Faturamento US$ (jan – out 2014)
Categoria
1
In natura
4.876.977.641,87
1.042.405,17
2
Industrializado
528.369.563,28
84.335,56
3
Miúdos
488.957.033,13
154.336,06
4
Tripas
100.512.372,08
23.005,66
5
Salgadas
17.423.014,00
3.080,31
Segundo o ex-ministro Roberto Rodrigues, em entrevista à Revista Nacional da Carne, o momento é “sem dúvidas” favorável às exportações brasileiras de carne, graças a uma série de fatores recentes, como a reabertura do mercado chinês, o embargo russo a produtos dos EUA e da UE e a aproximação com o México, por exemplo. O senhor concorda?
O senhor ministro coloca pontualmente os fatores que consolidam a posição de hegemonia brasileira nas exportações de carne bovina. Especificamente com relação à Rússia, no entanto, o tema é delicado porque o embargo determinou aumento no número de plantas habilitadas, mas o volume exportado se mantém. É importante destacar isso: para a carne bovina não houve variação quantitativa nas embarcações para o mercado russo, pois já exportávamos grandes volumes. Mas, sim, concordo com a conceituação do senhor ministro.
O volume e a receita gerada pelas embarcações de carne bovina brasileira já demonstraram mudanças após esses acontecimentos?
Ainda não refletiram diretamente nas exportações, o que aumenta nossa expectativa em relação ao cenário de 2015, com uma perspectiva de consolidar a Arábia Saudita, 10
Volume (ton.) (jan – out 2014)
a provável abertura dos EUA e a facilitação que permitirá no acesso ao México, Canadá e América Central, além da retomada das vendas para a China. Sobre o mercado chinês, por exemplo, estamos aguardando uma reunião que está sendo realizada hoje [a entrevista foi feita em 12 de novembro], em Pequim, com o ministro Neri Geller, do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) - um excelente ministro, diga-se, de louvável atitude e postura de mercador que tem atuado com sucesso, como nos casos do Egito e Irã, por exemplo.
Qual é o peso do mercado chinês para as exportações brasileiras?
A China é de extrema importância para o Brasil, não só pelo volume, mas porque hoje tem um cardápio de consumo bem variado - de carne culinária a carne gourmet -, além de ser um dos únicos mercados que come miúdos brancos, como tendões.
Quanto o mercado chinês deve demandar em volume?
Quando o Brasil “sai” do mercado [por conta de embargos como o chinês ou o iraniano], fica difícil entender o encaixe do País naquele mercado em relação a outros competidores, como EUA e Austrália. Sabemos que há
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Vis-à-Vis
espaço, mas a ausência da carne brasileira nas gôndolas nos privou de ter esse conhecimento, então é complicado estimar. Temos que retomar essa análise de mercado.
Qual é a perspectiva sobre a abertura do mercado norte-americano e o que ela pode representar para o Brasil?
Passadas as eleições dos EUA, o processo de formalização da reabertura, que está na última fase, pode ser retomado. Já se tem notícia de que não tem impacto econômico - o Brasil vai exportar apenas matéria-prima, ou seja, carne in natura e não competirá no mercado de valor agregado. Com essa abertura, o Brasil se aproxima do México e Canadá, além de países da América Central, que são consumidores de miúdos e, por não contarem com serviço sanitário, adotam os parâmetros americanos. Então, a liberação dos EUA favorece uma retomada de ação das exportações brasileiras para esses outros países. Além disso, ajuda a compensar a equação do dian-
teiro: como o consumo brasileiro é mais ligado aos cortes de traseiro bovino, o acúmulo do dianteiro gera um desequilíbrio na relação de compra e venda. Isso pode ser revertido com a consolidação de um mercado cativo desses cortes, que são utilizados pela indústria para fazer hambúrguer, por exemplo.
Se as recentes reaberturas ainda não influenciaram os resultados deste ano e o embargo russo tampouco favoreceu em termos de volume, a que se deve o aumento de 9,56% em receita e 5,13% em volume no acumulado entre janeiro e outubro?
Deve-se à condição ímpar que o Brasil tem na manutenção do status sanitário, da oferta perene, de uma excelente relação comercial, da condição de ter o boi verde, no qual não utilizamos promotores de crescimento, alinhando o País a conceitos e demandas internacionais. Também se deve à superação do Brasil no que diz respeito aos principais impasses referentes ao equilíbrio com o meio ambiente. O mérito engloba
todo o setor brasileiro, desde a política do Governo, que teve a sensibilidade de colocar esse assunto na pauta - isso inclui o Ministério da Agricultura, de Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - até a cadeia produtiva. É mérito do produtor, que continua sendo estimulado a aumentar sua produtividade, dos trabalhos em relação ao bem-estar animal, de uma indústria extremamente capacitada e à excelente parceria com a Apex, entre outros.
Uma vez que as novas demandas internacionais ainda não influenciaram as vendas, a quais fatores a indústria e os produtores devem estar atentos para atendê-las no próximo ano e seguir abastecendo o mercado interno com quantidade e qualidade?
O desafio é um só: a manutenção do status sanitário. O Brasil tem mantido o controle e tem sido cristalino no processo de defesa sanitária. Teve ação, reação e ações corretivas. Não podemos fechar os olhos, temos que seguir esse processo.
Quais as principais ações recentes da Abiec em prol do aumento das exportações?
Não tem ação recente, há várias ações estabelecidas todos os dias. A Abiec trabalha o mercado e as distorções: acompanhamos concorrentes, cenários políticos e mercado de câmbio e verificamos mercados onde perdemos participação - é um processo do dia a dia. O porto não fecha no fim de semana. E temos, ainda, trabalhado para evoluir naqueles processos que podem nos permitir uma competitividade maior, como no processo de melhoria de logística, por exemplo.
As exportações de setembro registraram queda em volume e em receita. Em outubro, retomaram o crescimento. Como o senhor avalia essas variações?
O processo de diminuição de setembro ocorreu exclusivamente porque algumas exportações não puderam ser declaradas durante o mês, ou seja, não foram contabilizadas para setembro. É apenas uma questão de encaixe de números, que se comprovou com os números mais altos em outubro.
Vis-à-Vis
As perspectivas para 2015 e as análises de Camardelli
Canadá
EUA México América Central
EUA – Processo de formalização de reabertura está na última fase. “O Brasil vai exportar apenas matéria-prima, ou seja, carne in natura”
Canadá, México e América Central – A reabertura norte-americana deve aproximar outros países. “São consumidores de miúdos e, por não contarem com serviço sanitário, adotam os parâmetros americanos”
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Rússia – Embargou produtos dos EUA e da UE e ampliou foco no Brasil. “O embargo determinou aumento no número de plantas habilitadas, mas o volume exportado se mantém”
Rússia
China Irã
Egito Arábia Saudita China – Embargo de quase 2 anos se encerrou em julho. “A China é de extrema importância para o Brasil, não só pelo volume, mas porque hoje tem um cardápio de consumo bem variado”
Arábia Saudita – Embargo, que já dura 2 anos, está perto de encerrar-se. Pode provocar a abertura de mercados como Kuwait, Bahrein, Omã, Emirados Árabes e Catar
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Irã e Egito – Em agosto, suspenderam embargo de três meses à carne bovina do Mato Groso, provocado após constatação de caso atípico de vaca louca
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Empresas & Negócios
Lucro da BRF sobe 117,5%
Essas
informações foram
originalmente
publicadas em nosso portal. Acesse e
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A
BRF fechou o terceiro trimestre de 2014 com lucro líquido de R$ 624 milhões, uma expressiva alta de 117,5% em relação ao mesmo período do ano passado. O EBITDA, por sua vez, registrou R$ 1,2 bilhão e subiu 61,3%, enquanto a Receita Operacional Líquida (ROL) atingiu R$ 8 bilhões (+5,3%). “As iniciativas adotadas no mercado brasileiro já começaram a mostrar resultado positivo, como o projeto go-to-market (GTM), que contribuiu positivamente para o crescimento de 5,2% em volumes neste mercado na comparação com o 3T13”, explicou a companhia em comunicado. “A conclusão dos processos de consolidação da força de vendas no pequeno varejo (fase inicial do go to market) e de simplificação de processos por meio do corte de SKUs, assim como a melhora
Números do 3º trimestre de 2014
no nosso nível de serviço, começam a se traduzir em receitas superiores”, acrescenta a empresa. Já a ROL no mercado internacional teve elevação de 3,8% e atingiu R$ 3,4 bilhões. A empresa garante que, em decorrência da alta mundial no segmento de carnes, as estratégias de otimização de volume e rentabilização continuam gerando resultados positivos. “Vale ressaltar que só começamos a nos beneficiar da abertura do mercado russo a partir de setembro, já que anteriormente nossas plantas estavam banidas de exportarem para o país.” O período também foi marcado, segundo a BRF, pela venda de duas plantas de abate de bovinos à Minerva. A companhia acrescenta que mantém “ampla liderança de market share nas categorias de ‘industrializados de carne’ (51,1%) e de ‘congelados’ (58,7%)”.
R$ milhões
3T14
3T13
Variação %
Receita Operacional Líquida
7.981
7.578
5,3
Brasil
3.451
3.194
8,0
Mercado Internacional
3.374
3.249
3,8
Food Services
389
374
3,9
Lácteos
767
760
0,9
Lucro Bruto
2.340
1.912
22,3
Margem Bruta
29,3%
25,2%
410bps
EBIT
902
464
94,3
Resultado Líquido
624
287
117,5
Margem Líquida
7,8%
3,8%
400bps
EBITDA
1.216
754
61,3
Margem EBITDA
15,2
9,9%
530bps
Resultado por Ação*
0,72
0,33
117,4
(*) Resultado por Ação (em R$) consolidado, excluindo as ações em tesouraria
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Itália inspira nova linha de salames da Seara
A
Seara, marca da JBS Foods, apresentou sua nova linha de salames. A novidade chega em quatro versões: Italiano, Milano, Hamburguês e Salaminho. Reconhecida como autoridade do produto, a Itália foi a grande inspiração para a produção da nova linha. O Salame Italiano Seara é feito com cortes nobres de carne suína e especiarias naturais selecionadas. A nova linha ainda contempla o salame tipo Milano, com cubos de gordura menores e sabor mais suave, o Hamburguês, elaborado com pimentas, e o Salaminho, que possui sabor suave e é vendido em peça. “A proposta da nova linha de salames Seara é trazer mais opções ao consumidor com um padrão elevado de qualidade e inspirado nos melhores salames da Itália. Sendo assim, investimos no processo de fabricação, nova formulação e embalagens mais modernas e sofisticadas”, diz Eduardo Bernstein, diretor de marketing da JBS.
Controlador da Ageon monitora câmaras frigoríficas à distância
U
m novo lançamento da Ageon promete facilitar o monitoramento de câmaras frigoríficas. Trata-se do SmartSet S106 Web, um controlador de temperatura destinado exclusivamente a câmaras de resfriados ou congelados. Sua grande novidade é que ele pode ser monitorado através da internet. Quando conectado ao sistema de monitoramento ArcSys, o SmartSet S106 Web pode ser acessado de qualquer lugar, a partir de qualquer dispositivo (computador, tablet ou smartphone) conectado à internet. Assim, ele permite a visualização e configuração de parâmetros e a geração de relatórios em forma de gráficos ou tabelas. O equipamento também é capaz de enviar e-mails de alarme caso a temperatura saia da faixa programada. A empresa ainda detalha que o SmartSet S106 Web possui entrada digital e relógio em tempo real para realização de degelos em horários programados.
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Empresas & Negócios
CBC lança plataforma online para negociações do setor
C
om investimento de R$ 10 milhões, a Central Brasileira de Comercialização (CBC) acaba de lançar uma nova plataforma eletrônica para negociações do agronegócio brasileiro. A nova ferramenta, totalmente online, foi criada para propiciar a oferta e a compra estruturada de qualquer quantidade de insumos e máquinas em mercados variados, como os de carne, leite, milho, soja, açúcar e algodão, entre outros. As operações permitirão melhor alcance geográfico, rapidez, segurança, rastreabilidade e otimização de custos, segundo a empresa. “O agronegócio emprega 37% da mão-de-obra brasileira e é responsável por 23% do PIB”, destaca Cássio Loberto, CEO da CBC. “A importância estratégica desse setor fez o mercado alcançar uma nova dinâmica e a nossa plataforma veio para suprir uma demanda por ferramentas que dessem apoio à gestão e realização de negócios com agilidade.” A iniciativa teve apoio de empresas como o Grupo União Corretora. Já o desenvolvimento da plataforma no modelo cloud computing (que não exige instalação
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de programas ou armazenamento de dados) foi realizada em parceria com o Grupo CMA. A expectativa da CBC é alcançar R$ 50 milhões de faturamento em 2015. Além de facilitar as negociações, a ferramenta pretende servir de gerenciador, permitindo maior controle e transparência nas operações entre toda a cadeia – indústrias, produtores rurais, cooperativas agrícolas, distribuidores, exportadores e importadores, bancos, agentes da agricultura familiar, entre outros. A ideia da plataforma é reunir uma “grande comunidade em que todos os agentes do agronegócio brasileiro, de onde quer que estejam, possam ampliar suas oportunidades de transações de compra e venda de insumos e mercadorias agrícolas, com mais abrangência, produtividade e eficiência”, de acordo com a CBC. Inicialmente, a plataforma contará com três soluções: a Bid & Ask, para negociar pequenos e grandes volumes com ampla abrangência geográfica; a Leilão, que permite acompanhar ou lançar um leilão nas modalidades de venda ou compra; e as salas exclusivas de negociação, onde os clientes contarão com um ambiente próprio e personalizado para efetuar suas transações. www.nacionaldacarne.com.br
Carne bovina brasileira se reaproxima da Arábia Saudita Na balança É Natal
O Walmart espera comercializar mais de 3 mil toneladas de carnes natalinas. Na comparação com 2013, o aumento deve ser de 18% na venda de suínos e 10% na de aves.
A
barreira imposta pelo caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), registrado no Brasil em 2012, impede o País de exportar carne bovina para a Arábia Saudita há mais de dois anos. Contudo, o embargo está prestes a chegar ao fim, conforme anunciou o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “Só depende agora de visita do corpo técnico daquele país ao Brasil”, diz a nota oficial. “Ocorrerá em breve, e posterior assinatura de decreto pelo rei Abdallah.” O sinal positivo foi dado ao ministro da Agricultura, Neri Geller, por seu colega de pasta da Arábia Saudita, ministro Fahd bin Abdulrahman Balghunaim, e pelo CEO da Saudi Food and Drug Authority (FDA), Mohammed bin Abdulrahman Al Mishal, autoridade máxima do país para importação de produtos agropecuários. “A recuperação deste mercado fortalece ainda mais a posição do País como uma referência no atendimento à crescente demanda mundial por alimentos e reforça a www.nacionaldacarne.com.br
Aves
confiança do mercado internacional na robustez do nosso sistema de vigilância sanitária animal”, enfatiza Geller, o primeiro ministro da pasta a cumprir agenda oficial na Arábia Saudita. A decisão é vista como estratégica para a produção brasileira, tanto pelo volume de vendas quanto pela possibilidade de abertura imediata de outros mercados do Golfo Pérsico, como Kuwait, Bahrein, Omã, Emirados Árabes Unidos e Catar. Em 2012, antes do embargo, o Brasil exportou cerca de US$ 200 milhões (mais de 33 mil toneladas) em carne bovina para a região. De janeiro a outubro deste ano, as vendas do agronegócio brasileiro para o país registram volume de U$$ 1,75 bilhão, com destaque para a carne de frango, com negociações em torno de US$ 1,04 bilhão. Em segundo e terceiro lugares na lista estão, respectivamente, o setor sucroalcooleiro, com US$ 377 milhões, e o complexo soja, com US$ 149 milhões.
A receita das exportações de carne de frango totalizou US$ 743,2 milhões em outubro e registrou crescimento de 9,1%. Em volume, a elevação foi de 1,9%.
Bom vizinho
A Venezuela voltou a aparecer no ranking dos maiores compradores da carne bovina brasileira. Em outubro, o país importou US$ 88,5 milhões e figurou na 4ª posição.
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Inovação Charles Krieck, sócio da KPMG no Brasil e líder para o setor de Indústrias
A era da hiperinovação
A
o longo dos últimos anos, os fabricantes têm testemunhado uma explosão em termos de novas tecnologias e de desenvolvimento em inovação de materiais, em processos avançados de fabricação e em modelos operacionais sinérgicos. Em função desse mar de mudanças, os empresários do mundo inteiro estão tendo que redefinir a “arte do possível”, essencialmente mudando a maneira como tratam a concorrência e atingem seus objetivos. Desde a análise lógica preditiva que acompanha as preferências dos clientes, até os modelos de inovação que direcionam novas descobertas através de plataformas de tecnologia que dão suporte à inteligência de negócios e às parcerias colaborativas em tempo real, todos estes itens deverão estar na pauta de prioridades do setor. O ritmo das mudanças em constante aceleração é a indicação mais clara de que a “complexidade disruptiva” chegou e que não existe um caminho de volta. Quando olhamos para o mercado brasileiro, percebe20
mos que ele segue uma tendência mundial. Mudanças nos cenários político, econômico e social estão alterando, em todos os aspectos, a maneira como as indústrias nacionais competem e atingem seus objetivos. Em uma tentativa de capitalizar diante desse novo ambiente, os empresários buscam adaptar-se a essa nova realidade. Assim, prometem investir pesado em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Vale lembrar que essas novas estratégias, entretanto, trazem outros desafios e complexidades. Dessa forma, caso os fabricantes queiram sobreviver e prosperar no complexo ambiente do futuro, deverão repensar seus métodos de desenvolvimento de produtos. O foco, agora, é buscar descobertas inéditas através da exploração de novos modelos de negócios para gerar vantagem competitiva e rentabilidade. Estamos diante da era de hiperinovação, na qual os avanços em tecnologia e na ciência de materiais estão mudando o que consideramos possível e criando novas oportunidades. www.nacionaldacarne.com.br
Mas os empresários enfrentam desafios contínuos para garantir novos financiamentos para P&D e, ao mesmo tempo, precisam fazer seus investimentos renderem o máximo possível com a mesma verba. Em função disso, podemos perceber que o caminho é a busca do desenvolvimento de parcerias de pesquisa, de introdução de novas tecnologias e de adoção de modelos de negócio mais colaborativos com os fornecedores e – por vezes – com a concorrência.
Estamos diante da era de hiperinovação, na qual os avanços em tecnologia e na ciência de materiais estão mudando o que consideramos possível Até certo ponto, esse maior foco na colaboração e na parceria tem o intuito de distribuir os riscos e os custos de P&D. Porém, muitos fabricantes estão sendo forçados a colaborar por motivos mais práticos, tais como a entrada em novos mercados, o aumento de produtividade, o compartilhamento de tecnologia e a integração de suas cadeias de suprimento que requerem algum nível de parceria com organizações externas. Mesmo que as novas tecnologias e as abordagens colaborativas não signifiquem o encerramento do modelo de negócios tradicional industrial no curto prazo, a administração poderá considerar a integração dessas novas ideias e oportunidades em sua cadeia de suprimentos existente, de forma a desenvolver a sua competência e, rapidamente, a explorar as oportunidades que surgirem. O mundo industrial está em um momento de extrema inovação e, no final, as organizações que não investirem neste segmento poderão ficar para trás. Aumentar o crescimento e alavancar os investimentos são regras básicas para o setor. Por isso, estar preparado para essa nova era e gerir esse cenário são essenciais para o futuro da indústria. www.nacionaldacarne.com.br
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Conjuntura Thais Ito
Planalto PresidĂŞncia da RepĂşblica
Os desafios de Dilma
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Como a eleição deve impactar o mercado cárneo: agentes do setor apontam expectativas, desafios e demandas do segundo mandato de Dilma Rousseff
P
raticamente na prorrogação do segundo turno, Dilma Rousseff virou a partida e foi declarada reeleita na disputa presidencial mais acirrada da história brasileira. Com apenas três pontos percentuais de diferença (ela obteve 51,64% dos votos, contra 48,36% de Aécio Neves), a primeira presidenta mulher do País ganhou um novo ciclo de governo. Em meio a um índice de inflação no limite do teto e a uma estimativa de crescimento quase nula, Dilma Rousseff sinalizou, em seu primeiro discurso após a vitória, um compromisso especial com a economia. Além de prometer estímulos ao setor industrial, ela incluiu na pauta o aperto fiscal e o combate à inflação, sem esquecer a garantia de altos níveis de emprego e de ganhos salariais. Diante do cenário econômico ainda incerto, e das perspectivas de mudanças acenadas pela presidenta, quais os possíveis impactos desse resultado eleitoral na indústria cárnea? Para responder a essa pergunta crucial, a Revista Nacional da Carne questionou representantes de diversos setores – de produtores a exportadores, de fornecedores à sociedade civil –, que expuseram com exclusividade suas perspectivas, críticas e demandas. Os depoimentos jogam luz a variados ângulos do mercado e revelam nuances e uma pluralidade que, de certa maneira, evoca parte do discurso da presidenta. Ainda em sua primeira declaração, logo após ser oficialmente declarada eleita, Dilma refutou o estigma de que as eleições haviam dividido o País. Ela destacou as ideias em parte contraditórias, mobilizadas naquele momento, embora todas inspiradas em um único sentimento: a busca por um futuro melhor para o Brasil. Resta-lhe, agora, com a chegada de 2015, o desafio de interpretar esse prisma e conduzir definitivamente o País rumo à guinada certa.
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Conjuntura
divulgação/CICB
“Precisamos que o governo seja um facilitador” “Avaliamos que um novo governo tem sempre a oportunidade de renovar projetos, oxigenar ideias e aprimorar resultados, mesmo que o candidato, como é o caso agora de Dilma Rousseff, esteja ingressando em seu segundo mandato. Estamos diante de uma economia com problemas e a indústria é um dos segmentos que mais tem sofrido com perdas. Há barreiras para a sua produtividade e questões ligadas à péssima infraestrutura do Brasil. Precisamos que o governo seja um facilitador do nosso trabalho, andando em parceria com as nossas demandas que, no final, só têm a trazer bons resultados ao País. O impacto desta eleição para o couro brasileiro deve ser avaliado no momento em que as primeiras medidas econômicas e de renovação de propostas e ações forem, de fato, anunciadas e colocadas em prática.” José Fernando Bello, presidente executivo do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB)
divulgação/Aurora
“Mantenha o ministro Neri Geller” “O ano que se encerra foi muito bom para a indústria da carne. A Aurora conquistou novos mercados, aumentou a produção e atingiu os níveis de faturamento desejado. Os preços dos insumos (milho e farelo de soja) estiveram em declínio, o que barateou os custos de produção. Em 2015 o setor produtivo espera que a presidente Dilma promova as mudanças e transformações para recolocar a economia no caminho certo. É necessário reduzir o tamanho da máquina pública para diminuir os gastos. Esperamos que a presidente coloque no Ministério da Agricultura uma boa equipe técnica e que, de preferência, mantenha o ministro Neri Geller. Há uma preocupação com os rumos da economia e com os gastos do governo.” Mário Lanznaster, presidente da Coopercentral Aurora Alimentos
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Newton Bastos
“A partir de 2016 poderá haver uma boa recuperação” “Considero que a política do governo Dilma Rousseff foi, de forma geral, positiva para o agronegócio, inclusive em relação à cadeia produtiva da carne. O plano agrícola e pecuário do período 2014/2015 foi adequado e incluiu linhas de financiamento - com prazos e juros convenientes - específicas para aquisição de matrizes e reprodutores, aquisição de animais para engorda em sistema de confinamento e retenção de matrizes. A reeleição da presidente Dilma representa o reconhecimento - e o agradecimento - de parcela significativa dos beneficiários das diversas ações e programas sociais implementados em seu governo. Trata-se também do resultado de uma muito bem sucedida e eficiente campanha de marketing político, focada em resultados. Acredito que em seu novo mandato a presidente promoverá alterações importantes na política econômica adotada no atual mandato, já que mostrou um inequívoco esgotamento. Estamos chegando ao final de 2014 com praticamente todos os indicadores macroeconômicos deteriorados. Dessa forma, faz-se necessária uma urgente correção de rumo em direção à maior estabilidade. Precisamos restabelecer a confiança dos investidores e demais agentes.
Os ajustes que se fazem necessários serão amargos durante pelo menos um ano, mas construirão as condições para a retomada do crescimento em bases mais sólidas. O equilíbrio da economia proporcionará bons resultados a médio e longo prazos. Em resumo, 2015 será um ano difícil, mas a partir de 2016 poderá haver uma boa recuperação.” Antonio Alvarenga, presidente da Sociedade Nacional da Agricultura (SNA)
divulgação/Heatcraft
“Reforma tributária em busca de uma produção mais eficiente” “Espera-se que a presidente Dilma Rousseff corresponda às expectativas de todos aqueles que votaram para que ela conquistasse mais quatro anos de mandato. Mesmo com a desconfiança do mercado e a expectativa pela definição da nova equipe econômica, deseja-se que a guinada de rumo, como acenado por ela no discurso de posse, ocorra para que os problemas - que levaram quase metade do eleitorado a optar pela mudança - sejam sanados. Quanto à indústria da carne, como todos os outros setores produtivos do Brasil, aguarda a tão sonhada reforma tributária em busca de uma produção mais eficiente e menos custosa através da redução da carga fiscal que hoje incide sobre seus produtos.” Fábio Pedrozo, gerente de vendas industrial da Heatcraft
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Conjuntura
divulgação/ABCS
“Políticas agrícolas que protejam a pecuária brasileira” “Acho que o País exercitou a democracia. Em relação à presidente, acredito que ela poderia ter investido mais principalmente em relação a políticas agrícolas voltadas para a pecuária - a expectativa é que ela o faça agora. Temos que proteger a pecuária. Não podemos ficar à mercê do mercado externo - frustração nos EUA, se a China compra ou não compra. Independentemente de tudo isso a pecuária brasileira precisa ser protegida. Se exportamos milho, ótimo, mas temos que ter também a cota voltada diretamente para a pecuária brasileira. Muito melhor que vender grãos é vender a carne, na qual se agrega mais valor. Agora é o momento de fortalecer o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que, no meu ver, vem sendo bastante prejudicado em relação às demais pastas, levando em conta que somos hoje o setor que proporciona mais rendimento e melhores resultados para o governo.” Marcelo Lopes, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS)
divulgação/Greenpeace
“É preciso haver um debate mais qualificado” “Ainda não temos uma posição, do ponto de vista para o meio ambiente, sobre a vitória da Dilma em detrimento ao Aécio. Essa análise acontece internamente de maneira mais difusa, mas não como um statement, até porque entendemos que esse é o nosso não-papel. Mas uma coisa que ficou muito clara nessas eleições é o quanto o agronegócio pautou os debates e o quanto isso, em grande medida, afetou e fez com que o debate em relação às questões do meio ambiente sumisse um pouco. Ficou claro o desconforto que os candidatos sentiram em se posicionar de uma forma mais firme e clara em relação às questões que eles iam endereçar do ponto de vista ambiental. E não me refiro apenas a compromisso com desmatamento zero, demarcação de terras indígenas, de criação de novas áreas - que acabaram sendo abordados como assuntos mais genéricos. O setor do agronegócio está exercendo uma pressão muito grande sobre a floresta. A expansão da fronteira agrícola e o território continuam em disputa e isso nos deixa muito preocupados. É preciso haver um debate mais qualificado que o ocorrido nas eleições.” Adriana Charoux, campaigner de florestas do Greenpeace
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Conjuntura
Édi Pereira
“Nunca trabalhamos com um nome, mas sim com governo” “Nunca trabalhamos com um nome, mas sim com governo. Se o governo for parceiro e não tirar o apoio que tem dado, em certa medida, e tem que continuar dando em todos os aspectos, principalmente para quem exporta alimento e para quem produz para o consumidor interno, estaremos de acordo.” Rui Eduardo Saldanha Vargas, vice-presidente de suínos da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)
Thais Ito
“A grande pauta ambiental é o CAR” “Para o agronegócio [a reeleição] não muda tanto. Desde que o novo governo entenda os sinais da parte mais econômica do País, principalmente. É preciso ter uma mudança na área econômica. É importantíssimo ter mudança social, mas não dá para repartir um bolo que não está crescendo, senão todo mundo vai passar fome. Para ter um bolo cada vez maior, é preciso trabalhar o lado econômico. O agronegócio tem uma vantagem pelo fato de o Brasil ser um grande exportador, então podemos compensar algumas ‘loucuras’ que eventualmente acontecem no governo. O Brasil vai crescer 0,3% se tudo der certo e a pecuária, 2,5%. Isso mostra claramente que a pecuária segue crescendo a despeito da situação econômica do Brasil. Agora, segue muito bem porque vários fatores externos contribuíram. Não podemos ficar dependendo de seca na Austrália, de EUA ou de dólar, para ser eficiente. Precisamos melhorar urgentemente a logística de transporte. A pecuária é um negócio de fronteira, não vai ficar do lado de Santos – ela está lá no Pará, no Mato Grosso. É preciso trazer essa carne para exportar para o mundo todo, então logística é um ponto importantíssimo. Também precisamos melhorar o relacionamento internacional, com maior presença do agronegócio. Temos apenas um adido agrícola na China, que é o maior comprador do agronegócio brasileiro. Os EUA, por exemplo, têm um adido para cada cluster, um de milho, de soja, de carne bovina... Como podemos brigar de igual para igual? O Brasil vai precisar ainda mais do agronegócio, que é responsável pela balança comercial positiva do País. Nenhum governo pode deixar de ajudar o agronegócio. A bancada ruralista é maior do que a dos últimos quatro anos e isso também vai exercer uma pressão maior para o governo votar qualquer reforma, não apenas em relação a questões rurais. O governo realiza ações em termos de sustentabilidade, mas essa terá que ser uma pauta mais presente e deverá ser encarada de uma maneira mais proativa. Na agenda ambiental, a água está virando uma loucura, o carbono sempre foi um tema, mas a grande pauta ambiental hoje é o Cadastro Ambiental Rural (CAR). O grande problema do CAR está nos estados, que não têm estrutura nem capital para implementá-lo. O governo federal precisa ajudar com recursos humanos e financeiros para capacitar os estados. A gente deu um prazo para implementar. Daqui a um ano, quem tem, tem; quem não tem, acabou o financiamento.” Eduardo Bastos, presidente do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS)
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divulgação/Ecoagro
“O grande desafio é aumentar o investimento em infraestrutura” Nosso trabalho é buscar um elo entre a produção e o mercado de capitais, como fundos, por exemplo. O agronegócio sustenta o Brasil: para se ter uma ideia, o saldo do agronegócio foi quase cinquenta vezes maior que o saldo total da balança comercial brasileira em 2013. Além disso, o setor agropecuário nacional ocupa um lugar de destaque no mundo, que nos vê como fonte de fornecimento de proteína do planeta. Somos o principal player mundial de alimentos. E, graças a muitos anos de pesquisa, aumentamos nossa área plantada em 10% e praticamente dobramos a produtividade nos últimos seis anos. O agronegócio brasileiro vai de vento em popa e tem um potencial de crescimento gigantesco, principalmente o de grãos, mas o de carne também. O grande desafio é aumentar o investimento em infraestrutura e logística - tem muito problema de armazenagem, porto, estrada.” Moacir Ferreira Teixeira, sócio fundador do Grupo Ecoagro
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Vitrine de
destaques 2014 Empresas apresentam máquinas e produtos que se destacaram em 2014. Novidades auxiliaram o setor a vivenciar um ano histórico
bw refrigeração industrial Produto: Peças para reposição em compressores Especificações Técnicas: Peças desenvolvidas através de analise de material e desenho respeitando normas de fabricação Benefícios: A Refrigeração BW é especializada em fabricação e manutenção de peças para compressores de refrigeração em amônia, alternativos e parafuso, atendendo sempre sob os melhores padrões certificados através da norma ISO9001:2008.
Tel.:(51) 3427-4295 / 3465-5479 www.refrigeracaobw.com.br
CEPALGO EMBALAGENS FLEXÍVEIS LTDA Produtos: Filmes (tampa e fundo) para termoformagem para aplicação dos seguintes produtos (linha de congelados, resfriados, curados): • Carnes em geral (bovina, suína, aves, pescados) • Carnes processadas (salsicha, linguiça, jerked beef/charque, temperadas, etc...) • Linha cook-in (presunto) e pasteurizados • Queijos (laticínio – pedaços, fatiados), massas, etc. Tel.: +55 62 4006 8426 | +55 15 9 9110 7744 website: cepalgo.com.br - alencar.asilva@terra.com.br 30
Choaitec Produto: Alimentador automático para sensor por Raio X Benefícios: Tem velocidade ajustável ao Raio X; tem ótima relação custo X beneficio; elimina mão de obra no processo de alimentação; elimina gargalo de produção; é adequado para filé de peito e BL (peças até 400 gramas); tem sistema de auto higienização; baixo custo de manutenção; fabricado em aço inoxidável 304; equipamento customizável
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Fibertruck Produto: Carroceria frigorífica e isolamento térmico Especificações técnicas: Industrialização de carrocerias frigorificas e isolamento térmico Benefícios: As carrocerias Fibertruck contam com o mais rigoroso padrão de qualidade na produção de seus produtos. Isso garante ao cliente a satisfação de poder transportar com a maior segurança em termos de frio, não importa se o produto seja resfriado ou congelado. A formulação do PU produzido na própria empresa garante a densidade e traz a segurança e a qualidade para oferecer garantia de 3 anos
Tel.:(11) 2413-0353 comercial@fibertruck.com.br – www.fibertruck.com.br
KOLBERG Refrigeração Industrial Produto: Peças para compressores a pistão e parafuso. Benefícios: Para atender com agilidade as necessidades do mercado de refrigeração a KOLBERG investe cada vez mais na variedade de peças MADEF, SABROE, MYCOM E HOWDEN. Alguns dos itens mais solicitados são os filtros, camisas, pistões e selos. Prezamos pela QUALIDADE garantindo assim excelência nos serviços e a satisfação dos clientes.
Tel.: (51) 30312474 kolberg@kolbergrefrigeracao.com.br
Kurz Produto: Impressão de termo transferência ( Ribbons ), fitas de codificação, hot stamping, cold stamping e in mold. Ribbons metalizados, coloridos e o novo modelo UV que permite verificação com luz UV, prevenindo a falsificação de produtos Especificações Técnicas: Ribbons nas qualidades: cera, misto, resina para uso em impressoras térmicas Desktop ou cabeçote de impressão Near Edge Benefícios: Somos especialistas em Ribbons para aplicações diferenciadas, com uma linha que permite resistir a temperaturas variadas, presença de gorduras, líquidos e substâncias agressivas. Tel.:(11) 3871-7340 vendas@kurz.com.br – www.kurz.com.br
LDS Máquinas Produto: Prensa Expeller P40 Especificação técnicas: Ideal para prensagem de subprodutos animais cozidos. Benefícios: Fabricada em estrutura em aço carbono, cesto bi-partido em aço fundido e eixo de helicóides de passos variados. Alimentação forçada através de helicóide vertical instalada sobre o cárter, acionada por motoredutor. Abertura do cone com sistema hidráulico ou manual. Extração da farinha com estimativa de até 7% de gordura. Tel.: (14) 2104-3200 vendas@ldsmaquinas.com.br - www.ldsmaquinas.com.br 31
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MAREL Produto: Balança multicabeçal Marel modelo M5420-3,5L Especificações técnicas: Utilizada para a formação de porções com peso fixo Benefícios: Possibilidade de trabalhar com distintos pesos simultaneamente, aumentando a produtividade e eficiência do equipamento e reduzindo o sobrepeso e também o índice de rejeitos. Esta solução é ideal para as plantas processadoras que querem minimizar os custos de sobrepeso e mão de obra e, ao mesmo tempo, flexibilizar o que eles podem fornecer aos seus clientes. Utilizando apenas uma balança multicabeçal será possível trabalhar não somente com três tarefas simultaneamente, mas também utilizar distintas embalagens como bandejas, bolsas plásticas ou termo formados Tel.: (41) 3888 3400 http://marel.com/brazil
MONTEF Produto: Dutos Têxteis para Climatização de Ambientes Especificações técnicas: Sistema de dutos de ar fabricados em tecido 100% sintético, com difusão do ar por meio de orifícios, frestas ou pela própria trama do tecido Benefícios: Favorece o conforto térmico a baixo custo, com instalação e manutenção facilitadas pelo baixo peso com higienização simples por máquinas de lavar. Possui diversas cores e modalidades de suportamento e fixação, sejam elas por meio de trilhos de alumínio, cabos ou arames inoxidáveis
Tel.:(11) 3858.2914 montef@montef.com.br – www.montef.com.br 32
Memphis Empreendimentos Ltda Produto: Tratamento e Reuso de Efluentes Industriais Especificações técnicas: 1)Tratamento biológico de efluentes com tecnologia anaeróbia e aeróbia (lodos ativados, MBBR e MBR) - 2) Tratamento com membranas de ultrafiltração e osmose reversa para o reuso de efluentes Benefícios: Redução de custos, otimização de ETEs, redução do consumo de água com o reuso de efluentes
Tel.:(11) 27389613 - (11) 982443216 contato@memphis.ind.br , rubens.franciscojr@gmail.com – www.memphis.ind.br .
P3 engenharia Fornecimento de painéis elétricos de: Proteção e distribuição de força; Comando e sinalização; Banco de capacitores para correção de fator de potência; Painel de medição para o mercado livre de energia elétrica; Bombas e motores com qualquer tipo de partida; Transferência automática ou manual de cargas entre rede-gerador ou rede no-break; Instrumentação e controle; Comando de máquinas e equipamentos; Centros de medição de edifícios e especiais; Tel.:(47) 3333-8077 p3engenharia@p3engenharia.com.br – www.p3engenharia.com.br
RC Industrial LTDA. Produto: ensacadeiras de cms - cmr - pele de frango Benefícios: Ensacadeiras semiautomática para CMS- CMR - PELE - GORDURA Ensaca, pesa e sela os pacotes Opera somente com 01 operador Ambiente totalmente limpo SIP Integrado Produção de aproximadamente 4000 kg/hr Modelos: ENSAC 01 - CMS / CMR – ENSAC 02 - CMS / CMR – ENSAC 03 - PELE / GORDURA Tel.: (49) 3323 3306 www.rcindustrial.com.br
PERMECAR/PERTECNO Produto: Chapas perfuradas e expandidas/martelos e eixos para moinhos/ canecas para elevadores. Especificações técnicas: Material em inox, aço carbono, aluminio. Benefícios: Atendemos fábricas de rações, frigoríficos, graxarias/fábricas de óleo/usinas
Tel.:(19) 3456.1726 permecar@permecar.com.br – www.permecar.com.br
REFRIO Coils & Coolers Produto: RCI Especificações Técnicas: Evaporador Industrial com ventilação forçada para NH3, tubos em Inox e aletas em alumínio, ventiladores de alta performance com diâmetros de 450 a 910mm. Temperaturas de evaporação de até -45°C Benefícios: Eficiência e materiais específicos para cada caso. Os projetos de evaporadores da REFRIO utilizam aletas de alta performance termodinâmica. Isso resulta em uma superfície aletada 46% mais eficiente que os modelos tradicionais em Fe-Zn. Para oferecer a melhor solução, a REFRIO possui materiais para aletas, tubos e carenagem adequados para cada aplicação. Tel.: (19) 3897-8500 refrio@refrio.com – www.refrio.com 33
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SELOVAC Produto: Equipamentos para embalar a vácuo SELOVAC modelo DUPLAVAC. Características: A verdadeira e única DUPLAVAC no mercado. Operação intermitente das câmaras; sistema robusto e flexível; permite operações contínuas; painel digital de fácil manuseio programável; fácil higienização construída em aço inox AISI 304; amplo espaço entre as barras de selagem
Tel.:(11) 5643 5599 selovac@selovac.com.br – www.selovac.com.br
SINOX COMÉRCIO DE VÁLVULAS LTDA Produto: Válvula esfera On-Off A válvula esfera On-Off SinoxTec proporciona um controle integrado aos sistemas de monitoramento de processos, aumentando a eficiência produtiva e a qualidade do produto final. As válvulas On-Off SinoxTec são fabricadas com atuadores multi-molas de alta resistência mecânica, podendo ser munidas com sensores de posição com indicação local e remota e integração com sistemas de controle como PLC’s.
Tel.: (49) 3442 1151 www.sinox.com.br - santin@sinox.com.br 34
shiguen Produto: Condensador evaporativo Especificações técnicas: Bateria de serpentina de tubo liso em aço inoxidável, norma AISI-304L, espessura da parede de 1 mm, completa, com coletores de tubo de aço inoxidável na entrada e saída de amônia. Eliminadores de gotas em poliestireno de alto impacto Benefícios: mais durabilidade e resistência à corrosão, menos incrustação nos tubos, manutenção e reparo Tel.:(19) 3547-2100 vendas@shiguen.com.br – www.shiguen.com.br
Sopama Produto: Serra fita industrial p/ carnes e ossos mod. S-410-INOX/NR-12 Especificações Técnicas: Em conformidade com a NR-12, painel comando 24v, quadro elétrico completo, motor 3cv-trifásico com frenagem instantânea ao desligar e ao abrir as portas por sensor, empurrador da carne articulado com proteção para mão do operador, régua de encosto na mesa fixa, empurrador na mesa móvel com punho para mão, lâmina 3,28 mts com proteção, medidas 1,00x1,00x1,80m altura, peso 270kgs
Tel.:(51) 3470-4589 sopama@sopama.com.br – www.sopama.com.br
Sopasta Produto: Embalagens de papelão ondulado Especificações técnicas: Qualidade 100% sustentável Benefícios: Trabalhamos lado a lado com nossos clientes, de forma personalizada e consciente, buscando soluções que melhorem o desempenho da produção, do acondicionamento, armazenamento e do transporte dos seus produtos. Realizamos visitas técnicas para conhecer de perto a linha de produção das empresas que atendemos, gerando mais eficiência no processo produtivo e protótipos diferenciados, conforme a necessidade de cada produto Tel.:(49) 3532-7000 sopasta@sopasta.com.br – www.sopasta.com.br
Tecnomaq Produto: Máquina Empacotadora Vertical TCM 250 B Alta Performance Especificações técnicas: Empacotadora de produtos IQFs e Laticínios Benefícios: Equipamento com inovador custo X benefício, totalmente em Inox 304 e 316L, alta performance, rendimento de até 70ppm em baixa gramatura
Tel.:(41) 3095-8582 anderson.comercial@maquinastecnomaq.com.br – www.maquinastecnomaq.com.br
VIP Gestão - Frigoríficos Produto: VIP Gestão - Frigoríficos Objetivo principal do produto: • Desenvolvido para Operacionalizar e Gerenciar Frigoríficos; Características do produto: • Controle de processo de Abate e Rastreamento; • Integração das áreas Administrativa, Financeira, Contábil, Fiscal, Comercial e Faturamento; • Informatização baseada em Processos Modernos e de acordo com as normas da vigilância sanitária (ANVISA). Fones: (51) 3075-4200 | (51) 8418-9519 | (51) 9635-3382
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P3 engenharia Projetos elétricos industriais e prediais; Projeto e estudos luminotécnicos; Redes de transmissão e distribuição de energia; Telecomunicações; Proteção e seletividade em alta, média e baixa tensão, com estudo de nível de curto circuito das instalações; Projeto para migração para o Mercado livre de energia elétrica; Medições de todas as grandezas elétricas da instalação e laudos do sistemas preventivos contra incêndio. Tel.:(47) 3333-8077 p3engenharia@p3engenharia.com.br – www.p3engenharia.com.br 35
Infográfico Mariana Diello
Tratamento de efluentes - Conheça em detalhes
Utensílios importantes
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SX716 – Medidor de oxigênio dissolvido à prova d’água – Indicado para medir a concentração de oxigênio dissolvido em águas. É fundamental para se verificar e manter as condições aeróbicas em um curso d’água que recebe material poluído.
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SX711/ AK95 – Medidores de pH à prova d’água – Indicado para medir o pH da água em toda etapa do tratamento. Valores de pH fora dos padrão podem alterar o sabor da água, comprometendo a sua potabilidade, e contribuir para o aumento de sua corrosividade, diminuindo a vida útil de equipamentos industriais.
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AK88 e SX751 – Medidores multiparâmetros à prova d’água – Medem pH, condutividade, salinidade e oxigênio dissolvido em águas e efluentes industriais. São considerados ideais pois, com apenas um instrumento, o usuário pode monitorar diversos parâmetros e tratar a água com rapidez e qualidade.
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TU-2016 – Turbidímetro digital – Mede o grau de turvação de águas e efluentes industriais. A turvação fora dos padrões pode sinalizar falhas em alguma parte do tratamento e comprometer etapas futuras. Amostras turvas sinalizam presença de matéria orgânica e sílica e afetam adversamente o uso doméstico e industrial.
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Arte: Adriano Cantero
Tipos de Efluentes: • Águas de banho dos animais, no pré-abate, contêm pequena quantidade de esterco e terra • Raspagens e água da limpeza de pocilgas e currais contêm esterco e terra • Águas da lavagem da sala da sangria • Águas da lavagem de vômito
• Águas da lavagem da carcaça do animal • Águas de limpeza dos equipamentos e das instalações do matadouro são efluentes de maior volume • Águas de limpeza da graxaria • Águas de cozimento para a fabricação de embutidos
Sistemas de tratamento: Níveis de Tratamento: -Preliminar – Para remoção dos sólidos grosseiros usa-se grades e peneiras -Primários – Para remoção dos sólidos grosseiros usa-se sedimentadores e flotadores -Secundário – Para remoção de matéria orgânica biodegradável dissolvida ou coloidal, além de nitrogênio e fósforo extra, usa-se tratamentos físico-químicos - Terciário – Melhora a qualidade dos efluentes, como remoção de cor residual e turbidez, além da desinfecção do efluente tratado
Podem ser classificados em: sistemas simplificados ou mecanizados e processos aeróbios ou anaeróbios Métodos: - dispersão no solo - lagoas de estabilização sem aeração - sistemas anaeróbios simplificados - biodigestor - lagoas anaeróbias - lagoas de estabilização aeradas - ar difuso - lodos ativados - filtros biológicos - biofiltro aerado submerso - tratamento com oxigênio puro - tratamento com biotecnologia Fonte: Magnus Muller, supervisor técnico da Akso. Pesquisa baseada também nas informações dos pesquisadores FERNANDES, Adelaide Cristina e LOPES, Cláudio José Correa Pinto
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Especial
Thais Ito
A ferramenta da credibilidade Na última reportagem da série especial sobre a produção cárnea, confira como a análise laboratorial ajuda a credenciar as exportações brasileiras
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divulgação/Tecam
protagonismo brasileiro no mercado cárneo mundial se deve a uma série de conquistas estruturais da indústria nacional. Manter essa posição de liderança nos próximos anos, contudo, exigirá esforço redobrado e cuidados ainda maiores do setor. Unânime e prioridade número “1”, a sanidade animal, bem como a qualidade do produto, despontam como questões-chave para garantir que o Brasil seja capaz de atender as crescentes demandas interna e externa por proteína animal. “[O Brasil] deve investir cada vez mais em controle sanitário para, em hipótese alguma, perder o status que conquistou ao longo de décadas de trabalho”, declara Jonas Irineu dos Santos Filho, pesquisador da área de Economia da Embrapa. Essas duas questões – sanidade e qualidade – são fruto de um longo processo que passa, necessariamente, por um mesmo caminho: a análise laboratorial. Assim, nesta edição que encerra a série especial sobre perspectivas e desafios da produção brasileira, a Revista Nacional da Carne se debruça sobre a importância dessa ferramenta. Confira como a análise técnica impacta diretamente na lucratividade e na credibilidade do setor.
Atestado de qualidade
Instalações do laboratório Tecam
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Ao identificar índices de resíduos e patógenos, a análise laboratorial atesta a qualidade e a sanidade do produto, além de atuar como prova de que ele obedece as regulamentações específicas do mercado de destino. A explicação é de Janete Walter Moura, diretora da Tecam, laboratório que realiza análises físico-química e microbiológicas. Em geral, os países importadores assumem os parâmetros do Codex Alimentarius, uma coletânea de padrões alimentares estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU), Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO) e Organização Mundial de Saúde (OMS). É comum, porém, que cada mercado possua exigências específicas. www.nacionaldacarne.com.br
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divulgação/Embrapa Suínos e Aves
“Alguns países, ainda, possuem restrições culturais que determinam a necessidade de grau de pureza absoluta de certos produtos cárneos com relação a certos tipos ou espécies animais, tal como a restrição de carne de porco na cultura mulçumana”, relembra Moura. “Em caso de descumprimento de tais normas, a empresa exportadora pode ser descredenciada pelos países importadores.” Rui Eduardo Saldanha Vargas, vice-presidente de suínos da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), concorda que a análise é uma ferramenta essencial. Mas ele faz questão de lembrar que não é a única - “é uma entre tantas nos programas de saúde animal”. Para ele, a análise laboratorial é um fator de medição para avaliar a conformidade do índice de performance do animal. Com o resultado, pode-se orientar ações na cadeia produtiva para melhorar ou definir a manutenção do processo adotado. “Não há nenhuma barreira em relação à saúde animal imposta ao Brasil, então podemos dizer que o País está com a qualidade dentro do padrão internacional - e dentre os melhores”, destaca. “O desafio é manter esse status.” Há, contudo, quem argumente além. “Nunca basta apenas manter”, enfatiza Jorge Caetano, fiscal federal agropecuário do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “Para evitar doenças que possam onerar a pecuária e a carne brasileira exportada, é preciso combinar prevenção, fiscalização e erradicação - e a análise laboratorial é imprescindível nesse processo, que é muito dinâmico”, resume. Para enfatizar que ainda há pendências no Brasil, ele cita a febre aftosa como exemplo. “Não temos registro desde 2006, mas ainda não temos todo o território reconhecidamente - interna e externamente - livre da doença”, frisa o fiscal, que também é membro da comissão do código sanitário para animais terrestres da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Caetano aponta duas formas de lidar com uma doença: controlando-a, ou seja, mantendo-a em níveis baixos e aceitáveis, ou erradicando-a. E a segunda opção, para ele, é a maneira mais eficiente e proveitosa. “O Brasil já conseguiu erradicar algumas doenças como a peste suína africana e a peste bovina, por exemplo, e, por conta disso, o rebanho não sofreu consequências e não houve ônus em relação às exportações”, argumenta. “Cada doença nova onera a pecuária e dificulta a comercialização.” Eliminar o problema evita que seu fantasma assombre futuras negociações – o status sanitário do país de origem e a prevalência ou proximidade geográfica de territórios
Sabrina Duarte, pesquisadora da Embrapa: A análise laboratorial contribui com a qualidade da carne brasileira
onde há ocorrência de doenças podem influenciar a obtenção ou não de um certificado. “Há três condições avaliadas para emitir o certificado: país de origem, espécie animal e tipo de produto (carne em conserva tem um risco, já a fresca tem outra, por exemplo)”, aponta o fiscal. “Acrescento ainda um quarto ponto: a finalidade do produto. Se no país de destino ele for receber algum tratamento, a certificação poderá ser mais condescendente.”
Garantia e outras vantagens
Realizadas em todas as fases do processo de produção, as análises contribuem com a qualidade da carne brasileira. Elas auxiliam, por exemplo, na redução da ocorrência dos riscos biológicos e residuais, visando à inocuidade dos alimentos, conforme detalha a pesquisadora Sabrina Duarte, da Embrapa Suínos e Aves. “A carne exportada leva o nome de todo o País e é imprescindível a atenção à qualidade em todas as fases, desde o alimento a ser fornecido às aves até o abate”, diz. As análises devem agregar padrões microbiológicos que incluam não apenas critérios relativos à sanidade animal, segundo a pesquisadora, como também à ausência de substâncias nocivas à saúde humana. “Os critérios associados aos riscos à saúde são tão importantes que influenciaram a posição atual do Brasil como principal produtor de carne”, garante. “Em 2004, quando a influenza aviária afetou a produção na Ásia, o Brasil foi beneficiado, pois pode atender o mercado face à situação sanitária privilegiada comprovada na ocasião.” 39
divulgação
Especial
Marcelo Lopes, da ABCS: “A análise é sempre bemvinda, sim, desde que não encareça o processo produtivo”
Duarte também salienta que o consumidor interno está cada vez mais exigente em relação à qualidade. Além disso, ela elogia a influência positiva das exigências internacionais no desenvolvimento da produção interna. “A modernização na produção da carne está diretamente relacionada às exportações, pois a necessidade de atender as exigências do comércio exterior foi uma força propulsora para o crescimento da atividade, o que é refletido no bom desempenho e na qualidade dos produtos ofertados no comércio interno e no setor interno”, diz Duarte. Leandro Pires, gerente de unidade de negócios do laboratório Eurofins, concorda com a pesquisadora da Embrapa. “Ao estabelecer critérios de qualidade e segurança dos alimentos, os países importadores estimulam os exportadores a intensificarem seus controles. Como exemplo, temos o monitoramento de resíduos de medicamentos veterinários e contaminantes microbiológicos”,
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avalia. “Além desta influência temos os planos de controle do Mapa, que estimulam não só os exportadores, mas os produtores que atendem o mercado nacional.” O papel da análise laboratorial em relação à qualidade e segurança dos alimentos é essencial, segundo Pires. “Tal como um piloto de avião precisa de inúmeros indicadores para voar com segurança, a indústria de alimentos precisa dos indicadores gerados pelas análises laboratoriais para monitorar seus procedimentos e direcionar suas ações e recursos no processo de melhoria continua”, observa. Pires esclarece que, anualmente, o mercado internacional determina novos requisitos para produtos cárneos, sejam resíduos de drogas veterinárias até então não monitorados ou planos amostrais mais criteriosos para monitoramento de patógenos. “É exatamente nestas novas exigências que as análises laboratoriais contribuem para fortalecer a imagem da carne brasileira no exterior, uma vez que toda a cadeia evidencia a competência de
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divulgação/Eurofins
Alerta
vermelho
Confira as maiores preocupações da atualidade, segundo cada tipo de carne, em relação às doenças que representam risco à saúde animal ou pública. Ressaltadas por Jorge Caetano, fiscal federal agropecuário e membro da OIE, todas podem ser analisadas em laboratório. A seleção destaca algumas entre inúmeras doenças e resíduos às quais a cadeia produtiva deve estar atenta.
Risco à saúde animal
rápida adequação a novos requisitos, tal como comprova o know-how dos profissionais brasileiros neste setor”, complementa. Marcelo Lopes, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), acrescenta que a certificação obtida através da análise laboratorial é fundamental para conquistar novos mercados. Por outro lado, ele defende o bolso do produtor. “A análise é sempre bem-vinda, sim, desde que não encareça o processo produtivo”, pondera.
Bovinos
Aves
Análise no Brasil e desafios do setor
Segundo Duarte, pesquisadora da Embrapa, o Brasil conta com um serviço de análise laboratorial de qualidade e democratizado. “Existe oferta contínua de análises de qualidade a todos os setores e estas análises são realizadas no Brasil por laboratórios credenciados no Mapa e por laboratórios particulares de diferentes regiões do País”,
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Suínos
Febre aftosa, tuberculose, brucelose e Encefalopatia Espongiforme Bovina
Influenza aviária, doença de Newcastle, salmonela, Laringotraqueíte e doença de Marek Peste Suína Clássica, Diarreia Epidêmica Suína, febre aftosa, salmonela
Risco à saúde pública
Resíduos
Escherichia coli, particularmente a O157, listeria, salmonela, tuberculose, brucelose e Encefalopatia Espongiforme Bovina
Salmonela
Hormônios, antibióticos, antiparasitários, fungicidas e metais pesados (chumbo, cádmio e arsênico)
Salmonela
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Especial
atesta. “Os processos vêm sendo melhorados tentando atender a dinamicidade do setor.” Alguns fatores, entretanto, poderiam aprimorar ainda mais o segmento, segundo Daniel Bhering e Laércio Goularte, diretores do SFDK, empresa que integra o Grupo TÜV-SÜD e oferece análises microbiológicas e físico-químicas, além de disponibilizar, a partir de 2015, análises de resíduos de drogas veterinárias ao mercado de carne e leite. Para os executivos, todos os laboratórios deveriam ter 100% do escopo acreditado pela norma ISO/IEC 17.025. “Em segundo lugar, o rigor nas auditorias de acreditação nesta norma (CGECRE-INMETRO e CGAL-MAPA) deveria ser equivalente aos critérios internacionais”, declaram. Eles acrescentam que os laboratórios devem estar constantemente atentos às novas exigências dos mercados internacionais. Apontam, ainda, a importância da integração com o setor industrial. Graças a ela, é possível “planejar estratégias que permitam a antecipação aos fatos e estar preparado para atender os requisitos técnicos que surgem sempre que as tecnologias analíticas evoluem.”
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Pires, da Eurofins, endossa o grande valor do acompanhamento de profissionais da indústria na parte analítica. Mas um ponto de atenção, no que tange o uso de técnicas analíticas, para ele, é o controle do padrão de identidade e qualidade dos produtos. “Como exemplo, podemos mencionar as técnicas de identificação de espécie animal, distinção de proteína animal e vegetal e outras pesquisas de adulterações, que poderiam ser utilizadas para fins de fiscalização ou mesmo controle de qualidade da recepção de matéria-prima. Porém, elas ainda têm baixa procura no Brasil”, comenta. Já Alessandra Katz, gerente de novos negócios da Tecam, empresa que atua em parceria com a Scheme Lab, toca em um ponto essencial e decisivo ao futuro do setor: esses serviços podem refletir em ganho de credibilidade à indústria cárnea nacional. “A demonstração contínua do cumprimento das normas e requerimentos por meio de análises laboratoriais torna as empresas conhecidas pela sua boa reputação e estabiliza seu reconhecimento”, finaliza.
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Mercado Thais Ito e Itamar Cardin
O porco pode voar
Primeira venda do suíno brasileiro aos EUA, feita pela Aurora, evidencia perspectivas: setor conquista novos mercados e pode decolar no cenário mundial
O
protagonismo da carne brasileira não está afetando apenas a bovinocultura. A retomada do suíno brasileiro parece, enfim, estar se consolidando no mercado internacional. Depois de um período difícil e turbulento entre 2013 e o início de 2014, quando as vendas externas despencaram em volume e em faturamento, as exportações do setor ganharam novo impulso no segundo semestre deste ano. As perspectivas também são boas para 2015: alguns países já sinalizaram a reaproximação e podem ampliar o potencial da suinocultura nacional. Entre todas as notícias positivas recentes, que vão do combate interno a doenças recorrentes até a reabertura de alguns mercados, como o sul-africano, nenhuma simboliza tanto o importante momento quanto a primeira venda brasileira de carne suína aos Estados Unidos. O embarque, concretizado em meados de novembro, foi realizado pela Coopercentral Aurora Alimentos – o contêiner com capacidade para 25 toneladas partiu do porto de Itajaí (SC) levando, sobretudo, costela, costelinha e carré. A venda realizada pela empresa reflete anos de persistência e, ao mesmo tempo, projeta um grande passo à
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exportação nacional. Os Estados Unidos abriram o mercado ao suíno brasileiro em 2012. Desde então, transcorreram-se dois anos entre a habilitação da planta da Aurora em Chapecó (SC) e o deferimento dos registros dos produtos cárneos, finalizados apenas em setembro de 2014. Os primeiros negócios começam somente agora porque foi necessário resolver divergências de entendimento quanto à necessidade de registro dos produtos exportados no Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), além de muitas tratativas com os clientes, conforme explica Dilvo Casagranda, gerente geral de comércio exterior da empresa. Todo este tempo de espera, entretanto, certamente não foi em vão: em dezembro, agora para outro cliente norte-americano, a Aurora já tem confirmado um novo embarque, dessa vez com copa, costela, carré, costelinha e ponta de costela (cortes com osso). As vendas ao novo mercado, aliás, dispensaram qualquer investimento complementar – como envolvem produtos que já fazem parte da linha tradicional, não foi preciso realizar adaptações no sistema produtivo da companhia. Por tratar-se de um pedido experimental, o valor da www.nacionaldacarne.com.br
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Mercado
transação não foi revelado. A Aurora garante, porém, que “foram praticados preços de mercado”. E, para 2015, segundo informa a empresa, a meta é atingir vendas de 600 a 1200 toneladas de carne suína ao mercado norte-americano. “São volumes modestos em termos de comércio internacional, mas o objetivo da Aurora é entrar gradualmente e se consolidar no mercado americano, cuja qualidade é mundialmente reconhecida”, explica Dilvo Casagranda. Mas, embora possa tornar-se importante referência ao suíno brasileiro, o mercado norte-americano ainda apresenta difíceis restrições. A Aurora destaca, por exemplo, a dificuldade de acesso, principalmente por conta das rigorosas exigências sanitárias e da elevada produção interna. “Existe uma oportunidade para produtos com osso, especialmente costelinha, costela e carré”, pontua a Aurora em nota oficial. “O segmento mais promissor é o de distribuição para atender fast food e restaurantes.” Ainda assim, apesar do latente potencial em determinados segmentos, Casagranda reconhece que o Brasil ainda conhece pouco do mercado norte-americano. “Precisamos ainda aprender e entender melhor o comportamento
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daquele mercado para explorar suas possibilidades, mas, dificilmente será um mercado de grande volume. Talvez algumas boas oportunidades surjam”, salienta o diretor. “O importante é darmos o primeiro passo que está sendo conquistado agora, depois de muito trabalho e empenho de todos os setores da Aurora com acompanhamento e envolvimento direto do Ministério da Agricultura e do Serviço de Inspeção Federal”, complementa Casagranda.
Desequilíbrio na balança
A relevância do mercado norte-americano, embora com algumas restrições, é reforçada pela elevação de faturamento da exportação suína. No último balanço do setor, apresentado em outubro, as vendas externas renderam US$ 198,28 milhões, um impressionante crescimento de 38,89% em relação ao mesmo período do ano passado. Já no acumulado do ano as negociações totalizaram US$ 1,34 bilhão, alta de 15,58% no mesmo comparativo, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Essa alta expressiva, entretanto, não foi acompanhada pelo volume de vendas. Em outubro, por exemplo, o
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Divulgação
Brasil exportou 50.883 toneladas de carne suína, queda de 2,19% na comparação com 2013. E, no acumulado do ano, com 413.048 toneladas negociadas, a redução foi ainda maior: 6,40%. O principal fator a explicar essa discrepância, segundo Rui Eduardo Saldanha Vargas, vice-presidente de suínos da ABPA, é a “lei da oferta e da procura”. Problemas sanitários, como a diarreia suína epidêmica nos EUA, no Canadá, em alguns países sul-americanos e asiáticos, além da peste suína africana na Europa, provocaram a elevação natural dos preços internacionais. “Menos carne a ser ofertada, preço mais elevado. Para os exportadores brasileiros, a situação é favorável, porque as vendas estão sendo bem remuneradas”, elucida o vice-presidente de suínos da ABPA. Já a queda em volume exportado decorre, entre outros fatores, dos próprios entraves enfrentados pela produção suína nacional. “O Brasil só não está exportando mais para a Rússia e outros destinos porque não tem capacidade de ofertar mais. A indústria precisa honrar seus compromissos no mercado interno e alocar para a exportação o que lhe é possível em função do atual equilíbrio
Rui Vargas, da ABPA: Para os exportadores brasileiros, a situação é favorável
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Mercado
entre oferta e demanda de carne suína. Internamente, a oferta de carne suína está menor”, explica Vargas. A participação russa nas exportações suínas brasileiras, aliás, intensificada após a crise com a Ucrânia e o consequente embargo a produtos de Estados Unidos e União Europeia, é o grande destaque do setor em 2014. Somente em outubro o país representou 46,68% nos embarques em volume (23.755 toneladas) e 60,67% em valor (US$ 120,29 milhões). Os resultados representam uma variação de nada menos que 103,74% em quantidade e 197,66% em receita. De janeiro a outubro, por sua vez, o volume embarcado ao mercado russo aumentou 31,83% (153.253 toneladas) e 94,26% em valor (US$ 682,79 milhões). “Vivemos uma boa conjuntura internacional para a carne suína. Com a redução da oferta no mercado externo, os preços têm mostrado uma elevação importante. Os embarques para a Rússia continuam aumentando”, aponta Francisco Turra, presidente-executivo da ABPA. “Nossa relação comercial com o mercado russo é embasada em respeito, seriedade e fornecimento responsável de produtos com sanidade irreparável e alto grau de confiabilidade.” O presidente da ABPA, entretanto, faz uma ressalva: “o histórico de altos e baixos no relacionamento comercial com a Rússia, que ora abria, ora restringia suas importações de carnes do Brasil, nos coloca em posição de cautela”. Ainda assim, Turra reconhece que, “com as vendas crescentes para aquele mercado, podemos dizer que este é o ano da Rússia.”
Novas possibilidades
O bom momento do suíno brasileiro no mercado internacional pode ser reforçado nos próximos anos. E uma importante iniciativa, nesse sentido, já começa a tomar forma. Profissionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) se reuniram com representantes de unidades federativas e do setor produtivo, no final de outubro, para traçar metas e estratégias a fim de reconhecer internacionalmente, até maio de 2016, mais 14 estados brasileiros como zona livre da Peste Suína Clássica. Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que já cumprem os critérios exigidos pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), tiveram seus relatórios encaminhados para a solicitação do reconhecimento internacional. E, segundo Losivanio Luiz de Lorenzi, presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), esse crivo pode conceder uma força extra ao suíno brasileiro. “Temos que buscar cada vez novos reconhecimentos para que possamos ampliar nossos mercados e nossa competitividade”, avalia o presidente da entidade. “Principalmente focando nessa área sanitária, que será o grande entreve no mundo para as exportações.” 48
Lorenzi acredita que a tendência é aumentar o número de exigências por parte dos mercados importadores, seja por protecionismo ou por questões sanitárias. “Santa Catarina se destaca por ser o maior produtor e exportador de carne suína, e o único estado livre de febre aftosa sem vacinação”, ressalta. “Por isso, estamos trabalhando para ter um padrão de produção para que o produto possa atender, nas mesmas condições, desde o mercado da esquina, por menor que seja, até o maior e mais exigente importador de carne, como é o caso do Japão.” Os demais estados que possuem o reconhecimento nacional de zona livre da peste suína – Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Rondônia, Acre e Distrito Federal – estão comprometidos a também obterem o reconhecimento internacional. Trata-se de um passo fundamental e necessário, decisivo não só às pretensões do setor, como também de toda a carne brasileira. O suíno nacional, aliando fatores cruciais como melhor capacidade produtiva, reabertura de novos mercados e reconhecimento sanitário internacional, quem sabe não pode seguir o caminho do bovino e colocar-se como grande protagonista do comércio mundial.
A reabertura sul-africana Outro importante mercado a se reaproximar do suíno nacional foi a África do Sul. No início de novembro, consolidando um longo processo de quase dez anos, o país comunicou o fim do embargo ao produto brasileiro. A África do Sul estava fechada para produtos suinícolas brasileiros desde 2005, quando foram registrados focos de febre aftosa em bovinos no Paraná e no Mato Grosso do Sul. Naquele ano, antes do embargo, foram exportadas 18 mil toneladas ao país. “Foi quando batemos o recorde de exportações (totais) com 625 mil toneladas exportadas, com a África do Sul ficando como 4º principal destino, respondendo por 2,9% das exportações do ano”, detalha Rui Vargas, vice-presidente de suínos da ABPA. “Isso abre opções a mais além da Rússia, assim não depositamos todas as energias apenas neste país”, avalia Marcelo Lopes, presidente da Associação Brasileira do Criadores de Suínos (ABCS). “A reabertura também mostra que o Brasil está no caminho certo com relação à sanidade e que o País tem comprovado ao mundo que estamos prontos para fornecer carne para qualquer mercado.”
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Retrospectiva 2014
Importantes entidades do setor fazem um balanço do ano. Confira a análise exclusiva nesta e em nossa próxima edição • Couro.................................................................... 50
• Suínos e aves....................................................... 52 • Agronegócio........................................................ 54
Retrospectiva
Couro José Fernando Bello, presidente executivo do CICB (Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil)
O couro do Brasil em 2014
O
mercado mundial para o couro é um campo de negócios extremamente competitivo. Há diversas grandes e boas indústrias nesta dinâmica, em muitos países, fornecendo com qualidade e agilidade para todos os segmentos. Manter-se como protagonista neste cenário é um esforço multifatorial, que, no caso do Brasil, compreende transpor barreiras geográficas, de câmbio, de tributos e de infraestrutura precária que não há em outros países. Em 2014, nosso setor uniu-se para uma série de ações que diferenciaram o produto made in Brasil junto aos 50
compradores, à mídia e ao consumidor mundial, em um movimento contínuo de promoção comercial e de imagem que trouxe resultados palpáveis ao País. Neste ano, houve a renovação do projeto setorial Brazilian Leather, uma iniciativa do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) para o incentivo às exportações de couros. Por meio deste projeto, foram realizadas ações como a participação dos curtumes brasileiros nas maiores feiras internacionais do setor, projetos de aprimoramento do couro nacional www.nacionaldacarne.com.br
e missões empresariais. Entre os eventos de 2014, destacamos a APLF MM&T, em Hong Kong, que é a maior feira mundial de couros e que neste ano, em março, teve o Brasil como Focus Country, atraindo todas as atenções de mídia, compradores e personalidades do setor. Foi um evento que exigiu do CICB e de sua equipe muito trabalho e um grande investimento em planejamento, mas que, na mesma medida, marcou a trajetória do couro brasileiro nos últimos anos. Missões empresariais para a Coreia do Sul, Vietnã e México oportunizaram a abertura de novos mercados, cumprindo o objetivo de diversificar negócios para as exportações. Este é, pois, um mercado muito dinâmico. A mudança de tendências, preferências e tecnologia é praticamente diária. Neste sentido, ao longo de todo o ano, procuramos oferecer as melhores oportunidades de qualificação, conhecimento e diferenciação para o couro brasileiro. Um exemplo desta frente de atuação foi a terceira edição do Fórum CICB de Sustentabilidade, em agosto, com participação internacional, que trouxe ao Brasil alguns dos maiores especialistas mundiais para debater sobre as práticas para uma produção responsável. O fórum teve lotação esgotada, com sua capacidade máxima de público atingida tanto para as palestras como para a mostra de produtos e serviços sustentáveis. Também nesta corrente da qualificação, apresentamos ao mundo nosso projeto Design na Pele, que ganha em 2015 a sua segunda edição. Por meio desta iniciativa, buscamos sensibilizar a indústria curtidora brasileira para a cultura do design, convidando para ministrar oficinas coletivas e individuais o estilista Ronaldo Fraga e a artista plástica Heloísa Crocco. Junto aos curtumes brasileiros, eles desenvolveram couros especiais – chamados de superfícies – e a partir daí foram elaboradas peças de design de interiores e moda que compuseram a exposição Design na Pele, apresentada em Hong Kong, São Paulo, Brasília e outras cidades. No mercado doméstico, o ano de 2014 foi especial para o combate à apropriação indevida da palavra “couro” por produtos alternativos e sintéticos. Investimos pesado na comunicação e relacionamento com públicos estratégicos para a divulgação da lei 4.888/65, a Lei do
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Couro, que proíbe o uso de expressões como “couro sintético” e “couro ecológico”. A legislação destaca que somente artigos feitos em pele animal podem receber a denominação couro. Com isso, uma equipe do CICB, em parceria com sindicatos estaduais, percorreu mais de 4 mil estabelecimentos comerciais em todo o Brasil e conversou com consumidores, comerciantes e indústrias sobre esta lei. Paralelamente a esta ação, a entidade promoveu o monitoramento de publicações para averiguar a correta aplicação da lei, bem como a comunicação de marcas de calçados, roupas e também do mercado automotivo. Notificações foram realizadas pelo CICB e houve, inclusive, apreensões de mercadorias por parte dos órgãos responsáveis. Em breve, a Certificação de Sustentabilidade do Couro Brasileiro (CSCB), que vem sendo construída há mais de dois anos, irá colaborar para dar mais segurança ao consumidor e às indústrias brasileiras, reconhecendo as empresas com as melhores práticas de produção. O CSCB está sendo feito com o apoio e a contribuição direta de todo o setor, com a condução do Inmetro e da ABNT, por meio da liderança do CICB. É claro que todos estes esforços irão continuar no ano que vem, caso contrário, poderão rapidamente perder efeito. A indústria de couros brasileira conta com a indústria da carne para aprimorar a qualidade e engrandecer o produto feito no Brasil, que ganhou o mundo nos últimos anos, transpondo barreiras e superando desafios imensos. É somente por meio de um trabalho em parceria que poderemos crescer de forma saudável e sustentável, trazendo benefícios para a indústria, as pessoas e o País. 51
Retrospectiva
Aves e Suínos Francisco Turra, ex-ministro da Agricultura e presidenteexecutivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)
Bons ventos no mercado externo
O
ano está praticamente encerrado, e os ventos que sopram do mercado internacional nos conduzem a uma análise positiva sobre as exportações de carne suína e de frango. No caso da carne suína, os destaques são a elevação no preço médio, o aumento de vendas para Rússia e Japão, a reabertura do mercado da África do Sul e os primeiros embarques de Santa Catarina para os EUA. Para 2015, nossa expectativa é abrir o mercado da Coreia do Sul. Quanto à carne de frango, chama a atenção, também, o volume crescente das vendas para a Rússia. A ABPA confirma a previsão de aumento nos volumes totais de exportação em 2014.
Carne suína: preços em alta
Nos dez primeiros meses de 2014, os preços internacionais subiram 23,48% em relação ao mesmo período de 2013. Só em outubro, a elevação foi de 42%. Isso é resultado da menor oferta do produto no mercado internacional, em função de eventos sanitários como a diarreia suína epidêmica e a peste suína africana, dos quais o Brasil está livre. Com os preços subindo, a receita atingiu US$ 1,34 bilhão no acumulado do ano, crescimento de 15,58% na comparação com janeiro a outubro de 2013. Outro destaque tem sido a Rússia, que no contexto da crise ucraniana substituiu, a partir de agosto, as compras de proteína animal dos EUA e da União Europeia, em 52
grande parte pelo produto brasileiro. O resultado é que a Rússia está com participação de 37% nos embarques anuais de carne suína, tendo atingido quase 47% só em outubro. O Brasil aumentou 1.168% as vendas para o Japão (3.386 t), no acumulado do ano, depois que aquele mercado se abriu à carne suína brasileira em 2013. Nossas empresas têm participado de feiras promocionais e estão se ajustando à demanda japonesa por cortes específicos. Depois de nove anos fora do mercado sul-africano, estamos voltando, e a participação da África do Sul nas vendas brasileiras poderá chegar a 5%. A África é um mercado promissor. Angola cresceu muito e a sua participação, hoje, é de 9%. Por fim, uma palavra sobre o mercado dos EUA, que se abriu para Santa Catarina há quatro anos. No dia 11 de novembro passado, a Coopercentral Aurora Alimentos realizou a primeira exportação de carne suína aos norte-americanos. Foram 25 toneladas. Segundo a Aurora, a meta é vender entre 600 t e 1,2 mil toneladas de carne suína para os EUA em 2015, em especial produtos com osso, como costelinha, costela e carré.
Carne de frango: US$ 6,62 bilhões até outubro
Primeiro exportador mundial de carne de frango, o Brasil acumula receita, até outubro, de US$ 6,62 bilhões, uma leve retração de 0,7% em relação aos dez primeiros meses de 2013. Mas, em volume, crescemos 3,3%, com www.nacionaldacarne.com.br
3,32 milhões de toneladas exportadas. Só em outubro, a receita das vendas externas de carne de frango (produtos inteiros, cortes, processados e salgados), de US$ 743 milhões, aumentou 9,1% na comparação com o mesmo mês do ano passado. A boa notícia é que houve notável ampliação dos embarques para mercados compradores de produtos de maior valor agregado. Os cinco maiores mercados para a carne de frango brasileira, até outubro, foram: Arábia Saudita (participação de 16.3%), Japão (10,4%), União Europeia (10,4%), Hong Kong (8%) e Emirados Árabes (6,4%).
Crescimento das exportações para a Rússia
A Rússia se consolidou como uma das melhores oportunidades de mercado para os exportadores de frango em 2014. No acumulado do ano até outubro, o país importou
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92,59 mil t, crescimento de 136% em relação ao mesmo intervalo de 2013. Em receita, o aumento foi de 111%, com quase US$ 238 milhões. Se isolarmos o mês de outubro, o resultado é igualmente muito favorável: as vendas para a Rússia somaram 33,61 mil t, 455,74% de crescimento ante outubro do ano passado. A receita se ampliou em 305% no mesmo comparativo. Aqui, na nossa vizinhança, bons ventos sopraram da Venezuela, que aumentou em 54% suas importações do Brasil, no período de janeiro a outubro. Esse crescimento significou embarques de 180 mil t. Em receita, o total vendido foi de US$ 382 milhões, resultado 55% superior ao do mesmo período de 2013. Temos bons motivos para comemorar o excelente padrão sanitário e de qualidade das carnes suína e de frango do Brasil. Graças a essas conquistas, o mundo compra cada vez mais os produtos de nossas empresas.
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Retrospectiva
Agropecuária Antonio Alvarenga, presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA)
Avanços e falhas do agronegócio em 2014
A
pesar dos desacertos na política econômica, o governo da presidente Dilma Rousseff tem proporcionado ao agronegócio incentivos que, de forma geral, podem ser considerados satisfatórios. O Plano Agrícola e Pecuário de 2014/15 atendeu as principais expectativas do setor e trouxe algumas conquistas importantes. O volume de recursos e os encargos financeiros foram adequados. A pequena elevação nos juros de algumas linhas de financiamentos refletiu parcialmente o aumento da Selic. Em 2014 alguns avanços foram conquistados em atendimento à demanda dos produtores,
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Dezembro 2013
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Retrospectiva
Agropecuária
como é o caso da ampliação dos recursos e a redução dos juros do Pronamp – linha de crédito voltada para o médio produtor. Da mesma forma, a pecuária foi incluída no Plano, com o objetivo de aumentar a oferta de carne e melhorar a produtividade do setor. Os criadores podem financiar a compra de animais para engorda em regime de confinamento, a retenção de matrizes e a aquisição de reprodutores e matrizes. Para incentivar a inovação tecnológica, foram aperfeiçoadas as condições de financiamento à avicultura, suinocultura e pecuária de leite, por meio do programa Inovagro. Os fabricantes e revendedores de máquinas e equipamentos foram contemplados com o Moderfrota - linha destinada ao financiamento de máquinas e equipamentos - e o Moderinfra, voltado para a irrigação. A grande decepção do Plano 2014/15 ficou por conta do seguro rural. É incompreensível a falta de disposição do governo em apoiar esse instrumento, que é de importância fundamental para proporcionar maior tranquilidade aos produtores. Outra justa reivindicação do setor ainda não atendida é a desburocratização no sistema de concessão de crédito. É também desejável dispor de um plano plurianual, que proporcione aos produtores a possibilidade de planejar suas atividades em um horizonte de médio e longo prazos. Todos os incentivos ao setor agropecuário refletem o justo reconhecimento de sua importância para a economia brasileira. Afinal estamos exportando mais de U$ 100 bilhões em produtos que saem de nossas terras. É esse robusto desempenho que permite ao País suportar o enorme déficit da balança comercial dos demais setores da economia. A safra de grãos de 2014 será de 193,5 milhões de toneladas – um crescimento de 2,8% em relação ao ano passado. A área cultivada foi de 56,2 milhões de hectares, o que significa um crescimento de 6,3%. A produção poderia ter sido maior, mas os problemas climáticos prejudicaram a produtividade em algumas regiões. O Centro-Oeste consolida-se como a maior região produtora de grãos, e com o diferencial de proporcionar duas safras. Em 2014, responderá por 82,1 milhões de toneladas. Logo em seguida vem o Sul, com 72,3 milhões de toneladas. O Mato Grosso destaca-se como o maior produtor nacional de grãos, seguido pelo Paraná e Rio Grande do Sul. 56
Este ano também plantamos mais soja e reduzimos as áreas de algodão e milho. O preço da soja mantém-se mais atrativo, embora tenha sofrido retração no mercado internacional. O setor sucroalcooleiro foi muito penalizado pela equivocada utilização do preço dos combustíveis como instrumento de combate à inflação. Além disso, a pior estiagem já enfrentada nas regiões produtoras de cana causou significativo impacto na produtividade, prejudicando ainda mais o rendimento dos produtores. O Brasil tem aproximadamente 209 milhões de bovinos, o maior rebanho comercial do mundo. É o segundo maior produtor de carnes e o maior exportador mundial. Em 2014 produzimos cerca de 26 milhões de toneladas, o que representa em torno de 10% da produção global de carnes. O mercado externo mostra-se favorável às exportações brasileiras de carnes, com o crescimento da demanda ocasionado pelo aumento da população e da renda, e a urbanização que favorece o consumo de proteínas animais. Ao mesmo tempo, alguns dos países exportadores enfrentaram problemas que os obrigaram a restringir a oferta no mercado internacional. O potencial da pecuária brasileira é enorme. Nossos produtores precisam se profissionalizar e adotar tecnologias apropriadas para elevar sua produtividade e rentabilidade. Em 2014 houve alguns avanços importantes no front externo, como é o caso da liberação de venda de carne bovina para o mercado chinês, embargada desde 2012. Em relação à carne de frango, houve pequeno incremento no volume exportado e ligeira ampliação dos embarques de produtos com maior valor agregado. No caso da carne suína, foi registrada uma pequena redução nos embarques, compensada por um incremento no valor exportado. Alguns dos principais entraves do agronegócio permanecem sem solução. É o caso da nossa deficiente infraestrutura e dos problemas de insegurança jurídica. Para solucionar as falhas de armazenagem, o governo lançou um programa que prevê investimentos de R$ 25 bilhões. A dificuldade está no processo burocrático de aprovação do crédito e das licenças para a construção dos novos armazéns. 2015 será um ano difícil. O governo precisa fazer importantes ajustes para corrigir os rumos de nossa economia. É inevitável que haja reflexos no agronegócio. www.nacionaldacarne.com.br
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Índice
Anunciantes
Adi Acqua .............................................................................................42 Atlantis Pak..........................................................................................45 Alpina.................................................................................................... 46
Multisorb..................................................................................... 3a capa Mustang Pluron................................................................................. 40 P3 Engenharia..............................................................................33 e 35
Armelin.................................................................................................. 53 Bw Refrigeração Industrial.............................................................30
Perfil-Maq............................................................................................. 32
Cepalgo..................................................................................................30
Permecar............................................................................................... 33
Choaitec.................................................................................................30
Poly Clip.................................................................................................43
Cyklop...................................................................................................... 11
Refrio ...................................................................................................... 33
Cryovac/ SealedAir................................................................... 4a capa Fibertruck...............................................................................................31 Geza........................................................................................................29 Grote........................................................................................................12 Handtmann...........................................................................................13 Incomaf............................................................................................7 e 55
RC Industrial........................................................................................ 33 Selovac ..................................................................................................34 Shiguen .................................................................................................34 SinoxTec ...............................................................................................34 Sopama .................................................................................................34
Jarvis.......................................................................................................47 JLX-Avaliação e Aquisições..............................................................41
Sopasta ................................................................................................. 35
Kolberg ...................................................................................................31
Status ..................................................................................................... 35
Kurz .........................................................................................................31
Tecnocarne...........................................................................3 e 2a capa
LDS Máquinas.......................................................................................31
Tecnomaq ............................................................................................ 35
Marel....................................................................................................... 32 Memphis .............................................................................................. 32 Metalquimia.......................................................................................... 5 Montef .................................................................................................. 32
Tinta Mágica ....................................................................................... 53 Vemag.................................................................................................... 27 Zeus..........................................................................................................21