ISSN 1807-9733
www.btsinforma.com.br Nº 138 • Ano XXII Janeiro/Fevereiro 2013
ANÁLISE LABORATORIAL
A qualidade do leite tratada como prioridade Expomaq
Começam os preparativos para 2013
Especial
Confiança em um ano melhor
Sumário JANEIRO/ FEVEREIRO
36 Capa
Análise laboratorial e a qualidade do leite: a busca pela perfeição
Editorial 6
10 Perfil
Como valorizar seu fornecedor, pelas mãos de Carlos Gimenes, gerente de Fornecimento e Desenvolvimento da Danone
Palavra do Gerente
8
Mercado 16 Via Láctea
20
Laticínios
22
Empresas & Negócios
30
Vitrine 32 Índice de Anunciantes
58
Artigo Técnico
46
Tecnolat Expresso
52
18 Eventos
A Expomaq 2013 vem aí!
24 Especial
Perspectivas para o ano que já começa com tudo
ISSN 1807-9733
6
EDITORIAL
ANO XXII • No 138 Janeiro/Fevereiro 2013
Ano novo, vida nova
DIRETOR GERAL DA AMÉRICA LATINA DO INFORMA GROUP Marco A. Basso CHIEF FINANCIAL OFFICER DA BTS INFORMA GROUP BRASIL Duncan Lawrie CHIEF MARKETING OFFICER DA BTS INFORMA Araceli Silveira GERENTE DE PUBLICAÇÕES Silvio Junior
A
tão repetida frase do título deste editorial é bastante emblemática e verdadeiramente válida para o setor de lácteos, e para a Leite & Derivados, no ano que se inicia. Com melhores perspectivas para o ano de 2013, nosso Especial do mês trata exatamente sobre os números do ramo, quais os prognósticos para ele, em comparação com 2011 e 2012, e quais os caminhos que a indústria de laticínios vai seguir daqui por diante. Um desses caminhos bem representado em nossa matéria de Capa, que fala sobre a qualidade do leite e como a Análise Laboratorial pode contribuir neste aspecto. Já pelos lados da nossa publicação, entramos em uma nova fase editorial, com novas ideias e projetos ao longo do ano. Análise Laboratorial aborda os diferentes caminhos que as empresas têm tomado para a melhora da qualidade do produto final que chega à mesa do consumidor. Para os laboratórios, 2013 pode se tornar um ano marcante quanto à mudança de práticas nocivas ao produto e à sua reputação. Diferentes ideias de controle da qualidade, exames que podem ser feitos pelos próprios fabricantes dentro de suas instalações, e conscientização do pequeno produtor quanto às boas práticas, são alguns dos pontos abordados. Desenhando o cenário que se apresenta para 2013, o Especial desta edição traz uma visão positiva para o ano, que segundo especialistas, já começou janeiro em forte ritmo, com a recuperação da oferta de matéria-prima (mediante época de safra e período de férias), e deve ser melhor que o ano que passou, onde produtores sofreram bastante com queda de preços e perda de rentabilidade.
Seguindo o tema de Capa, a Tecnolat fala sobre refrigeração do leite, que se inicia na ponta da cadeia, a propriedade rural. Neste artigo, a Dra. Maria Izabel Merino de Medeiros, Coordenadora do Grupo Especial de Segurança de Alimentos, fala das condições higiênicas ideais do gado leiteiro, até a entrega do produto ao consumidor, passando por pontos como ordenha, rápida refrigeração do leite após sua coleta e condições de armazenamento na pré-pasteurização. Todos esses cuidados podem impactar preços e expandir mercados ao produtor. Além disso, em Perfil, entrevistamos o gerente de Fornecimento e Desenvolvimento da Danone, Carlos Gimenes, que conta um pouco sobre os programas de apoio da multinacional francesa ao produtor. Apresentamos também o pontapé inicial para a Expomaq 2013, que já tem vendas de stands abertas. Saúde e sucesso para o ano que se inicia! Tenha uma ótima leitura!
GERENTE DO NÚCLEO DE LEITE E DERIVADOS De Luca Filho deluca.filho@btsmedia.biz EDITOR Carlos Eduardo Martins Carlos.Martins@btsmedia.biz DESIGNER GRÁFICO Adriano M. Cantero Filho ATENDIMENTO AO CLIENTE Crislei Zatta crislei.zatta@btsmedia.biz DEPARTAMENTO COMERCIAL Cristiane Castro cristiane.castro@btsmedia.biz Liliane Corrêa liliane.correa@btsmedia.biz EXECUTIVO DE VENDAS INTERNACIONAIS Edson Oliveira edson.oliveira@btsmedia.biz ANALISTA DE MARKETING Patricia Rodrigues CIRCULAÇÃO Camila Santos da Silva CONSELHO EDITORIAL Adriano G. da Cruz, Alex Augusto Gonçalves, Anderson de S. Sant’Ana, Ariene G. F. Van Dender, Carlos Augusto Oliveira, Célia Lucia L. F. Ferreira, Douglas Barbin, Glaucia Maria Pastore, Guilherme A. Vieira, Jesuí V. Visentainer, José Alberto B. Portugal, José de Assis Fonseca Faria, José Renaldi F. Brito, Lincoln de C. Neves Fº, Luiza C. Albuquerque, Marcos Fava Neves, Nelson Tenchini, Paulo Henrique F. da Silva, Ricardo Calil, Susana Marta Isay Saad, Walkiria H. Viotto PERIODICIDADE: Bimestral (mensal em julho e agosto) ASSINATURA ANUAL – R$ 113,00 Saiba mais sobre assinaturas, edições anteriores, catálogos, anuários e especiais através de nossa Loja Virtual. Acesse: www.lojabtsinforma.com.br Para mais informações, entre em contato pelos telefones: Central de Atendimento ao Assinante SP (11) 3512-9455 / MG (31) 4062-7950 / PR (41) 4063-9467 Assinante tem atendimento on-line pelo Fale Conosco:
www.lojabtsinforma.com.br/faleconosco IMPRESSÃO
Carlos Eduardo Martins
Neoband Soluções Gráficas (11) 2199-1201 www.neoband.com.br
REDAÇÃO E PUBLICIDADE Rua Bela Cintra, 967 - 11º andar - Cj. 111 Bela Vista - 01415-000 - São Paulo/SP - Brasil Fone: (55 11) 3598-7800 | Fax: (55 11) 3598-7801 www.btsinforma.com.br
IMPRESSÃO A BTS Informa, consciente das questões ambientais e sociais, utiliza papéis com certificação FSC (Forest Stewardship Council) na impressão deste material. A certificação FSC garante que uma matéria-prima florestal provém de um manejo considerado social, ambiental e economicamente adequado. Impresso na Maxi Gráfica e Editora Ltda. - certificada na cadeia de custódia - FSC. A revista não se responsabiliza por conceitos ou informações contidas em artigos assinados por terceiros.
8
PALAVRA DO GERENTE
Janeiro/Fevereiro 2013
Leite & Derivados
No rumo certo
2
013 vem com novas perspectivas após um ano de dificuldades em 2012. O custo Brasil ainda é alto para diversas empresas e players da cadeia produtora de laticínios. O início do ano, porém, indica a possibilidade de excelentes perspectivas de negócios. Com um crescimento esperado do setor na casa de 5%, vemos que a qualidade continuará como o grande foco do setor em 2013, como nos mostra esta edição da revista. Isso é algo que só traz benefícios a produtores e laticínios, beneficia o consumidor na parte final da cadeia e ainda aumenta a reputação do produto no mercado internacional. Infelizmente, os custos de produção ain-
da são altos e é o fator mais desafiador na opinião do setor. Além disso, algo também tratado nesta edição de Leite & Derivados, vemos que o setor ainda tem bastante fôlego e espaço para crescer, já que a penetração nos lares das famílias brasileiras ainda não se mostra de forma completa. Caro leitor, esperamos que neste ano nossos caminhos continuem sendo os mesmos e que o setor lácteo continue crescendo e nos trazendo grandes conquistas. Boa leitura e bons negócios a todos! De Luca Filho
Errata O artigo “Estabilização de iogurte e bebida láctea”, publicado na edição n° 137 da revista Leite & Derivados (págs. 54 a 58), foi gentilmente cedido pela empresa Doremus Alimentos.
PERFIL
Na busca constante pela qualidade
por Flávio Serra
Com metas e projetos que focam principalmente o desenvolvimento de parcerias com fornecedores de leite, a Danone apresenta suas iniciativas para o setor de laticínios
Divulgação
10
Carlos Gimenes, gerente de Fornecimento e Desenvolvimento da Danone
E
mpresa multinacional de origem francesa, presente em mais de 120 países, com um número aproximado de 90 mil colaboradores em todo o mundo, terceiro maior grupo alimentício da Europa, sétimo maior fabricante de alimentos do mundo. A Danone, definitivamente, é uma potência no mercado de produtos lácteos. Presente no Brasil há mais de 30 anos e com sua matriz em São Paulo (SP), a empresa investe em metas como o Programa de Desenvolvimento dos Produtores de Leite da Danone (DanLeite), o Projeto Gold, que está no topo da pirâmide das ferramentas do DanLeite, além da Poupança do Leite, criada em
2008 e que bonifica os produtores que entregam leite de qualidade regularmente ao longo de um ano. Tais projetos visam garantir a sustentabilidade do negócio e manter a qualidade dos fornecedores nas cadeias produtivas. No caso do DanLeite, para que um produtor possa negociar seu leite com a Danone, ele terá os dados da sua fazenda – como rebanho, capacidade de armazenamento, qualidade do leite – avaliados, para que, posteriormente, com esses parâmetros atendidos, seja aplicada a ferramenta DQSE (Danone Quality, Security and Enviroment), que faz uma checagem do processo de ordenha, dos equipamentos, da higienização, da parte ambiental e da saúde do animal. Conforme as etapas vão sendo concluídas com sucesso, com o produtor atendendo as exigências de qualidade da Danone e o relacionamento entre as partes evoluindo, o fornecedor pode acessar mais programas do Danleite e suas ferramentas, como a Central de Compras, o Educampo, até chegar ao Projeto Gold. Nessa etapa, o percentual de lucro é garantido de acordo com os índices de eficiência e a visão em longo prazo do negócio. Os produtores têm uma margem mínima garantida baseada em indicadores de performance, minimizando os riscos relativos às oscilações do mercado. Desse modo,
a Danone estabelece a segurança do fornecimento, a qualidade da matéria-prima a ser utilizada em sua cadeia produtiva, e o fornecedor fica sabendo antecipadamente quanto irá receber pelo produto. Como parte importante do processo, o valor do leite é determinado pela somatória dos custos de produção (custos de alimentação do rebanho acrescidos dos custos de operação da atividade), com o percentual de margem (definido de acordo com oito Indicadores de Eficiência Técnica), somado ao preço definido na Tabela de Pagamento por Qualidade. Trabalhando na Danone desde 2004, o gerente de Fornecimento e Desenvolvimento da empresa, Carlos Gimenes, ajudou no desenvolvimento do Programa DanLeite e conta que, no início, apenas 3% da equipe do departamento, entre diretos e indiretos, estavam ligados a trabalhos de desenvolvimento contínuo de produtores de leite. Atualmente, mais de 50% das pessoas do departamento de compras de leite está diretamente ligada ao processo. Em entrevista exclusiva à revista Leite & Derivados, o gestor da Danone fala dos projetos, dos programas da empresa, da relação direta com os produtores de leite, além de comentar o cenário atual do mercado de leite no Brasil e no exterior, passando pela sua opinião sobre a IN62 e as tendências futuras para o setor. Acompanhe!
Janeiro/Fevereiro 2013
Leite & Derivados
11
Fale um pouco sobre a sua trajetória no setor de laticínios até sua chegada à Danone. Sou zootecnista formado pela Universidade Federal de Viçosa. Meu primeiro contato com o setor de laticínios de forma profissional foi por meio de um estágio realizado em 1997 no Laticínio Funarbe/UFV. Naquele ano, havíamos desenvolvido um Clube de Compras destinado à compra em conjunto de insumos para pecuária de leite voltado aos produtores de leite do laticínio. Em 2003, atuei como consultor técnico do primeiro grupo de Produtores Educampo/Sebrae/Danone. O Educampo é um projeto de consultoria técnico-gerencial destinado a um grupo de produtores ligados à alguma agroindústria. O projeto foi desenvolvido pelo Sebrae Minas Gerais. O interesse da Danone na época era desenvolver um modelo de assistência técnica, diferente do modelo tradicional, que pudesse auxiliá-los na construção de um programa de fidelidade com os produtores. Em 2004 fui contratado pela Danone para desenvolver o programa de Fomento da empresa, atualmente chamado de DanLeite – Programa de Desenvolvimento dos Produtores Danone. Neste período, tínhamos apenas 3% da equipe do departamento, entre diretos e indiretos, ligados a trabalhos de desenvolvimento continuado dos produtores de leite. Hoje, mais de 50% das pessoas do departamento de compras de leite está diretamente ligada ao desenvolvimento dos produtores. Isto demonstra o comprometimento da Danone com os produtores e a importância que damos aos nossos fornecedores. Com a evolução de todo esse trabalho, em 2009, assumi o cargo de gerente de compras e de desenvolvimento de fornecedores no qual desenvolvemos um projeto inovador, cujo piloto concluímos recentemente: o DanLeite Gold. O programa, desenvolvido pela Danone Brasil, é pioneiro no setor lácteo nacional e inova ao estabelecer um modelo de relação entre produtor e indústria. Uma parceria clara entre os dois lados, com garantia de margem de lucro de acordo com os indicadores de eficiência e visão em longo prazo do negócio. Por meio do programa, os produtores têm uma margem mínima garantida no horizonte de longo prazo baseada em indicadores de desempenho, minimizando os riscos relativos às oscilações do mercado. Então, fale um pouco mais sobre o programa Danleite. O Programa DanLeite surgiu da necessidade de melhoria da qualidade do leite, do desenvolvimento sustentável da atividade leiteira e da construção de um bom relacionamento com os fornecedores/produtores. O programa surgiu com a criação do primeiro grupo de produtores que participavam do Programa Educampo, pilar de sustentação para o DanLeite. Por meio dele tivemos maior abertura com os produtores e construímos juntos as outras ferramentas até a implementação do Gold. Isso começou em 2003, quando a Danone passou a trabalhar em prol do desenvolvimento da bacia leiteira por meio da promoção de iniciativas que visam acima de tudo a profissionalização da atividade, integradas no Programa de Desenvolvimento dos Produtores Danone, como o DQSE Green Farm, Pagamento por Qualidade, Revista Danone no Campo, Poupança do Leite, Central de Compras e EduCampo. A Danone investe em sua cadeia produtiva para garantir a sustentabilidade do negócio e manter a qualidade de seus fornecedores em um mercado cada vez mais volátil. Foi uma das primeiras empresas do mercado a pagar pelo produto de acordo com a qualidade do leite. Só para se ter uma ideia do nível de exigência da companhia, enquanto a Instrução Normativa 62 (IN62) do Governo prevê para 2016 uma contagem de bactérias de 100 mil/ml e de células somáticas de 400 mil/ml, a Danone trabalha com números abaixo desses valores há muito tempo.
12
PERFIL
Divulgação
pelo produto, permitindo um crescimento de volume substancial com segurança de margem para planejar investimentos futuros.
Fábrica da Danone em Maracanaú (CE)
Para se tornar um fornecedor de leite da Danone, o Especialista da Produção de Leite coleta os dados da fazenda, como rebanho, capacidade de armazenamento e, claro, a qualidade do leite. Depois de atender a esses parâmetros, é aplicada a ferramenta DQSE que faz uma checagem do processo de ordenha, dos equipamentos, da higienização, da parte ambiental e da saúde do animal. À medida que o produtor cumpre os parâmetros de qualidade e vai evoluindo no relacionamento com a Danone, ele pode acessar mais programas do Danleite, que tem uma série de ferramentas, como a Central de Compras, o Educampo, até chegar ao DanLeite Gold. Como é a relação da Danone com os produtores de leite após a implementação do DanLeite? Antes da implementação do DanLeite, tínhamos uma relação meramente comercial com os produtores. Hoje, boa parte dos nossos produtores participam ativamente dos programas da Danone, seja por meio do Educampo, Central de Compras, Poupança Leite ou DanLeite Gold. Prova disso é que o DanLeite Gold é exemplo de amadurecimento da relação produtor e indústria, que estabelece metas de longo prazo [5 a 10 anos] e representa benefícios para as duas partes. Para a Danone, traz segurança do fornecimento, aumento da quantidade de leite de forma acelerada e na qualidade necessária. Por sua vez, o produtor sabe antecipadamente quanto irá receber
E como é determinado o valor do leite no programa? Qual o impacto para o produtor? No DanLeite Gold, o valor do leite é determinado pela somatória dos custos de produção – custos de alimentação do rebanho acrescidos dos custos de operação da atividade –, somada ao percentual de margem, que é definido de acordo com oito Indicadores de Eficiência Técnica. Para completar, entra o preço definido na Tabela de Pagamento por Qualidade. Um produtor que participa há dois anos do DanLeite Gold passou de uma taxa de remuneração do capital de 0% para mais de 19% ao ano, enquanto a produtividade média diária atingiu 25 litros, cinco vezes maior que a média nacional. Inspirado em outras experiências da Danone no mundo, o programa foi estruturado durante quatro anos e começou a ser implantado desde fevereiro de 2010. Por isso, nossa relação com os produtores é destinada à busca de oportunidades de desenvolvimento e crescimento dos produtores. No nosso departamento de compra de leite, todos os colaboradores têm objetivos internos ligados diretamente ao desenvolvimento dos produtores. O compromisso com a qualidade do leite e desenvolvimento dos produtores faz parte do nosso dia a dia. Diante desse cenário, que medidas a empresa toma para melhorar cada vez mais a sua relação com esses fornecedores? A continuidade do desenvolvimento do DanLeite é a principal ferramenta para melhoria do relacionamento com os produtores. Somos a única empresa do mercado de leite que tem um Programa de Desenvolvimento de Fornecedores, que garante a margem mínima para os produtores. No DanLeite
Gold temos a informação do potencial de desenvolvimento de cada fazenda de leite, traçamos objetivos de longo prazo junto com os produtores, formalizamos contrato de compra e venda, e o preço do leite no mercado não tem importância para o produtor, o que importa é o que sobra no bolso do produtor. A remuneração do produtor depende dos indicadores zootécnicos e de produtividade de cada fazenda. Como funciona a Poupança leite? Quando foi criada? Que resultados foram alcançados até o momento com essa iniciativa? O Poupança Leite foi criado em 2008. Nada mais é que uma bonificação mensal para aqueles que entregam leite de qualidade regularmente ao longo de um ano. O valor é resgatado no final do período e o produtor pode usá-lo para investimentos na propriedade. O produtor também pode receber um bônus extra de até 15% se usar o recurso poupado na Central de Compras. O leite entregue deve ser isento de antibiótico, ter CBT menor que 100.000 ufc/ml e proteína acima de 3,08%. Hoje, 100% da base dos produtores participam do Poupança Leite e ele complementa os demais programas que compõem o Programa DanLeite, auxiliando no aumento da melhoria da qualidade e aumento de produtividade dos produtores. Quantos fornecedores de leite a Danone possui? Temos 700 produtores de leite que fornecem leite para as fábricas da Danone de Poços de Caldas-MG e Maracanaú-CE. De que tamanho, grandes, pequenos, médios? Temos desde produtores que ainda produzem pouco leite, até produtores com maiores volumes. Na nossa classificação de produtores o que mais importa é o compromisso mútuo com o desenvolvimento da qualidade do leite e o interesse do produtor em melhorar a produção de leite.
Janeiro/Fevereiro 2013
Leite & Derivados
13
Como a Danone negocia a qualidade do leite junto a esses fornecedores? Dentre as maiores compradoras do mercado, somos a empresa pioneira no pagamento de qualidade. Temos a tabela de pagamento de qualidade que estabelece os critérios claros para bonificação ou penalização dos produtores de acordo com a qualidade do leite entregue. Além da tabela, disponibilizamos para os produtores uma série de treinamentos, palestras voltadas para a melhoria da qualidade, e uma equipe treinada e capacitada para orientação dos produtores no campo. Como você enxerga a qualidade do leite produzido no Brasil? A Danone, com o DanLeite Gold, inova ao oferecer um novo modelo de negociação entre indústria e produtores de leite, o que deve contribuir para o desenvolvimento desse mercado no Brasil, principalmente, em produtividade. Para se ter uma ideia do potencial, atualmente, a média brasileira de produção de uma vaca é de 6 a 7 litros por dia, enquanto nos Estados Unidos chega a 25 litros por dia. O modelo vigente, centrado no fator “preço”, é pautado por incertezas e volatilidade, afetando negativamente tanto a indústria quanto os produtores. O produtor reclama da falta de certezas sobre preço, custos de produção e sobre a compra do leite pela indústria, impactando nos investimentos necessários ao desenvolvimento da atividade leiteira, em volume e qualidade da produção. Em outras palavras, o produtor trabalha sem saber quanto vai receber pelo leite, em decorrência da política de preços que varia muito dependendo da oferta disponível. A importância do assunto fica evidente na legislação recentemente anunciada, que tenta minimizar o cenário de incertezas. Ainda se prende, porém, ao ambiente de curto prazo. A Lei nº 12.669, de 19 de junho de 2012, determina que as empresas de beneficiamento e comércio de laticínios informem aos produtores de leite o valor pago pelo litro do produto até o dia 25 do mês anterior à entrega. Por sua vez, para a indústria, uma consequência da falta de investimentos por parte dos produtores é a taxa de crescimento da produção de leite, que não acompanha a demanda desde 2010. Nesse período, a produção de leite apresentou um crescimento orgânico, de apenas 2 a 3%, muito baixo, especialmente, se comparado ao ritmo de crescimento de outras culturas agrícolas. E na sua opinião, quais as principais diferenças se compararmos com a produção de leite realizada em outros países? Os países que apresentam a melhor qualidade de leite tem uma regulamentação governamental forte, que exige, a cerca de três décadas, que o fornecedor entregue o leite com padrões de qualidade para o consumo humano. O que, no Brasil, começou a ser regulamentado somente há uma década. Além dessa questão da regulamentação, a cultura do pagamento por qualidade também é outro fator tardio e ainda pouco entendido como fundamental e necessário pela maioria dos laticínios. Por outro lado, ainda temos a questão da grande desigualdade social presente em nosso País, o que faz com que o consumidor final adquira produtos mais baratos, sem um nível de exigência maior com a qualidade e origem do produto lácteo a ser consumido. A discrepância de valores é enorme, o que passa pelo bolso de todos os consumidores de diversas rendas. O padrão de qualidade do consumidor brasileiro ainda é muito desigual e baixo. Mas esta cultura vem mudando ao longo dos últimos anos, onde percebemos que uma parcela da população está buscando mais pro-
14
PERFIL
dutos de qualidade, o que notamos claramente com os índices de crescimento e vendas da Danone Brasil. Hoje, o nosso leite é comparado com os melhores padrões de qualidade internacionais. Mas isso, é resultado de um trabalho de longo prazo por meio do nosso Programa DanLeite, que está completando dez anos. Qual a sua opinião sobre a IN62? A IN62 é uma iniciativa governamental muito importante. E o cumprimento desta nova exigência governamental é mais do que necessária. O consumidor final não aceita mais produtos sem qualidade, sem referências. Produzir com foco na qualidade e atender a demanda destes consumidores – que hoje têm um poder aquisitivo maior e um grau de exigência elevado – deveria ser o objetivo principal de toda indústria de laticínios.
Janeiro/Fevereiro 2013
Esse é o melhor caminho? Esse é um dos caminhos importantes para a melhoria da qualidade do leite no Brasil, mas não deve ser o único. Se a indústria não começar a pagar por qualidade, não teremos evoluções na velocidade necessária. Como o senhor prevê o futuro do mercado de leite no Brasil? Quais as tendências para o setor? O Brasil tem um potencial enorme de aumento de consumo de lácteos e de melhoria da produtividade de rebanho. O consumo médio de iogurte no Brasil ainda é muito baixo, 6,5 Kg por pessoa em 2011. A Danone cresce na casa dos dois dígitos, devemos dobrar de tamanho nos próximos cinco anos, temos um futuro muito promissor. Não acredito em crescimento sustentável, tanto para produtores quanto para indústrias, sem a adoção, como premissa básica, da melhoria da
Leite & Derivados
qualidade de seus produtos e o equilíbrio das relações comerciais entre produtores e laticínios. Empresas de laticínios, produtores de leite e entidades de pesquisa e extensão terão que dialogar mais para desenvolverem programas que atendam todos os elos da cadeia produtiva e ter como objetivo a satisfação do consumidor final de nossos produtos. No Brasil, temos área disponível, produtividade baixa por área e por vaca, disponibilidade de insumos para produção e consumo de lácteos per capta baixos. São fatores que proporcionam ao País um enorme potencial e capacidade de resposta em produção de leite. Todos esses fatores nos levam a prever que as tendências de crescimento são muito promissoras. Teremos consumidores mais exigentes e levaremos mais saúde e nutrição para a população.
16
MERCADO
EUA se aproxima de bater recorde em exportações de laticínios
P
elo segundo ano consecutivo, o volume exportado pelos Estados Unidos representou mais de 13% do total de sólidos do leite produzidos no país. Segundo informações do Conselho de Exportação de Lácteos dos EUA (USDEC), a indústria de laticínios dos Estados Unidos se encaminha para alcançar, pela primeira vez, a marca de US$ 5 bilhões em exportações, número refletido por um aumento nas vendas de queijos e concentrados de proteínas do soro do leite e de leite em pó desnatado, que deverão atingir volumes recordes.
Mesmo com os desafios enfrentados pelas empresas e produtores americanos em 2012, como a forte seca no país e os preços desfavoráveis das commodities na maior parte do ano, o USDEC concluiu em sua revisão anual de 2012 que o ano foi positivo para a indústria de lácteos dos Estados Unidos. Esse resultado foi estabelecido, principalmente, por acordos de livre comércio com Colômbia, Panamá e Coreia do Sul; a adição do Canadá nas negociações da Parceria Transpacífica; a formação do Consortium for Common Food
Names, para lutar contra as ameaças da Europa em restringir os nomes de queijos; as mudanças no uso de proteínas lácteas em programas de auxílio alimentício, que abriram as portas para novas oportunidades comerciais aos fornecedores dos Estados Unidos; o contínuo boom das fórmulas infantis e as oportunidades dos ingredientes lácteos na nutrição medicinal; e adições significantes às pesquisas demonstrando as vantagens nutricionais e funcionais dos ingredientes lácteos.
Mack Color disponibiliza cartilha para rotulagem
E
m parceria com a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), a Mack Color lança uma cartilha de rotulagem que contém informações importantes sobre o rótulo e instrui o produtor e o comprador na rotulagem do alimento. Para atingir esse objetivo, a empre-
sa imprimiu vinte mil cartilhas para distribuição aos produtores, atacadistas e empresários do segmento. Com essa iniciativa, a meta da Mack Color é incentivar a rotulagem dos alimentos, oferecendo mais segurança aos consumidores, além de valorizar a marca do produtor, aproximando-o do seu cliente final e estabelecendo uma rela-
ção de confiança entre ambas as partes. No final da cartilha, ainda são divulgadas algumas etiquetas adesivas, com a marca Mack Color, para serem aplicadas em bandejas de frutas, contendo informações sobre cada uma delas, curiosidades sobre seus nutrientes e benefícios para a saúde.
BRF desenvolve marca corporativa
R
esultado da junção entre Perdigão e Sadia, a BRF inicia 2013 com o foco em um novo posicionamento da marca corporativa. Passado o processo de fusão, a empresa tem o objetivo de avançar e se estabelecer em todos os mercados que atua, tanto no Brasil quanto no exterior, visando ser reconhecida como uma marca líder mundial de seu segmento. Para se atingir essas metas, algumas medidas têm sido tomadas pelos gestores da BRF, como definir a evolução do posicionamento institucional e da logomarca da companhia. Nesse sentido, o padrão visual foi
totalmente remodelado para transmitir aos parceiros, clientes e demais públicos de interesse, as características da empresa, sua essência e valores. Além disso, para se chegar a essas novas características da marca, um trabalho de dois anos foi feito, respaldado por uma pesquisa com públicos estratégicos e em consultorias corporativas. “Um alinhamento de cultura interna e engajamento foi trabalhado pensando na nova estratégia de negócios da BRF de ser uma marca global e estar entre as maiores empresas de alimentos do mundo”, afirma o vice-presidente de assuntos corporativos da BRF, Wilson Mello.
Divulgação
A identidade visual será substituída de forma gradativa nas 63 unidades da companhia espalhadas no Brasil e em outros países. As novas mensagens e logo também serão apresentadas ao mercado e consumidores, por meio de campanhas institucionais em rádio, jornais e revistas, além da inserção nas embalagens dos produtos Perdigão, Sadia, Batavo, Elegê e Qualy, que são marcas administradas pela BRF.
Janeiro/Fevereiro 2013
Leite & Derivados
17
Danone estima faturamento de R$ 2 bilhões em 2013
D
obrar o faturamento a cada cinco anos. Essa é a meta da Danone, o que significa atingir cerca de dois bilhões de reais ao final de 2013. Segundo o presidente da empresa, Mariano Lozano, “temos que crescer ao menos 15% em cada ano para cumprir esse objetivo. Já faz nove anos que estamos fazendo isso”. A receita para o executivo é “manter a pegada neste ano”. Com dados do setor, Lozano afirma que o Brasil tem muito potencial de crescimento no ramo de iogurtes. Consumimos em média no país um iogurte a cada sete dias. Já na Argentina são três no mesmo período, enquanto na França, consome-se um iogurte por dia. “O
Divulgação
iogurte deixou de ser um artigo de luxo e agora é produto para todos os dias”. Lozano prevê vários lançamentos da Danone para o Sudeste, com foco nas classes A e B. “Fizemos o reposicionamento da marca-mãe (Danone) no ano passado e estamos crescendo em Activia também”. E elogia os concorrentes que vem crescendo: “Nosso sonho é crescer o bolo e não apenas uma fatia dele”.
2º Seminário “Dairy Safety Trends” de volta em 2013
S
ucesso de público em sua primeira edição em 2011, tendo a participação de profissionais das maiores empresas do setor, o 2º Seminário Internacional “Dairy Safety Trends - Uma Visão do Futuro da Indústria Láctea” organizado pela Madasa e Idexx já tem pré-inscrições abertas. O evento proporciona às indústrias brasileiras o intercâmbio e contato no dia a dia com práticas e tecnologias do maior mercado de laticínios do mundo: os Estados Unidos. O 2º seminário irá englobar todas as etapas da cadeia de produtos lácteos, proporcionando a visão de futuro necessária para atender demandas mais atuais de qualidade, produtividade e competitividade internacionais. Será uma
Serviço:
Grupo se reúne na sede da Indexx na primeira edição do Seminário
semana de trabalho, envolvendo conteúdo teórico e visitas práticas em cidades estratégicas dos Estados Unidos (Portland, Maine e Madison, Wiscosin). Na próxima edição de Leite & Derivados publicaremos o programa completo do seminário.
2º Seminário Internacional “Dairy Safety Trends” Data: Agosto de 2013 Local: Estados Unidos Mais informações em: www.verusmadasa.com.br/eventos Pré-Inscrições: (11) 3095-5632
EVENTOS
18
por Flávio Serra
Erasmo Reis/EPAMIG
Mercado já se prepara para a Expomaq 2013
Gestores da EPAMIG dão detalhes da organização do evento deste ano, que movimentará o setor de laticínios no mês de julho
E
vento de tradição no mercado de laticínios, a Exposição de Máquinas, Equipamentos, Embalagens e Insumos para a Indústria Laticinista (Expomaq), chega à sua 41ª edição em 2013, prometendo muitos negócios e parcerias interinstitucionais, apresentação de novas tecnologias e oportunidades para pequenos, médios e grandes produtores do setor. “A expectativa é de que mais de 130 empresas do segmento laticinista do Brasil e do exterior participem da Expomaq em 2013”, aponta um dos responsáveis pelo evento, o Chefe de departamento da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), Mairon Mesquita. Diante dessa perspectiva, os preparativos para a Expomaq 2013
já estão acelerados. A exposição será realizada de 15 a 18 de julho, em Juiz de Fora (MG), e faz parte do 30º Congresso Nacional de Laticínios. Segunda a EPAMIG, a comercialização dos estandes começou em dezembro do ano passado e a maioria das empresas que participaram do evento em 2012 já garantiram a pré reserva para a edição deste ano. Dados reforçados pelas palavras do gestor Mairon Mesquita, que dá detalhes da estrutura que será montada para atender os expositores. “Para 2013 estão sendo oferecidos 207 estandes no pavilhão principal do Expominas Juiz de Fora, 86 no pavilhão externo e quatro no hall nobre, perfazendo uma área total de 3.882 m2 para exposição”, enumera.
Expomaq 2012: a expectativa para este ano é do mesmo sucesso
Mairon Mesquita, da EPAMIG, organizador da Expomaq 2013
Pensando na quantidade de expositores, caso a demanda por estandes seja maior que o espaço oferecido, o executivo confirma que há a possibilidade da adoção de um terceiro pavilhão. A progra-
mação está sendo preparada para divulgação no início de março e o público esperado é de 17 mil pessoas, entre empresários do setor, técnicos, professores e estudantes da área de alimentos. Se considerados os resultados e a repercussão do evento no ano passado, a Expomaq 2013 tem tudo para ser um sucesso. De acordo com dados fornecidos pela EPAMIG, em 2012, a exposição recebeu 125 empresas do Brasil e do exterior que apresentaram novidades em equipamentos e maquinário para a indústria laticinista. Essa quantidade de expositores movimentou 175 milhões de reais em negócios gerados e prospectados, o que levou a uma pesquisa de satisfação, aplicada no final do evento, que indicou cerca de 90% das empresas satisfeitas com a
Leite & Derivados
participação, onde 95% já haviam assinado o termo de intenção para participação em 2013. Os números de 2012 superaram, ainda, os de 2011, quando o volume de negócios realizados durante a Exposição foi superior a R$ 160 milhões. Por esses motivos, a Expomaq é considerada a maior feira do Brasil em difusão de tecnologias sobre leite e derivados, além de referência na América Latina como fórum para apresentação de pesquisas e desenvolvimento de lácteos. “O evento representa um valoroso cenário elaborado para atender a um variado público, representado pelos diferentes elos da cadeia produtiva, vindo de diferentes partes do Brasil e do exterior”, completa Mesquita.
19
Crédito: Erasmo Reis/EPAMIG
Janeiro/Fevereiro 2013
20
VIA LÁCTEA
Janeiro/Fevereiro 2013
Batavo disponibiliza novo sabor da Pense Zero
Divulgação
Forno de Minas lança Requeijão Cremoso
Leite & Derivados
Divulgação
Piracanjuba apresenta seu Requeijão Cremoso
P
ensando no mercado de food service (restaurantes, hotéis, lanchonetes, redes de fast food, bares, bufês e doceiras), a Piracanjuba lança seu Requeijão Cremoso com Amido, em pacote de 1,8 Kg. Com capacidade para resistir a altas temperaturas, o produto é embalado em bisnagas plásticas maleáveis, que segundo o departamento de marketing da empresa, visam promover praticidade e agilidade para os chefs de cozinha e outros operadores do food service. A novidade já pode ser encontrada em atacados, supermercados e hipermercados de todo o Brasil.
Divulgação
D
ona de uma receita de pão de queijo popular no mercado, a Forno de Minas diversifica seu mix ������������������������������������� de produtos lançando o Requeijão Cremoso, nas versões Tradicional e Light. As embalagens são na cor azul, para a versão light, e, vermelha, para a versão tradicional. Disponível em potes de 200g ou em cartonado duplo, o produto apresenta embalagens contendo ilustração de uma fazenda do interior de Minas Gerais, o que remete à tradição da marca e seu conceito de qualidade.
C
om a chegada do Verão, a demanda por sabores cítricos e, principalmente, pouco calóricos, aumenta. Apostando no desenvolvimento de novos produtos e na adaptação dos já existentes, a Batavo incorpora à sua linha Pense Zero o sabor maracujá. O produto chega ao mercado ainda em janeiro, em caráter de edição limitada, e será comercializado em embalagens de 400g. “Além desse tamanho, incorporamos também as tradicionais garrafinhas de 170g e as maiores de 850g”, aponta Luciane Matiello, diretora de marketing lácteos da Batavo. Com sementes do próprio maracujá, o lançamento segue o conceito da Batavo de incluir pedaços de fruta na composição dos iogurtes. “Os consumidores buscam alimentos nutritivos que preservem o gosto natural da fruta e o nosso lançamento entrega exatamente isso”, conclui a gestora.
Sorvetes Jundiá apresenta um novo sabor para o verão
A
postando na mistura do chocolate com a banana, a Sorvetes Jundiá lança seu novo produto, o Picolé de Banana com Chocolate. A novidade faz parte da linha Bombom e, seguindo a premissa da empresa, visa atender diferentes paladares, mantendo-se fiel ao sabor da fruta, a cremosidade do chocolate, não se esquecendo, também, da manutenção do sucesso da marca entre os seus consumidores.
LATICÍNIOS
2013 começa com investimentos Yakult investe em nova fábrica no Complexo de Lorena e Vigor amplia sua atuação no Rio de Janeiro
Divulgação
22
C
om investimentos da ordem de R$ 40 milhões, a Yakult do Brasil, filial da multinacional japonesa Yakult Honsha – líder no segmento de leite fermentado em todo o mundo – inaugurou a Fábrica 3 do Complexo Industrial de Lorena, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo. A nova planta industrial, de aproximadamente 11 mil m2 de área construída, será destinada à produção da sobremesa láctea fermentada Sofyl e dos alimentos adicionados de nutrientes essenciais enriquecidos de vitaminas Taffman-EX e Hiline F, que eram fabricados na unidade de São Bernardo do Campo. Com a ampliação, o Complexo Industrial totaliza 35 mil m2 de área construída, instalado em área total de 440 mil m2. Na cerimônia de inauguração, o diretor presidente da Yakult do Brasil, Ichiro Amano, lembrou que a transferência das linhas de produção de São Bernardo do Campo para Lorena
ocorre, principalmente, porque a fábrica do ABC paulista – a primeira a ser inaugurada pela companhia no Brasil, em 1968 – está instalada em área de proteção ambiental que não permite ampliações. “Queremos gerar empregos e preservar o meio ambiente”, reiterou. A Yakult pretende transformar a fábrica de São Bernardo do Campo em uma unidade de armazenamento de produtos, que poderá ser utilizada pela própria companhia ou por outras empresas. O diretor superintendente da Yakult Honsha, Chizuka Kai, ressaltou que, com a transferência das linhas, a fábrica brasileira da Yakult será a única da organização no mundo a produzir toda a linha de produtos em uma única planta fabril, o que servirá de modelo para outras unidades ao redor do planeta. “Não é fácil administrar um complexo industrial deste porte, mas tenho absoluta certeza que o conhecimento
acumulado ao longo desses 45 anos contribuirá para que a Yakult continue entregando produtos da mais alta qualidade aos consumidores brasileiros”, enfatizou. Em Lorena trabalham aproximadamente 300 funcionários e, com a nova linha, 40 novos postos de trabalho deverão ser criados. “Uma boa parte dos funcionários deverá ser transferida de São Bernardo do Campo para Lorena, e aqueles que não tiverem interesse em mudar de cidade poderão ser contratados pela nova empresa de armazenamento. Não queremos que a transferência da produção gere desemprego”, afirma o presidente. Também estiveram presentes na inauguração o vice-presidente executivo da Yakult Honsha, Yoshihiro Kawabata; o presidente da Yakult México, Tooru Ogawa; o diretor superintendente da empresa Matsusho (acionista da Yakult), Hirotsugu Kugimoto; o cônsul geral do Japão no Brasil, Noriteru Fukushima; o presidente da Investe São Paulo, Hanz Alcis Schaeffer Niemann; o diretor superintendente técnico da Construtora Toda do Brasil (responsável pela obra), Vanderlei Roasio; o deputado estadual de São Bernardo do Campo, Orlando Morando; o prefeito de Lorena, Fábio Marcondes; e vereadores de Lorena e Guaratinguetá, funcionários da Yakult do Brasil e convidados. Para simbolizar a inauguração, foi plantada uma muda de Pau-Brasil na entrada da planta industrial.
Janeiro/Fevereiro 2013
Leite & Derivados
23
Divulgação
A unidade brasileira da Yakult está entre as sete filiais mais importantes da organização – que está presente em 31 países – e chegou ao Brasil em 1966, dando início à produção do leite fermentado em 1968 na fábrica de São Bernardo do Campo. No País, a empresa possui linha de produtos composta de Leite Fermentado Yakult e Yakult 40, sobremesa láctea fermentada Sofyl – os três com os probióticos Lactobacillus casei Shirota –, bebida à base de extrato de soja Tonyu, bebida láctea Yodel, Suco de Maçã e alimentos adicionados de nutrientes essenciais Hiline F e Taffman-EX.
Produtos da Vigor são populares no Rio de Janeiro
Vigor investe no Rio de Janeiro A Vigor Alimentos investirá cerca de R$ 180 milhões para ampliar sua atuação no Estado do Rio de Janeiro. A companhia vai usar os recursos para a construção de um centro de distribuição, a ser inaugurado em até dois anos, e de uma fábrica, cujas operações devem começar em cinco anos. Atualmente, a empresa opera no Rio de Janeiro por meio de um centro de distribuição localizado na Pavuna – Zona Norte da capital fluminense. A iniciativa faz parte do plano estratégico da empresa para estender gradualmente sua atuação fora do mercado paulista, onde é líder em diversos segmentos. “O primeiro passo de nossa estratégia consiste em consolidar-nos no mercado do Rio de Janeiro, inclusive no interior, expandindo a presença de nossos produtos lácteos nas casas dos consumidores cariocas”, afirma Gilberto Xandó, presidente da Vigor. No Estado, a Vigor já lidera em categorias como requeijão e queijo parmesão e, em apenas três meses, tem 30% das vendas de iogurte grego. Em um primeiro momento, o plano de crescimento da empresa se dará organicamente em regiões próximas a São Paulo. O Rio de Janeiro foi escolhido devido ao bom momento econômico – além disso, é o segundo Estado em consumo per capita. “O Rio de Janeiro vem crescendo mais que a média nacional, e a receptividade de nossos produtos já tem nos surpreendido positivamente”, encerra Xandó.
24
ESPECIAL
por Léo Martins
Amanhã será um novo dia Na espera de dias melhores, o mercado lácteo deposita em 2013 a esperança de um ano melhor
O
ano de 2012 se mostrou inesquecível por diversos aspectos e eventos. Olímpiadas, reeleição do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e até mesmo a data do improvável fim do mundo – fato que não ocorreu –, tiveram participação direta para que 2012 seja lembrado. Já para os profissionais do setor lácteo, 2012, que tinha tudo para ser mais um ano em franco desenvolvimento, acabou não atendendo às expectativas e ficou abaixo do esperado. No entanto, a esperança foi renovada com um fim de 2012 apresentando certa melhora se comparado com a média da pro-
dução de leite do mesmo ano. Esse fato serve de ânimo para que 2013 possa ser um ano melhor do que 2012. Adeus ano velho e feliz ano novo. Que venha 2013!
Desafios anunciados em 2012 Seguindo uma tradição de fim de ano, a MilkPoint realizou, no fim de 2011, uma pesquisa para saber quais os principais desafios que a indústria leiteira enfrentaria no ano de 2012. Na ocasião, a pesquisa apontou que 36% dos entrevistados indicaram que o maior desafio do novo ano seria os
Janeiro/Fevereiro 2013
Leite & Derivados
25
custos que envolvem a produção do leite. Já em segundo lugar, com 28%, os entrevistados apontaram que o maior desafio seria a mão-de-obra. Ainda segundo a MilkPoint, no ano de 2012, o produtor de leite teve dificuldades devido à elevação de preços dos grãos. Tal elevação ocorreu devido à seca nos Estados Unidos e que refletiu diretamente na redução da rentabilidade do produtor no segundo semestre. Esse cenário ajuda a explicar novas preocupações dos produtores para 2013.
Nilson Muniz, diretor da ABLV
Balanço de 2012 para o setor longa vida No ano de 2012 a indústria de leite longa vida enfrentou desafios que exigiram do setor equilíbrio e profissionalismo para superá-los. Nilson Muniz, diretor da Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa Vida (ABLV), comenta alguns dos desafios enfrentados pela indústria no ano de 2012. “Um dos maiores desafios foi manter o equilíbrio das contas e obter a rentabilidade necessária para a manutenção do negócio. O ano já começou difícil por conta da forte queda nos preços do leite no atacado, ocorrida no fim de 2011”, analisa Muniz.
- Dificuldades e mais dificuldades Além da queda do preço do leite no fim de 2011, Muniz explica também como esse declínio comprometeu o início do ano de 2012. “Essa queda não foi acompanhada por uma redução de mesma intensidade nos preços ao produtor. Isso comprometeu a rentabilidade do setor desde o início de 2012. Em muitos casos, as empresas amargaram prejuízos durante todo o primeiro semestre”, afirma. Devido a esse cenário, inevitavelmente, a produção de leite caiu. “Chegamos a agosto de 2012 com os estoques da indústria a 100 milhões de litros (o equivalente a sete dias de produção), o menor valor nos doze meses anteriores. No mesmo período de 2011, havia 300 milhões (17 dias de produção)”, completa Muniz. Segundo o diretor, outra dificuldade encontrada no ano de 2012 foi o aumento da importação de lácteos. “A cadeia produtiva brasileira sofre com o custo Brasil devido à alta carga tributária, gargalos logísticos, alto custo dos insumos e burocracia, que encarecem os produtos nacionais. Assim, ao importar produtos lácteos de outros países que não têm esse pro-
26
ESPECIAL
blema, esses itens chegam ao Brasil com custos entre 25% a 30% abaixo dos preços nacionais”, analisa. Para Muniz, tais importações promovem uma disputa desigual no mercado brasileiro. “Essa situação configura uma concorrência desleal com as empresas e produtores brasileiros. Por isso somos contra a importação indiscriminada de produtos lácteos, que tem causado um grande desequilíbrio no mercado e desestimulado a produção nacional”, afirma Muniz. Para finalizar, Muniz cita também outro grande desafio enfrentado pelos profissionais lácteos em 2012: continuar competitivos e inovadores no mercado. “Manter-se à frente, mesmo com todas as dificuldades impostas pelo mercado em 2012, mostrou-se um desafio e tanto. Afinal, investimentos em inovações que agradem o consumidor, a exemplo do desenvolvimento de novas embalagens, com ingredientes funcionais ou diferentes propostas que estimulem ainda mais o consumo é algo complicado em vista do que vimos em 2012”, pontua Muniz.
- Consumo em 2012 Apesar das diversas dificuldades e percalços enfrentados em 2012, a indústria de leite longa vida ganhou
fôlego devido a um fator que é de suma importância para o mercado. De acordo com Muniz, o aumento de consumo ajudou a ter uma perspectiva não tão pessimista de 2013. “As perspectivas dão conta de que os números finais de fechamento, oficialmente concluídos em março de 2012, devem mostrar aumento de 4% nas vendas do ano. Esta previsão favorável acontece após expressiva evolução em 2011 (6,7%) e devido uma estimativa de PIB abaixo de 1%, o que denota o fôlego do segmento que, apesar de já ter uma penetração de 87% nos lares brasileiros, continua em franca expansão”, explica Muniz.
Balanço de 2012 para o leite em pó Segundo dados fornecidos pela Scot Consultoria, o ano de 2012 começou com preços altos no mercado internacional. Devido a esse fator, os compradores não estavam dispostos a pagar o que estava sendo pedido. Com uma produção de leite elevada na Oceania e estoques remanescentes da safra anterior, os preços foram caindo cada vez mais, o que, por consequência, afeta a produção. Ainda de acordo com as informações fornecidos pela Scot Consultoria,
mesmo quando a produção de leite fluido começou a cair, a produção de leite em pó conseguiu se manter elevada. Na Europa, por exemplo, houve muita especulação no segundo e terceiro trimestres de 2012. Nesse período, a comercialização de leite em pó estava fraca e as vendas ficaram mais restritas ao mercado europeu. Devido a isso, ao final do primeiro semestre, alguns fabricantes optaram por produzir leite em pó desnatado ou manteiga ao invés do leite em pó integral. De acordo com os dados da Scot Consultoria, a produção europeia de leite em pó desnatado aumentou 7,6% em 2012, em comparação a 2011. Já na Oceania, houve um aumento de 7,8% na produção de leite em pó integral e uma queda de 3,6% na Europa. Com isso, no começo do segundo semestre, os estoques de leite em pó integral estavam enxutos e os preços subiram. Com o euro em alta no final do primeiro trimestre e no final do ano, os compradores optaram pela Oceania. A Scot Consultoria cita, por meio dos dados fornecidos, que as exportações de leite em pó integral da Oceania aumentaram 5,5% em 2012 quando comparado com 2011.
- Os preços Um fato que deve ter um destaque especial são os preços na indústria do leite em pó. Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e fornecidos pela Scot Consultoria, em 2012, o preço médio da tonelada do leite em pó na Europa foi de US$ 3.545,20 e de US$ 3.234,10 na Oceania. Estes valores são respectivamente 17,1% e 16,6% menores do que aqueles que estavam em vigor no ano de 2011. Somente em dezembro, na Europa, é que os preços foram
Janeiro/Fevereiro 2013
Leite & Derivados
maiores que os de 2011. Ainda segundo a Scot Consultoria, somente nos últimos seis anos, os preços de 2012 só não foram menores do que os que transcorreram no ano de 2009. Em uma análise feita em 2012 sobre os preços médios nos continentes, o ano começou com o leite em pó na casa dos US$3,7 mil por tonelada tanto na Europa quanto na Oceania. Porém, entre junho e julho de 2012, os preços caíram para US$3,0 mil na Europa e US$2,7 na Oceania. Devido ao aumento da demanda e queda de produção os preços reagiram e terminaram o ano em US$3.925,00 na Europa e US$3.300,00 na Oceania. Ainda no assunto economia, um assunto também foi muito questionado: o euro valorizado prejudicará as exportações europeias? Segundo a Scot Consultoria, em 2011, o euro valorizado em relação ao dólar foi um dos motivos para a redução da demanda pelo leite em pó europeu. O preço do leite em pó na Europa terminou o ano passado 18,9% mais caro que na Oceania, sendo que no começo do ano essa diferença era de 3,4%.
27
ESPECIAL
mostrar ligeiras melhoras nos meses seguintes, tendo o seu pico justamente no mês de dezembro.
- Desafios
Esperanças em 2013 O gráfico a seguir, também fornecido pela Scot Consultoria, mostra a evolução entre os anos de 2011 e 2012 referente à captação do leite no Brasil. Segundo o gráfico, o mês de março de 2011 teve o seu pico pleno no ano, revelando um nível de 100% de captação de leite no Brasil. Esse índice, no mesmo ano, se mostrou regular e manteve-se até dezembro. Em janeiro de 2012, porém, o índice de captação teve uma queda, resultado esse que se mostrou declinando de maneira progressiva, onde o índice mais baixo foi registrado no mês de maio. No entanto, o índice de captação voltou a
Com a análise do gráfico, é possível dizer que o ano de 2012 teve resultados muito abaixo, se comparado ao ano de 2011. Porém, o resultado obtido em dezembro de 2012 serve de alento para que o ano de 2013 seja novamente repleto de bons resultados, com uma captação de leite crescente e regular. A mesma pesquisa realizada anualmente pela MilkPoint revelou, na opinião dos profissionais do mercado lácteo, quais são os maiores desafios que eles esperam encontrar no ano de 2013. Segundo a pesquisa, 59% das respostas obtidas apontaram que, ao exemplo do ano passado, o maior desafio que os entrevistados esperam enfrentar ainda é o custo de produção. A pesquisa apontou também
105,0 100,0 95,0 90 85,0 80,0 mar/11 abril/11 mai/11 jun/11 jul/11 ago/11 set/11 out/11 nov/11 dez/11 jan/12 fev/12 mar/12 abr/12 mai/12 jun/12 jul/12 ago/12 set/12 out/12 nov/12 dez/12
28
que o segundo desafio na visão dos entrevistados continua sendo a mão-de-obra.
- Expectativa para o setor longa vida Mesmo com os possíveis desafios que o setor lácteo deve enfrentar em 2013, as expectativas ainda se mantêm as melhores possíveis. “Para 2013, trabalhamos com uma expectativa de crescimento da ordem de 5%. Quanto à rentabilidade, todo o setor leiteiro espera melhores resultados em 2013; até porque, as margens foram tão apertadas em 2012 que não podem ser piores”, projeta Nilson Muniz, diretor executivo da ABLV. A visão otimista de Muniz teve fundamento nos primeiros dias de 2013 e, devido uma melhora ocorrida no final do ano passado, incentiva que o otimismo ganhe força. “Nos primeiros dias de 2013, já foi possível sentir alguma melhora. A recuperação da oferta da matéria-prima pelas indústrias a partir de meados de outubro permitiu que os laticínios mantivessem a estocagem de 100 milhões de litros. Nesse momento, porém, a situação é outra: a época é de safra e o período de férias implica diminuição de consumo de leite. É uma situação confortável nesse momento”, comenta Muniz. Mesmo esperando por um 2013 melhor, Muniz atenta para a evolução das importações que, segundo ele, devem se mostrar como um problema a ser superado. “Em 2012, até novembro, as importações cresceram 18,3%, para 105 mil toneladas, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O governo não é sensível ao setor”, analisa. E ainda completa. “Produtores e laticínios continuam a
Janeiro/Fevereiro 2013
enfrentar a forte concorrência das importações, especialmente do Uruguai. Elas totalizaram aproximadamente US$ 690 milhões no ano passado – 13% a mais que em 2011 –, em leite em pó, iogurte, manteiga, queijo, entre outros”, alerta Muniz.
- Expectativa para o setor de leite em pó Segundo informações fornecidas pela Scot Consultoria, para 2013, o USDA prevê um aumento de 1,8% na produção de leite em pó integral e de 5,5% no volume exportado na Oceania. Isto significa que parte desse aumento esperado para 2013, poderá ser absorvido por compradores de leite em pó europeu. Ainda segundo a Scot Consultoria, se o euro
continuar tendo uma valorização em relação ao dólar (australiano e neozelandês), a tendência é que a diferença de preços do leite em pó na Oceania em relação à Europa, também sofra um aumento. Dentro desse contexto, as informações apontam que a Oceania ainda pode ganhar parte do mercado atendido pela Europa. Ainda visando crescimento, o mercado também está de olho na China, grande importadora de leite em pó. A expectativa é de que o crescimento das exportações seja menor do que o verificado em 2012, mas mesmo assim, segundo as informações da Scot Consultoria, será de crescimento em 2013. A esperança, dependendo do contexto, pode ser considerada algo utópico. Porém a esperança,
Leite & Derivados
embasada em dados que comprovem progressão, pode ser palpável e servir de alento para que dias melhores cheguem. Para os produtores lácteos, o ano de 2012 não foi dos melhores. Meses obscuros e números nada animadores estiveram presentes durante todo o ano que se passou. Mas dias melhores podem estar a caminho. Segundo uma frase contida no livro Símbolo Perdido, de Dan Brown, autor do livro Código da Vinci, “a escuridão sempre precede o amanhecer”. E o amanhecer está próximo. Afinal, como diz o dito popular, “depois da tempestade, vem a bonança”. Ao menos é isso que os profissionais de mercado lácteo esperam que aconteça. Portanto, seja bem vindo 2013!
29
Janeiro/Fevereiro 2013
MilkPEP mostra a força do leite (e do bigode)no futebol americano
F
Divulgação
Considerado o evento amosa pelas personalidades com de maior impacto do ano no o bigode de leite país, as propagandas do Super em suas campanhas, a Bowl estão entre as mais faMilkPEP (Milk Procesmosas, criativas, e claro, entre sor Education Program), as inserções mais caras da TV associação financiada americana (30 segundos de pelos produtores de leicomercial não sai por menos te dos Estados Unidos, de US$ 3.5 milhões). Além esteve pela primeira vez do jogo, as propagandas são entre os anúncios do SuVictor Cruz, jogador também muito comentadas e per Bowl, a final da liga do NY Giants, e seu assistidas pela mídia e pelo púde futebol americano, bigode de leite blico no dia seguinte ao jogo. que aconteceu no último O Super Bowl é o evento anual com dia 3 em Nova Orleans. o maior número de telespectadores Em um comercial onde o pai faz de espalhados pelo mundo. Estima-se tudo para conseguir leite para o café da manhã do seu filho, a MilkPEP de- que mais de 200 milhões de pessoas, cidiu pela inserção televisa após queda em 180 países, tenham assistido ao do consumo de leite naquele país. jogo neste ano.
Grupo MSimon compra a paulista Plurinox
O
Grupo MSimon, de Maravilha (SC), proprietário da marca Reafrio, fechou no final do último mês de janeiro o contrato de compra da empresa Plurinox. A negociação envolve a compra de toda a estrutura física, ativos, passivos e a marca Plurinox. Segundo o executivo do grupo, Eduardo Miguel Simon, esta aquisição significa um grande avanço na participação de mercado do Grupo MSimon, pois trata-se de uma empresa com
know-how muito grande na fabricação de equipamentos para os setores alimentício, químico e farmacêutico. A negociação teve início há cerca de oito meses e ocorreu em sigilo, mas só foi concluída após o deslocamento de uma equipe de transição à cidade de Batatais (SP), para validar informações.
Leite & Derivados
Embalagem gera menos CO2 e economiza recursos fósseis
Divulgação
EMPRESAS & NEGÓCIOS
Divulgação
30
L
ançamento da SIG Combibloc, a combiblocEcoPlus, embalagem cartonada que gera menos CO2, agora também é oferecida com a rosca combiCap (foto), que traz mais leveza ao produto. Sua estrutura é composta por 80% de cartão proveniente de fontes renováveis e suas características especiais garantem aos alimentos proteção à luz. Graças a esta composição, a combiblocEcoPlus gera 28% menos CO2 - dado baseado na análise de ciclo de vida (ACV) da embalagem cartonada, que avalia desde a extração das matérias-primas até a produção da embalagem final. Segundo Tamara Jevremovic, Gerente de Produto combiblocEcoPlus “a nova tampa pesa apenas 1,9 grama – cerca de 60% menos que a primeira tampa rosca lançada pela empresa”. Menor peso significa menos recursos fósseis, o que representa uma diferença crucial no impacto ambiental da embalagem. O selo FSC® (Forest StewardshipCouncil®) em todas as embalagens cartonadas da combiblocEcoPlus informa ao consumidor que as fibras de madeira usadas na produção do cartão têm origem de florestas com manejo responsável.
Naturex investe em fábrica de Manaus
F
ocada no crescente mercado da classe média da América Latina, a Naturex, fabricante de ingredientes naturais para a indústria, anuncia a ampliação da sua unidade de produção em Manaus. Segundo o diretor de vendas da empresa, Guillaume Levade, “as
economias emergentes da América Central e do Sul estão criando uma maior procura, então estamos instalando a infraestrutura apropriada para atendê-los. O Brasil representa um ponto de fabricação excelente e estratégico para esses mercados emergentes em rápido crescimento”.
A expansão da fábrica está diretamente ligada ao crescimento do grupo no ano passado. De janeiro a setembro, a receita consolidada foi de € 223,1 milhões, crescimento de 40,5% no período. 17% deste faturamento foram provenientes dos países emergentes.
32
VITRINE
ABC propõe Estações de Higienização nos laticínios que cada um tenha sua entrada. O local de armazenamento de produtos químicos deve ter placas indicativas/ informativas para distribuição dos produtos em ácidos, neutros e alcalinos, e abaixo de cada uma o nome comercial dos mesmos com suas especificações técnicas e fichas de emergência. No caso dos produtos químicos, o local deve ser arejado e com temperatura ambiente amena para evitar acúmulo de vapores e gases provocados normalmente por altas temperaturas.
Deve existir alguma barreira de contenção?
Francisco Calasans, da ABC
A
ABC Comércio e Representações Ltda. é desde 1971 parceira na limpeza, desinfecção e otimização do trabalho em empresas do setor lácteo de Minas Gerais, Espírito Santo, parte do Rio de Janeiro, Bahia e demais Estados do Nordeste do Brasil. Desenvolve produtos com marca própria em parceria com os seus clientes, com o intuito de atender demandas específicas com visão socioambiental, assistência técnica e inovações. Nesta entrevista com Francisco Calasans (foto), responsável pela Assistência Técnica da ABC, ele dá dicas e esclarecimentos sobre como organizar a empresa para evitar contami-
nações e problemas inesperados. Calasans apresenta as Estações de Higienização como sugestão para aperfeiçoar este trabalho, e afirma que elas podem ser adequadas de acordo com as necessidades e tamanho de cada empresa.
As empresas produtoras de laticínios precisam de que tipos cuidados em seus prédios e instalações? São vários os cuidados e devem seguir as normas e legislações existentes. Mas gostaria de dar algumas dicas, como: os almoxarifados de laticínios para produtos químicos, embalagens, insumos e materiais devem ser construídos de forma
Sim, e estas devem ser construídas para contenção de produtos ácidos, neutros e alcalinos, preferencialmente separados por meia parede, nichos. Em caso de vazamento, um produto não entra em contato com outro e evita reações químicas. O tamanho destes nichos deve ser correspondente à quantidade dos produtos, para suprir a necessidade de no mínimo 30 dias da produção.
As embalagens/produtos pedem alguma acomodação diferenciada nestes nichos? Devem existir estrados para acomodação de bombonas grandes e pesadas, e prateleiras para as menores.
Existe a necessidade de edificações diferenciadas? O que você daria como dica para as empresas que estão construindo ou reformando seus almoxarifados? A edificação deve ter aberturas para ventilação e contemplar espaços adequados para a passagem de carregadores e/ou empilhadeiras. E
Janeiro/Fevereiro 2013
quem ainda está em fase de planejamento ou construção, vale a pena lembrar que as empresas crescem e precisam de espaços e estes podem ser usados verticalmente.
Quanto aos utensílios para o trabalho, o que deve existir? Devem existir dosadores, transferidores e diluidores que podem ser usados nos almoxarifados para um manuseio seguro dos produtos. Estes locais devem ter pontos de água para lava-olhos e chuveiro em caso de emergência, pia, sabonete, papel toalha, lixeira, e um local para o kit de EPIs, fundamentais para uma produtividade com segurança do colaborador.
E com relação à segurança dos colaboradores nos laticínios e o manuseio correto dos produtos químicos, o que pode ser melhorado? Devemos buscar mecanismos para reduzir situações recorrentes de desvio dos padrões na segurança e estarmos atentos a alguns itens como: colaboradores devem conhecer o conteúdo das fichas técnicas e de segurança dos produtos utilizados na higiene do seu
setor de trabalho; não entrar em contato físico com o produto (não cheirar, manusear, tocar); não misturar produtos (é perigoso e eles perdem eficiência); usar o EPI adequado para cada tarefa/operação; cumprir fielmente o determinado nas Instruções de Trabalho (ITs) e nos Procedimentos Padrões de Higiene Operacional (PPHO), por exemplo, as dosagens e procedimentos devem ser seguidos à risca.
Diante das tantas exigências legais e de segurança, o que a ABC propõe como contribuição para uma produtividade segura e eficiente? Em 2013 um dos projetos da ABC é intensificar a implementação das Estações de Higienização que têm sido desenvolvidas em parceria com nossos clientes. Estas estações são adequadas de acordo com as necessidades e tamanho da empresa, propondo a instalação de equipamentos em cada setor fabril para a higienização de forma otimizada, com economia e segurança. Hoje ainda temos empresas nas quais a dosagem de químicos para CIP (Cleaning In Place – limpeza no
Leite & Derivados
local) é feita manualmente, como os produtos de higiene. Muitas ainda usam o sistema de coletagem dos produtos nos almoxarifados ou usam centrais de diluição distantes dos setores onde serão usadas, o que em muitas vezes resulta em desperdícios, higienização deficitária ou em acidentes. As Estações de Higienização possibilitam um controle maior dos produtos e seus volumes gastos, resultando numa melhor qualidade das superfícies higienizadas. E o mais importante, a segurança dos colaboradores, que minimiza os riscos de acidentes pela aproximação dos produtos de higiene, além de facilidade para sua aplicação.
O que é necessário para as empresas instalarem as Estações de Higienização? A ABC vem direcionando e intensificando investimentos para que seus clientes conheçam a proposta das Estações de Higienização. E conforme dito, estas se adequam às necessidades de cada cliente, proporcionando segurança, produtividade, controles eficazes e qualidade dos produtos.
33
34
36
CAPA por Léo Martins
Em busca do leite perfeito Por um leite com qualidade cada vez mais inquestionável, a análise laboratorial se mostra um aliado fundamental
Divulgação
Q
uando a palavra qualidade é mencionada, termos como superioridade, excelência e bons predicados surgem para dar significado a ela. Outros adjetivos como confiança, segurança e até mesmo perfeição também se fazem úteis para que a expressão qualidade possa ser definida. Embasado nesses mais diversos significados, o setor lácteo brasileiro procura cada vez mais agregar todos esses adjetivos ao
leite produzido, para que, assim, ele possa ganhar o status de um literal “produto de qualidade”. E é pensando nesse objetivo que a análise laboratorial, importante processo dentro da produção láctea, tem papel cada vez mais essencial para que o leite fique livre de imperfeições. Para isso, todos os envolvidos no setor lácteo precisam trabalhar juntos visando um só objetivo: a busca do leite perfeito.
Leite & Derivados
Divulgação
Janeiro/Fevereiro 2013
Para Marcela Schuster, supervisora de Controle de Qualidade da Cooperativa Languiru, o laboratório tem uma função extremamente importante como setor de apoio
A importância da análise Importante para que a qualidade do leite seja atestada, a análise laboratorial se torna parte necessária para que o leite usado pelos laticínios seja considerado bom. “O laboratório tem uma função extremamente importante como setor de apoio, tanto para a indústria como para com o departamento técnico da empresa, fornecendo subsídios em informações quanto à composição e à qualidade do leite cru entregue na indústria pelos produtores de leite”,
afirma Marcela Schuster, supervisora de Controle de Qualidade da Cooperativa Languiru. Ainda de acordo com Marcela, é muito importante que os produtores de leite ofereçam esse tipo de informação no que diz respeito à avaliação da qualidade de seu leite. “Assim, pode-se trabalhar na melhoria contínua da qualidade do leite produzido e, paralelamente, aumentar a produtividade do seu rebanho. A ideia é viabilizar junto ao departamento técnico a condução de projetos no que diz respeito a boas
práticas de fabricação na propriedade, melhoramento genético, nutrição e manejo”, completa.
Envolvidos no processo As análises feitas nos leites produzidos possuem alguns envolvidos de extrema importância para que o produto ideal seja obtido. Uma das relações mais importantes é a do laticínio com os produtores de leite. Para que esse relacionamento seja bom, profissionalismo é importante com aqueles que produzem o leite.
37
38
CAPA
“Procuramos manter uma relação profissional com nossos produtores de leite. Temos uma equipe técnica de campo para orientar e ajudá-los a produzir com qualidade”, comenta Gilson Oliveira, gerente Industrial da Frimesa. Já para Marcela Schuster, a relação com o produtor de leite é saudável justamente por haver respeito entre as duas partes. “Somos uma cooperativa e trabalhamos com a filosofia da corresponsabilidade. Procuramos sempre respeitar os associados, honrando os compromissos com eles”, afirma. “Dessa forma procuramos também fomentar o pequeno produtor e incentivar as grandes propriedades. Isso tem um papel social importante na região na qual estamos inseridos justamente por termos consciência disto. Por isso, assumimos este compromisso. O fruto é uma relação de confiança e confiança gera segurança”, explica Marcela.
Dificuldades para o leite ideal Para que a qualidade do leite produzido seja a ideal, algumas dificuldades são enfrentadas. Uma delas é a qualidade da matéria-prima em si, ou seja, o leite. “A maior dificuldade encontrada em relação à qualidade da matéria-prima é a sazonalidade relacionada ao clima e à alimentação animal”, diz Marcela. Ela ainda explica que para essa má alimentação, fatores como as condições climáticas podem ter grande influência. “Aqui no Sul, tem-se verificado condições climáticas muito adversas. O frio extremo, bem como o calor intenso, aliado a períodos de seca ou excesso de chuva afetam a alimentação do rebanho. Além disso, tais condições estressam o animal e afetam consideravelmente na qualidade e características do leite, principalmente quanto à sua composição”, explica Marcela. Para Fernanda de Mello, diretora de Garantia de Qualidade da Qualittà Controle, o problema maior é
referente à falta de consciência que alguns produtores possuem. “A maior dificuldade dos laticínios em relação à matéria-prima é conscientizar os pequenos produtores de leite do impacto que um leite de má qualidade, ou fraudado, pode ter na saúde da população. Como os fornecedores dos laticínios são, muitas vezes, pessoas com pouco grau de instrução, é difícil para o laticinista conseguir fazê-lo entender que adicionar água ao leite, por exemplo, pode trazer sérios problemas ao laticínio e à saúde da população”, comenta Fernanda. Devido a esses fatores, Fernanda enaltece a importância que a análise laboratorial tem para o mercado. “O laboratório é de suma importância, pois ele pode analisar estas matérias-primas antes que as mesmas entrem na produção, eliminando assim possíveis problemas no produto final”, destaca Fernanda. Partidário da opinião de que a má formação de alguns produtores é determinante para a má qualidade do leite, Gilson Oliveira afirma que o maior problema na matéria-prima está na má instrução de alguns produtores. “As dificuldades são exatamente na falta de qualidade de boa parte da matéria prima fornecida. Temos excelentes produtores e profissionais que procuram melhorar a cada dia a qualidade do seu leite. Mesmo assim, ainda temos muitos produtores que não estão capacitados e conscientizados da necessidade de manter a qualidade do leite fornecido”, aponta Oliveira. Ele ainda completa. “Enquanto houver empresas pegando leite de qualquer maneira e sem qualquer critério de qualidade, estes produtores ainda terão opções para onde fornecer seu leite. Assim, eles não se esforçarão para melhorar”, diz. No entanto, para Cândida Bosich, engenheira de alimentos da GTA Alimentos, o problema se encontra em
um ponto completamente diferente. Segundo ela, as condições dos acessos terrestres em que o leite é transportado, podem ser apontadas como um dos fatores que influenciam na qualidade do mesmo. “O laticínio tem enfrentado dificuldades no que diz respeito às estradas na área rural. Isso dificulta muito o acesso, o que acaba ocasionando atraso na chegada do leite. Os laticínios recebem leite de muitos produtores em pequenas quantidades, em uma média de 50 a 100 litros de leite por dia. A necessidade de mais leite aumenta, mas as condições das estradas dificultam esse recebimento de maior demanda”, comenta Cândida.
Políticas de qualidade Cada laticínio segue uma política de qualidade. Dentro dessa política, temas como pagamento por qualidade são levados em consideração. No caso da Frimesa, Gilson Oliveira afirma que a empresa é adepta a esse tipo de política. “Praticamos pagamento por qualidade, mas sem desprezar aspectos como volume fornecido e fidelização”, pondera. Marcela Schuster, da Cooperativa Languiru, diz que a empresa também é partidária a essa forma de pagamento. Marcela explica também alguns benefícios que o produtor de leite pode ter, caso o leite atinja as expectativas de qualidade. “A empresa adotou o pagamento por qualidade, também pelo fomento técnico em prol da Instrução Normativa (IN) 62/2011. O intuito é de buscar constantemente a melhoria da matéria-prima junto a seus produtores. Para tanto, estabelecemos um limite de 600.000 UFC para Contagem de Células Somáticas e Contagem Global. Dessa forma, atingindo o limite estabelecido, o produtor passa a ser bonificado por litro de leite em cada quesito”, detalha Marcela. Além do pagamento por qualidade, no caso da Cooperativa Languiru,
Janeiro/Fevereiro 2013
a política adotada se aplica baseada nos seguintes quesitos: 1. Assistência técnica e veterinária gratuita ao associado; 2. Controle sanitário e zootécnico dos animais; 3. Controle no uso de medicamentos; 4. Divulgação; 5. Dias de campo e educação continuada de produtores; 6. Rastreamento individual de produtor e envio de amostras mensais ao SARLE; 7. Pagamento por qualidade; 8. Monitoramento da qualidade da água nas propriedades; 9. Nutrição animal; 10. Inseminação artificial; 11. Projeto de criação de terneiras; 12. Programa de everminação; 13. Financiamento para aquisição de equipamentos para produção de leite; 14. Subsídio emergencial no custeio de ração do gado leiteiro para períodos de seca; 15. Elaboração de projetos e orçamentos; 16. Círculo de máquinas Languiru; 17. Convênios.
Componentes técnicos na análise A análise laboratorial, além de ser de suma importância para o controle da qualidade, exige dos laticínios uma estrutura técnica muito bem montada. Para isso, equipamentos responsáveis por todo o controle de qualidade do leite assumem papel fundamental para essa função. “Aqui na empresa, dispomos de um laboratório de Microbiologia, Físico-químico e Águas, separados fisicamente da área de produção e entre si. Eles têm capacidade para atender a demanda de análises oriundas de coletas realizadas no campo (suporte aos associados), recebimento de plataforma, estocagem de matéria-prima e produto acabado”, detalha Marcela. Além de dispor de um laboratório capacitado para análises laboratoriais, Gilson Oliveira destaca também a importância do fator humano na composição de uma estrutura técnica laboratorial. “A nossa empresa mantém estrutura para analisar o leite que chega a todas as plataformas de recebimento. Temos pessoal treinado e capacitado, bem
Leite & Derivados
como equipamentos e reagentes para análises e todo suporte técnico necessário”, observa Oliveira.
Equipamentos de laboratório Sobre os equipamentos que podem compor um laboratório, Fernanda de Mello, diretora de Garantia de Qualidade da Qualittà Controle, comenta sobre alguns que fazem parte do laboratório da empresa. “Alguns dos equipamentos que possuímos para realizar as análises de controle de qualidade dos laticínios são o HPLC, espectrofotômetro, balanças analíticas, capelas de fluxo laminar, crioscópio, etc.”, informa Fernanda. Ela também explica a forma que eles funcionam. “Todos funcionam em conjunto para a realização do controle de todos os produtos. Alguns integrados entre si e integrados também com o sistema interno do laboratório, o que por consequência minimiza os erros”, explica Fernanda. Já na Frimesa, Gilson Oliveira comenta sobre os principais equipamentos que compõe o laboratório da empresa. “Usamos diversos equipamentos, mas principalmente:
39
40
CAPA
crioscópio eletrônico para análise do índice de crioscópia do leite, equipamentos para análise dos teores de gordura, proteínas, lactose, extrato seco, densidade, acidez, pH e etc.”, informa. Além dos equipamentos, Oliveira explica sobre a função dos laboratórios terceirizados. “Para as análises microbiológicas, fazemos algumas nos nossos laboratórios. Já para a Contagem Bacteriana Total (CBT) e Contagem de Células Somáticas (CCS), enviamos amostras com periodicidade mensal para laboratórios terceirizados e credenciados pelo Ministério da Agricultura”, declara Oliveira.
Mais qualidade, novos equipamentos O ano de 2013 tem potencial para se tornar um ano marcante no que diz respeito à integração da cadeia de produção de leite. Prova disso é que grande parte dos testes fundamentais para o processo da análise do leite, que até então eram feitos somente nas indústrias, agora já podem ser realizados no início da produção. Sendo assim, a tecnologia precisou ser introduzida de um modo que a análise possa ser feita em diversos locais e não só em laboratórios. “Muitas análises já podem ser feitas de forma rápida e com bons resultados. São os chamados testes rápidos, que vieram para diminuir o tempo de espera do laticinista pelo resultado da análise. Isso agiliza a produção no laticínio, economizando tempo e pessoal”, comenta Fernanda Mello, da Qualittà Controle. Adepto desse pensamento, André Oliveira, gerente comercial da Madasa Biotecnologia, valoriza o ganho de tempo nos testes de qualidade. “Economicamente não faz mais sentido a indústria receber o leite para só então averiguar as suas condições de qualidade”, aponta.
Janeiro/Fevereiro 2013
Devido a essa mudança no setor pela busca de equipamentos que tenham um controle cada vez mais preciso e rápido sobre a qualidade do leite, a Madasa procurou acompanhar essa tendência com o lançamento de equipamentos que ajudam a simbolizar o atual momento do segmento tecnologia de equipamentos. O lançamento do Snap ST permite um novo método de detecção de antibióticos, que elimina a fase de aquecimento e incubação da amostra, dispensando o transporte e armazenagem refrigerados. Assim, de acordo com Oliveira, o Snap ST tornou-se o primeiro teste de antibióticos do mundo que pode ser feito em qualquer lugar. “Economicamente não faz mais sentido a indústria receber o leite para só então averiguar as suas condições de qualidade”, aponta o químico. Além do Snap ST, a Madasa aposta também no teste Somaticell, que atua no controle das células somáticas. O método permite a gestão das células somáticas em todas as suas etapas da cadeia de produção de leite. “É um teste simples que deve ser realizado na propriedade rural para o controle da mastite e gerenciamento diário da produtividade do rebanho. Ele pode também ser realizado na indústria para classificar e direcionar o leite para cada linha de produção conforme o seu teor de células somáticas, permitindo a prevenção de perdas de qualidade e garantindo o sabor do produto”, destaca Oliveira. A Akso, empresa especializada em instrumentos de medição, também possui soluções para a indústria de laticínios, desde a coleta do leite, passando pelo recebimento do produto nos laticínios até a industrialização dos produtos
Leite & Derivados
Divulgação
O Snap ST, da Verus Madasa, permite um novo método de detecção de antibióticos, que elimina a fase de aquecimento e incubação da amostra
lácteos. Além de termômetros, medidores de pH e dataloggers, os analisadores de leite por ultrassom se destacam. Exemplos de equipamentos que a empresa investe é o Master Mini, que possui capacidade para realizar nove análises em 60 segundos, sendo elas: densidade, gordura, extrato seco desengordurado, proteínas, lactose, sais minerais, água adicionada, ponto de congelamento e temperatura. Possui adaptador veicular 12 v para análises a campo e saída serial para conexão à impressora ou computador. Outra opção é o Master Complete, que realiza as mesmas análises do Master Mini, além de medir pH e condutividade, e possuir uma impressora acoplada para impressão dos resultados das análises.
Uma nova Instrução Normativa Com a ideia de regulamentar ou implementar o que está previsto por lei, uma Instrução Normativa (IN) é um ato emitido por autoridades administrativas em que seu texto não pode ser modificado, transposto ou inovado. Os produtores de leite estão bem familiarizados com uma Instrução Normativa, principalmente no que diz respeito à IN 51, que tem como base um nível para a Contagem Bacteriana Total (CBT) e Contagem de Células Somáticas (CCS). No dia 30 de dezem-
42
CAPA
bro de 2011, porém, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) substituiu a IN 51 pela a IN 62. A legislação entrou em vigor no dia 01 de janeiro de 2012 e tem como principal diferença a tolerância do índice de CBT e CCS. Anteriormente, com a IN 51, os índices podiam chegar a 750 mil/ml. Já com a IN 62, os índices têm limite de 600 mil/ml. Cândida Bosich, da GTA Alimentos, comenta a importância da IN 62 para o mercado lácteo. “A IN 62 é uma tendência internacional, para desespero de alguns e felicidade de poucos, mas que veio para melhorar o produto interno. É o mercado e o caminho para exportação de derivados de lácteos. O Brasil, para exportar mercadorias derivadas de leite, precisa melhorar a qualidade do mesmo. Um bom exemplo é fazer um trabalho parecido com o que foi feito com a carne no Brasil e que hoje, fez do nosso País um dos maiores exportadores do mundo. Esse é o caminho”, sugere Cândida. Com uma tolerância menor, os profissionais pertencentes ao ramo de laticínios reconhecem que a rigidez dos novos valores são importantes para que o leite possa ter uma qualidade cada vez melhor. “No que tange à IN62, o que posso dizer é que ela contempla a implementação dos princípios de boas práticas de fabricação. Dentre eles está a higie-
Divulgação
Master Mini: possui capacidade para realizar nove análises em 60 segundos
nização de superfícies, equipamentos e utensílios”, diz Andressa Joaquim, gerente de Marketing da Ecolab. A rigidez dos valores, no entanto, ainda ocasiona dificuldades para que os níveis requisitados não sejam ultrapassados. “Sobre a IN 62, somos ávidos defensores da sua real implantação, mas reconhecemos as dificuldades existentes para isto. Os parâmetros foram revistos e concordamos com eles, mas também sabemos que ainda não podemos praticá-los 100%, sob o risco de desabastecimento”, comenta Gilson Oliveira, da Frimesa.
Adaptação à IN 62 Adaptar-se aos novos valores é um desafio que exige, além de uma nova mentalidade, uma nova estrutura. Procedimentos precisam ser revistos para que, assim, os valores possam ser alcançados. “Para obter-se a qualidade do leite definida na Normativa, é fundamental que sejam implementados procedimentos de higienização que contemplem produtos eficientes e adequados para cada finalidade, bem como a aplicação dos procedimentos em uma rotina frequente”, analisa Andressa. Ainda dentro desse contexto, Fernanda Mello, diretora de Garantia de Qualidade da Qualittà Controle, aponta a importância da consciência de cada produtor para que a IN 62 se torne um diferencial para o laticínio. “A IN 62 foi muito importante no que tange o controle da qualidade. Muitos ensaios são essenciais para se ter produtos com o mínimo de qualidade na casa dos consumidores. Em alguns aspectos ela pode parecer muito rígida, mas, com consciência e dedicação, é possível realizar todas as análises por ela exigidas”, diz. De acordo com Fernanda, os resultados confiáveis variam também de acordo com o laboratório no qual a análise será feita. “O importante é o laticínio procurar laboratórios confiáveis e que tenham um sistema
de qualidade implantado. Só assim, resultados confiáveis serão obtidos e o laticínio terá a certeza de que está oferecendo bons produtos para a população”, aconselha. Para Marcela Schuster, da Cooperativa Languiru, a responsabilidade pela qualidade do leite deve ser dividida entre todos os envolvidos. Ainda segundo ela, só assim a IN 62 poderá ser cumprida de maneira correta. “Deixar a responsabilidade apenas aos produtores não vai resolver o problema da falta de qualidade do leite em nosso País. A qualidade não é apenas a CCS ou a CBT. Existem outras questões que também afetam a qualidade do leite, como as drogas medicamentosas, zootécnicas, entre outras. Por isso, acredito que o governo deveria dar condições para que os produtores possam cumprir as regras”, afirma Marcela.
O que ainda está faltando? Com tantos procedimentos e padrões feitos, uma pergunta é cabível para o momento: o que ainda falta para que o leite brasileiro tenha a qualidade perfeita? “O que falta no Brasil é fornecer educação à população para que todos tenham consciência do seu papel na qualidade dos produtos produzidos. Com a educação, os produtores de leite não tentariam ‘burlar’ as regras de qualidade do leite a todo o momento”, aponta Fernanda Mello, da Qualittà Controle. “Falta muita consciência dos produtores e dos laticínios. Os recursos que o governo fornece, também são importantes para que haja modernização e ampliação das fazendas”, completa Cândida Bosich, da GTA Alimentos. Contudo, Marcela Schuster, da Cooperativa Languiru, aponta qual seria o caminho para que o Brasil possa migrar rumo ao objetivo de alcançar a melhor qualidade do leite. “Acre-
Janeiro/Fevereiro 2013
Divulgação
dito que a qualidade somente será alcançada no Brasil com o esforço coletivo de toda a cadeia do leite”, finaliza Marcela.
Outras armas pela qualidade Além das análises laboratoriais, cuidados com higiene, segurança e o tratamento de efluentes auxiliam os laticínios a alcançarem bons resultados na qualidade do leite. Uma das novidades em tratamento de efluentes é o reator anaeróbio ADI-BVF, um digestor de baixa carga com cobertura em geomembrana flutuante que tem como principal vantagem a habilidade de digerir sólidos em suspensão e também gorduras. Essa tecnologia produzida pela ADI Systems, empresa canadense presente no Brasil em associação com a Acqua Engenharia e Consultoria, possibilita o recebimento do efluente bruto diretamente no reator BVF, sem a necessidade de equalização e tratamento primário por flotação. A partir desse dispositivo, não há iodo primário gerado e a digestão da matéria orgânica solúvel, dos sólidos em suspensão e da gordura, resulta na geração de biogás, que pode ser utilizado como combustível na caldeira da indústria, ou eventualmente para geração de energia elétrica e outras formas de energia limpa. Diante desse cenário, a economia de combustível estimada é de até 30% em um laticínio integrado. O reator BVF é projetado para remoção de DQO acima de 85-90
43
Leite & Derivados
Para a empresa Interozone, uma arma para uma produção de qualidade controlada, principalmente no combate à ação de fungos e bactérias, é a utilização de ozônio
%, reduzindo as dimensões e a energia necessária ao pós-tratamento aeróbio. Com um elevado tempo de retenção hidráulica e de sólidos, esse mecanismo possibilita o recebimento e digestão do lodo em excesso, proveniente do pós-tratamento aeróbio, tornando a planta de tratamento virtualmente com descarte zero de iodo, dispensando a necessidade de centrífugas ou outros equipamentos de desidratação de iodo. Essa configuração ainda permite o recebimento no reator BVF do soro de leite, e também dos descartes e perdas de processo (pontas de produção, retorno de mercado) que também são digeridos, contribuindo para a geração de biogás. O dispositivo é totalmente selado, operando com pressão negativa em sua parte supe-
rior, onde é coletado o biogás, o que confere ao sistema um ambiente sem emissão de odores para a atmosfera, possibilitando sua instalação em áreas críticas e próximas de regiões urbanas. Outra arma importante para uma produção de qualidade controlada, principalmente no combate à ação de fungos e bactérias, é a utilização de ozônio, que possibilita a eliminação de contaminações nas câmaras de maturação de queijos e nas salas de processamento. A vantagem do ozônio é a substituição da aplicação de fungicidas por uma pratica limpa e segura. O ozônio é gerado do próprio oxigênio do ar ambiente com segurança e tem vida curta, em segundos volta a ser oxigênio. O Grupo Interozone, por exemplo, desenvolveu uma técnica de aplicação onde já fechou parceria com
44
CAPA
Equipamentos que podem compor um laboratório para a análise do leite: - Crioscópios; - Espectrofotômetro; - Analisador físico-químico do leite; - Analisador microbiano do leite, que se baseia na identificação de ATP microbiano intracelular, através da medição de bioluminescência gerada. - Leitor eletrônico para resíduos e contaminantes, com capacidade para verificar a presença de um grande número de substâncias antibacterianas no leite; - Capela de fluxo laminar; - Capela de exaustão; - Estufas bacteriológicas; - Estufas de secagem; - Micropipetadores calibrados; - Buretas digitais calibradas; - Centrífugas; - pHmetros; - Banho-maria; - Refrigeradores; - Contador de colônias - Vidarias de precisão – calibradas; - Metodologias analíticas exequíveis, atendendo as Normativas estabelecidas pela Legislação em vigor, etc.
Janeiro/Fevereiro 2013
importantes laticínios no Brasil, como Tirolês, Vigor, Quatá, Polengui, Scala, entre outros. Esses aparelhos auxiliam no controle de microorganismos do ar ambiente, com resultados que dispensam o uso de produtos químicos. Os aparelhos são dimensionados levando em consideração a quantidade de pessoas que trabalham no local, volume, temperatura e condições do ambiente, e são acoplados junto ao sistema de ventilação. Os benefícios são observados em curto período, há uma redução significativa do mofo em mais de 90%. Independente onde o termo qualidade seja empregado, o que se imagina é que a utilização dessa palavra seja para qualificar determinado elemento
Leite & Derivados
como algo que tenha excelentes expectativas e condições, seja ele no leite, na profissão ou até mesmo na vida. O importante é perceber que para algo seja considerado de qualidade, esforços de todos os envolvidos precisam ser empregados em prol do mesmo objetivo. No caso do leite e a qualidade que ele possui no Brasil, o mesmo tipo de princípio pode ser seguido para que, assim, o leite e seus derivados que eu, você e todos aqueles que conhecemos usufruímos, possa ser sinônimo de qualidade. E somente por meio de um esforço efetivo; ou seja, com uma sinergia perfeita, é que tal propósito pode ser obtido. A análise laboratorial é parte desse processo para que a busca do leite perfeito, esteja cada vez mais próxima do fim.
Algum dos itens avaliados para o pagamento por qualidade do leite: - % gordura; - Contagem de células somáticas (CCS); - Contagem total de mesófilos (CTM); - Atestado Negativo de Tuberculose e Brucelose; - Certificação de propriedade livre de Tuberculose e Brucelose; - Prêmio Produção – volume; - Resfriamento Expansão Direta; - Ordenha canalizada; - Instalações (sala de ordenha dentro das especificações).
Artigo Técnico ��������������������������������������������������������������������������������� 46
Tecnolat Expresso �������������������������������������������������������������������������� 52
46
ARTIGO TÉCNICO
Resumo
O custo de manutenção é sempre objeto de questionamento nas companhias, principalmente pelo seu significativo impacto no faturamento das empresas. Neste trabalho foram apresentadas alternativas de posicionamento da função manutenção para se estabelecer como um centro de lucros, não ser vista como somente um centro de custos. Usando método científico, foi aplicada uma metodologia pró-ativa em equipamentos críticos do processo de uma empresa de laticínios, fornecendo dados para a tomada de decisão de investir – ou não – em manutenção. Palavras-chave: custos industriais, manutenção pró-ativa, confiabilidade.
Abstract
Por Tiago Magalhães da Silveira, Engenheiro Gerente de Manutenção da Alimentos Piá
Manutenção vista como centro de lucros, não de custos
The maintenance cost is always an object of inquiry in companies, mainly for their significant impact on company revenues. In this work we presented alternative positioning of the Maintenance function to establish itself as a profit center, not to be seen as just a cost center. Using scientific method approach, a proactive methodology was applied to a dairy company’s critical process equipment, providing data for making decision to invest - or not - in Maintenance. Keywords: industrial costs, proactive maintenance, reliability.
Pesquisa da Universidade Vale do Rio Sinos (Unisinos) mostra porque as empresas devem olhar suas áreas de manutenção como investimento
Janeiro/Fevereiro 2013
Introdução
No panorama atual, de globalização e competitividade acirrada, relacionado com os mantras de meio ambiente e sustentabilidade, as indústrias buscam alternativas para redução de inventários, lead time de produção, mão de obra direta e indireta, insumos e energia. Em essência, a redução de custos para a maximização do lucro, garantindo a sobrevivência. Nesse contexto os departamentos de manutenção são submetidos a questionamentos pela alta direção em função do seu custo e pela própria natureza da função, normalmente relacionada a impactos nos processos produtivos. Especificamente no Brasil, a função manutenção custa em média 4% do faturamento das empresas. Questionamentos típicos da alta diretoria envolvem o valor despendido em manutenção, mas com desconhecimento do retorno, ou sequer se o valor despendido é adequado. Em geral os Gestores de manutenção têm dificuldades em responder a essas questões, o que redunda ao fato das decisões serem tomadas no custo de se fazer manutenção, ao invés das atividades da manutenção que podem vir a agregar valor. Esse é o principal problema a ser abordado neste artigo. Sendo assim, o objetivo geral com o presente trabalho é ilustrar alternativas para o departamento de manutenção se posicionar como um centro de “lucros” e não ser avaliado com um centro de custos, especificamente com a implantação de métricas, método científico e atividades que geram valor na manutenção (um misto de atividades preventivas, preditivas e reativas, e os critérios para definição de sua aplicação). Base de grande parte da revisão bibliográfica do trabalho, o livro Maintenance Engineering Handbook é altamente recomendado para o aprofundamento neste e em outros assuntos envolvendo gestão da manutenção, especialmente pela abrangência da obra.
Revisão bibliográfica 1) Tipos de manutenção A manufatura, ao longo da História Humana, evoluiu da seguinte forma: produção artesanal; produção em massa; produção enxuta; produção customizada. Da mesma forma, e como conseqüência direta na mudança das demandas advindas das transformações da Manufatura, a função Manutenção também evoluiu: 1950 - Manutenção de Quebra; 1955 - Manutenção de Prevenção; 1960 - Manutenção de Melhoria; 1965 - Prevenção da Manutenção; 1970 - Manutenção Produtiva Total; 1990 - Manutenção Detectiva; 2000 - Manutenção Proativa. Organizações que praticam manutenção pró-ativa têm foco no aumento de produtividade, disponibilidade dos equipamentos, qualidade do produto e produtividade do pessoal de manutenção, ao invés de simplesmente consertar os equipamentos. Atividades de manutenção pró-ativas incluem um robusto plano de preventivas, planejamento de manutenção, controle de ordens de serviço e controle de partes e peças de manutenção. A existência de métricas que mostram o impacto positivo destas atividades é importante e modifica a reputação da manutenção de “mal necessário” para uma atividade que agrega valor. As principais técnicas de manutenção pró-ativa, além da preventiva (tipo de manutenção baseado em intervalos de tempo) incluem análise de vibrações, termografia, ultrassom e manutenção centrada em confiabilidade (HIGGINS, 2002).
2) Indicadores de manutenção Métricas de desempenho da manutenção são necessárias para o planejamento e o controle do processo de manutenção. As informações devem focar na eficácia e na eficiência dos processos de manutenção (BEM-DAYA, 2009). Dentre os indicadores fundamentais se destacam:
Leite & Derivados
Custo total da manutenção / custo total do processo produtivo, que define o impacto da função manutenção no custo do negócio; Disponibilidade de máquina, que é a razão entre o tempo planejado menos o tempo de parada sobre o tempo planejado; MTTR (tempo médio para reparo), que é a razão entre o somatório do tempo total de reparos e o número de paradas; MTBF (tempo médio entre falhas), que é a razão entre o número de horas em operação e o número de paradas; Eficiência da mão-de-obra (tempo usado em atividade de manutenção / tempo planejado para a atividade), indicador da utilização adequada da mão-de-obra de manutenção. Outros indicadores incluem produtividade de máquina, percentual de qualidade de produção, severidade de uma parada de manutenção (custo da parada / número total de paradas), pró-atividade da manutenção (número de Homem/hora empregadas em atividades pró-ativas / total de Homem/hora disponíveis), custo de manutenção por hora e utilização de mão-de-obra. Empresas de processamento contínuo em geral aplicam os seguintes indicadores de desempenho para a manutenção (BEM-DAYA, 2009): horas de linha parada, tempo de setups de processo, tarefas planejadas de manutenção, tarefas não planejadas de manutenção, programa de sugestões, horas usadas para treinamento, qualidade do produto, reclamações dos empregados e custo de manutenção por tonelada produzida. Diversos fatores e situações devem ser levados em conta para a medição do desempenho da manutenção, sendo alguns dos mais importantes: - O valor gerado pela manutenção, sendo o mais importante, pois auxilia a compreender se o que está sendo feito é o que o negócio da empresa realmente necessita; - Revisar as alocações de recursos,
47
48
ARTIGO TÉCNICO
para determinar as necessidades de investimento e justificar os investimentos realizados; - Saúde e segurança do trabalho, pois é essencial a compreensão da contribuição de uma função manutenção produtiva nas questões de saúde e segurança, visto que uma deficiência de manutenção pode levar a incidentes, acidentes e problemas ambientais; - Gestão do conhecimento, visto que a evolução tecnológica vem gradualmente substituindo o modelo de manutenção preventiva por técnicas preditivas; - Estratégia operacional e de manutenção, pois o cenário atual exige rápidas respostas das companhias, bem como reduções de perdas e custos do processo produtivo. - Tendo os indicadores como referencial de balizamento, e conhecendo os tipos de manutenção, se faz necessária então a definição da estratégia de manutenção da organização.
3) Estratégia de manutenção A Figura 1 ilustra o triângulo estratégico para gestão da manutenção: Na definição da estratégia de
manutenção, os seguintes fatores devem ser levados em conta: natureza da operação e os impactos da parada; parque de equipamentos e sua matriz tecnológica; idade e vida útil do equipamento; conhecimento dos tipos de manutenção; recursos disponíveis; maturidade da organização e o seu fator humano. Em essência, a estratégia de manutenção deve garantir o perfeito funcionamento dos equipamentos, visando os melhores resultados com o menor custo possível.
4) FMEA FMEA é uma técnica de engenharia usada para definir, identificar e eliminar falhas, problemas e erros, sejam eles conhecidos ou potenciais, de sistemas, processos e serviços, antes que eles atinjam o cliente (STAMATIS, 2003). Uma FMEA conduzida de maneira adequada vai prover as pessoas que a conduzem com importantes informações para reduzir o risco envolvido no produto, processo ou serviço. De fato a FMEA é uma das mais importantes técnicas de prevenção de falhas e erros. Em essência, a FMEA fornece
Figura 1 – Triângulo estratégico para gestão da Manutenção
Propósito: o que quer ser?
Estratégia: o que se vai fazer?
Ambiente: o que é permitido fazer?
fonte: ARANTES, 2002
Capacitação: o que se pode alcançar?
um método sistemático de examinar todas as formas que uma falha pode ocorrer. Para cada falha, uma estimativa é feita a respeito do seu efeito no objeto da FMEA, referentes à sua gravidade, probabilidade de ocorrência, bem como chance de detecção. A FMEA irá então identificar ações corretivas necessárias para prevenir as falhas de chegarem ao cliente do produto, processo ou serviço, assegurando a maior durabilidade, qualidade e confiabilidade. Uma boa FMEA identifica modos de falha (potenciais e conhecidos), identifica as causas e efeitos de cada modo de falha, prioriza os modos de falha de acordo com o número de prioridade de risco – risk priority number (RPN), que é o produto entre os índices de freqüência de ocorrência, severidade e probabilidade de detecção, além de fornecer um acompanhamento do problema e suas ações corretivas.
Estudo de caso
O trabalho tem lugar na Cooperativa Piá, empresa que produz produtos lácteos, em fase de expansão, na forma de um piloto em duas linhas de envase de leite UHT (longa vida), escolha devida ao grande impacto desses equipamentos no processo produtivo (85% do volume de produção da empresa, bem como 85% dos custos de Manutenção), tendo por objetivo final verificar se existe impacto positivo na implantação de uma manutenção de excelência. A Cooperativa Piá é uma empresa de 45 anos de operação, sediada na cidade de Nova Petrópolis (RS), focada no desenvolvimento de seus sócios-produtores, tendo como área principal de atuação o entorno da Serra Gaúcha, nos mercados de leite, rações para animais e supermercados. A empresa conta atualmente com perto de 1.200 colaboradores diretos e mais de 16.000 associados. A operação de lácteos é responsável pela maior porção do faturamento da empresa, tendo como principais
Janeiro/Fevereiro 2013
produtos o próprio leite Longa Vida, iogurtes, além de doces de leite e frutas. Os produtos desta operação da Cooperativa são comercializados nos três Estados do sul do Brasil, bem como São Paulo. O laticínio da empresa tem capacidade de receber 600 mil litros de leite por dia, opera em regime 24 horas, 7 dias na semana. Em recursos energéticos, consome aproximadamente 18.000 m3 de água potável, 800 MW de energia elétrica e 3.600.000 kg de vapor a cada mês. Especificamente a planta de leite UHT conta com três ultrapasteurizadores com vazões de leite somadas de 30.000 l/h e duas envasadoras assépticas, com vazões somadas de 22.000 l/h. Esquematicamente, uma linha de envase de leite é mostrada na figura 2. Figura 2 – Fluxograma de uma linha de envase de leite UHT No escopo deste artigo está a Recepção de leite cru refrigerado
Estocagem de leite cru refrigerado
Estocagem de leite beneficiado Preparo e Secagem da Embalagem
Análises de rotina Benefiamento do leite e adição de citrato de sódio Homogeneização do leite
Tabela 1 – Dados de operação das envasadoras SIG Item Disponibilidade (%) OEE (%) Horas Totais (h) Tempo Operando (h) Tempo de Qualidade (h) Tempo Total de Parada (h) Número de Falhas (n) Taxa de Falhas - l(t) MTBF (h) MTTR (h) Manutenções Corretivas (%) Manutenções Preventivas (%) Custo de Manutenção por 1000 litros de leite (R$) Custo de Manutenção Anual (R$)
CFA810 94,17% 80,60% 5955,22 4531,56 3652,58 152,56 7068,00 1,61 0,62 0,04 94,70% 5,30% R$ 10,49 R$ 476.772,25
CFA812 95,30% 88,84% 5913,68 4826,53 4287,75 127,45 5981,00 1,27 0,79 0,04 95,03% 4,97% R$ 10,49 R$ 572.127,75
Média 94,74% 84,72% 5934,45 4679,04 3970,16 140,01 6524,50 1,44 0,70 0,04 94,87% 5,13% R$ 10,49 R$ 524.450,00
Fonte: software supervisório ECS
análise dos equipamentos que executam a etapa de envase asséptico. Os equipamentos são fabricados pela empresa germano-suíça Sig Combibloc, modelos CFA810 (capacidade de envase de 10.000 l/h) e CFA812 (analogamente, 12.000 l/h). Os principais dados pertinentes à operação dos equipamentos estão relacionados na Tabela 1. Os dados de disponibilidade, OEE (Índice Global de Eficácia dos Equipamentos), horas e número de falhas foram obtidos a partir de nove meses de histórico no supervisório dos equipamentos, exemplificado na Figura 3.
Fundamental ressaltar a condição peculiar desse tipo de equipamento, que apresenta baixíssimo MTBF e baixíssimo MTTR, indicando uma alta necessidade de intervenção em ajustes técnicos. Também se ressalta que o plano de manutenção preventiva indicado pelo fabricante é seguido à risca, a despeito do alto percentual de intervenções corretivas. Também se destacam a alta disponibilidade e o alto OEE dos equipamentos em avaliação. Se tratando de um produto perecível, o leite deve rapidamente ser processado e envasado, quando então atinge um tempo de validade de até quatro meses. Paradas prolongadas
Figura 3 – Exemplo de informações do supervisório SIG
Tratamento térmico do leite UAT
L2 CFA812_005 - PIÁ - Nova Petropolis - efficiency from 10/1/11 12:00 AM to 6/25/12 12:00 AM
Envase Asséptico Embalagem Cartonada Individual
Leite & Derivados
Retirada de amostras
Paletização
Estocagem Fonte: Aplicação do controle estatístico do processo no envase de leite UHT em uma indústria de laticínios
110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0
88,84%
93,03%
95,30%
Organizational
Technical
00,00%
System time: (5913;4037) h Sterilisations: 168 (278:36:35 I 117:10:33) h Operating time: (4826:31:39) h Cleanings: 173 (294:26:06 I 158:00:31) h Quality time (4287:44:48) h Manual ASTs 12 (03:15:01) h Waiting time: (907:32:04) h Product $ Leite PIA 1000ml Integral Production end to abort: (00:02:59) h Reason for end of production: Procuction Off by user_CFA Fonte: software supervisório ECS
49
50
ARTIGO TÉCNICO
Tabela 2 – Resumo da reunião de brainstorming DESCRIÇÃO
CUSTO
IMPACTO
FACILIDADE
RPN
Melhorar qualidade do ar comprimido
5
5
5
125
Fazer FMEA para modos de falha dos ultrapasteurizadores
5
5
5
125
Equipe de Manutenção “reforçada” para CIP
3
5
5
75
Equipe de Manutenção para utilidades no UHT
5
3
5
75
Interligar todas as plantas de ultrapasteurização em todas as máquinas de envase
3
5
5
75
Estipular prazos para troca de mangueiras do VTIS
5
3
5
75
Manutenção preventiva e testes para centrais CIP
5
5
3
75
Manutenção preventiva das subestações
5
3
3
45
Fazer curva ABC de peças sobressalentes e ampliar estoque
3
5
3
45
Ter válvulas reguladoras de vapor em estoque
3
3
3
27
Estabilidade da estação de enchimento
3
3
3
27
Equipe de Manutenção separada para esterilizadores e máquinas de envase
3
3
3
27
Padronizar bombas de recalque dos silos de leite
3
3
3
27
Padronizar válvulas reguladoras de vapor
3
3
3
27
Manutenção preventiva dos geradores
5
1
5
25
Bomba de água potável reserva
5
1
5
25
Definir tarefas de manutenção autônoma
5
5
1
25
Levantar curvas de confiabilidade das bombas dos esterilizadores
5
1
3
15
Instalar no-break na caldeira
1
3
5
15
Operadores técnicos, com salário diferenciado
1
5
3
15
Fazer o mapeamento do fluxo de valor da Manutenção
5
1
3
15
Transformador de 1500 kVA reserva
1
1
3
3
Fonte: o autor
opções é invariavelmente um prejuízo. Sendo o processo contínuo, o custo horário de linha parada é estimado em R$ 640,00. Uma reunião de brainstorming foi realizada com os
de linha geram grandes transtornos e prejuízos, pois o leite deve ser destinado para outros produtos de menor valor ou até mesmo vendido para outras empresas. Qualquer uma das duas
interessados das equipes de operação e Manutenção, tendo como foco o levantamento de ações para atingir parada zero nas linhas de envase de leite. O resultado dessa reunião está
Tabela 3 – Plano de ação para o brainstorming O QUÊ?
QUANDO?
ONDE?
POR QUE?
QUEM?
Imediato
Central de Ar Comprimido
Para garantir ar comprimido na qualidade exigida pelos sistemas pneumáticos dos equipamentos de processo.
Manutenção
Fazer FMEA para modos de falha dos ultrapasteurizadores.
31/07/2012
Ultrapasteurizadores
Para prever modos de falha nos ultrapasteurizadores que possam vir a parar o envase.
.Equipe de Manutenção “reforçada” para CIP.
31/10/2012
UHT
Para efetuar o maior número possível de manutenções preventivas durante os intervalos de limpeza das máquinas (CIP).
Manutenção e Produção Manutenção
Equipe de Manutenção para utilidades no UHT.
31/10/2012
UHT
Para manter pessoas em focos distintos no setor (máquinas e utilidades).
Manutenção
Interligar todas as plantas de ultrapasteurização em todas as máquinas de envase.
30/11/2012
UHT
Para dar flexibilidade aos equipamentos, permitindo que se tenha sempre um ultrapasteurizador em stand-by.
Manutenção
Estipular prazos para troca de mangueiras do VTIS.
Imediato
VTIS
Para evitar paradas na planta de ultrapasteurização VTIS por desgaste de mangueiras pneumáticas.
Manutenção
Manutenção preventiva e testes para centrais CIP.
Imediato
UHT
Para evitar problemas nas centrais CIP no momento que são necessárias (durante a limpeza das máquinas).
Manutenção e Produção
Melhorar qualidade do ar comprimido.
COMO? ORÇAMENTO Instalando filtros coalescentes no R$ 7.000,00 coletor de saída dos compressores de ar. Usando a ferramenta do FMEA. Reorganizando o quadro funcional da manutenção. Reorganizando o quadro funcional da manutenção. Será feito junto com um projeto de ampliação da fábrica. Inserindo como plano de manutenção preventiva no CMMS da empresa. Criando uma rotina operacional conjunta.
R$ 10.000,00
-
-
Janeiro/Fevereiro 2013
resumido na Tabela 2. Os pontos levantados foram priorizados segundo os critérios de custo, impacto e facilidade, sendo 1 – pior, 5 – melhor, gerando a ordem de realização das atividades mostrada na própria tabela.
Tendo como balizador o custo da linha parada, foi definido como ponto de corte para o RPN o valor de 45, portanto ideias com esse índice inferior a 45 não serão implantadas, gerando um plano de ação do tipo 5W-1H ilustrado na Tabela 3. De forma geral, ações de custo relativamente baixo.
Resultados obtidos
O uso da metodologia científica para coleta de dados, com a técnica pró-ativa das ferramentas da qualidade geraram importantes alternativas para melhorar os indicadores dos equipamentos em estudo, em alternativas de baixo custo. Atender parâmetros de operação, como qualidade de ar comprimido, foi o exemplo de investimento em manutenção: ampliou a vida útil das partes pneumáticas do equipamento. Outras melhorias foram de natureza organizacional, inclusive maximizando o aproveitamento da mão-de-obra de manutenção. A ferramenta do FMEA para ultrapasteurizadores mostrou um equipamento robusto por conceito, e nos poucos modos de falha de alto RPN, ações de caráter organizacional e baixo custo também predominaram. Investimento significativo é feito na manutenção dos equipamentos, e o levantamento dos dados dos equipamentos demonstram a importância desse tipo de investimento, mantendo esses críticos equipamentos em condições plenas de operação, gerando eficiência operacional e, sobretudo, garantindo segurança alimentar.
Conclusões
Gerar valor com a atividade manutenção passa necessariamente pela adoção de uma metodologia científica em lugar de lançar mão do empirismo (apesar de que este não
pode ser em absoluto descartado), e aí se incluem os brainstormings, as técnicas de priorização (RPN), FMEA, PDCA, etc. Citação especial para a ferramenta de FMEA, que se mostrou útil para aumentar a eficiência global da fábrica como um todo, visto que foi focada nos modos de falha do ultrapasteurizador, equipamento que alimenta com leite as envasadoras, e cujas eventuais paradas invariavelmente redundam numa parada geral da linha. Os dados levantados no estudo de caso, anteriormente ao levantamento de melhorias, trazem conclusões reveladoras sobre verdadeiras panaceias, tão comuns quando se versa sobre gestão da manutenção. Um exemplo é que prevenir sempre é mais barato em se tratando de manutenção. Os dados indicam um equipamento com altíssimo percentual de manutenções reativas, quase 95% do tempo total de intervenções. Porém o plano de manutenção do equipamento é seguido à risca, com um valor apreciável, impactando em perto de 85% do custo de manutenção da companhia. Porém, o indicador de disponibilidade do equipamento é elevado. Cabe o questionamento: qual seria a monta necessária para inverter a proporção de tipos de intervenção (95% de intervenções pró-ativas)? É evidente que esse custo será bem maior do que os benefícios eventualmente proporcionados pelo aumento de disponibilidade de máquina. Esse tipo de conclusão só é possível mediante à análise fria de dados, não na tomada de decisões de caráter emocional, tão comuns na relação manutenção – produção. Importante observar em mais detalhes essa peculiaridade dos equipamentos envolvidos no estudo. Fora de contexto, imaginar uma taxa de falhas quase de 1,5/h é algo impensável, impossível de administrar. Contudo, isso se deve à grande complexidade do equipamento, cuja concepção exige constantes ajustes
Leite & Derivados
e intervenções, mas via de regra extremamente rápidos, levando a uma pouco comum combinação de baixo MTBF e baixo MTTR, garantindo uma eficiência elevada. Todos os dados fundamentais para o estudo de caso, demonstrando as oportunidades de gerar valor com a função manutenção, só estavam disponíveis de forma confiável e com apreciável histórico devido à existência de sistema supervisório, instalado recentemente (cerca de 3 anos após a entrada em operação da planta). A importância do supervisório é notável em equipamentos desse grau de criticidade, provendo com todas as informações necessárias para a tomada de decisão. Para o gestor da manutenção, demonstrar como o departamento pode gerar valor é fundamental para contribuir de forma positiva com o desenvolvimento da organização em que ele está inserido, evitando a pecha de “mal necessário” e demonstrando que dinheiro alocado em custo de manutenção pode vir a ser um investimento, que retorna em aumento de produtividade, melhora da segurança ou redução de custos, bem como evitando uma depreciação do parque fabril.
Referências BEN-DAYA, Mohamed. DUFFUAA, Salih O., RAOUF, Abdul., KNEZEVIC, Jezdimir., AITKADI, Daoud. HANDBOOK OF MAINTENANCE MANAGEMENT AND ENGINEERING. Londres, Springer-Verlag. 2009. HIGGINS, Lindley R., MOBLEY, R. Keith., SMITH, Ricky. MAINTENANCE ENGINEERING HANDBOOK. Nova York, McGraw-Hill. 2002. MUCIDAS, Juliana Hastenreiter. APLICAÇÃO DO CONTROLE ESTATÍSTICO DO PROCESSO NO ENVASE DE LEITE UHT EM UMA INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS. Juiz de Fora, 2010. STAMATIS, D.H. FAILURE MODE EFFECT ANALYSIS: FMEA FROM THEORY TO EXECUTION. Milwaukee, American Society for Quality, 2003.
Nota: dados da Piá, como por exemplo custo e produção, são fictícios, porém com proporcionalidade correta, retratando simulações de valores reais
51
52
TecnoLat
Resumo A cadeia do frio constitui atividades relacionadas ao controle, monitoramento e toda a gestão de fluxo dos alimentos em ambientes com temperatura reduzida desde as unidades de origem até sua disposição nas unidades de consumo. No caso do leite e derivados, este controle se inicia na propriedade rural onde o leite é depositado em tanques de expansão até que seja recolhido pelo laticínio. A redução da temperatura atua na preservação das propriedades originais do leite inibindo o desenvolvimento de micro-organismos, atividade de enzimas e reações químicas responsáveis pela deterioração do produto, e risco potencial à saúde do consumidor.
Abstract The cold chain constitutes activities related to control, monitor and manage the entire flow of the foods in environments with reduced temperature units from origin to its disposal in the units of consumption. In the case of dairy products this control starts at the farm where the milk is deposited in expansion tanks until it is collected by the dairy. The reduction in temperature acts in the preservation of original properties of milk inhibiting the development of micro-organisms, activity of enzymes and chemical reactions responsible for the deterioration of the product and potential risk to consumer health.
EXPRESSO ANO III N.º 15
A cadeia do frio Maria Izabel Merino de Medeiros, Patrícia Blumer Zacarchenco, Darlila Aparecida Gallina, Renato Abeilar Romeiro Gomes, Manuel Carmo Vieira. Centro de Tecnologia de Laticínios – Tecnolat do Instituto de Tecnologia de Alimentos - ITAL 1 Coordenadora do Grupo Especial de Segurança de Alimentos – GESA/ITAL 1
Histórico
A Cadeia do Frio é uma vertente da cadeia de suprimentos e de refrigeração que agrega funções de controle e monitoramento da área de logística, e técnicas da engenharia de refrigeração. O processo de conservação de alimentos remonta desde a pré-história, onde o homem utilizava gelo natural ou neve para a manutenção da temperatura dos alimentos estocados para períodos de escassez (USDA, 2010).
No século XVII, com o advento do microscópio, os micro-organismos começaram a ser estudados. Os pesquisadores da época verificaram que as bactérias em alimentos se multiplicavam em altas temperaturas causando a deterioração do mesmo e que se mantidas a temperaturas menores de 10°C reduziam sua atividade e multiplicação. Nestes estudos ficou claro que a vida útil dos alimentos estava intrinsecamente ligada ao contro-
Janeiro/Fevereiro 2013
le da temperatura, confirmando assim a importância da utilização do gelo natural como insumo do transporte e do armazenamento de alimentos (LITWAK, 1999). O gelo natural possuía grandes limitações de quantidades, durabilidade e higiene que só foram sanadas no final do século XIX com a invenção da refrigeração mecânica e a produção e comercialização de gelo artificial que dominaram os mercados destinados ao controle de temperatura e preservação de alimentos (HOROWITZ, 2006). Os primeiros refrigeradores domésticos que surgiram em 1930 potencializaram o comércio de alimentos de origem vegetal e animal in natura. A demanda por produtos perecíveis estimulou as técnicas de escoamento de produção e estratégias de negócios, assim como a criação de grandes companhias atacadistas de produtos como carnes, pescados, derivados de leite, olerícolas e frutas (HOROWITZ, 2006). No Brasil, até o início do Século XX, o leite não recebia nenhum tipo de tratamento. O transporte do leite antes realizado pelos escravos por meio de latões passou a ser entregue diretamente ao consumidor de porta em porta, transportado em latões, trazidos por carroças e com um curtíssimo prazo de validade. Infelizmente nos dias de hoje ainda observamos em algumas cidades do Brasil a venda de leite informal, sem cuidado algum de refrigeração e garantia de sua qualidade microbiológica, tornando-se um produto de risco potencial à saúde do consumidor. Mais que uma preocupação com a qualidade, a cadeia do frio se preocupa com a segurança dos alimentos. O estudo das demandas, a capacidade de produção e a logística em atmosfera controlada são os responsáveis por
Leite & Derivados
53
produtos de maior qualidade, redução de preços ao consumidor e expansão de mercados que passam a competir internacionalmente (NEVES FILHO, 1997).
Cadeia do Frio X Micro-organismos
A cadeia do frio é definida como sendo o processo de circulação e manipulação dos produtos, desde a produção até o consumo final, com a manutenção de temperatura e umidade adequadas à sobrevida de produtos perecíveis, isentando-os de contaminação bacteriológica e da adulteração de suas especificidades intrínsecas, mantendo seu cheiro, cor, sabor e aparência no prazo de validade (FILHO, 2010). Segundo (FILHO, 2010), a conservação pelo frio é uma das mais utilizadas no dia-a-dia da população. Os congelados vêm se tornando cada vez mais freqüentes na mesa do brasileiro e a refrigeração doméstica é a principal arma da população contra a deterioração dos alimentos e consequente desperdício. A refrigeração consiste essencialmente em resfriar o alimento a partir da sua produção, industrialização e durante toda a sequência da cadeia de abastecimento até o consumo final. É muito importante destacar que a cadeia do frio mantém a qualidade inicial do produto e quando o assunto é leite, as práticas de higiene durante a ordenha e higienização correta dos equipamentos são essenciais para a garantia de uma matéria prima e de um produto final de qualidade microbiológica e sensorial. Rodrigues (2010) cita como benefício da refrigeração a pro-
54
TecnoLat
EXPRESSO ANO III N.º 15
após a pasteurização. Produzem enzimas que degradam as proteínas e lipídios e são as principais responsáveis pelas alterações no rendimento, textura, sabor e odor do leite e seus derivados. Sabendo-se que o resfriamento tem papel fundamental na redução do crescimento de micro-organismos e no retardo das reações químicas de deterioração do leite, evidenciou-se a necessidade da implantação da cadeia de frio, que mantêm o leite resfriado em temperaturas adequadas desde a ordenha (DANESI, 2012).
Legislação longação da vida útil dos alimentos, minimizando as reações de degradação e limitando o crescimento microbiológico, mantendo as características do produto original. Contudo, com a redução da temperatura dos alimentos, nunca se consegue a sua estabilização química nem microbiológica e é imperativa a existência de uma cadeia de frio que mantenha a temperatura estabelecida desde a linha de produção ao momento anterior ao consumo do alimento. A contaminação bacteriana do leite cru pode ocorrer a partir do próprio animal, do homem e do ambiente. Exceto em casos de mastite, o leite ejetado apresenta baixo número de micro-organismos, que não constituem riscos à saúde. A obtenção do leite de vacas sadias, em condições higiênicas adequadas, e o seu resfriamento imediato a 4ºC, são as medidas fundamentais e primárias para garantir a qualidade e a segurança do leite e seus derivados. Do ponto de vista tecnológico, os micro-organismos de maior importância são os que contaminam o leite durante e após a ordenha (ARCURI et al., 2006). A refrigeração do leite, logo após a ordenha, visa diminuir a
multiplicação microbiana. No entanto, a refrigeração do leite, por si só, não é garantia de qualidade. É extremamente importante que o leite cru seja obtido em condições higiênico sanitárias adequadas para diminuir a contaminação inicial e, desta forma, a redução da temperatura possa manter a contagem microbiana em níveis baixos. (FAGUNDES, et al., 2006). A temperatura e o período de armazenamento do leite antes da pasteurização determinam, de maneira seletiva e pronunciada, a intensidade de desenvolvimento das diversas espécies microbianas contaminantes. As temperaturas baixas inibem ou reduzem a multiplicação da maioria das bactérias e diminuem a atividade de enzimas degradativas (ARCURI et al., 2006). As bactérias se dividem em três grupos principais, de acordo com a temperatura em que se desenvolvem. São denominadas psicrófilas, mesófilas e termófilas. Também temos os grupos das psicrotróficas e das termodúricas. Os micro-organismos psicrotróficos são capazes de desenvolver-se em baixas temperaturas sendo os que mais contribuem para a deterioração do leite e derivados, quando se multiplicam antes ou
Assinada em 18 de setembro de 2002, a Instrução Normativa nº 51, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, substituiu a legislação de 1952 e estabeleceu índices mais rígidos de contagem de células somáticas, bacteriana e de resíduos de antibióticos. Em 29 de dezembro de 2011 a Instrução Normativa n° 62 fez atualizações e adaptações necessárias para a cadeia produtiva de leite de vaca no Brasil (BRASIL, 2011). A seguir serão repassadas algumas informações retiradas desta legislação sobre a importância do controle da temperatura em todo o processo de produção e industrialização do leite. O leite cru refrigerado é o produto oriundo da ordenha completa, ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas, refrigerado e mantido nas temperaturas constantes, transportado em carro-tanque isotérmico da propriedade rural para um Posto de Refrigeração de leite ou estabelecimento industrial adequado, para ser processado. Admite-se o transporte do leite em latões ou tarros e em temperatura ambiente, desde que o estabelecimento processador concorde em aceitar trabalhar com esse tipo de
Janeiro/Fevereiro 2013
matéria-prima, que atinja os padrões de qualidade fixada pela normativa n° 62 e que este leite seja entregue ao estabelecimento processador no máximo até duas horas após a conclusão da ordenha. A Normativa n°62 visa fixar as condições sob as quais o Leite Cru Refrigerado deve ser coletado na propriedade rural e transportado a granel, visando promover a redução geral de custos de obtenção e, principalmente, a conservação de sua qualidade até a recepção em estabelecimento submetido à inspeção sanitária oficial. O processo de coleta de Leite Cru Refrigerado a granel consiste em recolher o produto em caminhões com tanques isotérmicos construídos internamente de aço inoxidável, através de mangote flexível e bomba sanitária, acionada pela energia elétrica da pro-
priedade rural, pelo sistema de transmissão do próprio caminhão, diretamente do tanque de refrigeração por expansão direta. autora
Com relação aos tanques de refrigeração e armazenagem do leite na propriedade rural, deve existir local próprio e específico para sua instalação, e para que seja
Leite & Derivados
mantido sob condições adequadas de limpeza e higiene, atendendo, ainda, o seguinte: - ser coberto, arejado, pavimentado e de fácil acesso ao veículo coletor, recomendando-se isolamento por paredes; - ter iluminação natural e artificial adequadas; - ter ponto de água corrente de boa qualidade, tanque para lavagem de latões (quando utilizados) e de utensílios de coleta, que devem estar reunidos sobre uma bancada de apoio às operações de coleta de amostras; - a qualidade microbiológica da água utilizada na limpeza e sanitização do equipamento de refrigeração e utensílios em geral constituem ponto crítico no processo de obtenção e refrigeração do leite, devendo ser adequadamente clorada.
55
56
TecnoLat - Os equipamentos de Refrigeração devem ter capacidade mínima de armazenar a produção de acordo com a estratégia de coleta e em se tratando de tanque de refrigeração por expansão direta, ser dimensionado de modo tal que permita refrigerar o leite até temperatura igual ou inferior a 4ºC no tempo máximo de três horas após o término da ordenha, independentemente de sua capacidade; - No caso de tanque de refrigeração por imersão deverá ser dimensionado de modo tal que permita refrigerar o leite até temperatura igual ou inferior a 7ºC no tempo máximo de três horas após o término da ordenha, independentemente de sua capacidade. Admite-se o uso coletivo de tanques de refrigeração a granel (“tanques comunitários”), por produtores de leite, desde que baseados no princípio de operação por expansão direta. A localização do equipamento deve ser estratégica, facilitando a entrega do leite de cada ordenha no local onde o mesmo estiver instalado. É importante destacar que sua capacidade de refrigeração para uso coletivo deve ser dimensionada de modo a propiciar condições mais adequadas de operacionalização do sistema, particularmente no que diz respeito à velocidade de refrigeração da matéria-prima. Com relação ao tanque isotérmico para coleta de leite a granel podemos destacar que o tempo transcorrido entre a ordenha inicial e seu recebimento no estabelecimento que vai beneficiá-lo (pasteurização, esterilização, etc.) deve ser no máximo de 48 horas, recomendando-se como ideal um período de tempo não superior a 24 horas). A eventual passagem do Leite Cru Refrigerado na propriedade rural por um Posto de Refrigeração implica sua refrigeração em equipamento a placas até temperatura não superior a 4ºC,
EXPRESSO ANO III N.º 15
admitindo-se sua permanência nesse tipo de estabelecimento pelo período máximo de seis horas. A temperatura e o volume do leite devem ser registrados em formulários próprios. O leite refrigerado a granel pode ser recebido a qualquer hora, de comum acordo com a empresa, observado os prazos de permanência na propriedade/estabelecimentos intermediários e as temperaturas de refrigeração. Nas dependências de beneficiamento, industrialização e envase de leite A, o pasteurizador deve ser de placas e possuir painel de controle, termo-registrador automático, termômetros e válvula automática de desvio de fluxo, bomba positiva ou homogeneizador, sendo que a refrigeração a 4°C máximos após a pasteurização deve ser feita igualmente em seção de placas; A câmara frigorífica deve ter
capacidade compatível com a produção da Granja, e estar situada anexa à dependência de beneficiamento e em fluxo lógico em relação ao local de envase e à expedição. São aceitas câmaras pré-moldadas ou construídas em outros materiais, desde que de bom acabamento e funcionamento. As aberturas devem ser de aço inoxidável, fibra de vidro ou outro material; O leite envasado deve ser imediatamente depositado na câmara frigorífica e mantido à temperatura máxima de 4°C, aguardando a expedição. A expedição do Leite Pasteurizado tipo A deve ser conduzida sob temperatura máxima de 4°C, mediante seu acondicionamento adequado, e levado ao comércio distribuidor através de veículos com carroçarias providas de isolamento térmico e dotadas de unidade
Janeiro/Fevereiro 2013
frigorífica, para alcançar os pontos de venda com temperatura não superior a 7°C . A responsabilidade pelo controle de qualidade do produto elaborado é exclusiva da granja leiteira, inclusive durante sua distribuição. Sua verificação deve ser feita periódica ou permanentemente pelo Serviço de Inspeção Federal, de acordo com procedimentos oficialmente previstos, a exemplo das auditorias de Boas Práticas de Fabricação (BPF) e dos Sistemas de Análise de Perigos e de Pontos Críticos de Controle (APPCC) de cada estabelecimento e segundo a classificação que este receber como conclusão da auditoria realizada (BRASIL, 2011). Ademais, as práticas de higiene para elaboração do produto devem estar de acordo com o estabelecido no Código Internacional Recomendado de
Referências ARCURI, E. F.; BRITO, M. A. V. P.; BRITO, J. R. F.; PINTO, S. M.; ÂNGELO, F. F.; SOUZA, G. N. Qualidade microbiológica do leite refrigerado nas fazendas. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.58, n.3, p.440-446, 2006. BRASIL. Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução normativa n. 62, de 29 de dezembro de 2011. Diário Oficial da União, 30 dez. 2011. Disponível em: http://www.in.gov. br/visualiza/index.jsp?data=30/12/2011&jornal=1&pagina=6&tot alArquivos=160 DANESI, E. D. G.; GUIDO, E. S.; LEMES, A. C.; WOSIACKI, S. R.; GODOY, C. L.; TAKEUCHI, K. P. Monitoramento de pequenas propriedades leiteiras do município de Barbosa Ferraz/PR para assessoria tecnológica. Revista Tecnológica Maringá, v. 21, p. 27-33, 2012. FAGUNDES, C. M.; FISCHER, V.; SILVA, W. P.; CARBONERA, N.; ARAÚJO, M. R. Presença de Pseudomonas spp em função de diferentes etapas da ordenha com distintos manejos higiênicos e no leite refrigerado. Ciência Rural, v.36, n.2, mar-abr, p. 568-572. 2006. FIGUEIREDO, J. C.; PAULILLO, L. F. Gênese, modernização e reestruturação do complexo agroindustrial lácteo brasileiro. Revista Organizações Rurais Agroindustriais. v. 7, n. 2, p. 173-187, Lavras, 2006. FILHO, S. M. S. Terceirização Da Atividade De Transporte Na Cadeia Do Frio: O Caso Tru Logística E Karnekeijo. Encontro Nacional De Engenharia De Produção. Disponivel em < http://www.abepro. org.br/biblioteca/enegep2010_TN_STO_113_741_15471.pdf >. 2010. HOROWITZ, R. Putting meat on the american table. Baltmore, Maryland, USA: John Hopkins University Press, 2006. LITWAK, D. “Cold as Its Weakest Link”. Supermarket Business, n.54(6), p. 119-123, 1999. NEVES FILHO, L. C. Refrigeração e Alimentos Apostila do curso de Engenharia de Alimentos. Universidade Estadual de Campinas. Campinas; SP, 1997. RODRIGUES, I. Utilização De Baixas Temperaturas Na Conservação De Alimentos. Disponivel em < http://www.esac.pt/noronha/ pga/0708/AulasFrio2007_2008.pdf > 2010. USDA, United States Department of Agriculture. History of Refrigeration. Disponível em: http://www.fsis.usda.gov/Fact_Sheets/ Refrigeration_&_Food_Safety/index.asp#1.
Leite & Derivados
Práticas, Princípios Gerais de Higiene dos Alimentos (CAC/RCP I -1969, Rev. 3, 1997), além do disposto no “Regulamento Técnico sobre as Condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Elaboradores/Industrializadores de Alimentos”, aprovado pela Portaria MA nº 368, de 4 de setembro de 1997 (BRASIL, 2011).
Conclusão
Nestes anos foram diversos os avanços tecnológicos aplicados ao leite de consumo até caracterizar seu mercado atual. Novos tratamentos térmicos, novas embalagens, novos sistemas de transporte e outras tecnologias, permitiram que o leite antes consumido in natura pudesse chegar ao consumidor, em ótimas condições de consumo e armazenamento, considerado um alimento seguro, de durabilidade, assim como variados teores de gordura, quantidades de vitaminas, sabores, nutrientes, etc. Fica claro o importante papel da cadeia do frio para o produtor e indústria leiteira na manutenção da qualidade da matéria prima e na obtenção de um produto final nutritivo e seguro.
57
58
ÍNDICE DE ANUNCIANTES
Janeiro/Fevereiro 2013
Leite & Derivados
Acqua Engenharia ..................................................................................... 8
Inoxul ............................................................................................................53
Agrícola Horizonte ...................................................................................33
Interozone ..................................................................................................17
Anuário RLD ..............................................................................2ª capa / 3
M Cassab .....................................................................................................31
Anuncie RLD........................................................................................ 34/35
Milainox .......................................................................................................27
B&B Inox ........................................................................................................55
MRK ...............................................................................................................25
Casa Forte ....................................................................................................15
Multifrio-Zanotti ....................................................................................29
CHR Hansen ................................................................................................19
Odim .............................................................................................................57
Cryovac ..............................................................................................4ª capa
Plurinox ........................................................................................................44
DOM ..............................................................................................................14
Poly Clip ......................................................................................................... 5
Doremus ......................................................................................................... 9
Recinox - Ricefer .....................................................................................39
Fibrav ..............................................................................................................11
Sial ..................................................................................................................... 7
Fispal Tecnologia ...........................................................................3ª capa
Tecam ............................................................................................................23
GTA .................................................................................................................43
Ulma ..............................................................................................................21
Inoxserv ........................................................................................................13
Vitafoods ..................................................................................................... 41