ARTE DA TERRA
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ARTE DA TERRA
Olá Cultura • 2ª Edição
ANÚNC IO MERANTE ILUS TRAT IVO
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Sumário
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Alto da Sé
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Recife Antigo
ARTE DA TERRA
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A beleza Simples do
GASTRONOMIA REGIONAL
ÁREA EDITORIAL Diretor Geral: Chyrllene K Redator: Maria Eduarda Maux Assistente de redator: Jefferson Revisor: Chyrllene Alburqueque Editor: Verlúcia Santos Diagramadores: Jefferson, Verlúcia Direção de Arte: Jefferson Fotografias: Jefferson Alípio
ÁREA TÉCNICA Projeto Gráfico: CJMV Pré-impressão e impressão: by jeff Tiragem: 1 Públicidade: CoffeeBreak, Boutique Iderê
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Cotidiano 28
Do colchão de noiva ao bolo de rolo
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ARTE DA TERRA
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AN ÚN CIO MERANTE ILUS TRATIVO
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CULTURA E CIDADE
Alto da Sé, um espetáculo Deslumbrante!
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lto da Sé, onde tudo começou. O início da povoação de Olinda aconteceu na colina batizada de Alto da Sé, com uma excepcional vista para o oceano. O ponto mais alto da linda Olinda, a filha mais velha de Pernambuco é o Alto da Sé, de onde se avistam os belos coqueiros, o azul do mar, os casarios, igrejas seculares e também sua irmã, a bela Recife. A visão panorâmica é deslumbrante e bastante emocionante. Poder ver tanta beleza natural e saber que há centenas de anos atrás, outras pessoas também tiveram este sentimento de encantamento, é demais. Os Turistas que chegam em Pernambuco, consideram a Sé de Olinda um passeio obrigatório. É a história viva do Brasil. Ainda hoje o turista encontrará muitos atrativos para fotografar e ver do Alto da Sé o oceano com suas embarcações. O circuito das igrejas também merece um destaque especial. Existem inúmeras delas, dedicadas aos mais diferentes santos. A Igreja da Sé, ou como é conhecida: Sé de Olinda é um dos monumentos mais representativos da história de Olinda. Sua denominação atual: Catedral Metropolitana de Olinda e Recife. Do terraço lateral existe uma vista deslumbrante. O Castelo e Fortaleza, que se encontra em frente ao prédio do Observatório Meteorológico, no Alto da Sé, o visitante vão ver o marco que indica onde foi erguidos Castelo e Fortaleza do donatário, com a seguinte legenda: ‘Neste morro levantou seu castelo Duarte Coelho Pereira,
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CULTURA E CIDADE
que deu início à Vila de Olinda, memória da colonização de Pernambuco, em 1537’. O Observatório Meteorológico é outro monumento muito visitado, no Alto da Sé de onde se projeta uma das mais belas visões de Olinda e Recife que estão interligadas pelo mar. Sua construção data do século XIX. O Farol no Forte de Montenegro, à beira mar, foi instalado a fim de facilitar a navegação. Adquirido em 1869, o farol de Olinda foi aceso pela primeira vez na tarde de 18 de novembro de 1871. É a cada ano visitado por uma infinidade de turistas. Além dos monumentos o turista poderá ver e se desejar comprar, os artesanatos regionais, entalhados em madeira, barro ou ferro, tecido ou renda, exposta nas barracas existentes no Alto da Sé. Olinda é pura beleza e arte nas ruas de seu sítio histórico, inspiração para vários artistas plásticos que escolheram a cidade para montarem ateliês, galerias e museus. No pátio em torno da igreja, além do comércio bem variado de artesanatos nordestinos, existe uma espécie de “praça de alimentação” ao ar livre com a venda de comidas típicas, como por exemplo, a famosa tapioca com coco e queijo de coalho. Nas ladeiras de Olinda brota uma infinidade de manifestações artísticas. A maior delas o ‘Carnaval de Olinda’. Dona do maior carnaval do mundo, as ladeiras de Olinda enchem-se de fantasias e cores durante os quatro dias de folia. Os maracatus, os caboclinhos, as troças, bonecos gigantes e qualquer outro batuque, encontram nas ladeiras de Olinda o seu palco. Ao caminhar pelas ruas estreitas, observar os casarios centenários e a vegetação local, e a vista para o mar, o turista terá muitas razões para retornar a esta linda cidade que foi e continua sendo: ‘Oh! Linda situação para uma vila!’. Turistas e pernambucanos, não deixem de visitar a bela Olinda. Mesmo subindo as ladeiras, caminhando, vale a pena o sacrifício, pois Olinda é muito linda! Ao chegar no topo do centro histórico, depois de uma subida simpática, encontra-se a Sé e um dos panoramas mais interessantes de Recife visto de lá. No alto de Olinda, não só enxergamos o restante do município, assim como uma grande parte da cidade de Recife, principalmente a porção correspondente ao Recife antigo. Linda paisagem, ventinho bom no rosto… Mas o sol não alisa! No alto da Sé, também acontece uma feira de artesanato bacana, onde os nativos expõem trabalhos de artistas locais, assim como seus próprios trabalhos. Objetos de barro, telas que trazem o olhar nativo da cidade, quadros com frases engraçadinhas, enfim, há de tudo. Além de artesanato, são vendidos também os beijus de tapioca, ou simplesmente tapioca, que são feitos na hora e recheados geralmente com carne seca e queijo coalho. Outro ponto que chama bastante a atenção na cidade é a presença maçica de Ateliers, que reflete a preocupação com a cultura nativa. Há um incentivo grande em valorizar a arte local, traduzida não somente na presença dos ateliers, mas na preservação de tradições, como a própria configuração das casas e do carnaval olindense.
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Recife Antigo, quatro séculos de estilo.
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Bairro do Recife resume no seu perímetro mais de quatro séculos de formação de uma cidade. A diversidade da malha urbana e dos estilos arquitetônicos que convivem lado a lado são o testemunho dessa trajetória. Andar pelas ruas do Bairro do Recife é reviver estes quatro séculos de história. Muitos sobrados foram recuperados pelo poder público, que utilizou o contraste das cores para destacar os detalhes da arquitetura eclética do século 19, até então escondida por trás de fachadas descaracterizadas ou arruinadas. O local foi tombado e elevado à condição de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, para nascer com um novo conceito em matéria de serviços, comércio e lazer, abrigando em casarões centenários um complexo de bares, boates, galerias e casas de show. O bairro foi refúgio dos primeiros judeus a chegarem à América e o maior centro econômico de Pernambuco até o início do século. De portas abertas todos os dias da semana, com muitos restaurantes abrindo para almoço, o Recife Antigo é o point da juventude nas sextas e sábados à noite e uma ótima pedida de happy-hour para executivos do centro de Recife. O bairro também oferece aos visitantes a oportunidade de se ter uma bela viOlá Cultura • 2ª Edição
são das pontes que cruzam o Capibaribe, por onde são realizados passeios de catamarã à noite ou de dia, saindo do Marco Zero. O Recife antigo é um ponto turístico obrigatório. A melhor maneira de desbravar o bairro é andando a pé pelas suas ruas de paralelepípedos e pedras portuguesas. Comece pela Rua do Bom Jesus, com casario peculiar holandês e galerias de arte. O tour deve incluir ainda o Observatório Cultural Torre Malakoff, que descortina uma das mais bonitas vistas da cidade; e o Teatro Apolo - inaugurado em 1846 e fechado durante mais de um século, é hoje um dos mais concorridos cinemas de Recife. Para terminar, aprecie o visual da cidade a partir do Marco Zero, à beira do rio Capibaribe. O Marco Zero, localizado no Recife Antigo, é uma placa de bronze informa que “As distâncias no Recife são medidas a partir desse ponto”. Lá há uma pracinha rodeada por alguns dos edifícios mais antigos do Recife e de lá pode-se visualizar o Parque das Esculturas, com obras esculpidas por Brennand, um dos mais famosos artistas pernambucanos. Todo o centro histórico parte deste ponto. Este é o local em que Recife nasceu e é onde os principais eventos culturais do Recife acontecem. Se você estiver na cidade e souber
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que haverá um show no Marco Zero, não perca! Localizada no centro do Recife Antigo, A rua dos Judeus, ou do Bom Jesus, como se denomina atualmente, continua muito próxima do que foi outrora. Quando se passa por ela ainda se respira no ar o frenesi do que foi o comércio naquela rua, nos tempos do Brasil Colônia. Ela concentra vários restaurantes e clubes noturnos e nela foi recentemente restaurada a primeira Sinagoga das Américas. Próxima à rua do Bom Jesus, encontra-se a Torre Malakof, o observatório é aberto ao público algumas noites e durante o dia, os salões da torre freqüentemente abrigam exposições culturais.
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A beleza simples do cotidiano “Ver a beleza simples do cotidiano e expressar lá na pintura primitiva é compartilhar as expressões alegres da vida, é ser livre e ser criança sem nenhuma barreira ou limite, onde tudo é possível, até mesmo a magia. A magia da cor e sobretudo do amor.”
Militão dos Santos
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A
arte Naif representa a criação primitiva, ingênua, espontânea, popular, além daquelas que incorporam a cultura visual do povo e suas representações. E ninguém melhor que Militão dos Santos para representar essa belíssima forma da cultura Pernambucana.
em que surge uma realidade pictórica de contagiante explosão de sentimentos.
Uma das maiores dificuldades de se debruçar sobre a arte dita naif, primitivista ou ainda de matriz popular é que ela se apresenta como aparentemente simples.
Suas obras retratam ambientes brasileiros, em que se destaca o animado colorido, bem como a religiosidade e a raiz nordestina. Temas populares, que o artista conhece bem, como feiras e festas, são levados para a tela de modo a despertar no observador o que ele tem de melhor. Existe uma recuperação da idéia de que a realidade pode ser harmoniosa e da valorização de um paraíso perdido pelo cotidiano urbano em que as pessoas vagam solitárias.
No entanto, é justamente esse um dos maiores enganos das críticas feitas a pintores que expressam a sua visão de mundo com autenticidade. Esse é o caso de Militão dos Santos. Nascido em Caruaru, PE, sua principal característica está na intensidade das cores. Elas são utilizadas sem medo, estabelecendo uma atmosfera de ampla vivacidade
A pintura do artista consegue assim articular um universo de sensações em que a alegria de viver é fundamental. Ela se manifesta pela mencionado uso das cores e por composições em que o equilíbrio visual está associado à força de um trabalho que se caracteriza pelo amor à vida sobre todas as coisas.
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Galeria de Arte
Militão dos Santos: 1 - Carnaval de Rua 2 - Frevo 2012 3 - Ciranda em Porto de Galinhas 4 - Carnaval de Olinda
Mais do Artista 1
http://militaodossantos.artelista.com/ http://www.militaodossantos.com/
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ANÚNCIO MERANTE ILUSTRATIVO
A pausa para o café é hora de relaxar, esquecer o estresse.
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16 CAPA
Luiz Gonzaga: O poeta sanfoneiro
“
Meu nome é Luiz Gonzaga, não sei se sou fraco ou forte, só sei que, graças a Deus, té pra nascer tive sorte, apois nasci em Pernambuco, o famoso Leão do Norte. Nas terras do novo Exu, da fazenda Caiçara, em novecentos e doze, viu o mundo a minha cara. No dia de Santa Luzia, por isso é que sou Luiz, no mês que Cristo nasceu, por isso é que sou feliz.”
Foi uma das mais completas, importantes e inventivas figuras da música popular brasileira. Cantando acompanhado de sua sanfona, zabumba e triângulo, levou a alegria das festas juninas e dos forrós pé-de-serra, bem como a pobreza, as tristezas e as injustiças de sua árida terra, o sertão nordestino, para o resto do país, numa época em que a maioria das pessoas desconhecia o baião, o xote e o xaxado.
Admirado por grandes músicos, como Dorival Caymmi, Gilberto Gil, Raul Seixas, Caetano Veloso, entre outros, o genial instrumentista e sofisticado inventor de melodia e harmonias, ganhou notoriedade com as antológicas canções Baião (1946), Asa Branca (1947), Siridó (1948), Juazeiro (1948), Qui Nem Jiló (1949) e Baião de Dois (1950).
Gonzagão gravou 627 músicas em 266 discos. Sendo 53 músicas É responsável pela consoli- de sua autoria, 243 de sua autoria dação cultural do Nordeste. Cantou o com parceiros e 331 de outros autosertão em verso e prosa. Foi um de- res/compositores. fensor das causas do semi-árido nordestino. O seu centenário merece ser comemorado em grande estilo. Olá Cultura • 2ª Edição
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Biografia
Em 13 de dezembro de 1912, nasceu o Rei do Baião, no pequeno vilarejo com o emblemático nome de Exu, no sertão pernambucano, e recebeu o nome de Luiz Gonzaga Nascimento. Luiz porque era dia de Santa Luzia, Gonzaga por sugestão do vigário que o batizou, e Nascimento por ser o mês em que Maria deu à luz Jesus. Ele era filho de Ana Batista de Jesus, uma cabocla bonita conhecida como Santana, e de Januário José dos Santos, o único tocador de sanfona da região, um fole de oito baixos.
cal. Então, virou soldado-corneteiro e ganhou o apelido de Bico de Aço. Ainda no exército, em 1936, aprendeu a tocar sanfona de 120 baixos; comprou uma de 48 baixos e tocou em algumas festas. Ele pagou uma pequena fortuna para comprar uma sanfona branca, Honner, de 80 baixos, de um caixeiro-viajante. Só que o cara era um vigarista. Luiz Gonzaga, que a essa altura servia em um quartel em Ouro Preto (MG), foi então pra São Paulo atrás do vendedor pilantra. Não conseguiu achar o sujeito, mas não voltou de mãos vazias. Com o dinheiro que faltava Segundo dos nove filhos do casal, pagar ao caixeiro-viajante, comprou uma aos 8 anos já empunhava sua sanfona e sanfona igualzinha a que o fulaninho que recebia cachê para cantar e tocar a noite o enganou ofereceu a ele. inteira em festas da região. Em 1920, era famoso por lá. Quatro anos depois, por causa de uma enchente, a família se mudou para Araripe. Lá, Gonzaga adquiriu um fole Kock de oito baixos, com a ajuda de um coronel, que pagou a metade do preço do instrumento. Luiz Gonzaga já ganhava mais que o pai, mas não tanto para comprar sozinho o fole, muito acima de suas posses. Em 1926, ele foi para o Rio de Janeiro. Lá, se apaixonou por Nazarena, mas o pai da moça não gostou nem um pouquinho do namoro. Arrumou uma confusão e acabou vendendo sua sanfoninha de oito foles, indo em seguida para o Ceará. Aumentou sua idade para entrar no exército, e virou soldado Nascimento. Correu o país em missões militares durante a Revolução de 1930. Enquanto isso, seu pai, mestre Januário, conseguiu reaver a sanfona que Gonzaga tinha vendido. Gonzaga continuou no exército e, nas horas de folga, não deixava de ouvir músicas no rádio. Aí, decidiu fazer um concurso para músico, no exército mesmo – mas foi reprovado. Não conhecia a escala musi-
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Em 1939, Gonzaga deu baixa do exército. Voltou para o Rio com intenção de, de lá, ir para casa em Exu. Mas acabou ficando na Cidade Maravilhosa. Foi no Rio que apresentou pela primeira vez em um palco, o cabaré chamado O Tabu. Ritmos estrangeiros invadiram o país como consequência da grande guerra e Luiz Gonzaga não se fez de rogado: tocava todo tipo de música, incluindo blues e fox trot. Voltando às raízes, em 1940 foi ao programa de rádio de Ary Barroso, Calouros em Desfile; tocou a música “Vira e Mexe”, de sua terra, e conseguiu nota máxima. Então, ele foi trabalhar com Zé do Norte no A Hora Sertaneja, programa da Rádio Transmissora. No ano seguinte, assinou contrato com gravadora RCA Victor e lançou 4 músicas em um disco de 78 rotações. Gravou mais dois e ganhou destaque na mídia. Gonzagão gravou 30 discos instrumentais - não podia cantar neles por imposição da gravadora. Seu sucesso, até então, era apenas como sanfoneiro.
Em 1943, viu o sanfoneiro catarinense Pedro Raimundo se apresentar com roupas de gaúcho. Decidiu, então, vestir-se com roupas típicas do nordeste. E mais: irritou-se com a interpretação que Manezinho Araújo deu a uma composição sua em parceria com Miguel Lima: “Dezessete e Setecentos”. Resolve cantá-la. E aí seu sucesso só fez crescer, crescer e crescer. Gonzagão foi para a Rádio Nacional, onde Paulo Gracindo acabou divulgando seu novo apelido, Lua, por ter cara redonda. Em 1945, gravou seu primeiro disco tocando e cantando. O hit é “Dança Mariquinha”. O sucesso aumentou. Gravou mais e, em 1947, lançou a música que é um ícone de sua obra e um dos grandes clássicos da MPB: “Asa Branca”, em parceria com Humberto Teixeira. Foi também nessa época que adotou o acessório que marcou sua imagem, um chapéu de couro igual ao que Lampião usava. No ano seguinte, casou-se com Helena das Neves. Mas Luiz Gonzaga já tinha um filho de 3 anos de uma relação anterior, Luiz Gonzaga do Nascimento Junior. Posteriormente, adotou uma menina com Helena, a Rosa Maria. Em 1949, muito preocupado com a violenta guerra entre coroneis que acontecia em Exu, resolveu trazer a família para o Rio. Começou a compor muito, principalmente em parceria com Humberto Teixeira e Zé Dantas. Suas músicas passaram a ser gravadas também por outros intérpretes e, em 1951, ele já era o Rei do Baião. A gravadora RCA Victor trabalhava praticamente só para ele. Em 1955, gravou seu primeiro disco de 45 rotações e, em seguida, o primeiro LP, de 10 polegadas e 33 rotações. Em 1958, no auge da Bossa Nova, gravou um LP de 12 polegadas: Xamego.
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Em 1961, Luiz Gonzaga resolveu virar Maçom. Sofreu seu segundo acidente de carro e feriu o olho direito. Dois anos depois, sua sanfona Universal foi roubada e ele adotou, definitivamente, a sanfona branca. Mandou gravar “É do Povo” em todos os seus instrumentos.
Em 1980, ele cantou para o Papa João Paulo II e recebeu um “obrigado, cantador”. Ele se emocionou muito. Em 1982, virou, enfim, Gonzagão. O filho, Gonzaguinha, o acompanhou numa turnê e já mostrava que só daria orgulho ao pai. Os dois haviam gravado juntos o LP Descanso em Casa, Moro no Mundo, grande sucesso. Em 1984, ganhou seu primeiro Disco de Ouro com o LP Danado de Bom. Três anos depois, veio o Disco de Platina com Forró de Cabo a Rabo. Em 1988, foi para a gravadora Copacabana. Lá gravou seus últimos LPs.
Depois do golpe militar, em 1965, Geraldo Vandré gravou “Asa Branca” e Gilberto Gil começou a falar do Rei do Baião em suas entrevistas. Luiz Gonzaga gravou “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores”, hino contra a ditadura, e “Fica Mal com Deus”, ambas compostas por Vandré. Naquele ano, separou-se de Helena e assumiu a relação com Edelzuíta Rabelo. Aconteceu uma coisa engraça- Em 1989, Gonzagão se apresentou pela da em 1968. Carlos Imperial começou a última vez, surgindo no palco em uma caespalhar que os Beatles gravaram “Asa deira de rodas. Ele sofria de osteoporose Branca”! Mentira, claro. Luiz Gonzaga e, desobedecendo ordens médicas, partiocupou de novo muito espaço na impren- cipou de um show, com Dominguinhos, sa por causa dessa brincadeira e virou Alceu Valença e Gonzaguinha, entre oudestaque na revista Veja com a matéria tros, no dia 6 de junho no teatro Guara“Gonzaga: a volta do Baião”. Em 1971, rapes, em Recife. No dia 21 de junho foi Caetano Veloso e Sérgio Mendes gravam internado e morreu no dia 2 de agosto, “Asa Branca”. O nordestino de Exu virou aos 76 anos, no Hospital Santa Joana, sucesso entre os hippies. na capital pernambucana. Curiosamente, nesse mesmo dia, uma galinha pela qual No ano seguinte, aos 59 anos, Luiz Gonzaga tinha grande estima morGonzaga se apresentou para um público reu também. A galinha estava em uma jovem no Teatro Teresa Raquel, no Rio, das fazendas que o Rei do Baião havia uma iniciativa de Capinam. Deixou a RCA vendido com tudo dentro, fazendo, poVictor e foi para a Odeon. O grego Demis rém, uma recomendação especial para Roussos também gravou “Asa Branca”, cuidarem muito bem da bichinha. Dizem em versão em inglês, “White Wings”. que ela morreu de tristeza.
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Homenagens No ano do centenário do rei do baião, muitas homenagens são prestadas, não apenas em Pernambuco mais em todo Brasil. Estas homenagens mostram quem foi esse grande Pernambucano e como ele conseguiu mudar a história de uma região, nosso querido nordeste; retratando a simplicidade e o amor puro do povo nordestino. Para quem acompanhou o desfile da Unidos da Tijuca, pode conhecer bem quem foi o nosso querido Lula. A escola campeã o homenageou com o enredo: “O dia em que toda a realeza desembarcou na avenida para coroar o rei Luiz do sertão”. Segue a letra do samba, composto por Vadinho, Josemar Manfredini, Jorge Callado, Silas Augusto e Cesinha: Nessa viagem arretada “Lua” clareia a inspiração Vejo a realeza encantada Com as belezas do Sertão “Chuva, sol”, meu olhar Brilhou em terra distante Ai, que visão deslumbrante, se avexe não Muié rendá é rendeira E no tempero da feira O barro, o mestre, a criação Mandacaru, a flor do cangaço Tem “xote menina” nesse arrasta-pé Oh! Meu Padim, santo abençoado É promessa, eu pago, me guia na fé
Em cada estação, a “triste partida” Eu vi no caminho vida severina À margem do Chico espantei o mal Bordando o folclore, raiz cultural Simbora que a noite já vem, “saudades do meu São João” “Respeita Véio Januário, seus oito baixo tinhoso que só” “Numa serenata” feliz vou cantar No meu Pé de Serra festejo ao luar Tijuca, a luz do arauto anuncia Na carruagem da folia, hoje tem coroação A minha emoção vai te convidar Canta Tijuca, vem comemorar “Inté Asa Branca” encontra o pavão Pra coroar o “Rei do Sertão”
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Já na Bahia, a homenagem fica por conta da exposição “O imaginário do Rei, visões sobre o universo de Luiz Gonzaga”, que fica até 10 de junho com acesso gratuito e acontece no Palacete das Artes Rodin Bahia a mostra. A homenagem também foi feita pela orquestra de sanfona da bahia que através do projeto Um Forró Para Seu Luiz, no Pelourinho, Savador – BA, tocou as músicas do rei. Em várias cidades do Brasil, a homenagem é feita através de shows com entrada franca e comidas regionais. Além disso, são produzidas pesquisas, livros e objetos afins com o tema em homenagem a esse grande pernambucano que viverá eternamente em nossos corações.
O Baião O baião é um ritmo musical nordestino, acompanhado de dança, muito popular na região nordeste e norte do Brasil. Foi na década de 1940 que ele tornou-se popular, através dos músicos Luiz Gonzaga (conhecido como o “rei do baião”) e Humberto Teixeira (“o doutor do baião”). Ele utiliza muito os seguintes instrumentos musicais: viola caipira, sanfona, triângulo, flauta doce e acordeon. Os sons destes instrumentos são intercalados ao canto e a temática é a vida, os sentimentos, o cotidiano e as dificuldades da vida dos nordestinos, principalmente do sertão. O baião recebeu, na sua origem, influências das modas de viola, música caipira e também de danças indígenas. Os seis grandes sucessos são: - Asa Branca Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira - Baião de Dois Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira - Mulher Rendeira – Zé do Norte - Boi Bumbá – Gonzaguinha e Luiz Gonzaga - Baião da Penha David Nasser e Guio de Morais OláOlá Cultura Cultura • 2ª• Edição 2ª Edição
CAPA 23
Sucesso Asa Branca Quando oei a terra ardendo Quá foguera de São João Eu preguntei(ei) a Deus do céu, ai Pru que tamanha judiação? Qui brazero, qui fornaia Nem um pé de prantação Por farta d’água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão Inté mesmo asa branca Bateu asa do sertão Entonce eu disse adeus Rosinha Guarda contigo meu coração Hoje longe muitas légua Numa triste solidão Espero a chuva cai de novo Prá mim vortá pró meu sertão Quando o verde dos teus oios Se espaia na prantação Eu te asseguro, num chore não, viu, Que eu vortarei, viu, meu coração.
O apogeu do Baião perpassou a segunda metade da década de 40 até a primeira metade da década de 50, época na qual Gonzaga consolida-se como um dos artistas mais populares em todo território nacional. Tal sucesso é devido principalmente à genialidade musical da “Asa Branca” (composição dele com Humberto Teixeira), um hino que narra toda trajetória do sofrido imigrante nordestino. Asa Branca foi composta em 03 de março de 1947. Foi cantada por Luis Gonzaga e posteriormente por vários artistas (Fagner, Caetano Veloso) etc. O tema da canção é a seca no Nordeste brasileiro que é muito intensa, a ponto de fazer migrar até mesmo a ave asa-branca (columba picazuro, uma espécie de pombo). A seca obriga, também, um rapaz a mudar da região. Ao fazê-lo, ele promete voltar um dia para os braços do seu amor. Há uma continuação de Asa Branca, intitulada A Volta da Asa Branca, que trata do retorno do retirante e de sua nova vida no Nordeste. A descrição do tema que é a seca no nordeste do Brasil e seus retirantes é muito intensa nos seguintes versos: “Que braseiro, que fornaia Nem um pé de prantação Por farta d’água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão” Asa Branca é um lamento do rapaz apaixonado, que vai embora do sertão, fugindo da seca, mas prometendo à sua amada, voltar um dia, mas há uma condição; “Quando o verde dos teus óio Se espanhar na prantação Eu te asseguro não chore não, viu Que eu vortarei, viu Meu coração”.
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Gastronomia Pernambucana Pernambuco possui o terceiro pólo gastronômico do país. Com uma forte influência portuguesa, negra e indígena, a gastronomia pernambucana é especial. Herdamos dos índios, o costume de comer raízes. Macaxeira e inhame, por exemplo. Dos negros, ficamos com os pratos feitos dos restos da casa grande: galinha à cabidela, carne de sol, sarapatel, buchada e feijoada. Outras delícias vêm de Portugal, com o hábito de misturar açúcar com tudo. Numa terra de frutos tropicais como Pernambuco, isso só poderia resultar em delícias como a goiabada, os doces de jaca, caju, a cocada e os sorvetes. Os pratos típicos do Estado refletem a miscigenação de raças, responsável por uma das culinárias mais criativas do Brasil. A diversidade da gastronomia local é capaz de deixar qualquer
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um com água na boca. Tem sarapatel, buchada, rabada, feijoada, dobradinha, mão-de-vaca, cozido, chambaril, peixada pernambucana, macaxeira com charque e a tradicional carne-de-sol. Achou pouco? Para a sobremesa tem os deliciosos bolo de rolo, bolo Souza Leão e ainda a Cartola, feita com banana frita, queijo, canela e açúcar. Quem acha que a primeira refeição do dia deve ser a mais leve, não conhece um típico café da manhã pernambucano. No menu do desjejum tem cuscuz de milho ou de mandioca, inhame e macaxeira com carne de sol ou charque, batata doce, banana comprida, munguzá, frutas, pão, arroz doce, angu, coalhada, broa de milho, canjica e pamonha. Os sucos e refrescos de frutas regionais, a exemplo do caju, são idéais para acompanhar a refeição.
A tapioca do Alto da Sé, em Olinda, dá gosto ao pôr-do-sol visto de lá. Na praia de Boa de Viagem, a variedade de caldinhos e frutos do mar, faz muita gente passar um tempo a mais curtindo a brisa do mar. Da herança dos engenhos, na Zona da Mata, vieram os vários tipos cachaça, fabricadas artesanalmente. É também da cana-de-açúcar que se originam a rapadura, o melaço e o delicioso mel de engenho. Este último, quando combinado com o tradicional queijo coalho, dá origem a uma das iguarias mais cobiçadas da culinária pernambucana. Frutos do mar também são o forte da culinária pernambucana. Casquinho de carangueijo, guaiamum, siri, dentre outros. Somando-se a isso as frutas locais, têm-se: Camarão ao molho de manga, de pitanga, Peixe ao molho de maracujá e etc.
GASTRONOMIA REGIONAL 25
Bebida é outro assunto que os pernambucanos dominam. Suco de maracujá, mangaba, cajá, graviola, tamarindo, caju, pitanga e goiaba. Tem ainda o caldo de cana feito na hora. Delicioso! As cachaças da terra de Capiba e João Cabral de Melo Neto também não fazem feio. De lá saem grandes marcas, que já são, inclusive, exportadas para a Europa, Estados Unidas e Ásia. Para os enófilos, a degustação de vinhos do Vale do São Francisco é imperdível. A região irrigada fica no sertão pernambucano e é responsável pela produção de 15% dos vinhos finos nacionais. O bode é o prato principal do lugar. Tanto que existe um complexo gastronômico chamado Bodódromo, com 10 bares, todos especializados em servir a carne caprina. Em um mundo globalizado, com a disseminação dos fast food estrangeiros, a valorização da culinária regional é
um movimento cada vez mais perceptível, como uma das formas de resistência da identidade cultural. Carne de sol, queijo de coalho, cartola e tapioca, são alguns dos itens, que já fazem parte dos cardápios de restaurantes sofisticados e hotéis estrelados do Estado. Chefs de cozinha utilizam ingredientes da terra, como as frutas tropicais, e mesclam, wpor exemplo, com frutos do mar; o resultado é uma comida com a cara e o gosto de Pernambuco. A culinária regional – para a qual muitos já torceram o nariz - hoje é servida e degustada com orgulho, e cada vez mais ganha novos adeptos. Segundo a pesquisadora Maria Lectícia Cavalcanti, o pernambucano está vivendo um processo de preservação da sua identidade. “Hoje nós temos grandes chefs em Pernambuco, todos têm muita preocupação em preservar os ingredientes da terra, e a partir
deles fazer uma releitura, uma leitura mais moderna de alguns pratos, porém na base, estão mantidas as nossas receitas tradicionais. A gastronomia pernambucana tem evoluído, mas muito preocupada em não perder a origem, o referencial. Em todos os lugares, mesmo nos restaurantes mais contemporâneos, eles mantêm as receitas; todo mundo serve cartola como é feita na forma original.”
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De repente, virou moda valorizar as coisas da terra.”
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No começo as pessoas achavam exótica a mistura do doce com salgado, porque os sabores eram conhecidos, mas não havia essa junção. Hoje, eu uso nas receitas muita manga, pitanga, maracujá, abacaxi, leite de coco; o prato mais pedido é o jerimum recheado com camarão e creme de manga,” destaca Santos. Porém, além dos restaurantes mais conhecidos, Pernambuco também tem recantos onde os ingredientes tradicionais vêm ganhando uma nova leitura. É o caso da cozinha da Fazenda Mamucabinha, no Litoral Sul, comandada pela artista plástica Lúcia Bradley, que recebe grupos seletos para degustar os pratos regionais. Dentre as suas criações, destacam-se a manteiga de maracujá, servida na entrada para acompanhar o pão feito na própria cozinha da fazenda; a moqueca de frutos do mar com caju, elaborada com peixe, camarão, o suco e o bagaço do caju, assim como as bebidas, que também ganham um toque original, como a caipirinha de gengibre e de manjericão. “Eu trabalho muito com contrastes, quando a gente cozinha e gosta começa a des-
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cobrir novos sabores,” explica Lúcia. Para os especialistas, o paladar do pernambucano vem evoluindo. “Antigamente o pernambucano usava exageradamente o cominho e o colorau. Atualmente já não é mais assim,” destaca Santos. “Hoje a pessoa não quer mudar tanto o prato. Não que isso seja um problema, mas é uma situação que é melhor evitar, porque quando um chef ou um cozinheiro elabora um prato, pensa em harmonizar os ingredientes: se tem uma acidez, bota um doce para dar uma quebrada, se tem muita gordura, bota uma acidez, então tem todo um pensamento por trás,” ressalta Nicolau Sultanum. A gastronomia faz parte da identidade cultural de um povo, pois através das comidas típicas cada lugar ganha uma expressão própria. “Normalmente essa culinária é o reflexo, é o rosto de quem mora no lugar. Eu acho que a culinária pernambucana consegue ser simples, mas ao mesmo tempo rebuscada, já que temos pratos bastante complicados; ela é simples, mas ao mesmo tempo muito generosa, um exemplo é o nosso cozido.
O pernambucano gosta de receber, com mesa farta. Em qualquer lugar, por mais simples que seja, existe uma flor em cima da mesa, às vezes numa latinha de leite vazia, mas demonstra o prazer que existe que alguém venha comer na sua casa. Isso é uma característica bem nossa,” explica Lectícia Cavalcanti. A manutenção dos valores culinários do Nordeste foi um dos temas tratados por Gilberto Freyre durante o Primeiro Congresso Brasileiro de Regionalismo, sediado no Recife, em 1926: “Estou inteiramente dentro de um dos assuntos que devem ser versados neste Congresso: os valores culinários do Nordeste. A significação social e cultural desses valores. A importância deles: quer dos quitutes finos, quer dos populares. A necessidade de serem todos defendidos pela gente do Nordeste contra a crescente descaracterização da cozinha regional. A verdade é que não só de espírito vive o homem: também de pão - inclusive do pão-de-ló, do pãodoce, do bolo que é ainda pão.
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A culinária pernambucana, assim como a brasileira de maneira geral, teve uma forte influência de três culturas: portuguesa, indígena e africana. Porém, Pernambuco se difere de outros Estados por ter mesclado essas influências de uma forma mais harmônica. “Ela é diferente da culinária dos Estados do Norte, onde há um predomínio da influência indígena, e também é diferente da Bahia e seus arredores, onde há um predomínio da influência africana,” destaca Lectícia Cavalcanti. Essa diferença tem uma explicação histórica: na Bahia as cozinhas eram entregues às africanas e elas comandavam aquele espaço – daí a questão do dendê e da pimenta até hoje predominar - em Pernambuco eram as senhoras portuguesas que dominavam a cozinha dos engenhos, e as escravas africanas eram suas colaboradoras, o que possibilitou uma mistura maior das influências. Observando os índios, as portuguesas aprenderam a adaptar seu modelo de cozinha às particularidades de uma região tropical. “As senhoras portuguesas chegam a Pernambuco trazendo as suas cozinhas, inteiramente como usavam em Portugal, com
chaminés francesas, cachos de cobre, formas de bolo, e aqui começaram a fazer adaptações. As chaminés francesas que vieram nas primeiras embarcações tiveram que ser abolidas porque não funcionavam no nosso clima tropical. Os portugueses começaram a observar como os índios cozinhavam e perceberam que normalmente era em um lugar longe do espaço onde dormiam e que ficavam. Os colonizadores, então, colocaram as cozinhas fora da casa, debaixo de um puxado. Nesses espaços, a índia começou a conviver com a escrava africana e com a senhora portuguesa. Foi dessa mistura de utensílios, ingredientes e receitas que foi nascendo a culinária Pernambucana,” destaca Lectícia. De fato, ingredientes que nativos usavam como, por exemplo, a mandioca, o milho, a batata doce, a castanha de caju e todas as frutas tropicais: abacaxi, abacate, caju, goiaba, banana da terra, passaram a se misturar com os ingredientes que os portugueses trouxeram como o cravo, a canela, o gengibre, a nós moscada e o próprio açúcar. Além de frutas inteiramente novas como a laranja, o limão, a uva
e a maçã se encontram para vivenciar o ambiente e a gastronomia mais regional. “Eu gosto bastante das comidas, principalmente o bode guisado, o bolinho de bacalhau e o arroz de polvo, mas além das comidas típicas, tem a própria cultura em si. No mercado eu me sinto em casa, porque o ambiente tem a cara de Pernambuco,” diz o auditor Tiago Gomes, que todo sábado ou domingo pela manhã se reúne com um grupo de amigos no Mercado da Encruzilhada. Para Gilberto Freyre Neto, os mercados públicos fortalecem a relação do público mais jovem com a cultura pernambucana, já que muitas pessoas abaixo dos 30 anos freqüentam esses espaços. “Fortalece essa relação com a nossa comida, pois você senta, pega um prato, é bem servido, toma sua cerveja gelada, a cachacinha, brinca com os amigos, interage, mexe com todas as sensações e com as características daquela região. Você se relaciona bem, come bem e induz a um tipo de relacionamento pessoal que é a cara de Pernambuco.”
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Do colchão de noiva ao bolo de rolo
O bolo de rolo, prato da culinária local mais citado pelos chefs nesta edição, e promovido a Patrimônio Cultural e Imaterial de Pernambuco, em 2008, é uma adaptação do bolo português “colchão de noiva”. O seu preparo requer vários cuidados. A massa, por exemplo, feita com farinha de trigo, ovos, açúcar e manteiga, deve ser depositada em forma untada e distribuída com espátula para que a camada fique bem fina e uniforme. Não pode assar mais que cinco minutos para que a massa não quebre quando for enrolada com o doce de goiaba. Ao sair do forno, deve ser depositada sobre um pano polvilhado com açúcar. O doce em calda tem que ser espalhado sobre a massa ainda quente. A adaptação do bolo ocorreu no período colonial por pura carência de ingredientes - o original era recheado com creme de amêndoas. O bolo de rolo como o conhecemos hoje se espalhou pelo Nordeste, mas o de Pernambuco é considerado especial pelas finas e delicadas fatias e o da Casa dos Frios se consagrou como o melhor.
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ANÚNCIO MERANTE ILUSTRATIVO
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Cordel A popularização da Xilogravura veio com a Literatura de cordel: um tipo de poema popular, originalmente oral, e depois impressa em folhetos, expostos para venda pendurados em cordas ou cordéis, o que deu origem ao nome originado em Portugal, que tinha a tradição de pendurar folhetos em barbantes. No Nordeste do Brasil, o nome foi herdado (embora o povo chame esta manifestação de folheto), mas a tradição do barbante não perpetuou. São escritos em forma rimada e alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, o mesmo estilo de gravura usado nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadencia-
da, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores. Em 2007 a Exposição “100 anos de Cordel – a história que o povo conta” com curadoria de Audálio Dantas mostrou que ao contrário do que se imagina, a literatura popular se mantém viva, e com muito vigor no Brasil, apropriando-se em alguns casos das novas tecnologias . Destaca também a presença de poetas populares nos grandes centros urbanos, onde continuam a produzir, não deixando se perder, entretanto, a cultura de origem.
Exposição 100 anos de Cordel - Curadoria de Audálio Dantas - Expografia Jefferson Duarte
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MÉTRICAS DO CORDEL O início A evolução da literatura de cordel no Brasil não ocorreu de maneira harmoniosa. A oral, precursora da escrita, engatinhou penosamente em busca de forma estrutural. Os primeiros repentistas não tinham qualquer compromisso com a métrica e muito menos com o número de versos para compor as estrofes. Alguns versos alongavam-se inaceitavelmente, outros, demasiado breves. Todavia, o interlocutor respondia rimando a última palavra do seu verso com a última do parceiro, mais ou menos assim: Repentista A - O cantor que pegá-lo de revés Com o talento que tenho no meu braço... Repentista B - Dou-lhe tanto que deixo num bagaço Só de murro, de soco e ponta-pés.
Parcela ou Verso de quatro sílabas A parcela ou verso de quatro sílabas é o mais curto conhecido na literatura de cordel. A própria palavra não pode ser longa do contrário ela sozinha ultrapassaria os limites da métrica e o verso sairia de pé quebrado. A literatura de cordel por ser lida e ou cantada é muito exigente com questão da métrica. Vejamos uma estrofe de versos de quatro sílabas, ou parcela.
Eu sou judeu para o duelo cantar martelo queria eu o pau bateu subiu poeira aqui na feira não fica gente queimo a semente da bananeira.
Quando os repentistas cantavam parcela (sim, cantavam, porque esta modalidade caiu em desuso), os versos brotavam numa seqüência alucinante, cada um querendo confundir mais rapida mente o oponente. Esta modalidade é pre-galdiniana, não se conhecendo seu autor.
Verso de cinco sílabas Já a parcela de cinco sílabas é mais recente, e não há registro de sua presença antes de Firmino Teixeira do Amaral, cunhado de Aderaldo Ferreira de Araújo, o Cego Aderaldo. A parcela de cinco sílabas era cantada também em ritmo acelerado, exigindo do repentista, grande rapidez de raciocínio. Na peleja do Cego Aderaldo com Zé Pretinho do Tucum, da autoria de Firmino Teixeira do Amaral, encontramos estas estrofes:
Pretinho: no sertão eu peguei um cego malcriado danei-lhe o machado caiu, eu sangrei o couro tirei em regra de escala espichei numa sala puxei para um beco depois dele seco fiz dele uma mala
Cego: Negro, és monturo Molambo rasgado Cachimbo apagado Recanto de muro Negro sem futuro Perna de tição Boca de porão Beiço de gamela Venta de moela Moleque ladrão
Estas modalidades, entretanto, não foram as primeiras na literatura de cordel. Ao contrário, ela vieram quase um século depois das primeiras manifestações mais rudimentares que permitiram, inicialmente, as estrofes de quatro versos de sete sílabas.
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Estrofes de quatro versos de sete sílabas O Mergulhão quando canta Incha a veia do pescoço Parece um cachorro velho Quando está roendo osso. Não tenho medo do homem Nem do ronco que ele tem Um besouro também ronca Vou olhar não é ninguém
A evolução desta modalidade se deu naturalmente. Vejamos a última estrofe de quatro versos acrescida de mais dois, formando a nossa atual e definitiva sextilha:
Meu avô tinha um ditado meu pai dizia também: não tenho medo do homem nem do ronco que ele tem um besouro também ronca vou olhar não é ninguém.
Sextilhas Agora, de posse da técnica de fazer sextilhas, e uma vez consagradas pelos autores, esta modalidade passou a ser a mais indicada para os longos poemas romanceados, principalmente a do exemplo acima, com o segundo, o quarto e o sexto versos rimando entre si, deixando órfãos o primeiro, terceiro e quinto versos. É a modalidade mais rica, obrigatória no início de qualquer combate poético, nas longas narrativas e nos folhetos de época. Também muito usadas nas sátiras políticas e sociais. É uma modalidade que apresenta nada menos de cinco estilos: aberto, fechado, solto, corrido e desencontrado. Vamos, pois, aos cinco exemplos:
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Aberto Felicidade, és um sol dourando a manhã da vida, és como um pingo de orvalho molhando a flor ressequida és a esperança fagueira da mocidade florida.
Fechado Da inspiração mais pura, no mais luminoso dia, porque cordel é cultura nasceu nossa Academia o céu da literatura, a casa da poesia.
Solto Não sou rico nem sou pobre não sou velho nem sou moço não sou ouro nem sou cobre sou feito de carne e osso sou ligeiro como o gato corro mais do que o vento.
Corrido Sou poeta repentista Foi Deus quem me fez artista Ninguém toma o meu fadário O meu valor é antigo Morrendo eu levo comigo E ninguém faz inventário
Desencontrado Meu pai foi homem de bem Honesto e trabalhador Nunca negou um favor Ao semelhante, também Nunca falou de ninguém Era um homem de valor.
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Setilhas Uma prova de que as setilhas são uma modalidade relativamente recente está na ausência quase completa delas na grande produção de Leandro Gomes de Barros. Sim, porque pela beleza rítmica que essas estrofes oferecem ao declamador, os grandes poetas não conseguiram fugir à tentação de produzi-las. Para alguns, as setilhas, estrofes de sete versos de sete sílabas, foram criadas por José Galdino da Silva Duda, 1866 - 1931. A verdade é que o autor mais rico nessas composições, talvez por se tratar do maior humorista da literatura, de cordel, foi José Pacheco da Rocha, 1890 - 1954. No poema A CHEGADA DE LAMPIÃO NO INFERNO, do inventivo poeta pernambucano, encontram estas estrofes:
Vamos tratar da chegada quando Lampião bateu um moleque ainda moço no portão apareceu. - Quem é você, Cavalheiro - Moleque, sou cangaceiro Lampião lhe respondeu. - Não senhor - Satanás, disse vá dizer que vá embora só me chega gente ruim eu ando muito caipora e já estou com vontade de mandar mais da metade dos que tem aqui pra fora. Moleque não, sou vigia e não sou o seu parceiro e você aqui não entra sem dizer quem é primeiro - Moleque, abra o portão saiba que sou Lampião assombro do mundo inteiro.
Excelente para ser cantada nas reuniões festivas ou nas feiras, esta modalidade é, ainda hoje, muito usada pelos cordelistas. Esta modalidade é, também, usada em vários estilos de mourão, que pode ser cantado em seis, sete, oito e dez versos de sete sílabas. Exemplos: Cantador A - Eu sou maior do que Deus maior do que Deus eu sou Cantador B - Você diz que não se engana mas agora se enganou Cantador A - Eu não estou enganado eu sou maior no pecado porque Deus nunca pecou. Ou com todos os versos rimados, a exemplo das sextilhas explicadas antes: Cantador A Este verso não é seu você tomou emprestado Cantador B Não reclame o verso meu que é certo e metrificado Cantador A Esse verso é de Noberto Se fosse seu estava certo como não é está errado.
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Oito pés de quadrão ou Oitavas Como são belos os dias Do despontar da existência - Respira a alma inocência Como perfumes a flor; O mar - é lago sereno, O Céu - Um manto azulado, O mundo - um sonho dourado, A vida um hino de amor.
Na estrofe popular aparecem os primeiros três versos rimados entre si; também o quinto, o sexto e o sétimo, e finalmente o quarto com o último, não havendo, portanto um único verso órfão. Assim:
Diga Deus Onipotente Se é você, realmente Que autoriza, que consente No meu sertão tanta dor Se o povo imerso no lodo apregoa com denodo que seu coração é todo
Décimas As décimas, dez versos de sete sílabas, são, desde sua criação no limiar do nosso século, as mais usadas pelos poetas de bancada e pelos repentistas. Excelentes para glosar motes, esta modalidade só perde para as sextilhas, especialmente escolhidas para narrativas de longo fôlego. Ainda assim, entre muitos exemplos, as décimas foram escolhidas por Leandro Gomes de Barros para compor o longo poema épico de cavalaria A BATALHA DE OLIVEIROS COM FERRABRAZ, baseado na obra do imperador francês Carlos Magno:
Eram doze cavalheiros Homens muito valorosos Destemidos, corajosos Entre todos os Guerreiros Como bem fosse Oliveiros um dos pares de fiança Que sua perseverança Venceu todos os infiéis Eram uns leões cruéis Os doze pares de França.
Galope à Beira Mar Com versos de onze sílabas, portanto mais longos do que os de martelo agalopado, são os de galope à beira mar, como estes da autoria de Joaquim Filho:
Falei do sopapo das águas barrentas de uma cigana de corpo bem feito da Lua, bonita brilhando no leito da escuridão das nuvens cinzentas do eco do grande furor das tormentas da água da chuva que vem pra molhar do baile das ondas, que lindo bailar da areia branca, da cor de cambraia da bela paisagem na beira da praia assim é galope na beira do mar.
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Logicamente que há o galope alagoano, à feição de martelo agalopado, com dez versos de dez sílabas cuja diferença única é a obrigatoriedade do mote: “Nos dez pés de galope alagoano”.
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Meia Quadra Outra interessante modalidade é a Meia Quadra ou versos de quinze sílabas. Não sabemos porque se convencionou chamar de meia quadra, quando poderia, muito bem, se chamar de quadra e meia ou até de quadra dupla. As rimas são emparelhadas e os versos, assim compostos:
Quando eu disser dado é dedo Quando eu disser gado é boi Quando eu disser lado é banda Quando eu disser pão é massa
você você você você
diga diga diga diga
dedo é dado boi é gado banda é lado massa é pão
Quando eu disser não é sim você diga sim é não Quando eu disser veia é sangue você diga sangue é veia Quando eu disser meia quadra você diga quadra e meia Quando eu disser quadra e meia você diga meio quadrão. A classificação da literatura de cordel há sido objeto da preocupação dos chamados iniciados, pesquisadores e estudiosos. As classificações mais conhecidas são a francesa de Robert Mandrou, a espanhola de Julio Caro Baroja, as brasileiras de Ariano Suassuna, Cavalcanti Proença, Orígenes Lessa, Roberto Câmara Benjamin e Carlos Alberto Azevedo. Mas a classificação autenticamente popular nasceu da boca dos próprios poetas. No limiar do presente século, quando já brilhava intensamente à luz de Leandro Gomes de Barros, fluía abundante o estro de Silvino Pirauá e jorrava preciosa a veia poética de José Galdino da Silva Duda. Esses enviados especiais passaram a dominar com facilidade a rima escorregadia, amoldando, também, no corpo da estrofe o verso rebelde. Era o início de uma literatura tipicamente nordestina e por extensão, brasileira, não havendo mais, nos nossos dias, qualquer vestígio da herança peninsular. Atualmente a literatura de cordel é escrita em composições que vão desde os versos de quatro ou cinco sílabas ao grande alexandrino. Até mes mo os princípios conservadores defendidos pelos nossos autores ortodoxos referem-se a uma tradição brasileira e não portuguesa ou espanhola. Os textos dos autores contemporâneos, apresentam um cuidado especial com a uniformização ortográfica, com o primor das rimas, com a beleza rítmica e com a preciosidade sonora. Fonte: Acadêmia Brasileira de Literatura de Cordel
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GRAVURAS Erivaldo
MS
J. Borges
JCL José Costa Leite nasceu em Sapé,
ABB
Stênio
J.B.
Jerônimo
Erivaldo Ferreira da Silva nasceu no Rio de Janeiro, em 17 de maio de 1965. Filho de Expedito Ferreira da Silva, fez o curso de artes plásticas do MAM. Uma das figuras mais representativas da xilogravura brasileira, já ilustrou mais de uma centena de livros e folhetos de cordel.
José Francisco Borges nasceu em Bezerros, Pernambuco, em 20 de dezembro de 1935. Internacionalmente conhecido com exposições em várias partes do mundo, principalmente na Europa. É o mais famoso dos gravadores nacionais em atividade.
Abraão Batista nasceu em Juazeiro do Norte, Ceará, em 4 de abril de 1935. Poeta de produção densa e gravador de grande mérito, suas obras são todas ilustradas por ele próprio. Como gravador não se filiou a nenhuma escola, o que torna sua obra inimitável.
João de Barros, também conhecido por “J. Barros”, nasceu em Glória do Goitá, Pernambuco, em 1935. Marceneiro, entalhador e xilógrafo é também poeta popular, autor, entre outros, do folheto “O Rapaz que virou Cachorro porque zombou do Padre Cícero”. Olá Cultura • 2ª Edição
Marcelo Alves Soares nasceu em Recife em 1955. Filho do poeta popular José Soares, esculpe em suas xilogravuras as iniciais “MA”, “MS” ou ainda o nome “Marcelo”. É autor, entre outros, do folheto “O Encontro da Velha debaixo da Cama com a Perna Cabeluda”.
Paraíba, em 27 de julho de 1927. Muito requisitado por poetas e pesquisadores de cultura popular em razão da simplicidade da sua produção, é também cordelista de grande apelo popular, pois sua obra abarca todos os assuntos regionais.
José Stênio Silva Dinis nasceu em Juazeiro do Norte, Ceará, em 26 de dezembro de 1953. Neto do famoso editor e poeta popular, José Bernardo da Silva, seu trabalho ilustra capas de folhetos e álbuns da antiga Tipografia São Francisco, de seu avô.
Jerônimo Soares nasceu em Recife, Pernambuco, em 1945. Filho do poeta popular José Soares, começou fazendo carimbos e depois xilogravuras para ilustrar folhetos de cordel. Hoje reside em São Paulo, capital.
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Franklin Jorge
Maxado
Franklin Jorge do Nascimento Roque nasceu em Ceará-Mirim, Rio Grande do Norte, em 8 de setembro de 1952. Poeta, pintor, crítico de arte e professor, começou a pintar aos 16 anos e hoje tem várias de suas obras expostas em museus e coleções particulares.
Franklin de Cerqueira Machado, Maxado Nordestino, nasceu em Feira de Santana, Bahia, em 15 de março de 1943. Bacharel em direito, optou por fazer exclusivamente literatura de cordel, palestras sobre o tema e xilogravuras. Escreveu, entre outros, “A Volta do Pavão Misterioso”.
Dila
Ciro
José Cavalcanti Ferreira nasceu em Bom Conselho, Pernambuco, em 1937. Considerado um dos melhores xilógrafos do Nordeste, escreve, publica e ilustra folhetos, entalhando não só madeira, mas também pedaços de borracha vulcanizada. É seu o cordel “O Homem que virou bode”.
AMS
Arlindo Marques da Silva nasceu em Juazeiro do Norte, Ceará, no dia 10 de agosto de 1953, onde trabalha com o poeta-editor Manuel Caboclo e Silva. Começou a fazer clichês em madeira aos 17 anos. Ilustrou, entre outros, “A Tentação do Demônio - Um Rapaz Castrado no Assaré”.
Ciro Fernandes nasceu em Uiraúna, Paraíba, em 31 de janeiro de 1942. Começou a desenhar ainda criança, pintando nas paredes da casa dos seus avós. Aos 17 anos foi ao Rio de Janeiro e fez várias pinturas, desenhos e xilogravuras, inclusive capas de livros para Orígenes Lessa.
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