Palácios do Exército

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Palácios do Exército | Army Palaces

Augusto Moutinho Borges Luís Chaves

BY T H E

9 789898 614698

BOOK

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B Y TH E

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Edições Especiais, lda Rua das Pedreiras, 16-4º 1400-271 Lisboa T. + F. (+351) 213 610 997 www.bythebook.pt

©Edição EdiTION By the Book, Edições Especiais, lda para Estado-Maior do Exército Título TITLE Palácios do Exército: História de um Património | Army Palaces: History and Heritage ©Texto TEXT Augusto Moutinho Borges revisão REVISION Fernando Milheiro Tradução TRANSLATION David Michael Greer Fotografia PHOTOGRAPHY Luís Chaves Ribeiro | Centro de Audiovisuais do Exército (CAVE) APOIO TÉCNICO TECHNICAL SUPPORT Centro de Audiovisuais do Exército (CAVE) EDIÇÃO de imagem PHOTOGRAPHY POST PRODUCTION Maria João de Moraes Palmeiro Design Forma, Design: Veronique Pipa | Margarida Oliveira Coordenação Editorial e Produção coordination and production Ana de Albuquerque | Maria João de Paiva Brandão Impressão PRINTing Printer Portuguesa ISBN 978-989-8614-69-8 Depósito Legal LEGAL DEPOSIT 445 767/18

Agradecimentos ACKNOWLEDGEMENTS Os autores agradecem a todos os Comandantes das Unidades, e a todos aqueles que, pelo acolhimento e envolvimento na produção da obra, de forma direta ou indireta, participaram na recolha de fotografias e no fornecimento de informações que permitiram o estudo de cada palácio e palacete pertencente ao Exército. Uma palavra especial para o Centro de Audiovisuais do Exército (CAVE) pelo seu total empenho na realização do livro que se apresenta. Um reconhecimento à Dr.ª Adelaide Nabais pelas suas reflexões relativas ao corpo do texto. We wish to express our sincere gratitude to all Unit Commanders and their staff for their openness and involvement in producing this book, as well as all those who participated directly or indirectly in collecting photographs and information for the study of each army palace and mansion. A special word of thanks goes to the Centro de Audiovisuais do Exército (CAVE) for its total commitment to this project. Many thanks also to Adelaide Nabais for her comments and suggestions on the text.


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Prefácio Preface

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Apresentação Introduction

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Palácios do Exército História de um Património Army Palaces : History and Heritage

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Fortaleza-Palácio Fortress-Palace

23

Fortaleza-Palácio de São Lourenço

37

Palácio-Convento de Mafra

49

Palácios Palaces

63

Palácio da Bemposta

95

Palácio Lavradio

75 105

33

51

Palácio Barbacena

Palácio Resende

85

Palácio Dá Mesquita

115

125

Palácio das Passagens

139

153

Palacete Pinto Coimbra

161

Palácio Vilalva

151

Palacete Pombal/ /Almeida Araújo

181

Cronologia Chronology

Palácio-Convento Palace-Convent

Palácio do Governador Palácio Mesquitela

Palacetes Mansions

173

190

Palacete Reynolds

Bibliografia Bibliography


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Palácios do Exército Army História Palaces

13

de um Património History and Heritage

Palacete Pombal/Almeida Araújo. Sala Elíptica Palacete Pombal/Almeida Araújo. Elliptical Room

O Exército utiliza um vasto património palaciano, usado para diversas atividades ao longo dos tempos. No presente, pelo inventário que realizámos foram contabilizados onze palácios e três palacetes em território nacional, distribuídos por centros urbanos citadinos e históricos, havendo maior representatividade em Lisboa, estando localizados: um em Angra do Heroísmo (Palácio do Governador); um em Estremoz (Palacete Reynolds); um em Évora 2 (Palácio Dá Mesquita) 3; um no Funchal (Fortaleza-Palácio de São Lourenço); um em Mafra (Palácio-Convento de Mafra); um no Porto (Palacete Pinto Coimbra); um em Vendas Novas (Palácio das

The Army owns a vast amount of palatial heritage that has, over the years, been used in different ways. To date, 11 palaces and 3 mansions have been inventoried in Portugal, spread among urban and historic centres, with the majority being in Lisbon: 1 in Angra do Heroísmo (Palácio do Governador); one in Estremoz (Palacete Reynolds); one in Évora 2 (Palácio Dá Mesquita) 3 ; one in Funchal (Fortaleza-Palácio de São Lourenço); one in Mafra (Palácio-Convento de Mafra); one in Porto (Palacete Pinto Coimbra); one in Vendas Novas (Palácio das Passagens); one in Queluz (Palacete Pombal/Almeida Araújo); and six in Lisbon

2.  Évora é Património da Humanidade (UNESCO), desde 1986. Nesta cidade são propriedade do Exército outros edifícios classificados: Quartel dos Castelos e Convento da Graça.

2. UNESCO declared Évora a World Heritage Site in 1986. Some classified buildings in the city are, however, still owned by the Army: the Quartel dos Castelos and the Convento da Graça.

3.  O palácio é localmente conhecido como “das Mesquitas”, vulgarização popular da grafia Dá Mesquita, apelido de D. João Dá Mesquita, um dos proprietários e residentes no edifício. Ainda em Évora, a atual rua D. Augusto Eduardo Nunes – onde fica o Centro de Saúde Militar – tinha o nome de rua Dá Mesquita, prova da importância que a família tinha na cidade.

3. The palace is known locally as “das Mesquitas”, a popularisation of the spelling Dá Mesquita, the surname of João Dá Mesquita, one of the owners and residents of the building. Évora’s Military Health Centre is now in Rua D. Augusto Eduardo Nunes, a street which used to be called Rua Dá Mesquita, proof of the family’s importance in the city.


Passagens); um em Queluz (Palacete Pombal/Almeida Araújo); seis em Lisboa (Palácio Barbacena, Palácio da Bemposta, Palácio Lavradio, Palácio Mesquitela, Palácio Resende, Palácio Vilalva). Não pretendemos nesta obra fazer a distinção entre torres, paços-torre, paços, palácios, palacetes e casas nobres que definem e caraterizam as construções associadas à Casa Real, à aristocracia e à alta burguesia, conceitos e definições já desenvolvidas por outros investigadores (AZEVEDO, 1988). Os imóveis que analisamos, propriedade do Exército, integram-se na classificação generalizada dos Palácios e Palacetes (CARITA, 2015), embora possam ser referidos com outras designações mais específicas, de Fortaleza e de Convento, embora na actualidade possa haver simplificação nos tratamentos 4 . Por tal motivo, abrimos quatro alíneas de estudo autónomas, onde agrupamos os catorze edifícios, seguindo uma ordenação alfabética, independentemente do seu ano de construção, proprietário, funções e grandiosidade arquitetónica. Em cada entrada (Fortaleza-Palácio, Palácio-Convento, Palácios, Palacetes), abrimos com uma nota generalista, contextualizando os imóveis com outras construções congéneres, de forma a percecionarmos o tempo, o espaço e os conceitos culturais da época. Não podemos dissociar Portugal da restante Europa e das influências culturais que chegavam dos diversos pontos do globo, pelas relações políticas e administrativas que tínhamos com África, o Espaço Atlântico, o Oriente e o Brasil. De além-mar chegavam-nos utensílios de aparato para decorar os palácios, mas também as porcelanas, os têxteis, mobiliário e matéria-prima para produzir artes decorativas, como as madeiras exóticas 5 que iriam ser utilizadas até à exaustão nas

(Palácio Barbacena, Palácio da Bemposta, Palácio Lavradio, Palácio Mesquitela, Palácio Resende and Palácio Vilalva). There is no intention here to distinguish between towers, stately towers, palaces, mansions and noble houses defining and characterising the properties associated with the royal house, the aristocracy and the upper bourgeoisie. These are concepts and definitions that have already been discussed by other researchers (AZEVEDO, 1988).

The buildings studied here, owned by the Army, come under the general classification of palaces and mansions (CARITA, 2015), although they could be defined using other, more specific terms, such as fortress and convent, but the current tendency is to simplify categorisation 4 . For this reason, we have defined four separate categories in which we have grouped the fourteen buildings, in alphabetical order, regardless of their year of construction, owner, functions and architectural grandeur. Each category (Fortaleza-Palácio/Fortress-Palace; Palácio-convento/Palace-convent; Palácios/Palaces; Palacetes/Mansions) begins by contextualising the buildings and comparing them to ones from the same time, giving a view of the period, space and cultural concepts of the era. Portugal, of course, was subject to cultural influences from both the rest of Europe and from all over the world: from the political and administrative relations we had in Africa, the Atlantic Area, the East and Brazil. Artefacts from overseas decorated palaces, as did porcelain, textiles, furniture and raw materials to produce decorative arts, such as the exotic woods 5 used to exhaustion especially in religious and civil buildings, belonging both to the elite and the bourgeoisie.

4.  Referimo-nos às designações do Palacete Pombal, em Queluz, e do Palacete Reynolds, em Estremoz, que atualmente são linearmente referidos como palácios.

4. This is a reference to two mansions: the Palacete Pombal, in Queluz and the Palacete Reynolds, in Estremoz, which are now called Palácios (Palaces).

5.  Especialmente a madeira de jacarandá do Brasil, que passou a ser designada como pau-santo, o qual na sequência do seu abate e comércio se tornara monopólio para custear as obras pias e ser largamente utilizado nos edifícios e obras escultóricas religiosas.

5. Especially the Brazilian jacaranda wood, which became known as pau santo or, literally, ‘holy wood’ because the finance from its felling and commercialisation was used to pay for pious works (holy works = holy wood). The wood itself was also used mainly in religious buildings and sculpture. 14


construções, nomeadamente nos edifícios religiosos e civis, tanto das elites como da burguesia. Ao analisarmos cada edifício, a nossa reflexão consiste na abordagem de três áreas complementares: a história da Casa e os seus proprietários, a arquitetura e as artes decorativas. Para cada imóvel foi desenvolvida uma ficha inicial com aspectos relevantes da sua orgânica, onde se dão a conhecer os nomes pelo qual são, ou foram, conhecidos, o século inicial da construção com a configuração presente, o nome do ou dos arquitetos, se o edifício tem área devocional (basílica, capela ou oratório), se está ou não classificado, quais as representações das pedras de armas ou símbolos heráldicos, se tem jardins de recreio e elementos artísticos no seu exterior e interior, como azulejaria, estuques, pinturas em tela ou murais. Desta forma identificamos os aspectos mais relevantes, permitindo uma análise imediata do edifício e sua rápida caraterização. A riqueza arquitetónica e decorativa é diferente de palácio para palácio e, mesmo internamente, há espaços mais enriquecidos do que outros, dependendo muito do poder económico dos proprietários, da finalidades dos espaços, dos períodos estéticos em voga, da formação dos arquitetos e do gosto dos donos da obra. Dos exemplares que apresentamos, os palácios têm origens diferentes: três são reais (Palácio da Bemposta, em Lisboa, Palácio de Mafra e Palácio das Passagens, em Vendas Novas); dois são residências de governadores militares (Palácio do Governador, em Angra do Heroísmo, e Palácio de São Lourenço, no Funchal); um foi residência do primeiro patriarca de Lisboa (Palácio Lavradio, em Lisboa); três foram residências principais de aristocratas (Palácio Barbacena, Palácio Resende, em Lisboa, e Palácio Dá Mesquita, em Évora); dois foram residências secundárias de aristocratas (Palácio Mesquitela, em Lisboa e Palacete Pombal/Almeida Araújo, em Queluz); um foi residência de burguesia mais tarde titulada (Palácio Vilalva, em Lisboa) e dois residências de burguesia (Palacete Reynolds, em Estremoz, e Palacete Pinto Coimbra, no Porto).

The buildings have been systematically studied from three complementary perspectives: the history of the property and its owners, its architecture and its range of decorative arts. For each property, an introductory file gives basic information: the names they are or were known by, the century in which the building was begun, and the names of their architects. The file also states whether the building has a devotional area (basilica, chapel or oratory), whether or not it is classified, if it has a coat of arms or heraldic symbols, whether it has recreational gardens and exterior and interior artistic features, such as tilework, stucco, paintings on canvas and murals. The most significant aspects highlighted in the volume are thus identified, swiftly enabling the reader to learn about and characterise the property. Architectural and decorative wealth differs from palace to palace, and even internally, some areas are richer than others, depending largely on the economic power of the owners, the purposes of the areas, the aesthetic periods in vogue, the training of the architects and taste of the owners. The palaces included here have different origins: three were royal (Palácio da Bemposta, in Lisbon; Palácio de Mafra and Palácio das Passagens, in Vendas Novas); two were the residences of military governors (Palácio do Governador, in Angra do Heroísmo and Palácio de São Lourenço, in Funchal) and one was the residence of the 1st Cardinal Patriarch of Lisbon (Palácio Lavradio, in Lisbon). Three were main aristocratic residences (Palácio Barbacena, Palácio Resende, in Lisbon and Palácio Dá Mesquita, in Évora); two were secondary aristocratic residences (Palácio Mesquitela, in Lisbon and Palacete Pombal/Almeida Araújo, in Queluz); one was the residence of a later titled bourgeoisie (Palácio Vilalva, in Lisbon) and two were bourgeois residences (Palacete Reynolds, in Estremoz, and Palacete Pinto Coimbra, in Porto). Of the fourteen buildings studied, we could not identify three of the architects or who was responsible for the design; while there was a clear predominance of military engineers involved in designing the other palaces. The strong presence of the military in this aspect and the great influence they had in Portugal in terms of walled constructions dated back to the dawn of the Restoration War, as mentioned above. 15


Dos catorze imóveis estudados não conseguimos identificar três dos arquitetos, ou a quem se deve o risco (debuxo), havendo para os restantes palácios vasta predominância pela escolha de engenheiros militares. Provavelmente, deve-se à forte presença dos militares nesta área profissional e pela grande influência que os mesmos exerceram em Portugal na órbita das construções muralhadas, que vinha já dos alvores das Guerras da Aclamação (1640-1668). A origem e formação dos arquitetos são maioritariamente nacionais: João de Cáceres (?) (ativo 1513), Mateus Fernandes (ativo 1573-1595), Jerónimo Jorge (ativo 1582), Bartolomeu João (ativo 1618), João Antunes (1643-1712), Custódio Vieira (c.1690-1744), Manuel da Costa Negreiros (1702-1750), Rodrigo Franco (1709-1763), Manuel Caetano de Sousa (1738-1802),

José da Costa e Silva (1747-1819); mas existe também um alemão, Johann Friedrich Ludwig, que em Portugal assumiu o nome de João Frederico Ludovice (1673-1752); cinco italianos, Giovanni Battista Cairato (?-1597); Giovanni Vicenzo Casale (1539-1593), Tiburcio Spanochi (1541-1609); Tommaso Benedetto (ativo 1567-1573), Giuseppe Luigi Cinatti (1808-1879); um francês, Jean Colson (ativo em Portugal 1855-1861) e um espanhol (?), ativo em Sevilha a quem foi solicitado o risco de um palacete de influência do al-Andaluz. Na listagem que apresentamos, encontram-se origens e funções diferenciadas dos proprietários, do seu poder económico e dos períodos estéticos em voga, desequilíbrios identificáveis no presente, mas que não podemos incorrer em termos comparativos entre si.

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Palácio da Bemposta, Academia Militar. Sala do Diretores Palácio da Bemposta, Academia Militar. Museu Palácio da Bemposta, Military Academy. Board Room Palácio da Bemposta, Military Academy. Museum

Fortaleza de São João Baptista. Porta Magistral Fortaleza de São João Baptista. Magistral Gate

Most of the architects were born and learnt their craft in Portugal: João de Cáceres (?) (active in 1513), Mateus Fernandes (active in 1573-1595), Jerónimo Jorge (active in 1582), Bartolomeu João (active in 1618), João Antunes (1643-1712), Custódio Vieira (c.1690-1744), Manuel da Costa Negreiros (1702-1750), Rodrigo Franco (1709-1763), Manuel Caetano de Sousa (1738-1802) and José da Costa e Silva (1747-1819). There was also a German, Johann Friedrich Ludwig (16731752), known as João Frederico Ludovice in Portugal; five Italians, Giovanni Battista Cairato (?-1597); Giovanni Vicenzo Casale (15391593), Tiburcio Spanochi (1541-1609); Tommaso Benedetto (active in 1567-1573) and Giuseppe Luigi Cinatti (1808-1879); a Frenchman, Jean Colson (active in Portugal 1855-1861); and an unnamed architect, probably a Spaniard, who was active in Seville and was commissioned to design a mansion along Andalusian lines. The buildings presented are differentiated according to their owners’ origins and role in society, their economic power and the aesthetic periods in vogue: the imbalances between them are clearly identifiable but cannot really be compared.


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SÉCULO XVIII | 18TH CENTURY Terreiro D. João V | Mafra

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Palácio-Convento de

Mafra Na vila de Mafra, começou a ser construído, a partir de 1717, o maior edifício real português, sob o patrocínio do rei D. João V, composto por palácio, convento e basílica monumental. O conjunto, edificado em pedra lioz, é constituído por 1.200 divisões, mais de 4.700 portas e janelas, 156 escadarias e 29 pátios e saguões, onde se desenvolvem áreas bem definidas de forma a criar espaços autónomos entre si: o palácio do rei, o da rainha, dos infantes e das princesas, o convento com a sua hospedaria, basílica, biblioteca e escola. Para realizar esta sumptuosa construção foram contratados 52 mil trabalhadores.

The town of Mafra is the setting for the largest Portuguese royal building commissioned by João V, consisting of a palace, a

convent and a monumental basilica. Built in 1717, in lioz stone, it consists of 1,200 rooms,

more than 4,700 doors and windows, 156 staircases and 29 inner and outer courtyards. Its numerous areas – the palaces of the king, the queen, the infantes and princesses; the convent with its hostel; the basilica, library and school – are all clearly defined and autonomous. To realise this

D. Nuno Álvares Pereira, alto relevo em madeira policromada, pormenor D. Nuno Álvares Pereira, high relief in polychrome wood, detail

astonishing feat, 52.000 workers were hired.


ARQUITETO Architect

João Frederico Ludovice (1673-1752) FUNÇÕES Functions

Escola das Armas School of Arms

CLASSIFICAÇÃO Classification

Monumento Nacional, 1910 National Monument, 1910 CAPELA Chapel

Basílica, orago Nossa Senhora e Santo António

Basilica, Patron Saints, Our Lady and St. Anthony Pedra de Armas Coat of Arms

Rei D. João V (1689-1750) (interior, em cobre) (interior, in copper) JARDIM GARDENS

Alçado nascente Chaminés da cozinha, pormenor Pátio central

Mata, jardim

Woodland, Gardens

Eastern side

ARTES DECORATIVAS Decorative Arts

Kitchen chimneys, detail

Azulejaria, Pinturas em tela, Mobiliário

Tilework, Paintings on Canvas, Furniture

Central courtyard

Inicialmente, o convento foi pensado para 13 frades da Ordem Franciscana, sendo sucessivamente ampliado até chegar a albergar 328 frades arrábidos. De forma a decorar os altares da Real Basílica, capelas, área conventual, portaria, refeitório e Sala dos Actos, foi encomendada uma coleção de pintura religiosa das mais significativas do século XVIII em Portugal, obras dos pintores italianos Agostino Masucci (1691-1758), Corrado Giaquinto (1703-1766), Francesco Trevisani (1656­ ‑1746), Pompeo Battoni (1708-1787) e dos portugueses Francisco Vieira de Matos – Vieira Lusitano (1699-1783) e Inácio de Oliveira Bernardes (1662-1732). Destaque ainda para a significativa colecção de escultura barroca italiana fora de Itália, constituída por 58 estátuas de mármore de Carrara e da coleção de paramentos de encomenda real em Itália e em França. Por vontade do rei, a cerimónia da sagração da Basílica foi realizada a 22 de outubro de 1730, data do seu 41.º aniversário.

Initially designed for 13 Franciscan friars, the convent was successively enlarged until it accommodated 328. To decorate the altars of the Royal Basilica, chapels, convent area, main entrance, refectory and Hall of Acts, one of the most important collections of religious paintings of the 18th century in Portugal was commissioned: works by the Italian painters, Agostino Masucci (1691-1758), Corrado Giaquinto (1703-1766), Francesco Trevisani (1656-1746), Pompeo Battoni (1708-1787) and by the Portuguese artists, Francisco Vieira de Matos-Vieira Lusitano (1699-1783) and Inácio de Oliveira Bernardes (1662-1732). Other highlights were the most important collection of Italian Baroque sculpture outside Italy, consisting of 58 Carrara marble statues and the royal commission of religious vestments from Italy and France. In keeping with the king’s wishes, the consecration ceremony for the Basilica was held on 22nd October 1730, his 41st birthday.

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O Exército ocupa, desde 1834, os palácios dos infantes e das princesas, parte do convento e área colegial, para além da mata e jardim da cerca, com horta e pomar, tanques de água e vários campos de jogos para lazer. Alguns destes espaços foram entregues, através de protocolo, ao Ministério da Cultura, integrando outros espaços a Escola das Armas. Since 1834, the Army has used the palaces of the infantes and princesses, part of the convent and collegiate area, the woodland and the enclosure gardens, along with the vegetable garden and orchard, water tanks and numerous playing fields for leisure. Various agreements have led to some of these areas being used by the Ministry of Culture, while the Military School of Arms occupies other buildings.

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página 42, de cima para baixo, da esquerda para a direita: Sala das colunas Corredor Sala das Passagens Sala musealizada page 42, from top to bottom and from left to right: Column Room Corridor Passing Hall Museum Room

D. Nuno Álvares Pereira, alto relevo em madeira policromada. Escultor Domingos Soares Branco D. Nuno Álvares Pereira, high relief in polychrome wood. Sculptor, Domingos Soares Branco

A Unidade que se desenvolve através do pátio central, coroado por tanques e jardim de buxo, irradia para largos e profundos corredores onde há áreas privadas e públicas. Destaca-se o vestíbulo de entrada com o seu átrio nobre, as notáveis escadarias que se interligam, de forma a que os noviços nunca deparassem com os professos, corredores das celas com seu sistema de comunicação interna, a hospedaria, a sala capitular de forma elíptica e a tribuna real para o monarca assistir aos capítulos e lava-pés do período pascal, o admirável refeitório com mesas de madeiras exóticas, tudo orientado em fila, de modo a que os irmãos pudessem ouvir os leitores nos seus dois púlpitos enquanto comiam em silêncio, e a sala dos lavabos e capelas para uso da comunidade. Fazem ainda parte da Escola das Armas, a Sala dos Actos e as antigas salas de ensino, hoje transformadas em núcleos museológicos aludindo à Guerra da Aclamação (1640-1668) e da própria Escola de Mafra, com destaque para a coleção de heráldica militar, a escultura enaltecendo D. Nuno Álvares Pereira (1360-1431), patrono da Arma de Infantaria, e variadas temáticas sobre a arte da guerra e seus atores.

The central courtyard is crowned by water tanks and a boxwood garden, from which broad and lengthy corridors lead to private and public areas: the main entrance hall, the remarkable interconnecting staircases, designed so that the novices never have to face the monks, and the cell corridors with their internal communication system. There is also the hostel, the elliptical chapter house and royal tribune for the monarch to attend chapters and foot-washing in the Easter period. The dining room with its exotic wood tables, designed in lines so the monks reading in their two pulpits could be heard while the diners ate in silence, is another splendid feature, as are the lavabos and chapels for community use. The School of Arms also includes the Hall of Acts and the old teaching rooms, now transformed into museological centres on the Restoration War (1640-1668) and the School of Mafra itself, which features the military heraldry collection, sculpture in praise of Nuno Álvares Pereira (1360-1431), patron of the Infantry; and further aspects of the art of war. página 44: Capela interior page 44: Interior chapel

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página 45, de cima para baixo, da esquerda para a direita: Sala Elíptica ou Capitular | Lava-mãos | Sala dos Actos | Átrio nobre page 45, from top to bottom and from left to right: Elliptical or Capitular Room | Lavabos | Hall of Acts | Main entrance




Refeitório dos frades Friars’ refectory

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