3 minute read
Que tipo de agricultura você conhece e pratica?
A agricultura, atividade milenar que tem como fundamento gerar alimentos para consumo direto ou indireto de pessoas e animais, é algo, sem dúvida, muito complexo. Quando pensamos nas peculiaridades de cada cultura e no seu cultivo, repleto de processos e detalhes, que mudam segundo as condições de solo e climáticas, essa complexidade aumenta, nos levando a crer que quem planta e colhe é realmente uma pessoa de inteligência apurada.
O que muita gente não sabe, incluindo muitos agricultores, é que a agricultura se apresenta em várias versões, que recebem, a cada época, uma denominação.
Advertisement
O cultivo mais adotado no planeta nos tempos atuais é hoje chamado de “convencional”. E consiste na produção em escala cada vez maior, valendo-se de produtos de nutrição (adubação) e proteção das lavouras feitos em laboratórios químicos. Os conhecidos agrotóxicos.
Nem sempre a agricultura convencional foi assim. Ainda no século passado, antes do advento dos agrotóxicos, que passaram a ser ofertados em todo o mundo sob a chancela de um movimento chamado Revolução Verde, que pretendia acabar com a fome no mundo, o que era convencional é o que hoje se chama de “agroecologia” ou “agricultura orgânica”.
Com ou sem veneno – E o que vêm a ser essas formas de produção de alimentos que já foram um dia convencionais e hoje reapareceram com uma nova denominação? A produção de alimentos de maneira mais integrada à natureza e aos elementos de nutrição e defesa que já fazem parte do ambiente. Isso significa abrir mão de adubos e defensivos químicos prejudiciais à saúde para proteger e fortalecer o plantio, resultando na produção de alimentos mais saudáveis e também mais resistentes.
Tome como exemplo quanto dura uma cenoura plantada no método hoje denominado convencional e outra produzida de forma orgânica. E você entenderá a diferença em sabor e também durabilidade do alimento.
Pequena escala – Nos tempos atuais, também a proporção da produção agrícola acaba definindo um tipo de agricultura, que pode ocorrer pelo sistema convencional ou pelo sistema agroecológico. O que pesa, nesse tipo de agricultura não é o uso de agrotóxicos, mas o fato da produção dos alimentos acontecer em menor escala e ser realizada pelos donos da terra. É o que hoje se chama de “agricultura familiar”. Muitos programas de incentivo e subsídio a esse tipo de produção agrícola são mantidos por órgãos que públicos dedicados à produtividade agrícola e escoamento de alimentos no mercado, tanto no âmbito federal como estadual. Vale destacar que se aparentemente as produções são pequenas, juntos, os produtores da agricultura familiar respondem por boa parte da produção e da diversidade de produtos disponíveis para consumo.
Sem solo e ar livre – Há sistemas agrícolas que não se valem do solo e nem da circulação do ar e da água da chuva. É o caso da “agricultura hidropônica”, que é o cultivo com base na água e em ambientes protegidos, as conhecidas estufas. Nesses espaços de cobertura por material plástico, que é muito comum, ou de vidro, que é mais raro por seu custo, também são produzidos alimentos plantados no solo ou em vasos. As estufas são muito usadas para se plantar tomates, pimentões e pepinos, além de uma boa variedade de frutas e hortaliças. Uma peculiaridade da “agricultura em ambiente protegido” é a necessidade de se inserir um bom sistema de irrigação, já que não é possível contar com a água das chuvas.
Sintrópica, biodinâmica, permacultura – Menos conhecidas da maioria das pessoas, essas alternativas para a produção de alimentos têm em comum a diversidade produtiva como fonte de nutrição do solo e proteção das plantas. Com mais semelhanças dos que diferenças entre si, elas resultam em produtos orgânicos ou agroecológicos e garantem a sustentabilidade de todo o ambiente produtivo. Outro ponto em comum é a base cintífica desses sistemas que, apesar de resgatarem os fundamentos originais de produção, são ancorados em estudos abrangentes, que consideram não apenas a produtividade, mas todo o sistema ambiental e sua perenidade.
Diversidade e escolha – Com tantas formas e conceitos de produção e considerando também a diversidade de aliementos que se pode produzir, incluindo itens gerados por animais, como ovos e mel, além de legumes, frutas, hortaliças e grãos, todos em considerável variedade de espécies, a agricultura pode ser uma ótima escolha para quem quer se dedicar a algo que pode garantir, além do próprio alimento, uma boa fonte de renda. Algo que pode variar de grandes somas, quando se pensa em grandes plantações ou itens de grande procura, ao suficiente para uma vida digna, com a vantagem de se poder trocar de lavouras de acordo com as estações do ano e também para aproveitar as demandas do mercado. É preciso, no entanto muita disposição para aprender e para colocar em prática um aprendizado que envolve minúcias e medidas, bom senso e vigor físico. As recompesas podem ser surpreendentes e a qualidade de vida, é coisa certa.
Fonte: Oficina de Textos www.ofitexto.com.br