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Ação escolar leva “loja” de brinquedos e livros para crianças de projeto social

Mestres são pessoas que nos ensinam. Com eles, aprendemos não apenas o essencial para nos tornarmos capazes de explorar nossos talentos e aptidões. Quantas frases ecoam em nosso viver,com seus ensinamentos? “Tudo que é demais não é bom”, repetia dona Elaine, professora de biologia do 1º ano Colegial (atual ensino Médio). “Um ponto de vista não invalida outro”, provou frei Estevão, em aulas de filosofia, estampando um livro à nossa frente e provando que o que víamos era diferente do que ele via, mas não deixava de ser verdade, ensinando também o quanto ela é relativa.

Curiosamente, é na mesma escola de onde tiro esses ensinamentos, que uma das mais importantes atividades para qualquer pessoa poder explorar suas potencialidades e fazer escolhas que garantam seu êxito existencial, a leitura, é não apenas valorizada, mas estimulada de com arte e maestria.

Com uma professora que se dedica exclusivamente a ensinar a gostar de ler, o colégio OAPEC, de Santa Cruz, conseguiu este ano levar o hábito da leitura para fora da escola. Numa ação criada por Priscila Andrade Santos Carvalho de Souza, centenas de livros infantis e gibis foram distribuídos num evento onde crianças de 3 a 12 anos puderam escolher o que levar para casa. “A arrecadação foi uma forma de por em prática letras de canções natalinas”, conta Priscila, referindo-se às crianças de 6 a 10 anos, num total de 157 alunos.

Com arte e criatividade, alunos da OAPEC são estimulados a ler de forma lúdica e repleta de conteúdo pedagógico

Loja de livros e brinquedos – Com mais de 350 livros e a mesma quantidade em brinquedos de todos os tipos doados pelos alunos, Priscila montou a “Lojinha da VAL”, num dos eventos da Vaquinha do Alimento, que promove a inclusão alimentar para crianças e adolescentes da Vila Di-

vineia, bairro vulnerável da cidade, e para moradores de cinco bairros vizinhos.

Assim que chegavam, cada uma delas recebia uma moeda para “comprar” um livro e outra para “comprar” um brinquedo. Na lojinha, vendedoras conduziam cada criança para que pudesse escolher livremente, sem a interferência de ninguém. “Foi emocionante”, diz Priscila, que permaneceu na “loja” interpretando o famoso personagem Kimiquinho, que ganha vida em sua interpretação irretocável.

Crianças juntando brinquedos para doar

O aprendizado na prática – Com temas anuais para as aulas de leitura, Priscila coloca todo o seu potencial artístico em cena, com atividades lúdicas, cenários e figurinos que tornam tudo envolvente, acolhedor e provocante. “Durante a ano letivo, as crianças receberam estrelas pela participação nas aulas. A arrecadação dos livros, gibis e brinquedos foi a finalização do projeto de leitura anual”, explica a professora. “Durante as aulas de leitura, houve muita conversa sobre o real significado das palavras “doação” e “solidariedade”. Também estudamos e interpretamos a letra da canção “Então é Natal”. E assim, colocamos a pergunta da canção 'então é Natal, e o que você fez?' em prática”, conta, destacando que todos os brinquedos e livros foram doados pelos alunos. “As crianças gostaram tanto, que pediram se podem fazer isso todo ano”, revela .

A professora Priscila, profissionais e aluna da OAPEC chegam no CRAS Betinha com mais de 700 livros e brinquedos para 350 crianças que participam da Vaquinha do Alimento

O efeito da doação – A proposta da professora de leitura surtiu um efeito imediato e acima das expectativas nas crianças. “Já na primeira semana elas foram trazendo brinquedos e querendo doar mais. E todos em perfeito estado. Recebemos até brinquedos novos”, conta Priscila, que também ficou admirada com a quantidade de livros e gibis, que chegavam em muitas sacolas e até em caixas. “As crianças chegavam com suas doações muito felizes”, destaca. A contabilidade dos resultados, cerca de 700 produtos, entre brinquedos e livros, resulta numa média de 4 itens doados por criança.

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A “loja de brinquedos” criada pela professora Priscila, ao apoio do colégio OAPEC e à adesão de pais e alunos permitiu que centenas de crianças exercem seu direito de escolha

Toneladas de alimentos para entidades sociais

A prática da doação é recorrente no Colégio OAPEC. Este ano, a exemplo de outras ocasiões, os alunos de 11 a 17 anos, cumpriram uma maratona de arrecadação de alimentos que extrapolaram os muros da escola.

Parte das atividades esportivas, a competição por pontos resultou em mais de três toneladas de alimentos. A ação durou todo o mês de outubro e foi conduzida pela professora de Educação Física e Ginástica Artística Yngrid Toledo.

Bastante organizados e engajados, eles se dividiram em grupos e promoveram um rodízio para sair em busca de apoio junto a moradores de bairros próximos do colégio, supermercados e até empresas, onde conseguiram fardos inteiros de alimentos de cesta básica. “O envolvimento dos alunos foi maravilhoso. Eles estavam muito motivados e os pais ficaram muito felizes em ver a autonomia de seus filhos”, avalia a professora Priscila.

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