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Jovem usa deficiência visual para se aprimorar no skate

Dizem que se a vida lhe der um limão, a melhor coisa a fazer, é uma limonada. Tirar vantagem de uma situação ruim, na verdade é para poucos. Requer uma dose de resiliência, perseverança e otimismo fora do comum. Rafael Hendrix Gonçalves Boaventura certamente é uma dessas raras pessoas que sabem tirar proveito das adversidades. Aos 23 anos, ele é um atleta que chama a atenção no universo do skate, esporte que ganhou notoriedade e respeito no reduto das competições esportivas do mundo todo há bem pouco tempo.

Além da habilidade em manobras de tirar o fôlego do público e lhe render trofeus, medalhas e, algumas vezes, prêmios em dinheiro, Rafael se diferencia por sua condição física, já que tem apenas 5% de visão num dos olhos e 10% no outro. “Acho que em relação ao skate a doença me ajudou, porque como tudo ficou mais difícil eu tive que treinar ainda mais. Isso me ajudou a ser mais dedicado”, avalia o jovem que descobriu ser portador de cera-tocone aos 16 anos, uma doença ocular severa que causa a perda progressiva da visão, que se torna borrada e distorcida. “Como foi piorando muito rápido eu tive que ir me adaptando muito rápido também. Mas foi tudo questão de treino mesmo. Então quanto mais eu ia perdendo a visão, mais eu ia me adaptando para não perder o que eu já sabia”, conta Rafael, que lida com a questão de maneira leve e aguarda a colocação de lentes que possam melhorar sua condição.

Rafael Hendrix em manobra na pista que conhece desde pequeno levado pelo pai.

Arte e esporte – O atleta, que também é músico e domina vários instrumentos, conta que desde criança o esporte e a arte fazem parte da sua vida. E que isso foi fundamental para se livrar do baixo astral da doença e se aprimorar. “Ter uma vivência intensa na música e no esporte ajudou muito”, garante, explicando que com isso não sobrou tempo para ficar pensando no problema. “Não tive tanta dificuldade em perder a visão. O que mais me preocupou mesmo foi querer me tratar. E passei a viver me adaptando, sem deixar de fazer as coisas que eu fazia”, ensina o jovem.

Sonho e trabalho – Enquanto aguarda a colocação de lentes que podem melhorar sua condição visual, já que um transplante de córnea é bastante arriscado no caso dele, Rafael se divide entre o sonho de participar de campeonatos nacionais e internacionais e o trabalho, numa loja e roupas esportivas e de produtos para a prática do skate. “O dono da loja já sabia do meu problema e isoo não afeta o meu rendimento. Ele era meu colega de escola e precisava de alguém que entendesse de skate e me contratou. Estamos vendendo bem”, diz animado com resultados da experiência com vendas.

Isso não o distancia, no entanto, da meta de se estabelecer como atleta, inclusive competindo com atletas sem limitações físicas e não no para-atletismo. “Tenho conseguido resultados satisfatórios em competições convencionais e pretendo me manter dentro delas”, afirma Rafael. Segundo ele, a experiência em um campeonato de para-atletismo gerou dúvidas nos organizadores por causa da sua performance. “Apesar de todos os laudos que apresentei, eles duvidaram da minha limitação visual por causa dos resultados que consegui”, revela

Rafa com o trofeu e prêmio conquistado em campeonato de Santa Cruz, ao lado da mãe Priscila e do secretário de Esportes, Campanha

De bem com a vida – Seguindo com essa leveza, algo que ele coloca em prática nas suas manobras, Rafael prova que tudo depende da maneira como encaramos as questões da vida. E segue convicto de sua meta de conseguir patrocinadores para poder competir em campeonatos estaduais e nacionais que o levem para uma esfera mundial. “O que desde pequeno eu tento correr atrás é viver do atletismo no skate. Quis também trabalhar com música, mas o skate sempre veio antes. E é isso que eu busco no momento. Viver do skate, participar dos campeonatos”, diz resoluto.

Oportunidade de marketing – Empresas interessadas em ampliar sua visibilidade de marca a um custo relativamente baixo e com grande potencial de retorno, pela história de vida e performance do atleta, têm aí uma ótima oportunidade. “Acho que tenho condições de me destacar nos grandes campeonatos, o que falta mesmo são os patrocinadores para poder fazer as viagens, as inscrições, fazer os treinos. Para ter bastante destaque tenho que estar no máximo de eventos possível”, explica o atleta. Senhoras empresas, com vocês, Rafael Hendrix. É só travar contato!

Skate em alta – Uma exposição contando a trajetória do skate, o esporte mais fa-lado do momento, acontece em São Paulo. Vale a pena visitar: Exposição ANATOMIA SKATE | 3ªa dom – 9h às 20h | Até 24/03/24 | Farol Santander (R. João Bricola, 24) | Visitação: R$ 35,00.

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