RE-CONECTAR Espaços e humanização | Nathália Campos | UNIEVANGELICA

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TC

cadernos de

Intervenção Urbana

RE-CONECTAR

Humanização nos espaços internos e no entorno do Hospital Santa Casa de Anápolis

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issuu.com/cadernostc

Cadernos de TC 2020-2 Expediente

Direção do Curso de Arquitetura e Urbanismo Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Corpo Editorial Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Simone Buiati, M. arq. Coordenação de TCC Rodrigo Santana Alves, M. arq. Orientadores de TCC Maíra Teixeira Pereira, Dr. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Detalhamento de Maquete Madalena Bezerra de Souza, E. arq. Seminário de Tecnologia Jorge Villavisencio Ordóñez, M. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Seminário de Teoria e Crítica Pedro Henrique Máximo, M. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Expressão Gráfica Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Simone Buiate Brandão, M. arq. Secretária do Curso Edima Campos Ribeiro de Oliveira (62)3310-6754


Apresentação Este volume faz parte da coleção da revista Cadernos de TC. Uma experiência recente que traz, neste semestre 2020/1, uma versão mais amadurecida dos experimentos nos Ateliês de Projeto Integrado de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo (I, II e III) e demais disciplinas, que acontecem nos últimos três semestres do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Anápolis (UniEVANGÉLICA). Neste volume, como uma síntese que é, encontram-se experiências pedagógicas que ocorrem, no mínimo, em duas instâncias, sendo a primeira, aquela que faz parte da própria estrutura dos Ateliês, objetivando estabelecer uma metodologia clara de projetação, tanto nas mais variadas escalas do urbano, quanto do edifício; e a segunda, que visa estabelecer uma interdisciplinaridade clara com disciplinas que ocorrem ao longo dos três semestres. Os procedimentos metodológicos procuraram evidenciar, por meio do processo, sete elementos vinculados às respostas dadas às demandas da cidade contemporânea: LUGAR, FORMA, PROGRAMA, CIRCULAÇÃO, ESTRUTURA, MATÉRIA e ESPAÇO. No processo, rico em discussões teóricas e projetuais, trabalhou-se tais elementos como layers, o que possibilitou, para cada projeto, um aprimoramento e compreensão do ato de projetar. Para atingir tal objetivo, dois recursos contemporâneos de projeto foram exaustivamente trabalhados. O diagrama gráfico como síntese da proposta projetual e proposição dos elementos acima citados, e a maquete diagramática, cuja ênfase permitiu a averiguação das intenções de projeto, a fim de atribuir sentido, tanto ao processo, quanto ao produto final.

A preocupação com a cidade ou rede de cidades, em primeiro plano, reorientou as estratégias projetuais. Tal postura parte de uma compreensão de que a apreensão das escalas e sua problematização constante estabelece o projeto de arquitetura e urbanismo como uma manifestação concreta da crítica às realidades encontradas. Já a segunda instância, diz respeito à interdisciplinaridade do Ateliê Projeto Integrado de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo com as disciplinas que contribuíram para que estes resultados fossem alcançados. Como este Ateliê faz parte do tronco estruturante do curso de projeto, a equipe do Ateliê orientou toda a articulação e relações com outras quatro disciplinas que deram suporte às discussões: Seminários de Teoria e Crítica, Seminários de Tecnologia, Expressão Gráfica e Detalhamento de Maquete. Por fim e além do mais, como síntese, este volume representa um trabalho conjunto de todos os professores do curso de Arquitetura e Urbanismo, que contribuíram ao longo da formação destes alunos, aqui apresentados em seus projetos de TC. Esta revista, que também é uma maneira de representação e apresentação contemporânea de projetos, intitulada Cadernos de TC, visa, por meio da exposição de partes importantes do processo, pô-lo em discussão para aprimoramento e enriquecimento do método proposto e dos alunos que serão por vocês avaliados.

Maíra Teixeira Pereira, Dr. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq.



RE-CONECTAR Espaços e humanização. A finalidade do presente trabalho busca refletir sobre os espaços que integram a Santa Casa de Anápolis-GO, buscando estratégias para torná-los um espaço vivo e adequado para seus usuários. O projeto pretende RE-CONECTAR as pessoas com este espaço, por meio de um desenho acessível que pivilegie todos as pessoas que por ali transitar. A elaboração do projeto parte do desejo de tornar esta área um ponto de permanência e integração entre as pessoas, sejam elas acompanhantes, moradores, funcionários do hospital e também as pessoas que trabalham em seu entorno.

Nathália Campos

Orientador: Rodrigo Santana


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Nathรกlia Campos


“Primeiro

nós moldamos as cidades,

Depois

elas nos moldam.

Jan Gehl

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Nathรกlia Campos


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APRESENTAÇÃO

RE-CONECTAR - Espaços e humanização

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Apresentação

LEGENDAS: [f.1] https://unsplash.com/photos/lknu_oR_V3Q [f.2] Santa Casa Autor: Nathália Campos [f.3] https://unsplash.com/photos/Sq3tHw0y2qE

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A arquitetura pode ser capaz de mudar a vida das pessoas, pois promove sensações diferenciadas entre os elementos que compõe um espaço e as pessoas que os utilizam, isso devido à capacidade humana de se envolver com os ambientes e das experiências oferecidas pelo local. Tendo em vista este desenvolvimento humano com o espaço arquitetônico tem-se absorvido o termo “humanização” entendida “como valor, na medida em que resgata o respeito à vida humana. Abrange circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas presente em todo relacionamento humano.”. (MEZZOMO apud HOREVICZ; CUNTO, 2017, p.17. A arquitetura em ambientes hospitalares tem se destacado por aplicar o conceito de humanização em seus espaços internos e externos, priorizando o bem-estar dos pacientes. A humanização nesses espaços hospitalares, sejam esses internos ou externos, visa a criação de espaços que transmitam o bem-estar físico e emocional para os usuários, tendo foco no conforto de todas as pessoas, sejam elas pacientes, acomopanhantes ou pessoas que transitam pela região. A Santa Casa é um hospital relevante na cidade de Anápolis, e recebe inúmeros pacientes todos os dias, sem falar nas pessoas que ficam no hospital por longos períodos, sejam elas acompanhantes ou até mesmo pessoas que fazem parte da equipe hospitalar. A proposta projetual trata-se de intervenções nas áreas internas e externas, do entorno do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Anápolis, trazendo um espaço humanizado para o ambiente hospitalar, onde será bastante relevante, tendo a devida demanda necessária para que o local seja bem utilizado pelos usuários. Alguns ambientes serão criados para fomentar a integração do espaço interno com o externo, como áreas verdes, jardins e áreas de permanência. As intervenções serão de grande valia, já que atualmente a situação do hospital se encontra precária, necessitando de uma intervenção que visa o bem-estar das pessoas. O intuito destas intervenções estão diretamente ligadas a qualidade de vida dos pacientes, dos acompanhantes, das pessoas que trabalham na região e da equipe médica.

Nathália Campos


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Histórico

LEGENDAS: [f.4]Fachada Santa Casa de Anápolis 1946. Fonte: http://www.santacasa.org/site/nossa-historia/

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A Santa Casa de Misericórdia se localiza na cidade de Anápolis-GO, situada em um bairro desenvolvido, Jundiaí, e foi fundada em 1946, com o propósito da Fundação de Assistência Social de Anápolis (FASA), em assistir as pessoas em estado de vulnerabilidade econômica e social, acolhendo-as e dando o que comer. É uma instituição filantrópica e sem fins lucrativos, onde é voltada para a assistência a saúde, geração do conhecimento e responsabilidade social. Através do trabalho das Irmãs Franciscanas de Allegany, nasceu o Hospital Menino Jesus, com o trabalho voltado aos menos favorecidos, com o passar dos anos houve um aumento significativo nas estruturas da unidade hospitalar e com a ajuda de muitos setores, a sociedade do hospital cresceu, onde hoje existe 9.330 m², se tornando um bem para a população. A Santa Casa de Misericórdia dispõe atualmente de 200 leitos hospitalares, atendendo anualmente mais de 500 mil pessoas advindas de Anápolis, e mais de 60 municípios, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) e diversos convênios com planos de saúde. Mesmo com essa quantidade expressiva de atendimentos, a Santa Casa sofre com a falta de continuidade em ações do governo na área da saude. A história da Santa Casa é muito significante para a cidade de Anápolis, um local marcante e de várias histórias que incluem vidas, e por isso foi escolhida para ser estudada e também para ser feita a intervenção. Estudando a unidade, e em como ela pode conseguir atingir mais ainda as pessoas, continuando fazendo com que seja cada vez mais relevante, notou-se uma enorme decadência e uma carência estrutural de espaços humanizados e de convivência, não só para os pacientes, mas também para os acompanhantes, colaboradores etc. Existem outros hospitais que possuem espaços humanizados, sendo alguns mais antigos, mas a Santa Casa tem uma enorme ausência dos mesmos, precisando entender e buscar uma melhoria, um programa de necessidades básico para atender o público, precisando então de uma readequação desses espaços internos do hospital, tornando assim espaços utilizáveis e que tragam maior uso e conforto para as pessoas.

Nathália Campos


Problemática

[f.4]

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Com intuito de trazer melhorias a esse hospital foram realizadas algumas visitas ao mesmo, após essas visitas feitas surgiram questionamentos que eram constantes em relação à essa estrutura hospitalar. São eles: - Onde estes pacientes se distraem? Eles possuem algum local de encontro com outras pessoas ou até mesmo outros pacientes? - E os acompanhantes, onde passam seu tempo, onde descansam e se desconectam de dias longos e cansativos dentro de um hospital? - Os funcionários do hospital possuem algum local para descanso? A partir do questionamento acima e de visitas feitas ao local, chegou-se a conclusão de que para todas estas perguntas a resposta seria a mesma: a Santa Casa não possui locais para promover o descanso, lazer e convivência. Uma das finalidades deste tema, é trazer a humanização ao ambiente hospitalar, ambiente este que na maioria das vezes causa sensações de desconforto nas pessoas por toda a carga emocional que carrega. A problematização do tema não se encaixa apenas à Santa Casa que não possui estes locais, mas sim como a maioria dos hospitais no Brasil. Porém, isso já vem sido mudado em algumas cidades do país, como em Sinop no Mato Grosso, onde o Hospital Regional da cidade recentemente (2018) recebeu uma readequação em quatro locais do hospital, humanizando e levando a oportunidade de convívio para quem está no hospital. E o feedback é positivo, segundo o paciente Caio Coelho de Marais, de 63 anos: "É o cantinho dos encontros aqui no Hospital e eu achei maravilhosa a ideia, porque não tem preço ser bem acolhido e principalmente ser bem cuidado, e são essas pequenas coisas que nos deixam mais animados. Só quero agradecer pela dedicação e carinho que recebi nesses dias internado na Clínica Médica". Esses espaços de convivência são muito importantes para que os pacientes e seus familiares se sintam acolhidos, proporcionando uma troca de experiência durante todo o tratamento, buscando sempre trazer melhorias, para garantir o atendimento humanizado e mais satisfatório aos usuários do hospital.

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Justificativa Visto que não somente em Anápolis, como o Brasil, enfrentam uma crise no setor da saúde , devido aos avanços tecnológicos juntamente à carência de recursos, e o descaso do governo quanto ao tema, o presente trabalho tem como objetivo promover a humanização e a convivência nessas áreas da Santa Casa. Colaborando com o desenvolvimento de uma estrutura adequada e priorizando o bem-estar dos pacientes, acompanhantes funcionários do hospital e do entorno. Uma matéria Uma arquitetura que salva criança (ISTOÉ 2013), apresenta um estudo feito nos Estados Unidos onde o resultado revelou que os espaços projetados possuem grande influência na recuperação dos pacientes e ameniza o stress da família. Por isso várias instituições de saúde tem investido na inovação e humanização dos espaços hospitalares , além de contar

com inovações que aproximam o relacionamento de todos os profissionais da equipe hospitalar e o ambiente hospitalar com o paciente e sua família. A idéia também é trazer novos usos para a área em questão proporcionando uma identidade visual adequada, além do conforto a nível de pedestre, devolvendo os espaços para os usuários. Através da requalificação deste espaço busca-se também tornar a área em um ponto de permanência e integração das pessoas, sejam elas pessoas que estão utilizando o hospital, equipe médica, moradores, pessoas que estão de passagem no local, ou até mesmo aquelas pessoas que trabalham no comércio próximo que podem utilizar a área no horário de almoço para fazer suas refeições. Transformando assim essa região em uma área segura e agradável.

Gráfico de potencialidades Identidade visual Segurança Conforto Permeabilidade e conexão Fluxo e movimento no comércio

LEGENDAS: [f.5] Gráfico de potencialidades. Autor: Nathália Campos

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Nathália Campos


Público Alvo

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Há um elemento que é essencial para qualquer espaço público, esse elemento: são as pessoas. As pessoas são o único elemento indispensável para dar significado à um espaço. Um espaço urbano eficaz deve ofertar e criar demandas, estimular as pessoas para novos hábitos e fornecer novos lugares ao uso. Esses espaços serão pensados como palco da vida pública da região, possibilitando a integração da comunidade ao processo de planejamento do projeto. O projeto é participativo, e usou as seguintes ferramentas para seu desenvolvimento: observar, perguntar, escutar, vivenciar e descobrir as reais necessidades dos usuários para o projeto. Esse processo de integrar diversos usuários e diversas opiniões ao projeto assegura: um melhor desenho urbano, um programa assertivo que atende as reais necessidades desses usuários e também fortalece as identidades físicas, culturais e sociais que definem esse lugar.

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O projeto tem o intuito de integrar diversos usuários com diversas faixas etárias ao projeto. Focando nos pacientes da Santa Casa de Anápolis, nos acompanhantes destes pacientes que carecem de um espaço para conivência, aos funcionários da Santa casa que precisam de um lugar de descanso, aos funcionários do comercio da região que terão um local de descanso e também para fazer suas refeições. Tendo assim um encontro de diversos usuários no projeto, gerando assim conexões que podem beneficiar à todos. O desenvolvimentos desses espaços beneficiará: os pacientes poderão ter apoio de outras pessoas enquanto estão passando por um momento delicado diminuindo seu isolamento, os familiares desses pacientes poderão conversar com diversas pessoas fazendo que esse tempo que eles estejam lá seja de menos incômodo, trará benefícios ao comércio pois atrairá mais pessoas ao local trazendo mais segurança e movimento para região.

LEGENDAS: [f.6] Espaço Convivencia Hospital na Paraíba Fonte: https://paraiba.pb.gov.br/diretas/saude/noticias/hospital-geral-de-mamanguape-in augura-novo-espaco-de -convivencia-para-cola boradores

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Nathรกlia Campos


02 CONCEITOS

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Epaços Humanizados em Hospitais Humanização, segundo o dicionário, é a “Ação ou efeito de humanizar ou humanizar-se; tornar-se mais sociável, gentil ou amável”. O ambiente de trabalho em um hospital traz consigo toda uma carga de sentimentos ruins e pesados onde a imagem de um lugar frio prevalece. Porém, a prática da humanização em hospitais está cada vez mais se tornando comum visando o bem-estar do paciente e do profissional e fazendo com que os hospitais se tornem ambientes mais acolhedores. Segundo o autor Luiz Antônio Bettineli, o processo de humanização nos hospitais coloca em primeiro lugar o significado da vida do ser humano, onde envolve fatores éticos e culturais, além disso é o responsável por cuidar da produtividade e se adequa a mudanças necessárias. Contudo, podemos citar a opinião da autora Patrícia Biasi Cavalcanti, de grandes casos de desgastes que aconteceram emocionalmente com os pacientes que sofreram com uma rotina cansativa, e com isso fazendo com que os familiares também se reflitam no mesmo contexto do cansaço.

LEGENDAS: [f.8] Centro Geriátrico Santa Rita Espanha Fonte: https://archipolisjunior.com/post/arquitetura-hospitalar-e-o-atendimento-humaniza do

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O espaço fisiológico do paciente não é eliminado com o sofrimento que o paciente tem dentro do hospital, mas pode ser usado para ajudar a melhorar o bem estar, além disso também ajuda os funcionários criando espaços agradáveis e adequados para que possam atender as necessidades do paciente. Esses espaços hospitalares busca uma ambiência interna e externa para os mesmos, e os projetos arquitetônicos pesquisados por várias pessoas sempre recomendam que esses edifícios hospitalares sejam transparentes quanto ao seu paciente, com isso utilizando também os ambientes que podem ser temáticos. Será criado um espaço humanizado em uma das áreas internas da Santa Casa, onde será adotado um novo paisagismo e novos mobiliários para os pacientes de todas as pessoas que passam pelo hospital, seja de visita ou porque trabalham ali, tenha um local de descanso, convivência e de respiro em meio ao caos que é a rotina de um hospital. Trazendo assim um espaço de refúgio e de conexão para todas essas pessoas.

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Nathália Campos


Espaços Interticiais

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Os Interstícios são espaços convencionais também classificados como livres, dependendo também de cada cidade de onde ela se caracteriza. O espaço intersticial sustenta e trata aquilo que não pode ainda se oficializar na estrutura institucional, aquilo que não pode ainda fazer-se reconhecer. Aquilo que não pode ainda encontrar forma grupal ou individual aceitável, mas que deve ser protegido para não ser destruído. Segundo a autora Maria Rosália Guerreira, os espaços interstícios urbanos estão relacionados de duas formas: espaços residuais sem forma negativa, e espaços com formas que são mais positivas, onde são os espaços que se tornam únicos e com significados próprios que se adequam a um espaço urbano. Já Eduardo Pizzarro acredita que esses espaços são definidos como um conjunto aberto para a cidade, onde se tornam espaços que se delimitam, criados também pelas interfaces que se insere a um meio exterior, justificados como espaços semi públicos e públicos e também pode ser considerados como espaços privados.

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Já a opinião de Roussilon é basicamente que os espaços intersticiais é definido como um lugar institucional comum, sendo consideradas corredores, cantinas, secretárias, pátios, e salas de descanso, que são lugares transitáveis para uma atividade e outra, que são também definidas como lugares de encontro, folgas e atividades das próprias instituições. Esses espaços “assegura uma função de vinculo, estabelece pontes, conforta narcisicamente, permite arranjos contra fóbicos, evita um sentimento muito doloroso de solidão”. (Roussilon, 1988, p. 144). Penso que os espaços intersticiais são espaços inseridos no meio da cidade, de formas a serem vistos como obsoletos, caracterizados como positivos ou negativos, possuindo um dever de ambiência e conexão, podendo levar um espaço público adequado com identidade para a cidade, fazendo com que a cidade tenha uma própria ligação com os mesmos. E pode-se notar isso na área interna da Santa casa, onde ela se encontra entre edifícios carregando o poder de ser tornar um ambiente para toda a população.

LEGENDAS: [f.9] Exemplo de intertícios Fonte: https://journals.openedition.org/sociologico/218 [f.10] Foto Paley Park Nova York Fonte: https://uffpaisagismo.wordpress.com/2015/09/09/paley-park/

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Urbanismo Tático

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LEGENDAS: [f.11] Antes e depois do bairro de Santana, São Paulo Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/929743/o-que-e-urbanismo-tatico

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Cidades em diversas partes do mundo, e também no Brasil, estão partindo de intervenções temporárias para catalisar projetos de longo prazo que melhorem a segurança viária e ajudem a criar espaços públicos de qualidade. A técnica se chama “urbanismo tático”, que promove a reapropriação do espaço urbano por seus principais usuários: as pessoas. O movimento ganha força em um contexto de crise nas áreas urbanas, no qual os governos enfrentam dificuldades para entregar à população serviços urbanos básicos, como habitação e transporte de qualidade. Ao conferir novos sentidos para os lugares a partir de mudanças rápidas, reversíveis e de baixo custo, o urbanismo tático cria cidades mais amigáveis aos moradores e, muitas vezes, motiva as pessoas a repensarem seus hábitos por meio dos diferentes encontros e trocas que esses espaços possibilitam. Os projetos em geral têm como objetivo a readequação do espaço viário e a valorização dos espaços públicos, mas mudam conforme as necessidades de cada local.

Essa estratégia também decorre da insatisfação com o modelo que estamos acostumados,no qual os projetos urbanos são projetados por profissionais e geralmente só consultam a população no final do processo (depois que muitas decisões foram tomadas), outras vezes nem consultam a mesma. Os projetos podem partir do poder público, da iniciativa privada ou da própria população. Independentemente de quem coordena a ação, esse um processo deve dialogar com a comunidade afetada pela mudança. E nesta prática a ordem pode ser invertida, onde as idéias podem vir da população e tamém a execução. Profissionais engajados na prática do urbanismo tático afirmam que esse tipo de intervenção inclui ações pontuais de pequena escala que visam mudanças de comportamento e cultura a longo prazo. Esse conceito será usado em todo o entorno da Santa Casa, englobando suas vias e calçadas para que todo o entorno se torne um local agradável e atrativo para seus usuários.

Nathália Campos


Jan Gehl Para também ajudar a desenvolver um olhar mais crítico em relação as propostas de projeto foi tomado de base o arquiteto e urbanista Jan Gehl, dinamarquês, professor universitário aposentado e consultor, dedica-se a melhorar a qualidade de vida urbana através da reorientação do planejamento urbano em favor de pedestre e ciclistas. Foi escolhido para embasar o presente trabalho um de seus livros: “Cidade para pessoas.” No livro Gehl aborda que durante décadas, o planejamento urbano esqueceu as pessoas. Principalmente com o início do plano modernista, o aspecto humano foi esquecido e negligenciado. A cidade está crescendo e o tráfego de carros também, mas o planejamento focou nos automóveis e esqueceu que as cidades são compostas principalmente por pessoas. O modernismo foi esquecendo as pessoas, abandonou os espaços urbanos, a interação de pessoas x cidade e a tendência arquitetônica seguiu a direção de edifícios cada vez mais isolados e auto-suficientes.

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A partir disso compreende-se que a qualidade ambiental se mede a partir da forma como se apropriam as pessoas no espaço, considerando que pessoas atraem pessoas, os espaços devem ser cuidadosamente projetados para sustentar uma cidade viva. Existem poucos lugares onde os cidadãos podem passear e passar o tempo, morando em um prédio que tem tudo sem precisar sair, a cidade se tornou menos atraente, menos saudável e energética. Além disso, Jan fala de métodos, muita das vezes simples, onde se consegue devolver esses espaços humanizados para as pessoas. E é exatamente a linguagem que se faz presente no projeto. Idéias e metodologias de fácil aplicabilidade, mas que devolverá espaços agradáveis, de convívio para a cidade priorizando sempre os usuários. Jan Gehl reitera que é fundamental trabalhar com atenção para estimular o uso dos espaços, num cuidadoso trabalho que considere escala humana como protagonista nos projetos que objetivam estimular a vida urbana.

LEGENDAS: [f.12] https://zh.rbsdirect.com.br/imagesrc/21790461.jpg?w=700

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Nathรกlia Campos


03 ANÁPOLIS

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A Cidade

LEGENDAS: [f.13] Foto aérea de Anápolis Fonte: CDL Anápolis [f.14] Foto Aérea da Praça Bom Jesus Fonte: http://www.jornalestadodegoias.com.br/2016/07/04/praca-bom-jesus-cartao-postal-da-cid ade-de-anapolis/

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Segundo o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE) para 2010, Anápolis tem 334.613 habitantes, sendo o terceiro maior em população do Estado. Possui um PIB de 8,1 bilhões de reais, o que faz de Anápolis o município mais competitivo, rico e desenvolvido do interior do Centro-Oeste Brasileiro. O clima do município é tropical com estação seca, Como Anápolis está em uma altitude elevada, as temperaturas são mais amenas. A temperatura, ao longo do ano, oscila entre mínima média de 18 °C e máxima média de 28 °C. Existem duas estações distintas; a da seca, que coincide com o período de temperaturas menores, geralmente de abril a setembro, e a das chuvas, que coincide com o verão. Sendo assim, os meses de agosto e setembro são muito secos e costumam ser quentes. Anápolis é a principal cidade industrial e centro logístico do Centro-Oeste brasileiro. Possui diversificada indústria farmacêutica, forte presença de empresas de logística e atacadistas. Anápolis se tornou um grande distribuidor de produtos para todo o país, tudo isso através do porto seco e terminal alfandegado de uso público, que é destinado a armazenar mercadorias importadas ou a exportação, que facilitam as operações para o comércio exterior. Segundo dados do IBGE de 2010, o município ficou em segundo do Estado em produção de riquezas, por ter participação de 10,3% no Produto Interno Bruto (PIB) estadual. Mas Anápolis não vive apenas das indústrias instalados no DAIA (Distrito Agroindustrial de Anápolis) e no restante da cidade, devido sua excelente localização a cidade atraiu grandes investidores e hoje conta com um comercio forte e diversificado, abriga ainda grandes instituições de ensino superior. Anápolis possui um dos mais avançados centros de saúde do interior do Brasil. São dezenas de hospitais, clínicas e laboratórios. Esse complexo é aparelhado para cirurgias, microcirurgias, implantes, transplantes e reimplantes. A Cidade Anápolis é referência em saúde, contando também com o Hospital de Queimaduras, Hospital Espírita de Psiquiatria, Santa Casa de Misericórdia, Hospital Municipal Jamel Cecílio e o Hospital Evangélico Goiano. A saúde municipal conta com 40 (quarenta) postos de atendimento ambulatorial e CAIS (Centro

Nathália Campos


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Entorno O bairro Jundiaí funciona como uma centralidade em Anápolis, os serviços e atividades de lazer que ele oferece são atrativos para os moradores do bairro, de bairro vizinhos e até mesmo de bairros mais afastados na cidade de Anápolis. Fazendo com que moradores de toda cidade frequente essa região. O entorno é caracterizado pelo seu uso diverso, como comércio, restaurantes, escolas, clínicas e residências. Fazendo dessa área um ponto de bastante movimento de pessoas e automóveis. Por possuir bares e restaurantes próximos ao local esse movimento se estende do dia até à noite. Mas como esses pontos estão espalhados na região, algumas áreas, como a área de intervenção, sofre um esvaziamento noturno, gerando espaços de inseguridade no entorno, devido à esse esvaziamento de pessoas.

LEGENDAS: [f.15] CTO. Fonte: Nathália Campos [f.16] CRA. Fonte: Nathália Campos [f.17] Laboratório Evangélico. Fonte: Nathália Campos [f.18] Colégio Galileu. Fonte: Nathália Campos [f.19] Feirão coberto Jundiaí. Fonte: Nathália Campos [f.20] Paróquia São Francisco. Fonte: Nathália Campos

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Os pontos no entorno a se destacar são: (1) A clínica CTO, (2)a Clinica Radiológica de Anápolis(CRA), (3) o Laboratório Evangélico, (4) o Colégio Galileu, (5) o Feirão coberto do Bairro Jundiaí e (6) a Paróquia São Francisco. A clínica CTO oferta atendimento em diversas áreas como ortopedia, pediatria e cardiologia. A Clínica Radiológica de Anápolis (CRA) é referência regional em diagnóstico por imagem. O Laboratório Evangélico é modelo na cidade em realizaões de exames. O Colégio Galileu é uma das mais respeitadas instituições educacionais de Anápolis. O Feirão coberto do Jundiaí se destaca entre os outros feirões pois é um dos poucos que funcionam dois dias da semana, atraindo assim um maior número de pessoas para região. A Paróquia São Francisco é uma das mais importantes da cidade, sendo referência desde 1961.

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Nathália Campos


GO-414

BR-153

GO-560

GO-222

AV. Brasil GO-060

BR-153

N Bairro Jundiaí Hospital Santa Casa

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GO-330

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Espaços púplicos próximos

LEGENDAS: [f.21] Parque Ipiranga. Fonte: https://www.ferias.tur.br/imgs/8889/anapolis/g_anapolis-go-parque-ambiental-ipira nga-fotoarolldo-costa-oli veira.jpg [f.22] Sesc. Fonte: https://www.sescgo.com.br/unidade/1-sesc-anapolis [f.23] Praça Abadia Daher. Fonte: https://mapio.net/images-p/20443941.jpg [f.24] Parque Ipiranga. Fonte: https://cmxpv89733.i.lithium.com/t5/image/serverpage/image-id/245801iA60BECF7E284 C510/image-size/large? v=1.0&px=999 [f.25] Sesc. Fonte: https://www.sescgo.com.br/unidade/1-sesc-anapolis [f.26] Praça Abadia Daher. Fonte: Nathália Campos

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Entre os pontos de lazer próximo a área de intervenção está o (1) Parque Ambiental Ipiranga, que é o mais importante de toda a cidade. Tendo fluxo de pessoas em todos os horários. Com área de aproximadamente 50 mil metros quadrados o parque dispõe de uma estrutura que envolve: pista de caminhada, pista para ciclismo e patins, área de ginástica para pessoas da 3ª idade, banheiros, quiosques, orquidário, centro de estudos ambientais, lanchonetes e área de lazer para as crianças. Há também uma diversidade nas pessoas que lá frequentam, crianças, adolescentes e idosos, todos compartilhando o mesmo lugar. O parque se destaca como ponto de encontro diário de milhares de anapolinos que buscam distração, prática de esportes e qualidade de vida.

Próximo ao terreno se encontra o (2) Sesc, que é uma Instituição de Serviço Social no campo da iniciativa privada, sem fins lucrativos, administrada pelos que a criaram e a mantêm: os empresários do comércio de bens, serviços e turismo. Tem o objetivo de contribuir para o bem-estar e melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo e de suas famílias. Dispondo de ambientes para educação, cultura, lazer e saúde. Adjunto do local também está a (3) Praça Abadia Daher, teve sua inauguração nos anos 2000, desde lá se tornou um ponto de de referência, lazer e encontro de estudantes e trabalhadores do seu entorno imediato. A praça teve uma revitalização no ano de 2018 feita pela prefeitura municipal de Anápolis.

Nathália Campos


Entorno Imediato

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Assim como em toda a região , o entorno imediato também se caracteriza pela sua diversidade nos usos. Nota-se usos diversos variando em cada rua. 1- Na Rua Viscondy de Taunay, até pela poroximidade com a entrada principal da Santa Casa os principai usos nela são de farmácias e drogarias, lanchonetes, padarias, pequenos comercios e também existe uma parte desta rua que é residencial. 2- Já na Rua Evangelino Meireles se nota uma grande concentração de residências, e também podemos destacar nessa rua algumas clínicas de atendimento e de exames, isso se deve por ela estar próximo do local onde é feitos os exames dos pacientes da Santa Casa de Anápolis.

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3- A Avenida Santos Dumont é a principal do entorno , ela é a avenida que possui maior diversidade no uso da região. Nela podemos encontrar pet shop, restaurantes, lojas de roupas e acessórios, bares, laboratórios e clínicas, estacionamentos e residências. Essa variedade se deve também pela sua localização, esta rua se encontra a frente da Santa Casa. 4- E na Rua Dona Teresona que é a rua que corta o Centro de emergência temos a presença de uma lanchonete, por ter mesas e cadeiras muitas pessoas acabam usando este espaço para esperar até que o paciente seja atendido. Durante as visitas ao terreno pode-se perceber que isso é recorrente.

LEGENDAS: [f.27] Rua Viscondy de Tauany. Fonte: Nathália Campos [f.28] Rua Evangelino Meireles. Fonte: Nathália Campos [f.29] Av. Santos Dumont. Fonte: Nathália Campos [f.30] Rua Viscondy de Tauany. Fonte: Nathália Campos [f.31] Rua Evangelino Meireles. Fonte: Nathália Campos [f.32] Rua Dona Teresona. Fonte: Nathália Campos

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Mapa síntese N [f.33]

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4

5 LEGENDAS:

Residencial

Misto

Hospitalar

Comercial

Clínica

Área verde Vazios

Fluxo Intenso Fluxo Moderado Fluxo Leve Principais Acessos

No local de intervenção e seu entorno denota um tecido urbano muito consolidado, edificado e bastante populoso. No entorno imediato da área de estudo é predominantemente comercial e residencial. As formas de ocupação dos lotes variam, na parte comercial, na sua grande maioria, usam todo o terreno para a construção das edificações, já na parte residencial na sua maioria utilizam a testada do lote para a construção das casas e o restante usam como área permeável, tendo quase sempre presença de vegetação, especificadamente árvores frutíferas. Possui também poucas áreas verdes e pouca massa vegetativa, as árvores que lá se encontram variam de medio à grande porte. O comércio na região varia entre padarias, lanchonetes, farmácias e restaurantes. Possui também uma concentração grande de clínicas próximo ao terreno, fazendo dessa área ter um caráter hospitalar ainda mais reforçado. O entorno é marcado por edificações que possuem um gabarito variado, as alturas das edificações sofrem algumas alterações no tamanho do gabarito, possuindo edifícios que variam de 1 à 18 pavimentos. A região também é marcada pela presença de uma instituição privada de ensino, o Colégio Galileu, gerando ainda mais fluxo de automóveis nos horários de entrada e saída dos alunos. As vias variam com ruas de 3 á 8 metros, tendo a maioria mão dupla. Nota-se também uma precariedade dessas vias e também de suas calçadas, fazendo que muitas pessoas usem as ruas em vez das calçadas para se locomover. Existe um fluxo grande pessoas e veículos em diversos momentos do dia, decorrente desse movimento nota-se um incômodo da população com o barulho. Essa poluição sonora é mais frequente durante o dia, pois no período noturno essa região tem um esvaziamento, gerando assim algumas áreas inseguras. Essa sensação de insegurança noturna se reforça também pela falta de manutenção nos postes de iluminação. Existe também uma poluição visual no entorno, com a presença de muitos fios de eletricidade, placas e propaganda, gerando um desconforto visual e espacial dos pedestres que transitam na região.

LEGENDAS: [f.33] Área intervenção Autor: Nathália Campos [f.34] Área intervenção Fonte: Nathália Campos [f.35] Área intervenção Fonte: Nathália Campos [f.36] Área intervenção Fonte: Nathália Campos [f.37] Área intervenção Fonte: Nathália Campos

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[f.38]

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Pesquisa Comerciantes Para o estudo foram escolhidos dois tipos de usuários principais, pessoas que trabalham no entorno e os acompanhantes dos pacientes da Santa Casa. A escolha desses dois grupos contemplam os demais usuários. Com esses dois grupos definidos foram feitas diversas visitas ao local. Na visão do trabalhador as queixas sempre foram as mesmas. A principal é que não existe nenhum espaço público próximo, onde eles pudessem utilizar no horário de almoço. Muitos deles utilizam o próprio local de trabalho como espaço para terem suas refeições. Não se desconectando de suas funções totalmente. O desejo seria de ter no entorno um local onde eles pudessem estar durante 1 hora , que é proporcional ao seu horário de almoço, para poderem relaxar, fazer suas refeições tranquilamente e sair um pouco desse ambiente de trabalho. Os espaços públicos mais próximos seriam o Parque Ipiranga que esta a 1km de distância, e demoraria cerca de 30 minutos(ida e volta)do seu horário de almoço, e 700 metros da Praça Abadia Daher que gastaria em torno 20 minutos(ida e volta).

LEGENDAS: [f.38] Foto Praça Fonte: Nathália Campos [f.39] Foto Entrevista Fonte: Nathália Campos

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Foi observado também que uma reclamação constante é a falta de plantas e árvores no entorno. Quando se trata de conforto térmico, sabemos que a sensação de conforto térmico em áreas externas próximas às árvores é muito melhor do que naquelas em que não há vegetação nas proximidades. Sabemos que a falta de vegetação interfere diretamente no clima da região, e levando assim o desconforto quando pessoas estão neste local. Esse grupo também reclama da falta de semáforos, o que ocasionam muitos acidentes corriqueiros no local de intervenção. Reclamam também de buracos nas ruas, que mostra o descaso da prefeitura com uma região que tem bastante fluxo de pessoas e veículos diariamente. Levando em consideração todas as observações feitas com o primeiro grupo escolhido, os trabalhadores da região, deve-se levar em conta no projeto os seguintes pontos: distância e deslocamento à um espaço público próximo, falta de espaços de convivência, falta de vegetação no entorno e melhoria na sinalização urbana.

[f.39]

Nathália Campos


Pesquisa Acompanhantes

[f.40]

Já na opinião dos acompanhantes dos pacientes muitos reclamam da falta de espaço adequado para espera. Por essa falta de espaço, muitos acabam utilizando os bancos da lanchonete para esperar, outros usam a calçada e o meio fio como banco para poder esperar o paciente. Muitos acabam passando vários dias acompanhando o paciente internado e não conseguem ter um descanso, pois no hospital não oferece esse tipo de espaço, onde eles possam relaxar e conviver com outras pessoas. Pela precariedade das instalações hospitalares, que muita das vezes não conseguem dar a devida atenção aos pacientes, os acompanhantes são deixado de lado na hora de se pensar no conforto em hospitais. Na parte de pronto socorro da Santa Casa as reclamações sobre esses espaços de espera são os mesmos, e podemos observar muitas pessoas sentadas nas calçadas, muitas vezes no sol, pois a vegetação que está no entorno não é adequada e suficiente para comportar o número de pessoas que ali se encontram.

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A reclamação de falta de vegetação volta a se repetir, assim como foi reportado com o primeiro grupo (pessoas que trabalham no entorno). Nota-se que o ambiente acaba se tornando um ambiente desagradável e desconfortável para seus usuários. Logo em frente ao pronto socorro existe um local para compra de lanches, que não consegue atender a todos com cadeiras e mesas, para que as pessoas possam fazer suas refeições tranquilas. Muitas comem em pé no estabelecimento e outros na calçada do hospital. Levando em consideração as observações feitas pelo segundo grupo escolhido, os acompanhantes dos pacientes, deve-se levar em conta os seguintes pontos: falta de espaço para sentar, falta de espaço para descanso, falta de espaço de convivência e falta de vegetação. Portanto o projeto visará a organização espacial conforme o comportamento dos usuários analisados, transformando essas áreas externas em espaços interativos, confortáveis e que possa atender à todas as pessoas.

LEGENDAS: [f.40] Foto Entrevista Fonte: Nathália Campos

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Nathรกlia Campos


04

RE-CONECTAR

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Nathรกlia Campos


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Diretrizes O projeto é voltado totalmente para seus usuários, para que o local seja um ambiente acolhedor, confortável e convidativo para todos. Foram criados lugares de refúgio e descanso para os acompanhantes, pessoas que trabalham no hospital e também para pessoas que trabalham no comércio ao redor do projeto. Atraindo assim uma diversidade de pessoas ao projeto, trazendo vida e mais segurança para região. A intervenção foi feita de maneira simples, objetiva e direta, utilizando de elementos simples provando que espaços subutilizados ou que estão sendo utilizados de maneira precária nas cidades podem ter um novo uso e gerar uma nova vida para a região em específico. Então foram criados os módulos que foram adicionados ao projeto como norteador, ora esses módulos serão bancos, ora serão pintura no piso, ora serão faixas de pedestres. Os módulos simbolizam a fragmentação da região e também a dor das pessoas que necessitam usar a Santa Casa. As pinturas nos pisos servirão como guia para todos os usuários se locomoverem com mais facilidade pelo entorno. Como essas pinturas no piso circundam todo a área do projeto, ela cria um caminho que liga todos os serviços oferecidos pela Santa Casa. Elas servem também para criar um fluxo e conexão com seu entorno, para que ele seja atrativo e convidativo para todos utilizarem este espaço além de servir como um diminuidor de velocidade.

Foi adicionado faixas de pedestres em forma de pinturas levando em conta a identidade do projeto deixando o local bem mais leve. As calçadas foram redimensionadas onde era preciso e pintada com a nova identidade do projeto. Além dos módulos de bancos distribuídos ao longos de todo quarteirão.

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Entrada principal do hospital que se encontrava em péssimas condições. Foi proposto uma nova fachada, mais moderna, já que se trata da entrada principal, foram ajustadas as rampas para carros e as rampas de acessibilidades, foi incluido um novo módulo de ponto de ônibus que também foi projetado de acordo com a identidade visual do projeto, além de paisagismo e mobiliários. Nathália Campos


Ideia Projetual Pensando na cidade voltada para as pessoas, este local é o quintal do convento das freiras existente no hospital, então a proposta foi afastar quinze metros o muro gerando uma pocket praça para a população.

Atualmente, esse espaço funciona como uma entrada de ambulâncias (entra e sai pelo mesmo portão), entrada também de pacientes e também funciona como estacionamento de carros. Então, como para esse local foi pensado uma área de descanso dos pacientes e também dos acompanhantes e colaboladores foi repensada a passagem da ambulância com apenas um sentido, propondo a retirada do prédio da Caixa Econômica que fica no local pra facilitar essa passagem ja que existe um portão do outro lado inultilizado, assim a ambulância não precisaria fazer manobras de retorno como é feito hoje e conseguimos aproveitar melhor o local para inserção de mobiliários, paisagismo e uma cobertura para o local.

[f.40]

Devido esta rua ser de frente a entrada de emergência do hospital, ela é bastante movimentada, então pra ajudar decidiu-se fazer dela uma rua compartilhada além de receber o urbanismo tático que será feito com pinturas no chão com a mesma identidade do restante do projeto, e muitas vezes funciona como um redutor de velocidade ou como um olhar de alerta do condutor. RE-CONECTAR - Espaços e humanização

Este local atualmente possui uma pequena praça, com uma lanchonete e alguns bancos. A praça é extremamente movimentada por conta do hospital e do bairro e irá ganhar uma nova identidade, para isso será retirado a lanchonete e acrescentado mobiliários e paisagismo.

LEGENDAS: [f.40] Foto área Santa Casa Fonte: Google Earth

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Implantação antes do projeto

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Rua Viscondy de Tauany

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Nova Implantação

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Av. Sa

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M

Rua Viscondy de Tauany [f.42]

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LEGENDAS: [f.41] Implantação antes Autor: Nathália Campos [f.42] Implantação depois Autor: Nathália Campos [f.43] Zoom Pracinha Esperança Autor: Nathália Campos [f.44] Corte DD Autor: Nathália Campos

CORTE DD 41

D

D

Zoom Pracinha Esperança

[f.43]

SEM ESCALA

[f.44]

Nathália Campos


Perspectivas

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Zoom Espaรงo Reviver

B B [f.45]

SEM ESCALA

LEGENDAS: [f.43] Zoom Espaรงo Reviver. Autor: Nathรกlia Campos [f.44] Corte BB. Autor: Nathรกlia Campos

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CORTE BB CORTE BB

[f.46]

Nathรกlia Campos


Perspectivas

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C

C

Zoom Entrada Histórica

[f.47]

SEM ESCALA

LEGENDAS: Autor: Nathália Campos [f.47] Zoom Entrada Histórica Autor: Nathália Campos [f.48] Corte CC Autor: Nathália Campos

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CORTE CC

[f.48]

Nathália Campos


Perspectivas

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Zoom Quintal Público

A

A

[f.49]

SEM ESCALA LEGENDAS: Autor: Nathália Campos [f.49] Zoom Quintal Público Autor: Nathália Campos [f.50] Corte AA Autor: Nathália Campos

CORTE AA 47

[f.50]

Nathália Campos


Perspectivas

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Mobiliários Urbanos Iluminação média

1,70 m

3m

Iluminação alta

3,80 m 5,50 m Parada de ônibus

6,90 m

0,50 cm

Lixeira Módulos de banco 70 cm LEGENDAS: [f.51] Mobiliário Urbano Autor: Nathália Campos

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[f.51]

Nathália Campos


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COBERTURA ESPAÇO

COBERTURA ESPAÇO DE CONVIVÊNCIA

parede do edifí

perfil metálico

DISTRIBUÍDOS NAS CALÇADAS

MODULO PONTO DE ONIBUS

MURO COM COBOGÓ PARA BARREIRA DA FACHADA DO CONVENTO

parafuso parabolt

Detalhe co

MODULO PONTO DE ONIBUS

DISTRIBUÍDOS NAS CALÇADAS 51

MURO COM COBOGÓ PARA BARREIRA DA FACHADA DO CONVENTO


O DE COBERTURA ESPAÇO DE CONVIVÊNCIA

parede do edifício

ício

cobertura de policarbonato colorida

DETALHE DA INSTALAÇÃO DA COBERTURA DISTRIBUÍDOS NAS CALÇADAS

t

perfil metálico

MURO COM COBOGÓ PARA BARREIRA DA FACHADA DO CONVENTO

MODULO PONTO DE ONIBUS

cobertura de policarbonato colorida

parafuso parabolt

Detalhe cobertura

parede d

obertura

parede do edifício

perfil metálico

DISTRIBUÍDOS NAS CALÇADAS

parafuso parabolt

perfil metáli

cobertura de policarbonatoMODULO PONTO colorida DE ONIBUS

parafuso p

MURO COM COBOGÓ PARA BARREIRA DA FACHADA DO CONVENTO

[f.52]

LEGENDAS: [f.52] Detalhamento Autor: Nathália Campos

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Referências ARCHDAILY. 5 conselhos de desenho urbano, por Jan Gehl. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/794345/5- c o n s e l h o s - d e - d e s e n h o -urbano-por-jan-gehl. Acesso em: 10 set. 2020. CIDADE. Cidade para as pessoas. Disponível em: http://cidadesparapessoas.com/. Acesso em: 25 set. 2020. GEHL, Yan. Cidade para as pessoas (1936). Perspectiva, São Paulo; 1ª edição, 2013. GUERREIRO, Maria. Interstícios urbanos e o conceito de espaço exterior positivo. Disponível em: https://journals.openedition.org/sociologico/218. Acesso em: 02 set. 2020. GUIA. Guia de acessibilidade urbana, fácil acesso para todos. Disponível em: http://www.crea-mg.org.br/images/cartilhas/Guia-de-acessibilidade-urbana.pdf. Acesso em: 27 ago. 2020. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/go/anapolis.html. Acesso em: 15 set. 2020. MARTINS, Vânia. A humanização e o ambiente físico hospitalar. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/humanizacao_ambiente_fisico.pdf. Acesso em: 25 set. 2020. VIVA. História de Anápolis. Disponível em: http://vivaanapolis.com.br/a-cidade/historia/. Acesso em: 25 set. 2020. WIKIHAUS. Gehl People: design urbano para aumentar a qualidade de vida. Disponível em: https://wikihaus.com.br/blog/gehl-peop l e - d e s i g n - u r b a n o - p a r a -aumentar-qualidade-de-vida/. Acesso em: 10 set. 2020. WRI BRASIL. O poder de transformação do urbanismo tático. Disponível em: https://wribrasil.org.br/pt/blog/2018/09/o-poder-de-transformacao-do-urbanismo-tatico?utm_s ource=google&utm_medium=cpc&utm_campaign=cidades&gclid=CjwKCAjwh7H7BRBBEiwAPXjadiwD-gQGAd_8FpAEv ej0hOWUDYEQAmQyqN1xhJX-Lu46FBKpRA CbzRoCLsMQAvD_BwE. Acesso em: 12 set. 2020.

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Nathália Campos


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