O ESQUECIDO URBANO Revitalização do Central Parque Sn.Onofre Quinan | Sullen Mota | UNIEVANGELICA

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TC

cadernos de

Parque

O ESQUECIDO URBANO

Revitalização do Central Parque - Senador Onofre Quinan

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issuu.com/cadernostc

Cadernos de TC 2020-2 Expediente

Direção do Curso de Arquitetura e Urbanismo Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Corpo Editorial Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Simone Buiati, M. arq. Coordenação de TCC Rodrigo Santana Alves, M. arq. Orientadores de TCC Maíra Teixeira Pereira, Dr. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Detalhamento de Maquete Madalena Bezerra de Souza, E. arq. Seminário de Tecnologia Jorge Villavisencio Ordóñez, M. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Seminário de Teoria e Crítica Pedro Henrique Máximo, M. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Expressão Gráfica Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Simone Buiate Brandão, M. arq. Secretária do Curso Edima Campos Ribeiro de Oliveira (62)3310-6754


Apresentação Este volume faz parte da coleção da revista Cadernos de TC. Uma experiência recente que traz, neste semestre 2020/1, uma versão mais amadurecida dos experimentos nos Ateliês de Projeto Integrado de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo (I, II e III) e demais disciplinas, que acontecem nos últimos três semestres do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Anápolis (UniEVANGÉLICA). Neste volume, como uma síntese que é, encontram-se experiências pedagógicas que ocorrem, no mínimo, em duas instâncias, sendo a primeira, aquela que faz parte da própria estrutura dos Ateliês, objetivando estabelecer uma metodologia clara de projetação, tanto nas mais variadas escalas do urbano, quanto do edifício; e a segunda, que visa estabelecer uma interdisciplinaridade clara com disciplinas que ocorrem ao longo dos três semestres. Os procedimentos metodológicos procuraram evidenciar, por meio do processo, sete elementos vinculados às respostas dadas às demandas da cidade contemporânea: LUGAR, FORMA, PROGRAMA, CIRCULAÇÃO, ESTRUTURA, MATÉRIA e ESPAÇO. No processo, rico em discussões teóricas e projetuais, trabalhou-se tais elementos como layers, o que possibilitou, para cada projeto, um aprimoramento e compreensão do ato de projetar. Para atingir tal objetivo, dois recursos contemporâneos de projeto foram exaustivamente trabalhados. O diagrama gráfico como síntese da proposta projetual e proposição dos elementos acima citados, e a maquete diagramática, cuja ênfase permitiu a averiguação das intenções de projeto, a fim de atribuir sentido, tanto ao processo, quanto ao produto final.

A preocupação com a cidade ou rede de cidades, em primeiro plano, reorientou as estratégias projetuais. Tal postura parte de uma compreensão de que a apreensão das escalas e sua problematização constante estabelece o projeto de arquitetura e urbanismo como uma manifestação concreta da crítica às realidades encontradas. Já a segunda instância, diz respeito à interdisciplinaridade do Ateliê Projeto Integrado de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo com as disciplinas que contribuíram para que estes resultados fossem alcançados. Como este Ateliê faz parte do tronco estruturante do curso de projeto, a equipe do Ateliê orientou toda a articulação e relações com outras quatro disciplinas que deram suporte às discussões: Seminários de Teoria e Crítica, Seminários de Tecnologia, Expressão Gráfica e Detalhamento de Maquete. Por fim e além do mais, como síntese, este volume representa um trabalho conjunto de todos os professores do curso de Arquitetura e Urbanismo, que contribuíram ao longo da formação destes alunos, aqui apresentados em seus projetos de TC. Esta revista, que também é uma maneira de representação e apresentação contemporânea de projetos, intitulada Cadernos de TC, visa, por meio da exposição de partes importantes do processo, pô-lo em discussão para aprimoramento e enriquecimento do método proposto e dos alunos que serão por vocês avaliados.

Maíra Teixeira Pereira, Dr. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq.



O ESQUECIDO URBANO Revitalização do Central Parque Senador Onofre Quinan Os parques urbanos são elementos inerentes ao planejamento urbano das cidades que possibilitam o desenvolvimento de diversas atividades e usos, entre eles sociais, culturais, econômicos, ecológicos, lazer, etc. Em meio a recuperação do espaço, o projeto parte de uma narrativa, um grito de socorro do esquecido urbano que conecta espaços de passagem à memória e destrói as barreiras construídas ao longo do tempo. As interconexões do parque com as ruas que tangenciam seus limites permitem a continuidade e novas possibilidades urbanas de se locomover priorizando as necessidades da população e criando novas dinâmicas sociais para um espaço público adequado.

Suellen Mota

Orientador: Rodrigo Santana, M. arq. sumotaarqurb@gmail.com


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SÕES O Esquecido Urbano

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[F. 01]

REFERÊNCIAS: [1] LIMA, Valéria; AMORIM, Margarete. A importância das áreas verdes para a qualidade ambiental das cidades. Osvaldo Cruz, SP, p. 69-82, 20 dez. 2006. [2] Schwartz et al. (2004). Is Sprawl Unhealthy? A Multilevel Analysis of the Relationship of Metropolitan Sprawl to the Health of Individuals. Journal of Planning Education and Research 24:184-196. LEGENDAS: [Foto 01] Criança e a água. Autora: Sophie Dale

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Desde a Antiguidade, as áreas verdes e jardins tinham finalidades de passeio, lugar para expor luxo e de repouso. Atualmente com os problemas gerados pelas cidades modernas, elas e os parques e jardins são uma exigência não só para a ornamentação urbana, mas também como necessidade higiênica, de recreação e principalmente de defesa do meio ambiente diante da degradação das cidades. No caso das áreas verdes, podem ser consideradas como um tipo especial de espaços livres, onde o elemento fundamental de composição é a vegetação. Elas devem satisfazer três objetivos principais: ecológico-ambiental, estético e de lazer. ¹

Infelizmente, antigos usuários de parques urbanos já não o veem mais como antigamente, a falta de segurança, iluminação adequada, novos atrativos e a poluição sonora os desmotivam a utilizar esses espaços como antes. De acordo com Schwartz et al. (2004) os padrões de desenvolvimento urbano são prejudiciais à saúde física dos indivíduos, onde muitas vezes a própria estrutura do bairro incentiva o uso de veículos, desencorajando as atividades físicas a pé. Supermercados, farmácias ou igrejas se localizam longe das residências dos seus frequentadores e muitos dos bairros não possuem um lugar adequado para atividades físicas ao ar livre, sendo que os lugares disponíveis não

Suellen Mota


apresentam segurança adequada, trazendo riscos às pessoas. Devido à falta de confiança na segurança de parques ou áreas naturais, as pessoas se privam do bem estar físico, psicológico, e dos benefícios das atividades ao ar livre.³ Aproximar o ser humano da natureza novamente, quando nunca se viu um afastamento tão grande do homem com o meio ambiente por conta de uma percepção negativa dos indivíduos com o meio e por encontrarem diversos obstáculos por serem reféns do medo, se torna um desafio muito grande.

Em síntese, o lazer urbano tem o importante papel de trazer novas oportunidades de interação e convívio social com hombridade, levando o homem a cessar as barreiras do ócio e do sentimento negativo quanto a esse espaço, assim, faz-se necessário pensar na criação de espaços que produzirão significado e harmonia as necessidades tanto individuais, quanto coletivas. Portanto, é de suma importância entender e reconhecer o valor dos espaços públicos para trazer novas propostas que sejam cabíveis na sociedade atual.

REFERÊNCIAS: [3] Thompson et al, (2008). The Childhood Factor Adult Visits to Green Places and the Significance of Childhood Experience. Environment and Behavior. 40(1): 111-143. LEGENDAS: [Foto 02] Umea Campus Park. Autor: Thorbjorn Andersson

É dever do poder público devolver à população um espaço de qualidade, com segurança e com foco na preservação, mas que também atenda às necessidades das pessoas através de áreas de lazer, esporte, contemplação, descanso, etc.

[F. 02]

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Ao observar o local de estudo, o que se vê são memórias do que um dia foi belo, uma mata nativa repleta de surpresas e paisagens que parece cansada, sufocada pelo esquecimento daqueles que outrora a preenchera de vida e histórias para contar. A água que complementava a paisagem, passa despercebida, afogada no solo e no lixo que nela se acumulou.

O memorável passeio no famoso trenzinho da alegria se foi. As lembranças são o que nos restam para reviver a mágica do lugar que fez parte da vida de uma geração e que, hoje, lamenta a perda de um espaço tão rico de natureza no meio da cidade que cresceu e o esqueceu. O Central Parque, já não é mais.

O ESQU Não houve em Anápolis um plano urbanístico de expansão, e sim uma linha de crescimento correspondente a diversos arranjos econômicos internos e externos à cidade, e assim não houve também preocupação em conservar espaços naturais cobertos de vegetação, embora a legislação federal exija a preservação das matas ciliares e nascentes. Os parques inaugurados nas décadas de 70 e 90 foram esquecidos quando de 2010 em diante parques são lançados com discursos de sustentabilidade, mais especificamente, o Parque Ipiranga, que atrai usuários de todos os cantos da cidade e passa a dar continuidade às antigas funções exercidas pelos primeiros parques.

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Embora não abranja toda a complexidade que o discurso ambiental demonstra, há sim alguns aspectos sociais que precisam ser considerados. Conforme o poder público lança esses parques novos, o interesse econômico e, principalmente, a especulação imobiliária aparecem e casas se tornam comércios, o espaço passa a ter diversidade e, consequentemente, mais usuários. O que não ocorre com os parques antigos da cidade. A indagação feita é: quais foram os agentes produtores dos novos espaços públicos criados na cidade, como foi mudada a apropriação pelos usuários, e, porque um parque no centro da cidade se tornou esquecido por ela?

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[F. 03]

ECIDO 1. que se esqueceu.

2. abandonado, desprezado.

LEGENDAS: [Foto 03] Vista de mobiliรกrio em estado de abandono no parque. (Arquivo pessoal).

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URB

1. que tem carรกter de cidade.

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ANO “O Parque Urbano é um produto da cidade da era industrial que nasceu a partir do século XIX, da necessidade de dotar as cidades de espaços adequados para atender a uma nova demanda social: o lazer, o tempo do ócio e para contrapor-se ao ambiente urbano.” 4 Enquanto o poder público se concentra em manter e valorizar outros espaços, o Parque objeto de estudo nesse momento, conhecido e marcado na memória dos moradores de Anápolis, é vítima de um processo de abre e fecha. Medidas paliativas foram tomadas durante anos e, infelizmente, de nada resolvem o problema dele.

Por diversas vezes o parque esteve interditado para visitação por conta de procesos de desassoreamento do lago que constantemente precisava de manutenção, mas sempre sem sucesso, o que trouxe insegurança para os moradores por conta da marginalização do espaço, como também a falta de iluminação pública adequada. Diante disso, comprova-se a necessidade desses ambientes na cidade, pois tanto os parques, quanto as praças possuem grande valor urbanístico e ambiental.

REFERÊNCIAS: [4] MACEDO, S.S; SAKATA, F.G. Parques Urbanos no Brasil. São Paulo: EDUSP: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2003. LEGENDAS: [Foto 04] Parque interditado para obras (2011) Prefeitura Municipal de Anápolis

[F. 04]

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L U G AR

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INSERÇÃO

REFERÊNCIAS: [5] POLONIAL, Juscelino. (1995). Anápolis nos tempos da ferrovia. Anápolis: Associação Educativa Evangélica, p.32 LEGENDAS: [Diagrama 01] Autoria própria. Localização do Município de Anápolis em relação ao estado e país. [Mapa 01] Autoria própria. Análise do surgimento dos parques em Anápolis e relação com o crescimento morfológico da cidade. [Mapa 02] Autoria própria. Setorização e localização do local de estudo. [Foto 05] Autor Silvio Macedo. Vista superior do Central Parque em 2015. [Foto 06] Prefeitura de Anápolis. Parque da Criança - Matinha. [Foto 07] Prefeitura de Anápolis. Parque JK. [Foto 08] Prefeitura da Anápolis. Parque Ambiental Ipiranga.

A cidade de Anápolis, microrregião de Goiânia depois da nova regionalização feita pelo governo do Estado de Goiás, surgiu a partir da transição de viajantes que acabaram residindo nela, tendo como núcleo de crescimento onde iniciou-se sua história como cidade em 1907. 5 A partir daí, a cidade passa a expandir para regiões mais afastadas no sentido norte-sul por conta da expansão ao norte onde se forma a conhecida Jaiara, marcada pelo surgimento da Companhia de Tecelagem Vicunha Têxtil S/A na década de 50 e a expansão ao sul, marcada pelo surgimento do Distrito Agroindustrial d e Anápolis (DAIA), em 1976, posicionado no acesso viário que liga Goiânia a Brasília [Mapa 01].

Outros parques surgem ao longo do tempo, entre eles o Parque JK [f. 07] em um local que antes era uma erosão, o Parque Ipiranga [f. 08], o Parque da Liberdade [f. 09] como meio de recuperação de ecossistemas e degradação ambiental, depois o Parque da Cidade [f. 10] na nascente do Rio das Antas, e o mais recente inaugurado (2018) Parque da Jaiara [f. 11].

Na mesma década, surgem os primeiros parques urbanos de Anápolis, que ficam próximos ao núcleo original da cidade e a bacia hidrográfica do Ribeirão das Antas. Ao mesmo tempo em uma área já consolidada, mas também reforçando essa linha de crescimento que se formou na direção norte-sul [Mapa 01]. Primeiramente, mais voltado ao norte, o Parque Municipal, hoje conhecido como parque da “matinha” [f. 06] e o Parque Onofre Quinan, mais próximo do centro de Anápolis [Mapa 02], atualmente conhecido por Central Parque [f. 05].

[Foto 09] Prefeitura de Anápolis. Parque da Liberdade.

[Diag. 01]

[Foto 10] Prefeitura de Anápolis. Parque da Cidade.

15

[F. 07]

2003 Área: 107.000 m²

Parque JK

Área: 93.000 m²

Central Parque Senador Onofre Quinan

Área: 121.412 m² [F. 05]

1999

[F. 06]

1971

Parque da Criança Matinha

[Foto 11] Prefeitura de Anápolis. Parque da Jaiara.

[F. 08]

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NORTE-SUL OS PARQUES NA CIDADE. CENTRAL P A R Q U E

[F. 05] N sem escala

N

Parque da Jaiara BR-414

sem escala

GO - 060

a Ru

BR-153

Lu

do

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o

Ribeirão das Antas

Av.Brasil Norte

ed

ro

Parque da Criança

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GO-560

o rn te

[Mapa 01]

O Esquecido Urbano

l Su asi . Br AV

Área: 53.000 m²

Parque da Jaiara [F. 11]

2018

2014

[F. 10]

Área: mais de um milhão de m² (22 alqueires)

Parque da Cidade

[Mapa 02]

2012 Área: 25.000 m²

[F. 09]

l

Rua Engenheiro Portela

GO-330

Parque da Liberdade

2010 Área: 45.000 m²

iE

s. José AV. Pre

Parque da cidade Ribeirão das Antas

Parque Ambiental Ipiranga

o .D AV

Rio da Estrema

BR-153

Ma A rgin Se yrton al nn a

GO-060

Sarney

Parque Ecológico JK

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Central Parque GO-222

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Parque Ipiranga

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Parque da liberdade

Pa

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Córrego João Leite

Jaiara Centro DAIA

is

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MEMÓRIAS REFERÊNCIAS: [6] Fanstone James, 1972. Missionary Adventure in Brazil: the Amazing Story of the Anapolis Hospital, with Reminiscences by Its Founder Dr. James Fanstone, O.B.E. Edited by His Sister Baird [B.B. Smith]. England. Errey’s Printer. LEGENDAS: [Foto 12] Estudantes de enfermagem em jogo no lago “construído” pelo Dr. Fanstone. [Foto 13] Estudantes de enfermagem no lago. [Foto 14] Autor desonhecido. Imagem do parque em uso.

[F. 12]

O Central Parque fica localizado às margens da represa feita a partir da água do Córrego das Antas e preservação de parte dos pequenos trechos do que outrora formavam extensões vegetativas ao longo dos cursos d’água que cortam a cidade. Anteriormente fazia parte da fazenda de uma família pioneira da cidade. Propriedade do Dr. James Fanstone, conhecido por ser o fundador do Hospital Evangélico Goiano, o local era utilizado para diversão da família e também para os funcionários e alunos do hospital [f. 12,13], além disso havia nele um minizoológico particular para o filho do Dr. Fanstone. O lago do parque foi feito por ele para passeio de barco e de banho para as enfermeiras do hospital [f. 12]. Mas o prefeito da cidade, na época, pediu para usar o lago como forma de abastecer a cidade com a água represada ali, e assim o fez. Durante alguns anos o lago passou a abastecer a cidade com água potável a pedido do prefeito da cidade naquela época, onde funcionou até ser desativada em 1967 a primeira estação que abasteceu a cidade de Anápolis. 6 Em 1999 o Parque Onofre Quinan foi aberto para visitação e também preservação, se tornando referência de lazer e encontro próximo ao centro da cidade, com fins de lazer, contemplação, com atividades para crianças, jovens e adultos, não só para os moradores próximos ao parque, como também para aqueles de regiões mais afastadas da cidade [f. 14].

[F. 13]

Os parques são caracterizados como um tipo de área verde urbana, pois apresentam predomínio de vegetação (independente do porte) que integram o ambiente construído, além de possuírem outras características naturais. Atualmente o parque encontra-se negligenciado por parte do poder público, este que promove a requalificação do parque, mas não passa de varreduras e limpeza superficial, grande parte dos brinquedos está em péssima condição, a maioria quebrada. O

As áreas verdes, em relação as suas características, podem interferir no cidadão e no ambiente urbano de muitas formas, mostrando-se de grande importância para a comunidade, já que este tipo de espaço, atualmente, remete à melhor qualidade de vida. 7

L A G O 17

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D


P A R Q U E playground que antes atendia inúmeras crianças [f. 16], agora, quando sim, atende somente as crianças com até oito anos de idade, em um espaço muito pequeno e com pouca opção, o que causa a ausência de usuários por conta da falta de segurança e infraestrutura necessária, além de ocorrer a marginalização do espaço durante o período noturno. REFERÊNCIAS:

Por muitos anos, o Central Parque funcionou como cenário de diversão para diversas famílias e crianças que hoje são adultos, mas que não perderam a memória, a lembrança, do lugar que fez parte de sua infância [f. 15]. O trenzinho da alegria que marcava as tardes de domingo permanece nas mentes nostálgicas que lembram de um parque que um dia teve vida.

[7] CROMPTON, J.L. The impact of parks on property values: A review of the empirical evidence. Journal of Leisure Research, vol.33, n.1, pag.1-31, 2001. LEGENDAS: [Foto 15] Acervo pessoal. Foto minha no Central Parque em pônei de brinquedo usado para fotos.

O

[Foto 16] Autor desconhecido. Vista do playground em funcionamento por volta dos anos 2000. [F. 15]

[F. 14]

[F. 16] O Esquecido Urbano

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O RECORTE

O Central Parque ocupa uma área de aproximadamente cem mil metros quadrados, sendo que um terço é composto de mata nativa, uma área importante de recarga hídrica para a bacia hidrográfica do Ribeirão das Antas que passa pelo parque. Além disso, o parque compõe com a harmonia urbanística através da riqueza natural, proporciona um microclima urbano e diversas possibilidades de aproveitamento desse espaço [Mapa 03].

Com o entendimento de que quando se trata de um parque urbano a área de impacto no local em que está inserido é de grande valia, dessa forma, as diretrizes propostas na intervenção irão além dos limites do parque, abrangendo não só o entorno, como também as vias principais que o cercam, de modo que sua presença tenha mais força no meio urbano, trazendo novos usuários ao local [Mapa 03].

N

sem escala

2

Área de estudo e intervenção Área da proposta Áreas verdes

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[Mapa 03]

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O QUE ACONTECEU COM O

L A G O ? 2010

2005

[Diag. 02]

[Diag. 03]

2015

[Diag. 04]

Desde sua inauguração, o parque sempre foi marcado pela presença do grande lago presente no centro, além de presentear com a biodiversidade no local, como a presença de patos e pequenos micos que encantavam o público. Quando ainda possuía o formato original, aquele que se deu enquanto parte da fazenda, o córrego que passa pela área e permite a formação do lago, era preservado, o que se pode perceber pelo curso do córrego em 2005 [diag. 02]. Com o passar do tempo e através da transformação do espaço e da ação do homem, a extensão do lago foi mudando sua forma,

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2020

[Diag. 05]

ora menor e mais largo[diag. 02,03], ora maior e mais comprido [diag. 04]. Isso se deu através da impermeabilização do entorno e à canalização de ambos os lados do córrego que limitam o parque [diag. 05]. Desde 2015, até os dias atuais o lago tem passado por vários processos de desassoreamento, mas os problemas ainda perduram e as soluções dadas pela prefeitura são apenas paliativas.

LEGENDAS: [Diagrama 02]Autoria própria. Representação da forma do lago em 2005. [Diagrama 03]Autoria própria. Representação da forma do lago em 2010. [Diagrama 04]Autoria própria. Representação da forma do lago em 2015 [Diagrama 05]Autoria própria. Representação da form a do lago em 2020. [Mapa 03] Autoria própria. Mapa de setorização do local de intervenção.

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U S O S REFERÊNCIAS: [8] JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. – 3 ed. – São Paulo : Editora WMF Martins Fontes, 2011. LEGENDAS: [Mapa 04] Autoria própria. Levantamento de usos do entorno e região. [Foto 17] Acervo pessoal. Residências do entorno. [Foto 18] Acervo pessosal. Comércio local na Av. Pedro Ludovico. [Foto 19] Acervo pessoal. Residências confrontantes com o parque.

N

A variedade de usos em um determinado local, mesmo em escala de bairro, é crucial para que se tenha segurança e vitalidade, como defende Jane Jacobs: 8

Ao passo que se aproxima dos eixos estruturantes econômicos que conectam os bairros, os usos vão se diversificando e passa a apresentar mais comércios [Mapa 04].

“A variedade de usos dos edifícios propicia ao parque uma variedade de usuários que nele entram e dele saem em horários diferentes. Eles utilizam o parque em horários diferentes porque seus compromissos diários são diferentes. Portanto, o parque tem uma sucessão complexa de usos e usuários.” (Jacobs, 2001, p. 73)

Através disso, a economia local acontece nas Av. Pedro Ludovico [f. 20], Av. Divino Pai Eterno e Av. Pres. José Sarney, destacando-se comércios varejistas, atacadistas, entre outros [f. 18].

[F. 17]

Infelizmente, o fato não se aplica ao Central Parque, que mesmo com esse nome, não é centralizado atualmente e os usos do seu entorno imediato são bastante monótonos, sendo predominantemente residenciais, com habitações de padrão médio e baixo [f. 19].

[Mapa 04]

[F. 18]

sem escala

[f. 19]

Residência Escola Comércio Instituição religiosa Lotes vagos

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P E R F I L De todos os cantos da cidade, moradores de perto e de longe, mesmo que poucos, ainda utilizam o parque como local de caminhadas e corridas. Em meio ao caos urbano, usuários dizem ainda utilizar o local, mesmo que em estado precário para atividades físicas pois se sentem bem em contato com a natureza.

D O S

Ainda assim, relatam que deixam de levar as crianças pois não há local de apoio para necessidades básicas, tão pouco playground em estado de uso adequado e seguro. Em entrevista, para a rádio São Francisco, uma moradora do local a mais de 23 anos reclama, “Essa era uma área muito bonita. O mato está alto e com isso temos medo de dengue e de assaltos”.

A maior concentração de usuários no local se dá pela manhã, quando o sol está frio , o local é muito utilizado para caminhadas na pista de caminhada. Nesse período predomina o público adulto e idoso. Na parte da tarde o fluxo diminui e aparecem algumas pessoas caminhando ou somente de passagem pelo local. Já no período noturno o fluxo praticamente zera por conta da falta de iluminação pública adequada e consequentemente falta de segurança. Alguns moradores ainda relatam a permanência de usuários de drogas no espaço.

Entre moradores e usuários esporádicos, a faixa etária predominante se concentra entre jovens e adultos. Reflexo do estado atual e das condições do entorno.

USUÁRIOS poucos atrativos

acesso

65% 20%

10% inseguros

5%

crianças

jovens

playground sem manutenção [Diag. 06]

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adultos

caminhadas contato com a naturaza

idosos

75%

20%

5%

manhã

tarde

noite

LEGENDAS: [Diagrama 06]Autoria própria. Gráfico de usuários do parque.

mais seguros [Diag. 07]

[Diagrama 07]Autoria própria. Gráfico de horários em que os usuários mais utiizam o parque em relação à segurança.

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REFERÊNCIAS: [9] Mobilidade Urbana Sustentável – WRI. Disponível em: https://wricidades.org/sobre/embarq. LEGENDAS: [Mapa 05] Autoria própria. Classificação das vias do entorno de acordo com o CTB. [Foto 20] Acervo pessosal. Via confrontante com o parque. [Foto 21] Acervo pessoal. Situação das calçadas no entorno do parque.

MOBILIDADE

Segundo a diretora de Desenvolvimento Urbano da EMBARQ Brasil, o conceito de mobilidade se resume em viabilizar o acesso dos usuários ao espaço urbano, às oportunidades de alcançar serviços, atividades e destinos de forma inclusiva, favorecendo igualitariamente a elaboração de uma infraestrutura adequada a uma cidade sustentável, que prioriza o pedestre e os veículos se apresentam em segundo plano.

“Um plano de mobilidade sustentável deve priorizar pedestres, ciclistas, transporte coletivo e ativo. A acessibilidade universal também deve estar no topo das ações. De acordo com a metodologia proposta, existem sete passos essenciais para garantir estes objetivos e construir um plano voltado às pessoas e não ao veículo privado.” 9

A área de estudo é bem atendida pelo transporte público devido a sua relação com os eixos estruturadores e proximidade central. No entanto, não ocorre uma boa caminhabilidade devido a precariedade e a não padronização dos passeios públicos, além da ausência de sinalização adequada [f. 20]. Por conta da topografia do entorno do parque, as calçadas ficam irregulares, dificultando o fluxo e o deslocamento dos pedestres [f. 21]. A hierarquia viária do entorno se divide em vias locais e vias coletoras, onde o fluxo é mais intenso devido aos usos de comércios no local. [Mapa 05]

[f. 20]

[Mapa 05] N

sem escala

[f. 21] [f.18]

[f.16]

Via Coletora Via local

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N

sem escala

Regiões vítimas de alagamentos Iluminação precária Iluminação nova (LED) [f. 22]

[Mapa 06]

INFRAESTRUTURA

De acordo com a Lei de Nº 6.766 Art. 2º

“Consideram-se infraestrutura básica os equipamentos urbanos de escoamento das águas pluviais, iluminação pública, redes de esgoto sanitário e abastecimento de água potável, e de energia elétrica pública e domiciliar e as vias de circulação pavimentadas ou não.” 10 Dessa forma, de acordo com o levantamento realizado através de dados fornecidos da Prefeitura Municipal, os bairros mais próximos ao entorno possuem toda infraestrutura básica. Mas na prática, alguns estabelecimentos localizados no decorrer da marginal utilizam o córrego para escoamento irregular de água. Apesar de o sistema de iluminação pública ser um fator de extrema relevância quando se trata da questão de segurança pública, a iluminação desses bairros ainda é antiga e nada funcional.

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Algumas lâmpadas do parque não acendem, ou estão quebradas [f. 22] impossibilitando o uso noturno da população que gostaria de utilizar o local com mais frequência. A cidade vem passando por manutenção de troca de lâmpadas de postes de iluminação pública por lâmpadas de LED, mas essa área ainda não é prioridade para o poder público.

Há ainda, problemas de alagamento por conta da canalização de parte do ribeirão, o que gera transtorno para a população em épocas de chuvas mais intensas [Mapa 06], além de não haver um plano de drenagem no bairro. Como bairro é antigo na cidade, a infraestrututa necessária para a captação de água não foi executada corretamente e não houveram reparos para melhoria eficiente.

REFERÊNCIAS: [10] BRASIL. Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979. Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano e dá outras Providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6766.htm. LEGENDAS: [Foto 22] Acervo pessoal. Poste de ilumiação do parque quebrado e sem lâmpada. [Mapa 06] Autoria própria. Mapa de levantamento da iluminação do entorno e zonas de alagamento.

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O VERDE

Boa parte do entorno possui um gabarito mais horizontal com arborização intralote significativa. No entanto, na maioria dos casos não há tratamento paisagístico nas calçadas e vias principais [f. 26].

A massa vegetativa mais significativa fica no perímetro do Central Parque, que conta com (APM) Áreas de Preservação Municipal, árvores de grande porte, além de vegetação rasteira e algumas áreas ajardinadas, recém colocadas na última requalificação executada pela prefeitura no início do ano e posteriormente no período que antecedeu as eleições municipais.

Além da área do parque possuir parte de mata nativa, no entorno também é possível observar partes que ainda foram preservadas próximo à escola Patronato Madre Mazzarello, que possui um bosque privado [f.23]. As árvores nas vias são um dos principais elementos vegetais da cidade e o elemento estrutural da biodiversidade do ecossistema urbano. Por isso, é necessário determinar a densidade e a diversidade das unidades arbóreas no traçado viário para aumentar a heterogeneidade estrutural do verde e garantir a conectividade dos espaços verdes. N

sem escala

3

2

4

1

5 [Mapa 07]

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LEGENDAS: [Mapa 07] Autoria própria. Representação de vegetação e localização das fotografias do local. [Foto 23]Acervo pessoal.Vegetação em parte do terreno da Escola Patronato Madre Mazzarello.

[f. 23]

[f. 24]

[Foto 24] Acervo pessoal. Arborização do parque próximo ao lago. [Foto 25] Autor: Silvio Macedo. Visão superior de arborização do parque. [Foto 26] Imagem aérea do google earth. Visão de arborização intralote leste. [Foto 27] Imagem aérea do google earth. Visão de arborização intralote oeste.

[f. 25]

[f. 26]

O Esquecido Urbano

[f. 27]

26


P R O P OS

27

Suellen Mota


STA

O Esquecido Urbano

3

28


COMO

TRENZINHO DA ALEGRIA DOMINGO A TARDE LAGO TUNEL DO AMOR PICNIC PEDALINHO CAMINHADAS PEDRAS ÁGUA CASCATA DE PEDRAS MICOS PASSAGEM PERMANÊNCIA CULTURA LAZER ESPORTE TRENZINHO DA ALEGRIA DOMINGO A TARDE LAGO TUNEL DO AMOR PICNIC PEDALINHO CAMINHADAS PEDRAS ÁGUA CASCATA DE PEDRAS MICOS PASSAGEM PERMANÊNCIA CULTURA LAZER ESPORTE TRENZINHO DA ALEGRIA DOMINGO A TARDE LAGO TUNEL DO AMOR PICNIC PEDALINHO CAMINHADAS PEDRAS ÁGUA CASCATA DE PEDRAS MICOS PASSAGEM PERMANÊNCIA CULTURA LAZER ESPORTE TRENZINHO DA ALEGRIA DOMINGO A TARDE LAGO TUNEL DO AMOR PICNIC PEDALINHO CAMINHADAS PEDRAS ÁGUA CASCATA DE PEDRAS MICOS PASSAGEM PERMANÊNCIA CULTURA LAZER ESPORTE TRENZINHO DA ALEGRIA DOMINGO A TARDE LAGO TUNEL DO AMOR PICNIC PEDALINHO CAMINHAO QUE É DAS PEDRAS ÁGUA CASCATA DE PEDRAS MICOS PASSAGEM PERMANÊNCIA CULTURA LAZER ESPORTE TRENZINHO DA ALEGRIA DOMINGO A TARDE LAGO TUNEL DO AMOR PICNIC PEDALINHO CAMINHADAS PEDRAS ÁGUA CASCATA DE PEDRAS MICOS PASSAGEM PERMANÊNCIA CULTURA LAZER ESPORTE TRENZINHO DA ALEGRIA DOMINGO A TARDE LAGO TUNEL DO AMOR PICNIC PEDALINHO CAMINHADAS PEDRAS ÁGUA CASCATA DE PEDRAS MICOS PASSAGEM PERMANÊNCIA CULTURA LAZER ESPORTE TRENZINHO DA ALEGRIA DOMINGO A TARDE LAGO TUNEL DO AMOR PICNIC PEDALINHO CAMINHADAS PEDRAS ÁGUA CASCATA DE PEDRAS MICOS PASSAGEM

29

LEMBRAR

M EMÓ RIA

Suellen Mota


ABANDONADO POLUÍDO LAGO SECO INSEGURO ESCURO MEDO PERIGOSO SEM BANHEIRO SEM PLAYGROUND SUJO SEM GRAÇA BARREIRAS INFREQUENTÁVEL ABANDONADO POLUÍDO LAGO SECO INSEGURO ESCURO MEDO PERIGOSO SEM BANHEIRO SEM PLAYGROUND SUJO SEM GRAÇA BARREIRAS INFREQUENTÁVEL ABANDONADO POLUÍDO LAGO SECO INSEGURO ESCURO MEDO PERIGOSO SEM BANHEIRO SEM PLAYGROUND SUJO SEM GRAÇA BARREIRAS INFREQUENTÁVEL ABANDONADO POLUÍDO LAGO SECO INSEGURO ESCURO MEDO PERIGOSO SEM BANHEIRO SEM PLAYGROUND SUJO SEM GRAÇA BARREIRAS INFREQUENTÁVEL ABANDONADO POLUÍDO LAGO SECO INSEGURO ESCURO MEDO PERIGOSO SEM BANHEIRO SEM PLAYGROUND SUJO SEM GRAÇA BARREIRAS INFREQUENTÁVEL ABANDONADO POLUÍDO LAGO SECO INSEGURO ESCURO MEDO PERIGOSO SEM BANHEIRO MAS QUE ESTÁ SEM PLAYGROUND SUJO SEM GRAÇA BARREIRAS INFREQUENTÁVEL ABANDONADO POLUÍDO LAGO SECO INSEGURO ESCURO MEDO PERIGOSO SEM BANHEIRO SEM PLAYGROUND SUJO SEM GRAÇA BARREIRAS INFREQUENTÁVEL ABANDONAAOS OLHOS DO POLUÍDO LAGO SECO INSEGURO ESCURO MEDO PERIGODO CONTATO? SO SEM BANHEIRO SEM PLAYGROUND SUJO SEM GRAÇA BARREIRAS INFREQUENTÁVEL ABANDONADO POLUÍDO LAGO SECO INSEGURO ESCURO MEDO PERIGOSO SEM BANHEIRO SEM PLAYGROUND SUJO SEM GRAÇA BARREIRAS INFREQUENTÁVEL ABANDONADO POLUÍDO LAGO SECO INSEGURO ESCURO MEDO PERIGOSO SEM BANHEIRO SEM PLAYGROUND SUJO SEM GRAÇA BARREIRAS INFREQUENTÁVEL ABANDONA-

ESQUECIDO

O Esquecido Urbano

30


COMO? ‘’Entender o espaço é entender como ele participa das transformações sociais e como elas interagem. Não existe transformação social sem a participação do espaço, e não existe a transformação do espaço sem a transformação social’’. (VILLAÇA, 2012, p.16). 11 O Central Parque deve ser lembrado e se tornar visível novamente à população da cidade de Anápolis, de forma material com o corpo hídrico que é marco de sua presença no ambiente inserido e, de forma imaterial, como elemento natural da paisagem que possui siginificado afetivo, identitário e de pertencimento à região. O horizonte conceitual que norteia o processo desse projeto relaciona-se diretamente com os fundamentos teóricos urbanos através da associação entre o desempenho infraestrututral, social e ambiental da cidade que, em conjunto, atuam para transformar o lugar em um novo referencial de espaço público para a população. Dessa forma, para o desenvolvimento do projeto de requalificação urbana e ambiental do Central Parque, foi necessário o levantamento do que, de fato, precisava de ser lembrado: o parque, as águas e a paisagem.

Utilizando-se dos elementos da paisagem natural e de novas instalações, os três conceitos inerentes a esse processo se dão mediante às necessidades levantadas sobre o lugar: A conexão do parque ao entorno através do rompimento das barreiras encontrados no parque e da inserção de novos caminhos pedonais; A integração dos novos caminhos às águas, com a utilização de passarelas, decks e mirantes, além da instalação de novos usos; A expansão terriotiral do parque às vias de maior fluxo diário que permite uma visualização panorâmica da paisagem no meio inserido, além de atrair novos usuários. O direito e a busca por uma cidade para todos é essencial, e em Anápolis não é diferente, é uma cidade que carece de espaços livres para uso coletivo, tanto para uso diurno quanto noturno que sejam convidativos e integradores, atendendo ás necessidades da comunidade local. “Vamos virar esse racíocinio do avesso e imaginar os parques urbanos como locais carentes que precisem da dádiva da vida e da aprovação conferida a elas. Isto está mais de acordo com a realidade, pois as pessoas dão utilidade aos parques e fazem deles um sucesso, ou então não os usam e os condenam ao fracasso.” (JACOBS, 2001, P. 97). 12

[f. 28]

31

Suellen Mota


O PARQUE

O QUE

LEMBRAR

AS ÁGUAS

COMO?

A PAISAGEM

DECKS ELEMENTOS DA PAISAGEM NATURAL E NOVAS INSTALAÇÕES

CAMINHOS VISUAL PRESERVAÇÃO PONTES NOVOS USOS

INTEGRAÇÃO REFERÊNCIAS:

CONEXÃO

EXPANSÃO

[11] VILLAÇA, Flávio. Reflexões sobre as cidades brasileiras. São Paulo: Nobel, 2012. [12] JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. – 3 ed. – São Paulo : Editora WMF Martins Fontes, 2011. LEGENDAS: [Foto 28] Autor: Kaboompix. Pessoas em parque desconhecido.

[Diag. 08]

O Esquecido Urbano

[Diagrama 08] Esquema de fluxo de desenvolvimento de projeto.

32


ANTES PARQUE X ENTORNO N

Atualmente, o perímetro em que o parque está inserido é dado por ruas estreitas e sem infraestrutura adequada, além de não possuir segurança por conta da carência de iluminação pública, o que prejudica ainda mais o uso noturno [Mapa 08].

sem escala

Segundo Salvador Rueda (2011)13, a presença dos parques urbanos proporciona uma espécie de reserva para inúmeras espécies, principalmente pássaros. Além disso, a conectividade de espaços verdes (entre parques urbanos, praças e áreas naturais dentro da cidade) é essencial para manter a biodiversidade no ecossistema urbano. [Mapa 08] N

sem escala

Para que a presença do parque na cidade tenha mais visibilidade e maior relevância, primeiro foi preciso entender a presença das áreas verdes na extensão do córrego pela cidade [Mapa 09]. Infelizmente, o perímetro é degradado e negligenciado, além de ser refém de problemas como inundações em períodos de chuva, descarte irregular de lixo e resíduos, o que causam degradação ambiental.

[Mapa 09]

REFERÊNCIAS: [13] RUEDA, Salvador. et al. (2011): “El Urbanismo Ecológico: su aplicación en el diseño de un ecobarrio en Figueres”. LEGENDAS: [Mapa 08] Autoria própria. Representação do desenho das ruas e barreiras. [Mapa 09] Autoria própria. Áreas verdes próximas. [Mapa 10] Autoria própria. Relação lago x parque.

33

A presença marcante do lago formado a partir do represamento de água do Córrego das Antas, proporciona sensações de bem-estar e relaxamento aos usuários.

N

sem escala

Para enfatizar e promover novas sensações se faz necessária a presença de usos e espaços que permitam maior proximidade com esse elemento importante do local. Atualmente existe apenas uma espécie de “mini-ponte” que conecta os lados do parque através do lago, mas não possui segurança ou proteção alguma, tornando o uso ineficaz e inadequado [Mapa 10].

[Mapa 10]

Suellen Mota


DEPOIS PARQUE X ENTORNO N

Para romper as barreiras Parque X Entorno, foram criados eixos de conexão com o entorno e traçados também dentro do parque de modo que novos caminhos surgem ao longo do espaço [Mapa 11]. Além disso, a proposta para o entorno inclui intervenção no sistema viário através da criação de novas vias de acesso e da transformação de algumas vias em velocidade lenta e espaços compartilhados. De modo que a presença do parque e dos novos usuários sejam mais importantes do que o fluxo de veículos motorizados. [Mapa 11] N

O parque não possui quaisquer usos que permitem maior proximidade do usuário com as águas que marcam sua presença. O projeto busca priorizar a criação de novos espaços de lazer, contemplação e percursos que permitem a integração da paisagem natural do espaço possibilitando diferentes interações com o meio ao longo dos caminhos. Por isso, o objetivo é trazer o usuário mais próximo desse elemento natural através de pontes e decks em pontos estratégicos no decorrer dos novos caminhos [Mapa 12]. [Mapa 12] N

óis aG Ru

Av. Pres. José Sarney

O Esquecido Urbano

Para que a paisagem natural do Central Parque seja levada às ruas principais e possua maior visibilidade, foi proposta a expansão territorial no sentido da Av. Presidente José Sarney e também no sentido da canalização do córrego na Rua Góis para reforçar a presença do parque [Mapa 13]. De modo que as condições ambientais (água, temperatura, luz) sejam levadas em consideração, através do plantio de espécies nativas ou de grande adaptabilidade às condições climáticas e com a seleção de espécies variadas para criar diversidade cromática nas ruas ao longo das estações.

[Mapa 13]

LEGENDAS: [Mapa 11] Autoria Própria. Eixos de conexão. [Mapa 12] Autoria própria. Relação de integração com a paisagem. [Mapa 13] Autoria própria. Interesse de expansão do parque.

34


ROMPENDO BARREIRAS EIXOS ESTRUTURANTES

N

Os principais pontos de conflito se dão na dificuldade de acesso ao parque pela entrada principal na Av. Divino Pai Eterno, que é uma via com muito desnível e, além disso, muito movimentada [Mapa 14].

sem escala

Av .P ed ro Lu do vic o

óis aG Ru

Av .D iv in o

Pa iE te rn o

O parque que, mesmo possuindo uma área de aproximadamente 100 mil metros quadrados, some no meio do bairro e acaba se tornando uma barreira aos pedestres por não se conectar com o entorno. Daí a necessidade de levar o parque à cidade e às pessoas. Os eixos estruturantes surgem a partir das principais vias e vão dando forma nas relações: parque X cidade e parque X usuário.

[Mapa 14]

Av. Pres. José Sarney

CARÊNCIAS DO ENTORNO

- Alagamentos nas vias adjacentes; - Falta de iluminação pública e, consequentemente, falta de segurança;

Após o levantamento de necessidades do entorno e das críticas apresentadas pelos usuários que ainda utilizam o espaço para atividades físicas, foi possível perceber que existem diversas carências no espaço.

- Calçamentos inadequados; - Degradação ambiental e assoreamento do lago; - Espaços de estar e contemplação;

Além do problema de drenagem urbana, insegurança e degradação ambiental, também existem aspectos sociais ligados à falta de espaços adequados para pedestres, contemplação e atividades físicas.

DIRETRIZES PARA O ENTORNO

- Falta de área destinada à esportes e atividades físicas;

[Mapa 15]

N

sem escala

Para resolver as questões de acesso foram criados pontos de conexão utilizando elementos visuais e promovendo a ligação do parque com a cidade através da utilização do mesmo tipo de calçamento e anéis verdes direcionando os usuários ao parque. LEGENDAS: [Mapa 14] Autoria própria. Representação dos pontos de conflito. [Mapa 15 Autoria própria. Diretrizes do entorno.

35

Além disso, foi criada a extensão da Rua Pedro A. Cabral de modo que facilite ainda mais o acesso ao parque. As casas localizadas na área de preservação foram direcionadas aos lotes vazios da região permitindo que a área fosse recuperada e mantida.

2 Residências Extensão da rua Corredor verde Preservação Área de intervenção Novo calçamento e infraestrutura

Rua Pedro Álvares Cabral

Suellen Mota


NOVOS CAMINHOS LINHAS DE FORÇA Através das conexões viárias realizadas, juntamente com as linhas de força que surgiram desse processo e as inúmeras carências do local, foram elaborados os caminhos do parque que concetam o parque com a cidade.

N

terno Pai E ivino Av. D

Av .P ed ro

Lu do vic o

sem escala

Para que a expansão do parque fosse possível, foi proposto um espaço compartilhado na via que separa o parque da extensão, de modo que o acesso ao parque é mantido e sua extensão também [Mapa 16].

PARA QUEM?

Apesar de levantar um perfil de usuários, o parque é para todo aquele que tiver vontade de visitá-lo. Nesse sentido, ele deve ser pensado de maneira que seja flexível para que qualquer pessoa possa utilizá-lo livremente. Segundo Jan Gehl14, é necessário projetar espaços e cidades para pessoas que estejam à altura da escala humana. Dessa forma, os espaços de estar e contemplação serão pensados para ser acessíveis a todos e em todos os horários mantendo o fluxo diário do parque. ATIVIDADES:

rney sé Sa res. Jo Av. P

A partir daí, surgem os espaços provenientes dessas amarrações com o entorno viário, além de possibilitar o surgimento de novos usos de acordo com as necessidades que foram apresentadas pelos usuários.

Rua Pedro Álvares Cabral

[Mapa 16] Pontos de conexão

Linhas de força

trazer usuários

Conexões

Extensão da R. Pedro A. Cabral

conexão

requalificar

diversão

Via compartilhada

preservar espaço público

valor ambiental paisagem acessibilidade contemplação valorização visibilidade do espaço [Diag. 09]

PROPOSTAS:

[Tab. 01]

Idosos: Costumam caminhar nas manhãs e sentar nas mesinhas para descansar após almoço. Crianças: Atividades de brincar, geralmente quando não estão na escola. PCD: Acessibilidade e lazer.

Usos e atividades que possam unir esses usuários gerando novas interações sociais entre diferentes idades e também com o meio ambiente promovendo locais acessíveis, mobiliários adequados e infraestrura necessária.

Adolescentes: Atividades físicas, jogar, andar de patins, bicicleta, etc. Jovens: Locais para descansar, socializar e praticar atividades físicas. Adultos: Caminhadas, lazer, acompanhar crianças.

Criação de áreas com esporte que atenda esse tipo de usuário, caminhos que possibilitem o trânsito de pessoas por todo o parque com segurança e com qualidade de vida.

Mata nativa: Preservação, recuperação, manutenção, expansão.

Caminhos e estares que promovem contatocom a natureza causando bem-estar e conscientização.

O Esquecido Urbano

REFERÊNCIAS: [14] GEHL, Jan, 1936 – Cidades para pessoas; tradução Anita Di Marco. 2 ed. São Paulo: Perspectiva, 2013. LEGENDAS: [Mapa 16] Diretrizes gerais para o parque. [Diagrama 09] Questões a serem levantadas no processo de projeto. [Tabela 1] Atividades dos possíveis usuários e propostas para cada um.

36


UM NOVO PROGRAMA O programa do novo Central Parque contempla uma ciclovia de passeio que se estende a Av. Presidente José Sarney e ao Parque Linear no sentido da Rua Góis, além de caminhos para caminhada que levam aos estares atribuídos ao longo do parque. O parque infantil para crianças de até 8 anos e parque aventura para crianças de até 12 anos locaddos nos extremos do parque. A área de esportes fica na região mais plana do parque para aproveitar a topografia, locar quadras e estação de ginástica. Já os núcleos de conforto público são equipamentos de apoio aos usuários com sanitários autolimpantes e bebedouros. O espaço para feira fica localizado estratégicamente no local onde eram realizados eventos e a topografia já se encontra adequada.

- Circuito de caminhada e bicicleta - Caminhos internos - Mobiliários

- Parque Infantil - Quiosques - Praça de esguichos e splash infantil - Redários

- Área esportiva: Quadra poliesportiva, de areia e estação de ginástica para diferentes faixas etárias

LEGENDAS: [Diagrama 10] Autoria própria. Esquema de programa do parque. [Mapa 17] Implantação geral do novo Central Parque.

37

- Núcleo de conforto público: Banheiros, bebedouros.

[Diag. 10]

Suellen Mota


N

10 9 8

7

6

4 3

2

5 LEGENDA: 1- Praรงa Kids; 2- Praรงa Splash; 3- Praรงa Movimente-se; 4- Deck 1; 5- Ciclovia de passeio;

1

6- Mirante; 7- Ponte; 8- Feira; 9- Praรงa Aventura; 60

0 20 O Esquecido Urbano

100

[Mapa 17]

10- Praรงa Molhada.

38


39

Suellen Mota


NOVAS PAISAGENS

ELEMENTOS DA PAISAGEM NATURAL “A missão social do paisagista tem esse lado pedagógico de fazer comunicar às multidões o sentimento de apreço e compreensão dos valores da natureza pelo contato com o jardim e com o parque.” (Marx, 1987)15.

Toda e qualquer zona de APP (Área de Preservação

Permanente)

deverá

ser

preservada conforme exigem as legislações federais e municipais.

natural sejam rompidas.

Art. 147 “Considera-se Área de Preservação Permanente - APP a área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas [...]”17

Nesse sentido, através dos conceitos utiliza-

Além disso, será proposto para as áreas de

dos, a proposta projetual envolve técnicas

expansão, o plantio de espécies nativas do

compensatórias para minimizar os proble-

cerrado tanto arbóreas, quanto forrações

mas causados pelos impactos da antropiza-

provenientes

ção urbana no perímetro.

Anápolis.

Com o auxílio de políticas públicas e de

Dessa forma, poderá ser observada uma

uma iniciativa da Prefeitura Municipal de

melhoria na biodiversidade urbana, a valori-

Anápolis, por meio da Secretaria de Meio

zação do bioma que sofre com um alto

Ambiente, o projeto Pró-Água16 será implan-

índice de degradação, baixos custos de

tado no Central Parque através da utiliza-

manutenção e um retorno maior na restau-

ção de tecnologias sustentáveis e também

ração ambiental das áreas verdes.

Do ponto de vista estético, a intervenção urbana deve produzir uma paisagem natural, que deve ser compatível com o ambiente e aumentar a atratividade e a referência visual de modo que as barreiras com o meio

do

viveiro

municipal

de

REFERÊNCIAS: [15] MARX, Roberto B. Arte e paisagem: conferências escolhidas. São Paulo: Livraria Nobel, 1987. [16] O Pró-Água (jun, 2017) é uma iniciativa da prefeitura que tem como objetivo implantar tecnologias sustentáveis para estimular a boa utilização da água. Disponível em: http://cidadeproagua.com.br/ [17] ANÁPOLIS. Lei Complementar nº 349, de 07 de julho de 2016. Dispões sobre o plano diretor participativo do município de Anápolis. LEGENDAS: [Foto 29] Perspectiva da maquete física.

de práticas de conscientização na Escola Patronato Madre Mazzarelo presente próxima ao parque para disseminar conhecimento e estimular a boa utilização da água e a conclusão do seu ciclo.

[F. 29]

O Esquecido Urbano

40


TÉCNICAS COMPENSATÓRIAS DRENAGEM URBANA E ZONAS ÚMIDAS Nos períodos de chuva, a região do bairro Vila Góis, onde fica situado o Central Parque – assim como na maioria dos corpos hídricos em Anápolis – a vazão dos córregos aumenta rapidamente e a calha não suporta, de modo que acaba extravasando a água e ocasionando em enchentes e enxurradas. Segundo Pinto e Pinheiro (2006)18, situações de bacias urbanizadas, em que existem ocupações consolidadas em margens ou calha do rio, devem ser aplicadas soluções auxiliares para reduzir picos de vazão em períodos de chuva, por meio de infiltração pela superfície do solo, nesse sentido propõe-se técnicas compensatórias tanto internas quanto no entorno do parque. Técnicas compensatórias para o entorno: • Utilização de bloco de concreto drenante na via compartilhada; • Valas de infiltração com desvio de águas pluviais através de tubulação subterrânea;

Área de infiltração

via compartilhada

Direção do escoamento pluvial

N

sem escala

[Diag. 11]

[F. 30]

• Intensificar a fiscalização para evitar poluição tanto do córrego, como do parque. Técnicas compensatórias para o Parque: • Uso de pisos permeáveis nas pistas de caminhada, ciclovia e praça de esportes (bloco de concreto drenante), praça kids e praça splash (piso emborrachado drenante); • Valas de infiltração com grama próximas a canalização do córrego; • Caixas de filtragem e dissipadores que auxiliam na redistribuição de água pluvial; •Desassoreamento do lago e retirada de descartes de lixo irregulares.

41

Suellen Mota


Devido à falta de manutenção do parque, é possível perceber que, após a passagem da água pelo lago, que a continuidade do canal sofre com assoreamento e erosões das suas margens, além de receber descarte de lixo inadequado, o que agrava ainda mais a situação. Acredita-se que a canalização deveria ter continuidade com as estruturas de gabião já utilizado, para conter essas erosões e manter o formato estruturado do lago. Dessa forma, pode-se perceber que a função de retenção do lago não está sendo eficiente pois o volume armazenado está provocando os problemas descritos anteriormente.

[F. 31]

Dissipadores de energia:

filtro para barragem de lixo

• A água é coletada na pista de caminhada e da ciclovia de passeio através de tubulação que termina na caixa com dentes de concreto que diminuem a velocidade da água, além de possuir uma espécie de “filtro” para deter quaisquer lixos ou descartes de material mais pesados, evitanto que estes cheguem ao lago.

dentes de concreto redutores de velocidade da água

[F. 32]

No parque: • Pistas de caminhada de contemplação com blocos de concreto intertravado. • Valas de infiltração com grama próximas ao lago; • Manter rebaixamento do leito e gramagem.

REFERÊNCIAS: vala de infiltração

[F. 33]

jardim de chuva

O Esquecido Urbano

LEGENDAS: [Foto 30] Acervo pessoal. Área de escoamento de água pluvial inadequada no parque. [Foto 31] Acervo pessoal. Afunilamento do lago devido ao assoreamento. [Foto 32] Autoria própria. Dissipador de energia.

Calçadas do entorno: • Jardins de chuva com desvio de águas pluviais para poços de recarga através de tubulações subterrâneas

[18] PINTO, Luiza Helena; PINHEIRO, Sérgio Avelino. Orientações Básicas para Drenagem Urbana. Belho Horizonte: Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2006.

[Foto 33] Autoria própria. Vala de infiltração. [F. 34]

[Foto 34] Autoria própria. Jardins de chuva com desvio de águas pluviais através de tubulação subterrânea.

42


N

N

A A

B

B [F. 35]

20

60

0

60

0

100

[F. 36]

20

100

[F. 37]

LEGENDAS:

A - O mirante

B - Travessia sobre o córrego canalizado

[Foto 35] Planta chave do parque.

Este foi criado a partir das amarrações provenientes do processo de desenvolvimento do projeto.

A água, que antes era vista como barreira, passa a fazer parte do caminho que leva o usuário através do percurso através da inserção da ponte sobre o lago [f. 36] e sobre o córrego canalizado na marginal Ayrton Senna [f. 37].

[Foto 36] Localização do mirante. [Foto 37] Localização da ponte sobre canalização do córrego. [Foto 38] Perspectiva do mirante em maquete física.

Ele surge como forma de integrar a água a paisagem levando o usuário mais próximo desse elemento natural permitindo novas sensações e interações com o meio [f. 36].

Além disso, traz identidade ao parque e deixa evidente o conceito de conexão entre o parque e o entorno.

[F. 38]

43

Suellen Mota


INTEGRAÇÃO

O MIRANTE QUE LEVA ÀS ÁGUAS 1

Corte A [F. 39]

110 cm

2

5 3

4

1

Guarda corpo em aço córten perfurado;

4

Estacas;

2

Pilar de concreto armado moldado in loco;

5

Viga de madeira (pinus autoclavado 5x15,2cm) tratada com stain;

3

Fundação em bloco de concreto;

6

Gabião de aço galvanizado preenchido com rochas.

AS PONTES QUE CONCETAM 1 Corte B [F. 40]

110 cm

3 6

[Foto 39] Corte A Mirante. [Foto 40] Corte B Ponte.

O Esquecido Urbano

44


PRATICIDADE E CULTURA SANITÁRIOS

Os sanitários públicos foram inspirados e desenvolvidos conforme os banheiros públicos autolimpantes de Paris [F. 41], porém com estética mais moderna, eles podem ser instalados em qualquer local e promovem melhor conforto público. Dividido em 3 espaços internos: 1 - Acesso coberto Onde é feito o acionamento da porta, com rampa que se adequa a topografia onde será inserido para acessibilidade; 2 - Banheiro Composto por bacia sanitária autolimpante, pia e trocador dobrável, além de seguir as normas da NBR9050 quanto à dimensões de acessibilidade, nele possuem aberturas para ventilação e iluminação natural e o sistema de autolimpeza (sanisette)19 total interna após cada uso;

N

0

caixa d’água acesso p/ manutenção superior e lateral

3 - infraestrutura

Reservatório de água da chuva

Possui sistema de encanamento, caixa d’água de 500 litros, caixa de armazenamento de água da chuva, local para armazenamento de esgoto e elementos do sistema de limpeza; REFERÊNCIAS: [19] O sanisette é o sistema de banheiro público autolimpante de Paris, França. Disponível em: https://www.paris.fr/pages/les-sanisettes-2396 LEGENDAS: [Foto 41] Disponível em: https://www.paris.fr/pages/les-sanisettes-2396. Banheiro público de Paris.

Caso sejam implantados dois módulos de banheiros juntos, eles podem compartilhar do mesmo sistema de infraestrutura, economizando espaço e recursos.

60 20

[Mapa 18]

shaft

acesso

2,00 m

3,00 m Policarbonato com acabamento leitoso

[F.42]

Os módulos serão dispostos em 4 pontos estratégicos no perímetro do parque de modo que possam atender a todos sem necessidade de grande locomoção para utilizá-los. [F.41]

2,50 m chapa perfurad para ventilação natural

sistema autolimp tipo sanisette

[Foto 42] Planta baixa do banheiro proposto.

reservatório para coleta de esgoto

[Foto 43] Corte longitudinal do banheiro proposto. [Mapa 18] Planta chave de localização dos equipamentos apresentados.

45

[F.43]

3,00 m

Suellen Mota


QUIOSQUES Os quiosques foram projetados seguindo a mesma linha que os sanitários de poderem se adaptar a diferentes terrenos, além de possuírem a mesma volumetria com estrutura de steel frame e fechamentos em alumínio, os compartimentos internos serão feitos com madeira reciclada. O quiosque é dividido em 2 compartimentos: 1 – Lavatório e armazenamento:

N

60

0 20

[F.44]

Pode ser utilizado para armazenar os mantimentos necessários para o desenvolvimento das atividades a serem realizadas, armazenar bancos e utilizar o lavatório para higienização e limpeza; 2 – Quiosque:

[F.45] 3,00 m

Acesso por portas pivotantes que também podem ser utilizadas como mostruário de produtos, espaço para atendimento, bancos, microcomputador, cadeira e elementos de apoio. Além disso, o quiosque possui duas aberturas laterais que permitem permeabilidade visual podendo atender uma diversidade maior de atividades.

pia e armários

balcão de atendimento

FEIRA O espaço para a feira foi pensado para trazer a população um aspecto cultural e ao mesmo tempo de lazer, onde é possível construir novas relações sociais e com o meio ambiente ao mesmo tempo [F.44].

acesso e estantes 2,00 m Policarbonato com acabamento leitoso fechamento retrátil

[F.46]

da o

As bancas de feira se darão de maneira mais prática, sendo feitas com estrutura de alumínio desmontável, mas as demarcações no espaço também podem ser utilizadas pelas bancas dos próprios feirantes.

estantes pivotantes

[F.47]

pante

LEGENDAS: [Foto 44] Ampliação da área da feira com demarcações.

balcão de atendimento

[Foto 45] Planta baixa do quiosque proposto.

estrutura em alumínio balcão de atendimento

2,50 m 2,00 m

O Esquecido Urbano

4,00 m

[Foto 46] Corte transverssal do quiosque proposto. 3,00 m [Foto 47] Planta baixa da estrutura da banca de feira desmontável.

46


NOVOS MOBILIÁRIOS

BEBEDOUROS

O design dos bebedouros apresenta volume monolítico, mas sua geometria é adequada para uso. Possui duas bases para instalação de bicos inclinados em diferentes alturas - uma de 0,90m e outra de 1,10m. Além destas, possui duas outras bocas frontais, uma pode ser utilizada como bebedouro para cães e a outra pode ser utilizada através de garrafa ou copo. O dispensador de água possui botão de soft start, com função de regulagem de jato, drenagem de sifão, conectada diretamente à rede pública de abastecimento de água, conectada à saída da rede pluvial por sifão, e filtragem a carvão ativado.

PARACICLOS O paraciclo é feito de perfis tubulares de aço galvanizado em formato retangular com pintura eletrostática. O elemento serve para fixar a bicicleta através do quadro estrutural de modo que, ela não fica só segura, mas também em posição natural evitando possíveis danos às rodas.

LEGENDAS: [Foto 48] Autoral. Planta baixa paraciclo.

O conjunto de paraciclos poderá ser adicionado em áreas específicas com pavimentação necessária para sua fixação, criando uma base de piso em concreto. Mesmo possuindo varias peças em conjunto, basta manter a distância mínima necessária para que a retirada individual continue confortável aos usuários.

N

20

[F.50] 80 cm

25 cm

[F.51]

perspectiva

[F.53]

planta [F.52]

90 cm

vista frontal

[F.55]

[Foto 55] Autoral. Perspectiva araciclo. [Foto 56] Autoral. Vista lateral do paraciclo.

47

50 cm

[F.48]

planta

[Foto 53] Autoral. Vista frontal bebedouro. [Foto 54] Autoral. Vista lateral bebedouro.

vista lateral

perspectiva do conjunto

[Foto 50] Ampliação, localização de paraciclo, bebedouro e lixeira.

[Foto 52] Autoral. Planta baixa do bebedouro.

1,10 m

[F.54]

[Foto 49] Autoral. Vista frontal do paraciclo.

[Foto 51] Autoral. Perspectiva de bebedouro.

60

0

3 cm 75 a 90 cm

vista frontal [F.49]

[F.56]

vista lateral

80 cm

Suellen Mota

M T C Â


N

ILUMINAÇÃO PÚBLICA Para solucionar os problemas de iluminação foi proposta a substituição das lâmpadas dos postes no entorno e também adicionados postes de iluminação na escala do pedestre, melhorando assim, a segurança pública e incentivando o uso noturno do parque. Escala Rua - Substituição de postes e lâmpadas em mau estado no entorno e também a caracterização do espaço através da padronização. Escala Pedestre

Iluminação parque Iluminação entorno Bebedouros Paraciclos [Mapa 19]

Altura: 7 metros Potência: 100 W Lúmens: 13000

[F.57]

- A preocupação com a segurança dos usuários e para retomar o uso noturno no parque.

vista superior

Altura: 3,5 metros Potência: 60 W Lúmens: 7800

Marca: AMES Tecnologia: Led Cor da luz: Branco quente Ângulo de abertura 120º

Chapa de ferro [F.58] [F.60]

LEGENDAS: [Mapa 19] Localização dos mobiliários no parque. [Foto 57] Lâmpada de LED dos postes. AMES.

[F.59]

[Foto 58] Perspectiva do poste. AMES.

[F.61]

[Foto 59] Autoral. Corte da ciclovia dentro da mata e poste. [Foto 60] Pote escala da rua. [Foto 61] Poste escala do pedestre.

O Esquecido Urbano

48


NOVOS MOBILIÁRIOS

REDÁRIO

Os redários serão instalados em áreas sombreadas aproveitando a estrutura dos caules das árvores, de modo que o elemento integre com a paisagem natural permitindo um maior contato com a natureza.

MESAS Mesas pré-moldadas para piquenique foram também utilizadas aço galvanizado com pintura eletrostática na estrutura e madeira reciclada vernizada para manter a linguagem do local.

N

60

0 20

[F.64]

1,00 m

[F.62]

[F.65]

1,80 m

75 cm

45 cm

[F.66]

[F.63] LEGENDAS: [Foto 62] Autoral. Perspectiva da mesa. [Foto 63] Autoral. Vista lateral da mesa. [Foto 64] Autoral. Ampliação de trecho, locação de mesas. [Foto 65] Autoral. Planta da mesa. [Foto 66] Autoral. Vista lateral mesa. [Foto 67] Autoral. Perspectivas das lixeiras. [Foto 68] Autoral. Plantas das lixeiras. [Foto 69] Autoral. Vista lateral das lixeiras. [Foto 70] Autoral. Vista frontal das lixeiras.

LIXEIRAS As lixeiras serão dispostas tanto individual (50 litros) quanto em conjunto (2 de 50 litros). Compostas por recipiente com cobertura em aço galvanizado que impede entrada de água e pode ser acessada pelas laterais abertas.

[F.67]

70 cm

35 cm

Elas possuem suporte próprio, mas também podem ser instaladas em outro tipo, além de poder ser fixada nos mobiliários já criados, como no quiosque.

[F.68]

Sua base possui regulação para nivelamento em caso de terreno irregular e local para sinalização.

90 cm [F.70]

20 cm [F.69] Nome do Aluno

49

Suellen Mota


BANCOS

N

Dispostos em todo o percurso do parque, as variações de bancos partem de um bloco de concreto que varia de tamanho, podendo ser tanto individual, quanto coletivo. Também há a possibilidade de serem adicionados acessórios a eles, assento, encosto e braços. Os assentos e encostos são de madeira, para promover um melhor conforto tátil. Esse sistema de bancos modulares permite a produção destes em série e também outras possíveis modalidades que seguem a mesma linguagem. floreira 0

mesas Lixeiras bancos

60

encosto

20

[Mapa 20]

braços lixeira embutida

4,00 m

[F.74]

1,00 m [F.71]

2,50 m

45cm

[F.73]

[F.72]

LEGENDAS: [Mapa 20] Setorização das mesas, lixeiras e bancos. [Foto 71] Autoral. Planta banco.

180 cm

[Foto 72] Autoral. Vista frontal banco.

50 cm

encosto

assento

[Foto 73] Autoral. Vista lateral do banco. [Foto 74] Autoral. Perspectiva do banco.

[F.75]

[Foto 75] Autoral. Planta banco menor.

45cm [F.77] [F.76]

O Esquecido Urbano

[F.78]

[Foto 76] Autoral. Vista frontal do banco menor. [Foto 77] Autoral. Vista lateral do banco menor. [Foto 78] Autoral. Perspectiva banco menor.

50


REFERÊNCIAS ANÁPOLIS. Lei Complementar nº 349, de 07 de julho de 2016. Dispões sobre o plano diretor participativo do município de Anápolis. Disponível em:https://leismunicipais.com.br/plano-diretor-anapolis-go Acesso em: 1/5/2019 às 14:10. BARTALINI, V. Áreas verdes e espaço livres urbanos. Paisagem e Ambiente, n. 1-2, p. 49-56, 10 dez. 1986. BRASIL. Decreto-lei Complementar nº349, de 07 de julho de 2016. Plano diretor. BRASIL. Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979. Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano e dá outras Providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6766.htm. CIDADES sustentáveis. In: ROGERS, Richard; GUMUCHDJIAN, Philip. Cidades para um pequeno planeta. 1. ed. Londres: Faber and Faber Limited, 1997. cap. 2, p. 25-63. CROMPTON, J.L. The impact of parks on property values: A review of the empirical evidence. Journal of Leisure Research, vol.33, n.1, pag.1-31, 2001. FANSTONE, James, 1972. Missionary Adventure in Brazil: the Amazing Story of the Anapolis Hospital, with Reminiscences by Its Founder Dr. James Fanstone, O.B.E. Edited by His Sister Baird [B.B. Smith]. England. Errey’s Printer. FARR, Douglas. O porquê do urbanismo sustentável. In: FARR, Douglas. Urbanismo Sustentável: desenho urbano com a natureza. São Paulo: Bookman, 2008. Disponível em: https://www.ebah.com.br/content/ABAAAhNhIAB/urbanismo-sustentavel-douglas-farr. Acesso em: 12 mar. 2019. GARCIA, Ester Higueras. Urbanismo bioclimático. Madrid, p. 1-8,2006. GEHL, Jan, 1936 – Cidades para pessoas; tradução Anita Di Marco. 2 ed. São Paulo: Perspectiva, 2013. INFRAESTRUTURA. et al. Plano de Desenvolvimento Municipal. 2019. Revista (Arquitetura e Urbanismo) - Centro Universitário de Anápolis UniEvangélica, Anápolis.

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Suellen Mota


JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. – 3 ed. – São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011. LIMA, Valéria; AMORIM, Margarete. A importância das áreas verdes para a qualidade ambiental das cidades. Osvaldo Cruz, SP, p. 69-82,20 dez. 2006. MACEDO, S.S; SAKATA, F.G. Parques Urbanos no Brasil. São Paulo: EDUSP: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2003 MARX, Roberto B. Arte e paisagem: conferências escolhidas. São Paulo: Livraria Nobel, 1987. MEDEIROS, Wilton. Paisagem urbana e sistema de espaços livres a partir da análise morfológica e comparativa entre três parques de Anápolis. Paisagem urbana e sistemas de espaços livres, ENANPARQ. Porto Alegre, 25 jul. 2016 Mobilidade Urbana Sustentável – WRI. Disponível em: https://wricidades.org/sobre/embarq. MORAIS, T. C. (2012). Avaliação e seleção de alternativas para a promoção da mobilidade urbana sustentável: o caso de Anápolis, Goiás. 137 f. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Transportes, Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, São Carlos, SP. PINTO, Luiza Helena; PINHEIRO, Sérgio Avelino. Orientações Básicas para Drenagem Urbana. Belho Horizonte: Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2006. POLONIAL, Juscelino. (1995). Anápolis nos tempos da ferrovia. Anápolis: Associação Educativa Evangélica, p.32 Pró-Água (jun, 2017). Disponível http://cidadeproagua.com.br/

RIBEIRO, Sávia Marcella. PARQUES EM ANÁPOLIS-GOIÁS O CONTATO COM A NATUREZA E A SAÚDE. 2009. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais e Saúde) Pontifícia Universidade Católica de Goiás. ROMERO, Marta. In: A arquitetura bioclimática do espaço público. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2007. ROMERO, Marta. Princípios Bioclimáticos para o Desenho Urbano. [S. l.], p. 1-63, 2000. ROMERO, Marta; SILVA, Geovany. Urbanismo Sustentável no Brasil. Arquitextos, São Paulo, p. 2, 23 jan. 2011. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.128/3724. Acesso em: 4 mar. 2019. RUEDA, Salvador. et al. (2011): “El Urbanismo Ecológico: su aplicación en el diseño de un ecobarrio en Figueres”. Schwartz et al. (2004). Is Sprawl Unhealthy? A Multilevel Analysis of the Relationship of Metropolitan Sprawl to the Health of Individuals. Journal of Planning Education and Research 24:184-196. SZEREMETA, Bani; ZANNIN, Paulo Henrique. A importância dos parques urbanos e áreas verdes na promoção da qualidade de vida em cidades. O espaço geográfico em análise, Curitiba, 28 out. 2013 Thompson et al, (2008). The Childhood Factor Adult Visits to Green Places and the Significance of Childhood Experience. Environment and Behavior. 40(1): 111-143. VILLAÇA, Flávio. Reflexões sobre as cidades brasileiras. São Paulo: Nobel, 2012.

em:

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O Esquecido Urbano

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