NACRI Centro Comunitário Novo Paraíso | Wanessa Pericole Dias | UniEVANGÉLICA

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Centro Comunitário Um novo convivío - NACRI Bairro Novo Paraíso - Anápolis


issuu.com/cadernostc

Cadernos de TC 2019-1 Expediente

Direção do Curso de Arquitetura e Urbanismo Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Corpo Editorial Alexandre Ribeiro Gonçalves, Dr. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Simone Buiati, M. arq. Coordenação de TCC Rodrigo Santana Alves, M. arq. Orientadores de TCC Maíra Teixeira Pereira, Dr. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Simone Buiate Brandão, M. arq. Detalhamento de Maquete Volney Rogerio de Lima, E. arq. Seminário de Tecnologia Daniel da Silva Andrade, Dr. arq. Jorge Villavisencio Ordóñez, M. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Seminário de Teoria e Crítica Ana Amélia de Paula Moura, M. arq. Maíra Teixeira Pereira, Dr. arq. Pedro Henrique Máximo, M. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Expressão Gráfica Madalena Bezerra de Souza, E. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Anderson Ferreira de Sousa M. arq. Secretária do Curso Edima Campos Ribeiro de Oliveira (62)3310-6754


Apresentação Este volume faz parte da quinta coleção da revista Cadernos de TC. Uma experiência recente que traz, neste semestre 2018/2, uma versão mais amadurecida dos experimentos nos Ateliês de Projeto Integrado de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo (I, II e III) e demais disciplinas, que acontecem nos últimos três semestres do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Anápolis (UniEVANGÉLICA). Neste volume, como uma síntese que é, encontram-se experiências pedagógicas que ocorrem, no mínimo, em duas instâncias, sendo a primeira, aquela que faz parte da própria estrutura dos Ateliês, objetivando estabelecer uma metodologia clara de projetação, tanto nas mais variadas escalas do urbano, quanto do edifício; e a segunda, que visa estabelecer uma interdisciplinaridade clara com disciplinas que ocorrem ao longo dos três semestres. Os procedimentos metodológicos procuraram evidenciar, por meio do processo, sete elementos vinculados às respostas dadas às demandas da cidade contemporânea: LUGAR, FORMA, PROGRAMA, CIRCULAÇÃO, ESTRUTURA, MATÉRIA e ESPAÇO. No processo, rico em discussões teóricas e projetuais, trabalhou-se tais elementos como layers, o que possibilitou, para cada projeto, um aprimoramento e compreensão do ato de projetar. Para atingir tal objetivo, dois recursos contemporâneos de projeto foram exaustivamente trabalhados. O diagrama gráfico como síntese da proposta projetual e proposição dos elementos acima citados, e a maquete diagramática, cuja ênfase permitiu a averiguação das intenções de projeto, a fim de atribuir sentido, tanto ao processo, quanto ao produto final.

A preocupação com a cidade ou rede de cidades, em primeiro plano, reorientou as estratégias projetuais. Tal postura parte de uma compreensão de que a apreensão das escalas e sua problematização constante estabelece o projeto de arquitetura e urbanismo como uma manifestação concreta da crítica às realidades encontradas. Já a segunda instância, diz respeito à interdisciplinaridade do Ateliê Projeto Integrado de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo com as disciplinas que contribuíram para que estes resultados fossem alcançados. Como este Ateliê faz parte do tronco estruturante do curso de projeto, a equipe do Ateliê orientou toda a articulação e relações com outras quatro disciplinas que deram suporte às discussões: Seminários de Teoria e Crítica, Seminários de Tecnologia, Expressão Gráfica e Detalhamento de Maquete. Por fim e além do mais, como síntese, este volume representa um trabalho conjunto de todos os professores do curso de Arquitetura e Urbanismo, que contribuíram ao longo da formação destes alunos, aqui apresentados em seus projetos de TC. Esta revista, que também é uma maneira de representação e apresentação contemporânea de projetos, intitulada Cadernos de TC, visa, por meio da exposição de partes importantes do processo, pô-lo em discussão para aprimoramento e enriquecimento do método proposto e dos alunos que serão por vocês avaliados.

Maíra Teixeira Pereira, Dr. arq. Rodrigo Santana Alves, M. arq. Simone Buiate Brandão, M. arq.



Um novo convívio - NACRI Centro Comunitário Novo Paraíso

Pensando na estrutura atual do bairro Novo Paraíso em Anápolis – GO, que está se agravando cada dia mais, a proposta busca um novo convivio com essa comunidade, através de espaços de cultura, educação e lazer, buscando atender não só crianças e adolescentes como também idosos. Eliminando cada dia a vulnerabilidade social e entendendo que todos, sem nenhuma discriminação, necessita de um espaço apropriado para conhecimentos, através da música, arte, relacionamento e convivência.

Wanessa Pericole Dias Orientador: Rodrigo Santana


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“Comer, sentar, falar, andar, ficar sentado tomando um pouquinho de sol… A arquitetura não é somente uma utopia, mas um meio para alcançar certos resultados coletivos. A cultura como convívio, livre escolha, liberdade de encontros e reuniões. Retiramos as paredes intermediárias para liberar grandes espaços poéticos para a comunidade”. Lina Bo Bardi

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INTRODUÇÃO ao projeto Um novo convívio - NACRI

Existe atualmente no Brasil uma deficiência nas relações interpessoais, seja pela falta de afeto ou de educação de qualidade. Nesse sentido, a criação de espaços de lazer é de extrema importância, uma vez que os mesmo contribuem com a melhoria no convívio social. Pesquisas relacionadas a violência contra a criança e o adolescente foram realizadas pela Visão Mundial em parceria com o instituto IPSOS. Com resultados referentes as percepções públicas da violência, há uma eficácia nos sistemas de proteção na América Latina e Caribe. Em 13 países foi analisada a porcentagem de crianças e adolescentes em risco e, de acordo com o ranking obtido, o Brasil fica com 13%. Seguido pelo México com 11%. A classificação realizada pela pesquisa aponta que os brasileiros acreditam que um dos lugares maus seguros para o grupo em analise é em casa, no entanto isso vem mudando desde o ano de 2015, onde foram registrados 80.437 mil denuncias de violência no ambiente familiar. Atualmente em Anápolis, um centro comunitário localizado no bairro Novo Paraíso atende a comunidade local, trata-se do NACRI- Núcleo da Criança e do Adolescente. É um projeto social administrado pelas irmãs e missionários da comunidade Nova Aliança, que atende em média a 150 crianças no período matutino e vespertino. Para que esse atendimento ocorra, não há a necessidade de agendamento prévio. Atualmente, o Núcleo não tem nenhum incentivo ou ajuda para a melhoria da arquitetura do local, de modo que este atenda melhor a população. Assim, este projeto tem por finalidade a busca pela melhoria das condições locais por intermédio de uma planta arquitetônica que atenda às necessidades do grupo atendido no Núcleo, bem como da ampliação do mesmo, uma vez que a comunidade local não tem um ponto de atendimento aos demais grupos: adultos e idosos. Sendo assim atuando para que a violência seja menor, o projeto busca um tempo maior para integração dos usuários, onde será envolvido cultura, lazer e educação, reduzindo assim o tempo que essas crianças e adolescente ficam nas ruas. O novo NACRI começa a se desenvolver através da criação de salas específicas para as diversas atividades que o local proporcionará, tais como: informática, dança, artesanato, pintura, biblioteca, crochê, etc. O novo projeto conta ainda com a criação de áreas destinadas a esportes, cultura e lazer, com destaque para o anfiteatro, a gibiteca, a quadra poliesportiva e um amplo refeitório que atende a cerca de 300 pessoas. 163


As primeiras favelas se localizam no Rio de Janeiro, com o surgimento que remonta ao século XIX, com proliferação a partir de 1940. Os focos de tensão provocados pela Revolta da Armada (1893-1894) e pela Guerra dos Canudos em 1896 e 1897 que foram considerados agravantes para o surgimento das favelas. 1984 1984

1900 Quando a ocupação do Morro de Favella ganhou destaque no Rio de Janeiro, e os a militares de tropas federais voltaram da Bahia ápos derrotarem Antônio Conselheiro na Guerra de Canudos. 1902

O primeiro Centro Comunitário de Panambi surgiu na Vila Esperança, conhecida hoje como Bairro Esperança. Neste período, o Centro Comunitário proporcionava a comunidade vários espaços para serem utilizados pela comunidade. 1984 1900

1900 Os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs) foram idealizados pelo sociólogo Darcy Ribeiro nos anos de 1980, a partir das experiências de Salvador e Brasília.

Atualmente, o Brasil vem crescendo no quesito de expectativa de vida depois do passar de 80 anos de idade. A partir desse questionamento, as demandas começaram a aparecer em formas de querer elaborar uma realidade para atender as comunidades que aos poucos vão crescendo e juntamente com eles, trazendo jovens e adolescentes que também passaram por essa fase primordial. Sendo assim a sociedade vem lutando para esse futuro que os centros irão ainda enfrentar. Grandes centros hoje podem ser locais que são guiados para resgatar aquilo que o próprio

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lar familiar não conseguiu atingir. Vários tipos de apoio e atividades podem ser realizadas para que esse vinculo se inicie, começando da convivência dessa comunidade. O envelhecimento populacional constitui um fenômeno mundial na atualidade. Este é peculiar tanto dos países desenvolvidos quanto dos países em desenvolvimento. No Brasil, o envelhecimento da população iniciou-se na metade do século passado, isso ocorreu devido aos avanços da medicina e da melhoria das condições de vida. Outro fator relevante foram as transformações sociais que ocorreram no

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LEGENDAS:

As favelas em São Paulo surgiram como produto da crise de habitação da década de 1940. Onde teve inicio após as ocupações do Rio de Janeiro. Sua origem em São Paulo está vinculada á resistência dos inquilinos em deixar áreas mais centrais em direção á periferia. 1900

1900 Desde a década de 40, foram criados vários centros comunitários no Brasil, sob a influência da Igreja Católica e do Serviçio Social, sendo a sua institucionalização e assistência a cargo da Campanha Nacional de Educação.

[1.] PEREIRA, S E, F, N. Crianças e adolescentes em contexto de vulnerabilidade social: articulação de redes em situação de abandono ou afastamento do convívio social. Brasília, DF: Instituto Berço da Cidadania; Fundação UNIVERSAL; Secretária Especial dos Direitos Humanos (SEDH), 2010. [2.]RevistaUNIABEU Belford Roxo V.4 Número

1940

O conceito de cidades educadoras surgiu em 1990, após realização do I Congresso Internacional de Cidades Educadoras, realizado em Barcelona, na Espanha e tem como proposta que a cidade seja um ambiente comunitário e educador, valorizando o aprendizado vivencial, que envolve todos os cidadãos. 1900

2000 Os centros Educacionais Unificados foram criados em 2000. Existem até hoje e permanceram como política e foram ampliados por governos posteriores, por creche, educação infantil e fundamental, desenvolvem práticas educacionais, recreativas e culturais no mesmo espaço da formação escolar. 2001

seio familiar, ou seja, o aumento da escolaridade feminina e, consequentemente, a sua maior inserção no mercado de trabalho, o maior acesso aos anticoncepcionais, que contribuiu para o declínio das taxas de fecundidade, o aumento da mortalidade e as próprias mudanças na área social e econômica da população. Segundo a autora Sandra Eni Fernandes Nunes, vulnerabilidade social é uma situação de abandono ou de afastamento de um convívio familiar. Tendo como referência uma abordagem sistêmatica também sobre as redes sociais. Tratando de uma rede como método de socialização da família e da

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escola, como espaços que fundamentam a criança no processo de desenvolvimento no decorrer da vida. Vulnerabilidade social é basicamente uma área denominada como lugar de risco. Risco, segundo a autora foi usado para as epidemiologistas que se influenciaram em grupos e populações. Referindo a indivíduos e suas próprias suscetibilidade ou predisposições a respostas ou consequências negativas. Algo onde se desajusta a estrutura e oportunidades da capacidade de atores que são sociais em aproveitar oportunidades em outros âmbitos socioeconômicos para melhorar a situação da criança e do adolescente.

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IMPACTO

Violência Contra Crianças e Adolescentes

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LEGENDAS:

[f.1]

De acordo com pesquisas realizadas, os brasileiros acreditam que a violência contra criança e adolescente esta aumentando e que existe um impacto significativo nas relações sociais, saúde educação. Segundo a diretora da Guia Infantil Vilma Medina, na pesquisa realizada em abril de 2016, a carência e a vulnerabilidade trás consigo um desequilíbrio na falta de cuidado, atenção e proteção aos mesmos. Grande parte dessa carência vem de famílias desestruturas que não tem tempo para cuidar de seus filhos, e com isso vão procufalta de desenvolvimento da linguagem alteração de comportamento

70%

Da população sente que nos últimos cinco anos a violência contra a criança e o adolescente tem aumentado.

83%

concordam que o impacto da violência nas crianças e adolescentes pode aparecer na vida adulta nas relações sociais.

83%

concordam que a violência contra crianças e adolescentes tem um efeito negativo sobre a saúde infantil.

81%

concordam que a violência contra crianças e adolescentes tem um efeito negativo na educação infantil.

[f.1] Fotografia de uma criança que frequenta o NACRI

rar nas ruas algo para amenizar a falta do convívio familiar. A carência que existe no bairro também vem crescendo, e com isso drogas, violência e alcoolismo são levados até mesmo para dentro de casa. No âmbito familiar não só criança e adolescentes, como também adultos e idosos necessitam de uma atenção especial. Para que a vulnerabilidade seja diminuída dia após dia, o Núcleo vem para buscas de mudanças e melhorias de vida. Segundo pesquisa realizada, a falta de afeto infantil pode desenvolver... respostas agressivas déficit de atenção

transtornos de ansiedade

desconfiança

descontrole de impulso

depressão

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[3.]#VMBProteção Visão Mundial lança pesquisa sobre risco de violência contra crianças e adolescentes

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O LUGAR 168

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Terreno / NACRI Avenida Brasil BR 153 Avenida Pedro Ludovico

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LEGENDAS: [f.2.]Fotografia das crianças do NACRI em sala de aula. [f.3] Fotografia das crianças do NACRI na quadra de esporte com suas atividades diarias [f.4] Fotografia das crianças do NACRI na quadra de esporte com suas atividades diarias [f.5] Fotografia das crianças com as voluntárias do NACRI [f.6] Fotografia das crianças brincando [f.7] Folder NACRI anos de missão

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[f.8] Fotografia da Fachada Frontal do atual NACRI fonte: google mapas [f.9] Fotografia da comunidade do bairro Novo Paraíso

Em 18 de Outubro de 1931 a instituição propôs que a prefeitura doasse o terreno para a construção do leprosário. Parte dos leprosos que foram isolados na colônia retornaram para Anápolis e agruparam-se no "morro do cachimbo". No local, essas pessoas foram subindo morros para se protegerem do preconceito, e foram aos poucos se unindo. Hoje a Comunidade Católica Nova Aliança assumiu a administração deste projeto que existe a 24 anos. A comunidade abriu uma casa de missão no local, passando a administrar este projeto que a muitos anos, pela força de dois Carismas (Franciscanas de Allegany e Nova Aliança), vem crescendo cada vez mais,

acolhendo crianças e adolescentes. A Comunidade Católica Nova Aliança teve início na década de 90, tendo como data de fundação o dia 02 de fevereiro de 1991. Nasceu como fruto do Projeto de Evangelização 2000, que visava preparar para o grande Jubileu do ano 2000 um mundo cristão com mais cristãos. No Brasil foi lançada uma década de evangelização realizada em cada domicílio que fosse possível. O NACRI - Núcleo da Criança e do Adolescente é um projeto social da comunidade que teve inicio em fevereiro de 1993 com as irmãs franciscanas de Allegany e os Missionários da Comunidade Nova Aliança, que assumiram a administração do projeto. Atualmente o NACRI atende uma média de 150 crianças e adolescentes no período matutino e vespertino, onde oferece uma formação humana e religiosa através da evangelização semanal, alimentação, reforço escolar, esporte, musica, teatro, informática, trabalhos manuais e acompanhamento personalizado.

NACRI


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[f.14] Wanessa Pericole Dias


LEGENDAS: [f.10]Fotografia crianças do NACRI

das

[f.11] Fotografia dos pais com seus filhos indo para o NACRI [f.12] Fotografia das crianças do NACRI na rua, mostrando a falta de espaços para elas. [f.13] Fotografia de uma criança andando sozinha na rua sem nenhuma segurança [f.14] Fotografia da arquibancada existente no atual NACRI [f.15] Fotografia quadra esportiva NACRI

[f.15]

[f.16]

da do

[f.16] Fotografia onde moram as irmãs responsáveis pelo NACRI fonte: google mapas [f.17] Fotografia da área externa do NACRI [F.18] Fotografia da entrada de uma sala de aula [f.19] Fotografia das crianças do NACRI em dia de comemoração

[f.17]

[f.18]

[f.19] Um novo convívio - NACRI

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LEGENDAS: [f.20] Fotos do Bairro Fonte: Autoria Própria [f.21] Fotos do Bairro Fonte: Autoria Própria [f.22] Fotos do Bairro Fonte: Autoria Própria [f.23] Mapa Satélite Bairro Completo Fonte: Google Mapas [f.24] Mapa Satélite com Bairros do seu entorno Fonte: Google Mapas

O bairro Novo Paraíso, situado na região oeste da cidade de Anápolis - GO é um bairro periférico, também conhecido como “Morro do Cachimbo”, é considerada uma área subnormal, que definida pelo IBGE é um setor especial de aglomerado subnormal com no mínimo 51 domicílios, localizada em propriedade pública ou privada e desprovida ou com efeito de serviços públicos, além da ilegalidade fundiária, popularmente conhecida como favelas. O bairro é um local que começou a ser consolidado há mais de 50 anos, devido à área ter um centro de tratamento de pessoas com hanseníase, que na época era uma doença discriminada pela sociedade. A área de intervenção que hoje está entre bairros como São Joaquim, Paraíso, Jardim Calixto e outros são ocupados irregularmente, por se tratar de área pública da prefeitura municipal. O local foi sendo ocupado da maneira como os moradores foram se instalando, sendo que hoje, encontramos moradias em áreas de risco, preservação e até mesmo em situações precárias, fato que chama a atenção, principalmente em relação a residências muitas vezes insalubres. O local escolhido foi um terreno próximo a Avenida Pedro Ludovico, onde dá acesso também a GO 222. A maioria de seu entorno é residencial, contendo poucos comércios, mas que trás pontos positivos para a proposta por ser atualmente um Centro para Crianças e Adolescentes. O entorno se encontra com alguns bairros que contem grandes potencialidades e ligações que geram a comunicação com o terreno escolhido, como o bairro Paraíso, Vila São Joaquim, e Jardim Santa Cecília / Jardim Calisto. Por conta desses bairros não ter um local apropriado para a comunidade, o NACRI servirá também como referência para o mesmo. O entorno também se dispõe da Escola Príncipe Encantado e Escola Municipal Moacyr Romeu Costa, dois locais próximos a proposta, integrando com a comunidade. As principais vias são GO-222, Avenida Pedro Ludovico e Av. Brasil Sul.

[f.20]

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O BAIRRO [f.22]

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NACRI / Terreno Bairro

[f.23]

Vila São Joaquim Jardim Calixto

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LEGENDAS: [f.25] Fotografia das crianças moradoras do bairro em áreas de risco. [f.26] Fotografia das crianças moradoras do bairro em áreas de risco. [f.27] Fotografia de escritas das crianças do bairro. [f.28] Mapa Satélite Bairro Completo Fonte: Google Mapas [f.29] Mapa Satélite com Bairros do seu entorno Fonte: Google Mapas

Por ser um bairro onde a população é devidamente carente, a analise direta onde atende as crianças e adolescentes, é um local muito frágil e com o tempo foi sendo menos utilizado pela falta de demanda que o bairro começou a ter depois de muito tempo já utilizado. O refeitório com o tempo foi ficando pequeno para a quantidade de crianças e adolescentes que o bairro oferece. Atualmente o NACRI tem 150 crianças nos dois turnos, sendo assim dificulta o lazer e conforto dos mesmos. Algumas atividades oferecidas pelo NACRI são grupos religiosos onde as crianças por serem tão carentes, acabam precisando de um reforço, alem das aulas de informática, onde ajudam as crianças a entender melhor a importância que é ter um curso para ser melhor qualificado na vida estudantil. Ou seja, o serviço principal do NACRI trata-se de um serviço multidisciplinar, onde existe o desenvolvimento familiar dos moradores. Sendo assim o NACRI vem para ajudar a entender a verdadeira demanda que o bairro necessita. Buscando entender que todos precisam de um lugar de convívio adequado, que não so traga estudos e religião, mas também, conforto, segurança e lazer. Com o agrupamento de todas essas questões que o bairro necessita, a nova proposta vem para um melhor convívio com os moradores, buscando a aproximidade de cada família ali existente, criando também vínculos para que haja mais relacionamento e cada vez menos uma vulnerabilidade social que causa o afastamento dos moradores, principalmente por ser um bairro onde a insegurança prevalece em varias partes do mesmo. A proposta busca entender também a necessidade de cada criança que necessita de carinho e atenção, que precisa de esporte e também de uma educação mais aprofundada. Sendo assim o intuito do projeto busca sempre entender o lado do usuário. Criando um vínculo familiar com o mesmo. A cada passo do projeto, uma surpresa para surpreender as pessoas e faze-las entender o verdadeiro e real motivo de existir um centro comunitário existente no bairro para ser bem utilizado.

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Cheios e Vazios Comércio

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40

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5

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[f.29] Um novo convívio - NACRI

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LEGENDAS: [f.30] Fotografia do refeitório do atual NACRI fonte: autoria própria [f.31] Fotografia das crianças no refeitório Fonte: Site NACRI [f.32] Fotografia das crianças em sala de aula. Fonte: Site NACRI

A proposta surgiu através da necessidade de atender as crianças e adolescentes do bairro Novo Paraíso – GO. O local atualmente chama bastante atenção pela falta de infraestrutura, uma vez que não consegue atender à demanda do bairro. Por se tratar de ser um local carente, o intuito do projeto é trazer um maior convívio entre os moradores, através da ampliação dos grupos a serem atendidos, com a inclusão de adultos e idosos. E se tratando da arquitetura, o projeto visa levar conforto e bem estar aos grupos que irá atender, o que influencia também nas escolhas que essas pessoas podem fazer no futuro. O local já se apresentava desgastado, sem as condições mínimas necessárias para a realização de todas as suas atividades. O objetivo principal é a criação de um espaço onde as pessoas possam se sentir em casa e seguras, tendo disponível atividades de cultura, lazer e esporte. Em termos de educação, o projeto conta com a implementação de uma grande biblioteca e gibiteca, onde os usuários poderão aprimorar a leitura, sala de informática, salas de pintura, dança e artesanato para adultos e idosos. O projeto também busca uma integração familiar, que é uma grande deficiência na comunidade. Todos os aspectos considerados no projeto base, as melhorias a serem realizadas, foram baseadas em levantamentos locais: estudos de caso, visitas realizadas à comunidade e entrevista com os responsáveis pelo local. Os dados obtidos em fase de levantamento apontaram que de fato é necessário que haja grandes mudanças para quebrar o impacto da vulnerabilidade social existente hoje no local.

[f.30]

[f.31]

JUSTIFICATIVA ao projeto

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8% Ens. Médio

1070

73% Ens. Fundamental Fámilias Habitantes

LEGENDAS: [4.] ] S i s t e m a d e Informação de Atenção Básica da Secretaria Municipal de Saúde 2011. [5.] ] Dados de acordo com levantamento realizado pela Prefeitura Municipal de Anápolis, 2011.

17% Analfabéto

Escolaridade

4%

5% Renda Familiar

5%

10%

15%

13%

23%

27%

1 salário de 19 a 65 anos

de 6 a 15 anos

- de 1 salário de 0 a 5 anos

65 anos

3 salários

34%

Sem renda

66%

de 16 a 18 anos

População

1 a 2 salários

4509

55%

34%

Renda Familiar

PERFIL do usuário

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LEGENDAS: [f.33] Diagrama de Programa do Projeto

O programa surgiu através de uma melhor convivência com os usuários. Onde eles possam ter experiências novas e boas escolhas para freqüentar. O projeto visa resgatar pessoas que sofrem com a vulnerabilidade social, e por muitas visitas ao local, percebemos apenas algumas salas pequenas que não tem a infra estrutura devida no ambiente.

O programa foi idealizado principalmente pensando no que já existe no projeto atual, mantendo algumas áreas que são importantes e criando outras para que, de modo geral, todos possam utilizar. O edifício suportará 300 pessoas.

Convivência

Salas e atividades multifuncionais

Setor Administrativo

[f.33]

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Áreas de Convívio Refeitório Quadra de Esportes Horta Comunitária Anfiteatro para feiras, shows e esportes.

Salas e Atividades Multifuncionais Biblioteca Gibiteca Informática Pintura, Artesanato, Dança, Crochê.

Setor Administrativo Administração Sala de Apoio aos Voluntários Recepção Banheiros e Vestiários DML e Copa

ÁREA DO TERRENO / LUGAR (M²): 4.105 m² ÁREA CONSTRUÍDA (M²): 2.504 m²

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O PROGRAMA 181








01 10 Detalhe 2

11

02

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01- Telha Termoacústica 02- Escada de Concreto 03- Laje Maçica de Concreto 0,50cm 04- Parede de concreto 0,30cm 05- Guarda Corpo de Vidro Fûme Temperado 0,6cm 06- Laje Maçica de Concreto 0,50cm 07- Revestimento da Parede tinta latéx PVA Branca 08- Viga Baldrame 09- Solo 10- Rufo de Alumínio Perfil de metal forma I 11- VB233 Luminária Acrílico 4 lâmpadas 25 watts de dimensão 44x44 cm 12- Porcelanato Eliane Maxgres cor bege acetinado 60x60cm 13- Arquibancada Concreto Maçico

03

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Detalhe 1

05 03

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Detalhe 3

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2

[f.41]

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LEGENDAS: [f.41] Corte de pele onde mostra os detalhes do banheiro

Aço tubo inóx galvenizado 0,5cm

Rufo de Alumínio Perfil de metal forma I

Revestimento Ungress Portofino

Perfil Metálico em I

[f.42] Detalhamento de aço e porcelanato do piso [f.43] Detalhamento da escada

Parafuso

01

01

03

02

[f.44] Detalhamento da escada [f.45] Detalhamento da Arquibancada [f.42]

[f.43]

Parabolt allen cabeça chata Fixação em Solda Eletrotástica

Guarda Corpo de Perfil de Vidro Fûme 0,8cm

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[f.44]

[f.45] Arquibancada de Concreto Armado Maçico

DETALHAMENTO

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LEGENDAS: [f.46] Imagem demonstrativa da vedação interna do edifício [f.47] Imagem demonstrativa da luz LED do edifício

[f.46]

Vedações Interna - Drywall / Sistema composto por estrutura de aço galvenizado e chapas de gesso acartonado, parafusadas em ambos os lados.

[f.48] Imagem demonstrativa das vedações externas

[f.47]

Luz de LED / Modelo PLAFON Amplo ângulo de abertura / Peça de acrílico leitoso

[f.49] Imagem demonstrativa do poste externo do edifício [f.50] Imagem demonstrativa do tipo do vidro utilizado no edifício [f.51] Imagem demonstrativa do porcelanato utilizado no projeto [f.52] Imagem demonstrativa do sistema de energia do edifício

[f.49]

[f.48]

Vedações Externas - Concreto Branco

[f.50]

Poste de luz urbano contemporâneo em alumínio fundido de LED

[f.51]

Vidro Temperado 12mm

[f.52]

Baixo consumo de energia / Sistema de Iluminação em LED Luminária Painel LED de Sobrepor 6W Luz Amarela Diamante

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Porcelanato Eliane Maxgres cor bege acetinado 60x60cm

DETALHES

construtivos 199


LEGENDAS: [f.53] Imagem da estrutura em perspectiva [f.54] Imagem frontal da estrutura [f.55] Imagem da planta do edifício mostrando a estrutura bidimensional

[f.53]

[f.54]

O edifício foi projetado pensando não só no bem estar e conforto dos usuários, como também na estética, buscando ser um lugar de grande aconchego, para não atrapalhar a circulação dos mesmos. Com isso, a base estrutural é composta por vigas e pilares, onde tem 6m de distancia entre um e outro. A estrutura é a base para um bom projeto arquitetônico, e a escolha dos materiais estruturais fornecem pontos positivos.

5

200

10

15

[f.55]

ESTRUTURA Wanessa Pericole Dias



202

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Referências Bibliográficas

- http://www.comnovaalianca.com.br/quem-somos/historia - https://br.guiainfantil.com/vilma-medina/ - Sentidos e Significados da rede social para adolescentes em medida protetiva de abrigamento / LUIZA MARTINS COSTA - #VMBProteção — Visão Mundial lança pesquisa sobre risco de violência contra crianças e adolescentes - CASTELLES, M. O poder da identidade. A era da informação - VOLPATO, MO Conceitos de comunidade, local e região: inter-relações e diferenças, 2009. - LYRA, G.J.H, Importancia da integração familiar escola, suas dificuldades e seus encontros, dialogo necessario para a construção do sujeito e o futuro contexto escolar.

203


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