Final Thesis : Crematório e Parque Memorial : Uma nova Perspectiva para morte em Goiânia

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centro universitário uni-anhanguera de goiás arquitetura e urbanismo caio taveira machado

CREMATÓRIO e parque memorial: Uma nova perspectiva para morte em goiânia.

goiânia - goiás 2019


Uni- ANHANGUERA - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIÁS CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

CAIO TAVEIRA MACHADO

CREMATÓRIO E PARQUE MEMORIAL : UMA NOVA PERSPECTIVA PARA MORTE EM GOIÂNIA

GOIÂNIA 2019


CAIO TAVEIRA MACHADO

CREMATÓRIO E PARQUE MEMORIAL : UMA NOVA PERSPECTIVA PARA MORTE EM GOIÂNIA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo pelo Centro Universitário Uni-ANHANGUERA de Goiás como requisito parcial para a obtenção da graduação. Orientador : Prof. João Marco Camelo

GOIÂNIA 2019


Regracio a todos. Todos que, mesmo sem intenção, me auxiliaram na composição deste trabalho. Agradeço em especial a todos os que me deixaram, In Memoriam estão, e estarão, sempre comigo. À estes, dedico especialmente meu trabalho.


SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO...................................................................................................................01 1.1. INTRODUÇÃO.........................................................................................01 1.2. APRESENTAÇÃO DO TEMA...................................................................01 1.3. PROBLEMÁTICA........................................................................................02 1.3.1 - Demanda e distribuição.................................................02 1.3.2 - Problemas ambientais ..................................................06 1.4. JUSTIFICATIVA........................................................................................08 2. REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................................10 2.1. HISTÓRICO.............................................................................................10 2.1.1. A morte do homem..................................................................10 2.1.2. A morte da cidade......................................................................12 2.2. A MORTE EM GOIÂNIA..................................................................................15 2.3. O DESAPEGO AO CORPO E CELEBRAÇÃO À MEMÓRIA.................................17 2.4. MÉTODO DE BIOCREMAÇÃO E APLICAÇÕES..................................................17 3. REFERÊNCIAS PROJETUAIS.......................................................................21 3.1. CREMATÓRIO COMUNAL DE RINGSTED - DINAMARCA......................21 3.3. WORLD WAR I NATIONAL MEMORIAL STAGE II....................................25 3.2. HOLOCAUST – MAHNMAL......................................................................29 3.4. QUADRO DE APROVEITAMENTO..........................................................34 4. O LUGAR......................................................................................................35 4.1. CONTEXTO HISTÓRICO.......................................................................35 4.2. LOCALIZAÇÃO E REFERÊNCIAS URBANAS.........................................37 4.3. HIERARQUIA VIÁRIA ..............................................................................39 4.4. ANÁLISE CHEIOS E VAZIOS...................................................................40 4.5. ANÁLISE DE USOS..................................................................................41 4.5. ANÁLISE DE GABARITO.........................................................................42 4.6. ANÁLISE DE CONDICIONANTES AMBIENTAIS.....................................43 4.7. ANÁLISE DE IMPACTO DE VIZINHANÇA...............................................46 5. O PROJETO................................................................................................................47 5.1. PERFIL DO USUÁRIO.............................................................................47 5.1.1.- Perfil do Usuário: Crematório...............................................................47 5.1.2.- Perfil do Usuário: Parque Memorial.....................................................48 5.2. PROGRAMA DE NECESSIDADES.............................................................50 5.3. QUADROS SÍNTESES..................................................................................51 5.4. ORGANOFLUXOGRAMA................................................................................53 5 . 5 C O N C E I TO / PA RT I D O. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 4 5.6. PROCESSOS FORMAIS.......................................................................................55 5.7. SETORIZAÇÃO/FLUXOGRAMAS............................................................................57 5.8.1.- Parque Memorial...................................................................................57 5.8.2.- Crematório............................................................................................59


5.8. COMPOSIÇÃO VOLUMÉTRICA............................................................................61 5.9. LOCAÇÃO E IMPLANTAÇÃO......................................................................................63 5.10. PAISAGISMO..........................................................................................................65 5.11. SISTEMAS CONSTRUTIVOS / TECNOLOGIAS CONSTRUTIVAS...............................66 5.12. MOBILIÁRIOS........................................................................................................68 6. PEÇAS GRÁFICAS....................................................................................................................70 6.1. IMPLANTAÇÃO/TÉRREO..........................................................................................70 6.2. PLANTA SUB-TÉRREO / COBERTURA.......................................................................72 6.3. CORTES E DETALHAMENTOS...................................................................................73 6.4. FACHADAS...............................................................................................................74 7. REFERÊNCIAS.............................................................................................79 8. ANEXOS...............................................................................................................................81


1 - apresen tação


‘‘O que sobra é a obra, o resto só sobra.’’ - Ledo Ivo


1 APRESENTAÇÃO 1.1 INTRODUÇÃO O presente Trabalho de Conclusão de Curso tem o propósito de, através de estudos referentes à morte, ao luto e às necrópoles, gerar reflexão sobre a vigente apologia do cemitério no Brasil, assim como propor uma desconstrução do entendimento cole vo atual da morte, através da proposta de um Parque Memorial e Crematório para Goiânia, que faz-se empá co aos ciclos e à efemeridade da vida, e principalmente à eternidade das memórias daqueles que se foram. Este trabalho tem como mo vação a necessidade de modificar a presente situação dos cemitérios de Goiânia, que seguem um modelo an go de adequação do espaço, gerando impactos ambientais, visuais e espaciais na cidade, e que não possuem qualquer embasamento antropológico contemporâneo sobre o assunto.

1.2 APRESENTAÇÃO DO TEMA 02 Baseando-se nos estudos e experimentos sociais deba dos por Kemerich (2014), o tema arquitetura mortuária sempre foi tratado como um tabu na sociedade contemporânea ocidental. Os padrões de cemitérios atuais seguem o modelo gó co e vitoriano, ambos do século XV, totalmente defasados e fora de contexto (KEMERICH,2014). Essa arquitetura vem recebendo novas roupagens mundialmente como crematórios, cemitérios ver cais e cemitérios parques que visam um maior conforto ao usuário, porém, no Brasil de forma geral, esse padrão de arquitetura encontra-se atrasado e inerte dentro dessas novas aprimorações e formas de se intervir nessa infraestrutura urbana (THOMPSON,2015). Entende-se por cemitério o local ao qual se confia os restos mortais dos ancestrais. Local este onde o passado e o presente se confrontam, que se cons tuem em ambientes de reflexão, oração e comunicação (CASTRO,2004). Par ndo do pressuposto de que as cidades, majoritariamente, têm como necessidade a criação de espaços para a prá ca do sepultamento, pretende-se propor, a par r desta pesquisa, uma quebra dos dogmas, e formas de representação relacionados à construção cemiterial. A intenção é u lizar ar

cios de

percepção ambiental dirigidas à um cemitério parque com o uso do urbanismo adaptado ao momento contemporâneo que, de alguma maneira, tem como obje vo minimizar os impactos psicológicos causados pela paisagem. A proposta temá ca baseia-se na composição de um Parque Memorial, juntamente com a criação de um crematório entremeado na estrutura do parque dentro da cidade de Goiânia. O projeto vincula-se diretamente com a necessidade, cada vez maior, de espaços que melhorem a drenagem urbana, juntamente com usos à comunidade, em outras palavras, Parques municipais.

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1.3 PROBLEMÁTICA 1.3.1- Demanda e distribuição Em uma perspec va ocidental, é fácil perceber o vínculo das cidades quanto aos cemitérios, porém, na grande maioria dos centros urbanos ocidentais, o espaço do cemitério insere-se no contexto da cidade de maneira nega va. Em termos urbanís cos, majoritariamente os cemitérios atuais cons tuem-se, em maior ou menor grau, de locais que carecem de integração com o entorno, e que contribuem para exacerbar um medo já bastante enraizado na sociedade à respeito do tema da morte. No pensamento cole vo, a necrópole faz parte do chamado não-lugar ou o espaço negado que poderia ser evitado, mas ainda se faz necessário (ABBUD, 2006). Trazendo essa perspec va à um panorama da região metropolitana de Goiânia, não são todas as cidades que contam com um cemitério (Figura 1), ao passo que todas possuem seus parques, praças, igrejas e outros equipamentos urbanos. Além disso, a região metropolitana vem apresentando grandes índices de crescimento demográfico ao longo dos anos (Figura 2), segundo Ins tuto Brasileiro de Geografia e Esta s ca (IBGE), fomentando a necessidade de surgimento de novos centros cemiteriais. A ausência de um pensamento antropológico no processo de inserção dos cemitérios na malha urbana, gerou espaços hoje inertes, engolidos pela cidade, mas que não dialogam com a mesma, de função indefinida: nem inteiramente depósito, nem inteiramente museu. Figura 1 - Cemitérios da região metropolitana de Goiânia N

Inhumas Nova Veneza Brazabantes Nerópolis Terezópolis Santo Antônio de Goiás de Goiás Goianira Goianápolis

Caturaí

Trindade

Abadia de Goiás

LEGENDA CEMITÉRIOS EXISTENTES REGIÃO METROPOLITANA DE GOIÂNIA MUNICÍPIO DE GOIÂNIA

Bonfinópolis Senador Canedo

Goiânia

Caldazinha

Aparecida de Goiânia

Guapó

Bela Vista de Goiás Aragoiânia Hidrolândia

Fonte : Desenvolvido pelo autor

S/ ESCALA

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Figura 2 : Gráfico RMG - População total 2.500.000

População

2.000.000 1.500.000 1.000.000 500.000 2000 Crescimento Goiânia

2010

2018

Anos

Crescimento RMG Fonte : Censo demográfico IBGE : 2000-2010-2018 Elaboração e Organização dos Dados : MACHADO, C.T

Ainda no panorama da Região Metropolitana de Goiânia (RMG), é conclusível, pelos estudos do IBGE, que a RMG vem crescendo à passos largos. Aliado à isso, cresce a necessidade de atenção as infraestruturas das cidades, incluindo a infraestrutura mortuária, que é intrinsecamente ligada a malha urbana e a população de maneira geral. A capital apresenta 7 cemitérios atualmente (Figura 3), distribuídos dentro da malha urbana. Embora existam procedimentos de re rada e realocação de ossadas (exumação), o limitado espaço dos cemitérios não poderia suportar a infinitude do ciclo de vida e morte humano. Como resultado tem-se cemitérios superlotados, sem a possibilidade de venda de terreno, e a necessidade de mais espaços fora da cidade para a expansão dessas áreas. Figura 3 - Cemitérios de Goiânia N

LEGENDA Cemitérios existentes 1 - Complexo Vale do Cerrado - GO-060, Km7Vera Cruz - PRIVADO 2 - Cemitério Municipal Jardim da Saudade Avenida Trindade, St. Maísa - PUBLICO

2 1

3 - Cemitério Municipal Parque - Rua São Domingos, St. Gen l Meireles - PÚBLICO

3

4 - Cemitério Pq. Jd. das Palmeiras - Rua Armogaste José da Silveira, St. Criméia Oeste PRIVADO

4 5

6

7

S/ ESCALA

5 - Cemitério Santana - Av. Independência, St. dos Funcionários - PÚBLICO 6 - Cemitério Municipal Vale da Paz - GO 020, KM 8 - PÚBLICO 7 - Cemitério Parque Memorial de Goiânia - GO 020, KM8 - PRIVADO

Fonte: PortalMapa Goiânia - Alterado pelo Autor

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Segundo a Associação de Cemitérios e Crematórios do Brasil (ACEMBRA), es ma-se que os 6 cemitérios e 1 crematório atuais da cidade de Goiânia (Figuras 4,5,6,7 e 8) possuem uma taxa de ocupação de aproximadamente 62,33%, baseados nas metragens quadradas dos cemitérios. Apesar das taxas de ocupação serem rela vamente altas, existe um problema de má distribuição de ocupação, criando uma concentração de uso em alguns cemitérios (Figuras 5 e 6), e mal aproveitamento em outros (Figuras 7 e 8). Figura 4 - Cemitério Municipal Parque

Figura 5 - Cemitério Santana

Fonte: Google Earth, modificado pelo autor.

Fonte: Google Earth, modificado pelo autor.

Figura 6 - 1. Complexo Vale Cerrado/ 2. Cemitério Municipal Jd. da Saudade

Figura 7 - Cemitério Pq. Jd. das Palmeiras

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1

Fonte: Google Earth, modificado pelo autor.

Fonte: Google Earth, modificado pelo autor.

Figura 8 - 1. Cemitério Municipal Vale da Paz / 2. Cemitério Parque Memorial de Goiânia.

1 2

Fonte: Google Earth, modificado pelo autor.

Apesar do espraiamento¹ da cidade e consequentemente maior demanda de cemitérios, segundo a ACEMBRA, os cemitérios que a ngirão a lotação primeiro serão os mais centralizados na cidade, visto a maior demanda e procura por este po de infraestrutura nas regiões centrais. Porém baseando-se na tabela de crescimento dos cemitérios (Tabela 1), é possível analisar em quantos anos os atuais cemitérios de Goiânia a ngirão sua lotação total. ¹ Espraiamento : Termo usado para a expansão horizontal das cidades, ou espalhamento, muito antes de a ngir uma densidade demográfica ideal nas áreas já consolidadas. Fonte: CAU/BR - Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil.

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Tabela 1 - Capacidades cemitérios de Goiânia. Área (m²) Nome 165.000m² Cemitério Municipal Parque Cemitério Santana Complexo Vale Cerrado Cemitério Jd. da Saudade Cemitério Jd. das Palmeiras Cemitério Vale da Paz Cemitério Parque Memorial de Goiânia

290.000m² 350.000m² 128.000m² 100.000m² 77.000m²

Capacidade Atual 140.000 32.000 Não disponibilizado Não disponibilizado Não disponibilizado

38.000m²

Crescimento(%) 7% - 11% Não disponibilizado Não disponibilizado Não disponibilizado Não disponibilizado

35.000

18%

146.000

Não disponibilizado

Fonte : Painel de monitoramento DATASUS 2018 / Elaboração e Organização dos dados: MACHADO, C.T

Apesar da importância da contabilização das capacidades dos cemitérios de Goiânia, não são todos que apresentam dados sobres suas médias de crescimento e capacidade total. Todavia, baseando-se nas esta s cas de crescimento disponíveis dos cemitérios de Goiânia, e embasando-se nas taxas de mortalidade (Figura 9), natalidade (Figura 10) e médias de crescimento da cidade, é notória a sobrecarga geral dos cemitérios da cidade. Figura 9 - Taxa de mortalidade (mortes/1000 habitantes) 10 9 8 7 6 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 Fonte : Painel de monitoramento DATASUS 2018 / Elaboração e Organização dos dados: MACHADO, C.T Figura 10 - Taxa de nascimento (nascimentos/1000 habitantes) 21 19 17 15 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Fonte : Painel de monitoramento DATASUS 2018 / Elaboração e Organização dos dados: MACHADO, C.T

Como resultado do aumento da taxa de mortalidade e diminuição da taxa de natalidade, tem-se como consequência um processo de mudança da pirâmide etária do município, o que a longo prazo, a nge e a ngirá, toda a estrutura de cemitérios da cidade (Figuras 11,12,13).

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Figura 12 - Pirâmide etária - Goiás (distribuição por Sexo, segundo os grupos de idade). - 2000

Figura 11 - Pirâmide etária - Goiás (distribuição por Sexo, segundo os grupos de idade). - 1991 80 e + 70 a 74 60 a 64 50 a 54 40 a 44 30 a 34 20 a 24 10 a 14 0a4 10

Mulheres

5

Homens

Mulheres

80 e + 70 a 74 60 a 64 50 a 54 40 a 44 30 a 34 20 a 24 10 a 14 0a4 10

10 0 5 Fonte : ATLAS BRASIL 2018

Homens

10 0 5 Fonte : ATLAS BRASIL 2018

5

Figura 13 - Pirâmide etária - Goiás (distribuição por Sexo, segundo os grupos de idade). - 2010

80 e + 70 a 74 60 a 64 50 a 54 40 a 44 30 a 34 20 a 24 10 a 14 0a4 10

Mulheres

5

Homens

0

5

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Fonte : ATLAS BRASIL 2018

As pirâmides etárias são usadas, não só para monitorar a estrutura de sexo e idade, mas como um complemento aos estudos da qualidade de vida, já que podemos visualizar a média do tempo de vida, a taxa de mortalidade e a regularidade, ou não, da população ao longo do tempo. (VASCONCELOS, A. M. 2006, p. 14). Segundo a ACEMBRA, mantendo as médias anuais de crescimento dos cemitérios, taxas de mortalidade e natalidade, em aproximadamente 8 anos, 70% dos cemitérios da capital a ngirão sua capacidade máxima, propiciando a criação de novos centros cemiteriais.

1.3.1- Problemas ambientais Outro problema enfrentado pelos cemitérios, não só de Goiânia mas do Brasil em geral, é a condição ambiental na qual eles se encontram, o que desencadeia uma série de problemas, tanto para cidade quanto para população do entorno. Desta preocupação tardia, resultam hoje sérios problemas ambientais relacionados ao mau uso do solo cemiterial, desde a infestação de mosquitos, baratas e escorpiões no entorno próximo, à contaminação direta do meio ambiente, sendo o principal deles a contaminação de lençóis freá cos pelo necrochorume¹ (Figura 14). Devido às infiltrações nos túmulos das águas das chuvas, compostos químicos são levados para o solo, podendo a ngir e contaminar aquíferos, dependendo da natureza do terreno. A supervisão das caracterís cas da água nestes locais é determinante para a diminuição do risco de contaminação. (KEMERICH & BORBA, 2013). Necrochorume¹ : Configura-se de um líquido gerado constantemente durante o período de decomposição do corpo e que possui estágios diversos de patogenicidade. (KEMERICH et al., 2012).

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Figura 14 - Contaminação necrochorume

Fonte : Faar.edu.br

Em três cemitérios de São Paulo e Santos – Brasil, foi constatada a contaminação do aqüífero subterrâneo por microorganismos como coliformes totais e termotolerantes, estreptococos fecais, clostrídios sulfito redutores e outros – oriundos da decomposição dos corpos sepultados por inumação no solo (PACHECO et al.1991) (Figuras 15,16). A implantação inadequada dos cemitérios sem estudos ambientais e a má conservação das sepulturas é, possivelmente, um dos principais agentes causadores da contaminação do solo e da água subterrânea com tais patógenos. Este problema se torna um agravante ainda maior quando estes cemitérios estão localizados em áreas urbanas onde a população do entorno faz uso direto do abastecimento de água. Além disso, o local pode se tornar um dos principais mo vos da proliferação de insetos e animais transmissores de doenças. O risco de contaminação microbiológica com a construção de cemitérios em meio urbano é presumível. A água subterrânea é mais a ngida pela contaminação por vírus e bactérias. Nascentes naturais ou poços rasos conectados ao aqüífero contaminado podem transmi r doenças de veiculação hídrica como tétano, gangrena gasosa, toxi-infecção alimentar, tuberculose, febre fóide, febre para foide, vírus da hepa te A, dentre outros (LOPES 2001). A população carente e de baixa renda está mais propícia a ser infectada por essas doenças. Figura 15 - Necrochorume em cemitério

Fonte : 2engenheiros.com - Acesso 01/03/2019

Figura 16 - Necrochorume

Fonte: h ps://portalseer.u a.br - Acesso 01/03/2019

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1.4 JUSTIFICATIVA Vide as problemá cas, surgem-se alterna vas. Baseando-se nos métodos de sepultamento u lizados atualmente, fica claro a ineficiência e agressão à cidade dos procedimentos ‘‘contemporâneos’’ empregados. Diante do exposto, surge a necessidade de aprimorações e soluções mais eficientes e interessantes ao cenário urbano cemiterial e ambiental contemporâneo, não só de Goiânia, mas sim do ocidente em geral. Os cemitérios ver cais, por exemplo, possuem menos exigências legais se comparados aos cemitérios horizontais. Por possuírem pologia edificada, este po de necrópole não entra em contato com a terra, descartando a contaminação dos lençóis freá cos pelo necrochorume. Porém é necessário que a construção seja adequadamente planejada e elaborada, de modo que evite tanto vazamentos do necrochorume quanto a eliminação sem tratamento dos gases exalados pelos corpos em decomposição, que possuem forte odor e também podem ter caráter contaminatório. Para Silva (1999), a contaminação do ar pelos gases da decomposição, resultará em um crescimento elevado de doenças respiratórias, irritação dos olhos e doenças do coração e vasos sanguíneos. (KEMERICH et al., 2014b). Tais fatos dificultam a implantação de tal modelo nas cidades. Não obstante, outro procedimento que vem ganhando força dentro do cenário atual é a cremação, que é bastante an go e de menor agressividade ambiental. É um método que vem ganhando popularidade, com tendência a crescer ainda mais devido à falta de espaço nos cemitérios públicos e elevados preços dos cemitérios par culares para vagas e manutenção. (KEMERICH et al., 2014b). O método, como explica Campos (2007), possui a vantagem da eliminação completa dos resíduos prejudiciais ao meio ambiente, além de ocupar pouco espaço. Segundo o Sindicato de Crematórios e Cemitérios Par culares do Brasil (SINCEP), o número de crematórios no país em 2012 era de aproximadamente 34, enquanto em 1997 haviam apenas 3 registrados. O processo de cremação não libera fumaça, o procedimento ocorre à temperaturas de 1000º C, e é considerado uma das soluções póstumas de menor impacto ambiental. Um fator pela qual esse método ainda não está sendo tão procurado, é em virtude da crença religiosa. Todavia a religião predominante na cidade de Goiânia conforme dados do IBGE é a católica (Figura 17), e essa premissa à respeito do tema morte, dentro do cris anismo vem constantemente sendo reformulado, e a cremação sendo cada vez mais aceita atualmente. Figura 17 - Goiânia distribuição de religiões

Figura 18 - Porcentagem de aceitação da cremação no Ocidente 100

37,2% 58,1%

Católica Apostólica Romana

75

Evangélica

50

Espírita

25

87% 72% 28% 13%

Fonte : ATLAS Brasil - Censo 2012

0

2000

2012

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Outro ponto posi vo no processo de cremação é o fator econômico, que apesar de exigir equipamentos específicos para o processo de queima, apresenta valores acessíveis a população de forma geral. Além de mais econômica que a compra de um jazigo, túmulo ou gaveta, não exige taxa de manutenção necessariamente, e as cinzas são entregues à familia em urnas individuais. Figura 20 - Modelo de urna para cinzas

Figura 19 - Modelo de forno crematório

Fonte : crematoriovilaalpina.com.br

Fonte : crematoriovilaalpina.com.br

De acordo com o SINCEP (2007), no Brasil, a cada 1000 pessoas mortas, 85 delas são cremadas (8,5%), porcentagem essa aplicável em locais onde há a disponibilidade de cremação. Essa porcentagem vem crescendo com a popularização da cremação no Brasil. Analisando as formas de sepultamento existentes nos dias atuais, é conclusivo que, apesar das divergências religiosas, a cremação, em todas as suas váriações, é um dos métodos mais amigáveis à cidade e ao meio ambiente (SOUSA, 2007). Além da não contaminação do solo, existem crematórios contemporâneos que disponibilizam urnas biodegradáveis (Figura 20), oferecendo à família a possibilidade de enterro das cinzas, normalmente sob alguma árvore específica, criando um memorial ao luto, e ao mesmo tempo alimentando o urbanismo da cidade. Figura 21 - Urnas biodegradáveis - Bio Urns 1- BioUrna enterrada com as cinzas 2

1

3

4

2- Plan o de sementes específicas sob a urna e cinzas 3- Germinação da semente e nutrição pelas cinzas 4- Biodegradação da urna e florescimento da árvore

* A urna é feita de material biodegradável favorecendo o processo de nutrição da possível árvore.a urna fornece germinação adequada e posteriormente crescimento de uma árvore.

Fonte: Volupio Design

Esta inicia va acende uma discussão plausível e essencial nos tempos da contemporaneidade atual, visto a necessidade de mais áreas verdes, ou áreas de respiro, dentro das metrópoles. No Brasil essa ‘‘tradição’’ ainda está ganhando seu espaço, ao passo que as discussões sobre sustentabilidade ganham notoriedade na população. Devido à toda problemá ca já evidenciada, a proposta deste estudo nasceu com a intenção de trazer à tona esses valores, e propor uma solução às arquiteturas cemiteriais atuais de Goiânia: um Crematório e Parque Memorial para a cidade, estabelecendo como princípio de projeto a relação entre introspecção e cole vidade, proporcionando assim um local com uma função melhor definida, para quebra dos paradigmas sobre cemitério existentes na sociedade ocidental.

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2 - referencial teรณrico


‘‘Amar o perdido deixa confundido este coração Nada pode o olvido contra o sem sentido apelo do Não. As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão Mas as coisas ndas, muito mais que lindas, essas carão.’’ - Carlos Drummond de Andrade


2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 HISTÓRICO 2.1.1 - A morte do homem Segundo o historiador social francês Phillipe Àries ‘’ as transformações do homem diante da morte são extremamente lentas por sua própria natureza ou se situam entre longos períodos de imobilidade.’’ Iniciando-se por uma perspec va da Idade Média no ocidente segundo Àries, em seus primórdios a população em geral possuía um maior ‘’domínio’’ no momento de sua morte. Isso se dava porque, ao sen r a morte próxima, as pessoas se preparavam e esperavam pelo úl mo momento sem nenhuma objeção ou resistência. O sen do de individualidade no momento era nulo, pois acreditava-se que todos os cristãos, e em paz com a Igreja, teriam a mesma des nação. Os ritos finais da época eram compostos por uma cerimônia pública. A morte era tão naturalizada que par cipavam desde idosos até crianças. Figura 22 - A dança da morte de Lubeck Totentanz

Fonte : obviousmag.org - Acesso 05/03/ 2019

Figura 23 - Cerimônia de sepulcro

Fonte : Iden dade85 - Acesso 03 /03 /2019

O autor chama a atenção para o fato de que, neste período, não se morria sem se ter do tempo de saber que se iria morrer. Morria-se normalmente em guerras ou por doenças fatais, de modo que o homem, enquanto indivíduo, nha completa consciência da proximidade de seu fim. Com decorrer dos anos, por volta dos séculos XI e XII, a Igreja começa a ter uma par cipação maior dentro deste tema, com ideais religiosos que acabaram influenciando diretamente no pensamento de vida e morte vigentes. O momento final acaba sendo ín mo e reflexivo, ganhando uma carga de emoção antes inexistente. ‘’ O leito de morte se torna um lugar onde ‘o homem melhor tomou consciência de si mesmo.’ ’ (Figura 23). (SILVA, 2007 p.8) Figura 24 - Cerimônia de Sepultamento - Idade Média.

Fonte : Iden dade85 - Acesso 05 /03 / 2019

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É a par r do século XVIII que se tem um primeira grande mudança nas relações do homem com a morte. Neste período a morte é tratada como um transgressão racional, uma ruptura (SILVA, 2007). Essas transformações tem início a par r do século XVI, quando os temas referentes à morte recebem um tom eró co. Esse caráter eró co vem de influência da literatura e artes (Figura 24). Figura 25 - A morte de Sardanapalus - Eugene Delacroix (1824)

Fonte : Iden dade85 - Acesso 05 /03 /2019

Essa ruptura se mantém até aproximadamente o século XIX, resultando em uma mudança de a tude diante da morte: passou de um ato banal e costumeiro - mas com toda sua solenidade- a um acontecimento dramá co, agitado, emocional e único. O sen mento que outrora era de preocupação e fascínio são subs tuídos para a morte de outra pessoa, em muita das vezes, o ente querido, cuja saudade e a lembrança inspirará nos séculos XIX e XX o culto dos túmulos e dos cemitérios, onde há visitação dos túmulos, se assemelhando à uma residência de um parente. Todas as transformações da mentalidade humana à respeito da morte estudadas por Àries, ocorreram de modo lento e gradual, criando uma margem temporal para a sociedade se moldar ‘às tradições da morte’. Entretanto a realidade contemporânea não segue esses padrões. Como visto, a morte apesar do contexto histórico, consis a em um acontecimento público, a sociedade como um todo era a ngida e carecia ser cicatrizada. Atualmente o tema de morte é tratado como tabu, a morte deixou de ser algo ‘belo’, e tornou-se algo repugnante. Ela causa náuseas, tornando-se um grande inconveniente social (ÀRIES, 2012). Uma nova roupagem se adere à morte : A morte feia e suja, que deve ser escondida. A morte atual, perdeu o caráter social, e de cerimônia pública. A rejeição à esse fato resulta em uma supressão ao luto. É importante atentar-se, contudo, que essa supressão do luto não ocorre devido à frivolidade dos sobreviventes, mas sobretudo, pelo constrangimento da sociedade que se recusa a par cipar da emoção do enlutado, como forma de recusar a presença da morte em sua realidade. (AYRES 2017 p.12)

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2.1.2 - A morte da cidade Segundo Neves (2014) palavra cemitério origina-se do la m koimetérion, que significa local de descanso. O

Figura 26 - Linha do tempo da morte PRÉ-HISTÓRIA

termo foi designado pelos cristãos na an guidade para referenciar e designar os seus locais de enterro, naquela época catacumbas (ROSA, 2003). Grande parte do que se conhece sobre a An guidade se deve aos túmulos e objetos que ali foram acumulados (ÀRIES 1982). Par ndo desse fato, a arquitetura

• Sepulturas agrupadas • Pertences enterrados junto ao morto funerária teve um papel fundamental na comunicação dos • Crença na imortalidade ou vida pós morte ALTA ESPIRITUALIDADE costumes do Mundo An go.

Segundo Rosa (2003, apud Mumford 1998), os

PERÍODO CLÁSSICO

mortos foram os primeiros a ter uma morada permanente: uma caverna, uma cova assinalada por um monte de pedra, um túmulo cole vo, ao passo que é possível iden ficar nos ves fios dos enterramentos e ritos funerários do período Neolí co da humanidade uma crença pelos homens na vida pós-morte. vias que saudavam os viajantes que se aproximavam da

•Sepulturas fora da cidade •Tumulus,sepulcrum,monumentum •Túmulo mais importante do que o conjunto MEDO DO RETORNO DOS MORTOS

cidade. Essa relação extramuros vinha de um sen mento de

IDADE MÉDIA

No mundo Clássico eram as necrópoles ao longe das

respeito com a habitação - os mortos não deviam habitar a casa dos vivos- e de medo do retorno dos que se foram. Ainda que exis sse esse sen mento de medo, tais espaços eram cultuados pela população: a morte, mesmo que longe, era presente em toda sua essência (FIGUEIREDO,2013). Assim, através de transformações lentas e su s, a relação do homem com a morte se desenvolveu até o que hoje se tem por ‘’morte interdita’’. ATUALIDADE

SÉCULO XIX

•Enterro ‘’ad sanctos’’ •Espaço de enterro (cemitério) mais importante do que o túmulo PROXIMIDADE DOS SANTOS SÉCULO XVIII

•Silêncio dos costumes •Espaços arborizados e eloquentes •Cemitérios afastados das cidades •Falta de espaço: cremação, nichos •Cemitério retoma lugar na cidade • Túmulo: Individualidade do •Cemitérios ver cais •Culto aos mortos morto e propriedade da família MORTE COMO TABU PATRIOTISMO E MONUMENTALIDADE HIGIENE E MORALIDADE

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A par r do século XVIII a situação do enterro nas igrejas começa a se tornar algo intolerável, em decorrência de uma série de fatores e tendo com viés principal o modelo da França. O surgimento da medicina Urbana na França que ocorre juntamente com a urbanização das grandes cidades, colaboram para que se iniciasse o processo de cons tuição dos cemitérios extra muros (Figura 25 ,26). A medicina urbana nha como grandes obje vos a circulação de itens como água e ar, organização e distribuição de locais e elementos necessários para a vida na cidade e análise de tudo que poderia provocar perigos sanitários no espaço urbano. Essas reformas influenciaram várias das legislações vigentes atualmente, como as de usos do solo para edificações, previstos normalmente nos planos diretores das cidades, e algumas distâncias dos cemitérios aos centros habitacionais que variam de município a município. Como consequência, foram executadas reformas urbanas como aberturas de vias largas, arborização, nova localização para determinados estabelecimentos tudo em prol de uma de uma cidade mais saudável. Os cemitérios por acumularem grande quan dade de corpos, foram considerados na época, grandes focos de miasmas, sendo transferidos para áreas periféricas das cidades longe das aglomerações urbanas. Figura 27 -Cemitério dos Inocentes

Fonte: h p://gran-de-boucheire.chez-alice.fr Acesso em 05/03/2019

Figura 28 - Exemplo cemitério século XVIII

Fonte: h p://gran-de-boucheire.chez-alice.fr/Innocents.html Acesso em 05/03/2019

Já no século XIX, estes espaços que nham desaparecido desde a An guidade, retornam à cidade, cons tuindo mais um elemento da malha urbana. A morte se torna forte presença na cidade, o que não ocorria na Idade Média, apesar da alta mortalidade e ‘presença dos mortos’. Os cemitérios ingleses, ou americanos, ou ainda cemitérios jardim como ficaram conhecidos, são reflexo de uma simplicidade dotada à morte, que se adaptava bem à melancolia do culto român co, sendo um resgate ao modelo an go de espaços cemiteriais. Em contrapar da, o cemitério vitoriano da Europa con nental, modelo mais difundido no Brasil, é cons tuído de monumentos aos mortos, extremamente complexos e figura vos, drama zando, como é próprio deste momento da morte, o espaço dos que se foram.

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As mudanças radicais na mentalidade da morte, ocorridas no século XX, tem repercussões não só psicológicas, mas também dentro do espaço público. O esvaziamento do sen mento de morte, consequentemente, reflete um esvaziamento dos cemitérios urbanos. As reformas higienistas posteriores à Revolução Industrial expulsaram os cemitérios do perímetro urbano, contudo, o crescimento das cidades contemporâneas os alcança novamente. Entretanto, apesar de existentes, sua presença na cidade não é notada, de forma que não se cons tuem atores no co diano urbano. O urbanismo modernista segundo Benevolo (1980), com toda a sua funcionalidade, considera a cidade a par r do espaço de habitar, trabalhar, recrear e circular. A morte, assim como na sociedade, não tem espaço na cidade. Desta maneira os cemitérios configuram-se áreas de uso cristalizado, que sofrem um processo de inércia e esquecimento por parte da sociedade em geral. Dentro desta realidade de morte suja e excluída, os espaços cemiteriais se tornam invisíveis e inócuos. Ainda que a mentalidade capitalista os insira na dinâmica das cidades, através de uma maquiagem, uma espetacularização da morte, tais espaços con nuam vazios de significado, longe de uma apropriação pela população. Figura 29 - Exemplo cemitério século XIX

Fonte:h p://www.spectrumgothic.com/ Acesso em 05/03/2019

Figura 30 - Cemitêrio modelo Francês

Fonte:h p://www.spectrumgothic.com - Acesso em 05/03/2019

Figura 31 - Cemitério Vitoriano em Roma

Figura 32 - Cemitério vitoriano South Park Street.

Fonte:h p://www.spectrumgothic.com/ Acesso em 05/03/2019

Fonte:h p://www.spectrumgothic.com/ Acesso em 05/03/2019

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2.2 A MORTE EM GOIÂNIA A morte no Brasil não fugiu dos padrões europeus. As transformações da mentalidade relacionada à morte que ocorreram por todo o ocidente, chegaram ao Brasil, mesmo que de forma obsoleta. Isto ocorreu, principalmente pela importação de costumes durante o longo período de ‘’europeização’’ que o país sofreu, e ainda sofre, desencadeado pela globalização atual. Em Goiânia não foi diferente. Ainda que o processo de ocupação tenha sido um tanto devagar, as influências europeias chegaram à cidade, influenciados pelos costumes vindos da cidade de Goiás, e cidades históricas do estado (SILVA, 2007). Do ponto de vista de arquitetura, todos os espaços cemiteriais da cidade apresentam uma mesma pologia: cemitérios tradicionais vitorianos, sendo a inumação¹ a des nação mais recorrente (Figura 31). Segundo CAMPOS (2007, apud Kemerich et al) são compostos por alamedas pavimentadas delimitadas por túmulos semi-enterrados, mausoléus, capelas e diversas formas de monumentos funerários. Desta maneira, são em gera, espaços desqualificados arquitetonicamente que sofreram um processo de cristalização no uso (ROSA, 2003), e se tornam desatra vos aos usuário, concebendo espaços inertes para a sociedade. Figura 33 - Cemitério Municipal Parque - Goiânia

Fonte : h p://sagresonline.com.br - Acesso 06/03/2019

Dos 7 cemitérios existentes na capital, 4 são públicos: Cemitério Jardim da Saudade, Cemitério Municipal Parque, Cemitério Santana, Cemitério Vale da Paz. Os cemitérios públicos possuem 66% da demanda fúnebre da cidade, além de nenhum destes apresentarem a possibilidade de cremação, e apenas 1 cemitério (privado) na cidade disponibiliza o método para as famílias. Um dos principais problemas enfrentados pelas necrópoles, tanto públicos quanto privados, é o real descaso com esse po de infraestrutura, tanto por parte do poder público quanto da própria população. A marginalização é a cada dia mais intensificada, ao passo que a falta de cuidados e manutenções abre espaço para falta de segurança, desencadeando e potencializando os problemas sociais. Segundo Elias (2013), só no ano de 2012, foram registrados 14 furtos em todos os cemitérios da capital.

Inumação ¹ : ato, processo ou efeito de inumar; enterramento, enterro, sepultamento.

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Outro fator de extrema relevância dentro do contexto da capital, são os licenciamentos ambientais para funcionamento dos cemitérios. Apenas um dos sete cemitérios instalados em Goiânia tem licença ambiental para funcionamento. Segundo Elias (2013), apenas o cemitério par cular Vale do Cerrado (Figura 35) conta com a documentação e outros dois, também privados, estão em fase de análise de documentos. Os quatro cemitérios públicos da capital - Parque, Santana, Vale da Paz e Jardim da Saudade- vêm funcionando de forma irregular (Figuras 33 e 34) . Atualmente com código de legislação vigente, é necessário, apresentar o Plano de Gestão Ambiental, que avalia o impacto causado pela a vidade para o Município. Além disso, anualmente, deve ser elaborado relatório de gerenciamento de resíduos. A soma dos fatores citados, contribuem ainda mais para o desinteresse da população por estes espaços in urbe. A fossilização destes espaços é cada vez mais notória, e a falta de cuidados e manutenções nessa infraestrutura é uma afronta à cidade e a população, visto o caráter de uso destes lugares. Figura 34 - Cemitério Municipal Parque - Goiânia

Fonte : h p://sagresonline.com.br Acesso 06/03/2019

Figura 35 - Vale da Paz - Goiânia

Fonte : h p://sagresonline.com.br Acesso 06/03/2019

Figura 36 - Cemitério Vale do Cerrado - Goiânia

Fonte: h p://complexovalecerrado.com.br - Acesso 07/03/2019

O complexo Vale do Cerrado é o único cemitério da capital que fornece o método de cremação como opção de sepultamento, e visto a crescente nesta forma de sepultamento, a cidade carece de novos centros, de preferência públicos, que forneçam esse po de serviço à população.

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2.3 DESAPEGO COM CORPO Como já explicado, a morte contemporânea é envolvida em uma cultura de supervalorização do ego e da materialidade da vida. A oposição à esta visão de mundo materialista é fator essencial inclusive para que o luto por qualquer perda seja vivido de forma mais amena, sem que para isso se negue a necessidade de viver o luto inteiramente, como um período de aceitação e desconexão com o ‘’objeto’’ que não existe mais. Par ndo deste contexto, uma outra diretriz teórica a ser seguida neste projeto é a ideia do desapego, que surge então em oposição ao apego material, tão presente na cultura atual. A aceitação da impermanência e da efemeridade da vida deve ser es mulada, no intuito de que a percepção da transitoriedade da existência humana encoraje o uso do tempo presente, de forma real e única. Muitas são as doutrinas de ordem minimalista que difundem esta ideia do desprendimento em relação aos excessos. Um exemplo emblemá co é o budismo, que da prioridade ao essencial da vida, com enfoque geralmente nos vínculos humanos de afeto. Dentro a doutrina cristã, não existem restrições relacionadas a preservação do corpo. Buscando exercer esta visão minimalista, que defende as fases em detrimento da permanência, o trabalho irá, portanto, em contraposição ao culto ao corpo pós morte. Em termos prá cos o enterro e todos os processos envolvidos que se relacionam a ele não farão parte deste novo conceito de cemitério parque, mas sim a efemeridade, impermanência e imaterialidade do mesmo.

2.4 METÓDO DE BIOCREMAÇÃO Com o desenvolvimento das tecnologias e aprimoramento das mesmas, a sociedade foi se moldando e produzindo novos métodos para subs tuição do enterro¹, tais quais sepultamentos² e cremações. Como já exposto, a cremação é uma alterna va mais sustentável ambientalmente ao método de sepultamento u lizados atualmente. Par ndo disso, foram desenvolvidos mecanismos de aprimoração e aperfeiçoamento deste método, que visam com apoio da tecnologia minimizar ainda mais os impactos ao meio ambiente. Um dos métodos que tem ganhado notoriedade mundialmente é o processo de Biocremação ou Hidrólise Alcalina, que será o recurso adotado na concepção desse projeto. Este processo consiste em, com a ajuda de uma máquina, dissolver o cadáver numa solução química à base de hidróxido de potássio. No processo, como na cremação convencional, restam apenas os ossos, que são lavados, secados e triturados. O corpo, já em estado líquido, não contém mais do que aminoácidos e proteínas. O líquido é filtrado, e corrigido para assim ter sua des nação final (VEJA ,2009). Enterro¹ : Ato literal de enterramento, sem preparos prévios. Sepultamento² : Ato de se colocar o corpo em sepulturas para exumação.

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De acordo com a pesquisadora holandesa Elisabeth Keijzer, que realizou dois estudos para a Organização Holandesa p/ Pesquisa Aplicada (SIA), o método da hidrólise alcalina é muito melhor ambientalmente do que qualquer outro método de cremação atual. A pesquisadora separou o sepultamento, enterro, cremação e hidrólise alcalina em dezenas de etapas, avaliando-as em comparação com 18 padrões de impactos ambientais, tais como: esgotamento de ozônio, ecotoxidade marinha e mudanças climá cas. Em 17 categorias, a hidrólise alcalina se saiu melhor, vindo logo em seguida o processo de cremação convencional. Além disso, o sepultamento foi considerado pelos resultados, um dos procedimentos que gera maior impacto ambiental em termos gerais, fundamentando a idéia de mudança desse método inadequado, que ainda prevalece nos tempos atuais. Tanto a cremação convencional quanto a biocremação, partem do mesmo princípio e tem como resultado final pra camente o mesmo produto. Entretanto a biocremação apresenta maiores vantagens ambientais quanto cremação convencional. Na cremação convencional, o corpo é queimado à temperatura de 1000ºC num forno a gás. Do processo resultam 400 quilos de dióxido de carbono. Outros componentes tóxicos, como mercúrio, também podem ser liberados. Na biocremação, o impacto ambiental é bem menor. O processo consome apenas 15% do gás usado na cremação a calor e reduz em 35% a emissão de dióxido de carbono e em 30% a de outros gases que contribuem para o efeito estufa (VEJA, 2009). De forma prá ca de acordo com Simon (2012) o processo de Biocremação pode ser exemplificado e simplificado em 4 passos básicos : • 1° - O corpo é colocado na cápsula (Figura 35, 36), feita de aço inoxidável, da máquina crematória, herme camente fechada e pressurizada. • 2° - Um flúido aquecido à 180°C, com 5% de hidróxido de potássio e o restante de água, é despejado dentro da cápsula, até o ponto de submergir o corpo (cerca de 1000L d’água) (Figura 37). • 3° - O corpo é dissolvido em três horas aproximadamente. Restando os ossos, que são triturados num pó fino, assim este pó é entregue a família, ou des nado à urnas ou urnas biodegradáveis para a des nação preferida. • 4° - O flúido restante do processo, cerca de 1000 litros, é filtrado , tem o pH corrigido e posteriormente des nado ao descarte ou des nos adjacentes, de acordo com o consen mento da família. Figura 37 - Exemplo de forno para biocremação

Fonte: h p://www.medicalexpo.com Acesso em 16/03/2019

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Um ponto importante à respeito da hidrólise alcalina, é que se trata de um processo natural do corpo pós-morte. Em um cemitério, esse processo pode demorar décadas dependendo das condições e formas de sepultamento, além da possibilidade de contaminação ou o desenvolvimento do necrochorume ou saponificação¹. Dentro deste procedimento são criados condições ideias para que esse processo ocorra de maneira controlada e mais rápida. Etapas do processo de Biocremação Segundo Simon (2012) Figura 38 - Encapsulação do corpo

Fonte: BBC UK - Acesso : 17/03/2019 Figura 40 - Resfriamento e drenagem do flúido

Fonte: BBC UK - Acesso : 17/03/2019

Figura 39 - Imersão do corpo e aquecimento

Fonte: BBC UK - Acesso : 17/03/2019 Figura 41 - Secagem e trituração da ossada

Fonte: BBC UK - Acesso : 17/03/2019

Um dos ‘’problemas’’ relatados à respeito da biocremação são os flúidos finais dos fornos. Esse efluente é, segundo a World Health Organiza on (WHO), uma mistura estéril de aminoácidos e pep deos, e que por meio de estudos de mapeamento gené co foi comprovado a ausência de DNA nas amostras, garan ndo maior segurança às famílias quanto ao método. Esse líquido segundo Simon (2013), gera controvérsias e discussões, principalmente quanto à sua des nação final. Algumas famílias segundo o autor, se sentem inconfortáveis com um de dos possíveis des nos finais do fluido gerado : estações de tratamento de Esgoto (Figura 41). Esse produto final é passado por um processo de correção do pH e filtragem, para que posteriormente tenha a des nação adequada. Segundo a polí ca Ambiental dos EUA, o líquido pode ter como des no uma Estação de Tratamento de Efluentes ou des nação de irrigação, visto sua composição de micronutrientes e potencial fer lizante sobre a vegetação. A opção de uso do líquido resultante como irrigação vem tomando força dentro deste cenário, alimentando ainda mais o potencial sustentável do método de Biocremação (Figuras 42). Saponificação¹ : Fenômeno que transforma o cadáver a ponto de conservá-lo da decomposição. A saponificação ocorre após a fase quase avançada da putrefação, no período em que as enzimas bacterianas hidrolisam as gorduras neutras. Desse modo, serão produzidos os ácidos graxos, os quais, em contato com elementos minerais da argila, tornam-se ésteres.

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Figura 42 - Processos de re-usos do líquido da biocremação Alterna va 01

2

1

Fonte : Produzido pelo autor

LEGENDA 1- Flúido resultante da Biocremação.

2- Coleta e direcionamento do flúido resultante p/ estação de tratamento de efluentes responsável. Alterna va 02

3

4 Fonte : Produzido pelo autor

LEGENDA 3- Armazenamento do flúido resultante da biocremação 4- U lização do flúido como líquido fer lizante e irrigação de plantas.

No Brasil, a des nação desse po de efluente é orientada pela Polí ca Nacional de Resíduos Sólidos Lei nº 12.305/10, que mapeia todos os processos e procedimentos à serem tomados dentro de um possível estabelecimento crematório. Além dessa legislação, outra legislação dominante sobre a biocremação é CONAMA. Resolução nº 335, que norteia todos os parâmetros dos filtros dos fornos, além da es pulação de estudos de viabilidade e impacto ambiental. Dentro do estudo de viabilidade de equipamentos cemiteriais, é relevante ressaltar a importância dos padrões de distribuições de usos nas cidades, normalmente descritos pelos planos urbanís cos dos municípios. Em Goiânia, por exemplo, todas as atribuições de usos estão listadas e descritas no Plano Diretor de Goiânia. Essas distribuições são importantes para garan r uma melhor dinâmica à cênica da cidade, proporcionando uma melhor orientação de usos na malha urbana. Apesar dos impasses legisla vos, a cremação e biocremação vêm ganhando força no cenário ocidental vide suas grandes virtudes ambientais, e a proposta do trabalho vem com o obje vo de reforçar essa temá ca, e trazer novas perspec vas à respeito dessa des nação póstuma.

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3 - referĂŞncias projetuais


‘‘ Na véspera de não partir nunca Ao menos não há que arrumar malas (...)’’ - Fernando Pessoa


3 REFERÊNCIAS PROJETUAIS 3.1 CREMATÓRIO COMUNAL DE RINGSTED Figura 43 - Crematório Comunal de Ringsted

FICHA TÉCNICA

Fonte : ringsted.dk/crematorium_comunal - Acesso em 24/03/2019 Figura 44-Mapa de localização N

Arquitetos: Henning Larsen Arquitetos Localização : Kærup Parkvej 1, 4100 Ringsted Área : 2700m² Ano : 2013 Localizado no centro da Dinamarca na cidade de Ringsted, o Crematório Comunal é uma organização de cremação semi-privada, que tem como uma de suas intenções o atendimento das populações de menores rendas no país.

Fonte : Desenvolvido pelo autor Figura 45 -Mapa de localização

O Crematório foi construído para cumprir com as novas

N

normas de emissão de gases de combustão do pais e, assim, permi r a desa vação de 8 outros crematórios da cidade. Posicionado estratégicamente dentro da cidade, o Crematório Comunal encontra-se rela vamente distante das massas urbanas, o que segundo o autor enfa zaria sua relação de introspecção entre interior x natureza do exterior da edificação.

Fonte : Desenvolvido pelo autor Figura 46 - Análise localização, malha urbana e raios de influência do crematório

LEGENDA Arquitetura Funerária Malha Urbana Vias Coletoras Raios de alcance (150-150m).

Fonte : Google Earth - Modificado pelo autor

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N Figura 48 - Planta baixa e setorização

A configuração espacial do Crematório Comunal é bastante rasa, ou seja, com pouca profundidade. Desse modo, o espaço de velório e salas de fornos possuem conexão direta - neste projeto os familiares podem acompanhar o

15

processo de cremação dos entes queridos.

9

A setorização (Figura 48) acontece por meio

8 7

6

5

de agrupamentos e núcleos de serviços, de forma que todos os usos tenham interligações com o centro e a parte externa da edificação.

15

Figura 47 - Legenda de setores e setorização

Circulação Circulação Velação Funerário Circulação Administrativo Administrativo Administrativo Administrativo Funerário Funerário Funerário Apoio Circulação Circulação Sanitários

AMBIENTE 1 - Entrada 2 - Hall 3 - Velação 4 - Fornos 5 - Corredor 6 - Sala administrativa 7 - Sala Administrativa 8 - Sala Administrativa 9 - Sala Administrativa 10 - Caixões 11 - Antecâmara 12 - Tanatório 13 - Depósito 14 - Entrada Serviços 15 - Circulação Serviços 16 - Sanitários

Acesso secundário

SETOR

4 11

3 2 1 10

10

12

15

Fonte : Desenvolvido pelo autor Figura 49 - Disposição interna Ringsted Crematorium

15 14

15

Acesso Principal

13 S/ESCALA

LEGENDA Fluxo interno público Fluxo interno de serviços / mortos Fonte : h ps://architectural-review.com/buildings - Modificado pelo autor -Acesso : 21/03/2019 Fonte : h ps://architectural-review.com/buildings Acesso : 21/03/2019

Aberturas laterais interligando interior x exterior Espaços interligados pelo centro

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A organização funcional (Figura 47) do edi cio baseia-se no centro, e apar r dele se interligam as outras funções e usos do edi cio. Figura 50 - Organofluxogramas

LEGENDA

Entrada dos vivos

Circulação

Velação

Administra vo

Funerário

Apoio

Entrada dos mortos Fonte : Desenvolvido pelo autor

Os gráficos indicam que, independente da entrada que se toma para acessar o edi cio, os fornos e sala de velório se encontram em posição central na configuração do crematório. Figura 48 - Interior do crematório

Fonte: h ps://architectural-review.com/buildings Acesso : 21/03/2019

O caráter verdadeiramente excepcional da estrutura só se torna aparente no plano: em vez de focar em um espaço cerimonial dominante, o centro desse prédio é a instalação de cremação. Os enlutados pagam seus úl mos cumprimentos em uma pequena antecâmara antes de assis r - se quiserem - a par r de um corredor envidraçado, enquanto o caixão é inserido em um dos seis fornos. Figura 49 - Interior do crematório

Fonte : h ps://architectural-review.com/buildings Acesso : 21/03/2019

Fornos crematórios

Ambientes de velação

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O crematório adota uma pologia horizontalizada em seu volume , apresentando um pé direito duplo na parte de cremação dos corpos, que segundo os arquitetos garantem uma sensação de espaço leve e arejado, aliado à u lização de um forro ondulado, compondo a disposição interna do edi cio. Os fornos apresentam uma tubulação p/ gases subterrânea, conduzida à uma torre de expelição externa. Figura 50 - Corte do crematório

Forro ondulado

Horizontalidade

Acesso/Circulação

Setor funerário

Setor Administra vo

Fonte : h ps://architectural-review.com/buildings - Modificado pelo autor Acesso : 21/03/2019 Figura 51 - Fachada do edi cio

Fonte : h ps://architectural-review.com/buildings Acesso : 21/03/2019

O edi cio é composto segundo os

Figura 52 - Ringsted Crematorium

arquitetos, por uma volumetria simples, com um jogo de volumes re líneos em jolo aparente, um desenho que enfa za a flexibilidade dos espaços, considerando principalmente a função do prédio. Diante das condições bioclimá cas do local de instalação do crematório, a u lização de jolos garantem uma eficiência térmica ao edi cio. A instalação de janelas envidraçadas em toda lateral do edi cio tem como obje vo a garan a expor o conceito de interior x exterior dos autores, além de garan r uma maior exposição solar e iluminação natural ao lugar. Figura 53 - Ringsted Crematorium

Fonte : h ps://architectural-review.com/buildings Acesso : 21/03/2019

Fonte : h ps://architectural-review.com/buildings Acesso : 21/03/2019

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3.2 WORLD WAR 1 NATIONAL MEMORIAL STAGE II - GREEN HEROES Figura 54 - World War I Na onal Memorial

Fonte : www.countsstudio.com - Acesso : 21/03/2019 Figura 55 - Mapa EUA - Washington DC

FICHA TÉCNICA

N

Arquitetos: Count Studio Localização :Washington, D.C., Dt. de Columbia 20045 Área : 7000m² Ano : 2016

O projeto Green Heroes, realizado para uma compe ção de parque memorial em

Fonte : Desenvolvido pelo autor

respeito ao centenário da 1º Guerra Mundial, é N

uma combinação de memorial, parque e jardim em um novo po de espaço público.

Figura 56 - Mapa Washington DC - Distrito de Columbia

O projeto se localiza bem no centro do distrito de Columbia, próximo à casa branca e aos distritos administra vos da cidade, aumentando sua importância dentro da cidade. O projeto vem para compor a linha de parques memoriais que existem dentro da cidade de Washington e próximo à Casa Branca.

Fonte : Desenvolvido pelo autor

Figura 57 - Localização Memorial Green Heroes

LEGENDA 01 - Casa Branca

01

02 - President’s Park 03 - The Ellipse Park 04 - Green Heroes

02 04

Malha Urbana Via coletora de acesso 03 Fonte : Google Earth - Modificado pelo autor

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O Jardim Memorial, que toma grande parte do terreno, compõe-se por 116 árvores plantadas dentro de uma composição escultural de terraplanagens e caminhos sinuosos. As formas de relevo referem a paisagem icônica das trincheiras, enquanto as 116 árvores dão escala sica aos 116.516 militares e servos americanos que perderam a vida. Figura 58 - Traçados internos e análise de vegetações

Traçados orgânicos N

LEGENDA: Traçados acessíveis Vegetações Grande Porte Vegetações Médio Porte Vegetações Pequeno Porte Coração do projeto

sem escala

Fonte: Desenvolvido pelo autor

A proposta acontece no nuânce das sinuosidades dos caminhos propostos pelos autores. O memorial apresenta traçado curvilíneo e com formas orgânicas, porém todos se conectam ao centro, que chamado é de Doughboy Plaza, o coração simbólico do projeto. Todos os caminhos demarcados, segundo os autores, são acessíveis, se adequando à topografia local. O centro do projeto é caracterizado por paredes de imagens esculpidas dramá camente ,remetendo ao passado e aos que vivenciaram a experiência da 1º Guerra Mundial (Figura 59,60) , um anfiteatro cívico, o Passeio do Capitólio, e uma topografia robusta forma este espaço de encontro cívico um lugar de lembrança. Figura 59 - Doughboy Plaza

Murais ao ar livre p/população Fonte :countsstudio.com - Acesso : 21/03/2019

Figura 60 - Doughboy Plaza

Espaço público p/ entroncamento social Fonte : www.countsstudio.com - Acesso : 21/03/2019

As paredes com exposições compõem um ambiente se assemelhando à um museu à céu aberto, inspirando e proporcionando diferentes sensações aos usuários.

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O projeto faz a u lização de diferentes pos de vegetação em diferentes lugares da memorial, com intuito de provocar diferentes sensações aos visitantes. As vegetações se dividem em vegetações de grande, médio e pequeno porte, com predominância de árvores ornamentais e fru feras nas partes centrais. Figura 61 - Análises de usos

Traçados orgânicos

Escadas de acesso

Escadas de acesso

Coração do projeto

Gramado cole vo

Fonte :countsstudio.com - Modificado pelo autor - Acesso : 21/03/2019

O memorial não apresenta uma setorização bem definida. Devido seus traçados curvilíneos, toda a parte de exposição acontece no decorrer das passagens, proporcionando um ambiente bem mais intera vo aos usuários (Figura 62). Figura 62 - Imagem do memorial

Painel exposi vo

Fonte :countsstudio.com - Acesso : 21/03/2019

A proposta é expor grandes momentos e passagens dos momentos vividos na Primeira Guerra Mundial, e além disso, evidenciar os feitos dos par cipantes americanos, ressaltando o patrio smo e promovendo uma maior disseminação do conhecimento de história, especificamente da Primeira Guerra.

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O memorial Green Heroes faz a u lização de tecnologias constru vas simples, porém que garantem a eficiência do projeto. Os nuânces das sinuosidades criam formas visualmente confortáveis aos usuários, e a u lização da topografia caracteriza a excentricidade do projeto quanto ao entorno. Figura 63 - Usos do memorial

Figura 64 - Perspec va Green Heroes

Fonte :countsstudio.com - Acesso : 21/03/2019

Fonte :countsstudio.com - Acesso : 21/03/2019

O memorial carrega em seu seio além da proposta histórica e memora va, uma proposta sustentável no âmbito ambiental. Todo projeto conta com sistemas de drenagem de águas pluviais abaixo do nível das vegetações, com obje vo de drenagem e escoamento das águas no sen do do caimento da topografia. Figura 65 - Tecnologias constru vas

Sistema de captação pluvial sob jardins.

cisterna p/ armazenamento das águas recicladas Fonte

depósito público exclusivo de funcionários.

A

Escadas intermediárias de granito reciclado. A

Utilização de jardins de chuva p/ melhor drenagem pluvial

Pavimentação em concreto permeável Escadas em concreto

Fonte :countsstudio.com- Modificado pelo Autor - Acesso : 21/03/2019 Figura 66 - Topografia natural do terreno

Fonte :countsstudio.com - Acesso : 21/03/2019

A u lização dos desníveis para criação de painéis exposi vos enriquecem o projeto, tornando o memorial como um museu a céu aberto, valorizando a cultura e a proposta em questão dos arquitetos. Figura 67 - Corte AA’ Painéis exposi vos Painéis exposi vos

Fonte :countsstudio.com - Modificado pelo autor- Acesso : 21/03/2019

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3.3 HOLOCAUST MAHNMAL Figura 68 - Holocaust Memorial

Fonte : h ps://eisenmanarchitects.com/ - Acesso : 21/03/2019 Figura 69 - Mapa da Alemanha

FICHA TÉCNICA

N

Arquitetos: Eisenman Architects Localização : Cora-Berliner-Straße 1, 10117 - Berlim Área :19.500 m² Ano : 1998 - 2005 Localizado em Berlim, o memorial Holocaust é uma das principais obras de Peter Eisenman. Segundo o autor, este projeto manifesta a instabilidade inerente a um sistema; uma grade racional e seu potencial de dissolução no tempo. A idéia parte de que, quando um ideal aparentemente racional e ordenado se torna muito

Fonte : Desenvolvido pelo autor Figura 70 - Mapa de Berlim

grande e desproporcional ao obje vo pretendido, ele

N

perde o contato com a razão humana (EISENMAN, 2008), se referindo à ideologia ariana imposta na 2º Guerra Mundial. Começa então a revelar as perturbações inatas e o potencial para o caos em todos os sistemas de ordem aparente.

Fonte : Desenvolvido pelo autor

Figura 71 - Entorno e hierarquia viária do entorno do memorial

LEGENDA 01 - Holocaust Memorial 02 - Pq. Großer Tiergarten 03 - Homossexual Memorial Vias arteriais

02

01

Vias coletoras 03

Fonte : h ps://eisenmanarchitects.com/ - Modificado pelo autor- Acesso : 21/03/2019

29


O projeto começa com uma estrutura de grade rígida composta de 2.711 pilares de concreto, ou estelas, cada um com 95 cen metros de largura e 2.375 metros de comprimento, com alturas variando de zero a 4 metros. Os pilares estão separados por 95 cen metros para permi r apenas a passagem individual pela grade (EISENMAN,2008). Figura 72 - Holocaust Mahnmal

Fonte : h ps://eisenmanarchitects.com/- Acesso : 25/03/2019

A idéia do arquiteto era simular as sensações

Figura 73 - Holocaust Mahnmal

de medo, surpresa e insignificância sen das pelos judeus. Dessa forma ao caminhar entre os blocos e perceber que esses aumentavam de tamanho até a ngirem 2,38 metros (Figuras 73,74,75) as pessoas perderiam seu senso de direção, pareceriam estar andando em um labirinto, não tendo nenhum ponto visual como referência. Se sen riam pequenas e confinadas perto do tamanho dos blocos de concreto. Figura 74 - Holocaust Mahnmal

Fonte : h ps://eisenmanarchitects.com/ Figura 75 - Malha de pilares com topografia local

Fonte : h ps://eisenmanarchitects.com/

Fonte : h ps://eisenmanarchitects.com/

30


A repe ção dos padrões, tanto de tamanhos quanto de formas dos pilares seguem todo os percursos dentro do memorial, potencializando as sensações dentro do local e causando espaços indeterminados para se desenvolver (EISENMAN, 2005). Apesar das estelas apresentarem base fixa em concreto, toda malha segue assiduamente a topografia local, criando distorções na perspec va do usuário quanto ao local. Figura 76 - Planta do padrão de distribuição e caminhos dentro do memorial

0,92

PILAR

PILAR

PILAR

PILAR

PILAR

PILAR

0,92

0,92

0,92

0,92

Fluxo de pessoas dentro do memorial

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

Figura 77 - Estela Holocaust Mahnmal Todas as estruturas mantém o mesmo aspecto, rígido e ‘duro’, conforme Eisenmen 2015. Estela em concreto armado e polido Base da estrutura em concreto Toda a estrutura é composta basicamente do mesmo, e mesma tonalidade, criando um padrão de repe ções, e criando diferentes sensações ao usuário Fonte : Desenvolvido pelo autor

Uma das principais caracterís cas do memorial quanto ao entorno é sua discrepância formal e conceitual (Figuras 78,79), chegando a ser agressivo a paisagem urbana. Segundo Eisenman é exatamente a sensação proposta pelo projeto, ressaltando o sen mento de negação ao Holocausto na Segunda Guerra Mundial. Figura 78 - Entorno Holocaust

Fonte : h ps://eisenmanarchitects.com/ Agressão visual segundo Eisenmen

Figura 79 - Estudo formal de entorno

Fonte : h ps://eisenmanarchitects.com/ Contraste visual com entorno.

31


Além da parte simbólico-conceitual presente no Holocaust, embaixo dos blocos há um anexo, o “Local de Informação” (Figuras 80,81) onde está guardado o nome de todas as ví mas judias conhecidas do Holocausto, fornecidos pelo museu israelense Yad Vashem. Figura 80 - Maquete de acesso ao sub-solo

Figura 81 - Maquete de acesso ao sub-solo

Acesso ao sub solo Exposição ao luto Sanitários Fonte : h ps://eisenmanarchitects.com/ - Modificado pelo autor Figura 82 - Setorização Sub-solo A Acesso

LEGENDA DE AMBIENTES 0 - Foyer 1 - Room of Dimensions 2 - Room of Families 3 - Room of Names 4 - Room of Sites 5 - Portal de informações 6 - Yad Vashem Portal 7 - Arquivo Federal 8 - Arquivo de Vídeos 9 - Almoxarifado 10 -Ves ários 11 - Sanitários

1

2

0 4

3

SOBE

11

LEGENDA DE SETORES Setor de exposição Auditório

6

5 10 SOBE

Circulação Ver cal Administração Sanitários Fluxo interno de visitantes

8

9

11

A

7

SEM ESCALA

Fonte : h ps://eisenmanarchitects.com/ - Modificado pelo autor Figura 83 - Corte AA’ - Holocaust Mahnmal

Fonte : h ps://eisenmanarchitects.com/ - Modificado pelo autor

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Figura 84 - Memorial subterrâneo

Fonte : h ps://eisenmanarchitects.comAcesso 26/03/2019

Figura 85 - Memorial subterrâneo

Fonte : h ps://eisenmanarchitects.comAcesso 26/03/2019

Os mobiliários urbanos do memorial foram desenvolvidos à não destoarem da paisagem proposta pelos autores Figura 86 - Mobiliário urbano do memorial

Fonte: eisenmanarchitects.com - Acesso: 26/03/2019

Neste monumento não há meta, não há fim, não há como entrar ou sair. A duração da experiência de um indivíduo não concede mais compreensão, uma vez que a compreensão do Holocausto é impossível. O tempo do monumento, sua duração da super cie ao solo, é separado do tempo da experiência. Neste contexto, não há nostalgia, nem memória do passado, apenas a memória viva da experiência individual. Figura 87 - Mobiliário urbano do memorial

Fonte: eisenmanarchitects.com - Acesso: 26/03/2019

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3.4 QUADRO DE APROVEITAMENTO O quadro de aproveitamento é um resumo de pontos que são relevantes e per nentes ao projeto. O quadro (Figura 88) foi desenvolvido a par r dos dados levantados nos estudos de casos apresentados. Figura 88 - Tabela de potencialidades

HOLOCAUST MAHNMAL W.W. MEMORIAL STAGE CREMATÓRIO COMUNAL

POTENCIALIDADES Interligação e dinâmica dos usos internos.

Tecnologias constru vas interessantes Relação interior x exterior Idéia de in midade com processo de cremação

U lização o mizada da topografia Disposição dos caminhos e paisagismo

In mismo Boa localização Boa localização quanto ao centro histórico da cidade. Relação in mista com o usuário

Minimalismo Sensibilidade visual/ar s ca Fonte : Desenvolvido pelo autor

34


4- o lugar


‘‘ Eu sempre sonho que uma coisa gera, Nunca nada está morto. O que não parece vivo, aduba. O que parece estático, espera.’’ -Adélia Prado.


4 O LUGAR 4.1 CONTEXTO HISTÓRICO Goiânia, capital do estado de Goiás, foi construída com obje vo principal de se tornar o distrito administra vo do estado. Localizado no município de Goiânia, o Setor Criméia Oeste segundo a Prefeitura de Goiânia, faz parte da região central da capital, com uma área de aproximadamente 900.000 m² e uma população segundo IBGE (2018) 7000 pessoas residentes no setor. Figura 89- Mapa das regiões de Goiânia

N

Figura 90 - Região Criméia Leste e Oeste

N

Setor Criméia Oeste Setor Criméia Leste

REGIÃO CENTRAL Fonte : Produzido pelo autor

Fonte: Google Earth - modificado pelo Autor

An gamente unificado em um único bairro, Criméia, os setores que abrangem o local veram início a par r de uma grande fazenda que foi loteada. Os primeiros moradores da região começaram a se instalar por volta de 1960, mas a região permaneceu ainda por muitos anos com infraestrutura bastante precária e caracterís cas rurais. Grande maioria das casas foram construídas durante este período de ocupação, entre 1960 a 1980 (Figuras 91,92). Hoje em dia a população residente no setor tem faixa etária de 25 - 30 anos de idade. Figura 91- Entorno da região Setor Criméia

Fonte : wikipedia.org/ - Acesso em: 27/03/2019

Figura 92- Setor Criméia unificado.

Fonte : wikipedia.org/ - Acesso em: 27/03/2019

35


O setor está inserido na porção central da capital. Influenciado pelos processos de centralizações vivenciados por Goiânia, todo o entorno do setor é bem adensado e estabilizado, do ponto de vista de potencial de crescimento urbano (RUTH, 2013). Segundo a Prefeitura de Goiânia, o setor faz divisa com 4 outros setores do entorno, tornando o bairro um ponto de nodal dentro da macro-zona que ele se insere. Figura 93 - Setores do entorno

St. Urias Magalhães St. Gentil Meirelles

N

Vl. Roriz

Res. Morumbi

St. St.Genoveva

St. Criméia Leste St. Negrão de Lima

Vl. Jacaré

Gleba Fonte: Mapa Facil Goiânia - modificado pelo Autor

Uma das principais caracterís cas do setor é a proximidade com o Programa Urbano Ambiental Macambira Anicuns (PUAMA), que consiste em um parque linear que se estende por diversos bairros da cidade ao longo das margens do Rio Anicuns (Figura 94). Figura 94 - Setor Criméria Leste

Vl. São luiz

ST. CRIMÉIA oeste

puama

ST. CRIMÉIA leste

Fonte: Desenvolvido pelo Autor.

Apesar da proximidade com PUAMA, a parte inserida no setor, encontra-se esquecida dentro da cidade, com grandes acúmulos de lixo e esquecimento, tanto da população quanto do poder público (Figuras 95,96). Figura 95 - PUAMA - Setor Criméria Leste

Fonte: Google Earth - 2019

Figura 96 - PUAMA - Setor Criméria Leste

Fonte: Google Earth - 2019

36


4.2 LOCALIZAÇÃO E REFERÊNCIAS URBANAS O local escolhido para o projeto cons tui-se de um espaço generoso, de área total aproximada de 89.000m². Situa-se na junção dos setores Criméria Leste e Oeste, sendo cortado pela Avenida Goiás Norte. Próximo à área acontece o encontro do Rio Anicuns, Rio Meia Ponte e Córrego Botafogo, sendo este úl mo tangente à área de projeto. Figura 97 - Foto aérea do setor

}

Figura 98 - Área de intervenção

N

N

Fonte: Produzido pelo autor

Fonte: Google Earth - 2019

Além disso, a área escolhida localiza-se próxima a 3 outros cemitérios da cidade, sendo estes o Cemitério Santana, o Jardim das Palmeiras e o Municipal Parque. A principal via de acesso à área é a Avenida Goiás. Outras vias que podem conectar setores mais distantes ao local são a Avenida Leste Oeste, a Avenida Independência e a Avenida Perimetral, por estarem próximas à Av. Goiás ou interseccionarem a mesma. Figura 99 - Localização e Referências Urbanas

N

e tral nort

Av. perime Av. goiás

aeroporto

Cmt. municipal parque

Cmt. pq. das palmeiras

Av. Leste Oeste

Cemitério Santana 0

centro histórico

1000 2000 Área do projeto Programa Urbano Ambiental Macambira Anibuns Referências Urbanas

Fonte: Produzido pelo autor

Cemitérios Existentes Hidrografia Principais Vias

37


A área de intervenção encontra-se integrada ao PUAMA, e com o córrego Macambira, tornando uma parcela do perímetro, área de preservação permanente (APP). Figura 100 - Visualidades da área

N

PUAMA 3

ÁREA DE INTERVENÇÃO

AP

PUAMA

P 4

1

2

s av. goiá

0

100

Fonte : Desenvolvido pelo Autor

200

Figura 101 - Entorno área de intervenção

1

Figura 102 - Entorno área de intervenção

2

Fonte: Google Earth - 2019

Figura 103 - Entorno área de intervenção

Fonte: Google Earth - 2019

Figura 104 - Entorno área de intervenção

4

3

Fonte: Google Earth - 2019

Fonte: Google Earth - 2019

A área de intervenção é caracterizada por um perímetro inócuo dentro do setor. Apesar da presença do PUAMA, a região apresenta carência de serviços públicos, principalmente de coleta de lixo e limpeza pública. Atualmente a área encontra-se esquecida e tomada pelo descaso público e civil, tornando a área passível de intervenções.

38


4.3 ANÁLISE DE HIERARQUIA VIÁRIA A área situa-se em Goiânia, no limite dos setores Criméia Oeste e Leste. Diante disto, a principal via de acesso à área é a Avenida Goiás, via Arterial de primeira categoria segundo o Plano Diretor de Goiânia. O fluxo, tanto de pedestres quanto de veículos, é intenso nesta área, devido principalmente sua proximidade com o eixo viário arterial e com centro de Goiânia. A avenida Goiás, estabelece um eixo primordial para o acesso rápido e direto ao centro da cidade. De acordo com a Prefeitura de Goiânia, a avenida deve ser readequada para a construção do BRT, projeto que visa a melhoria do transporte público da cidade (Figura 105). Figura 105 - Mapa Hierarquia Viária

N PUAMA

ÁREA DE INTERVENÇÃO

PUAMA

s av. goiá

Via Arterial Vias Coletoras Vias Locais

Corredor viário a se implantado Ponto de ônibus

0

100

200

Fonte : Desenvolvido pelo Autor

Devido o acesso principal da área ser feito pela Via Arterial, existem consequentemente várias linhas de transporte cole vo que passam próximo à área de estudo. O tecido viário do entorno segue uma estruturação em malha, e as ruas apresentam caixas viárias largas. Figura 106 - Avenida Goiás

Fonte: Google Earth - 2019

Figura 107 - Construção plataforma BRT.

Fonte: MACHADO, C. - 2018

39


4.4 ANÁLISE DE ENTORNO - CHEIOS E VAZIOS A região analisada dentro do Setor Criméia Oeste é considerada uma região já consolidada em Goiânia. Explorando o entorno da área escolhida (Figura 108), existem poucos vazios urbanos, exceto nas proximidades do PUAMA, visto as legislações vigentes no município. A região é bem adensada, e verificando as distribuições das massas edificadas nos quarteirões, não é possível estabelecer uma regularidade, tanto em proporções quanto em organização das edificações x logradouros. Figura 108 - Mapa Nollie

N

PUAMA

PUAMA

0

100

ÁREA DE INTERVENÇÃO

Fonte : Desenvolvido pelo Autor

200

Os quarteirões em sí, apresentam em sua maioria dimensões semelhantes, gerando uma proporcionalidade em toda área (Figura 110), apesar de em algumas regiões, apresentar segregações e junções alterando essa regularidade do entorno. Figura 109 - Entorno da área de intervenção

Fonte: Google Earth , Modificado pelo Autor - 2019

Figura 110 - Padrões de quarteirões St. Criméia

Fonte: Google Earth - 2019

40


4.5 ANÁLISE DE USOS DO SOLO Analisando o entorno da área de intervenção, apesar de apresentar uma destoante predominância residencial, o setor é bem atendido em comércios, tanto vicinais quanto específicos e serviços gerais. A mistura de usos no setor, cria um cenário urbano mais dinâmico para região, porém, apesar disso, o bairro ainda apresenta carência de equipamentos urbanos, visto sua proximidade com centro histórico de Goiânia. Figura 111 - Mapa de usos do solo

N

PUAMA

PUAMA

Residencial Comercial / Serviços Misto

ÁREA DE INTERVENÇÃO

Religioso

Área Verde

Educacional / Espor vo Vazio

Estacionamento Fonte : Desenvolvido pelo Autor

0

100

200

A distribuição comercial acontece de forma homogênea em todo setor, não concentrando-se ou aglomerando os comércios em determinados pontos da área. Nota-se, no entanto, a ausência de espaços públicos de lazer, como parques e praças. Atualmente o setor de estudo Criméia Leste, de acordo com o Plano Diretor de Goiânia, é uma área de crescimento econômico, e a área específica do projeto conta com entorno classificado como adensável. Figura 112 - Residências do entorno da área.

Fonte : Google Earth - 2019

Figura 113 - Ed. mistas e comerciais do entorno

Fonte : Google Earth - 2019

41


4.6 ANÁLISE DE GABARITO DAS EDIFICAÇÕES Dentro do contexto do entorno da área escolhida, é possível perceber a predominância de

pologias edifica vas de até 2 pavimentos em sua grande maioria, sem apresentar

contrastes no padrão de alturas do local. Apesar da região ser uma área adensável, segundo o Plano Diretor de Goiânia, são pontuais as edificações que ultrapassam 3 pavimentos. Figura 114 - Mapa de gabarito

N

PUAMA

PUAMA

1 Pavimento

3 ou 4 Pavimentos

2 Pavimentos

5 Pavimentos ou mais

ÁREA DE INTERVENÇÃO

0

100

200

Fonte : Desenvolvido pelo Autor

O es lo arquitetônico predominante no entorno para as edificações residenciais é a arquitetura vernacular, principalmente nas porções centrais do setor. Também existem galpões comerciais distribuidos dentro do tecido urbano, compondo uma miscelânea na paisagem urbana. Figura 115 - Galpões do entorno da área.

Fonte : Google Earth - 2019

Figura 116 - Residencias do entorno.

Fonte : Google Earth - 2019

42


4.6 ANÁLISE DE CONDICIONANTES AMBIENTAIS A topografia da área escolhida, por ser próxima ao Corrégo Botafogo, apresenta uma um desnível acentuado, principalmente nas proximidades da bacia hidrográfica (Figura 117). 735

Figura 117 - Mapa Topográfico 725 720 715

730

N

710

735

685

705 700 695

730

695

PUAMA 725

PUAMA

690

ÁREA DE INTERVENÇÃO

700 705

720 715 710 710

705 700 695 695 705 700 Curvas topográficas

0

710

200

Fonte : Desenvolvido pelo Autor

Figura 118 - Mapa Topográfico 695 700

100

Figura 119 - Imagem aérea da área

705

705 700

N

A 695

695

ÁREA DE INTERVENÇÃO

700

B

705

B 700

0

100

200 705

700

695

Fonte : Desenvolvido pelo Autor

695

Fonte : Google Earth -2019 Modificado pelo Autor

43


Figura 120 - Corte Longitudinal AA’

Fonte : Desenvolvido pelo Autor Figura 121 - Corte Transversal BB’

Nível Rua

Fonte : Desenvolvido pelo Autor

A topografia tem seu desnível sen do APP e o Córrego Macambira. A área de intervenção apresenta cerca de 5 - 6 metros de desnível dentro do limite do terreno. Em uma perspec va geral, apesar do PUAMA, a região não apresenta um urbanismo bem desenvolvido. Figura 122 - Perspec va aérea do local

Fonte: Google Earth- Modificado pelo autor - 2019 Figura 123 - Perspec va aérea do local

Fonte: Google Earth- Modificado pelo autor - 2019

44


O entorno estudado, apesar de próximo ao PUAMA, apresenta pouca arborização (Figura 124). Dentro do setor há presença de massas vegeta vas distribuídas de forma pulverizada e mida, fazendo o setor e entorno deficiente neste aspecto. Um dos problemas à respeito da arborização dentro do entorno é a falta de coerência nas espécies de árvores escolhidas. Em alguns casos a estrutura do passeio público não resiste as raízes das espécies cul vadas, além de ,em alguns pontos, o tamanho e proporção das copas das árvores infringirem a iluminação e abastecimento energé co da região. Porém, pela pouca quan dade de árvores intra-setor, não é um problema de grande recorrência. Figura 124 - Estudo de insolação, massas vegeta vas e ventos predominantes

N PUAMA

PUAMA

ÁREA DE INTERVENÇÃO

P

Massas vegeta vas Sen do do vento predominante em Goiânia no Verão Sen do do vento predominante em Goiânia no Inverno Insolação no período de Sols cio de Inverno Insolação no período de Equinócio Insolação no período Sols cio de verão

N

0

100

200

Fonte : Desenvolvido pelo Autor

Os ventos predominantes da região seguem sen do Leste - Sudeste no período de verão, e Noroeste - Leste no período de inverno. A região sofre bastante influência do Córrego Botafogo e de suas massas vegeta vas, que umidificam e abaixam as temperaturas das massas de ar, e consequentemente tornam a região um pouco mais fria, principalmente nos períodos noturnos. A insolação na região segue os padrões de sols cios de verão e inverno na cidade de Goiânia, sem influência de edificações vizinhas.

45


4.7 ANÁLISE DE IMPACTO DE VIZINHANÇA Diante da proposta de criação de um crematório e parque memorial dentro da região, faz-se necessário o estudo de impacto de vizinhança dentro do setor. Segundo o código de edificações da cidade de Goiânia, é possível concluir que edificações de cunho cemiterial, tanto sepultamentos quanto cremações, não necessitam de estudo de impacto de vizinhança, legalmente. Entretanto, foi estudado e analisado raios de influência, baseados nos estudos de Kemerich, e par ndo disso foi concluído a possibilidade de instalação no local em questão (Figura 125). Figura 125 - Estudo de impacto de vizinhança

N

ÁREA DE INTERVENÇÃO

0

100

Raio 50 m Raio 100 m

200

Raio 150 m Raio 200 m

Raio 300 m Raio 250 m

Raio 350 m

Fonte : Desenvolvido pelo Autor

Segundo Kemerich (1995) o ideal distanciamento de ins tuições de cremação e núcleos populacionais variam de 50 - 75 metros, dependendo do número de processos executados dentro do estabelecimento. Dentro da área estudada, apesar de próximo ao Córrego Botafogo, é possível es mar os afastamentos e concluir a viabilidade de instalação do serviço crematorial dentro do local proposto. Ainda segundo o autor, os afastamentos se fazem necessários devido os compostos químicos expelidos na atmosfera no processo de cremação, mesmo levando em consideração os procedimentos de filtragem dos fornos exigidos pela Vigilância Sanitária. Um ponto importante é que os afastamentos são es mados para o processo convencional de cremação. Dentro da biocremação, há a redução de componentes expelidos na atmosfera devido ao método em si, reduzindo o impacto ambiental e consequentemente diminuindo os raios de impacto ambiental.

46


4- o projeto


‘‘ Um dia...Pronto!...Me acabo. Pois seja o que tem de ser. Morrer: Que me importa? O diabo é deixar de viver.’’ - Mário Quintana


5 O PROJETO 5.1 PERFIL DO USUÁRIO A proposta do Crematório e Parque Memorial apresentará níveis de profundidade quanto ao perfil de usuários, visto a mescla entre arquitetura mortuária e parque memorial proposta. Baseado nisso, o perfil é divido categoricamente em duas estruturas : Perfil de usuário do Crematório e perfil de usuários do Parque memorial.

5.1.1- Perl do usuário: Crematório • Tipo 01: Demanda mortuária da cidade de Goiânia, tendo neste po específico, pessoas em estado de óbito com faixa etária variável (não restrita) à par r de 8 anos de idade, inseridas, conforme a Associação Nacional de Necropsia e Auxílio a Pessoa (ANANEC), em estado máximo de tanatopraxia em nível 2. Representam cerca de 7% do público total do crematório. •Tipo 02: Famílias e público em geral que par ciparão, ou tem relação com o processo de luto dentro das possíveis cerimônias efetuadas no local. Composto por visitantes predominantemente adultos, com faixa etária variável entre 7 - 80 anos, sem padrões específicos de caracterização religiosa, socioeconômica ou cultural. Representam cerca de 68% do público total do crematório. • Tipo 03 : Perfil de serviço. Cons tuído por todos que mantêm relação de trabalho com o crematório ou serviços vinculados ao processo de biocremação. Composto por todo espectro de funcionários do crematório, sendo adultos com média etária entre 26 - 50 anos.Representam cerca de 25% do público total do crematório. Figura 126 - Tipos de perfil do usuário - Crematório

7% Tipo 01

68% Tipo 02

25% Tipo 03 Perfil Tipo 03 Perfil Tipo 02 Perfil Tipo 01 Fonte : Desenvolvido pelo Autor

A idéia do ‘’morto’’ fazer parte de um po de perfil do usuário possibilita e delimita os possíveis pos de cremações que serão feitas no projeto, além de tomar como princípio e conceito que o morto, ainda sim, é presente e se faz importante dentro do cenário da cidade e da população.

47


5.1.2- Perl do usuário: Parque Memorial PERFIL TIPO 1 - FAMÍLIAS MORADORAS DO ENTORNO: Composto por famílias residentes próximos à proposta de parque. Possuem perfil socio-econômico de classe média, com renda de até 5 salários mínimos, e tem como horários de uso do parque períodos não comerciais (7:00-9:00 ~ 17:00 - 20:00).

PERFIL TIPO 1.1 - JOVENS DO ENTORNO:

PERFIL TIPO 1.2 - CRIANÇAS MORADORES

Composto por jovens moradores do

DO ENTORNO: Perfil composto crianças

entorno, com faixa etária 12 - 18 anos, que

moradoras próximos à proposta de parque.

moram com os pais. Majoritariamente

Possuem faixa etária de 2 - 11 anos,

pra cantes de a vidades sicas e adeptos

geralmente tem como principal horário de

à pra ca de esportes. Normalmente

uso do parque das 17:00 ~ 19:00 pós

frequentam o parque em horários não

horário le vo. São a vos e pra cantes de

comerciais, e aos finais de semana.

a vidades sicas

PERFIL TIPO 1.3 - ADULTOS MORADORES

PERFIL TIPO 1.4 - IDOSOS MORADORES

DO ENTORNO: Composto por adultos

DO ENTORNO: Perfil composto por idosos

moradores próximos à proposta de parque.

moradores próximos à proposta de parque.

Possuem faixa etária de 25 - 35 anos, com

Po s s u e m fa i xa e tá r i a d e 5 0 - 6 5 ,

perfil socio-econômico de classe média.

frequentadores de locais contempla vos,

Possuem longas jornadas de trabalho, e

que buscam o contato com a natureza,

poucas horas disponíveis para lazer.

gostam de locais calmos para leitura e

Costumam fazer o uso do parque entre

contemplação da paisagem.

(17:00-19:00) e aos finais de semana.

PERFIL TIPO 1.3.1 - ADULTOS PRATICANTES

P E R F I L T I P O 1 . 3 . 2 - A D U LT O S

DE ATIVIDADES FÍSICAS E ADEPTOS À

C O N T E M P L AT I V O S : A d u l t o s

PRÁTICA DE ESPORTES: Adultos a vos e

frequentadores de locais contempla vos,

pra cantes a vidades sicas, como corrida

que buscam o contato com a natureza,

e futebol. Tem como horários disponíveis

gostam de locais calmos para leitura e

para prá ca de a vidades das 17:00-20:00

contemplação da paisagem.

e aos finais de semana. Todas as sub-divisões desse perfil compõem o po 1, composto basicamente por famílias e residentes do entorno.

48


•Tipo 02 : Público passageiro. Público frequente na região, devido à proximidade do setor com o centro histórico de Goiânia e com a plataforma do BRT. Cons tuído por adultos e jovens trabalhadores do entorno, com faixas etárias entre 20 - 40 anos, com perfil pessoal mais in mista e contempla vo. Frenquentam a região em horários variados, e preferencialmente aos finais de semanaRepresentam cerca 15% do público do Parque Memorial. • Tipo 03 : Público passageiro 2. Público atraído pela proposta do parque. Composto por adultos e jovens com média etária 20 - 50 anos de caráter contempla vo. Não apresentam horários fixos de visitação. Representam cerca de 15% do público do Parque Memorial •Tipo 04 : Público usuário dos serviços do crematório / parque memorial. Grupo composto por famílias cujo fazem uso do parque memorial como forma de celebração ao luto. Composto por grupos familiares, com idades variadas, sem classificação específica de es lo de vida ou padrão socio-econômico. Representam cerca de 10% do público do Parque Memorial. Figura 127 - Tipos de perfil do usuário - Crematório

10% Tipo 04 perfil 1.1 perfil 1.2 perfil 1.3 perfil 1.3.1 perfil 1.3.2 perfil 1.4

}

15% Tipo 03

60% Tipo 01 Perfil Tipo 04

15% Tipo 02

Perfil Tipo 03 Perfil Tipo 02 Perfil Tipo 01

Fonte : Desenvolvido pelo Autor

Baseado nas análise dos perfis, é possível prever uma interseção dentro do uso cole vo da proposta de parque memorial (Figura 128), composto por todo espectro de perfis passageiros da região, criando uma ligação entre os 2 pos de usos, e consequemente uma maior integração dentro do projeto. Figura 128 - Tipos de perfil do usuário - Crematório

pERFIL cREMATÓRIO INTERSEÇÃO PERFIL PARQUE MEMORIAL Perfil em comum gerado Perfil Crematório Perfil Pq. Memorial Fonte : Desenvolvido pelo Autor

49


5.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES Baseando-se na intenção da proposta e nos estudos de casos apresentados, o programa de necessidades foi desenvolvido com intuito de melhor o mização dos espaços e, melhor divisão de setores urbano/arquitetônicos. Os ambientes foram dispostos em 3 setores: social, serviços e administra vo, respeitando e obedecendo as legislações correspondentes aos respec vos usos, criando uma organização para toda a proposta projetual. Figura 129 - Programa de necessidades

PROGRAMA DE NECESSIDADES ARQUITETÔNICO - CREMATÓRIO SETOR DE SERVIÇOS VESTIÁRIOS FUNCIONÁRIOS SANITÁRIOS FUNC. M. SANITÁRIOS FUNC. F. DML DEPÓSITO ZELADORIA COPA FUNCIONÁRIOS SALA DE PROCESSOS SALA DE INCINERAÇÃO SALA DE PROCESSAMENTO DE CINZAS DEPÓSITO DE EQUIPAMENTOS TANATÓRIO APOIO TANATÓRIO CÂMARA FRIA GERADORES DE ENERGIA RESERVATÓRIOS D’ÁGUA INFERIORES ABRIGO P/ RESÍDUOS COMUNS ABRIGO P/ RESÍDUOS INFECTANTES SOLARIUM FUNCIONÁRIOS DEPÓSITO DE MATERIAIS

SETOR SOCIAL PÁTIO JARDIM COMUM E MEMORIAIS RECEPÇÃO CAFÉ SANITÁRIO FEMININO SANITÁRIO MASCULINO SANITÁRIO PCD SALAS DE DESPEDIDA ATENDIMENTO SALÃO ECUMÊNICO - SALA APOIO - SANITÁRIO COLUMBÁRIO SETOR ADMINISTRATIVO ADMINISTRAÇÃO/GERÊNCIA ALMOXARIFADO SALA APOIO

PROGRAMA DE NECESSIDADES URBANÍSTICO - PARQUE MEMORIAL SETOR SOCIAL ÍNTIMO ESPAÇOS DE CONTEMPLAÇÃO - PAVILHÕES DE MEDITAÇÃO - ÁREAS DE CONTEMPLAÇÃO ESPAÇO DE DESCANSO (MEDITAÇÃO) JARDINS MEMORIAIS ESPAÇOS CERIMONIAIS - ESPAÇOS ECUMÊNICOS SANITÁRIO PÚBLICO FEMININO SANITÁRIO PÚBLICO MASCULINO ÁREA COMUM APP

SETOR SOCIAL COLETIVO PAVILHÕES EXPOSITIVOS CENTRAL DE SEGURANÇA JARDINS MEMORIAIS SANITÁRIO PÚBLICO FEMININO SANITÁRIO PÚBLICO MASCULINO ACADEMIA AO CÉU ABERTO PLAYGROUND QUADRAS DE ESPORTES CACHORRÓDROMO ÁREA COMUM

Fonte : Desenvolvido do Autor

50


5.3 QUADRO SÍNTESE - CREMATÓRIO Os quadros sínteses foram desenvolvidos levando em consideração as legislações de acessibilidade e metragens mínimas, disponibilizados pelo código de edificações e portarias da vigilância sanitária de Goiânia. Todos os ambientes descritos foram desenvolvidos com obje vo de melhor conforto e funcionalidade dentro do uso de crematório. Figura 130 - Quadro síntese Crematório Setor social

AMBIENTE FUNÇÃO RECEPÇÃO FOYER

SAGUÃO DE ACESSO

MOBILIÁRIO

Nº DE USUÁRIOS

BANCADAS, CADEIRAS

20 (POP. VARIÁVEL)

PRÉ-DIM.

ÁREA

1

5x6 = 30m²

30m²

120 (POP. VARIÁVEL)

1

80x14=1120m²

1120m²

10-15 PESSOAS

2

4,5x57 = 256m²

256m²

4 PESSOAS

1

3,5x6 = 18,9m²

18,90m²

BALCÃO,CADEIRAS, MESAS

30 PESSOAS

1

7,8x35,6=278m²

VASOS, PIAS, DUCHA HIGIENICA

5-6 PESSOAS

2

4,4x4,9=21,56m²

22m²

60 PESSOAS

4

45m²

180m²

1 PESSOA

1 P/ SALA

2,55x2,0=5,10m²

20,4m²

PÁTIO

MEMORIAL/ EXPOSIÇÃO

BANCOS, EXPOSITORES

JARDINS INTERNOS

CONTEMPLAÇÃO

ACENTOS

SETOR SOCIAL

ASSUNTOS BALCÃO,CADEIRAS, SECRETARIA/ MESAS ATENDIMENTO ADMINISTRATIVOS

CAFÉ

ÁREA COMERCIAL

WC

HIGIENE PESSOAL

SALAS DE DESPEDIDA

DESPEDIDA DO CORPO

WC SALAS DESPEDIDA

HIGIENE PESSOAL

POLTRONAS CADEIRAS VASOS, PIAS, DUCHA HIGIENICA

VENTILAÇÃO/ JD INVERNO CONTEMPLAÇÃO SALAS DESP.

SALÃO ECUMÊNICO APOIO SALÃO

CERIMÔNIAS APOIO

QNT

278m²

2

8,56x7,85=67,20m² 134,39m² 15,30x6,55=100,21m² 100,21m²

POLTRONAS CADEIRAS

40 PESSOAS

1

BALCÃO,CADEIRAS , MESAS

2 PESSOAS

1

6,55x3,45=22,60m²

22,60m²

COLUMBÁRIO

ARMAZENAMENTO URNAS

EXPOSITORES, POLTRONAS

5 PESSOAS

1

6,55x8,50=55,67m²

55,67m²

PNE

HIGIENE PESSOAL

VASOS, PIAS, DUCHA HIGIENICA

1 PESSOA

1

1,60x2,50=4,00m²

4m²

TOTAL : 2242,17m² Fonte : Desenvolvido pelo autor Figura 131 - Quadro síntese Crematório Setor Administra vo

ST. ADM.

AMBIENTE FUNÇÃO

Nº DE USUÁRIOS

QNT

PRÉ-DIM.

ÁREA

2 PESSOAS

1

3,50x390 =13,65m²

13,65m²

ARMÁRIOS

1 PESSOA

1

3,15x3,87=12,20m²

12,21m²

MESAS, CADEIRAS.

1 PESSOA

1

MOBILIÁRIO

ADMINISTRAÇÃOADMINISTRAÇÃO GERÊNCIA CATALOGAÇÃO ALMOXARIFADO DE ARQUIVOS SALA DE APOIO À

SALA DE APOIO ADMINISTRAÇÃO

MESAS, ARMÁRIOS

Fonte : Desenvolvido pelo autor

3x3= 9m²

9m² TOTAL= 34,86m²

Para nível de pré-dimensionamento será es pulado a u lização de 15% para circulações e áreas de paredes dentro do projeto.

51


Figura 132 - Quadro síntese Crematório Setor Serviços

SETOR SERVIÇOS

AMBIENTE FUNÇÃO MOBILIÁRIO Nº DE USUÁRIOS

QNT.

PRÉ-DIM.

ÁREA

WC FUNC.

HIGIENE PESSOAL

VASO SANITÁRIO, PIA

5-6 PESSOAS

VESTIÁRIOS FUNC.

TROCA DE ROUPAS

ARMÁRIOS, BANCOS

4 PESSOAS

1 FEM,1 MASC.

COPA FUNC.

PREPARO DE ALIMENTOS

FOGÃO, MICROONDAS

7 PESSOAS

1

4,90x4,06=19,90m² 19,90m²

ACESSO SUB-TÉRREO

ACESSO SUBTÉRREO

1

9,86x4,85=42,50m² 42,40m²

1 FEM,1 MASC. 2,63x1,50=3,95m²

7,90m²

2,63x2,45=6,45m²

6,45m²

SOLARIUM SOCIALIZAÇÃO

POLTRONAS CADEIRAS

6 PESSOAS

1

5,00x3,15=15,75m² 15,75m²

SALA DE PROCESSOS

PROCESSO DE BIOCREMAÇÃO

MAQUINÁRIO

7 PESSOAS

1

11,00x6,70=73,70m² 73,70m²

SANITÁRIO PROC.

HIGIENE PESSOAL

VASO SANITÁRIO, PIA

1 PESSOAS

1

1,50x3,00=4,50m²

SALA PROC. DE CINZAS

PROCESSAMENTO DE CINZAS

MAQUINÁRIO

2 PESSOAS

1

4,50x3,00=13,50m² 13,50m²

EXPURGO

DESINFECÇÃO DE MATERIAIS

AUTOCLAVE, TANQUE, MATERIAIS

2 PESSOAS

1

2,35x3,00=7,05m²

1

2,35x6,50=15,27m² 15,27m²

ACESSO SUBACESSO SUB-TÉRREO 2 TÉRREO

TANATÓRIO APOIO TANATÓRIO CÂMARA FRIA

7,05m²

TANATOPRAXIA

BANCOS, ARMÁRIOS, MESAS

10 PESSOAS

1

7,47x7,58=58,09m² 58,09m²

APOIO TANATÓRIO

ARMÁRIOS, PIAS

3 PESSOAS

1

4,40x2,28=10,03m² 10,03m²

4 PESSOAS

1

6,25x5,65=35,21m² 35,21m²

5 PESSOAS

1

10,30x9,85=101,45m² 101,45m²

1 PESSOA

1

3,00x5,00=15,00m²

15,00m²

RESFRIAMENTO MACAS, ARMÁRIOS

GERADORES DE GERAR ENERGIA P/ BIOCREMAÇÃO ENERGIA RESERVATÓRIOS D’ÁGUA

4,50m²

GERADORES

RESERVATÓRIOS RESERVATÓRIOS D’ÁGUA D’ÁGUA

ABRIGO P/ RESÍDUOS COMUNS

ABRIGO P/ RESÍDUOS

LIXEIRAS

1 PESSOA

1

2,60x1,62=4,21m²

4,21m²

ABRIGO P/ RESÍDUOS INFECTANTES

ABRIGO P/ RESÍDUOS

LIXEIRAS

1 PESSOA

1

1,40x2,60=3,64m²

3,64m²

DEPÓSITO DE MATERIAIS

ARMAZENAR MATERIAIS

ARMÁRIOS

1 PESSOA

1

3,15x3,90=12,28m²

12,28m²

DML

GUARDA DE MT. DE LIMPEZA

ARMÁRIOS, TANQUE

1 PESSOA

1

2,15x3,15=6,77m²

6,77m²

DEPÓSITO 01

GUARDA DE EQUIP.

ARMÁRIOS

3 PESSOA

1

3,85x3,90= 15,00m²

15,00m²

LAVANDERIA

LAVAGEM DE EQUIPAMENTOS

ARMÁRIOS, TANQUES

1 PESSOAS

1

3,15x2,00=6,30m²

6,30m²

TOTAL = 474,4m² ÁREA TOTAL + 15% = 3164,14m² ESTACIONA MENTO

ESTACIONA MENTO

25 VAGAS

12,5x25=312,5m²

312,5m²

ESTACIONAMENTO (SEM ÁREA DE MANOBRA) :312,50m² Fonte : Desenvolvido pelo autor

Foi adotado segundo a Lei nº 8.617 de 09 de Janeiro de 2008 do município de Goiânia, 1 vaga de estacionamento à cada 100m² de área construída, de acordo com seu respec vo uso.

52


5.3 QUADRO SÍNTESE - PARQUE MEMORIAL Dentro do cálculos de m² para ambientes dos setores sociais, foi u lizadona proporção de média 15 - 20 metros por usuário do parque. Figura 133 - Quadro síntese Parque Memorial - Setor social de introspecção

AMBIENTE

FUNÇÃO

SETOR SOCIAL (INTROSPECÇÃO)

ÁREA ESPAÇO P/ CONTEMPLAÇÃO CONTEMPLAÇÃO PAVILHÕES P/ MEDITAÇÃO ESPAÇO DE DESCANSO JARDINS MEMORIAIS

MOBILIÁRIO Nº DE USUÁRIOS QUANTIDADE BANCOS, PERGOLADOS

300 PESSOAS

ESPAÇO P/ MEDITAÇÃO

BANCOS, ARMÁRIOS, MESAS

3 - 4 PESSOAS

CONTEMPLAÇÃO E DESCANSO

BANCOS, PERGOLADOS BANCOS, PERGOLADOS

CONTEMPLAÇÃO E DESCANSO

8000m² 2x75,50m²

APP REPRESAGEM

VASO SANITÁRIO, PIA BANCOS, CONTEMPLAÇÃO PERGOLADOS HIGIENE PESSOAL

151m²

300 PESSOAS

4500m²

75 - 100 PESSOAS

5000m²

MEDITAÇÃO E CULTOS ESPAÇOS BANCOS, 100 - 150 PESSOAS CERIMONIAIS ARMÁRIOS, MESAS ECUMÊNICOS

SANITÁRIOS PÚBLICOS

PRÉ-DIM.

2x75,50m²

151m²

5-6 PESSOAS

2 FEM, 2 MASC.

30m²

2000 PESSOAS

1

16260m² 13240m²

CONTEMPLAÇÃO

TOTAL :47577m²

Fonte : Desenvolvido pelo autor

SETOR SOCIAL (COLETIVO)

Figura 134 - Quadro síntese Parque Memorial - Setor social Cole vo

AMBIENTE

FUNÇÃO

CAFÉ

ÁREA COMERCIAL

BANCOS,MESA PERGOLADOS

40

2

80m²

MUSEU ABERTO

EXPOSIÇÕES DE LUTO

BANCOS, VITRINES

20 PESSOAS

4x75,50m²

302m²

CENTRAL DE SEGURANÇA

SEDE DE SEGURANÇA

BANCOS,MESAS

2

2

20m²

JARDINS MEMORIAIS SANITÁRIOS PÚBLICOS ACADEMIA ABERTA

CONTEMPLAÇÃO

MOBILIÁRIO Nº DE USUÁRIOS QUANTIDADE

BANCOS,MESAS, 75 - 100 PESSOAS PERGOLADOS

PRÉ-DIM.

25000m²

HIGIENE PESSOAL

VASO SANITÁRIO, PIA

5-6 PESSOAS

2 FEM, 2 MASC.

30m²

EXERCÍCIOS FÍSICOS

EQUIPAMENTOS DE ATV. FÍSICA

10 - 12 PESSOAS

1

30m²

PLAYGROUND

LAZER INFANTIL

EQUIPAMENTOS P/ CRIANÇAS

10 - 12 PESSOAS

1

30m²

QUADRAS DE AREIA

PRÁTICAS ESPORTIVAS

BANCOS

15 - 20 PESSOAS

3

390m²

CACHORRÓDROMO

PASSEIO COM ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO

BANCOS

7 PESSOAS

1

60m²

ÁREA COMUM

ESPAÇOS COMUNS DE BANCOS, MESAS, CIRCULAÇÃO E PERGOLADOS CONTEMPLAÇÃO

250 PESSOAS

9500m² TOTAL :35442m² TOTAL PARQUE MEMORIAL :83019m²

ESTACIONAMENTO

ESTACIONAMENTO

Fonte: Desenvolvido pelo Autor

25 VAGAS

12,5x20=250m²

250m²

ESTACIONAMENTO (SEM ÁREA DE MANOBRA) : 250m²

53


5.6 CONCEITO E PARTIDO 5.6.1- Conceito Morrer é ser esquecido. Não é casual que em grego an go o verbo ‘’esquecer’’ tenha semelhança ao verbo ‘’morrer’’, sendo lethos que provêm lethal respec vamente. Em um mundo de mudanças cada vez mais freqüentes, qual a única maneira de não ser esquecido? Segundo Cortella (2018), a única maneira de tornar-se eterno é : ser importado, isto é, ser levado para dentro, ser importante¹ e fazer falta de alguma maneira à alguém ou alguma pessoa. Segundo a filósofa Terezinha Rios (2014) nós não somos imortais, mas podemos ser eternos, e segundo Mario Quintana (1984) é necessário reviver-se em outras pessoas. Todos esses pensadores refletem e nos fazem refle r diretamente sobre a necessidade de permanecer-se em outras pessoas, mesmo pós vida. Diante destas reflexões, o conceito do projeto surge como uma idéia de permanência e eternidade pós morte, desvinculados dos clichês dos cemitérios atuais, e apoiados por 2 pilares dentro da proposta urbano-arquitetonica: Ciclidade e Gradação.

5.6.2- Partido Arquitetônico Com obje vo de propôr a idéia de permanência e eternidade dentro do projeto, foram es puladas duas zonas dentro da área de intervenção: Zona In mista, que tem como obje vo proporcionar ao usuário um espaço de vivenciamento do luto, tão quanto um espaço para meditação e contemplação, sendo esse lugar silencioso por conceito e rico em sen mento. E Zona cole va,proporcionando todas as relações extrapessoais necessárias à um parque dentro da cidade. Esse processo de delimitação surgiu por meio dos estudos de principais fluxos dentro do local, além de es mar os possíveis fluxos futuros. Além disso, a área conta com um APP e áreas de reflorestamento, que foi inclusa dentro do projeto como uma área des nada exclusivamente à contemplação e meditação, visto ser uma área non aedificandi. Dentro da zona cole va, a localização das massas edificadas foi definida à par r do quesito de longa e média permanência, devido aos fatores bioclimá cos da região e ao uso do crematório. O edi cio será parcialmente centralizado dentro do terreno com a orientação solar e ventos predominantes favoráveis ao uso des nado. A arquitetura é simples e minimalista, compondo uma paisagem leniente, e trazendo es mulos ao in mismo e sen mentalismo do usuário. No projeto serão u lizadas diretrizes projetuais que levarão como ideal a ciclidade, propondo uma arquitetura que se misture ao parque, transformando todo o contexto em um espaço de transformação. Além disso serão aplicadas técnicas de gradação de ambiências, gerando diferentes sensações aos usuários . A idéia de eternidade e permanência é reforçada pelo próprio conceito do crematório de reu lização das cinzas como forma de alimentar outra vida, além de se fazer parte de um monumento marcante dentro da cidade. ¹ É importante ressaltar a diferença entre importância e fama. Segundo Cortella (2018), fama é totalmente passageiro, enquanto importância é algo que permeia e ultrapassa a própria existência.

54


5.7 PROCESSOS FORMAIS Para composição do crematório e parque memorial, foi analisado os principais fluxos de pedestres intra-lote. Com análise dos fluxos é possível iden ficar o lugar mais conveniente para locação do crematório, orientando e organizando os fluxos dentro do terreno, e consequentemente setorizando indiretamente a proposta. Figura 135 - Par dos formais : Análise de fluxos e definição de acessos / definição de setores

principais acessos

AV.J oã

o Lu

ís d

e Al

meir

a

es marã i u G n

Natal

R. Mi

fluxos de pedestres internos

AV.J oã

o Lu

ís d

e Al

meir

a

es marã n Gui

Natal

R. Mi

AV.J oã

o Lu

ZONA DE REFLORESTAMENTO (APP)

ís d

* e Al

meir

a

DE MAIOR CONFLUÊNCIA DE FLUXOS * ZONA REGIÕES ADJACENTES SENTIDO DE GRADAÇÃO DE AMBIÊNCIAS

Fonte: Desenvolvido pelo Autor

R. Min

rães Guima

Natal

55


Baseando-se no conceito e nas linhas de desenvolvimento do par do, é possível delimitar ambiências e diferentes cenários, com diferentes funções dentro do projeto. Figura 135 - Par dos formais : Análise de fluxos e definição de acessos / definição de setores N

695

695

RR CÓ

APP

EG

695

O A AC

M

3

A BIR

M

AV. J OÃ DE A O LUÍS LMEID A

P AP

700

AV.G

OIÁS

2

1

700 S/ESCALA Fonte: Desenvolvido pelo Autor LEGENDA: Ambiência 1: Ambientes p/ prá ca de esportes e com maior cole vidade, entroncamento social e jovialidade Setor Social Cole vo Ambiência 2: Ambientes p/ reflexão, meditação e contemplação, o in mismo é evidenciado nesse setor do parque - Setor Social In mista Ambiência 3:Ambientes de reflexão e in mismo, evidenciando a passagem do tempo e ins gando o usuário à reflexão da vida - Setor Social In mista

As ambiências criadas no projeto tem com o obje vo principal ins gar o usuário às diferentes fases e estágios da vida, e consequentemente potencializar o in mismo e sen mentalismo dos possíveis usuários tanto do parque memorial quanto do crematório. Figura 136 - Par dos formais :Composição dos caminhos e usos do Parque Memorial

} *DELIMITAÇÃO DE UM CAMINHO PRINCIPAL CONFORME FLUXOS NO LOCAL.

} *CRIAÇÃO DE CAMINHOS ALTERNATIVOS AO EIXO PRINCIPAL

*PULVERIZAÇÃO DOS USOS CONFORME PONTOS NODAIS E INTERESSES DENTRO DO PROJETO.

Fonte: Desenvolvido pelo Autor

56


5.8 SETORIZAÇÃO / FLUXOGRAMAS 5.8.1- Parque Memorial A setorização foi desenvolvida com intenção de criação de gradações das paisagens no parque. A ideia destas transições, teve como inspiração o enigma da esfinge: Decífra-me ou devoro-te, ins gando o usuário à percepção de transições de paisagens, usos e o próprio tempo. Figura 142 - Setorização e definição de ambiências.

N

Memória e sentimento

Setor social cole vo Setor social introspec vo Gradação de ambiência 1 - CREMATÓRIO. 2 - PÁTIO COMUM MEMORIAL. 3 - CAMINHO PRINCIPAL. 4 - QUADRAS ESPORTIVAS. 5 - PAVILHÕES EXPOSITIVOS / ECUMÊNICOS E CERIMONIAIS. 6 - CENTRAL DE SEGURANÇA. 7 - REPRESAGEM CÓRREGO MACAMBIRA. 8 - CACHORRÓDROMO. 9 - APP. 10 - ACADEMIA AO CÉU ABERTO. 11 - SANITÁRIOS 12 - CORREDOR MEMORIAL *NOTA: OS ESPAÇOS DE DESCANSO E JARDINS MEMORIAIS SE LOCALIZAM NOS NUÂNCES DOS CAMINHOS E ESPAÇOS

Intimismo

Jardins sensoriais/ memoriais

Contemplação

Coletivismo Fonte : Desenvolvido pelo Autor

Dentro do processo de setorização do projeto, a porção sul foi desenvolvida ao cole vismo, representando a vidade mais joviais da vida, compostas por playgrounds, academias à céu aberto, quadras espor vas e cachorródromo. Com decorrer do parque, o sen mentalismo vai se desenvolvendo no decorrer do caminho principal. A porção central foi desenvolvido com des no à a vidades contempla vas/in mistas, além de possuir pavilhões exposi vos, pulverizados em sua área, criando além de sen mentalismo a possibilidade de interação do usuário com o parque e cenário paisagís co. As porções noroeste e norte do projeto são compostas por mesclas contempla vas e cole vas, juntas ao crematório, demarcando conceitualmente a úl ma instância do parque / vida. Neste setor também são pulverizados pavilhões memoriais e áreas de descanso à todos os usuários. Em todo parque são distribuídos em suas transições de ambientes jardins memoriais, compostos por árvores individuais, providas das cinzas e do produto resultante do processo de biocremação exercido no crematório da proposta.

57


A organização dos fluxos internos e disposições de ambientes foi pensada de acordo com os principais fluxos já existentes na área de intervenção. Figura 133 - Organofluxograma - Parque Memorial

CORREDOR MEMORIAL

REPRESAGEM

JARDINS MEMORIAIS

ACESSO PRINCIPAL

PÁTIO COMUM

PAVILHÕES EXP./MEM.

CREMATÓRIO

PAVILHÕES EXP./MEM.

CAMINHO PRINCIPAL

JARDINS MEMORIAIS

PAVILHÕES EXP./MEM.

JARDINS MEMORIAIS

CENTRAL DE SEGURANÇA

JARDINS MEMORIAIS

APP

PAVILHÕES EXP./MEM.

SANITÁRIOS

CACHORRÓDROMO ACADEMIA CÉU ABERTO

PLAYGROUND Setor social cole vo Setor social introspec vo Ambiência 01 Ambiência 02 Ambiência 03 Fluxo interno de pedestres

QUADRAS ESPORTIVAS ACESSO SECUNDÁRIO

Fonte: Desenvolvido pelo autor

58


5.8.2- Crematório Os setores do crematório foram divididos conforme o programa de necessidades, apoiados na estratégia do conceito do projeto. No pavimento térreo, foram instalados todos os usos sociais do crematório, além de jardins centrais que funcionarão como áreas contempla vas dentro da edificação, além de tornar viva a ideia do conceito do projeto. Figura 131 - Setorização e análise de fluxos - Crematório

N

FLUXOS INTERNOS PÚBLICO

SETOR SOCIAL

ACESSOS

SETOR DE SERVIÇOS

SETOR ADMINISTRATIVO

ÁREAS VERDES

CIRCULAÇÕES VERTICAIS

FLUXOS INTERNOS DE SERVIÇOS Fonte: Desenvolvido pelo autor

Dentro da estrutura do crematório, exis rão 2 fluxos principais: Fluxo de usuários do crematório e fluxo de serviços. Diante dessa necessidade, foi estabelecida criação de um subtérreo isolando alguns usos, e garan ndo com que não haja confluência destes 2 pos de fluxos. Figura 132 - Setorização e análise de fluxos - Crematório Sub-térreo

N

SETOR ADMINISTRATIVO

FLUXOS INTERNOS PÚBLICO

CIRCULAÇÕES VERTICAIS

SETOR DE SERVIÇOS

FLUXOS INTERNOS DE SERVIÇOS

SETOR ADMINISTRATIVO Fonte: Desenvolvido pelo autor

O sub-térreo comporta usos de serviços específicos, isolando-os do público usuário e garan ndo um melhor funcionamento de seus respec vos processos. Figura 133- Setorização - Crematório Sub-térreo

SETO

RIZAÇ

{

SETO

RIZA

ÃO TÉ

ÇÃO

RREO

SUB-

TÉRR

EO

Fonte: Desenvolvido pelo autor

59


Figura 133 - Fluxogramas crematório

FLUXOGRAMA PAVIMENTO TÉRREO

CAFETERIA

SALAS DE DESPEDIDA

COBERTURA

SALAS DE DESPEDIDA

PAVIMENTO TÉRREO ACESSO DE PEDESTRES

ACESSO DE SERVIÇOS

ACESSO DE PEDESTRES

JARDINS MEMORIAIS CENTRAIS ATENDIMENTO

SUB-TÉRREO WC

DEP. MATERIAIS

COPA FUNC. ADMINISTRAÇÃO

SOLARIUM FUNC.

SALÃO ECUMÊNICO

VESTIÁRIOS

CIRCULAÇÃO VERTICAL

CIRCULAÇÃO VERTICAL

SALA APOIO

SANITÁRIO FUNC.

SALA DE CREMAÇÃO

COLUMBÁRIO

EXPURGO

SALA PROC. CINZAS

Os fluxos dentro do crematório foram orientados conforme as legislações da vigilância sanitária de Goiãnia, além de estarem de acordo com as normas de acessibilidade para esse po de edificação.

SETO

RIZAÇ

A setorização foi desenvolvida tendo em vista os principais fluxos do terreno em questão. Os setores de tanatopraxia e procedimentos foram isolados

ÃO TÉ

aos setores sociais da edificação. Optou-se pela separação de salas de despedidas individuais e cole vasa com obje vo de promover maior privacidade aos

RREO

usuários. Toda parte administra va e serviços foi isolada das partes cerimoniais. FLUXOGRAMA PAVIMENTO SUB-TÉRREO

ALMOXARIFADO

APOIO

LAVANDERIA

DEP. LIXO COMUM CIRCULAÇÃO VERTICAL

DEPÓSITO

SETO

GERADORES ENERGÉTICOS

CÂMARA FRIA

RIZA

ÇÃO

SUB-

TÉRR

EO

DEP. LIXO INFECTANTE TANATOPRAXIA

CIRCULAÇÃO VERTICAL

RESERVATÓRIOS D’ÁGUA LEGENDA

*NOTA : O FLUXOGRAMA NÃO APRESENTA VERDADEIRA GRANDEZA

SETOR DE SERVIÇOS

SETOR SOCIAL

ACESSOS

SETOR ADMINISTRATIVO

CIRCULAÇÕES VERTICAIS Fonte: Desenvolvido pelo autor

60


5.10 COMPOSIÇÃO VOLUMÉTRICA Figura 137 - Volumetria do Crematório

A volumetria principal é composta por um prisma simples em concreto aparente, evidenciando o minimalismo e o purismo da forma. Portanto parte-se do princípio de que o edi cio seja como uma linha, um monolíto, simples, inerte e ao mesmo tempo marcante à paisagem do entorno. O obje vo principal é que a edificação seja uma extensão do parque memorial. Foram feitos rasgos zenitais, como feixes de iluminação natural, incen vando o sen mentalismo individual de cada possível usuário da edificação. As aberturas feitas no monolíto serão preenchidas com árvores e massas vegeta vas, ins gando a reflexão do usuário ao conceito e proposta temá ca da edificação A subtração de pequenos espaços dentro da forma garantem o ‘’emolduramento’’ do céu, paisagem e infinito, além de também serem preenchidos com massas vegeta vas. O volume é içado do terreno, por meio de pilares, criando novos pontos de perspec va dos usuários quanto ao cenário do entorno. A ideia é que a laje superior do edi cio encontre-se ao nível topográfico da rua, como uma con nuação, garan ndo o uso acima do crematório como uma praça, e não a tornando uma dis nção visual ao transeunte.

Fonte: Desenvolvido pelo Autor Figura 138 - Composição volumétrica do Crematório

Fonte: Desenvolvido pelo Autor

61


Figura 139 - Composição volumétrica dos Sanitários

Figura 140 - Composição volumétrica dos Espaços Ecumênicos

1

1

2

2

3

3

Fonte: Desenvolvido pelo Autor

Fonte: Desenvolvido pelo Autor

1- Os sanitários do parque memorial mantêm

1- Os espaços memoriais / ecumênicos

os conceitos formais do projeto;

seguem o princípio formal do crematório;

2 - Subtração de volumes e aberturas zenitais

2- Subtração de volumes e aberturas zenitais;

conforme o projeto;

3- Incrementação de vegetação e estratégias

3 - Incrementação de aberturas e um jardim

de amostragem p/ maior interação social;

de inverno p/ ven lação, além de fortalecer o

• Em seu interior, paredes serão como telas

conceito do parque.

em branco, livres p/ manifestações e

•Os sanitários atendem as normas de

intervenções da memória dos usuários tais

acessibilidade vigentes atualmente.

como escritas e desenhos.

Figura 141 - Espaços Ecumênicos / memoriais

Fonte: Desenvolvido pelo Autor

62


5.9 LOCAÇÃO E IMPLANTAÇÃO Figura 142 - Locação e implantação geral

N 695 695

7 5

695 12

9

2 2 1

5

700 13 AV. JOÃ DE A O LUÍS LMEID A

5

9 5 3

5

6

AV.G

OIÁS

5 9 11

13

8 4 10 695 700 Fonte: Desenvolvido pelo autor

1 - CREMATÓRIO. 2 - PÁTIO COMUM MEMORIAL. 3 - CAMINHO PRINCIPAL. 4 - QUADRAS ESPORTIVAS. 5 - PAVILHÕES EXPOSITIVOS / ECUMÊNICOS E CERIMONIAIS. 6 - CENTRAL DE SEGURANÇA. 7 - REPRESAGEM CÓRREGO MACAMBIRA.

0 100 8 - CACHORRÓDROMO. 9 - APP. 10 - ACADEMIA AO CÉU ABERTO. 11 - SANITÁRIOS 12 - CORREDOR MEMORIAL 13 - ESTACIONAMENTOS

200

*NOTA: OS ESPAÇOS DE DESCANSO E JARDINS MEMORIAIS SE LOCALIZAM NOS NUÂNCES DOS

Buscando uma integração com entorno sem que se perca a caracterís ca in mista do parque, a orla foi trabalhada de maneira a grada vamente adentrar o espaço, u lizando a topografia para gerar pequenos desníveis à medida que a cidade encontra a natureza.

63


Figura 143 - Implantação do crematório 695

695

696 N 697

2 3

3

3

3 + 696,40

1

1

+ 696,40

698 + 696,40

1 + 696,40

1

699

4 6 6

18 18

6

5

7

8

9 9

12

10

14 13

11

19

18 17

16

+ 700.00 700 700

15

Fonte: Desenvolvido pelo autor N Figura 143 - Pavimento sub-térreo crematório

21

0

5

10

27

28 22 26

30

23 24 25 20

29

1 - Jardim comum e memorial 2 - Cafeteria 3 - Salas de despedida 4- Atendimento 5 - Administração 6 - Sanitários 7 - Copa Funcionários 8 - Ves ário

9 - Sanitário Funcionários 10 - Solarium Funcionários 11 - Salão Ecumênico 12 - Apoio Salão Ecumênico 13 - Columbário 14- Sala de Cremação 15 - Estacionamento 16 - Sala de Proc. de Cinzas

17 - Expurgo 18- Circulação Ver cal 19 - Exaustão de vapores 20 - Depósito de Materiais 21 - Almoxarifado 22- Lavanderia 23 - Abrigo p/ Resíduos Comuns 24- Abrigo p/ Resíduos Contamináveis

0 5 25 - Tanatório 26 - Apoio Tanatório 27 - Câmara Fria 28 - DML 29 - Reservatório d’água inferior. 30 - Geradores de energia.

10

Fonte: Desenvolvido pelo autor Figura 144 - Corte esquemá co do crematório +700.00

+700.00 L.N.T.

+696,40

+692,40

0

5

10 Fonte: Desenvolvido pelo autor

Como solução topográfica e estratégia de projeto, parte dos usos de serviço do crematório foram ‘enterrados’. O sepultamento do edi cio visualmente faz com que o edi cio se misture com a paisagem do entorno. Os usos sociais foram concentrados na parte central do edi cio, distribuídos como uma linha, como uma con nuação dos usos públicos do parque memorial.

64


5.9 PAISAGISMO Figura 145: Mapa paisagís co

Dentro de toda extensão do parque, serão distribuídos jardins memoriais, com obje vo de plan o das Bio urnas com as cinzas do ente querido. Estes espaços se localizarão

695

nos nuânces dos caminhos, integrando-os com a paisagem.

695

Os jardins serão subdivididos em 4 categorias, de acordo com as espécies das

N

vegetações. Cada categoria será plantada de acordo com o mês da morte, árvores que possuírem sua floração ou período de floração respec vo à cada mês, de acordo com a divisão. Porém, apesar de haver a necessidade de divisão em categorias, a distribuição destas

695

dentro do perímetro do parque não seguirá um padrão, evitando a criação de um padrões setorizados de jardins, ou criação de áreas inertes em determinados períodos do ano. Dentro de cada categoria, foram selecionadas 3 espécies vegeta vas, adaptáveis ao clima do cerrado. Figura 146: Modelos de vegetações memoriais 01 - JANEIRO À MARÇO: MANACÁ - DA - SERRA

02 - ABRIL A JUNHO

03 - JULHO À SETEMBRO

SUINÃ

IPÊ-BRANCO

700

04 - OUTUBRO À DEZEMBRO JACARANDÁ MIMOSO LEGENDA Vegetação 01 - Janeiro à março Vegetação 02 - Abril à junho Vegetação 03 - Julho à setembro Vegetação 04 - Outubro à dezembro Vegetação ‘’tradicional’’.

RESEDÁ ROSA

NOIVINHA

PAINEIRA VERMELHA

PATA DE VACA Levando em consideração o porte das árvores, espaçamentos entre sí e proporção de árvores / hectare disponibilizado pelo Ins tuto Brasileiro de Florestas e Vegetações (IFB) (1666 árvores/hectare), o Parque Memorial terá disponibilidade de aproximadamente 12.500 árvores,

CHUVA DE OURO

QUARESMEIRA

IPÊ-AMARELO

SAPUCAIA

dentro de toda extensão de seu perímetro. A porção es pulada como área de preservação permanente (APP) também será incluída como jardim memorial. Nas porções sul e próximas ao crematório, devido ao maior fluxo de usuários, as vegetações que comporão o

695

paisagismo serão diferentes dos jardins memoriais, não possuindo aporte à cinzas.

0

100

200

65


5.11 SISTEMAS E TECNOLOGIAS CONSTRUTIVAS Com intuito de manter a serenidade, integridade e espiritualidade dentro do complexo do crematório, foi decidido como sistema constru vo o concreto armado, e concreto protendido, garan ndo maiores vãos livres, e uma estrutura mais rígida visualmente, o que enriquece a proposta do projeto. A própria materialidade do projeto busca uma aproximação do homem com sua finitude. Optou-se por estruturas aparentes e materiais sem reves mentos. Para o crematório, uma estrutura em concreto aparente com toda sua temporaneidade exposta no material. Figura 147 - Laje protendida

Fonte: Desenvolvido pelo autor

Além disso, uma parte do crematório será ancorada sobre uma estrutura de pilar em V, garan ndo uma desconexão com solo, criando um aspecto de levidez ao complexo. Todas as aberturas farão u lização de peles de vidros e brises personalizados, seguindo o conceito do parque e crematório. Figura 148 - Corte esquemá co pilar estrutural em V

PAREDE EM ALVENARIA COM REVESTIMENTO EM CONCRETO APARENTE PISO ACABADO LAJE EM CONCRETO PROTENDIDO PILAR EM V EM CONCRETO SAPATA DE FUNDAÇÃO Fonte: Desenvolvido pelo autor. Figura 149 - Concreto aparente

Fonte : Sketchup Textures - Acesso em Maio - 2019

Figura 150 - Aberturas com peles de vidro

Fonte : portalacus ca.info - Acesso em Maio - 2019

66


Dentro da parte estrutural do projeto, foi desenvolvida uma malha ortogonal de pilares, pensada com obje vo de manter grandes vão livres principalmente no centro do edi cio, garan ndo melhores fluxos de pedestres e usuários conforme o uso previsto nesse setor do crematório. N

Figura 151 - Planta de eixos

1

2

3

4

5

6

7

8

A

B

C D E Fonte: Desenvolvido pelo autor.

S/ESCALA DEFINIDA

Os pilares foram dimensionados conforme os vãos dos eixos, tendo como padrão as dimensões 45x15cm, com armaduras passivas de Aço CA-50 - 500 Mpa. Alguns pilares centrais apresentam enrijecimentos, para diminuição do trabalho da estrutura da edificação. VIGAS EM CONCRETO PROTENDIDO

Figura 152 - Perspec va estrutural

LAJES PROTENDIDAS

PILARES EM CONCRETO

*NOTA: A malha estrutural foi compa bilizada entre pavimentos

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

A malha estrutural foi aproveitada para maior conformidade entre pavimentos térreo sub-térreo. Toda vedação da edificação será feita com alvenaria, com reves mento em placas de concreto aparente.

67


5.12

MOBILIÁRIOS Buscando maior iden dade ao projeto, foram desenvolvidos mobiliários pensados com intuito de reforçar o in mismo do usuário, além de criar cenários exclusivos à paisagem local. Dentro da proposta

temá ca, foram desenvolvidos 3 mobiliários principais : • Relógio Solar: como a representa vidade do tempo, em todo o seu espectro e momentum. • Pór cos: Dentro do projeto, os pór cos são como portais temporais, com obje vo de marcar determinados segmentos ou tempos dentro do projeto. • Estelas Memoriais: São como tótens, porém carregam consigo os nomes de todos os falecidos e homenageados dentro do determinado jardim ou espaço memorial. Figura 153 - Detalhamento Relógio Solar

3

VISTA LATERAL ESQUERDA- RELÓGIO SOLAR ESC.: 1/100

5

VISTA POSTERIOR- RELÓGIO SOLAR ESC.: 1/100

1 PERSPECTIVA - RELÓGIO SOLAR SEM ESCALA

VISTA LATERAL ESQUERDA

vista lateral direita

vista posterior

VISTA FRONTAL

2 PLANTA RELÓGIO SOLAR ESC.: 1/100

4

VISTA FRONTAL- RELÓGIO SOLAR ESC.: 1/100

*NOTA: O relógio solar foi desenvolvido levando as la dudes e longitudes -16.645710, -49.263980 - Goiânia .

6 VISTA LATERAL DIREITA- RELÓGIO SOLAR ESC.: 1/100 Fonte: Desenvolvido pelo autor.

68


VISTA LATERAL ESQUERDA

Figura 154 - Detalhamento Estela memorial

Figura 155 - Detalhamento Pór co

VISTA POSTERIOR

1

PLANTA - ESTELA MEMORIAL ESC.:1/100 VISTA LATERAL DIREITA

VISTA FRONTAL

ESTELA MEMORIAL EM CONCRETO ARMADO

VISTA FRONTAL

4

PLANTA - PÓRTICO ESC.:1/100

6 VISTA LATERAL DIREITA - PÓRTICO ESC.:1/100

2 VISTA FRONTAL - ESTELA MEMORIAL ESC.:1/100

ESTELA MEMORIAL EM CONCRETO ARMADO

3 VISTA LATERAL ESQUERDA - ESTELA MEMORIAL ESC.:1/100

5 VISTA FRONTAL - PÓRTICO ESC.:1/100

7

VISTA POSTERIOR - PÓRTICO ESC.:1/100

69


6 - PEÇAS GRÁFICAS


‘‘ A única coisa que você leva da vida... É a vida que você leva .’’ - Apparício Torelly.


6.1

IMPLANTAÇÃO / TÉRREO

N

Figura 156 - Intenções do projeto

695 695

7

MINIMALISMO FORMAL, RESSALTANDO O INTIMISMO DA PROPOSTA PROJETUAL

INTEGRAÇÃO DAS MASSAS VEGETATIVAS COM SUA FORMA E FUNÇÃO

5

695 12

9

2 2 1

5

700 13

CRIAÇÃO DE NOVAS PERSPECTIVAS E OLHARES AO ENTORNO E ESPAÇO PÚBLICO

MULTIPLICIDADE E DINAMISMO DE FLUXOS E USOS P/ EDIFICAÇÃO

AV. J OÃ DE A O LUÍS LMEID A

5

9 5 3

Fonte: Desenvolvido pelo autor

5

A distribuição dos usos dentro da implantação visa proporcionar novas

6

experiências e sen mentos ao usuário. A setorização dos usos, foi feita a par r do conceito do projeto, além das múl plas demandas do setor, tanto em usos, quanto em posicionamento dos mesmos.

5

A intenção é proporcionar um ambiente público, mas que ainda seja rico em

IÁS O G . AV

sen mento aos usuários.

LEGENDA 1 - Crematório

8 - cachorródromo

2 - pátio comum memorial

9 - app.

3 - caminho principal

10 - academia ao céu aberto.

4 - quadras esportivas

11 - sanitários

5 - pavilhões expositivos / ecumênicos e cerimoniais

12 - corredor memorial

6 - central de segurança

13 - estacionamentos

9 11

13

8 4 10 695

7 - represagem córrego macambira 700 Fonte: Desenvolvido pelo autor

1

IMPLANTAÇÃO PARQUE MEMORIAL ESC.: 1/2500

70


JARDINS MEMORIAIS

JARDINS MEMORIAIS

JARDINS MEMORIAIS

N fachada frontal b

-4,60 PELE DE VIDRO TEMPERADO 3MM C/ BRISE EM ESTRUTURA METÁLICA PINTADA

1,782

PROJ. PERGOLADO

6,50

6,50

4,35

2,55

2,55

8,55

2,00

6,50

3

5,15

3

i = 9%

,15

4,35

7,85

4,25

5,15

3

2,00

35,65

5,15

2,55 7,85

5,15

i = 9%

3

2,00

4,35

8,55

4,05

4,35

2,55

2,00

6,50

PROJ. PERGOLADO

-3,60

1 -3,60

-3,60

ACESSO PEDESTRES

jardins memorias / abertura zenital

1

-3,60

jardins memorias / abertura zenital

jardins memorias / abertura zenital

jardins memorias / abertura zenital

-3,60

-3,60

1

14,90

ESTELA MEMORIAL 1000X300x250

2,35

5

-3,60

2,45 29,50

0.00

LEGENDA 1 - JARDIM COMUM E MEMORIAL 2 - CAFETERIA 3 - SALAS DE DESPEDIDA 4 - ATENDIMENTO 5 - ADMINISTRAÇÃO 6 - SANITÁRIOS 7 - COPA FUNCIONÁRIOS 8 - VESTIÁRIO 9 - SANITÁRIO FUNCIONÁRIOS 10 - SOLARIUM FUNCIONÁRIOS

11 - SALÃO ECUMÊNICO 12 - APOIO SALÃO ECUMÊNICO 13 - COLUMBÁRIO 14 - SALA DE CREMAÇÃO 15 - ESTACIONAMENTO 16 - SALA DE PROC. DE CINZAS 17- EXPURGO 18 - CIRCULAÇÃO VERTICAL 19 - EXAUSTÃO DE VAPORES

10

8 9 9

15,35

3,45

19

14

6,70

3,30

12 11

13

1,50 1,50

18

12

15,35

b

1

2,35

17

a

i = 14%

7

3,15

6,55

6

5,90

3,85

6

4,05

2,55

18

3,50

18

4,40

4,90

i = 14%

2,90

4,40

5,05

1,61

3,90

10,30

3,20

6 2,10

3,15

a

ESTELA MEMORIAL 1000x300x250

6,00

4

9,85

I = 8,6%

ESTELA MEMORIAL 1000x300x250

3,00

4,85

I = 8,6%

ESTELA MEMORIAL 1000x300x250

2,65

I = 8,6%

fachada lateral direita

ACESSO PEDESTRES

-3,60

PROJ. ABERTURA ZENITAL

I = 8,6%

0.00

1

jardins memorias / abertura zenital

6,55

fachada lateral esquerda

4,50

16 2,10

1,65

PLANTA PAV.TÉRREO - CREMATÓRIO ESC.: 1/250 PROJ. SUMIDOURO

COBERTURA

PROJ. POÇO DE INFILTRAÇÃO

PAV. TÉRREO

SUB-TÉRREO

PASSEIO PÚBLICO +0.50

15

AV. JOÃO LUÍS DE ALMEIDA

71


6.2

PLANTA SUB-TÉRREO / COBERTURA Dentro do crematório, os usos des nados à serviços foram orientados e veram sua des nação final o Sub-Térreo. O obje vo desse isolamento de fluxos é garan r a não intersseção de fluxos sociais x serviços, devido

principalmente o po de serviço/des nação da edificação. Para suprir a demanda energé ca e hídrica do processo de Biocremação, foi es pulada u lização de geradores elétricos à diesel, além do pré-dimensionamento de um reservatório d’água, ambos no sub-térreo. 5,65

27

10,30

-7,56

26 6,25

19

1,50

23 24

25 3,90

3,85

20 19

2,35

-7,56

6,55

1,50

7,60

-7,56

6,55

a 72

2,60

11,00

6,70

21

22

4,40

30

31

19

-7,56

a 72

5,00

-7,56

29 7,50

5,30

3,00

2,00

28

9,85

3,90

2,15

3,15

2,30

6,25

5,90

72 B

18 -exaustão dos vapores 22- Lavanderia 25 - Tanatório 19 - circulação vertical 23 - Abrigo p/ Resíduos Comuns 26 - Apoio Tanatório 20 - Depósito de Materiais 24- Abrigo p/ Resíduos Contamináveis 27 - Câmara Fria 21 - Almoxarifado

28 - DML 29 - Reservatório d’água inferior. 30 - Geradores de energia.

1

PLANTA sub-térreo - CREMATÓRIO ESC.: 1/200

72 B COBERTURA

80,30

alçapão de acesso à caixa d’água moldada in loco

alçapão de acesso à caixa d’água moldada in loco

PERGOLADO EM CONCRETO PINTADO

PAV. TÉRREO

PERGOLADO EM CONCRETO PINTADO

0.00

alçapão de acesso à caixa d’água moldada in loco

alçapão de acesso à caixa d’água moldada in loco abertura zenital

abertura zenital

abertura zenital

abertura zenital

33,15

abertura zenital

SUB-TÉRREO

A cobertura foi pensada como uma

COBERTURA EM LAJE PROTENDIDA C/ POLIMENTO EXTERNO

0.00

extensão da rua, com obje vo de fornecer alçapão de acesso à caixa d’água moldada in loco

alçapão de acesso à caixa d’água moldada in loco

um novo uso ao crematório. A idéia de alçapão de acesso à caixa d’água moldada in loco

0.00

a 72

diferentes níveis gera novos pontos de a 72

vista e perspec vas do usuário ao parque. Os rasgos zenitais são preenchidos co m ve geta çõ e s , d e m o n st ra n d o a coadjuvância da edificação perante ao

72 B

ACESSO terraço

parque e sua vegetação.

1

PLANTA de cobertura - CREMATÓRIO ESC.: 1/300

72


6.3

CORTES DE DETALHAMENTOS caixa d’água moldada in loco

0,00

caixa d’água moldada in loco

0,00 ver det. 02

l.n.t.

-3,60

18

6

6

-7,56

escotilha de acesso p/ manutenção da caixa ‘água

0,00

ver det. 01 7

-3,60

-3,60

10

12

18

-3,60

14

-7,56

30

1 cobertura em laje protendida caixa d’água moldada in loco

VÁLVULA DE CONTROLE HIDRÁULICO

caixa d’água moldada in loco em concreto p/ 500l.

18

-7,56

SHAFT P/ INSTALAÇÕES ELÉTRO/HIDRÁULICAS (ISOLADAS).

pilar de sustentação em V

0,00

0,00

CANO PVC SOLDÁVEL REVESTIDO P/ CONDUÇÃO DE ÁGUA FRIA.

laje inferior em concreto protendido

-3,60

11

corte aa’ ESC.: 1/250

caixa d’água moldada in loco

0,00

l.n.t. 6

3

1

-3,60

-3,60

1

6

-4,60 SISTEMA DE EXAUSTÃO

27

GRELHA METÁLICA PARAFUSADA P/ EXAUSTÃO DOS VAPORES DE CREMAÇÃO maquinário de biocremação

sala de processos -3,60

TELA PLÁSTICA MONOFILADA P/ PROTEÇÃO DE INSETOS . CAMADA DE CONCRETO LEVE

1 - JARDIM COMUM E MEMORIAL 2 - CAFETERIA 3 - SALAS DE DESPEDIDA 4 - ATENDIMENTO 5 - ADMINISTRAÇÃO

6 - SANITÁRIOS 7 - COPA FUNCIONÁRIOS 8 - VESTIÁRIO 9 - SANITÁRIO FUNCIONÁRIOS 10 - SOLARIUM FUNCIONÁRIOs

11 - SALÃO ECUMÊNICO 12 - APOIO SALÃO ECUMÊNICO 13 - COLUMBÁRIO 14 - SALA DE CREMAÇÃO 15 - ESTACIONAMENTO

16 - SALA DE PROC. DE CINZAS 17- EXPURGO 20 - Depósito de Materiais 18 - CIRCULAÇÃO VERTICAL 19 - EXAUSTÃO DE VAPORES

-7,56

21 - Almoxarifado 22- Lavanderia 23 - Abrigo p/ Resíduos Comuns 24- Abrigo p/ Resíduos Contamináveis 25 - Tanatório 26 - Apoio Tanatório

25

29 - Reservatório d’água inferior. 30 - Geradores de energia. 28 - DML 27 - Câmara Fria

2

corte bb’ ESC.: 1/250

MURO DE ARRIMO P/ CONTENÇÃO E EXAUSTÃO. FILTRO DE AR P/ RETENÇÃO DE IMPUREZAS VIDE LEGISLAÇÃO MUNICIPAL

gerador energético 700kva

geradores

DUTO DE EXAUSTÃO DOS VAPORES DE CREMAÇÃO

camada de concreto leve c/ impermeabilizante escotilha p/ manutenções (70x70)

camada de resina finalizadora manta de proteção mecânica

espaço p/ caminhamento hidráulico

duto p/ transmissão energética

-7,56 BRITA e = 12 cm laje em concreto protentido

base em concreto p/ gerador h = 0,10m FUNDAÇÃO SAPATA

3

detalhe 01 - sistema de exaustão ESC.: 1/50

4

detalhe 02 - caixa d’água moldada in loco ESC.: 1/20

73


6.4 FACHADAS

1

2

3

ELEVAÇÃO FRONTAL - CREMATÓRIO ESC.: 1/250

ELEVAÇÃO lateral direita - CREMATÓRIO ESC.: 1/250

ELEVAÇÃO lateral esquerda - CREMATÓRIO ESC.: 1/250

74


6.5 PERSPECTIVAS VISTA CREMATÓRIO

VISTA - CORREDOR MEMORIAL

VISTA CREMATÓRIO

VISTA CREMATÓRIO

*NOTA : TODAS AS PERSPECTIVAS FORAM PRODUZIDAS PELO AUTOR.

75


VISTA ESPAÇOS ECUMÊNICOS

VISTA PÁTIO COMUM

VISTA ESPAÇOS ECUMÊNICOS

VISTA PÁTIO COMUM

76


VISTA CREMATÓRIO

VISTA AÉREA

VISTA MONUMENTO - PÓRTICO

VISTA SANITÁRIOS

77


VISTA INTERNA CREMATÓRIO - SALAS CERIMONIAIS

VISTA CREMATÓRIO

VISTA INTERNA CREMATÓRIO - SALAS CERIMONIAIS

VISTA CREMATÓRIO

78


7 REFERÊNCIAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14724: Informação e documentação. Trabalhos Acadêmicos - Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2002 ARIÈS, Philippe . História da morte no ocidente: Da idade Média aos nossos dias. Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 2012. 291 p. Tradução de: Essais sur l’histoire de la mort en Ocident du MoyenAge à nos jours. ARIÈS, Philippe. O homem diante da morte. Rio de Janeiro: F. Alves, 1982 - 670p.. CAMPOS, A.P. S. Avaliação do potencial de poluição no solo e nas águas subterrâneas decorrente da a vidade cemiterial. 2007. 141f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) Universidade de São Paulo, Faculdade de Saúde Pública, São Paulo, 2007. CONAMA. Resolução n° 335, de 3 de Abril de 2003. Publicada no DOU no 101, de 28 de maio de 2003, Seção 1, páginas 98-99. FIGUEIREDO, I. C. Do cemitério à memória: a imaterialização do espaço mortuário. 2013. 133.F. Dissertação (Mestrado) - Curso de Arquitetura, Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, Porto, 2013. Disponível em <h p://repositorioaberto.up.pt/bitstream/10216/80416/2/23487.pdf>. Acesso em : 15 mar.2019. FREUD, S. Luto e melancolia, 1917 [1915]. In:____. A história do movimento psicanalí co. Rio de Janeiro: Imago, 1996. p.243-263. (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 14). HENRIQUES, A.C.V. - Sobre a morte e o morrer: concepções e paralelismos entre o catolicismo Romano e o Budismo Tibetano. 2014. (Pós-graduação em Ciências da Religiões) - Universidade Federal da Paraíba, Centro de Educação, João Pessoa, 2014. KEMERICH, P.D.C; BORBA, W.F. - Cemitérios e os problemas ambientais: a dura realidade brasileira. Revista Conselho em Revista - CREA RS, v.10, p.36-37, 2013 KEMERICH, P.D.C; BORBA, W.F; BIANCHINI, D.C; FANK, J.C.; WEBER, F.B.; UCKER, F.E. A questão ambiental envolvendo os cemitérios no Brasil. Revista Monografias Ambientais - REMOA, Santa Maria, Vol.13, p.3777 - 3785, 2014.

79


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