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10 FILMES QUE COMPROVAM QUE O SORTUDO MORRE PRIMEIRO

julho 2017 • Ano 01 • #01

R$ 14,90

COMO

SOBREVIVER

A UM

EXCLUSIVO O RETORNO DE

DYLAN DOG

APOCALIPSE

ZUMBI

AO BRASIL

CRÔNICAS

JIGSAW É O

TÍTULO DO OITAVO

JOGOS

MORTAIS

ZÉ DO CAIXÃO




SUMÁRIO

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EDITORIAL

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ZONA MORTA

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CAPA

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TRIBUTO X NOSTALGIA

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NO SET X CINEMA

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ENTREVISTA

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LISTA

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RAINHA DO GRITO

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PERGUNTE AO CANIBAL

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ATRAVÉS DO CAIXÃO

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GAME ZONE

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DE OLHO NA LENTE

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SANGUE NOVO

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NOSSA CARTA de “apresentação”, ou o que achamos sobre como se faz uma revista. O CONTEXTO histórico dos filmes de monstros da Universal.

COMO SOBREVIVER a um apocalipse zumbi JAMES WHALE O pai de Frankenstein JIGSAW é o título do oitavo Jogos Mortais EXCLUSIVO: Saiba mais sobre o aguardado retorno de Dylan Dog ao Brasil

10 FILMES que comprovam que o sortudo morre primeiro TERROR DE SAIA: Uma homenagem às mulheres dos filmes de terror HÉRCULES no Centro da Terra, de Mario Bava ZÉ DO CAIXÃO 50 anos depois

JOGO que transforma depressão de personagem em demônios ganha data de lançamento CONHEÇA o premiado curta Dawn of the Deaf DARKSIDE® BOOKS divulga seus lançamentos em quadrinhos


EDITORIAL

QUE TAL SE…?

julho 2017 • Ano 01 • #01

Aqui o horror se materializa em sua forma mais brutal e avassaladora, embriagando-nos com o miasma pútrido que emana das profundezas mais obscuras de um universo além da compreensão humana. Você entrará em contato com dimensões paralelas à realidade conhecida, levando-o a atingir níveis inexplorados de pura insanidade, onde civilizações bestiais reinam poderosas em seus impérios de devastação eterna, aguardando apenas o momento oportuno para retomarem seu poder maligno sobre o planeta. Você conhecerá a identidade soberana do mal em seu estado absoluto, a entidade pestilenta que canaliza toda a dor e depressão da humanidade em decadência, alimentando suas entranhas com pilhas de cadáveres decompostos na mais obscena putrefação da carne. Você ouvirá o eco destruidor dos lamentos agonizantes e gritos de tortura de vítimas implorando por clemência, além das blasfêmias guturais de um exército de demônios ferozes aguardando o confronto final. Você se juntará à imensidão de criaturas bizarras, bestas sanguinolentas, seres mutantes leprosos e disformes que vagam e rastejam pelo lodo podre dos malditos corredores de um complexo labirinto rumo ao infinito. Você sentirá a incomensurável dor profana de seu corpo sendo dilacerado por garras amaldiçoadas de feras indizíveis, prontas para degustar suas vísceras num banquete de carnificina. SEJA BEM-VINDO… ESSA É A HORROR MAG!

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ZONA MORTA

O CONTEXTO HISTÓRICO DOS FILMES

DE MONSTROS

DA UNIVERSAL

A ORIGEM DO CINEMA E DOS GÊNEROS CINEMATOGRÁFICOS

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esde os seus primórdios, o Cinema é visto, fundamentalmente, como uma forma de entretenimento. Nos anos imediatos à criação do cinematógrafo pelos irmãos Auguste e Louis Lumière (que se deu um 1895), numa época em que a gramática cinematográfica ainda não tinha sido desenvolvida e as imagens captadas se resumiam a registros documentais desprovidos de uma narrativa propriamente dita, os filmes eram exibidos em feiras de variedades como se fossem atrações circenses. Aqueles que se punham a disposição dessa nova experiência não esperavam nada dela senão o espanto e divertimento.

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Sendo assim, era só uma questão de tempo até que alguém enxergasse nessa novidade tecnológica uma fonte inesgotável de lucro. E, de fato, isso começa a se delinear no começo do século XX, quando, já na década de 1910, o norte americano William Fox funda a Fox Film Corporation (futura 20th Century Fox). No entanto, essa inclinação mercadológica só foi possível em razão de pioneiros como James Williamson, George Meliés, Edwin S. Porter, Louis Feuillade, Charles Le Bargy e André Calmettes, que, corajosos como desbravadores de um novo mundo, expandiram o leque de possibilidades narrativas da linguagem e criaram diversos gêneros cinematográficos.


ZONA MORTA

O CINEMA DE HORROR E EXPRESSIONISMO ALEMÃO No que diz respeito ao gênero horror, é sabido que, desde a infância do Cinema, vários cineastas usaram os rolos da película para contar histórias de mistério e fantasia. O primeiro filme de horror foi realizado em 1896 e era um curta de 3 minutos chamado A Mansão do Diabo, do diretor George Meliès.

Depois disso, outros artistas, como J. Searle Dawley – responsável por Frankenstein, de 1910 -, Henry McRae – o cineasta por trás de O Lobisomem, de 1913 -, e Max Mack – com o seu filme sobre O Médico e o Monstro, cujo título original é Ein Seltsamer Fall -, além do próprio Meliés, realizariam ousadas incursões no gênero. Porém, não há como negar que foi somente no Expressionismo Alemão que o horror se consolidou. Aquilo que anteriormente era experimentação e flertes com diferentes tipos de narrativa, a partir de 1920, o

ano em que Robert Wiene lança o seu O Gabinete do Doutor Caligari, se transformou em obras mais sólidas, nas quais cineastas como F. W. Murnau e Fritz Lang mostravam ter pleno domínio estético, técnico e narrativo (é importante lembrar que a estruturação da linguagem cinematográfica se deve muito aos trabalhos de D.W.Griffith, conforme comentado em nosso vídeo sobre Filmes Centenários). Entretanto, além dos evidentes méritos artísticos, a grande responsável pela elevação do gênero foi mesmo a Primeira Guerra Mundial.

PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL E A GRANDE DEPRESSÃO Evento histórico de proporções até então jamais vistas, a Primeira Guerra Mundial deixou uma marca indelével nas pessoas da época. Vários países participaram do conflito, e mais de 79 milhões de soldados foram enviados ao front. Desse contingente, dez milhões de jovens não retornaram para casa. O nível de letalidade das armas usadas era inédito na história da humanidade. Como não poderia deixar de ser, esse horror, que

mais parecia um pesadelo do que a própria realidade, acabou sendo refletido nas Artes. Dos movimentos artísticos que surgiram, o Expressionismo Alemão foi um dos principais. As suas figuras monstruosas, fotografia contrastada, ângulos nauseantes e atmosfera sufocante representavam perfeitamente o que tinha acabado de acontecer na Europa e, principalmente, na Alemanha. No entanto, do ponto de vista norte americano,

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ZONA MORTA

a Primeira Guerra Mundial representou um passo importante na caminhada do país para se tornar a nação mais poderosa do Mundo. O fato de terem saído como os maiores vencedores do conflito fez com que a sua economia capitalista atingisse um novo patamar, respingando, claramente, na indústria hollywoodiana, que ainda engatinhava. Todavia, por uma série de motivos – entre es-

tes, além das medidas intervencionistas de Franklin Delano Roosevelt, presidente dos Estados Unidos na época, estava também presente a inexperiência do país em lidar com um boom financeiro tão gigantesco -, o país entrou numa crise econômica devastadora. Inúmeros suicídios começaram a acontecer, e milhões ficaram desempregados da noite para o dia.

OS MONSTROS DA UNIVERSAL Mas, ironicamente, foi em grande parte por causa dessa crise, conhecida como Grande Depressão, que o cinema norte americano cresceu astronomicamente. Para todos aqueles que estavam desesperançosos com a realidade do país, os filmes se tornaram um antídoto. Durante uma ou duas horas, as pessoas iam aos cinemas, sentavam em suas cadeiras, acompanhavam a história atentamente e se esqueciam, mesmo que momentaneamente, dos seus problemas. Além do mais, isso fez com que o público alvo dos estúdios fosse formado: a classe trabalhadora. Desde cedo, Hollywood entendeu que os seus filmes dialogavam diretamente com o povo. Foi justamente no meio desse furacão de acontecimentos que Carl Laemmle Jr., filho do fundador da Universal e substituto do pai na função de chefe de produção desde 1926, decidiu apostar numa sequência de filmes protagonizados por monstros. Com uma visão afiada para negócios, noção exata de como uma história deveria ser contada (ele ganhou um Oscar por seu trabalho em Sem Novidades no Front) e beneficiado pela criação dos filmes sonoros, Laemmle Jr. foi extremamente importante na transição da Universal de um estúdio pequeno para um gigante do ramo. E foi nessa ascensão que os longas de monstros lançados no começo da década de 1930 exerceram um papel essencial.

O SURGIMENTO DOS FILMES DE MONSTROS DA UNIVERSAL Apesar de a Universal ter lançado filmes de monstros nos anos 1920, como O Corcunda de Notre-Dâme e O Fantasma da Ópera, ambos protagonizados por Lon Chaney, foi realmente na década seguinte que o estúdio se eternizaria como a casa dos monstros mais icônicos da história do Cinema. Um dos principais acertos de Laemmle Jr. foi ter trazido para os Estados

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Unidos nomes como o de Karl Freund, e confiado em cineastas talentosos como Tod Browning e James Whale, que trouxeram para as obras vários elementos do Expressionismo Alemão. No entanto, a verdadeira genialidade dos responsáveis iria residir na escolha dos temas. Enquanto alguns dos filmes foram buscar inspiração na literatura de horror do


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século XIX, como Drácula e Frankenstein, ambos lançados em 1931, e adaptados dos textos de Bram Stoker e Mary Shelley, respectivamente, outros buscaram, assim como o a história do Cinema até então, inspiração nos principais acontecimentos da primeira metade do século passado. O longa A Múmia é claramente baseado nas expedições de Lorde Carnavon e Howard Carter, e no medo de que as várias descobertas geográficas feitas no final do

século XIX e começo do século XX pudessem despertar forças malignas; O Homem Invisível, adaptado da obra de H. G. Wells, versa sobre o temor de que o avanço científico e o seu uso indiscriminado, sem uma ética que o apoie, faça com que o Homem dê vazão aos seus piores impulsos; O Monstro da Lagoa Negra, por sua vez, reflete o receio de que as partes do Mundo mais difíceis de serem acessadas talvez escondam formas desconhecidas de vida.

OS MONSTROS DA UNIVERSAL Originando franquias que se estenderiam pelos anos seguintes, esses filmes de monstros foram entrando para a história aos poucos. Embora fossem amados pelo público, eles costumavam não ser bem recepcionados pela crítica especializada. Somente com o passar do tempo, essa injustiça começou a ser desfeita, e os filmes passaram a representar um dos períodos mais gloriosos do cinema norte americano e do sistema de estúdios. Hoje em dia, é impossível achar alguém que não lhes dê o mérito que merecem. Tanto no quesito técnico, quanto no histórico, eles são extremamente relevantes.

Atualmente, a Universal está fazendo um reboot desses longas. O primeiro deles será A Múmia, estrelado por Tom Cruise. Para aqueles que não conhecem essas obras protagonizadas por gênios como Bela Lugosi e Boris Karloff, fica a dica: este é o momento perfeito para descobri-las. Não só um pedaço do desenvolvimento cronológico do Cinema está contido nelas, como também da nossa história. Assistir aos filmes de monstros feitos pela Universal nas décadas de 1930, 1940 e 1950 é ter, através de um formato artístico, as belezas e os horrores que caracterizaram a experiência humana na turbulenta metade inicial do século passado

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CAPA

COMO SOBREVIVER A UM

APOCALIPSE

ZUMBI

Os mortos saíram das tumbas e tomaram as ruas? Nada de pânico! A HM ensina o passo a passo para impedir que seu cérebro vire ração de zumbi

Z

umbis são uma verdadeira febre no mundo do entretenimento. Para quem não sabe (o que acho difícil), zumbis são pessoas mortas que são reanimadas, apresentam hábitos noturnos, perambulam e agem de forma estranha e instintiva. Eles são seres privados de vontade própria e sem personalidade. Histórias de zumbis têm origem nas crenças espirituais e nos rituais do vodu haitiano: segundo crenças populares, o vodu faz com que uma pessoa morta volte à vida à procura de vingança contra pessoas que lhe teriam feito mal. Histórias da região contam relatos de trabalhadores controlados por um poderoso feiticeiro. Talvez você tenha muitas preocupações na cabeça agora. Contas a pagar, faculdade, emprego, filhos. Para tudo isso, você tem ferramentas para se preparar e enfrentar a rotina diária. Mas e se acontecesse amanhã um apocalipse zumbi? Você estaria preparado? O que vai acontecer se a sociedade entrar em colapso? O que você faria se não há ninguém para ajudar você ou sua família? Veja as dicas a seguir e saiba como se preparar para um possível apocalipse zumbi.

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Não seja pego de surpresa! Como tudo indica que uma epidemia zumbi é inevitável em um futuro próximo, fique atento a telejornais e ao rádio. Mortes estranhas inexplicáveis? Ocorrências policiais envolvendo mordidas ou seres desfigurados? Sinal de que o caos já começou.

Confirmado o surto, não perca tempo. Antes de se enfurnar em um lugar seguro, corra ao supermercado e compre o máximo que puder de água engarrafada, comida em lata, pilhas, lanternas, remédios e algo que possa ser usado para defesa, como facões. Se você for maior de idade, compre armas de fogo.

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CAPA

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03.

A tendência é que a epidemia se alastre mais rapidamente nos centros urbanos, onde há mais vítimas em potencial. O melhor é fugir para um lugar isolado, como uma casa na montanha ou no campo. Se você não tem essa opção (ou se já for tarde demais), o jeito é se proteger em casa mesmo.

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Uma vez entre quatro paredes, reforce janelas e faça barricada em todas as portas. Mas preserve um ponto de observação para vigiar os arredores. Não saia e não deixe ninguém entrar, mesmo que seja um parente ou conhecido. Lembre-se: qualquer pessoa mordida por um zumbi irá virar um!

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CAPA

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Além da cabeça fria, sua principal arma é a paciência. Cedo ou tarde, o surto chega ao fim, seja por intervenção das forças de segurança pública, seja pela longevidade limitada das criaturas. Racione a comida, fique de olho nas notícias, ache um jeito de ocupar o tempo e espere o pior passar

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Se, por qualquer motivo, você tiver que deixar o refúgio, preste muita atenção se há indícios de que eles estão por perto. Se der de cara com algum zumbi, lembre-se de que eles são lentos: sua melhor opção é sempre fugir. Procure áreas abertas – como eles atacam em bando, fica difícil encurralá-lo.

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CAPA ENTREVISTA

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A melhor forma de despachar os mortos-vivos é estourando seus miolos. Mas não é todo mundo que acerta um tiro desses! Caso haja balas sobrando, mire primeiro nas pernas, para imobilizá-los, e, aí sim, desfira o tiro fatal no crânio. Certifique-se de que a criatura não representa mais perigo.

Você não tem arma de fogo? Melhor (elas são barulhentas!). Leve sempre consigo um facão ou machado. Você vai ter que chegar um pouco mais perto para decapitá-los, mas pelo menos nunca vai correr o risco de ficar sem munição.

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CAPA

A matemática está a favor deles Estudo científico calcula chance de a humanidade sobreviver a um ataque de mortos-vivos Cientistas das Universidades Carleton e de Ottawa, no Canadá, criaram uma fórmula matemática para calcular a progressão de uma epidemia de desmortos. Os cálculos são complexos demais para explicar, mas as consequências são assustadoramente palpáveis. A partir da primeira infecção, bastariam apenas três horas para que uma cidade de 500 mil habitantes tivesse mais zumbis do que gente sadia. “Se a escala aumentasse, o resultado seria o Juízo Final: um surto de zumbis provocaria o colapso da civilização, com todos os humanos infectados ou mortos”, concluem, num tom nada animador

Roupas O melhor é que se usem botas, perneiras e jaquetas de couro, materiais que dificilmente se romperiam em uma mordida de um zumbi, segundo Voytek. Outra boa ideia seria ter alguma proteção para os ombros e pescoço, que ficam na altura próxima à boca dos zumbis e, a julgar pelos filmes, é onde os zumbis mais gostam de morder.

Não tente matá-los um a um Os cientistas também dizem que não seria muito sábio tentar lutar contra zumbis de forma individual. Não é muito efetivo, já que eles provavelmente vão se espalhar mais rápido do que você conseguirá matá-los, mas também porque a maioria das pessoas não é muito boa de luta. O ideal é juntar forças com outras pessoas e conseguir recursos e conhecimento contra esses zumbis.

Ten ha um Kit de Sobrevivência Sim, já existem Kits de sobrevivência para um apocalipse zumbi a venda, como este aqui. O kit traz faixas amarelas, para você avisar às pessoas que existem zumbis naquela área. Vale também ter um copo dobrável para você carregar no bolso, folhas de papel, analgésico, bandagem, álcool, pomada antibiótica, linha, anzol, papel, lápis, lâmina de barbear, saquinho de chá, saco impermeável, apito e um clipe de arame – você nunca sabe quando vai precisar de um clipe de arame. Pois bem, com todas essas dicas, você talvez tenha alguma chance de sobreviver um pouco mais de tempo em um apocalipse zumbi. Esteja preparado!

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TRIBUTO CAPA X NOSTALGIA

JAMES WHALE

O PAI DE FRANKENSTEIN “O futuro é apenas velhice, doença e dor… Eu preciso ter paz e esta é a única maneira” Linhas finais da nota de suicídio de James Whale

O

cinema clássico de horror deve muito a James Whale. O britânico entregou alguns dos mais fantásticos filmes da Universal durante a sua melhor fase. Sem ele não teríamos a imagem que aprendemos a admirar de Boris Karloff como o monstro de Frankenstein, nem a visão diabólica do Dr. Pretorius em “A Noiva de Frankenstein” ou mesmo a primazia na técnica de “O Homem Invisível”. Dono de um requintado estilo à frente de seu tempo e de um trabalho de câmera fluído e único – pesadamente influenciado pelo impressionismo alemão – sua polêmica vida particular é tão interessante quanto sua vida profissional, portanto, Whale merece um olhar mais profundo que você terá a oportunidade de conferir nesta grande jornada por sua fugaz e brilhante carreira.

PRIMEIROS PASSOS Em 1914 o mundo entrou em guerra pela primeira vez e Whale se alistou no exército por causa do serviço obrigatório. Treinou como oficial e se juntou às unidades de cadetes em outubro de 1915 ficando na cidade de Bristol, subindo até o posto de segundo tenente do regimento de Worcestershire em julho de 1916. Durante a campanha de Flanders em agosto de 1917 foi capturado e ficou retido por dois anos no campo de prisioneiros de Holzminden onde acumulou ódio pelos alemães e desenvolveu seu gosto pelo drama: Whale desenvolvia produções teatrais para serem apresentadas para os guardas e companheiros de cela. Curiosamente, também foi na prisão que Whale aprendeu

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a jogar pôquer, ganhou muitas apostas e depois da guerra foi cobrar seus companheiros de cela e fazer um pé-de-meia. Após o armistício e retornando a Birmingham, em 1919, Whale tentou trabalhar como cartunista de jornal, contudo não conseguiu um emprego em caráter permanente e resolveu trocar de ofício, trabalhando como ator, designer de sets, construtor e diretor de uma companhia de teatro. Em 1922 encontrou com Doris Zinkeisen, apresentados pelo tutor-ator-produtor Nigel Playfair. O noivado não seria grande coisa não fosse por um detalhe: Whale já era abertamente homossexual, uma coisa virtualmente impossível para a época. Em 1925, o noivado que durou cerca de dois anos, terminou.


NA UNIVERSAL E A CONSAGRAÇÃO COM FRANKENSTEIN Em 1931 o estúdio Universal contratou Whale por cinco anos, com o melodrama romântico “A Ponte de Waterloo” (Waterloo Bridge) ficando como seu primeiro projeto. Baseado na peça da Broadway escrita por Robert E. Sherwood, o filme tinha Mae Clark como Myra, uma jovem corista que se torna prostituta para sobreviver durante a I Guerra Mundial, e Douglass Montgomery como seu amante que parte para o front de batalha. O filme seria mais tarde refeito com Vivien Leigh e Robert Taylor nos papeis principais. O ótimo resultado de “A Ponte de Waterloo” elevou o O chefe do estúdio Carl Laemmle logo ofereceu ao diretor a chance de comandar qualquer filme cujos direitos estavam com a Universal. Whale escolheu “Frankenstein” principalmente porque nenhuma das outras propriedades da Universal lhe interessavam e ele queria realizar uma pelícu-

la de guerra. Whale chamou para o elenco Colin Clive – conhecido do diretor por causa da peça “Journey’s End” – para o papel do barão e cientista, e Mae Clark como sua noiva Elizabeth. Porém, para representar o monstro, Whale ofereceu o papel para um ator desconhecido chamado Boris Karloff (diz a lenda que Bela Lugosi era a primeira escolha do estúdio, mas não aceitou porque o papel não possuía falas). As filmagens começaram em 24 de agosto de 1931, estendendo-se até 3 de outubro. Já no dia 29 de outubro foram feitas as pré-estreias com lançamento em 21 de novembro. Instantaneamente a resposta do público e crítica foi aclamar o novo clássico, que estourou os recordes de bilheteria por todo o país, rendendo ao estúdio 12 milhões de dólares no primeiro lançamento. O filme custou 291 mil dólares e se tornaria o mais importante cartão de visitas de seu diretor.

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TRIBUTO X NOSTALGIA

DECLÍNIO, RECOMEÇO, E POR FIM SAÍDA DE CENA fi lm og ra fi a

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1930

JOURNEY’S END

1931

WATERLOO BRIDGE

1932

IMPATIENT MAIDEN THE OLD DARK HOUSE

1933

THE KISS BEFORE THE MIRROR THE INVISIBLE MAN BY CANDLELIGHT

1934

ONE MORE RIVER

1935

BRIDE OF FRANKENSTEIN REMEMBER LAST NIGHT?

1936

SHOW BOAT

1937

THE ROAD BACK THE GREAT GARRICK

1938

PORT OF SEVEN SEAS SINNERS IN PARADISE

1939

THE MAN IN THE IRON MASK

1940

GREEN HELL

1941

THEY DARE NOT LOVE

FRANKENSTEIN

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A carreira de Whale começou a entrar em declínio após o lançamento de seu filme “The Road Back” (1937), continuação de “Sem Novidades no Front” (All Quiet on the Western Front) de 1930. O cônsul da Alemanha nazista em Los Angeles, George Gyssling, sabendo da produção do filme protestou no Tribunal de Arbitragem Permanente alegando que o longa daria uma “visão distorcida do povo alemão”. Gyssling se encontrou com Whale e chegou a mandar cartas para os membros do elenco ameaçando liderar dificuldades na obtenção de qualquer permissão alemã de qualquer tipo para eles e quaisquer outros associados com eles. Somente após a interferência do Departamento de Estado norte-americano sob pressões da Liga Antinazista de Hollywood e do Sindicato dos Atores que o governo alemão recuou. A edição original de Whale levou boas críticas nas exibições teste, contudo Rogers se rendeu aos alemães e ordenou novos cortes no material original e que rodassem cenas adicionais para serem enxertadas. Whale ficou furioso e apesar de as exigências tivessem sido atendidas, o filme foi banido da Alemanha mesmo assim. Além disso, o governo alemão conseguiu persuadir a China, Grécia, Itália e a Suíça para bani-lo também. Os negativos com a versão original do diretor foram destruídos. A situação entre Charles Rogers e James Whale após o incidente com “The Road Back” se tornou quase insustentável: Rogers queria romper o contrato, porém Whale não aceitou, forçando o magnata a colocar o diretor para comandar uma série de projetos de baixo orçamento sem expressão alguma apenas para cumprir tabela, e neste período apenas um se destacou, a versão de 1939 para “O Homem da Máscara de Ferro”. Em 1941, Whale saía de vez dos holofotes da indústria do cinema.


NO SET X CINEMA

JIGSAW É O TÍTULO

DO OITAVO JOGOS MORTAIS

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nicialmente intitulado Saw: Legacy, o oitavo Jogos Mortais foi rebatizado como Jigsaw – o nome usado pelo assassino John Kramer e o que seria o título original da franquia, de acordo com seus criadores, James Wan e Leigh Whannell. O longa da Lionsgate vai chegar aos cinemas no dia 27 de outubro, bem próximo do Halloween, como de costume. Dirigido pelos irmãos Michael e Peter Spierig (2019 – O Ano da Extinção, O Predestinado), Jigsaw recebeu a classificação R nos Estados Unidos, ou seja, proibido para menores. O roteiro foi escrito por roteiro foi escrito por Josh Stolberg e Pete Goldfinger (Pacto Secreto, Piranha 3D). Costas Mandylor e Cary Elwes, intérpretes de Mark Hoffman e Lawrence Gordon, respectivamente, não voltam para a sequência.

Tobin Bell, o Jigsaw, deve aparecer de alguma forma. Ainda estarão no elenco Mandela Van Peebles, Laura Vandervoort, Brittany Allen, Callum Keith Rennie, Matt Passmore, Hannah Anderson, Josiah Black, Shaquan Lewis, Michael Bolsvert e James Gomez.

Corpos estão aparecendo pela cidade, cada um tendo encontrado uma morte terrível. Conforme a investigação segue, as evidências apontam para um homem: John Kramer. Mas como pode ser? O homem conhecido como Jigsaw está morto há mais de dez anos. Ou um aprendiz está seguindo os passos de Jigsaw, talvez até alguém de dentro da própria investigação?

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ENTREVISTA

SAIBA MAIS SOBRE

DYLAN DOG AO BRASIL

A HM bateu um papo com Adriano Lorentz, da Editora Lorentz, que está por trás do projeto.

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ora das bancas brasileiras há mais de 11 anos, Dylan Dog é um dos personagens mais importantes e queridos da Sergio Bonelli Editore. A importância do personagem é ainda maior entre os fãs do terror, o que garante que o famoso “detetive do pesadelo” tenha um festival de terror com seu nome na Itália. Dylan Dog completou 30 anos em 2016 e o presente vai pros fãs brasileiros que estão cada vez

mais perto de rever o personagem nas bancas brasileiras. A Editora Lorentz está trabalhando para publicar histórias inéditas de Dylan Dog no país e pra sabermos mais sobre o projeto, o Boca do Inferno conversou com Adriano Lorentz, fã do personagem e de histórias de terror que cansou de esperar uma atitude das grandes editoras e resolveu botar a mão na massa para trazer Dylan Dog de volta ao Brasil.


HM: Pra começar, gostaria que falasse um pouco sobre a editora. AL: Na verdade faz 10 anos ou mais que tenho um projeto de montar uma editora para publicar uma revista nacional de terror. Então minha mãe, D. Maria G. Lorentz, ficou responsável pela Editora Lorentz e eu pela divulgação e seleção dos títulos. HM: Então vocês estão estreando no mercado? AL: Sim. HM: E como foi que surgiu esse projeto de trazer Dylan Dog de volta ao Brasil? AL: Durante a produção desta HQ nacional que falei, começa-

mos a pesquisar os direitos autorais de diversos personagens. Então comecei a pesquisar sobre Dylan Dog. É uma HQ de horror, ia comemorar 30 anos em 2016 e se nenhuma grande editora tivesse interesse, íamos começar com ele. Será meu presente de aniversário para Dylan Dog. Começamos as negociações na metade de 2016 e a HQ nacional de horror acabou ficando pra 2018. É uma pena, mas no Brasil, grandes personagens como Blueberry e Nathan Never não são mais publicados! HM: E como foi essa negociação pra publicar o Detetive do Pesadelo? AL: A Bonelli fez algumas exigências, normais nesse tipo de negociação. Eles foram muito atenciosos e sou só elogios. No final deu tudo certo. HM: Os fãs do personagem estão bastante curiosos. O que você pode nos adiantar sobre este projeto? AL: Em conversas com amigos leitores sempre foi unânime: tem que ser em formato italiano. Então será em formato italiano, trazendo apenas historias inéditas selecionadas entre as mais de 270 existentes na coleção italiana de Dylan Dog. Temos um contrato para três edições que serão lançadas trimestralmente. A primeira já

se encontra em fase de tradução e a nossa previsão inicial é lançar em março. No mais tardar, em abril. HM: E você pode adiantar quais são as historias do personagem que estarão nestas três edições? AL: Ainda não posso divulgar, pois estamos em fase de tradução, mas as histórias compreendem o que considero as três fases do personagem. A primeira será dos primeiros dez ou doze anos de Dylan Dog, a seguinte, da metade, perto dos vinte anos e, outra, mais recente, próxima dos 30 anos do personagem. HM: E qual foi o critério de seleção dessas três histórias entre tantas outras do personagem? AL: Avaliamos o que seria interessante e o que os leitores consideram as melhores histórias do personagem. Selecionamos por volta de doze histórias e fomos peneirando, levando em conta as histórias, arte e capa até chegar a estas três. HM: O lançamento será em bancas, livrarias ou lojas especializadas? AL: Estamos fazendo o possível para que seja distribuído nas bancas. Pelo menos nas principais, pois a tiragem será menor que aquela das grandes editoras. Mas o leitor e colecionador de Dylan Dog terá seu exemplar, já que, caso não consiga na banca de

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ENTREVISTA

sua cidade, enviaremos com frete simbólico de 1 a 2 reais. HM: Falando nisso, qual será o preço das revistas? Há alguma previsão? AL: O preço será de R$ 16,90 para ser acessível. As três edições serão um presente para o Dylan, para mim mesmo e para todos os leitores. Há quanto tempo ele não é mais publicado no Brasil? Uns dez anos ou pouco mais! Espero que os leitores que não conhecem o personagem, mas gostam de terror, possam prestigiar e que os antigos leitores possam matar a saudade. HM: E tem mais algum personagem bonelliano que gostaria de ver por aqui novamente? Ou pela primeira vez? AL: Gostaria de rever Martin Mystére, Dampyr e Nathan Never. HM: E depois do retorno de Dylan Dog, quais os próximos planos e projetos pra editora? AL: Primeiro vamos trazer estas três edições de Dylan Dog e depois vamos publicar um especial nacional de terror. HM: Muito obrigado pela atenção e desejamos toda a sorte e sucesso nessa empreitada. Como fãs do personagem, estamos torcendo! AL: Olha, a alegria de trazer Dylan de volta é tanta e a receptividade está sendo ótima. Com pessoas que entendem a dificuldade e o investimento que estamos fazendo e estão dando apoio. Agradeço o espaço. Dylan Dog e o terror merecem.

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LISTA

10 FILMES QUE COMPROVAM QUE O SORTUDO

MORRE

PRIMEIRO por Marcelo Milici

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abe aqueles testes que verificam se você sobreviveria em um filme de terror? Perguntas sobre ações estúpidas que poderiam levá-lo a uma morte sangrenta nas mãos de criaturas sobrenaturais e assassinos brutais não condizem exatamente com a realidade: psicólogos alertam que em situação extrema, a luta pela sobrevivência é o único caminho que importa, nem que seja preciso abandonar a namorada que caiu na floresta. Se o assassino entra pela porta da frente, você corre para o quarto; se o carro quebra na estrada deserta, você se esconde na mata para que não o encontrem solitariamente em um local ermo. No entanto, há situações em que a luta pela vida pode não valer assim tão a pena. Lembra da tagline do filme Quadrilha de Sádicos? “O sortudo morre primeiro.” Ela transmite a agonia e o sofrimento que o último a enfrentar os inimigos terá pela frente. Ora, enquanto houver vivos, eles são rapidamente despachados, mas o que restar será mais bem aproveitado no show de horrores. Pensando nesse “survival horror“, o HM traz para vocês uma lista de filmes que mostram que a morte rápida pode ser o caminho mais adequado, livre de qualquer desespero.

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LISTA

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EU SOU A LENDA (I AM LEGEND, 2007) Uma doença terrível está matando todas as pessoas, mas poupando os animais. Você testemunha a partida da esposa, do filho, amigos e demais parentes, enquanto inexplicavelmente o mal parece não atingi-lo. Ficar sozinho no planeta e ser A Última Esperança da Terra, perseguido por Mortos que Matam parece não ser uma boa ideia. Solidão, nesse caso, rima com loucura e desespero – e não é tão divertido quanto Esqueceram de Mim. Talvez fosse melhor não ter um sangue especial e nem a cura para a doença para evitar alongar o sofrimento.

A MORTE DO DEMÔNIO (THE EVIL DEAD, 1982)

Ser o Escolhido, aquele que o Necronomicon aponta como o herói que combaterá demônios! Parece um papel interessante, mas envolve a perda de pessoas que você gosta (namorada, irmã, amigo) de maneira sangrenta e violenta e estar sempre sozinho, servindo de alvo para os deadites. Provavelmente, é uma decisão parecida com a de muitos heróis dos quadrinhos, tendo que abdicar de tudo o que valoriza pelo bem maior. Será que esse é o melhor caminho?

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ABISMO DO MEDO (THE DESCENT, 2005)

A descida é até divertida. Você está com um grupo de amigas, relembrando situações do passado e até traições não assumidas, mas, aos poucos, na escuridão claustrofóbica de um ambiente maldito, elas começam a desaparecer, vítimas de monstros que já foram humanos no passado e querem apenas devorar a sua carne, levando a carcaça para um fosso de ossos e restos. A solidão e a culpa serão suas amigas, enquanto a sanidade é consumida pelos gritos das criaturas que parecem estar rodeando-a, prestes a um ataque lento e doloroso. Sobreviver a esse pesadelo pode não ser muito saudável!

O MASSACRE DA SERRA 07 ELÉTRICA (THE TEXAS CHAINSAW MASSACRE, 1974)

Passear pelo Texas pode levá-lo a um inferno de dor e tortura. Não se pode confiar em ninguém, e a busca por respostas num casarão rural fará com que você conheça uma família de canibais pouco amistosa. Sobreviver é testemunhar a morte violenta de seus amigos e parentes, e ainda participar de um jantar que lhe dará dores de cabeça em companhia de um velho zumbi e pessoas loucas. Não vale a pena resistir por muito tempo, para ficar pendurado como carne morta num açougue humano. O que você prefere?

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LISTA

A NOITE DOS 06 MORTOS-VIVOS

(NIGHT OF THE LIVING DEAD, 1968)

Sobreviver a qualquer apocalipse zumbi pode ser triste e solitário. Mas, pode ser ainda pior quando você usou toda a sua capacidade de sobrevivência para se esconder na casa que fora cercada pelas criaturas, mas é um afro-descendente em plena época em que o racismo imperava na América. O destino acaba sendo uma resposta às reações das ruas, ignorando sua inteligência e capacidade de enfrentamento.

HUMANA 05 A(THECENTOPÉIA HUMAN CENTIPEDE, 2009) Nas mãos de um cientista louco, o horror de saber que você será parte de um experimento único, transformando-se numa centopeia humana, tendo que devorar as fezes da pessoa da frente para posteriormente alimentar a de trás. Se a possibilidade já é perturbadora, o terror se amplia quando você pensa que a sua boa saúde pode levá-lo a uma resistência maior do que a de seus companheiros, em mais dias de tortura como o bichinho de estimação de um homem insano!

04 TUSK

(TUSK, 2014)

Um destino tão infeliz quanto o da Centopéia. Você aos poucos abandonará sua humanidade, tudo o que considera importante, para aos poucos se transformar numa Morsa. Melhor do que chegar ao final do estágio e ser resgatado pelos amigos, talvez seja a morte, mas o problema é encontrar um meio de avisá-los de que aquela condição não está sendo agradável.

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LISTA

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WOLF CREEK – VIAGEM AO INFERNO (WOLF CREEK, 2005)

Conhecer um lugar histórico pela oportunidade de tirar fotos e registrar a experiência pode ser uma experiência pavorosa, se no caminho você encontrar o terrível Mick Taylor (John Jarratt). Com linguajar popular e aparente simpatia, ele não esperará pelo último, levando cada uma de suas vítimas a horas, dias e meses de tortura física e psicológica. E se ele aplicar em você um golpe que aprendeu na guerra, há grande chance que a dor permanecerá como sua velha companhia até que a morte venha lhe salvar desse tormento. E se não vier…

02

O NEVOEIRO

(THE MIST, 2007)

Algo maligno está na névoa que domina a cidade, talvez o país. A busca por uma outra dimensão permitiu que monstros atravessassem o portal para se alimentar dos incautos. Quando tudo parece não lhe dar uma escolha, talvez o melhor caminho seja usar sua arma para silenciar todos os queridos sobreviventes para não ter que vê-los enfrentar a morte violenta. Mas, e se ela tiver sido controlada pelo Exército? Valeria a pena continuar vivo depois de uma ação drástica?

01 MÁRTIRES

(MARTYS, 2008)

O maior representante da agonia sofrida por aquele que for o mais resistente. Participar de um experimento científico e ao mesmo tempo religioso em busca de respostas é o pior destino que qualquer pessoa pode ter, pois para chegar até ele você precisará sobreviver a um estado horrendo de quase morte, participando de torturas enquanto tem a pele arrancada de maneira violenta.

Você lembra de algum outro filme em que sobreviver não vale a pena?

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RAINHAS DO GRITO

TERROR DE SAIA UMA HOMENAGEM

ÀS MULHERES DOS FILMES DE TERROR Assustadoras, assassinas, vingativas, sem perder o charme, o gênero não seria nada elas! por Marcelo Milici

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á aqueles que acreditam que as mulheres merecem muito mais do que um único dia ao ano para homenageá-las. Não é fácil aguentar as manias masculinas, os vícios, gostos peculiares e, até mesmo, em alguns casos, a ingratidão. A situação torna-se pior quando se trata de mulheres de fãs de filmes de terror! Quem é viciado em filmes de terror, mas a companheira não compartilha do mesmo gosto, tem a árdua missão de fazer com que essas meninas tenham a disposição de assistir às produções mais bizarras do gênero. Muitas vezes aquela comédia romântica

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que poderia despertar o libido do relacionamento é trocada pelo som agonizante de uma motosserra, dos gritos desesperados de uma vítima, pelo sangue em profusão invadindo a tela, escorrendo pela TV. Sim, as mulheres merecem o céu…mas seus companheiros insistem em lhes mostrar o inferno! Para essas guerreiras apaixonadas, este artigo tem o objetivo de listar a presença feminina nos filmes de terror diversos. Assim, segue uma pequena homenagem e ao mesmo tempo inspiração para os seus companheiros na busca de uma boa produção do gênero.


MULHERES VINGATIVAS Não é por acaso que o filme A Vingança de Jennifer também tem o título Day of the Woman. Nele a protagonista é estuprada, agredida, humilhada…mas tem o seu dia de vingança! Ao grande estilo que ela merece, acompanhamos com prazer a morte violenta dos homens que um dia a fizeram sofrer. Além de conter uma ótima mensagem para esses covardes agressores, o filme de Meir Zarchi é um manual de apoio às mulheres que vivem sendo ameaçadas por indivíduos inferiores…O gênero também apresentou outras

“Jennifer” aterrorizantes, como aquela que só tem um “ene“, dirigida por Dario Argento em “Mestres do Terror”, que se alimentava de animais e pessoas, menos daqueles que a adotavam; Jennifer também está no remake no estilo Jogos Mortais misturado com horror oriental intitulado Doce Vingança. Outras mulheres vingativas como a Frigga, de Thriller, de 1974, Carrie, a Estranha, de Stephen King, e até a Noiva, de Kill Bill merecem menções honrosas para mostrar que nunca devemos brincar com elas.

MULHERES ENDEMONIADAS Um Drink no Inferno está na minha lista dos melhores filmes de vampiros contemporâneos lançados no gênero. Contando com um elenco sensacional, incluindo o próprio Quentin Tarantino, como um assassino estuprador, esta produção de 1996 traz uma das cenas mais sensacionais do cinema moderno, quando a atriz Salma Hayek faz uma dança sensual no bar Titty Twister para os convidados, com uma cobra sobre seu pescoço numa trilha literalmente de matar…ainda hoje essa cena causa arrepios, pois expõe toda a sensualidade da atriz e da personagem, uma Rainha dos Vampiros! A Santanico Pandemonium, que inspirou Tarantino e Robert Rodriguez, está no filme homônimo de Gilberto Martinez Solares, de 1973, com a freira Maria causando horrores em seu convento, enquanto é literalmente possuída pelo mal. Entre as encapetadas mulheres, não dá para deixar de lado o papel de Megan Fox em Garota Infernal, uma versão mais conhecida da jovem Tamara, do filme de mesmo nome de 2005. E a Regan, de O Exorcista, então? A Anneliese Michel que inspirou a Emily Rose…

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RAINHAS DO GRITO

MULHERES VAMPIRO Quem pensa que somente o Drácula é um vampiro sedutor vai mudar de ideia quando conhecer Carmilla, da trilogia de Karnstein, produções da Hammer com o astro Peter Cushing. Com seus vários nomes (Micarlla, Marcilla) e interpretações diversas (Ingrid Pitt, em The Vampire Lovers; Yutte Stensgaard, em Lust for a Vampire; Katya Wyeth, em Twins of Evil), a condessa é uma linda mulher, cujo charme é usado para seduzir homens e mulheres, seja para se alimentar ou transformá-los em amantes. Toda a trilogia é intensificada pelo clima gótico da sensacional produtora inglesa, com seus tons vibrantes, ambientes singulares e uma ingenuidade própria. Carmilla foi inspirada na real e poderosa Condessa Elizabeth Bathory, que viveu na Hungria entre os anos 1560 e 1614, alimentando-se de sangue para permanecer jovem! Esta também esteve em muitas produções do gênero, sempre como uma personagem misteriosa, quieta e violenta! Como não deixar de citar a Condessa Drácula, interpretada pela saudosa Ingrid Pitt, no filme que Peter Sasdy dirigiu em 1971? Também há As Filhas de Drácula, lançado em 1936, de Lambert Hillyer, com Gloria Holden no papel da condessa; o de Jesus Franco, de 1972; e de José Ramón Larraz, lançado em 1975. E a não menos importante Alucarda, com Tina Romero no papel título, lançado em 1978.

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MULHERES ASSASSINAS Personagem criada por Joss Whedon, inspirada nas fortes personagens das séries de TV das décadas de 70 e 80 como As Panteras, Buffy Summers era uma adolescente comum, com seus medos e paqueras, até ser encontrada por um sentinela que revelou seu destino como “A Escolhida“. Ela deveria passar o resto de sua vida com uma dupla identidade: estudando no Ensino Médio e enfrentando criaturas da noite. Surgiu num filme adolescente de 1992 e transformou-se no maior sucesso do gênero quando virou uma série de TV, interpretada pela atriz Sarah Michelle Gellar. Buffy veio para resgatar o poder feminino, deixando de lado o sexo frágil das mulheres, para apresentar personagens guerreiras, mas que não perdem o charme! Depois dela, teríamos diversos seriados como Dark Angel, e filmes como Ultravioleta, de 2006, com Milla Jovovich no papel principal. Entre os destaques, não pode deixar de ser lembrada a assassina mortal Nikita, de Luc Besson, de 1990.


AS BRUXAS Só este quesito já foi mote para artigos em homenagem ao Halloween, com vários exemplos que vão além da sogra. Aqui entram a tal Bruxa de Blair, a da Floresta Negra, a russa de Viy, a Bruxa do 71, a do Pumpkinhead, as da Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, as do Convenção das Bruxas, da saga Harry Potter, Abracadabra, João e Maria, Mágico de Oz, Branca de Neve… entre muitas outras que sabem como ninguém enfeitiçar suas vítimas… Sam Raimi também brindou o público com uma divertida e terrível cigana em Arraste-me para o Inferno…

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PERGUNTE AO CANIBAL

HÉRCULES NO CENTRO DA TERRA DE MARIO BAVA

ERCOLE AL CENTRO DELLA TERRA, ITÁLIA, 1961 por Carlos "Canibal" Thomaz Albornoz

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ercules no Centro da Terra é o segundo filme de Mario Bava, mas já demonstra que A Máscara do Demônio não foi um acidente de percurso. Já com estrada no gênero (havia fotografado os dois primeiros filmes do ciclo, Hercules [1957] e Hercules Unchained [1958], e foi o responsável pelos efeitos especiais em inúmeros outros dirigidos por amigos), o diretor demonstra maturidade e força transformando o que podia vir a ser um conto da Carochinha numa assustadora viagem ao Inferno, com todos os tipos de belzebus possíveis e imagináveis. Algo que aumenta imensamente a apreciação do filme é saber as circunstâncias em que ele foi feito. Ao contrário do que normalmente acontecia nos "pepluns" (filme com heróis mitológicos musculosos), Hercules no Centro da Terra foi rodado em sua grande maioria em estúdio: com exceção da abertura, filmada na cascata de Montegelato (aonde já haviam sido rodadas cenas importantes de Hercules e Hercules Unchained) e de algumas cenas rodadas nas catacumbas de Castellana (que voltariam a ser usadas por Bava em Perigo: Diabolik) e na praia de Tor Caldara, em Anzio (aonde o próprio Lee espancaria Dalila di Lazzari em La Frusta i il Cuorpo sob o comando de Bava, três anos depois), todo o resto foi rodado em um palco vazio de Cinecittá. Todos os elementos do cenário e do figurino foram reaproveitados de outros filmes: a máscara utilizada por Medea já havia sido vista em A Doce Vida, o trono da rainha dos Hespérides é de Jornada Abaixo do Deserto, de Edgar Ulmer, e as colunas são reaproveitadas de O Gigante de Tessália, de Riccardo Fredda. No mais, a técnica impecável de Bava na iluminação consegue criar climas diferentes, disfarçando que quase 80% do filme foi rodado sob o mesmo cenário, apenas mudando as peças de posição e utilizando truqes de iluminação.

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Uma verdadeira aula de economia e imaginação para cineastas iniciantes. Um dos motivos por que o filme dá certo é a presença de Reg Park. Um legítimo mastodonte, três vezes (1951, 1958 e 1965) Mr. Universo (e que alguns anos depois entregaria o cetro para um certo Arnold Schwarzenegger), ele é carismático o suficiente para, por exemplo, não ser engolido por atores mais talentosos e experientes em cena, como Christopher Lee. E, claro, tem um "phisique du role" perfeito. Vendo um homem com aquela envergadura, você quase acredita que ele pode entrar inferno adentro e tirar a sua amada de lá no tapa. O já mencionado Christopher Lee dá uma performance sincera e emocionada como Lyco, o rei que faz um pacto com o Inferno, oferecendo o sangue de Dejanira, mulher de Hércules, em troca de vida eterna (algo que, se consumado, criaria uma origem pré-cristã ao vampirismo). Seria fácil partir para a caricatura e transformar um personagem destes em um vilão de desenho animado, com caras e bocas, mas Lee, o eterno conde Drácula, consegue entregar um personagem mais complexo e variado do que o próprio roteiro pedia. O roteiro de Alessando Continenza tinha limitações óbvias, mas pelo menos serviu de desafio para Bava criar cenas fantasmagóricas. O peplum como gênero já havia tentado misturar horror ao gênero fantástico, mas nunca com tanta ênfase e força como aqui. Logo no início, há uma citação visual a Nosferatu e A Máscara do Demônio, quando uma pitonisa levanta do túmulo para uma consulta a Lee. Alguns efeitos envelheceram, claro (como a cena clássica do gênero, em que Hércules levanta uma pedra de isopor para jogar em seus desafetos), mas eles sempre são imaginativos e divertidos. E criados mais de uma geração antes da invenção do CGI. Logo, bem "orgânicos", vivos.


Mas o que chama atenção mesmo é o belíssimo trabalho de direção de fotografia, do próprio Bava. Através de A Máscara do Demônio já se sabia que ele era um mestre da fotografia em preto e branco, mas nada havia preparado o mundo para o que ele faz aqui. Trata-se de uma festa de cores saturadas, tons de verde e azul estourados, composições que parecem ter sido pensadas como quadros. Isso não era tão evidente nas fitas de vídeo que circularam desde os anos 80, tiradas da versão americana, derivada de cópias em 16mm (que conseguia a façanha de transformar um roteiro já meio desconjuntado num legítimo samba do crioulo doido, com um prólogo inintelegível e cortes em algumas cenas importantes de diálogo). O DVD americano da Fantoma (de cujo master provavelmente se origina o disquinho brasileiro) resgata as pigmentações do "3-stripe Technicolor" pensadas por Bava. Este tipo de película foi descartado com o tempo, por não ser muito realista, mas é perfeito para a criação de imagens surreais e oníricas, como as presentes neste filme. Tim Lucas (que finalmente vai lançar sua biografia de Mario Bava, que está sendo escrita há 25 anos) destaca que quando estas composições serviram de inspiração para os filmes da AIP, feitos na segunda metade dos anos 60, dirigidos por Daniel Haller e inspirados por Lovecraft (Morte para um Monstro e Horror de Dunwich), eles foram chamados de "psicodélicos". Bom, aparentemente Bava já havia feito a pesquisa com substâncias alucinógenas quase uma década antes. Um pequeno adendo sobre o disquinho brasileiro: ele utiliza os mesmos elementos do já referido DVD americano da Fantoma, com um pequeno "detalhe" que atrapalha – ele só manteve a trilha em inglês, deixando de lado a em italiano. Isso deixa o filme menor, pois a dublagem reduz a complexidade da história. E como não é Christopher Lee que dubla sua voz (outro "voice actor" faz o trabalho), não há ganho significativo. Uma pena que a distribuidora nacional resolveu economizar justo num "detalhe" tão importante. Resumo da ópera: quem quiser saber o porquê do crescimento da reputação de Mario Bava com o DVD deve ir atrás desta pequena obra-prima. Talvez ache o filme bobo, talvez ache tudo meio ingênuo, mas vai ter uma idéia do que o diretor era capaz, e ver várias cenas notáveis. Não será dinheiro perdido.


ATRAVÉS DO CAIXÃO

CRÔNICAS DO

ZÉ DO CAIXÃO 50 ANOS DEPOIS

E

m 1967, sou um dos maiores causadores de polêmica do momento, tudo em função de meus célebres testes de coragem. Ao terminar um deles na TV Bandeirantes, o diretor de programação, Antonino Seabra, não pensou duas vezes; me chamou em seu escritório e uma semana depois lá estava eu estreando o programa “Além, muito além do além”. Na primeira apresentação, fiz meus testes ao vivo, enterrando pessoas cobertas com cinco palmos de terra. Como estava garoando, e a terra pesada, deu-se a impressão de que o voluntário iria morrer sufocado. Isso criou um suspense muito grande, não só nos telespectadores, mas também em toda a equipe e funcionários que acompanhavam a transmissão. Um dos mais preocupados era o Sr. João Saad, dono da emissora, que achava que aquele seria seu último dia na área de comunicações, pela repercussão que isto poderia acarretar. O que ninguém sabia, e estou revelando somente hoje, é que o rapaz era faquir, e estava acostumado a ficar horas debaixo da terra. Finalmente, após 30

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anos, meu pulo do gato foi revelado. Agora, aqueles que me amaldiçoaram pela minha frieza e tranqüilidade perante tanto desespero e algo que parecia uma tragédia iminente, irão se penitenciar. Na época o programa foi um sucesso total, às 23:00 horas, São Paulo ficava deserta, e milhares de aparelhos de TV sintonizavam no novo fenômeno de programação. Tudo isto se deve à magistral equipe, sob o comando de Mário Pamponet; fazíamos efeitos especiais que dariam inveja aos profissionais da Hollywood de hoje, só que era tudo feito na raça, na improvisação. As coisas iam muito bem e a Bandeirantes, que já tinha inovado com a novela “Os Miseráveis”, junto com o Seabra pretendia apostar numa novela de terror. Só que na véspera de se assinar o contrato, as regras foram mudadas; o plano era elitizar a emissora. Isto me surpreendeu pois, entre meus fãs de carteirinha estavam o próprio governador do estado, Silvio Santos e o Jô Soares, pessoas que me deram muita força no inicio de minha carreira televisiva, ou seja, meu público era


formado por todas as camadas sociais. Antes de eu ir para a “geladeira”, o próprio Silvio me apresentou à diretoria das organizações Vitor Costa (a Globo de hoje), mas Cassiano Gabus Mendes (diretor da extinta Tupi) foi mais rápido e acertou com a Bandeirantes minha transferência. O plano era inusitado, o Zé do Caixão apresentando um programa infantil, mas não deu outra; o programa explodiu em audiência, sempre sob a batuta do genial Antonino Seabra (hoje no SBT), mas como a emissora estava em crise, e o cinema me fascinava demais, preferi ficar com o “cinemão”. Em 1981 volto à Record em “O Show do outro mundo”, em 1982 abdico de muitas coisas para me dedicar a política mas, por absoluta falta de jogo de cintura, “dancei” nas urnas; é como diz o ditado: uma andorinha só não faz verão. Mas não pensem que fiquei parado, participei da novela “Olho por olho, dente por dente”, fiz tele-teatro, participei de juris, etc... Mas o destino me reservava

uma outra missão, após percorrer toda a Europa, deu-se a explosão de meu personagem no primeiro mundo, nascia o “Coffin Joe”, o resto é história. Em função disto, o meu trabalho em cinema também começou a ser divulgado. Logo, a procura por meus trabalhos em televisão começaram a ser procurados por distribuidores estrangeiros. Iniciei uma “via crucis” em busca de material para comercializar no exterior. Não sei se chamo de zebra, uruca ou simplesmente azar, o fato é que quando os “gringos” chegaram ao Brasil (1995), foram direto à Bandeirantes em busca dos tais programas, infelizmente o fatídico incêndio tudo havia devorado. A antiga Tupi foi o próximo local a ser visitado, debalde, a mesma havia falido e as gravações haviam sido apagadas. Depois, na Record, minhas gravações haviam misteriosamente desaparecido. Mas quis o destino (sempre ele) que algo acontecesse, tal qual o “fênix” saio das cinzas deste verdadeiro inferno astral, voltando as

minhas origens na Bandeirantes. Pois é, 30 anos depois, e graças a outro arrojado diretor de programação. Está lançado o “Cine Trash”, verdadeiro fenômeno de audiência para o horário. Mas a televisão é um veiculo dinâmico, diria até que autofágico, a sede de preciosos pontos nos níveis de audiência obriga as emissoras a sempre estarem lutando contra um vórtice que a tudo carrega. A escravidão imposta pela audiência atordoa e desnorteia, e muitos são aqueles que sofrem os rigores desta esfinge (decifra-me ou devoro-te). O meu personagem esta ciente disto, e sabe que nada pode fazer contra este ciclope, mas ele também sabe que o fim do mundo esta próximo e, mais do que nunca, espera que contatos imediatos sejam estabelecidos, para poder viajar para outro planeta, pois com certeza o lugar dele não é aqui neste “mundo”.

Pensamento: hoje é o amanhã que ontem te preocupava, por isto previna-se para garantir teu futuro.


GAME ZONE

JOGO QUE

TRANSFORMA DEPRESSÃO DE

PERSONAGEM EM DEMÔNIOS

GANHA DATA DE LANÇAMENTO HELLBLADE: Senua’s Sacrifice terá preço modesto mesmo sendo uma superprodução

A

Ninja Theory divulgou recentemente a data de lançamento de seu novo e aguardado jogo. Hellblade: Senua’s Sacrifice estreia dia 8 de agosto, para PC e PlayStation 4, apenas em formato digital. O preço é uma grata surpresa, já que o jogo foi desenvolvido em moldes de superprodução. Na PSN, Hellblade pode ser encontrado em pré-venda por R$ 91,90, já na Steam o preço está ainda mais modesto, R$ 55,99. Após o sucesso da Ninja Theory com produções como Heavenly Sword, Enslaved: Odyssey to the West e até mesmo DmC: Devil May Cry, Hellblade: Senua’s Sacrifice tem atraído jogadores por sua proposta diferente de terror psicológico.

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No jogo, controlaremos a guerreira celta Senua, que passará por uma jornada onde terá de enfrentar e derrotar demônios. Porém, o jogo na verdade será a vivência dos pesadelos de Senua, com personificações de sua depressão e ansiedade. Referências ao mundo mitológico nórdico também serão mostradas a rodo, incluindo o Ragnarok. Segundo o diretor do jogo, Tameem Antoniades:

“O Hellbalde tem sido sobre tentar rejuvenescer o espaço entre ‘indie’ e AAA, onde os jogos podem ser ricos criativamente, mas ainda possuindo a qualidade de um AAA. Com cerca da metade da duração de um jogo AAA similar e pela metade do preço, pensamos que o Hellblade dará aos jogadores uma experiência AAA de qualidade por um preço justo.”



DE OLHO NA LENTE

CONHEÇA O PREMIADO CURTA

DAWN OF THE DEAF Um grupo de pessoas com deficiência auditiva deve se unir para sobreviver ao apocalipse

ASSISTA!

O

curta Dawn of the Deaf, do diretor Rob Savage, passou por festivais de cinema de todo o mundo no ano passado e chamou atenção por acrescentar algo diferente ao tema apocalipse: o curta foi feito com a comunidade de pessoas com deficiência auditiva de Londres.

Quando um estranho som extermina a população que escuta, um pequeno grupo de pessoas com deficiência auditiva deve se unir para sobreviver. O objetivo de Savage era contar uma história diferente das que se costuma ver quando se trata de deficiência. O diretor e sua equipe quiseram criar uma história tensa na qual a deficiência dos personagens se tornasse sua maior vantagem.

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SANGUE NOVO

DARKSIDE® BOOKS

DIVULGA SEUS LANÇAMENTOS EM QUADRINHOS

A editora anunciou três títulos que vão do mangá ao underground com o melhor do horror na nona arte.

A

DarkSide® Books já havia anunciado que entraria de cabeça no mundo dos quadrinhos com a divulgação do seu selo Tokyo Terror e, posteriormente, com o anúncio da republicação no Brasil de Black Hole de Charles Burns. Sem datas e maiores detalhes, a curiosidade dos leitores só aumentou até que, na semana passada, a editora finalmente apresentou os três primeiros títulos de sua linha de quadrinhos a serem lançados no Brasil nas próximas semanas.

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Meu Amigo Dahmer, de Derf Backderf, é a primeira HQ do selo Crime Scene da editora e traz uma história real sobre o famoso psicopata Jeff Dahmer. Será possível identificar os traços de personalidade de um assassino antes mesmo que ele comece a matar? Imagine descobrir que um amigo seu de escola acabou se transformando num dos mais temidos serial killers do século? Essa é a história real que o quadrinista Derf Backderf relata na graphic novel Meu Amigo Dahmer.

Meu Amigo Dahmer traz o perfil do psicopata Jeff Dahmer quando este ainda era um aluno do ensino médio. O autor do livro foi seu colega de turma nos anos 1970, e conviveu com o futuro “canibal de Milwaukee” com uma intimidade que Dahmer talvez só viesse a compartilhar novamente com suas vítimas. Juntos, Derf e Dahmer estudaram para provas, mataram aula, jogaram basquete. Os dois tomaram rumos diferentes, e Derf só voltaria a saber do amigo pelo noticiário, anos depois. Em 1991, os crimes de Jeffrey Dahmer vieram à tona: necrofilia, canibalismo e uma lista de pelo menos 17 mortos, entre 40

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homens adultos e garotos. O primeiro assassinato teria acontecido meses após a formatura no colégio. Além de remexer nos seus velhos cadernos e álbuns de fotografia, Derf consultou seus amigos de adolescência, antigos professores, os arquivos do FBI e a cobertura da mídia após a descoberta de seus crimes antes de roteirizar Meu Amigo Dahmer. Muitos tinham histórias do garoto que costumava fingir surtos epilépticos, que exagerava na bebida antes mesmo de ir para a aula e que parecia ter uma fixação em dissecar os animais atropelados que encontrava perto de casa. Mas quem realmente poderia prever os caminhos sombrios pelos quais ele seguiria? Seria possível evitar tamanha tragédia? Meu Amigo Dahmer, a história (em quadrinhos) antes da história, foi premiada no Festival de Angoulême, França, em 2014, incluída pela revista Time como um dos cinco melhores livros de não ficção de 2012, estará disponível a partir do dia 03 de julho e pode ser adquirida em pré-venda com desconto.


Fragmentos do Horror, de Junji Ito, o primeiro mangá da editora, inaugurando o selo Tokyo Terror, é uma coleção de histórias curtas, perfeitas para quem quer experimentar o que essa mente tão delirante é capaz de produzir. Entre as nove histórias da coletânea, temos uma mansão velha de madeira que gira sobre seus habitantes. Uma turma de dissecação com um assunto nada comum. Um funeral em que os mortos definitivamente não são postos para descansar. Variando do aterrorizante ao cômico, do erótico para o repugnante, essas histórias apresentam o retorno de Junji Ito há muito aguardado para o mundo do horror.

Junji Ito nasceu em Gifu, no Japão, em 1963. Começou a desenhar como hobby, e só viria se tornar profissional depois dos trinta anos de idade, em 1987. Desde então, tem sido reconhecido como um dos maiores artistas contemporâneos dos mangás de terror. É autor das séries Uzumaki, Tomie, ambas adaptadas para o cinema, e Gyo, transformada em filme de animação. As influências de Ito incluem os artistas de mangá de horror clássico Kazuo Umezu e Hideshi Hino, assim como os autores Yasutaka Tsutsui e H.P. Lovecraft. Fragmentos do Horror estará disponível a partir do dia 31 de julho e pode ser adquirido em pré-venda com desconto.

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Wytches, de Scott Snyder e Jock, mostra o

que acontece quando a família Rook se muda para Litchfield, uma remota cidadezinha de New Hampshire, tentando escapar de uma experiência horrível ao recomeçar do zero. Eles não entendem que algo sinistro vive nas florestas ao redor da cidade. Algo que os observa, esperando apenas por uma oportunidade. Algo muito antigo… e voraz. Você até pode conseguir feitiços e milagres delas, mas, para isso, vai precisar pagar o preço. Pai e filha vão descobrir que recomeçar pode ser bem mais difícil quando há uma conspiração secular que envolve a sua família em curso. Com reviravoltas chocantes e uma arte de arregalar os 42

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olhos, capaz de combinar medo e beleza, esta é uma obra sobre bruxas que deve ser levada a sério. Scott Snyder já provou suas habilidades como roteirista durante seu tempo escrevendo as hqs do Batman, uma das fases do herói mais aclamadas pela crítica e pelo público nos últimos tempos. Para esta série, ele chama o desenhista Jock, que além de também ter trabalhado em Batman, fez artes conceituais para Star Wars — Os Últimos Jedi e o filme ganhador do Oscar Ex _ Machina: Instinto Artificial. Com isso, Wytches extrapola a mitologia das bruxas em algo muito mais profundo e amedrontador do que os leitores estão acostumados. Wytches estará disponível a partir do dia 31 de julho e pode ser adquirido em pré-venda com desconto.




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