REVISTA VICEVERSA CIENTISTAS

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A arte de descomplicar a linguagem

FIQUE LIGADO

Saiba quais são as 10 As principais reclamações dos cientistas e o que dizem os jornalistas

Junho 2012 Ano I - Volume I Boneco

A ética adverte: não abuse do PRESS RELEASE Ca s a m e n to im p rov á v e l ? Ex-ombudsman da Folha de SP fala sobre a difícil relação entre cientistas e jornalistas

DICAS PARA ESCREVER TEXTO JORNALÍSTICO, GLOSSÁRIO, OPINIÃO 2012|JUNHO|VICEVERSA| 1


A ciência humanizada [Antônio Scarpa] O jornalista e fotógrafo Antônio Scarpinetti registra neste ensaio o esforço pela busca do conhecimento, aquele baseado na prática sistemática e que está na fronteira. São retratadas atividades nas áreas da saúde, química, física, biologia, artes e cultura. Mas nunca isoladas. O ser humano está sempre presente, seja na firmeza das mãos talentosas ou na perspicácia dos olhos atentos. A humanização é uma constante no trabalho de Scarpinetti. Natural de Olímpia (SP), ele realiza a 20 anos trabalho iconográfico e de divulgação da cultura popular. Criou e coordenou por mais de 10 anos o Centro de Pesquisa e Documentação da Rede Anhanguera de Comunicação (Cedoc-RAC), em Campinas. De 1984 e 1991, foi pesquisador no Departamento de Documentação (Dedoc), da Editoria Abril, em São Paulo. Atualmente dedica-se ao trabalho de fotojornalismo científico na Assessoria de Comunicação e Imprensa (Ascom) da Unicamp.

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ENSAIO FOTOGRテ:ICO

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DIRETO DAREDAÇÃO Divulgar bem ciência para público de não cientistas, contribuindo para a disseminação do conhecimento produzido no Brasil, tem sido um grande desafio para os pesquisadores. Se, do lado dos jornalistas, ainda há muito a melhorar em termos do entendimento do universo da ciência – sua metodologia, sua linguagem, suas ressalvas, seu timing, do lado dos cientistas, a importância de interagir com a sociedade ainda é um conceito muito novo. Como estreitar esse relacionamento, com resultados que contentem (ou desagrade pouco) ambos os lados? Nas próximas páginas, você vai saber o caminho percorrido pela informação – da entrevista às fontes até a publicação. O que dizem os jornalistas sobre as reclamações dos cientistas em relação à produção de textos jornalísticos sobre o seu trabalho? Por que ainda precisamos avançar quando o assunto é divulgar a ciência brasileira?

Boa leitura!

EXPEDIENTE Julho de 2012 Trabalho de conclusão do curso de especialização em jornalismo científico Labjor/Unicamp Projeto gráfico e editoração Camila Delmondes Universidade Estadual de Campinas Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo Curso de Especialização em Jornalismo Científico Rua Seis de Agosto, 50 - Reitoria V, 3º piso - CEP:13.083-873 Campinas, SP, Brasil Fones: (19) 3521-2584 / 3521-2585 / 3521-2586 Fax: (19) 3521-2599

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Projeto editorial Ana Paula Soares Veiga Camila Delmondes Edição Ana Paula Soares Veiga Textos: Ana Paula Soares Camila Delmondes Jorge Behrens Silvio Pinto Anunciação Neto


NESTA EDIÇÃO JUNHO|2012

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ENTREVISTA

O jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva fala sobre os desafios de relacionamento entre cientistas e jornalistas

Antônio Scarpa

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A CIÊNCIA HUMANIZADA Acompanhe a partir da página 2 até o final desta edição, o ensaio fotográfico de Antônio Scarpa

“Uma melhor compreensão recíproca entre os dois lados para que não ocorram frustrações muito grandes”. Arquivo pessoal

DICAS

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OPINIÃO

Jornalista Graça Caldas explica porque a ciência tem tão pouco espaço na mídia brasileira

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VIDA DE REDAÇÃO Quando cientista entrevista jornalista

LIGADO As principais 16 FIQUE reclamações dos cientistas e o que dizem os jornalistas

A PASSO Da fonte à 23 PASSO publicação da Notícia ...até chegar ao leitor, o jornalista percorre caminhos muitas vezes árduos. GLOSSÁRIO Conheça melhor

32 a terminologia jornalística 27

EMPAUTA A ética adverte: não abuse do PRESS RELEASE 2012|JUNHO|VICEVERSA|5


ENTREVISTA

Desafios para

o

“casamento perfeito” [Silvio Anunciação]

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Jornalista com passagens pelos principais veículos de comunicação do país, Carlos Eduardo Lins da Silva abordou, em artigo recente, a difícil relação entre o jornalismo e a ciência. “É um casamento improvável que – no entanto – tem dado certo em muitos casos e parece estar prosperando pelo mundo afora”, escreveu na Revista Unesp Ciência, edição de abril de 2011. Com atividades permeadas de tantas contradições entre si, é impossível imaginar como jornalismo e ciência possam resultar em algo útil para a sociedade, duvida ele, que também exerce as funções de professor universitário e pesquisador. Há, segundo Lins, “uma dramática oposição entre os tempos das duas atividades”. Em entrevista concedida à viceversa, ele afirma que os desafios para um casamento perfeito, embora sejam muitos, resumem-se a “uma melhor compreensão recíproca entre os dois lados para que não ocorram frustrações muito grandes”. Na entrevista, o ex-ombusman do Jornal Folha de São Paulo também fala sobre a importância da ciência para a sociedade; a necessidade de mais investimentos públicos em C&T, e as responsabilidades de jornalistas e cientistas.


ViceVersa - Gostaria que falasse sobre a importância da divulgação científica e do jornalismo em uma sociedade em que a ciência possui, cada vez mais, papel relevante.

Eduardo Knapp/Folha Imagem

Carlos Eduardo Lins da Silva - Não há dúvida de que a ciência é a cada dia mais importante para a sociedade, a qual precisa estar mais bem informada para poder lidar com os avanços científicos e manter o controle político sobre eles. ViceVersa - Em um artigo publicado na revista Unesp Ciência de abril de 2011 o senhor escreveu que é difícil imaginar como jornalismo e ciência possam andar juntos por serem atividades com muitas contradições entre si. Quais são os desafios para um ‘casamento perfeito’? Carlos Eduardo Lins da Silva - São muitos. Tratam-se de processos com tempos diferentes e expectativas também muitas vezes diferentes. O desafio é uma melhor compreensão recíproca entre os dois lados para que não ocorram frustrações muito grandes.

O jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva, professor do curso de pós-graduação em Jornalismo com Ênfase em Direção Editorial da ESPM e consultor da Fapesp

“É um

casamento improvável, que – no entanto – tem dado certo em muitos casos e parece estar prosperando pelo mundo afora”

ViceVersa - Nos últimos anos o Brasil vem ganhando papel de destaque no cenário mundial pelos avanços, sobretudo nas áreas econômica e social. Como fazer com que a ciên- governantes para que isso ocorra? cia brasileira caminhe também nesCarlos Eduardo Lins da Silva - Todos te sentido? têm responsabilidade muito grande Carlos Eduardo Lins da Silva - É nesse sentido. As dos jornalistas preciso que haja mais investimen- consistem basicamente em fazer tos públicos e privados no setor e bem o seu trabalho de divulgar a ajudar a cidadania a se interessar ciência de modo correto e compremais pelo assunto, de modo a ser ensível para o grande público. mais eficaz em sua influência. ViceVersa - O senhor desenvolve ViceVersa - Quais as responsabi- atividades na área de comunicalidades de jornalistas, cientistas e ção da Fapesp, uma das maiores

agências de fomento à pesquisa científica no pais. Que atividades o senhor desenvolve no órgão e qual a importância deste trabalho? Carlos Eduardo Lins da Silva - Sou consultor da Gerência de Comunicação e da revista Pesquisa Fapesp e tento, na medida das minhas possibilidades, ajudar as duas equipes a aperfeiçoar ainda mais o seu já excelente trabalho com minhas opiniões sobre tarefas específicas que lhes cabem desempenhar. 2012|JUNHO|VICEVERSA|7


ENTREVISTA

O que é ombudsman Carlos Eduardo Lins da Silva foi o décimo ombudsman da Folha de S. Paulo, tendo ocupado o cargo de 2008 a 2010. Ombudsman é uma palavra sueca que significa representante do cidadão. Surgiu em 1809, para designar o defensor dos cidadãos ameaçados pelo Parlamento. Num sentido ampliado, seguiram-se ombudsmans em empresas, universidades e hospitais. Em 1967, um jornal norte-americano, no Estado de Kentucky, indicou seu ombudsman, iniciando a prática de órgãos da imprensa. Bem antes disso, porém, em 1922 o jornal japonês Asahi Shimbun criou um comitê para receber e investigar reclamações dos leitores. Na América Latina, o jornal Folha de S.Paulo foi o primeiro a ter um ombudsman, a partir de 1989. O ombudsman representa os interesses do público junto à Redação. Ao amplificar a voz do público, tem como objetivo colaborar para aprimorar a qualidade do conteúdo produzido pelo jornal. O ombudsman faz a ponte entre o público e a Redação em assuntos relativos à qualidade, acuidade e isenção jornalística. Para tanto, ele deve receber, investigar e encaminhar críticas e sugestões dos leitores às áreas responsáveis e sempre que possível responder ao público. Fonte: site do UOL

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ENSAIO FOTOGRテ:ICO

A ciテェncia humanizada por Antテエnio Scarpa

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Ciência, educação e mídia” [Graça Caldas] Jornalista e pesquisadora do Labjor/Unicamp

A quem interessa a democratização do conhecimento científico? As relações entre saber e poder foram objeto de ampla reflexão de Michel Foucault, em suas diferentes obras, assim como para Gerard Fourez, em suas múltiplas e fecundas abordagens sobre ciência e poder no livro “A construção das ciências. Introdução à Filosofia e Ética das Ciências” (1995). A importância de compartilhar o conhecimento foi amplamente debatida por Philippe Roqueplo em seu clássico livro “Le partage du Savoir. Science, Culture, Vulgarisation” (1974), quando já falava da função cultural da divulgação científica. Finalmente, o uso da ciência como libertação era apregoado pelo físico brasileiro José Leite Lopes (1998), ao ressaltar o valor da ciência e explicitar que seu objetivo é “libertar homens e mulheres” e que deve estar voltada para “o bem-estar do conjunto da população”.

Como atender a esses autores, entre tantos outros que advogam a democratização do conhecimento para a formação de uma cultura científica que seja capaz de fazer com que o cidadão comum possa, efetivamente, apropriar-se do conhecimento? O caminho para isto, sem dúvida alguma, passa pela educação e pela divulgação científica. Só assim a população em geral pode ter acesso à produção científica, numa perspectiva crítica e analítica, observando seus riscos e benefícios para a humanidade. Só assim pode ser capaz de ter suas próprias opiniões e fazer suas próprias escolhas, tomar suas próprias decisões, tornando-se assim sujeitos de sua história. Para que isso ocorra, a atuação dos educadores, jornalistas e cientistas é insubstituível. Não por acaso, educadores, jornalistas e cientistas estão trabalhando cada vez mais juntos, em cooperação, em prol de uma divulgação científica cidadã. Nesse processo, a formação competente desses diferentes atores sociais envolve trabalho de parceria, de troca, de formação continuada para que a sociedade possa entender o valor e os mecanismos de construção e funcionamento do conhecimento. O impacto da Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) na sociedade é algo incontestável. Do cidadão comum ao governo, o reconhecimento da relevância da divulgação científica na formação da cultura científica vem sendo ates-

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tado por cientistas, educadores e jornalistas. Como consequência natural, a divulgação científica vem integrando cada vez mais as políticas públicas. Desde a II Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia, em 2001, durante o governo FHC, passando pelo governo Lula, com a criação, em 2004 da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia e das III e IV Conferências de CT&I, (2005 e 2010), observa-se o fortalecimento da divulgação científica. Na Conferência de 2010, o Livro Azul, síntese das diretrizes para o setor, em seu tópico “CT&I para o desenvolvimento social” inclui a valorização das atividades de popularização de C&T e a promoção de formação qualificada de jornalistas científicos, comunicadores da ciência, assessores de comunicação, bem como a capacitação de cientistas, professores e estudantes para a comunicação pública da ciência”. Além disso, defende “uma presença mais intensa e qualificada da CT&I em todos os meios e plataformas de comunicação na mídia brasileira, inclusive nas redes sociais”. Assim, a divulgação científica entra, definitivamente, na agenda nacional, pautada em grande parte pelo interesse crescente da população pelo setor e associada, ao mesmo tempo, à falta de informação e compreensão da área, como atestam diferentes pesquisas de percepção pública de ciência, entre elas as do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) de 1989, 2006, 2010.


Interesse e desinformação Mas, por que será que as pessoas se interessam muito e compreendem pouco sobre Ciência, Tecnologia e Inovação? Qual a responsabilidade do professor, do cientista e do jornalista? Em que medida a mídia, em seus diferentes suportes e plataformas tem ampliado o espaço dedicado à divulgação científica e como tem sido esta divulgação? De que forma o professor, na sala de aula, consegue fazer os alunos compreenderem os conteúdos científicos para que possam formular suas próprias questões sobre eles? Como os cientistas estão colaborando no processo de divulgação e como fontes? E os jornalistas, como divulgam CT&I? É visível o crescimento do espaço dedicado à Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) na mídia em geral, embora possa e deva ser ampliado ainda mais, face à sua importância e impacto na sociedade. Seja nas mídias tradicionais, nos jornais da grande imprensa, nos chamados prestige papers, nas revistas, nas emissoras de rádio, na televisão e nas redes sociais, é possível observar uma ampliação no espaço dedicado a conteúdos relacionados à produção científica brasileira. Em parte esse aumento pode ser atribuído à própria evolução das pesquisas, como também ao crescente reconhecimento dos veículos de comunicação do papel que a CT&I desempenha, ou pode desempenhar, como geradora de riqueza, no desenvolvimento do país e na melhoria da qualidade de vida da população. O grande fenômeno contemporâneo da divulgação científica deve-se, ainda, à segmentação de produtos relacionados à CT&I, principalmente na área de Saúde e do Meio Ambiente, que mobilizam constantemente a sociedade.

Muito a melhorar Se é verdade que a ciência vem ocupando espaço crescente na mídia e até mesmo sendo destaque nas páginas dos jornais, nas capas da revistas, ocupando horários nobres nos noticiários da televisão, seu conteúdo ainda deixa muito a desejar. Pesquisa qualitativa realizada em 2009 pela Fundação de Desenvolvimento à Pesquisa (Fundep), da UFRJ, em parceria com a Associação Nacional dos Direitos da Infância (ANDI), “CT&I na Mídia”, evidencia a baixa qualidade da divulgação científica

OPINIÃO

no Brasil demonstrando que há muito a melhorar. De acordo com a pesquisa da Fundep/Andi, que analisou 2.599 notícias de 62 jornais brasileiros nos anos de 2007 e 2008, a maioria das matérias (86,4%) é descontextualizada e 55% têm fonte única. Surpreende, ainda, o fato de apenas 4% dos textos relacionarem CT&I com alguma estratégia de desenvolvimento; 3,8% estabelecerem alguma conexão entre ciência e crescimento econômico; 0,9% das notícias relacionarem o papel da ciência, tecnologia ou inovação à melhoria de indicadores sociais e 0,2% mostrarem alguma relação entre CT&I e erradicação da pobreza. Essa radiografia acurada da forma como a ciência é divulgada na mídia nacional, certamente explica a falta de compreensão da população sobre a relevância da CT&I para o país. Indica, também, problemas importantes na formação dos jornalistas científicos, que revelam pouca cultura científica ao limitarem-se a divulgar os resultados da produção da CT&I, de forma acrítica e sem mostrarem seus interesses, controvérsias e as necessárias conexões com a política científica do país. Chegou, portanto, em boa hora, a visão política da divulgação científica inserida do tópico “Ciência para o Desenvolvimento e Inclusão Social” contida no Livro Azul da IV Conferência de 2010, que já tinha como tema central “Política de Estado para Ciência, Tecnologia e Inovação com vista ao Desenvolvimento Sustentável”. Variações sobre o mesmo tema foram ratificadas em junho, com os dois temas da Rio + 20 “Economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza e a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável”. Em julho, na 64ª Reunião Anual (RA) da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC, “Ciência, Cultura e Saberes Tradicionais para Enfrentar a Pobreza”, a questão da inclusão social também permeará todas as discussões. E, em outubro, durante a 9a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, o tema principal “Economia verde, sustentabilidade e erradicação da pobreza” sintetiza, mais uma vez três dos temas em que a Ciência, a Tecnologia e a Inovação têm contribuição decisiva: Meio Ambiente, Economia e Desigualdade Social. Resta saber se os educadores na sala de aula, os jornalistas e os cientistas, nos meios de comunicação, poderão, efetivamente, colaborar para que a CT&I, com seus limites e possibilidades possam ser apreendidas e apropriadas de forma crítica pela população brasileira. 2012|JUNHO|VICEVERSA|11


VIDA DE REDAÇÃO Quando cientista entrevista jornalista [Jorge Behrens] 12|VIVEVERSA|JUNHO|2012

“A Vida de Laboratório”, obra dos anos 1980, retrata o dia-a-dia de um laboratório de pesquisa e a forma como os cientistas se relacionam, pensam, produzem e divulgam suas descobertas sob a ótica de um etnólogo, Bruno Latour, e de um sociólogo Steve Woolgar. É leitura fundamental para os alunos de cursos de Jornalismo Científico, principalmente aqueles que desconhecem a realidade da produção dos fatos de ciência e estão acostumados somente com o conteúdo que chega ao público através notícias e reportagens veiculadas pelas mídias. Inspirado no trabalho de Latour e Woolgar, me propus a visitar a redação de um jornal de grande circulação no Brasil, a Folha de São Paulo, e também fazer uma análise, mesmo que breve, da produção de notícias de ciência. É essa minha visão que compartilho com o leitor nas próximas páginas.


VIDA DE REDAÇÃO

A visita Cheguei ao prédio da Folha de São Paulo, no centro da Capital, na tarde de uma sexta-feira de maio de 2012. Fui recebido pela jornalista Sabine Righetti, minha anfitriã e interlocutora naquela na visita. Fomos até o quarto andar do edifício, onde se concentra toda a redação do jornal. Fiquei impressionado com a centena de profissionais que trabalham ali: jornalistas, designers, fotógrafos, todos alocados em baias formando as várias editorias da Folha. Em algumas delas trabalham dezenas de jornalistas. Em outras, como a de ciência, são bem poucos. Sabine me apresentou o editor de Ciência & Saúde e seus outros dois colegas do caderno. Depois me mostrou um pouco da redação e novamente me surpreendi, mas agora com a juventude daquele pessoal, aparentando não ter mais de trinta anos em sua maioria. Outra característica do ambiente é a informalidade. Até lembrava um pouco um campus universitário! Fomos até uma área da redação reservada para café, propícia a um bate-papo, e iniciamos a minha entrevista.

A entrevistada Sabine é formada em Jornalismo pela Universidade Estadual Paulista. Disse-me que desde a graduação já planejava trabalhar como repórter de ciência. Logo após sua formatura recusou uma vaga de trainee na Folha de São Paulo para se dedicar à especialização em Jornalismo Científico no Labjor-Unicamp. Como bolsista do programa Mídia Ciência da Fapesp, colaborou com as publicações do Labjor, entre outras atividades. Após esse período, veio a oportunidade de trabalhar nas assessorias de imprensa da Unicamp e da Fapesp. A dedicação ao curso e às possibilidades encontradas na universidade foi sua marca nos anos ali vividos: “Eu fiz uma imersão, me dediquei ao máximo. Para mim não adiantava apenas assistir às aulas”, conta a jornalista. Em 2009, encontrou novamente a oportunidade de trabalhar na Folha de São Paulo, como repórter de ciência. Atualmente, além de trabalhar na Folha, Sabine desenvolve seu doutoramento na Unicamp e também colabora como docente no curso de especialização em Jornalismo Científico.

Arquivo Pessoal

A jornalista Sabine Righetti, da Folha de S. Paulo

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VIDA DE REDAÇÃO

O COTIDIANO DA EDITORIA DE CIÊNCIA Comecei minha entrevista em um clima informal. Queria saber como é o cotidiano de um jornalista de ciência e em quê ele se assemelha e se diferencia das demais áreas da redação. “Para produzir uma pauta eu tenho que ‘mapear’ notícias e normalmente recorro às agências internacionais, como a Reuters e a Associated Press, além das assessorias de imprensa de universidades e institutos de pesquisa do Brasil e do exterior. Também disponho de uma lista de blogs e e-mails de cientistas”, explica Sabine. As notícias sobre ciência não se produzem da mesma forma que aquelas de política, economia e fatos locais. Raramente há um “gancho” factual de caráter científico em um fato do cotidiano. O jornalista científico tem que monitorar diariamente suas fontes e para uma notícia ou reportagem é necessário que o fato seja recente e não tenha sido divulgado na mídia. Senão, é “notícia requen-

tada”. Sabine cita os exemplos das revistas Nature e Science que fornecem releases com um mês de antecedência sobre os artigos que publicarão. Isto permite que os jornalistas acessem os conteúdos previamente e até mesmo contatem os autores para entrevistas. Em São Paulo a Agência Fapesp começa a adotar essa prática. Sabine costuma trabalhar em até três assuntos ao mesmo tempo. A produção das notícias sobre ciência e saúde publicadas diariamente pela Folha exige um planejamento industrial! Matérias mais simples baseadas em artigos científicos geralmente são produzidas pela jornalista em 4-5 horas: “Eu tenho um método de leitura do texto. Começo pela introdução para entender a problemática da pesquisa. Em seguida leio a descrição da metodologia e por

“Para mapear uma pauta eu tenho que ‘mapear’ notícias e normalmente recorro às agências internacionais”

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“Uma imagem vale mais que mil palavras!”

último os resultados e conclusões”. Geralmente a abordagem é sobre os resultados da pesquisa e sua relevância para o leitor, pois o método, por mais sofisticado e inovador que seja, não é o real objeto de interesse do público. E nesse processo a linguagem objetiva da ciência, dura, deve ser adaptada para o universo do leitor para ser mais compreensível e interessante. Para melhorar a inteligibilidade das matérias, os designers gráficos auxiliam com seus infográficos. Inclusive, no momento em que circulávamos pela redação me deparei com um desses profissionais que preparava um box sobre a evolução das taxas de juros para uma matéria sobre economia. Ele explicou que o processo de produção depende “de o jornalista passar o texto explicativo – que geralmente tem um conteúdo técnico-científico – para a criação de um gráfico ou arte que sintetize o conteúdo da reportagem. Uma imagem vale mais que mil palavras!”.


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A ciテェncia humanizada por Antテエnio Scarpa

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FIQUE LIGADO

As principais reclamações dos cientistas e o que dizem os jornalistas 16|VIVEVERSA|JUNHO|2012


DICAS CRÍTICA/RECLAMAÇÕES DOS CIENTISTAS

Em janeiro de 2012, Ananyo Bhattacharya, principal editor online da revista Nature, postou um artigo no blog do jornal britânico The Guardian, em que relaciona “Nove demonstrações de que os cientistas não entendem de jornalismo”. No texto, ele afirma que “se os repórteres escrevessem reportagens da forma como alguns cientistas gostariam, poucas pessoas leriam textos jornalísticos de ciência”. “Eu não estou dizendo que o jornalismo científico não possa ser melhorado, mas responder a essas críticas mudando a forma como o fazemos em nada contribuirá para melhorar a cobertura de temas científicos”, argumenta Bhattacharya em seu post.

RESPOSTAS DOS JORNALISTAS

A estrutura padrão de notícia não funciona para ciência

O modelo de “pirâmide invertida” tem recebido duras críticas, mas há uma razão para cumpri-lo obstinadamente. Ele funciona. Alguns leitores entram em sites de notícias buscando um relato breve. Outros querem saber mais sobre cada história. A “pirâmide invertida” - essencialmente apresentando os novos resultados no topo e, em seguida, complementando no final pode satisfazer ambos os campos se for bem feita. Aqueles que sugerem o contrário devem olhar para seus blogposts e verificar até onde, em cada postagem, chega a maioria dos leitores . Pode haver uma surpresa.

Seu título é hiperbólico

O objetivo de um título não é contar a história. Essa função é da notícia. O propósito do título é despertar o interesse do leitor, sem mentir. Então, a próxima vez que um experimento de um “zilhão” de libras anunciar a evidência de neutrinos movendo-se mais rápido que a velocidade da luz, não espere que os títulos digam “Descoberta surpreendente mas esotérica na física de partículas, provavelmente “furada”, mas ninguém sabe onde ainda”.

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DICAS

A Internet não tem limite de palavras. Por que vocês têm?

Na web, o terreno é infinito e barato, então, porque no mundo terrestre a imprensa continua a produzir notícias de 300-700 palavras e enxugando as citações dos cientistas para uma frase ou poucas palavras escolhidas? Há duas principais razões. A primeira é o respeito para com os leitores. Editores querem que os leitores retornem aos seus sites e leiam o seu conteúdo. Não queremos aborrecê-los. Cada frase de uma notícia, cada palavra é pesada e, se estiver sobrando, é cortada. A segunda razão são os recursos. Uma notícia precisa ser encomendada, escrita, editada e revisada. Isso leva tempo. Se você dobra o comprimento de toda notícia que você publica, efetivamente diminui pela metade o número de histórias que você pode cobrir - ou pior, você corta pela metade o tempo dedicado a conseguir fazer com que a história esteja correta.

Mude minha declaração pitoresca imediatamente!

Não. Citações têm diversas funções em uma notícia, mas uma importante razão para elas estarem lá é injetar alguma humanidade no texto. A maioria dos cientistas é humana e, felizmente, não fala no tom árido que caracteriza um paper acadêmico. Eles se entusiasmam e dizem coisas como “Se nós não temos causalidade, estamos arruinados” e “Eu não quero parecer hiperbólico, mas acho que a palavra “sísmico” pode ser aplicada a este paper”. Não há nada do que se envergonhar nisso. Não é segredo que os repórteres irão pescar uma boa citação. Não há o que se envergonhar nisso também.

Por que você enfatizou apenas um recorte das implicações do meu trabalho?

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Há um equívoco fundamental entre muitos na comunidade científica, que é achar que o principal trabalho do jornalista científico é comunicar os resultados do seu trabalho para o público em geral. Não é. Um jornalista pode enfatizar uma parte da pesquisa e ignorar completamente outras partes, em um esforço de contextualizar a notícia para os seus leitores. Isso não justifica, é claro, distorcer a história além de qualquer reconhecimento de forma que ela fundamentalmente não represente mais o trabalho.

Você não pode cobrir o meu trabalho. Eu o proíbo


DICAS A reportagem não contém essa ou aquela ressalva “essencial” A ressalva era realmente essencial para o entendimento da notícia? Você está certo disso? Na minha experiência, é raro que seja. Artigos científicos contêm todas as ressalvas que são essenciais para um completo entendimento da ciência. Elas raramente são lidas. Mesmo pelos cientistas.

Como você pode citar uma pessoa que não concorda comigo? Ela está errada!

As descobertas da ciência são muitas vezes contestadas e frequentemente estão erradas. Em muitos casos, os jornalistas descobrem falhas na investigação ao consultar fontes independentes para construir a notícia junto com eles. Na Nature, um número significativo de notícias são descartadas após investigações, porque elas acabam por ser mais fracas do que o resumo ou o press release haviam sugerido. Para as notícias que seguem adiante, o processo jornalístico pode expor mais problemas ou desacordos que não foram verificados quando o paper foi revisado por pares. Se as críticas parecem válidas e não são facilmente refutadas, então os jornalistas têm o dever de registrá-las.

Fonte: Blog do jornal The Guardian, post do jornalista Ananyo Bhattacharya . Tradução: Ana Paula Soares

Um cientista apresenta seu trabalho em uma conferência ou deposita em um arquivo de pré-impressão, mas, em seguida, insiste em que os repórteres não deve cobri-lo. A afirmação é muitas vezes feita como resultado do temor de que a cobertura do trabalho possa prejudicar posterior publicação: algumas revistas (incluindo a Nature) têm uma política de embargo estrita que proíbe o relato de um trabalho de investigação antes de um prazo determinado. Embargos não representam um problema para os jornalistas interessados em produzir uma cobertura oportuna da ciência – mesmo quando uma análise mais aprofundada dos medos, mostre que muitas vezes eles são infundados. Mas vale a pena afirmar que, enquanto ninguém pode obrigar um cientista a falar com um repórter sobre seu trabalho, ninguém pode obrigar um jornalista a não relatar algo que está no domínio público - mesmo que eles estejam relatando seu trabalho e você tenha se recusado a falar com eles.

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A ci锚ncia humanizada por Ant么nio Scarpa 20|VIVEVERSA|JUNHO|2012


ENSAIO FOTOGRテ:ICO

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Acompanhe um dos muitos caminhos que uma informação original pode percorrer até chegar ao público consumidor

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DICAS

Da fonte à publicação da NOTÍCIA [Camila Delmondes]

E

Divulgação

stá enganado quem pensa que a notícia parte de uma única entrevista, de apenas um artigo científico ou livro. Até chegar ao leitor, o jornalista percorre caminhos muitas vezes árduos. Antes de tudo, é preciso saber que não é possível agradar a gregos e troianos. No processo de construção do texto sempre haverá vítimas, vozes que silenciaram, detalhes esquecidos no fundo da gaveta. A dica principal é: faça o melhor que puder!

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DICAS

A reuniao de pauta 1

Esse é o primeiro caminho a ser percorrido pela informação no processo de construção da notícia. A reunião de pauta nada mais é que a conversa (nem sempre amigável) entre jornalistas e editores, a fim de encontrar o melhor assunto para levar ao conhecimento dos leitores. É nesse momento que você deve deixar a criatividade rolar solta, sugerindo temas atraentes, novidades da área em questão, e assuntos que interessam o público da revista. Lembre-se sempre: os temas devem estar relacionados à linha editorial da publicação, à faixa etária e aos interesses do seu público-alvo. De nada vai adiantar sugerir uma matéria sobre piscicultura para os fascinados em jogos eletrônicos. Mais ou menos por aí...

Entrevista 3

Não tem segredo. Depois de escolher o tema da notícia e definir as suas fontes de informação, basta pegar o telefone e agendar uma entrevista. IMPORTANTE: conheça o máximo que puder sobre o seu entrevistado. Isso ajuda a evitar constrangimentos, como por exemplo, ligar para “O Sr. Darci”, quanComo escolher uma fonte (entrevistado) para a sua do na verdade quem atende é a “Sra. Darci”. Faça reportagem. Esse é um dos pontos das discussões mais perguntas interessantes, cujas respostas do entrevisacalouradas entre jornalistas e cientistas. Como definir tado possam trazer “luz” para o seu texto: novidades, qual profissional é o mais capacitado para a sua posicionamentos sobre o tema em questão, esclarecimatéria? Bem, antes de tudo, precisamos lembrar que mentos sobre determinadas situações ou coisas. Como toda produção jornalística é feita dentro de um prazo fazer a entrevista? Verifique com a sua fonte qual é a pré-estabelecido, o chamado deadline. O prazo varia melhor opção: por e-mail, telefone, videoconferência muito de acordo com o veículo em questão. Em geral, ou pessoalmente. Lembre-se: o dealine está correndo. rádio e TV são os veículos que apresentam o prazo mais apertado para a produção de notícias, questões de horas (duas ou três); jornais impressos, cerca de três horas, dependendo do tema. As revistas, por trabalharem com reportagens, têm o prazo mais longo, variando de acordo com a complexidade da investigação (de uma a três semanas). Como você já pôde perceber, conhecer o seu dealine, ajuda a determinar que fonte vai escolher: a referência no assunto, a que entende do assunto e àquela disponível. É verdade, nem sempre é possível falar com a fonte dos seus sonhos....

2 A escolha das fontes

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DICAS

Como elaborar o seu texto jornalístico É importante salientar que o discurso jornalístico é diferente do discurso científico. Enquanto o discurso científico valoriza o método, o discurso jornalístico valoriza o fato. De posse das informações captadas durante a entrevista com a sua fonte e, ciente do tem abordado, determine qual é a principal informação do seu texto, pois ela, na maior parte do tempo, será o seu título. Para exemplificar a questão, vamos utilizar a história da Chapeuzinho Vermelho, bastante conhecida. Faça um exercício mental para extrair a informação principal da história, considerando que os seus leitores não terão tempo suficiente para ouvir toda a história. Podemos chegar a algumas conclusões: “Lobo Maus devora avó de Chapeuzinho Vermelho, mas é capturado pelo caçador”, “Depois de ser devorada por Lobo Mau, avó de Chapeuzinho Vermelho é resgatada sem ferimentos”...e assim por diante.

O quanto escrever?

Vai variar muito do tipo de veículo e do formato em questão: notícia, reportagem, ou nota? Precisa de imagens para ilustrar? Haverá boxes com informações adicionais? Tudo isso você pode acertar com o seu editor ainda na reunião de pauta.

Outras fontes de pesquisa Você sabia que um texto jornalístico não nasce apenas das entrevistas? Press releases – são textos elaborados pelos assessores de imprensa como sugestão de pauta aos jornalistas. Geralmente esses textos trazem informações importantes sobre o tema que poderá ser abordado, reduzindo consideravelmente o tempo que você levaria levantando tais informações. Sites públicos – imagine se toda vez que você fosse produzir uma notícia sobre economia, tivesse que realizar pesquisas estatísticas. Um sufoco, não é mesmo? Bem, para isso existem sites como o do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e entre outros.

Não fique frustrado se de início o seu texto não atender às expectativas. Trabalhar a linguagem jornalística requer paciência e muita determinação. É um trabalho de formiguinha, cujo resultado depende de muito esforço e experiência. Bem, a experiência em jornalismo, na maioria das vezes, e, como qualquer outra área de atuação, só se consegue na prática. 2012|JUNHO|VICEVERSA|25


ENSAIO FOTOGRテ:ICO

A ciテェncia humanizada por Antテエnio Scarpa 26|VIVEVERSA|JUNHO|2012


EM PAUTA

A ética adverte: não abuse do PRESS RELEASE

C

ada vez mais diminui a distância entre o fato que gera uma notícia e a publicação da mesma. Até o início da expansão e ascensão das assessorias de imprensa, no início do século 20, praticamente tudo o que saía nos jornais era fruto do trabalho de garimpagem e apuração da informação por parte dos seus jornalistas. Hoje, a velocidade com que se deve atualizar os sites de notícia, aliada ao enxugamento das estruturas de pessoal dos veículos de comunicação favorece o trabalho das assessorias de imprensa com a publicação, muitas vezes na íntegra, dos press releases que inundam as caixas de e-mails dos editores e chefes de reportagem.

Sites de notícia e jornais pequenos costumam publicar na íntegra os press releases produzidos pelas assessorias de imprensa. Quem ganha e quem perde com isso?

[Ana Paula Soares Veiga]

2012|JUNHO|VICEVERSA|27


Antonio Scarpineti

Em 2010, o Pew Research Center (Estados Unidos) publicou o relatório “How News Happens” (Como Acontecem as Notícias), mostrando que, apesar de haver uma demanda muito maior por notícias – devido ao crescimento da Internet -, a quantidade de matérias originais publicadas pelos sites diminuiu. O estudo analisou a produção de notícias locais em Baltimore, Maryland, durante uma semana. Nos seis temas escolhidos para o trabalho, verificou-se que grande parte da “notícia” que o leitor recebera não continha nenhum relato original. De cada dez matérias estudadas, oito simplesmente repetiam ou “cozinhavam” (veja glossário no final da revista) uma informação previamente publicada. “Na verdade, o universo em expansão de novos meios de comunicação, incluindo blogs, Twitter e sites locais, pelo menos em Baltimore, desempenhou apenas um papel limitado: 28|VIVEVERSA|JUNHO|2012

Antonio Scarpineti

principalmente um sistema de alerta e uma forma de divulgar notícias de outros lugares”, diz o relatório. Assim, nas publicações sobre os temas: cortes orçamentários do Estado; policiais feridos a bala; os esforços da University of Maryland para desenvolver uma vacina; o leilão do Senator Theater; a instalação de dispositivos de escuta em ônibus públicos; e o progresso na área de justiça juvenil, 63% foram sido geradas pelo governo, 23% pelas assessorias de imprensa e apenas 14% pelos próprios jornalistas. “Os perigos dessa prática são evidentes”, afirma John Sullivan, ex-repórter do New York Times, na reportagem “A verdade dos fatos”, publicada na Revista de Jornalismo ESPM (edição abril/maio/junho 2012). “Com o aumento das assessorias de imprensa, os interesses privados e governamentais tornam-se capazes de gerar, filtrar, distorcer e dominar o debate público e fazê-lo sem o conhecimento da população”.

E a autoria À parte a questão da influência que as assessorias de imprensa podem exercer na percepção pública da informação, favorecidas pela atual estrutura de geração e divulgação de notícias, um outro aspecto se coloca, especialmente para os leitores “cientistas” de viceversa. Esse público, para quem a autoria de um trabalho, as citações e as referências obedecem a normas rígidas – qualquer deslize pode comprometer definitivamente a carreira de um pesquisador - deve estar se perguntando – como funciona isso no jornalismo?


Mais, do mesmo Veja a repercussão de reportagem publicada no Jornal da Unicamp na semana de 21 a 27 de maio de 2012, sobre pesquisa desenvolvida pelo Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias Analíticas Avançadas (INCTAA), sediado no Instituto de Química (IQ) da Unicamp, em colaboração com outras instituições. Os pesquisadores identificaram, por exemplo, a presença de cafeína em todas as 49 amostras coletadas no cavalete (cano de entrada) de residências espalhadas pelas cinco regiões do país.

continua...

a, como é que fica? Enquanto reportagens – assinadas ou não – publicadas pelos veículos de comunicação estão protegidas pelos direitos autorais (do jornalista ou da empresa que publicou), os press releases “não têm dono”. Até porque, originalmente, não foram concebidos para ser publicados na íntegra – o que hoje ocorre com extrema frequência. O press release, conforme definido no Glossário no final desta revista, é: Informação escrita que as empresas, ins¬tituições e/ou governo enviam às redações ou entregam a jor-nalistas. Funciona como

subsídio para o trabalho jornalístico; não é a notícia. Ou seja, esse material é enviado pelas assessorias de imprensa de empresas e do governo com o objetivo de sugerir um tema para possível produção de notícia ou reportagem. É apenas um ponto de partida, e não o texto final. Entretanto, como as assessorias perceberam que, quanto mais completo for o press release, mais chances ele tem de ser aproveitado pela mídia, têm se aprimorado na sua produção, inserindo gráficos, fotos e até “aspas” dos entrevistados. Logicamente, se os veículos

publicam os press releases na íntegra, melhor para os interessados (empresas e governo), com o benefício adicional de não haver distorções, nem eventuais erros de informação. Mas o público leitor perde muito com isso, pois não tem a chance de conhecer outros aspectos do assunto abordado. Por isso, jamais se verá um assessor de imprensa reclamar a autoria de um texto publicado em jornal, revista, ou na Internet. Ele sabe que quem está falando, ali, é a empresa para a qual trabalha e só tem a agradecer a quem publica o que é enviado. Ponto para a assessoria, que cumpriu sua missão. (APS) 2012|JUNHO|VICEVERSA|29


Mais, do mesmo! Trecho de matéria original do Jornal Pesquisa acusa presença de contaminantes emergentes na água fornecida em da Unicamp 21 a 27 de maio de 16 capitais brasileiras 2012 A água potável fornecida em 16 capitais brasileiras, onde vivem aproximadamente 40 milhões de pessoas, apresenta contaminação por substâncias ainda não legisladas, mas que podem ser potencialmente nocivas à saúde humana. A constatação é de uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias Analíticas Avançadas (INCTAA), que está sediado no Instituto de Química (IQ) da Unicamp, em colaboração com outras instituições. Os pesquisadores identificaram, por exemplo, a presença de cafeína em todas as 49 amostras coletadas no cavalete (cano de entrada) de residências espalhadas pelas cinco regiões do país. “Esse dado é relevante, pois a cafeína funciona como uma espécie de traçador da eficiência das estações de tratamento de água. Ou seja, onde a cafeína está presente, há grande probabilidade da presença de outros contaminantes”, explica o professor Wilson de Figueiredo Jardim, coordenador do estudo e do Laboratório de Química Ambiental (LQA) do IQ. Além de cafeína, os cientistas também encontraram nas amostras analisadas concentrações variadas de atrazina (herbicida), fenolftaleína (laxante) e triclosan (substância presente em produtos de higiene pessoal). No caso da cafeína, as duas capitais que apresentaram maiores níveis de contaminação pela substância foram, respectivamente, Porto Alegre e São Paulo. “A liderança de Porto Alegre nesse ranking foi uma surpresa. Há uma hipótese para explicar a situação, mas ela evidentemente depende de confirmação. Segundo essa conjectura, a contaminação estaria ocorrendo porque os gaúchos são grandes consumidores de erva mate, que, por sua vez, tem grande concentração de cafeína. Independentemente da origem, a presença da cafeína na água fornecida aos porto-alegrenses e aos demais moradores das capitais consideradas no estudo demonstra que os mananciais estão contaminados por esgoto e que as estações de tratamento não estão dando conta de remover este e outros compostos do produto que chega às torneiras das residências. Ou seja, é a prova inequívoca de que estamos praticando o reúso de água há muito tempo”, explica o docente da Unicamp. Potável, porém contaminada

30|VIVEVERSA|JUNHO|2012


EM PAUTA

Estudo da Unicamp diz que 16 capitais possuem água potável contaminada São Paulo – Pesquisa desenvolvida pelo Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias Analíticas Avançadas (Inctaa), sediado no Instituto de Química na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mostra que a água potável fornecida em 16 capitais brasileiras, onde vivem aproximadamente 40 milhões de pessoas, apresenta contaminação por substâncias que podem ser nocivas à saúde humana. Os pesquisadores identificaram, por exemplo, concentrações variadas de cafeína, atrazina (herbicida), fenolftaleína (laxante) e triclosan (substância presente em produtos de higiene pessoal). No entanto, as substâncias encontradas não figuram na lista de compostos que devem ser monitorados pelas concessionárias de água, antes de distribuí-la como potável. “Já dispomos de estudos científicos que apontam que esses compostos têm causado sérios danos aos organismos aquáticos. Está comprovado, por exemplo, que eles podem provocar a feminização de peixes, alteração de desenvolvimento de moluscos e anfíbios e decréscimo de fertilidade de aves”, diz Wilson Figueredo Jardim, professor titular do Instituto de Química da Unicamp, coordenador da área de contaminantes emergentes do Inctaa. De acordo com o professor, há indícios de que os contaminantes não legislados, especialmente hormônios naturais e sintéticos, como o estrógeno, que podem provocar mudanças no sistema endócrino de homens e mulheres.

Veículos que usaram o texto da Agência Brasil ou do Jornal da Unicamp

Trecho da matéria produzida pela Agência Brasil em 13/06/2012 (repórter Bruno Bocchini)

Portal Terra Rede Notícia Blog no portal Advivo Camaçari Diário Site SINC (Instrumentação Científica) Instituto Observatório Social Todo Dia Cidade Biz (Portal IG) Jornal do Brasil

2012|JUNHO|VICEVERSA|31


Pauta furo

Matéria Nariz de cera

Assinatura

Cavar

Calhau Box

boneco

Diagramação

editor

Costurar

32|VIVEVERSA|JUNHO|2012

barriga

gancho


Preciso de umas aspas refere-se à necessidade de se inserir um personagem no texto.

Assinatura Crédito dado ao

GLOSSÁRIO Terminologia

Jornalística

autor de uma matéria. A decisão sobre a assinatura do texto é prerrogativa do editor, e não do repórter. Press releases gerados por assessorias de imprensa geralmente não são assinados, pois o autor representa, naquele momento, a empresa ou a instituição para a qual trabalha.

Balão de ensaio Jargão

jornalístico para caracterizar informação propositadamente vazada a fim de verificar de antemão possíveis efeitos de uma determinada medida.

Barriga Publicação com grave erro de informação.

Boneco (1) Montagem de

folhas representando as páginas do projeto de revista ou jornal. Usado para distribuir as matérias e elementos gráficos.

Boneco (2) Fotografia de um

entrevistado em plano ameri¬cano. Usa-se muito a expressão fazer um boneco ou bonecar.

Análise Texto que analisa

Box Texto secundário que

ponsabilidade do autor.

aparece na página entre fios, sempre em asso¬ciação com o texto principal. Pode ser um conjunto de infor¬mações técnicas relacionadas ao texto principal – que geralmente é mais longo -, a história de um personagem citado na reportagem, ou até mesmo um mini¬editorial da publicação relacionado ao tema.

Aspas Declaração inserida em

Briefing Significa informe. Em

determinado assunto. Pode ser em forma de artigo ou de pequeno box inserido dentro do material.

Apurar Levantar informações

para uma reportagem e/ou artigo.

Artigo Texto assinado de resuma matéria. Atenção: a expressão

jornalismo, pode ser usado em dois

sentidos: instruções sobre a execução de uma tarefa ou resumo de informações sobre qualquer evento que uma fonte dá aos jornalistas, quase sempre oralmente

Cabeça Marca no alto da pá-

gina usada para definir a Editoria responsável pelo trabalho. Em alguns jornais, é usada para definir o tema da página.

Cabeçalho Informações gerais e obrigatórias sobre a publicação. Inclui número da página, título e data da publicação.

Caderno Conjunto impresso

formado por no mínimo quatro páginas. Veja também suplemento e macarrão.

Calhau Anúncio do próprio

jornal usado para cobrir espaço não utilizado na página. O calhau é muito usado para substituir anúncios que ‘caíram’, quase nunca para substituir matérias.

Cavar Apurar com empenho,

batalhar pela notícia. Usa-se muito a expressão cavar uma matéria.

Chamada ou chamadinha Pequeno texto

usado na primeira página para chamar a atenção do leitor para as reportagens das páginas internas.

Chapéu ou cartola Uma ou mais palavras usadas para definir o assunto da matéria. É usada sobre o título do texto.

Chupar Plagiar. Usa-se a expressão chupar matéria.

Cobertura Acompanhamento 2012|JUNHO|VICEVERSA|33


e apuração de um ou mais fatos, para transformá-lo(s) em notícia. Pode ser realizado por um ou mais repórteres, dependendo da importância e ampli-tude do fato para o veículo que pretende publicá-lo.

foto ou para marcar material produzido por agência ou outra publicação.

Coleguinha Sinônimo de

Deadline Horário limite para se

Coluna (1) Espaço padroni-

Declaração Texto ou opinião

jornalista

zado para se dispor o texto na página. A largura é determinada em paicas (picas, em inglês,) ou cíceros.

Coluna (2) Espaço fixo usado

por jornalista contratado especialmente. Pode ser analítica ou de notas.

Copidescagem Vem do ter-

mo copy desk. Tratamento que uma notícia recebe de um redator depois de ser entregue pelo repórter à sua editoria. Vai desde a simples colocação de título e uma ou outra adequação de vírgulas, até a total reestruturação do texto, em função de uma redução no espaço para publicação ou de decisão edito¬riaI de ressaltar aspectos não destacados pelo repórter. Usa-se a expressão Dar um copy.

Corpo Tamanho do tipo usado na impressão.

Costurar Juntar as informações em um texto. Usa-se a expressão costurar o texto e/ou alinhavar o texto.

Cozinhar Reescrever texto

já publicado em outro veícu¬lo. Geralmente, quando utilizam esse recurso, um jornal ou uma revista citam a publicação de origem.

Crédito Assinatura usada em 34|VIVEVERSA|JUNHO|2012

Curta Matéria com, no máximo, 15 centímetros de texto.

finalizar uma matéria ou página.

oficial expressa verbalmente por entrevistado.

Derrubar Argumentar contra

uma pauta, para que ela não vire matéria. Usa-se a expressão derrubar a matéria.

Diagramação Dispor textos, fotos e imagens na página da publicação.

fechamento).

Esvaziar Tirar sentido ou conteúdo de uma matéria.

Expediente Quadro com

os dados gerais da publicação. Consta obrigatoriamente a relação de diretores e editores-chefes e endereços.

Fechamento Conclusão do trabalho de edição.

Fio Linha usada para dividir textos ou matérias. Também usada para realçar fotos .

Foca Jornalista iniciante. Fonte (1) Origem de notícia;

Editor Chefe de uma editoria.

quem fornece a informação à imprensa, seja por iniciativa própria, ou atendendo a uma solicitação.

Editoria Maneira como as

Fonte (2) Modelo de letra

redações de jornais e revistas se estruturam. Cada uma delas agrupa assuntos afins.

Editorial Texto onde o jornal

expressa sua opinião. Não é assinado para que caracterize formalmente a posição do veículo.

Emplacar Aprovar uma pauta, fazer a matéria e tê-la publicada. Usa-se a expressão emplacar matéria.

Esquentar Publicar matéria

velha com tratamento de grande novidade, justificado por novas informações nem sem¬pre verídicas. Usa-se pejorativamente: esquentar matéria ou requentar matéria.

Estourar (o prazo) Passar

da hora. Usa-se muito es¬tourar o horário de fechamento (veja

usado na impressão.

Free-lancer Quem presta

serviço jornalístico sem man¬ter vínculo empregatício com o veículo, agência de notícias, de publicidade e/ou de comunicação.

Frila Corruptela de free-lancer. Furo Informação importante e

verdadeira que apenas um veículo publica. Tomar furo refere-se a não ter publicado a informação veiculada pelo concorrente.

Gancho Argumento, fato motivador de uma reportagem.

Garimpar Sinônimo de "cavar". Usa-se garimpar a in¬formação.

House organ Publicação

empresarial noticiosa dirigida a um


público específico, que pode ser interno ou externo.

Infográfico Artifício gráfico

que envolve imagem e pequenas informações de texto que se complementam.

Intertítulo Título curto usado

para destacar determinado tema dentro da matéria sem retirá-lo do corpo principal do texto. Também é usado para dar movimento e leveza à diagramação

Jabá Corruptela do termo ja-

baculê, que define brindes da¬dos a jornalistas. Os grandes jornais costumam ter normas para permitir (ou não) a aceitação de jabás pelos profissionais.

Lauda Denominação para cada

folha de texto escrito, que serve de parâmetro para calcular quantos centímetros a maté¬ria ocupará na página impressa. Com o advento do computador, o parâmetro passou a ser a quantidade de caracteres.

Lead ou Lide Abertura de

matéria tradicional. Precisa responder a seis perguntas bási¬cas: o que, quem, quando, onde, como e por quê.

Legenda Texto que identifica

da matéria.

Macarrão Inserção de duas páginas usada para ampliar o caderno.

Matéria Texto preparado jornalisticamente.

Matéria Fria Matéria que

independe de sua atualidade para ser publicada.

Manchete Título do principal assunto da edição de um jornal.

Mastigar Destrinchar, trocar

em miúdos, explicar dida¬ticamente.

Normas de Redação

Conjunto de regras usadas para padronizar a produção de textos, títulos e legendas

notícia

Notícia Informação que se re-

veste de interesse jornalístico. Puro registro de fatos sem comentários, julgamentos e/ou in¬terpretações.

Off-the-records Declaração

Lidão Texto de até 60 linhas

On-the-records O contrário

texto usada sobre ou logo abaixo do título para destacar informações

Infográfico

dutório em um texto que retarda a abordagem do assunto enfocado e tende à prolixida¬de. É o oposto do lead e quase sempre desnecessário.

que o entrevistado dá com a condição de não tê-la atribuída a si (sentido mais comum). Usa-se muito a expressão informação em off.

Linha fina Pequena linha de

Expediente Fonte

Nariz de cera Parágrafo intro-

personagens e/ou cena na foto jornalística. Geralmente, tem uma linha. usado em reportagens para coordenar matérias diversas sobre um mesmo tema.

Normas de redação

de off-the-records.

Olho Box que destaca determinado assunto da matéria.

Paica Medida usada para

medir a largura de uma coluna de

2012|JUNHO|VICEVERSA|35


texto do jornal.

Pauta Conjunto mínimo de informações que constituem o ponto de partida para a produção de no¬tícias de uma publicação.

Pauteiro Produtor de pautas. Pé da matéria Final do texto. Cortar pelo pé significa retirar os últimos parágrafos sem se preocupar com a qualidade da informação contida no texto.

Perfil Reportagem biográfi-

ca que mistura declarações de uma pessoa, dados biográficos e comentários sobre o persona¬gem em foco.

Personagem Fontes que

referendam o tema que está sendo abordado (Ex.: uma notícia de elevação da inadimplência tem que ter um “personagem” dizendo que deixou de pagar as suas contas etc.).

Pingue–pongue Matéria

em forma de perguntas e respostas.

Povo Fala Enquete com populares sobre determinado assunto.

Plantar Denominação usada

para definir a colocação por uma fonte de uma nota em uma coluna, ou de uma matéria em uma seção. Diz-se plantar uma nota e/ou uma matéria.

Press-release Informação escrita que as empresas, ins¬tituições e/ou governo enviam às redações ou entregam a jor¬nalistas. Funciona como subsídio para o trabalho jornalístico; não é a notícia.

36|VIVEVERSA|JUNHO|2012

Quente Qualificação para uma boa informação e/ou fonte. Usa-se a expressão informação quente e/ ou fonte quente.

Redator Jornalista especializa-

do em rever o texto do repórter e em preparar títulos e legendas. Na nova concepção de jornalismo, o profissional não se especializa mais em uma determinada área da produção de texto e edição.

gráficos capazes de caber numa linha de título, legenda ou olho.

Texto-legenda Texto curto e sempre editado com uma foto.

Vazar Divulgar para a imprensa

uma informação sigilo¬sa. Usa-se a expressão a informação vazou.

Vender a pauta Sugerir determinado tema ao editor.

Repercutir Dar prosseguimento a um assunto publicado pelo jornal ou por outro veículo. Veja suíte.

Reportagem Matéria com

grande centimetragem, cobrindo integralmente determinado assunto.

FONTES Adaptado de Maria Rosane Serviço Pequeno texto usado Ribeiro em http://pt.scribd.com/ no pé da matéria contendo ende- doc/5665533/Glossario-de-Jorreço, página web ou telefone de nalismo acessado em 20/06/2012 algo citado na matéria. , Manual de Redação da Folha - http://www1.folha.uol.com.br/ Standard Tamanho padrão de folha/circulo/manual_producaob_ . jornal. htm - Acessado em 20/06/2012 e Faculdade de Arquitetura, Artes Suíte Prosseguir num assunto do e Comunicação da Unesp - http:// próprio jornal ou de outro. Também www.faac.unesp.br/graduacao/di/ se usa o verbo suitar,l no sentido downloads/produ%e7%e3o%20 de repercutir. grafica/Pequeno_glossario.doc Acessado em 20/06/2012 Tabloide Formato de jornal igual a metade da página do jornal standard.

Template Modelo de página, dentro do projeto gráfico, que serve para iniciar o processo de diagramação.

Título Frase usada no alto da matéria para chamar a atenção do leitor (veja manchete).

Toques Número limite de letras, espaços em branco e sinais orto-


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