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rotas livrarias

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A dança

ANTÓNIO GALRINHO ARTISTA PLÁSTICO

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m quadro tão simples como A dança viria a tornar-se um dos mais célebres do séc. XX. Simples nas formas, nas cores e na composição, mas com uma forte carga poética e simbólica, resultou como uma espécie de hino à alegria de viver e tornou-se um marco na pintura moderna. Alguns anos antes da execução deste quadro, nas suas experiências dentro da linha do fauvismo, Matisse vinha apresentando na sua pintura soluções sintéticas, formal e cromaticamente, com tendência para as cores saturadas e para evidenciar algumas linhas de contorno. Este quadro foi pintado em 1910 depois de, um ano antes, Matisse ter feito uma outra versão, com as mesmas dimensões, que terá servido de lançamento para esta. Essa versão apresenta cores pálidas e poses menos dinâmicas. À primeira chama-se Dança I e à segunda Dança II, mas como esta se tornou particularmente famosa pode ser chamada A Dança. Está pintada apenas com quatro cores, quase planas: azul no fundo, verde no chão, laranja nos corpos e castanho avermelhado nos cabelos e nas linhas que põem em destaque algumas formas dos corpos. Representadas numa tela de 2,60m x 3,90m, as cinco figuras estão numa escala próxima da natural, o que torna o original particularmente impactante, como que convidando o espetador a entrar naquela celebração da vida. Duas figuras evidenciam traços anatómicos femininos, as mamas; a que está em cima à direita poderá ser um ou uma adolescente; a que está mais abaixo, de costas, será uma menina ou adolescente rapariga, pelo formato das coxas e do cabelo; a maior, e que está mais à esquerda, é claramente uma figura masculina. Obviamente, para celebrar a alegria da vida através da dança, o sexo ou o género não são relevantes. O exercício feito no parágrafo anterior serviu apenas para mostrar o quanto a simplificação das formas conduz a dúvidas cujas respostas são irrelevantes neste contexto. Com as figuras de mãos dadas, é curioso o movimento em roda, que se percebe ser no sentido dos ponteiros do relógio e de tal modo dinâmico que uma figura está prestes a cair, o que é evidente na posição das pernas e no facto de ter perdido o contacto com uma das mãos.

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