Portfólio Camila Castro

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Seleção dos principais projetos realizados Camila Castro da Costa



Diagramação


Pilotis

Revista voltada para o cenário cultural brasiliense e produzida por grupo de cinco alunos da disciplina Planejamento Gráfico. Participação: - Diagramação das páginas 8-12 e capa; - Ilustração da capa; - Reportagens “Até que a casa caia” e “Reconstruíram Brasília na literatura” (páginas 8-12).

Disponível em: www.issuu.com/camilacastro6/docs/revista_pilotis


PI

LO TIS Nº 1 | JUNHO 2014

Cinema

Brasília serve de cenário para produção cinematográfica

Ilustração por Camila Castro

Literatura

O retrato da capital por Nicolas Behr e João Almino

Música

Circula: projeto de apoio ao rock e à musica independente


por Camila Castro

Até que a casa caia Filme rodado na asa norte mostra que a produção cultural brasiliense ganha espaço cada vez mais significativo Por Camila Castro

No segundo semestre de 2014, os brasilienses poderão ver sua cidade nas telas de cinema de todo o país através do filme “Até que a casa caia”, que foi escrito, produzido e filmado na capital. O filme conta a história de Ciça e Rodrigo, casal que continua a morar junto mesmo após a sua separação - situação que incomoda o filho adolescente Mateus mas que somente se torna de fato um problema com a chegada de Leila, nova namorada de Rodrigo.

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No roteiro e direção do filme está Mauro Giuntini, que foi também diretor de três premiados curtas-metragens “O Perfumado”, “O Jardineiro do Tempo” e “Por longos dias”, além de um um longametragem, “Simples Mortais”. Giuntini começou a escrever “Até que a casa caia” em 2007. O roteiro, que fala de conflitos familiares e a dificuldade que se tem para sair do comodismo, envolve um “tema universal, mas que reflete uma identidade de Brasília”, segundo o diretor.

Sobre a influência da cidade no período das filmagens, Giuntini comenta que não se fala explicitamente de Brasília no filme, mas que houve um envolvimento com o período pelo qual a cidade passava. Para exemplificar um dos modos como ocorreu essa influência, Giuntini relacionou a tendência de supervalorização dos riscos do novo numa questão pequena, como é o caso da família representada no filme, com um âmbito maior, como as manifestações que ocorriam em Brasília du-


rante a Copa das Confederações - época que coincidiu com a produção e foi marcada por uma onda de protestos que levaram os brasileiros contrários aos gastos com a Copa às ruas de todo o país. O diretor comenta também sobre o notável aumento que se observa na produção cinematográfica brasileira após entrar em vigor a lei 12.485/2011, mais conhecida como “Lei da TV Paga”.

A Lei implementa cotas de conteúdo audiovisual nacional nos canais por assinatura, totalizando em 3 horas e 30 minutos por semana - com a exigência de se ter, no mínimo, metade produzido por produtoras independentes. Outro ponto abordado pela Lei é a obrigação de veiculação de 1 canal brasileiro de espaço qualificado a cada 3 canais nos pacotes de TV por assinatura. Tais questões aca-

bam por resultar numa maior demanda para as produtoras brasileras, valorizando a pluralidade e a riqueza de todas as culturas nacionais ao dar espaço para que sejam retratadas nos cinemas. No entanto, Mauro Giuntini reafirma sua posição sobre a importância das culturas locais ao enfatizar que “é necessário não só uma produção nacional, mas regional também”.

Carreira que se inicia na telona Estudante de artes cênicas na Universidade de Brasília (UnB), Emanuel Vinícius de Lavor estreia em seu primeiro longa-metragem no papel de Mateus. Com apenas 18 anos, já participou de diversas peças teatrais e curtas experimentais, mas a sua paixão verdadeira é o cinema. “Eu me relaciono de uma maneira muito utópica com os filmes. Acho que a minha grande ambição de vida sempre foi essa: trabalhar com cinema”, conta o ator. Emanuel conheceu Mauro Giuntini em uma oficina de atuação ministrada pelo diretor. À princípio não sabia da existência do filme, e quando

soube passou a ver na oficina uma grande chance. “Era como se eu soubesse que era uma oportunidade para mim”, diz o ator que, cinco meses após o término da oficina, participou da seleção e conseguiu o papel. Ao falar sobre sua experiência no set contracenando com reconhecidos atores, como Virgínia Cavendish ( que participou do elenco de “O Auto da Compadecida” e de “Lisbela e o Prisioneiro”), Emanuel conta: “o dia da leitura do roteiro, que foi quando eu finalmente entrei em contato físico com os atores, foi um dia em que

Emanuel (à direita) junto aos protagonistas do filme

fiquei muito nervoso. Mas, chegando lá, eles foram extremamente receptivos”. Com otimismo, Emanuel brinca ao dizer que espera que esse tenha sido apenas o seu primeiro filme de muitos. “Eu realmente reconheço o quanto tive sorte de trabalhar nesse filme. Estar num set profissional e ver como as coisas funcionam foi muito especial para mim”.

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Recons t ruíram

Brasília

na literat ura

por Camila Castro

Os escritores Nicolas Behr e João Almino retratam a capital fugindo de estereótipos e ressaltando as suas qualidades


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rasília, apesar de ser a capital do país, ocupa um pequeno espaço de reconhecimento na literatura nacional. Isso acontece devido à dificuldade de escrever sobre a cidade, já que a realidade brasiliense envolve uma dualidade: enquanto seu projeto de construção era carregado de idealizações, na prática o que se observa é uma cidade com problemas tipicamente urbanos. No entanto, como a literatura transforma - através da forma como o escritor vê e ouve a realidade social - o já existente, autores como Nicolas Behr e João Almino

conseguiram ressignificar a capital do país em seus escritos, dando lugar a uma produção literária que valoriza suas qualidades. João Almino, apesar de ter nascido no Rio Grande do Norte, passou um curto período morando em Brasília e acabou se inspirando para escrever o chamado “Quinteto de Brasília” - cinco livros que se situam na capital do país. Em todos eles, nota-se claramente, no começo das narrativas, a visão idealizada que os personagens têm da construção da cidade. Almino ressalta a ideia de que a utopia presente no projeto da capital acabou impregnada em sua construção, e por isso a cidade sempre continuará sendo um reflexo dos vários sonhos depositados nela. Em seu artigo O Mito de Brasília e a Literatura, o escritor afirma que “mitos não se destroem facilmente; sobrevivem à própria realidade material”. Já Nicolas Behr, nascido em Cuiabá, mudou-se para a capital do país aos 10 anos de idade e é hoje um dos principais nomes da literatura brasiliense. É possível notar através de seus poe-

mas o quanto a capital do país teve importância no seu crescimento. A juventude de Behr, marcada por rebeldia, constituiu uma fase de escrita altamente crítica à cidade, principalmente em relação à sua ligação com política e à maneira como os candangos foram marginalizados após sua construção.

“Não tenha você dúvida de que a Brasília pertence ao futuro da humanidade” Trecho do livro “Ideias para onde passar o fim do mundo”, de João Almino.

No entanto, diferente de Almino, a forma que Nicolas Behr encontrou para enfatizar os pontos positivos da cidade foi assumindo seus erros e criando a chamada Braxília, que é justamente a dissociação de Brasília e seus problemas e estereótipos - como, por

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exemplo, a referência à “cidade-poder” (devido ao fato da política do país se concentrar em sua capital). Behr diz, em seu site, que Braxília seria “uma cidade solidária, humana, inquieta, rebelde, insubmissa! E essa cidade – Braxília - já existe sim. Existe, garanto. Entre um escândalo e outro, é em Braxília que nos refugiamos, é lá que respiramos. É onde a vida real acontece de fato”. O poeta passa então a brincar bastante com a paisagem da cidade em seus escritos. O cerrado e o formato das quadras residenciais são explorados continuamente em seus poemas.

“nem tudo que é torto é errado veja as pernas do garrincha e as árvores do cerrado” Poema de Nicolas Behr, que compõe o livro “Poesília: poesia pau-brasília”.

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O poeta de Braxília Em entrevista, Nicolas Behr enfatiza os diferenciais que a capital possui e comenta sobre o desafio que é falar sobre uma cidade tão nova. Nós: Poetas geralmente têm um olhar mais sensível à realidade, registrando em poemas questões que muitas vezes passam despercebidas ao olhar “comum”. No seu caso, que escreve sobre Brasília, quais seriam essas peculiaridades que a diferencia das demais cidades do país? Behr: Brasília é uma cidade única, então seria interessante que a poesia escrita sobre a cidade fosse também única, o que não é fácil. Brasília das linhas simples e os poemas solares, retos, mas com poesia. A cidade é pra mim uma folha em branco pois pouco se escreveu sobre a capital. Portanto, tenho um mundo diante de mim, uma cidade sem tradição poética, literariamente virgem. Nós: Tendo participado da Geração Mimeógrafo, movimento cultural da década de 70, como enxerga a produto cultural brasiliense hoje em dia? Behr: Brasília é um caldeirão cultural, a grande mistura brasileira. A cena cultural é rica, diversa, pois Brasília é uma cidade provocadora, que gera conflitos. E quanto mais conflitos melhor, pois a obra de arte muitas vezes é uma tentativa de resolver tais conflitos. Nós: Baseando-se em sua experiência, qual seria uma motivação em Brasília para que os jovens da cidade que sentem o desejo de dar voz a cultura brasiliense não desistam desse objetivo? Behr: Um boa motivação é dar vazão à sua voz interior. A expressão artística como uma necessidade psíquica vital. Uns vão, outros vem. E o tempo não para. Tem sempre gente nova chegando, com novas propostas, novas ideias.



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Revista produzida por alunos da disciplina de Técnicas de Jornalismo, após viagem para Niquelândia-GO. Participação: - Diagramação das editorias Economia e Política (páginas 25-38) e capa; - Edição de imagens das páginas 27 e 36; - Reportagens “Aprendendo a ser palhaço” e “Cultura e religião numa dança só” (páginas 49-52).

Disponível em: www.issuu.com/camilacastro6/docs/nq


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Revista de Niquelândia

Turismo

Conheça os prós e contras do cenário ecológico

Cultura

1ª Festa Literária atrai público de todas as idades

Economia Saiba mais sobre o minério que deu nome à cidade


ECO NOMIA


Do ouro ao níquel Reportagem Judith Aragão Fotografia Rafaella Panceri A história da cidade remonta à exploração de ouro no córrego Traíras, durante o reinado de Dom João II. Contudo, o me-

tal que mais contribuiu para o desenvolvimento econômico do município foi o minério de níquel, descoberto no início do século XX. Fundada em 1735, São José dos Tocantins existia em função da atividade aurífera, mas se redescobriu economicamente com a descoberta do níquel, o que contribuiu para que o vilarejo se tornasse cidade. Isso aconteceu em 1904, quando o geólogo brasileiro Freimund Heinrich Brockes encontrou amostras generosas do mineral na região. Depois da descoberta, a vila cresceu rapidamente em população e riqueza. Durante a Segunda Guerra Mundial, foi constatado que a região possuía a maior jazida de níquel do mundo. A partir daí, a cidade passou a ser chamada de Niquelândia. Em 1957, o grupo Votorantim comprou a Companhia Níquel de Tocantins para participar da exploração do metal. Mas foi só na década de 1980 que a exploração em larga escala ganhou ritmo. Em 1982, outra empresa de grande porte se instalou na região: A CODEMIN - Companhia de Desenvolvimento de Recursos Minerais, ligada ao Grupo Anglo American, a maior em-

presa de mineração do mundo. Elas têm impacto na economia local por demandarem serviços diretamente ligados à atividade extrativista mineral e também por gerarem renda que fomenta o comércio, além de serem responsáveis por 30% dos empregos formais do município. “Quando cheguei em Niquelândia em 1983, havia na cidade cerca de 12 mil habitantes. Desses, 5 mil eram funcionários da Codemin e da Votorantim. Antes, a cidade não possuía a mínima estrutura. O padrão era não ter energia elétrica”, lembra Paulo André, professor de Processamentos Minerais da Universidade Estadual de Goiás. A falta de mão de obra especializada também foi um problema no início. “Vieram funcionários de Minas Gerais, São Paulo e de outros municípios goianos para trabalhar nas empresas. Inicialmente, eles moravam próximos ao local de trabalho. Aos poucos, esse quadro foi mudando” lembra Paulo André, e até brinca: “Como veio muito rapaz solteiro, muitos se casaram e ficaram por aqui”. Com a crise internacional de 2008, a economia do município teve NQ 26

uma redução em seu dinamismo. Isso porque a Votorantim e a Anglo American tem boa parte de suas receitas dependentes do mercado externo.“ A crise foi forte, impactante. Aconteceram algumas demissões, mas o maior impacto foi no projeto que estava se desenvolvendo e foi parado. Foram quase 500 mil reais investidos em projetos que foram parados. Inflacionou tudo”, conta Paulo André. Ronan Batista (PTB), prefeito na época da crise, lamentou

As propriedades do minério

O níquel é utilizado principalmente para produzir aço inoxidável. Ele melhora a resistência do material e sua capacidade de resistir a ataques químicos e à corrosão natural, pois é um metal com elevado ponto de fusão: 1453°C. Ele está presente em produtos médicos e odontológicos, equipamentos eletrônicos, baterias e utensílios domésticos. 80% de sua produção é para a siderurgia e os 20% restantes são destinados à fabricação de outros tipos de aços e artefatos.


a situação econômica de Niquelândia devido à crise em entrevista ao jornal Diário do Norte. “Em 2008, a tonelada do níquel valia US$ 45 mil e caiu para US$ 17 mil. Isso significa queda de receita”, explicou. Em 2014, a cidade ainda sofre com as conseqüências: “ Com a Europa em crise não temos como resolver a falta de recursos. Não há nenhuma empresa chegando. Pelo contrário, há empresas saindo. Tudo isso reflete diretamente na administração da prefeitura”, enfatizou. meta mensal Outra preocupação é o início era de 23 toneladas. Estamos da escassez do minério de abaixo dela, com 19”, comenta. níquel. Quando uma mina é Segundo Ademir Duarte de implantada, já é possível ava- Padua, gerente de processos liar seu tempo de vida útil. Alto da Anglo American, a De acordo com o professor empresa já transferiu o foco Paulo André, a Votorantim da atividade para outro muainda tem cerca de 30 anos de nicípio: “Nós temos uma extração do minério, mas ele mina em Niquelândia, nas reconhece que a empresa tem proximidades da usina, que diminuído sua produção: “Nossa ainda oferece o minério que dê

Você sabia?

para a gente trabalhar por mais alguns anos, mas no momento nós transportamos o minério de Barro Alto”, comenta. Depois que o minério exaurir, a cidade vai contar com o tratamento do níquel proveniente de outras usinas e com a ajuda do comércio e do turismo para continuar arrecadando lucros e garantir o desenvolvimento da cidade.

As reservas de minério de níquel em Goiás são da ordem de aproximadamente 300 milhões de toneladas, a um teor médio de 1,48% de níquel metálico. Correspondem a 74% das reservas brasileiras, das quais 37% se encontram em Niquelândia. A produção e o valor da comercialização de níquel constituem um dos pilares do desenvolvimento da indústria extrativista mineral no Estado de Goiás e importante elo da cadeia produtiva brasileira do níquel e da siderurgia nacional.

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Nem só de mineração

Reportagem/Fotografia Paula Évelyn

vive Niquelândia

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pesar de ser responsável pela produção de 37% do níquel brasileiro, Niquelândia conta com outro setor que movimenta sua economia: a agropecuária. De acordo com Eduardo Salgado, secretário de agricultura do município, “o município tem 45 mil hectares para plantio. Disso aí, 30 mil são só para soja”. Segundo dados do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a soja participa em 68,99% da economia municipal. Os dados também indicam a participação da pecuária na economia do município, que chegou a quase 14% em 2011. Outro setor em destaque na economia local é o das cooperativas e associações, presentes em Niquelândia desde 1992. Exemplo disso é a Associação de Mulheres do Rio Vermelho (AMURV) e a Associação de Produtores do Criminoso. Com o apoio do governo e da iniciativa privada, elas conseguiram passar do status associações para cooperativas, produzindo para obter lucro. A AMURV participa do abastecimento de feiras e mercados locais e a Associação dos Produtores do Criminoso fornece os alimentos para a merenda das escolas da região. Apesar disso, a economia do município ainda não conta com participação substancial das associações. Segundo o

secretário de agricultura, Eduardo Salgado, faltou conhecimento e apoio financeiro no passado. Por isso a morosidade no desenvolvimento das organizações. “Elas ainda não contribuem substancialmente para a economia de Niquelândia, mas pra quem faz parte dos projetos, fazem toda a diferença”, diz o secretário. O governo municipal tem políticas para fomento econômico e social dos pequenos produtores. Um dos progra-

mas é o PRODULEITE, que oferece assistência técnica para quem produz leite em pequena escala. Outro projeto é o Tanque Cheio, Renda Certa, que prevê incentivo para piscicultura. O programa contempla dois tipos de trabalhadores: os que pescam em pequenas propriedades por meio do sistema de tanque escavado e os que pescam no Lago Serra da Mesa, que teve áreas licitadas pelo Ministério da Pesca para produtores baixa renda.

Programas como o PRODULEITE servem de incentivo à criação de gado, uma atividade de pequenos produtores e grandes latifundiários.

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O setor de alimentos é variado. São encontrados muitos estabelecimetos de venda de frutas, carnes e alimentos industrializados.

O comércio abrange diversos setores, desde serviços básicos como fornecimento de medicamentos e alimentos, até brinquedos, eletrodomésticos, e lojas de roupas.

A atividade pesqueira é expressiva graças à abundância de águas fluviais na região. Isso permitiu que lojas de material de pesca ganhassem espaço na cidade.

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referência Comércio que é na região Reportagem José Eduardo Vieira Fotografia Joana Albuquerque

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iquelândia se desenvolveu a partir das grandes mineradoras que contribuíram para o surgimento de empregos na região. Outro crescimento local muito expressivo foi o comércio, que com a ajuda de uma economia fortalecida, deu a oportunidade aos moradores para aumentar o poder de consumo e elevar o padrão da vida da população, além é claro, de fornecer empregos. De acordo com Paulo Roberto Brandão, secretário de comércio e indústria, a prefeitura conseguiu aumentar a verba e atualmente emprega cerca de mil funcionários. Outra característica que também aumentou com o desenvolvimento econômico do município foi o comércio local que se tornou referência na região com um público-consumidor mais enriquecido. Composto por grandes lojas de móveis e franquias e pequenas vendas familiares, a cidade NQ 30

se diversificou e evoluiu.Um exemplo é o caso da Líder Móveis: detentora do maior lote comercial e da maior estrutura física e logística da cidade, a loja de móveis e eletrodomésticos se tornou o principal fornecedor dos moradores das zonas urbana e rural não só de Niquelândia, mas de todo o oeste goiano. O dono, Carlos Roberto Oliveira, admitiu não ter interesse em abrir outras lojas fora da cidade, uma vez que a concorrência é fraca e o lucro é alto o suficiente para manterse na cidade. Para ele, o sucesso do negócio é o relacionamento com os consumidores. Prova disso é a concessão de crediários para parcelados baseados na confiança do pagamento. O comércio de Niquelândia é um dos pontos que ajudou a cidade a aumentar a circulação monetária e a fortalecer o poder aquisitivo de seus habitantes, que continua crescendo e gerando empregos.


Oportunidades para pequenas empresas Reportagem Yasmim Perna Fotografia Luana Pereira O curso sobre Gestão de Pessoas promovido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do SEBRAE, entidade privada sem fins lucrativos, aconteceu do dia 27 de outubro a 1º de novembro. O evento reuniu um grupo de pequenos empresários e fornecedores da região. Segundo Amadeu, consultor ministrante do curso, a atividade foi patrocinada pelas mineradoras da região quais para qualificar seus fornecedores. A maior parte dos alunos são empresários, contando também com alguns funcionários. Para os irmãos Antônio e Antônia de Amadeu, a oportu-

nidade foi enriquecedora. Ambos são funcionários de uma empresa do ramo de metalúrgica, a Metalúrgica WM, e ganharam a vaga no curso. Antônia trabalha na seção de Recursos Humanos da empresa e diz gostar bastante da oportunidade de realizar o curso pois vê a aplicabilidade no seu serviço. Amadeu Lettieri explica que cursos oferecidos pelo SEBRAE não funcionam no estilo de aulas expositivas, mas a partir de uma dinâmica os alunos são divididos em grupos que representam diferentes departamentos. Todos precisaram pensar juntos, em uma situação lúdica, sobre como a empresa imagética poderia

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apresentar resultados melhores. A maioria dos alunos está iniciando seus aprendizados em gestão. Muitos possuem empresas em que dominam a parte operacional, mas precisaram recorrer ao SEBRAE para aprimorar a gerência dos negócios. A proposta do SEBRAE é estimular o empreendedorismo no país, promovendo sustentabilidade e competitividade dos pequenos negócios. Amadeu Lettieri afirma que incentivar o empreendedorismo é uma forma de investimento no país e afirma “A gente sabe que hoje mais de 50% dos empregos gerados no país são pelas micro e pequenas empresas”.


"No começo, éramos 30, hoje, 23. Muitos maridos não deixaram as esposas ficarem na AMURV. Mas mesmo com essa dificuldade, nós vencemos". Elza Gonçalves, presidenta da AMURV.

Agora é a vez delas

Reportagem/Fotografia Paula Évelyn

A Fábrica de Doces da AMURV – Associação de Mulheres do Rio Vermelho foi inaugurada no dia 1º de novembro deste ano. O evento contou com a presença das 23 associadas, além de autoridades municipais e representantes do SEBRAE – Serviço de Atendimento às Micro e Pequenas Empresas, da EMATER – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), do Instituto Redes e da Votorantim Metais. A AMURV foi criada em 2011 com o objetivo de promover a agricultura familiar no município, além de estimular a capacidade empreendedora feminina. Esse sistema de cooperativas não é novo em Niquelândia. Há cerca de 20 anos, várias associações tentam se firmar para participar de modo significativo na economia local. Entretanto, a AMURV é uma das poucas organizações que deram certo, mesmo sendo relativamente nova se comparada a outras instituições. Ainda que exista um plano de agricultura familiar para abastecimento local coordenado pela prefeitura do município, o projeto das Mulheres do Rio Vermelho só

foi possível graças aos incentivos do governo federal e da iniciativa privada, que forneceram toda a infraestrutura necessária para a realização do evento. A sócia Zilda Luíza contou que um dos entraves encontrados para a consolidação da AMURV foi a burocracia. Segundo ela, demorou um ano para que o INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – regularizasse o terreno em que elas estão assentadas. Mesmo após a obtenção da posse do local, houve dificuldade para escoar a produção. Assim, por mais que o Instituto Redes, responsável pelo estímulo à produção de associações como a AMURV, as auxiliasse no aumento da produtividade, era difícil levar os produtos ao mercado. Sem transporte próprio, a saída era pagar frete, o que encarecia consideravelmente as mercadorias. A AMURV conseguiu seu caminhão em NQ 32

parceria com a Votorantim somente em janeiro deste ano. A contribuição dessa empresa não se restringe ao transporte. Desde que a Votorantim se tornou parceira das Mulheres do Rio Vermelho, já financiou vários equipamentos, como uma retroescavadeira para o plantio de soja, além de todo maquinário da Fábrica de Doces. A AMURV é responsável pelo abastecimento de três supermercados locais e seus produtos são vendidos in natura - ou seja, sem uso de produtos químicos. Com a estrutura adequada, elas lançam a linha de produtos Sabores da Fazenda durante o evento e produzem doces a partir daquilo que elas mesmas plantam. Elza Gonçalves de Oliveira, presidenta da associação, discursou: “Ninguém acreditava nas mulheres. Mas nós provamos para eles que não éramos só fogo de palha”.


POLÍ TICA


O governo

& a cidade

Entenda relevantes fatores do cenário político de Niquelândia e avaliação dos moradores sobre a atual administração Reportagem Felipe Vasconcelos Fotografia Lucas Ponte

N

ão é possível falar de política em Niquelândia sem citar a família Rocha. “Toda eleição eles fazem um Vereador”, diz uma funcionária da Câmara ao explicar a presença da família na política da cidade. Niquelândia elege 13 vereadores a cada quatro anos, e nesta legislatura possui uma Câmara mista, com 10 partidos distintos. Três vereadores foram eleitos pelo mesmo palanque do Prefeito Luiz Teixeira Chaves (PMDB), inclusive um membro da família Rocha, o vereador Reginaldo (PMDB). Para ele, todos os vereadores se unem num bom diálogo

com o Executivo quando o objetivo principal é beneficiar a cidade, apesar das diferenças partidárias existentes. As sessões plenárias da Câmara Municipal ocorrem em sessões ordinárias na primeira semana do mês. Para Maxwell Soares, Executor Administrativo da Câmara Municipal, as sessões servem como car-

Reginaldo Rocha (PMDB), atual vereador de Niquelândia.

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tão de ponto dos vereadores. Elas são um dos únicos momentos em que estão todos juntos discutindo melhorias para a cidade. Maxwell Soares afirma que a maioria dos projetos é de iniciativa do Executivo. Como não há uma oposição forte atualmente, eles são votados com facilidade e não sofrem atrasos.


Leny Rocha, ex-vereadora, critica a situação atual ao afirmar que falta a discussão dos projetos: “O que um aprova, todos aprovam”. Na gestão atual, a chance de debates nas sessões legislativas são ainda menores, pois segundo a ex-vereadora, o prefeito Luiz Teixeira elabora muito bem as propostas antes de entrarem em votação para evitar contradições. A boa integração entre Prefeitura e Câmara Municipal não garante aprovação plena da população à administração atual. Moradores da cidade apontam problemas, como o pouco alcance

Turismo

Melhor avaliação

da infraestrutura de saneamento e o descuido com o lazer, que resulta em poucas opções de entretenimento na cidade para o povo. A população também fez a avaliação da qualidade dos serviços de educação, saúde e segurança. O serviço mais bem avaliado foi o de segurança pública e, por outro lado, a saúde foi o que obteve pior avaliação. O turismo foi o setor que recebeu mais críticas, muitas em relação à sinalização e à dificuldade de acesso às riquezas naturais. A gestão atual foi considerada boa por 26% dos entrevistados e metade deles a

avaliou como ruim ou péssima. Ninguém considerou a administração excelente ou ótima. Em comparação à gestão anterior, com opções de resposta muito melhor, melhor, mesmo nível, pior e muito pior, 15% afirmaram que a atual gestão é pior ou muito pior e 22% melhor ou muito melhor. Questionados sobre o nível de corrupção na administração atual, 45% avaliaram como alto e 11% como muito baixo. É a opinião de quem vota versus a opinião de quem recebe os votos, essa é a dicotomia do sufrágio universal e problema recorrente na cidade.

O que um aprova, todos aprovam.

Segurança pública Pior avaliação

Saúde

Maior número Maior número de críticas de críticas NQ 35

Leny Rocha, ex-vereadora da cidade.


Se7e Perguntas ao Prefeito Reportagem Lucas Ponte Fotografia Lucas Roumillac

Luis Teixeira começou a estudar em Niquelândia aos 13 anos de idade. Foi auxiliar de pedreiro, ajudante de escritório, escrivão de Polícia e delegado licenciado da Polícia Civil. Hoje, faz carreira na Política - já foi vice-prefeito, deputado estadual e agora é prefeito pela terceira vez. NQ 36


REP: Como começou a cidade? Existem curiosidades sobre a história de Niquelândia-GO? A cidade começou na época do ciclo do ouro, com os bandeirantes que vieram para a região. D Pedro II também esteve aqui, ele dormiu um dia aqui na cidade, naquela época onde o imperador pernoitava virava se capital do Império. Consta então na história do Estado de Goiás que Niquelândia foi capital por um dia. O ouro naquela época era muito abundante e atraiu muitos europeus que se espalharam pela região nas comitivas dos bandeirantes. Até 30 anos atrás muitas famílias que viviam da mineração de subsistência para se sustentarem. REP: O que aconteceu com o povoado de Traíras? Traíras tem uma história muito bonita e o tempo não vai perdoar, nem a mim, nem aos meus antecessores pelo descaso que tivemos pelo povoado durante esse tempo todo. O patrimônio histórico era de uma valia enorme, como a igreja dos escravos, porém, a sua reconstrução exige muitos recursos. Resta então desenvolver ações de conscientização para a população preservar as ruínas.

Traíras tem uma história muito bonita e o tempo não vai perdoar, nem a mim, nem aos meus antecessores pelo descaso que tivemos pelo povoado.

REP: Como surgiu a ideia e a iniciativa de trazer uma Festa Literária para a cidade? E quais as suas Expectativas para ela?

de Pirenopólis da época que foi lançada a Festa Literária de Pirenopólis, a Flipiri. Ela foi lá e gostou. Quando nós fomos eleitos aqui, ela me motivou. Em 2014 foi feito o contato com este ex-secretário da Cultura e elaboramos o projeto, captamos recursos e hoje estamos conseguindo realizar a primeira Festa. Nossa meta é realizar a segunda no ano que vem a terceira no ano de 2016, trabalhar forte para que esse evento se consolide e fique no calendário de eventos do município e as administrações seguintes não tenham como interromper. REP: Como será o impacto do evento na população? Vejo que o impacto vai ser gradativo, a primeira não vai ser tão impactante, a segunda vai ser maior, e assim por diante. O impacto maior vai ser a motivação as crianças a lerem mais e a estudarem mais. Imagino a alegria das crianças nas escolas ao receberem a visita de escritores de livros infantis. Tem também o lado financeiro, onde será atraída a vinda de mais turistas para cá. REP: Tendo em vista que produtos derivados da mineração não são renováveis, como a cidade se prepara tendo em vista um possível fim dessa produção de níquel? Hoje a atividade principal do município em termos econômicos é a mineração, com a Votorantin que explora o ferro níquel da Anglo American.

A minha filha é muito amiga do Secretário de Cultura NQ 37


A reserva de níquel na cidade é muito grande, estima-se de que essa atividade vai se perdurar por muitos anos. Outras atividades que estamos buscando para o município é o plantio de Guariroba, o Polo Florestal Sustentável com seringueiras e o ano que vem teremos o plantio maracujá. Além do incentivo ao turismo, como o Lago Azul que ninguém até hoje conseguiu chegar ao seu fundo REP: Quais os seus objetivos para a melhora do turismo em geral (urbano e ecológico) na cidade? Já existem empresas que atuam nesse setor oferecendo serviços para o público? Nós realizamos projetos em parceria com o SEBRAE. Este ano devemos reiniciar a construção do Centro de Atendimento ao Turista e colocar no mercado brasileiro o primeiro produto turístico da cidade: o Lago Serra da Mesa. Estamos priorizando o CAT, após sua construção vamos sinalizar a cidade. Nós precisamos de tempo para desenvolver essas ações. Quando assumimos em janeiro, as pessoas que vinham para o Lago não entravam na cidade, e assim perdiamos muito. REP: Há um planejamento para outras formas de geração de renda? Incentivos a pequenos produtores? Hoje há muita dificuldade para os empresários virem para Niquelândia, por causa da localização geográfica. Mas o governador de Goiás

está asfaltando rodovias para integrar o norte e nordeste goiano e assim possibilitar a instalação de outras atividades. Em termos de tributação, temos incentivos fiscaism como a isenção de ISSQN (Imposto Sobre Serviço de Qualquer natureza), apoio na estrutura básica para implantação da produção: terraplanagem, movimentação de terras e aberturas de estrada. Temos ainda o Produleite, em que a Prefeitura disponibiliza um técnico exclusivo à disposição dos produtores. REP: Nas eleições, quem foram os candidatos que o Senhor apoiou? E como é sua relação com a Câmara Municipal de Niquelândia? Dos treze vereadores eleitos apenas quatro foram do nosso palanque, mesmo assim temos uma sintonia muito boa. Apoiei Marconi Perillo (PSDB) para o governo do Estado. Apoiei o Deputado Federal Pedro Chaves (PMDB) também reeleito. Apoiei o Vilmar Rocha (PSD) para o Senado, e para deputado estadual Suely Novaes (PT) e o Erivaldo Piqui (PSL) daqui da cidade que não foram eleitos. Niquelândia conta com quatro deputados federais: a Magda Mofato (PR), Pedro Chaves (PMDB), Jovair Arantes (PTB), Flavia Moraes (PDT), e quatro estaduais Zé Antonio (PTB), José Vitti (PSDB), Claudio Meirelles (PR) e Henrique Arantes (PTB). Agora espero a retribuição deles me ajudando a trazer coisas importantes para a comunidade.

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Imagino a alegria das crianças nas escolas ao receberem a visita de escritores de livros infantis.



Fotografia


Por trás das letras

Mesclando fotografia e literatura, o ensaio realizado para a disciplina Fotojornalismo procura responder ao questionamento “Será que Machado de Assis ou Carlos Drummond de Andrade conseguiriam escrever suas crônicas e poemas se vivessem a mesma rotina que nós?”.

Disponível em: www.fotojornalismounb.wix.com/camilacastro



Signos do zodíaco

Realizado para a disciplina Fotografia Publicitária, o ensaio é composto por retratos combinados com palavras representativas dos signos zodiacais.

Disponível em: www.issuu.com/camilacastro6/docs/ensaio_final_fotopp



Diferentes personalidades, diferentes profissões

Realizado para a disciplina Introdução à Fotografia, o ensaio é inspirado no Artigo XXIII da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que defende o direito ao trabalho e livre escolha de emprego.

Disponível em: www.issuu.com/camilacastro6/docs/ensaio_final_ifoto



Cobertura de eventos

À direita, foto de João Lucas em seu batizado. Abaixo, show de forró e música de raiz com Juraildes da Cruz, na 1ª Festa Literária de Niquelândia.




Edição de imagem


Antes


Depois


Antes


Depois



Edição de vídeo



Dani

Curta-metragem desenvolvido para a disciplina “Oficina Básica de Audiovisual”, vencedor dos prêmios “Melhor roteiro” e “Escolha do Público” no FECUCA. Participação: - Edição de vídeo.

Disponível em: youtu.be/G-ESs2DtBrA


Contato: camila.castro94@gmail.com


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