Reportagem Cultura Ucraniana -Caderno Mais Gazeta do Paraná

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Domingo I 28 de Setembro de 2014 I

GAZETA DO PARANÁ

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Ucranianos buscaram no Paraná a tranquilidade para viver e manter suas tradições

Alegria europeia no Paraná

“A glória e coragem ucraniana se farão conhecer entre todas as nações” OFICINA DE REPORTAGEM

Colaboração Univel CAMILA JUVIAK

● “A Ucrânia não morrerá ja-

mais, enquanto houver um grupo jovem que dance suas danças típicas, cante suas canções folclóricas e cultive suas tradições como uma chama sagrada. Os valores ucranianos hão de passar de uma geração para a outra até o fim dos séculos”. Essa frase da poetisa paranaense Helena Kolody, filha de imigrantes ucranianos, destaca perfeitamente a força desta tradição. No fim do século 19, a Ucrânia era dividida e dominada por imperadores russos e austro-húngaros. Desta maneira, eram proibidas manifestações públicas da ‘língua mãe’ do país. Por essas repressões, os ucranianos se obrigaram a procurar abrigo fora da Europa, assim várias comunidades se formaram pelo mundo, inclusive no Brasil, com predominância no Paraná. Por volta do ano de 1895, aproximadamente 20 mil imigrantes chegaram ao Estado, concentrando-se nos municípios de Curitiba, Prudentópolis, Ponta Grossa, Roncador, Mallet, União da Vitória e Pato Branco. Os filhos desses imigrantes passaram a desbravar outras várias localidades do

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Estado. A cidade de Cascavel também foi um dos destinos. Ucranianos vindos do sul do Paraná, a partir de 1945 formaram a colônia de Centralito e espalharam-se por outras regiões do Município. Já no ano de 1969, a construção da Igreja Matriz de Nossa Senhora Perpétuo Socorro foi iniciada com estrutura toda de madeira. Após 12 anos foi reconhecida pelo Vaticano como Paróquia. A preservação dos elementos culturais ucranianos é cultivada em suas colônias e comunidades espalhadas pelo Estado. A cultura abrange danças, músicas, gastronomia, pinturas, língua de origem e bordados. No Município, manter a cultura é fator chave desses procedentes. “Desde que os nossos descendentes chegaram ao País, fomos um povo unido, buscamos manter o que nos foi ensinado e repassar aos que serão o futuro da nossa origem”, explica Matheus Zalula, jovem de origem ucraniana.

Dança A Hopak, típica dança proveniente da Ucrânia, tem esse nome por ser derivada do verbo Hopati, que significa saltar. É o principal símbolo ao se relacionar com a cultura dos antepassados. A dança se remete às festas e rituais religiosos. As músicas das coreografias geralmente são alegres e agitadas. O grupo folclórico de Cascavel leva o nome de Sonhachnek (Girassol), foi fundado em fevereiro de 1986 pela Irmã Lúcia Chrominski, com o intuito de manter os costumes herdados dos ancestrais. No início o grupo era composto por 24 pessoas apenas, e as apresentações eram realizadas em eventos locais. Posteriormente, viagens eram realizadas para mostrar a cultura pelo Paraná. Matheus Zalula e Ana Carolina Zamulhak Olinquivecz são dois jovens que nasceram em berço de descendentes da Ucrânia, carregam com eles os belos costumes cultivados e fazem parte do grupo folclórico Sonhachnek. “Manter a tradição para mim não é obriga-

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tório, mas sim uma honra. Minha família é ucraniana e tive incentivo dela na dança, na fala e na religião. Fui colocada no grupo de dança há 14 anos e é muito legal, gostaria de passar isso para as futuras gerações, manter nossa cultura é manter a base da vida”, conta Ana. Matheus está no grupo de dança há aproximadamente 11 anos e vem aprendendo cada vez mais e conta seus planos futuros. “Danço desde pequeno, porém não aprendi a língua de origem muito bem, tive que recorrer a cursos e na catequização para me aperfeiçoar. Não me vejo fora da cultura. Pretendo entrar para a ordem ucraniana, ser um religioso, desejo ensinar para as crianças o que é nosso e que precisa ser mantido”, explica o jovem.

Artesanato Há bastante complexidade em suas formas. Os bordados estão presentes nas roupas e toalhas, levando nelas gravuras coloridas. A xilogravura (técnica de entalhar a madeira), a pintura de bonecas, e as mais reconhecidas, que são as pêssankas. As pêssankas foram trazidas pelos imigrantes durante o século XIX, geralmente são feitas na última semana da Quaresma em comemoração à chegada da Páscoa. São feitas pinturas coloridas à mão em ovos de galinha, pato ou avestruz. São consideradas como talismãs ou amuletos, por trazerem em seus desenhos detalhados representações do amor, prosperidade, saúde, fertilidade e esperança.

Gastronomia A culinária ucraniana se destaca pela diversidade contida em seus pratos coloridos e pouco condimentados. O uso variado de grãos e legumes está presente, assim como a predominância de carnes (principalmente suína) em seus cozidos. Esta reportagem é resultado da oficina Outra Pauta, foi produzida por acadêmicos de Jornalismo em uma parceria entre a Gazeta do Paraná e a Univel.

DATA ● No dia 15 de novem-

bro haverá Festival de Folclore Ucraniano, na cidade de Irati-PR, contando com a presença de grupos do Estado com muita dança, artesanato e comidas típicas.

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