Desempenho acústico de interiores

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DESEMPENHO ACÚSTICO DE RECINTOS FECHADOS


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO ALLANA XAVIER BEATRIZ DANTAS CAMILLA SASSI CATARINA TAI

DESEMPENHO ACÚSTICO DE RECINTOS FECHADOS Trabalho apresentado a cadeira de Conforto Ambiental I da Universidade Católica de Pernambuco. Orientadora: Paula Maciel

RECIFE/PE JUNHO 2019


1. INTRODUÇÃO O estudo da acústica arquitetônica é uma necessidade nos projetos e tem como principal objetivo o tratamento acústico dos recintos de forma que promova uma boa relação entre o indivíduo e o ambiente. Para que isso aconteça, é preciso existir um tratamento equilibrado dos ruídos de maneira que eles não causem incomodo e dificultem a comunicação. Existem tipos de ruídos que podem prejudicar o conforto acústico de um recinto: os ruídos de fundo que são aqueles desencadeados por sistemas de ventilação; os ruídos externos, causados por atividades humanas, para conhece-los é essencial analisar o local onde o projeto será realizado para saber se ele possui avenidas movimentadas, áreas de comércio e outros pontos que podem causar grande quantidade de ruídos e os ruídos internos são produzidos dentro do ambiente que juntos podem causar desconforto sonoro, uma vez interferindo no bom andamento das funções do ambiente. O desempenho acústico de ambientes vai estar ligado diretamente a absorção sonora que é feita através do condicionamento acústico e este, determinará a qualidade sonora interna do recinto. Já a transmissão sonora, designará os níveis de ruído do exterior para o ambiente por meio de paredes, esquadrias e piso, e neste caso, a transmissão dos ruídos é tratada pelo isolamento acústico afim de impedir que o som transpasse para o recinto e prejudique sua inteligibilidade. Para poder se fazer o tratamento acústico de um ambiente precisa-se conhecer inicialmente o tempo de reverberação do local. O tempo de reverberação pode ser definido como o tempo decorrido de quando um som é emitido até o momento de sua interrupção, determinando como será o tratamento voltado para absorção acústica. O tempo de reverberação do recinto precisa ser o mais próximo do Tempo de Reverberação Ótimo para que se consiga ter um ambiente com boa inteligibilidade.


2. O OBJETO DE ESTUDO

O recinto a ser estudado é localizado no 2º andar do Edifício Segadas Vianna na Rua Marquês do Recife. Apesar da vista privilegiada para o Rio Capibaribe, a fachada leste do edifício se encontra voltada para a Avenida Martins de Barros, via de circulação intensa ao longo do dia e, por estar situado no bairro histórico de Santo Amaro, são presenciados constantes barulhos no entorno de reformas e construções, além dos inúmeros comércios nas calçadas e ruas. Desse modo, vê-se a necessidade de um estudo afundo sobre um condicionamento acústico ideal afim de diminuir a transmissão de ruídos para o interior do recinto. A sala da proposta, a 202, por sua vez, possui uma área de 196m2, pé direito de 2,80 e, portanto, um volume de 548,80m2.

PLANTA DE SITUAÇÃO


3. A PROPOSTA O recinto Pelo edifício a ser estudado ser do período modernista do Recife, entende-se que sua estrutura é de concreto armado e, como característica importante do movimento, apresenta janelas em fitas ao longo de sua fachada. De acordo com o livro “Acústica Arquitetônica” por Régio Paniago Carvalho, tais elementos citados possuem coeficienes de absorção 0,02 e 0,06, respectivamente. Desse modo, entende-se que o recinto, sem nenhum tipo de tratamento acústico, possui um Tempo de Reverberação baixo e uma quantidade de reflexões do som elevada. Consequentemente, a natureza acústica do ambiente impossibilita a utilização do espaço sem que haja um estudo preliminar sobre a capacidade absortiva de materiais e objetos. Área: 196m2 Volume: 548,80 m3

PLANTA BAIXA ESC 1/125

Como proposta de utilização para o ambiente, escolhemos atribuir ao espaço a função de uma Cafeteria. Entendemos que sua atividade engloba clientes com diferentes objetivos; tanto para visitar e conversar com os amigos, quanto para tomar um café e aproveitar o ambiente. A comunicação é, portanto, primordial para o seu funcionamento, sendo necessário um recinto com bom grau de inteligibilidade. Para que se alcance tal objetivo, foi-se necessária a implantação de um forro acústico (página 8), parede verde e revestimentos com ótimo valor absortivo, por exemplo, para diminuir a reverberação do som e alcançar, consequentemente, um valor do Tempo de Reverberação mais próximo do ideal, 0,70.


Tabela de Absorção SUPERFÍCIE

Forro Alfa sem Plenum Piso de Tacos de Madeira Colados Poltrona Estofada Revestida com Tecido Cadeira de Palha Mesa de Madeira Envernizada (50mm) Parede Verde Estante de Livros Clientes Porta com Vedação de Borda e Orifícios Banco Alto de Palha Tampo de Granito do Balcão Parede de Bloco de Concreto Pintado

ÁREA (S) 196m² 196m² 9 18 9 16m² 6,16m² 70 1 7 9,15m² 102,61m²

COEFICIENTE DE ABSORÇÃO (a) 0,35 0,06 0,28 0,02 0,05 0,4 0,9 0,44 0,3 0,02 0,01 0,06

S*a 68,6 11,76 2,52 0,36 0,45 6,4 5,544 31,24 0,3 0,14 0,0915 6,1566 An=133,5621 V=548,80 Tr=0,66


Tratamento Acústico Especificação dos Materiais:

1

1- Parede Verde 2- Mesa de Madeira Envernizada (50mm) 3- Poltrona Estofada Revestida com Tecido 4- Tampo de Granito do Balcão 5- Banco Alto de Palha 6- Piso de Tacos de Madeira Colados 7- Cadeira de Palha 8- Estante de Livros 9- Porta com Vedação de Borda e Orifícios 10- Parede de Bloco de Concreto Pintado

3 2

4 8

7

10 9 6

5

PLANTA BAIXA ESC 1/125

D2

CORTE AA ESC 1/125

CORTE BB ESC 1/125

D1


Piso de Taco de Madeira Colados Camada de Ar Piso de Concreto Armado CHAMADA DE DETALHE 1 ESC 1/20

Laje de Concreto Armado Camada de Ar Forro Alfa sem Plenum CHAMADA DE DETALHE 2 ESC 1/20

PLANTA DE FORRO ESC 1/125


4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A sala 202 do Edifício Segadas Vianna, de início, era um ambiente inadequado para qualquer tipo de atividade. Porém, com experimentos e estudos sobre o entorno, os possíveis materiais e a nova função e seus problemas acústicos já existentes, resultou-se em um recinto cuja inteligibilidade acústica e atenuação do som são ideais para a funcionalidade da proposta. Assim, compreende-se a importância do tratamento acústico de um ambiente para o bem estar do homem e como este estudo pode ser um fator influente nas decisões durante o desenvolvimento do projeto.


5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bê-á-Bá da Acústica Arquitetônica: Ouvindo Arquitetura - Lea Cristina Lucas de Souza Acústica Arquitetônica - Régio Paniago Carvalho Acustica de Los Edificios - Mathias Meisser http://44arquitetura.com.br/2017/09/arquitetura-acustica-desenvolver-bem/


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