Vale Ver 1

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N.º 1 • Ano I • Dezembro • 2007 • distribuição gratuita e dirigida

Parque Estadual da

SERRA DO MAR NEGÓCIOS no Vale

Circuito da

Trilha do

OURO

ILHAS Santuários Ecológicos Entrevista com Lack

Apostole Lazaro Chryssafidis

Ecoturismo e Gastronomia na

MONTANHA



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E d i t o r i a l

Í n d i c e

Uma terra bonita por natureza Praias com sol a maior parte do ano, paisagens serranas e um delicioso friozinho que nos faz esquecer que estamos em um país tropical. Aventura, preservação do meio ambiente, fé e muito mais. Para que possamos continuar usufruindo toda essa beleza, é urgente implementar planos para o desenvolvimento sustentável, que visem a utilização racional dos recursos naturais e a organização da atividade turística como um todo. Em um mundo onde os avanços tecnológicos, científicos e sociais causaram tantas mudanças nas últimas décadas, não se pode deixar de pensar em soluções para uma qualidade de vida melhor. Os temas do respeito à natureza, da preservação do meio ambiente, da melhor utilização do tempo ocioso, das atividades envolvidas com a educação, cultura e lazer, farão parte da proposta desta revista, para contribuir com o despertar do desejo de usufruir mais de nossa região.

PARQUE ESTADUAL DA

Serra do Mar

Trilha do

OURO

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Circuito da

Ecoturismo e Gastronomia na

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MONTANHA

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NEGÓCIOS

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Conselho Editorial: Edson Rodrigues, Nelson Campos Marcílio Sousa Lima, Alessandra Jorge, Celina Rodstein Rodrigues. Edição: Marcílio Sousa Lima Redação: Alessandra Jorge – MTB 48.711 Marketing e Vendas: Celina Rodstein Rodrigues Projeto Gráfico, Editoração Eletrônica, Tratamento de Imagens e Finalização: BC&C Comunicação e Design Ltda.

no Vale

Direção de Arte: Camilo Alvarez Netto Fotografia: João Rangel, Camilo Alvarez Netto, Gustavo Grunewald, Nelson Campos, Reginaldo Pupo, René Nakaya, Divulgação – Prefeituras de Caraguatatuba, Ubatuba e São José dos Campos Capa: Trilha do Ouro (Serra da Bocaina) – Camilo Alvarez Netto Jornalista Responsável: Alessandra Jorge – MTB 48.711 Assessoria Editorial: BC&C Comunicação e Design Ltda. Fotolitos, Impressão e Acabamento: Resolução Gráfica – Taubaté

ILHAS Santuários Ecológicos

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Distribuição: DM Logística Ltda A Revista ValeVer é uma publicação trimestral da MKT.ROD Admininstração de Marketing Ltda. Atendimento ao leitor : (12) 8122-5161 / 8122-8999 • contato@revistavalever.com.br Os artigos assinados são de total responsabilidade de seus autores, bem como o conteúdo do material publicitário. Não é permitida qualquer reprodução de textos ou fotografias sem a prévia autorização dos editores.

Entrevista com

LACK

Apostole Lazaro Chryssafidis

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PARQUE ESTADUAL DA

Serra do Mar O Parque Estadual da Serra do Mar chegou aos 30 anos, completados em setembro de 2007, com problemas de gente grande. Com uma área de mais de 315 mil hectares, que abrange 28 municípios paulistas, esse gigante verde detém preservada a maior área de remanescentes contínuos de Mata Atlântica do Brasil.

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A preservação desse importante ecossistema, berçário de inúmeras espécies de animais e plantas, muitas delas endêmicas, também é a garantia de abastecimento de água da região, pois se encontram nos seus limites as cabeceiras formadoras dos rios Paraíba do Sul, Tietê e Ribeira do Iguape, cujos mananciais abastecem toda a Baixada Santista e Litoral Norte e parte da região metropolitana de São Paulo e Vale do Paraíba.

Camilo Alvarez Netto

PROBLEMAS - Alguns dos problemas são a ocupação irregular de encostas e mananciais, caça predatória, extração de recursos naturais, práticas realizadas muitas vezes nos 70% do total de sua área, pertencentes a particulares. O Estado detém apenas 30% desta área. Tanta grandiosidade obrigou a divisão da sua administração em oito núcleos. No entanto, a falta de recursos e estrutura em alguns deles ainda impede uma fiscalização mais eficiente. Desses núcleos, cinco se encontram na nossa região: Cunha/Indaiá (acesso por Paraibuna), Santa Virginia (São Luis do Paraitinga), São Sebastião (acesso Juqueí /São Sebastião), Picinguaba (Ubatuba) e Caraguatatuba (Rio do Ouro/ Caraguá). Os demais são: Pilões (Cubatão), Curucutu (Itanhaém) e Pedro de Toledo (Pedro de Toledo). Enquanto a regularização fundiária não acontece, os núcleos se esforçam para garantir a preservação, com promoção de atividades de conscientização ambiental junto as comunidades e visitantes, além do credenciamento de monitores para a realização de roteiros de ecoturismo. RIQUEZA – Jatobás, manacás-daserra, cedros, guapuruvus, quaresmeiras e ipês com certeza farão parte das caminhadas nas inúmeras trilhas, acompanhadas, ou pelo menos observadas, por onças, jacutingas, jaguatiricas, tamanduás, sabiás, tucanos, ariranhas e tantos outros animais. 07


Geo-Vértice – (12) 3836.1032

PARQUE ESTADUAL DA

Serra do Mar

Fora a riqueza natural, o parque abriga também comunidades que preservam a cultura caipira e caiçara, além de uma reserva indígena Guarani e uma quilombola no núcleo Pincinguaba em Ubatuba, que se destaca por suas praias desertas, que podem ser visitadas sem necessidade de prévia autorização. No núcleo Santa Virgínia são encontradas 17 cachoeiras que se espa-lham pelos rios Ipiranga, Rio Grande, Paraibuna e seus afluentes. O rafting pelo rio Paraibuna é a atividade que atraí o maior número de visitantes. Nele Em São Sebastião, o Parque envolve 70% da cidade. Entre os atrativos estão a caminhada até a Praia Brava, Cachoeiras do Itu e ruínas do Sítio São Francisco.

do Parque e sua área alcança cerca de 90 mil hectares. Desde 1995 a unidade faz parte do PPMA (Programa de Preservação da Mata Atlântica), projeto que é executado em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo e com o banco alemão KfW. Caminhadas pelo interior da floresta e refres-cantes banhos em piscinas naturais de águas cristalinas são os atrativos das trilhas do núcleo.

Ocupação irregular, caça predatória e extração de recursos ameaçam o Parque.

PIONEIRO - O núcleo de Caraguatatuba foi o primeiro do Litoral Norte e um marco na história da preservação da Mata Atlântica na região. Nele está grande parte da vegetação 08

VISITAÇÃO – O Parque conta com o Centro de Visitantes em funcionamento nos núcleos Pilões (Cubatão) e Picinguaba (Ubatuba). O núcleo ubatubense possui monitores ambientais credenciados e capacitados junto ao Instituto Flo-restal de São Paulo, responsável pelo gerenciamento de todas as Unidades de Conservação no Esta-do, que levam os visitantes para as trilhas ao custo médio de R$ 40 por grupo com no máximo de 15 pes-soas.

FUNDAÇÃO: 1977 ÁREA TOTAL: Mais de 315 mil hectares 28 Municípios DIVISÃO ADMINISTRATIVA 8 Núcleos



PARQUE ESTADUAL DA

Serra do Mar

Nos demais núcleos é necessário agendar antes. Na maioria deles há hospedagem dentro do parque apenas para pesquisadores e estudantes, mas é possível encontrar boas acomodações nas cidades onde estão localizadas as unidades de preservação. TAXA – Em Caraguatatuba é cobrada uma taxa de R$ 2 por visitante. Atualmente a caminhada é realizada de segunda a sábado, por duas trilhas com monitor, sendo necessário fazer agendamento. No núcleo Santa Virginia não é cobrada nenhuma taxa para visitar e percorrer uma das três trilhas disponíveis. Atualmente, o local conta apenas com um monitor para acompanhar grupos com no mínimo 5 e no máximo 40 pessoas. Em São Sebastião, a visita ao local é limitada a 40 pessoas por dia e faz parte do Programa Conjunto de Ecoturismo desenvolvido pelo núcleo, Secretaria de Meio Ambiente e Prefeitura da cidade.

INFORMAÇÕES DOS NÚCLEOS Picinguaba (Ubatuba) Telefones (12) 3832-9011 e (12) 3832-1397 Acesso: rodovia Rio-Santos (BR-101) e Oswaldo Cruz ou Tamoios até Ubatuba. Caraguatatuba Telefones (12) 3882-3166 e 3882-5999 Acesso: rodovia Carvalho Pinto ou Tamoios. São Sebastião (Juqueí) Telefones (12) 3863-1707 / 3863-1575 / Secretaria Meio Ambiente (12) 3892-1808 Acesso: SP-55 e BR-101

Cunha/Indaiá (Paraibuna) Telefones (12) 3111-1818 e (12) 3111-2353 Acesso: seguir pela rodovia Presidente Dutra, entrar na rodovia Paulo Virginio (SP-171) e pegar a Estrada Municipal de Paraibuna, na altura do km 56 da SP-171 até chegar ao núcleo depois de trafegar por 20 quilômetros em trecho não pavimentado. Santa Virgínia Telefones (12) 3671-9159, (12) 3671-9266 e (12) 3671-9159 Acesso: rodovia Presidente Dutra até Taubaté, depois Oswaldo Cruz em direção à Ubatuba. Na altura do km 78 entrar a esquerda em uma estrada de terra e percorrer cerca de 500 metros até a sede administrativa.


Benedito Joaquim da Costa

TRILHA DO OURO hist贸ria e aventura

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TRILHA DO OURO

No Brasil colônia índios, escravos, bandeirantes e tropeiros a percorreram. No fim do século 18, alguns trechos da Trilha foram alargados e receberam calçamento de pedras que tiveram que ser retiradas do rio Mambucaba pelos escravos para permitir o escoamento dos produtos, feito em carretões de tração animal. Na época, muitos viajantes, para fugir da tributação imposta por Portugal sobre o minério extraído, utilizavam-se de trilhas alternativas e perigosas, traçadas pelos índios Guainazes, para chegar até a praia, de onde escoavam a produção. Hoje, uma legião de aventureiros, amantes da natureza, a desbravam. A Trilha do Ouro é um convite ao resgate de uma importante parte da história do Brasil, em um tempo em que seus caminhos eram utilizados para transportar as riquezas de Minas Gerais para o litoral do Rio de Janeiro, de onde seguiam em embarcações para Portugal. O passeio começa por São José do

Barreiro, porta de entrada para o Parque Nacional da Serra da Bocaina, um gigante com uma área de aproximadamente 104 mil hectares entre os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Criado em 1971, como proteção contra acidentes nucleares nas usinas de Angra dos Reis, e o resultado garantiu também a preservação de um tesouro da floresta pluvial, com toda a diversidade de um ecossistema tão ameaçado como a Mata Atlântica. A trilha é recomendada aos iniciados no trekking e com boa forma física, pois, para enfrentar a caminhada até Mambucaba, município de Angra dos Reis, é preciso estar preparado. Mas, se esse não for o seu caso, há outros passeios mais leves. Todo o percurso da trilha é feito

geralmente em três dias, sempre com a supervisão de guias, pois existem muitas bifurcações e curiosidades e só um profissional credenciado poderá fazer da caminhada um passeio gostoso e com segurança.

A Trilha do Ouro é um convite ao resgate de uma importante parte da história do Brasil

A AVENTURA – Equipados com botas especiais para trekking, mochila nas costas, squeeze para água, máquina fotográfica, espírito de aventura e muita disposição, os “desbravadores” iniciam o percurso em busca das riquezas da Mata Atlântica. O primeiro tesouro é encontrado com poucos minutos de caminhada. Por uma trilha fácil, é iniciada a descida até o poço da Cachoeira de Santo Izidro. Durante o caminho é possível acompanhar a formação da queda com 80 metros de água super claras, que formam um poço com

Camilo Alvarez Netto

PERTO DO CÉU – Paisagem que aguarda os aventureiros no alto da Serra da Bocaina ao longo da Trilha do Ouro

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Camilo Alvarez Netto

PRESENTE – Com 80 metros de queda d’ água, a Cachoeira de Santo Isidro é o primeiro presente encontrado no Parque Nacional da Serra da Bocaina. A facilidade da trilha que leva ao local transformou o lugar em um dos mais visitados

uma prainha ao lado. A água é fria, o que ajuda a aguçar a adrenalina para enfrentar os primeiros dezesseis quilômetros. Ainda estão reservados para este dia a Cachoeira das Posses e o Vale do Bonito, além do primeiro contato com a vida simples dos colonos que moram na área, onde todos ficarão hospedados. O segundo dia do passeio é reservado à contemplação da fauna e da flora. Pinheiros, araucárias, cedros, embaúbas, palmitos e bromélias vivem harmoniosamente com feli-

nos, preguiças, veados, macacos, cobras, aves e muitas outras espécies. E para quem achar que isso é tudo, há ainda a visita à cachoeira do Veado com 200 metros em duas quedas emolduradas com a paisagem intocável da Mata Atlântica. No terceiro e último dia serão completados os cerca de dezoito quilômetros finais da Trilha do Ouro até Mambucaba e o encerramento com um banho gelado no rio Santo Antônio.

O roteiro pode variar conforme a agência contratada. Mas, o que não vai mudar nunca é a sensação de paz e integração completa com a natureza. Geralmente os roteiros são acompanhados por veículos, que transportam os aventureiros em alguns trechos, e há mulas que carregam parte das bagagens. SERVIÇO - No Parque não há estrutura de apoio ao turista e é preciso autorização do Ibama para entrar nas áreas preservadas, com a


Camilo Alvarez Netto

TRILHA DO OURO

companhia de guias autorizados. O horário de funcionamento é das 7h às 19h. Mais informações pelos telefones (12) 3117-2183 e 2188 e pelo e-mail pnsb.rj@ibama.gov.br O acesso é feito pela rodovia Presidente Dutra entrando em

Queluz, seguindo-se até Areias e finalmente até São José do Barreiro, num percurso de 35 quilômetros de estrada asfaltada. De lá, segue-se pela SP-221, em um percurso de mais de 27 quilômetros até o Parque em estrada de terra.

RECOMPENSA – Uma hora antes de terminar a trilha turista banha-se em águas refrescantes

O QUE LEVAR PARA A TRILHA DO OURO: • Menos peso possível, pois mochila leve é sinônimo de conforto e prazer • Um fleece (segunda pele) para frio • Capa de chuva ou anorak (corta-vento) • Duas calças especiais para trekking • Objetos de higiene pessoal • Roupa de banho e chinelo de borracha • Repelente • Lanterna com pilhas • Squeeze para água

• Vitamina C, apito, canivete e própolis • Tênis ou bota especial para caminhada já amaciada • 3 camisetas, roupas íntimas e roupas limpas para voltar • Protetor solar • Mochila de ataque de 32 litros para carregar seu lanche e pertence nas caminhadas • Mochila de 20 litros ou bolsa de nylon para sua bagagem transportada nas mulas • Espírito de aventura e bom humor


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D e s i g n

M a r k e t i n g

P u b l i c i d a d e


João Rangel Marcelo

FÉ no Vale

A canonização de Frei Antônio de Sant' Anna Galvão, o popular São Frei Galvão, pelo papa Bento XVI, em maio desse ano, colaborou para consolidar ainda mais o Vale do Paraíba como principal pólo da Igreja Católica no Brasil. A fé em Frei Galvão, Nossa Senhora Aparecida e na Renovação Carismática atraem aproximadamente 10 milhões de visitantes por ano para Guaratinguetá, Aparecida e Cachoeira Paulista.

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O roteiro inclui o Santuário de Santa Cabeça, em Cachoeira Paulista, na rodovia dos Tropeiros e a Gruta de Nossa Senhora de Lourdes em Guaratinguetá, cuja água é considerada abençoada e milagrosa. A maioria desses romeiros, em torno de oito milhões, dirige-se à Basílica de Aparecida, que detêm os títulos de maior centro mariano do mundo, maior centro de peregrinação religiosa da América Latina e segundo maior santuário do mundo, atrás somente da Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Em Aparecida, além do Santuário Nacional, os romeiros visitam a Basílica Velha, que está sendo restaurada, o Morro do Cruzeiro, local de celebração da Via Sacra durante a Quaresma, e o Porto Itaguaçu, local onde foi encontrada a imagem da santa. Na cidade há também o Centro de Apoio ao Romeiro, com ampla praça de alimentação, 330 lojas, quiosques, serviços bancários , ambulância nos finais de semana e feriados e área de lazer, com diversas opções.

Mais de 10 milhões de romeiros visitam a cidade anualmente

CIRCUITO – Com o intuito de fazer circular esse número de visitantes foi lançado, em fevereiro de 2007, o Circuito da Fé, que pretende profissionalizar o turismo religioso na região, com a promoção de cursos de gerenciamento para as empresas do setor e dar assessoria às prefeituras para a adoção de medidas que visem melhorar a infra-estrutura existente. Nas cidades foram colocados doze painéis com informações dos principais atrativos turísticos, indicando também os outros lugares a serem visitados dentro do Circuito da Fé.

INVESTIMENTOS – Para receber bem tanta gente só o Santuário investiu, este ano, cerca de R$ 8 milhões em

obras e reformas e deve inaugurar, até o próximo ano, o Centro de Eventos, orçado em R$ 20 milhões, com capacidade para abrigar 10 mil pessoas sentadas. DOAÇÕES – Segundo a administração do Santuário todas as despesas são custeadas com as doações dos mais de 453 mil devotos. Os números também impressionam na Comunidade Canção Nova, criada em 1978 pelo Padre Jonas Abib e outras 11 pessoas. O reduto da Renovação Carismática atrai cerca de 500 mil católicos por ano e possui em torno de 1.400 funcionários. Na comunidade, as despesas também são mantidas por mais de 540 mil associados, que contribuem mensalmente. Para acomodar tantos visitantes, o local conta com um João Rangel Marcelo

FÉ MARIANA – Vista aérea da Basílica de Aparecida, segundo maior santuário do mundo, que recebe cerca de 8 milhões de visitantes por ano. As despesas são custeadas com as doações de mais de 453 mil devotos. 17


Circuito da

João Rangel Marcelo

ginásio de 22 mil metros quadrados, considerado o maior em vão livre da América Latina, com capacidade para abrigar 70 mil pessoas, o que acontece freqüentemente, principalmente nos finais de semana e feriados prolongados. Em Guaratinguetá, a canonização de Frei Galvão fez aumentar em mais de 600% o número de visitantes. Atualmente, em média 290 ônibus chegam na cidade aos finais de semana. Antes esse número mal ultrapassava os 40 fretados. Os investimentos que estão sendo feitos na cidade envolvem a instalação de Postos de Informação Turística com local para a permanência de guias e banheiros, com atendimento diário das 8h às 18h. Os projetos ainda incluem a construção de bolsões de estacionamento e um portal com banheiros, sala para recepção de turistas e posto de atendimento aos romeiros. João Rangel Marcelo

Prefeitura de Guaratinguetá

PEREGRINAÇÃO Casa de Frei Galvão, local onde nasceu o santo e que hoje guarda suas relíquias 18


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Circuito da

Prefeitura de Guaratinguetá

ROTA – Uma rota de peregrinação com 128 quilômetros entre São Bento do Sapucaí e Guaratinguetá também é uma opção para os devotos do primeiro santo brasileiro. O Caminho de Frei Galvão, como foi chamado, passa por seis municípios. O trajeto, percorrido em pelo menos quatro dias, se inicia em São Bento, passa pelo distrito de Luminosa, em Brasópolis (MG) e atravessa as cidades mineiras de Piranguçu, Venceslau Brás e Delfim Moreira, até chegar ao bairro rural dos Pilões, em Guaratinguetá. A caminhada é encerrada na Casa de Frei Galvão, no centro de Guará, onde os devotos recebem as pílulas de papel com a oração do santo, para depois seguir para a Catedral de Santo Antonio, onde o frei foi batizado e celebrou sua primeira missa como sacerdote. Os romeiros que se dispuserem a fazer a caminhada, além de um convite à renovação da fé, encontrarão pelo caminho rios e riachos de água cristalina, na Serra da Mantiqueira. De todo o percurso apenas um trecho de 16 quilômetros é feito pelo asfalto, o restante é em estrada de terra, por caminhos antigamente usados pelos tropeiros. Ao chegar a

São Bento os romeiros pagam R$ 5 e recebem uma credencial com todas as informações sobre a viagem. HOSPEDAGEM – A maioria dos romeiros que percorre o Circuito da Fé se hospeda em Aparecida, que tem uma rede hoteleira com 26 mil leitos, distribuídos em 156 hotéis. A cidade fica a cinco quilômetros de distância de Guarátinguetá e a trinta quilômetros de Cachoeira Paulista.

MILAGROSAS Canonização de Frei Galvão fez aumentar a procura pelas pílulas de papel produzidas pela irmandade

PARA SABER MAIS ACESSE www.aparecida.sp.gov.br www.cancaonova.com.br www.guaratingueta.sp.gov.br www.santuarionacional.com

Prefeitura de Guaratinguetá

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Ecoturismo e Gastronomia

Altus Turismo Ecol

NA MONTANHA

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Com um dos melhores climas do mundo, Campos do Jordão revela-se como uma opção charmosa, requintada e repleta de atrativos turísticos, que passeiam por uma gastronomia rica e diversificada, que recebe influências desde a culinária tropeira até a trazida pelos imigrantes portugueses, franceses e italianos. Mas, antes de saciar o paladar que tal aguçar a adrenalina? Os amantes do ecoturismo também poderão se sentir saciados com as várias opções de roteiros de quadriciclo, mountain-bike, rappel, trilhas, hipismo, off road e arborismo oferecidos pelas agências que operam na cidade. Há passeios a partir de R$ 10 (mini-arborismo) a R$ 300 (quadriciclo) por pessoa.

Mas, para continuar atraindo tantos turistas, a Suíça Brasileira, como é apelidada devido ao friozinho e ao estilo europeu da maioria das construções, precisa investir na organização das atividades de forma sustentável, investir na formação de mão-de-obra e trabalhar pela manutenção de suas áreas preservadas, como apontam os empresários do setor. Na parte ambiental, a cidade conserva um dos seus maiores tesouros naturais, o Parque Estadual de Campos do Jordão, o popular Horto Florestal, que ocupa uma área de 8,3 mil hectares, o que equivale a um terço do município.


Ecoturismo e Gastronomia

NA MONTANHA

A Pedra do Baú é considerada um dos ícones do montanhismo no Brasil

Criado por decreto em 1941,o parque é um dos mais antigos do país e conserva preciosidades da fauna e da flora brasileiras, como a floresta de araucárias. O acesso ao local é permitido todos os dias das 8h às 17h, mediante pagamento de taxa de R$ 3 por pessoa e R$ 4 por veículo. Os visitantes encontram logo na entrada um mapa com as informações sobre as diversas trilhas disponíveis. Em algumas há a necessidade do auxílio de monitores especializados. AVENTURA – Na vizinha São Bento do Sapucaí,encontra-se o conjunto rochoso formado pelas pedras do Baú, Bauzinho e Ana Chata, declarado Patrimônio Natural do Brasil como uma das paisagens mais impressionantes do país. O Bauzinho é a rocha mais visitada e a de mais fácil acesso. Após 5 a 10 minutos de caminhada chega-se ao seu cume, de onde se tem a melhor vista da Pedra do Baú.

O percurso até a rocha Ana Chata guarda surpresas aos aventureiros, que após 1 a 2 horas de caminhada, dependendo do ritmo e do roteiro escolhido, chegam a uma gruta, que atravessa a grande rocha, de onde seguem até o topo. Lá, a recompensa é uma vista fora do comum da Pedra do Baú, do Vale do Paiol e das montanhas do sul de Minas Gerais e, se a paisagem incentivar a coragem, na descida é possível fazer um rappel na boca da gruta. BAÚ – Com cerca de 370 metros de altura, a maior atração sem dúvida é a subida ao topo da Pedra do Baú com 1.950 metros de altitude em relação ao nível do mar. Conquistada na década de 1940 por Antônio Cortez, é considerada um dos ícones do montanhismo no Brasil, e a subida por suas duas vias ferrata (trilhas com escadas de metal chumbadas na rocha com 370 degraus cada e 602 ganchos encravados na pedra) é um dos programas mais clássicos de ecoturismo e aventura do país. Além das trilhas e das vias ferrata, o Complexo da Pedra do Baú também possui uma centena de vias de escalada em rocha.

Camilo Alvarez Netto


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Altus Turismo Ecol贸gico




Ecoturismo e Gastronomia

Altus Turismo Ecológico

NA MONTANHA

SEGURANÇA – Turista desfruta de circuito de arborismo com equipamentos de segurança. O trajeto em bondinho permite curtir a Natureza com pouco esforço físico.

Os roteiros para a Pedra do Baú e Ana Chata , saindo se Campos do Jordão,têm o custo médio de R$ 70 por pessoa, com saída mínima de 2 pessoas. ARBORISMO - E para quem sempre sonhou em caminhar em meio à copa das árvores e compartilhar a natureza com pássaros, macacos e outros bichos, uma deliciosa opção é a prática do arborismo disponível em seis locais em Campos do Jordão. Os circuitos no Bosque do Silêncio e no Horto Florestal, possuem trajetos que variam entre 3 a 28 opções de travessias nas copas das árvores, podem durar de 10



Camilo Alvarez Netto

Com ínumeras opções de lojas, restaurantes e badalação, a região do Capivari em Campos do Jordão

minutos a 3 horas com custos que vão de R$ 10 a R$ 85 por pessoa, conforme a opção, sem transporte incluso. O percurso acontece em plataformas instaladas de 4 a 18 metros de altura. Os aventureiros passam entre as matas usando técnicas como rappel guiado, vários tipos de pontes, falsa baiana, do bondinho e terminam a atividade em um sobrevôo de tirolesa sobre lagunas e pinhos bravos. Há também um circuito para crianças de 3 a 9 anos com travessias em pequenas alturas com pontes, escorregador, bondinho e tirolesa. Para quem ficou indeciso com tantas opções, a dica é aproveitar a promoção do Clube da Aventura (composto por algumas agências locais) que promete descontos de até 20% em todas as atrações, em certos períodos do ano. A próxima promoção está programada para o período de 15 a 30 de janeiro de 2008. NATAL – A temporada de fim de ano promete ser uma das mais bonitas de todos os tempos. O Grupo Cozinha da Montanha organiza e apóia três eventos alusivos a data que podem ser desfrutados até o dia 6 de janeiro de 2008. O primeiro deles, a Mostra de Mesas e Cardápios Natalinos acontece em frente a Praça do Capivari. Os restaurantes locais montaram mesas decoradas e colocaram à disposição do 30

Camilo Alvarez Netto

é o centro das atrações da cidade que chega a receber em média 800 mil pessoas por ano


público opções para a Ceia de Natal e Reveillon, onde também é possível encomendar os pratos expostos. Neste ano, as frutas vermelhas, amora, framboesa e mertilo, saíram direto das lavouras da região para compor as receitas elaboradas pelos 21 restaurantes da cidade que participam da Temporada Gastronômica de Natal, incluindo entradas, pratos principais e sobremesas. A fantasia também fará parte da temporada. Papai Noel e seus ajudantes ganharam uma casa toda ambientada por decoradores da cidade no Capivari. Parte da renda obtida com a visitação será revertida a uma instituição de caridade da cidade. O ingresso custa R$ 5. INFRA-ESTRUTURA – Campos do Jordão conta com mais de 60 bares e restaurantes, mais de 160 locais de hospedagem totalizando aproximadamente 8.000 leitos disponíveis na rede. Por ano, cerca de 800 mil pessoas passam pela cidade, sendo que a maioria delas, em torno de 500 mil, entre os meses de junho e julho. As despesas com pratos como trutas e filés saem em torno de R$ 27. Especialidades como carnes exóticas e bacalhau podem variar de R$ 36 a R$ 60 o prato individual. As opções de fondue variam de R$ 60 a R$ 120 para duas pessoas. A sustentabilidade de toda a estrutura turística oferecida em Campos do Jordão tem movimentado empresários, que se uniram para divulgar e fortalecer a gastronomia como um atrativo da cidade, com o objetivo de criar eventos para atrair visitantes o ano todo e não apenas nas épocas mais frias. 31


Nelson Baptista Campos Jr.

CLIMA EUROPEU – O estilo das construções deu a Campos do Jordão o apelido de Suiça Brasileira. As condições climáticas que lhe garante um friozinho por grande parte do ano também atrai os turistas

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Para o presidente do grupo ,Paulo César da Costa, é preciso organizar o turismo e se espelhar em exemplos bem sucedidos no país. “Creio que o que falta a Campos é a organização do turismo. Temos que nos espelhar em destinos que estão dando certo como: Bonito, Brotas e Gramado. A cidade deve ser reorganizada , focando o turismo como sua grande fonte de renda (que é a nossa realidade) , com trabalho de base desde o ensino fundamental até o superior. Com os atrativos que temos, a sustentabilidade estaria garantida.” Paulo também destacou a importância do turismo regional. “Hoje se fala muito de turismo regional. O caminho é esse mesmo. Só assim podemos aumentar a permanência do turista na região. E isso já esta sendo trabalhado pelo Circuito da Mantiqueira.” Udo Alexandre Wagner, professor de turismo na Unisal de Lorena (Universidade Salesiana), diz que é preciso trabalhar políticas de desenvolvimento turístico a longo prazo que integrem Campos do Jordão aos municípios vizinhos. “Hoje não existe um planejamento turístico bem estruturado em Campos do Jordão. Não existe uma política definida do município construída junto com a comunidade, com vistas a atitudes de longo prazo. Não existem programas de desenvolvimento bem fundamentados, que integrem legislação, formação de mão-de-obra e políticas educacionais, de fomento (financiamento para empreendimentos turísticos de interesse estratégico por exemplo), marketing turístico do destino, regionalização, etc. É também muito baixa a integração com os municípios vizinhos, que é uma das chaves para o desenvolvimento turístico de longo prazo.” Como ponto positivo, Udo destaca as iniciativas associadas a legislação ambiental. “A única política turística mais forte de longo prazo está associada a legislação ambiental, que hoje é bem restritiva, tanto a nível federal como estadual e municipal, ainda que apresente incoerências e dificuldades práticas de implementação.” COMO CHEGAR – Para quem quiser chegar à cidade em grande estilo, ao sabor de uma viagem no tempo, a dica é a Estação Férrea Campos do Jordão. As automotrizes movidas à eletricidade saem de Pindamonhan-


Fabiano Faria

gaba e percorrem os 47 quilômetros do trajeto até a cidade, tendo pelo caminho a belíssima paisagem da Serra da Mantiqueira, com suas imponentes araucárias. O trem pára em pontos turísticos e de recreação como o Parque das Águas Claras e a estação de Santo Antonio do Pinhal subindo vagarosamente a Serra até chegar, em 3 horas de percurso, a Campos do Jordão. A estação também oferece passeios de trenzinho de Campos do Jordão a Santo Antonio do Pinhal e vice-versa. Além de curtir a natureza, o visitante também terá uma aula de história, contada pelos guias que acompanham o passeio. A linha férrea, construída em 1914, foi idealizada pelos médicos sanitaristas Emílio Ribas e

Vitor Godinho para o transporte de doentes respiratórios, em grande parte tuberculosos, que procuravam a cidade em busca da cura da doença. Para fazer os passeios é necessário fazer reserva. Para o roteiro de Campos do Jordão a Santo Antonio e vice-versa, o contato deve ser feito pela Estação Emílio Ribas no telefone (12) 36631531. Já, o passeio de Pinda a Campos do Jordão é agendado na Estação de Pindamonhagaba pelo telefone (12) 3644-7408. Ambos os passeios custam R$ 35 ida/volta.

Passeios de Trem: opção turística de um dia

VIAGEM NO TEMPO Automotriz que faz a viagem de Pinda para Campos em meio a rica vegetação e geografia da serra. O passeio foi iniciado em 1914 como alternativa de transporte dos doentes com turberculose

RODOVIAS - O principal acesso para Campos do Jordão é a rodovia Floriano Rodrigues Pinheiro (SP-123), com início no entroncamento da rodovia Carvalho Pinto/Ayrton 33


Camilo Alvarez Netto

Ecoturismo e Gastronomia

NA MONTANHA

Senna, na altura do km 310 da rodovia Presidente Dutra. É uma rodovia sinuosa, turística, com belos mirantes para a região do Vale do Paraíba e Serra da Mantiqueira. Abriga dois postos de abastecimento (km 11 Poço Grande e km 18 - acesso a Tremembé) e vários pontos de parada com produtos da região e atrações turísticas. A viagem, saindo de São Paulo, para Campos do Jordão tem duração aproximada de 2 horas.

Como via alternativa, a rodovia SP50, que liga São José dos Campos a Campos do Jordão, constitui-se em atração turística, atravessando belas áreas rurais, lugarejos típicos da região serrana e a cidade de Monteiro Lobato. Ela tem início na zona norte de São José dos Campos e é aconselhada para quem não tem pressa, pois seu trajeto sinuoso e com pouca sinalização requer maior atenção dos motoristas. A viagem demora cerca de 2 horas e meia.

VISTA DA SERRA Belas paisagens brindam os viajantes pelo caminho de Pinda a Campos do Jordão

Maria Fernanda Munhóz

Monteiro Lobato... belas áreas rurais e lugarejos típicos da região serrana

PARA SABER MAIS: Gastronomia: www.cozinhadamontanha.com.br Outras informações: www.camposdojordao.sp.gov.br

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Prefeitura de São José dos Campos

Parque Santos Dumont

Núcleo do Parque Tecnológico de S. J. dos Campos

NEGÓCIOS NO VALE Tecnologia, escolas e empresas São José dos Campos é uma cidade surpreendente. Nela você pode se deslocar por áreas repletas de prédios e, em outros locais, encontrar moradores que não abrem mão de viver na boa e tradicional casa. Há também regiões onde a vida na roça faz esquecer toda a tecnologia e modernidade que a transformaram a cidade em pólo tecnológico e referência no ensino e na formação de jovens para o mercado de trabalho. Vista aérea da Embraer

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Alameda das Palmeiras, no Parque da Cidade marca o caminho da antiga fábrica da Tecelagem Parahyba ao grupo escolar onde estudavam os filhos dos funcionários

Prefeitura de São José dos Campos

Para quem quiser curtir na plenitude a natureza, basta percorrer 54 quilômetros, a partir do centro da cidade, e chegar ao Distrito de São Francisco Xavier, que oferece várias opções de trilhas e cachoeiras, como a Pedro David com 15 metros de altura e a do Sabão, com 25 metros em três quedas. O distrito também encanta pela simplicidade dos seus moradores que preservam as tradições da cultura caipira. A CIDADE - No centro urbano, a ‘Capital do Avião’ também enche de

orgulho todos os seus filhos, com suas belezas, como o Banhado, que outrora era alagado pelas águas do Paraíba e hoje luta para conter a degradação. O Parque Burle Marx, ou simplesmente Parque da Cidade, com a sua rica fauna repleta de picapaus, papagaios, capivaras, garças, tartarugas, esquilos e a flora com guapuruvus e ipês, brinda os visitantes que passam pelas suas trilhas. Em meio à agitação da região central está o Mercado Municipal, com o seu tradicional pastel acompanhado da boa e saborosa garapa. A visita ao local já valeria a pena só pela

oportunidade de conversar com antigos comerciantes que há anos estão no local e acompanharam o crescimento da cidade. São José também é sede do único memorial aeroespacial da América Latina, localizado ao lado do aeroporto. O MAB (Memorial Aeroespacial Brasileiro) está instalado em uma área de 100 mil metros quadrados com exemplares de aviões fabricados pela Embraer, estandes, painéis temáticos e audiovisuais que mostram o trabalho da indústria e instituições brasileiras nos campos de aeronáutica, aeroespacial e de defesa.

CACHOEIRA PEDRO DAVID Uma das opções de passeio no distrito São Francisco Xavier, a 54 km de São José dos Campos Prefeitura de São José dos Campos

Prefeitura de São José dos Campos

MAB – Saguão de exposições no Memorial Aeroespacial Brasileiro. Em destaque ambiente espacial com maquetes dos foguetes 36


MIGRAÇÃO - Quanto a seus filhos, a cidade acolhe todos de braços abertos, sejam eles nativos ou adotados, graças ao constante ciclo migratório de pessoas de todo Brasil e Mundo que chegam em busca de novas oportunidades ou transferidos pelas grandes empresas, multinacionais que em grande número aqui se instalaram. Em todos os papéis em que atuou, São José os representou com maestria. A cidade das fazendas, até o início do século XX, deu lugar ao primeiro ciclo industrial com as primeiras cerâmicas, a Tecelagem Parahyba, entre outros. Um pouco mais tarde transformou-se em Estância Climática e foi referência no tratamento de doentes com tuberculose. Nas décadas de 40 e 50 teve início o segundo ciclo industrial, com a vinda de importantes multinacionais e o Centro Técnico Aeroespacial, hoje denominado Comando-Geal de Tecnologia Aeroespacial (CTA). Deuse início a construção da rodovia Presidente Dutra, importante via de escoamento da produção brasileira. No final da década de 60 surge a Embraer, que tanto contribui para o desenvolvimento da cidade.

obra qualificada. Os primeiros cursos vieram com o Senai (Serviço Nacional da Indústria), Etep (Escola Técnica Everardo Passos), FVE (Fundação Valeparaibana de Ensino). Hoje, São José atrai jovens de todo o país, que apostam o seu futuro nos cursos técnicos, pré-vestibulares, de graduação, pós-graduação, de olho em uma vaga nas grandes empresas da cidade e da região. O número de vagas e cursos nas instituições é ano a ano cada vez

VICENTINA ARANHA Antigo sanatório, marco na história do tratamento da tuberculose. O prédio foi projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo e inaugurado em 1924

ESCOLA - Para atender a todo esse parque industrial é preciso mão-de37


NEGÓCIOS NO VALE

maior. Entre 2006 e 2007 foram implantadas na cidade a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a Faculdade de Tecnologia (Fatec) e a modalidade de educação superior à distância por meio do sistema Universidade Aberta do Brasil. Dessa forma o número de vagas no ensino público saltou de 200 para 640, representando um aumento de 320%. Entre as universidades privadas aumentaram também as opções de formação em nível de pós-graduação com a instalação de núcleos de universidades conceituadas como FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado), Conexão FGV (Fundação Getúlio Vargas) e Inea (Instituto Nacional de Ensino Avançado) e o INPG (Instituto Nacional de PósGraduação). O sucesso da cidade também se deve a outras importantes instituições como a Univap (Universidade do Vale do Paraiba), Unip (Universidade Paulista), IBTA e Etep Faculdades (antiga EEI – Escola de Engenharia Industrial).

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NEGÓCIOS – Tantas empresas instaladas na cidade fizeram crescer o turismo de negócios, devido ao grande volume de pessoas que chegam à cidade para participar de reuniões, congressos, feiras e exposições, visando expor os seus produtos e fechar negócios. Esse volume de visitantes impulsionou a instalação de unidades de importantes redes hoteleiras. Hoje, o município possui cerca de 40 hotéis, entre os de grande porte e os pequenos empreendimentos. A cadeia produtiva também suscitou a demanda para outros setores como o de serviços e comércio. Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego, com base em 2006, a cidade possui 10.827 empresas no setor de serviços, 9.787 no comércio, 1.281 na indústria.

De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de São José, o valor dos investimentos de empresas que se instalaram ou fizeram expansões na cidade deve chegar neste ano à marca de R$ 1 bilhão. Em 2006 foram R$ 711 milhões e em 2005, um montante de R$ 737 milhões. Nove mil empregos foram gerados, nos últimos dois anos.

Paulo, a colocou como alternativa ao caos aéreo e opção de pouso para os aviões de empresas que operavam apenas em grandes aeroportos. O aeroporto de São José dos Campos está entre os melhores do Brasil pela estrutura da sua pista. Recentemente, mais uma empresa aérea de abrangência nacional começou a operar vôos em seu espaço e outras poderão vir assim que a análise do plano diretor feita pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Ministério da Defesa e outros ministérios do governo Federal for concluída.

O aeroporto de São José dos Campos está entre os melhores do Brasil pela estrutura da sua pista

AEROPORTO - A localização privilegiada da cidade, que está no eixo Rio - São Paulo, a 70 quilômetros do Aeroporto Internacional de São


Prefeitura de São José dos Campos

NEGÓCIOS NO VALE

AEROPORTO PROF. URBANO ERNESTO STUMPF – Alternativa para pouso de aviões de grande porte na região


ILHAS

santuários ecológicos

Gustavo Grunewald – PMC

As ilhas do Litoral Norte são um convite ao turismo de aventura praticado com foco na preservação ambiental e na história brasileira. As opções variam desde um simples passeio por uma das inúmeras trilhas, que levam a uma bela cachoeira, até mergulhos em alto-mar, rappel em quedas d´água ou simplesmente a contemplação das várias espécies que compõem a fauna e flora da Mata Atlântica, manguezais e restinga.

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René Nakaya

HISTÓRIA E PRESERVAÇÃO Paisagens da Ilha Anchieta que guarda as ruinas do antigo presídio e várias opções para curtir a natureza

René Nakaya

Prefeitura de Ubatuba

René Nakaya

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BALEIA-DE-BRYDE - As baleias-deBryde começaram a ser avistadas no final de outubro nas proximidades do Parque Estadual Marinho da Laje de Santos, nas ilhas de Vitória e Búzios em Ilhabela e nas ilhas das Palmas, Anchieta e outras menores em Ubatuba. A espécie migra para as regiões próximas das ilhas do litoral paulista

nos meses da primavera e do verão para se alimentar, principalmente de sardinhas. Desde 2001, os animais estão sendo estudados pelo Centro de Estudos para a Conservação Marinha (Cemar), organização não-governamental com sede em Ubatuba e responsável pelo Projeto Baleia-de-Bryde (PBB). ILHA ANCHIETA – Capivaras, pacas, macacos-prego, sagüis, quatis, gambás, lagartos, tatus e cotias, além de 50 espécies de aves como sabiá, juriti, tangará, bem-te-vi, gaivota e beijaflor podem ser encontradas em meio à floresta exuberante, com formações de restinga, campos de samambaias, entre outros. Além de toda essa exuberância da natureza, o Parque Estadual da Ilha Anchieta, em Ubatuba, também preserva as ruínas do antigo presídio desativado em 1955. Nas águas cristalinas que circundam a ilha são encontrados cardumes de tainhas, robalos, carapaus, sardinhas e peixes voadores além de muitas tartarugas. No Parque é proibido

Gustavo Grunewald – PMC

A história começa pelo Parque Estadual de Ilhabela (PEI) com mais de 27 mil hectares, que ocupa aproximadamente 80% do território abrangido pelo arquipélago de mesmo nome. Declarado pela Unesco como Reserva da Biosfera, nele foram identificadas 248 espécies de mamíferos e 53 de anfíbios e répteis, boa parte restrita ao ecossistema. Deste total, 30 figuram na lista de espécies em risco de extinção. O local também é utilizado como ponto de descanso e alimentação de uma enorme variedade de espécies migratórias de longa, média e curta distância, como os albatrozes, tartarugas marinhas, répteis e três espécies de baleias.

TAMANDUÁ – A Ilha em Caraguatatuba é opção para pesca e mergulho. acampar, pescar e retirar qualquer espécie, mas os visitantes podem passar o dia no local, que oferece infra-estrutura com churrasqueira, playground e trilhas subaquáticas. Há também opções de trilhas como a da Prai-nha, com 530 metros de extensão, que liga a praia do Presídio à Praia do Engenho, onde grandes rochas formam uma piscina natural no mar. O acesso à ilha é feito pelo píer da Enseada das Palmas em frente ao Presídio por escunas de passeio e embarcações particulares. A entrada

na Ilha custa R$ 2 por pessoa. Menores de 5 anos não pagam. ILHA DE ALCATRAZES – A ilha é a principal do arquipélago dos Alcatrazes e está localizada a 45 quilômetros do Porto de São Sebastião. Sua área é de aproximadamente 196 hectares. O local ficou popular devido aos exercícios de tiro que eram realizados pela Marinha do Brasil contra as paredes rochosas da costa nordeste da ilha, chamada de Saco do Funil. Depois de uma luta dos ambientalis-

Baleia-de-Bryde pode ser avistada no litoral de Ilhabela e Ubatuba

Reginaldo Pupo

TODAS AS IDADES Mar calmo é uma ótima pedida para toda a família 43


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Reginaldo Pupo


tas, desde 2004, os exercícios estão suspensos. A ilha é uma importante reserva de fauna e flora. Alcatrazes é considerada o maior ninhal de aves do sudeste brasileiro, onde se reproduzem 81 espécies e se abrigam diversos tipos de aves migratórias. Antes da Marinha escolhê-la como alvo para seus exercícios de tiro em 1982, o local era ponto de atração para turistas e pescadores amadores, além de abrigo natural para barcos de pesca profissional. Lá vivem espécies endêmicas de répteis e anfíbios, pesquisadas por expedições científicas que periodicamente desembarcam na ilha. Entre as 20 espécies exclusivas estão a jararaca-de-alcatrazes e a rãde-alcatrazes, já consideradas em perigo de extinção. No arquipélago já foram registradas 450 espécies de animais, sendo 160 de peixes, e uma flora com mais de 200 espécies. Com o mesmo nome do arquipélago foi criado há alguns anos, por

empresários da região da Costa Sul de São Sebastião, o roteiro Costa dos Alcatrazes, formado por 25 praias que se estendem de Barequeçaba até Boracéia, passando pela praias da Baleia, Barra do Sahy, Barra do Una, Brava, Boiçucanga, Camburi, Engenho, Juquehy, Juréia, Preta, Maresias e outras. Toda essa riqueza natural está inserida em três patrimônios ambientais da região: Serra do Mar, Mata Atlântica e Zona Costeira. O objetivo da Associação Costa dos Alcatrazes é o de promover a Costa Sul de São Sebastião como destino turístico sustentável, durante o ano todo, através da promoção de passeios, criação de circuitos gastronômicos e feiras de artesanato. Desde 2005, a Fundação São Paulo Convention & Visitors Bureau divulga o roteiro em feiras nacionais e mundiais. O exemplo culminou com a criação, neste ano, do Litoral Norte de São

Alcatrazes é considerada o maior ninhal de aves do sudeste brasileiro

Paulo Convention & Visitors Bureau, que pretende fomentar ações de turismo em todas as cidades litorâneas. CARAGUÁ – A Ilha do Tamanduá em Caraguatatuba encanta pelas belezas naturais que apresenta. O acesso a ela é possível de barco pelas praias da Tabatinga, Cocanha, Mocóca e Massaguaçu. O local é indicado para pesca e mergulho, pois oferece inúmeros parcéis (recifes), recheados da exuberante fauna marinha. No local não existe nenhuma infra-estrutura, por isso é aconselhável levar sacos plásticos para trazer o lixo produzido, protegendo assim esse paraíso. Os turistas podem alugar as embarcações e contratar passeios nas 4 praias acima citadas e também na Martim de Sá. ILHABELA – A história de Ilhabela teve início logo nos primeiros anos do descobrimento do Brasil. Em 20 de janeiro de 1502, a primeira expedição exploradora enviada ao país pelos portugueses, comandada pelo


ILHAS PARA SABER MAIS: navegador Gonçalo Coelho tendo a bordo o italiano Américo Vespúcio, aportou em uma grande ilha que, segundo o aventureiro alemão Hans Staden, era chamada pelos tupis de Maembipe (lugar de troca de mercadorias e resgate de prisioneiros) e foi batizada pelos membros da expedição de Ilha de São Sebastião. Mais de 400 anos depois, em 1º de janeiro de 1945 passou a se chamar Ilhabela. O município-arquipélago possui um território de 348,3 quilômetros quadrados e suas principais ilhas, pela ordem em termos de área, são: São Sebastião, segunda maior ilha marítima do Brasil, perdendo apenas para a Ilha de Santa Catarina, Búzios, Vitória e a dos Pescadores, todas habitadas. Também fazem parte do arquipélago os ilhotes das Cabras, Sumitica, da Serraria, dos Castelhanos, da Lagoa, da Figueira e das Enchovas.

Parque Estadual de Ilhabela

Parque Estadual da Ilha Anchieta (Ubatuba)

Telefones: (12) 3896-2585, 3896-1646 e 3896-2660

Telefones: (12) 3832-9059 / 3892-8007

e-mail: peib@uol.com.br

e-mail: peanchieta@yahoo.com.br

Visitação: O ano todo das 7h às 16h30. Grupos grandes precisam agendar a visita. Atrações: rica fauna e flora da Mata Atlântica, restinga e manguezais. Ao todo, são 33 praias.

Visitação: O ano todo das 8h às 18h. No período de março a novembro o parque fecha na quarta-feira.

Opções de aventura: Mergulho, escalada, hikking, montanhismo, rappel nos rochedos e nas quedas d`água, entre outros

Valor da entrada: R$ 2 por pessoa. Menores de 5 anos não pagam. Atrações: Ruínas do antigo Presídio da ilha desativado em 1955, fauna e flora exuberante. Trilhas nas praias, mergulho, entre outros


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ENTREVISTA

LACK

Apostole Lazaro Chryssafidis

Para o presidente do Convention & Visitors Bureau de São José dos Campos e Região e conselheiro titular do Conselho Nacional do Turismo, Apostole Lazaro Chryssafidis (Lack) investir na qualificação da mão-de-obra envolvida na cadeia produtiva é fundamental para a promoção do turismo na região. Lack, como também é chamado, ressaltou o potencial de São José dos Campos para o turismo de negócios, e adiantou a existência de um plano de ação em parceria com o Ministério do Turismo a ser iniciado no próximo ano. Confira abaixo trechos da entrevista. Revista Vale Ver - Qual a proporção de empregos gerados pelo turismo em comparação com as demais atividades? A formação de um profissional na área é mais barata do que em outros segmentos?

Sustentabilidade associada ao turismo

Apostole Lazaro Chryssafidis (Lack) - O turismo é chamado de "indústria sem chaminé" e tem contribuído de forma significativa para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). Segundo dados da Organização Mundial do Turismo a atividade é responsável por 6% a 8% do total de empregos gerados na economia mundial. No Brasil não é diferente, pois temos percebido o crescimento substancial do setor de serviços (turismo incluído). De acordo com dados da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) a geração de um emprego no setor hoteleiro custa R$16 mil. No setor de restaurantes, segundo dados da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), o custo médio é de R$ 7,5 mil. Como estes são os grandes empregadores do setor, se fizermos uma média simples teremos um custo médio de geração de um emprego de R$11,7 mil. Na comparação com outros setores percebemos que a diferença é muito grande, na construção civil a geração de um emprego custa R$ 28 mil e na siderurgia R$ 68 mil, em média.

“O turismo responde por 6% a 8% do total de empregos gerados na economia mundial”

Vale Ver - Quantos empregos poderiam ser gerados na região se nós tivéssemos um plano de desenvolvimento sustentável? Lack - Com a criação do SJCRCVB (São José dos Campos e Região Convention & Visitors Bureau), a região começa a receber

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investimentos em qualificação e se prepara para receber eventos de médio porte. Anteriormente, os esforços feitos nesse sentido eram ações isoladas e sem essa característica de sistematizar. Apenas para exemplificar, em junho de 2008 receberemos em São José dos Campos a Expo AeroBrasil. Esse evento irá gerar sozinho cerca de 1.000 empregos diretos e 3.000 indiretos. Vale Ver – Nossa região é muito rica em opções turísticas no campo, na praia e na cidade. No entanto, esse potencial nem sempre é aproveitado de forma sustentável. O que podemos fazer para conseguirmos fomentar o turismo na região do Vale do Paraíba, Litoral Norte e Serra da Mantiqueira de forma sustentável com geração de renda, de emprego e receita para os municípios? Lack - O SJCRCVB em parceria com o MTur (Ministério do Turismo) está desenvolvendo um amplo programa para o Vale do Paraíba. Esse programa tem duas vertentes principais: sensibilização da sociedade em geral e qualificação de toda a cadeia turística. Nós acreditamos que dessa forma chegaremos a resultados muito perceptíveis. A sustentabilidade de um segmento se dá através de muito trabalho de conscientização, resultados concretos e constante atualização de conceitos, é isso que todos nós devemos fazer.

Vale Ver - O Vale está preparado para o turismo? Temos a infra-estru-


tura necessária? Há ações concretas voltadas para a sustentabilidade do turismo em nossa região? Lack - Nós consideramos o Vale do Paraíba como uma das regiões do Brasil com a melhor infra-estrutura disponível. Entretanto, também estamos atentos à necessidade de investir em acessibilidade, saneamento ambiental e, principalmente na conscientização e qualificação das pessoas que fazem parte desta cadeia produtiva, ou seja, na nossa avaliação, ainda estamos distantes do modelo ideal, especialmente no que concerne à conscientização das comunidades e do poder público para a importância do Turismo. É com essa visão que temos definido nossas ações. Vale Ver - Qual é o potencial turístico da nossa região? Quanto à indústria do turismo arrecada na região, no Estado e no Brasil? Quantos turistas visitam a nossa região e quantos mais poderiam visitar? Lack - É muito difícil medir o potencial do turístico de uma determinada região ou localidade. Hoje em dia estima-se que a região receba em torno de 13 milhões de turistas/ano, mas acredito que este número seja maior. Temos que entender que várias regiões do Brasil e do mundo se movimentam para receber o turista, é como se fosse uma concorrência mesmo, quem receber melhor e oferecer a melhor experiência se sairá melhor. No ano passado as 80 maiores empresas do setor de turismo arrecadaram no Brasil R$ 29,6 bilhões, crescimento de 29% em relação ao ano de 2005. Em 2006 tivemos um ingresso recorde de visitantes estrangeiros que gastaram US$ 4,3 bilhões, ou seja, a roda está se movimentando e temos que acompanhar.

cíficos, mas pouco faz para divulgar a nossa região. O que se tem feito para divulgar o turismo na região e de que forma essa divulgação pode ser feita? Lack - A proposta da Embratur é divulgar o Brasil no exterior. Apesar de ser uma entidade jovem atuando na região, o SJCRCVB já têm algumas conquistas para contabilizar: participamos em Memphis da maior feira de aviação do mundo, levantamos recursos para enviar a delegação do Virtual Educa Brasil à República Dominicana. Uma conquista mais recente é a inclusão do destino São José dos Campos & Região no Show Case Brasil , que a Embratur levará às feiras internacionais, divulgando nosso país. A sua pergunta é muito interessante, na medida em que nos faz pensar, quando você diz "pouco se faz". A pergunta que deveríamos fazer é: “alguém faz alguma coisa para informar a EMBRATUR?” Com raríssimas exceções eu não vejo políticas específicas para o turismo na região. Faça uma pesquisa e veja em quais prefeituras da região há Secretaria de Turismo e qual é o orçamento delas.

”Com raríssimas exceções eu não vejo políticas específicas para o turismo na região”

Vale Ver - De que maneira o Convention & Visitors Bureau pode ajudar a fomentar a atividade turística? Em linhas gerais qual é o papel da entidade e qual a sua abrangência na região? Quais as ações programadas e em andamento desenvolvidas pelo SJCRCVB?

“Quem receber melhor e oferecer a melhor experiência se sairá melhor”

Vale Ver - A Embratur trabalha na divulgação de alguns roteiros espe-

congressos, convenções, exposições, feiras e outros eventos dos mais diversos segmentos regionais, nacionais e internacionais. Nós nos empenhamos em promover a região e trazer negócios para os nossos associados e numa tradução literal para a língua portuguesa, poderíamos dizer que o C&VB é o “Escritório para Eventos e Visitantes” da nossa região, que abrange 28 cidades: Aparecida, Areias, Bananal, Caçapava, Cachoeira Paulista, Canas, Cunha, Guararema, Guaratinguetá, Igaratá, Jacareí, Lorena, Monteiro Lobato, Natividade da Serra, Paraibuna, Pindamonhangaba, Piquete, Potim, Redenção da Serra, Roseira, Salesópolis, Santa Branca, Santa Isabel, São Jose do Barreiro, São Luiz do Paraitinga, Taubaté e Tremembé.

Lack - O Convention & Visitors Bureau é uma entidade empresarial sem fins lucrativos que congrega empresas e profissionais do segmento do turismo com o intuito principal de promover o segmento, inclusive o turismo de negócios, apoiando, captando e gerando

Vale Ver – Muito se comenta sobre o potencial de São José para o turismo de negócios devido ao grande número de pessoas que se dirigem à cidade em virtude do Parque Industrial-Tecnológico. Esse parque também requer um número cada vez maior de mão-de-obra qualificada, o que atraiu também a vinda de inúmeras instituições educacionais. Diante desse quadro podemos acreditar que nós estamos aproveitando bem esse volume de pessoas que diariamente chegam à cidade? Quais as atividades podem ser criadas para entreter esse público? Qual é o papel do poder público, das entidades e da sociedade em si? Lack - Nós não estamos aproveitando isto. Veja, na região temos de tudo, mas enquanto nossa comunidade não estiver sensibilizada, mobilizada e consciente do dever de cada um vamos ficar vendo o bonde passar. Imagine que temos em São José dos Campos o único Museu Aeroespacial da América Latina, com um potencial de exploração turística infinito, mas a própria população não sabe disto. Eu acredito que precisamos evoluir nos conceitos, ou

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ENTREVISTA

seja, um equipamento deste deve ser compartilhado com a sociedade, gerar emprego, renda e atrair turistas para nossa região. O mesmo você pode perceber em outras cidades da região. Nós do SJCRCVB estamos trabalhando em alguns produtos para desenvolver a nossa região e temos recebido um apoio muito grande do Ministério do Turismo, mas o poder público local tem que ser nosso parceiro e entender a importância da iniciativa. Vale Ver - Com relação à infraestrutura de São José dos Campos, em quais pontos temos que avançar e quais criar? Lack - A infra-estrutura de São José dos Campos é adequada, mas pode se tornar insuficiente em curto espaço de tempo. Os empresários querem investir, mas precisam de um direcionamento do poder público. É preciso saber: o que as Prefeituras da região estão pensando para o turismo nos próximos anos? Quais os investimentos programados para o setor nos próximos cinco anos? Se você perguntar para a grande maioria dos prefeitos sobre o turismo da região poderá constatar que o assunto não passa de uma assessoria sem orçamento próprio. Aí fica difícil avançar no assunto. Só para se ter uma idéia o orçamento do Ministério do Turismo para este ano é de aproximadamente R$ 1,9 bilhões. Vale Ver - O Aeroporto de São José dos Campos é pouco utilizado, apenas 5% de sua capacidade é aproveitada. Recentemente, algumas companhias aéreas acertaram o desvio de alguns vôos de São Paulo para

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cá. Mas, o que realmente pode ser feito para acabar com a ociosidade do espaço? Lack - Este é um assunto interessante que precisa de muito debate. Primeiro a sociedade precisa definir o que espera do nosso aeroporto e considerar que há alguns atores de importância fundamental para a nossa região. No aeroporto convivem Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária), que administra o terminal de passageiros, a pista e a pista de táxi, a Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica) que utiliza o aeroporto para os vôos de ensaios dos seus produtos e, por fim, o CTA (ComandoGeral de Tecnologia Aeroespacial) que tem uma importância fundamental na geração de tecnologia aeroespacial brasileira. Acredito que se devem harmonizar os interesses destas entidades na utilização do aeroporto. Quanto à utilização, acredito que paulatinamente o aeroporto será utilizado pelas empresas aéreas, pois a região tem aproximadamente três milhões de habitantes e tem demanda por vôos. Eu acredito que uma boa utilização para o local seria construir um espaço para eventos aeronáuticos (grandes exposições). Tenho trabalhado neste assunto e penso que a cidade poderia receber todos os eventos aeronáuticos que fossem feitos no Brasil e se beneficiar muito mais do que o aeroporto indústria.

Vale Ver – A implantação de um plano diretor resolveria o problema? Lack - Há um plano diretor que está sendo analisado há, pelo menos, quatro anos e define responsabilidades e deveres daqueles que utilizam o aeroporto. Enquanto este plano não for aprovado , nada vai mudar na situação do espaço.

Temos o único Museu Aeroespacial da América Latina, mas a própria população não sabe disto.

Vale Ver - Há rumores da criação de um novo espaço de eventos em São José que seria utilizado para a realização de feiras, congressos e afins, para evitar com que as pessoas tenham que se deslocar no trânsito de São Paulo. O que o senhor acha dessa idéia? A cidade está preparada para receber mais esse volume de pessoas?

Lack - Se isto acontecer será ótimo. Acredito que isto "já está escrito", pois reunimos todas as condições para receber eventos de médio porte. Perceba que estamos a 70 quilômetros do Aeroporto Internacional de São Paulo, não temos trânsito e temos boa infra-estrutura. Mas, a nossa cidade não está preparada para isto, pois precisamos pensar em qualificar as pessoas. Nós apresentamos no mês passado um projeto para o desenvolvimento do turismo na região à ministra do Turismo, Marta Suplicy, que foi aprovado e será iniciado no próximo ano, em parceria com o seu ministério.




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