PADRÃO DOS DESCOBRIMENTOS © LUÍS PAVÃO
Programação JAN—MAR
D E SIGN © W W W.GBNT.PT
Edição: Câmara Municipal de Lisboa Passado e Presente Lisboa, Capital Ibero-americana de Cultura 2017 Título: Jornal de Programação Janeiro - Março Local e data de Impressão: Lisboa, dezembro de 2016 Tiragem: 51 000 exemplares
Um desafio de enorme exigência FERNA NDO MEDINA Presidente da Câmara Municipal de Lisboa
Este é um projeto que em tudo engrandece a nossa cidade e que notabiliza a nossa história e cultura comuns com as cidades ibero-americanas, consolidando as relações históricas de proximidade e a visão do mundo que partilhamos.
Será uma ocasião com condições únicas para valorizar a vertente cultural e económica de Lisboa, mas também para uma maior e melhor qualificação da oferta que a cidade pode dar a quem nos visita. O aumento dos visitantes representa um dos principais vetores de crescimento económico do turismo de Lisboa e de toda a região onde se insere, que tem vindo a posicionar-se como uma das regiões europeias mais competitivas e com maior crescimento no setor turístico.
A Cultura tem sido, ao longo dos tempos, um fator constitutivo da identidade nacional e da cidade de Lisboa, resultando daí uma importância estratégica e central na definição do modelo de governação e nas ações que Lisboa tem vindo a empreender. Conscientes da importância estratégica do setor, consideramos a cultura como um dos eixos e pilares essenciais para promover o bem-estar e qualidade de vida dos lisboetas e de quem nos visita, seja através da reabilitação de patrimónios históricos e culturais, seja através da facilitação de ofertas culturais pluridisciplinares e dirigidas a públicos diversos e complementares, afirmando assim Lisboa como uma cidade histórica e igualmente cosmopolita e moderna. O setor cultural tem contribuído decisivamente para a criação e sustentação de novos fatores competitivos, particularmente nas áreas relacionadas com o público final. Importa pois incentivar e favorecer o acesso de todos nós aos valores maiores das memórias que encerram estes patrimónios
Uma oportunidade para Lisboa reafirmar o seu total compromisso com os valores da tolerância e de abertura num mundo cada vez mais global, reforçando aquele que é um dos ativos históricos mais marcantes da identidade portuguesa, precisamente a nossa ligação aos quatro cantos do mundo, a todas e a todos os diferentes tipos de origem cultural, numa relação descomplexada, rica e profícua que assenta no respeito e numa capacidade rara de dialogar com os vários pontos e culturas do mundo.
A promoção do turismo da região de Lisboa faz mais sentido com a valorização e integração da riqueza e da diversidade do património histórico-cultural, tornando-o mais competitivo e cimentando os fatores que o distinguem de outros destinos turísticos.
LARGO DE SÃO DOMINGOS © CML
histórico-culturais, consubstanciando-se assim o reconhecimento de que o normal funcionamento do mercado é influenciado por uma forte componente cultural.
A edição da Capital Ibero-americana de Cultura 2017 vai ser uma oportunidade única de promover a vertente cultural e a própria cidade de Lisboa num universo de centenas de milhões de pessoas.
A aposta na valorização do património cultural e histórico da cidade de Lisboa tem sido uma das principais linhas orientadoras do nosso mandato na Câmara Municipal de Lisboa, uma aposta que sai reforçada com a escolha de Lisboa como Capital Ibero-americana de Cultura 2017 e que pretendemos continuar.
3 Programa JAN—MAR
Lisboa propôs-se a um desafio de enorme exigência, procurando elevar a um novo patamar a edição de 2017 através de um programa muito abrangente e que assenta na coordenação e no diálogo entre todos os intervenientes e partes interessadas.
“A Cultura tem sido, ao longo dos tempos, um fator constitutivo da identidade nacional e da cidade de Lisboa”
LI S B OA — Capital Ibero-americana de Cultura 2017
Foi com uma enorme alegria que Lisboa viu a sua candidatura a Capital Ibero-americana de Cultura 2017 ser aprovada por unanimidade pela União das Cidades Capitais Ibero-Americanas (UCCI).
Um evento de toda a cidade C ATA RINA VA Z PINTO Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa
L I S B OA — Capital Ibero-americana de Cultura 2017
Programa JAN—MAR
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Em 2017 , Lisboa será durante todo o ano a Capital Ibero-americana de Cultura, numa iniciativa em que, evocando o Passado e celebrando o Presente, se darão a conhecer na programação cultural da cidade diversas manifestações artísticas de um universo que abrange cerca de 500 milhões de pessoas dos dois lados do oceano Atlântico. Não é por acaso que nos propusemos realizar este evento neste momento. É tempo de reafirmar Lisboa no cenário global como uma cidade cosmopolita, hospitaleira, multicultural, capaz de alcançar protagonismo em projetos internacionais de grande escala no domínio das Artes e da Cultura e de se assumir como um destino cultural singular a partir desse imenso universo ibero-americano com quem partilhamos um passado mas também objetivos futuros comuns.
"uma cidade disponível para acolher a todos (...) cidade aberta à diferença, ao diálogo e à compreensão do outro."
A vontade de acolher este importante evento em Lisboa decorre deste objetivo e de assumir, de uma forma estratégica e organizada, um relacionamento mais aprofundado com as cidades ibero-americanas que integram a União das Cidades Capitais Ibero-americanas (UCCI), a rede internacional na qual este projeto se insere. A UCCI reúne 30 cidades e Lisboa faz parte dela desde 1982. A realização da Capital Ibero-americana de Cultura em Lisboa é também o sinal de uma cidade disponível para acolher a todos; sinal de uma cidade cosmopolita, culturalmente ativa e um ponto de encontro entre diversos povos e culturas; cidade aberta à diferença, ao diálogo e à compreensão do outro. Por outro lado, é inquestionável a importância de eventos como este para a qualificação da oferta cultural, para o impulso à criação de condições de trabalho dos artistas e para a promoção de contactos com outras realidades artísticas e universos criativos.
FILME “AL CIENTRO DE LA TIERRA” © DANIEL ROSENFELD
Para a estrutura desta Capital Ibero-americana de Cultura seguimos uma lógica de capitalização da oferta cultural já existente na cidade, orientando as programações dos vários espaços do universo municipal e dos restantes agentes culturais para a temática ibero-americana – chamando-os a interagirem com os agentes das cidades parceiras das Américas, Espanha e Andorra. Assim, teremos uma programação de iniciativa municipal, a partir das propostas dos responsáveis pelos equipamentos da Direção Municipal de Cultura e da EGEAC (empresa de municipal de cultura) – e
coordenada pelo Prof. António Pinto Ribeiro. Teremos ainda uma programação diversificada, de origem municipal, para o espaço público – uma programação mais próxima das pessoas com um carácter festivo, informal e popular que dará mais visibilidade ao que já acontece habitualmente na vivência do espaço público da cidade e cria outros focos e novas dinâmicas. Esta programação será complementada pelo apoio a projetos de iniciativa dos demais agentes culturais que operam na cidade de Lisboa, já que mobilizar a cidade
no seu todo foi, desde o início, um dos propósitos incontornáveis da realização do evento em Lisboa. Tal desígnio encontra-se refletido na programação através de uma constelação de criações: projetos que emergiram do desafio lançado aos agentes culturais privados para apresentarem as suas propostas no âmbito do RAAML – Regulamento de Atribuição de Apoios do Município de Lisboa (14 projetos apoiados); da criação de parcerias com outras entidades públicas e privadas, abarcando uma maior diversidade de projetos e disseminando a programação pelo território da cidade (Casa da América Latina, MAAT, Fundação Arpad-Szenes Vieira da Silva, Fundação Millennium, Companhia Nacional de Bailado, entre outros); no estreito envolvimento das universidades em vários projetos e nas propostas dos serviços educativos – acrescentando ao programa uma dimensão essencial ligada à formação e ao conhecimento. Por fim, julgo de relevar a dimensão nacional deste evento conseguida através do encontro da programação com instituições de outros pontos do país, nomeadamente o Porto, Área Metropolitana de Lisboa, Algarve ou Portalegre, num esforço de descentralização que procura deixar também uma marca desta Capital Ibero-americana de Cultura no resto do país. A Câmara Municipal de Lisboa agradece à UCCI o desafio e a confiança depositada para que Lisboa possa ser em 2017 a Capital Ibero-americana de Cultura. Este será um evento da cidade e para toda a cidade.
O arquipélago ibero-americano A NTÓNIO PINTO RIBEIRO Coordenador-geral da Programação
Ao longo deste primeiro trimestre são vários os motivos de reflexão que a programação sugere. Olhando o universo ibero-americano são muitas as questões que podemos formular em relação ao centro versus periferia. Para os europeus a viverem em Lisboa, Madrid ou Andorra, onde está o centro? E qual é a periferia? A resposta mais óbvia é que o centro estaria em Berlim ou Paris ou até Nova Iorque para uma determinada maneira de ser e agir (no mundo financeiro, por exemplo). Contudo esta visão contém em si um conjunto de proposições de controlo geoestratégico que seria importante equacionar. Por outro lado pode também perguntar-se se para as cidades da América Latina o centro já deixou de ser a Europa e se deslocou para cidades como Nova Iorque, Washington, Miami? Ou se se avizinha um recentramento em torno do México, por exemplo. Também aqui se dirá que esta relação centro-periferia é muito desigual,
funciona em torno de múltiplos interesses de estratégia política, financeira, económica e, é importante dizê-lo, cultural. E não acontece em função de uma área de atividade mas da intercessão de múltiplos interesses e projetos. Para um melhor entendimento desta complexa situação o texto de Andrés Malamud é um contributo importante. Permito-me finalizar este texto referindo a última frase da minha apresentação da programação no Teatro São Luiz no passado dia 18 de outubro: “haverá com certeza várias interpretações da carta programática; até o kitsch se pode manifestar. Mas nós não quisemos nesta programação purificar o universo ibero-americano.” Herman Broch e Milan Kundera são dois autores europeus que muito trabalharam sobre esta figura de estilo conferindo-lhe uma configuração tanto estética quanto política e face à qual produziram uma
reflexão substantivamente crítica. Kundera em A insustentável leveza do ser escreve: “O kitsch faz-nos vir duas lágrimas de emoção aos olhos, uma logo a seguir à outra. A primeira diz: Que coisa bonita, crianças a correr num relvado! A segunda diz: Que coisa bonita, comovermo-nos como toda a humanidade se comove quando há crianças a correr num relvado! Só esta segunda lágrima é que faz com que o kitsch seja o kitsch." (p. 285) São configurações da primeira frase que podem manifestar-se ao longo do ano do programa de Lisboa, Capital Ibero-americana de Cultura 2017, como aliás se podem encontrar em obras de notáveis escritores sul-americanos. Leia-se Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres, de Clarice Lispector, e veja-se como na personagem Lóri “Clarice demonstra, por um lado, que o amor romântico é um fantasma kitsch do imaginário feminino, constituindo-se num autoritário modelo “mítico” das relações homem-mulher, mesmo para a mulher moderna.” (Franco-Júnior, 2004:43). Acresce ainda que o kitsch não é específico de uma região, de um continente, de uma cidade, ele é um a posteriori universal. Mas é quando ele se impõe como universal, como impondo uma forma de responder sentimentalmente a um objeto ou situação, quando ele se torna populista, é nesse momento que ele deve ser desconstruído e criticado. Para isso haverá muitos momentos de crítica e de festividade ao longo dos próximos meses.
5 Programa JAN—MAR
"A questão indígena, os afrodescendentes, as migrações e o pensamento e a criação contemporânea."
LI S B OA — Capital Ibero-americana de Cultura 2017
Com este jornal damos início a uma publicação trimestral que terá como objetivo acompanhar a programação detalhada de Passado e Presente – Lisboa, Capital Ibero-americana de Cultura 2017. Simultaneamente este será um veículo de informação sobre temas, factos, ideias que, de um ou outro modo, estão associadas à programação. Podem ser ensaios, imagens, trechos literários, poemas, aforismos. Ditos. Como tem sido afirmado nos vários anúncios desta Capital há linhas de trabalho que constituem a matriz programática das múltiplas atividades. São elas: a questão indígena, os afrodescendentes, as migrações e o pensamento e a criação contemporânea. Aparecerão organizadas de uma forma orgânica, em formato de arquipélago cuja vizinhança intelectual e artística será uma constante. Assim o desejamos. Não é por isso de estranhar que neste número a relação entre uma manifestação que conjuga a decisão de encontrar outros continentes, apresente, ao mesmo tempo, o início do colonialismo europeu materializado, no Padrão dos Descobrimentos, em convívio e/ou confronto com os trechos de advocacia sobre os índios americanos escritos por Frei Bartolomeu de las Casas e Pêro Vaz de Caminha, os desenhos da exposição de Demián Flores ou a América Invertida, um desenho de 1943 do artista modernista uruguaio Joaquín Torres-Garcia que deste modo propunha uma reflexão sobre a colonização – cartográfica – do espírito; ou ainda o desenho de contracapa de Rosana Paulino. Este desenho, e toda a obra da autora, constitui uma reflexão sobre a autorepresentação das culturas africanas e da sua origem no continente americano.
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Programa JAN—MAR
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América Invertida, 1943 Joaquín Torres-Garcia Imagem gentilmente cedida pelo Museu Torres-Garcia © Todos os direitos reservados
O Mal-entendido Latino-americano A NDRÉS MA LA MUD* Investigador principal, Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa
Acontece que a América Latina foi um mal-entendido. Bolívar e San Martín tinham outra coisa em mente quando escreveram "a América antes espanhola": para os libertadores, a Grã-Bretanha não era o inimigo, mas a garantia de independência e o Brasil (então Portugal, depois do império) era a ameaça. Quando, mais tarde, franceses e espanhóis introduziram o termo "América" para contrapor a região aos Estados Unidos da Doutrina Monroe, o objetivo foi o de re-europeizar a região e não o de incentivar a sua autonomia.
A particularidade latino-americana
Na prática, não existe nenhuma organização regional que compreenda exclusivamente todos os países latino-americanos. Algumas organizações abrangem também os Estados Unidos ou os países anglófonos das Caraíbas; outras deixam-nos de fora, mas excluem também vários estados latino-americanos. A América Latina nunca falou a uma só voz. O colapso económico da Venezuela, a destituição de Dilma Rousseff e a derrota do peronismo argentino auguram uma nova era. Tem sentido indagar o futuro de uma região cuja mesma existência está em questão? Provavelmente sim: embora a
1 L. Whitehead: "Latin America: A New Interpretation", Palgrave Macmillan, Nueva York, 2006. 2 M. A. Centeno: "The Centre Did Not Hold: War in Latin America and the Monopolisation of Violence", en James Dunkerley (ed.): Studies in the Formation of the Nation State in Latin America, ILAS, Londres, 2002.
Laurence Whitehead descreve a América Latina como uma das regiões mais homogéneas do mundo em termos linguísticos e religiosos, só a par do mundo árabe. Porém, a América Latina carece de uma referência geográfica que a unifique simbolicamente. Para os latino-americanos, o mais parecido com Meca – enquanto ponto focal e centro de peregrinação – é Miami. Os mitos fundadores da região albergam uma orientação para o futuro. Porém, quase todos os empreendimentos modernizadores conseguiram sucesso inicial mas acabaram em fracasso. Assim se consolidou o que Whitehead chamou de "mausoléu de modernidades", um cemitério de projetos abandonados antes de se completarem e sobre cujos fundamentos inacabados se construiria a seguinte tentativa.
A primeira é a fragmentação. A América Latina mais que duplica a superfície da Europa. Sendo um continente menos povoado e mais acidentado geograficamente, as possibilidades de interação entre as diferentes regiões foram historicamente limitadas, tanto para o comércio como para a guerra. A segunda caraterística é a estrutura social. Em contraste com a Europa, as divisões étnicas entre os grupos dominantes e os subalternos, sobretudo os indígenas e africanos, levaram os primeiros a temer mais uma revolta social do que uma invasão estrangeira. A terceira caraterística é a divisão entre as elites. Dado o seu perfil de comerciantes, mais que de guerreiros, a economia sobrepôs-se à política e as rivalidades, à cooperação. A conjunção das três caraterísticas produziu uma "combinação desastrosa": autoridades políticas locais e brancas com exércitos supranacionais e socialmente integradores. Quando acabaram as guerras de independência, estava ainda longe a estabilização dos novos estados. Isso levou Miguel Ángel Centeno a sugerir que a formação estatal na América Latina se aproxima mais do processo de dissolução do Império Austro-Húngaro que com o da unificação territorial liderado pela Prúsia. Duzentos anos mais tarde, esta imagem mantém-se útil para ler a região.
A construção dos estados latino-americanos teve lugar num contexto diferente do europeu. Destacam-se três caraterísticas.
A debilidade estatal latino-americana tem um lado positivo: reflete a escassez de guerras. A integração europeia foi construída sobre os cinquenta milhões de cadáveres da Segunda Guerra Mundial. Sem massacres, os povos podem dar-se ao luxo da soberania. A região tem caraterísticas
3 Ibid, p. 59. 4 Federico Merke: "The Primary Institutions of the Latin American Regional Interstate Society", Documento de Trabajo Nº 12, Departamento de Ciencias Sociales, University de San Andrés, 2011. 5 Arie Kacowicz: "Compliance and non-compliance with international norms in territorial disputes: The
Latin American record of arbitrations", em Eyal Benvenisti y Moshe Hirsch (ed.): The Impact of International Law on International Cooperation. Theoretical Perspectives Cambridge University Press, Cambridge, 2004, p. 199. 6 Andrew Hurrell: "Security in Latin America", International Affairs vol. 73, Nº 3, 1998, p. 532; David Mares:
infrequentes. Primeiro, em duzentos anos nenhum estado desapareceu do mapa. Segundo, o princípio de Uti Possidetis ("conforme possuas, possuirás") foi acordado entre Espanha e Portugal antes da independência e permitiu aos novos estados delimitar as suas fronteiras mais pacificamente que na Europa. Terceiro, a América Latina é a região do globo que contém a maior quantidade de acordos bilaterais e multilaterais relacionados com a resolução pacífica dos conflitos, além do "recorde mundial de arbitragens e sentencias judiciais". Quarto, a América Latina é uma zona livre de armas nucleares. Em síntese, a supervivência estatal esteve sempre virtualmente garantida, as guerras foram poucas e a legalização das disputas tem sido a norma. Isso não significa que a violência tenha sido erradicada, mas sim que "existe uma concepção de força limitada dentro de uma forte cultura diplomática" ou que tem sido confinada à política doméstica. Daí que, como em nenhuma outra região do mundo, hoje se utilize a palavra "segurança" para referir exclusivamente a ordem interna, enquanto se usa "defesa" para as relações entre nações. O objetivo desta distinção foi o de reduzir a margem de manobra das forças armadas, limitando a sua participação dentro de fronteiras para desencorajar a reiteração de golpes militares. O resultado é positivo: mesmo que a instabilidade presidencial se mantenha em alguns países, o cargo não mais é tomado por um general. A sucessão processa-se em conformidade com as regras constitucionais.
Violent Peace. Militarized Interstate Bargaining in Latin America, Columbia University Press, Nueva York, 2001. 7 Félix E. Martin: Militarist Peace in South America: Conditions for War and Peace, Palgrave/MacMillan Press, Nueva York, 2006.
7 Programa JAN—MAR
integração não seja viável, a interdependência entre países vizinhos gera efeitos de difusão. A integração é impraticável porque o objetivo explícito dos estados latino-americanos é fortalecer a sua soberania, não partilhá-la. Mas a interdependência é inevitável porque as fronteiras são porosas, a visibilidade dos vizinhos é alta e os exemplos, bons ou maus, contagiosos. Para os seguir ou para os evitar.
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A América Latina possui uma história comum, uma cultura partilhada e duas línguas mutuamente inteligíveis. Por isso, observadores externos consideram-na homogénea e líderes autóctones proclamam-na unificada. Ambas as imagens são erradas: as diferenças entre os países da região tendem a acentuar-se com o tempo e, em várias áreas, as forças centrífugas superam as centrípetas.
África Subsahariana Mundo
União Europeia
Norte de África
América Latina
6.700
Rep. do Congo
15.600
Média Global
46.800
Alemanha
27.800
Portugal
19.000 Bulgária
11.400 Tunisia
1.700
Burkina Faso
23.400 Chile
22.500
Argentina
21.700 Panamá
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A heterogeneidade interna A comparação do produto interno bruto (PIB) per capita ajuda a perceber duas coisas: onde se posiciona a América Latina no mundo e quanto é heterogénea. Na Figura 1 observa-se que, em 2015, seis países se localizavam acima da média global enquanto os outros localizavam-se abaixo. Assim, os países mais ricos aparecem misturados com os "pobres" da União Europeia. Os latino-americanos mais pobres, porém, estão ao nível dos países subsaarianos, enquanto os países de rendimento médio se parecem com o norte de África. Esta dispersão entre a opulência e a miséria encontra o Brasil, a maior potência regional, numa posição mediana, alinhado com a média mundial. Nos países menos afortunados, a pobreza está acompanhada de instabilidade política e violência social, dada a dificuldade do estado em garantir a lei e a ordem. Destacam-se o Haiti e metade dos países centro-americanos. As redes criminosas, especialmente quando financiadas pelo narcotráfico, constituem uma ameaça crescente para a nova prosperidade latino-americana. Porém, mesmo esta caraterística está irregularmente distribuída: enquanto os países do Cone Sul, que por sinal são os mais ricos da região, ostentam taxas de homicídio de três a sete casos por
cada 100.000 habitantes, Brasil, Colômbia e México superam os 20 casos, e El Salvador, Honduras e Venezuela ultrapassam os 60. A tendência também diverge: enquanto a Colômbia reduziu significativamente a sua taxa de homicídios, a Venezuela tem vindo a aumentá-la (Figura 2). Em síntese, alguns países da América Latina gozam hoje de níveis de democracia e prosperidade próximas da Europa do Sul. No entanto, outros exibem indicadores medianos ou até lúgubres, expressando um grande contraste intrarregional. Uma diferença posterior refere-se à capacidade estatal. Centeno construiu um índice para classificar os países em função da média regional. Considerando dimensões tais como a capacidade tributária, o império da lei, a eficiência burocrática e a provisão de serviços, a sua análise localiza o Chile e o Brasil no grupo mais avançado; num segundo grupo inclui-se o Uruguai, Costa Rica, México e Colômbia; num terceiro grupo, Argentina, El Salvador e Panamá; os restantes ocupam o fundo da tabela (Cuba não está incluída no estudo). O autor conclui que a capacidade do estado não existe apenas em função da riqueza ou do tamanho do país, mesmo que entre elas exista uma correlação. Em qualquer caso, o dado mais significativo continua a ser a disparidade. Esta reflete-se também na estrutura impositiva, com países como a Argentina e o Brasil que se
aproxima dos 40% do PIB, enquanto em metade dos seus vizinhos não chega aos 20% (Figura 3, pág. 10). O índice de desenvolvimento humano também exibe grandes contrastes. Na Figura 4 (pág. 11), observa-se que a América Latina é uma das regiões mais heterogéneas do mundo, abrangendo países nas quatro categorias de desenvolvimento: muito alto, alto, médio e baixo (a Europa, a América do Norte e até a Ásia Continental e a África aparecem mais uniformes, seja em níveis altos ou baixos). Assim, enquanto a Argentina e o Chile mostram um nível de desenvolvimento humano muito alto (similar aos Estados Unidos e Europa), o Haiti encontra-se na categoria baixa (como a maioria dos estados africanos) e a Bolívia, o Paraguai e boa parte da América Central no nível médio (como a Índia e a China). O Brasil e o México, juntamente com os restantes países da América do Sul e a Costa Rica e o Panamá, qualificam-se como países de desenvolvimento alto (a par da Argélia ou da Turquia). A diferenciação interna da América Latina manifesta-se também no grau de modernização económica e na inserção internacional. A bibliografia costuma referir como casos bem-sucedidos o Brasil, o Chile e o México. Cada um deles definiu um modelo de desenvolvimento e uma estratégia de integração económica próprios: o Brasil apostando na região, o Chile no mundo e
o México nos Estados Unidos. É de ressaltar que a diferenciação regional não separa apenas os países prósperos dos menos afortunados, mas também os casos prósperos entre si. A organização Freedom House destaca que, embora a região fique apenas atrás da Europa Ocidental no que diz respeito à liberdade e ao respeito pelos direitos humanos, "um aumento da criminalidade violenta e de governos populistas com tendências autoritárias tem provocado um retrocesso em vários países. Entre outras questões relevantes para os direitos humanos, partes da região sofrem ameaças à liberdade de imprensa e violações das liberdades de associação e reunião". A chave deste relatório, datado de 2013, é que não estabelece uma tendência regional mas uma divergência crescente entre dois grupos de países. Com exceção de Cuba (não livre), nove estados são considerados livres e dez aparecem como parcialmente livres. Os relatórios subsequentes confirmam as tendências declinantes inseridas num padrão de divergência crescente. A diferenciação progressiva entre os países latino-americanos alimentou um processo paralelo: a fragmentação organizativa. Assim, uma miríade de organizações regionais tem proliferado sem que as mais recentes substituam as mais antigas, sobrepondo-se em coberturas pouco articuladas.
Figura 1 América Latina em perspetiva comparada, PBI per capita (PPP), 2015
Fonte: Fundo Monetário Internacional (FMI), consultado a 25 de setembro de 2016.
9.600
8.300
República Dominicana
21.500 Uruguai
17.500 México
16.600
15.600
Venezuela
Brasil
15.400
Costa Rica
13.800
Colômbia
12.100 Perú
8.700
11.200 Equador
6.400
El Salvador
Paraguai
Bolívia
7.700
Guatemala
4.800
Honduras
4.900
Nicarágua
1.700 Haiti
Figura 2 Taxa de homicídios na Colômbia e Venezuela, 2000-2012
Colômbia
Venezuela
80
60
40
20
0
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
Fonte: Elaboração própria sobre dados da Oficina das Nações Unidas contra a Droga e o Delito · (UNODC): Global Study on Homicide 2013. Trends, contexts, data, 2014.
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Figura 3 Receitas fiscais como percentagem do PIB, 2012
Fonte: Centro Interamericano de Administraciones Tributarias (CIAT), Comissão Económica para América Latina e Caribe (CEPAL) e Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Revenue Statistics in Latin America 1990-2012, 2013.
40%
30%
20%
10%
Cenários externos A distribuição do poder mundial está a mudar, mas não se transfere do Norte para o Sul, mas sim do Ocidente para o Oriente. A maneira como os países latino-americanos se inserirem neste mundo em transição dependerá de dois fatores, um estratégico e o outro económico. O estratégico vincula-se com os Estados Unidos, que continuarão a ser a única potência com interesses vitais na região. O económico está ligado à evolução das economias dos EUA e da China e à possível emergência da Índia, os únicos três países cujos mercados podem acionar o crescimento latino-americano. Nos próximos anos, a América Latina não avançará no caminho da integração regional (entendida como soberania partilhada). Nem é provável que aumente a coordenação de políticas públicas exceto em sub-regiões e em esferas políticas limitadas. Em consequência, as relações económicas e reguladoras com os EUA serão administradas de maneira independente por cada país, ou por pequenos grupos de países, sem se desenvolver um padrão comum. A “alta política” (questões de segurança nacional como armas nucleares e terrorismo) continuarão a ser áreas de convergência nas relações interamericanas. Os interesses e ameaças da maior parte dos países
do hemisfério estão alinhados, e é improvável que isto mude. Nas áreas de aspereza manter-se-ão o narcotráfico e as migrações, assuntos que encontram a América Latina e os EUA em posições opostas – uma como emissora de droga e migrantes, o outro como recetor. Estas áreas, paradoxalmente, permitem uma maior margem de manobra para a América Latina porque dependem mais de decisões políticas que de fatores estruturais. Se a alternativa ao proibicionismo que propuseram os antigos presidentes Fernando Henrique Cardoso, César Gaviria e Ernesto Zedillo fosse adotada, os EUA converter-se-iam em tomadores de políticas em vez de formadores. A regulação dos fluxos migratórios também depende, cada vez mais, da coordenação entre os países de origem e destino. As áreas de mais incerteza nas relações interamericanas são as energéticas e as territoriais. A questão energética depende dos preços internacionais e da inovação tecnológica, da qual a América Latina é dependente. A questão territorial refere possíveis colapsos estatais que provocariam instabilidade regional e vagas de refugiados, mormente dirigidas para os EUA. Cuba e Venezuela são os casos mais frágeis. Também com a China as relações continuarão fragmentadas por sub-regiões. O
Dragão intervirá mais nas regiões mais distantes dos EUA e nas que tiverem maior potencial de produção alimentar e energética. Os estados sul-americanos ficam assim mais expostos, para bem ou para mal, que os centro-americanos e o México. O perfil da atuação chinesa terá duas caraterísticas: por um lado, limitar-se-á à economia e não pretenderá disputar política ou militarmente a hegemonia dos Estados Unidos; por outro, tenderá a aproximar-se mais via crédito que de investimento, mantendo o controlo como credor em vez de partilhar os riscos como parceiro. Isto, que os líderes latino-americanos podem apresentar como respeitador da soberania (em contraste com a entrada direta que a China realizou em África), esconde a ameaça de uma nova dependência. Quase setenta anos depois da fundação da Comissão Económica para a América Latina (CEPAL), a América do Sul continua a ser um exportador de recursos naturais, enquanto a aparente "industrialização exportadora" de México explica-se sobretudo pelas indústrias de montagem. No que diz respeito à cooperação Sul-Sul, dificilmente se produzirá uma evolução significativa. Dada a grande quantidade de países e a heterogeneidade das suas referências, as dificuldades de coordenação são enormes. E os incentivos são escassos porque as necessidades destes países também se concentram no capital e na
OECD (34)4
LAC (18)2,3
Guatelama
Rep. Dominicana
Venezuela2
El Salvador
Honduras
Paraguai2
Perú
Panamá
Nicarágua
Colômbia
México2
Ecuador
Chile
Costa Rica
Bolívia2
Uruguai
Brasil
0
Argêntina
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tecnologia, produtos que se seguem importando dos estados desenvolvidos. Não existem países latino-americanos que operem como "ordenadores económicos regionais": falta-lhes peso. O México orbita na área gravitacional do mercado dos Estados Unidos, o Brasil falhou a descolagem e as outras economias carecem de escala. Longe ficaram os tempos da influência europeia: hoje a presença do Velho Mundo é fragmentária e declinante. A América Latina acompanha a emergência de um mundo multipolar, reproduzindo, no seu interior, as tendências de fragmentação e heterogeneização. Em consequência, torna-se cada vez mais multi (para dentro) e menos polo (para fora). Não é assim tão grave: em termos comparativos, uma região pouco relevante mas democrática e sem guerras é um paraíso.
Figura 4 Desenvolvimento Humano 2014
Fonte: World map by quartiles of Human Development Index in 2014, consultado 29 de setembro de 2016). A cor mais intensa indica maior desenvolvimento.
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Muito alto Alto Médio Baixo Sem dados
*
ANDRÉS MALAMUD é investigador principal no Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa e coordenador do doutoramento em Política Comparada. Doutorado em Ciência Política pelo Instituto Universitário Europeu de Florença, licenciou-se
na Universidade de Buenos Aires. As suas áreas de interesse incidem sobre instituições políticas comparadas, integração regional, política externa, partidos políticos, teorias da democracia e política europeia e latino-americana. Foi membro do comité executivo
da Associação Latino-Americana de Ciência Política e é atualmente o secretário-geral da Associação Portuguesa de Ciência Política.
L 22 m hight
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Al Final del Paraíso Demián Flores EXPOSIÇÃO NO PADRÃO DOS DESCOBRIMENTOS, DE 7 DE JANEIRO A 2 DE ABRIL © Todos os direitos reservados
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WALL 5 185.16 cm hight
Manifesto Antropofágico OSW A LD DE A NDRA DE — 1928
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Só a Antropofagia nos une. SOCIALMENTE. ECONOMICAMENTE. FILOSOFICAMENTE.
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Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.
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Tupi, or not tupi that is the question.
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Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos.
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Só me interessa o que não é meu. LEI DO HOMEM. LEI DO ANTROPÓFAGO.
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O que atropelava a verdade era a roupa, o impermeável entre o mundo interior e o mundo exterior. A reação contra o homem vestido. O cinema americano informará.
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Filhos do sol, mãe dos viventes. Encontrados e amados ferozmente, com toda a hipocrisia da saudade, pelos imigrados, pelos traficados e pelos touristes. No país da cobra grande 1 .
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Foi porque nunca tivemos gramáticas, nem coleções de velhos vegetais. E nunca soubemos o que era urbano, suburbano, fronteiriço e continental. Preguiçosos no mapa-múndi do Brasil 2 .
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Uma consciência participante, uma rítmica religiosa.
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Contra todos os importadores de consciência enlatada.
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A existência palpável da vida. E a mentalidade pré-lógica para o Sr. Lévy-Bruhl estudar.
Estamos fatigados de todos os maridos católicos suspeitos postos em drama. Freud acabou com o enigma mulher e com os sustos da psicologia impressa.
Queremos a Revolução Caraíba 3. Maior que a revolução Francesa. A unificação de todas as revoltas eficazes na direção do homem. Sem nós a Europa não teria sequer a sua pobre declaração dos direitos do homem.
Nunca fomos catequizados. Vivemos através de um direito sonâmbulo. Fizemos Cristo nascer na Bahia. Ou em Belém do Pará.
A idade de ouro anunciada pela América. A idade de ouro. E todas as girls.
Contra o Padre Vieira 4 . Autor do nosso primeiro empréstimo, para ganhar comissão. O rei-analfabeto dissera- lhe: ponha isso no papel mas sem muita lábia. Fez-se o empréstimo. Gravou-se o açúcar brasileiro. Vieira deixou o dinheiro em Portugal e nos trouxe a lábia.
— —
Filiação. O contato com o Brasil Caraíba. Ori Villegaignon print terre. Montaigne. O homem natural. Rosseau. Da Revolução Francesa ao Romantismo, à Revolução Bolchevista, à revolução Surrealista e ao bárbaro tecnizado de Keyserling. Caminhamos.
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Mas nunca admitimos o nascimento da lógica entre nós.
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O espírito recusa-se a conceber o espírito sem o corpo. O antropomorfismo. Necessidade da vacina antropofágica. Para o equilíbrio contra as religiões de meridiano. E as inquisições exteriores.
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Só podemos atender ao mundo orecular.
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Tínhamos a justiça codificação da vingança. A ciência codificação da Magia. Antropofagia. A transformação permanente do Tabu em totem.
1 Selva amazónica; na mitologia indígena da amazó-
2 Referência à extensão continental do país e à
3 Oswald idealiza a união dos indígenas através do
4 António Vieira (1608-1697), lisboeta de nascimento,
nia, "cobra grande" é o espírito das águas. Esta entidade foi motivo de um longo poema antropófago, Cobra Norato (1931), de Raul Bopp (1898/1984), que, ao lado de Macunaíma (1928), de Mário de Andrade (1893/1945), compõe exemplos da antropofagia oswaldiana.
necessidade de resolver os problemas linguísticos no Brasil, que se pautava pela tradição lusitana, ignorando as especificidades do país. Retomada, sob outro ângulo, da grande polémica por José de Alencar (1829-1877), na vigência do Romantismo brasileiro no século XIX.
vocábulo caraíba, que designa tanto uma das comunidades indígenas, com a qual os primeiros portugueses tomaram contacto na época dos Descobrimentos, que viviam mais ao norte, quanto uma grande família linguística a que pertenciam várias tribos brasileiras mais ao sul.
fez os seus estudos com os jesuítas na Bahia, ordenando-se aos 26 anos. Tinha ideias avançadas para a sua época e por isso foi inúmeras vezes criticado. Oswald de Andrade refere-se, aqui, à investida político-económica na exploração do açúcar maranhense, à época do período colonial, o que beneficiou apenas a metrópole portuguesa, deixando em franca miséria a então colónia.
Carta de Pêro Vaz de Caminha a D. Manuel solapa, de fonte a fonte para detrás, uma espécie de cabeleira de penas de ave amarelas, que seria do comprimento de um coto, mui basta e mui cerrada, que lhe cobria o toutiço e as orelhas. E andava pegada aos cabelos, pena e pena, com uma confeição branda como cera (mas não o era), de maneira que a cabeleira ficava mui redonda e mui basta, e mui igual, e não fazia míngua mais lavagem
CROSS-CULTURAL (2011) © PEDRO VALDEZ CARDOSO
duma mão travessa, da grossura dum fuso de algodão, agudos na ponta como um furador. Metem-nos pela parte de dentro do beiço; e a parte que lhes fica entre o beiço e os dentes é feita como roque de xadrez, ali encaixado de tal sorte que não os molesta, nem os estorva no falar, no comer ou no beber. Os cabelos seus são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta, mais que de sobrepente, de boa grandura e rapados até por cima das orelhas. E um deles trazia por baixo da
para a levantar. O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, bem vestido, com um colar de ouro mui grande ao pescoço, e aos pés uma alcatifa por estrado. Sancho de Tovar, Simão de Miranda, Nicolau Coelho, Aires Correia, e nós outros que aqui na nau com ele vamos, sentados no chão, pela alcatifa. Acenderam-se tochas. Entraram. Mas não fizeram sinal de cortesia, nem de falar ao Capitão nem a ninguém. Porém um deles pôs olho no colar do Capitão, e começou
de acenar com a mão para a terra e depois para o colar, como que nos dizendo que ali havia ouro. Também olhou para um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e novamente para o castiçal como se lá também houvesse prata. Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como quem diz que os havia ali. Mostraram-lhes um carneiro: não fizeram caso. Mostraram-lhes uma galinha, quase tiveram medo dela: não lhe queriam pôr a mão; e depois a tomaram como que espantados. Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel e figos passados. Não quiseram comer quase nada daquilo; e, se alguma coisa provaram, logo a lançaram fora. Trouxeram-lhes vinho numa taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram nada, nem quiseram mais. Trouxeram-lhes a água em uma albarrada. Não beberam. Mal a tomaram na boca, que lavaram, e logo a lançaram fora. Viu um deles umas contas de rosário, brancas; acenou que lhas dessem, folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço. Depois tirou-as e enrolou-as no braço e acenava para a terra e de novo para as contas e para o colar do Capitão, como dizendo que dariam ouro por aquilo. Isto tomávamos nós assim por assim o desejarmos. Mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isto não o queríamos nós entender, porque não lho havíamos de dar. E depois tornou as contas a quem lhas dera. Então estiraram-se de costas na alcatifa, a dormir, sem buscarem maneira de cobrirem suas vergonhas, as quais não eram fanadas; e as cabeleiras delas estavam bem rapadas e feitas.
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nau foram recebidos com muito prazer e festa. A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem-feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura. Nem estimam de cobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto. Ambos traziam os beiços de baixo furados e metidos neles seus ossos brancos e verdadeiros, de comprimento
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Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito, segundo dis-seram os navios pequenos, por chegarem primeiro. Então lançamos fora os batéis e esquifes, e vieram logo todos os capitães das naus a esta nau do Capitão-mor, onde falaram entre si. E o Capitão-mor mandou em terra no batel a Nicolau Coelho para ver aquele rio. E tanto que ele começou de ir para lá, acudiram pela praia homens, quando aos dois, quando aos três, de maneira que, ao chegar o batel à boca do rio, já ali havia dezoito ou vinte homens. Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram. Ali não pôde deles haver fala, nem entendimento de proveito, por o mar quebrar na costa. Somente deu-lhes um barrete vermelho e uma carapuça de linho que levava na cabeça e um sombreiro preto. Um deles deu-lhe um sombreiro de penas de ave, compridas, com uma copazinha de penas vermelhas e pardas como de papagaio; e outro deu-lhe um ramal grande de continhas brancas, miúdas, que querem parecer de aljaveira, as quais peças creio que o Capitão manda a Vossa Alteza, e com isto se volveu às naus por ser tarde e não poder haver deles mais fala, por causa do mar. (...) E estando Afonso Lopes, nosso piloto, em um daqueles navios pequenos, por mandado do Capitão, por ser homem vivo e destro para isso, meteu-se logo no esquife a sondar o porto dentro; e tomou dois daqueles homens da terra, mancebos e de bons corpos, que estavam numa almadia. Um deles trazia um arco e seis ou sete setas; e na praia andavam muitos com seus arcos e setas; mas de nada lhes serviram. Trouxe-os logo, já de noite, ao Capitão, em cuja
Historia De Las Indias
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FRAY BA RTOLOMEO DE LA S C A SA S
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Era esta gente de mediana estatura, bien proporcionados, las caras no muy hermosas por tenellas anchas, la color de la carne que tira a rubia como los pelos del león, de manera que a estar y andar vestidos, serían poco menos blancos que nosotros; pelo alguno no le consienten en todo su cuerpo, sino son los cabellos, porque lo tienen por cosa bestial; ligerísimos hombres y mujeres, grandes nadadores y más las mujeres que los hombres, más que puede ser encarecido, porque nadan dos leguas sin descansar. Entendieron los nuestros ser muy guerreros; sus armas son arcos y flechas muy agudas, las puntas de huesos de peces, y tiran muy al cierto; llevaban a sus mujeres a la guerra, no para pelear, sino para llevarles las comidas y lo que más suelen consigo llevar. No tienen reyes, ni señores, ni capitanes en las guerras, sino unos a otros se llaman y convocan y exhortan cuando han de pelear contra sus enemigos; la causa de sus guerras entendieron ser contra los de otra lengua, si les mataron algún pariente y amigo, y el querelloso, que es el más antiguo pariente, en las plazas llama y convoca a los vecinos que le ayuden contra los que tienen por enemigos. No guardan hora ni regla en el comer, sino todas las veces que lo han gana, y esto es porque cada vez comen poco, y siéntanse en el suelo a comer; la comida, carne o pescado, pónenla en ciertas escudillas de barro que hacen, o en medias calabazas. Duermen en hamacas hechas de algodón, de las que arriba, hablando desta isla, dijimos. Son honestísimos en la conversación de las mujeres, como dijimos de los desta isla, que ninguna persona del mundo lo ha de sentir; y cuanto en aquello son honestos, usan de gran deshonestidad en el orinar ellos y ellas, porque no se apartan, sino en presencia de todos; y lo mismo no se curan de hacer el estruendo del vientre. No tenían orden ni ley en los matrimonios;
tomaban ellos cuantas querían y ellas también, y dejábanse cuando les placía, sin que a ninguno se haga injuria ni la reciba del otro. No eran celosos ellos ni ellas, sino todos vivían a su placer, sin recibir enojo del otro. Multiplicábanse mucho, y las mujeres preñadas no por eso dejan de trabajar; cuando paren tienen muy chicos y cuasi insensibles dolores. Si hoy paren, mañana se levantan tan sin pena, como si no parieran; en pariendo, vanse luego al río a lavar y luego se hallan limpias y sanas. Si se enojan de sus maridos, fácilmente con ciertas hierbas o zumos abortan, echando muertas las criaturas; y aunque andan desnudas todo el cuerpo,
casas en que moraban eran comunes a todos, y tan capaces, que cabían y vieron en ellas seiscientas personas, y ocho dellas en que cupieran diez mil ánimas. Eran de madera fortísima, aunque cubiertas de hojas de palmas; la hechura como a manera de campana. De ocho en ocho años dicen que se mudaban de unos lugares a otros, porque con el calor del sol excesivo se inficionaban los aires y causábanles grandes enfermedades. Todas sus riquezas eran plumas de aves de colores diversas, y unas cuentas hechas de huesos de peces y de unas piedras verdes y blancas, las cuales se ponían en las orejas y labrios; el oro y perlas y otras cosas ricas, ni
FILME “LA ULTIMA TIERRA” © PABLO LAMAR
lo que es vergonzoso de tal manera lo tienen cubierto con hojas o con tela o con cierto trapillo de algodón, que no se parece. Y los hombres y las mujeres no se mueven más porque todo lo secreto y vergonzoso se vea o ande descubierto, que nosotros nos movemos viendo los rostros o manos de los hombres. Son limpísimos en todos sus cuerpos ellos y ellas, por lavarse muchas veces. Religión alguna no les vieron que tuviesen, ni templos o casas de oración. Las
las buscan ni las quieren, antes las desechan como cosa que tienen en poco. Ningún trato y compra ni venta ni conmutaciones usan, sino sólo aquellas cosas que para sus necesidades naturales les produce y ministra la naturaleza; cuanto tienen y poseen dan liberalísimamente a cualquiera que se lo pide; y así como en el dar son muy liberales, de aquella manera en pedir y recibir de los que tienen por amigos son cupidísimos. Por señal de gran amistad tienen entre sí comunicar sus mujeres e hijas con sus amigos y huéspedes.
El padre y la madre tienen por gran honra que cualquiera tenga por bien de llevarles su hija, aunque sea virgen, y tenella por amiga, y esto estiman por confirmación del amistad entre sí. Diversas maneras de enterrar los difuntos entre sí tienen; unos los entierran con agua en las sepolturas, poniéndoles a la cabecera mucha comida, creyendo que para el camino de la otra vida o en ella de aquello se mantengan. Lloro ninguno ni sentimiento hacen por los que se mueren. Otros tienen aqueste uso: que cuando les parece que el enfermo está cercano a la muerte, sus parientes más cercanos lo llevan en una hamaca al monte, y allí, colgada la hamaca de dos árboles, un día entero les hacen muchos bailes y cantos, y viniendo la noche, pónenle a la cabecera agua y de comer cuanto le podrá bastar para tres o cuatro días, y dejándolo allí, vanse y nunca más lo vesitan. Si el enfermo come y bebe de aquello y al cabo convalece y se vuelve a su casa, con grandes alegrías y cerimonias lo reciben; pero pocos deben ser los que escapan, pues nadie, después de puestos allí, los ayuda y visita. En el curar los enfermos se han desta manera: que cuando están con el mayor calor de calentura, métenlo en agua muy fría, y allí lo bañan; después pónenlo al fuego, que hacen grande, por dos horas buenas, hasta que esté bien caliente; de aquí hácenle, aunque le pese, dar grandes carreras en ida y venida; después échanlo a dormir. Con esta medicina y modo de curar muchos escapan y sanan. Usan mucho de dieta, porque se están tres y cuatro días sin comer ni beber. Sángranse muchas veces, no de los brazos, sino de los lomos y de las pantorrillas. También acostumbran gómitos con ciertas hierbas que traen en la boca.
* Texto com grafia original
Programação JAN—MAR Todos os preçários e respetiva CCE devem ser consultados nos espaços onde acontecem os programas. Mais informações capitaliberoamericana@cm-lisboa.pt Programa sujeito a alterações.
Demián Flores MÉXICO
7 JAN a 2 ABR
Terça a domingo das 10h00 às 18h00 inaugura a 7 de janeiro, sábado, às 17h00
O encontro deslumbrou os europeus, cujo contacto com aquelas terras longínquas ocorreu através dos escritos realizados. Frei Bartolomeu de Las Casas mencionou nas suas crónicas que os habitantes pareciam pertencer à Idade de Ouro: “são simples, sem malícia, repletos de amor para com os seus, desprovidos de qualquer ambição terrena”. Frei Bartolomeu acreditava ter encontrado o ’bom selvagem‘, aquele habitante da Arcádia que o mundo ocidental ansiava recuperar, antes de o ter colocado no lugar do inimigo hostil, e com isso ter acabado com o Paraíso. Na ordem moral, era inventada a América. Uma vez ultrapassado o questionamento sobre a origem humana dos nativos, havia então que evangelizá-los e, em simultâneo, fazê-los merecedores de um outro Paraíso, o Celestial. Tinha assim início a realidade do México que, a sangue e fogo, perdura até aos nossos dias. Mas Al Final del Paraíso é também um testemunho gráfico e pictural do nosso tempo.
CERIMÓNIA PROGRAMA DE ABERTURA SÃO LUIZ TEATRO MUNICIPAL
Selo Comemorativo CTT
7 JAN lançamento, sábado, às 19h00 A emissão Lisboa – Capital Ibero-americana de Cultura 2017 será composta por quatro selos e um bloco que pretendem retratar aspetos culturais e históricos de algumas das cidades associadas ao território ibero-americano.
MÚSICA PROGRAMA DE ABERTURA SÃO LUIZ TEATRO MUNICIPAL
MARIELA CONDO © RICARDO CENTENO
O trabalho de Demián Flores (Juchitán, Oaxaca, 1971) tem-se caraterizado por provocar choques e contágios entre esferas de produção cultural distintas e por manter um diálogo ativo com o contexto sociopolítico da sua terra natal, situada no sul do México. Com as descobertas geográficas do século XVI e o aparecimento, na visão da altura, do ‘Novo Mundo’, a ideia sobre a existência do Paraíso assumiu novas formas e reconhecimentos.
Danças no Jardim de Inverno La Flama Blanca PORTUGAL Pedro Valdez Cardoso PORTUGAL
7 JAN sábado às 24h00 Numa cenografia luxuriosa e divertida, da autoria do artista visual Pedro Valdez Cardoso, e com as sonoridades de contornos latinos de La Flama Blanca, dá-se início às danças. É um sinal de que a festividade é compatível com a receção artística e a sua fruição, com o pensamento crítico e a leitura e com a convivialidade entre atores que intervêm quer nas cidades, quer nas zonas rurais da Europa e das Américas. Não prometemos qualquer regresso à antropofagia, mas que é o início de uma grande festa, isso é, com certeza. Com o DJ La Flama Blanca (Portugal) e a cenografia de Pedro Valdez Cardoso (Portugal)
Canções para uma festa Gisela João PORTUGAL Mariela Condo EQUADOR Yomira John PANAMÁ
7 e 8 JAN sábado e domingo, às 21h00 Iniciamos a programação dos concertos musicais com um espetáculo que tem a participação de três cantoras do universo ibero-americano. Destacamos a origem diversificada das intérpretes, das músicas e a qualidade artística das letras das canções, mas outros dois aspetos foram determinantes na escolha das nossas convidadas. Um teve a ver com a juventude das cantoras, que é, de muitas maneiras, a expressão da energia de um continente que, com uma diversidade de etnias, culturas, regimes, paisagens, cria grandes expetativas para o futuro, não só desta área cultural e geográfica, mas também para o futuro de todo o mundo. O outro critério que presidiu aos convites feitos decorre do reconhecimento da importância que as mulheres, de um modo geral, e as artistas, em particular, conseguiram neste continente, tantas vezes marcado pela violência dos géneros, e as importantes mudanças sociais e de criação artística que protagonizaram.
TOPONÍMIA
Ruas de Lisboa: um Roteiro Ibero-americano A partir de janeiro Mais informações (capitaliberoamericana@cm-lisboa.pt) É antiga a presença nas ruas de Lisboa do que hoje se designa, sumariamente, como o ‘universo ibero-americano’ (conceito tão complexo quanto contraditório) - tem mais de cinco séculos - e há nela uma dimensão material que urge mostrar, dado o seu duplo carácter, tanto manifesto como latente. Este é um roteiro dos arruamentos que consagram, na memória da cidade, antropónimos e geotopónimos que refletem as ligações entre o passado e o presente dos factos, os cidadãos e os heróis dos países ibero-americanos. Curadoria Ana Homem de Melo (Portugal) e Paula Machado (Portugal)
OLISIPOGRAFIA
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Al Final del Paraíso
FESTA PROGRAMA DE ABERTURA SÃO LUIZ TEATRO MUNICIPAL
Testemunhos da Escravatura Memória Africana Mais informações (capitaliberoamericana@cm-lisboa.pt) Identificámos um conjunto de museus, arquivos e bibliotecas da cidade de Lisboa e convidámo-los a selecionar, nas suas coleções, peças e/ou documentação que, de uma forma direta ou indireta, se pudessem relacionar com a escravatura negra. A começar este projeto: A partir de 12 JAN Academia Militar A partir de 13 JAN Biblioteca Nacional de Portugal A partir de 8 FEV Gabinete de Estudos Olisiponense A partir de 15 MAR Museu Nacional de Arte Contemporânea A partir de 21 MAR Casa-Museu Medeiros e Almeida A partir de 23 MAR Arquivo Nacional da Torre do Tombo Curadoria Anabela Valente (Portugal) e Ana Cristina Leite (Portugal) Com Academia Militar, Arquivo Histórico Militar, Arquivo Histórico Ultramarino, Arquivo Municipal de Lisboa, Arquivo Nacional Torre do Tombo, Biblioteca da Academia das Ciências, Biblioteca Central da Marinha, Biblioteca Nacional de Portugal, Casa-Museu Anastácio Gonçalves, Casa-Museu Medeiros e Almeida, Museu de Artes Decorativas Portuguesas, Museu Bordalo Pinheiro, Museu Coleção Berardo, Museu das Comunicações, Museu da Farmácia, Museu do Fado, Museu de Lisboa, Museu da Marinha, Museu da Marioneta, Museu Militar, Museu Nacional de Arqueologia, Museu Nacional de Arte Antiga, Museu Nacional de Arte Contemporânea, Museu Nacional do
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Conjugam-se Passado e Presente, as influências portuguesa e espanhola nos países da América Central e do Sul, assim como os temas da programação: a Questão Indígena, os Afrodescendentes, as Migrações e a Criação Contemporânea. A opção para esta emissão comemorativa segue uma linha cronológica que parte da era pré-colombiana, passando pela presença colonial e chegando à atualidade.
PRISÃO PARA ESCRAVOS © MUSEU NACIONAL DE ETNOLOGIA
EXPOSIÇÃO PROGRAMA DE ABERTURA PADRÃO DOS DESCOBRIMENTOS
Lisboa – um ano a desenhar para o futuro 2017
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Associação de Urban Sketchers Portugal A partir de janeiro Ao longo de todo o ano, os Urban Sketchers de Lisboa acompanharão, entre desenhos e oficinas, as atividades da Lisboa, Capital Ibero-americana de Cultura 2017. Ancoradas na Casa-atelier Vieira da Silva, as oficinas de diário gráfico contarão com a presença de vários artistas dos países ibero-americanos.
Artistas Latino-americanos em Lisboa Claire de Santa Coloma ARGENTINA Hector Zamora MÉXICO Marilá Dardot BRASIL
JAN — DEZ Sabendo que Lisboa é, neste momento, uma cidade de eleição para muitos artistas contemporâneos fixarem residência e concretizando o sentimento de hospitalidade da cidade, as Galerias Municipais, ativaram um projeto de apoio estrutural a quatros artistas ibero-americanos a residir na capital. Nesse sentido disponibilizaram-se espaços de trabalho no complexo dos ateliês municipais dos Coruchéus. Os artistas, de diferentes idades e geografias, terão assim oportunidade de substantivar a sua prática artística no contexto artístico português, aproveitando a sinergia do complexo dos Coruchéus. Artistas convidados Claire de Santa Coloma (Buenos Aires, 1983), Hector Zamora (Cidade do México, 1974) e Marilá Dardot (Belo Horizonte, 1973).
VISITAS MUSEU NACIONAL DE ETNOLOGIA
Galerias da Amazónia Reserva Visitável
JAN – DEZ Quarta a domingo às 10h30,
LIVRO E LEITURA BIBLIOTECA ORLANDO RIBEIRO, BIBLIOTECA DOS CORUCHÉUS E BIBLIOTECA CAMÕES
33 (Três ao Cubo)
12h30, 14h30 e 16h30
Ilustração Ibero-americana
Marcação prévia (visitasguiadas@mnetnologia.dgpc.pt)
21 JAN — 30 JUN
As Galerias da Amazónia são uma das duas reservas visitáveis do Museu Nacional de Etnologia. Os mais de 1700 objetos que constituem as coleções relativas à América do Sul, estão repartidas por tipologias diversas, tais como máscaras e outros objetos rituais, adornos, instrumentos de caça e pesca, jogos, entre outros. Sendo representativas de 37 povos da floresta amazónica, estas coleções documentam as principais dimensões da vida ritual, social e quotidiana daqueles grupos indígenas e constituem um dos acervos de proveniência ameríndia de maior relevância, patrimonial e científica, a nível nacional. No âmbito do programa Lisboa, Capital Ibero-americana de Cultura 2017, o Museu Nacional de Etnologia reforça as visitas a este especial e particular espaço promovendo, de modo inédito, o acesso público às coleções em reserva.
Inaugura a 21 de janeiro, sábado, a partir das 15h00 Ciclo de seis mostras de ilustração para a infância com a participação de três ilustradores oriundos de Espanha e de um país da América Latina (a designar) e três de Portugal, patente ao público em três bibliotecas de Lisboa. Envolvimento com escolas do 1º ciclo e/ou 2º ciclo na realização de oficinas e trabalhos de ilustração (sob orientação dos ilustradores convidados) que, posteriormente, serão expostos (20 de abril a 4 de maio). Terá ainda lugar uma mesa-redonda com os ilustradores responsáveis, dirigida a artistas plásticos, ilustradores, mediadores de leitura, bibliotecários. Curadoria André Letria (Portugal) Ilustradores Martina Mayà (Espanha), Mariana Zanetti (Brasil), Cristóbal Shmal (Chile), Catarina Sobral, Maria Remédio e André da Loba (Portugal)
* Projecto apoiado no âmbito do RAAML – Regulamento de Atribuição de Apoios no Município de Lisboa.
TEATRO MARIA MATOS TEATRO MUNICIPAL
Candice Lin, Pablo Marte, Carlos Motta, Pedro Neves Marques, Manuel Segade, Daniel Steegmann Mangrané, Minerva Cuevas e curadoria de Julia Morandeira Arrizabalaga
MÚSICA SÃO LUIZ TEATRO MUNICIPAL
Avenida Paulista BRASIL Arde brilhante nos bosques da noite
MOMO + Dom La Nena
10 FEV sexta, às 21h00
Márcia Castro + Mariana Aydar & Dani Black
Mariano Pensotti ARGENTINA
21 e 22 JAN
11 FEV Sábado, às 21h00
Sábado às 21h30 e domingo às 18h30
A Avenida Paulista, programa desenvolvido pelo Teatro São Luiz desde 2012, procura o que se faz de novo na música brasileira, as novas colaborações e novas linguagens, o que se ouve e concentra nessa imensa avenida. A esta edição chamam-se Mariana Aydar em dupla com Dani Black, Márcia Castro, MOMO e Dom La Nena.
Nesta nova criação, o dramaturgo e encenador argentino Mariano Pensotti revisita a figura de Alexandra Kollontai, revolucionária soviética e feminista. Partindo das suas preocupações em torno das políticas do corpo, da sexualidade e da identidade feminina, vai à procura das ressonâncias da Revolução Russa na América Latina de hoje.
É MOMO (Marcelo Frota), carioca a viver em Lisboa, quem abre a primeira noite. A sua música, admirada por David Byrne e Patti Smith, entre muitos outros, incorpora as vivências e as experiências de uma infância em Angola, da adolescência nos Estados Unidos, paralelamente à vida no Rio de Janeiro, em Espanha e agora em Portugal. Segue-se-lhe Dom La Nena (Dominique Pinto), gaúcha, cantora e violoncelista, cujo trabalho é descrito como “ternurento e sincero” e cujo percurso, à semelhança de MOMO, cruza também diversos territórios, nomeadamente Paris e Buenos Aires para onde foi viver, sozinha, aos 13 anos a fim de continuar a estudar violoncelo. E é com o sotaque portenho de Buenos Aires, que afirma romântico, que constrói o seu nome de palco: La Nena, a menina.
Pensotti propõe-nos uma peça em três partes cujas histórias agem umas sobre as outras, transformando a vida das suas personagens: um teatro de marionetas feitas à imagem dos atores que as manipulam, um teatro e um filme. Apropriando-se de algumas propostas formais das vanguardas russas, a peça discute a dicotomia entre ser espectador ou participante na História e investiga a validade de ideias sobre controlo político do corpo. Qual é a relevância atual de algumas ideias que fizeram a Revolução Russa de 1917, cem anos depois de esta ter ocorrido? Espetáculo em espanhol com legendas em português. Dramaturgia e encenação Mariano Pensotti Encomenda HAU Hebbel am Ufer Produção Grupo Marea Coprodução Maria Matos Teatro Municipal, HAU Hebbel am Ufer, Kunstenfestivaldesarts e Complejo Teatral de Buenos Aires com o apoio da House on Fire – Programa Cultura da União Europeia
A segunda noite é de encontro: a “voz quente, clara e segura” da paulistana Mariana Aydar soma-se à “voz marcante, carisma e performance vigorosos do exímio violonista, guitarrista, compositor e cantor Dani Black”, também paulistano. Antes, estará a baiana Márcia Castro que, no seu talento singular, se espraia pelo samba, ska, frevo e pop.
EXPOSIÇÃO / CONVERSA * HANGAR - ESPAÇO CULTURAL
EXPOSIÇÃO ARQUIVO MUNICIPAL DE LISBOA — FOTOGRÁFICO
Nem tanto a Sul nem tanto a Norte Xerem-Associação Cultural Conjunto de colóquios, encontros, conversas e exposições em torno das questões da curadoria, assim como as geografias da arte.
27 e 28 JAN Conversa Península - contextos lusófonos e hispânicos com Terry Smith, Gerardo Mosquera, Juan Guardiola, Salomé Lamas, Silvia Zayas, Tamara Diaz, Francisco Godoy, Paula Nascimento, Maria Iñigo, Ana Balona de Oliveira, Pedro Neves Marques, Sally Gutierrez e coordenação de Bruno Leitão e Carlos Garrido Castellano
© DR
DESENHO * FUNDAÇÃO ARPAD SZENES — VIEIRA DA SILVA
RESIDÊNCIA ARTÍSTICA ATELIERS MUNICIPAIS E GALERIA QUADRUM
EL PASADO © ALMUDENA CRESPO
Azulejo, Museu Nacional dos Coches, Museu Nacional de Etnologia, Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Museu Nacional da Musica, Museu Nacional do Teatro e da Dança, Museu Nacional do Traje, Palácio Nacional da Ajuda, Santa Casa da Misericórdia / Arquivo / Museu de S. Roque, Sociedade de Geografia de Lisboa e Museu do Dinheiro.
Visão Yanomami Claudia Andujar BRASIL
11 FEV — 15 ABR
Segunda a sábado, das 10h00 às 19h00
31 MAR a 9 JUN
Inaugura a 11 de fevereiro, sábado, às 17h00
Canibalia - exposição e conversas com obras de Theodor de Bry, Jeleton, Runo Lagomarsino,
O conjunto de fotografias aqui apresentado é propriedade do Centro de Artes de Inhotim
Espetáculo em espanhol com legendas em português
A obra de Claudia Andujar (1931) sobre os Yanomami introduz questões da fotografia contemporânea dentro do espectro da iconografia dos povos indígenas no Brasil. A sua narrativa visual trouxe para os campos fotográficos predominantes (fotografia documental clássica, fotografia etnográfica e fotojornalismo) um olhar assumidamente pessoal, aliando intenções documentais a uma busca estética bastante apurada. Segundo a autora, a idiossincrasia da sua obra deve-se essencialmente à sua trajetória pessoal, pautada pela condição de minoria: “Sem dúvida, minha fotografia é marcada pelo meu passado. Um passado de guerra, um passado de minorias. Isso é algo que não só me preocupa, mas me perturba. É parte da minha vida. Me interesso muito pela questão da justiça e das minorias que estão tentando se afirmar no mundo, mas se deparam sempre com um dominador que procura apará-las. Mas existe também um outro lado, que é a estética, o equilíbrio, presentes nas minhas imagens. Nem sempre o lado social pode se juntar ao lado estético. Eu sofro por isso. Quando consigo juntar as duas coisas, me sinto aliviada.” (Andujar in Persichetti, 2000:15)
Dramaturgia e encenação Guillermo Calderón · Assistência de direção Ximena Sánchez · Atores Camila González, Andrea Giadach, María Paz González, Luis Cerda Esparza, Carlos Ugarte Díaz e Francisca Lewin · Design Loreto Martinez · Produção Fundácion Teatro a Mil (FITAM) · Coprodução Maria Matos Teatro Municipal, HAU Hebbel am Ufer e FITAM com o apoio da House on Fire – Programa Cultura da União Europeia
EXPOSIÇÃO * CARPINTARIAS DE SÃO LÁZARO — CENTRO DE ARTES CONTEMPORÂNEAS
Canta Violeta Parra
Los Carpinteros
Canta Violeta Parra é uma homenagem à artista Chilena que em 2017 celebraria 100 anos. Reinventamos o programa de rádio onde a autora de Gracias a la Vida difundia a música tradicional chilena nos anos 50. No mês em que se celebra o Dia da Mulher, os seus temas mais emblemáticos serão reinterpretados por várias artistas e cantautoras portuguesas.
18 FEV a MAI Instalação site-specific a criar pela dupla artística cubana Los Carpinteros. Esta instalação marca o início da atividade do antigo espaço das Carpintarias de São Lázaro, agora convertidas em espaço cultural, e em estreita relação com a história e memória do local.
TEATRO MARIA MATOS TEATRO MUNICIPAL
MATELUNA © DR
MÚSICA CASA DA AMÉRICA LATINA (CASA DAS GALEOTAS)
Mateluna Guillermo Calderón CHILE © DR
15 a 17 FEV quarta a sexta às 21h30
Mateluna é uma peça sobre a ética da violência política e sobre os conceitos da verdade e da inspiração artística. A sua história mostra a relação entre a realidade exposta em Escuela e a violência política dos dias de hoje, tocando
FESTin
1 a 8 MAR O FESTIn é oportunidade para olhar em pormenor a presença e a representação da Mulher no cinema em Língua Portuguesa. Aos filmes programados somam-se três debates que aprofundam a reflexão sobre a temática.
Libertadores de América Camerata Atlântica VENEZUELA / PORTUGAL
25 FEV sábado às 21h30 A escolha do título e o programa para este concerto da Camerata Atlântica, pretendem dar a conhecer a música da América Latina de dois compositores: Julián Orbón (1925-1991), de origem cubana, e o jovem venezuelano Efraín Oscher (1974), com duas peças muito contrastantes, quer pela formação dos instrumentos, quer pelo estilo da escrita. De Julián Orbón – máximo exponente da música erudita de Cuba, com fortes influências de Aaron Copland, Carlos Chávez e Heitor Villa-Lobos – temos o seu único Quarteto de Cordas, escrito em 1951, que evidencia, como toda a sua música, uma forte influência da música espanhola, cubana e africana. Uma das suas caraterísticas mais marcantes é a utilização, quase como um ostinato, de células rítmicas
MAR—ABR
CICLO DE CINEMA RTP
Iberoamérica para Armar
TEATRO SÃO LUIZ TEATRO MUNICIPAL A TRAGÉDIA E A COMÉDIA LATINO-AMERICANAS © PATRÍCIA CIVIDANES
Colectivo de Curadores Associação Cultural Inaugura a 18 de fevereiro, sábado, às 17h00
Pouco depois da estreia de Escuela, Jorge foi detido, novamente acusado de assalto a um banco. Cumpre neste momento, no mesmo local onde cumpriu a pena anterior, uma pena de 17 anos de prisão. Tem 40 anos e nega firmemente a sua participação neste crime. Há indícios fortes de que os investigadores policiais o tenham prendido com base em provas falsas. Uma razão possível para tal ter acontecido é o facto de, durante o roubo de 1990, um polícia ter sido alvejado e ter morrido.
Mostra Mulheres no Audiovisual Ibero-americano
MÚSICA / RÁDIO LOCAL A DEFINIR
Curadoria Instituto Inhotim
Em 2013, Guillermo Calderón escreveu e encenou Escuela (apresentada em Lisboa em 2014), uma peça sobre os treinos secretos de jovens que lutavam contra a ditadura chilena em finais da década de 80 e que resultava de uma longa investigação na qual entrevistou antigos membros da resistência à ditadura. Um deles, Jorge Mateluna, partilhou a sua história em detalhe, do começo da sua atividade política aos 13 anos, ao cumprimento de uma pena de prisão de 14 anos, depois do seu grupo ter sido detido num assalto a um banco, em 1990.
CINEMA / DEBATES * CINEMA SÃO JORGE
que em certos momentos fazem com que o quarteto de cordas faça virar, com a sua sonoridade, uma orquestra sinfónica. A segunda peça será uma estreia absoluta, escrita especialmente para este concerto pelo compositor venezuelano residente na Alemanha, Efraín Oscher (1974). Trata-se de uma suite dedicada aos Libertadores de América, na qual este dinâmico compositor mostra, através de uma linguagem única e com diferentes ritmos, os sentimentos, as alegrias e as frustrações destes heróis que deram a liberdade a muitos países da América Latina e mudaram a sua história.
Felipe Hirsch BRASIL A Tragédia Latino-americana
Filmes na RTP
1 e 2 MAR quarta e quinta, às 21h00
Iberoamérica para armar é um programa de cinema destinado à televisão pública portuguesa que regista uma memória do nosso espaço em ambos os continentes, recorrendo ao passado para traçar/definir um presente, um estado de situação. Os diversos territórios de uma longa história entrecruzam-se na grande narrativa que, desde o século XX, se inscreve nas diversas formas de linguagem cinematográfica, na expressão do vídeo e, agora, no recurso à arte das novas linguagens digitais. Os limites do documental e da ficção confundem-se em narrativas nas quais o regional, o particular e o íntimo se aproximam do universal, evitando os lugares comuns da globalização, a partir de uma perspetiva latino-americana.
A Comédia Latino-americana
FICÇÃO
MAR quartas e sextas No programa Tudo Menos Hollywood Em parceria com a RTP Curadoria Jorge la Ferla (Argentina)
19 Programa JAN—MAR
também nos sentimentos profundos de culpa e de justiça, herdados da ditadura de Pinochet.
4 MAR sábado às 21h00 5 MAR domingo às 17h30 “Hirsch é a cabeça mais fulminante do teatro brasileiro. Gosta de abismos, mas tem asas.” Assim o definia Antonio Abujamra no Jornal do Brasil. Com todos os excessos que este tipo de citações pode conter, esta é uma síntese justa do trabalho de Felipe Hirsch (Rio de Janeiro, 1972). Ao longo de 30 anos de um trabalho ininterrupto, o encenador carioca realizou dezenas de obras entre a escrita, o cinema e a encenação. A todas se atirou com veemência, sentido de urgência, ousadia iconoclasta, mas assente num conhecimento que lhe vem do estudo das dramaturgias mais diversas. Daí que se possa falar da atração do abismo deste encenador. Dirigindo agora a Companhia Ultralíricos apresenta-se entre nós com um díptico furibundo: A Tragédia Latino-americana e A Comédia Latino-americana. E veremos como as duas se vão tornar inseparáveis, indissociáveis, prestes a constituírem um marco importante do teatro brasileiro contemporâneo. A Tragédia pega num conjunto de textos de autores latino-americanos onde se incluem Roberto Bolaño, Guillermo Cabrera Infante, Dôra Limeira, Leo Maslíah, de um todo de 15 dos mais desconstrutivistas autores da América Latina. A partir destes textos constrói-se um cabaret macabro para o qual são convidados os políticos, bandidos, figuras associadas ao lado mais perverso da vida. A peça/intriga dramática é construída por quadros vivos a que não faltam a música forró e a construção de uma cidade em esferovite. A Comédia, recorrendo
LI S B OA — Capital Ibero-americana de Cultura 2017
e corresponde essencialmente à produção dos anos 70 e parte dos anos 80 do século XX de Claudia Andujar.
EXPOSIÇÃO MUSEU ARPAD SZENES — VIEIRA DA SILVA
aos textos dos mesmos autores latino-americanos apresentará o outro lado desse continente latente a que se chama América Latina, mostrará o riso.
TEATRO / LIVRO E LEITURA
Sensei Victor Miranda · Música e sonoplastia Miguel Sobral Curado · Espaço cénico e adereços Teresa Sobral · Figurinos João Telmo · Desenho de luz Isabel Aboim Inglez e Teresa Sobral · Produção Nova Companhia · Produção executiva Mónica Talina · Interpretação Adriano Carvalho, Álvaro Correia, Isabel Aboim Inglez, Jorge Fernandes, Martim Pedroso, Miguel Sobral Curado, Miguel Damião · Coprodução Nova Companhia e São Luiz Teatro Municipal
Espetáculo em espanhol e português com legendas em português
EXPOSIÇÃO MUSEU ARPAD SZENES — VIEIRA DA SILVA
Poesia na esquina do bairro 21 MAR e 23 ABR terça e domingo “Por muitas esquinas | de muitas cidades | existem ruínas | de felicidades” foram estes versos, extraídos de um poema de Cecília Meireles dedicado a Maria Germana Tânger, a origem do projeto que agora se apresenta.
INSTALAÇÃO GALERIA DOS PAÇOS DO CONCELHO © DR
A Poesia na Esquina do Bairro surge no âmbito da Lisboa, Capital Ibero-americana de Cultura e perfila-se como uma ação de divulgação da poesia latino-americana, tanto da consagrada, como da emergente, nos lugares onde imperam as bibliotecas de Lisboa. A interação com os habitantes de cada bairro, num processo que se pretende de partilha, experimentação e colaboração, conduz-nos a este desafio de incentivo ao usufruir da poesia ibero-americana.
Arpad Szenes e Vieira da Silva, os anos do exílio no Brasil (1940-1947)
Dar a conhecer a poesia ibero-americana através da música, do canto, da dança ou simplesmente da palavra dita, num café, numa mercearia, num barbeiro ou numa rua recôndita desta nossa cidade, estabelecendo um diálogo cúmplice entre o ator/atriz, músico(a), bailarino(a) com a população.
4 MAR — 2 JUL
Terça a domingo, das 10h00 às 18h00
Heróis, Povo e Paisagem chilena Armindo Cardoso PORTUGAL / CHILE
4 MAR — 7 MAI
Terça a domingo, das 10h00 às 18h00 Inaugura a 4 de março, sábado, às 17h00 Armindo Cardoso saiu de Portugal, por motivos políticos, em 1965, tendo primeiro vivido como exilado em França, país onde iniciou a sua formação como fotógrafo. Em 1969, acompanhado da mulher, de nacionalidade chilena, e de uma filha, foi para o Chile, onde lhe nasceu um filho e onde inicia o seu trabalho como fotojornalista. Em 1973, a seguir ao golpe de Pinochet, refugiou-se na Embaixada da Venezuela, tendo depois, com a ajuda da Embaixada de França no Chile, seguido para Paris. Os negativos das fotografias que aqui se expõem estiveram enterrados durante três meses num jardim da casa em Quinta Normal, Santiago, tendo sido recuperados pelo adido cultural de França no Chile e levados para Paris em 1974. O acervo fotográfico de mais de 4000 negativos a preto e branco reflete lucidamente uma época, compondo-se de retratos de políticos, artistas e intelectuais como Carlos Droguett, Raúl Ruiz, Miguel Enríquez e Salvador Allende, de imagens de massivas manifestações populares por todo o Chile, de arte de rua e muralismo nas ruas de Santiago, de inéditos registos de comunidades mapuches e da vida quotidiana no sul do Chile.
O Rio de Janeiro acolhe o casal Arpad Szenes e Vieira da Silva, de 1940 a 1947, num exílio que tem um impacto diferente em cada um. Se Arpad rapidamente encontra os seus marcos, para Vieira este foi um tempo de tensão e angústia. A estadia no Brasil marcou de forma clara a pintura de ambos. A de Arpad tornou-se mais íntima e familiar, a de Vieira reflete as suas inquietações: a dor da guerra, o absurdo da condição humana, o desenraizamento e a saudade. Apontamentos do quotidiano ilustram este período e cada um dá continuidade às suas pesquisas, tarefa que haveria de ter um forte impacto na obra posterior. Curadoria Marina Bairrão Ruivo (Portugal)
TEATRO SÃO LUIZ TEATRO MUNICIPAL
Conversas ouvidas por mero acaso numa estação de comboios Cinco peças curtas e um poema de Luis Cano ARGENTINA
6 a 12 MAR
segunda a sábado, às 21h00, domingo às 17h30 Noite(s). Um espaço urbano, evitado pela maioria. Habitado pelos que vivem próximo, mas pensam sozinhos. Uma estação de comboios desmantelada pelo sistema, sobrelotada de sombras, sussuros e vozes dos que vivem para além da carne que comem. Poetas miseráveis, 30 persona(s)gens inquietas, cravadas na memória das paredes de grafitti; nas valas abertas na terra; no ferro sujo da cidade; ou de pernas para o ar. Quem tem o poder de desenhar as nossas vidas? Quem tem lápis, ou quem sabe dançar? Tradução e encenação Teresa Sobral e Paulo Lage · Imagens ao vivo Isabel Aboim Inglez Corpo Sílvia Real · Dinâmica de combate
Poesia na esquina de um bairro irá decorrer no dia 21 de março (Dia Mundial da Poesia) e no dia 23 de abril (Dia Mundial do Livro).
Atardecer
Com coreografia de Adriana Queiroz e participação de João Grosso, José Neves e Manuel Coelho (Portugal).
Pablo Uribe URUGUAI
21 MAR — 22 JUN Inaugura a 21 de março, terça, às 17h00
EXPOSIÇÃO MAAT (SALA OVAL)
Na obra de Pablo Uribe, um género essencialmente pictórico como a paisagem, funde-se com outro género tradicional: o retrato. “Numa projeção, um homem vestido com uma camisa branca é retratado de corpo inteiro, a três quartos de perfil, olhando frontalmente o espectador. Em seguida, vagarosamente, começa a imitar sons diurnos de animais nativos: mamíferos, aves, insetos e répteis. Noutra projeção, o mesmo homem, agora de camisa azul celeste, é retratado numa posição similar. De início aparece calado e imóvel. Depois começa a gesticular e a emitir sons de animais noctívagos. Desta forma estabelece-se um contraponto visual e, sobretudo, sonoro, que acompanha a passagem do dia para a noite. Ambas as figuras se inscrevem sobre um fundo negro e com uma iluminação fria, muito concentrada, como em Rembrandt. O coro de sons animais vai em crescendo, até que o homem de camisa branca baixa a intensidade dos sons e começa a espaçá-los. Fica por fim quase imóvel e em silêncio, enquanto o de camisa azul prossegue com os seus cânticos nocturnos”. Dos temas tradicionais da arte ocidental ao longo da sua história, retrato e paisagem são assim revistos e problematizados. Instalam-se como um roteiro de um falso documentário com alusões sinfónicas.
ORDEM E PROGRESSO © HÉCTOR ZAMORA
© DR
Inaugura a 4 de março, sábado, às 17h00
© DR
L I S B OA — Capital Ibero-americana de Cultura 2017
Programa JAN—MAR
20
Ordem e Progresso Héctor Zamora MÉXICO
22 MAR — 24 ABR
Quarta a segunda, das 12h00 às 20h00 O MAAT, Museu de Arte, Tecnologia e Arquitetura associa-se a Passado e Presente – Lisboa, Capital Ibero-americana de Cultura 2017, o que constitui um contributo importante para usufruto dos múltiplos públicos. A primeira das exposições desta parceria é Ordem e Progresso. Trata-se de uma nova versão de um trabalho que o artista Héctor Zamora realizou pela primeira vez no Paseo de los Héroes Navales em Lima, Peru, no âmbito do projeto Centro Abierto – Intervenciones de sitio específico en el Centro Histórico de Lima em 2012 e, mais recentemente, no Palais de Tokyo em Paris. Ordem e Progresso mostra a dimensão sociopolítica e performativa que tem caracterizado a prática artística de Zamora desde o início do seu percurso, que se fundamenta essencialmente nas relações espaciais entre os objetos, público e espaço arquitetónico. O projeto integra a programação da BoCA - Biennial of Contemporary Arts, cuja primeira edição terá lugar em Lisboa
EXPOSIÇÃO MAAT
e no Porto, de 17 de março a 30 de abril de 2017, com uma programação transversal, que passa pelas artes visuais, performativas e pela música.
O ’viver em comum‘ constituiu, na passagem do séc. XX para o séc. XXI , matéria de debate social e político em que se envolveram pensadores, alternativas políticas e alguns artistas. Era no tempo em que um multiculturalismo de formato light ainda era pensado como possível e que, aparentemente, traduzia uma certa maneira de olhar de alguma urbanidade europeia. Mas deste olhar, ingénuo nuns casos, e cínico noutros, era escamoteado um conjunto complexo de situações explosivas que se têm vindo a manifestar nos últimos 15 anos na Europa e que atingem o seu clímax com a criação da fortaleza europeia contra os refugiados. Questões como o trabalho precário para os estrangeiros, políticas segregacionistas e a visão demagógica de que a Cultura seria um manto diáfano que apagaria todas as fraturas e conflitos contribuíram para o desentendimento do que na verdade queria dizer viver em comum. Acresce que a Europa, ainda nostálgica dos seus estados-nações imperiais, não entendia que, subentendida a esta possibilidade de viver em comum, estava a necessidade de se descolonizar do espírito colonial tendo que, impretetivelmente, olhar para as antigas colónias para, à luz das novas narrativas dos países independentes latino-americanos e africanos -, entender a reescrita das novas histórias. Nestes países, por seu lado, depois das independências e dos nacionalismos, está também por esclarecer o estatuto e o lugar dos primeiros anfitriões e dos descendentes dos escravos que fundaram as Américas. O desejo de viver em comum não pode, pois, ser visto senão como um projeto de descolonização do espírito e um projeto político de encontro da paz num contexto global.
Inaugura a 21 de março Como parte da exposição Utopia/Distopia Parte II, o artista espanhol Jordi Colomer realiza a partir de março um workshop em Lisboa onde, tendo por base a obra do arquiteto e filósofo Yona Friedman, Utopies Réalisables (1974), procura reafirmar a possível concretização de uma utopia ao construir, em conjunto com estudantes e ateliês de arquitetura, uma Lisboa utópica que procura promover formas alternativas de organização da cidade. Os elementos cenográficos do workshop ficarão depois patentes na exposição juntamente com o vídeo X-Ville (versão original do projeto) de março a agosto de 2017. Curadoria Pedro Gadanho com Susana Ventura e João Laia (Portugal)
PADRÃO DOS DESCOBRIMENTOS
Al Final del Paraíso Demián Flores MÉXICO VISITAS GUIADAS PÚBLICO ADULTO 15 e 29 JAN, 12 e 26 FEV, 12 e 26 MAR, às 11h00 e às 15h30 PÚBLICO ESCOLAR sob marcação OFICINAS PÚBLICO ESCOLAR com Leonor Salazar, sob marcação FAMÍLIAS "O Totem da minha tribo" com Ana Gonçalves 19 de FEV às 10h30
ARQUIVOS MUNICIPAIS DE LISBOA — ARQUIVO FOTOGRÁFICO
Visão Yanomami Claudia Andujar BRASIL VISITA PÚBLICO ADULTO 15 FEV, 9 e 30 MAR, 12 ABR, às 14h30
MUSEU DE LISBOA – NÚCLEO PALÁCIO PIMENTA
Lisboa Multicultural VISITAS PÚBLICO ESCOLAR "As Faces da Lisboa Multicultural" e "Trajectos", sob marcação, a partir de 23 JAN PÚBLICO ADULTO "As Faces da Lisboa Multicultural" e "Trajectos", datas a anunciar FAMÍLIAS "Manifesto da Lisboa Multicultural" datas a anunciar
FONOTECA MUNICIPAL / BLX
Entre Portugal e o Brasil há músicas mil OFICINA MUSICAL PÚBLICO ESCOLAR entre FEV e MAR, às 11h00 e às 14h30, sob marcação
JAN—DEZ
A alimentação tal como chegou aos nossos dias na imensa diversidade de condimentos, apresentação, dietas, matéria cerimonial decorre de um longo processo de evolução da humanidade que começou no cru e atinge a sua história moderna com o cozido e do frio pôde, com a invenção do fogo, passar ao quente. Mas encerra um processo complexo que implica passagem do nomadismo ao sedentarismo, pelo menos episódico, técnicas agrícolas, de caça e de pesca, de seleção dos produtos com vista a aperfeiçoamento e eficácia nutritiva. E aqui se introduz as variáveis regionais, climatéricas, novas técnicas de confeção que haveriam de dar nomes a pratos, serem reclamadas como tradições locais e por vezes até confeções identitárias. Num ano em que várias regiões das Américas e da Península Ibérica são protagonistas na cidade de Lisboa, um enfoque especial será dado a muitos destes produtos identitários tanto na 10ª edição do Peixe em Lisboa, como nas iniciativas do Lisboa à Prova – Concurso Gastronómico.
Peixe em Lisboa 30 MAR — 9 ABR
A 10ª edição do Peixe em Lisboa terá lugar no renovado Pavilhão Carlos Lopes e terá como tema central a gastronomia ibero-americana, uma das mais ricas e dinâmicas do mundo e que muito tem vindo a evoluir nos últimos anos. Como de costume, as apresentações de chefes de cozinha entrecruzam-se com a descoberta de produtos, debates e jantares especiais. Um projeto da ATL – Associação de Turismo de Lisboa
Lisboa à prova Concurso Gastronómico Lisboa à Prova - Concurso Gastronómico, acompanhará a par e passo a Passado e Presente – Lisboa, Capital Ibero-americana de Cultura 2017. Um encontro permanente com os múltiplos sabores daqueles territórios e nas diversas iniciativas dos muitos e variados restaurantes de Lisboa, que os trabalham e os dão a conhecer.
21 Programa JAN—MAR
MAR quarta a segunda, das 12h00 às 20h00
Cru e cozido, frio e quente
LI S B OA — Capital Ibero-americana de Cultura 2017
25 MAR sábado das 10h00 às 18h00
Jordi Colomer ESPANHA
Este trabalho desenvolve-se no sentido da aproximação dos diferentes públicos de Lisboa, públicos de diferentes idades e perfis, às temáticas de Passado e Presente e aos territórios da Ibero-américa. À semelhança do programa geral, o trabalho concentrar-se-á em quatro eixos: a questão Indígena, a questão das culturas Afro-descendentes; a questão das Migrações entre a Europa e as Américas; e a questão da criação Artística e do Pensamento Contemporâneo.
© DR
X-LISBOA © JORDI COLOMER © DR
X-Lisboa
PORTUGAL
Serviço Educativo Ao longo de todo o ano, os Serviços Educativos da Direção Municipal de Cultura e da EGEAC trabalharão articuladamente no sentido de promover o conhecimento, o pensamento e a reflexão em torno dos múltiplos programas preparados.
COLÓQUIO SÃO LUIZ TEATRO MUNICIPAL
Adalberto Cardoso BRASIL Patricia Jacquelyne Balbuena Palacios PERU Renata Bittencourt BRASIL Omer Freixa ARGENTINA Veena Das INDIA Margarida Calafate Ribeiro
GASTRONOMIA
JAN—DEZ
Curadoria Inês Grosso (Portugal) Coprodução BoCA – Biennial of Contemporary Arts
O desejo de viver em comum
VISITAS / OFICINAS
PROGRAMA DE ABERTURA PROGRAMAÇÃO JAN—MAR L I S B OA — Capital Ibero-americana de Cultura 2017
Programa JAN—MAR
22
Al Final del Paraíso
PADRÃO DOS DESCOBRIMENTOS
7 JAN – 2 ABR
Seg. a Dom. 10h às 18h
Selo Comemorativo
SÃO LUIZ TEATRO MUNICIPAL
7 JAN
Sáb. 19h00
MÚSICA
Canções para uma festa
SÃO LUIZ TEATRO MUNICIPAL
7 e 8 JAN
Sáb. e Dom. 21h
FESTA
Danças no Jardim de Inverno La Flama Blanca, Pedro Valdez Cardoso
SÃO LUIZ TEATRO MUNICIPAL
7 JAN
Sáb. 24h
TOPONÍMIA
Ruas de Lisboa: um Roteiro Ibero-Americano
—
A partir de janeiro
—
Testemunhos da Escravatura
—
A partir de janeiro
—
Lisboa – um ano a desenhar para o futuro 2017
FUNDAÇÃO ARPAD SZENES — VIEIRA DA SILVA
A partir de janeiro
—
EXPOSIÇÃO CERIMÓNIA
Demián Flores
CTT
Gisela João, Mariela Condo, Yomira John
OLISIPOGRAFIA
Memória Africana
DESENHO *
Associação de Urban Sketchers Portugal
VISITAS
Galerias da Amazónia MUSEU NACIONAL DE ETNOLOGIA JAN – DEZ Reserva Visitável
RESIDÊNCIA ARTÍSTICA Artistas Latino-americanos em Lisboa Claire de Santa Coloma, Hector Zamora, Marilá Dardot
Qua. a Dom. 10h30, 12h30, 14h30 e 16h30
ATELIERS MUNICIPAIS E GALERIA QUADRUM
JAN—DEZ
—
LIVRO E LEITURA
33 (Três ao Cubo)
Ilustração Ibero-americana
BIBLIOTECA ORLANDO RIBEIRO, BIBLIOTECA DOS CORUCHÉUS E BIBLIOTECA CAMÕES
21 JAN – 30 JUN
—
TEATRO
Arde brilhante nos bosques da noite
MARIA MATOS TEATRO MUNICIPAL
21 e 22 JAN
Sáb. 21h30 e Dom. 18h30
EXPOSIÇÃO / CONVERSA *
Nem tanto a Sul nem tanto a Norte
HANGAR - ESPAÇO CULTURAL Xerem-Associação Cultural
27 e 28 JAN 31 MAR a 9 JUN
—
MÚSICA
Avenida Paulista SÃO LUIZ TEATRO MUNICIPAL Momo + Dom La Nena Márcia Castro + Mariana Aydar & Dani Black
10 FEV 11 FEV
Sex. 21h Sáb. 21h
EXPOSIÇÃO
Visão Yanomami Claudia Andujar
ARQUIVO MUNICIPAL DE LISBOA – FOTOGRÁFICO
11 FEV – 15 ABR
Seg. a Sáb. 10h às 19h
TEATRO
Mateluna
MARIA MATOS TEATRO MUNICIPAL
15 a 17 FEV
Qua. a Sex. 21h30
EXPOSIÇÃO *
Los Carpinteros
CARPINTARIAS DE SÃO LÁZARO — CENTRO DE ARTES CONTEMPORÂNEAS
18 FEV a MAI
— Sáb. 21h30
Mariano Pensotti
Guillermo Calderón
Colectivo de Curadores Associação Cultural
MÚSICA
Camerata Atlântica
Libertadores de América
CASA DA AMÉRICA LATINA (CASA DAS GALEOTAS)
25 FEV
MÚSICA / RÁDIO
Canta Violeta Parra
LOCAL A DEFINIR
MAR—ABR —
CICLO DE CINEMA FICÇÃO
Iberoamérica para Armar RTP
CINEMA / DEBATES * TEATRO
Filmes na RTP
No Programa Tudo Menos Hollywood
MAR
Mostra Mulheres no Audiovisual Ibero-americano
CINEMA SÃO JORGE
1 a 8 MAR
Felipe Hirsch
SÃO LUIZ TEATRO MUNICIPAL
FESTin
Qua.s e Sex.s
A Tragédia Latino Americana A Comédia Latino-Americana
1 e 2 MAR 4 MAR e 5 MAR
Qua. e Qui. 21h Sáb. 21h e Dom. 17h30
EXPOSIÇÃO
Armindo Cardoso
Heróis, Povo e Paisagem chilena
MUSEU ARPAD SZENES — VIEIRA DA SILVA
4 MAR – 7 MAI
Ter. a Dom. 10h às 18h
EXPOSIÇÃO
Arpad Szenes e Vieira da Silva, os anos do exílio no Brasil (1940-1947)
MUSEU ARPAD SZENES — VIEIRA DA SILVA
4 MAR – 30 JUN
Ter. a Dom. 10h às 18h
INSTALAÇÃO
Pablo Uribe
Atardecer
GALERIA DOS PAÇOS DO CONCELHO
21 MAR – 22 JUN —
TEATRO / LIVRO E LEITURA
Poesia na esquina do bairro —
21 MAR e 23 ABR
Ter. e Dom.
EXPOSIÇÃO
Ordem e Progresso
MAAT (SALA OVAL)
22 MAR – 24 ABR
Qua. a Seg. 12h às 20h
COLÓQUIO
O desejo de viver em comum
SÃO LUIZ TEATRO MUNICIPAL
25 MAR
Sáb. 10 às 18h
EXPOSIÇÃO
X-Lisboa · Jordi Colomer MAAT MAR
Héctor Zamora
* Projecto apoiado no âmbito do RAAML – Regulamento de Atribuição de Apoios no Município de Lisboa.
Qua. a Seg. 12h às 20h
Uma iniciativa da UCCI e da CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA (DIREÇÃO MUNICIPAL DE CULTURA E EGEAC) Presidente da Câmara Municipal de Lisboa Fernando Medina Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa Catarina Vaz Pinto Director Municipal de Cultura Manuel Veiga Conselho de Administração da EGEAC Joana Gomes Cardoso e Lucinda Lopes Coordenação geral da programação António Pinto Ribeiro
I N I C I AT I V A
23
PA R C E I R O S I N S T I T U C I O N A I S
Embaixada de Portugal em Espanha
Embaixada de Portugal na Colômbia
Embaixada de Portugal no Uruguai
Embaixada de Portugal no Brasil
Embaixada do Panamá em Portugal
PROGR AMAÇ ÃO
Gabinete de Programação em Espaço Público
Consulado de Portugal em São Paulo
LI S B OA — Capital Ibero-americana de Cultura 2017
Programa JAN—MAR
Direção Municipal de Cutura
www.lisboacapitaliberoamericana.pt
Atlântico Vermelho Rosana Paulino PADRÃO DOS DESCOBRIMENTOS DE 4 DE NOVEMBRO A 30 DE DEZEMBRO O Progresso das Nações © Rosana Paulino