Card Player Digital 18

Page 1

POKER

ESP O RTE E ESTI LO D E VI DA

DIEGO BRUNELLI O GAÚCHO QUE BRILHOU NO WCOOP FERNANDO “GROW” CAMPEÃO BRASILEIRO 2013








SUMÁRIO 10. DIÓGENES MALAQUIAS

NOVE DICAS PARA SE TORNAR UM GRINDER DE TORNEIOS Em seu último artigo de “dicas”, Diógenes ensina o que é necessário para conseguir sucesso ao jogar torneios online.

ESPECIAIS 16. MULTICAMPEÃO

Conheça Fernando Grow, o Campeão Brasileiro de 2013.

38. RYAN RIESS

26. DEVANIR CAMPOS

PERGUNTE AO DIRETOR Principal diretor de torneios do Brasil, “DC” fala sobre as famosas “falinhas” e sobre as apostas com apenas um ficha.

Saiba tudo o que rolou na mesa final do maior torneio de poker do mundo.

50. DO CÉU AO INFERNO

A ascensão, a queda e a redenção de Justin Bonomo

64. O MAIS PROFISSIONAL ENTRE OS NÃO PROFISSIONAIS

32. FELIPE MOJAVE

POKER COMO NEGÓCIO Mojave revela como a lógica por trás do poker e dos negócios pode ser semelhante e, inclusive, complementares.

Conheça um pouco mais sobre Diego Brunelli, o único brasileiro campeão do WCOOP 2013.

E MAIS 86. CARDPEDIA ESPECIAL

74. FÁBIO EIJI

Nicolau Villa-Lobos, o melhor jogador brasileiro de 2013.

CHEGOU O MOMENTO DE DESCER? Fábio Eiji dá dicas importantes para que os jogadores não cometam erros no momento de subir ou descer de limites.

80. CARD DROPS

O JOGADOR MAIS SUPERSTICIOSO DO BRASIL. Khatlen Mitzi Guse conversa com o Mothel Santoro, uma das figuras mais curiosas do poker nacional.

CARD PLAYER BRASIL CARDPLAYERBRASIL.COM



9 PARA

DICAS

EIOS SE TORNAR UM GRINDER DE TOporRN Diógenes Malaq uias

Para o nosso último artigo da série “dicas”, vou falar sobre alguns pontos importantes para que quem quiser imprimir um ritmo forte de jogo na internet, o que chamamos de grind. Nosso foco estará, principalmente, nos torneios, mas algumas das dicas são válidas também para jogadores de cash e outras modalidades.

10

CardPlayer.com.br


LOCAL DE TRABALHO ORGA NIZE O SEU GRIND

É essencial ter uma meta diária de torneios para jogar, dentro de um horário em que não haja perda de qualidade em seu jogo e que nem lhe faça ficar muitas horas jogando poucas telas. Minha dica aqui é: nas últimas duas horas de grind, não se registre em torneios deep stack nem com rebuys. Turbos são excelentes para o fim. Eles não duram a metade do tempo daquele evento regular em que você se registrou no início ou no meio da sessão.

MANTENHA SEUS REGISTROS

Tenha computado todos os seus dias de trabalho em uma planilha, como se fosse o seu caixa diário – total investido, lucro, perdas, assim como os buy-ins e tipos de torneios jogados. Uma boa gestão de banca talvez seja uma das maiores habilidades do poker.

Ter uma cadeira confortável, um computador eficiente e (se possível) com dois monitores, modem 3G como backup e nobreak são indispensáveis aqui. Afinal, não existe coisa pior do que ver toda a sua sessão de trabalho perdida em um apagão de luz ou queda de internet. Um tablet ou notebook básico de emergência também ajudam.

ESTUDE

Mantenha uma rotina não só de jogo, mas também de estudo. No meu dia, eu gosto de separar uma ou duas horas para revisão de mãos ou para leitura de fóruns e artigos de poker, assim como manter um grupo de estudo, via Skype, para discussão e solução de situações de jogo. Aqui, o tempo nunca será perdido. Esse é o diferencial de muitos profissionais que estão constantemente em evolução.

UTILIZE O QUE O MERCADO LHE OFERECE MELHORE A SUA ROTINA

Ter uma boa noite de sono, se alimentar bem e fazer exercícios regularmente são indispensáveis para a resistência física e mental que uma sessão de poker exige. Aqui, os principais erros aqui são: jogar com sono, sob o efeito do álcool ou sem foco (conversar no celular e navegar na internet, por exemplo).

Tenha um HUD (heads-up display), ferramenta disponível no Hold’em Manager, limpo e com as informações mais importantes. Se possível, também tenha um HUD de busca de adversários (SharkScope). Use também o Table Ninja e o NoteCaddy. Você poderá configurá-los para facilitar sua vida. No primeiro, há opções para criar atalhos para apostas, registros automáticos e segurar o time bank, por exemplo. No segundo, é possível fazer notes automaticamente. Coisas que, no meio de uma sessão, jogando várias telas de uma vez, têm valor imensurável para qualquer grinder.

@cardplayerbr

11


Ter uma boa noite de sono, se alimentar bem e fazer exercícios regularmente são e indispensáveis para a resistência física mental que uma sessão de poker exige.

MAXIMIZE SEUS LUCROS REFORCE A SUA MENTE

Trabalhe a área psicológica de forma racional. Geralmente, suas emoções só servem para lhe prejudicar. Fases ruins (downswings) e falta de compreensão para lidar com a alta variância em torneios, por exemplo, podem ser desastrosas se jogador não tiver uma mente preparada. O melhor jeito de enfrentar as variações do jogo é entender a matemática e as probabilidades que estão por trás das mesmas.

Por fim, escolha salas de poker que tenham uma menor quantidade de regulares. Jogar contra oponentes mais fracos aumenta a sua lucratividade. Então, procure essas salas, mesmo que o layout do software não seja tão atraente. Você terá um ROI (retorno sobre investimento) bem maior e baterá o field de maneira mais fácil. Uma boa dica são os sites que oferecem cassino, bingo e apostas esportivas. Os jogadores recreativos costumam se aventurar por eles. O Best Poker é um bom exemplo.

TREINAMENTO

Investimento em coaching ou escolas de poker online o manterá atualizado e preparado para as constantes evoluções do jogo. Sem dúvida, essas são as formas mais rápidas de aprendizado. Alguns livros atualizados também podem ajudar. O inglês é indispensável neste caso, já que as informações sempre chegam primeiro nessa língua.

DIÓGENES MALAQUIAS @diogenes1608 diogenesmalaquias.com.br

Diógenes Malaquias é especialista em cash games online e dá aulas particulares em seu website.

12

CardPlayer.com.br


@cardplayerbr

13




FERNANDO


O“GROW”

MULTICAMPEÃO por Marcelo Souza

Fernando Brunca Garcia, o “Grow”, é o tipo de sujeito de que você já quer se tornar amigo após um simples cumprimento. Com seu jeito simples e carismático, ele conseguiu, fora das mesas, o mesmo respeito adquirido no feltros. Profissional há quase cinco anos, Grow viveu seu melhor ano no poker em 2013. De maneira incontestável, ele unificou os títulos de campeão nacional ao sagrar-se Campeão Brasileiro de Poker e Campeão Brasileiro de Omaha. Praticamente empatado com seus concorrentes diretos no ranking, Luiz Carlos e Ramon Sfalsin, Grow sabia que qualquer pontuação seria importante na briga pelo título, o que o fez optar por não jogar o Main Event e se concentrar no paralelos. Nos dois

primeiros dias, ele viu Ramon perder a chance de ultrapassá-lo ao cair na bolha de dois eventos, do HORSE e do Shootout. Os primeiros pontos vieram no torneio Hyper Turbo, mas Luiz Carlos também pontuou, o que frustrou temporariamente os planos do santista de 36 anos, que seguia na segunda colocação do ranking. A consagração veio em um dos últimos eventos da série, e de maneira emblemática: uma vitória esmagadora no High Roller, um dos torneios mais difíceis do BSOP. O título garantiu também o bracelete de Campeão Brasileiro de Poker. Confira a entrevista exclusiva da Card Player Brasil realizou com o novo campeão:

cardplayerbr

17


Como foi o seu envolvimento com o poker? Foi na época da faculdade. Com uma turma de amigos que jogava de maneira esporádica. Depois, já trabalhando, montamos um home game, que acontecia uma vez por semana. Em 2006, abriram a primeira casa de São Paulo, o Texas Tatuapé. Nunca tinha jogado em um lugar como aquele, profissional. Fui conhecer, achei bem legal e comecei a frequentar. Jogava cada vez mais, uma, duas, três vezes na semana, até que chegou o momento que decidi: “Vou apenas jogar poker”.

criaram-se novas tendências e estilos de jogos. O pessoal foi tendo acesso a mais informação, e eu me incluo nesse grupo. Tive que me atualizar desde lá. Por mais que eu seja antigo, da época dos precursores, se eu não tivesse me atualizado, eu teria ficado para trás. Eu tenho um grupo de amigos muito bom, com quem converso muito. São caras que também correm o circuito, e a gente fala muito sobre o jogo. O poker é um jogo que você tem que estudar, estudar e estudar.

E como foi a reação da família?

E o que mudou no poker de 2006, quando você começou, para hoje?

No começo não soou muito legal. Porque como na maioria de todas as casas, havia a discriminação com o poker, “eu conheço alguém que perdeu casa, fazenda”, “é um jogo ilegal”. Comigo também aconteceu isso. Só que eu perdi a minha mãe cedo. Éramos só o meu pai e eu, mas ele faleceu há algum tempo. No entanto, ele tinha começado a ver o poker de um jeito diferente. Começou a ver na televisão e a imagem do jogo mudou. Infelizmente, não deu para o meu pai ver que chegou nesse nível profissional, mas a mudança se deve ao trabalho que o pessoal fez para desmitificar esse lance de que o jogo é roubado, de viciado etc.

Você é um cara que nós costumamos dizer que “sobreviveu ao teste do tempo”, já que vem jogando em alto nível e sendo lucrativo há anos. Como foi seu desenvolvimento como jogador? Se você for analisar da época que eu comecei até hoje, mudou muita coisa. É o mesmo jogo, mas as pessoas jogavam de forma diferente. Com o passar do tempo,

18

CardPlayer.com.br

Mudou tudo. Da água para o vinho. Quando eu conheci o poker, o Campeonato Paulista (CPH) era jogado na casa de amigos, em um mesa de bar, com churrasco e chope. A organização do BSOP não tinha dealer. Era totalmente diferente dos dias atuais. Hoje é tudo muito profissional. Se fosse para mensurar, eu diria que a mudança foi de uns 800%. E foi impressionante como cresceu, de ano para ano, a evolução era gritante. Acho que um dos principais caras que ajudaram, sem dúvida, foi o Igor “Federal”. Com uma visão única de empreendedorismo, ele conseguiu transformar o hobby do pessoal no que é o poker hoje no Brasil.


cardplayerbr

19


Hoje, você é o campeão brasileiro, e uma coisa que chamou a atenção no seu título foi quantidade de pessoas que estavam torcendo por você. Mesmo oponentes diretos, como o Ramon Sfalsin, ficaram felizes pela sua conquista. A que se deve isso?

sas difíceis. Na segunda delas, eu joguei contra Decano, “PIUlimeira” e Matheus Pimenta, caras que já ganharam tudo. Não teve vida fácil. Foi passo a passo, devagar.

Realmente a coisa foi bem legal. Durante o evento, eu encontrei muitas pessoas que vinham conversar comigo para falar que estavam na torcida, pessoas que eu nem conhecia. Isso me deixou muito feliz. Mas acho que tem muito dessa coisa de eu ser um caras das antigas, que convive com muitas pessoas, conhece muita gente.

No Dia 2, quando se aproximou a bolha, eu estava apertado, com pouco mais de 10 bbs, mas o estouro foi de repente, sem hand-for-hand. Depois fiquei grande e veio a mesa final. Para mim, era muito importante chegar entre os quatro primeiros lugares, então eu posso até ter tirado o pé em alguns momentos, mas joguei o jogo e o resultado foi a vitória.

Além do título brasileiro, você foi campeão de Omaha. O que você prefere jogar atualmente?

O título sempre foi um objetivo ou uma consequência do trabalho?

Eu jogo de tudo, mas o meu jogo do dia a dia é Omaha (cash games). Acho até que o Omaha me deu muita vantagem para jogar o pós-flop nos torneios de hold’em. Hoje, todo mundo tem uma noção básica, então você tem que aproveitar aquele detalhezinho. Qualquer vantagem que você conseguir pode ser a diferença entre a vitória e a derrota.

Na verdade eu jogo todos os anos. Mas em nenhum outro ano consegui jogar todos as etapas. Este foi o primeiro ano em que eu consegui rodar todo o circuito e me empenhar de verdade para ser campeão. Desta vez, na primeira etapa, eu ganhei o evento de Omaha, então já fiquei em uma boa colocação no ranking. Como tinha começado bem, veio aquele ânimo a mais de brigar pelo título. No meio do ano, eu até abri uma boa distância, só que, nas últimas etapas, o Ramon Sfalsin despontou, o que também só valorizou a conquista, porque a briga foi até o final. E ele é um excelente jogador, uma pessoa do bem. Se tivesse ganhado o título também teria ficado em boas mãos. E o tinha também o Luiz Carlos, que foi fazendo o papel dele e liderou até a última etapa.

Até a vitória no evento High Roller, o título estava nas mãos do Luiz Carlos. Como foi o evento? Em algum momento, você se retraiu para não correr riscos? O High Roller é um evento extremamente difícil. Por possuir o buy-in mais elevado, você vai jogar com mais profissionais, mais regulares. E por causa da premiação, todo mundo vai com aquela gana de ganhar. E o de São Paulo foi sensacional. Foram 275 entradas. Peguei me-

20

CardPlayer.com.br


cardplayerbr

21


Os holofotes agora estão virados para o Grow. O que muda para você? Eu serei o mesmo cara de antes, e basicamente com a mesma rotina. Vou continuar jogando meu jogo semanal, continuar frequentando os BSOPs, ainda mais agora que não tenho que pagar buy-in (risos). Neste ano já joguei quase todas as etapas do LAPT, para 2014, quero jogar todas. A expectativa também é jogar algo na Europa, como o EPT, para pegar uma experiência lá fora e fazer uma boa reta em Las Vegas, já que não consegui fazer isso ainda.

Atualmente, a grande referência do poker nacional é o André Akkari. Qual a sensação de ver um ídolo como ele dedicar um post inteiro em seu blog para falar sobre o seu título? O Akkari é um cara sensacional, como pessoa e jogador. Ele merece tudo que conquistou. É o nosso representante. Quando eu vi o que ele escreveu, fiquei extremamente feliz. É muito gratificante.

E o que esperar do Grow para 2014? Vou brigar. Vou brigar pelo BSOP de novo. Vou ter que trabalhar o ano inteiro para conseguir de volta. Vou correr todas as etapas, jogar para ganhar, para ficar com o título. Vou jogar o LAPT, vou para Vegas, jogar PCA (já tinha a passagem comprada antes mesmo de ganhar o pacote, pois era um torneio que eu queria jogar muito). Acho que 2014 será uma ano legal.

22

CardPlayer.com.br


RANKING FINAL DO BSOP 2013 NOME

PONTUAÇÃO

VARIAÇÃO

FERNANDO GROW NO BSOP 2013 1ª Etapa: PL Omaha (São Paulo) - 530 pontos 3ª Etapa: PL Omaha (Costa do Sauípe) - 420 pontos

1

Fernando “Grow”

2.585

(▲1)

2

Luiz Carlos

2.000

(▼1)

3

Ramon Sfalsin

1.855

(

)

4

Zaiden Neto

1.625

(

)

5

Pedro Padilha

1.582

(NOVO)

6ª Etapa: Hyper Turbo (Rio Quente) - 60 pontos

6

José Luiz

1.470

(▼1)

7ª Etapa: Evento Principal (Florianópolis) - 100 pontos

7

Daniel de Freitas

1.450

(▲1)

8

Marcelo Horta

1.435

(▼2)

9

Rafael Caiaffa

1.430

(

10

Bruno Marino

1.377

(▼3)

)

3ª Etapa: High Roller (Costa do Sauípe) - 225 pontos 5ª Etapa: Evento Principal (São Paulo) - 100 pontos 5ª Etapa: 6-Max (São Paulo) - 150 pontos 6ª Etapa: PL Omaha (Rio Quente) - 300 pontos

8ª Etapa: Hyper Turbo 2 (São Paulo) - 50 pontos 8ª Etapa: High Roller (São Paulo) - 650 pontos

OS PRÊMIOS DO CAMPEÃO Uma moto Ducati Monster 796 avaliada em R$ 37.900 Um pacote completo para jogar o Main Event do PokerStars Caribbean Adventure (PCA) Buy-in para todos os Eventos Principais do BSOP 2014 Dois braceletes avaliados em R$ 5.000. Três pacotes de viagem (nacional, internacional e Las Vegas) R$ 12.000 em dinheiro

cardplayerbr

23




PERGUNTE AO DIRETOR O mais renomado diretor de torneios do Brasil tira todas as dĂşvidas dos leitores da Card Player Brasil. Para ter sua pergunta respondida, envie um e-mail para contato@cardplayerbrasil.com ou mande uma mensagem em nosso facebook.

26

CardPlayer.com.br


MARCELO LIMA

BELO HORIZONTE, MG

Os blinds estavam em 50/100, e um jogador do meio da mesa anunciou um raise para 400. O BTN pagou, e a ação chegou até mim no big blind, que já tinha colocado uma ficha 100. Eu queria dar apenas call e joguei uma ficha de 500 na mesa, sem retirar a de 100, mas o diretor do torneio me obrigou a dar o raise mínimo, de 700. Eu sei que jogar apenas uma ficha, sem verbalizar a ação, significa call. O fato de eu já ter um ficha de 100 na mesa (o small blind) muda essa configuração? Quero dizer, a minha ficha, correspondente ao BB, já não seria parte do pote, ou seja, ela já não me pertencia mais, certo? Sendo assim, acredito que eu não deveria ser obrigado a dar o raise mínimo.

Olá, Marcelo. Nesse caso relatado, o diretor do torneio agiu da maneira correta. Vamos entender: Em primeiro lugar, todas as fichas colocadas no pote pertencem, realmente, ao pote. Quando você tinha uma ficha de 100 colocada no pote, isto significa que este valor do seu stack já estava comprometido. Isso não quer dizer que aquela ficha, fisicamente, não possa ser trocada por outra, mas, sim, que, no mínimo, as 100 unidades já são do pote. Agora, sobre ter que dar o raise ou não, temos que observar que existe uma confusão comum que alguns jogadores fazem, entre o call com uma ficha de grande valor e a aposta com múltiplas fichas. No regulamento do BSOP, regra #43 [Apostas Com Ficha De Valor Grande], o texto diz: “Jogar uma única ficha de grande valor

será considerado um pagamento (call) se o competidor não anunciar que é um aumento antes de a ficha tocar a mesa”. Contudo, esta regra só é válida se não existir nenhuma aposta ou fichas à sua frente, e se você jogou uma ficha de valor elevado sozinha na mesa. Quando utilizamos mais de uma ficha (que foi o seu caso), a não ser que todas as fichas sejam do mesmo valor (o que não foi o seu caso), sempre que o valor superar 50% do raise mínimo, a direção entende que houve a intenção de aumentar a aposta e, portanto, obrigará o jogador a completar o aumento. Caso as fichas fossem de igual valor, seria observada a regra #44 [Utilização De Múltiplas Fichas De Um Mesmo Valor]*. Portanto, caso a situação volte a ocorrer, o que você deve fazer é retirar a sua ficha de 100 antes de colocar a outra de 500.

*Sempre que enfrentamos uma aposta, a não ser que um aumento seja declarado, a utilização de várias fichas do mesmo valor em uma aposta será considerada um pagamento se a remoção de uma das fichas deixar um valor inferior ao do pagamento. Exemplo, pré-flop, com blinds 200-400: o Jogador A aumenta para 1.200 (aumento de 800). O Jogador B coloca duas fichas de 1.000, sem declarar um raise. Isso será um pagamento, pois ao retirar uma ficha de 1.000, restaria apenas outras ficha de 1.000, valor menor do que o necessário para pagar os 1.200.

cardplayerbr

27


PERGUNTE AO DIRETOR

LUCAS COSTA Minha dúvida é sobre a regra da famosa “falinha” na mesa. Nos torneios ao vivo que jogo, a falinha é coibida pelos dealers e diretores. Porém, quando vejo jogadores como Daniel Negreanu na TV, eles não param de conversar por um minuto. No LAPT São Paulo, inclusive, que o Negreanu jogou, ele conversava a todo o momento na mesa. Afinal, é permitido conversar na mesa ou não?

DEVANIR “DC” CAMPOS @DC_Brasil

Devanir Campos é um dos fundadores da ADTP (Associação de Diretores de Torneios de Poker do Brasil) e é um dos responsáveis pela direção do BSOP.

28

CardPlayer.com.br

BELO HORIZONTE, MG

Olá, Lucas. Este é um dos pontos mais polêmicos e debatidos no mundo do poker e existem diferentes formas de abordar as falas na mesa. Hoje, a recomendação da ADTP e o padrão que o BSOP segue é a de que não é permitido falar sobre a mão que está acontecendo no momento. Não significa que a mesa tenha que estar em silêncio. O poker é um jogo sociável, e uma das partes mais prazerosas é justamente fazer amizades e conhecer novas pessoas. Então, desde que não se comente sobre uma mão que está acontecendo, não existe problemas em conversar à mesa. Existe realmente um seleto grupo de jogadores de poker que possui uma magnífica habilidade em extrair informações de outros jogadores ao conversar com eles. Daniel Negreanu é, sem dúvidas, o principal expoente deste grupo e, obviamente, o maior defensor de se poder fala livremente à mesa. Contudo, saindo do meio de altíssimo nível disputado por figuras como Negreanus, Iveys e Hellmuths, a “falinha” mais atrapalha do que ajuda. No dia a dia dos torneios, diretores de todo o mundo verificaram que o número de problemas, discussões, mal-entendidos e confusões à mesa diminuem vertiginosamente (ou tornam-se quase inexistentes) à medida que os jogadores não podem mais falar sobre a mão que está acontecendo. Esse fato também acelera o andamento da disputa e torna o jogo mais dinâmico e proveitoso para todos. Além disso, é preciso entender que a mesa da TV dos maiores torneios é uma ins-

tância à parte. Tudo o que acontece na mesa televisionada é destinado a fazer um bom programa de televisão, portanto, é natural que se permita relaxamentos na aplicação de algumas regras para que se tenha uma transmissão mais agradável e emocionante. A maioria dos jogadores de poker – me arrisco a dizer que mais de 90% – pertence a categoria dos jogadores amadores e recreativos. Isso significa que dificilmente terão qualquer benefício com uma regra que permita que se fale livremente à mesa. A WSOP possui uma regra complicadíssima e muito criticada pela comunidade internacional de diretores de torneios. A regra deles diz que é permitido falar sobre a mão se: • Você estiver em heads-up na mão. • For a sua vez de agir. • Não reabrir a ação para o outro oponente (só pode dar call ou fold). • O oponente não pode responder. Vejam que esta regra tem tantos pré-requisitos, justamente, porque a WSOP entende que a “falinha” pode ser danosa para a disputa. É uma regra que beneficia um grupo muito específico de jogadores – acredito que bem menos de 5% de todos os jogadores. Só que, de tão complexa, ela não chega a ser aplicada corretamente, pois mesmo os dealers não entendem ao certo o seu funcionamento. Em resumo, é quase impossível, em um torneio de grande porte, aplicar com eficácia uma regra como essa. Portanto, continuo defensor do ponto de vista de que a “falinha” indiscriminada é muito mais prejudicial à disputa e que não deve ser permitida.


cardplayerbr

29




32

CardPlayer.com.br


poker como NEGÓCIO por Felipe Mojave

N

este artigo, vou fugir um pouco dos torneios, cash games e análises de mãos. Hoje, vou falar do poker aplicado aos negócios. Sim, a mentalidade usada no poker pode servir como instrumento de propulsão para todo e qualquer tipo de negócio e até ajudar no desenvolvimento de relacionamentos interpessoais e no modo de encarar as batalhas do dia-a-dia na sua profissão. Recentemente, elaborei um material sobre o assunto, que acabou tornando-se palestra, em que relaciono os principais conceitos do poker para aplicação e influência efetiva no mundo empresarial. Como profissional formado no ramo e jogador profissional de poker, acredito que posso falar com propriedade sobre o assunto. Com 18 anos, entrei para uma multinacional americana, aos 21, me tornei gerente

de relacionamento e negócios no mercado de empresas. Com 25, me profissionalizei no poker. Ou seja, deixei um bom emprego para me dedicar ao nosso esporte. Quando isso acontece, é difícil imaginar que você possa ter ainda mais sucesso. Hoje, com seis anos de experiência no poker, sei o quanto ele pode ajudar no mundo dos negócios – tanto em relacionamentos quanto na prática. Obviamente, este artigo não irá mudar a sua vida da noite para o dia, mas creio que pode ser de grande valia – como fator agregador de informação – para melhores tomadas de decisões. O que trago aqui, eu já apresentei em palestras para empresas e grupos interessados. Basicamente, o conteúdo gira em torno das práticas eficientes no poker que, aplicadas aos negócios e relacionamentos, geram grandes benefícios.

@cardplayerbr

33


Para isso, criei alguns conceitos. O primeiro deles é o Complexo E4 (entender, entender, entender e executar): Entender como realmente é sua dinâmica de trabalho; Entender melhor do que os seus adversários ou concorrentes; Entender melhor do que os seus melhores adversários ou concorrentes; Execução plena. Também desenvolvi um novo panorama sobre os “4 P’s do Marketing”: Pronto para praticar/trabalhar; Pronto para jogar/vencer; Pronto para evoluir; Pronto para perder. Esses são alguns temas que abordo. Explico como cada um funciona (e funcionou) para mim, dentro do poker, e também por que são gerados benefícios nos negócios, relacionamentos e outras frentes. Graças à bagagem que o poker me proporcionou, pude enxergar o quanto eu poderia ter sido um profissional melhor no meu trabalho e na condução de negócios. Com certeza, eu teria conquistado muito mais se soubesse jogar poker e usar todos os fatores que um profissional adota para vencer dentro de qualquer ofício.

34

CardPlayer.com.br


Fora isso, o poker faz com que você adquira algumas habilidades importantes e perceba o mundo de outra maneira. Por exemplo, desenvolver um bom raciocínio sobre pressão e correlacionar conceitos como eficácia, conduta, sorte e variância. Durante todo o tempo, continuo observando e tentando achar outras aplicações para o poker em diversos outros ramos. O contrário também é verdadeiro: “O que eu posso levar de fora do poker para dentro dos feltros?” Digo que esses exercícios têm sido proveitosos, é uma evolução de pensamento e racionalização que todos devem buscar. Espero que vocês tenham gostado este texto. Claro que o conteúdo é muito vasto para ser abordado em tão poucas linhas, mas qualquer um pode desenvolver um pen-

samento parecido. Para ajudar, reflita sobre as seguintes perguntas: Você, que joga poker, já pensou em colocar em prática, no seu jogo, o melhor das suas características pessoais e profissionais? Você, administrador, vendedor ou tomador de decisões, já pensou em colocar em prática, no seu trabalho, os conceitos do poker? Existe um mar não navegado sobre esse assunto, e eu apenas sei onde está o norte. Ficarei feliz em discutir sobre esses e outros temas caso tenham alguma dúvida ou pergunta. Vocês podem me encontra no meu site pessoal, twitter e facebook.

FELIPE MOJAVE @Felipemojave felipemojave.com

Felipe Mojave é um dos principais jogadores brasileiros da atualidade, especialista em mixed games, profissional do Lock Poker e membro do My Poker Squad.

@cardplayerbr

35




RYAN RIESS VENCE O MAIN EVENT DA WORLD SERIES OF POKER 2013 Por:Julio Rodriguez

Tradução e adaptação: Marcelo Souza

Mais de 6.000 jogadores. Uma premiação total de quase 60 milhões de dólares. Depois de uma semana de disputa, um intervalo de 112 dias e outros dois dias muito poker, finalmente o campeão do Main Event da World Series of Poker 2013 foi conhecido: Ryan Riess, o mais jovem entre os November Nine. Pelas câmeras da ESPN, o mundo assistiu toda a ação que coroou o norte-americano como campeão. Confiram:

38

9º Mark Newhouse – US$ 733.224

8º David Benefield – US$ 944.650

Foram necessárias 36 mãos para que o primeiro eliminado da mesa final fosse conhecido. Newhouse chegou a sobreviver por algumas órbitas como short stack, mas mesmo tendo quebrado o par de Reis de Marc-Etienne McLaughlin com par de Damas, ele terminou na nona colocação. Uma hora depois do início da mesa final, ele empurrou seus últimos 10 big blinds para o centro da mesa com 9♣9♠. Ryan Riess pagou com A♠K♥, o bordo trouxe K♦10♣7♠ 7♣ 6♦, eliminando o norte-americano de 28 anos. New House, agora, além de um título de WPT no currículo, acumula cerca de US$ 2,7 milhões de dólares em prêmios na carreira.

Apenas duas mãos depois da queda de Newhouse, David Benefield também se viu em all-in, segurando K♠2♠. Seu oponente, Jay Farber, o dominava com A♣K♦, que se manteve firme quando o dealer virou Q♣10♠5♦ J♠ 2♦. Mais conhecido por seu nick na internet, “Raptor”, Benefield, de 27 anos, entrou com o menor stack na mesa final e chegou a dobrar. Com a premiação pelo oitavo lugar, ele chega aos 2,2 milhões de dólares em prêmios na carreira.

CardPlayer.com.br


Ficha TĂŠcnica Main Event da World Series of Poker 2013 Data: 06 a 15 de julho; 04 e 05 de novembro Local: Rio All-Suite Casino (Las Vegas, Estados Unidos) Field: 6.352 jogadores Buy-in: US$ 10.000 Prize Pool: US$ 59.708.800

cardplayerbr

39


Mark Newhouse

7º Michiel Brummelhuis – US$ 1.225.36 A primeira vez que Michiel Brumemlhuis empurrou todas as suas fichas pré-flop para o centro da mesa com par de Noves, ele sobreviveu ao A-Q de Ryan Riess. Na segunda vez, o mesmo Riess acordou com par de Ases. Nenhum Nove apareceu no bordo, e o primeiro holandês a chegar à mesa final do Main Event foi para o rail. Com 32 anos, Brumemlhuis agora tem US$ 1,7 milhão em prêmios no poker ao vivo.

6º Marc-Etienne McLaughlin – US$ 1.601.024

Michiel Brummelhuis

Depois de entrar na decisão com um dos maiores stacks em jogo, McLaughlin ficou short, mas uma boa sequência de mãos o fez subir para a terceira colocação em fichas, mas somente para trombar com o segundo colocado e ser eliminado: Do hijack, McLaughlin aumentou para 1.600.000. Jay Farber fez uma 3-bet para 3.800.000, do button, e viu McLaughlin aplicar uma 4-bet de 8.700.000. A ação voltou até Farber que fez tudo 19.400.000. Finalmente, McLaughlin empurrou all-in de 38.600.000. Farber pagou instantaneamente com A♥A♠. McLaughlin tinha K♠K♣, e o bordo, 8♠7♠2♥ J♦ J♣, não melhorou os seus Reis. Amir Lehavolt e J.C. Tran, os dois mais curtos da mesa, provavelmente agradeceram pelo inesperado salto na premiação que caiu em seus respectivos colos.


David Benefield

5º J.C. Tran – US$ 2.106.893 Favorito em todas as casas de apostas, Tran entrou como chip leader na mesa final, mas o norte-americano de 36 anos foi ofuscado por Jay Farber, que estava imediatamente à sua esquerda. Logo após a eliminação de McLaughlin, Tran colocou o resto das suas fichas no centro com A♥7♠. Farber, no small blind, pagou com K♠Q♥ e acertou em cheio o bordo K♦J♥9♥ 5♦ 6♥. Naquele momento, Farber disparava na liderança com mais de 100 milhões de fichas. Com a premiação obtida, Tran pulou para a 15ª posição no ranking de jogadores que mais ganharam dinheiro em torneios, cerca de US$ 11 milhões.

4º Sylvain Loosli – US$ 2.792.533 Quando restavam seis jogadores, foram horas de jogo até que a eliminação de McLaughlin acontecesse. No entanto, para que a batalha 3-handed fosse formada, foram apenas 12 mãos. Sylvain Loosli, francês que se segurou como um dos shorts por toda mesa final, não se deu bem quando empurrou all-in com Q♥7♣. Ryan Riess, com A♣10♥, pagou e viu o bordo, K♠9♥8♥ 9♣ A♦, lhe garantir mais uma eliminação.

Marc-Etienne McLaughlin


J.C. Tran

Loosli, cuja maior premiação da carreira, US$ 80.000, havia sido em um torneio na Irlanda, embolsou quase trinca e cinco vezes mais com a quarta colocação.

3º Amir Lehavot – US$ 3.727.823

Sylvain Loosli

Por alguns instantes, parecia que Jay Farber caminhava para o título como um trem desenfreado. Porém, Ryan Riess equilibrou as coisas ao fazer sua quarta vítima na mesa final. Na mão de número 171, Lehavot empurrou all-in com par de Setes. Riess pagou com 10-10 e eliminou o jogador de origem israelense. Com 38 anos, Lehavot agora acumula 5,3 milhões de dólares em premiações e um bracelete na carreira.

Heads-up Quando a batalha final começou, Jay Farber (105 milhões) tinha uma pequena vantagem contra Ryan Riess (85,6 milhões). Apesar de ter começado atrás, Riess dominou Farber durante as 90 mãos do duelo.


Leve os torneiosa pra dentro de cas

: BARALHOS E ACESSÓRIOSR WWW.COPAGLOJA.COM.B


Amir Lehavot

Jay Farber

Depois de igualar o embate, Riess puxou uma série de potes sem showdown e chegou a abrir uma vantagem de 2-para-1 em fichas. Farber conseguiu deixar tudo igual novamente, mas não por muito tempo. Na mão de número 204, Farber aumentou para 2 milhões, Riess aplicou uma 3-bet para 5 milhões e viu Farber fazer tudo 8,8 milhões. Riess pagou e os dois viram o flop 8♦4♠3♣. Depois de Riess pedir mesa, Farber apostou 6,7 milhões e foi pago. O turn foi um 2♥. Novo check de Riess e nova aposta de Farber, dessa vez, 13,6 milhões. Riess pagou para ver um 7♠ aparecer no river. Ambos pediram mesa e Farber jogou fora suas cartas (A-4) depois de Riess mostrar J♣J♥.

44

CardPlayer.com.br

Com um stack de 134.375 milhões contra 56.3 milhões de Farber, Riess ainda viu seu adversário dobrar, mas nunca realmente deu chances a ele. Na mão final, o jogador mais jovem da mesa final tinha uma vantagem de 12-para-1.

2º Jay Farber – US$ 5.174.357 Na mão de número 261, com apenas 14,2 milhões de fichas, Farber empurrou all-in com Q♠5♠ depois do raise de Riess, que tinha A♥K♥. O flop, 10♦J♦4♣, tirou alguns outs de Farber. O turn foi um inofensivo 3♣. No rail, Riess já se preparava para comemorar a vitória com seus amigos quando o dealer virou a última carta, um 4♦. Fim da linha para Farber e festa para o jovem Ryan Riess.


O CAMPEÃO: RYAN RIESS Muitos jogadores de poker devem ficar ansiosos e agitados quando jogam pela primeira vez uma mesa final de WSOP — a pressão deve ser ainda maior quando essa mesa final é a dos November Nine. Bem, não foi o que aconteceu com Ryan Riess. O jovem norte-americano de 23 anos esbanjou confiança momentos após a vitória: “Eu acho que eu sou o melhor jogador de poker do mundo”, disse Riess à ESPN. Uma declaração, no mínimo, polêmica, mas que Riess espera provar nos próximos anos. Apelidado de “A Besta” por sua torcida, o jogador de Michigan só entrou agora para os principais rankings de profissionais do mundo.

Recém-formado, há pouco tempo ele tinha apenas US$ 2.000 em prêmios na carreira, até participar do WSOP Circuit, em Indiana, em outubro de 2012. Ele acabou fazendo um acordo no heads-up do Main Event e embolsou US$ 277.000. Foi o bastante para botar o pé na estrada. Antes de aterrissar em Las Vegas para a maior série de torneios do mundo, ele acumulou 18 ITMs na própria Cidade do Pecado, em Filadélfia, Los Angeles, Cherokee e Black Hawk. Sobre o excelente resultado alcançado, Riess acredita que a corrida até o título só foi possível devido à sua paciência e à estrutura perfeita do evento. “Eu fui bastante paciente e não blefei muito”, conta. “Não realizei nenhum blefe louco durante todo o torneio. Não precisei

Ryan Riess


ficar fazendo coisas como aplicar cold 4-bets a todo o momento. Com duas horas de blinds, você pode ser dar ao luxo de esperar, esperar e esperar. Durante o torneio aparecem situações (spots) boas para você aproveitar, mas é melhor esperar pelas excelentes. Eu simplesmente esperei pelas excelentes, não pelas boas. Veja bem, durante todo o Main Event, só coloquei meu torneio em risco, entrando em all-in, em quatro oportunidades”. Quando chegou à mesa final, Riess estava extremamente confiante, mesmo com a presença de grandes nomes do poker mundial, como David Benefield, J.C. Tran e Mark Newhouse. “Eu defino meus próprios objetivos. Crio minhas próprias expectativas. Outras pessoas não vão me deixar nervoso. ‘Eu sou o melhor jogador da mesa. Todos são bons, mas eu sou o melhor’, é assim que penso”.

46

CardPlayer.com.br

Agora, com US$ 8.361.570 a mais na conta, o jovem jogador não tem ideia do que fazer com a bolada. Apesar de creditar o seu sucesso também ao desapego em relação ao dinheiro, Riess não quer “torrar” seus ganhos em torneio high-stakes. “Eu não penso em jogar torneios que a entrada custe US$ 100.000, a não ser que eu venda uma parte da ação”, diz Riess. “Jogarei eventos de 10 ou 25 mil. Não farei loucuras. Foi uma quantia que conquistei com muito custo”. Apesar da autoconfiança, Riess ainda estava em êxtase depois que aquele 4♦ aterrissou na mesa. “Eu sempre sonhei com isso”, revelou após a vitória. “Desde que eu vi o Moneymaker ganhar, quando eu tinha apenas 14 anos, eu tinha um pressentimento. Sabia que algo assim estava guardado para mim”.



Jogue poker de graça. Este não é um site de apostas. Apenas maiores de 18 anos. Este é um concurso desportivo e recreativo.


Eu sou todos que alguma vez duvidaram de mim Cada jovem tolo e babão Cada velho desprezível Eu estou aqui Sua semelhante Eu sou forte

nós somos poker



DO CÉU AO

INFERNO ASCENSÃO, QUEDA E REDENÇÃO DE JUSTIN BONOMO Por Craig Tapscott

Os últimos dois anos de Justin Bonomo no poker ao vivo foram espetaculares. A boa fase vivida pelo norte-americano inclui cerca de 4,5 milhões de dólares em premiações nos torneios e outros tantos incontáveis milhões nos cash games. No entanto, muitos que veem o sucesso alcançado por ele hoje, não sabem o que ele viveu há oito anos. A reputação e legitimidade do poker online, juntamente com ele, passaram por uma prova de fogo. Bonomo foi tachado de trapaceiro. Um dos piores estigmas para um profissional de poker. Um escândalo envolvendo uma falha de segurança em torneios online foi revelada e fez com que “ZeeJustin” fosse banido e tivesses todo o seu saldo, cerca de US$ 200.000, confiscado pelo PokerStars e do Party Poker. Bonomo entrou em depressão. As

Tradução e adaptação: Marcelo Souza

odds não estavam ao seu favor para uma recuperação do calvário que ele próprio lhe infligira.

Sombras do passado

Era fevereiro de 2006 quando o fenômeno do online Justin “ZeeJustin” Bonomo, então com 20 anos, foi flagrado com seis contas diferentes em um mesmo torneio. Bonomo tinha múltiplas contas, o que lhe dava muito mais chances de vencer ou premiar. Ele havia caído do pedestal. O jovem jogador de high-stakes havia dominado os sit-n-gos (SNGs) e torneios (MTTs). Em 2005, no European Poker Tour (EPT), ele entrou para história ao chegar à mesa final


com apenas 19 anos. “Até o início de 2006, as coisas estavam ótimas para mim”, conta Bonomo. “Em um espaço de seis meses, eu havia conseguido duas premiações de US$ 100.000, uma boa reputação e as pessoas adoravam o que eu escrevia sobre estratégia. Quando o escândalo aconteceu, tudo isso não valeu nada. De repente, milhares de pessoas me odiavam. Eu fiquei extremamente deprimido”. Bonomo desapareceu. Nos fóruns online, outros jogadores especulavam que ele já estava jogando com outro nickname. Por que não? “Uma vez trapaceiro, sempre trapaceiro”, diziam. A realidade era outra. Ele confinou-se para refletir e se recuperar. “Eu não joguei uma mão sequer de poker durante seis meses”, conta. “Isso era impensável 52

CardPlayer.com.br

para mim depois do incidente. Tudo sobre poker, sobre eu jogar poker, para ser honesto, me enojava”.

O rápido sucesso na internet

CT: Como você conheceu o poker? JB: Antes do poker, eu praticava outro jogo de cartas: Magic The Gathering. Eu jogava com caras como Eric Froehlich, David Williams e Noah Boeken. CT: Você começou em quais limites? JB: Comecei jogando limit, em níveis mais baixos, até construir um bankroll de US$ 20.000. Depois disso, comecei a jogar também no-limit.


cardplayerbr

53


Jogava cash-games $1-$2 e comecei a dar uns tiros nos SNGs de $200. Logo de cara, tudo deu certo. Foi nesses limites que ganhei bastante dinheiro em dois anos. CT: A que você atribui seu sucesso nos SNGs? JB: Eu sempre fui um jogador muito matemático. Já jogava antes que o Independent Chip Model (ICM) aparecesse por aí. Eu fazia todos os cálculos sem ajuda. Muito do meu aprendizado veio das mesas e dos fóruns. Isso me ajudou a analisar minhas mãos de maneira correta. Agora, quase tudo é automático.

CT: Você obteve tanto sucesso online que largou a Universidade de Maryland para jogar poker. Como foi a reação dos seus pais? JB: Meus pais sabiam o que estava vindo. Minha mãe achou que largar a faculdade era um erro, mas me apoiou mesmo assim. Agora, eles têm muito orgulho de mim. CT: Voltando a 2006. Vamos falar da sua decisão de usar múltiplas contas em torneios online. JB: Em um primeiro momento, eu não entendi por que o que eu estava fazendo era tão errado e por que os jogadores achavam aquilo tão terrível. Na verdade, foi tudo muito estúpido. Eu não percebi a real gravidade daquilo, por isso, em um primeiro momento, tentei me defender.


CT: Você foi massacrado por pessoas e jogadores. Como você lidou com isso? JB: Tive amigos que me deram todo o apoio. Deus sabe o que eu poderia ter feito se não fosse por eles. Mas, mesmo com isso, decidi que não queria mais nada com poker. Acredito que o tempo é o melhor remédio. Por seis meses, aproveitei a vida em Los Angeles e tentei esquecer essas coisas. Jogava jogos de computador em casa e saía à noite. CT: Você sentiu falta do poker? JB: Mais tarde, sim. O que me arrastou de volta para o mundo do poker foi quando fui visitar alguns amigos na WSOP. Eu era muito jovem para jogar, mas vi vários amigos chegando a mesas finais e ganhando braceletes. Uma parte de mim ficou com inveja,

mas a outra parte sabia que eu era capaz de vencer como eles. Eu tinha levado uma vida normal nos últimos seis meses, mas eu sabia que não era uma vida normal o que eu queria. Eu precisava voltar para o poker, e aquilo era a motivação perfeita para mim.

Fênix

Em dezembro de 2006, ele já ansiava sair do exílio que ele mesmo havia imposto. No WPT Bellagio Five Diamond World Poker Classic, Bonomo, agora com 21, deu um show à parte. Em um espaço de 14 dias, ele ganhou US$ 264.000, chegou a quatro mesas finais e terminou em 7º no Main Event de $15.000. Bonomo estava de volta ao lugar ao


qual pertencia, mas sua reputação na comunidade do poker ainda precisava ser recuperada. Em abril de 2009, a punição de Bonomo pelo PokerStars foi retirada. Isso se deu, principalmente, por alguns respeitados profissionais, que jogaram lado a lado com ele, entre 2006 e 2009, no circuito ao vivo, intercederem junto ao PS. “Independente de como Justin começou a carreira, hoje ele é um homem íntegro e com valores”, conta Daniel Negreanu. “Pela minha experiência, posso dizer que ele sempre quer fazer a coisa certa. Como jogador, é extremamente difícil jogar contra ele. É um tormento quando ele está ao seu lado. Justin é um acréscimo extremamente positivo à comunidade do poker”. Mesmo a comunidade online parecia ter perdoado Bonomo, depois que ele mostrou arrependimento. “Ser aceito de volta no PokerStars foi um divisor de águas”, conta Bonomo. “Finalmente, eu senti que meu passado havia ficado no passado. Eu tive múltiplas contas, mas alguns dos joga-

56

CardPlayer.com.br

dores mais respeitados do mundo confiavam em mim incondicionalmente. Não sou o tipo de cara que espera confiança ou mesmo respeito, principalmente com a mancha que tenho em meu currículo. Então, receber esse tipo de admiração, de várias pessoas, não tem preço”. CT: Você teve muito sucesso logo que engatou no circuito ao vivo. Quais foram os ajustes que você fez do online? JB: A grande diferença foi poder sentar e poder ficar cara a cara com todos na mesa. Ter toda essa informação extra muda a dinâmica do jogo drasticamente e quebra uma série de estereótipos. CT: Como você define seu estilo de jogo? JB: Como um jogador de internet que jogou todos os tipos de jogos, aprendi muitos estilos. Muitos dos profissionais do poker ao vivo têm tendências mais loose, outros jogadores jogam tight e de maneira simples. Acredito que uma das razões para o meu sucesso é saber quando utilizar cada um desses estilos. Eu



dou uma olhada na mesa e decido qual será o mais lucrativo. Isso também faz com que eu seja um jogador difícil se enfrentar.

Mergulhando nos high-stakes cash games

Em 2008, Bonomo resolveu se mudar para o Panorama Towers, luxuoso condomínio, em Las Vegas, onde moram diversos jogadores de poker. Em alguns meses, ele se tornou amigo de dois dos principais jogadores high-stakes da internet, Scott Seiver e Isaac Haxton. “Nós nos tornamos melhores amigos instantaneamente”, conta. “Aqueles foram os melhores anos da minha vida. Era ótimo ter amigos a um apenas alguns andares de distân-

58

CardPlayer.com.br

cia. Nós saíamos juntos sempre, discutíamos mãos de poker e comíamos nos melhores restaurantes de Las Vegas. Infelizmente, a Black Friday matou esse sonho em 2011”. Não demorou muito para que Bonomo quisesse colocar à prova suas habilidades nas mesas de cash. Em Haxton, ele encontrou um arquétipo perfeito para se moldar. “Justin mistura técnica e experiência ao vivo como poucos”, revela Haxton. “Ele joga da mesma maneira contra profissionais ou amadores, um talento que poucos jogadores possuem. Ele tem uma verdadeira paixão pelo jogo e mostra isso dando o melhor de si todos os dias”. A confiança no próprio jogo e vontade de ser o melhor do mundo levaram Bonomo a desafiar o destruidor de bankrolls Viktor “Isildur1” Blom. Em múltiplas mesas, eles jogariam $200$400 no-limit hold’em.

CT: Qual foi a principal razão para a sua incursão nos jogos high-stakes? JB: Minha transição para os high-stakes cash games foi, principalmente, por me tornar amigo de Isaac Haxton. Ele é brilhante, e seu estilo é parecido com o meu. Ele era um especialista em heads-up quando o conheci, e essa era uma forma de poker na qual nunca gastei muito tempo aprendendo. O estilo do Isaac era tão parecido com o meu, que aprendi rapidamente. Em poucos meses, eu já estava jogando contra os melhores jogadores de high-stakes do mundo. CT: E então desafiou o “Isildur1”, certo? JB: Sim. Minha grande lembrança sobre esse duelo foi quando eu estava lanchando em um pub com os meus amigos, em Vegas. A garçonete, que eu



nunca tinha visto antes, chegou perto de mim e disse: “Boa sorte contra o Isildur”. Foi tão inesperado e aleatório que aquilo ficou gravado em mim. CT: Mas a partida não saiu como o planejado. JB: Não. Infelizmente foi terrível. O “All-in EV” dele estava quase US$ 1 milhão de dólares acima do que deveria ser. Foi a minha pior fase nas mesas, de longe. Depois daquilo, acredito que houve uma grande mudança em mim: ser mais cuidadoso com o bankroll. Definitivamente, eu estava colocando mais dinheiro em jogo do que deveria, ainda que eu tivesse vendido uma parte da ação para amigos.

A estrada da redenção

Nos últimos seis anos, Bonomo ganhou milhões de dólares nos grandes torneios ao vivo, mas foi em 2012 que ele conseguiu seu primeiro prêmio de sete dígitos. O primeiro lugar no EPT Grand Final Monte Carlo rendeu-lhe 2,1 milhões de dólares. Pouco mais de um ano depois, mais de 1,1 milhão pelo segundo lugar no Seminole Hard Rock Poker Open, além de diversos ITMs e mesas finais na WSOP. Os excelentes resultados colocaram Bonomo como um dos mais temidos jogadores de torneios do mundo e aliviou a dor de alguma ferida aberta do passado.


CT: O que o futuro reserva para Justin Bonomo? JB: Por enquanto, só quero continuar jogando poker. Eu amo o jogo. Graças a ele tenho uma vida maravilhosa e amigos íncriveis. Eu realmente gosto de jogar torneios e cash games high-stakes, e não espero parar tão cedo. Não tenho certeza se poderei manter a mesma lucratividade daqui a 10 anos, então sempre mantenho meus olhos abertos para uma possível saída de emergência. Eu tenho um espírito empreendedor, o que me faz ter certeza que sempre estarei envolvido em algo tão excitante como o poker. CT: Tomando seu passado como base, você acha que as pessoas estão dispostas a esquecer e perdoar? JB: Não acho que seja algo que as pessoas deveriam esquecer, pois realmente foi uma coisa errada o que eu fiz. No entanto, com o passar do tempo, elas perceberão que o que eu fiz não caracteriza quem eu sou. Não sou um trapaceiro. Cometi um erro estúpido do qual me arrependi profundamente. Gosto de pensar que sou uma pessoa boa e que as pessoas vão notar isso com o tempo. ♠




64

CardPlayer.com.br


DIEGO BRUNELLI

O MAIS PROFISSIONAL ENTRE OS NÃO PROFISSIONAIS Fotos e foto de capa: Carlos Monti (PokerStars)

Diego “vgreen22” Brunelli foi jogador de poker por quase quatro anos. Como profissional, ele alcançou praticamente tudo. Foi um dos primeiros brasileiros a atingir o status mais alto no PokerStars, integrou o primeiro Team Online do site, disputou os principais torneios do Brasil e do mundo e, claro, ganhou muito dinheiro. Fora dos feltros, ele provou ser uma pessoa equilibrada, com os pés no chão, que não deixou as regalias que o poker pode trazer subir à cabeça. O resultado foi um profissional focado, com metas bem traçadas, objetivos definidos e em constante ascensão. Em 2012, ele anunciou que não renovaria com o PokerStars e que iria tocar alguns projetos pessoais. A mensagem foi mal interpretada e “o aposentaram”. Não foi o que aconteceu. Ele continuou jogando, menos,

Por: Marcelo Souza

é verdade, mas a evolução não parou — e quis o destino que o melhor resultado de sua carreira viesse nesse período “mais light”. No mês de setembro, o ex-especialista em Sit n’ Go conquistou um bracelete do World Championship of Online Poker (WCOOP), uma espécie de WSOP do poker online, disputada no PokerStars. A vitória colocou o gaúcho junto a um seleto grupo de brasileiros campeões da série — Thiago Decano (2009), João Bauer (2010) e João Simão (2010) — e lhe rendeu 258 mil dólares. Uma vez mais, os holofotes se viraram para ele, que mostrou que continua sendo um dos melhores jogadores do Brasil. Em suas próprias palavras, dentre outros assuntos, ele agora fala sobre a carreira, WCOOP e as ilusões e perigos de escolher o poker como profissão.

cardplayerbr

65


HISTÓRIA NO POKER Comecei a jogar em 2005, como hobby. Um amigo do colégio, parceiro de xadrez, disse que estava ganhando um bom dinheiro na internet e que o poker era um jogo de estratégia, que envolvia habilidade e matemática. Por gostar desses tipos de jogos, me interessei. Abri uma conta no Party Poker e fiquei jogando play money (dinheiro fictício) por duas semanas. Ao mesmo tempo, eu navegava em fóruns e sites bem rudimentares, com artigos básicos, mas foi o suficiente para começar. Comprei $60 no PokerStars, que na época tinha os limites mais baixos para cash game, e comecei nas mesas de NL2 ($0,01-$0,02). Eu seguia um controle rígido de bankroll e consegui chegar às de NL50 ($0,25-$0,50). Foi nessa época que descobri o Sit n’ Go (SNG). Eu cursava Direito e quando cheguei ao final do curso, estava jogando SNGs diariamente. Em uma das minhas sessões, alguém no chat falou sobre o SharkScope — site que rastreia todos os seus resultados online. E qual não foi a minha surpresa quando fui pesquisar o meu nome e vi que eu era o jogador mais lucrativo nos limites em que jogava. Aquilo me deixou muito empolgado, foi impactante. Eu não jogava tanto, mas percebi que estava em um nível elevado e podia subir de limites. Com o término da faculdade, veio o dilema: virar um profissional ou não? Eu tinha amigos que estavam ganhando um bom dinheiro no cash game, graças a Deus, fiz a escolha certa.

66

CardPlayer.com.br


cardplayerbr

67


68

CardPlayer.com.br


CONTRATAÇÃO PELO POKERSTARS Quando o PokerStars decidiu criar o Team Online, eles queriam jogadores de várias modalidades, de vários limites e países, e eu fui o brasileiro escolhido. Foi sensacional, até ali, a maior alegria que eu tive na minha vida. Ser patrocinado pelo maior site do mundo era a mesma coisa que ser um atleta da Nike. Meu tempo com eles foi incrível. Foram três contratos. Com o respaldo do PokerStars, em 2010, fui o segundo brasileiro a alcançar o status de Supernova Elite, feito que poucos profissionais do Brasil conseguiram, mesmo hoje. É muito difícil fazer 1 milhão de VPPs (pontos que você acumula ao jogar no site). No ano seguinte, consegui manter o status, mas foi mais complicado, já que eu estava jogando bastante ao vivo. Essa mudança se deu, principalmente, porque o Stars retirou da sua grade o jogo em que eu era mais rentável, os SNGs hyper-turbo de $88. Disseram que era um jogo propenso ao conluio e o substituíram. Os regulares não aprovaram. O novo formato era quase um bingo. Junte isso à Black Friday e você terá ideia de como foi um ano difícil. Em 2012, eu já estava desgastado com a minha rotina de poker online. Renovei o meu contrato apenas por mais seis meses, mas já sabia que não renovaria de novo. Muita gente achou que eu estava me aposentando, mas não foi isso que aconteceu. O poker só deixou de ser a minha principal atividade. Comecei a preparar o meu desligamento, uma vez que não queria viver disso por toda a minha vida.

VIDA DE PROFISSIONAL Em termos de riscos, benefícios e viabilidades, a vida no poker é bem delicada. O principal risco, o que é muito particular, é o que cada um abre mão para viver nos feltros — área que, mesmo envolvendo várias habilidades, não lhe garante uma vida profissional fora das mesas. Outro problema é que o poker muitas vezes é uma fábrica de ilusões. As pessoas só olham as premiações e acham que vão ganhar o mesmo que alguns profissionais. Mais do que nunca, o poker é para poucos. O nível de competição é muito alto. Para ser competitivo no mercado atual é preciso muito esforço e certo talento. O poker é uma atividade diferente, envolve flutuações financeiras; é solitário, o que lhe dá mais liberdade, mas é ruim em outros aspectos. Se você for um bom jogador, terá vários benefícios. Além do dinheiro, você terá uma liberdade que dificilmente será a mesma em outra profissão, uma vez que os grinders só dependem deles. Para os profissionais que só jogam ao vivo é mais complicado, principalmente se tratando do Brasil, onde o rake é muito alto. Sobre o poker online, a minha preocupação são os bots (softwares que jogam sozinho), que já apareceram no passado. Não sei como os sites menores agem em relação a isso. No ano passado, já foram achados bots que ganharam muito dinheiro em níveis intermediários. E eu já tive notícias de bots também ganhando dinheiro nos limites mais altos. Para mim, esse é o grande dilema do poker online: como os sites vão lidar com a inteligência artificial? Acredito que é questão de tempo até que seja desenvolvido um bot capaz de ter um jogo perfeito. Então, o que será do jogador no futuro?

cardplayerbr

69


WCOOP A sensação de ganhar o Evento #51 do WCOOP é difícil de descrever. Foi algo surreal, totalmente fora do racional. Claro que todo mundo quando joga sonha em vencer, mas quando acerta o “big hit” demora a cair a ficha. Eu já vinha me preparando para vencer um torneio desse nível. Havia batido na trave em torneios grandes, ao vivo e online, até que aconteceu. Eu estava tranquilo, jogando bem o festival todo. Acredito que estou no ápice do meu jogo. Nunca joguei tão bem. Nesse tempo que me desliguei do PokerStars e deixei de jogar integralmente, comecei uma empresa, mas passei a ter muito tempo livre para jogar poker de novo. Organizei-me para poder jogar antes da empresa deslanchar. Tentei virar regular de torneios (MTTs), mas vi que não era o meu perfil, uma vez que você precisa ficar jogando por muitas horas seguidas. Procurei então o cash game, que exige menos tempo do que os MTTs e há mais espaço para a criatividade. Fui atrás dos melhores jogadores. Caras que em 2007 jogavam nos limites micro, mas que adotavam um estilo diferente do padrão. Percebi que eu precisava me reinventar. Tive tempo e vontade para fazer isso. Nos cash, fui obrigado a começar do início e percebi claramente o edge (vantagem) aparecendo. Isso me fez recuperar o prazer pelo poker novamente. Foi um dos maiores saltos da minha carreira. Voltei com uma proposta diferente de jogar, o que me fez chegar no WCOOP bastante animado.

70

CardPlayer.com.br

BRUNELLI 2007 versus BRUNELLI 2013 O Brunelli de hoje é muito diferente. O meu estilo de jogo mudou radicalmente. Naquela época, eu me dedicava principalmente aos SNGs. Hoje, mesmo enferrujado, ainda conseguiria jogar tranquilamente. A prova disse é que quando eu jogo torneios e estou short, me sinto bastante confortável. Hoje, sou um cara mais completo. Evolui muito em situações deep stack (100 bbs+), que é o padrão nos cash games. Sinto que ainda tenho espaço para evoluir, muito a aprender. Isso é uma coisa contínua.

FUTURO O meu projeto é continuar estudando no poker e bater os limites mais altos. Quero continuar aprendendo outras modalidades. Já sei um pouco de mixed games, mas não o suficiente. Todos os jogadores estão evoluindo e eu preciso fazer isso, quero estar sempre acima da curva. Vou também continuar me dedicando à minha empresa, que é da aérea de tecnologia. Quero ser feliz, e isso consiste em fazer as coisas que eu gosto — viajar, sair com os meus amigos, namorar. Se eu não puder fazer essas coisas, não adianta ter sucesso. Como no poker, é tudo uma questão de equilíbrio, temos que levar uma vida balanceada.


cardplayerbr

71





CHEGOU O MOMENTO DE

DESCER? por Fábio Eiji

Saber a hora de descer os limites é uma das habilidades necessárias para uma carreira de sucesso.

C

onstruir um bankroll confortável, desenvolver seu nível técnico e jogar os limites mais caros disponíveis, concorrendo às maiores premiações, recebendo reconhecimento e disputando as primeiras posições nos rankings dos sites especializados. Esses são, sem dúvidas, os primeiros sonhos da maior parte dos aspirantes a jogador profissional. E realmente é muito satisfatório chegar ao nível de jogar, regularmente, os maiores torneios das principais salas de poker. Enfrentar os melhores jogadores do mundo é estimulante – e ser reconhecido por isso, satisfatório. Porém, quero falar aqui sobre um lado que tem menos glamour e, ao mesmo tempo, é realidade na história e cotidiano de quase todos os jogadores profissionais: o momento de descer os limites (move down). Apesar de ser um tema relacionado a qualquer modalidade, pretendo me ater aos torneios. Considerando um cenário ideal, fazer move down nos limites que se joga, geralmente, seria uma grande perda de tempo.

Isso porque, neste caso, o jogador tem um psicológico muito forte e um bankroll grande o suficiente para enfrentar as já previstas variações (swings) em seu gráfico de ganhos. Ou seja, perder um determinado valor já faz parte do planejamento do nosso sóbrio e maduro herói, que confia plenamente em suas habilidades e sabe que tudo isso faz parte de sua vitoriosa história. Mas como a maioria dos jogadores, mesmo os profissionais, não têm um perfil como o do exemplo acima, há três cenários mais comuns em que o move down se mostra necessário:

1) QUANDO O BANKROLL APERTA Este é o cenário mais corriqueiro. Ele acontece quando o jogador subestima o controle de bankroll e o tamanho das swings, que, em MTTs, podem ser assustadoras. Não é raro que jogador passe meses sem lucrar. Existem diversas histórias de profissionais vencedores que já ficaram até um ano inteiro perdendo.

@cardplayerbr

75


2) QUANDO O JOGADOR ENTRA EM TILT O segundo cenário geralmente está relacionado ao primeiro. É muito difícil jogar o seu melhor se os resultados não aparecem. Quando as coisas começam a sair dos eixos, muita gente muda o estilo de jogo, chegando a ficar mais tight ou muito mais spewy. Isso faz com que elas sintam-se pressionadas demais em retas finais, deixando de fazer as jogadas necessárias.

3) QUANDO A SUBIDA DE LIMITES (MOVE UP) FOI ERRADA Já o terceiro cenário, também muito comum, dá-se quando o jogador gerencia equivocadamente e de maneira amadora a sua própria carreira, apressando objetivos. Neste caso, inclui-se ainda a falta de maturidade do jogador em diversos aspectos, inclusive em suas habilidades. Aqui, muitas vezes, a variância serve convenientemente de desculpas para os fracassos – quando, na verdade, ela já deveria ter sido considerada no momento do planejamento do move up. Em MTTs, as swings também acontecem pra cima. Então, é comum que jogadores vençam torneios mesmo sem estar devidamente capacitados para tal feito. Isso acaba afetando na avaliação do seu próprio nível de jogo e levando a uma supervalorização de si mesmo. Portanto, meu primeiro conselho é aquele que já é dito aos quatro ventos há muito tempo: uma gestão saudável de bankroll que lhe permita jogar tranquilamente e que aguente as variações às quais todos os jogadores estão sujeitos.

76

CardPlayer.com.br

Geralmente, as variações são normais, mas não significa que deva aceitá-las passivamente – o que nos leva ao segundo conselho: esteja atento à qualidade de seu jogo! Tenha uma rotina de estudos que lhe permita manter a cabeça no lugar e perceber os erros mais básicos. Por último, mas não menos importante: seja honesto, humilde e sincero consigo mesmo. Quanto mais alto o limite que se joga, maior tende a ser a variância, pois lá se encontram os jogadores mais qualificados. Assim, além de considerar o bankroll e se preparar para as oscilações, ainda é necessário uma rigorosa autoavaliação, do seu próprio nível técnico, para que se saiba se está realmente apto para o novo desafio que se apresenta.

FÁBIO EIJI @fabioeiji

Fábio Eiji já ganhou mais de R$ 3 milhões de reais em prêmios jogando online. Ele possui títulos e mesas finais nas principais séries e torneios regulares do PokerStars.





O JOGADOR MAIS SUPERSTICIOSO

DO BRASIL por Khatlen Mitzi Guse

V

K HATLEN MITZI GUSE @KhatyRS barbarellapoker.com

Khatlen Mitzi Guse é uma generalista autoproclamada. A cofundadora do Barbarella Poker é uma típica gaúcha que adora falar sobre tudo.Isso inclui poker, economia, moda e, claro, o esquema tático do Internacional.

80

CardPlayer.com.br

ocê alguma vez já teve a sensação de que certas atitudes foram capazes de atrair a boa sorte ou o foco para seguir com uma vibração positiva, mesmo que não exista qualquer prova cientifica de que o efeito é real? É essa sensação que muitos especialistas afirmam ajudar os atletas de diversos esportes. O tenista Rafael Nadal, número 1 do mundo, é conhecido pelas suas infinitas manias. São tantas que ele chega a irritar seus adversários. Nadal é capaz de coçar o nariz 251 vezes, ajeitar a cueca outras 123 em um único jogo, arrumar o cabelo atrás da orelha 248 vezes, além de 220 ajeitadas na manga da camiseta. Ufa! Ele afirma fazer isso para ordenar todo o espaço à sua volta, algo como uma faxina mental, para manter o foco e se transformar em uma máquina de jogar tênis.


Mothel Santoro

E quando falamos em simbolismos? Então vem em mente o famoso número 13, odiado por muitos, mas símbolo de sorte para Zagallo, que inclusive atribui grande parte do seu sucesso à sua veneração pelo número 13. E ele ressalta, não é superstição, é fé. O número vem de sua devoção por Santo Antônio. Seja fé, superstição ou simplesmente mania, o poker não é exceção. Muitos jogadores têm seus amuletos, optam por entrar com o pé direito no salão, usar um protetor de carta especial e por aí vai. No Card Drops desta edição, conversei com Mothel Santoro, atleta bastante conhecido tanto no Brasil quanto no exterior por suas superstições. Ele nos conta de forma humorada, como encara uma partida de poker com sua rotina infindável de rituais para trazer a boa sorte.

Khatlen Mitzi: Em relação a outros jogadores de poker, você se acha muito supersticioso? Mothel Santoro: Sou o mais supersticioso do mundo inteiro! KM: Quais as suas principais manias ou rituais quando vai disputar um torneio? MS: Sempre acordo na mesma hora e uso as mesmas camisas que usei em um campeonato anterior que me dei bem. Sempre entro

@cardplayerbr

81


no salão dos torneios dando quatro pulinhos com a perna direita e sempre coloco minhas fichas do lado esquerdo. Não costumo mover a minha cadeira e entro pelo lado direito dela. Se não consigo receber boas mãos ou demoro a ganhar algumas boas, levanto, saio e entro novamente. Às vezes faço isso repetidamente. Depois de ter saído e reentrado algumas vezes, acho que a culpa é da cadeira, então troco a bendita. Caso eu mude de mesa, levo a minha cadeira para a nova mesa — é até engraçado eu ficar carregando a minha cadeira de uma mesa para outra. E isso não é só no Brasil, é em qualquer lugar e em qualquer país. Grito “Foooogo” em todas as mãos que ganho, o que é uma marca registrada e todos já me conhecem, também, por isso. Também nunca troco fichas, nem durante nem depois do torneio, a não ser quando a direção as retira do evento. E sempre que passo para o Dia 2 de um torneio, levo minha cadeira para um lugar escondido ou coloco algo que a identifique, assim posso pegá-la no dia seguinte.

KM: Você já passou por alguma situação engraçada ou polêmica por causa das suas superstições? MS: Sempre tem um engraçadinho que grita “meeeengo”, “áááágua” ou até “foooogo” quando perco uma mão. Uma coisa engraçada que aconteceu foi um dia quando cheguei à minha mesa e ao lado da minha cadeira havia um extintor. Quem havia colocado foi um amigo do rio, o Moacyr. Mas o mais engraçado aconteceu no BSOP de São Paulo, há alguns anos. Quando eu passei para o Dia 2, queria, como sempre, esconder e identificar a minha cadeira. Então peguei uma fita e a coloquei nela. Sou conhecido por todos os diretores dos torneios e dealers também, e todos sabem que faço isso

82

CardPlayer.com.br



84

e que sou muito supersticioso. Para tirarem uma com a minha cara, eles pegaram todas as cadeiras e colocaram uma fita em todas elas. Quando entrei para jogar, dando os quatro pulinhos, é claro, vi que todos estavam rindo, e quando fui pegar a minha cadeira, percebi que todas estavam com a mesma fita. Foi uma gargalhada geral. Foi engraçado, mas eu fiquei “pê da vida”.

KM: Você se policia em relação às suas superstições, tenta diminuir ou algo assim? E elas são sempre as mesmas? MS: São sempre as mesmas, mas procuro diminuir a quantidade de vezes que grito. Mas quando isso acontece e começo a perder algumas mãos, para mim, só comecei a perder porque deixei de gritar “foooogo”, aí retorno aos gritos.

KM: E como os outros jogadores reagem? MS: Como grito “fogo” em todas as mãos que ganho, isso acaba irritando alguns jogadores de outros países, quando estou fora do Brasil, e alguns reclamam. Mas eu tento explicar e procuro comemorar mais baixo, só que nem sempre consigo, claro. Depende da mão.

KM: Em todos os esportes, temos grandes ídolos com suas manias e crenças. Psicólogos citam que esse comportamento pode ajudar no desempenho. Que tipo de sensação você tem com relação a isso? Conforto, bem-estar, sensação de foco?

CardPlayer.com.br

MS: Todos têm manias e são supersticiosos, uns mais outros menos, e isso nos faz bem, pois quando fazemos a mesma coisa que fizemos antes e ganhamos, temos a certeza de que estamos no caminho certo. Para mim, as minhas superstições são fundamentais, e ninguém vai conseguir me provar que deixei de ganhar ou ganhei porque troquei, fiz ou deixei de fazer. Algumas delas me fazem bem e fazem parte do meu dia a dia.

KM: Você tem alguma dica para os supersticiosos do poker? MS: Sim. Entrem sempre dando quatro pulinhos com a perna direita, não troquem fichas durante o torneio, entrem e saiam quando as mãos estiverem complicadas, troquem de cadeira quando estiverem perdendo...



CARD Pedia ESPECIAL

Nicolau Villa-Lobos

86

CardPlayer.com.br


E

NICOLAU VILLA-LOBOS

m fevereiro, quando foi capa da edição 67 da Card Player Brasil, Nicolau Villa-Lobos não imaginava o que o ano de 2013 lhe reservava. Filho do ex-guitarrista da lendária banda Legião Urbana, Dado Villa-Lobos, ele chamou a atenção pela sua regularidade em 2012. Mas ainda faltava algo para ser colocado entre os melhores do Brasil. Em janeiro, não mais. “Nico” foi o primeiro campeão de um grande torneio na Europa, o UKIPT. A partir dali, os resultados vieram com uma frequência impressionante. Foram mais 700 mil dólares conquistados em torneios ao vivo, sendo um vice-campeonato no High Roller da WSOPE e uma 18ª colocação no EPT de Barcelona. Não satisfeito, o carioca mostrou que também se sente à vontade nos feltros virtuais ao embolsar US$ 472.209 no Main Event, com buy-in médio, do Spring Championship of Online Poker (SCOOP), do PokerStars. O maior prêmio já conquistado por um brasuca na internet. A cereja do bolo veio com o contrato de patrocínio assinado junto ao site 888. Para 2014, ele já avisou que vai jogar o máximo de torneios nacionais e internacionais que conseguir

Ganhos na carreira:

Cerca de R$ 4.000.000 Principais resultados:

2º no High Roller da World Series of Poker Europe (Outubro/2013) – US$ 608.248 1º no Main Event-M do SCOOP do PokerStars (Maio/2013) – US$ 472.209 1º no Main Event do UK & Ireland Poker Tour (Janeiro/2013) – US$ 162.319

cardplayerbr

87


CARD Pedia ESPECIAL

TOP 10 – RESULTADOS BRASILEIROS EM 2013 Site

Data

Torneio (Buy-in)

Nome

Posição

Prêmio

26/05

Main Event do SCOOP-M ($1.050)

Nicolau “nicofellow” Villa-Lobos

1° Lugar

$472.209

07/12

FTOPS XXIV #35 ($2.100)

Guilherme “guinor” Cunha

1º Lugar

$262.500

25/09

Evento #51 do WCOOP ($1.050)

Diego “vgreen22” Brunelli

1º Lugar

$258.910

22/12

WCOOP Challenge #7 ($215)

Felipe “mr.salgado30” Salgado

3º Lugar

$215.778

19/09

Evento #22 do SCOOP-M ($215)

Vinícius “vinifenomeno” Teles

2º Lugar

$183.391

23/06

Sunday Million ($215)

Wellington “huuuz” Maria

1º Lugar

$180.670

03/11

Sunday Million ($215)

Bruno “bubbleboybr” Oliveira

2º Lugar

$175.384

26/05

Main Event do SCOOP-M ($1.050)

“mandalaclub”

5º Lugar

$171.657

15/12

Sunday 500 ($530)

“jpsoeira”

3º Lugar

$128.098

09/11

Main Event do MicroMillions ($22)

“TheManM”

1º Lugar

$126.000

Nicolau “nicofellow” Villa-Lobos

88

CardPlayer.com.br


TOP 10 – HIGH STAKES DE 2013* TOP 5 - VENCEDORES Site

Jogador

Sessões

Mãos Jogadas

Lucro

Ben “Bttech86” Tollerene

1.358

117.730

$2.996.585

Alex “IReadYrSoul” Millar

300

32.976

$2.036.159

Hac “trex313” Dang

846

80.869

$1.886.417

“no_Ola”

1.167

107.674

$1.849.293

Ola “Odd_Oddsen” Amundsgaard

2.083

113.199

$1.805.454

TOP 5 - PERDEDORES Site

Jogador

Sessões

Mãos Jogadas

Prejuízo

Gus Hansen

1.627

171.743

$8.461.472

“MalACEsia”

292

42.742

$3.773.524

“samrostan”

757

82.945

$3.467.195

Phil “Polarizing” Ivey

1.098

76.301

$2.441.773

“punting-peddler”

870

89.273

$1.714.545

*Fonte: highstakesdb.com

Ben “Bttech86” Tollerene

cardplayerbr

89


CARD Pedia ESPECIAL

TOP 10 – RESULTADOS BRASILEIROS EM DEZEMBRO

Guilherme “guinor” Cunha

Site

Data

Torneio (Buy-in)

Nome

Posição

Prêmio

20/10

FTOPS XXIV #35 ($2.100)

Guilherme “guinor” Cunha

1° Lugar

$262.500

13/10

WCOOP Challenge #7 ($215)

Felipe “mr.salgado30” Salgado

3º Lugar

$215.778

20/10

Sunday 500 ($530)

“jpsoeira”

3º Lugar

$128.098

20/10

WCOOP Challenge #5 ($215)

Fabiano “kovalski1” Kovalski

2º Lugar

$97.515

06/10

Sunday Warm-Up ($215)

Thiago “tnapoleao” Napoleão

2º Lugar

$84.263

06/10

WCOOP Challenge #1 ($109)

Francisco “chiconogue” Nogueira

3º Lugar

$66.624

20/10

FTOPS XXIV Main Event ($635)

“Rafa84”

6º Lugar

$61.326

23/10

Sunday Million ($215)

Joseph “Joe Santana” Santana

5º Lugar

$60.934

20/10

Sunday 2nd Chance ($215)

Marco “Yukold” Tozzato

1º Lugar

$47.158

27/10

Sunday 500 ($530)

Pedro “PaDiLhA SP” Padilha

3º Lugar

$45.695

TOP 10 – HIGH STAKES DE DEZEMBRO* TOP 5 - VENCEDORES Site

Jogador

Sessões

Mãos Jogadas

Lucro

“samrostan”

75

19.038

$942.732

Patrik “FinddaGrind” Antonius

23

2.451

$518.390

“Uhhmee”

37

5.872

$369.416

Alexander “Kanu7” Millar

64

7.762

$197.554

Isaac “luvtheWNBA” Haxton

23

714

$192.039

Jogador

Sessões

Mãos Jogadas

Prejuízo

Viktor “Isildur1” Blom

369

30.667

$875.940

Phil “OMGClayAiken” Galfond

65

11.925

$655.063

Daniel “jungleman12” Cates

52

7.181

$305.715

Rui Cao

62

7.116

$304.447

Ronny “ronnyr37617” Kaiser

81

4.006

$216.313

TOP 5 - PERDEDORES Site

*Fonte: highstakesdb.com

90

CardPlayer.com.br

Patrik “FinddaGrind” Antonius


cardplayerbr

91


Jogue poker de graça. Este não é um site de apostas. Apenas maiores de 18 anos. Este é um concurso desportivo e recreativo.

Estou pronto Café Torradas Re-raise

Jogando por US$1,000,000 Jogando grátis

Sou os domingos

nós somos poker


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.