Card Player Digital 21

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POKER

ES P ORTE E ESTI L O DE V IDA

Power Hold’em, o livro de Daniel Negreanu Usar ou não usar softwares de estatísticas?










SUMÁRIO 28. FÁBIO EIJI

DILEMA SHAKESPEARIANO Eiji mostra as vantagens obtidas ao usar um software de estatísticas quando se joga online.

50. FINAL TABLE

COM JUSTIN BONOMO A primeira parte da análise de um dos principais jogadores do mundo em um torneio que rendeu quase dois milhões de dólares ao campeão.

ESPECIAIS 12. BEST POKER TEAM BRAZIL

Campeonato Brasileiro Online do Best Poker leva mais de 30 jogadores para jogar a World Series of Poker.

36. Chris Moorman

A “primeira vez” do mito do online. Veja como Chris Moorman cravou o L.A. Poker Classic.

58. ALL SURROUNDED

Khatlen Mitze Guse apresenta um dos objetos que não saem da cabeça dos jogadores de poker (literalmente): os fones de ouvido.

64. THE BOOK IS ON THE TABLE

THE BOOK IS ON THE TABLE

Na estreia da nova seção da Card Player Brasil, o livro Power Hold’em, de Daniel Negreanu.

70. FELIPE MOJAVE

DUELO DE GIGANTES Felipe Mojave e Ariel Bahia analisam uma mão bastante complexa jogada contra o líder do ranking Global Poker Index (GPI).

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Best Poker Team Brazil

Por Equipe BestPoker

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Ano após ano, o Campeonato Brasileiro Online (CBO) do Best Poker consolida-se como uma das maneiras mais fáceis de participar da maior série de poker do planeta, a World Series of Poker. Neste ano, o Best levou 31 jogadores para Las Vegas, que disputaram um evento de US$ 1.000. O bracelete não veio, mas a WSOP Experience, definitivamente, foi inesquecível.

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Antes mesmo de embarcar para Las Vegas, o time de jogadores que representariam o Best Poker já estava no clima. No saguão do aeroporto, mesas de lanchonetes e cadeiras viraram centro de disputas de uma das maiores febres do momento, o OpenFace Chinese Poker. Prestes a embarcar, dois dos mais empolgados eram Lucas Porpino, jogador da Paraíba, e Leonardo Vieira, do Rio de Janeiro. “Representar o Brasil na WSOP, no time do Best Poker, é o resultado de anos praticando esse esporte. Como jogador recreativo, e pela primeira vez em Vegas, tenho a expectativa de jogar o melhor. Venho estudando as novas tendências do poker moderno e criativo. Espero que nosso time saia vencedor”, disse Lucas. Leonardo também não escondia a ansiedade: “Jogar a WSOP pra mim é um sonho. Desde 2009, quando conheci o poker, o jogo sempre me trouxe muita euforia. Com o passar do tempo fui aprendendo e entendo um pouco mais. E então fui atrás de algumas portas que me dessem a oportunidade de ir a Las Vegas disputar a WSOP. O CBO se não é a melhor, é uma das melhores formas para atingir esse objetivo. Disputando o campeonato você está jogando com grandes nomes do poker brasileiro em busca dessa vaga, que quando é conquistada, lhe dá um algo a mais

Leonardo Vieira 14

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para a disputa. Não caiu do céu, foi batalhado e conquistado. As expectativas são as melhores possíveis. Já somos vencedores por estarmos embarcando nessa viagem. Além disso, as pessoas envolvidas nesse projeto têm um profissionalismo ímpar, o que nos dá mais tranquilidade. Temos todas as condições de fazer bonito em Vegas, e tenho certeza de que o melhor ainda está por vir”. Já em Vegas, os jogadores foram realocados para seus respectivos hotéis, os luxuosos Aria e Caesars Palace — aquele mesmo da comédia Se Beber Não Case. Com todos devidamente acomodados, o sonho começou. Os jogadores rumaram para o hotel Rio e foram inscritos no Evento #9 ($1,000 No-Limit Hold’em)

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da WSOP, que seria jogado no dia seguinte. No hiato de um dia até o início do torneio, as atividades foram as mais variadas. Alguns optaram por curtir a cidade, outros, os cassinos e alguns simplesmente tiraram o dia para descansar. A tão sonhada estreia do Best Poker Team Brazil finalmente chegou. Com todos posicionados, os primeiros níveis seriam decisivos. Quem já jogou a WSOP sabe que nos eventos de mil dólares, sobreviver aos primeiros níveis é a tarefa mais complicada. Errar não é permitido. Infelizmente, o baralho aprontou com vários jogadores. Rodrigo “rodrigorpv81″ Valente deixou o torneio ainda nos primeiros


Pedro Garagnani

níveis depois de ver seu par de Reis perder para um par de Damas. Por outro lado, Pedro “peterpetroks” Garagnani, campeão do ranking, viveu um daqueles momentos que apenas torneios como a WSOP podem proporcionar. Ele eliminou o campeão do Main Event de 2010 Jonathan Duhamel com K-K contra 10-10. Por volta do 5º nível de blind, a organização anunciou que 1.940 jogadores haviam se registrado para o torneio, o que gerou uma premiação de US$ 1.746.000, sendo que 198 jogadores seriam premiados e o campeão embolsaria US$ 323.125. A bolha do torneio acabou estourando antes do final do Dia 1. Entre os premiados, três jogadores do Team Brazil: Santiago Peres, Cid “pregaovit” Campelo e Cleiton “keko68″ Piotto. Os dois últimos conseguiram avançar para o Dia 2, mas Santiago foi eliminado na primeira faixa de premiação e levou US$ 1.920. Infelizmente, Cid e Cleiton tiveram vida curta no segundo dia de evento. Cleiton acabou caindo no segundo nível de blinds. Com apenas 12 bbs, o brasileiro tentou um resteal com A-6, mas encontrou o button com A-J. Pela 113ª posição o jogador embolsou US$ 2.374.

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Cerca de duas horas depois foi a vez de Cid deixar o evento. Com 6 bbs, ele foi all-in de 10-Q e trombou com um jogador com J-J. O bordo não ajudou o brasileiro que foi eliminado na 88ª colocação, desempenho que lhe rendeu US$ 2.968. Perto dali, em outro evento, André “Oborsato” Busato aprontou com a camisa do Best. Eliminado do Evento #9 no dia anterior, ele engatou no Evento #8 ($1.500 Millionaire Maker), que pagou mais de US$ 1 milhão para o campeão. 106º Entre 7.977 jogadores, Busato levou US$ 8.830 para casa. Apesar do fim do torneio, a experiência em Las Vegas estava apenas no início. Com mais alguns dias para conhecer a “Cidade do Pecado”, os membros dos Best Poker Team Brazil aproveitaram para curtir a infinita gama de atividades que Las Vegas proporciona. Foram passeios a stands de tiros, outlets, boates, shows e, claro, outros torneios de poker. Marinheiro de primeira viagem, Rodrigo Valente definiu o sentimento do time: “Foi a melhor viagem da minha vida. Eu queria agradecer o Best Poker pela oportunidade. Não existe nada como a WSOP e como Las Vegas”. No ano que vem, o Best Poker levará novamente o Team Brazil para Las Vegas. Fique atento às próximas edições da Card Player Brasil e faça parte do Best Poker Team Brazil 2015.

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Sobre o CBO 16 etapas online com buy-in de $54, sendo $1 de rake, $17 para a prize pool e $36 para viabilizar o pacote. Todas as 16 etapas têm $ 2.000 garantidos na premiação e contam pontos para o ranking. Os jogadores podem participar de todas as 16 etapas, mas serão considerados apenas os 10 melhores resultados de cada jogador para o Ranking final. Os jogadores que compram o pacote antecipado, com os 16 buy-ins do CBO, além do desconto, podem acumular até 2 pacotes da WSOP como prêmio. No pacote da WSOP está incluso passagem aérea de ida e volta para Las Vegas, hospedagem e buy-in do evento. Todos os jogadores que participarem no mínimo de 12 etapas disputam um torneio valendo três pacotes completos para um side event (US$ 1.000) da WSOP para os primeiros colocados. Todos os jogadores que comprarem antecipadamente o pacote completo do CBO, com todos os buy-ins das 16 etapas, têm direito de disputar o Torneio Fidelidade e disputar outro torneio privado, valendo outros oitos pacotes completos para um side event (US$ 1.000) da WSOP 2014

Premiação 1° LUGAR – Pacote completo para um Side Event de US$ 1.000 da WSOP + US$ 1.000 para gastar em Las Vegas. 2° ao 7° LUGAR – Pacote completo para um Side Event de $1.000 da WSOP + US$ 500 para gastar em Las Vegas. 8° ao 20° LUGAR – Pacote completo para um Side Event US$ $1.000 da WSOP. 21° ao 50° LUGAR – Disputam um torneio em que os três primeiros colocados garantem um pacote completo para um Side Event US$ $1.000 da WSOP 2014. 51° ao 100° LUGAR – Disputam um torneio em que o campeão garante um pacote completo para um Side Event US$ $1.000 da WSOP.

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Poker pics



Curtindo Vegas

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DILEMA SHAKESPEARIANO Usar ou não usar softwares de estatísticas? por Fábio Eiji

N

o artigo de hoje, pretendo introduzir um assunto de bastante interesse dos jogadores iniciantes: softwares de análises e estatísticas. Esses tipos de programas armazenam, processam e exibem informações sobre adversários de acordo com a base de dados, que é formada pelos histórico de mãos que o jogador possui em seu computador. O Hold’em Manager e o Poker Tracker são os softwares mais utilizados. Há tempos discuto com amigos a verdadeira importância e efetividade no uso de tais softwares auxiliares, já que existem jogadores muito bons que abdicam deste tipo de auxílio, e cheguei a algumas conclusões a respeito. Em primeiro lugar, a maioria dos jogadores vencedores que não usam esses tipos de programas costumam jogar poucas mesas simultâneas. Além disso, os melhores jogadores ainda têm uma habilidade especial em perceber e interpretar detalhes de maneira a explorar as fraquezas dos oponentes dentro daquela determinada dinâmica. Porém, de

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maneira geral, quando se joga muitas mesas simultaneamente, essa habilidade fica um tanto comprometida – e algumas tendências dos adversários podem passar despercebidas. Ou seja, se você não é um gênio, mas pretende jogar muitas mesas, recomendo fortemente a utilização de um software auxiliar, como o HM, senão correrá o risco de ficar um tanto perdido em relação ao perfil dos jogadores que você enfrenta. Além disso, o HM também é um ótimo método de estudos, no qual podemos analisar nossas próprias estatísticas e inclusive compará-las com as de outros jogadores. Vamos analisar as principais informações que o HUD (Heads-Up Display) nos fornece:

VPIP/PFR Estas são as mais básicas. Dizem respeito à porcentagem de mãos jogadas. VPIP significa Voluntary Put Money in Pot, ou seja, mostra a porcentagem de vezes em que o


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jogador entrou na mão sem ser obrigado (como no big blind ou small blind). PFR é a sigla de PreFlop Raise, e diz respeito às mãos que o vilão jogou agressivamente, abrindo raises. Quanto maior for a diferença entre as duas, mais passivo tende a ser o vilão. Por exemplo, alguém que joga 18/15 costuma entrar de raise na maioria das mãos que joga, diferente de alguém que joga 20/11; este tende a dar mais calls (inclusive limps).

Não esqueça de utilizar os softwares constantemente para analisar seu próprio jogo. Ele pode denunciar leaks (falhas) que não conseguiríamos perceber sozinhos.

3-BET/FOLD TO 3-BET Autoexplicativo. Dentro da amostragem, mostra a tendência do jogador a aplicar 3-bets (reraises), e como reage quando enfrenta uma. Mas atenção, esta estatística, diferente do VPIP e PFR, precisa uma amostragem maior de mãos para que seja confiável. Se, por exemplo, o adversário recebeu boas mãos em poucas órbitas, suas estatísticas apontarão um jogador agressivo, mas isso não significa que o vilão necessariamente tenha esse perfil. Uma dica importante é prestar atenção na tendência de 3-bets por posição. Geralmente, a porcentagem de 3-bet aumenta conforme as posições chegam ao final da mesa. Isso significa que a maioria dos jogadores têm uma porcentagem de 3-bet bem maior no BTN do que nas posições inicias (EP - early position). Obviamente, com mais pessoas a agir, a tendência é jogar mãos mais fortes quando estamos em EP.

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CONTINUATION BET/FOLD TO CONTINUATION BET Também é autoexplicativo. Mostra a tendência do jogador em fazer continuation bets (apostar no flop depois de ter dado raise pré-flop). Essa informação é muito importante, pois nos mostra se o range que estamos enfrentando é realmente forte e, no caso de sermos os agressores, nos ajuda a manipular o tamanho das apostas para extrair valor ou blefar. Se enfrentamos um jogador com tendências altas a cbets, é interessante: 1) Analisar também a porcentagem de cbet turn, para podermos reagir corretamente no flop e construir um plano para o restante da mão. 2) No caso de se mostrar muito agressivo nas próximas streets, fortalecer o range com o qual o enfrentaremos. Já quando somos os agressores, podemos fazer apostas cada vez menores à medida que a porcentagem de fold to cbet do vilão aumenta. Isso pode lhe economizar preciosas fichas quando estiver blefando.


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STEAL Aqui temos a porcentagem de mãos que o vilão aumentou quando todos deram fold até ele nas posições finais (CO e BTN). Essa informação também é valiosa, principalmente para nos ajudar a reagir dos blinds. Quanto maior a porcentagem de steal, que literalmente significa roubar, maior também será nosso range de call ou 3-bet no small blind e no big blind. Essas são as principais estatísticas para quem está começando a usufruir de um software de análises. É claro que o Hold’em Manager e o Poker Tracker têm muito mais ferramentas e informações a serem exploradas, tantas que mal caberiam apenas em um artigo. Não esqueça de utilizar os softwares constantemente para analisar seu próprio jogo. Ele pode denunciar leaks (falhas) que não conseguiríamos perceber sozinhos. Podemos constatar, por exemplo, se estamos jogando de maneira muito tight no começo do torneio, aplicando muitas cbets etc. Além disso, podemos, inclusive, analisar as estatísticas de nossos adversários, procurando fraquezas as quais possamos explorar.

Atualmente, considero um erro abdicar desses programas. Eles estão cada vez mais complexos, funcionais e com o custo baixo, comparado com os seus benefícios. Para jogadores que jogam em limites mais baixos (micros), há versões ainda mais baratas. Lembre-se, é importante manter-se atualizado sobre o uso de tais ferramentas e do papel fundamental que elas desempenham no desenvolvimento do jogador.

Fábio Eiji @fabioeiji binhoeiji@yahoo.com.br

Fábio Eiji já ganhou mais de R$ 3 milhões de reais em prêmios jogando online. Ele possui títulos e mesas finais nas principais séries e torneios regulares do PokerStars.

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Jogue poker de graça. Este não é um site de apostas. Apenas para maiores de 18 anos. Este é um concurso desportivo e recreativo.


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O Primeiro Grande Titulo de Por Julio Rodriguez Tradução e adaptação: Marcelo Souza

A última vez que Chris Moorman estampou a capa da Card Player Brasil foi em maio de 2012. Naquela época, ele se tornou o primeiro jogador a terminar no top 10 de ambos os rankings de Jogador do Ano da Card Player, online e ao vivo. Desde então, o jogador do Reino Unido continuou a dominar no poker online. Em setembro de 2013, ele se tornou o primeiro profissional a ultrapassar a marca de US$ 10 milhões em ganhos na internet, quase US$ 3 milhões a mais que o segundo colocado. No entanto, faltava alguma coisa no currículo vitorioso de Moorman. Aos 28 anos, ele já havia conseguido um 2º lugar no Main Event da World Series of Poker Europe (WSOPE) de 2011 e outras três mesas finais na WSOP. Ele também foi finalista no Aussie Millions e no European Poker Tour (EPT), mas a tão sonhada vitória insistia em escapar pelos seus dedos.

Em 2012, Moorman reafirmou que não estava preocupado com as traves. “Eu já tinha me acostumado a terminar em segundo”, conta em tom de brincadeira. “Na verdade, era frustrante, mas eu mantinha as coisas em perspectiva. Poker não é como o tênis, em que você tem um prazo de validade curto. Não é como se eu perdesse Wimbledon. Eu planejo jogar pelas próximas cinco décadas, então eu teria muitas oportunidades. Era só uma questão de tempo”. Mas ele não teve que esperar tanto. No último mês de março, Moorman superou um field de 534 jogadores no evento principal de US$ 10.000 do World Poker Tour L.A. Poker Classic (LAPC). Além do troféu e do prêmio de US$ 1 milhão, o alívio de tirar um incômodo peso de suas costas. O britânico agora tem quase US$ 4 milhões em ganhos, apenas em torneios ao vivo, e está entre os cinco melhores na corrida pelo Jogador do Ano da Card Player.


Julio Rodriguez: Em fevereiro de 2014, você destruiu no online. Foram mais de 200 ITMs e cerca de US$ 300.000 em prêmios. Como você se mantém no topo em meio a tanta variância? Chris Moorman: Quando eu planejo jogar um mês de modo intenso, tento tratar cada sessão de maneira individual. Obviamente é impossível não deixar que o seus resultados recentes influenciem no seu humor ou na sua confiança para o futuro, mas eu tento retirar isso do meu plano de jogo tanto quanto posso. Só porque estou em uma boa sequência de vitórias, eu não acredito que a minha próxima sessão também será vitoriosa, e vice-versa. Desde que você mantenha o seu foco, sair de uma fase ruim é um processo natural.

JR: Quando você está jogando online, qual é a sua rotina, sua agenda, seu volume de jogo? CM: Meu jogo online mudou muito nos últimos anos. Quando comecei no poker, costumava jogar seis ou sete dias na semana. Minha vida era em função do jogo. Hoje, tenho mais equilíbrio e jogo quatro vezes por semana. No entanto, ainda sou capaz de manter o mesmo volume de antes. Devido ao meu foco, sou capaz de jogar sessões muito mais longas do que antigamente. No momento, evito jogar online da Europa. Os horários para “grindar” por lá são desgastantes e não me permitem ter uma vida social saudável.



JR: Em que você mais teve que trabalhar na sua transição do online para o ao vivo? Qual é o seu maior orgulho, quando falamos de suas habilidades de ser um jogador de elite em ambas as esferas? CM: Levou um tempo para eu fazer a transição completa do online para o ao vivo. Acredito que uma das principais diferenças é como o jogo é decidido. Acredito que, ao vivo, suas decisões estão muito mais ligadas ao pós-flop, especialmente nos turns e nos rivers. Já no online, a dinâmica está predominantemente no pré-flop. Isso tem uma explicação simples: jogamos com stacks bem maiores ao vivo. Outra grande diferença é o psicológico. A chave para jogar ao vivo é paciência. Por exemplo, no LAPC, eu joguei por seis dias, cerca de oito horas diárias. Em média, são apenas 25 mãos por hora. Isso significa que você tem muito tempo para se distrair com outras coisas. Outro detalhe, se você cometer um erro ou entrar em tilt, é muito difícil se recompor e voltar aos eixos. JR: Como você se concentra em um único evento, como o LAPC, sendo que você poderia estar jogando dezenas de torneios online enquanto está sentado lá? CM: É algo difícil e que você nunca fará com perfeição. Obviamente, isso varia de quanto tempo o torneio leva.


O LAPC em questão foi mais tranquilo. Eles não tinham dinner breaks (intervalos para a janta). Essas pausas são complicados, pois você tem que recuperar o seu foco depois de ficar muito tempo parado. Além disso, é possível que você coma demais e fique cansado pelo resto do torneio. Quando sei quantos níveis jogaremos e a que horas começa e termina o torneio, tudo fica mais fácil. JR: Quais são os maiores erros que você vê os jogadores cometendo nos torneios? CM: Há alguns erros que vejo as pessoas cometerem com frequência nas mesas. Um dos maiores é dar call no flop, fora de posição, contra um bom jogador, com muitas mãos e que dificilmente melhorarão. Um exemplo é defender o big blind com 4-4 contra um raise do UTG e então dar check-call no flop 9-6-6. Apesar de provavelmente você ter o melhor jogo, é muito difícil ir para o showdown com a sua mão contra um bom e agressivo jogador. Na maioria das vezes, você ainda terá que enfrentar mais uma ou duas apostas quando overcards aparecerem no bordo. Isso colocará você em uma situação de adivinhação.

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Em torneios, o que interessa, financeiramente falando, está nos três primeiros lugares. Então, saber jogar a fase final é essencial para maximizar os seus lucros.” Sem falar na possibilidade de o bordo parear novamente e seu par de mão não valer mais nada. Contra ranges relativamente fortes, prefiro jogar esses tipos de mão apenas para acertar a minha trinca. Outros erros: jogadores com poucas fichas pagando raises pré-flop com mãos especulativas e abrindo raises pequenos — e com muitas mãos — em guerra de blinds. JR: O que é necessário para ser um jogador forte em retas finais de torneios? Como você desenvolveu isso no seu jogo? E o que os iniciantes devem fazer ao chegarem nesse estágio? CM: Saber jogar as retas finais é um dos pontos fortes do meu jogo. Em torneios, o que interessa, financeiramente falando, está nos três primeiros lugares. Então, saber jogar a fase final é essencial para maximizar os seus lucros. Basicamente, o que me levou ao patamar que estou hoje

foi a experiência de jogar centenas de mesas durante todos esses anos. Uma das coisas que aprendi, quando há shorts na mesa, é colocar pressão nos stacks menores do que o meu. É natural que eles desejem que os jogadores com stacks curtos sejam eliminados e a faixa de premiação seja alterada. E é preciso lembrar-se de que quando estamos em uma mesa com seis jogadores ou menos, a força relativa das mãos muda e jogar agressivamente para a vitória é a base. JR: Você acha que é possível entrar no poker agora, depois desse boom do poker online, e ainda ser lucrativo? CM: Hoje, os jogos são bem mais difíceis, mas ainda é possível. Desde que você tenha um psicológico bem preparado e trabalhe com ética, o céu é o limite. A habilidade natural pode lhe ajudar em algum ponto, mas não é essencial. Eu atribuo minha ascensão ao topo mais à minha ética dentro no jogo do que a qualquer outra coisa.

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JR: Você tem trabalhado em um livro, que será lançado ainda neste ano. O que o Moorman’s Book of Poker [ainda sem tradução em português] irá ensinar ao mundo? O que os leitores terão de conteúdo que eles nunca leram em nenhum outro livro de poker? CM: Há alguns meses, eu fiz uma promoção em que analisava alguns históricos de mãos. Foi um sucesso. Isso me inspirou a escrever um livro nesse formato, em que eu analiso as jogadas de grinders de limites médios, e mostro o que eles estão fazendo errado e o que poderiam fazer para melhorar. Isso é algo que nunca foi feito antes.

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JR: Quais jogadores mais impressionam você e por quê? CM: Vanessa Selbst é alguém que me impressiona muito. Até há pouco tempo, eu não havia tido a oportunidade de conversar o bastante com ela sobre estratégia. Quando analiso uma mão, considero a maioria das possibilidades, mas quando conversei com ela sobre algumas situações específicas, ela me sugeriu algumas coisas que eu nunca tinha pensado antes. JR: Você alcançou muito sucesso na sua carreira, não apenas finan-

ceiramente. Você se preocupa mais com o prestígio ou com dinheiro? CM: Muitas pessoas jogam pelo dinheiro, mas eu estou mais interessado em construir um legado de conquistas. Eu me motivo tentando aprimorar meu jogo constantemente e jogando o melhor possível. Óbvio que o dinheiro é importante, mas se você faz o seu melhor e trabalha constantemente para evoluir, o dinheiro será consequência. Talvez, quando eu aprender a dirigir, eu me preocupe com os prêmios que pagam para os primeiros lugares e com qual carro poderei comprar (risos).



MOORMAN ESCAPA DA ELIMINAcaO NO L A POKER CLASSIC

2

K

2

Glenn Lafaye

Chris Moorman

2

Q

2

7

River:

Q

Q

7

9

Turn:

Q

Flop:

9

Blinds: 60.000-120.000 • Ante: 20.000

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K

K

K

Michael Rocco

2

2


Restando apenas três jogadores, com os blinds em 60.000-120.000 e ante de 20.000, Chris Moorman era o segundo em fichas com 5.765.000 em seu stack. Michael Rocco (2.280.000) era o short, e Glenn Lafaye (7.975.000) tinha a liderança. No button, Lafaye aumentou para 250.000. Rocco deu fold do small blind, e Chris Moorman reaumentou para 620.000. Lafaye pensou por quase 30 segundos e pagou. O flop veio 9♠7♥2♠. Moorman apostou 515.000, e Lafaye reaumentou para 1.325.000. Moorman pensou por quase um minuto e pagou. O turn foi uma Q♦ e ambos pediram mesa. O river foi uma Q♠. Moorman apostou 1.325.000, Lafaye pensou por quase três minutos e acabou dando call. Moorman tinha K♠K♣, mas Lafaye apresentou 2♦2♥, um full, que lhe deu a liderança maciça e reduziu o stack de Moorman a 2.475.000 fichas. Analisando a mão, Moorman fica aliviado por não ter sido eliminado: “A mão contra o Glenn foi bastante interessante. Baseado no ICM (Independent Chip Model), era complicado ir de all-in naquele momento. Glenn tinha mais fichas do que eu, e Michael Rocco tinha apenas 19 big blinds. Assim, com uma trinca, acredito que era melhor para ele apenas pagar no flop, pois, a menos que eu

tivesse uma mão muito forte, seria difícil que eu respondesse ao seu raise. Quando ele aumentou no flop, decidi apenas pagar. Um reraise para pagar um possível all-in também seria bom. Quando a Dama aparece no turn, se o Glenn tivesse apostado, eu realmente teria empurrado all-in, já que o pote estava muito grande. Então, o check dele acabou salvando meu torneio naquela ocasião. Apesar do check no turn ser uma jogada astuta, que esconde bem a mão dele, eu apostaria para tentar maximizar meu valor. No river, quando a outra Dama aparece, eu tinha 95% de certeza que a melhor mão era a minha. Imaginei que só estaria perdendo para algo como K-Q ou J-Q. Glenn pensou por muito tempo até pagar. Obviamente, ele estava considerando ir all-in, o que seria a melhor jogada, já que eram poucas as mãos do meu range que poderiam vencê-lo. Na verdade, Par de Noves ou de Damas eram as únicas. Com 7-7, eu daria apenas call pré-flop. Mas se ele empurrasse all-in, eu não sei se daria call. Apesar de ele representar pouquíssimas mãos de valor, justamente por isso, seria um blefe ridículo”.

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TABLE Por Craig Tapscott

Tradução e adaptação: Marcelo Souza

Grandes campeões analisam mãos chaves que lhes levaram a vitórias nos principais torneios do mundo, seja na internet ou ao vivo.

JUSTIN BONOMO E ALGUMAS ESTRATÉGIAS DINÂMICAS DO POKER: TEXTURA DO BORDO, SAIR APOSTANDO NO RIVER E BALANCEAR O RANGE — PARTE I Justin Bonomo vem jogando profissionalmente há mais de dez anos. Em 2012, ele venceu o EPT Grand Final Monte Carlo No-Limit Hold’em Super High Roller 8-Max e embolsou US$ 2.167.000. Ele é um dos jogadores mais temidos do circuito ao vivo, seja em torneios (MTTs) ou em high-stakes cash game. Seus ganhos combinados (live e online), apenas em MTTs, já ultrapassaram a barreira dos 7,5 milhões de dólares.

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Evento

2013 Seminole Hard Rock Poker Open

Jogadores

2.384

Buy-in

US$ 5.300

Primeiro Prêmio

US$ 1.745.245

Colocação


Mão #1 9

K

9

Blair Hinkle 24.000,000 4

2

8

2

4

6

8

6

J

K

K

Justin Bonomo 18.000,000

8

8

J

K

Mão #1 - Blinds: 75,000-150,000 • Antes: 25,000 Número de jogadores na mesa: 6

Conceitos-chave: Tamanho de aposta, textura do bordo, sair apostando no river e balanceamento de range. Craig Tapscott: Por que você escolheu as mãos em questão para a nossa análise?

assim como a maioria dos profissionais de torneios. As apostas dele são pequenas, então não preciso ficar preocupado em quebrar. Essa é uma boa notícia para mim, já que ele não deve me pressionar demais, mesmo sendo o chip leader e tendo posição.

Justin Bonomo: Bem, elas ilustram falhas muito comuns no jogo de vários profissionais. Em ambas, dei check-call no turn, mas a carta do river mudou completamente a textura do bordo. Nessas situações é importante ter um range com o qual você sai apostando no river. Nesta primeira mão, a dinâmica está no tamanho dos stacks. Blair e eu temos dois grandes stacks, mas ele teve sorte ao ficar na minha esquerda.

Com J♥9♥, Bonomo aumenta do UTG para 300.000.

CT: O que você sabe sobre o jogo do Blair? JB: No geral, ele é um grande jogador,

Do meio da mesa, Blair reaumenta para 750.000.

CT: Em que você está pensando quando abre um raise do UTG com esse tipo de mão? JB: Não é sempre que você deve fazer isso com J-9 suited dessa posição. No entanto, aqui nós temos 100 big blinds e quatro pessoas esperando alguém quebrar. Dito isso, esse é um raise obrigatório.

CT: E então? JB: A 3-bet de Blair não é uma surpresa, apesar de eu achar que o tamanho da aposta dele é um erro. Nós temos cerca de 120 bbs, então uma 3-bet apropriada seria de três vezes o meu raise ou maior. Do jeito que ele jogou, vou continuar na mão com 100% do meu range. Ele está me dando odds de 3-para-1. Blair é um grande jogador e que gosta de aplicar 3-bets e jogar em posição, então há muitos blefes em seu range. Obviamente, ele pode estar segurando um monstro, mas ele faz esse tipo de jogada com tanta frequência que estou disposto a aproveitar minhas odds e jogar pós-flop. Para que você possa “recusar” odds de 3-para-1, seu range de call tem que estar constantemente atrás do range de 3-bet do seu adversário, e não há mãos no meu range de abertura do UTG que se encaixem nessa descrição contra um oponente como Blair.

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JB: Um flush draw. Ótimo!

fortes/nuts/polarizadas do que eu tenho. Então, raramente, serei o agressor nesse tipo de situação.

Bonomo pede mesa.

Turn: 2♠ (pote: 2.925.000)

JB: A maioria dos jogadores pediria mesa aqui, mas é importante entender por quê. Em situações como essa, o adversário que aplicou a 3-bet tem um range mais forte e também mais polarizado, então ele irá apostar com uma frequência alta. No geral, se alguém está propenso a apostar, você deve pedir mesa com todo o seu range e deixar que ele coloque fichas no pote.

Bonomo pede mesa. Blair atira 1.500.000.

Flop: K♣6♥4♥ (pote: 1.875.000)

Blair aposta 525.000. Bonomo paga. CT: O que você pensa sobre o tamanho dessa aposta? JB: Esse é um bordo seco e Blair não pode puxar o pote com uma c-bet (continuation bet) pequena. Minha opinião é de que esta c-bet deveria ser um pouco maior, mas isso não é nada de mais. CT: Você pensou em aumentar? JB: Acredito que é melhor apenas pagar com a maior parte do meu range. Mãos como K-J são fracas para dar raise por valor, então não tenho mãos de valor o bastante para balancear com o meu amplo range de blefe. Blair ainda tem mais mãos

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CT: Blair apostou metade do pote. Isso é bom ou ruim, levando em consideração seu range? JB: Esse é um erro grosseiro que muitos jogadores de torneios cometem. Há muitas mãos com as quais dou call aqui, mas que eu daria fold frente a uma aposta maior: flush draws, pares com combinações de gutshot e mesmo apenas um par fraco, como 7-7 ou A-6 suited. Mas você pode argumentar que se Blair tem um Rei ou algo melhor, ele quer ação. No entanto, é preciso pensar que já há muitas fichas no pote. Se eu puder dar call nessa aposta pequena, tendo odds de 3-para1, com seis ou mais outs, a mão poderá não ter um desfecho interessante para Blair. Seria melhor apostar forte e fazer esses tipos de draws pagarem caro para ver a próxima carta. Claro que ele tem muitas mãos em seu range que não querem ação e apostar forte pode ser a diferença entre ganhar e perder o pote. De qualquer maneira, no “mundo dos torneios”, uma aposta de metade do pote tornou-se largamente aceita como uma aposta forte, e todos os adversários dão fold sem questionar. A verdade é que estamos com 120 bbs e

apostar metade do pote não irá maximizar o valor que Blair deveria ter com o seu range. CT: E contra a sua mão específica? JB: Minha mão é bem marginal, então, eu certamente não daria call em uma aposta grande. Eu tenho odds de 3-para-1, e as chances de acertar o flush são de 4-para-1. Eu paguei porque, se ele estiver blefando, um Nove ou Valete podem ser boas cartas para mim também. É até mesmo possível que ele tenha algo com 8-7 suited e minha mão possa ganhar (improvável) um showdown no river. E, claro, se eu acertar o flush, posso extrair algum valor dele. River: 8♥ (pote : 5.925.000) CT: Você já tinha um plano para o caso de acertar o flush? JB: Sim. No turn, eu já estava imaginando sobre o que ele pensaria se eu saísse apostando. Uma aposta por valor só será bem-sucedida se o seu oponente acreditar que você tem a pior mão. Em situações como essas, vários jogadores cometem o erro de pensar, “ele apostou no turn e é o agressor, então vou pedir mesa e deixar que ele termine o serviço”. Na verdade, a carta no river é scary (ruim, que pode acertar a mão dos envolvidos). Óbvio que Blair pode ter um flush ou tentar representar um, sem ter absolutamente nada, mas ele também pedirá mesa com algumas mãos de valor, como Reis marginais, que ele certamente apostaria se o Oito não fosse de copas.


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CT: Esta é uma grande situação para demonstrar a “polarização de ranges”. JB: Sim. Você sempre estará em vantagem em qualquer situação que você conseguir polarizar o seu range e colocar o seu adversário para tomar uma decisão difícil por muitas fichas. Aqui não é diferente: eu sempre vou sair apostando com todos os meus flushes e também transformar as minhas piores mãos em blefe (6-5 e 8-7, por exemplo). Algumas pessoas não gostam de transformar mãos com valor de showdown em blefes, mas é importante saber qual é o bottom do meu range, ou seja, as piores mãos que eu posso ter. Essas serão as mãos que blefarei. Devo sempre ter blefes no meu range, caso contrário, nunca serei pago. Bonomo aposta 4.700.000 CT: É um valor muito estranho para uma aposta por valor, certo? JB: Muitas pessoas podem considerar isso uma aposta grande. Não eu. Eu aposto 80% do pote e não há razão para eu apostar menos, já que meu range está tão polarizado. Na verdade, a mão que seguro é uma das piores que eu posso ter no meu range de valor. Aqui a maioria das minhas apostas por valor será com o nuts. Afinal, eu tenho qualquer combinação de A♥X♥ no meu range, exceto A♥K♥, já que com essa mão eu teria dado raise em algum momento, embora não seja necessário. CT: Não há a possibilidade de Blair ter um flush maior e aplicar um reraise?

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JB: Bem, é muito difícil para Blair dar raise contra o range que estou representando, então eu posso apostar forte com relativa segurança. Acho que uma aposta maior do que 4.700.000 também seria bom, mas eu reservo isso para as minhas mãos que tenham um A♥, estando nuts ou blefando. Blair pensa por bastante tempo, mas abandona a mão. Bonomo leva o pote de 5.925.000. JB: Acho que as causas principais para ele ter dado fold são: 1) Estávamos no começo da disputa da mesa final. 2) Eu ainda não havia mostrado o quão propenso eu estava a blefar. A verdade é que você pode dar fold tranquilamente contra maioria dos jogadores nessa situação, contudo, gosto de pensar que eu blefo o bastante para não ser enquadrado nessa categoria. CT: Alguns minutos depois, você descobriu o que Blair tinha, certo? JB: Sim. Havia uma transmissão com 30 minutos de atraso para quem quisesse assistir. Ele tinha K♦8♦. Mesmo que todos os jogadores tenham ficado sabendo o que eu tinha na mão, eles também viram alguns blefes meus em situações parecidas com essa. Todas essas mãos foram determinantes para o desenrolar da Parte II desta coluna.


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BETMOTION FECHA PARCERIA COM CASINO CARRASCO E CIRCUITO URUGUAIO DE POKER Nos dias 3 e 4 de Outubro aconteceu em Montevideo, no Uruguai, o primeiro Torneio Montevideo Premium Poker – Casino Carrasco, que teve a participação de 113 jogadores e uma premiação que chegou a US$76.000.

Betmotion.com recomenda o Sofitel Montevideo Casino Carrasco & Spa como a melhor opção para se hospedar, se divertir e relaxar no Uruguai. Conheça mais em: www.casinocarrasco.com.uy


O palco desse torneio foi o elegante e refinado Hotel Sofitel - Casino Carrasco, uma luxuosa construção inaugurada em 1921, que depois de restaurada se tornou um dos mais luxuosos hotéis 5 estrelas de toda América Latina. O hotel conta com 116 luxuosos e confortáveis quartos, além de um restaurante de nível internacional e um suntuoso Spa. O torneio contou com uma série de satélites ao vivo, dentro do próprio Casino Carrasco, e satélites online disponíveis durante três semanas dentro do Betmotion Poker.

Essa primeira edição do Montevideo Premium Poker foi um sucesso. A classificação final ficou da seguinte forma: Campeão 2º colocado 3º colocado 4º colocado 5º colocado 6º colocado 7º colocado 8º colocado 9º colocado 10º colocado 11º colocado

Joaquín Walter Jorge Onetto Jorge Iraldi Daniel Campodónico Ismael Arroy Aleksandronch Gonbachenko Yury Kerzhapkin Daniel Tashiro Mario Goyena Julio Arocena Joaquín Melogno

US$24.450 US$12.100 US$7.500 US$6.000 US$5.000 US$4.000 US$3.000 US$2.400 US$2.000 US$1.400 US$1.000

Pablo Beson e Germán Barbé, os diretores do CUP (Circuito Uruguaio de Poker) e da Revista Mundo Poker, comemoram o sucesso do torneio, e mais que isso, brindam à parceria entre a entidade e o Betmotion Poker. O Circuito Uruguaio de Poker está se encerrando em 2014 de uma forma muito exitosa, o circuito corre o país, dando a oportunidade de divulgar nosso esporte e, ainda por cima, fortalecer o Poker dentro do Uruguai, coroando ao final da série nosso campeão nacional”, diz Pablo Beson.

“A parceria atual com o Casino Carrasco e o Betmotion é a certeza de que o trabalho está sendo feito de forma profissional e alcançando patamares nunca antes alcançados”, complementa Germán Barbé.

Pablo Besón (diretor do CUP), Leonardo Baptista (COO e Sócio Betmotion.com) e Germán Barbé (diretor do CUP).


ALRLOUNDED SUR e por Khatlen Mitzi Gus

O K hatlen Mitzi Guse @KhatyRS barbarellapoker.com

Khatlen Mitzi Guse é uma generalista autoproclamada. A cofundadora do Barbarella Poker é uma típica gaúcha que adora falar sobre tudo.Isso inclui poker, economia, moda e, claro, o esquema tático do Internacional.

s fones de ouvido são um dos acessórios mais utilizados e cultuados no poker. Eles combinam as funções de isolamento, entretenimento e estilo — tudo em um único aparelho. E existem opções para todos os bolsos e ouvidos: pretos, metálicos, coloridos, grandes, pequenos, divertidos, modernos, intra ou supra-auriculares e por aí vai. Nos torneios de poker ao vivo, em que muitos conversam sem parar, os fones de ouvido tornam-se fundamentais àqueles que precisam de concentração para desenvolver o seu melhor jogo. As marcas mais badaladas vêm com a função noise cancelling, que é capaz de eliminar os ruídos do ambiente externo, o que lhe proporciona ouvir a sua playlist favorita sem aumentar demais o volu-

me — seus ouvidos agradecem. O cancelamento de ruído, através dessa função, pode ser utilizado se você não desejar som algum, nem mesmo a música. Acione-a e você terá um ambiente perfeito e silencioso, mas não se preocupe, as informações importantes, que são faladas claramente, serão ouvidas, como os anúncios do dealer, por exemplo. Quando o assunto é poker online, os fones de ouvido também são uma ótima pedida para os jogadores. Permitem, além da concentração, a opção de ouvir sua música preferida sozinho e de “criar” seu mundo a parte, seja em casa ou em qualquer outro lugar — além, é claro, de poupar terceiros dos incessantes alertas das mesas online. Para falar mais sobre o assunto, dois especialistas:


Guilherme Cheveau Guilherme “VinceVegaMFR” Cheveau tem 24 anos e é um dos principais jogadores online do Brasil. Formado pelo Steal Team, ele já ganhou mais de US$ 1.000.000 apenas no PokerStars. Em 2011, ele cravou uma etapa do Campeonato Paulista de Hold’em (CPH), um dos estaduais mais disputados do País.

Para Guilherme Cheveau, os fones de ouvido são essenciais em sua rotina. Ao vivo, ele usa dois modelos, seu preferido é o P5 da Bowers & Wilkins. Além de durável e resistente, o aparelho oferece um ajuste de som notável e o máximo conforto para o uso prolongado. A fita da cabeça e as almofadas são feitas com couro de ovelha da Nova Zelândia. O preço médio é R$ 1.199. Sua segunda opção é o modelo SHL5001 da Philips, mais simples, mas que desempenha bem a função, “além da cor e design que agradam muito”, revela. O custo médio é R$ 150. Quando o assunto é online, Cheveau confessa que não controla o “tilt”. Por causa disso, seu consumo de fones de ouvido é elevado, podendo chegar a três em apenas um mês. Para não estressar o bolso, ele opta pelo C3 Tech Voicer Confort MI-2260, que custa em média R$ 25. “Eu sou meio tiltado. Vivia comprando fones de R$ 100 a R$ 200 para jogar em casa, mas sempre os quebrava no tilt. Aí percebi o quanto gastava com isso. Então comecei a adquirir fones mais baratos para grindar online. Ao vivo, quando ‘tilto’, não tem esse problema, então posso usar os mais legais. Em casa, quando me irrito, preciso descontar a raiva em alguma coisa, então, geralmente, sobra para o fone”.

Fone P5 - Bowers & Wilkins

Preço Médio: R$ 1.199 Fone Philips - SHL5001

Preço Médio: R$ 150 C3 Tech Voicer Confort - MI-2260

Preço Médio: R$ 25


Rodrigo Kost Rodrigo Kost foi profissional de cash games por mais de seis anos. Atualmente, ele se dedica à carreira de DJ e toca nos clubes mais badalados do Brasil, como o Green Valley, em Balneário Camboriú, que lidera a lista dos “Top 100 Clubs” da revista britânica DJ Mag.

Suas duas paixões, o poker e a música eletrônica o fizeram um grande conhecedor e apreciador de fones de ouvido. Para quem quiser investir um valor um pouco mais alto no acessório, sua dicas são ideais. “Para quem joga poker, eu indicaria três modelos, devido à alta qualidade sonora, conforto, durabilidade e, principalmente, o noise cancelling: o Quietcomfort 15 da Bose, o Beats Studio by Dr. Dre e o Sennheiser PXC 450”. Os três fones têm o preço médio de R$ 1.800 aqui no Brasil. Já o fone preferido de Rodrigo para tocar nos clubes, também da marca Beats, é Mixr Black - Beats by Dr. Dre, preço médio R$ 1.700, mas o seu sonho de consumo é outro: “Uma série limitada e caríssima, totalmente fora dos planos (risos), o Orpheus HE90 da Sennheiser. São apenas 300 unidades fabricadas em todo o mundo”, conta. Grandes ou pequenos, caros ou baratos, os fones de ouvido já são objetos inerentes ao poker. Não importa por qual motivo — para se parecer com o seu ídolo, para se concentrar ou simplesmente por estilo —, se você for a um torneio de poker, eles estarão em todos os cantos, ou melhor, em todas as mesas.

Quietcomfort 15 - Bose

Preço Médio: R$ 1.800 Sennheiser PXC 450

Preço Médio: R$ 1.800 Mixr Black - Beats by Dr. Dre

Preço Médio: R$1.199 60

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DANIEL NEGREANU POWER HOLD’EM


THE BOOK IS ON THE TABLE

Nesta edição, estreia na Card Player Brasil a seção The Book Is On The Table. Todo mês vamos trazer trechos de livros lançados em português pela Raise Editora. O primeiro é do maior embaixador do poker mundial: Daniel Negreanu. Negreanu ficou famoso por adotar um estilo diferente, mas lucrativo. Utilizando a técnica Small Ball, ele se destacou entre os grandes jogadores de torneios do mundo. No Power Hold’em, o profissional do PokerStars explica, com detalhes, os conceitos por de trás dessa estratégia. O livro ainda tem a coautoria de Evelyn Ng, Todd Brunson, Erick Lindgren, Paul Wasicka e David Willians, que abordam outras diversas estratégias para cash games, torneios e poker online.

RACIOCÍNIO SMALL BALL (p. 313) Esse é o erro número um. Geralmente, se você tomou reraise três vezes seguidas, e então um jogador dá reraise contra você depois disso, é ainda mais provável que ele tenha uma mão forte. Pagar um reraise com A-J já é uma jogada ruim, mas, neste caso, é ainda pior. De qualquer maneira, agora você vai ver o flop, que vem J♥ Q♣ 4♥. VOCÊ

J

Q

4

Q

A

J

4

A

SMALL BLIND

J J

De vez em quando você vai ser blefado. Se não, você simplesmente não está jogando tão bem assim! O objetivo com a abordagem small ball é procurar por oportunidades com um percentual alto de sucesso para jogar potes grandes, e evitar jogar potes grandes que requeiram muitas suposições. Embora esta abordagem possa parecer facilmente explorável, não é esse o caso. Jogadores frequentemente tentarão usar uma contraestratégia: eles tentarão forçá-lo a jogar potes grandes apostando muito mais do que o valor do pote. Com esta estratégia, entretanto, seu oponente está arriscando uma porcentagem mais alta das suas fichas nos seus blefes. E quando você tem uma mão forte, ele dará ação extra com suas overbets. Eu não posso enfatizar o bastante quanto é importante manter o seu plano de jogo quando jogar small ball. Você passará por períodos nos quais tomará raise muitas vezes seguidas - não ceda! Tenha fé no sistema. Uma boa oportunidade normalmente se apresentará. Tenho visto diversos jogadores muito bons quebrarem depois de tomarem um reraise e serem intimidados por algumas mãos seguidas. Eventualmente, o mais jovem fica farto disso tudo, faz uma jogada no pote errado, e termina indo em direção à placa de saída. Deixe-me ilustrar uma situação onde isso poderia acontecer com você. Com os blinds em 100/200, você aumenta para 500 com A-J. O small blind dá reraise para 2.000. Esta é a quarta mão seguida que você toma um reraise antes do flop! Frustrado, você paga.

FLOP

Seu oponente hesita e finalmente dá check. Você decide apostar 3.000 com par de valetes, e o oponente vai all-in por mais 7.000. Está muito claro que você deveria dar fold, mas se você permite que a sua mente engane-o, vai se encontrar procurando por qualquer desculpa para acreditar que seu oponente está blefando. Então, você paga somente para descobrir que estava sem chances


quando o seu oponente vira Q-Q. Oops! Um “oops” que poderia ser evitado se você tivesse mantido o seu plano de jogo antes e depois do flop. Eis aqui provavelmente o melhor conselho que eu poderia dar a você quando se trata de torneios de poker no-limit hold’em: as pessoas blefam muito menos do que você acredita que elas fazem. Profissionais ganham porque eles jogam potes grandes com a melhor mão, não por usarem estratégias superavançadas de blefe. Profissionais vencem simplesmente pelo fato de que você não acredita neles. Para cultivar essa imagem “agressiva”, um profissional pode escolher jogar muitas mãos, dando a impressão que está fazendo muitos blefes agressivos. Olhe um pouco mais de perto. Naturalmente, o profissional pode dar raise em milhares de mãos antes do flop, mas repare o que acontece quando muito dinheiro vai para o pote depois do flop. Veja os tipos de mãos que ele virará quando tudo está em jogo. Uma coisa que você pode ter certeza é que, geralmente, você verá uma mão premium, não alguma mão aleatória sem chances de melhorar. Eles blefarão com mãos com quedas, mas raramente você verá um profissional colocar todo o seu dinheiro em um flop A♥K♦4♣ com uma mão como 8-9 do mesmo naipe! Esses tipos de jogadas são para os jogadores amadores. Se um profissional coloca todo o seu dinheiro nesse tipo de flop, espere para vê-lo mostrar pelo menos ases e reis. Para se tornar um profissional de ponta, há uma variável essencial para o sucesso que não pode realmente ser aprendida: disciplina. Disciplina se torna ainda mais importante se você escolher aplicar a estratégia small ball. Jogar small ball é uma faca de dois gumes. Você criará mais ação para si mesmo e terá as suas mãos premium pagas mais regularmente, mas, ao mesmo tempo, você também convida as pessoas a blefarem mais frequentemente. À medida que você melhora como jogador, dará as boas vindas àqueles blefes fracos que você se tornou mais hábil a descobrir. Ao mesmo tempo, esteja contente em deixar um pote ou outro ir para um oponente que esteja blefando. Se ele continuar com isso, você será capaz de montar uma armadilha por um pote muito maior no futuro.

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TÍTULO: Power Hold’em (Power Hold’em Strategy) AUTOR: Daniel Negreanu NÚMERO DE PÁGINAS: 442 PREÇO: R$ 95,00 DISPONÍVEL EM: www.raiseeditora.com


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DUELO de GIGANTES por Felipe Mojave

N

Felipe Mojave @FelipeMojave felipemojave.com

Felipe Mojave é um dos principais jogadores brasileiros da atualidade, especialista em mixed games, profissional do Lock Poker e membro do My Poker Squad.

esta edição, vocês vão conferir um artigo avançado que trata de uma mão jogada entre dois profissionais no terceiro nível de blinds do Main Event da World Series of Poker 2013. A mão em questão foi disputada por Paul Volpe, atual número um do ranking Global Poker Index (GPI) – ou seja, o melhor jogador de torneios da atualidade –, e eu. Paul tem 150 big blinds, e eu, 100. Os blinds estão em 150-300, e ele abre do UTG para 725. Eu dou call no button, com 6♣5♣, e os blinds dão fold. O flop vem A♦5♦5♥, e ele faz um continuation bet de 800. Eu dou call. O turn é um K♣. Ele pensa um pouco e pede mesa. Eu aposto 1.300. Ele pensa por um bom tempo e paga. O river traz um 7♣, deixando o bordo: A♦5♦5♥K♣7♣. Paul pede mesa rapidamente, e eu aposto 4.000. Ele pergunta quantas fichas eu tenho para trás, e respondo, “cerca de 28.000”, e ele então aplica um check-raise para 12.700.

Sei que tenho uma mão bastante forte, mas agora é a hora de analisar todos os detalhes da jogada. Em um primeiro momento, se eu pensar que ele está blefando, a jogada tem os seguintes panoramas para mim: 1. Ele sabe que, em um bordo daquele, em que ele irá aplicar uma continuation bet na maioria das vezes, eu também darei o float tanto quanto. 2. Ele pode querer me fazer dar fold em um Ás que estaria dividindo o pote na maioria das vezes – dois pares com Rei de kicker. Do ponto de vista nº 1, ele estará blefando muitas vezes, já que o meu range é bastante restrito. Dificilmente, nessa fase do torneio, eu não aplicaria uma 3-bet com A-A, K-K ou A-K do BTN. Portanto, ele acredita que eu nunca tenha uma mão grande, ali, naquele bordo. Já no segundo caso, ele sabe que mãos como A-Q, A-J e A-10 vão aplicar uma value bet no river com frequência, e são justamen-

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te essas mãos que se enquadram mais no meu range, e que provavelmente desistirão para o check-raise no river. Agora, vamos analisar outros pontos: A) Qual seria o range de valor do meu oponente? A-A, K-K e A-K. Quais dessas mãos ele apostaria o flop? Bem, tanto para A-A e A-K, o bordo é bastante seguro, apesar do flush draw, pois está bem à frente do meu range. Já para o K-K, inclusive por uma questão de extração de valor, normalmente, a melhor linha seria o check no flop. B) Seguindo o racional da questão A, no turn, será que meu oponente daria check? Bom, salvo a exceção do float, a maioria das mãos com as quais eu dou call por valor no flop, eu também daria call no turn. Então, por que ele daria check e perderia esse potencial de alta extração de fichas? O mesmo raciocínio se aplica ao river. E é justamente por isso que eu tinha em mente que havia mais chances de ele estar em um blefe do que em uma armadilha. C) Outro ponto importante: se levarmos em conta apenas o seu range de valor, citado no item A, em 33% das vezes eu estarei ganhando, já que a minha trinca Cincos é melhor do que o A-K. Bem, depois dessa análise, eu tinha mais motivos para dar o call do que o fold.

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Infelizmente, meu oponente abriu K-K, para um full house no turn, e para levar um pote significativo na fase inicial do torneio. Por mais estranha que pareça a linha que ele adotou nessa jogada, ela foi extremamente efetiva e me fez pensar que eu estava caminhando para tomar a decisão certa. Inclusive, apostei 4.000 no river para tentar extrair um bom valor, já que normalmente eu apostaria menos. Cheguei a acreditar que essa aposta poderia até fazer com que o meu oponente considerasse que eu estivesse blefando (mais uma razão para que eu não desse fold diante do check-raise). Existem outros fatores que podemos considerar, mas os principais já estão descritos. Mesmo acreditando que, no geral, a linha do meu oponente não será muita efetiva, é preciso dar créditos à sua criatividades – não é por acaso que ele é atualmente o melhor jogador de torneios no mundo. A verdade é que ele desenhou uma jogada especial para um oponente que conhecia. Para tornar o artigo ainda mais interessante, convidei o meu amigo – e um dos melhores jogadores de poker da América Latina – Ariel Celestino, o “Ariel Bahia”, para fazer uma breve análise da jogada.


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ANÁLISE DA MÃO POR ARIEL BAHIA

No geral, o fold para o check-raise no river sempre será a melhor opção. Se fossem dois jogadores aleatórios, a resposta certa seria fold. Definitivamente, essa seria a ação mais lucrativa no longo prazo. Nessa mão específica, a situação é mais complicada por estarmos falando de dois grandes jogadores. O Vilão, Paul Volpe, sabe que o Mojave nunca estará no topo do range, pois o jogo está muito deepstack (mais de 100 BBs), e que o brasileiro sempre aplicaria uma 3-bet no BTN com A-A e K-K. Aí que entra a grande discussão da mão, na minha opinião: level (metagame) vs. early game (início do torneio). Você só começa a cogitar o call no raise quando você considera que o Vilão tem a capacidade de blefar bordos com tal textura, sabendo que a nossa mão não é tão forte. Acredito, sim, que o Volpe poderia blefar esse bordo, mas não nesse cenário. Não acho que ele botaria tantas fichas em um blefe logo no início do torneio. E mesmo que ele fizesse isso, acredito que o hero call terá uma expectativa negativa (-EV) no longo prazo.

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Bom, espero que vocês tenham curtido esse artigo. Nos últimos dias, recebi muitas mensagens de jogadores profissionais dizendo que praticamente não leem mais as minhas colunas devido ao conteúdo estar mais direcionado a jogadores de nível básico e intermediário. No entanto, a verdade é que estou sempre mesclando para agradar a todos os amigos que seguem a minha carreira e que gostam dos meus textos. Quaisquer dúvidas e sugestões, basta entrar em contato comigo pelo meu twitter ou site pessoal.


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