Card Player Brasil Digital - 11

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POKER

ESPORTE E ESTILO DE VIDA

o QUE É E COMO FUNCIONA UM TIME DE POKER

O poker em onze homens e um segredo

AMARILLO SLIM HISTÓRIAS DO MAIOR APOSTADOR DE TODOS OS TEMPOS






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SUMÁRIO

14. DIÓGENES MALAQUIAS POKER ESPORTE CLUBE Diógenes Malaquias apresenta a mais nova tendência do poker moderno: os times de poker.

20. ANDRÉ DEXX PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E ADAPTABILIDADE Dexx mostra a importância de elaborar e executar com perfeição uma estratégia ao sentar-se à mesa.

60. PEDRO NOGUEIRA SEM DESCANSO PARA O FABINHO DEZ-POR-CENTO Pedro Nogueira conta a divertida história do sujeito mais azarado do Paradiso.

74. CAIO PESSAGNO NOVA FASE Em seu segundo artigo, Caio Pessagno analisa o bom momento do poker brasileiro.

80. THIAGO DECANO BALANÇO E ANÁLISE Melhor brasileiro na WSOP 2012, Thiago Decano analisa sua jornada pela maior série de torneios de poker do mundo.

ESPECIAIS 28. A VOZ DO POKER BRASILEÑO Entrevista exclusiva com Victor Marques, o apresentador de poker mais querido do Brasil. 56. HISTÓRIAS DO MAIOR APOSTADOR DE TODOS OS TEMPOS Conheça Amarillo Slim, um dos primeiros campeões da World Series of Poker.

E MAIS 10. FICHAS NA TELA Onze Homens e Um Segredo 50. FELIPE MOJAVE Nem tudo que reluz é ouro 84. ACONTECEU EM UM TORNEIO Hansen vs. Mizzi 88. CARDPEDIA Caio Pimenta, um dos grandes ídolos do poker online


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PARA QUEM VIVE O POKER


fichas na tela

Momentos marcantes dos filmes de poker

A CENA Após sair da cadeia, Danny Ocean (George Clooney) planeja o roubo de sua vida: um cassino em Las Vegas. Para realizar a tarefa, ele precisará de uma equipe talentosa e diferente. Uma de suas prioridades, no recrutamento, é o amigo e companheiro Rusty Ryan (Brad Pitt). E qual o melhor lugar para encontrar Rusty senão em uma mesa de poker? – em um diálogo repleto de bom humor e ironia, diga-se de passagem.

Topher: Russ, temos mais um jogador... Se você não se importa. Sr. Ocean, posso perguntar qual a sua profissão?

Se conseguir vendê-las. (Quero uma carta). Mas você não consegue.

Ocean: Por que não poderia? (Duas cartas). Acabo de sair da prisão.

Rusty: Quando você lida com dinheiro, não precisa de um intermediário.

Josh: E por que estava preso? Ocean: Eu roubava coisas. Josh: Como... joias? Rusty: Máscaras matrimoniais incas. Seth: Isso dá dinheiro? Essas máscaras matrimoniais... Ocean: ...incas. Um pouco. Rusty: Não deixe ele te enganar, Seth. Dá muito dinheiro...

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Ocean: Meu intermediário parecia bem confiante. Ocean: Falta um pouco de visão a algumas pessoas. Rusty: Provavelmente a todas do Pavilhão E. Ocean: Aposto US$ 500. Rusty: Qual a primeira lição do poker? Barry: Hum... Nunca aposte em... Topher: Não. Deixe a emoção fora da mesa. Rusty: Isso mesmo. Lição de hoje: como anular um blefe. Se ele apostou tão forte, deve ter apenas um par alto.


assista ao trailer

Ocean’s Eleven – 11 Homens e Um Segredo (2001) Elenco: George Clooney, Brad Pitt, Matt Damon, Andy Garcia, Julia Roberts e Don Cheadle. Produtora: Warner Bros Direção: Steven Soderbergh

Josh: Estou nessa. Cubro os 5OO... e aposto mais 5OO. Rusty: É uma aposta alta. Tome cuidado, não o force demais. Nós queremos mantê-lo na coleira. Holly e Topher: Eu pago. Ocean: Pago seus 5OO... e aposto mais 2.000. Rusty: Pessoal, vocês podem fazer o que quiserem, mas eu vou continuar na mão. Ele está desesperado para manter o blefe. [Todos pagam] Rusty: Vamos ver o que ele tem. Ocean: Bem, eu não sei o que estes quatro noves valem, mas acho esse ás acompanhando-os vale muito. Obrigado pela dica sobre blefes, Rusty.




POKER ESPORTE CLUBE por Diógenes Malaquias

Você já pensou em fazer parte de um time de jogadores de poker? Eles estão surgindo em todas as partes. Neste artigo, darei detalhes de como funcionam e o que é necessário para fazer parte de um.

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Diógenes Malaquias @diogenes1608 diogenesmalaquias.com.br

Diógenes Malaquias é especialista em cash games online e dá aulas particulares em seu website

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primeiro time brasileiro que me vem à memória é o extinto Sit And Go Team Pro. Há três ou quatro anos, o projeto foi sucesso. Mas, com a redução significativa na lucratividade dos SNGs, o time deixou de existir. Atualmente, existem times de torneios (MTT) e de cash came. Os mais famosos são o 4bet, o Steal Team e o Akkari Team. Com o foco em MTTs, eles contam com vários jogadores famosos em seu elenco. Há também times menores, como o do Fábio “binhoeiji” Eiji e o meu – que existem há pouco tempo e possuem menos de 10 alunos. Falando de cash, temos os Chega de Ferro, em que sou sócio e professor.


O que os times oferecem? Eles fornecem todo o bankroll ao jogador e, normalmente, aulas com professores qualificados. O aluno selecionado não tem nenhum custo. Além disso, levando em conta que a vida de um profissional é muito mais leve quando ele trabalha e interage com outros jogadores, os responsáveis pelo time procuram proporcionar o melhor ambiente possível aos seus alunos. Alguns projetos são dedicados à formação de profissionais. Nesse caso, são selecionados aqueles que têm grande capacidade de aprendizado e tempo disponível. Outros times já preferem investir em jogadores experientes. Aqui, a técnica é o fator principal para conseguir uma vaga.

O que os times esperam dos jogadores? A capacidade de conviver e trabalhar em grupo é fundamental. Afinal, estamos falando de um time. Os coordenadores buscam pessoas dedicadas totalmente ao poker – principalmente se o candidato quer jogar MTT, em a que a jornada de trabalho dura várias horas. Eu nunca vi alguém que tenha uma jornada de trabalho regular conseguir uma vaga. Nos times de cash games esse critério é menos rigoroso. Há vários alunos que têm meio período do dia ocupado com faculdade ou outro emprego. Quanto à parte financeira, os jogadores menos experientes costumam ficar com 25% dos seus lucros – número que vai aumentando à medida que os resultados aparecem. Os profissionais mais renomados

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conseguem acordos em que jogam por até 35% do lucro. Quando isso é feito entre amigos ou com um jogador que seja diferenciado, essa porcentagem pode ultrapassar os 40%. Esses números podem parecer baixas, mas definitivamente não são. Ao entrar no time, os alunos jogam sem arriscar um centavo do bankroll e têm aulas que, provavelmente, não poderiam arcar com os custos.

Time Diógenes Malaquias

Por essa ótica, um time de poker é um excelente negócio para os jogadores – e também pode ser ótimo para um bom gestor. A prova disso é o gráfico do time do Fábio Eiji, que possui cerca de um ano, e do meu time, que acabou de completar quatro meses. Para quem tiver interesse, está em andamento um processo de seleção para o meu novo time de torneios. Acesse diogenesmalaquias.com.br e confira.

Time Fábio Eiji

DICA # 4 (Total Profit = Lucro Total / Games Played = Torneios Jogados)

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por André Dexx

Neste artigo, vou falar sobre aqueles momentos que fazem parte do dia a dia do jogador de poker. Aquela hora que você fica tentado a pagar uma aposta que não faz nenhum sentido. Ou quando estamos diante de um pote enorme no river e surge a questão: blefar ou desistir?

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ssas situações em que somos conduzidos pela emoção da partida e acabamos topando o desafio de jogar em território inimigo. É é quando vemos a nossa estratégia de jogo ser desviada por um lance duvidoso. E agora? Confiar no feeling ou manter-se sólido, resis-

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tindo às provocações do inimigo à espera por uma oportunidade melhor? Desde o primeiro segundo sentado em uma mesa de poker, a principal meta é notar os padrões de cada jogador, para, aos poucos, descobrir o tipo de estratégia que eles estão usando. É assim que vamos modelar uma contra estratégia para cada um deles – adaptando nosso range de mãos, analisando suas falhas e sem esquecer a nossa imagem perante a mesa. O objetivo maior no poker ou em qualquer jogo de estratégia sempre será identificar o calcanhar de Aquiles do adversário e acertá-lo com a maior eficiência possível.



Estratégia é uma elaboração do planejamento, sempre baseada em objetivos de longo prazo e servirá como um guia que permitirá traçar o melhor caminho para se chegar à meta desejada. Mas tão importante quanto traçar uma estratégia, é manter-se fiel ao que foi planejado. A história militar está repleta de exemplos em que os comandantes se deixaram empolgar pela ação no campo de batalha e acabaram se perdendo. Pelo que se sabe, o exercito francês foi derrotado pelos ingleses, em 1415, quando a cavalaria francesa permitiu que uma saraivada de flechas, à curta distância, provocasse um ataque desordenado. Nessas situações, em que o inimigo te desafia, você precisa de um enorme autocontrole para não entrar

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É vital resistir às provocações. Se você tem um planejamento, por que abandoná-lo por um momento duvidoso, em que algo mexeu no seu ego? no jogo dele. É vital resistir às provocações. Se você tem um planejamento, por que abandoná-lo por um momento duvidoso, em que algo mexeu no seu ego? Isso só vai favorecer ao adversário. Partindo desse ponto, nota-se que tão importante quanto a estratégia é a tática – ameaça e defesa, que você precisa resolver de imediato. Enquanto a estratégia é baseada no longo prazo, a tática é o que você deve fazer no momento da execução da estratégia, visando aproveitar as oportunidades para ganhar – no caso do poker, fichas. Um bom exemplo seria aproveitar uma situação perfeita para blefar um vilão que represente poucas mãos de valor.



No momento em que estou jogando, constantemente me pergunto se as condições do jogo mudaram a ponto de ter que mudar a minha estratégia ou se só um pequeno ajuste é o suficiente. Eu sempre evito mudar pelo simples fato de mudar. Também tenho ciência que se eu estou aplicando uma estratégia efetiva, naturalmente, alguns adversários irão se incomodar e mudarão radicalmente a maneira como vão me enfrentar. Contra esses oponentes, eu serei obrigado a alterar a minha estratégia e compreender quão confortável eles estão nessa nova abordagem de jogo – e, então identificar suas novas falhas. O que observo é que quase sempre que um oponente muda radicalmente seu plano, ele fica tão ansioso, para que nós também

André Dexx @dexx_rj andredexx.com

André “Dexx” é um dos mais respeitados jogadores de cash games online do país.

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façamos mudanças em nosso jogo, que normalmente deixa transparecer muitas falhas. Tomar uma decisão no calor da emoção, tendo fé em nossas análises e coragem de manter nossas opiniões é do que precisamos para desenvolvermos nosso melhor poker. Ser rigoroso nos nossos questionamentos, tanto nos bons quanto nos maus resultados, estando dentro ou fora do jogo, é o que vai fazer a diferença se você será bom ou não. Para se tornar um jogador de ponta é necessário ser extremamente crítico. A partir do momento em que não há críticas, a guarda é abaixada e ficamos a um passo de sermos nocauteados. E lembre-se: tornar-se um jogador sólido não significa torna-se um robô, pois a solidez de um jogador não contraria a adaptabilidade do mesmo.


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Vitão a voz do poker brasileño

por Bruno Nóbrega de Sousa fotos: Marcelo Souza e Rodrigo Maia

Sabe aqueles sujeitos que sempre lhe recebem com um sorriso sincero no rosto? E aqueles que são donos de uma erudição despretensiosa, capaz de conversar horas a fio sobre determinado assunto sem a ânsia de querer provar nada? Una essas duas características e você terá um comunicador de mão cheia. Nascido e criado entre São Paulo e Buenos Aires, Victor Marques, o “Vitão”, é um grande personagem a serviço do poker. Seu trabalho vai muito além de entrevistar jogadores renomados ou cobrir eventos milionários em português e espanhol. A grande missão desse gigante de dois metros de altura talvez seja legitimar a ideia de que o poker pode, sim, ser apreciado pelas massas.

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Visionário a seu modo, Vitão é um livre pensador que empresta seu talento comunicativo ao mundo dos feltros. Assista aos seus programas na TV Poker Pro e confira, por si só, se o que estou dizendo procede. Invertendo os papéis, a CardPlayer Brasil transforma entrevistador em entrevistado e leva até você uma versão intimista deste carismático apresentador, que consegue transformar oito horas de transmissão de um torneio de poker em algo extremamente divertido e inteligente, num reflexo preciso da sua própria personalidade.


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A primeira pergunta é um tanto óbvia, mas sempre vale a pena ser feita: como é que o poker entrou na sua vida?

Aprendi a jogar em 1997. Meu irmão, Vini Marques, foi jogar um torneio de xadrez em Nova York e voltou “se achando” porque tinha aprendido um poker novo e tal. Ele me ensinou, mas eu nem dei bola. Eu jogava gamão profissionalmente, isso em 2003. Nunca fui brilhante, mas era competente. Naquele tempo, o gamão ainda dava algum dinheiro aqui no Brasil, mas depois a cena começou a diminuir, e o pessoal começou a jogar poker. CK e Raul já tinham migrado para o Texas Hold`em, mas quem mais me influenciou a fazer essa mudança foi o meu irmão Vini, que hoje é profissional de poker, e que todo mundo conhece também. Curiosamente, o primeiro torneio ao vivo que eu joguei, acabei ganhando. Isso teve um lado bom e outro ruim, porque você acha que é o melhor jogador do mundo, que já está pronto, quando na verdade não está. Essa é uma armadilha em que muita gente cai. Alguns anos depois, eu viria a entender isso. Cheguei a ganhar um BSOP, a participar de um European Poker Tour. Eu vivia o dia a dia de um jogador profissional. Isso até 2009, quando já não estava tão feliz com aquela rotina, precisando encarar a variância. Eu sempre gostei de me comunicar, e aí a história é conhecida.

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Você desenvolveu um talento comunicativo que surpreendeu muita gente. De que forma se deu a transição da vida de jogador para a de comunicador do poker? O André Akkari sempre foi um grande amigo meu, desde o início da sua carreira. Em 2010, quando eu praticamente já não jogava mais, ele estava querendo expandir a TV Poker Pro, e logo pensou em mim. Ele disse: “Pô, Vitão, você é um cara engraçado, acho que funcionaria bem em um programa. A gente liga a câmera e vê no que dá”. No começo não ficou legal, a gente ficava querendo fazer pose, ficava muito artificial. Então, comecei a ficar espontâneo e deu certo. O Akkari me deu uma liberdade muito grande, e quando você se sente à vontade em qualquer coisa que faça, dá certo. Nesse aspecto do meu desenvolvimento, ele foi fundamental.

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O André Akkari sempre foi um grande amigo meu, desde o início da sua carreira. Em 2010, quando eu praticamente já não jogava mais, ele estava querendo expandir a TV Poker Pro, e logo pensou em mim. O “Vitão é Micro”, seu programa na TV Poker Pro, lhe deu projeção enquanto apresentador. Como surgiu essa ideia e quais momentos você destacaria ao longo de mais de 200 episódios? Pois é, nós gravamos mais de 200 programas e vivemos muita coisa interessante. Era um programa diário de poker, uma grande loucura, e dentre os momentos, de que eu não me esqueço, está a entrevista com o Christian Kruel. Ele é um cara que eu sempre quis entrevistar e, de repente, fiz uma pergunta para ser veiculada no próximo bloco, mas o bloco já tinha voltado, e ele “pô, eu não sei nada disso!” (risos). Em um programa ao vivo, você contorna tudo isso rindo do fato, e não se desesperando. Foi o que a gente fez, e esse foi um grande momento. Em meio a tantos outros grandes momentos, eu destaco o dia em que entrevistei o meu irmão Vini, e o programa 200, com o Igor Federal. Aquilo foi uma afirmação muito grande. No “Vitão é Micro”, eu aprendi tudo e vivi a interatividade, a resposta do pessoal de forma direta. Foi muito importante para mim.


Você viveu durante muitos anos na Argentina. Além de falar espanhol de maneira impecável, o que mais você guarda daquela época? Morei na Argentina durante um período bom do País, em uma época bastante interessante da vida, a adolescência, em que a gente vai virando homem, como eu costumo dizer. Minhas referências desse tempo são todas de lá. Eu andava muito com o meu irmão, jogava basquete, ia para o estádio de futebol. Aprendi muita coisa, principalmente a respeitar o outro, a ser receptivo com as outras culturas, sem me importar com a origem ou a classe econômica. São valores que meus pais já tinham me ensinado, mas que você precisa viver na prática, numa condição diferente, e isso me acrescentou muito. Posso dizer que foi definitivo para o que eu viria a ser no futuro.

As pessoas reconhecem em você um sujeito naturalmente divertido e bem humorado. O que é preciso para lhe tirar do sério? E para fazê-lo cair na gargalhada? Tenho aversão a racismo, a xenofobia. Isso me tira do sério. Acho até que eu exagero um pouco quando reclamo dessas coisas, e a gente acaba vivendo isso diariamente. Muitas pessoas falam que não são racistas, mas são. Sei que todos nós temos preconceitos e que precisamos trabalhar isso sempre. Falsidade é outra coisa que me tira do eixo. É meio lugar-comum falar em falsidade e preconceito, mas isso são coisas que realmente não combinam comigo. O que me faz cair na gargalhada é sentar com os amigos e “tomar uma”, por exemplo. Outra coisa de que gosto muito é ver TV com os meus pais e, de repente, começar a falar do mundo. Conversar de futebol, de política. Bater um papo com a minha mulher, Cinthia, também me faz muito feliz. Procuro viver de forma simples. Para mim, a felicidade está aí.


Você menciona sua família de maneira recorrente. Como é a sua relação com eles, e de que maneira se deu a questão da aceitação sobre sua opção pelo poker?

Eu tive o privilégio que poucos jogadores de poker tiveram, pois meus pais sempre me apoiaram em todo e qualquer empreendimento. No poker, no gamão, no xadrez, eles sempre estiveram ao meu lado de todas as maneiras. Não culpo os pais dos jogadores por encarar de maneira ruim essa história, até porque, no fim das contas, o jogador pode tirar proveito disso. Eu, particularmente, tive períodos financeiros ruins no poker, e meu pai e minha mãe nunca hesitaram em me apoiar. Não é o cenário ideal, mas serve para mostrar o quão próximos nós somos.

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Com relação ao Vini, meu irmão, ele é uma força inspiradora muito grande para mim. Volta e meia nós brigamos, lógico, até porque temos temperamentos fortes, mas acho que essa proximidade todos deveriam poder experimentar. Não quero, aqui, fazer um discurso moralista, mas para mim funcionou muito bem. Na verdade, deveríamos ser seis, mas dois irmãos meus faleceram logo após o parto, justamente no dia do meu aniversário, e isso fez com que nós quatro nos tornássemos ainda mais unidos. Temos muita afinidade afetiva e intelectual.


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Eu tive o privilégio que poucos jogadores de poker tiveram, pois meus pais sempre me apoiaram em todo e qualquer empreendimento. No poker, no gamão, no xadrez, eles sempre estiveram ao meu lado de todas as maneiras. Você alimenta uma grande paixão pelo futebol. Como torcedor fanático que é, que momento você considera inesquecível?

Para mim, a paixão do torcedor é algo absoluto. E para quem é fanático por um time, como eu sou pelo River Plate, da Argentina, onde está toda a minha referência futebolística, o momento maior foi o rebaixamento no ano passado. Aquilo me marcou de verdade. Vencer a Libertadores de 1996 foi um grande acontecimento, viajar com o time para o Paraguai em 2006 e tomar pedrada também não tem como esquecer, mas o rebaixamento em 2011... Como eu disse, a paixão pelo futebol é algo absoluto para mim. O dia em que a imprensa especializada me descobrir, o “PVC”, esse pessoal, vai todo mundo perder o emprego (risos).

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Seu apreço também por literatura denota uma vontade de buscar conhecimento, de estar sempre aprendendo algo novo. Mas e o poker, o que lhe ensinou para a vida?

O poker me ensinou muita coisa também, sobretudo a lidar com a vitória. Isso é algo que ele ensina muito bem. Encarar a derrota é algo mais comum, pois, na maioria das vezes, você vai sair perdedor, por mais que seja bom jogador no longo prazo. Lidar com a vitória, e se manter estudioso e respeitoso para com os outros, é outra história. Todo jogador já deve ter passado por esse enfrentamento, e quem consegue passar bem por isso acaba se destacando no meio. Nesse ponto, o poker tem muito a ensinar.

Fique à vontade para deixar uma mensagem aos leitores da CardPlayer Brasil, que certamente também são fãs do seu trabalho. Gostaria de agradecer o apoio e o carinho de todos vocês. E dizer que nunca deixem de ser educados e de buscar conhecimento. A pessoa inteligente está preparada para tudo. Que o pessoal do poker não entenda o que vou dizer como uma crítica, mas é importante ler mais, se lustrar mais. Isso faz toda diferença. Educação e inteligência nunca são de mais. Agradeço também o carinho de vocês da Card Player, que foi o primeiro veículo de comunicação a me conceder um espaço escrito, e eu jamais vou me esquecer disso. ♠

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SEM DESCANSO para o

FABINHO DEZ-POR-CENTO Um conto de Pedro Nogueira

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meia-noite numa terça, e estou encostado no balcão do Esquilo’s, na Itu com a Consolação, quando quem entra pela porta senão o Fabinho DezPor-Cento, que é chamado assim porque está sempre dentro das piores estatísticas. Até onde eu sei, por sinal, o Fabinho Dez-Por-Cento poderia se chamar Três-PorCento, ou Um-Por-Cento, ou até mesmo menos do que isso, porque se existe a chance de algum golpe dar errado com alguém, ele certamente dará com o Fabinho Dez-Por-Cento. Sempre que o Fabinho Dez-Por-Cento aparece, ele tem uma história triste para contar de como perdeu um pote para um out sujo no river, ou às vezes no turn, também. Em todos os anos que conheço o Fabinho Dez-Por-Cento, aliás, ele nunca perdeu um pote sequer para um out limpo, o que é uma estatística muito cruel, sem dúvida, para um jogador de pôquer.

Assim que o Fabinho Dez-Por-Cento me vê no balcão do Esquilo’s, ele me cumprimenta com um largo olá. Mas, por mais largo que seja o olá do Fabinho Dez-PorCento, ele é sempre um olá triste, capaz de fazer uma quadrilha de ladrões de banco chorar. E, ainda que você consiga segurar o choro no olá, certamente vai ceder quando o Fabinho Dez-Por-Cento contar alguma proposição de 100 para 1 que aconteceu com ele na véspera, como um tumor aparecendo na canela esquerda ou a sua querida namorada tomando o vento para ficar com o crupiê bandido que o quebrou com um out sujo no sábado anterior. O Fabinho Dez-Por-Cento é um parceiro pequeno e barrigudo, com poucos fios de cabelo preto na cabeça e a barba por fazer. Ele fala rápido, mas com uma voz baixa e triste, tão triste quanto uma garrafa vazia e tão baixa como um tapete gasto. Assim que ele chega ao meu lado no balcão do Esquilo’s, onde estou esperando a minha vez de entrar na mesa de sinuca, já abaixo a orelha para escutar melhor o que ele está falando.

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“Se eu te contar a mão que aconteceu comigo ontem você não acredita”, o Fabinho Dez-Por-Cento diz para mim. Eu olho para a lousa e vejo três nomes antes do meu na fila da sinuca, então não tenho opção senão ouvir a história triste dele. “Imagine que a mesa do Paradiso está baleada e estou dois mil para frente, num chorrilho espetacular”, o Fabinho Dez-PorCento diz. “Aí recebo vala e sete de copas, e todo mundo sabe que, no chorrilho, essa não é uma mão de se descartar, né? Atiro o pote e só um parceiro paga. O flop vem 289, com duas copas, um sonho. Estou na broca e no flush draw, então mando bala e o parceiro call. No turn, um lixo qualquer. Tô colocando o parceiro num nove fraco, então mando mais bala, e ele pensa bastante antes de pagar de novo. Bate o dez no river e acerto a minha broca. Empurro a tampa, mas a ficha do parceiro cai no pano mais rápido do que uma bigorna em queda livre. Sabe o que o vilão tem?”, o Fabinho Dez-Por-Cento diz. “Vala e dama. Acertou o nuts e tomou 3k de mim. Assim, com um out sujo no river.” Nesse momento ele suspira, e eu suspiro junto, porque é realmente triste acertar uma broca no river e descobrir que o parceiro acertou uma broca maior. Se bem que, nesse caso, o vilão não tinha apenas um out sujo,

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como o Fabinho Dez-Por-Cento afirma, mas não é nada elegante discutir com um parceiro quebrado, então prefiro ficar quieto e apenas suspirar em solidariedade a ele. Pergunto ao Fabinho Dez-Por-Cento se ele vai colocar o nome na lousa da sinuca, e ele responde que não, porque já está para ir embora. “Vou engatar num Omaha capado ali na Peixoto Gomide”, o Fabinho Dez-PorCento diz. “Um parceiro me disse que só tem estrela na mesa, então vou dar um pulo lá e fazer a turma rebolar sem bambolê. A não ser”, o Fabinho Dez-Por-Cento diz, “que outro out sujo me quebre de novo no river. Mas isso não vai acontecer hoje, acredito”. Fico até as quatro jogando sinuca no Esquilo’s, e posso dizer que foi uma ótima noite para mim, porque castiguei a parceirada mais que um tanto. Quando estou para ir embora, quem liga no meu celular senão o Pedrinho Mídia, o jornalista, que recebeu esse apelido porque espalha as histórias mais rápido do que um carro de fuga. Acho um tanto estranho o Pedrinho Mídia me ligar a essa hora, mas logo entendo o motivo: parece que dois malandros entraram maquinados no jogo da Peixoto Gomide e desfalcaram a carteira da parceirada. “E imagina só o único parceiro que



se safou”, o Pedrinho Mídia diz para mim. “O Fabinho Dez-Por-Cento, que estava no banheiro bem no momento do golpe.” Bem, depois desse encontro no Esquilo’s, fico alguns dias sem cruzar o Fabinho Dez-Por-Cento até que, numa tarde, estou caminhando pela Bela Cintra e o vejo tomando café numa padaria. Encosto na mesa, dou um largo olá e digo: “Veja só, até que enfim a estatística te ajudou. Contaram para mim que, naquele dia na Peixoto Gomide, dois malandros roubaram a parceirada inteira menos você, que estava no banheiro”, eu digo. “Nunca foi tão lucrativo estar dentro dos dez por centro, hein?” Ao ouvir meu comentário, o Fabinho Dez-Por-Cento fica tão vermelho quanto um semáforo fechado, ou até mais. E ele responde assim: “E você acha que meu azar dá descanso para mim?”, o Fabinho Dez-Por-Cento diz. “Imagine você que, naquela noite, eu estava no maior chorrilho da minha vida. A parceirada, como o meu amigo tinha falado, era uma verdadeira moleza. Com três horas de

Pedro Nogueira @pedronogueira87

Pedro Nogueira é jornalista, já disputou torneios internacionais de poker. É blogueiro da revista Alfa e do site www.elhombre.com.br

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jogo, eu já estava mais de 12k para frente. Aí dobrei esse tomate todo acertando uma quadra de oitos em cima de um full de ases, e decidi ir ao banheiro lavar o rosto, porque a minha mão estava tremendo mais do que um tanto”, o Fabinho Dez-Por-Cento diz. “Era um tomate sério, afinal”. “Estou ali lavando o rosto quando ouço os gritos”, o Fabinho Dez-Por-Cento diz, “e como não sou filho de homem inocente, logo percebo que alguma coisa está errada. O que fiz então senão apagar a luz do banheiro e ficar quietinho no meu canto até o calor passar. Assim que o golpe se acalmou”, o Fabinho Dez-Por-Cento diz, “voltei para a mesa e encontrei a parceirada mais em choque do que uma cerca elétrica”. “Bom, é claro que o jogo terminou ali”, o Fabinho Dez-Por-Cento diz. “Com aquele clima de funeral, não dava para continuar. Mas, na hora de acertar a conta, quem tinha dinheiro para pagar o Fabinho aqui? Ninguém, é claro, a não ser aqueles dois malandros maquinados que já deviam estar voando na Marginal em direção à toca. Resultado? Fiquei com um vale de 20k e sabe-se lá Deus quando alguém vai acertar essa conta. Se você acha, então, que o meu azar me deu uma brecha”, o Fabinho DezPor-Cento diz, “saiba que, na verdade, ele me aplicou seu golpe mais cruel em todos esses meus anos de carteado”.





por Felipe Mojave

Felipe Mojave @FelipeMojave

Felipe Mojave é um dos principais jogadores brasileiros da atualidade, especialista em mixed games e profissional do Lock Poker.

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No artigo desta edição, vou analisar uma mão que aconteceu comigo na World Series of Poker (WSOP) que está em andamento, em um evento de no-limit hold’em com buy-in de US$ 1.500. O torneio estava no quarto nível de blind, 150-300 com antes de 25. Dois jogadores entraram de limp. Eram jogadores com idade um pouco mais avançada e que gostavam muito de ver flops, independente do tamanho de seus stacks. Minha estratégia era entrar com um raise forte sempre que isso acontecesse. Até o momento, sucesso. Eles desistiam da mão no flop ou no turn. Dessa vez, não foi diferente. Do button, disparei uma aposta de 1.100, com 4♠-3♠. Sem surpresa, os dois pagaram. O flop veio 3-3-4. Sim, eu tinha acertado um

full. Agora, a decisão era complicada: como extrair valor se, até ali, todas as minhas continuation bets tinham funcionado? Eu estava pensando nisso quando, para minha surpresa, o jogador do meio saiu apostando 2.000. Nesse caso, eu, que tinha 15.000 fichas restantes, tive uma tarefa bem mais simples, e apenas dei call – e minha surpresa foi ainda maior quando o UTG também pagou. O turn foi um 5, e o bordo continuou rainbow. Meus dois oponentes pediram mesa. Agora, eu tinha que analisar qual o range de mãos que apostaria/pagaria


no flop, mas daria fold no turn. Depois de pensar um pouco, cheguei à conclusão que, da maneira como eles jogaram o flop, eles dificilmente desistiriam no turn. Assim, decidi repetir a aposta de 2.000 do meu adversário, esperando ser pago e levar a mão para o river. Acredito que na gama de mãos dos meus oponentes estivessem todos os pares médios e ases fracos do mesmo naipe, como A-2, A-3, A-4 e A-5. O river foi um 6. O UTG deu check novamente, mas o senhor do meio da mesa mandou uma aposta de 4.000, em um pote de 15.750. Eu tinha exatamente 11.000 fichas. Existem diversas linhas de como jogar essa mão até o river, e acho que adotei uma satisfatória. Mas, agora, temos uma decisão mais complicada.

Vejamos o raciocínio: – Quais são as mãos apostando no river? – Quais dão check-call tomam a dianteira no river? – Quais apostam no check-call no turn e saem no river?

que saem no turn e flop, dão apostando

É uma situação complexa. Pelo perfil dos oponentes, ninguém daria fold com uma sequência, e eu, possivelmente, jogaria um par alto da mesma forma. Com isso em mente, a decisão tende ao call ou raise-all-in, – esperando ser pago por algo como 7-7 ou, menos provável, 2-2. E por que não levarmos em conta a opção de dar fold nesse full house? Se, normalmente, os pares baixos e médios são parte predominante do range de mãos dos dois, então, há boas chances de encontrarmos um full maior, com 4-4, 5-5 e 6-6.

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Discutindo a mão com o Akkari Team, Vico e Vitinho disseram que dariam apenas call. Opinião compartilhada por Thiago Decano. Já André Akkari, por acreditar que existe a chance de uma sequência ou pares médios, como 7-7, 8-8, 9-9 e 10-10, na mão dos meus oponentes, empurraria all-in para tentar extrair o máximo de valor. Quanto a mim, acreditei que havia um grande risco de estar perdendo, mas, conforme o pensamento do Akkari, eu acreditava que o UTG também daria call. Então, se eu apenas pagasse, poderia puxar um pote grande, e, caso estivesse errado, ainda teria 23 big blinds para seguir no torneio.

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É uma situação complexa. Pelo perfil dos oponentes, ninguém daria fold com uma sequência e, eu, possivelmente, jogaria um par alto da mesma forma. Acabei dando call, e o pior cenário se confirmou. O jogador que estava no meio da mesa tinha 5-5. O UTG tinha 7-7 e, como previsto, também pagou. Essa é uma mão muito interessante pela questão do Risco x Retorno e por termos a oportunidade de analisar oponentes em um torneio da WSOP. Espero que tenham gostado da mão, e que este artigo agregue bastante ao jogo de vocês.





BSOP BELO HORIZONTE


AMARILLO SLIM HISTÓRIAS DO MAIOR APOSTADOR DE TODOS OS TEMPOS

A World Series of Poker de 1972 foi um marco para a própria WSOP. Naquele ano, pela primeira vez, o campeão do Main Event não foi escolhido por votação, mas nos feltros. Em uma sala no lendário cassino Binion’s Horseshoe, restavam quatro dos oito participantes do torneio; e Amarillo Slim tomava conta de uma mirrada pilha de fichas à sua frente. Os outros três jogadores não tinham o menor interesse em levar o título. “Slim tinha cerca de 1.500 fichas, como eles dizem, uma ficha e uma cadeira”, recorda o membro do Hall da Fama do Poker Crandell Addington, um dos quatro finalistas. “Doyle (Brunson) compareceu. Ele morava em Forth Worth com sua esposa, mas, se vencesse, poderia ter dificulda-

des para arrumar jogos de cash game e também com a Receita. Já Puggy (Person) não podia vencer de maneira alguma, ele havia aberto uma cavalagem, mas vendeu 200% de si próprio. Como iria pagar os investidores?” Os três homens tinham mais do que 98% das fichas em jogo. Jack Binnion, percebendo o que se passava por ali, parou o jogo durante a noite e exigiu que todos jogassem seriamente. No dia seguinte, Doyle retirou-se dizendo estar doente, e Slim venceu Puggy no heads-up. Com o título, revistas, programas de TV e até Hollywood foram atrás das histórias exageradas do cowboy texano. Sempre com suas marcas registradas, o chapéu Stetson e suas bo-

tas de cowboy, Slim foi um símbolo dos apostadores e, mais tarde, da WSOP. O magrelo apostador fez mais pelo jogo moderno do que qualquer outro. “Tratando de promover o poker, ele foi o maior, e trouxe respeitabilidade ao jogo quando não havia nenhuma”, diz a lenda Doyle Brunson. Slim viajou por todo o mundo promovendo o poker. As suas histórias intermináveis e constante autopromoção fizeram dele um dos mais famosos apostadores na história norte-americana. Batizado como Thomas Austin Preston, ele morreu de câncer no último mês de abril, com 83 anos de idade, em uma casa de repouso em Amarillo, Texas. E esta é a sua história.


Construindo um Bankroll Preston nasceu em Johnson, Arkansas, em 31 de dezembro de 1928. A sua família se mudou para uma pequena comunidade no Texas logo depois, para então se estabelecer em Amarillo. Com quinze anos de idade, ele era um perito na sinuca, e adotou o apelido Slim (Magrelo), de uma forma semelhante ao amigo prodígio: Minnesota Fats (Gorduroso). Para antecipar sua graduação precoce na escola secundária, Slim se juntou à Marinha em 1945. Durante os testes militares norte-americanos com a bomba atômica, a sua primeira missão: realocar os habitantes do Atol de Bikini. Slim gostou do que fora incumbido, especialmente dos quatro dias navegando de volta ao Havaí, em que ele teria a oportunidade de depenar seus companheiros de navio. Ele disse que, assim que chegou a Honolulu, teve que atirar as suas roupas pela murada do navio. Suas mochilas da Marinha estavam ocupadas com outra coisa: dinheiro.

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Slim, entre Chris Ferguson e Phil Hellmuth, no evento do Super Bowl of Poker


Amarillo Slim foi o campeão da WSOP de 1972

De volta ao Texas, depois de apostar $30.000 no resultado da Série Mundial de beisebol de 1946, ele perdeu uma grande parte do seu bankroll e aprendeu uma lição importante. Uma jogada grosseira custou ao Boston, e a Slim, a vitória e, mais tarde, ele prometeu nunca apostar novamente sem uma vantagem. Daí em diante, ele passou o resto da sua vida procurando-as e criando-as. Não passou muito tempo antes de ele voltar ao serviço militar. Dessa vez,

se juntando ao Exército, como parte da Unidade de Serviços Especiais e entretendo as tropas com as suas habilidades no sinuca. Ele passava algumas horas do dia apresentando truques para aumentar o moral das tropas, mas a maioria do seu tempo era gasto com trambiques. Ele fez fortuna vendendo cigarros, café, chocolate, meias de nylon, gasolina e outros artigos difíceis de encontrar no mercado negro depois da guerra. “Qualquer coisa que você não pudesse conse-

guir, eu poderia”, disse Slim em Qualquer Coisa para Vencer, uma biografia de sua vida apresentada na televisão. Para financiar as suas operações, ele conseguiu um feito audacioso: manipulou o resultado do segundo jogo da Série Mundial de beisebol dos soldados, em 1948. Ele deixou o Exército depois de um ano de serviço. Tinha 19 anos de idade. Em Qualquer Coisa para Vencer, ele disse que já tinha mais de um milhão de dólares em seu nome.

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“Você pode tosquiar uma ovelha muitas vezes, mas arranca a sua pele apenas uma” O Maior APostador Que Já Viveu Slim é sempre apontado como o maior apostado que já viveu. A razão é simples: ele não era bom apenas em tirar o dinheiro das pessoas, mas, com sua personalidade única, as fazia gostar disso. Mas seus feitos, refinados por ser o mais jovem jogador de sinuca do Texas e das Forças Armadas, estavam prontos para o apogeu quando ele retornou em tempo integral à vida civil. Nova York, o local de recomeço de qualquer um que servira o Tio Sam, foi onde Minnesota Fats, o mais famoso apostador de sinuca de todos os tempos, depredou o seu bankroll. Os dois jogaram diversas partidas, e Slim admitiu perder “uma grande quantia para ele”. Quando Fats descobriu como era lucrativa uma disputa com o texano, ele o seguiu de volta a Amarillo, tentando quebrar o cowboy magrelo. Mas, mesmo com Fats ganhando a vida trapaceando idiotas, Slim tosquiou essa ovelha.

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“Ele não procurava um idiota”, observa Shawn Rice, parceiro apostador de Slim por 25 anos. “Mas sim um filho da mãe esperto... e fazia dele um idiota”. Anos mais tarde, quando Slim abriu o seu salão de sinuca, o Amarillo Slim’s Poll Palace, em Amarillo, ele chamou Rice para dirigir o lugar. “Ele sabia como fazer um filho da mãe persegui-lo, como conseguir que o desgraçado do peixe pulasse no anzol”, contou Rice. “Ele parecia um velho cowboy idiota, e falava como tal, mas era esperto como ninguém”. De volta a Amarillo, Slim lançou a isca ao seu camarada da sinuca quando propôs que eles jogassem com cabos de vassoura em vez de tacos de sinuca. Ele ofereceu um jogo que Fats não poderia resistir. Mas Slim já havia dominado completamente a “sinuca com tacos de vassoura”, e tinha certeza que a vantagem era sua. No final, Slim tosquiou a ovelha mais rápida e escorregadia de sua jovem carreira.


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Benny Binion (esq.) e o ator Chill Wills (centro) foram responsáveis pela entrega do troféu de campeão da WSOP de 1972 a Amarillo Slim.

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Apostador Intinerante Com os jogos de sinuca cada vez mais difíceis de encontrar, Slim voltou a sua atenção para as apostas esportivas e para o poker. Ele conheceu Doyle Brunson e Brian “Saylor” Roberts, homens com uma reputação sólida no circuito do Texas. Logo depois, em um jogo, Slim faliu a todos – mas foi bastante gentil para abater US$ 2.500 de suas dívidas, o suficiente para chegarem em casa. “Isso mostrou que ele confiava e gostava de nós”, Brunson recorda. Nos anos 60, o trio formou uma parceria. Dividiram um bankroll, e começaram a apostar e viajar – sempre procurando por jogos clandestinos de poker por todo o Texas e sul dos Estados Unidos. “Parecíamos um aspirador de pó, sugávamos tudo por onde passávamos”, conta Slim em Qualquer Coisa para Ganhar. Os dias de estrada, apesar de excitantes e lucrativos, foram extremamente perigosos. Roubos e prisões eram comuns quando “limpavam” cidade atrás de cidade. Mas foi quando Las Vegas começou a receber os jogos caros de poker é que Slim viu-se pronto para brilhar em um palco ainda maior.

Embaixador do Poker Os primeiros anos da World Series of Poker foram pequenas reuniões de apostadores e jogadores de cash games, mas a vitória de Slim, em 1972, mudou os parâmetros da série, para sempre. Em um tempo no qual as apostas eram reservadas, Slim era uma estrela natural. Isso, aliado ao poker, o tornou uma celebridade entre os apostadores. “Bastava Amarillo Slim entrar na sala e ela se iluminava. Ele sempre foi a atração principal”, disse Larrry Grossman, autor e analista de apostas, que acompanhou a vida de Slim e o início da WSOP. Depois de sua vitória, ele se tornou, como diz na sua autobiografia “O Grande Malandro”, lançado no Brasil pela Raise Editora, “um embaixador itinerante do esporte”. Ele também participou de vários programas na TV norte-americana. Só no Tonight Show, famoso talk show que está no ar na NBC desde 1954, foram 11 aparições.

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“As pessoas têm feito todo esse estardalhaço sobre Moneymaker”, Addington diz. “Ele foi uma criação da mídia, que estava ansiosa para promover alguma coisa. Se o seu sobrenome fosse Smith, eu duvido que tivessem dado tanta atenção para ele. Ele certamente não foi o primeiro amador a ganhar o Main Event. Este foi Hal Fowler, em 1979. A mídia criou Chris Moneymaker. Amarillo Slim criou a si próprio. E há um mundo de diferença entres eles”. “Slim foi o instrumento, o representante e a voz de ouro que ajudou o poker a crescer. Ele fez as pessoas a perceberem que o jogo não era apenas recheado de gângsteres, assassinos e trapaceiros”.

Rei Dos “Causos” Graças à sua natureza amigável, seu charme e seu interminável estoque de histórias, Slim conseguia qualquer tipo de jogo. As pessoas jogariam com ele heads-up, o convidariam para home games e, mesmo perdendo, implorariam para ele voltar. “Ninguém contava ‘causos’ como ele”, diz Johnny Hughes, jogador de poker e mais um dos companheiros de viagens de Slim. “Ele ganhava dinheiro derrotando médicos e advogados. Eles só queriam jogar com ele, assim poderiam escutar aquelas histórias”. O problema era que você nunca sabia quando começava e quando terminava a verdade. “Slim gabava-se que ele tinha ganhado duzentos pares de sapatos de Imelda Marcos nas Filipinas”, Hughes sorri. “E que havia jogado poker com os ex-presidentes dos Estados Unidos

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Lyndon Johnson e Richard Nixon. Ora, eu não acredito que eles jogariam com um filho-da-mãe fora da lei como Slim”. A autobiografia de Thomas Austin Preston é repleta de histórias sobre apostas mitológicas. Elas incluem detalhes de uma partida de tênis de mesa, usando garrafas pet como raquetes, com o ex-campeão de Wimbledon Bobby Riggs; do jogo de golfe, com um martelo de carpinteiro, contra o famoso dublê Evel Knievel; e de como ele ganhou US$ 300.000 do cantor Willie Nelson em uma partida de dominó high-stakes. Tudo isso contribuiu para a sua reputação de grande apostador, e o ajudou a arrumar cada vez mais fregueses. Mas seus companheiros mais próximos advertem: “Lembre-se que ‘O Grande Malando’ é uma autobiografia”, escreveu Greg Dinkin, coautor e agente do cowboy, em um tributo a Slim postado no Grantland.com. “Aquelas são simplesmente as histórias que ele queria se lembrar – e como ele queria se lembrar. Ele era um apostador e também um trapaceiro, então, espero que tenha ficado claro: aquilo é a verdade de Slim”. Rice concorda. “Eu estive com ele por 25 anos – viajando, apostando e dividindo um bankroll. Eu nem mesmo li esse livro porque sabia que as histórias não eram verdade. Foram parte do seu papo fura-


“Eu nunca procuro um idiota. Eu procuro um campeão e faço dele um idiota” @cardplayerbr

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“Se houver qualquer coisa que valha a pena uma discussão, eu aposto nela ou me calo” do, da sua promoção. Por causa de sua superexposição, ele foi capaz de ganhar milhares de dólares de pessoas que não sabiam o que era um big blind”. As histórias eram tão impressionantes que Hollywood tentou fazer um filme baseado na vida do texano. O filme seria estrelado por Nicholas Cage, mas as alfinetadas constantes de Slim contra o ator de Holywood colocaram tudo a perder. “Muitos jogadores de poker soltam falinhas nos feltros. Slim fez isso durante toda a vida, em qualquer lugar e com qualquer um. Seu objetivo era sempre o mesmo: conseguir uma vantagem e lucrar com isso”, conta Dinkin.

Lá e cá.. E lá de novo Bunky Preston, filho de Slim, hoje com 61 anos de idade, cresceu na estrada com o seu pai. “Quando eu tinha seis anos, minha mãe e eu íamos atrás dele nas casas de sinuca”, Bunky recorda. “Quando os jogos de sinuca secaram, o meu pai se voltou para o poker, e frequentemente me levava com ele”. “Lembro quando ele foi jogar com a família Chagra, em El Passo, em uma fazenda perto da fronteira. Foi lá que vi, pela primeira vez, metralhadoras MAC-10. O meu pai jogou por dois ou três dias.

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Estávamos voltando de carro para casa e ele disse ‘meu filho, sente-se aí atrás e conte esse dinheiro’. Todo o banco traseiro estava repleto de notas de US$ 20. ‘Quando te pagam apenas com notas de vinte, saiba que você está jogando contra traficantes’, ele me disse”. Bunky também se lembra de quando voaram para Cartagena, Colômbia – na época, lugar frequentado pelo traficante Pablo Escobar e sede do cartel de Cali – para uma promoção no Casino Caribe. “O meu pai, sempre o showman, entrou e xingou a mãe de todos. Inicialmente eles pensaram que se tratava de um louco ou algo assim”. Foi engraçado... até Slim começar a limpar os lordes das drogas. Para não morrerem, a família teve que embarcar em um voo de emergência. Em outra de suas viagens, Slim quase morreu por causa de uma aposta maluca. Ele ganharia US$ 31.000 se descesse 46 km no rio Salomon, em Idaho, conhecido como o “Rio Sem Retorno”. E lá foi ele – em pleno inverno.


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Slim só sobreviveu aos seis dias de provação graças ao traje de mergulho especial que Jacques Cousteau desenhara. “Amarillo Slim Derrota o Rio Sem Retorno”, lia-se nos destaques da edição de 27 de novembro de 1972 do Tuscaloosa News. “Foi a primeira aposta que fiz na qual eu arrisquei a minha vida para levar o pote”, conta o cowboy em sua autobiografia. “E também seria a última. Fiz um juramento que, daquele dia em diante, eu faria apenas apostas normais”.

Reputação Manchada Logo que o poker explodiu para o mundo, Slim se tornou um para-raios para controvérsias. Ele foi acusado de molestar sexualmente a sua neta. Enquanto a mídia se esbaldava com a história de um contador do Tenesse, com sobrenome bem sugestivo, que transformara 39 dólares em alguns milhões, o mais famoso apostador de poker do mundo fazia um acordo com a promotoria para evitar ser rotulado como um pedófilo. Slim nunca foi preso. Pagou US$ 4.000 de fiança e foi liberado, mas também não contestou a acusação. Ele sempre alegou sua inocência, mas afirmou que aceitara o acordo para preservar sua família.

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O filho afirma que tudo aconteceu porque havia uma assistente da promotoria que não gostava de seu pai. Em 2009, em entrevistas com o Diretor de Mídia da WSOP, Nolan Dalla, o texano afirmou que sua família tinha cartas que mostravam que tudo não passou de um grande erro. Os mais próximos a Slim negam veemente que o episódio aconteceu. “Tudo

isso é um monte de especulações”, disse o lendário Doyle Brunson. “Eu estive com ele por muito tempo. Ele tinha muitas falhas, mas pedofilia não era uma delas”. O parceiro Shawn Rice concorda. “Slim nunca demostrou que tinha preferências por crianças... nem uma vez. Eles não têm evidências sobre ele. A razão disso é que ele nunca fez nada”.


Eterno Legado Slim abriu várias portas, para apostadores e jogadores. Ele foi o único jogador de poker, de qualquer geração, a aparecer no horário nobre da TV norte-americana e conseguir uma audiência cativa de dezenas de milhões de telespectadores.

Com o passar do tempo, ele provou que era digno dos elogios, mesmo os baseados apenas nas suas façanhas nos feltros. O jogador de Amarillo foi introduzido no Hall da Fama do Poker em 1992, e ganhou quatro braceletes da WSOP. O seu status de celebridade no poker também o ajudou a criar o Super Bowl of Poker (SBP), um evento que, em importância, ficava atrás apenas da World Series of Poker. Criado em 1979, o SBP teve sua última edição em 1991. Mas Slim, sempre o showman, ficou de fora do que poderia ter sido o seu empreendimento mais lucrativo de todos: usar a sua imagem para promover o poker online durante os anos do “Efeito Moneymaker”, o boom do poker mundial. O cowboy era visto como uma “mercadoria danificada” quando o poker explodiu, e nunca foi capaz de ganhar dinheiro nisso, ao contrário dos seus companheiros. “Slim teria levado isso a outro nível se ele estivesse mais envolvido no boom do poker”, disse Rice. “Definitivamente, ele deixou de ganhar muitos de milhões”. Há aqueles que não gostam desse personagem mitológico. Há quem acredite que ele merece um lugar a parte na história do poker. Sendo do primeiro ou do segundo grupo, todos concordam que Slim tornou o poker mais rico. A publicidade que ele trouxe para o jogo ainda permanece incomparável hoje em dia. ♠

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NASCE UM

CAMPEÃO N

o último mês de agosto, o Copacabana Poker comemorou seu terceiro aniversário. Fazendo uma retrospectiva desse período, vemos que foram três anos de trabalho incansável em prol de um objetivo e, acima de tudo, de muito amor pelo poker. A ideia de criar uma sala “tropicalizada” era arriscada. Afinal, quem se atreveria a fazer algo novo onde gigantes milionários já estavam estabelecidos? Somente pessoas que amam esse esporte e que conhecem a realidade dos jogadores latinos. O primeiro grande desafio foi encontrar no mercado uma rede confiável, que propiciasse um ambiente de integração tecnológica condizente com as nossas necessidades, juntamente com uma interface gráfica moderna e uma grade de torneios bem estruturada, sempre com bons prêmios. Para nós, o parceiro ideal para tornar real esse sonho foi a Microgaming. Como jogadores, conhecíamos os pontos fortes e fracos das salas de poker online. Havia, na-

A evolução da marca:

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quela época, questões relativas a depósitos e saques, e nós desenvolvemos soluções inéditas até então. No Copacabana, o jogador fazia saques de forma rápida e conveniente. Projetamos um suporte e um serviço de atendimento cuidadoso com o cliente, e não algo frio e automatizado. Criamos uma espécie de consultoria para efetivamente resolver as solicitações dos jogadores. Assim, em agosto de 2009, o Copacabana Poker foi ao ar. Superadas as dificuldades dos primeiros meses, iniciamos um trabalho que jamais havia sido feito no segmento, a primeira ação “door-2-door” desse nosso mercado. Saímos pelo interior de São Paulo em busca de clubes de poker e jogadores que pudessem se afiliar à nossa ideia, e realizamos eventos em clubes espalhados pelo Brasil afora. A partir daí, crescemos exponencialmente. Estávamos em campo, ouvindo sugestões, críticas e elogios. E isso foi de extrema importância para melhorarmos nossas promoções e nossa estrutura.


Com o passar do tempo, tivemos a oportunidade de patrocinar eventos maiores, como o Circuito Paulista de Hold’em (CPH), o Gramado Open e a Federação Alagoana de Texas Hold’em, só para citar alguns. De lá para cá, muita coisa aconteceu no mercado, e grandes mudanças ocorreram. Vários jogadores e sites de poker surgiram e se foram – alguns deles, de forma surpreendente. Ainda assim, o esporte cresceu e atingiu o status de Esporte da Mente. O Brasil tornou-se um celeiro de grandes jogadores de nível mundial. Até braceletes conquistamos. Quanto ao Copacabana Poker, evoluímos. Mudamos nossa identidade visual e a sala ficou mais moderna. Só uma coisa continua a mesma, nossa paixão pelo poker. Este mês, damos mais um passo para o crescimento da nossa marca. Podemos dizer que rompemos fronteiras e alcançamos um patamar impensável três anos atrás: atingimos um nível mundial. A partir de agora, o Copacabana Poker, assim como todas as vertentes de entretenimento no nosso site, se tornarão Betmotion. Para nós, é com imenso prazer e orgulho que apresentamos a nossa mais nova marca: BETMOTION POKER!

Betmotion Poker Team Pro

Rodrigo Garrido

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Como se não bastasse tudo isso, é com muita honra que apresentamos, em primeira mão, o mais novo embaixador do Betmotion: Leandro Brasa Pimentel, que se junta a Rodrigo Garrido, outro membro do Betmotion Poker Team. E para comemorar essa nova fase, brindaremos

O objetivo do Betmotion Poker é ser a segunda opção para aqueles jogadores que estão cansados do “mais do mesmo”.

nossos jogadores com uma série de promoções no

O Betmotion veio para ser o maior site de entretenimento da América Latina, tendo como nosso foco de trabalho oferecer o melhor “User Experience” possível para os jogadores de todas as áreas.

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Leonardo Baptista COO - Betmotion.com

Betmotion Poker. Serão novos torneios, freerolls exclusivos e distribuição de brindes. Fiquem ligados

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NOVA

FASE por Caio Pessagno

A

inda na ressaca da WSOP 2012 e com a Black Friday engasgada, enfim uma luz no fim do túnel. Depois de muitas especulações e mais de um ano de espera, o poker online finalmente ganha força com a compra do Full Tilt pelo gigante PokerStars. Com certeza, uma nova fase. Espero que a credibilidade e segurança do jogo online, colocada em prova nesse período nebuloso, seja reestabelecida o mais rápido possível. 2012 está se tornando um grande ano para o Brasil. O poker foi reconhecido como esporte da mente, e, a cada dia, vejo pessoas trabalhando sério para que o esporte ganhe respeito e espaço no cenário brasileiro. Um grande reforço no mercado foi a parceria entre BSOP e PokerStars. A maior série de

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torneios brasileira se uniu ao maior site de poker do mundo. A primeira etapa dessa união foi um sucesso, e atraiu um número grande de jogadores – foram quase 750, apenas no Main Event, o que garantiu um prêmio de R$237.000 ao primeiro colocado. Os eventos paralelos também fizeram sucesso e lotaram os salões do Holiday Inn. Eu gostei muito das mudanças na estrutura, principalmente com relação ao aumento no tempo dos blinds, agora de uma hora. Pretendo jogar todas as etapas até o final do ano – e acredito que, a cada torneio, teremos mais novidades e melhorias. Não há como esquecer a importância da participação de outras mídias, como os canais de televisão aberto. Tivemos a


As pessoas poderão observar que o poker não é mais aquele jogo de cassino em que as pessoas perdem todo o seu patrimônio. reportagem do Otávio Mesquita, para o seu programa Claquete. A matéria mostrou o poker como um esporte, a estrutura do campeonato brasileiro e a seriedade da modalidade e dos atletas. Também estou curioso para ver o programa A Liga, gravado pelo Cazé Peçanha direto da BSOP. Certamente haverá uma repercussão positiva. As pessoas poderão observar que o poker não é mais aquele jogo de cassino em que as pessoas perdem todo o seu patrimônio. Outra grande conquista que eu não poderia esquecer é a parceria anunciada pelo profissional do PokerStars André Akkari. Ele agora será agenciado pela 9ine, empresa cujo dono é o ilustre Ronaldo “Fenômeno”. Será que iremos ver o Akkari junto de grandes feras como Anderson Silva ou Neymar?

Essa notícia me animou ainda mais com o futuro do poker. Eu aposto que muita coisa boa ainda estar por vir. A “velha guarda do poker”, os precursores do esporte mental no Brasil, lutaram durante quase uma década para que o poker não ficasse à margem da sociedade. Finalmente, começa a era de colher os frutos. Todas essas pessoas merecem as conquistas recentes. Desde o início, acompanho essa luta, e admiro a disposição e esforço dedicado a esta paixão. Eu imagino o poker há cinco anos, no Brasil, e vejo hoje onde conseguimos chegar. A comunidade cresceu muito. Agora, a prospecção para os próximos cinco, não poderia ser melhor. Empresas especializadas, das mais diversas áreas, surgem e se profissionalizam a cada dia. Revistas, sites, organizadores

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de eventos, investidores, agências, dealers, staffs, gerentes... Toda a estrutura melhorou muito – e todos fazem parte desta grande comunidade. E como encarar essa nova fase? Todos devem contribuir juntos. Afinal, o objetivo é comum. Só vamos avançar para o próximo nível com trabalho duro, disciplina, profissionalismo e companheirismo. Para ganhar ainda mais o respeito das pessoas, é preciso ser um exemplo. É dever de cada pessoa envolvida com o poker, seja ele jogador, organizador, dealer etc., exercer o seu melhor, de forma honesta e digna. Não podemos deixar o famoso “jeitinho brasileiro” afetar a imagem positiva que estamos construindo. Poker não é um jogo de boteco, é um esporte sério.

Caio Pessagno @CaioPessagno caiopessagno.com.br riverstyle.com.br

Caio Pessagno é o maior destaque do poker online brasileiro na atualidade. Jogador do Ano da Card Player Brasil em 2010 e 2011, ele quebrou os padrões do poker moderno com estratégias únicas e efetivas.

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Não podemos deixar o famoso “jeitinho brasileiro” afetar a imagem positiva que estamos construindo. Poker não é um jogo de boteco, é um esporte sério. Um bom exemplo é o Master Minds, evento que participo como representante. Acredito muito na ideologia dos organizadores: provar, para os que ainda duvidam, que o poker é um esporte da mente. É muito importante a iniciativa de promover palestras, desafios etc. Esse tipo de entretenimento aproxima as pessoas que não conhecem nosso universo. Hoje, muita gente ouve falar sobre o poker, mas a maioria ainda não conhece. Tenho muito orgulho em representar algo que apoia esta abertura. Com certeza, as próximas edições prometem surpresas ainda maiores. Já conseguimos colocar a hashtag #PokerNoTerra nos trending topics do twitter. Unidos, temos um poder de fogo muito forte. Convoque seus amigos, divulgue notícias, apoie novas ideias. Vamos para cima. Fichas neles. Chegou o momento do poker brilhar no Brasil.


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LANÇA TORNEIO EXCLUSIVO PARA MULHERES A Odds Brasil, que organiza torneios no Vegas Hold’em Club, lançou em sua ultima edição do COP - Circuito Odds de Poker o “Torneio das Divas”. Segundo Reginaldo Campos, sóciodiretor da Odds, a idéia de criar um torneio exclusivo para o público feminino surgiu pelo grande espaço que as mulheres estão ocupando no mundo do poker. “Nada mais justo do que valorizar as mulheres que dão brilho às nossas mesas”, diz ele. O torneio acontecerá sempre no ultimo dia do evento COP. O valor do buy-in é de R$100 e o torneio garante 3k de premiação. O torneio começa com 20.000 fichas, blinds de 30 minutos e é possível fazer reentrada até

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o 4º nível de blinds. Além disso, a organização sempre se preocupa em elaborar um cardápio especial para receber suas “Divas”. Brindes e troféus também não podem faltar “Queremos melhorar a cada edição para fazer jus à presença das mulheres, e atrair cada vez mais mulheres para esse esporte que ainda tem predomínio masculino.” relata Gabi Nunes, relações públicas da Odds Brasil. A próxima edição acontecerá no dia 10 de novembro as 17h no Vegas Hold’em Club. Maiores informações poderão ser obtidas no site www.oddsbrasil.com, pelo facebook www.facebook.com/oddsbrasil, ou pelo twitter @ddsbrasil.


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ca no por Th iago De

E O Ç N BALA E S I L Á AN O

sonho de todo jogador de poker é ganhar um bracelete. Mas, neste ano, minha meta foi fazer o meu melhor – e cometer pouquíssimos erros. Eu tinha a preocupação de chegar às fases finais dos torneios, prestando atenção em como caras do nível de Phil Ivey, Jason Mercier e John Juanda estão sempre chegando. São os mesmos caras, ali, no final. Tem também o Nando Brito, com seu jogo super tight. Então, tem sempre alguma coisa para aprender e amadurecer. Definitivamente, essa World Series foi um divisor de águas para mim – o bracelete não veio, mas, em termos técnicos e de solidez, este foi o meu melhor ano. Em 2010, terminar em terceiro no Evento #41, me rendeu um prêmio melhor, e foi também o meu melhor torneio. Contudo, chegar à reta final de seis eventos, a maioria deles com nível técnico bastante alto, é a certeza de que estou no caminho certo, e a confiança no meu jogo está em alta. Cheguei a Las Vegas dez dias antes da WSOP. Presenteei minha mãe com a viagem, e muitos amigos estavam lá para conhecer o verdadeiro parque de diversões dos adultos. Foram férias maravilhosas, que contribuíram positivamente pra o meu jogo. Quando a série de poker

mais famosa do mundo teve início, eu estava completamente focado. O momento para me divertir seria nesse período pré-WSOP. Saí com os amigos para a balada, levei minha mãe aos shows, enfim, apresentei Las Vegas a eles. Quando os amigos do poker chegaram, obviamente que deu aquela vontade de sair, de ir a um restaurante legal, mas, como o objetivo era a World Series, joguei todos os torneios que podia, sabendo que o foco era fundamental. No poker, há uma linha muita tênue entre decisões boas e ruins. Então, seu subconsciente pode te fazer entrar em uma situação de all-in em que, mais da metade das vezes, o fold seria a melhor decisão. Algo que lhe faça mal, como sono, ressaca ou até dor, pode fazer com que, inconscientemente, seu corpo peça para que aquilo (estar sentado jogando) acabe. Isso pode fazer com que você vá para o gamble com mais frequência. Com isso em mente, eu tinha um objetivo: realizar uma excelente WSOP. Parece que deu certo. O começo não foi dos melhores. As coisas não deram muito certo, e os primeiros torneios não eram tão deep stack. Mas no Evento #16 [$1.500 6-Max], com mais de 1.600 jogadores,

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consegui a 25ª posição. Aquilo me fez reestabelecer a confiança necessária para os demais eventos da série. Em seguida, no Evento #23 [$3.000 6-Max], terminei em 18º. Neste, um field bem mais complicado. No Dia 2, por exemplo, joguei com Bertrand “Elky” Grospellier, Eugene Katchalov e “Freddy” Deeb. Após outro ITM, no Evento #33 (61ª posição), foi no Evento #36 [$3.000 Shootout] a maior emoção da WSOP 2012: a tão sonhada mesa final. O caminho foi difícil. Na minha primeira mesa, enfrentei Jonathan Duhamel e Michael Mizrachi. Em uma das mãos, optei pelo fold, equivocadamente, com um full house, em que o adversário blefou e mostrou ace-high. Tive que me recuperar, tanto em fichas quanto psicologicamente, já que não poderia, de forma alguma, levar para o pessoal ou querer dar o troco. Graças à estrutura deep, tudo deu certo, e garanti minha primeira vitória.

Thiago Decano @TheDecano thedecano.com

Thiago Decano é considerado um dos melhores jogadores do Brasil, live e online. Chegou a duas mesas finais da WSOP e uma doWPT.

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Ficou na dúvida? Gamble – No poker, esse termo pode ser usado quando um jogador se coloca em uma situação que a sorte é necessária. Deep Stack – São torneios que a estrutura permite um jogo mais técnico, já que a relação entre stacks e blinds é bem grande. Moves – São jogadas de alto risco, geralmente blefes, que quando mal executadas trazem um grande prejuízo ou até a eliminação do jogador.

Já ITM, o segundo dia foi o mais tranquilo – mas tive que bater cinco ótimos jogadores. No heads up, venci Hiren “Hustla16” Patel, campeão do WCOOP em 2009. A mesa final teria 10 jogadores, todos com a mesma quantidade de fichas – entre eles, Antonio Esfandiari, Roberto Romanello e Athanasios Polychronopoulos. Infelizmente, os organizadores não repetiram a ótima estrutura de blinds dos dias anteriores e pularam dois níveis. Alguns ficaram short rapidamente e se viram obrigados a tentar dobrar seus stacks de 15 ou 20 blinds. Assim aconteceu comigo. E quando meu A-J não superou o J-J adversário, dei adeus ao sonho bracelete. Apesar da frustração, o corte nos blinds não serve de desculpas, já que todos foram prejudicados com a situação. Depois disso, ainda cheguei à reta final de dois torneios que fields eram dos mais difíceis da WSOP: o Evento #50 [$5.000 No-Limit Hold’em] e o


Evento #57 [$10.000 No-Limit Hold’em 6-Max]. No primeiro, outra amarga 18ª colocação. Amarga porque eu estava bem em fichas, e uma sequência de mãos perdidas fez um estrago grande. Não consegui me recuperar, e o sonho de outra mesa final foi adiado. No torneio de US$ 10.000, comecei mal. Só tinha fera no pano. Eu não conseguia valor em nenhuma mão. Sem cartas, fiquei feliz por ter sobrevivido ao Dia 1. Já no Dia 2, tudo começou a dar certo. Acertei os moves e leituras, e cheguei a ser chip leader. Acabei caindo na 28ª posição, quando meu 9-9 trombou de frente com um A-A. Embora o bracelete não tenha vindo, o saldo foi extremamente positivo: um ótimo lucro e retorno sobre o investimento. Aumento da confiança em termos técnicos. Trabalho com a paciência, principalmente falando sobre tournament life, e melhora na análise de situações, tanto para agredir quanto para desistir de uma mão. Na próxima edição, falarei sobe o Main Event e comentarei duas mãos interessantes. Para os interessados em coaching, palestras e cursos, ou se quiser apenas enviar alguma pergunta, é só enviar um e-mail para contato@thedecano.com.

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Gus Hansen

10

237.000 fichas

9

9

Porcentagem de Vitória Antes do Flop: 45.6% Depois do Flop: 63.2% Depois do Turn: 0.0%

AUD$ 250.000 Super High Roller do Aussie Millions

Sorel Mizzi

10

932.000 em fichas

Torneio

Porcentagem de Vitória Antes do Flop: 53.9% Depois do Flop: 36.4% Depois do Turn: 100.0%

A

5

Pré-flop: Com os blinds em 10.000/20.000-3.000, Gus Hansen aumenta para 51.000 do hijack. Sorel Mizzi empurra all-in do cutoff, e é pago.

5

em um

A

Aconteceu

Nota: As porcentagens de vitórias não incluem empates. As odds são fornecidas por www.cardplayer.com/poker-tools/odds-calculator/texas-holdem. Acesse www.cardplayer.com/poker-tools/hand-matchups para mais informações estratégicas.


Gus Hansen

8

7

7

8

J

J

Flop 3

3

Turn 10

10

River

Análise: O cenário é a mesa final do Super High Roller do Aussie Millions. Restam oito jogadores, e três serão premiados. Mizzi sabe que o range de mãos que o dinamarquês abre o pote do final da mesa é muito grande. Assim, apenas um ás já é bom o bastante para colocar seus últimos 11 big blinds em jogo. Para dar o call, Hansen tem odds razoáveis, 1.8-para-1. Ele pagou, acertou um straight no flop, mas o turn deu o flush para Mizzi, que dobrou suas fichas. Hansen terminou o torneio na 3ª colocação e embolsou AUD$ 800.000. Mizzi foi o quinto colocado.

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Caio Pimenta

A

os 22 anos, o mineiro Caio Pimenta é apontado como um fenômeno do poker brasileiro. Com um estilo de jogo superagressivo e jogadas complexas, ele conquistou muitos fãs do esporte mental. Em 2009, o jogador de Belo Horizonte fez história ao se tornar o segundo brasileiro a ganhar o principal torneio regular do poker online, o Sunday Million, do PokerStars. Dois anos mais tarde, ele deixaria o Brasil estarrecido ao disputar o Super High Roller do PCA, desembolsando US$ 100.000 para participar do evento – o maior buy-in já realizado por um jogador tupiniquim. Pimenta também fez parte da delegação brasileira que trouxe a medalha de prata no I Campeonato Mundial de Poker, realizado ano passado, em Londres. Ele já acumula mais de R$ 6.000.000 ganhos apenas no poker online. Especialidade: No-Limit Hold’em Online Ganhos na carreira: Cerca de R$ 7.300.000 Principais resultados: Campeão do Sunday Million no PokerStars (Novembro/2009) – US$ 259.244 3º no FTOPS Evento #22 no Full Tilt (Novembro/2010) – US$ 100.000 Caio Pimenta

2º no $1 Milhão Garantido no Full Tilt (Outubro/2008) – US$ 113.000

Top 10 – Resultados Brasileiros em Setembro

Sunday 500 O Sunday 500 é um dos maiores torneios regulares do PokerStars. Graças ao seu buy-in elevado, ele atrai os principais jogadores da internet. Vencê-lo traz glória e reconhecimento, além de um belo prêmio de cinco dígitos. Realizado somente aos domingos, o torneio tem buy-in de US$ 530 e premiação garantida de US$ 300.000.

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Site

Data

Evento

Nome

Posição

Prêmio

16/09

Evento 44 WCOOP ($2.100)

Gustavo “PIUlimeira”

3° Lugar

$334.448

09/09

Evento 21 WCOOP ($215)

Diego “Mr.Bittar” Valadares

4º Lugar

$190.091

31/09

Second Chance Evento 57 WCOOP ($320)

Pedro “PaDiLhA SP” Padilha

1º Lugar

$62.348

23/09

The Bigger ($109)

Fernando “fviana” Viana

2º Lugar

$49.245

02/09

The Bigger $109 ($109)

Thiago “Kkremate” Crema

2º Lugar

$41.200

03/09

Second Chance Evento 5 WCOOP ($109)

Rafael “GM_VALTER” Moraes

4º Lugar

$41.200

09/09

Second Chance Evento 21 WCOOP ($109)

Felipe “fcarrico” Carriço

4º Lugar

$32.671

13/09

Second Chance Evento 34 WCOPP ($215)

Renan “Renanr0x” Ribas

1º Lugar

$31.626

03/09

Big $162

“G1a1u1s1s”

1º Lugar

$31.120

12/09

Evento 30 WCOOP ($215)

João “Ponga80” Paulo

2º Lugar

$27.711


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