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POKER

ESP O RTE E ESTI LO D E VI DA

CAMPEONATO BRASILEIRO DE POKER POR EQUIPES ELAS QUEREM DOMINAR MULHERES BRILHAM NOS FELTROS EM 2013

O ARAUTO DO POKER MODERNO










SUMÁRIO 12. THIAGO DECANO

A CULPADA NÃO É A SORTE Decano revela que você não perde um torneio ao ser derrotado por aqueles três outs no river, mas sim quando perde fichas ao não jogar uma mão corretamente.

32. FELIPE MOJAVE

MUITO RISCO OU MUITO VALOR? Felipe Mojave conta como extraiu o máximo de valor em uma mão do Rio Poker Tour.

ESPECIAIS 18. BETMOTION LADIES TEAM

Saiba quem são a meninas que irão compor o primeiro time de poker feminino do Brasil.

50. O ARAUTO DO POKER MODERNO

Chris Moneymaker e os dez anos do boom do poker mundial.

70. BRASIL FAZ HISTÓRIA NA WSOP 2013

Mesmo sem braceletes, brasileiros fazem bonito em Las Vegas.

40. DEVAGAR, MAS EM FRENTE

A ascensão das mulheres em um esporte predominantemente masculino.

86. CAMPEONATO BRASILEIRO POR EQUIPES

Rio de Janeiro é campeão de um dos torneios mais empolgantes dos últimos anos.

64. FÁBIO EIJI

TROCANDO DE ARES Em sua estreia como colunista, Eiji fala sobre a difícil transição do SNG para o MTT.

80. DIÓGENES MALAQUIAS

NOVE DICAS PARA O INÍCIO DE TORNEIOS Através de algumas dicas, Diógenes mostra como melhorar o rendimento em inícios de torneios de poker.

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É O Ã N A D A P L U AC

E T R A SO Deca no por Th iago

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Thiago Decano @TheDecano thedecano.com

Thiago Decano é considerado um dos melhores jogadores do Brasil, live e online. Chegou a duas mesas finais da WSOP e uma do WPT.

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os últimos dois artigos, falei sobre “valor” e “blefe”. O retorno foi gratificante. Recebi muitos elogios, mas muitas questões foram levantadas acerca do tema. E, como eu já disse antes, esse é o princípio fundamental do nosso esporte. Dessa forma, é de suma importância o estudo aprofundado, já que, mesmo em diferentes níveis, os jogadores costumam se perder. Já vi competidores excelentes e bem lucrativos, repentinamente, se deparando com uma situação em que não sabem se estão blefando ou jogando a mão por valor. Portanto, é perfeitamente normal o surgimento das dúvidas. O poker é um jogo tão complexo que só a habilidade, técnica e experiência nas mesas fará um jogador compreendê-lo com mais precisão.

Tanto em meus cursos como nos coachings individuais, percebo claramente que jogadores de torneios têm maior dificuldade em entender o conceito de valor e blefe em relação aos jogadores de cash game. E o motivo disso é simples: o jogador de torneios só joga deep stack no início, quando os blinds estão baixos e as mãos são decididas, principalmente, no flop, turn e river. Do meio para o fim do torneio, geralmente, a média de fichas está entre 25 e 40 big blinds. Assim, na maior parte das vezes, as mãos são decididas pré-flop ou no flop. O ser humano tem a memória seletiva e tende a achar que o motivo de sua queda no torneio foi a mão fatídica ou aquela em que perdeu grande parte do stack. Na verdade, ele não percebe que a mão decisiva foi aquela em que ele deu check depois do seu oponente, em vez de apostar extraindo o valor máximo de sua mão no river quando o pote estava grande, ou então o “hero fold” que deveria ter dado, mas que acabou pagando e perdendo um caminhão de fichas para um adversário que tinha uma mão com mais valor.


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Costumamos culpar a má sorte quando caímos perdendo um AK x AQ, ou aquele flip gigantesco em que ficaríamos entre os primeiros do torneio na reta decisiva. Mas não nos culpamos quando poderíamos ter aproveitado duas ou três situações ótimas para fazer uma 3-bet ou uma 4-bet, mas acabamos optando pelo fold. Jogar bem pós-flop é determinar o range de mãos do adversário, quantificar percentualmente quando ele estará com valor máximo, médio ou blefe, saber qual o range de mãos que você está representando e, aí sim, decidir – observando se você tem ou não posição em relação ao oponente – se você deve apostar, pedir mesa ou dar fold em cada uma das streets. Relembrando o artigo anterior, caso opte por apostar, você sempre deve ter um objetivo: “Ao apostar ou aumentar uma aposta, você deve desejar que seu oponente desista (blefe), pague (mão de valor médio) ou aumente (mão de valor alto)”. O jogador de cash game geralmente terá mais facilidade em jogar pós-flop. Ele já está acostumado a situações deep stack, com ação até o river na maioria das mãos. Assim, compreende melhor o conceito de valor e blefe. Porém, como não está acostumado a jogar short – com algo entre 10 e 30 blinds –, muitas vezes, ele se perde. Ele opta por jogar pós-flop uma mão que, apesar da boa equidade, não terá espaço para jogadas mais elaboradas como o float (pagar uma

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aposta sem uma mão pronta, com o objetivo de tirar o adversário da jogada caso ele demonstre fraquezas nas streets posteriores) ou aumentar com nada (air). Em vez do call pré-flop, ele poderia ter optado pelo resteal, jogando por stacks. Muitos perguntam sobre meus cursos e coaching: se é mais direcionado para o live ou para o online, se é para jogadores de cash ou torneios. Sempre digo que abordo o poker como um jogo único. Em minhas aulas, tenho sempre que me preocupar na evolução do aluno como um todo. Ensinar tanto o jogador de torneios a jogar bem pós-flop como o jogador de cash games a jogar bem por stacks. Desde já, agradeço as mensagens de apoio e torcida para a WSOP 2013. A expectativa é enorme. Agradeço também a confiança dos que já foram meus alunos e que já estão tendo ótimos resultados, assim como o grande interesse para futuras aulas. Vou me desdobrar para atender a todos. Continuem a acompanhar a minha carreira pelo meu site, twitter ou facebook.


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UM NOVO PASSO PARA O

POKER

FEMININO NO BRASIL por Alessandra Braga

O poker brasileiro está em um momento único da sua história. Nossa comunidade nunca esteve tão otimista em relação ao crescimento do jogo e a sua aceitação como esporte da mente. Mesmo assim, ainda não vejo um crescimento significativo no número de mulheres nos fields dos torneios. Ele aumentou, sim, mas muito pouco. A porcentagem de mulheres na WSOP, por exemplo, se manteve a mesma nos últimos dois anos: 3% do field. Ou seja, a cada 100 jogadores, apenas três eram mulheres.

No Brasil, essa proporção é ainda menor – infelizmente, os torneios nacionais não costumam divulgar essas informações. Mas acho que o momento nunca esteve tão bom para que o número de mulheres se multiplique nos panos. Além da legitimação do poker e da diminuição do preconceito – que atrai as mulheres e também mais homens –, alguns fatos mostram que o poker feminino nunca esteve em tanta evidência.

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Primeiro, o protagonismo da francesa Gaelle Baumann e da norueguesa Elisabeth Hille na WSOP do ano passado. Elas foram, respectivamente, 10ª e 11ª colocadas no Main Event. A ausência de uma delas na mesa final foi lamentada no mundo todo. O acontecido foi o grande assunto durante a transmissão da ESPN (tirando a própria mesa final, claro). Foi uma pena a Gaelle não chegar, seria uma ótima inspiração para as meninas mais novas. Depois, no PCA 2013, nas Bahamas, a americana Vanessa Selbst cravou o High Roller de $25.000, levou $1,4 milhão e se tornou a mulher com mais premiações da história do poker ( mais de US$ 7 milhões). Agora, ela já não é simplesmente a “melhor jogadora” do mundo. Ela está entre os 10 melhores jogadores do planeta – seja homem ou mulher.

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Gaelle Baumann

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Vanessa Rousso

Nesse meio tempo, aqui no Brasil, Vanessa Rousso veio ao BSOP Million, esbanjou simpatia e jogou o fino. No mesmo evento, 68 mulheres jogaram o torneio Ladies Only – que euzinha aqui cravei, para quem não se lembra! O feltro rosa da mesa final e o troféu especial para o evento são fatores que mostram como os organizadores estão interessados em atrair o público feminino. Agora, foi dado um passo ainda maior para o poker feminino no nosso País: a criação do primeiro time profissional do Brasil formado só por mulheres: o Betmotion Ladies Team. Fiquei muito feliz e honrada ao ser convidada para ser madrinha do time! Tenho orgulho de ser Team Pro BetMotion e ver o site tirar a “democracia do poker” apenas das palavras e colocar em algo concreto. O BetMotion Ladies Team é uma iniciativa fundamental para o poker feminino no Brasil. Minhas “afilhadas” Thalita Cascaes, Carla Del Castilho, Thais Guahyba, Milena Magrini, Beatriz Fonseca e Bruna Araújo foram as convocadas para encarar a missão de representar as mulheres nos feltros pelo País.

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O PRIMEIRO

TIME FEMINO

DE POKER DO BRASIL

por Marcelo Souza

Charme, beleza, carisma e habilidade com as cartas. Quatro adjetivos que resumem bem o mais novo time de poker do Brasil, a equipe feminina do Betmotion. O Ladies Team é uma idealização de Lukas “Diablo”. A ideia foi aprovada instantaneamente pelo Chefe de Operações do Betmotion, Leonardo Baptista. “A principal razão de termos um time 100% feminino é valorizar as mulheres nesse esporte”, revela Leonardo. “Além disso, foi uma ideia de branding para divulgação da marca, já que, aqui no Brasil, nenhuma das outras grandes empresas do poker pensou nisso”, completa. O time é formado por seis jogadoras dos mais diversos cantos

do País. Em comum, a paixão pelo esporte mental. A madrinha é ninguém menos que a Betmotion Pro Alessandra Braga, referência do poker nacional. O critério de seleção foi baseado na qualidade do jogo ao vivo e online. “Já conhecíamos as meninas do Troll Team, time do site comandado pelo Lukas. Então, a escolha foi fácil”, conta Leonardo. Agora, Card Player fala um pouco mais sobre essas meninas que já estão fazendo bonito nos feltros online do Betmotion e, claro, levando sensibilidade e delicadeza às mesas de poker do Brasil.

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Foto: Carlos Monti

ALESSANDRA BRAGA (SÃO PAULO – SP) A madrinha do Ladies Team é conhecida em todo Brasil. Dona de um jogo sólido, eficiente e de um carisma ímpar, Alê coleciona mesas finais, troféus e ITMs em torneios nacionais e internacionais. Experiente, ela é presença certa nos grandes torneios ao vivo. Essa experiência credencia a paulistana a ajudar no crescimento do time.

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BRUNA ARAÚJO (Brasília – DF) Nick no Betmotion: “bruna321” Twitter: @brunaraujo Bruna é a caçula do time. Com 21 anos, ele joga desde os 14. No entanto, o poker só entrou de vez na sua vida no ano passado, quando descobriu um clube na sua cidade. Além do poker, outros esportes fazem parte da sua vida, como o Counter-Strike (electronic sport) e o futebol. Para ela, não existe isso de “coisa de menino”. Com o convite do Betmotion, Bruna espera se profissionalizar. Em 2013, ela poderá ser vista em ação no campeonato brasiliense e, claro, nos feltros virtuais do Betmotion.

foto: Hugo Dourado / PokerDoc

BEATRIZ FONSECA (Bauru – SP) Nick no Betmotion: beafonseca Twitter: @beatrizlfonseca

Beatriz joga poker há quase seis anos e, no início, teve certo preconceito em aprender. Mas, convencida pelo ex-namorado, começou a jogar. Depois um tempo praticando, com dinheiro fictício na internet, ela se apaixonou. Apesar de trabalhar fora do poker, seu sonho é viver do esporte mental. O preconceito que ela teve no passado, ela enfrenta hoje, mas espera superar isso com a entrada para o Ladies Team.

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CARLA DEL CASTILHO (Imperatriz – MA) Nick no Betmotion: delcastilho Twitter: @kkdelcastilho Carla, mais conhecida como Kaká, começou a jogar poker há cinco anos, sempre em reuniões com amigos. Desde pequena, os esportes estiveram presentes na sua vida. Além de correr de kart, ela sempre praticou judô. Seu primeiro grande torneio foi na etapa de Fortaleza do BSOP, no ano passado. Um grande estreia, já que foi a única mulher a terminar ITM (22ª posição). Formada em Odontologia, depois do convite do Betmotion, veio o desejo de se dedicar ainda mais ao poker. Um dos seus objetivos é mostrar a força das mulheres no esporte mental.

MILENA MAGRINI (Bauru – SP) Nick no Betmotion: mimagrini Twitter: @Milenamagrini Milena tem 30 anos e é apaixonada pelo poker há sete. Apresentada ao jogo pelo ex-namorado, que já participava de alguns torneios, ele ensinou a ela as regras básicas. Na época, morando em Jaú, Milena reunia-se com um grupo de amigos para jogar. As mesas eram de plástico e as fichas improvisadas. O objetivo era só a diversão. Com o tempo, mais pessoas aderiram à brincadeira. A coisa ficou séria, com regras, ranking, dealers etc. Em uma das temporadas, ela foi a campeã e o interesse aumentou. Quando se mudou para Bauru, conheceu um clube de poker e fez

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amizade com uma turma que viajava para participar dos torneios da região. O desafio, assim como o field e as premiações, era ainda maior. Dali até o CPH, BSOP e outros torneios, foi um pulo. “Lembro-me quando sentei pela primeira vez em um torneio desses. Minhas pernas tremiam, minha mão estava gelada, mas foi a melhor sensação que tive. Adrenalina a mil! Era isso que eu queria para minha vida”, conta. Ao contrário da maioria dos jogadores, a família de Milena a apoia integralmente. Agora, no Ladies Team, ela espera crescer como jogadora e se profissionalizar.


THAIS GUAHYBA (Frutal – MG) Nick no Betmotion: Thais_GN Twitter: @Thaisguahyba Thais começou a jogar poker em 2007 para se distrair. Recém-casada, ela tinha acabado de mudar de cidade e largado o antigo emprego – uma mudança radical em sua vida. Foi um ano de adaptação, em uma cidade pequena, e foi o poker que a ajudou a passar bem por esse período. O início foi complicado. Por ser mulher, todos acreditavam se tratar de um fake (perfil falso). Demorou até que ela pudesse provar o contrário. Para ela, o poker sempre foi sinônimo de diversão. Graças ao esporte, ela fez muitas amizades. Depois que entrou para o Troll Team, começou a levar o esporte com mais seriedade. Psicóloga for-

mada, ela acredita ter vantagem, em termos de concentração e observação, contra seus adversários. Com o ingresso no Ladies Team, ela espera

acabar de uma vez por todas com a desconfiança da família e amigos em relação ao poker.

THALITA CASCAES (Blumenau – SC) Nick no Betmotion: thaasinistra Twitter: @thasinistra Jogando com amigos, Thalita conheceu o poker aos 16 anos. Depois de assistir a algumas transmissões na ESPN, o interesse cresceu. Quando ela começou a jogar, sua cidade ainda nem sabia o que era o poker. Para aprender, ela teve que correr atrás, um autodidata do esporte. Há um ano, surgiu a oportunidade de entrar para o Troll Team, do Betmotion. Com muitas aulas e estudo, seu jogo evoluiu. Ainda em 2012, ela se tornou a primeira mulher campeã do ranking da ABLUC (Associação Blumenauense

de Carteado) e do campeonato catarinense online. Nos últimos seis meses, ela estava se dedicando aos cash games e aos torneios ao vivo. Agora, integrante do Ladies Team, ela promete muita dedicação e ficha no pano.

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MUITO

RISCO

OU VALOR

UM FINO COCEITO por Felipe Mojave

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Felipe Mojave @FelipeMojave felipemojave.com

Felipe Mojave é um dos principais jogadores brasileiros da atualidade, especialista em mixed games e profissional do Lock Poker.

este artigo, vou analisar uma mão jogada na primeira etapa do Rio Poker Tour de 2013, no Rio de Janeiro. O RPT tem uma excelente estrutura, uma das melhores do Brasil, e é realizado em um local espetacular, o Clube Costa Brava. O torneio já estava em estágio avançado, com blinds 1.200/2.400 e ante de 300. Os stacks efetivos eram de 50 big blinds. Do UTG, abri raise para 5.000, e o meu oponente, André Morgado, deu call no big blind. O flop veio A♣Q♣J♠, e nós dois pedimos mesa. O turn foi um 9♠. Ele pediu mesa novamente, e eu apostei 3.200. Ele hesitou um pouco, mas pagou um tanto quanto rápido. O river trouxe um J♣, deixando o bordo A♣Q♣J♠9♠J♣, e ele disparou 10.500. Depois de pensar bastante, fui all-in. André pensou por muito tempo e deu call. Eu tinha 9♦9♥, para um full house; e ele, 4♣2♣, um flush.

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André Morgado na mão decisiva contra Felipe Mojave (Foto Hugo Dourado/Pokerdoc)

Até o flop, a mão é normal, check atrás com 9-9 em um bordo com três overcards. Mas, normalmente, eu optaria pela continuation bet, por estar abrindo o pote do UTG+1. Já no turn, quando acerto a minha trinca, meu pensamento é tentar extrair valor de alguma forma, já que aquele era um bordo muito perigoso. Apostei bem baixo (menos de 1/3 do pote). Eu sabia que tomaria call de mãos especulativas, já que decidi não apostar no flop, o que naturalmente desagrega valor da minha mão. Quando meu oponente hesita, mas dá o call, descarto algumas mãos do range dele. Restam opções como o flush draw e par com gutshot (gaveta). Sendo a segunda menos provável, pois seria mais normal ele apostar no turn do que ir para o check-call.

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Quando o river traz o J♣ e possíveis flush e full, meu oponente aposta 2/3 do pote, o que eu tinha certeza que nunca representaria um blefe. Ou seja, sempre seria uma mão de valor. No turn, eu já havia excluído do range dele mãos como A–J ou Q–J, o que me deixou muito tranquilo para seguir a linha de extrair valor no river. Como os stacks eram bem grandes, havia espaço para muitas alternativas. Eu acreditava que qualquer valor entre 21.000 e 35.000 seria pago. Sabendo disso, e restringindo o range do meu oponente para flush, tentei algo bastante ousado e criativo, que foi o all-in – um overshove, que faria meu oponente ir para o tanque se ele tivesse o flush, mas também o levaria a desconfiar do real valor da minha mão ao mesmo tempo. Devido à maneira que me


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comportei, o shove (all-in) no river poderia ser um grande blefe para puxar o pote. Depois de minutos pensando, o André deu call com o flush, e eu ganhei um pote enorme. Pensar diferente, aqui, tornou a jogada extremamente lucrativa. Esta mão tem várias faces e definitivamente poderia ser jogada de diversas maneiras. No poker é interessante tomar linhas que confundirão adversário. Transformar padrões e mãos normais em jogadas complicadas para os oponentes, fatalmente, irá induzi-los ao erro. Depois do torneio, o André entrou em contato comigo para discutir sobre a mão. Abaixo, um breve relato do mesmo: “No river, a dobra do J trouxe o meu flush. Havia umas 17.000 fichas no pote. Apostei 11.000, e você (Mojave) pensou um pouco e anunciou all-in de umas 100.000

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fichas, jogada que me fez pensar muito, pois abriu uma infinidade de possibilidades, inclusive um blefe. Eu tinha cerca de 80.000 para trás, o que me possibilitava dar fold e ainda continuar tranquilo no jogo – até porque, em certo momento, achei que você poderia ter feito o full e estaria dando o shove para induzir um erro. Porém, comecei a eliminar as possibilidades de A-J e Q-J pelo check no flop. O 9♠ no turn e a aposta de 3.200 me fez pensar em algo como K-10. No river, resolvi dar o call, pois pensei que o shove também poderia ser a única chance que você teria de levar o pote”. Acredito que ambos aprendemos muito com a jogada, e espero que vocês, leitores da Card Player, também.


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MAS DEVAGAR,

EM FRENTE quando se fala em Cada vez mais, el as provam que do gênero vai “melhor jogador”, a importância diminuindo gr adativamente.

por Julio Rodriguez Tradução e adaptação: Marcelo Souza


Seis ITMs, três mesas finais, um bracelete e quase US$ 1.000.000 em ganhos. Esses são os números que você espera de jogadores como Phil Helmuth ou Daniel Negreanu após o término da World Series of Poker. Neste caso, os feitos não pertencem a nenhum dos dois, na verdade, nem a nenhum jogador, mas a uma jogadora: Loni Harwood, um nova-iorquina de apenas 23 anos. Ao olhar os resultados de Loni na WSOP 2013 o que mais impressiona é o tamanho dos fields que ela enfrentou. Jogando torneios com buy-in de até US$ 1.500, ele chegou ITM em eventos que o número de inscritos era de 936, 1.194, 2.071, 2.816 e 6.343 jogadores. O tão sonhado bra-

celete veio depois de superar 2.540 concorrentes. As suas três mesas finais no último verão de Las Vegas também constituem um recorde feminino. Apenas Cyndy Violette, em 2005, havia alcançado o mesmo feito. Inspirada pelo pai, Loni cresceu no meio dos jogos. Ela começou jogando xadrez, e quando foi para o colégio, fez a transição para o poker. Foram alguns anos se especializando em satélites e, depois, veio o circuito ao vivo. Apesar de jogar há apenas dois anos, ela já aparece com uma das principais estrelas em ascensão do poker mundial. Logo após a vitória no Evento #60, a Card Player teve uma conversa exclusiva com ela. Loni Harwood

Julio Rodriguez: Você estava destinada a ser uma jogadora de poker ou tinha outros planos para a sua vida? Loni Harwood: Eu era uma boa estudante. Sempre cumpria com as minhas obrigações. A princípio, o plano era ir para a faculdade, mas sempre que eu visitava o meu pai, eu o assistia jogar no PokerStars. Ele sempre gostou de jogos, era muito bom no bridge e foi quem me colocou no xadrez antes de eu entrar para o poker. Eu era como uma nerd, jogando torneios de xadrez e ganhando meus troféus, mas o poker é muito mais divertido (risos). JR: Como você avalia o seu pai (Joel Harwood) jogando poker? LH: Ele é muito bom. Ganhou um bracelete de Stud no WCOOP 2009

do PokerStars. Eu sou como ele, nós temos linhas de pensamento muito similares, então é muito fácil absorver o que ele me ensina. JR: Alguns homens jogam de maneira diferente quando enfrentam mulheres nas mesas. Você teve que se ajustar por causa disso? LH: Antes de ganhar o bracelete, as pessoas acreditavam que eu era muito mais tight do que eu realmente sou, o que me fez tirar vantagem de várias situações. De vez em quando, em mesas de cash game, jogo contra caras que sentem que precisam me dar uma lição ou algo do tipo. Não sei se por me acharem uma jogadora fraca ou se para provar algo para eles mesmos. Agora que eu tenho o bracelete, se me reconhecerem, isso deve mudar.

O Verão Premiado de Loni Harwoord Evento

Posição

Premiação

#6 [$1,500 No-Limit Hold’em]

560

#18 [$1,000 No-Limit Hold’em]

43rd

$6,784

#31 [$1,500 Pot-Limit Omaha Eight-or-Better]

6th

$39,803

#36 [$1,500 No-Limit Hold’em]

86th

$5,556

#53 [$1,500 No-Limit Hold’em]

4th

$210,456

#60 [$1,500 No-Limit Hold’em]

1st

$609,017

th

$3,082

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S E R E H L U M S A D O ANO A World Series of Poker 2012 poderia ser considerada um ponto fora da curva para o poker feminino. Foram três braceletes, o mesmo número de segundas colocações e vários ITMs. A cereja do bolo veio com Elisabeth Hille e Gaelle Bauman caindo na bolha da mesa final do Main Event. Geralmente, na WSOP, as mulheres representam algo entre 3% e 4% do field, dependendo do buy-in. A verdade é que, calculando em relação ao número de entradas, o desempenho delas superou o deles, tanto em ITMs quanto em premiação. Elas foram tão bem que a imprensa chamou 2012 de “O Ano das Mulheres”. No entanto, uma olhada nas estatísticas da WSOP 2013 mostrará Kristen Bicknell

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um desempenho similar ou melhor do que o do ano passado. Ou seja, chegou o momento de parar de olhar para 2012 como algo fora do comum e reconhecer que, cada vez mais, as mulheres estão chegando para ficar nesse meio, outrora dominado pelos homens.

O combustível inicia l – Ladies Championship

Graças ao Ladies Event, com buy-in de US$ 1.000 (US$ 10.000 para homens), a WSOP garante pelo menos um bracelete às mulheres. Neste ano, 954 foram aos feltros do evento — em 2012 foram 936.

Depois de três dias de torneio, a campeã foi a blogueira da Card Player Kristin Bicknell. Ela, que recentemente alcançou o status de SuperNova Elite no PokerStars, embolsou cerca de US$ 170 mil pela vitória. “Eu jogo cash game online, mas decidi participar do Ladies Championship porque sempre é divertido”, conta Bicknell. A profissional Cyndy Violette também é uma das entusiastas do evento: “Esse tipo de torneio vem colocando novas jogadoras na WSOP. Essas mulheres também estão atrás de seminários e treinamentos, o que faz o nível de jogo feminino aumentar em uma velocidade muita rápida”.


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Annette Obrestad

Torneios abertos

Nos torneios abertos (sem restrição de entrada), as mulheres também vêm ganhando notoriedade. Vanessa Selbst pode se considerar uma das responsáveis por isso. Dentre outros resultados, ao vencer um evento de pot-limit Omaha em 2008 e um de 10-game mix em 2012, ela se colocava entre os melhores do mundo, independente do gênero de avaliação. Mesmo com a discrepância dos números — em 44 anos de World Series, apenas 23 eventos abertos foram vencidos por mulheres —, existem verdadeiras lendas do poker que já levaram um bracelete, casos de Jennifer Harman, Linda Johnson e Kathy Liebert. A mais significativa dessas vitórias talvez tenha sido da norueguesa Annette Obrestad. Em 2007, ao vencer o Main Event da World Series of Poker Europe (WSOPE), Annette se tornou a pessoa mais jovem a conquistar um bracelete. Na época, ela tinha 18 anos e 364 dias. E se algum jogador ou jogadora quiser superar o feito terá que ser na Europa, já que a idade mínima para jogar em Las Vegas é de 21 anos. Já neste ano a história mais interessante foi de Dana Castaneda, uma garçonete de 31 anos do Arizona. Sua avó a encorajou a entrar no Ladies Championship, e do dinheiro da 94ª colocação, Dana retirou US$ 1.000 e pagou o buy-in do 54º evento da série. Três dias mais tarde, ela era única pessoa com fichas no torneio; e no bolso, um prêmio de US$ 454.207.

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Dana Castaneda


Mundo afor a A WSOP não é o único lugar em que elas vêm desfilando talento. Em abril do ano passado, a francesa Lucille Cailly embolsou mais de um milhão de euros ao terminar na segunda colocação do European Poker Tour Championship (EPT), torneio que já foi vencido por Liv Boeree, Sandra Naujoks e Vicky Coren, e que rendeu a cada uma delas premiações de sete dígitos.

Liv Boeree

O World Poker Tour ainda permanece como um dos únicos “major tournaments” que as mulheres não conseguiram vencer. Apesar disso, tanto Kathy Liebert quanto J.J Liu fizeram várias mesas finais do circuito. Neste ano, a musa canadense Xuan Liu também chegou à mesa final do PokerStars Caribbean Adventure. Ainda no PCA, Vanessa Selbst cravou o High Roller de US$ 25.000.

Sandra Naujoks

Do outro lado do mundo, Samantha Cohen também marcou presença na mesa final do Aussie Millions. Mais recentemente, a proprietária da Card Player, Allyn J. Shulman, venceu o Card Player Poker Tour Venetian e levou quase US$ 300.000. Em pouco mais de um ano, ela ganhou mais de um milhão de dólares.

Vicky Coren

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Kristen Bicknell

Kathy Liebert

Vanessa Rousso

Jennifer Harman

Annette Obrestad

JJ Liu

Liv Boeree

Lucille Cailly

Vanessa Selbst

Maria Ho

AS 10 MULHERES QUE MAIS GANHARAM DINHEIRO EM TORNEIOS DE POKER JOGADORA

PREMIAÇÕES NA CARREIRA (US)

Vanessa Selbst (EUA)

$7.398.454

Kathy Liebert (EUA)

$5.909.130

Annie Duke (EUA)

$4.270.549

Annette Obrestad (Noruega)

$3.910.678

Vanessa Rousso (EUA)

$3.504.091

Jennifer Harman (EUA)

$2.697.533

J.J. Liu (EUA)

$2.647.085

Liv Boeree (Inglaterra)

$2.281.097

Sandra Naujoks (Alemanha)

$1.789.239

Vicky Coren (Inglaterra)

$1.710813

AS 10 MULHERES QUE MAIS GANHARAM DINHEIRO EM UM ÚNICO TORNEIO JOGADORA

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TORNEIO

PREMIAÇÃO (U$)

Annette Obrestad

Main Event da WSOPE 2007

$2.013.734

Annie Duke

Torneio do Campeões da WSOP

$2.000.000*

Vanessa Selbst

Partouche Poker Tour 2010 (Cannes)

$1.823.430

Liv Boeree

EPT San Remo 2010

$1.698.300

Vanessa Selbst

High Roller do PCA 2013

$1.424.420

Lucille Cailly

EPT Grand Final 2012

$1.386.267

Sandra Naujoks

EPT Dortmund 2009

$1.159.541

Kathy Liebert

Party Poker Million 2002

$1.000.000

Vicky Coren

EPT Londres 2012

$941.513

Vanessa Selbst

NAPT Mohegan Sun 2010

$750.000

*Winner-take-all invitational tournament with 10 entries CardPlayer.com.br


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Jogue poker de graça. Este não é um site de apostas. Apenas maiores de 18 anos. Este é um concurso desportivo e recreativo.


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O ARAUTO DO POKER MODERNO

CHRIS MONEYMAKER DEZ ANOS DO BOOM Texto e entrevista: Julio Rodriguez

Tradução e adaptação: Marcelo Souza

Você já ouviu a história uma dezena de vezes: um contador norte-americano que vence um satélite de $39 na internet, disputa o maior torneio de poker do mundo e transforma esses trinta e nove dólares em 2.5 milhões. Seu nome é Chris Moneymaker, e por representar o sonho de milhões de pessoas comuns e ter um sobrenome bastante sugestivo, foi creditado a ele o que chamamos de “boom do poker”. “O mundo percebeu que qualquer um poderia fazer aquilo”, diz o comentarista do World Poker Tour, Mike Sexton. “Chris tem sido um grande embaixador para o poker, e ele foi um dos pioneiros do poker na internet. De certo modo, ele ajudou a aproximar os torneios ao vivo e online por todo o mundo”. Companheiro de time de Moneymaker e porta-voz do PokerStars, Daniel Negreanu faz coro às declarações de Sexton: “Quando venceu em 2003, ele não era um profissional. Além de um sobrenome com apelo midiático, não havia outros motivos para que lhe dessem atenção – não até que o torneio estivesse em sua reta final. Ele é o cara que transfor-

mou algumas dezenas de dólares em milhões. Hoje, há incontáveis afro-americanos que sonham em ser presidente do Estados Unidos. Por quê? Porque Obama fez isso. A mesma coisa aconteceu quando Chris venceu o Main Event. Há jogadores recreativos espalhados por todos os cantos que sonham em se tornarem campeões do mundo”. Mas enquanto o resto do mundo caminhou junto com o poker e evoluiu, Moneymaker admite que se acomodou com a fama e permaneceu, ali, em sua zona de conforto. Em tempo, ele percebeu que algo não estava certo. Naquele ponto, redescobriu a paixão pelo poker e decidiu que era hora de evoluir. O estudo foi recompensado. . A verdade é que já faz uma década desde que o mais famoso jogador amador de poker venceu o Main Event. Agora, ele conversa com a Card Player e fala sobre o passado, presente e futuro.

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Card Player: Qual a sua parcela de participação no “boom do poker”? Chris Moneymaker: Não me dou qualquer crédito por isso. Eu era apenas o cara certo, na hora certa e no lugar certo. A única coisa que fiz foi ser eu mesmo. Por alguma razão, as pessoas se identificaram com aquele cara normal, o antagonista que vai de encontro ao profissional sagaz e conhecido. Eu gosto de ser aquele cara com quem você pode chegar para conversar e tomar uma cerveja. E é esse tipo de mentalidade que tenho tentando manter.

CP: Como alguém que jogou todos os grandes torneios ao redor do mundo, você vê muito de si na comunidade do poker? CM: Sim. Não onde estão os profissionais de elite, mas nos home games das vizinhanças ou nos jogos $1-$2 dos cassinos. Lá há algumas centenas de Moneymakers.

CP: Isso faz com que você se sinta um estranho entre os profissionais? CM: Realmente há vários nomes fortes no meio, mas, não, eu não me sinto um estranho. Meu jogo melhorou bastante. Posso competir com qualquer um, e o mais importante: tenho confiança em minhas habilidades e não sinto mais como se tivesse que alcançá-los.

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CP: Fale da sua evolução como jogador desde a vitória na WSOP de 2003. CM: Depois de vencer o Main Event, passei cinco ou seis meses acreditando que eu era incrível, um jogador acima do bem e do mal. No entanto, com o passar dos anos, a coisas não estavam indo bem. Eu comecei a creditar os maus resultados à minha falta de sorte. Em 2009, finalmente comecei a analisar as coisas ao meu redor. Percebi que todas as pessoas estavam jogando diferente de mim. Eu não havia acompanhado a evolução do jogo. O engraçado é que eu tinha me tornado um daqueles jogadores de quem eu dava risada em 2003: profissionais que jogaram por anos e anos e não se preocuparam em melhorar. Eu via as mudanças que o poker sofria, mas não me convenci de que eu teria que mudar também. De repente, meus adversários estavam aplicando 3-bets e 4-bets light, e eu não conseguia me defender disso. Eu nem mesmo entendia o que significava um aposta polarizada. Em vez de continuar com desculpas, decidi que queria melhorar. Eu não tinha ideia o quanto tinha ficado para trás entre 2003 e 2009. Descobri que o nível do poker, no geral, estava nas alturas, enquanto isso, eu afundava cada vez mais. Aquele foi meu “aha moment” no poker, e fiquei furioso comigo mesmo, e fiz tudo o que podia para não ser mais aquele cara.


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CP: Na WSOP-2003 você era o chip leader com 10 jogadores restando. Você tinha A-Q e acertou uma trinca no flop. Seu oponente era ninguém menos que Phil Ivey, que acertou um full house, com seus Noves, no turn. Você tinha sete outs para eliminar o jogador mais perigoso da mesa, e um Ás apareceu no river. Se você não tivesse completado a sua mão e o melhor jogador do mundo tivesse vencido o torneio, o “boom do poker” aconteceria naquele ano?

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CM: Independente de qualquer coisa, acredito que o boom iria acontecer – simplesmente por causa do poker online e da popularidade do poker na TV. Mas não acho que seria na mesma proporção. A ideia de que qualquer um pode “pular na jaula dos profissionais” e vencer o maior torneio de poker do mundo fisgou as pessoas naquela época. A verdade é que isso poderia ter acontecido com qualquer outro esporte televisionado. As pessoas não me viam ali como o vencedor, elas enxergavam a si próprias.


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CP: Qual a ideia mais equivocada que o público têm a seu respeito? CM: Há dois erros que as pessoas cometem quando falam sobre mim. O primeiro deles é acharem que estou quebrado. O segundo é pensarem que sou um jogador de poker muito ruim. Isso costumava me incomodar, mas agora não deixo mais nada me preocupar. Há jogos que formam à minha volta porque algumas pessoas querem contar aos seus amigos como eles me derrotaram. Agora, apenas sento em uma mesa de $5-$10 e deixo que venham achando que não vou levar o jogo a sério. Não posso dizer que acho

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ruim. Isso fez com que meu adversários ficassem bastante polarizados ao jogarem contra mim. O que tenho que fazer é determinar se meus oponentes estão jogando de maneira sólida, para contar aos outros como ganharam um pote de mim, ou se estão jogando insanamente, para contar como conseguiram me blefar. Uma vez que me ajusto a isso, fica bem fácil jogar. Vencer a WSOP, me deu muito mais do que dinheiro. Além da reputação, sempre haverá um jogador disposto a me “presentear” nas mesas – apenas por causa do ego.


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CP: Como é a sua relação com o PokerStars? CM: Quando ganhei a WSOP, o PokerStars veio até mim e mostrou interesse em me ter como porta-voz do site. Na época, eles disseram, “bem, nós não sabemos quanto lhe pagar, porque não há ninguém por aí na mesma situação que você”. O resultado foi que o meu primeiro acordo não foi tão bom. Não foi culpa de ninguém, mas o conceito de “portavoz”, em um site de poker, ainda não existia. Ninguém sabia que tipo de trabalho eu teria que fazer. O contrato era de três ou quatro anos. Logo depois do primeiro ano, o PokerStars explodiu e se tornou maior do que nunca. Eles poderiam ter me mandado “catar coquinhos”, mas, instantaneamente, quiseram renegociar meu contrato. Eles me trataram muito bem na última década. Tenho orgulho de dizer que represento a marca PokerStars. Não é por acaso que o PS é o melhor site de poker do mundo.

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CP: Na sua opinião, haverá outro boom, como aquele ocorreu há dez anos? CM: Não acontecerá de novo. Pelo menos, não como o de 2003. Outro amador vencer o Main Event não mudará nada. Uma mulher campeã? Também não. A única coisa que pode nos levar perto daquele boom é a legalização, em âmbito federal, do poker online. Ainda assim, estamos falando apenas do Estados Unidos, que é um mercado importante (se não o mais), mas o poker ainda está crescendo por todo o mundo.

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O melhor argumento daqueles que defendem o poker é que o Estado não pode simplesmente ignorar a quantidade de dinheiro envolvida neste negócio. Bem, se isso fosse verdade, eles já teriam legalizado as apostas esportivas, porque é um mercado que movimenta dez vezes mais dinheiro do que o do poker. A realidade é que o único argumento em que a comunidade tem que se apegar é o de que poker é um jogo de habilidade. É aí que está a esperança.

CP: Quanto você mudou nessa última década? CM: Minha mulher pode não concordar, mas sou mais responsável hoje. Eu era muito festeiro e ficava bêbado sempre. Não assumia nenhuma responsabilidade e, algumas vezes, não comparecia aos eventos ou às entrevistas. Hoje, quase não bebo e cumpro com todos os meus deveres. Quando digo que vou fazer algo, eu faço.♠


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E D O D N TROCA

S E AR Eiji por Fรก bio

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lá, leitores da Card Player. É com imensa satisfação que estreio a minha coluna, o que representa muito pra mim, já que sou leitor antigo da revista. Pra quem não me conhece, me chamo Fábio Eiji e jogo com o nick “binhoeiji” no PokerStars. Sou jogador profissional de poker há três anos, especializado em MultiTable Tournaments (MTTs). Tenho mesas finais no SCOOP, WCOOP, MicroMIllions, Sunday Million e na maioria dos grandes torneios regulares online. Para esta primeira coluna, escolhi falar sobre um momento comum na carreira de muitos jogadores: a transição dos Sit-and-Go (SNGs) para os MTTs. Falo com certo conhecimento de causa, aproveitando a experiência que tive quando, no começo da minha carreira, optei por essa mesma mudança. Meu primeiro contato com uma rotina “mais profissional” foi no extinto SNG Team Pro, responsável por grande parte da minha formação na área. Alguns meses depois de deixar a equipe, aceitei o convite para fazer parte do 4bet Team Online,

dessa vez voltando as atenções aos MTTs. Esse processo foi bem mais simples para mim, pois tive supervisão, aulas e um programa de stacking (“cavalada”), que me deram bases suficientemente firmes. Porém, a maioria, não tem essa oportunidade e acaba se deparando com grandes dificuldades, que certamente serão atenuadas com as dicas a seguir:

A 1. MANTENH A A CABEÇA ABERTA PAR K STAC RT SHO IAS ATÉG ESTR AS NOV

Geralmente, o jogador de SNG é muito disciplinado e domina os mais básicos conceitos matemáticos, isso faz com que sigam algumas “regras” à risca. Eles têm dificuldade – com certa razão – em compreender que alguma jogada diferente de shove (all-in), pré-flop, com 10 big blinds seja boa, por exemplo. Porém, o jogo short stack nos MTTs evoluiu de tal maneira que, hoje, qualquer jogador recreativo domina o básico sobre a estratégia padrão. Essas “verdades” sobre o jogo short stack já foram discutidas, pensadas, repensadas, desconstruídas e reconstruídas. Portanto, é preciso que o jogador esteja preparado para enfrentar, compreender e se adaptar a essa nova realidade.

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2. CUIDADO PAR A NÃO FICA R NIT OU SPEW Y PRÉ-FLOP

Um dos principais ajustes que deve ser feito é em relação aos ranges pré-flop, principalmente devido ao costume de jogar em outra faixa de stacks nos SNGs. A inexperiência, somada à velha mania de se jogar muitas mesas simultâneas, tende a atrapalhar esse ajuste. Muitas vezes, ser nit (extremamente tight) se configura num erro grave. Não estou aconselhando que você jogue muitas e muitas mãos, mas que esteja focado para não deixar passar mãos demais.

Ao mesmo tempo, é muito comum que os jogadores oriundos do SNG tenham dificuldade e, portanto, receio de jogar pós-flop. Isso faz com que, na ânsia de resolver logo a mão, o jogador adote, despropositadamente, uma postura spewy pré-flop, ou seja, dando muitos calls ou shove marginais com grandes stacks. É preciso ter cuidado para não colocar todas as fichas em situações nas quais ainda não temos o devido controle.


3. FOQUE SEUS ESTUDOS NO JOGO DEEP STACK

Esta dica é um complemento da anterior. O jogador de SNG já domina o jogo short stack (pelo menos o básico), então, é hora de corrigir uma falha que é comum entre grande parte dos jogadores que migram dos SNGs para os MTTs: o jogo com mais de 30 BBs, especialmente quando falamos em stacks com 100 BBs ou mais. Certamente, essa foi a maior dificuldade que tive – e ainda tenho, resquícios dos tempos de grinder de SNG. Algo normal, sendo que, na maior parte do tempo, jogamos com stacks entre 08 e 15 BBs em SNGs. Porém, em MTTs, frequentemente estaremos com 40 ou 50 BBs e enfrentando um ou dois jogadores decentes, capazes de explorar nossas maiores fraquezas. E não se assuste, leva tempo e muitos erros até dominar os principais aspectos do jogo pós-flop e deep stack.

No entanto, as oscilações em MTTs são muito maiores do que as dos SNGs, forçando-nos a adotar um controle de BR ainda mais rígido. Penso que a velha ideia de se jogar com 100 buy-ins de bankroll é bem ultrapassada, considerando os MTTs – principalmente se não estivermos acostumados com grandes swings. Neste caso, é prudente que sejamos mais rigorosos na escolha dos torneios, tanto nos tipos (rebuy, deep, 6-max etc) quanto nos stakes (limites). Essa é a única defesa que temos sobre a temida variância, que certamente será tema de futuros artigos por aqui. Essas dicas, apesar de básicas, seriam de extremo valor pra mim na época em que eu jogava SNG, e espero que ajudem àqueles que estejam fazendo ou pretendam fazer essa transição.

4. SEJA AINDA MAIS RÍGI DO NO CONTROLE DE BANKROLL

O jogador que obteve sucesso em SNGs, provavelmente, já segue essa regra básica para poker: uma gestão de bankroll (BR) segura. Então, acredito que isso não será um grande problema. No longo prazo, são poucos os exemplos de sucesso de quem subestima essa regra.

Fábio Eiji @fabioeiji

Fábio Eiji já ganhou mais de R$ 3 milhões de reais em prêmios jogando online. Ele possui títulos e mesas finais nas principais séries e torneios regulares do PokerStars.




A World Series of Poker terminou para o Brasil e, mesmo sem braceletes, o saldo foi positivo. A expectativa é de que os números sigam melhorando ano após ano, já que a quantidade de brasileiros que viaja a Las Vegas no meio do ano cresce exponencialmente. Nos 63 eventos disputados na WSOP 2013, o Brasil conseguiu premiar em 30 deles – ressaltando o Evento #42 [$1,000 NLH] e o Main Event, em que foram anotados 10 ITMs em cada. Um dos grandes destaques foi o atual campeão nacional, o paulistano Leonardo “Toddasso”. Mesmo não sendo o jogador que mais disputou torneios, ele chegou por cinco vezes à zona de premiação, ficando apenas a um ITM do recorde do ano passado, seis, de Thiago “Decano”. O bom de-

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sempenho de “Toddasso” rendeu-lhe US$ 62.769. Se o recorde individual de Thiago “Decano” permaneceu, um outro foi quebrado. Pelo segundo ano consecutivo, o número total de ITMs foi superado. No ano passado, os brasileiros conseguiram premiar por 74 vezes. Neste ano, em 99 ocasiões os representantes tupiniquins não saíram de bolsos vazios dos torneios. Outro ponto positivo foi o número de mesas finais. Quatro brasileiros estiveram muito perto do bracelete neste ano. A estreia nas FTs foi do mineiro João Simão, que terminou na oitava colocação do Evento #31 [$1,500 Pot -Limit Omaha Hi-Low] e embolsou US$ 23.338. No Evento #40 [$1,500 No-Limit Hold’em], foi a vez de João “Bauer” fazer bonito. O goiano caiu na 5ª colocação,


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sendo o brasileiro que chegou mais perto do bracelete dourado em toda a WSOP 2013. Completaram o time de finalistas: Ariel “Bahia”, sétimo colocado no Evento #42 [$1,000 No-Limit Hold’em], e Adriano Mauá, nono em um dos maiores torneios já realizados na história World Series, o Evento #58 [$1,111 The Little One for One Drop NLH], que reuniu quase 5.000 jogadores. Vale citar também o bom desempenho do cearense Márcio Cid, que por muito pouco não alcançou outra mesa final. No Evento #11 [$2,500 No-Limit Hold’em 6-Max], ele terminou na 8ª posição, duas da tão sonhada FT. Mesmo com números tão significativos, ainda faltaram algumas premiações extras para quebrar outro recorde. A premiação acumulada em 2013 pelos brasucas superou com certa folga a do ano passado (cerca de US$ 1,4 milhão), mas ainda ficou abaixo em relação à de 2011 (pouco mais de US$ 1,8 milhão). Neste ano, os brasileiros abocanharam a fatia de US$ 1,6 milhão dos US$ 197.041.468 distribuídos durante toda a WSOP.

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BATE BOLA COM

BRUNO KAWAUTI Por fim, a cereja do bolo da Série Mundial: o Main Event de US$ 10.000. Até este ano, o melhor desempenho brasileiro havia sido em 2010, quando Eduardo Parra chegou ao Dia 6 e terminou na 32ª posição, com o Brasil alcançando outros nove ITMs. Neste ano, novamente, 10 brasileiros entraram na zona de premiação do torneio de poker mais cobiçado do mundo, mas um deles foi o grande destaque. O paulistano Bruno Kawauti, de 27 anos, levou pela primeira vez a bandeira verde e amarela ao Dia 7 do Main Event, o último antes da formação da mesa final – e ele poderia ter ido mais longe se um dos dois outs do adversário não tivesse aparecido no flop. A 15ª colocação de Bruno, entre 6.352 jogadores, além de render ao brasileiro mais de um milhão de reais, a convocação para a seleção paulista de poker e um contrato com um site europeu, entrou para a história do poker nacional. Sua marca pode ser batida já em 2014 ou 2015, mas o feito de se tornar o primeiro brasuca a chegar no Dia 7 do Main Event ninguém mais tira. Assim como Bruno Kawauti, a WSOP 2013 agora também faz parte da história do esporte mental do Brasil.

Quanto tempo jogar poker? Seis anos. Qual foi a estratégia para o Main Event? Foco para avançar dia após dia . É um torneio muito longo, então não tinha pressa em acumular fichas e ficar gigante. Em que momento você sentiu que era possível chegar ao November Nine? No final do Dia 6, quando o André Akkari me chamou e disse: “Japonês, ganha esse Sit ‘n Go. Isso é um Sit ‘n Go”. O que muda na sua vida com o resultado? O reconhecimento é muito legal. Muita gente vem me apoiando e me tendo como referência. Isso só aumenta minha fome de ajudar o poker a crescer no Brasil e mostrar a todos que é um esporte e que pode mudar a vida de todos que realmente se dedicam a ele. Pela maneira dolorosa que você foi eliminado, ficou o gostinho de quero mais? Ainda pensa naqueles dois outs? O que passou na sua cabeça na hora? Todo torneio que você não crava, fica a sensação de que poderia ter ido melhor. Na hora, a vontade foi de chorar, levantar da mesa e sair do salão. Foi muito doloroso. Mas o que eu vou lembrar mesmo vai ser da torcida que tive. Aquilo, sim, nunca vou esquecer. Qual a sensação e a responsabilidade de ser o único brasileiro a chegar no último dia do Main Event? A sensação é ótima. O nervosismo que eu sentia durante os intervalos, quando olhava meu celular, quando conversa com o pessoal que estava me acompanhando era demais. Eu me sentia forte com o Brasil todo comigo. Gostaria de sentir aquela sensação sempre. Quais fatores você considera decisivos para o resultado final obtido? Paciência e disciplina. Quais dicas você daria para quem vai jogar um torneio tão longo e importante como o Main Event? Como você disse, é um torneio longo. Sete dias, com blinds de duas horas é muito tempo. 15 big blinds valem mais do que normalmente valem em torneios de uma hora. Então, tenha paciência e escolha bem as situações em que você colocará as suas fichas, afinal, é o Main Event, e ele pode mudar sua vida.

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Números do Brasil na WSOP 2013 BRACELETES: 0 MESAS FINAIS: 4 NÚMERO DE PREMIAÇÕES (ITM): 99 PREMIAÇÃO TOTAL: US$ 1.616.202 MAIS PREMIAÇÕES: Leonardo “Toddasso” (SP) - 05 GANHOU MAIS DINHEIRO: Bruno Kawauti (SP) - US$ 451.398

OS DEZ MELHORES RESULTADOS BRASILEIROS NA WSOP 2013

Bruno Kawauti

1. Bruno Kawauti (São Paulo) Evento: #62 [$10,000 No-Limit Hold’em Main Event] Field: 6.352 Colocação: 15º Lugar Prêmio: US$ 451.398

João Bauer

2. João Bauer (Goiás) Evento: #40 [$1,500 No-Limit Hold’em] Field: 2.161 Colocação: 5º Lugar Prêmio: US$ 120.574

Adriano Mauá

3. Adriano Mauá (São Paulo) Evento: #58 [$1,111 The Little One for One Drop NLH] Field: 4.756 Colocação: 9º Lugar Prêmio: US$ 54.960 4. Eduardo Marra (São Paulo) Evento: #62 [$10,000 No-Limit Hold’em Main Event] Field: 6.352 Colocação: 101º Lugar Prêmio: US$ 50.752 5. Leonardo Moura (Mato Grosso do Sul) Evento: #62 [$10,000 No-Limit Hold’em Main Event] Field: 6.352 Colocação: 137º Lugar Prêmio: US$ 50.752 6. Ariel “Bahia” (Bahia) Evento: #62 [$1,000 No-Limit Hold’em] Field: 2.100 Colocação: 7º Lugar Prêmio: US$ 43.564

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Ariel “Bahia”


Leonardo “Toddasso”

Guilherme “Guilis”

7. Leonardo “Toddasso” (São Paulo) Evento: #62 [$10,000 No-Limit Hold’em Main Event] Field: 6.352 Colocação: 173º Lugar Prêmio: US$ 42.990 8. Evandro Vitoy (Goiás) Evento: #62 [$10,000 No-Limit Hold’em Main Event] Field: 6.352 Colocação: 187º Lugar Prêmio: US$ 42.990

Evandro Vitoy

9. Guilherme “Guilis” (Paraná) Evento: #62 [$10,000 No-Limit Hold’em Main Event] Field: 6.352 Colocação: 191º Lugar Prêmio: US$ 42.990

Márcio Cid

10. Márcio Cid (Ceará) Evento: #11 [$2,500 No-Limit Hold’em 6-Max] Field: 924 Colocação: 8º Lugar Prêmio: US$ 41.011

ITM POR ESTADO São Paulo - 39 Rio De Janeiro - 17 Paraná - 8 Bahia - 5 Rio Grande do Sul - 3 Ceará - 5 Minas Gerais - 10 Santa Catarina - 1 Goiás - 3 Mato Grosso - 2 Distrito Federal - 2 Espirito Santo - 2 Não Divulgado - 2 @cardplayerbr

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9 PARA

DICAS

O INÍCIO DE TORNEIOS por Diógenes Malaquias

Seguindo o modelo do último artigo, vou apresentar uma série de dicas para jogarmos a fase inicial de um Multi-Table Tournament (MTT).

1 • POSIÇÃO É TUDO 3 • ESTUDE O JOGO DEEP STACK Identifique os jogadores mais recrea- 3 tivos, os fishes e looses da mesa. Sempre tente jogar contra eles em posição e com um range forte. Enfrentar alguém fraco em posição é, talvez, a situação mais lucrativa do poker.

2 • ANALISE O SEU JOGO Procure pesquisar sua taxa de queda nas fases iniciais de torneios, com ajuda do Official Poker Rankings (OPR), por exemplo, e compare com a de outros profissionais para, se necessário, ajustar e ter uma estratégia melhor definida.

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Treine seu jogo deep stack. Pratique cash games para ter um pós-flop bem sólido, já que em situações como essa, você quase sempre terá até o river pra extrair valor de uma mão. Atualmente, há bons jogadores de cash game que vêm se dedicando aos torneios e que possuem uma lucratividade muito grande no início dos mesmos.

4 • EVITE BLEFES Depois do flop, blefe menos e dê preferência por mãos que tenham valor, principalmente nos micro stakes. Torneios mais baratos são repletos de jogadores recreativos que gostam de dar calls com mãos marginais.



5 • ALL-IN, NÃO! Evite ir all-in pré-flop com mãos marginais ou entrar em algum tipo de level (metagame) logo no início. Lembre-se que o ITM geralmente paga 10% do field do torneio e que 1/3 da premiação vai para os três primeiros colocados. Então, valorize a sua tournament life e evite jogadas de variância alta, pois, normalmente, dobrar o seu stack não lhe dá tanta vantagem sobre a mesa.

8 • STEAL, TAMBÉM NÃO! Roubar os blinds (steal) não tem tanto sentido, pois ainda não teremos os antes. Portanto, a relação entre o custo de tentar o steal e o benefício do ganho de fichas, quando ele for bem sucedido, não é atrativa.

9 • APROVEITE OPORTUNIDADES PARA ISOLAR OS LIMPERS 6 • ABRA O SEU LEQUE Em posição, jogue os seus suited conectors e pares de mão, mesmo em potes com mais de um adversário. Assim, criamos um cenário lucrativo. Não abuse dando calls marginais, mas também não espere só por mãos prêmio.

Última dica: em posição, isolar os jogadores que entram de limp pode ser uma boa maneira de aumentar o seu stack; de forma lenta, é verdade, mas constante. Lembre-se que esses jogadores estão vulneráveis devido ao amplo range de mãos que eles apenas pagam pré-flop.

7 • EVITE PERDER FICHAS O ICM (Independent Chip Model) nos diz que ao perder fichas o seu $EV (valor esperado monetário) cai consideravelmente, mas que aumentando o seu stack, a mudança no $EV é bem menos acentuada. Ou seja, no inicio de torneios, fichas perdidas trazem danos maiores do que os benefícios das fichas ganhas. Então, jogue mais tight. E não se apegue muito às mãos. Saiba dar fold . Não vale a pena se matar por potes pequenos no início. Não temos que decidir o torneio neste momento. A prioridade é ficar vivo e ganhar potes em situações favoráveis.

Diógenes Malaquias @diogenes1608 diogenesmalaquias.com.br

Diógenes Malaquias é especialista em cash games online e dá aulas particulares em seu website.



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Chegou a hora de um novo desafio Agora, eu sou poker

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