Card Player Brasil Digital - 8

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Gualter Salles, A intensa trajetória de um competidor nato

RUMO À FORA PROMETIDA GRANDES CRAVADAS DEMORAM, MAS CHEGAM

WSOP, BEN LAMB E A BARBADA DO ANO

O SENHOR SOU EU, UM CONTO DE PEDRO NOGUEIRA


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SUMÁRIO

10. ANDRÉ AKKARI RUMO À FORRA PROMETIDA Akkari comenta uma grande vitória online e discute as habilidades mais importantes para se dar bem no poker: o amor pelo jogo e a disposição para estudá-lo. 18. RIO POKER TOUR GRAND FINALE Torneio mais famoso do Rio de Janeiro encerra sua primeira temporada com vitória de Vini Marques e coroação de Alex Riveiro como campeão do ano.

28. PEDRO NOGUEIRA O SENHOR SOU EU Neste conto de Pedro Nogueira, conheça as desventuras de Cara de Cavalo, um parceiro “sem nervo”, que resolve entrar na mesa mais cara do clube de poker. 52. DUSTY SCHIMIDT CARNE VERMELHA PARA UM LEÃO FAMINTO Dusty Schimidt mostra o que apenas uma ficha pode fazer para extrair valor ou conseguir informações do adversário.

74. BSOP 2012 ETAPA SÃO PAULO Em meio a controvérsias sobre tarifação, etapa de abertura do campeonato brasileiro reúne 558 jogadores e distribui quase um milhão de reais no seu evento principal.

ESPECIAIS 36. A BARBADA DO ANO Ben Lamb é o Jogador do Ano da CardPlayer Magazine 60. DAS PISTAS AOS FELTROS Entrevista com Gualter Salles

E MAIS 10. FICHAS NA TELA Rounders - Cartas na Mesa (1998)


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Diretor Executivo Renato Lins Diretor de Redação Bruno Nóbrega de Sousa Tradução Karen Dias Diretor de Arte Diego Bittencourt Diagramador Davi Panzera Webmaster Bernardo Benevides Conteúdo Web Karen Dias Editor Marcelo Souza Jornalista Diego Scorvo Fotógrafo Bruno Mooca Colunistas Nacionais André “Dexx”, Christian Kruel, Diógenes Malaquias, Felipe Mojave, Pedro Nogueira Colunistas Internacionais Alan Schoonmaker, David Apostolico, Dusty Schmidt, Ed Miller, Jeff Hwang, John Vorhaus Suporte / SAC Heliana de Souza

Endereço Raise Editora Ltda Rua Conde de Santa Marinha, 400, Cachoeirinha CEP 31130-080 - Belo Horizonte - MG Tel.: (31) 32252123 Impressão Alicerce Editora Distribuição Dinap

APROVEITE OS CÓDIGOS QR Ao longo da revista, você encontrará vários símbolos como esse. São “QR Codes”, uma espécie de código de barras que contém um link para internet. Na CardPlayer Brasil, os QR Codes direcionarão você, por exemplo, aos sites ou blogs dos nossos colunistas e a arquivos em PDF contendo trechos de livros publicados pela Raise Editora. Esses códigos podem ser escaneados em dispositivos móveis, como smartphones e tablets com acesso à internet. Basta instalar um leitor compatível com o sistema operacional de seu aparelho (iOS, Android, Symbian). Se o seu leitor estiver funcionando corretamente, o código acima direcionará você ao nosso portal: www. cardplayer.com.br.


CARTA AO LEITOR

IMAGEM E SEMELHANÇA Marcelo Souza - Editor @MarceloCPBR

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O ano novo chegou, e com ele, uma nova revista. O clichê é antigo, mas serve bem. Mudamos novamente. A CardPlayer modelo 2012 está ainda mais leve, mais gostosa de ler. Criamos novas seções, alteramos outras. Tudo elaborado com base nas sugestões, críticas e comentários que você, leitor, generosamente nos fez. A nova Card foi pensada à sua imagem e semelhança. Do papel da capa aos artigos publicados. Também para o poker, o ano é novinho em folha, e as expectativas, as melhores possíveis. O BSOP já anunciou seu calendário e promete trazer ainda mais jogadores aos feltros. O PokerStars, como de costume, chegou de forma arrebatadora ao anunciar as etapas de encerramento do BPT e do LAPT para a semana de carnaval. A AW8, que acaba de nascer, já chega com um batalhão de primeira linha e cheia de ideias inovadoras. Fora dos feltros, a maior novidade é a nossa parceria com o Terra. Junto com a TVPokerPro, empresa-irmã da CardPlayer, vamos encarar o tremendo desafio de produzir o conteúdo de poker do principal portal multimídia da América Latina. Finalmente, nosso esporte deverá ter o destaque que merece. Nós, CardPlayer e TVPokerPro, chamamos a responsabilidade de apresentar o nosso esporte mental a um público totalmente novo. Deixaremos de ser um nicho? Vamos trabalhar duro para isso. Mais do que fidelizar clientes, buscamos respeitar pessoas. Mais do que produzir conteúdo de qualidade, nossa missão é levar até você o brilho nos olhos e o orgulho incontido de ser jogador de poker – do amador mais desajeitado ao profissional mais exigente. É assim que pensamos. É assim que agimos.


fichas na tela

A cena Mike McDermott (Matt Damon) precisa de dinheiro para saldar uma dívida de jogo do seu amigo “Worm” (Edward Norton). Para tanto, ele recorre, mais uma vez, a Joey Knish (John Turturro), que já lhe ajudou antes quando perdera todo o seu dinheiro para o mafioso Teddy “KGB” (John Malkovich). Depois de escutar um sermão de Knish, Mike abre o jogo e revela porque arriscou tudo contra “KGB”.

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Momentos marcantes dos filmes de poker

Mike McDermott: Eu nunca contei isso a ninguém, mas há oito ou nove meses eu estava no Taj Mahal e vi Johnny Chan entrando. Ele se sentou nas mesas de $300$600. Todos os olhares se voltaram para ele. Pouco tempo depois, não havia mais nenhuma mesa, porque todos os jogadores tinham ido assisti-lo. Alguns até jogaram com ele, perdendo dinheiro apenas para dizer: “Eu joguei com o campeão mundial”. E sabe o que eu fiz? Sentei com ele. Joey Knish: Você precisa de 50 ou 60 mil dólares para jogar bem naquelas mesas. Mike McDermott: Eu tinha seis mil, mas precisava saber. Joey Knish: E o que aconteceu? Mike McDermott: Eu joguei tight por uma hora, largando quase todas as mãos, e então fiz minha jogada.


Rounders - Cartas na Mesa (1998) Matt Damon, Edward Norton, John Turturro, John Malkovich e Gretchen Mol. Produtora: Miramax Films Direção: John Dahl

Joey Knish: O que você tinha? Ases ou reis? Mike McDermott: Nada. Lixo. Ele aumentou, e eu decidi que não me importava com o dinheiro, apenas em tirá-lo da mão. E reaumentei. Joey Knish: Você “voltou” nele? Mike McDermott: Sim, e ele pegou as fichas e aumentou ainda mais, tentando me ameaçar, como se eu fosse um maldito turista. Hesitei por dois segundos, mas reaumentei novamente. Ele fez um movimento em direção ao seu stack e depois olhou para mim. Olhou para as cartas e para mim de novo, e desistiu. E eu puxei o pote. Mike McDermott: “Você tinha mesmo?”, ele perguntou. “Me desculpe, John, eu não me lembro”. Então, me levantei e fui ao caixa. Eu me sentei com o melhor do mundo. E ganhei. ♠

Johnny Chan

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RUMO

À FORRA

PROMETIDA GRANDES CRAVADAS DEMORAM, MAS CHEGAM Escrevo esta coluna logo após uma cravada maravilhosa. Acabei de vencer o Sunday Warm-Up do PokerStars, em uma noite na qual eu tive uma das minhas melhores sessões nos últimos dois anos. Além do primeiro lugar em um Warm-Up com 3.500 jogadores, consegui ficar entre os trinta melhores no Sunday 500, entre os dezoito no major de US$162, e em quinto lugar no 6-max de US$162 – que por sinal é bem casca. Foi uma reta online da qual eu vou me lembrar para o resto da carreira.

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A ndré A kkari @aakkari

André Akkari conquistou um bracelete de ouro na WSOP e é o único brasileiro no time de profissionais do PokerStars

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pesar disso, o que me levou a escrever sobre este domingo, na verdade, foram os domingos anteriores. Incrivelmente, no Sunday Millions eu fiquei entre os 45 mais bem colocados há um mês, entre os 35 no domingo seguinte, entre os 30 há duas semanas e, na edição da semana passada, acabei caindo em 25º. Antes que você pense “caraca, que animal! Quantos resultados bons!”, é preciso dizer que a parada não é bem assim, muito pelo contrário. Quem está acostumado a jogar,

sabe a raiva que dá chegar tão perto de uma mesa final tão importante, de um prêmio tão alto, e acabar sendo eliminado. Ainda mais como na vez em que faltavam três mesas e eu perdi um all-in pré-flop de K-K para 10-10. Dei adeus a um pote enorme quando um dez bateu no turn. Aquilo me tirou parte do fígado.


Assim é a vida do jogador profissional de torneios. O que nos resta é jogar, jogar e jogar. Tomar bad beats, cair por cima, cair por baixo e por aí vai. Não é nada simples atrelar tudo isso a um planejamento financeiro e psicológico, de modo que você não enlouqueça e ainda colha os resultados nos famosos médio e longo prazos. Sinto informar, mas eu não trouxe uma solução mágica para este problema. Só me resta dizer: “é assim mesmo”. Vida de jogador profissional é dura, e muito pouca gente consegue viver sob tamanha pressão. Porém, aqueles que conseguem cedo ou tarde colhem frutos magníficos como os que eu tive ontem. Não existe dor causada por uma bad beat ou por uma eliminação na reta final que se compare ao prazer de uma bela cravada. É somente nisso que o profissional deve se concentrar, no pote de ouro no fim do arco-íris. Tente visualizar as gargalhadas e a feliz gritaria que estão por vir quando o melhor acontecer. Foque naquele telefonema que você vai fazer para sua mãe, sua namorada ou seus amigos, dizendo: “Cravamooos”!

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Para que isso aconteça, duas coisas são muito importantes. A primeira delas é gostar do jogo. É preciso amar o poker, independentemente da recompensa. Você deve ter prazer em apostar, dar raises, reraises e ganhar potes enormes. É necessário até mesmo adorar os coin flips. Esse amor pelo esporte, sem se preocupar com o valor da premiação, é o que gera os vencedores. São estes que acabam arrumando uma nota. O outro fator é gostar de estudar o jogo. É fundamental sentir-se bem ao estudar o poker. E isso quer dizer discutir mãos com os seus amigos todos os dias, sejam eles jogadores melhores ou piores do que você. É entender o que falta para o seu jogo chegar ao ponto de lucratividade imediata. É ter brilho nos olhos ao buscar o melhor caminho para jogar uma mão, e imaginar o que os grandes jogadores fariam naquela situação. Enfim, é tentar enxergar o lado técnico do jogo sem se deixar influenciar pela emoção. Depois de tudo isso, mesmo que você esteja em harmonia com esses dois aspectos, ainda será preciso aceitar que o jogo tem um fator aleatório importante, e também entender que seus movimentos não serão recompensados imediatamente. E como isso dói. É doloroso ver o river trazer uma daquelas duas cartas que não poderiam ter batido, tirando de você a chance de ganhar uma bolada, quando restavam meia dúzia de jogadores dentre os milhares que entraram no torneio. No final das contas, se você estiver entre os que sobreviveram ao esquema BOPE dos primeiros fatores, este último aspecto tem grandes chances de fazer você “pedir para sair”.

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A boa notícia é que, se você passar por todas estas provas de vida, de amor e de dedicação ao poker, ele vai lhe tratar bem e fazer de você um sujeito muito feliz. Depois da cravada de ontem, é exatamente assim que eu me sinto enquanto escrevo este artigo. Antes que eu me esqueça, quero declarar a minha enorme satisfação por estar voltando a escrever para a CardPlayer, maior revista de poker do mundo. Depois de muitas conversas com o meu amigo Bruno Nóbrega, diretor de redação da casa, finalmente consegui me organizar para retornar a esta maravilhosa fonte de informações sobre o nosso esporte. Agora que estou com a rotina de jogo e a vida empresarial devidamente planejadas, eu volto com tudo para a Card. ♠

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GRAN FINALE

RIO POKER TOUR Com a autoridade dos grandes torneios, o RPT teve sua grande final disputada em dezembro. Como dissemos ainda no início de 2011, a série que virou parada obrigatória no poker live foi uma grata surpresa. Crescendo a olhos vistos, o RPT ficou cada vez melhor e encerrou com chave de ouro sua primeira temporada Apesar do buy-in mais caro em relação às etapas anteriores, as expectativas para o RPT Grand Finale eram muito boas. A premiação garantida de R$ 200.000 e a transmissão ao vivo da TV Poker Pro eram atrativos a mais para que os jogadores fossem ao hotel Royal Tulip, no São Conrado. O primeiro dia de torneio reuniu 118 jogadores. Superar o recorde de 229 inscritos da 4ª etapa era questão de tempo. No field, nomes como Marco “Salsicha”, André Doblas e Carlos Mavca eram alguns dos que prometiam brigar pelo título até o final. Na mesa da TV, Marco Cheida, o “M_Chacal”, fazia com que os telespectadores não desgrudassem os olhos da tela por um segundo. Implacável, ele se envolvia em sucessivos potes. E não levou mais que um nível de blind até que ele eliminasse três jogadores e acumulasse um stack considerável. Outro que estava afiado era Vini Marques. Com 80 big blinds, o irmão do genial apresentador Vitão era o sexto em fichas quando a organização anunciou o fim do Dia 1 A. A liderança ficou com o carioca André “Boizão”, que puxava a fila dos 43 sobreviventes com impressionantes 115 big blinds.

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O Dia 1B confirmou o óbvio: recorde de público e de premiação. Com 119 inscritos, o campeão teria que superar outros 236 jogadores para levantar o caneco da etapa e embolsar 55 mil reais. Os profissionais Marcos Sketch, Stetson Fraiha e o “nosebleeder” Gabril Goffi eram três dos responsáveis por tornar o field ainda mais difícil. Complementando o sucesso do evento, o próprio Vini, junto com Vitão, André Akkari e os integrantes do Akkari Team comandavam a transmissão ao vivo da TV Poker Pro. Pelo salão, esbanjando beleza e simpatia, circulava a nova apresentadora, Juliana Kelling. Ela comandava as entrevistas ao vivo, expondo curiosidades e fatos interessantes do torneio.

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No domingo, dentre os 89 jogadores que continuavam na disputa, 26 seriam premiados. O bolha receberia como prêmio de consolação um tablet – que acabou indo para uma figura ilustre: Nicolau Villa-Lobos, filho do guitarrista Dado Villa-Lobos, da inesquecível Legião Urbana. Com a queda de Nicolau, apenas um jogador ainda tinha chances de tirar o título da temporada do líder do ranking Alexandre Rivero. Na terceira etapa, Cláudio Jomary havia conquistado o vice-campeonato. Agora, para superar Rivero, ele precisaria ficar entre os três primeiros. Missão nada impossível, já que Jomary esteve sempre entre os líderes desde os primeiros níveis de blinds. Infelizmente para ele, o sonho terminou de maneira dramática. Na bolha da mesa final, o carioca foi eliminado juntamente com “Salsicha”. Seu carrasco foi ninguém menos do que Vini Marques, que faria uma mesa final impecável no dia seguinte.

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9. Fernando Ferreira (sp) R$ 7.000

8. Jorge Pereira (AM) R$ 8.000

7. André “Boizão” (RJ) R$ 9.000

6. Roberto Duek (RJ) R$ 10.000

5. Fernando Stiebler (RJ) R$ 11.800

4. Tiago Dutra (RS) R$ 14.800

3. Marco Silva (RJ) R$ 19.300

2. Myro Garcia (RJ) R$ 33.500

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Em um ano de “justiça” para o poker brasileiro, vimos jogadores como André Akkari, Felipe Nunes, Flávio Reis e outros tantos profissionais qualificados conquistarem títulos de grandes torneios. Ponto para a habilidade. Na etapa de encerramento do RPT não poderia ser diferente. Vini Marques mostrou por que seu nome tornou-se tão conhecido Brasil afora. Em um momento crucial da FT, ele deu um belo fold com um par de valetes, num flop em que a maior carta era um oito. Aquilo foi um divisor de águas, já que seu oponente, Myro Garcia, tinha par de ases. Ali, com um nível de confiança estratosférico, seria difícil alguém lhe tirar o título. E não tiraram. No heads-up, contra o próprio Myro, levou apenas uma mão para Vini conquistar o troféu com louvor. Festa paulistana na cidade maravilhosa.

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Alexandre Rivero

Campeão do Rio Poker Tour 2011

O empresário carioca Alex Rivero teve um ano fantástico, coroado com o título da primeira temporada do Rio Poker Tour. No início de 2011, ele já havia ganhado 100 mil dólares ao eliminar Phil Ivey em um torneio comemorativo de aniversário da “Ivey Room” – sala de cash game high stakes do cassino Aria, em Las Vegas. No RPT, Rivero conseguiu o incrível feito de chegar entre os primeiros colocados em três etapas consecutivas, aumentando em mais R$ 60.000 seus ganhos no ano. Por fim, o BSOP Million. Em um field recheado de estrelas do online e do live, ele cravou o evento High Roller, embolsou R$ 101.000 e ainda garantiu a vaga do Main Event da World Series of Poker 2012. Um ano perfeito para o carioca, que comemorou o título juntamente com o campeão da etapa, Vini Marques, e toda a galera da TV Poker Pro em uma pizzaria. E tem gente que ainda diz que poker é sorte...

FICHA TÉCNICA Rio Poker Tour Grand Finale – 200K Garantidos Local: Hotel Royal Tulip (Rio de Janeiro - RJ) Data: 15 a 19 de dezembro Buy-in: R$ 1.050 Field: 237 jogadores Prize Pool: R$ 213.300 Transmissão: tvpokerpro.com

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poker pics - rpt gran finale


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O SENHOR sou EU um conto de Pedro Nogueira

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Pedro Nogueira @pedronogueira87

Pedro Nogueira é jornalista, já disputou torneios internacionais de poker, como a WSOP Europe, e é blogueiro da revista Alfa, da Editora Abril.

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arece que, num domingo desses, um parceiro que chamam de Diego Cara de Cavalo, porque ele tem o rosto comprido como o de um cavalo, forrou uma nota no poker online e decidiu dar um tirinho na mesa cara do Paradiso. E todo mundo sabe que precisa ter nervo e bala para dar um tirinho ali. Bom, talvez o Cara de Cavalo tenha bala agora, mas já joguei várias vezes com ele para saber que nervo ele não tem. Esse não é o tipo de coisa que você desenvolve de um dia para o outro. Ou talvez nem dê para desenvolver. Quem tem nervo já nasce com ele. A parceirada então gosta quando o Cara de Cavalo senta no jogo caro e pede 10 mil, afinal, não é sempre que um parceiro sem nervo engata ali. Mesmo quanto aparece rico que não sabe jogar direito, o sujeito sempre tem nervo, porque ninguém fica rico sem nervo. É um grande perigo sentar no jogo caro sem ter.

Quando o Cara de Cavalo chega, há um cochicho entre a parceirada – não a do jogo caro, mas a das mesas pequenas – sobre a forra do Cara de Cavalo na internet. Um dealer diz para mim que ele cravou um torneio de 45 mil dólares, o que certamente não é nada mal, ainda mais para um parceiro limitado como ele. Mas todo mundo sabe que ele vai queimar essa grana mais rápido do que cigarro em boca de ex-fumante. Se a parceirada da mesa pequena já está sabendo da cravada do Cara de Cavalo, a da mesa cara também está, é claro. Eles vivem de ganhar dinheiro dos outros, e para fazer isso você precisa saber quem é que está forrado.


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Então, a parceirada decide apertar o Cara de Cavalo e acelera o jogo. Ninguém quer só 10 mil reais. Quer os 45 mil dólares. O “General” pede mais 50 mil de frente. Daí “Paulinho Cego”, que de cego não tem nada – ele ganhou esse apelido porque joga com um óculos de grau sem lente – pede outros 50 mil, e toda a mesa faz igual. É claro que o Cara de Cavalo faz a mesma coisa, porque ele sabe contar dois mais dois: se todo mundo tiver 50 mil na mesa e só ele tiver 10 mil, vai ser prensado. Ali, da mesa pequena, estou olhando o jogo caro e vejo o Cara de Cavalo ficar amarelo quando assina o vale de 50 mil, o que é compreensível. Um parceiro que está acostumado a jogar na mesa pequena e engata no jogo caro sempre vai se sentir assim. Estou tão concentrado no jogo caro e no Cara de Cavalo que fico desligado da minha mesa, e acabo perdendo todas minhas fichas quando um parceiro quebra a minha trinca de damas com uma seguida no river. Mas eu não posso ficar nervoso, a culpa é minha. Se eu tivesse prestado atenção, nunca ia bater aquele nove no river. Todo mundo sabe que as cartas gostam de castigar parceiro distraído.

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Já que quebro, deixo a mesa pequena do Paradiso e visito a minha prima, que tem um flat ali perto. Dá para ir a pé. A Prima não cobra barato, mas ela gosta de mim. Então, fico até as três da manhã no flat – e poderia ter dormido lá. Mas estou realmente curioso para saber se o Cara de Cavalo já perdeu tudo no jogo caro. Deixo a Prima dormindo e volto ao Paradiso. E quem imagina que o Cara de Cavalo está numa forra daquelas, com quase 200 mil para frente? Sento na mesa pequena, e o dealer diz que o Cara de Cavalo está matando mais parceiro do que catapora, por isso só sobram cinco jogadores no jogo caro. Bom, o General é ganhador e todo mundo sabe, então não é surpresa que ele tenha 200 mil também. O resto da parceirada está short, mas ninguém quer largar o osso, porque enquanto há ficha na mesa, dá para forrar. E ficha tem demais. Cara de Cavalo e General, juntos, têm quase meio milhão. Não é sempre que você vê esse tanto de dinheiro, nem mesmo no jogo caro do Paradiso. Com parceiro para trás e só cinco na mesa, a parceirada decide capar o baralho. Quando deixa só do sete para cima sai mais jogo e os potes ficam maiores. O dealer faz o que mandaram. É um golpe perigoso para todo mundo, porque você pode quebrar de vez ou enterrar todo o lucro da noite rapidinho.



Logo na primeira mão, o General quebra um parceiro. Full contra full. E o sujeito vai embora com um vale de 120 mil nas costas. Agora, com 300 mil de frente, o General, que é nego véio, começa a apertar todo mundo e não dá descanso para ninguém. O dealer vira o sete de ouros, o nove de espadas e a dama de espadas no flop. O General sai atirando o pote e todo mundo foge, menos o Cara de Cavalo, que aumenta para 10 mil. O General paga e o dealer vira um oito de espadas no turn. É uma carta bem perigosa, porque no Omaha capado sempre bate straight flush. O General aposta o pote de 30 mil e o Cara de Cavalo paga. Um parceiro me cutuca e vou lá assistir o pote. Todo mundo no Paradiso vai também. A dama de ouros bate no river, dando quadra. De novo,

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o General sai atirando o pote de 90 mil. O Cara de Cavalo, sem pensar, aposta tudo, 235 mil. O General paga. Eu tô achando que o General fez flush e o Cara de Cavalo quadrou de dama no river. O Cara de Cavalo abre a quadra de dama, como eu estava imaginando, e o General diz assim: “O senhor ganhou”. O Cara de Cavalo dá um sorriso de cabide e vai metendo a mão naquele pote maravilhoso. Está todo mundo besta de ver um parceiro sem nervo como o Cara de Cavalo metendo a mão num pote de meio milhão. Só que aí o General fala: “O senhor sou eu”. E abre o dez e o valete de espadas para um straight flush. O Cara de Cavalo parece um ovo de codorna de tão branco que fica. Desesperado, ele pega as cartas para encontrar um valete preto, o de


paus. E todo mundo percebe que o Cara de Cavalo confundiu sua carta; achou que tinha o valete de espadas, que cortava o straight flush. Depois que o Cara de Cavalo percebe a besteira que fez, fica vermelho feito um pimentão. Não por causa da besteira, mas por causa do comentário do General. “O senhor ganhou” e “o senhor sou eu” é pior do que tapa na cara. Cara de Cavalo voa por cima da mesa no General, que até cai da cadeira. A parceirada precisa segurar o homem para aquele golpe não virar tragédia. Um parceiro da mesa pequena, amigo do Cara de Cavalo, agarra o infeliz e o leva embora. O General levanta do chão e começa a juntar aquele Kilimanjaro de fichas. Mesmo

quando o Cara de Cavalo já está fora do Paradiso, ainda dá para ouvi-lo xingando o General, que de fato foi brutal no comentário. Mas todo mundo sabe que parceiro sem nervo em jogo caro dá nisto: forra para a parceirada. Só o Cara de Cavalo parecia não saber. ♠

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Eu sou todos que alguma vez duvidaram de mim Cada jovem tolo e babão Cada velho desprezível Eu estou aqui Sua semelhante Eu sou forte

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A BARBADA

DO ANO BEN LAMB CONQUISTA O TÍTULO DE JOGADOR DO ANO DA CARDPLAYER MAGAZINE

Monstro nas mesas de cash games, e autor de um desempenho antológico na World Series do ano passado. Com uma bola tão cheia, o título de Jogador do Ano de 2011 da CardPlayer americana ir parar nas mãos de Ben Lamb acabou sendo uma barbada.

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a WSOP 2011, Lamb cravou um bracelete, conquistou um vice-campeonato, chegou à mesa final no evento de US$ 50.000 e ficou na terceira colocação no Main Event. Ao todo, ele faturou mais de quatro milhões de dólares apenas no verão de Las Vegas. Aos 25 anos, o jogador de Tulsa, Oklahoma, atribui sua fantástica ascensão na temporada passada à sua nova mentalidade para o jogo: “Se eu tivesse ganhado um bracelete antes, passaria três dias festejando com meus amigos. Nem voltaria para os outros eventos”, afirma. “Ter concentração total no jogo me ajudou demais. Eu estava jogando o meu melhor, e ainda tive alguma sorte na hora em que foi preciso”.

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Sujeito pacato, Lamb foi apresentado ao poker na adolescência. Curiosamente, em um salão de sinuca. “Já na primeira vez que joguei cartas com os meus amigos, aquilo se tornou uma ‘guerra’ para ver quem se dava melhor em diferentes jogos que ninguém havia visto antes”. No segundo semestre da faculdade, ele tomou a contestável decisão de tentar viver de poker em tempo integral. Largou tudo para trabalhar como dealer em um cassino local. “Obviamente, foi uma péssima escolha. Tive sorte de me dar bem no poker. Milhares de pessoas abandonam a faculdade para jogar; se meia dúzia se dá bem, é muito. Não é

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algo que vale a pena fazer se você joga em limites baixos”, pondera Lamb. Enquanto trabalhava como dealer, ele guardava alguns trocados para o bankroll online. E sempre quebrava. Durante uma boa fase nos cash games de pot-limit Omaha e no-limit hold’em na internet, ele transformou 100 dólares em 90 mil. Mas a brincadeira acabou no dia em que deu de cara com o temido Phil Galfond. Certa vez, os dois se enfrentaram numa mesa de $25-$50 de no-limit hold’em. Ao final, Lamb havia perdido quase todo o seu bankroll. “Sempre achei que tive influência na carreira de


EU NÃO ERA UM BOM JOGADOR, RECONHEÇO. OS JOGOS É QUE ERAM FÁCEIS O BASTANTE PARA EU VENCER DE FORMA CONSISTENTE” Phil Galfond. Talvez aquela minha noite insana, do alto dos meus 19 anos, tenha criado esse monstro. Ele deve tudo isso a mim”, diz Lamb, com um sorriso de quem sabe que deu a volta por cima. Após retornar à estaca zero, Ben Lamb conseguiu se reerguer. “Eu não era um bom jogador, reconheço. Os jogos é que eram fáceis o bastante para eu vencer de forma consistente”. Apesar da recuperação rápida, a fatiada sofrida para Galfond o fez agir de maneira mais conservadora dali por diante. Em 2006, ele ganhou quatro vagas para o Main Event da WSOP, mas decidiu não jogar porque achava o buy-in de dez mil dólares caro demais.

Nos anos seguintes, Lamb foi um lobo solitário. Só depois ele encontrou um grupo de amigos no poker, e a matilha o apresentaria a novos conceitos do jogo. A confiança que a experiência traz lhe rendeu um lugar entre os 200 melhores do Main Event 2007. Dois anos depois, ele chegaria à mesa semifinal do mesmo torneio, ficando em 14° lugar, sua primeira aparição na reta final de um evento desse porte. Lamb diz que não é lá muito bom em mixed games. Nada mal para alguém que chegou à mesa final do Players Championship, principal torneio da modalidade, cuja entrada custa 50 mil dólares. Atualmente, Lamb mora em Las Vegas. E com o estado de Nevada caminhando rapidamente para o restabelecimento do poker online, ele em breve terá a chance de voltar a batalhar nos feltros virtuais. Seria também a chance de vê-lo estampando um patrocínio no peito. “Quem sabe eu não viro jogador do site de poker do Aria”, brinca.


Lamb acredita que o poker online provavelmente retornará mais rápido do que as pessoas pensam, embora em grau mais limitado. Segundo ele, se um projeto de lei federal for aprovado, o poker poderá ficar melhor do que nunca. Isso, em termos de popularidade, mas não de facilidade para vencer os jogos. Apesar de ter sido coroado Jogador do Ano, não espere vê-lo passeando pelos torneios mundo afora. Lamb pretende jogar apenas uns 15 eventos este ano. “O retorno dos torneios não é lá essas coisas”. Ele disse que ficou surpreso com o próprio desempenho na temporada passada. “Ganhar o título de Jogador do Ano da CardPlayer é espetacular, pena que seja tão concorrido. Acho que não terei a menor chance em 2012”, brinca Lamb. Ainda no clima de descontração, ele confessa que também se aventura no baccarat. “Jogo baratinho, só para me divertir. E sou o melhor do mundo. Pergunte a qualquer um dos meus amigos”. Apesar de viver à custa do tempo que passa dentro de um cassino, alguns de seus amigos de fora dos feltros não entendem a vida de um profissional de poker. Foi necessário chegar à mesa final do Main Event para colocar alguns pingos nos is.

“Antes da WSOP, muitos dos meus amigos não entendiam o que eu estava fazendo aqui em Vegas. Achavam que eu era um degenerado”, disse Lamb. “Quando me viram na TV, entenderam o que estava acontecendo”. O humilde e introspectivo Lamb reconhece que há o elemento sorte no poker. Porém, sendo uma das mentes mais afiadas do jogo na atualidade, ele logo compreendeu que alguns resultados simplesmente devem ficar na gaveta do acaso. Entretanto, ao se recusar a consumir uma única gota de álcool durante a WSOP, sua disciplina franciscana o fez aprimorar sua ética de trabalho e o levou a novos patamares na carreira. Entre o garoto que irresponsavelmente largou a faculdade e o homem que recebeu o título de Jogador do Ano, o caminho que Ben Lamb percorreu acabou levando-o ao lugar com que muitos sonham, mas poucos alcançam: o topo. E ao legítimo vencedor, todos os aplausos são justos. ♠

“ANTES DA WSOP, MUITOS DOS MEUS AMIGOS NÃO ENTENDIAM O QUE EU ESTAVA FAZENDO AQUI EM VEGAS. ACHAVAM QUE EU ERA UM DEGENERADO [...] QUANDO ME VIRAM NA TV, ENTENDERAM O QUE ESTAVA ACONTECENDO” 40

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TOP 10 – JOGADOR DO ANO 2011

CHRIS MOORMAN 26 anos Reino Unido Títulos: 0 Mesas Finais: 4 Dinheiro Ganho: US$ 2.289.194 Em 2011, Chris Moorman foi o cara que mais ganhou dinheiro sem ter cravado um título. Ele puxou mais de dois milhões de dólares apenas em eventos de Jogador do Ano, e fez quatro mesas finais em grandes torneios. Principais resultados em 2011 2° lugar no Main Event da WSOPE (US$ 1.101.520) 2º lugar no NL 6-Max Championship da WSOP (US$ 716.282)

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OLEKSII KOVALCHUK 21 anos Ucrânia Títulos: 3 Mesas Finais: 5 Dinheiro Ganho: US$ 1.555.344 Kovalchuk teve um ano brilhante no circuito de torneios, com três impressionantes títulos. Ele venceu os main events do Russian Poker Tour Kiev e do Italian Poker Tour Nova Gorica, ficou em terceiro no Partouche Poker Tour e ainda cravou seu primeiro bracelete da WSOP. Principais resultados em 2011 Campeão do NL 6-Max de US$ 2.500 da WSOP (US$ 689.739) 3º lugar no Partouche Poker Tour (US$ 518.246)

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TOP 10 – JOGADOR DO ANO 2011

MARVIN RETTENMAIER 21 anos Alemanha Títulos: 2 Mesas Finais: 13 Dinheiro Ganho: US$ 700.917 O jovem alemão chegou a nada menos do que treze mesas finais em 2011, o maior número do circuito no ano passado. Essa incrível consistência o deixou bem colocado no ranking, apesar de ele ter ganhado menos do que alguns de seus colegas de lista. Principais resultados em 2011 Campeão da France Poker Series Paris Finale (US$ 332.470) Campeão da Grand Poker Series (US$ 54.713)

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SAM STEIN

24 anos EUA Títulos: 2 Mesas Finais: 5 Dinheiro Ganho: US$ 2.028.637 Sam Stein teve o melhor ano de sua carreira no circuito live, ultrapassando seus ganhos e sua colocação de 2010. Ele novamente chegou a cinco mesas finais, mas desta vez conquistou o seu primeiro grande título, em um evento de pot-limit Omaha da WSOP. Principais resultados em 2011 4º lugar no Main Event do PCA (US$ 1.000.000) Campeão do Pot-Limit Omaha da WSOP (US$ 420.802)

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TOP 10 – JOGADOR DO ANO 2011

JASON MERCIER 25 anos EUA Títulos: 3 Mesas Finais: 9 Dinheiro Ganho: US$ 2.241.726 Jason Mercier continua a provar porque é um dos jogadores de torneio mais respeitados do mundo. Ele teve mais uma temporada impressionante, acumulando mais de US$2 milhões ao conquistar três títulos e chegar a nove mesas finais. Principais resultados em 2011 Campeão do PLO 6-Max da WSOP (US$ 619.575) Campeão do Five Diamond High Roller (US$ 683.000)

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7º ELIO FOX

25 anos EUA Títulos: 3 Mesas Finais: 3 Dinheiro Ganho: US$ 2.656.884 Elio Fox conseguiu a proeza de chegar a três grandes mesas finais e vencer todas, incluindo a do Main Event da WSOP Europe. De quebra, cravou a Bellagio Cup VII. Definitivamente, esse nova-iorquino teve um natal para lá de gordo. Principais resultados em 2011 Campeão do Main Event da WSOPE (US$ 1.900.000) Campeão da Bellagio Cup VII (US$ 669.692)

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TOP 10 – JOGADOR DO ANO 2011

GALEN HALL 25 anos EUA Títulos: 1 Mesas Finais: 3 Dinheiro Ganho: US$ 3.004.198 Hall destacou-se no pelotão de elite logo no começo da corrida. Ao final, mostrou que não era um cavalo paraguaio, e permaneceu no Top 10 até o final da disputa. Sua maior conquista em 2011 foi o título do PokerStars Caribbean Adventure. “Apenas” isso. Principais resultados em 2011 Campeão do Main Event do PCA (US$ 2.300.000) 3º lugar no WPT Championship (US$ 589.355)

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EUGENE KATCHALOV 30 anos UCRÂNIA Títulos: 2 Mesas Finais: 7 Dinheiro Ganho: US$ 2.500.457 Em 2011, Katchalov quase conquistou a prestigiada “Tríplice Coroa do Poker” em 2011, por ter vencido dois eventos em três grandes circuitos diferentes, e chegado bem perto do último com um terceiro lugar no EPT Barcelona. Ele ainda fez sete mesas finais. Em uma delas, faturou US$1,5 milhão. Como se não bastasse, cravou seu primeiro bracelete da WSOP. Principais resultados em 2011 Campeão do High Roller do PCA (US$ 1.500.000) 3º lugar no EPT Barcelona (US$ 453.812)

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TOP 10 – JOGADOR DO ANO 2011

10º PIUS HEINZ

22 anos Alemanha Títulos: 2 Mesas Finais: 3 Dinheiro Ganho: US$ 8.820.382 Pius Heinz ganhou o Main Event da World Series of Poker 2011, o torneio de poker mais importante do universo. Precisa dizer mais alguma coisa? Principais resultados em 2011 Campeão do Main Event da WSOP (US$ 8.711.956) 3º lugar de um evento de US$ 1.500 da WSOP (US$ 83.286)

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CARNE VERM E

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PARA UM LE Ã O FAMINTO Dando Check

texto base: Du sty Schm idt

Com Uma Fich a

Você já ouviu fa lar em dar chec k usando uma fic com muita freq ha? Isso não acon uência, mas é um tece a das minhas jo pode ser uma fo ga das favoritas. E rma interessante de chegar ao sh seguir muita info owdown ou de co rmação gastando npouco.

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ideia é bem direta. Em no-limit hold’em, quando o pote for mediano ou relativamente grande, você estiver fora de posição e pedir mesa for a jogada padrão, às vezes vale a pena fazer uma aposta fraca (geralmente, o valor mínimo) em vez de dar um check óbvio. Contanto que o pote seja razoavelmente grande em relação ao tamanho da aposta, quase não há risco adicional. Sem falar que você terá algumas vantagens: Seu oponente pode dar fold diante da aposta mínima. Se, digamos, você tiver uma queda que não bateu, mas seu oponente tiver uma queda que não bateu ligeiramente melhor, fazê-lo desistir com uma aposta mínima é uma grande vitória. Ele pode dar apenas call com uma mão que teria apostado pelo valor se você tivesse dado check. Neste caso, sua aposta mínima funciona como uma blocking bet.

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Usar uma ficha para extrair valor ou conseguir informação é uma das minhas jogadas favoritas”

Talvez ele entenda que a sua aposta mínima seja uma demonstração de fraqueza e dê raise blefando. Contra alguns jogadores, uma aposta leve induz um blefe com mais frequência do que um check. Se você quiser que seu oponente blefe, esse pode ser um caminho. Dê uma olhada neste exemplo de “check com uma ficha”: Vamos supor uma mesa de $5-$10 de no-limit. Você recebe A♣J♦ no big blind, seu oponente dá raise do button para $40. Todos dão fold, e você paga do big blind. O pote é de US$85 e vocês veem o flop em heads-up, cada um com um stack de 100 big blinds. O flop vem 6♦J♠Q♦. Você sai apostando US$60, seu oponente paga. Com US$205 no pote, o turn traz um 2♥ e você aposta de novo, US$150, e ele dá call. O river traz um 3♥, e você agora está em uma situação muito traiçoeira. Seu oponente pode ter várias mãos, e as suas opções naturais não

parecem muito boas. Se você disparar dois terços do pote no river, essa aposta pelo valor pode se voltar contra você, já que existe uma real possibilidade de o oponente ter uma mão melhor. Se você der check no river, e seu oponente apostar, você não faz ideia se ele tem uma queda que não bateu, como K-T, T-9, ou uma queda para flush. Ele também pode estar apostando pelo valor com uma mão do tipo top pair, que derrota, por pouco, seu segundo par com top kicker. Você pode até tomar a decisão certa ao dar ou call ou fold, mas certamente não será uma escolha feita com muita confiança.


Mas e se você simplesmente apostar US$10 no river? Se uma mão como K-Q lhe pagar, você só perde um big blind. Se ele der call com uma mão pronta pior, provavelmente teria dado check no river se você tivesse feito isso também, ou fold diante de uma aposta de dois terços do pote. Nesses casos, você acaba ganhando US$10. Levando em conta a ação na mão até agora, é muito pouco provável que seu oponente esteja fazendo slowplay com um monstro. Com um bordo tão cheio de quedas, os jogadores raramente fazem isso. A parte forte da gama dele ser algo como K-Q ou Q-T. É pouco provável que mãos assim deem raise pelo valor. Portanto, se você tomar raise depois de apostar uma ficha no river, é quase certo que ele tem uma dessas quedas que não bateu. Neste caso, você deve estar ganhando. Dê call, ainda que seja em um all-in. Há quem argumente o seguinte: contra uma aposta de uma ficha no river, alguns jogadores muito bons das mesas mais caras darão raise pelo valor com uma mão como K-Q. Mas é bem provável que, se você tivesse dado check no river, ele apostasse pelo valor com algo como K-Q do mesmo jeito.

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Você quase nunca pagará uma aposta alta no river quando estiver perdendo. E ainda terá a chance de ganhar um pote bem grande, pois a maioria dos oponentes simplesmente não consegue se render diante de uma ficha apenas” Considerando o grande número de quedas que não bateram com as quais ele pode estar blefando no river, seria dificílimo conseguir um fold. Além disso, poucos jogadores são capazes de dar esse raise. Ao se deparar com um deles, você pode tomar iniciativa com mãos como trincas e dois pares, e esperar como resposta um raise light pelo valor. Como eu disse, usar uma ficha para extrair valor ou conseguir informação é uma das minhas jogadas favoritas. Por acontecer no river, ela se torna muito mais valiosa do que outras nas quais o pote é menor. Quando a ação terminar, o pote estará entre médio e grande. A menos que você esteja enfrentando os melhores do mundo, essa é uma jogada vantajosa. Você quase nunca pagará uma aposta alta no river quando estiver perdendo. E ainda terá a chance de ganhar um pote bem grande, pois a maioria dos oponentes simplesmente não consegue se ren-

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der diante de uma ficha apenas. É como carne vermelha para um leão faminto. Ele avançará com raises, talvez até um all-in, usando a maior parte da sua gama, com exceção das mãos que você derrota. E o pote só cresce se você quiser. Esta é a beleza da jogada. ♠

Dusty Schmidt dusty.schmidt @dustyschmidt

Dusty “Leatherass” Schmidt é instrutor no DragTheBar.com. Ele já disputou cerca de 7 milhões de mãos online e ganhou mais de $3 milhões de dólares.


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DAS PISTAS AOS FELTROS por Marcelo Souza

paixonado por velocidade, flamenguista fanático e já vestiu as cores do time de profissionais do PokerStars. É fácil identificar o sorriso largo de Gualter Salles em meio às pequenas multidões que frequentam os eventos dos quais ele participa, sejam de automobilismo, de futebol ou de poker. Aos 41 anos, sendo mais da metade dedicados ao automobilismo, “Gualtinho” é casado e tem um casal de filhos. Competidor nato, sua imagem fortalece a legitimação do poker como esporte, que é algo inerente à sua carreira e à sua vida. Conversamos com Gualter Salles durante sua estadia nas Bahamas, no PCA, logo após sua decisão de manter o foco profissional apenas na Stock Car. Conheça algumas das histórias desse atleta de alta combustão.

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Gualtinho, você é um sujeito que claramente se preocupa com seu condicionamento físico e mental, algo típico de atletas profissionais. Quando começou sua história como esportista? Sempre fui apaixonado por automobilismo. Aos sete anos, eu já assistia a todas as provas da Fórmula 1. Quando completei dezesseis, pintou a oportunidade de correr de kart. Logo na minha primeira corrida, cheguei em 5º lugar. Na terceira, eu ganhei. Então, meu pai ficou bem empolgado, e eu também.


Aí começou a luta para conseguir patrocinadores e ir subindo de categoria. Fui do kart para a Fórmula Ford, depois para a Fórmula Open europeia, em que eu fui vice-campeão europeu, venci o grande prêmio da Inglaterra na Fórmula 3 inglesa. Depois disso, eu me tornei profissional e me mudei para os EUA, onde comecei a correr na Indy Lights [categoria de acesso para a Fórmula Indy]. Venci três provas logo no meu primeiro ano e já fui contratado pela Fórmula Indy, na qual disputei seis temporadas.

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Depois voltei ao Brasil, à Stock Car. Comprei uma equipe e comecei a competir. Naquela época eu já vislumbrava que, quando eu me aposentasse, continuaria no automobilismo. Atualmente, comando umas das principais equipes do campeonato, a Vogel Motorsport, e estou sempre presente em todas as provas da categoria. Quando você não me encontrar na Stock, é porque estou em um evento de poker. (Risos) Você utilizava o número 99 quando corria pela Stock Car, tanto que seu nick no PokerStars já foi “stockcar99”. Existe alguma mística por trás desse número? Eu tive um amigo canadense, Greg Moore, que era piloto da Formula Indy. Ele faleceu em um acidente. No instante daquela tragédia, o pai dele estava ao meu lado. Quando entrei para a Stock Car, escolhi o 99 para o meu carro em homenagem a ele. Curioso é que, quando sofri aquele acidente em Buenos Aires, corria com esse número. Esse também era meu nick no PS até o momento em que me tornei Team Pro. Mudei por força de contrato.


Sempre fui apaixonado por automobilismo. Aos sete anos, eu já assistia a todas as provas da Fórmula 1”

Aquele acidente impressionante aconteceu no final de 2006. Um ano depois, você anunciava sua aposentadoria como piloto profissional. O ocorrido na prova de Buenos Aires influenciou sua decisão de alguma forma? Foi um acidente muito sério. Realmente me marcou. Tive outros acidentes durante a minha carreira, mas graças a Deus, nunca quebrei um dedo. Aquele foi diferente. Eu já tinha 36 anos, imaginava que ainda correria por mais seis ou sete. Na época, eu já estava no poker e tinha minha própria equipe na Stock. Decidi parar e me dedicar à carreira nos feltros. Hoje, continuo no automobilismo, mas como dono de equipe.

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Sabemos que pilotos profissionais normalmente adoram jogar poker, caso do Thiago Camillo e do Rubens Barichello. No seu caso, como você conheceu o jogo?

“Foi um acidente muito sério. Realmente me marcou [...] Graças a Deus, nunca quebrei um dedo”.

O poker que eu conheci era aquele antigo, de cinco cartas [Five Card Draw]. Comecei a jogar quando tinha uns 10 anos. Meu pai tinha uma roda de amigos que jogavam na nossa casa uma vez por semana. Eu ficava olhando, mas meu pai não me deixava participar, falava que não era coisa de criança (risos). Então comecei a jogar com os meus amigos, usando feijões e moedas. Desde então, não parei mais. Quando eu morava na Inglaterra, jogava com outros pilotos. Se não fosse poker, era truco ou buraco. Na minha vida, sempre tive contato com as cartas. O poker competitivo, o Texas Hold’em, no caso, comecei primeiro assistindo na ESPN, em 2004 ou 2005. O interesse começou a aumentar e eu comprei a trilogia do Dan Harrington [publicada no Brasil pela Raise Editora] para aprender mais sobre o jogo. Em 2006, abri minha primeira conta no PokerStar. No ano seguinte vim direto para as Bahamas, jogar o PCA. Eu não sabia jogar direito, mas tinha um apartamento em Miami, que é praticamente do lado. Lá, joguei um satélite e consegui a vaga para o Main Event. No mesmo ano, fui jogar minha primeira WSOP, o evento principal. Fazia sete ou oito meses que eu jogava, mesmo assim consegui minha primeira premiação. Terminei em 447º e ganhei 30 mil dólares. Dali em diante, tudo que aparecia eu jogava – EPT, WPT etc. E o poker passou a fazer parte da minha vida. E o PokerStars, quando entra nessa história? Em 2008, quando eu era piloto profissional e comentarista do SporTV. Eu tinha apelo na mídia. Então, eu estava jogando em uma mesa, e o manager do Stars no Brasil à época se apresentou e me perguntou se eu gostaria de jogar patrocinado pelo site. Mesmo sendo como

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“Friends of PokerStars”, para mim foi ótimo. Só depois eu me tornei “Team Pro”. Como eu nunca me senti um profissional do poker, pedi para mudar de categoria quando chegou a hora de renovar o contrato. Preferi ser “Team Sport Stars”, algo intermediário entre os dois anteriores. E assim permaneci por dois anos. Sendo alguém que respira esporte, imagino que você tenha alguns ídolos. Quem são as pessoas que lhe inspiram como competidor? Ídolo mesmo, o único que tive foi o Zico. Tive não, porque ainda sou fã do “Galinho”. No poker, existem grandes jogadores que eu admiro. Tem o André Akkari, que inclusive é meu sócio na TV Poker Pro. Sem falar em Caio Pimenta, Thiago Decano, Mojave. Lá fora, o Jason Mercier, o Bertrand “Elky” Grospellier e o Daniel Negreanu. Tem outro que eu também admiro muito. Inclusive, é alguém com quem eu me identifico bastante, tanto no estilo de jogo quando no comportamento: John Juanda. É um cara discreto, na dele, e dificilmente tem uma explosão de alegria ou de raiva.

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No automobilismo, sempre fui torcedor do Nelson Piquet. Na época que eu acompanhava, ele já era campeão, e sempre torci muito para ele. Depois veio o Ayrton Senna. Para mim, o maior de todos. Quanto ao Piquet, eu me decepcionei um pouco depois que vi algumas declarações dele. Ele desrespeitou pessoas como o Rubinho, dizendo que ele era mais lento do que os pilotos de ponta da categoria, e o Nigel Mansell, falando que a mulher do cara era feia e não sei mais o quê. Até o Senna ele cutucou, insinuando coisas sobre sua sexualidade. Apesar de eu não ser torcedor do Ayrton Senna na época, hoje eu admiro mais as atitudes e a história dele. Atualmente, meu piloto favorito na F1 é o Lewis Hamilton. O Rubinho é meu irmão, fui padrinho de casamento dele, mas, hoje, quem eu mais admiro na F1 é o Hamilton. No poker, o primeiro nome que você citou foi o de André Akkari. Quando ele conquistou o bracelete em Las Vegas, no ano passado, um dos mais emocionados era você. Como foi que começou essa amizade?

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A gente se conheceu no clube Paradise de São Paulo. Não éramos do time do PokerStars naquele tempo. Depois que fomos contratados pelo site, acabamos nos tornando grandes amigos. Mesmo com a minha saída do PS, essa é uma amizade que eu vou levar para o resto da minha vida. Você disse que não se considerava um estudioso do poker. Mesmo assim, seus resultados têm sido significativos, com boas premiações online, e também ao vivo, na WSOP, no EPT e por aí vai. A que você atribui isso? É uma série de fatores. Joguei muito poker online. Durante uns três anos, entrava em pelo menos 40 torneios por semana. Não sou daqueles que abrem 15 mesas ao mesmo tempo, no máximo quatro, mas durante 10 ou 12 horas. Neste tempo, passei da casa de US$ 1.000.000 em premiações. Acho que a melhor maneira de se desenvolver é jogando. Se você é uma pessoa inteligente, vai aprendendo com seus erros, vai aprendendo coisas novas. E foi assim, na prática, tanto online como ao vivo. Conversar com outros jogadores também é importante, discutir mãos, isso ajuda bastante.



Esta semana você tomou uma decisão que pegou muita gente de surpresa, quando anunciou sua saída do Poker Stars. Qual o porquê dessa decisão e qual o balanço você faz da sua trajetória no site ao longo desses cinco anos? Na verdade, foi algo que eu já vinha planejando. Sempre dividi meu tempo entre a Stock Car e o poker. Eu estava no site fazia cinco anos, e achei que não era hora de assumir compromissos de datas e metas com o PS. Minha fonte de renda principal nunca foi o poker. Então, resolvi me dedicar à minha equipe da Stock Car neste ano e no futuro próximo. E só tenho coisas boas para falar de todas as pessoas que eu conheci no PS. Aprendi muito, tive muitas oportunidades de jogar grandes torneios e consegui bons resultados em todos eles. Fiz muitos amigos mundo afora e vou continuar a jogar poker online e ao vivo. Só não quero ter isso como um compromisso profissional. Minha saída do PS foi bastante tranquila, de comum acordo. É provável que eu ainda participe de eventos do site, mas sem compromisso. Agora que você está voltando seu foco apenas para o automobilismo, quais lições acredita que levará do feltro para o asfalto? E quais você trouxe do poker para as corridas? Existem certas coisas que eu trouxe para o poker que se deve ter no automobilismo o tempo todo: paciência, disciplina e concentração. Se você toma uma ultrapassagem ou erra uma curva e perde o controle emocional, já era. Fatalmente, vai ser ultrapassado. É preciso aprender a controlar as emoções, e eu acho que consigo fazer isso muito bem.

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No poker, você deve ter frieza para não se deixar abalar por uma bad beat. Se você perder o controle, acabará entregando todas as suas fichas. Isso é difícil mesmo, principalmente na internet. Se você pega uma sessão em que apanha do baralho o tempo todo, acaba tiltando. A minha experiência no automobilismo me ensinou a ter esse controle. Eu não deixo minhas decisões serem influenciadas pela emoção. O poker lhe ensina a usar bem a matemática e a constantemente analisar todos os fatores antes tomar decisões. Como dirigente de equipe, isso me ajuda nas estratégias de corrida, para saber o que pode dar certo ou errado. E essas escolhas têm de que ser feitas rapidamente. O poker deixa a sua mente mais rápida, isso é muito útil na hora de acertar o carro ou de definir uma tática de pit stop, por exemplo.


Fique a vontade para deixar sua mensagem a todos os jogadores do Brasil. Bem, fico muito feliz de ser um dos pioneiros do nosso esporte. Eu me lembro de quando comecei, no tempo dos torneios baratinhos em São Paulo, da época em que conheci o Akkari. Eram 30 ou 40 jogadores. Hoje, a gente vê os resultados sendo colhidos, online e ao vivo. Fico muito feliz de ter participado ativamente disso. De ver o quanto se transformou o cenário brasileiro, com BPT, LAPT, BSOP. De ver os torneios regionais crescendo. Como uma pessoa do esporte, é extremamente gratificante poder mostrar que o poker é um esporte saudável, disputado por pessoas saudáveis. Fico feliz por poder ter ajudado a acabar com aquela impressão errada que muitos tinham do nosso esporte. Ter contribuído com tudo isso é realmente gratificante. ♠

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GUALTER SALLES, UMA FICHA E UMA CADEIRA A história da incrível reação na WSOP 2010, contada pelo próprio autor do feito.

Jack “Treetop” Straus ganhou o Main Event da WSOP 1982 depois de ter ficado com apenas uma ficha, daí aquela máxima de que “para jogar poker, basta uma ficha e uma cadeira”. Você passou por uma situação bem parecida. Como foi essa história? Foram mais ou menos 7.000 inscritos naquele torneio. Já estávamos In The Money, restando uns 500 jogadores. Eu tinha pouco mais de 220.000 fichas, e os blinds e antes estavam em 4.000-8.000/1.000. Eu tinha J♠J♣ e meu oponente, 8♠9♥. O bordo mostrava K♣9♦9♣4♦. Ele perguntou quantas fichas eu ainda tinha. Eu contei e falei 106.000, mas me esqueci da ficha de 1.000 que eu estava usando como protetor de cartas. Ele então anunciou uma aposta de 106.000. Eu já tinha colocado mais da metade do meu stack na mesa, e dei call. Todos pensaram que tinha sido all-in e mostramos as cartas. Depois que a crupiê, uma senhora para lá dos seus 70 anos, virou um 5♦ no river, eu já estava com minha mochila nas costas. Mas ela me chamou e disse: “Olha, sobrou uma ficha aqui, porque ele falou 106 e você tinha 107”. Fiquei com apenas um ante. Coloquei o ante, sentei e nem olhei as cartas. Um cara deu raise, outro voltou reraise e apresentou A-J. Eu tinha A-2, e veio o dois. Fiquei com 9.000 fichas, olhei minhas cartas e vi 8-2. Fold. Caí para 8.000, que era apenas um blind.

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Na jogada seguinte, eu era o UTG e sai com um par pequeno. De quatro ou de seis, não me lembro. Foi tudo para o pano e o parzinho segurou! Fui para 24.000 fichas. Logo em seguida, A-K no big blind. Raise de um, call de outro, e eu fui all-in. O cara que abriu raise foi all-in por cima e mostrou 7-7. Ganhei o flip e fui para mais de 70 mil. Na mão seguinte, A-K de novo. Dobrei novamente. Fui para quase 200 mil. Uma hora depois, eu tinha A-A versus A-Q de Gregory Gokey. Subi para 405.000, eliminei o Gokey e voltei para o jogo. Acabei passando para o Dia 6 do Main Event com 939.000 fichas, consegui chegar na 117ª colocação e ganhar US$ 57.102. ♠


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BSOP

Etapa São Paulo

Brazilian Series of Poker Mesmo diante da polêmica em torno das novas regras tributárias, a etapa de abertura do campeonato brasileiro de poker mantém o tradicional brilho e distribui quase um milhão de reais no evento principal

Como na última etapa do ano passado, o hotel Holiday Inn Anhembi foi o palco do BSOP São Paulo. Depois de vários profissionais terem declarado publicamente que não jogariam o torneio por causa da nova legislação sobre recebimento de prêmios, a expectativa era de que o field fosse menor do que de costume para os padrões da capital paulista -- e realmente foi. Ainda assim, 248 jogadores compareceram ao primeiro dia da parada mais tradicional da série. Entre os participantes, Tito Feltrin, Alex Rivero e Gabriel Otranto. No sábado, Dia 1B, nomes como André Akkari, Felipe Mojave e o casal Alessandra e Sérgio Braga estavam entre os 309 inscritos. Com um field total de 558 jogadores e uma prize pool de quase 850 mil reais, os temores sobre um possível fracasso do torneio logo caíram por terra.

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Com 67 classificados na sexta e 90 no sábado, 157 jogadores seguiram na busca pelo título. Puxando a fila, Larissa Metran (128 big blinds) e Emerson Baroni (102 big blinds). E, em razão da nova estrutura, com mais níveis de blinds e um stack inicial 25% maior, o domingo terminou com treze sobreviventes em vez dos tradicionais nove. Contrariando as expectativas, a mesa final foi formada rapidamente na segundafeira. Depois de duas eliminações, Marcelo Jensen e Emerson Baroni também não demoraram a cair, praticamente ao mesmo tempo. Menos de uma hora depois, os finalistas estavam definidos. Entre eles, Larissa Metran, em sua terceira mesa final da série, e Rafael Caiaffa, buscando o feito inédito de conquistar duas etapas do BSOP.


Mesa Final

Imprevisível e estranha: assim seria a primeira mesa final do ano. Logo no início da disputa, Rafael Caiaffa acertou um full house contra Jhon Rua e Alex Kim. Jhon me disse, depois, que tinha par de reis e ficou bastante aliviado ao ver as cartas de Caiaffa. O paulistano Kim não teve tanta sorte. Com uma trinca, ele não deu crédito ao all-in do mineiro no river e viu seu gigantesco stack ser reduzido a apenas um punhado de big blinds. Sem conseguir se recuperar do golpe, ele acabou sendo o primeiro eliminado.

A próxima eliminação veio num verdadeiro cooler. Em uma guerra de blinds, Victor Dermendjian não acreditou quando o oponente pagou seu all-in e mostrou K-K. Segurando Q-Q, ele apenas lamentou a eliminação. Mais um cooler. Desta vez, o protagonista da situação inescapável foi Paulo Novaes, que viu seu A-Q bater de frente com o par de ases do amazonense Odaly. Resultado? Mais um jogador da casa eliminado. As próximas eliminações foram dolorosas. A profissional do Steal Team, Larissa Metran, entrou short-stacked na mesa final, mas chegou a dobrar. Infelizmente para a goiana, o próximo all-in em que se envolveu foi contra Jhon Rua, e aquela era a noite do colombiano. Com A-Q, ela viu dois cincos aparecerem no flop, dando uma trinca para o A-5 do seu adversário.


Vitor Torres Paulo Novaes Odaly dos Santos

Rodrigo Alem達o

Larissa Metran


Rafael Caiaffa

Alex Kim

Mas o baralho não parou de aprontar. Buscando o inédito bicampeonato do BSOP, Rafael Caiaffa colocou todo seu stack no pano contra Rodrigo “Alemão”. Ambos apresentaram A-Q, mas três cartas de ouro no bordo deram o flush e o pote para Rodrigo. Fim da linha para o mineiro. E com a eliminação de Odaly para Jhon, restavam apenas três competidores, e muita água para rolar. A partir dali, confesso que poucas vezes presenciei tantas bizarrices no poker – do baralho, não dos jogadores. Um show de bad beats e coin flips ganhos de um lado e de outro fizeram com que o torneio se prolongasse madrugada adentro. Finalmente, depois da eliminação de Rodrigo “Alemão” na terceira colocação, estava formado o heads-up.

Victor Dermendjian

O duelo final não foi muito diferente da batalha a três. Confesso que perdi as contas lá pelo quinto all-in/call. Flop, turn e river faziam mãos favoritas se tornarem lixos, e stacks de três big blinds se multiplicarem exponencialmente. No fim, depois do heads-up com mais “all-ins” da história do BSOP, Jhon Rua conquistou o título de maneira dramática. Segurando A♠K♦ contra 10♥10♠ de Vitor Torres, ele já lamentava mais uma indefinição com o bordo mostrando J♠Q♣6♠Q♦. Então, um J♣ apareceu no river, e demorou alguns segundos para que ele percebesse que o par do seu adversário havia “sumido”. Fim do duelo. E, a exemplo do ano passado, quando Marcelo Jensen cravou a etapa do Rio Janeiro, o primeiro troféu do ano do BSOP foi levantado por mãos gringas. ♠

Resultado Final 1. Jhon Rua (Colômbia) - R$ 185.800 2. Vitor Torres (SP) - R$ 114.500 3. Rodrigo “Alemão” (SP) - R$ 81.000 4. Odaly dos Santos (AM) - R$ 59.700 5. Rafael Caiaffa (MG) - R$ 45.000 6. Larissa Metran (GO) - R$ 32.700 7. Paulo Novaes (SP) - R$ 24.550 8. Victor Dermendjian (SP) - R$ 19.450 9. Alex Kim (SP) - R$ 14.700 @cardplayerbr

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