POKER
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Como usar o seu dinheiro sem ser usado por ele
A NOVA FEBRE DO POKER MUNDIAL
Jogue poker de graça. Este não é um site de apostas. Apenas para maiores de 18 anos. Este é um concurso desportivo e recreativo. © 2013 Full Tilt Poker. Todos os direitos reservados.
O ORGULHO É O POTE.
ONDE JOGAMOS
SUMÁRIO 10. DIÓGENES MALAQUIAS
OS BICHOS-PAPÕES DO POKER Diógenes dá dicas de como jogar seus vulneráveis pares baixos.
ESPECIAIS 18. A NOVA FEBRE DO POKER MUNDIAL
28. FELIPE MOJAVE
ENTRE ASES E DAMAS Mojave dá dicas de como jogar uma mão que atormenta muitos jogadores recreativos.
Conheça tudo sore o Open-Face Chinese Poker, o jogo que vem ganhando cada vez mais espaço entre profissionais e amadores.
36. A BELA ESTRELA DO POKERSTARS
Uma entrevista exclusiva com a Team Pro Vanessa Rousso.
58. Sam Trickett
52. FÁBIO EIJI
TROCANDO DE ARES Em sua estreia como colunista, Eiji fala sobre a difícil transição do SNG para o MTT.
A trajetória do homem que não tem medo de colocar milhões de dólares no pano
78. O NOVO CAMISA NOVE DO POKER BRASILEIRO
Ronaldo “Fenômeno” é contratado pelo maior site de poker do mundo.
70. ANDRÉ DEXX
COMO USAR O DINHEIRO SEM QUE ELE LHE USE André Dexx dá dicas valiosa para que você não jogue pressionado pelo dinheiro investido.
88. THIAGO DECANO
VALOR OU BLEFE? Decano mostra que o conceito de valor e o de blefe não são tão simples como a maioria dos jogadores pensa.
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S E Õ P A P S O H R E BIC K O P O D ge n por Dió
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esta edição, vou falar sobre um assunto que causa dores de cabeças a muitos jogadores: os pares de mãos baixos. Quando recebemos um par pequeno (2-2, 3-3, 4-4, 5-5 e 6-6), os principais fatores a serem analisados são posição e tamanho do stack. Se os stacks estão curtos (30 Big Blinds ou menos), jogar seu par pequeno, do início da mesa, na maioria das vezes, é um erro. A razão entre os stacks e o tamanho do pote será pequena, então, mãos que acertam um simples top pair tem mais valor do que as que buscam jogos mais fortes. Top pairs com bons kickers são feitos mais vezes e são suficientes para pequenos stacks irem all-in. Um equívoco comum que jogadores agressivos cometem é tentar isolar os limpers com 6-6 ou pior quando a fold equity, pré-flop, é baixa ou nula. No flop, eles terão um par menor que as cartas do
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bordo 88% das vezes – quase nove vezes a cada dez jogadas. Assim, o valor a ser extraído será pequeno e as decisões serão muito mais difíceis. Também não devemos ficar pagando raises pré-flop quando os stacks estão abaixo dos 20 Big Blinds, já que a porcentagem das vezes que acertaremos um jogo forte não é grande, se compararmos com a porcentagem do stack investido para ver o flop. Se a mesa estiver agressiva, a situação fica ainda pior, já que existe a possibilidade de alguém aplicar um reraise depois de você pagar o primeiro aumento. Mesmo com um stack grande, não recomendo abrir raise das três primeiras posições (UTG, UTG+1 e MP1) em uma mesa de nove pessoas, caso haja jogadores bons e agressivos em posição. Contra esse tipo de oponente é preciso evitar jogar fora de posição, principalmente em potes com 3-Bet.
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Das posições finais (HJ, CO, BTN), com um stack maior que 20 Big Blinds, aumentar com esse tipo de mão é, normalmente, a melhor jogada. Com menos, e já com o ante, podemos abrir de all-in, maximizando nossa fold equity e evitando que outros jogadores joguem mãos que tenham equidade contra nosso par. Só recomendo o limp quando já temos outros jogadores de limp na mão e que, provavelmente, não darão fold para nosso raise. Quase todas as outras ações com pares baixos serão fold ou raise. Já quando enfrentamos uma 3-Bet, pré-flop, devemos dar fold. Em situações que o agressor é muito tight e que colocará muitas fichas no pote depois do flop, podemos pagar para acertar uma trinca. Por outro lado, caso o oponente seja muito agressivo, o all-in é uma boa opção, já que teremos uma fold equity considerável.
Vejam alguns exemplos: EXEMPLO 1 UTG+1 (34 BBs) entra de limp, 04 jogadores dão fold, CO entra de limp (40 BBs), você tem 28 Big Blinds, está no BTN e tem 3-3. Se a fold equity do nosso raise for baixa, optamos também pelo limp, para jogar em posição e com uma mão com boas implied odds.
EXEMPLO 2 02 jogadores dão fold, você tem 5-5 e 22 Big Blinds em MP1. Exceto quando a nossa fold equity seja alta, a melhor opção é o fold.
EXEMPLO 3 06 jogadores dão fold, você está no BTN, com 17 Big Blinds, segurando 2-2. Nesse cenário, o all-in é uma boa opção.
Diógenes Malaquias @diogenes1608 diogenesmalaquias.com.br
Diógenes Malaquias é especialista em cash games online e dá aulas particulares em seu website.
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JORGE RIBEIRO CRAVA A QUINTA ETAPA DO CIRCUITO ODDS DE POKER
Entre os dias 17 e 21 de Junho, o Vegas Hold’em Club sediou a 5ª etapa da temporada 2013 do Circuito Odds de Poker, o COP. Organizado pela Odds Brasil, o torneio tem buy-in de R$ 300, stack inicial de 20.000 fichas, sistema Double Chance e Triple Entry, e garante R$ 70.000 por etapa. O Dia 1A, ocorrido na segunda-feira, 17 de Junho, reuniu 39 jogadores e teve 05 recompras, totalizando 44 entradas. Apenas nove jogadores estavam no jogo quando a direção paralisou o relógio. Badaoui era o líder, com 191.100 fichas, seguido por Fábio Rodrigues, com 149.100, e Raphael Cabral, com 145.300. A terça-feira, 18, recebeu o dia 1B do torneio. 72 jogadores foram aos feltros em busca da classificação para o Dia 2. Doze recompras aconteceram, fechando o dia com 84 entradas. Quando a organização anunciou o fim do dia, 18 competidores ainda tinham fichas em seus stacks. Na liderança ficou Gabriel “Neymar” Mendes, com 291.300 fichas, seguido por Wagner Hayashi, com 239.500, e Elisabeth Rodrigues, com 204.700. Rodolfo Langhi, Emerson Derriti, Alvin e Roberto Motta também estavam entre os classificados.
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Para o Dia 1C, ocorrido na quarta-feira (19), 104 jogadores inscritos. Com mais 18 recompras, 122 entradas foram computadas. Com isso, a 5ª etapa do COP acumulou 250 entradas e distribuiria R$ 70.000 para os 24 melhores colocados. Fernando Konishi encerrou o terceiro dia classificatório com o maior stack, 237.500, seguido por Sidney Santos (182.500) e Felipe Munhoes (157.300). Jorge Ribeiro, Eric Andersen, Airton Melo e Carlos Villar também estavam entre os 29 classificados. Na quinta-feira (20), os 56 classificados voltaram aos feltros do Vegas. Até o estouro da bolha, foram quatro horas. Erika Santana, com A-J, se envolveu em um all-in pré-flop e eliminou um jogador que tinha 8-3 e apenas 02 big blinds. A outra bolha, a da mesa final, marcou o fim do Dia 2 e estourou quando Jimi caiu na 10ª posição. A grande final ocorreu na sexta-feira, 21 de Junho, e tinha Raphael Cabral como líder, com 1.317.000 fichas. A primeira baixa foi justamente o short stack Badaoui Mansour, que perdeu um coin flip para Fernando Konishi. Wagner Hayashi deixou o torneio na 8ª colocação, e Praxedes, na 7ª. Mesmo após eliminar um concorrente, Fernando caiu
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em 6º, em uma disputa de dois tempos com Konishi. No último dos dois potes disputados, ele apostou todas suas fichas segurando A-9, e foi pago por Konishi, que mostrou A-T, o board ainda trouxe um full house para Konishi. O próximo eliminado foi Sérgio Augusto, que viu seu Q-10 ser batido pelo Q-9 de Erika Santana. Com quatro jogadores restando, Jorge Ribeiro assumiu a liderança, após ganhar um grande pote de Konishi, para não mais largá-la. Raphael Cabral e Erika Santana foram os próximos a deixar o torneio. O duelo final foi rápido. Com uma grande vantagem em fichas, Jorge não deu chances para Konishi. Com Q-7, ele pagou o all-in de Konishi, que tinha K-4. O flop trouxe o K de Konishi, mas as quatro cartas de espadas deram um flush para Jorge, que sagrou-se campeão da 5ª etapa do COP 2013.
RESULTADO final: Posição
Jogador
Prêmio
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Jorge Ribeiro
R$ 17.000
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Fernando Konishi
R$ 10.700
3°
Erika Santana
R$ 7.600
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Raphael Cabral
R$ 6.000
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Sérgio Augusto
R$ 4.600
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Fernando Vaz
R$ 3.600
7°
Praxedes
R$ 2.700
8°
Wagner Hayashi
R$ 2.050
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Badaoui Mansour
R$ 1.500
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A NOVA FEBRE DO POKER MUNDIAL
OPEN-FACE
CHINESE
POKER por Marcelo Souza
Alguns não devem nem saber do que se trata, outros podem ter lido ou ouvido falar a respeito, mas a verdade é que quem corre o circuito ao vivo – brasileiro ou mundial –, já deve estar bem familiarizado com o Open-Face Chinese Poker, o Poker Chinês Aberto. Seja no EPT, BSOP ou WSOP, o Open-Face já está bastante difundido. Pelos cantos dos salões, é comum ver uma roda de amigos concentrados, por horas a fio, no jogo de 13 cartas. Nomes
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consagrados do poker mundial, caso de Shaun Deeb, Scott Seiver e Jason Mercier, são “viciados” assumidos. Daniel Negreanu, profissional do PokerStars, também é fã do jogo, e foi um dos que fez coro para que o Open-Face entrasse na grade de torneios do PokerStars Caribbean Adventure (PCA): “Nós precisamos de um torneio de Open-Face Chinese Poker no PCA”, disse pelo seu twitter. Bem, eles o escutaram.
Ganhando o Mundo Em janeiro, o PCA realizou o primeiro grande torneio de OpenFace da história. O evento reuniu 59 jogadores e teve o canadense Peter Jetten embolsando US$ 52.000 pelo título. A presença do Open-Face na maior série de torneios do mundo (fora de Las Vegas) despertou a atenção ao redor do globo. Para julho, a WSOP já anunciou um “non-bracelet event” (evento que não vale bracelete) da modalidade. O buy-in será de US$ 5.000. Seth Palansky, um dos responsáveis pela assessoria da WSOP, disse que não está descartada a possibilidade de colocar um bracelete em jogo no futuro. “Nós gostamos de tentar coisas diferentes, mas ainda há uma série de passos até que o Open-Face seja um evento de bracelete. Vamos ver como será a participação dos jogadores”, disse em entrevista ao site Pocket Fives. No Brasil, a popularidade da variante também está crescendo. A primeira grande franquia a anunciar o Open-Face em um de seus eventos paralelos é o Master Minds, que acontecerá em abril. Pelas redes sociais, já há uma apelo para que o BSOP inclua
a modalidade em sua grade de eventos. Ariel Bahia, um dos principais jogadores de poker do País, é um dos entusiastas: “A modalidade deve pegar, sim, nos eventos paralelos. É um jogo incrível e, com certeza, requer muita habilidade”. O site de treinamento Card Runners colocou o jogo na pauta. Para os assinantes, já foram disponibilizados vídeos de estratégia. O autor é Christopher “CeeGee” George, especialista em mixed games. As explicações para a popularidade do Open-Face são muitas. Além de ser um jogo simples de ser aprendido, há emoção do início ao fim. Para derrotar seus oponentes e não “estourar” é preciso botar a cabeça para funcionar o tempo todo, principalmente calculando os outs que podem lhe salvar (ou arruinar); e mesmo com todos os cálculos matemáticos, aquela indesejada carta pode aparecer no final e transformar uma mão lucrativa em um tremendo prejuízo – para delírio dos adversários.
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EXEMPLO DE MÃO VÁLIDA: Mão de cima 2
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Como o Texas Hold’em Alguns Minutos Para Aprender...
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Cada linha rende um ponto ao dono da mão mais forte. Caso ele tenha o melhor jogo nas três linhas (scoop), ele receberá dobrado, ou seja, 06 pontos. O valor do ponto é combinado entre os participantes – há jogos entre profissionais que o valor do ponto ultrapassa US$ 1.000. Para quem está começando (e não quer gastar muito) recomenda-se jogar com o ponto inferior a R$ 1. A explicação é simples, além de pagar
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O Open-Face é uma adaptação do tradicional Poker Chinês, em que cada jogador recebe 13 cartas e as distribui em três linhas, duas com um jogo de cinco cartas (linha de baixo e linha do meio) e uma com um jogo de três (linha de cima), sendo que o jogo da linha de baixo deve ser mais forte que o do meio, que deve ser mais forte que o de cima. Caso essa regra seja quebrada, a mão é invalidada e o jogador passa a ter uma foul hand (mão inválida) e “estoura”. O ranking de mãos é igual ao de quaisquer variantes do poker.
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*No caso de um jogador não conseguir completar uma mão válida, ele não recebe nada pelos prêmios feitos.
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As ideias e a matemática básicas por trás do NLHE A psicologia da leitura de mãos As habilidades para entender o jogo estratégico no NLHE e muito mais... 38
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brar que caso o jogador “estoure”, todos os outros adversários automaticamente conseguem o scoop (06 pontos) em cima dele.
um ponto para cada linha que você perder (ou 06 para os adversários que conseguirem o scoop), ainda há os pagamentos dos royalties (prêmios). Ao completar mãos como sequências, flushes e fulls, você receberá pontos extras de cada um dos participantes na mesa. E é bom lem-
Se no poker chinês tradicional você recebe as 13 cartas de uma vez e monta seu jogo da melhor maneira possível, no Open-Face é um pouco
mais complicado. Aqui, você recebe apenas cinco cartas e as distribui, com as faces para cima, em uma das três linhas, da maneira que achar conveniente. As outras oito cartas serão distribuídas uma a uma. O primeiro jogador a armar o seu jogo é aquele imediatamente à esquerda do dealer.
Vejam um exemplo de uma rodada que teve três participantes:
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par de Seis na linha de cima, totalizando 22 pontos para o jogador 1.
dor 1; e +1 por ter vencido o jogador 2 em duas linhas).
O jogador 3 tem mãos melhores que o jogador 2 na linha do meio e na de baixo. Ele então recebe 02 pontos do jogador 2 (um por cada linha), mas paga 01, por ter um jogo pior na linha de cima. Portanto, o saldo do jogador 3 é de -10 (-4 do flush, -6 do scoop e -1 do par de Seis, pontos pagos ao joga-
É importante lembrar que as mãos são comparadas individualmente. Então, mesmo que você sofra um scoop de um dos adversários, você ainda poderá sair positivo em uma rodada, desde que você consiga prêmios ou scoops contra os outros oponentes.
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Observação: no caso de dois jogadores completarem royalties, o valor pago será a diferença entre eles. Por exemplo, se o jogador 3 tivesse feito uma sequência na linha de baixo, ele pagaria apenas 02 pontos ao jogador 1 pelo flush, já que a sequência vale 02 pontos extras e o flush, 04.
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Nesse exemplo, podemos ver claramente como os pontos são contados. O jogador 1 tem o melhor jogo nas três linhas, um scoop, e recebe 06 pontos de cada um. Além disso, eles fez duas mãos prêmios, um flush e um par de Seis (ver tabelas de pontuação). Assim, os outros jogadores têm que pagá-lo mais 04 pontos pelo flush na linha de baixo e mais 01 ponto pelo
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DICAS BÁSICAS PARA JOGAR COM OS AMIGOS: O primeiro objetivo é não “estourar”. Lembre-se que se sua mão não for válida ao final da rodada, você tem que pagar 06 pontos para cada jogador que não “estourou”. O segundo objetivo é conseguir a melhor mão nas três linhas. Em um jogo de quatro pessoas, caso consiga um scoop contra cada um dos três adversários, você leva, no mínimo, 18 pontos. Cuidado com o bankroll e com a “agressividade”. Robert Mizrachi contou uma história curiosa sobre um jogo high stakes de Open-Face: “Um regular de cash games, sem experiência no poker chinês, entrou na mesa
em que o ponto era US$ 200. Entre as suas cinco primeiras cartas, ele recebeu um par de Ases e o colocou logo na linha de cima. Apesar de A-A, em cima, render um prêmio de 09 pontos de cada jogador, é muito difícil que você consiga criar uma mão válida depois disso. Para que a mão se tornasse elegível, ele precisaria de, no mínimo, dois pares no meio e dois pares maiores embaixo. Esse erro custou a ele US$ 3.600 ($200, valor do ponto, vezes seis, do scoop, vezes o número de jogadores, no caso, três) em uma única rodada. Isso sem contar os prêmios”. Como nas outras variantes do poker, posição é muito importante, principalmente em uma mesa cheia.
Sendo o último a agir, em um jogo de quatro jogadores, você já sabe 15 cartas que não estão mais no baralho e o que os seus adversários pretendem. Isso vai determinar se você vai tentar um flush, um full ou se simplesmente vai jogar para não “estourar”. Use fichas para controle. Ficar anotando os pontos pode ser confuso às vezes. Antes de se arriscar em jogos a dinheiro, familiarize-se com o OpenFace. Na Apple Store é possível baixar gratuitamente um aplicativo do jogo, o Chinese Open-Face Poker
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TABELAS DE PONTUAÇÕES DO OPEN-FACE CHINESE POKER
PONTO POR LINHA: 1 ponto SCOOP: 6 pontos FOUL (ESTOURAR): -6 pontos
ROYALTIES (PRÊMIOS): MÃO DE BAIXO
MÃO DO MEIO
MÃO
PONTOS
PONTOS
Sequência
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Full House
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Quadra
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Royal Flush
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MÃO DE CIMA (TRÊS CARTAS)
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por Felipe Mojave
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esta edição, vou tratar de um assunto que parece simples, mas, no fim das contas, sempre tira o sono de muitos jogadores em torneios. Trata-se de uma mão complicada, pois pode ser jogada de várias maneiras – e é isso que acaba iludindo muitos. A mão em questão aconteceu com o meu amigo Ruly Vieira, no Dia 2 do BSOP Million. Os blinds estão em 1.000/2.000 com antes de 200. O vilão tem 90.000 fichas e abre raise do UTG para 4.800. A mesa roda em fold, e nós temos A-Q, no button, e um stack de 41.000. O que fazer? Bom, antes de pensar na ação, é preciso buscar mais informações. Se o poker fosse um jogo tão simples, uma jogada padronizada serviria como resposta para quase todas as situações. O primeiro ponto aqui é: se deu certo uma vez, não quer dizer que funcionará sempre. O poker é um jogo sem padrões, com muitas variáveis. Portanto, neste caso, ir all-in com nossos 20 BBs (a média deveria estar na casa dos 35 BBs) seria a resposta padrão da maioria, mas a solução não está aí.
Você mudaria sua decisão se soubesse que o UTG é um jogador tight, cujo range é bem curto? E se eu dissesse que o vilão é muito loose? Você ainda manteria o seu raciocínio? Para ambos os casos apresentados, o all-in nunca será a melhor opção. No primeiro, você só será pago por um range que está à frente da sua mão (AQ+, TT+). No segundo, a gama de mãos que seu oponente abre raise é tão grande que seria bem difícil ele dar call. Nesta situação, um jogador muito agressivo é capaz de ir all-in com A-Q e achar um alguém para pagá-lo com A-J. Mas lembre-se: seu oponente precisa estar atento à sua imagem para que a efetividade da jogada seja grande. A sua imagem diz muito. Então, use-a. Se você está pensando em apenas roubar o pote, apostar tudo é um erro. Caso não encontre um monstro pela frente e quebre, você estará perdendo valor com uma excelente mão, se todos os oponentes desistirem. Sendo assim, resta o jogo pós-flop, que premia os melhores jogadores em longo prazo – e aliado ao fator posição, essa se torna a melhor opção.
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TORNEIO: BSOP Milllion
BLINDS: 1.000/2.000-200
Ruly Vieira 41.000 fichas
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Vilão 90.000 fichas
O vilão aumenta para 4.800 do UTG.
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Em geral, o all-in será a melhor jogada contra um jogador loose que está disposto a pagar a sua volta com mãos piores. Por exemplo, um vilão com muitas fichas que abre o pote segurando K-Q e não daria fold para um all-in de 20 BBs. Se a situação for diferente do descrito acima, com certeza, é melhor dar o call em posição e ficar com 17,5 BBs, para o jogo pós-flop, frente a um pote com 6,5 BBs. O flop trará mais informações sobre a jogada, deixando-o mais confortável para continuar, desistir ou blefar. Outra questão importante é que o call abre a possibilidade de maximizar os ganhos se houver algum jogador muito agressivo para agir à sua esquerda. Como o pote já está muito atrativo, ele pode tentar roubá-lo, e é aí que o seu A-Q torna-se uma mão de grande valor e máxima lucratividade. O fold, aqui, estará fora de cogitação, com raras exceções. Quando você tem um stack apertado para torneios ao vivo, fica muito difícil gerenciar 3-bets com sucesso. Geralmente, essa jogada demonstrará muita força e fará seus oponentes desistirem com frequência. Mas, veja bem, toda vez que você fizer uma 3-bet
e receber um all-in como resposta, as chances de estar perdendo são grandes, mas será obrigado a dar o call devido às odds do pote – já que terá investido praticamente de 25% a 40% de suas fichas na jogada. Quanto mais técnica for a sua análise e mais variáveis ela envolver, maiores as chances de sucesso na sua decisão. A precisão em destrinchar as informações também é muito importante, inclusive em momentos complicados, como no Dia 2 de um torneio em que o vilão é um jogador que acaba de ser movido para a sua mesa. Acreditar que existe sempre a jogada correta para cada situação é um erro que lhe tornará um jogador de torneios perdedor em longo prazo. Espero que depois deste artigo o raciocínio de vocês esteja mais aberto para futuras análises.
Felipe Mojave @FelipeMojave
Felipe Mojave é um dos principais jogadores brasileiros da atualidade, especialista em mixed games e profissional do Lock Poker.
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VANESSA ROUSSO A BELA ESTRELA DO POKERSTARS POR BRUNO NÓBREGA
Vanessa Rousso esteve no Brasil em dezembro passado, para participar do BSOP Million. Simpática e solícita, a profissional do PokerStars concedeu uma entrevista exclusiva à Card Player Brasil, em que revela ser apaixonada pelo nosso País e, quem diria, estar solteiríssima.
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Vanessa, você esteve no Brasil em 2008, na primeira etapa da história do LAPT, no Rio de Janeiro. Desde então, a indústria do poker mudou bastante. Como um todo, você considera o atual cenário melhor ou pior do que o daquela época? Bem, eu olho para o mundo do poker e faço uma analogia com o velho oeste. Quando os primeiros peregrinos chegaram, não havia organização, e a disputa entre caubóis e índios continuou por muito tempo antes que os EUA se tornassem o que é hoje. A mesma coisa aconteceu com o poker. Era tudo muito caótico, até que se consolidassem empresas do porte do Poker Stars, que começaram a colocar ordem na indústria. Hoje, o poker se parece com a América do início do Séc. XX, na época em que surgiram o automóvel e o telefone. Ainda há muito a crescer, organizar e gerenciar. Nos últimos três anos, sobretudo, a legislação tornou-se mais clara, principalmente a respeito o poker online. Isso, no mundo inteiro. Em alguns lugares mudou para melhor, em outros, para pior.
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E com relação ao jogo em si, você vê alguma modificação significativa nesse período? Numa perspectiva mais abstrata, enxergo o poker de maneira evolucionista, como uma criatura que se desenvolve constantemente, incluindo, aí, as estratégias, os adversários etc. Isso força você a evoluir também, de forma que estamos sempre tentando nos aproximar cada vez mais de uma “estratégia ideal” – apesar de eu acreditar que não chegamos a esse ponto ainda. Sem falar que a estratégia que hoje seria considerada ideal, em 2008 seria algo completamente diferente. É o caso da frequência de 3-bet pré-flop, que atualmente é muito mais alta.
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Você é uma estudiosa da chamada “Teoria dos Jogos”, um ramo da matemática com ênfase na análise de situações estratégicas. De que forma isso pode ajudar os jogadores, na prática? É preciso ter em mente que não se trata de algo simples de se aprender. É uma estratégia complexa, ou melhor, uma filosofia complexa. O foco da Teoria dos Jogos é analisar a interação entre os seres humanos – algo frequentemente complexo – e reduzi-la a modelos e
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equações, na tentativa de simplificar o comportamento e otimizar o curso das ações. A partir disso, temos dois tipos de estratégia para o poker: a que podemos chamar de “otimizada”, que é aquilo de devemos fazer se o oponente estiver jogando de forma perfeita, considerando o que se entende por “um jogo perfeito” em determinada sociedade; e a estratégia de “exploração”, que leva em conta o fato de que nossos adversários não são perfeitos e, a partir disso, considerando os erros que cada um deles
tende a cometer, tirar proveito dessas falhas. É dessa forma que se maximiza o lucro no poker. Se você joga de forma otimizada, terá lucro no longo prazo, mas não o maior lucro possível. Para tanto, é preciso alternar entre a estratégia ideal e a de exploração daqueles que não jogam idealmente. O “pulo do gato” é que, para explorar os adversários, você mesmo não pode jogar de maneira ideal, ainda que isso lhe deixe vulnerável a ser explorado por outros oponentes.
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Como funcionaria tudo isso em uma situação real de jogo? Por exemplo, você sabe que o big blind nunca defende o blind sem uma mão que esteja entre as 10% melhores. Dessa forma, quando você estiver no button, vale a pena aumentar a aposta todas as vezes para que ele dê fold, não importa o que aconteça. Isso não é o ideal, não normalmente, pois é preciso mixar o jogo para manter a credibilidade da jogada. Mas se o sujeito no big blind sempre comete o mesmo erro, deve-se dar raise sempre. Por outro lado, para explorar o big blind, você passa a jogar de maneira não ideal. Agora, o small blind pode tirar vantagem de você, voltando reraise toda vez que vir seu raise do button, pois é provável que a mão que você tem não seja forte o bastante para se defender. É aqui que surge o problema de otimizar o nosso comportamento, que acaba se tornando uma análise
do nível em que você está, de quem na mesa está no nível mais alto, e do nível em que seus adversários estão exatamente. Essas não são informações fáceis de obter, logo, é complicado saber quem vai explorar e quem vai ser explorado. É mais ou menos assim que enxergo a estratégia do poker sob a ótica da “Teoria dos Jogos”.
Há alguns anos, publicamos uma edição em que a capa era você com a sua Lamborghini Gallardo. Poucos meses depois, veio a notícia de que o carro estava à venda. Você continua sendo uma apreciadora de carros de luxo? Sim, na verdade eu tenho dois carros agora, um Bentley Continental GT branco, e um Ford Thunderbird 1957 conversível, completamente restaurado, com bancos de couro vermelho. Adoro dirigir esse carro. Ah, e o rádio é original (risos).
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Vanessa, você é uma jogadora profissional bem-sucedida, bonita, feliz e proprietária de carros de fazer inveja a qualquer um. Você acha que isso de alguma forma intimida os pretendentes? Engraçado você ter me perguntado isso. Estou solteira há mais de um ano, e é curioso porque, quando estava casada, era automático eu dar o fora nos caras – até porque sabiam que eu era casada, então não tinha nenhum problema com relação a isso. Agora que estou solteira, a coisa mudou. Não sei dizer se eles se sentem intimidados, mas sei que foram poucos os que tentaram algo nesse sentido. Talvez estejam, sim, intimidados, mas como não tenho medo de ficar “encalhada” (risos), então, tudo bem. E se algum pretendente tiver interesse, pode falar comigo também pelo facebook, que eu respondo (risos).
Obrigado pela entrevista, Vanessa. Gostaria que você deixasse uma mensagem aos seus fãs do Brasil. Em primeiro lugar, eu adoro o Brasil. Essas têm sido as 36 horas mais incríveis da minha vida – e olha que só dormi três horas desde que cheguei. É um País com uma energia sensacional, uma cultura maravilhosa, de pessoas maravilhosas. Espero poder voltar o mais rápido possível. ♠
UM EVENTO INÉDITO NO POKER BRASILEIRO Primeira edição do CamPeonato Brasileiro de Poker Por equiPes Promete reunir grande Parte dos melhores jogadores do País. entenda Como será a disPuta Nos próximos dias 24 e 25 de julho, no hotel Holiday Inn Parque Anhembi, teremos a oportunidade de presenciar um evento totalmente inédito no Brasil: o primeiro Campeonato Brasileiro de Poker por Equipes – evento oficial da Confederação Brasileira de Texas Hold’em (CBTH). Falo isso pois, além de seguir um padrão técnico e organizacional que não presenciamos por aqui, até o momento, conseguiremos reunir, em disputas inéditas, grande parte dos maiores e melhores jogadores de poker do País. A ADTP, representante da CBTH nas questões técnicas, estará presente neste grande evento, através de seus membros, que se envolverão em uma dinâmica diferenciada, exigindo um cuidado ainda maior. Eu recebi, com enorme prazer, a missão para apresentar aqui as principais características deste torneio e, com isso, explicar o porquê de tanta expectativa. A proposta principal da realização do Campeonato Brasileiro de Poker por Equipes (CBPE) é conseguir realizar uma competição justa e abrangente, entre os maiores jogadores do poker nacional, apresentando para o público uma disputa do mais alto nível. A Confederação pretende utilizar o evento como ferramenta para uma maior massificação da modalidade, transformando e propondo um grande crescimento técnico ao poker esportivo nos Estados, fortalecendo as Federações e contribuindo com a conscientização da população de que o poker é uma modalidade intelectual de habilidade. Nesta primeira edição do CBPE, apenas doze Federações oficialmente afiliadas e previamente credenciadas pela CBTH irão enviar uma equipe para participar da competição, em julho de 2013. Estas serão as federações do Amazonas, Bahia, Brasília, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Cada uma destas entidades irá por Alberoni “Bill” Castro Diretor Executivo da Confederação Brasileira de Texas Hold’em – CBTH, experiente na modalidade, faz parte da direção da ADTP e dos maiores torneios do país. @Alberoni_Bill @Alberoni_Bill
participar com uma equipe composta de seis pessoas, sendo obrigatoriamente uma integrante do sexo feminino. O evento acontecerá em duas fases, sendo a primeira no dia 24 de julho, com duas rodadas idênticas e sequenciais e a final, no dia seguinte. Na fase inicial, serão formadas mesas em formato shootout – ou seja,
No Limit Hold’em 6-max Um jogador por equipe Blinds: 20 minutos Stack inicial: 10.000 fichas
Pot Limit Omaha 6-max Um jogador por equipe Blinds: 20 minutos Stack inicial: 10.000 fichas
No Limit Hold’em Heads-Up Um jogador por equipe Blinds: 15 minutos Stack inicial: 30.000 fichas
No Limit Hold’em 9-handed Três jogadores por equipe Blinds: 20 minutos Stack inicial: 10.000 fichas
uma espécie de sit-and-go. Mas, para testar as equipes em diferentes modalidades e situações, os seis integrantes serão divididos da seguinte forma: Acabando esta primeira rodada, será repetida outra rodada idêntica, onde as equipes podem trocar os jogadores de cada modalidade (antes do início da segunda rodada), caso tenham essa estratégia. Como podem observar, desenvolvemos uma grade de torneios, dentro das possibilidades, propiciando um cenário onde as equipes fossem testadas em diferentes situações. Desta maneira, coroan-
do realmente a mais completa em nosso esporte. Para um formato de competição como este, o critério de pontuação é crucial, e, após muitos debates e pesquisas, chegamos a um modelo que nos pareceu justo e prático. Assim, os competidores serão pontuados de acordo com as tabelas abaixo:
FASE INICIAL
NLH 6-max, PLO 6-max e NLH 9-handed 1°= 10 pontos 2°= 6 pontos 3°= 3 pontos 4°= 1 ponto
FASE INICIAL
Heads-Up Vitória = 5 pontos
Com isso, as nove equipes melhores classificadas, entre as doze participantes, se credenciam para jogar a fase final, no dia 25 de julho. Essa última fase será um torneio MTT tradicional, em formato deepstack 9-handed, com blinds de 30 minutos e stack inicial de 30 mil fichas. Os 54 jogadores participantes – sendo 6 de cada uma das nove Federações, jogarão até que seja conhecido o campeão, e a seguinte pontuação será distribuída:
1° = 20 pontos 2° = 12 pontos 3° = 6 pontos 4° = 2 pontos Com os pontos da fase inicial e os pontos da fase final somados, poderemos conhecer a equipe campeã e o ranking das Federações. Acredito que a união de todos esses “mestres” do nosso esporte será uma atração única e imperdível para todos nós, amantes do poker. Aguardamos todos vocês, no dia 24, para conferir e apreciar conosco esse mega espetáculo!
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E D O D N TROCA
S E AR Eiji por Fรก bio
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lá, leitores da Card Player. É com imensa satisfação que estreio a minha coluna, o que representa muito pra mim, já que sou leitor antigo da revista. Pra quem não me conhece, me chamo Fábio Eiji e jogo com o nick “binhoeiji” no PokerStars. Sou jogador profissional de poker há três anos, especializado em MultiTable Tournaments (MTTs). Tenho mesas finais no SCOOP, WCOOP, MicroMIllions, Sunday Million e na maioria dos grandes torneios regulares online. Para esta primeira coluna, escolhi falar sobre um momento comum na carreira de muitos jogadores: a transição dos Sit-and-Go (SNGs) para os MTTs. Falo com certo conhecimento de causa, aproveitando a experiência que tive quando, no começo da minha carreira, optei por essa mesma mudança. Meu primeiro contato com uma rotina “mais profissional” foi no extinto SNG Team Pro, responsável por grande parte da minha formação na área. Alguns meses depois de deixar a equipe, aceitei o convite para fazer parte do 4bet Team Online,
dessa vez voltando as atenções aos MTTs. Esse processo foi bem mais simples para mim, pois tive supervisão, aulas e um programa de stacking (“cavalada”), que me deram bases suficientemente firmes. Porém, a maioria, não tem essa oportunidade e acaba se deparando com grandes dificuldades, que certamente serão atenuadas com as dicas a seguir:
A 1. MANTENH A A CABEÇA ABERTA PAR K STAC RT SHO IAS ATÉG ESTR AS NOV
Geralmente, o jogador de SNG é muito disciplinado e domina os mais básicos conceitos matemáticos, isso faz com que sigam algumas “regras” à risca. Eles têm dificuldade – com certa razão – em compreender que alguma jogada diferente de shove (all-in), pré-flop, com 10 big blinds seja boa, por exemplo. Porém, o jogo short stack nos MTTs evoluiu de tal maneira que, hoje, qualquer jogador recreativo domina o básico sobre a estratégia padrão. Essas “verdades” sobre o jogo short stack já foram discutidas, pensadas, repensadas, desconstruídas e reconstruídas. Portanto, é preciso que o jogador esteja preparado para enfrentar, compreender e se adaptar a essa nova realidade.
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2. CUIDADO PAR A NÃO FICA R NIT OU SPEW Y PRÉ-FLOP
Um dos principais ajustes que deve ser feito é em relação aos ranges pré-flop, principalmente devido ao costume de jogar em outra faixa de stacks nos SNGs. A inexperiência, somada à velha mania de se jogar muitas mesas simultâneas, tende a atrapalhar esse ajuste. Muitas vezes, ser nit (extremamente tight) se configura num erro grave. Não estou aconselhando que você jogue muitas e muitas mãos, mas que esteja focado para não deixar passar mãos demais.
Ao mesmo tempo, é muito comum que os jogadores oriundos do SNG tenham dificuldade e, portanto, receio de jogar pós-flop. Isso faz com que, na ânsia de resolver logo a mão, o jogador adote, despropositadamente, uma postura spewy pré-flop, ou seja, dando muitos calls ou shove marginais com grandes stacks. É preciso ter cuidado para não colocar todas as fichas em situações nas quais ainda não temos o devido controle.
3. FOQUE SEUS ESTUDOS NO JOGO DEEP STACK
Esta dica é um complemento da anterior. O jogador de SNG já domina o jogo short stack (pelo menos o básico), então, é hora de corrigir uma falha que é comum entre grande parte dos jogadores que migram dos SNGs para os MTTs: o jogo com mais de 30 BBs, especialmente quando falamos em stacks com 100 BBs ou mais. Certamente, essa foi a maior dificuldade que tive – e ainda tenho, resquícios dos tempos de grinder de SNG. Algo normal, sendo que, na maior parte do tempo, jogamos com stacks entre 08 e 15 BBs em SNGs. Porém, em MTTs, frequentemente estaremos com 40 ou 50 BBs e enfrentando um ou dois jogadores decentes, capazes de explorar nossas maiores fraquezas. E não se assuste, leva tempo e muitos erros até dominar os principais aspectos do jogo pós-flop e deep stack.
No entanto, as oscilações em MTTs são muito maiores do que as dos SNGs, forçando-nos a adotar um controle de BR ainda mais rígido. Penso que a velha ideia de se jogar com 100 buy-ins de bankroll é bem ultrapassada, considerando os MTTs – principalmente se não estivermos acostumados com grandes swings. Neste caso, é prudente que sejamos mais rigorosos na escolha dos torneios, tanto nos tipos (rebuy, deep, 6-max etc) quanto nos stakes (limites). Essa é a única defesa que temos sobre a temida variância, que certamente será tema de futuros artigos por aqui. Essas dicas, apesar de básicas, seriam de extremo valor pra mim na época em que eu jogava SNG, e espero que ajudem àqueles que estejam fazendo ou pretendam fazer essa transição.
4. SEJA AINDA MAIS RÍGI DO NO CONTROLE DE BANKROLL
O jogador que obteve sucesso em SNGs, provavelmente, já segue essa regra básica para poker: uma gestão de bankroll (BR) segura. Então, acredito que isso não será um grande problema. No longo prazo, são poucos os exemplos de sucesso de quem subestima essa regra.
Fábio Eiji @fabioeiji
Fábio Eiji já ganhou mais de R$ 3 milhões de reais em prêmios jogando online. Ele possui títulos e mesas finais nas principais séries e torneios regulares do PokerStars.
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Sam t t e k c i Tr
do real n u m o e u a c a M Entre
Em um bar na Inglaterra, com o coração partido, um jovem se vê forçado a abandonar os gramados. Foi assim que Sam Trickett passou a amar o poker. E prometeu viver no limite, em um nível mais alto a cada dia. Hoje, Trickett vive entre Macau e o mundo real. Em meio a essas viagens, ele conquistou a segunda maior premiação da história do poker. Conheça um pouco mais desse genial jogador, nesta entrevista exclusiva para a Card Player.
Sam Trickett veio do futebol. Entretanto, uma contusão pôs fim aos seus sonhos com a bola rolando: “Eu era jovem e queria me profissionalizar. Só pensava nisso todos os dias”, conta. Aos 10 anos, Trickett começou a jogar pelo Retford United, equipe da sua cidade natal, e chegou às categorias de base da seleção inglesa. Seis temporadas depois, foi descoberto pelo Nottingham Forest, que o contratou. Essa seria a sua última participação no futebol inglês. “Minha contusão no joelho foi a notícia mais devastadora que já recebi. Eu não sabia o que fazer. Tive sorte de poder contar com a ajuda de uma família maravilhosa”.
Após a ruptura dos ligamentos do joelho, não demoraria muito para o ex-boleiro encontrar a sua nova paixão. Trickett disse que começou a olhar para o jogo de maneira diferente depois de assistir aos vídeos de treinamento de Phil Galfond. “Eu o vi analisar o jogo e falar sobre gamas”, disse Trickett. “Então, joguei centenas de mãos online nos stakes médios e comecei a compreender e a jogar bem regularmente.” Os seus fundamentos foram aperfeiçoados, porém, ele cometeu um erro que custaria seu bankroll.
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Todos sabemos que, se quisermos pequenas vitórias em todas as sessões, devemos agir de maneira sólida e tight.”
Pri mei ro pro fes sor no pok er Em 2009, Trickett disse que ele quebrou por ter sido “imaturo e irresponsável” com o seu dinheiro. Felizmente, seu amigo James Bord, campeão do Main Event da WSOP Europa, estava ao seu lado. Trickett descreve Bord como um irmão mais velho, que teve boa parte da responsabilidade de levá-lo para Macau. “Meu gerenciamento de bankroll foi terrível,” disse Trickett. “Perdi muito por ser irresponsável com o dinheiro no passado. Muitos jogadores fazem tentativas em jogos mais altos quando estão perdendo, o que não é uma boa ideia. Tentar participar dos jogos mais caros é bom, contanto que você esteja forte, sentindo que está jogando bem.”
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os cas h gam es de mac au No fundo da sala de poker no Cassino StarWorld, Trickett se senta com alguns dos melhores do mundo. Ao seu lado, os únicos profissionais ocidentais do local são Phil Ivey, Tom Dwan e Gus Hansen. A ação nos high stakes de No-Limit Hold’em costuma ser de $5.000-$10.000 HKD (dólares de Hong Kong), mas os valores estão subindo para $10.000-$20.000 HKD (cerca de $1.200-$2.500 dólares americanos). A sessão média para o britânico é de cerca de 20 horas. Ele tornou-se um jogador assíduo graças ao seu estilo de jogo. Trickett conheceu o funcionário do cassino que gerencia os jogos enquanto estava participando de uma mesa mais barata. “Ele viu que eu jogava muitas mãos e criava grandes potes”, disse Trickett. “Assim, um dia precisaram de
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alguém, e ele me perguntou se eu queria jogar. Aceitei. Gosto de jogar muitas mãos assim mesmo. É mais divertido. Me agrada entrar em potes interessantes. Se eu estou em uma mesa tight, parece que estou em um escritório, e isso é meio tedioso.” Segundo Trickett, todos em Macau têm o mesmo estilo. Os jogadores por lá gostam de potes grandes. “Se você não quiser, não será chamado para jogar”, disse. “Todos sabemos que, se quisermos pequenas vitórias
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em todas as sessões, devemos agir de maneira sólida e tight”. Tickett costuma fazer buy-ins grande Normalmente, ele entra no jogo com $4 milhões HKD, cerca de 516.000 dólares americanos. “É uma atmosfera excelente. Todos são realmente amigáveis. Ninguém reclama ou se lamenta quando está perdendo. As pessoas conversam para se socializar e não para conseguir leituras. Não é esse o tipo de jogo.”
os seu s adv ers ári os Contudo, Trickett afirma que, apesar de ser uma atmosfera amigável, o jogo tem se tornado cada vez mais difícil. “Os empresários chineses são espertos. Aprendem rapidamente. Eles observam as coisas que os profissionais fazem e imediatamente imaginam o que eles estão fazendo e o porquê. Na realidade, é realmente impressionante a velocidade com que eles têm se adaptado e melhorado.” Trickett quer continuar como uma presença constante no jogo, assim como pretende seguir aumentando as apostas, ainda que não haja mais para onde subir. “Estou contente em jogar contra qualquer um, em qualquer limite”, disse.
Jog and o em cas a Quando Trickett não está em Macau, pode ser encontrado jogando ao vivo no cassino Palm Beach, em Londres, na mesa mais cara que houver. Trickett disse que os jogos em qualquer lugar no mundo têm sido deficientes. “No momento, os cash games no Reino Unido estão muito difíceis e não têm sido tão bons. Os jogos na Ásia sempre parecem ser mais altos do que na Inglaterra e nos Estados Unidos, sobretudo porque os jogadores naqueles países adoram ver flop e apostar um pouco mais pré-flop”. Apesar de todas as suas cifras, Trickett disse que o No-Limit Hold’em pode ser can-
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sativo às vezes. Ele odeia os dias iniciais dos torneios. “Sinto como se fosse trabalho”, afirmou. Por causa disso, de vez em quando ele para e pensa quão longe chegou em um período de tempo tão curto. Trickett agora tem liberdade para participar das mesas mais altas do mundo sempre que tem a chance. “É tudo muito surpreendente. Se passaram somente dois ou três anos desde que eu estava jogando $1-$2 online”.
um 2011 fora do comum Em janeiro do ano passado, Trickett tinha ganhado US$ 1,6 milhão em torneios ao vivo. Em dezembro, já possuía uma marca de US$ 6,3 milhões. Ele começou 2011 ganhando o evento com buy-in de $100.000 no Aussie Millions, faturando $1,5 milhões de dólares. O torneio, que contou com 38 dos melhores jogadores do mundo, foi de longe o maior resultado na carreira de Trickett. Na semana seguinte, Trickett decidiu entrar no evento de Super High Roller de $250.000 do mesmo Aussie Millions. Com 20 jogadores fazendo o faraônico buy-in, ele superou um field que incluía alguns empresários chineses com quem estava familiari-
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zado desde o seu tempo de Macau. No final, ele acabou na segunda colocação, embolsando mais $1,4 milhões. Trickett ficou na faixa de premiação de grandes torneios mais quatro vezes antes do Main Event do Partouche Poker Tour, que lhe rendeu outra premiação de sete dígitos na temporada. Agora, uma bolada de $1,3 milhões de dólares. E não parou por aí. Trickett terminou o ano chegando à mesa final de um High Roller do European Poker Tour, e conquistando um quarto lugar no evento de Pot-Limit Omaha da WSOP Europa.
caç a ao pre cios o bra cel ete Apesar dos inúmeros títulos, Sam Tricket ainda não conquistou um bracelete da World Series Of Poker. Na atual temporada, porém, ele chegou bem perto. No torneio “The Big One for One Drop”, cujo buy-in foi a bagatela de um milhão de dólares, ele chegou ao heads-up contra Antonio Esfandiari. Mas não seria dessa vez que o bracelete iria para o seu pulso. Pela segunda colocação, Trickett embolsou de mais de dez milhões de dólares, a terceira maior da história do poker. Por tudo isso, dentre os jogadores da nova geração, Sam Trickett está entre os que mais brilham no feltro, sempre com agressividade, técnica e, claro, muita estrela. ♠
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COMO USAR O
O R I E H N I D SEM QUE ELE LHE USE por André Dexx
André Dexx @dexx_rj andredexx.com
André “Dexx” é um dos mais respeitados jogadores de cash games online do país.
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este artigo, vou abordar o componente que mais atrapalha a jogabilidade no poker: o fator pisicológico “Real Money”. Jogar em valores reais é uma experiência bem diferente de jogar com fichas de mentira. Quando há cifras envolvidas, principalmente nas mesas de cash game, o jogador sente o peso psicológico do dinheiro em seu jogo, por isso o poker é tão fascinante e emocionante. A possibilidade da perda, normalmente, reflete em emoções bem desafiadoras, e é normal que o jogador, em algum nível, se sinta inseguro e pressionado . Quando as situações difíceis e não corriqueiras aparecem – e elas aparecem a todo o momento no jogo – o jogador se contorce todo e, ao perder a consciência da respiração, fica sem ar, acaba, consequentemente, encolhendo a coluna e franzindo a testa, e o resultado é a perda total da percepção. Todas essas reações são sintomas que devem ser testemunhados e superados por todos os jogadores. Não só para uma evolução no seu jogo, mas para um crescimento pessoal para além das mesas.
Faça uma pergunta de modo sério e honesto a si mesmo: “Qual é o peso do dinheiro nas minhas decisões?”. Se você está encontrando dificuldades em responder essa pergunta, vou lhe ajudar. Você fica olhando o lobby do site ou o Hold’em Manager muitas vezes durante a sessão? Da próxima vez que jogar, repare na frequência e no sentimento de apego em que olha compulsivamente seu stack. Observe seu corpo e como ele reage a uma situação que envolva muito dinheiro na mesa – quanto mais retraído você ficar, mais você está sentindo o peso do dinheiro na sua decisão. Por último, pense como você reagiria se fosse dinheiro fictício. Há pouco tempo, em uma das aulas que aplicava com um dos melhores jogadores de cash game brasileiro, ele me pediu pra citar algumas de suas piores falhas. Dentre as que eu mencionei, uma mudou seu jogo significativamente, dali em diante: “Você tem sido dominado pelo medo e não tem enxergando todas as oportunidades em fazer movimentos lucrativos (+EV)”, disse a ele. “Os motivos são os bloqueios causados pelo medo. Isso faz com que você não confie em sua leitura e acabe sendo explorado por outros jogadores. Eles reconhecem que você só é capaz de pagar com um range muito
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restrito de mãos em determinadas linhas. Esse medo, em grande parte, se deve ao peso psicológico do dinheiro”. Defensivamente, ele argumentou que, por ter um bankroll grande, não sofria tanta influência quando se tratava de dinheiro. Então, filtrei em seu Hold’em Manager algumas mãos que ilustravam o meu pensamento e perguntei qual seria a postura dele se estivesse jogando por dinheiro fictício. Imediatamente, ele riu e percebeu que existiam fortes bloqueios em seu jogo, e que precisaria agir como se estivesse jogando sem valer nada. Um dos grandes desafios que o jogador de poker tem que superar, senão o maior, é a relação com o dinheiro. Este é um dos grandes causadores da inconsciência no jogo, e arrisco a dizer que jogadores considerados medianos, hoje, poderiam estar figurando entre os melhores se não tivessem uma relação pouco saudável com o dinheiro. A instabilidade é uma coisa real no poker. Um gráfico nunca é constante e crescente, e o controle emocional perante essa insegurança contínua é o que pode nos levar a ter uma vantagem considerável entre os demais. Quanto mais destemido – e ao mesmo tempo responsável – maior a chance de sucesso. O equilíbrio entre desapego e respeito ao dinheiro é a fórmula perfeita para o sucesso no poker.
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É da natureza da vida que todas as coisas sejam instáveis e efêmeras. No poker, não é diferente. A maioria dos jogadores fica se lamentando pelas fases ruins com pensamentos que os dominam como: “Eu estou ganhando bem nos últimos três dias, mas estou longe de recuperar o prejuízo da semana passada”, ou projetando o futuro compulsivamente, “acho que realmente sou muito bom e acredito que, em um ano, estarei jogando regulamente nas mesas NL1000”. Esses jogadores não costumam ser bem sucedidos e passam por grandes decepções porque são defrontados, a todo o momento, com a instabilidade intempestiva e natural do poker. Se a cada mão existem pequenas variações no montante de dinheiro, é normal que também haja períodos instáveis – curtos, médios e longos. Até mesmo o gráfico mais lucrativo do mundo não é uma linha diagonal reta que tende ao infinito, então é óbvio que um jogador que vive sobre esses pensamentos terá constantemente momentos de
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conflitos emocionais. Ele acumulará sempre memórias negativas, que irão assombrar sua carreira, ou se frustrará com suas altas expectativas que nunca serão preenchidas. Quando o jogador se identifica com formas mentais e emocionais, seja desejando algo do futuro ou temendo a perda, ele acaba se esquecendo da essência do próprio jogo, e nesse período é perdida a conexão com o presente, pelas duas motivações principais do ego: o desejo e o temor. Então, todos os desejos, medos e pensamentos, assim como todas as ações e reações acabam tendo relação direta com o estado de paz do jogador, e a sua falsa motivação é incapaz de trazer contentamento enquanto ele está nos feltros, já que o momento presente foi sabotado pela busca de um prazer ilusório. Alguns jogadores podem até mesmo forçar emoções para substituir esse contentamento – jogam de maneira extremamente loose ou até entram em um profundo estado de tilt, causando um rombo no bankroll ao ficar empurrando all-in freneticamente. Dessa maneira, mesmo que o jogador consiga ganhar dinheiro, cedo ou tarde, ele estará infeliz, outra vez, porque não demorará até que novas preocupações apareçam tomando toda a sua atenção. Outro problema que envolve os jogadores de poker e, muito provavelmente, também acionistas da bolsa de valores é o que chamo de “vício de crescimento”. O foco
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dessas pessoas é sempre no resultado, e elas sempre estão esperando que o gráfico ou o valor do patrimônio deles aumente. É isso que eles acreditam que os tornarão felizes, mas, como dito, a felicidade sempre é momentânea nesses casos. A ambição não tem fim. E pela própria natureza do poker e do mercado financeiro é impossível não passar por períodos de estagnação ou perdas. Então, essas pessoas passam por momentos profissionais terríveis, nos quais se desgastam psicologicamente. O reflexo disso é um desempenho muito aquém do que se estivesse jogando apenas pelo prazer de jogar. Jogar poker não deveria ser uma atividade estressante, mas, por todos darem tanta importância ao dinheiro, acaba sendo. Logo, o ego é que trabalha a serviço deles, e sempre que existir sinal de esforço e stress é porque o ego está operando. O mesmo vale para as reações negativas diante dos obstáculos. Então, identifique esses sinais; pare, pense e reflita, porque é hora de mudar a postura e compreender o que se passa internamente antes de qualquer coisa que esteja do lado de fora. ♠
Para aqueles que jogam para ganhar.
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RONALDO FENÔMENO
O CAMISA 9 DO POKER BRASILEIRO
por Marcelo Souza
“Tem mais esporte na minha vida. Agora é all-in!”. O leitor poderia se perguntar por que a escolha dessa frase para a abertura da matéria. Uma sentença, aparentemente, comum. Bem, seria... se não fosse pelo detalhe que ela foi usada para anunciar a notícia que foi destaque nos principais veículos especializados em poker do mundo: a contratação de Ronaldo Nazário, o “Fenômeno”, pelo PokerStars. No último dia 04 de abril, pelo Twitter, Ronaldo, que tem mais de 3.5 milhões de seguidores, postou a mensagem enigmática sem dizer do que se tratava. Para os fãs do poker, estava claro. A euforia do Team Pro André Akkari, que dava as
boas-vindas a ele, serviu para confirmar o que todo mundo imaginava. O anúncio oficial veio algumas horas depois: Ronaldo era o novo “camisa nove” do PokerStars. Ronaldo não chega para ser um profissional em busca de glória e fortuna – tudo isso, ele já conquistou ao longo de sua vitoriosa carreira. Ronaldo chega para ser um embaixador do poker. Ele se juntará a outros monstros sagrados do esporte – como o tenista Rafael Nadal – no Team PokerStars SportStars, uma equipe composta apenas por atletas e ex-atletas que adotaram o poker como o “segundo esporte”.
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Ainda assim, o “Fenômeno” já avisou que vai buscar seu lugar no esporte mental: “Sempre busco entregar o meu melhor em tudo, no futebol e na vida. O poker é mais um desafio que me empolga: ler o jogo e os adversários e escolher o melhor caminho para vencer”, diz o ex-centroavante da seleção brasileira. Para o PokerStars, a contratação de Ronaldo agrega ainda mais valor à marca. O principal site de poker do mundo traz para o seu time um dos maiores ídolos recentes do esporte mundial. A imagem de Ronaldo é uma das mais valiosas do Brasil. Não por acaso ele tem contrato milionários com empresas como a Claro e a Nike. Sua história aguerrida e vitoriosa combina perfeitamente com algumas das qualidades que o PokerStars busca em seus representantes: “Ronaldo simboliza os valores que buscamos no poker: genialidade, talento, dedicação e a fibra de que são feitos os grandes campeões do esporte“, afirma Jose del Piño, diretor do PokerStars na América Latina. “Ter o Ronaldo como um embaixador da marca é um orgulho e nos empolga com a oportunidade de ajudá-lo a melhorar suas habilidades de jogo”, completa.
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Ter o Ronaldo como um embaixador da marca é um orgulho e nos empolga com a oportunidade de ajudá-lo a melhorar suas habilidades de jogo” O primeiro teste deste novo momento do poker e também para o “Fenômeno” é no final de abril. Entre os dias 25 e 30, na etapa de São Paulo do LAPT (Latin American Poker Tour), Ronaldo fará sua estreia com o patch do PokerStars. Se depender do seu treinador, ele deve se sair bem. “Já há algum tempo venho descobrindo esse jogo de tantas habilidades. O André Akkari, o gênio da modalidade, tem sido meu mentor”, conta Ronaldo, que no ano passado participou pela primeira vez de um torneio ao vivo, o Master Minds II. Após o LAPT é possível que já se tenha uma ideia da dimensão da parceria entre Stars e Ronaldo. Para o poker brasileiro, a contratação do astro pode representar um “boom” semelhante ao “boom do poker
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online” em 2003 – depois do título da WSOP de Chris Moneymaker, até então, um simples amador. Ronaldo é uma das poucas figuras públicas capazes de chamar a atenção das mais variadas vertentes. Seus fãs estão espalhados pelos quatro cantos do Brasil. São homens e mulheres de todas as idades e culturas. Pela primeira vez na história, o poker vê a oportunidade da massificação. Um processo ainda longo, que já começou há anos e que tem em Ronaldo um possível “catalisador”. Agora, como o próprio “Fenômeno” disse, “é All-in!”
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FICHA TÉCNICA NOME:
Ronaldo Luís Nazário de Lima
NICK NO POKERSTARS:
Ronaldo
IDADE:
36 anos
APELIDOS:
Ronaldinho, R9 e Fenômeno
CLUBES QUE DEFENDEU: Cruzeiro, PSV, Barcelona, Internazionale, Real Madrid, Milan e Corinthians.
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GOLS NA CARREIRA:
414 (62 pela seleção brasileira).
PRINCIPAIS FEITOS:
• Três vezes eleito o melhor jogador do mundo pela FIFA (1996, 1997 e 2002). • Maior artilheiro de todas as edições da Copa do Mundo (15 gols no total). • Bicampeão mundial pela seleção brasileira (1994 e 2002).
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VALOR OU ? E F BLE o Decano por Th iag
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sempre que você apostar para saber onde está ou para obter informação estará jogando errado.
O
ano começou promissor. Consegui ótimos resultados online, e as minhas expectativas para o circuito live também são as melhores possíveis. Vou jogar o LAPT Chile e o $500.000 Garantidos do Panamá. As premiações são atrativas e o field é bem mais fraco que o da WSOP, EPT e PCA. Aliás, optei por não jogar o PCA neste ano. O field é o mais difícil do circuito live, e como já fui duas vezes, as Bahamas não são mais novidade. Quem sabe em 2014. Para Vegas, a ansiedade é enorme. Espero ter um desempenho superior em relação ao do ano passado – que, apesar de muito bom, não trouxe o sonhado bracelete. Estou bastante confiante, e ainda acredito que um brasuca estará entre os nove finalistas do Main Event. Na coluna deste mês, vou abordar um assunto que acredito ser o calcanhar de Aquiles da maioria dos jogadores: o conceito de valor e blefe. Estes são, na verdade, os princípios mais básicos do poker e estão diretamente relacionados à lógica do jogo. De fato, todos acham que sabem o que é valor e blefe, mas vejo jogadores de talento
e com grande potencial cometerem erros primários referentes a isso. No geral, os bons jogadores de cash games online levam vantagem aqui. Isso porque jogam mais mãos deep stack, em que há fichas suficientes para que a ação chegue até o river. Já nos MTTs (multi-table tournaments), o jogo começa deep, mas depois a média fica entre 15 e 40 big blinds, variando de acordo com o evento. A dificuldade que um jogador de torneios tem para jogar deep é a mesma que um jogador de cash tem para jogar com stacks de 10 a 35 BBs, mas isso é assunto para algum outro artigo. Nos meus cursos e coachings, enfatizo o tema e, para facilitar, abordo-o sob o aspecto da objetividade. Assim, sempre que você apostar ou aumentar uma aposta anterior pergunte-se: “Qual o meu objetivo com esse aumento? Eu quero que o meu adversário pague, dê fold ou aumente?” VALOR – você joga por valor quando quer que o seu oponente pague ou aumente a sua aposta. BLEFE – aqui, você quer que o seu adversário desista da mão.
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Sim, parece fácil, básico, mas acredite: a maioria erra... e feio! O jogador costuma cometer erros porque o cérebro está viciado, foi lhe ensinado da forma errada: “Ah, eu aumentei pra saber onde estou, para ter informação na mão”, ou, “dei raise pra ver se o cara estava realmente grande”. Então, coloquem esta frase na cabeça: sempre que você apostar para saber onde está ou para obter informação estará jogando errado. Para exemplificar, criei uma mão que acontece a todo o momento e que sempre coloco para os meus alunos: Blinds: 100/200 Sua mão: K-K, no cutoff. Você aumenta para 500. O big blind completa. FLOP: A♦ 5♠ T♥ O que você faz? a) Aposta 700 b) Aposta 1.300 c) Pede mesa
Thiago Decano @TheDecano thedecano.com
Thiago Decano é considerado um dos melhores jogadores do Brasil, live e online. Chegou a duas mesas finais da WSOP e uma do WPT.
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Pra ajudar na resposta, vamos à pergunta: qual o meu objetivo com esse aumento? Eu quero que meu adversário pague, desista ou aumente? Se o adversário pagar, provavelmente estou perdendo a mão. Ele vai pagar com qualquer Ás, trincas ou dois pares. Ele também vai pagar com o 10, mas, neste caso, o range é bem menor: T8s+ (quaisquer mãos do mesmo naipe, melhores do que 10-8, que contenham um 10) e T9o+ (quaisquer mãos de naipes diferentes, melhores do que 10-9, que contenham um 10) . Ou seja, quando ele pagar, terá a melhor mão na maioria das vezes. Mas se o adversário der fold, com certeza, o nosso K-K estava vencendo. Ele jamais vai largar um par de Ases no flop, mesmo que o kicker seja fraco. Concluímos então que: não conseguimos apostar por valor, porque, caso o oponente pague, na maioria das vezes ele estará ganhando; e não conseguimos apostar por blefe, porque todas as mãos que dão fold são piores que o nosso par de Reis. Como poker é um jogo de pessoas e de lógica, quero que vocês exercitem a mente e realmente entendam o jogo. Por isso, vou trazer a melhor resposta no próximo artigo. Para quem quiser falar comigo sobre essa jogada, cursos e coachings, basta entrar em contato pelo meu twitter, site ou e-mail. Fiquem ligados na próxima edição, e que 2013 seja um ano de muitas forras.
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Jogue poker de graça. Este não é um site de apostas. Apenas para maiores de 18 anos. Este é um concurso desportivo e recreativo.
Duas Copas do Mundo Duas Copas América Uma Copa das Confederações Um Campeonato Paulista Uma Copa do Brasil Um Título La Liga Uma Copa del Rey Uma Copa Intercontinental Uma Copa dos Campeões da UEFA Uma Copa UEFA Dois Ballon D’or da FIFA Jogador da década da Série A Três vezes jogador do ano da FIFA Uma Chuteira de Ouro da Copa Mundial da FIFA Uma Chuteira de Ouro da Europa
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