Card Player Brasil Digital 70: WSOP Online começa com 85 Braceletes a distribuir

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POKER

ESPORTE E ESTILO DE VIDA

CONTEÚDO SELECION ADO

RELEMBRE AS CONQUISTAS BRASILEIRAS DE BRACELETES








SUMÁRIO PRIMEIRO BRACELETE

12 2009: ALEXANDRE GOMES Vegas verde e amarela

SEGUNDO BRACELETE

ESPECIAIS 74. WSOP ONLINE 85 braceletes a distribuir: Comunidade do poker mundial tem mix de reações

18 2011: ANDRÉ AKKARI Festa do Povo

E MAIS 92. CADERNO PPPOKER

TERCEIRO BRACELETE

32 2015: THIAGO DECANO Decano do Poker

QUARTO BRACELETE

Fique por dentro de todas as novidades do PPPoker

100. CADERNO GGPOKER Fique por dentro de todas as novidades do GGPoker

46 2018: ROBERLY FELÍCIO O mais brasileiro dos braceletes

QUINTO BRACELETE

64 2019: MURILO FIGUEREDO O pentacampeonato

SEXTO BRACELETE

68 2019: YURI MARTINS O hexa veio primeiro aqui

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Alexandre Gomes

e o Primeiro bracelete do Brasil Há apenas 6 meses Alexandre Gomes, de 25 anos, deixou a advocacia para se tornar jogador profissional de poker. E no evento #48 da WSOP (no-limit hold´em de $2.000) ele superou um field de 2.317 concorrentes e fez uma mesa final formidável, apresentando um poker de nível mundial.

Alexandre Gomes: Sou advogado desde 2005, mas há cerca de seis meses resolvi jogar profissionalmente. Na verdade, comecei jogando torneios de poker e só depois decidi me tornar um jogador profissional.

Ainda no calor da vitória, nossos colegas da CardPlayer americana entrevistaram o Alê. E já como primeiro brasileiro a ganhar um bracelete da World Series of Poker, ele falou um pouco sobre sua estratégia na mesa final, sobre orgulho de voltar para casa com o primeiro bracelete de ouro para o Brasil e muito mais. Veja como foi.

AG: Jogo há cerca de dois anos e meio, mas como profissional há apenas seis ou sete meses.

Card Player: Você entrou para a faculdade para se tornar advogado e acabou virando jogador de poker. Como foi essa história? Por que uma mudança tão radical?

AG: Eles são fãs, mas são também amigos. É o jeito do povo brasileiro. Existem muitos jogadores de poker no Brasil, mas este é o primeiro bracelete que um brasileiro ganha na WSOP.

CP: E você joga poker há quanto tempo?

CP: É óbvio que você tem muitos fãs brasileiros aqui com você... Não é comum ver tanta comemoração de jogadores de outros países. O que faz do Brasil um lugar tão especial?

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CP: Agora você está $700.000 mais rico. Qual é a sensação? Você já tem planos para o dinheiro? AG: A sensação é boa. Muito boa! Mas ainda não tenho planos para o dinheiro CP: Qual foi sua estratégia a caminho da mesa final? AG: Havia jogado com os mesmos adversários no dia anterior, durante todo o tempo, e já era capaz de ter algumas boas leituras deles. Minha estratégia era ser agressivo. Acreditava que a diferença nas premiações criaria certa pressão, então resolvi entrar para decidir. CP: Havia algum jogador em particular que lhe preocupava a caminho da mesa final?

AG: Sim, Marco Johnson. Comecei o torneio jogando com ele e o enfrentei um dia antes da mesa final também. Ele me preocupava muito. CP: Qual mensagem você quer deixar para os brasileiros que estão começando a jogar poker agora? AG: Para ser um jogador de poker, você não pode apenas querer ser um jogador. É preciso estudar o jogo e se preparar mentalmente. Não é uma vida fácil, então recomendo que procurem outros profissionais para conversar. Há muitos bons jogadores no Brasil, mas você não pode simplesmente vir e jogar a Série Mundial. É necessário começar de baixo e construir seu bankroll primeiro. Artigo publicado na edição número 12 da Card Player Brasil.

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ANDRE AKKARI

DO BRASIL

POR BRUNO NÓBREGA DE SOUSA FOTOS: WSOP

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>>> uando o evento 43 da WSOP 2011 começou, uma multidão composta por 2.857 jogadores lotava os salões do Rio Hotel e Cassino. Entre os que pagaram o buy-in de $1.500 dólares estava André Akkari. Em meio aos altos e baixos de todo torneio com field gigantesco, suas fichas oscilaram, mas jamais desapareceram. Os dias se sucederam, a bolha estourou, a mesa final foi formada. Akkari continuava entre aqueles que ainda carregavam no peito a esperança do título. Chegou-se ao heads-up, e de pé continuava aquele corintiano do Tatuapé, agora apoiado por uma torcida de proporções inéditas na Série Mundial. Não deu outra. O mais brasileiro dos jogadores superou o oponente americano em plena Las Vegas, e conquistou o tão sonhado bracelete de ouro. Todos os detalhes dessa trajetória você confere agora, nessa entrevista exclusiva com o mais novo Campeão Mundial de Poker: André Akkari do Brasil.

Você ficou quase três meses longe do Brasil, numa espécie de “concentração” para a WSOP, trazendo inclusive sua família com você. Como foi sua rotina e sua preparação durante esse tempo? Eu vim para Vegas faz dois meses e meio. Foi a primeira vez que não fiquei em hotel. Eu não aguentava mais ambiente de cassino, essas coisas, então a Maridu me indicou esse apartamento. Ela mora aqui nesse condomínio também. Aluguei por dois meses, joguei torneios no Aria e no Bellagio, depois fiquei quase duas semanas sem jogar, trabalhando mais a parte física. Eu corria no parque todo dia, jogava tênis, e por aí vai. Eu tentava viver uma vida mais perto o possível do normal, para tentar fazer bonito na WSOP. Graças a Deus, deu certo.

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UMA DAS COISAS QUE MUDARAM NO MEU JOGO LIVE FOI QUE APRENDI A ACEITAR O QUE TENHO NO MOMENTO. NÃO IMPORTA O QUE JÁ TIVE, EU PRECISO TRABALHAR COM O QUE TENHO.

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>>> Fora essa questão da preparação, e de estar o tempo todo perto da família, que o deixou mais tranquilo para jogar, você foi “patrocinado” em uma grande quantidade de eventos nessa World Series. Como funcionou isso? Inicialmente, meu plano era disputar pouco mais de dez eventos. Mas no PCA das Bahamas, no começo do ano, acabei recebendo uma proposta bem interessante de alguns patrocinadores. Os caras me ofereceram disputar 35 eventos, e eu ficaria com 34% do que ganhasse. Fiquei feliz, porque, bem mais do que dinheiro, eu queria jogar muitos eventos: treinar, disputar cada vez mais eventos, coisa que nos outros anos eu não tive oportunidade de fazer. Essa foi a minha quarta World Series, e a terceira vez que participei do Main Event. Foi também a primeira vez que joguei “cavalado”, nunca tinha sido assim antes. Eu fiquei feliz com a proposta. Os caras têm uma energia boa, o que faz toda a diferença para mim. Se eles fossem uns “malas”, eu não iria querer fazer. Quando cheguei aqui, estava tudo preparado. Eles já tinham depositado o dinheiro para mim no cofre do Rio, todos os buy-ins já estavam feitos. Assim, fica tudo mais fácil. Você vai preparado para fazer a parada com calma, sem ter aquele perrengue de correr atrás de buy-in. Depois foi só festa. O mais legal é que eles ficaram, tipo, 0% felizes por causa do dinheiro. Essa grana não tem nada a ver para eles. Quando eu falei com os caras, eles estavam comemorando ao telefone. Foi quando percebi que era muito mais do que apenas dinheiro.

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nA World series A Gente VÊ mUitA Gente menosPreZAndo o brAsil, mAs nAQUele diA, os cArAs tiVerAm QUe nos enGolir, tiVerAm QUe Ver nossA bAndeirA no Alto e oUVir nosso Hino tocAr.

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>>> Mesmo com toda a preparação e com a tranquilidade em relação aos buy-ins, as coisas poderiam ter dado errado, afinal, o poker muitas vezes é ingrato. Para a disputa dessa World Series, você mudou alguma coisa no seu jeito de jogar? Na verdade, eu já vinha num bom momento em torneios live. Minha carreira sempre foi muito focada no online: eu tive muitos resultados jogando na internet. Só que também tive resultados ao vivo, por mais que não aparecessem, porque não era bracelete, não era WPT nem LAPT. Mas eu sempre estive ali, na cara do gol, várias vezes, inclusive na World Series. Quando fui jogar o LAPT do Peru, em que houve aquele incidente com meu pai [nessa ocasião, Akkari voltou às pressas para o Brasil após receber a notícia da morte do pai], eu já vinha numa pegada muito boa de torneios live. Eu me sentia bastante confortável. Fui para Madri, joguei bem, cheguei com muitas fichas no Dia 2. Então, quando cheguei para essa WSOP, tinha feito vários ajustes do meu jogo, de postura, de estratégia etc. Eu estava com tudo meio esquematizado para dar certo.

O evento 43 teve 2.857 jogadores inscritos, um dos maiores fields da World Series desse ano. Em se tratando de um evento tão longo, quais momentos você destacaria como cruciais para sua vitória? O torneio começou com 4.500 fichas. No primeiro level, desci para duas mil e poucas. No segundo, fiquei pequeno. Aí dobrei duas vezes, fui para umas 6.000 fichas. Depois disso, não desci mais. Cheguei a ter 35 mil, mas perdi um all-in pré-flop no final do Dia 1 e caí para 17 mil. Eu tinha um par de ases e o cara tinha ás-rei, mas ele acabou acertando um flush. Terminei o dia com 25 big blinds, nada desesperador.

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No Dia 2, fui crescendo sem showdown. Não teve praticamente nenhum all-in pré-flop até o oitavo nível, quando tomei uma mega fatiada de QQ para 55 ao bater um cinco no river. Aí fiquei na casa dos 10 big blinds. O final do Dia 2 foi tenso. Fiquei manejando aquele stack e acabei indo all-in com KQ. O cara deu insta-call com par de dez, e veio a primeira mágica do torneio: flop AT2, turn 7, river J. Acertei a broca no river. Nesse momento, já havia uma galera lá torcendo. Voltei para uns 18 big blinds, caí para 13 big blinds de novo, e aí aconteceu a única bad beat que eu me lembro de ter dado no torneio. Empurrei do bu�on com A♣ 4♣ e o small blind veio por cima com A♦ J♦. Restavam uns 60 ou 70 jogadores, e o cara tinha uns 60 big blinds. Ali azedou o molho. “Ferrou”, pensei. O flop veio 7♦ 8♦ 9♣. O cara ficou com broca e flush draw. Ele tinha o mundo inteiro para bater e segurar, mas vieram um 3♠ no turn e um 4♠ no river. Voltei para 23 big blinds, e fiquei sambando com aquilo ali até o final do Dia 2.

O Dia 3 começaria com blinds em 6.000-12.000, e eu tinha passado com 144 mil, ou seja, estava na casa dos 12 big blinds. Vim para casa tranquilo. Uma das coisas que mudou no meu jogo live foi que aprendi a aceitar o que tenho no momento. Não importa o que já tive, eu preciso trabalhar com o que tenho. Se eu tenho 12 big blinds, jogarei com isso e pronto. Eu precisava fazer o que era certo para aquele stack, e era isso o que eu faria. Eu estava animado porque faltavam só 18 caras, mas estava preocupado. Eu tinha de dobrar.

Até aqui, seu torneio estava sendo uma montanha-russa. Em que instante você percebeu que as coisas realmente poderiam dar certo? Foi quando começou o Dia 3. Tudo floriu, parecia mágica. Eu já estourei a primeira mão com KJ e roubei o blind. Na terceira mão, o cara com mais de 1 milhão de fichas abriu raise de 29 mil do UTG+1. Voltei all-in de 160 mil com A♣ Q♣. Ele pensou uma eternidade e pagou com 77. Ás no flop. Dobramos. Eu estava arrumando as fichas ainda, cerca de 400 mil, quando esse cara abriu raise de 29 mil de novo, agora do UTG. Quando eu olhei minha mão, A♠ K♠. Fiz tudo 61 mil, ele pensou e voltou all-in. Paguei. Ele mostrou par de valetes, mas bateu um rei no flop e eu fui para 800 ou 900 mil. E só tuitando: “Dobramos!”, “Dobramos de novo!”. Na mão seguinte, eu recebi 44. O cara dessa vez estava no big blind com umas 200 mil fichas. Abri raise, ele estourou com KT. Dei call com o parzinho, ele segurou e eu eliminei o cara que tinha mais de um milhão de fichas. Nisso, a galera toda atrás de mim já, todo mundo na torcida, vibrando. Faltando 18 caras, eu nunca tinha tido um “churrilho” daqueles. Ali eu vi que iria ganhar. “Ninguém me tira isso mais. Vou ganhar de qualquer jeito”, pensei. Não falei para ninguém, mantive comigo, mas eu sabia que era ali [risos].

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eU cliQUei no reFresH do tWitter e Vi 3 mil mensAGens, dePois 6 mil, dePois 8 mil. Foi sUrreAl.


No heads-up decisivo, você entrou com uma desvantagem de quase 3-para-1 em fichas e conseguiu reverter a situação. Como foi isso? Esse cara que fez o heads-up jogou comigo desde o Dia 2. A gente se enfrentou várias vezes. Não que ele fosse um jogador fraco, mas eu via que ele não estava preparado para aquilo tudo. Só que poker é poker, não adianta você ter mais condição se tudo conspira contra. Quando o heads-up começou, eu cheguei a empatar. Aí veio um KQ contra K2, e, se eu pegasse um cara bom, seria eliminado, mas ele era fraco nesse ponto. Eu consegui sobreviver com esse K2 num flop de K73. Ele deu check, eu apostei, ele deu call. Isso nas três streets. Tomei um susto. Dei uma overbet no river torcendo para ele pagar. Ele foi para 9 milhões e eu fiquei com 3 milhões.

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No primeiro dia do heads-up, estava dando tudo certo para ele. Mas vi que, na habilidade, eu estava puxando. Cheguei a apostar por valor com o quarto par, um par de dez num bordo KQ3. Isso foi me dando ar. Eu sabia que, quando passasse esse momento dele, eu iria puxar.

Aí acabou o terceiro dia. Foi bom. Na hora você não quer que acabe, quer decidir o heads-up ali mesmo. Mas pensando bem, foi bom, porque, se ele continuasse acertando mais mãos do jeito que vinha acertando, não daria para mim. E tudo que ele acertava, eu acertava abaixo. Teve um flop com KQ3: eu tinha AQ, e ele, KJ. É complicado, num heads-up daqueles, você ficar acertando uma carta abaixo do cara.


Nessa reta final, a torcida brasileira estava ensandecida, como nunca se viu na World Series. Como você vê a importância de todo esse apoio para sua vitória? Eu disse a Paula, minha esposa, várias vezes: “Eu me considero um cara criativo, mas se fosse para criar uma parada, eu não conseguiria imaginar uma coisa daquelas, do jeito que foi”. Quando começou a mesa final, a torcida já estava bizarra, mas em nenhum momento eles me tiraram a concentração. Parecia que, quanto mais eles gritavam, mais focado eu ficava. Quando restavam nove caras, a pressão da torcida era dividida. A galera não estava torcendo contra ninguém, e sim a meu favor. Isso aliviava a barra dos oponentes. Mas quando estávamos em três, eles sentiram a pegada. Claro que houve momentos descontraídos, como as piadinhas sobre o nariz do cara [risos]. Mas isso era sempre quando o dealer estava embaralhando, jamais no meio da mão. A torcida brasileira foi 100% competente. Em nenhum momento, ninguém zoou o americano durante a mão, não falavam nada, não gritavam, nada. Coisa que a torcida dele, por menor que fosse, fazia. Várias vezes, enquanto eu estava pensando, os caras gritavam “fold, fold”. A galera do Brasil em nenhum momento fez isso. Era como no tênis. Parte desse título é da galera. Ela fazia os caras errarem. No heads-up, teve um AT contra meu KK que o cara pagou. A torcida tem parte nisso. Ela sufocava o americano, que ia ficando vermelho, meio que pensando: “Vamos flipar duas, três vezes e acabar logo com isso”. Eu tenho para mim que aquele AT era o limite que ele daria fold se não tivesse a torcida. No heads-up, a galera cantou a música do Senna, aquele tema da vitória. Nossa, me deu uma vontade de chorar. Os caras viram que eu estava ficando emocionado e passaram a cantar mais alto. Quase comecei a chorar no meio do heads-up.


Depois eles começaram Aquarela do Brasil, aí quase chorei de novo. Mas o grande momento foi o da cravada mesmo, quando a galera entrou na área de jogo e começou a festejar. Nisso, meu celular ainda estava em cima da mesa. Eu cliquei no refresh do Twi�er e vi 3 mil mensagens, depois 6 mil, depois 8 mil. Meus amigos de São Paulo, uma galera que não tem nada a ver com poker, todo mundo me mandando mensagem. Foi surreal.

E agora, o que muda para você na sua carreira? E no poker brasileiro? Para mim, é uma coisa que eu queria muito. Eu queria ganhar um evento grande, mas não para mostrar aos outros que ganhei, nem para provar qualquer coisa. A mudança de vida que consegui com esse esporte é a maior prova de que poker é habilidade. Em termos técnicos, não é um bracelete que vai fazer diferença. Vou continuar estudando, melhorando o que preciso melhorar e explorando meus pontos fortes. Agora, dentro do meu universo pessoal, de família, amigos, patrocinador etc., é fenomenal. Todo mundo que gosta de mim, que sabe que eu vivo disso, queria que eu cravasse a parada. Esse é o ponto que faz diferença para mim. Sem falar que isso vai para a minha história, para o resto da vida. É algo que vou poder mostrar aos meus netos. Para o Brasil, acho que reforça a ideia de habilidade, de esporte mental. Mas é injusto dizer que eu sou o responsável. Tem uma galera batalhando pelo poker no dia-a-dia. É o caso de Igor Federal, sempre lutando na CBTH; de Christian Kruel e Raul Oliveira, que já jogavam quando eu ainda nem sabia o que era flop, turn e river; e também a galera do online, montando times. Como o Brasil só tinha ganhado um bracelete até hoje, essa ideia de que poker é habilidade ficava muito no discurso. Essa vitória vem reforçar isso. Esse bracelete é mais um argumento a favor do poker.

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como o brAsil sÓ tinHA GAnHAdo Um brAcelete AtÉ HoJe, A ideiA de QUe PoKer É HAbilidAde FicAVA mUito no discUrso. essA VitÓriA Vem reForÇAr isso. esse brAcelete É mAis Um ArGUmento A FAVor do PoKer.


Agora, como campeão mundial de poker, que recado você dá aos jogadores brasileiros que tanto torceram e se emocionaram com essa conquista? Já consegui muita coisa na minha carreira. Eu não preciso ser hipócrita e dizer coisas como: “O título não é só meu, é nosso”. Mas, na realidade, o título é mesmo de todo mundo. É de quem acompanhou em casa, de quem estava ali torcendo do meu lado. A mente humana tem muito mais poder do que a gente imagina. Na minha cabeça, todos os que torceram me ajudaram, e muito.

A maior alegria quem teve fui eu, claro, mas somando a alegria de todo mundo, fica maior do que a minha. Só tenho a agradecer a todo mundo. Na World Series, a gente vê muita gente menosprezando o Brasil, mas naquele dia, os caras tiveram que nos engolir, tiveram que ver nossa bandeira no alto e ouvir nosso hino tocar. Foi um momento mágico, realmente inesquecível. ♠

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Scott Seiver é um dos representantes desses fenômenos da nova geração do poker. Poucos anos depois de graduar-se na universidade de Brown, ele já havia conquistado um bracelete da World Series of Poker (WSOP) e o World Poker Tour (WPT) Championship de US$ 25.000. Nos últimos três anos, Seiver foi de promessa à referência dentro no poker ao vivo, principalmente devido ao seu enorme sucesso nos torneios high roller. Em 2013 e 2014, ele embolsou 3,7 e 3,8 milhões de dólares, respectivamente. Neste ano, em apenas cinco meses, já engordou sua conta em US$ 2,6 milhões. Suas sete mesas finais em 2015 o credenciaram a entrar forte na brigar pelo título de Jogador do Ano da Card Player. Com US$ 15,8 milhões em prêmios no poker ao vivo, Scott Seiver é agora o 9º jogador que mais ganhou dinheiro na história dos torneios de poker, mas, do alto dos seus 29 anos, ele quer mais — e nesta entrevista exclusiva, ele revela tudo que você quer saber sobre seu sucesso, high rollers e muitos mais.


DecanO DO POKER Thiago Decano conquista bracelete na World Series of Poker 2015 Por: Marcelo Souza Fotos e foto de capa: Antonio Abrego/pokerphotoarchive.com

Nem todos sabem que seu sobrenome é Nishijima. A maioria o conhece simplesmente pelo apelido. Apelido inspirado no personagem de Sylvester Stallone no filme Shade — Nos Bastidores do Jogo. Stallone era “The Dean”, em bom português, “O Decano”, uma lenda do jogo. Treze anos depois do lançamento de Shade, um novo decano surge no poker. Thiago Nishijima já incorporou o apelido — ou apelido se incorporou a ele. Há muito tempo, Decano não é mais escrito entre aspas, e após o merecido título na World Series of Poker, Decano também poderá ser escrito em letras minúsculas. O poker brasileiro tem agora um decano, no sentido literal da palavra. Outros terão que brigar pelo título de “melhor jogador sem bracelete do Brasil”, porque Thiago Decano agora pode ostentar em seu pulso o troféu máximo do poker mundial, ou como ele mesmo chamou: “O Oscar do poker”.

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a menor lógica, mas como meu foco era tão grande em cima do bracelete, sabendo que o grego tinha um pós-flop menos apurado do que o do Sylvia, eu preferia ir para o heads-up contra o Koutoupas.

Marcelo Souza: Você se preparou de alguma maneira diferente neste ano? Houve algum diferencial? Thiago Decano: Acredito que o fator principal é a experiência que adquiri, já são quatro ou cinco anos fazendo toda a reta da WSOP. Foi também a primeira vez que fiquei em um apartamento, não em um cassino. E teve a Marina, minha noiva, que me acompanhou com uma energia positiva única. MS: O que mudou na mesa final desta WSOP em relação às outras? TD: Dessa vez, a pressão nas minhas costas era zero. Nas outras mesas finais, até por eu me cobrar muito, eu via aquilo como se fosse um oportunidade única, o que não é verdade. Se você é um grande jogador, você chegará outras dezenas de vezes em decisões. Apesar de saber que a expectativa da torcida era gigante, só me preocupei em fazer o meu melhor. Para você ter noção, em nenhum momento, olhei a premiação. Eu não tinha ideia de quanto iria pagar o 3º, 4º ou 5º. Meu foco era apenas o bracelete. O que prova o que estou dizendo é que quando estávamos 3-handed, o Sotirios Koutoupas, com menos fichas, foi all-in contra o Jesse Sylvia e eu torci para ele ganhar. Normalmente, isso não tem

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MS: A torcida brasileira, no poker, é algo surreal. Você acha que o barulho e as provocações podem influenciar os adversários? Em certo momentos, eles perdem a paciência e cometem erros bobos contra você? TD: Sem dúvidas. De alguma forma, acaba influenciando. Nessa mesa final, em particular, eu estava em uma crescente muito grande, acertando as leituras e o baralho ajudando, e isso reflete na torcida. Então deve passar tantas coisas na cabeça dos adversários que eles acabam se sentindo obrigados a fazer algo a respeito. Acho que foi o que aconteceu com o Jesse Sylvia, ao tentar um resteal pouco comum, de K♦8♠, na mão que o eliminei. A mesma coisa com o grego. Logo na primeira 3-bet que eu dei no heads-up, que supostamente ele teria que respeitar, ele acabou indo all-in com J♥9♥, mesmo tendo um bom stack para jogar pós-flop. Eu realmente estava light e acabei dando fold, mas você vê que essa coisa da torcida começa a trazer um certo desespero aos adversários.


Foto: Carlos Monti


MS:Namãodecisiva,vocêoptoupelo limp,algoquevocêpraticamentenãotinha feito durante todo os heads-up, principalmente segurando uma mão forte. Você já esperava o all-in dele? TD: Bom, quando heads-up começou, eu tinha uma vantagem de quase 2-para-1. Nessa mão, eu já tinha 4-para-1 de frente. Foram quase duas horas de heads-up, senti que ele já estava cansado e, de certa forma, satisfeito por chegar até ali. Ele queria que aquilo terminasse logo. Quando vi aquele A♥9♦, eu já sabia que tinha acabado antes mesmo de ele ir all-in. Realmente, dei o limp sabendo que ele só não iria all-in com uma mão muito ruim. Então, ele olhou apenas um Ás e empurrou. Para minha sorte, a outra carta era um Cinco (risos). MS:OsbrasileirosbrilharamemVegas neste ano. Muitos dos grandes resultados vieram de alunos seus. Fábio Freitas e FernandoKonishi,porexemplo,estiveram perto de braceletes. Tem fórmula mágica neste coaching? TD: Bom, quando veio a ideia de dar coaching, isso começou porque havia uma demanda muito grande. Mas para que a ideia saísse do papel, duas coisas eram necessárias: ser financeiramente vantajoso para mim e o produto teria que dar resultado. Eu até brinco que eu cobro até barato, porque se o aluno for

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um cara inteligente e dedicado, não tem como o cara não se tornar um jogador lucrativo. Eu me preocupo que o aluno pense o jogo, então, não, não existe fórmula mágica. Ao final do coaching, eles acabam entendendo como funciona realmente o poker.

MS: A capa da nossa edição de abril foi sobre o Game Theory Optimal (GTO), a buscaporumpokerinexplorável.NoBrasil, fala-se pouco sobre o assunto, mas sabemosquegrandesnomesdopokermundial estudam isso a fundo, caras como Ben Sulsky, Stephen Chidwick e Mike Watson. Você acha que é possível ter uma estratégia inexplorável? TD: O grande mérito do GTO é fazer com que você evolua. Vejo vários jogadores buscarem uma solução matemática para um jogo que é completamente subjetivo. Recentemente, a Maridu falou que alguns jogadores de topo estavam estudando uma maneira de resolver o pot-limit Omaha. Como sou um cara que não masterizou o Omaha, não posso falar com propriedade, mas vi que dentro do no-limit hold’em (NLH), há gente nessa linha. Eu não acredito. As variáveis no NHL são infinitas. Falam sobre robôs dominando humanos em breve. Bem, eu digo que é mais fácil fazer com que um ser humano faça o robô errar. O poker é tão rico que você pode fazer diversas jogadas e mudanças de padrão


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para enganar até mesmo uma máquina. Para mim, o melhor caminho é aprender com cada tipo de jogador. Hoje, o padrão é abrir raise de 2,2 vezes o big blind, mas já foi de três, amanhã pode ser de cinco ou seis. O João Simão, que é um cara que eu discuto muito do jogo, há pouco tempo me falou sobre um torneio caro, com muitos caras bons, que ele simplesmente entrava de limp em 90% das mãos, segurando A-A ou 10-J. Ele deixou os caras perdidos e cravou o torneio. Mesmo os ótimos jogadores, quando você os tira da zona de conforto, eles se perdem. Então, essa é chave. Pode até ser que em jogos limit, você consiga buscar a perfeição, mas no NLH, um jogo cíclico, não consigo ver isso.

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MS: Sendo o poker um jogo tão complexo e mutante, qual o segredo para se manter sempre no topo? O que você faz para estudar o jogo e se manter em constante evolução? TD: Fico muito feliz por estar no topo há tanto tempo. Olho pra trás e vejo que são poucos os que conseguem estar sempre jogando em alto nível. A minha grande fonte de estudo hoje são os vídeos que estão disponíveis com as cartas abertas. Ali, mais do que nunca, você consegue enxergar claramente como o jogador de ponta pensa, como o jogador fraco pensa, como o jogador mediano pensa. A WSOP disponibilizou quase todos os vídeos das mesas finais. O PokerStars faz isso com os grandes torneios regulares e


com as grandes séries, como o SCOOP e o WCOOP. Se o cara quer desenvolver, ele tem que assistir aquilo ali, porque os outros estão assistindo. Só para falar dos mais recentes, já vi as mesas finais do “Negriin”, do Shaun Deeb, do Jason Mercier e quase todas do Colman. Fora essa parte dos vídeos, hoje tem dois nomes que eu estou namorando para fazer um coaching: um é o Olivier Busquet, mentor do Dan Colman; o outro é a Vanessa Selbst. Infelizmente, nesta temporada, nós estávamos em um ritmo muito intenso de jogo, tanto eu quanto eles. São dois jogadores que admiro muito e que eu tenho certeza que podem acrescentar muito no meu jogo.

MS: Quando você foi capa da Card Player, em 2011, você deu declarações fortes sobre o porquê de ter recusado patrocínios. Seu pensamento sobre o assunto mudou? TD: Hoje, vivemos em um cenário diferente daquela época. Antes, o que importava era você jogar bem. E o primeiro que percebeu que isso não bastaria, que era preciso abraçar a marca e se tornar um embaixador, foi o André Akkari. Não por acaso, ele foi o único que ficou no PokerStars, sem mencionar o Caio Pessagno, que entrou depois para o Team Online. Graças às mídias digitais, o alcance que

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a nossa palavra e imagem têm, hoje, também é muito maior. Então, a responsabilidade de representar a marca aumenta. Antigamente, você colocava um patch do Full Tilt no peito, pra não ganhar quase nada, só pra falar que era profissional do site, e isso eu não queria. Hoje, ainda tenho essa postura. Se for pra colocar uma marca na camisa, seja de uma empresa dentro ou de fora do poker, tem que ser um projeto bom, que me dê uma contrapartida à altura do que eu sei que eu posso fazer pela empresa. Se isso acontecer comigo, será uma nova etapa da minha carreira.

MS: Depois do bracelete chegaram propostas de sites até você? TD: Não teve nada — e eu já esperava por isso. Acho que hoje não tem mais essa mentalidade: “Ah, o cara ganhou o bracelete. Vamos atrás dele”. O PokerStars já tem o Akkari e o Pessagno, que fazem um trabalho brilhante, a mesma coisa o 888, com o Bruno Foster, Bruno Kawauti e Nicolau VillaLobos. Mas existiram algumas sondagens de outras empresas, de outras áreas. Se der certo, vocês vão ficar sabendo. MS: A variância é uma das grandes vilãs entre a maioria dos jogadores de poker. Você já passou por algum período assustador de perdas? TD: Na minha carreira, graças a Deus, eu nunca tive momentos em que sofri grandes perdas. Teve um ou outro período que não ganhei tanto, e isso é normal. Como o poker é um jogo cíclico, você tem que se adaptar a todo momento — e às vezes você fica um pouco pra trás. Quando estourou a

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Black Friday, tive um grande baque com o fechamento do Ultimate Bet (UB). Eu tinha US$ 250.000 naquele site e perdi tudo. Mas um dos meus grandes méritos é lidar com as derrotas. Os problemas vão surgir, mas você só tem que se preocupar com aqueles que você ainda tem gerência. No caso do UB, não tinha mais nada para fazer. O dinheiro já estava perdido. Então, bola pra frente. Eu sabia que dava para buscar aquele dinheiro de novo, trabalhando.

MS: Principalmente depois de perder muitas fichas por uma jogada teoricamente ruim do adversário, muitos jogadores costumam dizer que é melhor jogar contra um cara bom, que entende o jogo, do que contra um maluco que não tem noção do que está fazendo. O que você acha desse pensamento? TD: Isso é uma grande bobagem. Quem pensa dessa forma não está preparado para ser profissional, não tem preparo técnico para se adaptar. Você sempre vai querer jogar contra o pior jogador, sem dúvidas. Se você jogar contra os melhores, você vai perder dinheiro. O legal em enfrentar caras bons é que você aprende muito, mas, financeiramente falando, não há vantagem.


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MS: A mesa final deste ano foi apenas mais uma das dezenas que você já esteve.Houvealgumacomummaiorgrau de dificuldade? TD: Definitivamente foi a do High Roller do UKIPT de Nottingham, que joguei em abril. Estiveram nela Bryn Kenney, Max Silver, Felix Stephensen, o argentino Iván “Negriin” Lucá, que acabou saindo com o título, dentre outros. Todos os jogadores eram muito bons e praticamente não cometiam erros. MS: Falando do “Negriin”, ele conquistou, nesta WSOP, o primeiro bracelete para a Argentina. Só neste ano foram cerca de US$ 1,5 milhão em premiações e atuações impressionantes em mesas finais. O que você poderia falar sobre o jogo dele? TD: O jogo do “Negriin” já me chamou a atenção na primeira vez que joguei com ele no High Roller de um LAPT. Ele estava à minha esquerda e passeando em cima do pessoal. A linha de jogo dele é muito diferente dos jogadores normais. Ele é uma das provas que o NLH não é um jogo finito. É um cara que você olha e percebe que ele está revolucionando o Texas Hold’em. Ele é um fenômeno. Depois que saí da mesa do LAPT, falei com os meus amigos ali: “caras, esse ‘Negriin’ é fora da curva”. Ele, claramente, tem um futuro brilhante.

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MS: E como está sua rotina de jogo hoje? TD: Eu tenho priorizado os torneios ao vivo. Depois que alguns jogadores e eu criamos uma empresa, ficou viável jogar o BSOP, mesmo com os impostos. Na minha grade, estão todos os LAPTs; no mês que vem, vou para Miami jogar o Seminole Hard Rock, que o Dan Colman ganhou ano passado; e também vou para a WSOP Europa, em Berlim, no final do ano. Online, tenho focado apenas nos maiores torneios, os de domingo e o Super Tuesday de terça-feira. Quando as grandes séries começam, o SCOOP e o WCOOP, eu foco no PokerStars. MS: Falando em grandes séries, no WCOOP do ano passado, o Yuri “theNERDguy” Martins ganhou mais de US$ 700.000 no evento principal, a maior premiação da história do poker online brasileiro. Na época, muitas pessoas o criticaram por fazer um acordo quando ainda restavam seis jogadores, mesmo com o acordo garantindo cerca de US$ 500.000 a mais para ele. O que você pensa sobre acordos? TD: Eu acho que cada um sabe onde aperta o calo. Minha primeira grande premiação, em 2008, no EPT, eu fiz um acordo — ainda bem, porque na mão seguinte eu caí de

A-A para Q-Q (risos). Existem alguns pontos a serem observados quando vamos costurar um acordo. O primeiro é a diferença técnica entre os jogadores. Se você for muito melhor, ou você faz um acordo muito bom para você ou então vai para o jogo. Não importa o valor. O segundo ponto são as posições na mesa. O simples fato de cair um cara muito bom à sua esquerda já torna um acordo uma coisa atrativa. O último ponto é o seu objetivo. No caso da minha mesa final, eu jamais faria o acordo, porque eu queria o bracelete, a parte financeira estava em segundo plano. Se eu fizesse um acordo, eu tiraria o peso do salto de premiação dos outros caras, que é uma vantagem considerável. No caso do Yuri, no WCOOP, o título é importante, mas a parte financeira é muito mais. No lugar dele, eu também faria. Enfim, as críticas que ele recebeu, na minha opinião, foram completamente desnecessárias.

MS: Para finalizar, suas palavras sobre o título histórico. TD: Eu só tenho a agradecer a toda torcida brasileira, seja aqueles que estavam ali, presencialmente, ou à galera que me acompanhou pela internet. Ganhar o bracelete foi incrível. Para mim, foi como levar um Oscar, e eu vou ser eternamente grato por aquele momento.


EVENTO #38 DA WSOP 2015 BUY-IN: US$ 3.000 MODALIDADE: NO-LIMIT TEXAS HOLD’EM INSCRITOS: 989 PRIZE POOL: US$ 2.699.970 CAMPEÃO: THIAGO DECANO (US$ 546.843) cardplayerbr

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Por Marcelo Souza

Primeiramente, peço licença ao leitor para escrever esta introdução na primeira pessoa. Ele merece. E que me desculpe André Akkari, Thiago Decano e Alexandre Gomes. Sou fã dos três. Mas quando falamos em bracelete, o de Roberly Felício é o mais brasileiro dos braceletes. Aos 20 anos, ele já tinha que sustentar a

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família com apenas um salário mínimo. Cresceu em uma região pobre e esquecida. Passou por situações que nenhum ser humano deveria passar. Soou familiar? Sim, essa é história de milhões de brasileiros. Uma história que poderia ser do João, da Rocinha; da Maria, de Sol Nascente; ou do Pedro, de Paraisópolis. Uma história que muitas vezes não tem final feliz. Mas não dessa vez. Não para Roberly. De maneira cinematográfica, ele veio do nada, caiu meio que de paraquedas no poker em 2013 e, aos 49 anos, sem pretensão alguma se tornar profissional ou fazer história, apenas querendo se divertir e “praticar em paz seu esporte da mente”, como ele mesmo diz, Roberly alcançou a glória máxima do poker. E nessa entrevista, você não vai encontrar as jogadas mirabolantes que ele teve que fazer para chegar ao título. Nem detalhes sobre o torneio que teve 13.070 entradas e fez jus ao nome de Colossus. Isso você já leu muito, com certeza. Também deve ter lido sobre como ele, mágico que sempre foi, prosperou onde muitos acreditaram que ele iria falhar, e transformou

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US$ 565 em US$ 1.000.000. Hoje, vocês vão conhecer o Roberly Felício, marido da Maria José, pai do Régis e do Isaac, e avô do Arthur. O homem que conquistou a utopia de uma comunidade formada por milhões. O homem que deu um novo significado a bracelete verde e amarelo. Marcelo Souza: Roberly, primeiramente, eu gostaria que você falasse um pouco sobre sua vida. Acredito que toda comunidade já conhece o ganhador de bracelete, mas poucos conhecem o Roberly Felício. Roberly Felício: Eu nasci em uma região muito pobre de Anápolis, a Vila Fabril. Vim de uma família com nove irmãos, então minha mãe trabalhou muito para conseguir formar essa turma. Hoje, sou comerciante, da área de alimentação, distribuição de alimentos e também de administro restaurantes e cozinhas comunitárias. Meus dois filhos são meus maiores suportes e são os meus sócios em tudo, o Régis e o Isaac.


MS: E como aquele garoto, vindo de família tão numerosa e pobre, se tornou esse empresário de sucesso e, agora, um dos grandes nomes do poker brasileiro? RF: Eu comecei a trabalhar com 15 anos, conheci a minha esposa com 16 e nos casamos aos 18 anos. Eu ganhava uma salário mínimo, já tinha filho e tinha que sustentar a casa com isso. Quando tivemos nosso segundo filho, abrimos nosso primeiro negócio, um pequeno sacolão. Ela cuidava do sacolão e eu trabalhava em uma empresa tirando nota fiscal. O Isaac foi

criado praticamente embaixo do balcão do sacolão. Minha esposa é tudo na minha vida, está comigo desde sempre, quando não tínhamos nada. Construímos tudo juntos. O que temos hoje é fruto de muito trabalho e dedicação. Na minha vida, nunca tive moleza, sempre teve que ser na raça. MS: E quanto ao Roberly do poker, quem era ele antes da WSOP 2018? RF: Sempre fui muito competitivo. Eu tinha uma turma que jogava tênis em Anápolis e após um partida, o pessoal começou a jogar poker.

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Roberly, esposa e neto

Isso foi no final de 2013. Acabei pegando para jogar e, após ir mais a fundo no jogo, alguns resultados começaram a aparecer. Em 2014, consegui o meu primeiro troféu no campeonato Anapolino. Depois, em 2015, de férias com minha esposa, em um cruzeiro, uma das paradas era em Malta, onde estava acontecendo o EPT. Fiz mesa final em um dos eventos paralelos e, no ano seguinte veio o meu grande resultado. No LAPT do Chile, terminei na 5ª colocação do Main Event e levei US$ 38.000. MS: Você foi para Vegas, cravou o torneio, voltou para o Brasil e já está em Vegas novamente. Como ganhar o torneio mudou seu planejamento? RF: A princípio, eu havia feito um planejamento de levar US$ 9.500 e jogar alguns torneios apenas. Eu ia ficar 12 dias em Vegas e jogar o Colussus, que era o principal torneio. Minhas média de buy-ins seria em torno de 500 ou 600 dólares, no Venetian, Planet Hollywood etc. Fui com meu amigo André Rajá e o plano era ficar esses 12 dias, tirar umas férias, me divertir e jogar o poker. Com a cravada todo mudou. A partir do momento que você tem um resultado igual a esse, você acaba fazendo um bankroll bem bacana e você pode, sim, se dar ao luxo de mudar algumas coisas. Como os meus dois filhos trabalham comigo e eu tenho essa disponibilidade de tempo, e como já era um pen-

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Roberly e os filhos

samento meu passar o bastão para os meninos, agora acho que posso fazer isso. Nos próximos seis meses vou percorrer o circuito e ver como as coisas andam. MS: Pela nossa conversa, por perguntar a amigos e pelas suas postagens nas redes sociais, dá para perceber que você é uma pessoa de bem. Você acredita na frase: coisas boas acontecem com pessoas boas? RF: Sim, mas coisas ruins também acontecem com pessoas boas e coisas boas também acontecem com pessoas ruins. Eu sou o tipo de gente que ainda gosta de dizer um obrigado, um

por favor. Acho que é o mínimo como cidadão. Vim de uma família com uma situação de muita simplicidade, de muita pobreza. Sei como é ser humilhado. Por saber o que é isso, eu procuro sempre tratar com muito respeito todas as pessoas que estão próximas a mim. Eu gosto de dizer sempre que você tem que deixar sempre as portas abertas por onde quer que você passe. E da mesma forma que eu sei o que é ser humilhado, por ter vindo de uma família de muita pobreza, eu também sei o que é ser tratado com respeito. Eu conheço pessoas boas. Eu acredito que o ser humano é bom — e é assim que eu procuro levar a minha vida. Só acredito que o dinheiro só é interessante se ele chegar a mim

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Roberly e família

e daqui for espalhado. Como cristão, acredito no princípio da semeadura, o que você planta, você colhe. Na minha vida, só tento ser o mais correto, honesto e direito possível. Se eu conseguir passar isso para os meus filhos e eles passarem adiante, sei que já terei feito muito e contribuído para um mundo melhor. MS: Qual a sensação de ver ídolos do poker nacional na torcida pela sua vitória? Essa “troca de papéis” em que você, naquele momento, é quem se torna o ídolo...

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RF: Ter visto nomes como André Akkari, Decano e Mojave torcendo por mim foi indescritível. Como eu devo esse título a todos eles. Ao Mojave, ao Akkari. Teve um momento em que meu adversário ficou um blind e meio ou dois blinds, eu abri um sorrisinho e não esqueço da frase do Mojave: “Tira esse sorriso do rosto. Nós não ganhamos nada ainda”. Em outro um momento, quando estávamos com cinco jogadores, levei uma pancada e desanimei, o Akkari me chamou e falou pra mim: “Cara, vamos lá, vai dar”. E eu falei com ele: “Cara, não dou conta. Fui aonde deu”. Ele fez uma coisa que


MS: Você ganhou o segundo maior prêmio da história do poker brasileiro. O que US$ 1.000.000 muda na sua vida?

tanto com os números. Empresas trabalham com números desses tipos, claro, não um valor tão limpo que entra na sua conta da noite para o dia. Mas, infelizmente, tudo que vem como bônus, também traz o ônus. Porque essa é uma premiação divulgada no Brasil inteiro, então a gente tem que tomar alguns cuidados. Temos que ter um pouco mais de critério, de cuidado, para que a gente não coloque em risco as nossas vidas ou dos nossos familiares.

RF: Como temos um certo faturamento mensal na empresa, é um valor interessante, mas que não me assustou tanto. Acho que isso fez com que eu jogasse mais tranquilo. Eu olhava a premiação, cem mil dólares, aí fazia a conta, 400 mil reais. Ok. Sinceramente, eu não me assustei

Para mim, financeiramente falando, muda que agora posso usar esse dinheiro no poker, ficar mais tranquilo, passar as empresas com mais tranquilidade para os meus filhos. Apesar de estar com 49 anos, eu gosto do poker e sempre tive vontade de poder praticar com mais

eu nunca imaginaria, me deu um tapa na cara e disse: “Como já deu se todos nós que estamos aqui e queríamos estar aí? Você está nos representando. Vamos para cima”. Você não tem noção o ânimo que isso me deu. Eles não sabem o quanto foi importante ver todos eles lá.

Roberly e filhos

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tranquilidade na questão financeira. Então, boa parte dessa premiação, será revertida para que eu possa praticar poker com tranquilidade nos próximos seis meses. Depois faço uma avaliação. Uma outra coisa bem interessante é que agora posso ajudar ainda mais pessoas. Vou reverter um pouco desse dinheiro para que pessoas possam ser alcanças e abençoadas. Isso, para mim, é questão de princípios. Dez dias antes de eu ir para a WSOP, minha esposa estava embarcando para o Haiti, como missionária. Sempre acreditei que é dando que se recebe, como recebi tanto, é meu dever dar mais às pessoas.

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dólares e fica com esse dinheiro guardado lá. Eles também lhe dão uma chave e só você tem acesso a esse cofre. O que é interessante é que o imposto pago nos EUA, ele é aceito no Brasil. Então, você paga só uma vez. E como você traz isso pro Brasil? Você faz por transferência. Vai na própria instituição financeira do cassino e manda seu dinheiro para o nosso País. Você recebe uma guia do imposto, de forma que o dinheiro transferido é dessa forma. Eu, no meu caso, deixei uma parte desse dinheiro nos EUA, já que vou utilizar como bankroll, a outra parte já está em minha conta corrente.

MS: Quando você ganha US$ 1.000.000 em Vegas, como funciona? Como você recebe? Como trazer esse dinheiro para o Brasil?

MS: Em 2003, Chris Moneymaker venceu a WSOP e criou-se o que chamamos de “Efeito Moneymaker”, basicamente, vários jogadores recreativos entrando para o poker. No Brasil, você acha que podemos ter um “Efeito Roberly”?

RF: Você recebe de duas formas a sua premiação: em dinheiro ou fichas do cassino. O imposto já vem debitado, no meu caso, paguei 30% de imposto, pouco mais de US$ 300.000. Receber em fichas é muito interessante porque elas tem um chip eletrônico, então só você que pode trocar essas fichas. No meu caso, optei por receber em fichas e deixei no meu cofre da própria WSOP. Eles disponibilizam esse cofre, você paga uma quantidade de 200 a 300

RF: Certa vez, eu estava lendo uma matéria com o Moneyaker e ele estava dizendo que só joga torneios que ele tenha condição de pagar o buy-in do próprio bolso. Sempre fui assim. Sempre tive um planejamento financeiro para não jogar fora da minha realidade. Isso é muito importante. Isso precisa ficar gravado. Isso tem que ser alardeado e colocado em letras garrafais: JOGAR E PRATICAR O ESPORTE DENTRO DAQUILO QUE É A SUA REALIDADE.

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Se o meu feito terá repercussão junto à comunidade brasileira de poker, tomara que seja para o bem. Eu não quero que as pessoas olhem pra mim e pensem: “Se o Roberly conseguiu, então eu consigo também. Vou jogar”. Não, não é assim. Eu quero que as pessoas pensem da seguinte forma: “Se o Roberly conseguiu, eu posso também, mas ele começou jogando jogos fictícios para aprender. Depois ele foi jogar torneios de 25 centavos na internet, depois torneios de 100 ou 200 reais e, aí sim assim, jogou um torneio de 565 dólares”. Tudo é possível, para quem estuda, para quem se prepara, mas tem que ser com responsabilidade. No final, a minha história segue a

mesma linha do Moneymaker. Então, espero que as pessoas também consigam pensar dessa forma: jogar dentro da sua realidade financeira. MS: Você disse que quando via os números da premiação, eram apenas números. Então em nenhum momento houve pressão pelo dinheiro? RF: Quando comecei o torneio, minha pretensão era ficar ITM. Era o meu primeiro objetivo. Como eu tinha levado US$ 9.000, o meu sonho era conseguir dobrar esse dinheiro. Quando restavam 36 jogadores, eu sempre ficava olhando payjump ali. Então, até a premiação chegar a 10

Roberly e amigos

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Tudo é possível, para quem estuda, para quem se prepara, mas tem que ser com responsabilidade ”. mil dólares, sim, eu tinha a pressão do dinheiro. Mas depois disso, sendo totalmente honesto, eu joguei muito tranquilo. Quando eu cheguei na mesa final e vi que já tinha garantido US$ 57.000, bem, já era muito mais do que eu queria. Só voltei a me sentir pressionado quando estávamos em três. Porque o terceiro levava 300 mil dólares, o segundo 500 mil e o primeiro 1 milhão. Eu queria dividir essa grana, fazer um acordo. Perguntei ao Akkari o que ele achava e ele falou: “De jeito nenhum, porque você vai ter que pagar imposto e a WSOP não aceita oficialmente nenhum tipo de acordo”. Quando formou o heads-up, cara, aí bateu uma pressão. O payjump era de 2 milhões de reais praticamente. Mas lhe digo que em momento algum a pressão me fez mudar o meu jogo. Hora nenhuma. Só que nesse momento, caiu a ficha que ganhar ou perder era diferença entre dois milhões de reais a mais ou a menos na conta. Mas foi coisa

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rápida também. Logo depois, eu me concentrei e foi tranquilo. MS: E como é a relação da sua família com o poker? RF: A família tem que ser vista em primeiro lugar. Certa vez, eu estava com um grande amigo no aeroporto em Miami e a esposa dele ligou porque o filho não estava bem e eu falei com ele: cara, se você relativizar a sua casa, a sua família, não tenho mais interesse de caminharmos juntos. No dia que eles disserem a mim: “Para, o poker está nos atrapalhando”. Eu não vou nem questionar, paro de jogar no mesmo dia. E isso não é só para o poker, é para qualquer coisa. Se você não tem o apoio da sua esposa, dos seus filhos, da sua família, não vai. Não é por aí. E sempre tive esse apoio porque tem alguns preceitos que levo comigo: não jogo


Foto: Antonio Abrego / PokerNews

Foto: Antonio Abrego / PokerNews

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cash game, por exemplo. Nada contra quem joga, mas a partir do momento que você se senta na mesa com o intuito de única e exclusivamente ganhar dinheiro, o conceito de esporte fica para trás, e eu amo o poker como esporte. Inclusive, uma parte boa dessa conquista vem do meu filho Régis. Eu quase não viajei, ele que insistiu para eu ir, descansar e jogar. Fora o apoio no dia a dia, mesmo de longe, da minha esposa Maria José. Sempre deixo claro: o meu primeiro compromisso é com Deus, meu segundo compromisso na vida é com minha mulher,

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meu terceiro com meus filhos e com o meu neto. O resto vem a reboque. MS: Já caiu a sua ficha que, agora, você se tornou uma celebridade no meio do poker do brasileiro? Você será reconhecido em qualquer torneio nacional... Como lidar com isso? RF: Vou começar respondendo pelo que está acontecendo nos EUA, lá na WSOP e nos torneios que eu joguei também no Venetian. Eu


Foto: Carlos Monti

ganhado o Colossus, eu disse que era seu filho e eles ficaram conversando comigo por muito tempo”. MS: Você acha que agora tem um alvo nas suas costas? As pessoas vão lhe “caçar” nas mesas? RF: Engraçado você perguntar isso porque eu senti bastante dificuldade após o bracelete. Percebi que as pessoas queriam jogar comigo. Foi um dos motivos também que me fez dar uma parada depois. Mas vamos ver como vai ser isso, a amostragem ainda é pequena.

joguei durante quase 10 horas e caí no último nível. Quando eu caí, o cara que me derrubou se levantou e me cumprimentou. Uma outra senhora que também estava na mesa também me cumprimentou e o pessoal que estava na mesa aplaudiu. Aquilo foi muito forte pra mim. Eu estava jogando e não imaginava. Meu inglês é muito ruim e eu sentia que várias pessoas olhavam para mim de forma diferente. O meu filho quando passou na mesa, ainda quando estava jogando, me disse: “Pai, na hora que o senhor saiu, um cara ficou comentando que você tinha

Mas independente, eu quero jogar no meu País, jogar com as pessoas que eu vou olhar no olho e conhecer. Estar no calor que só a a comunidade do poker brasileiro pode oferecer, levar o bracelete para o pessoal ver. Uma conquista que é nossa, que é do Brasil, do Estado de Goiás e, principalmente, da minha cidade de Anápolis. MS: Como ficam os planos futuros para o poker agora? O Roberly pode se tornar um embaixador do esporte? RF: A palavra embaixador acho que é muito forte, uma fardo muito pesado para se carregar, mas estou preparado para o que vier. Espero que as pessoas olhem pra mim como um referencial de uma pessoa que joga o esporte com responsabilidade e que tem a família em

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primeiro lugar. Então se isso é ser embaixador do esporte, eu quero ser. Quero que os preconceitos caiam por terra. Nós praticamos um esporte da mente. Pessoas sérias, empresários, profissionais liberais, profissionais do poker. Nós somos mais de 9 milhões de praticantes. Então, se de alguma a forma eu puder contribuir para que o poker cresça, para que o poker seja cada vez mais reconhecido e que acabe de vez esse preconceito idiota, pode ter certeza que farei minha parte. MS: Alguma consideração final? RF: Eu não poderia deixar de encerrar falando algumas palavras à nossa Confederação Brasileira de Texas Hold’em (CBTH). Eu fiquei muito feliz de ver os vídeos que eles postaram,

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achei bacana, mas a princípio, eu fiquei um pouco chateado com uma coisinha. Porque como pai e avô, a melhor coisa do mundo é ver seus filhos conquistando algo. Por mais que tenham postado e feito festa, senti falta do abraço, do calor humano do nosso presidente, que faz um belíssimo trabalho, diga-se passagem. Ele é um cara fantástico, não tenho convivência com ele, mas sei da honestidade, da responsabilidade dele e sei que a CBTH está nas mãos de uma pessoa preparada. Mas senti falta de uma ligação dele, uma mensagem direta. Sabe aquela coisa de pai? É o nosso presidente, né? “Pai” de todos nós que jogamos poker. Em meio a tantas pessoas que me deram parabéns, como o Neymar, o governador de Goiás, o prefeito de Anápolis, eu senti falta só disso. Fica aqui meu puxão de orelha (risos).


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KSOP

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VEIO PRIMEIRO AQUI Por Marcelo Souza

Para ter sucesso no poker, o primeiro passo é definir: o que é sucesso no poker para você? É curioso, mas muita gente, na verdade, a maioria das pessoas não jogam por dinheiro. A verdade nua e crua do poker é: para alguém ou ganhar, outro precisa perder, assim, ganhar dinheiro no poker é para poucos. Para aqueles que realmente sustentam o ecossistema, o poker é apenas diversão. Ninguém gosta de perder dinheiro, mas poker é muito mais do que isso. Poker envolve competição, adrenalina, estratégia, diversão e, claro, glória. E pelo menos no Brasil, a glória máxima do poker é ganhar um bracelete da World Series of Poker (WSOP). Até este ano, Alexandre Gomes, André Akkari, Thiago Decano e Roberly Felício eram os únicos brasileiros a conseguirem o feito de vencer um

torneio da WSOP. Quatro braceletes e todos eles conquistados em No-Limit Texas Hold’em. Todos eles conquistados em anos diferentes, 2008, 2011, 2015, 2018. A menção honrosa fica com Bruno Foster, único brasileiro a chegar na mesa final do Main Event da WSOP, em 2014. E em 2019? Bem, em 2019 o Brasil subiu um degrau a mais, atingiu um outro patamar e poderá ser um divisor de águas, sem sombra de dúvidas, o melhor da história do poker nacional. Apenas pelos dois braceletes conquistados, 2019 já se credenciaria como o melhor de todos os tempos para os brasucas em Las Vegas, mas, mais que isso, foram mais de dez mesas finais e um quebra de paradigma: dois braceletes em eventos mixed.

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FOTO: TOMAS STACHA 66

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Murilo Figueredo

Evento #14: $1,500 H.O.R.S.E - field: 750 jogadores

prêmio: US$207.003 Catarinense de 37 anos, não há dúvidas que Murilo Figueredo, o “muka”, nasceu para fazer parte da história. Primeiro do brasileiro a vencer o extinto LAPT (Latin American Poker Tour), em 2011, no Chile, ele também se tornou o primeiro a conquistar um bracelete fora do hold’em. Murilo venceu o Evento #14: $1,500 H.O.R.S.E e um field relativamente grande para torneios de mixed games. Foram 750 jogadores e momentos difíceis antes da consagração. No heads-up, contra o experiente norte-americano Jason Stockfish, ele chegou a

ter três vezes menos fichas, mas buscou a diferença, com o título vindo no Pot-Limit Omaha Omaha Hi-Lo, em que fez uma quadra de Quatros. A vitória rendeu ao jogador de Penha US$ 207.003, pouco mais de R$ 800.000. “Eu ainda estou sem acreditar nessa conquista. Eu luto por isso há tanto tempo. Chegar lá no meio de tanta gente boa e trazer esse bracelete é surreal.”, disse em entrevista à ESPN Brasil durante uma homenagem prestada pela CBTH (Confederação Brasileira de Texas Hold’em) em São Paulo.

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Foto: jamie thomson 68

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yuri DZIVIELEVSKI

Evento #51: $2,500 MIXED OMAHA hI/LO, SEVEN CARD STUD HI/LO 8 OR BETTER field: 401 jogadores

prêmio: US$213.750 Curitibano, Yuri Martins Dzivielevski é considerado por muitos o melhor jogador de poker do Brasil. O “theNERDguy” do PokerStars ostentou por três anos (entre 2014 e 2017), a maior premiação online de um brasileiro, US$ 708 mil, prêmio conquistado pelo vice no Main Event do WCOOP 2014. De lá para cá, sua carreira decolou, muito pela disciplina e vida regra que decidiu adotar. Ioga, boa alimentação, um tempo morando no exterior... Fatores determinantes para que pudesse jogar no mais alto nível que o poker exige.

nossa vida é transformada e sentimos a real felicidade. Independentemente de acontecimentos externos. Em 2014, tomei a decisão de estudar mixed games. Naquele momento, certamente, foi uma decisão que não era a mais lucrativa, mas eu sabia que seria algo valioso no longo prazo e também era algo que me desafiava ao extremo: aprender algo totalmente novo. Abri mão do volume que eu colocava nos torneios para me entregar a algo totalmente incerto, algo que tive que começar do zero.

Assim como Murilo, Yuri conseguiu seu bracelete “longe” do hold’em, no Evento #51: $2.500 Mixed Omaha Hi/Lo, Seven Card Stud Hi/Lo 8 or Better, torneio que contou com 401 jogadores e que lhe rendeu US$ 213.750, que seria o maior prêmio de sua carreira no poker ao vivo até ele terminar em 28º lugar no Main Event, da mesma WSOP, alguns dias depois e levar US$ 261.430.

Hoje, cinco anos depois, lembro de todo esse caminho e vejo que valeu a pena cada momento, cada centavo que deixei de lado, cada dinheiro e tempo investidos em estudos (que não foi pouco). Hoje, essa decisão me proporcionou o momento mais inesquecível da minha carreira, além dos resultados online.

Em seu Instagram, ele agradeceu bastante a Deus e falou da vitória e sobre sua história nos mixed games:

Obrigado a todos pela torcida e pelas mensagens. Foram tantas que eu não consegui ler todas até agora.

“Eu sou muito grato a Deus por ter saúde e por todas as oportunidades que tive na vida. Deus é bom. Estar próximo Dele me fez uma pessoa melhor e sem medo do futuro. Porque sei que quando se vive para Ele e com Ele,

Vou seguir trabalhando, fazendo o que mais amo, com muita alegria. Vou dar o meu melhor para sentir dezenas de vezes esse sentimento tão especial de vencer um torneio de poker. Obrigado poker.” cardplayerbr

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Foto: jamie thomson

O FUTURO DO BRASIL NA WSOP As vitórias de Murilo e Yuri abrem uma nova janela de opções para o brasileiro. Competir os americanos é impossível simplesmente por causa do volume. São centenas de milhares de jogadores locais contra alguns milhares do resto mundo. A variância se torna gigantesca. E ainda que os fields da WSOP estejam crescendo cada vez mais, nos mixed games ainda são torneios com duas, três ou até quatro vezes menos pessoas comparadas aos fields de Hold’em e,

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consequentemente, se tornam eventos menos difíceis de serem vencidos por grandes jogadores. Yuri e Murilo são dois dos melhores jogadores de mixed do Brasil, trouxeram pela primeira vez dois braceletes em um único ano. Não se surpreendam com isso se tornando cada vez mais comuns nos próximos anos, principalmente longe das mesas de Texas Hol’dem.


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por Marcelo Souza

Em abril, a World Series of Poker (WSOP), a maior série de poker do mundo, anunciou que sua 51ª edição seria adiada devido à crise da COVID-19. Seriam distribuídos a quantidade recorde de 101 braceletes, com a cereja do bolo sendo o Main Event de US$ 10.000, que seria disputado entre 1º e 14 de julho.

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Em uma realidade paralela, a esta altura já teríamos conhecido o campeão mundial de poker. Mas aqui, no mundo real, a versão ao vivo da WSOP segue sem data para acontecer. Em uma tentativa de preencher o vazio deixado em Las Vegas, foi anunciado a primeira WSOP On-line da história. “O que seria do verão norte-americano sem a WSOP”, disse Ty Stewart, diretor executivo da WSOP. Iniciada no dia 1º de julho, a WSOP On-line vai até o dia 06 de setembro e, até o momento, já distribuiu 35 braceletes*, um deles para um brasileiro: Marcelo Pudla venceu o Evento #32: $100 The Opener, que teve 29.306 entradas totais, e faturou US$ 265.879 mais um pacote de US$ 12.000 para a WSOP Europa. Apesar de ser a primeira WSOP On-line, até o final do ano passado já haviam sido distribuídos 18 braceletes em eventos on-line, nove deles em 2019. O primeiro deles foi conquistado em 2015, por Anthony Spinella, com a mesa final dis-

putada ao vivo. Em 2016, o formato foi o mesmo, já nos anos subsequentes os eventos on-line foram 100% na internet. Atualmente em sua reta final, no site WSOP.com, serão disputados um total de 31 eventos na ferramenta, com um bracelete entregue por dia durante todo o mês de julho. O torneio de encerramento será o $1.000 WSOP.com No-Limit Hold’em Championship, que será disputado nesta sexta-feira, 31 de julho, e exclusivo para jogadores que estejam em Nevada e Nova Jersey. Para o resto do mundo, serão 54 eventos na rede GGPoker, que já começaram no dia 19 de julho, com o Main Event tendo buy-in de US$ 5.000 e premiação garantida de US$ 25.000.000, a maior prize pool da história do poker online, superando o partypoker MILLIONS Online de 2018, que distribuiu US$ 21,78 milhões. Serão 23 dias iniciais (até o Dia 1V), com três reentradas permitidas por jogador.

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O QUE PENSAM OS JOGADORES SOBRE A WSOP ONLINE? Em meio ao anúncio de 85 braceletes sendo distribuídos on-line, muitos jogadores se manifestaram sobre o assunto da “legitimidade” e peso dos braceletes e da série. A Card Player Brasil conversou com vários deles e reuniu todas as opiniões aqui.

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ANDRÉ AKKARI Vencedor de bracelete e principal embaixador do Poker na América Latina

Eu acho que a grande festa que acontece em Las Vegas e o número de pessoas, do mundo inteiro, que vão para lá, atrás de uma grande conquista, mostra o peso real de um bracelete. Ainda tem a parte tradicional do torneio ao vivo, o legado construído por todos aqueles caras que começaram a jogar poker desde o início da WSOP, lá em 1970. Tudo isso cria uma tradição. E a partir do momento que você não tem todos os componentes que não

Eu não consigo ver o mesmo peso no ganhar o bracelete, no entregar o bracelete.

são iguais ao histórico que aquela tradição traz, ela se torna difícil de ser quebrada. Então eu não acho que seja o mesmo peso, mas eu acho que é bem válido. É um título bacana e tem a marca da WSOP e quem ganhar o bracelete tem que se sentir bem feliz. Não pensar nesta competição de ao vivo versus online. Não existe esse comparativo do prisma de quem está ganhando. Vitória é vitória e o cara tem que comemorar, tem que se orgulhar.

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DAVID BAKER

De maneira alguma eu sinto que minhas conquistas tenham sido diminuídas. Os jogadores “old school” reclamaram quando a WSOP expandiu? Eu fico muito feliz que a série esteja crescendo e possa chegar a mais pessoas.

Bicampeão da WSOP e especialista em mixed games

Só tenho uma coisa a dizer: no próximo ano, estarão distribuindo braceletes em jogos de blackjack e dados.

DANIEL IDEMA Tricampeão da WSOP e especialista em mixed games

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MURILO FIGUEREDO

Os dois são importantes. Cada um tem seus méritos.

Vencedor de bracelete e especialista em mixed games

O Marcelo, que acabou de ganhar o bracelete, teve de passar por mais de 20 mil pessoas. Claro que o poker ao vivo tem aquela atmosfera diferente, mas o poker online também tem suas singularidades e vantagens. Por exemplo, o poker online é mais

inclusivo. Nem todo mundo pode ir para Las Vegas e jogar a WSOP. Então esses braceletes também entram para a história. Não interessa se foi online ou ao vivo. O único ponto negativo da WSOP Online é não ter nenhum evento de mixed games.

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GREG MERSON

campeão do Main Event e do 6-max Championship da WSOP 2012

As pessoas estão dizendo que os braceletes estão perdendo valor e que os do online não deveriam contar. Bem, não vejo ninguém falando sobre o “feito” de Jonh “Aces Up” Smith, que venceu oito jogadores para ganhar um bracelete de five-card stud em 1981 — e esse é só um dos exemplos.

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Eu tenho falado sobre isso nos últimos anos. A WSOP vem perdendo seu brilho cada vez mais. A diminuição de buy-ins e o aumento no número de eventos desvaloriza a marca. Eu perdi muito do meu amor pela série — e eu me considero um dos maiores fãs da WSOP.

MICHAEL GAGLIANO Vencedor de bracelete


RAFAEL “GM_VALTER” MORAES

É muito difícil você fazer um torneio online com o mesmo prestígio que os torneios ao vivo.

Sócio-proprietário do 4Bet Team e jogador profissional

O ao vivo envolve muitas coisas a mais, tipo a pressão estar olho no olho, múltiplos dias classificatórios, viajar para jogar etc. O prestigio de um título online sempre vai ser menor ou igual que um título online, a não ser que seja um título online de uma envergadura gigantesca, como o meu Venom, que foi um prêmio milionário e que mesmo nos

torneios ao vivo fica difícil achar tal premiação. O bracelete sempre tem um peso muito grande. A marca WSOP é muito forte. Então só fato de você ganhar um bracelete, mesmo que seja um torneio online, é bem gratificante e é o tipo de coisa que qualquer profissional sonha.

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PETER “PITAOUFMG” PATRICIO Sócio-proprietário do Team Samba e jogador profissional

Não se trata de braceletes. A verdade é que a WSOP errou aqui. O que sempre diferenciou a WSOP de outras séries é a quantidade de jogos diferentes (mixed) que eles ofereciam. Eu vou jogar tudo que puder e brigar pelo título de Jogador do Ano novamente, mas não gostei do que eles fizeram.

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Acho que são jogos um pouco diferentes. Há uma perda do glamour no online. Claro que é uma conquista espetacular. Se eu for campeão, vou ficar muito feliz, mas eu ficaria mais em vencer ao vivo. É muito mais emocionante e valorizada. Como eu disse, é uma baita conquista, mas não é igual ao live.

SHAUN DEEB Quatro vezes campeão da WSOP, cinco vezes campeão do SCOOP e do WCOOP


YURI “THENERDGUY” MARTINS

Em termos de prestígio, acho que é a mesma coisa sim.

Vencedor de bracelete e considerado o melhor jogador “all-aronud” do Brasil

Acredito só que a magia do live é diferente. Ganhar um torneio ao vivo é mais empolgante por causa da atmosfera, mas eu acho que o online tem muito valor, justamente porque as pessoas contam os braceletes de 1970, 1980, quando existiam eventos com 20 jogadores. Então porque esses braceletes

online teriam que valer menos? Se fosse por isso, eles deveriam ter mais importância, certo? São fields maiores e muitos mais difíceis que o ao vivo. A única diferença, como eu disse, é essa questão da atmosfera do ao vivo, que torna o evento muito mais especial.

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Para mim, esse bracelete tem o mesmo peso do ao vivo

ROBERLY FELÍCIO

Jogadores que têm bons resultados online, grande parte também tem bons resultados ao vivo. E WSOP é sobre jogadores, certo? Então você não pode dissociar o talento dos caras. Eu tenho convicção que, apesar de serem formatos diferentes, eles têm o mesmo peso.

Primeiro amador do Brasil a ganhar um bracelete

Com a pandemia, sendo que não haverá evento ao vivo, o bracelete ganho nessa série online tem sim o mesmo valor e peso do que eu ganhei Lógico que ganhar em Las Vegas com toda torcida brasileira ali no “rail” tem um sabor muito especial. Mas, com certeza, nesse contexto que nos encontramos, de isolamento, o bracelete é totalmente válido e legítimo.

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THIAGO DECANO

Vencedor de bracelete


Apesar das polêmicas, a WSOP Online também gerou algumas apostas para apimentar a disputa. Na mais famosa delas, Daniel Negreanu, jogador do GGPoker e principal embaixador do esporte mental no mundo, desafiou quem quisesse a uma corrida por um bracelete. A aposta é simples: caso um dos dois (Negreanu ou seu desafiante) ganhe um bracelete e o outro não, o perdedor deve pagar US$ 100.000. Caso nenhum dos dois consiga um bracelete ou caso os dois consigam pelo menos um bracelete, a aposta é anulada.

No Brasil, quatros jogadores conhecidos da comunidade toparam o desafio: Yuri “theNERDguy” Martins, Tiago “KKremate” Crema, Rafael “GM_Valter” Moraes e João “Naza114” Vieira, os últimos três, sócioinstrutores do 4Bet. Yuri e João apostaram US$ 100.000 cada, já Crema e Rafael apostaram US$ 25.000 cada. Mas afinal, quem leva vantagem nessa aposta? Quatro dos melhores jogadores de poker online do mundo ou um dos maiores jogadores de torneios ao vivo da história?

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André Akkari

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Eu acho que isso está na casa do entretenimento, criar uma promoção legal. A aposta é menos EV para o Negreanu contra esses caras. É no ambiente que eles conhecem. Mas nem todas as apostas são feitas para buscar vantagem. Tem o fator de marketing, patrocínio. Então quando esse cenário inteiro parece ser pior para o ele, a verdade é que tem algo a mais que a gente não vê, seja chamar a atenção do público, gerar valor de marca, marketing... Então, quem pode recalcular esse EV é somente o Negreanu. Acho a aposta legal e acho legal esse pessoal pegar. Mas que fique claro, isso está longe de ser covardia. O Negreanu é muito bom e já está dando trabalho. Ele focado sempre vai dar trabalho para qualquer um.


Yuri “theNERDguy” Martins

Os meninos têm vantagem. Como eu disso antes, são jogos diferentes. O Negreanu nunca foi um regular online. Ele é muito bom ao vivo, principalmente porque domina outros fatores que não temos no online, as tells, o olho no olho etc. Contra esses caras que ele apostou aí, a desvantagem é grande, na minha opinião.

Eu acho que nós temos mais vantagem que ele. Ele é muito bom, claro, mas nós conhecemos mais o field, as tendências dos jogadores online e estudamos mais a teoria. Mas é uma aposta que é muito difícil de alguém sair vencedor. Um tem que ganhar, o outro tem que não ganhar. São poucos torneios, então a chance de empatar vai ser grande. Se fosse outro formato, como um TLB (ranking), eu acho que seria maior e não teria empate. Mas acho que por ser online, temos vantagem. Se eu achasse que não tinha, eu não apostaria. É um valor bem alto. Óbvio que tem o desafio pessoal, mas se eu achasse que não pudesse ganhar, eu não colocaria toda essa grana.

Peter “pitaoufmg” Patricio

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Rafael “GM_Valter” Moraes

Negreanu é um monstro e com certeza é muito candidato a ganhar os braceletes, principalmente por jogar bem várias modalidades (sim, eu sei que não teremos mixed). Mas sou bem mais a brasucada. Arrisco mais uns três braceletes para o Brasil nessa WSOP.

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Com certeza acredito que todos nós tenhamos vantagem. Negreanu não joga online há muito tempo. E online tem muitas diferenças. Desde de não termos tells como no poker ao vivo até as tendências. A nossa experiência no online é muito maior do que a do Negreanu. Além disso, acho que somos melhores em hold’em. Ele se destaca muito nos mixed e não haverá mixed games nessa WSOP online. Então acho que é uma aposta com tendência lucrativa para gente.

Thiago Decano


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24 de Julho de 2020

CHILENO OSCAR ALACHE É O NOVO EMBAIXADOR DO PPPOKER Profissional está entre os cinco chilenos com mais ganhos nos eventos ao vivo

Os brasucas que engatarem nos principais eventos do PPPoker vão ter a companhia de um dos grandes jogadores do continente. Nesta sexta-feira, 24, o site anunciou que o chileno Oscar Alache vai se juntar ao brasuca Madson “Urea” Moura na equipe de embaixadores. “Estou muito feliz por fazer parte dessa grande família do PPPoker e representar a marca no Chile e na América Latina. Então, nos vemos nas mesas” disse Alache. Regular dos circuitos ao vivo no continente há mais de uma década, Alache conquistou os principais resultados da sua carreira no extinto LAPT. Em suas duas vitórias no Main Event do circuito, ele foi o algoz

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dos brasucas que chegaram à mesa final. Em 2014, quando soltou o grito de campeão jogando em casa, na cidade de Viña del Mar, Alache superou a paulista Renata Teixeira no heads-up. Na temporada seguinte, o profissional cravou a etapa disputada no Peru. Em sua caminhada rumo ao bicampeonato, ele decretou a queda do gaúcho Marcos Exterkotter. Em solo brasileiro, Alache possui várias FTs em high rollers do BSOP e do KSOP. De acordo com o portal HendonMob, ele é dono de US$ 928 mil em prêmios nos MTTs ao vivo, a quinta melhor marca entre todos os chilenos.


23 de Julho de 2020

PPPOKER LANÇA FUNÇÃO MTT MULTI-DIA Jogadores vão ter a chance de engatar em campeonatos com até 5 fases classificatórias

As jornadas exaustivas nos eventos disputados no PPPoker acabaram. A partir de hoje, os clubes passaram a ter a opçõa de organizar MTTs com até cinco dias classificatórios. Assim como ocorre com os torneios ao vivo, os organizadores vão ter a responsabilidade de definir quando a primeira fase de um campeonato vai acabar. Nesse formato, os competidores ainda vão ter a chance de engatar em mais de um dia classificatório

até quando avançarem. Em casos assim, o maior stack acompanha o jogador no Dia 2. Para os torneios freezeout, os grinders vão estar limitados a participarem de somente um dia inicial, sem a opção de realizar add-ons ou rebuys. Em 2020, o PPPoker também lançou uma atualização para Windows PC, novas opções de layout e ainda criou o SpinUP!. Todas as inovações da plataforma podem ser conferidas nos blog e e no canal no YouTube do site.

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12 de Julho de 2020

SUPREMA WINTER SERIES CHEGA AO PPPOKER COM GARANTIDO DE R$ 30 MILHÕES Competição tem duração de 30 dias

A liga Suprema vai levar ao PPPoker mais uma série de MTTs online. Na Suprema Winter Series, jogadores em todo o país vão ter a chance de brigar por R$ 30 milhões em prêmios a partir de domingo, 12 de Julho. Além do garantido histórico, o maior já ofertado no site, a competição vai sortear R$ 300.000 entre os competidores que se inscreverem nos torneios disputados até o dia 10 de agosto. A

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cada 100 reais investidos na Suprema Winter Series, você vai ganhar um cupom para participar de três sorteios no valor de R$ 50.100 e de outro com R$ 149.700 em jogo. Já no pontapé inicial do festival, a Suprema oferece no mínimo R$ 1,5 milhão em prêmios em um campeonato de R$ 299, o menor valor de buy-in para os torneios com prize pools de sete dígitos no site.


01 de Julho de 2020

RAFAEL BRYAN FALA SOBRE VITÓRIA NO MAIOR EVENTO DE OMAHA DA HISTÓRIA DO PPPOKER

Na última edição da série PPST, 150 mil jogadores passaram pelas mesas das ligas Suprema e Brazil. Entre todo esse batalhão em busca de prêmios gordos, ninguém forrou mais que o paulista Rafael Bryan. No final da série, o jogador de Itapetininga ganhou R$ 335.568 ao vencer um super high roller de PL Omaha 5 Card, modalidade que se tornou uma febre entre os brasileiros. Em entrevista ao site da Card Player Brasil, Rafael não escondeu a sua surpresa em ver um campeonato com garantido de R$ 1 milhão na grade de uma série tão popular. “A chegada do PLO 5 Card pegou de vez, né? No começo eu tinha receio, mas depois que eu fui para o PPPoker, eu pensei: ‘por que não cheguei antes?’ O torneio surpreendeu muito. Achei uma maravilha e foi um total sucesso”, declarou o campeão. Ao contrário de muitos dos seus oponentes, Rafael não precisou desembolsar R$ 10 mil para engatar no high roller. Mais cedo, em um satélite de R$ 1.050, ele faturou a sua vaga. Segundo o jogador, entrar em um campeonato dessa forma ajuda muito. “Independentemente do sucesso no satélite, eu iria enga-

tar no campeonato. Consegui jogar de uma forma bem leve, colocando pressão quando precisava e segurando em outros momentos. Joguei o meu melhor. Na FT, eu fiquei em cai em um seat bem favorável e dominei a mesa”. Antes mesmo de obter o melhor resultado da sua carreira, Rafael já vinha se dedicando exclusivamente ao PPPoker. Para o jogador, além dos torneios com ótimos garantidos, o site tem uma excelente oferta de cash games. “Hoje em dia, 90% do meu grind é no PPPoker, então meu foco praticamente é todo lá. Antes da pandemia era no ao vivo. Cash e torneios no de PL O 5 Card são fantásticos, sem falar nos campeonatos de NL Hold’em, sempre com os garantidos lá em cima. A liga suprema não deixa nada a desejar”. Com 120 entradas, incluindo 90 únicas, o SHR distribuiu R$ 1.080. Confira o resultado da FT: 1. “pp3423773” R$ 335.568 2. “tatita” R$ 129.274 3. “Omahavirus” R$ 61.979 4. “pp2424419” R$ 66.843 5. “AYACON” R$ 46.862 6. “EnPuroRin” R$ 31.099 cardplayerbr

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06 de Julho de 2020

FABRÍCIO VINAGRE COMEMORA VITÓRIA NO RANKING PPST DO PPPOKER Recreativo do Pará ganhou um pacote no valor de R$ 25 mil para os eventos ao vivo do site

Teve fim no mês passado, a primeira edição do ranking PPST. Impulsionada pelas grandes séries que passaram pelo PPPoker, a briga no topo da classificação foi bastante acirrada. Com um pacote de R$ 25 mil em jogo, o paraense Fabrício Vinagre precisou mostrar o melhor do seu jogo nos principais torneios para assegurar outra vitória no site. Fabrício é mais um jogador recreativo que encontrou no PPPoker o lugar ideal para tornar ainda mais lucrativo o seu hobby. Em entrevista ao site da Card Player Brasil, o ortopedista contou que começou a levar o jogo mais a sério há dez anos. “As regras básicas do poker eu conheço desde criança vendo meus pais jogarem, porém comecei a brincar mesmo em 2010. Hoje eu jogo poker praticamente

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todos os dias, e principalmente no PPPoker. Raramente testo outros operadores, porém estou bem confortável com os recursos e a plataforma do site”, revelou. Também em 2020, Fabrício cravou um evento no PPPoker que ofereceu R$ 3 milhões garantidos. Para bater o batalhão de jogadores que passou pelo site, ele teve que encarar uma montanha-russa de emoções nos momentos mais decisivos. “Esse torneio foi inesquecível e ele teve uma trajetória muito curiosa. Comecei o campeonato acumulando muitas fichas, fiquei gigante e já estava entre os líderes quando perdi um cooler e fiquei short novamente, precisando remar tudo de novo. Outra curiosidade foi que eu só assumi a liderança mesmo no HU, onde cheguei com apenas 20% das fichas. Foi uma virada incrível.


Também me marcou o fato de que meu adversário não era brasileiro, então a grande maioria da torcida que acompanhava veio pro meu lado, e a energia que passavam pelo chat foi fundamental para após 12h de jogo manter a concentração total para poder virar o confronto. Nunca vou esquecer”. A euforia pela grande vitória foi ainda maior quando Fabrício descobriu que também estava na briga pelo título do ranking. Praticamente empatado com seu compatriota Eduardo “ArielBainha” de Castro, ele voltaria a passar por altos e baixos até voltar a vencer no PPPoker. “Cheguei a me distanciar quase 600 pontos e quando vi fui ultrapassado. O “ArielBainha”, que já havia cravado um 3KK, venceu um High Roller. Agora quem ficou atrás quase 500 pontos foi eu. Fui retirando a diferença e já na segunda quinzena de junho obtive dois bons resultados, uma medalha de bronze em um High Roller e um quarto lugar um torneio de 200K. Fiquei novamente 500 pontos à frente, mas sabia que não tinha nada ganho. A disputa foi até a madrugada do último dia, ponto a ponto, mas deu pra segurar”. Na reta final da disputa, o amador teve rotina de grinder, porém ele garante que a experiência valeu a pena. “Confesso que no último mês precisei alterar meu planejamento de jogo para não perder oportunidades. O volume foi enorme e exigiu uma concentração absurda, porém foi uma experiência fantástica. Com a disputa posso dizer que conseguir alcançar um grau de concentração que nunca tinha experimentado, esse será o grande legado da conquista do ranking do PPST, que é o de dar 100% do que você tiver para dar a cada torneio, a necessidade de tomar decisões positivas fez

o jogo evoluir um absurdo, sugiro experimentarem esse tipo de cobrança”. Com a vitória no ranking, Fabrício vai ter a oportunidade de participar de um grande festival ao vivo organizado pelo PPPoker. Foi no live que o jogador de Belém se apaixonou pelo poker, e ele não esconde a saudade de empilhar muitas fichas. “Adoro o poker live, foi onde comecei e estou morrendo de saudade de tocar nas fichas, mas só participei de um grande torneio fora de Belém, o BSOP Millions 2016. Tenho um trofeuzinho lá em casa, foi outra experiência inesquecível. Já estava nos meus planos começar a participar do circuito de maneira mais frequente, só falta conciliar melhor com o trabalho. Sou médico e levo as duas atividades em paralelo, fica muito mais fácil conciliar jogando online, mas vontade não me falta de estar presente em todos os grandes eventos de poker no Brasil e no mundo”. Apesar de se tratar de um jogo individual, o poker não permite que ninguém vença sozinho. Para chegar ao topo, é necessário no mínimo muito suporte das pessoas mais próximas, e Fabrício não se esqueceu de quem esteve ao seu lado nos últimos dez anos. “Gostaria de agradecer em primeiro lugar a minha esposa Flavinha, que acompanhou de perto toda minha trajetória, meus parceiros do Poker7, time que eu e meu amigo Marllon Pinto formamos recentemente. Agradeceço também toda turma da Padaria, que acompanhou de perto e acreditou nesse título, e claro a turma do Royale Club, que sempre esteve a postos para todas as solicitações e dando todo suporte possível, o Pedro Carneiro tá sempre ligado em tudo. Meu agradecimento a toda essa turma”.

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26 de junho de 2020

GGPOKER DIVULGA CRONOGRAMA DA WSOP ONLINE COM MAIOR TORNEIO DA HISTÓRIA DA INTERNET Briga pelos braceletes de ouro começa no dia 19 de julho

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A World Series of Poker vai chegar aos feltros do GGPoker quebrando recordes. Na primeira edição online do campeonato mundial, grinders em todo o país vão ter a chance de brigar pela maior prize pool da história dos MTTs na internet. Com buy-in de $5.000, o Main Event do festival vai distribuir pelo menos US$ 25 milhões em prêmios, superando a prize pool de $21.835.000 do partypoker MILLIONS 2018.

Disputado em dois dias, o campeonato de NLH vai oferecer no mínimo $10.000.000 em prêmios.

Vários torneios tradicionais da WSOP vão ter suas versões online, porém com algumas mudanças, uma vez que a série vai contar com apenas duas modalidades, o PL Omaha e o NL Hold’em. Principal torneio de mixed games do planeta, o Players Championship teve a sua inscrição reduzida de $50.000 para $25.000.

Ao todo, a WSOP Online vai distribuir 54 braceletes de ouro entre os dias 19 de julho e 06 de setembro. No ranking da competição, enquanto o vencedor vai receber um mouse de ouro, os jogadores que terminarem entre a 2ª e 5ª colocações vão faturar cartas douradas.

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Já o Colossus, o maior torneio da história do poker, chega ao GGPoker com buy-in de $400 e $3 milhões garantidos. Poucos dias depois acontece o shuffle up and deal do Millionaire Maker, campeonato que vai entregar ao campeão $1 milhão.


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CONFIRA O CRONOGRAMA

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16 de junho de 2020

PEDRO “UGOTKANTCHANNED” GARAGNANI FATURA US$ 174 MIL NO HIGH ROLLER DO GGPOKER Jogador teve a companhia de Yuri Martins na decisão

Na segunda semana dos eventos Multi Millions, do GGPoker, o Brasil bateu na trave em todos os três torneios. No mais caro deles, com buy-in de $10.000, dois craques do país participaram da mesa final. Enquanto Yuri “UndercoverdreN” Martins faturou $59.179 pela oitava posição, Pedro “UgotKantchanned” Garagnani ficou com a quarta colocação e um prêmio de $174.653. Dono do menor stack da FT, Yuri foi sobrevivendo até passar a ter apenas um blind. No cutoff, ele encontrou A♦Q♥ e se envolveu em um all-in pré-flop contra “Adiemeerci”. Segurando Q♦J♣, o jogador radicado na Áustria não encontrou seus outs no bordo. Logo depois, o paranaense fez um open shove com A♦J♠. “JPmorgan”deu o call no big e apresentou 9♠6♦. O bordo 7♣5♦7♥3♦9♥ decretou a queda do grinder. Pedro, por sua vez, passou boa parte da mesa final no encalço dos líderes. No 4-handed, ele fez um min-rai-

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se do button e recebeu o call do big “SpicyChknSangy”. Diante de uma c-bet de 134.640 no flop K♦7♠6♠, “SpicyChknSangy” anunciou um check-raise all-in de 707.308. Pedro optou por pagar e mostrou Q♦Q♣. Com K♣10♣, o competidor da Albânia sobreviveu ao turn J♥ e ao river 7♦ Na sequência, Pedro perdeu todas as suas fichas assim: Ao receber A♣9♠, Pedro fez um open shove de 7 big blinds. Isolado na liderança, o big “grebnrets” deu instacall e mostrou A♥J♦. O bordo K♠10♣7♥J♥K♥ não salvou o brasileiro. Com buy-in de $10.000, o campeonato quase bateu o garantido de $2 milhão ao registrar 195 entradas. No Dia 1 do torneio, Bruno Volkmann foi eliminado na 11ª posição e levou $35.953 para casa.


CADERNO 25 de junho de 2020

USO DOS NOMES REAIS SERÁ OBRIGATÓRIO NAS FTS DA WSOP ONLINE NO GGPOKER Competição com 54 braceletes de ouro vai ser disputada a partir do dia 19 de julho

Não haverá nenhum campeão misterioso na estreia da WSOP nos feltros do GGPoker. Na última edição do podcast do portal Pokerfuse, Jean-Christophe Antoine, CEO do site, anunciou que os jogadores passarão a utilizar seus nomes reais assim que avançarem para a mesa final.

rever a novidade”, declarou o dirigente.

“Nós acreditamos que essa medida é positiva para o poker online. Ainda não sabemos se é o ideal para todo mundo, todos os formatos ou torneios, então nós estamos fazendo testes, indo aos poucos. Se tudo der certo, nós vamos além, caso não funcione bem, nós vamos

A WSOP Online estreia no GGPoker no dia 19 de julho. Em 49 dias, jogadores de inúmeros países, incluindo o Brasil, vão ter a chance de brigar por 54 braceletes de ouro.

Desde o início do mês, o GGPoker passou a exigir o uso de nomes reais nas mesas high stakes. Com a medida, o site dificulta a vida de quem burla as regras com multi-accounting e ghosting.

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CADERNO

12 de junho de 2020

FELIPE MOJAVE CELEBRA CRESCIMENTO DO GGPOKER E COMENTA ESTREIA DA WSOP ONLINE

O segundo semestre da temporada vai começar da melhor forma possível. Em julho, a World Series of Poker vai levar a briga pelos braceletes de ouro até o GGPoker, site que no mês passado foi o palco da versão online do WSOP Circuit. Em menos de 80 dias, jogadores de todo o mundo vão ter a chance de engatar em 54 torneios valendo a joia mais cobiçada do esporte da mente. Quem se surpreendeu com a novidade não está acompanhando as ações do GGPoker. Em 2019, o site deixou sua marca ao realizar uma série com US$ 50 milhões garantidos. Na sequência, foi a vez de contratar Bryn Kenney e Daniel Negreanu para o time de embaixadores. No início da temporada, a equipe

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ficou ainda mais forte com a chegada de Felipe Mojave, “ElkY” Grospellier e Fedor Holz. Único sul-americano com o patch do GGPoker, Mojave coversou com exclusividade com a Card Player Brasil. No bate-papo, ele falou sobre as suas expectativas para o maior evento da história do site. CPB: Quando você chegou ao GGPoker, você disse que o site ‘veio para dominar’. Você esperava um crescimento tão rápido assim? FM: Eu aguardava por um crescimento rápido e exorbitante, uma vez que eu conhecia as ações voltadas aos jogadores, como o plano de rakeback, as promoções e a grande oferta de jogos. Sabia


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que haveria uma popularização assim que o público conhecesse o GGPoker. Com toda certeza, seria impossível prever um crescimento exponencialmente como ocorreu. Precisamos levar em conta a situação que vivemos por conta do coronavírus. O poker ao vivo está parado, com isso, a internet virou a única opção que as pessoas têm para se divertirem e trabalharem. Isso tem uma relevância gigantesca nos números do GGPoker, mas se o site não fizesse um bom trabalho o resultado seria diferente. Os diferenciais do GGPoker frente à concorrência têm um peso. CPB: Você vem jogando os principais torneios da casa. Na WSOP Online vai ser assim também? FM: Vou engatar em toda a série. Desde que me tornei embaixador do site, eu passei a participar dos principais torneios da grade. Eu tive a felicidade de ganhar alguns deles, o mesmo ocorreu com eventos da High Rollers Week e da GG Series. Nessa última competição, as minhas duas cravadas foram em lives pela plataforma Twitch. Em meu primeiro triunfo, os meus seguidores tinham 40% e na segunda 50% do investimento pela ferramenta de staking do GGPoker. Toda segunda ou terça-feira, eu coloco shares dos torneios para que o pessoal compre. E muitas vezes é sem mark-up. Tenho o projeto de segunda sem carne, segunda sem mark-up. A WSOP Super Circuit foi mais complicada para mim. Consegui FT em um high roller de 10K e também fiquei ITM no high roller de PL Omaha. Ficou a desejar, mas a expectativa está muito alta para os torneios de bracelete da WSOP Online. CPB: Desde o início da semana, grandes

nomes do poker discutem sobre a ida da WSOP para a internet. Há quem defenda que os eventos online vão tirar o peso dos braceletes e há aqueles que entendem que essa novidade pode causar um novo boom no jogo. O que você acha desse debate? FM: Ele é válido e bastante interessante. O poker como comunidade deve discutir os assuntos necessários. Isso é fundamental para a nossa evolução, para que a gente possa requisitar mudanças junto às empresas. Eu não consigo enxergar como a ida da WSOP para o online possa ser ruim. Tudo na vida é adaptação e o show tem que continuar da melhor forma possível, que é na internet. Agora, mais e mais pessoas vão conhecer o poker, vão ter respeito pela nossa atividade. Imagina o número de pessoas que perderam contato com o poker e agora vão ter a chance de jogar a maior série do mundo sem sair de casa. Eu também acho que o prestígio dos braceletes não vai diminuir. O mundo é feito de abundância. Há bilhões de pessoas no universo. Por que o sucesso tem que ser algo exclusivo para alguns? Esse pensamento elitista é inflado pelo ego dos jogadores. É um desejo de nunca ser ultrapassado por ninguém. Isso é algo que nunca vai entrar na minha cabeça. Quando ideais assim surgem, isso fala mais sobre essas pessoas do que sobre uma preocupação com a história do poker. Quanto mais empresas realizarem séries, quanto mais jogadores obterem sucesso e quanto mais pessoas conhecerem o poker melhor. CPB: O Brasil foi um dos destaques da WSOP Super Circuit Online Series. Você espera mais um desempenho avassalador dos nossos jogadores?

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FM: Maio foi só o aquecimento, e os brasileiros arrebentaram. Vários craques ganharam torneios, fizeram mesas finais e forraram pesado. Eu acredito que vamos ter muitos braceletes. Não só um ou dois. A qualidade dos brasileiros no online é muito grande. Eles treinam demais e se dedicam muito. É isso que faz a diferença no final. Vai ser um desempenho avassalador. CPB: Você já bateu na trave algumas vezes na WSOP, chegando a fazer quatro FTs. Já no Circuit também são quatro FTs, com dois vices e um título. Chegou a hora ganhar o bracelete? FM: Apesar de já ter tido várias oportunidades de ganhar um bracelete, nada mudou na minha vida pelo fato de eu nunca ter vencido na WSOP. Pelo contrário. Como definir o meu sucesso no final de um torneio, em um flip que você perde durante o 3-handed? Você é eliminado em uma mão que você jogou bem, porém as cartas do seu adversário apareceram. Não é demérito para absolutamente ninguém. Nunca joguei para ser campeão de nada. O meu objetivo com o poker é ser um jogador lucrativo, ser um pensador do jogo, ser um exemplo para quem está começando. Muitos que participam do meu treinamento sabem que é possível se tornar um profissional porque me viram quebrando a cara lá atrás. Essa é a maior felicidade da minha carreira. Ganhar ou não um torneio

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é totalmente consequência e a gente nunca pode prever. Eu vou fazer o melhor possível para cravar todos os torneios que eu jogar. Pode ser que eu fature 50 braceletes durante a WSOP Online. É imprevisível. Eu sou muito feliz por ter a chance de jogar poker, de viver do jogo, de ter uma legião comigo torcendo e treinando. Isso basta. Desde janeiro de 2008 eu sou profissional. Subir essa ladeira foi a caminhada mais difícil da minha vida. Foram anos e anos de aprendizado e disciplina. Sou um jogador de cash games. Me especializei em várias modalidades. Se eu ganhar 50 braceletes, eu nunca vou poder ter a minha carreira resumida pelos títulos e conquistas. Os resultados em MTTs sempre vão ser muito erráticos. Tem jogador que ganhou o bracelete na primeira FT. Por outro lado, há competidores como eu, com traves das deep runs. Não é isso que importa no final das contas. É muito legal ter história para contar, mas quando eu olho para esse lado da glória, da vaidade e do ego, eu não consigo me enxergar nisso. A minha maior conquista vai ser sempre ter evoluído no jogo, ter me tornado um bom jogador por tanto tempo. Isso é muito mais difícil do que uma conquista de curto prazo. Quem sabe lá na frente, no final da minha carreira, porque eu ainda estou começando (risos), eu possa falar ‘que legal eu ter esses braceletes’. A felicidade está na jornada, não no destino final.


CADERNO 24 de junho de 2020

DANIEL NEGREANU ALUGA MANSÃO NO MÉXICO PARA JOGAR WSOP ONLINE NO GGPOKER

A uma semana do início da WSOP Online, o craque Daniel Negreanu revelou como vai ser a sua rotina pelos próximos três meses, quando vai brigar por 85 braceletes de ouro nos sites WSOP. com e no GGPoker. Para não perder nenhum evento disputado no WSOP.com, plataforma exclusiva para quem está nos estados de Nevada e Nova Jersey, nos Estados Unidos, Negreanu vai ficar em sua residência em Las Vegas até o dia 31 de julho. Na sequência, o profissional de 45 anos vai viajar para o México. Em seu vlog, ele disse que alugou uma casa na beira da praia.

conseguimos um lugar bem legal na praia e vamos ‘grindar’ de lá. Vão ser eventos de um dia apenas, então não é nada muito exaustivo e você ainda tem a chance de jogar do conforto da sua casa”. Negreanu também contou que vem participando de alguns jogos privados em toda a quarentena. Entre os seus adversários, nomes do calibre de Doyle Brunson e Gus Hansen. Agora que a WSOP Online está batendo à porta, ele vai dedicar um pouco mais do seu tempo aos MTTs para se acostumar com o software do WSOP.com. Em toda a WSOP Online, Negreanu pretende gravar pelo menos dois vlogs por semana.

“Eu e a minha esposa alugamos uma casa, nós

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