To Crown a Beast
R. Scarlett
poison books Disponibilização: Merlin Cat Tradução e Revisão Inicial: Simoni Revisão Final: Andressa Leitura Final: Hécate Formatação: Circe
To Crown a Beast
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Blackest Gold R. Scarlett
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Ela saboreou sua doçura, seu poder e seu amor, e isso o destruiu. Esse coração de ferro se transformou em cinzas, deixando apenas uma fera sem coração. Um que ela promete domar. Um que ela promete salvar. Antes que ela arranque o próprio coração.
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PLAYLIST
Devotion by Hurts The War by SYML Become the Beast by Karliene The Other Side by Ruelle Cold by Aqualung & Lucy Schwartz Bones by Low Roar Hurts Too Good by Ruelle You Were Never Gone by Hannah Ellis Ultraviolence by Lana Del Rey Gemini Feed (Salute Remix) by Banks
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“Nós dois fomos criados no caos, nós dois nascemos para destruir. você era como a morte e eu era como a guerra. e onde nós colidimos, querida, eu te amei.” - born disasters || k.a.
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CAPÍTULO 01
A besta ignorou a queimadura em suas veias, florescendo com a adrenalina o invadindo, e se virou para enfrentar a corte, coberto de sangue - o dele e o do antigo rei. Pintado em poder, pintado em pecado, ele mostrou os dentes, lambendo o canto da boca enquanto olhava para a sua corte. A corte que tremia em sua mera presença, e só o deixava faminto por mais poder. Uma figura solitária se destacou em meio ao mar de cobras e ele a olhou. Sua daemon.
***
Em meio à escuridão, Molly Darling se aproximou do novo rei da Suprema Corte. Rei de todos os demônios. O homem com quem ela se casou nem um dia atrás, o homem que lhe dissera que a amava poucas horas antes. Um único vislumbre de seus olhos de obsidiana parecia como mil punhais cortando sua carne, deixando-a drenar e desmoronar. Aqueles lábios macios dele foram suavizados em uma linha de indiferença. Impassível. Feroz. Mortal.
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A multidão tinha caído ao chão em reverência, como um Deus para os mortais, como uma tempestade afundando navios poderosos, afundando os destroços no fundo do oceano. Seu estômago caiu em um poço sem fundo. O homem que ela amava já muito longe, substituído por uma fera: escuro e faminto por dor e sofrimento. E então os joelhos de Molly cederam, curvando-se ao seu rei como o resto deles. Os olhos afiados de Tensley observavam cada movimento dela, pupilas dilatando-se com o aumento da sua pulsação. Ela queria tocá-lo - acalmar seus pensamentos acelerados. Dois lados guerreando nela. O racional - e o irracional. Um sabia que o dano estava feito. O outro, esperava – esperava que os fragmentos quebrados em seu peito, penetrando profundamente em seus pulmões, fossem uma mentira. Tensley Knight não tinha morrido. Tensley Knight não teve seu coração arrancado pelo rei e, momentos depois, decapitou Fallen. Sem coração. Vazio. Não o seu Tensley. Não o homem por quem ela tinha se apaixonado profunda e completamente. Seus joelhos bateram no chão frio de mármore e ela inclinou a cabeça, observando as minúsculas manchas douradas brilhando contra as lajes brancas - salpicadas com o sangue ainda fresco de Fallen. O corpo do rei anterior jazia decapitado a poucos metros de distância, sem vida - um corpo velho transformado em pedra. Ela respirou pelo nariz trêmula, fios caídos de cabelo se espalhando por suas bochechas manchadas de lágrimas.
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Dentro, fora. Dentro, fora. Se ela continuasse se acalmando com respirações suaves, não desmaiaria. Ela não choraria alto de dor e deixaria a corte vê-la esmagada sob o choque. Ela não conseguia juntar os fatos. Ela queria desabar. Ignorar tudo. Você está em choque. A sombra de Tensley se moveu pelo piso, suas botas batendo duramente como gritos de guerra, e a cada passo à frente, ela recuou. Então, duas botas de montaria pretas pararam na frente dela e ela examinou a textura desgastada, a lama e a sujeira e manchas de sangue cobrindo o couro escuro. Dentro, fora. Dentro, fora. Ela não sabia o que estava se passando em sua cabeça, qual seria seu próximo passo, e seus nervos a estavam comendo. Segundos, minutos talvez, passaram dolorosamente devagar. Ninguém se mexeu. Ninguém falou. Tudo o que ela podia fazer era se concentrar em sua própria respiração instável enquanto esperava. E esperava. Bem lentamente, ela inclinou a cabeça para cima. Seu olhar percorreu suas coxas tonificadas - calças apertadas, seu peito forte - o buraco feio e perfurado ali simbolizando o que ele havia perdido, e ela congelou, erguendo cuidadosamente o olhar. Ela viu o homem cruel em partes - primeiro sua mandíbula, afiada como uma arma mortal, um músculo pulsando sob seu aperto, aqueles lábios cheios e tentadores que ela tocava a cada manhã e cada noite, a sensação de seus lábios a última coisa que ela sentia antes de adormecer à noite. E finalmente, com os olhos turvos pelas lágrimas devido à dor esmagadora que agora residia permanentemente em seu peito, ela encontrou os olhos dele. Uma tempestade calma ondulou nas profundezas deles, controlada pelo seu mestre. Cinza escuro, mas com uma borda
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fria de ira cortando-o, de raiva, e ela soube o quão facilmente ele poderia explodir. Dentro, fora. Dentro, fora. Ela continuou repetindo para si mesma. Uma e outra vez. A mão em punho relaxou ao lado da coxa e, com um único movimento fluido, dois dedos tocaram a pele macia e frágil sob o seu queixo. — Levante-se, — ele ordenou friamente, sua voz rouca causando calafrios em sua pele. Porque ela ainda reagia a ele. Ainda ansiava o homem diante dela, apesar da fome da fera. Ela levantou, com os dedos dele ainda ancorados no seu queixo, e o olhou por debaixo dos cílios. Ele simplesmente olhou de volta, aquela mandíbula flexionando, aqueles olhos escurecendo ao ponto dela se perguntar o que ele estava maquinando. Este não é Tensley. Ele não é insensível. Certamente… Certamente ele ainda está em algum lugar aí. Muito abaixo, talvez. Mas ainda aí. Por favor. Por favor... — Tensley, — ela sussurrou, odiando como sua voz vacilou e quebrou. Ela odiava como tantas emoções ecoavam em uma única palavra. O nome dele. Seu precioso nome que ela gritou na escuridão, o nome que fez seu estômago vibrar com tontura, e o nome que acalmava o medo pulsando em seu peito e cabeça. Seus olhos se estreitaram. Simplesmente se estreitaram, e ela prendeu o ar rapidamente.
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Agora era apenas um nome oco que ecoava através desse novo vazio devastando profundamente seu peito. — Isso é um absurdo, — um senhor estalou e Molly se encolheu com o som alto quando a sala estava tão silenciosa. Insuportavelmente silenciosa. Um senhor, que ela vira algumas vezes, destacou-se da multidão, o rosto vermelho de raiva. A cabeça de Tensley virou lentamente para o homem, um olhar de indiferença, sua mandíbula finalmente relaxando em seu estado habitual. Afiada, precisa, linda... — Um bastardo sem coração, um bastardo que assassinou o nosso rei, — disse o senhor, apontando para o cadáver do rei caído. — Remus, — outro homem assobiou para ele. — Fique abaixado. — Abaixado? — Remus, o senhor, deu alguns passos corajosos para frente, rindo com raiva de seu colega membro da corte. — Eu não vou suportar ser liderado por um bastardo de classe média, — ele cuspiu com raiva, os olhos brilhando de ódio. Seu foco se voltou para Molly e ele rosnou ferozmente para ela. — Um homem que, a poucos minutos atrás, teve seu próprio coração arrancado porque se apaixonou por um pedaço de mulher sem valor. Uma prostituta imunda, sem título. — Senhores, — disse Lilith, dando um passo à frente, a cabeça erguida, mas Molly viu sua agitação, apertando as mãos na frente de seu estômago. Lilith rolou os ombros para trás e encarou a multidão, o queixo alto, os olhos curvados em domínio e poder. — Sugiro que não o deixemos se tornar rei. Fallen está morto e com ele podem estar suas numerosas leis. Ele não governa mais, portanto por que ainda ditaria nossos caminhos? Meu filho merece ser o rei mais do que essa besta selvagem — acrescentou ela com um sorriso de escárnio na direção de Tensley. — Esta é uma corte civilizada, afinal. O sangue deveria falar mais alto que o domínio. Alguns homens rugiram em acordo.
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— Não é o sangue em que estou coberto, Lady Lilith? — Rosnou Tensley, sua voz percorrendo violentamente a sala. — Não estou usando o precioso sangue do seu falecido marido em mim? O sangue fala mais alto, de fato. — Ajoelhe-se, Dux, — a voz do príncipe ecoou cruelmente sobre a multidão, o som poderoso e destemido. Ele deu um único passo à frente, as pessoas ao seu redor afastando-se imediatamente. Sua autoridade sobre a corte era palpável, rei ou não, ele tinha poder e nada o deteria de usá-lo. Sangue manchava sua camisa, cadeias delicadas interligadas no topo dela. Nascido com sangue real, criado em ouro e trevas, ele foi moldado em um rei. — Agora seria a hora de honrar nosso acordo, — disse ele, com o maxilar cerrado, mas o resto de sua compostura não passava de uma calma fria. Molly observou a serenidade fria do príncipe. O acordo. Tensley havia prometido matar Fallen e entregar a coroa a seu filho em troca da segurança de ambos, assim como seu filho não nascido. Tensley não disse uma palavra e olhou para o príncipe friamente. — Um Dux não se torna rei - um de nós, criado em graça e poder, — Remus gritou, tornando-se corajoso o suficiente para se aproximar enquanto encontrava os olhos de cada um de seus colegas. As feições de Lilith comprimiram-se numa carranca feia. — Nós merecemos a coroa, nós merecemos o trono. Seu sangue é muito selvagem, muito contaminado por sua noiva. Molly olhou de relance para as feições de Tensley, mas só viu perfeita compostura. Uma expressão fria de aço e força. — E você traiu as leis sagradas de Fallen enquanto ele ainda reinava. Sua palavra ainda era lei quando você cometeu esse pecado, — Remus disse, apontando seu dedo trêmulo em direção a Molly. Molly engoliu em seco quando toda a corte se virou para olhá-la. — Um filho fora do casamento. Tanto o filho bastardo quanto a prostituta deveriam ser mortos pelo crime. Eu não vou deixar essa corte ser manchada por sua imundície e desgraça. — Ele rosnou novamente, veias pulsando descontroladamente em seu pescoço enquanto suas mãos tremiam.
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Molly podia sentir o ar na corte engrossar e oscilar, a tensão aumentando a um ponto de ebulição. Alguns outros membros gritaram em aprovação, empurrando Remus para mais e mais perto dela. Ela colocou a mão em sua barriga, olhando para o homem. Todos gritaram suas opiniões, lutando para superar as outras vozes, mas todos os olhares permaneceram no seu novo rei. Esperando, antecipando sua reação. Calculando os riscos, as possibilidades. As feições do senhor estavam afiadas de raiva e ele falou, mas suas palavras foram abafadas pelas vozes que lutavam na corte. De acordos e desacordos. — Sua puta, — Remus sibilou agora apenas a poucos metros dela, encorajado pelas exclamações de vários senhores. — Você é um ser humano patético. Talvez devêssemos enforcá-la por tudo isso, eu apreciaria a visão de seu corpo mole, nu e ferido, pendurado em uma corda. Nós a deixaríamos em exibição, apodrecendo sob o sol. Talvez até deixemos os machos usarem a prostituta antes que ela seja enforcada. — Ele anunciou, com um sorriso monstruoso rastejando em seus lábios. — O que acham disso, cavalheiros? E essas foram suas últimas palavras. Tensley agarrou Remus pelos ombros, puxou-o para trás e envolveu um braço poderoso em torno de sua garganta. O rosto do homem rapidamente ficou roxo, seus olhos parecendo saltar das órbitas. A multidão se calou. Os músculos do braço de Tensley flexionaram, como uma serpente pronta para matar sua presa e apertou cruelmente. Snap. O som ecoou contra os tetos de catedral, a Corte silenciou completamente, e uma mulher desmaiou no fundo da sala, um baque ressoando quando seu corpo bateu no chão.
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Tensley olhou para Molly, seus olhos negros perfurando-a profundamente, vendo seu peito descer e subir rapidamente em estado de choque. Nenhum remorso. Ele não vacilou, não pausou, simplesmente atacou e devorou. Num segundo ele estava completamente composto, e no seguinte ele avançou tão rápido que sua cabeça girou. Ela estremeceu em compreensão. Não havia mais nenhum homem dentro de Tensley. Apenas uma besta selvagem e perigosa. Um predador e um conquistador. Ele tirou o braço de Remus e o corpo pesado do homem caiu sobre as lajes de mármore. Ele se virou para a multidão, examinando-os como o predador que era, esperando por um vacilar, por alguém fugir, por um atacar. Nenhum deles se moveu. Molly se perguntou se eles ainda respiravam. — Eu sou o seu rei, — disse ele, alto e claro, sua voz vibrando pelo chão. — E quem ousar me desafiar terá o mesmo destino. — Ele rosnou profundo e áspero, um braço poderoso apontando para o corpo caído a seus pés. Molly olhou para o príncipe, sua boca torcida em uma carranca, fogo selvagem e gelo mortal fluindo através de seus olhos. Ele olhou para ela, o olhar quase congelando-a viva, e ela se virou rapidamente. O príncipe estava enfurecido. Não porque o pai dele havia morrido. O príncipe odiara cada respiração que seu pai já havia tomado. Mas porque Tensley estava se recusando a entregar a coroa como planejado. Ele não estava honrando seu acordo. Mate a coroa, case com a coroa. — Desafiá-lo? — O príncipe cuspiu, seus olhos voltando para Tensley. — É meu direito. A coroa é minha. — Um rosnado
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baixo vibrando no peito do príncipe, alto o suficiente para que todos ouvissem. Tensley olhou para trás, por tempo demais, muito calmo. — Escolha me apoiar ou escolha sua morte. — Tensley se moveu, suas botas trovejando mais uma vez. Quando ele se moveu, a multidão se moveu, quando ele levantou a mão, eles se encolheram. Como um Deus do mar, invocando ondas malignas. — Eu não apoio ninguém e espero. Eu pego o que quero, — o príncipe cuspiu. E então o príncipe se lançou, seus corpos colidindo como dois trens de carga. Molly ouviu o aço de ossos e carne lutando pelo domínio. Ela assistiu em puro horror quando as duas bestas se destruíam. Cada arranhão, cada soco tirava mais sangue da pele deles, machucada e espancada, e tudo o que ela podia fazer era olhar. — Tensley, — ela engasgou. Ninguém a ouviu, no entanto. Eles não estavam interessados no que a puta imunda tinha a dizer. Ela avançou, invadindo seu campo de batalha. O príncipe enfiou os dedos no buraco do peito de Tensley e Tensley soltou um grito quebrado. — Tensley, — ela gritou, sua própria voz quebrando sob a força de suas emoções. As bestas se debatiam, avançando ainda mais na destruição que acabaria mal para ambos. Molly sentiu a torção dentro dela - a dor do poder, da força em combustão, e cerrou as mãos. Eles tinham que parar. Eles tinham que parar de lutar antes que se matassem. Uma necessidade desesperada fervia dentro dela. A sensação gelada começou atrás de seus olhos, o brilho, mas ela podia sentir o poder em sua voz, em seus membros. — Parem, — ela ordenou, sua voz de ferro e aço. Sua força, somente sua voz, separou os dois homens. A vibração, a força a atingiu profundamente - como se fosse puramente uma parte dela. Seu poder como um chicote
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mortal. Algo mudou dentro dela, algo parecia diferente e ela não conseguia identificar. Tensley parou, seus olhos escuros agora focados nela. Ela tocou a garganta, olhando para a corte que a assistia confusa e com medo. Com um único rugido, Tensley marchou em sua direção, uma força a ser considerada. Seu coração guerreou em seu peito enquanto observava a besta andando em sua direção. Instinto de proteção profundamente enraizado dentro de si mesma. Molly notou o príncipe se movendo em direção a eles, mas ele parou. Ambos os homens se entreolharam, olhares repletos de sua própria batalha. Um gotejava com raiva imortal. O outro escoava com ódio frio. Dois animais furiosos e presos. Dois objetivos opostos. Apenas um deles conseguiria o que queria. Ambos os homens recuaram. Sangue fresco agora jorrava do buraco no peito de Tensley e o nariz do príncipe quebrado e pingava sangue em sua boca e no queixo. O peito de Tensley subia e descia rapidamente e ela pôde ver seu esgotamento. Ele não tinha se recuperado totalmente de sua batalha anterior com Fallen, o buraco em seu peito precisava de mais do que meros poderes de cura. Ela ergueu a mão, debatendo se ele explodiria se ela tentasse tocá-lo. Tensley olhou para o príncipe mais uma vez e voltou sua atenção para a corte. — Ameacem-me - ameacem o que me pertence e mostrarei como a morte é cruel. Eu serei a peste que
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vocês temem se tentarem prejudicá-la. — Seus lábios se abriram e ele rosnou. — Ou a minha coroa. Molly provou o poder, a sede por mais no ar, e ela sabia que a besta queria tudo isso. A besta queria a coroa, o trono, a corte. Não desistiria disso. Mas a besta também ansiava pela violência, a libertação. Ele queria que alguém ameaçasse Molly, para que pudesse explodir novamente e beber avidamente a dor deles. Ele não tinha sido envenenado. Ele tinha sido destruído, seu coração cruel rasgado dele, arrancado dela, e ela sentiu como se tivesse sido o seu próprio. A escuridão o consumiu. O poder o comeu. A fome o cegou. E quando ela olhou para o príncipe, viu o mesmo, fermentando, chiando profundamente dentro de sua própria besta. Era só uma questão de tempo... ela pensou. Ele não tinha desistido, longe disso. Mesmo através das nuvens escuras surgindo em seu olhar, uma mensagem soou clara; ele nunca desistiria. Ele iria pegar sua coroa, não importa como. Com o silêncio abafado da corte, Tensley se virou e olhou para Molly atrás dele. Ela queria ter um vislumbre, um momento em que todos os seus medos fossem apagados, e ver o seu Tensley brilhar por apenas um único segundo. Para finalmente ver a prova que estava esperando desesperadamente desde que seu coração foi arrancado dele. Prova de que ele estava atuando, que tudo isso era um truque para enganar a corte e que Tensley não tinha partido. O coração e a alma de Tensley Knight não haviam sido dilacerados por um rei louco. Olhando para o homem diante dela, ela sabia a resposta e queimou suas entranhas em brasas.
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Um sussurro de respiração deslizou pelas brasas, e ela sentiu a queimação crepitante, um grito cheio de dor quase saindo de sua garganta. E com aqueles olhos negros de poder, ela sabia que a besta a queria. Ela era seu beijo de força. Ela era sua arma. O homem que ela amava havia desaparecido, mas uma necessidade doía dentro de seus ossos e a alimentou. Ela queria seu coração de ferro. Ela queria seu marido de volta. Enquanto ela o observava se virar mais uma vez, concentrando-se na corte, suas feições compostas, seus lábios uma linha plana de indiferença, seu corpo relaxado, mas com uma pressão, letal, ela prometeu a si mesma. Uma promessa pela qual ela morreria, uma promessa que arruinaria qualquer um em seu caminho, destruiria deuses e queimaria reinos a cinzas para manter. Ela se arruinaria - e encontraria seu precioso coração de ferro. A besta diante dela não tinha ideia de que ela era a verdadeira ameaça. Ela lutaria contra ele. Ela moveria montanhas e roubaria estrelas. Não, ela pensou, inclinando a cabeça, seus olhos nunca deixando o senhor das trevas diante dela. Ela teria seu coração de volta por Tensley Knight. Por seu filho não nascido. Ela faria a besta se ajoelhar e salvaria o homem. Isso, ela prometeu.
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CAPÍTULO 02
Tensão picava o couro cabeludo de Molly enquanto observava o rei sem coração em pé na varanda aberta do quarto deles. Postura forte, seus cabelos ondulados e escuros penteados a perfeição, o sangue lavado de seu cabelo e pele, um novo terno escuro sob medida envolvendo seu corpo poderoso. Como se nada tivesse acontecido. Ela respirou fundo, suas pálpebras se fecharam suavemente e, para acalmar seu coração furioso e quebrado, ela lembrou-se. Lembrou-se de quando o conheceu quando tinha quatro anos de idade. Como ela estava apavorada. Como, em tenra idade, ele parecia tão imponente e sombrio. No entanto, de alguma forma, ela soubera que o garoto com o cabelo escuro e os olhos tempestuosos sempre a protegeria. Lembrou-se de quando ele se impôs novamente em sua vida a alguns meses, entrando sem avisar como uma tempestade escura de verão e arruinando todos os seus planos. Ela sorriu, rindo baixinho quando se lembrou de sua arrogância. No entanto, ela nunca se arrependeria do dia em que ele chegou cobrando a parte da sua família no acordo. Lembrou-se da sensação dos lábios macios de Tensley acariciando sua orelha quando murmurava palavras que faziam
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seu estômago vibrar, todas as noites até que a escuridão consumisse os dois. Lembrou-se das numerosas noites que haviam passado, conversando e rindo livremente, no apartamento de Tensley... apartamento deles, ela se corrigiu. Lembrou-se do dia do casamento e de como, apesar do perigo espreitando em cada esquina, esperando pacientemente para atacar, ela se sentiu a mulher mais feliz do mundo, porque tivera a chance de se casar com o homem que amava. Lembrou-se da noite de núpcias e de como ele lhe mostrara o poder do toque, o poder do vínculo que compartilhavam entre si e como o amor podia ser expresso de muitas maneiras que não exigiam palavras. E finalmente, ela se lembrou do dia em que ele disse que a amava, e uma lágrima rolou pela sua bochecha suave. Ela enxugou-a com força, respirando fundo, antes de se virar para Tensley mais uma vez. Uma bruxa estava na frente dele, terminando de curar o buraco em seu peito. Ela esfregou uma mistura de ervas e pomadas, silenciosamente sussurrando um cântico. Quando Lilith e o príncipe se recusaram a curar o peito aberto de Tensley, essa feiticeira se ofereceu. Ela deu de ombros e disse que seus antepassados tinham sido encarregados de curar o rei anterior por séculos e foram ensinados desde o nascimento que seu dever era para com o rei e tinham que salvá-lo, não importando o quê. E assim ela o fez. Nem Molly nem Tensley se opuseram à ajuda. Finalmente, a bruxa recuou e inclinou a cabeça profundamente. — Você está curado, meu rei, — ela disse suavemente, sua voz quase um sussurro. Tão suave que uma onda de calma lavou o nervosismo e tristeza de Molly. — Eu aconselho você a descansar por alguns dias, sua Alteza. O buraco era muito mais profundo do que eu previa. Os cânticos curativos conseguiram sanar partes dele, mas não todas. Ainda precisou de pontos no final. Dentro de alguns dias,
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você deve estar totalmente recuperado. — Tensley acenou com a cabeça uma vez, mal a reconhecendo, e ela se endireitou e reuniu seus suprimentos. Quando a bruxa se aproximou de Molly, ela sussurrou suavemente: — Obrigada por curá-lo. — Um sorriso mal apareceu nos lábios da bruxa, quando uma carranca surgiu entre as sobrancelhas arqueadas. — Agora talvez não seja o momento certo para falar sobre isso, senhora, mas a intimidade também pode ajudar o processo de cura, — disse ela, assim que uma risada cruel, viciosa ressoou pela sala. O som uma promessa de luxúria e pecado sombrios. Molly estremeceu quando a bruxa saiu rapidamente do quarto. Deixando Molly e seu marido sozinhos pela primeira vez. Molly observou as costas de Tensley enquanto ele abotoava a camisa dele. Ela mordeu o interior de sua bochecha. A brisa era fria do lado de fora, mas Molly sentiu o calor queimar sua pele. Um inferno rugia dentro dela. Profundamente dentro dos vincos de seu coração. Uma guerra, uma chama, uma promessa. Ele está lá. Você só precisa encontrá-lo. Ela lutou com suas emoções misturadas. Ele estava respirando, ele estava bem na frente dela. Por enquanto, era o suficiente. Ele poderia ter morrido, mas não morreu. Ainda havia esperança. — Você está encarando, — aquela voz familiar rouca a tirou de seus pensamentos e ela ficou boquiaberta em suas costas. Seu terno estava perfeitamente encaixado, parecia que havia sido moldado ao seu corpo poderoso. O tecido parecia esticado além de sua capacidade, e cada vez que seus músculos flexionavam, parecia esticar ainda mais. No entanto, nunca rasgou. Molly lambeu os lábios secos e deu um passo à frente, sem saber como ela deveria agir em torno desse homem novo e estranho. Quando ela se aproximou, ergueu a mão.
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Ela queria senti-lo - sentir seus músculos flexionados e o movimento de sua respiração calma. Ela queria acreditar que ele não era uma miragem, um truque em sua mente para lidar com a dor de sua morte. Um toque. Um único dedo. As portas do aposento bateram contra a parede e Molly puxou a mão para trás e se virou para ver dois guardas entrando no quarto como se fossem deles. — A rainha exigiu sua presença na sala do trono para discutir alguns assuntos, senhor Knight, — anunciou um deles. O nome que ele usara para se referir a Tensley era claramente um insulto ao rei. O rosto de Tensley permaneceu dominado pela fria indiferença, mas Molly podia sentir a onda de raiva sob a superfície. Ele era o rei. Ou a besta era. Mas isso não significava que Lilith ainda não se considerasse rainha. E alguns pareciam acreditar no mesmo. Tensley lançou lhes um longo olhar, um inabalável, e sua mão se fechou ao seu lado. Por um instante, ela achou que ele iria explodir mais uma vez e deixar a besta assumir o controle total de si mesmo, mas para sua surpresa, ele começou a se mover com um passo gracioso. Tensley liderou o caminho e Molly seguiu atrás dele pelos corredores escuros, o sol se pondo, o primeiro dia de seu renascimento quase acabando. Um pesadelo do qual ela desejou poder acordar. Abrir os olhos e encontrar o homem por quem ela tinha tão perigosamente se apaixonado. Ter de volta seus sorrisos e suas deliciosas carrancas. Quando se aproximaram da sala do trono, as vozes cruéis ficaram mais altas a cada passo. A voz de Lilith estava distorcida em um grito de raiva e ira. A corte estava discutindo e ficou claro o que estavam debatendo. Como derrubar Tensley.
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Um desejo de morte, ela queria dizer enquanto balançava a cabeça. Ela engoliu a emoção espessa em sua garganta e entrou na sala do trono. Um local lotado de raiva e pânico, cada membro da corte se transformando em pedra fria quando puseram os olhos em seu novo rei. A corte ficou mortalmente silenciosa, sua bravura transformando-se em cinzas nas batidas dos passos de Tensley. Lilith estava sentada em seu trono ao lado do vazio de Fallen, o rosto cheio de veneno e raiva, suas mãos segurando o acabamento dourado. Ela agia como se possuísse o trono em que estava sentada e cada centímetro do palácio. — A corte estava esperando, — Lilith disse, humilde, mas com uma ponta afiada que Molly sabia que tinha como objetivo fazê-los sangrar. Tensley parou no meio da sala, com o queixo levantado, ombros erguidos e os olhos treinados em Lilith. Quanto mais tempo ele olhava, mais ela mexia em seu vestido, as mãos cavando mais fundo no acabamento dourado do trono. Esse moldado para representar um leão rugindo. Adequado, pensou Molly. — Se você quiser ver outro dia, não ouse me chamar assim novamente. Eu não sou um dos seus animais de estimação — cuspiu Tensley, sua raiva engrossando o ar ao redor deles. — Meu senhor, — Lilith falou, abaixando a cabeça finalmente em submissão. — Peço desculpas pelo meu atrevimento. — Seu tom parecia verdadeiro o suficiente, mas foram seus olhos que fizeram o estômago de Molly se torcer em rejeição. Escuro e brilhantes, como poeira sob o vidro. Dócil nas aparências, mas uma raiva mais forte do que o seu bom senso a alimentava. Lilith se endireitou em seu trono, gesticulando com um movimento de seu pulso para o resto dos membros em pé na frente dela. — Eu solicitei sua presença aqui porque estávamos discutindo o que deve ser feito, — disse ela gesticulando freneticamente para o rei. — Com esta situação.
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— Feito? — Molly franziu a testa para ela, e como se os membros tivessem esquecido que ela existia, se viraram para ela. As feições de Lilith apertaram em uma carranca. — Sim. Uma votação precisa ser feita para ver quem vai assumir o trono. A coroa. E o escolhido será coroado após o período de luto pela morte do falecido rei terminar. O estômago de Molly caiu em um poço de escuridão. Se outra pessoa se tornasse rei... o que isso significaria para eles? Esse novo rei os mataria? Se o príncipe ficasse com a coroa, ele os deixaria ir? — Uma votação. — Molly riu, o som vazio e seco. — Se a conversa que você estava tendo antes de chegarmos era uma indicação, parece-me que a decisão já foi tomada. Você decidiu há muito tempo que o Dux de Scorpios não seria seu rei. Olhe para si mesma, nos encarando como se fosse a dona de todos nós. Eu devo aplaudir sua bravura, Lilith, — ela cuspiu e sorriu sombriamente, o nome usado como um insulto. — Nada a detém de conseguir o que quer. Você quer que seu filho fique com o trono porque realmente acredita que ele será o melhor governante para essas pessoas, ou ele é simplesmente um meio de você dar a suas mãos imundas um fácil acesso ao poder? — Ela terminou, uma sobrancelha arqueando desânimo. A boca de Lilith não passava de uma linha fina e branca. Antes que ela pudesse falar, Molly a interrompeu novamente. — Falando nisso, onde está seu filho? Se precisamos ‘discutir o que deve ser feito’, como você tão graciosamente colocou, — ela continuou com uma expressão sarcástica de seus lábios. — Ele não deveria estar presente? Para dar seu próprio voto. — Ela terminou, a última palavra provando sujo em sua própria boca. Todos na sala sabiam que não haveria votação. A decisão havia sido tomada muito antes de chegarem à sala do trono. Seus olhos mudaram de Lilith para o trono vazio ao lado dela, a coroa de ouro que estava sobre ele chamou sua atenção.
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Um símbolo de poder e medo, de como seria seu futuro se aquela coroa caísse sobre a cabeça sombria de Tensley. Sua respiração acelerou em sua cabeça, baixa e rápida. A voz seca de Lilith quebrou os pensamentos sombrios de Molly. — Disseram-me que meu filho estava indisposto, — disse ela, descontentamento escrito em todo o rosto. — Mas tudo isso é irrelevante. Estamos aqui para discutir o futuro desta corte, não o paradeiro do príncipe — ela acrescentou com desdém antes de virar a cabeça para o rei, dispensando Molly. — Você matou o nosso rei, — disse ela depois de uma pausa silenciosa, sua voz cortando a raiva de Molly. Ela queria muito estender a mão, se para passar suas garras no rosto de Lilith ou segurar o pulso de Tensley em busca de apoio, ela não sabia. Então, em vez disso, ela fechou a mão e perfurou a pele macia da sua palma. Paciência, ela disse a si mesma. Molly mordeu o lábio e avançou parando ao lado de Tensley, olhando para Lilith. — Ele venceu pela tradição, — um senhor falou, avançando para o trono. Alguns outros membros assentiram e murmuraram sua concordância. — Tradição criada pelo próprio Fallen. Ele caiu em sua própria espada. — Tradição? — O rosto de Lilith ficou vermelho e cheio de raiva e o dourado sobre seus dedos guinchou em protesto. — Ele é o nosso rei agora, minha senhora, — disse outro senhor, com o rosto desfigurado pela guerra e pelo fogo, e segurou o punho de sua longa espada. — Ele não é o nosso rei, — cuspiu um de volta, gesticulando para Tensley com um braço trêmulo. Tensley, em meio à discussão acalorada, ficou em silêncio mortal. Ele não se mexeu e não interveio. Tão, tão silencioso.
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Muito silencioso. — Você pode desistir da coroa, — disse Lilith, com os olhos arregalados e violentos treinados em Tensley. — Você não tem interesse em nossa política. Seus interesses estão em Scorpios. Por que manchar nossa corte quando você odeia todos os que fazem parte dela? Vingança? O corpo do rei está agora frio e imóvel. Você teve sua vingança. Saia da minha corte. Deixe o rei verdadeiro reinar. Silêncio. Cada membro da corte observou Tensley cuidadosamente. — Meu filho deve ser o rei, — Lilith continuou levantando-se em seu vestido vermelho, criando perfeitamente para se moldar ao redor de sua figura cheia. A ânsia de um louco. — Ele cresceu dentro deste palácio. Brincou com alguns dos seus filhos — disse ela, olhando para os membros da sua corte. — Ele viveu cada dia de sua vida um passo atrás de seu pai, analisando, calculando, esperando que esse dia chegasse. Ele nasceu para governar esta corte. Será que vamos deixar estranhos desdenhosos, — ela continuou, a última palavra fazendo algumas pessoas se contorcerem em desconforto. — Nos guiar? Reinar sobre nós? Como você poderia nos governar quando não pode sequer governar Scorpios sem mortes? Como rainha, tenho de cuidar do meu povo e digo a todos que este animal selvagem não é a escolha certa para o futuro da nossa corte. Silêncio. Ninguém falou. Molly não queria que Tensley fosse o rei. Ela não queria que ele estivesse amarrado para sempre a Suprema Corte. O que significaria para Scorpios? Para sua família? Para ela? Para o filho deles? Se ela o tirasse daqui, ela poderia curálo. Ela poderia trazê-lo de volta sem nenhum olho poderoso observando cada movimento deles. Este não era o ambiente certo para ele. Era tóxico.
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— A coroa é minha por direito, — a voz de aço e veneno de Tensley cortou a sala. — E sua opinião lamentável sobre o que é certo e o que é errado não será necessária em minha corte. Os joelhos de Molly tremiam, mas ela respirou fundo e levantou o queixo. — Seu bastardo indigno, — Lilith sibilou e chegou perto demais, seu nariz alinhado com o dele. Sua raiva fumegou, consumindo tudo em seu caminho e ela balançou o braço, a palma da mão aberta. — Eu destruirei... Tensley se moveu como um predador, sua mão bruscamente envolvendo com força a garganta de cisne de Lilith que engasgou com um grito. A corte congelou, incluindo Molly que ficou boquiaberta com a pele morena de Lilith ficando pálida em seguida muito, muito escura. Uma onda de feromônios agressivos invadiu a sala do trono, sufocando-os com raiva, ira e crueldade. Molly agarrou seu peito, sacudindo a cabeça para o homem diante dela. O Tensley que ela conhecia, mesmo que odiasse uma mulher, nunca mostraria tanta violência em relação a elas. — Tensley — sussurrou Molly, encontrando sua voz. Quando ele simplesmente olhou para o rosto azul de Lilith, seus longos dedos arranhando sua mão fechada, Molly se aproximou de seus corpos. — Tensley, pare, — ela quase gritou, enchendo os olhos com lágrimas quando percebeu o quão longe estava seu Tensley. E por mais que odiasse a mulher que ele pretendia matar, nunca o deixaria fazer isso. A multidão ao redor deles começou a sussurrar nervosamente, alguns guardas movendo-se perigosamente para frente, armas prontas para atacar. Tudo isso estava indo muito, muito errado. — Não faça isso. Este não é você. Você nunca faria isso. Deixe-a ir, — ela sussurrou suavemente, suas palavras reservadas apenas para seus ouvidos, mesmo sabendo que Lilith podia ouvir cada uma delas. Ela colocou a mão em seu braço, seus músculos enrijeceram sob seus dedos como se o pensamento dela o tocar enquanto estava nesse estado o enojasse.
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Ela segurou suas lágrimas. — Por favor, — disse ela rapidamente, vendo como Lilith parecia estar perigosamente perto do seu fim. — Não faça isso consigo mesmo. Deixe-a ir, Tensley — ela disse desesperadamente, seu olhar e sua mente ainda em um lugar muito distante. — Deixe-a ir, — ela repetiu, sua voz finalmente quebrando. A cabeça de Tensley virou para ela e ela viu a escuridão profunda de seus olhos, uma tempestade aterrorizante causando estragos em sua alma. Ou no que sobrou de qualquer maneira. Segundos se arrastaram até que Tensley soltou Lilith e ela desabou, curvando-se enquanto respirava profundamente. O rosto dela se contorceu de dor quando o oxigênio passou por seus pulmões novamente. Tensley deu passos pesados e uniformes para frente, olhando-a. — Eu sou o seu rei, — ele rugiu, as paredes do castelo tremendo sob sua ira. A besta estava sendo governada por emoções extremas. Um movimento errado, ele explodiria como uma bomba. Lilith assentiu cruelmente e um segundo depois, ela ofegou. Ela alcançou a mão de Tensley e pressionou seus lábios vermelhos violentamente em seus dedos. Ela tentou esmagar suas preocupações com uma sacudida de cabeça. Os olhos de Lilith se abriram e ela olhou para ele. — Eu vou servi-lo, meu rei. — A voz rouca de Lilith soou tão crua e quebrada, que Molly teve o desejo de segurar sua própria garganta para acalmar a dor. Tensley flexionou a mão e tirou-a do seu alcance, recuando. Ele examinou a sala, observando seus indivíduos lentamente. — Não atravessem meu caminho e vocês não sentirão a minha ira. Cada membro abaixou a cabeça, as mãos esquerdas apoiadas no peito, sinal de submissão e obediência. No que Tensley estava se transformando...
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— Meu rei, — Lilith cantarolou. Molly franziu a testa com sua interrupção drástica. Ela estava tentando cair nas boas graças dele. Lilith se aproximou, seus olhos percorrendo seu corpo alto. — Teremos uma festa. Para celebrá-lo como nosso novo rei. Tão poderoso, tão lindo, tão mortal, será entoado. Cadela de duas caras, Molly queria cuspir. Tensley olhou para ela, depois assentiu, virando-se para sair da sala. Molly olhou nos olhos de Lilith e o doce sorriso caiu para um perverso. Os olhos de Molly brilharam e isso destruiu qualquer traço de sorriso no rosto da rainha. Ela a destruiria se achasse que poderia manipular seu homem com sorrisos e palavras doces.
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CAPÍTULO 03
Molly sentou-se em um trono dourado, sentada ao lado do novo rei. Ser apresentada assim, em frente à corte, colocou-a no limite. A atmosfera era tóxica e pesada. Mas depois da exibição anterior do poder de Tensley, ninguém lutou contra ele. Velas tremulavam nos candelabros de cristal, a escuridão rastejava pelas pinturas que mostravam vitórias conquistadas por Fallen. Seu rei agora morto. Os membros da corte estavam sentados em longas mesas de madeira decoradas com toalhas de seda branca, usando trajes suntuosos para mostrar seu poder e riqueza na corte. Quanto mais ouro, mais bela a seda, maior parecia na corte. Molly observou Lilith, pela quinta vez desde que se sentaram para o banquete, inclinando-se para Tensley, seus dedos tocando seu pulso. O sangue de Molly ferveu, mas ela se acalmou. Ela não se rebaixaria aos jogos infantis de Lilith. Tensley não reconheceu Lilith, olhando sombriamente para o salão à sua frente. Como se estivesse calculando algo, como se alguma coisa o agitasse por dentro e jurou encontrar a causa. Quando Lilith, com a boca retorcida em tristeza, recostouse, Molly vislumbrou as pessoas ao seu redor. Foi quando seus
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olhos encontraram um dos guardas reais que, de repente, ela se lembrou, e sua respiração entalou em sua garganta. Seto… No meio de tudo, Molly não havia notado o desaparecimento de Seto quando Fallen os pegou tentando escapar. O que aconteceu com ele? Onde ele estava? Ele estava… Seus olhos encontraram o príncipe. Ele observava Tensley com cuidado, a mão direita abrindo e fechando a borda da longa mesa. Seu cabelo loiro e liso estava amarrado frouxamente por uma tira de couro, alguns fios ondulados emoldurando suas feições angulares de um demônio e anjo misturadas para criar algo etéreo e bonito. Seus olhos afiados de areia movediça dispararam para ela e sua mandíbula estremeceu sob os dentes cerrados. Tensley tinha contrariado o acordo do príncipe e agora era o rei. Um rei que exercia controle total sobre uma corte de serpentes e lobos. Mas Molly não entendia por que ele não tinha desistido do trono. Foi a besta? A besta queria poder absoluto? Alimentava-se de crueldade e dominação? Foi a razão pela qual ele foi incapaz de desistir da coroa? Lilith estava certa sobre uma coisa, Tensley deixara claro que não queria nada com a Suprema Corte. No entanto, aqui estava ele, o rei de tudo. Molly voltou sua atenção para o marido, observando-o olhar para sua corte. Sua mão colocada na mandíbula, um único dedo acariciando seu lábio inferior em pensamentos profundos. Com um toque delicado, ela colocou os dedos no pulso dele. — Você está bem? Ele olhou para ela, aqueles olhos de obsidiana cintilantes cortando seu núcleo, tirando o ar de seus pulmões. Um olhar que dizia que ele estava calculando se ela era uma ameaça.
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— Eu estou bem, — ele disse. Como se ele tivesse lhe dado um choque elétrico, ela afastou a mão. A tristeza pesava em seu coração, afundando-a no vazio e no desespero. Mas o orgulho e a raiva soaram mais alto. Ela dobrou o guardanapo, levantou-se da cadeira e se afastou. Membros da corte a observaram atentamente, queimando a parte de trás de sua cabeça, mas ela continuou andando. Ela precisava de ar e precisava mostrar à corte que não foi afetada. Que o ego sem coração de Tensley não quebrou seu próprio. Passando pelas portas da varanda aberta, ela agarrou a grade de ferro e deixou a brisa fresca assaltar suas bochechas escaldantes. Mil pensamentos - preocupações zumbiam em sua cabeça. Terminar a faculdade, Scorpios, o bebê em sua barriga e seu marido agora sem coração. Só o pensamento da faculdade parecia tão ridículo agora, com tudo o que tinha acontecido desde que ela se sentou pela última vez em uma sala de aula. Sua vida foi ao inferno e voltou. Ela respirou trêmula e fechou a mão no corrimão. Ela não podia quebrar. Ela tinha que ser forte. Ela tinha que ser forte pelos dois. Sua mão tocou sua barriga. Por todos eles. — Minha senhora, — uma voz sensual chamou-a. Ela se virou para ver o príncipe se aproximando atrás dela. Ela o observou com cuidado, olhando suas mãos em punhos e a tensão da boca. — Ou eu deveria te chamar de minha rainha? — Havia uma acidez em sua voz e ela não gostou. Quando ela não respondeu, ele lambeu os dentes e olhou para o corredor. — Parece que minha mãe tem prazer em continuar desempenhando esse papel para o seu marido.
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Sua raiva se acendeu e ela notou seu leve sorriso. — Ela não é a rainha, — disse ela, calmamente, mas nada dentro dela estava calmo. Ela não entendia por que estava tão possessiva. Ele arqueou uma sobrancelha e se aproximou, com o cuidado de um predador na caça. — E você deseja ser rainha? Rainha de nós demônios cruéis? Ela exalou duramente. — Eu não tenho desejo de ser rainha, mas se ele é.... — Seus olhos caíram para as mãos entrelaçadas. — Eu não quero nada disso. Eu só o quero. — Então, podemos encontrar uma maneira de devolvê-lo, — disse o príncipe. Molly levantou a cabeça. — Devolvê-lo? Ele agora estava na frente dela, seu peito tão perto de bater contra o dela e seu hálito quente se espalhou através de seus finos fios do seu couro cabeludo. — Devolver seu coração. A respiração de Molly pareceu deixar seu corpo completamente, ela agarrou o corrimão que estava segurando mais apertado para que não caísse. — Como, — disse ela, a palavra rachada pouco acima de um sussurro. Ela não podia acreditar, ela não podia... — Depois da luta, percebi que a besta estava no controle total dele. Ele será provocado por qualquer coisa, uma vez que as emoções assumirem, ele não pode impedir. Mas eu não sou um homem estúpido, Molly. Conheci o seu marido, como costumava ser, ele nunca quis o trono. Então hoje fui à procura de uma solução. Uma cura. Qualquer coisa. Qualquer coisa que pudesse trazer de volta seu coração. E posso ter encontrado alguma coisa. Quando Molly estava prestes a perguntar mais, ouviuse um grito nas proximidades enquanto um casal bêbado tropeçava em direção à sacada. Suas bochechas estavam vermelhas, a mulher rindo incontrolavelmente enquanto o homem lambia seu caminho até o pescoço. Ela tropeçou para frente
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gritando, os dois colidindo contra uma parede. Eles riram mais quando começaram a sentir o corpo um do outro. Mesmo que o casal não tivesse percebido não estarem sozinhos na varanda, Molly sabia que o que estava prestes a perguntar ao príncipe não poderia ser discutido perto de ouvidos indiscretos. E quando ela olhou para ele, sabia que ele pensava o mesmo. — Eu vou devolver o seu coração, — ele sussurrou, seus dedos deslizando por seu braço nu e subindo. — E você vai me devolver o trono. Ela engoliu em seco. Seu coração a impulsionou para frente, mas ela hesitou. Um acordo com o príncipe. — Eu vou pensar sobre isso, — disse ela com determinação e um queixo erguido. Os olhos do príncipe escureceram e seus dedos se moveram para frente, roçando seu pescoço, de um lado do colarinho, até o outro. Ela se encolheu, o choque de dor quase a deixando de joelhos. O príncipe sorriu sombriamente, uma risada sensual deixando a barreira de seus lábios. — Com a dor vem o prazer, pequeno daemon, você só precisa abraçá-lo. Ela franziu a testa profundamente, afastando-se dele. Tensley uma vez explicou a ela que isso era um ato incrivelmente desrespeitoso. Era estritamente proibido para um macho tocar a coleira da companheira de outro macho. E ele acabara de tocar o colar que seu rei colocara em sua companheira. — O que você está fazendo? — Ela retrucou. — Tentando a besta, — o príncipe disse e a soltou. — Ele precisa de um alívio, liberar a tensão. Eu apenas lhe dei uma razão para isso, — ele disse, sua voz um estrondo baixo em seu peito enquanto o sorriso sensual reaparecia em seus lábios. Um rugido ecoou pela escuridão e o príncipe foi brutalmente atirado contra a parede de tijolos do palácio.
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Suas costas arquearam-se num ângulo doloroso e Molly assistiu com horror quando Tensley, seu marido, golpeou suas mãos no torso do príncipe. O príncipe sibilou de dor, mas não vacilou. Ele impulsionou seu corpo para frente, seu peso colidindo com Tensley, jogando-os no pesado e detalhado parapeito. A força do impacto o quebrou ao meio, quando o cimento se desfez com um som estrondoso. Os membros em seda e diamantes extravagantes rastejaram na visão de dois membros da realeza lutando com a brutalidade de duas bestas ferozes e famintas. Eles provavelmente achavam isso divertido. Molly envolveu um braço ao redor de sua barriga, observando com horror enquanto os dois homens se agarravam e socavam um ao outro como animais. Olhos escuros como cinzas, corpos irradiando aqueles potentes feromônios agressivos como o ácido, e seus dentes alongados e afiados, prontos para atacar em qualquer oportunidade. As feridas ainda frescas da batalha de Fallen reabriram e o sangue escorreu pela lateral de Tensley, uma feia raia se formando em sua camisa branca. Tensley rosnou e bateu com o punho no nariz do príncipe, um horrível estalo de osso e sangue respingando. A força do rosnado seguinte do príncipe fez o sangue de Molly gelar, ela engoliu com dificuldade. De repente, apesar de sua dor, o príncipe se moveu rapidamente, sua mão arranhando a bochecha de Tensley, profundo o suficiente para que a carne se soltasse frouxamente, o sangue pingando por toda parte. — Parem, — Molly gritou, o som rasgando sua garganta. Ela agarrou o bíceps de Tensley com toda a força que conseguiu reunir antes que ele pudesse atacar o príncipe novamente.
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O príncipe, ainda na defesa, se preparou, rosnando profundamente. Tensley ficou quieto, mas ela sentiu seus músculos ondularem sob seu aperto. A única coisa que lhe mostrou que ele ainda podia ser afetado por ela foi aquela pulsação rápida na ponta dos dedos dela. — Você não tem autoridade sobre mim, Dux — o príncipe cuspiu. — Desrespeite-me de novo, toque-a, aproxime-se dela e olhe para ela, e arrancarei sua garganta — disse Tensley, com os dentes arreganhados em aviso. O príncipe lambeu o sangue em seu lábio e zombou, sem dizer uma palavra, mas olhando direto nos olhos de Tensley, seu olhar frio e inabalável. Ela olhou para a multidão enquanto todos a observavam. Ela se certificou de que eles não pudessem ver o quanto ela queria se encolher sob os olhares pesados naquele momento. Ela sabia exatamente o que eles haviam testemunhado porque ela tinha visto o mesmo. Um animal possessivo. E ela, a daemon, sua esposa. A única coisa que poderia machucá-lo, enfraquecê-lo. Tensley girou, sua grande mão envolvendo seu bíceps com força, mas não o suficiente para machucar, e os levou rapidamente pela multidão reunida. Quase tropeçando em seus próprios pés algumas vezes enquanto tentava acompanhar. Quando chegaram ao quarto, ele abriu a porta e soltou-a, parando no meio da grande sala. Ela ficou ao lado da porta, tentando decifrar suas emoções. Ela costumava ser capaz de dizer o que ele estava pensando, como ele estava se sentindo. Agora, ele não era nada além de um predador imprevisível, até para ela. — Ele me desrespeitou, — ele sussurrou, suas mãos fechando em punhos ao lado dele. — Quando ele se atreveu a tocar o seu colarinho... — Ele xingou baixinho.
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As pontas dos dedos de Molly passaram sobre o colarinho que Tensley havia colocado e estremeceu. No momento em que o príncipe a tocou lá, ela sentiu o choque doloroso. Só quando Tensley tocava o colarinho sentia prazer absoluto. Tensley fez uma pausa, notando um envelope na mesa e ela o observou abrir. Ela olhou para a sua expressão enquanto ele lia, suas sobrancelhas franzidas e então ele bateu a carta na mesa e rosnou. Ele socou a parede, fazendo Molly pular. A carta escorregou da mesa e ela se inclinou, endireitando-a para ler do que se tratava.
Tensley, Ares atacou novamente. Doze baixas, muitos mais desaparecidos e feridos. Por favor, venha para casa o mais rápido possível. Nós precisamos de você. Sua mãe.
Molly agarrou sua garganta. Ares atacou novamente e matou mais. Ela deixou cair a carta, suas emoções pressionando-a. Ele arregaçou as mangas e abriu os dois botões de cima do colarinho. Então se ocupou em servir um uísque e tomá-lo de uma só vez. Como se fosse ele mesmo. Como se fosse seu Tensley. Exceto que tinha sangue pingando sobre ele, e cortes profundos que precisavam ser curados rapidamente ou, sem dúvida, deixariam cicatrizes terríveis. Exceto que ela não podia esquecer que ele tinha ficado tão sangrento para começar. Como ele ficou tão sangrento. Porque ele não tinha controle sobre si mesmo.
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Por causa da besta sem coração que ele se tornou. Ela balançou a cabeça, os olhos se fechando brevemente ao pensamento. Ele estava lá, ele estava em algum lugar lá, ela sabia disso. Ela podia sentir isso. E enquanto ele bebia seu uísque, parecendo tão calmo e contido, como se nada disso tivesse acontecido, ela não pôde deixar de querer ajudá-lo, abraçálo, amá-lo. Ela sentia muito a falta dele. Ela se moveu para ele, seus sapatos o único som na sala. Ele serviu mais uísque e engoliu, jogando a cabeça para trás e ofegando depois. Seus olhos a pegaram se aproximando timidamente e ele virou, as marcas feias em sua bochecha e o lábio arrebentado fazendo seu estômago desabar. — Você está ferido, — ela sussurrou, gesticulando para o rosto dele e o corte feio e profundo em sua bochecha, sangue fresco misturando com sangue velho e duro dentro dos cortes. Ela estremeceu. Ele lambeu os dentes e olhou para ela, como se não se incomodasse com o dano. Ela guerreou consigo mesma, sua mente dizendo-lhe para não ser irrealista, e seu coração lhe dizendo algo completamente diferente. — Eu posso curar, se você quiser, — ela disse, suavemente. Mais uma vez, ele olhou para ela por mais tempo do que a deixou confortável. Depois de mais tempo, seus olhos se tornaram mais escuros, seus lábios torcendo em uma carranca enquanto ele levantava seu copo e bebia a última gota.
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Ele ofegou de novo, bateu na beirada da mesa, fazendo barulho, zumbindo no quarto, e se virou para encará-la. Seus dedos se moviam com facilidade, lentos e firmes, desfazendo cada botão de sua camisa, com os olhos soturnos imóveis. Ela não desviou o olhar, mas sentiu o calor florescer em suas bochechas, até o peito. Ao ver seu torso musculoso exposto, tiras de músculos flexionando, ondulando enquanto ele tirava a camisa rasgada de seus ombros, sua boca ficou seca. Malditos hormônios. E ao ver a nova e cruel cicatriz que foi deixada de seu coração sendo arrancado dele, seu próprio coração afundou um pouco mais dentro de si. — Dolcezza, — ele murmurou, criando uma avalanche de arrepios em sua pele macia. Seus olhos correram para os dele. Esta era a primeira vez desde que se tornou a besta que ele a reconheceu diretamente. E usou o apelido carinhoso que sempre usava quando falava com ela. Não como se ela importasse, não como se ele se importasse. Ou como se ele também lembrasse e desejasse o que foram uma vez. Não. Como se estivesse zombando dela. E droga, ela não podia deixar de sentir a queimadura da atração, da luxúria, profundamente dentro de sua barriga. Um sorriso que a levou à loucura e a alimentou surgiu em seus lábios. — Você ainda anseia por mim, eu vejo. Mas você sempre ansiou mais pela besta, não é? — Ele disse, sua voz gotejando com uma luxúria sombria e selvagem que ressoou profundamente dentro dela, acendendo um fogo violento. Ela sabia que esta era a besta falando. E, ao contrário de antes, certamente não havia coração oculto dentro dele.
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Ela fez uma careta e se endireitou, ignorando sua fome por ele. — Sentese. — Ela apontou para a cama. Ele hesitou, sem desviar o olhar dela, mas finalmente se moveu para a cama, sentando-se nela. Suas pernas se estenderam, o tecido de suas calças lutando contra as grossas coxas de aço. Ela ficou na frente dele, e com um toque cuidadoso, passou a mão trêmula em sua bochecha machucada. Seus olhos se fecharam com a sensação, um sentimento, enquanto sua energia se esvaiu para dentro dele. Um fluxo de sedução, uma vibração de desejo. Quando as mãos dele encontraram seus quadris, ela engasgou, em parte porque não esperava o toque, em parte porque parecia fazer muito tempo. Só dele tocá-la, alimentou a necessidade de acreditar que era ele. Talvez, talvez se ela o beijasse... Ela lambeu os lábios e baixou a cabeça. Primeiro, ela beijou sua pálpebra inchada, ficando ali até que todo o roxo e azul se dissolveram. Seus olhos se abriram e escureceram quando seus lábios encontraram os dele. Provocação familiar suave e gentil. A mão dele subiu pelo pescoço dela e seu cabelo. E parecia que ela finalmente estava em casa. É Tensley. É Tensley. E com um único gemido de sua boca, ele se tornou violento. O beijo foi violento, poderoso e tudo o que ela precisava. Ela precisava dele - e mesmo que ele fosse a besta, ela pegaria o que pudesse.
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Tensley. Tensley. Suas mãos frenéticas arranharam suas costas tensas e ele a abaixou em cima dele. Ela queria esquecer. Ela queria esquecer tudo o que aconteceu nas últimas vinte e quatro horas e imaginar que estava tudo bem. Ele tinha o mesmo cheiro masculino e forte, e tinha gosto de uísque e pecado, e seus lábios se moviam como uma guerra, conquistando e implacável, cruel ao núcleo. E ela foi dominada. Sentiu-se em casa. Ela se deitou em cima de seu corpo poderoso, os dedos dele alisando suas laterais até seu traseiro, um toque suave e sensual de um homem que conhecia bem seu corpo. Seus dedos cavaram em suas nádegas e ela gemeu profundamente. Em um único movimento, ele a virou de costas, pairando sobre ela. Ela ofegou, seu coração galopando em seu peito. Suas feridas estavam curadas, a tez perfeita novamente, os hematomas desbotados e a pele cicatrizada. Seus olhos ainda eram brasas escuras de vazio. Ele roubou sua boca em outro beijo, mas de repente, o gosto era estranho. Uma mistura de familiar e estranho lutou em seus sentidos e mente, e ela se afastou. Uma tensão terrível se expandiu em seu peito, guerreando, lutando para mantê-la sã. — Não, não — disse Molly, e Tensley recostou-se quando ela se afastou dele, as mãos correndo freneticamente pelos cabelos. Seu dedo brincou com o lábio inferior. Ela o queria de volta, queria que ele a abraçasse, a beijasse, sussurrasse seu nome, mas tudo o que ela tinha era o vazio.
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Não havia amor em seu toque. Nenhum cuidado. Apenas um tipo sombrio de desejo. Como se ela fosse simplesmente algo para usar para se satisfazer. Ele era um impostor, vivendo e respirando e destruindo seu coração. — Eu não posso, — disse ela em um suspiro suave. Ela balançou a cabeça e se virou para encará-lo, esperando, rezando, ver um homem diferente. Ele ficou na beira da cama, a cabeça erguida como um superior, aqueles olhos calculistas sem nenhuma emoção, sem verdade, sem calor. — Você me fodeu uma vez, — ele rosnou e parecia que tinha batido nela. Seu coração se partiu e sangrou. Seu desejo se transformou em raiva ardente e varreu seu corpo. A tristeza penetrou em seus ossos e os esmagou em pó. A dor a atingiu tão profundamente, que sabia que não desapareceria. Ela afastou qualquer calor e decidida sua boca curvou em uma carranca. — Você não é o Tensley que conheço e por quem me apaixonei. Mas deixe-me deixar algo muito claro aqui. Eu não me importo com o que tenha que fazer, conseguirei seu coração. Trarei de volta o homem que amo. Farei qualquer coisa, mesmo que tenha que sangrar ou ir para a guerra. O coração que você perdeu era meu e não gosto de perder coisas que me pertencem. O canto da boca de Tensley se contraiu. — Me dome então. Acalme a raiva. Silencie a raiva. Eu sei o que você quer - e você ainda me deseja como a prostituta que sempre foi para mim. Tente, e então veremos quem sai vitorioso. E com isso, Tensley saiu do quarto, sem camisa, batendo a porta atrás dele. Molly afundou nos lençóis de seda, emocionalmente machucada. Nenhum beijo curaria seu coração partido. Ela agarrou seu vestido, a outra mão pressionou os lábios trêmulos. O homem que ela uma vez beijou havia partido.
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A negação estava morta. Ele não estava lá, mas ela o encontraria. Ela não iria desistir, não desistiria da esperança. Ela deixou as mãos caírem e agarrou as cobertas, lágrimas rolaram por suas bochechas e nos lençóis de seda. O inferno tinha um novo rei, e ele estava sedento por sangue.
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CAPÍTULO 04
A besta marchou pelos brilhantes corredores dourados, a escuridão se infiltrando em cada canto de seu ser. Infectando seu hospedeiro com sua ira e sede de poder e domínio, empurrando o homem que uma vez foi, mais e mais para o fundo até que sua voz parecia nada mais do que uma lembrança distante. Alimentando a fera, a dor, o medo, a raiva... o doce desejo por ela. Ele queria mais, sempre mais. Rejeição sentou-se amargamente em sua língua, mas seu sabor doce ainda permanecia, fazendo a ira dentro dele se agitar sem solução. Ele queria destruir algo. Ele queria o caos dentro dele pintado nas paredes do palácio. Um caos que atormentaria e queimaria um homem a cinzas. Um caos que deixaria um resíduo de dor e raiva. Por mais que desejasse tê-la, sentir sua carne macia contra sua pele ferida, a besta sabia que não devia tocá-la, não machucála, ou ela partiria. Ela possuía um poder dentro dela que reis e deuses buscavam, lutaram durante séculos para conquistar, mas nem a besta sabia lutar contra essa antiga força. E junto com esse poder intrigante, a besta sabia que dentro do útero da daemon, crescia seu filho. Ele sabia, porque podia sentir seu próprio poder ecoando descontroladamente, batendo poderosamente dentro do coração forte de sua prole. Um coração. O filho da besta tinha um coração e isso o confundia.
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No entanto, sempre que vislumbrava o ventre da daemon, o medo e a posse o enchiam até que era tudo o que ele podia ver e sentir. Ela teria que ser vigiada, mantida em segurança e bem. Qualquer homem ou mulher que a ameaçasse encontraria sua ira. A besta estava ficando inquieta, ele a ansiava, mas se forçou a recuar porque sabia o que a mulher tinha feito. Ela o controlara, controlava seu coração. Com o pensamento, ele arranhou seu peito desconfortavelmente, uma fervente e implacável raiva surgindo de dentro dele. Ele arranhou, como se ainda pudesse sentir o fantasma de um coração batendo descontroladamente por ela e quisesse arrancá-lo. Os cortes não eram profundos e se curavam rapidamente com cada golpe que ele dava em si mesmo. Ele marchou pelos corredores, seu peito pesado com uma raiva ardente que só os deuses carregavam dentro deles. — Ele é um rei bastardo e um insulto à nossa corte, — ele ouviu a voz sibilante de um homem de algum lugar próximo. Ele diminuiu a velocidade, penetrando nas sombras, a escuridão engolindo-o, dando-lhe as boas-vindas e esperou. Monstros espreitavam no escuro, afinal, ele pensou com um sorriso sombrio enquanto observava um grupo de homens entrarem no corredor. — Ele é uma desgraça, devemos prendê-lo e deixá-lo apodrecer por suas ofensas, — outro estalou. — Ele não tem coração, não é isso que valorizamos em nosso povo? — Falou um homem maior, ganhando olhares duros dos senhores anteriores. — Não é um que caiu em desgraça por se apaixonar por uma prostituta, — o primeiro disse de volta, sua voz percorrendo os corredores. — Meus senhores, — a voz suave de Lilith quebrou a tensão entre os homens quando ela se aproximou, tocando um dos seus ombros. — Não temam. Se há uma coisa que sabemos sobre os demônios sem coração, é que eles são movidos por suas
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emoções mais puras e violentas. Ficam cegos por elas, controlados por elas. Raiva, medo, dominância, mas o mais importante... desejo. Necessidade, — ela disse com um sorriso malicioso. — O que uma fera necessita? O que mais almeja? Mais do que comida e água? — Ela ergueu o queixo estreito orgulhosamente, alongando o pescoço e mostrando os dentes. Os homens murmuraram. A resposta estava lá. Um homem ansiava por uma mulher. — Eu vou controlá-lo como controlei meu falecido marido e vou fazer com que a prostituta fique longe dele, — ela falou. — Nos encontraremos mais tarde amanhã para discutir mais sobre isso. Os homens concordaram humildemente com ela e se afastaram cautelosos. Lilith começou a andar na direção de onde ele espreitava nas sombras, inconsciente de sua presença. Sua aparência e postura mostrando uma dama adequada, mas a fera sabia o que havia sob sua pele macia. Uma cobra. Assim que ela se virou, ofegou ao vê-lo meio escondido nas sombras. Suas bochechas perderam a cor rapidamente e ela mexeu em seu grande colar de ouro. Seu colarinho - um que a corte podia ver desaparecera desde a morte de Fallen. Ela estava desmarcada, não reclamada agora. — Meu senhor, — ela sussurrou, seus olhos traçando sua figura, desejo e luxuria fluindo dela como um veneno mortal. Ele rosnou sombriamente, enviando feromônios agressivos em sua direção e avançou, toda a sua presença sugando qualquer coisa feliz ou leve em um vórtice escuro. Ela prendeu a respiração e ele notou a leve lambida em seu lábio inferior enquanto ela o bebia. — Eu gostei da sua fúria hoje. Sua ferocidade a nossa corte. É refrescante ver uma fera tão cruel em todos os sentidos da palavra.
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Ela deu um leve passo para frente e assim que tocou o pulso dele, ele sentiu o nojo, a raiva envolvendo firmemente em sua garganta e peito e rosnou novamente. Ele rosnou vil o suficiente para que os dedos de Lilith caíssem em choque e seus olhos voltassem para suas feições sombrias. Mas a mulher não foi dissuadida, só querer e crueldade podia ser visto dentro dos olhos dela. — Você sabia que a ira de uma besta pode consumi-lo se não for cuidado? — Ela perguntou. — E vendo que você não está com sua noiva, devo assumir que ela não conseguiu acalmá-lo. Ela novamente tentou tocar seu braço, mas ele mostrou os dentes e rosnou mais alto desta vez, segurando sua mão errante com um aperto forte e contundente. — Não me toque de novo, ou você vai se arrepender muito, — ele rosnou em aviso, diminuindo o seu domínio depois de um tempo. — Eu posso desejar uma mulher, mas não é você. Ela puxou a mão para trás, olhando para ele. Uma careta mesquinha agora pintava suas feições, mas antes que ela pudesse dizer outra palavra, ele passou por ela. A besta ansiava somente a única coisa que era letal para ele, a única coisa que poderia dobrá-lo e destruí-lo até ele implorar que fizesse isso de novo. A besta não seria domada. Não por qualquer um e não por sua doce daemon. Nunca mais.
***
Molly marchou pelos dos antigos salões da Suprema Corte. As mulheres pararam em seus passos, virando-se para observar a esposa do rei se mover em pé de guerra.
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Ela precisava de respostas. Ela precisava de uma solução, uma correção e faria qualquer coisa para conseguir isso. Um guarda estava parado do lado de fora de um conjunto de portas francesas e ele enrijeceu, sua armadura batendo quando ele pôs os olhos nela. — Minha senhora, — disse ele, inclinando ligeiramente a cabeça. — Como posso ajudá-la? Molly não parou. Ela passou por ele e abriu as portas francesas, fixando os olhos no homem sob os lençóis de seda desarrumados. O príncipe estava deitado de bruços, adormecido, os lençóis jogados sobre as pernas, mas não escondendo nada. Molly se virou rapidamente, fechando a porta atrás de si para que o guarda não ouvisse uma palavra do que estavam prestes a discutir. Ela andou até o grande conjunto de janelas, abrindo bruscamente as ricas cortinas bordadas. A luz entrou, e ela ouviu um rosnado vicioso vindo da cama. — Coloque algumas roupas, temos uma conversa para terminar, — Molly exigiu, com os olhos voltados para os tetos altos. O príncipe resmungou, ainda meio adormecido. Pelo canto dos olhos, ela o viu se virando lentamente de costas, os dois braços descansando preguiçosamente sobre a cabeça. Ele estava completamente nu, olhando para ela do outro lado do quarto, sua frente em exibição para todos verem. Ele parecia não ter pressa para fazer o que ela pediu e colocar algumas roupas. Molly manteve os olhos firmemente treinados no chão. — Você certamente sabe como escolher o melhor momento para fazer uma entrada, pequena daemon, não é? — Ele murmurou, sua voz ainda baixa e áspera do sono. — Se você queria aproveitar meu corpo, só precisava pedir. Molly revirou os olhos. — Coloque algumas roupas.
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Ele riu, depois levantou-se devagar, caminhando até uma cadeira próxima, na qual sua calça estava jogada de qualquer jeito e embainhou uma adaga no seu quadril. Ele lhe deu as costas enquanto as vestia. Uma vez que ela soube que ele estava decente, ela se virou completamente para ele. — Temos uma conversa para terminar, — ela repetiu. — Sobre Tensley. Ela notou o corte feio em seu queixo, um deixado por Tensley na noite anterior. — Você quer dizer o bastardo possessivo? — Ele zombou. — Toda a Corte viu isso. Certamente, não é muito sábio para a pequena daemon ser encontrada sozinha no quarto de outro macho um dia após ele ter ido todo bestial sobre o dito macho? — Ele disse, olhando para ela com sarcasmo escrito por todo o seu rosto. Ele se moveu lentamente, como um leão cercando sua presa. Molly não era uma presa. Ela era o predador. — Talvez você não deva se afastar muito do seu rei — acrescentou ele, encolhendo o ombro indiferente. — E por que isto? — Porque agora eles sabem o que faz a fera atacar, — o príncipe falou baixo, inclinando a cabeça enquanto examinava o rosto dela. — A única coisa que ele ainda valoriza. Sua companheira e seu filho. — Seus olhos caíram para seu estômago entre eles. Ela olhou para ele. — Você disse ontem à noite que poderia devolver o coração dele. O príncipe recuou, seus dedos esfregando ao longo de sua mandíbula. — Sim, sim eu disse. Ele foi até a sacada, esticando os braços para mergulhar no sol quente da manhã. Molly cerrou as mãos e respirou fundo. — Qual é o seu plano para salvar Tensley?
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Seus braços congelaram acima dos cabelos descoloridos pelo sol e ele se virou, a presunção que normalmente carregava desaparecida. — Você percebe que isso será incrivelmente perigoso, certo? — Você quer o trono, — disse Molly, seu tom firme o suficiente. — Eu o quero de volta. Seu rosto de pedra desvaneceu dando boas-vindas ao seu sorriso preguiçoso e sensual. O sorriso do diabo. — Vamos então? — Ele pegou uma camisa jogada na cama e vestiu-a. Ele passou por ela, enfiando a camisa em suas calças. Quando passaram pela guarda, o guarda deu-lhes um olhar duro. Juntos, eles caminharam pelos corredores. Uma visão estranha para alguns, mas ela não se importava. Os homens levantaram as sobrancelhas, as senhoras zombaram dela. Depois do que aconteceu na noite passada, o príncipe provavelmente estava certo, não era particularmente sábio eles serem vistos praticamente sozinhos juntos. — A Corte vai falar, — o príncipe sussurrou, e Molly olhou para ele. — Sim, — ela deu de ombros. — Eu achei que poderiam. — O príncipe escoltando a esposa do seu rei de um lado para o outro. Isso vai manter suas línguas ocupadas, — ele disse com um sorriso. Ela acelerou o passo. — Eu não me importo com o que eles pensam. Ele pegou o pulso dela e a redirecionou para outro corredor, parando em frente a velhas portas de madeira. Desgastadas pelos anos, teias de aranha envolvendo os desenhos de hera esculpidos em cascata na sua extensão. — Prepare-se, — disse ele, atirando-lhe um sorriso arrogante quando tirou do bolso uma chave mestra, amarelada e grande. Ele a girou, o som de uma dúzia de mecanismos de segurança girando e se movendo. Então ela se abriu.
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Dentro da enorme sala havia prateleiras e prateleiras de livros. Mal iluminada pela rara luz do sol que atravessava as cortinas pesadas e escuras, a sala parecia não ter sido tocada por décadas. — Esta era a biblioteca particular do meu pai, — comentou o príncipe, enquanto ela caminhava pelas prateleiras. — Quando eu não conseguia dormir, costumava roubar livros daqui e lê-los, — ele continuou, olhando ao redor do lugar com um pequeno sorriso brincando nos cantos de seus lábios. Partículas de poeira voavam por toda parte ao redor deles, o nariz de Molly coçando com a necessidade de espirrar. — O que, em retrospectiva, foi provavelmente uma ideia terrível. Estes livros foram escondidos aqui, de todos, por séculos por uma razão. O príncipe caminhou ao redor da sala, silencioso na aparência, mas sua mente sem dúvida corria com pensamentos. Ele se aproximou de uma prateleira em particular, seu dedo deslizando lentamente pela coluna de um dos velhos livros. — Eles são todos extremamente poderosos, Molly. Guardando muitos segredos, muitas ameaças perigosas para a vida do meu pai, para o nosso povo, para este mundo. Então ele os baniu, os escondeu de todos, até de mim. Mas eu os encontrei de qualquer maneira. — Ele explicou com um sorriso irônico. — Eu sempre vou encontrar o que estão tentando esconder de mim, não importa o quão bem eles estejam escondidos. Eu anseio pela caça. Eu sempre ansiei. E nunca volto de mãos vazias. Isto é, até um mês atrás. — Ele acrescentou depois de um segundo, sem dúvida pensando na caça que ocorrera há algumas semanas, quando Molly e Tensley chegaram a Suprema Corte. O príncipe tentou capturar Molly, mas não conseguiu. Molly seguiu atrás dele, observando quando ele começou a procurar por algo, seu olhar vagando descontroladamente pelos numerosos livros empoeirados nas prateleiras. Depois do que pareceram minutos, ele começou a murmurar para si mesmo, amaldiçoando baixinho, como se tivesse esquecido completamente a presença dela. — O que você está procurando exatamente?
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Ele não respondeu a princípio, suas sobrancelhas anormalmente escuras, concentradas. Elas eram um contraste gritante com o seu cabelo loiro selvagem na altura dos ombros. — Uma maldição para os demônios, — explicou ele, quase sussurrando as palavras como se falar em voz alta pudesse causar-lhe uma grande dor. Ele se endireitou, xingou alto dessa vez e foi para as fileiras seguintes. Ela franziu o cenho para ele. — Uma maldição para os demônios? — Sim. Ela balançou a cabeça. — Mas nós não queremos... — Aqui. — O príncipe tirou um livro empoeirado, a coluna esfarrapada e soltando do resto da encadernação, as páginas amassadas e rasgadas. Ele abriu o livro, uma nuvem de poeira flutuando no ar. Quando ela olhou para as palavras na página, franziu a testa. — Isso é.... uma língua diferente, — disse ela, olhando para os estranhos redemoinhos no papel. Não eram nem letras, mais desenhos e símbolos de aparência estranha. — Para você, meros seres humanos, sim, — ele explicou, encolhendo os ombros indiferente, como se dizer que Molly estava abaixo deles era simplesmente afirmar o óbvio. Ela fez uma careta para ele. Ele sorriu de brincadeira em retorno antes de deixar seu olhar voltar para o livro, e as palavras que estavam escritas em suas páginas. — É uma das maldições mais mortais conhecidas pela nossa espécie. É incrivelmente antiga, provavelmente mais antiga que a própria existência humana, mas muito perigosa para a sua espécie, — ele continuou, e ela podia ver seus olhos ficando agitados com o simples pensamento de estar tão perto de algo tão poderoso, tão completamente definitivo. — Esse feitiço pode significar o fim para muitas pessoas, pode significar que o céu se torna o inferno e o inferno se torna nada além de brincadeira de criança em comparação. É tão mortal, na verdade, que até mesmo a maioria dos bruxos, não importa quão antigos, poderosos ou violentos, se recusam a falar.
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Molly engoliu em seco, tentando decifrar os símbolos da página. Uma causa perdida. — Este livro é provavelmente a razão principal pela qual meu pai decidiu esconder esta biblioteca de todos, — ele sussurrou. — Porque muitas coisas não podem ser uma ameaça real para um rei, mas isso... isso poderia esmagar um em nada. Molly franziu a testa. — Se você queria tanto o trono, por que não usou isso contra ele? — Porque eu não sou um homem estúpido, Molly Darling, — explicou ele, encolhendo os ombros mais uma vez. — Algumas coisas nunca deveriam ser consideradas opções. — Então por que agora? Por que pensar em usá-lo agora? — Perguntou ela, sentindo-se agitada. — Porque precisamos e realmente ficamos sem opções, — disse ele sombriamente, os olhos ficando pesados e selvagens. — E o desespero faz até os homens mais sensíveis ficarem inquietos, selvagens. Quando não há mais opções, você as cria. Não importam quão malucas elas sejam, — ele terminou no mesmo tom, seu dedo apontando para o livro. — Porque certamente seria uma ameaça contra ele. — Se isso é tão perigoso, talvez não devêssemos... — ela começou e um pensamento de repente a atingiu. — Oh meu Deus, você não pode querer matá-lo.... — ela parou, uma mão voando para o peito e os joelhos cedendo. — Não... — ela sussurrou, a palavra rachando completamente. O príncipe riu, o som alto e cruel. Algumas estantes pareceram chacoalhar, como se ondulando e si mesmas. — Não. Não, Molly. Eu não pretendo matar seu precioso rei — ele disse, e Molly finalmente começou a respirar novamente. — Pelo menos não com essa maldição, — acrescentou ele, mas seus olhos apenas brincavam.
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— Então... — ela começou, engolindo com dificuldade. — Então como? Como isso pode nos ajudar sem matá-lo? — Ela terminou, olhando para ele e vendo um músculo pulsar em sua bochecha. Com uma respiração lenta, seus olhos encontraram os dela. — Aqui, — ele disse, seu dedo batendo na borda de uma determinada linha de símbolos. — Eu não consigo ler esta linguagem também, eles pararam de ensinar aos jovens, há muito, muito tempo atrás, para garantir que não pudéssemos ler este livro em particular, mas de lendas e mitos que ouvi ao longo dos anos, sei o que isso aqui diz. Ele continuou, uma profunda carranca acontecendo entre as sobrancelhas. — Diz: a maldição de um coração. — A maldição de um coração, — repetiu Molly. Lentamente, ela compreendeu. — O maior pecado de um demônio. Para destruí-lo. Faça-o cultivar um coração. — Esperança invadiu seu peito e ela agarrou seu pulso. — Podemos conseguir seu coração de volta. A língua do príncipe estalou. — Sim, mas precisamos de um bruxo disposto a recitar a maldição. Isso pode sair pela culatra. Como eu disse, pode destruir completamente não só o alvo, mas também todos e tudo o que estiver no caminho de sua ira. É uma maldição antiga e cruel, está adormecida há milhares de anos e posso só imaginar como ela reagiria se fosse acordada por alguém que não pode controlá-la. — Então encontre um bruxo, — Molly disse rapidamente, desespero a levando a um precipício mortal. O príncipe olhou para ela. — O filho dele está controlando você. Sua mão livre tocou seu estômago. — O quê? — Ele é meio demônio, ele é agressivo, é malhumorado — explicou o príncipe. — Não é incomum para as mulheres que carregam passar por mudanças violentas de humor. — Ele fechou o livro com um estalo alto, o som ressoando como um trovão através de sua alma. Mais poeira voou ao redor deles, e o príncipe colocou o livro sob a axila como se estivesse carregando um romance qualquer, não algo tão
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definitivo, tão poderoso. Ele esfregou a testa e soltou um suspiro. — Você quer um bruxo? Eu tenho um, mas ele é letal e perigoso à sua maneira. Se o deixamos sair da sua gaiola, teremos que matá-lo assim que terminarmos. Molly tentou engolir, mas o nó na garganta a impediu. — Matá-lo? — Ele enlouqueceu séculos atrás, matou metade da corte, usando-os como fantoches uns contra os outros, — explicou, encolhendo os ombros como se isso significasse pouco. Molly pesou as opções, mas seu coração pesava mais. — A única pergunta que tenho para você, pequena daemon, é: Você está pronta para matar alguém se isso significa salvar seu Tensley? Você está pronta para comprometer sua vida e a vida dos outros, para recuperá-lo? Você já matou antes, não é mesmo? Eu posso ver que suas mãos já foram manchadas de sangue. Mas você está pronta para fazer isso de novo? — Ele perguntou, um brilho sombrio vagando por seus olhos. No começo, ela não respondeu. Surpresa pela pergunta, por tudo o que isso implicava. Mas nas partes mais sombrias e vis de si mesma, ela sabia a resposta. E o mesmo aconteceu com o coração dela. — Eu estou, — ela sussurrou, o coração batendo descontroladamente. — Eu estou. — E as palavras soaram tão pesadas. Tão definitivas. — Bom, — ele disse, a palavra soando curta, brusca. — Você está? — Perguntou ela de repente, surpreendendose. — Você está pronto para potencialmente matar sua própria corte e morrer, apenas pela chance de conseguir o trono que quer tão desesperadamente? Seus olhos pareceram nublar, perdidos em seus próprios pensamentos. Então, depois de um segundo, ele a olhou diretamente nos olhos e disse: — É claro, — e seu sorriso era pura crueldade, brasas líquidas e fome ardente. Um homem que não tinha nada a perder e já tinha vendido sua alma ao diabo sem olhar para trás.
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Ela estremeceu. — Onde ele está? — Ela perguntou, a voz mal acima de um sussurro. — O bruxo. Onde ele está? Seus dentes brilharam, os olhos quase negros. — No poço mais profundo do inferno.
***
O mau cheiro familiar da masmorra cravou fundo em seu coração e o fez sangrar novamente. Dois dias antes, Molly estava na masmorra com Tensley. Tentando escapar. Isso deixou um gosto ácido, amargo em sua boca que ela desejou poder lavar. O fedor era de carne podre e fezes acumuladas por semanas. Talvez até meses. Ou anos, ela pensou, quase engasgando, quando percebeu que o feiticeiro que estava prestes a encontrar fora deixado ali para apodrecer por séculos. Querido Deus... Cada cela que eles passaram, um gemido cansado os cumprimentou. Os poucos que falavam ou gritavam eram mais novos em sua pequena prisão, ela percebeu. Molly tateou ao longo das paredes de tijolos, guiando-se pelo labirinto, seguindo atrás do príncipe o melhor que podia. Estava tão escuro que ela mal podia ver dois pés a sua frente. O príncipe parou de repente e Molly correu para suas costas, grunhindo de dor. — Aqui, — disse o príncipe, apontando para uma cela escura. Molly se aproximou, olhando para dentro, mas não viu ninguém. — Eu não vejo ninguém, — ela sussurrou.
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O príncipe fez uma careta, pegou a espada e bateu nas barras de ferro. Um guincho cruel e horrível vibrou contra as paredes. Não da espada, mas de um homem gritando. Uma figura agachada saiu da escuridão da cela. Ele ergueu a cabeça, o cabelo comprido e amarrado como um ninho de rato, e sorriu. Ele deu um sorriso desdentado de raiva e insanidade. — Querido príncipe, quem é essa bela donzela, — o homem cantarolou, sua voz rouca e maltratada. Velha. O príncipe deu um passo à frente. — Uma amiga. — Uma amiga, — ele repetiu, seus olhos redondos traçando sua figura. — Precisamos da sua ajuda, Saul, — o príncipe continuou e ele se aproximou. — Em troca de sua liberdade desta prisão, você deve recitar uma maldição. Saul riu sombriamente. — Uma maldição. Uma maldição do que, meu príncipe? — Um sorriso vil apareceu em seus lábios rachados e sangrando. Molly podia ouvir um som terrível e, ao olhar para o homem velho, estava convencida de que eram dentes podres se esfregando uns nos outros. Ela mal podia esperar para sair deste lugar e se afastar desse homem rápido o bastante. Ainda assim, ela respirou fundo, o cheiro fazendo seus joelhos tremerem, e falou com o bruxo. — A maldição do coração, — respondeu Molly, confiante, um toque de veneno manchado as palavras. Os olhos de lobo de Saul se estreitaram e seu alegre e louco exterior mudou para um sombrio. — Você deseja empunhar essa maldição? — Sim, — ela disse severamente e agarrou as barras, seus olhos daemon se enfurecendo enquanto Saul hesitava em sua bravura. — E eu quero que você destrua aquele demônio até que seu coração bata tão alto que todo o reino o ouça.
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Saul examinou-a novamente, com mais cuidado desta vez e cerrou os dentes. — Uma daemon. — Ele olhou para a barriga dela. — Uma daemon grávida. — Então, o que você diz? — Perguntou o príncipe, flexionando os dedos no cabo da espada. Os olhos de Saul mudaram para um tom mais escuro do mal. — Digamos que não aceitei sua proposta — disse ele, uma mão imunda disparando no ar como se tivesse uma sugestão, com os dedos se mexendo. Suas unhas eram compridas e negras de sujeira. Como se tivesse tentado sair da masmorra durante todos esses séculos. — O que você faria? — Saul disse maliciosamente. — Nenhum bruxo em sã consciência irá ajudá-lo. E o coração do seu amado estará condenado para sempre. Como ele sabia sobre ela e Tensley, ela não tinha ideia. — Há um grande poder escondido no ventre da daemon, — disse ele, unhas sujas esfregando de um lado ao outro contra os restos de seus lábios. — Saul... — o príncipe advertiu, seu aperto aumentando em torno de sua espada. — Talvez, eu queira ter um gostinho da cria, — disse ele, os olhos se concentraram na barriga de Molly. — Talvez, em troca de minha ajuda, eu queira meus dedos mágicos evocando o poder da coisa, — disse ele, falando do bebê. Molly colocou uma mão protetora sobre a barriga. — Talvez, eu queira ser alimentado pela cria, para carregar seus poderes dentro de mim. Antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa, o príncipe agarrou a camisa do bruxo em seu punho, puxado contra as barras da cela, sua espada perigosamente pressionada contra o pescoço de Saul. O sangue pingou e caiu no chão sujo de terra. — Estou cansado de esperar, Saul, — disse o príncipe ameaçadoramente. — Muito, muito cansado.
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A risada de Saul foi ouvida, mas não tinha alegria. Sem vida. — Paciência, principezinho, paciência. Viver debaixo da terra por tantos anos te ensina algumas coisas — disse ele com voz firme. O príncipe apertou ainda mais a lâmina e o bruxo engasgou, mais sangue jorrando da ferida. — Responda a questão. Agora, — ele cuspiu, raiva evidente. — Ajude-nos e seja livre. Ou fique aqui para apodrecer por mais séculos. Os olhos de Saul encontraram Molly mais uma vez, seu olhar viajando até a barriga dela. A ponta da língua saiu, lambendo os lábios secos. — Minha resposta é sim, — disse ele depois de um segundo. O príncipe assentiu, afastando-se quando mais sangue jorrou da ferida. Molly não conseguia afastar os olhos quando o bruxo cuspiu algumas palavras estranhas e a ferida em volta do pescoço começou a se curar. O príncipe limpou a garganta. — Bom. Eu virei te ver amanhã. Ao amanhecer. Se você sair da linha, me certificarei de que esses fragmentos de lábios que lhe sobrou sejam selados, para que você nunca mais possa conjurar um feitiço, e então, vou me certificar de que cada parte do seu corpo doa tanto quanto. Estamos entendidos? — Certamente, meu príncipe, — disse Saul, enquanto mais dentes podres esfregando uns contra os outros podiam ser ouvidos. O príncipe agarrou o cotovelo de Molly e puxou-a para longe da cela. Eles fizeram seu longo caminho de volta pelos corredores escuros. Mais gemidos e gritos podiam ser ouvidos. Ao se aproximarem da escada íngreme, ela parou, lembrando-se subitamente de algo que pretendia perguntar ao príncipe na noite anterior. — Espere. — Ela olhou para o corredor para cada cela que podia enxergar, muitos amontoados em pequenos espaços. — Onde está Seto? O que aconteceu com ele depois de... tudo? O príncipe olhou com raiva. — Ele foi trazido de volta para cá imediatamente depois que Fallen pegou vocês. Meu pai disse que lidaria com o traidor mais tarde — disse ele, estreitando
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os olhos. — Ah não. Não, não, pequena daemon. Não deixe sua mente divagar. Nós não temos tempo para liberar aquela escória. Molly se virou para encará-lo e sentiu uma sensação fria percorrer sua espinha e formigar seu couro cabeludo. — Eu não sairei daqui até você soltá-lo. O rosto do príncipe enrugou de raiva e ele abriu a boca, mas com a mesma rapidez, rosnou e passou por ela. — Porra. — Ela o seguiu através do labirinto escuro, sentindo como se ele estivesse levando-a a lugar nenhum até que ele parou em um canto. — Eis aqui, vossa majestade, — o príncipe estalou. — Seto? — Molly chamou enquanto corria para as barras. — Seto? Suas mãos calejadas envolveram as dela e ela viu seu rosto magro surgir de dentro das sombras. — Molly, você está viva. — Sim, — disse ela, segurando um gemido. — Mas Tensley... — ele disse, balançando a cabeça repetidamente. — Eles me trouxeram para cá imediatamente, eu não pude… eu não pude… Ela inspirou profundamente, sua cabeça caindo. — Ele está vivo, mas não é ele mesmo. As sobrancelhas escuras de Seto baixaram. — O que aconteceu? O que o rei fez? — Ele está sem coração, Seto, — Molly conseguiu dizer com uma voz trêmula. — Fallen arrancou seu coração, e então Tensley o matou. Há um novo rei agora. As mãos de Seto enfraqueceram em torno das dela. — Tensley... Tensley é o rei? Ela assentiu ferozmente. — Precisamos da sua ajuda. — Ela se virou para o príncipe que estava ao lado, olhando para a cena com impaciência. — Abra a cela. O príncipe suspirou alto, mas não discutiu. Ele usou sua chave de esqueleto e destrancou a porta. Como Seto estava com as pernas bambas, Molly passou um braço em volta do peito e ajudou-o a sair.
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Os três, os desajustados da alta corte, atravessaram o fosso escuro mais uma vez. — O que você pretende fazer? — Perguntou Seto, tossindo violentamente. Molly olhou para as escadas à frente, uma luz fraca caindo em cascata pelos degraus. — Pretendemos amaldiçoá-lo.
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CAPÍTULO 05
O porto estava lotado de comerciantes, o sol alto irradiando sobre o topo da cabeça encoberta de Molly. O cheiro da essência do oceano a rodeava e tão quente quanto se sentia sobre o manto, ela tinha que esconder sua identidade do público. Ser a esposa do novo rei não era algo que ela queria que o público soubesse. Ela não tinha ideia de como o resto do reino fora da corte se sentia a respeito da morte de Fallen, mas, pelos narizes franzidos e caretas feias, sabia que a corte não gostava dela. O príncipe avisou-a quando saíram o quão diferente a aldeia seria do palácio. Seto agarrou o cotovelo dela, fazendo-a parar enquanto a rua empoeirada, ladeada por prédios de lajes cinzentas se enchia de gente. — Não se afaste de mim. Você pode não ser oficialmente a rainha, mas é a esposa do rei. Molly assentiu, arrumando o capuz para que metade do seu rosto estivesse oculto. — Como você acha que essas pessoas se sentem sobre Fallen? Sobre a corte? Seto zombou e guiou-a através da multidão densa. — Eles respeitavam seu poder sobre eles, aceitavam, mas o temiam mesmo assim. A corte, no entanto... — começou ele, enquanto seus olhos vagavam até uma exposição de armas nas proximidades, seu vendedor gritando elogios a cada pedestre enquanto tentava convencê-los a comprar uma de suas belas espadas ou várias armas. Os olhos de Seto voltaram para os dela,
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olhos sérios, quase sombrios. — A maioria dos moradores não gosta da corte. Esses homens e mulheres são escravos para satisfazer os nobres da corte, oferecer-lhes comida... e às vezes dar-lhes poder. Seto zombou e Molly se lembrou de ouvir sobre o passado de Seto. Ele viveu uma vez entre essas pessoas. Ele era eles - uma vez um menino pobre sobrevivendo duelando aqui nessas ruas cruéis. Ele tinha visto tanto a corte como este mundo, uma rara perspectiva adquirida. Na luz do meio da tarde, Molly viu o dano claro que a masmorra e a última semana fizeram ao corpo de Seto. As feições magras, o coxear em seus passos, a pele pálida e doentia, mas sua mente, uma mente tão forte e poderosa impulsionava seu corpo fraco a continuar lutando, a continuar sobrevivendo. Ao pensar em Prim, Molly mordeu o interior de sua boca. Seto estava fazendo tudo isso por Prim. Ele continuou seguindo em frente, só para poder lutar pelo que Prim queria; Um mundo melhor. Um mundo em que as pessoas pudessem se apaixonar livremente e se casar com quem desejassem. Um mundo que não era tão restritivo com leis desnecessárias. Um mundo no qual a maior coisa que as pessoas podiam experimentar não era visto como um pecado ou uma fraqueza, mas como uma força. As bancas de frutas exibiam frutos frescos e tomates colhidos, vermelhos, grandes e suculentos. Molly observou uma mulher pegar um tomate fresco da caixa e dar uma grande mordida, os sucos e sementes escorrendo pelo queixo, mas ela não pareceu se importar. Ela sugou os nutrientes e saboreou o alimento. O porto era uma longa e reta doca alinhada com pequenos barcos que os pescadores usavam desbravar o oceano. Uma estátua erguia-se no final do cais, a figura de um homem esculpida em pedra - segurando uma espada em uma mão e a crista de uma onda na outra. — Aegaeon, ele era o Deus das águas violentas. Dizem ser um símbolo do nosso povo para protegê-los do oceano. Ele é tanto um salvador quanto um vilão, mas a maioria dos marinheiros reza para ele por uma viagem segura — Seto disse
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quando a encarou. Pelo seu tom, ela podia ouvir o quanto ele gostava de histórias, dos mitos e lendas de sua sociedade e sorriu para ele. — Acho que a maioria de nós reza, mesmo para o vilão, — disse Molly, lembrando-se de Tensley. Mulheres cantando na rua roubaram seus pensamentos e ela continuou andando ao lado de Seto. — Sobre o que elas estão cantando? — Molly não conseguia entender a língua que elas cantavam, mas era suave e surpreendente, um canto que quase soava religioso, e a maneira como elas se moviam, todas de branco, balançando seus quadris e jogando suas cabeças para o céu era hipnotizante. Ela pensou na caça em que fora jogada, em homenagem a Sonolios, o Deus do Sol, e nos vestidos e véus brancos que haviam usado para a ocasião, quão puros e imaculados pareciam. Tão inocente e convidativo. Mas quando Molly olhou para as mulheres cantando, percebeu que seus vestidos brancos estavam sujos e manchados do trabalho duro e do tempo. — Elas estão cantando a canção da besta, — Seto explicou, observando atentamente. — Sobre a forma mais pura do nosso povo, como cada homem carrega uma fera dentro dele e como respeitar a violência e a fome dentro dele. Molly estremeceu com suas palavras e a música calorosa - quase cantada como se por um grupo de sereias atraindo homens para afogá-los. Molly olhou para dois garotos vestindo farrapos chutando uma bola entre eles. Seu peito doeu ao ver suas peles sujas, a areia e a sujeira como uma segunda pele, quão minúsculos eles pareciam, quão frágeis, mas como ainda usavam sorrisos genuínos. Ela beliscou a palma da mão, impedindo-se de tocar sua própria barriga. Ver esses meninos a fez pensar em seu próprio filho. Seu coração se partiu à mera visão. — Vamos — sussurrou Seto e apontou a cabeça para uma cabana de madeira entre uma gruta de pedra, o crânio de um grande mamífero - talvez uma baleia pendurada no alto da porta. Seto abriu a grande porta e Molly entrou no quarto sombreado. Alguns homens estavam sentados ao longo de um bar
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de madeira, com o rosto vermelho, curvados enquanto se afogavam no uísque que Molly sentiu pesado no ar. — Ah, Seto, Seto, — um homem atrás do bar cumprimentou. Ele era atarracado com uma barba escura cheia escondendo a metade inferior do rosto. Molly seguiu Seto até o homem e viu quando ele se inclinou sobre o bar. — Estou procurando por suas especialidades, Rennad, — disse Seto humildemente, um brilho intenso naqueles olhos escuros. Rennad sorriu aborrecido. — Para o prazer ou dor? Molly endureceu e olhou para o bar, mas todos os homens estavam bêbados demais ou simplesmente desinteressados em sua conversa. Seto olhou de esguelha para Molly. — Dor. Rennad assentiu rapidamente e cantarolou para si mesmo. Com um movimento de seu pulso, ele começou a andar para o quarto dos fundos. Seto e Molly o seguiram para uma sala menor, mais escura que a anterior, com armários de jarros e garrafas minúsculas cheias de objetos e substâncias que ela tinha certeza de que não queria identificar. Rennad cantarolou para si mesmo, terrivelmente alto quando os dois se afastaram, observando o gigante vasculhar seus frascos. — Precisamos de um bom sedativo. Algo que derrubaria até mesmo o mais poderoso dos homens por algumas horas — acrescentou Seto depois de um segundo. O estômago de Molly caiu, mas ela sabia que era necessário. — Um sedativo, hein? — Rennad tirou alguns potes da frente e cavou a parte de trás do armário. — Ah! — Ele puxou o braço grande e virou-se para enfrentá-los, em sua mão enorme ele segurava uma pequena garrafa de líquido claro. — Mergulhe uma faca nisso e o bastardo não terá chance. Se usado em um homem forte, pode derrubá-lo por algumas horas, possivelmente alguns dias. Em um homem mais
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fraco, no entanto, — ele disse com um brilho escuro nos olhos. — Seria letal. Seto enfiou a mão no bolso e entregou sete nyxes, moedas da corte, enquanto o homem lhe entregava a garrafa. — É um prazer fazer negócios com você — disse Rennad e deu um tapinha no ombro de Seto. Seto olhou-o inexpressivamente e guardou a garrafa no bolso. — Venha, — disse Seto para Molly e eles saíram do bar, com a cabeça abaixada. Uma vez fora, Molly ouviu vozes discutindo entre si, lances de números sendo jogados de um lado para o outro. — Continue em frente, — Seto sussurrou quando ela parou para encontrar a fonte. Enquanto se moviam, ela viu uma multidão se reunindo em torno de um palco e no palco havia um pequeno grupo de mulheres mal vestidas, as roupas esfarrapadas mal escondendo sua nudez. Homens se reuniam ao redor do palco no meio da rua suja, lutando para superar o último lance e o estômago de Molly se retorceu. — Isso é doentio, — Molly sussurrou baixinho para Seto. Seto continuou a andar em frente. — É a vida fora da corte, — disse ele, a voz fria e seca. Molly não conseguia tirar os olhos das garotas, dos homens agressivos e furiosos lá embaixo, salivando como animais ao vêlas. Um homem até estendeu a mão e deslizou os dedos ao longo da panturrilha nua de uma menina. Seto agarrou o pulso de Molly antes que ela pudesse se virar. — Não se envolva. Lembre-se de a quem você está ligada. Molly rangeu os dentes. — Isso é errado, Seto. Um grito parou Seto de responder e quando Molly se virou, seus olhos encontraram uma nova garota trazida para o palco.
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Ela tropeçou, instável em suas pernas finas e machucadas e envolveu os braços ao redor de seu peito enquanto os homens gritavam e clamavam por ela. — Pela delicada flor, — o líder cantou para a multidão animada. Molly avançou, seu coração acelerando, seus pulmões encolhendo ao ponto de não poder respirar. — Seto... Seto se moveu ao lado dela. Ele não disse uma palavra, mas quando ela olhou para ele, viu a escuridão em seus olhos trêmulos e sua mandíbula se tornar rígida. Outro grito foi o suficiente para acender o estopim em Seto e ele se empurrou profundamente na multidão. — Seto! — Molly correu atrás dele, empurrando enquanto observava Seto marchar para o palco. Alguns homens xingaram ou gritaram, mas assim que Seto subiu ao palco, a multidão rugiu. — Saia do palco! — Gritou o dono da garota. Seto andou com determinação, seus olhos fixos na garota se afastando para o grupo de mulheres. Ele continuou avançando, no entanto, só parando quando chegou a ela. Sua mão subiu de onde estava ao seu lado, tremendo levemente enquanto acariciava gentilmente o ombro da garota. Ele deslizou seus cachos para o lado, revelando o pescoço dela, e a pele queimada que parecia correr ao redor de toda a sua circunferência. Molly estava na base do palco agora, seu coração batendo profundamente em seu peito. A queimadura... Alguém tentou remover a sua marca. A marca que ela recebera de Seto. Uma marca de reivindicação. Uma que um demônio dava a sua companheira.
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Molly tocou sua própria marca, tremendo ao simples pensamento da dor que tais queimaduras devem ter infligido. Se o toque a deixava de joelhos, ela não poderia imaginar... — Prim — Seto sussurrou, incrédulo. A menina tremendo, Prim, apenas olhou para seus pés, suas feições delicadas escavadas e manchadas de sujeira. O dono empurrou Seto para trás. — Saia do meu palco! Se você quiser tê-la, terá que dar um lance! Seto virou-se bruscamente, suas feições endurecidas desafiando o dono. — Ela não está à venda. O dono fez uma pausa e depois riu, enxugando o suor da cabeça careca com um pano e colocando-o de volta na camisa. — E eu sou o maldito rei da Suprema Corte, — disse ele, rindo histericamente. Alguns dos homens ao redor do palco se juntaram, o barulho alto fazendo as várias garotas encolherem de medo. O sorriso cruel do proprietário desapareceu, seu rosto ficando sério mais uma vez. — Ela é minha. Isso irritou a fera dentro de Seto e ele rosnou, dando um passo para proteger Prim de qualquer um que a olhasse. — Não, ela definitivamente não é, — Seto disparou em uma voz de aço e fogo forjados juntos. Os olhos do dono se arregalaram e ele se aproximou, com o dedo cutucando o peito de Seto, ofegando de raiva. — A cadela é minha, mendigo. Molly viu o brilho de pura raiva no rosto de Seto e ela sabia que ele mataria o homem. Ela tinha que intervir. Agora mesmo. Antes de tudo piorar. — Não, — Molly gritou e puxou o capuz para baixo, a sensação gelada ardendo atrás de seus olhos e olhou para o dono. O dono cambaleou quando pegou seus olhos. A multidão se separou como se ela fosse o próprio diabo e talvez ela fosse. Uma ameaça perigosa para o seu próprio rei,
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mesmo quando ele passeava pelo palácio a quilômetros de distância. Ela os ouviu sussurrar enquanto ficava na base do palco. — Você vai deixá-la ir, — disse Molly, nem mesmo reconhecendo sua própria voz. O dono engoliu em seco, incapaz de se mexer enquanto seus olhos o seguravam no lugar. — Essa é a esposa do rei? — Alguém sussurrou atrás dela. Molly não olhou para trás para ver quem tinha falado, ela manteve o olhar firmemente no dono. Controlando-o. — Sim, — respondeu o dono, sua voz tremendo. Quando ela soube que o dono não seria mais uma ameaça às suas intenções de levar Prim com eles, ela afastou seu olhar, seus poderes deslizando de volta para ela como uma serpente venenosa e antiga. Molly virou-se para Seto quando ele puxou e pegou Prim em seus braços enquanto descia os degraus e passava pela multidão. Molly puxou o capuz de volta para cima, mas cada pessoa a observava, um brilho cansado em seus olhos. Eles pareciam inseguros. Incertos sobre o que a esposa do rei guardava dentro de seus ossos e sangue. — Você não deveria ter feito isso, — Seto murmurou, mas seus olhos estavam focados em sua companheira em seus braços, seus dedos continuavam a acariciar seus braços machucados. — Eu-eu, — Molly fez uma pausa e engoliu em seco. — Eu acho que aquilo que sou capaz está mudando. Seto franziu a testa. — Talvez o trauma da morte e renascimento de Tensley tenha provocado essas mudanças. Molly cerrou as mãos. Ela não havia pensado nisso, mas começara logo depois que o coração de Tensley foi arrancado. Seus poderes foram desencadeados pelo trauma. Prim não se moveu, os olhos fechados com força, a respiração entrecortada e selvagem. Pelo olhar de dor em sua
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expressão, ela nem queria que Seto a tocasse. O coração de Molly se partiu pela garota que uma vez fora tão selvagem e feliz. — Onde devemos levá-la? — Molly perguntou depois que eles deixaram a cidade portuária e se aventuraram de volta pelo curto caminho até o palácio. Seto aumentou o domínio sobre Prim, certificando-se de ser particularmente gentil com ela. Ela observou seu olhar nela, a escuridão que brilhava em seus olhos desapareceu e foi substituída por pura adoração e esperança. — Para a casa de campo, — ele respondeu depois de algum tempo, puxando Prim ainda mais perto de seu peito, se tal coisa fosse mesmo possível. Molly assentiu e não disse outra palavra. Poucos minutos depois, quando passaram pela floresta, ela viu a cabana que o príncipe lhe mostrara no início do dia. A casa para onde eles levariam Tensley. Ela afastou o nervosismo e se concentrou em Prim. A casa de campo era um pequeno chalé de pedra com um telhado de terra inclinado. Quebrado e abandonado, tinha ficado sem reparos e agora estava coberto pela floresta circundante. A porta de madeira frágil abriu-se com facilidade e Seto passou por ela, entrando no quarto separado e colocando Prim na cama. A água vazava do teto, pingando em ritmo constante contra o piso sujo. Prim imediatamente se enrolou em si mesma, criando uma pequena bola protetora. Molly ficou a porta do quarto, observando Prim se encolher quando Seto tocou seu braço. Prim choramingou e balançou a cabeça, rastejando para o canto da cama, abraçando-se. Seto se abaixou de joelhos e a observou. Molly jurou que ouviu seu coração se despedaçar. — Prim, — ele sussurrou, mas ela só choramingou em troca. — Você está segura. Eu protegerei você.
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Mais uma vez, outro gemido de dor e agonia. Ele ficou ajoelhado por um longo período, observando, esperando por um único movimento de esperança. Ele passou a mão ao longo do ombro dela, sem tocá-la, mas simplesmente perto o suficiente para sentir seu calor. — Eu não vou deixar ninguém te machucar novamente, — ele murmurou. — Eu juro a você e só a você. Seto se levantou e entrou na outra sala, Molly seguindo atrás. Ele passou a mão pelo rosto e suspirou, encostando-se a uma mesa com trepadeiras crescendo em suas pernas. — Fallen mentiu — disse Molly, ainda incerta se acreditava completamente no que acabaram de descobrir. — Ela… ela não morreu. Você acha que foi ele que a vendeu? Seto engoliu em seco e sacudiu a cabeça, confuso. Ele também tinha dificuldade em acreditar nisso. Suas mãos se fecharam em punhos ao lado do corpo. — O que você acha que... aconteceu com ela? — Molly sussurrou, suas palavras uma faca torcendo em seu próprio peito. Seto olhou para o chão, uma tristeza, uma doença rastejando dentro dele. Ele balançou sua cabeça. Nenhum deles podia falar dos atos impensáveis feitos a Prim na última semana desde que Fallen a havia banido. — Tensley o matou, Seto, — disse Molly, sua mão segurando a dele. — Fallen desapareceu. Ele está morto. Seto assentiu e olhou para ela. — Eu prometo a você... vamos salvá-lo. Os olhos de Molly ficaram quentes e úmidos e ela olhou de volta para Prim, escondida no quarto ao lado deles. — Hoje à noite, — Seto disse, erguendo a cabeça. — Esta noite você domará a fera.
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CAPÍTULO 06
Os senhores sentados em frente a besta prenderam a respiração. Ele podia sentir suas incertezas, medo e também inveja. Eles queriam o trono, queriam sua cabeça em uma estaca e queriam beber pela sua vitória. Ele fechou a mão sobre a mesa em um punho de ferro. Ele podia sentir o zumbido de sua fraqueza, a picada de seu corpo, uma vez poderoso, vacilando. Seu corpo estava procurando prazer para ganhar poder, mas cada mulher que o procurava enfurecia a besta. — O período de luto dura três meses. É tradição que a corte espere para coroar o novo rei até que o período de luto termine, — Lilith falou, sentada ao lado dele. Ela continuou se inclinando e sussurrando o que achava de cada palavra pronunciada pelos senhores como se acreditasse que a besta valorizava suas opiniões. Ele não o fez. Ele simplesmente a ignorava e cada vez que ela tentava tocá-lo - um roçar de coxa contra a dele, os dedos roçando seu antebraço - ele a afastava e rosnava baixo. — Uma vez que você seja coroado rei, — Lilith começou e ele viu o fogo em seus olhos brilhar, animada com a ideia de ele ser rei. — Discutiremos uma casa conjunta. — Uma casa conjunta minha senhora? — Perguntou um senhor, com suas feições escondidas por uma barba indisciplinada.
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— Sim. — Ela assentiu bruscamente e sua voz não deu espaço para mais discussão. — Vou agir como sua rainha. A besta assobiou baixinho. — Não. A sala inteira ficou em silêncio e Lilith se virou para ele, as sobrancelhas franzidas. — Não, — a besta estalou, a palavra mais cruel do que ele esperava que fosse, mas impulsionada por suas emoções. — Não? — Lilith perguntou, rindo baixinho como se a fera estivesse delirando. — Eu sou a única mulher adequada para ser uma rainha. Eu sou uma rainha, — ela acrescentou, colocando ênfase na última parte. Então seus olhos ficaram frios, calculistas, o sorriso de uma víbora tomando conta de sua boca. — O que você imaginou, vossa majestade? — Ela perguntou, rindo novamente, o som deveria ser sensual, mas isso só fez os dentes da fera ranger agressivamente. — Você achou que sua pequena esposa seria rainha? Que ela iria reinar ao seu lado? Sobre uma corte e um mundo cheio de demônios? Imaginei o nosso rei cruel, não ingênuo e conduzido por uma puta. — Alguns senhores se juntaram ao riso de Lilith e a vitória brilhou em seus olhos. A besta agarrou a mesa de madeira diante dele, a madeira quebrando sob o seu aperto, o som ecoando pela sala como uma tempestade negra. Ele podia estar enfraquecido pela falta de afeição que vinha recebendo, mas não ia deixar que essa corte achasse que poderia enganá-lo. Conquistá-lo. Menosprezá-lo. Ele havia conquistado Fallen. Ele era o rei. E ele esmagaria esta corte cheia de cobras em nada se eles achassem que poderiam controlá-lo. A besta rosnou, o som tão violento que os senhores pararam de rir imediatamente. Eles conheciam uma fera imprevisível e perigosa quando viam uma, e se quisessem sair da sala com vida, teriam que pisar com cuidado. Apenas Lilith foi corajosa o suficiente para manter seu sorriso malicioso.
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— Receio que ninguém tenha explicado nossos costumes, meu rei. Na verdade, tudo aconteceu tão rapidamente, a morte do meu marido, que não tivemos tempo. Mas você é um estranho afinal. Então talvez devêssemos esclarecer algumas coisas aqui e agora; Nenhuma prostituta ou garotinha pudica nesta corte podem destronar-me. Eu sou a rainha. Eu nasci uma rainha. E vou morrer rainha. Alguns senhores acenaram com a cabeça em concordância, um deles, parecendo mais novo que os outros na sala, levantou-se. O senhor estava tentando parecer corajoso e forte, mas não enganou a ninguém, o gosto doce de seu medo pesava em todas as línguas. A besta respirou com a lentidão de um predador prestes a atacar, o pescoço estralando em preparação. Ele esperou. Esperou pelo que sabia que estava por vir. Um gostinho de satisfação chegaria finalmente. O alívio e liberação que ele estava precisando desesperadamente. Talvez não fosse o suficiente para satisfazer as necessidades da fera, mas certamente às apaziguaria por um tempo. Ou então ele esperava. O senhor respirou fundo e abriu a boca lentamente para falar. — A rainha não tem sido nada além de fiel à coroa e uma forte parceira de nosso falecido rei, Fallen. Talvez, se o novo rei não concordar com esses termos, a corte deva considerar a possibilidade de retirar os direitos, e escolher a própria rainha Lilith como única líder desta corte, — disse ele, enquanto suas mãos tremiam ligeiramente. Lilith ofereceu ao rapaz um aceno encorajador acompanhado de um sorriso secreto. O tipo de sorriso que alguém oferecia a um amante, a pessoa com quem compartilhavam momentos íntimos. Mas a besta estava longe demais para analisar os detalhes. Tudo o que ele podia ouvir eram as palavras da rainha seguidas pelas do senhor.
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Sua mandíbula enrijeceu. Ele piscou duas vezes. E bem quando o jovem senhor estava prestes a sentar, respirando trêmulo enquanto pensava estar a salvo da ira da besta; todo o inferno se abriu e a fera foi liberada.
Tensley desceu pelos corredores brancos reluzentes. Esses homens eram fracos. Eles acompanhavam o fluxo de poder e se estavam do lado de Lilith, não tinham nenhuma serventia para ele. Ele os destruiria antes que tentassem destroná-lo. Poder era como uma droga, uma necessidade tão potente que deixava a fera doida. Ele ansiava tanto quanto ansiava por sexo. O agradava, arruinava e lhe trazia força suprema. Assim que ele virou a esquina, viu um grupo de senhoras conversando entre si nos jardins. — Onde está minha daemon? — Perguntou quando se aproximou e as senhoras congelaram, suas feições ficando pálidas ao ver o vermelho em sua camisa branca. — Meu... meu senhor, — uma menina sussurrou, suas mãos tremendo. — Eu não sei. Ele olhou para cada uma das meninas e cada uma baixou a cabeça em submissão. Ele se virou, pronto para procurá-la ao redor do castelo quando uma garota falou. — Eu a vi. Ontem de manhã com o príncipe, sua majestade, — disse ela. Ele fez uma pausa, sua raiva surgindo em ondas ao pensar nela passando um tempo sozinha com outro homem. Especialmente o príncipe. — Ela foi até os seus aposentos... — ela acrescentou hesitante. A besta arranhou dentro dele e antes que pudesse causar algum dano, ele marchou. Ela estava com outro homem. Tanto
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quanto a fera queria acreditar que ela era fiel a ele, isso o deixava louco de ciúmes. Cada mulher que ele via o revoltava - ele só queria uma, e ela estava passando tempo com o príncipe. Ele rosnou de raiva, com raiva, porque mesmo sem o maldito coração batendo em seu peito, ela ainda controlava a fera.
***
A água quente engoliu Molly e ela fechou os olhos com força. Esta noite, ela o condenaria. Esta noite, ela lhe rogaria com uma maldição que faria crescer um coração ou acabaria terrivelmente, terrivelmente errado. Suas mãos tremiam e ela as abriu sob a água aquecida, deixando-as descansar na banheira. Ela rolou o pescoço para trás e suspirou. E assim, o calor estava consumindo-a novamente, enquanto a dor profunda de sua barriga aumentava. Os desejos não eram tão regulares ou frequentes como antes, mas ela ainda ansiava pelo toque dele. Ansiava pelas mãos dele em seu corpo. E assim, na privacidade do banheiro, Molly fechou os olhos e imaginou as grandes mãos calejadas do marido. Tão exausta, tão esgotada, suas coxas apertaram-se firmemente em uma tentativa fracassada de acalmar a dor. Ela viu seus lábios cheios puxados no raro sorriso que ele compartilhava só com ela - apenas para ela, e seus músculos salientes flexionando enquanto ele se movia. Quando suas mãos alisaram seu estômago, ela imaginou as dele poderosas. Acariciando, procurando, explorando as curvas de seu corpo. E quando seus grandes dedos alcançaram suas dobras e as acariciaram preguiçosamente, com lentidão tortuosa sob a água, ela suspirou em profundo prazer. Às vezes, ele gostava de amá-la brutalmente. Ele fodia duro e rápido. Deixando sua besta sair para brincar, e dando-lhe um
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sabor de sua verdadeira essência. E quando ele fez, ela sempre amou cada segundo disso. E outras vezes, ele gostava de adorar o corpo dela como se fosse seu templo. Como se ela fosse sua rainha e ele tivesse que servi-la a todo custo. Naquela época, ele gostava de ir devagar e profundamente, aproveitando o tempo para descobrir cada centímetro de pele que ainda não beijara. Ainda não amara. E ela amava tanto esses momentos. Cada golpe agitava as brasas profundamente dentro dela e ela respirou pesadamente. Uma mão tocou seu seio exposto, metade fora da água e ela mordeu o lábio inferior. Mais profundos os golpes se tornaram e ela manteve os olhos fechados, querendo imaginar que eram suas mãos trabalhando-a para o prazer. — Tensley, — ela gemeu profundamente, o som quase áspero quando passou pela barreira de seus lábios. Seus dedos trabalharam mais fundo, mais rápido, a água espirrando e ela sentiu seu orgasmo perto, tão perto - até que ouviu um rosnado baixo e sensual vindo de trás dela e seus olhos se abriram enquanto seus dedos diminuíam a velocidade. Sua cabeça virou, olhando para trás, de onde o som tinha vindo. E lá, nas sombras do banheiro grande e mal iluminado, estava seu marido. Seu olhar encapuzado congelou seu toque e ela sentiu seu corpo deslizar mais para dentro da água. Mesmo assim, ela sabia que ele podia ver tudo. Seus seios se eriçaram como montanhas, a água se acumulava ao redor deles, e sua mão ainda segurava seu sexo. Corada e chocada, ela tentou retirar a mão. — Não, — ele sussurrou, ecoando ruidosamente contra o teto alto.
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Molly ficou quieta mais uma vez e ela não conseguia desviar o olhar dele. Seu peito arfava, suas narinas dilataram e aquela escuridão em seus olhos ia direto para o núcleo dela. Ele a queria. Seriamente. Mas tudo o que ele fez foi atravessar a sala com passos poderosos até chegar à parede oposta e se inclinar casualmente contra ela. Ele estava bem na frente dela agora. Observando cada movimento enquanto sua língua lambia seu lábio inferior muito lentamente. Seus olhos a devoraram preguiçosamente como se nada mais importasse. Eles começaram em seus olhos, o olhar dele a fez estremecer, seus mamilos apertando dolorosamente. Então eles viajaram até a garganta com o colarinho, um grunhido possessivo escapando de seus próprios lábios à visão. Depois seguiram o caminho até seus seios, e só pelo seu olhar, ela poderia dizer todas as coisas que ele queria fazer com eles. Lentamente, eles deixaram seus seios e encontrou seu estômago, o pequeno solavanco lembrando a ambos o produto do amor que eles compartilhavam. Crescendo dentro dela, protegido e acarinhado pelo corpo macio de uma mulher. E finalmente; seus olhos alcançaram o centro de seu prazer e ela se sentiu enrijecer com desejo, profundamente dentro. Ela ansiava pela fera e ele também ansiava por ela. Suas pernas estavam abertas, sua posição escondendo nada de sua visão. Ela não se importou. Assim que ela viu o prazer e a necessidade piscar em seus olhos, ela parou de se importar. Não havia nada para se envergonhar. O olhar que ele estava lhe dando a fez se sentir poderosa. Desejável. Pecaminosa. Mas o pecado nunca pareceu tão bom.
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O fogo ardia profundamente dentro dela, o prazer pulsava entre suas pernas e, com os olhos agora firmemente sobre ela, inabaláveis, observando, levava tudo a novas alturas. Ela gemeu tão profundamente que foi quase imperceptível. Mas ele ouviu, e suas narinas se alargaram, olhos consumidos pela escuridão e necessidade. Suas mãos fechavam e abriam ao lado dele e foi quando ela notou a grande protuberância em suas calças. — Você não quer que eu pare? — Ela perguntou, arrastando os olhos de sua ereção de volta para o rosto sombreado dele. Ele mostrou os dentes, estreitando os olhos. — Não Ela estava curiosa... de quanto poder ela tinha sobre ele. Ela queria provocá-lo, como ele a havia insultado. — Isso é uma ordem, meu rei? Sua testa franziu profundamente. — Sim. Então ela obedeceu seu comando com um sorriso suave e acariciou mais profundamente, arqueando as costas para que seus seios estivessem à vista para ele. — Eu te agrado? — Ela respirou, encontrando seus olhos. Ele olhou para ela, seus olhos arrastando através de cada parte dela, mas sempre voltando para suas feições. — Eu agrado meu rei do jeito que deveria? Da maneira que prometi quando casei com você — acrescentou ela no mesmo tom sensual, com os olhos meio fechados de prazer. — Estou pronta para desnudar meu corpo para ele - seu precioso templo, seu reconfortante calor da noite e pedaço de gelo cruel. Obediência e paciência será meu juramento, carregando seu poder infernal no meu ventre — disse ela, repetindo os votos de casamento que havia recitado há apenas alguns dias, enquanto sua mão continuava acariciando profundamente. Ele grunhiu uma vez e ela tomou isso como um sim.
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Ela rolou a cabeça para trás, seus cachos úmidos caindo sobre um dos seios. Sua pele estava rosa do calor do banho. Ela gemeu quando tocou seu clitóris e encontrou seus olhos. — Você se lembra do meu gosto? Suas narinas se alargaram, seu olhar fixo na mão dela entre suas coxas. Suas poderosas mãos tremiam enquanto fechadas em punhos. — Você se lembra como se sentiu quando me tocou? Com um dedo... com dois? — Ela sorriu suavemente para ele, para a fúria que lutava abaixo da superfície. — Você se lembra de como eu era apertada? Qual a sensação quando me apertava em torno de você? Ele rosnou de volta para ela, mas ela apenas sorriu em retorno e fechou os olhos. — Oh Tensley, — ela sussurrou, o calor se espalhando, o calor devorando razão e medo, e isso a levou. Levou-a em ondas e ela gritou, a água respingando quando estremeceu de prazer. Depois que passou, ela relaxou no calor e olhou para ele, cansada. Ele não se moveu, mas sua mandíbula estava cerrada e ele não desviou o olhar dela. — Você se lembra de alguma coisa? — Ela sussurrou, a água logo abaixo do lábio inferior agora quando ela afundou novamente. Ele olhou para ela, os olhos ficando frios e duros. Não havia mais prazer neles e isso a deixava desconfortável. Talvez ela o tenha pressionado demais, rápido demais. Ela suspirou e ele rosnou com raiva. — A festa é daqui a uma hora. Você vai sentar ao meu lado e comer apenas da minha mão. Isso também é uma ordem — ele retrucou. Com isso, ele partiu, saindo do banheiro e deixando-a sozinha.
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O calor havia deixado seu corpo agora. Esta noite, lembrou a si mesma, esta noite ela o amaldiçoaria para lembrar.
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CAPÍTULO 07
Molly olhava seu rei, seu marido, sentado em seu trono, observando a corte mordiscando sua comida. Cada vez que olhava para ele, ela lembrava de horas atrás, quando se levou ao orgasmo e ele a observou. Ela afastou esses pensamentos. A hora era agora. A hora de amaldiçoar a fera e trazer de volta o homem. A hora de trazer de volta seu coração. As mãos de Molly se contorceram sob a grande mesa, seu coração seguindo atrás. Isso funcionaria ou destruiria seu marido. Ela tinha que provocar a besta, levá-lo a raiva e insanidade para ter sucesso, o que era perigoso por si só. Ele não vai me machucar. Isto era a menor das suas preocupações. O que mais a preocupava era que ele descobrisse o plano deles. Lilith se inclinou para perto de Tensley, a parte de cima de seus seios expostos se ele baixasse seus olhos, mas ele manteve o olhar à frente. Seu brutal olhar de morte que enviou qualquer alvo em um frenesi de terror. Em toda parte, que Molly via Tensley, Lilith não estava muito longe. Ela sabia exatamente o que Lilith estava fazendo, ou
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tentando fazer. Ela estava tentando enfiar suas garras profundamente para ganhar controle sobre Tensley, para usá-lo como queria usar seu próprio filho. Durante toda a refeição, Tensley não olhou para Molly ou sequer tocou em sua comida. Ele era simplesmente uma estátua de indiferença, mas ela notou o modo como as mãos apertavam suas coxas, o modo como seus olhos varriam a multidão, ele estava maquinando alguma coisa. Um copo tilintou e Molly se virou para ver o príncipe do outro lado de Lilith, de pé, com uma taça clara na mão. — Um brinde, — disse o príncipe, a multidão silenciando. Ele levantou a taça, a cabeça inclinada para baixo, mas seus olhos queimavam com intensidade. Tensley observou-o, sem mudar de expressão. Os olhos do príncipe dispararam para os de Molly e ele sorriu. — A nossa linda rainha. Molly empalideceu. Ela ouviu os dentes de Tensley ranger um contra o outro e viu suas mãos cerradas tremerem. Irritar a besta agora não fazia parte do plano. O príncipe acenou para ela, aquele sorriso irritante ainda brincando em seus lábios e tomou sua bebida. Ele bebeu em um só gole e partiu. Sua saída. A dela seria agora. A multidão murmurou, mas retornou a suas refeições, a música elevando na noite fria. — Vou me recolher mais cedo, — anunciou Molly, enquanto se levantava da cadeira. A cabeça de Tensley virou tão rápido que ela jurou ter ouvido os ossos estalarem. Ele não se mexeu do assento e ela continuou descendo os poucos degraus até o piso nivelado. Cada passo, ela rezava baixinho que ele a seguisse. Uma vez que ela atravessou o corredor para o resto do palácio, ela acelerou o ritmo e se concentrou na varanda. O ar fresco da noite assaltou suas bochechas coradas, nenhum som de vida na escuridão em torno do palácio. Quando ela
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desapareceu no pátio, ela desceu os degraus e pisou na grama verde fresca. A floresta na frente dela provocou seus medos e memórias. — Molly, — aquela voz firme, masculina envolveu sua garganta e ela olhou por cima do ombro nu. Tensley estava alguns metros atrás, as mãos cerradas ao lado dele. Suas sobrancelhas franzidas. — O que você está fazendo aqui fora? Molly respirou fundo. O príncipe estava certo. A fera de Tensley ainda era possessiva, ainda precisava dela perto e sob o polegar. Essa necessidade seria sua queda e a vantagem dela. — Um passeio na floresta, — disse Molly, retirando os sapatos, deixando as solas dos seus pés beijarem a grama gelada. A brisa soprou seu vestido de chiffon, o tecido envolvendo suas coxas. Um arrepio espalhou-se por seus braços nus. — Entre, — ele disse e ela pôde, pela primeira vez, vê-lo tentar controlar sua raiva. Ela deu um pequeno passo para trás e inclinou a cabeça para o lado. Sua mandíbula enrijeceu. — Não teste minha paciência. — Se você conseguir me pegar, — Molly sussurrou, levantando o vestido. — Então pode me ter. Seu peito arfava, lento e duro, e suas narinas dilataram. — Você quer brincar com a besta, esposa? — Ele avançou, seu corpo uma parede de aço e poder, facilmente capaz de segurá-la. Um arrepio de medo e uma promessa aterrorizadora percorreu sua espinha. — Quando eu te pegar, vou mais do que tê-la. — Aqueles olhos tempestuosos escureceram, um trovão violento assumindo. — Corra, antes que eu afunde meus dentes em você novamente. Ela não perdeu um segundo. Ela correu, seu pulso acelerando quando sentiu seus passos não muito atrás dela.
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Ela mergulhou na floresta, desceu o único caminho visível, afastando galhos dispersos em seu caminho. E ele estava muito perto, fazendo o cabelo da sua nuca arrepiar. Os galhos arranharam seus braços, rasgando sua pele. Seu vestido rasgado e emaranhado. Ela havia memorizado o caminho, mas o medo nublou sua mente. Ela não podia esquecer, ela não podia perder o foco. Não deixe o medo vencer. Insetos zumbiram e o silvo baixo de Tensley a cercou. Ela empurrou um galho para trás e viu o chalé minúsculo. Ela se moveu, empurrando mais galhos para fora do caminho e correu para a clareira. Mais alguns metros, só mais alguns metros. Duas mãos poderosas apertaram seus braços e a giraram em seus braços. Ela ofegou em voz alta, olhando para o marido. Sua testa estava franzida em uma carranca cruel, e ele agarrou seu queixo, forçando-a a olhar para ele. — Não fuja de mim. Isso me deixa louco. — Tensley... — Ela tentou olhar para trás para a cabana, mas seu aperto aumentou. Ela olhou para sua escuridão, para a raiva fumegante e acalmou-se. — Eu obedecerei, meu senhor. — Seus dedos alisaram o antebraço dele, sobre cicatrizes sulcadas e pele beijada pelo sol. Ela enganchou seus dedos entre os dois grandes dele e puxou gentilmente. As sombras brincavam ao longo de suas feições esculpidas, o rosto de um anjo, mas não havia nada de sagrado nele. — Eu ouvi rumores, de você passando tempo com o príncipe, — ele sussurrou, arrastando um dedo sobre o lábio inferior. — Nada aconteceu, — ela disse. Ela engoliu em seco o calor dos olhos dele queimando sua pele. Mesmo como a besta, ela ainda o desejava. — Eu juro.
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Ele riu sombriamente. — Porque você sabe que só eu posso satisfazê-la. Nenhum outro homem pode te deixar molhada e excitada comigo por perto. — Ele se aproximou, invadindo, e respirou contra sua bochecha, seus lábios roçando a pele ali. Ela virou a cabeça, suas bocas se tocando - tão perto, tão perto de sucumbir à sua voz perversa e ela deixou sua própria respiração se enroscar com a dele. — Eu tenho o mesmo poder sobre você. Um grunhido excitante deixou sua boca cheia de pecado e poder, e ele a pegou. — Agora que peguei você, tenho que tê-la, — ele rosnou, e antes que ela pudesse recuperar o fôlego, ele o roubou e se moveu com facilidade para a cabana. O coração de Molly bateu contra suas costelas. Seus lábios pareciam os mesmos, assim como suas grandes mãos amassando seu traseiro, mas não era ele. Com um braço, ele a segurou contra ele e usou o livre para abrir a porta de madeira desgastada. Seu braço varreu qualquer coisa deixada sobre uma mesa de carvalho para o chão da cabana e ele a deitou, acomodando-se entre suas coxas abertas. Seus olhos escuros foram para a garganta dela e sua mão deslizou por sua clavícula, envolvendo seu pescoço trêmulo. O colarinho de Molly formigava, zumbindo sob o toque letal dele. — Você me provocou esta noite. Naquela água, me provocando com seus dedos, com seu corpo lindo e pecaminoso. Não me provoque... — Tensley grunhiu de dor, arqueando as costas, protegendo-a imediatamente, com um braço de cada lado da sua cabeça. As veias do pescoço dele incharam e Molly notou a adaga cravada em seu ombro. Molly ficou quieta embaixo dele e se preparou. Ela viu o lampejo de raiva, a ira em seus olhos escuros, mas ele se virou, lançando o braço para o príncipe. O caos irrompeu no pequeno chalé escuro. A terra tremeu, os rugidos dos dois animais ecoando contra as paredes finas.
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Tensley atingiu o peito do príncipe com o punho pesado, mas Molly notou quando ele abrandou, quando seus braços ficaram fracos e quando Seto emergiu da escuridão, os dois homens o venceram. — O que você fez? — Perguntou Molly, nervosa, enquanto o príncipe levava o corpo enfraquecido de Tensley para o canto. Ele o arrastou para uma cadeira de carvalho velha e começou a prendê-lo com correntes grossas. Elas tilintavam com cada puxão e aperto. Seto puxou a adaga do ombro de Tensley e jogou-a de lado. — Aquele sedativo, — disse Saul, relaxando em um canto escuro da pequena cabana. Ele usava um manto que o príncipe lhe dera naquela manhã, enquanto escoltava o feiticeiro ao chalé. Molly arrumou o vestido e ficou de pé, observando a cabeça inclinada de Tensley. — Seus bastardos, — ele ofegou enquanto o sedativo o enfraquecia. — Três bastardos e sua cadela, — disse o príncipe, sorrindo, mas Molly deu-lhe um olhar duro. Tensley grunhiu em resposta. Ele jogou a cabeça para trás e lutou contra as correntes. — Está tudo pronto? — Molly olhou para Saul. — Temos que nos apressar antes que alguém descubra que ele sumiu. Saul lambeu os lábios rachados. Um tique nervoso que Molly percebera. Ele exibiu o livro que o príncipe havia encontrado e uma pequena pedra. — Aqui. Para o coração dele. Eu abençoei isso. Molly pegou a pedra, sentindo sua suavidade e as pequenas cristas. Ela pressionou contra o peito, respirando fundo para se acalmar. — Vamos começar? — O príncipe perguntou, recuando, deslizando uma adaga em sua mão. Eles tinham repassado o cântico, sobre o que deveria ser feito, mas seu corpo ainda tremia ao pensar no que estavam prestes a fazer. O príncipe avançou para Tensley, mas Molly entrou em seu caminho.
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— Deixe-me, — disse ela, levantando a mão. Ele levantou uma sobrancelha, cheio de arrogância. — Você tem certeza? Não quero que você suje as mãos delicadas com o sangue do rei. Seto assentiu, de pé ao lado do príncipe. — Pode ser demais para você, minha senhora. Ela olhou com raiva para o tom condescendente do príncipe e sacudiu a mão dela uma vez. — Sangue não vai me impedir de salvá-lo. Ele hesitou, depois suspirou, colocando a adaga na mão dela. Ela respirou trêmula, virando-se para encarar o demônio fumegante acorrentado à cadeira. Ela se perguntou se até mesmo o chão de terra iria segurá-lo. Aqueles olhos escuros e mortais perfuraram os dela, um aviso, uma maldição sobre ela quando se aproximou, a adaga ao seu lado. — Tudo o que você acha que é capaz, pense novamente, dolceza, — ele sussurrou baixinho. — Você me esfaqueou uma vez antes, lembra? — E suas palavras cravaram profundamente dentro de seu próprio peito. Seu coração encolhendo de dor. Mesmo que o homem a tivesse esquecido, a besta claramente não tinha. Ela não podia culpá-lo. E ela estava prestes a fazer isso de novo. Mas desta vez, ela não estava fazendo isso porque estava com medo, ou porque o odiava. Ela estava fazendo isso por amor. Para salvá-lo. Ela não iria, não podia deixar a besta fazê-la mudar de ideia. Molly parou na frente dele, cabeça erguida, coração no meio de uma guerra, e sua respiração dura e selvagem. — Eu sou mais do que capaz de te amaldiçoar, — Molly advertiu, e ela notou o brilho em seus olhos. Ela ignorou, ignorou a dor que sentiu ao pensar em ferir Tensley mais uma vez, besta ou não, e rasgou sua camisa aberta, expondo seu peito com cicatrizes e músculos. — Comece, — o príncipe ordenou a Saul.
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Saul começou a cantar em uma língua que ela não entendia e Tensley olhou para o bruxo. — O que diabos ele está fazendo? — Ele rosnou ferozmente, o som não tão poderoso como teria sido, se ele não tivesse sido sedado. Molly colocou a pedra no chão ao lado dela e firmou a adaga na outra mão. Quando ela posicionou-a contra onde seu coração deveria estar, traçando a ferida recém curada da mão de Fallen perfurando seu peito, Tensley transformou-se em aço. E a luz brilhou através de seus olhos. Por fim, ele entendeu por que todos estavam reunidos ali. O que eles pretendiam fazer. — Se você deseja manter a sua mão, desista, — resmungou Tensley, sua voz contendo tanta violência que seu corpo quase cedeu ao que ele pediu por medo. Mas não o fez. Ela tinha que ser forte. Por ele. Pelo filho deles. Ela tinha que ser forte. — Fique parado, — ela avisou, segurando o ombro dele, mas não ajudou muito. Ele se contorceu contra as correntes, tentando se libertar. O cântico ficou mais alto. — Ele é muito forte, — retrucou Seto. O príncipe praguejou e ele e Seto correram para trás da cadeira, agarrando os pulsos amarrados de Tensley. — Seja rápida. Eles estavam brincando com a morte e ela sabia das consequências.
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Molly respirou profundamente e olhou nos olhos escuros. — Eu te amo. E então ela perfurou o peito dele.
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CAPÍTULO 08
Ele assobiou de dor, toda a sua estrutura tremendo enquanto ela cortava cada vez mais e mais profundo. Oh Deus! O sangue quente revestia as pontas dos dedos, escorrendo pelos pulsos dela. Ela mexeu a adaga, criando espaço suficiente e tateou no chão ao lado dela, lutando para encontrar a pedra. Ela parou - o punho de couro pesando em seu pulso, o enorme peso da culpa sobre esfaquear o amor de sua vida, recordando aquele dia terrível. Meses antes, para o dia em que ela o esfaqueou nas costas para salvar os dois, para salvá-la de se amarrar ao demônio. Ainda assim, ela acabou se ligando ao homem que amava. O homem que ela acabou perdendo. O ódio nadou em suas veias e seu estômago despencou. Aqui estava ela novamente com uma adaga no peito de Tensley. Não. Ela balançou a cabeça. Ela precisava fazer isso para salvá-lo. Ela estava machucando-o porque o amava o suficiente. Ela agarrou a pedra e removeu a adaga, empurrando a pedra onde seu coração deveria estar. — Como você pôde fazer isso comigo? — Tensley cuspiu, seu rosto vermelho puro, as veias do pescoço inchadas.
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Tudo o que Molly ouviu foi o cântico em uma língua estranha e seu sangue correndo para a cabeça e depois outra batida. Um batimento cardíaco. O buraco no peito de Tensley brilhou na escuridão e ela viu suas veias contraindo e vibrando em seu peito e antebraços. Tensley rugiu, a cabeça jogada para trás, a garganta contraindo-se, as mãos ficando brancas enquanto ele agarrava os braços da cadeira. A mera imagem dele em dor absoluta quase a deixou de joelhos e ela pressionou a mão em seu antebraço. Ela sabia que força fervia sob sua pele. Uma sagrada e cruel. Sua mandíbula estalou e ele tentou atacar, mas as correntes o prenderam. Saul gritou, cada vez mais alto, e Tensley grunhiu, seu corpo recuando, contorcendo-se de dor e horror. Não era natural. Sua pele ficou vermelha, a raiva, o sangue correndo para a cabeça. Ele cuspiu, fumegou e xingou repetidamente. — Você não pode me domar, — ele rosnou, seus olhos tempestuosos penetrando profundamente nos dela. — É uma maldição, — Molly sussurrou e suas sobrancelhas escuras caíram em uma carranca. — Uma maldição do coração. Seu nariz enrugou e ele mostrou os dentes, mas antes que ele pudesse rugir de novo, se encheu de dor e se dobrou. Um barulho devastador deixou seus lábios e ela apertou seu peito. — O que está acontecendo? — O coração está crescendo, — disse o príncipe, circulando em torno de Tensley, examinando-o. — Seu corpo está tentando rejeitá-lo, mas o cântico é muito forte. Seto ainda segurava os ombros de Tensley, mantendo-o no lugar com uma carranca de determinação.
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Tensley gritou, debatendo-se contra as correntes, o corpo arqueando-se da cadeira, mas sem sucesso para se libertar. Ele se tornou selvagem, como um animal, mordendo o ar, rosnando. Sua besta totalmente desperta, lutando totalmente contra o coração que crescia por dentro. A cadeira gemeu sob a força, sob o impacto do corpo tremendo de dor e raiva. O cântico aumentou. Cruel e violento, e só visava a dor aumentando no corpo de Tensley. Ele estava tentando rejeitar o coração. A cadeira balançou, o peito de Tensley elevou-se agressivamente, e um grito estrangulado ecoou no quarto. Molly mordeu o interior da boca e levou a mão aos lábios. Quando ela foi tocá-lo, ele se debateu ainda mais e rosnou para ela. — Não toque nele, ele é imprevisível, — o príncipe advertiu. Molly olhou de volta para Saul; Hipnotizado por seu cântico, seus olhos focados na página e suas mãos tremendo enquanto segurava o livro. Como um homem possuído. — Quanto tempo mais? O príncipe bufou. — Está apenas começando. Molly pressionou o punho contra a têmpora e voltou-se para o demônio tremendo. — Você o quer de volta, depois lide com a dor dele, — disse o príncipe, cruzando os braços e encostando-se à mesa. Molly olhou para ele e sentou-se ao lado de Tensley, as mãos alisando ao longo de seus antebraços. Ele se debateu, tentando escapar do toque dela, mas não tinha para onde ir. — Shush, está tudo bem, — ela murmurou, odiando como sua voz tremia. Tensley mostrou os dentes para ela e se debateu.
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Ela passou um dedo ao longo do suor que se formava no topo de sua testa franzida e beijou sua mão flexionada. — Volte para mim, — disse ela, algumas lágrimas escapando dos cantos dos olhos. — Volte para o nosso filho, Tensley. Volte para nós. O demônio se revoltou contra seu toque, contra suas palavras e cuspiu. O sangue fervilhou de seus lábios e seu coração se apertou. A vermelhidão verteu por seus lábios trêmulos e pelas coxas. — O que está acontecendo? — Ela perguntou, com a voz cheia de pânico. O príncipe correu e levantou a cabeça fraca de Tensley. — O corpo dele está rejeitando, está pulsando dentro dele, tentando se segurar, mas é estranho e seu corpo está tentando destruí-lo. — Molly olhou para o rosto sério do príncipe. — E está destruindo-o junto com ele. Molly piscou as lágrimas e agarrou as bochechas quentes de Tensley. — Não, — ela gritou. — Não. Isso não pode estar acontecendo. — Ela ofegou em puro medo e dor, seu coração batendo frenético. — Tensley, — ela gritou novamente, sacudindo-o. Mas nenhuma resposta veio. O corpo de Tensley ficou rígido e Molly ainda sentia seu peito. Suas mãos tremiam. — Tensley — sussurrou ela, as lágrimas sufocando-a. — Ele não está respirando. O príncipe inclinou a cabeça e beijou o polegar, um símbolo para abençoar os mortos. Molly soltou um grito e correu os dedos pelas bochechas coradas, sentindo a barba áspera, a maciez de seus lábios... — Molly, — aqueles lábios murmuraram. Molly congelou. Aqueles olhos se abriram, crescendo para um cinza tempestuoso - tão familiar, que ela não conseguia falar. Aqueles olhos se voltaram para ela e através dos lábios ensanguentados, ele falou pelo que pareceram séculos desde que ela ouviu pela última vez o seu tom rouco e sombrio. — Molly...
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— Tensley, — ela engasgou novamente em choque, os dedos se espalhando por suas bochechas, aproximando-se. — Tensley, tudo bem, tudo bem. Eu estou aqui. — As lágrimas escorriam por seu rosto e ela deu um beijo em seus lábios, não se importando com o sangue. Ele parecia fraco, tão atordoado quando seus olhos a beberam. — Dolcezza. Ela engasgou com um grito e abriu as mãos sobre o peito dele, sentindo a batida fraca de seu novo coração. Tão fraco que os deuses não escutariam. Ele lambeu uma lágrima em sua bochecha e ela estremeceu de prazer e conforto. — Dolcezza, — ele murmurou novamente, aquele sotaque italiano à sua voz viciante. Ela passou os dedos pelos cabelos dele e beijou as pálpebras semicerradas, os cílios negros tão escuros contra as bochechas bronzeadas. — Não me deixe, — ela sussurrou de volta. — Dolcezza, — sua voz ficou mais fraca. Ela sentiu a cabeça dele cair, e ela se sentou, olhando para os olhos fechados dele. Freneticamente, ela pressionou a mão no peito dele, o buraco ainda aberto e sangrando. Sem batida. Nada, mas um peito vazio. Ele tossiu, mais sangue jorrando. — Não, não, não! — Ela segurou seu rosto e tentou despertá-lo de seu sono, mas nada funcionou. — É demais para ele, ele vai morrer! O cântico trovejou em seus ouvidos. Ela se levantou e olhou para Saul. Um sorriso assombroso entrelaçou seus lábios rachados e sem pensar duas vezes, ela sentiu a familiar sensação gelada por trás de seus olhos. Molly marchou em direção a ele e com um aperto de morte em torno de sua garganta, esmagou-o.
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O cântico parou. Saul engasgou, sangue saindo de sua boca quando ele desabou no chão. — Sua liberdade, — declarou o príncipe, em pé acima do bruxo morrendo. Tensley caiu em sua cadeira, as correntes a única coisa que o segurava e Molly começou a desamarrá-lo. — Ele está muito fraco, — Seto sussurrou e começou a soltar os braços. — Precisamos levá-lo de volta ao palácio, — disse Molly, desamarrando seus pulsos. Ao ver os vergões em seus pulsos, ela reprimiu um grito. — Eles vão te matar, Molly, — disse o príncipe. — Você ameaçou o rei deles. Molly balançou a cabeça e desamarrou o outro pulso. — Eu não me importo. Ele está morrendo. O príncipe amaldiçoou baixinho e ela ouviu as botas de montaria bater no chão, pisando na direção dela. Ele se abaixou e começou a desatar os tornozelos de Tensley. — Eu só posso te proteger até certo ponto. — Eles não podem me machucar, — Molly assobiou, soltando o outro tornozelo. — Eles já levaram o que mais importava para mim. E vou pegar isso de volta. O príncipe se calou e quando ela olhou para cima, ele estava olhando fixamente para ela. — Eles disseram que os daemons eram raros, mas acho que se confundiram. Você é inteiramente rara. Ela engoliu em seco e baixou o olhar, seu coração cheio de chamas e brasas, mas elas simplesmente queimaram através de seus ossos e força. Ela envolveu um braço sob o de Tensley e o ergueu, o príncipe apoiando seu outro lado. Seto seguiu atrás. E com o coração pesado, ela o levou de volta ao palácio.
***
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Os bruxos amaldiçoavam Molly em uma língua estranha carregada enquanto corriam ao redor da cama de Tensley. Aconchegado em cobertas da melhor seda e peles, os bruxos usavam suas ervas para aliviar a febre que tomou seu corpo. Ela soube o momento em que juntaram dois e dois ao ver seu peito cortado, a ferida profunda e exatamente onde seu coração estava uma vez. Um ofegou e olhou de volta para ela. — Você amaldiçoou o nosso rei, — outro sibilou. Uma vez que a febre baixou, os bruxos saíram em suas vestes douradas e Molly se aproximou de sua cama. Ela agarrou a mão dele e beijou-a. A maldição funcionou, mas só por uma lasca. Uma lasca de coração agora batendo fracamente, ternamente na fera de aço e ferro. A noite toda ela permaneceu ao seu lado, nunca deixando o sono vencêla, e acariciando o suor em sua testa e peito. Quando ele gemia ou suspirava, ela estava lá, checando sua pulsação, acalmando-o, amando-o, mesmo quando ele não sabia. Enquanto o sol se levantava, riachos de preciosa luz do sol infiltravam-se através das cortinas de renda e reuniam-nos em calor. — Eu estou bem aqui, — ela sussurrou novamente, palavras que ela havia cantarolado para ele a noite inteira. As portas se abriram e ela se sentou, virando-se para ver um guarda e o príncipe. — Minha senhora, — disse o príncipe, curvando-se para ela. — Lady Lilith convoca você a corte. Molly franziu a testa e apertou a mão de Tensley. — Ela sabe. O príncipe suspirou e assentiu. — Sim, toda a corte ouviu sobre o que aconteceu com seu rei. Ela deseja discutir isso.
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Molly engoliu em seco e voltou-se para Tensley, seus dedos varrendo sua testa enrugada e seu cabelo escuro. Ela deu um beijo suave em sua bochecha e reprimiu o choro. — Eu te amo, — ela sussurrou para ele, saboreando seu calor contra ela e se levantou. — Vamos, — ela disse ao príncipe e passou por ele com confiança. Ela iria para a guerra para proteger a pequena lasca do coração de Tensley. Ela sangraria por ele, e não deixaria uma rainha podre controlar qualquer um deles. Ela era a daemon e esmagaria qualquer um que os ameaçasse.
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CAPÍTULO 09
A corte estava furiosa quando Molly e o príncipe passaram pelas portas da sala do trono. A sala era decorada com cortinas brancas e o piso de mármore branco, tão claro, tão limpo que ela podia ver seu próprio reflexo perfeitamente enquanto se movia pelo ambiente. Uma falsa máscara de pureza. Palavras venenosas eram cuspidas pelo Conselho e ricochetearam nos tetos de catedral, dedos erguidos no ar, confusão e raiva enchendo cada espaço da sala. Molly respirou fundo e se fortaleceu. À simples visão dela, cada membro silenciou e observou quando ela se aproximou dos tronos. Um vazio, e um cheio com a rainha das cobras. — Então a daemon tem a confiança necessária para mostrar seu rosto, — Lilith cuspiu, inclinando-se para frente de seu trono de ouro e ossos. Molly não baixou os olhos quando parou na frente dos tronos. Em vez disso, ela segurou o olhar frio de Lilith, e isso fez a rainha rosnar. — Você me convocou, lady Lilith? — O olhar de Molly cortou para o Conselho de ambos os lados dos tronos, observando-a com muito interesse.
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— Dirija-se a mim como sua rainha, — ela sussurrou, sua pele tão tensa contra a estrutura angular do rosto, ela parecia oca. Possivelmente ainda mais oca por dentro. Os lábios de Molly se contorceram com tristeza. — Você me convocou — repetiu ela lentamente, sem ceder às exigências de Lilith. As narinas de Lilith se dilataram e as longas e bem cuidadas unhas vermelhas bateram impacientemente na borda dourada do trono. Sobre uma cabeça de leão rugindo em vitória. — Você colocou em perigo o nosso rei, ameaçou amaldiçoá-lo. — Ela respirou fundo e sacudiu a cabeça. — Amaldiçoando-o de um livro proibido. Uma maldição tão mortal, que nem mesmo Fallen se atreveu a usá-la contra seus inimigos. Molly beliscou a palma da mão, respirando uniformemente pelo nariz. — Você traiu seu rei, sua corte. Um ato de traição, — ela disse. — A corte chegou a um acordo. Molly olhou para os rostos azedos do Conselho, suas carrancas de desaprovação, suas feias zombarias, e voltou sua atenção para Lilith. — Execução. Aquela única palavra causou uma guerra de arrepios na espinha de Molly e ela se endireitou. A sala explodiu em sussurros viciosos ao redor dela, e ela observou o olhar selvagem do príncipe. — Você me mataria, — falou Molly, sua voz suave, mas capaz de silenciar a sala. — A única daemon conhecida por você? Lilith levantou o queixo, olhando para ela. — Estou cansada dessa desculpa. Meu falecido marido pode ter visto valor em você, mas eu só vejo uma prostituta horrível e perigosa determinada a destruir meu povo e minha corte. A confiança de Molly murchava dentro dela, mas ela cerrou os dentes, não permitindo que ninguém na corte visse seu medo, a visse tremendo por dentro.
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Como um punhal afiado, Lilith sorriu. — Até que o rei desperte de seu sono, estou no comando desta corte. Você era um mero peão, nunca a rainha. Você não tem o direito de governar sobre o meu reino, sua daemon prostituta. — Você não pode tomar essa decisão, — Molly lutou, deixando a sensação gelada se expandir em seus olhos e um brilho vicioso começou. Lilith balançou o braço, um chicote de ouro preso em sua mão e golpeou a bochecha de Molly. A dor branca ardia em sua bochecha e ela tropeçou, segurando o lado do rosto. Seus olhos lacrimejaram, um se fechou. — Não questione o meu poder, — advertiu Lilith e se reposicionou em seu trono, envolvendo o chicote de ouro em torno de seu braço. — Minha Rainha, — a voz do príncipe ecoou como água para um homem sedento, e Molly o encarou, sua mão caindo para mostrar o feio ferimento vermelho em sua pele. — Por mais que a daemon tenha ameaçado nosso rei, ela é importante. Lilith franziu os lábios vermelhos-rubi, mas ela, por uma vez, permaneceu em silêncio enquanto seu filho se aproximava do trono. — Ela carrega o herdeiro, o filho do nosso rei, — continuou o príncipe, uma voz de calma e poder. — Nós estaríamos, portanto, não apenas executando sua esposa, mas também seu filho não nascido. Um filho cheio do sangue e osso do rei. A corte ficou quieta. Molly podia sentir seu tormento. Eles estavam debatendo. Matá-la seria como matar seu rei, especialmente quando ela carregava seu filho em seu ventre. Sua mão foi para a barriga e ela levantou a cabeça, captando o olhar duro de Lilith. O príncipe havia encontrado uma brecha. Uma maneira de protegê-la e ao filho deles. — Posso sugerir uma alternativa?
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Lilith levantou a sobrancelha para o filho e, novamente, bateu os dedos no trono. Toc, toc, toc. Um constante golpe no peito de Molly. Os dedos de Lilith pararam e ela não falou, mas olhou para o filho. Isso aparentemente foi uma resposta positiva. — Banimento da Suprema Corte, — disse o príncipe. O coração de Molly se apertou. Tensley precisava dela. Tensley precisava que alguém o protegesse, alguém o trouxesse de volta. Se eles a banissem, ela não seria capaz de vê-lo. Seus olhos se voltaram para Lilith. Um dedo correu ao longo do seu lábio inferior, o rosto dela franziu em profundo pensamento. A julgar pelo pequeno e cruel sorriso crescente nos cantos de seus lábios, ela estava, sem dúvida, se perguntando sobre todas as coisas que poderia fazer com o rei, enquanto sua esposa, sua fonte de poder, era banida de sua corte. Depois de uma batida, ela estalou os dedos. — Muito bem. Eu declaro que Molly Knight agora está proibida de colocar os pés na Suprema Corte. Molly queria queimar o reino enquanto observava o ouro derreter sob os dedos de Lilith e ouvir cada membro gritar por misericórdia. Mas ela não podia lutar agora. Ainda não. Ela esperou, rezou que o pedaço do coração de Tensley fosse o suficiente por agora. Molly rangeu os dentes, sentindo-se tensa com a queimadura da chicotada em sua bochecha, mas isso só a alimentou mais. — Guardas, — Lilith chamou, seus olhos nunca se afastando de Molly, um brilho doentio neles que virou seu estômago impregnado do avesso. Dois guardas em suas armaduras douradas se aproximaram de Molly em ambos os lados. Molly não permitiu que eles a tocassem. Ela se virou, os olhos se lançando para o príncipe e caminhou em direção às portas duplas.
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A corte observou a esposa do rei sair com a cabeça erguida. Eles não sabiam que ela estava queimando e desmoronando. Presa por um fio. Os guardas a flanqueavam, perigosamente perto de seus lados. Eles sabiam a ameaça sob sua pele. Uma vez fora do corredor, ela viu Seto. — Minha senhora, — disse ele, olhando para os dois guardas ao lado dela. — Seto, — disse Molly, parando na frente dele. — Você precisa protegêlo. Você precisa tomar conta dele. Seto assentiu. — Eu prometo, com a minha vida, vou protegê-lo. Não se preocupe. Um guarda segurou seu cotovelo e a empurrou. — Mova-se. Molly fez uma careta e deu uma última olhada para Seto. Ela sabia que esta podia ser a última vez que o veria, então disse o que prometera a si mesma não mencionar. — Prim voltará para você, ela pode parecer distante e quebrada. Mas ela vai voltar para você, ela lutará pelo amor. E você também. O amor vencerá — ela sussurrou e observou o modo como seu corpo endurecia. Ele simplesmente assentiu com a cabeça, seu lábio tremendo quando ele tentou se manifestar. Os guardas a pressionaram a avançar e ela obedeceu, marchando pelos grandes corredores glamorosos, obras de vitórias e batalhas, e se sentiu perdida. Seu coração estava em sua garganta. Ela nem sequer teve a chance de se despedir de Tensley. — Espere! — Molly olhou por cima do ombro para ver o príncipe correndo atrás deles. Ele parou na frente dela e empurrou os guardas para o lado. Ele pressionou sua bochecha contra a dela e suspirou: — Você terá aquele coração de ferro, assim como terei esse trono. Molly respirou trêmula e o príncipe se afastou, seus olhos focados em sua expressão pálida.
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— Proteja-o, — sussurrou Molly. Ele sorriu. — Ele estará seguro comigo.
***
A chuva tinha ensopado suas roupas e direto até seus ossos. Enquanto ela ficava parada no apartamento escuro de Tensley, suas emoções criavam um pesado nó em sua garganta. Cada gole ficou maior e mais pesado. A cada gole, ela ansiava por chorar, para liberar a tensão construindo em seu peito e pulmões e coração sangrando. Os guardas abriram o véu entre a Suprema Corte e ela acabou na rua, atrás de um antigo restaurante chinês. Agora ela estava sozinha em um apartamento que uma vez chamou de seu. Seu apartamento. Ela não sabia quanto tempo permaneceu lá em completa escuridão, ainda vestindo roupas encharcadas, mas uma batida na porta a sacudiu de seus pensamentos. Ela se virou, olhando para a porta até que outra batida mais forte a impulsionou para frente. Ela abriu para ver um rosto familiar. — Molly, — sussurrou Illya, entrando na sala e examinando suas roupas molhadas. — O porteiro me contatou assim que viu você entrar no prédio. O que aconteceu? Ela abriu a boca, mas nada saiu. Illya colocou uma mão leve em seu ombro e seus olhos ternos procuraram seu rosto. — Eu ouvi, Molly. Sobre Fallen e Tensley.
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Ela engoliu em seco. Ela podia notar a dor escrita por todo o rosto amigável de Illya e isso a esmagou ainda mais. O melhor amigo de Tensley, como um irmão para ele. — É verdade? Ele... — ele se deteve. Molly assentiu, suas lágrimas não derramadas queimando. Illya suspirou, fechando os olhos de dor. Ele ficou em silêncio por um momento, olhando para o chão como se tivesse as respostas para curá-lo. Illya puxou Molly em seus braços e envolveu-a em calor e conforto, e ela soluçou. Livremente, sem medo do julgamento, porque Illya nunca iria julgála. Ela cravou as unhas nos ombros dele. Depois de algum tempo, ele se afastou e tirou o cabelo do rosto dela. — Tensley, — Illya murmurou, suas feições mostrando uma batalha dentro dele. — Tensley lhe comprou um presente. Ele planejava te mostrar depois que vocês voltassem da Suprema Corte. Molly franziu a testa. — Um presente? Illya a estudou. — Venha. Eu vou te mostrar.
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CAPÍTULO 10
Illya levou-os em direção ao Central Park, mas para Molly tudo era um nevoeiro. Quando pararam em frente ao Dakota, um famoso edifício de apartamentos em Manhattan, ela franziu a testa. O prédio de cumeeiras altas e telhados salientes com uma profusão de águas-furtadas deram a ele um caráter renascentista do norte da Alemanha, algo antigo e bonito para Manhattan. O Dakota era um dos edifícios residenciais cooperativos mais prestigiados e exclusivos de Manhattan. — Vamos lá, — pediu Illya e pegou a mão dela. Illya falou com o porteiro e ele sorriu de volta para Molly, mas ela não conseguiu retribuir. Um curto passeio de elevador depois e eles saíram em um grande corredor de piso frio preto e branco. Illya retirou uma chave do bolso e parou em uma porta branca. Abriu-a e recuou, acenando para Molly entrar primeiro. Molly hesitou, suas mãos unidas na frente dela com força. Ela deu um passo para dentro e olhou para a elegância clássica da sala. Pintado de azul claro, um foyer os cumprimentou. Molly seguiu em frente, cada nova sala luxuosa a cumprimentando. Uma cozinha elegante e no estilo tradicional francês, uma sala de jantar com um lustre de cristal sobre uma
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longa mesa de mogno, duas salas de estar, três banheiros, três quartos e até mesmo um escritório cheio de seus livros e os de Tensley. A última porta pela qual passou era um grande quarto, uma grande cama king size com um banheiro em anexo. — O que é isso? — Molly perguntou quando traçou o dedo ao longo da estrutura da cama. Ela se virou e entrou no closet. — É a sua nova casa, — disse Illya. — Tensley disse que queria mais espaço. Acho que ele estava pensando no futuro. Seus dedos tocaram a ponta das camisas sociais. Aquelas que ainda cheiravam como seu Tensley. Ela agarrou uma manga e tirou-a do cabide de madeira, apertando-a contra o peito latejante. — Molly? Seus joelhos se dobraram e ela caiu, curvando-se quando um soluço doloroso sacudiu seu corpo. — Molly! — As mãos de Illya alisaram suas costas. — Está tudo bem, vamos resolver isso. Ela balançou a cabeça, ofegando entre soluços que fizeram todo o seu corpo tremer. — Não, Illya. Não. — Ela olhou para ele através da visão turva, vendo seus olhos tristes e sua expressão preocupada. — Illya, eu estou grávida. As sobrancelhas de Illya subiram até a linha do cabelo. — Grávida? Ela assentiu com a cabeça, a umidade rolando por suas bochechas. — Tivemos um casamento na Suprema Corte, mas eu já estava grávida de dois meses antes disso. Nós não queríamos contar a ninguém, nós não queríamos arriscar. — Suas mãos trêmulas foram para sua barriga. — Então Fallen arrancou seu coração. Ele sabia. Sobre tudo. Ele descobriu, de alguma forma. Que eu estava grávida
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muito antes do casamento, que Tensley se apaixonou por mim e eu amo... Illya a puxou em seus braços e a segurou, permitindo-lhe soluçar, chorar em seu peito. Ele não a soltou, apenas sussurrou palavras tranquilizadoras e ela chorou mais, cavando os dedos em suas costas, com medo de deixar ir, caso ele também fosse tirado dela. Depois de um longo tempo segurando um ao outro no chão do closet, Illya pegou-a e deitou-a na cama. Illya finalmente saiu do quarto e, quando ela chorou, ficou cansada. Ao som de uma batida, Molly acordou e ficou olhando para September. Toda a sua roupa estava encharcada da chuva, incluindo seu cabelo escuro, gotas se formando e criando uma poça no chão de madeira. Molly tentou manter o rosto inexpressivo, mas September sorriu vacilante, e tudo quebrou dentro dela. September correu para a cama e passou os braços ao redor de Molly, sussurrando palavras de conforto e compreensão, e Molly não queria soltá-la. Horas haviam passado e os três, Illya, September e Molly estavam sentados na sala de estar. Agora era sua casa, mas parecia estranha e vazia sem Tensley. Ele havia decorado o apartamento amavelmente ao gosto dela, cada detalhe, até mesmo as cortinas de renda. — Grávida... — September repetiu pela milésima vez. — E casada. — Ela cruzou os braços e recostou-se contra a cadeira de couro. Illya estava junto à lareira, uma mão cobrindo sua boca enquanto a observava. — E seu marido é agora o rei dos demônios? — Ela levantou uma sobrancelha para Molly. September continuou repetindo tudo de volta para eles, chocada com cada nova informação. — E você tem certeza que está grávida? Molly suspirou e segurou seu estômago. — Sim.
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September fez uma pausa, sua boca se contorcendo da maneira que Molly sabia que ela queria dizer alguma coisa, mas estava se contendo. — Seus pais sabem? Molly sacudiu a cabeça. — Eu direi a eles amanhã. Depois que me estabelecer. — Mas ela não tinha certeza de como iria se acomodar nesse apartamento gigante. Ela apertou as mãos no sofá branco macio e fixou o cobertor de lã em volta dos ombros. Uma ducha quente aliviou um pouco sua tensão, mas tudo estava em seu peito, pesando mais a cada segundo que ela não estava perto de Tensley. Ela não tinha certeza de como seus pais reagiriam. Eles nunca aprovaram Tensley, mas essa criança era dela. Era o sangue deles e ela sabia que ambos queriam netos. A outra coisa que fez seu estômago torcer com preocupação foi a reação deles à única filha ter se casado sem o conhecimento deles. Sem a presença deles. Seu coração doeu ao pensar na promessa de Tensley. Uma promessa de que ele lhe daria outro casamento em Manhattan. Uma promessa que ele estaria lá. — E Tensley... — September fez uma pausa, respirando fundo. — Tensley não tem um coração agora? Molly assentiu novamente. — Eu tentei trazê-lo de volta, tentei dar-lhe um coração. O príncipe e eu encontramos uma maldição antiga e perigosa que deveria fazê-lo crescer novamente. Nós conseguimos trazer parte disso de volta, mas é tão pequeno, tão vulnerável, — ela disse, sua voz fraca aos seus próprios ouvidos. — Eu apenas sinto que falhei com ele. Não foi o suficiente. Eu não fiz o suficiente. Talvez se eu tivesse tido mais tempo na Suprema Corte, poderia ter trabalhado mais para fazer a lasca do coração crescer um pouco mais, mas fui banida. A corte me baniu. Eles disseram que eu era uma ameaça ao rei deles. Uma ameaça ao meu próprio marido. Silêncio.
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Molly viu Illya e September se olhar. Eles não sabiam como lidar com ela. Ela queria gritar que não era frágil, não era delicada e não recuaria. Mas internamente, sabia que naquele instante, ela era todas essas coisas. Depois de semanas e semanas constantemente olhando para trás e jogando, tentando decifrar amigos de inimigos em uma corte cheia de cobras e lobos, ela precisava de um momento para ficar vulnerável em torno de amigos. Amigos de verdade. Um momento para viver plenamente suas emoções, sem reprimilas. Ela se sentia quebrada. Ela se sentia delicada e vulnerável. Ela se sentia um fracasso. Então, ela se permitiu se sentir assim. Se fosse apenas por essa noite. Uma batida os assustou e os três olharam para a porta branca. Illya limpou a garganta depois de um momento e se moveu, abrindo a porta. A mãe de Tensley, Daphne e sua irmã, Gabriella, entraram no apartamento. Ambos ignoraram a presença de Illya. — Ei, — disse September, desajeitadamente erguendo a mão. Ambas as mulheres olharam para ela, mas ambas estavam mais concentradas em Molly. — Minha querida, — disse Daphne, correndo para o lado de Molly. Ela se sentou ao lado de Molly no sofá e segurou a mão dela. — Você está bem? Illya nos disse que você estava de volta. — Sim, — disse Molly, franzindo a testa para as duas. Gabriella estava atrás de sua mãe, seu bebê, Isabella embalada em seus braços. — Tudo o que ouvimos foram rumores terríveis. Alguns até disseram que você estava morta — continuou Daphne. Eu quase fui.
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— Onde está Tensley? — Gabriella perguntou, seus olhos duros focados em Molly. Ela balançou Isabella quando ela começou a se agitar. A garganta de Molly ficou apertada e ela inclinou a cabeça. — Ele ainda está na Suprema Corte, — disse ela, sua voz quase um sussurro. Gabriella olhou para a mãe, cuja cabeça baixou. — Por favor, me diga que não é verdade, — sussurrou Daphne, sua voz à beira de quebrar. Ela agarrou a mão de Molly com mais força. Molly olhou para os olhos castanhos e brilhantes de Daphne. — Por favor, me diga que meu filho não está sem coração. Meu filho não é o rei. Molly fechou os olhos com força e coragem, abriu-os e encontrou os olhos suplicantes de Daphne. — É, — ela disse, sua própria voz se quebrando. — É verdade. Daphne ficou pálida e sua mão livre balançou violentamente enquanto cobria sua boca. Gabriella apertou os lábios e xingou baixinho. — Ele foi cruel? — Perguntou Daphne com olhos lacrimosos. — Ele te machucou? Molly balançou a cabeça e suas mãos caíram para o estômago. Os olhos de Daphne se arregalaram e ela se virou para a filha que sorriu levemente e de volta para Molly. — Você está grávida? Molly assentiu com a cabeça, um pequeno sorriso curvando seus lábios. Daphne agarrou suas mãos, sua expressão dura. — Você está segura agora, Molly. Eu não vou deixar ninguém te machucar. Nós vamos encontrar uma maneira de esconder a gravidez para que ninguém te machuque. As sobrancelhas de Molly se franziram e então ocorreu a ela. — Não. Nós nos casamos. A expressão dura de Daphne caiu. — Casaram? — Tensley pediu a Fallen para adiantar o casamento, porque nós dois estávamos com medo que alguém descobrisse sobre o bebê.
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Fallen concordou, mas apenas se ocorresse na Suprema Corte. E assim fizemos, nos casamos lá, — ela explicou, sua mão levemente escovando sua barriga. Depois, forçou-se a contar-lhes tudo o que havia acontecido com Tensley e ela mesma, desde o momento em que pisaram na Suprema Corte, até o momento em que ela partiu. Sozinha. Deixando o homem que ela amava para trás. Daphne olhou para ela e, sem aviso prévio, puxou-a para um abraço apertado. — Somos família e a família protege seu próprio sangue. Ela se afastou, lágrimas escorrendo pelo rosto e ajeitando o cabelo molhado de Molly. — Eu vou salvar seu filho, eu prometo, — Molly sussurrou. Daphne sorriu trêmula. — Como está Scorpios? Ares causou muitos danos? — Perguntou Molly, tentando mudar a conversa. Os olhos de Daphne se tornaram assombrados pela tristeza e outras emoções que Molly não conseguiu decifrar. — Ares atacou o poço. Onde Beau estava. Eles mataram alguns membros, mas fomos capazes de combatê-los. Estamos nos preparando para atacar, mas outra coisa aconteceu enquanto você estava fora, — ela disse e sua própria voz quebrou completamente. Gabriella avançou, colocando a mão no ombro da mãe em apoio. — Meu marido faleceu. O médico nos disse que as chances de ele voltar para nós eram muito pequenas, e então nós — ela parou, um soluço escapando dela. — Nós o deixamos ir. — Eu aposto que o diabo está se divertindo muito no inferno, — disse Gabriella, e os lábios de Daphne se curvou em um sorriso pequeno e triste. O coração de Molly se torceu como uma adaga no peito. O pai de Tensley estava morto. — Sinto muito, — ela sussurrou. — Lamento. Daphne sacudiu a cabeça e apertou as mãos de Molly.
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As sobrancelhas de Molly franziram com um pensamento repentino. — Quem está encarregado de Scorpios então? Nós ficamos fora por semanas, ele e eu. Quem tem liderado Scorpios? A cabeça de Daphne baixou e ela se virou para olhar para Gabriella, procurando as palavras certas. — Evelyn Rose tem atuado como Dux, — disse Daphne, não escondendo sua aversão. O estômago de Molly caiu. — Ela está com fome de poder e desde a notícia do novo papel de Tensley, ela tem estado ainda mais faminta em manter sua posição como a nova Dux de Scorpios, — Gabriella disse e isso fez Isabella chorar. — Aquela cadela, — September entrou na conversa e todos os olhos se voltaram para ela. Ela deu de ombros desajeitadamente. Molly cravou as unhas nas coxas. Evelyn Rose, uma mulher de Scorpios, a ex-aventura de Tensley. A mulher que tinha se empenhado em arruinar seu relacionamento com Tensley, e agora tinha a posição dele. — Ela não manterá essa posição, — disse Molly e ergueu o olhar para Daphne. — Vou me certificar disso.
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CAPÍTULO 11
A mansão branca se destacava no outono escuro de Manhattan. As folhas se transformaram em vermelhos e laranja e logo cairiam e pintariam as calçadas. Molly não bateu quando entrou na casa da cidade de Scorpios, a fileira de lacaios vestidos com ternos pretos uma visão familiar. Os homens olharam para ela e seus rostos caíram. Quando seus saltos altos clicaram contra o chão de ladrilhos, passando por cada membro, eles curvaram suas cabeças em respeito. Ela andava com graça e poder, como se houvesse uma coroa no alto de sua cabeça. Um guarda estava do lado de fora da sala de reuniões e, quando a viu, ele congelou. — Senhorita Darling — ele sussurrou com cuidado, como se não tivesse certeza de como ela reagiria a ele falando com ela. — Evelyn Rose está aí? — Perguntou ela, apontando para a porta que ele guardava. Ele olhou para trás, depois para ela, assentindo. — Sim, mas ela está em uma reunião privada. Eu posso acompanhá-la até o escritório dela até que termine. Molly apertou a mandíbula, tirou os óculos escuros e os guardou na bolsa. — Não há necessidade. Ela me verá agora. — Senhorita Darling, talvez seja melhor esperar — protestou ele, levantando a mão.
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Molly não esperou, no entanto. Ela passou por ele e abriu a porta da sala de reuniões. Na sala escura, os altos membros de Scorpios estavam reunidos em torno de uma longa mesa de carvalho. Evelyn sentava-se à cabeceira da mesa, as pernas cruzadas e arregalou os olhos ao ver Molly. Então seus olhos escureceram. — Senhorita Darling — Evelyn começou, suavemente, como se qualquer tom mais alto a quebrasse. Molly olhou furiosa para ela. — Na verdade — começou Molly, com um sorriso lento e venenoso crescendo em seus lábios. — É Sra. Knight agora. A caneta que Evelyn segurava quebrou ao meio e a tinta inundou seus papéis. Fora isso, ela não mostrou reação. Ela simplesmente largou a caneta e recostou-se em seu assento. — Você está se intrometendo em uma reunião privada, — disse Evelyn, baixinho, à beira de um assobio. — Uma onde apenas membros são permitidos. — Como esposa do Dux, e agora também esposa de um rei, sou definitivamente a melhor opção para administrar Scorpios até o seu retorno. E então Senhorita Rose? — Ela disse, uma sobrancelha subindo até a linha do cabelo enquanto olhava diretamente para a outra mulher com um sorriso feroz. — Você pode esperar que eu esteja em muitas dessas adoráveis reuniões privadas. Silêncio. Então um membro limpou a garganta. — Então é verdade, nosso Dux é agora o rei? Molly assentiu com a cabeça erguida. — Sim ele é. Na verdade, eu o vi quebrar o pescoço de Fallen com meus próprios olhos. Murmúrios encheram a sala e o olhar duro de Evelyn queimou a carne de Molly.
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Evelyn bateu com o punho na mesa, as xícaras de café sacudindo. — Eu não terei um não-demônio interferindo em nossa causa. — Interferindo? — A voz de Molly soou alto na sala e ela se aproximou perigosamente. — Eu sou a esposa do seu Dux. Eu sou a esposa do seu rei. Eu tenho todo o direito de estar aqui. — Direito? — Evelyn disse. — Você é uma estranha. Gostaria de lembrar que uma vez você tentou negociar nosso Dux com caçadores. Os membros endureceram com as palavras dela. Molly cerrou os dentes, lembrando-se de uma época em que fora tola, aterrorizada com esse novo mundo em que Tensley vivia e preferira confiar nos caçadores e ferir Tensley. Ela se odiaria por isso até o dia em que morresse. — Eu assumirei como Dux até que ele retorne, — repetiu Molly, asperamente, não deixando espaço para discussão. Evelyn se levantou da cadeira e Molly sentiu a chicotada de feromônios agressivos atingindo-a com força. Os olhos de Molly brilharam, a sensação gelada avançando, envolvendo a espinha e as pontas dos dedos, enquanto ardiam. Brilhantemente. Violentamente. Ela era uma cobra e seu veneno era letal. A luz escura dentro dos olhos de Evelyn cintilou quando ela percebeu que Molly a segurava, em sua força e corpo. Talvez, Molly percebeu, ela pudesse até controlar a vontade de um demônio. Se ela tentasse. Se ela quisesse. A cabeça de Evelyn virou muito lentamente para o lado, seus movimentos letárgicos devido ao poder de Molly sobre ela. Ela era forte se ainda podia se mover sob o domínio de um daemon, Molly tinha que reconhecer isso.
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Quando o olhar de Evelyn deixou o de Molly, um grunhido escapou da outra mulher. Ela estava desistindo dessa luta. Molly a libertou, mas não sem um aviso. — Não me ameace ou aos meus, ou vou fazer muito pior do que simplesmente controlar o seu corpo, — ela sussurrou. Evelyn levantou o queixo e alisou sua saia justa. — Você é uma estranha. Você espera que aceitemos um daemon nos liderando? Molly deu um único passo à frente e sentiu a dor na barriga. Do filho dela. Dos poderes do filho dela. Protegendo-a. — Vamos ver. — Ela se virou para a mesa de homens que olhavam para as duas mulheres. — Vocês preferem como seu Dux, a esposa do seu rei? — Molly segurou cada olhar, desafiando qualquer um a falar, a rejeitar. — Ou vocês a preferem? Os homens voltaram sua atenção para a expressão azeda de Evelyn. Ela estava prestes a explodir um vaso sanguíneo. Silêncio. Evelyn bateu os saltos vermelhos rubi contra a madeira e suspirou duramente. — Então? — Ela acenou com a mão para os homens. — Falem. Os homens trocaram olhares, duros e longos, e então se levantaram. — Sra. Knight — disse ele, um homem com a testa enrugada e sobrancelhas grossas. Outro ficou de pé. — Sra. Knight. — O jovem inclinou a cabeça em respeito. Um após o outro, eles se levantaram, repetindo o nome dela como um canto para um Deus, e seu peito aqueceu, pesado e quente. Se ela não pudesse salvar Tensley na Suprema Corte, ela o salvaria em Scorpios. O rosto de Evelyn ficou vermelho e seu lábio inferior tremeu. Não em tristeza, mas em pura raiva. Depois que todos os homens se levantaram, todos repetindo Sra. Knight, Evelyn bateu com a palma da mão na mesa.
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— Não, não! Eu sou Dux. É minha posição. É o meu direito! — Ela se levantou violentamente, incapaz de recuperar o fôlego. — Srta. Rose — disse um dos homens para ela. — Foi decidido. Evelyn rosnou, como um animal selvagem e virou seus olhos mortais e escuros para Molly. — Tudo bem, — ela cuspiu e sentou-se em sua cadeira, mexendo os papéis. — Você acha que pode lidar com Scorpios? Seja minha maldita convidada. — Ela sorriu maliciosamente de volta para Molly. E Molly não lhe deu uma reação. Nem mesmo um sorriso cruel de volta. Um dos homens puxou uma cadeira do outro lado da mesa e Molly assentiu em agradecimento, sentando-se. Ela cruzou as mãos e olhou a fileira de cadeiras para cada homem. — Primeiro, diga-me o que planejamos fazer com Ares. Evelyn passou a reunião em silêncio enquanto os homens atualizavam Molly rapidamente sobre os acontecimentos e os planos para lidar com Ares. Nada havia sido decidido. Uma equipe de homens havia sido enviada para espionar Ares em Boston, mas nenhum contra-ataque. Eles estavam esperando pela volta de Tensley. Molly esfregou as têmporas, suas costas doendo de sentar-se por tanto tempo. Evelyn sorriu para ela, apreciando sua tortura. — Nos dará tempo, — disse Molly. — Eles estarão esperando que contra-ataquemos. Precisamos aguardar até que eles menos esperem, quando estiverem mais desprotegidos. — Ela cerrou as mãos nas coxas. — Talvez, eu lhes faça uma visita. — Uma visita, minha rainha? A cabeça de Molly se levantou no termo. — Por favor, me chame de Sra. Knight ou Molly. O homem mais velho assentiu vigorosamente, como se estivesse assustado com a ideia de desagradá-la.
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— Eu conheci os homens que comandam Ares. Se eu puder falar com eles, encontrar um terreno comum. — Oh, porque isso vai funcionar, — zombou Evelyn. — A razão pela qual Ares atacou foi porque eles queriam você. Os ombros de Molly endureceram. — Com todo o respeito, Sra. Knight. Esses homens merecem ser massacrados. Eles atacaram nossos homens e envenenaram o Sr. Knight, — um homem, Richmond, falou. Molly olhou para os papéis na frente dela. — Vamos negociar com eles. Por suas vidas, eles vão entregar sua terra e poder. E se não, vamos massacrálos. — Sua voz era alta e forte e tudo o que Ares deveria temer. Os homens ficaram em silêncio, observando seu Dux temporário com curiosidade e interesse. Seus olhos se voltaram para Evelyn e pela primeira vez, ela não teve uma réplica espirituosa, mas ainda usava aquela carranca feia. Molly protegeria o que era de Tensley e deixaria Ares de joelhos. Ela jurou que faria.
***
Molly estava tranquilamente sentada na sala de estar dos seus pais. Pareciam séculos desde que esteve em casa e agora ambos os pais se sentavam à sua frente. Parecia estranho. Meses atrás Tensley havia entrado em suas vidas e agora ele era seu marido. Agora um rei sem coração. — A faculdade está indo bem? — Perguntou o pai dela, Derek. Suas sobrancelhas aparadas sempre a faziam rir quando criança, e vê-lo aquecia seu coração. Tudo o que ela queria fazer era correr para seu abraço caloroso e deixá-lo tirar a dor.
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— Está tudo bem. Vou concluir mais cedo, no entanto. No final de dezembro, — disse ela. Sua mãe tomou um gole de chá e murmurou em resposta. — Dezembro? Por que tão cedo? Molly respirou fundo. Essa era a parte difícil. Contar tudo aos seus pais. De sua gravidez até o casamento recente e o fato de que Tensley não estava no cenário no momento. — Bem, — ela sussurrou e levantou a xícara de chá chinesa branca. — Tensley e eu nos casamos. Sua mãe espirrou o chá e cobriu a boca. — Casaram? Seu pai franziu a testa. — Ele a forçou? Molly sacudiu a cabeça. — Não, não. Eu o amo, papai. A boca de Derek se torceu e ele esfregou a mandíbula. — Você... você o ama, — ele disse, como se o mero pensamento de amar um demônio soasse ridículo, impossível. — Minha filha está apaixonada por um demônio. Bom Deus, — ele respirou, sua mão indo para seu coração, esfregando vigorosamente como se para aliviar alguma dor. Ele se virou para a esposa, os olhos se encontrando brevemente. — Nossa filha... ela está... e não foi forçada. Ela quis isso. — Ele se recostou, atordoado, a mão ainda segurando o peito. — Você está feliz com ele? — Eu... estava, — ela começou, abaixando os cílios. — Muita coisa aconteceu recentemente, ele tem que ficar em um lugar chamado Suprema Corte, onde todos os demônios bem nascidos vivem. Ele é o rei agora. Sua mãe deixou cair à xícara de chá e quebrou. Nenhum deles se moveu para juntá-la. — Um rei? Molly assentiu. — Sim, — ela fez uma pausa, debatendo se deveria ou não contar-lhes que ele era cruel. Ela decidiu o contrário por suas expressões pálidas. O maior anúncio ainda
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estava para ser revelado. Ela respirou fundo e foi em frente. — Estou grávida, — ela deixou escapar, tomando rapidamente um gole de chá. — Grávida? — Sua mãe murmurou. As mãos dela foram para o rosto e ela olhou para Molly, seus olhos se movendo entre o estômago e os olhos de Molly. — Você está grávida? Molly abriu a boca para acalmá-la, mas sua mãe começou a chorar. Molly fechou a boca, sem saber como deveria reagir, o que deveria dizer. — Grávida, — sua mãe continuou a dizer, balançando a cabeça. Derek limpou a garganta e estendeu a mão para tocar a mão de Molly, tremendo um pouco. — Você está verdadeiramente feliz? Molly piscou para conter as lágrimas. — Estou muito feliz com ele e o bebê. Eu o amo, papai. Sua mãe soluçou e fungou, seu rímel escorrendo em seu impecável traje Chanel. — Um bebê, Derek. Nós vamos ser avós. Eu vou ter netos. Ela está grá... Molly levantou uma sobrancelha. — Você está feliz? Sua mãe acenou com a cabeça rapidamente e arrancou um lenço de papel de uma caixa em uma mesa próxima, passando sob seus olhos. — Claro que estou. Você sabe que eu sempre quis ter netos. Eu não os esperava tão cedo, não vou mentir. Mas estou feliz mesmo assim. Podemos ir às compras agora e pegar tudo o que você precisa. E um chá de bebê! Eu posso organizar um aqui! Molly sorriu, calor se reunindo atrás de seus olhos. Era a última reação que ela esperava de sua família, mas a melhor. É claro que excitou sua mãe organizar tudo o necessário para o bebê e ela a deixaria fazer isso de bom grado. Molly ficou lá para o jantar e tudo parecia o mesmo, mas diferente. Ela não era mais a filhinha deles. Ela crescera, mudara e agora era uma guerreira, uma esposa e logo seria mãe.
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Na caminhada para casa chovia e ela não se incomodou em colocar o capuz. Ela deixou a chuva cair sobre ela, na esperança de limpar seu coração empolado. Quando chegou ao novo apartamento, parou no meio da sala de estar. Sozinha em um lar tão grande, ela ansiava por ele. Eram pequenos momentos, era a hora que ela chegava em casa e deixava a tristeza, a dor penetrar. Esta noite, ela permitiu que isso vencesse.
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CAPÍTULO 12
Uma palpitação violenta rompeu no peito de Tensley e ele acordou abruptamente. A dor, um pulsar vivo, muito intenso, muita coisa ao mesmo tempo, que o fez gemer em pura agonia. Seus dedos cavaram profundamente os lençóis de seda branca e ele se sentou. Decisão fodida. Ele sentia-se vazio, sentia uma ligação de raiva, serpenteando dentro dele como um laço. Apertando mais e mais... Até que ele não conseguiu respirar e engasgou. Alguém tocou seu ombro e ele golpeou, batendo o braço trêmulo na parede de músculo. Mais mãos envolveram seus braços e pernas e o seguraram, a fera lívida, a fera enlouquecida. Faltava algo. Algo estava errado. Ele não conseguia respirar. A incerteza era uma névoa pesada sobre ele e quanto mais ele lutava, mais via o flash de sangue e corpos e o som de ossos quebrando.
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Vozes agrediram seus tímpanos doloridos e ele girou a cabeça para longe. Para mais uma vez, esconder-se na sua escuridão. Era quente, era silencioso e seguro. Uma claridade queimou seus olhos e com pequenos movimentos de suas pálpebras, ele enxergou seu quarto. Os lençóis estavam rasgados, a mobília quebrada e transformada em pedaços de madeira, um quadro de Fallen ao lado foi rasgado com marcas de garras. Outro pesadelo. Outra visão de algo que não conseguia entender, algo enterrado profundamente dentro dele que ele desejou não existir, não estar embutido em seus ossos e tecido da pele. Seu corpo caiu de volta na cama. Noite após noite, ele enfureceu durante o sono. Noite após noite, ele piorou. Quando ele evitava dormir, as dores no peito iam e vinham com mais frequência. Como se a parte embutida nele soubesse que ele estava evitando dormir. Suores frios, gritos até sua garganta queimar, e solavancos até que acordasse. Ele estava cheio de memórias de quem ele era antes, mas as peças dentro dele não se conectavam. Um mês desde a última vez que a viu. Um mês acordando e dormindo em constante dor dentro do peito. Ele era um céu noturno sem lua cheia, e estava queimando na escuridão. Ele sentou-se na cama, o bater suave, mas ainda assim violento em seu peito. Concentre-se na raiva, na raiva, não no vazio. Ele abaixou a cabeça, seus dedos amassando os lençóis de seda em um punho furioso.
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Respirações profundas como garras através dele, tentando aliviar a dor. Diariamente, ele ignorava ou esfregava o peito para aliviar a dor, mas hoje estava pior. Cada dia ficava mais difícil de lidar. Mais difícil ignorar o peso crescente que se acumulava em seu peito como um pacote de granadas. Um que ele queria arrancar. Ele se lembrou do que a daemon havia feito. Costurado uma pedrinha amaldiçoada por um feiticeiro para criar um coração em seu peito. Todos os feiticeiros asseguraram que era uma lasca, não o suficiente para prejudicá-lo ou preocupar a corte. Mas ele não contou a ninguém sobre a dor ou a sensação crescente. Como um coração fantasma. Ele nunca seria fragilizado novamente, fragilizado por uma humana ou desceria tão baixo quanto desejar o coração dela. Ele rosnou enquanto seu peito queimava com o simples pensamento dela. Com o mero pensamento de seu coração precioso e vicioso. Ele queria isso. Ele queria devorá-lo e destruí-lo lentamente, tão lentamente que ela imploraria a ele que o devolvesse. Novamente a dor brutal de mil punhais o rasgou e ele rugiu, inclinando a cabeça e segurando os lençóis. Ela me amaldiçoou. Ele a queria na frente dele. Semanas se passaram e ele recusou cada mulher que tentou tocá-lo. Mesmo quando Lilith o tocou, uma faísca de fúria e ardor acompanhou seu toque. Como se seu corpo rejeitasse todas além de sua preciosa esposa. Uma batida em sua porta despertou-o de seus pensamentos, mas a dor ainda vibrava.
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Ele respirou pelo nariz, olhando para as portas duplas. Uma proteção contra a corte que o bajulava, o esperava dia e noite, e beijava seus pés e mãos como se fosse um Deus. Ele nunca comprou sua lealdade e ouviu falar do nojo de alguns membros de seu rei nascido da classe média, mas todos tinham medo de que Tensley os confrontassem. Se eles podiam mostrar-lhe facilmente lealdade e palavras, facilmente poderiam fazer o mesmo com o próximo rei se ele morresse. Molly tinha sido seu único trunfo sobre a corte. Seu toque era poder, e agora ela se fora, e semanas de sua ausência o esgotaram. A última coisa que ele queria era renunciar ao trono. O poder o deixou selvagem. Ele amava a sensação de controle que exercia na corte e tudo isso o direcionava a sua esposa. Aquela que tentou corrompê-lo mais uma vez. — Entre, — disse ele, pegando as calças e puxando-as. Lilith entrou, o cabelo ruivo meio preso, cachos caindo até o pescoço. Ela fez uma reverência, um sorriso secreto no rosto e avançou. — Meu rei, você dormiu demais, — disse ela, seus olhos imediatamente indo para o peito exposto e descendo até o cós de sua calça. Ele não disse uma palavra e pegou uma camisa, vestindo-a sobre a cabeça. — Eu preciso que você me envie alguém, — ele disse a ela rudemente, prendendo a camisa em suas calças. — Qualquer coisa por você, meu senhor. — Ela sorriu como se tivesse um segredo, como se ele fosse especial para ela. — Encontre a minha esposa, — ele disse e assistiu seu sorriso sumir. Ela engoliu em seco e sacudiu a cabeça. — Meu senhor, como eu disse antes, não sabemos onde ela está.
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Seu temperamento explodiu. Então, rapidamente, ele sentiu o lado demoníaco dele, o lado agora mais dominante dele assumindo o controle. Ele cerrou as mãos e deu um passo perigoso em direção a ela, lançando lhe um olhar aguçado. — Encontre a minha esposa ou eu vou destruir este palácio. Lilith se endireitou, seus olhos se estreitaram, um lampejo de raiva, mas ela engoliu e alisou o vestido. Ela apertou os lábios em uma linha fina e olhou para ele. — Meu senhor, eu não queria lhe contar, mas agora você deve saber, — ela disse, uma acidez em suas palavras. Tensley fechou uma das mãos ao lado dele, observando a rainha anterior cuidadosamente. Ele viu uma gota de suor escorrer por sua têmpera e o modo como o peito dela subia rapidamente. A besta estava sintonizada com as emoções dos outros, com seu nervosismo e desejos. Ela o temia - e ela o desejava. Medo e luxúria eram iguais dentro dela. — Fale agora, — disse ele, simplesmente. Lilith respirou fundo e deu um passo à frente. — Ela escolheu partir, Sua Majestade. A mandíbula de Tensley trancou e ele ouviu a fricção de seus dentes afiados. — Ela não quis ficar com você. Ela não o honrou — acrescentou ela, sacudindo a cabeça como se julgasse sua poderosa esposa. Os espinhos cavaram mais fundo em seu peito em guerra e ele fechou a outra mão, uma tentativa de acalmar a dor crescente. Ele se virou, analisando, rugindo por dentro. Ela me deixou... ela foi embora... A dor se intensificou e, em vez de um grito de dor, ele rosnou e se virou para Lilith.
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Lilith estremeceu quando ele correu em direção a ela. — Encontre-a. E traga-a para mim. Lilith piscou rapidamente. — Meu senhor, ela é uma criminosa. Ela não deve estar perto de você. — Traga-a para mim, — ele gritou, agarrando a cabeceira da cama, a madeira partindo ao meio. Lascas e pedaços de madeira caíram no chão. Ele encontrou sua expressão vazia e avançou. — Traga minha esposa ou matarei um de seus guardas a cada hora até que você o faça. As bochechas de Lilith floresceram em fúria. Com uma respiração dura, ela se curvou. — Como desejar, meu senhor. Ela se virou e saiu pela porta, fechando-a atrás dela. Tensley dirigiu-se para a varanda, passando a mão pelo cabelo apenas para afastá-la e olhar para a mão ensanguentada, com lascas de madeira cravadas na palma da mão. Ele cerrou os dentes. Dois lados guerreavam dentro dele. Ele queria destruí-la - ele queria protegê-la. Mas ambos a queriam. Ansiavam por ela. Algo muito sagrado para suas mãos manchadas de sangue. Ele fechou os punhos, as farpas aprofundando, a dor física aliviando a dor em seu peito. — Tragam a minha rainha.
***
A chuva fria de Novembro pingava sobre o guarda-chuva preto de Molly enquanto ela saía de sua aula de antropologia. As folhas eram frágeis, agarradas às árvores com o fim do Outono e ela pensou na queda de Tensley em uma besta sem coração.
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Como as folhas morrendo em cascata em torno dela. Um mês. Um mês desde que seu coração foi arrancado e ela foi banida da corte. Um mês mais perto de ter o filho deles. Ela sorriu ao pensar em seu filho, o médico dizendo que ele era forte e grande para quatro meses e meio, mas isso não a surpreendeu. Seus dedos dos pés e das mãos estavam bem definidos e o médico disse que ele poderia até bocejar agora. Seu peito parecia pesado e quente no pensamento. Tão nervosa, tão excitada, tão assustada. Se Tensley estivesse aqui... Ela balançou a cabeça e avançou para o pequeno café. Ela viu Stella sentada em uma cabine, tomando um chá fumegante. Quando os olhos castanhos de Stella encontraram Molly, ela se endireitou e acenou para ela. Molly fechou o guarda-chuva e sacudiu o excesso de água. — Eu pedi chá de ervas para você, — Stella anunciou e empurrou uma xícara grande em direção a ela. Molly sentou e olhou para a substância escura e quente. — Eu ouvi que é melhor para o bebê, — acrescentou Stella e tomou um gole de sua xícara. — Então, como está meu carinha? Molly sorriu. — Ele é um falcão noturno. Ele me mantém acordada, mas o médico disse que é normal. — Molly virou o cardápio e fechou a boca para evitar que a baba escorresse pelo queixo. — E ele está constantemente com fome. Eu não consigo parar de comer. — Bem, se ele puxar ao pai, vai ser um menino grande, — disse Stella, virando as mechas vermelhas por cima do ombro. Stella fez uma pausa e se inclinou para frente. — Você já o viu? Molly segurou a bebida e olhou para as mãos. — Não. — O calor aqueceu suas mãos, uma calma reconfortante em comparação com a picada fria de Novembro. — Talvez seja melhor... o bebê e eu
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ficarmos longe. Eu não preciso de mais estresse na minha vida agora. — Ela mordeu o lábio. Por mais que acreditasse nisso, sentia muita falta dele. À noite, ela acordava gemendo seu nome. Nas consultas médicas, ela desejava que ele estivesse lá para ver o ultrassom ou ouvir os batimentos cardíacos do bebê. — Mas Illya está me apoiando. Ele vai comigo as consultas médicas, fica no apartamento e está presente. É tudo que preciso agora. Ela sorriu suavemente ao pensar em Illya. Ele havia assumido o papel de pai imediatamente. Ele limpava a casa, comprava mantimentos, certificava-se de que ela ia para a faculdade bem, e quando no meio da noite ela acordava chorando, ele ficava lá até adormecer. Ela sabia que ele sentia uma forte lealdade a Tensley e, tanto quanto ela e ele eram bons amigos, ela sabia que ele estava fazendo tudo por seu melhor amigo. Ela o vislumbrava olhando pela grande janela que dava para o Central Park e sabia que ele também estava de luto. Ele havia perdido seu melhor amigo, seu irmão, e sentia que era sua responsabilidade, como um desejo agonizante, proteger e ampará-la. Illya e ela - precisavam muito um do outro agora, e com o foco totalmente no bebê, poderiam fugir do desgosto. Sendo banida da Suprema Corte, ela estava com medo de colocar em perigo o bebê tentando ir. Se algo acontecesse com ela, se ela fosse aprisionada... Ela balançou a cabeça, livrando-se desses pensamentos. Stella limpou a garganta e Molly se livrou de seus pensamentos. — E os seus pais? Molly riu. — Minha mãe está planejando um enorme chá de bebê e vem todos os dias com produtos do mercado do fazendeiro. — Ela engoliu em seco, passando a mão em sua barriga. — Eles querem que eu volte a morar com eles. Eles não querem que eu faça isso sozinha, mas acho que prefiro ficar no apartamento. — Quero dizer, talvez seja bom para todos vocês? — Stella deu de ombros, torcendo as feições em uma careta insegura.
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Molly olhou pela janela para a avenida movimentada e as folhas que caíam. Ela não queria dizer em voz alta. Soaria muito ingênuo, infantil demais e esperançoso. Ela sonhou que, se ficasse no apartamento, um dia, talvez um dia, Tensley entraria e tudo voltaria ao normal. Ele diria dolcezza e a beijaria. Um dia. Molly piscou para conter as lágrimas e sorriu para Stella, com as sobrancelhas franzidas. — Agora me diga. O que está acontecendo com você e Illya? Stella franziu os lábios e olhou para o chá. — Nada. Molly cantarolou. Stella olhou para ela. — Olha, eu queria que algo estivesse acontecendo, mas ele é tão denso quanto... — Ela soltou um suspiro. — Eu acho que ele ainda está ligado a September. Molly franziu a testa. — Eu não sei, Stella. Ele está passando por muito agora. — Eu sei. — Ela suspirou e pressionou um dedo na têmpora. — Eu só quero que ele saiba que pode contar comigo. Confiar em mim. Não sou delicada, não sou frágil. — Ela balançou a cabeça e Molly ia dizer mais, mas Stella se inclinou para frente e sorriu. — Agora, mostre-me as fotos do meu sobrinho. Molly sorriu e não se intrometeu mais na vida de Stella antes de tirar a foto em ultrassom preto e branco de sua bolsa. — Oh meu Deus! Olhe para ele! — Stella agarrou o ultrassom e se entusiasmou, olhando de diferentes ângulos. — Eu mal posso acreditar que ele está dentro de você agora. Molly pressionou a mão contra o abdômen e respirou pelo nariz. — Acredite em mim, não consigo esquecer que ele está aqui.
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Ambas as meninas riram disso. A hora seguinte passou e a conversa ficou mais leve, mais despreocupada e alegre e era tudo o que Molly precisava. September enviou um texto enquanto Molly voltava para casa avisando que passaria amanhã - ela basicamente morava no apartamento também. Molly entrou no glamoroso prédio de apartamentos, acenando para o porteiro e foi até seu apartamento. Assim que fechou a porta, foi até o quarto principal e pegou uma das camisas de Tensley. Ela tirou as roupas no banheiro e vestiu a camisa. Seu cheiro forte tomou conta dela e ela alisou-a, terminando logo abaixo dos joelhos. Um mau hábito agora, um que ela se recusou a liberar. A confortava durante a noite sentir seu cheiro ao redor dela. Ela congelou e olhou por cima do ombro para a porta do banheiro. — Illya? Apenas o silêncio respondeu. Seu coração bateu em seu peito até seus tímpanos, uma constante lembrança do medo, de estar em perigo. Ela sentiu isso fortemente. Ela não estava sozinha. Ela cerrou os dentes e se moveu lentamente para a porta do banheiro, estendendo a mão. Quando tocou a moldura da porta, seu coração disparou descontroladamente e ela a abriu. Uma figura alta e sombria estava na escuridão do quarto principal, de costas para a grande janela. Sua boca ficou seca e em um suspiro, ela disse: — Tensley?
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CAPÍTULO 13
A figura sombria virou-se. A barba em sua mandíbula brilhava na iluminação baixa e os familiares olhos castanhos encontraram os dela. O que viu em sua mão foi um ursinho de pelúcia que Illya lhe dera. Um brinquedo para o filho dela. — Não, minha senhora, — o príncipe falou, totalmente de frente para ela. Seu coração afundou, mas ela se certificou de que ele não visse nenhum vestígio disso em suas feições. — Por que você está aqui? O príncipe deu um único passo para frente e parou, seus olhos caindo no seu estômago. Um pequeno solavanco agora estava lá. Ela não contara a ninguém fora de seu círculo íntimo e ainda não contara a Scorpios, mas tinha certeza de que, se soubessem, encontrariam uma maneira de virar o fato em sua vantagem, dizendo que não precisavam de uma mulher grávida e hormonal comandandoos através de uma guerra. Eles precisavam de um guerreiro. Qualquer negócio entre Scorpios era apenas entre membros. September e Stella mal sabiam o que estava acontecendo nos bastidores. — Molly, — começou o príncipe, seus olhos deixando seu estômago e eles seguravam uma suavidade, junto com a exaustão. — Você está bem?
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Molly observou-o de perto e depois de um longo momento suspirou e assentiu. — Eu estou bem, mas por que você está aqui? — Ela cerrou as mãos. — É Tensley? Ele está bem? O príncipe inclinou a cabeça para o lado, mas quando não rechaçou o pensamento, seu coração acelerou rapidamente. — Sua saúde está em declínio, mas a corte não sabe quão grave é a situação. Ela engoliu e ficou boquiaberta com suas mãos marcadas. — Ele se recusa a permitir o toque de outra mulher em sua pele, ele se recusa a discutir a guerra dentro dele, — disse ele, humilde e ela mordeu o interior de sua bochecha. — Ele convocou você. Molly fez uma careta e jogou a bolsa na cama. — Me convocou? Fui banida por Lilith. — O rei — o príncipe disse e ainda causava arrepios em Molly ouvir que Tensley era um rei. — Revogou isto. Ele convocou você, sob condições. — Que condições? O príncipe cruzou os braços e deu-lhe um longo olhar. — Isso é algo que ele deve discutir com você. — E se eu recusar? — Ela não sabia se podia. Se a saúde de Tensley estivesse em declínio, se ele estivesse doente, ela não o deixaria morrer. Ela salvaria a besta se isso significasse salvar o homem. Os lábios do príncipe se tornaram uma linha reta e suas sobrancelhas baixaram. — Temo que a besta enlouqueça sem você por perto. Ele já o fez. Molly olhou para a cama escura, os lençóis esticados e corretos. Talvez esta fosse uma segunda chance. Uma chance para que Tensley pudesse voltar para casa um dia e eles pudessem ser uma família juntos. Ela voltou a olhar para o príncipe. — Leve-me até ele.
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Ele ficou parado por um momento e depois se moveu, pegando um manto que estava em seu braço e colocou sobre os ombros dela. O tecido era pesado, um fardo para ela, mas ela levantou o queixo e olhou para ele. — Eu a advertiria a ter cuidado, — ele sussurrou, um aviso em sua voz dura. — Mas você é a única que pode controlá-lo. — Seu peito subiu rápido e duro. — Você é a única que pode domá-lo. Você doma a besta; você é a guardiã da besta. Um título que você detém na corte agora. Ela sentiu o ímpeto de poder, o medo e a raiva em suas veias e coração, e rangeu os dentes. Ela o domaria, ela o conquistaria e o salvaria. Molly foi até sua mesa lateral e rapidamente escreveu um bilhete para Illya. Que ela estaria de volta em breve e estava segura. Ela respirou fundo e se virou para encarar o príncipe. — Leve-me agora, — disse ela, claramente. Ele assentiu e puxou o capuz de sua capa sobre a cabeça. Com uma mão habilidosa, puxou a mesma adaga que ele usou para levá-los a suprema corte meses atrás, e cortou o ar, um zumbido estranho queimando seus ouvidos. Então as fibras do ar queimaram e se abriram, revelando o escuro corredor da Suprema Corte. Ela engoliu em seco e com medo beliscando seus calcanhares, avançou através do vazio e no coração da escuridão. O ar crepitava ao redor deles, o príncipe seguiu atrás dela e com um movimento de seu pulso, a passagem se fechou, desaparecendo como se nunca tivesse existido. O corredor era decorado com o seu exclusivo piso de espinha de peixe branco e preto, com candelabros de cristal que brilhavam, refletindo em todas as superfícies que a luz captava. Na escuridão, ele a guiou para o dormitório. Um mês não apagou a dor desagradável em seu peito ou o gosto amargo na sua boca pela Suprema Corte.
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Quando se aproximaram das portas duplas de madeira preta, seu coração estava em sua garganta, sufocando-a. Ela não sabia como ele estaria. Ele estaria doente? Ele estaria na cama? Zangado? Feliz? O príncipe bateu três vezes com os nós dos dedos e olhou para ela. — Como eu disse, — ele falou e tocou seu ombro. — Você é a domadora da besta. Ela não respondeu; sua garganta estava muito apertada, seca demais e ela viu quando ele recuou. — Entre, — uma voz áspera falou além da porta e seu corpo inteiro enrijeceu de pavor. Ela não pôde evitar o arrepio que passou por sua espinha até as pontas dos dedos dos pés que se curvavam. Seu corpo ainda reagiu a ele, no entanto. Com uma respiração profunda, ela endureceu e agarrou a maçaneta dourada, abrindo a porta para encontrar a besta. Ele estava sentado em uma poltrona estofada de ouro e pele, com as duas pernas grossas bem abertas em uma pose de poder e autoridade, mas ela podia ver como ele estava pálido. Como o suor se acumulava em sua testa e seu peito subia violentamente. Suas narinas dilataram e aqueles olhos escuros e letais se fixaram nela. Ela observou os dedos dele cravando no acabamento dourado da cadeira e as veias em suas mãos inchando, uma raiva oculta logo abaixo da superfície. — Meu senhor, — ela murmurou, um sussurro de reconhecimento. Sua voz tremeu um pouco, mas ela foi capaz de engolir o medo.
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Era a reação exata que ele esperava. Seu lábio superior se curvou em raiva e seus dedos se fecharam em punhos de ferro em seu trono. A besta queria submissão, mas ela sabia que com aquela minúscula fração de coração batendo em algum lugar dentro dele, o homem ansiava por seu próprio nome em seus lábios. A besta estava de fato em guerra com o homem, como o príncipe dissera. Uma guerra contra si mesmo. Um demônio lutando contra um coração. — Você me convocou? — Ela olhou para o glamoroso dormitório decorado com pesadas cortinas cor de vinho e uma cama grande o suficiente para acomodar várias pessoas. Ela impediu-se de se aproximar. — Sim, — ele mordeu como se doesse falar. Ela viu o peito dele subir e descer rapidamente. Então ela se perguntou - ela provocava essa violência nele? Tensley levantou-se, firme, mas ela viu o ligeiro movimento de oscilação ao se aproximar dela. Ela se preparou, desesperadamente querendo recuar. Ela não recuaria, no entanto. Ela se manteve firme, a cabeça erguida. Quando ele se aproximou, seu cheiro tóxico invadiu-a e ela o espiou através de seus cílios. Tão perto, muito perto, ela viu a borda afiada de seu maxilar pulsar sob o aperto cerrado. Ela respirou trêmula quando seus longos dedos encontraram as pontas de seu capuz e o puxaram para baixo, seus cachos loiros escorrendo livremente pelo manto negro. Estar tão perto dele era um jogo mortal, um zumbido intoxicante letal que se instalava em seu peito, em sua cabeça e em seus ossos.
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Ela estava presa em um caso de amor deformado. Com coragem, ela encontrou seus olhos escuros, as sombras tocando suas feições criando uma beleza pecaminosa. Ela procurou por um vislumbre, um lampejo de esperança de que talvez o homem estivesse lá. Mas não tinha certeza do que via. Sua sobrancelha ergueu e tremeu, seus lábios uma linha fina de aborrecimento e suas bochechas escavadas. Foi quando dois dedos acariciaram seu pescoço, descendo suavemente até a jugular pulsando descontroladamente sob seu toque, seu colarinho apertando ao redor da parte inferior de sua garganta, o que a desfez por um momento. Um suspiro deixou seus lábios e o calor floresceu em suas bochechas. Seus dois dedos afastaram seu manto para trás e seus olhos se estreitaram ao ver a camisa dele. — Você está envolta em meu cheiro, — ele falou baixo, sua voz rouca indo direto para o seu núcleo. — Toda a corte sentirá meu cheiro em você. Ele olhou para sua clavícula, o tecido branco escondido onde seu coração batia como um tambor de guerra por ele. Ela sabia que ele podia ouvir pela maneira como não conseguia desviar o olhar. Ela virou a cabeça para o lado, e sentiu os olhos dele arrastarem do pescoço até o perfil lateral. Ele a observou assim, suas bochechas aquecendo sob ele. Finalmente, ele se virou e ela o observou caminhar para o centro do quarto. Ele passou a mão pelos cachos escuros desgrenhados e amaldiçoou baixinho. Ele olhou para ela, seu lábio superior franzido. — Você me amaldiçoou. Ela piscou, surpresa. Ela limpou a garganta e deu um passo mais perto. — Sim eu fiz. Para te salvar. Ele cerrou as mãos. — Para me salvar? — Ele riu sombriamente e disse. — Deixando-me obcecado pelo seu cabelo brilhante, pelo lábio inferior cheio que eu quero morder... — Ele
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gesticulou descontroladamente e ela prendeu o lábio inferior entre os dentes. — O maldito coração que bate como um grito de guerra em mim a cada segundo. Que me faz sentir nojo de cada mulher solteira. Que anseia por você ao meu lado o tempo todo. Ela engoliu em seco, sua mente correndo, incapaz de falar, sem saber o que dizer de volta para ele. — Que qualquer macho que mencione o seu nome, o pronuncia, me faz querer quebrar o pescoço deles, — ele sussurrou e se aproximou mais e mais até que ficou bem na frente dela, elevando-se sobre sua pequena estrutura. — Eu vou destruí-la. Ela olhou para ele, sem se esquivar, sem se esconder e encarou. — Então me destrua. Ele olhou para baixo, o músculo em sua mandíbula pulsando enquanto ele a apertava. Seus olhos a examinaram. — Você partiu. Ela franziu a testa. — Parti? — Ela balançou a cabeça. — Sua corte me baniu quando eu te amaldiçoei. — Ela jurou por um momento que viu suas feições suavizarem, mas logo foi substituído por uma carranca. — Eu não queria partir, — ela sussurrou. Ele a observou, sua boca uma linha reta e irritada. Ele correu os dedos pelo cabelo e andou de um lado para o outro, mas parou e encarou-a. Ele franziu o cenho. — Toque-me. Suas sobrancelhas se ergueram. — O quê? Sem esclarecer, ele agarrou a mão dela e simplesmente a segurou. Sua mão bronzeada e poderosa encaixou na dela de porcelana. Um único toque. Era tudo o que ele precisava e ela viu a cor voltar às suas bochechas, seus músculos se agitaram quando ele flexionou os braços e revirou os ombros. Ela sentiu o polegar dele acariciar o dorso da sua mão e quase irrompeu em lágrimas. Isso bateu muito forte, rápido demais.
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Ela não tinha percebido o quanto sentia falta do toque dele. E então ele a soltou e manteve a cabeça baixa enquanto recuperava o fôlego. Ela trouxe a mão ao peito e segurou-a ali, chocada demais, chateada demais para se mexer ou falar. Tensley passou o polegar pelo seu lábio superior e se endireitou. — Você virá a mim a cada quarta noite. Você ficará o tempo que eu quiser. Ela simplesmente olhou para a mão dele, a mão que segurou a dela enquanto ele abria e fechava continuamente. Ele também sentiu isso? A química, o vínculo, a força que fluiu entre os dois? — Você está dispensada. O príncipe irá acompanhá-lo de volta — ele disse friamente e deu as costas para ela. Ela deixou cair a mão e não conseguiu esconder a raiva que a dominava. Tantas coisas que ela desejava cuspir de volta para ele. Que o pai dele estava morto. Que Evelyn estava tentando comandar Scorpios. Mas ela segurou a língua. — Você não quer saber sobre o seu filho? — Ela disse, sem esconder a raiva em seu tom. Ele não se virou para ela. — Eu confio em você. Esse seu coração puro nunca permitiria que seu próprio filho fosse negligenciado. Sua boca caiu aberta. Em um sentido estranho, foi um elogio, mas ainda a incomodava ele nem mesmo perguntar. — Ele está indo bem, — ela disse, feliz que ele não estava de frente para ela ou veria a umidade em seus olhos. — Eles dizem que ele é forte. Tensley não respondeu desperdiçaria seu tempo.
e
ela
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cansou. Ela
não
Ela queria voltar para o seu apartamento perfeito e esquecer tudo isso. — Mantenha meu filho seguro, — ele murmurou quando ela se virou. Ela não disse uma palavra e saiu. Quarta noite a cada semana. Ela balançou a cabeça. Ela não veria como uma sentença, ela veria isto como uma oportunidade de honrar seu voto. E fazer seu coração crescer.
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CAPÍTULO 14
— Nós o achamos, — disse um dos soldados a Molly quando ela levantou os olhos da pilha de papéis. Daphne estava sentada ao lado dela, outra pilha de papéis em suas mãos. O soldado - um homem jovem - não precisou dizer outra palavra. Há um mês desde que ela comandou o ataque de Scorpios a Ares em um armazém, muitos dos membros estavam escondidos fora de Boston e fugiram como ratos, ela estava esperando ouvir que eles finalmente haviam encontrado quem ela estava procurando. Ela não estava procurando por Fitz Senior, o Dux de Ares, ainda não pelo menos. Não, ela queria a coisa mais valiosa para ele e esse era o seu filho. Fitz Junior. — Ele está no porão? — Molly perguntou e se levantou. O soldado assentiu. — Você gostaria que eu fosse, Molly? — Daphne perguntou, uma profunda carranca entre suas sobrancelhas bem cuidadas. Molly sacudiu a cabeça. — Eu volto já. Molly saiu da sala e enquanto passava pelo corredor, os soldados alinhados nas paredes inclinaram a cabeça em saudação. Eles a viam não apenas como a esposa do Dux, mas como sua rainha, embora ela não tivesse nenhum título oficial.
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Fazia três semanas desde a sua primeira visita a Tensley e a cada quatro noites da semana, o príncipe voltava para escoltar Molly a Suprema Corte. Era sempre o mesmo - um concurso de olhar fixo e algumas palavras, ele simplesmente segurava a mão dela, então ela era dispensada. Naquela noite, o príncipe retornaria para acompanhá-la até lá. Ela não tinha certeza de como se sentia, mas estaria preparada para lutar por Tensley. Um soldado abriu a porta do porão e ela entrou na escuridão, descendo a escada rangendo. No meio da sala escura havia uma única cadeira e nessa cadeira estava Fitz Júnior. Enquanto ela se aproximava, o som de seus saltos ecoou ao redor dela, cada passo clicando contra o piso de azulejos, ele levantou a cabeça, um feito por si só. Nas luzes escuras e sombras, ela podia ver seu desagradável e machucado lábio, a vermelhidão cobrindo a frente da camisa de Fitz Junior. Suas mãos estavam amarradas atrás das costas com cordas pretas. Ela não estava olhando para o mesmo homem que tinha visto no verão passado. Ela estava olhando para um homem espancado e furioso que havia escapado da morte apenas para ser pego pela própria mão do diabo. Um homem não totalmente inocente. Um homem do outro lado do tabuleiro de xadrez que a queria para si ou pelo sangue dela fluindo livremente entre os dedos. Ela não seria misericordiosa com ele. — Fitz, — disse Molly, cruzando as mãos na frente dela. Ele riu sombriamente. — Há quanto tempo, Molly Darling. Ou eu deveria te chamar de Rainha? Eu me curvaria e beijaria seus pés sagrados se não estivesse amarrado — ele cuspiu, mal contendo seu próprio desgosto.
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Ela provou a hostilidade no ar. Era grossa e pesada e ela sabia que ele atacaria. Ela precisava acalmá-lo para poder conseguir respostas. Ares tinha sido rival de Scorpios por décadas e depois que Tensley se recusou a entregar Molly para Ares por mais poder e terra, eles atacaram. — Você declarou guerra contra nós, — disse ela e deu alguns passos mais perto. Fitz mostrou os dentes - pintados de vermelho, um completo oposto à aparência de menino que ele ostentava meses atrás. — Oh, então você é uma prostituta de Scorpios agora, hein? Imaginei que ele conseguiria te fazer se ajoelhar por ele em algum momento. — Ele zombou com um sorriso venenoso. — Há duas maneiras de fazer isso, Fitz. Você continua a jorrar todo esse lixo sobre mim e Tensley e eu me certificarei de levar um bom tempo rasgandoo pedaço por pedaço de sangue. Ou — ela disse, um sorriso sombrio crescendo em seus lábios. — Você fecha essa sua boca miserável e me diz o que eu quero ouvir, e tentarei ao máximo me lembrar de acabar com sua vida o mais rápido e indolor possível. Como isso soa? Bem? Bom — continuou ela, sem esperar pela resposta dele. Molly cravou as unhas na palma da mão e sorriu para ele mais uma vez, inocente e despreocupada, mas estava claro para os dois que ela não era nada disso. — Então, um dos seus homens envenenou Salvatore Knight. Você vai me dizer quem. Fitz virou a cabeça e gemeu. — Eu não sei quem fez isso, mas foi bom pra caralho. Aquele bastardo merecia morrer. Molly respirou devagar. — Fitz, — ela começou e se aproximou, inclinando-se para encará-lo. Quando ela estava a apenas alguns centímetros de distância, ela repetiu o nome dele. — Isso não é uma coisa muito boa para dizer agora, certo, — ela censurou, com os olhos cheios de fogo. Ele se inclinou para trás, seus pulsos torcendo contra as amarras. — Agora, — ela continuou, o olhar inocente retornando. — Você me diz onde seu pai está, e deixaremos você ir. Sem um único arranhão no seu corpo — disse ela, mas depois
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olhou para o lábio cortado e os olhos machucados. — Bem, sem um único arranhão novo de qualquer maneira. Tudo que você tem a fazer é me dizer, e então estará livre. Seu pai é o Dux afinal de contas. Ele é o único culpado por esta guerra. Então, me diga, Fitz. Onde. Está. Seu. Pai? — Fodida cadela ingênua! — Molly estremeceu em sua raiva repentina. Ele se moveu contra as amarras, tentando se aproximar e ela se levantou. — Eu não tenho ideia de onde diabos ele está. Meu pai deixaria você remover meus órgãos, meus ossos, até meu fodido pau antes que se entregasse. Eu sou inútil para você e sou inútil para ele. Estamos falando sobre o homem que escolheu arrancar o coração de sua própria esposa por seu maldito Ares. Você honestamente acha que ele dá a mínima para mim? Ele não confia em ninguém, nem mesmo em mim. Eu não sei de nada. Molly cruzou os braços, pensando no que fazer, o que dizer em seguida. Fitz riu e ela se virou para ele. — Não demorou muito, não é? Ela não respondeu e observou-o, seus dentes ensanguentados brilhando enquanto ele fechava e abria a boca. — Seu rei todo-poderoso, ele se cansou de você, não foi? — Ele disse e riu violentamente, seu corpo tremendo. — Ele provavelmente está espalhando as coxas de cada nobre dama da corte enquanto falamos. Pergunto-me se as suas bocetas têm um sabor mais doce que a sua? Provavelmente tem, você é imunda de qualquer maneira. Raiva incandescente a invadiu e antes que pudesse se controlar, ela puxou uma faca do coldre contra sua coxa e cravou profundamente em seu braço - esmagando os ossos, sangue espirrando contra seu vestido de renda impecável. Sua mão livre pegou o queixo dele e seus dedos machucaram sua pele. — Eu te avisei para não me irritar, Fitz, — ela sussurrou e forçou a cabeça mais para trás, seu pescoço esticando, sua via aérea bloqueada por sua força. — Eu tenho o sangue daquele rei cruel dentro de mim e posso ser tão selvagem quanto qualquer um de sua espécie. Talvez, ainda pior. Ela girou a faca mais fundo
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e o som de um grito abafado escapou de sua boca aberta. — Você vai me dizer onde está seu precioso pai e ele se entregará ou eu matarei todas as pessoas associadas a ele até que ele venha até mim e só para mim. Entendido? Ele assentiu contra a mão dela e de repente, ela viu claramente. Ela lentamente o soltou, recuando com as pernas trêmulas. Suas mãos estavam cobertas de sangue e ele olhou para ela, com os olhos arregalados, recuperando o fôlego. Ela engoliu em seco e se virou, subindo as escadas e, assim que fechou a porta, encostou-se na parede. Respirações profundas lutaram dentro de seu peito e ela olhou para cima para ver Evelyn em pé no final do corredor olhando para ela. Ela levantou uma sobrancelha. Molly se acalmou e continuou andando, ignorando o fato de que seu vestido branco estava salpicado de sangue. Seu comportamento, sua violência, sua indignação estavam todos ligados à criança demônio dentro dela. Sua lealdade cruel, sua raiva poderosa deslizou através dela e envolveu suas terminações nervosas. Ela se retirou e limpou o sangue de suas bochechas e nariz, como sardas vermelhas e tentou lavar o vermelho de seu vestido. Ela era cruel, ela era poderosa, ela era letal. Ela tinha que ter cuidado. Ela tinha que ser estratégica ou alguém usaria isso contra ela.
***
A corte ecoou com risadas e música, os dançarinos movendo-se suavemente pelo piso de mármore da sala de jantar.
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Um sinal de agradecimento de Lilith a Tensley. Um que ele não se importava. A bajulação sobre ele tinha ficado irritante e sentado, o queixo apoiado no punho, ele não sabia quanto tempo mais poderia suportar. Também não ajudava que sua daemon viria visitá-lo hoje à noite. Durante toda a semana ele passara o tempo lá fora, sob a chuva, sob o sol, na neve, castigando-se até o ponto de pura exaustão. Seu exército questionou-o enquanto ele os empurrava por horas e horas sem descanso, sem água. Ele queria ser punido por ter tais pensamentos profanos sobre sua daemon. A ameaça, o medo de cair sob seu controle novamente o empurrou ainda mais. O tempo todo ele pensou em seus cachos brilhantes, como eram macios quando ele passava os dedos entre eles ou naqueles seus lábios rosados cheios. Aqueles lábios eram mortais para ele. Tanto que ele queria mordê-los, devorálos, mas um toque, um gosto, ele não seria capaz de parar. A última coisa que ele precisava era perder o controle sob o toque dela. Ele precisava manter sua mente em ordem, impedir-se de enfraquecer por um ser humano novamente. Mas ele precisava dela, ele a queria e isso o levou ao ponto de quebrar tudo de novo. Talvez um gosto seja suficiente. Talvez ele fosse o único a controlá-la, ganhando aqueles gemidos enquanto chupava um de seus mamilos. Ele cerrou os dentes e se amaldiçoou. Ao som repentino de aplausos, ele percebeu que os dançarinos haviam terminado e se afastando. — Espero que tenha agradado a você, meu senhor, — Lilith sussurrou e arrastou um dedo ao longo de sua coxa.
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Ele não falou com ela. Ele conhecia os jogos dela e sabia que ela ansiava por poder mais do que qualquer outra coisa e não ficaria surpreso se estivesse planejando as escondidas. Tensley se levantou, a mão de Lilith caindo de volta em seu colo enquanto ele se movia para deixar seu trono. — Meu senhor? — A voz de Lilith sugeriu sua frustração, mas ele não se importou. Ela sabia quem o visitava a cada quatro noites e ele se perguntava se o ‘presentinho’ era uma desculpa para mantê-lo longe de seu daemon. Nada poderia mantê-lo longe dela. Ele marchou pelos corredores, suas botas batendo alto e seu peito latejando. A lasca de coração dentro dele pulsava violentamente, como se procurasse por mais, procurando espaço para crescer. Quando ele virou a esquina para seus aposentos, avistou uma pequena figura, um manto de escuridão escondendo sua cabeça. Ela estava saindo, no entanto. Ele seguiu em frente e antes que ela pudesse se afastar, ele agarrou a parte de trás do capuz e a girou fazendo-a bater no peito dele. Ela engasgou, seus grandes olhos vívidos brilhando para ele. Cílios molhados, olhos vermelhos. — Tensley... — O simples som de seu nome naqueles lábios fodíveis foi direto para seu pênis e ele rosnou. Seu choque desapareceu rápido e ela empurrou seu peito. — Você não precisa de mim hoje à noite. Você estará muito ocupado. Ele pegou seu bíceps e novamente puxou seu corpo contra o dele. — Do que diabos você está falando? — Não seja burro, idiota. Ele queria devolver o xingamento, mas viu que a raiva dela estava apenas escondendo sua dor quando ela piscou para conter as lágrimas. Ela ainda se importava.
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Tanto que deixou a besta selvagem de desejo. Ele abriu a boca, mas a agitação de risadinhas o deteve e ele ficou tenso. Ele não desviou o olhar dos olhos molhados de Molly e a puxou com ele quando se virou e marchou para seus aposentos, abrindo as portas. Três mulheres envoltas em vestidos transparentes, escondendo nada na cama. — Meu rei, — todas elas cantaram de maneira doentia. Sua besta estava no limite e com uma respiração profunda, ele apontou para a porta. — Para. Fora. Agora. As três mulheres empalideceram, mas não se mexeram e isso só o irritou ainda mais. — Agora! Ele sentiu Molly recuar em sua voz alta e estrondosa. As mulheres fugiram, saindo da sala com a cabeça baixa. Tensley soltou Molly e passou a mão pelo rosto. — Sente-se, — ele ordenou, apontando para sua cadeira. Depois de um longo momento, Molly se moveu para sua cadeira dourada e sentou-se. Ele olhou para sua cabeça curvada, o loiro suave caindo por suas costas e.... Tensley se moveu rapidamente e pegou alguns fios de cabelo. Ela estremeceu, confusão escrita por todos os seus traços. — Você tem sangue no cabelo, — disse ele, esfregando o polegar nas poucas mechas manchadas de vermelho. Ela piscou rapidamente e ele viu sua garganta se contrair. — Eu posso ter torturado alguém. Ele estreitou os olhos para ela.
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— Seu filho é tão cruel quanto você, — ela sussurrou, um sorriso triste brincando em seus lábios. Desvaneceu-se rapidamente. Ele soltou o cabelo dela, mas manteve-se acima dela, observando-a com cuidado. — Por que você estava torturando alguém? Ela cruzou as mãos no colo. — Isso é só da minha conta. Suas palavras eram com um punhal no peito, mas ele manteve uma expressão fria. — Diga-me. Ela ficou em silêncio, as mãos esfregando as coxas para cima e para baixo. — Eles encontraram o Fitz Junior. Eu estava torturando-o por respostas sobre onde seu pai poderia estar escondido Tensley ficou rígido. Aqueles bastardos. Scorpios. Ares. Toda a sua antiga responsabilidade. — Quando voltei, há pouco mais de um mês, Evelyn Rose estava atuando como Dux — Molly acrescentou e ele olhou para ela. Mas antes que ele pudesse se enfurecer, ela falou suave e calmamente e isso foi diretamente para o seu coração proibido e virilha. — Eu, é claro, coloquei-a em seu lugar e assumi a posição de Dux. Como deveria ser. Como sua esposa. — Ele não conseguia desviar o olhar da sereia loira, cantarolando uma canção de ninar que só ele e a besta ouviam assim colidiria com pedras e afundaria profundamente na escuridão dela. — Sua família, obviamente, fornece muita ajuda também. Havia uma força, um toque letal nela que não estava lá no momento em que ele a conheceu e a besta lutou dentro dele pelo domínio. Ela trouxe a besta e o homem à superfície. Tensley suspirou e foi até uma de suas mesas laterais, segurando uma jarra de barro com água. Ele voltou e gesticulou para ela ficar em pé. Ela levantou e ele agarrou as poucas mechas vermelhas e, lentamente, com cuidado, derramou a água em seus dedos e em
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seus fios. Com um polegar firme, ele esfregou os fios, a água ficou vermelha em seus dedos e rolou pelo manto acumulando-se no chão entre eles. Uma vez que a vermelhidão permaneceu apenas em seus dedos, ele soltou e colocou a jarra no lugar, sentindo os olhos dela observando cada movimento seu. Ele caminhou lentamente de volta para ela, esfregando a vermelhidão entre os dedos e o polegar. Quando eles começaram a tremer de sua exaustão, ele os fechou. — Só a minha rainha usaria o sangue de um inimigo, — ele sussurrou e sentou-se em sua cama. A dor em seu peito vibrou, um punho de dor envolvendo seu coração crescente até que ele viu pontos pretos. — Você está bem? — Aquela voz doce perguntou e ele sentiu-a tocar sua bochecha, mas sua visão estava turva. Dentro dele, seu corpo precisava dela, ansiava por ela como um viciado. — Fique, — ele disse a ela, sua voz saindo mais suave do que ele queria. Então tudo ficou embaçado e preto.
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CAPÍTULO 15
Molly esfregou o dedinho ao longo do lábio inferior trêmulo, observando enquanto o curandeiro trabalhava sobre o corpo inconsciente e trêmulo de Tensley. Uma vez que ele desmaiou, ela entrou em pânico com seus grunhidos de dor, seu corpo se debatendo como se estivesse fisicamente doente. Ela procurou o príncipe e ele chamou um curandeiro, e agora tudo o que ela podia fazer era esperar. — Hmm, — o curandeiro sussurrou, esfregando um óleo calmante no peito nu de Tensley. A longa e áspera cicatriz de onde seu coração fora arrancado uma linha feia de lembrança. Tensley grunhiu de novo, torcendo a cabeça para o lado. — É o coração dele? — Molly perguntou, a pergunta fervendo dentro dela. E se a maldição dela na realidade o machucasse mais? Enfraquecendo tanto o homem quanto o demônio e era simplesmente puro veneno para ele todos os dias? — Eu não sei, — respondeu o curandeiro, franzindo a testa enquanto se afastava. Ele se virou para Molly, com uma carranca. — Mas seu corpo precisa do poder do toque. Ele está faminto, isso posso afirmar pela fraqueza de seu corpo. O estômago de Molly caiu. Ele estava fraco... Porque não estava recebendo intimidade de ninguém. Apenas alguns toques dela e depois ele a mandava embora.
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Ele estaria vivendo com a fraqueza, a dor porque não queria pressioná-la demais, rápido demais? — O que posso fazer? — Perguntou Molly, levantando-se da cadeira. O curandeiro olhou para o comprimento do corpo de Molly. — Deite-se ao lado dele. Simplesmente certifique-se de cada parte do seu corpo toque o máximo do dele quanto possível, isso acelera o processo. Só isso deve ajudar a alimentar seu corpo. Molly assentiu e observou o curandeiro se afastar, deixando-a sozinha com o rei das feras. Um gemido deixou seus lábios cheios e franzidos, seus ombros enrijecendo enquanto a dor perfurava seu corpo. Molly deu um passo à frente, alisando a camisola. Ela tirou a capa e colocou-a em uma cadeira próxima. Seu rugido de agonia lhe tirou o fôlego, outro ataque de dor devastando seu corpo. Seus olhos se voltaram para o rei, um grito de angústia vibrando diretamente em seus ossos. Ela correu para o lado dele e subiu na cama, as mãos segurando os ombros dele. — Tensley, — ela disse, sua própria voz trêmula, mas alta o suficiente para ele ouvir. — Tensley! — Suas mãos encontraram suas bochechas suadas e ela as acariciou asperamente. — Está tudo bem, tudo bem. Com um rugido, seus olhos se abriram e ele se acalmou, lentamente, examinando ao seu redor até que se concentrou nela acima dele. Ela continuou acariciando sua pele quente, na esperança de acalmá-lo. Ela podia sentir a batida rápida de seu coração em sua palma - aquela lasca de coração, aquele presente de ferro. Quando ela olhou para ele, para seus olhos cinzentos e tempestuosos, seu coração parou. Um lampejo, um vislumbre do homem.
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Tão despido e exposto, que ela quase o beijou. O homem - Tensley olhou para ela com medo e confusão e depois - adoração. Ele ainda estava preso entre esse estágio de sonho e o de vigília. — Eu estou aqui, — ela conseguiu sussurrar e se deitar ao lado dele. Quando seus dedos tocaram o lado interno de seu braço, ela engoliu uma respiração estremecida. — Fique. — Era um comando, suavizado por sua voz rouca de sono. Ela descansou a cabeça no ombro dele e não conseguiu escapar dos seus olhos. Sua mão ainda massageava seu peito, onde seu coração batia e ele não a removeu. Ela o observou por alguns minutos até que seus olhos se fecharam e sua respiração estabilizou. Ela estava tão perto - ela sabia que poderia derrubar seus altos muros e encontrar seu coração de ferro.
***
As luzes se esparramavam pelos seus cabelos dourados. Foi a primeira coisa que ele notou. Essas madeixas de fios dourados, cascateando em volta da porcelana exposta, ele queria marcar. Seus dedos pressionaram a parte inferior de sua espinha, ganhando um pequeno miado de prazer, de dor, e ele retirou. A mão dela, essa mão delicada que exercia tanto poder sobre ele, sobre a sua corte, deitada em seu peito. Em seu coração. E sob seu toque, o órgão proibido cresceu selvagem, bombeando e se debatendo dentro dele e o medo o apanhou. Ela era a bênção e a maldição.
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Quando ele se afastou, descobriu que sua outra mão estava descansando na barriga dela. Ele fez uma pausa, olhando para a barriga dela e passou a palma da mão sobre o pequeno solavanco, pouco visível a olho nu, mas ele sentiu. Ele sentiu a energia dentro dela. O poder, a essência de um daemon e um demônio. O filho dele. Sua carne e sangue. — Tensley? Ele afastou a mão e levantou, passando as mãos trêmulas pelo cabelo. Ele puxou uma calça de uma cadeira próxima e a vestiu, apenas para se inclinar para frente de dor quando seu coração ficou selvagem dentro dele mais uma vez. Merda do caralho. — Tensley, — aquela voz suave disse, mas isso invadiu sua mente e quando a mão delicada tocou suas costas nuas, ele a empurrou. — Não me toque, porra, — ele sussurrou, quando sentiu a besta derrubar o homem dentro dele. Ele esperava que seus olhos negros a avisassem. Ela olhou boquiaberta para ele, a luz do sol delineando seu corpo e seu cabelo dourado. Ele queria beijá-la. Ele queria puxá-la para acalmar a tempestade dentro dele, mas a besta assumiu a batalha. Fique no controle. Assuma o poder. Não a deixe vencer. Ele cerrou os dentes e respirou fundo, conseguindo sair do quarto. Ele precisava de ar, ele precisava destruir, mas continuou marchando, os membros da corte parando no corredor para observar seu rei.
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Mesmo do lado de fora, ele não parou. Ele invadiu os jardins e pisou na floresta. Quando ele viu o lago à frente, tirou as calças e andou para a água fria, a frieza picando sua pele enquanto avançava em suas profundezas. Ele ofegou, do frio, do alívio repentino e mergulhou a cabeça sob a água límpida. Até que a batalha dentro dele se acalmou e ele se arrastou de volta para a beira, colocando seu corpo fraco na areia dura. Os grãos de areia se agarravam ao torso e bochechas molhadas, o cabelo cheio de pintas. Uma dor profunda em seu peito lhe tirou o fôlego e ele tossiu, o céu girando. Calor e frio guerreou em seu corpo e ele fechou os olhos para lutar através disso. Lute. Lute. Lute caralho. Ele ouviu o barulho da areia e preguiçosamente olhou para a praia para encontrá-la. A maldita garota que o destruiu completamente, e porra do inferno, ele estava começando a querer isso, também. Destrua-o até que ele implore por outro beijo carinhoso. Que doía em sua boca agora mesmo. Ele lambeu o lábio inferior, como a fera faminta que ele era. Devaste-a, ferozmente. Apenas alguns passos de distância e ele seria capaz de tocá-la, abraçá-la, deixá-la consumi-lo completamente. Ele grunhiu, levantando-se e cambaleou em direção a ela. — Molly, — ele respirou e ela tropeçou recuando. — Molly.
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Ele acelerou o passo e quando a viu se afastar, a raiva aumentou dentro dele. — Molly. Ela correu como se estivesse assustada, apavorada com ele, apenas para colidir com um homem. Seto a pegou e a segurou, suas mãos calejadas acariciando-a com possessividade e cuidado, como se ela fosse dele. E quando Molly virou a cabeça para olhar de volta para ele, Tensley parou completamente. Porque não era Molly. Mas Prim. A garota que lhes disseram estar morta. Seu cabelo castanho opaco, não o loiro platinado que cheirava a raios de sol, e sua pele era salpicada de sardas, não a pele de marfim de Molly. — Prim, — ele sussurrou, incapaz de desviar o olhar da mulher que confundiu com a dele. Ela estremeceu quando ele falou. — Meu senhor, — disse Seto, seus olhos caindo para a parte inferior do corpo de Tensley. Seto puxou Prim para mais perto. Quando ele se lembrou de que estava nu, se virou e pegou suas calças, colocando-as de volta. — Volte para a casa de campo, — Seto sussurrou para Prim e ele deu um beijo carinhoso em sua têmpora. Tensley não podia desviar o olhar, detalhando o momento compartilhado e suave. A lasca do coração dentro dele doeu com a visão. Uma visão que ele invejava, uma visão que ele ansiava. Ele queria ser carinhoso com Molly, mas a besta rugiu, apenas para desaparecer pela batida de seu coração. Ser carinhoso era perigoso. Ele pressionou dois dedos na têmpora e fechou os olhos com força. As emoções lutavam dentro dele. Por domínio sobre sua mente, sobre seu corpo.
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— Meu senhor? — Seto questionou, aproximando-se. Tensley balançou a cabeça, tentando ignorar o desejo, a confusão em seu coração e mente. — Ela estava morta… Seto fez uma careta. — Fallen mentiu. Ele a vendeu. Tensley olhou para o homem diante dele. Um homem uma vez poderoso agora tentando proteger a mulher que pensou ter perdido. — Você tem a escondido aqui? — Perguntou Tensley. Seto endireitou os ombros. — Sim. Eu não quero que a corte a tire de mim novamente. A dura mordida das palavras de Seto disse a Tensley o quão desconfortável o homem estava com ele por perto. A besta era territorial e protetora de sua companheira. Apenas o pensamento de Molly o deixava louco. A lasca do coração começou a doer e ele sentiu a ansiedade, o medo deslizar por sua espinha. Ele se mexeu, ajeitando sua postura, implorando para que a horrível sensação parasse. Seto esperou, olhando para o corpo de Tensley. — A besta está inquieta, — Seto falou após uma longa pausa. Tensley se virou para encará-lo e não escondeu seu olhar. — Tenha cuidado com suas próximas palavras, Seto. Seto não hesitou. — Você a deseja, mas você a teme. Tensley limpou a água excessiva do lábio superior e grãos de areia arranharam sua pele. — Eu não temo nada. — Você a quer por perto, mas não perto demais, — continuou Seto. — Mas se quiser que ela fique, terá que dar a ela um gostinho do que você pode lhe oferecer. Tensley lambeu os dentes. Ele não queria admitir seu medo, sua ansiedade por ela não estar aqui ao lado dele ou quando estava aqui, seu medo dela sugá-lo de volta. Tensley agitou as mãos, gesticulando ao redor. — Eu posso oferecer-lhe tudo.
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Seto ficou em silêncio, as mãos unidas na frente dele. Seu olhar só dizia a Tensley que não era o suficiente. — Dê-lhe um gostinho do rei - corteje-a, acalme-a. — Cortejá-la? Seto ignorou o tom amargo de Tensley e se aproximou. — Você não pode se fugir disso, sua majestade. Você não pode se esconder dela. Ela amaldiçoou você e, lentamente, com cada toque, cada palavra que ela diz, a maldição vai aumentar. Tensley rangeu os dentes, olhando para o chão, as raízes expostas. Assim como ele. Seu coração estava crescendo - rápido e a guerra dentro dele estava destruindo a besta, empurrando-o ainda mais para o fundo. Ao simples pensamento dela, ele ficou tonto, mal do estômago, a intensidade dentro dele queimava e tudo o que queria era ela na frente dele. Para abraçá-la, acalmá-la, beijá-la carinhosamente nos lábios e acalentá-la. A besta rugiu, mas seu coração falou mais alto, colidindo dentro dele. Ele correu, deixando Seto para trás e disparou em direção ao palácio. Ele correu pelos corredores, os membros da corte afastando-se embasbacados com a aparência desgrenhada, o cabelo encharcado e o peito nu. — Meu senhor, — Lilith chamou quando ela entrou no corredor, seus olhos se arregalando e escurecendo de uma só vez em seu torso nu. Ele passou por ela e invadiu seus aposentos, seu coração na garganta, mas seu estômago caiu brutalmente. O quarto estava vazio, os lençóis torcidos, um sinal de sua noite juntos. Molly partiu e a fera e seu coração se enfureceram. — Porra, — ele sussurrou e em sua ira, destruiu tudo ao seu redor. Seu coração queimava, sua fera silenciada.
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E quando o quarto inteiro estava destruído como o que guerreava dentro dele, ele desmoronou com lençóis rasgados em suas mãos e o nome dela ofegante em sua boca como a porra de uma oração. Ela o amaldiçoou - e ele planejou amaldiçoá-la para desejá-lo tanto quanto. Isso ele prometeu.
***
Quando Molly retornou a Scorpios, ela também se sentia enjoada. Não por causa do bebê que decidiu começar a se movimentar dando voltas como uma lancha, mas por causa da reação de Tensley. Ela o viu, viu o vislumbre do homem antes que ele tivesse o coração arrancado, mas ele estava enterrado bem no fundo. Cada dois passos à frente, eram cinco passos para trás. Ela conhecia um homem que poderia ajudá-la a investigar mais a fundo, mas não sabia ao certo como ele reagiria. Molly subiu as escadas de um prédio que deveria estar vazio. Preservativos usados espalhados pelo carpete marrom. A fumaça e o cheiro de algo podre enchiam suas narinas. Talvez esta não tenha sido a decisão mais sábia... Manchas escuras desbotadas no tapete e ela se encolheu. Definitivamente sangue. Cada porta fina como papel parecia exatamente igual e quando se aproximou da número 54, ela parou. Com Tensley, ela sabia em que pé estava. Ele não a atacaria, mas com outra besta? Ela revirou os ombros e deu um passo à frente, batendo na porta oca. Ela escutou, esperando algum movimento.
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Nada. Ela franziu a testa e bateu na porta. Passos soaram no apartamento e antes que Molly pudesse se preparar, a porta se abriu revelando um Beau recém saído do banho. Seus olhos escuros atiraram punhais nela e ela engoliu em seco. — Por que você está aqui? — Sua voz não continha ameaça, nem raiva, mas aborrecimento. Ela endireitou a alça da bolsa. — Para vê-lo. Sobre o seu irmão. Sua mandíbula, a mesma mandíbula afiada de seu irmão, flexionou e vacilou sob um aperto de morte. — O rei sem coração. Ela não tinha certeza se ele estava tentando brincar, mas simplesmente olhou para ele, esperando por um gesto para entrar. — Só alguns minutos, — ela pediu, se aproximando. Seu corpo inteiro bloqueou a entrada e ele manteve um aperto firme na porta, sua linguagem corporal dizendo que ela não era bem vinda. Pena que ela sabia como ficar sob a pele de um Knight. — Não estou interessado. — Ele foi fechar a porta e Molly avançou, colocando o pé para impedir a porta de fechar. — Por favor, Beau, — ela sussurrou, seus olhos encontrando os dele e implorando. Beau fez uma careta e ela sentiu o ódio dele se esvair. Ele abriu a boca, mas outra voz falou. — Beau? O que você está fazendo? — Lex inclinou a cabeça para o lado, seu cabelo marrom úmido caindo sobre um ombro. As feições de Lex suavizaram, suas bochechas queimando vermelho brilhante. — Molly, o que você está fazendo aqui? Molly mordeu a língua e trocou um olhar entre os dois. Lex só usava uma camiseta comprida até os joelhos e Beau estava sem camisa e de calça jeans. Eles tinham alguma coisa agora?
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Lex puxou Beau para trás pelo braço. — Entre, Molly. Molly entrou no apartamento - um apartamento grande o suficiente para um casal, mas presumiu que apenas Beau morasse ali. Não era nada de especial, mas não era horrível. A cozinha era antiga e os sofás estavam gastos. Lex ficou na frente de Molly enquanto Beau estava no meio da sala. Molly podia sentir uma maior resistência de Beau por estar perto de Lex. — Oh meu deus, — sussurrou Lex e levou a mão para a barriga de Molly. Molly ficou quieta, não acostumada a pessoas tocando sua barriga. — Com quanto tempo você está? — Eu vou fechar cinco meses em um dia ou dois. — Molly sorriu e passou as próprias mãos ao longo de sua barriga. Quando ela olhou para Beau, viu suas narinas dilatarem, seus olhos incapazes de desviar o olhar da barriga dela. Ela pensou em seu próprio filho não nascido e na humana que Fallen assassinou. O que ele sentia vendo a esposa do irmão grávida? Raiva? Medo? Terror? Remorso? — Beau, — Molly começou e sua cabeça disparou. — Eu queria perguntar a você sobre... — Ela olhou para Lex, que tinha as sobrancelhas franzidas. — Sobre ser sem coração... sobre... ficar melhor. Beau simplesmente olhou, trabalhando a mandíbula. Uma vez que o coração de um demônio fosse arrancado, ele poderia voltar a crescer, mas levava tempo e carinho, e ela duvidou que nesta sociedade de demônios isso acontecesse tão rapidamente. Lex olhou através de seus cílios para ele, um desejo em seus olhos. — Por quê? — Ele finalmente falou. Molly lambeu os lábios e se aproximou. — Para que eu possa ajudá-lo. Tornar isso melhor para ele.
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Beau escarneceu. — Para salvá-lo. Por seu próprio egoísmo. Talvez ele seja melhor como uma besta. Talvez ele queira ficar desse jeito. Lex cruzou os braços. — Melhor como uma besta? Beau olhou para Lex. — Vá dar um passeio. Isso não tem nada a ver com você. Lex empalideceu e então suas feições delicadas se transformaram em uma carranca. — Foda-se você. Lex pegou uma sacola do sofá e saiu batendo a porta atrás dela. Molly não se mexeu, olhando para Beau enquanto ele passava a mão pelo rosto. Alguns segundos se passaram antes que Molly falasse. — Você e ela...? Beau sacudiu a cabeça. — Não. Molly assentiu, decidindo que era melhor evitar essa conversa. — Beau, quanto de um coração você tem? Beau suspirou e se virou para a cozinha. Ele ligou a torneira e serviu-se de um copo de água. — Mais da metade de um coração. — Ele tomou um grande gole de sua água, as gotas cobrindo sua barba escura. Com um olhar sombrio e firme, ele se aproximou dela. — Demorou dez anos para chegar lá. O coração de Molly se apertou. — Dez anos? Ele tomou outro gole e assentiu. — Dez malditos anos de escuridão. Molly agarrou o encosto do sofá em busca de apoio. — E se eu fizesse alguma coisa? Para acelerar o processo? Beau levantou exatamente?
uma
sobrancelha. —
O
que
Ela engoliu em seco. — Eu o amaldiçoei para ter um coração. A testa de Beau franziu e ele deu um passo à frente, com raiva em seus movimentos. — Você o amaldiçoou?
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— Eu estava desesperada. Beau xingou e andou de um lado para o outro. — Bem, é melhor ele ainda estar vivo. Você não o matou, certo? Molly balançou a cabeça suavemente. Ele deu de ombros depois de um momento. — Eu não sei como isso vai funcionar. Pode crescer mais rapidamente, pode ainda levar um tempo. Ela cerrou as mãos. O tempo não estava do lado dela. Ela precisava dele em casa. Ela precisava dar ao príncipe o trono em troca da vida de Tensley. Beau olhou diretamente nos olhos dela, com um olhar frio. Muito frio. — Eu não tive uma Molly na minha vida durante esses dez anos, — disse ele, cuspindo o nome dela como se fosse um insulto. — Porque eu não tive sorte como meu irmão. A mulher por quem eu me apaixonei estava morta há muito tempo e meu filho não nasceu. Ninguém ou nada me ajudou, então não sei nada sobre ajudar alguém a ter um coração. Tudo o que sei é a escuridão e a dor que me seguiram por todos esses anos. E ainda está lá, nunca vai embora. Molly ficou surpresa com suas palavras. Parecia que ele a havia esbofeteado. Mas ela não podia culpá-lo pelo que ele dissera, se alguma coisa ela entendia sua dor. A dor de ver como até mesmo sem coração, seu irmão ainda tinha pessoas lutando por ele, amando-o, esperando que ele melhorasse. Quando Beau ficou sem coração, ninguém lutou por ele, as pessoas escolheram simplesmente recuar e deixar a besta fazer o que quisesse. Ele tinha perdido tudo, ele tinha sido despojado de seu direito de se tornar o futuro Dux, ele tinha sido humilhado por seus pecados e trouxe a escuridão e a vergonha para toda a sua família. Olhando para seu irmão, um rei, um Dux, um homem com uma esposa e uma criança a caminho, um homem que perdera um coração, mas ganhara todo o resto, provavelmente doía mais do que Molly queria admitir. Não importou a ninguém se Beau estava se recuperando, ninguém esperava que ele se recuperasse. Todos desistiram dele.
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Mas quando ela pensou em Lex, e no que ela tinha passado, da escuridão que havia se infiltrado dentro da garota após os horríveis eventos de alguns meses atrás, ela percebeu que talvez alguém que entendesse a besta havia finalmente escolhido ajudá-lo. Para apoiá-lo e lutar por ele. Ele só não tinha percebido isso ainda.
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CAPÍTULO 16
Arrumando seu capuz, Molly andou na ponta dos pés pelos corredores silenciosos. Ela segurou a bainha da capa, seguindo os passos do príncipe, com o coração na garganta. A última vez que ela viu Tensley foi há uma semana e ele ficou zangado, fora de controle e a deixou em seus aposentos. Ela sabia que ele estava em conflito, sabia que ele estava lutando contra o coração dentro dele. Ela queria pressioná-lo, mas temia que, se pressionasse longe demais, rápido demais, ele acabaria sofrendo mais. — Ficarei aqui fora esperando — disse o príncipe quando se aproximaram da porta dupla dos aposentos de Tensley. Molly parou na frente das portas e balançou a cabeça. — Eu vou ficar mais tempo do que o habitual. O príncipe arqueou uma sobrancelha. — Oh? E seu senhorio sabe? Molly revirou os olhos e olhou para ele. O príncipe riu, o som sensual. — Vou esperar do lado de fora. Molly ignorou sua observação e se virou para abrir a porta. O que ela encontrou foi escuridão completa, além da luz da lua entre as cortinas.
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O ar estava gelado e quando ela entrou na ponta dos pés, apertando os olhos na escuridão, ela se perguntou se ele estava lá. Talvez ele estivesse evitando-a.... Ela respirou fundo, seus ombros caídos. — Eu não achei que você voltaria, — sua voz áspera enviou um arrepio de alegria por sua espinha. Ela deu um passo à frente, os olhos se ajustando lentamente à escuridão para ver seu corpo enorme encostado na parede, seu antebraço descansando ali, as costas ligeiramente curvadas. — Claro que eu voltaria, — ela sussurrou, franzindo a testa ligeiramente. Ele grunhiu uma resposta. — Você deveria partir. Agora. Ela engoliu em seco. Ao som de sua voz rouca, tão baixa, que ela sentiu o calor no quarto. A energia ao seu redor era raiva - raiva pura e era direcionada a ela. — Tensley, — disse ela, prestes a perguntar o que estava acontecendo com ele e por que ele estava tão irritado, mas quando se aproximou, ela finalmente viu o que estava acontecendo. Nesse novo ângulo, o luar que se infiltrava pela janela iluminou sua figura o suficiente para que ela pudesse ver quase todo ele. Seu punho grande segurava sua ereção, as calças soltas, expondo o cabelo escuro, as linhas profundas que levavam de volta àquele comprimento raivoso. Ela parou no meio do caminho, arregalando os olhos, incapaz de desviar o olhar dele. Ele grunhiu novamente e lançou seus olhos escuros sobre seu corpo, sua mão trabalhando mais devagar agora, deslizando para baixo de seu comprimento, em seguida, até a cabeça inchada. Nenhum deles se moveu, apenas a sua mão, e nenhum desviou o olhar.
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Um rubor tomou seu rosto e peito e ela prendeu o lábio inferior entre os dentes, mordendo a respiração ofegante ao ver Tensley dando prazer a si mesmo. Hormônios estúpidos. Emoções estúpidas. — Você gosta de ver o que faz comigo? Eu não posso olhar para outra mulher sem querer matar alguém. Isso, — ele disse, sua mão ficando mais dura, mais áspera em si mesmo. — Isso é o que você faz comigo. Tensley olhou de volta para ela, seus olhos escuros cobertos de desejo e luxúria, os dentes cerrados. Cada vez que ele grunhiu baixinho, seu próprio núcleo queimava. — Eu não vou parar, — disse ele com os dentes cerrados e bombeado mais rápido. — Então vá embora. Molly olhou-o cuidadosamente de cima a baixo, sua postura poderosa, sua mão poderosa, suas bolas pesadas sob seu pênis. Ela engoliu em seco e devagar olhou para ele, encontrando seu olhar quente. Ela deu um passo mais perto e suas sobrancelhas implacáveis franziram em confusão. Então ela deu outro e a sua mão abrandou, seu olhar subindo e descendo como se ela segurasse uma arma secreta. Ela respirou suavemente enquanto entrava em seu espaço, as respirações dele soprando sua testa e sua mão trêmula pressionada contra sua barriga. Seu estômago ondulou ao toque dela e uma respiração aguda atingiu sua pele. As pontas de seus dedos traçaram seu abdômen esculpido, seguindo sua escura trilha feliz, descendo cada vez mais para baixo. Tensley grunhiu baixinho quando a mão macia dela envolveu seu eixo.
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Sua mão soltou e ambas as mãos tocaram seus quadris, capturando-a, assim nenhuma escapatória era possível. Como se ela quisesse fugir. Ela olhou para a coroa inchada de seu comprimento e gentilmente a acariciou, seus dedos varrendo a cabeça brilhante. Novamente, ele gemeu e baixou a cabeça para que sua bochecha pressionasse a dela. — Meu doce monstro, — ele sussurrou e ela gemeu de volta quando seus dedos cravaram em seus quadris, apenas trazendo-a corada contra ele. Sua cabeça girou, a respiração quente dele atingiu seu pescoço e o lóbulo da orelha expostos. Ela acariciou devagar, dolorosamente devagar, sentindo cada saliência de seu comprimento endurecido. — Você fugiu de mim, — disse ele em seu ouvido e ela sentiu a raiva quente, o desejo lascivo de puni-la em suas palavras. — Voltei para o quarto e você havia partido. Partido porra. Ela ergueu o olhar e encontrou seus olhos escuros, sem fôlego. — Isso te irritou? Seus olhos se estreitaram e suas mãos se espalharam por seus lados e cavaram cada bochecha de seu traseiro, rolando-a contra ele. — Porra me enfureceu. Ela engasgou com a sua força repentina e percebeu que era da sua intimidade. — Porque? — Ela sussurrou de volta para ele, seu olhar inabalável dele. Ele rosnou no rosto dela, amassando sua carne enquanto sua mão o acariciava completamente. — Você sentiu minha falta? — Ela perguntou de novo, inclinando a cabeça para o lado, um sorriso vicioso, conhecedor em seus lábios.
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Sua mandíbula pulsou e seu olhar escuro não se afastou do dela. — Você está me destruindo com essa maldição, — ele explodiu e rolou seus quadris para que seu comprimento se movesse mais rápido em sua mão. — Estou sendo arruinado pelo coração perverso com o qual você me amaldiçoou. Ele bate. Ele bate quando você está perto - e dói quando não está. Bate quando penso em você. E eu penso em você o tempo todo. Ela engoliu em seco em sua confissão, seu pulso acelerando e seus lábios se abrindo. Seus olhos notaram o movimento de sua boca e ele olhou, sem piscar para eles. — Esses lábios que eu adoro em meus pesadelos, — ele sussurrou, sombriamente. — Como eles provariam entre meus dentes. Como eles engoliriam meu pau. Ela aqueceu às palavras dele e sabia que ele podia sentir sua excitação, sentir seus mamilos macios endurecerem contra seu peito. Ele se inclinou para frente, o nariz passando pelo pescoço dela, por cima do colarinho e ele parou em sua marca sensível. Mesmo quando a respiração dele simplesmente explodiu, ela gemeu, esfregando-se contra a coxa dele e ele ergueu a perna dela sobre o seu quadril. Uma onda de desejo sacudiu seu corpo. Não era o suficiente, ela precisava de mais. Ela precisava… Ela… Suas narinas dilataram e ela sabia que ele podia sentir o cheiro de sua excitação. Que ele podia sentir o cheiro do que estava fazendo com o corpo dela, com a mente dela, com ela. Quando a cabeça dele desceu novamente para a dobra do pescoço, Molly quase desmoronou. Com o cabelo preso em um rabo de cavalo, ele tinha acesso total à pele ali. Muito lentamente, ele lambeu sua garganta, seu colarinho, da frente, até a parte de trás.
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A visão de Molly obscureceu completamente, e ela viu pontos negros dançando ao redor quando um grito de prazer escapou de seus lábios. Seu corpo tremia violentamente, seu único apoio era a parede ao lado deles e a poderosa coxa de aço que ele ainda segurava firme entre as dela. Sua metade inferior se movia sozinha, esfregando descaradamente contra ele. A sensação era demais. A necessidade era demais. Ela não conseguia pensar direito, não conseguia respirar. — É bom sentir a queimadura do fogo, mas não saber como apagá-lo, Molly? É bom desejar algo que você não pode ter, porque assim que coloca suas garras sobre ele, ele foge de você? Você acha que é bom nunca estar totalmente satisfeito? — Ele perguntou sombriamente, sua voz mal acima de um sussurro pecaminoso. E ela sentiu isso. Oh, como ela sentiu isso. A queima. O desejo. A necessidade insatisfeita Parecia o céu e parecia o inferno. Como se os dois estivessem colidindo dentro dela, e estivessem prestes a destruí-la. E naquele momento, ela queria. Ela queria que a queimasse, que a destruísse, que a quebrasse. Tensley riu sombriamente, zombeteiramente. — Seja dura, dolcezza, — ele respirou e seus dentes mordiscaram o lóbulo de sua orelha, enviando outro arrepio através dela, então ela se enrolou nele, aumentando o aperto. — Faça a besta se ajoelhar. Lentas lambidas acariciavam seu pescoço e ombro, esfregando-se sobre o colarinho e ela não conseguia parar de ofegar, não conseguia parar de esfregar contra ele como uma gata no cio. Ele não estava nem a tocando completamente. Tudo o que ele usava era sua língua contra o pescoço dela, mas de alguma forma isso a embriagou de prazer. Bêbada dele. — Dome-me, dolcezza, — ele sussurrou.
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Ela inclinou o pescoço para descansar no ombro dele e lambeu. O jeito que ele tinha feito com ela. Como se ele também tivesse sido marcado por ela. E de certa forma, ele tinha. Mas sua propriedade era na forma de um pedaço de coração vicioso e descontroladamente se escondendo dentro de seu peito poderoso. E ela não gostaria de outro jeito. Seus dentes cravaram no ombro dele e ele estremeceu contra ela, seu comprimento pulsando quando seu calor espirrou em seu peito e na mão dela. — Foda-se! — Seus dedos morderam sua pele, não permitindo que ela se movesse, não permitindo que ela se esfregasse contra ele. Seu comprimento parou de pulsar e seu peito acelerado abrandou. Ela levantou a cabeça, apenas para vê-lo olhando para ela. Observando-a tão de perto, e se o brilho em seus olhos era alguma sugestão, a besta já queria mais. Ele pegou a mão dela, levando os dedos para a boca entreaberta. Então, com os olhos tão escuros quanto à noite, ele os enfiou rudemente em seus lábios carnudos, esfregando seu prazer quente em sua pele macia. Marcando-os como seus. Com lentidão deliberada, ele empurrou o dedo anelar pelos lábios entreabertos. Seus lábios se fecharam em torno no reflexo, e ele rosnou, e uma carranca apareceu entre as sobrancelhas. E só assim, ele tirou a mão dela e deixou cair ao lado dela. Seu olhar estava faminto, mas frio. Seus olhos dispararam para a boca pecaminosa entreaberta e ela se inclinou para frente
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As portas se abriram e os dois ficaram tensos, Tensley a puxando contra ele. — Porra do inferno, — ele sussurrou para o intruso. — Peço desculpas, sua majestade, — a voz de Seto ecoou no quarto escuro e ele se virou. — Seto? — Molly perguntou e tentou se afastar, mas Tensley enfiou os dedos em seu quadril e rosnou baixinho. Ela olhou para ele e depois de um momento, ele a soltou. — O que houve Seto? — Ele rosnou, de costas para eles enquanto arrumava as calças e rapidamente se limpava na escuridão do quarto. Quando ele terminou, se virou, andando para o lado de Molly. — Eu preciso da ajuda de Molly, — disse Seto, com cuidado e quando ele se virou para eles, seus olhos estavam escuros de preocupação. — É Prim, ela… eu acho que ela está tendo um ataque de pânico. Eu não sei o que fazer. Ela está confusa, — ele disse, então franziu a testa. — Aterrorizada, na verdade. Comigo — sussurrou ele, e Molly pôde ver sua mão tremer violentamente. Ele estava tão apavorado por ela que isso era evidente. O coração de Molly despencou em seu peito. — Ela ainda está na cabana? Seto assentiu. — Eu não a deixaria sozinha assim, mas não havia ninguém e eu não sabia... não sabia o que fazer. Ela não me deixa chegar perto, ela não fala comigo. Eu só achei que você poderia... Precisamos nos apressar, — ele parou, balançando a cabeça. Ele parecia tão perdido, tão perturbado. — Está tudo bem. Leve-me até ela, vou tentar acalmála. Ela vai ficar bem, Seto. Prometo — disse Molly, acenando com a cabeça tranquilizadora enquanto se movia, mas Tensley segurou seu braço. — Você não vai, — ele sussurrou. Molly franziu a testa. — Prim precisa de mim. Ela precisa de ajuda. — Seu olhar não vacilou. Franzindo a testa para ele, ela
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tentou uma tática diferente. — Se eu precisasse de ajuda e você não pudesse me ajudar, não iria querer alguém? Ele trabalhou sua mandíbula e seu olhar cintilou sobre sua cabeça para Seto. — Tudo bem, — ele disse. — Mas eu vou com você. Eu não vou deixá-la fora da minha vista. Você já escapou muitas vezes.
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CAPÍTULO 17
Na escuridão, Seto guiou-os pela floresta. Tensley ficou ao lado dela, com a mão de vez em quando roçando o corpo de Molly. Um lembrete de que ele estava lá. Minutos antes, eles tinham compartilhado um momento tão íntimo e, embora ela soubesse que a besta ainda prosperava dentro dele, sentiu que seu homem estava lutando por seu caminho de volta para ela. — Aqui, — disse Seto e levantou a lanterna, a única luz que os guiava. Molly olhou no chalé inclinado e notou alguns pequenos reparos feitos. Não muito, mas o suficiente para saber que Seto estava tentando fazer uma vida melhor para Prim. Seu coração se aqueceu com isso. Ele faria qualquer coisa por ela. Ela entendeu essa necessidade dentro dela também e olhou para Tensley. Ele franziu o cenho para a cabana. — O lugar onde você me amaldiçoou. Ela ficou quieta e avançou. — Ela está tendo pesadelos. Ela acorda gritando e chutando. Ela continua repetindo “Você é um deles, você é um deles” uma e outra vez... e ela... ela treme como uma folha e eu... acho que ela pensa que sou... sou um deles, um dos homens que... — Os olhos de Seto ficaram escuros, as mãos se transformando em punhos apertados. — Um dos homens que
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tentaram vendê-la. Eu não sei o que eles fizeram com ela, ela não me diz. Mas... — sua voz estava tensa com raiva, sua fúria e auto ódio sobre o que havia acontecido com Prim evidente no tom. — As.... as marcas... do chicote, — disse ele e sua voz engasgou com um soluço. Ele respirou trêmulo e engoliu com dificuldade. O coração de Molly se partiu pelo homem que claramente não podia perdoar ou esquecer o que ele tinha sido forçado a fazer para a mulher que amava. — Elas… elas não curaram corretamente. Eu acho que pode estar infectado, mas ela não me deixa chegar perto o suficiente para tocá-la. Ajudá-la. E agora ela acordou gritando de novo e eu só... — ele parou abruptamente e abriu a porta para Molly. Quando Tensley tentou entrar, o braço de Seto disparou e bloqueou seu caminho, rosnando para o rei. Um contraste gritante com a tristeza que ele estava sentindo poucos segundos antes. Molly quase podia sentir sua possessividade sobre Prim em sua língua. — Eu acho que é melhor Molly ir sozinha, — disse ele, dentes estalando, olhar escuro enquanto Tensley mostrava os dentes em troca. Seu corpo exalando agressividade. Molly ficou imóvel, sem saber o que deveria fazer. — Tire o seu braço do meu caminho, ou eu vou arrancá-lo por mim mesmo, — disse Tensley. A expressão agressiva de Seto sumiu. — Por favor, — disse ele, a palavra cheia de emoção. Emoções que raramente eram ouvidas de um demônio. — Ela… ela está claramente com medo dos machos. Eu... por favor. Molly olhou de volta para Tensley e tocou sua mão fechada. — Eu vou ficar bem. Espere por mim lá fora. Sua mandíbula pulsou e ele simplesmente grunhiu de volta. Sua mão em punhos relaxou e seus dedos roçaram sua palma, e seu pulso acelerou. Seus olhos se voltaram para os cinzentos e tempestuosos. — Eu vou ficar bem, — ela disse novamente para acalmá-lo.
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Finalmente, ele a soltou e Molly entrou, deixando o capuz cair de sua cabeça. Ela entrou na ponta dos pés e ouviu um leve gemido. Ela seguiu o ruído desolador espiou pelo quarto fechado da pequena cabana. Prim estava sentado no canto escuro, seus dedos arranhando as paredes. Como um animal enjaulado. O coração de Molly se torceu dolorosamente em seu peito com a visão. Doce, gentil Prim. O que aconteceu com ela quando estava com aqueles homens repugnantes. O que acontecera com ela… — Prim, — Molly sussurrou, com medo de que, se falasse mais alto, poderia assustar ainda mais a garota. Prim parou os movimentos, unhas quebradas e sangrando de tanto arranhar. Seu pequeno corpo começou a tremer pesadamente e Molly teve certeza de que podia ouvir os dentes chocalhando. A cabeça de Prim curvou-se, suas mãos incrustadas de sangue cobrindo as orelhas enquanto ela abaixava a cabeça entre os joelhos. Ela parecia uma bola de ossos trêmulos e pele ensanguentada. O estômago de Molly revirou quando ela viu as costas da garota... ou o que sobrou dela de qualquer maneira. Suas costas não passavam de pedaços de pele torcida, cicatrizes infectadas e sangue seco. Ninguém cuidara disso, apesar do fato de que o proprietário pretendia vendê-la pelo que Molly tinha certeza por um bom preço. Ela costumava ser tão cheia de vida, borbulhante mesmo. Agora ela estava... Mas mesmo com suas cicatrizes, Prim ainda era uma mulher bonita. Delicada, mas corajosa. Sua abnegação tinha sido sua força. Ela tentou ser egoísta uma vez, tentou ouvir seu coração, deixando-o bater livremente, e isso quase custou sua vida. Molly não tinha dúvidas de que levaria muito tempo antes que Prim se permitisse viver e amar livremente novamente. Ser egoísta
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e pegar o que quisesse. O que desejasse. E isso fez o sangue de Molly ferver de raiva. Prim não merecia nada disso. Ela merecia a lua e as estrelas e Seto a amava o suficiente para tentar trazê-las até ela. Mas Fallen teve que arruinar isso para eles, para fazê-los pagar por seu amor. Lilith teve que fazê-los pagar por sua ofensa. E Seto teve que ser aquele que infligiu à punição. E só Deus sabia quais as coisas que a amiga poderia ter passado depois disso. Todos eles acharam que ela estava morta. O que acontecera com ela? O que aconteceu para gerar esse medo nela. Seto não estava mentindo, ela estava bem e verdadeiramente aterrorizada. Molly se moveu devagar, abaixando-se para não elevar-se sobre Prim. Ela tentou tornar-se o menor possível. — Oi, — disse Molly hesitante com uma voz suave. — Eu sou Molly, lembra-se de mim? — perguntou ela, aproximando-se um pouco mais da garota trêmula. — Nós éramos amigas. Através das mechas escuras e sedosas de Prim, seus olhos examinaram Molly com cuidado. Como se debatesse se ela era uma ameaça. — Amigas? — A voz suave de Prim rachou com a palavra e ela parecia doente. Molly assentiu freneticamente. — Sim, nós éramos boas amigas. Molly esperou, pelo que, ela realmente não sabia. Ela lambeu os lábios nervosa, enquanto Prim continuava a examiná-la por trás do escudo de seu longo cabelo escuro. Depois do que pareceram horas, os olhos de Prim mudaram. Eles pararam de ser medrosos, cuidadosos e o reconhecimento passou por eles. Molly sorriu suavemente para a garota e se aproximou mais, esperando não assustála. Prim não recuou em seus movimentos, mas continuou observando atentamente. — O que há de errado, Prim? Do que você tem medo? Você pode me dizer. Eu não estou aqui para te machucar, estou aqui
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para ser sua amiga. Para ajudá-la — disse Molly, pressionando a mão contra o peito. Prim olhou para a mão dela e, em seguida, lentamente, seus olhos caíram para sua barriga. Seus olhos observavam a barriga. A voz rachada de Prim quebrou o silêncio novamente. — Estou com medo, — ela começou, e um tremor pesado rasgou seu corpo. — Estou com medo do… de… dos homens voltarem… atrás de mim. Molly balançou a cabeça, os olhos ardendo de lágrimas pela menina. — Ah não. Não, Prim. Seto não deixará ninguém te tocar. Ele vai te proteger. Você está segura aqui. A cabeça de Prim tremeu vividamente, os olhos ficando selvagens e assustados novamente. — Eles vão me encontrar, — ela respirou, sufocando em um soluço. — De quais homens você tem medo? Os homens para quem Fallen te levou? — Molly perguntou, suavemente. Ela não queria pressionar Prim a voltar para seu pesadelo sombrio, mas como eles poderiam ajudá-la se não sabiam o que tinha acontecido com ela em primeiro lugar? Prim fez uma pausa em um soluço. — Fallen não me vendeu para os homens. — Ela enxugou as bochechas sujas e finalmente se endireitou. Molly ainda via a mesma garota bonita, mas essa garota agora tinha uma ponta afiada e mortal. — Lilith me vendeu para eles. Lilith me levou da prisão. Ela... ela os deixou... me toc... — ela fez uma pausa, respirando com dificuldade. — Me tocarem na frente dela e não os deteve. Eles... — ela parou de novo, sacudindo a cabeça como se não pudesse dizer as palavras. Não fosse possível dizê-las. As bochechas de Prim se avermelharam de raiva e ela cavou as longas e quebradas unhas em suas coxas, rasgando a carne. — Eles… me arruinaram. Lilith me arruinou. O peito de Molly doía de dor por ela. Lilith... Lilith tinha feito tudo. Fallen era o rei, mas Lilith o controlava. Lilith fez de tudo
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para ganhar mais poder para que pudesse destruir todos ao seu redor, que eram uma ameaça. Prim e Seto tinham ido contra as leis do rei, mas na mente distorcida de Lilith, Prim a havia desrespeitado. E ela queria fazer a garota pagar por isso... Uma ira que Molly não sabia ser capaz de sentir começou a ferver profundamente dentro dela. Ela acabaria com essa rainha das cobras. Ela iria destruí-la da mesma forma que Lilith destruiu tantos outros. Ela era um monstro. E ela morreria por suas ações. Então as lágrimas deslizaram pelas bochechas de Prim e ela não as enxugou. Molly lentamente estendeu a mão e acariciou seus cabelos escuros e se aproximou, envolvendo-a em seus braços. — Shush. — Ela beijou sua têmpora enquanto ela fungava em seu peito. — Não se preocupe, Prim. Lilith vai pagar caro por tudo que ela fez. Eu prometo. Elas ficaram assim por um tempo, a menina chorando nos braços de Molly. Quando ela estava calma novamente, Prim levantou a cabeça lentamente. — Onde está Seto? — Ela perguntou, com um brilho sombrio e perturbado voltando aos olhos. — Ele está do lado de fora, esperando. Ele não queria assustá-la novamente. Ele está preocupado com você, — Molly disse, com um pequeno sorriso. — Ele te ama muito, Prim. Ele não esqueceu o que Fallen o fez fazer com você e isso está quebrando-o por dentro. Ele só quer te ajudar, mas você tem que deixá-lo. Ele me trouxe aqui porque você não o deixou se aproximar. Mas, por favor, confie em mim, Prim. Você está segura com ele. Você está segura aqui. Vocês precisam um do outro para se curar, porque sei que ele precisa de você tanto quanto você precisa dele. Você pode tentar deixá-lo
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te ajudar, Prim? — Molly perguntou suavemente. — Você acha que pode fazer isso? Depois de um segundo, Prim assentiu quase imperceptivelmente e Molly soltou um suspiro aliviado. Eles ficariam bem. Eles se curariam. Ainda havia esperança.
***
Tensley não deixou seu olhar vagar muito longe da cabana ou de Seto, que estava encostado na parede, batendo os pés nervosamente contra o piso de pedra. Acima do som do nervosismo de Seto, tudo o que ele podia ouvir eram as vozes fracas na cabana de sua dolcezza e Prim, mas não se incomodou em prestar atenção. Ao som de passos, ele se virou completamente para a cabana e observou Molly sair, uma expressão sombria escureceu suas feições. Tensley se moveu rapidamente, aproximando-se e espalmando sua mão na parte de trás do pescoço dela. Ele a queria perto. Molly olhou para ele, as sobrancelhas franzidas. — Como ela está? — Seto perguntou, sua voz grossa de ansiedade. Molly pressionou os lábios em uma linha fina. — Ela está com medo dos homens retornarem. Eu disse a ela que você a protegeria. O olhar de Seto caiu no chão. — Eu continuo dizendo a mesma coisa, mas é como se ela não me ouvisse. Como se ela estivesse me bloqueando.
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— Dê a ela algum tempo, ela vai se abrir. Ela... — Molly começou franzindo as sobrancelhas, como se não tivesse certeza de como dizer suas próximas palavras. — Ela também mencionou que não foi Fallen quem a vendeu, — Molly continuou suavemente, como se para diminuir o golpe. Ela olhou para Tensley antes de falar. — Ela disse que foi Lilith quem fez isso. Ela... ela disse que Lilith deixou alguns dos homens a tocarem. Eu acho — ela parou e os dois a ouviram engolir. — Eu acho que eles podem ter.... Mas ela não precisou terminar a frase. O rosto de Seto se transformou em uma máscara de fúria sombria, uma expressão que ele nunca vira no homem, e sabia que Seto entendia muito bem o que Molly estava prestes a dizer. Tensley cerrou as mãos. Aquela vadia maldita. Seto balançou a cabeça, afastando-se dos dois. — Eu a quero morta. Eu quero a garganta dela entre as minhas mãos e.... — Ele fez uma pausa, recuperando o fôlego, a floresta zumbindo ruidosamente. Dominado pela raiva incontrolável, os punhos de Seto se conectaram com o lado da velha cabana, fazendo-a tremer. Quando ele viu o sangue em suas juntas, suas sobrancelhas franziram, e seus olhos se tornaram lacrimosos mais uma vez. Ele respirou, mas parecia difícil. — Obrigado minha senhora. Molly assentiu, sorrindo suavemente e observou enquanto ele tentava se recompor, se acalmando e voltando para dentro da cabana. Molly suspirou, esfregando a testa. Os dedos de Tensley massagearam a sua nuca. — Eu tenho que ir para casa, — ela sussurrou para ele. — Para sua família e Scorpios. Seus dedos pararam, seu peito doendo em suas palavras. — Claro, — ele sussurrou de volta, não permitindo que ela soubesse o quanto isso o machucava. O quanto seus instintos gritavam para não deixá-la. Para mantê-la perto dele. Sempre. Mas ele se sentia exausto, a pequena intimidade que haviam compartilhado anteriormente estava desaparecendo
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rapidamente. E ele sabia que, mesmo perto dele, em uma corte cheia de cobras, ela não estaria verdadeiramente protegida. Então ele a deixaria voltar para a terra, onde ele sabia que sua família estava, sem dúvida, cuidando bem dela, protegendo-a. Eventualmente, ele precisaria conseguir mais energia, ou poderia ser mortal. E ele já sabia que esse momento não estava tão distante quanto gostaria de acreditar. Ele estava por uma gota d’água, estava drenado, mas sabia que ela precisava se sentir no controle quando ele deslizasse em seu calor novamente. Eles se moveram na escuridão, silenciosos, juntos, mas distantes. Sua besta retumbou em seu peito, mas seu coração batia mais violentamente do que nunca. A daemon estava lentamente domando a fera.
***
Quando Molly voltou ao seu apartamento escuro, seu peito parecia tão pesado. Não conseguia parar de pensar em Prim, sobre como ela estava destruída, e como ela chorou em seu ombro até adormecer. Tensley parecia frio novamente quando ela partiu, como se o calor entre eles tivesse retornado ao amargo ressentimento como antes. Ela queria ficar, mas sabia que tudo acontecendo em Scorpios não era bom o suficiente para que ela pudesse deixálos sozinhos por muito tempo. Eles precisavam de um líder. Eles precisavam de alguém para consultar. E ela pretendia fazer o seu trabalho. Seu telefone tocou e ela pegou sua bolsa no balcão da cozinha. — Olá?
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— Molly, — a voz aguda de Evelyn veio através da linha e sua voz enviou arrepios na espinha de Molly. — Tenho te ligado por horas. Você precisa vir para a casa agora. — Por quê? — Se você quer pegar Fitz Senior, esteja aqui em cinco. E a linha morreu.
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CAPÍTULO 18
Molly apertou seu casaco de lã ao redor da cintura e estremeceu com o vento frio. Flocos de neve, tão pequenos, flutuavam no céu noturno escuro e pintavam o estacionamento de cimento. As poucas luzes nos postes mal iluminavam a área escura e Molly expirou para ver sua respiração no ar frio. — Quando você o ver, não aja com fraqueza, entendeu? — Evelyn disse, desligando a luz do carro para que elas ficassem em completa escuridão. — Ele é Ares e você... — Evelyn fez uma pausa, seus olhos escuros examinando o corpo de Molly, seu nariz enrugado em desgosto. — Bem, para ser franca, não sei o que você é. Molly manteve seu olhar vazio, mas cravou as unhas no meio das palmas das mãos e respirou pelo nariz. Ela está tentando atingi-la. — Deixe-me dar-lhe alguns conselhos, — disse Evelyn, suspirando como se estivesse falando com uma irmã mais nova. — Não deixe que ele veja através de você. Se você sentir fraqueza, aja com firmeza. Se você sentir tristeza, aja com indiferença, se tiver medo, aja como se ele não fosse nada mais do que a sujeira debaixo do seu sapato. Esse tipo de homem, esses como o Fitz, te comerão viva. Eles se livram de todas as emoções que são proibidas de sentir. Você pode ser a companheira de foda do Dux, mas dê a eles uma razão para prejudicá-la e eles não hesitarão. Especialmente o pai desse imbecil — disse Evelyn, apontando para o banco de trás onde Fitz Júnior estava sentado.
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Molly suspirou, tentando ao máximo ignorar o discurso inútil de Evelyn. Não era novidade para ela. Ela sabia do que era capaz e sabia lidar com cobras. Ela tinha estado em torno de uma corte cheia delas por mais tempo do que era suportável. Se o Dux de Ares achava que poderia mexer com ela, ele teria uma surpresa. Ela não contara a Daphne ou a qualquer outra pessoa para onde estava indo, e isso a deixava nervosa. Daphne continuou enfatizando que ela precisava pensar no bebê dentro dela e descansar. Ela não podia continuar tentando fazer tanto - escola, curso pré-natal com September, domesticar a besta lidar com homens assustadores em Scorpios. Mas manter-se ocupada afastava a terrível dor no peito. A dor que sentia sempre que pensava em Tensley, o homem que amava e no número de inimigos dispostos a matá-lo ou superá-lo. Se não fosse Ares, ela tinha certeza de que a Suprema Corte tentaria algo próprio. Eles agiam como se tivessem aceitado seu destino, mas ela era mais esperta. E ela esperava que Tensley também. — Aqui é onde ele disse que nos encontraria? — Molly perguntou, virando-se para encarar Evelyn no banco do motorista. Evelyn abaixara a janela e agora fumava, a ponta do cigarro era uma leve brasa que se espalhava no vento frio. Ela deu uma tragada e lentamente soltou fumaça do canto de sua boca. — Sim. Por quê? A pequena daemon não acredita em mim? — Ela levantou uma sobrancelha. Molly manteve a boca fechada. Ela não confiava completamente na mulher, mas era sua única ligação com Fitz Sênior. Um passo mais perto de encontrar com ele e esperançosamente achar um meio-termo, uma barganha. Se não, Molly não duvidava que sangue fosse derramado, e ela se certificaria de que não fosse o dela. Quando Evelyn ligou e disse a ela que havia interceptado uma ligação para Fitz Junior, ela disse que conseguiu convencer Senior a encontrarse contanto que Molly estivesse lá também. — Jesus Cristo, — Fitz Junior assobiou na parte de trás do carro. Molly olhou para ele pelo espelho retrovisor, observando enquanto ele tremia em seu suéter de algodão fino.
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— Cale a boca, garoto, — Evelyn cuspiu de volta para ele e deu outra tragada em seu cigarro. Molly torceu os lábios e desembrulhou o cachecol de lã, entregando-o para ele. Sua carranca permanente amoleceu e com as mãos algemadas, ele pegou o grande cachecol e envolveu-o em volta do pescoço, engolindo seu peito. — E o que a esposa do rei carrega em sua bolsa? — Molly se virou para o tom malicioso de Evelyn e a encontrou revirando sua bolsa Gucci. — Evelyn — retrucou Molly, pegando sua bolsa de volta. Mas Evelyn segurava um frasco de comprimidos e suas feições caíram em uma expressão de choque. Ela se virou para Molly, levantando as pílulas prénatais. — Por que você precisa disso? Molly pegou as pílulas de volta e enfiou-as em sua bolsa, sua ansiedade pressionando seu peito mais e mais. E se Evelyn contasse a alguém? E se ela contasse a todos em Scorpios? O que eles fariam? Ela usaria isso contra ela? Para recuperar o poder que Molly tinha tirado dela? — O que é isso? — Fitz Junior entrou na conversa, tentando se inclinar para frente para ver do que elas estavam falando. Molly foi falar, mas o tom áspero de Evelyn cortou o carro em um silêncio mortal. — Nada, — ela sussurrou. — Você fica nesse banco de trás e não diz uma porra de palavra. Molly olhou para ela, observando Evelyn por uma vez parecer mortalmente doente. Depois de um minuto sem que ninguém falasse, Evelyn se virou e olhou para Molly, sua boca uma linha reta, mas seus olhos suaves. — Ele sabe? Molly engoliu e ela sabia de quem ela estava falando. — Sim ele sabe. Evelyn suspirou pesadamente e esfregou a mão nas sobrancelhas tensas. — Foda-se. — Evelyn apagou a fumaça e passou as mãos pelos cabelos, gemendo. Ela fez uma pausa,
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inclinando a cabeça para trás, depois virou-se para encarar Molly e girou a chave, o carro voltando à vida. — Vou te levar de volta. Molly olhou para ela. — O quê? Não! Vou ficar. Evelyn riu com raiva. — Não no meu turno. A testa de Molly se enrugou em confusão. — Mas... Luzes brilharam na frente deles e Evelyn parou, observando uma van escura estacionar na frente deles e Fitz Sênior saindo do carro. — Merda, — Fitz Junior sussurrou atrás delas. — Vamos, — disse Molly, e abriu a porta do carro. Evelyn olhou para ela, imóvel em seu próprio assento. — Molly... Molly não deu ouvidos, no entanto. Ela saiu do carro e caminhou em direção a Fitz na escuridão, os flocos de neve e seu cabelo branco chocante, a única coisa visível. — Senhora Darling — ele a cumprimentou, sua voz baixa e frágil. Ele sorriu para ela. Ela fez uma careta para ele. — Knight. É a senhora Knight. É bom ver você também, Fitz. Não faz muito tempo. — Ela disse, seu tom seco. Evelyn apareceu ao lado dela, sua boca em uma linha fina enquanto segurava Fitz Júnior em posição. Senior examinou seu próprio filho, uma onda de emoção inundando suas feições por um mero segundo e depois desaparecendo. — Filho. — Pai, — Junior disse de volta, sua garganta balançando. Senior virou-se para Molly e aquele sorriso misterioso voltou. — Foi tão gentil da sua parte aceitar o meu convite para um encontro, Sra. Knight. E seu marido é agora o rei dos demônios. — Ele assobiou baixinho. — E aqui está você, com os idosos. Uma honra. Realmente, — ele disse, nem mesmo se preocupando em esconder sua falta de honestidade.
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— Você está matando alguns dos nossos homens, Fitz. Eu não aprecio isso. Mas eu vim aqui para discutir este assunto. Talvez fazer um acordo. Para salvar algumas vidas, — disse Molly, seu tom indiferente, mas claro e forte. — Ah, sim, — ele disse, e se virou para olhar para o filho novamente. — Para chegar a uma trégua. Meu filho em troca de nenhum ataque da minha parte? — Ele disse, claramente não convencido pelos termos do acordo. Se alguma coisa, Fitz Júnior estava certo, seu pai não se importava com ele. Mas mesmo quando pensava nisso, lembrou-se das poucas emoções que passaram pelo rosto do homem mais velho quando ele viu seu filho, espancado e machucado. Havia algo lá. Algo que ela esperava ser próximo de carinho. — Você não parece convencido, Fitz. Você sacrificaria a vida de seu filho, seu único herdeiro, só para ganhar Scorpios? — Molly arqueou uma sobrancelha, sem esconder seu desgosto. — Não posso dizer que estou surpresa, você matou sua própria esposa afinal... — Eu fiz de fato, mas tive razões que uma menina ingênua como você nunca entenderia, — ele retrucou, seu peito retumbando com um grunhido reprimido. Seus olhos se voltaram rapidamente para o filho, depois para Evelyn, algo sombrio e perigoso passando por seus olhos antes de se deter em Molly. — Eu concordo com sua barganha. Sem mais ataques a Scorpios. Agora solte meu filho. Molly estudou o homem mais velho, sua postura rígida, suas luvas pretas de couro enquanto ele as cerrava e abria. — Jure pela sua própria vida, — Molly disse. — Se você mentir, terei certeza de que seja a última vez para você. Senior assoou as narinas. — Juro pela minha vida, — disse ele lentamente, sua voz grossa com emoções não ditas. Molly respirou fundo e acenou para Evelyn. Evelyn soltou Junior e ele mancou para frente, seu corpo ainda se recuperando da tortura que Scorpios lhe infligira. Fitz Senior sorriu calorosamente para o filho e segurou suas bochechas. Um longo olhar passou entre eles.
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Uma risada escapou da boca fina de Senior, misturada com felicidade e tristeza. Então Senior quebrou o pescoço de seu filho, o som ecoando na escuridão e direto nos ossos de Molly. Molly soltou um suspiro de choque, os olhos arregalando-se enquanto observava o corpo de Junior colapsar no cimento nevado. Senior revirou os ombros e limpou as luvas de couro no casaco. — Bem, agora está feito, vamos discutir negócios de verdade. Merda.
***
A picada do inverno fez o corpo de Tensley estremecer violentamente quando seus homens e ele marcharam para dentro. O calor do palácio penetrou em suas bochechas entorpecidas e ele subiu para seus aposentos. A caça de animais de grande porte exigia paciência e habilidade, e alguns de seus homens não tinham nada disso dentro deles. Depois de terem pegado o suficiente para alimentar a corte, voltaram para o palácio. Mas isso levou o dia todo e agora era tarde da noite. Não que Tensley se importasse, ele precisava da libertação. A caçada. Mas como com todo o resto, não foi o suficiente. Nunca era. Seu corpo agora ansiava por um banho quente, mas sua mente, sua besta ansiava pela picada do gelo brutal, da dormência que se espalhava por seu corpo. Cada vez que ele via Molly, sua fera guerreava dentro dele. Ele queria o corpo dela, ele queria dominá-la, mas esse maldito coração batendo dentro dele queria algo diferente dela. O carinho dela. O amor dela.
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Qualquer coisa que ela estivesse disposta a dar a ele. Mesmo no simples pensamento, ele sentiu seu corpo enrijecer em rejeição, revoltando-se contra o seu desejo. Mas quanto mais ele suprimia, mais o consumia. Ele sentiu a atração, a condenação que mesmo depois que seu coração foi arrancado, ainda batia por ela. Seu coração acelerou e as terminações nervosas convulsionaram. O resto da corte - especialmente Lilith, não precisava saber o que ele agora escondia dentro do peito. Uma arma e uma maldição que ela usaria contra ele. Ele não lhe mostraria mais nada além da besta. Sem sensibilidade ou ponto fraco. Ele mostraria os dentes e rasgaria a corte. De baixo para cima. Quando ele entrou em seus aposentos escuros, desamarrou suas calças, apenas para parar no meio do gesto e olhar para o fogo crepitante na lareira, chamas vermelhas e laranjas comendo as pilhas de madeira de carvalho. Seu olhar então pousou na silhueta em pé junto ao fogo, de costas para ele. Suas ondas vermelhas caíram por suas costas e ele notou seu fino roupão escondendo-a dele. Quase nada. — Estava esperando por você, — Lilith sussurrou, sua voz rouca. Tensley rangeu os dentes. Ele não precisou dizer uma palavra; ele simplesmente fechou as mãos enquanto os feromônios agressivos chicoteavam contra sua pele e ela estremeceu. Seus olhos afiados encontraram os dele na escuridão e em vez de franzir a testa, ela sorriu. Amplo e ameaçador, como um lobo. — Você está com medo de mim, meu rei? — Ela se moveu, a parte inferior de sua camisola flutuando graciosamente pelo chão de mármore. — Meus aposentos não são seus, — ele retrucou. — Você não é bem vinda aqui. Seus dedos brincaram com as fitas amarradas acima do peito, soltando-os para revelar sua carne cremosa e os topos de seus seios.
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A besta se revoltou com a visão de outra mulher. — Eu sei que você tem falta de intimidade. Sua esposa esqueceu seus deveres exclusivos para com você. Ela é um fracasso e uma vergonha, — Lilith cantarolou, mas saiu mais como um silvo de uma serpente balançando seu caminho até sua presa. — Você está acima daqueles pequenos lobos agora, meu rei. Tensley não se incomodou em olhar para ela. — Nunca subestime um pequeno lobo, Lilith. Eles crescem, evoluem e acabam conquistando os que os consideravam fracos demais. — Eu observei você se mover, vi você assassinar homens inferiores. Eu devo admitir, eu sou uma mulher de poder. Eu prospero nele. Eu anseio por ele. E eu anseio por você. Mais do que jamais ansiei por meu marido - ou qualquer fera nesta corte — disse Lilith, seus olhos sorridentes examinando sua forma rígida em apreciação. Ela se aproximou, seu hálito quente atingindo sua mandíbula apertada, o cheiro de rosas e doçura em torno dele como uma bola de raiva. — Você precisa foder e eu devo servir ao meu rei. — No momento em que seus dedos tocaram seu pulso, simplesmente deslizando o polegar ao longo do oco de seu pulso, ele atacou. Ele agarrou-a pela garganta, não o suficiente para esmagar o ar, mas o suficiente para machucar. Para enviar uma mensagem. Para enviar uma ameaça para recuar. — Eu não sou seu brinquedo, não me deixo enganar por suas palavras doces ou seus toques suaves. Eu tenho uma rainha que satisfaz todas as minhas necessidades e mais, eu não tenho nenhuma serventia para uma traidora na minha cama, — ele assobiou baixinho, seus olhos escuros perfurando os dela largos. Ele soltou, Lilith tropeçou tentando se equilibrar e ele se virou. — Sua rainha - sua rainha detesta a sua existência. Ela só vai enfraquecê-lo - junto com aquela criança que ela carrega. — Ela afastou violentamente seu cabelo vermelho do ombro e sorriu maliciosamente para ele, confiante
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demais para o seu gosto. — Se eu te rejeitar, se mostrar a corte como realmente me sinto sobre sua autoridade, eles ficarão do meu lado. Eles vão te destruir. Eu sou sua única alternativa com eles. Ele fechou as mãos, imaginando-as em volta do pescoço, esmagando os ossos os ouviu estalar. — Saía dos meus aposentos antes que eu a obrigue. Lilith cantarolou como se estivesse repreendendo uma criança. — Escolha errada, meu rei brutal. Escolha errada… Tensley esperou até que ela fechasse a porta atrás dela e ouviu seus passos desaparecer. Até que tudo o que ele ouvia era a maldita batida profunda em seu peito, um grito de batalha e caos. Ele marchou até a lareira e se apoiou nela, cravando as unhas na madeira de carvalho e sibilou de dor. As chamas lambiam sua pele e ele deixou. Sentindo a queimadura, sentindo a dor, ignorando a torção do desejo dentro dele. Ele queria ir até sua esposa, deitar ao lado dela e apenas abraçá-la. A ansiedade o controlava. Ansiedade de vê-la novamente. Ansiedade de como se comportar em torno dela. Uma besta nunca desejou um coração, nunca se curvou a outro, mas aqui estava ele, lutando para permanecer dentro deste mundo. O coração estava crescendo rápido demais, poderoso demais, e a fera estava lutando, rugindo, mas falhando. Se ele a visse, se curvaria, se ele cheirasse sua doce essência, cederia, e se ele a provasse, imploraria. Se ela soubesse, se tivesse uma ideia de quanto poder tinha sobre ele novamente, ela venceria, mas ele estava cansado de lutar contra o que a besta, o que até mesmo os malditos deuses não podiam impedi-lo de querer. E ele não a deixaria escorregar por seus malditos dedos novamente.
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CAPÍTULO 19
As luvas de couro de Fitz Senior guincharam quando ele flexionou os dedos, passando por sobre o corpo morto de seu filho e sorrindo para Molly como se nada tivesse acontecido. Ela enrolou as mãos em punhos ao lado dela, fazendo de tudo para não tocar em sua própria barriga. Como um pai poderia matar seu próprio filho sem remorso? Nada? — Como? — Molly conseguiu falar, sua voz tremendo, a última coisa que ela queria que ele escutasse, mas suas ações insensíveis cavaram em seu íntimo. — Ele estava se tornando um peso morto, — Senior respondeu, um ligeiro encolher de ombros acompanhou seu tom frio de indiferença. — Você mesmo disse, daemon. Eu matei minha própria esposa. Com minhas próprias mãos. Evelyn ficou de lado, com as feições de pedra pura e ilegível. Tudo o que Molly sentia era sua própria raiva, queimando a parte de trás de seus olhos. — Ele era seu maldito filho. — Ela não se importava que Evelyn a tivesse avisado. Para manter a frieza, ser indiferente. Tudo o que ela sentia era uma raiva ardente e ela queria soltá-la no homem de cabelos brancos na sua frente. Ele riu baixinho. — Você pode estar vivendo em nossa sociedade, mas não aprendeu nada sobre nós, não é, Sra. Knight?
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— Não me dê opiniões — cuspiu Molly, todo o corpo tremendo de raiva. — Eu lidei com reis e rainhas sedentos de poder que queriam controlar a maneira como eu deveria agir, dizendo que deveria me submeter. Mas eles não significam nada para mim. Suas palavras e desejos não significam nada para mim. Porque eu não sou um demônio. Eu não faço parte da sua cultura doentia. Os lábios de Senior se alongaram e ele flexionou os dedos novamente. — Cuidado com suas palavras, querida. Você não tem ideia do que você é. Você ainda é um mistério, até para si mesma. Querida? Molly endireitou o queixo e odiou que ele estivesse certo. — Eu sei o suficiente para poder ser perigosa. Mesmo para um Dux como você. Você acha que eu sou tão sem noção, tão ingênua. Continue pensando isso, me subestime, Fitz. Isso só tornará mais surpreendente quando eu ocupar um lugar na primeira fila para os últimos segundos de sua existência miserável. Senior fez uma pausa, seu corpo inteiro congelando. Os meses desde a última vez que ele a vira mudaram-na muito. Ela não era mais a mesma mulher. Ela definitivamente não era ingênua ou inocente. Ela tinha lutado contra a corte, ela viu o coração do seu marido ser arrancado e ainda estava em pé. — De volta aos negócios, — Sênior atirou, sua raiva rolando em ondas até ela. — Você parece ter esquecido que eu também fiz um acordo. Com o seu então noivo. Você em troca de Ares. Pela minha terra. Acho que é hora de cobrar minha recompensa, não é? — Sua recompensa? — Molly zombou e riu amargamente. — Eu não sou um objeto de troca. — Mesmo para salvar Scorpios? Para salvar seu querido noivo e sua família? — Ele sorriu descontroladamente. — Salvatore foi apenas o começo. A cada dia que você recusar minha oferta, eu mato outra pessoa próxima do seu Tensley.
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Molly mordeu o interior de sua boca, tentando manter sua expressão vazia. Ela pensou em Daphne e em como Tensley ficaria com o coração partido. Ela pensou em Gabriella e seus filhos, se Donovan fosse morto. Ele era apenas um menino. Tão pequeno, tão jovem, tão puro. — E se eu for com você? — Molly começou, curiosa de sua resposta. Os olhos de Senior se iluminaram com suas palavras. — Sem mais guerra. Sem mais sangue. Nada mais. — Não, — a voz de Evelyn era de aço e ferro e Molly olhou para ela. — A barganha não vai acontecer. As sobrancelhas grossas de Senior se franziram. — Você fez sua parte, Srta. Rose. Você não é necessário agora. Molly franziu a testa. — Você fez a sua... o que isso significa? Senior sorriu, mas seus olhos nunca deixaram Evelyn. — Como você acha que fomos capazes de colocar o veneno na bebida de Salvatore, doce Molly? Choque puro misturado com horror varreu todo o corpo de Molly e ela olhou para Evelyn. — Eles nos ameaçaram, — argumentou Evelyn. — Se eu não fizesse isso, se eu... eles matariam meu pai. Eles o ameaçaram. Molly não conseguia lidar com o que estava ouvindo. Evelyn envenenara o pai de Tensley. Ela sabia o tempo todo. Ela havia matado, assassinado, seu próprio Dux. — Sem mencionar que ela nos contou cada pequeno detalhe sobre Tensley e sua vida amorosa, — acrescentou Senior. As mãos de Molly se fecharam. — E ela se assegurou de que toda essa reunião ocorresse. Isolada. Aqui fora. No meio do nada. — Molly não conseguiu processar nada disso. Era demais. Ela não podia… ela não podia. — O que... — ela parou abruptamente, sem saber o que dizer. — Eu achei… Fitz deu um passo mais perto, seus mocassins brilhantes de couro cintilando na luz fraca. — Sim, sim, bem, você achou errado,
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Sra. Knight. Ela é a traidora que Scorpios tem procurado. Nunca fomos nós, foi ela. — Eu… — Agora, doce Molly, você vem comigo? Se você não fizer isso, deixe-me lembrá-la que ninguém vai ouvir seus gritos aqui, querida. Ninguém virá ajudá-la. — Ela não vai com você, — Evelyn assobiou e pisou na frente de Molly, o braço esticado na frente dela. Senior levantou uma sobrancelha grossa. — Você pode deixar de lado o fingimento agora, Srta. Rose. O segredo foi revelado, — ele murmurou, um sorriso zombeteiro nos lábios. — Eu não estou fingindo. Ela não vai com você, Fitz. Goste você ou não. Fitz riu sombriamente, a cabeça jogada para trás quando o fez. — Por que a mudança de ideia, Evelyn? Você queria isso. Você disse que nós forçamos você, mas no fundo nós dois sabemos que você queria. Molly observou o perfil de Evelyn, seus traços inabaláveis, seu peito arfando pesadamente enquanto enfrentava Sênior. Evelyn simplesmente sacudiu a cabeça. — Que vergonha. O estômago de Molly despencou ao som de sua voz baixa e ela o viu se mover, mover-se como um leão prestes a atacar, mas sua cabeça estava curvada. Ele estava inclinado para frente, os olhos afastados dos dela. O poder dentro dela trovejou, seus instintos gritando para ela pegar seu olhar. Para olhar para ele. Para usar o poder que ressoava no fundo. Mas ela não podia, e antes que percebesse, ele se lançou. Suas mãos dispararam, para empurrá-lo para trás, mas os dedos dele se envolveram em torno de seus pulsos e sua mão livre encontrou seu pescoço, forçando sua cabeça para frente.
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Ela engasgou, a tensão enchendo seu peito enquanto Senior a segurava pelo pescoço. — Eu conheço sua fraqueza, daemon. Sem contato visual, sem energia. Ela assobiou com raiva, mas só sufocou quando ele apertou mais forte. — Você virá comigo, — disse ele e deu um passo à frente, forçando-a a se mover com ele. — Não, ela não irá, bastardo, — a voz de Evelyn soou alto e claro e ela deu uma cotovelada no rosto dele. Quando seu aperto enfraqueceu, Molly socou seu estômago e tropeçou para longe, virando-se para ver os dois correndo para frente, colidindo, seus corpos se encontrando com um estrondo alto de trovão. Os dois rasgavam a pele um do outro, ossos se quebrando, sangue espirrando no cimento nevado e Molly não conseguia desviar o olhar. Senior balançou a cabeça para frente e colidiu com a de Evelyn. Ela tropeçou para trás, mas manteve o equilíbrio e deu um soco na bochecha dele, o som da maçã do rosto quebrando. Evelyn atingiu-o com o joelho e ele engasgou, cambaleando. Apenas para puxar uma faca e apunhalá-la profundamente no estômago. Evelyn congelou, suas mãos indo para ela, onde o sangue jorrava de sua barriga e ela caiu para frente. Senior limpou o sangue da faca e zombou dela. Molly correu para frente e se abaixou ao lado de Evelyn, sentindo seu pulso. Os olhos castanho-escuros de Evelyn olhavam para o céu negro e flocos de neve brancos pousavam em suas bochechas, na ponta do nariz, derretendo em sua pele. Molly olhou para o grande talho, o sangue fluindo livremente e rasgou sua manga de lã e pressionou a ferida. — Sra. Knight — disse Senior, baixinho. — Venha.
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Molly olhou para ele, a sua chance de destruir o homem que estava fazendo Scorpios cair aos pedaços. O homem que ela queria estrangular até sentir a vida se esvaindo dele. O sangue se acumulou na boca de Evelyn e ela gaguejou, tossindo, sufocando. Ela estava morrendo... ela arriscou sua vida por Molly... mesmo depois de ter feito tantas coisas terríveis, ela arriscou sua vida para salvar Molly. Acompanhar Senior agora e matá-lo ou salvar Evelyn… Seus pensamentos a atingiram com força e rapidez e ela levantou os olhos, encontrando os olhos de Senior. Um arrepio de poder espalhou-se por sua espinha e ela sentiu o ímpeto da força. — Vá. Corra o mais rápido que puder e não pare. Os olhos de Senior se dilataram e por um momento ele não se moveu. Ele piscou e engoliu, virando e saindo. Ela o observou, seu coração na garganta enquanto ele desaparecia na neve e escuridão. O que foi isso? O que aconteceu com ela era puro instinto. Ela não tinha nem pensado nisso antes que seus olhos perfurassem os dele e ele estivesse se afastando. Seus poderes daemon... o trauma da morte de Tensley... eles estavam funcionando. Funcionando perfeitamente. Ela respirou fundo e olhou para Evelyn em seus braços. — Evelyn? — Molly sussurrou, procurando em seu rosto por um sinal de esperança. — Eu fiz isso para salvar a minha família, — Evelyn disse através da tosse. — E então... então você está grávida. — Lágrimas caíram de seus olhos e se misturaram com os flocos de neve derretendo em suas bochechas. — Eu não poderia machucar Tensley assim. Ele não amava seu pai, então eu poderia superar isso, mas isso... eu só... eu nunca poderia fazer isso com um bebê. Não depois... — ela disse, parando de falar. Molly
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tinha muitas perguntas a fazer, mas teriam que esperar. Evelyn estava sangrando e precisava ser curada rapidamente. As mãos de Molly tremiam e ela piscou para conter as lágrimas. No meio da noite, no começo frio de dezembro, Molly ajudou Evelyn a voltar para o carro. Ela era uma traidora, mas salvou sua vida... — Evelyn, — Molly sussurrou para ela, tentando mantê-la consciente. Ela caiu contra o banco da frente, um rastro carmesim escuro pintando o couro preto. — Fique comigo. Fique acordada. Voltaremos a Scorpios em breve. — Quando ela viu que Evelyn estava lentamente adormecendo, Molly mudou sua tática. — Diga-me mais, por que você não poderia machucar um bebê... você ia dizer alguma coisa, mas parou. Os olhos de Evelyn estavam meio fechados, sua mente indubitavelmente grogue, enevoada pela exaustão e a necessidade de seu corpo se curar. — Eu… engravidei quando era mais jovem. Eu tinha dezessete anos, ingênua, misericordiosa — começou ela, sua voz quase um sussurro, as palavras uma bagunça murmurada. Ela respirou fundo novamente. — Foi um acidente. O menino e eu estávamos brincando na época, nada sério. Mas uma coisa levou a outra e a estupidez me engravidou. Fora do casamento — ela terminou, mas estava ficando tão sonolenta que Molly teve que se inclinar mais perto dela para ouvir suas últimas palavras. O coração de Molly se acalmou e ela olhou para Evelyn enquanto saía do estacionamento. — Quando meu pai descobriu, ele escondeu de todos, é claro. Seria escandaloso demais para nós. Isso nos arruinaria. Mesmo que eu não fosse nada além de uma criança na época, se Fallen, ou qualquer outra pessoa, descobrisse, eu teria sido morta sem pensar duas vezes. Você se lembra do que aconteceu com Beau e Valentina... — ela disse com um encolher de ombros, como se não fosse nada além de algo comum de se ouvir. Que, infelizmente, em um mundo cheio de demônios, uma vez governados por um rei louco, era. — Então, para me proteger, meu pai me mandou embora e eu tive o bebê em
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uma cabana no interior com minha mãe. Mas... — ela fungou sutilmente. — O bebê morreu no dia seguinte ao parto. — Evelyn permaneceu em silêncio por um minuto perdida em seu próprio pensamento. Depois de um segundo, Molly se virou para olhar para a mulher que estava sangrando, mal acordada no assento ao lado dela. Molly engoliu com dificuldade. — O que aconteceu com o bebê? Por que ele… — Morreu? — Evelyn disse, seu tom parte triste, parte sinistra. — Eu nunca soube o motivo e meu pai não permitiu uma autópsia. Ele disse que seria muito arriscado — ela concluiu, incapaz de olhar para Molly. Suas mãos tremiam e ela pressionou mais forte em seu estômago, mas o tremor não parou. Finalmente, os olhos vermelhos dela se ergueram. — Mesmo que meu tempo com ele fosse muito breve, eu o amava, você sabe. Meu filho. Ele era tudo para mim. Não é incrível como algo tão significativo, como uma criança, um menino lindo, pode vir de algo tão sem sentido. E eu o perdi. — Eu sinto muito, Evelyn. Sinto muito pela sua perda, — ela disse, e ela viu a mulher assentir brevemente. — Foi por isso que você me salvou? Porque não podia ver alguém perder o filho como você perdeu o seu? — Sim — ela disse, e Molly sabia que aquelas seriam suas palavras finais sobre o assunto, quando Evelyn baixou a cabeça novamente contra o assento, encarando Molly, e fungou suavemente. Molly ficou quieta, incapaz de falar. Ela pensou que o medo de perder o próprio filho todos os dias e o fato de que Evelyn havia perdido o seu e a salvara por sua própria perda estava pesando em seu peito. E quanto mais pensava sobre isso, mais percebia que talvez Evelyn não fosse quem ela pensava que era. Todos achavam que ela era uma víbora faminta e poderosa que atraía homens por seu prestígio entre Scorpios. Mas talvez ela agisse desse jeito porque tinha seus próprios objetivos, sua própria vingança a buscar. Molly não sabia como se sentir quando voltou para Scorpios, dirigindo com uma mão e ajudando Evelyn a pressionar
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a ferida com a outra. Sua cabeça estava embaçada com pensamentos de tudo o que ela descobrira na última hora, das coisas que ela havia testemunhado com seus próprios olhos. Primeiro, a imagem de Fitz Senior quebrando o pescoço do próprio filho sem um pingo de arrependimento. Então, essa nova onda de poder que ela não sabia como controlar, algo que ela não conseguia explicar. E finalmente, a revelação de Evelyn. Assim que soube que Evelyn estava nas mãos do médico, recebendo a ajuda de que precisava, Molly pressionou a mão contra a barriga e rezou para que protegesse o filho até o último suspiro.
***
Molly observava Illya, em suas mãos e joelhos, enquanto ele montava o berço. Ele grunhia quando os pequenos parafusos emperravam e ela ria, apenas ganhando um sorriso dele. Ela estava sentada na cama, tomando uma sopa caseira que fizera naquela manhã e estudando a História da Primeira Guerra Mundial. O último exame de seu ano de graduação estava chegando e ela mal podia esperar para ter a faculdade fora da lista de coisas a fazer. A noite passada ainda estava fresca em sua cabeça e Evelyn ainda estava sendo interrogada. Os membros de Scorpios teriam que votar em breve sobre o que planejavam fazer com ela. A partir de agora, ela não tinha certeza do que eles decidiriam. Mesmo tendo salvado Molly, Evelyn ainda era uma traidora de Scorpios. Depois de horas instruindo os soldados de Scorpios de como proceder com a família Rose agora sob custódia, presa no porão da propriedade dos Knigth, em celas que ela nem sabia que existiam, tudo o que Molly queria fazer era dormir e esquecer tudo. Evelyn envenenara o pai de Tensley. Ela não conseguia entender isso e a deixava doente do estômago. Sentando-se com Daphne para contar-lhe o que aconteceu, isso a quebrou ainda mais. A boca trêmula de Daphne, seus gemidos, suas suplicas.
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Molly tocou seu peito, a dor mais pesada ali e expirou suavemente. Illya passara a manhã inteira repreendendo-a por não ter dito o que iria fazer e quão perigoso tinha sido. Ela sabia que ele estava certo, mas ela tinha que ir. Ela tinha que tentar ajudar a acabar com esta interminável guerra com Ares para salvar o povo de Tensley. — Deus, eu não consigo parar de comer, — disse Molly com a boca cheia de arroz e legumes. Illya riu, seu cabelo loiro caindo em seus olhos. — Você está com cinco meses, quase seis meses de gravidez. Além disso, é uma coisa poderosa que você tem crescendo em você, eu não esperaria mais nada. Molly limpou o canto da boca com o suéter de lã e fez uma careta. — Este bebê nunca deixa de querer mais. — Definitivamente o filho de Tensley, — acrescentou Illya, sentando-se novamente, olhando para o berço branco. Molly sorriu para sua barriga, muito notavelmente redonda, mesmo em seu suéter folgado. Quando ela olhou para Illya, ele se levantou e estava acariciando sua mandíbula em pensamento profundo, analisando o berço. Ele recomeçou várias vezes, querendo ter certeza de que o berço estava seguro, e mesmo depois que ela protestou na segunda vez, não pôde deixar de sorrir. E sorrir normalmente a fazia chorar hoje em dia. Hormônios. — Como vai o seu triângulo? Illya olhou para ela. — Não há triângulo. — Oh? Você quer dizer que não há absolutamente nada acontecendo entre Stella, você e September? — Ela perguntou com um sorriso conhecedor. — Somos todos amigos.
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— Certo, — ela disse arrastando a palavra antes que estourasse suas bochechas e tentou se concentrar nos estudos, mas algo mais coçava dentro dela para dizer a Illya. Ela se endireitou e mordeu a ponta do lápis, observando-o olhar para o berço mais uma vez. — Então, eu entrei em contato com Lance, — Molly anunciou, abaixando a cabeça de volta para sua caligrafia delineada assim que Illya se virou para ela. — Lance? — Ele levantou uma sobrancelha. — O bruxo, Lance? Molly assentiu, girando o lápis. — Eu quero saber se ele tem mais informações sobre daemons ou se conhece alguém que tenha. Illya franziu o cenho para isso. — Oh, não me dê esse olhar. — Molly franziu a testa para ele e suspirou. — Acho que é hora de aprender mais sobre o que sou. O que eu posso fazer. — Ela pensou na noite anterior - o que ela fez com Senior e como ela o fez partir. Ela queria, precisava entender o que tinha acontecido. Como gerenciar isso, como executar. — Eu o verei hoje. — Você deveria estar descansando pelo bebê, — argumentou ele. — Você precisa parar de tentar fazer tanto e pensar em seu filho. Suas bochechas se avermelharam, em um ataque de raiva. — Eu estou, mas não consigo dormir, Illya. Eu quero proteger meu filho. Eu quero me livrar de Ares e Senior disse algo na noite passada que realmente me incomodou, — ela disse, olhando para a cidade através de uma das janelas do quarto. — Ele disse que eu ainda não sabia o que era. E partes disso é verdade. Eu sei um pouco mais do que naquela época, mas isso é tudo. Eu quero saber o que sou, totalmente. Eu quero saber o que meu filho será. Estou cansada de estar no escuro, estou cansada de não saber todo o meu potencial. Ela inspirou profundamente, pensando em seus momentos com Tensley e mesmo que ele não tivesse as respostas a sua ascendência daemon, ela se sentia inteira com ele. Ela sentia-se completa com ele.
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Os olhos castanhos de Illya se suavizaram e ele se moveu para se sentar na beira da cama, a mão dele tomando a dela na sua. — Se você realmente quer saber, eu posso te ajudar. Molly sentiu a queimadura por trás de seus olhos e sua visão turva. — Illya, se alguma coisa... — Ela fez uma pausa, recompondo-se e apertou a mão dele. — Se alguma coisa acontecer comigo, se eu não for capaz de cuidar do meu filho, — ela sussurrou e nervosa lambeu os lábios. — Eu quero que você cuide dele. Tome conta dele. Illya sacudiu a cabeça. — Molly, eu... e September ou seus pais? — Eu obviamente queria que eles ajudassem, mas você conhece o mundo de Tensley, você sabe como ensiná-lo sobre sua sociedade, como criá-lo em um mundo de feras sem coração e criá-lo para ser gentil e feliz, — explicou Molly, sorrindo suavemente na expressão chocada de Illya. — Eu conheço Tensley e sei que desejaria você, confiaria em você, para cuidar de seu filho. Assim como você cuida de mim, eu quero que você cuide do meu filho. Os olhos castanhos de Illya ficaram molhados e vermelhos e ele olhou para a parede. Com uma respiração profunda e trêmula, ele a encarou e sorriu. — Eu ficaria honrado, Molly. Mas você não vai a lugar nenhum, eu vou cuidar de vocês dois. Por quanto tempo você precisar de mim. A boca de Molly tremeu e ela fungou, e se inclinou para frente, envolvendo os braços ao redor dele. Ele, em troca, a abraçou, quente e gentil, mas tudo o que ela precisava.
***
Molly estava sentada na estranha loja de discos, uma xícara de chá com um desenho oriental na mão enquanto observava Lance vasculhar seus armários. Ele era o bruxo que tinha ajudado Tensley depois que os caçadores os atacaram há alguns meses.
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Tanta coisa havia acontecido desde então, Molly não podia acreditar em tudo que havia mudado em apenas alguns meses. Ela mesma sentiu como se tivesse mudado. E assim também Tensley. Eles estavam todos muito diferentes agora. — Então, explique de novo? — Lance perguntou, enfiando a cabeça em um dos armários, sua voz ecoando. Molly cravou as unhas nos joelhos. — Ontem à noite, forcei um homem a partir. Eu olhei em seus olhos e sem nem pensar, eu lhe disse para ir embora. E ele foi. Parecia - como um instinto. Que era uma parte de mim. Eu não posso nem explicar como fiz isso, apenas... aconteceu. Eu precisava pensar rápido, agir rapidamente, e meu corpo apenas... assumiu, — ela disse, o olhar perdido enquanto apertava as mãos novamente. Illya pigarreou, mudando de posição na cadeira ao lado dela e lançou lhe um olhar. — Ah, aqui está, — disse Lance e puxou um livro de capa dura. Ele se moveu em direção a eles e se empoleirou no canto de sua mesa de cozinha instável. — Depois que conversamos sobre daemons da última vez, fiquei pensando mais sobre isso. Eu procurei em todos os livros dos meus ancestrais e achei isso. Ele virou o livro e Molly se inclinou para frente, apertando os olhos para as letras muito pequenas. Illya franziu a testa. — Eu não consigo ler. — Mesmo? Demorei semanas para traduzir, — Lance bufou dramaticamente quando apontou para as páginas amassadas. Molly olhou para a exposição de homens e mulheres, os olhos arregalados e brilhantes. — Eles têm meus olhos, — respirou Molly, mais para si mesma do que para os outros. — De fato, — Lance começou, balançando a cabeça lentamente. — Os olhos são considerados como ligações para a alma. E você tem olhos raros, Molly Knight. Olhos muito raros. A alma de um daemon é pura, é poderosa. É por isso que eles brilham
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tanto. Assim como os olhos de um demônio ficam negros, negros como a alma que são ensinados a valorizar, a todo custo, desde o próprio nascimento — continuou ele, com um olhar tímido na direção de Illya. O demônio permaneceu em silêncio, imperturbável. Então os olhos do bruxo voltaram para o livro antigo e estranho. — Eu tive que ler a coisa toda algumas vezes, algumas partes ainda são ilegíveis devido à anos e anos de existência. Mas voltando aos assuntos importantes, este livro, esta parte em particular, recita a história de um daemon enfrentando um evento. Um evento poderoso, mas terrível, algo que poderia finalmente quebrar sua alma brilhante e pura. Em seguida, ele explica que quando a alma de um daemon é quebrada, esmagada, danificada, o poder se inflama. Ele vem à vida. Mas isso só pode realmente acontecer se o daemon passar por um trauma, um momento em que a sobrevivência é crítica. Isso, — ele disse, um sorriso satisfeito brincando em seus lábios. — É quando os verdadeiros poderes do daemon são revelados. O poder que o daemon usava antes não passava de uma fração de sua capacidade. — Um trauma? — Molly ponderou sobre suas palavras, tentando pensar sobre cada momento, tudo o que aconteceu desde que ela notou pela primeira vez uma nova onda de poder dentro dela. Seu coração pulou uma batida, quando a realização atingiu. — Tensley... Depois que Tensley teve seu coração arrancado, quando eu pensei que ele estava... — ela se conteve, não querendo dizer as palavras em voz alta. — Eu senti o poder então. Essa foi a primeira vez que senti isso com tanta vitalidade, tanta força. Lance assentiu, acariciando a barba escura em suas bochechas. — Isso seria suficiente. Esse trauma os despertou completamente. — Ele apontou para ela. — Esses poderes estão constantemente se agitando dentro de você agora. Eles são uma parte de você. Como a Medusa. Se eles olharem nos seus olhos, estarão presos. Molly engoliu em seco. — Mas como eu pude forçar Fitz a fazer o que mandei? Lance fez uma pausa, folheando as páginas. — Aqui. Um daemon cuja alma é despertada pode acessar, através de seu olhar, o poder sobre os outros. Para matar completamente a alma
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de um daemon, eles acreditavam — começou ele e um arrepio percorreu a espinha de Molly. — Era preciso cortar a cabeça do corpo e queimá-la. A mão de Illya pousou em seu ombro e apertou. — É o bastante. — Não, Illya, tudo bem, — ela disse a ele. — Eu preciso saber tudo. — Sua mão foi para sua barriga. — Seus poderes são uma parte de você, agora mais do que nunca. É como um sexto sentido — disse Lance, fechando o livro. — Não é algo que possa ser treinado agora. É algo seu. Para sempre. Ele se manifestará quando necessário, mas nunca agirá contra sua vontade. Compreende suas emoções, suas intenções, seus desejos. Então você não precisa temer que seja usado em alguém que você ama. Ela sentiu seu estômago novamente. Um hábito reconfortante. — E o bebê? Você sabe alguma coisa sobre um bebê meio daemon, meio demônio? Os olhos de Lance caíram para sua barriga grande e ele olhou para ela por algum tempo. — De quanto tempo você está? — O médico disse que ele tem cerca de seis meses, — ela disse, esfregando o estômago. Lance cantarolou novamente. — Eu posso sentir que é ele agora. Alguns meses atrás, eu só podia sentir que havia algo, algo que não era você, mas que de alguma forma mantinha uma parte de sua essência, estava crescendo dentro de você. Agora, eu posso dizer que é bem e verdadeiramente ele, — ele disse com um sorriso genuíno. Molly assentiu com um sorriso suave. — Você sabe, você foi o primeiro que me fez pensar que eu estava grávida, isso me assustou até a morte. — Ela riu e ele riu com ela. Illya ficou quieto, mas um pequeno sorriso brincou nos cantos de seus lábios. — Me desculpe se te assustei, — Lance riu mais um pouco. — Mas voltando ao bebê. Considerando que é um ele, há uma boa chance de ele não ser agraciado com seus poderes, — ele disse, com um encolher de ombros.
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— A maioria dos livros que li eram teorias de outros bruxos e tal, não temos nenhuma informação científica da qual falar, infelizmente. No entanto, a maior parte dessas teorias parecia dizer que a maioria dos daemons que supostamente existiram e que nós conhecemos, através de lendas e mitos, tem sido mulheres. Mas algumas poucas histórias descreviam homens. Alguns existiram, mas não o suficiente para dizer que homens descendentes de uma linhagem de daemon realmente tinham chances de exercer os poderes. — Ainda corre em seu sangue, mas não é acessível para a maioria deles. Estou supondo que a falta de pesquisa real não é simplesmente porque os daemons são raros, mas também porque o gene é imprevisível e não parece responder a qualquer tipo de regra ou lei quando escolhe aparecer. Você é o primeiro daemon a existir nos últimos trezentos anos. Por que isso? Por que o gene não se mostrou mais cedo, por que escolheu você? Não temos como saber — ele terminou, balançando a cabeça ligeiramente. — Eu posso tentar o possível para descobrir mais sobre o bebê, o que poderia significar ser metade demônio e metade daemon, mas talvez não descubra muita coisa, — disse ele, e Molly podia ver que Lance estava frustrado por não ser capaz de dizer mais, descobrir mais. — Qualquer coisa, qualquer coisa é útil, Lance, — disse Molly, suavemente. — Eu só quero ser capaz de cuidar do meu filho. Lance assentiu suavemente. — Devemos voltar, Molly, — Illya disse e ela levantou a cabeça. Illya ajudou-a a se levantar e guiou-os até a porta. Assim que ele abriu a porta para ela, Molly parou e olhou de volta para Lance. — Ligue para mim se você encontrar algo mais sobre o bebê. Por favor. Lance sorriu. — Eu vou. — Ah, e também, uma última coisa. Eu encontrei um bruxo na corte, ele parecia meio perturbado, mas disse alguma coisa sobre o bebê, como se pudesse senti-lo de alguma forma, — Molly disse, franzindo a testa enquanto se lembrava das palavras
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do bruxo. — Ele disse que o bebê tinha coração. O que quer que isso signifique. Espero que isso possa ajudar. Obrigada por tudo, Lance. Quando Illya e ela estavam entrando no táxi que os levaria para casa, Molly olhou de volta para a loja de Lance, onde ainda podia vê-lo parado ali com uma profunda carranca gravada entre as sobrancelhas. No caminho de volta a Manhattan, Molly não conseguia parar de pensar no momento em que o coração de Tensley foi arrancado. O trauma desencadeado seus poderes despertando-os completamente. Illya levou-a até o apartamento e começou a tirar comida da nova geladeira, perguntando o que ela queria para o jantar. Ela estava muito perdida em seus pensamentos, lembrando-se de todos os detalhes. A campainha tocou e Illya se virou para atender. Molly ajeitou o suéter e saiu atrás dele, ouvindo uma voz masculina falar. — Eu preciso falar com ela, — a voz exigiu. Molly espiou pela cozinha e foi recebida pela última pessoa que esperava ver hoje à noite. — Seto? O que você está fazendo aqui? — Molly perguntou quando ela chegou na ponta dos pés. Seto virou-se totalmente para encará-la, suas feições sombreadas pelo corredor escuro, mas ela mal conseguia lê-lo. — O período de luto por Fallen acabou, — anunciou ele, frio e direto. Molly franziu a testa e Illya cruzou os braços, recusando-se a recuar para deixá-lo chegar mais perto de Molly. — Seu marido deve ser coroado rei esta noite, — disse ele, com um brilho de preocupação em seus olhos. — E ele requer a sua presença.
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CAPÍTULO 20
O peito de Tensley doía, a pressão machucava seus ossos e músculos, o suor escorria pelo nariz e por cima do lábio, e ele afastou com as costas da mão. Ansiedade perfurou seu corpo enquanto ele ficava parado no corredor sombreado, o som da corte cruel podia ser ouvido além das portas douradas da sala do trono. Eles estavam esperando a besta ser coroada. Para ver o seu novo rei. Ele estava esperando por sua esposa, esperando que Seto conseguisse convencê-la a vir. Se ela não viesse... Ele engoliu em seco. A besta nele rosnou baixo, e retumbou em seu peito, o som deixando a barreira de seus lábios. O homem e a fera ainda estavam guerreando um contra o outro, e ele sabia que quando colocasse os olhos em Molly, ficaria louco de desejo. Mas ela os acalmaria – a besta e o homem. Ela o acalmava, como mais ninguém, e ele precisava dela ao seu lado hoje. Um toque de dor provocou seu coração crescente e ele rangeu os dentes, puxando a gola alta de sua camisa. — Meu senhor, — a voz de Lilith percorreu o corredor e ela deu um passo à frente, seu vestido preto sob medida para sua figura cheia. Uma coroa de espinhos estava sobre suas mechas
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vermelhas. Ela sorriu para ele, as pontas dos dentes brancos visíveis. — Está na hora. De ser coroado o rei feroz de todos os demônios. Tensley endireitou-se, não deixando que ela visse sua fraqueza, sua dor e olhou além dela. — É tradição, — disse Lilith suavemente e traçou suas mãos enluvadas de seda ao longo de seu antebraço, colocando a mão na curva de seu cotovelo. — É tradição a rainha caminhar ao lado de seu rei. Eu vou ficar ao seu lado na frente da corte e prometerei honrá-lo. Como sua rainha. Ele olhou para os lábios vermelhos, muito escuros, muito severo contra sua pele e ele tirou sua mão dele. — Eu vou caminhar sozinho, — disse ele, simplesmente. As feições de Lilith se transformaram em uma carranca feia. — Eu sou sua rainha. Tensley deu um passo perigoso para mais perto, elevando-se sobre ela e deixando-a sentir a onda de feromônios agressivos sufocá-la. — Há apenas uma rainha na minha vida e na minha cama. E não é você. Eu já cansei de repetir isso para você, Lilith. Da próxima vez que eu precisar repetir, não serei tão gentil. E não usarei palavras para fazer isso da próxima vez. Este é seu último aviso. As bochechas de Lilith ficaram vermelhas de raiva e ela apertou a mandíbula com tanta força que ele jurou que ela havia quebrado. — Assim seja, meu senhor. — Tensley, — uma voz o chamou. Uma voz que era como uma canção de ninar mortal para seu coração crescente e trouxe uma picada familiar. Ele se virou, seu coração afundando dentro de seu peito de ferro como se para se proteger da mulher caminhando em direção a ele. Um pesado manto negro cobria seus ombros, mas ele viu a provocação de seu vestido lilás de renda e seda, puro e simples, mas ainda muito excitante para ele.
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Seto andava ao lado dela, mas diminuiu a velocidade assim que se aproximou de Tensley. O príncipe se aproximou por trás deles, um olhar frio dirigido a Tensley. Bom pra caralho. O príncipe podia sentir o turbilhão de desejo e raiva envolvendo os ossos de Tensley e foi sábio em não testar sua paciência. A boca de Molly era o mais suave de rosa - tão natural, tão suave que ele queria provar cada lábio separadamente e depois arruiná-los todos de uma só vez. — Você não é necessária aqui, daemon, — Lilith estalou, o som agressivo tirando Tensley de seu transe e seu corpo inteiro ficou tenso. Molly parou no meio do caminho, seus olhos demonstrando surpresa, mas então suas sobrancelhas baixaram e ela voltou sua atenção para ele. — Ela vai me acompanhar, — rosnou Tensley, sem se incomodar em encarar a cobra atrás dele. — Como rainha. — Ela não é rainha, — disse Lilith, levantando o tom, as mãos começando a tremer de raiva. Tensley sentiu as rédeas de sua raiva se romperem e ele girou. — Ela é minha rainha, ela é minha esposa. Ela é quem vai ficar ao meu lado na frente da minha corte. Sempre. Sua voz soou pelo corredor, deixando todos em silêncio enquanto seu corpo estremecia com pura raiva. Lilith respirou pelo nariz e deu um passo para trás, finalmente vendo seu lugar na corte dele. Ela não era rainha, ela não era nada para ele, além de uma peça de um antigo tabuleiro de xadrez abandonado. Tensley respirou fundo antes de se virar para encarar Molly. Ela tinha a cabeça ligeiramente curvada, mas seus olhos espiavam por entre os cílios grossos. Curiosos, um pouco cautelosos, mas determinados.
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— Há apenas uma rainha em minha vida, — ele sussurrou, apenas para seus ouvidos, sua voz tremendo ligeiramente. Surpreendeu-o a pura emoção que as palavras continham. Elas não eram duras, agressivas, exigentes. Se qualquer coisa, foram suaves... quase cuidadosas. Ele não se ouviu falar com tal emoção em um longo tempo. Durante meses, só houve raiva. Ele limpou a garganta e endireitou-se a sua altura completa e poderosa. Ele observou-a examiná-lo - e ele sabia, de alguma forma, no fundo de seu instinto, profundamente em seu peito, que ela podia ver sua fraqueza. Ela podia sentir seu estado precário e suas sobrancelhas franziram ainda mais. Ela não disse em voz alta, mas deu um pequeno passo à frente, diminuindo a distância. Ele a respirou - seu cheiro de luz solar e tulipas e uma doçura que nunca poderia ser engarrafada, e ele sentiu sua virilha doer de necessidade. Nenhuma mulher tinha tanto controle sobre ele. Isso o assustava, enfurecia e emocionava. Em vez de apertar seus quadris e puxá-la em seu corpo, ele levantou o braço, esperando a sua mão deslizar na curva de seu cotovelo. Ela baixou os olhos e gentilmente guiou sua mão delicada para descansar em seu braço. O único toque da sua palma quente através do tecido de sua camisa o deixou selvagem. Ele pegou o olhar tenso no rosto do príncipe, seus olhos focados em Molly. Tensley se virou, os passos de Molly combinando com os dele. As portas duplas douradas pareciam um sinal de liberdade e aprisionamento de uma só vez. O som das trombetas soou e o barulho das vozes tagarelando continuou. As portas se abriram e toda a corte virou para encarálos. Ele desafiou cada olhar, cada olhar para sua esposa e sentiu-a se aproximar mais ao seu lado. Sua besta rugiu de orgulho. O trono no meio do corredor brilhava sob os candelabros de cristais e a cada passo mais perto que eles davam, a mão de Molly apertava ao redor de seu bíceps.
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A multidão silenciou de ambos os lados, incapaz de desviar o olhar da visão do rei e de sua esposa. Um poder brandiu entre eles tão mortal, tão letal, que deuses morreriam sob sua ira. Este era um rei mostrando a uma corte cheia de lobos corruptos que ele escolhera como rainha deles, a sua rainha. Que detinha o poder com ele. Ao lado dele. Juntos. Ele sentiu em seus ossos, ele sentiu em suas veias enquanto marchava em frente. Seu toque, sua presença ao lado dele alimentava sua força. Ao se aproximarem do altar, tudo o que ele ouvia na sala - no palácio, era seu coração batendo rápido, escondido sob o vestido, escondido sob as costelas e aninhado no fundo. A respiração rasa dela cantada em seus ouvidos e ele se virou para a multidão, com a cabeça erguida em autoridade. Seus joelhos tremiam, mas ele não se sentou. Ele precisava de intimidade, ele precisava de força, mas ele não se imporia a Molly. Ele sobreviveria a isso até que ela o quisesse tanto quanto doía nele. Lilith e o príncipe seguiram pelo corredor, juntando-se à multidão na frente. Um senhor avançou segurando uma lâmina afiada, deslizando de um pano preto de seda e curvou-se. — Meu senhor, — o homem falou e Tensley levou seu tempo, sua mão descendo e segurando a lâmina, a borda cortando sua palma. Uma antiga lâmina das costelas do pai de Fallen. Diziam estar cheia com veneno, com poder, e sua raiva eterna. Para o futuro rei mergulhar nesse veneno. Ele ficou em sua altura máxima e enfrentou a multidão silenciosa. Ele desabotoou os primeiros botões de sua camisa, revelando o peito, as cicatrizes do passado e a recente e feia cicatriz irregular onde seu coração batia. Ele lembrou a lenda de Fallen – sobre depois que ele matou seu próprio pai e seus irmãos para assumir o trono, quando ele pegou o osso das costelas do pai e cortou seu próprio
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peito. Para não mostrar medo da morte, nem medo da destruição, mas para prosperar no derramamento de sangue, a guerra fora e dentro de si mesmo e mostrar ao seu povo sua capacidade de conquistar. Como a corte desmantelada de desajustados e ladrões sanguinários se curvaram ao seu rei, cantando, cantarolando um hino de poder e divino. Para coroar uma besta. Para coroar uma besta. Para coroar uma besta. Esse mesmo hino que a corte cantava agora em uníssono e ele sentiu o poder sacudir seus ossos. Para evidenciar a corte nenhuma pulsação dentro dele, mas Tensley sentia o bater do próprio coração. Se a corte visse o coração dele batendo, eles não ficariam satisfeitos. — Com essa lâmina de osso, sangro por minha corte, minha coroa, meu povo — ele falou, a voz firme quando ele pegou a lâmina maligna e arrastou a borda afiada até seu peito e cortou uma linha acima de seu coração. O sangue corria em linhas grossas e escuras pela pele bronzeada e ele manchou o polegar na vermelhidão e o pressionou contra a boca, depois passou na testa. — Eu prometo conquistar exércitos e destruir reinos, tudo em nome da Suprema Corte. Saborear vitórias e acalentar as perdas. Devorar traidores e amaldiçoar mentirosos. Eu juro como rei deixar à ira guiar meu caminho. Uma coroa de ouro cintilante estava em uma almofada branca e um dos senhores avançou, curvando-se na frente de Molly. As mãos de Molly baixaram e ela olhou para Tensley. Ele acenou para ela ir em frente. Ela engoliu, levantando gentilmente a coroa da almofada e aproximou-se.
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Tensley respirou fundo quando a frente dela tocou a dele, os braços dela de cada lado de sua cabeça e ela levantou na ponta dos pés para colocar a coroa em sua cabeça. Ele endireitou sua postura e não pôde desviar o olhar dela. Seus olhos vívidos, suaves e largos, o tomaram e ele provou o desejo dela em sua língua. — O rei das bestas! O rei das bestas! O rei das bestas! — Gritou a corte, mas tudo o que ele viu foram suas bochechas rosadas e os lábios carnudos chamando para serem saboreados e aquele coração de leão batalhando dentro dela. Eles haviam coroado um novo rei. Um rei que metade da corte desprezava. Seus olhos procuraram o príncipe, encontrando-o carrancudo, como se fosse difícil para ele estar presente na coroação de Tensley, mas ainda assim ficou. Controlado. Imóvel, mas observando atentamente. Tensley possuiu tudo o que o príncipe queria. Tensley colocou a mão de Molly em seu braço e ele os guiou da sala do trono, a corte seguindo atrás. Muito barulhenta, muito cheio. Ele sentiu a onda de exaustão, o tremor iniciando em seus ossos. Agora não era hora de ser fraco. Não quando a corte inteira observava seus movimentos, palavras e respirações. O tempo passou lentamente enquanto ele se sentava em um trono, com a refeição enorme na longa mesa diante deles. Ele sentiu a fraqueza consumindo-o e lutou para manter as costas retas. Molly sentou-se rigidamente ao seu lado e de vez em quando ele sentia os olhos dela observando-o. Ele precisava de um banho frio para reanimar seu sistema ou deitar em seus aposentos. Ele queria deitar com Molly, mas a festa inteira ela não parecia tão aberta como estava antes. Ele olhou para cima, capturando o olhar de Seto enquanto ele estava parado na entrada. Ele se levantou, ignorando o olhar aquecido de Molly em suas costas e encontrou Seto no corredor.
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Tensley parou ao lado dele. — Leve Molly de volta. Seto olhou para ele, apertando a mandíbula, mas assentiu. Tensley marchou de volta para seus aposentos, suas próprias pernas se contorcendo, confiando nas paredes para ajudá-lo a se manter em pé. Um calor vertiginoso tomou conta dele e ele viu pontos pretos nublarem sua visão. Seu peito doía, queimava como se uma chama estivesse sobre seu coração, queimando incessantemente pela única coisa que uma fera não deveria querer. Tensley abriu as portas do quarto e segurou a cabeceira da cama. Ele abriu a camisa manchada de suor e tentou chegar ao banheiro, mas acabou sentando na cama. Ele bufou, seu peito uma onda brutal de exaustão e dor. — Foco porra, — ele sussurrou para si mesmo. Ele tentou pensar em Molly - na voz suave de Molly, em seus lábios carnudos e naqueles olhos vívidos e poderosos. Ele pensou em seu doce perfume, em seus cachos loiros que ele queria passar os dedos e nunca soltar. Ele pensou em seu coração vicioso. Um coração que uma vez foi dele. Oh, como ele queria reivindicar esse coração novamente. Ele cravou os dedos nos joelhos, ativando outro ponto de dor ao invés do que sobrecarregava seu peito. — Tensley, — aquela dolorosa voz doce chamou-o e em sua névoa, ele gemeu, olhando para cima para encontrá-la em pé à sua porta. Ele tentou se levantar, mas quando vacilou, ela avançou. Ele ergueu a mão trêmula. — Não Ela parou, sua mão recuando para o peito. Ela olhou para ele, para seu corpo trêmulo, para o suor escorrendo dele. — Você está com dor, — ela sussurrou.
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— Por causa disso, — ele sussurrou, apontando para o peito. — Dói por você. Isso queima por você. Molly mordeu o lábio inferior e isso não fez nada para manter Tensley forte. Ela parecia estar pensando em algo, algo que lutava dentro dela. — Deixeme ajudá-lo. Tensley sacudiu a cabeça. — Não. Molly franziu a testa e se aproximou um pouco mais. — Você precisa de mim, Tensley. Tanto quanto eu preciso de você. Tensley apertou a mandíbula e segurou a cabeceira da cama, o peito arfando. Ele a olhou, traçando suas feições delicadas. — Eu estou muito fraco, dolcezza. Se você me tocar... se eu tocá-la, — ele respirou, mesmo falar em voz alta testava sua força. — Eu não vou conseguir parar. Um brilho escuro cintilou em seus olhos vívidos e ela destruiu qualquer espaço entre eles, as pontas dos dedos acariciando sua bochecha. Ela respirou em sua boca entreaberta. — Então não faça isso. Isso foi tudo o que bastou.
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CAPÍTULO 21
As mãos fortes de Tensley apertaram seus quadris e puxaram-na contra seu poderoso corpo. Sua boca encontrou a dela e o mero gosto de sua língua tóxica aqueceu sua barriga. A cada beijo, ela sentia seu tremor diminuir e a força crescer selvagem nele. Ela passou as mãos no rosto e no peito dele, pressionando ali, sentindo o coração bater contra a palma da mão. Suas mãos escorregaram de seu queixo e quando elas agarraram um punhado de seu traseiro redondo, ela gemeu dolorosamente em sua boca. Ele beliscou, chupou e devorou seus lábios e não conseguia parar. E ela não queria. Ela não podia deixá-lo escapar. Ela seria sua força, seria o poder dele, se ele não parasse. Ele puxou-a para baixo sobre ele quando caiu de costas, as mãos rasgando a parte de trás do vestido para que o tecido solto saísse de seus ombros. Ela sentiu a dureza dele contra sua coxa. Ele puxou a frente do vestido dela com os dentes, expondo seus seios pesados. Ele fez uma pausa e cuidadosamente, passando as mãos grandes em torno de cada seio. Ela reprimiu um gemido e baixou a cabeça. — Linda, — ela ouviu-o sussurrar e antes que ela pudesse dizer uma palavra, sua boca pegou um deles e chupou. Ela cravou as unhas em seu peito, colocando metade de seu corpo em cima dele enquanto ele trocava para o outro.
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Ela deslizou a mão entre sua barriga redonda e encontrou seu comprimento endurecido escondido em suas calças. Ele ficou tenso, apenas para beliscar seu mamilo. Assim que ela soltou o cinto, ele sentou-se, virando-a para deitá-la de costas. Ele ficou na beira da cama e a observou, seus olhos negros de luxúria e poder. — Eu não consigo me livrar de você, não importa o quanto eu tente, — ele sussurrou, meio ofegante. Ela viu que o simples encontro entre eles quase instantaneamente lhe dera uma dose de poder. Seus músculos flexionaram com força letal e a rigidez em sua boca trêmula se foi. Com apenas um beijo, ela criou um deus de prazer e poder. Ela não se importava com o quão perigoso ele era ou como cada toque que ela lhe dava poderia ser usado contra ela. Ela confiava nele. Ela confiava no homem. E mesmo que a besta tivesse dito coisas sobre ela, que ela não esqueceria tão facilmente, ela sabia, no fundo, que poderia confiar nele também. Ele se ajoelhou na frente dela, a visão de uma fera se abaixando por ela, por sua esposa, por sua rainha, enviou uma sensação de queimação através de sua barriga. Desejo agrupado. O calor a consumiu. Suas mãos calejadas empurraram o tecido do vestido para cima de suas pernas, seus dedos roçando suas coxas. Ela estremeceu, mordendo o lábio para impedir que um gemido escapasse. Quando ela sentiu sua região inferior exposta e seus dedos roçando suas dobras macias, ela não pôde segurar o gemido. Fazia muito tempo para os dois. Mas eles estavam prestes a mudar isso. Foi quando ele lambeu sua extensão, para cima, para cima, para cima, com deliberada lentidão, e provocou a pérola onde seu
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desejo pulsava descontroladamente, que ela se perdeu completamente. — Oh-Tensley, — ela ofegou, enfraquecendo na cama, os dedos correndo através de seu cabelo espesso. Ele a devorou - adorando seu corpo de uma maneira tão selvagem, tão pura, tão perversa e bonita. Seu orgasmo foi rápido e duro, rugindo através dela com uma intensidade que ela não sabia que era possível, fazendo seus membros convulsionar e ela jogou a cabeça para trás, ofegante. Tensley ficou de pé, como uma sombra fluindo sobre ela, enquanto seus olhos escuros brilhavam com desejo e poder. Seus olhos penetraram os dela de cima, mil guerras retalhando e conquistando uma a outra do fundo da escuridão que os consumia, mas todas eram governadas por uma necessidade, dela. Ele abriu as calças e ela viu as duas linhas profundas que corriam à frente da parte mais baixa de seus quadris e apontou para o lugar onde ela sabia que seu próprio desejo pulsava, grosso e orgulhoso. Dela. Tudo isso era dela. Primeiro ela viu a sugestão de cabelo escuro, então quando ele as puxou para baixo, sua ereção saltou livre. Ele se acariciou, lento e longo, a coroa um vermelho raivoso de necessidade. — Diga meu nome de novo, — ele sussurrou entre os dentes cerrados, a mão ainda firmemente acariciando-se. Molly engoliu lentamente, o calor entre eles tão denso que chamuscava sua pele. Parecia que no segundo em que se tocassem novamente, eles se fundiriam. Mas ela queria queimar. Ela queria chamuscá-lo. — Tensley, — ela respirou, seus seios pesados formigando, tão macios, tão sensíveis. Seus olhos escureceram e a bela fera rosnou um aviso.
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Ele puxou um travesseiro da cama e agarrou seus quadris, a confusão flutuando dentro dela até que ele ergueu seus quadris e colocou o travesseiro lá. Ela lutou contra um sorriso, apertando os lábios com força, percebendo que ele estava tentando se certificar de que ela estava confortável, que o bebê não estava colocando muita pressão sobre ela nesta posição. Ele pairou sobre ela por um pouco mais. Olhos escuros, mãos fechadas, movimentos lentos, lábios entreabertos e respiração desigual. Respira. Respira. Respira. Sua língua saiu lentamente, deslizando sobre seus lábios cheios e deliciosos. Molly quase gemeu com a visão, pronta para começar a implorar. Antes que ela pudesse fazê-lo, ele voltou a ficar de joelhos, um sorriso cruel e sensual brincando em seus lábios enquanto sua ponta cutucava seu núcleo, deliberadamente. Ela gemeu, as mãos indo para os ombros dele, os dedos cravando profundamente em sua pele. Sem dúvida, deixaria uma marca. Ela queria que ele doesse como ela doía, seu corpo inteiro gritando, queimando para ele entrar nela. Para consumi-la. Para preenchê-la mais uma vez. Fortalecer um ao outro da maneira mais primitiva. Ele a observou, examinou-a, seus lábios carnudos se abriram. — Dolcezza, — ele sussurrou e ela enfiou ainda mais as unhas em suas costas pela ternura - tão intimamente, tão suavemente e ele baixou, pressionando um beijo suave e gentil em sua barriga. Seu coração acelerou com a visão da fera poderosa salpicando sua barriga com beijos. Ela respirou pesadamente, incapaz de desviar o olhar quando ele levantou a
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cabeça e se inclinou para frente para capturar sua boca aberta. Um beijo dele era como mil verdades brutais e ela o beijou de volta. Ele empurrou para frente, rápido e duro, mas era tudo o que precisavam. Suas unhas arranharam suas costas, seus braços flexionados, seu peito, puxando-o mais profundamente, tão profundamente em seu núcleo que doeu. Com o travesseiro a apoiando, o ângulo era profundo para os dois, fundo o suficiente para sentir a queimadura. Eles lutaram entre si, guerreando contra seus corpos, mas trabalhando em direção ao mesmo objetivo, o mesmo propósito. Ela lutaria com ele, ela travaria guerras para recuperar o coração de ferro. Seus dedos se curvaram acima de seus peitorais, sentindo a batida violenta de seu coração guerreiro. Seu corpo se moveu para frente, em um ritmo destrutivo e ela combinou com ele. Foi quando seus dedos roçaram sua barriga redonda, que ele abrandou e seus dedos não conseguiram parar de acariciá-la. Seus olhos capturaram os dele e o olhar que ele lhe deu roubou seu fôlego. Um deus se curvando para uma mortal. Ele saqueou sua boca em outro beijo, mas desta vez foi suave, suave e longo. Sua boca salpicou beijos suaves contra a dela, e logo sentiu a ardência do prazer se aproximando. Ela sentiu isso na maneira como ele se tornou rápido e duro, seus grunhidos se tornando mais altos e cruéis, suas mãos indo para os lados de sua barriga e se equilibrando sobre ela. — Tensley, — ela engasgou uma última vez - e isso foi o suficiente para fazer a besta se render. Ele bombeou, seu pênis pulsando e flexionando dentro dela. Seu calor a enchendo. Ele continuou a empurrar devagar dentro dela e inclinou a cabeça, grunhindo baixinho.
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— Foda-se, — ele sussurrou e quando ele não se moveu, mas ficou parado, ela correu um dedo sobre o suor que se acumulava em sua clavícula e descia seus peitorais. A sensação de sua respiração dura contra ela, o volume de seu peito - tudo parecia lindo. Tensley lentamente puxou para fora, depois se inclinou, pegando sua camisa e limpou-a. Ele não disse uma palavra enquanto segurava seus quadris e a ajudava a subir na cama, colocando o travesseiro atrás da sua cabeça. O que a surpreendeu foi quando ele subiu na cama e deitou ao lado dela. A mão dele descansou em sua barriga e ela viu sua mandíbula relaxar. Felicidade pura se arrastou sobre ela e ela não conseguiu lutar com um sorriso. Ela se sentia quente, se sentia segura e cuidada. Ela não queria fechar os olhos, com medo de que tudo isso desaparecesse. Ou amanhã ele voltasse para a besta. — Eu te amo, — ela murmurou e viu como sua mandíbula relaxada mais uma vez enrijeceu. Em pequenos vislumbres, ela o viu virar a cabeça e viu a boca aberta. Seus olhos encontraram os dela. — Durma, dolcezza.
***
Molly acordou com um toque terno em sua barriga e piscou, confusa e, em seguida, percepção a inundou. A luz atravessava as cortinas dos aposentos de Tensley e ela olhou para sua barriga, deitada de lado para encontrar a mão grande ali colocada. Ela gentilmente, com cautela, sentiu a pulsação dele, as veias visíveis. Quando ele não se afastou, ela colocou a mão sobre a dele.
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Tensley resmungou atrás dela, sua respiração quente se agitou contra a parte de trás do pescoço dela e ela sorriu para si mesma. Na bem-aventurança da manhã, com a luz inundando o quarto, seu peito se encheu de uma alegria que ela nunca pensou que sentiria novamente. Meses atrás, isso era tudo o que ela queria e agora, em seus braços, pela manhã, ela se sentia inteira. Mas ela sabia, sabia que a fera guerreava dentro dele. Ainda seria uma batalha, mas nesse único gesto, nesse momento secreto e privado que estavam tendo, juntos, ela sabia que ele estava perto da superfície. Molly traçou um dedo forte por sua pele bronzeada em contraste com seu estômago de marfim. Então ela sentiu um baque rápido e depois outro. O corpo de Tensley endureceu atrás dela quando outro chute saltou em sua barriga. Ela riu levemente, chocada, mas emocionada. O bebê estava chutando. — Parece que o nosso monstrinho decidiu que era hora de acordar, — ela sussurrou, sorrindo para as mãos unidas, o movimento fraco continuando sob suas palmas das mãos. Os dedos de Tensley se flexionaram, fortes e longos, e ela quase gritou de felicidade quando ele acariciou seu rosto na curva de seu pescoço. O tempo passou devagar enquanto os dois ficavam na cama, sem se encarar, mas as mãos pousadas no estômago dela, sentindo um leve chute a cada poucos minutos. Seu estômago roncou e tirou Tensley de seu estado preguiçoso. Molly riu levemente quando sentiu outro chute por dentro, como se o bebê concordasse com seu estômago roncando. — Você precisa de comida, — disse Tensley e se levantou. Ela olhou para ele, sua bunda tonificada flexionando enquanto
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pegava sua calça e a vestia. Foi quando ele olhou para trás, como se para verificá-la, seu coração pulou em sua garganta. Seus olhos se encontraram, o calor que ela tinha visto neles na noite passada ainda estava lá, chiando, mas também havia algo novo. Como se agora ele quisesse outra coisa também, algo que só ela poderia lhe fornecer. Algo que o homem e a fera ansiavam. Ela envolveu o lençol em volta dela e se levantou. — Na verdade, eu provavelmente deveria voltar para Nova York. — Ela pensou em tudo que ainda precisava fazer e tinha ficado por muito tempo longe de Scorpios. O medo de outro ataque pesou sobre ela, mesmo quando tentou não pensar no pior. Nos últimos meses, Scorpios se tornara importante para ela e, se acontecesse alguma coisa, se mais algum de seus homens morresse sob sua vigilância, ela se sentiria responsável. Além disso, o julgamento de Evelyn era hoje e a última coisa que ela precisava era se atrasar. Ela pegou a capa que usara quando chegou a Suprema Corte, e colocou-a sobre os ombros, apertando-a para que ninguém soubesse que ela estava completamente nua por baixo. Tensley tinha rasgado o vestido em nada na noite anterior, então a capa era sua única opção de roupas. Ela se virou para encontrar Tensley de pé rigidamente perto da porta, as sobrancelhas franzidas. — Fique aqui. Molly franziu a testa e aproximou-se. — Eu não posso, Tensley. — Fique aqui, — disse ele novamente, claro e com poder gentil. — Por favor, — acrescentou ele, com um brilho estranho passando por seus olhos. Molly sacudiu a cabeça e foi até a porta. — Virei novamente daqui a quatro dias. Scorpios precisa de mim, eles precisam de um líder. Volto em breve, assim como combinamos, ok? Tensley entrou em seu caminho, sua grande estrutura elevando-se sobre ela, o brilho em seus olhos ferozes. — Não, — ele disse. Ela piscou para ele, surpresa com a sua recusa. — Eu
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preciso proteger você e nosso filho. Eu preciso que você esteja por perto. — Sua mandíbula flexionou sob sua mordida tensa e ele abaixou seu olhar, bufando uma respiração dura. Ela viu a luta dentro dele - para dizer em voz alta às palavras que ele temia. — Fique aqui comigo. Eu posso cuidar de você, posso provê-la. O coração de Molly inchou ao ponto que ela sentiu em sua garganta e engoliu suas emoções avassaladoras. — Tensley — sussurrou ela. — Eu não posso. Scorpios precisa de mim. Minha vida inteira está lá... As feições de Tensley obscureceram e, antes que ela pudesse dizer outra palavra, ele se afastou. Ela poderia dizer por seu comportamento que ele estava ferido e percebeu suas palavras. Minha vida inteira está lá. — Tensley — disse ela e estendeu a mão para ele, mas ele virou as costas e foi até o armário de uísque. Ela ficou parada, observando os músculos das costas flexionarem enquanto ele se servia de bebida. — Eu voltarei em quatro dias. Eu estarei segura. Ele não lhe deu uma resposta e então ela saiu, com o coração pesado e a cabeça cheia de muitos pensamentos preocupantes.
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CAPÍTULO 22
A sala estava silenciosa quando Molly entrou, ajeitando o suéter enorme sobre a barriga. Ela assumiu que a maioria dos escorpianos achava que ela tivesse ganhado um pouco de peso, não um bebê. Ela não seria capaz de escondê-lo de Scorpios por muito mais tempo. Sua única esperança era ganhar sua confiança e apoio antes que o segredo fosse revelado. Evelyn Rose estava na frente da sala, com as mãos acorrentadas à sua frente, os cabelos escuros e bagunçados. Por mais que parecesse exausta e esgotada, ainda exibia uma ferocidade nos olhos, um desafio para qualquer um que duvidasse de sua força. O Sr. Rose estava ao lado da filha, uma carranca permanente pressionada nos lábios finos. Cada homem sentado à longa mesa oval voltou sua atenção para Molly, um silêncio severo, reinante que provocou calafrios em sua pele. — Sra. Knight, — Connor ou rechonchudo, como Tensley gostava de chamá-lo, disse enquanto apontava para um assento ao lado dele. Molly passou pelos homens e sentou-se, ajeitando o suéter na frente dela. — Você está atrasada, — um homem cuspiu, Fredrick. Ele era mais velho, bem conservado, mas ele tinha um mau humor e um temperamento ainda pior. Ele tremia, não muito, mas o
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bastante para a idade onde ela soube que ele não estaria em sua posição por muito mais tempo. Havia um ar de poder sobre ele e até mesmo Molly sentiu a picada em sua voz. — Eu tive assuntos importantes para discutir com meu marido, seu Dux e rei, — disse ela, olhando o homem mais velho direto nos olhos. Então seu olhar se virou, reconhecendo os outros. — Prossigam, — ela disse à assembleia, voz forte, inflexível. Ela sabia - assim como Evelyn havia dito - ela não podia recuar. Ela não podia parecer fraca ou pequena para esses homens poderosos ou eles a dominariam. O lábio de Fredrick se contorceu e depois de um longo e silencioso momento, ele se recostou, o couro rangendo sob seu peso. Molly respirou fundo e se virou para encarar Evelyn na frente da sala. Molly assentiu para Connor e ele ergueu o papel na mão, limpando a garganta. — Nós, escorpianos da Suprema Corte, estamos reunidos aqui hoje para chegar a um acordo sobre o destino de Evelyn Grace Rose, de Scorpios. Ela está sendo julgada por envenenar o falecido Dux, Salvatore Knight, e cometer a mais alta forma de traição ao nosso povo. Molly manteve seu olhar treinado em Evelyn. Ela não abaixou a cabeça, ela simplesmente encarou, seus ombros enrijecendo a cada poucos segundos como se as palavras fossem como balas batendo nela. Connor dobrou o pedaço de papel e, com a mão trêmula, colocou-o sobre a mesa. Ele não estava tremendo de nervosismo, no entanto. Ela podia sentir que toda a sala estava inundada de feromônios agressivos. Inundou o ar, envenenando até que seus pulmões queimassem. Mas a mulher presa no centro de tudo isso, sem dúvida, sendo atingida à esquerda, à direita e ao centro pelo sentimento agressivo, permaneceu imóvel. — A assembleia votará a punição adequada depois que as últimas palavras da acusada forem ouvidas, — acrescentou
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Connor. — Senhorita Rose, você pode prosseguir. Vou avisá-la para ter cuidado com sua escolha de palavras, elas podem ser sua única esperança entre a vida e a morte. Os olhos escuros de Evelyn se deslocaram pela sala, estudando cada membro cuidadosamente. Sua boca se contorceu, as correntes chocalhando enquanto balançavam entre seus pulsos. Quando Evelyn abriu os lábios, prestes a começar a falar, as portas da sala da assembleia abriram e fecharam-se. Todas as cabeças se viraram quando Daphne Knight andou até onde Molly estava sentada com passos determinados. Suas feições suaves estavam distorcidas em algo selvagem, algo fumegando de raiva e tudo isso era direcionado a Evelyn. — Sra. Knight, alguém falou. — Lamentamos muito a sua perda, mas receio que você não tenha permissão para fazer parte do julgamento. Daphne não os reconheceu e continuou se movendo com confiança, sentando-se ao lado de Molly. — Não permitida no julgamento da assassina do meu marido. Nem morta — ela sussurrou para si mesma, irritada, os olhos focados firmemente em Evelyn. Foi a primeira vez que ela viu a verdadeira vivacidade da esposa de um Dux brilhando através de Daphne. Composta, mortal e poderosa. Uma mulher que agora enfrentava a traidora que assassinara seu marido. Salvatore não tinha sido o melhor dos homens nem o melhor pai, mas de alguma forma, Daphne ainda se importava profundamente com ele. Talvez, Molly pensou, a portas fechadas ele tivesse sido um bom marido para sua esposa. Mas acima de tudo, Molly sabia que ele havia sido um bom Dux para Scorpios. Seu Dux.
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— Continue, — disse Molly, sua voz não deixando espaço para discussão. Os homens limparam suas gargantas e concentraram sua atenção de volta em Evelyn. A postura de Evelyn enfraqueceu, seus ombros cederam quando ela sentiu os olhos de Daphne sobre ela. Era como um chicote constante de raiva atingindo a pele de Evelyn. — Eu fiz isso para proteger a minha família, — Evelyn vociferou, ofegando quando a raiva apertou sua garganta. — Eu fiz isso para me proteger. Eles me pegaram. Fitz Senior me pegou e disse que mataria minha família se eu não trabalhasse para ele. — Ela balançou a cabeça. — Então eu fiz. Eu fiz isso, maldição. — Seu olhar sombrio se levantou e tudo o que Molly viu foi uma ferocidade que nunca morreria. Nunca extinguiria. — E eu faria de novo, — ela acrescentou com um tom severo. Seus olhos encontraram os de Molly, depois os de Daphne. — Olhe para mim e me diga que você não teria feito o mesmo. Por sua própria família. Por seus filhos ou seu marido — ela cuspiu, um olhar perturbado cruzando suas feições. — Diga-me que você não teria feito o mesmo, — ela disse novamente, as palavras pouco acima de um sussurro. A mão de Daphne passou pelos dedos de Molly por baixo da mesa. Molly olhou para ela, apenas para encontrar uma expressão severa, mas sabia mais do que qualquer coisa que ambas fingiam estar bem. Se sentido poderosa e forte. No entanto, sentindo nada disso neste momento. Mas às vezes fingir era o suficiente. Daphne precisava de Molly, e assim ela seria sua força. — Somos sua família, — retrucou Fredrick, todo o rosto cheio de sangue. Ele bateu com o punho na mesa. — Você nos traiu. Evelyn zombou dele, uma risada sombria escapando de seus lábios. — Scorpios nunca foi uma família para mim. Todos vocês, viraram as costas para mim quando eu mais precisei. Olharam-me de cima, como se eu fosse nada mais que uma cadela
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dramática. Eu perdi muito por causa de Scorpios. Eu perdi as coisas que importavam por causa deste mundo doente em que vivemos. Todos vocês, não fariam nada para salvar o homem sentado ao seu lado. Ou sua família. Vocês só se salvariam. Eu apenas fiz o mesmo. Eu salvei a mim e minha família, que se danem as consequências. — Isso não é verdade, — a voz de Molly não era alta. Se alguma coisa era suave, mas clara e concisa. Foi o veneno, o poder de controlar aqueles ao seu redor e todos pararam de falar, voltando seu foco para ela. Molly apertou a mão de Daphne e olhou para Evelyn. — Você me salvou. Quando poderia ter se salvado — disse Molly, e ela ouviu alguns suspiros na assembleia. — Você escolheu me salvar quando Fitz Senior atacou. Você poderia ter fugido e nunca olhado para trás. Mas você ficou. E foi esfaqueada... A pele de Evelyn empalideceu, uma carranca profunda marcando sua testa como se perguntasse a Molly se ela realmente queria que a verdade fosse dita. Molly assentiu quase sutilmente, e Evelyn lambeu os lábios nervosa, sua resposta demorando demais para os homens na sala. Um deles se levantou do lado da sala, com o rosto marcado pela angústia. — Sim, responda a esposa do rei. Por quê! — Ele cuspiu, sua voz aumentando. Alguns outros se juntaram, querendo que a acusada respondesse sua pergunta. As sobrancelhas de Evelyn se uniram, as mãos fechando em seu colo. — Porque... — Evelyn fez uma pausa e balançou a cabeça uma vez. Ela endureceu sua expressão e olhou diretamente nos olhos de Molly. — Porque você está grávida. O silêncio mortal tomou conta da sala e Molly engoliu com dificuldade. Cada homem olhou entre si e de volta para ela. Molly sentiu seus ombros colidirem contra a cadeira de couro e apertou mais a mão de Daphne.
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Estava fora. O segredo estava fora. E se o silêncio mortal que tomou conta da sala fosse qualquer indicação, seu próximo argumento precisava ser forte. Ela podia ver a confiança deles desaparecendo a cada minuto. — Sim, eu estou, — disse Molly e ficou de pé, soltando a mão de Daphne. Fredrick se levantou do canto escuro que ele escolheu para sentar, olhos fumegando com fúria desenfreada. — Uma mulher grávida. Uma humana grávida... — Ele riu de novo, o som como uma cobra pronta para atacar sua vítima. — Liderando Scorpios. Uma farsa. O que aconteceu com os escorpianos, meus irmãos? Tudo se tornou uma zombaria absoluta quando os Knights assumiram o legado. Eu digo que devemos... Antes que ele pudesse continuar, a voz de Molly explodiu, esmagando-o a nada. — Eu prometo a todos vocês e aos membros de Scorpios que não estão presentes nesta sala que uma gravidez não afetará a maneira como eu comando Scorpios. Eu não vou abandonar Scorpios. Eu não os deixarei agora quando precisarmos ficar juntos e destruir Ares. — Ela se endireitou. — Devemos nos manter fortes e somos mais fortes juntos. E eu juro, eu prometo fazer esses bastardos implorarem de joelhos. As narinas de Evelyn dilataram, mas ela não disse uma palavra. Molly respirou fundo. — Mas estou de fato grávida. Do Dux, o filho do rei. Um menino. Então Evelyn Rose pode ter matado o antigo Dux, mas ela também salvou o atual Dux e a esposa do rei. Assim como seu herdeiro de Scorpios. Vocês podem levar isso em consideração ao escolher a punição devida. Molly recostou-se na cadeira e pegou a mão de Daphne de novo, respirando pelo nariz. Fredrick soltou um som insatisfeito, mas sentou-se novamente, sem discutir. Connor limpou a garganta, desajeitadamente. — Sugestões de punição para a Srta. Rose? Todos os homens ficaram em silêncio enquanto olhavam um para o outro e depois voltavam para Molly.
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Molly fechou a mão na coxa e olhou para a expressão vazia de Evelyn, mas ela viu sua garganta balançando. — Quais opções foram realmente apresentadas aqui? Não tenho dúvidas de que as opções foram reduzidas a poucas antes do início do julgamento — disse ela com um olhar penetrante na direção de Fredrick. — Morte, — Fredrick começou. — Ou prisão na Suprema Corte. Molly mordeu o interior da boca e se endireitou na cadeira. Apenas olhando para os homens na assembleia, acenando um para o outro como se essas fossem as duas opções que pareciam mais interessantes, Molly sabia que ela realmente só tinha essas duas opções para escolher. Ela olhou para a mulher - a mulher forte pronta para matar por sua família, pronta para assumir o golpe. Uma mulher apanhada numa teia de chantagens e mentiras. Uma mulher usando a mesma máscara que Tensley usava em torno dela e dos outros. Ela sabia que, no fundo de Evelyn, escondia algo de bom. Algo que valia a pena salvar. Evelyn não era inocente, mas ela não merecia a morte. Ela merecia uma chance. — Prisão. — Ela observou os ombros de Evelyn relaxar. Com a confiança que o demônio tinha em sua força já frágil, Molly acrescentou com um tom poderoso: — Deixe-a reviver o que ela fez com Scorpios, o que ela fez com uma família, com sua esposa, com seus filhos. Todos os dias da sua vida, por muito tempo. A morte seria muito fácil. — Ela deixou o veneno rolar de sua língua e entrar no ar espesso de raiva e tensão. Evelyn olhou para Molly pelo que pareceu um longo tempo, como se quisesse dizer mais, mas os homens se levantaram, um agarrando o cotovelo de Evelyn e levandoa embora. Molly se levantou com Daphne, os homens as observando quando saíram da sala. Daphne abriu a porta do escritório do Dux e Molly entrou primeiro. Assim que a porta se fechou, Daphne caiu de joelhos.
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Soluços assumiram seu corpo todo e ela chorou livremente, incontrolavelmente. Molly se inclinou e a abraçou, deixando sua sogra sofrer, deixando-a mostrar um momento de fraqueza. Porque ela entendia sua dor. Por mais que ainda tivesse Tensley em sua vida, ela o perdera. Ele havia sido arrancado dela e ela conhecia bem essa dor. Minutos se passaram e Daphne enxugou as bochechas, ficando em pé. Ela se acalmou com outro fôlego e pegou as mãos de Molly. — Eu teria feito a mesma coisa, — ela sussurrou e Molly franziu a testa para ela. — Eu teria matado para proteger minha família, eu teria feito qualquer coisa para salvar meu marido. — Ela baixou o olhar e apertou as mãos de Molly. — Você tomou a decisão certa, Molly. E sei que você fez isso para salvá-la da morte. E se o que você diz é verdade, se ela lhe salvou e a meu futuro neto como disse que ela fez, então eu apoio sua decisão, — ela deu outro suspiro trêmulo, mãos tremendo um pouco com a emoção. — Eu quero proteger você, Molly. Você está em perigo. Eu sei que é difícil deixar que os outros a ajudem, a protejam. Mas as pessoas querem matá-la, porque você é a pessoa mais importante na vida do meu filho. Eu sei que você é poderosa, capaz. Mas, por favor, fique aqui comigo. Com os soldados. Molly franziu a testa e foi abrir a boca, mas Daphne levantou a mão. — Por favor, escute, — ela sussurrou, os olhos ainda injetados. — Eu quero protegê-la e acho que tê-la aqui em Scorpios vai aliviar minhas preocupações. Os soldados não deixarão nada acontecer com você. Não vou deixar nada acontecer com você. Molly baixou os olhos para as mãos delas. — Você tem o nosso futuro, o nosso poder, o bebê do meu filho, — disse Daphne, com a voz cheia de lágrimas, mas respirou fundo e segurou-o com um sorriso suave. — Você faz parte da minha família e eu não quero mais perder. Molly fez uma pausa e olhou para cima, sorrindo de volta para ela suavemente. Ela assentiu.
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***
Molly entrou em seu apartamento e suspirou, tirando o chapéu e as luvas cobertas de neve. Com pequenos toques, ela fez o grande apartamento parecer um lar. Tanto quanto poderia sem Tensley. A mobília era uma mistura de tradicional e clássica de quente e chique. Caseiro, simpático e confortável. Ela pegou uma maçã e deu uma mordida, olhando para o trabalho que tinha feito no apartamento. Ela sentiria falta, mas esperançosamente só teria que ficar na propriedade de Scorpios por alguns meses, até que as coisas se acalmassem, e a guerra com Ares, esperançosamente, terminasse. Assim que ela deu outra mordida, ouviu passos no quarto principal. Seu coração parou quando ela virou a esquina. — Illya? Ela espiou dentro de seu quarto e esse mesmo coração começou a bater rápido. Tensley estava sentado na beira da cama, com um ursinho de pelúcia nas mãos sentado entre as coxas abertas. Sua cabeça estava curvada, os dedos roçando o pelo liso do urso marrom. — Tensley — sussurrou Molly, na ponta dos pés. Ele ainda mantinha a cabeça baixa, os olhos treinados no urso em suas grandes mãos. Quando achou que ele não ia dizer-lhe uma palavra, ela se aproximou. — Eu poderia ter lhe dado tudo isso, — ele murmurou e ela fez uma pausa, seus olhos se arregalando ao som de sua voz rouca. O som foi direto para o seu núcleo.
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Ele levantou a cabeça e olhou para o quarto, concentrando-se no berço branco montado por Illya. Seu coração batia rápido, em sua própria dor, na dor de Tensley. — Você ainda pode, — Molly sussurrou de volta. Ele agarrou o urso e riu sombriamente. — Você construiu uma vida para o nosso filho. E eu não estava aqui para ajudar. Molly engoliu em seco e agora foi sua vez de abaixar a cabeça. Ela podia ouvir a dor em sua voz mesmo quando saiu como aço. — Illya ajudou você? Molly fez uma pausa e olhou para cima para encontrá-lo olhando para ela, sua linha da mandíbula rígida. Ela assentiu. — Ele fica aqui. Para me ajudar. Ele vai as consultas médicas comigo. Tensley assentiu em retorno, voltando seu foco para o ursinho de pelúcia. Ela observou-o atentamente, como o corpo dele ficou tenso, como ele examinou o pequeno brinquedo em suas mãos grandes e poderosas. Aquelas mãos que a queimaram de prazer e, no mesmo instante, acariciaram-na com afeto que ela vinha desejando há meses na mesma manhã. — Quando é a sua próxima consulta? — Ele perguntou, de pé em toda a sua altura. Molly piscou rapidamente. — Uh-oh! Bem, amanhã, na verdade, — ela disse com um sorriso hesitante. — Eu vou com você, — disse ele, seus olhos perfurando os dela de uma forma que lhe dizia que ele iria com ela, sem discussão. Ela recuperou o fôlego. — Ok. — De pé ao lado dele, observando-o examinar o quarto, examinando cada detalhe enquanto suas mãos deslizavam em cada brinquedo, cada item, ela se lembrou de mais cedo naquele dia. De Evelyn.
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Do pai dele. Ela engoliu em seco. — Descobrimos quem envenenou seu pai, Tensley — disse Molly, inclinando a cabeça para ver seu perfil. Ele fez uma pausa, seus olhos tempestuosos captando os dela. Ele olhou para ela, trabalhando no queixo. — E? Ela sabia que a raiva agitava dentro dele e viu o homem mais do que a besta assumir o controle. Seu pai, mesmo que fosse um idiota, tinha sido importante para o homem. — Foi Evelyn Rose, — ela disse, examinando suas feições por um sinal de aflição. Ele continuou a trabalhar a mandíbula e voltou para o quarto, como se não tivesse certeza de como reagir. Ela viu os punhos dele apertarem, viu a camisa dele esticar nas costas dele. — Eu a sentenciei a prisão na Suprema Corte, — disse ela depois que ele não falou por um momento. Quando ele ainda não respondeu, ela deu um passo mais perto. — Eu sei que você teria decidido diferentemente... — Era o que eu teria feito, — disse ele, humilde, cortando-a. Ela olhou para a parte de trás de sua cabeça escura, o cabelo grosso e uma ligeira onda enrolando em torno de sua nuca. — Nunca duvide de si mesmo, dolcezza. Eu confiaria em você para governar meus homens, — disse ele. O elogio tomou seu coração e ela apertou as mãos. Ela precisava dizer a ele. Ela precisava dizer ao homem o que ela estava retendo. — Tensley, — ela sussurrou e estendeu a mão para roçar os dedos ao longo de sua palma. — Seu pai morreu. Ela sentiu o ar mudar no quarto, sentiu o modo como seu corpo ficou tenso, e ouviu o rosnado baixo de sua boca. Ela piscou para conter as lágrimas e mordeu o lábio, lutando contra o choro em voz alta. — Eu sinto muito.
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A mão de Tensley agarrou a dela com força e ele se virou. Seus olhos escuros pareciam tão pesados, tão sobrecarregados de exaustão e tristeza. — Eu sinto muito, Tensley — Molly sussurrou novamente e o calor embaçou sua visão. Ela tocou a bochecha dele e ele fechou os olhos. Minutos se passaram e eles ficaram tão próximos, tão juntos, ela ouviu sua respiração baixa. — Você não tem nada para se desculpar, — ele sussurrou de volta. Os olhos de Tensley examinaram seu rosto, como se tentassem memorizar como ela era. Ele ergueu a mão e os dedos roçaram as maçãs do rosto dela e subiram até o couro cabeludo. Foi apenas um toque, apenas um deslizar dos dedos, mas fez seu coração parar, a fez tremer de prazer e terror, e ela se inclinou mais perto em seu toque terno e dominante. — Eu iria visitá-lo em quatro dias, — Molly sussurrou, seus olhos caindo em sua boca cheia de pecado. Seus olhos escureceram. — Eu não poderia ficar longe de você por tanto tempo. — Essa mesma boca encontrou a dela em um beijo brutal, em um beijo de adoração e poder, de adoração e luxúria, e ela se derreteu nele. Ela agarrou a parte de trás do pescoço dele e sua língua brincou com a dela, um gemido escapando de sua boca para a dele. Ele os moveu para trás até sentar na cama e ela montou seus quadris. Seu comprimento espesso pulsou contra seu núcleo e ela empurrou contra ele. Ele engoliu um gemido e a acariciou. Eles eram viciados um no outro - a fera ainda podia estar guerreando dentro dele, mas ambos desfrutavam do prazer e da dor. E assim como o homem por quem ela se apaixonou, ele a destruiu de novo e de novo a noite toda.
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CAPÍTULO 23
Acordar junto a Molly era uma bênção e uma maldição. Sentiu-se endurecer ao vê-la, encolhida contra ele, a perna repousando sobre sua coxa, de vez em quando roçando seu comprimento inchado. Seus cachos brilhavam em seu peito e cada vez que ele se movia um pouco, ela gemia e se aproximava. Ele era viciado em senti-la ao lado dele e o pensamento de retornar a Suprema Corte sem ela enviou um pulsar doloroso por todo seu corpo. Quando ele ouviu seu estômago roncar, ele deslizou do seu corpo e entrou na cozinha. Ele fez ovos estrelados e torradas, do jeito que ele lembrava que ela os amava e ele fez uma tigela de frutas. Assim que ele serviu um pouco de suco de laranja, ouviu os passos dela e se virou para vê-la entrando na cozinha. Seus olhos instantaneamente caíram para sua barriga inchada escondida debaixo de sua camisa e fez loucuras em sua mente e corpo. Sua besta rosnou em aprovação. Sua dolcezza era puramente dele e ele tinha a evidência para mostrá-lo. Era um sentimento primal, territorial, que ele sabia que alguns homens tinham vergonha, mas ele não se importava. Ele gostava. — Você fez café da manhã? — Ainda meio adormecida, ela andou lentamente até ele e quando estava apenas a um passo de distância, ela tocou o braço dele. — Obrigada. Estou morrendo
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de fome — ela acrescentou com um sorriso suave, assim que sua barriga roncou mais uma vez. Ele olhou para ela, seus olhos indo para seu doce sorriso sonolento. Ele limpou a garganta. — Eu ia levar para você na cama. Seu sorriso se alargou e ela se inclinou para ele, beijando sua bochecha. Apenas um único toque dela e ele estava em chamas. Ele queria tomá-la no balcão, mas lembrou-se de como a tinha tomado a noite inteira lentamente, sem pressa, beijando cada centímetro dela até que ela adormeceu em seus braços, ainda enterrado profundamente dentro dela. Ela precisava descansar. Ele puxou a cadeira e ela se sentou, não sem lhe enviar outro sorriso. Seus sorrisos eram sua ruína e o diabo teria que salvá-lo se ela descobrisse isso sobre ele. Ele sentou-se ao lado dela. — Ontem à noite, — ela sussurrou enquanto mordia a torrada e engolia. Seu olhar caiu quando ele se virou para olhar para ela. Lentamente, ela olhou para ele e ele viu o belo rubor se espalhar pelas maçãs de suas bochechas. — Foi legal. Ele franziu o cenho. — Legal? Ela riu cobrindo a boca. — A julgar pela sua expressão, eu acho que bom, realmente não era a palavra certa para usar. — Não, porra não era, — ele sussurrou e cortou seus ovos, olhando para eles. — Legal, — ele murmurou para si mesmo, esfaqueando um de seus ovos e ela riu mais um pouco. Qualquer lasca de coração que ele tivesse apertou ao som, e então, pulsou vividamente. Sua mão deslizou em sua coxa e ele congelou. — Não foi legal. Foi o céu e o inferno — ele sussurrou para ela, e o olhar dela captou o dele. — Foi lindo, perigoso. Foi mais do que legal, — ele adicionou no mesmo tom. O dedo dele segurou seu queixo, forte o suficiente para que ela não pudesse mover a cabeça, que seus olhos não pudessem
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olhar em qualquer lugar, exceto nos dele. — Admita, ou talvez eu tenha que continuar por alguns segundos. Para lembrá-la. Bem aqui, agora mesmo, até você admitir isso. E eu não vou ser gentil. — Isso é uma ameaça, senhor Knight? — Ela perguntou com um sorriso voraz. — Se for, uma ameaça é para deixar as pessoas com medo do resultado, não o contrário. — Não é uma ameaça, dolcezza, mas uma promessa. Ela riu novamente, o som estranhamente sensual e juvenil ao mesmo tempo, quando sua mão deixou sua coxa para acariciar sua barriga mais uma vez. Seus olhos percorreram suas feições e ele se perguntou o que ela estava pensando. — Posso te beijar agora? Tensley franziu a testa para ela. — Sou seu marido. — Meu rei distante, — ela argumentou, encolhendo os ombros de brincadeira. Ele soltou o queixo dela, e ela olhou para ele, um olhar tímido assumiu suas feições. Mas ela não desviou o olhar. A mão varreu seu pescoço e sob o cabelo dela, agarrando-o em um rabo de cavalo improvisado. — E você é minha rainha. Minha rainha que gosta de fugir de mim, fazendo-me ansiá-la mais e mais a cada visita até doer pra caralho. Isso não é muito legal, não é? — Ele perguntou, sua própria voz cheia de necessidade quando a ponta do nariz roçou o dela. Seus lábios mergulharam para ela e ele a beijou como se fosse um homem morrendo. Como se ela fosse ser arrancada dele novamente. — Na verdade não é muito legal, — ela sussurrou no beijo. Uma batida soou na porta e ele assobiou, recuando. — Esperando alguém? — Ele perguntou a ela, estudando suas feições avermelhadas. Ela balançou a cabeça, tentando recuperar o fôlego.
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Tensley ficou de pé, indiferente ao fato de estar apenas de calças de moletom e abriu a porta. Aquele maldito feiticeiro hippie era a última pessoa que ele esperava ver. — Ei, — disse Lance, seu gorro estava sobre sua cabeça. — Muito tempo sem ver, cara. — Lance? — Molly perguntou, movendo-se atrás de Tensley. Seus olhos brilharam com a visão dele. — Como você está? Eu não estava te esperando hoje. Você descobriu alguma coisa? Tensley franziu as sobrancelhas para os dois. — Descobriu o quê? Lance entrou e olhou para o apartamento, acenando para cada item como se ele tivesse aprovado. — Chique, — ele assobiou apreciativamente. — Lance? — Molly perguntou, de pé atrás dele. — Oh sim, — disse ele, clicando de volta no presente. — Eu fiz mais algumas pesquisas, não foi fácil, mas consegui encontrar algumas coisas que poderiam ser úteis. Tensley franziu o cenho. — Coisas? Útil? O que esse maldito bruxo está falando? Molly? — Lance estava procurando informações sobre o bebê para nós, — disse Molly. Ela acariciou sua barriga novamente. — Então, você achou alguma coisa sobre um bebê meio demônio, meio daemon? — Sim e não. Muitas das coisas que encontrei são na maioria especulações, não há fatos para apoiá-las, então me escute, — ele disse, encolhendo os ombros quando um meio sorriso apologético apareceu em seus lábios. — Eu notei a última vez que você foi a minha casa que sua aura estava perceptivelmente mais fraca, quase como se tivesse se desvanecido um pouco. No entanto, encontrei uma lenda sobre a história de uma mulher, não fala se ela era daemon ou demônio, mas ela foi abençoada com uma criança como a sua crescendo dentro de seu ventre. Meio demônio e meio daemon. Dizia que quanto mais a criança crescia, mais cansada e fraca a
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mulher se sentia. E isso porque a parte demônio do bebê só tinha uma fonte de energia, de contato; sua mãe — disse Lance, assentindo vividamente como se tudo fosse uma informação crucial. — Demônios são exigentes por natureza, quase insaciáveis. Eles nunca podem realmente absorver energia o suficiente. E assim.... Tensley parou de respirar por um tempo, esperando pelo que estava por vir, sabendo que não ia gostar nada disso. — Eventualmente, a lenda termina com a mulher morrendo porque o bebê drenou a vida dela, mas é claro que é apenas uma lenda e é muito improvável que aconteça, — Lance acrescentou, as palavras saindo de sua boca tão rápido que Tensley mal conseguiu entender o que ele acabara de lhes dizer. E ele adivinhou que eram exatamente as intenções de Lance, porque ele com certeza tinha acabado de lançar uma bomba sobre os dois. O sangue de Tensley gelou, o medo envolvendo seu coração. Ele sabia que era apenas uma lenda, e que a maioria das lendas terminava tragicamente para adicionar impacto e drama, mas ainda assim.... ele olhou para Molly, a guerra furiosa dentro dele. Ela parecia em paz, serena. Como se ela soubesse que o bebê estava se alimentando dela. Como se sem realmente saber, tivesse conhecimento de que o bebê estava absorvendo cada vez mais sua energia. Mas ela não parecia preocupada. — Além disso, como eu disse anteriormente, — Lance começou de novo, desconfortável com o súbito silêncio que surgira entre todos eles. — A lenda não especificou se a mulher era daemon ou demônio. Mas, considerando que os daemons são considerados como um interminável poço de poder e força para os demônios, meu palpite é que a mulher na história era demônio. O que, por sua vez, significa que não há razão para se alarmar, e também significaria que o pai era daemon. Ele estava apenas carregando o gene como seu pai, ou poderia realmente exercer o poder, que infelizmente nos deixa sem resposta mais uma vez. Tensley ainda engoliu com dificuldade, sentindo-se desconfortável.
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E se fosse verdade? E se o bebê pudesse drenar a vida de Molly? Um rosnado baixo ressoou dentro dele. Não. Isso não aconteceria. Ela estava bem, ela era forte. Tudo ficaria bem. — Então, e nosso bebê? Você falou sobre a minha aura estando mais fraca do que costumava estar. O que você acha que significa? — Molly perguntou, e ela deu a Tensley um sorriso tranquilizador. — Baseado em tudo isso, acho que significa que você está mais adiantada do que pensa. Estou supondo pela quantidade de energia que ele está tomando de você que é maior, mais forte do que o previsto, — Lance respondeu, olhando para Molly de cima a baixo. — Quanto mais adiantada? — Molly perguntou, franzindo a testa em preocupação. — Você seria capaz de dizer? Lance cantarolou, aproximou-se e colocou as mãos a um centímetro de distância do estômago. Tensley se coçou para empurrá-lo para trás, mas não o fez. — Eu não pretendo ser um especialista no assunto, mas posso sentir sua própria aura dentro de você. Meu palpite seria em algum ponto passado os sete meses. Ele está crescendo rápido, eu não ficaria surpreso se você desse a luz mais cedo do que o esperado, se ele continuar crescendo nesse ritmo. Molly sentou-se no sofá, sua pele fantasmagoricamente pálida, as mãos na barriga, acariciando a redondeza, falando baixinho com o filho. Tensley pôs as mãos em punhos nas coxas. Depois que Molly saiu da Suprema Corte, sua fera e o homem lutavam dentro dele. Ambos a queriam. Ambos ansiavam por ela. Se ela apenas concordasse em ficar com ele Ele balançou a cabeça. Ele queria proteger sua família, ele queria vê-la.
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No momento em que ele a provou novamente, sentiu sua pele macia contra a dele, ele sabia que não podia deixá-la ir. Ele nunca seria capaz de tirála de seu sistema e ele não queria. — Um bebê no meio de uma guerra. O bebê não pode vir agora, não tão cedo. Não quando é tão perigoso. O que vamos fazer...? — Ela sussurrou, o olhar perdido na distância. — A melhor maneira de mantê-los saudáveis, para garantir que tudo corra bem com a gravidez, é conseguir energia, — Lance acrescentou, com os olhos fixos em Tensley. Os olhos de Molly olharam para ele. Nenhum deles teve que falar. Ambos sabiam o que aquilo significava. Intimidade. Outra razão pela qual ela deveria voltar com ele para a Suprema Corte. — E quanto a ele ser um daemon... você ainda não pode dizer se ele terá meus poderes? — Molly perguntou, segurando seu estômago. — Acredito que apenas quando o bebê nascer saberemos com certeza. Se ele tiver seus olhos — disse Lance, gesticulando para os olhos arregalados de Molly, — então teremos certeza. Mas mesmo que ele nunca mostre sinais, ainda será meio demônio. Não há dúvida de que ele terá as mesmas necessidades e desejos de um demônio, quer tenha poderes de daemon ou não. Molly assentiu, baixando o olhar para sua barriga. Tensley ficou rigidamente ao lado dela e olhou para Lance. — Obrigado. Lance sorriu e acenou, deixando os dois sozinhos no apartamento. Tensley sentou-se em frente a ela, com as mãos entre as coxas abertas, pensando em como consertar tudo. Como consolá-la. Ele passou a noite, deitado ao lado dela, mas não conseguiu dormir. Ele a observou respirar superficialmente. Seu medo era
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irracional, mas ele não queria que nada acontecesse com ela. Ele não queria perdê-la novamente. Ele era necessário na Suprema Corte, no entanto. Ele não deveria ter ficado tanto tempo. Ele não deveria ter ficado a noite toda acordado escutando sua respiração e seu coração batendo. Mas ele o fez. Quando a manhã chegou, ele beijou seus lábios suavemente, tirando-a de seus sonhos. — Eu preciso voltar, — ele disse e ela olhou para ele. Sua expressão caiu, mas ela não discutiu. — OK. Ele ficou parado, incapaz de se afastar. Incapaz de virar as costas para ela novamente. Ela espalmou sua barriga e olhou para ele através de seus cílios. Um olhar de desejo, uma expressão de confusão. Ele avançou, uma determinação em seu peito quando ele se aproximou dela. Em pé na frente dela, aqueles olhos vívidos presos nos dele, a besta se acalmou. A besta se acalmou e o homem conquistou. Um único olhar e ele se desfez. Mas ele simplesmente inclinou a cabeça e beijou os lábios dela uma vez. Tão macio, tão terno e mais. — Eu vou voltar, dolcezza, — ele sussurrou naqueles lábios cheios e olhou para eles quando se separaram em um suspiro suave. — Toda noite, eu voltarei. Ele se virou, marchando para a porta, dizendo a si mesmo para continuar andando, mas se amaldiçoou assim que chegou à porta e olhou para trás. Ele foi amaldiçoado assim que seu coração foi arrancado dele.
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Ele estava condenado a ela.
***
Tensley marchou pelos corredores vazios, sacudindo a capa. Seu peito parecia insuportavelmente pesado. Deixar Molly e seu filho fez todo o seu corpo doer. Ele queria estar lá para ela, estar lá a cada momento, protegê-la e cuidá-la. A fera retumbou dentro dele. Não por raiva, mas por concordância. Cada momento que ele passava com sua dolcezza, sentia a atração, o peso de seu coração crescendo. Seto estava certo. Era só uma questão de tempo antes que ela domasse completamente a fera. Ele balançou a cabeça, rosnando levemente. Estava acontecendo rápido demais, mas ele tinha visto os sinais. Mesmo sem coração, ele era atraído por ela. Nada. Nem mesmo ter seu coração arrancado poderia impedi-lo de tê-la. — Tensley, — uma voz lhe chamou quando ele se aproximou de seus aposentos. Ele parou, olhando para o lado encontrando o príncipe encostado na parede. O que chamou a atenção de Tensley foi o brilho da lâmina encravada entre dois dedos do príncipe. A fera dentro dele se contorcia de raiva pelo uso de um endereço informal, mas ele conhecia o príncipe bem o suficiente para saber que provavelmente estava procurando uma resposta agressiva. — A corte está falando sobre a domadora de bestas, — disse o príncipe, sua voz baixa ao ponto de ser quase inaudível. — E como ela domou seu coração. — Ele gesticulou para o peito de Tensley.
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Tensley ficou rígido, com as feições inexpressivas, mas uma fúria queimou dentro dele assim que o príncipe mencionou sua dolcezza. — Falando de quão facilmente seu rei será governado por uma prostituta, quão facilmente nosso reino das bestas se desvanecerá em nada sob o seu domínio, — o príncipe continuou e lentamente avançou. Seu sorriso desaparecia e reaparecia sob as sombras. Ele parou a um passo de distância e deixou seu olhar vagar. — E eu tenho que concordar com eles. Ela realmente te amaldiçoou. Tensley cerrou os dentes e ficou parado. — A besta tem um coração, — disse o príncipe, sua própria boca se contorcendo em resposta. — Eu não temo a corte, — disse Tensley, revirando os ombros. — Ah, mas você deveria, — a voz de Lilith soou atrás dele, mas ele não se deu ao trabalho de se virar. A parte de baixo de seu vestido sussurrava através do piso de mármore enquanto ela entrava em sua visão, um sorriso torcido em seus lábios. — Esse coração de ferro — disse ela, baixando os olhos para o peito dele - como se pudesse enxergar através de sua capa, camisa, músculos e ossos e ver o órgão proibido. — É verdadeiramente sua maldição. — Seus olhos risonhos levantaram para ele e ela encolheu os ombros, uma risada seguindo depois. — Eles não desejam um rei com um coração. Em breve, perceberão isso e se tornarão corajosos o suficiente para lutar contra você. E quando eles fizerem, eu vou sentar e assistir. Porque quando eles arrancarem seu coração de novo, você estará bem e verdadeiramente morto desta vez. Ele simplesmente olhou de volta, mas a expressão presunçosa em seu rosto não caiu bem em seu intestino. — Meu querido filho perdeu uma parte importante da maldição que ele deu a sua adorável prostituta, — disse Lilith, enrolando uma mecha vermelha em torno de seu dedo indicador.
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Tensley olhou para o príncipe que olhava para a mãe, com uma expressão franzida no rosto. — Se alguém arrancar seu coração mais uma vez, — Lilith começou, dando um pequeno passo à frente, mas ela invadiu seu espaço e seu perfume sufocou-o. — Você vai morrer. Você não voltará. A maldição não apenas força o homem a cultivar um coração, mas também funde a fera com o novo coração. Quando você perdeu seu coração pela primeira vez, a besta viveu livremente dentro de você. Poderia viver sem o coração. Mas agora que eles formam um, um não pode viver sem o outro. Demônios não podem viver sem a fera. Então, quando eles vierem atrás de você, porque não desejam você como rei, eles vão te matar, meu rei brutal, e sua esposa ficará desprotegida. Raiva ferveu em suas veias e ele fechou as mãos ao lado dele, olhando para a mulher na frente dele. Se alguém arrancasse seu coração... — Agora, doce besta, eu ainda não mencionei esta pequena informação para qualquer um da minha corte, — Lilith disse, alegremente se movendo ao redor dele, um sorriso suave em sua boca. — E não o farei, a menos que você concorde em permitir que eu seja sua rainha e cumpra minhas regras. Sabendo que isso lhes daria uma grande vantagem contra você, você e eu sabemos que não hesitariam em usar essa vantagem. Tensley queria quebrar o pescoço dela. — Você não me desobedecerá em frente a Corte, me consultará antes de qualquer outra pessoa, e não deixará esta corte sem a minha permissão, — disse Lilith, erguendo o queixo, um sorriso venenoso crescendo nos cantos dos lábios dela. Tensley cerrou os dentes. Ele queria mandá-la se foder, dizer-lhe que não seria ameaçado por ela e pelo conhecimento do príncipe sobre o que agora era uma de suas fraquezas, mas ele pensou em Molly, em seu filho e em seu coração de ferro. Se Lilith contasse, se a Corte soubesse de sua maldição de morte, seria apenas uma questão de tempo antes que se
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voltassem contra ele. Ele sabia como eles se sentiam em relação a ele e como isso não mudaria. — Tudo bem, — ele rosnou, olhando para ela enquanto ela sorria de volta para ele. — Jure, — Lilith vociferou, seus olhos ficando arregalados e selvagens. Ele cerrou os dentes. — Eu juro obedecê-la. A única mulher a quem ele juraria obediência era sua dolcezza, mas se isso significasse protegê-la e a sua família, ele faria qualquer coisa. Ele se curvaria a uma rainha de cobras.
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CAPÍTULO 24
Molly pressionou uma mão em seu estômago quando outra câimbra pulsou. Na última semana e meia, as cólicas pioraram e quando ela voltou ao médico, ele disse que não era nada para se preocupar. O bebê estava ficando agitado e ela rezou para que tudo estivesse bem. Mas ela não tinha visto Tensley desde que ele a deixou naquele dia. Ele não voltara todas as noites e ela sentia falta dele. Ela acariciou sua barriga e continuou a escovar os dentes. Fazia alguns dias desde que ela havia se mudado para a casa da cidade. Daphne e os soldados estavam constantemente perguntando se ela precisava de alguma coisa e ela odiava isso. Desde que Scorpios descobriu que ela estava grávida, eles a tratavam como algo frágil. Um soldado a acompanhava a faculdade, insistência de Daphne e ela só concordou para garantir que Daphne não se preocupasse muito mais do que já o fazia. Ela cuspiu na pia e enxaguou a boca, erguendo-se para se olhar no espelho. Se ela estava além dos sete meses, só tinha dois meses antes que o bebê nascesse. Esse pensamento fez seu coração disparar. Ela tinha muito mais coisas para fazer antes de ele chegar. Tantas coisas que ela queria lidar para garantir de que tudo estaria seguro para ele quando chegasse. Tensley estaria com eles até então?
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Uma batida na porta assustou-a e ela a abriu no quarto para encontrar Donovan, o menino mais velho de Gabriella parado ali. Seus olhos estavam vermelhos e Molly escovou seu cabelo para o lado. — O que há de errado, Donovan? Ele fungou. — Eu não consigo dormir. Molly sorriu para o menino, uma pequena versão de Tensley e ela pegou a mão dele. — Que tal eu te ler uma história para dormir? — Molly perguntou e ajudou-o a subir na cama king size. O mesmo quarto em que Molly e Tensley haviam ficado antes de prestar juramento e se tornar o Dux de Scorpios. Donovan subiu na cama e se acomodou na montanha de travesseiros de plumas, quase desaparecendo e Molly se sentou ao lado dele. Seus olhos foram para sua barriga e ele gentilmente tocou. — Você tem um bebê aí? Assim como mamãe fez antes da minha irmã chegar? — Ele perguntou, os olhos cheios de admiração e fascínio. Molly riu. — Sim. É o bebê do seu tio Tensley. Um garotinho como você. Donovan franziu a testa, olhando para a barriga dela. Então ele piscou e olhou para ela com suaves olhos castanhos. — Tenho saudades do tio Tensley. Molly mordeu o lábio quando ele começou a tremer e ela cantarolou suavemente. — Eu também. Mas ele estará de volta em breve. — Ela penteou seu cabelo para trás. — Ele sente muito a sua falta também, você sabe disso? Donovan baixou os cílios e um leve sorriso apareceu nos lábios. Sua mão voltou para sua barriga e ele acariciou com dois dedos. — Posso falar com o bebê? Molly assentiu com a cabeça, seu sorriso incontrolável enquanto observava o garotinho se inclinar para perto. — Oi bebê, — ele sussurrou. — Eu vou te proteger. Assim como o tio Tensley gostaria que eu fizesse. Ele sempre diz que eu
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sou um menino forte. Eu vou te mostrar como ser um menino forte também. Molly esfregou ao lado de sua barriga. Donovan virou o rosto para a barriga dela e deu-lhe um beijo gentil, e ela pensou em Tensley. Quanto ela sentia falta dele. De quantas coisas ele estava perdendo. Outra cãibra pulsou em sua barriga e ela fechou um olho. Donovan se recostou nos travesseiros e encostou a cabeça no ombro dela. — Posso dormir com você hoje à noite? — Ele perguntou, alheio, um bocejo rompendo suas palavras. Molly escovou o cabelo dele para trás e para frente, sorrindo para o doce menino. — Claro. Com cada golpe de sua mão, ele caiu em um sono profundo e ela viu seu peito subir e descer lentamente. Quando a porta se abriu, ela se sentou para encontrar Daphne na porta. Um sorriso caloroso surgiu na boca de Daphne. — Eu vou avisar Gabriella que ele está com você hoje à noite. Molly assentiu, com medo de falar, caso Donovan acordasse de seu sono. Daphne fechou a porta e Molly se acomodou nos travesseiros. Ouvir os murmúrios suaves de Donovan e senti-lo aconchegar-se mais perto dela aqueceu seu peito. Ela queria esta vida. Ela queria essa vida com Tensley. Ela pensou em sua promessa, a única noite em Paris - de uma casa grande, de muitas crianças e como eles estariam sempre juntos. O sono a dominou e logo ela também adormeceu. Apenas para ser acordada por uma sirene e gritos. Molly se levantou, o coração batendo contra as costelas e Donovan se mexeu ao lado dela.
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— O que é isso? — Ele sussurrou. Molly olhou para a porta fechada na escuridão do quarto e ouviu o tamborilar de passos batendo no chão de madeira. O que quer que estivesse acontecendo além daquela porta não era bom. — Fique aqui, ok? — Molly disse a ele, lutando para se levantar, com os pés inchados e doloridos. Ela foi na ponta dos pés até a porta e espiou através dela. Assim que ela olhou para fora, Daphne apareceu sem fôlego. Ela abriu a porta e entrou, fechando-a atrás dela. — Você precisa ir para o quarto seguro com Donovan e ficar lá, — Daphne disse a ela em um tom abafado. Molly olhou boquiaberta para ela. — O que está acontecendo? Daphne sacudiu a cabeça. — Não tenho certeza, mas alguém entrou na casa. Eu estarei lá em breve. Vá! Molly queria protestar, lutar contra ela. Ela era Dux. Ela estava substituindo Tensley, mas com o bebê dentro dela, ela sabia que não podia arriscar nada. — Ok, — disse Molly, acalmando-se. Ela voltou para a cama e ajudou Donovan a se levantar. Ele pegou a mão dela e eles voltaram para Daphne. Daphne se inclinou, beijando as bochechas de Donovan e roçando seu queixo. — Seja um bom menino e ajude a Molly, ok? Vovó vai vê-lo em breve. Donovan assentiu, ainda meio adormecido. Daphne se ergueu, com um brilho nos olhos castanhos. Algo que Molly raramente via da Sra. Knight. — O quarto seguro fica no final do corredor e através da biblioteca. Donovan sabe qual livro tocar, não sabe? — Sim. — Ele sorriu cansado para ela.
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— Bom menino, — sussurrou Daphne. — Agora vá e fique quieto. Daphne abriu a porta e todos saíram na ponta dos pés. Assim que eles deram alguns passos pelo corredor, Molly olhou para trás para ver Daphne se afastando. Donovan puxou a mão dela e eles continuaram. Assim que entraram na biblioteca escura, Donovan soltou-se e caminhou até o fundo da sala, com o dedo traçando cada livro até que ele parou na frente de um vermelho. Ele simplesmente o puxou e uma porta embutida a poucos metros de distância se abriu na parede. Molly seguiu-o para dentro e viu Gabriella com a bebê Isabella em seus braços. Gabriella conteve um grito ao abrir um braço e Donovan se aconchegou nela. Ela beijou sua têmpora e olhou para Molly. — Maldito Ares, — ela sussurrou. Molly foi falar, mas gritos violentos roubaram sua voz e ela se afastou ainda mais. — Estamos sob ataque, — sussurrou Molly, todo o sangue correndo para a cabeça. — Ares está aqui. Isabella choramingou e Gabriella a silenciou, balançando-a em seus braços. — Onde está minha mãe? Molly piscou para ela. — Ela disse que estaria aqui em breve. Um olhar sombrio tomou conta das feições de Gabriella e seus olhos ficaram vermelhos. — Ela não vem. O coração de Molly se despedaçou no tom suave da voz de Gabriella. Daphne não viria? Ela inclinou a cabeça, mil pensamentos passando por ela. Ela olhou de volta para a porta fechada. — Sou o Dux temporário — sussurrou Molly. — Eu deveria estar lá fora.
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Gabriella segurou o pulso de Molly. — Não, você não deveria. Não quando você está carregando o herdeiro. — Eu posso lutar contra eles, — argumentou Molly. — Eu sou uma daemon. Eu não deveria estar aqui. Vou fazê-los implorar antes que matem outro escorpiano. Gabriella sacudiu a cabeça. — Você não pode arriscar. — Scorpios é uma parte de mim agora, — disse Molly e se levantou. — E matarei qualquer um que tente prejudicar o meu povo. Os olhos de Gabriella ficaram molhados, incapaz de falar, incapaz de desviar o olhar quando Molly se virou e abriu a porta. — Molly, — Gabriella argumentou o mais silenciosamente possível. Mas isso não a impediu. Ela ia enfrentar Ares e destruí-los de uma vez por todas. Eles ainda tinham que sentir sua fúria.
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CAPÍTULO 25
Molly rastejou pelo corredor, gritos e vidro quebrando fazendo com que sua respiração acelerasse. Ela sabia do perigo, sabia do risco, mas não estava com medo. Ela não fugiria mais de Ares. Especialmente quando ela estava protegendo as pessoas que amava e seu filho não nascido. As sombras subiram pelas paredes quando ela se aproximou da escada. Ela olhou para baixo, vendo figuras de homens se moverem ainda mais para dentro da casa. Gritos irromperam do andar de baixo, mais destruição, um estrondo tão alto que seus dentes tremeram. Alguém gritou - e depois houve um silêncio mortal. Ela desceu as escadas na ponta dos pés, observando a escuridão do corredor com cuidado. O saguão habitualmente limpo que a saudava estava uma bagunça caótica de sangue e vidro quebrado espalhado pelo piso de madeira. Neste ponto, quase parecia pacífico agora. Mas só pelos sons, ela poderia dizer que o ataque havia simplesmente penetrado mais profundamente na casa. Eles estavam ganhando, e isso só podia significar uma coisa; Scorpios estava perdendo mais e mais homens.
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O sangue de Molly ferveu. Em um dos cantos escuros da sala, ela viu um de seus soldados sentado na parede e correu para ele. Seu rosto inteiro estava inchado e espancado, e ele pressionava a mão em sua garganta que jorrava sangue. Maldito Ares... Molly rasgou o roupão, criando um pano improvisado que pressionou contra a garganta do homem, esperando que isso ajudasse de alguma forma. Através do sangue e hematomas, ela reconheceu suas feições. Ela o vira algumas vezes, passando por ele quando entrava e saia da casa de Scorpios. Mas não importava o quanto tentasse, não conseguia lembrar o nome dele, e percebeu que não tinha certeza se alguém já os apresentara um ao outro. O pensamento quebrou o coração de Molly. Este homem estava sangrando por Scorpios, sangrando por seu Dux. Ele lutou contra Ares, para protegê-los, salvá-los... e ela não podia nem se referir a ele pelo seu nome. Seus olhos encontraram os dela - exaustos, agradecidos, mas ele não falou. Suas mãos tremiam do que Molly supôs ser a falta de sangue, sua pele sem dúvida ficando mais fria e pálida a cada segundo. — Qual é o seu nome? — Molly perguntou gentilmente na escuridão, ela não deixaria o homem ir sem saber. Ele merecia isso. O homem abriu a boca para falar, e começou a tossir sangue e um pouco disso foi borrifado no roupão de Molly, a seda branca se transformando em um tom profundo de vermelho em alguns lugares. — Ge... George, — ele resmungou, mal conseguindo dizer a palavra. — Sinto muito, — acrescentou ele, olhando para a roupa arruinada. — Não há nada para se desculpar, George. Está tudo bem. Ela não conseguiu reunir coragem para mentir para ele. Para dizer-lhe que ele ficaria bem, quando ambos sabiam que
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não iria. Ele havia perdido muito sangue, e mesmo se a ajuda viesse agora, ela sabia que eles não seriam capazes de salvá-lo. Ela agarrou a mão dele, segurando-a tranquilizadoramente. Ele não precisava de palavras falsas, precisava de alguém para segurá-lo até o último suspiro. Ela não podia deixá-lo sozinho. Ele simplesmente olhou para ela e deixou a cabeça descansar contra a parede. Esses eram o seu povo e ela não os decepcionaria. Ela lutaria por eles. Lutaria para tomar seu poder de volta. Depois de um tempo, os olhos do homem começaram a se fechar, as pálpebras parecendo mais e mais pesadas. Sua pele estava positivamente gelada agora, e ela sabia pelos sons gorgolejantes que era isso. Ele estava os deixando. — Obrigada, George, — Molly sussurrou, apertando a mão do homem. — Obrigada pelo que você fez por Scorpios. Obrigada por sua coragem. Quando ele deu seu último suspiro, Molly respirou com dificuldade, deu um tapinha na mão pesada do homem morto e soltou. Molly se levantou, continuando pelo corredor escuro, vozes distantes ecoando para frente e para trás. Um abajur iluminou o corredor sombrio e ela ouviu um choramingo. Ela examinou o chão, até que encontrou a fonte do som e seu estômago caiu e ela quase vomitou. Seus homens estavam morrendo. Scorpios estava desmoronando. Soldados a torto e direito, sem dúvida feridos e pedindo ajuda desesperadamente. Inferno, ela tinha acabado de testemunhar um deles morrer enquanto o segurava em suas próprias mãos. Mas agora Molly se deparou com a única imagem que temia ver. Não de novo, não de novo, não de outro... Daphne...
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Ela caiu de joelhos e segurou o rosto de Daphne, trazendo a cabeça para descansar em seu colo. Molly mal conseguiu controlar um soluço profundo ao ver sua sogra coberta de sangue. — Molly, — Daphne respirou, uma profunda carranca gravada entre as sobrancelhas. Ela balançou a cabeça, lutando para respirar. — Daphne, eu estou bem aqui, — Molly sussurrou e tirou seu cabelo dos olhos. Daphne, de todas as pessoas. Doce, amorosa Daphne. A esposa do falecido Dux, que não mostrara nada além de bondade para todos eles. Como alguém poderia ousar atacá-la, ousar machucá-la? Molly viu vermelho. Fúria. Tristeza. Nojo. Tudo fluiu dentro dela imediatamente, batendo tão forte que ela mal conseguia enxergar direito. Envolveu seu coração, alimentou seu estômago e afundou em seu cérebro. Eles pagariam por isso. Ela se certificaria disso. Ela encontraria Fitz, e se asseguraria de que ele morresse devagar, dolorosamente. Do jeito que ele merecia. Porque isso não era justo. Não era justo. Daphne não merecia isso, nada disso. E agora ela estava deitada em uma poça de seu sangue, lutando para ficar acordada. Aqueles suaves olhos castanhos agora a observavam atentamente. Ela pensou em Tensley naquele momento. A dor em seu peito cresceu. Ele já havia perdido um dos pais, ele não poderia perder outro. Ele não precisava deles da maneira que
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uma criança precisava dos pais, mas ela sabia que Tensley, não importava o quanto tentasse escondê-lo, se preocupava muito com sua família. Então Molly não deixaria isso acontecer. Não a mãe dele. Ele não a perderia. Ele não iria. Daphne agarrou o pulso de Molly, seu aperto fraco, mas suas unhas cravando no osso de Molly. — Vá se esconder, — disse ela, engolindo em seco. — Por favor. Molly se engasgou com um soluço. — Eu não vou deixá-la. — Ela respirou fundo e deslizou os braços por baixo das axilas de Daphne, puxando-a pelo chão até um escritório depois de ter certeza que estava seguro e vazio. Uma vez que a porta estava bem fechada, Molly correu até a mesa e pegou guardanapos, lenços, agarrou as cortinas que cobriam as grandes janelas, rasgando-as, qualquer material que pudesse encontrar e correu de volta para o lado de Daphne, seus joelhos batendo no chão dolorosamente ao lado da mulher mais velha. A respiração de Daphne ficou reduzida e barulhenta, lutando para não se afogar em seu próprio sangue. Molly levantou a camisa de Daphne e viu a ferida, provavelmente uma faca empurrada ao lado de sua caixa torácica e sem dúvida atingiu seu pulmão direito. Molly enrolou o tecido que ela tinha reunido em torno de seu torso, com força para que o sangramento parasse. Assim que Molly foi se levantar, Daphne pegou sua mão. O sangue espalhou-se pela palma da mão dela, pintando sua pele de carmesim e Molly olhou para ela. Muito sangue. Havia muito sangue nela. O corpo de Molly era uma tela de sangue de Scorpios e ela podia sentir o pânico subindo por sua garganta enquanto suas mãos tremiam descontroladamente. O pânico crescente envolvia sua via respiratória e se apertava rapidamente. Não…
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Ela precisava relaxar. Ela precisava respirar fundo e relaxar. Por Daphne. Pelos outros que poderiam precisar de ajuda. Ela precisava se controlar. Ela não podia decepcioná-los. Agora não. Ela não podia… Os grandes olhos de Daphne lhe imploraram e Molly silenciou-a tranquilizadoramente. — Eu não vou a lugar nenhum, — Molly disse a ela, tocando sua bochecha. Daphne lambeu seus lábios sangrentos. — Tome conta... da família. Você vai ser.... uma ótima mãe, Molly. O calor queimou o fundo dos olhos de Molly e ela olhou para Daphne. — Você não vai morrer, Daphne. Você não morrerá, está me ouvindo? Um sorriso triste tocou os lábios de Daphne, mas ela não disse uma palavra. A porta se abriu, batendo na parede com um baque e o corpo de Molly congelou quando ela olhou para cima para ver Fitz Senior entrar na sala. Ele sorriu para ela, embebido em sangue e com sede de mais, seus cabelos brancos se destacavam na escuridão da sala. — Você, minha adorável Sra. Knight, — disse Fitz, seus olhos estritamente em qualquer coisa, exceto nela. Para evitar o seu olhar letal. — Minha vadia daemon favorita, é a próxima na minha lista de sucesso, e a sua hora chegou porra. Já tive o bastante de você. Quando ele se lançou, ela não estava preparada. Ela saiu do caminho e colidiu com a mesa, agarrando-a quando se virou para ele. Assim que ele foi atingi-la, ela pegou o braço dele e empurrou-o para trás, mas não foi o suficiente. Ela não estava no estado de espírito certo. Ela não conseguia se concentrar no que precisava fazer. Ela tinha visto muito sangue, muitos feridos...
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Ele agarrou seu pulso e jogou-a no chão. Todo o ar deixou seus pulmões e ela observou lentamente enquanto seu pé descia, apontando para seu estômago. Ela gritou quando seus braços protegeram sua barriga, apenas para o pé colidir com a mão, em vez disso, quebrando vários ossos em seus dedos. Sua força tinha sido o suficiente para impedir o pé de Fitz de fazer qualquer contato com sua barriga, mas sua mão agora parecia uma confusão de ossos quebrados. A dor encheu seus olhos com lágrimas de raiva. Ela limpouas rapidamente com o braço, sua ira anterior apertando seu coração mais uma vez. Mesmo com a dor, ela se forçou a ficar de pé, ignorando seu corpo gritando. Fitz sacudiu o pé, o impacto com a mão de Molly sem dúvida lhe causou dor, e ele fervia de raiva. No instante seguinte, Molly estava sobre Fitz, as mãos em volta da sua garganta, apertando e apertando. Sua mão quebrada era inútil, mas a dor que ela sentia ao usá-la não a impediu. Ela estava esperando a sensação gelada de seus poderes começar a ferver dentro dela, mas elas não fizeram. Lance disse que iriam, ele disse... Mas tudo o que ela podia ver e sentir era um ódio vermelho e poderoso percorrendo seu sistema, devastando-o. Ela não conseguia enxergar além disso, a enchia até a borda e ela se deixou afogar nisso. Abraçou isso. A mágoa, a raiva, o ódio, o desgosto. Tudo isso. Ela sentiu uma dor penetrante, de algum lugar perto do fundo de sua barriga, mas ela não soltou. Não parou para pensar nisso. Tudo o que ela conseguia pensar era usar cada centímetro de sua energia para estrangular Fitz a nada.
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Seu rosto estava ficando azul, mas aquele sorriso feio e faminto continuava aumentando, já que ele estava orgulhoso de si mesmo. Como se ela estivesse fazendo exatamente o que ele queria que ela fizesse. Fitz não era um homem estúpido, o bastardo sujo sabia manter os olhos longe dos dela, e ela queria rosnar de raiva. Ele aprendeu a lição do último confronto, isso ficou claro. Então, rápido demais para Molly registrar, Fitz arrancou as mãos dela ao redor de sua garganta e afastou-a. Suas costas colidiram dolorosamente com uma parede, mas ela conseguiu ficar de pé. Fitz rosnou profundamente, pronto para atacar mais uma vez, assim que a porta se abriu. Os dois pararam, olhando para Lex na entrada. Suas sobrancelhas franziram, trocando um olhar de pânico com Molly. — Lex, — Molly respirou. — Cai fora. Corra. Agora. Senior, porém, já havia focado sua atenção em Lex. — Ah, — ele começou, sua voz desagradável arrastando a palavra para fora. — Eu me lembro de você do ataque ao buraco, coisinha, — acrescentou, olhando para ela de cima a baixo, enquanto sua língua corria pelo lábio inferior, fazendo Molly querer vomitar. — Quem esqueceria uma cadela bonita como você, huh? Ainda me lembro do sabor da sua pele, o gosto do seu medo enquanto você estava tremendo no meu braço. Por favor. Por favor, pare, — ele zombou, imitando o que Molly imaginava uma vez ter sido Lex. O coração de Molly parou e ela viu Lex ficar consideravelmente pálida. — Eu sabia que você voltaria para mais, adorável. Mas estou ocupado agora, você vê. Espere no corredor por mim e vamos terminar o que começamos — disse ele, e seu olhar voltou-se para Molly. — Deixe-me finalmente dar uma mordida no pescoço deste daemon porque vou arrancá-lo de seus ombros cremosos de uma vez por todas. Molly apertou a mandíbula. — Não toque nela.
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R. Scarlett
— Sua puta estúpida, — ele sussurrou, e depois riu sombriamente. — Você sabe o que vou fazer quando eu terminar com você? Vou arrancar esse demônio do seu ventre morto e agitá-lo como uma bandeira flácida na frente do seu Tensley. Essas palavras eram como mil adagas em seu peito, uma faísca acendendo a raiva para ativar seus poderes. Molly sentiu a picada de gelo por trás dos olhos e a queimação nas pontas dos dedos. Estava começando. Sua raiva estava aumentando, mas ela se sentia no controle de seus poderes. Dos poderes que ela finalmente entendia. Eles estavam despertando lentamente, passeando, esperando para serem soltos em suas presas. Ela destruiria qualquer um que prejudicasse sua família, prejudicasse seus entes queridos, e os obrigaria a pagar gravemente. Molly olhou para o demônio que arruinou tantas vidas, destruiu tantos, incluindo a dela. Ele manteve a cabeça baixa, evitando o olhar dela, mas o suficiente para ainda poder parecer como o imbecil poderoso que ele era. — Você não vai tocar meu filho, — ela retrucou, deixando-o sentir o ar mudar, a raiva filtrando entre eles até sufocá-lo, também. Finalmente, a sensação gelada veio em ondas e ela deixou o poder agarrar seus ossos, o sangue bombeando rápido em suas veias, todo o caminho até seu coração acelerado. Ela quase caiu de joelhos em alívio. Nem tudo estava perdido. Ela poderia fazer isso, ela podia. Ela sabia que ele também sentia a mudança - pela maneira como a cabeça dele inclinou para cima, aquele sorriso presunçoso sumia de seu rosto e suas mãos se apertavam ao lado dele. — Você tem alguma palavra final, Fitz? —Sussurrou Molly, olhando para ele, inabalável, sem vacilar.
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Porque ela era o daemon, Dux de Scorpios e casada com o rei dos demônios. — Você vai me implorar, — Molly rosnou e seus olhos brilharam, mas não rápido o suficiente quando Fitz desviou o olhar. — Você vai me implorar para acabar com sua vida. Ele riu alto, o som como unhas em uma lousa. — Com medo de me olhar nos olhos, Fitz? — Molly avançou e ele deu um passo para trás. — Eu posso não saber todas as respostas para o que eu sou, — ela sussurrou, a onda de poder bombeando através dela mais uma vez. — Mas agora eu sei do que sou capaz. Assim que a mão dela levantou, ele se lançou, pegando a mão quebrada e puxando-a para ele. Mas ela não se curvaria. Não mais. Ela bateu seu cotovelo com toda a força no tórax dele, cortando sua respiração por um longo segundo, e ele a soltou surpreso. Isso durou apenas um momento, mas esse simples momento era tudo o que ela precisava para sentir o poder enfurecer dentro dela, pronto para ser libertado, e ela girou. Suas mãos cravaram em seus braços, tirando sangue e antes que ele pudesse agir rápido o suficiente e desviar o olhar, ela olhou diretamente nos olhos redondos dele. Eles dilataram sob seu poder e a força dele escoou e a encheu. — Implore-me agora, Fitz, — Molly sibilou, a sensação gelada queimando a parte de trás de seus olhos. — Me implore para acabar com você. Fitz engoliu em seco, mas não desviou o olhar dela. Ele estava preso em seu feitiço. — Por favor, senhora Knight, — ele começou, soando quase robótico. — Acabe com minha vida, eu te imploro.
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— Esta guerra acabou, — disse Molly, sua voz de aço e ferro e tudo era Tensley dentro dela. Então ele piscou e a dor que ela já sentia do estômago se intensificou muito, a entorpecendo e ela ofegou. — Molly! — Lex gritou, apertando o próprio peito. E foi o que bastou para o poder que ela tinha sobre Fitz diminuir e para ele desviar o olhar do dela. — Cadela ingênua, você achou que funcionaria, não foi? — Ele riu maldosamente de novo. — Receio que este seja apenas o começo, pequeno daemon, — ele assobiou e bateu nela. Molly tropeçou para trás, batendo na mesa, mas assim que o corpo dela bateu, ela se endireitou, pronta para atacar mais uma vez. Lex rosnou e correu em direção a Fitz, apunhalando seu lado, mas isso não o parou. Ele balançou o braço e jogou-a para trás, tropeçando no chão. Mas foi a oportunidade perfeita para Molly. Ele saltou, só para ela contorná-lo. Ela pegou os olhos dele novamente - e desta vez ela não desperdiçou o momento. Ela puxou a faca da mão dele e cortou sua garganta. Ele engasgou - e a vermelhidão jorrou do corte profundo, encharcando sua camisa branca. Lentamente, tão devagar, ele caiu de joelhos, depois caiu de lado, boquiaberto em seus pés descalços. Molly respirou fundo, observando o último suspiro escapar de sua boca, até que ele silenciou completamente. Então ela caiu de joelhos também e caiu de lado quando ela levantou as mãos, elas estavam cobertas de sangue. Seu próprio sangue, ela percebeu. As mãos de Lex esfregaram os braços dela, mas ela mal as sentiu. Tão entorpecido, tão frio. — Molly! — Lex gritou e ela viu a expressão preocupada em seu rosto.
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Molly sufocou, ela ofegou, ela tentou ficar consciente. — Meu bebê, meu... — Ela colocou pressão em seu lado e se inclinou contra Lex, que a silenciou, tentou falar com ela, mas não importava. Ela não conseguia pensar. Tudo o que ela queria fazer era correr, encontrar ajuda, salvar seu bebê. E Daphne. — Daph, — ela tentou dizer, mas parou no meio da palavra. Ela se sentia tão fria, tão vazia. Era como se toda a energia dela estivesse deixando seu corpo de uma só vez. Molly sentiu a onda de pânico através de seu sistema. Um rugido rasgou a sala como se uma grande escuridão tivesse subitamente entrado e engolfado todos eles. A porta caiu, sendo arrancada das dobradiças e alguém gritou um nome. Mas não soava com medo, parecia aliviado. De algum lugar perto, ela pensou ter ouvido Lex chorar. Alguém se inclinou na frente de Molly e ela o acolheu. A princípio, o coração dela congelou, pensando que era Tensley. Que ele tinha vindo por ela, que ele estava aqui e que tornaria tudo bem, ele afastaria todos os pesadelos e a dor. Mas não era. Era o Beau. Não o marido dela. Não o homem que ela amava. Ele se agachou na frente dela, sua mão indo para a ferida em sua barriga e ele falou com ela, depois com Lex, mas Molly não podia ouvi-lo. Tudo estava distorcido, tudo estava abafado. Suas feições sombrias estavam deformadas em uma carranca e ele tremia de raiva. Mais uma vez, ele latiu algo para ela, mas ela não podia ouvir sobre sua própria respiração. — Ele precisa de ajuda, — disse Molly em um grito, o chão pintado em seu sangue. Tanto sangue.
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Beau passou seus braços por baixo das pernas dela e a levantou, um gemido de dor escapou de sua boca. Não, não! Eu não vou perdê-lo. Ela havia perdido Tensley, ela havia perdido muito, mas ela não perderia seu filho. Agora não. Nunca.
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CAPÍTULO 26
A corte zumbia no salão escurecido enquanto Tensley se recostava em seu trono. Todas as noites, antes de dormir, Lilith fazia uma festa para celebrar o rei, ela dizia. Para celebrar sua nova liderança juntos. Ele mordeu o interior de sua bochecha com o pensamento e zombou de sua corte de cobras e lobos. Eles cobiçavam controle e prestígio. Eles sonhavam com afundar em seu ouro reluzente e dentes afiados profundamente no poder e nunca deixar ir. Ele não via Molly há dias e, tanto quanto ansiava por ela, ansiava ainda mais pela segurança dela e de seu filho. Ninguém estava realmente seguro aqui. Ele pagaria suas dívidas para Lilith e encontraria um jeito de se livrar dela. Seu coração batia com o pensamento de sua ameaça. De contar à corte a verdade sobre o que poderia ser encontrado no fundo da besta, batendo descontroladamente por sua rainha, mais uma vez. E que sem seu novo coração, ele seria um homem morto. Seria outra razão para que eles o abandonassem. Para destruí-lo.
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E ele sabia que sua sede de poder iria direto para a cabeça e logo, ele teria um bando de lobos famintos atrás dele, arranhando suas costas. Arranhando o coração dele. Eles iriam, sem dúvida, salivar com a ideia de ser o único a anunciar que haviam matado o rei. Tensley acariciou seu lábio inferior, seus olhos voaram para o lado onde orgulhosamente sentava a própria rainha. Não a rainha dele. Ela não era nada além de uma rainha de mentiras e derramamento de sangue. Uma rainha que uma fera pode desejar, mas não ele. Ele ansiava por uma rainha diferente. Sua verdadeira rainha. Uma com cachos louros e suaves e olhos vívidos e arrebatadores. Para Tensley, a rainha sentada ao lado dele não era nada além de temporária. O trono pertencia a sua Dolcezza e, se ela aceitasse, ele daria a ela em uma bandeja de ouro. Mas não era preciso um homem sábio para ver o brilho nos olhos de Lilith. O escuro, latente desejo dançando nas profundezas de sua alma. Era só uma questão de tempo antes que ela ficasse inquieta e cansada de brincar com um animal com um coração e perfurar seu peito para tirá-lo ela mesma. Ela queria o poder. Ele sabia que ela ansiava mais. Ele sabia que, para ela, ele era um passo temporário no grande esquema de seu suposto plano de obter poder total sobre sua corte. Ele não tinha dúvidas de que ela tentaria matá-lo. Era só uma questão de tempo. Então ele esperou pacientemente que ela se mexesse.
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E quando ela fizesse, ele estaria pronto. E ele iria rasgá-la em pedaços e nunca olhar para trás. Sua mão fechou em um punho branco no braço de seu trono e ele observou as risadas rudes vinda da multidão selvagem. Eles comiam como bestas, com sangue nas barbas dos homens, bêbados de vinho envelhecido e pensamentos sombrios. Eles pareciam civilizados, mas agora via o que escondiam debaixo de seus vestidos e ternos. Feras que vivem de necessidades primais. E uma besta sempre ansiava por um bom derramamento de sangue. Seu punho tremeu. — Meu rei, — Lilith ronronou em seu ouvido, sua respiração quente soprando o lóbulo da orelha. Ele endureceu e não se incomodou em virar para encará-la. Os dedos dela deslizaram por seus dedos curvados, sentindo o leve tremor lá. — Você está fraco novamente. Apenas alguns dias longe e você se torna um viciado implorando pelo próximo sabor de seu veneno. Pobre homem que você se tornou, olhe o que ela fez com você... Ele não reconheceu isso, mas era verdade. Apenas alguns dias longe de sua dolcezza e seu corpo ansiavam por ela. Mas ele esperaria mil eras para tocá-la se isso mantivesse os dois seguros. — Meu rei! Seus olhos dispararam para o homem respirando pesadamente na frente de sua mesa alta. O homem engoliu em seco. — O que houve? — Perguntou Tensley, estreitando os olhos para a aparência desgrenhada do homem. O homem se endireitou, mas ele ainda não conseguia nem respirar. — Meu senhor, Ares atacou Scorpios novamente.
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Aquele coração de ferro dentro dele caiu em seu estômago, mas ele endureceu suas feições, sua boca se tornando uma fina linha de indiferença. Mesmo que seus homens, sua família, sua esposa corressem o risco de serem arrancados dele, ele não poderia demonstrar a corte. Não podia mostrar as emoções enfurecidas em seu interior. — E? — Lilith falou, sua voz soando aborrecida. Esta notícia não interessava a corte, a menos que eles se envolvessem no derramamento de sangue. O homem engoliu em seco e Tensley grunhiu baixinho. Ele estava começando a acreditar que era tudo que o homem era capaz de fazer até que ele levantou a mão. Uma carta branca estava entalhada em sua mão trêmula e Tensley estendeu a mão, pegando-a. Ele a abriu, sem se mexer, mas seu coração batia como se estivesse morrendo por dentro. Seus olhos percorreram as palavras. Era curta. Ia direto ao ponto do caralho, mas o impacto sobre ele foi brutal, no entanto. Ele triturou a carta e se levantou. Em seu movimento repentino, a corte silenciou e se virou, observando o rei se mover de sua mesa. — Meu rei? — Lilith chamou e ele ouviu seus saltos clicarem atrás dele. — Onde você vai? Você não pode sair tão rápido quando a corte estiver comemorando por você. Ele não parou e continuou marchando pelos corredores escuros. — Você faz a corte celebrar toda noite, Lilith. Encontre um animal de estimação para brincar se você está entediada. Tenho certeza de que ninguém na corte se importará se eu partir. Uma mão segurou seu bíceps e ele girou, cerrando os dentes.
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— Oh. Não. Não, não, jovem besta — Lilith sibilou, suas feições aguçadas ao ponto de parecer algo puramente sinistro. — Você não decide quando vai e quando não. Você me responderá. Agora. Tensley sacudiu a mão com um dos ombros e olhou para ela. — Eu estou indo para Nova York. Os lábios de Lilith se abriram de prazer. — Eu o proíbo. Tensley sentiu a onda de fúria atingi-lo. — E se eu descobrir que você foi contra a minha vontade, — disse Lilith, com o sorriso de uma cobra. — Vou contar a corte sobre sua maldição. Tensley ficou parado, as opções pesando sobre ele. Mas levou apenas um momento para decidir. — Então me condene, — ele retrucou, sua raiva a atingindo em ondas violentas e ela tropeçou para trás, pega de surpresa. Ele se virou, sentindo sua própria ira lutar contra a dela e ela continuou gritando atrás dele. Ela gritou sobre ele ser um homem morto. Ela riu sobre ele ser um homem fraco. Ela se enfureceu sobre ele ser um homem tolo. Mas ele não se importou naquele momento. Deixe-os arrancar seu coração. Deixe-os ter sua matança sobre um rei das bestas. Deixe-a gritar até sua garganta ficar crua. Porque tudo o que ele podia ouvir era que ele era um homem amado. E ele precisava chegar a sua família. Por seus homens. Pela esposa dele. A besta e o homem concordaram que sua esposa e companheira estavam acima de tudo. Seu peito queimava ao pensar em Molly. Tudo o que a carta continha era quatro palavras simples. Molly precisa de você.
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Mas foi a sua ruína.
***
Tensley marchou pela entrada familiar da casa sombreada na escuridão, e cada soldado parado no corredor silenciou. Ele continuou em frente, observando enquanto cada homem recuava, abaixando a cabeça. Ele bebeu em seu medo - sua ansiedade quando o rei da Suprema Corte, rei dos demônios, passou por eles. A besta havia retornado ao seu povo, mas ele havia retornado um homem mudado. Quando virou a esquina, ele pegou a manga de um soldado e puxou-o para perto. — Onde está a minha esposa? O soldado fez uma pausa, arregalando os olhos de medo. Ele abriu e fechou a boca, olhando para Tensley como se tivesse visto um fantasma. Ele não era um maldito fantasma; ele era muito pior. — Tensley — gritou uma voz e olhou por cima do ombro para ver Beau ali. Lentamente, ele soltou o soldado e se virou para encarar seu irmão mais velho. Vestido todo de preto, os cabelos negros despenteados, e com hematomas em suas bochechas e antebraços, seu irmão estava em guerra. — Leve-me até ela, — exigiu Tensley, caminhando em direção ao irmão. A expressão de Beau franziu, sem dúvida, descontente por ser feito o serviçal de seu irmão, mas ele não disse uma palavra. Ele se moveu como uma sombra escura no corredor e subiu as escadas.
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Beau parou na porta do quarto e olhou para ele. — Mamãe foi ferida no ataque — disse ele, com a voz baixa, com pouca ternura, mas Tensley viu o brilho de fúria em seus olhos. — Eles conseguiram curá-la, mas ela ainda está se recuperando. Ela se recusou a deixar o lado de Molly. Tensley engoliu em seco. Sua mãe e sua esposa foram atacadas e ele não estava lá para protegê-las. Para proteger Scorpios. Tensley abriu a porta e entrou no quarto, escurecido pelas pesadas cortinas, totalmente fechadas para que não houvesse luz. Parecia uma maldita masmorra. Seus olhos foram direto para a cama. Molly estava deitada, sob as cobertas, as pernas movendo-se freneticamente e sua respiração pesada e irregular. — Tensley, — a voz de sua mãe soou e ele a viu sentada em uma cadeira ao lado da cama, acariciando o cabelo de Molly. Algumas mulheres se reuniram ao redor de Molly, tentando falar com ela, tentando acalmá-la. Lex era uma delas, ele notou. Ela não parecia preocupada; no entanto, ela mantinha uma feroz carranca como se estivesse pronta para a guerra. Um dos médicos de Scorpios estava do outro lado, examinando a barriga dela com um monitor. Tensley não perdeu tempo. Ele marchou para a cama e sentou-se na borda. Ele examinou-a rapidamente - o suor se acumulava em sua testa, seus olhos se abriram, sua boca se abriu enquanto ela ofegava, e sua camisola tinha uma mancha brilhante de sangue em seu lado. Seu amaldiçoado coração de ferro espremeu em dor crua. — O bebê, — ela murmurava, mais e mais, e o coração de Tensley bateu em sua voz de pânico.
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— Molly, — ele sussurrou, fazendo seu próprio murmúrio, substituindoa, as pontas dos dedos tocando suas bochechas molhadas. — Dolcezza Ela abriu os olhos vívidos e quando o encontrou, ela se acalmou por um momento. — Tensley? Suas mãos se espalharam pelo bíceps dele e apertaram. — Eu estou aqui, Dolcezza, — disse ele e beijou o interior de seu pulso. — Ela foi esfaqueada, — o médico falou. — A ferida não está cicatrizando corretamente e não sabemos por quê. Molly chiou e fechou os olhos, revirando a cabeça. Tensley fez uma careta, levando as mãos a barriga, sentindo a ferida no lado direito. — Eu vou curá-la, — ele sussurrou. Ele não a deixaria ir. Ele iria protegê-la e a seu filho. — O bebê está bem? Meu filho está bem? — Ele perguntou, com os olhos fixos no médico. — Nós acabamos de encontrar o coração dele, tudo parece normal por enquanto. Não parece que ele esteja em perigo, — o médico disse a ele. Tensley acenou com a cabeça, depois inclinou-se, abaixando a boca e plantando beijos suaves em sua barriga, na sua lateral, sentindo-a enrijecer e relaxar, sentindo a vibração do movimento dentro de sua barriga. Seus beijos curavam a ferida, remendavam seu coração machucado e ele assumia sua dor, levando tudo embora. Ele se endireitou, suas mãos nunca se afastando dos lados de sua barriga inchada e olhou para ela. Suas bochechas recuperaram a sua cor e sua respiração ficou uniforme. Ele se inclinou para frente, sem se importar com todos os olhos observando-os, e pressionou os lábios nos dela suavemente, por um momento.
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— Ela está estável, — disse o médico e puxou Tensley de lado. — Mas ela começou a ter contrações não muito depois do ataque. Ela está tendo por várias horas agora. Nós precisávamos curá-la antes de prosseguir. Pode ser melhor para você esperar do lado de fora. Tensley respirou fundo e olhou para Molly. Ela ia ter o bebê em breve. — Tensley, — sua mãe disse e tocou seu ombro. Ele se virou para a mãe. Ela parecia pálida, mas ainda sorria de volta para ele. Lágrimas brilhavam em seus olhos castanhos. — Alguém precisa falar com Scorpios. Ela ficará bem. Lex vai ficar com ela. Ele assentiu, dando uma última olhada em Molly. Sua mãe e seu irmão o seguiram até o corredor. — Ela o matou, — sua mãe falou depois de um longo momento. Beau cruzou os braços. — Ele poderia ter matado vocês duas. Ele quase matou Lex. Sua mãe apenas olhou para os dois filhos. — Seu pai ficaria orgulhoso de você. Tensley endureceu e olhou para a mãe. Ele podia ver claramente, o jeito que eles olhavam para ele. Sua mãe, seu irmão, todos em Scorpios. Eles olhavam para ele como se estivessem procurando pelo homem e a fera dentro dele. — Eu deveria estar aqui, — disse ele, balançando a cabeça. — Você é o rei agora, — sua mãe disse, tocando seu ombro. — Você tem outros deveres. Ele sentiu a raiva apertar em torno de seu coração. — Meu dever é com ela. É proteger minha família. Proteger Scorpios. Uma coroa não significa nada. — Ele fez uma pausa, inspirando profundamente os pulmões, quando a percepção o atingiu. Quando ele perdeu o coração, ele perdeu o foco. Sua razão. Ele havia perdido de vista o que era realmente importante. O que realmente importava para ele. Sua sede e desejo pelo poder o
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tinham comido. Ele não tinha sido melhor que as cobras que se chamavam de Suprema Corte. Ele tinha sido como eles. Mas não mais. Ele sabia o que realmente importava. Não a coroa estúpida, não a corte estúpida, mas Molly. — Ela é minha coroa, minha corte, minha rainha. Nada importa sem ela. Sua mãe olhou para ele, os olhos arregalados de choque. — Ela realmente te amaldiçoou, — Beau murmurou, olhando-o atentamente. Sua dolcezza estava estável. O coração de seu bebê ainda estava forte. Agora, era hora de ser o Dux. Ele cerrou o maxilar e se afastou deles. — Eu preciso falar com meus soldados. Ele continuou a descer as escadas, ouvindo seus próprios passos o seguindo. Os soldados estavam reunidos na sala de reuniões, rostos desenhados em exaustão e raiva, suas posturas enrijecendo assim que ele entrou na sala. Cada homem fez uma reverência, abaixando-se e ele ficou parado, observando-os. — Levantem-se, — ele ordenou, sua voz como uma chicotada. Os homens se levantaram, o silêncio se espalhando pela multidão. Ele ficou na frente deles, estudando cada homem lentamente. Estes homens lutaram por Scorpios e muitos como eles morreram por Scorpios. — Eu estou diante de vocês, — ele começou, sua voz clara e uniforme. — Não como seu rei, mas como seu Dux. Com isso, os homens se endireitaram ainda mais.
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Tensley cerrou as mãos. — Ares foi derrotado. Pela mão da minha esposa e Scorpios. — Ele fez uma pausa, dominando sua raiva. — Scorpios sobreviveu a esse inferno e vai prosperar. Somos feitos de cinzas e ácido e espinhos. Nós não imploramos. Nós não desistimos. Nós lutamos, nós conquistamos, nós destruímos. Somos selvagens que não podem ser domados e não serão domados. Scorpios - permanecerá para sempre em nossa sociedade. Eles falarão deste tempo sombrio como um tempo de renascimento. Um tempo de bestas conquistando. Eu vou sangrar por cada um de vocês até que não tenha mais nada dentro de mim. Em suas últimas palavras, os homens rugiram em comemoração, de acordo. Tensley, no caos, saiu da sala, sentindo o coração de ferro batendo pesadamente dentro dele. Ele se encostou na parede e respirou pelo nariz. — Tensley, — uma voz o chamou. Ele virou a cabeça para ver Illya Black andando em direção a ele. Seu melhor amigo. Seu único amigo. Seu irmão. O homem que cuidava da esposa e do feto quando ele não podia. — Illya, — disse Tensley, endireitando-se e movendo-se da parede. Illya olhou para ele, lentamente, tomando-o e dando um tapinha no ombro dele. — O bastardo retornou finalmente. Eu estava começando a pensar que teria que bancar o marido até o dia da minha morte — disse ele com uma piscadela brincalhona. Tensley sentiu o canto de sua boca se contorcer. Ele não tinha as palavras certas para dizer a Illya. — Obrigado por cuidar dela quando eu não pude. Quando eu não era o homem que ela precisava. A testa de Illya franziu e ele apertou o aperto no ombro de Tensley. — Você é o único homem que ela precisa.
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Tensley foi abrir a boca, mas Lex apareceu no corredor, sem fôlego. — Tensley, — ela gritou. — É Molly.
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CAPÍTULO 27
A dor rugia em cada parte do corpo de Molly, seus ossos doíam, seus músculos contraindo até ela gritar. A tontura veio e se foi, nublando sua visão, a dor a dominando. — É muito cedo, — ela ouviu alguém sussurrar. É muito cedo. Cedo demais. Ela queria chamar Tensley, mas era como se sua voz estivesse presa em sua garganta. Quando seus lábios se separaram, tudo o que saiu foram gemidos doloridos, e gritos mais altos quando seu útero parecia se contorcer por dentro. Ela não conseguia falar, apenas murmurar o nome de Tensley. Eles tentaram acalmá-la, penteando o cabelo molhado da testa, mas isso só a deixou com raiva. É muito cedo. Ela tentou dizer a seu corpo para parar. Parar de empurrar, parar o trabalho, mas era inútil. Ela sabia que o bebê era grande, sabia que ele carregava a força de seu pai e a dela, mas ele sobreviveria a isso? Ele seria capaz de respirar neste mundo? — Tensley, — ela conseguiu soltar entre as contrações.
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Suas mãos cavaram os lençóis, ancorando-se. O médico abriu suas pernas e examinou-a. — Ela tem oito centímetros de dilatação, — disse ele para as outras mulheres ao seu redor. Todo mundo se movia rápido, os ruídos ao seu redor pareciam ser intermináveis, mas tudo o que ela queria era o silêncio. Tudo o que ela queria era Tensley.
***
Tensley abriu a porta com um estrondo e seus pulmões se fecharam. Molly gemia de dor enquanto cravava as unhas nos lençóis da cama. As mulheres, incluindo Lex e sua mãe, circulavam pelo quarto, pegando mais lençóis e água fria. Os olhos de Molly estavam fechados e seu rosto inteiro estava vermelho, o lábio inferior entre os dentes em um aperto de morte. — Tensley, — disse sua mãe, caminhando em direção a ele. Ela tocou o braço dele. — Pode ser melhor se você esperar do lado de fora. Tensley rangeu os dentes, incapaz de desviar o olhar da expressão dolorida de Molly. Quando ela gritou, um grito tão cru, queimou seu interior e seu coração se partiu. — Não, — ele disse. — Eu não vou sair. — Há muitas pessoas aqui agora. Você só ficaria no caminho, — uma das mulheres falou, colocando mais travesseiros atrás da cabeça de Molly e molhando sua testa com uma toalha fria. Seu corpo inteiro tremeu. Sacudiu da raiva dentro dele, a raiva em ser negado, o medo do que ele viu na frente dele. Sua
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dolcezza estava com dor, ela estava em perigo, e ele não sairia do lado dela. — Você vai ter que me matar se acha que vou deixá-la, — ele sussurrou e deu um passo em torno das mulheres. Sua mãe agarrou seu braço. — Tensley, pense nela. Pense nela e no bebê. Tensley olhou para a mãe e estabilizou a respiração. Ele respirou fundo e avançou. — Diga-me o que você quer, — disse ele, sua voz baixa e profunda, seu poder completamente nas mãos de sua dolceza. Se ela não o quisesse lá, ele sairia, mesmo que doesse. Molly virou a cabeça nos travesseiros de plumas e abriu os olhos fracamente. Seu peito subia e descia rapidamente, a dor visível em cada parte dela. — Diga-me, — ele grunhiu entre os dentes cerrados, mostrando-se a ela mais uma vez. Não como a besta. Não como homem. Mas como marido dela. Como o coração dela. — Diga-me o que você quer e eu farei isso, — ele sussurrou, doendo para tocá-la, para roubar qualquer dor que pudesse. Molly separou fracamente seus lábios e seus olhos se elevaram até que aqueles olhos malignos se fixaram em seus próprios olhos. — Eu quero você, — ela respirou, mesmo que fosse uma coisa dolorosa a fazer. Ela se apoiou, inclinando-se para a frente, e isso foi o suficiente. Ele se moveu rápido, suas mãos indo para os lados dela e subiu atrás dela, sua grande estrutura embalando-a contra ele.
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Suas mãos encontraram sua barriga e ele acariciou, para frente e para trás, para frente e para trás. — Dê-me sua dor, — ele sussurrou em seu pescoço suado. — Dê tudo para mim, dolcezza. Ela engoliu um grito angustiado e cravou as unhas em seus bíceps, tão profundo que tirou sangue, mas ele não vacilou. — Eu estou bem aqui, — disse ele, salpicando delicados beijos contra o pescoço dela, contra a bochecha dela, contra os ombros dela. De qualquer forma, que poderia alcançá-la, afogá-la em beijos, em seu poder, raiva e amor, para tirar a dor. Para acalmar a dor da única maneira que um demônio bastardo poderia. — Tensley, — ela engasgou quando ele beliscou sua jugular, seu pulso rápido e apressado. — Tensley. Ela cantarolou seu nome de volta para ele. Foi a única palavra que ela falou, mas foi o suficiente. — Eu não posso, — ela suspirou, caindo de costas contra ele, sua respiração irregular, balançando a cabeça fracamente em seu peito. — É muito cedo. Ele a silenciou e beijou sua linha da mandíbula, provando suor e lágrimas salgadas. — Ele vai ficar bem, ele é forte. Assim como você. Minha dolcezza não é fraca. Ela é uma tempestade. Ela faz homens poderosos se dobrarem à sua vontade. Eu serei sua força, seu escudo. Eu serei seu tudo. Ela soluçou no ar, a cabeça inclinada para trás contra o ombro dele e ele olhou para as bochechas rosadas, para os cílios grossos repousando ali, em seus lábios ensanguentados. — Você é a mulher mais bonita e mais poderosa que eu já vi, — ele sussurrou e aqueles olhos vívidos capturaram os seus em uma armadilha mortal. — Estou indefeso contra você. Você não sente isso? — Ele pressionou o peito em suas costas,
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deixando-a sentir o pulsar de algo tão proibido que os deuses rivalizariam com ele. Seu coração. Ele não tinha medo disso agora. Se alguma coisa, isso o fez mais forte. Sua respiração parou e seus olhos se arregalaram. — Você amaldiçoou uma fera, — ele sussurrou e roçou os próprios lábios contra os dela. — E a fez se curvar. Lágrimas escorriam pelo seu rosto e ela encostou a cabeça no peito dele. — Você pode fazer isso, Molly. Você está indo muito bem — disse ele uma última vez. — Você está indo muito bem, Molly. Quando o médico finalmente anunciou que Molly estava totalmente dilatada, e podia finalmente começar a empurrar quando a contração seguinte viesse, Tensley beijou sua bochecha suada e sorriu. Livremente. Alegremente. Nervosamente. Ele nunca, em sua vida, se sentiu ansioso, impotente, mas feliz ao mesmo tempo. Era uma sensação estranha, mas que ele não a trocaria por nada. Sua dolcezza estava indo muito bem, seu filho estava indo muito bem. E logo, em breve, ele finalmente o conheceria. Sua própria carne e sangue. Seu primeiro filho. Quando a próxima contração veio, Molly empurrou e empurrou, com o rosto vermelho, em dor extrema, mas ela continuou. E fez o mesmo durante cada contração seguinte. Ela era tão forte. Muito, muito forte. Ele a admirava. Quem disse que as mulheres eram mais fracas do que os homens porque tinham sido amaldiçoadas com um útero, claramente nunca tinham visto uma mulher dar à luz.
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Não era uma maldição. Era uma bênção. Uma bênção que só mostrava o quanto as mulheres eram poderosas e resistentes. Molly não se curvou à dor, ela não desistiu. Ela cerrou os dentes e gritou através deles. Assim como ele sabia que ela faria. Ela lutou por Tensley e lutou por seu filho. Ele continuou a beijá-la, acalmá-la, a tirar qualquer dor que pudesse. Ela o usou, ela cravou fundo em sua pele e pressionou contra seu corpo atrás dela, mas ele não queria de outra maneira. Ele queria ser tudo para ela, nunca mais sair do lado dela e conquistar juntos. Pelo que pareceram horas, eles trabalharam juntos, acalmando e empurrando, chegando mais perto do fim. — Ela está coroando, — anunciou o médico, olhando entre as pernas abertas. — Eu vejo a cabeça. O coração de Tensley bateu ferozmente dentro dele. — Estamos quase lá, dolcezza. Mais um empurrão. Apenas mais um, ciccia. Você consegue. E quando a próxima contração veio, ela gritou, mas não parou. Ela empurrou, duro, profundo, e ele deu tudo o que podia. Tensley deu-lhe a força, o poder, a ira, a alma e o coração de ferro. Ao som do choro de um bebê, Molly caiu contra ele e os dois olharam para cima para ver um bebê pequeno, coberto de sangue, erguido acima dela. O médico colocou o filho chorando nos braços de Molly e suas mãos trêmulas embalaram-no contra o peito nu. Ela soluçou, um largo sorriso de choque e alegria lutando contra suas feições. Ela acariciou o cabelo grosso escuro em sua pequena cabeça.
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Tensley levou a mão para a frente e gentilmente acariciou as costas do filho. O filho dele. O filho deles. Sua voz ficou presa na garganta e ele piscou de volta o calor. Ele apertou Molly ainda mais, corou contra ela e a viu cuidar de seu filho recém-nascido. — Ele é tão bonito, — ela sussurrou através de um choro baixinho. Uma onda de emoções colidiu dentro dele, mas tudo que ele podia fazer era assistir. — Nós só precisamos levar o bebê para ter certeza de que ele está bem, — sua mãe disse a eles, e cuidadosamente o pegou, entregando-o ao médico. Molly relaxou contra ele, sua cabeça girando para o lado e ele percebeu depois de alguns segundos que ela estava ouvindo o batimento cardíaco dele. Ele passou um braço ao redor dela, sem se importar com o suor e o sangue entre eles enquanto o médico a limpava em torno de suas regiões inferiores. — E se ele não estiver bem? — Molly perguntou, cansada, enquanto tentava se sentar. Tensley segurou-a e afastou o cabelo do pescoço suado, beijando-a ali. — Descanse, dolcezza. Nós dois precisamos que você descanse. Ela cantarolou de volta para ele, mas não protestou e se aconchegou contra ele. Ele observou as mulheres e o médico examinando o bebê, analisando cada expressão para ver se descobria o que eles estavam pensando. Se o bebê dele não estivesse bem... Ele beijou a cabeça de Molly novamente e colocou sua bochecha contra o topo de sua cabeça. — Você foi incrível, dolcezza. Obrigado, — ele disse, a voz cheia de emoções. — Obrigado por me dar um filho. Nossa criança. Nosso garotinho. Mais uma vez, ela sussurrou de volta, mas ele pegou o leve sorriso em seus lábios carnudos.
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— Deve ser porque ela é uma daemon, — ele ouviu um sussurro. O médico coçou a bochecha e pegou o bebê nas mãos. Lentamente, ele se virou e levou o bebê de volta para Molly e Tensley. Molly se mexeu do sono e pegou o bebê de volta nos braços. — Ele é saudável, um pouco pequeno, mas nada alarmante, — disse o médico, mas Molly não estava prestando atenção. Seus olhos estavam colados ao filho deles. — Suponho pelos genes demônio e daemon que ele é forte o suficiente e saudável. Eu vou querer vê-lo regularmente para ficar de olho nele, mas por enquanto, ele está saudável. O médico fez uma pausa. — O que houve? — Tensley perguntou, olhando para o homem. O médico limpou a garganta. — Ele tem um coração cheio. Um coração humano. — O que isso significa para o bebê? — Molly perguntou, arregalando os olhos. O médico pareceu pensar sobre isso, sem saber qual deveria ser a resposta. — A verdade é que nós não sabemos realmente, Sra. Knight. Nós nunca encontramos um meio demônio com um coração humano. Mas não parece que cause alguma ameaça a ele, ele ainda é forte, mais forte que um humano seria. Eu acho que apenas o tempo dirá. Talvez, quanto mais ele crescer, mais descobriremos. Molly respirou devagar, sem dúvida nervosa com o pensamento. — Scorpios não vai gostar disso. Eles não vão gostar de saber que o herdeiro de Scorpios tem um coração humano completo. O que podemos fazer? — Eu vou convencê-los do contrário. Vou me certificar disso — disse Tensley e beijou sua bochecha. — Se ele tem um coração humano ou não, ele ainda é meio daemon e meio demônio, ninguém vai tirar isso dele. Ele é nossa carne e sangue.
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Tensley baixou o olhar para o filho. O bebê chorou baixinho agora e Molly arrulhou de volta para ele. Seus olhos se abriram brevemente e ela engasgou, o coração de Tensley congelando. A vivacidade do azul espiava através de seus cílios escuros. — Ele tem seus olhos, — sussurrou Tensley atordoado. — Ele tem olhos daemon, — ele repetiu, sua mente correndo a mil quilômetros por hora. Molly reprimiu um soluço e sorriu através das lágrimas. — Ele é um daemon e um demônio, — disse ela entre respirações gaguejadas. — Ele realmente é. Ele terá minha força e poder, não apenas o gene. Um menino. Um garoto daemon. Tensley sorriu de volta para sua explosão, mas seu próprio peito estava apertado de felicidade. — Lance não vai acreditar, — disse ela, com uma risada em sua voz. — Incrível ... — ela sussurrou para si mesma. Lentamente, Tensley colocou a mão em cima de Molly e apertou.
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CAPÍTULO 28
A luz da janela atingiu os olhos de Molly e ela os fechou. Exausta e dolorida, ela queria dormir, mas queria ver seu filho. O filho deles. Ela deu um tapinha ao lado dela na cama onde havia colocado o bebê, mas não sentiu nada. Seu coração acelerou e ela se sentou, para encontrar a cama vazia. Assim que estava prestes a se levantar e procurar, viu Tensley de pé junto à janela. Seu filho estava embalado em seus braços grossos de músculos e aço. O bebê choramingou, mas não chorou. Ele esticou os braços recém-nascidos, enrugados e pequenos, acima da cabeça, e Tensley balançou-o, segurando-o contra o peito nu. Pele à pele. A simples visão de ver Tensley segurando seu filho era algo que ela temia nunca ver. Isso quebrou e consertou seu coração ao mesmo tempo. A poderosa e mortal besta segurando gentilmente seu filho.
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Ela ficou quieta, com medo de assustá-lo, com medo de se afastar e perder essa cena de ternura crua e amor de uma fera que antes não tinha coração. Tensley silenciou o filho e passou um dedo pela espinha minúscula, acalmando-o. Molly engoliu em seco. Os olhos escuros de Tensley correram para os dela e ele parou, congelando por um segundo, apenas para continuar balançando o filho. — Eu não queria acordar você, — ele sussurrou, avançando. Ela não podia falar. Ela não conseguia desviar o olhar do homem à sua frente. — Eu acho que ele precisa de sua mãe, — acrescentou, sua voz rouca e espessa e tudo o que fazia seu estômago vibrar. Ela levantou os braços e ele se aproximou, colocando o pequeno bebê em suas mãos. Ela embalou-o contra o peito e recostou-se nos travesseiros que Tensley deve ter trazido. Depois que o médico devolveu o bebê, as mulheres a ajudaram a amamentar pela primeira vez e isso doeu muito. Logo adormeceu contra Tensley. Ela lutou contra o sono, mas ele venceu e Tensley a encorajou a dormir. Que ele cuidaria de seu filho. — Oi bebê, — ela sussurrou, fixando sua posição para que ele se deitasse em um de seus braços. Ela desabotoou a camisola e ele levou a boca ao peito. Ela sentiu os olhos de Tensley observando-a atentamente. Ele lutou no início, agitado, mas quando encontrou o mamilo, ele se agarrou. Ela ficou tensa com a dor desconfortável. — O que houve? — Tensley perguntou, com a testa franzida em preocupação quando se sentou ao lado dela. — É um pouco desconfortável, — ela disse a ele, recostando-se contra os travesseiros. Ela deu uma olhada para ele.
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Ele estava observando-a atentamente, seus olhos escuros colados às feições dela. Suas bochechas aqueceram. Esse homem tinha a capacidade de deixá-la sem palavras, de provocar emoções que ela nunca pensara existir e de fazer seu coração doer. — O quê? — Ela perguntou, franzindo a testa para ele. Ela sabia que provavelmente parecia uma bagunça. Seu cabelo estava oleoso e sua pele estava suada e ela definitivamente fedia. Mas ela se sentiu feliz. Ela tinha seu bebê. Seu filho em seus braços. O polegar de Tensley roçou a bochecha dela, devagar, dolorosamente, levando seu tempo, marcando seu toque em sua própria carne, e ela piscou de volta para ele, sem fôlego. — Você está dolorida? — Ele perguntou, examinando seu corpo. — Um pouco, — ela sussurrou de volta, olhando para ele através de seus cílios. — Venha aqui, — disse ele e ela se dirigiu lentamente para seus braços. Ele envolveu um braço ao redor da cintura dela e inclinou a cabeça, seus lábios tocando os dela muito lentamente. — Deixe-me tirar a dor. Molly caiu em seus braços, em suas palavras, seu bebê aninhado contra o peito. Os beijos eram macios, tão macios que pareciam plumas contra sua boca, mas ela sentiu a onda de endorfinas espalharem por seus membros, ajudando a aliviar a dor. Durante horas, ele a abraçou, gentilmente beijando-a, por afeição, por dever de cuidar dela, o filho entrando e saindo do sono no processo. — Isso é melhor? — Ele perguntou entre um beijo. Ela assentiu contra a testa dele. — Molly, — ele sussurrou, sua respiração se espalhando pelo cabelo dela.
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— Hm? Ela sentiu ele engolir em seco. — Eu descobri mais sobre a maldição. Mais do que você sabia. Molly segurou a respiração. — O que você descobriu? Ele trabalhou seu queixo e suspirou. — Que se meu coração for arrancado de novo… eu não voltarei. É a morte. Seu estômago caiu. — Mas você não tem nada com o que se preocupar, — ele disse enquanto beijava sua têmpora. Ele se afastou, talvez para dar uma olhada melhor nela, mas Molly, com o coração gelado, agarrou o bíceps dele. Ele franziu a testa para ela. — O que há de errado, dolcezza? Ela respirou trêmula e soltou. — Eu estou apenas... com medo. Suas sobrancelhas cruéis franziram em uma linha profunda. — Com medo de quê? Não vou deixar nada acontecer com você. Molly não pôde encontrar seus olhos e sacudiu a cabeça. — Não é isso... — Ela fixou o aperto em seu filho e ele arrulhou, aconchegando-se mais perto. Com outra respiração profunda, ela enfrentou o olhar de Tensley. — Receio que tudo isso desapareça. É bom demais para ser verdade. Eu tenho você de volta, mas estou com tanto medo de perdê-lo novamente. — A umidade encheu seus olhos e ela abaixou a cabeça, acariciando a bochecha macia do bebê. Malditos hormônios da gravidez ainda dominando suas emoções e corpo, ela queria dizer. Ela mal podia esperar que isso finalmente fosse embora... A mão grande de Tensley segurou seu rosto e levantou o queixo para encontrar o olhar dele. Seus próprios olhos estavam escuros, segurando uma violenta tempestade dentro deles.
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— Dolcezza, eu não vou a lugar nenhum. Nunca mais, — ele rosnou e quando uma lágrima deslizou pelo seu rosto, o polegar dele pegou e ele alisou em sua pele. — Nenhuma corte, nenhum deus, nenhum dever me afastará de você. Nem mesmo a morte. O coração de Molly tremia dentro de sua caixa torácica pela mera força de suas palavras. Tão poderoso, tão cruel e mortal - um deus se curvaria para eles. — Este coração, — ele sussurrou, agarrando seu pulso e colocando a palma da mão contra o peito para sentir o trovão de seu próprio coração. Seus olhos escuros perfuraram os dela e roubaram sua respiração. — Este coração é seu. Todo seu. Ninguém nunca vai tirar isso de mim de novo. Ela não podia desviar o olhar de onde sua mão pálida estava, sentindo o baque de seu coração de ferro. Seu coração de ferro. Estava de volta. Era dela. Ela soluçou abertamente, exausta, feliz e oprimida. — Dolcezza, — Tensley se calou contra sua bochecha antes de pressionar outro beijo precioso lá. Sua língua lambeu algumas lágrimas de sua pele e então ele a beijou novamente. — Como vamos chamá-lo? Ela riu disso e os dedos de Tensley varreram a testa do bebê. — Ele parece com você, — disse ela, tocando o nariz de botão e o bebê arrulhou. — Tudo o que vejo é você nele, — Tensley sussurrou de volta. Quando ela olhou para ele, viu com que ternura Tensley o observava. Tão perto, ouvindo, observando qualquer som. — Você quer segurá-lo? — Molly perguntou, deslocando o bebê em seus braços. Tensley olhou para ela e fez uma pausa. Uma vez que ele assentiu, Molly colocou o bebê de volta em seus braços poderosos e ele o embalou contra seu peito nu, recostando-se.
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Molly recostou-se contra o lado dele, apoiando a mão no seu peito. Ela observou as duas pessoas mais importantes em sua vida, a luz do sol entrando lentamente sobre eles. — E quanto a Salvatore? — Molly perguntou, acariciando o peito de Tensley em círculos suaves. Tensley fez uma pausa, as sobrancelhas franzindo enquanto ele olhava para seu filho. — Em homenagem a seu pai. Acho que sua mãe adoraria — disse ela com um sorriso suave, mas triste. Triste pela mulher que claramente perdera um homem com quem ela se importava tanto. Talvez, Salvatore tivesse sido o Tensley de Daphne. Seu sorriso se divertiu com o pensamento. O bebê murmurou novamente e Tensley levou o dedo indicador ao pequeno punho do filho. O punho do bebê abriu e envolveu aquele dedo. — Salvatore, — ele murmurou de volta e o bebê gorgolejou, um leve sorriso aparecendo. Tensley riu sem fôlego. Um canto de sua boca se curvou. — Meu pequeno guerreiro. Ela beijou sua mandíbula e ele se virou, capturando sua boca e no calor da escuridão, os três viviam em uma fantasia. As horas se passaram e Tensley atendia Molly - mesmo quando ela tentava conseguir algo para si mesma, ele se oporia e levava tudo para ela. Comida para seu estômago roncando. Absorventes para o sangramento pós-parto. Creme para seus mamilos doloridos. Quando ela finalmente anunciou que tinha encontrado a coragem de tomar um banho, ele trouxe-lhe uma sacola cheia de diferentes tipos de xampus, condicionadores, sabonetes líquidos, bem como uma quantidade ridícula de outros produtos que ela não precisava. Ela riu disso, dizendo que se ele achava que ela fedia e precisava tomar um banho, só tinha que pedir.
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Isso só o fez franzir a testa. E ela riu mais um pouco. Quando o bebê chorava, ele se levantava e trazia o bebê para ela. Era pura felicidade. Tudo isso. Ela não queria deixar Tensley ir, mas o peso da Suprema Corte era enorme em seu peito. Ela não queria que eles se separassem. Ela não queria perdê-lo novamente. Cada vez que ele a tocava, acariciava-a, beijava-a, mesmo quando apenas a olhava, sentia o calor passar por ela. A besta foi domesticada, e o coração de ferro era dela novamente, mas por quanto tempo dessa vez? Ao som da porta se abrindo, ela se virou para ver Daphne na ponta dos pés. — Mãe, — resmungou Tensley, inconsciente que Molly não estava dormindo, mas observando-o ler os papéis ao lado dela. — Ela está descansando. Ele se levantou da cama e parou na frente da porta. — Eu só queria ver meu neto, — sussurrou Daphne de volta. — Você os trancou por dois dias. — Ambos precisavam de descanso. Eu precisava curá-la — ele disse a ela e o coração de Molly se aqueceu. — Parto é natural, Tensley, — argumentou Daphne. — O corpo de uma mulher foi feito para dar vida. Tensley suspirou e cruzou os braços. — Eu não gostei de vê-la com dor. Nenhum dos dois falou, mas ela viu a expressão suave no rosto de Daphne enquanto olhava para o filho. — Ambos são saudáveis. Ambos estão seguros. Você também precisa dormir — disse ela, tocando o braço dele. — Eu vou dormir quando for seguro, — ele disse a ela. — Eu não vou arriscar nenhum deles.
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Daphne sorriu para ele e tocou sua bochecha. — Você me lembra muito do seu pai. — Eu não sou ele, mãe, — ele disse a ela, suavemente, mas Molly conhecia a mágoa que amarrava em sua voz. — Molly quer nomear o bebê Salvatore. — Oh, — disse Daphne e olhou para a cama. O bebê estava deitado no peito de Molly, dormindo profundamente. — Você quer nomeá-lo assim? Eu entendo que você e ele não eram muito próximos. Tensley ficou em silêncio e depois de um momento, voltou para a cama. — Se ela quer chamá-lo assim, então eu estou bem com isso. O que ela quiser. — Ela faz você verdadeiramente feliz, não é? — Daphne perguntou da porta. Silêncio, e então Molly sentiu a mão de Tensley acariciar sua bochecha e seu cabelo, escovando-o para o lado. — Ela faz. — Durma, Tensley — disse Daphne e fechou a porta. Tensley continuou a acariciar seus cabelos e ela quase caiu no sono até que sua voz rouca a despertou. — Você é minha corte, — ele sussurrou. Seu polegar pressionou o lábio inferior e puxou. — Você é minha coroa. — Seu polegar acariciou círculos em seus lábios e então ele se inclinou para frente, pressionando seus próprios lábios brutais aos dela. — Você é minha rainha. Molly piscou para conter as lágrimas e apertou ainda mais o filho, olhando para ele. Ela sentou-se e beijou-o uma vez, duas vezes, e perdeu a conta. — E se o nomearmos Illya? — Ela perguntou contra sua boca. Ele fez uma pausa e ela sentou-se, tentando ler sua expressão. — Illya? Ela esfregou o peito e sorriu. — Sim. Illya Salvatore Knight.
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Seus lábios se curvaram em um fantasma de um sorriso e ele beijou o nariz de Illya. — Meu guerreiro.
***
Dias se passaram e o bebê Illya cresceu, mais rápido do que o médico esperava, mas ele era saudável. Enquanto Molly o colocava no berço, ela não conseguia desviar o olhar. Toda noite ela dormia entre eles, mas Daphne sugeriu que experimentassem o berço. Felizmente, Tensley não havia saído e lidava tanto com Scorpios quanto com a Suprema Corte o máximo que podia. Quando ele não estava lidando com isso, ele estava com ela. Ela nunca teria imaginado que ele se envolveria tanto com o bebê - trocando fraldas, balançando-o para dormir, banhando-o, segurando-o. Tudo o que ele queria era estar com eles. — Dolcezza, — Tensley sussurrou em seu ouvido e abriu as mãos grandes em sua barriga. Ainda estava flácida, mas todos disseram que a amamentação ajudaria a perder peso. Tensley beijava sua bochecha e dizia a ela o quão bonita ela era constantemente. — Venha para a cama. — Eu vou, — ela sussurrou de volta. — Eu vou vê-lo, — disse ele quando ele pegou a mão dela, guiando-a de volta para a cama. Ela franziu a testa para ele e obrigou-o a se deitar. — Você precisa dormir também. — Ela penteou o cabelo para trás e ele sorriu para ela. — O quê? — Você vai ser uma mãe mandona? Ela tentou franzir a testa, mas o sorriso ganhou e ela bateu no braço dele. — Você gosta de mim mandona. — Eu gosto em certos lugares, — ele murmurou e beijou-a, sua mão segurando sua coxa e movendo-a para mais perto. — Recebi uma carta.
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— Hmm? — Da Suprema Corte — ele disse a ela e ela se sentou. — O que ela diz? — Seu coração estava em sua garganta. Aqueles olhos escuros olhavam para ela. — A corte sabe que o bebê nasceu e dizem que ele deve ser apresentado a corte, conforme a tradição.
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CAPÍTULO 29
Aqueles olhos vividos brilhavam - um furioso e cruel furacão retorcendose dentro deles. — Tensley, — ela engasgou. — Não se preocupe, eu não vou deixá-los chegar perto de nenhum de vocês, — disse ele, acariciando o cabelo atrás da orelha. Ela franziu o cenho para ele. — Eles não vão descansar até vê-lo, Tensley. Simplesmente diga-lhes que não criará mais problemas. Sua mandíbula enrijeceu. Ele sabia que ela estava certa. A tensão entre ele e a corte, especialmente agora entre Lilith e ele, não era boa. Ela lhes contou sobre a maldição? Sobre o coração dele? Eles tentariam matá-lo na chegada? Ela havia lhe enviado cartas dizendo que ele ou retornava para a Suprema Corte com o bebê imediatamente, ou ela enviaria alguém até ele. Ele sabia que, se voltassem à corte, estaria em perigo. Assim como Molly e o bebê. Ele não confiava em uma única alma lá. — É costume que o filho do rei seja abençoado em frente à corte, com o rei e a rainha presentes também, — disse ele. — Mas
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foda-se suas regras e costumes, eu sou o rei agora e está corte não me domina. Eu não vou arriscar levar vocês dois comigo. É muito perigoso. — Tensley, não vou deixá-lo ir sozinho. Se você for, eu também vou. Especialmente agora, mais do que nunca, com seu coração e a fera se unindo por causa da maldição. Eu não sabia, eu... sinto muito, Tensley... se eu soubesse... — ela balançou a cabeça, uma profunda carranca gravada entre as sobrancelhas lindamente esculpidas, e ele estendeu a mão para ela, alisando-a suavemente. — Você corre risco agora que Lilith sabe. E ela pode estar contando a maldita corte enquanto falamos. Mas eu estou... estou mais forte que nunca. Com meus poderes em plena capacidade, sou uma verdadeira ameaça para eles. Mas eles não sabem disso ainda, posso deixá-los pensar que estou fraca, deixá-los pensar que podem me controlar, para que não suspeitem que eu seja algum tipo de ameaça. Se eles te machucarem, Tensley... eu... — ela balançou a cabeça novamente, afastando as palavras. — Podemos nos proteger juntos. Somos mais fortes juntos. Ele olhou para a mulher rara na frente dele, tão terna, mas muito veneno em seus ossos e sangue. Ela era algo pelo que os deuses teriam lutado, teria feito guerras e conquistado cidades só para vislumbrar esse doce veneno. E era dele. Ele queria agradá-la, ele queria fornecer e protegê-la, e se ela queria ir à corte com as cobras, ele ficaria ao lado dela. As pontas dos dedos dele traçaram a borda do rosto dela, varrendo entre seus cachos dourados e agarrando-os suavemente. — Você é a domadora de bestas. Seu comando é uma ordem — sussurrou ele, seu olhar demorando-se naqueles lábios rosados. — Mas temos que ser muito cuidadosos, Molly. Não tenho dúvidas de que Lilith me quer morto. E não me surpreenderia se você fosse a próxima em sua lista. Ela está cansada de nós. Ela fará uma jogada, de alguma forma. Então devemos estar prontos, devemos ter cuidado. Eu não quero você fora da minha vista, — ele disse enquanto seu polegar subia para acariciar seu lábio inferior, puxando-o para fora.
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Um brilho de desejo iluminou seus olhos e ela também olhou para os lábios dele. — Eu simplesmente domei uma fera. Minha fera, — ela disse e colocou a mão em seu peito. Ele a deixou sentir o rugido de seu coração proibido. Ele se inclinou para frente, seus lábios roçando os dela com um toque que só transformou sua fera. Ele cerrou as mãos. Ele precisava ser gentil com ela e ele faria. Ele gostava de observá-la por causa do bebê, vendo-a franzir a testa quando estava preocupada que fizesse algo errado com ele. Foi como um renascimento do amor deles. — Nós vamos amanhã, — disse ele, descansando a testa contra a dela e puxou-a para mais perto de seu peito. — Eu vou encontrar um jeito de estar aqui. Tanto quanto possível, dolcezza. Eu não vou sacrificar mais tempo longe de você. Uma corte de cobras nunca seria mais importante do que você. Mas a única maneira de escapar desta coroa é a morte, e não estou pronto para deixar minha esposa sozinha — disse ele com um sorriso irônico e sedutor. — Eu ainda gosto muito dela. Então lutaremos, e faremos aquela corte se ajoelhar de uma vez por todas. Ela apertou os olhos vívidos e uma única respiração dolorosa passou por seus lábios. Ele gentilmente acariciou sua linha da mandíbula, acalmando-a para abrir os olhos novamente. Quando ela fez, eles estavam molhados e injetados e seu lábio inferior tremeu, mas ela sorriu para ele. — Eu te amo. Eu não me importo se é proibido, eu não me importo se é uma maldição contra você. Eu não me importo. Eu te amo muito, — ela engasgou e grandes lágrimas peroladas rolaram por suas bochechas rosadas. Ele beijou suas bochechas molhadas e lambeu as lágrimas. Ele sorriu para ela. — Amaldiçoe-me novamente, dolcezza. Amaldiçoe-me todos os dias pelo resto da minha vida. Ele roçou os lábios contra ela e eles caíram juntos na cama. Ele a segurou, passando os dedos pelos cabelos dela e ouvindo-a respirar lenta e profundamente.
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Amanhã eles voltariam ao inferno. Amanhã, ele levaria as duas coisas mais preciosas em sua existência sombria para o reino mais sombrio. Amanhã, ele mataria uma rainha se isso significasse salvá-los.
Tensley observou a multidão de homens e mulheres abatidos na frente dele. Ele precisava falar com eles. Ele precisava levantar os ânimos antes que ele e Molly fossem a Suprema Corte. Ele precisava ser o líder que não tinha sido por mais tempo do que ousava pensar. A sala de reuniões estava em silêncio, todos os olhos nele enquanto ele se levantava, limpando a garganta. Sua dolcezza tomara as rédeas enquanto ele estava fora, mas esse era seu dever. Seu povo para cuidar e ele nunca iria abandoná-los. Ele acenou para o irmão, Beau, que estava parado a alguns metros de distância. Após o sinal, Beau rosnou baixinho, sempre a fera, e a sala silenciou, todas as cabeças voltadas para Tensley, esperando. — Demônios, membros de Scorpios, eu, Dux de Scorpios, estou diante de vocês hoje porque já sofremos muito. Scorpios tem passado por tempos difíceis, tempos árduos. Fomos ameaçados de guerra e lutamos contra inimigos e, ao fazê-lo, perdemos alguns soldados fortes e corajosos de nossa família. Nós também perdemos inocentes. Amigos, filhas, filhos, maridos, esposas, mães... e, como alguns de vocês, compartilho a perda de um pai — começou ele, retificando, seus olhos examinando a sala lotada. — Ares conseguiu envenenar alguns de nós por dentro, forçando alguns de nós a se virar sozinho, mas nós enfrentamos. Nós não recuamos. Nós, escorpianos, nascemos com cicatrizes brutais marcando nossa pele e crescemos
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aprendendo a abraçá-las. Porque as nossas cicatrizes são o que nos torna mais fortes, são elas que nos tornam mais cruéis para os nossos adversários. Derrotas e perdas não devem ser esquecidas, enterradas na vergonha. Elas devem ser abraçadas também, assim como nossas cicatrizes, para que, em família, possamos aprender com elas, para que juntos possamos aprender com elas e continuar a crescer mais forte e prosperar. — Eu posso usar o título de rei, mas sempre serei, em primeiro lugar, de Scorpios. Não há sangue real correndo em minhas veias, mas há sangue de Scorpios correndo através delas, e não se pode esquecer seu próprio sangue. Ele vive dentro de mim, alimenta minha alma e preenche o ar que eu respiro. Eles podem quebrar meus ossos, me fazer sangrar até a morte, isso não mudaria nada. Eu sou um escorpiano. Eu sou um de vocês. Ninguém, nem rei, nem deuses, pode levar o que somos para longe de nós. Mesmo na morte. — Os homens que perdemos nesta guerra devem ser lembrados com respeito e honra. Somos irmãos, somos um e nenhuma sepultura no inferno mudará isso. Nós atacamos, sem provocação! — Ele rugiu seu lema, e os homens e mulheres na multidão se juntaram com o mesmo tom. Tensley fez uma pausa, colocando as mãos em punhos ao lado dele. — Mas a cada morte vem um nascimento. Alguns dias atrás, fomos abençoados com um. Com uma criança com sangue de Scorpios, correndo profundamente dentro dele. Meu filho, Illya Salvatore Knight, nasceu na sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017, apenas algumas horas após o derramamento de sangue que passamos em família. A multidão se mexeu com isso, mas se acalmou. — Ele tem um coração, um coração humano. Um que bate e pode vencer por amor. Mas ele ainda é de Scorpios. Ele ainda possui nosso veneno, nosso sangue implacável dentro dele e será criado ao nosso lado. Ele será criado como um de nós, criado para ser o herdeiro. Nós vamos crescer, vamos nos reconstruir, e vamos nos levantar como nossos antepassados. Nenhum outro grupo nos rivalizará. Nenhuma corte nos governará, mas nós mesmos. Os homens aplaudiram e Tensley se virou, saindo do salão.
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Uma mão trancou em seu ombro e ele olhou para trás para ver Illya lá. Os olhos injetados de Illya perfuraram os seus. Ele não precisou dizer uma palavra e puxou-o para um abraço. Um abraço de irmãos, um abraço que dizia muito mais do que palavras jamais poderiam. Ele dera o nome de seu melhor amigo ao filho, e Tensley nunca se arrependeria de sua decisão. Illya era um guerreiro. Ele passou por tanto, perdeu muito, mas saiu como sobrevivente, sempre. E Tensley se certificaria de que seu filho crescesse para admirar o homem. Ele cresceria para ser um guerreiro também.
***
Molly arrumou seu capuz novamente e segurou a bebê Illya mais perto de seu peito quando eles entraram no palácio. Tensley ficou ao lado dela, seu braço roçando o dela. De vez em quando, ele se virava para ela e ela sabia que ele estava preocupado. A manhã inteira ele andou de um lado para o outro, em silêncio, perdido em seus próprios pensamentos e ela não o questionou. Eles estavam voltando para o coração da fera. O último lugar que ela queria estar, mas ela faria isso. Ela agradaria a corte para que eles pudessem deixá-los em paz. Mas o que aconteceria depois? Eles iriam querer mais deles? Seu filho era tecnicamente o novo príncipe. Iriam querer que ele estivesse presente na corte? Ela fez uma careta para isso.
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Não, o filho dela ficaria com ela. Longe da corte de cobras e lobos imundos que queriam se banquetear com seus filhotes e destronar seu rei. Ela estremeceu com o pensamento e aumentou o aperto em Illya, que arrulhou suavemente, seus pequenos punhos enrolados em seu peito. As pontas dos dedos de Tensley acariciaram as costas da mão dela e ela olhou para ele. Ele a fitou, suas feições desenhadas em uma expressão vazia, mas era o seu toque que lhe dizia que ele estava lá. Eles estavam juntos e ele não deixaria nada lhes acontecer. Ela sorriu levemente de volta para ele. Quando se aproximaram da sala do trono, Molly ouviu as vozes da corte - barulhentas, poderosas - e lembrou-se do dia em que a expulsaram. Ela andou até portas ao lado do marido, do rei e do filho recém-nascido nos braços. Eles tentaram condená-la, destruir o pequeno relacionamento que ela tinha com Tensley, mas ela havia se levantado e agora estava acima deles. Seto estava de pé às portas duplas, com as mãos cerradas atrás das costas e a cabeça baixa ao se aproximarem. Sua expressão severa suavizou ao som do bebê arrulhando, seus braços tremiam ligeiramente e Molly sorriu para Seto. Ela parou na frente dele e afastou a manta branca enrolada em torno de Illya, mostrando-lhe o bebê sonolento. Seto não o tocou, mas o encarou, lentamente, absorvendo-o. — Ele é um lutador. Illya grunhiu de volta e procurou por seu seio, ficando irritado. Molly acariciou suas bochechas rechonchudas. Quando ela olhou para Seto, viu o desejo pela mesma coisa. Ele queria um filho; ele queria ter uma família com Prim. Depois de tudo o que tinham passado, ela esperava que eles tivessem. Eles mereceram finalmente ser felizes. — Como está Prim, — ela perguntou com uma expressão preocupada.
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Os olhos de Seto ficaram tristes e pesados. — Ela… ela está um pouco melhor. Lentamente, estamos... estamos chegando lá. A corte rugiu atrás das portas e Molly franziu o cenho. — As feras estão inquietas, não estão? Tensley colocou a mão nas costas dela e olhou para as portas. — Eles querem vê-lo. Depois disso, esperamos que se acalmem. Os lábios de Molly se estreitaram. Ela duvidava disso, mas imaginou que Tensley estava dizendo isso para consolá-la. — Vamos, — ela disse a ele, como se fosse ela agora a inquieta. Ela queria isso para que eles pudessem voltar para casa. Ela roubou um último olhar precioso para seu bebê e beijou suas bochechas. Era aterrorizante quanta influência, quanto poder esse bebê tinha sobre uma corte de demônios sedentos. — Se... — Seto disse, parecendo apressado. — Se alguma coisa acontecer. Se algum de vocês estiver em perigo, quero que saibam que podem contar comigo. Para ajudá-los, para protegê-los. Tensley acenou com a cabeça, seus olhos dizendo as palavras que ele não disse. Ele estava grato. No fundo, Molly sabia que Tensley, por mais forte que fosse, aceitaria qualquer ajuda que pudesse conseguir para protegêlos, proteger sua família. Seto assentiu de volta, depois seus olhos se deslocaram para os guardas dos dois lados das portas e eles se moveram, empurrando as pesadas portas de ferro, abrindo-as. A corte silenciou. Molly olhou para a sala do trono, brilhando em detalhes dourados e pisos de mármore branco, olhando para os demônios que se alinhavam em cada lado do corredor, levando aos tronos. Ela olhou para Lilith e o príncipe no final, em frente a Tensley e a ela.
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Molly respirou profundamente, endireitando as costas na frente da corte. Ela não tinha mais medo deles. Ela era uma daemon e ela não se curvaria a ninguém. Especialmente a Lilith. A mão de Tensley, ainda quente em suas costas, acariciou uma vez e então ele os moveu para frente. Juntos, com o filho recém-nascido, os dois, lado a lado, caminhavam com leveza e graça pelo corredor. Cada demônio os observava em silêncio. Ninguém aplaudiu, ninguém falou enquanto se moviam, seu vestido sussurrando no piso de mármore. Illya aconchegado contra o seio; completamente inconsciente do perigo que o cercava. Quando se aproximaram dos dois tronos de ouro, os dedos de Tensley se apertaram contra ela. Ela olhou para Lilith, seu olhar inabalável e Lilith não desviou o olhar. O príncipe estava mais para o lado, uma mão enluvada segurando a alça de sua espada, uma expressão indiferente em suas feições. Tensley trouxe um bebê para a corte, seu filho, um futuro herdeiro, e o príncipe foi forçado a ficar à margem, esperando novamente por sua chance no trono. Ela se perguntou se o príncipe ainda se mantinha fiel à sua promessa. Se uma ela devolvesse o coração da fera, ele receberia o trono. Mas se Tensley desistisse do trono agora, como eles se protegeriam da corte? Ele parecia acreditar que sua única saída era através da morte. Mas Tensley tinha o poder de quebrar regras, regras que incluíam seu próprio coração, agora batendo contra suas costas como um lembrete constante de que ele estava lá. — Meu rei — disse Lilith, seus olhos se voltando para Tensley e ela fez uma reverência, baixando, mas sua cabeça nunca se curvou, seu olhar nunca se afastou do dele.
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Lentamente, ela levantou, um fantasma de um sorriso brincando em seus lábios. — Estamos satisfeitos com o seu retorno. Tensley simplesmente ficou em silêncio, a mandíbula travada e a mão massageando as costas de Molly. Ela se perguntou se tocá-la seria mais para acalmá-lo. Illya arrulhou e Molly olhou para ele, arrulhando de volta, balançando-o algumas vezes para acalmá-lo também. Quando ela percebeu o quão silenciosa a corte estava, ela olhou para cima e viu Lilith olhando para a criança com uma carranca. — Essa é a criança? — Lilith perguntou, voltando sua atenção para Tensley. — Nosso filho, — disse ele com uma acidez em suas palavras. — Você deseja ungi-lo e apresentá-lo a corte. Ela assentiu com a cabeça uma vez, os olhos voltando para o bebê nos braços de Molly. Ela olhou muito mais tempo do que Molly estava confortável e um flash de algo sombrio brilhou em seus olhos. Um olhar que Molly não confiava.
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CAPÍTULO 30
Lilith estalou os dedos; assustando Molly e um homem se aproximou, carregando uma tigela de água benta. O homem curvou-se diante dos dois, as mãos trêmulas quando a tigela de porcelana branca balançou, a água espirrando. Lilith sibilou para ele quando pegou a tigela e ele se curvou novamente, afastando-se. Lentamente, Lilith se virou para eles e sorriu. — Iremos ungir o herdeiro da Suprema Corte, para abençoá-lo com ossos de aço e uma alma de ferro. Para lavá-lo em nossos pecados, que ele os absorva em sua nova carne e renasça uma besta. Que ele honre Sonolios e persiga sua donzela na escuridão. Que seu sangue seja um sinal de crueldade, não de compaixão — recitou ela, sua voz alta e forte, ecoando contra os altos tetos de catedral. Molly engoliu em seco, ajeitando o bebê e observando Lilith cuidadosamente. Cada passo que ela dava, o estômago de Molly se apertava ao ponto da dor. Quando ela parou bem na frente deles, seu olhar perfurando o de Molly, ela gesticulou para Illya. — Me passe a criança, — Lilith exigiu. — Sua pele não pode ser mais contaminada por você. Molly rangeu os dentes e deu-lhe um olhar azedo.
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Murmúrios enchiam a sala, a corte observava, esperando que alguém se movesse, que alguém atacasse. Tensley se adiantou, meio que bloqueando Molly e levantou a mão. — Eu o farei. Molly suspirou trêmula e viu Lilith a contragosto entregar a tigela. Ela lançou um olhar final a Molly e deu um passo para trás. Tensley se virou para encará-la, suas grandes mãos segurando a tigela de porcelana, a água molhando as pontas dos dedos bronzeados. Ele avançou, elevando-se sobre ela, o bebê entre os dois corpos e inclinou a cabeça sobre a dela. — Isto é simplesmente água benta. Nada que prejudique nosso bebê — ele sussurrou para ela e seus ombros relaxaram. Ela olhou para ele através dos cílios, vendo a cabeça baixa, o cabelo escuro caindo sobre os olhos enquanto olhava para o filho. Ela quis beijá-lo então, o desejo era tão forte que ela teve que morder o interior de sua bochecha e provou o ferro do sangue. Lentamente, ele levantou uma mão e mergulhou os dedos na água. Ela observou a água ondular suavemente e, com a mesma lentidão, ele os ergueu, gotas de água grudadas nas pontas dos dedos. Sua mão se moveu e pairou sobre o cabelo escuro de Illya. Algumas gotas caíram sobre sua testa e ele se mexeu em seus braços. Suavemente, os dedos de Tensley desceram e alisaram a testa do filho. As gotas rolaram por sua cabeça, encharcando seus cabelos. — Desperte a fera implacável, abençoe seus ossos e seu sangue com ferro e aço, e mergulhe-o nos pecados de nossos pais, — ele falou, humilde, mas com o silêncio mortal da corte, cada membro ouviu claramente. Um único golpe de seus dedos molhados na testa e ele deixou a mão cair. — Eu vou pegá-lo.
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Molly encontrou seus olhos escuros e calmos e sentiu o trovão bem fundo dentro dela. Um olhar e ela era dele mais uma vez. Ela passou o bebê para os seus braços fortes e ele embalou-o, sem um pingo de preocupação quando Illya gritou com o movimento repentino. Mas logo ele se acalmou, agarrando-se ao pai e se virou para enfrentar a corte, exibindo o filho de seu rei. Cada membro se curvou, uma onda de homens e mulheres agachados até os joelhos e abaixando a cabeça em respeito. Duas pessoas, no entanto, não se curvaram. Lilith e o príncipe. O peito de Molly ficou pesado com a simples visão dos demônios de joelhos diante do marido e do filho. Tensley virou-se e aproximou-se, com a cabeça inclinada para o lado. — Venha. Molly franziu a testa, mas seguiu-o enquanto ele marchava além dos tronos até a varanda, situada na frente do palácio de pedra. Assim que eles entraram na luz do sol, a multidão grossa abaixo deles rugiu tão alto que Molly se encolheu. O vento soprava seu cabelo na frente de seu rosto e seu coração disparou, olhando a multidão excitada. — Eles vieram para vê-lo, — disse ele, acariciando as costas de Illya. Quando ela olhou para ele, ele estava olhando para ela, a cabeça abaixada ao lado do filho. — O filho de um demônio e uma daemon. Com isso, ele levantou Illya e a multidão rugiu, jogando os braços para cima. O poder de seus gritos vibrou através de Molly. O poder que o filho já possuía, o fascínio que ele gerava nas pessoas, a surpreendeu, mas também fez com que seu estômago se contorcesse dolorosamente.
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Tensley embalou-o de volta em seus braços e, quando se afastaram, deu um beijo na testa dele. Um gesto proibido, mas derreteu seu coração até que ela mal podia respirar. Illya se mexeu, choramingando e seus olhos se agitaram. Molly olhou rapidamente para Lilith, a apenas alguns passos de distância, e simplesmente avaliando sua expressão disse-lhe o que ela temia. Lilith tinha visto seus raros olhos azuis. — Seus olhos, — disse Lilith, tão alto que o salão inteiro atrás dela ficou em silêncio. — Ele é um daemon. Ele tem os olhos daemon. A mandíbula de Tensley enrijeceu. — Sim ele é. Meio demônio, meio daemon. Lilith não conseguia desviar o olhar do bebê em seus braços e isso fez com que o estômago de Molly se apertasse de preocupação. Tensley olhou para Lilith e continuou a se mover pelo salão, Molly ao seu lado. Ela protegeria os dois. Com a vida dela.
***
Tensley observou cada membro da corte que se atreveu a se aproximar dele e sua família. Lilith havia insistido em mais um banquete, justificando-o como uma celebração da unção de Illya. Tudo o que ele queria era levar Molly e seu filho para casa em segurança. Quanto mais tempo ficavam, mais perigosa ficava a situação. Lilith parecia toda doce, mas ele não era um homem estúpido. Ele sabia que ela não tinha esquecido a última conversa.
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Não parecia que ela havia contado à corte sobre a maldição ainda, mas ele não duvidava que ela anunciasse quando ele e sua família estivessem presentes. Ele iria protegê-los, no entanto. Ninguém se aproximaria deles sem sua aprovação. Ele viu quando o príncipe se sentou em frente a ele, seus olhos escuros com uma raiva que fervia sob sua pele. Illya choramingou nos braços de Molly. Ela estava sentada ao lado dele e com o som, ela o aproximou do rosto, falando com ele suavemente. — Ele está bem? — Perguntou Tensley, baixinho, o olhar fixo nas mesas ao redor - os membros conversando entre si, olhando de relance para a mesa alta. Molly arrulhou para o bebê. — Eu acho que ele está apenas com sono. Sua mão tocou sua coxa e apertou. — Vocês dois precisam descansar. Ela franziu o cenho para ele, mas sua mão debaixo da mesa apertou novamente. — Você vai ficar aqui? Ele apertou a mandíbula. — Não tenho certeza. Eu deveria. Ela assentiu com a cabeça, mas ele sabia que a rasgava por dentro, assim como acontecia com ele. — Eu daria qualquer coisa para adormecer ao seu lado a cada noite, — ele sussurrou, acariciando sua coxa e sentiu-a estremecer sob seu toque. Ele olhou para ela e podia dizer pelo brilho suave em seus olhos, que ela queria beijá-lo, tocar sua bochecha, mas se conteve. Na frente da corte, ele era a fera, nunca o homem. Mas a portas fechadas, ele era dela. Besta e homem. Completamente. Pecaminosamente. Dela.
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Illya se agitou e Molly suspirou. — Eu acho que ele está ficando com fome também. Eu vou ao seu quarto para alimentá-lo, ok? Tensley se levantou da cadeira. — Eu vou acompanhá-la. Molly lutou com um sorriso se formando em sua boca e ele a ajudou a se levantar, colocando uma mão na parte inferior de suas costas. Eles saíram da plataforma e se dirigiram para o corredor. — Meu rei, — a voz de Lilith perturbou seus pensamentos e ele olhou para vê-la se aproximar deles. Seus olhos foram para o bebê se agitando nos braços de Molly. — Os membros e eu gostaríamos de ver o bebê. Julgar por nós mesmos o poder que ele detém. O aperto de Tensley aumentou e ele olhou furioso para ela. — Não há necessidade. Ele é meu filho. Portanto, ele é o príncipe. Molly pressionou o bebê contra o peito, sem esconder sua carranca. Lilith sorriu fracamente. — Se você deseja manter essa coroa em sua cabeça, entregará o bebê. — Ela estendeu as mãos e deu um passo à frente. Molly olhou para as mãos por um longo momento e depois sacudiu a cabeça. — Você não vai tocar o meu filho. A multidão se acalmou com o som vicioso da voz de Molly. O sorriso de Lilith se contorceu e ela sacudiu as mãos para fora. — Você irá. Você não está acima desta corte. Você não está acima de mim. — Eu sou o rei, — resmungou Tensley, pisando na frente de Molly, guardando, protegendo-a dessa merda absurda. — Eu estou acima de você e digo não. Você não vai tocar o nosso filho. — Você não é nada além de um mero peão na minha corte. Você não tem poder real sobre essas pessoas, sobre mim, e você sabe disso — Lilith retrucou. — Eu posso tê-lo visto como um rei digno uma vez, um companheiro digno, mas posso ouvir esse coração perverso dentro de você batendo, pulsando e isso me deixa doente. Perturba-me como meu falecido
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marido arrancou seu coração de ferro há meses e ela já te infectou de novo. Quão rápido você caiu, quão rápido você se curvou a uma prostituta, a uma traidora. — Os olhos dela passaram por ele, mas ele se moveu para que ela não pudesse ver Molly. Ele sentiu a raiva envolver em torno de sua garganta e pulsos, acorrentando-o ao local. Ele queria arrancar a cabeça dela. Ele queria rasgá-la em pedaços. — Recue, — ele latiu, cerrando os dentes. — A besta, seu malvado chamado rei, — disse Lilith, muito alto, para cada membro da corte ouvir, — tem um coração. Ele bate violentamente dentro dele, enfraquecendo-o, fazendo-o desejar coisas que um demônio não deveria. Se ele nos governar, se ele nos liderar, nos forçará à condenação e desgraça. Pense em seus escravos, pense na sujeira que vive fora dos muros deste castelo. Trabalhadores, plebeus, forasteiros. Eles não são melhores que este rei. O que eles pensarão se o virem nos governando? Que tipo de imagem nossa isso lhes dará? Que somos fracos, que não estamos acima deles, que nosso sangue não corre mais puro que o deles. Eles se revoltarão contra nós, eles buscarão mais poder. Nós não devemos deixá-los, não devemos manter um rei que espelhe mal nossa linhagem, nosso sangue e prestígio. A multidão murmurou, lançando olhares em sua direção. Ela estava virando-os contra ele. Ela queria que ele se curvasse, se submetesse. Ele não faria isso. Não quando ele precisava de todo poder quanto possível para proteger sua família. — Dentro desta besta reformada vive um coração que deve ser destruído de uma vez, pois se for, sua vida será para sempre terminada, — ela retrucou e investiu. Ele se preparou, abaixando assim que ela bateu contra seu ombro e ele a empurrou para trás. Eles foram impulsionados contra as lajes de mármore, quebrando-as sob seus corpos poderosos e ela arranhou-o profundamente em sua bochecha.
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Ele se levantou do chão, a multidão se separou dos dois lados. Ele deu uma olhada em Molly e viu que Seto tinha ido para o lado dela, protegendo-a no caso de algum membro tentar atacá-la. Mas ele sabia que ela poderia se defender. Ao contrário da corte. Eles não tinham ideia do poder retumbando sob seus ossos. Lilith, em seu vestido de seda, levantou a cabeça, suas mãos delicadas fechadas ao lado dela. — Que aquele que matar o rei saia vitorioso de uma vez por todas, — ela rugiu. — Você quer a besta, — ele rugiu de volta, rolando os ombros para trás, o poder batendo através dele como um raio. — Você pode tê-la. Ele se moveu - rápido, incontrolável, e golpeou - mais e mais - o corpo dela guerreando contra o dele, cortando as unhas no estômago, no peito. Cravando fundo, ela alcançou ossos e músculos e rasgou. Tensley, ouviu Molly suspirar. E então ele engasgou quando Lilith cavou fundo em seu peito e apertou seu coração. Porra. Se alguém arrancar seu coração mais uma vez, você morrerá. Você não voltará. E agora a rainha das cobras tinha a mão envolvida em seu coração acelerado. A maldição percorreu sua mente. Se ela fizesse isso, se ela apertasse o coração dele ainda mais forte e o arrancasse, ele estaria morto. Seu coração bateu mais rápido.
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CAPÍTULO 31
O próprio coração de Molly apertou em horror quando Lilith perfurou o peito de Tensley. Seto agarrou o braço dela e a segurou pelas costas. Era tudo muito familiar. Ela tinha visto exatamente a mesma coisa acontecer diante de seus olhos apenas meses atrás. Só que não era Fallen, esta era Lilith. E o homem que ela amava morreria se seu coração fosse arrancado mais uma vez. — Não se mova, — Seto sibilou de volta para ela. Molly cravou as unhas nas costas dele e rangeu os dentes. Toda a cor deixou o rosto de Tensley e ele ficou rígido, e a besta feroz estava agora enjaulada. — Ah, seu coração está forte, — cantarolou Lilith e a testa de Tensley franziu de dor quando sua mão se moveu dentro de seu peito. Ele ficou tenso quando seus dedos apertaram. — Um pequeno movimento e seu coração de ferro é meu, pequeno peão. Para todo o sempre. A multidão ficou em silêncio mortal, testemunhando a chance da morte do rei. Molly não conseguiu recuperar o fôlego e Illya chorou em seu ouvido. O pânico arranhou dentro dela.
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Ela tinha acabado de recuperá-lo e agora o futuro deles estava ameaçado novamente. — Arranque-o, — Tensley estalou para ela, a besta espreitando em seu olhar escuro. Lilith endireitou as costas e zombou dele. — Eu achei que reinaria sobre sua besta, mas ela já o destruiu. Domou-o para obedecer somente a sua voz doce. Seu filho, seu filho é um daemon e um demônio. Ele tem potencial e a corte concordou... que ele governará. Que eu vou criá-lo e nutri-lo em uma verdadeira fera. Qualquer membro da Suprema Corte diria a você, o filho de um rei nunca é dele. Ele pertence a corte, e só a corte pode escolher seu destino. Basta perguntar ao meu filho — disse ela com um sorriso perverso. Tensley rosnou para ela. Ela apertou seu coração novamente e seu corpo inteiro enrijeceu, suas mãos fechando em punhos ao lado dele. — Mãe, — o príncipe sibilou, entrando na linha de visão de Molly. Ele se aproximou, uma mão erguida como se quisesse alcançá-la e tocá-la. — Fique parado, — Lilith sibilou para o filho, seus olhos balançando para ele. — Eu reinarei. O príncipe fez uma careta para ela. — Me dê o bebê, — Lilith falou, seus olhos focados em Tensley diante dela. Molly franziu a testa, trazendo Illya ao peito enquanto ele grunhia. Ela não desistiria de seu filho, mas Tensley... Calor se reuniu em seus olhos. Quando Molly não se moveu, Lilith apertou o coração de Tensley com tanta força que ele gritou em dor lancinante. Molly se encolheu quando o bebê chorou. — Traga-me o bebê ou arrancarei seu coração, — ela retrucou, seus dentes brancos perolados cerrados de raiva. — E
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você pode muito bem e verdadeiramente dar adeus ao seu conto de fadas, prostituta. Molly olhou para Lilith antes de lentamente olhar para Tensley. Ele olhou de volta para ela, o suor crescendo em suas sobrancelhas pesadas e implacáveis e no lábio superior. O olhar de Tensley atingiu-a profundamente no coração, em um lugar onde só ele morava e ela apertou a mandíbula, com vontade de gritar de raiva, dor e ódio. Um olhar tão suave, tão terno que até mesmo uma besta se moveria. Um olhar que pedia perdão. Um olhar que só aquele com o conhecimento que morreria daria a alguém que amava. Sua ira espreitava sob a superfície, mas seu coração estava lá. Cheio e poderoso e bonito e nas mãos de um monstro. — Não se mova, Molly, — disse ele, sua voz baixa, rouca, tudo o que ela amava e ansiava. — Não entregue nosso filho, Molly. Nunca. Eu morreria por vocês dois. Ela olhou para ele e antes que pudesse falar, Lilith rosnou de volta para ele. — Dê-me ele! — Lilith rugiu, todo o sangue correndo para o rosto, as veias do pescoço inchadas de raiva. Molly olhou para ela, incapaz de se mover, incapaz de respirar, e o bebê continuou a soluçar. Lilith rosnou, batendo um pé e olhou para a multidão. — Tirem o bebê dela. Agora! Por um momento, ninguém se mexeu. Então um guarda avançou, marchando para Molly com determinação. Molly sentiu a sensação gelada - profundamente dentro de suas veias, dentro de seu núcleo e uma vez que o guarda
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entrou em sua linha de visão, a centímetros de distância dela, ela revidou. Seus olhos brilhavam e o guarda parou no meio do caminho, seus músculos congelando, sua perna se esforçando para se mover contra seu poder. Mas ela não deixaria. Ela deu um passo à frente e levantou a cabeça, seus olhos perfurando os dele e ele abaixou, de joelhos, grunhindo, gemendo enquanto ela controlava seus movimentos. A multidão aumentou o barulho com murmúrios e Lilith olhou para o guarda. — Levante-se! — Ela ordenou, mas ele balançou a cabeça, incapaz de se mover, incapaz de falar. — Pedaço inútil de lixo, fique de pé! — Ela rugiu novamente. — Ele não pode, — Molly disse. Lilith cerrou os dentes. — Pegue-a. Agora! Mais guardas se aproximaram dela, mas cada vez que se aproximavam de Molly, ela convocou aquela força gelada, forçando-os a se ajoelharem na frente dela. Ela deu outro passo para mais perto. — Você vai tirar a mão do coração do meu marido, — Molly exigiu, sua voz suave, mas com uma borda ameaçadora que ninguém poderia perder. — E você vai se ajoelhar diante de nós. Lilith voltou a cabeça para Tensley e apertou com força, um grito brutal escapou de seus lábios. — Fique onde você está, prostituta. Ou eu arrancarei seu precioso coração — disse Lilith, observando o rosto aflito de Tensley. — E eu vou devorá-lo na sua frente. — Ela lambeu os lábios, como se estivesse imaginando como seria o sabor. — Assim como Fallen teria feito. Tensley viu o olhar de Molly. — Recue.
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Molly sacudiu a cabeça, a sensação gelada dominando seus sentidos. Ela estava em guerra e queria sangue. — Entregue o bebê, — Lilith estalou mais uma vez, seu pé ficando inquieto quanto mais Molly se aproximava, mais Molly parou cada guarda convocado. Apenas mais alguns passos e ela estaria bem na frente dela. — Você tentou nos destruir, tentou nos arruinar — falou Molly, apertando as mãos ao lado dela. — Mas você falhou. Todas às vezes. Eu nunca vou sair do lado dele. Eu nunca vou desistir do meu filho. Alguém me disse uma vez que quando nenhuma das opções soasse atraente, crie a sua própria, — ela disse, seus olhos brevemente caindo sobre o príncipe. — O coração dele é meu, — Lilith sibilou e começou a puxar o peito de Tensley. O corpo de Tensley tremeu de dor e Molly fez uma pausa, sua respiração ficou presa na garganta. — Eu sou a rainha. Eu sou a rainha da Suprema Corte e você não tem poder sobre mim, sua prostituta. Molly sorriu fracamente e inclinou a cabeça para o lado, os olhos ainda brilhando vividamente. — Eu sou a rainha e não me curvarei a ninguém. Incluindo você. Uma víbora como você. Você pode ter veneno, Lilith, mas eu também. Vamos ver de quem é o veneno mais poderoso. O suor se acumulou na testa de Lilith e suas mãos tremiam, mas Molly podia sentir que estava perdendo. Mas ela tinha que tratá-la como um animal selvagem encurralado. Um movimento errado e ela arrancaria seu coração sem pensar duas vezes. Molly olhou para Tensley e seus olhos estavam escuros com a necessidade de ser brutal. De libertar a besta. Assim que Lilith puxou - Tensley agarrou sua mandíbula e estalou para o lado, forçando-a a encontrar o olhar poderoso de Molly. E Lilith congelou, sua boca se abriu, seus olhos se arregalaram - escorregando sob o controle de Molly. Suas mãos ficaram moles e Molly se moveu
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Lilith engasgou, seu corpo arqueando quando alguém mergulhou a própria mão em seu peito. Mas não foi a de Molly. E não foi a de Tensley. Prim estava atrás de Lilith, coberta de sangue. O coração deformado de Lilith se contraiu em sua mão delicada. — Doces fodidos sonhos, Lilith. Espero que eles te despedacem no inferno, — Prim disse com um tom tão baixo, tão ameaçador, tão cheio de ira. Molly nunca tinha ouvido tal emoção vindo de Prim e ela se perguntou se tinha sonhado tudo. De onde ela surgiu, ela não sabia. Mas ela tinha um brilho selvagem e perigoso em seus olhos. O olhar de uma mulher que tinha sido arruinada e tinha sede de vingança. O príncipe se moveu rapidamente, suas botas pisando contra as lajes de mármore e sua mão deslizou pelo pescoço mole de Lilith e ele a esmagou devagar, com cuidado, para que todos os ossos se quebrassem em pedaços. — Adeus mãe, — o príncipe sibilou quando olhou nos olhos sem brilho. O som ressoou na sala, enquanto um pesado silêncio reinava sobre todos eles. Um silêncio aturdido. Um silêncio aliviado. A corte de cobras tinha uma víbora a menos entre suas tropas, mas ela não tinha dúvida de que mais viria. Mais se mostrariam agora que a mais alta estava morta, alguém mais assumiria a liderança. Tensley puxou a mão de Lilith de seu peito, tropeçando levemente enquanto pressionava a palma da mão sobre o buraco. Molly pegou o braço de Tensley e ele imediatamente a puxou para seu abraço, Illya chorando entre eles.
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Tensley beijou sua boca uma vez - duas vezes - de novo e de novo, sua respiração irregular, seu próprio coração acelerando profundamente. — Eu sinto muito. Eu sinto muito, sinto muito por trazer vocês dois para isso, Dolcezza, — ele continuou repetindo várias vezes, sua cabeça balançando. — Shh... — Molly disse, mas a adrenalina foi rapidamente deixando seu corpo e ela estava começando a tremer violentamente. — Está tudo bem, estamos... estamos bem. Estamos bem. Quando ele limpou as bochechas dela, ela não percebeu que estava chorando e sorriu fracamente para ele. — Estamos bem, Dolcezza, — ele sussurrou e beijou-a. Quando eles se separaram, olharam para a corte silenciosa. O corpo de Lilith estava esparramado sobre as lajes de mármore quebradas. Seu vestido lentamente se tornando um tom mais escuro de vermelho enquanto seu sangue se acumulava. O príncipe passou a mão ensanguentada pelas calças e olhou de volta para os dois. Ela não podia acreditar que ele havia quebrado o pescoço de sua própria mãe, mas ele manteve sua promessa. Ele os protegeu. Lentamente, cada membro, homens e mulheres, se ajoelharam diante deles. A mão de Tensley serpenteou ao redor de seu pulso e apertou entre eles e Molly ficou boquiaberta com a submissão, com a reverência da corte por eles. Tensley ficou em frente à janela enquanto Molly cuidava de Illya. Eles tomaram banho juntos depois da luta e a corte estava em um momento de tranquilidade. Tensley ainda precisava dizer a Molly o que planejava, mas ele achou que seria melhor para os dois. Molly convocou um curandeiro e depois que ele fez o máximo que pôde, Molly o curou com beijos doces e toques suaves. Ele ainda se sentia dolorido, mas estava vivo e seu coração de ferro ainda batia orgulhosamente dentro dele.
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Quando Molly ajeitou o vestido e deu um tapinha nas costas do bebê contra o ombro, uma batida veio à porta. — Entre, — disse Tensley. A porta se abriu e o príncipe entrou, curvando-se ligeiramente, com uma expressão de indiferença em suas feições. — Você me convocou, Knight? — Ele perguntou, seu tom baixo e controlado. — Eu convoquei você para discutir um assunto pessoal — disse Tensley, dando um passo à frente. Quando o príncipe ergueu uma sobrancelha, Tensley continuou. — Eu não quero mais o trono. Os olhos de Molly se voltaram para ele, alargando-se. A mandíbula do príncipe enrijeceu. — Tenho assuntos mais importantes para focar do que uma corte, — disse Tensley, olhando para Molly e o bebê por uma fração de segundo. — Eu tenho jogado com a ideia por um tempo agora, mas não queria deixar a posição até que pudesse encontrar alguém em quem eu confiasse para me substituir. Quão bom seria se eu substituísse um tirano por outro? Eu desejo um mundo melhor para meu filho. Um mundo melhor para os demônios. E acho que você e eu temos metas e desejos muito semelhantes. As mãos do príncipe se fecharam em punhos ao seu lado e ele respirou pesadamente. — Eu só tenho duas condições. Primeiro, é que você e sua corte deixem minha família em paz. Eu governarei Scorpios, e você não se intrometerá no meu negócio. Você fica com seu reino de bestas e eu com Scorpios, minha família. Nenhum de nós domina o outro. Segundo, você revoga a lei que seu pai criou sobre o coração de um demônio. Eu confio que você será muito mais criativo com suas punições, — ele disse com um sorriso irônico. — Se você puder concordar com esses termos, então a corte, o trono e a coroa são seus.
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O príncipe trabalhou seu queixo, examinando Tensley. Depois de um longo momento, ele falou. — Você deseja desistir do poder por... ela? Os olhos de Tensley se moveram para Molly, que o observava atentamente, e seu coração se apertou. Ele olhou de volta para o príncipe. — Eu daria qualquer coisa se isso significasse que poderia ficar com eles. O príncipe acenou com a cabeça uma vez e olhou para ela. Tensley notou o olhar em seu rosto. Um de saudade. O príncipe não queria sua dolcezza, mas talvez a mesma ferocidade do que Tensley sentia por ela. — Você se esquece de um detalhe muito importante no entanto, Knight — ele disse, e quando Tensley apenas olhou para ele, os lábios do príncipe se transformaram em um sorriso feroz. — É preciso matar o rei para se tornar rei. Como isso se desenrola no seu plano de mestre, hein? O sorriso de Tensley tornou-se gêmeo ao do príncipe. — Eu conheço homens como você. Eu os encontrei por aí. Você é um filho da puta cruel, não tenho dúvidas de que fará a corte se ajoelhar diante de você, quer me mate ou não. Você é um caçador nato, ama a perseguição, então cace seu reino e tome como se fosse seu. É seu agora. Seu sangue, seu destino, reivindique seus direitos e mude as regras do jogo. O sorriso do príncipe tornou-se mais cruel, e algo sombrio e malvado brilhou em seus olhos, antes de bater as palmas nas costas de Tensley. — Eu aceito, — disse o príncipe. — Você não será perturbado por esta corte. Vou me certificar disso. Tensley assentiu bruscamente. — Bom. Vamos anunciar isso às cobras então, certo? O príncipe se moveu, roubando um último olhar para Molly. — Foi um prazer conhecê-la, pequena daemon. Eu ficarei eternamente triste, por não ter sido capaz de provála, já que tenho certeza de que você é deleitável, — ele disse enquanto seus olhos caíam em seus seios fartos, a língua brevemente lambendo seu lábio inferior. Quando Tensley grunhiu profundamente, o príncipe riu, o som ressoando ao redor deles enquanto ele balançava a cabeça e saía do quarto.
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— Tensley? — Molly levantou-se da cama, com os olhos arregalados. — Você desistiu do trono, do poder. Por nós. Tensley passou a mão pela bochecha e pelo cabelo dela. Então sua cabeça caiu para ela e ele beijou seus lábios. — Eu faria qualquer coisa por você, dolcezza. Molly sorriu chorando e o bebê urrou. Tensley se inclinou e beijou sua testa. — Você é minha corte, minha coroa, minha rainha. Família acima de tudo. Isso é tudo o que importa para mim, — Tensley sussurrou e os segurou perto, deixando-a sentir a batida de seu coração. — Você muito bem e verdadeiramente domou a besta. Para sempre.
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EPÍLOGO
Um ano depois…
Illya ria enquanto ele se arrastava pelo piso de madeira, determinado a escapar. Molly riu e se abaixou, pegando-o. — Seu menino bobo, — disse ela e deu-lhe um beijo molhado na bochecha. Ele apenas riu mais. — Ele é um punhado, assim como seu pai, — disse Daphne enquanto pegava uma tigela de batatas fritas e abacate. Ela apertou sua bochecha e ele sorriu para sua avó. — Eu mal posso acreditar que ele faz um ano hoje. Ele cresceu tão rápido. Molly o balançou quando ele se empoleirou no quadril dela. Seu pequeno guerreiro crescera rápido de fato. Ele era alto e gordinho e tinha os cachos escuros mais doces em sua cabeça. Seus olhos eram exatamente como os dela e quando ele ficava frustrado, eles brilhavam. No início, quando isso acontecia, Molly tentou ensiná-lo a se acalmar, a controlar suas emoções, mas ele ainda era tão jovem que era quase impossível. Então, em vez disso, ela encontrou outra solução. Quando ele fazia isso, ela piscava seus próprios olhos para ele e o faria rir, sua barriguinha gordinha roncando com o som, e o fazia esquecer estava frustrado
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com alguma coisa. Ela sabia que tinha tempo de sobra para ensiná-lo a controlar seus poderes. — Falando nisso onde está pai dele? — Perguntou Daphne, mas ainda assim manteve sua atenção completa em Illya. Era seu traço mais forte, herdado de seu pai. Ele poderia capturar a atenção de todos em um ambiente apenas com sua presença. Molly esfregou a bochecha contra a dele. — Ele está em seu escritório terminando algum trabalho antes da festa. Eu disse a ele para estar aqui às cinco. Daphne arqueou uma sobrancelha. — Aquele homem vai trabalhar até a morte, — disse ela, e revirou os olhos. — E ele continua me dizendo que não é como seu pai. Molly examinou o sorriso triste de Daphne. Ela ainda sentia falta do marido, e Molly sabia que Daphne gostava de ver Salvatore em seus filhos, porque isso significava que, de certa forma, ele ainda estava lá, com ela, ao lado dela, durante todas as provações e dificuldades da vida. E Molly sabia que o filho deles não era muito diferente. Ela tinha pegado Tensley olhando para velhas fotos de família de seu pai algumas vezes. Ele só franziria a testa e não diria nada, mas Molly sabia que a dor estava profundamente aninhada por dentro. — Eu vou buscá-lo, — disse Molly e gesticulou para Illya. — Você se importa de segurá-lo? Daphne sorriu e balançou a cabeça. — Venha com a vovó. Illya de bom grado foi para seus braços, mas ele franziu a testa enquanto sua mãe se afastava. Ele era muito ligado a ela e a seu pai. Tinha sido uma luta conseguir que ele dormisse em seu próprio berço no início, porque ele estava tão acostumado a dormir entre os dois pais, aconchegado firmemente. Mas Tensley sentiu que precisavam de seu próprio tempo juntos, que precisavam de seu próprio espaço. Molly estava hesitante no começo, preocupada que seu filho pudesse precisar dela e ela não estaria perto dele.
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Mas quando Tensley lhe lembrou de todas as coisas que podiam fazer quando o bebê não estava deitado em sua cama com eles, Molly finalmente concordou com suas exigências. Mas não sem, ser bem e completamente convencida antes. Molly sorriu ao pensar enquanto subia as escadas da cabana de verão em Cape Cod, observando as fotos do casamento. Tensley manteve a promessa que fez antes de seu casamento na Suprema Corte. Ele se casou com ela novamente em Manhattan, em uma igreja, com uma pequena multidão de amigos e familiares mais próximos. Isso foi há cinco meses. September e Stella estavam ao lado dela e elas teriam vindo hoje para o aniversário de Illya, mas Stella estava começando seu mestrado em Direito e September estava viajando pela Europa durante o verão. Molly desceu o corredor e bateu uma vez na porta do escritório. Sua resposta grossa lhe disse que ele estava chateado com alguma coisa. Ela entrou, sorrindo para ele, curvado sobre a mesa, papéis espalhados por toda parte. — Você está atrasado, — ela sussurrou. Seu olhar tempestuoso foi até ela e ele caiu de volta em seu assento de couro, uma mão indo para sua testa. — Porra, sinto muito. Eu me distraí. Ela empoleirou-se ao lado de sua mesa, cruzando as pernas. — O que os convidados pensarão se o Dux chegar atrasado à festa de aniversário de seu filho? — Ela perguntou, com os lábios fazendo beicinho. Então, a malicia brilhou em seus olhos enquanto ela olhava para ele, tão delicioso como sempre em seu terno perfeitamente sob medida. — Pensando bem, poderíamos aproveitar a situação. Você já está atrasado de qualquer maneira e sua mãe está cuidando do bebê, — ela acrescentou, encolhendo os ombros. — Você, nesse terno sexy. Eu, espalhada para você se banquetear. Alguns minutos de felicidade em sua mesa, — ela terminou, e quase soou inocente. Quase.
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Seus olhos foram para as pernas dela e sua mandíbula enrijeceu. — Oh, sua pequena tentadora… Não me dê ideias agora, dolcezza. Com todo mundo lá embaixo, teríamos muita dificuldade em encontrar uma explicação amigável para as crianças, a respeito de por que nossos convidados poderiam ouvi-la gritando meu nome daqui do escritório. O sorriso de Molly aumentou, então ela deu de ombros novamente, falsamente indiferente. — Você provavelmente arruinaria minha maquiagem de qualquer maneira, e eu passei muito tempo fazendo isso. É melhor esquecer a ideia. O próprio sorriso de Tensley ficou feroz. — De fato. Ela encolheu os ombros, sorrindo para ele. — Você faz isso o tempo todo. Ele ficou de pé, enfiando as mãos nos bolsos, o casaco se abrindo para revelar seu corpo em forma por baixo. Ele parou na frente dela, as pontas dos dedos roçando as suas coxas. — Esta noite, aqui. Você não faz sugestões como essa e não as cumpre, dolcezza — ele disse, e seu tom fez com que ela apertasse suas coxas. — Oh? — Ela levantou uma sobrancelha e sorriu para ele, beijando sua mandíbula. — Eu também posso decidir como você me toma? Por trás talvez? Nós poderíamos deixar a besta brincar um pouco — ela continuou em um sussurro sedutor. Ele rosnou e agarrou seus quadris, forçando-a a ficar de pé. — Como quiser. Ele a beijou suavemente, completamente, sentindo através de suas bochechas. Havia algo que ela queria lhe dizer, algo que estava desesperada para lhe contar por um tempo agora, mas estava esperando o momento certo para fazê-lo. Mas não era agora, ainda não. Ela esperaria. Ela esperaria até hoje à noite.
***
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Tensley tirou o charuto da boca e deixou a fumaça passar por seus lábios. Lá fora, na noite de verão, membros de Scorpios e sua família se reuniram na escuridão. As luzes esparramadas em cima e risadas ecoando. Os homens falavam da Suprema Corte. Do reinado do príncipe e das fofocas dele reivindicando uma mulher como sua e criando um escândalo. Política e fofoca que não importavam mais para ele. Ele fez a sua parte. Tudo o que importava para ele era voltar para casa para Molly e seu filho. Ele os olhou através do gramado enquanto Molly o segurava no quadril. Ela era tão natural com Illya e cada segundo que ele estava em casa, passava com seu filho e ela. Ele nunca quis perder um momento e decidir desistir do trono foi a melhor decisão que tomou. Ele não teria sido capaz de ver sua família. Ele teria perdido tanto e isso fez seu peito pesado. Gabriella estava ao lado de Molly, sua própria Isabella em seu quadril oposto e Donovan corria entre suas pernas, brincando sozinho. O Illya mais velho se aproximou do grupo e sorriu para Donovan, fingindo agarrálo. Illya tinha sido uma constante na vida do filho, especialmente após a morte de sua própria mãe. Ele ouviu Molly lhe dizendo que ele sempre seria bem-vindo para ficar com eles. Que ele era da família. Tensley não poderia ter concordado mais. Meses se passaram desde a Suprema Corte e a paixão entre ele e Molly não tinha diminuído. Nas últimas duas semanas, ela parecia estranhamente quieta quando ele chegava em casa à noite. Ela parecia cansada e ele a beijava até adormecer, levantando-se durante a noite para acalmar Illya quando ele chorava. Ele às vezes invejava seu filho - pela infância que ele sabia que teria comparado a sua. Tudo o que ele conhecia era uma
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infância de dor e horror. A infância de Illya seria o doce beijo de sua mãe e seu riso suave e aconchego. — Você está olhando, — Beau disse ao lado dele, dando outra tragada em sua própria beladona, uma droga demoníaca. Ambos estavam debaixo dos salgueiros gigantes, longe do resto dos homens. — Sim, eu estou, — ele retrucou. Ele não tinha vergonha de dizer que gostava de assistir sua esposa. Lex se moveu em direção a Molly, não antes de roubar um olhar zangado para os dois nas sombras. Tensley trabalhou sua mandíbula. — O que você fodeu agora? Beau rosnou. — Eu não fiz nada. — Ele deu outra tragada e olhou para Lex quando ela se virou para encarar Molly e a abraçou, então beijou Illya. — Eu só a destruiria. Tensley lutou com um sorriso. — Talvez ela queira isso. — Ela merece melhor do que eu, — ele sussurrou. — Você sabe o que eu sou, como eu sou. Quando a besta governou Tensley, ele passou por alguns momentos sombrios. Mas nunca poderia ser comparado ao tipo de inferno que seu irmão se auto infligiu. Ele tinha passado pelo inferno, tinha sido marcado pelos eventos passados e anos depois, ele ainda estava se recuperando, dolorosamente devagar. Ele não tinha tido uma Molly para curá-lo, para amaldiçoá-lo. Mas parecia óbvio para Tensley que Lex queria ser a Molly de Beau. Ela queria apoiá-lo, ajudá-lo nisso. Se ao menos ele a deixasse e parasse sua própria autodestruição... Um homem de vinte e poucos anos, jovem, mas com uma autoconfiança nele - um soldado de Scorpios aproximouse do grupo de homens e gesticulou para Lex. Lex deu um sorriso. Ela entrou nos braços do homem e ele envolveu um deles protetoramente sobre um de seus ombros, sussurrando algo em
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seu ouvido. O que quer que ele tenha dito, fez o sorriso de Lex crescer ainda mais quando ela olhou para ele com um olhar secreto. Tensley esperou com uma expressão irônica, esperou pelo que sabia que estava por vir. E com certeza; aconteceu. Beau rosnou baixo, o som sombrio e animalesco rasgando-o com uma força que Tensley conhecia muito bem. — Territorial, eu vejo, — disse Tensley em uma risada. — Cale a boca, — Beau estalou. O homem e Lex conversavam, seu sorriso se iluminando. Beau rosnou novamente, seus olhos ficando escuros. — É melhor esse bastardo, fodido, parar de tocá-la, — Beau explodiu e marchou em direção a ela. Tensley observou, divertido quando seu irmão se enfiou entre Lex e o soldado. O soldado olhou para Beau e palavras foram trocadas. Tensley olhou as mãos cerradas e firmes de Beau ao seu lado. Ele ia destruir aquele pobre coitado. Lex entrou no meio e falou com os dois, não antes de dar a Beau um olhar mortal que certamente congelaria o inferno. O homem recuou, balançando a cabeça e se afastou. Lex disse alguma coisa para Beau e fez uma careta para ele, até que também se afastou. Beau, sendo um Knight, marchou atrás dela. Tensley sorriu maliciosamente. A festa continuou, os homens conversando sobre a política em Scorpios. Uma vez que Ares estava morto, Scorpios havia se movido e reivindicado esse território. Scorpios era enorme agora - com centenas de homens sob seu comando. Quando a festa acabou, as pessoas foram para suas casas ou se retiraram para a mansão. Foi então que Tensley notou que Molly e Illya haviam sumido.
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Ele procurou pelo gramado e não encontrou nada. Quando ele entrou na mansão e no andar de cima, ouviu a voz suave de Molly falando com o filho. Ele andou na ponta dos pés pelo corredor, abrindo a porta do berçário para encontrá-la balançando-o em seus braços, dormindo profundamente. Tensley se moveu devagar e quando ela percebeu o movimento dele, se virou para ele e sorriu. Tensley pegou o filho nos braços e beijou a têmpora, despertando-o ligeiramente. — Meu pequeno guerreiro, — ele sussurrou e passou o dedo sobre os cachos escuros em sua cabeça. Ele caminhou até o berço e gentilmente colocou-o deitado, observando-o se acomodar no colchão, um pequeno e gordinho braço estendido sobre a cabeça. Tensley se virou e deslizou as mãos pelos flancos de Molly, descansando em seus deliciosos quadris. — Esta noite, dolcezza, você é minha. Molly riu, o som vibrando contra seu próprio peito. — Leve-me, senhor Knight. Tome sua esposa. Ele rosnou, brincalhão, e se curvado agarrou suas nádegas e a levantou. Ela reprimiu uma risada. Ele os levou até o quarto principal, deixando-a cair na cama. Suas mãos puxaram o cinto dele. — Impaciente? — Ele perguntou com um sorriso pecaminoso. Ela olhou para ele através dos cílios. — Fique nu. Ele sorriu e ajudou-a, jogando o cinto no chão e abaixando as calças. Sua ereção saltou livre e ela acariciou-o com um punho, lambendo a ponta com a língua. Ele assobiou, prendendo o cabelo em um rabo de cavalo improvisado.
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Suas mãos rasgaram os botões de seu vestido, revelando seus seios fartos e ele puxou a calcinha para o lado. Assim que ele tocou suas dobras, sentiu como ela estava molhada. — Foda-se, você está encharcada em torno dos meus dedos. — Ele acariciou profundamente, sua umidade encharcando seus dedos. Incapaz de resistir, ele levou um à boca e o chupou, rosnando apreciativamente pelo doce sabor dela. Ele nunca conseguiria o suficiente. — Oh Deus, — ela engasgou e arqueou as costas quando a mão dele voltou para ela, acariciando onde o prazer pulsava ansiosamente e apertou a mão em seu pênis. — Você me quer dentro de você? — Ele perguntou, sua voz dura e escura, tão cheia de luxúria. Ela assentiu cruelmente, prendendo o lábio inferior entre os dentes. Ele se aproximou, forçando as coxas a se abrirem para ele e se inclinou. Seu pênis tocou seu sexo molhado e ele rosnou, seus dedos marcando suas coxas. Ele empurrou rápido e duro e ela abafou seus gritos com as costas da mão. Ele tirou a mão dela, querendo ouvir todos os sons dela, todos os seus gritos e súplicas. Ele queria tudo dela. Ele queria consumi-la e devorá-la. E com esse pensamento, ele bateu mais profundo, mais rudemente dentro dela, seus seios cheios se movendo em seu ritmo duro. Ele desceu, levando um em sua boca e mordendo um pouco mais do que normalmente faria. Ela quis tentá-lo mais cedo naquele dia com suas ofertas sedutoras, ela teria o que merecia por aquela pequena façanha. Quando ela gritou da mordida, ele passou a língua em seu mamilo, lambendo e chupando mais uma vez. Ele podia se deliciar com sua pele por dias e nunca ficar com fome.
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Ele sabia que não duraria muito mais tempo. Suas bolas apertaram e sua pressão aumentou em torno de seu comprimento furioso. — Eu vou gozar, — ele avisou e viu o brilho de desejo cintilar em seus olhos. Isso agitou a porra da besta. — Quer que eu reivindique seu útero novamente? Ela gemeu, arqueando as costas e colocou as pernas ao redor de seus quadris. Em suas palavras, ela apertou o pênis com mais força, como se para prendê-lo dentro. — Foda-se, — ele sussurrou e beijou sua boca ofegante. — Eu quero você grávida. Eu quero você cheia e inchada com meu filho novamente. Deixar que essas bestas saibam que você é minha e sempre será minha. Ela engasgou, gemendo e balançando a cabeça freneticamente. — Você já fez Tensley. Você já fez, — ela ofegou, as palavras embrulhadas com uma camada espessa de felicidade e prazer incontrolável enquanto ele continuava empurrando rápido, elevando os quadris dela para poder ir mais fundo. Ambos gemeram no novo ângulo, na nova profundidade. Mas o rosto de Tensley franziu. — O que você quer dizer com 'eu já fiz'? — Ele ofegou, seu próprio clímax tão perto, enquanto ela continuava apertando em torno dele, apertando-o até a morte. — Estou grávida, Tensley, — disse ela, os olhos cerrados enquanto ela também crescia incrivelmente perto de seu final feliz. E assim, ele explodiu, a onda de puro prazer alcançandoo. Seu pênis pulsou e logo seu calor se derramou dentro dela profundo e apertado. Ele ficou lá, deixando a raiz de sua essência dentro dela enquanto seu próprio prazer explodiu dentro dela. Seu rosto desceu mais uma vez, beijando seus seios enquanto ela relaxava. Ele afastou alguns fios molhados da testa dela e ela olhou para ele. — O que você disse? — Ele perguntou, e tinha o maior sorriso em seus lábios.
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Um sorriso tímido, mas feliz, tomou os dela. — Estou grávida, — ela repetiu. Antes do nascimento de Illya, ele ficou preocupado que teria que arranjar espaço em seu coração para seu filho. Mas assim que viu o pequeno e enrugado pacote de alegria, percebeu que não precisava abrir espaço para o filho. Porque o coração não tinha restrições. Crescia. Simplesmente aumentava cada vez mais quanto mais pessoas amava. E quando ele a beijou devagar, amorosamente, seu coração cresceu um pouco mais. Aumentando pelo pequeno bebê que crescia dentro de sua esposa. A criança que ele já amava e amaria até o dia em que morresse e o inferno o reclamasse. Sua mão caiu em sua barriga lisa e ele esfregou-o. — Eu te amo, — ele sussurrou na escuridão. Quando ele olhou em seus olhos, eles estavam vermelhos e seu lábio inferior tremeu. — Eu te amo. A mão dele parou sobre seu colarinho, seu corpo estremecendo embaixo dele e seu pênis endureceu ainda profundamente dentro dela. — Você é minha, dolcezza. Pequei por você; e vou pecar por você pelo resto da minha vida, — ele sussurrou novamente. — Você domesticou a besta, reivindicou o homem. E ele a reivindicou de novo e de novo, até que os pássaros cantaram do lado de fora e o sol se levantou e afugentou a escuridão. A daemon subjugou a fera.
FIM
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