RICARDO ANGÉLICO Freak Out 13/02 -02/03 2013
Imagens da exposição Views from the exhibition
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Redecur, 2012 Óleo, acrílico e carvão s/ linho Oil, acrylic, graphite on linen, , 155 x 143 cm
Paisagem com autómato, 2012 Óleo, acrílico, carvão, pastel e lápis s/ linho Oil, acrylic, carbon, oil pastel and graphite on linen, 160 x 180 cm
Redecur, 2012 Óleo, acrílico e carvão s/ linho Oil acrylic on linen, 155 x 143 cm
Sono, 2012 Ă“leo, acrĂlico, colagens e pastel s/ tela Oil, acrylic, collage and oil pastel on canvas, 143 x 160 cm
The existentialist 200, 2012 Pastel de 贸leo sobre papel preparado Oil pastel on prepared paper 113 x 104 cm
Michel Ferdinand-Strauss, SĂŠrie Freak Out Freak Out series, 2012 Pastel e carvĂŁo s/ papel Oil pastel and graphite on paper, 65 x 50 cm
SĂŠrie Freak Out Freak Out series, 2012 Pastel e carvĂŁo s/ papel Oil pastel and graphite on paper, 65 x 50 cm
SĂŠrie Freak Out Freak Out series, 2012 Pastel e carvĂŁo s/ papel Oil pastel and graphite on paper, 65 x 50 cm
RICARDO ANGÉLICO Freak Out 13/02 -02/03 2013 Ricardo Angélico utiliza a desconstrução como janela de observação dos modos de representação e a formação do conhecimento, chamando a atenção para o modo como apreendemos as coisas fora do préconcebido. Para isso, monta uma rede de fios narrativos que resulta da multiplicação e da sobreposição de pequenos fragmentos desconexos entre si, porque são retirados do seu contexto original, mas que têm um acentuado significado individual. Estas referências à literatura ou ao cinema são envoltas em estratégias ficcionadas e ilógicas que, desdobrando novas formas de observação próprias do subjectivo, contribuem para reflectir sobre as formas da representação. Logo, para o artista a superfície da obra converte-se num conjunto de referências, de índices descontextualizados do seu cenário habitual, mas que, ao ligarem universos diferenciados, definem um discurso a partir das suas relações. Nesta acção de deslocamento do contexto está subjacente a capacidade de colocar linguagens que têm origens diferentes numa superfície bidimensional e, estabelecendo contactos entre os diversos elementos, fornecer-lhes outros pontos de vista, outros entendimentos, o que configura uma problematização face aos conteúdos das referências recolhidas. Na sua série mais recente também apresentada nesta exposição, Ricardo Angélico elabora um banco de registos fisionómicos, baseado também nas aproximações biográficas, que forma um compêndio de sobreposições de três figuras notáveis, tendencialmente de áreas culturais diferentes. Parte de um processo de registo e de circunscrição de determinadas características físicas pessoais, desenvolvido por Galton no século XIX, a que correspondia um sistema de valoração que reflectia o tipo de educação, de experiências e de vivências da geração em que o indivíduo se inseria – tornando-se uma base
propagandística fundamental para justificar a separação de classes. Este conjunto de trabalhos são exercícios que pretendem prender os traços fisionómicos de um conjunto de personalidades escolhidas pelo artista e e que constituem o seu próprio quadro de notáveis. É através do desenho e da sua condição subjectiva que advém uma preocupação em estabelecer proximidades, não apenas no plano físico mas no plano imaterial, como por exemplo, aproximações de ordem criativa, biográfica, geográfica, de nome ou de aparência. Com este amplo painel de figuras célebres, Ricardo Angélico elabora um jogo de ocultação e de descoberta, desafiando o sentido único do retrato individual – deixando em aberto a criação de uma nova personagem.
Ricardo Angélico Textos introdutórios à exposição Freak Out Freak out Série inspirada nas sobreposições fotográficas forenses de Galton e, por associação, nas especulações científicas do séc. XIX ligadas à psicologia (frenologia, eugenismo), episódios remotos na arqueologia da genética. Do mesmo modo que Galton (polímato vitoriano e primo de Darwin, obcecado, entre muitas outras coisas, com a recolha e tratamento de informação), procurou uma fisionomiatipo para o sujeito criminal, sobrepondo fotografias de 3,6 ou mais cadastrados na busca de caraterísticas comuns e legíveis, propõe-se aqui uma espécie de jogo-homenagem, uma lúdica investigação das diversas fisionomias do génio; daquilo que as aproxima ou diferencia, num exercício de desenho que também se alimenta da ideia de sobreposição, da fusão de três imagens individuais (quantidade considerada mínima para uma aspiração credível à cientificidade do exercício, ainda que em termos meramente declarados) que convergem numa quarta, sugestiva de um somatório de virtudes que permanecem invisíveis, pois todos os retratados são escolhas pessoais, heróis culturais de uma virtual e subjectiva galeria de elite. Cada retrato resulta da sobreposição de 3 personalidades de áreas preferencialmente distintas, de algum modo relacionadas entre si, culminando numa nova figura, uma inofensiva hipótese de superhomem, retrato-robot de uma figura imaginária que combina características de outros grandes génios (ou simples heróis privativos). Se o jogo é uma fantasia pessoal de excelência, podia ser também uma
caderneta idealizada por algum cientista louco, amante das ideias e ávido de experimentar no laboratório a possibilidade de reunir capacidades fenomenais em novas caprichosas criaturas, inesperados e fascinantes freaks. O título provém do disco de estreia de Frank Zappa. Aí, em notas explicativas, Zappa nomeia uma extensa lista de pessoas que o inspiraram, referências da cultura popular e erudita numa mistura heterogénea, violentamente livre, que espelhava a própria natureza impura da música, desconcertante na absorção de estilos, direções, proveniências; citando rock, blues e serialismo na mesma linha. Esta galeria é uma homenagem análoga à lista de Zappa, incompleta, sempre em expansão e redefinição, fiel apenas ao génio criativo nas suas múltiplas manifestações. Baco em Londres Remake, passado num campus universitário, de Dionísio e Ariadne, a incomparável obra de Ticiano. Pintura irmã de ‘Promenade’. Promenade Cruzamento do ‘Bacanal’ de Ticiano com ‘The secret history’, romance de Donna Tart sobre jovens e brilhantes helenistas que reencenam o bacanal grego, em busca da autêntica experiência de frenesi dionisíaco. É também um cruzamento de referências italianas, estilos, citações, fragmentos ficcionais, banda desenhada, modelos de composição e outras sugestões mitológicas. Madonna of the toast Exploração de um fenómeno recente na América fundamentalista do interior, o avistamento da figura
da virgem em torradas e subsequente mistura de histeria religiosa e aproveitamento mediático nas suas variadas formas (instantânea celebridade, espectáculo nos subúrbios, irracionalidade, autopromoção, vaidade e competição, culto do excêntrico, peregrinação, exploração comercial, etc,). Ensaio visual que mistura ficção e documentário em pequenas vinhetas individuais, como fragmentos aleatoriamente dispersos de uma reportagem por montar, prelúdio de uma ópera cómica ou musical weird com muito transcendente pão tostado. Sono Inspirado numa história de ficção por sua vez baseada em ocorrências reais. Um recém-viúvo encontra consolação na proximidade com animais, interessando-se pelo seu estado, pelas espécies em perigo de extinção, pela sua companhia empática a um nível profundo de consciência. Como outros antes dele, entra clandestinamente no jardim zoológico de noite para dormir perto dessas criaturas, relacionando-se com elas de uma maneira que parece já difícil com as pessoas. Os textos são fragmentos de um possível diário, registos fictícios de uma vida interior ou narrativa que existe virtualmente, fora da imagem, completa ou em permanente actualização. Como um sonho recorrente. Being Bernard Berenson Se havia quem pensasse que dinheiro não podia comprar prestígio e passado, Berenson foi dos mais astutos a provar o contrário, servindo de mediador entre milionários do novo mundo e as pérolas renascentistas que o mercado tornava disponíveis
para celebrar novos poderes. Berenson transportava um selo de autoridade que garantia aos magnatas americanos, aspirantes a Médicis contemporâneos, estarem a comprar pinturas originais; e se é fácil hoje denunciar atribuições erradas, no seu tempo Berenson foi um sério especialista em arte italiana, e elemento central no flirt dessa nação emergente com o património artístico europeu e o italiano em particular, de que este trabalho faz eco. Paisagem com autómato Incursão pela erudição pastoral de Poussin e uma das suas melhores paisagens, a que serve de fundo ao passeio de Diógenes. Poussin é hoje um artista pouco lembrado num mundo que privilegia a superfície reluzente da aparência à estrutura que a possibilita e suporta. Francês apaixonado por Itália e Grécia, tratou a herança clássica como nenhum outro, praticamente inventando a paisagem enquanto género pelo caminho. Nesta paisagem, à tradição grega soma-se a japonesa, revestindo de circuitos e armaduras mecânicas as personagens mitológicas ou da antiguidade que povoam os bosques às portas de uma Roma imaginária, transformada em caótico cenário de um eventual anime. Redecur Redecur: cura pela fala. O termo foi inventado por Anna O., uma das pacientes de Breuer que faz parte da mitologia freudiana e das origens da psicanálise. Passeio pela Viena de Freud e Klimt, pelos salões aristocráticos onde se dança Strauss tanto quanto for preciso para resistir às convulsões da modernidade. Se havia doença em Viena na viragem do século, era mais política e social que científica ou artística, e nem
a psicanálise haveria de acudir a tempo a um corpo que habitava uma redoma autista, enquanto fora começava confuso o novo século. Post-techno: lessons in advanced european anatomy Casting lynchiano pela manhã; aula de dança de manequins animados; contorcionismo extremo importado de Ásia; sala de reabilitação pós-traumática; ginásio de fisioterapia espacial; laboratório de sujeitos geneticamente modificados; plataforma para a defesa das minorias atléticas; plateau de rodagem de uma produção futurista; catálogo de formas ao alcance da ciência; adaptação motora de princípios de variação musical; coreografia puritana de accionismo vienense; comício político em fase de aquecimento; salão de yoga e relaxamento ósseo; pintura de mestre chinês invertebrado.
Ricardo Angélico nasceu em Angola em 1973. Das suas exposições individuais destacam-se There will be no safety zone e The Aronburg Mystery (galeria Carlos Carvalho Arte Contemporânea, Lisboa, Portugal, 2011 e 2008), Caro Jünger/Caro Nabokov (Museu Nacional de História Natural, Lisboa, Portugal, 2004) e Museu de Cera - Imagens da Colecção Christian D. Karloff (Fundação D. Luís, Cascais, Portugal, 2003). Em relação às suas exposições colectivas poderemos referir as realizadas na Casa da Cerca - Centro de Arte Contemporânea, Almada, Portugal (O Desenho Dito, 2008), no Centro de Arte Manuel de Brito (À Volta do Papel, 2008) e Culturgest, Lisboa, Portugal (V Prémio Fidelidade Jovens Pintores, Lisboa, Portugal). Está representado nas colecções Caixa Geral de Depósitos, Lisboa, Fundação D. Luís I, Cascais, Fundação PLMJ, Lisboa e Centro de Arte Manuel de Brito, Algés.
CARLOS CARVALHO ARTE CONTEMPORÂNEA Rua Joly Braga Santos, Lte. F - r/c + (351) 217 261 831 + (351) 217 210 874 carloscarvalho-ac@carloscarvalho-ac.com http://www.carloscarvalho-ac.com Seg a Sex das 10h às 19h30 / Sáb das 12h às 19h30 From Mon to Fri: 10am to 7:30pm / Sat: 12:00 to 7:30pm Artistas da galeria l Gallery artists: Ricardo Angélico | José Bechara | Daniel Blaufuks Catarina Campino | Mónica Capucho | Isabel Brison | Carla Cabanas Manuel Caeiro | Alexandra do Carmo | Paulo Catrica | Sandra Cinto Roland Fischer | Javier Núñez Gasco | Susana Gaudêncio José Lourenço | José Batista Marques | Mónica de Miranda | Antía Moure Álvaro Negro | Luís Nobre | Ana Luísa Ribeiro | Richard Schur Eurico Lino do Vale | Manuel Vilariño