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_______________________________________________________________________Por Carlos Coléct
Mentalidade Restauradora -
Retorno à Essência/Origem Parte I
2 2. Mentalidade restauradora _____________________________________________________________________________________ Abordaremos neste texto dois temas principais: a reforma e a restauração. Quero deixar bem claro, que de modo algum tenho por intenção trazer um dogma quanto a linguagem ou a maneira de falar, mas desejo que prestemos atenção quanto a mentalidade com a qual nos movemos e agimos. Muito se tem ouvido sobre o tempo de uma nova reforma, e também de restauração. Mas o que isso quer nos dizer? Yeshua ao andar nesta terra se moveu com uma mente reformista ou restauradora? Entendamos que a preocupação em si não está em pronunciar estas palavras, mas naquilo que está atrelado a estas palavras. Por quê? Segundo estudiosos do desenvolvimento cognitivo humano, tais como Vigotsky8, a linguagem é uma função psicológica superior, a qual necessita de um processo de aprendizagem, ou seja, as palavras9 são símbolos, signos que podem nos remeter à uma imagem, uma situação , um pensamento ,uma mentalidade ou uma ideologia. É uma codificação e isto ocorre devido ao processo de aprendizagem, a interação com o mundo. Nisto, podemos perceber o que a palavra “reforma” ou ” restauração” nos trazem quanto a uma ideologia. Enquanto veículos de uma ideologia, o que essas palavras nos comunicam? Uma reforma está basicamente ligada ao conceito de um reparo, um conserto de alguns defeitos ou remendar algo. Vejamos a Reforma Protestante, que foi um fato ocorrido de extrema importância para Igreja, porém , foi uma reforma, Martinho Lutero não tinha a intenção de romper com o sistema romano, ele colocou suas “95 Teses” as na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg em 31 de outubro de 1517, creio eu , que como remendos naquela porta chamada Igreja Católica Romana, que se iniciou com a junção de varias religiões. Remendos para reparar as falhas daquela instituição. Isto é uma Reforma. Mas como D’us é soberano sobre toda a história, Ele então permitiu o rompimento de Lutero com a aquela instituição.Não tiro o mérito de Lutero, o qual foi um homem de muita coragem e Espírito de D’us, só estou trazendo a mentalidade de Reforma, pois Lutero agiu sobre esta mentalidade. A “Igreja” Protestante apenas nasceu com remendos, reparos em sua estrutura. Como veste velha com remendos novos(Lc 5.3710), sua estrutura não foi refeita no estado original. Em nosso dia a dia há muitos exemplos de reforma e restauração. Se eu tenho o intuito de reformar a minha casa, por exemplo, isso quer dizer que farei alguns reparos , mudanças, ou melhorias. Se eu mando um quadro para ser restaurado, esta ação quer dizer que não será apenas feito um reparo em possíveis defeitos na pintura, mas sim que a pintura será levada ao seu estado de origem. Há um termo hebraico denominado “ Teshuvá”, e este diz respeito a um retorno, uma volta, um arrependimento, o que anda junto com restauração, pois restauração tem a ver com voltar ao estado de origem.E para isto é preciso um arrependimento, uma mudança de curso, e isto gera um reconectar com a rota original. Sabemos que como Igreja, saímos de uma rota original. Talvez seja por isso que o Senhor Yeshua e João Batista, pregaram dizendo “arrependei-vos, pois é chegado o Reino de D’us”, e também foi dado ordem para que os discípulos pregassem esta mesma mensagem. Como se esta mensagem fosse “ mudem a trajetória, mudem o curso da caminhada e voltem 8
Texto baseado em OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento :um processo sócio-histórico. São Paulo:Scipione, 1995.pp 17-65 9 Afirma-se inicialmente que a palavra, enquanto signo, é o material semiótico privilegiado veiculador da ideologia, devido à sua capacidade de refletir e refratar as condições de produção sócio-historicamente presentes no discurso. Afirma-se também que a palavra, compreendida mais amplamente como signo lingüístico e verbal, é constitutiva da consciência, da ideologia, do pensamento e, por conseguinte, dos sujeitos, por ela ser o resultado das interações sócio-histórico-verbo-ideológicas. (PALAVRA: SIGNO IDEOLÓGICO.Antonio Francisco Ribeiro de Freitas, Universidade Federal de Alagoas.Maceió 1999. Prefácio por Pedro Nunes [Doutor em Comunicação e Semiótica (PUC/SP e Un. Autônoma de Barcelona), Autor dos Livros: As Relações Estéticas no Cinema Eletrônico e Cinema & Poética] ) 36 10 Lc 5.36-38 – Também lhes disse uma parábola: Ninguém tira um pedaço de veste nova e o põe em veste velha; pois rasgará 37 a nova, e o remendo da nova não se ajustará à velha. E ninguém põe vinho novo em odres velhos, pois o vinho novo romperá 38 os odres; entornar-se-á o vinho, e os odres se estragarão. Pelo contrário, vinho novo deve ser posto em odres novos.
3 para a rota o original, a qual é o Reino de D’us”, e a origem deste Reino, não está em Roma (325 d.C), não está na Alemanha(Reforma Protestante), não está na Grécia(base da cultura ocidental), está antes da criação do Mundo, porém , foi trazido a Terra, em um lugar chamado Éden.Mas Adão se desconectou da Origem, então, posteriormente princípios deste Reino foram revelados a um povo chamado Israel para que houvesse um reconectar com a Origem, Mas Israel também se desconectou e saiu da Rota original, então veio o Filho de D’us, o Messias, Yeshua, e este não se desconectou, muito pelo contrário, completou a obra do Pai (Jo 17.411). Yeshua veio para trazer o homem de volta para o Reino de D’us. Ele veio para trazer o homem a sua Origem. Para reconectar o homem com o relacionamento original com o Pai. Para trazer Israel e Judá para a aliança original , pois a aliança havia sido quebrada e pelo sangue de Yeshua foi restaurada.(Hb 8.812 / Hb 12.24 13) Portanto, esta é a rota original. Nos reconectamos com Yeshua e seus ensinos, e automaticamente, em Yeshua somos reconectados aos princípios revelados ao Povo de Israel e assim chegamos a nossa origem que está no Éden, no relacionamento com o Pai dentro do seu Reino.( Exemplificado de uma forma simplista) Na trajetória de Yeshua, não vejo Ele tentando reformar o sistema farisaico de sua época. Vejo Ele trabalhando em prol de uma restauração, estas citadas acima. Em certo episódio, Ele nos conta uma parábola , relatando que não é coerente colocar remendo de uma veste nova em uma veste velha, e nem vinho novo em obre velho, mas que tanto o odre quanto o vinho precisam ser novos (Lc 5.36-38) É importante percebermos que a palavra “nova”, não quer dizer necessariamente algo diferente, ou seja, não diz respeito a algo de caráter diferente, mas sim algo restaurado em sua essência. Algo que estava velho e VOLTOU ao estado de novo. Entendo que o Senhor estava falando algo sobre reforma, ou melhor, em uma não reforma. Ele estava falando sobre não colocar remendos, sobre não colocar algo novo em cima de algo velho.Podemos tirar a lição de que tanto o odre quanto o vinho necessitam estar estarem no estado original. Vejo de uma forma clara, que Yeshua estava comunicando que Ele não veio para reformar nenhum sistema, mas trazer a originalidade das coisas. As escrituras também nos falam que os céus seguram Cristo, até o tempo da restauração de todas as coisas, até o tempo em que todas as coisas voltem para o estado original.(At 3.2114).Uma das palavras usadas nas escrituras que traduzem “restauração” é “שוב שובshuv” do hebraico, cujo significado é “retornar, voltar” Voltando a parábola de Yeshua, podemos observar que os elementos que são as vestes , os odres e os vinhos permanecem os mesmo, enquanto as substâncias desses elementos são mudadas, isto é, de velho para novo.Creio que isto nos mostra que não devemos nos preocupar tanto com formas, mas sim com a essência.Pois vemos que o que transforma a forma é a essência, então, se a essência ou a substância é trazida a sua originalidade, automaticamente a forma é mudada. Quando o vinho é transformado em novo, se faz obrigatório que a forma do Odre também seja nova.Isto é uma mentalidade restauradora e não reformista. Por isso, Yeshua não se preocupou em mudar a forma, mas sim a essência.A forma corrompida ira mudar através de uma mente não corrompida. A mentalidade reformista está em sua maioria ligada á uma preocupação com a forma. Por sua vez, a mentalidade Restauradora, está em sua maioria atrelada à essência e a substância de algo, à origem.
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Jo 17.4 – Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer; 8 Hb 8.8 – E, de fato, repreendendo-os, diz: Eis aí vêm dias, diz o Senhor, e firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá, 24 13 Hb 12.24 – e a Yeshua, o Mediador da nova aliança, e ao sangue da aspersão que fala coisas superiores ao que fala o próprio Abel. 21 14 At 3.21 - ao qual é necessário que o céu receba até aos tempos da restauração de todas as coisas, de que D-us falou por boca dos seus santos profetas desde a antiguidade. 12
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Portando , sobre estas informações que obtivemos, entendo ser importante termos uma mentalidade restauradora , pois o que necessitamos é voltar a rota original e não de alguns remendos.Sabendo que para este processo é preciso paciência , determinação, compromisso, disciplina, dedicação e discernimento dos tempos, pois há restaurações que são a curto, médio e longo prazo, porém a maioria se faz em a longo prazo.
(Continua Parte II)
Shalom Carlos Coléct