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PAULO (SHAUL) NÃO SABIA O QUE DIZIA SOBRE A LEI?
Paulo (Shaul), o rabino, não concordava com o seu Deus ( Deus dos hebreus)? Por acaso, Paulo disse que o Eterno, Deus dos hebreus, mentiu? Vejamos, Paulo disse aos Gálatas: Logo, a lei é contra as promessas de Deus? De nenhuma sorte; porque, se fosse dada uma lei que pudesse vivificar, a justiça, na verdade, teria sido pela lei. (Gl 3.21). Paulo, portanto, diz que a lei não anula a promessa feita a Abraão e que NÃO HÁ JUSTIÇA E VIDA NA LEI? É isso? O Deus dos hebreus, porém, diz o quê ao seu Povo ao entregar a Torah (instrução, legislação) no Sinai?: Quando teu filho te perguntar no futuro, dizendo: Que significam os testemunhos, e estatutos e juízos (torah - legislação) que o Senhor nosso Deus vos ordenou? [...] E o Senhor nos ordenou que cumpríssemos todos estes estatutos, que temêssemos ao Senhor nosso Deus, para o nosso PERPÉTUO BEM, PARA NOS GUARDAR EM VIDA, como no dia de hoje. E SERÁ PARA NÓS JUSTIÇA, quando tivermos cuidado de cumprir todos estes mandamentos perante o Senhor nosso Deus, como nos tem ordenado. (Deuteronômio 6:20-25). De qual Lei Paulo (Shaul) estava falando, então? Poderia ele contradizer o Deus (YHWH), o qual diz não mudar e nem ser homem para que minta e nem filho do homem para que se arrependa? (Ml 3.6 / Nm 23.19) As dispensações da Lei e da Graça e a dicotomia do Velho e Novo testamento criadas na história antissemita do cristianismo confundiram muito a mentalidade da maioria dos inseridos no cristianismo no que tange as palavras, principalmente, de Paulo. Eu, particularmente, hoje não vejo muita dificuldade em compreendê-las. Pela ótica da teologia hebraica (lei e profetas), analisando alguns valores históricos hebraicos e judaicos (porque não são necessariamente sinônimos) e afastando-se um pouco da teologia grega cristã, fica relativamente tranquilo compreender que Paulo (rabino Shaul) não contradiz a Torah ou os Profetas, e nem tão pouco Yeshua, como Ungido, o fez. Existe um princípio chamado Halachá (modo de caminhar) - instituído por Deus Eterno no Sinai - quando Ele revelou a Torah (código legal), isto significa que os juízes poderiam dar a halachá, isto é, instruir o povo no seu modo de caminhar na Torah em alguns casos específicos: e declara-lhes os estatutos e as leis e faze-lhes saber o caminho em que devem andar (halachá) e a obra que devem fazer. (Êx 18.20). Paulo e Yeshua dão halachot em algumas ocasiões, por exemplo, no sermão do monte, em Mt 5, quando Yeshua diz "ouviste o que foi dito, eu, porém, vos digo". Isso é halachá.
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Halachá são flexíveis. Algumas vezes quem não compreende esse princípio acaba pensando que Yeshua mudou a lei. Não, ele apenas está contextualizando a lei e aplicando ao seu contexto e época. No entanto, esta halachá, durante a história de Israel, foi ampliada pelos contextos de exílios, tornando-se uma legislação pesada. Passou a ser um compendio de regras, dogmas rabínicos, "sufocando", desta forma, a própria Torah. Surgiram as leis orais (mishnas), as cercas da lei (syag latorah) e também as obras da lei (maassei hatorah), dentre outros pesos (isto pelo medo de voltar ao exílio). Era sobre essas leis que Paulo (Shaul) e Yeshua falavam contra. Obras da Lei (ergon nomos) que Paulo fala muito, segundo especialistas linguísticos, diz respeito as obras rabínicas, dogmas e costumes rabínicos que sobrepõem os próprios mandamentos da Torah do Eterno. Shaul (Paulo) não tinha o respaldo da língua grega para falar "legalismo", por isso usava "ergon nomos" (obras da lei) ou “upon nomos" (debaixo da lei). No contexto de Gálatas, havia um grupo chamado da Circuncisão que defendia a prática da circuncisão para receber as promessas de Deus feitas a Abraão, e esta circuncisão só era válida dentro de um ritual específico rabínico, e Paulo combate os ensinamentos deste grupo, sendo assim, Paulo não está falando do não cumprimento da Torah, está falando das leis orais e costumes rabínicos em torno da circuncisão e Torah. Enfim, como no exemplo em que Yeshua diz "ai de vós que atam fardos pesados e nem vocês mesmos carregam".