Trabalho final de Diplomação 2 - CASA - Centro de Apoio Social e Artístico no Setor Comercial Sul

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CASA Centro de Apoio Social e Artístico Setor Comercial Sul

CASA Centro de Apoio Social e Artístico Setor Comercial Sul Carmen Jimenez Castro



“Em uma sociedade decadente, a arte, se for verdadeira, deve também refletir decadência. E, a menos que queira quebrar a fé com sua função social, a arte deve mostrar o mundo como mutável. E ajudar a mudá-lo.” Ernst Fischer

Carmen Jimenez Castro Universidade de Brasília Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Projeto de Diplomação 2 Orientadora Drª Profª Cynthia Nojimoto Período letivo 2020/2


Declaração da autora Sou artista. Em agosto de 2017, com influência da FAU, com a matéria geometria construtiva, criei o que hoje considero ser meu sonho: a Bluelejo. Minha marca artística. Esse sonho ainda está sendo construído. Ser mulher e empreendedora é algo que exige coragem. Há muita desvalorização do trabalho manual. Mas é algo, também, que ensina a ter determinação e autoconfiança. A arte é transformadora. As pinceladas, para mim, fazem mais sentido do que muitas conversas. As pinceladas, para muitos, são a profissão e o ganha pão. As pinceladas, na pandemia, foram o que me ajudaram a concretizar esse trabalho que agora os apresento. A escolha para o tema da minha diplomação tem origem na minha infância. Desde os meus 8 anos de idade, a arte e a arquitetura estão presentes. Na escola criativa da 104 sul, projeto de Oscar Niemeyer, tive meu primeiro contato com a produção manual. Lembro-me bem que toda aula aprendíamos a mexer com diferentes materiais, expandido as possibilidades de criação. E, no final de cada aula, líamos um livro na biblioteca pública que havia no mesmo espaço. Ficava encantada com a professora, que fazia infinitas coisas com as próprias mãos, com tanta praticidade. Ficava encantada, também, com aquela pequena escola: um vão livre com finas

aberturas apenas na parte superior das vedações. Quando mais velha, no bloco residencial no qual eu moro, vi os azulejos originais do edifício jogados no lixo para serem substituídos por um revestimento genérico. Durante anos aquele azul dos azulejos fazia parte do meu lar. Não pensei duas vezes e peguei alguns da caçamba de lixo e levei-os para casa. Emoldurei 4 azulejos e compus um quadro. Quando as pessoas o viram, todos tiveram interesse em comprá-lo. Foi aí que tive a ideia, com o apoio do meu pai, de criar a Bluelejo. Hoje, pinto quadros, pinto objetos decorativos, faço acessórios… Faço o que faz sentido pra mim. Costumo dizer que a Bluelejo é meu laboratório artístico. Dessa forma, juntando a liberdade, o autoconhecimento e a noção de vendas que tive com minha marca, escolhi projetar, como trabalho final de graduação, um espaço que estimulasse a produção artística e artesanal para aqueles que podem levar a arte como objeto transformador, como profissão. Levando em consideração, também, o potencial social da arquitetura, escolhi o coração de Brasília que, hoje, carece de atenção e que pode ser palco para muitos artistas que ainda não tiveram incentivo: o Setor Comercial Sul.


Agradecimentos Dedico esse trabalho a meu irmão, Manoel, que desde o início compreendeu a importância do meu tema e o apoiou. Além de ajudar a concretizar minhas ideias. Dedico, também, a minha avó e a minha mãe, Carmen, cujo nome carrego e cuja força feminina sempre esteve presente dentro de mim. Dedico ao meu pai, Ricardo, que desde pequena me mostrou as vantagens de me dedicar aos estudos, e que é exemplo de pessoa justa e honesta. Dedico a minha irmã, Pilar, a minha sobrinha, Cecília, e a meu cunhado, Diego, que alegraram meus dias durante a produção desse trabalho, em meio à situação caótica da pandemia. Dedico a minha tia, Luisa, que foi o elo essencial entre mim e as artes, que norteou todo esse projeto. Dedico ao meu primo, Lucas, e a minha cunhada, Anna, que, mesmo de longe, sempre foram grandes referências. Dedico, por fim, a todos os amigos e professores que a Universidade de Brasília me introduziu, que certamente tiveram influência em cada página desse caderno. Obrigada.

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Resumo Quantos talentos estão escondidos nas ruas? Quantas pessoas poderiam estar ganhando a vida com sua própria produção, mas não sabem o que podem fazer com as próprias mãos, por falta de estímulo, por falta de conhecimento sobre sua própria capacidade? Como as pessoas em situação de rua podem mudar sua realidade se não há oportunidade para elas? Idealizando as respostas para essas perguntas, nasceu o projeto CASA: o Centro de Apoio Social e Artístico, localizado na maior concentração, atualmente, de cultura e de pessoas em situação de rua do Plano Piloto. O CASA não tem a intenção de interferir em nada do que já acontece no Setor. Tampouco tem a intenção de abstrair a realidade dos que ali vivem. O CASA tem o objetivo de ser o elo facilitador e fortalecedor entre o que já ocorre: a voz - felizmente - cada vez mais difícil de silenciar da população em situação de rua e da cultura contemporânea brasiliense. De forma enxuta, o CASA é um centro cultural, que comportará exposições de arte, peças teatrais, shows musicais, mostras de cinema, entre outros, além de salas de aula e ateliês para ensinar e empregar as pessoas em situação de rua no âmbito das artes. Inicialmente, o CASA contará com o trabalho voluntário de artistas e pessoas que possam compartilhar seus conhecimentos para, posteriormente, o projeto se tornar autossuficiente, em que a população em situação de rua inicialmente inscrita no programa possa lecionar e auxiliar os próximos inscritos. O CASA será aberto ao público: nele também ocorrerão atividades culturais, eventos e oficinas que envolvem toda a população de Brasília. A ideia é colocar pincéis, microfones e papel e caneta nas mãos dessa população para o restante da cidade poder ouvi-la e interpretá-la da forma que ela quiser. Além disso, levando em consideração as demandas locais do Setor Comercial Sul, foram acrescentados ao programa de necessidades do projeto café, bar, restaurante popular - a baixo custo, centro de arrecadação de doações, mobiliário urbano para a ocupação e permanência de pessoas nos espaços ociosos, entre outros. Para compreender melhor a complexidade do projeto CASA, continue virando as páginas.


Índice Introdução Pág. 11 Pág. 15 Pág. 17

Conceitos Justificativa Referências

Contexto e localização Pág. 25 Pág. 27 Pág. 29

Plano Piloto Setor Comercial Sul Análises

Praça do Povo Pág. 37 Pág. 39 Pág. 41

Levantamento O projeto do GDF Avaliação pós ocupacional

Edifício Dona Angela Pág. 47 Pág. 53

Levantamento Memorial Justificativo

CASA Pág. 59 Pág. 59 Pág. 61 Pág. 65 Pág. 71 Pág. 75

Programa de necessidades Diretrizes de projeto Desenvolvimento Perspectivas Diagramas Desenhos técnicos

Detalhamento Pág. 97

CASA de perto

Bibliografia Anexo caderno de croquis

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Introdução



Conceitos

Arte

Trabalho e educação

Vivemos uma pandemia. Mudamos os hábitos de higiene, as relações sociais, a forma de trabalhar e de estudar. Mudamos, também, a percepção sobre os espaços: nossa casa nunca antes nos pareceu tão pequena - ou tão grande, tão sem graça, monótona. Percebemos defeitos antes nunca vistos por nós. Seja no mundo físico, seja no mundo espiritual. Dessa forma, temos buscado amenizar o choque de realidade com a arte: estamos consumindo mais filmes, músicas, livros e artes plásticas em 2021.

Assim, com a expansão do consumo e do acesso à arte, muitas pessoas se profissionalizaram nesse ramo. No Brasil, segundo dados do IBGE 2017, são mais de 10 milhões de pessoas que trabalham com artesanato, movimentando R$50 bilhões na economia brasileira por ano. Em 1978, pela Lei nº 6.533/78, a profissão do artista foi regulamentada. Desde então, a oferta e a demanda da arte só vêm aumetando.

Temos fácil acesso à arte graças a sua democratização, que fez a cultura se diversificar, abranger mais identidades e conquistar mais espaço no cotidiano. Antes, a arte era consumida apenas pelas pessoas que tinham acesso a museus, exposições e galerias, agora ela vai até onde o público está: os grafites nos muros da cidade, os músicos nas esquinas das ruas, os poetas nas praças, as sátiras nos jornais. A arte se difundiu em todas as classes sociais, popularizou-se - ou melhor, a arte popular ganhou voz. Hoje, a arte está no MASP, mas também está na casa mulher baiana que produz filtros de barro para ganhar sua renda.

E ela não está presente apenas no meio profissional, mas no educacional. No Instituto Ybi, em São Paulo, por exemplo, foi realizado o Projeto Pitombeira, que viabilizou o acesso à água e resgatou a dignidade por meio de uma nova perspectiva profissional das técnicas de lapidação de pedras naturais. Há, também, exemplos de ressoacialização de detentos a partir da arte-educação, como é o caso de Valdir Amaral da Cruz, 48 anos, da Penitenciária de Bauru, que ministra curso para duas turmas de 20 detentos cada. Um de seus alunos disse: "Fiquei em regime fechado por cinco anos e a minha mente também estava fechada. Este curso serviu para abrir a cabeça e ver outras possibilidades além do crime". A arte no trabalho e na educação tem, portanto, um enorme potencial transformador social. É de extrema importância que os seres humanos tenham contato com a produção artística desde pequenos, para terem consciência de que tudo pode ser feito com as próprias mãos.


Patrimônio

População em situação de rua

No Brasil, segundo o IPHAN 2018, temos 47 bens imateriais registrados originados das 5 regiões do país. Dentre eles há desde o “Teatro de Bonecos Popular do Nordeste” até o “Modo de Fazer Cuias do Baixo Amazonas”. Em qualquer cidade brasileira é possível encontrar técnicas populares de produção artística autênticas, que compõem a cultura do país, que são ensinadas de geração a geração, seja em uma conversa despretenciosa entre vizinhas, seja com o pai ensinando o filho a ter um ganha pão.

Segundo o Censo Pop Rua, realizado em 2008, o Brasil tem cerca de 31.922 adultos em situação de rua. 82% são homens e 53% têm entre 25 e 44 anos de idade. 67% das pessoas se declaram pardas ou negras e 52% possuem algum parente que mora na mesma cidade em que estão vivendo.

Outra questão importante é nossa capital: tombada Patrimônio Mundial, Brasília carrega o simbolismo e a responsabilidade de ser o maior patrimônio tombado da humanidade, com seus 112,25 km². No entanto, nunca teve uma política pública de manutenção e conservação. Vemos, hoje, os Setores da cidade mal cuidados, deteriorados e, muitas vezes, com uma política de uso de solo ultrapassada. Será que realmente estamos aproveitando o potencial cultural de nossa capital?

Desses 31.922 adultos, 71% trabalham com alguma atividade remunerada, como coleta de materiais recicláveis, flanelinha, construção civil e limpeza, apesar de apenas 2% terem carteira assinada. 25% desses 31.922 não possuem documento de identificação, o que dificulta a obtenção de emprego formal e acesso a serviços/programas governamentais. Porém, 74% sabem ler e escrever.

Os principais motivos para viver na rua são problemas com álcool/drogas (36%); desemprego (30%) e desavenças com a família (29%).

Dessa forma, o problema da população em situação de rua não está em si mesma, não é por falta de vontade dela. Grande parte tem capacidade para ser empregada e mudar de vida. O problema está nas políticas públicas e na falta de oportunidade a essa população. Cada um desses 31.922 adultos entrevistados para o Censo Pop Rua 2008 carrega consigo uma bagagem de conhecimento técnico e cultural ignorada pelo Estado, que criou programas sociais insuficientes para o atual cenário das ruas brasileiras.

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Justificativa

CASA

Centro Pop

É nesse contexto que o projeto CASA foi elaborado: um Centro de Apoio Social e Artístico no Setor Comercial Sul, em Brasília, Brasil.

Para entender melhor a demanda, a pesquisa do objeto de estudo iniciou-se com a análise dos Centros Pop. Devido à pandemia da COVID-19, não foi possível realizar uma visita técnica ao local. Usou-se como embasamento teórico para este tópico o artigo “A influência dos espaços públicos no comportamento das mulheres em situação de rua do Plano Piloto de Brasília”, de Rayssa Vidal, de 2019.

Consiste de um Centro de incentivo cultural com o intuito de lecionar e profissionalizar a população em situação de rua local, proporcionando eventos, exposições, oficinas, concertos, apresentações e aulas para o público. O projeto será uma reconversão do Edifício Dona Angela para novos usos, na Quadra 03 do Setor Comercial Sul (SCS) - atualmente em desuso, abrangendo, também, a Praça do Povo, localizada ao lado do Edifício. O programa do Centro tem como objetivo divulgar nomes artísticos para toda a cidade, criando atividades diurnas e noturnas para ocupar o Setor de forma a garantir o direito à cidade e à cultura tanto para os visitantes quanto para os próprios comerciantes e moradores do local, além de dar apoio para atender às necessidades básicas destes, como arrecadação de doações, higiene básica e restaurante popular.

Centro Pop é uma instituição que oferece rotina diária de café da manhã e almoço, banhos, auxílio com documentação, assistência social, entre outros, não sendo um alojamento. No Plano Piloto de Brasília, está a sede do Centro no Sgas 903 Sul, próxima ao Setor Comercial Sul, a qual auxilia cerca de 250 pessoas em situação de rua por dia. Apesar disso, os Centros Pop não conseguem suportar a demanda das pessoas que utilizam seus serviços. E não é com a criação de mais Centros como esse que a demanda será atendida. É preciso repensar as assistências sociais, os alojamentos, é preciso que o governo realmente se preocupe em saber as características da população de rua para criar programas mais eficazes. Cabe à sociedade compreender que as pessoas não estão na rua porque querem. E, apesar de uma cama temporária e uma refeição diária fazerem total diferença na vida dessas pessoas, é preciso pensar a longo prazo, dar-lhes oportunidade não apenas para sobreviverem a mais um dia, mas para saírem da rua de vez.


O fazer com as mãos

Cultura e cidade

É com essa motivação que o projeto CASA tem como ponto de partida o “fazer com as mãos”: o caminho para proporcionar às pessoas em situação de rua do SCS uma oportunidade de profissionalização e conhecimento pessoal, ao mesmo tempo que estimula as atividades culturais de Brasília.

A cultura oferece maneiras instigantes de relacionar o cidadão com sua comunidade, o que pode ser especialmente importante para a juventude em risco e as vizinhanças em que o crime e a pobreza são endêmicos, pois desperta um interesse por sua cidade, seu bairro e por si mesmos. A presença da cultura pode afastar a violência, porque cria uma sensação de pertencimento ao local, e as pessoas se sentem responsáveis por cuidar do espaço.

Segundo Moreto (2012), entende-se por “fazer com as mãos” as atividades que despertam a produção individual, a subjetividade, a arte para além do belo, que é de grande valia para as pessoas que se encontram em situação de rua. Isto porque a produção artesanal de pinturas, quadros, esculturas, mosaicos, filmes, músicas, peças de teatro pode ser exposta para além das paredes do Centro Pop, permitindo a visibilidade da pessoa em situação de rua em outra linguagem, em outro aspecto, de novas perspectivas, de um ângulo crítico, subjetivo, poético. A perspectiva da arte permite ao usuário mostrar à sociedade e a si mesmo como ele gostaria de ser visto, escutado, assistido.

Em 2015, antes de o Setor Comercial Sul virar palco para eventos noturnos, foram registrados 8 assassinatos na região de janeiro a junho. Em 2016, após os eventos se inciarem, no mesmo período não foi registrado nenhum homicídio nem estrupo. Ainda em 2016, as ocorrências por tráfico de drogas diminuíram 42,3% comparados os dois anos. Esses números são frutos, além da revitalização do SCS, das atividades culturais que ali ocorrem.

É importante a valorização das produções artísticas da população de rua nos Centros Pop e em outros espaços culturais do DF. Essa abordagem é de grande valor para a autoestima, para o acreditar em si mesmo e para refletir sobre suas habilidades e escolhas.

Segundo Klaumann, 2016, deve-se promover acessibilidade à população em situação de rua a toda manifestação cultural, assim como propiciar a participar dela e a aprender práticas artísticas. Deve-se, também, apoiar outras iniciativas com cunho cultural, viabilizando a possibilidade de renda à população em situação de rua; apoiar ações que possam dialogar e conscientizar a comunidade sobre essa população, divulgando seus trabalhos culturais. A cultura deve ser eixo fundamental para a busca de soluções criativas para a vida comum na cidade. O futuro da arte não é artístico, mas urbano. Isso porque o futuro do “homem” não se descobre nem no cosmo, nem no povo, nem na produção, mas na sociedade urbana (LEFEBVRE, 1968).

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Justificativa Economia criativa Entende-se por economia criativa o conjunto de negócios baseados no capital intelectual e cultural e na criatividade que gera valor econômico. A indústria criativa estimula a geração de renda, cria empregos e produz receitas de exportação, além de promover a diversidade cultural e o desenvolvimento humano. Concretamente, a área criativa gerou uma riqueza de R$155,6 bilhões para a economia brasileira em 2015, segundo o “Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil”, publicado pela Firjan em dezembro de 2016. A participação do PIB Criativo estimado no PIB brasileiro foi de 2,64% em 2015, quando a Indústria Criativa era composta por 851,2 mil profissionais formais. Portanto, a cultura também é lucrativa do ponto de vista financeiro. Ela pode ser um excelente salva-vidas. As atividades culturais têm enorme potencial para fazer frente a muitos desafios sociais que acometem as cidades. Cidades de todas as partes estão preocupadas em criar um propósito comum quando laços tradicionais de etnia, língua, e religião já não são conexões determinantes. Para além de como construir cidades, é superior saber como desenvolver os cidadãos.

Um plano de cultura é uma maneira menos arriscada de fazer o coração de sua cidade pulsar. Os benefícios podem ser numerosos, incluindo um fortalecimento econômico e uma nova maneira de lidar com problemas sociais e econômicos em comunidades marginalizadas. Como acontece nos esportes, o treinamento cultural não cria apenas habilidades, mas uma atitude disciplinada na construção de habilidades. Em alguns casos, ele realmente abre caminho para carreiras em potencial. O conhecimento adquirido pelas artes pode dar a uma pessoa a confiança e a experiência que os empregadores procuram. O projeto CASA tem como objetivo abranger todo e qualquer tipo de manifestação artística tanto da população em situação de rua quanto de pessoas externas ao SCS, oferecendo o espaço e as ferramentas necessárias para a produção e educação artística, enaltecendo a diversidade cultural da cidade natal de todos. A exposição a um universo de arte não restrito pode libertar do condicionamento estético imposto pelo mercado através da mídia, que determina um só padrão para todos, independentemente das especificidades individuais ou de grupos. A cultura expressa o percurso do homem, da sua luta. Por isso é fundamental aproximar a população em situação de rua da sua cultura de origem, articulando-a a sua história e à comunidade em que vive o artista.


Autossuficiência O Setor Comercial Sul é um organismo vivo. Um ecossistema inteiro observa-se ali, cuja função é de extrema importância para Brasília. Apesar disso, o Setor está em um atual estado de degradação - tanto relacionado à condição arquitetônica de suas edificações quanto da insfraestrutura urbana local, o que exige atenção e intervenção. Em outras palavras, na escala urbana, o SCS precisa de uma revitalização, que é entendida, segundo o grupo de pesquisa Reabilita, da Pós Graduação da FAU-Unb, como a intervenção em um espaço urbano considerado social, cultural e, sobretudo, economicamente morto - apenas 24% das construções do SCS são ocupadas, segundo os indicativos de vacância imobiliária de 2017. Pretende-se, portanto, resgatar o direito do espaço urbano à inserção na cidade a que pertence. Revitalização constitui uma prática preservacionista em que ao valor cultural do patrimônio urbano vem-se somar um outro valor: o econômico. É aqui que a atividade turística desempenha papel fundamental. Afinal, é o turista, na realidade, quem agrega o valor econômico ao bem patrimonial entendendo, aqui, como turista qualquer pessoa que venha a visitar e a

utilizar os serviços e atividades oferecidos pelo Setor. No entanto, o processo de revitalização está associado ao processo de gentrificação: as melhorias do espaço urbano provocam uma valorização imobiliária, que acarreta um aumento de aluguéis, que termina por expulsar antigos moradores e comerciantes locais. Por isso, o projeto CASA tem consciência de seu potencial gentrificante e adota como partido um projeto pensado e destinado sobretudo para e pela população em situação de rua local. Em seu programa, ela que realizará as funções desempenhadas pelo edifício tais como administração, recepção e coordenação. Assim, além dos ateliês de produção, das salas de aula, dos eventos e das exposições, o edifício como um todo será espaço para capacitar a população. É aqui que entra o conceito de autossuficiência: o Centro de Apoio Social e Artístico não é um alojamento, não é um Centro Pop, não é uma escola de arte. O CASA é um projeto complementar a eles. É um ciclo constante de hierarquia em que os próprios usuários do espaço ensinarão os futuros inscritos no programa a crescer tanto socialmente quanto profissionalmente, ajudando-se uns aos outros, com constantes trocas de experiências.

Arquitetura manifesto Entende-se por manifesto uma declaração formal que transmite intenções, opiniões, decisões ou ideias políticas particulares a uma pessoa ou a um grupo de pessoas. Dessa forma, a arquitetura manifesto é aquela arquitetura que declara uma intenção. O projeto CASA tem a intenção de falar por si só. Em meio aos blocos de edificíos do Setor Comercial Sul, o CASA contrapõem-se à arquitetura rígida da capital. A experiência artítica inica-se não apenas quando o indivíduo adentra o edifício, mas sim quando, em seu campo de visão, já é possível localizar-se na Praça do Povo. A Praça e a construção dialogam entre si em um manifesto a favor da arte contemporânea, da arte acessível, política e social. Para tanto, o Edifício Dona Angela passará por um processo de reconversão, que é entendido como uma atualização do uso da edificação em busca de um melhor desempenho desta atualizando a acústica, a estrutura, os espaços, entre outros - para resgatar o valor de uso da obra.

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Referências S esc P ompeia Projeto: Lina Bo Bardi Localização: São Paulo, Brasil Ano: 1977/1982 Á rea: 22.026,02 m² construída - Projeto de reabilitação de uma antiga Fábrica de Tambores que se transformou em um Centro Cultural e Esportivo; - Há um teatro com 2 plateias e um palco no centro interação entre artista e público - provocação mútua;; Planta baixa geral do térreo. Fonte: Archdaily. Foto dos ateliês de oficina. Fonte: Marco Antonio. Foto do espaço de leitura. Fonte: Fernando Stanku ns. - As cadeiras do teatro são “ desconfortáveis” (duras) para o públcio ter uma postura digna e altiva ao artista - referência da Grécia, na Roma Antiga, em que o teatro era uma experiência coletiva, transformadora e política; - Passarelas aéreas de concreto protendido e o restante da estrutura de concreto armado - estrutura original da fábrica. - Atividades culturais gratuitas ou de baixo custo para aproximar as pessoas das artes sem a necessidade de Croqui do teatro de Lina Bo Bardi. Fonte: Sesc Pompeia. uma instituição formal de ensino. Foto do teatro. Fonte: Fernando Stanku ns. Planta baixa do teatro. Fonte: Archdaily. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------N ave 1 7C - M atadero Projeto: Arturo Franco Localização: Madri, Espanha Ano: 2006 Á rea: 6.000 m² - Projeto de reabilitação de um antigo abatedouro de gado construído em 1907; - Complexo de mais de 20 naves - hoje, cada uma delas foi reabilitada e é gerida por instituições diferentes; - A Nave 17C promove a criação da arte contemporâ nea por meio de um programa de bolsas impulsionado pela Câ mara Municipal de Madri; - O projeto é uma intervenção no patrimônio histórico que não se reduz apenas ao mínimo necessário - a estrutura é original e aparente e os novos materiais são limpos, rígidos, retos e translúcidos; - A Nave comporta uma bilheteria, dois banheiros e dois espaços de exposição com planta baixa livre;

Planta baixa da Nave 17C. Fonte: Archdaily.

Corte longitudinal da Nave 17C. Fonte: Archdaily.

Foto área de expoisção. Fonte: Carlos Fernández. Foto acesso banheiro.

Foto estrutura.


S tedelij k M useum Projeto: Benthem Crouwel Architects Localização: Amsterdam, Holanda Ano: 2012 Á rea: 26.500 m² - O museu já existia em um edifício ao lado, construído em 1895; - O novo edifício é uma intervenção de constraposição: não tenta imitar o antigo, pelo contrário, distoa completamente com o objetivo de diferenciar os dois períodos de construção e introduzir um novo contexto histórico e funcional ao museu; - O novo edíficio é um anexo do antigo, ou seja, o fluxo é compartilhado; - A nova entrada principal teve o cuidado de não “ apagar” os vazios da praça em que o projeto é inserido - o chão da praça continua até o hall de entrada do museu; - A grande cobertura do novo edifício avança até a praça, criando espaços de convivência entre ambas;

Planta baixa geral. Fonte: Archdaily.

Fachadas Oeste. Fonte: Archdaily.

Foto dos dois edifícios. Fonte: Jannes Linders.

Foto embaixo da cobertura. Fonte: Jannes Linders.

Corte transversal. Fonte: Archdaily.

Foto do interior. Fonte: Jannes Linders.

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------LX F actory Projeto: João Pires da Fonte Localização: Lisboa, Portugal Ano: 2007/2008 Á rea: 9.000 m² construída - Antiga Companhia de Fiação e Tecidos Lisbonense, de 1846; - Transformou-se em um complexo criativo ocupado por empresas e profissionais das áreas da moda, publicidade, comunicação, multimídia, arte, arquitetura, música e gastronomia, entre outros, gerando atividades que atraem visitantes para redescobrirem a zona antes subutilizada; - Os espaços de cirulação possuem plantas livres, utilizados para pontos de encontro, feiras, exposições e shows. Já os espaços ocupados estão em uso fixo para cunho cultural e comercial; - A estrutura original permanecce, composta de ferro, pedra e tijolos no estilo industrial; - São mais de 200 locais para empresários residentes, que empregam cerca de 1000 pessoas e atraem 1 milhão de visitantes por ano.

Foto da feira na área de circulação. Fonte: Pinterest. Foto de um escritório. Fonte: LX Factory.

Foto de uma gráfica. Fonte: LX Factory.

Foto de um restaurante Fonte: LX Factory.

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Referências C entro de Arte J avett Projeto: Mathews + Associates Architects Localização: Pretória, Á frica do Sul Ano: 2019 Á rea: 12.989 m² - Construído para abrigar, ao lado de uma universidade, a vasta coleção de artefatos de ouro da civilização sul africana Mapungubwe, obras públicas do país; - Além de nove galerias, o projeto também inclui em seu programa um auditório com 115 lugares, escritórios adminitrativos, armazenamento, conservação de arte e áreas de quarentena e um restaurante; - Assemelha-se a um cofre de concreto aparente; - A passarela aérea tem uma proteção de concreto perfurado em formas e padrões de estamparia em tecido da cultura local; - O complexo abrange duas praças: a Praça da Arte e a Praça do Museu. Esta tem acesso público e comporta um restaurante e eventos e funções públicas.

Zoneamento. Fonte: Archdaily.

Planta baixa geral do térreo. Fonte: Archdaily.

Foto do projeto. Fonte: Jan Hugo.

Planta baixa geral do 1º pavimento. Fonte: Archdaily.

Foto do concreto perfurado. Fonte: David S.

Foto do interior das galerias. Fonte: David S.

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------C entro C ultural Daw ar E l E zb

a

Projeto: Ahmed Hossam Saafan Localização: Fustat, Egito Ano: 2019 Á rea: 81 m² - Iniciativa social em um dos maiores assentamentos informais do Cairo. Por meio de serviços de bufê e outras formas de produção de alimentos, a iniciativa oferece emprego digno e treinamento vocacional para mulheres imigrantes, refugiadas e egípcias; - Um novo volume foi adicionado à estrutura orginial, a ampliação foi localizada acima do 1º piso e incluiu um estúdio de arte, uma área de convivência, um escritório administrativo e um espaço de teatro/oficina; - Por meio da arquitetura, o edifício visa a servir como uma plataforma interativa para crianças, jovens e adultos, ao integrar estratégias de design conscientes, com o intuito de melhorar a qualidade de vida do local. Internamente, o edifício buscou a criação de um ambiente homogêneo que sugere solidariedade, permitindo que uma plataforma seja fornecida a cada participante, de forma a valorizar e celebrar a diversidade.

Planta baixa dos 4º e 5º pav. Fonte: Archdaily.

Foto do projeto. Fonte: Ahmed Hossam Saafan.

Croqui corte longitudinal. Fonte: Archdaily.

Foto do teatro/oficina. Fonte: Ahmed Hossam.


T eatro O f icina ( e P arq ue B ix iga) Projeto: Lina Bo Bardi, Edson Elito Localização: Bela Vista, Brasil Ano: 1984/1994 - O teatro, que foi fundado em 1958 e possuía formato de arena, com duas plateias opostas, sofreu um incêndio, no qual tudo foi perdido; - Em 1984 inica-se, a recuperação desse importante teatro manifesto; - O teatro desenvolve-se por meio de uma faixa de terra, conformando a passarela central com cerca de 1,50 metros de largura sobre pranchas de madeira e com extensão de 50 metros de comprimento entre o acesso frontal e fundos, e pé direito de 13m, aproximando a ideia de rua, marcando o eixo do espetáculo e desfragmentando os limites entre o palco e a plateia; - No terreno do teatro, será construído um parque (Parque Bixiga) que, assim como o Oficina, será um manifesto, depois de muita luta da comunidade para conseguir a autorização de sua construção, onde serão plantadas centenas de árvores em seus 13.000m² .

Plantas baixas gerais. Fonte: Archdaily.

Cortes. Fonte: Archdaily.

Croqui do Parque Bixiga. Fonte: G1.

Foto do palco e das arquibancadas. Fonte: Nelson Kon.

Foto do camarim no nível superior. Fonte: Nelson Kon.

Foto do Teatro Oficina. Fonte: Nelson Kon.

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------T eatro P olivalente Projeto: Lacaton & Vassal Localização: Lille, França Ano: 2013 Á rea: 3.791 m² - É um lugar de disseminação cultural que opera tanto a escala urbana como a local. É parte dos 28ha do processo de reestruturação urbana do Setor de Arras; - O projeto delicadamente “ desliza” sob uma cobertura acessível que aloja um jardim público. No interior, o volume principal do hall toma a área central, desprendendo-se dos pontos de apoio de carga; - O projeto possui apenas duas fachadas, formando uma forte identidade visual e tornando o edifício parte da permeabilidade de seu entorno.

Configuração festival de 400 assentos. Fonte: Archdaily.

Configuração arquibancada. Fonte: Archdaily.

Foto espaço festival. Fonte: Philippe Ruault. Foto convivência. Fonte: Philippe Ruault.

Configuração espetáculo 400 assentos. Fonte: Archdaily.

Foto hall de entrada. Fonte: Philippe Ruault.

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Referências P raça em M allavia Projeto: azab Localização: Mallavia, Espanha Ano: 2018 Á rea: 1.350 m² - A globalização também impõe ao planejamento urbano uma perda de valores contextuais e sociais que são transferidos para Corte longitudinal. Fonte: Archdaily. Corte transversal. Fonte: Archdaily. seus planos e edifícios. Diante desta situação, é urgente que a arquitetura recupere os espaços tradicionais; - O projeto não visa à criação de um novo espaço, mas sim recuperar o significado especial do seu lugar emblemático. Para Esquema. Fonte: Archdaily. tanto, propõe-se a introdução de uma série de dispositivos que atualizam a praça, ampliando suas possibilidades de uso e permitindo que se torne um espaço de diversão para todas as idades; - O projeto propõe, para isso, a cobertura do auditório externo da Plaza Elizalde e sua conversão e adaptação para se tornar um espaço de lazer multigeracional; - A nova distribuição de usos da área de lazer é, então, ordenada por zonas, com três espaços diferenciados, mas interligados, Foto interior. Foto implantação. Fonte: Luis Díaz Díaz. Foto cobertura. Fonte: Luis Díaz Díaz. Fonte: Luis Díaz Díaz. que multiplicam as possibilidades do antigo auditório. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------R eq ualif icaçã o urb ana do largo da I grej a Projeto: Alexandre Picanço, Paulo Vieitas Localização: Distrito de Ponta Delgada, Portugal Ano: 2020 Á rea: 900 m² - Uma boa parte da população utiliza o “ Coreto” como elemento urbano de referência para o convívio social. Ao mesmo tempo que a antiga praça oferecia um espaço para convívio e atuações festivas, tornou-se um elemento de ruído visual, desvalorizando eventuais edifícios históricos ou com interesse patrimonial; - Optou-se por desenhar um elemento central, que surge como uma reinterpretação desse mesmo “ Coreto” , servindo como referência na utilização da praça e como organizador de todo o espaço. É elemento sobre-elevado, que permite não só o seu uso como banco e zona de estar, mas também como palco para atuações diversas.

Foto implantação. Fonte: Paulo Prata.

Foto detalhe. Fonte: Paulo Prata.

Foto do Coreto. Fonte: Paulo Prata.

Foto do Coreto. Fonte: Paulo Prata.

Planta Baixa. Fonte: Archdaily.

Corte. Fonte: Archdaily.


S uperk ilen Projeto: Bjarke Ingels (BIG) Localização: Copenhague, Dinamarca Ano: 2011 Á rea: 4.3 ha - Em quase um quilômetro de comprimento, Superki len atravessa um dos bairros mais etnicamente diversos e socialmente desafiadores na Dinamarca, criando um espaço urbano verdadeiramente original, com uma forte identidade em escala local e global; - O parque é dividido em três zonas: a praça vermelha (red square), o mercado preto (black marke t) e o parque verde (green park) e é concebido como uma imensa exibição das melhores práticas urbanas - uma coleção de objetos cotidianos globalizados dos mais de 60 países natais dos habitantes locais; - “ Há um esforço para representar cada nacionalidade vivendo na vizinhança, através de artes públicas e programas específicos... O que é um ótimo retorno para os investimentos de U$ 34 por pé quadrado.”

Mapa distribuição dos países. Fonte: BIG.

Foto vista aérea. Fonte: Dragor Luft.

Foto perspectiva. Fonte: Iwan Baan.

Foto perspectiva. Fonte: Dragor Luft.

Foto mobiliário urbano. Fonte: BIG.

Foto mobiliário urbano. Fonte: BIG.

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------R eló gio dos T empos Projeto: Dasic Fernández Localização: Riyahd, Arábia Saudita Ano: 2019 Á rea: 38.000 m² - O artista Dasic Fernández foi convidado pela DesignLab Experience para criar um projeto colorido, uma obra de arte sem precedentes, que tem 38.000m² de tinta sobre o piso, localizado no deserto mais seco do mundo. Dasic, como diretor criativo, e uma equipe de 14 pessoas, composta por um engenheiro, 2 arquitetos e 11 artistas, desenvolveram o projeto em 40 dias seguidos; - “ Busco respeitar a tradição dos padrões geométricos típicos da região, trazendo-os ao presente e misturando-os com o meu trabalho pessoal. Quanto ao desenho, enfatizei as transições de um padrão para outro, isso porque eu queria deixar um registro visual no trabalho de integração do passado e do presente e também da transição social e cultural pela qual a Arábia Saudita está passando agora.”

Foto vista aérea. Fonte: VIP Films.

Foto passeio. Fonte: Roberto Conte.

Foto detalhe. Fonte: VIP Films.

Foto detalhe. Fonte: Roberto Conte.

Foto vista aérea noturna. Fonte: VIP Films.

Foto geral do projeto. Fonte: VIP Films.

2 1


Contexto e localização



Plano Piloto

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Brasil ---------------------------

Plano Piloto

------------------

-------------------DF

SCS

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A cidade de Lúcio Costa A análise do terreno escolhido para o objeto de estudo iniciou-se com a leitura do Relatório do Plano Piloto de Lúcio Costa. Nele, o urbanista menciona Brasília como a “cidade planejada (...) capaz de tornar-se, com o tempo, além de centro de governo e administração, num foco de cultura dos mais lúcidos e sensíveis do país”. Os Setores Comerciais Sul e Norte, juntamente com o Setor Bancário, localizam-se na intersecção entre dois grandes eixos que compõem a cidade e cujo acesso se dá por todos os lados, por transporte público, a pé, de bicicleta ou em automóvel. É no que se costuma denominar de “coração” da cidade, de marco zero que se encontra o local do projeto CASA. Apesar de Brasília ser uma cidade planejada em setores, hoje em dia a função de cada um deles já não está mais tão bem definida e caracterizada. O Setor Cultural já não comporta mais as principais atividades culturais da cidade, além de o próprio Teatro Nacional estar interditado há meses.

Portanto, até que ponto é favorável à população enrigecer a função dos setores de uma cidade? Gehl (2010), argumenta a debilidade do Plano Piloto na escala humana, em que a interação entre o usuário e o meio físico é afetado pelo planejamento rígido, o que desconsidera as experiências propostas pelos espaços com tipologias orgânicas. Apesar de a população em situação de rua existir em todas as Regiões Administrativas de Brasília, é no Plano Piloto que ela mais se encontra, devido à maior concentração de riqueza, de serviços e de oportunidades disponíveis, a qual a população está sempre em busca para sua sobrevivência. Porém, o Plano Piloto não supre as necessidades da diversidade social, caracterizando a cidade como excludente, separatista e elitista, focando nas ambições apenas de uma parcela da sociedade. É com essa perspectiva que o projeto CASA tem como intuito gerar novas atividades na capital, reformulando a função do uso do solo do SCS - que não vive apenas de comércio - e atualizando o espaço urbano à real demanda da população.


Com tal objetivo, é necessário, segundo Rossetti (2013), saber diferenciar as intervenções no Patrimônio entre “agressão”, “infração” e “irregularidade” das regras e das normas próprias da área tombada. Quando se fala em intervenção no Plano Piloto, há muitos que a rejeitam, devido à possível perda do valor histórico do bem. Porém, como disse Mário de Andrade, toda cidade é histórica e está em constante transformação, acumulando cada vez mais cultura para suas gerações futuras. Brasília não deve ser uma exceção: uma cidade incialmente planejada para 500 mil habitantes - hoje com 2,481mi, considerando o entorno - precisa, pelo menos, de uma mínima atualização em sua configuração espacial e em suas normas de construção civil. A cidade precisa seguir vivendo o seu cotidiano urbano, a despeito do monumental e do midiático. Como disse Lúcio Costa, 1991: para enfrentar os inúmeros problemas do dia a dia das questões de preservação, é preciso ter disposição, firmeza e flexibilidade. Se, por um lado, faltam calçadas que representam o grau mínimo de civilidade urbana, por outro lado Brasília continuamente demandará novas arquiteturas que possam complementar suas funções de cidade-capital. O projeto CASA tem como objetivo resgatar um espaço vazio de Brasília e articulá-lo aos hábitos de usar e de circular pelo espaço da cidade. Além disso, é de entendimento consolidado que a utilização de um bem desativado - como o Edifício Dona Angela - é uma maneira de assegurar sua preservação. Entre um edifício coorporativo e o Centro de Apoio Social e Artístico aqui proposto, certamente a população interna e externa ao Setor Comercial Sul teria mais cuidado e identificação por este último.

25


Setor Comercial Sul O coração da cidade É o Setor que pertence à Escala Gregária pensada por Lúcio Costa, fazendo parte de um conjunto de outras três Escalas (Residencial, Monumental e Bucólica). Segundo Lúcio, a Gregária é onde as dimensões e o espaço são deliberadamente reduzidos e concentrados a fim de criar clima propício ao agrupamento. Apesar de a configuração incialmente pensada por Lúcio Costa não permanecer mais a mesma, o Setor Comercial Sul tornou-se o maior polo de eventos culturais públicos de Brasília, fazendo jus a sua função de ser um espaço para agrupamento. A área do Setor abrange desde o final do Parque da Cidade até o início do Eixo Rodoviário Oeste, sentido sul. É composto por 7 quadras, cada qual com hierarquias e normas construtivas diferentes, como, por exemplo, o gabarito de suas edificações. Para conhecer melhor o SCS, foi realizado, antes do início da pandemia, um passeio turístico guiado oferecido pelo No Setor - um instituto que tem como objetivo a transformação do centro de Brasília por meio da ocupação e da ressignificação do espaço público, que inaugurou sua atuação com o projeto Setor Carnavalesco Sul, o primeiro carnaval integrado à comunidade que mora ou frequenta o SCS. No passeio turístico foi possível perceber a importância arquitetônica

que o Setor tem para Brasília: o local abriga edifícios projetados por grandes nomes, como os Edifícios Morro Vermelho e Camargo Corrêa, de João Filgueiras Lima, e o Edifício Denasa, de Oscar Niemeyer com um painel decorativo de Athos Bulcão. Ademais, foi possível perceber como a arte e a cultura estão presentes literalmente em todas as paredes do SCS: existe um enorme museu aberto de grafites ali dentro, principalmente em uma área denomidada Buraco do Rato, que já foi palco de um projeto entre o GDF e artistas. O projeto inicial do Setor Comercial Sul comportava um grande corredor central que penetrava o meio de toda a área, criando um caminho direto da W3 sul até a estação de metrô da Galeria dos Estados. Esse corredor central foi construído apenas em 2015, e sua construção mudou por completo os fluxos que antes ali existiam. Espaços como a Praça do Povo, que antes fazia parte do dia a dia dos pedestres, sendo até mesmo palco para diversas manifestações sindicais, estão completamente abandonados e vazios. O Setor Comercial Sul, para muitos, deixou de ser um local de permanência e se transformou em um local de passagem. O projeto CASA destina-se ainda a resgatar os sentimentos de pertencimento e de permanência do SCS, reconhecendo seu potencial cultural, arquitetônico, urbano e econômico no coração de Brasília.

Pelo Setor Comercial Sul passam cerca de 150 mil pessoas diariamente. Segundo o jornal Metrópoles, em 2019, o GDF autorizou projetos de revitalização para o Setor Comercial Sul com um custo total de R$4,2mi. Entre os projetos a serem realizados ao longo dos próximos anos está a melhoria na acessibilidade - construção de novas rampas, calçadas e iluminção pública; há a intenção de criar uma rua 24h no Setor com quiosques para atender a população e turistas; há, também, a intenção de atrair para a região bares e restaurantes. Além disso, a SEDUH (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação) já concluiu e encaminhou para licitação, em 2019, um novo projeto para a Praça do Povo, objeto de estudo deste trabalho, cujo custo total será de R$1,70mi. O Governo também está planejando destinar de 20% a 25% dos imóveis do Setor Comercial Sul à habitação social. “Principalmente, porque a região é extremamente subutilizada em fins de semana. Mas é preciso priorizar a vocação original do lugar, que é comercial. Isso significa que não podemos autorizar destinações inteiras de edifícios para moradia”, frisou o presidente do CAU/DF, arquiteto Daniel Magabeira. Todos esses projetos visam à melhoria da infraestrutura urbana e arquitetônica do Setor Comecial Sul. Porém, é necessário que o GDF realize essas obras de intervenção com bastante diálogo com a população que ali vive e trabalha, pois eles representam as reais identidade e demanda do espaço. Caso contrário, a revitalização será apenas mais uma causa da gentrificação dos pedaços de Brasília pedaços, aqui, entendidos como aquele espaço intermediário entre a casa (o privado) e o público, ou entre a casa e a rua (DA MATTA, 1985).


“Tenta limpar quem está querendo ser limpo. Segundo, dê uma ocupação a essa pessoa. Ocupar a mente, não importa a área, pra ela não ficar ociosa”

“Eu tô querendo só um emprego, na verdade, falta pra mim só isso. Pra eu me encaixar na vida e viver socialmente igual todo mundo vive” ------------

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“Rapaz, mas o difícil sabe o que é? Um banho e uma roupa limpa, e a alimentação”

“Eu preciso ter confiança nas pessoas, porque as pessoas não confiam em mim”

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“Agora eu não sou mais um detento, eu sou um cidadão”

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“Não é porque eu roubei, trafiquei, matei. Respeita a gente, arruma um emprego pra “nós” tentar mudar de vida, mas não, eles discriminam. A gente tira uma cadeira e acham que a gente vai roubar”

Falas de pessoas em situação de rua retiradas do documentário “Setor Comercial Sul: Relatos da rua”, de 2018

27


I mplantaçã o

Análises

O projeto CASA, como mencionado anteriormente, está localizado no Setor Comercial Sul, no Plano Piloto, em Brasília, Brasil. Ele se encontra na Quadra 03, nos lotes 15, 16 e 28, onde atualmente está o Edifício Dona Angela, ao lado da Praça do Povo, no extremo sul do SCS.

S H N S H N

S DN

O local de implantação tem uma topografia pouco acentuada (3% ), como pode ser visto na figura ao lado, no perfil de elevação, em que foi feito um corte de 250m no terreno do projeto.

S H S ----

----

----------------

---

---

--

--

--

--

--

S DS -

--

--

S H S

--

Além disso, o Setor Comercial Sul está localizado ao lado de outros Setores de Brasília, como o Setor Médico Hospitalar Sul, o Setor de Rádio e Televisão Sul e o Setor Hoteleiro Sul, sendo um pólo de encontros, atividades, serviços e transição de diversos pedestres diariamente na cidade.

--

---

S R T V S

--

----

S B S

S M H S

1 0 0

C ondicionantes amb ientais

2 0 0

3 0 0

Mapas de implantação do projeto CASA e entorno, condicionantes climáticas e vegetegação existente e Perfil de elevação. Fonte: própria.

Gráfico: Mín (1110m), Méd (1114m), Máx (1117m) Totais do período: Distâ ncia 250m - Ganho/perda de elevação: 0m/-6,57m - Inclinação Máx -,-4.7%

- Inclinação Méd -,-2.9%

4 0 0 m N

O projeto se encontra em uma área bastante arborizada do Setor Comercial Sul devido à presença da Praça do Povo. Apesar disso, a edficação recebe raios solares durante boa parte do dia, sendo necessária uma maior atenção para evitar a incidência solar direta em suas fachadas. O mesmo ocorre com a Praça, sendo necessário, para torná-la um espaço de permanência, algum mecanismo de sombra mais abrangente do que a própria vegetação presente. Os ventos predominantes vêm do leste, proporcionando uma boa ventilação natural ao longo da edifcação, principalemnte devido a sua menor dimensão em comparação com os outros blocos prediais do Setor Comercial Sul.

1117m

1110m

25m

50m

75m

100m

125m

150m

175m

200m

225m

250m


Sistema viário A oeste, encontra-se a Aveinda W3 sul, via arterial bastante movimentada, de deslocamento norte-sul no Plano Piloto, que faz parte da rota de diversos ônibus que circulam por Brasília.

Q7 W3 Sul Q6

A leste, encontra-se o Eixo W, via de trânsito rápido que atravessa todo o Plano Piloto. As vias de fluxo secundário, S2 e S3, delimitam o SCS ao norte e ao sul, respectivamente, e o separam do SMHS e do SHS. São vias largas que funcionam como barreiras visuais e físicas para os pedestres, que precisam contorná-las e andar pelos bolsões de estacionamento para atravessar os Setores. Dentro do SCS, as vias também são barreiras: dividem e permeiam cada Quadra do Setor, enquanto os estacionamentos e carros interrompem o deslocamento direto dos pedestres.

Q5

Q4

Q3

S2 Q2

Q1

S3

Via arterial Via coletora Linha de metrô

100

300m

200

Eixo W Sul

N

Via local Mapa do sistema viário. Fonte: própria.

Fluxos O fluxo de pedestres leste-oeste é o maior, devido ao Corredor Central, que atravessa todos os edifícios do SCS. É um eixo de deslocamento que une fluxos vindos, principalmente, da Estação Galeria de metrô, da rodoviária, do Eixo W e da via W3 Sul, servindo de conexão para o centro da cidade.

Q7 W3 Sul Q6

Por ser uma mancha urbana com muitos vazios, o Setor tem várias possibilidades de deslocamento, porém com diversos obstáculos: calçadas quebradiças, poucas rampas, taludes, carros estacionados em locais inapropriados, a ponto de que é possível afirmar que o SCS é um local em que o carro é mais priorizado do que o pedestre. Os pontos de ônibus próximos são bastante utilizados, criando um fluxo maior de pessoas entre a via W3 Sul e a via S3. O deslocamento do pedestre é majoritariamente sombreado, devido aos edifícios e à arborização do Setor.

Q5

Q4

Q3

S2 Q2

Q1

S3

Fluxo do pedestre Pontos de ônibus Estação de Metrô Galeria

100

200

300m

N

Mapa de fluxos de pedestres, pontos de ônibus e metrô. Fonte: própria.

Eixo W Sul

29


S H N

Análises

S H N

S DN

S H S

Legislaçã o O principal uso do solo do Setor Comercial Sul é o comercial e de serviços, comportando lanchonetes, lojas, bancos e escritórios. Há também prédios institucionais - como SEGETH, INFRAERO e Ministério do Trabalho e da Saúde, prédios culturais - como Museu dos Correios Fundação Cultural Palmares e Centro Cultural Canteiro - e prédios educacionais - como SENAC, SESC e a Casa da Cultura da América Latina. O Setor funciona durante o horário comercial, mas é subutilizado no horário noturno. Os edifícios de escritórios e clínicas ficam abertos até as 20h, com alguns chegando até as 22h, a unidade do SESC Gastronomia mantém cursos até as 22:30 e a unidade do CAPs (Centro de Atenção Psicossocial) - espaço muito utilizado pela população em situação de rua local - fica aberta até as 21h. Outras atividades noturnas são residuais e acontecem esporadicamente, sendo festas e eventos pagos. É importante ressaltar que a Lei do Silêncio, que permite ruídos sonoros até as 22h - não se aplica ao Setor, sendo este um grande potencial para comportar atividades noturnas, proporcionando melhorias na segurança, na economia e no bem estar da cidade.

S DS S H S S R T V S

Comercial e serviços S M H S

Institucional Institucional Hospitalar Turismo

1 0 0

Residencial Mapa de uso do solo. Fonte: própria.

Quanto às normas de edificação pertinentes ao projeto CASA, o documento dispõe: - Permitir a ocupação de cobertura no máximo em 40% da área do lote ou projeção; - O coroamento desse acréscimo não pode ultrapassar de 3m a altura ora em vigor; - O acréscimo destina-se exclusivamente à área de lazer, lanchonetes e restaurantes; - É permitido o acesso por elevadores à cobertura. O gabarito do SCS se diferencia de uma Quadra para outra, como é possível observar no mapa ao lado. O edifício do projeto CASA tem gabarito de 3 a 6 pavimentos.

S B S

até 60 metros até 24 metros até 10 metros

1 0 0

2 0 0

Mapa de gabaritos. Fonte: própria.

3 0 0 m

N

2 0 0

3 0 0

4 0 0 m N


E ntorno O Setor Comercial Sul está bem conectado aos modais quando se compara com outros pontos da cidade. Com uma caminhada de apenas 300m é possível chegar ao Eixo W ou à W3 Sul. As vias locais internas tiveram seus sentidos alterados recentemente, o que favoreceu a conexão de carro entre os setores adjacentes, principalmente com o SMHS e as travessias de pedestres em vias locais internas do Setor receberam semáforos. A via que separa o SCS do SHS não tem nenhum ponto de ônibus, o que contribui para uma maior presença de fachadas cegas dos edifícios, menor fluxo de pessoas e maior cruzamento de carros, que compromete a segurança pública no local. Há grandes descontinuidades para o pedestre entre o SCS e os demais locais em seu entorno, além de o sistema viário ser superdimensionado, com enormes bolsões de estacionamento.

Dados socioeconô micos Segundo a SEDESTMIDH, em 2019, Brasília contabiliza mais de 3 mil pessoas em situação de rua, porém o número é maior (perto de 6 mil), pois a pasta considera só quem já passou por algum atendimento nas unidades de suporte do Governo. Elas se concentram no centro da capital, na rodoviária e nas proximidades do SCS, em busca de sustento. Esse número cresceu 20% em um ano. Mais de 70% das pessoas em situação de rua no DF têm entre 4 e 8 anos de estudo. Crise econômica e problemas estruturais são as principais causas do aumento dessa população.

O número de abrigos é insuficiente para a quantidade de pessoas que estão na rua: não comportam nem 20% da demanda no DF. A contagem oficial do IBGE, que ocorreria em 2020 foi adiada devido à pandemia. Portanto os seguintes dados foram recolhidos de 2005 a 2009: - Brasília é a 4ª capital com mais pessoas em situação de rua; - A maior parte tem entre 25 e 55 anos; - 70,9% da população de rua trabalha, principalmente com a coleta de material reciclável. Segundo o IBGE, em 2017, o desemprego

Vista Norte ao local de implantação. Fonte: própria.

Vista Sul ao local de implantação. Fonte: própria.

Vista Leste ao local de implantação. Fonte: própria.

Vista do Corredor Central. Fonte: própria.

Vista do local de implantação. Fonte: própria.

Vista Oeste ao local de implantação. Fonte: própria.

Vista do banheiro público. Fonte: própria.

Vista da horta comunitária. Fonte: própria.

Vista de grafite na Praça do Povo. Fonte: própria.

atingiu 13,2mi de brasileiros e o IPEA, em 2020, constatou que a real população em situação de rua do país chega a 222 mil pessoas, mostrando que menos de 40% estavam no Cadastro Único de programas sociais, o que dificulta o acesso a programas de transferência de renda, de habitação etc.

lumpenproletariado, isto é, a “ parte da classe trabalhadora que se encontra no pauperismo, é apta ao trabalho, mas não é absorvida pelo mercado” .

Em 2011, o Projeto Renovando a Cidadania apontou que no DF 18,9% da pop. em situação de rua nasceram no DF, 17,7% na Bahia, 9,8% em Minas Gerais e 8,9% em Goiás. Silva (2006) corrobora que a população em situação de rua, desde meados da década de 1990, compõe o que se denomina

3 1


Análises

Onde você mora?

Você frequenta o Setor?

Qual o seu gênero?

4% 22% 42% 58% 78%

Pesquisa online A seguir serão expostos alguns resultados da pesquisa online realizada em 2020, retirada do trabalho final de graduação “Setor Comercial Sul: uma nova forma de habitar”, de Marcelo Vaz, em que 112 pessoas foram entrevistadas. Conforme pode ser observado pelos resultados, a maioria das pessoas não mora no Plano Piloto, porém visita com frequência o Setor Comercial Sul. A maioria tem entre 15 a 30 anos e há quase a mesma quantidade de mulheres e homens na pesquisa, sendo esta um pouco maior. A maioria se locomove até o Setor por meio de transporte público, sendo esse um importante norteador para formular os fluxos do projeto CASA. A maioria vai ao Setor Comercial Sul com o objetivo de desempenhar atividades de entretenimento, porém a maioria também concorda que o que mais falta no Setor é: arte e cultura; restaurantes, cafés e bares; segurança e espaço público qualificado. Todos os graficos ilustrativos são de fonte própria do presente trabalho.

96%

Não

Outras regiões

Sim

Qual a sua idade?

Homem

Plano Piloto

Qual meio de transporte você usa para ir até o Setor?

Mulher

Qual período você mais frequenta o Setor?

14% 35%

42%

65%

58%

65%

86%

15 a 30 anos

30 a 60 anos

Veículo particular

Transporte público

Noite

Dia


O que falta no Setor? Comércio e Serviços Arte e Cultura Habitação Restaurantes, cafés e bares Segurança Casas noturnas e festas Espaço público qualificado Acessibilidade Estacionamentos 0

10

20

30

40

60

50

70

Qual atividade você desempenha no Setor?

Como é sua experiência como pedestre no Setor?

Trabalho

Ótimo

Comércio

Bom

Serviços

Regular Ruim

Ensino Diversão

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Rota de circulação

0

10

20

30

40

50

60

33


Praça do Povo



Levantamento

C ontex to A Praça do Povo foi e é um enorme símbolo do urbanismo de Brasília: antes muito utilizada pela população, sendo ponto de encontro até mesmo para manifestações, seus valores cultural, histórico e de uso precisam ser levados em conta para uma nova intervenção a ser feita no espaço. Por isso, é utilizada como metodologia de análise para realizar um projeto consistente na já existente Praça do Povo - a leitura do ensaio teórico “ Praça do Povo e a Urbanidade no Setor Comercial Sul” , de Elisa Maria de Souza, de 2020, em que é realizada a avaliação pós ocupacional do espaço para um melhor entendimento das demandas da Praça.

Limite norte - Quadra 03 Bloco A Edifício Dona Angela

Quiosque Lotérica

Quiosque Pastelaria Fluxo B - 7.200 pessoas/dia -----------------------------------------

Limite leste - Quadra 02

Limite oeste - Quadra 04

Fluxo A - 1.140 pessoas/dia -----------------------------------------

Limite sul - Estacionamento 2 .5

Planta baixa geral da Praça do Povo. Fonte: própria, 2021.

5

1 0 m N

Frederico de Holanda diz em seu livro “ O Espaço da Exceção” que as cidades que tendem à formalidade são as que possuem características morfológicas marcadas pela hierarquização, segregação, especialização e dispersão. Essa morfologia contribui para a materialização de uma estrutura social também marcada por esses valores, e como consequência há o esvaziamento dos espaços de uso coletivo (HOLANDA, 2010). Hoje, a Praça do Povo não faz parte do campo visual dos

pedestres do SCS: o Edifício Dona Angela tem sua fachada voltada para a Praça praticamente cega, além desta ser um nível abaixo das calçadas, o que a torna um espaço “ afundado” em meio à malha urbana, dificultando a circulação de pessoas dentro da Praça. É necessário maior proximidade entre ela e os espaços que a circudam. Holanda, 2010, também diz: “ O SCS ganha bastante em urbanidade, no que diz respeito aos padrões espaciais, mas sua categorização funcional puxa-o de volta à formalidade. Observei como esta é a área do Plano Piloto que mais se parece, durante as horas normais de trabalho, com a urbanidade de cidades tradicionais, mastambém como esta urbanidade desaparece rapidamente nas primeiras horas da noite” . A necessidade de propiciar ambientes cujas atividades se estendam até o período noturno no Setor Comercial Sul também é urgente. Além das pesquisas e análises feitas relacionadas à Praça do Povo, também foram realizadas visitas ao local para um melhor entendimento da vida urbana e do estado atual da Praça. Ao lado é possível ver fotos que expõe esse estado.


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Fotos dos locais de permanência da Praça do Povo. Fonte: própria, 2020.

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-----Fotos gerais da Praça do Povo. Fonte: própria, 2020.

Fotos dos desníveis da Praça do Povo. Fonte: própria, 2020.

3 7


O projeto do GDF V iva C entro! Conforme mencionado, o GDF aprovou um novo projeto de requalificação para o Setor Comercial Sul. Um dos focos do projeto é a Praça do Povo. Ele é de autoria de Marcio Comas Brandão, Clécio Rezende e Felipe Saraiva, e faz parte do programa “ Viva Centro! ” , da Secretaria de Gestão do Território e Habitação (SEGETH). O objetivo geral é dinamizar a área e resgatar a função de centro urbano, incentivando o desenvolvimento econômico e a apropriação social do espaço.

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Menos desníveis - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Nova vegetação - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Novos bancos - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

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-----

Tomou-se o projeto do GDF como referência para o CASA, tendo em vista que ele utiliza como base teórica diretrizes já anteriormente estabelecidas pelo Plano Diretor de Ordenamento Territorial do DF (PDOT) de pelo Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB).

Rampas - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

------

O projeto específico da Praça do Povo é identificado como MDE-051/2016 (memorial descritivo) e PSG051/2016 (desenhos técnicos). Os principais problemas da praça que o projeto busca solucionar, segundo o memorial descritivo, são referentes à acessibilidade, mobilidade e segurança, como os espaços de permanência degradados, espaços residuais e inseguros para os frequentadores da praça e falta de acessibilidade.

Isométrica situação atual Praça do Povo. Fonte: Elisa Maria de Souza, 2020.

Coberturas - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Isométrica projeto “ Viva Centro! ” na Praça do Povo. Fonte: Elisa Maria de Souza, 2020.


Quiosque Lotérica

Quiosque Pastelaria

2 .5

5

1 0 m N

Planta baixa geral da Praça do Povo. Fonte: própria, 2021.

2 .5

Planta baixa geral do novo projeto da Praça do Povo. Fonte: SEGETH, 2016.

5

1 0 m N

Perspectivas antes e depois do projeto. Fonte: SEGETH, 2016.

3 9


Avaliação pós ocupacional Sujeitos O que precisa mudar na Praça Como já exposto anteriormente no presente trabalho, a pesquisa mais aprofundada sobre a Praça do Povo teve como referência principal o ensaio teórico “Praça do Povo e a Urbanidade no Setor Comercial Sul”, de Elisa Maria de Souza, de 2020, cuja metodologia utilizada para análise é de Tenorio. Tenorio oferece um método “para se conhecer, saber observar, avaliar e, consequentemente, manipular os principais atributos de um espaço público incidentes no seu desempenho sociológico” (TENORIO, 2012). As etapas da metodologia são as seguintes: Conhecimento do Objeto de Estudo, Levantamento da Vida Pública, Avaliação da Vida Pública e Recomendações. A avaliação se dá por meio da análise de 27 itens de verificação, divididos nas categorias Sujeitos, Atividades e Elementos de Configuração, tanto do contexto (os Atributos Globais) quanto os específicos do espaço analisado (Atributos Locais). Dessa forma, após os resultados expostos por Elisa, foram selecionados os itens mais pertinentes, dentro dos 27, para o projeto CASA - como é possível ver ao lado, pois pretende-se realizar um novo projeto de requalificação para a Praça do Povo, utilizando o projeto do GDF apenas como referência, tendo em vista que este ainda não foi construído e não abrange o Edifício Dona Angela de maneira integral, como proposto aqui.

1

Número de pessoas Equilíbrio de gênero

2

Variedade de pessoas

Variedade de faixas etárias

Variedade de classes sociais

Predominância de grupos

3

Distribuição das pessoas no tempo

Há ninguém

Muito desequilibrado

O lugar está cheio de gente

Muito equilibrado

Não há variedade

Há muita variedade

Não há variedade

Há muita variedade

Há predominância

Péssima distribuição

Tabela com resultados da pesquisa de Elisa Maria de Souza. Fonte: própria, 2021.

Não há predominância

Ótima distribuição


Atividades 4

5

Passagem de pessoas

Permanência de pessoas

Número de pessoas

Duração

Ocorrência

6

Manutenção e vigilância

Ocorrência

Tipo

Número

8

Ninguém permanece

Há muita passagem

Muitas pessoas permanecem

Por pouco tempo

Por muito tempo

Não há encontros

Há muitos encontros

Encontros Tipo

7

Não há passagem

Demais atividades

Origem

( ) Encontros casuais

Não há manutenção nem vigilância

(X) Pessoas contratadas

Não há atividades ocorrendo

Há muita manutenção e vigilância

( ) Manutenção e vigilância informais

Há muitas atividades ocorrendo

(X) Há atividades ocorrendo no próprio lugar

(X) Há atividades ocorrendo motivadas pela presença de pessoas no lugar

(X) Há atividades ocorrendo nas fronteiras do lugar

(X) O lugar costuma abrigar atividades programadas (aula de yoga)

(X) Há pessoas observando outras Tipo

(X) Encontros combinados

( ) Há pessoas aproveitando os efeitos positivosdo clima, descansando, dormindo

(X) Há pessoas interagindo ( ) Há pessoas demonstrando afeto e alegria

Tabela com resultados da pesquisa de Elisa Maria de Souza. Fonte: própria, 2021.

41


Avaliação pós ocupacional

E lementos de conf iguraçã o V ariedade

1 1

Atividades no S C S

Distrib uiçã o

C omplementaridade

Distrib uiçã o temporal

1 4

Localiza çã o da P raça

C om relaçã o à integraçã o glob al

C om relaçã o à integraçã o local

C lareza dos limites

1 5

Limites e dimensões do S C S

C ontiguidade dos limites

S eparaçã o pú b lico/ privado

Dimensões

1 6

T ipos edilí cios no S C S

Não há variedade de atividades

Atividades estão mal distribuídas

As atividades não se complementam

Há muita variedade de atividades

Atividades estão bem distribuídas

As atividades se complementam muito bem

Há péssima distribuição das atividades no tempo

Há ótima distribuição das atividades no tempo

O lugar está distante de uma linha integrada

O lugar está próximo de uma linha integrada

O lugar está distante de uma linha integrada

O lugar está próximo de uma linha integrada

Os limites do lugar não estão claros

Os limites do lugar têm baixa contiguidade

A separação público e privado não é clara

O tamanho do lugar não é condizente com suas características

Não há variedade de tipos edilícios

Tabela com resultados da pesquisa de Elisa Maria de Souza. Fonte: própria, 2021.

Isométrica desníveis da Praça do Povo. Fonte: Elisa Maria de Souza, 2020.

Os limites do lugar estão muito claros

Os limites do lugar têm alta contiguidade

A separação público e privado é muito clara

O tamanho do lugar é condizente com suas características

Há grande variedade de tipos edilícios

Mapa axial do SCS com localização da Praça do Povo. Fonte: Frederico de Holanda.


Elementos de configuração Não há variada oferta de atividades

Elementos de configuração Espaços convexos cegos Número de portas

17

Portas e janelas na Praça

Relação público e privado

Fronteiras suaves

Número de janelas

19

20

Acesso e circulação na Praça

Atividades nos arredores da Praça

A proporção de espaços convexos cegos é muito alta

Não há portas abrindo para o lugar

Todas as relações público e privada são indiretas

Não há presença de fronteiras suaves

Não há janelas voltadas para o lugar

Não há espaços convexos cegos

Há muitas portas abrindo para o lugar

Todas as relações público e privada são diretas

O lugar é facilmente acessível por transporte público

Acesso por pedestres e ciclistas

O lugar não é acessível para pedestres e ciclistas

O lugar é facilmente acessível para pedestres e ciclistas

Conexões

O lugar não se conecta adequadamente com seus limites

O lugar se conecta adequadamente com os seus limites

Circulação

O lugar tem obstáculos e barreiras e não é acessível

O lugar não tem obstáculos nem barreiras e é acessível

Variedade

Não há variedade de atividades

Complementarridade

Distribuição temporal

As atividades não se complementam

Há péssima distribuição das atividades no tempo

Tabela com resultados da pesquisa de Elisa Maria de Souza. Fonte: própria, 2021.

Higrotérmico

Luminoso

Conforto Sonoro

Qualidade do ar

Há grande variedade de atividades

As atividades estão muito bem distribuídas

25

Significado e simbolismo

Significado

Simbolismo

As atividades se complementam muito bem

Há ótima distribuição das atividades no tempo

Distribuição espacial

Distribuição temporal

22

Beleza do lugar

27

Beleza e conservação/ manutenção

(X) Há locais para sentar (X) Há quiosques que comercializam comida ( ) Há presença de elementos com água, como fontes e espelho

Complementaridade

Há muitas janelas voltadas para o lugar

O lugar não é acessível por transporte público

Distribuição espacial

21

Atividades na Praça

Há grande presença de fronteiras suaves

Acesso por transporte público

As atividades estão mal distribuídas

Variedade

Beleza dos seus elementos constituintes Conservação/ Manutenção

As atividades estão mal distribuídas

As atividades não se complementam

Há péssima distribuição das atividades no tempo

O lugar tem péssimo desempenho

O lugar é mal iluminado à noite

Há variada oferta de atividades

(X) Os locais para sentar são poucos (X) Os locais para sentar são pouco variados (X) Há espaço para atividades ( ) O espaço oferece apoio às atividades As atividades estão bem distribuídas

As atividades se complementam muito bem

Há ótima distribuição das atividades no tempo

O lugar tem ótimo desempenho

O lugar é bem iluminado à noite

O lugar tem péssimo desempenho

O lugar tem órimo desempenho

O lugar tem péssimo desempenho

O lugar tem ótimo desempenho

O lugar não contém elementos que remetem a valores, ideias, história etc caros

O lugar contém elementos que remetem a valores, ideias, história etc caros

O lugar não contém elementos que o façam memorável

O lugar contém elementos que o façam memorável

O lugar como um todo é feio

Os elementos constituintes são feios/mal desenhados

O lugar e seus elementos estão mal conservados

O lugar como um todo é bonito

Os elementos constituintes são bonitos/bem desenhados

O lugar e seus elementos estão bem conservados

Tabela com resultados da pesquisa de Elisa Maria de Souza. Fonte: própria, 2021.

43


Edifício

Dona Angela



Levantamento

O Edifício Dona Angela Devido à pandemia da COVID-19, o Edifício Dona Angela, que é vigiado durante o dia por segurança privada, estava de portas fechadas, sendo possível visualizar seu interior - para a relização do levantamento apenas pela área externa, através da pele de vidro que envolve a edificação. Dessa forma, por uma boa parte do semestre letivo 1/2020, o acesso para análise da estrutura e das condições do Edifício foi limitado. Após algumas tentativas falhas de entrar em contato com a Administração do Plano Piloto para conseguir uma cópia dos desenhos técnicos do Edifício, foi realizada uma visita no local do projeto no dia 23 de novembro de 2020, em que foi possível fazer o levantamento do andar térreo, cuja estrutura se replica em todos os 6 pavimentos, com garagem: no térreo há uma galeria com mezanino, acima há dois pavimentos intermediários e há um terraço recuado onde se encontra o 6º e último andar. Portanto, a planta baixa do Edifício Dona Angela, tal qual como ele é hoje, está disponibilizada ao lado, para facilitar a compreensão de como o Edifício é e quais serão as modificações realizadas no processo de reconversão de uso para a

concretização do projeto CASA, deixando evidente o seu “antes” e “depois”. A reconversão de uso e a escolha por não demolição do Edifício Dona Angela é preferível devido à atual situação da vacância dos lotes do Setor Comercial Sul: muitos edifícios estão vazios, de portas fechadas, com placas de “vende-se” ou “aluga-se”. Portanto, é preciso ter cautela com a especulação imobiliária: devido à presente crise enconômica que atinge o Brasil, intensificada pela pandemia da COVID-19, os edifícios do SCS são vendidos a um preço irrisório para, posteriormente à crise, serem revendidos por preços muito altos, fazendo que seus novos proprietários e, consequentemente, frequentadores do espaço sejam de uma classe econômica mais alta do que a atual, expulsando quem já está lá, quem não tem condições de acompanhar o superfaturamento do solo do Setor. O CASA não tem o intuito de demolir a história do patrimônio de Brasília para dar um novo uso ao local de forma arbitrária, que afete a realidade de quem realmente faz parte do “pedaço”. O CASA tem o intuito de reafirmar a existência e o valor do Edifício Dona Angela e da Praça do Povo, permanecendo com suas estruturas originais.

“Estou convencido de que qualquer edifício pode ter outra vida. Se há uma gangrena, nem sempre é necessário cortar a perna inteira. Pode-se cortar um dedo. Acredito na reparação.” Eduardo Souto de Moura


------

------

-----

-----------------

Envoltório de vidro opaco

Vigas engastadas

--------------------------------------------------------

Acesso principal de vidro

-----------

-----------------------------

Área externa coberta de 4m

2

5

10m

N

Planta baixa Térreo Edifício Dona Angela. Fonte: própria, 2021.

47


Levantamento

2

Planta baixa Mezanino Edifício Dona Angela. Fonte: própria, 2021.

5

10m

N


2

5

10m

N

Planta baixa 1º Pavimento Edifício Dona Angela. Fonte: própria, 2021.

49


Levantamento

Fachada do Edifício Dona Angela.

1,80m

Entrada principal do Edifício, voltada para a Praça do Povo (fachada sul).

Único acesso direto, sem rampa, entre a Praça do Povo e a entrada principal do Edifício.

Diversos desníveis entre o Edifício Dona Angela e a Praça do Povo, que dificultam a conexão e circulação de um para o outro, além de tornarem o espaço pouco acessível.

Poucos locais de permanência na Praça do Povo.


Muitos espaços ociosos na Praça do Povo.

Interior do térreo do Edifício Dona Angela.

Lanchonetes existentes na Praça do Povo que são utilizadas diariamente por quem frequenta o Setor Comercial Sul. Vegetação e calçadas mal cuidadas e deterioradas.

5 1


Memorial justificativo Tem que tombar?

Desafios para a conservação do patrimônio moderno (MOREIRA, 2010)

Após cursar a matéria Projeto de Arquitetura e Urbanismo 8 - Técnicas Retrospectivas - e ler a tese de doutorado “Tem que tombar? Patrimônio moderno e forma alternativa de conservação”, de Jayme Wesley de Lima, optou-se por criar uma tabela de valores com as características do Edifício Dona Angela. Essa tabela tem o intuito, assim como a pesquisa de Elisa Maria de Souza aqui anteriormente apresentada, de unir problemas e soluções coerentes e consistentes sobre a atual situação do Edifício Dona Angela e da Praça do Povo para, posteriormente, colocar essas soluções no desenho do projeto CASA.

1) A própria atenção que arquitetos modernos dispensaram à funcionalidade que, conjugada com a rápida obsolescência funcional, trouxe dificuldades para a introdução de novos usos; 2) A dimensão material do edifício que inclui problemas como o uso de materiais novos sem um entendimento do desempenho destes no longo prazo, o uso de materiais tradicionais de forma inovadora, falhas na construção, problemas de detalhamento e o uso de materiais fabricados em série; 3) A necessidade de substituir sistemas infraestruturais (aquecimento, ar-condicionado, água, eletricidade, etc.) para que o edifício continue em uso, acarretando problemas de adequação; 4) A ausência de uma cultura da manutenção, que afeta diretamente os edifícios modernos; 5) A dificuldade de aceitação da pátina nesses edifícios, pois quase nunca é vista como um valor; 6) As dificuldades enfrentadas pelos conjuntos habitacionais que não conseguiram acompanhar o envelhecimento, enriquecimento e empobrecimento de suas populações; 7) Os problemas existentes no reconhecimento e tombamento desta arquitetura.

A tabela de valores serve para apontar a autenticidade do bem a ser estudado, sendo eles valores de antiguidade, artístico, histórico, cultural, simbólico e ecoônimo/de uso. Dessa forma, assegura-se uma intervenção em um bem de modo a considerar suas características importantes, analisando individualmente a edificação, sem negligenciar sua arquitetura e o que ela representa. Além disso, algumas perguntas e respostas foram construídas com o objetivo de compreender melhor o significado do Edifício Dona Angela para o Setor Comercial Sul e seus frequentadores.


“Aquilo que uma vez foi símbolo da modernidade e de lúcida racionalidade, se transforma em símbolo de pobreza e de especulação comercial, só serve para mantê-lo em um estado de miséria cultural”

Para Kühl (2005), noções que floresceram de forma não sistemática a partir do Renascimento desenvolveram-se entre os séculos XV e XVIII e constituíram as vertentes teóricas do campo patrimonial: o respeito pela matéria original; a ideia de reversibilidade e distinguibilidade da intervenção; a importância da documentação e de uma metodologia científica; o uso como um meio de preservar os edifícios e não como a finalidade da intervenção; o interesse por aspectos conservativos e de mínima intervenção; a noção de ruptura entre passado e presente.

[...] é como o avanço tecnológico e as significativas alterações de hábitos e costumes recentes exigiram adaptações, alterações e ampliações em um curto período, tornando mais evidente os diversos ciclos que formam a vida das edificações. Portanto, a condição para a obsolescência não estaria apenas no objeto arquitetônico, mas na rápida alteração das demandas sociais, sejam elas de natureza comportamental ou do desempenho adequado de atividades e suas repercussões edilícias (AMORIM; LOUREIRO, 2007).

Marina Waisman, 1977

53


Memorial justificativo Tabela de valores do Edifício Dona Angela

Valor de antiguidade

O Edifício Dona Angela é uma edificação recente, composta por materiais que são utilizados até hoje, que possui arquitetura e técnicas muito presentes. Sendo assim, não possui traços que remetam o Edifício a épocas passadas e não pode ser enquadrada nesse valor.

Valor artístico

O Edifício Dona Angela possui valor artístico devido à sua solução construtiva regular, principalmente nas fachadas externas, onde é possível ver ritmo e ordem, preceitos do modernismo que caracterizam Brasília, respeitando a escala e integrando-se com a paisagem no SCS.

Valor histórico

É possível identificar o valor histórico do Edifício Dona Angela devido a sua implantação ainda nos primórdios docupação do Setor Comercial Sul. Assim, mantém consigo a história da construção da capital e do tempo decorrido desde sua edificação.

Valor cultural

O Edifício Dona Angela não tem valor cultural por ter sido apenas um edifício que abrigava atividades bancárias. Mesmo estando ao lado de uma praça, sua arquitetura sempre fechada não proporcionou um reconhecimento da população no sentido cultural da edificação.

Valor simbólico

Os bens patrimoniais têm simbolismo quando respondem às necessidades dos usuários em termos de conhecimento, rememoração e permanente processo de criação e recriação da identidade coleva, o que não é o caso do Edifício Dona Angela.

Valor de uso/econômico

O Edifício Dona Angela não teve diversidade de uso ao longo dos anos, estando, hoje, vazio, sem abrigar nenhuma atividade. É necessário recuperar seu valor de uso/econômico.

A história Nos anos 60, o Setor Comercial Sul ganhou seus primeiros edifícios, sendo estes ocupados pelos órgãos públicos que não tinham suas sedes ainda finalizadas. Na inauguração da capital em 21 de abril de 1960, apenas as principais obras tinham sido entregues: o congresso nacional, os ministérios e os palácios. Assim, o Setor teve uma ocupação crescente de funcionários públicos, advogados, contadores e bancários. Nos anos 80, o Setor passa a ter sua ocupação quase que total, porém ao final da década, muitos dos órgãos públicos saíram do local devido a entrega das obras de suas sedes em outros setores da cidade. É nessa época, há 40 anos, que o Edifício Dona Angela foi construído. Em todos os seus anos de uso, o Edifício teve função voltada para comércio e serviços, sendo alugado para o Banco do Brasil por muito tempo, posteriormente para o Banco Itaú. Hoje, o Edifício está em desuso ao mesmo tempo em que está ao lado da Praça do Povo, também com aspectos de abandono. Norma Lacerda diz em seu texto “Valor dos Bens Patrimoniais” que os bens, quando são patrimoniais, significa que foram herdados. O Edifício Dona Angela é um bem deixado de uma geração do início da densificação de Brasília, quando o SCS ainda era bastante utilizado pelos funcionários públicos, para uma nova geração que está demandando novos usos e ocupações da cidade, principalmente para o meio cultural.

Tabela de valores do Edifício Dona Angela. Fonte: própria, 2021.


Perguntas e respostas 1) Em que momento o Edifício Dona Angela foi construído? No início da construção de Brasília ou no final? O Edifício Dona Angela foi construído no final da construção de Brasília, sendo um edifício mais recente. 2) Quem foi o arquiteto? Uma grande construtora de edifícios comerciais ou um(a) arquiteto(a) reconhecido pela população? Não foi possível encontrar em nenhum meio de pesquisa o nome do(a) arquiteto(a) que projetou o Edifício Dona Angela, colocando a obra em uma posição mais genérica do que especial. 3) Quais foram os materiais utilizados? Quando eles foram escolhidos, eles eram inovadores ou apenas uma repetição da arquitetura da época? O sistema construtivo do Edifício Dona Angela é o pilar-viga, ou seja, sistema construtivo de concreto armado ainda muito utilziado nos dias de hoje, sem atribuir inovação na época nem antiguidade para os dias de hoje. 4) O desenho arquitetônico é um grande vão livre sem caráter ou uma obra de arte com formas e desenhos específicos que caracterizam o Edifício Dona Angela como único? O Edifício Dona Angela é um grande vão livre que, apesar de torná-lo um edifício moderno comum, permite uma grande possibilidade de novos usos sem a necessidade de demolição ou grandes modificações em sua estrutura. 5) A imagem do Edifício Dona Angela para a cidade é conhecida, com teor histórico, que fez parte do cotidiano da população, ou é uma imagem genérica? A imagem do Edifício não é reconhecida pela população como uma obra de arte nem como um marco na cidade. Perguntas e repostas sobre o Edifício dona Angela. Fonte: própria, 2021.

55


CASA



Programa de necessidades Pavimento Garagem 1277m² 100%

O que terá no CASA? Para formular o programa de necessidades do objeto de estudo, primeiramente foram especificados três principais grupos de atividades para, posteriormente, detalhar e destrinchar cada um deles. Esses grupos são: Elas e Eles - referente à população em situação de rua local que utilizará os serviços sociais e artísticos do CASA; Arte e Cultura, que se prende ao conceito principal do projeto de ensinar, profissionalizar e proporcionar atividades a partir das artes (plásticas, cênicas, musicais); Serviços e Apoio - que se atém à área mais técnica e formal do projeto. São demandas que foram diagnosticadas após a pesquisa realizada com as referências projetuais, notícias relacionadas ao tema, análise das demandas do Setor e após uma breve conversa com as pessoas em situação de rua e os já atuantes apoiadores sociais do SCS - as entrevistas foram limitadas e reduzidas devido à pandemia da COVID-19. O programa de necessidades foi distribuído ao longo dos 5 pavimentos conforme a metodologia do “mapa do calor”: quanto mais pessoas e atividades ocorrem em determinado ambiente, mais próximo do nível zero (solo) ele se encontra.

Térreo 1370m² 100%

Mezanino 1 775m² 100%

Mezanino 2 775m² 100%

Mezanino 3 775m² 100%

Terraço 1370m² 100%

Programa de necessidades

Área

Ocupação

Vestiário

40m²

3,13%

Sala de apoio

40m²

3,13%

Guarita e administração

40m²

3,13%

Depósito de pertences

54m²

3,94%

Restaurante popular, bar e café

50m²

3,65%

Recepção, bilheteria e atendimento

40m²

2,92%

Arrecadação e distribuição de doações

40m²

2,92%

Sala de segurança

10m²

0,73%

Banheiro público

40m²

2,92%

DML

05m²

0,36%

Galeria livre e circulação

1131,05m²

82,56%

Depósito (obras, materiais, infraestrutura exposições...)

40m²

5,16%

Sala de manutenção (obras)

40m²

5,16%

Banheiro público

40m²

5,16%

DML

05m²

0,65%

Galeria Acervo SCS e circulação

650,22m²

83,9%

Ateliês (3x)

43m²

16,62%

Salas de aula (3x)

40m²

15,48%

Banheiro público

40m²

5,16%

Depósito (obras, materiais, infraestrutura exposições...)

20m²

2,58%

Sala de professores

40m²

5,16%

DML

05m²

0,65%

Sala polivalente

58m²

7,50%

Galeria livre e circulação

363,08²

46,85%

Banheiro público

40m²

5,16%

Sala multimídia

54m²

6,97%

Administração

40m²

5,16%

Vestiário funcionários

40m²

5,16%

Sala de apoio funcionários

40m²

5,16%

Sala de exibição

78m²

10,1%

Sala técnica

20m²

2,58%

DML

05m²

0,65%

Galeria livre e circulação

457,71m²

59,06%

Sala técnica e camarins

70m²

5,11%

Banheiro público

40m²

2,92%

Palco

81m²

5,91%

Elas e Eles

Arte e Cultura

Grupo

Serviços e Apoio


Diretrizes de projeto

Atributos mensuráveis Número de mulheres, crianças e idosos

Voluntarismo

O que faz um espaço público ser bem sucedido? A PPS - Project for Public Spaces na publicação What Makes a Successful Place? (O que faz um espaço ser bem sucedido?) de 2012, descreve quatro atributos principais para um espaço público de qualidade: 1) Deve ser acessível e conectado a diversas áreas, de maneira que todas as pessoas consigam chegar ao local e se locomovem nele; 2) Deve ser confortável, atentando às questões de limpeza, segurança, e locais para sentar; 3. Deve ser ativo e proporcionar diversas atividades, incentivando seu uso pelas pessoas; 4) Deve ser sociável, onde se possa encontrar amigos e que proporcione também conhecer novas pessoas. Esses quatro atributos pontuados, são a base da metodologia que permitem avaliar o espaço público e definir seu êxito. A análise se dá sobre esses 4 atributos-chaves expostos acima (dispostos no anel laranja) que permitem o reconhecimento e percepção do espaço. Em seguida, está uma série de aspectos intuitivos ou qualitativos para se avaliar o lugar (anel lilás). E, por último, estão os aspectos quantitativos, que podem ser medidos a partir de estatísticas ou pesquisas (anel verde). A partir desta metodologia e da metodologia de Tenorio (2012), reuniram-se problemas e soluções para a elaboração das diretrizes de projeto para a Praça do Povo e o Edifício Dona Angela.

Atributos chaves

Usos da área

Vida na rua Usos ao anoitecer

Atributos intangíveis

Negócios locais

Gestão

Ativo

Diversidade Cooperação

Boa vizinhança

Valor dos imóveis

Divertido Vivo Usos e atividades

Sociabilidade

Especial Real

Convidativo

Venda à varejo

Lugar Diversidade de meios de locomoção

Seguro

Próximo Conectado

Uso do transporte

Acessos e conexões

Caminhável Conveniente

Movimento de pedestres

Acessível

Tipos de estacionamento

Conforto e imagem

Caminhável

Saneamento

Lugares para Condições sentar dos imóveis Atrativo Histórico

Estatística criminal

Dados ambientais

Princípios

Conceitos

Diretrizes

Setor Comercial Sul

“Pedaço”

Praça e Edifício são uma coisa só

População situação de rua

Acolhimento

Arquitetura aberta, convidativa, mobiliário urbano

Profissionalização

Arte e cultura

Salas de aula, ateliês e galerias para produção e exposição

Autossuficiência

Economia e Administração

Hierarquia positiva - a população em situação de rua também administrará o CASA

Bioclimatismo

Conforto térmico

Coberturas na Praça do Povo

Patrimônio

Resgate ao modernismo

Vãos livres e vedações modulares

Humanização

Igualdade

Fluxos e atividades compartilhados

Acessibilidade

Locomoção do pedestre

Praça e Edifício no mesmo nível

Valor de uso

Previsão de futuras mudanças

Estruturas flexíveis e efêmeras

Cerrado

Vegetação nativa

Espécies selecionadas para menor manutenção

Segurança

Transparência

O que acontece dentro se vê de fora e vice versa

Transformação constante

Em construção

Andaimes funcionais na fachada sul e na Praça do Povo

59


Desenvolvimento A evolução do desenho

2 Criação de plataformas que avançam a

Praça do Povo com acesso no Edifício Dona Angela.

A seguir estão dispostos alguns croquis que foram feitos ao longo do processo de formulação do desenho arquitetônico do projeto CASA. A primeira ideia geral foi manter o Edifício Dona Angela tal como ele é hoje, acrescentando apenas uma cobertura muito extensa da fachada sul até a Praça do Povo e divisórias internas no Edifício para distribuir o programa de necessidades. Percebendo que não se justificava tanto a inalteração no Edifício Dona Angela - devido à formulação da Tabela de valores aqui já apresentada - quanto o acréscimo de uma cobertura que apenas criaria uma barreira visual para o Edifício, optou-se por projetar novas fachadas e ampliar o Edifício até a Praça, como se os dois fizessem parte do inteiro, mantendo a estrutura original do Dona Angela.

3 Melhor formulação das

plataformas, com acesso tanto no Edifício quanto na Praça e com mobiliário urbano.

1 Ideia inicial de inalteração do Edifício Dona Angela e acréscimo da extensa cobertura.


4 Demolição da pele de vidro

opaco no térreo e completa abertura das fachadas com guardacorpo que remete à fachada atual do Edifício Dona Angela.

5 Experimentações com a fachada: forma, materialidade, fechamentos, aberturas.

61


Desenvolvimento

7 Aperfeiçoamento das

plataformas: uso de andaimes com tábuas para usos diversos e criação de espaços de permanência para a população em situação de rua.

6 Estudos sobre o espaço interno do Edifício: vãos livres e divisórias coloridas quando necessário

8 Transformação dos

pavimentos internos em mezaninos, como o mezanino já existente no estado atual. Criação de um aduitório no terraço com acesso independente desde os andaimes na Praça.


9 Estudos sobre a disposição

e distribuição dos andaimes na fachada sul do Edifício e na Praça. Transformação do auditório fechado em um teatro a céu aberto, com o uso dos andaimes como plateia. Estudos sobre fluxos nos mezaninos.

63


Perspectiva da fachada principal - sul - do projeto CASA. Fonte: própria, 2021.


Perspectiva da ligação entre mezaninos e andaimes. Fonte: própria, 2021.

6 5


Perspectiva dentro dos andaimes. Fonte: própria, 2021.


Perspectiva da passarela que dá acesso dos andaimes ao edífico. Fonte: própria, 2021.

6 7


Perspectiva do auditório aberto no terraço, com plateia de andaimes. Fonte: própria, 2021.


Corte perspectivado da fachada norte do projeto CASA, que faz encontro com o bloco da Quadra 03 do SCS. Fonte: própria, 2021.

6 9


Diagramas

----------------------------------

Diversos desníveis entre a Praça, a calçada e o Edifício

-------------------------------------------------

Quiosques existentes avulsos na Praça

-------------------------

Terraço que abriga apenas casa de máquina de elevadores

Diagrama antes. Fonte: própria, 2021.

----------

---------------------------------

Praça nivelada com a Quadra 2 e rampa e escadaria que dão acesso ao nível mais baixo da Quadra 4 do SCS

--------------------------------

Quiosques existentes integrados com o projeto

-----------------

Terraço com auditório aberto e espaço para feiras livres e outras atividades

Diagrama depois. Fonte: própria, 2021.


Mezanino 3 - 9,36m

------------------------Administração

Apoio

Sala exibição

Sala multimídia

Fluxo de pessoas vindas do Centro Pop (903 sul)

CASA

as S sso e pe o SMH d o n ã a ç u a r tr cen cias o de Con ituaçã farmá s s em rua da e na

--- ----------- - ------------- ----

----------------------Auditório aberto

pes Fluxo soa d sd e oS HS

--

Terraço - 13,02m

as so es ibus) p de ôn xo ul ( Flu W3 s da

Mezanino 2 - 6,12m

------------------------Ateliês

Circ u cio

o Edifí ed

Sala professores

endent ep

Sala polivalente

ão i laç nd

Salas de aula

Pon t

tro on

de enc os

Mezanino 1 - 3,06m

Circulações vertical e horizontal livres nos andaimes.

------------------------Galeria

Térreo - 0,0m

Recepção e bilheteria

percu r de

Praça

s Dive so

-----------------------Depósito pertences

lidades ibi

s poss rsa

Café/Bar

Passarelas que integram exterior e interior em todos os pavimentos.

Segurança

Restaurante popular

------------------------Dia

ma gra

a de

map

pr

1.

202

de

nte:

o r. F calo

ia, ópr

sibilida es

ro bei

Garagem - -3,66m

de bom as

Ac

Doações

Norm

Banheiro público

Garagem paga

Escada de emergência e elevador no centro do Edifício.

71


Vita

l de sa ve

ato tra on

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---------------------------

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------

----------------------------

Auto

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Benefícios da arte

-------- ------------

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---------------

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Policarb

Mezaninos abertos e ventilação natural

lúcido ns

------------------

fação tis

Eleva ní

---------

al tur

Diagramas

D ina na m

co nat ióti

l ura

Anti b

Atividades ao ar livre e suas vantagens


2021

2023

2025 ----------

----------

----------

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

E m construçã o O projeto CASA não está concluído, está em construção. E sempre estará. Da mesma forma que a cidade, as pessoas e a arte estão em constante adaptação para acompanhar os contextos social, político e econômico. Além disso, o CASA é um projeto de todos: cabe a cada um de nós cuidarmos dele, modificarmos, ampliarmos, colorirmos... Apropriar-lo! Os andaimes simbolizam essa flexibilidade e efemeridade do CASA. A permeabilidade visual que se tem desde o Edifício e desde a Praça do Povo enaltecem as questões de transparência e compartilhamento tão abordadas nesse trabalho: o espaço é de todos. O Setor Comercial Sul é de todos.

Aulas de pintura

Clube do livro

Apresentações musicais e teatrais

Mostras de cinema

Aulas de teatro

Concursos premiados

Oficinas de cerâ mica

Aulas de instrumentos musicais

Rodas de conversa

Aulas de ilustração digital

Aulas de história da arte

Oficinas de costura

Oficinas de marcenaria

Diagrama de sugestão de programação para o projeto CASA. Fonte: própria, 2021.

Gravações audiovisuais

Aula de produção de papel e tintas

Oficinas de xilogravura

73


GSEducationalVersion

Desenhos técnicos + 16,26 5 Cobertura + 13,02 4 Terraço

Aqui é possível ver o antes e o depois das fachadas do Edifício Dona Angela

+ 9,36 3 2º Pav + 6,12 2 1º Pav + 3,06 1 Mezanino ± 0,00 0 Térreo -3,10 -1 Garagem

2

Elevação sul Edifício Dona Angela

5

1 0 m

------------

Elevação oeste

Elevação leste

--

Elevação sul

Elevações oeste e leste, respectivamente, Edifício Dona Angela

2 5

1 0 m


+ 16 , 26 5 Cobertura + 13 , 02 4 Terraço

+ 9 , 36 3 Mezanino + 6 , 12 2 Mezanino + 3 , 06 1 Mezanino ± 0 , 00 0 Térreo

-3,66 -1 Garagem

Elevação sul projeto CASA

Elevações oeste e leste, respectivamente, projeto CASA

2

1 0 m 5

2

5

1 0 m

75


Antes

--

--

--

A Praça do Povo tem um enorme potencial: sua localização tanto na cidade quanto no Setor Comercial Sul é favorável a um grande fluxo de pessoas. Além disso, há bastante estacionamento, paradas de ônibus e estação de metrô para seu acesso. Mas, infelizmente, com seus desníveis e barreiras físicas - guarda corpo - e a deterioração de seus bancos e teatro de arena, a Praça é pouco utilizada.

--

Edifícios existentes Á rea total da Praça= 2168,6m²

Calçadas

----------------------------------------------------------------

Desenhos técnicos

-----------------------------------------------Estacionamentos

Planta baixa implantação antes

5

1 0

1 5 m N


------------------------------------------------

--

--

--

--

----------------------------------------------------------------

Para igualar os níveis entre a Praça e o Edifício, foi necessário a construção de uma rampa diagonal - sua leve inclinação de 2,10% se dá tanto na vertical quanto na horizontal. Assim, para atravessar a Quadra 2 até a Quadra 4 do SCS, o pedestre pode tanto caminhar reto pela rampa, quase imperceptível, quanto descer as escadarias a leste do projeto CASA. Estas foram pensadas para serem usadas como banco ou ponto de encontro.

Edifícios existentes Á rea total da Praça= 2790m²

i= 2,10%

Calçadas

Estacionamentos

5

Planta baixa implantação depois

1 0

1 5 m N

Devido ao nivelamento entre a Praça e o Edifício, as árvores que ali existiam não puderam ser preservadas. Além disso, a escolha das espécies não foi favorável ao meio urbano: as raízes da vegetação destruíram, ao longo do tempo, a pavimentação da Praça do Povo, tornando o local mais inacessível ainda. Portanto, as lajes metálicas dos andaimes do CASA foram pensadas de maneira a projetar sombra à Praça, para que o local possa garantir conforto térmico aos usuários mesmo em dias muito ensolarados ou chuvosos.

Depois

77


Desenhos técnicos -----

-------

Foto da mesma perspectiva. Fonte: própria, 2020.

Planta baixa térreo antes

2 5

1 0 m N


7,30m

42,50m

7,30m

Depósito de pertences 54m² Sala segurança 10m²

Arrecadação e distribuição de doações 40m²

23,10m

Cozinha industrial 50m²

Recepção e bilheteria 40m² Banheiro público 40m²

------------

Circulação e galeria livre 1131,05m²

--

--

--

--

--

--

--

--

-- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Quiosques 25m²

o mobiliário u r com b an o 2

5

m rve se

Planta baixa térreo depois

s de laje metálica s qu e

21,30m

--

s ulo ód m

--

Andaim es co m

1 0 m N

79


Desenhos técnicos ------

------

Planta baixa mezanino antes

2

Foto da mesma perspectiva. Fonte: própria, 2020.

5

1 0 m N


n

6,40m

42,50m

6,40m

Circulação, galeria livre e Acervo SCS 650,22m²

oeste

Contraventa me nto

te e les as

s externos nas fa e r a ch pil ad s o

---------Sala de manutenção de obras 40m²

Depósito de materiais 40m²

18,45m

Banheiro público 40m²

4,65m

imes nda sa ao

--------------------------------------

Pa ss ar

acesso dos mez an ão d ino s a s el

21,30m

Planta baixa mezanino 1 depois

2

5

1 0 m N

6,40m

8 1


Desenhos técnicos -----------

-----------

Planta baixa 1º pavimento antes

2 5

1 0 m N


Depósito de materiais 20m²

la au

-------------------------Salas de aula 40m² Sala polivalente 58m²

Sala de professores 40m²

18,45m

6,40m

Sa las de

42,50m

Ateliês 43m² cada

6,40m

Banheiro público 40m²

Circulação e galeria livre 363,08m²

4,65m

An d s me ai

13m

-------------------------Planta baixa mezanino 2 depois

2

5

1 0 m N

8 3


Desenhos técnicos -----------

-----------

Planta baixa 2º pavimento antes

2 5

1 0 m N


6,40m

42,50m

6,40m

Sala de exibição 78m²

Sala técnica 20m² Sala de apoio 40m² Sala multimídia 54m²

Administração 40m²

Banheiro público 40m²

Circulação e galeria livre 457,71m²

----------------------------

4,65m 13m

o ao longo d e to corp a rd do a u s G

18,45m

--------

ninos a z me s o

Vestiário funcionários 40m²

Planta baixa mezanino 3 depois

2

5

1 0 m N

8 5


Desenhos técnicos

-----------

-------------

Garagem paga para contribuição de renda para o projeto CASA.

55,30m

Sala de apoio 40m²

Vestiário 40m²

23,10m

Guarita e administração 40m²

Planta baixa garagem depois

2

5

1 0 m N


erraço vir s no t am e im pla a d t n A

a ei

57,10m

auditório aberto

Sala técnica e camarins 70m²

o ra pa

Palco 81m²

-----

Reservatório de água

24m

Banheiro público 40m²

3m

-----------------------------------------Planta baixa terraço depois

2

5

1 0 m N

8 7


Desenhos técnicos

Extintores de incêndio

Planta baixa tipo instalações

Luminárias de teto

Luminárias de parede

Sprinklers

2

5

10m

N


------------------------

--------------------------------

-------------------------------

----------------

------------------

----------------

-------------------------------------

----------------

------------------------------

----------------

---------------------------------

------------------

Reservatório de água - NBR 5626 e NT 004 CBMDF: considerando que o edifício pode comportar 115 pessoas por pavimento (via tabela), é necessário um reservatório de água de 34500L + 6600L (RTI - Risco Médio B1) = 41100L.

Extintores de incêndio - NBR 12693 e NR 23: “em qualquer caso será exigido, no mínimo, duas unidades extintoras por pavimento (...)”.“Os extintores deverão ser instalados de forma que a distância máxima a percorrer pelo operador não seja superior a 20m”.

Avisadores sonoros - NBR 17240: “os avisadores sonoros e/ou visuais devem ser instalados em quantidades sufi cientes, nos locais que permitam sua visualização e/ou audição, em qualquer ponto do ambiente no qual estão instalados, nas condições normais de trabalho deste ambiente, sem impedir a comunicação verbal próximo do local de instalação.

Elevadores - NM 313 (Norma Mercosul de Acessibilidade): prevê aqui no Brasil uma área mínima para a cabine de 1100x1400mm para elevadores de 8 passageiros (600kg).

Sprinklers - NBR 10897: “para chuveiros automáticos tipo spray em pé e pendentes de cobertura padrão em ocupações de risco leve e ordinário, as distâncias entre ramais e entre chuveiros nos ramais não devem exceder em 4,6m.”

Escadas - NBR 9050, NBR 9077 e NBR 14718: “a largura para escadas em rotas acessíveis é de no mínimo 1,20m” e “os corrimãos devem ser instalados em escadas e rampas em duas alturas: 0,92m e 0,70m do piso.” “Os guarda-corpos devem ser contínuos e estar presentes sempre que houver qualquer desnível maior que 19 cm. A sua altura deve ser de no mínimo 1,05m”

89


Desenhos técnicos +16 ,26 5 Cobertura

+13 ,02 4 Terraço

+9,36 3 2º Pav

+6,12 2 1º Pav +3,06 1 Mezanino ±0,00 0 Térreo -3,10 -1 Garagem 2

Corte geral sul antes

+16 ,26 5 Cobertura

+13 ,02 4 Terraço

+9,36 3 2º Pav

+6,12 2 1º Pav +3,06 1 Mezanino ±0,00 0 Térreo -3,10 -1 Garagem

Corte geral oeste antes

2

5

10m

5

10m


Corte oeste

+ 16 ,26 5 Cobertura

+ 13 ,02 4 Terraço

+ 9,36 3 2º Pav

+ 6,12 2 1º Pav

+ 3,06 1 Mezanino

± 0,00 0 Térreo

-3,10 -1 Garagem

Corte geral oeste depois

2

5

1 0 m

91



Corte sul

Corte geral sul depois

2

5

1 0 m


Detalhamento



CASA de perto

GSEducationalVersion

Vistas oeste e sul da composição sugerida para os andaimes na Praça do Povo.


------------------------------------

-----

------------------------------------

Rosca em aço galvanizado para regulação da altura da estrutura vertical

-----------

Rosca em aço galvanizado para regulação da altura da estrutura vertical

Braçadeiras para fixar barras tubulares

-------------

-----------

Vigotas transversais em - - - - - - - - metalon para suporte de plaqueado h=7cm

Roseta em aço galvanizado para aumentar superfície de contato

-------------

-----

Plaqueado em alumínio - - - - - - - - com pintura contra absorção de calor

------------

Contraventamento e guarda corpo de barra tubular em aço galvanizado Ø5cm e=1cm

--------

Detalhe 1

Braçadeiras

Parafusos para fixação da chapa metálica em calço de madeira

º

45

Peça de madeira maciça - - - - - - - - (30x30x5cm) apoiada diretamente sobre o solo

Vistas ds braçadeiras que conectam as barras tubulares dos andaimes

Detalhe 2

-----

---- -------

Barra de suporte horizontal longitudinal em aço galvanizado Ø8cm e=3cm -----

---

Barra de suporte horizontal transversal em aço galvanizado Ø8cm e=3cm Barra de contraventamento em aço galvanizado Ø5cm e=1cm

-----

----4,1

5m

3m

---------------Axonométrica da composição sugerida para os andaimes na Praça do Povo, com mobiliário urbano no térreo.

Barra de suporte vertical em aço galvanizado Ø8cm e=3cm (sua altura varia de acordo com o pé direito do pavimento em que ela se encontra)

Escada e guarda corpo de aço galvanizado

Especificações.

97


CASA de perto ,07 ,05

-----

Perfil ø5cm de aço galvanizado

-----

Perfil ø5cm h=1,30m de aço galvanizado

,65

1,50 ,20 ,05,05

Perfil ø5cm de aço galvanizado

-----

,90

,28

-----

,05

,50

-----

Perfil ø5cm de aço galvanizado

Laje concreto (pav. tipo)

Detalhe 3

O guarda corpo circunda todos os mezaninos devido ao seu descolamento da fachada Na fachada norte não há guarda corpo devido à parede geminada com o outro edifício

-------------------

-----------------

As passrelas que dão acesso aos andaimes também têm o mesmo guarda corpo

Vista leste do guarda corpo nos 3 mezaninos e nas passarelas do projeto CASA.

----------


Braçadeira

---------------------

Porca tensora

---------

Corpo tensor

Até 200cm

Rosca para regular altura

2cm

4cm Tensor com suporte para as obras

---------

8cm

Desenhos técnicos dos suspensórios em aço galvanizado das obras que serão expostas ao longo das galerias livres e dos espaços de circulação nos pavimentos do projeto CASA.

99


Bibliografia


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