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Muddy Waters desplugado e genial

NEGRAS MELODIAS – Vol. II

Prazer, meu nome é Gildo Mahones

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A grande história não está no ambiente festivo dos vencedores, mas no vestiário ferido dos derrotados. Do abraço dos afogados emergem os dramas que dão sentido à vida, ensina Gay Talese. Uma lição óbvia, mas nem sempre seguida, que aprendi e aplico no Jazz. Afinal, o que é mais difícil: jogar confetes sobre figuras consagradas ou retirar do anonimato artistas injustiçados pela história? O bom jornalismo recomenda a segunda opção, claro.

Músicos como Gildo Mahones, Ray Crawford e Jutta Hipp trafegaram nas amplas avenidas do Jazz, mas foram condenados à solidão no acostamento. Se não cruzaram a ponte que leva ao paraíso, tampouco merecem o inferno a que foram relegados. Às vezes, é preciso lançar um pouco de luz sobre suas trajetórias. E, ao iluminá-las, a música e os ouvintes agradecem.

Gildo Mahones morreu em abril de 2018, aos 88 anos. Você sabia? Provavelmente não. Nem a imprensa especializada, que ignorou a sua morte. Mas, apesar da cegueira da crítica, seus fãs não podem se queixar. A indústria fonográfica continua de olhos e ouvidos abertos e receptivos a obras de valor sem prazo de validade.

De vez em quando, uma gravadora desconhecida abastece o mercado com reedições primorosas de grandes discos do passado. Em 2011, Gildo Mahones e seus admirado-

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