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Música para ouvir (e ver

Márcio Pinheiro*

A música – talvez a mais abstrata das artes – produz imagens. O Jazz – talvez o mais abstrato dos estilos musicais – revela novas imagens muitas vezes escondidas atrás de imagens já conhecidas. Negras Melodias – Música de Feiticeiras e Santos Pecadores, que chega ao segundo volume, é uma jam session e também uma exposição artística. Aguça os sentidos, transcende as fronteiras do Jazz e se espalha por outros estilos próximos: o Funk, o Soul, o Blues, a Blaxploitation do começo dos anos 1970 do século passado. Eduardo Rodrigues gosta de sons e imagens. Tenho o prazer e a alegria de tê-lo ao meu lado como um dos conselheiros da AmaJazz, site que edito há quase dois anos e do qual Eduardo se colocou como colaborador desde os primeiros dias. O que ele revelou aos leitores do site vem revelar aqui também: seu gosto pelos personagens, alguns por demais co-

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nhecidos (Miles Davis, Thelonious Monk, Dexter Gordon, Ella Fitzgerald, Frank Sinatra, Isaac Hayes…), outros íntimos de apenas alguns iniciados (Ray Crawford, Charles Freeman Lee, Harvey Fuqua…) e até algumas surpresas com alguns nomes conhecidos fora de seu habitat natural – como a paixão de Sammy Davis, Jr. pela fotografia. Um artista tão genial atrás das lentes quanto foi atrás dos microfones.

Eduardo Rodrigues também gosta de “viajar” e de fazer listas. Prova disso é o texto dedicado ao Samba Jazz, em que ele sonha com uma viagem no tempo em que aterrissa nos becos de Copacabana da primeira metade da década de 60. Lá, ele lista algumas de suas admirações da música instrumental feita no Brasil: Raul de Souza, Dom Salvador, Os Cobras, Sergio Mendes e Dom Um Romão. Sons de um Brasil que sonhava grande.

O que Eduardo Rodrigues nos convida a partir de agora é afinar os ouvidos (e também os olhos) para passear com ele por esta galeria musical. Este marchand musical faz uma seleção original e extremamente pessoal de suas preferências sonoras. Quadros que num primeiro momento causam estranhamento, mas que no final se completam – como deve ser o Jazz.

*Jornalista, autor das biografias de Renato Borghetti e de Ayrton “Patineti” dos Anjos (com Roger Lerina) e CEO/Diretor-Presidente da AmaJazz, onde Eduardo Osório Rodrigues é nobre conselheiro.

LADO A ~ QUADROS FORA DA PAREDE ~

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