Habitação Social no Largo do Paissandú

Page 1

TERRA PAISSANDÚ [QUANDO MORAR É UM PRIVILÉGIO, OCUPAR É UM DIREITO]

co an br

Pertencente à União, o edifício abrigava cerca de 150 famílias quando um incêndio destruiu sua estrutura no dia primeiro de maio de 2018. Devido às instalações irregulares, presença de lixo e ausência de elevador - formando um duto de fumaça, o edifício chegou ao colapso em poucas horas.

o ri

[O EDIFÍCIO WILTON PAES DE ALMEIDA]

. av

Ocupações são formas de pressionar as esferas públicas para pôr em prática o direito constitucional de que toda propriedade subutilizada e sem função social pode ser passível de desapropriação. Além disso, tendo em conta os riscos de morar na rua, trabalhadores, mães, crianças, idosos e desempregados marginalizados econômica e socialmente não vêem alternativa senão ocupar e resistir.

[LOCALIZAÇÃO]

terra paissandú

r.

o ni

to

an

largo do paissandu

[QUEM MOROU LÁ? QUEM MORARÁ LÁ?] Famílias de baixa renda - marginalizadas pelo mercado de trabalho e pela especulação imobiliária - são os principais alvos do déficit habitacional.São, hoje, cerca de 6,9 milhões de famílias sem teto no Brasil. Quem são essas famílias? Segundo o censo do IBGE (2015), as famílias com rendimento mensal de até meio salário mínimo são compostas de, principalmente, mães solteiras (30,5%); casal com filhos (27,7%), famílias cuja pessoa de referência não possui cônjuges ou filhos, mas habita com parentes (18,9%); casais sem filhos (11,6%); famílias cuja pessoa de referência não possui cônjuges, filhos ou parentes, mas habita com agregados (10%) e unipessoal (5%). Compõem desempregados e trabalhadores de cargos informais, como catadores (as) de lixo, vigias noturnos e diaristas.

de

i

do

go

[CICLOS]

aprender plantar

vender

[HABITAÇÃO SOCIAL SUSTENTÁVEL] As principais críticas que cabem à produção da arquitetura habitacional de interesse social no Brasil, além do afastamento para periferias com infraestrutura de transporte e conectividade precárias, dificultando o acesso a centros de trabalho, são a pouca oferta de flexibilidade e a demasiada padronização das residências, desconsiderando a multiplicidade da família brasileira. Portanto, é interessante propor soluções que abracem os diversos tipos de família, ofereçam a possibilidade de expansão e estejam localizadas em grandes centros, como as proximidades do Largo do Paissandu, em São Paulo. Somando-se a isso, refletiu-se acerca da possibilidade da habitação servir como complemento de renda para as famílias através de um tema que, recentemente, está ganhando espaço nas discussões contemporâneas: a agricultura urbana. Tendo isso em vista, a proposta caracteriza um edifício de habitação social que oferece espaços de aprendizado em agroecologia urbana, áreas de plantio e de venda dos excedentes, sendo, assim, sustentável para a cidade e para as próprias famílias.

concursosdeprojeto.org

|

concursosdeideias.org

|

habitação social no centro

|

01


a

[MODULAÇÃO FUNCIONAL E ESTRUTURAL] A modulação das unidades habitacionais surgiram como ponto de partida para a concepção do projeto. A partir de um módulo de 2.75m de largura por 6.50m de comprimento, com pé esquerdo de 3.15m, surge um módulo-base que pode comportar uma cozinha/serviço e uma sala ou um quarto e banheiro, segundo dimensões adequadas à apropriação. A habitação mínima pode ser composta com 1 módulo e meio, como os tipos a e b. Foi escolhida a estrutura metálica com revestimento de concreto à prova de fogo, de forma que fosse possível atingir grandes vãos com estruturas mais esbeltas, também preocupando-se com a prevenção a eventuais incêndios. O módulo estrutural surgiu, portanto, a partir de dois módulos funcionais: os pilares foram locados a cada 5.50m no eixo longitudinal e a cada 2.75 no eixo transversal. A escada foi projetada com proteção passiva ao incêndio seguindo a norma 9077, com rotas de fuga adequadas, portas corta-fogo e elevadores de incêndio.

lavanderias comunitárias a cada 10 pavimentos

75

2. m

30 un

48 un

c1

c2

d1

d2

d3

e1

e2

e3

40 un

05 un

01 un

m .50

6

módulo funcional

b

2 módulos funcionais = 1 módulo estrutural

estrutura de viga e pilar

possibilidade expansão

50 un

de

10 un

18 un

pavimentos de unidades habitacionais estruturas não cambiáveis Foram gerados 10 tipos de unidades habitacionais a partir dos módulos funcionais. A quantificação dos tipos seguiram os dados do IBGE de 2015, disponibilizando em maior quantidade o tipo de 1 módulo e meio com possibilidade de expansão (b) e o tipo de 2 módulos (c1 e c2) para, respectivamente, comportar famílias formadas por casais com filhos ou mães solteiras (a expansão serviria para a construção do quarto do filho), e famílias de casais sem filhos. Devido à estrutura independente, os tipos podem ser arranjados de diferentes formas no pavimento, com exceção do tipo a, fixo em todos os pavimentos. A porção nordeste do edifício posdiagrama estrutural sui estruturas fixas, que comportam a caixa de escadas e os tipos a.

concursosdeprojeto.org

|

concursosdeideias.org

07 un

|

habitação social no centro

03 un

|

02


[horta comunitária - cobertura]

[praça de aprendizado- 11º pavimento]

[feira de excedentes - térreo]

concursosdeprojeto.org

|

concursosdeideias.org

|

habitação social no centro

|

03


[ESPAÇOS COMUNS]

[PRODUÇÃO]

Existem três grandes áreas comuns no edifício: o térreo livre, a praça elevada e a horta comunitária, conectados no tripé filosófico da edificação: aprender - plantar/colher - vender. A praça elevada serve como um espaço livre de aprendizado agroecológico e manejo de hortaliças e ferramentas; a horta disponibiliza áreas de plantio e de compostagem orgânica; e, por fim, o térreo é disponibilizado para feira dos excedentes da produção.

[CONFORTO TÉRMICO] Foram utilizados balcões com estrutura independente revestida de madeira com 50 cm de profundidade para promover um bom desempenho térmico nas habitações, tendo em vista o clima tropical de altitude da cidade onde se localiza o edifício. Foi feito um estudo sobre as aberturas através da ferramenta brise. br, da FAUUSP, desenvolvido pela prof. Dra. Márcia Painado Alucci.

colhe em 100 dias colhe em 35 dias colhe em 60 dias colhe em 100 dias 3 cortes por 6 meses semanalmente o feijão, de porte baixo, colhe-se antes do que a mandioca

O período com maior incidência solar nas aberturas (junho) possui menor temperatura média. Os balcões foram dimensionados de forma a não impedir que a incidência ocorra nessa estação, o que funcionaria para um aquecimento natural; impedindo a incidência direta apenas em meses de verão, evitando o calor excessivo dentro da habitação.

tarde

inverno manhã

verão

laje em concreto armado viga metálica com cobrimento para proteção a chamas forro em gesso

esquadria de alumínio

a abóbora, de porte baixo, colhe-se antes do que o milho colhe em 45 a 55 dias colhe em 70 a 80 dias

peitoril de vidro laminado e temperado (e = 10+10 mm)

estrutura do balcão em tubo de ferro galvanizado (50x50mm) estrutura do balcão em tubo de ferro galvanizado (50x50mm) forro em madeira de lambri (e = 15mm)

fonte: instituto polis

concursosdeprojeto.org

|

concursosdeideias.org

|

habitação social no centro

|

04


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.