Estudo de Correlatos / Análise de Índice de Compacidade - Projeto V

Page 1

PROJETO DE EDIFICAÇÕES V nayara carolly soares barbosa influência da forma da planta no custo total do edifício

ESTUDO DE CORRELATOS

o custo das decisões arquitetônicas, juan luis mascaró

O segundo capítulo do livro de Juan Luis Mascaró, O Custo das Decisões Arquitetônicas (1985), trata da influência que as decisões na planta do edifício pode acarretar no custo total do edifício. A porcentagem da participação dos planos verticais no custo total do edifício é de aproximadamente 40%, defende o autor, além de outros fatores como os materiais, componentes e sistemas, o tamanho médio dos locais - que determina a quantidade de paredes média por metro quadrado - e a forma dos ambientes, que vai influir no grau de compacidade, tema tratado a seguir.

ÍNDICE DE COMPACIDADE quantidade de paredes necessária para envolver uma área

Ic = 2 Ap . π , onde: Pp Ic = índice de compacidade

Pp = perímetro das paredes do edifício

ESTUDO DE CASO: EDIFÍCIO RESIDENCIAL HUMA KLABIN, POR UNA ARQUITETOS

A partir da consideração que os planos verticais acarretam em uma grande parte dos gastos, o autor atenta para o uso de estratégias que influenciem no menor uso de planos verticais. Em teoria, a forma circular é a mais ideal, já que envolve uma maior área com a o perímetro mínimo de planos verticais possível. Entretanto, devido a dificuldades de execução e inaptabilidade dos materiais usuais de construção de assumirem formas curvas, além da dificuldade de encaixe do mobiliário em planos curvos, considera-se inviável o uso da planta circular. Cria, a partir disso, uma equação de índice de compacidade, que consiste em calcular a quantidade de paredes (em perímetro) necessárias para envolver a mesma área que um círculo. Tomando o círculo como base, o índice de compacidade de uma planta circular seria, portanto, 100%.

Em segundo lugar como melhor forma em função do índice de compacidade, como se vê no gráfico acima, vem o quadrado, com um índice de compacidade 88,5%. Em seguida vêm as formas retangulares (que, de acordo com a proporção dos seus lados podem assumir perímetros diferentes para a mesma área) e formas com recortes, reentrâncias e saliências na planta. Estas acarretam em maior perímetro, e, portanto, menor índice de compacidade, acompanhado de maiores custos. O edifício tomado como referencial para o presente estudo de correlato possui índice de compacidade de quase 30% a menos do que um quadrado,. Percebe-se que este número, provavelmente, foi causado pela sua forma levemente alongada (retangular) e pelas diversas reentrâncias.

variações Nos custos: forma dos compartimentos A seguir, o autor classifica dois tipos de compartimentos: 1. locais de função própria 2. locais de acesso sendo os de função própria definidos por salas, dormitórios, cozinhas, etc e os de acesso como circulações privadas e comuns. Ele defende que os locais do tipo 1 têm maior índice de compacidade devido às suas dimensões proporcionais mais próximas do quadrado, enquanto os locais do tipo 2 tendem a ser mais alongados. Segundo ele,

CUSTOS POR UNIDADE DE SUPERFÍCIE TIPO 2

20% a 30% maior do que

TIPO 1

Tomemos como base que, em cada metro quadrado, na construção, as unidades de superfície dos compartimentos do tipo 1 custem 10 unidades monetárias fictícias. Se o arquiteto optasse por simplesmente inverter a orientação do maior apartamento, promovendo relação visual da sala com a fachada principal, de forma que a porta de acesso ficasse mais longe do bloco de circulação vertical, acarretaria em aumento de X de circulação e, portanto, um aumento de aproximadamente Y unidades monetárias no custo total. PLANTA ORIGINAL:

ÁREA DA CIRCULAÇÃO COMUM: 37,4 m 2 CUSTO DE CONSTRUÇÃO das áreas de tipo 1: 2676 unidades monetárias

PAVIMENTO TIPO:

CUSTO DE CONSTRUÇÃO das áreas de tipo 2 (circulação): 487 unidades monetárias

em resumo: a área de circulação, embora seja 7 vezes menor do que o total das áreas de função própria, representa 5 vezes menos gastos. SIMULAÇÃO: ÁREA DA CIRCULAÇÃO COMUM: 47 m 2

PERÍMETRO 104 m

CUSTO DE CONSTRUÇÃO das áreas de tipo 1: 2676 unidades monetárias

AREA 2 305 m

CUSTO DE CONSTRUÇÃO das áreas de tipo 2 (circulação): 611 unidades monetárias

medidas aproximadas

ÍNDICE DE COMPACIDADE

59,28%

PLANTA ESQUEMÁTICA

em resumo: o aumento de 10 m² de área de circulação acarretaria em, aproximadamente, um aumento de 8% nos custos.


variações DO CUSTO EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO ENTRE COMPRIMENTO E LARGURA No presente tópico, o autor apresenta os estudos do CSTB de Paris, que fez modificações em plantas de edifícios sem variar a quantidade e distribuição de ambientes, com variações no comprimento e largura das plantas (aumentando também a área), comparando os custos. O resultado do estudo comprovou que o custo da edificação, no total, tem aumentos, mas Mascaró comprova que, em relação ao metro quadrado, o custo cai.

AUMENTO DE 10% NO COMPRIMENTO =

+5,7%

no custo total da edificação, cstb paris economia de

4%

em relação ao custo por metro quadrado, mascaró

AUMENTO DE 10% NA LARGURA =

+4,4%

no custo total da edificação, cstb paris economia de

5%

em relação ao custo por metro quadrado, mascaró

O autor também estuda variações combinadas na planta, demonstrando que um aumento de 10% na largura combinado a uma diminuição de 10% no comprimento acarretaria uma economia de 1% - o que, destaca, não é muito, mas é viável por não comprometer a função do edifício.

variações NA PLANTA DO ESTUDO DE CASO

PLANTA ESQUEMÁTICA 1: AUMENTO DA LARGURA

Algumas estratégias utilizadas para aumentar a largura e o comprimento sem alterar os ambientes interiores dos apartamentos foram o aumento da área de circulação (planta esquemática 1) e a rotação no bloco dos elevadores (planta esquemática 2). Com aproximadamente 15,2 m de largura, o caso 1 buscou aumentar 1,52m de largura de circulação, correspondente a 10% da dimensão. Já o comprimento, que possuía 23,31m, sofreu um acréscimo de 2,3m. O autor também defende a utilização do lado menor do edifício para a frente do lote, o que ocorre no caso estudado. O autor defende que, apesar de serem pequenas, são economias consideráveis, já que não alteram a função, habitabilidade e estética da construção.

PLANTA ESQUEMÁTICA 2: AUMENTO DO COMPRIMENTO 0

1

2

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MASCARÓ, Juan Luis. O custo das decisões arquitetônicas. 1985. Huma Klablin / Una Arquitetos. archdaily.com.br

3


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.